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https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/e-falso-que-imagem-de-karol-conka-mostre-consumo-de-drogas-ilicitas-no-bbb-21/
ESTADAO_VERIFICA
É falso que imagem de Karol Conká mostre consumo de drogas ilícitas no BBB 21
Segundo TV Globo, cantora consumia um cigarro de tabaco; foto viralizou no Facebook
2021-03-03
Posts enganosos nas redes sociais tiram de contexto uma imagem da rapper Karol Conká fumando um cigarro de tabaco para insinuar que participantes do Big Brother Brasil 2021 consomem drogas ilícitas no programa. É o caso de um material que viralizou no Facebook e usa a foto da artista em comparação com o cantor sertanejo Gusttavo Lima. Com mais de 5,2 mil compartilhamentos na rede social, a postagem diz que participantes do reality “usam drogas, e ninguém se incomodou”, enquanto Gusttavo Lima teria sido processado por beber durante “live [transmissão ao vivo] para ajudar milhares de pessoas”. Outra publicação, mais explícita, sugere que a Rede Globo teria comprado maconha para os participantes. LEIA TAMBÉM ‘Estadão Verifica’ lança novo serviço por WhatsApp Em nota, a assessoria da emissora disse que os boatos são falsos. “O objeto nas mãos da cantora é um cigarro de tabaco”, afirma o comunicado. Danoso à saúde, o cigarro de palha de tabaco é restrito para maiores de 18 anos. A Globo não respondeu se há regras que regulam o consumo de tabaco no programa. Já o processo do cantor Gusttavo Lima não configura uma ação judicial. Em abril de 2020, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) abriu uma representação ética contra as lives do cantor. O órgão sustentou a medida na “ingestão repetida” de cerveja durante o espetáculo virtual e a falta de mecanismos para restringir o conteúdo a menores de idade. A representação resultou em uma advertência ao cantor, proferida em maio de 2020, como informa o site do Conar. O Fato ou Fake, do portal de notícias G1, também checou um conteúdo semelhante. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
https://img.estadao.com.…604885271603.jpg
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['Victor Pinheiro']
[]
['Karol conka', 'BBB']
2021-05-20
['ENGANOSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/video-de-apresentadora-da-tv-globo-festejando-com-torcedores-do-flamengo-e-de-antes-da-pandemia/
ESTADAO_VERIFICA
Vídeo de apresentadora da TV Globo festejando com torcedores do Flamengo é de antes da pandemia
Para criticar emissora e colocar em dúvida a necessidade de medidas de distanciamento social, boato nas redes sociais resgata gravação feita em Lima, no Peru, antes da final da Libertadores,
2021-03-02
Um vídeo mostrando a jornalista da TV Globo Mariana Gross festejando com torcedores do Flamengo antes da final da Copa Libertadores da América de 2019 circula fora de contexto nas redes. Postagens enganam os internautas ao sugerir que a apresentadora do RJTV estaria participando de aglomerações durante a pandemia. Não há qualquer relação entre o conteúdo e o cenário atual de crise sanitária. Boato usa vídeo de 2019 para atacar jornalista da TV Globo do Rio de Janeiro. Foto: Reprodução / Arte: Estadão LEIA TAMBÉM Veja todas as checagens sobre coronavírus publicadas pelo Estadão Verifica As imagens foram gravadas em 22 de novembro de 2019 — cerca de três meses antes do primeiro caso confirmado de covid-19 no Brasil, registrado em 26 de fevereiro de 2020. Segundo o portal Torcedores, a jornalista confraternizava com outros rubro-negros em Lima, no Peru, na noite de véspera da decisão da Libertadores contra o clube argentino River Plate. A informação também foi publicada, na época, pelo colunista do portal UOL Leo Dias, com o mesmo vídeo que circula sem contexto nas redes. Pelo Twitter, Mariana Gross rebateu as postagens recentes que insinuam que ela estaria furando a quarentena em momento crítico da pandemia. “O vídeo que anda circulando por aí é de 2019, em Lima, durante minhas férias à época. Bem antes da pandemia. É triste a crueldade de alguns aqui”, escreveu a jornalista em 27 de fevereiro. Ela já vinha respondendo usuários sobre o assunto desde o início do mês. “Uso máscara diariamente e atribuo a isso o fato de não ter tido covid até o momento”, comentou, em outra ocasião. Não costumo comentar fake news. Mas, como envolve a mim, cabe o esclarecimento. O vídeo que anda circulando por aí é de 2019, em Lima, durante minhas férias à época. Bem antes da pandemia. É triste a crueldade de alguns aqui. Bom fim de semana, amigos. #mascara #vacinasim — Mariana Gross (@ladygross) February 27, 2021 A primeira versão do boato encontrada pelo Estadão Verifica é de 7 de fevereiro, três dias depois de um jogo do Flamengo contra o rival carioca Vasco da Gama. As peças criticam a TV Globo e os profissionais de imprensa, alvos frequentes de campanhas de desinformação, e também as medidas de distanciamento incentivadas em todo o mundo por autoridades de saúde para conter a disseminação do novo coronavírus e representadas pelo slogan “Fique em casa”. O conteúdo enganoso se aproveita ainda de notícias recentes de aglomerações de torcedores para conferir credibilidade à história. Na semana passada, por exemplo, dezenas de torcedores do Flamengo sem máscaras esperaram o time no aeroporto do Galeão para comemorar o título do Campeonato Brasileiro. Situações parecidas foram protagonizadas por adeptos de vários clubes brasileiros em ruas, zonas de embarque e arredores de estádios antes e depois de partidas importantes. A Globo é atacada constantemente por bolsonaristas por conta de uma suposta “campanha” contra o presidente Jair Bolsonaro. O político costuma negar a necessidade de medidas de isolamento e a gravidade da pandemia, ao mesmo tempo em que promove terapias sem eficácia comprovada contra a covid-19. A mesma tática de resgatar conteúdo antigo foi usada recentemente contra Maju Coutinho para insinuar que a apresentadora do Jornal Hoje teria circulado sem máscara pela orla do Leblon, no Rio de Janeiro, entre outras checagens semelhantes. AFP Checamos, Agência Lupa e Boatos.org também desmentiram esse boato. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
https://politica.estadao…010320211106.png
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['Samuel Lima']
[]
['coronavírus', 'estadão verifica', 'fake news [notícia falsa]', 'rede globo', 'flamengo']
2021-05-20
['FORA DE CONTEXTO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/nao-existe-vacina-que-cura-covid-19-em-tres-horas/
ESTADAO_VERIFICA
Não existe vacina que cure covid-19 em três horas
Boato no Facebook usa foto de kit de testes para detectar novo coronavírus
2020-05-29
Não é verdade que cientistas tenham criado uma vacina capaz de “curar” a covid-19 em apenas três horas. Um post que viralizou no Facebook afirma que a imunização teria sido produzida pela empresa farmacêutica Roche e seria anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. No entanto, de acordo com informações oficiais da Organização Mundial da Saúde (OMS), ainda não existe prevenção ou cura para a doença causada pelo novo coronavírus. A imagem utilizada no post é de uma checagem publicada pela Agência Lupa em março, que mostra que a vacina não existe. Em resposta ao site de fact-checking, a Roche informou que não desenvolveu nenhum tipo de imunização contra o novo coronavírus. A farmacêutica comunicou que produz um teste de “detecção qualitativa” do novo coronavírus chamado cobas SARS-CoV-2. O exame foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março. Foto: Reprodução/Facebook A verificação da Lupa aponta que o boato inicialmente surgiu na Índia e foi desmentido pelos sites India Today e Alt News. O India Today publicou no dia 23 de março que a foto usada no boato, na realidade, mostra um kit de teste desenvolvido pela empresa farmacêutica sul-coreana Sugentech. A imagem também mostra o nome dos anticorpos cuja presença é testada: a IgM (imunoglobulina M) e a IgG (imunoglobulina G). No site oficial da companhia, consta a imagem do produto, o SGTi-flex, um teste para a detecção da presença do SARS-Cov-2 no organismo. De acordo com o infectologista Sidnei Rodrigues, do Hospital Eduardo de Menezes, em Belo Horizonte, a publicação analisada pelo Estadão Verifica comete um erro conceitual grave ao afirmar que a vacina “cura” a covid-19. Segundo ele, imunizações são criadas como uma medida para prevenir doenças. O infectologista explica que a vacina faz com que o sistema imunológico desenvolva defesas contra o agente infeccioso. “A vacina faz o sistema imune reconhecer a doença quando ela chega e ele mesmo produz os anticorpos. Assim, quando alguém tem contato com a doença, não será infectada. Vacina é diferente de tratamento. O tratamento é uma medicação que vai curar uma doença que já está instalada”, concluiu o médico. Boatos sobre curas da covid-19 são frequentes Outros boatos como esse, de que existe vacina para a cura da covid-19, circulam nas redes sociais diariamente. No dia 12 de março, o Estadão Verifica publicou uma checagem que desmente que Cuba tenha desenvolvido uma imunização contra o vírus. Veja todas as verificações sobre o novo coronavírus publicadas pelo Estadão. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
https://politica.estadao…290520204435.png
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['Estadão Verifica']
[]
['coronavírus', 'fake news [notícia falsa]']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/postagens-falseiam-relacao-familiar-de-sergio-moro-com-psdb/
ESTADAO_VERIFICA
Postagens falseiam relação familiar de Sérgio Moro com PSDB
Boatos que tentam associar o ex-ministro aos tucanos circulam desde 2016, naquela ocasião impulsionados por petistas
2020-05-29
É falso que o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro seja neto de um dos fundadores do PSDB. Também não é verdade que o ex-juiz seja cunhado do deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG). Essas alegações circulam em imagem que viralizou nas redes sociais. Leitores solicitaram a checagem deste conteúdo pelo WhatsApp do Estadão Verifica: (11) 99263-7900. Aécio é casado desde 2013 com a ex-modelo Leticia Weber, que não é da família de Sérgio Moro. A mulher de Cesar Fernando Moro, único irmão do ex-juiz, também não tem relação com o deputado federal. As informações são públicas em redes sociais. Reprodução Facebook A assessoria de Moro também negou o parentesco com Aécio: “O ex-ministro Sergio Moro tem apenas um irmão que mora em Maringá e não tem nenhuma relação de parentesco com Aécio Neves ou com qualquer outro político”. O Estadão Verifica consultou ainda a lista de fundadores do PSDB (abaixo), fornecida pelo próprio partido. A listagem não contém o nome de nenhum dos avôs de Moro. A assessoria do ex-juiz negou também a relação com a sigla: “Nenhum dos avôs de Moro se envolveu em política ou fundou o PSDB. Lavino Moro era pequeno agricultor e Guilherme Starke trabalhou em uma loja de ferragens. Jamais tiveram filiação política”. Documento FUNDADORES PSDB PDF Boatos que associam Sérgio Moro e sua família ao partido circulam desde ao menos 2016. Na ocasião, uma certidão de filiação de Sérgio Roberto Moro circulou entre militantes pró PT. O ex-ministro, no entanto, se chama Sérgio Fernando Moro. O novo boato ganhou tração no início deste mês com o compartilhamento da imagem por Olavo de Carvalho, um dos gurus do governo Bolsonaro. Fato ou Fake e Boatos.org também checaram este boato. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
https://politica.estadao…290520205129.png
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['Tiago Aguiar']
[]
['psdb', 'sérgio moro', 'Aécio neves']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/nao-vespa-gigante-nao-foi-encontrada-na-zona-oeste-do-rio/
ESTADAO_VERIFICA
Não, vespa gigante não foi encontrada na Zona Oeste do Rio
Na verdade, vídeo que viralizou no Facebook mostra abelha bastante comum no Brasil
2020-05-29
Voltou a circular no Facebook o boato de que vespas asiáticas, conhecidas popularmente como “vespas assassinas”, teriam chegado ao Brasil. Um vídeo com 162 mil visualizações afirma que no dia 16 de maio a espécie foi encontrada em Senador Camará, bairro na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Especialistas consultados pelo Estadão Verifica explicam que, na verdade, o inseto mostrado nas imagens é uma abelha solitária do gênero Xylocopa. Leitores solicitaram a checagem deste conteúdo por meio do formulário do Estadão Verifica. Clique aqui para enviar uma sugestão. LEIA MAIS CRIANDO SUA CONTA GRATUITAMENTE
https://politica.estadao…290520205052.png
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['Estadão Verifica']
[]
['vespa', 'fake news [notícia falsa]', 'Rio de Janeiro [cidade RJ]']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/boato-usa-frase-de-doria-para-levantar-duvidas-sobre-a-extensao-da-pandemia/
ESTADAO_VERIFICA
Boato usa frase de Doria para levantar dúvidas sobre a extensão da pandemia
Doria afirmou que 213 países enfrentam a pandemia de covid-19 em entrevista à Band TV em maio; segundo a OMS, 214 países e territórios tinham sido afetados até aquela data
2020-05-29
Esta checagem foi produzida pela coalizão do Comprova. Leia mais aqui. Publicação com grande circulação no Twitter sugere que o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), inventou o número de países afetados pela pandemia do novo coronavírus em entrevista ao jornalista José Luiz Datena, da Rede Bandeirantes. O boato afirma que o político teria citado 215, quando o número de países no mundo é de 193. A informação, no entanto, é enganosa. LEIA TAMBÉM Veja todas as checagens sobre coronavírus publicadas pelo Estadão Verifica De fato, Doria erra ao falar sobre o cenário da pandemia no programa Brasil Urgente, em 11 de maio — mas o número não aparenta ser invenção. Na verdade, está bastante próximo à quantidade de áreas com casos confirmados de covid-19 até aquele momento, com base em dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Tuíte com grande circulação nas redes sociais usa o número de países membros da ONU para criticar afirmação do governador de São Paulo, João Doria. Foto: Reprodução / Arte Estadão A entrevista está no Canal do Datena no YouTube e foi transmitida ao vivo na Band TV. O trecho citado pelas publicações no Twitter pode ser visto a partir de 8 minutos e 20 segundos de vídeo. Doria fala, primeiro, em 212 países enfrentando a pandemia, depois altera o número para 213. “A pandemia é mundial, ela afeta o mundo: 213 países, neste momento, Datena, estão enfrentando a pandemia, estão perdendo vidas”, afirma o governador de São Paulo. A informação é imprecisa porque Doria relata casos do novo coronavírus em 213 países, quando a referência só é possível quando são somados tanto países de reconhecimento pleno quanto outros tipos de território no mundo. Ainda assim, o número atualizado em 11 de maio, segundo a base da dados da OMS, era de 214 áreas com casos confirmados de covid-19. Desses, 180 eram países membros da Organização das Nações Unidas (ONU) e 34 eram territórios dependentes e países de reconhecimento limitado, entre outros. Quanto ao número real de países, a principal referência para o dado é a lista de membros da ONU, com 193. A quantidade de nações permanece inalterada desde 2011. Esse também é o número que consta nas postagens do Twitter. Porém, mesmo essa informação é questionável em razão de disputas políticas em andamento. Taiwan e Kosovo, por exemplo, são considerados países de reconhecimento parcial, o que significa dizer que algumas nações as entendem como estados soberanos e outras, não. A ONU também conta com dois “estados observadores” em suas reuniões, Vaticano e Palestina. Esses quatro já aumentariam as nações para 197. O post mais antigo no Twitter com a descrição foi publicado no dia 26 de maio pelo perfil @Thacloroquina, de acordo com a plataforma de monitoramento CrowdTangle. A autora se descreve como “católica, conservadora, anti-esquerda e robô do Bolsonaro com CPF”. A mensagem também aumenta o número dito por Doria na entrevista para 215, o que é incorreto. Por que investigamos? O Comprova verifica conteúdos suspeitos que circulam nas redes sociais e alcançam grande audiência. Além disso, conteúdos que questionam a gravidade da pandemia são potencialmente prejudiciais à população. Ao acreditar em informações enganosas que desacreditam a crise mundial de saúde, as pessoas podem decidir tomar menos precauções, ficando assim expostas mais facilmente a uma doença que ainda não tem cura conhecida. Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano. Como verificamos? Com base no texto do tuíte, o Comprova pesquisou sobre entrevistas recentes do governador João Doria ao jornalista José Luiz Datena. A reportagem encontrou trecho semelhante à descrição no vídeo “Lockdown não está descartado em SP, diz Doria em entrevista a Datena”, publicado no Canal do Datena no YouTube, referente à transmissão do programa Brasil Urgente, na Band TV, em 11 de maio. A seguir, o Comprova consultou a base de dados aberta da Organização Mundial da Saúde (OMS) para descobrir a quantidade de países e territórios com casos de covid-19 registrados até a data da entrevista. Por meio de um editor de planilhas, a reportagem filtrou os casos acumulados até o dia 11 de maio e elaborou uma lista por localidade informada. Finalmente, a reportagem procurou em notícias, artigos e outras fontes confiáveis a quantidade real de países no mundo. Entre os conteúdos, estava a lista de países membros da ONU informando o número alegado pela publicação, 193. As informações, então, foram comparadas com a planilha de casos registrados pela OMS. As localidades que não constavam na lista das Nações Unidas foram pesquisadas individualmente. Verificação O governador de São Paulo, João Doria, realmente fez uma declaração semelhante à apontada pelo boato em entrevista ao jornalista José Luiz Datena em 11 de maio, durante o programa Brasil Urgente, da Band TV. Doria respondia se estava perto ou não de tomar a decisão pelo lockdown em São Paulo e qual deveria ser a prioridade do governo durante a crise de saúde. O trecho sobre a situação da covid-19 no mundo aparece logo depois de o governador afirmar que não colocaria a economia “à frente da vida” e que o adversário não era a quarentena, mas a pandemia. Ele cita outros países do mundo para argumentar que as dificuldades econômicas não eram exclusividade de São Paulo. Doria falou, primeiro, em 212 países enfrentando a pandemia e depois alterou a informação. “A pandemia é mundial, ela afeta o mundo: 213 países, neste momento, Datena, estão enfrentando a pandemia, estão perdendo vidas”, disse o político. “Não é um tema local, não é um tema regional, não é um tema nacional — é um tema mundial”. A entrevista também contém diversas críticas ao presidente Jair Bolsonaro. Quantos países existem no mundo? A principal referência para o dado é a lista de países-membros das Nações Unidas, organização internacional fundada em 1945. Atualmente, a lista conta com 193 países, entre eles o Brasil. Ela permanece inalterada desde 2011, com a entrada do Sudão do Sul. Entretanto, essa informação não é absoluta, em razão dos conflitos e disputas políticas que ocorrem hoje. Em entrevista à BBC, publicada pelo portal G1, o especialista em geografia história e política da Universidade de Leeds, na Inglaterra, Martin Purvis, disse que a existência de um país depende do contexto político. Purvis explica que, para ser considerada um país, uma região precisa ter um território definido; ser habitada com algum grau de permanência; ter instituições políticas e governo próprios; ter a independência reconhecida por outros estados soberanos; e interagir diplomaticamente. Dessa forma, existem diversos territórios que ficam no meio termo: é o caso daqueles que declararam independência e funcionam, em grande parte, como países, mas não tiveram a soberania reconhecida pela comunidade internacional. O que diz a base de dados da OMS? De acordo com os dados abertos da Organização Mundial da Saúde (OMS), 214 países, territórios e áreas tinham registros de casos confirmados do novo coronavírus em 11 de maio de 2020, quando o número de infectados era de 4 milhões de pessoas no planeta. Desses, 180 eram países membros da ONU e 34 eram territórios dependentes e países de reconhecimento parcial, entre outros. A OMS faz a contagem, separadamente, de uma série de arquipélagos e ilhas que pertencem a países como Reino Unido, Países Baixos, França, Dinamarca e Estados Unidos, por exemplo. Apenas o Caribe, região localizada na costa do continente americano, concentra 16 delas, todas com casos de covid-19: Anguilla, Aruba, Bermudas, Ilhas Cayman, Curaçao, Guadalupe, Martinica, Montserrat, Países Baixos Caribenhos, Porto Rico, São Bartolomeu, São Martinho Francês, São Martinho Neerlandês, Ilhas Turcas e Caicos, Ilhas Virgens Britânicas e Ilhas Virgens Americanas. Os dois estados observadores da ONU — a Palestina, estado que reivindica a soberania sobre territórios no Oriente Médio, e o Vaticano, cidade-estado cercada por Roma, na Itália, e sede da Igreja Católica — também apresentam informações próprias. O mesmo acontece com Kosovo, país de reconhecimento limitado localizado na região dos Bálcãs, na Europa. Por outro lado, Taiwan — considerada província pelo governo chinês, mas que chegou a fazer parte da ONU até a década de 1970 —, é integrada à China pela OMS. Outras bases de dados, como a da Universidade Johns Hopkins, contabilizam Taiwan de forma separada. Os demais territórios na base de dados da OMS são Ilhas Falkland (Malvinas), Ilhas Faroé, Guiana Francesa, Polinésia Francesa, Gibraltar, Groenlândia, Guam, Guernsey, Ilha de Man, Jersey, Mayotte, Nova Caledônia, Ilhas Marianas do Norte, Ilha da Reunião e Saint-Pierre e Miquelon. A contagem também informa os casos acumulados em transporte internacional no navio de cruzeiro Diamond Princess, registrados entre fevereiro e março, no total de 712. Atualmente, o número de países afetados é de 181, com o primeiro caso em Lesoto confirmado em 14 de maio. Ao todo, foram confirmados 5,5 milhões de casos de covid-19 no mundo até quarta-feira, 27, segundo dados da OMS. Apenas 12 países da ONU não haviam divulgado casos da doença até esse dia: Coreia do Norte, Ilhas Marshall, Ilhas Salomão, Kiribati, Micronésia, Nauru, Palau, Samoa, Tonga, Turcomenistão, Tuvalu e Vanuatu. De acordo com informações da Reuters, outros 20 territórios também passam ilesos pela pandemia. Em seus boletins diários, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reúne as localidades em uma coluna denominada “países, territórios e áreas”. Abaixo das informações, a instituição esclarece que “as designações empregadas e a apresentação desses materiais não implicam a expressão de qualquer opinião da OMS sobre o status legal de qualquer país, território ou área ou de suas autoridades, ou ainda sobre a delimitação de suas fronteiras e limites.” Contexto São Paulo é o epicentro do novo coronavírus no Brasil, com o maior número de casos confirmados e de mortes por covid-19 — eram 6.712 óbitos e 89.483 pessoas infectadas até quarta-feira, 27. Outro dado preocupante é a taxa de ocupação dos leitos de terapia intensiva na região metropolitana da capital, que está em 91%, de acordo com estatísticas oficiais do estado. Diante do cenário, o governador João Doria adotou uma série de medidas para conter a disseminação do vírus, como o fechamento de estabelecimentos não essenciais ainda em março, como forma de reduzir a pressão sobre o sistema de saúde. Doria também vinha afirmando que não descarta estabelecer o lockdown, medida mais dura de controle sobre a circulação de pessoas e a operação de estabelecimentos comerciais, em algumas localidades. Esse discurso é contrário ao que defende o presidente da República, Jair Bolsonaro, com quem Doria rompeu politicamente meses depois da aliança “Bolsodoria” no segundo turno das eleições de 2018. Durante a crise do novo coronavírus, a rivalidade ganhou maiores proporções. O governador de São Paulo chegou a afirmar que o presidente “despreza vidas” e deveria começar “a ser um líder, se for capaz”. Bolsonaro, por outro lado, acusa Doria de usar a crise como palanque para as eleições de 2022. O presidente chamou o governador de São Paulo de “bosta” em reunião ministerial tornada pública por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) e que foi analisada em meio ao inquérito que apura interferência política de Bolsonaro na Polícia Federal. O governo de São Paulo anunciou, nesta semana, um plano de flexibilização, incluindo abertura de shoppings e lojas na capital paulista. Alcance A mensagem circula no Twitter e no Facebook desde 26 de maio e teve mais de 8,6 mil curtidas e 1,6 mil compartilhamentos até a tarde desta quinta-feira, 28, de acordo com a plataforma de monitoramento de redes sociais CrowdTangle.
https://img.estadao.com.…617563593097.jpg
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['Projeto Comprova']
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['comprova', 'coronavírus', 'twitter', 'ONU [Organização das Nações Unidas]', 'OMS [Organização Mundial de Saúde]', 'joão doria']
2021-05-20
['ENGANOSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/foto-de-carlos-bolsonaro-com-mesa-de-celulares-e-montagem/
ESTADAO_VERIFICA
Foto de Carlos Bolsonaro com mesa de celulares é montagem
Imagem ganhou impulso nesta semana após operação da Polícia Federal de nova etapa do inquérito das 'fake news'
2020-05-28
É montagem uma foto em que o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos) aparece em frente a uma mesa com dezenas de celulares. A imagem manipulada obteve mais de 1,2 mil compartilhamentos no Facebook, em post que afirmava que “assim funciona o gabinete do ódio, escritório das fake news da Familícia (sic) Bolsonaro”. Leitores solicitaram a checagem deste conteúdo pelo WhatsApp do Estadão Verifica: (11) 99263-7900. Por meio de ferramenta de busca reversa de imagem é possível verificar que a foto original mostra uma mulher em frente aos celulares. O Estadão Verifica não conseguiu determinar a autoria da foto, que circula ao menos desde 2015. A imagem ilustra a prática de “phone farming”, em que muitos celulares são usados para manipular índices de redes sociais, como números de reproduções de músicas e vídeos, avaliações de aplicativos em lojas virtuais ou postagens de hashtags para aumentar a relevância de determinados assuntos. LEIA TAMBÉM Veja todas as checagens sobre coronavírus publicadas pelo Estadão Verifica Reportagem de 2018 do jornal Folha de S. Paulo que relata fraude em disparo de mensagens de WhatsApp na eleição presidencial de 2018 obteve imagens semelhantes de “phone farming”. A matéria não cita Carlos. Reprodução: Facebook Durante sessões da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News, que investiga ataques cibernéticos que atentem contra a democracia e o espaço público, os deputados federais Joice Hasselmann (PSL-SP) e Alexandre Frota (PSDB-SP) acusaram Carlos Bolsonaro de comandar as ações do chamado “gabinete do ódio”. Este seria um grupo propagador de notícias falsas integrado por assessores especiais da presidência. Nesta quarta-feira, 27, agentes da Polícia Federal cumpriram mandados de busca e apreensão no âmbito do inquérito das fake news. As ordens judiciais foram expedidas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Os alvos eram nomes ligados ao chamado “gabinete do ódio” e aliados do presidente Jair Bolsonaro. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
https://img.estadao.com.…617563593097.jpg
null
['Tiago Aguiar']
[]
['carlos bolsonaro', 'redes sociais']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/post-no-facebook-promove-desinformacao-sobre-lei-de-emergencia-cultural/
ESTADAO_VERIFICA
Post no Facebook promove desinformação sobre Lei de Emergência Cultural
Auxílio para trabalhadores da área artística é restrito a quem teve rendimentos de até R$ 28 mil em 2018; texto ainda precisa ser aprovado no Senado e sancionado pelo presidente
2020-05-28
Um post no Facebook promove desinformação a respeito da Lei Aldir Blanc ou Lei de Emergência Cultural, texto aprovado nesta terça-feira, 26, pela Câmara dos Deputados para garantir auxílio emergencial a trabalhadores da área da cultura. Uma imagem publicada pela página “Ranking dos Políticos” dá a entender que artistas como a atriz Fernanda Montenegro terão acesso ao pagamento, de R$ 600 mensais. Na realidade, o benefício é restrito a quem teve rendimentos tributáveis de até R$ 28.559,70 em 2018 — média de R$ 2.379,97 por mês. Foto: Reprodução/Facebook Para receber a renda também é preciso atender a outros requisitos: não ter emprego formal ativo; não ter ganhado o auxílio do governo a trabalhadores informais; não receber valores de benefício previdenciário ou assistencial, seguro-desemprego ou programas de transferência de renda federais (exceto Bolsa Família). O texto ainda precisa passar por aprovação no Senado Federal e sanção do presidente da República. O post enganoso usa como ilustração uma publicação do Instagram (abaixo) da deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ). Na postagem, Fernanda Montenegro pede que os deputados aprovem a lei em prol de trabalhadores da cultura que estão sem sustento durante a pandemia do novo coronavírus. A segunda foto do post da página “Ranking dos Políticos” mostra Ricardo Ramassoti, que foi personagem da reportagem “Cadeirante dribla preconceito e sustenta a família como pedreiro no interior de SP“, publicada pelo portal G1 em 2018. O projeto de lei aprovado na Câmara prevê a destinação de R$ 3 bilhões ao setor cultural, retirados do superávit do Fundo Nacional de Cultura. O dinheiro deve ser repassado a Estados, municípios e ao Distrito Federal. Além de trabalhadores informais, o texto garante auxílio de R$ 3 mil a R$ 10 mil para espaços artísticos, como teatros independentes, escolas de músicas e espaços de comunidades indígenas. Esses estabelecimentos não podem estar ligados à administração pública ou ao Sistema S. Como contrapartida, os espaços culturais devem promover uma atividade gratuita para alunos de escolas públicas ou em espaços públicos. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
https://politica.estadao…280520203616.png
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['Alessandra Monnerat']
[]
[]
2021-05-20
['ENGANOSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/video-de-furto-em-loterica-e-antigo-e-nao-tem-relacao-com-auxilio-emergencial/
ESTADAO_VERIFICA
Vídeo de furto em lotérica é antigo e não tem relação com auxílio emergencial
Gravação foi feita em 2018 em Ribeirão do Pinhal, no Paraná
2020-05-26
Um vídeo que mostra a funcionária de uma lotérica tirando dinheiro do caixa para guardá-lo em sua carteira tem sido compartilhado no Facebook com legendas que afirmam que a mulher estaria roubando o auxílio emergencial de um cliente. Na verdade, a gravação é antiga, de 2018, e não tem qualquer relação com o benefício de R$ 600 destinado a trabalhadores informais durante a pandemia do novo coronavírus. Foto: Reprodução No canto superior direito do vídeo, é possível ver a marcação da data: 13 de dezembro de 2018. Por meio da ferramenta de busca reversa de imagens, podemos encontrar publicações do mesmo vídeo no YouTube no ano passado, como esta de 2 de fevereiro de 2019. O vídeo foi registrado na cidade de Ribeirão do Pinhal, no Paraná. A mulher que aparece no vídeo foi indiciada por furto mediante fraude. Esta reportagem do programa “Balanço Geral” mostra que o vídeo motivou outro boato: o de que a pessoa do vídeo seria uma moradora de Osasco, que chegou a receber ameaças de morte por ter sido falsamente associada às imagens. Fato ou Fake e Agência Lupa também checaram este vídeo. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
https://politica.estadao…260520200313.png
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['Alessandra Monnerat']
[]
[]
2021-05-20
['FORA DE CONTEXTO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/medico-em-foto-com-lula-e-falsamente-identificado-como-irmao-de-adelio-bispo/
ESTADAO_VERIFICA
Médico em foto com Lula é falsamente identificado como ‘irmão de Adélio Bispo’
Imagem compartilhada no Facebook mostra o ortopedista Marcos Heridijanio, sem relação com a família do homem que esfaqueou Bolsonaro, ao lado do ex-presidente petista
2020-05-26
Postagem falsa em circulação no Facebook utiliza a imagem de um médico pernambucano ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para sugerir uma trama política na tentativa de assassinato do presidente Jair Bolsonaro, durante a campanha eleitoral de 2018. O boato afirma que o homem retratado é o irmão de Adélio Bispo, autor da facada. No entanto, trata-se do ortopedista Marcos Heridijanio, que mora em Petrolina e não tem relação com a família. O mesmo boato foi desmentido pelo Estadão Verifica em janeiro, só que com outra foto de Heridijanio. Assim como no caso anterior, a imagem foi retirada de uma página em que o médico divulgava sua candidatura a deputado federal em Pernambuco pelo PT nas eleições de 2018, e que hoje concentra comentários políticos. À época, Heridijanio publicou um vídeo em que mostra indignação com as publicações que o associam a Adélio Bispo. Foto de médico pernambucano ao lado de Lula é usada de forma enganosa para associar petista a Adélio Bispo. Foto: Reprodução / Arte Estadão O autor da facada tem quatro irmãos, e três nomes constam em reportagem publicada pelo jornal Folha de S. Paulo: Aldeir Ramos de Oliveira, Maria das Graças Oliveira e Maria Aparecida Ramos. O nome completo do médico cuja foto está circulando é Marcos Heridijanio Moura Bezerra — ele não tem nenhum dos sobrenomes de Adélio Bispo e de três dos seus quatro irmãos. Além disso, o médico é natural de São José Do Belmonte, em Pernambuco, e mora em Petrolina, de acordo com perfil no Facebook. Adélio Bispo era natural de Montes Claros, Minas Gerais, e trabalhava como servente de pedreiro. Os familiares também residem na cidade mineira. Até a tarde desta terça-feira, 26, a postagem falsa tinha mais de 5,4 mil compartilhamentos no Facebook. Caso Adélio Bispo voltou à tona com demissão de Moro A saída conturbada do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, do governo trouxe novamente à tona o caso da tentativa de assassinato do presidente Jair Bolsonaro em 2018. Após as acusações de Moro de que Bolsonaro demitiu o ex-diretor-geral da Polícia Federal Maurício Valeixo para intervir politicamente no órgão, o presidente justificou que desejava mudanças por uma suposta falta de empenho na investigação do caso: “A PF de Sérgio Moro mais se preocupou com Marielle do que com seu chefe supremo”, afirmou em pronunciamento. Dois inquéritos da Polícia Federal apontaram que Adélio Bispo de Oliveira agiu sozinho em um crime sem mandantes. A PF descartou a participação de agremiações partidárias, facções criminosas, grupos terroristas ou mesmo paramilitares em qualquer das fases do ato criminoso (cogitação, preparação e execução). Adélio Bispo foi considerado inimputável e absolvido de ação penal, mas permanece preso na Penitenciária Federal de Campo Grande. Em março, a Justiça autorizou sua transferência para hospital psiquiátrico de Barbacena, Minas Gerais, ainda pendente. Esse boato foi desmentido por Aos Fatos, Agência Lupa, Fato ou Fake, AFP e Boatos.org. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
https://politica.estadao…260520202030.png
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['Samuel Lima']
[]
['estadão verifica', 'facebook', 'fake news [notícia falsa]', 'Lula [Luiz Inácio Lula da Silva]', 'jair bolsonaro', 'PT [Partido dos Trabalhadores]', 'adelio bispo de oliveira']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/corrente-sobre-venda-de-inqueritos-da-pf-e-nova-versao-de-boato-da-copa-de-1998/
ESTADAO_VERIFICA
Corrente sobre venda de inquéritos da PF é nova versão de boato da Copa de 1998
Teoria da conspiração inventa que João Doria comprou investigações de Sérgio Moro
2020-05-26
Em grupos de WhatsApp, circula uma mensagem que afirma que o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro teria vendido inquéritos da Polícia Federal para o governador de São Paulo, João Doria. O texto é falso e recicla um boato antigo, de que o Brasil teria vendido a Copa do Mundo de 1998 para a Fifa. A corrente adaptada usa a mesma estrutura de texto e até começa com a mesma frase: “Se as pessoas soubessem o que aconteceu, ficariam enojadas”. A diferença é que a versão futebolística do boato atribuía ao jogador Leonardo essa declaração, e no texto mais recente a frase fica a cargo do presidente Jair Bolsonaro. A mensagem de WhatsApp utiliza todos os elementos do boato antigo, que começou a circular por e-mail — no texto original, a assinatura era de Gunther Schweitzer, que teria repassado a corrente por sua conta de correio corporativa. Assim como no texto original, nesta nova versão do boato são os jornais Wall Street Journal e Gazzetta dello Sport que revelam o suposto escândalo: Moro teria cobrado US$ 70 mil por cada inquérito vendido a Doria — mesmo valor que a Fifa, na corrente original, teria pagado a cada jogador brasileiro para entregar a Copa para a França. Foto: Reprodução O novo texto também faz algumas pequenas adaptações. O “sr. Ronald Rhovald”, que no boato sobre o campeonato aparece como representante da patrocinadora Nike, desta vez é representante da CIA, a agência de inteligência americana, no Brasil. Em 2014, o Estadão mostrou como a teoria da conspiração de Gunther Schweitzer voltou a ser compartilhada nas redes para explicar o fracasso brasileiro na Copa do Mundo daquele ano. Desde então, o boato foi adaptado a várias outras versões online. Os sites Boatos.Org e E-Farsas também desmentiram essa corrente.
https://politica.estadao…260520204638.png
null
['Alessandra Monnerat']
[]
[]
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/video-engana-ao-sugerir-que-morte-em-decorrencia-de-cancer-foi-alterada-para-covid-19-em-porto-alegre/
ESTADAO_VERIFICA
Vídeo engana ao sugerir que morte em decorrência de câncer foi alterada para covid-19 em Porto Alegre
Vítima de 65 anos tinha suspeita de infecção pelo novo coronavírus no momento do falecimento, mas caso foi descartado 24h depois com resultado negativo de exame
2020-05-25
Circula no Facebook um vídeo em que um homem de Tramandaí, cidade no litoral do Rio Grande do Sul, denuncia uma suposta fraude na notificação de morte da esposa, de 65 anos, no Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre. A alegação é de que o atestado de óbito indica “morte natural” em decorrência de complicações de câncer no fígado, mas profissionais de saúde teriam alterado a informação para covid-19 momentos antes da retirada do corpo da unidade. O Estadão Verifica confirmou, por meio de três fontes diferentes, incluindo um familiar próximo da vítima, que o caso nunca foi notificado como covid-19. O que existiu foi uma suspeita de infecção pelo novo coronavírus em razão de sintomas comuns da doença, como tosse seca e febre, em meio ao tratamento de complicações do câncer no ambiente hospitalar. A vítima chegou a ser transferida para uma ala de isolamento destinada aos casos da doença. LEIA TAMBÉM Veja todas as checagens sobre coronavírus publicadas pelo Estadão Verifica A idosa faleceu em 6 de maio e teve o óbito atestado como insuficiência respiratória, metástase pulmonar, hepatocarcinoma (câncer de fígado) e cirrose hepática. O resultado do exame para detectar novo coronavírus, porém, ainda não era conhecido naquele momento. Em razão da suspeita, a família precisou seguir uma série de orientações para a despedida, previstas em decreto de emergência do município e em guias do Ministério da Saúde e da Secretaria da Saúde do Estado — entre elas, a proibição de velório. O corpo foi levado direto ao crematório. Vídeo engana ao sugerir que morte por câncer em Porto Alegre foi alterada para covid-19. Foto: Reprodução / Arte Estadão No vídeo, o ex-vereador de Tramandaí Valdir Borges da Silva acusa a equipe médica de ter alterado informações. “Quando fui buscar o corpo para deslocar até a minha cidade, que fica a 100 quilômetros de Porto Alegre, a gente não podia, da maneira que estava, porque colocaram lá… Alguém do setor onde ela estava internada, da enfermaria, algum irresponsável botou covid-19”, afirma. A seguir, alega que “não se morre mais por câncer”, mas “só por covid-19” no País e que a situação é uma “afronta às famílias de bem”. Uma das versões do conteúdo teve 396 mil visualizações e 37 mil compartilhamentos até a tarde desta segunda-feira, 25. Procurado pela reportagem, Silva insistiu que houve fraude no caso sob o argumento que “não havia caso suspeito até ela morrer”, segundo as suas palavras. No entanto, admitiu que a equipe médica transferiu a esposa para ala destinada a pacientes de covid-19 durante o período em que ficou internada no hospital. Também disse ter conhecimento do resultado negativo do exame, que ficou pronto no dia seguinte à morte (7 de maio). O Hospital Nossa Senhora da Conceição afirma que a suspeita em relação ao novo coronavírus ocorreu pouco tempo depois da entrada no hospital em razão de “sintomas respiratórios muito sugestivos” — tosse, dor de garganta, falta de apetite e febre. “Portanto, apesar de já conhecermos os problemas crônicos, ela foi classificada como uma paciente suspeita de covid-19”, afirma o gerente de internação do hospital, o médico Rafael Ribeiro, em vídeo publicado no YouTube. O Estadão Verifica confirmou o relato com um familiar próximo à vítima. De acordo com a fonte, a paciente acessou o hospital, no dia 4 de maio, para consulta agendada no setor ambulatorial de oncologia, mas, durante procedimento, os médicos notaram complicações e a internaram no hospital. Na madrugada, continua o familiar, a equipe resolveu ingressá-la na ala de isolamento por suspeita de covid-19. Na hora da morte, ainda era aguardado o exame, que deu negativo. “O hospital simplesmente seguiu protocolos e decretos vigentes”, avalia. Em nota, a Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul afirmou que “a paciente testou negativo para coronavírus, segundo registros do Laboratório Central do Estado (Lacen)”. Dessa forma, a morte nunca foi contabilizada nas estatísticas de covid-19. Velórios são proibidos para pacientes suspeitos de covid-19 em Porto Alegre O veto aos velórios consta no Decreto Municipal 20.534/2020, publicado pela Prefeitura de Porto Alegre no dia 31 de março e que estabeleceu o estado de calamidade pública na cidade. Segundo o texto, velórios ou despedidas fúnebres estão suspensos em relação a óbitos “cuja causa seja atribuída a infecção suspeita ou confirmada pelo covid-19”. Além disso, o transporte e a disposição de cadáver pode ser feito apenas em caixão lacrado. O caso suspeito é aquele que foi testado e aguarda resultado de exame, conforme a legislação. Documento PROTOCOLO PORTO ALEGRE PDF O Ministério da Saúde ainda orienta que “velórios e funerais de pacientes confirmados/suspeitos da covid-19 NÃO são recomendados devido à aglomeração de pessoas em ambientes fechados” e que essa recomendação “deverá ser observada durante os períodos com indicação de isolamento social e quarentena”. Os trechos foram retirados do documento “Manejo de corpos no contexto do novo coronavírus”, publicado em 25 de março, que serve de referência a todo o território nacional. Documento PROTOCOLO RS PDF Coronavírus no Rio Grande do Sul e no Brasil Até esta segunda-feira, 25, o Rio Grande do Sul tinha 6.470 casos e 180 mortes por covid-19, segundo informações da Secretaria Estadual da Saúde. A capital, Porto Alegre, é a segunda cidade com mais casos, 602, e registra 28 mortes até o momento. A primeira em número de casos é Lajeado, município da região central do estado, com 870. Em todo o Brasil, pelos dados do Ministério da Saúde, foram diagnosticadas 363 mil pessoas com o novo coronavírus — 22.666 morreram pela doença. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
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['Samuel Lima']
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['coronavírus', 'estadão verifica', 'facebook', 'fake news [notícia falsa]', 'Porto Alegre [RS]', 'Rio Grande do Sul [estado]']
2021-05-20
['ENGANOSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/site-usa-foto-antiga-para-inflar-publico-de-manifestacao-pro-bolsonaro/
ESTADAO_VERIFICA
Site usa foto antiga para inflar público de manifestação pró-Bolsonaro
Ato em favor do presidente em Brasília neste domingo, 24, estava esvaziado
2020-05-25
Uma foto de um ato em 2016 contra a ex-presidente Dilma Rousseff foi usada para ilustrar as manifestações em favor do presidente Jair Bolsonaro do último domingo, 24. Um artigo com mais de 102 mil interações (curtidas, comentários e compartilhamentos) no Facebook republicou a imagem antiga fora de contexto. Por meio da ferramenta de busca reversa de imagens do Google, é possível verificar que a foto foi publicada em 13 de março de 2016 pelo jornal Gazeta do Povo. A reportagem mostra que, na época, um protesto a favor do impeachment da então presidente Dilma reuniu cerca de 100 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios. Foto: Reprodução Neste domingo, apoiadores do governo de Bolsonaro se reuniram em um ato esvaziado na frente do Palácio do Planalto. O público que participou da manifestação pode ser visto no vídeo abaixo, publicado na conta oficial do presidente. Bolsonaro chegou de helicóptero e ficou cerca de meia hora com os manifestantes, cumprimentando as pessoas sem usar máscara. A participação do presidente nestes atos tem sido frequente nos últimos fins de semana, o que contraria recomendações sanitárias da Organização Mundial de Saúde (OMS) de evitar aglomerações. É comum que fotos antigas sejam tiradas de contexto em publicações nas redes sociais para inflar o público de protestos mais recentes. O Estadão Verifica já checou boatos similares em outras ocasiões. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
https://politica.estadao…250520204226.png
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['Alessandra Monnerat']
[]
['fake news [notícia falsa]', 'brasília', 'jair bolsonaro']
2021-05-20
['FORA DE CONTEXTO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/medico-confunde-ao-indicar-cloroquina-e-criticar-isolamento-social-e-o-uso-de-respiradores/
ESTADAO_VERIFICA
Médico confunde ao indicar cloroquina e criticar isolamento social e o uso de respiradores
Homem que aparece em vídeo faz afirmações sobre como lidar com a pandemia de coronavírus que não têm comprovação científica e são questionadas por diversas autoridades de saúde
2020-05-22
Esta checagem foi produzida pela coalizão do Comprova. Leia mais aqui. É enganoso o vídeo no qual um homem, que se identifica como médico, diz que os hospitais públicos estão intubando pacientes para “mostrar trabalho” e justificar a compra de ventiladores e respiradores artificiais. Ele é contra o procedimento e defende o uso de medicamentos, como a cloroquina, como alternativa ao tratamento da covid-19. O autor do vídeo também afirma que o vírus não mata pessoas fora do grupo de risco e que o uso de alguns medicamentos, na fase inicial da contaminação, pode levar à cura de pacientes em até quatro dias. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), até o momento não existe remédio ou cura comprovados para a doença causada pelo novo coronavírus. Além disso, no Brasil, 25% das pessoas que morreram por covid-19 não tinham comorbidades. Foto: Projeto Comprova/Divulgação O homem que aparece no gravação é João Carlos Luiz Vaz Marques Leziria, que de fato é médico, formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ele mistura diferentes tipos de informações, a maioria delas falsas, para confundir e enganar as pessoas. As afirmações que ele faz no vídeo não têm comprovação científica e são questionadas por diversas autoridades de saúde. De acordo com o médico, o vídeo foi originalmente compartilhado com um grupo de amigos, mas viralizou após ser publicado nas redes sociais. Uma das primeiras publicações foi feita no dia 7 de maio, por um perfil pessoal no Facebook. Por que investigamos isso? O Comprova verifica conteúdos de grande repercussão e que atinjam um alto número de interações nas redes sociais. No caso do vídeo em questão, ele foi compartilhado por diversos perfis, atingindo em um deles mais de 49 mil compartilhamentos. O fato de o autor do vídeo se identificar como médico e fornecer o telefone pessoal para “prestar atendimento” também chama atenção. Ele faz afirmações sobre assuntos amplamente questionados e debatidos por autoridades de saúde, como a eficácia de medicamentos como a cloroquina, além de incentivar a população a voltar a trabalhar. A ideia é contra as orientações do Ministério de Saúde e decretos estaduais. O autor também fala sobre um tema sensível, que é a aquisição de equipamentos para tratar a covid-19. Com a urgência no tratamento e contenção dos danos da doença, o governo permitiu a compra de respiradores por contratos com dispensa de licitação, e liberou verba para a compra de material necessário. Essa permissão de expandir os gastos públicos deve ser observada para evitar o desvio de verba ou o mau uso do dinheiro público. Nas últimas semanas, o Comprova verificou diversos conteúdos nessa linha. Um deles foi um vídeo contendo informações enganosas em que uma pessoa, sem formação na área de saúde, sugeria que o uso de determinados medicamentos curariam pacientes com coronavírus sem necessidade de internação. Um outro texto dizia que as mortes na Itália não teriam como causa o coronavírus, mas problemas de trombose, recomendando o uso de coagulantes para cura da doença. Enganoso para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro com o propósito de mudar o seu significado; que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano. Como verificamos? Apesar de o autor do vídeo não se identificar, alguns perfis que compartilharam a gravação atribuíam ao médico o nome Dr. João Vaz. O Comprova então buscou, no cadastro do Conselho Federal de Medicina, médicos que possuíam os dois nomes. Entre os listados estava João Carlos Luiz Vaz Marques Leziria. Ao verificar o nome completo em sites de pesquisa e redes sociais, foi possível encontrar fotos do médico que aparece no vídeo, confirmando que se tratava da mesma pessoa. Além disso, o Comprova entrou em contato com o número de telefone disponibilizado no vídeo. O médico não atendeu as ligações, mas respondeu aos questionamentos da equipe com um vídeo, no qual mostrava seu número de inscrição no CRM e fornecia informações pessoais e profissionais. Nesta investigação foram usadas reportagens sobre o remédio cloroquina e o apoio do presidente Jair Bolsonaro à medicação. A equipe também consultou o site da OMS para entender se o fármaco é recomendado pela instituição. Quem é o médico? João Vaz é um médico com número de inscrição regular no Conselho Regional de Medicina. Em vídeo encaminhado ao Comprova, Vaz diz que se formou em dezembro de 1971 na UFRJ e que possui quase 50 anos de profissão. Ele afirma que trabalhou por um período na Alemanha e que está acostumado a lidar com vírus. Ele não menciona sua área de especialidade, e esta também não é informada pelo CRM, mas Vaz diz que isso não faz diferença na Medicina. No vídeo divulgado nas redes sociais, João Vaz se posiciona contra a intubação de pacientes com a covid-19 e diz que o procedimento é “sinônimo de morte”. Segundo ele, os hospitais públicos no Brasil têm intubado pacientes para justificar os gastos com aparelhos. Como alternativa à intubação, o médico defende o uso de remédios como a cloroquina associada à azitromicina e também a manipulação de heparina, um anticoagulante. Ele se oferece para tirar as dúvidas das pessoas e se coloca à disposição de quem tem interesse em fazer uso dos remédios. O médico ainda critica o isolamento horizontal, incentiva as pessoas a voltarem ao trabalho e afirma que apenas pessoas com comorbidades morrem de covid-19. Como funciona a intubação e quando o paciente deve ser intubado? A intubação é um procedimento realizado em pacientes em estado de saúde grave para ventilar mecanicamente os pulmões por meio de aparelhos. A dificuldade de respirar é determinante para que os médicos decidam se irão intubar o paciente e usar os respiradores. Eles são um dos últimos recursos para pacientes com insuficiência respiratória grave após infecção pelo novo coronavírus. Estima-se que aproximadamente 5% dos pacientes com covid-19 sofram a chamada síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) e precisem de respiradores mecânicos. O tratamento utiliza uma reserva de ar e oxigênio que é levada até os pulmões do paciente por meio de um tubo inserido pela boca, nariz ou pela traqueia, através de um corte na garganta. Estudos recentes, contudo, têm mostrado que a letalidade do novo coronavírus é alta mesmo com uso de respiradores e feito pesquisadores questionarem a eficácia da intubação. Ainda assim, as autoridades de saúde orientam para o uso de ventilação mecânica em casos de insuficiência respiratória. O que as autoridades dizem sobre os medicamentos indicados? O uso da cloroquina por pacientes infectados com o novo coronavírus segue sendo estudado por vários países. Nesta sexta-feira (22), uma pesquisa científica publicada pela revista “The Lancet” apontou que o uso da substância não apresenta benefícios no tratamento da covid-19. O estudo foi feito com 96 mil pacientes e os resultados mostram que não há melhora na recuperação de infectados que usaram cloroquina, e que existe risco maior de morte e piora cardíaca durante a hospitalização. A OMS recomendou que o medicamento não seja usado como tratamento, apenas em testes de ensaios clínicos, e alertou para os efeitos colaterais da cloroquina, que podem levar a disfunções graves dos órgãos e prolongar internações. O uso da cloroquina foi autorizado para casos leves em novo protocolo assinado pelo Ministério da Saúde na última quarta-feira (20). Para isso, os pacientes ou familiares devem assinar um termo de consentimento, estando cientes dos efeitos colaterais possíveis, como arritmia. A medida segue parecer do CFM (Conselho Federal de Medicina), que emitiu autorização no fim de abril para que médicos prescrevessem o medicamento para pacientes com sintomas leves e para uso domiciliar, mediante consentimento. A Sociedade Brasileira de Infectologia se manifestou contra a recomendação médica da cloroquina. A instituição afirmou que não há comprovação da eficácia do medicamento no tratamento do coronavírus, assim como de outras substâncias, como a azitromicina, indicada por Vaz em vídeos nas redes sociais. Recentemente, um estudo realizado pelo plano de saúde Prevent Senior verificou que o uso da hidroxicloroquina associada a azitromicina foi capaz de reduzir em mais de duas vezes o número de internações, comparado com pacientes que não tomaram os remédios. A pesquisa, contudo, tem uma série de limitações, como não saber se os pacientes que receberam o tratamento estavam infectados com o novo coronavírus nem ter sido aceita ainda em um periódico científico. Este estudo foi suspenso posteriormente porque os testes com pacientes foram iniciados antes de a empresa receber o aval para realização da pesquisa, o que é contra normas do país. Apesar de existirem Documento RESULTADOS PROMISSORES EM PESQUISAS COM ANTICOAGULANTES COMO A HEPARINA PDF , mencionada pelo autor do vídeo, no tratamento da covid-19, pesquisadores acreditam que para comprovar a eficácia do medicamento ainda há necessidade de ensaios clínicos. Assim como a cloroquina e a azitromicina, a substância só deve ser ministrada com auxílio e orientação médica, pois pode colocar em risco a vida do paciente. A OMS e o Ministério da Saúde afirmam que nenhuma cura ou vacina foi encontrada até o momento contra a covid-19, que já matou mais de 330 mil pessoas no mundo. Isolamento social Medidas de isolamento social são apontadas pela OMS como a melhor alternativa contra o coronavírus. Um estudo recente feito no Brasil mostra que há uma tendência de diminuição do número de mortes pela covid-19 após a adoção de medidas restritivas à circulação de pessoas. A maioria dos médicos defende a adoção do isolamento horizontal nos municípios, que reduz ao máximo possível de circulação de pessoas. Isso, segundo cientistas, seria fundamental para achatar a curva de transmissão do coronavírus e diminuir o número de pessoas infectadas que necessitariam de um leito hospitalar. Atualmente, a quantidade de leitos disponíveis para a população tem preocupado os Estados. Para forçar o isolamento da população, diversos Estados decretaram o fechamento de comércios e suspenderam o funcionamento de atividades não essenciais. A ideia é que o máximo de pessoas fique em casa, saindo apenas para realizar atividades essenciais, reduzindo a propagação do vírus. A suspensão das atividades, apesar de necessária e recomendada pela OMS, provoca uma recessão na economia e por isso é criticada pelo presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores. Na contramão da maioria dos líderes de outros países, Bolsonaro chegou a sugerir que o Brasil adotasse o método de isolamento vertical, em que apenas idosos e pessoas do grupo de risco ficam isoladas. A Suécia, citada por Bolsonaro como exemplo, adotou um modelo de isolamento mais relaxado. No país, escolas, restaurantes e bares ficaram abertos, por exemplo. O número de casos de infectados e mortos, no entanto, foi maior do que os registrados nos outros países nórdicos, que estabeleceram medidas mais severas, com confinamento obrigatório e paralisação de atividades econômicas. Esta semana a Suécia tornou-se o país com maior taxa de mortalidade pelo novo coronavírus no mundo. Contexto A prescrição livre da cloroquina para qualquer pessoa que esteja com os sintomas da covid-19 é feita por Vaz no momento em que o governo libera um protocolo que autoriza o uso do medicamento em pacientes com sintomas leves da doença. Documento O DOCUMENTO PDF não tem respaldo da OMS e é criticado pela Sociedade Brasileira de Infectologia. Pelo protocolo, o Sistema Único de Saúde (SUS) fica liberado para prescrever o remédio em qualquer fase do tratamento, com os sintomas em qualquer nível – embora ainda precisando da autorização do paciente. Antes, era apenas para casos graves. As declarações do médico a respeito da letalidade da doença se chocam com os dados divulgados pelo Ministério da Saúde, que mostram que um quarto das pessoas que morreram vítimas do novo coronavírus não possuíam comorbidades. A orientação de Vaz para que as pessoas saiam às ruas, sem medo de se contaminar, é feita em um momento crítico da pandemia na América Latina, considerada pela a OMS como epicentro da doença e tendo o Brasil como caso mais preocupante. Até a manhã desta sexta-feira (22), a covid-19 já havia contaminado cerca de 315 mil pessoas e sido responsável por mais de 20 mil mortes no país. Nesta semana o Brasil registrou, pela primeira vez, mais de mil mortes em menos de 24 horas. Alcance Até esta quinta-feira (21), o vídeo publicado pelo perfil de Paula Silvestre Craveiro, no Facebook, tinha sido compartilhado por mais de 49 mil pessoas.
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2021-05-20
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ESTADAO_VERIFICA
Áudio no WhatsApp inventa conspiração do Foro de São Paulo para desestabilização política em meio à pandemia
Líderes da esquerda latino-americana se reuniram para discutir o processo de paz na Colômbia e iniciativas de enfrentamento ao novo coronavírus
2020-05-21
Em grupos de WhatsApp, circula nesta semana um áudio que afirma que a “linha dura” do Foro de São Paulo se reuniu com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) para definir ações pós-pandemia — uma voz afirma, em espanhol, que a “esquerda internacional” teria planos para desestabilizar a democracia do continente em meio à crise do novo coronavírus. A mensagem que acompanha o áudio acrescenta que participaram do encontro a ex-presidente Dilma Rousseff, o ex-chanceler Celso Amorim e o ex-ministro da Educação Aloizio Mercadante. Na realidade, estas e outras lideranças da esquerda ibero-americana se reuniram no dia 15 de maio em videoconferência do Grupo de Puebla, um fórum político para discussão de ideias do chamado campo progressista. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva era um dos palestrantes. Um dos fundadores do grupo e ex-presidente da Colômbia, Ernesto Samper, foi anfitrião da reunião, que discutiu o processo de paz colombiano e possíveis estratégias econômicas pós-pandemia. LEIA TAMBÉM Veja todas as checagens sobre coronavírus publicadas pelo Estadão Verifica No início do encontro, Samper lamentou o descumprimento do acordo de paz na Colômbia com a guerrilha das Farc. Ele acrescentou que a situação de violência no país se agravou com a pandemia do novo coronavírus. O ex-presidente do Uruguai Pepe Mujica também criticou o modo com que o Estado colombiano gerenciou o processo de paz. “A tragédia da Colômbia é um fracasso da política”, disse ele. “Não é um fracasso da Colômbia, é um fracasso da humanidade inteira”. O fórum convidou ainda representantes políticos colombianos, que não são integrantes do Grupo. Nesse momento, a ex-comandante das Farc e senadora Victoria Sandino pediu o cumprimento do acordo de paz com as guerrilhas, firmado em 2016 pelo ex-presidente Juan Manuel Santos. O ex-grupo guerrilheiro se transformou em um partido político, com a mesma sigla: Força Alternativa Revolucionária do Comum. O atual presidente da Colômbia, Iván Duque, se opôs a vários aspectos do acordo, o que levou parte dos ex-líderes das Farc a anunciarem o retorno à luta armada e a aproximação com a guerrilha Exército de Libertação Nacional (ELN). No final do ano passado e no início deste ano, colombianos foram às ruas protestar contra as políticas econômicas e de segurança de Duque, incluindo a tentativa de modificação do acordo de paz. Mi intervención en @ProgresaLatam Los firmantes de Acuerdo final apostamos todo a la implementación, incluso la vida misma. Llevamos casi 200 asesinatos de compañeros/as firmantes. Por eso pedimos a la comunidad internacional que siga abrazando la implementación del Acuerdo. pic.twitter.com/PpbRVlpqGb — Victoria Sandino (@SandinoVictoria) May 15, 2020 O grupo também discutiu estratégias de enfrentamento à pandemia de covid-19, como o estabelecimento de uma renda básica universal e a convocação de uma Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) para tratar do assunto. Apesar de falarem da necessidade da união das lideranças de esquerda na América Latina, em nenhum momento da reunião os conferencistas traçam planos de dominação da região, como os descritos no áudio que circula no WhatsApp. O único líder ainda no poder presente no encontro foi o presidente da Argentina, Alberto Fernández. O vídeo do encontro, com quase 3h20 de duração, está disponível publicamente na página de Facebook da organização. O que é o Grupo de Puebla? E o que é o Foro de São Paulo? O Grupo de Puebla foi criado em julho de 2019 na cidade mexicana de mesmo nome. Em nota ao Estadão Verifica, a entidade se definiu como “iniciativa que reúne diversas lideranças progressistas da América Latina para buscar alternativas de paz, de solidariedade e de integração para a América Latina frente ao neoliberalismo”. Entre os integrantes fundadores, estão: Luiz Inácio Lula Da Silva, Dilma Rousseff, José Luis Rodríguez Zapatero, Ernesto Samper, Fernando Lugo, Rafael Correa, Pepe Mujica, Celso Amorim e Aloizio Mercadante. Em relação ao áudio que circula no WhatsApp, o Grupo disse se tratar de “mais uma fake news da extrema-direita”. O Foro de São Paulo foi criado em 1990 a partir de um seminário organizado pelo PT. Em nota, a entidade explicou ser “uma plataforma de partidos progressistas e de esquerda latino-americana (não inclui Espanha, por exemplo)”. A organização informou ainda que o Grupo e o Foro “são de naturezas diferentes. Um é de partidos políticos, outro de pessoas”. O Foro também afirmou nunca ter realizado uma reunião secreta. O último encontro da organização foi em 8 de maio, quando ficou decidido o apoio à proposta da ONU de um cessar-fogo mundial, o respaldo à criação de um Fundo Humanitário Internacional de enfrentamento à pandemia de covid-19, entre outras iniciativas. O Estadão Verifica também procurou o ex-presidente Lula, presente na reunião. Em nota, ele afirmou que “áudios com fake news são distribuídos no Brasil há anos com mentiras e teorias da conspiração. Grupo de Puebla e Foro de São Paulo são entidades diferentes, ambas democráticas, e as Farc não fazem parte de nenhuma delas”. A organização é mencionada frequentemente em boatos online, que buscam aumentar sua importância e escopo. Veja perguntas e respostas sobre o Foro de São Paulo.
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['Alessandra Monnerat', 'Tiago Aguiar']
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['Farc [Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia]', 'Foro de São Paulo', 'fake news [notícia falsa]']
2021-05-20
['FALSO']
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ESTADAO_VERIFICA
Vídeo engana ao sugerir tratamento ‘sem internação e sem sofrimento’ para covid-19
Em vídeo, pessoa sem formação na área de saúde mistura dados falsos e verdadeiros sobre os remédios atualmente indicados para o tratamento da doença provocada pelo novo coronavírus e divulga informações sem comprovação científica
2020-05-21
Atualizada às 18h24 de 27 de maio de 2020. Esta checagem foi produzida pela coalizão do Comprova. Leia mais aqui. LEIA TAMBÉM Veja todas as checagens sobre coronavírus publicadas pelo Estadão Verifica Um vídeo publicado no YouTube confunde ao dizer que há medicamentos que curam a covid-19 e impedem a evolução da doença para fases mais graves caso sejam receitados no início dos sintomas. O material mistura dados falsos e verdadeiros sobre os remédios atualmente indicados para tratamento e contém informações sem comprovação científica. Há também ataques contra as medidas de isolamento social utilizadas para reduzir a velocidade de contágio da doença. O conteúdo foi postado por Silvana Conte em seu canal no YouTube e já teve mais de 270 mil visualizações. No vídeo, ela diz fazer um relato pessoal citando uma lista de medicamentos que o marido teria tomado antes mesmo de ter o diagnóstico positivo para covid-19, como antibióticos receitados logo no início dos sintomas. Ela também fala sobre o uso autorizado da hidroxicloroquina por médicos na Itália e ainda afirma que “o isolamento não salva vidas”. Até o momento, não há medicamento que cure a doença. Alguns estão sob testes clínicos, mas ainda não apresentaram eficácia contra o vírus em concentração que não seja prejudicial à saúde. Além disso, especialistas ressaltam que entre 80% e 85% dos pacientes infectados pela covid-19 serão assintomáticos ou terão sintomas leves —- semelhantes aos de uma gripe —, portanto não precisarão ser submetidos a medicações que podem causar efeitos colaterais. O acompanhamento médico é essencial principalmente para o grupo de risco, aquelas pessoas que podem evoluir para uma forma mais grave da doença e terão de ser submetidas a tratamentos de suporte como o uso de oxigênio. Silvana diz que mora em Bergamo, na Itália, e que o marido ficou doente após uma viagem ao Rio de Janeiro. Ela, que admite não ser médica, acusa profissionais de saúde e hospitais de serem negligentes “ao orientar a procura de médicos apenas quando a pessoa sentir falta de ar”. Os protocolos de Brasil e Itália para o atendimento de pacientes infectados pelo novo coronavírus recomendam o acompanhamento médico desde os primeiros sintomas, o que não quer dizer que todos precisarão de variados tipos de medicação para superar a doença. Por que checamos isto? O Comprova realiza verificações de conteúdos que viralizam nas redes sociais, como é o caso em questão. Esta verificação foi realizada pois o vídeo é um entre vários que apresentam pessoas sem qualificação profissional fazendo recomendações sanitárias para lidar com o novo coronavírus e a covid-19, doença provocada por ele. Tais recomendações são danosas pois poluem o debate público e, no limite, podem ser prejudiciais à saúde das pessoas. Recentemente, o Comprova verificou, por exemplo, um vídeo no qual uma pessoa argumentava que o uso de máscaras reduziria a imunidade e potencializaria a infecção. Isso não é verdade. Pesquisadores e autoridades sanitárias confirmam que a máscara pode, de fato, proteger as pessoas. Do mesmo modo, o Comprova também verificou conteúdos que afirmavam que medidas de isolamento social seriam inúteis ou prejudiciais. Como verificamos O Comprova entrou em contato com dois especialistas para checar a veracidade das informações técnicas sobre a covid-19 presentes no vídeo. Consultamos o Protocolo de Manejo Clínico do Coronavírus na Atenção Primária à Saúde e questionamos o Ministério da Saúde italiano sobre as práticas e recomendações adotadas no país. O órgão compartilhou um link com dúvidas e respostas mais comuns para a doença na Itália. Documento PROTOCOLO DE MANEJO CLÍNICO DO CORONAVÍRUS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE PDF Após a publicação desta verificação, Silvana entrou em contato com o Comprova. Suas alegações e nossos comentários estão na seção Atualização (abaixo). O Comprova ainda acessou os protocolos brasileiro e italiano de prescrição da hidroxicloroquina. Verificação Silvana afirma que o vídeo é opinativo e que não é médica. Segundo ela, trata-se da experiência vivenciada pelo marido ao viajar de Bergamo, na Itália, onde moram, para o Rio de Janeiro. Silvana conta que o marido apresentou sintomas de pneumonia e foi atendido por um médico que receitou o antibiótico levofloxacina. Como o marido não melhorou, a família foi submetida a testes de covid-19, e o resultado dele deu positivo. Ele ainda teria tomado, por prescrição médica, o anti-alérgico Allegra e os medicamentos Fluimucil, Deocil e paracetamol. Silvana compartilhou o tratamento com amigos de Bergamo e teria identificado a capacidade de “cura” desse tratamento aliado a outros medicamentos, como os antibióticos azitromicina e amoxicilina. Ela apresenta um protocolo que diz ter recebido de um médico da Lombardia chamado Marcelo Contini que recomenda o tratamento com os medicamentos usados pelo marido, e ainda sugere a medicação da hidroxicloroquina. Silvana insiste na importância do uso de “medicação forte para bloquear a inflamação” nos primeiros dias de sintomas para impedir a evolução do quadro baseada em fato pessoal. [Atualizado em 27 de maio de 2020 – O parágrafo acima foi atualizado para corrigir uma informação sobre o protocolo que Silvana Conte disse ter recebido no vídeo. Na verdade, ela se referiu ao médico Marcelo Cotini e não a Stefano Manera, como estava escrito na primeira versão da verificação] Por meio de nota, o hospital informou que “Stefano Manera não é um médico nosso. Ele trabalhou para o hospital por algumas semanas durante o período de emergência”. O hospital não reconheceu o protocolo apresentado por Silvana Conte, negou ter autorizado a divulgação de qualquer protocolo de terapia e reforçou: “De todo modo, nenhuma terapia pode ser eficaz ou segura sem a opinião de um médico sobre cada caso em particular.” O Comprova ouviu médicos sobre a “necessidade de tratar pacientes leves com medicação para impedir que os sintomas se agravem”. Guilherme Spaziani, médico do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, explica que as complicações decorrem de uma inflamação exacerbada cujas causas ainda são investigadas. Esse quadro de evolução da doença é observado principalmente nas pessoas do grupo de risco, como idosos, cardiopatas e obesos. “Cerca de 55% dos infectados pela covid-19 apresentam a forma leve da doença, com sintomas gripais. Outros 30% sequer apresentam sintoma algum. Isto quer dizer que apenas 15% dos doentes evoluem para a forma grave e, destes, um em cada três precisam do tratamento intensivo”, diz Guilherme Spaziani. “Não há evidência científica sobre a capacidade de nenhuma medicação que possa ser prescrita nos primeiros dias de sintomas para impedir a evolução para a fase inflamatória”, afirma o infectologista. Gerson Salvador, médico infectologista do Hospital Universitário da USP e associado da Sociedade Paulista de Infectologia, ressalta o perigo de pessoas usarem uma grande quantidade de medicamentos. “Quando a pessoa usa um número grande de medicamentos de maneira desorganizada, aumentam as chances de efeitos adversos, que podem ser graves dependendo da condição de saúde da pessoa. O que recomendamos é o tratamento sintomático para casos leves e tratamento de suporte para casos graves.” Protocolo do Ministério da Saúde abrange orientação de atendimento de sintomas mais leves a graves O Comprova pediu ao Ministério da Saúde explicações mais claras sobre o protocolo de manejo clínico de pacientes com a covid-19 ou de casos suspeitos, que está no site da entidade, mas não teve retorno. Foi questionado quando alguém deve procurar uma Unidade Básica de Saúde, quais medicamentos são indicados e a orientação para o tratamento em casa. A versão atualizada do documento, disponível no site do Ministério, tem 41 páginas e detalha como deve ser a ação médica e como as Unidades Básicas de Saúde devem trabalhar, dos casos com sintomas leves aos graves. Documento PROTOCOLO DE MANEJO CLÍNICO DO CORONAVÍRUS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE PDF Diferentemente do que sugere o vídeo de Simone Conte, o Ministério da Saúde não fala em “esperar pela falta de ar” para tratamento. Pelo contrário, ressalta a importância do acompanhamento de quem apresenta os sintomas leves, principalmente pessoas com mais de 60 anos ou com outros fatores de risco. A entidade orienta para o seguimento do tratamento domiciliar com monitoramento médico por telefone a cada 24 ou 48 horas, inclusive para casos não confirmados. O arquivo traz na página 17 a sugestão de prescrição de dipirona e paracetamol, medicamentos analgésicos que aliviam sintomas como dores no corpo, mal-estar e febre. Eles não têm propriedades de cura. Há ainda o remédio oseltamivir, um antiviral usado para combater o vírus da gripe. Seu uso, porém, é encerrado quando o teste de gripe dá negativo ou quando o da covid-19 dá positivo, já que ele não tem ação comprovada contra o novo coronavírus. São determinadas ainda medidas de suporte e conforto, isolamento domiciliar e monitoramento até a alta médica. O protocolo de uso da hidroxicloroquina foi acrescentado na quarta, 20, entre os documentos do site do Ministério da Saúde que orientam uso de medicamentos contra a covid-19 no sistema público de saúde. O comunicado está entre as “orientações gerais” de tratamentos da doença e recomenda o remédio inclusive em casos leves. Documento PROTOCOLO DE USO DA HIDROXICLOROQUINA PDF O documento sobre o uso da hidroxicloroquina diz que, até o momento, não há dados científicos que apontem um determinado tratamento farmacológico e que o uso ou não do remédio está condicionado à decisão do médico e à autorização por escrito do paciente. O protocolo também fala de contra indicação em pacientes com doenças cardíacas, como a comunidade científica vem ressaltando há tempos. Em 18 de maio, a Associação de Medicina Intensiva Brasileira, a Sociedade Brasileira de Infectologia e a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, divulgaram o documento “Diretrizes para o Tratamento Farmacológico da Covid-19”, contra o uso da hidroxicloroquina. O texto foi produzido por 27 especialistas e ressalta, principalmente, a falta de provas científicas de que o medicamento é eficaz e o perigo dos seus efeitos colaterais. Documento DIRETRIZES PARA O TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DA COVID-19 PDF Depois do novo protocolo divulgado pelo Ministério da Saúde, a Sociedade Brasileira de Infectologia voltou a se manifestar sobre os riscos associados à utilização de um medicamento que não tem eficácia científica comprovada e pela recomendação de uso apenas para pesquisa clínica. Documento SBI VOLTOU A SE MANIFESTAR PDF No mesmo dia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou que a cloroquina e a hidroxicloroquina sejam usadas nos hospitais apenas em estudos clínicos. O diretor-executivo Michael Ryan ressaltou a falta de evidências científicas sobre a eficácia dos remédios e lembrou os efeitos colaterais da droga. Recomendação na Itália é tratamento de sintomas e cuidado com hidroxicloroquina O vídeo sugere que médicos italianos que usaram hidroxicloroquina em pacientes no início dos sintomas tiveram sucesso com a redução de internações na Itália. De fato, o medicamento está entre aqueles com uso autorizado no país, inclusive para pacientes com sintomas leves e em tratamento domiciliar. No entanto, a Agência Italiana de Fármacos alerta para a importância de que a hidroxicloroquina seja receitada por um médico e com autorização do paciente, por se tratar de medicamento sem eficácia científica comprovada. A entidade também alerta para seus efeitos colaterais cardíacos e os perigos de sua utilização em altas doses em cardiopatas. A principal orientação do Ministério da Saúde italiano sobre o tratamento de covid-19, atualizada em 11 de maio, é similar à feita no Brasil: cuidar dos sintomas apresentados pelos pacientes com terapias de suporte, como uso de oxigênio; descansar; continuar isolado em casa; comer bem e beber bastante água. Isolamento não salva vidas? “Isolamento não salva a vida de ninguém. Pode até diminuir o contágio, porém não vai salvar a vida das pessoas”, fala Silvana. Ela acredita que o foco de governos no combate à pandemia de covid-19 não deveria estar no isolamento social, mas sim na prescrição de medicamentos para pacientes ainda na fase inicial da doença. O infectologista Guilherme Spaziani diz que caso não seja encontrada uma vacina, o mesmo número de pessoas será infectado com ou sem a adoção do isolamento social. No entanto, a medida de distanciamento evita que as pessoas sejam contagiadas em um curto espaço de tempo e, com isso, sejam esgotados os recursos hospitalares, médicos e de insumos necessários a um suporte adequado. Isto é, o isolamento social permite o serviço hospitalar para cada paciente, inclusive aqueles que estiverem em estado grave. Medicamentos citados não combatem o coronavírus Especialistas ressaltam não haver um remédio que cure a covid-19. Por isso, é importante o cuidado na divulgação de um determinado tratamento. O vídeo cita diversos remédios que vão de antibióticos (contra bactérias) a remédios usados para tratamentos antiparasitários (contra vermes). A covid-19 é uma doença causada por um vírus. Gerson Salvador, infectologista do Hospital Universitário da USP, ressalta que o passo a passo de orientação médica depende de cada paciente. “Antibióticos agem contra bactéria e não têm atividade antiviral. Ivermectina e nitazoxanida são antiparasitários e não têm atividades contra vírus. Os dois últimos apresentaram efeito antiviral in vitro no laboratório, mas isso nunca se reproduziu num organismo vivo. Portanto, seu uso não está liberado. Eles estão sob estudos, mas a possibilidade de funcionar não é elevada”, diz o médico. Salvador completa: é importante que o médico fique atento principalmente a doentes com fatores de risco. “No caso do coronavírus depende mais da resposta imunológica [de cada um] do que do vírus. Nas pessoas que têm doenças crônicas, quando apresentarem sonolência, desconforto ou incapacidade de realizar suas atividades usuais, é necessário fazer avaliação e tratamento de suporte, oferecendo oxigênio no tempo certo. Também é preciso controlar doenças como diabetes, asma ou doenças cardíacas que podem estar em crise. Por isso é importante fazer esse tipo de suporte médico.” Atualização Após a publicação da verificação, o Comprova foi contactado por Silvana Conte, que fez algumas argumentações a respeito do texto. Abaixo, seguem os pontos de contestação levantados por ela que ainda não tinham sido abordados no texto e, na sequência, os comentários do Comprova. Silvana respondeu ao Comprova no último dia 21 de maio. Desde então, questiona a reportagem sobre a classificação de seu vídeo no site do projeto. O Comprova manteve a etiqueta “Enganoso”, que é o conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano. A partir de agora, o Comprova abre espaço para os pontos questionados por Silvana Conte e os responde. Silvana: “Meu marido e mais de 30 pacientes do médico Erverton Andrade e mais 28 da médica Alessandra Almeida foram curados sem hospitalização e sem sofrimento”. Comprova: Ainda não há um tratamento específico para a doença, ou seja, algo que funcione para todas as pessoas infectadas. Assim, não é possível, por enquanto, falar em “cura” de covid-19. Como o Comprova ressaltou através de especialistas ouvidos, apenas 15% dos infectados desenvolvem casos mais graves da doença e precisarão da hospitalização e medicações fortes. Desses 85% que passam tranquilamente pela doença, nem todos vão desenvolver sintomas ou precisar de qualquer tipo de medicação. É importante ressaltar que todos os remédios usados, quando necessários, são para tratamento de sintomas e infecções paralelas que a pessoa possa vir a ter. Remédios para febre e antibióticos, por exemplo. Alguns pacientes infectados podem desenvolver pneumonia bacteriana e é por isso que é preciso a utilização de antibióticos. O painel de covid-19 do Ministério da Saúde não utiliza o termo ‘curados’, mas sim recuperados, para informar sobre as pessoas que sobreviveram à doença. Silvana: “Os protocolos estão sim, em uso na Lombardia e na Toscana e na Itália de forma geral.” Comprova: Silvana enviou ao Comprova o documento “Indicações terapêuticas para PCS com pneumonia COVID GERIDO EM CASA”. O documento é assinado pelo médico Roberto Moretti. Este documento informa em seu primeiro parágrafo que se trata de “sugestões derivadas da prática hospitalar” uma vez que “não existem LGs validados no tratamento farmacológico e não farmacológico de pacientes com ‘pneumonia’ covid-19”. Silvana também enviou o documento “Indicazioni per i medici di medicina generale sulle terapie dei pazienti affetti da COVID-19” (“Indicações para clínicos gerais sobre as terapias de pacientes com COVID-19”). Assinado por dez médicos, é datado de 20 de abril de 2020 e, segundo Silvana, seria da Lombardia. Não há no documento, no entanto, nada que confirme essa informação. O documento também não fala que é importante dar os medicamentos na “primeira fase da doença”, apenas fornece um guia de medicamentos para tratar os sintomas da covid-19. Silvana: “O Dr. Stefano Manera declara a divisão das fases e a Itália recomenda o tratamento na fase viral, que é a primeira.” Comprova: Os dois médicos especialistas consultados pela reportagem preferem não propor uma divisão de fases, uma vez que uma pequena parcela dos infectados passará por um agravamento dos sintomas. Os outros sequer terão sintomas. Silvana: “Fui absolutamente surpreendida de vocês, sem falar comigo, retirarem meu vídeo do ar, me declararem enganosa sem ao menos checar as fontes que eu dei” Comprova: O Projeto Comprova entrou em contato com Silvana Conte pelo Facebook na terça-feira, 19. Como ela é ativa no Facebook e não tínhamos outra forma de contato, achamos que seria a melhor forma de chegar até ela. Silvana respondeu às mensagens da reportagem na quinta-feira, 21, após a publicação da verificação. O Projeto Comprova ressalta que não tem poder para retirar conteúdos do ar. Silvana: “Escrevendo um texto com várias informações erradas citando o vídeo, que , pelo jeito, vocês não viram.” Comprova: O Comprova assistiu ao vídeo várias vezes após receber um pedido de checagem por meio de seus leitores. As afirmações contidas no material foram anotadas e compartilhadas com dois infectologistas. Além disso, os protocolos utilizados no Brasil e na Itália foram consultados. Silvana: “Essa doença é brutal, mas segundo o meu médico que inclusive pegou covid e usou azitromicina + axetilcefuroxima + ivermectina + zinco e está bem … curado sem sofrimento e sem hospitalização. Temos de 3 a 4 dias para bloquear a infecção. Entre a ciência e a experiência, fico com a experiência”. Comprova: Nossa reportagem reforça que é preciso apontar quando um determinado tratamento não possui comprovação científica. A azitromicina e a ivermectina são drogas que apresentaram bom resultado em laboratório, isto é, nos testes in vitro, mas ainda não possuem eficácia comprovada em seres humanos. A experiência pessoal de uma pessoa compartilhada como verdade absoluta e sem comprovação científica pode causar danos como a automedicação. Contexto Remédios como hidroxicloroquina, cloroquina, ivermectina e remdezivir passam por testes clínicos para averiguar sua eficácia e segurança no combate à covid-19. Embora eles apresentem bons resultados em testes de laboratório — os chamados testes in vitro — o mesmo não ocorreu em seres humanos. Além disso, pesquisas apontam para os riscos à vida de alguns pacientes por causa dos efeitos colaterais, como é o caso já citado da hidroxicloroquina. Embora faltem pesquisas e estudos científicos que comprovem a eficácia de medicamentos como a hidroxicloroquina e a azitromicina no tratamento de pacientes com a covid-19, prefeituras e empresas já se mobilizam para fornecer os medicamentos. Em Belém, a operadora de planos de saúde Unimed distribuiu gratuitamente um kit com azitromicina, cloroquina e ivermectina aos beneficiários que apresentaram um receituário médico. No interior de São Paulo, o prefeito de Guaratinguetá, Marcus Soliva (PSB), anunciou que pacientes com sintomas leves da covid-19 serão atendidos em casa com o tratamento de hidroxicloroquina aliada à azitromicina. “Evitamos a ida aos hospitais, já que o tratamento pode ser feito em casa por um profissional da rede de saúde pública”, anunciou o político em seu Facebook. Mesmo com a falta de eficácia comprovada, a cloroquina se tornou o ponto central da disputa ideológica em torno da pandemia de covid-19. O remédio foi motivo de desgastes que levaram à demissão dos ex-ministros da Saúde Henrique Mandetta e Nelson Teich. Eles se negaram a editar um protocolo de prescrição da cloroquina para pacientes na fase leve da doença, o que acabou ocorrendo sob a gestão do chefe interino da pasta, General Eduardo Pazuello. Alcance O vídeo publicado inicialmente no canal do YouTube de Silvana Conte no dia 23 de abril já foi visto mais de 278 mil vezes até 21 de maio. Ele foi compartilhado no Facebook pela página “TV Médica” e foi visto mais de 1,3 milhão de vezes.
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['Projeto Comprova']
[]
[]
2021-05-20
['ENGANOSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/texto-anonimo-que-critica-stf-e-atribuido-falsamente-a-juiza-do-rio/
ESTADAO_VERIFICA
Texto anônimo que critica STF é atribuído falsamente a juíza do Rio
Carta a Toffoli circula com atribuição errada desde 2018; texto voltou a ser compartilhado no Facebook nesta semana
2020-05-21
É falso que uma juíza associada à Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ) tenha escrito uma carta pública ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, afirmando que a Corte é uma ameaça à democracia. Um post com a informação falsa foi publicado no ano passado no Facebook e voltou a circular nesta semana, com mais de 2,5 mil compartilhamentos. O texto, atribuído à “juíza Daniele Moura”, circula desde outubro de 2018. Naquele mês, a EMERJ declarou em nota que não há nenhuma Daniele Moura com vínculo com a escola, seja professora, aluna ou colaboradora. A Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro (AMAERJ) também alegou que não consta o nome entre seus quadros associados. Foto: Reprodução/Facebook O primeiro registro do texto encontrado pelo Estadão Verifica é de uma página com comentários políticos críticos à esquerda chamada “O Pai da Lógica”. A publicação, não assinada, data de 22 de outubro de 2018. O texto comenta uma nota de Toffoli que repercurtia a divulgação de um vídeo em que o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) atacava o Supremo. O Boatos.org também desmentiu esse boato. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
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['Tiago Aguiar']
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['Dias Toffoli', 'STF [Supremo Tribunal Federal]']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/texto-engana-ao-afirmar-que-autopsias-na-italia-teriam-indicado-que-problema-principal-nao-era-o-coronavirus/
ESTADAO_VERIFICA
Texto engana ao afirmar que autópsias na Itália teriam indicado que ‘problema principal não era o coronavírus’
Estudos em hospitais de Bérgamo e Milão sugerem terapia adicional com anticoagulantes para evitar trombose, mas não há comprovação de que esta seja a única causa de morte, nem que tratamento possa ser feito em casa
2020-05-21
Esta checagem foi produzida pela coalizão do Comprova. Leia mais aqui. Texto em circulação nas redes sociais engana ao afirmar que autópsias realizadas em Bérgamo, na Itália, teriam indicado que “o problema principal não era o coronavírus”, em referência à causa da morte dos pacientes por covid-19. A publicação diz também que “a cura já foi encontrada”. O conteúdo mistura informações verdadeiras com outras falsas ou sem sustentação científica para sugerir aos leitores que os óbitos estariam relacionados apenas com um distúrbio na circulação sanguínea, a ser tratado em casa. LEIA TAMBÉM Veja todas as checagens sobre coronavírus publicadas pelo Estadão Verifica O conteúdo foi publicado pelo site Oriundi.net e é a tradução de um texto em italiano assinado por Cesare Sacchetti em blog pessoal. O autor afirma que “a comunidade médico-científica” chegou a essas conclusões após serem realizadas 50 autópsias no Hospital Papa Giovanni XXIII, em Bérgamo, e 20 no Hospital Luigi Sacco, em Milão. Com base em declarações de um médico chamado Giampaolo Palma em post no Facebook, o texto expõe a teoria de que a covid-19 mata em razão da “microtrombose venosa” no organismo — obstrução de veias por pequenos coágulos que se formam em resposta à infecção — e que só depois o vírus agrediria os pulmões. Por esse ponto de vista, tanto o diagnóstico quanto o tratamento da doença estariam errados. Esse não é o entendimento dos órgãos de saúde até o momento. Texto compartilhado nas redes sociais engana ao afirmar que ‘problema principal não era o coronavírus’. Foto: Reprodução / Arte Comprova Apesar de existirem resultados promissores em pesquisas com anticoagulantes no tratamento de pacientes com covid-19, ainda não é possível dizer que essa é a “cura”, como aponta o texto, nem que os pacientes podem ser tratados em casa. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde afirmam que ainda não há medicamento com eficácia comprovada para tratamento ou prevenção da doença. Pacientes com sintomas graves devem receber suporte médico em hospitais. O próprio diretor do departamento de anatomia patológica do Papa Giovanni XXIII, Andrea Gianatti, responsável pelas autópsias no hospital de Bérgamo, afirma que esse tipo de terapia “parece absolutamente útil” como complemento a outras, mas é cauteloso ao analisar os resultados. “Estamos ainda na fase de definição, isto é, ainda não existem certezas”, comentou em entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera, publicada em 7 de maio. Gianatti também contrapõe o argumento presente no texto de que “o coronavírus não ataca os pulmões primeiro, mas afeta principalmente os vasos sanguíneos, impedindo o fluxo regular de sangue” e de que bastaria resolver o problema para prevenir a letalidade. Ao Corriere della Sera, o patologista relatou que a trombose nos pacientes analisados “geralmente ocorreu após a fase mais aguda da pneumonia, isto é, depois dos sintomas mais típicos causados pelo coronavírus”. Ou seja, mesmo quando a anomalia está presente, os pacientes ainda precisam de outros cuidados, considerando que a trombose não é a única complicação possível da doença. O Comprova pediu a opinião de outros dois especialistas sobre o assunto. Para a pneumologista do Hospital Sírio-Libanês e livre docente da Universidade de São Paulo (USP) Elnara Marcia Negri, a formação descontrolada de coágulos que podem obstruir as veias e levar à morte está associada a uma “tempestade inflamatória” no organismo, causada após a entrada do vírus pelo sistema respiratório e a sua agressão a estruturas dos pulmões. A médica afirma que, em alguns casos, a causa da morte realmente é a insuficiência respiratória em razão da trombose, mas esta não é a única causa, nem a principal. Pedro Silvio Farsky, cardiologista do Hospital Albert Einstein e do Instituto Dante Pazzanese, relata o mesmo mecanismo de ação, mas faz a ressalva: “Tudo isso é objeto de grande pesquisa, e os mecanismos exatos ainda estão por ser elucidados”. Quanto à hipótese de que a incidência de trombose nos pacientes seria anterior a complicações como a pneumonia — e que resolvê-la “curaria” os pacientes — o médico considera a teoria ainda “pouco provável”. “Não me parece lógico, especialmente porque vemos alterações radiológicas acometendo o pulmão sem que tenha aumento no dímero D (resultado da degradação de fibrina, um marcador de trombose)”. O Comprova também entrou em contato, por e-mail, com Andrea Gianatti, do Papa Giovanni XXIII. Gianatti respondeu que eram “apenas boatos” e que as informações corretas constam em relatório preliminar (preprint) que está sendo revisado para publicação na revista Lancet. O texto do Oriundi.net ainda traz uma série de afirmações duvidosas, como a de que os ventiladores mecânicos “pioraram as coisas”, e insinuações de que a pandemia seria uma “operação de terrorismo psicológico” motivada por interesses políticos. Em outro trecho, o boato alega que a imunização contra o novo coronavírus “seria completamente desnecessária e potencialmente prejudicial”, ao distorcer resultados de estudo científico anterior à pandemia de covid-19. Por que checamos isto? O Comprova faz verificações que atinjam grande número de compartilhamentos nas rede sociais, caso deste conteúdo, que registrou mais de 33 mil interações no Facebook. Esta verificação foi realizada pelo Comprova pois ela se insere na disputa política que se instalou no Brasil diante da pandemia. Sites e pessoas apoiadores do presidente da República, Jair Bolsonaro, têm utilizado diferentes artifícios para tentar minimizar os problemas provocados pelo novo coronavírus, bem como para propagar a ideia de que uma cura para a doença é iminente. Nas últimas semanas, o Comprova verificou diversos conteúdos nessa linha, como o boato de que caixões vazios estavam sendo enterrados em Manaus e outro segundo o qual os números de óbitos registrados em cartório colocariam em dúvida o número de mortes divulgadas. Também circulou a mensagem de que a rotina de enterros em um cemitério de São Paulo estava normal, o que não é verdade. O Comprova também mostrou que uma descoberta de pesquisadores israelenses não significa, ao menos por enquanto, a cura para a covid-19 e que informações sobre um protocolo de tratamento no Piauí foram deturpadas para insuflar a ideia de que curar a doença é simples. A distribuição desse tipo de conteúdo é um desdobramento da disputa a respeito das medidas de isolamento social. Bolsonaro é contrário a essas medidas, enquanto os governadores, que seguem as recomendações das autoridades sanitárias e da Organização Mundial da Saúde, continuam impondo tais ações. Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro com o propósito de mudar o seu significado; que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano. Como verificamos? O Comprova realizou essa checagem por meio de pesquisas a artigos científicos e outras fontes confiáveis da área médica, leitura de reportagens jornalísticas e entrevistas com especialistas. A primeira ação foi identificar a origem do boato. O texto no site Oriundi.net tinha a indicação de autoria de “Cesare Sacchetti” com o nome do blog “La cruna dell’ago” (“O olho da agulha”, em tradução livre) no rodapé da página. Ao encontrar o texto na internet, observamos que o artigo em português era apenas uma tradução do conteúdo e que o boato já circulava na Itália antes de chegar a sites brasileiros. Feita a leitura do texto, o Comprova elencou uma série de informações duvidosas presentes e pesquisou sobre cada uma delas, incluindo as supostas declarações dos médicos Giampaolo Palma e Cameron Kyle-Sidell. A reportagem encontrou post no Facebook de Giampaolo Palma, publicado em 9 de abril, e vídeo no YouTube de Cameron Kyle-Sidell, de 31 de março, sobre o assunto. Ao buscar informações sobre autópsias de pacientes de covid-19 na Itália, o Comprova chegou a artigo da Nature que apontava o médico Andrea Gianatti como uma das lideranças da área no Hospital Papa Giovanni XXIII. A reportagem encontrou o e-mail do médico em um artigo divulgado na plataforma medRxiv e entrou em contato pedindo esclarecimentos. Em meio a pesquisa pelo nome, também foi analisada reportagem do jornal Corriere della Sera com declarações de Gianatti, que informava sobre preprint em análise pela Lancet. O Comprova encontrou o relatório preliminar e verificou os resultados obtidos. Por fim, o Comprova pediu a opinião de dois médicos brasileiros que já haviam comentado sobre o aumento de coágulos em pacientes com covid-19 em reportagem e verificação recentes. A conversa ocorreu por mensagens e telefone. Qual a relação da covid-19 com a trombose? Uma série de estudos científicos vêm alertando para o risco de pacientes de covid-19 desenvolverem trombose, problema que consiste na formação de coágulos que obstruem os vasos sanguíneos. A situação motivou médicos do mundo inteiro a introduzirem terapia com anticoagulantes, além de estudos clínicos e in vitro com medicamentos como a heparina. Uma das pesquisas, feita no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, foi abordada em artigo recente da revista científica norte-americana Science. Pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) descobriram, em outra experiência, que a heparina reduziu em 70% a infecção de células provenientes do rim do macaco-verde africano em laboratório. No entanto, a relação entre a covid-19 e a trombose ainda não está clara para os cientistas. Uma das possibilidades levantadas é de que, para entrar no corpo humano, o novo coronavírus utiliza receptores chamados de ACE2, que geralmente são encontrados no endotélio, espécie de tecido que reveste vasos sanguíneos e a parte interna do coração que influencia o controle da coagulação no sangue. Outra teoria afirma que o aumento da coagulação pode ser resultado de uma resposta inflamatória excessiva do organismo à infecção. Ela ocorreria a partir de uma “tempestade de citocinas”, proteínas conhecidas por enviarem mensagens às células e modularem o ataque organizado pelo sistema imunológico ao vírus. Autópsias de Bérgamo O texto enganoso de Cesare Sacchetti afirma, por outro lado, que autópsias realizadas na Itália apontam para a “cura” da doença e que a periculosidade do novo coronavírus “basicamente desapareceu” com a descoberta, o que não é verdade, segundo instituições de referência como a OMS. O autor também sugere que a principal causa de morte dos pacientes “não é o coronavírus” — o que é impreciso, no mínimo, diante do fato de que é a infecção viral que gera as complicações nos pacientes. Apoiado na opinião do médico cardiologista italiano Giampaolo Palma em post no Facebook, o autor afirma que os pacientes devem ser tratados em casa, com remédios, dispensando suporte hospitalar. Porém, a tromboembolia não é a única complicação presente nos casos graves de covid-19 que necessita de tratamento. “Essa doença pode atacar quase tudo no corpo com consequências devastadoras”, disse o cardiologista da Universidade de Yale Harlan Krumholz à revista Science. O Comprova encontrou dois artigos científicos com resultados de autópsias nos hospitais Papa Giovanni XXIII, de Bérgamo, e Luigi Sacco, de Milão. O primeiro foi publicado em 22 de abril na plataforma medRxiv (sem revisão por pares) e apresenta relatório de 38 casos. O segundo é de 6 de maio e foi baseado na análise de 35 pessoas que morreram no Papa Giovanni XXIII — é este que está com revisão pendente para publicação na Lancet. A primeira pesquisa mostra que 33 vítimas (86%) nesses dois hospitais apresentaram coágulos em pequenos vasos sanguíneos nos pulmões, o que poderia explicar a falta de oxigênio no sangue dos pacientes. “Nossos dados apoiam fortemente a hipótese proposta por estudos clínicos recentes de que a covid-19 é complicada ou está, de alguma forma, estritamente relacionada com coagulopatia (distúrbios na coagulação) e trombose”, escrevem os pesquisadores. “Por essas razões, o uso de anticoagulantes foi recentemente sugerido como potencialmente benéfico para pacientes em quadros graves, ainda que a eficácia e segurança ainda não esteja demonstrada.” Já o segundo artigo aponta que foram feitas 75 autópsias em pacientes com covid-19 no Papa Giovanni XXIII entre 19 de março e 9 de abril. Foram considerados 35 análises para o estudo. Destes, 10 (29%) foram diagnosticados com eventos tromboembólicos ainda no hospital durante o tratamento. Na autópsia, todos apresentavam tromboses em três ou mais órgãos, principalmente pulmões, coração, rins e fígado. O preprint destaca que esse problema pode ser ocasionado por diferentes processos patológicos, como a coagulação intravascular disseminada (CID), mas todas as hipóteses propostas foram descartadas com base no histórico hospitalar ou em testes posteriores. Os autores concluem que é difícil categorizar esses eventos trombóticos em doenças convencionais, mas que a condição pode estar sendo subestimada nos hospitais. No entanto, em nenhum momento, nos dois artigos, os pesquisadores afirmam que encontraram a “cura” da covid-19 ou que os resultados mostram que o perigo da doença não está mais presente. Tampouco apontam que os pacientes poderiam ser tratados em casa, sem a necessidade de internações, como defende o boato. Respiradores são inúteis? Em outro trecho, o texto argumenta que o uso de respiradores artificiais é inútil e prejudicaria os pacientes, citando declarações do médico Cameron Kyle-Sidell, do Maimonides Medical Center, de Nova York. No entanto, apesar de realmente estar ocorrendo uma discussão sobre a eficácia do equipamento, não é possível afirmar que os itens são dispensáveis. Em muitos casos, são a única maneira de manter vivo um paciente com perda da função respiratória. De fato, Kyle-Sidell afirmou, em vídeo no YouTube, que os ventiladores mecânicos poderiam “estar causando mais danos do que ajudando os pacientes de covid-19” e que acreditava estar “tratando a doença errada” nas unidades de tratamento intensivo. O texto omite, porém, que o médico declarou a seguir que não é possível abrir mão dos respiradores no suporte aos pacientes em estado crítico. “Nós, com certeza, precisamos de ventiladores. Eles são a única maneira, até o momento, de dar um pouco mais de oxigênio para aqueles pacientes que precisam”, afirma. De acordo com reportagem da revista Time, existe um “debate acalorado” sobre a utilização de respiradores artificiais na comunidade médica, que está ligado a dados de eficiência do método. Enquanto para outras síndromes respiratórias graves a taxa de recuperação após esse tipo de suporte invasivo está em torno de 50%, estudos na China, em Nova York e no Reino Unido apontam que a covid-19 leva a óbito de 66% a 80% dos pacientes que passam pelo procedimento. Por outro lado, alguns especialistas acreditam que esses percentuais podem estar sendo afetados por outros fatores, como a pressão sobre as unidades hospitalares. A ventilação mecânica pode estar sendo utilizada muito cedo, quando outros métodos menos invasivos poderiam funcionar, ou os hospitais podem estar destinando profissionais menos treinados para a função diante do cenário caótico, por exemplo. Outro apontamento diz respeito aos grupos de risco da doença, como idosos, que tendem a reagir pior a esse tipo de procedimento. Vacinas aumentam o risco de infecção? No final do texto, Sacchetti afirma que um “estudo científico do Pentágono relatou que as vacinas aumentam o risco de infecção por coronavírus em 36%” para dizer que não há mais necessidade de vacina contra o Sars-Cov-2 e que esta seria “potencialmente prejudicial”. Esse boato foi desmentido recentemente pelo FactCheck.org, projeto do Centro de Políticas Públicas Annenberg da Universidade da Pensilvânia. De acordo com a verificação, o boato começou a circular após uma postagem da organização Children’s Health Defense, fundada por Robert F. Kennedy Jr., conhecido pelo ceticismo sobre vacinas. O estudo citado foi realizado pelo setor de vigilância das Forças Armadas dos Estados Unidos e traz dados de 2017 e 2018, portanto, antes do surgimento do novo coronavírus. A tese é que a vacinação contra a influenza pode aumentar o risco de infecção por outros vírus respiratórios, em um processo chamado de “interferência viral”. Porém, não há consenso entre o meio científico, pois outras pesquisas indicaram que essa relação não existe. De qualquer forma, não é correto estender as conclusões para o Sars-Cov-2 — a pesquisa envolveu outros tipos de coronavírus. Em resposta ao FactCheck.org, o Sistema de Saúde Militar dos Estados Unidos declarou que estudo utiliza informações coletadas dois anos antes do surgimento da covid-19 e que a pesquisa “não mostra ou sugere que a vacinação contra a influenza predispõe, de qualquer maneira, o potencial para infecções por formas mais severas de coronavírus, como a covid-19”. Para a instituição, “continua sendo essencial que as pessoas obtenham a vacina sazonal contra a gripe a cada ano, assim que ela se torna disponível”. Origem do boato O texto original foi publicado, em italiano, no blog “La cruna dell’ago” (“O olho da agulha”, em tradução livre), no dia 25 de abril. O autor é Cesare Sacchetti, que se descreve no Twitter como um “jornalista politicamente incorreto”. O blog tem como proposta publicar “notícias e opiniões” que desviem “da linha de mídia dominante em favor da ideologia globalista e imigratória”. O conteúdo enganoso passou a circular no Brasil após ser traduzido e divulgado pelo site Oriundi.net, lançado em 2003. O site se apresenta como uma “revista digital sobre a Itália e a cultura italiana”. Contexto Conteúdos que tentam minimizar os efeitos da pandemia de covid-19 têm sido compartilhados à exaustão por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. Esses textos, fotos e imagens são parte da disputa política entre Bolsonaro e os governadores estaduais a respeito de como lidar com o novo coronavírus. O grande ponto de contenção são as medidas de isolamento social, aplicadas pelos governos, mas criticadas por Bolsonaro. Assim como os conteúdos que minimizam a pandemia, têm circulado diversos materiais que apontam para uma suposta ineficácia de medidas de distanciamento. Recentemente, o Comprova verificou, por exemplo, um texto que afirmava, enganosamente, que dados de Nova York apontariam para riscos maiores de infecção caso as pessoas cumprissem as medidas. Também foram verificados um artigo que exagerava as falas de um médico alemão e um vídeo que inventava uma crítica do médico David Uip às políticas de isolamento social aplicadas em São Paulo. Alcance O link do site verificado pelo Comprova teve, até 20 de maio, mais de 36 mil interações no Facebook de acordo com a ferramenta de monitoramento de redes sociais CrowdTangle. O link foi postado pela página Aliança pelo Brasil e em um grupo que homenageia Alexandre Garcia.
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['Projeto Comprova']
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['Itália [Europa]', 'coronavírus', 'coronavírus [tratamento]', 'fake news [notícia falsa]', 'comprova']
2021-05-20
['ENGANOSO']
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ESTADAO_VERIFICA
Para atacar Rede Globo, usuários de Facebook atribuem falsa declaração ao jornal ‘The New York Times’
Boatos nas redes sociais inventam frases em artigo de opinião de Vanessa Barbara, publicado em 2015 e que não representa posição do jornal
2020-05-20
Não é verdade que o jornal The New York Times tenha chamado a Rede Globo de “mídia prostituta”, como afirmam boatos falsos em circulação no Facebook. O termo não consta em nenhum artigo ou notícia do veículo norte-americano. O conteúdo teve mais de 80 mil compartilhamentos e 910 mil visualizações na plataforma até a tarde desta quarta-feira, 20. O Estadão Verifica pesquisou referências do NYT à Rede Globo com o termo por meio de busca avançada no Google. Não houve resultado literal. A pesquisa retornou outros artigos com palavras semelhantes, mas estes não apresentam críticas à emissora de televisão brasileira. Posts falsos no Facebook afirmam que jornal ‘The New York Times’ chamou a Rede Globo de ‘mídia prostituta’. Foto: Reprodução / Arte Estadão Algumas das postagens falsas no Facebook trazem como “fonte” um texto publicado no site “Mídia Livre FCS Brasil”, compartilhado em 17 de novembro de 2015. O site alega que o jornal dos Estados Unidos teria chamado a Globo de “mídia prostituída que ilude o Brasil” e que a suposta crítica estaria relacionada a “mentiras e boicotes” contra movimentos contrários ao PT e “que visam um Brasil melhor”. A seguir, o site reproduz artigo de opinião escrito pela jornalista Vanessa Barbara, que colabora com análises de política e cultura ao periódico norte-americano. O artigo mencionado não representa a opinião do The New York Times, como é padrão em veículos jornalísticos, e por isso é assinado. Porém, mesmo se fosse esse o caso, a frase não existe. Basta fazer a leitura do texto original, intitulado “Escapando da realidade com a TV Globo do Brasil”, ou de sua tradução feita pelo site UOL (com título alterado). Uma série de postagens enganosas nas redes sociais apresentam ainda outros dois parágrafos inventados e atribuídos ao New York Times. Pela descrição, o jornal teria acusado a emissora de manipular informações e sonegar impostos, o que não é verdade. O texto falso diz ainda que a programação da emissora é baseada em “apelo sexual” e que os conteúdos “tentam deturpar valores familiares cristãos” e “zombar de algumas religiões”. Nenhuma dessas frases está presente no artigo de Barbara ou em outro conteúdo publicado pelo jornal. O que diz o artigo publicado no jornal The New York Times Apesar de fazer críticas à programação da Rede Globo na época, Vanessa Barbara não escreveu a frase mencionada nos conteúdos enganosos. A colunista reclama de certas escolhas editoriais da emissora — como o tempo dedicado para informações de trânsito e clima em comparação com notícias sobre o risco de impeachment da então presidente Dilma Rousseff e a investigação sobre o recebimento de propina do então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que estariam recebendo “menos tempo no ar”. Barbara também critica os assuntos de talk shows matinais, telejornais e novelas e comenta que, pelo alcance da Globo, ela “pode exercer influência considerável sobre nossa política”. A autora conclui que a programação poderia estar tornando o público menos preocupado com assuntos que julgava mais relevantes naquele momento, como “a crise da água” em São Paulo ou “a possibilidade de outro golpe militar”, em referência ao impeachment de Dilma Rousseff. Boatos são motivados por ataques de Bolsonaro à imprensa Boatos envolvendo a Rede Globo e seus profissionais, assim como outros veículos de mídia, são comuns nas redes. A situação reflete, em parte, críticas e acusações feitas publicamente por autoridades políticas, como o presidente da República, Jair Bolsonaro. Relatório divulgado pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) contabilizou 121 ataques de Bolsonaro à imprensa em 2019, seu primeiro ano de mandato na Presidência. As alegações costumam repercutir entre seus aliados e seguidores. Recentemente, o Estadão Verifica desmentiu boatos de que Bolsonaro tiraria a Globo do ar em abril deste ano e que a equipe do reality show Big Brother Brasil teria comemorado o recorde de votações em um “paredão” com aglomeração, contrariando recomendações dos órgãos de saúde para o combate do novo coronavírus. Profissionais do Estado também já foram alvo de fake news nas redes, como a jornalista Vera Magalhães e o fotógrafo Dida Sampaio. O Aos Fatos também desmentiu esse boato. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
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['Samuel Lima']
[]
['estadão verifica', 'facebook', 'Estados Unidos [América do Norte]', 'rede globo', 'the new york times', 'fake news [notícia falsa]', 'PT [Partido dos Trabalhadores]', 'jair bolsonaro']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/mensagem-falsa-sobre-morte-de-presidente-do-santander-por-coronavirus-circula-no-facebook/
ESTADAO_VERIFICA
Mensagem falsa sobre morte de presidente do Santander por coronavírus circula no Facebook
Não é verdade que filha do presidente do Conselho de Administração do banco em Portugal tenha divulgado frase sobre o pai
2020-05-19
O presidente do conselho de administração da unidade do banco Santander em Portugal, António Vieira Monteiro, foi uma das 1.247 vítimas do novo coronavírus no país europeu. Desde sua morte, circulam no Facebook boatos que afirmam que a filha do banqueiro escreveu uma mensagem dizendo que o dinheiro não foi o suficiente para salvar a vida de seu pai. Nesta semana, o conteúdo falso voltou a circular na rede social. Procurado pela equipe do Estadão Verifica, o Diretor de Comunicação e Marketing Corporativo do Santander em Portugal, João Paulo Velez, confirmou que a fala foi inventada e que a filha de Monteiro é contra o pensamento descrito na publicação. Foto: Reprodução/Facebook Após contrair a doença em uma viagem para a Itália, António Vieira Monteiro foi internado em um hospital em Lisboa e morreu no dia 18 de abril, aos 74 anos. Ele foi a segunda vítima da covid-19 em Portugal, segundo o jornal português Expresso. De acordo com dados da Direção-Geral da Saúde, neste mês de maio o país chegou a quase 30 mil casos confirmados. O país europeu relaxou recentemente as medidas de confinamento e manteve as taxas de contágio do coronavírus estáveis. A equipe de checagem do Fato ou Fake também desmentiu esse boato. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
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['Estadão Verifica']
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['Santander', 'fake news [notícia falsa]', 'Portugal [Europa]']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/imagens-de-produtos-de-couro-mofados-sao-de-loja-fechada-por-dois-meses-na-malasia/
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Imagens de produtos de couro mofados são de loja fechada por dois meses na Malásia
Marca informou que ainda investigava o motivo que levou as peças a ficarem danificadas
2020-05-19
Imagens de produtos de couro mofados viralizaram no Facebook com legendas que afirmam que é isso que “acontece quando você desliga o ar condicionado do shopping center por 30 dias”. Essa alegação é imprecisa: as fotos foram tiradas em uma loja na Malásia que ficou fechada por dois meses. Um comunicado oficial do estabelecimento informou que havia “vários motivos” para o mofo nas peças e que a razão do dano ainda estava sendo investigada. Foto: Reprodução/Facebook LEIA TAMBÉM Veja todas as checagens sobre coronavírus publicadas pelo Estadão Verifica O site indiano BOOM FactCheck, parceiro na Aliança DatosCoronavirus/CoronavirusFacts, checou este conteúdo. As fotos foram tiradas na loja de departamento Metrojaya, que fica em um shopping em Suria Sabah, na Malásia. O governo do país asiático estabeleceu uma ordem para restringir a movimentação em 18 de março, fechando o comércio não-essencial devido à pandemia do novo coronavírus. A partir do dia 4 de maio, as restrições passaram a ser abrandadas. A loja Metrojaya reabriu no dia 13 de maio. De acordo com um comunicado do estabelecimento, as imagens foram feitas para avaliação interna. “Há vários motivos que fizeram com que os produtos ficassem nesse estado, e ainda estamos no processo de investigação disso”, informou a loja. “Todos os itens danificados foram removidos das prateleiras e substituídos por outros em estoque”. Posteriormente, o perfil da marca publicou vídeos que mostram funcionários limpando a loja. A Metrojaya também divulgou imagens do estabelecimento depois do processo de limpeza. A maioria dos estabelecimentos na Malásia voltou a funcionar depois que a curva de casos do novo coronavírus no país foi achatada. O governo, no entanto, manteve a cautela e decidiu estender a quarentena, ainda que relaxada, até 9 de junho. As atividades econômicas funcionam normalmente, mas escolas e fronteiras internacionais permanecem fechadas. Até esta terça-feira, 19, eram contabilizados 6.978 casos da covid-19 na Malásia, com 114 mortes. Em meio à pandemia do novo coronavírus, são numerosos os boatos nas redes sociais que tentam justificar a reabertura do comércio e o fim de medidas de isolamento social. Veja todas as checagens sobre coronavírus publicadas pelo Estadão Verifica. Esta checagem faz parte da Aliança DatosCoronavirus/CoronavirusFacts, liderada pela International Fact-Checking Network. Leia mais aqui.
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['Estadão Verifica']
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['coronavírus', 'fake news [notícia falsa]', 'Malásia [Ásia]']
2021-05-20
['FORA DE CONTEXTO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/e-falso-que-doria-tenha-mandado-recolher-cloroquina-das-farmacias-de-sp/
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É falso que Doria tenha mandado recolher cloroquina das farmácias de SP
Boatos nas redes sociais usam remédio para polarizar o governador de São Paulo e o presidente da República
2020-05-19
Não é verdade que o governador de São Paulo, João Doria, tenha decretado o recolhimento de cloroquina e hidroxicloroquina das farmácias do Estado de São Paulo. O boato falso circula nas redes sociais desde o último final de semana. O governador vem sendo alvo de peças de desinformação desde que as divergências sobre as medidas de contenção do novo coronavírus entre ele e o presidente Jair Bolsonaro aumentaram. O boato não tem base em nenhuma medida do governo das últimas semanas. Uma dos perfis nas redes que deu mais amplificação ao boato foi o assessor do Planalto Arthur Weintraub, ao postar sobre o caso como pergunta na última quinta-feira, 14. Alguém sabe se o doria mandou recolher cloroquina e hidroxicloroquina de farmácias do Estado de São Paulo? Se isso ocorreu, pra onde foram os remédios? — Arthur Weintraub (@ArthurWeint) May 14, 2020 O governo do Estado, em nota, comentou que recebe os medicamentos do Governo Federal, responsável pelas diretrizes técnicas para uso de remédios, além de negar ter tomado qualquer medida de recolhimento de medicação. O Sincofarma-SP, entidade que representa farmácias e drogarias no Estado, também negou qualquer interferência do governo do Estado. Boato que circula nas redes sociais tenta atribuir a Doria rejeição a medicamentos que o presidente Bolsonaro exalta O Conselho Regional de Farmácias do Estado de São Paulo, entidade fiscalizadora da atividade farmacêutica, emitiu nota técnica nesta segunda-feira sobre o uso de cloroquina e outros medicamentos no tratamento de covid-19, indicando que as drogas só devem ser disponibilizadas com prescrição médica. Documento NOTA CRF-SP PDF Na coletiva de imprensa desta segunda-feira, 18, o governador foi questionado sobre o uso da cloroquina nos hospitais do Estado. Em resposta, Doria disse que cabe ao profissional médico a decisão, de acordo com os estudos clínicos e histórico do paciente. “Não se prescreve receita por decreto. Portanto, São Paulo não vai aceitar que, por decreto, se estabeleça receituário médico. Nenhuma parte do mundo se trata saúde por decreto ou medida de ordem política”, afirmou. Veja (aos 55 minutos): Em abril deste ano, a Agência Lupa desmentiu o boato que Doria teria proibido a utilização de cloroquina no tratamento de pessoas infectadas com covid-19 em hospitais paulistas. O Estadão Verifica também mostrou que é falso que o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), tenha mandado recolher o remédio ivermectina das farmácias do Estado. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
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['Tiago Aguiar']
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['joão doria', 'cloroquina e hidroxicloroquina']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/aguas-cristalinas-na-praia-de-botafogo-nao-tem-relacao-com-isolamento-social/
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‘Águas cristalinas’ na praia de Botafogo não têm relação com isolamento social
Especialistas afirmam que convergência de fatores naturais, como a mudança das marés, tornou águas da Baía de Guanabara mais claras
2020-05-19
Atualizada às 20h de 22/05/2020. Circula nas redes sociais um vídeo que mostra as águas da praia de Botafogo, no Rio de Janeiro, aparentemente com maior nitidez. Ele é acompanhado por um comentário que relaciona o aspecto do mar com o período de isolamento social que a cidade vive desde 17 de março. Especialistas ouvidos pelo Estadão Verifica, porém, negam que a alteração na aparência da água tenha relação com a medida de combate ao novo coronavírus. LEIA TAMBÉM Veja todas as checagens sobre coronavírus publicadas pelo Estadão Verifica O Instituto Estadual do Ambiente (Inea), órgão ligado à Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade (Seas), disse por meio de nota que o aspecto claro da água da praia de Botafogo não tem correlação direta com o isolamento social. “Essa coloração é comum no outono, em função do período de seca a da menor incidência de chuva, associado às direções de ondulação e maré, que ocasionam maior troca de água nas praias localizadas no interior da Baía de Guanabara.” Nitidez da água na praia de Botafogo depende da combinação de fatores naturais que permitam a troca de grande volume de água entre a Baía de Guanabara e o oceano. Foto: Reprodução A combinação de fatores naturais e humanos permite a ocorrência do fenômeno, explica o biólogo Mário Moscatelli. Segundo ele, a ocorrência da maré de lua nova ou lua cheia, associada com maré de ressaca possibilita a saída de grande volume de água comprometida da Baía de Guanabara e a entrada de água limpa vinda do oceano. “Eu não considero o isolamento e a quarentena relevantes neste fenômeno. Para ter esse efeito, tem que haver a troca de volumes muito grandes de água.” Moscatelli destaca também que os rios Banana Podre e Berquó, que passam por Botafogo e deságuam na Baía de Guanabara, são contaminados com esgoto diariamente. Eles possuem comportas que, caso fechadas, poderiam se somar às condições naturais propícias ao fenômeno de maior nitidez da água. “Isso tudo fruto da falta de política de Estado voltada para a questão do saneamento que tem vitimado o Rio de Janeiro”, diz o biólogo. “Mais uma vez a natureza mostra que estamos perdendo.” O Estadão Verifica utilizou a ferramenta de monitoramento de redes sociais CrowdTangle e encontrou compartilhamentos do vídeo desde domingo, 17 de maio. A publicação da página “Meu Bairro” se destacou com quase 220 mil visualizações. Em outra publicação, a autora do vídeo é identificada como Cássia Alves. Entramos em contato com ela, que nos contou que gravou o vídeo no domingo, por volta das 11h40. O biólogo Mario Moscatelli consultou a tábua de maré e identificou maré 1.o no dia 17, o que segundo ele não seria suficiente para se observar a alteração na característica da água. Identificamos um alerta de ressaca feito pela Marinha para o final de semana, com ondas de até 2,5 metros. Moscatelli informou que este poderia ser um dos motivos para a diferença no aspecto da água. O Inea vai realizar coleta para análise da qualidade da água essa semana e posteriormente comparar com os resultados de abril. Em 22 de maio, menos de uma semana após o mar de Botafogo parecer estar límpido, o cenário era completamente diferente. O projeto Olhoverde, de Moscatelli, registrou a água do mar com cor escura. Praia de Botafogo em 22 de maio. Foto: Mario Moscatelli/Olhoverde/Divulgação Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
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['Pedro Prata']
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['Rio de Janeiro [cidade RJ]', 'coronavírus', 'saneamento', 'fake news [notícia falsa]']
2021-05-20
['ENGANOSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/site-exagera-falas-de-medico-alemao-sobre-medidas-rigidas-contra-o-novo-coronavirus/
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Site exagera falas de médico alemão sobre medidas rígidas contra o novo coronavírus
Frase atribuída a médico alemão em site brasileiro não foi dita de forma literal pelo pesquisador
2020-05-18
Esta checagem foi produzida pela coalizão do Comprova. Leia mais aqui. O título de um artigo publicado no site Conexão Política com a tradução de uma entrevista do médico alemão Gérard Krause tem confundido as pessoas ao atribuir a frase “Medidas de bloqueio matam mais que o próprio coronavírus” ao especialista sem considerar o contexto em que ela foi dita. O conteúdo viralizou no Facebook na última semana. LEIA TAMBÉM Veja todas as checagens sobre coronavírus publicadas pelo Estadão Verifica O texto publicado no dia 13 de maio é baseado em entrevista dada por Gérard Krause em 29 de março ao canal de televisão alemão ZDF. No conteúdo original, o médico falou sobre o combate à covid-19 na Alemanha, dizendo que as medidas prolongadas de isolamento rígido podem causar outras doenças, como as mentais, e mortes na população. “Temos que manter essas medidas sociais sérias o mais curtas e menores possível, porque elas podem causar mais doenças e mortes do que o próprio coronavírus”, disse Krause, ressaltando que é preciso considerar o impacto da covid-19 em outras áreas da sociedade e não apenas nas vítimas do novo coronavírus. Na entrevista original, Krause defende que as medidas de isolamento sejam empregadas pelo menor tempo possível, considerando atenção especial ao grupo de risco e a outras áreas da sociedade, como a área econômica. No entanto, não se diz contra a quarentena. O médico alemão propõe uma organização “para que aconteça um afrouxamento cedo e com cautela ao mesmo tempo”. O Comprova tentou contato com Gérard Krause por e-mail, mas o médico não retornou até a publicação do texto. Por que investigamos isso? O Comprova fez esta verificação porque ela diz respeito a um dos temas que tem gerado mais comoção durante a pandemia: a aplicação e a extensão das medidas de isolamento social como forma de mitigar os efeitos do novo coronavírus. No Brasil, este debate tem sido protagonizado pelo presidente Jair Bolsonaro, que defende firmemente a retomada de diversas atividades econômicas. Essa proposta é rechaçada por autoridades sanitárias, uma vez que poderia ampliar a contaminação pelo vírus e levar ao colapso dos sistemas de saúde. Assim, governos estaduais estão adotando o isolamento social como uma medida central nas políticas públicas contra a pandemia. O conteúdo sobre as falas do médico alemão se junta a diversos outros que têm sido espalhados para reforçar o posicionamento de Bolsonaro. São, muitas vezes, textos que trazem frases ou fatos fora de contexto ou deturpados para criticar as políticas de isolamento social. Foi o caso, por exemplo, de um texto que, enganosamente, tentou fazer o público crer que a Organização Mundial da Saúde (OMS) era contrária ao isolamento, o que não é verdade. Foi, também, o caso de um vídeo com declarações do governador de Nova Iorque, nos Estados Unidos, que tentava indicar que o distanciamento social seria prejudicial por, supostamente, facilitar infecções – isso também não é verdade. Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor. Como verificamos? Acessamos a entrevista original, concedida por Krause ao canal ZDF, para comparar com a versão em português publicada pelo site Conexão Política. Em seguida, buscamos notas técnicas e estudos divulgados pelos pesquisadores do Centro de Pesquisas de Infecções Helmholtz, onde Krause trabalha, e pela Organização Mundial da Saúde. Matérias jornalísticas publicadas desde o início da pandemia também serviram de base para a apuração do Comprova. Verificação Título de tradução exagera O médico Gérard Krause concedeu entrevista ao canal alemão ZDF, em 29 de março, sobre as medidas de combate ao novo coronavírus no país, e se mostrou a favor de que as medidas rígidas de isolamento social, adotadas para diminuir a taxa de transmissão da doença e não sobrecarregar hospitais, sejam coordenadas para que possam durar o menor tempo possível, de modo que áreas como a economia não sejam tão afetadas. A Alemanha adotou o lockdown em 22 de março e começou, nas últimas semanas, uma reabertura cautelosa do isolamento obrigatório. O país tem um dos números de mortes mais baixos entre os locais com mais casos confirmados de covid-19, 7.988 até o dia 18 de maio. Inclusive menor que o do Brasil, com 16.196 em 18 de maio. A entrevista foi parcialmente traduzida para o português pelo site Conexão Política e publicada com um título mais incisivo do que o tom adotado pelo médico alemão. A frase “medidas de bloqueio matam mais que o próprio coronavírus” não foi dita de forma literal pelo médico, que fala, na verdade, sobre como as medidas mais rígidas de contenção à doença afetam outros setores da vida da sociedade. Krause não se mostra a favor de medidas rígidas de isolamento, mas também não diz ser contra a quarentena. Ele defende um “afrouxamento precoce”, porque acredita que essas restrições por um período muito longo podem gerar impactos que vão além dos causados pela própria doença. Ao longo da entrevista original, Krause ressaltou que é necessário ter cautela ao mesmo tempo em que as medidas são afrouxadas e admite que, mesmo protegendo grupos de risco, “ainda haverá doenças e mortes entre os jovens”. Também afirmou que é preciso continuar estudando a doença paralelamente às medidas de isolamento porque “isso ajudará a reduzir essas medidas muito gerais e a fortalecer e manter as medidas focadas e direcionadas”. Segundo ele, a preocupação vai além da área da saúde. Para o médico, entre as outras consequências preocupantes, está a crise econômica e doenças mentais que podem ser causadas pelo isolamento prolongado. “Sabemos que o desemprego, por exemplo, causa doenças e até aumento da mortalidade. Também pode levar as pessoas ao suicídio. Restringir a liberdade de circulação provavelmente terá um impacto negativo adicional para a saúde pública. Não é tão fácil calcular essas consequências diretamente, mas elas ainda acontecem e podem ser mais graves do que as consequências das próprias infecções”, falou na entrevista. Quem é Gérard Krause O médico Gérard Krause ocupa, há 20 anos, o cargo de chefe do Departamento de Epidemiologia do Centro de Pesquisas de Infecções Helmholtz, uma das maiores instituições acadêmicas direcionadas exclusivamente a pesquisas de infecções da Alemanha. De acordo com o currículo de Krause apresentado na ResearchGate, uma rede social de pesquisadores e profissionais da área da ciência, sua pesquisa é focada no desenvolvimento da cibermedicina e estudos de eficácia para intervenções de saúde pública na área de doenças infecciosas. Para Krause, as medidas de isolamento social adotadas por países atingidos pela pandemia devem ser eficazes e impostas com menor duração possível para que os impactos em outras áreas, como a econômica, sejam minimizados. Ele ressalta, no entanto, que é preciso preparar o sistema de saúde e ficar atento aos grupos de risco. Sua visão é totalmente focada no caso da Alemanha. O Helmholtz, no entanto, publicou um pronunciamento em 13 de abril, no qual afirma que as medidas rígidas de distanciamento social adotadas na Alemanha desde março foram determinantes para a diminuição das taxas de transmissão do novo coronavírus no país e que é preciso cautela no processo de reabertura. Documento PRONUNCIAMENTO PDF O Comprova escreveu e-mails para Krause e para a assessoria de imprensa do Helmholtz, mas não teve retorno. Gérard Krause coordena três projetos de combate à pandemia. O primeiro, e o mais conhecido, trata de testes de anticorpos para detectar quem já foi infectado e possui defesa contra a covid-19 e, por isso, pode voltar a exercer suas atividades normalmente. A ideia do projeto é que as pessoas, principalmente os profissionais essenciais como médicos e enfermeiros, retornem o mais rápido possível à linha de frente de combate após terem adquirido a doença, com uma espécie de “passaporte de imunidade”. Ele propõe uma testagem em massa para detectar quem já tem anticorpos, para que essas pessoas sejam liberadas das medidas restritivas. Atualmente, a Alemanha registra mais de 150 mil recuperados de covid-19. O segundo projeto é a utilização de um aplicativo criado em 2014, chamado de SORMAS, para controle de doenças e avaliação de riscos. No caso da pandemia, o aplicativo permite a detecção precoce de casos e monitoramento das pessoas infectadas e daquelas que tiveram contato com elas. O aplicativo gera dados em tempo real para que sejam avaliados os riscos nas regiões onde está sendo usado. Por fim, o médico faz parte do projeto de cooperação europeu para aumentar a comunicação entre países no que se refere a informações clínicas, epidemiológicas e imunológicas sobre a pandemia. A iniciativa também tem pesquisadores da Holanda, Suíça e países de fora da Europa como a China. O foco é colher dados para que sejam avaliadas as medidas tomadas contra o novo coronavírus e sua disseminação. O “PASSAPORTE DE IMUNIDADE” E O QUE PENSA O CENTRO DE PESQUISAS DO QUAL ELE FAZ PARTE A ideia de um “passaporte de imunidade”, concedido às pessoas que já se infectaram pelo novo coronavírus e possuem, depois de curadas, anticorpos contra a doença, começou a ser discutida no mundo no final de março. Na época, foi lançado na Alemanha, pelo instituto Helmholtz, um estudo sobre a abrangência da imunização ao novo coronavírus. O Dr. Gérard Krause estava entre os participantes da pesquisa. Em 23 de abril, o Instituto publicou uma atualização das ações que estavam sendo realizadas naquele momento pelos pesquisadores, e a imunidade de quem já teve covid-19 é um dos objetos de estudo. Segundo a publicação, uma das ideias seria identificar indivíduos para quem as restrições a viagens e atividades poderiam ser suspensas — basicamente o que propõe o chamado “passaporte de imunidade”. A Organização Mundial da Saúde publicou, em 24 de abril, um comunicado sobre os tais passaportes. Para a OMS, não existem evidências suficientes para garantir que as pessoas que se recuperaram da infecção pelo novo coronavírus e possuem anticorpos estão imunes a uma segunda contaminação. “Muitos países estão agora testando para os anticorpos da SARS-CoV-2 em toda a população ou grupos específicos, como profissionais da saúde […]. A OMS apoia esses estudos, que são cruciais para o entendimento da extensão — e os fatores de risco associados — da infecção. Esses estudos vão fornecer dados sobre porcentagem de pessoas com anticorpos detectáveis da covid-19, mas a maioria não foi criada para determinar se essas pessoas são imunes a infecções secundárias”, diz o comunicado, em tradução livre. Em meio ao anúncio de gradual reabertura da Alemanha nas últimas semanas, o Centro de Pesquisas Helmholtz, do qual Gérard Krause é pesquisador, soltou um posicionamento em 13 de maio juntamente com o Ifo Institute, que gerencia pesquisas na área econômica, defendendo a abertura limitada do país após o sucesso das medidas de isolamento. Ou seja, oficialmente, a entidade é cautelosa sobre o relaxamento das medidas restritivas em favor da economia e alerta que uma abertura rápida no curto prazo pode aumentar custos gerais e prolongar a fase de restrições. “É do interesse comum de nossa saúde e da economia ser cautelosos em relaxar as restrições e monitorar de perto como as taxas de infecção se desenvolvem”, diz um trecho do comunicado, se referindo ao número R, que determina o potencial de propagação do novo coronavírus. Se o número foi superior a um, significa que cada contaminado é capaz de transmitir a doença para pelo menos mais uma pessoa. “Se as restrições em vigor até 20 de abril de 2020 forem mantidas, o número previsto de mortes adicionais será de 5 mil. Esse número diminui apenas um pouco em um número baixo de reprodução, mas aumenta acentuadamente a uma taxa de 0,9 ou mais, atingindo mais de 20.000 mortes adicionais a 1,0”, ressalta o texto. Contexto O texto sobre o médico alemão circula em meio à crescente tensão entre Jair Bolsonaro e os governadores a respeito do isolamento social. O presidente da República tem defendido de maneira enfática o fim das medidas e a abertura da economia. Na quinta-feira 14, Bolsonaro reafirmou sua posição em um encontro com empresários. “O governo federal, se depender de nós, estava tudo aberto com isolamento vertical e ponto final”, afirmou Bolsonaro. O “isolamento vertical” citado por Bolsonaro consiste na estratégia de resguardar apenas as pessoas mais suscetíveis ao coronavírus, liberando todas as outras para o trabalho: países como Holanda e o Reino Unido chegaram a implantar essas medidas, mas desistiram diante de estudos que indicam a possibilidade de essa medida ter efeitos catastróficos. Na mesma reunião com empresários, Bolsonaro afirmou que a disputa a respeito do isolamento social “é guerra” e que o setor empresarial precisa “jogar pesado” com os governadores para reabrir todas as atividades econômicas. Alcance Publicado no dia 13 de maio, o texto enganoso a respeito das declarações do médico alemão teve mais de 87 mil interações no Facebook de acordo com a ferramenta de análise de dados CrowdTangle.
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['Projeto Comprova']
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['fake news [notícia falsa]', 'coronavírus', 'alemanha']
2021-05-20
['ENGANOSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/alexandre-garcia-nao-escreveu-texto-que-pede-que-bolsonaro-caia-logo/
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Alexandre Garcia não escreveu texto que pede que Bolsonaro ‘caia logo’
Postagens falsas nas redes sociais vinculam artigo ao jornalista, que negou a autoria pelo Twitter; mensagem circulava de forma anônima anteriormente
2020-05-18
É falso que o jornalista Alexandre Garcia tenha escrito texto em que deseja “que Bolsonaro caia logo e não deixem Mourão assumir” e critica adversários políticos do presidente “sem meias palavras”, como afirmam postagens virais no Facebook. Antes de ser atribuída a Garcia, a peça circulava de forma anônima na internet — e o próprio jornalista desmentiu a autoria pelo Twitter. O boato falso começa com o autor sugerindo, de forma irônica, que o presidente Jair Bolsonaro deveria sofrer impeachment. “Façam novas eleições, burlem as urnas e deem logo a vitória para Ciro, Haddad, Moro, Doria, ou qualquer outro vigarista”, continua o texto. Os posts tiveram mais de 96 mil compartilhamentos e 2,7 milhões de visualizações até a tarde desta segunda-feira, 18. Postagens no Facebook com texto falsamente atribuído a Alexandre Garcia. Foto: Reprodução / Arte Estadão Alexandre Garcia nunca escreveu esse artigo, que não consta em nenhum de seus perfis nas redes sociais. Pelo Twitter, na última sexta-feira, 15, o jornalista desmentiu o boato: “Mais uma canalhice em rede social. Um autor de crime cibernético usa meu nome num texto que começa com ‘Sem meias palavras!’. Quem sabe que eu não escreveria baboseiras me alertou. A Delegacia de Crimes Virtuais há de pegar esse tipo de gentalha.” Mais uma canalhice em rede social. Um autor de crime cibernético usa meu nome num texto que começa com “Sem meias palavras!”. Quem sabe que eu não escreveria baboseiras me alertou. A Delegacia de Crimes Virtuais há de pegar esse tipo de gentalha. — Alexandre Garcia (@alexandregarcia) May 15, 2020 O texto circula no Facebook desde 4 de maio. O Estadão Verifica pesquisou a frase de abertura no Google e na ferramenta de busca da rede social e encontrou o artigo publicado naquela data, sem indicação de autoria, em páginas como “GigantesPatriotasBR”, simpáticas a Bolsonaro. Somente cerca de uma semana depois o texto foi atribuído, falsamente, ao jornalista. Não é a primeira vez que o nome de Garcia esteve envolvido em boatos nas redes. Em março de 2019, o Estadão Verifica mostrou que o jornalista não escreveu artigo em que afirmava nunca ter havido presidente “tão examinado, humilhado, caluniado, ridicularizado e insultado”, em suposta referência a Bolsonaro. Recentemente, texto semelhante passou a circular na internet atribuindo autoria ao cantor sertanejo Gusttavo Lima. Bolsonaro é, de fato, alvo de uma série de pedidos de impeachment e está pressionado por acusações de tentativa de interferência na Polícia Federal, com base em declarações do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro. Inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), aberto pelo decano Celso de Mello, está em posse de mensagens trocadas por Bolsonaro e Moro e vídeo de reunião ministerial em que o presidente teria vinculado a troca na superintendência da PF no Rio de Janeiro à proteção dos filhos. O Boatos.org também desmentiu esse conteúdo. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
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['Samuel Lima']
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['alexandre garcia', 'estadão verifica', 'fake news [notícia falsa]', 'facebook', 'jair bolsonaro', 'sérgio moro', 'joão doria', 'ciro gomes', 'fernando haddad', 'Antonio Hamilton Mourão']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/e-falso-que-david-uip-tenha-se-afastado-do-governo-por-discordar-de-isolamento-social/
ESTADAO_VERIFICA
É falso que David Uip tenha se afastado do governo por discordar de isolamento social
Infectologista saiu do comando de Centro de Contingência do Coronavírus por razões médicas; ele é um dos principais defensores da quarentena no governo de SP
2020-05-15
Esta checagem foi produzida pela coalizão do Comprova. Leia mais aqui. É falsa a declaração de um youtuber de que o infectologista David Uip deixou o governo paulista por não concordar com as políticas de isolamento social estabelecidas pelo governador João Doria (PSDB). O vídeo foi postado na última segunda-feira, dia 11 de maio, três dias depois do anúncio do afastamento do médico. LEIA TAMBÉM Veja todas as checagens sobre coronavírus publicadas pelo Estadão Verifica No vídeo, o youtuber Fabiano Guiguet afirma que o médico era o secretário da Saúde do Estado e que foi afastado por não concordar com a quarentena decretada pelo governo. Essas informações são falsas. O secretário estadual da Saúde é o médico José Henrique Germann Ferreira. Uip coordenava o Centro de Contingência do Coronavírus do Estado de São Paulo, criado em fevereiro para desenvolver ações contra a propagação da covid-19. Foi o próprio comitê que recomendou as medidas de isolamento social adotadas pelo Estado. Na semana passada, Uip alegou problemas cardíacos em uma carta endereçada ao governador e encaminhada para a imprensa. No texto, afirmou que voltará às atividades quando estiver restabelecido. O médico foi substituído pelo infectologista Dimas Covas. O youtuber também alega que pacientes com a covid-19 estão sendo levados da capital para o interior do estado, por ordem do governador, para “aumentar os números e ele poder dar a desculpa de continuar na quarentena”. Mas os dados de transferência de pacientes desmentem essa afirmação. Por que checamos isto? O Comprova verificou este conteúdo porque ele se insere no contexto de crescente tensão entre o governo federal e os governos estaduais a respeito de como lidar com a pandemia do novo coronavírus. O presidente Jair Bolsonaro é contrário às medidas de distanciamento social, enquanto os governadores, João Doria entre eles, têm imposto essas medidas, seguindo orientações de suas respectivas autoridades sanitárias, do Ministério da Saúde e da OMS. Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original ou que tenha sido divulgado de modo deliberado para espalhar uma mentira. Como verificamos? Procuramos o doutor David Uip para esclarecer as afirmações do vídeos. Desde que deixou o governo, no dia 8 de maio, o médico parou de dar entrevistas e respondeu, apenas, através da assessoria de imprensa. Também entramos em contato com as assessorias de comunicação do governo de São Paulo e da Secretaria Estadual da Saúde para esclarecer o afastamento de David Uip e entender as políticas de transferência de pacientes com covid-19 no Estado. Buscamos dados de infecção pelo novo coronavírus com a prefeitura de São José do Rio Preto, cidade que é citada no vídeo. Por fim, tentamos contato com o youtuber Fabiano Guiguet para entender as razões que o levaram a gravar e publicar o vídeo. Verificação No dia 8 de maio, o médico infectologista anunciou que se afastaria temporariamente do Centro de Contingência do Coronavírus do Estado de São Paulo após sentir um mal-estar, com alterações cardiológicas e clínicas. Ele tem histórico de problemas cardíacos. Dentro do governo, Uip era um dos principais apoiadores da quarentena imposta pelo governo estadual. Na carta em que anunciou o afastamento, disse que estava entristecido por não estar fisicamente presente neste momento. “No entanto, tenho a plena convicção de que São Paulo está no caminho certo. E está salvando vidas”, escreveu. Uip ainda garante que a saída não é definitiva: “Fico temporariamente afastado e espero estar recuperado, para retomar minha contribuição ao Centro de Contingência do Coronavírus”. Na entrevista coletiva em que anunciou a saída de Uip, o governador João Doria lamentou e agradeceu aos profissionais de saúde: “Em respeito, principalmente, à medicina, aos médicos, aos paramédicos, aos enfermeiros, àqueles que atuam na saúde como o doutor David Uip, que têm sacrificado a sua vida, têm sacrificado parte da sua saúde para ajudar milhões de brasileiros em São Paulo”. No mesmo evento, Doria anunciou a prorrogação da quarentena no Estado até o dia 31 de maio. Quem é David Uip? David Uip tem 67 anos e é médico especialista em doenças infecciosas. Ele trabalha em dois dos maiores hospitais particulares da capital paulista, o Sírio-Libanês e o Hospital Israelita Albert Einstein. Uip foi secretário Estadual da Saúde na gestão de Geraldo Alckmin (PSDB), de 2013 a 2018, e desde o dia 26 de fevereiro coordenava o Comitê de Saúde do Centro de Contingência do Coronavírus do Estado de São Paulo. Em 23 março, Uip foi diagnosticado com a covid-19. “Foram duas semanas de agonia”, disse ao descrever os sintomas. Permaneceu duas semanas afastado das atividades do comitê, mas não chegou a ser internado. E, diferentemente do que afirma o vídeo verificado, ele não confirmou se foi tratado com a cloroquina, medicamento defendido, sem comprovação científica, pelo presidente Bolsonaro e seus apoiadores como a “cura” para a covid-19. Uip não acredita que os problemas cardíacos que levaram ao seu afastamento no dia 8 de maio tenham relação com eventuais sequelas deixadas pelo novo coronavírus. “É muito mais pelos meus antecedentes, três stents no coração. (…) Tem que investigar para ver o que é.” O médico passou mal no dia 6 de maio e, orientado pelo cardiologista Roberto Kalil, decidiu deixar as atividades no comitê. Qual é a situação em São José do Rio Preto? No vídeo, o youtuber Fabiano Guiguet ainda acusa o governo estadual de transferir pacientes com covid-19 para inflar o número de casos no interior. E dá o exemplo de São José do Rio Preto, onde os casos teriam sido multiplicados por dez em apenas dois dias. A informação não é verdadeira. No dia 11 de maio, data da publicação do vídeo, a cidade registrava 308 casos confirmados de covid-19, com dez mortes, segundo dados da prefeitura. Três dias antes, no dia 8 de maio, eram 236 casos, com as mesmas dez mortes. O secretário Municipal de Saúde, Aldenis Borim, atribuiu o crescimento no número de pessoas infectadas na cidade ao desrespeito à quarentena. “Nas duas últimas semanas essa curva se coloca quase vertical, ou seja, o aumento de casos está muito preocupante para a Secretaria de Saúde. Se deve, na maioria das vezes, devido ao isolamento que não está sendo cumprido adequadamente. Se isso continuar dessa maneira, no futuro próximo poderá inclusive apertar este isolamento”, disse. Documento BOLETIM RIO PRETO PDF Documento BOLETIM RIO PRETO 2 PDF Questionamos a política de gestão de pacientes da Secretaria Estadual de Saúde. Por e-mail, a assessoria explicou que as transferências entre hospitais e municípios “serão feitas se e quando houver necessidade, pela Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde (Cross), sistema online que funciona 24 horas por dia e verifica vagas disponíveis em hospitais do SUS em São Paulo”. Até o momento não houve transferências para São José do Rio Preto. Quem é o youtuber? O vídeo foi publicado no canal de YouTube Pais e Filhos, mantido por Fabiano Guiguet desde 2017. Os primeiros vídeos eram sobre produtos que ele comprava, como capas de piscina e relógios. Em 2018, o youtuber postou um vídeo criticando o jornal Folha de S. Paulo e, desde então, quase todas as publicações têm conteúdo político, com apoio declarado ao presidente Jair Bolsonaro e ataques a tudo e todos que as redes bolsonaristas enxergam como “inimigos”: o governador João Doria, a Rede Globo, a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP), e, mais recentemente, o ex-ministro da Justiça Sergio Moro (que tinha sido chamado de “o maior ministro que o Brasil já teve” no começo do canal). Os vídeos são monetizados, o que significa que Guiguet recebe um valor do YouTube a cada visualização. Ele ganhou uma placa comemorativa do site quando chegou a 100 mil seguidores (até o dia 14 de maio esse número já chegava a 396 mil) e agradeceu o presidente Bolsonaro pela conquista. O Comprova tentou contato com Guiguet para esta verificação através do e-mail que ele disponibiliza no canal de Youtube. Mas, até a data da publicação, não houve resposta. Contexto Como destacado acima, esse vídeo foi publicado em meio à contínua tensão entre o presidente Jair Bolsonaro e os governadores, em especial João Doria, percebido por Bolsonaro como um adversário político para 2022. Na quinta-feira, 14, Bolsonaro aproveitou uma conferência com grandes empresários para estimular que eles pressionem os governadores a reabrir o comércio. “Os senhores, com todo o respeito, têm que chamar o governador e jogar pesado. Jogar pesado, porque a questão é séria, é guerra”, afirmou Bolsonaro. Doria rebateu: “O presidente Jair Bolsonaro despreza vidas. Ele prefere fazer comícios, andar de jet ski, treinar tiros e fazer churrasco. Enquanto isso, milhares de brasileiros estão morrendo todos os dias”, disse. Com isso, apoiadores do presidente elegeram Doria como alvo preferencial durante a pandemia do novo coronavírus. O governador de São Paulo foi um dos primeiros a colocar em vigor medidas severas de distanciamento social, como a quarentena, decretada no dia 22 de março e prorrogada até o dia 31 de maio. Desde 7 de maio os paulistas também são obrigados a usar máscaras em lugares públicos para tentar reduzir a contaminação. A informação falsa a respeito de David Uip é relevante, pois o médico é uma figura estratégica na política de isolamento adotada pelo Estado. Documento DECRETO QUARENTENA SP PDF Alcance O vídeo com informações falsas publicado no canal de YouTube Pais e Filhos teve 139 mil visualizações até a publicação desta verificação.
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['Projeto Comprova']
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['coronavírus [prevenção]', 'joão doria', 'david uip']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/nem-todos-pacientes-de-covid-19-de-hospital-do-piaui-receberam-alta-apos-tratamento-com-cloroquina/
ESTADAO_VERIFICA
Nem todos pacientes de covid-19 de hospital do Piauí receberam alta após tratamento com cloroquina 
Textos omitem que ainda há pacientes em tratamento domiciliar e também em leitos ambulatoriais no hospital e o próprio médico que aparece no vídeo diz que as informações foram distorcidas
2020-05-14
Esta checagem foi produzida pela coalizão do Comprova. Leia mais aqui. Faltam informações nas publicações que dizem que um hospital no Piauí curou pessoas com covid-19 e esvaziou UTIs com uso da medicação cloroquina. O conteúdo usa um vídeo verdadeiro, gravado pelo médico oncologista Saba Vieira em 8 de maio, no qual ele relata um protocolo adotado pelo médico Justino Moreira, diretor clínico do Hospital Regional Tibério Nunes, em Floriano, para o tratamento precoce de pacientes com o novo coronavírus. LEIA TAMBÉM Veja todas as checagens sobre coronavírus publicadas pelo Estadão Verifica Mas os textos omitem que ainda há pacientes em tratamento domiciliar e também em leitos ambulatoriais no hospital. Além disso, não existe nenhum registro científico ou comparativo de que a melhora clínica dos pacientes foi exclusivamente por conta das medicações. No vídeo, Vieira diz que no tratamento oferecido pelo hospital há “duas janelas de oportunidade” para quem contraiu a doença. A primeira é a aplicação de cloroquina com azitromicina em pacientes que apresentaram sintomas de um a sete dias. A segunda é o uso de corticoides em pacientes que apresentam sintomas depois de sete a doze dias. Com a repercussão do vídeo, o médico que fez a gravação compartilhou em seu Facebook uma das publicações e escreveu que “o conteúdo e o título estão distorcidos”. Ele não atendeu às solicitações de entrevista feitas pelo Comprova. Justino confirmou que desde 2 de maio vem adotando essas duas abordagens para pacientes que estão com comprometimento pulmonar e não têm comorbidades. Ao todo, 15 pessoas foram submetidas ao protocolo, com prognóstico positivo, mas ainda não há evidências suficientes para dizer que estão curadas. Isso porque, apesar de os pacientes terem apresentado melhora clínica, apenas cinco já tiveram alta. Quatro ainda estão em tratamento domiciliar e os outros seis seguem internados em leitos clínicos. Nem todos passaram pelos exames necessários de radiografia para receber o laudo de alta da covid-19. A OMS (Organização Mundial da Saúde) também não reconhece nenhum medicamento ou vacina para a covid-19. Justino afirmou que reavaliaria o caso das pessoas tratadas nesta quinta-feira, 14, último dia do tratamento experimental. Também é importante destacar que a experiência no hospital do Piauí não tem um grupo de controle. Ou seja, não há pacientes que não fizeram uso do tratamento para fins científicos de comparação. O próprio Justino ressalva que o número de pessoas tratadas em Floriano é pequeno e ainda não serve como evidência científica para a eficácia da cloroquina ou do corticoide contra a covid-19. De acordo com o médico, as publicações que divulgaram o uso de cloroquina não citam que pacientes ainda estão em tratamento e que há ao menos seis pessoas internadas com covid-19 nos leitos ambulatoriais. Justino afirmou que o uso de corticoide é o que mais tem dado resultado. “Não gosto da forma com que foi colocada [na notícia] a cloroquina como solução. O foco é a corticoterapia”, disse ao Comprova. A medicação, segundo afirma Justino, tem evitado que a doença se agrave a ponto de necessitar de intubação e, consequentemente, internação na UTI. O Hospital Regional Tibério Nunes, localizado no interior do Piauí, tem 10 leitos de Unidade de Terapia Intensiva e 15 leitos de ambulatório destinados à covid-19. Caixa do remedio sulfato de hidroxicloroquina, conhecido como Reuquinol. Foto: Márcio Pinheiro/SESA Até esta quinta-feira, 14, não havia pacientes em estado grave na UTI. No ambulatório há pacientes internados, mas nem todos têm indicação para receber o tratamento, por estarem em fases diferentes da infecção ou apresentarem outras doenças prévias. Apesar de o tratamento estar em curso, até agora, o governo do Piauí não divulgou nenhum protocolo público para adoção dessa modalidade para pacientes com a doença. O hospital também não têm evidências científicas que comprovem a “cura”, como afirmam as publicações, por conta exclusivamente dos medicamentos. Apenas nesta quarta-feira, 13, o governo do Piauí anunciou a criação de um comitê médico para estudar, avaliar e definir o uso de cloroquina, hidroxicloroquina e corticoides, entre outros medicamentos que auxiliem no tratamento. O Comprova questionou o governo do Estado sobre o tratamento adotado e a falta de acompanhamento técnico dos protocolos, mas não obteve retorno até a publicação desta checagem. Os protocolos que têm sido utilizados no Hospital Regional Tibério Nunes foram estabelecidos por uma médica que nasceu em Floriano, no Piauí, mas atualmente trabalha no hospital HM Puerta del Sur, localizado em Madrid, na Espanha. Ela compartilha documentos e vídeos em seu Instagram sobre as dicas para o uso do corticoide contra a covid-19. Recentemente, o YouTube retirou do ar um de seus vídeos indicando a medicação. O Comprova confirmou em mensagem enviada ao Twitter do hospital espanhol que ela é funcionária, mas não obteve resposta sobre os protocolos de tratamento utilizados. Por que checamos isto? O Comprova investiga conteúdos suspeitos compartilhados nas redes sociais sobre o novo coronavírus e a covid-19 que tenham grande viralização. O conteúdo desta verificação foi sugerido por dezenas de leitores que receberam o link por WhatsApp ou se depararam com ele em redes sociais. Um único link foi compartilhado no Facebook mais de 500 vezes. Muitas das informações enganosas que o Comprova tem verificado estão relacionadas a tratamentos com drogas que ainda estão em fase de testes sem que haja consenso sobre benefícios no combate à covid-19. Boatos e informações descontextualizadas sobre medicamentos podem levar à automedicação e provocar danos à saúde ou relaxamento dos cuidados com a higiene pessoal e isolamento social recomendadas pelas autoridades de saúde como medidas essenciais para diminuir a velocidade de transmissão do novo coronavírus. Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor, que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano. Como verificamos? O Comprova entrou em contato com o governo do Piauí para chegar ao diretor clínico do Hospital Regional Tibério Nunes, Justino Madeiro. Em conversa por telefone, o médico explicou como tem sido o tratamento de pacientes em Floriano, interior do Estado. A equipe também consultou a Secretaria de Saúde da cidade. Além disso, entrevistamos Gerson Salvador, infectologista associado da Sociedade Paulista de Infectologia e médico do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (USP). Verificação Após a repercussão do vídeo de Sabas Vieira, o Ministério Público Federal do Piauí cobrou que o governo do Estado e a prefeitura da capital, Teresina, adotassem o protocolo aplicado no hospital de Floriano. Vieira é citado pelo MPF como um dos principais defensores do tratamento. O uso de corticoides também está sendo testado em pacientes do Vila Nova Star, hospital de São Paulo. Ainda não foi publicado estudo que comprove a eficácia deste tratamento. Recentemente, o Hospital Sírio Libanês também iniciou protocolo de pesquisa com o medicamento dexametasona, um tipo de corticoide. A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) recomenda cuidado para pessoas que já se medicavam com corticoides e apresentam sintomas da covid-19. Para os pacientes que usam a substância como terapia anti-inflamatória e imunossupressora, é recomendado avaliar com o médico a redução no uso. Corticoides são potentes anti-inflamatórios e são muito usados para tratamento de doenças autoimunes, aquelas em que o próprio corpo produz uma resposta contra o organismo, como lúpus. O uso dos corticoides para doenças pneumovirais, no entanto, não se mostrou eficaz em estudos anteriores à pandemia do novo coronavírus. Para a covid-19 ainda não há nenhum estudo científico comprovado que possa ser usado para defender ouso, como explica Gerson Salvador, infectologista associado da Sociedade Paulista de Infectologia e médico do Hospital Universitário da USP. “Os corticoides foram estudados e estão em estudo na covid-19, mas em estudos de doenças pneumovirais (influenza e outras causadas por outros tipos de coronavírus) anteriores foram vistos dois efeitos: alguns aumentam mortalidade, após altas doses por tempo prolongado, e também aumenta o tempo em que a carga viral é detectável, o vírus fica mais tempo no organismo”, explica. O infectologista alerta, ainda, para efeitos colaterais vistos em pacientes com doenças pneumovirais tratados com corticoides, tais como: hiperglicemia e psicose (alterações psiquiátricas). O especialista ressalta que para a covid-19 ainda não há uma conclusão sobre o uso dos corticoides. “O médico que quer fazer esse estudo tem que submeter ao Comitê de Ética primeiro”, completa. Contexto A cloroquina tem sido citada em vários conteúdos enganosos online como a cura para a covid-19. No entanto, o Ministério da Saúde e a Organização Mundial de Saúde esclarecem que ainda não há um tratamento comprovadamente eficaz contra a doença causada pelo novo coronavírus. A cloroquina e a hidroxicloroquina passaram a protagonizar desinformação nas redes sociais após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apontar o medicamento como possível cura da covid-19. No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores também têm insistido na eficácia do remédio contra a doença, sem comprovação científica. Uma análise do site de checagem Aos Fatos mostrou que vários congressistas da base de apoio de Bolsonaro divulgaram informações incorretas sobre o medicamento — o principal deles foi o ex-ministro Osmar Terra (MDB-RS). Alcance O conteúdo verificado pelo Comprova foi sugerido pelos leitores. Ele foi publicado em sites e compartilhado em diversas páginas de redes sociais e em aplicativos de mensagens. Apenas uma dessas postagens foi compartilhada no Facebook mais de 500 vezes e somava 436 mil interações até esta quinta-feira, 14 de maio.
https://img.estadao.com.…617563593097.jpg
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['Projeto Comprova']
[]
['Piauí [estado]', 'fake news [notícia falsa]', 'coronavírus', 'cloroquina e hidroxicloroquina']
2021-05-20
['ENGANOSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/sepultamentos-cresceram-47-no-cemiterio-vila-formosa-em-sao-paulo-entre-marco-e-abril/
ESTADAO_VERIFICA
Sepultamentos cresceram 47% no cemitério Vila Formosa em São Paulo entre março e abril
Homem que aparece em vídeo que viralizou no Facebook mostrando covas vazias e dizendo que o número de sepultamentos está normal não é funcionário do governo
2020-05-14
Esta checagem foi produzida pela coalizão do Comprova. Leia mais aqui. Em um vídeo compartilhado nas redes sociais, um homem que se apresenta como funcionário do governo diz que o cemitério da Vila Formosa tem covas abertas, mas não está realizando mais sepultamentos do que antes da pandemia do novo coronavírus. O Comprova apurou que o vídeo foi realmente gravado no Complexo Cemiterial Vila Formosa, na zona leste de São Paulo, mas traz informações erradas. LEIA TAMBÉM Veja todas as checagens sobre coronavírus publicadas pelo Estadão Verifica O complexo é dividido em dois cemitérios – Vila Formosa I e Vila Formosa II – e as duas unidades alternam os dias de enterros. Assim, enquanto em uma unidade estão sendo feitos os sepultamentos, na outra são realizados somente os serviços de limpeza e de exumação de corpos. O vídeo foi gravado no cemitério da Vila Formosa l em um dia em que os sepultamentos estavam sendo feitos na segunda unidade. Além disso, o homem que aparece dando informações não é funcionário do Serviço Funerário, que é de responsabilidade da Prefeitura Municipal de São Paulo. Ao contrário do que afirma o narrador do vídeo, houve 47% de aumento no número de pessoas enterradas de março a abril deste ano. Ou seja, depois que o país começou a lutar contra a pandemia de covid-19 – doença causada pelo novo coronavírus. Por que checamos isto? No monitoramento que faz de mensagens suspeitas que circulam em redes sociais e aplicativos de mensagens sobre o novo coronavírus e a covid-19, o Comprova vem observando um crescimento na circulação de boatos sobre números de mortes causadas pela doença, falseamento de atestados de óbitos e conteúdos falsos sobre caixões e sepultamentos. Tais boatos tentam minimizar os efeitos da pandemia e podem fazer com que as pessoas que neles creem relaxem os cuidados com a higiene pessoal e o distanciamento social, ações de contenção do espalhamento do vírus recomendadas pelas autoridades de saúde. O cemitério de Vila Formosa se transformou em um dos principais alvos desses boatos depois que a prefeitura da capital paulista anunciou a abertura de 8 mil novas valas. Como verificamos? Procuramos pela publicação original usando a plataforma de monitoramento de conteúdo Crowdtangle e chegamos a um perfil pessoal no Facebook. Entramos em contato com o usuário em um número de telefone disponível em seu feed de notícias. Perguntamos sobre a autoria do vídeo e ele negou. Informou que recebeu o vídeo em um grupo de WhatsApp e o publicou no Facebook. Entramos em contato com a assessoria de comunicação da Secretaria Municipal das Subprefeituras da Cidade de São Paulo (SMSUB), responsável pelo Serviço Funerário Municipal. Também consultamos o Plano de Contingenciamento Funerário para confirmar as informações prestadas. Verificação O vídeo que circula pelas redes sociais mostra um homem vestido com o que parece um uniforme falando com outro, que está dentro de um carro e que grava a conversa. Não é possível ler as informações do crachá, mas o homem que grava a cena o identifica como “funcionário do governo” e diz que ele trabalha no cemitério, onde não estariam ocorrendo mais enterros que o normal. A Prefeitura de São Paulo, responsável pelo Complexo Cemiterial Vila Formosa, nega que ele seja funcionário do Serviço Funerário e afirma que houve aumento no número de sepultamentos em toda a cidade. Na conversa, o autor do vídeo pergunta qual a média de enterros por dia. O homem responde: “Até agora não vi nenhum (…) As covas estão abertas, mas não tem ninguém morrendo nem enterrando ninguém. É uma jogada política. O que morre de gente é o dia-a dia normal e as covas estão todas abertas sem ninguém. Todas abertas para deixar o pessoal em pânico”, disse na conversa. A assessoria de comunicação da Secretaria Municipal das Subprefeituras da Cidade de São Paulo (SMSUB), da Prefeitura de São Paulo, nega a falta de enterros. O órgão, responsável pelo Serviço Funerário Municipal, explicou ao Comprova que o Complexo Cemiterial Vila Formosa é o maior da América Latina e é dividido em Vila Formosa I e Vila Formosa II. De acordo com a Secretaria, o vídeo foi gravado no cemitério da Vila Formosa l, em frente à área onde ocorrem os velórios. Ainda segundo a assessoria, os sepultamentos são feitos em dias alternados em Vila Formosa I e II. Isto quer dizer que todo dia um dos cemitérios fica sem sepultamentos para que sejam realizados os serviços de limpeza e de exumação de corpos. Além disso, afirmou que houve aumento de enterros. Em março deste ano foram registrados 1.131 e em abril foram 1.668 — crescimento de 47%. Pensando na maior demanda de sepultamentos durante a pandemia da covid-19, a prefeitura elaborou um Plano de Contingenciamento Funerário para garantir o funcionamento adequado do Serviço Funerário Municipal. Entre as medidas do Plano, anunciadas em 23 de abril, estavam a abertura de 8 mil valas no cemitério da Vila Formosa, 3 mil no São Luiz e 2 mil no Vila Nova Cachoeirinha. São essas valas anunciadas no cemitério que aparecem abertas no vídeo. Contexto O vídeo foi publicado em um momento em que há divergência de opiniões sobre o isolamento social. O presidente da República, Jair Bolsonaro, defende a retomada das atividades econômicas, assim como muitos dos seus apoiadores. Essa visão contraria as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde, que recomendam políticas de distanciamento social para evitar a disseminação do novo coronavírus e, consequentemente, o aumento do número de casos da covid-19. Os governos estaduais mantêm o isolamento em seus Estados. De acordo com a Constituição Federal, em casos de saúde pública, como a pandemia de covid-19, não há hierarquia entre os entes da federação. Ou seja, um decreto federal não vale mais que um estadual. Cabe ao Poder Judiciário decidir qual política pública obedece melhor às leis. Contestar os números oficiais de óbitos é uma das táticas utilizadas por disseminadores de desinformação para causar indignação na população. Uma corrente falsa de WhatsApp utilizou dados falsos de óbitos por covid-19 para erroneamente dizer que teriam morrido menos pessoas no começo de 2020 em comparação ao mesmo período de 2019. Já no Amazonas, onde foi preciso adotar os sepultamentos coletivos para atender à demanda de enterros, o governo foi acusado de enterrar caixões vazios para causar pânico na população. No mesmo estado, um boato nas redes sociais dizia que o número de mortes teria caído depois de uma visita do ministro da Saúde Nelson Teich. Alcance O vídeo ganhou grande repercussão com a sua postagem numa conta pessoal no Facebook. A publicação, do dia 2 de maio, já passa de 62 mil compartilhamentos e teve aproximadamente 620 mil visualizações até o dia 12 de maio. O conteúdo foi republicado por páginas como “Metralhando a Corrupção” e “Nas Ruas”.
https://img.estadao.com.…617563593097.jpg
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['Projeto Comprova']
[]
['fake news [notícia falsa]', 'coronavírus']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/ataque-de-vespas-gigantes-na-china-ocorreu-em-2013-video-circula-fora-de-contexto/
ESTADAO_VERIFICA
Ataque de vespas gigantes na China ocorreu em 2013; vídeo circula fora de contexto
Inseto venenoso foi visto recentemente nos Estados Unidos, mas ainda não houve nenhum ataque contra humanos
2020-05-11
Uma reportagem da TV Brasil tem sido compartilhada fora de contexto no Facebook. O vídeo “Onda de ataques de vespas gigantes venenosas já matou 41 pessoas na China” foi veiculado originalmente em 3 de outubro de 2013, mas tem circulado nas redes sociais sem data. As postagens tentam relacionar a reportagem antiga ao fato de vespas gigantes terem sido encontradas pela primeira vez nos Estados Unidos recentemente. A matéria da TV Brasil mostra uma onda de ataques registrada no noroeste da China em 2013. Mais de 1,6 mil pessoas haviam sido tratadas contra picadas do inseto na época em que a reportagem foi veiculada. O vídeo registra que houve casos de pessoas que receberam até 200 picadas das vespas, que têm cinco centímetros de comprimento. No início deste mês, o mesmo tipo de inseto foi visto em duas ocasiões nos Estados Unidos, no Estado de Washington. Cientistas ouvidos pela CNN demonstram preocupação com a população de abelhas, que é baixa no país norte-americano, já que as vespas destroem colmeias. Fazendeiros dependem de abelhas para polinizar suas plantações. Não foram registrados ataques contra humanos nos EUA. Pesquisadores entrevistados pela National Geographic afirmam que não há motivo para pânico e que medidas cautelares estão sendo tomadas. Desde o início da pandemia do novo coronavírus, vários boatos sobre a China passaram a viralizar nas redes sociais. Veja uma lista de tudo que o Estadão Verifica já checou. Foto: Reprodução/Facebook Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
https://politica.estadao…110520200854.png
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['Alessandra Monnerat']
[]
['China [Ásia]', 'fake news [notícia falsa]']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/descoberta-de-anticorpo-em-israel-ainda-nao-significa-cura-para-coronavirus/
ESTADAO_VERIFICA
Descoberta de anticorpo em Israel ainda não significa cura para coronavírus
Achado científico precisa passar por testes e regulação; vídeo viral define estudo israelense como vitória de Bolsonaro
2020-05-07
Esta checagem foi produzida pela coalizão do Comprova. Leia mais aqui. É falso que Israel tenha descoberto a cura para o novo coronavírus, ao contrário do que afirma o título de um vídeo com mais de 580 mil visualizações no YouTube. A descoberta a que o vídeo se refere é, na verdade, de um anticorpo que neutraliza o SARS-CoV-2, vírus que causa a covid-19, em estudo do Instituto de Pesquisas Biológicas (IIBR) do Ministério da Defesa israelense. LEIA TAMBÉM Veja todas as checagens sobre coronavírus publicadas pelo Estadão Verifica A instituição anunciou o achado científico como um avanço significativo, mas enfatizou que ainda trabalha em uma patente e que ainda não é uma “vacina para toda a população”. Nesta quinta-feira, 7, o ministro da Defesa de Israel, Naftali Bennett, divulgou a descoberta de mais três anticorpos no mesmo instituto. Ele comemorou o avanço, mas ressaltou que ainda seria necessária “uma série de testes complexos e um processo de aprovação regulatória”, o que pode levar “vários meses”. Por que checamos isto? O Comprova verificou este vídeo porque conteúdos que anunciam a descoberta de curas ou de vacinas para a covid-19 podem ter como um de seus efeitos desmobilizar a sociedade a respeito da necessidade de se proteger da doença. Pesquisas estão sendo realizadas em diversas partes do mundo tanto para desenvolver uma vacina contra o vírus quanto para encontrar um possível tratamento para a doença que ele provoca. Em um cenário em que o mundo ainda não tem cura ou vacina para a covid-19, que é altamente contagiosa, entidades como a Organização Mundial da Saúde (OMS) orientam os países a realizar um ativo processo de testagem para rastrear os doentes, mas também recomendam o distanciamento social e o isolamento das pessoas infectadas. Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma mentira. Como verificamos? O Comprova consultou o site oficial do IIBR e do Ministério da Defesa de Israel. Também acessamos as redes sociais das duas instituições e do ministro da pasta, Naftali Bennett. Os links utilizados como fonte estão no texto abaixo. Verificação O Ministério da Defesa de Israel, pasta à qual o Instituto Israelense de Pesquisa Biológica (IIBR) é subordinado, anunciou em suas redes sociais em inglês e em hebraico, na terça-feira, 5, que o laboratório isolou um anticorpo que “neutraliza” o coronavírus SARS-CoV-2, causador da covid-19. Segundo o comunicado, o IIBR é “a primeira instituição a alcançar um avanço científico que atende simultaneamente” três parâmetros importantes: é capaz de neutralizar o novo coronavírus; foi testado especificamente no novo coronavírus que causa a covid-19; e é “monoclonal”, o que significa que não tem proteínas adicionais que podem causar complicações para os pacientes. Na versão em hebraico do comunicado, que pode ser traduzida para diversos idiomas usando ferramentas como o Google Tradutor, o Ministério da Defesa afirma que o instituto está “atualmente trabalhando em uma patente” para a descoberta e depois vai entrar em contato com farmacêuticas internacionais. O comunicado enfatiza que o anticorpo “tem o potencial de desenvolver uma cura”, mas que “não é uma vacina para toda a população”. Ainda segundo o Ministério da Defesa de Israel, a descoberta será seguida por uma “série complexa de experimentos e um processo de aprovação regulatória”. De acordo com os cientistas do IIBR, diz a nota, a natureza da descoberta pode reduzir esse trâmite, “que pode se prolongar por vários meses”. Contexto A divulgação do vídeo com informações falsas se dá em meio à continuidade da tensão no Brasil a respeito das divergências sobre como lidar com a pandemia. Enquanto os governos estaduais adotaram, em diferentes intensidades, as medidas de isolamento social, o presidente Jair Bolsonaro continua a ser uma das poucas lideranças políticas no mundo que se posiciona contra tais medidas. O vídeo afirma que, com a suposta cura, “a esquerda perdeu novamente”, ecoando parte da estratégia política de Bolsonaro de classificar todos seus eventuais adversários como esquerdistas. “Se a esquerda pensava que o Brasil ia parar e o governo de Jair Bolsonaro seria abalado, estão muito enganados (sic). A boa notícia chegou hoje e já podemos comemorar”, afirma o locutor do vídeo. Na sequência, o locutor pede o compartilhamento das imagens “pois o Brasil precisa ouvir isso”. E emenda uma frase que reitera a argumentação de Bolsonaro nos últimos meses, afirmando que “vamos voltar a produzir, a trabalhar e a crescer novamente”. De acordo com a agência Reuters, Israel foi um dos primeiros países do mundo a fechar as fronteiras e a impor restrições na circulação de pessoas para evitar a disseminação do novo coronavírus. Até esta quinta-feira, 7, foram registrados 16.346 casos da covid-19 no país, com 239 mortos pela doença, segundo a Universidade Johns Hopkins. Alcance O vídeo com título “Até que enfim… Desc0berta cura para cor0navírus! Bolsonaro fica mais f0rte e esquerd4 perdeu…” obteve 588,7 mil visualizações desde o dia 5 de maio. O conteúdo foi publicado pelo canal DR News, que tem 989 mil inscritos no YouTube. Leitores solicitaram a checagem do vídeo por meio do WhatsApp do Comprova (11 97795-0022).
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['Projeto Comprova']
[]
['Israel [Ásia]', 'coronavírus', 'fake news [notícia falsa]']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/numero-de-mortes-por-coronavirus-nao-diminuiu-no-amazonas-apos-visita-do-ministro-da-saude/
ESTADAO_VERIFICA
Número de mortes por coronavírus não diminuiu no Amazonas após visita do ministro da Saúde
Ao contrário do que afirmam posts em redes sociais, Estado registrou recorde de óbitos pela covid-19 depois da visita de Nelson Teich
2020-05-07
Esta checagem foi produzida pela coalizão do Comprova. Leia mais aqui. Não é verdade que o número de mortes causadas pelo novo coronavírus tenha reduzido no Amazonas depois da visita do ministro da Saúde, Nelson Teich, ao Estado. LEIA TAMBÉM Veja todas as checagens sobre coronavírus publicadas pelo Estadão Verifica Uma publicação compartilhada nas redes sociais diz que, antes da visita do ministro, o governo registrava 140 óbitos diários, mas, com a chegada de Teich, o número caiu para 46, sendo apenas dois por covid-19. O conteúdo dessa mensagem é falso. Ao contrário do que afirma a publicação, o Amazonas registrou recorde de óbitos em um único dia na última terça-feira, 5, quando o ministro deixou a capital, Manaus. Por que investigamos isso? O Comprova monitora conteúdos duvidosos sobre o novo coronavírus e sobre a covid-19 compartilhados nas redes sociais e aplicativos de mensagens. A decisão pela checagem considerou três aspectos: Muitos boatos têm sido compartilhados nas redes sociais com conteúdos enganosos que negam os números da pandemia, minimizam os efeitos da covid-19 ou que questionam as decisões de governadores que adotam medidas como isolamento social. Nesta semana, o Brasil teve recorde de mortes pela por covid-19 em um único dia — foram 615, entre terça e quarta-feira. No Amazonas, o número de óbitos causados pela covid-19 também aumentou, e o Estado enfrenta um colapso do sistema de saúde e do sistema funerário. O Comprova verifica a veracidade de conteúdos suspeitos que tenham grande viralização. O texto verificado foi curtido e retweetado milhares de vezes pelo Twitter e apareceu no monitoramento do Comprova em publicações no Facebook e no WhatsApp. Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma mentira. Como verificamos? O Comprova acessou dados do Ministério da Saúde sobre o número de casos de infecção pelo novo coronavírus no Amazonas. Também utilizamos dados relacionados ao repasse de verbas do Ministério para o Estado e entramos em contato com as assessorias de imprensa das secretarias de saúde do governo do Amazonas e da cidade de Manaus. O Comprova ainda consultou matérias publicadas na imprensa sobre a situação da pandemia no Amazonas e tentou fazer contato com o responsável pela publicação, no Twitter. Você pode refazer o caminho da verificação acessando os links que oferecemos nesta reportagem. Verificação Recorde de Mortes no Amazonas Uma das primeiras publicações foi feita pelo perfil @GrimoaldoL, no Twitter, na tarde de terça-feira (05). A mensagem havia sido compartilhada por 1,6 mil pessoas e curtida por 4,2 mil até o dia 07/05, quando esta verificação foi concluída. Na publicação, o autor afirma que no dia 04 de maio, quando o ministro da Saúde realizava visitas a hospitais de Manaus, 46 pessoas haviam morrido em todo Estado, sendo apenas duas delas por covid-19. Diz, ainda, , que no dia 05 de maio, quando a mensagem foi compartilhada, haviam sido registradas 39 mortes. A afirmação é falsa. De acordo com dados divulgados pelo governo do Amazonas, no dia 4 de maio foram registradas 36 novas mortes só por covid-19 no Amazonas, sendo 22 delas em Manaus. Já no dia 5 de maio, o Estado bateu recorde diário no número de mortes registradas por coronavírus, com 65 óbitos — 41 na capital. Outro trecho da mensagem que circula pelo Twitter afirma que, antes da visita do ministro, o governo de Manaus dizia que morriam 140 pessoas por dia no estado. A prefeitura da capital negou a informação. Por e-mail, o município disse que “o recorde de óbitos no sistema público funerário ocorreu no dia 26 de abril, quando 120 sepultamentos e duas cremações foram realizadas”. Além disso, “a média de sepultamentos e cremações no sistema público funerário nos cinco primeiros dias de maio segue muito acima da média diária de todo o ano de 2019, que foi de 28,3 sepultamentos”, informou a prefeitura. O Comprova entrou em contato com o autor da publicação no Twitter, para saber a fonte das informações que divulgou. Ele respondeu que havia lido uma notícia sobre o assunto e que encaminharia o link da reportagem. Contudo, isso não foi feito até o momento da publicação desta checagem. Uma outra versão do texto falso, que também circulou pela internet, dizia que houve redução de 1000% no número de mortes no Estado em dois dias, o que, além de não fazer sentido, matematicamente, não se confirma em nenhum aspecto. O Amazonas registrou um aumento de 38% no número de mortes entre o domingo (03) e terça-feira, 5, período da visita do ministro ao Estado. Manaus é uma das cidades mais atingidas pela covid-19 no país, registrando um aumento de 60% no número de casos confirmados da doença na última semana. A taxa de mortalidade do coronavírus no Estado é a mais alta do país e já fez com que a Prefeitura de Manaus abrisse uma vala em um cemitério público da cidade para conseguir realizar todos os sepultamentos. Os dados divulgados pelo Ministério da Saúde no dia 7 de maio mostram que o Amazonas registra 9.243 casos da covid-19 e 751 mortes. A VISITA DO MINISTRO O Amazonas é o primeiro Estado visitado pelo ministro da Saúde, Nelson Teich, durante a pandemia. Na visita, que durou dois dias, Teich conheceu hospitais em Manaus e anunciou a chegada de 267 profissionais de saúde para reforçar o enfrentamento ao coronavírus no Estado. Ao todo, são 37 médicos, 118 enfermeiros, 57 técnicos em enfermagem, 26 fisioterapeutas, 12 farmacêuticos e 17 biomédicos, que vão atuar em todo o Amazonas. Desde o início da pandemia, o Ministério da Saúde destinou R$ 68,8 milhões ao Estado para o fortalecimento da rede hospitalar e de vigilância, além do envio de 1,5 milhão de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e de 90 respiradores. Contexto Os dados sobre a dimensão da pandemia do novo coronavírus no Brasil vem sendo constantemente questionados por grupos contrários às medidas de isolamento social e podem ser prejudiciais no combate à doença no país. O texto verificado sugere, de forma equivocada, que, com a presença do ministro da Saúde, dados que estariam inflados passaram a ser registrados da forma correta. Alcance A mensagem havia sido compartilhada por 1,6 mil pessoas e curtida por 4,2 mil, no Twitter, até o dia 07/05, quando esta verificação foi concluída. O conteúdo desta verificação também foi checado por Aos Fatos.
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['Projeto Comprova']
[]
[]
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/ao-contrario-do-que-afirma-blog-oms-recomenda-isolamento-como-uma-das-medidas-de-combate-ao-novo-coronavirus/
ESTADAO_VERIFICA
Ao contrário do que afirma blog, OMS recomenda isolamento como uma das medidas de combate ao novo coronavírus
Declaração de uma porta-voz da OMS foi tirada de contexto para dar a entender que a organização não recomenda o confinamento como ferramenta de combate ao novo coronavírus. O Comprova verificou a declaração original e está claro que a recomendação é que não se utilize o isolamento como única medida de combate
2020-05-06
Esta checagem foi produzida pela coalizão do Comprova. Leia mais aqui. É enganosa a afirmação de que a OMS (Organização Mundial da Saúde) não recomenda o confinamento como estratégia de combate ao novo coronavírus. Ela foi divulgada pelo blog Estibordo, que tem uma seção dedicada a traduzir artigos de viés político de direita. O texto, compartilhado pela página do grupo no Facebook, foi baseado na entrevista de Margaret Harris, porta-voz da OMS, para o jornal The Sydney Morning Herald, sobre o afrouxamento da quarentena na Austrália. LEIA TAMBÉM Veja todas as checagens sobre coronavírus publicadas pelo Estadão Verifica O título “OMS diz que nunca aconselhou a aplicação de confinamento como medida para o combate ao coronavírus” desinforma o leitor, já que ao longo do texto fica claro que a declaração da representante da OMS é no sentido de que a organização não recomenda o isolamento como a única medida de combate à pandemia. O Comprova verificou a declaração original e está claro que a recomendação é que não se utilize o isolamento como única medida de combate. Foto: Reprodução Por que investigamos isso O Comprova monitora conteúdos duvidosos sobre coronavírus e sobre a covid-19 e encontrou o link para esse texto sendo compartilhado nas redes sociais. Também recebeu de seus leitores solicitações de checagem. A decisão pela checagem considerou dois aspectos: Um estudo feito por pesquisadores brasileiros apontou que o Brasil deve ser o próximo epicentro de contágio do novo coronavírus no mundo. Como ainda não há medicamento para tratar a covid-19 nem vacina para preveni-la, medidas de isolamento e distanciamento social são apontadas por autoridades sanitárias como as únicas maneiras de reduzir a contaminação do novo coronavírus. O Comprova verifica a veracidade de conteúdos suspeitos sobre coronavírus e a covid-19 que tenham grande viralização. O texto verificado está presente em mais de uma centena de postagens no Twitter e no Facebook. Enganoso para o Comprova é todo o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro com o propósito de mudar o seu significado; que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor. Como verificamos Começamos com o artigo original citado no texto do Estibordo, uma reportagem do jornal australiano The Sydney Morning Herald. Também entramos em contato com o escritório da Organização Mundial da Saúde no Brasil para confirmar que a entrevistada, Margaret Harris, trabalha como porta-voz da organização e quais são as diretrizes para o isolamento social recomendadas pela OMS. Por fim, procuramos informações sobre o combate ao novo coronavírus nos site do Ministério da Saúde da Austrália e na imprensa local. O que consta na declaração original O texto publicado no blog Estibordo foi traduzido de um artigo originalmente publicado em francês pelo site russo Sputnik. Na página “Quem somos?”, a Sputnik se identifica como uma agência de notícias da Rússia e afirma que pertence à Empresa Federal Estatal Agência Internacional de Notícias Rossiya Segodnya. Tanto o artigo em francês quanto a tradução brasileira usam a palavra “nunca” no título (“OMS diz que nunca aconselhou a aplicação de confinamento como medida para o combate ao coronavírus”) e, com isso, passam a impressão de que a organização é contra as medidas de isolamento em geral. A declaração da porta-voz da Organização Mundial da Saúde foi tirada de contexto. A matéria original, publicada pelo jornal The Sydney Morning Herald, é sobre o afrouxamento das medidas de isolamento na Austrália. Na entrevista, Margaret Harris afirma que a Austrália e a Nova Zelândia são exemplos de combate à pandemia porque fizeram uma quarentena rigorosa e colocaram em prática medidas para identificar a disseminação do novo coronavírus entre a população. “Nunca dissemos façam lockdown — dissemos identifiquem, façam o rastreamento e acompanhem o desenvolvimento dos casos, isolem e tratem os doentes”, disse Harris. O texto também confunde ao misturar conceitos diferentes: distanciamento social, isolamento e lockdown. Para a OMS, distanciamento social são as medidas aplicadas a entornos sociais específicos, ou à sociedade em sua totalidade, para reduzir o risco de adquirir ou difundir a covid-19. O lockdown é a forma mais radical, quando as pessoas são proibidas de sair de casa — salvo exceções como atendimento médico. Já o isolamento (também chamado de “confinamento”) é a separação de pessoas que já estão doentes para não propagar a infecção ou contaminação. De acordo com a assessoria de imprensa da OPAS, braço pan-americano da OMS, “distanciamento social e isolamento são algumas das medidas não farmacológicas recomendadas no contexto da covid-19”. A crítica de Harris, da OMS, é aos países que implantaram políticas de lockdown inspiradas nas medidas colocadas em prática em Wuhan, primeira cidade onde o novo coronavírus foi detectado na China, sem a aplicação de outras políticas de controle, como o rastreamento de todos que tiveram contato com doentes para o isolamento dessas pessoas e o testes realizados em massa na população. “É muito mais do que apenas fechar tudo”, disse Harris. Situação na Austrália A Austrália conseguiu achatar a curva da doença. O país estava mais vulnerável pela proximidade (geográfica e comercial) com a China e pelos navios de cruzeiro que circulam por lá. Os resultados positivos se devem a uma ação rápida do governo logo que os primeiros casos foram confirmados, em 20 de janeiro. Até o dia 05 de maio, o país tinha registrado 6.849 pessoas infectadas pela covid-19 e apenas 96 mortes. A porta-voz da OMS também elogiou a forma como o país, e a Nova Zelândia, “levaram a pandemia realmente a sério, insistindo que era um caso grave, e comunicando isso para a população”, disse ao The Sydney Morning Herald. As medidas de distanciamento social na Austrália foram estabelecidas pelos estados. Mas todas tinham em comum o rigor. As autoridades de saúde rastrearam os doentes, que ficaram isolados. Quem teve contato com pessoas infectadas ou chegou ao país depois do dia 15 de março também teve que ficar confinado. Além disso, foram realizados testes em massa na população. Com a redução no número de os casos, a partir da última semana de abril os estados tiveram a autorização do governo federal para começar uma volta gradual à normalidade. Contexto Textos afirmando que medidas de isolamento social e quarentena são ineficazes têm se espalhado por veículos e grupos de mensagem de direita, muitas vezes acompanhados de mensagens que estimulam a volta das atividades econômicas. O Projeto Comprova já verificou conteúdo com informações da OMS divulgadas de maneira enganosa em outra ocasião. O blog Estibordo divulga conteúdos de direita, muitas vezes já publicados fora do Brasil. “Nesta seção trazemos traduções feitas por nossa equipe dos maiores escritores ao redor do mundo defendendo a causa da direita no cenário político atual”, diz a descrição da seção “Tradutores de Direita”, que também dá nome ao grupo de Facebook ligado ao blog. Os posts mais recentes do grupo trazem críticas ao governador de São Paulo, João Doria, e às medidas de isolamento adotadas pelo Estado. Esses questionamentos aparecem, inclusive, na publicação com o link do texto, embora o conteúdo não tenha nada a ver com as políticas paulistas. O Comprova entrou em contato com os autores do blog pelo Facebook, mas não obteve resposta. Alcance A publicação do blog Estibordo divulgada no grupo de Facebook Tradutores de Direita teve 623 compartilhamentos até o dia 05 de maio. No Facebook, encontramos outras 60 postagens do mesmo conteúdo. No post que mais viralizou no Twitter, o texto traduzido foi curtido 564 vezes até a mesma data e tuitado por outros 45 perfis. Mas uma publicação da mesma usuária com a versão do conteúdo em francês, publicada pela agência Sputnik, teve muito mais alcance, com mais de cinco mil curtidas.
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['Projeto Comprova']
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['OMS [Organização Mundial de Saúde]', 'fake news [notícia falsa]']
2021-05-20
['ENGANOSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/audio-de-medico-e-verdadeiro-mas-opiniao-sobre-origem-do-coronavirus-nao-tem-respaldo-cientifico/
ESTADAO_VERIFICA
Áudio de médico é verdadeiro, mas opinião sobre origem do coronavírus não tem respaldo científico
O áudio foi realmente gravado por Roberto Zeballos. Ao comentar sobre tratamento para a covid-19, o médico afirma a outro profissional que o coronavírus “veio de um laboratório de Wuhan”, mas não há evidências disso, e um estudo publicado pela Nature Medicine descarta a hipótese
2020-05-05
Áudio em circulação no WhatsApp traz afirmações duvidosas ditas pelo imunologista Roberto Zeballos e endereçadas a outro médico, Lucas Barbieri, sobre a origem do novo coronavírus. A conversa sobre as possibilidades de tratamento da covid-19 — doença causada pelo vírus — foi registrada na quarta-feira, 29 de abril, e viralizou pelo aplicativo. O Comprova confirmou a autenticidade do material com as duas fontes. No início da gravação, Zeballos afirma que o novo coronavírus “veio de um laboratório ao lado de Wuhan” e que o governo da China estaria escondendo a informação. Segundo ele, uma pesquisadora chinesa estaria utilizando o vírus para estudos sobre inflamação pulmonar quando um “acidente” teria dado início à pandemia. As afirmações, no entanto, não apresentam respaldo científico. Informações ditas durante conversa de dois médicos foram descartadas por estudo publicado pela Nature Medicine. Foto: Reprodução Estudo publicado pelo periódico médico Nature Medicine, em 17 de março, concluiu que “claramente” o vírus SARS-CoV-2, que provoca a covid-19, “não é uma construção de laboratório ou um vírus propositalmente manipulado”. Segundo os pesquisadores, as características genéticas do novo coronavírus indicam que ele é fruto da seleção natural, ocorrida em um animal ou uma pessoa. Em entrevista ao Comprova, Roberto Zeballos disse que o áudio é “opinião pessoal” e que a colocação é “irrelevante” porque não pode provar. Ele justifica o conteúdo pelas declarações recentes do virologista francês Luc Montaigner, vencedor do Prêmio Nobel de Medicina em 2008, e entende que é “muita coincidência” a localização do laboratório de Wuhan próxima ao epicentro da pandemia. Por que checamos isto? O Comprova recebeu diversos pedidos de leitores para verificação do áudio nos últimos dias, o que indica forte circulação do material no WhatsApp. Chamou a atenção que o suposto autor do áudio era o médico Roberto Zeballos, cuja entrevista à Rede Record sobre tratamento de covid-19 com corticoides e antibióticos foi distorcida em boato que afirmava ter sido encontrada a “cura oficial” da doença ao longo do mês de abril. Além disso, postagens falsas sobre a origem do novo coronavírus são comuns nas redes sociais, acompanhando embates entre líderes políticos mundiais e teorias infundadas de que a China teria “fabricado” o vírus por razões econômicas. Tais afirmações fragilizam a relação entre o Brasil e a China — principal parceiro comercial brasileiro. O Comprova já fez outras verificações sobre o mesmo assunto. Comprovado, para o Projeto Comprova, faz referência a fatos verdadeiros, eventos confirmados, localização comprovada ou conteúdo original publicado sem edição. A etiqueta foi escolhida com base no último critério. Enganoso, para o Comprova, é um conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano. Como verificamos? O autor do áudio se apresenta como “doutor Zeballos”. A reportagem entrou em contato por telefone com o médico Roberto Zeballos, que havia sido fonte em verificação recente e confirmou a autoria. Ele também explicou o contexto da gravação, respondeu perguntas sobre o conteúdo e confirmou o nome do destinatário. Com base no conteúdo do áudio, o Comprova pesquisou o nome do destinatário, Lucas Barbieri, no LinkedIn, e encontrou o perfil de um cirurgião cardiovascular com atuação em São Paulo. Ele foi contatado por e-mail e mensagens, bem como telefone da clínica, e confirmou o recebimento da mesma gravação na semana passada. Por fim, o Comprova realizou a transcrição do áudio e verificou as afirmações com base em notícias, pesquisas e verificações feitas anteriormente acerca de boatos sobre a origem do novo coronavírus. Do que se trata o áudio? O autor do áudio que circula no WhatsApp é o médico Roberto Zeballos, que atua em consultório próprio, em São Paulo, e nos hospitais Vila Nova Star, Sírio-Libanês e Albert Einstein. Recentemente, Zeballos concedeu entrevista à Rede Record afirmando ter obtido resultados clínicos animadores com o tratamento de pacientes com covid-19. Uma cópia desse vídeo viralizou nas redes sociais e a ela foi agregada por um perfil no Facebook uma descrição falsa de que teria sido encontrada a “cura oficial” para a doença, boato que o Comprova desmentiu em abril. De acordo com relato de Zeballos, confirmado pelo Comprova com o interlocutor da conversa, o áudio em circulação foi encaminhado ao cirurgião cardiologista Lucas Barbieri por intermédio de um paciente em comum, no dia 29 de abril. Barbieri atua nas instituições Beneficência Portuguesa de São Paulo, HCOR, Hospital Alemão Oswaldo Cruz e Hospital Santa Catarina (ACSC). Zeballos afirma que a intenção era compartilhar com o colega experiências que estariam dando certo no tratamento de seus pacientes, enquanto aguarda a finalização de estudo, o que deve ocorrer apenas em junho. Segundo ele, a ideia era “ver se eles incluem o protocolo que a gente está fazendo”. Barbieri disse que contatos do tipo entre profissionais da saúde são comuns nessa pandemia, principalmente pelo fato de que a covid-19 é um desafio novo e os casos aumentam a cada dia. Ele não atua, porém, diretamente no atendimento a pacientes com a doença. Conteúdo enganoso Antes da descrição do tratamento que defende, Zeballos faz afirmações duvidosas no áudio sobre a origem do novo coronavírus. “Esse vírus veio lá da China, de um laboratório ao lado de Wuhan, onde tem uma chinesinha que pesquisava inflamação pulmonar com o vírus. O coronavírus era um vírus bom, porque ele infectava os animais, e ela estudava”, diz o médico. “Esse laboratório está a 200 metros de Wuhan, então houve um acidente (…) Houve um acidente, saiu e espalhou.” No entanto, não há respaldo científico de que o novo coronavírus seja artificial ou tenha sido fabricado. Pelo contrário: estudo publicado pelo conceituado periódico médico Nature Medicine, em 17 de março, analisou o genoma do vírus que provoca a covid-19 (SARS-CoV-2) e concluiu que “claramente não é uma construção de laboratório ou um vírus propositadamente manipulado”. Segundo os pesquisadores, as características genéticas do vírus, o sétimo coronavírus a infectar seres humanos, indicam que ele é fruto de seleção natural, ocorrida em um animal ou em uma pessoa. Em 19 de fevereiro, 27 cientistas publicaram uma declaração de apoio aos profissionais da China contra a covid-19 no periódico The Lancet. O texto afirma, entre outros tópicos, que o trabalho estava sendo “ameaçado por rumores e desinformação” sobre a origem da pandemia e que o grupo “condena fortemente teorias da conspiração sugerindo que a covid-19 não tem origem natural”. Além do estudo do Nature Medicine, foram citadas outras oito pesquisas com conclusões semelhantes. A hipótese de “acidente” no Instituto de Virologia de Wuhan também foi negada pela virologista Shi Zhengli, que lidera pesquisas sobre diferentes tipos de coronavírus a partir de amostras coletadas de morcegos desde 2003, quando a Ásia foi afetada pela epidemia de SARS. Em entrevista à revista Scientific American, ela disse que o laboratório verificou as sequências genéticas dos vírus circulando na China e nenhuma delas coincidiu com a dos vírus com que sua equipe trabalhava. Pesquisadores ouvidos pela Vox ainda rejeitam a teoria de acidente em laboratório ao afirmar que as probabilidades de contaminação no meio selvagem são muito maiores. O ecologista de doenças Peter Daszak cita estudo de 2018 na província de Yunnan, na China, em que descobriu que 2,7% da população próxima a cavernas havia desenvolvido anticorpos. “Se você extrapolar para a população presente em todo o Sudeste Asiático, são 1 milhão a 7 milhões de pessoas por ano sendo infectadas por vírus de morcegos.” Outro argumento é que não existe evidência de que os cientistas de Wuhan estariam trabalhando com o novo coronavírus — o mais próximo que estes descobriram, segundo estudos publicados, foi o vírus RaTG13, que compartilha 96% do genoma com o SARS-CoV-2. Porém, os pesquisadores entrevistados pela Vox afirmam que uma diferença de 4% é “enorme em termos evolutivos”. Zeballos também cita no áudio uma declaração recente do virologista francês Luc Montaigner de que o vírus teria sido criado em meio ao desenvolvimento de vacina contra o HIV no local, versão contestada por outros especialistas e também criticada pelo diretor da unidade de virologia e imunologia do Instituto Pasteur, da França, Olivier Schwartz. Argumenta ainda que o fato de o novo coronavírus ser transmitido “em qualquer clima” seria um indício de artificialidade — o Comprova não encontrou referências ou estudos que embasem essa teoria. No áudio, o médico também afirma que teria recomendado tratamento ao cardiologista Roberto Kalil Filho, do Hospital Sírio-Libanês. “Conversei com o Kalil ontem, ele me autorizou a falar que fui que falei para ele tomar o metilprednisolona que salvou ele”. Procurado pela reportagem, Zeballos negou a prescrição, disse que apenas conversou com o médico por mensagens, e que o tratamento foi decidido pelos médicos que o atendiam. Sobre a eficácia do medicamento, diz que é sua “impressão” e que “aguarda estudos”. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, publicada em 10 de abril, Kalil Filho declarou ter sido tratado com cloroquina, antibióticos, corticoides e anticoagulantes e que “não dá para saber o que fez mais efeito ou se foi o conjunto”. Outro ponto confuso do áudio é o trecho em que o Hospital Israelita Albert Einstein é citado. Zeballos diz o seguinte: “(…) quem tiver menos resistência não aguenta ficar muito tempo no tubo. As pessoas jovens aguentam. Tanto que, no Einstein, a gente entubou mais de 40 pessoas. No Vila Nova, os meus casos não precisaram ser entubados”. A instituição questionou o número de pacientes atendidos e o médico justificou que, ao falar “a gente”, fazia referência à classe médica. A nota do Hospital Israelita Albert Einstein, divulgada em 4 de maio, afirma que o protocolo mencionado no áudio para tratamento de pacientes com covid-19 “não é o utilizado pela organização, pois todas as diretrizes adotadas pelo Einstein baseiam-se em evidências científicas e não na experiência isolada de um médico” e que “o profissional (Zeballos) não cuidou de número expressivo de pacientes no hospital conforme comenta em seu áudio.” Contexto Boatos sobre a origem do novo coronavírus na China são comuns nas redes sociais. Recentemente, o Comprova mostrou que o Nobel de Medicina Tasuku Honjo nunca disse que o coronavírus é artificial e esclareceu que reportagem de TV italiana sobre vírus criado em laboratório chinês não tem relação com a covid-19, por exemplo. As notícias falsas também refletem críticas e acusações de líderes políticos, como o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em 1º de maio, questionado por jornalistas se estava vendo algo que o deixasse altamente confiante de que a origem do vírus seria o Instituto de Virologia de Wuhan, Trump respondeu: “Sim, eu tenho”, sem detalhar o comentário. O presidente norte-americano disse ainda que a Organização Mundial da Saúde (OMS) “deveria se envergonhar por agir como agência de relações públicas da China”. A suspeita emergiu com a revelação de observações de diplomatas dos Estados Unidos em 2018. De acordo com a coluna do jornalista Josh Rogin, do jornal The Washington Post, diplomatas alertaram há dois anos sobre a precariedade dos níveis de segurança de pesquisas com coronavírus de morcego realizadas no Instituto de Virologia de Wuhan. Órgãos de inteligência, no entanto, afirmaram na sexta-feira (30) que concordam “com o amplo consenso científico de que o vírus da covid-19 não foi feito pelo homem ou geneticamente modificado”. Em 18 de março, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho 03 do presidente Jair, causou tensão entre o Brasil e a China ao culpar o país asiático pela pandemia. No Twitter, a embaixada da China rebateu as acusações e disse que Eduardo fazia acusações irresponsáveis. Apesar de as evidências apontarem para origem natural do vírus, cientistas ainda estão pesquisando de que forma ele entrou em contato, pela primeira vez, com humanos. Relatórios de autoridades de saúde chinesas e da Organização Mundial da Saúde (OMS) trabalhavam com a hipótese de que a doença se alastrou a partir de um mercado de frutos do mar da cidade de Wuhan. No entanto, estudo publicado no The Lancet em 24 de janeiro mostra que 13 dos 41 primeiros casos registrados não tinham relação com o mercado, enfraquecendo a tese. Especialistas ainda realizam pesquisas para descobrir se existiu algum hospedeiro intermediário. Alcance O Comprova recebeu de seus leitores diversas solicitações de verificação. O áudio tem sido compartilhado pelo WhatsApp e também foi encontrado em perfis no Twitter.
https://politica.estadao…050520200811.jpg
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['Projeto Comprova']
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['comprova', 'coronavírus', 'fake news', 'projeto comprova', 'whatsapp', 'Wuhan [China]', 'fake news [notícia falsa]']
2021-05-20
['ENGANOSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/foto-de-caixao-vazio-nao-e-atual-nem-foi-tirada-no-amazonas/
ESTADAO_VERIFICA
Foto de caixão vazio não é atual nem foi tirada no Amazonas
Imagem que circula nas redes sociais é de 2017, foi tirada em São Paulo e publicada em uma reportagem que denunciava um golpe para resgate de seguro de vida
2020-05-04
Esta checagem foi produzida pela coalizão do Comprova. Leia mais aqui. Uma publicação que contém a foto de um caixão aberto com um travesseiro dentro tem sido compartilhada nas redes sociais denunciando que caixões vazios estão sendo enterrados no estado do Amazonas. A imagem, contudo, não foi feita no Amazonas e nem mesmo no contexto da pandemia do coronavírus. A foto foi tirada em 2017 pelo repórter fotográfico Milton Rogério, do portal São Carlos Agora, e publicada em uma reportagem sobre golpe de seguro de vida. LEIA TAMBÉM Veja todas as checagens sobre coronavírus publicadas pelo Estadão Verifica Além da foto do caixão aberto, a publicação também mostra a imagem de um cemitério em Manaus, com uma fileira de caixões em uma vala, e afirma que a denúncia foi divulgada pelo Jornal da Band. A Prefeitura de Manaus garantiu que caixões não estão sendo enterrados vazios no município e que foi necessário abrir trincheiras em um dos cemitérios da cidade devido ao alto número de óbitos. A TV Band negou que tenha veiculado qualquer reportagem com o conteúdo da mensagem. Por que investigamos isso? O Comprova recebeu o conteúdo para investigação via WhatsApp e alguns motivos foram considerados para abrir uma verificação: Mensagens que tentam minimizar os efeitos da pandemia e questionam informações fornecidas por órgãos oficiais têm se tornado frequentes no Brasil. A mensagem viralizou em diferentes redes sociais, inclusive com versões adaptadas. Um post no Facebook publicado em um perfil pessoal no dia 23 de abril foi compartilhado por 12 mil pessoas. No instagram, a mensagem compartilhada pelo perfil “foracorruptosoficial”, que tem 107 mil seguidores, tinha 2.223 curtidas até esta sexta-feira (01). O Amazonas tem a maior taxa de mortalidade pelo coronavírus no país. Na capital, Manaus, a prefeitura precisou abrir uma vala para conseguir realizar os sepultamentos. Na última semana, mais de 100 pessoas foram sepultadas em um único dia. Diante desta situação crítica, a acusação de que caixões estariam sendo sepultados vazios é grave. A publicação contém uma foto curiosa, de um caixão com um travesseiro, o que levaria muitas pessoas a acreditar no conteúdo da mensagem. Além disso, o texto afirma que a informação foi divulgada por uma emissora de TV. Enganoso para o Comprova é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro com o propósito de mudar o seu significado. Como verificamos? Para verificar a origem das fotos, o Comprova usou o Google Imagens para fazer uma pesquisa reversa e descobriu que a foto que mostra o travesseiro dentro de um caixão foi publicada em 2017, em uma reportagem do portal São Carlos Agora que denunciava um golpe de seguro de vida. A matéria contava a fraude orquestrada por uma família de São Carlos, interior de São Paulo, que teria enterrado um caixão com apenas um saco de serragem dentro, para forjar uma morte e obter indenizações de seguradoras. Com a viralização da mensagem, o portal São Carlos Agora publicou uma nota explicando a origem da foto e afirmou que ela está sendo usada para espalhar informações falsas. O Comprova também entrou em contato com a rede Bandeirantes e com a Prefeitura de Manaus, que administra o cemitério onde a segunda foto foi tirada. Por mensagem, a Band Amazonas disse que “tem produzido matérias diariamente para o Jornal da Band falando da situação da saúde no estado do Amazonas, mas em nenhuma das reportagens relatou que caixões estavam sendo enterrados vazios”. Já a prefeitura de Manaus afirmou, por e-mail, que “não estão sendo enterrados caixões vazios nos cemitérios públicos da cidade”. Segundo a prefeitura, o sistema de valas foi adotado em um dos cemitérios do município devido ao aumento do número de sepultamentos na capital. “O número de sepultamos mais que triplicou nas últimas semanas, saindo de uma média diária de 30 sepultamentos antes da pandemia de covid-19 e já ultrapassando os 100 enterros por dia”, informou a prefeitura. A covid-19 no Amazonas Com alto pico de casos de coronavírus e unidades de tratamento intenso apenas em Manaus, o Amazonas foi o primeiro estado brasileiro a ver o sistema de saúde entrar em colapso. Atualmente o Amazonas contabiliza 6.683 casos da covid-19, de acordo com o Ministério da Saúde. Em números absolutos, o Estado ocupa o quinto lugar no ranking de mortes causadas pela Covid-19 no Brasil – eram 548 até a manhã desta segunda-feira, 4. O Estado tem a maior taxa de mortalidade da doença, de 132 por 1 milhão de habitantes. Muitos pacientes têm morrido em casa, a espera de leito. Só em Manaus foram registradas 396 mortes, segundo o boletim divulgado pelo governo do Estado. O alto número de mortes na capital levou a Prefeitura de Manaus a abrir valas em um cemitério da cidade para sepultar os caixões. Em abril, o município registrou 2.435 sepultamentos, um aumento de 179,5% em relação ao mesmo período do ano passado. A situação crítica do Amazonas tem preocupado o Ministério da Saúde, que enviou médicos, respiradores e equipamentos para o Estado, além de abrir vagas para contratação temporária de profissionais de saúde. Neste domingo, 3, o ministro da Saúde, Nelson Teich, desembarcou em Manaus com um reforço de profissionais para ajudar no combate do coronavírus. Alcance Até esta segunda-feira, 4, a publicação no Facebook tinha sido compartilhada por 12 mil pessoas, mas já havia sido sinalizada como falsa pelo Facebook em parceria com a Agência Lupa, que realizou a checagem do conteúdo. No Instagram, uma versão adaptada da mensagem tinha sido curtido por 2.223 seguidores do perfil ForaCorruptosOficial. Esta verificação também foi feita por Aos Fatos, Boatos.org, O Globo, e Agência Lupa.
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['Projeto Comprova']
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['fake news [notícia falsa]', 'coronavírus', 'amazonas', 'Manaus [AM]']
2021-05-20
['ENGANOSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/video-usa-informacoes-falsas-para-dizer-que-lockdown-foi-inutil-e-pico-de-covid-19-ficou-para-tras/
ESTADAO_VERIFICA
Vídeo usa informações falsas para dizer que lockdown foi inútil e pico de covid-19 ficou para trás
Teoria é baseada em estudo publicado por pesquisador israelense no Facebook, sem passar por revisão, mas instituições como OMS, Imperial College London e Universidade Johns Hopkins apontam o contrário. Brasil registrou recorde de novos casos nesta quinta-feira (30)
2020-05-01
Esta checagem foi produzida pela coalizão do Comprova. Leia mais aqui. Vídeo publicado no YouTube engana ao afirmar que “dados confirmam” que o pico da covid-19 no mundo já passou e o lockdown adotado por alguns países foi inútil. A afirmação é baseada em estudo de um professor israelense da Universidade de Tel Aviv, publicado em sua conta pessoal no Facebook, sem passar pela revisão de outros especialistas. LEIA TAMBÉM Veja todas as checagens sobre coronavírus publicadas pelo Estadão Verifica O vídeo, inclusive, diz que o Brasil já atingiu o pico da doença e que o número de casos está em queda. A afirmação é falsa. O país registrou recorde de novos casos nesta quinta-feira (30), com 7.218 novas confirmações da doença e 435 novas mortes registradas. Em todo o mundo, de acordo com a Universidade Johns Hopkins, o número de casos confirmados apresentou uma estabilização, mas ainda não apresenta sinais de queda. Relatório publicado na terça-feira (28) pelo Imperial College London afirma que apenas quatro países devem ter queda no número de casos na próxima semana, enquanto nove (incluindo o Brasil) devem ter aumento expressivo. Quanto ao lockdown e outros tipos de regras de isolamento social, a Organização Mundial da Saúde defende ser uma medida necessária para controlar a disseminação do novo coronavírus e evitar o colapso dos sistemas de saúde. Estudo do Imperial College London afirma que as medidas restritivas evitaram até 120 mil mortes na Europa. O autor faz outras afirmações falsas ao longo do vídeo, como a de que o governo de Israel não teria adotado o lockdown, que o Brasil apresentaria o menor número de casos por milhão no mundo e que a Coreia do Sul teria zerado a epidemia. O Comprova entrou em contato com o autor do vídeo, que preferiu não conversar com a reportagem. Por que investigamos esse conteúdo? O Comprova recebeu pedidos de leitores para verificação do conteúdo. A decisão levou em conta três aspectos. Boatos que diminuem a gravidade da pandemia de covid-19 e se mostram contrários a medidas de isolamento social podem ser prejudiciais à saúde das pessoas. Elas podem acreditar em informações falsas e tomar menos precauções. Chamou a atenção ainda o fato de que estudos e pesquisas têm sido distorcidas com frequência durante a pandemia do novo coronavírus, na tentativa de conferir “peso científico” a argumentos pessoais. Recentemente, o Comprova verificou conteúdos que distorciam conclusões de pesquisa de Harvard e inventavam que estudo brasileiro teria encontrado a “cura oficial” para a covid-19, por exemplo. O Comprova verifica somente conteúdos suspeitos sobre a covid-19 e o novo coronavírus que tenham obtido grande alcance nas redes sociais. O vídeo investigado obteve quase 300 mil visualizações no YouTube até esta quinta-feira (30). Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano. Como verificamos? O Comprova fez uma lista das afirmações feitas no vídeo e verificou cada uma delas, buscando fontes originais e acessando estudos de universidades reconhecidas, conteúdo jornalísticos e dados oficiais da epidemia do novo coronavírus no mundo. Por meio de pesquisas no Google, a reportagem encontrou o perfil do professor Isaac Ben-Israel no site da Universidade de Tel Aviv e o estudo em inglês, publicado pelo The Times of Israel. Também confirmou que ele havia divulgado o texto antes, em hebraico, em sua conta pessoal do Facebook. O Comprova então fez a leitura do conteúdo e comparou com as afirmações do vídeo. A reportagem acessou informações públicas oficiais, sites de universidades e notícias para verificar as medidas de prevenção adotadas e o cenário da pandemia nos seguintes países citados no vídeo: Israel, Reino Unido, Coreia do Sul, Japão, Estados Unidos e Brasil. Foram consultados artigos da Organização Mundial da Saúde, da Universidade Johns Hopkins e do Imperial College London, entre outros. O Comprova também pesquisou arquivos da BBC News Brasil e da revista Veja para verificar a teoria do autor de que a mídia estaria “mudando o discurso” com as supostas descobertas recentes. O que diz o estudo de Isaac Ben-Israel? O estudo mencionado no vídeo de fato existe e foi publicado por Isaac Ben-Israel em seu perfil no Facebook, no dia 12 de abril. O artigo não apresenta referências bibliográficas, nem cita a origem dos dados utilizados para a elaboração dos gráficos. Também não foram encontrados indícios de que tenha sido submetido à revisão por pares, termo que se refere ao processo de validação científica dos métodos e conclusões por outros especialistas da área. Ben-Israel argumenta que as estatísticas dos casos de infecção pelo novo coronavírus apresentam um padrão comum entre os países, independentemente se eles tomaram medidas severas, como o lockdown, ou moderadas. O padrão seria de que, após o primeiro registro, a infecção alcança um pico de novos casos em cerca de 6 semanas para então iniciar o declínio, chegando a zero em cerca de 10 semanas. A conclusão do autor é de que o lockdown pode ser interrompido “dentro de poucos dias” e substituído por uma política moderada de distanciamento social a partir de então. É enganoso afirmar, porém, que os dados contidos no estudo “confirmam” que o pico da covid-19 teria passado e o lockdown foi inútil. Fontes de referência na área, como o Imperial College London, têm relatórios que apontam o contrário, assim como estatísticas oficiais de países como o Brasil. Lockdown foi inútil? Apesar de as medidas de restrição de circulação de pessoas e o isolamento social dividirem a população e governantes de vários países, a estratégia é vista pela OMS como uma das mais eficazes para a contenção do vírus e diminuir, ou retardar, o pico de contágio da doença — possibilitando que os sistemas de saúde dos países possam se preparar de forma adequada. “Além das medidas de lockdown, precisamos de estratégias abrangentes baseadas em vigilância, em intervenção de saúde pública, testes, quarentena, e fortalecer os sistemas de saúde para absorver o golpe”, disse Michael Ryan, diretor executivo de emergências sanitárias da OMS em 1 de abril. Os países que mais tiveram sucesso para conter o número de casos adotaram algum tipo de medida de restrição de circulação e incentivo ao distanciamento social. Prova disso é Hong Kong, que apesar de não ter determinado lockdown, fechou escolas, universidade e proibiu viagens. Por outro lado, Itália e Espanha são considerados países exemplos de terem tomado medidas de restrição de forma tardia, o que acelerou o contágio, as mortes e colapsou o sistema de saúde. Apenas depois de semanas de lockdown as coisas começaram a melhorar. Um estudo do Imperial College London publicado em 30 de março ainda mostra que as medidas de isolamento social impostas na Europa evitaram até 120 mil mortes no continente. Esse relatório também refuta o argumento no vídeo de que não existiria “nenhuma confirmação” de que o lockdown tenha influenciado no número de casos. Pico de casos não ficou para trás O vídeo ainda aponta que o pico de casos no mundo ficou para trás, o que não é verdade, segundo o relatório publicado nesta terça-feira (29) pelo Imperial College London, sobre previsões de curto-prazo para a transmissão do novo coronavírus. O estudo aponta que quatro países devem ter queda de casos na próxima semana (República Dominicana, França, Itália e Espanha). Contudo, outros nove países (Brasil, Canadá, Índia, Irlanda, México, Paquistão, Peru, Polônia, Rússia) devem ter aumento expressivo. A inclusão do Brasil nessa lista do relatório ainda faz cair outra afirmação da publicação no Youtube: a de que o país já alcançou o pico da doença. O Ministério da Saúde afirma que não é possível determinar uma data para quando o Brasil alcançará o pico e chegará ao fim. Além disso, os números diários de casos e mortes causadas pelo novo coronavírus no Brasil mostram que o país ainda não chegou ao pico de contágio. Em 29 de abril o Brasil superou a China em número de mortes, chegando a 5.513. No dia seguinte, um recorde de novos casos confirmados: 7.218 em 24 horas. Em 30 de abril, o país soma 85.380. Segundo o Imperial College London, no Brasil, são esperadas cerca de 5,6 mil mortes para a próxima semana. Para os Estados Unidos, o prognóstico é de mais de 13 mil novas mortes no mesmo período. Em 23 países, é esperado que haja estabilização do número de casos. Segundo a plataforma de casos de Covid-19 no mundo da Universidade Johns Hopkins, ainda que o número de casos confirmados diariamente tenha apresentado uma estabilização, ainda não há sinal de queda. Israel adotou o lockdown Ao contrário do que afirma o vídeo, Israel adotou medidas rígidas de controle da doença, como proibição de aglomerações e fechamento de comércio. O próprio artigo de Isaac Ben-Israel defende o fim da política de lockdown do país. O Comprova consultou o site oficial do governo do país, disponível em inglês, para verificar as normas vigentes. Em 30 de abril, de acordo com artigo de referência contendo as diretrizes da polícia local (que é atualizado a cada alteração), estava proibida a visita a parques e praias e a operação de estabelecimentos como shoppings, bares, boates, academias, piscinas, zoológicos, cinemas, teatros, livrarias, museus e outras instituições de cultura e espaços de turismo. Restaurantes e cafés eram permitidos somente caso vendessem para consumo fora do estabelecimento, com pedidos pelo telefone ou pela internet. Segundo notícia do The Times of Israel, o governo local estabelece medidas de restrição à circulação desde 19 de março. Além disso, algumas escolas foram fechadas em 12 de março e só retornarão às atividades no próximo domingo. Coreia do Sul impôs isolamento e monitoramento da população É falso o trecho do vídeo que afirma que a Coreia do Sul não impôs nenhum tipo de distanciamento social. O país é considerado exemplo de contenção do vírus justamente por ter adotado tais medidas de forma precoce, quando os primeiros casos começaram a ser confirmados. Exemplo disso é o alerta à cidade sul-coreana de Daegu, onde surgiram os primeiros doentes. A maior parte dos casos iniciais foram de pessoas ligadas a uma igreja messiânica local. Após a confirmação, o prefeito da cidade pediu que todos ficassem em casa em um isolamento voluntário e recomendou o uso de máscaras para quem precisasse sair. O pedido foi atendido pela população, fato determinante para a contenção do vírus. Em todo o país também foram adotadas medidas como fechamento de escolas, aplicação massiva de testes, monitoramento da localização de pessoas contaminadas e multas para quem furava quarentena (contaminados ou que tivessem contato com contaminados). O país chegou a produzir 100 mil testes por dia. Com as pessoas sendo testadas com frequência, foi possível tratar aquelas com sintomas leves e reduzir a taxa de mortalidade. Isso aconteceu logo no início da pandemia. Uma semana depois do primeiro caso confirmado, ainda no final de fevereiro, milhares já eram testados. Em 29 de abril, o país registrou nove casos e duas mortes pela doença. Apesar do número baixo de novas confirmações de Covid-19, o sinal de alerta ainda está ligado e as restrições seguem valendo por medo de um segundo surto de contaminação. Viajantes que chegam à Coreia do Sul são obrigados a cumprir quarentena. Japão adotou medidas de distanciamento social após surto Apesar dos baixos números de casos e mortes confirmadas a partir de fevereiro, quando as primeiras confirmações da doença em território japonês foram feitas, o país sofreu um grande aumento de infectados entre março e abril. Sem medidas para restringir o isolamento social, o país viu uma nova onda de casos de coronavírus. A pressão da imprensa, de especialistas e de outros políticos fez com que o primeiro-ministro Shinzō Abe decretasse o estado de emergência em províncias do país em 7 de abril, e a medida foi estendida para todo o território japonês em 16 de abril. Dia 5 de abril, foram confirmados mais de 500 novos casos no país. Em 11 de abril, mais de 700. O estado de emergência não chega a ser um lockdown, mas permite que autoridades proponham fechamento de colégios, bares, lojas e parques. O governo também pediu para que a população evite viagens e saídas de casa desnecessárias, mas não há multa para quem descumprir as recomendações. O Japão também tem meta alta de índice de isolamento social. O governo quer atingir 80%, principalmente no feriado prolongado de 29 de abril a 6 de maio. Estados Unidos e Reino Unido: demora para impor medidas e recorde de casos Dois exemplos de países que praticaram medidas de restrição mais tardias são os Estados Unidos e o Reino Unido, que atualmente apresenta o maior número de óbitos por dia na Europa. Os dois países têm em comum ainda que seus líderes minimizaram inicialmente a gravidade da doença. De um lado, Donald Trump dizia que “tudo estava sob controle” e por outro, o primeiro-ministro Boris Johnson evitava determinar o lockdown. Os Estados Unidos são os primeiros da lista de número de casos do novo coronavírus, ultrapassando a marca de 1 milhão no país. As altas taxas de infecção e de letalidade se dão por vários fatores, como a demora do governo para agir contra a doença, falta de um sistema de saúde público acessível à população mais pobre e a diferença na situação de cada estado do território americano. Enquanto Nova York é considerada epicentro no país, estados como a Califórnia vivem situação menos alarmante até o momento. Foram registrados 50.740 casos na Califórnia contra 309.696 em Nova York até dia 1º de maio. A imprensa norte-americana coloca o presidente Donald Trump como um dos maiores responsáveis pelas altas taxas no país. Trump demorou a aceitar a gravidade da doença e agir, segundo especialistas. A rede americana CNN chegou a publicar um texto culpando o presidente. “Trump falhou na preparação para a pandemia mesmo depois dos alarmes. Ele ignorou os sinais dizendo repetidamente que tudo estava sob controle”. O sistema de saúde dos Estados Unidos também é diferente. Não há tratamento de graça e milhões de pessoas não têm um plano de saúde, o que faz com que elas evitem ir aos hospitais quando estão doentes. Depois de falhas, o país passou a submeter grande quantidade de pessoas ao teste para covid-19, o que fez o número de casos saltar. Hoje o país é o que mais aplica testes no mundo, com mais de 6 milhões. A proporção de exames para cada milhão de habitantes, no entanto, ainda é baixa e fica na faixa de 18 mil, atrás de países como Alemanha, Espanha, Itália e Rússia. Enquanto isso, o Reino Unido decretou lockdown em 23 de março. Em 16 de abril, as restrições foram estendidas por pelo menos mais três semanas, segundo pronunciamento do ministro das Relações Exteriores, Dominic Raab, que substituiu o primeiro-ministro Boris Johnson, afastado por ter contraído covid-19. De volta ao trabalho no dia 27 de abril, Johnson afirmou que ainda não é o momento para abrir mão das medidas de restrição. Entre as restrições, estão a proibição de aglomerações (mais de duas pessoas), ordem de sair apenas quando necessário, para compras de alimentos ou remédios, e ir ao trabalho apenas se for “absolutamente necessário”. Todo comércio considerado não-essencial foi fechado, assim como teatros e outros locais de aglomeração. O Primeiro Ministro autorizou que as medidas fossem fiscalizadas pela polícia, que pode multar em caso de descumprimento. Brasil não é o país com menos casos por milhão O autor do vídeo afirma falsamente que o Brasil é o país com menos casos de covid-19 por milhão. A China, por exemplo, apresenta cerca de um sétimo do número de casos por milhão registrado no Brasil — enquanto no país asiático são 59,9 casos confirmados a cada um milhão de habitantes, no Brasil são 401,7 casos. O Comprova calculou os valores com base na estimativa de população de China e Brasil em 2020 pelo Banco Mundial e no número de casos de covid-19 registrados nos dois países até 30 de abril, segundo a Universidade Johns Hopkins. Neste momento, os dois países apresentam número parecido de casos, mas a população da China é de 1,4 trilhão, contra 212 milhões do Brasil. A própria fonte utilizada pelo autor do vídeo (o Google Notícias, abastecido pela Wikipedia) mostra que ele está errado. Além da China, apresentam menos casos por milhão países como Índia, México, Paquistão, Japão, Polônia, Coreia do Sul, Ucrânia e Indonésia, todos com mais de 10 mil casos da doença em 30 de abril. A mídia mudou o discurso? O autor do vídeo no YouTube sugere que a mídia estaria “mudando o discurso” em razão de supostas descobertas recentes. Os artigos que ele usa de exemplo, porém, não afirmam em nenhum momento que o pico da covid-19 tenha passado ou que as medidas de restrição não tenham sido eficientes em algum local do mundo. Além disso, por meio de busca avançada no Google, o Comprova não encontrou menções anteriores a Isaac Ben-Israel e sua pesquisa publicada no Facebook. A reportagem da BBC News Brasil mencionada no vídeo, de 17 de abril, afirma que alguns países estavam adotando ou discutindo regras diferentes de flexibilização do isolamento social naquela época, entre eles Dinamarca, Coreia do Sul, Espanha, Itália, Alemanha, Áustria, República Tcheca e a cidade de Wuhan, na China. Porém, o texto também cita países que não tinham perspectiva de aliviar as medidas até o mês de maio — como Reino Unido, França e Estados Unidos — e recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para reduzir os riscos de “reaparição mortal” do novo coronavírus caso as nações optem por relaxar a quarentena. A matéria da revista Veja, publicada no dia 20 de abril e também citada, informa a existência de um estudo de pesquisadores norte-americanos que aponta alto índice de subnotificação de casos nos Estados Unidos entre 8 e 28 de março. Os autores sustentam que, com a entrada desses registros nas estatísticas oficiais, a taxa de mortalidade poderia diminuir, indicando a possibilidade de ela “não ser tão grave”. Por meio de ferramentas de busca avançada no Google, o Projeto Comprova pesquisou menções a Isaac Ben-Israel nos sites da BBC News Brasil e da Veja. Quanto ao primeiro, não há registro do nome em qualquer data. A Veja o publicou uma única vez, no dia 23 de abril de 2020 (data posterior à matéria mencionada), em nota sobre a participação do israelense em evento na internet. A ausência de referências anteriores ao professor e sua pesquisa torna improvável a teoria de que os veículos teriam “mudado o discurso” após a publicação do estudo, como sugere o vídeo. Quem é o autor do vídeo? O vídeo foi postado originalmente no canal do Youtube de Anderson Von Almeida. Antes da pandemia, a página tratava principalmente de assuntos ligados às criptomoedas. No entanto, nos últimos meses, há diversas postagens sobre coronavírus e política em geral. O Comprova entrou em contato com Anderson via e-mail, mas ele se recusou a comentar sobre o vídeo. “Meu trabalho vem sendo justamente o de combater a histeria criada por vocês. E ao que parece, modéstia parte, é algo que venho conseguindo e graça a nova mídia: a internet”, escreveu. Contexto As medidas de isolamento defendidas por autoridades sanitárias como única maneira de frear o avanço do novo coronavírus têm sido fortemente criticadas por parte da população e alguns governantes que as consideram autoritárias. O presidente Jair Bolsonaro já se declarou reiteradamente contra ações de controle de circulação de pessoas, como fechamento do comércio, afirmando que são catastróficas para a economia do país e do mundo. “Vai quebrar tudo”, disse, no dia 3 de abril. Essa narrativa tem reverberado entre seus seguidores e se traduzido em carreatas e protestos pela volta das atividades econômicas por todo o país. Contudo, como ainda não há vacina e nem remédio para o novo coronavírus, especialistas insistem que apenas o isolamento social é eficaz para atrasar as transmissões e dar tempo para que governos ampliem a capacidade de atendimento do sistema de saúde. Alcance Até 30 de abril, o vídeo publicado no Youtube de Anderson Von Almeida tinha 297 mil visualizações.
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2021-05-20
['ENGANOSO']
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ESTADAO_VERIFICA
Não é verdade que máscaras contaminadas serão distribuídas para a população de São Paulo
O Comprova verificou que não há previsão de distribuição de máscaras para a população por parte dos órgãos de saúde do estado e o próprio autor do vídeo se retratou nas redes sociais de uma afirmação que fez sobre a chegada ao porto de Santos de máscaras contaminadas por covid-19 vindas da China
2020-05-01
Esta checagem foi produzida pela coalizão do Comprova. Leia mais aqui. Não é verdade que máscaras de proteção contaminadas estariam sendo distribuídas pelo sistema de saúde em cidades da Baixada Santista, em São Paulo. A informação foi divulgada por um homem que se identifica como “Pastor Róbson” em suas redes sociais e que, posteriormente, publicou um vídeo se retratando da declaração. LEIA TAMBÉM Veja todas as checagens sobre coronavírus publicadas pelo Estadão Verifica O Comprova confirmou também com órgãos de saúde do estado que não há previsão de distribuição de máscaras para a população. Procurado pelo Comprova, o pastor se pronunciou por meio de sua assessoria de imprensa e disse que teria se “confundido” e produzido o vídeo inicial por estar “assustado” e “alarmado” com a informação que recebeu por meio de áudios e vídeos em um grupo no Whatsapp. Por que investigamos esse conteúdo? O Comprova recebeu o link para o vídeo por sugestão de leitores e também encontrou a publicação no monitoramento que faz das redes sociais. A decisão por investigar considerou dois pontos: Esta não é a primeira vez que circulam informações sobre a suposta contaminação de máscaras, e o Comprova já checou outros vídeos e áudios sobre o tema. O Comprova verifica somente conteúdos suspeitos sobre a covid-19 e o novo coronavírus que tenham obtido grande alcance nas redes sociais. O post que é alvo dessa verificação obteve mais de 500 mil visualizações. Falso, para o Comprova, é todo o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e que divulgue uma mentira. Como verificamos? Para fazer esta verificação, localizamos, por meio de buscas no Google, Facebook e Instagram, o pastor que aparece nas imagens. Na perfil dele no Instagram, há um número de telefone e entramos em contato por Whatsapp. A assessoria de imprensa do pastor Róbson nos respondeu e informou que ele já havia se retratado pelo vídeo publicado. Além disso, entramos em contato, por email, com o Ministério da Saúde, a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo e as Secretarias de Saúde do Guarujá e de Itanhaém, cidades mencionadas no vídeo, para checar se havia alguma previsão de distribuição de máscaras. Pastor se retratou das declarações Em um vídeo publicado no Facebook, o pastor Róbson Pentecoste diz que recebeu informações sobre um carregamento contaminado de máscaras de proteção que teriam chegado ao Brasil pelo Porto de Santos (SP). Segundo ele, os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) seriam distribuídos por agentes de saúde e nos postos. Ele alega que o mesmo tipo de material de proteção individual teria sido entregue nos Estados Unidos, e provocado vários casos da doença no país – o FBI teria recolhido parte do material. O Comprova entrou em contato com o pastor, e a assessoria de imprensa dele nos enviou uma série de links com notícias sobre problemas com máscaras produzidas na China. A seleção mistura informações de vários portais – alguns mais e outros menos conhecidos -, mas nenhuma fala efetivamente sobre contaminação de nenhum tipo. Questionamos, especificamente, sobre as alegações do vídeo divulgado, e fomos então informados de que o autor do vídeo já se retratou sobre o conteúdo no próprio Facebook. Esta correção foi feita em um stories no dia seguinte ao do primeiro vídeo e já não está mais disponível. Nele, o pastor disse que foi alertado por várias pessoas de que a suposta contaminação das máscaras não era verdade. “Ele não costuma se pronunciar a respeito desse tipo de coisa”, afirmou a assessora de imprensa. Segundo ela, o pastor “se confundiu” se baseou em informações que recebeu em um grupo no Facebook, do qual participa. Apesar da alegação, há outros vídeos e posts do pastor, em seu Facebook, a respeito do novo coronavírus. ENTREGA DE MÁSCARAS PARA A POPULAÇÃO Mesmo com a retratação publicada pelo autor do vídeo, o Comprova decidiu checar algumas das informações divulgadas por ele, que se repetem em outros conteúdos que circulam pela internet. A respeito da chegada de máscaras pelo Porto de Santos (SP), a assessoria do porto respondeu que não possui a informação. Procuramos a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, que nos informou, por telefone, que não há previsão de entrega de máscaras para a população do estado. Segundo a pasta, o equipamento de proteção individual adquirido pelo governo é destinado aos profissionais da saúde e de outros serviços essenciais da administração. As Secretarias de Saúde de Guarujá e Itanhaém, cidades citadas no vídeo e que ficam na Região Metropolitana da Baixada Santista, também foram contatadas pelo Comprova. Os órgãos nos informaram, por e-mail, que não há previsão de distribuição de máscaras para os moradores. MÁSCARAS NOVAS PODEM ESTAR CONTAMINADAS? O Ministério da Saúde já desmentiu informações sobre máscaras chinesas contaminadas, e afirma que, em função do tempo gasto para a chegada do material ao Brasil, mesmo que as máscaras saíssem contaminadas da China, o vírus não sobreviveria ao longo trajeto. “O vírus só é transmitido entre humanos e não sobrevive mais de 24 horas fora do organismo humano ou de algum animal”, diz a publicação no site do Ministério. FBI NÃO APREENDEU MÁSCARAS O Pastor disse que havia publicado o conteúdo após ver um vídeo que mostra o FBI recolhendo máscaras contaminadas nos Estados Unidos. Este material já foi checado pelo Estadão Verifica, e classificado como falso. Contexto O rumor sobre as supostas máscaras contaminadas circula em um momento de elevada tensão nas relações entre os Estados Unidos e a China a respeito de responsabilidades sobre a pandemia de covid-19. Agências de inteligência norte-americanas estão, atualmente, analisando a possibilidade de o vírus causador da doença ter começado a circular a partir de um laboratório da cidade de Wuhan que pesquisa diversos tipos de coronavírus. Alcance O vídeo original foi removido das redes sociais do pastor, mas a versão encontrada pelo Comprova, publicada no último dia 23 de abril, supera as 500 mil visualizações.
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['Projeto Comprova']
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['coronavírus', 'fake news']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/governador-da-bahia-nao-pediu-a-prefeitos-para-inventarem-casos-de-covid-19/
ESTADAO_VERIFICA
Governador da Bahia não pediu a prefeitos para ‘inventarem’ casos de covid-19
Vídeo publicado no YouTube e Facebook foi tirado de contexto; nas imagens, o governador da Bahia, Rui Costa, discute com prefeitos sobre o crescimento de casos de coronavírus na região do extremo sul do estado
2020-05-01
Esta checagem foi produzida pela coalizão do Comprova. Leia mais aqui. Não é verdade que o governador da Bahia, Rui Costa (PT), tenha pedido para a prefeita de Porto Seguro, Cláudia Oliveira (PSD-BA), “inventar” 200 casos de covid-19. O vídeo que circula nas redes sociais, acompanhado do texto “governador Rui Costa pede para a prefeita de Porto Seguro inventar 200 doentes para receber verba de Bolsonaro”, foi retirado de contexto. LEIA TAMBÉM Veja todas as checagens sobre coronavírus publicadas pelo Estadão Verifica As imagens foram extraídas de uma videoconferência, realizada no dia 23 de abril, na qual o governador discute com prefeitos de 10 cidades sobre o crescimento de casos de covid-19 na região do extremo sul do estado. Em nenhum momento, ao longo da conversa, Rui Costa pede para que casos da doença sejam “inventados em Porto Seguro”. A postagem original pode ser encontrada na página do Facebook da prefeita Cláudia Oliveira. O governador desmentiu o boato em vídeo publicado no Facebook e no Instagram. Por que checamos isto? O Comprova recebeu o link para o conteúdo desta investigação por WhatsApp e considerou dois pontos para abrir uma investigação. Muitos boatos têm circulado nas redes sociais e em aplicativos de mensagens tendo como alvo as políticas de contenção da transmissão do novo coronavírus adotadas por governadores. Redes contrárias a essas políticas têm compartilhado informações falsas ou enganosas para desestabilizar as ações dos estados, o que leva o Comprova a prestar atenção em conteúdos com esse tema. O Comprova verifica somente conteúdos suspeitos sobre a covid-19 e o novo coronavírus que tenham obtido grande alcance nas redes sociais. O vídeo verificado foi publicado na página do Movimento do Povo Brasileiro no Facebook e estava com 78 mil visualizações somente oito horas depois de publicado. Enganoso para o Comprova é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro com o propósito de mudar o seu significado. Como verificamos? Para verificar o vídeo, entramos em contato com a assessoria de comunicação do Governo da Bahia. A equipe informou que “a questão foi completamente retirada de contexto da fala do governador durante a reunião virtual com prefeitos aqui da região do extremo sul da Bahia. Em momento nenhum o governador fala em aumentar números de infectados ou menos ainda em distorcer os dados (sic)”. Em seguida, entramos nas páginas oficiais do governador da Bahia e da Prefeitura de Porto Seguro. No Facebook, Rui Costa publicou no dia 29 de abril um vídeo em que nega ter solicitado invenção de 200 casos do novo coronavírus em Porto Seguro. O conteúdo foi enviado para a equipe do Comprova pelo assessor do governo e postado no Instagram. Na página oficial da prefeita de Porto Seguro, Cláudia Oliveira (PSD-BA) encontramos o vídeo original, postado no dia 23 de abril, às 19h06. Também entramos em contato com a Prefeitura de Porto Seguro. Em nota, a assessoria de comunicação afirmou que está “juntando forças para investigar e encaminhar para punição os responsáveis” pelo compartilhamento do vídeo fora de contexto. Videoconferência discutiu avanço de coronavírus no Sul da Bahia O vídeo foi gravado durante uma reunião do governador Rui Costa (PT) com 10 prefeitos da região do extremo sul da Bahia, realizada no dia 23 de abril. Conforme publicação da página do governo da Bahia no dia da reunião, o objetivo era “abordar as ações de combate à pandemia do novo coronavírus implementadas pelo governo do estado, além de ouvir as demandas dos representantes municipais”. Participaram os líderes do executivo municipal das cidades de Belmonte, Eunápolis, Itabela, Itapebi, Porto Seguro, Santa Cruz Cabrália, Itamaraju, Medeiros Neto, Prado e Teixeira de Freitas. A conversa foi para atualizar a quantidade de casos de covid-19 nessas cidades, dimensionar a necessidade ou não de abertura de novos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e outras medidas. No vídeo original, gravado dentro do gabinete da prefeita de Porto Seguro, são repassados por ela ao governador os dados atualizados até então da quantidade de casos positivos, curados e em isolamento na cidade. “Dezessete deram positivo, 11 curados e seis em isolamento”, contabiliza Cláudia Oliveira. De acordo com o governador, os 10 leitos de UTI existentes na cidade somente estariam ocupados se houvesse, simultaneamente, 200 pessoas com a doença ativa na cidade. Em nenhum momento ele pede para que sejam inventados 200 registros da doença em Porto Seguro, como diz texto que acompanha a publicação dos vídeos tirados de contexto. “Se você tem 11 curados e seis ativos, então normalmente você precisa de 5% da estatística para leitos de UTI”, diz. “Então para ocupar os leitos de UTI aí precisavam ter 200 pessoas simultaneamente ativas com a doença. Para ocupar os 10 leitos de UTI, a conta é essa que estamos fazendo”. A estatística citada por Rui Costa faz referência a um estudo do Chinese Center for Disease Control and Prevention. Publicado no dia 24 de fevereiro no periódico médico Jama Network, o relatório analisou 44.415 casos confirmados da covid-19 na China e concluiu que 5% deles atingiram um estágio grave, com insuficiência respiratória, choque ou falência múltipla de órgãos. O mesmo dado está disponível nas diretrizes publicadas pela Associação Médica Brasileira (AMB). Documento DIRETRIZES PDF A preocupação de Cláudia Oliveira em relação à necessidade de abertura de novos leitos de UTI fica evidente em outro trecho da conversa, também publicado em sua página no Facebook. A gravação é de um momento anterior ao vídeo descontextualizado nas redes sociais e foi postada às 18h49 do dia 23 de abril. Nas imagens, a prefeita pergunta se haverá ampliação de leitos na UTI do Hospital Regional Deputado Luís Eduardo Magalhães, em Porto Seguro. A unidade funciona com cinco leitos, de acordo com o Governo da Bahia. “A ideia é, sim, acrescentar mais cinco leitos, numa área reservada, e disponibilizar 10 leitos para a região”, respondeu o governador. “Você hoje tem 10 leitos. Se a gente abrir mais cinco, você fica com 10 para covid e cinco para atender a região.” Na página do Facebook de Cláudia, também é possível encontrar um resumo da reunião, em um vídeo publicado no dia 23, às 21h17. Contexto A Bahia tem 2.867 casos confirmados de covid-19, 7.929 casos descartados e 14.497 notificações, conforme boletim epidemiológico divulgado no dia 30 de abril. No estado, 106 morreram vítimas de coronavírus. O sul do estado tem sido motivo de preocupação das autoridades, por causa da rápida disseminação do coronavírus. A região somava até o dia 28 de abril 20% das mortes por covid-19 no estado. De acordo com os atuais dados, é responsável por 18% das mortes no estado. Entre os dias 20 e 27 de abril, foi registrado em Itabuna – maior município da região – um crescimento de 260% na quantidade de infectados pelo novo coronavírus. Em Ilhéus, os casos cresceram 130% no mesmo período. Ilhéus é um dos municípios na lista das cinco cidades com maior coeficiente de incidência de covid-19 da Bahia, superando a capital, com 124,44 casos a cada 100 mil de habitantes. Outras cidades do sul – como Uruçuca (107,21 casos por 100 mil hab), Coaraci (76,50 casos por 100 mil hab) e Gongogi (56,11 casos por 100 mil hab) – aparecem no topo do ranking. Salvador tem 62,10 casos por 100 mil habitantes. O primeiro caso do novo coronavírus na Bahia foi de uma moradora da cidade de Feira de Santana, a 100 quilômetros de Salvador, que havia viajado para a Itália. A análise do teste feito na paciente confirmou o diagnóstico no dia 6 de março. A região sul, entretanto, ganhou destaque antes mesmo da primeira notificação de covid-19 na Bahia, quando convidados de um casamento realizado em um resort na cidade de Itacaré começaram a apresentar sintomas da doença. Porto Seguro tem 21 casos confirmados e outros 32 aguardando o resultado dos exames. Duas pessoas estão internadas. A situação da região sul e extremo sul da Bahia levou o governador Rui Costa a considerar o lockdown — bloqueio total dos fluxos de deslocamento — em Itabuna e Ilhéus. Uma das preocupações é a limitação da rede de saúde das regiões, o que motivou o governador a realizar uma série de videoconferências com os prefeitos. Na quarta-feira (22), a conversa foi com 12 prefeitos das regiões do Médio Rio de Contas, Vale do Jiquiriçá e Baixo Sul. Na terça-feira (21), com 11 prefeitos da região Sul. A conversa registrada com a prefeita de Porto Seguro, Cláudia Oliveira, fez parte desse ciclo de discussões sobre a realidade local. Alcance O vídeo foi publicado no YouTube pela conta Movimento do Povo Brasileiro e não está mais disponível na plataforma. As mesmas imagens foram postadas na página do Movimento do Povo Brasileiro no Facebook e estavam com 78k visualizações oito horas depois de publicadas, mas também foram deletadas. Na página Aliança Pelo Brasil Santo André-SP, a publicação tinha 13 mil visualizações até o dia 29. Na página Marcos Mendes Santo André São Paulo, chegou a 33 mil visualizações. A agência Aos Fatos e os sites Boatos.org e Bahia Notícias também checaram este conteúdo.
https://img.estadao.com.…617563593097.jpg
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['Projeto Comprova']
[]
[]
2021-05-20
['ENGANOSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/boato-distorce-acao-das-lojas-americanas-relacionada-a-livro-de-felipe-neto/
ESTADAO_VERIFICA
Boato distorce ação das Lojas Americanas relacionada a livro de Felipe Neto
Não é verdade que todos os livros publicados pelo youtuber tenham sido retirados de circulação para serem incinerados
2020-07-31
Pela segunda vez na mesma semana, o youtuber Felipe Neto foi alvo de boatos virais nas redes sociais. Postagens no Facebook alegam que a rede Lojas Americanas retirou “todos os livros do Felipe Neto das prateleiras” para incinerar as publicações. A afirmação é falsa. Segundo a assessoria de imprensa da rede, somente uma edição de um dos cinco livros publicados pelo influenciador digital, que continha conteúdos impróprios para menores, foi removida. De acordo com a Americanas, a decisão foi tomada em conjunto com Felipe Neto e a editora Ediouro. “Os demais livros do youtuber continuam à venda”, comunicou a cadeia de lojas. LEIA TAMBÉM Veja todas as checagens sobre coronavírus publicadas pelo Estadão Verifica A obra em questão é Felipe Neto: A trajetória de um dos maiores youtubers do Brasil. A primeira versão circulou com uma brincadeira chamada “Casa, Mata ou Trepa”. Em março de 2018, em entrevista à revista Veja, ele classificou a inclusão do jogo como um erro. “Quando o livrão foi construído, ainda não tinha definido meu novo conteúdo e muito menos como seria meu público”, disse. Na loja virtual da rede é possível encontrar diversos produtos de Felipe Neto, incluindo seus outros livros. Felipe também publicou no seu perfil no Twitter, na última quarta-feira, 27, que “é falsa a informação de que as Lojas Americanas teriam jogado meus livros no lixo”. Histórico do boato Pela ferramenta CrowdTangle, o Estadão Verifica encontrou oito postagens no Facebook com o mesmo texto do boato, que somavam 8,2 mil interações. Todas as postagens foram feitas na última quarta-feira, 29. Também no dia 29, checagens de uma alegação semelhante, que não mencionava incineração, foram publicadas pela Agência Lupa e pelo Boatos.org. De acordo com essas verificações, o boato teve origem em um vídeo do canal “Jacaré de Tanga” publicado nesta segunda-feira, 27, e republicado pela deputada federal Bia Kicis (PSL-DF). O vídeo descontextualiza uma ação citada pela assessoria das Lojas Americanas de uma unidade em Curitiba. Também na segunda, o Estadão Verifica checou outro boato de que Felipe foi alvo: uma postagem falsa o acusava de fazer apologia à pedofilia. Em posicionamentos recentes, o influenciador digital atribui os crescentes boatos associados a seu nome às críticas incisivas que tem feito ao governo brasileiro. No último dia 28, 37 entidades da sociedade civil divulgaram um manifesto de apoio a ele. “Algumas informações circuladas em redes sociais e aplicativos de mensagens contém frases e posicionamentos atribuídos a Felipe Neto sem que ele em momento algum os tenha manifestado”, diz trecho da nota. No último dia 15, o jornal norte-americano The New York Times publicou um vídeo em que o youtuber faz críticas ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e do Brasil, Jair Bolsonaro, com alta repercussão. Dois meses antes, Felipe já havia convocado artistas, cantores e influenciadores digitais a se posicionarem contra o presidente brasileiro. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
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['Tiago Aguiar']
[]
['felipe neto', 'lojas americanas']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/boato-distorce-fala-da-oms-sobre-retomada-de-atividades-durante-pandemia/
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Boato distorce fala da OMS sobre retomada de atividades durante pandemia
Ao contrário do que alegam publicações que viralizaram no Facebook, diretor da entidade apenas reforçou orientações já apresentadas sobre retorno de serviços, afirmando que avaliação cabe a cada país
2020-07-31
Publicações no Facebook tiram de contexto uma frase dita durante uma coletiva de imprensa da Organização Mundial da Saúde (OMS) pelo epidemiologista e diretor do Programa de Emergências em Saúde da entidade, Michael Ryan. No dia 27 de julho, ele disse que “as economias têm que se abrir, as pessoas têm que trabalhar, o comércio tem que voltar”. No entanto, a declaração não representa uma mudança no discurso da OMS nem uma orientação imediata para a suspensão de medidas de quarentena, como postagens enganosas nas redes sociais fazem crer. Ryan respondia a uma pergunta sobre fechamento de fronteiras e afirmou considerar que, a médio prazo, “vai ser quase impossível para cada país manter suas fronteiras fechadas num futuro próximo”. Sobre a reabertura das fronteiras, o epidemiologista orientou que os riscos sejam avaliados em cada país, pois algumas áreas estão com a situação controlada, e as viagens internacionais podem fazer com que o número de casos volte a crescer. Para ele, é importante que cada governo avalie suas condições para voltar às atividades, prezando por estratégias que evitem a disseminação da doença entre os países. LEIA TAMBÉM Animação de projeto de ponte na Espanha é divulgada como se mostrasse obra no rio Xingu Além disso, no início de sua resposta, Ryan deixa claro que “a OMS sempre aconselhou que medidas de viagem devem ser usadas em conjunto com outras medidas, que por si só as medidas de viagem não são eficazes para lidar com o movimento da doença”. Veja o contexto completo da frase citada na postagem enganosa. “Se trabalhamos muito duro em um determinado país e suprimimos a infecção a um nível muito baixo e conseguimos isso durante três ou quatro meses de trabalho muito duro, qual é o risco extra agora de abrir fronteiras e aumentar a mobilidade, e como você administra esse risco? Mais uma vez, volta-se a esta ideia de que será quase impossível para cada país manter suas fronteiras fechadas num futuro próximo. As economias têm que se abrir, as pessoas têm que trabalhar, o comércio tem que retomar. Então, como reabrimos e como retomamos o comércio global e o movimento de pessoas, bens e serviços, mas como o fazemos de forma que seja possível identificar e minimizar os riscos associados a viagens internacionais? Acho que é com isso que os governos estão se debatendo agora e nós acreditamos que é possível identificar e minimizar os riscos associados a viagens internacionais e, obviamente, isso cabe aos governos em termos de que políticas públicas adotar para o movimento de pessoas entre um país e outro”. A transcrição completa da entrevista coletiva está abaixo, em inglês. A resposta de Ryan sobre reabertura de fronteiras pode ser lida a partir da página 13. Transcrição OMS Na mesma coletiva, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que a pandemia do novo coronavírus é a pior emergência de saúde pública de interesse internacional decretada pela organização. Ele também afirmou que, ao longo desses seis meses, as medidas de combate à covid-19 devem permanecer as mesmas: encontrar os casos por meio de testagem e rastreamento de contatos, isolar suspeitos e confirmados, oferecer tratamento àqueles com a doença. Tedros voltou a recomendar o distanciamento social, a higienização das mãos e o uso de máscaras. “Onde essas medidas são seguidas, os casos caem. Onde elas não são, os casos sobem”, disse ele, elogiando casos como Alemanha, China, Canadá, Vietnã, Nova Zelândia, Ruanda e Tailândia. Outras falas da OMS foram distorcidas No início de junho o Estadão Verifica publicou uma checagem sobre informações enganosas que tiveram um grande alcance nas redes sociais depois de afirmarem que a OMS teria divulgado que “assintomáticos não transmitem a doença”. A viralização aconteceu após uma entrevista da diretora técnica da OMS Maria Van Kerkhove a jornalistas no dia 8 de junho. Sem afirmar que a transmissão por assintomáticos não é possível ou apontar que medidas de isolamento mais amplas foram desnecessárias, a porta-voz disse apenas que existem alguns estudos em países que estão fazendo rastreamentos detalhados de casos que apontam que uma transmissão secundária por esse grupo é “muito rara”. A Agência Lupa também checou o boato sobre a frase dita por Michael Ryan. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
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['Gabi Coelho']
[]
['oms', 'pandemia', 'covid19', 'coronavírus', 'reabertura das fronteiras', 'falas distorcidas', 'Maria Van Kerkhove', 'Michael Ryan', 'Meg Doherty', 'hiv', 'vacina']
2021-05-20
['FORA DE CONTEXTO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/e-falso-que-comercio-de-produtos-chineses-tenha-caido-30-em-santa-catarina/
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É falso que comércio de produtos chineses tenha caído 30% em Santa Catarina
Boato no Facebook não cita fonte alguma para alegar boicote depois da pandemia; entidades do setor empresarial catarinense desconhecem pesquisas sobre o tema
2020-07-30
Um boato nas redes sociais inventa que o comércio de produtos chineses em Santa Catarina teria registrado queda de 30% nas vendas porque a população catarinense estaria rejeitando “os selos made in China”. A mensagem, compartilhada mais de 18 mil vezes no Facebook, não cita fonte alguma e contém erros de português. Não há registro de notícias sobre boicotes a produtos chineses no Estado. O Estadão Verifica consultou três entidades do setor empresarial de Santa Catarina sobre o suposto boicote a produtos chineses. A Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDL/SC) respondeu que desconhece esse tipo de dado. O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/SC) também afirmou que não possui nenhuma pesquisa a respeito. A reportagem tentou contato ainda com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio/SC), mas não houve retorno até a publicação desta checagem. Post inventa que boicote a produtos chineses em Santa Catarina reduziu vendas em 30%. Foto: Reprodução / Arte Estadão Apenas no primeiro semestre de 2020, Santa Catarina comprou mais de US$ 2,7 bilhões em produtos da China, segundo informações do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. A participação chinesa nas importações catarinenses é de 38%. A variedade de produtos é grande: quase 3,7 mil itens, como painéis solares, laminados, peças automotivas, conversores elétricos, cartuchos, roupas, tecidos e eletrodomésticos. Em comparação com o mesmo período do ano passado, houve recuo de 5% nas importações da China, percentual que equivale a US$ 144 milhões. O número, porém, serve apenas como parâmetro e não pode ser atribuído ao comércio de produtos chineses em Santa Catarina. Parte dos produtos importados tem como destino as indústrias ou pode formar estoques no varejo, por exemplo. Além disso, os valores negociados com os fornecedores tendem a ser diferentes daqueles praticados com o consumidor final e não há garantias de que as mercadorias serão comercializadas, de fato, em Santa Catarina. A Pesquisa Mensal do Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que Santa Catarina teve aumento de 18,1% no volume de vendas no varejo em maio (na comparação com abril). O índice apontou tendência de recuperação em relação aos períodos anteriores. Em abril, houve redução de 7% e em março, de 3,5% (ambos em comparação com o mês anterior). A recuperação do comércio em maio acompanhou a tendência nacional. Em todo o Brasil, o varejo teve crescimento recorde de 13,9%, em relação ao mês anterior. Analistas ouvidos pelo Estadão citaram as flexibilizações de quarentena, as medidas tomadas para preservação de empregos e a distribuição do auxílio emergencial para desempregados e informais de baixa renda como fatores para o número positivo. No entanto, a variação não é suficiente para reverter as perdas econômicas da pandemia de covid-19 no setor. O varejo brasileiro ainda está 7,3% pior do que em fevereiro, segundo o IBGE. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
https://politica.estadao…300720202209.png
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['Samuel Lima']
[]
['China [Ásia]', 'estadão verifica', 'facebook', 'fake news [notícia falsa]', 'comércio']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/animacao-de-projeto-de-ponte-na-espanha-e-divulgada-como-se-mostrasse-obra-no-rio-xingu/
ESTADAO_VERIFICA
Animação de projeto de ponte na Espanha é divulgada como se mostrasse obra no rio Xingu
Presidente Jair Bolsonaro de fato anunciou projeto de construção no Pará, mas imagens que circulam nas redes sociais são de estrutura erguida sobre rio Tejo
2020-07-30
Após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciar no dia 17 de julho a intenção de construir uma ponte sobre o rio Xingu, no Pará, postagens no Facebook compartilharam a animação de outro projeto para se referir à obra do atual governo. O Estadão Verifica analisou as imagens e, na verdade, o vídeo é da ponte de Arcos de Alconétar, construída sobre o rio Tejo, na Espanha. Post enganoso se refere ao projeto de ponte sobre o rio Xingu, mas vídeo é de uma obra na Espanha LEIA TAMBÉM Em vídeo divulgado por Madonna e Trump, médica divulga informações falsas sobre covid-19 Por meio da ferramenta de verificação de vídeos InVid, encontramos uma publicação anterior da animação no YouTube (veja abaixo). O vídeo completo, postado em abril de 2013, mostra o processo de construção da ponte Alconétar — projeto da companhia espanhola OHL. Ao procurar mais informações sobre a obra, acessamos o site da empresa de engenharia Sener, que executou a construção. A ponte tem 400 metros de extensão e foi entregue em 2006. Além disso, a estrutura mostrada nas imagens não tem as características de construções comumente vistas no Brasil. O engenheiro civil Ricardo Almeida, da empresa Diretor Almeida & Oliveira Engenharia, comentou ao Estadão Verifica que o projeto do vídeo é um tipo de solução pouco usada aqui. “Hoje as pontes estaiadas (suspensas por cabos) se mostram mais viáveis, principalmente para vãos maiores que 150 metros”, disse ele. Qual o projeto de ponte sobre o rio Xingu? Com objetivo de ligar as cidades de Anapu e Altamira através da BR-230, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) havia anunciado em 2014 para algumas rádios do Pará que faria uma obra sobre o rio Xingu. No mesmo ano, o Departamento Nacional de infraestrutura de Transportes (DNIT) lançou um edital, mas o projeto não foi executado. Documento EDITAL 2014 PDF No dia 17 de julho, Bolsonaro publicou em seu Twitter que contraria projeto de engenharia e licença ambiental para construção da ponte. O vídeo divulgado pelo presidente não mostra as mesmas imagens que a animação analisada. Em uma live na última terça-feira, 21, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes Freitas, disse que existe uma questão judicial para ser resolvida, mas que a previsão do início da obra é para os primeiros meses de 2021. Em nota, o Governo Federal explicou que o investimento será de R$ 219 milhões e que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) está no processo final do projeto e de construção da ponte, que contém cerca de 700 metros. Nesta semana a Agência Lupa também publicou uma checagem desmentindo o boato. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
https://politica.estadao…300720205252.png
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['Gabi Coelho']
[]
['governo federal', 'jair bolsonaro', 'dilma rousseff', 'rio xingu', 'espanha', 'dnit', 'Ministério da Infraestrutura']
2021-05-20
['FORA DE CONTEXTO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/postagem-inventa-afirmacao-de-palocci-sobre-urnas-eletronicas/
ESTADAO_VERIFICA
Postagem inventa afirmação de Palocci sobre urnas eletrônicas
Boato surgiu na semana em que delação premiada do ex-ministro foi homologada e voltou a ser compartilhado no Facebook
2020-07-30
Um boato alega que o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci teria afirmado que urnas eletrônicas foram “encomendadas para fraudar as eleições” e que “eleições eram decididas pela cúpula”. As alegações são falsas. A postagem é antiga e voltou a circular no Facebook nesta semana. Palocci fechou acordo de delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato em 2018. A delação, em todos os seus depoimentos, não traz menção a urnas eletrônicas ou fraude em votações. Desde aquele ano, já foram divulgados 23 anexos da colaboração. Os depoimentos foram dados a partir de abril. LEIA TAMBÉM Veja todas as checagens sobre coronavírus publicadas pelo Estadão Verifica Em outras declarações públicas feitas pelo ex-ministro também não há qualquer registro de acusação contra urnas eletrônicas. Palocci cumpre regime semi-aberto em casa desde agosto de 2019. Desde 2018, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) reitera que “nunca foi comprovado um caso de fraude, ao longo de mais de 20 anos de utilização de urnas eletrônicas”. Histórico de compartilhamento do boato Pela ferramenta CrowdTangle, o Estadão Verifica encontrou dezenas de postagens com a mesma frase sobre urnas eletrônicas a partir de 25 de junho de 2018. Palocci teve a delação homologada três dias antes, pelo desembargador João Pedro Gebran Neto, relator da Lava Jato no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). Naquela mesma semana, o Estadão Verifica checou uma publicação que fazia referência falsa a um falso vazamento da delação onde, entre os temas, estaria a suposta confissão que as urnas eletrônicas seriam “um projeto para a implantação do socialismo na América Latina”, também falso. A segunda onda de compartilhamento do boato ocorreu no final do primeiro turno das eleições de 2018, em outubro de 2018, logo após a primeira retirada de sigilo de um dos anexos da delação. Naquela semana, o boato foi checado pela Agência Lupa e pelo Aos Fatos. Documento DELAÇÃO PALOCCI TERMO NÚMERO 9 PDF Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
https://img.estadao.com.…617563593097.jpg
null
['Tiago Aguiar']
[]
['antônio palocci', 'TSE [Tribunal Superior Eleitoral]', 'urnas eletrônicas']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/postagem-inventa-ameaca-de-gilmar-mendes-a-dias-toffoli/
ESTADAO_VERIFICA
Postagem inventa ameaça de Gilmar Mendes a Dias Toffoli
Não há registro que ministro do Supremo tenha dito que 'se cair, levo os dez comigo'
2020-07-30
Um boato falso alega que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes fez uma ameaça ao presidente da Corte, Dias Toffoli. Na imagem que circula no Facebook, é mencionado que Gilmar sugeriu ou disse que “se eu cair, levo os [outros] dez [ministros do Supremo] comigo”. O Estadão Verifica não encontrou registro de qualquer diálogo nesse sentido, mesmo por discurso indireto em colunas que abordam bastidores do Poder Judiciário. Através da busca avançada do Google e do serviço CrowdTangle, constatamos que as primeiras publicações nas redes sociais sobre a suposta ameaça são da peça de desinformação, que voltou a circular neste mês. Os primeiros posts com a fala inventada de Gilmar são de 2019 (leia mais abaixo). LEIA TAMBÉM Veja todas as checagens sobre coronavírus publicadas pelo Estadão Verifica A onda de compartilhamentos mais recente coincide com embates e o ministério da Defesa e Mendes. No último dia 11, o ministro disse que “o Exército está se associando a esse genocídio”, referindo-se à crise sanitária instalada no País em meio à pandemia do novo coronavírus. Do dia 11 em diante foi crescente o número de páginas e perfis que compartilharam o boato, o que coincide com a repercussão da fala de Gilmar sobre o Exército. Integrantes do governo federal criticaram a declaração e o Ministério da Defesa anunciou e encaminhou uma representação à Procuradoria-Geral da República contra o ministro, alegando violação da Lei de Segurança Nacional. Histórico de compartilhamentos da peça de desinformação As primeiras postagens com a peça são do dia 8 de fevereiro de 2019. Naquele dia, foi divulgado que o ministro do Supremo e sua mulher, Guiomar Feitosa Mendes, foram citados em procedimento da Receita Federal que apura “possíveis fraudes de corrupção, lavagem de dinheiro, ocultação de patrimônio ou tráfico de influência”. Na época, Gilmar atribuiu a servidores da Receita “abuso de poder”e pediu investigação a Toffoli — decisão que foi acatada. Ainda assim, a postagem no Facebook que inventa ameaça do ministro extrapola limites de figura de linguagem. O momento de maior circulação da imagem foi em novembro de 2019, logo após a decisão do STF que derrubou a possibilidade de prisão em segunda instância e abriu caminho para a liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No final de semana logo após o julgamento, diversos protestos contra o Supremo ocorreram no Brasil. O Estadão Verifica tentou contato com a assessoria de Gilmar, mas não obteve resposta até a publicação desta checagem. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
https://img.estadao.com.…617563593097.jpg
null
['Tiago Aguiar']
[]
['gilmar mendes', 'STF [Supremo Tribunal Federal]', 'Dias Toffoli']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/e-falso-que-video-mostre-encontro-de-gilmar-e-mandetta-em-portugal/
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É falso que vídeo mostre encontro de Gilmar e Mandetta em Portugal
Imagens são de abril de 2019 e ex-ministro da Saúde estava em Campo Grande na data
2020-07-29
É falso que um vídeo compartilhado no Facebook mostre um encontro entre o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes e o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta em Portugal. As imagens de fato foram feitas durante uma visita de Mendes a Lisboa, mas o homem ao seu lado não é Mandetta — na data em que o vídeo foi gravado, o então ministro da Saúde estava em Campo Grande. Além disso, há postagens que tiram as imagens de seu contexto original e afirmam que elas teriam sido feitas este ano, quando na verdade foram em 2019. O Estadão Verifica checa a origem de conteúdos virais nas redes sociais e o vídeo postado com a falsa legenda recebeu 9 mil compartilhamentos e foi visto 217 mil vezes. LEIA TAMBÉM Recebeu algum boato? Envie para checagem do Estadão Verifica “O grande Mandetta e o Gilmar Mendes tomando um chopinho em Lisboa!”, afirma a legenda da publicação checada. O vídeo mostra um homem aos berros em uma rua de Lisboa. Ele grita que o ministro “manda soltar políticos corruptos”. Mendes aparece sentado entre as mesas de um café e ao seu lado um homem de camisa branca e óculos escuros se mantém de pé. Após um minuto, o homem que gritava na rua vai embora. Homem que aparece ao lado de Gilmar Mendes não é ex-ministro Henrique Mandetta. Foto: Reprodução Uma busca por vídeos no Twitter com os termos “Gilmar Mendes Portugal” retornou uma postagem do jornalista Sandro Barboza, repórter da TV Band, em 20 de abril de 2019. Elementos comuns aos dois vídeos, como as roupas do homem que abordou Gilmar e a cor das cadeiras e dos toldos do café, permitem concluir que se trata da mesma ocasião. Ou seja, o vídeo não foi gravado durante a pandemia de covid-19, como algumas postagens sugerem. Na data do vídeo publicado por Sandro Barboza, Gilmar Mendes estava em Portugal para participar do VII Fórum Jurídico de Lisboa. Ele era coordenador científico do evento e falou na cerimônia de abertura, às 9h de 22 de abril. Elementos comuns ao vídeo viral (esq.) e o publicado pelo jornalista Sandro Barboza (dir.) permitem concluir que se trata da mesma situação. Foto: Reprodução Na data em que vídeo foi gravado, Mandetta estava em Campo Grande Ao contrário do que afirmam as postagens, o homem que aparece de pé ao lado da mesa de Gilmar Mendes não é Luiz Henrique Mandetta. Em 20 de abril de 2019, ele ainda era ministro da Saúde. Uma busca na agenda oficial do ministério mostra que ele decolou de Brasília para Campo Grande às 07h05 do dia 18 para passar o feriado de Páscoa. Ele foi para Cuiabá em 21 de abril, às 23h25. Lá, participou do lançamento da Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza no dia 22. Mandetta embarcou no vôo de volta a Brasília às 20h25 do mesmo dia. Ele ganhou notoriedade por comandar o Ministério da Saúde durante os primeiros meses da pandemia de covid-19. Acabou sendo demitido em 16 de abril deste ano por divergências com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre a melhor forma de conduzir à resposta ao novo coronavírus. Mandetta, que é médico de formação, se posicionou contra afrouxar medidas de isolamento social. Este boato também foi checado por UOL, Aos Fatos, Fato ou Fake, Boatos.org e Agência Lupa. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
https://politica.estadao…091120200012.jpg
null
['Pedro Prata']
[]
['fake news [notícia falsa]', 'STF [Supremo Tribunal Federal]', 'gilmar mendes', 'Luiz Henrique Mandetta', 'Portugal [Europa]']
2021-05-20
['FORA DE CONTEXTO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/lenovo-nunca-comprou-a-positivo-ao-contrario-do-que-diz-boato/
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Lenovo nunca comprou a Positivo, ao contrário do que diz boato
Postagens com a alegação falsa circulam nas redes sociais após empresa vencer licitação de fornecimento de urnas para eleições de 2022
2020-07-29
A fabricante brasileira de computadores Positivo Tecnologia nunca foi comprada pela empresa chinesa Lenovo. Este boato viralizou no Facebook após a Positivo vencer licitação para fabricação de urnas eletrônicas para as eleições de 2022. A informação circulou por diversas postagens que somavam 1,2 mil compartilhamentos até a publicação desta verificação. As postagens afirmam que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) anunciou a Positivo Informática como vencedora da licitação para fornecer urnas eletrônicas para as eleições de 2022 por R$ 799 milhões — o que de fato ocorreu (veja mais abaixo). Os boatos, porém, falsamente alegam que a empresa foi comprada pela chinesa Lenovo para questionar a idoneidade do pleito. A brasileira Positivo nunca foi comprada pela Lenovo. Foto: Reprodução A Lenovo tentou comprar a Positivo Informática em 2008. Conforme noticiado pelo Estadão em 18 de dezembro, a então quarta maior fabricante mundial de computadores enviou representantes ao Brasil e chegou a fazer uma proposta, mas a negociação não prosperou. De acordo com o comunicado emitido pela Positivo na época, “os acionistas controladores e a Lenovo concluíram que não é possível chegar a um acordo dado o atual contexto econômico”. Em 2012, a Lenovo já havia se tornado a segunda maior fabricante de computadores do mundo e não havia desistido de expandir sua presença no País. Surgiram novos rumores de uma negociação com a Positivo, mas ela acabou anunciando a compra da brasileira CCE, em 5 de setembro. Naquele ano, a Positivo era a líder do mercado nacional. Reportagem publicada no Estadão de 6/9/2012. Foto: Acervo Estadão A Positivo Tecnologia foi criada em 1989 a partir do grupo educacional Positivo. Seu objetivo inicial era de fabricar e vender computadores para as escolas clientes do grupo. Em 2019, o Estadão apurou que ela era uma das cinco maiores empresas do setor no País. Contatada pelo Estadão Verifica, a assessoria da empresa nacional desmentiu “o rumor publicado nas mídias sociais de que foi vendida à Lenovo”. Também disse que não há “qualquer negociação em andamento neste momento”. Brasil possui atualmente 470 mil urnas. Foto: TSE/Reprodução Positivo Informática fornecerá urnas para as eleições 2022 A Positivo Informática realmente ganhou a licitação para fornecimento de urnas para as eleições de 2022. A informação foi divulgada na quinta-feira, 23, no site do TSE. A homologação da licitação ocorreu de comum acordo entre os três ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que atualmente compõem a Corte: Luís Roberto Barroso (presidente), Edson Fachin (vice-presidente) e Alexandre de Moraes. Documento DOU COM O RESULTADO DA LICITAÇÃO PDF Os R$ 799,9 milhões citados na licitação preveem a aquisição de 180 mil urnas entre 2020 e 2021. Atualmente, o País tem 470 mil unidades, mas o TSE alega que as urnas fabricadas em 2006 e 2008 estão com a vida útil esgotada. O valor utilizado depende de disponibilidade orçamentária e poderá ser revisado para baixo. O Aviso de Licitação nº 43/2019 foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) em 29 de julho de 2019. A Positivo e o Consórcio Smartmatic apresentaram documentação e protótipos das urnas, mas ambas foram desclassificadas por não cumprirem especificações técnicas previstas no edital. Documento DOU COM AVISO DE LICITAÇÃO 43/2019 PDF Em janeiro, o próprio TSE julgou parcialmente procedente o recurso das duas empresas, como consta no DOU de 13 de dezembro de 2019. A Corte julgou que o caso se enquadrava no artigo 48, parágrafo 3º, da Lei nº 8.666/1993. A lei autoriza que as empresas participantes tenham prazo adicional de oito dias para rever e apresentar novamente suas propostas quando todos os licitantes forem inabilitados. Nesta nova etapa, a Positivo Informática saiu vitoriosa. Documento DOU DE 13/12/2019 PDF A Smartmatic é uma empresa dos Estados Unidos e atualmente com sede no Reino Unido. O Estadão Verifica e o Projeto Comprova já checaram boatos com relação a ela no período eleitoral de 2018, pelo fato de seus fundadores serem venezuelanos. As postagens falsamente afirmavam que o TSE teria liberado o código de segurança das urnas ao país vizinho. As urnas eletrônicas são alvos recorrentes de boatos perto do período eleitoral. O Estadão Verifica também checou a informação falsa de que somente Brasil, Cuba e Venezuela utilizam os equipamentos. Na verdade, o Instituto Internacional Para a Democracia e a Assistência Social (IDEA Internacional) identificou 26 países que usam urnas com tecnologia eletrônica para eleições gerais, enquanto outros 16 as utilizam em pleitos regionais. Este boato também foi checado pela Agência Lupa. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
https://politica.estadao…290720204141.jpg
null
['Pedro Prata']
[]
['Positivo Informática', 'Lenovo', 'fake news [notícia falsa]', 'TSE [Tribunal Superior Eleitoral]']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/e-falso-que-oms-tenha-retirado-maconha-de-lista-de-drogas/
ESTADAO_VERIFICA
É falso que OMS tenha retirado maconha de ‘lista de drogas’
Na verdade, comissão da entidade recomendou no ano passado reclassificação da substância, mas mudança ainda não foi votada; alteração não significaria mudança no entendimento da cannabis como droga
2020-07-29
Não é verdade que a Organização Mundial da Saúde (OMS) tenha deixado de classificar a maconha como droga. Consultada pelo Estadão Verifica, a entidade informou que “não fez qualquer divulgação recente sobre o tema” e disse considerar a cannabis como droga. Essa informação está disponível no site oficial da OMS, que define a substância como “de longe a droga ilícita mais amplamente cultivada, traficada e abusada (no mundo)“. A informação falsa foi publicada em artigo do site “Medicina News”, que ganhou 8,9 mil compartilhamentos no Facebook desde 24 de julho. O site “Diário Online” também publicou uma matéria semelhante, que posteriormente saiu do ar. Uma das postagens deste link no Facebook, na página “Quebrando o Tabu”, obteve 29 mil compartilhamentos em dois dias. O que realmente ocorreu foi que, em janeiro de 2019, uma reunião do Comitê de Peritos em Dependência de Drogas da OMS recomendou a reclassificação de cannabis e de outras substâncias relacionadas. As orientações do comitê ainda precisam ser votadas pelos países-membros do Comitê de Narcóticos da Organização das Nações Unidas (ONU) — isso está previsto para ocorrer em dezembro deste ano. O que significaria uma possível reclassificação da maconha? A proposta é reclassificar a maconha em um tratado internacional de drogas da ONU — a Convenção Única de Entorpecentes, finalizada em 1961. Em 1972, esse documento recebeu emenda com novas definições. A reunião da OMS também propôs mudanças na Convenção sobre Substâncias Psicotrópicas, de 1971. Documento CONVENÇÃO ÚNICA DE ENTORPECENTES DE 1961 (EM INGLÊS) PDF O tratado de 1961 divide os entorpecentes em quatro listas diferentes, de acordo com as medidas de fiscalização recomendadas aos governos signatários. A lista mais restritiva é a IV — as substâncias listadas tem “produção, fabricação, exportação e importação, comércio, posse ou uso” proibidos (com exceção de uso médico e em pesquisa), segundo o texto aprovado no Brasil. Entre as drogas incluídas nessa categoria estão heroína, desomorfina e cannabis. O que a reunião do comitê da OMS recomendou foi retirar a maconha e a resina da planta dessa lista mais restritiva. Outra orientação foi adicionar um dos componentes da cannabis, o THC (tetra-hidrocanabidiol, com efeito psicoativo) à lista I, que reúne todas as substâncias consideradas como entorpecentes. Os especialistas indicaram ainda que preparações que contenham predominantemente outro componente da cannabis, o CBD (canabidiol, que tem efeito relaxante), deveriam ser retiradas de controle internacional. Documento RECOMENDAÇÕES OMS (EM INGLÊS) PDF No documento abaixo, que reúne perguntas e respostas sobre a decisão de recomendar a reclassificação, o comitê explica que novas pesquisas científicas robustas embasaram a revisão sobre a cannabis. A OMS reconhece ter havido uma “vasta mudança” no entendimento sobre a droga desde a convenção de 1961 — incluindo o conhecimento de que alguns componentes da maconha têm efeito psicoativo, e outros não. A entidade também indica haver evidências conclusivas que cannabis e canabinoides são efetivos no tratamento de dor crônica em adultos, de vômito e náusea relacionados a quimioterapia e de sintomas de esclerose múltipla. Há ainda evidência moderada de benefícios para pacientes com apneia do sono e fibromialgia. Em resposta a uma pergunta dos Estados Unidos, o Comitê de Controle Internacional de Narcóticos da OMS afirmou que a retirada da cannabis e de sua resina da lista IV da Convenção de 1961 não teria grande impacto nas medidas de controle adotadas atualmente, já que as duas substâncias citadas permaneceriam na lista I (de entorpecentes). Documento PERGUNTAS E RESPOSTAS OMS (EM INGLÊS) PDF Qual a publicação mais recente da OMS sobre drogas? A divulgação mais recente relacionada à OMS sobre uso de maconha é do final de junho. O escritório da ONU sobre Drogas e Crimes (UNODC) divulgou um relatório sobre o consumo global de drogas. O texto apresenta como drogas opioides, cocaína, cannabis, estimulantes do tipo anfetamina e Novas Substâncias Psicoativas (NPS). O documento reconhece que a maconha foi a droga mais usada no mundo em 2018, com estimativa de mais de 192 milhões de usuários. No entanto, a entidade considera os opioides como o grupo de substâncias mais nocivo — na última década, o número de mortes associadas ao uso dessas drogas aumentou 71%. Os óbitos relacionados a opioides representam 66% do total de mortes ligadas ao abuso de drogas, apesar dessas substâncias serem menos consumidas do que a cannabis (o número estimado de usuários de opioides em 2018 é de 58 milhões). A UNODC avaliou ainda que, após a legalização da maconha em lugares como Canadá, Uruguai e certos Estados americanos, o uso frequente da droga cresceu em todas as áreas. A entidade expressou preocupação com a proliferação no mercado de produtos com alta concentração de THC. O relatório afirma que essas preparações são mais prejudiciais do que a erva e a resina de maconha que estavam disponíveis há algumas décadas. Ainda em relação à legalização, a UNODC observou que a influência e o investimento de grandes corporações na área da cannabis — como empresas da indústria de álcool e tabaco — causa preocupação. Isso porque a entidade considera que o lucro pode ditar o debate público em torno do tema, deixando de lado a discussão sobre saúde. Em geral, a quantidade de maconha apreendida em operações policiais caiu — na América do Norte, a queda foi de 84% nos últimos anos. Ainda assim, o relatório estima que 40% dos usuários recorrem a fontes ilegais para o uso da droga. A droga também continua sendo a principal substância que coloca as pessoas em contato com o sistema de justiça criminal. Mais da metade dos casos de infração a leis de drogas entre 2014 e 2018 tinha relação com cannabis, com base em dados de 69 países. Veja abaixo o sumário executivo do relatório (em inglês). Documento RELATÓRIO SOBRE DROGAS PDF Quais são os efeitos nocivos da maconha reconhecidos pela OMS? A OMS afirma haver vários efeitos graves e crônicos do uso de maconha à saúde. Veja a lista abaixo, disponível no site da entidade internacional. Comprometimento seletivo do funcionamento cognitivo, o que inclui a organização e integração de informações complexas envolvendo vários mecanismos de atenção e processos de memória; o uso prolongado pode levar a um comprometimento maior, que pode não se recuperar com a cessação do uso, e que pode afetar as funções da vida diária; Desenvolvimento de uma síndrome de dependência da cannabis caracterizada por perda de controle sobre o uso da cannabis é provável em usuários crônicos; O uso da maconha pode exacerbar a esquizofrenia em indivíduos afetados; Lesões epiteliais da traqueia e dos brônquios principais são causadas pelo fumo da maconha a longo prazo; Ferimentos nas vias aéreas, inflamação pulmonar e comprometimento das defesas pulmonares contra infecções causadas pelo consumo persistente de maconha por períodos prolongados; Consumo intenso de maconha está associado a maior prevalência de sintomas de bronquite crônica e maior incidência de bronquite aguda (em relação a não-fumantes); Maconha usada durante a gravidez está associada a deficiência no desenvolvimento fetal, que leva a redução no peso ao nascer; Uso da maconha durante a gravidez pode levar ao risco pós-natal de formas raras de câncer, embora seja necessária mais pesquisa nesta área. Os sites E-Farsas e Fact Crescendo (Índia) também desmentiram a alegação analisada pelo Verifica.
https://politica.estadao…290720201806.png
null
['Alessandra Monnerat']
[]
['maconha', 'fake news [notícia falsa]', 'OMS [Organização Mundial de Saúde]']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/bombeiros-desmentem-boato-sobre-incendio-causado-por-alcool-em-gel-em-chave-de-carro/
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Bombeiros desmentem boato sobre incêndio causado por álcool em gel em chave de carro
Especialista explica que risco de fogo ao limpar chaves com álcool é pequeno, mas melhor procedimento é higienizar as mãos
2020-07-28
Uma imagem que circula no WhatsApp e no Facebook afirma que um carro pegou fogo em uma garagem em Belém, no Pará — o incêndio teria sido provocado por uma chave higienizada com álcool em gel, colocada na ignição do veículo. No entanto, o Corpo de Bombeiros do Pará informou não ter registrado uma ocorrência desse tipo na cidade. A imagem com informação falsa simula o comunicado de uma concessionária de veículos da Volkswagen em Guanambi, na Bahia. Em suas redes sociais, a empresa desmentiu que tenha feito esse alerta. LEIA TAMBÉM Médicos americanos fazem alegações falsas sobre máscaras em vídeo viral Além disso, um especialista consultado pelo Estadão Verifica explicou que é muito pequena a chance de um incêndio ocorrer por causa de uma chave higienizada com álcool. Concessionária desmente boato sobre incêndio ao usar álcool em gel na chave do carro Incêndio começou por causa de chave com álcool? O Corpo de Bombeiros do Pará informou que não há registro de uma ocorrência de incêndio como a descrita no post viral. A equipe de checagem do Fato ou Fake, que também desmentiu esse boato, apontou que no início de junho ocorreu um incêndio na garagem de um prédio no bairro do Umarizal, na Região Centro-Sul de Belém. No entanto, o síndico do prédio negou à rádio CBN que o fogo tenha começado com uma chave higienizada com álcool em gel. A Guapeve, concessionária citada na imagem analisada, divulgou um comunicado afirmando que a informação sobre o incêndio não é verdade. É perigoso limpar a chave do carro com álcool? O professor doutor do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP) Reinaldo Camino Bazito disse acreditar que o incêndio descrito na postagem não seja verdadeiro. Segundo ele, apesar de o álcool em gel 70% ser inflamável, o sistema da chave de ignição aciona um circuito de baixa tensão e baixa corrente. Dessa forma, a chance de ocorrer uma faísca — necessária para o início do fogo — seria pequena. Bazito explica que a alta corrente e a faísca ocorrem em uma parte diferente do carro, no motor. Ele não vê riscos em usar álcool em gel para higienizar as chaves do carro. “Bastaria esperar um pouco a evaporação do álcool antes de introduzir a chave na ignição para reduzir ao mínimo o risco de um incêndio”, disse. “O ponto principal, no entanto, é que o melhor procedimento é higienizar as mãos com álcool gel antes de pegar a chave e esperar alguns segundos para o álcool evaporar”. A postagem analisada orienta lavar as chaves dos carros com água e sabão neutro, em substituição ao álcool. Bazito recomenda não fazer isso para não estragar os componentes eletrônicos das chaves, que acionam o alarme e travam as portas dos veículos. Há necessidade de limpar as chaves? Pesquisadores que estudam o novo coronavírus ainda investigam como o vírus se espalha. No início deste mês, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu formalmente que o SARS-CoV-2 (que causa a covid-19) também pode ser transmitido pelo ar. Atualmente, a entidade reconhece que a principal forma de contágio é de pessoa para pessoa — a transmissão ocorre em gotículas de saliva expelidas durante a fala, tosse ou espirro. A OMS afirma que também é possível contrair covid-19 se, após tocar superfícies contaminadas por essas gotículas, você colocar as mãos no nariz, boca ou olhos. Por isso, é importante sempre higienizar as mãos. No dia 16 de junho, o Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC) publicou novas orientações sobre os tipos de propagação do vírus, destacando que o contágio ocorre principalmente de uma pessoa a para a outra. O CDC afirma que o vírus também pode se espalhar de outras maneiras, como por contato indireto por meio de superfícies ou objetos, mas que “não se acredita que essa seja a principal maneira” de transmissão. Ou seja: as principais formas de se prevenir contra o novo coronavírus continuam sendo lavar as mãos frequentemente; evitar tocar o próprio rosto; manter distância de ao menos 1 metro de outras pessoas; e praticar distanciamento social, evitando aglomerações. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
https://politica.estadao…280720200428.png
null
['Gabi Coelho']
[]
['estados unidos', 'coronavírus', 'USP', 'veículos', 'pará', 'Belém', 'incêndio', 'corpo de bombeiros', 'álcool', 'álcool em gel', 'CDC', 'Volkswagen']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/boato-distorce-relato-de-mulher-que-diz-ter-participado-de-testes-da-vacina-de-oxford/
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Boato distorce relato de mulher que diz ter participado de testes da vacina de Oxford
Carioca que afirma ter sentido dor e febre após receber imunizante sequer menciona vacina chinesa testada em São Paulo; sintomas citados não são considerados graves
2020-07-28
Postagens falsas no Facebook desinformam ao sugerir que uma mulher do Rio de Janeiro teria relatado sono, cansaço, febre e dor no corpo ao tomar a CoronaVac — vacina experimental contra a covid-19 da empresa Sinovac, da China, que está sendo testada em São Paulo. Os conteúdos chamam a suposta voluntária de “cobaia” do governador João Doria (PSDB). No entanto, a pessoa retratada não diz fazer parte dos ensaios clínicos dessa vacina, e sim de outra, desenvolvida pela Universidade de Oxford e pelo laboratório AstraZeneca, que também está sendo testada no Brasil. Além disso, as reações mencionadas não são consideradas graves e podem ser observadas inclusive em vacinas aprovadas para outras doenças, de acordo com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Postagens distorcem relato de carioca à revista Marie Claire. Foto: Reprodução / Arte Estadão O boato distorce conteúdo publicado pela revista Marie Claire, em 25 de julho. A matéria apresenta depoimento de uma mulher chamada Jackeline Desiderio, que se identifica como integrante da ONG Humanid’Aids. Logo abaixo do título, é relatado que Jackeline “está entre as pessoas que participaram dos testes cegos da vacina de Oxford contra o novo coronavírus”, e não da Sinovac. O Estadão Verifica não pode confirmar se Jackeline Desiderio faz parte dos testes da vacina de Oxford. Procurado pela reportagem, o Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino, responsável pelos testes da vacina no Rio de Janeiro, disse que “não tem autorização para confirmar a identidade dos voluntários que participam de seus estudos”. A Unifesp, que coordena os testes no Brasil, disse que não possui a informação. Fato é que nem os participantes, nem a equipe de acompanhamento dos ensaios sabem quando a substância aplicada é realmente o possível imunizante de Oxford contra a covid-19 ou apenas placebo — nesse caso, uma vacina para a meningite que apresenta a possibilidade de sintomas semelhantes após a aplicação. Na fase 3 de testes clínicos, pela qual passa a vacina de Oxford, metade dos voluntários recebe doses do produto experimental e a outra metade, placebo. Esses últimos formam o chamado “grupo controle”, necessário para entender a taxa esperada de incidência da covid-19 e fazer uma comparação precisa com o desempenho daqueles que de fato receberam o produto, avaliando assim a eficácia do imunizante. A informação é secreta para garantir que esse tipo de conhecimento não influencie comportamentos, o que poderia gerar alterações artificiais nos resultados. É o que se chama no meio acadêmico de estudo duplo-cego, condição que torna a evidência científica mais robusta. Reações citadas em depoimento não são consideradas graves Em entrevista à revista Marie Claire, a mulher afirma que recebeu a dose e, depois da primeira noite, teve uma série de sintomas. “Comecei a me sentir indisposta, com uma enorme moleza no corpo, muito sono, cansaço e febre de 38 graus. Em seguida, meu corpo inteiro começou a doer; e os olhos, a lacrimejar. Fora a dor no braço que é absurda, mal posso levantá-lo”. Já em entrevista para a Band TV, no dia 27 de julho, Jackeline ponderou que, apesar das reações adversas, a experiência “foi bem tranquila”. Ela disse que já não sentia mais nada, passados quatro dias do aparecimento dos sintomas. Ao contrário do que sugerem as postagens nas redes sociais, nenhum dos sintomas relatados é considerado grave, de acordo com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que coordena os testes no Brasil em parceria com a universidade britânica. “Até o momento, os voluntários não apresentaram efeitos colaterais severos. As reações como dor no local da aplicação, febre, cefaleia (dor de cabeça), dor no corpo são de leve a moderada intensidade e melhoram com um paracetamol”, comentou a Unifesp por e-mail. A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica “dor no local da injeção ou febre baixa” como efeitos colaterais leves e comuns da imunização, em página de perguntas e respostas sobre as vacinas. Em nota, a Unifesp destacou que os resultados das primeiras etapas de testes se mostraram “esperançosos”. Em artigo na revista The Lancet, publicado em 20 de julho, os cientistas mostraram que a vacina experimental produziu resposta imune e não gerou efeitos colaterais graves entre os participantes. Parte dos voluntários apresentou apenas sintomas de baixa intensidade, como sensação de febre, calafrios, dores musculares, dores de cabeça e mal-estar. A conclusão é referente às fases 1 e 2 dos ensaios clínicos, feita com 1.077 pessoas, com idades entre 18 e 55 anos, no Reino Unido. Para atestar a eficácia e a segurança da vacina, os pesquisadores ainda precisam concluir a terceira etapa, que está sendo realizada com 50 mil voluntários no mundo, entre eles 5 mil brasileiros. A previsão é de que, caso os resultados fiquem prontos até o final do ano, o registro poderia ser liberado até junho de 2021. O governo federal discute acordo de cooperação com a AstraZeneca para a produção da vacina em território nacional, por meio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O acordo foi anunciado em 27 de junho, mas o documento ainda não foi assinado. Já a vacina da Sinovac iniciou testes em São Paulo em 21 de julho. A ação faz parte de acordo entre a farmacêutica chinesa, o governo paulista e o Instituto Butantan, firmado em 10 de junho. O produto também está no estágio 3 dos ensaios clínicos. A OMS listava 139 projetos em estudos pré-clínicos e 25 com testagem em humanos nesta segunda-feira, 27. Além das vacinas de Oxford e da Sinovac, também atingiram a etapa final de testes as candidatas dos Institutos de Produtos Biológicos de Wuhan e Pequim, em parceria com a estatal chinesa Sinopharm, e a da empresa farmacêutica norte-americana Moderna, com apoio do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos. Rivalidade entre Bolsonaro e Doria alimenta boatos sobre vacinas A rivalidade política entre o governador de São Paulo, João Doria, e o presidente Jair Bolsonaro costuma alimentar boatos sobre vacinas nas redes sociais. O Estadão Verifica já desmentiu diversos conteúdos do gênero desde que Doria anunciou parceria com o laboratório chinês e o governo federal começou a discutir os termos de cooperação com a AstraZeneca. Um deles alegava que Doria teria firmado parceria para produção de vacina contra a covid-19 antes da pandemia, distorcendo declarações do político em entrevista a jornalistas. Outro boato tirou de contexto uma foto antiga do governador, sem máscara em local público, recebendo uma vacina da gripe. E outro suposto efeito adverso da CoronaVac está circulando no Facebook, mas a foto mostra um rapaz com alergia a amendoim nos Estados Unidos. Quanto à vacina de Oxford, o Estadão Verifica analisou posts que relatavam uma suposta participação da Fiocruz em pesquisas iniciais do projeto e outro que dizia que essa vacina “já teria comprovação científica” contra o novo coronavírus. Aos Fatos e Agência Lupa também verificaram o conteúdo e concluíram que é falso. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
https://politica.estadao…280720201430.png
null
['Samuel Lima']
[]
['coronavírus', 'estadão verifica', 'facebook', 'fake news [notícia falsa]', 'coronavírus [vacina]', 'universidade de oxford', 'joão doria', 'China [Ásia]']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/medicos-americanos-fazem-alegacoes-falsas-sobre-mascaras-em-video-viral/
ESTADAO_VERIFICA
Médicos americanos fazem alegações falsas sobre máscaras em vídeo viral
Não é verdade que o uso do equipamento cause enfraquecimento do sistema imunológico
2020-07-28
Em um vídeo que circula no Instagram e que já teve mais de 90 mil visualizações, médicos americanos defendem que o uso de máscaras enfraquece o sistema imunológico. Segundo os profissionais de saúde, as máscaras diminuiriam a exposição aos micro-organismos que poderiam ser importantes para desenvolver a imunidade contra o novo coronavírus. Especialistas ouvidos pelo Estadão Verifica contestam as afirmações e reforçam o uso da máscara que, junto das outras medidas sanitárias, ajuda a barrar a disseminação do vírus e diminuir o número de pessoas doentes. É falso de que o uso das máscaras enfraquecem o sistema imunológico. Foto: Reprodução/Facebook LEIA TAMBÉM Foto de alergia a amendoim é compartilhada como se fosse reação a vacina contra covid-19 O clipe analisado, de cerca de um minuto e meio, também foi usado no documentário “Plandemic”, que divulga diversas informações falsas sobre o novo coronavírus e foi desmentido pelo Estadão Verifica em parceria com o Projeto Comprova. O vídeo mostra uma entrevista coletiva à imprensa local convocada em abril pelos médicos Dan Erickson e Artin Massihi, de Bakersfield, na Califórnia. De acordo com o jornal The Washington Post, que também desbancou o conteúdo da gravação, a dupla é dona de uma cadeia de unidades de atendimento de emergência. Duas associações americanas de médicos de emergência condenaram as afirmações feitas por Erickson e Massihi, e afirmaram que os médicos espalharam informações falsas sobre a covid-19 para “avançar seus interesses financeiros pessoais, sem preocupação com a saúde pública”. O que os médicos dizem no vídeo Erickson e Massihi se apresentam como especialistas em microbiologia e imunologia e afirmam que, para que as pessoas tenham um sistema imunológico forte é preciso estar em contato direto com bactérias e outros patógenos. Eles argumentam que, dessa forma, o corpo seria capaz de criar imunidade diária contra elas. “Eu não acho que todo mundo precise usar máscaras e luvas, porque reduz sua flora bacteriana, não permite que você interaja com a sociedade e sua flora bacteriana, ‘seus amigos’ que protegem você de outras doenças, acabam indo embora. E agora você é mais suscetível a pegar infecções oportunistas”, dizem os médicos no vídeo. A professora do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Viviane de Souza Alves explica que a argumentação não faz sentido. Para início de conversa, a dupla usa um termo em desuso: flora bacteriana. “Já posso começar criticando o fato de eles dizerem que entendem de microbiologia e imunologia”, afirma a professora. “Nós, microbiologistas, não usamos o termo ‘flora bacteriana’. Chamamos o conjunto de micro-organismos que habita o nosso corpo e os ambientes de microbiota”. Alves explica que existe a microbiota residente — os micro-organismos que vivem em nosso corpo — e a microbiota transitória — os micro-organismos que estão nos objetos com os quais entramos em contato. Segundo a professora, desde o início da vida vamos adquirindo anticorpos: na amamentação, no contato com nossos pais e com nossa casa. “À medida que vamos crescendo vamos tendo contato aos poucos com esses micro-organismos, e eles se estabelecem”, afirma Viviane. Como temos contato com esses micro-organismos durante toda a vida, o uso temporário de máscaras não influenciaria de maneira significativa o desenvolvimento do sistema imunológico. “Esses micro-organismos que moram no nosso corpo não são adquiridos de uma hora para outra, eles se alteram até a velhice”, diz a professora. “Adquirimos-os ao longo da vida, e eles habitam o interior do nosso corpo e vão estimulando nossa resposta imune. Então a gente se infecta o tempo todo com micro-organismos e estabelece uma relação mutualística, de benefício mútuo”. Qual a importância de se usar máscaras Os especialistas consultados pelo Estadão Verifica afirmam que o uso de máscara não apenas serve para nos proteger da covid-19 — o equipamento de proteção também é importante para evitar o contágio de outras pessoas. Segundo o infectologista da Secretaria Municipal de Saúde de Nova Lima (MG), Guenael Freire, a máscara serve como uma barreira mecânica que impede que a pessoa infectada transmita a doença por meio de gotículas de saliva expelidas durante a fala, espirro ou tosse. De acordo com Freire, não devemos nos expor sem proteção ao novo coronavírus esperando criar imunidade. “Uma pessoa jovem pode se infectar e até ter um quadro clínico muito leve, mas ela ajuda a perpetuar essa infecção porque pode transmitir a outra pessoa. Dessa forma, muitas pessoas adoecem e sobrecarregam o sistema de saúde. Ao usar a máscara, mesmo a caseira, a redução da transmissão ocorre de maneira significativa”, informa o médico. Viviane Alves, por sua vez, fez um experimento, reproduzido em uma reportagem para o Jornal Nacional, para comprovar a importância do uso de máscaras. Em uma sala, a pesquisadora registrou um voluntário espirrando em diversas situações diferentes: com e sem máscara, próximo e distante de seu interlocutor. O resultado da experiência mostrou que o uso de máscara diminui a contaminação de outras pessoas. Segundo Viviane, as máscaras funcionam bem desde que seu uso seja acompanhado do distanciamento social. Isso porque as gotículas de saliva podem ser transportadas pelo ar e percorrer mais de 2 metros. Desinformação sobre máscaras é frequente nas redes sociais Desde que o uso de máscaras passou a ser recomendado por autoridades sanitárias para evitar a transmissão e contaminação pelo novo coronavírus, a desinformação sobre esse equipamento de proteção se tornou mais frequente nas redes sociais. Em checagem publicada 20 de julho, o Comprova desmentiu afirmações de um influenciador que dizia que máscaras não eram eficientes no combate à covid-19. A reportagem conversou com o médico e diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) Antonio Carlos Bandeira que pontuou que “o uso da máscara previne a aerossolização das gotículas que quando o indivíduo fala, tosse ou espirra gera e contamina muito as outras pessoas”. Bandeira disse, ainda, que “o uso de máscara previne a possibilidade de o indivíduo contaminado, mesmo que ele não saiba [que está infectado], de aerossolizar partículas, porque essas partículas vão ficar presas na porção interna das máscaras”. Em maio, o Comprova desbancou outra informação falsa sobre máscaras — de que elas reduziriam a imunidade, aumentariam a aspiração de dióxido de carbono e a proliferação de bactérias. Os especialistas consultados pela reportagem desacreditaram essa teoria. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
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['Gabi Coelho']
[]
['máscaras', 'covid19', 'novo coronavírus', 'pandemia', 'crise sanitária', 'microrganismos', 'microbiologia', 'sistema imunológico', 'pandemic']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/e-falso-tuite-de-augusto-heleno-com-ofensas-a-ex-ministros-de-bolsonaro/
ESTADAO_VERIFICA
É falso tuíte atribuído a Augusto Heleno com ofensas a ex-ministros de Bolsonaro
Publicação viralizou ao utilizar imagem e nome do ministro do Gabinete de Segurança Institucional
2020-07-28
Um boato que viralizou no Facebook inventa tuíte que teria sido feito pelo ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno. Na imagem, ele parece criticar ministros que deixaram o governo de Jair Bolsonaro (sem partido), mas a conta no Twitter não é dele. O Estadão Verifica checou este conteúdo após receber 2,4 mil compartilhamentos e ser visto 53,8 mil vezes em 24h na rede social. O tuíte chama os ex-ministros de “canalhas frouxos” que “não aguentam porrada da mídia suja”. No entanto, a conta que o teria publicado é “gen_helleno”, ao passo que a conta oficial do ministro é “gen_heleno”. A foto de perfil reproduzida no boato é a mesma da conta verdadeira, que possui o selo de autenticação do Twitter. LEIA TAMBÉM Recebeu algum boato? Envie para checagem do Estadão Verifica O Estadão Verifica buscou o tuíte no perfil oficial, mas não o encontrou. Também tentamos acessar a conta falsa, mas ela não existe mais. Tuíte não foi feito pela conta oficial do ministro do GSI. Foto: Reprodução O governo Bolsonaro realizou 13 mudanças em seu quadro de ministros nos primeiros 18 meses de gestão. Ele trocou os ministros Henrique Mandetta e Nelson Teich, da Saúde, em plena pandemia de covid-19. Já o ex-juiz da Lava Jato Sérgio Moro, considerado um dos pilares de seu governo e da bandeira anticorrupção, pediu demissão da Justiça e Segurança Pública acusando-o de tentar interferir politicamente na Polícia Federal. General da reserva, Augusto Heleno comandou as forças de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti de 30 de maio de 2004 a 31 de agosto de 2005. Também foi comandante militar da Amazônia até 2007. Ele é um dos sete egressos das Forças Armadas atualmente no comando de pastas no governo federal. Um dos aliados mais importantes de Bolsonaro, esteve ao lado do presidente desde a campanha eleitoral. Esta não é a primeira vez que Augusto Heleno é alvo de boatos. Em abril, um perfil se utilizou do seu nome e de sua imagem para dizer que Bolsonaro havia sido infectado pelo novo coronavírus. O general da reserva testou positivo para covid-19 em março, enquanto que o presidente só seria diagnosticado com a doença em 7 de julho. Circulam, no Twitter, mensagens mentirosas e ofensivas, usando indevidamente meu nome e sem autenticação. Segue, abaixo, um exemplo: pic.twitter.com/DqeqYGmfFT — General Heleno (@gen_heleno) April 20, 2020 Este conteúdo também foi checado por Boatos.org. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
https://politica.estadao…091120200012.jpg
null
['Pedro Prata']
[]
['fake news [notícia falsa]', 'gabinete de segurança institucional', 'Augusto Heleno Ribeiro Pereira']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/foto-de-alergia-a-amendoim-e-compartilhada-como-se-fosse-reacao-a-vacina-contra-covid-19/
ESTADAO_VERIFICA
Foto de alergia a amendoim é compartilhada como se fosse reação a vacina contra covid-19
Imagem foi registrada após trote em universidade americana em 2017 e não tem qualquer relação com testes de imunizante produzido em parceria entre Instituto Butantan e empresa chinesa
2020-07-28
A foto de um rapaz com os olhos inchados tem sido compartilhada no Facebook como se mostrasse efeito adverso da vacina CoronaVac, que é testada em São Paulo. Na realidade, a imagem é de reação alérgica a manteiga de amendoim, registrada em um caso que ocorreu nos Estados Unidos em 2016 — portanto, anos antes dos primeiros casos de covid-19 e sem nenhuma reação com o imunizante contra o novo coronavírus. A foto tirada de contexto teve 3,2 mil compartilhamentos no Facebook nas últimas 24 horas. Por meio da ferramenta de busca reversa de imagem TinEye, verificamos que as primeiras publicações da fotografia foram feitas em março de 2017. LEIA TAMBÉM Veja todas as checagens sobre coronavírus publicadas pelo Estadão Verifica Veículos norte-americanos como USA Today e CBS News noticiaram na época que autoridades estavam investigando o caso de um rapaz que sofreu um trote em uma universidade de Michigan, Estado no Meio-Oeste dos Estados Unidos. O incidente ocorreu alguns meses de ser divulgado à imprensa, em outubro de 2016. O integrante de uma fraternidade passou manteiga de amendoim no rosto de Andrew Steely, então com 19 anos, quando ele estava dormindo. O jovem teve de mudar de faculdade depois do trote. CoronaVac já passou por outros testes bem-sucedidos A vacina testada em São Paulo é desenvolvida pelo Instituto Butantã em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac Biotech. A primeira dose foi aplicada em 890 voluntários no Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) na semana passada. A primeira a receber a vacina, a médica Stefania Teixeira Porto, de 27 anos, disse ter recebido uma “injeção de ânimo”. Ao todo, nove mil voluntários receberam a vacina em doze centros de referência do País. Eles receberão uma segunda dose 14 dias após a primeira aplicação. De acordo com o médico Esper Kallás, coordenador do Centro de Pesquisas Clínicas do Instituto Central do Hospital das Clínicas FMUSP, o imunizante já havia passado por outras duas fases de testes bem-sucedidos em outros países. Esta é a primeira fase no Brasil. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou a realização de testes com o imunizante no início do mês. Desinformação contra as candidatas a vacina contra o novo coronavírus tem sido comum nas redes sociais. Em parceria com o Projeto Comprova, esclarecemos que o imunizante produzido pela Universidade de Oxford não contém células de “fetos abortados”. O Estadão Verifica também desmentiu que a Organização Mundial da Saúde (OMS) tenha recomendado a compra de vacinas chinesas em detrimento de vacinas americanas. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
https://img.estadao.com.…617563593097.jpg
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['Alessandra Monnerat']
[]
['coronavírus [vacina]', 'vacina', 'fake news [notícia falsa]']
2021-05-20
['FORA DE CONTEXTO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/fotos-de-rodovias-em-sao-paulo-e-no-mato-grosso-sao-usadas-em-post-viral-sobre-br-163/
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Fotos de rodovias em São Paulo e no Mato Grosso são usadas em post viral sobre BR-163
Publicação faz falsa comparação da rodovia que liga Rio Grande do Sul ao Pará nas gestões Bolsonaro e Lula
2020-07-27
Uma montagem compartilhada no Facebook que dá crédito ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido) pela pavimentação da BR-163 utiliza fotos que não são da rodovia federal. A imagem de uma rodovia de terra com caminhões atolados mostra a rodovia estadual MT-208, ao passo que a foto de uma estrada asfaltada é da rodovia estadual SP-351. O Estadão Verifica checou este conteúdo após ele ser compartilhado 1,3 mil vezes em 24h. “É só não roubar que sobra dinheiro para investir no Brasil”, diz a legenda que acompanha o post. A publicação mostra uma estrada de terra com caminhões presos em atoleiros e diz se tratar da BR-163 no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Já a segunda imagem mostra uma rodovia asfaltada. Também diz se tratar da BR-163, mas desta vez sob a gestão do governo Bolsonaro. LEIA TAMBÉM Recebeu algum boato? Envie para checagem do Estadão Verifica A imagem da rodovia enlameada já havia sido utilizada em outro boato checado pelo Estadão Verifica, em parceria com o Projeto Comprova. A foto foi inicialmente postada em 2008 por moradores de Nova Monte Verde para protestar contra a condição de preservação da rodovia MT-208. Imagens não mostram rodovia BR-163. Foto: Reprodução A imagem da rodovia com asfalto novo não foi fotografada no Pará, mas sim em São Paulo. Segundo a Agência Lupa, trata-se da rodovia SP-351. A foto foi tirada em Nuporanga, a cerca de 340 quilômetros da capital paulista, pelo fotógrafo Guilherme Lara Campos. A imagem está disponível no banco de imagens do Governo de São Paulo, onde consta que foi tirada em 7 de maio de 2013. A BR-163 é um rodovia federal que vai do Rio Grande do Sul ao Pará. Ela é utilizada para escoar grãos do Centro-Oeste para os portos do Pará e estava em obras desde a década de 1970. Ela se tornava um atoleiro na época de chuvas, por isso Bolsonaro compareceu e comemorou a pavimentação que liga Miritituba a Novo Progresso, em 14 de fevereiro deste ano. Esta rodovia já foi alvo de checagens do Estadão Verifica. Um vídeo enganoso atribuía ao governo de Jair Bolsonaro o início das obras de pavimentação da rodovia BR-163. A informação, no entanto, é falsa: as obras de asfaltamento, capitaneadas pelo Exército, começaram em setembro de 2017. Este conteúdo também foi checado pelo Aos Fatos. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
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['Pedro Prata']
[]
['fake news [notícia falsa]', 'jair bolsonaro']
2021-05-20
['FORA DE CONTEXTO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/anvisa-classificou-ivermectina-como-remedio-controlado-para-coibir-compra-indiscriminada/
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Anvisa classificou ivermectina como remédio controlado para ‘coibir compra indiscriminada’
Medicamento não tem eficácia comprovada contra covid-19; publicações no Facebook insinuam motivação política
2020-07-27
Uma norma da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que classificou o vermífugo ivermectina como remédio controlado motivou desinformação nas redes sociais. Postagens no Facebook que questionam a decisão da Anvisa afirmam que o fármaco é uma opção barata para combater a covid-19; no entanto, não há comprovação científica de sua eficácia. Os posts insinuam ainda que a norma da agência teria motivação política — a Anvisa, no entanto, justificou a medida como uma forma de evitar a “compra indiscriminada” de medicamentos divulgados como possíveis tratamentos para o novo coronavírus. Como esses remédios são usados no combate a outras doenças, é necessário garantir o estoque para outros pacientes. LEIA TAMBÉM Veja todas as checagens sobre coronavírus publicadas pelo Estadão Verifica O Estadão Verifica checa postagens virais sobre a pandemia do novo coronavírus que possam espalhar desinformação. Este tipo de conteúdo gera descrença em órgãos oficiais de saúde e pode levar as pessoas a não respeitarem medidas recomendadas por autoridades sanitárias, necessárias para o combate da pandemia. As duas publicações verificadas foram compartilhadas mais de 2,1 mil vezes em 24h. Ivermectina Anvisa. Foto: Reprodução Anvisa publica norma sobre ivermectina A Anvisa publicou a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 405/2020 na última quinta-feira, 23, na qual estabelece regras de controle específicas para a prescrição, a dispensação e a escrituração de cloroquina, hidroxicloroquina, nitazoxanida e ivermectina. A partir de agora, a compra desses produtos em farmácias só é permitida com a apresentação de receita médica em duas vias — uma delas fica retida na loja. Cada receita tem validade de 30 dias e pode ser usada apenas uma vez. Segundo a Anvisa, a medida visa “coibir a compra indiscriminada de medicamentos que têm sido amplamente divulgados como potencialmente benéficos no combate à infecção humana pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), embora ainda não existam estudos conclusivos sobre o uso desses fármacos para o tratamento da covid-19”. O Estadão Verifica já checou postagens que exageravam os benefícios de todos os remédios citados pela Anvia. Outra intenção da norma é garantir o estoque dos medicamentos para quem precisa deles para outras doenças. A hidroxicloroquina é um fármaco há muito tempo utilizado para tratar malária, lúpus e artrite reumatóide. Desde que ela foi defendida pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como possível tratamento da covid-19, pessoas com estas enfermidades passaram a relatar dificuldade em encontrá-la nas farmácias. Por isso, hidroxicloroquina, cloroquina e nitazoxanida já haviam sido incluídas na lista de controle da Portaria 344/1998. Agora, elas foram retiradas dessa primeira listagem e foram inseridas na RDC 405/2020, juntamente com a ivermectina. O Conselho Federal de Farmácia (CFF) considera as restrições benéficas. “Elas exigem o acesso mediante um acompanhamento mais criterioso”, disse a assessoria de comunicação por e-mail. A entidade fez um levantamento sobre a alta dos medicamentos nos primeiros meses deste ano em comparação com o ano anterior: Hidroxicloroquina: aumento de 58% Ivermectina: aumento de 128,9% Nitazoxanida: aumento de 16,2% Estudos não provaram que ivermectina cure covid-19 A ivermectina é um medicamento usado contra parasitoses como piolho e sarna. Sua possível aplicação no tratamento da covid-19 foi inicialmente impulsionado por uma pesquisa da universidade australiana Monash University, que detectou a eliminação de 100% do coronavírus em laboratório em 48h. A universidade, no entanto, avisou expressamente que seu uso no tratamento da covid-19 continuava sem comprovação, uma vez que ainda seriam necessários estudos em seres humanos. Não é raro que substâncias eliminem o vírus em testes de laboratório, mas isso não prova sua eficácia in vivo — isto é, nos seres humanos. “In vivo, (a ivermectina) não tem nenhuma eficácia contra o coronavírus. A gente não dispõe de nenhum dado conclusivo”, diz Jamal Suleiman, infectologista do Instituto Emílio Ribas. A Anvisa já havia emitido comunicado no qual lembra que não há estudos comprovando a eficácia da ivermectina no tratamento da covid-19. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
https://img.estadao.com.…617563593097.jpg
null
['Pedro Prata']
[]
['fake news [notícia falsa]', 'Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária]', 'ivermectina', 'coronavírus']
2021-05-20
['ENGANOSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/publicacao-engana-ao-dizer-que-pandemia-esta-em-declinio-apos-zerar-excesso-de-mortes/
ESTADAO_VERIFICA
Publicação engana ao dizer que pandemia está em declínio após ‘zerar excesso de mortes’
Site usou dados ainda não atualizados do Portal da Transparência do Registro Civil e que não permitem chegar a essas conclusões
2020-07-24
Esta checagem foi produzida pela coalizão do Comprova. Leia mais aqui. Conteúdo verificado: Texto do portal Notícias Brasil Online (NBO) que compara óbitos de 2019 e 2020 com base no Portal da Transparência e diz que pandemia entrou em declínio É enganoso o texto apresentado pelo site Notícias Brasil Online (NBO) alegando que a pandemia do novo coronavírus está em declínio e que o Brasil “zerou o excesso de mortes em junho”. Em sua publicação, o site usou dados desatualizados que não permitem chegar a essas conclusões. LEIA MAIS CRIANDO SUA CONTA GRATUITAMENTE
https://politica.estadao…240720205103.png
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['Projeto Comprova']
[]
[]
2021-05-20
['ENGANOSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/damares-nega-ter-descoberto-caso-de-pedofilia-no-stf-ao-contrario-do-que-alega-boato/
ESTADAO_VERIFICA
Damares nega ter descoberto ‘caso de pedofilia’ no STF, ao contrário do que alega boato
Postagens sugerem que Supremo Tribunal Federal estaria ‘perseguindo’ a ministra depois de o governo ter protocolado PL que aumenta pena do crime
2020-07-23
É falso o boato nas redes sociais de que a titular do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, teria descoberto “caso de pedofilia” no Supremo Tribunal Federal (STF). O conteúdo sugere ainda que o órgão do Judiciário estaria “perseguindo” a ministra por esse motivo. O próprio Ministério negou essa narrativa, compartilhada mais de 6,2 mil vezes no Facebook até a tarde desta quarta-feira, 22. Procurada pela reportagem, a pasta do governo federal respondeu, por e-mail, que “a informação é integralmente falsa”. A nota esclarece que a ministra Damares “encaminhou projeto de lei que aumenta em 50% a pena em condenações de líderes religiosos, médicos e professores que se aproveitarem da relação de confiança com menores de 18 anos para praticar crimes sexuais”. Segundo o Ministério, a proposta não tem “relação com qualquer investigação específica” ou “qualquer direcionamento” de seus efeitos. Postagens falsas no Facebook afirmam que ministra Damares Alves teria ‘descoberto caso de pedofilia’ no Supremo Tribunal Federal. Foto: Reprodução / Arte Estadão O documento foi protocolado na Câmara dos Deputados em 14 de julho, com a identificação de PL 3780/2020. O projeto altera tanto o Código Penal (Decreto-Lei nº 2.848/1940), quanto o Código de Processo Penal (Decreto-Lei nº 3.689/1941). Além dos casos citados anteriormente, o texto sugere que a pena seja aumentada a “quaisquer pessoas que se beneficiem da confiança da vítima ou de seus familiares” para praticar o crime quando a vítima for menor de 18 anos e incapaz. A justificativa do projeto cita o caso do médium João de Deus e afirma que o governo federal recebeu, por meio de canal oficial, 200,3 mil denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes entre 2011 e o primeiro semestre de 2019. A proposta também sugere novas redações no Código de Processo Penal com o objetivo de “assegurar ao ofendido (vítima) tratamento digno no curso da investigação e em qualquer fase do processo” e pretende alterar prazos de prescrição de crimes do Código Penal quando o criminoso tem mais de 70 anos na data da sentença. Esta última parte traz impactos não só para crimes de pedofilia, mas também a outros. STF encaminhou notícia-crime contra Damares O PL foi anunciado pelo presidente Jair Bolsonaro no Twitter, em 14 de julho. A postagem causou polêmica ao acusar a esquerda de supostamente buscar “meios de descriminalizar a pedofilia, transformando-a em uma mera doença ou opção sexual”. A declaração é falsa e já foi usada, anteriormente, contra a deputada Maria do Rosário (PT-RS) e o ex-deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), além do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), que disputou segundo turno contra Bolsonaro nas eleições de 2018, como noticiou o Estadão Verifica. – Enquanto a esquerda busca meios de descriminalizar a pedofilia, transformando-a em uma mera doença ou opção sexual, apresentei um PL que aumenta em 50% a pena para esses crimes. – Parabéns @DHumanosBrasil @DamaresAlves pela iniciativa do PL e defesa da família. pic.twitter.com/GALBhG76z6 — Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) July 14, 2020 Três dias depois, em 17 de julho, o ex-deputado federal e presidente nacional do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Roberto Jefferson, sugeriu no Twitter que o Supremo estaria “atacando” Damares em razão de suas “recentes ações assertivas contra a pedofilia”. Sem provas, postou na rede social que existe “um urubu que só come filhotes de aves no ninho”, texto acompanhado de uma foto de cinco ministros em fila alterada digitalmente para mostrar “urubus” de toga. Nesta quarta-feira, 22, Jefferson apagou o tuíte. Porém, print da imagem continua circulando entre apoiadores nas redes sociais. O ex-deputado federal é um dos alvos do inquérito das fake news contra o Supremo Tribunal Federal e teve dois endereços vasculhados pela Polícia Federal (PF) em maio. À época, o político condenado no escândalo do Mensalão e hoje aliado de Bolsonaro chamou a ação de “censura”. O suposto “ataque” de que trata Jefferson seria o encaminhamento do Supremo à Procuradoria-Geral da União (PGR), órgão máximo do Ministério Público Federal (MPF), em 17 de julho, de notícia-crime contra Damares por ter dito a frase “Vamos pedir a prisão de governadores e prefeitos”, em reunião ministerial de 22 de abril. A gravação foi tornada pública em meio ao inquérito do STF que investiga a suposta tentativa de interferência política do presidente Jair Bolsonaro na PF. A notícia-crime é assinada pelo advogado Ricardo Schmidt e foi enviada pela ministra Cármen Lúcia. No documento, Schmidt argumenta que Damares deve ser denunciada por ter tentado impedir o “livre exercício dos Poderes dos Estados” com o “emprego de grave ameaça”. A ministra justificou a declaração dizendo que era direcionada a administradores públicos que tivessem violado direitos de pessoas que furaram as regras de isolamento social durante a pandemia de covid-19. Nas redes sociais, disse ainda estar “tranquila” e que “não cometeu crime algum”. Cabe à PGR decidir se prossegue ou arquiva o pedido. Outro a enfrentar problemas em razão de declarações na reunião ministerial foi o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Na ocasião, o ministro afirmou que o governo federal deveria aproveitar a “oportunidade” da pandemia para “ir passando a boiada” em regulações ambientais. Em 6 de junho, a PGR deu prosseguimento à notícia-crime apresentada pelo deputado federal Célio Studart (PV-CE), pedindo o impeachment de Salles. A reunião ainda teve o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub dizendo que “botava na cadeia esses vagabundos todos, começando pelo STF”, entre outras acusações e ofensas em série. O Fato ou Fake, do portal G1, e o Aos Fatos também analisaram este boato e concluíram que a mensagem é falsa. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
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['Samuel Lima']
[]
['Damares Alves', 'Ministério dos Direitos Humanos', 'estadão verifica', 'facebook', 'fake news [notícia falsa]', 'STF [Supremo Tribunal Federal]', 'pedofilia']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/postagem-no-facebook-desinforma-ao-transferir-responsabilidade-do-combate-a-pandemia-ao-stf/
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Postagem no Facebook desinforma ao transferir responsabilidade do combate à pandemia ao STF
Supremo decidiu sobre autonomia de Estados e municípios em ações de enfrentamento ao novo coronavírus, mas não tirou autoridade da União
2020-07-23
Circula no Facebook uma postagem com a alegação enganosa de que o Supremo Tribunal Federal (STF) teria tirado a autoridade do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de decidir sobre a pandemia do novo coronavírus. O post teve mais de 13 mil compartilhamentos em quatro dias. Especialistas em Direito Constitucional consultados pelo Estadão Verifica esclarecem que, na verdade, a atuação do STF visa apenas a garantia do cumprimento da Constituição de 1988, que trata das competências para legislar sobre saúde pública, mesmo em estado de calamidade. Postagem no Facebook desinforma ao transferir responsabilidade do combate à pandemia ao STF LEIA TAMBÉM Usar cubos de gelo para regar orquídeas pode machucar as plantas Em 15 de abril, o STF reconheceu, por unanimidade, a “competência concorrente” da União, dos Estados, dos municípios e do Distrito Federal em ações de enfrentamento ao novo coronavírus. O Supremo deliberou sobre uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) movida pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT) a respeito da Medida Provisória (MP) 926/2020 — a legenda havia entendido que essa MP centralizava no governo federal a prerrogativa de decidir sobre isolamento social, quarentena e outras iniciativas de combate ao vírus. Os ministros do STF entenderam que a União pode legislar sobre saúde pública, mas que também deve resguardar a autonomia dos demais entes federativos a respeito do rema. O artigo 23 da Constituição define como “competência comum” entre União, Estados, municípios e Distrito Federal “cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência”. O texto original da MP afirmava que as ações de enfrentamento à pandemia deveriam “resguardar o exercício e o funcionamento de serviços públicos e atividades essenciais” e que era responsabilidade da Presidência da República dispor “sobre os serviços públicos e atividades essenciais”. Bolsonaro já afirmou publicamente diversas vezes sua contrariedade em relação a políticas de distanciamento social. Posteriormente, quando a MP foi votada na Câmara dos Deputados, os parlamentares excluíram o trecho citado acima, que centralizava as decisões na figura do presidente. Atualmente, o texto aguarda sanção presidencial. O entendimento errôneo de que o STF teria tirado da Presidência o poder de decidir sobre saúde pública já havia sido divulgado pelo próprio Bolsonaro. Em 8 de junho, ele distorceu o que decidiram os ministros do Supremo ao afirmar que “as ações de combate à pandemia (fechamento do comércio e quarentena, p.ex.) ficaram sob total responsabilidade dos Governadores e dos Prefeitos”. O que dizem especialistas em Direito Constitucional sobre o assunto Para o mestre em Direito do Estado e Especialista em Direito Político e Eleitoral e sócio do escritório Braga Nascimento e Zilio Advogados Associados, Tony Chalita, as decisões do STF sobre a competência em legislar sobre saúde pública apenas apresentaram “a interpretação única” que a Constituição admite. “Sobre a saúde, estabelece o artigo 23, a competência comum da União, Estados, Distrito Federal e Municípios”, afirma. Segundo Chalita, essa competência comum administrativa não significa que todos possam fazer tudo. “Realmente, a União deve apresentar normas de interesse geral, Estados as normas de interesse regional e municípios cuidar dos interesses locais”, detalha. O advogado defende que é necessário haver equilíbrio na tomada de decisões. E que, além disso, “o bem maior a ser protegido pelo texto constitucional, por qualquer ângulo que o observe é e sempre será a vida dos cidadãos”. Da mesma forma, o professor de Direito Constitucional na Fundação Dom Cabral Cláudio Araújo Pinho considera que o STF não tirou a responsabilidade do Presidente. Ele lembra que o artigo 24 da Constituição Federal define que “no âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais”. O professor esclarece que, na prática, o artigo estabelece que “quem tem poder em última instância de restringir o protocolo de saúde é a municipalidade”. O ministro Luiz Fux, vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), também declarou, no mês passado, que o STF não isenta o governo federal de responsabilidades sobre a pandemia de coronavírus. A Agência Lupa também checou uma alegação similar, de que o “STF afastou Bolsonaro do controle da covid”. De acordo com a checagem, o STF julgou três ações e entendeu que governadores e prefeitos têm autonomia para traçar planos de combate ao vírus em seu respectivos territórios, incluindo o fechamento do comércio, por exemplo. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
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['Gabi Coelho']
[]
['covid19', 'coronavírus', 'novo coronavírus', 'pandemia', 'jair bolsonaro', 'presidente da república', 'STF']
2021-05-20
['ENGANOSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/usar-cubos-de-gelo-para-regar-orquideas-pode-machucar-as-plantas/
ESTADAO_VERIFICA
Usar cubos de gelo para regar orquídeas pode machucar as plantas
Especialistas afirmam que prática tem o mesmo efeito de uma geada; melhor forma de cuidar das mudas é mantê-las em vasos com boa drenagem
2020-07-21
Um post viral recomenda regar orquídeas com três cubos de gelo por semana, mas especialistas alertam que isso pode enfraquecer as plantas e levá-las à morte. O Estadão Verifica decidiu checar esta publicação por ter sido visualizada 1,1 milhão de vezes no Facebook. O post afirma que regar as plantas com gelo fornece a quantidade certa de água para as plantas. O texto também diz que a recomendação estaria presente em embalagens onde as plantas são vendidas. E dá um segundo motivo para a prática com plantas de uma espécie em particular: “O gelo simula as horas de frio que a Phalaenopsis precisa para florescer, fazendo com que ela floresça com mais frequência.” LEIA TAMBÉM Recebeu algum boato? Envie para checagem do Estadão Verifica No entanto, a técnica descrita na postagem não encontra respaldo nas recomendações do cultivo de orquídeas, afirma Gilberto B. Kerbauy, professor do Departamento de Botânica da Universidade de São Paulo (USP). “Não existe nenhuma sustentação científica sobre eventuais benefícios da colocação de gelo junto às raízes de orquídeas.” Gelo machuca as raízes das plantas. Foto: Reprodução O gelo posicionado sobre as raízes das plantas tem o efeito de uma geada, explica o pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical José Luiz Mosca. “Gelo nunca deve ser colocado em raiz de planta nenhuma porque (os cubos) vão queimar a raiz das plantas.” Segundo Mosca, a espécie de orquídea Phalaenopsis, citada no post viral, precisa de frio para florir. Mesmo assim, a técnica não é utilizada por produtores de lugares quentes, como São Paulo. O especialista explica que os produtores fazem uma parte do crescimento vegetativo da orquídea em São Paulo, levam as plantas para o sul de Minas para passarem algumas horas em temperaturas mais amenas, e depois trazem as mudas de volta para São Paulo. Os dois especialistas negam já ter visto a recomendação na embalagem das plantas. Dicas de como cuidar de sua orquídea Mosca lembra que é preciso manter orquídeas em vasos com boa drenagem. Uma sugestão é utilizar vasos de barro com furos que permitam o escoamento da água. O substrato pode ficar molhado, mas não deve ficar encharcado. Já no caso das orquídeas Phalaenopsis, deve-se lembrar também que suas raízes precisam de luz. Por isso, colocá-las em vasos escuros ou em cachepôs que não permitam a entrada de luz pode precipitar a sua morte. “Um erro normal é que as pessoas compram as flores já no alvo da floração. O ideal seria comprar a planta com uns quatro ou cinco botões fechados, porque assim você vai ganhar vida útil para ela florescer dentro da sua casa”, sugere Mosca. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
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['Pedro Prata']
[]
['orquídea', 'fake news [notícia falsa]']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/post-inventa-que-oms-recomendou-a-compra-de-vacina-chinesa-de-us-10-mil-contra-a-covid-19/
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Post inventa que OMS recomendou a compra de ‘vacina chinesa de US$ 10 mil’ contra a covid-19
Nenhuma imunização concluiu os testes clínicos e pode ser comercializada; OMS lista 166 projetos em desenvolvimento e defende 'maior número possível' de candidatas
2020-07-21
É falso o boato em circulação no Facebook de que a Organização Mundial da Saúde (OMS) teria recomendado a compra imediata de uma “vacina chinesa” contra a covid-19, ao custo de US$ 10 mil por dose, e mandado suspender a produção de outra imunização gratuita, produzida pelos Estados Unidos. As declarações foram inventadas. Nenhum projeto de vacina concluiu os testes até o momento. Portanto, não existem imunizações disponíveis para venda, nem preços definidos para distribuição. A informação pode ser consultada na própria página da OMS, que mostra 142 produtos em estudos pré-clínicos e 24 na fase de ensaios clínicos, ou seja, com testagem em humanos. Essa mesma lista apresenta projetos de empresas norte-americanas, como Moderna, Inovio, Novavax e Pfizer. Boato no Facebook alega que OMS mandou suspender projeto dos EUA e recomendou compra de vacina da China por US$ 10 mil. Foto: Reprodução / Arte Estadão Na peça de desinformação, as frases são atribuídas ao diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. O Estadão Verifica não encontrou registro de qualquer declaração de Ghebreyesus recomendando a compra de vacinas chinesas ou descartando pesquisas dos Estados Unidos em notícias e outras fontes confiáveis na internet. Até a tarde desta terça-feira, 21, o conteúdo havia sido compartilhado mais de 2,4 mil vezes no Facebook. Em entrevista a jornalistas nesta segunda-feira, 20, Ghebreyesus afirmou que é preciso “continuar acelerando a pesquisa de vacinas” ao mesmo tempo em que líderes e comunidades devem manter o foco em reduzir a transmissão do novo coronavírus com as ferramentas disponíveis na atualidade. Quem comentou sobre o atual cenário do desenvolvimento de vacinas foi o diretor-executivo da OMS, Michael Ryan, que não demonstrou qualquer preferência de projeto. É possível consultar a transcrição da entrevista na íntegra abaixo. WHO Covid-19 Virtual Press Conference 20/7/2020 (em inglês) Ryan disse que era uma “boa notícia” a publicação, na revista Lancet, de resultados dos primeiros testes clínicos de duas vacinas. Uma delas é desenvolvida pela Universidade de Oxford, do Reino Unido, com a empresa anglo-sueca AstraZeneca. A outra, produzida pela farmacêutica chinesa Cansino Biologics. Na mesma resposta, o diretor-executivo da OMS citou que outras pesquisas estão em estágio clínico e informou que o projeto da BioNTech em parceria com a Pfizer (uma empresa farmacêutica dos Estados Unidos) também já apresentou dados para revisão por pares. Por outro lado, o diretor executivo da OMS ressaltou que ainda existe “um longo caminho a percorrer” até o fim dos testes e a disponibilização de qualquer vacina à população. Em outro trecho, Ryan afirma que a OMS está “trabalhando com parceiros para garantir que tenhamos o máximo de candidatas a vacinas” e que existe empenho da organização em “nivelar o campo de pesquisa para que todas as potenciais candidatas possam mover da fase 1 para a fase 2 do ciclo de testes”. Os ensaios clínicos para testar a segurança e eficácia de uma vacina são divididos em três etapas. Na fase 1, são testados poucos voluntários, de 20 a 80, geralmente adultos saudáveis. Na fase 2, os ensaios são feitos com grupos que podem chegar a centenas de pessoas, escolhidas de forma aleatória, incluindo grupos de risco. Na fase 3, o número de participantes pode chegar a milhares, de modo a simular as condições naturais de presença da doença. De acordo com a OMS, apenas quatro vacinas já alcançaram a terceira e última etapa de ensaios clínicos. Uma delas é justamente a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford, que também está sendo testada com voluntários brasileiros, em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O Ministério da Saúde já anunciou acordo para fabricação do produto, caso este se mostre eficaz e seguro. Recentemente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também autorizou a realização de testes no Brasil da vacina desenvolvida pela chinesa Sinovac Biotech. As doses chegaram em São Paulo e foram aplicadas a partir desta terça-feira, 21. A primeira voluntária a receber a imunização disse ser uma “injeção de ânimo”. O acordo para produção foi firmado pelo governo de São Paulo e o Instituto Butantan com a empresa farmacêutica, ainda em junho. As outras vacinas na fase 3 estão sendo desenvolvidas pelos Institutos de Produtos Biológicos de Wuhan e de Pequim, ambas em parceria com a empresa estatal chinesa Sinopharm. O projeto da Moderna também aparece na lista em fase 3, mas com a ressalva de que o recrutamento de voluntários ainda não foi iniciado. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
https://politica.estadao…210720205127.png
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['Samuel Lima']
[]
[]
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/roberto-jefferson-omite-dados-sobre-plano-de-saude-do-stf-em-tuite/
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Roberto Jefferson omite dados sobre plano de saúde do STF em tuíte
Ex-deputado federal força comparação entre Pátria Voluntária e plano sustentado em parte pelos beneficiários
2020-07-21
Conteúdo verificado: Tuíte de Roberto Jefferson no qual ele compara os valores arrecadados pelo Projeto Pátria Voluntária, administrado pela primeira-dama Michelle Bolsonaro, com os gastos do STF-Med, plano de saúde que atende funcionários do Supremo Tribunal Federal. Em uma publicação no Twitter, o ex-deputado federal e atual presidente nacional do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Roberto Jefferson, diz que o programa Pátria Voluntária, administrado pela primeira-dama Michelle Bolsonaro, arrecadou R$ 11 milhões em doações para combate à covid-19 enquanto o Supremo Tribunal Federal (STF) estaria gastando valor similar com plano de saúde de ministros, familiares e funcionários. Os valores são próximos dos montantes reais, mas a publicação força uma comparação descabida. Jefferson afirma que o STF vai gastar R$ 10 milhões com o plano de saúde. O valor aparece em dois editais do Supremo publicados nos dias 16 de abril e 28 de maio. Trata-se de uma estimativa de custos previstos para ampliar a rede de atendimento médico e odontológico credenciada do STF-Med, plano de saúde que atende a 4.180 pessoas vinculadas ao Supremo e não somente aos 11 ministros, como entendem alguns usuários que responderam ao post de Jefferson no Twitter. De acordo com os editais, o total de gastos pode chegar a R$ 10 milhões por ano, mas nos seis primeiros meses de 2020, mais da metade da despesa do plano foi bancada pelos beneficiários. Roberto Jefferson (PTB) compara Pátria Voluntária com plano de saúde do STF. Foto: Reprodução / Arte Comprova Parte do orçamento do plano é custeado por meio do auxílio-saúde, um benefício que a legislação garante a todos os servidores públicos da União, não apenas do STF. O resto dos recursos é custeado pelos próprios beneficiados, que recolhem mensalmente entre R$ 121,03 e R$ 1.722,91, dependendo do tipo de vínculo com o plano. Além disso, os segurados pagam do próprio bolso um percentual que varia entre 10% a 40% da consulta, internação ou exame que utilizarem. A comparação é descabida pois equipara uma campanha de arrecadação com o orçamento da União. Além disso, não explica que a assistência médica é um benefício comum a muitas categorias de servidores públicos e não um privilégio do STF. No ano passado, o governo federal gastou mais de R$ 6 bilhões com esse benefício, sendo que quase 44% foram consumidos pelo Ministério da Defesa. A “Arrecadação Solidária”, campanha do programa Pátria Voluntária para aliviar os efeitos da pandemia entre idosos, pessoas com deficiência, população de rua e povos e comunidades tradicionais, de fato arrecadou mais de R$ 10,8 milhões entre os dias 6 de abril e 20 de julho. Como verificamos? A equipe do Comprova usou ferramentas de busca na internet, como o Google, para entender de onde vieram os valores citados no tuíte de Roberto Jefferson, publicado em 13 de julho. E encontramos reportagens com os valores arrecadados pelo Pátria Voluntária e sobre o edital de ampliação da rede do STF-Med, publicadas em datas próximas à da postagem. Com isso, tentamos contato com o Roberto Jefferson por meio da assessoria de imprensa do PTB para saber a fonte das informações que estão no tuíte. A reportagem pesquisou ainda as despesas orçamentárias do STF com assistência médica e odontológica a servidores por meio do site da transparência do órgão. Consulta semelhante foi feita no orçamento público federal a partir de dados disponibilizados no Portal Siga Brasil. Em seguida, entramos em contato com a assessoria de comunicação do STF para esclarecer dúvidas sobre o plano. Para saber como funcionam as doações, quanto foi arrecadado pelo Pátria Voluntária e quanto foi encaminhado para as vítimas da covid-19, buscamos a assessoria de imprensa da Casa Civil, responsável pelo programa, e a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), que atende às demandas relacionadas à primeira-dama. Por e-mail, a Secom informou que todas as informações sobre doações e valores disponíveis no site da campanha “Arrecadação Solidária” estão atualizadas. Por fim, recorremos à ferramenta de monitoramento de redes sociais CrowdTangle para saber o quanto a postagem de Roberto Jefferson havia viralizado. Verificação O Pátria Voluntária foi criado em julho de 2019, a partir do Programa Nacional de Incentivo do Voluntariado, inicialmente subordinado ao Ministério da Cidadania. O conselho é formado por representantes do governo e da sociedade civil, entre eles a primeira-dama Michelle Bolsonaro, que foi designada presidente. Seis meses depois, o Pátria Voluntária passou a ser vinculado à Casa Civil, um dos ministérios que funcionam dentro do Palácio do Planalto. Em 6 de abril de 2020, o programa lançou a campanha “Arrecadação Solidária” para recolher fundos para o combate à pandemia de covid-19. Qualquer pessoa pode participar, com um valor mínimo de R$ 30. O site da campanha informa que, até o dia 20 de julho, foram 3.985 doações, somando R$ 10.842.970 — média de R$ 2.720,94 por doação. Por e-mail, a Secom comunicou que “não há recebimento de orçamento governamental para essa ação, apenas doações privadas e voluntárias”. A secretaria também esclareceu que os dados no site do Pátria Voluntária estão atualizados. O Ministério da Casa Civil, órgão responsável pelo programa Pátria Voluntária, também confirmou que todos os recursos são captados através de doações e que os dados disponíveis no site são oficiais. Uma planilha disponibilizada na página da campanha mostra que 26% deste valor foi repassado a 245 entidades: R$ 2.872.644,55. São 122.810 pessoas beneficiadas, entre idosos, pessoas com deficiência, população em situação de rua e povos e comunidades tradicionais. Nem a assessoria da Casa Civil e nem a Secom informaram quando o restante das doações será repassado às entidades. STF-Med O STF-Med é o plano de Assistência à Saúde e Benefícios Sociais do Supremo Tribunal Federal. Segundo o regulamento geral do STF-Med, aprovado em 16 de abril de 2019 (abaixo), podem ser beneficiários os ministros ativos e inativos do STF, os juízes auxiliares, os magistrados instrutores, os servidores ativos e inativos do quadro permanente do Supremo, os ocupantes de cargo em comissão sem vínculo efetivo com a Administração Pública e os servidores cedidos ao órgão. Eles também podem indicar dependentes e agregados, nos termos da legislação. Com isso, o STF-Med atende 4.180 pessoas, entre titulares, dependentes e agregados, em 20 estados e no Distrito Federal. Documento REGULAMENTO STF-MED PDF A contribuição mensal do STF-Med varia entre R$ 121,03 e R$ 654,97, para titulares e dependentes, e entre R$ 512,60 e R$ 1.722,91, para agregados. Além disso, os beneficiários também arcam com de 10% a 20% dos serviços usados na rede credenciada ou conveniada para atendimentos médico-hospitalares ou odontológicos. Para serviços de alto custo ou alta referência, o custeio fica entre 15% e 40% dos procedimentos prestados. O orçamento do plano serve para despesas médicas, hospitalares e odontológicas, reembolsos aos beneficiários e as despesas administrativas. As receitas do STF-Med vêm de recursos próprios, arrecadados por meio da contribuição mensal e da participação de custeio dos beneficiários, rendimentos das aplicações financeiras e recursos da União. Neste ano, a previsão de gastos bancados com o dinheiro público é de R$ 15,85 milhões. STF abriu editais de credenciamento para o plano Por WhatsApp, um assessor de imprensa do PTB disse que Roberto Jefferson retirou as informações de uma matéria do site Metrópoles que noticiou que o STF abriu licitação de R$ 10 milhões para contratar serviços de assistência médica e odontológica. Segundo o assessor, Jefferson “não fez fake news” ao publicar o tweet. O edital citado no site foi publicado em 28 de maio e pode ser encontrado na página do órgão. De acordo com o documento, ele se destina ao credenciamento de pessoas jurídicas para prestação de serviços aos beneficiários STF-Med “com vistas à complementação da rede credenciada”. O documento também informa que “considerando o prazo de 60 meses e a estimativa total de credenciamentos a serem realizados, prevê-se o valor de R$ 10 milhões para o total de serviços”. As despesas da execução do contrato serão custeadas com os recursos consignados ao STF no Orçamento da União de 2020 e, na falta destes, por recursos próprios do STF-Med, ainda segundo o edital. Procurado pela reportagem, o STF comentou, por meio de nota encaminhada pela assessoria de comunicação, que “não houve liberação/acréscimo de valores orçamentários no plano de saúde”. Dessa forma, segundo o órgão, não haveria custo maior para os cofres públicos. O Supremo declarou que o objetivo é credenciar “profissionais de saúde que eventualmente tenham interesse em oferecer os seus serviços aos servidores pelo valor da tabela de referência adotada pelo plano” e que estes receberão pagamentos “de acordo com o uso que os beneficiários do plano fizerem dos serviços oferecidos”. Sobre os R$ 10 milhões publicados no edital, a assessoria de imprensa do STF afirmou que se trata de “estimativa anual que se faz necessária”, sem entrar em detalhes. Argumentou ainda que este não será, necessariamente, o valor total pago pelo plano de saúde aos profissionais credenciados e sugeriu que, em razão do orçamento não ter sido alterado este ano, a diferença será quitada por meio das demais fontes. O Comprova também encontrou outro edital de credenciamento de empresas para prestação de serviços dentro do STF-Med, desta vez para a área odontológica, publicado em 16 de abril. O documento apresenta o mesmo valor — R$ 10 milhões — e a mesma nota de empenho do edital de assistência médica. A assessoria de comunicação do STF informou que a previsão de gastos engloba tanto o edital de credenciamento médico quanto o odontológico, totalizando R$ 10 milhões a cada ano. Até agora, orçamento não sofreu alterações De fato, não houve alteração no recurso orçamentário do STF para a finalidade até o momento, como foi declarado pelo órgão. De acordo com dados do portal de transparência do Supremo, o montante disponível para despesas com assistência médica e odontológica de servidores, até junho, era o mesmo aprovado inicialmente para 2020: R$ 15,85 milhões. Dessa forma, o plano de saúde conta, neste ano, com cerca de 1,7% menos recursos públicos autorizados do que no ano passado, em comparação com o orçamento inicial de 2019, de R$ 16,12 milhões. Posteriormente, o recurso disponível foi atualizado para R$ 17,33 milhões, possibilitando a despesa real de R$ 17,23 milhões naquele ano. Até o mês de junho deste ano, o STF executou R$ 8,45 milhões do orçamento destinado a este propósito. O valor equivale a 53,3% do montante autorizado. A partir de informações prestadas pelo STF-Med e da análise do orçamento público federal, a reportagem pode estimar a participação da União no plano de saúde dos servidores do Supremo. Ela fica em torno de 48,7%, considerando a execução do repasse da União entre os meses de janeiro e junho (R$ 8,45 milhões) e a despesa informada pelo STF-Med no mesmo período (R$ 17,36 milhões). Além disso, cada beneficiário do STF-Med custa, aproximadamente, R$ 336,82 por mês para os cofres públicos. O cálculo foi feito com base no número atual de beneficiários informado pelo STF-Med (4.180 pessoas) e a execução do orçamento no primeiro semestre deste ano (R$ 8,45 milhões). Gasto total da União com assistência médica é de R$ 6,26 bilhões Os funcionários do STF e seus dependentes não são os únicos a receberem o benefício. Dados do Portal Siga Brasil, do Senado Federal, mostram que, apenas no ano passado, a União gastou R$ 6,26 bilhões com assistência médica e odontológica aos servidores civis, empregados, militares e seus dependentes. O STF teve despesa de R$ 17,23 milhões. O Poder Judiciário como um todo gastou, na esfera federal, R$ 966 milhões com o benefício — sendo as Justiças do Trabalho, Federal e Eleitoral as mais caras do grupo. A União ainda custeia assistência médica e odontológica para servidores dos ministérios e do Congresso Nacional. Por que investigamos? Nesta terceira fase, o Comprova verifica postagens com grande viralização que tratam de políticas públicas do governo federal ou relacionadas à pandemia de covid-19, que até o dia 20 de julho já custou a vida de 79.488 brasileiros, de acordo com dados da Universidade Johns Hopkins. A publicação de Roberto Jefferson no Twitter soma as duas questões, ao comparar uma iniciativa beneficente coordenada pela primeira-dama no combate à covid-19 com críticas ao Supremo Tribunal Federal. O tuíte teve 8,1 mil interações em uma semana. A postagem foi reproduzida no Facebook e no Instagram por páginas de direita e de apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), mas sem tanto alcance. Foram 323 e 826 interações até a data desta verificação. O desempenho do governo Bolsonaro na pandemia é alvo de críticas no Brasil e no exterior. Mesmo depois de infectado pelo novo coronavírus, o presidente insiste em minimizar o impacto da pandemia e pedir a reabertura da economia. A postura gerou atritos com os ministros do STF. Logo nos primeiros meses da crise, o Supremo garantiu a governadores e prefeitos a autonomia para decretar medidas de isolamento social de acordo com a realidade local. A polêmica mais recente envolve o ministro do STF Gilmar Mendes, que afirmou no dia 11 de julho que o “Exército está se associando a genocídio” na pandemia do novo coronavírus. Desde então, Roberto Jefferson posta conteúdo contrário a Gilmar Mendes e ao STF em sua página no Twitter. Jefferson é um aliado recente do presidente Bolsonaro. Velho conhecido na política, foi deputado federal de 1983 a 2005, até ser cassado por envolvimento no escândalo do Mensalão. Nesse período, participou da Assembleia Constituinte e fez parte da base de apoio do ex-presidente Fernando Collor. Voltou ao cenário nacional em abril deste ano, depois da aproximação de Bolsonaro com os caciques do Centrão. O Comprova já verificou outros conteúdos falsos e enganosos envolvendo ministros do STF, como o texto que sugeria um decreto-lei inconstitucional para a criação de um tribunal militar, um áudio que pedia intervenção militar ou o vídeo que alegava que as Forças Armadas iriam prender os magistrados. Enganoso, para o Comprova, é todo o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro com o propósito de mudar o seu significado; que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.
https://politica.estadao…210720203224.png
null
['Projeto Comprova']
[]
['coronavírus', 'comprova', 'fake news [notícia falsa]', 'projeto comprova', 'STF [Supremo Tribunal Federal]', 'twitter']
2021-05-20
['ENGANOSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/boato-inverte-sentido-de-afirmacoes-de-emilio-odebrecht-sobre-ditadura-militar/
ESTADAO_VERIFICA
Boato inverte sentido de afirmações de Emílio Odebrecht sobre ditadura militar
Empresário nunca disse que não havia corrupção durante o regime; rumor ganhou tração após publicação de Roberto Jefferson
2020-07-21
Postagens que circulam nas redes sociais atribuem incorretamente ao empresário Emílio Odebrecht uma declaração que elogia os governos da ditadura militar. Os posts no Facebook e no Instagram alegam que Odebrecht teria dito que “nunca ganhou um centavo” e que “não havia brechas para propina” durante o regime militar — as afirmações teriam sido feitas durante uma delação em 13 de abril (sem indicação de ano). No entanto, não há registro que o empresário tenha dito isso durante sua delação premiada. No âmbito da Operação Lava Jato, Emílio prestou três depoimentos: uma delação premiada em dezembro de 2016, um depoimento como testemunha de defesa de seu filho, Marcelo Odebrecht, que estava preso, em março de 2017, e um testemunho sobre o suposto sítio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Atibaia em novembro de 2018. Em nenhuma dessas declarações o empresário diz as frases que aparecem nos posts em redes sociais. LEIA TAMBÉM Veja todas as checagens sobre coronavírus publicadas pelo Estadão Verifica Nas menções indiretas à ditadura militar, as falas de Odebrecht vão no sentido oposto ao apresentado nas postagens. Na delação de 2016, em que narrou relação da construtora com José Eduardo dos Santos, ex-ditador de Angola, Emílio disse que foi por meio de uma comitiva brasileira em visita à União Soviética que manteve contato com representantes angolanos e decidiu que o país africano seria um bom local para operações. O empresário narrou que o ex-ministro do regime militar Golberi do Couto e Silva o ajudou na aproximação com o governo de Angola. Couto e Silva foi ministro do Tribunal de Contas da União de 1967 a 1969 e chefe de gabinete da Presidência da República de 1974 a 1981. No depoimento do ano seguinte, Odebrecht sugeriu que acordos ilegais com governos sempre ocorreram. “Isso (caixa 2) sempre foi o modelo reinante no País e que veio até recentemente. Porque houve o impedimento e foi a partir de 2014 e 2015. Mas até então, sempre existiu, desde a minha época, da época do meu pai, da minha época e também de Marcelo, de todos aqueles que foram executivos do grupo”, afirmou em 2017. Seu pai, Norberto Odebrecht, presidiu a empresa durante toda o período da ditadura militar. Também em delação, o ex-presidente da Odebrecht Pedro Novis afirmou que a corrupção de agentes públicos e políticos em São Paulo começou no governo Paulo Maluf (1979-1982). Versões dessa peça de desinformação circulam desde a época em que o depoimento de Emílio foi divulgado, em abril de 2017. O Estadão Verifica encontrou dezenas de publicações nas redes sociais resgatando o boato no último mês. Na última quinta-feira, 16, o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, postou o boato no seu perfil do Twitter (que possui mais de 200 mil seguidores). “Fui deputado federal a partir do General João Figueiredo, não havia corrupção. O vício da redemocratização foi a roubalheira. Ouçam Emílio Odebrecht”, escreveu. No entanto, ele deletou a postagem na sexta-feira, 17. Em janeiro deste ano, o Estadão Verifica verificou outra distorção de falas da delação do empresário, então uma falsa declaração a respeito do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Este conteúdo também foi verificado por Boatos.org, E-farsas, TV Bandeirantes e Agência Lupa. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook e no Instagram. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
https://img.estadao.com.…617563593097.jpg
null
['Tiago Aguiar']
[]
['emílio odebrecht', 'operação lava jato', 'fake news [notícia falsa]']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/ao-defender-volta-ao-trabalho-durante-a-pandemia-vereador-gaucho-faz-declaracoes-enganosas-sobre-a-quarentena/
ESTADAO_VERIFICA
Ao defender volta ao trabalho durante a pandemia, vereador gaúcho faz declarações enganosas sobre a quarentena
Diversos estudos demonstraram a eficácia de medidas mais rigorosas para combater a pandemia; risco de contágio é maior onde circulam e se aglomeram mais pessoas
2020-07-20
Um vídeo em circulação no Facebook desinforma ao sugerir que não existe comprovação científica de que a quarentena seja eficaz na contenção da pandemia do novo coronavírus. Diversos estudos científicos publicados em periódicos de referência da área médica apontam que esse tipo de estratégia contribui para reduzir a velocidade de infecção e o número de casos e mortes de covid-19. O conteúdo enganoso mostra discurso do vereador Thiago Brunet (PDT), de Farroupilha, no Rio Grande do Sul, feito no dia 15 de junho. Ele também é médico ginecologista e obstetra e diretor técnico da Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Coronavírus da cidade. Ao defender a reabertura de atividades não essenciais, Brunet afirma: “Não tem nada comprovado de que, as pessoas ficando em casa, a coisa vai melhorar. Muito pelo contrário. Como o vírus já está em toda a cidade, nós vamos nos contaminar mais em casa”. LEIA TAMBÉM Veja todas as checagens sobre coronavírus publicadas pelo Estadão Verifica Uma postagem do vídeo com o discurso de Brunet obteve 209 mil compartilhamentos no Facebook. Vídeo viral apresenta afirmações enganosas de médico e vereador de Farroupilha (RS). Foto: Reprodução / Arte Estadão Para o infectologista e diretor científico da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) no Distrito Federal, José David Urbaéz, as afirmações do vídeo são “irresponsáveis” e demonstram o “atropelamento de conceitos básicos de epidemiologia de doenças de transmissão respiratória”. Isso porque o contágio de covid-19 acontece por meio do contato próximo com indivíduos infectados, seja ele direto ou indireto. Dessa forma, explica Urbaéz, ambientes com maior circulação e aglomeração de pessoas — shoppings, academias e transporte público, por exemplo — apresentam risco de contágio muito mais alto do que as residências. “Se não tem ninguém em casa doente, a família toma os cuidados necessários e não permite que existam meios de contaminação, o coronavírus não vai entrar”, afirma. O especialista aponta ainda que o fechamento de serviços não essenciais é necessário para conter a propagação do vírus porque a sociedade funciona por meio de aglomerações e da circulação em massa. “Não basta as pessoas assumirem individualmente essa proteção. Se isso funcionasse, não teríamos pandemia. Seria muito simples de se resolver”, argumenta o médico. Urbaéz também rebate a afirmação de que não existiriam estudos científicos que comprovem a eficácia do isolamento. Segundo o médico, a relação está “fartamente demonstrada” na literatura científica, ao contrário do que sugere o vereador de Farroupilha. Ele cita, por exemplo, estudo realizado por dois pesquisadores da Alemanha e publicado, em 15 de maio, na revista Science. Os cientistas da Universidade Humboldt de Berlim e do Instituto Robert Koch analisaram dados coletados em diversas províncias da China, em fevereiro, e notaram que não houve crescimento exponencial no número de casos no período, como era de se esperar. O estudo conclui que a adoção de políticas públicas teve impacto positivo na contenção da doença — as medidas incluíram distanciamento social, restrição de trânsito e fechamento de negócios, locais públicos e universidades, por exemplo. Da mesma forma, pesquisadores da Universidade Fudan, de Xangai, na China, concluíram que houve um “efeito benéfico” na adoção de medidas rigorosas de distanciamento social entre janeiro e fevereiro em 30 províncias chinesas fora de Hubei, epicentro da doença. Eles sugerem como causas a suspensão de atividades públicas, as restrições de tráfego, o fechamento de escolas e o gerenciamento comunitário após a confirmação de novos casos, entre outros pontos. O estudo foi publicado na revista Lancet, em 2 de abril. Outro artigo publicado na revista JAMA, em 10 de abril, analisou o número efetivo de reprodução — chamado de R, que informa a taxa de propagação do vírus — na localidade de Wuhan, na China. Em meados de janeiro, antes da adoção de lockdown na cidade e outras medidas mais rigorosas pelo governo chinês, o R estava entre 3 e 4, o que significa dizer que cada pessoa infectada transmitia a doença, em média, para outras três ou quatro naquele período. A taxa despenca para menos de 1 cerca de duas semanas após as intervenções, segundo a pesquisa liderada pela Universidade de Ciência e Tecnologia Huazhong, da China. Recentemente, cientistas da Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos, utilizaram dados de movimentação de usuários fornecida por empresas de telefonia para gerar métricas de distanciamento social e compará-las com a realidade das cidades norte-americanas no combate à pandemia. O estudo, publicado na Lancet em 1º de julho, mostrou que o padrão de movimentação dos indivíduos está fortemente relacionado ao número de casos. “Os resultados apoiam a conclusão que o distanciamento social desempenhou um papel crucial na redução da taxa de crescimento dos casos em diversos municípios dos EUA entre março e abril”, afirmam os pesquisadores. “Diante da falta de remédios antivirais de eficácia comprovada ou vacinas, o distanciamento social é uma das formas mais importantes e oportunas de combater a disseminação da covid-19.” Recentemente, estudo do Imperial College London divulgado pela revista Nature, em 8 de junho, estimou que o lockdown e outras intervenções não farmacêuticas evitaram 3,1 milhões de mortes por covid-19 na Europa. No Brasil, pesquisadores de cinco universidades e do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde também calcularam, em 15 de abril, em preprint, que a adoção precoce do distanciamento social na região metropolitana de São Paulo poderia evitar até 89.133 mortes. No final de maio, a BBC publicou notícia abordando a eficácia da quarentena na contenção do novo coronavírus. A matéria informa, com uma série de outros exemplos, que “dezenas de estudos científicos apontam que medidas de distanciamento social têm sido eficazes para reduzir o número de infectados e mortos ou diminuir a sobrecarga dos hospitais”, com a ressalva de que, geralmente, “elas não conseguem debelar a pandemia sozinhas, sem a ajuda de testagem em massa ou rastreamento de infectados, e dependem muito da adesão popular em cada país”. O que diz o vereador Thiago Brunet Em entrevista ao Estadão Verifica, o vereador Thiago Brunet disse que a afirmação de que a maior parte da contaminação pelo novo coronavírus acontece em casa foi feita com base em estudo em Nova York, nos Estados Unidos, e em banco de dados próprio da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) exclusiva para atendimento da covid-19 em Farroupilha, da qual é diretor técnico. A pesquisa norte-americana é verdadeira, mas não comprova falhas no distanciamento social, como já mostrou o Estadão Verifica em outra checagem em parceria com o Projeto Comprova. A reportagem entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde de Farroupilha e questionou sobre a informação do pronto-atendimento, mas não houve resposta até o fechamento desta matéria. Nos boletins diários, a Secretaria da Saúde informa apenas a situação dos casos confirmados; faixa etária, gênero e bairro; a localização dos casos ativos; e o número de suspeitas monitoradas e descartadas. A reportagem também questionou outra alegação duvidosa mencionada por Brunet no vídeo — a de que, entre as pessoas que procuram atendimento com suspeita de covid-19 na cidade, “zero por cento”, segundo ele, “estão na rua”. Significaria dizer que todas as pessoas atendidas em Farroupilha praticam o isolamento social. Questionado sobre a declaração, o vereador afirmou que estava se referindo a moradores em situação de rua. Novamente, a fonte seria o banco de dados da UPA, que não é público. Para ele, o fechamento temporário de serviços não essenciais não exerce influência sobre a circulação de pessoas. Farroupilha em “bandeira vermelha” no RS Na data em que o vídeo foi gravado, Farroupilha apresentava 343 casos de covid-19, de acordo com painel de monitoramento elaborado pela Prefeitura Municipal. Atualmente, a cidade contabiliza 587 casos confirmados e oito mortes. O número de habitantes do município é estimado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 72,3 mil pessoas. Na semana em que Brunet fez seu discurso, o município localizado na região da Serra Gaúcha havia entrado em “bandeira vermelha” no Modelo de Distanciamento Controlado adotado pelo governo do Estado — estágio considerado de risco alto. A classificação leva em conta a propagação do vírus e a capacidade de atendimento da rede de saúde e resulta, entre outras medidas, em maiores restrições para o funcionamento dos negócios. A atualização é semanal. Na semana seguinte, a classificação da região da Serra foi reduzida para “bandeira laranja”, flexibilizando os protocolos. O Estado chegou a anunciar por três vezes, em caráter preliminar, o retorno à “bandeira vermelha” na região, mas os municípios encaminharam recursos e conseguiram reverter a decisão. A sequência foi quebrada em 14 de julho, quando foi confirmado o retorno. A classificação foi mantida desde então. Até esta segunda-feira, 20, o Rio Grande do Sul tinha 47.449 casos confirmados de covid-19 e 1.285 mortes, segundo informações da Secretaria Estadual de Saúde. Cerca de 5 mil pessoas seguem em acompanhamento. Oito regiões estão em “bandeira vermelha” e 12, em “bandeira laranja”. O agravamento da pandemia entre os gaúchos ocasionou a restrição de serviços em um hospital de referência no atendimento de covid-19 em Porto Alegre e há possibilidade de lockdown na capital do Estado.
https://img.estadao.com.…617563593097.jpg
null
['Samuel Lima']
[]
['coronavírus', 'coronavírus [prevenção]', 'estadão verifica', 'facebook', 'Rio Grande do Sul [estado]', 'quarentena']
2021-05-20
['ENGANOSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/tuite-com-erros-de-portugues-e-de-conta-que-se-passa-pelo-ministro-milton-ribeiro/
ESTADAO_VERIFICA
Tuíte com erros de português é de conta que se passa pelo ministro Milton Ribeiro
Teólogo e mestre em Educação é alvo de boato após ser nomeado para o comando do MEC
2020-07-20
Atualizada às 17h50 de 20 de julho de 2020. Um tuíte com erros de português que circula nas redes sociais foi publicado por uma conta que se passa pelo ministro da Educação, Milton Ribeiro. A reprodução da postagem é compartilhada como se realmente tivesse sido publicada pelo ministro, empossado na quinta-feira, 16, o que não é verdade. O Estadão Verifica fez a checagem deste conteúdo após ele viralizar no Facebook. Tuíte não foi feito pela conta oficial do novo ministro da Educação, Milton Ribeiro. Foto: Reprodução “Estão vasculhando pra ver se eu tenho o maternal e se eu faço lavagem celebral (sic) nas pessoas por fato (sic) de ser pastor”, diz o tuíte da conta @ProfM_Ribeiro. Procuramos o perfil no Twitter e a sua descrição já mostra que não é a conta oficial do novo ministro: “Página de apoio ao Ministro da Educação”. Ao consultar os tuítes da falsa página, não encontramos o tuíte viral. Porém, é possível encontrar um retuíte do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL/SP), filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), no qual ele compartilha a verdadeira conta do novo ministro: @mribeiroMEC. A assessoria de comunicação do MEC confirmou que o perfil oficial do novo ministro seja @mribeiroMEC. Ao consultar a conta, é possível notar que sua foto de perfil e sua imagem de capa foram copiadas pela página falsa. À esquerda, o verdadeiro perfil do ministro da Educação, Milton Ribeiro; à direita, uma página que se diz ‘de apoio’ e copia as imagens da conta do ministro. Foto: Twitter/Reprodução Boato viralizou depois da posse do ministro Ribeiro tomou posse nesta quinta-feira, 16, como o quarto ministro da Educação do governo Bolsonaro. Ele fez discurso no qual defendeu o Estado laico, o ensino público e o diálogo com acadêmicos. Ribeiro assumiu o cargo deixado havia quase um mês pelo seu antecessor, Abraham Weintraub, que se mudou para os Estados Unidos após indicação do Brasil para assumir uma vaga no Banco Mundial. O cargo de ministro da Educação ficou vago durante todo o período. Jair Bolsonaro chegou a anunciar a nomeação de Carlos Decotelli para o comando da pasta, mas ele sequer chegou a ser nomeado. Polêmicas envolvendo inconsistências em seu currículo acabaram pesando para que ele não chegasse a ser empossado. Isso não o impediu de colocar a passagem de cinco dias pelo MEC em seu currículo na plataforma Lattes. Nesta segunda-feira, 20, Ribeiro anunciou que testou positivo para o novo coronavírus. Este boato também foi verificado por AFP Checamos e Agência Lupa. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
https://politica.estadao…180720200504.jpg
null
['Pedro Prata']
[]
['ministério da educação', 'fake news [notícia falsa]', 'Milton Ribeiro']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/e-falso-que-medicos-franceses-tenham-protestado-contra-farsa-da-covid-19/
ESTADAO_VERIFICA
É falso que médicos franceses tenham protestado contra ‘farsa’ da covid-19
Vídeo compartilhado no Facebook foi gravado em 14 de janeiro, quando ainda não havia casos confirmados de infectados na França
2020-07-20
É falso que médicos franceses tenham feito um protesto ao descobrir que a pandemia de covid-19, que já matou 608.420 pessoas no mundo, seria uma “farsa”. Na verdade, o vídeo que viralizou no Facebook, no qual profissionais da saúde atiram jalecos ao chão, foi gravado em janeiro de 2020 e mostra gesto em defesa dos hospitais públicos. O Estadão Verifica checa conteúdos virais nas redes sociais e se voltou para este conteúdo após ele ser compartilhado 1,6 mil vezes. O Estadão Verifica utilizou a ferramenta inVID para procurar outras vezes em que este vídeo foi publicado. Esta ferramenta captura frames do vídeo e busca imagens semelhantes no Google. Gesto era de apoio a campanha salarial e por maior orçamento para os hospitais. Foto: Reprodução Dessa forma, foi possível identificar que o protesto foi realizado em 14 de janeiro deste ano em alguns hospitais da França. Os profissionais realizaram o gesto como apoio à campanha por melhores salários e mais orçamento para os hospitais. O primeiro caso de covid-19 no país só foi confirmado no dia 24. A versão francesa do site Huffington Post relatou a manifestação no hospital St-Louis, de Paris. Ao comparar a imagem do manifesto mostrado na reportagem com o vídeo utilizado no boato, é possível identificar detalhes que mostram se tratar da mesma gravação feita no St-Louis: o material do piso e das paredes, o corrimão do corredor superior, uma coluna e um aparelho retroprojetor. Detalhes comuns aos dois vídeos permitem concluir se tratar do mesmo vídeo. Foto: Twitter/Reprodução Dessa forma, as postagens que dizem se tratar de “Médicos franceses tirando roupa de médico em protesto indo embora do hospital porque descobriram o golpe do covid. A mentira por trás da nova ordem mundial”, são falsas. Elas tiraram o vídeo de seu contexto original. Boatos negam a pandemia Em 31 de dezembro de 2019, as autoridades chinesas alertaram a Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre vários casos de pneumonia na cidade de Wuhan, província de Hubei, causados por uma nova cepa (tipo) de coronavírus que não havia sido identificada antes em seres humanos. A informação foi confirmada em 7 de janeiro e, em 30 de janeiro deste ano, a OMS declarou Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) — seu mais alto grau de alerta. É a sexta vez que OMS declara este tipo de emergência. A OMS declarou pandemia de novo coronavírus em 11 de março de 2020. Isso significa que a partir daquela data existiam surtos da covid-19 em vários países e regiões do mundo. A definição de pandemia não se refere à sua gravidade, mas sim à sua distribuição geográfica. Até este sábado, 18, a França havia registrado 214.023 casos confirmados de covid-19 e 30.180 mortos, segundo dados da Universidade John Hopkins. Este é o terceiro país europeu com o maior número acumulado de óbitos e responde sozinho por 5% do total de todo o mundo. Não é a primeira vez que vídeos foram tirados de contexto para negar a gravidade da pandemia de covid-19. O Estadão Verifica já provou que o vídeo de médicos israelenses dançando não tinha relação com o controle da doença, mas sim com o aniversário da independência de Israel. Já o vídeo de uma aglomeração de pessoas em Genebra, sede da OMS, foi usado para inventar uma conspiração e dizer que a covid-19 seria uma mentira. No entanto, o vídeo engana ao não mencionar que a pandemia atingiu a Suíça antes do Brasil e que o país europeu passou por oito semanas de medidas restritivas de isolamento social. Esse boato também foi checado por Agência Lupa, Fato ou Fake e AFP Checamos. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
https://politica.estadao…180720200401.jpg
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['Pedro Prata']
[]
['fake news [notícia falsa]', 'coronavírus', 'França [Europa]']
2021-05-20
['FORA DE CONTEXTO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/texto-engana-ao-dizer-que-cloroquina-cura-987-dos-pacientes-com-covid-19/
ESTADAO_VERIFICA
Texto engana ao dizer que cloroquina cura 98,7% dos pacientes com covid-19
Estudo citado em um texto que circula pelas redes sociais não é conclusivo e foi feito com uma metodologia contestada
2020-07-17
Esta checagem foi produzida pela coalizão do Comprova. Leia mais aqui. Conteúdo verificado: Post do site Sappno afirma que estudo provou que o uso de cloroquina e azitromicina é responsável pela cura de 98,7% dos pacientes com covid-19 em um hospital francês Um texto publicado em maio no site Sappno e compartilhado recentemente por páginas do Facebook como “Aliança pelo Brasil” e “Lava Jato Notícias” traz informações equivocadas sobre o uso de medicamentos como hidroxicloroquina e azitromicina. A publicação engana ao sugerir que esses medicamentos têm eficácia comprovada no tratamento da covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, usando como fonte um estudo que não segue métodos capazes de chegar a essa conclusão. Com o título “Estudo diz que a cloroquina ‘é segura’ e aponta cura de 98,7% dos pacientes”, o texto faz referência a um artigo publicado na plataforma ScienceDirect e vinculado à revista Travel Medicine and Infectious Disease em maio de 2020. Porém, o estudo tem qualidade científica questionada, uma vez que a metodologia utilizada não permite conclusões de causa e efeito em relação ao uso do medicamento e o tratamento da covid-19. Entre os autores do estudo está Didier Raoult, infectologista francês criticado na comunidade científica por utilizar métodos duvidosos em suas pesquisas. Raoult ganhou projeção durante a pandemia por propor, na mídia, o uso da hidroxicloroquina para tratar a covid-19 antes mesmo de ter publicado pesquisa a respeito – o que chegou ao conhecimento de líderes como o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que chamou a proposta de “cura milagrosa”. Como verificamos? Para verificar o conteúdo, o Comprova acessou a publicação original do estudo mencionado pelo texto que viralizou, no site ScienceDirect. Depois, comparou o conteúdo do post do site Sappno com o que estava de fato no artigo científico. Para entender sobre a razoabilidade da metodologia científica aplicada, além de pesquisar sobre o assunto em veículos jornalísticos, entrevistamos Natalia Pasternak, pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas da USP e presidente do Instituto Questão de Ciência – organização dedicada à promoção do pensamento científico e do uso de evidências científicas nas políticas públicas. Além disso, pesquisamos sobre a posição de órgãos de saúde como a Organização Mundial da Saúde (OMS) a respeito do uso da cloroquina. Sobre o medicamento, também entrevistamos o médico Antônio Carlos Bandeira, professor de Infectologia da UniFTC e membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). Ao analisar os nomes dos pesquisadores envolvidos na produção do artigo, encontramos Didier Raoult. A partir disso, buscamos em publicações na imprensa e nas redes sociais sobre a atuação do pesquisador tanto antes quanto durante a pandemia. Também entrevistamos Pasternak sobre o assunto. Para compreender sobre o processo de aprovação de artigos científicos pela Travel Medicine and Infectious Disease, também tentamos entrar em contato via e-mail com a pesquisadora Patricia Schlagenhauf-Lawlor, editora-chefe. No entanto, não tivemos retorno até o fechamento desta verificação. A credibilidade da revista no meio acadêmico também foi analisada, comparando-a com as revistas mais respeitadas da área, como Lancet e New England Journal of Medicine. É possível medir a credibilidade de revistas científicas a partir do fator de impacto – número calculado a partir de quantas vezes artigos daquela determinada publicação foram citados em outros estudos. Quanto maior o número, maior tende a ser a credibilidade. Enquanto a Travel Medicine and Infectious Disease tem fator de impacto 4.589, a Lancet tem 60.392 e a New England Journal of Medicine tem 74.699. O Comprova fez esta verificação baseado em informações científicas e dados oficiais sobre o novo coronavírus e a covid-19 disponíveis no dia 17 de julho de 2020. Verificação O texto viral e o estudo O texto que viralizou começa dizendo que “boa parte da mídia parece fazer uma verdadeira campanha contra o uso da cloroquina” para tratar pacientes com covid-19 e que “pesquisadores sérios em várias partes do mundo reconhecem a eficácia do medicamento”. Essa afirmação não é verdadeira. As informações que têm sido veiculadas pela imprensa sobre o uso da cloroquina, e de seu derivado hidroxicloroquina, são baseadas em estudos reconhecidos com credibilidade pela comunidade científica e por órgãos de saúde. A cloroquina é um medicamento antigo usado contra a malária. A hidroxicloroquina é utilizada no tratamento de doenças autoimunes, como artrite reumatoide e lúpus. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), embora a cloroquina possa ter algum impacto sobre alguns pacientes com covid-19, não há, até o momento, tratamento efetivo ou drogas comprovadas contra o novo coronavírus. Sabe-se, ainda, que a cloroquina pode causar efeitos colaterais como arritmias, hepatite, pancreatite e choque anafilático. O estudo citado pelo texto viral é intitulado “Tratamento precoce de pacientes com covid-19 com hidroxicloroquina e azitromicina: uma análise retrospectiva de 1.061 casos em Marselha, França”. O post afirma que “a administração combinada” dos dois medicamentos “antes da ocorrência de complicações com covid-19 é segura e associada a uma taxa de mortalidade muito baixa nos pacientes” – o que, de fato, consta da conclusão da pesquisa. Porém, em entrevista ao Comprova, Natalia Pasternak, pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas da USP e presidente do Instituto Questão de Ciência, afirmou que esses medicamentos “não funcionam nem separados nem em combinação” no tratamento da covid-19. Sobre o uso em combinação, ainda segundo ela, sabe-se também que há um aumento significativo de risco cardíaco. De acordo com o médico Antônio Carlos Bandeira, professor de Infectologia da UniFTC e membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), “não existe comprovação (da eficácia da cloroquina ou da hidroxicloroquina) até o momento, considerando os estudos que já foram feitos”. “A verdade é que a gente não tem segurança para tratar em massa as pessoas com cloroquina”, diz, em entrevista ao Comprova. O médico lembra ainda que a maior parte dos pacientes com covid-19 se cura sem maiores problemas. “Então, não é porque a pessoa se curou que a cloroquina funciona. É para isso que existem os estudos randomizados e com grupos de controle – para mostrar se, com esse medicamento, as pessoas se curariam mais ou não”, lembra. A SBI afirma que não há evidência para o uso da cloroquina e não apoia o uso do medicamento no tratamento do novo coronavírus. O método utilizado pelo estudo Como o título antecipa, o estudo realizou uma análise retrospectiva. Isso significa que a pesquisa toma como base dados já disponíveis – nesse caso, fichas hospitalares – e não pressupõe uma intervenção direta dos pesquisadores no tratamento. Trata-se de um estudo observacional. O método científico considerado mais confiável é o ensaio clínico randomizado controlado. Para realizá-lo, os pesquisadores recrutam um grupo de participantes voluntários, realizam uma intervenção e acompanham os efeitos por meses. Há algumas características importantes que um estudo desse tipo deve cumprir para seja considerado bom. Uma delas é a existência de um grupo de controle – ou seja, os participantes devem ser separados em no mínimo dois grupos (um recebendo o tratamento e outro não, por exemplo) para que seja possível fazer uma comparação entre eles. A randomização também é importante, isto é, uma alocação aleatória de participantes entre os grupos de controle. Outras características são controle de placebo e duplo-cego (quando, para evitar vieses, nem os pesquisadores nem os participantes sabem quem recebeu placebo). Em entrevista ao Comprova, Pasternak afirmou que o estudo observacional “já não é uma qualidade de metodologia científica que possibilita que a gente tire conclusões sobre qualquer tipo de relação de causa e efeito”. Segundo a pesquisadora, esse tipo de estudo serve para direcionar se vale a pena fazer um estudo “desenhado, direitinho, prospectivo – daí que você olha pra frente –, randomizado, duplo-cego, com grupo placebo, tudo certinho”. Além dessa questão metodológica, o artigo mencionado pelo texto viral é de qualidade questionável. “Nem grupo de controle de comparação eles usaram. Todo mundo no estudo deles tomou [os medicamentos]. Não tem comparação. Numa doença em que você tem 90% de taxa de cura. Então, o que eles estão dizendo? ‘Olha, todo mundo que tomou hidroxicloroquina melhorou. Mas a gente não sabe se quem não tomou também melhorou porque a gente nem olhou isso’. Não faz sentido nenhum”, afirmou Pasternak. Isso também se confirma em relação à faixa etária mais afetada pela covid-19. “Se você for olhar nas tabelas, você vai ver que os pacientes que tiveram um bom desfecho têm a idade média em torno de 40 anos. Os que tiveram um desfecho pior têm a idade média em torno de 60”, disse a pesquisadora. Ou seja, os resultados repetem um padrão da pandemia de covid-19, impossibilitando a associação com o consumo específico de hidroxicloroquina e azitromicina. Quem é Didier Raoult Um dos autores do artigo é o infectologista francês Didier Raoult, que já havia aparecido em verificação do Comprova do 10 de julho. Raoult foi criticado diversas vezes pelos métodos duvidosos (como erros, omissões, mecanismo deficiente de controle, distribuição não randomizada de pacientes para os grupos de controle) de pesquisas e por posicionamentos em relação à cloroquina. É um negacionista do aquecimento global e é contra a vacinação obrigatória. A cloroquina já havia sido considerada para tratamento de infecções de outros tipos de coronavírus após as epidemias de SARS e MERS. Mas, na época, não foram feitos testes clínicos em humanos para confirmar a eficácia da droga. Em março, antes mesmo de publicar seu primeiro artigo sobre o tema, Didier Raoult deu uma entrevista para a rede de TV americana Fox News sobre o uso do medicamento para tratar pacientes com covid-19. Pouco depois, um artigo publicado por ele ainda em março sugeria que a cloroquina poderia ser usada como tratamento para o SARS-CoV-2, o novo coronavírus. Esse estudo, porém, foi muito criticado. Outros pesquisadores questionaram os resultados e os considerados anedóticos, sem comprovação científica. A International Society of Antimicrobial Chemotherapy e a Elsevier, responsáveis pela revista que publicou o artigo, anunciaram um novo processo de revisão independente. Na entrevista que concedeu à New York Times Magazine em maio, Raoult contou que estava concluindo um novo estudo com 1.061 pacientes usando uma combinação de hidroxicloroquina e e azitromicina e cujos resultados preliminares foram publicados em abril. Trata-se do estudo presente no post que viralizou, analisado acima. A versão preliminar havia sido tuitada pelo deputado federal Marco Feliciano. O tuíte, até o fechamento dessa verificação, tinha mais de 1,5 mil compartilhamentos e 3,6 mil curtidas. Na versão anterior do estudo, as drogas foram caracterizadas como “seguras e eficazes”. A versão atual as define apenas como “seguras”. Na época, o Aos Fatos explicou que a pesquisa não tinha um grupo de controle que pudesse ser usado para comparar os resultados. “Papers como este último do francês são chamados de descrições de caso, um tipo de estudo que pode surgir de observações dos médicos em seu dia a dia. Normalmente, essas pesquisas têm um número pequeno de casos, não têm grupo de controle e não permitem tirar conclusões sobre a eficácia de um medicamento”, explicou o site. Segundo a New York Times Magazine, a virologista Christine Rouzioux afirmou que a taxa de cura apontada no estudo é “quase idêntica” à que foi descrita se você deixar a doença seguir o seu curso natural. A virologista Karine Lacombe discordou que o artigo demonstre que a combinação das duas drogas seja eficaz para tratar a covid-19. Raoult também não havia obtido autorização das autoridades competentes para testar a combinação das duas drogas. Em entrevista ao Comprova, Natalia Pasternak afirmou que Raoult é conhecido na comunidade científica como um “publicador em série”. “Ele publica muito mais do que seria humanamente possível, levando a comunidade científica a acreditar que ele simplesmente coloca o nome dele em todos os papers que saem do centro de pesquisa dele, do hospital dele e de trabalhos dos quais ele nunca participou. Então, se fizer a conta da periodicidade com que ele publica, é como se ele publicasse um paper a cada três dias. É uma coisa que é humanamente impossível”, explicou a pesquisadora da USP. Verificação anterior do Comprova mostrou que Raoult já teve 157.174 citações ao seu nome em artigos científicos publicadas desde 1995; ressaltando que ele assina seu nome em quase todos os artigos produzidos em seu instituto. Pasternak também classifica de “antiética” a postura de Raoult sobre a hidroxicloroquina durante a pandemia. “Mesmo antes da publicação daquele primeiro paper infame dele, que deu origem a todo esse hype, ele foi na mídia falar que ele tinha achado a cura. E foi isso, inclusive, que deu origem ao hype, foi isso que chegou aos ouvidos do Trump e depois aqui nos do Bolsonaro. Então é um pesquisador que tem aí sérios problemas éticos passados, de conduta científica mesmo, e que tem publicado na pandemia insistentemente sobre a hidroxicloroquina com papers de baixíssima qualidade”, disse. Bolsonaro e a cloroquina Apenas dois dias após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defender pela primeira vez o uso da cloroquina, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro anunciou, em 21 de março, que o Exército ampliaria a produção do medicamento no país para pacientes com o novo coronavírus. Já no dia 25, o Ministério da Saúde emitiu uma nota técnica autorizando o uso da medicação em pacientes graves de covid-19. Nos meses seguintes, Bolsonaro demitiu dois ministros da saúde, Luiz Henrique Mandetta, em 16 de abril, e Nelson Teich, em 15 de maio. Ambos são médicos e se opunham à prescrição de cloroquina para tratar pacientes com quadros leves da doença. Em 20 de maio, o Ministério da Saúde, já tendo como ministro interino o general Eduardo Pazuello, passou a orientar o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no “tratamento medicamentoso precoce” de pacientes com o novo coronavírus. O documento, porém, ressalta que “ainda não há meta-análises de ensaios clínicos multicêntricos, controlados, cegos e randomizados que comprovem o benefício inequívoco dessas medicações para o tratamento da covid-19”. O tema voltou ao debate depois do dia 7 de julho, quando Jair Bolsonaro anunciou que testou positivo para o Sars-CoV-2. No mesmo dia, o presidente postou um vídeo nas redes sociais mostrando que estava tomando doses de hidroxicloroquina. No dia 9, em outra transmissão ao vivo, o presidente segurou uma caixa do medicamento e disse que ela estava sendo “eficaz” para curá-lo. No dia 14, o deputado de oposição Rogério Correia (PT-MG) entrou com uma representação por improbidade administrativa contra Bolsonaro por “incentivar e determinar o aumento da produção de uma substância cuja eficácia é rejeitada por cientistas”. A instauração de um procedimento depende de análise da Procuradoria-Geral da República (PGR). Por que investigamos? O Projeto Comprova verifica conteúdos sobre a covid-19 que tenham grande alcance em redes sociais e grupos de mensagem. A checagem de fatos durante a pandemia adquiriu uma importância ainda maior, uma vez que a desinformação afeta diretamente a saúde das pessoas. Nesse caso, a verificação é importante porque envolve o uso de medicamentos cuja eficácia não foi cientificamente comprovada – como a hidroxicloroquina e a azitromicina – e que podem gerar efeitos colaterais. O conteúdo, sugerido por leitores do Comprova, chegou a ter 1,8 mil compartilhamentos na página “Lava Jato Notícias”, no Facebook. Uma versão preliminar do estudo “Tratamento precoce de pacientes com covid-19 com hidroxicloroquina e azitromicina: uma análise retrospectiva de 1.061 casos em Marselha, França” já havia sido compartilhada pelo deputado federal Marco Feliciano (PSC) em sua conta do Twitter em abril e teve mais de 3,6 mil curtidas e 1,5 mil compartilhamentos. A agência de fact-checking Aos Fatos chegou a citar essa postagem do deputado em um texto, ao falar da problemática dos métodos utilizados por Didier em suas pesquisas. Além disso, verificar o conteúdo passa por uma importância política, uma vez que a defesa do uso da hidroxicloroquina para pacientes com covid-19 faz parte da agenda do presidente Jair Bolsonaro. O post que viralizou faz essa relação e afirma que “a proposta do governo Bolsonaro para a ampliação do uso da cloroquina é justificável, e não uma fantasia”. O Comprova também verifica conteúdos suspeitos sobre políticas públicas do governo federal. Por isso, torna-se necessário contextualizar e contrastar a visão das autoridades de saúde sobre o medicamento e o histórico de defesa desse medicamento não só por Bolsonaro, mas por outras lideranças políticas. Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.
https://politica.estadao…170720204913.png
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['Projeto Comprova']
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['didier raoult', 'fake news [notícia falsa]', 'cloroquina e hidroxicloroquina', 'coronavírus']
2021-05-20
['ENGANOSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/boato-atribui-falsamente-a-policia-orientacao-para-salvar-animais-e-se-resguardar-juridicamente/
ESTADAO_VERIFICA
Boato atribui falsamente à polícia orientação para salvar animais e se resguardar juridicamente
Texto que viralizou no Facebook é versão importada de boato que circulou nos EUA e no Reino Unido
2020-07-17
Não é verdade que a polícia recomende quebrar a janela de carros para resgatar cachorros que estejam presos. Na realidade, a orientação da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo para casos de situação flagrante de maus tratos a animais é acionar o 190 e falar com a Polícia Militar. Essa recomendação foi publicada em uma postagem no Facebook que obteve 58 mil compartilhamentos desde o dia 3 de julho. O texto, que circula na rede social desde 2018, orienta a tirar uma foto antes de quebrar o vidro do carro em que o animal estiver trancado. O post afirma que a circunstância do “estado de necessidade”, prevista no Código Penal, se aplica ao caso e impediria a acusação de danos criminais por quem for o dono do automóvel. LEIA TAMBÉM Veja todas as checagens sobre coronavírus publicadas pelo Estadão Verifica De fato, uma especialista consultada pelo Estadão Verifica afirma haver justificativa legal para agir dessa forma em casos de emergência (leia mais abaixo). No entanto, não existe recomendação de autoridade pública brasileira para a medida. A Secretaria de Segurança Pública sugere acionar a Delegacia Eletrônica de Proteção Animal (DEPA), caso não seja necessário o resgate imediato do animal preso. No formulário do site da DEPA é possível subir até 20 MB em arquivos de fotos, áudios ou vídeos para a denúncia. O Ministério Público do Estado de São Paulo publicou em 2015 a “Cartilha de Defesa Animal” para esclarecer a população sobre atos que podem ser considerados maus-tratos e as formas de levar a órgãos públicos denúncias de abusos. A Cartilha foi elaborada antes da criação da DEPA. Documento CARTILHA DE DEFESA ANIMAL PDF No último dia 12, o programa Fantástico mostrou que o Corpo de Bombeiros de SP resgatou uma cadelinha presa em um carro. O dono deixou a cachorra no veículo estacionado enquanto foi visitar a cunhada. Após o resgate, o tutor perdeu a guarda do animal. O que diz o Código Penal O texto que circula no Facebook cita o artigo errado do Código Penal que trata do “estado de necessidade”. Na verdade, as circunstâncias que excluem a responsabilidade civil ou penal de um ato são descritas nos artigos 23 e 24, regulamentados pela lei nº 7.209, de 11 de julho de 1984. A especialista em Direito Penal Thais Rego Monteiro, sócia do escritório Feller e Pacífico Advogados, explica que uma eventual situação de risco real, como um cão morrendo porque foi esquecido dentro de um veículo parado no sol, justifica a ação de salvá-lo quebrando o vidro do carro. “Quando isso ocorre, contudo, é possível que o proprietário do automóvel venha a responsabilizar o autor do feito por danos ao veículo na esfera cível. Porém, na esfera penal, cabe invocar os tais artigos 23 e 24 do Código Penal, a fim de não existir punição pelo ato cometido”, argumenta a advogada. O aviso da ocorrência às autoridades policiais, no entanto, segue recomendado. “É recomendado, ao indivíduo que encontrar o animal preso no carro, visivelmente padecendo, primeiramente, informar às autoridades policiais sobre a situação, solicitando ajuda imediata. Assim, é bom ter em mente que somente se não houver outra forma de evitar que o cão morra a janela deve ser quebrada”, diz Thais. Uma versão praticamente igual desse texto, mas em inglês, circula desde 2016. Na ocasião, o site americano Snopes também verificou o conteúdo. No caso dos Estados Unidos, o estado da Flórida tinha aprovado naquele ano uma lei que descriminaliza o ato de quebrar de vidros de carros para retirar animais presos. Segundo o Snopes, há leis semelhantes em outros dois Estados americanos. No entanto, nem mesmo nos EUA há registro de que a recomendação tenha partido de alguma autoridade policial. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
https://img.estadao.com.…617563593097.jpg
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['Tiago Aguiar']
[]
['cachorro', 'animal de estimação', 'polícia militar']
2021-05-20
['ENGANOSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/rede-globo-desmente-que-apresentadores-do-jn-tenham-sido-demitidos/
ESTADAO_VERIFICA
Rede Globo desmente que Bonner e Renata Vasconcellos tenham sido demitidos
Vídeo com mais de 600 mil visualizações dá a entender que Renata Vasconcellos teria comentado sobre demissão em entrevista ao 'Altas Horas'
2020-07-17
É falso que os editores-executivos e apresentadores do Jornal Nacional, Renata Vasconcellos e William Bonner, tenham sido demitidos da Rede Globo. Um vídeo com mais de 600 mil visualizações publicado na terça-feira, 14, dá a entender que Renata teria falado sobre a demissão em entrevista ao programa Altas Horas, durante a qual também teria demonstrado “ódio” ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Nada disso é verdadeiro. Renata continua a apresentar o JN. Além disso, durante a conversa com o apresentador Serginho Groisman, exibida no dia 11 de julho, a jornalista não menciona Bolsonaro. Em nota, a emissora também desmentiu as alegações apresentadas no vídeo que viralizou. O Estadão Verifica checou este vídeo após notar um aumento no volume de buscas no Google pelos termos “Renata Vasconcellos demitida”. Esses dados estão disponíveis na plataforma Google Trends. Rede Globo desmente que apresentadores do JN foram demitidos e declararam ódio ao presidente. Foto: Reprodução/Facebook Logo no início da entrevista, Serginho Groisman se refere a Renata como editora-executiva e apresentadora do JN. A jornalista estava de máscara e falou por videochamada, em razão da pandemia do novo coronavírus. Em seguida, ela explica que estava em uma sala isolada na emissora, podendo assim, tirar sua máscara e continuar a entrevista, que durou cerca de 17 minutos. Durante a entrevista, a jornalista se mostrou emotiva ao relembrar sua trajetória de mais de 20 anos de profissão. “Às vezes uma pausa, um respiro, uma voz embargada, uma emoção, ou um tropeço, não são um tropeço, mas fazem parte”, disse Renata, ao se referir às apresentações ao vivo e como o formato do jornalismo factual a deixa mais próxima do telespectador. A frase também é citada no vídeo checado pelo Estadão Verifica. O título do vídeo que viralizou afirma ainda que Renata “tem ódio de Bolsonaro”. Durante a entrevista, a jornalista não menciona o presidente. A Rede Globo também negou que a apresentadora tenha feito qualquer referência a Bolsonaro durante a entrevista no Altas Horas. Menção às vítimas da covid-19 Ao falar sobre as mudanças no cotidiano do profissionais da comunicação que estão na cobertura da pandemia do novo coronavírus, Renata Vasconcellos disse que o ritmo de trabalho está mais intenso. Ela também mencionou o consórcio de veículos de imprensa, que tem ajudado a tornar a informação sobre a covid-19 mais precisa e transparente. Renata se mostrou solidária com as famílias das vítimas da doença, que segundo o levantamento feito por jornalistas do Estadão, G1, O Globo, Extra, Folha e UOL junto às secretarias estaduais de Saúde, causou 76.846 mortes e 2.015.382 infecções em todo o País. Para explicar o que deseja para este contexto atual, em que o Brasil e o mundo enfrenta uma crise sanitária, a apresentadora citou uma canção do rapper Emicida, AmarElo. “Tem um apelo, um grito de dor pelos excluídos, mas, ao mesmo tempo, de força, de ‘vamos embora’, ‘vou de cuidar de mim’. Eu acho que tem uma mensagem superbacana essa música”, disse a jornalista. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
https://politica.estadao…170720201328.png
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['Gabi Coelho']
[]
['renata vasconcellos', 'william bonner', 'jornal nacional', 'fake news [notícia falsa]']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/site-usa-texto-sobre-boa-aprovacao-de-lula-para-tratar-de-apoio-a-bolsonaro/
ESTADAO_VERIFICA
Site usa texto sobre boa aprovação de Lula para tratar de apoio a Bolsonaro
Texto descrevendo suposta pesquisa com aprovação de 64% ao presidente da República foi copiado de reportagem de 2008 sobre a popularidade do petista
2020-07-16
Esta checagem foi produzida pela coalizão do Comprova. Leia mais aqui. Conteúdo verificado: Texto publicado no site Notícias de Direita afirmando que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) teria 64% de aprovação É falso que pesquisa recente do Datafolha tenha apontado 64% de aprovação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O texto publicado pelo site Notícias de Direita, em 13 de julho deste ano e depois retirado do ar, afirmava que houve “recorde de aprovação” do governo atual, mas se trata, na verdade, de cópia de uma matéria do portal G1 de setembro de 2008. A reportagem original mostra os números de aprovação do segundo governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e não de Bolsonaro. LEIA TAMBÉM Recebeu algum boato? Envie para checagem do Estadão Verifica Na realidade, a Documento ÚLTIMA PESQUISA PUBLICADA PELO DATAFOLHA PDF , realizada nos dias 23 e 24 de junho, mostra que apenas 32% dos brasileiros aprovam a gestão de Bolsonaro – ou seja, consideram ela “ótima” ou “boa” –, enquanto 44% acreditam que ela é “ruim” ou “péssima”. Desde o começo do mandato, o número de pessoas que desaprovam o governo Bolsonaro cresceu. Foto: Reprodução Como verificamos? O Comprova buscou trechos da matéria publicada no site Notícias da Direita no Google. Um dos primeiros links que surgiram foi da reportagem do portal G1, do Grupo Globo, com um texto quase idêntico, mas com o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Depois disso, procuramos as últimas pesquisas publicadas pelo Datafolha no site do instituto. Verificação O texto publicado pelo site Notícias de Direita é plágio de uma matéria publicada pelo portal G1 em setembro de 2008. A reportagem original mostra, na verdade, os números de aprovação do segundo governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). As informações foram copiadas quase palavra por palavra. Há poucas diferenças, como o nome dos presidentes e a data da publicação (originalmente a pesquisa de 2008 foi feita no mês de setembro). No texto do site Notícias de Direita, a “popularidade” de Jair Bolsonaro é justificada pelo “bom desempenho na pandemia”. No original, do G1, a avaliação positiva do ex-presidente petista é atribuída ao bom desempenho da economia. Veja comparação abaixo: Comparação entre matéria original publicada no G1 e o texto viral permitem concluir que texto foi copiado. Foto: Reprodução Na época em que o texto original do G1 foi publicado, em setembro de 2008, 64% dos entrevistados consideravam o governo petista “ótimo” ou “bom”, 28% consideravam “regular” e 8% consideravam “ruim” ou “péssimo”. Além disso, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o presidente que teve a melhor avaliação de toda a série histórica do Datafolha atingindo 83% de aprovação no final do segundo mandato, em dezembro de 2010. Pesquisas recentes do governo Bolsonaro A Documento ÚLTIMA PESQUISA PUBLICADA PELO DATAFOLHA PDF , realizada nos dias 23 e 24 de junho, mostra que 32% dos brasileiros consideram que Jair Bolsonaro (sem partido) estava fazendo um governo ótimo ou bom, enquanto 44% acreditam que gestão do presidente era ruim ou péssima. Outros 23% consideram a gestão regular. Desde o começo do mandato, o número de pessoas que desaprovam o governo Bolsonaro cresceu, enquanto os que aprovam o governo continua na mesma faixa. A primeira pesquisa Datafolha realizada no começo de abril mostrava Bolsonaro com 33% de ótimo/bom, 33% de regular e 30% de ruim/péssimo. Gráfico: A Flourish chart No dia 15 de junho, o cientista político e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) Cesar Zucco publicou um artigo na revista piauí em que analisou 127 pesquisas de opinião de diferentes institutos de pesquisa publicadas entre 10 de janeiro de 2019 e 9 de julho deste ano. De acordo com a análise, o número de pessoas que acreditam que Bolsonaro está fazendo um governo “ótimo” ou “bom” está caindo desde a posse — como mostram também os números do Datafolha. Além disso, utilizando um algoritmo capaz de comparar o resultado de pesquisas de opinião diferentes, Zucco mostra que Bolsonaro estaria com uma aprovação na faixa dos 25%, ainda menor do que a mostrado pelo Datafolha. Por que investigamos? O Projeto Comprova verifica conteúdos suspeitos que viralizam na internet e nas redes sociais. Políticas públicas do governo federal são parte do escopo do projeto e, portanto, o mesmo ocorre com a percepção pública sobre a Presidência. De acordo com o CrowdTangle, ferramenta de monitoramento de redes sociais, o link com a informação falsa investigada aqui teve mais de 12,5 mil interações apenas no Facebook, rede pela qual mais circulou. Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma mentira. A Agência Lupa, o Aos Fatos e o Boatos.org também desmentiram a existência de tais resultados em pesquisa Datafolha sobre a popularidade de Bolsonaro.
https://politica.estadao…091120200012.jpg
null
['Projeto Comprova']
[]
['fake news [notícia falsa]', 'jair bolsonaro', 'Lula [Luiz Inácio Lula da Silva]', 'PT [Partido dos Trabalhadores]']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/e-falso-que-porto-feliz-no-interior-paulista-nao-tenha-nenhum-obito-por-covid-19/
ESTADAO_VERIFICA
É falso que Porto Feliz, no interior paulista, não tenha nenhum óbito por covid-19
Boato no Facebook inventa que cidade teria conseguido evitar mortes com protocolo de tratamento com hidroxicloroquina e azitromicina
2020-07-16
É falso que o município de Porto Feliz, no interior de São Paulo, não tenha nenhuma morte causada pelo novo coronavírus. A alegação está presente em ao menos cinco posts que viralizaram no Facebook ao informar que a secretaria municipal de Saúde estaria distribuindo kits com os medicamentos cloroquina e azitromicina aos infectados pela covid-19. Estas publicações receberam ao menos 12,5 mil compartilhamentos e 3,5 milhões de visualizações desde 11 de junho. Diferentemente do informado no post viral, o município de Porto Feliz, com 53.098 habitantes, não evitou mortes pelo novo coronavírus com uso de cloroquina. O boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde do Estado informa que em 11 de junho, data da publicação das postagens falsas, a cidade tinha registrado acumulado de 354 casos confirmados e 6 óbitos. Em 16 de julho, data de publicação desta checagem, eram 376 casos e 8 óbitos — número bem distante dos 1.500 casos falsamente informados pelo boato. A situação epidemiológica na cidade não é muito diferente de vizinhas na região que não adotaram protocolo com cloroquina e azitromicina (veja mais abaixo). LEIA TAMBÉM Veja todas as checagens sobre coronavírus publicadas pelo Estadão Verifica Documento SP – BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO DE 11 DE JULHO PDF Conforme noticiado pelo Estadão, a prefeitura de Porto Feliz adotou um protocolo de tratamento farmacológico com hidroxicloroquina e azitromicina ainda em abril — um mês antes do Ministério da Saúde publicar recomendação de uso do medicamento em casos leves de covid-19, por pressão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Porto Feliz possui oito óbitos por covid-19. Foto: Reprodução O kit de remédios foi colocado à disposição em dois postos de saúde e no pronto-socorro da cidade. A decisão foi tomada pelo prefeito Antônio Cássio Habice Prado (PTB). O post viral afirma que ele é médico, informação que aparece na sua página de candidatura no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele está inscrito no Conselho Regional de Medicina com o número 49.282. A hidroxicloroquina é um antimalárico defendido por Bolsonaro e pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Seu uso no tratamento da covid-19 foi sugerido inicialmente por um médico francês, mas o estudo foi criticado por utilizar apenas 20 pacientes e por considerar no resultado apenas aqueles que se curaram seguindo o tratamento até o fim. Estudos posteriores falharam em provar o benefício da medicação. Já a azitromicina é um antibacteriano — isto é, medicamento utilizado para combater infecções causadas por bactérias. Ela foi combinada à hidroxicloroquina em estudos laboratoriais, mas sua eficácia contra o novo coronavírus no corpo humano tampouco foi provada. Em maio, as sociedades brasileiras de Infectologia, Medicina Intensiva e Pneumologia e Tisiologia publicaram diretrizes para o tratamento farmacológico no qual foram contra a recomendação do uso de rotina destes medicamentos pela baixa evidência que apresentaram no tratamento da covid-19. O Estadão Verifica fez esta checagem com base em informações científicas e dados oficiais sobre o novo coronavírus e a covid-19 disponíveis em 16 de julho de 2020. A Prefeitura de Porto Feliz não respondeu ao contato da reportagem até a publicação desta checagem. Em sua página no Facebook, informou nesta quarta-feira, 15, que os óbitos confirmados no boletim epidemiológico “são de pacientes que não realizaram o tratamento precoce e procuraram atendimento médico já com a doença em estágio avançado. Na maior parte desses casos, os pacientes possuíam graves comorbidades”. Estudos falharam em comprovar a eficácia da hidroxicloroquina no tratamento da covid-19. Foto: George Frey/Reuters Situação de Porto Feliz Porto Feliz é uma cidade com 53.098 habitantes na região metropolitana de Sorocaba. Outros municípios desta região com tamanho populacional semelhante apresentam quadro de óbitos e infectados muito semelhantes, mesmo que não tenham adotado institucionalmente o protocolo com a hidroxicloroquina e a azitromicina: Mairinque – 47.150 habitantes, 205 casos confirmados e 12 óbitos. Não adotou a hidroxicloroquina como tratamento padrão, e o médico é o responsável por prescrever o tratamento mais adequado para cada paciente. Cerquilho – 48.949 habitantes, 97 casos confirmados e 7 óbitos. Adotou uma central de monitoramento para acompanhar familiares dos infectados e rastrear aqueles que tiveram contato com eles. Boituva – 60.997 habitantes, 340 casos confirmados e 9 óbitos. Não adotou o protocolo de tratamento com covid-19. A escolha do tratamento é de responsabilidade de cada médico. Em 27 de maio, o governador João Doria (PSDB) anunciou o Plano São Paulo, esquema de reabertura gradual da economia que começou a valer em 1º de junho. O Estado foi dividido em regiões que receberam uma classificação de acordo com média da taxa de ocupação de leitos de UTI exclusivas para pacientes com coronavírus, número de novas internações no mesmo período e o número de óbitos. A combinação desses fatores coloca cada região em uma das cinco fases de abertura econômica. Na vermelha, a mais crítica, apenas os serviços essenciais, a indústria não essencial e a construção civil têm autorização para funcionar. Já a fase azul foi batizada de “normal controlado”: todas as atividades econômicas são retomadas normalmente. Gráfico mostra as fases do Plano São Paulo para abertura gradual das atividades econômicas. Foto: Estadão Em 3 de junho, a região de Sorocaba foi classificada na fase laranja. Nesta fase, foi permitida a reabertura com restrições de imobiliárias, concessionárias, escritórios, comércios e shoppings centers. No entanto, a região regrediu para a fase vermelha em 29 de junho. Documento ACOMPANHE A AVALIAÇÃO DE STATUS DAS REGIÕES DE SÃO PAULO PDF Somente em 10 de julho é que a região avançou novamente para a fase laranja. O boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde do Estado mostra que nesta quinta-feira, 16, a taxa de ocupação dos leitos de covid-19 na região de Sorocaba em enfermaria era de 51,9% e os de UTI, 66,5%. O Brasil registrou acumulado de 75.366 mortes e 1,9 milhão de casos nesta quinta-feira, segundo dados da Universidade John Hopkins. Aproximadamente um em cada cinco dos infectados brasileiros está em São Paulo. O Estado tinha 393.176 casos confirmados da doença até esta quinta-feira. É o Estado com segundo maior número de infectados no mundo, atrás apenas do Estado de Nova York, nos Estados Unidos. Este boato também foi checado por Fato ou Fake e Boatos.org. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
https://img.estadao.com.…617563593097.jpg
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['Pedro Prata']
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['Porto Feliz [SP]', 'São Paulo [estado]', 'fake news [notícia falsa]', 'cloroquina e hidroxicloroquina', 'coronavírus']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/especialistas-esclarecem-que-levantar-se-rapido-durante-a-noite-nao-causa-morte-subita/
ESTADAO_VERIFICA
Especialistas esclarecem que levantar-se rápido durante a noite não causa morte súbita
Post que viralizou no Facebook contém informações falsas sobre a prática de sair bruscamente da cama durante a madrugada; na verdade, movimento rápido pode causar tontura e queda de pressão
2020-07-16
Um boato publicado no Facebook em maio do ano passado voltou a ganhar força nas últimas semanas, atingindo quase 180 mil compartilhamentos. O post viralizou com instruções para que pessoas evitem se levantar rápido da cama durante a madrugada para “inspecionar a casa ou urinar”, pois essa movimentação poderia causar “morte súbita“. Ao Estadão Verifica, especialistas esclarecem que não existe esse risco — o que poderia ocorrer, na verdade, seria tontura ou queda de pressão. Especialistas esclarecem que levantar-se rápido não causa morte súbita LEIA TAMBÉM É falso que receita de ‘medicina natural’ combata a covid-19 A publicação viral orienta que cada pessoa deve aguardar “três minutos e meio” antes de se levantar, pois quando é feito um movimento brusco o cérebro pode ficar “anêmico”, o que causaria insuficiência cardíaca. O cardiologista Diogo Umann explica que isso não é possível. Na realidade, o que poderia acontecer seria queda de pressão e baixo fluxo sanguíneo cerebral ao se levantar de uma vez. “Essa questão dos três minutos e meio não existe. Geralmente o que ocorre é que, com a diferença de posição, a pessoa deitada ou sentada por tempo longo, até mesmo acordada, pode apresentar uma lipotimia. É uma queda de pressão, que pode ser fisiológica e benigna, e ocasiona tontura”, explica o médico, que atua em uma clínica particular em Belo Horizonte. O cardiologista também orienta que pessoas idosas precisam de cuidado especial ao se levantarem da cama durante a madrugada. Isso porque, se ocorrer uma queda, as complicações podem ser mais graves. O post enganoso afirma ainda que o “padrão de ECG pode mudar” com o movimento brusco durante a madrugada. A sigla citada, na verdade, faz referência ao padrão mostrado no eletrocardiograma, exame para avaliar a saúde do coração. “(O ECG mostra) o estímulo elétrico que sai do nó sinusal (uma parte do coração) e passa pelos átrios e ventrículos (cavidades do coração), fazendo com que o nosso coração realize a sístole e diástole, que é a movimentação de uma batida normal do coração. Esse movimento ejeta o sangue para nosso organismo, órgãos e tecidos”, afirma o cardiologista. O Estadão Verifica também consultou um neurologista para entender se há situações em que o cérebro fica “anêmico”, como afirma a publicação enganosa. O neurocirurgião Helton Martins, do Hospital da Unimed de Belo Horizonte, explica que o uso do termo não faz sentido. Segundo ele, algumas patologias cardíacas podem levar a perfusão cerebral diminuída — isso significa uma circulação menor de sangue no cérebro. “O termo ‘anemia‘ refere-se à quantidade diminuída de hemoglobina no sangue. Não faz sentido ser utilizado na forma como foi apresentado no texto. Vale ressaltar que a anemia pode ser uma causa de desmaio”, diz Martins. Para o médico, levantar-se lentamente é válido para todas as pessoas, mas não pelo motivo descrito no texto viral. De acordo com Martins, a prática de sair da cama com calma pode evirar redução de pressão repentina, tonturas e outros sintomas que poderiam levar a quedas e traumatismos. “Alguns pacientes têm maior predisposição a apresentar tais alterações de pressão, como é o caso dos mais idosos e portadores de doenças cardíacas”, aponta o neurocirurgião. “Vale salientar que o próprio ato de urinar pode levar a um quadro conhecido como reflexo vasovagal, que pode resultar em hipotensão e queda. Sendo assim, é sugerido que mesmo os homens se sentem para urinar, em ambientes devidamente higienizados”. A AFP também verificou a publicação que viralizou no Facebook e confirmou que não existem evidências científicas que comprovem que levantar-se rápido provoca morte súbita. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
https://politica.estadao…160720203743.png
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['Gabi Coelho']
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['fake news [notícia falsa]', 'anemia', 'eletrocardiograma']
2021-05-20
['ENGANOSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/e-falso-que-receita-de-medicina-natural-combata-a-covid-19/
ESTADAO_VERIFICA
É falso que receita de ‘medicina natural’ combata a covid-19
Não há comprovação científica da eficiência de uma receita natural associada a medicamentos para a covid-19
2020-07-14
Esta checagem foi produzida pela coalizão do Comprova. Leia mais aqui. Conteúdo verificado: Texto publicado pela página “Alertando a Cidade” no Facebook explica a ação do coronavírus em três fases e recomenda o uso de uma receita natural combinada com medicamentos para o combate da covid-19, nos primeiros quatro dias da contaminação do vírus. Uma publicação que circula nas redes sociais, desde 10 de junho, engana ao aconselhar uma receita de “medicina natural” para combater os sintomas da covid-19. O texto ressalta que o vírus passaria por “fases de ataque”, antes de ocorrer o risco de morte. Ainda no mesmo texto, há uma recomendação de medicamentos naturais, que seriam eficientes para combater o vírus “nos primeiros quatro dias de contaminação”. LEIA TAMBÉM Recebeu algum boato? Envie para checagem do Estadão Verifica O texto não está assinado e o nome do responsável pela receita não é revelado. A publicação usa a foto de um homem com máscara, que seria um profissional de saúde. A foto utilizada é de um infectologista da Paraíba, no nordeste brasileiro. O especialista não tem relação alguma com o texto e a receita não tem provas científicas de cura. Os responsáveis pela página foram procurados pelo Comprova, mas até agora, não responderam às tentativas de contato. Como verificamos? Para fazer a verificação da imagem utilizada no post, foi utilizado o Google Imagens, uma ferramenta de busca reversa que faz a localização de imagens por comparação, semelhança ou igualdade na internet. A única foto que aparecia disponível era a imagem da publicação falsa. Como o primeiro levantamento não foi bem sucedido, foi utilizado o Bing Image Match, que identificou a imagem como sendo compatível com o frame (imagem) do vídeo usado no Twitter do Jornal Nacional, telejornal noturno da TV Globo. Medicina natural não tem comprovação científica. Foto: Reprodução Localizada a publicação no microblog do telejornal, foi detectado que a imagem era a mesma do depoimento de Fernando Chagas, que foi ao ar na edição do dia 13 de maio do JN. Após a busca inicial no Bing Image Match, a ferramenta passou a direcionar para o site Globoplay, onde está hospedado o depoimento em vídeo do infectologista. Após a identificação, um nova rodada de buscas foi realizada por meio de ferramentas como Google, para acessar páginas como a do Conselho Regional de Medicina, Currículo Lattes, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e de notícias locais, no Estado da Paraíba, para levantar informações biográficas, profissionais e autorais sobre o médico foi realizada e, logo depois, foi agendada uma entrevista por vídeo com o especialista. Já para o levantamento de informações a respeito das medicações hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina, foi feita uma pesquisa básica no Google diretamente nas páginas da Organização Mundial da Saúde, Organização Pan-Americana da Saúde e Ministério da Saúde do Brasil. Nessas páginas foram levantados documentos, protocolos e estudos oficiais sobre os medicamentos citados e pesquisados como possibilidades terapêuticas para a covid-19. O Comprova também entrou em contato com a Sociedade Brasileira de Infectologia, e realizou uma entrevista com um médico indicado pela entidade para confirmar a veracidade das informações que constavam no “receituário”. O Comprova fez esta verificação baseado em informações científicas e dados oficiais sobre o novo coronavírus e a covid-19 disponíveis no dia 14 de julho de 2020. Verificação Homem da foto é médico infectologista O homem mostrado na publicação é o médico-infectologista e farmacêutico Fernando Martins Selva Chagas. Ele é diretor-geral do Complexo Hospitalar de Doenças Infecto-contagiosas Dr. Clementino Fraga, localizado em João Pessoa, capital da Paraíba. Chagas foi nomeado em abril deste ano, na unidade que é considerada uma referência para casos de covid-19 naquela região. A imagem do médico surgiu a partir de um depoimento que ele fez na edição do Jornal Nacional, da TV Globo, no dia 13 de maio. A foto foi copiada de uma captura de tela do depoimento e utilizada na publicação enganosa na rede social. Procurado pelo Comprova, Fernando Chagas confirma que a imagem é dele. Na entrevista, Chagas explica que no período da pandemia ele tem dado várias entrevistas para vários órgãos de imprensa para prestar serviço à sociedade sobre o coronavírus. Além disso, o especialista ressalta que nunca prescreveria online algo “absurdo” como foi colocado na publicação. “Sempre penso as prescrições, elas são feitas individualmente, para cada pessoa. A gente considera a idade, peso, uma série de características. É importante ver o paciente; é importante retornar ao paciente. Você imagina a quantidade de pessoas expostas às ações dos medicamentos e substâncias porque estão lendo isso daí?!”, respondeu indignado. Sobre as fases do vírus, o infectologista afirma que existem etapas do avanço da doença, porém não é como foi colocado na publicação enganosa. A ideia, segundo o especialista, é entender os sintomas para que seja possível atuar com mais eficiência no uso dos medicamentos. “É uma forma conceitual a respeito da doença, na verdade, para gente entender alguns momentos que se pode primeiro entender os sintomas, sinais e sintomas da doença; segundo, que em alguns momentos que se pode atuar com algumas fases específicas de medicamentos. É basicamente isso”, conclui. Sobre a receita natural A receita verificada pelo Comprova menciona uma série de medicamentos e métodos “naturais” que devem ser usados em cada uma das “fases da infecção”. Além de drogas como a hidroxicloroquina e a ivermectina, são mencionadas dicas de medicina natural, que segundo o próprio texto, devem ser usadas de forma complementar. Entre as sugestões estão o chá de cascas de alho, suplementos de vitamina D, uma mistura de mel, açafrão e outras ervas. Cada elemento seria usado para combater um dos sintomas da covid-19. Para abaixar a febre, por exemplo, a publicação recomenda “banho e/ou toalha molhada no corpo”. Segundo o médico infectologista e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, Alexandre Naime, a combinação de medicamentos e compostos de “medicina natural” apresentada no texto que verificamos não tem qualquer eficácia cientificamente comprovada no tratamento de pacientes da covid-19. “Não existe, como já comprovado inclusive para outras patologias, benefício de “shot” de vitamina D; nada de coquetel de imunidade funciona”, afirma Naime. Um dos trechos do “receituário” indica a ingestão de suplemento de vitamina D como forma de “aumentar a imunidade”. A suposta ligação entre a infecção pelo novo coronavírus e a deficiência de vitamina D no organismo é um tema constante de boatos que circulam pelas redes pelo menos desde fevereiro. O Ministério da Saúde também já desmentiu informações a respeito. O açafrão e o alho, outros dos supostos ingredientes do tratamento “natural” sugerido pelo “receituário”, já foram objeto de uma checagem publicada pelo Estadão, em Abril; outra mensagem, de março, que associava a mistura de limão com bicarbonato à cura da covid-19 foi verificada e classificada como falsa pelo Comprova. O fitoterápico Ginkgo Biloba, indicado na prescrição como anticoagulante, tem, na bula padrão divulgada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, contraindicações relacionadas ao uso por pacientes “com coagulopatias ou em uso de anticoagulantes”. O próprio medicamento indicado para “afinar e oxigenar o sangue”, a Aspirina, poderia ter efeitos indesejados na mistura com o fitoterápico. Além da ausência de comprovação de qualquer eficácia no tratamento do novo coronavírus, a Anvisa ainda alerta que, ao contrário da crença popular, as plantas medicinais e os medicamentos fitoterápicos podem provocar “diversas reações como intoxicações, enjoos, irritações, edemas (inchaços) e até a morte, como qualquer outro medicamento.” Sobre a hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina No caso da hidroxicloroquina, a Organização Mundial de Saúde (OMS) informou no dia 4 de julho deste ano que aceitou a recomendação do Comitê Diretor Internacional do Estudo de Solidariedade – grupo de estudos clínicos, que participam 5.500 pacientes, em 21 países – para interromper os estudos sobre hidroxicloroquina devido aos baixos resultados ou avanços na redução da mortalidade de pacientes com covid-19 hospitalizados. “Esses resultados provisórios mostram que a hidroxicloroquina e o lopinavir/ritonavir produzem pouca ou nenhuma redução na mortalidade de pacientes com covid-19 hospitalizados quando comparados ao padrão de atendimento. Os investigadores do estudo de solidariedade interromperam os estudos com efeito imediato”, explica a declaração, no site da OMS. Sobre o uso do antiparasitário ivermectina, a Organização Mundial da Saúde, por meio da Organização Pan-Americana da Saúde (OMS/OPAS) publicou uma recomendação em 22 de junho, apontando que apesar de alguns resultados positivos em testes laboratoriais, com células infectadas, ainda não há resultados suficientes e seguros para indicar o medicamento antiparasitário para o tratamento da covid-19 em humanos. “A ivermectina está sendo usada incorretamente para tratar a covid-19, sem nenhuma evidência científica de sua eficácia e segurança no tratamento desta doença”, conclui o estudo da OPAS. No dia 10 de julho, a Anvisa se manifestou oficialmente contra o uso da ivermectina no tratamento da covid-19. Em relação à azitromicina, apesar da Organização Mundial da Saúde (OMS) não apontar um único remédio ou tratamento eficaz contra a covid-19, o Ministério da Saúde brasileiro elaborou uma cartilha sobre orientações para uso de medicamentos, lançada pela pasta em junho, orienta o uso da azitromicina nos primeiros cinco dias de tratamento da doença, combinado com a hidroxicloroquina. O Comprova publicou em 8 de julho uma investigação que aponta ser falso um texto publicado em uma página de rede social em que o uso dos medicamentos como azitromicina e ivermectina seriam úteis sem consulta médica. Por que investigamos? O Projeto Comprova verifica conteúdos suspeitos que viralizam na internet e nas redes sociais. Quando o assunto está relacionado à pandemia do novo coronavírus, a checagem é ainda mais relevante, já que a saúde das pessoas pode estar em risco. No caso do receituário, a publicação na página “Alertando a Cidade” já ultrapassava os 100 mil compartilhamentos, além de dezenas de milhares de curtidas e comentários. Além de não citar os possíveis efeitos colaterais relacionados ao uso sem prescrição dos medicamentos listados, supostos métodos de combate à covid-19 podem dar aos leitores uma falsa sensação de segurança, que faz com que abandonem práticas realmente recomendadas pelas autoridades de saúde, como o distanciamento social, o uso de máscaras e a higiene das mãos. Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma mentira.
https://politica.estadao…091120200012.jpg
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['Projeto Comprova']
[]
['fake news [notícia falsa]', 'coronavírus']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/pls-aprovados-na-camara-falam-em-protecao-a-vitimas-de-violencia-domestica-e-nao-alteram-legislacao-sobre-aborto/
ESTADAO_VERIFICA
PLs aprovados na Câmara falam em proteção a vítimas de violência doméstica e não alteram legislação sobre aborto
Postagens nas redes sociais alegam que propostas legalizam no Brasil o procedimento quando feito com até 22 semanas de gestação, o que não é verdade
2020-07-14
Um boato em circulação no Facebook sugere que a Câmara dos Deputados teria aprovado, “na calada da noite”, a legalização do aborto quando realizado com até 22 semanas de gestação. A postagem original cita dois projetos de lei aprovados em 9 de julho (PL 1444/2020 e PL 1552/2020) e que devem ser agora analisados pelo Senado Federal. As matérias, no entanto, não fazem qualquer referência à descriminalização do aborto, de maneira direta ou indireta, como apurou o Estadão Verifica com base em documentos oficiais e entrevistas com três especialistas em Direito. Postagens falsas afirmam que Câmara dos Deputados aprovou projeto que descriminaliza aborto feito com até 22 semanas de gestação no Brasil. Foto: Reprodução / Arte Estadão O PL 1444/2020, de autoria da deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), estabelece medidas excepcionais de proteção à mulher e seus dependentes em situação de violência doméstica e familiar durante a emergência de saúde pública decorrente do novo coronavírus. O texto aprovado foi o substitutivo da relatora, a deputada Natália Bonavides (PT-RN). O documento propõe o afastamento imediato do agressor; a disponibilização de recursos extraordinários para o acolhimento institucional das vítimas e seus dependentes; a possibilidade do aluguel de casas, hotéis, espaços e instalações privadas para garantir oferta adequada durante a pandemia; a alteração de prazos de resposta do poder público aos pedidos de proteção; a possibilidade de visitas periódicas por policiais no domicílio; e a destinação de duas cotas do auxílio emergencial a mulheres de baixa renda sob medida protetiva decretada, entre outros pontos. Já o PL 1552/2020 sugere que as vítimas de violência doméstica tenham direito a acolhimento temporário, por 15 dias, em abrigos institucionais ou novamente em hotéis, pousadas e outros imóveis custeados pelo poder público para garantir a separação do agressor, de forma sigilosa. A proposta também dispensa licitação para obras, serviços, compras e locações de imóveis em cumprimento da medida e estabelece que o uso dos espaços não poderá se estender para além do período de calamidade pública. O projeto foi apresentado pela deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e outros 22 parlamentares de diferentes partidos. O texto aprovado também foi o substitutivo da relatora, a deputada Elcione Barbalho (MDB-PA). Nos dois projetos, não há qualquer menção aos termos “aborto”, “interrupção da gravidez” ou mesmo “gestação”. Ainda assim, os boatos na internet afirmam que houve “manipulação de linguagem” para legalizar o aborto nas entrelinhas — o que é desmentido por três especialistas consultadas pelo Estadão Verifica. Para a advogada criminalista Thais Monteiro, do escritório Feller e Pacífico, de São Paulo, especializado em Direito Penal, não existe qualquer margem para a legalização do aborto nas propostas. “Não se vislumbra qualquer nova regulamentação sobre o crime aborto, nem de forma direta, nem indireta”, comenta. Segundo Monteiro, os projetos são claros a que se destinam: proteção da integridade física e psíquica da mulher vítima de agressões durante a pandemia. Ela argumenta que as medidas previstas são de ordem “estritamente protetivas”, com prazo determinado de vigência, e não existe tentativa alguma de manipulação de linguagem, como sugerem as postagens falsas. A advogada Marina Ruzzi, do escritório Braga & Ruzzi, de São Paulo, especializado no atendimento a mulheres, entende que nenhum dos projetos de lei traz modificações quanto à descriminalização do aborto nas primeiras semanas de vida do feto. A advogada argumenta que, para descriminalizar a prática nos termos colocados, seria necessário modificar os artigos 124 e 126 do Código Penal, o que não ocorre. “Por ora, o aborto é crime sempre, exceto em algumas exceções: risco de morte para a mãe, gravidez decorrente de estupro e em caso de anencefalia do feto”, esclarece Ruzzi, que também integra a Rede Feminista de Juristas (Defemde). A advogada Gabriela Souza, especialista no atendimento a mulheres em Porto Alegre, também entende que não existe “qualquer menção a aborto ou interrupção de gravidez de nenhuma forma, nem de forma tácita” nos projetos aprovados pelos deputados. “A única legislação vigente no Brasil acerca do aborto é o Código Penal, que criminaliza o aborto, por isso afirmamos que o aborto é proibido no Brasil”, aponta. Ela também entende que, para legalizar o aborto até 22 semanas, como sugerem as publicações nas redes, o Congresso precisaria acrescentar inciso específico no artigo 128 do Código Penal, permitindo a opção da gestante até aquele período sem punir médico e paciente. Além de inventar que os PLs descriminalizariam o aborto até 22 semanas, os boatos no Facebook acusam diretamente o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de ter aprovado a legislação na “calada da noite”. Procurada pela reportagem, a assessoria do parlamentar afirmou que os projetos de lei aprovados não fazem qualquer referência a aborto. Também destacou que a sessão foi conduzida pelo vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira (Republicanos-SP), e não por Maia. Além disso, a votação foi finalizada em torno das 21h30min, sendo inverídico que a aprovação se deu na “calada da noite”. O que diz o Código Penal sobre o aborto O artigo 124 do Código Penal (Decreto-Lei Nº 2.848/1940) estabelece como crime o ato de “provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque”, enquanto o artigo 126 trata da ação de “provocar aborto com o consentimento da gestante”. As penas são aumentadas em caso de lesão corporal grave e morte, segundo o artigo 127. Em vigor desde 1940, o Código Penal também determina, no artigo 128, que não se pune o aborto praticado por médico quando “não há outro meio de salvar a vida da gestante” e “se a gravidez resulta de estupro”. Esses eram os dois únicos casos em que o procedimento não era considerado crime até 2012. Em abril daquele ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu por maioria que o feto anencéfalo (ausência de partes do cérebro) é natimorto e que a interrupção da gravidez nesses casos não pode ser comparada ao aborto. Os ministros favoráveis à medida argumentaram que a legislação determina o aborto como “crime contra a vida” e citaram que a saúde física e psíquica da mulher pode ser prejudicada caso a gestação seja levada até o fim. Aborto não foi substituído por outros termos em documentos oficiais O boato afirma que, para enganar a população, a palavra “aborto” teria sido substituída por dois termos: “atenção humanizada” e “atendimento integral à mulher”. O primeiro termo não é sequer mencionado nos projetos. O segundo aparece apenas no PL 1444/2020 quando o texto trata dos Centros de Atendimento Integral e Multidisciplinar para Mulheres — locais de apoio a vítimas de violência doméstica e familiar e seus dependentes criados a partir da Lei Nº 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha. A suposta relação entre esses dois termos e o aborto, segundo as postagens falsas no Facebook, estaria presente em publicações de órgãos públicos. Porém, a primeira definição apresentada, sobre “atenção humanizada”, não faz qualquer menção ao aborto. É dito apenas que a mulher deve ser incluída nas decisões sobre seu próprio corpo e que tem direito ao planejamento familiar e métodos e técnicas de prevenção de gravidez. A fonte original é um texto do Conselho Nacional de Saúde, publicado no Dia Internacional da Mulher de 2019. Já o segunda definição sugerida pelo boato, sobre “atendimento integral à mulher”, distorce uma informação prestada pela Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul. A pasta estadual afirma, em sua página oficial, que desenvolve o trabalho de Saúde da Mulher a partir de quatro eixos, sendo um deles a “saúde reprodutiva, com ênfase na melhoria da atenção obstétrica, no planejamento reprodutivo e na atenção ao abortamento”. Isso não quer dizer que as equipes de saúde no Estado gaúcho devem incentivar ou realizar o aborto ilegal, e sim prestar atendimento a mulheres que passaram pelo procedimento e orientar as pacientes. Procurado pela reportagem, o órgão de saúde respondeu, por meio de nota, que a atenção digna a mulheres em situação de abortamento é uma “importante questão de saúde pública” pois o procedimento é uma das causas de mortalidade materna no País. A Secretaria também ressaltou que o procedimento nem sempre é crime, de acordo com o Código Penal. Na mesma página, a Secretaria Estadual de Saúde menciona a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM), publicada pelo Ministério da Saúde em 2004 e que orienta o atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS) no País. O documento também é citado no artigo do Conselho Nacional de Saúde mencionado nas postagens falsas. De acordo com o programa do Ministério da Saúde, o aborto realizado em condições inseguras figura entre as principais causas de morte materna e também motiva casos de discriminação e violência institucional nos serviços de saúde. O documento propõe “qualificar e humanizar a atenção à mulher em situação de abortamento” — por exemplo, orientando sobre métodos contraceptivos e encaminhando a paciente para outros profissionais da rede pública. Não há qualquer trecho sobre promoção do aborto ou que sinalize a adoção dos termos citados em substituição. Documento POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DA MULHER PDF Deputados bolsonaristas repercutiram o boato Além dos boatos no Facebook sobre a descriminalização do aborto, a reportagem encontrou um texto enganoso a respeito do assunto no site Senso Incomum, publicado em 9 de julho, com as mesmas citações. Diversos deputados bolsonaristas também publicaram conteúdo enganoso sobre os projetos de lei, como Chris Tonietto (PSL-RJ), Carla Zambelli (PSL-SP), Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PSL-SP). A revista Época noticiou recentemente o fato. Esses conteúdos divulgados por parlamentares alegam que os projetos aprovados recentemente abrem “brecha” para a prática de aborto no Brasil por existir uma suposta vinculação com a Lei Nº 12.845/2013 — mas não há qualquer referência a essa legislação nos dois PLs. A lei de 2013 foi sancionada por Dilma Rousseff (PT) e estabelece “profilaxia da gravidez” a mulheres vítimas de violência sexual. O Ministério da Saúde declarou que o termo “profilaxia” faz referência a administração de pílula do dia seguinte, que apenas evita a fecundação. Além disso, o Código Penal determina que a interrupção da gravidez decorrente de estupro não é crime. Aos Fatos, Agência Lupa e Boatos.org também verificaram o conteúdo analisado nesta checagem do Estadão Verifica e chegaram à mesma conclusão. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
https://politica.estadao…140720203354.png
null
['Samuel Lima']
[]
['estadão verifica', 'facebook', 'fake news [notícia falsa]', 'câmara dos deputados', 'rodrigo maia', 'aborto']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/hospital-geral-de-fortaleza-ainda-tem-pacientes-com-covid-19-em-uti/
ESTADAO_VERIFICA
Hospital Geral de Fortaleza ainda tem pacientes com covid-19 em UTI
Vídeo tirado de contexto mostra enfermeiros celebrando a reabertura do CTI para pacientes não infectados pelo novo coronavírus
2020-07-14
Um vídeo de enfermeiros comemorando ao som de We Are The Champions, da banda Queen, viralizou no Facebook e acabou tirado do seu contexto original, passando a impressão de que o Hospital Geral de Fortaleza não teria mais pacientes com covid-19 em leitos de UTI. As imagens foram gravadas para celebrar a reabertura do Centro de Tratamento Intensivo (CTI) para pacientes sem a doença causada pelo novo coronavírus. O Estadão Verifica checou o vídeo após ele passar de 2 milhões de visualizações e de 9,3 mil compartilhamentos no Facebook. A reportagem entrou em contato com o hospital para apurar sobre a veracidade das imagens. A assessoria de comunicação informou por telefone que o vídeo realmente foi gravado na unidade de saúde na quinta-feira, 9. Naquele dia, o hospital deixou de tratar pacientes com covid-19 em seu CTI e voltou a receber doentes com outras enfermidades. Isso não quer dizer que o hospital esteja atualmente sem pacientes graves infectados pelo novo coronavírus ou que tenha encerrado o tratamento a estas pessoas. LEIA TAMBÉM Recebeu algum boato? Envie para checagem do Estadão Verifica Para entender esta história, primeiro é preciso explicar a diferença entre a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e o Centro de Terapia Intensiva (CTI). A UTI é um leito que dispõe de todos os elementos necessários para a recuperação de pacientes em estado grave. Já o CTI é um conjunto de UTIs agrupadas no mesmo local. Hospital Geral de Fortaleza ainda possui pacientes com covid-19 internados em leitos de UTI. Foto: Reprodução No começo da pandemia, o hospital passou a dispor de áreas livres devido à suspensão de alguns serviços. A direção da unidade de saúde então optou por criar leitos de UTI destinados aos infectados pelo novo coronavírus nas áreas disponíveis do hospital. Isso foi feito de modo a não deslocar os pacientes sem covid-19 já internados no CTI, uma vez que eles não poderiam ficar no mesmo espaço que os pacientes com covid-19. Posteriormente, a pandemia se agravou, e o Ceará chegou ao segundo pior cenário em número de contaminados e terceiro na quantidade de mortos do País. Com isso, o hospital tomou a decisão de deixar o CTI funcionando exclusivamente para pacientes com covid-19. No período mais crítico no Estado, a média diária de atendimento no hospital era de 80 pacientes em UTI e 400 em enfermaria, todos contaminados pelo novo coronavírus, segundo a assessoria. O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), e o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT), impuseram um sistema rígido de isolamento social na capital. Atualmente, o Estado vive uma fase de desaceleração nos novos casos da doença. Embora a pandemia ainda esteja presente, a equipe no Hospital Geral de Fortaleza viu uma diminuição no número de pacientes internados com a covid-19. Por isso, não seria mais necessário manter o CTI funcionando exclusivamente para essas pessoas. Dessa forma, elas voltaram a ser internadas em áreas montadas exclusivamente para atendimento de pacientes com o novo coronavírus, mas fora do CTI. Foi esta conquista que os enfermeiros celebraram com o vídeo. O CTI foi esterilizado e já voltou a receber pacientes que não os da covid-19 — nesta segunda-feira, 34 dos 38 leitos estavam ocupados. Isso não quer dizer, porém, que o hospital esteja sem pacientes infectados pelo novo coronavírus em UTI. No mesmo dia, a assessoria informou que havia 14 internados em estado grave em leitos de UTI montados em áreas fora do CTI. A equipe está de prontidão caso haja novo aumento no número de casos de infecção e o CTI volte a ser necessário para cuidar dos pacientes. O HGF chegou a tratar 80 pacientes infectados pelo novo coronavírus em leitos de UTI num único dia, e 400 em leitos de enfermaria. Foto: Google Maps/Reprodução Mortes continuam em alta Vídeos tirados de contexto podem dar a falsa impressão de segurança e levar as pessoas a relaxar as medidas de proteção recomendadas pelas autoridades sanitárias, como o distanciamento social, o uso de máscaras e a higienização das mãos. Neste domingo, 12, a média diária de mortes nos sete dias anteriores foi de 1.036. Foi a quarta semana seguida em que a média do número de óbitos anunciados pelas secretarias estaduais de Saúde ficou acima de mil. No final de junho, um vídeo de descontração dos funcionários da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Messejana, também em Fortaleza, foi tirado de contexto para dizer que a unidade de saúde não estaria mais tratando a covid-19 por falta de pacientes. O Estadão Verifica também já checou um vídeo que falsamente alegava a ausência de pacientes infectados pelo novo coronavírus no Hospital das Clínicas, em São Paulo. Enquanto os primeiros epicentros da doença como São Paulo e Rio de Janeiro registram redução no avanço da doença, regiões e Estados até então com índices mais baixos veem a pandemia se agravar. O Centro-Oeste, por exemplo, quadruplicou o número de mortes no mês de junho. Já o Paraná precisou impor quarentena restritiva no final do mesmo mês para evitar colapso. O governo de Santa Catarina, por sua vez, também anunciou medidas mais duras nesta segunda-feira para incentivar o isolamento social de sua população. Até esta terça-feira o Ministério da Saúde havia registrado 1,8 milhão de casos confirmados e 72.833 óbitos no Brasil. É o segundo país no mundo com mais mortes e infectados, atrás apenas dos Estados Unidos. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. 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['Pedro Prata']
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['Queen', 'fake news [notícia falsa]', 'coronavírus', 'Fortaleza [CE]', 'Ceará [estado]']
2021-05-20
['FORA DE CONTEXTO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/mario-sergio-cortella-nega-ser-autor-de-texto-viral-atire-a-primeira-pedra/
ESTADAO_VERIFICA
Mario Sergio Cortella nega ser autor de texto viral ‘Atire a primeira pedra’
Mensagem compartilhada no Facebook pede que pessoas não culpem prefeitos, governadores e presidente pela pandemia de covid-19
2020-07-13
Um texto intitulado “Atire a primeira pedra” viralizou nas redes sociais ao ser falsamente creditado a Mario Sergio Cortella. Trata-se de um conteúdo impostor que se utiliza do nome do filósofo para dar mais credibilidade à mensagem. O Estadão Verifica checou o texto após duas publicações atingirem, somadas, 503 mil visualizações e 3,3 mil compartilhamentos no Facebook. Mario Sergio Cortella negou autoria do texto. Foto: Ricardo Chicarelli/Estadão LEIA TAMBÉM Recebeu algum boato? Envie para checagem do Estadão Verifica Uma busca no Facebook pelo nome de Mario Sergio Cortella e o termo “primeira pedra” leva a uma postagem de 13 de abril na página oficial do filósofo no qual ele nega a autoria da postagem. “Circula pela internet um texto sobre ‘atire a primeira pedra’, como se fosse de minha autoria. Não é”, escreveu. Isso quer dizer que versões desta publicação já circulavam na rede social ao menos desde abril. O texto viral pede que “atire a primeira pedra” quem “tiver a real solução” para a pandemia de covid-19. A postagem continua, afirmando que “a culpa não é do prefeito! A culpa não é do governador! A culpa não é do presidente”. E conclui: “Quem sabe não é a hora de parar de perder tempo atirando pedras e dando palpites, e começar a orar mais, amar mais, chorar mais, valorizar mais os amigos e a família… Chega de ódio!” Outras personalidades também já tiveram seu nome falsamente associado a textos virais. Ao jornalista Alexandre Garcia foi creditada uma mensagem que desejava a saída de Jair Bolsonaro da presidência. Já um texto que teria sido escrito pelo comentarista Caio Coppolla na verdade é de autoria desconhecida. Até mesmo o escritor britânico C. S. Lewis foi erroneamente considerado autor de um texto sobre a “pandemia do medo”. Este boato também foi checado por Fato ou Fake, Boatos.org e Agência Lupa. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
https://politica.estadao…130720203554.jpg
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['Pedro Prata']
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['Mario Sergio Cortella', 'fake news [notícia falsa]']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/nao-teste-para-detectar-novo-coronavirus-nao-causa-inflamacao-no-cerebro/
ESTADAO_VERIFICA
Não, teste para detectar novo coronavírus não causa inflamação no cérebro
Ao contrário do que afirma post no Instagram, exame RT-PCR não atinge tecido cerebral; coleta de material ocorre no nariz e na garganta
2020-07-13
Uma publicação no Instagram engana ao afirmar que o teste RT-PCR, que diagnostica covid-19, “permite que bactérias e outras toxinas entrem no cérebro e infectem o tecido cerebral”. Especialistas consultados pelo Estadão Verifica explicam que o texto do post não tem nenhum embasamento científico e que a imagem divulgada não demonstra de forma verdadeira a parte anatômica onde ocorre a coleta. O exame recolhe material da garganta e do nariz e não atinge o cérebro. Chamado de “cotonetão” na postagem falsa no Instagram, o teste RT-PCR é usado para detectar a presença do SARS-CoV-2 (vírus que provoca a covid-19) a partir de 24 horas após a contaminação. O médico infectologista Leandro Curi, da Comissão de Covid-19 da Secretaria Municipal de Ibirité, em Minas Gerais, explica como o exame é realizado. “É muito simples. Um bastão alongado com algodão na ponta, conhecido como swab, vai em nosso nariz e chega na faringe, para coletar a secreção”, conta ele. “A coleta também pode ser feita pela boca. Depois, a amostra é levada ao laboratório para se estudar se há o vírus SARS-CoV-2 presente”. Ainda de acordo com o médico, o swab é introduzido em uma área que se chama Anel de Waldeyer, onde ficam as adenóides (estruturas atrás da cavidade nasal e acima do céu da boca) e as amídalas. Curi afirma que não existe nenhuma relação com o tecido do cérebro, ao contrário do que afirma o boato. A publicação também alega que, ao fazer o exame, poderia ocorrer uma inflamação no cérebro, que levaria à morte. O médico infectologista Francisco Ivanildo, do Hospital Emílio Ribas, explica que isso não é possível. Novamente, ao contrário do que faz crer a imagem falsa, o swab não atinge o tecido cerebral. Além disso, os profissionais de saúde tomam diversos cuidados com a higiene dos materiais utilizados no exame. “O teste colhe material da nasofaringe, a porção posterior do nariz. É separado do cérebro. Não existe a menor possibilidade de contaminação do cérebro durante a coleta do swab de nasofaringe”, afirma o infectologista. O boato afirma ainda que o swab do teste RT-PCR tocaria a chamada barreira hematoencefálica — trata-se de um conjunto de diferentes células e proteínas que impedem o cérebro de receber substâncias estranhas e germes, como vírus, bactérias e fungos. É uma proteção química e biológica que o corpo humano possui. Leandro Curi explica que o exame para detectar o novo coronavírus não chega a essa barreira, nem seria capaz de danificá-la. “(A barreira) não é um ponto anatômico simples que um bastão toca e destrói. Ela protege nosso encéfalo inteiro”, aponta ele. “Quando algum germe consegue passar essa barreira complexa, podemos adoecer nosso sistema nervoso central, por exemplo, ter uma meningite”. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
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['Estadão Verifica']
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['coronavírus', 'fake news [notícia falsa]']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/e-falso-que-a-africa-tenha-controlado-pandemia-com-ivermectina/
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É falso que a África tenha controlado pandemia com ivermectina
Ao contrário do que afirmam vídeos publicados nas redes sociais, a pandemia de covid-19 não está sob controle no continente africano
2020-07-13
Esta checagem foi produzida pela coalizão do Comprova. Leia mais aqui. Conteúdo verificado: Vídeos dos médicos Álvaro Galvão (RO) e Rafael Freitas (PR) no YouTube defendem o uso profilático da ivermectina como tratamento para a covid-19, sob o argumento de que a medicação reduziu o número de casos graves da doença na África É falso que a pandemia de covid-19 esteja sob controle na África por causa do uso preventivo da ivermectina, um medicamento contra vermes. Em vídeos publicados em seus canais do YouTube, os médicos Álvaro Galvão, de Rondônia, e Rafael Freitas, do Paraná, afirmam que o consumo profilático de ivermectina pode evitar sintomas e o agravamento da covid-19. LEIA TAMBÉM Recebeu algum boato? Envie para checagem do Estadão Verifica Até aqui, não há nenhuma comprovação científica de que a ivermectina seja um medicamento eficiente para tratar pacientes com covid-19. É o que afirmam o Ministério da Saúde, a Food and Drug Administration (FDA), autoridade sanitária dos Estados Unidos, e os próprios pesquisadores que estudam o uso da droga contra o vírus SARS-CoV-2 em laboratório. A pandemia também não está sob controle na África. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a doença tem avançado numa velocidade acelerada no continente. A Etiópia, citada em um dos vídeos como um país que teria adotado pouquíssimas ações por causa do uso profilático da ivermectina, tomou diversas medidas para tentar controlar o contágio. As autoridades locais fecharam escolas e restaurantes, proibiram aglomerações, decretaram quarentena obrigatória para todos que chegassem ao país e decretaram estado de emergência por causa da pandemia. A Marinha do Brasil também não aprovou um protocolo para o uso de ivermectina para tratar pacientes com covid-19, outra informação difundida em um dos vídeos. Foto: Reprodução Como verificamos? A verificação foi dividida em três partes. Inicialmente, o Comprova buscou informações sobre a situação da pandemia no continente africano e, especialmente, na Etiópia – onde, segundo o médico Álvaro Galvão, os números da doença seriam bastante inferiores em comparação aos demais países. Para checar o número de casos, óbitos e testes realizados para identificar a doença na África foram utilizadas as bases de dados do Centro Africano de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e do Our World in Data, plataforma ligada à Universidade de Oxford, no Reino Unido. A segunda etapa concentrou-se na investigação do uso da ivermectina no tratamento de pacientes com a covid-19. Foram consultados estudos científicos, notícias e outras verificações realizadas pelo Comprova sobre as relações do medicamento com a doença causada pelo novo coronavírus. Por último, o Comprova entrou em contato com os autores dos vídeos. Tentou localizar Álvaro Galvão por meio do celular da clínica que aparece em seus vídeos no YouTube. E enviou mensagem para Rafael Freitas pelo e-mail cadastrado na conta dele no YouTube e via Twitter. O Comprova fez esta verificação baseado em informações científicas e dados oficiais sobre o novo coronavírus e a covid-19 disponíveis no dia 10 de julho de 2020. Verificação Situação da África Até a data de fechamento deste texto, 10 de julho, o continente africano contabilizava 543.136 casos e 12.474 óbitos causados pela covid-19, segundo os dados do Centro Africano de Controle e Prevenção de Doenças (Africa Centres for Disease Control and Prevention). Em 8 de julho, quando a África superou a marca de 500 mil casos da doença, a OMS alertou que a pandemia estava se espraiando em uma velocidade acelerada, apesar de esse crescimento não ser uniforme em todo o continente. O informe da organização afirma que os casos mais que dobraram no último mês em 22 países africanos e que em dois terços do continente há transmissão comunitária do vírus, aquela em que não é mais possível localizar a origem da infecção. Segundo os dados da OMS, em menos de cinco meses, as mortes causadas pelo novo coronavírus superaram as causadas pela epidemia de ebola na África Ocidental, que ocorreu entre 2014 e 2016. No mesmo informe, a OMS afirmou que 71% dos casos de covid-19 no continente africano estão concentrados em cinco países: Argélia, Egito, Gana, Nigéria e África do Sul. E que 80% dos infectados possuem 60 anos ou menos. Em uma entrevista coletiva realizada em 9 de julho, John Nkengasong, diretor do CDC africano, endossou o alerta da OMS pedindo atenção ao crescimento do número de casos e óbitos no continente. De acordo com Nkengasong, os dados sobre a doença em muitos países africanos são insuficientes ou não são confiáveis – o que, segundo ele, dificulta o controle da pandemia. O diretor destacou, também, a necessidade de aumentar a capacidade de testagem da população no continente. De acordo com os dados da plataforma Our World in Data, a maior parte dos países africanos não possui capacidade para testar todos que apresentam sintomas da doença. A covid-19 na Etiópia Ao comentar no vídeo enganoso os números da covid-19 na Etiópia, o médico Álvaro Galvão destaca que o aparente sucesso do país no controle da doença estaria exclusivamente relacionado ao uso profilático da ivermectina para o tratamento de outras doenças por grande parte da população. O médico afirma que as únicas medidas tomadas pelas autoridades etíopes para frear a covid-19teriam sido “a lavagem de mãos, o distanciamento social e o controle de temperatura que nos aeroportos”. Essa informação é falsa. Após a confirmação, em 13 de março, do primeiro caso de covid-19, as autoridades da Etiópia rapidamente anunciaram uma série de medidas para tentar controlar o avançoda doença no país. Três dias depois do registro do primeiro paciente infectado pelo novo coronavírus, o governo instituiu o fechamento de escolas, a proibição de aglomerações e o apelo à população para a prática do isolamento social. Em 20 de março, novas medidas foram anunciadas, como a obrigatoriedade do cumprimento de quarentena para todos aqueles que desembarcassem no país, a interrupção dos voos da maior companhia aérea etíope, a Ethiopian Airlines, para 30 países e o fechamento de bares e restaurantes. No dia 8 de abril, o governo decretou estado de emergência em todo o país. As autoridades sanitárias da Etiópia não indicam a ivermectina para a prevenção ou tratamento da covid-19. O portal do governo que reúne as informações sobre a doença no país afirma que, apesar de várias drogas estarem em estudo, até o momento não existe um medicamento eficaz para os pacientes com o novo coronavírus e destaca que, para aqueles que desenvolvem sintomas graves, são administrados os chamados tratamentos suporte. O portal alerta que a prevenção é o método mais eficaz para controlar o contágio da covid-19 e endossa as recomendações da OMS, como lavar as mãos com frequência, evitar tocar o nariz e a boca, usar máscaras e manter distância das demais pessoas. Outro dado falso que o médico Álvaro Galvão apresenta no vídeo diz respeito ao número de casos e óbitos causados pela covid-19 na Etiópia até o dia 31 de maio. Segundo ele, até essa data o país contabilizava 731 casos e 6 mortes. O boletim oficial do Ministério da Saúde etíope revelou números maiores: 1.172 caos e 11 mortes. Para compreender se a população etíope utiliza a ivermectina de modo profilático para o tratamento de outras doenças, conforme apontado no vídeo, a reportagem procurou a Embaixada da República Democrática Federal da Etiópia no Brasil, o Ministério da Saúde da Etiópia e o Instituto Etíope de Saúde Pública. Até o fechamento deste texto os contatos não houve retorno. Até a publicação desta verificação, a Etiópia registrou 7.120 casos e 124 óbitos causados pela covid-19. Os dados são da Universidade Johns Hopkins. Os médicos Segundo o site do Conselho Federal de Medicina, Álvaro Luis Galvão Ignácio é especialista em cirurgia vascular. Atualmente, tem registro médico em Rondônia, mas já atuou em São Paulo e no Rio Grande do Sul. Em seu site pessoal, ele conta que se formou em medicina em Porto Alegre e foi militar, com a patente de tenente médico, quando serviu no Hospital de Guarnição de Porto Velho. Atualmente, trabalha no Day Hospital Center Clínica, do qual é sócio, na cidade de Ji-Paraná, no interior de Rondônia. Em 2019, Álvaro recebeu o título de cidadão do estado da Assembleia Legislativa. No YouTube, ele já fez outros vídeos sobre a pandemia, como os intitulados “O uso da hidroxicloroquina” e “Diferenças do isolamento vertical e horizontal”. Registro médico de Álvaro Luis Galvão Ignácio. Foto: CFM/Reprodução Rafael Sousa de Freitas tem registro ativo no Conselho Regional de Medicina do Paraná desde 2014. Na descrição do seu canal do YouTube, ele se apresenta como cristão, formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), escritor, palestrante motivacional e treinador de alta performance nos estudos. No Twitter, se descreve como de direita e “pró-vida”. No Instagram, declara apoio ao presidente Jair Bolsonaro e ao presidente americano Donald Trump. Seus vídeos sobre a experiência como médico trazem títulos como “Homem engasga por esconder os dentes” e “Chamei mulher obesa de elefante”. Registro médico de Rafael Sousa de Freitas. Foto: CRM-PR/Reprodução Nenhum deles respondeu às tentativas de contato do Comprova por WhatsApp, e-mail ou Twitter. A ivermectina e a covid-19 A ivermectina está registrada na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como “medicamento contra infecções causadas por parasitas”. Segundo a Food and Drug Administration, órgão de vigilância sanitária dos Estados Unidos, a ivermectina é liberada para humanos no tratamento de vermes intestinais e de parasitas tópicos, como piolho e rosácea. Além disso, o remédio é usado para o tratamento de vermes em diversas espécies de animais. Possíveis efeitos colaterais incluem vômito, diarreia, dor estomacal, erupções cutâneas, eventos neurológicos ( como convulsões, tontura e confusão), queda repentina da pressão arterial e danos ao fígado. O Documento MINISTÉRIO DA SAÚDE PDF afirma que “ainda não existem evidências clínicas suficientes que permitam tecer qualquer recomendação quanto ao uso de ivermectina em pacientes com covid-19”. A FDA adota o mesmo posicionamento. Em abril, um estudo da Universidade de Monash, na Austrália, apontou pela primeira vez a possibilidade de a ivermectina atuar como inibidor in vitro do SARS-CoV-2. No início de junho, em e-mail enviado ao Comprova, o Departamento de Medicina, Enfermagem e Ciências da Saúde da instituição explicou que o estudo demonstra apenas a eficiência em laboratório e que “a ivermectina não pode ser usada em pacientes com covid-19 até que outros testes e ensaios clínicos tenham sido conclusivos em estabelecer a eficácia do medicamento em níveis seguros para dosagem em humanos”. Em verificação do Comprova publicada no dia 8 de julho, o infectologista Marcelo Carneiro, professor da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e integrante da Associação Brasileira dos Profissionais em Controle de Infecções e Epidemiologia Hospitalar (Abih), reforçou que não está comprovada a eficácia da ivermectina em humanos. “Já está provado que as doses de ivermectina precisam ser extremamente altas para funcionar. Então, em laboratório ela funciona como antiviral. Mas não existem doses para humanos e, se existir, será extremamente tóxica”, explicou. A Marinha e a ivermectina Álvaro Galvão diz que a Marinha brasileira desenvolveu um protocolo para uso da ivermectina e tratou pacientes com covid-19 com o medicamento. Em uma nota enviada por e-mail ao Comprova, o departamento de imprensa disse que produziu uma “minuta de proposta de protocolo”, mas que não está em uso. A Marinha disse ainda que adota em suas unidades “todos os protocolos clínicos e terapêuticos” divulgados pela OMS, pelo Ministério da Saúde e pela Anvisa “a fim de orientar seus profissionais de saúde quanto às medidas de condução e de tratamento dos pacientes infectados pelo novo coronavírus no âmbito do Sistema de Saúde da Marinha”. Em nota, Marinha nega adotar protocolo de uso da ivermectina para tratamento da covid-19. Foto: Reprodução Por que investigamos? O Comprova tem investigado conteúdos suspeitos sobre a pandemia que viralizam nas redes sociais. Como ainda não existem vacina ou cura, muitas das verificações têm sido sobre medicamentos que supostamente combatem a covid-19. O tema é de extrema importância porque a automedicação sem orientação médica, além de não curar o novo coronavírus, pode ser prejudicial para as pessoas e colocar a saúde delas em risco. Nesse contexto, a ivermectina tem sido muito citada em conteúdos que sugerem o seu uso preventivo, ainda que não exista nenhuma comprovação científica da sua eficácia. No último mês, o Comprova já mostrou que não havia provas de que o medicamento funcionasse, que entrevistas sobre o remédio estavam sendo retiradas de contexto, e que as autoridades médicas não recomendam a automedicação. Até o fechamento dessa verificação, os vídeos dos médicos Álvaro Galvão e Rafael Freitas tinham, juntos, 336.175 visualizações no YouTube. Eles também atingiram 4.639 e 3.162 interações no Facebook e Twiter, segundo a plataforma de monitoramento Crowdtangle. Falso para o Comprova é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para modificar o seu significado original e divulgado de maneira deliberada para espalhar uma mentira.
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2021-05-20
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ESTADAO_VERIFICA
É falso que Dilma tenha participado de atentado que matou soldado Mario Kozel Filho
Ação foi realizada por VPR, grupo de luta armada do qual Dilma nunca fez parte; não há indícios de participação da ex-presidente em atos violentos na ditadura
2020-07-10
A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) não participou do atentado que levou à morte do soldado Mário Kozel Filho, em 26 de junho de 1968. Esta alegação falsa circula em redes bolsonaristas no Facebook. Na data citada, o grupo Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), que praticou luta armada contra a ditadura militar (1964-1985), atacou o quartel-general do 2º Exército, em São Paulo. Nos meses seguintes, dez dos acusados pelo atentado foram presos e dois foram mortos pelos militares. É falsa a publicação no Facebook que acusa Dilma Rousseff de matar soldado em 1968. Foto: Reprodução / Arte Estadão O Estadão publicou a notícia na capa da edição de 27 de junho de 1968, disponível no acervo digital. A reportagem afirma que um veículo carregando dinamite foi lançado contra o Quartel General do 2º Exército, no bairro Ibirapuera. A explosão matou um soldado de 18 anos, Mário Kozel Filho, e deixou outros cinco feridos. Esses fatos já colocam em descrédito o boato. A postagem inventa que Dilma teria “jogado uma granada no portão”. A data citada no post também está errada. Capa da edição do ‘Estado’ em 27 de junho de 1968. Foto: Reprodução / Acervo Estadão Nas páginas internas, o Estadão noticiou que o atentado ocorreu durante a madrugada e foi executado por apenas uma pessoa. O motorista saltou do veículo depois que tiros de advertência foram disparados e os pneus do carro foram alvejados. Depois, o homem que dirigia foi resgatado por cúmplices em um segundo veículo. O carro com explosivos se chocou contra a parede do quartel e detonou quando os soldados se aproximaram. Posteriormente, o fato foi atribuído ao grupo VPR. Dilma, no entanto, não fazia parte da VPR nessa época. Segundo a biografia da petista no CPDOC da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a ex-presidente era integrante do grupo guerrilheiro Comando de Libertação Nacional (Colina). Essa organização apenas se uniria à VPR em 1969, um ano após o atentado contra Kozel Filho. Os dois grupos formaram a Vanguarda Armada Revolucionária (VAR) – Palmares. Em outra verificação recente, o Estadão Verifica mostrou que não há evidências da participação de Dilma Rousseff em qualquer ação armada durante o regime militar. A reportagem consultou documentos tornados públicos em 2010 pelo Superior Tribunal Militar (STM) para desmentir boatos de que a ex-presidente teria participado de assaltos aos bancos Banespa e Mercantil, em 1968; de que teria confessado planos de assassinato do capitão norte-americano Charles Chandler; e de que teria participado de roubo ao quartel da Força Pública do Barro Branco. Nada disso é verdade. O caso do soldado Mário Kozel Filho não é sequer citado nos arquivos da ditadura referentes a Dilma, produzidos a partir de depoimento sob tortura prestado por ela em delegacia do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) em 1970. De acordo com o relatório, Dilma afirmou que sabia de três assaltos e um atentado a bomba realizados pelo Colina, mas negou “participação ativa”. A ação da Justiça Militar concluiu que ela teria chefiado greves e assessorado assaltos a bancos, mas não cita quais foram eles, nem comprova vinculação direta. Os arquivos indicam ainda que a ex-presidente se mudou para São Paulo apenas em outubro de 1969 — portanto, meses depois da morte do soldado. Acusada de subversão em 1970, Dilma foi condenada a quatro anos de reclusão e suspensão dos direitos políticos por dez anos. Ela foi solta no final de 1972. Bolsonaro também insinuou participação de Dilma Assim como ocorreu com os outros quatro casos citados pelo boato analisado anteriormente pelo Estadão Verifica, o presidente Jair Bolsonaro também insinuou envolvimento de Dilma Rousseff na morte de Mário Kozel Filho, sem apresentar provas. Em entrevista a um canal italiano de televisão, em janeiro de 2019, Bolsonaro citou o VPR como responsável “por várias ações terroristas, incluindo uma bomba que matou um soldado em São Paulo”. Em seguida, disse que “fazia parte dessa organização terrorista também a senhora Dilma Rousseff”. A transcrição do trecho foi feita pelo site Poder 360. Dilma divulgou nota à imprensa sobre o episódio no Facebook, afirmando que Bolsonaro espalha uma fake news corrente entre seus apoiadores. “Nunca fui integrante deste grupo (VPR), jamais participei de qualquer ação armada e não propus ou contribuí para a morte de quem quer que seja”, escreveu Dilma. Ela ressaltou que a acusação não consta nos arquivos da ditadura, nem no livro sobre o assunto editado por militares após o fim do regime — a publicação também foi analisada pelo site Aos Fatos. A petista disse ainda que o episódio ocorreu quando residia em Belo Horizonte e frequentava a Faculdade de Economia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e que a postura do atual presidente é “profundamente lamentável” para um chefe de Estado. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
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2021-05-20
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ESTADAO_VERIFICA
É falso que 94% dos brasileiros defendam reeleição de Bolsonaro
Pesquisas recentes apontam que mais de 40% da população desaprova o governo, com queda em série da popularidade do presidente
2020-07-10
Uma postagem falsa em circulação no Facebook alega que o presidente Jair Bolsonaro teria “disparado nas pesquisas” e que “94% dos brasileiros querem que ele seja reeleito em 2022”. O Estadão Verifica analisou resultados de pesquisas publicadas recentemente, mas não encontrou nenhum resultado parecido. Institutos com nome mais reconhecido no mercado, como Datafolha, DataPoder360 e XP/Ipespe, pesquisaram apenas avaliação de governo, e não mediram intenção de voto. Em todos estes levantamentos, a rejeição a Bolsonaro era superior a 40%. Os resultados diferem entre si pela variação do período de coleta de informações e em razão de metodologias de pesquisa distintas. Outras instituições menos conhecidas divulgaram pesquisas eleitorais, mas em nenhum desses casos os resultados se aproximam dos citados na imagem que viralizou no Facebook. Postagens falsas alegam que 94% dos brasileiros votariam em Bolsonaro em 2022. Foto: Reprodução / Arte Estadão A pesquisa mais recente do Instituto Datafolha, divulgada em 25 de junho, indica que Bolsonaro enfrenta rejeição de 44% da população, que considera o governo ruim ou péssimo. Outros 32% aprovam o governo, dizendo que o consideram ótimo ou bom, e 23% o avaliam como regular. O Datafolha ouviu 2.016 pessoas por telefone, entre os dias 23 e 24 do mês passado. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. A popularidade do presidente não “disparou” nos índices em nenhum momento, de acordo com a série de pesquisas do Datafolha. Desde abril do ano passado, o índice de aprovação do governo está entre 29% e 32%, com pouca variação. Por outro lado, houve aumento na insatisfação com o governo — a rejeição subiu de 30% para os atuais 44%. As informações são do jornal Folha de S. Paulo. A comparação entre índices levantados pelo Datafolha deve levar em conta que, em função da crise do novo coronavírus, as entrevistas deixaram de ser presenciais e passaram a ser feitas por telefone. Pesquisa recente do DataPoder360, publicada em 9 de julho, aponta que 40% dos brasileiros aprovam e 47% desaprovam o governo de Jair Bolsonaro, ao oferecer apenas essas duas possibilidades de resposta. Foram 2.500 entrevistados, também por telefone, entre 6 e 8 de julho. A margem de erro é novamente de dois pontos percentuais para mais ou para menos. A gestão é avaliada como ruim ou péssima por 46% das pessoas, ótima ou boa por 29% e regular por 20%, de acordo com o DataPoder360. Mais uma vez, o comparativo da evolução dos índices mostra que a popularidade de Bolsonaro não tem tendência de crescimento. No início de abril, a avaliação ótima ou boa era de 36%, depois caiu para 29% e variou dentro da margem de erro desde então, em gráfico que pode ser acessado no site do Poder 360. A rejeição passou de 33% para os atuais 46% no mesmo período. A pesquisa XP/Ipespe, feita com 1.000 pessoas, entre 9 e 11 de junho, por contato telefônico, também indica que a maioria dos brasileiros desaprova o governo. De acordo com o relatório, 48% da população considera a gestão federal ruim ou péssima, 28% a avaliam como ótima ou boa e 22% responderam que era regular. A margem de erro é de 3,2 pontos percentuais para mais ou para menos. A análise histórica também indica decréscimo na popularidade e aumento na taxa de rejeição desde o início do mandato. Pesquisa feita pela consultoria Atlas Político com 2.000 pessoas, por meio de recrutamento digital e divulgada em 1º de julho, concluiu que 24,8% dos brasileiros consideram o governo de Jair Bolsonaro ótimo ou bom, contra 56,2% que o avaliam como ruim ou péssimo, além de 18,3% que responderam que era regular. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Desconfie de boatos sobre pesquisas de opinião Mesmo fora do período de campanha eleitoral, postagens falsas sobre supostas pesquisas de intenção de voto e rejeição aparecem com frequência nas redes. Geralmente, os boatos não apontam fonte alguma, impossibilitando a investigação dos internautas, e têm o objetivo de inflar o apoio a determinadas personalidades ou o sentimento de desaprovação a “adversários” políticos. Ainda em 2019, o projeto Comprova desmentiu artigos que manipulavam pesquisas de opinião para sugerir que a aprovação de Bolsonaro teria aumentado. Em janeiro deste ano, o Estadão Verifica mostrou que eram falsas as postagens alegando que a rejeição ao presidente chegaria a 85%. Outro alvo recente de desinformação nas redes foi o Supremo Tribunal Federal (STF). Como mostrou o núcleo de fact-checking do Estadão, não é verdade que 96% dos brasileiros avaliam o STF como “corrupto, imoral e inútil”. Outra publicação de grande circulação em maio alegava que o governador de São Paulo, João Doria, teria avaliação negativa de 98%, o que também é falso. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
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2021-05-20
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https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/estudos-falharam-em-provar-beneficio-da-cloroquina-para-tratamento-da-covid-19/
ESTADAO_VERIFICA
Estudos falharam em provar benefício da cloroquina para tratamento da covid-19
Boato viral divulga alegação falsa de que medicamento seria comprovadamente eficaz na cura do novo coronavírus
2020-07-10
Atualizada às 12h11 de 13 de julho de 2020. Um boato viral no Facebook engana ao afirmar que a cloroquina evitaria internações e reduziria o número de mortes pela covid-19. O medicamento está no centro de uma disputa ideológica em torno da pandemia causada pelo novo coronavírus, mas até o momento não tem comprovação científica de sua eficácia. O Estadão Verifica checou a postagem por tratar de um tema de saúde pública, que recebeu 2,9 mil compartilhamentos em menos de 24h. LEIA TAMBÉM Recebeu algum boato? Envie para checagem do Estadão Verifica “Nenhum estudo em nenhum lugar do mundo mostrou a eficácia da cloroquina contra o novo coronavírus”, diz o infectologista Jamal Suleiman, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas. Ele explica que a droga apresenta resultado antiviral in vitro, isto é, em testes de laboratório. No entanto, ela falha em reproduzir o resultado no corpo humano. “É bom ressaltar que a maior parte das drogas que tem ação in vitro, não tem ação in vivo (em seres humanos). E isso é assim com vários medicamentos que temos disponíveis, não é exclusividade da cloroquina.” A cloroquina e a hidroxicloroquina são dois antimaláricos — isto é, remédios usados em pacientes com malária. São drogas há bastante tempo conhecidas pelos médicos, usadas também no tratamento de lúpus e artrite reumatoide. Sua utilização no tratamento de pacientes com covid-19 foi inicialmente endossada por médicos do sul da França. O estudo, no entanto, acabou amplamente contestado e passa por nova revisão de especialistas. Estudos falharam em comprovar benefícios da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento da covid-19. Foto: Reprodução Muitos estudos se seguiram a este, mas todos falharam em comprovar que a hidroxicloroquina ou a cloroquina teriam algum efeito no tratamento. É o caso do estudo internacional Solidariedade, conduzido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Ele foi interrompido no começo de julho após os resultados mostrarem baixa ou nenhuma redução na mortalidade dos pacientes hospitalizados tratados com a hidroxicloroquina em comparação com os pacientes que não receberam o mesmo medicamento. Já o estudo Recovery contou com a participação de mais de 11 mil pacientes do sistema público de saúde do Reino Unido. Seus pesquisadores principais emitiram comunicado, em junho, concluindo que “não há efeito benéfico” do uso de hidroxicloroquina em pacientes hospitalizados com a covid-19. Isso inclui dizer que não foi observada redução no tempo de recuperação. O Estadão Verifica fez esta checagem com base em informações científicas e dados oficiais sobre o novo coronavírus e a covid-19 disponíveis em 9 de julho de 2020. Disputa ideológica em meio à pandemia O boato acerta ao lembrar que a cloroquina está no meio de um debate ideológico em plena pandemia. Apesar de não haver comprovação científica de seus benefícios, o medicamento é defendido pelo presidente Jair Bolsonaro como uma estratégia importante para combater o novo coronavírus. No final de junho, o ministro general Fernando Azevedo e Silva (Defesa) afirmou que o laboratório do Exército ainda tinha 1,85 milhão de comprimidos de cloroquina estocados. Caixa do remédio sulfato de hidroxicloroquina, conhecido como Reuquinol. Foto: Márcio Pinheiro/SESA A insistência do presidente na eficácia do medicamento foi um dos motivos para a demissão dos ministros da Saúde Henrique Mandetta e Nelson Teich, que saíram do cargo no intervalo de um mês. Após a saída de Teich, o Ministério publicou recomendações para o tratamento com hidroxicloroquina de pacientes com sintomas leves da covid-19. O documento ressalta que não há comprovação científica de benefício do medicamento e deixa a cargo de cada médico fazer a avaliação de seu uso. Destaca, ainda, a importância da realização de exames para monitoramento da atividade cardíaca — recomendação também da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Documento USO DE CLOROQUINA E HIDROXICLOROQUINA EM CASOS LEVES DE COVID-19 PDF Após anunciar que testou positivo para covid-19, o presidente disse que está tomando a cloroquina e que se sente bem. Mesmo encerrando sua agenda de compromissos para cuidar de sua saúde, Bolsonaro mantém reuniões com ministros por videoconferência e faz ‘propaganda’ sobre o medicamento. O presidente norte-americano, Donald Trump, também defendeu o uso da hidroxicloroquina no tratamento dos pacientes. No final de maio, ele anunciou o envio de dois milhões de doses do medicamento para o Brasil. O anúncio se deu no momento em que a procura pelos medicamentos nos hospitais dos Estados Unidos diminuía após estudos não encontrarem benefício em sua utilização. Pouco tempo depois, um sinal desencorajador veio do país norte-americano. A Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos EUA, revogou a autorização emergencial da cloroquina. Ela estava em vigor desde 28 de março e permitia que hospitais tivessem acesso a um estoque emergencial do governo federal. Porém, após muitos estudos não apresentarem benefícios no medicamento, a autorização foi retirada. É verdade que a cloroquina não tem patente? A cloroquina foi desenvolvida em 1930 pela empresa alemã Bayern e recebeu o nome comercial Resochin. O boato viral traz a alegação de que a droga não teria patente. Procurado, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), responsável pelo registro de patentes no País, informou que “o período de vigência de uma patente é de 20 anos. Depois deste prazo a tecnologia cai em domínio público”. O difosfato de cloroquina possui três registros na Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), dos quais dois são da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Laboratório Químico Farmacêutico do Exército. Já o sulfato de hidroxicloroquina possui seis registros, dos quais quatro são genéricos. Dados do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma) mostram que o consumo de cloroquina pelos brasileiros cresceu 358% durante a pandemia. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
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['Pedro Prata']
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2021-05-20
['FALSO']
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ESTADAO_VERIFICA
Posts mostram evento de 130 anos da Torre Eiffel como se fosse homenagem a vítimas de covid-19
Imagens foram gravadas em maio de 2019, cerca de seis meses antes do primeiro registro da doença no mundo; show de luzes pode ser visto na íntegra na página oficial da atração francesa
2020-07-10
Postagens nas redes sociais enganam ao mostrar um espetáculo de luzes do ano passado na Torre Eiffel, ponto turístico de Paris, na França, como se fosse uma homenagem às vítimas da covid-19. A gravação foi feita entre os dias 15 e 17 de maio de 2019 — cerca de seis meses antes do primeiro caso confirmado do novo coronavírus no mundo — e retrata a celebração de 130 anos da inauguração do monumento. Vídeo de 2019 foi tirado de contexto para relacionar espetáculo a suposta homenagem a vítimas de covid-19. Foto: Reprodução / Arte Estadão LEIA TAMBÉM Veja todas as checagens sobre coronavírus publicadas pelo Estadão Verifica O Estadão Verifica encontrou outras filmagens da ocasião que apresentam os mesmos elementos do vídeo analisado. É o caso de reportagem do Jornal da Noite, da TV Band, na faixa de 15 segundos. Vídeo divulgado pela página oficial da Torre Eiffel apresenta o espetáculo na íntegra e confirma a relação. No texto da página, é informado que, para comemorar os 130 anos da abertura ao público, a Torre Eiffel ofereceu três noites consecutivas de show de luzes. O evento foi projeto por Bruno Seillier e realizado em parceria com a Électricité de France (EDF), produtora e distribuidora de energia da França. “Por mais de 12 minutos, (o espetáculo) refez a história deste monumento, seu design e sua construção, até a nossa época. Tudo foi acompanhado por uma trilha sonora alegre e dramática”, descreveram os organizadores. De fato, o espetáculo apresenta a inscrição “A toutes les victimes”, frase que em francês significa “A todas as vítimas”, seguido pela representação de uma lágrima caindo sobre a projeção de intensa cor vermelha. A referência não fica clara, mas não pode ser uma homenagem aos mortos pela covid-19 naquela data. A Torre Eiffel costuma ter as luzes apagadas em protesto a atentados e outros episódios de violência. Foi assim em 2015, quando a França foi alvo de uma série de ataques terroristas, reivindicados pelo Estado Islâmico e que mataram dezenas de pessoas. Em 27 de março deste ano, a prefeitura de Paris decidiu prestar apoio aos profissionais mobilizados no combate à pandemia do novo coronavírus ao projetar mensagens de agradecimento no símbolo da capital francesa. De acordo com reportagem da RFI, foram mostrados os termos “merci” e “restez chez vous” — “obrigado” e “fique em casa” em francês, respectivamente. A “Dama de Ferro”, como também é conhecida a torre construída em 1889 por Gustave Eiffel, recebe cerca de 7 milhões de visitantes por ano. Ela permaneceu fechada por três meses devido à pandemia, período mais longo de paralisação desde a Segunda Guerra Mundial, com prejuízo estimado em nove milhões de euros por mês. A reabertura ocorreu no dia 25 de junho. Premiers visiteurs aux 1er et 2e étages 10 mn de montée par étage seulement ! Our first visitors arrive at the 1st and 2nd floors. 10 minutes only to climb each level #tourEiffel #EiffelTower pic.twitter.com/GBf26ElSAD — La tour Eiffel (@LaTourEiffel) June 25, 2020 A França é o sexto país do mundo com mais mortes por covid-19, com 29.982 óbitos, segundo informações da Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos. O número de casos confirmados é de 207.356. Autoridades sanitárias, no entanto, afirmam que a pandemia “está controlada” no país desde o começo de junho, com registro de menos de mil novos casos por dia. A AFP Checamos, o Fato ou Fake, do portal G1, e o Boatos.org também analisaram o conteúdo, que não foi o primeiro a tirar de contexto imagens da Torre Eiffel. No ano passado, postagens nas redes sociais alegaram que uma foto do monumento iluminado de vermelho seria uma homenagem ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas na verdade ela mostrava a celebração do Ano Novo chinês. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
https://politica.estadao…080720203314.png
null
['Samuel Lima']
[]
['coronavírus', 'facebook', 'fake news [notícia falsa]', 'estadão verifica', 'Torre Eiffel [Paris]', 'França [Europa]']
2021-05-20
['FORA DE CONTEXTO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/e-falso-que-video-mostre-sabotagem-de-governo-do-ceara-em-canal-inaugurado-por-bolsonaro/
ESTADAO_VERIFICA
É falso que vídeo mostre ‘sabotagem’ de governo do Ceará em canal inaugurado por Bolsonaro
Gravação de motoristas de caminhões-pipa jogando fora um grande volume de água foi feita em junho de 2017 em Alagoas
2020-07-09
Conteúdo verificado: Publicações afirmam que vídeo de motoristas de caminhão-pipa descartando grande volume de água mostra pessoas contratadas pelo governo do Ceará para sabotar canal recém-inaugurado pelo presidente Jair Bolsonaro no Estado. É falso que um vídeo compartilhado mais de 18 mil vezes em redes sociais mostre “pipeiros contratados pelo governo” do Ceará, dirigido pelo PT, descartando água retirada de um canal inaugurado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no Estado. A gravação, na qual uma mulher mostra motoristas de caminhões-pipa jogando fora um grande volume de água, foi feita em junho de 2017 no município de Pariconha, Alagoas, mais de um ano antes da eleição de Bolsonaro. Os motoristas gravados nas imagens faziam parte da Operação Carro-Pipa, coordenada pelo Exército em Alagoas para distribuir água potável às populações rurais e urbanas atingidas por estiagem na região. Após a primeira viralização do vídeo, em 2017, eles foram descadastrados do programa, como informou ao Comprova o batalhão responsável pelo projeto. Como verificamos? LEIA TAMBÉM Recebeu algum boato? Envie para checagem do Estadão Verifica Para iniciar esta verificação, realizamos buscas reversas no Google Imagens por capturas de tela do vídeo associadas a palavras-chave identificadas na gravação. Essa pesquisa levou a um artigo publicado em 1º de junho de 2017 no portal alagoano Correio Notícia, ilustrado com as imagens viralizadas. Vídeo foi gravado em 2017 em Alagoas. Foto: Projeto Comprova/Reprodução Segundo a reportagem, o vídeo havia sido gravado na época em uma área próxima ao Canal do Sertão, em Pariconha, Alagoas. Com base nessas informações e com o intuito de localizar a pessoa responsável pela gravação, buscamos publicações feitas no Facebook em junho de 2017 com os termos “água” e “canal do sertão”. Essa busca levou a uma publicação feita às 10h21 do dia 1º de junho de 2017 por um morador do município alagoano de Piranhas, localizado a 56km, cerca de uma hora de carro de Pariconha. “Olha minha gente so pq está chovendo sertão o qui estão fazendo com a nossa água [sic]”, dizia a postagem. “o qui o exército está fazendo qui não fiscalizar isso minha gente [sic]”, continuava o texto. O Comprova entrou em contato com o usuário para solicitar informações sobre a gravação, mas não obteve resposta até o fechamento deste texto. Em seguida, procuramos a Prefeitura de Pariconha, que confirmou que as imagens foram gravadas no município alagoano em junho de 2017. Também foi consultado o 59º Batalhão de Infantaria Motorizada do Exército, que informou que os motoristas eram cadastrados na Operação Carro-Pipa, mas foram desligados após a viralização do vídeo. Para reiterar a conclusão, consultamos imagens do Canal do Sertão disponibilizadas no Google Maps em busca de semelhanças com o cenário retratado no vídeo. Verificação Um vídeo em que uma mulher filma dois motoristas de caminhão-pipa descartando um grande volume de água em uma área rural foi amplamente compartilhado no Facebook e no Twitter como se mostrasse “pipeiros contratados pelo governo demoníaco do Ceará” pegando água “do canal inaugurado pelo presidente para jogar fora”. “Essa esquerda maldita é o câncer da sociedade”, dizem algumas das postagens. O conteúdo ganhou força após o presidente Jair Bolsonaro inaugurar, no final de junho, um trecho da obra de transposição do Rio São Francisco no Ceará, Estado governado por Camilo Santana, do PT. O vídeo não é, contudo, atual, nem retrata uma tentativa do governo cearense de sabotar a obra inaugurada por Bolsonaro. Vídeo de 2017 Uma busca reversa no Google por capturas de tela da gravação associadas a palavras-chave identificadas no vídeo levou a um artigo publicado em 1º de junho de 2017 pelo portal Correio Notícia. O texto diz que o “flagrante ocorreu no sítio Rolas, zona rural de Pariconha, bem ao lado do Canal do Sertão”, em Alagoas. O vídeo foi publicado na mesma data no canal do site de jornalismo no YouTube. De fato, na gravação é possível escutar a mulher que faz a denúncia cobrando um posicionamento do Exército de Maceió, capital do Alagoas, e afirmando: “Isso aqui é o Canal do Sertão”. As informações também foram publicadas em outra reportagem, no mesmo dia, no site GazetaWeb. Uma análise das imagens do Canal do Sertão disponíveis no Google Maps permitiu identificar semelhanças com o vídeo compartilhado nas redes, como as pontes de cor laranja destacadas na comparação abaixo: Para confirmar o local e a data da gravação, o Comprova entrou em contato com a Prefeitura de Pariconha, que informou que o vídeo efetivamente foi gravado “entre os municípios de Pariconha e Delmiro Gouveia” em junho de 2017. A Prefeitura afirmou, ainda, que não puniu os motoristas de carro-pipa na época, porque seus contratos seriam de responsabilidade do Exército. Com esta informação, o Comprova procurou o 59º Batalhão de Infantaria Motorizada do Exército, responsável pela Operação Carro-Pipa em Alagoas, que reiterou que as imagens datam de junho de 2017. “Naquela ocasião, os Pipeiros alegaram que tiveram um problema mecânico e o peso do caminhão estava impossibilitando de prosseguir viagem”, afirmou um porta-voz do batalhão ao Comprova por e-mail. “Todas as medidas administrativas foram tomadas e os Pipeiros foram descadastrados da Operação Carro-Pipa”, completou. Por que investigamos? O Projeto Comprova faz a verificação de conteúdos virais sobre políticas públicas do governo federal. Neste caso, o vídeo de motoristas de caminhão-pipa descartando água obteve mais de 18 mil compartilhamentos no Facebook, Twitter e Instagram, somando mais de 265 mil visualizações em menos de 24 horas. O conteúdo, encaminhado por leitores do Comprova, circula no momento em que as ações de infraestrutura hídricas do governo Bolsonaro estão em alta, com a recente inauguração do Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco — obra iniciada no segundo mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2007-2010). A conclusão de parte do projeto durante o governo Bolsonaro, opositor público do PT, gerou debates sobre quem seria responsável pela obra, desencadeando outras desinformações verificadas pelo Comprova. A alegação de que o vídeo dos caminhões-pipa seria atual também foi checada pela Agência Lupa. Falso, para o Comprova, é todo conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma mentira.
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['Projeto Comprova']
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['fake news [notícia falsa]', 'Ceará [estado]', 'jair bolsonaro', 'Alagoas [estado]', 'exército brasileiro', 'rio são francisco']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/fotos-de-piscina-no-rio-sao-francisco-sao-de-2017-e-nao-tem-relacao-com-obras-atuais/
ESTADAO_VERIFICA
Fotos de ‘piscina’ no Rio São Francisco são de 2017, e não têm relação com obras atuais
Imagens viralizaram no Facebook; comentários parabenizavam governo de Jair Bolsonaro
2020-07-07
Fotos que viralizaram recentemente no Facebook mostram pessoas tomando banho em um canal da transposição do Rio São Francisco. As imagens, no entanto, são de 2017, e não têm relação com a obra inaugurada pelo presidente Jair Bolsonaro no fim de junho. Uma das postagens com as fotos, que recebeu mais de 22 mil compartilhamentos, traz a seguinte legenda: “a transposição do Rio São Francisco virou piscinas enormes no meio da caatinga”. Os comentários no post atribuem o “feito” à gestão de Bolsonaro. As fotos, na verdade, foram tiradas durante o governo do ex-presidente Michel Temer (MDB), após a inauguração de outra parte do projeto. Por meio da ferramenta de pesquisa reversa de imagens do Google, encontramos a publicação original das imagens no blog Sertânia Vip, do Estado de Pernambuco, que atualmente está desativado. Outros portais da região também postaram as fotos com créditos aos autores do blog, a exemplo do Surubim News e O Pipoco. Publicações em blogs locais (1, 2) afirmam que as imagens mostram a população de Sertânia, em Pernambuco, aproveitando a chegada da água do Velho Chico, que naquela época, encheu um reservatório localizado no Eixo Leste. A inauguração feita por Bolsonaro ocorreu no Eixo Norte. Ele acionou as comportas da barragem de Milagres, na cidade de Verdejantes, também em Pernambuco. A distância entre Verdejantes e Sertânia é de 208 quilômetros. A entrega do trecho da transposição do São Francisco motivou diversas publicações enganosas nas redes sociais. O Estadão Verifica checou duas imagens que circulavam no Facebook com a intenção de comparar a evolução das obras do Eixo Norte entre os governos do PT e a gestão de Bolsonaro; na verdade, nenhuma das imagens representava a obra citada. Fotos de soldados em uma obra da transposição também foram tiradas de contexto para parecer que foram tiradas durante o atual governo. Na verdade, são de 2011, no período do primeiro mandato da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). O Comprova também checou um boato sobre a transposição que circulou pelo WhatsApp. O texto enganoso afirmava que o Exército Brasileiro teria refeito um trecho da transposição inaugurado por Temer, Lula e Dilma, o que não é verdade. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
https://politica.estadao…070720203005.png
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['Estadão Verifica']
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['fake news [notícia falsa]', 'rio são francisco']
2021-05-20
['FORA DE CONTEXTO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/composto-lacteo-mostrado-em-post-viral-e-leite-acrescido-de-fibras/
ESTADAO_VERIFICA
Composto lácteo mostrado em post viral é leite acrescido de fibras
Boato no Facebook sugere que produto da marca Ninho estaria sendo vendido com rótulo enganoso; na verdade, nomenclatura é diferente para atender a normas técnicas
2020-07-07
ATUALIZADA ÀS 18H53 DE 3 DE AGOSTO DE 2020: Em 7 de julho, o Estadão Verifica identificou uma postagem no Facebook que afirmava que a Nestlé estaria colocando no mercado um composto lácteo que poderia ser confundido com “leite integral em pó”, por ter embalagem parecida, e que, diferentemente do produto original, poderia receber adição de “açúcar, gordura vegetal, maltodextrina, aditivos, entre outros”. Considerando que no composto lácteo da Nestlé não houve adição dos elementos descritos pela publicação, e confirmando que o produto atende à legislação vigente sobre sua denominação, optamos por classificar a publicação como “parcialmente falsa”. A postagem checada dizia: “A Nestlé está botando no mercado um composto lácteo numa lata praticamente igual à lata do Leite Ninho em Pó. Compramos e nem percebemos que não é leite em pó, mas sim um composto lácteo. Composto lácteo é leite? A resposta é não. O composto é uma mistura. Os ingredientes lácteos devem representar no mínimo 51% e os outros 49% dos ingredientes adicionados ao composto podem ser: açúcar, gordura vegetal, maltodextrina, aditivos, entre outros. E isso tudo vai influenciar no sabor e aroma do produto. É um produto ultraprocessado. Já o leite, é um produto natural, composto por água, gordura, vitaminas, proteínas, minerais, enzimas e lactose.” Acompanhava o texto uma imagem de duas latas, uma de Ninho Forti+ (leite em pó integral instantâneo) e outra de Ninho Forti+ (composto lácteo com adição fibras). Segundo a Nestlé, o segundo vai substituir o primeiro, e os dois estarão juntos nas prateleiras dos supermercados apenas neste momento de transição. LEIA TAMBÉM Recebeu algum boato? Envie para checagem do Estadão Verifica Em 20 de julho, a Aliança Pela Alimentação Adequada e Saudável, uma coalizão de entidades que defende uma nutrição “livre de contaminantes físicos, químicos e biológicos e de organismos geneticamente modificados”, questionou o Estadão Verifica sobre a conclusão de nossa checagem. A organização alegava que a principal intenção da postagem marcada como “parcialmente falsa” seria “evidenciar as sutis diferenças presentes na embalagem dos dois produtos”. A entidade alertou que essa prática engana os consumidores, e já gerou protestos anteriores. Após recebermos os questionamentos da Aliança Pela Alimentação Adequada e Saudável, submetemos a checagem a três especialistas independentes. Elas confirmaram que não há adição de açúcar, maltodextrina nem óleos vegetais no composto lácteo da Nestlé. Ressaltam também que a principal diferença entre os dois produtos é a adição das fibras. Mas as especialistas também nos informaram sobre a importância desse debate sobre rótulos de alimentos e direitos dos consumidores. Elas avaliaram que o uso de embalagens semelhantes, mesmo no caso de um produto que será substituído por outro, pode induzir o consumidor a erro. Este contexto pode alterar a interpretação da postagem no Facebook, dando-lhe um sentido opinativo. Como isto exclui a publicação de nosso escopo de checagem, optamos por retirar a classificação de “conteúdo parcialmente falso” na rede social. Abaixo, o texto original da checagem, publicada em 7 de junho. Ao final foi acrescentada a contribuição das três especialistas independentes sobre o tema: Uma publicação no Facebook causa confusão com a embalagem de dois produtos da marca Ninho. Um dos rótulos mostrados no post diz “leite em pó integral”; o outro, “composto lácteo com fibras”. A postagem passa a impressão de que a empresa Nestlé estaria vendendo um substituto de baixo valor nutricional, em vez de leite em pó integral. Na verdade, são produtos diferentes e cada um deles possui indicações próprias. A variação na nomenclatura atende a normas técnicas. O Estadão Verifica fez a checagem do conteúdo após três posts com a falsa afirmação viralizarem e ultrapassarem cinco milhões de visualizações no Facebook. O produto que está no centro da confusão é o Ninho Forti+ Instantâneo. A empresa alimentícia alterou a fórmula desse produto para incluir fibras entre os ingredientes. A intenção é atender a necessidades nutricionais das crianças, disse a Nestlé por telefone. “Pela legislação brasileira, para ser classificado como leite, não deve ter outros ingredientes adicionados, além de vitaminas e minerais”, informou a empresa. O composto lácteo tem os mesmos ingredientes do leite em pó, mas é acrescido de vitaminas, minerais, óleos vegetais e fibras, explica Virgínia Weffort, presidente do Departamento Científico de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). “Ele é indicado para crianças em idade pré-escolar que passam por período de seletividade com baixa ingestão de vitaminas e minerais, suprindo as necessidades desta faixa etária”, explicou ela. Composto lácteo não é substituto de leite em pó integral e ambos continuarão sendo vendidos. Foto: Reprodução O composto lácteo Ninho Forti+ Instantâneo ainda não substituiu completamente a antiga versão (que tem “leite em pó instantâneo” escrito no rótulo), por isso ainda é possível encontrar as duas embalagens nos supermercados. “É importante dizer que o principal ingrediente do novo Ninho Forti+ Instantâneo ainda é leite e que não houve adição de açúcar”, diz a Nestlé. A informação nutricional e os ingredientes tanto do leite integral em pó quanto do composto lácteo da Nestlé estão disponíveis no site da empresa: leite integral, vitaminas A, D, C e E e minerais, como ferro e zinco. O novo composto lácteo possui os mesmos ingredientes da versão anterior do produto, com o acréscimo de fibra, soro de leite natural e emulsificante lecitina de soja. Tanto o leite em pó integral quanto o novo Ninho Forti+ Instantâneo continuarão sendo comercializados, uma vez que são produtos diferentes. “Ambos produtos podem ser diferenciados pela denominação do produto e também pela indicação na embalagem: Ninho Forti+ Instantâneo é um composto lácteo e contém uma tarja vermelha, enquanto Ninho Integral é um leite em pó e possui uma tarja azul”, destaca a Nestlé. O composto lácteo é um produto de qualidade inferior? Para um produto ser qualificado como composto lácteo, é necessário preencher alguns requisitos presentes na Instrução Normativa nº 28, de 12 de junho de 2007, do Ministério da Agricultura. Publicado no Diário Oficial da União dois dias depois, o texto define a identidade e os requisitos mínimos de qualidade que o produto deve ter para o consumo humano. Documento INSTRUÇÃO NORMATIVA 28, DE 12 DE JUNHO 2007 – PÁGINA 8 PDF Documento INSTRUÇÃO NORMATIVA 28, DE 12 DE JUNHO 2007 – PÁGINA 9 PDF Documento INSTRUÇÃO NORMATIVA 28, DE 12 DE JUNHO 2007 – PÁGINA 10 PDF Composto lácteo é o produto em pó resultante da mistura do leite com substâncias alimentícias lácteas (como soro de leite, leite fermentado, manteiga e creme de leite), não-lácteas (como açúcares, edulcorantes nutritivos, chocolate, café e frutas) ou ambas. A norma indica que os ingredientes lácteos devem representar no mínimo 51% da massa do total de ingredientes do produto. Ou seja, o leite continua sendo o principal ingrediente. O Estadão Verifica consultou o Ministério da Agricultura para saber se a adição de vitaminas e minerais somente seria suficiente para alterar a classificação de leite ou leite em pó. Por e-mail, a pasta informou que “vitaminas e minerais podem ser adicionadas ao leite e leite em pó, tendo em vista que não são entendidos como um novo ingrediente, mas como um enriquecimento de substâncias já presentes no leite, além de serem considerados nutrientes essenciais”. Virgínia Weffort lembra que a recomendação sobre o uso de fórmulas, compostos lácteos ou leite integral para crianças deve ser feita por um pediatra. Além disso, crianças devem ser alimentadas exclusivamente com leite materno pelo menos até os seis meses de idade, e preferencialmente até os dois anos como complemento à alimentação. Atualização A presidente da Associação Alagoana de Nutrição, Monica Lopes, acredita que a embalagem do composto lácteo pode induzir o consumidor ao erro. O comprador pode acreditar estar adquirindo o leite instantâneo Ninho Forti+ – e não o composto lácteo Ninho Forti+ Instantâneo, que teve a fórmula alterada para incluir fibras. “Destaca-se a importância da leitura dos rótulos de todo produto adquirido, para que o consumidor tenha certeza do que está levando para casa”, recomenda a nutricionista. O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) acredita que é preciso mais do que alterações em detalhes como a cor do rótulo para adequadamente informar o consumidor na hora de sua decisão sobre um produto. Ele acaba se atentando a poucas informações no rótulo e tem dificuldade em compreender as diferenças entre os produtos, diz a coordenadora do Programa de Alimentos do Idec Ana Paula Bortoletto. “O que está em destaque é a fibra, mas o que diferencia (o composto lácteo do leite instantâneo) não está em destaque”, argumenta Bortoletto. Para ela, não se trata apenas de mudar a composição. Mesmo que a nova definição do produto esteja escrita no rótulo, Bortoletto diz que “as semelhanças na embalagem levam o consumidor ao engano”. Rótulos similares transferem para o consumidor a responsabilidade de verificar a composição dos produtos, concorda Viviane Lansky Xavier, professora na área de Tecnologia dos Alimentos na Universidade Federal de Pernambuco e integrante da Associação Brasileira de Nutrição. Ela fala que as embalagens são muito parecidas e que detalhes como a mesma coloração dos rótulos podem induzir o consumidor ao engano, o que é proibido pela legislação vigente. O debate sobre alimentos naturais que foram modificados pela adição de outros ingredientes deve girar em torno da necessidade ou não de determinado nutriente pelo indivíduo, avalia Xavier. Ao fazer uma comparação, o leite instantâneo apresenta mais proteínas do que o composto lácteo (6,2 g contra 5,0 g por porção, respectivamente), porém apenas o composto lácteo apresenta fibras (2,5 g por porção). Por isso, cabe a nutricionistas ou demais profissionais capacitados fazer a recomendação de cada produto. As empresas, por sua vez, precisam deixar acessíveis as informações de seus produtos. O uso de soro de leite costuma ser questionado em relação aos compostos lácteos, destaca Xavier. Segundo ela, este é um subproduto da fabricação de queijos que a indústria alimentícia pode aproveitar ao incorporá-lo em outros alimentos. “Como sua composição é majoritariamente água, isso impacta no valor nutricional do produto final ao qual é adicionado, especialmente reduzindo o teor de proteínas. Para compensar, a indústria adiciona outros nutrientes.” A Nestlé informou que “o novo Ninho Forti+ Instantâneo (composto lácteo com adição de fibras) está substituindo a versão atual e, por esta razão, as duas versões ainda podem ser encontradas nos pontos de venda”. Sobre as diferenças entre as embalagens, a empresa alimentícia disse que “Ninho Forti+ Instantâneo é um composto lácteo e contém uma tarja vermelha, enquanto Ninho Integral é um leite em pó e possui uma tarja azul”. Como signatário do código de princípios da International Fact-Checking Network (IFCN), o Estadão Verifica se compromete a “identificar interesses relevantes das fontes utilizadas”. Por isso, é importante destacar que, uma semana após a publicação original desta matéria, um grupo de pediatras lançou um abaixo-assinado apontando possível conflito de interesse no patrocínio da Nestlé ao curso de especialização Programa Jovens Pediatras, com professores internacionais e professores nacionais dos Departamentos Científicos de Gastroenterologia e Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria. A SBP foi uma das fontes citadas em nossa checagem original. Em Documento ARTIGO PDF , o 1º vice-presidente da SBP, Clóvis Francisco Constantino, disse que a entidade “tem plena consciência de seus objetivos pétreos e sempre, sem interrupções, deixa isto, publicamente, claro. O aleitamento materno é um dos objetivos pétreos; todos sabem disso; sempre foi e sempre será.”
https://politica.estadao…091120200012.jpg
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['Pedro Prata']
[]
['fake news [notícia falsa]', 'Nestlé', 'Ministério da Agricultura']
2021-05-20
['ENGANOSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/video-mostra-recepcao-a-bolsonaro-em-minas-gerais-e-nao-no-nordeste/
ESTADAO_VERIFICA
Vídeo mostra recepção a Bolsonaro em Minas Gerais, e não no Nordeste
Postagem no Facebook tira gravação de contexto para afirmar que presidente é o 'político mais amado do Sertão'
2020-07-07
Um vídeo que mostra dezenas de pessoas aglomeradas em recepção ao presidente Jair Bolsonaro foi compartilhado no Facebook com legenda que afirmava se tratar de uma visita ao Nordeste. “Quem disse que é o Lula o político mais amado do Sertão?”, diz a postagem. Na realidade, a gravação foi feita na cidade de Araguari, em Minas Gerais, na região do Triângulo Mineiro. O presidente visitou Araguari em 27 de junho, em um compromisso fora da agenda oficial. Junto com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, ele esteve no 2º Batalhão Ferroviário. O batalhão participará das obras de um trecho da Ferrovia de Integração Oeste-Leste, na Bahia. Durante a visita, Bolsonaro não usou máscara nem respeitou o distanciamento social. Nesta terça-feira, 7, ele anunciou ter testado positivo para a covid-19. No vídeo com legenda falsa publicado no Facebook, é possível ver que o presidente se aproxima de uma placa com os dizeres “Estacionamento visitantes” e “2º Batalhão Ferroviário”. No Google Maps, podemos confirmar que as imagens realmente foram feitas na rua em que fica localizado o batalhão mineiro (veja abaixo). Imagem de visita de Bolsonaro a Minas Gerais. Foto: Reprodução/Facebook Imagem de vídeo que mostra visita de Bolsonaro a Minas Gerais. Foto: Reprodução/Facebook Bolsonaro também divulgou vídeos da passagem por Araguari. Na gravação abaixo, ele passa pelo mesmo lugar mostrado na postagem com legenda falsa. A última visita do presidente à Região Nordeste ocorreu durante inauguração de obra da transposição do Rio São Francisco, no dia 26 de junho. O evento impulsionou uma série de postagens enganosas nas redes sociais, checadas pelo Estadão Verifica. Veja abaixo. Publicação usa imagens antigas como sendo de obras do governo Bolsonaro Foto de soldados em obra de transposição do São Francisco é de 2011 Fotos de obras contra a seca no Nordeste são usadas fora de contexto nas redes É falso que Exército tenha refeito trecho da transposição do São Francisco inaugurado por Temer e Lula Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
https://politica.estadao…070720203256.png
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['Alessandra Monnerat']
[]
['jair bolsonaro', 'Minas Gerais [estado]', 'fake news [notícia falsa]', 'região nordeste']
2021-05-20
['FORA DE CONTEXTO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/imagem-de-flamingos-em-canal-de-veneza-e-montagem-de-artista-russa/
ESTADAO_VERIFICA
Imagem de flamingos em canal de Veneza é montagem de artista russa
Peça de arte digital não representa efeito de quarentena em razão do novo coronavírus
2020-07-07
É montagem a foto de milhares de flamingos nos canais de Veneza, na Itália. A imagem foi compartilhada no Facebook como se o fenômeno tivesse realmente ocorrido e fosse efeito da pandemia de covid-19 sobre a cidade turística. Na verdade, é uma produção artística da russa Kristina Makeeva. O Estadão Verifica decidiu checar este conteúdo após ele viralizar na rede social. Obra de arte viralizou como se representasse fenômeno que teria realmente ocorrido. Foto: Reprodução LEIA TAMBÉM Recebeu algum boato? Envie para checagem do Estadão Verifica Uma postagem feita em 2 de maio foi compartilhada mais de 11,5 mil vezes. Ela dizia: “Chegada dos cisnes rosados em Veneza, coisa que não acontecia há muitos anos! A quarentena, sem gôndolas e outras embarcações, ofereceu esse esplendor de suavidade e de beleza, como se a mãe natureza viesse saudar o início de uma nova era, um novo jeito de coexistir.” O mecanismo de busca reversa do Google identificou a imagem em checagens de agências internacionais como a portuguesa Polígrafo e a norte-americana Snopes. As duas identificaram que a autora da imagem é a artista russa Kristina Makeeva. A imagem pode ser encontrada em seu site e também em seu Instagram. A rede social tem vídeos de uma aglomeração dos pássaros em um lago do Quênia, para onde a artista viajou recentemente. “Arte 2020: quando as pessoas ficam em casa, a cidade se enche com outros habitantes”, diz a legenda da publicação de 24 de abril. Em resposta a um seguidor, ela afirmou se tratar de uma montagem com fotografias. A artista disse a uma seguidora que a imagem era uma edição de fotografias. Foto: Instagram/@hobopeeba/Reprodução Com a quarentena imposta, muitas cidades registraram animais passeando livres por áreas antes cheias de movimento humano. O impacto da pandemia na natureza, porém, acabou gerando desinformação e publicações desencontradas nas redes sociais. Um vídeo compartilhado no Facebook mostrava a praia de Botafogo com águas cristalinas; a legenda do post assumia que isso seria consequência do isolamento social, mas na verdade se tratava da conjunção de fenômenos naturais, como a mudança das marés. Este boato também foi checado por Boatos.org, Agência Lupa e Fato ou Fake. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
https://politica.estadao…070720201507.jpg
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['Pedro Prata']
[]
['fake news [notícia falsa]', 'Veneza [Itália]', 'Itália [Europa]', 'facebook']
2021-05-20
['FORA DE CONTEXTO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/demonio-em-telhado-de-igreja-foi-criado-com-efeitos-especiais/
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‘Demônio’ em telhado de igreja foi criado com efeitos especiais
Vídeo em que criatura alada escala telhado viralizou no Facebook; clipe foi produzido por youtubers nicaraguenses
2020-07-07
Um vídeo em que uma criatura alada escala a torre de uma igreja recebeu mais de 90 mil compartilhamentos no Facebook desde abril. A legenda afirma que o “demônio” apareceu na Itália em meio à pandemia do novo coronavírus, mas essa afirmação é falsa. Na verdade, o clipe foi publicado originalmente em um canal do YouTube que produz vídeos com efeitos especiais e personagens de ficção científica. O Estadão Verifica utilizou a ferramenta InVid, de checagem de vídeos, para encontrar o filme original. Dessa forma, chegamos ao canal JJPD Productions, que tem 321 mil inscritos. Os vídeos são produzidos pelos irmãos Joaquin e Jimmy Perez, que dizem criar “vídeos com efeitos especiais, vídeos de encontros paranormais, curta-metragens de ficção, relatos de terror e outros”. O clipe com a “gárgula” foi publicado em 2 de junho de 2019. A igreja mostrada no vídeo fica na cidade de Granada, na Nicarágua, e não na Itália. Em uma segunda publicação, de setembro de 2019, os youtubers mostram como criaram a criatura demoníaca com ferramentas de animação 3D. Este vídeo também foi checado por AFP e AltNews, da Índia. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
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['Alessandra Monnerat']
[]
['fake news [notícia falsa]', 'Itália [Europa]', 'coronavírus']
2021-05-20
['FORA DE CONTEXTO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/e-falso-que-china-tenha-entrado-em-alerta-maximo-por-peste-bubonica/
ESTADAO_VERIFICA
É falso que China tenha entrado em ‘alerta máximo’ por peste bubônica
Até o momento, apenas um caso da doença foi registrado no país; outros três pacientes foram identificados na Mongólia
2020-07-06
É falso que a China tenha entrado em “alerta máximo” por casos de peste bubônica. Na realidade, a região autônoma da Mongólia Interior, no norte do país asiático, reportou um caso da doença neste domingo, 5. Por isso, as autoridades locais da cidade de Bayannur declararam nível 3 de emergência — o segundo mais baixo, em uma escala de 1 a 4. O paciente infectado, um pastor de ovelhas, está em quarentena e recebe tratamento. O quadro de saúde dele é estável, segundo agências governamentais. O alerta municipal serve para informar moradores sobre o potencial risco de infecção, bem como para reforçar medidas de prevenção. Os residentes não podem caçar ou esfolar animais que costumam carregar a peste bubônica, como a marmota. Até o momento, a Organização Mundial de Saúde (OMS) não emitiu nenhum alerta de emergência sobre os casos de peste na região. Antes do alerta chinês, a Mongólia tinha reportado dois casos da peste bubônica na província de Khovd, que faz fronteira com o norte da China. O Centro Nacional de Controle e Prevenção de Doenças mongol divulgou as infecções na última quarta-feira, 1º de julho. Um terceiro caso foi confirmado nesta segunda-feira, 6, na província vizinha de Bayan-Ulgii. As autoridades sanitárias da Mongólia informaram ter adotado medidas de quarentena em dois distritos. Foram identificadas 146 pessoas que entraram em contato com os primeiros dois pacientes infectados, além de outros 504 indivíduos que tiveram contato indireto. O Centro de Zoonoses da Mongólia comunicou ainda que monitora focos de marmotas, roedores que podem carregar a peste. Em junho, 96 mil animais foram capturados para coleta de amostras. A peste bubônica é uma doença infecciosa causada por uma bactéria. Apesar de ter causado mais de 50 milhões de mortes na Europa durante a Idade Média, hoje é tratável com antibióticos, se identificada a tempo. De acordo com um relatório de 2019 da OMS, foram contabilizados 243 casos e 41 mortes por peste bubônica em 2018 — a maioria no continente africano, no Congo e em Madagascar. Na região asiática, reportagens de agências governamentais chinesas apontam que, apesar de pouco numerosos, casos da doença não são tão incomuns — em 2019, o China Daily noticiou a infecção de três pessoas. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
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['Alessandra Monnerat']
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['peste bubônica', 'fake news [notícia falsa]']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/montagem-compartilhada-no-facebook-insere-slogan-de-bolsonaro-em-santinho-de-collor/
ESTADAO_VERIFICA
Montagem compartilhada no Facebook insere slogan de Bolsonaro em santinho de Collor
Ex-presidente não usou frase 'Brasil acima de tudo, Deus acima de todos' durante campanha eleitoral de 1989
2020-07-04
Voltou a circular nas redes sociais uma montagem com o santinho da campanha presidencial de Fernando Collor de Mello (PROS-AL) de 1989. A imagem foi alterada digitalmente para inserir o slogan de Jair Bolsonaro (sem partido) nas eleições de 2018: “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”. No santinho verdadeiro, o slogan adotado por Collor, candidato vitorioso pelo extinto Partido da Reconstrução Nacional (PRN), foi “Vamos construir um Brasil novo”. A frase foi escrita com letras brancas e fundo azul, na parte inferior da peça. Na imagem alterada, o slogan “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos” foi inserido em letras amarelas. No Facebook, a montagem foi compartilhada com a legenda “eu já sabia que tinha visto isso em algum lugar”. Segundo o Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas (CPDOC-FGV), a campanha de Collor buscou passar a ideia de que o ex-governador do Alagoas seria um “caçador de marajás” e que o seu governo deixaria “a direita indignada e a esquerda perplexa”. Uma reportagem da Folha de São Paulo de 2018 apontou que o slogan de Bolsonaro durante a campanha que o levou à Presidência é uma apropriação do brado da Brigada de Infantaria Paraquedista do Exército, da qual fez parte em sua trajetória militar. Este boato circula pelo menos desde 2019, quando foi checado por Agência Lupa, UOL Confere, E-Farsas e Boatos.Org. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
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['Estadão Verifica']
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['fake news [notícia falsa]', 'fernando collor', 'jair bolsonaro']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/para-atacar-deputado-boato-inventa-voto-contra-uso-do-fundo-eleitoral-no-combate-a-covid-19/
ESTADAO_VERIFICA
Para atacar deputado, boato inventa voto contra uso do fundo eleitoral no combate à covid-19
Proposta ainda não foi analisada na Câmara dos Deputados; alvo é o deputado pernambucano João Campos
2020-07-03
Sem citar fonte alguma, um boato no Facebook alega que o deputado federal João Campos (PSB-PE), filho do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, teria dito que o “dinheiro do fundo partidário é pra nossa campanha na eleição (sic), não pode ser gasto com a covid-19”. A postagem afirma ainda que o parlamentar teria votado contra a proposta. A mensagem, no entanto, é falsa. Não foi encontrado registro da declaração em qualquer notícia ou outra fonte confiável na internet. Além disso, a proposta de destinar os recursos do fundo eleitoral, que é o termo correto, para o combate ao novo coronavírus ainda aguarda votação no Congresso. Procurado pela reportagem, o deputado João Campos afirmou que as postagens são falsas e que “nunca disse isso”. Postagens nas redes sociais atribuem declaração e voto contra a proposta ao deputado federal João Campos (PSB-PE). Foto: Reprodução / Arte Estadão Em abril, o Partido Novo tentou incluir emenda sobre o assunto na PEC do “orçamento de guerra”, mas ela foi rejeitada pela mesa diretora e, portanto, não foi apreciada pelos deputados. Ainda não foram colocados em pauta nenhum dos projetos de lei em tramitação na Câmara e no Senado Federal. No placar do Estadão sobre o projeto, atualizado nesta sexta-feira, 3 de junho, 269 deputados responderam que são favoráveis à transferência dos R$ 2 bilhões em recursos de financiamento de campanha em 2020 para o combate ao novo coronavírus, enquanto 18 disseram ser contrários à proposta. João Campos, no entanto, não está em nenhum dos grupos: não quis responder ao Estadão. Por outro lado, em abril, ele sinalizou publicamente que votaria a favor da medida. “Defendo o financiamento público como modelo mais saudável para a democracia. Mas o momento é de crise com o novo coronavírus e acredito que todos os recursos possíveis devem ser usados para combater a pandemia”, disse ao Jornal do Commercio, de Pernambuco, no dia 12 daquele mês. O Estadão Verifica também consultou as notas taquigráficas no site da Câmara dos Deputados. A pesquisa retornou oito documentos referentes a discursos proferidos pelo deputado pernambucano em 2020. Não há registro da declaração nos arquivos. O boato também desinforma ao confundir os termos “fundo partidário” e “fundo eleitoral”. Ambos são recursos destinados a partidos políticos, mas têm finalidades diferentes. A verba que financia eleições é o fundo eleitoral, retirado inteiramente do Tesouro Nacional e entregue aos partidos para bancar as campanhas de seus candidatos — gastos com viagens, cabos eleitorais e material de divulgação, por exemplo. O fundo eleitoral foi aprovado em 2017 pela Câmara através da Lei 13.487 e foi repassado, pela primeira vez, em 2018, na soma de R$ 1,7 bilhão. Em dezembro do ano passado, o Congresso aprovou o Orçamento de 2020 com a previsão de R$ 2 bilhões para o financiamento de eleições municipais, que estão marcadas para 15 de novembro. Recentemente, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgou a divisão do montante entre os partidos. Já o fundo partidário é um valor destinado mensalmente às legendas para o custeamento de despesas diárias, como contas de luz, água e aluguel. Ele é constituído por uma mistura de verba pública e doações privadas, onde entram verbas da União, multas, penalidades e outros recursos atribuídos pela Lei 9.096/1995. A mudança mais recente nas regras ocorreu em 2018, com a previsão de uso para impulsionamento de conteúdo em redes sociais e a compra de passagens aéreas para não-filiados, entre outras atualizações. Eleito com votação recorde para deputado federal em Pernambuco, João Campos deve concorrer à Prefeitura de Recife neste ano. A disputa deve colocar em lados opostos os dois principais herdeiros políticos do ex-governador Miguel Arraes, de quem Campos é bisneto — a sua principal adversária no campo da esquerda será a deputada federal Marília Arraes (PT-PE), neta do político. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
https://politica.estadao…030720200449.png
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['Samuel Lima']
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['coronavírus', 'estadão verifica', 'facebook', 'fake news [notícia falsa]', 'João Campos', 'fundo eleitoral']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/e-falso-que-segunda-onda-de-ciclone-bomba-tenha-atingido-santa-catarina/
ESTADAO_VERIFICA
É falso que ‘segunda onda’ de ciclone bomba tenha atingido Santa Catarina
Boato se espalhou após Região Sul ser atingida por ventos de até 120 km/h
2020-07-02
A Defesa Civil de Santa Catarina negou ter emitido alerta para uma “segunda onda ainda mais forte” do ciclone bomba para a quarta-feira, 1º. O boato começou a circular no Facebook na noite de terça, dia em que a Região Sul foi atingida por ventos de até 120 km/h que deixaram ao menos dez mortos (nove vítimas em Santa Catarina, uma no Rio Grande do Sul) e um rastro de destruição. O falso alerta também cita a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI). E vem acompanhado de um gráfico que, segundo a Defesa Civil, foi produzido na plataforma Wind Guru. O site fornece previsões de ventos para a prática esportiva — o próprio portal alerta que “deve ser usado como uma simpática interface para os modelos de previsões e não como previsões oficiais das que nunca falham”. LEIA TAMBÉM Recebeu algum boato? Envie para checagem do Estadão Verifica Tanto a Defesa Civil quanto a EPAGRI negaram que uma “segunda onda” do ciclone bomba tenha agido no Estado nesta quarta. Defesa Civil afirma que leigos podem interpretar gráfico de forma equivocada. Foto: Reprodução O vento forte da madrugada e manhã da quarta-feira estava associado à diferença de pressão entre o ciclone, que estava posicionado no litoral do Rio Grande do Sul, e o avanço de uma massa de ar frio de alta pressão, diz Gilsânia Cruz, meteorologista da Epagri/Ciram. “Essa combinação gera ventos de 60 a 80 km/h no Litoral e Serra, podendo alcançar a velocidade de 100 km/h ou pouco mais em alguns momentos, principalmente na Serra e Litoral Sul.” Já a Defesa Civil de Santa Catarina falou que o gráfico anexado na postagem pode passar a impressão a um leigo de que a intensidade dos ventos na quarta seria pior do que na terça, mas a informação não procede. “É importante ressaltar que o modelo citado e compartilhado não foi capaz de prever as intensidades dos ventos que ocorreram na tarde de terça, quando foram registradas velocidades superiores a 100 km/h”, diz nota no perfil oficial do órgão no Facebook. A Defesa Civil recomenda acompanhar sempre as fontes oficiais para obter informações confiáveis sobre o ciclone bomba. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
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['Pedro Prata']
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['Defesa Civil', 'fake news [notícia falsa]', 'facebook', 'Santa Catarina [estado]']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/e-falso-que-prefeitura-de-sao-paulo-tenha-comprado-38-mil-caixoes-sem-licitacao/
ESTADAO_VERIFICA
É falso que Prefeitura de São Paulo tenha comprado 38 mil caixões sem licitação
Aquisição foi feita por pregão eletrônico e a compra das urnas já era prevista pelo Executivo municipal, que adquiriu mais de 70 mil caixões no ano passado
2020-07-01
Esta checagem foi produzida pela coalizão do Comprova. Leia mais aqui. Conteúdo verificado: Vídeo publicado em uma página no Facebook acompanhado de texto que diz que o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, “previu milhares de mortes pela covid-19 e comprou 38 mil caixões sem licitação para enterrar o povo.” É falsa a afirmação que circula em postagem na página Fiscal do Povo Wellington, no Facebook, alegando que o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), adquiriu 38 mil caixões sem licitação durante a pandemia de covid-19. A administração municipal obteve quantidade de urnas próxima da citada no post (37.109), mas, diferentemente do informado, todas as compras foram feitas por meio de pregão eletrônico que pode ser conferido online. Cinco dias após a publicação, o texto do post verificado foi editado e o conteúdo deixou de dizer que as compras haviam sido feitas sem licitação. LEIA TAMBÉM Recebeu algum boato? Envie para checagem do Estadão Verifica O vídeo que acompanha a postagem não diz onde e quando as imagens foram feitas. Somente após contato com a assessoria de comunicação da Secretaria Municipal de Subprefeituras de São Paulo foi possível confirmar que o vídeo foi gravado no centro de logística do Serviço Funerário Municipal (SFMSP). A postagem acompanha o comentário de que “a previsão do prefeito deu errado”. No entanto, a compra das urnas já era prevista pela prefeitura, que adquiriu mais de 70 mil caixões no ano passado e optou por antecipar o recebimento neste ano em função da pandemia. Prefeitura optou por antecipar a entrega dos caixões que já haviam sido comprados por conta da pandemia. Foto: Reprodução Como verificamos? O Comprova pesquisou sobre o Plano de Contingenciamento Funerário da Prefeitura de São Paulo e encontrou um anúncio feito por Bruno Covas, em 23 de abril, mencionando a antecipação da aquisição de 38 mil urnas funerárias “para atender a capital nos próximos meses” em função do novo coronavírus. Procuramos o Serviço Funerário Municipal para questionar a respeito da compra dos caixões e recebemos, por e-mail, links com os detalhes das licitações. Conferimos os contratos junto a publicações no Diário Oficial da Cidade (DO). Nos contratos publicados no DO havia o número de um pregão eletrônico, que pudemos checar no e-negocioscidadesp, sistema de pesquisa sobre licitações do município. Também procuramos em outras redes sociais o vídeo apresentado na postagem. Sem encontrar registros similares, contatamos a página que fez a publicação e não obtivemos retorno até a publicação desta investigação. Pesquisamos a identidade do autor da página por meio de buscas pelo seu nome no Google e conferindo dados apresentados em registros oficiais no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Trata-se de um ex-candidato a vereador de São Paulo que integrou coligação de oposição ao PSDB nas eleições municipais de 2016. Por fim, levantamos os dados oficiais a respeito da pandemia na capital paulista no site do governo do Estado de São Paulo e no site da Universidade Johns Hopkins. O Comprova fez esta verificação baseado em informações científicas e dados oficiais sobre o novo coronavírus e a covid-19 disponíveis no dia 1º de julho de 2020. Verificação Por que a prefeitura comprou 38 mil caixões? Serviços funerários são de monopólio da Prefeitura de São Paulo – cabe a administração municipal a compra de caixões, por exemplo. A quantidade de urnas funerárias adquiridas não é excepcional. A assessoria de comunicação da Secretaria de Subprefeituras informou que, em 2019, o Serviço Funerário comprou 72.579 urnas. Os 38 mil caixões citados na legenda do vídeo já estavam previstos desde antes da pandemia, e tiveram a compra antecipada pelo Plano de Contingenciamento Funerário do órgão municipal. Divulgado em 23 de abril, o plano previa uma série de medidas para garantir o funcionamento adequado do Serviço Funerário Municipal durante a pandemia de covid-19. Entre as medidas, foram anunciadas a ampliação no horário de sepultamentos diários e a abertura de 13 mil covas em três cemitérios. Dados no site do SFMSP sobre contratos e convênios mostram que neste ano a prefeitura de São Paulo fechou quatro contratos para aquisição de 37.109 urnas funerárias. Diferentemente do informado pela publicação original, todos foram adquiridos por pregão eletrônico 033/SFMSP/2019. A modalidade escolhida foi “menor preço mensal estimado por lote”. O processo foi declarado aberto no DO em 13 de dezembro de 2019, ocorreu em 6 de janeiro deste ano, as empresas vencedoras foram convocadas em 22 de janeiro e a nota de empenho foi emitida em 21 de março. O vídeo engana ao não informar que o fornecimento dos caixões já estava contratado antes da pandemia. Dois dos contratos tiveram aditamento para aumento de 25% dos valores em função da pandemia do novo coronavírus, conforme discriminado abaixo. O que a prefeitura fez no âmbito do Plano de Contingenciamento Funerário foi antecipar a entrega das urnas funerárias, que inicialmente deveria ocorrer de abril a outubro de 2020. Contrato nº 14/SFMSP/2020: firmado com a empresa RAFER IND. E COM. DE ARTEFATOS DE MADEIRA EIRELI. Sua vigência vai de 1º de abril a 31 de outubro. Este contrato representou a compra de 14.550 urnas funerárias. A aquisição foi publicada no Diário Oficial em 1º de abril, mas teve um aditamento em 17 de junho para aumento de 25% no valor total do contrato. O motivo foi “atender demanda de vendas de urnas funerárias desta autarquia, diante da pandemia do novo coronavírus”. O valor total é de R$ 3.360.000,00. Documento CONTRATO Nº 14/SFMSP/2020 PDF Contrato nº 15/SFMSP/2020: firmado com a empresa FAURTIL FÁBRICA DE URNAS TIETE LTDA. Com vigência de 1º de abril a 31 de outubro, estabelece a compra de 4.787 urnas funerárias. Publicado inicialmente em 15 de abril, também recebeu aditamento, em 4 de junho, para aumento de 25% no valor total do contrato devido à pandemia de covid-19. O valor total é de R$ 1.532.788,00. Documento CONTRATO Nº 15/SFMSP/2020 PDF Contrato nº 16/SFMSP/2020: firmado com a GODOY SANTOS INDÚSTRIA LTDA. A vigência é a mesma dos anteriores: 1º de abril a 31 de outubro. Esta empresa ficou responsável pela venda de 5.559 urnas funerárias. Foi publicado no Diário Oficial em 3 de abril. Valor total: R$ 2.279.459,01. Documento CONTRATO Nº 16/SFMSP/2020 PDF Contrato nº 17/SFMSP/2020: firmado com a INDÚSTRIA DE URNAS BIGNOTTO LTDA, com vigência de 1º de maio a 30 de novembro. Também foi publicado no Diário Oficial em 3 de abril. Seu valor total é de R$ 4.040.840,00. Documento CONTRATO Nº 17/SFMSP/2020 PDF São Paulo na pandemia Até o dia 1º de julho, a cidade de São Paulo registrou 7.258 óbitos pela doença e 129.328 casos confirmados. As informações são do Documento BOLETIM DIVULGADO DIARIAMENTE PELO CENTRO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DO ESTADO DE SÃO PAULO PDF . É o município com maior quantidade de mortes pela covid-19 em todo o Estado, seguido por Guarulhos (693 óbitos), localizado na região metropolitana de São Paulo. A postagem foi feita no mesmo dia em que a prefeitura anunciou que a capital passaria para a fase amarela do plano de contingência, com a reabertura de novos setores da economia. Com isso, a administração municipal permite o funcionamento, em horários restritos e respeitando medidas de distanciamento social e higienização, de bares, hotéis, restaurantes, salões de beleza e barbearias. Dados coletados pela Universidade Johns Hopkins apontam que o Estado de São Paulo é a segunda pior região no mundo em número de casos confirmados da covid-19, com 281.380 diagnósticos. Apenas o estado de Nova York, nos Estados Unidos, possui mais casos, com 394.079 infectados. Quem é o autor da postagem? A postagem que viralizou vem da página “Wellington Fiscal do Povo”, que pertence a um homem chamado Wellington e foi registrada como “Figura Pública” no Facebook. A página se propõe a fazer denúncias sobre questões cotidianas em bairros da Zona Leste de São Paulo, com o próprio Wellington gravando vídeos e tirando fotos de buracos de ruas, registrando falta de água em residências e divulgando vagas de emprego na página, por exemplo. Vários seguidores utilizam os comentários para apontar irregularidades nas áreas onde vivem e pedem que Wellington as denuncie nas redes. A página faz diversas críticas à prefeitura. Em 1º de julho, cinco dias após a postagem ser feita, Wellington apagou o trecho que dizia que os caixões haviam sido comprados sem licitação. No perfil, há duas formas externas de contato com Wellington, que não apresenta sobrenome na página: um e-mail e um número de telefone. O Comprova entrou em contato com a página por meio do chat do Facebook e pelo número do WhatsApp apresentado na rede social. No aplicativo de mensagens, Wellington chegou a escrever duas respostas mas apagou logo em seguida, ignorando os questionamentos sobre quem gravou os vídeos, onde foram feitos e como havia obtido informações a respeito da suposta compra de caixões sem licitação. Como o email fornece o sobrenome “De Paulo”, o Comprova fez buscas rápidas no Google usando nome e sobrenome e encontrou a candidatura de Wellington de Paulo, registrado como “Wellington de Paula”, ao cargo de vereador pelo PSC em 2016. Ainda, viu que o mesmo candidato já havia sido lotado nos gabinetes dos ex-deputados Lelis Trajano e Fernando Capez na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). O histórico da página do Facebook aponta que ela foi criada em fevereiro de 2016 com o nome “Wellington de Paula” (o mesmo apresentado pelo candidato em 2016) e teve o nome alterado para Wellington de Paulo em 2019 — pouco antes de acrescentar a alcunha “fiscal do povo” no lugar do sobrenome. O perfil alega cursar “Gestão Pública” e “Gestão Hospital”. No site do DivulgaCand de 2016, portal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no qual constam dados sobre todas as candidaturas, o Comprova encontrou o registro de Wellington, que teve a candidatura substituída antes da eleição, e confirmou nos documentos apresentados o mesmo endereço de e-mail fornecido na página do Facebook. Também conferimos se tratar do mesmo e-mail cadastrado no CNPJ apresentado pelo então candidato, disponível no site da Receita Federal. O PSC entrou na coligação do PRB nas eleições municipais em São Paulo no ano de 2016. O candidato à prefeitura foi Celso Russomanno, com quem Wellington ostenta fotos ao lado em redes sociais. Russomanno liderou diversas pesquisas de intenção de votos, mas acabou em terceiro lugar no pleito, com 13,6% dos votos. João Doria (PSDB) foi o eleito. Ele renunciou após 15 meses para concorrer ao governo paulista em 2018, deixando o vice, Bruno Covas (PSDB), como prefeito. As muitas críticas de Wellington à prefeitura são direcionadas a serviços e gastos públicos. Em um dos vídeos da página, Wellington reclama, em vídeo, que sua entrada no hospital de campanha do Anhembi foi barrada; ele alegou que pretendia fiscalizar o local. A gravação foi feita em junho, dois meses após um grupo de deputados estaduais invadir o local e provocar tumulto alegando que os leitos estavam vazios. Por que investigamos? O Comprova investiga conteúdos duvidosos de grande viralização nas redes sociais e que apresentam informações duvidosas sobre a pandemia de covid-19. É o caso deste vídeo, que até 1º de julho somava mais de 426 mil visualizações, 18 mil compartilhamentos e 3,3 mil interações no Facebook. O vídeo também foi compartilhado na página Amigos do Presidente e obteve mais de 2 mil interações. Desde o início da pandemia do novo coronavírus, o Comprova já investigou boatos de que havia covas vazias em cemitérios para simular aumento de sepultamentos. Também já foram desmentidas notícias falsas de supostas denúncias de caixões vazios, parceria por vacina realizada antes da proliferação da doença e que hospitais recebiam quantias por cada óbito registrado como covid-19. Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o significado original; no caso do post, a única informação correta é de que a Prefeitura de São Paulo adquiriu 38 mil caixões.
https://politica.estadao…091120200012.jpg
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['Projeto Comprova']
[]
['fake news [notícia falsa]', 'Bruno Covas', 'coronavírus']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/foto-de-dilma-foi-feita-em-depoimento-apos-acusacao-por-subversao-e-nao-por-assalto/
ESTADAO_VERIFICA
Foto de Dilma foi feita em depoimento após acusação por ‘subversão’, e não por assalto
Publicação no Facebook resgata acusação falsa de que ex-presidente teria participado de crime em agência do Banespa
2020-09-30
É falso que a foto da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em um tribunal tenha sido registrada durante julgamento por um assalto ao Banco Banespa em 1968. Como o Estadão Verifica já mostrou, Dilma nunca foi acusada de participação nesse crime. Na realidade, a imagem foi feita em 1970, após Rousseff ser presa durante a onda de repressão a organizações de esquerda promovida pela Operação Bandeirante (Oban), na ditadura militar. Ela prestava depoimento na Auditoria Militar do Rio. Acusada de “subversão”, Dilma foi condenada a quatro anos de reclusão e suspensão dos direitos políticos por dez anos. Ela foi solta no final de 1972. LEIA TAMBÉM Para atacar mulher de Lula, postagens multiplicam por 100 o valor de herança que ela deixou O assalto à agência do Banespa na Rua Iguatemi, em São Paulo, ocorreu no dia 15 de outubro de 1968. Como mostrou a reportagem do Estadão da época, cinco assaltantes renderam os funcionários do banco e retiraram 200 mil cruzeiros novos do cofre. Não há registro que algum deles fosse mulher, e o caso nunca foi ligado a Dilma. Além disso, arquivos da ditadura militar consultados pelo Estadão Verifica em junho indicam que a ex-presidente só se mudou para São Paulo em outubro de 1969. Dilma participou de duas organizações que fizeram luta armada contra o regime militar: o Comando de Libertação Nacional (Colina) e a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares), originado da fusão entre o Colina e a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). A ex-presidente, no entanto, sempre negou a participação direta em ações violentas. A fotografia de Dilma no tribunal foi reproduzida em reportagens com crédito ao fotógrafo Adir Mera. Uma matéria do jornal O Globo de 2011 mostra que o pesquisador Vladmir Sachetta encontrou três fotos de Dilma durante o depoimento na Auditoria Militar, em busca no Arquivo Público de São Paulo. As imagens foram publicadas originalmente no extinto jornal Última Hora, em 11 de novembro de 1970. Depois de serem redescobertas por Sachetta, as fotos foram publicadas no livro A Vida quer é coragem, biografia de Dilma Rousseff escrita por Ricardo Amaral, ex-assessor da Casa Civil que atuou na campanha da petista à Presidência. O livro foi lançado em 2011. A assessoria da ex-presidente confirmou que a imagem divulgada no Facebook é referente a um depoimento em Inquérito Policial Militar (IPM), na Auditoria Militar. Essa publicação também foi checada por Aos Fatos./COLABOROU ALESSANDRA MONNERAT Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
https://politica.estadao…280920203342.png
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['Gabi Coelho']
[]
['dilma rousseff', 'fake news']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/post-viral-divulga-indice-de-rejeicao-a-doria-mais-de-duas-vezes-maior-que-o-real/
ESTADAO_VERIFICA
Post viral divulga índice de rejeição a Doria mais de duas vezes maior que o real
Pesquisas de opinião mais recentes de Datafolha e Ibope indicam que 39% dos paulistanos consideram o governo estadual ruim ou péssimo
2020-09-30
Uma postagem com mais de 29 mil compartilhamentos no Facebook afirma que 98% da população rejeita o governador de São Paulo, João Doria — mas não há pesquisa de opinião pública que confirme esse número. O levantamento Datafolha mais recente, divulgado na última sexta-feira, 25, indicou que 39% dos paulistanos consideram a gestão estadual ruim ou péssima. Na pesquisa feita pelo Ibope em 17 de setembro, esse índice também foi de 39%. Na pesquisa Datafolha, o governo Doria é avaliado como ótimo ou bom por 21% da população da capital; 39% disseram que a atuação do governador é regular e 1% não respondeu. A rejeição mais alta foi entre moradores do Centro: 43%. Foram realizadas 1.092 entrevistas presenciais nos dias 21 e 22 de setembro; a margem de erro é de três pontos percentuais, com nível de confiança de 95%. LEIA MAIS CRIANDO SUA CONTA GRATUITAMENTE
https://politica.estadao…290920200656.png
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['Alessandra Monnerat']
[]
[]
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/postagem-distorce-decisao-do-tse-ao-afirmar-que-candidato-ficha-suja-podera-concorrer/
ESTADAO_VERIFICA
Postagem distorce decisão do TSE ao afirmar que candidato ‘ficha suja’ poderá concorrer
Não houve qualquer alteração na inelegibilidade de candidatos condenados por abuso de poder político e econômico
2020-09-30
SAIBA MAIS São enganosas as publicações no Facebook que afirmam que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) liberou políticos enquadrados na Lei da Ficha Limpa para concorrerem às eleições municipais. As postagens omitem que a Justiça Eleitoral já impediu uma candidatura por esse motivo este ano. Os prazos legais para cassação vão até 20 dias antes da votação, por isso outros casos ainda podem aparecer. O conteúdo checado pelo Estadão Verifica foi compartilhado mais de 27,2 mil vezes. Lei da Ficha Limpa não sofreu nenhuma alteração pelo TSE. Foto: Reprodução A Justiça Eleitoral é o braço do Judiciário que organiza o processo eleitoral. A postagem tira de contexto uma decisão do TSE, sua instância maior, sobre o tema. Em setembro, o Tribunal julgou que candidatos pegos na Lei da Ficha Limpa em 2012 poderiam concorrer às eleições deste ano devido ao adiamento da votação por conta da pandemia de covid-19. Isto porque a Lei da Ficha Limpa, assinada em 2010 pelo então presidente Lula, determina que são inelegíveis aqueles que tenham sido condenados por abuso de poder econômico ou político pela Justiça Eleitoral, além daqueles condenados em 2ª instância por outros crimes. O prazo da inelegibilidade é de 8 anos. Documento LEI DA FICHA LIMPA PDF Em 2012, os dois turnos das eleições ocorreram em 7 e 28 de outubro, respectivamente. Já para este ano, a votação estava inicialmente marcada para os dias 4 e 25 de outubro. Com isso, candidatos pegos na Lei da Ficha Limpa estariam inelegíveis este ano. Contudo, o Congresso Nacional aprovou uma PEC para adiar a votação para 15 e 29 de novembro por causa da pandemia de covid-19. O intuito era diminuir o risco de contaminação causada pelo novo coronavírus. Levando-se em conta a nova data, o prazo para inelegibilidade daqueles que foram cassados em 2012 se encerra antes das eleições, permitindo sua elegibilidade. O Congresso não alterou os prazos da Lei da Ficha Limpa, motivo pelo qual o deputado federal Célio Studart (PV-CE) consultou o TSE sobre o tema. Por 5 votos a 2, a Corte decidiu que os fichas-sujas de 2012 não poderiam ser impedidos de concorrer às eleições. Prevaleceu o entendimento de que o prazo da inelegibilidade está estipulado em lei e só poderia ser alterado por decisão do Legislativo. O TSE é formado por três ministros do Supremo Tribunal Federal, dois ministros do Superior Tribunal de Justiça e dois advogados indicados pelo STF e nomeados pelo presidente da República. Justiça Eleitoral já cassou uma candidatura este ano O Estadão Verifica consultou, em 30 de setembro, o repositório de dados do TSE para verificar quantas candidaturas teriam sido cassadas este ano por se enquadrarem na Lei da Ficha Limpa. Os dados não são definitivos, uma vez que os cartórios eleitorais possuem até 26 de outubro para julgar todos os pedidos de registros de candidatos. Até a publicação desta checagem, uma candidatura já havia sido indeferida com base na Lei da Ficha Limpa. Foi a de Edgar Xavier, candidato pelo PSDB a prefeito de Santana de Cataguases, em Minas Gerais. Segundo a divulgação de candidatos e contas eleitorais, ele apresentou recurso contra a decisão de irregularidade e aguarda julgamento por instância superior. Prazo para impugnação das candidaturas. Foto: Reprodução Documento CALENDÁRIO ELEITORAL PDF Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
https://politica.estadao…300920203715.png
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['Pedro Prata']
[]
['Lei da Ficha Limpa', 'TSE [Tribunal Superior Eleitoral]', 'fake news [notícias falsas]']
2021-05-20
['ENGANOSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/para-defender-pena-de-morte-postagem-inventa-condenacao-de-15-minutos-em-dubai/
ESTADAO_VERIFICA
Para defender pena de morte, postagem inventa condenação de 15 minutos em Dubai
É falso que homem tenha sido executado em praça pública por violentar uma criança de cinco anos
2020-09-29
É falso que um homem tenha sido executado em público em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, por violentar uma menina de cinco anos. Uma publicação viral no Facebook recicla um boato de 2018, que vinha acompanhado de um vídeo de uma execução em praça pública no Iêmen. Embora a pena de morte exista nos Emirados Árabes para determinados crimes, a execução não ocorre em público e a condenação precisa ser aprovada por um governante local. “Menina de 5 anos foi violentada em Dubai. Em 15 minutos o Poder Judiciário ordenou a execução em público do violador, resolvido”, afirma uma postagem de 26 de agosto, com mais de 30 mil compartilhamentos. Imagem reproduz informação falsa sobre pena de morte nos Emirados Árabes. Foto: Reprodução O artigo 354 do Código Penal emiradense prevê pena de morte para quem usar coerção em relações sexuais com mulheres menores de 14 anos. O texto da lei, no entanto, não inclui nenhuma menção a execução em público. Documento CÓDIGO PENAL DOS EMIRADOS ÁRABES UNIDOS PDF A legislação do país também determina que uma sentença de morte só pode ser executada após aprovação do governante local. É inviável, portanto, que o processo dure apenas 15 minutos. De acordo com o site Death Penalty Worldwide, a última pena de morte executada nos Emirados Árabes aconteceu em 2017. Na ocasião, um homem jordaniano de 49 anos foi condenado por estuprar e assassinar um menino de oito anos. A execução ocorreu após o Tribunal Superior de Dubai acatar decisão dos dois tribunais inferiores e o governante de Dubai ratificar a pena. O crime ocorreu em 2016 e o processo foi finalizado em fevereiro do ano seguinte. A sentença foi executada em novembro. O caso do Iêmen, do vídeo utilizado na primeira onda de disseminação do boato, também foi de um homem condenado por violar e matar uma criança em 2017. A capital Saná, onde ocorreu a execução em praça pública, é controlada desde 2014 por tropas rebeldes hutis, constantemente acusadas de violações aos direitos humanos. O país está em guerra civil desde 2015 e tem a situação classificada pela Organização das Nações Unidas (ONU) como um “desastre humanitário”. Este conteúdo também foi checado pelo Boatos.org. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
https://politica.estadao…290920200951.png
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['Guilherme Bianchini']
[]
['fake news [notícia falsa]', 'Dubai [Emirados Árabes Unidos]', 'pena de morte']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/e-falso-que-bolsonaro-tenha-descoberto-venda-da-amazonia-no-governo-dilma/
ESTADAO_VERIFICA
É falso que Bolsonaro tenha descoberto ‘venda da Amazônia’ no governo Dilma
Postagens fazem referência a acordo internacional, amplamente divulgado, com objetivo de ampliar área florestal sob proteção no bioma brasileiro
2020-09-29
É falso que o ex-ministro do Meio Ambiente Sarney Filho tenha vendido a Floresta Amazônica “para ONGs por 60 milhões de dólares”. Postagens no Facebook alegam que o presidente Jair Bolsonaro teria descoberto a suposta venda, firmada durante o governo de Dilma Rousseff. Na realidade, as publicações na rede social fazem referência a um acordo — que nunca foi secreto — para aumentar a área florestal sob proteção no bioma brasileiro. Anunciado em dezembro de 2017, o projeto “Paisagens Sustentáveis da Amazônia” é uma parceira do governo brasileiro com o Banco Mundial, instituição financeira com sede em Washington, nos Estados Unidos, e a ONG Conservação Internacional, também sediada na capital americana. O principal objetivo do programa é transformar 3 milhões de hectares na Amazônia em unidades de conservação. O acompanhamento dos resultados pode ser visto no site do Banco Mundial — o atual prazo para atingir as metas estabelecidas é abril de 2024. LEIA TAMBÉM Veja todas as checagens sobre coronavírus publicadas pelo Estadão Verifica O projeto tem verba de US$ 60 milhões do Fundo Mundial para o Meio Ambiente Mundial (GEF, na sigla em inglês). Ao contrário do que alega o texto, Sarney Filho não foi ministro do governo Dilma Rousseff: ele assumiu o cargo à frente do Ministério do Meio Ambiente junto com o ex-presidente Michel Temer, em 12 de maio de 2016. Nos quase dois anos que ficou na chefia da pasta, criou onze unidades de conservação em diversos biomas. Em janeiro de 2019, no primeiro mês do governo Bolsonaro, o Ministério do Meio Ambiente suspendeu convênios e parcerias com ONGs por 90 dias. Na época, a avaliação foi que os projetos com recursos provenientes do Banco Mundial e do Fundo Mundial para o Ambiente (GEF) poderiam ser paralisados. Apesar de o ano de 2019 ter sido quase nulo em novas ações relacionadas ao projeto, o último relatório mostra que neste ano várias novas atividades dentro do escopo do programa começaram a ser implementadas. Documento AMAZON SUSTAINABLE LANDSCAPES PROJECT – SETEMBRO DE 2020 PDF Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
https://img.estadao.com.…617563593097.jpg
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['Tiago Aguiar']
[]
['floresta amazônica', 'Sarney Filho']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/para-atacar-mulher-de-lula-postagens-multiplicam-por-100-o-valor-de-heranca-que-ela-deixou/
ESTADAO_VERIFICA
Para atacar mulher de Lula, postagens multiplicam por 100 o valor de herança que ela deixou
Bens que serão divididos entre os quatro filhos de Marisa Letícia foram avaliados em R$ 1,46 milhão, e não R$ 146 milhões
2020-09-28
É falso que a Justiça tenha autorizado a partilha de R$ 146 milhões em bens da ex-primeira-dama Marisa Letícia. O boato divulga uma cifra 100 vezes maior do que a verdadeira. O valor correto do patrimônio que foi homologado para herança, em 26 de junho deste ano, é de R$ 1,46 milhão. O inventário total de Marisa é de R$ 12,3 milhões e pode ser verificado no site do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). Entre os bens que serão compartilhados, que são apenas parte do inventário de Marisa, estão um veículo Ford Ranger (avaliado em R$ 104 mil), um Ômega (avaliado em R$ 57 mil) e valores em contas bancárias e aplicações. Os herdeiros são seus quatro filhos — Marcos Cláudio Lula da Silva, Fábio Luís Lula da Silva, Luís Cláudio e Sandro Luís, conforme documento obtido pelo portal Conjur. LEIA TAMBÉM Veja todas as checagens sobre coronavírus publicadas pelo Estadão Verifica Documento INVENTÁRIO E PARTILHA DE MARISA LETÍCIA LULA DA SILVA PDF Marisa Letícia morreu aos 66 anos, em fevereiro de 2017. Era casada com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde 1973. Em agosto de 2018, uma verificação feita em parceria com o Projeto Comprova desmentiu uma peça que atribuía somente a Marisa Letícia o patrimônio inteiro do casal Lula da Silva. Em fevereiro deste ano, outra checagem publicada pelo Estadão Verifica desbancou um boato que falseava o patrimônio de Marisa Letícia. Este conteúdo também foi verificado pelo Boatos.org. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
https://img.estadao.com.…617563593097.jpg
null
['Tiago Aguiar']
[]
['marisa letícia lula da silva']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/foto-de-cesar-tralli-andando-de-patins-sem-mascara-e-de-2014/
ESTADAO_VERIFICA
Foto de César Tralli andando de patins sem máscara é de 2014
Imagem circula fora de contexto nas redes sociais para atacar o jornalista da TV Globo
2020-09-28
É de 2014 uma foto em que César Tralli, apresentador da TV Globo, anda de patins pela orla do Rio de Janeiro sem usar máscara. A imagem circula fora de contexto nas redes sociais. “César Tralli vive vociferando para o povo usar máscara”, diz uma postagem no Facebook com mais de 7,2 mil compartilhamentos. O post omite que o registro é antigo. Foto de César Tralli circula fora de contexto nas redes. Foto: Reprodução LEIA TAMBÉM Recebeu algum boato? Envie para checagem do Estadão Verifica O Estadão Verifica utilizou o mecanismo de busca reversa do Google para localizar as vezes em que a mesma imagem foi publicada anteriormente. Os primeiros registros encontrados são de 2014, cinco anos antes dos primeiros casos da covid-19. Os portais R7 e Terra publicaram as fotos utilizadas pelo boato, clicadas no Leblon, no Rio de Janeiro. Montagem de fotos já estava disponível no portal Terra desde 2014. Foto: Reprodução/Terra Alguns elementos comuns entre as imagens do boato e as imagens publicadas pelos portais permitem concluir se tratar da mesma situação: uma mulher de blusa azul sentada em um banco de cimento atrás de Tralli, uma mulher de roupa branca que o observa e uma cadeira de praia listrada. Elementos comuns às duas imagens permitem concluir se tratar da mesma situação. Foto: Reprodução de redes sociais | R7/Reprodução Esta postagem também foi checada por Boatos.org. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
https://politica.estadao…280920200501.png
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['Pedro Prata']
[]
['fake news [notícias falsas]', 'César Tralli', 'máscara respiratória', 'coronavírus']
2021-05-20
['FORA DE CONTEXTO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/e-falso-que-politicos-recebam-aposentadoria-de-ate-r-120-mil/
ESTADAO_VERIFICA
É falso que políticos recebam aposentadoria de até R$ 120 mil
Na realidade, teto do benefício é de R$ 33 mil, valor pago a parlamentares inscritos no regime especial de Previdência
2020-09-28
É falso que políticos aposentados recebam salário de até R$ 120 mil. O teto do benefício é de R$ 33.763, equivalente à remuneração integral do regime especial de previdência de deputados federais e senadores. Ex-presidentes não recebem aposentadoria, e pensões pagas a ex-governadores e a ex-deputados estaduais variam de acordo com regimes locais, mas nenhuma chega aos valores dos congressistas. Prefeitos e vereadores contribuem com o regime geral do INSS. “Hoje temos mais de 240 mil políticos aposentados com salários de R$ 30 mil a R$ 120 mil”, afirma uma publicação no Facebook. A postagem com informações falsas é de abril de 2019, mas voltou a ganhar repercussão na rede social, e já tem mais de 40 mil compartilhamentos. LEIA TAMBÉM Recebeu algum boato? Envie para checagem do Estadão Verifica A previdência de congressistas passou por duas alterações ao longo das últimas décadas. Deputados federais e senadores que exerceram mandato entre 1964 e 1998 se enquadram no extinto Instituto de Previdência dos Congressistas (IPC), que também contemplava deputados estaduais. Ex-parlamentares inscritos no programa precisavam ter ao menos oito anos de mandato e 50 anos de idade para dar entrada no benefício, com valor proporcional ao tempo de mandato. Para receber o valor integral do salário, era necessário atingir 30 anos de atividade parlamentar. Postagem engana ao afirmar que políticos recebem aposentadoria de até R$ 120 mil. Foto: Reprodução Após o fim do IPC, em 1999, passou a vigorar outro regime especial de previdência do Congresso, o Plano de Seguridade Social dos Congressistas (PSSC). A idade mínima passou a ser 60 anos, além da exigência de 35 anos de contribuição no geral, incluindo outros cargos nos setores público e privado. Um levantamento do Estadão em 2016 mostrou que a União gastava anualmente R$ 164 milhões para pagar 1.170 aposentadorias e pensões para ex-deputados federais, ex-senadores e dependentes de ex-congressistas, com benefício médio de R$ 14,1 mil. O benefício do PSSC obedecia à razão 1/35 para cada ano de mandato como parlamentar, ou seja, apenas ex-congressistas com 35 anos de mandato tinham direito ao salário integral. A Reforma da Previdência promulgada em novembro de 2019, porém, extinguiu a aposentadoria especial para futuros deputados e senadores, além dos parlamentares atuais que não ingressaram no PSSC. Eles só poderão se aposentar pelo INSS ou pelo regime de previdência social da categoria, caso sejam servidores públicos, civis ou militares. Desde a promulgação da Constituição de 1988, presidentes não têm direito a regime especial de aposentadoria. Ex-chefes de Estado brasileiros, no entanto, custam até R$ 28.738,36 aos cofres públicos, pois têm direito a dois veículos oficiais com dois motoristas e a quatro servidores para segurança. A Constituição em vigor não prevê gastos com ex-governadores, mas muitos Estados oferecem pensão vitalícia a ex-mandatários com base em legislações estaduais. Em dezembro de 2019, no entanto, o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou o subsídio a ex-governadores do Paraná em uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI). Na esteira da decisão do Supremo, diversos Estados cancelaram o pagamento da pensão, mas unidades federativas como Acre, Amazonas, Minas Gerais, Paraíba, Rondônia e Santa Catarina ainda concedem salário vitalício aos ex-governadores. O procurador-geral da República, Augusto Aras, encaminhou ao STF uma ação para proibir o pagamento do benefício em todo o território nacional. A postagem analisada menciona ainda que existem 240 mil políticos aposentados em todo o País. O Estadão Verifica não conseguiu encontrar uma estimativa que confirmasse esse número. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
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['Guilherme Bianchini']
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['fake news [notícia falsa]', 'aposentadoria', 'previdência']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/publicacoes-fazem-comparacao-incorreta-para-relativizar-area-queimada-em-2020/
ESTADAO_VERIFICA
Publicações fazem comparação incorreta para relativizar área queimada no País em 2020
Textos reproduzidos no Facebook comparam dado parcial de oito meses deste ano a resultados consolidados de 12 meses dos anos anteriores
2020-09-28
É falso que a área total atingida por queimadas no Brasil em um ano do governo Lula seja quase cinco vezes maior do que a área queimada em 2020. Publicações que viralizaram no Facebook comparam o resultado parcial deste ano, dos últimos oito meses, com os dados consolidados dos 12 meses completos dos anos anteriores. O ano com maior área queimada no País entre janeiro e agosto foi 2010 — foram 234,9 mil km² atingidos por focos de calor. Isso corresponde a pouco menos que o dobro da área queimada no mesmo período deste ano — 121,3 mil km². Estes dados são compilados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A série histórica começa em 2003. LEIA TAMBÉM A jornada de 1,2 mil quilômetros para salvar uma onça Os dados checados nesta verificação foram publicados pelos blogs “Terra Brasil Notícias” e “Portal Grande Ponto” com o título “Área queimada no país em 2020 é quase 5 vezes menor que em 1 ano de governo Lula”, e reproduzidos em postagens no Facebook. Os dois textos omitem que o segundo semestre de todo ano costuma concentrar a maior parte das queimadas em todo o Brasil. Além disso, não é possível dizer que uma grandeza é cinco vezes menor que outra: qualquer quantidade uma vez menor já é zero. No último sábado, 26, a Secretaria de Comunicação do governo Jair Bolsonaro publicou uma comparação semelhante. Entre janeiro e agosto deste ano, mais de 18,6 mil km² do Pantanal queimaram, área maior do que tudo o que foi destruído no bioma entre 2014 e 2019, ainda segundo o Inpe. A Flourish chart Na semana passada, o governo intensificou a retórica diante de acusações de má gestão ambiental. O vice-presidente Hamilton Mourão alegou que a divulgação de queimadas no País está sendo superdimensionada. Um dia antes, o presidente Jair Bolsonaro disse na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) que índios e caboclos têm culpa pelos incêndios florestais registrados na região amazônica, o que é falso. Este conteúdo também foi verificado pelo site Aos Fatos. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
https://img.estadao.com.…601193785160.jpg
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['Tiago Aguiar']
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['incêndio florestal', 'pantanal', 'meio ambiente']
2021-05-20
['FALSO']
https://politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/manuela-davila-volta-a-ser-alvo-de-boato-que-a-liga-a-frase-de-john-lennon-sobre-fim-do-cristianismo/
ESTADAO_VERIFICA
Manuela D’Ávila volta a ser alvo de boato que a liga a frase de John Lennon sobre Jesus
Peça de desinformação já havia circulado nas redes durante a campanha eleitoral presidencial 2018
2020-09-28
SAIBA MAIS É falso que a ex-deputada federal Manuela D’Ávila (PCdoB) tenha dito que “o cristianismo vai desaparecer”. Uma postagem com a falsa citação alega que a candidata à prefeitura de Porto Alegre teria dito ser “mais popular do que Jesus”, mas esta frase na verdade foi dita pelo ex-beatle John Lennon. A publicação checada pelo Estadão Verifica foi compartilhada mais de 4 mil vezes no Facebook. LEIA TAMBÉM Recebeu algum boato? Envie para checagem do Estadão Verifica Esta é uma das frases mais conhecidas e polêmicas de Lennon. Ela foi feita em uma entrevista ao jornal inglês The Evening Standard, em 4 de março de 1966, durante o auge da Beatlemania, a idolatria pelo quarteto de Liverpool. A fala cruzou o Atlântico e causou uma forte reação de setores religiosos nos Estados Unidos, onde algumas cidades registraram fogueiras de revistas com entrevistas e discos dos Beatles. Responsável pela entrevista, a jornalista Maureen Cleave comentou a história em artigo publicado em 2005 no jornal The Telegraph. Frase é do ex-beatle John Lennon, não de Manuela D’Ávila. Foto: Reprodução Em 2008, o jornal do Vaticano L’Osservatore Romano informou que a Igreja Católica perdoou John Lennon pela afirmação. “A declaração de John Lennon, que provocou tanta indignação nos Estados Unidos, depois de todos estes anos soa como uma bravata de um jovem proletário inglês às voltas com um sucesso inesperado”, disse o jornal. Não é a primeira vez que este boato circula nas redes sociais. Em 2018, o Projeto Comprova já havia feito checagem semelhante. À época, Manuela era candidata à vice-presidência na chapa com Fernando Haddad (PT). A coligação divulgou uma nota na qual afirmava que o conteúdo era fake news e que “tanto Manuela quanto Haddad respeitam todas as religiões e crenças e continuarão defendendo a liberdade de expressão e de culto”. O boato foi resgatado em um momento em que Manuela D’Ávila concorre à prefeitura de Porto Alegre pelo PCdoB. Ela também foi alvo de montagens que falsamente a mostravam com uma camiseta escrita “Jesus é travesti” e outra que ela teria dado ao cantor Caetano Veloso com ofensas ao presidente Jair Bolsonaro. Ambas foram desmentidas pelo Estadão Verifica. Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente. Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
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['Pedro Prata']
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['Manuela DAVILA', 'fake news [notícias falsas]', 'Tudo Sobre John Lennon', 'jesus cristo']
2021-05-20
['FALSO']