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Alento de ocasião
Os brasileiros reconhecem hoje alguma melhora nas condições econômicas, mas se mostram mais temerosos a respeito do futuro. É o que indica pesquisa do Datafolha.A parcela da população que declara ver melhoria atingiu 35%, pico da série histórica, mesmo patamar de 34% em outubro do ano passado, mas bem acima do verificado nos dois levantamentos anteriores —26% em dezembro de 2022 e 23% em março deste ano.O padrão se repete na pergunta a respeito da situação pessoal: os que relatam melhora caíram de 34% em dezembro para 23% em março, subindo agora para 30%.É plausível que o pessimismo no início do ano refletisse tensões políticas, as incertezas mais altas quanto ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a inflação concentrada em itens de primeira necessidade, como alimentos, energia e combustíveis —o que onerava sobretudo pobres e classe média.É também compreensível o alívio recente, dado o desempenho da economia superior ao esperado no início do ano, quando as projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto estavam em 0,7%. Hoje se fala em 3%.Há alguns fatores relevantes para o alento. O choque positivo no campo com a safra recorde, o aumento nas transferências sociais e a recuperação da renda disponível (com 5% de alta ante 2022) conforme amainou a inflação contribuem para os bons resultados recentes do consumo das famílias.Mas há sensação de insegurança sobre a durabilidade dessas condições. Os juros ainda estão altos e tendem a desacelerar a atividade. Tem crescido a parcela dos que esperam alta da inflação (de 39% em dezembro de 2022 para 54% em setembro), piora do poder de compra (de 1% para 33%) e aumento do desemprego (de 37% para 46%). De modo geral, além disso, a parcela dos que esperam melhora na economia caiu de 62% em dezembro para 41% agora. Os que anteveem piora passaram de 13% para 28%, mesmo patamar do grupo que crê em estabilidade.Preocupam sinais de polarização política. Entre eleitores de Jair Bolsonaro (PL), houve alta do pessimismo —de 43% para 52%. Entre quem votou em Lula, o índice dos que esperam que a economia vá melhorar passou de 79% para 66%.A combinação de condições razoáveis no momento com certa insegurança futura são um alerta para o governo não desviar de prudência na gestão econômica.editoriais@grupofolha.com.br
2023-09-17 22:00:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/09/alento-de-ocasiao.shtml
A decisão de Toffoli e seus precedentes
A anulação das provas produzidas no acordo de leniência da Odebrecht, decidida pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, impactou o mundo jurídico e repercutiu em jornais e redes sociais como a pá de cal na Operação Lava Jato. Tratada como surpresa, como algo inédito, foi criticada porque as provas invalidadas sustentavam inúmeros processos e inquéritos, agora destinados aos arquivos da história judicial.Parece necessária, contudo, uma leitura mais cuidadosa da decisão. Extraídas as frases fortes sobre a prisão de Lula e as duras críticas à atuação de procuradores, não há nela nada polêmico, controverso ou perturbador como querem fazer crer tantas críticas publicadas.Em 2020, o então advogado de Lula, hoje ministro Cristiano Zanin, recorreu ao STF para pedir acesso a um acordo de leniência firmado pela Odebrecht com o Ministério Público Federal, que embasava acusações criminais contra seu cliente. O então ministro Ricardo Lewandowski deferiu o pedido e determinou que os procuradores compartilhassem com o advogado documentos obtidos naquela leniência, dentre os quais dois sistemas de informações onde a Odebrecht guardava dados sobre supostas corrupções e propinas —o Drousys e o My Web Day—, e informassem como foram acessados.Depois de alguma resistência, os procuradores apresentaram parte dos dados, informando que os procedimentos legais para o acesso aos sistemas foram respeitados. Tudo parecia em ordem. Até que vieram a público mensagens privadas trocadas entre procuradores da Lava Jato, revelando que as regras para a obtenção e preservação de provas em investigações criminais foram abertamente descumpridas. Mais Nelas, um dos procuradores diz que os arquivos dos sistemas Drousys e My Web Day foram recebidos em sacolas de supermercados e plugados diretamente nos computadores dos investigadores, sem espelhamento para preservar seu conteúdo, e que peritos chamados para garantir a integridade dos atos não encontravam os arquivos originais. Outro afirma: "Tá aí a cadeia de custódia", referindo-se ironicamente às regras previstas em lei para garantir a validade de provas digitais. Um terceiro, talvez com mais tino, reconheceu a surrealidade do procedimento.Não há dúvida sobre a nulidade das provas. Nenhuma regra para a preservação de sua integridade foi respeitada. Em razão disso, Lewandowski reconheceu sua invalidade e proibiu que fossem usadas no processo contra Lula. Essa decisão foi confirmada pela Segunda Turma do STF em fevereiro de 2022 e transitou em julgado, ou seja, tornou-se irrecorrível. Naquele momento foram sepultadas em potencial todas as apurações penais fundamentadas naqueles dados. Mais A partir disso, outros réus recorreram ao Supremo. Se as provas produzidas na leniência da Odebrecht eram nulas para Lula, o mesmo deveria ser reconhecido para todos os demais investigados com base no mesmo material. E, por muito tempo, o tribunal reconheceu a nulidade dessas provas para cada demandante, em cada processo, a conta-gotas.Até que o ministro Toffoli —que sucedeu Lewandowski no caso— decidiu no atacado aquilo que a corte já reconhecia no varejo. Diante de inúmeros pedidos pontuais de invalidação das provas, declarou sua imprestabilidade geral. Não foi uma decisão inédita, com fundamentos novos, que abalou as estruturas da Lava Jato. Foi uma medida de economia processual, razoável e correta. Em vez de decidir aos poucos, de forma picada, para cada investigado, reconheceu os efeitos gerais de uma nulidade já identificada pelo STF há tempos. Mais É preciso dar aos fatos a sua real dimensão. Toffoli apenas repetiu os fundamentos de uma decisão já tomada por seu tribunal. E o fez como medida racional, para evitar a repetição de inúmeros pedidos iguais.Goste-se ou não do conteúdo, é preciso conhecer o contexto da decisão antes de atirar naquele que a subscreveu.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-09-17 22:00:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/09/a-decisao-de-toffoli-e-seus-precedentes.shtml
Vídeo viraliza com briga de homens diante da Pedra do Telégrafo no Rio de Janeiro
O lazer de dois indivíduos se transformou em briga, conforme mostra um vídeo viralizou nas redes sociais neste domingo (17). O suposto motivo alegado para o confronto foi a demora de um deles em tirar a famosa foto na Pedra do Telégrafo, um dos pontos turísticos mais icônicos de Barra da Guaratiba, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Em uma das publicações, o embate recebeu mais de 2,6 milhões de visualizações.A Pedra do Telégrafo é conhecida por criar uma ilusão de ótica única, onde os visitantes aparentam estar pendurados em um penhasco a uma grande altura, embora, na realidade, a pedra esteja localizada em uma posição segura e a uma curta distância do solo.Um homem na fila, aparentemente incomodado com outro que estava posando para uma foto, decide interromper a sessão de fotografia. O que se segue é uma troca de agressões, com os dois homens se envolvendo em uma briga que culmina com ambos no chão. Nenhum dos dois homens ainda foi identificado, conforme o jornal Extra. Mais Em um momento crítico, um dos envolvidos chega a escorregar e cair em um ponto da encosta, aproximadamente 354 metros acima do nível do mar. Felizmente, uma tragédia foi evitada.Localizada no cume do Morro de Guaratiba, a Pedra do Telégrafo está situada no Parque Estadual da Pedra Branca, na área de praias em Barra de Guaratiba. Seu nome remonta à Segunda Guerra Mundial, quando a região abrigou uma estação militar estratégica.
2023-09-17 19:36:00
voceviu
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https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/09/video-viraliza-com-briga-de-homens-diante-da-pedra-do-telegrafo-no-rio-de-janeiro.shtml
Ex-agente da CIA indica andares mais seguros em quartos de hotel e o que fazer ao viajar sozinho
Hospedar-se em um hotel pode parecer uma ação rotineira e descomplicada para a maioria dos viajantes, mas Tracy Walder, ex-agente da CIA e do FBI, revela que existem perigos ocultos que muitos desconhecem. Em um vídeo que viralizou nesta semana no Tiktok, Walder compartilhou seu conhecimento baseado em sua experiência de trabalho nas agências de inteligência dos Estados Unidos, dando dicas sobre como escolher o local ideal no hotel e como garantir a segurança durante a estadia.Com mais de 524 mil visualizações até o momento, Walder, que atuou entre 2000 e 2005 em agências de inteligência dos EUA, aconselha os viajantes a optarem por quartos situados entre os andares três e seis, e fornece uma explicação convincente para essa escolha."A razão pela qual digo do terceiro ao sexto é que é difícil para alguém escalar. Ao mesmo tempo, em grande parte é bastante acessível em caso de emergência, como um incêndio", explica ela. A ex-agente aponta ainda que ficar no térreo é menos seguro e aconselha os hóspedes a solicitarem a troca de quarto caso sejam designados para essa área. Mais Para os viajantes que se aventuram sozinhos, como é frequentemente o caso de viagens de trabalho, Tracy Walder adiciona três regras a mais: trancar imediatamente a fechadura de segurança ao entrar no quarto, manter ela trancada sempre estiver no cômodo e usar batentes de borracha sob a porta.Essas peças servem como uma camada adicional de segurança em caso de falha na fechadura da porta ou no caso de chaves roubadas. Essas batentes tornam "mais difícil que ladrões ou estranhos entrem em seu quarto", ressalta a ex-agente.
2023-09-17 18:30:00
voceviu
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https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/09/ex-agente-da-cia-indica-andares-mais-seguros-em-quartos-de-hotel-e-o-que-fazer-ao-viajar-sozinho.shtml
A curiosa origem da palavra 'idiota', que não tinha a ver com inteligência
"O pior analfabetoÉ o analfabeto político.Ele não ouve, não falanem participa dos acontecimentos políticos.Não sabe que o custo de vida,o preço do feijão, do peixe,de farinha, do aluguel, do calçadoe dos medicamentosdependem de decisões políticas".Esse analfabeto político do poema atribuído ao dramaturgo alemão Bertolt Brecht é, por outras palavras, um idiota, em seu sentido quase original. A palavra 'idiota' vem do grego ἰδιώτης idiṓtēs e originalmente não era um adjetivo desrespeitoso, depreciativo ou um insulto.Nem tinha qualquer relação com a inteligência da pessoa a quem se referia.Era usada para se referir a um cidadão comum, em oposição a um estudioso ou alguém que agia em nome do Estado ou ocupava cargo público. Mas como os gregos valorizavam muito a participação cívica, reconhecendo que sem ela a democracia entraria em colapso, era esperado que todos os cidadãos estivessem interessados e familiarizados com os assuntos públicos. Ou seja, eles não deveriam ser idiotas.Permanecer à margem da vida pública era sinal de ignorância, falta de educação, desinformação e abandono do dever como cidadão. Aquele que não contribuía para os debates políticos, declarou Péricles, o grande estadista de Atenas, era considerado "não sem ambição, mas absolutamente inútil".É nesse contexto que, com o passar do tempo, "idiṓtēs" começou a adquirir uma conotação negativa, e se transformou um termo de reprovação e desdém. Viver apenas uma vida privada não era ser plenamente humano."Se o comportamento e o discurso de um homem deixavam de ser políticos, ele se tornava idiota: egocêntrico, indiferente às necessidades do próximo, inconsequente em si mesmo", explica Christopher Berry em seu livro "A Ideia de uma Comunidade Democrática".E esse tipo de idiotice talvez fosse mais grave do que aquela que resultou da metamorfose que teve início e que levaria a palavra a se tornar o que hoje, conforme a definição em português, por exemplo, do dicionário Michaelis:"adj m+f sm+f1 Diz-se de ou o que demonstra falta de inteligência, de discernimento ou de bom senso; estúpido, imbecil, tanso, tantã, tolo, zote.2 Diz-se de ou pessoa que se considera superior aos outros; arrogante, presunçoso.3 Diz-se de ou o que é tolo ou ingênuo."Depois de se tornar um termo pejorativo para quem se recusava a participar da política, passou a definir alguém como ignorante, grosseiro e sem instrução.Com essa interpretação, chegou ao latim no século 3°, e daí para outras línguas.Embora o significado político tenha sobrevivido por algum tempo, à medida que a cultura e as tradições da Grécia antiga ficaram para trás, o novo significado o substituiu.Logo, outro fato reforçou ainda mais o significado atual. No início do século 20, os psicólogos franceses Alfred Binet e Theodore Simon criaram o primeiro teste de inteligência moderno, que calculava o QI com base na capacidade das crianças de realizar tarefas como apontar para o nariz e contar moedas.Os psicólogos ficaram tão apaixonados pela natureza científica dos testes que criaram sistemas de classificação.Qualquer pessoa com QI acima de 70 era considerada "normal" e qualquer pessoa acima de 130 era considerada "superdotada".Para lidar com pessoas com QI inferior a 70, inventaram uma nomenclatura.Um adulto com idade mental inferior a 3 anos foi rotulado de "idiota"; entre 3 e 7, para "imbecil"; e entre 7 e 10, "débil mental"."Idiota" então se tornou um termo técnico usado em contextos jurídicos e psiquiátricos.Usar essa palavra, como aconteceu com o latim 'imbecil' para descrever graus de deficiência psíquica, fez com que ela também acabasse sendo um insulto que se refere aos dons mentais do insultado.Em algumas culturas, "idiota", assim como "imbecil", caiu em desuso na medicina algumas décadas depois porque foi considerado ofensivo.Em espanhol, porém, idiotismo ou idiocia continua aparecendo na Real Academia Espanhola (RAE) como o nome de um tipo de deficiência intelectual:1. f. Med. Transtorno caracterizado por uma deficiência muito profunda das faculdades mentais, congênita ou adquirida nas primeiras idades da vida.Portanto, um idiota também significa, segundo o Michaelis, em português:4 MED Diz-se de ou pessoa que sofre de idiotiaDesde o século 19, há pensadores que defendem que a palavra seja usada de forma mais ampla, mas recuperando o seu significado original.Um deles é Walter C. Parker, professor emérito da Universidade de Washington, para quem essa antiga etimologia pode ser uma ferramenta valiosa para uma compreensão contemporânea da democracia e da cidadania.Parker, que se dedica à educação cívica, explicou à BBC News Mundo que seu propósito é ajudar os indivíduos na transição daquele mundo privado da família e do parentesco para o mundo público do governo, uma transição crucial porque "nas democracias liberais são as pessoas que governam.""Nesse sentido, podemos voltar a Aristóteles, há 2 mil anos, que costumo citar quando escrevo sobre idiotice. Para ele, idiota é alguém cuja vida privada é sua única preocupação, alguém que não toma iniciativa na política.""São pessoas imaturas, com desenvolvimento truncado, que podem ter vida social, mas não vida pública.""Portanto, existe uma vida privada, uma vida social e uma vida pública, e para ser um indivíduo com objetivos e prosperar você precisa de todos os três."Mas como podemos distinguir entre social e público?Para Parker, quem melhor pensou sobre isso desde Aristóteles foi a historiadora e filósofa Hannah Arendt."Basicamente ela diz que todos podemos ter uma vida social - com os nossos amigos e familiares, redes sociais, trabalho, lazer - sem necessariamente ter uma vida pública.""Uma vida pública é uma vida política.""O ideal da democracia liberal é que nós, o povo, participemos, estabelecendo o governo e criando as regras com as quais viveremos juntos sem nos separarmos, e trataremos de nos defender do tipo de vida pública que não queremos.""Mas o idiota rejeita tudo isso. Ele simplesmente se enterra na sua vida privada e na sua vida social, arriscando assim que sejamos governados por aqueles que menos queremos", como já advertiu o filósofo ateniense Platão em A República.É por isso que Parker quer resgatar o significado original do termo."Porque nos ajuda a falar sobre o que significa desenvolver uma voz política", diz ele.Tudo começa na escola, opina Parker."No ensino, devemos promover o debate de questões públicas polêmicas com outras pessoas, cujas opiniões sejam semelhantes ou não. Isso não importa.""Se você gosta ou não da opinião de alguém é importante na vida social, mas não na vida pública, onde temos que nos conectar, nos relacionar, conversar e ouvir outras pessoas, independentemente de elas concordarem com você.""O objetivo da educação cívica é reforçar a democracia liberal, que está hoje em perigo em todo o mundo, inclusive nos Estados Unidos, como vimos com o trumpismo", afirma o especialista.Essa troca de opiniões que tem sido tão importante nas últimas décadas acontece muitas vezes nas redes sociais, que servem como espaço de discussão, mas podem ser uma caixa de ressonância para mentiras e informações destrutivas para a sociedade democrática."Há sempre o perigo de o idiota levar a sua idiotice para a esfera pública, para usar os termos que usamos no contexto de que estamos a falar", explica Parker.Mas algo também "terrível", lamenta o acadêmico, é a indiferença.Está documentado que as novas (e não tão novas) gerações não estão interessadas nos acontecimentos atuais.Apesar de viverem num mundo onde mais do que nunca as pessoas têm meios de acesso à informação, elas optam por não prestar atenção. Elas simplesmente não se importam."Na verdade, estamos recebendo cada vez mais pesquisas que mostram que os jovens têm uma vida privada e social ativa, mas não uma vida pública.""E esse é um terreno fértil muito perigoso para a demagogia", explica.Agora: a exaltação da vida pública não ocorre em detrimento das outras duas esferas, esclarece Parker."O objetivo de reivindicar o termo idiotice não é de forma alguma negar ou descartar a importância da vida privada ou social, que são tão cruciais para o nosso florescimento como seres humanos.""É lá que existe a nossa família, os nossos amigos e o nosso trabalho.""Mas a personalidade pública é o elo que falta, por assim dizer, para tornar possível vivermos juntos em sociedade com as nossas diferenças intactas."É nessa vida pública, salienta, que aprendemos a lidar com estranhos com ideologias diferentes em culturas diferentes."O objetivo é desenvolver um modus vivendi, do latim, um modo de vida que nos permita prosperar juntos sem nos matarmos.""Temos que cultivar o eu público e, para isso, não podemos ser idiotas".-Texto publicado originalmente aqui
2023-09-17 17:02:00
voceviu
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https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/09/a-curiosa-origem-da-palavra-idiota-que-nao-tinha-a-ver-com-inteligencia.shtml
CPTM compara trem com Bentley em paródia ASMR e viraliza nas redes sociais
Quem será que venceria uma batalha entre um trem da CPTM e um Bentley? Para as redes sociais, os vagões da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos são páreo duro na disputa após um vídeo publicado neste sábado (16) pela empresa de economia mista que opera o transporte ferroviário em São Paulo.Com 1,4 milhão de visualizações em 24 horas, um post da CPTM no Instagram vem causando boas risadas. De um lado, a modelo russa Alla Bruletova mostra os detalhes de um Bentley Mulsanne, desde o capô até o volante de couro, repetindo a palavra "Bentley" em tom de ASMR. Do outro, um operário da CPTM faz os mesmos movimentos em um dos trens da companhia, investindo na mesma intensidade vocal.Publicado em agosto, a publicação original da Bentley viralizou nas redes sociais e tem rendido as mais variadas comparações. Por aqui, a tática da CPTM parece ter dado certo: além do grande volume de visitas, a publicação recebeu mais de 190 mil curtidas e milhares de comentários."O pior é que o trem vale uns 10 Bentleys", divertiu-se o usuário que se identifica como @tmoraesm. "Passava metade do dia falando 'Bentley' e esperando aquém responder 'Trem'", disse @missgatti.drag.
2023-09-17 17:31:00
voceviu
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https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/09/cptm-compara-trem-com-bentley-em-parodia-asmr-e-viraliza-nas-redes-sociais.shtml
A fina arte de batizar grupos em aplicativos de troca de mensagens
A primeira coisa que RJ McLaughlin fez quando voltou ao campus no final de agosto, para seu terceiro ano no Ramapo College de Nova Jersey, foi criar um grupo de chat para ele e os três rapazes com quem divide um apartamento no alojamento universitário.Eles precisavam encontrar o nome perfeito. "O principal é encontrar algo que faça todo mundo feliz e todo mundo rir", ele disse. "Tem que ser algo que expresse quem somos."McLaughlin, 20, participa de tantos grupos de chat que cada um deles precisa ter um nome. Há um chat com a família ("Wally World"), vários chats com amigos, inclusive "os 4,5 cavaleiros do apocalipse", e chats com os colegas de classe (Clash, abreviação de Clash of Clans, um jogo que os alunos jogam durante o curso de leitura e escrita crítica). "Eu nunca teria um grupo de chat sem nome e apenas com números", disse o universitário. "Como você os diferenciaria?" E acrescentou: "Deixar em branco seria como não dar nome a um bebê". Mais Com o tempo, ele desenvolveu um sistema para criar nomes. "Conduzo uma sessão de brainstorming, na qual todos colocam ideias no chat", disse. "Depois, todos votam nessas ideias." O exercício é repetido para determinar qual será a imagem usada para o grupo. Ele calcula que já tenha criado duas dúzias ou mais de nomes para grupos de chat.McLaughlin sabe que, em outros grupos, as pessoas mudam o nome arbitrariamente, mas isso não acontece quando ele está no comando. "Quando você altera o nome de um grupo de chat, tem que ser uma decisão democrática, entre todos", disse. O nome tem valor, ele afirmou. "Precisamos protegê-lo."Para o grupo de chat do alojamento, eles escolheram "Car Jack", um anagrama de seus nomes (Anthony, John, Curtis e RJ). "A imagem também é uma imagem de um macaco de carro", disse McLaughlin. "É aleatório e estranho, e expressa quem somos."Mesmo que as pessoas estejam voltando a se encontrar em pessoa na vida real, os grupos de chat continuam a ser uma praça virtual onde comunicações essenciais —e não essenciais— acontecem. E dar-lhes nomes se tornou uma espécie de arte, com diferentes grupos sociais se esforçando para obter uma representação precisa de quem eles são. Enquanto os grupos de amigos podem optar por uma piada interna que os faça rir toda vez que a veem, tópicos mais formais talvez exijam algo mais direto.Alguns grupo de chat têm sistemas para alterar nomes e fotos.Torie Deible, 31, que trabalha com vendas em uma empresa de engenharia, participa de um grupo de chat com 15 mulheres que se tornaram amigas quando moravam em Nova York (Deible agora mora em Denver). Todo mês, elas mudam a foto para a da pessoa que faz aniversário naquele mês e deixam que ela escolha o nome do grupo, além disso. "É divertido ser amada assim uma vez por ano", ela disse.Ashley Kozich, 30, que trabalha em uma fundação comunitária e mora em Fort Lauderdale, Flórida, tem um grupo de chat com suas oito melhores amigas, que conheceu quando estudava na Universidade do Mississippi. Nos últimos 12 meses, muitas delas tiveram bebês e, por isso, agora elas destacam o filho mais recente como foto do grupo.Mas o nome do grupo veio para ficar: "The Sorry People". "Na faculdade, éramos um grupo de garotas muito bagunceiras e causávamos caos e problemas onde quer que fôssemos", disse Kozich. "De manhã, tínhamos que circular pelo campus em turnês de desculpas e pedir perdão por tudo o que tínhamos feito de errado."O nome, segundo ela, ganhou vida própria. "É o nosso nome há mais de 10 anos, e as pessoas nos perguntam: ‘Como estão as Sorry People?’", ela disse. "Acho que não poderíamos ter um nome diferente."De fato, muitos nomes que começaram em grupos de chat agora estão sendo usados em outros ambientes.O publicitário Tim Monaghan, 39, durante a pandemia criou um grupo de chat com seus melhores amigos chamado "Meet Me at Fanelli's" [encontre-me no Fanelli's], uma referência a um bar famoso no SoHo, em Manhattan. "Demos esse nome durante a pandemia", disse Monaghan, que mora em Brooklyn. "O Fanelli's é o lugar aonde sempre íamos, e estávamos sonhando com a possibilidade de voltarmos a nos reunir lá."Quando suas amigas Monica Khemsurov e Jill Singer (ambas integrantes do grupo) publicaram um livro chamado "How to Live With Objects" [como viver com objetos], em novembro de 2022, as autoras incluíram o nome do grupo na dedicatória. "Obrigado ao grupo de chat Fanelli's, que forneceu um fluxo constante de memes, fofocas e outras distrações, além do que parece ser uma eternidade de incentivo", escreveram.A escolha de um nome significativo para o grupo de chat pode ser uma maneira fácil de deixar os participantes felizes. "Eu sorrio toda vez que vejo nosso nome, o que significa que sorrio muito, porque o grupo de chat funciona o dia todo", disse Kozich.Mas escolher o nome errado nome pode ser uma fonte de ansiedade.Samantha Brinn Merel, 40, advogada especializada em espólios e testamentos em White Plains, Nova York, tem dois filhos —um no jardim de infância e outro na terceira série— em uma escola em Westchester. Cada classe tem um grupo de chat que envolve todos os pais daquela série, criado pela Associação de Pais e Mestres, e cada grupo leva o nome do ano de formatura dos alunos no ensino médio."Acabei de colocar minha filha de 5 anos no jardim de infância e agora, várias vezes ao dia, tenho que verificar em que ano ela vai se formar no ensino médio", ela disse, rindo. "Na verdade, não preciso ser lembrada de que meus filhos acabarão crescendo."Infelizmente, esse não é um daqueles grupos de chat nos quais qualquer pessoa pode mudar o nome. Tradução de Paulo Migliacci
2023-09-17 15:00:00
voceviu
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https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/09/a-fina-arte-de-batizar-grupos-em-aplicativos-de-troca-de-mensagens.shtml
Stripper dirige bêbada, faz xixi na calça, tenta seduzir policial e pede choque antes de ser presa
Uma stripper de nome Grace Spoonamore, 20, deu bastante trabalho para policiais de Brunswick, Ohio, após ser pega dirigindo bêbada, bater em outro carro e, posteriormente, se recusar a ser presa.O caso aconteceu em abril, mas as imagens foram disponibilizadas apenas agora, segundo o New York Post. Ao ser detida, a jovem primeiro debocha dos oficiais e tenta seduzir um deles ao chamá-lo de "homem bonito".Ao perceber que ele não cairia na dela, a moça se irrita com a situação. Ela começa falar coisas incoerentes, como o fato de precisar comer um bife que estaria dentro de uma embalagem no carro.Chorando, Grace chega a fazer xixi na roupa e depois sugere urinar no rosto do policial "caso ele goste". Após chutar a traseira da viatura e se recusar a dar o endereço onde mora e trabalha, ela é levada à delegacia.Ao chegar no local, se recusa a ficar parada e confronta policiais. "Você quer me dar um choque? Faça isso! Eu gosto disso. Eu gosto de algo excêntrico", diz.Mas é depois que os oficiais tentam colocar a mulher no carro de novo que ela se descontrola por completo. "Você vai me estuprar! Pare de tentar me estuprar", grita.A stripper foi acusada de dirigir sob efeito de álcool, excesso de velocidade e agressão a um policial. O valor da fiança ficou fixado em cerca de R$ 50 mil.
2023-09-17 12:00:00
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Frequência com que homens pensam no Império Romano vira meme
Com que frequência você pensa no Império Romano? Segundo uma trend que viralizou nas redes, homens pensam frequentemente sobre a antiga civilização. A corrente, que chegou a figurar nos trending topics brasileiros, traz vídeos de mulheres se surpreendendo ao perguntarem a amigos, parentes ou companheiros quantas vezes o período histórico passa pela cabeça deles. Alguns respondem que o hábito é semanal ou até diário. O assunto, então, rendeu uma série de memes.A perfil oficial do X, antigo Twitter, chegou a fazer a pergunta a seus seguidores. Elon Musk, dono da rede, respondeu que pensa no Império Romano todos os dias.Algumas pessoas elaboraram teorias sobre a nova descoberta.Outras disseram que preferem outras civilizações.Veja mais memes:
2023-09-17 12:19:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/hashtag/2023/09/frequencia-com-que-homens-pensam-no-imperio-romano-vira-meme.shtml
O melhor indicador de renda fixa só perdeu do CDI em 3 dos últimos 19 anos
Quando se fala em renda fixa, três letras se destacam, CDI. A maioria nem sabe o que significam as letras, mas se sentem seguras com elas. Apesar de ser o indicador mais acompanhado pelo mercado, ele não garante dois elementos importantes para investimentos de médio e longo prazo. Nesse sentido, outro indicador de renda fixa atende a estes critérios e ainda ganha do CDI no médio e longo prazo.A ansiedade em acompanhar o rendimento das aplicações com alta frequência é um dos maiores vilões dos investimentos. Ele leva investidores a decisões mais cômodas, porém menos eficientes.Por exemplo, o que você diria de um investimento de renda fixa que, entre 2003 e 2022, perdeu do CDI em 93 dos 228 meses? Ou seja, você diria que esta renda fixa que perdeu do CDI em 41% dos meses teria sido uma boa aplicação? E se eu disser que ela apresentou retorno mensal negativo em 62 meses, nesse mesmo período, ou seja, em 27% dos meses? Parece que esta aplicação nunca foi interessante, não é verdade?De fato, a questão central reside sobre o período adequado para avaliar os rendimentos e suportar a ansiedade das oscilações de curto prazo. A segurança não vem da ausência de oscilação, mas de dois critérios.Quando pensamos em indicador de renda fixa para o médio e longo prazo, ele deve atender a dois critérios: 1 – Garantir a recomposição do poder de compra, ou seja, ter uma referência na inflação; 2 – Garantir um juro real, ou seja, uma taxa de juros acima da inflação.Nesse momento, o CDI parece muito interessante, mas ele não atende a estes critérios. Já vimos que o CDI pode cair e apresentar retornos bem baixos.Nesse quesito, o IMAB-5, índice que reflete a média dos títulos públicos referenciados ao IPCA com vencimentos menores que 5 anos, atende aos critérios e ganha do CDI no médio e longo prazo.Adicionalmente, o fato de ser constituído por títulos com prazo de vencimento mais curtos, ele possui baixa volatilidade.Entretanto, mesmo com baixa volatilidade, ele foi o indicador de renda fixa citado acima por ter perdido do CDI em 41% dos meses entre 2003 e 2022.A resistência de investidores em adotar o IMAB-5 e aplicar em ativos atrelados a ele é a dificuldade de suportar a ansiedade da avaliação mensal. Muitas vezes até diária.Entre 2003 e 2022, o IMAB-5 rendeu 857,2%. Nesse mesmo período, o CDI rendeu apenas 573,6%.Portanto, o IMAB-5 se valorizou o equivalente a 149,4% do CDI. Nos 19 anos, apenas em 3 anos o IMAB-5 perdeu do CDI.Não incluí o ano de 2023 na amostra, pois ele ainda não acabou, mas acredito que o IMAB-5 também deve ganhar do CDI e da Selic.Segundo a Anbima, o rendimento do IMA-B5 está em 5,5% + IPCA. Este é o rendimento médio ponderado de títulos públicos com menos de 5 anos de vencimento. Consulte nesta planilha (link) os títulos que formam este índice.Com base no passado, existe uma grande probabilidade deste retorno superar o CDI nos próximos cinco anos.Entretanto, você terá de suportar vários meses com retornos abaixo do CDI. Para reduzir este impacto, há a possibilidade dos títulos privados, pois o rendimento destes é ainda melhor.Os títulos privados bancários como CDBs e os corporativos como debêntures, CRAs e CRIs têm um prêmio adicional em relação ao juro real de 5,5% ao ano. Adicionalmente, vários dos títulos corporativos ainda contam com isenção de IR.Portanto, para aqueles que preferem manter títulos de curto prazo, estas são boas escolhas para investimentos de médio e longo prazo.Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.Fale direto comigo no e-mail.Siga e curta o De Grão em Grão nas redes sociais. Acompanhe as lições de investimentos no Instagram.
2023-09-16 22:12:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/de-grao-em-grao/2023/09/o-melhor-indicador-de-renda-fixa-so-perdeu-do-cdi-em-3-dos-ultimos-19-anos.shtml
Sem elevar
A proposta de lei orçamentária enviada ao Congresso não deixa dúvidas de que a estratégia do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para atingir a meta de zerar o déficit orçamentário em 2024 depende quase exclusivamente de uma forte elevação de impostos.A projeção oficial de receita adicional é de exorbitantes e improváveis R$ 276,4 bilhões, que seriam obtidos por meio de um amplo conjunto de medidas legislativas, várias delas ainda em tramitação.Entre os exemplos, busca-se elevar a tributação de aplicações financeiras voltadas para grandes investidores. A medida provisória 1.184, que deve ser convertida em projeto de lei, elimina o diferimento de Imposto de Renda dos fundos de investimento fechados.A regra a ser mudada permite a cobrança de IR apenas quando há retirada dos recursos, o que na prática pode adiar por muitos anos a incidência. Com a alteração, a tributação será equivalente à de outras modalidades do mercado.O governo pretende obter R$ 13 bilhões em 2024 com a taxação do estoque de rendimento acumulado nos fundos fechados, fixando alíquota reduzida de 10% para recolhimento à vista. Adiante, o padrão será a cobrança de 15%.Já o projeto de lei 4.173 atinge aplicações financeiras, entidades controladas e trusts no exterior, com potencial estimado de R$ 7 bilhões. O princípio é o mesmo dos fundos fechados —acabar com a possibilidade de adiamento da cobrança sobre o rendimento financeiro.Nesse caso, há incentivo para pagamento voluntário dos ganhos acumulados, também com alíquota de 10%. Há opção de recolher mais tarde, conforme regras específicas, mas o gravame seria bem maior, de 22,5%.Ambas as iniciativas são defensáveis para corrigir distorções e tornar o sistema tributário mais progressivo, com peso maior sobre os contribuintes mais ricos. É preciso análise cuidadosa do Congresso, entretanto, para evitar consequências indesejadas.Desequilíbrio na cobrança local ante a internacional, por exemplo, poderá incentivar a fuga de capitais. Erros de calibragem poderão reduzir a base de incidência.Em todo caso, o objetivo central do governo deveria ser distribuir melhor, não aumentar ainda mais a já exagerada carga tributária.A dificuldade em obter os valores pretendidos é óbvia —mesmo que todas as medidas venham a ser aprovadas, a receita extra projetada pela Instituição Fiscal Independente (IFI) é de R$ 108,6 bilhões a mais em 2024, apenas cerca de 40% do que quer o Executivo.Se não houver disposição para controlar os gastos, o governo não apenas terá dificuldades quase intransponíveis para o ajuste fiscal como também perderá condições políticas de pedir mais impostos.editoriais@grupofolha.com.br
2023-09-16 22:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/09/sem-elevar.shtml
50 anos após o golpe
Às 11h52 do dia 11 de setembro de 1973, o Palácio de La Moneda, sede do governo chileno, era bombardeado por militares comandados pelo general Augusto Pinochet. Em poucas horas, o então presidente Salvador Allende cometeria suicídio —o que dava início a uma das ditaduras mais sangrentas da América Latina, só encerrada em 1990.Segundo a Subsecretaria de Direitos Humanos do país sul-americano, o regime fez mais de 40 mil vítimas, entre desaparecidos, executados, presos e torturados.Após a Segunda Guerra e até a queda do Muro de Berlim, o mundo viveu a polarização da Guerra Fria, em que EUA e URSS apoiaram disrupções políticas em países menos desenvolvidos para expandir o raio de alcance de suas ideologias.O temor do comunismo foi usado como artifício para destituir governos na América Latina, como no caso do Chile —que chega aos 50 anos do golpe em cenário político também polarizado.Gabriel Boric, presidente mais à esquerda desde Allende, enfrentou seu primeiro baque logo após a eleição, com a tentativa frustrada de implementar uma nova Constituição. O texto, militante em demasia, foi rechaçado pela eleitorado.Desde então, Boric tenta se equilibrar entre demandas por avanços sociais e pressões conservadoras contra a pauta de costumes.A direita radical do Partido Republicano está em ascensão. Obteve 22 das 50 cadeiras —e a direita tradicional, 11— da comissão responsável pela nova Carta. Ademais, o golpe militar de 1973 passa por um revisionismo canhestro, que tenta imputar a Allende a culpa pela violenta ruptura institucional.A tradicional UDI emitiu nota afirmando que o golpe era inevitável. Já José Antonio Kast, que criou o Partido Republicano e ficou em segundo lugar nas eleições de 2021, disse que "a primeira ditadura no Chile foi a de Salvador Allende".Boric rechaçou essa mistificação em seu discurso no evento que marcou a efeméride e tem sido voz crítica a regimes ditatoriais de esquerda na região, como os de Cuba, Nicarágua e Venezuela —que lideranças como Luiz Inácio Lula da Silva (PT) insistem em apoiar.A democracia chilena parece resguardada, com apoio popular, mas terá de buscar o entendimento e a retomada da trajetória de progresso econômico e social.editoriais@grupofolha.com.br
2023-09-16 22:00:00
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Opinião
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A dona de si mesma
Quando o nazismo caiu e Hitler se suicidou, Estados Unidos, Inglaterra, França e Rússia esfacelaram a Alemanha. Dividiram-na em protetorados. Não era mais nação. Ou país. Era escombro. Quem assumiu a tarefa de sua reconstrução, de seu autônomo retorno como país à comunidade da Europa e até viabilizou o proibido e impensável rearmamento militar foi um novo líder eleito. Em 1949, assumiu o democrático chanceler Konrad Adenauer. Teve sucesso. Mas como?Henry Kissinger estudou seis tipos de estratégias do poder. A estratégia da vontade, de De Gaulle. A do equilíbrio, de Richard Nixon. A da transcendência, de Anwar Al Sadat. A da excelência, de Lee Kuan Yew. A da convicção, de Margaret Thatcher. Já Adenauer escolheu a estratégia da humildade. Rosa Weber também.Exerceu-a plenamente na presidência do Supremo Tribunal Federal. Agora, na saída, a leva consigo. Vitoriosa em seus objetivos.No início, foi quase menosprezada. Era apenas um nome que veio do Sul, sugerido pelo ex-marido da presidente Dilma Rousseff (PT), que a apoiou e indicou. Tem parentes que vêm para o bem.Na sabatina do Senado, à luz dos holofotes transitórios, alguns senadores tentaram perguntas capciosas para evidenciar que ela não estaria preparada. Não teria saber jurídico suficiente. O saber do legalismo formal, indigesto e pantagruélico.Provou o contrário. E mais: que tinha caráter. Com humildade e tranquilidade, respondeu. Foi aprovada.Mais tarde, no julgamento do mensalão, um ministro lhe aparteou: "Não estou convencido". Rosa Weber então, com um sorriso desconcertante, apenas disse: "Eu não quero convencer vossa excelência, eu é que estou convicta". E assim revelou sua concepção do que é ser membro do Supremo. Seu ethos. Sua independência. Ser a dona de si mesma.Nestes anos, ninguém viu Rosa Weber fazer acordos. Combinar votos. Buscar maiorias. Mudar argumentos para parecer vencedora. Negociar. Foi apenas ela e somente ela. A dona de si mesma.Não disputou espaços internos. O que lhe importou foi seu gabinete e sua consciência.Não buscou outros poderes. Nem votou por eles ou contra eles. Não frequentou palácios. Não deu entrevistas. Não falou fora dos autos. Não fez parte de irmandades políticas ou doutrinárias. Não tem ambições financeiras. Mais Não foi terrivelmente evangélica, nem terrivelmente irreligiosa. Quando teve que divergir, divergiu. Não pretendia ser o centrão do Supremo. Não foi como "la donna" na ópera Rigoletto: "móvel como pluma ao vento".A estratégia da humildade percebeu que o individualismo reina na corte. Não ameaçou vaidades e planos pessoais. Buscou o colegiado, o institucional.E assim foi sendo; e foi liderando.A independência constitucional da Suprema Corte começa na independência pessoal de cada ministro. Na transparência e evidência das ambiguidades.Enfrentou duas patologias internas: o monocratismo e o abuso dos pedidos de vista de alguns ministros. Ambas levaram o Supremo a paradoxos. Em vez do devido processo legal, a imprevisibilidade decisória permeou muitas vezes. Em vez da estabilidade social e econômica, a incerteza jurídica se espraiou.A sociedade se deu conta disso desde 2014, pelo projeto "Supremo em Números". A opinião pública e a mídia vocalizaram. Professores e acadêmicos confirmaram. Advogados e políticos também. Passaram-se anos para começar a serem enfrentadas. Passaram-se oito anos para começar a serem enfrentadas. Mais Rosa Weber, com paciência, liderou novas regras. Uniu um Supremo dividido em reforma regimental difícil. Não como gostaria, mas avançou.No 8 de janeiro, constrangida, mas sem constrangimentos, foi muro protetor moral. Defendeu o Supremo do ataque insano. Dona de si própria, foi a necessária dona de todos os seus colegas.A estratégia da humildade deu o melhor resultado. Amadureceu o Supremo. Sem ativismos. O silêncio, às vezes urgente, é voz poderosa.Cabe agora a Luís Roberto Barroso e Edson Fachin continuarem seu legado. O que não é pouco.Mesmo porque, como diz o famoso poema de Gertrud Stein, "uma rosa é uma rosa é uma rosa". Mais TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-09-16 22:00:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/09/a-dona-de-si-mesma.shtml
Mais tribunais querem adiar a decisão sobre igualdade de gênero
Presidentes de 27 tribunais estaduais pediram ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça) retirar da pauta da sessão desta terça-feira (19) o julgamento sobre formas de incentivar a igualdade de gênero no Judiciário.Em nota técnica, o Conselho de Presidentes dos Tribunais de Justiça do Brasil (Consepre) adere à posição do TJ-SP, aprovada na última sessão do Órgão Especial por proposta do corregedor geral do Estado de São Paulo, desembargador Fernando Torres Garcia.O tribunal paulista pediu à presidente do CNJ, ministra Rosa Weber, o adiamento do debate para aprimoramento das propostas, permitindo que os tribunais se pronunciem individualmente acerca da minuta de resolução.A lista é encabeçada pelo presidente do Consepre, desembargador Carlos Alberto França (TJ-GO). O desembargador Ricardo Mair Anafe, presidente do TJ-SP, é um dos signatários. O ofício do TJ-SP foi assinado nesta quinta-feira. A nota técnica do Consepre, no dia seguinte.Dos 27 presidentes que assinam a nota, 6 são mulheres (comandam os tribunais do Rio Grande do Sul; Pará; Mato Grosso; Amazonas; Acre e Tocantins).O documento do Consepre cita o "silêncio eloquente" da Constituição sobre os critérios de gênero para a análise da antiguidade e merecimento. Afirma que "não compete ao CNJ a criação de novo princípio no preenchimento das vagas da magistratura de carreira para os tribunais de segundo grau".Haveria nova regra de promoção dos critérios de antiguidade e merecimento, com a determinação de elaboração de listas diferenciadas por gênero.O Consepre afirma que "a mudança do procedimento sem a devida orientação no ordenamento jurídico e nem período de adaptação pode ocasionar injustiças".O TJ-SP afirmou em sua nota que, "ao se pretender a formação de lista apenas de juízas mulheres, ao lado de outra, mista, permite-se a promoção, frise-se, por antiguidade, de magistrado com menos tempo do que outro, ferindo frontalmente o critério constitucional".Para evitar "o risco de consolidação de situações irreversivelmente injustas", o TJ-SP julga necessário "maior reflexão e debate do importantíssimo tema, que afeta profundamente a vida profissional e o ideal de carreira de todos os magistrados do país".Receba no seu email as notícias sobre o cenário jurídico e conteúdos exclusivos: análise, dicas e eventos; exclusiva para assinantes.Carregando...Magistradas e magistrados participantes do Movimento Nacional pela Paridade no Poder Judiciário redigiram uma "Carta Aberta à Sociedade Brasileira", manifestando "seu integral e irrestrito apoio à ação afirmativa proposta para alterar a Resolução nº 106/210 do CNJ.A carta já incorpora críticas à nota técnica do TJ-SP:"A título de exemplo, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo – que na presente data divulgou nota técnica assinada por seu Presidente e por seu Corregedor afirmando que inexiste discriminação de gênero naquele Tribunal – conta com apenas 10% de desembargadoras mulheres perante 90% de desembargadores homens em sua composição, parecendo patente a falta de perspectiva de gênero na realização de tal afirmação."O procedimento que será julgado no CNJ é o primeiro item da pauta. A relatora é a conselheira Salise Monteiro Sanchotene, supervisora do Comitê de Incentivo à Participação Institucional Feminina no Poder Judiciário do CNJ.Ela deverá apresentar parecer do jurista Daniel Sarmento, professor titular de Direito Constitucional da UERJ, intitulado "Mulheres no Poder Judiciário e Discriminação de Gênero: criação de política de ação afirmativa para acesso de juízas aos tribunais de 2º grau como imperativo constitucional".Sarmento entende que o CNJ detém competência para instituir, por ato normativo próprio, política para corrigir a grave assimetria entre os sexos na composição dos tribunais de segundo grau.
2023-09-16 19:44:00
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Injustiça elétrica
Na última década, a conta de luz residencial dos brasileiros subiu em média 38% acima da inflação. Boa parte desse expressivo aumento são encargos, que passaram de 6% da tarifa final em 2013 para 23% em 2022. O maior dos encargos, a CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), saltou de R$ 14 bilhões para R$ 32 bilhões no período —valor próximo ao orçamento do programa Bolsa Família em 2021. Esse expressivo aumento deve-se a políticas aprovadas por parlamentares que preferiram alocar os correspondentes custos na composição da tarifa, não no Orçamento da União. Evitam, assim, a "saia justa" de ter que reduzir outras despesas.O hábito de alocar custos de políticas públicas nas costas dos consumidores, e não dos contribuintes, infelizmente pegou. Hoje há no Congresso diversos lobbies atuando de forma articulada com alguns parlamentares para beneficiar poucos à custa de muitos. É o caso, por exemplo, da Geração Distribuída (GD): cerca de 3% dos consumidores beneficiados por sistemas fotovoltaicos recebem subsídios custeados pelos demais 97%. O subsídio inserido implicitamente nas tarifas já custa R$ 13 bilhões por ano —o equivalente a 40% do custo da CDE, com perspectiva de aumento por efeito das diretrizes estabelecidas em lei. O subsídio médio ao consumidor com GD é da ordem de R$ 370 por mês.No passado, quando os painéis solares eram muito caros, fazia sentido subsidiar alguns poucos que se dispusessem a fazer o investimento para testar a novidade. Porém, o preço caiu vertiginosamente (cerca de 90% em dez anos) e hoje já são cerca de 3 milhões de pessoas físicas e jurídicas que legitimamente se orgulham de produzir a própria energia de fonte renovável. Todavia, quase todas desconhecem que são parcialmente sustentadas pelos demais consumidores. Participam, assim, de um Robin Hood às avessas, ainda que involuntariamente.Há diversos outros subsídios que, tal como a GD, privatizam benefícios e socializam custos. Por isso, a conta de luz normal já não cabe no bolso dos consumidores mais humildes. Para esses existe a Tarifa Social de Energia Elétrica (TSEE), que beneficia com descontos tarifários cerca de 17 milhões de famílias com renda de até meio salário mínimo per capita cadastradas no CadÚnico. Mais Esse benefício, também sustentado pelos demais consumidores através da CDE, custará neste ano R$ 5,6 bilhões. Equivale em média a R$ 27 por mês para cada família pobre, quantia que fica cada vez menos relevante para contrabalançar a crescente elevação das tarifas por efeito de subsídios que não são mais necessários, como o que beneficia a GD.O resultado desse descompasso tarifário é chocante: uma empresa ou família com recursos para aderir à GD recebe em média 14 vezes mais subsídios do que uma família carente com direito à TSEE. Subsídios são frequentemente criados por ação de grupos de interesse. Às vezes fazem sentido. Com o passar do tempo, quando não fazem mais, são mantidos e majorados pela ação desses mesmos grupos. Na direção contrária, o Congresso deveria aprovar medidas para diminuir —não para aumentar— o cipoal de subsídios desnecessários que manietam a produtividade do país. Mais TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-09-16 22:00:00
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Ingrid Lana diz que nunca se envolveu com Antony e que bateu a cabeça em encontro com jogador
A bancária Ingrid Lana publicou uma nova nota neste sábado (16) sobre o caso envolvendo o jogador Antony. Ela afirma que nunca se envolveu amorosamente com o craque do Manchester United e que não houve nenhum tipo de relação consensual com ele.A nota foi enviada ao F5 pelos advogados de Ingrid. Segundo o texto, ela está muito abalada psicologicamente.Na versão da bancária, ela já estava em Lisboa quando Emerson, o irmão de Antony, a convidou para ir até Manchester. Ela diz que estava "acreditando que trataria exclusivamente de negócios financeiros e nada além disso". Mais "No local Antony tentou beijar Ingrid Lana que de pronto negou. Mediante a negativa, o jogador a empurrou, momento em que a nossa cliente bateu com a cabeça na parede. Como já informado por Ingrid, ela nunca se envolveu amorosamente com o jogador Antony, nunca foi amante do mesmo, constituindo apenas uma relação de amizade", diz a nota, assinada pelo advogado de defesa, Marcelo Maluf."Pelo laço de amizade entre Ingrid e o jogador, no primeiro momento ela o defendeu das acusações que o próprio sofreu", afirma outro trecho da nota. "Contudo, após ter o conhecimento do que aconteceu com a outra mulher envolvida, Ingrid decidiu se pronunciar, ficando ao lado daquela. É plausível e aceitável a alteração do posicionamento de uma pessoa frente a qualquer situação ou aos seus pares, assim como fez a Ingrid."A nota volta a afirmar que nunca houve nenhum tipo de relação consensual entre Ingrid e Antony e que a intenção, no momento, é se afastar da história. "Até o presente momento, Ingrid Lana não tem nenhuma pretensão de processar o jogador Antony, sendo que a sua única intenção é desvincular a sua imagem com a do atleta e para isso, já estão sendo tomadas as providências cabíveis", finaliza.Procurado pelo F5, o advogado de Antony afirma que o jogador nega as acusações, inclusive de agressão, e que não irá comentar a nota.
2023-09-16 19:49:00
voceviu
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https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/09/ingrid-lara-diz-que-nunca-se-envolveu-com-antony-e-que-bateu-a-cabeca-em-encontro-com-jogador.shtml
Para além de exercícios e alimentação saudável, leitores dizem como se preparam para a velhice
Nesta semana, a Folha perguntou aos leitores quais são as práticas que adotaram para se preparar para a velhice. Os assinantes citaram diversas ações que incluem as mais manjadas como o uso de protetor solar, os exames de rotina e as práticas esportivas, mas também buscas pessoais como evitar relações tóxicas, atualizar o conhecimento com cursos e desenvolver o lado artístico. Confira a seguir algumas das respostas.Fazendo exercícios, tentando ter amigos de longo prazo, comendo bem e investindo grana. Felipe Lima da Costa, 31 (Porto Alegre, RS)Faço terapia, evito relações tóxicas e planejo mudanças para um estilo de vida mais saudável. Silvia Regina de Almeida Negretti, 62 (Taboão da Serra, SP)Me levanto todos os dias às 5 horas da manhã, faço exercício até as 7h30, faço natação, não bebo, não fumo, tenho boa alimentação, acompanho minha saúde física e mental, tento me divertir, na medida do possível, tenho bom relacionamento com as pessoas, sou católico praticante, não deixo a peteca cair. Joaquim Pereira, 79 (São José dos Campos, SP)Aprendendo coisas novas, como cantar, mantendo minha saúde física em dia, com exercícios físicos 4 a 5 vezes por semana e praticando meditação para manter a saúde mental em boas condições. Financeiramente, procuro poupar para que possa desfrutar de uma velhice tranquila e com viagens constantes para conhecer lugares. Marcos Venturott Ferreira, 57 (Vila Velha, ES)Com uma educação continuada através de cursos de pós-graduação, fazendo atividade física frequente, acompanhamento médico, alimentação adequada, cercando-me de afetos da família e de amigos, mantendo as contas organizadas, controlando o stress com meditação, dança, caminhada e viagens. Sendo agradecida pela vida. Regina Lúcia Pereira de Assis Luz, 69 (Salvador, BA)Eu busco cuidar da minha pele e da minha saúde. Procuro estudar para assim ter uma velhice tranquila. Alícia Silva, 16 (Salvador, BA)Me reinventando, com atividade física, boa alimentação, leitura e atualização de conhecimento, retornando à criação artística, saindo, viajando, fazendo novos amigos. Marilena de Oliveira Costa Pini, 69 (São Paulo, SP)O cuidado mais atento com o corpo saudável demorou um pouco. Entrei na academia, procurei uma nutricionista. A bebida foi embora mais recentemente. Alexandrina Souza de Oliveira, 59 (São Paulo, SP)Prefiro viver mais enquanto o corpo está bem. Portanto, não vou me desgastar demais com carreira, trabalho e cuidados com a saúde que prolongam uma fase da vida que eu não queria prolongar. Vou ser feliz agora, porque se eu for esperar ter 65 anos para me aposentar e depois ir viver, creio que já vai ser tarde demais para fazer muita coisa. Troco um "futuro" que não faço questão por um presente mais animador. Janelso Rodrigues Sousa, 31 (Barueri, SP)Mantendo uma alimentação saudável e praticando exercício regularmente para evitar possíveis doenças e problemas de saúde, e guardando/aplicando meu dinheiro para aposentadoria para pagar um bom convênio médico e ter uma velhice sem muitas privações. Luísa Gonçalves Rosa Carbonell, 31 (São Paulo, SP)Reposição de vitaminas, hidratantes e protetor solar. Bruna Cristina Garcia, 38 (Cotia, SP)Cuidando basicamente da saúde, com alimentação no mínimo razoável, exercício (total 35 km de caminhada e 2,5 km de natação), precavendo-me quando possível em relação a finanças e mantendo a cabeça ativa dentro do possível. Vitor Luis Aidar dos Santos, 57 (Jaboticabal, SP)
2023-09-16 20:48:00
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Painel do Leitor
https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2023/09/para-alem-de-exercicios-e-alimentacao-saudavel-leitores-dizem-como-se-preparam-para-a-velhice.shtml
Não se trata de casos isolados, diz leitor sobre a violência da PRF
Bala perdida "Morre menina de 3 anos baleada em ação da PRF no RJ" (Cotidiano, 16/9). A PRF tem demonstrado em vários episódios que não se trata de casos isolados, seus agentes demonstram sempre um tipo de reação carregada de violência, de uma tensão que transmite despreparo ou uma diretriz genocida que contaminou a corporação. Merece uma auditoria urgente nas políticas internas dessa corporação, para muito além do seu alinhamento ideológico que todos sabemos qual é. Josefina Martins (São José dos Campos, SP)Até quando vamos tolerar a ação de uma polícia que mata inocentes e permanece impune? Quanta dor será necessária para reagirmos? Raimundo da Silva Mesquita (Sorriso, MT)Cortesia "Justiça de SP suspende lei que obriga água gratuita em restaurantes do estado" (Comida, 14/9). Essa lei seria ótima se a água fornecida pelas concessionárias fossem realmente potáveis. Do jeito que as águas brasileiras chegam às torneiras, o dono do restaurante tem de comprar água mineral para poder servir com segurança. Roberto Rangel (Juiz de Fora, MG)Desigualdade "USP é a melhor universidade em ranking da América Latina; Unicamp está em 3º" (Educação, 13/9). Sensacional a liderança da USP no ranking das universidades da América Latina. Inaceitável que o ascensorista pague para que o filho do dono do prédio estude lá. Luiz Carlos de Souza (São Paulo, SP)Direito de doar "A doação presumida de órgãos deve voltar a vigorar?" (Tendências/Debates, 16/9). As deputadas devem levar em consideração os princípios individuais de liberdade dos cidadãos brasileiros em vida, não após a morte. E mesmo que seja possível ser contrário à doação inserindo tal informação em documentos, é um atraso burocrático dada a complexidade das instituições governamentais. Imagine a fila e o transtorno numa sociedade presa a crenças populares. Os interessados em doar que se manifestem intimamente, e não sob presunção. Matheus Adrian Cardoso de Queiroz (Espírito Santo do Turvo, SP)É um absurdo uma pessoa decidir doar os seus órgãos e ser contrariada por familiares. Que se crie um instrumento, como autorização em CNH, RG, passaporte ou outro que a burocracia digital possa inventar. O meu corpo morto ainda é meu. A vida agradece e continua. Maria Ester de Freitas (Guarujá, SP)
2023-09-16 21:14:00
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Painel do Leitor
https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2023/09/nao-se-trata-de-casos-isolados-diz-leitor-sobre-a-violencia-da-prf.shtml
Homem é preso ao tentar invadir estábulo do Palácio de Buckingham
A polícia de Londres informou neste sábado (16) que prendeu um homem que tentava invadir os estábulos reais do Palácio de Buckingham."Às 1h25 de sábado, em 16 de setembro (21h25 de sexta-feira no horário de Brasília), agentes do Palácio de Buckingham interceptaram um indivíduo que escalava o muro para entrar nos estábulos reais", o Royal News, comunicou neste sábado (16) a Scotland Yard.O "homem de 25 anos foi detido por oficiais fora dos estábulos reais. Em nenhum momento o homem entrou no Palácio de Buckingham ou nos jardins do palácio", especificou a polícia. Mais Ele foi detido por "invasão de propriedade" e permanece preso em uma delegacia de Londres.Apesar da segurança reforçada, as tentativas de invasão no Palácio de Buckingham, residência real no centro de Londres, bem como no Castelo de Windsor, localizado a oeste da capital, não são poucas.O mais extraordinário aconteceu em 1982, em Buckingham, quando um homem, Michael Fagan, conseguiu entrar no quarto da rainha - que estava na cama.
2023-09-16 16:30:00
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https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/09/homem-e-preso-ao-tentar-invadir-estabulo-do-palacio-de-buckingham.shtml
Festival Chopin apresenta concertos, em São Paulo, com exímios pianistas
O Festival Chopin, que acontece desde 3 de setembro e será encerrado no dia 30, apresenta neste domingo (17), às 11h, no Theatro São Pedro, em São Paulo, o pianista polonês Kamil Pacholec.Kamil Pacholec, em 2016, venceu o 47º Concurso Nacional Polonês de Piano Fryderyk Chopin, em Katowice, na Polônia, abocanhando o prêmio de melhor execução de uma obra solo e de um concerto para piano de Chopin.Em 2018, o artista venceu o Concurso Internacional de Piano em Livorno, na Itália, recebendo o prêmio principal da Eppan Piano Academy, o "The Arturo Benedetti Michelangeli Prize", e foi semifinalista do 1º Concurso Internacional Chopin de Instrumentos de Época, em Varsóvia.No programa do concerto de domingo há composições de Leos Janacek, com "Sonata 1.X.1905"; Robert Schumann, com "Cenas da Floresta, op. 82"; e depois do intervalo; Frédéric Chopin, com "Polonaise em Fá sustenido menor, op. 44"; "Impromptu em Fá sustenido maior, op. 36"; "03 Mazurkas, op. 59" e "Andante Spianato e Grande Polonaise Brillante, op. 22".Assista, a seguir, ao vídeo, no qual Kamil Pacholec se apresenta, em Varsóvia, no 18th Chopin Competition.Dando continuidade ao Festival Chopin, no domingo (24), às 11h30, o brasileiro Eduardo Monteiro toca com um quinteto de cordas na Fundação Maria Luisa e Oscar Americano, em São Paulo. Em 1989 o pianista recebeu, por unanimidade, o 1º lugar no Concurso Internacional de Piano de Colônia, Alemanha, e prêmio de melhor intérprete de Beethoven. Monteiro toca com o quinteto do São Paulo Chamber Soloists formado por Alejandro Aldana, primeiro violino, Matthew Thorpe, segundo violino, Gabriel Marin, viola, Rafael Cesário, violoncelo, e Pedro Gadelha, contrabaixo.Encerrando o festival, no sábado (30), às 20h, terá a jovem pianista russa-armênia Eva Gevorgyan, no Teatro B32. Com apenas 19 anos, Eva rapidamente se estabeleceu como um dos talentos mais promissores no mundo pianístico. A artista tem 40 prêmios em concursos internacionais de piano e composição nos Estados Unidos, Alemanha, Itália, Espanha, Polônia e Rússia, incluindo o Primeiro Prêmio no Concurso Internacional de Piano de Cleveland para Jovens Artistas. Nesta mesma competição, recebeu um prêmio especial pela melhor interpretação de Bach. Por sua performance da música de Chopin, Eva Gevorgyan foi agraciada com o Grand Prix no Concurso Internacional de Chicago e laureada no Concurso Internacional de Piano de Moscou e no Concurso da Orquestra Nacional da Rússia, em 2021.Assista, a seguir, ao vídeo no qual a talentosa pianista Eva Gevorgyan interpreta, de Chopin, "Scherzo no 4 op. 54".Bons concertos!FESTIVAL CHOPINARTISTA Kamil PacholecQUANDO Domingo (17), às 11hONDE Theatro São Pedro, r. Barra Funda, 171, Barra Funda, São Paulo, tel. (11) 3661-6600QUANTO Ingressos em https://feverup.com/m/135382/seatingARTISTAS Eduardo Monteiro e Quinteto do São Paulo Chamber SoloistsQUANDO Domingo (24), às 11h30ONDE Fundação Maria Luisa e Oscar Americano, av. Morumbi, 4077, Morumbi, São Paulo, tel.(11) 3742-0077QUANTO Ingressos em https://www.concertosfmloa.com/ingressosARTISTA Eva GevorgyanQUANDO Sábado (30), às 20hONDE Teatro B32, av. Brig. Faria Lima, 3732, Itaim Bibi, São Paulo, tel.(11) 3058-9100QUANTO Ingressos em https://teatrob32.byinti.com/#/event/festival-chopin-eva-gevorgian
2023-09-16 12:47:00
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Concurso de miss 'ecológico' elege brasileira para ajudar a tornar o mundo verde
Na noite deste domingo (17), acontece em Taquari, no interior gaúcho, a coroação da nova Miss Eco Brasil. São 14 moças lutando pelo título, que vale vaga para disputar o mundial Miss Eco International, que deve acontecer no Egito, no início do ano que vem.As meninas estão cumprindo esta semana uma agenda de atividades culturais e turísticas, além de passarem por etapas de avaliação com a organização do concurso. Quem passa o posto nacional é a modelo paranaense Paula Assunção, 29, que ficou entre as 11 melhores do mundial, realizado em março. Mais Natural de Foz do Iguaçu (PR), Paula é uma veterana do mundo miss e hoje coleciona mais de dez títulos de beleza. Apaixonada por dança, ela também já foi bailarina, professora de balé e jazz e fez parte da seleção de ginástica rítmica de sua cidade natal.Nascido em 2015, o Miss Eco é conhecido por apoiar causas humanitárias, sociais e ambientais, tanto que seu lema é "Tornar o Mundo Verde". Podemos dizer que é um evento ESG, sigla em inglês para Meio Ambiente, Social e Governança –uma tendência bastante atual e forte no mundo corporativo em todo o planeta. As edições reúnem cerca de 50 candidatas de todo o mundo.A vencedora do mundial, embolsa US$ 10 mil (R$ 51 mil), sendo parte em dinheiro e parte em presentes e viagens, e tem a chance de receber um passaporte diplomático da ONU como embaixadora da Boa Vontade. A atual vencedora é vietnamita Nguyen Thanh Ha, que conquistou a oitava coroa do certame.Além dela, entre as vencedoras estão a eslovena Patricia Peklar (2015), a costarriquenha Natalia Carvajal (2016), a canadense Amber Bernachi (2017), as filipinas Cynthia Thomalla (2018) e Kathleen Paton (2022), a malaia Amy Tinie Abdul (2019) e a sul-africana Gizzelle Mandy (2021). Em 2020, não houve concurso por conta da pandemia de Covid-19.No Brasil, quem atualmente dirige a licença da competição é o gaúcho Maurício Oliveira, que trabalha com concursos de beleza desde 2014. Segundo ele, a equipe nacional tem mais de 20 parceiros e profissionais de diferentes áreas, que ajudarão na preparação da nova miss para o Egito.Candidatas Miss Eco Brasil 2023:Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Fábio Luís de Paula é jornalista especializado na cobertura de concursos de beleza, sendo os principais deles o Miss Brasil, Miss Universo, Miss Mundo e Mister Brasil. Formado em jornalismo pelo Mackenzie, passou por Redações da Folha e do UOL, além de assessorias e comunicação corporativa. Contato ou sugestões, acesse instagram.com/defaixaacoroa e facebook.com/defaixaacoroa
2023-09-16 11:57:00
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https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/de-faixa-a-coroa/2023/09/concurso-de-miss-ecologico-elege-brasileira-para-ajudar-a-tornar-o-mundo-verde.shtml
A doação presumida de órgãos deve voltar a vigorar? SIM
O Brasil acompanhou a angústia do apresentador Fausto Silva à espera de um transplante cardíaco. Era caso urgente. Felizmente, o órgão foi recebido de maneira célere, seguindo os critérios legais de priorização.Para minimizar essa espera, apresentamos na Câmara dos Deputados, em abril deste ano, o projeto de lei 1.774/2023, que prevê o consentimento presumido para doação de órgãos no Brasil. Nossa principal intenção é diminuir a fila para doação, que atualmente soma 65 mil pessoas, segundo dados do Ministério da Saúde. Este número é um dos maiores dos últimos 25 anos. Dessas, 386 estão à espera de um coração, de acordo com o Sistema Nacional de Transplantes (SNT).Nossa proposta altera a lei 9.434, de 4 de fevereiro de 1997, que dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento. A matéria tramita com pedido de urgência e ganhou força nesta semana com o apoio público da esposa do apresentador Faustão, Luciana Cardoso, e do filho João Silva. Eles estiveram em Brasília fazendo coro à proposta, sensibilizando os parlamentares.Segundo o projeto de lei, aquele cidadão que não desejar dispor de seus órgãos deverá registrar em documento público de identidade. A manifestação de vontade pode ser alterada e comunicada ao SNT a qualquer momento. Quando houver mais de uma manifestação de vontade, prevalecerá a mais recente. Se o potencial doador não tiver documento de identidade, caberá à família decidir. Quando for menor de 16 anos ou pessoa com deficiência mental, necessitará de autorização prévia de parente. Atualmente, a lei exige autorização de cônjuge ou parente maior de idade, até o segundo grau, para a retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas falecidas para transplantes.O Brasil é referência no assunto. Somos o segundo maior transplantador do planeta em números absolutos, ficando atrás apenas dos EUA. Mais Segundo o governo federal, no primeiro semestre deste ano foram realizados 206 transplantes de coração no país. O número representa um aumento de 16% na comparação com a primeira metade de 2022, mas ainda é muito aquém.Existe uma única lista de transplantes no país, gerida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e sob responsabilidade do Ministério da Saúde. Todas as pessoas que precisam de uma doação vão para essa mesma fila. Dados do SNT mostram que, depois do rim, a fila é maior por córneas, fígado, pâncreas e coração.Desde a pandemia, o país enfrenta uma situação crítica na área de transplantes. Levantamento da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) aponta que, no ano passado, no estado de São Paulo, 214 entraram na fila de espera por um coração, mas 43 morreram antes do transplante —uma taxa de mortalidade de 20%. No Brasil, das 432 pessoas que entraram na fila de um coração novo, 105 (24%) morreram antes de receber o transplante. Mais Os órgãos doados vão para pacientes que necessitam de um transplante rápido e estão aguardando em lista única, definida pela Central de Transplantes da Secretaria de Saúde de cada estado e controlada pelo SNT.No Parlamento, há atualmente 57 projetos de lei que tratam da doação de órgãos no Brasil. A maioria deles pretende deixar explícita a vontade de quem deseja doar órgãos. Como parlamentares, iremos lutar para que nossa proposta tenha apoio necessário dos deputados e senadores e seja aprovada, o quanto antes, para reduzir a fila e salvar mais vidas.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-09-15 22:00:00
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Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/09/a-doacao-presumida-de-orgaos-deve-voltar-a-vigorar-sim.shtml
Use com moderação
Faz parte da sabedoria ancestral acautelar os poderosos para que utilizem de suas prerrogativas com parcimônia. Na tradição, a maldição divina ameaçava com desgraças os que cometiam excessos. Nas democracias modernas, a arquitetura dos Poderes independentes pratica a função fiscalizadora.Esse arranjo institucional legitima todas as decisões e resolve a maioria dos conflitos, mas não todos eles. Considere-se, na organização política brasileira, a atribuição do Supremo Tribunal Federal de deter o monopólio da palavra final em matéria de aplicação da lei.A faculdade dos 11 ministros de "errar por último", como dispõe o chiste, por vezes transforma julgamentos da corte, como o que corre sobre acusados pelo ato antidemocrático de 8 de janeiro, numa linha de fronteira com o descomedimento. Evitar cruzá-la depende sobretudo do bom senso e da diligência dos próprios juízes.Faz disparar um alerta a esse respeito a fotografia das três primeiras condenações, com penas que variam de 14 a 17 anos de prisão.A exposição das provas, em meio ao contraditório, deixa poucas dúvidas sobre a participação dos três nas invasões e depredações daquele domingo. A motivação política dos réus de derrubar o governo legitimamente eleito, embora inexequível, também foi convincentemente arguida pela Procuradoria.A extensão das penas, contudo, está desalinhada do papel subalterno desempenhado pelos acusados naquele evento. Nenhum deles exerceu relevante função de liderança, financiamento ou organização no ataque vândalo. São réus mal remediados, ademais pessimamente defendidos por advogados oportunistas e desqualificados.O risco é o Supremo pôr-se a demonstrar força contra "bagrinhos" e deixar para depois, à sombra da incerteza, a responsabilização dos peixes grandes, capazes de custear bancas advocatícias de prestígio e apoiar-se em redes de influências.Não ajuda a afastar esse risco o fato de o ministro Dias Toffoli, em decisão recente e independente, ter favorecido a derrubada de provas de corrupção da Lava Jato que lastreiam indenizações bilionárias ao erário, além de ações judiciais e administrativas contra plutocratas.A corte constitucional e seus ministros foram alvos constantes do autoritarismo de Jair Bolsonaro (PL) enquanto ele governou. O tribunal destacou-se na defesa do Estado democrático de Direito e precisa agora dar uma resposta firme aos amotinados do 8 de janeiro, para que a aventura não se repita.Essa resposta, entretanto, não pode se confundir com acerto de contas políticas nem recair em exageros de punição. A democracia brasileira é pujante e prescinde de vingadores para assegurá-la.editoriais@grupofolha.com.br
2023-09-15 22:00:00
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Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/09/use-com-moderacao.shtml
O CDI não pode ser meta de rentabilidade mínima em seus investimentos
A maioria dos investidores persegue o CDI como retorno alvo de seus portfólios. Entretanto, ele não atende aos critérios necessários de uma meta atuarial. Portanto, aqueles que usam esta estratégia correm sério risco de não atingirem o objetivo desejado.Primeiro vamos entender o que é a meta atuarial, pois percebi que este conceito não é comum a todos.Meta atuarial é um termo, usualmente, utilizado no mercado previdenciário.No ambiente previdenciário, existe um passivo representado pelo conjunto de fluxos de caixa devidos ao beneficiário de aposentadoria. Também existe um ativo, formado pelos investimentos que devem atender àquele passivo futuro.No escopo individual, seu passivo é formado pelo seu conjunto de objetivos financeiros de curto, médio e longo prazo. Já os ativos são todos os seus investimentos financeiros e imobiliários.A meta atuarial é a rentabilidade mínima ou requerida que faz com que o ativo seja capaz de honrar os fluxos necessários aos seus objetivos.Depois de meu último artigo, recebi alguns e-mails de leitores questionando qual deveria ser a meta atuarial a utilizarem.Alguns leitores perguntaram se o CDI poderia servir como esta rentabilidade mínima.O CDI não é adequado como meta atuarial. Portanto, também não é um indicador interessante para avaliação de seu portfólio no longo prazo.O CDI é um indicador financeiro que pode, como já vimos no passado recente, ter rentabilidade tão baixa quanto 1,9% ao ano, ou seja, significativamente menor que a inflação.Portanto, não é possível dizer quanto o CDI deve apresentar retorno acima do IPCA no futuro.Uma meta atuarial deve ser uma rentabilidade acima de um indicador que mensure a perda de poder de compra do dinheiro, ou seja, acima da inflação. Isso ocorre, pois tudo o que você planeja como custo, no futuro subirá de valor com a inflação. Logo, se o ativo sobe apenas a inflação, ele não está adicionando valor, mas apenas recuperando a perda de valor do dinheiro.Assim, sua meta atuarial e indicador para avaliar o desempenho de sua carteira deve ser uma taxa de retorno acima do IPCA.Adicionalmente, com o CDI não é uma taxa conhecida e fixa possível de se estabelecer cálculo para longo prazo. Não se conhece quanto será o CDI em 2 anos. Ele pode cair para 8% ao ano e comprometer um cálculo que considerava um ganho de juros real por 20 anos. Logo, o CDI também é inadequado neste critério.A rentabilidade meta deve ser estimada para um longo horizonte tendo em vista, seu patrimônio atual, seus objetivos financeiros e sua capacidade de poupança periódica. Ou seja, a meta atuarial pode ser encarada como a taxa mínima que faz com que seu planejamento financeiro seja coerente e precisa ser conhecida para ser perseguida.Caso você não tenha um planejamento financeiro, ainda assim, você pode e deve definir uma meta mínima para seus investimentos. Também neste caso, o CDI continua inadequado como métrica para o longo prazo, pois ele não garante que você terá retorno suficiente para cobrir a inflação.Como regra geral, se você deseja ser conservador na definição de sua meta, considere uma taxa equivalente a 80% da taxa de juros real, ou seja, acima da inflação atual. Portanto, uma taxa de 4% acima do IPCA pode servir àqueles mais conservadores.Para os mais arrojados, é possível utilizar um rendimento de 20% acima da taxa real de títulos públicos. Assim, IPCA+6% ao ano poderia ser um rendimento objetivo mínimo.Como exemplo, no Brasil, muitas entidades de previdência privada possuem metas atuarias de 4,5% ao ano acima da inflação.Conforme escrevi no passado, o principal índice de ações brasileiro, o Ibovespa e o principal índice de ações americano, o S&P 500, apresentaram nos últimos 20 anos retorno real, ou seja, acima de suas respectivas inflações de menos de 5,5% ao ano. Isso já considerando dividendos.Atualmente, há muitos títulos de renda fixa privados, como CDBs, debêntures, CRIs e CRAs com rendimento acima de IPCA+6% ao ano. Portanto, vivemos um ambiente interessante para travar na renda fixa um retorno de longo prazo capaz de superar sua meta atuarial.Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.Fale direto comigo no e-mail.Siga e curta o De Grão em Grão nas redes sociais. Acompanhe as lições de investimentos no Instagram.
2023-09-15 22:24:00
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Cantora Bia Goes faz show neste sábado em São Paulo
A cantora, compositora e professora Bia Goes apresenta neste sábado (16), às 21h, no Sesc Belenzinho, em São Paulo, o show de seu álbum "Nosso Chão".Há muito que Bia Goes tem a música como sua companheira de vida. Além de professora de canto popular no Conservatório Dramático e Musical Dr. Carlos de Campos, em Tatuí (SP), a artista é filha da exímia pianista e arranjadora Silvia Goes e do multi-instrumentista e compositor Arismar do Espírito Santo, pais do contrabaixista, compositor e também arranjador Thiago do Espírito Santo.No show de sábado Bia será acompanhada por seu marido, Ricardo Valverde (vibrafone e direção musical), Cauê Silva (percussão) e Marcos Paiva (contrabaixo), contemplando ritmos brasileiros e zuelas (cantigas) aprendidas no candomblé Angola, que retratam a beleza do canto para os orixás."Nosso Chão" (2022) é o terceiro álbum lançado pela cantora que anteriormente gravou "Bia Goes - Todo Mundo Quer Dançar Baião" (2013) e "Três em 3x4" (2011). Trabalhos que foram mostrados em shows realizados no Brasil, Itália e Portugal com muito sucesso.Bom show!SHOW ‘NOSSO CHÃO’ARTISTA Bia GoesQUANDO Sábado (16), às 21hONDE Sesc Belenzinho, r. Padre Adelino, 1000, Belenzinho, São Paulo, tel. (11) 2076-9700QUANTO De R$ 12 a R$ 40
2023-09-15 19:15:00
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Leitores lamentam morte de Fernando Botero
Fernando Botero "Morre Fernando Botero, pintor de figuras gordas que desafiou padrões de beleza" (Ilustrada, 15/9). Um gênio maravilhoso, sua pintura revolucionou as artes plásticas. Que tristeza. A cultura mundial está de luto. Maria Antonia Di Felippo (Santo André, SP)Botero e Gabriel García Márquez são símbolos de uma época de ouro da cultura colombiana. Carlos Oliveira (São Paulo, SP)Condenação "STF condena a até 17 anos de prisão primeiros réus julgados por ataques golpistas de 8/1" (Política, 14/9). Além do caráter pedagógico, a condenação a duras penas de três réus por crime de golpe de Estado, o Supremo Tribunal Federal (STF), por maioria de votos, dá um claro recado àqueles que ousam atentar contra o Estado Democrático de Direito. A sociedade brasileira comprometida agradece. Geraldo Tadeu Santos Almeida (Itapeva, SP)Governo "Datafolha: Lula tem aprovação estável de 38%, e reprovação sobe para 31%" (Política, 14/9). Eleitores da esquerda estão de orelha em pé com a agenda liberal de Haddad. Funcionalismo, educação e setores mais vulneráveis do país, que formam a base do PT/Lula, estão com sentimento de que foram deixados de lado por uma agenda que não foi a apresentada nas eleições. Matias Santos (Acopiara, CE)Lula e Bolsonaro são os piores. O povo conhecia as fichas e mesmo assim votou neles. Não há mérito em aceitar a corrupção, qualquer que seja o lado. O futuro do país está comprometido e vamos pagar caro pelas más escolhas. Matheus Teodoro Silva Filho (Curitiba, PR)Temos ainda o efeito comparativo com o governo anterior. Se fosse olhar só a economia, teria que ter maior aprovação. Se fosse comparar com o governo anterior, mais ainda. Mas a resistência dos bolsonaristas, que são em grande número, atribuindo qualquer problema ao PT, mesmo coisas não resolvidas pelo seu mito, vai continuar puxando para baixo a aprovação por um bom tempo. Maria José de Araujo Costa (Santos, SP) Mais País dividido "Datafolha: Polarização entre petistas e bolsonaristas segue intacta quase 1 ano após eleição" (Política, 14/9). Para mim, particularmente, não vai acabar, porque quem é adepto dos valores bolsonaristas eu quero muito longe de mim. Porque vai muito além da política, é questão de visão de mundo, de caráter. Não sinto a menor falta das pessoas com quem rompi e não tenho a menor intenção de tê-las novamente em meu círculo de amigos. Inclusive familiares. Marli Miranda Vieira (São Paulo, SP)Bolsonaro, Lula e seus respectivos seguidores têm muito em comum e estão unidos no nefasto bolsopetismo. O bolsopetismo é altamente nocivo para o país e há uma total falta de esperança de que algo possa melhorar. Jorge Rodrigues (Rio de Janeiro, RJ) Bagagem cultural "Advogado confunde ‘O Pequeno Príncipe’ com ‘O Príncipe’ em julgamento do 8/1; entenda" (Política, 15/9). Se ele confunde "O Príncipe" com "O Pequeno Príncipe", imagina que livro ele deve estar lendo pensando que é a Constituição ou o Vade Mecum para "aprender" sobre direito. Joao Victor de Oliveira Pontes (Fortaleza, CE)Excelente reportagem, além da referência correta de Discorsi, o jornalista brinca com os temas dos dois livros. Marina Lisboa de Mello (Belo Horizonte, MG)Administração "Cuba diz que não tem como pagar dívida com Brasil e pede flexibilidade de governo Lula" (Mundo, 14/9). Por ingenuidade ideológica ou má-fé o Brasil emprestou dinheiro dos brasileiros a Cuba, cientes que esse país não tem/tinha capacidade para honrar seus compromissos. Ficamos no prejuízo com a eterna justificativa de bloqueio ao país. Era previsível. Uma falha gritante da administração federal. Ângela Luiza S Bonacci (São José dos Campos, SP) Mais Ordem na medicina "Após CFM liberar selfies, médicos atendem com dancinhas do Tiktok" (Flávia Boggio, 13/9). Vergonhosa esta atitude do CFM assim como o foi, conjuntamente aos CRMs, a respeito da liberdade dos médicos ao receitarem medicamentos para tratamento da Covid sem qualquer amparo científico. Representantes do CFM e CRMs deveriam ser investigados pelo MPF para serem devidamente responsabilizados pelos danos coletivos na área de saúde pública caso haja necessidade. Eduardo Passos (São Paulo, SP)
2023-09-15 19:07:00
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Painel do Leitor
https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2023/09/leitores-lamentam-morte-de-fernando-botero.shtml
Mister International 2023: Modelo com cidadania nigeriana defende o Brasil; veja os 36 candidatos
No próximo domingo (17), acontece em Bancoc, na Tailândia, a 15ª edição do Mister International. Quem defende o Brasil no mundial masculino é o modelo e professor de inglês Edward Taiye Ogunniya, 32, que foi um dos finalistas do Mister Brasil CNB 2023.O grupo de 36 candidatos do mundo todo já está confinado no país asiático, onde participam de provas preliminares e cumprem uma agenda de compromissos de divulgação.O show da final será transmitido ao vivo pelo Youtube, e deve exibir desfiles em trajes típicos, de banho e gala, além da tradicional pergunta no palco para os finalistas. Na ocasião, quem se despede do posto mundial é o modelo Emmanuel "Manu" Franco, 22, titular de 2022 e primeiro vencedor da República Dominicana no concurso. Mais O Brasil já venceu a disputa em duas ocasiões: a primeira em 2007, com Alan Martini, e a segunda, em 2011, com Cesar Curti. Se vencer, portanto, Edward quebra um jejum de 12 anos sem vitórias brasileiras.Natural de São Paulo, o rapaz tem também cidadania nigeriana, pois seu pai é nascido no país africano. Além de Brasil e Nigéria, Edward já morou também na Alemanha e no Egito. Por aqui, ficou um tempo em Manaus, por isso representou o estado do Amazonas na competição nacional. Uma curiosidade sobre o Mister Brasil, é que ele tem um irmão gêmeo não-idêntico.O Mister International foi criado em 2006 pelo empresário Alan Sim, de Singapura, e é considerado um dos principais concursos mundiais de beleza masculina em atividade. O vencedor trabalha com a organização, participando, ao longo do ano, de eventos, trabalhos sociais, de modelo e publicidade.Além de Franco, entre os últimos vencedores estão o vietnamita Trịnh Bao (2018), o coreano Seung Lee (2017), o libanês Paul Sakndar (2016), o suíço Pedro Mendes (2015) e o filipino Neil Perez (2014). Vale lembrar que em 2019, 2020 e 2021 não houve concurso por conta da pandemia de Covid-19.Os concursos de beleza masculinos ganharam visibilidade nos anos 1990, com o surgimento do Manhunt International (1993) e do Mister Mundo (1996). Depois vieram o Mister International (2006) e o Mister Global (2014). Já em 2016, essa indústria se movimentou com o surgimento do Mister Supranational.O Concurso Nacional de Beleza (CNB), comandado pelos irmãos Henrique e Marina Fontes, elege o Mister Brasil CNB desde 2007 e é responsável por enviar representantes brasileiros a todos estes cinco eventos. Mais Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Fábio Luís de Paula é jornalista especializado na cobertura de concursos de beleza, sendo os principais deles o Miss Brasil, Miss Universo, Miss Mundo e Mister Brasil. Formado em jornalismo pelo Mackenzie, passou por Redações da Folha e do UOL, além de assessorias e comunicação corporativa. Contato ou sugestões, acesse instagram.com/defaixaacoroa e facebook.com/defaixaacoroa
2023-09-15 15:00:00
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https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/de-faixa-a-coroa/2023/09/mister-international-2023-modelo-com-cidadania-nigeriana-defende-o-brasil-veja-os-36-candidatos.shtml
É preciso não depender das big techs, afirma pesquisador de plataformização do trabalho
Dados do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) apontam que o Brasil tem ao menos 1,7 milhão de trabalhadores na economia de plataforma [gig economy, no termo em inglês], ou seja, que trabalham para apps de entregas e de transporte por aplicativo, dentre outros.A pandemia e a crise econômica aumentaram esse número, que é subdimensionado, uma vez que há trabalhadores "invisíveis" em fazendas de cliques ou de treinamento de ferramentas de inteligência artificial.Em maio deste ano, o governo criou um grupo de trabalho para discutir a regulamentação das atividades por aplicativos de entrega e transporte, como iFood, Uber, 99 e outros.Após quatro meses de negociação, não se chegou a um consenso. Em reunião nesta terça-feira (12), representantes dos profissionais de entrega deixaram o local em discordância com as propostas apresentadas pelas empresas. Há ameaças de paralisação.O #Hashtag entrevistou o pesquisador Rafael Grohmann, professor de Estudos Críticos de Plataformas da Universidade de Toronto, no Canadá, especialista em plataformização do trabalho e que integrou conversas desse grupo de trabalho."Eu não tenho esperança de que a gente vai conseguir uma regulação adequada. O lobby das empresas, que envolve a estratégia de comunicação, a limpeza de imagem, as portas giratórias [funcionários de empresas no governo], é muito forte em termos de levar a opinião pública para o lado delas", afirma.Grohmann é líder do DigiLabour e do Observatório do Cooperativismo de Plataforma e pesquisador do projeto Fairwork, que lançou um relatório no mês de julho sobre as condições de trabalho no Brasil.O que o projeto Fairwork constatou? O projeto Fairwork avalia 38 países com o princípio de trabalho decente. A América Latina é a pior região na pontuação das plataformas. Isso ressoa nas ruas, nos debates em relação à regulamentação, especialmente na remuneração, do quanto não se considera os custos para o trabalho, como internet e manutenção de veículos.O tempo de espera é uma discordância entre o que pensam os trabalhadores e o que pensam as empresas. Para as empresas conta só o tempo efetivo que o trabalhador começa uma corrida e o momento que termina. Para os trabalhadores o tempo que ficam esperando conta como tempo de trabalho, afinal, têm que estar disponível.Qual é o perfil desses trabalhadores? Existem diferentes perfis, a depender do setor e do país. No Brasil, por exemplo, os entregadores em geral são jovens, negros, homens. No trabalho doméstico, mulheres, que também são maioria nas fazendas de cliques e nas anotações de dados para inteligência artificial.Trabalhadores e motoristas são a ponta do iceberg da plataformização do trabalho, que envolve quem trabalha na casa de outras pessoas, anotação de dados para inteligência artificial, revisão de conteúdo, fazendas de cliques, entre outras.Influenciadores e criadores de conteúdo também dependem das plataformas. Há um movimento das trabalhadoras sexuais. No Brasil se fala muito do Only Fans. A plataformização do trabalho vale para toda atividade, independente da plataforma. Em termos geopolíticos, a gente tem observado que a maior parte das plataformas são do Norte e a maior parte dos trabalhadores, do Sul.No começo do ano, quando o ChatGPT tinha acabado de ‘viralizar’, descobriu-se que a OpenAI usava trabalhadores no Quênia para treinar a ferramenta, pagando menos de dois dólares por hora. Já vinha há algum tempo esse reconhecimento de que a inteligência artificial não era tão artificial, que dependia de trabalho humano. Não dá para dizer que é inteligente um algoritmo com um carro automático que atropela mais pessoas negras do que brancas por racismo algorítmico.Está vindo do Quênia o primeiro sindicato dos moderadores de conteúdo. Tem algo acontecendo em termos de como os trabalhadores estão se organizando. A Amazon Mechanical Turk, que é a plataforma mais conhecida de anotação de dados para IA, criada pelo Jeff Bezos em 2005, reconhecia que há trabalhadores humanos na inteligência artificial. Isso resultou no sindicato dos trabalhadores da Amazon. Mais O ano de 2023 ficará marcado como o da popularização da inteligência artificial. Qual o impacto disso?Antes era uma questão de nicho e agora massificou essa preocupação de quem são esses trabalhadores. No Brasil, por exemplo, os que alimentam inteligência artificial não estão contemplados na regulação do trabalho por plataformas. O governo federal está focado em entregadores e motoristas. Ou se dá condições para eles executarem o trabalho de maneira digna ou isso vai trazer bancos de dados de IA cada vez piores.O quanto a gente imagina que a IA funciona como algo perfeito tem a ver com certo imaginário quase hollywoodiano, desde os "Jetsons" até "Her" [filme de 2013 com Joaquin Phoenix], de como a mídia acaba criando uma visão distorcida de IA. Tem um site muito legal chamado Better Images of AI [imagens melhores de IA, em tradução livre], que reconhece que a maior parte das imagens de IA são irrealistas, e se compromete a criar uma imagem mais realista sobre IA. Isso ajuda no processo de popularização, de saber como as coisas funcionam.Qual o cenário da regulação dessas plataformas hoje?No Brasil, a primeira questão é como se enquadra, porque tem a regulação das plataformas de mídias e a regulação do trabalho de plataformas. A segunda questão é conceitual.Plataformas são empresas, não é só uma questão tecnológica ou de intermediação, mas de subordinação e controle de trabalhadores. No Brasil, criou-se um GT [grupo de trabalho] entre governo, trabalhadores e empresas para discutir essa questão e tentar chegar a consensos. Mas esses consensos não estão sendo criados. Tem muita pressão, principalmente por parte das empresas, para ficar numa regulação mínima, ou que seja focada numa questão previdenciária, sem entrar em direitos trabalhistas.Eu não tenho esperança de que a gente vai conseguir uma regulação adequada. O lobby das empresas, que envolve a estratégia de comunicação, a limpeza de imagem, as portas giratórias [funcionários de empresas no governo], é muito forte em termos de levar a opinião pública para o lado delas.Há alternativas além da regulação?A gente tem batalhado para dizer que a regulação é importante, mas não basta. É preciso construir circuitos para não depender das big techs, que têm sido chamados de cooperativismo por plataforma [ou plataformas controladas por trabalhadores, ou plataformas alternativas]. Tem acontecido isso no mundo todo, desde plataformas de streaming cooperativas até federação de cooperativas de entregadores de aplicativos na Europa compartilhando o mesmo software para ser atendido pela cooperativa.Algumas cidades, como o Rio de Janeiro, têm criado seu próprio Uber. Isso é uma solução?Há um certo fetichismo tecnosolucionista "vamos criar um aplicativo e a gente resolve os problemas da nossa cidade". Não é assim que as coisas funcionam.É preciso pensar o papel do Estado em relação ao apoio ao cooperativismo de plataforma. Não é o Estado tendo propriedade dessa plataforma, mas em como ele pode impulsionar essa questão. Um dos problemas da economia de plataforma é o efeito de rede, que as pessoas vão todas para um aplicativo só.A resposta cooperativa para isso não é cada um tendo seu próprio aplicativo, mas construir federações e infraestruturas compartilhadas. O Brasil pode ser pioneiro. O mundo todo está discutindo regulação e pouca gente está discutindo alternativas que não dependam de big tech. E o país tem um histórico forte em economia solidária, cultura livre, software livre, não está nascendo em terra arrasada, tem um parque tecnológico gigantesco nas universidades públicas.E como está a organização dos trabalhadores?Essa organização é sempre complexa e contraditória. Um exemplo é as fazendas de cliques, um setor com trabalhadores na informalidade. As pessoas descobriam essas plataformas por meio de canais no YouTube, com coaches com o discurso de "ganhe dinheiro fácil". Certo dia um desses coaches fez um vídeo convocando uma greve. Isso mostra que onde não há nenhuma organização surge uma.Num momento de plataformização dos protestos, você tem uma série de mobilizações de trabalhadores com muito barulho, mas não necessariamente resulta em organização de trabalhadores, algo que é mais lento, mais invisível. Existe um desafio de como se pensar um sindicalismo renovado e de como reconhecer as diferentes formas de organização de trabalhadores para além dos sindicatos tradicionais, que foi emergindo nos últimos anos, como coletivos e associações.RAIO-XRafael Grohmann, 35, natural de Guaratinguetá (SP). É professor de Estudos Críticos de Plataformas da Universidade de Toronto, no Canadá. Atualmente coordena projetos sobre plataformas de propriedade de trabalhadores e interseccionalidades na América Latina e sobre políticas públicas para plataformas e economia solidária na América Latina. É autor dos livros "Os Laboratórios do Trabalho Digital" (Boitempo, 2021) e "Trabalho por Plataformas Digitais: uma introdução crítica" (Edições Sesc, no prelo).
2023-09-15 11:19:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/hashtag/2023/09/e-preciso-nao-depender-das-big-techs-afirma-pesquisador-de-plataformizacao-do-trabalho.shtml
O golden shower de Otaviano Costa e Flávia Alessandra
Dia desses perguntei sobre golden shower num grupo de zap e a minha amiga toda ligada nos fetiches avisou: "Mijo é o novo pack do pezinho". Ela me garantiu, com seu faro para tendências de putaria, que a chuva dourada vem caindo no gosto do povo, tal qual a podolatria há um tempo atrás. Estava certa.Quando celebridades começam a falar despudoradamente de alguma coisa é porque ela está virando o novo normal. Essa semana, o reconhecido e reconhecível casal Otaviano Costa e Flávia Alessandra, junto há 17 anos, confessou curtir a prática.Dias depois, ele desmentiu, e disse que o comentário não passou de brincadeira. Se era só um gracejo mesmo ou se o desmentido foi porque o fetiche não pega muito bem com anunciantes, é um mistério. Ainda assim, eles jogaram um holofote sobre o tema. Mais Quando se fala disso, lembro do meu amigo Pedro contando que, há uns cinco anos, foi na mítica balada eletrônica Berghain, em Berlim, e havia um homem careca com roupas de couro que ficava a noite toda ajoelhado do lado de um mictório dizendo "mija na minha boca, mija na minha boca" e volta e meia alguém mijava. "Tá pra nascer terapeuta capaz de analisar aquele cara", disse o Pedro, pouco antes de perceber que cenas como essa são relativamente comuns em Berlim —e talvez sejam até recomendadas pelos psicólogos, ainda que não pelos infectologistas.Esse peculiar relato da noite é um exemplo extremo da ENTREGA que está por trás do ato de dar ou receber uma mijada em outra pessoa. Afinal, tem que se entregar demais para o desejo para querer ficar tanto tempo de joelhos pedindo urina em uma das mais badaladas festas alternativas do mundo. Como a urina não é estéril e pode ser veículo de infecções, é melhor não se jogar tanto assim.O cara da balada queria ser consagrado pelo mijo alheio, de uma forma bastante literal (e arriscada). Estava ali, no chão, implorando que algum ser superior tivesse a deferência de mijar nele. "Sabe quando um padre está dando a bênção e joga aguinha na galera? Pra mim as duas coisas estão muito próximas", diz Mariana, uma moça que descobriu que gosta de fazer xixi em homens durante seu primeiro namoro.Ela se sente numa posição de superioridade, de ídola que, de vez em quando, concede seu amor líquido para um fiel. Notei isso aí no papo do Otaviano, que ficou minutos dizendo como venerava o corpo da parceira, como se ela fosse uma deusa. Mesmo que ele não beba o xixi, dá pra ver que ele valoriza cada centímetro daquela mulher. Adoraria dizer para as leitoras não se contentarem com menos que isso, mas se forem colocar a régua nesse nível é capaz de nunca mais pegarem ninguém na vida.Já Rafaela, que curte BDSM e é dominadora, tinha um namorado submisso muito obediente e percebia a mesma relação de reverência. Ele fazia todas as tarefas domésticas, gostava de apanhar e de fazer tudo que ela mandasse. "Eu o mandava deitar no box, pisava na cara dele, pois ele era extremamente podólatra, e mijava no corpo todo". Ela conta que isso a fazia sentir-se adorada, afinal, ele queria sorver tudo que era dela, ficava com tesão quando ela esfregava sua lubrificação natural no corpo dele, cuspia nele, enlouquecia de prazer com o xixi dela.Fora do âmbito do fetiche mais intenso, recebi o relato de um rapaz que fez tudo parecer fofo e muito terno. Ele um belo dia sonhou que estavam fazendo xixi nele e ficou encucado, pesquisou, teve vontade e pediu para sua namorada. Curtiu desde o primeiro momento. Ele fala que adora ver a cara de tesão e alívio da parceira depois que ela mija."A gente está compartilhando um momento super íntimo da outra pessoa. Fora que é morninho e, se a pessoa está bem hidratada, não tem gosto nem cheiro forte, acho gostosa a sensação física de levar o banho". Já um outro contou que adora a visão e a sensação que tem: "curto ver o líquido saindo da uretra e escorrendo pela buceta, os lábios se mexendo, gosto de sexo oral e sempre me liguei muito nos fluidos".Isso me remeteu para outra história antiga. Minha amiga que se envolve rápido havia se envolvido rápido com um cara que não se envolveu tão rápido quanto ela e, depois de alguns encontros, deu um perdido. Ela chorava, chorava, e me dizia: "Como assim ele sumiu? Ele mijou no meu pé no banho!". Pois então, essa mijadinha afetiva que um parceiro dá no pé do outro durante um banho a dois não chega a ser um golden shower, mas é um sinal de intimidade e vulnerabilidade —porém convém não presumir que seja um pedido de namoro.Agora, algumas dicas para aqueles que ficaram curiosos e querem tentar. O local mais comum para a chuva dourada é o box do chuveiro mesmo. Afinal, tem ralo, água corrente e não suja os lençóis. Outro nome para a prática é water sports ou esportes aquáticos, e deve ser preferencialmente realizada com parceiros com quem se tem intimidade, principalmente se existe o desejo de engolir o mijo.A urina pode conter sangue e bactérias e é melhor evitar o contato dela com os olhos. Beber bastante água faz com que o cheiro fique mais suave, o que é da preferência de alguns recebedores. Se fizer e gostar, me conta!Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Bruna Maia é escritora, cartunista e jornalista. É autora dos livros "Parece que Piorou" e "Com Todo o Meu Rancor" e do perfil @dabrunamaia nas redes sociais. Fala de tudo o que pode e do que não pode no sexo.
2023-09-15 12:00:00
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https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/x-de-sexo/2023/09/o-golden-shower-de-otaviano-costa-e-flavia-alessandra.shtml
Filipe Toledo foi impecável surfando em casa
Trestles na Califórnia foi mais uma vez o palco da grande decisão do título mundial de surfe.Filipe Toledo surfando em casa não teve dificuldade em conquistar seu segundo título mundial. Durante todo o ano o brasileiro mostrou que estaria entre os cinco finalistas na busca pelo título. Terminou em primeiro lugar no ranking geral e chegou em Trestles com a vantagem de aguardar quem seria seu adversário na grande final.Jack Robinson (5) e João Chianca (4) fizeram a primeira disputa e o Brasileiro mostrou que tem surfe para estar entre os melhores e venceu a bateria.Na sequência o adversário foi Ethan Ewing (3) que vinha de uma recuperação após uma lesão sofrida na etapa de Teahupoo. O australiano com um surfe polido e com grandes manobras de borda derrotou Chianca e avançou.O Próximo adversário de Ethan Ewing foi o local Griffin Colapinto(2). Esperava-se um grande duelo entre os dois, a torcida americana estava uniformizada e Griffin apareceu no meio da torcida minutos antes da sua bateria, levando a praia a loucura. Mas Ethan estava encaixado nas ondas de Trestles e venceu a disputa. Então estava desenhado a grande final: Filipe Toledo x Ethan Ewing.O grande campeão seria conhecido através da disputa na melhor de três baterias.A primeira bateria da grande final foi dominada por Filipe que o tempo todo controlou o adversário e fez uma somatória de 14,27 contra 12,37 do australiano.Na segunda bateria Ethan estava pressionado pois necessitava ganhar essa bateria para forçar uma terceira disputa. Mas, o australiano não teve folego para vencer Filipe que mostrou um profundo conhecimento do pico e venceu a segunda bateria também, sagrando-se bicampeão mundial.Filipe estava tranquilo e relaxado, com certeza o título de 2022 tirou um peso enorme das suas costas. Surfou o ano todo com alegria, pode mostrar um enorme repertório de manobras e não deixou nenhum questionamento sobre o seu surfe e se merecia ou não o título. Foi dominante nas ações e cirúrgico quando precisou. Continua sendo o surfista a ser batido e pode esperar que no próximo ano ele estará novamente disputando o título.No feminino a nova geração chegou e parece que teremos uma troca de guarda interessante.A jovem americana Caroline Marks desbancou as campeãs mundiais Tyler Wright e Carissa Moore para ficar com seu primeiro título mundial.Parece que chegou a hora da nova geração tomar o espaço das veteranas, com um surfe mais agressivo e inovador essa geração vai ganhando espaço e puxando os limites da categoria.O Surfe feminino está pronto para alcançar novos patamares. Vale ressaltar que a WSL tem uma grande participação nesse crescimento merecido do surfe feminino. A empresa igualou as premiações com a categoria masculina, recentemente também optou por seguir as mesmas etapas onde eram disputadas as etapas masculinas, como Pipeline e Teahupoo. Essas etapas acontecem em ondas de consequência e são muito perigosas. Com isso, as meninas tiveram que se preparar mais fisicamente e mentalmente para ocupar um espaço onde ainda não se sentiam à vontade e conseguiram sucesso.Em 2023 a WSL fez um ano muito bom. Tivemos alguns pontos que precisam ser olhados com cuidado. Algumas etapas deixaram margem para dúvidas referente ao critério de avaliação, sabemos que o surfe é subjetivo, mas com toda a tecnologia disponível não se pode ter uma margem tão grande para dúvidas.O formato do campeonato talvez precise de algumas mudanças, a final poderia ser em outro pico e mudanças de algumas etapas. A WSL sempre traz algo novo quando começa uma nova temporada, vamos aguardar. Enquanto isso, a tempestade brasileira não para.Aloha
2023-09-15 09:58:00
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TJ-SP sugere ao CNJ adiar decisão sobre desigualdade de gênero
O Tribunal de Justiça de São Paulo sugeriu à presidente do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), ministra Rosa Weber, retirar da pauta, para aprimoramento dos estudos, a proposta das promoções com incentivos à participação institucional feminina no Judiciário.O procedimento está previsto para discussão na próxima terça-feira (19), sendo relatora a conselheira Salise Sanchotene.Para evitar "o risco de consolidação de situações irreversivelmente injustas", o TJ-SP julga necessário "maior reflexão e debate do importantíssimo tema, que afeta profundamente a vida profissional e o ideal de carreira de todos os magistrados do país".O ofício foi assinado, nesta quinta-feira, pelo presidente Ricardo Mair Anafe e pelo corregedor-geral do Estado de São Paulo, Fernando Antonio Torres Garcia.O tribunal paulista sugere a intimação dos tribunais e das associações de classe para que se manifestem acerca da minuta de resolução proposta pelo CNJ.A proposta do tribunal paulista deverá gerar reações. No final de agosto, evento no CNJ reuniu mulheres magistradas de todo o país para tratar do incentivo à participação feminina no Judiciário.A relatora Salise Sanchotene deverá apresentar parecer do jurista Daniel Sarmento, professor titular de Direito Constitucional da UERJ, intitulado "Mulheres no Poder Judiciário e Discriminação de Gênero: criação de política de ação afirmativa para acesso de juízas aos tribunais de 2º grau como imperativo constitucional".Receba no seu email a seleção diária das principais notícias jurídicas; aberta para não assinantes.Carregando...Ele entende que o CNJ detém competência para instituir, por ato normativo próprio, política para corrigir a grave assimetria entre os sexos na composição dos tribunais de segundo grau.Sarmento cita decisão do STF no julgamento da ADC nº 12.O CNJ já instituiu, por ato normativo primário, políticas de ação afirmativa em favor de pessoas negras e indígenas em concursos para a magistratura, Sarmento exemplifica."Por dever de coerência, o CNJ também deve instituir a medida de ação afirmativa, inclusive por já ter reconhecido a gravidade do problema da falta de equidade de gênero na composição dos tribunais de 2º grau", afirma o jurista.Eis alguns trechos da nota técnica do TJ-SP:- A proposta apresenta, em tese, vício de inconstitucionalidade. O CNJ ao propor significativa alteração dos critérios de promoção por antiguidade e por merecimento, estaria a desbordar do seu poder normativo, previsto no artigo 103-B § 4º, I, da Constituição.- Ao se pretender a formação de lista apenas de juízas mulheres, ao lado de outra, mista, permite-se a promoção, frise-se, por antiguidade, de magistrado com menos tempo do que outro, ferindo frontalmente o critério constitucional.- Na realidade, propõe-se a criação de terceiro critério, baseado na antiguidade apenas dos magistrados do sexo feminino.- Não há como sustentar tenha o magistrado do sexo feminino, ao galgar promoção na carreira, maior merecimento do que o do sexo masculino e vice-versa. - Além de distorcer os conceitos jurídicos de antiguidade e merecimento, tal inovação nos critérios a serem adotados na promoção dos magistrados extrapola os limites do poder normativo conferido pela Constituição Federal ao nobre Conselho.- Eventual modificação, como intencionado pelo CNJ, não prescinde de modificação legislativa, não se podendo implementá-la por resolução do Conselho.- Deve ser rechaçada com firmeza eventual prática que imponha obstáculo ou dificulte o acesso de mulheres aos Tribunais única e exclusivamente em razão do gênero. Bem diferente disso é estabelecer que, por ser mulher, a magistrada seja promovida antes de juiz também apto à promoção, que ingressou na magistratura passando por critérios de seleção rigorosamente iguais aos enfrentados por ela.- É fato que ainda não há, em nosso tribunal, o mesmo número de desembargadores e desembargadoras. Entretanto, tal se dá, única e exclusivamente, por força da evolução histórica de nossa sociedade, e nunca por qualquer ato discriminatório desta Corte.- No Estado de São Paulo, não há e nunca houve discriminação de gênero. Promove-se o mais antigo, seja homem, seja mulher.- Em São Paulo, as primeiras mulheres ingressaram na magistratura em 22 de janeiro de 1981. Foram três, à época eram franca minoria. Mas, hoje, a situação é bem diferente. Por força do equilíbrio no ingresso de homens e mulheres, houve progressiva equalização do número de juízes e juízas em primeira instância, que conta atualmente, com 1.307 homens e 900 mulheres. As mulheres representam 40,78% da magistratura de primeiro grau. A paridade no segundo grau será obtida, em breve, de forma justa, igualitária e objetiva.- Desde o ingresso na carreira, juízes e juízas sabem que concorrerão para promoção, nos critérios de antiguidade e de merecimento, em situação de absoluta igualdade. Não existem surpresas e isso permite o planejamento de uma vida.- Inequívoca a aflição daquele que, depois de esperar por tanto tempo, poderá ter o sonho de atingir o mais alto grau no Poder Judiciário estadual sensivelmente mais distante.
2023-09-15 09:51:00
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Ou julgamos os crimes da pandemia ou...
O Brasil não pode continuar sendo conhecido por sua leniência com crimes contra a humanidade e violações de direitos humanos. Estamos diante de uma oportunidade histórica para fazer justiça e reparação, desta vez diante da condução criminosa da pandemia de Covid-19 no Brasil e que resultou em ao menos 120 mil "mortes evitáveis" apenas no primeiro ano (mar/20 a mar/21), segundo relatório da OXFAM-Brasil ou 156 mil, segundo o epidemiologista Pedro Hallal em artigo na Lancet - quando tínhamos 305 mil mortos no total. E há apoio da população para que os crimes da pandemia sejam julgados. Pesquisa do SoU_Ciência com 1,3 mil entrevistados em todo o Brasil demonstrou que 62% consideram o governo Bolsonaro responsável pelo aumento do número de mortes e a maioria da população quer justiça e condenação - além da criação de uma Comissão da Verdade e indenização das vítimas.Tem ficado cada vez mais evidente que a falta de justiça de transição, julgamento e condenação dos crimes da ditadura colocou novamente em risco nossa democracia, com militares saídos dos porões e seus pupilos atuando abertamente no desmanche de políticas públicas, na desestabilização institucional, na produção de caos e na tentativa de autogolpe. Militares agiram diretamente no agravamento da pandemia, descumprindo as medidas preventivas, atrasando a compra de vacinas, descoordenando o SUS, atacando a ANVISA, Fiocruz e instituições de pesquisa, transmitindo informações mentirosas à população, produzindo medicamentos ineficazes, além da falsificação de carteiras de vacinação. O porão homicida dessa vez não foi no DOPS e no DOI-CODI, mas no Ministério da Saúde.Quem deveria imediatamente atuar para barrar essa conduta criminosa não cumpriu sua missão. O atual Procurador-Geral da República e que está de partida, Augusto Aras, foi omisso e conivente, engavetou denúncias e agravou o massacre da pandemia no Brasil. O novo PGR está para ser indicado e escolhido por Lula. Precisamos de um Procurador digno do nome, que atue na defesa do interesse público contra crimes de Estado, inclusive denunciando Chefes de Estado e de Governo, como fez Strassera na Argentina, que colocou no banco dos réus, logo após o fim da ditadura, o alto comando militar e o ditador Videla. Como disse Strassera em sua célebre peça de acusação final: "Agora que o povo recuperou o governo e o controle das instituições, assumo a responsabilidade de declarar em nome dele que o sadismo não é uma ideologia política nem uma estratégia bélica, mas uma perversão moral. Este julgamento e a sentença que proponho buscam estabelecer uma paz baseada não no esquecimento, mas na memória. Não na violência, mas na justiça".O sadismo nos porões de tortura, nos voos da morte ou ao desacreditar a vacina e a máscara, ao deixar doentes sem oxigênio, divulgando medicamentos sem eficácia, combatendo o isolamento, permitindo aglomerações, expondo a população ao risco de contágio, subfinanciando e desarticulando o SUS e o sistema de pesquisa brasileiro caracterizam crimes suficientes que precisam continuar sendo apurados, denunciados, julgados e, no caso das vítimas e seus familiares, reparados, como direito à memória, à verdade, ao luto e à indenização.Aras termina o seu segundo mandato como chefe do Ministério Público no dia 26 de setembro. Uma recondução, segundo os aliados do atual Governo, é praticamente descartada. Lembremos que seu nome não estava na lista tríplice de indicados formulada pelo Ministério Público Federal (MPF), e foi pinçado por Bolsonaro com a clara intenção de bloquear as ações contra o governo, ao invés de dar provimento - o popular "engavetador". Com a pandemia, a gravidade do engavetamento de denúncias tornou-se vergonhosa e responsável por permitir ao governo continuar com sua conduta criminosa, ampliando o número de mortes.Com a eleição do Presidente Lula, mudou seu posicionamento e subitamente demandou da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) a remessa à Procuradoria-Geral da República de todos os relatórios produzidos durante a pandemia e enviados ao ex-Presidente, já que, segundo Aras, esses relatórios que indicavam os consensos científicos e as condutas corretas a serem adotadas pelo governo, configurariam um "fato novo" para reavaliar a conduta de Bolsonaro, viabilizando uma possível persecução penal que antes negara. Esse fato caminha lado a lado com a recente decisão do Ministro Gilmar Mendes, do STF, que anulou decisão da Justiça Federal do Distrito Federal que arquivou inquéritos relativos a irregularidades na pandemia, submetendo o caso novamente à PGR.Recentemente, em julho de 2023, Aras reproduziu em seu Twitter uma postagem segundo a qual foi ele "quem reestruturou os mecanismos de combate à corrupção dentro da PGR e [...] que fossem revertidos recursos para o combate à Covid-19, tendo sido destinados 4,4 bilhões [...] ao combate à pandemia", em mais uma tentativa de desvincular-se da necropolítica do Governo Bolsonaro.A despeito da sua camuflagem atual, Aras dá fortes indícios de que segue fiel escudeiro de Bolsonaro. No dia 9 de setembro, na mesma oportunidade em que criticou a "imprensa lavajatista", não economizou críticas ao acordo de delação premiada firmado entre o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, e a Polícia Federal. Segundo ele, "A PGR [...] não aceita delações conduzidas pela Polícia Federal, como aquelas de Antonio Palocci e de Sérgio Cabral, por exemplo". Como se sabe, a delação de Mauro Cid gera apreensão no entorno bolsonarista, tendo em vista que, além do caso das joias, o tenente-coronel está envolvido em outros inquéritos e denúncias envolvendo o ex-presidente, a exemplo dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro e de uma suposta trama para um golpe de Estado após o pleito eleitoral de 2022.Seria pouco provável (para não dizer impossível) que Aras assumisse uma postura combativa e diligente quanto à pandemia e condizente com os direitos humanos na hipótese de reeleição de Bolsonaro. Sob o seu comando, a PGR arquivou centenas de pedidos de investigação contra Bolsonaro, não oferecendo nenhuma denúncia. Aras não só agiu para blindar o ex-Presidente, como também aparelhou a cúpula da PGR, com a indicação da bolsonarista Lindôra Araújo, por exemplo, ao cargo de Vice-Procuradora-Geral.Apesar de tradicionalmente o PT acatar a lista tríplice elaborada pelo próprio Ministério Público, há rumores de que Lula, que já disse que não seguirá a lista desta vez, tende a indicar os Subprocuradores Antonio Carlos Bigonha ou Paulo Gonet Branco.Gonet Branco, a despeito de ter se manifestado de forma bastante incisiva a favor da inelegibilidade de Bolsonaro na condição de Vice Procurador-Geral Eleitoral, criticando o ex-Presidente, tem perfil conservador, assumindo posições contrárias ao direito ao aborto e à reparação de famílias de vítimas da ditadura militar, por exemplo.Já o mineiro Antonio Carlos Bigonha é ex-presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República e, ao contrário de Gonet Branco, defendeu recentemente o direito de parentes de vítimas da ditadura militar receberem indenizações por danos morais e materiais. Bigonha também condenou o modus operandi da Operação Lava Jato, criticando trocas de mensagens entre Moro e Dallagnol.Aras, que foi elevado ao patamar de "rainha" do jogo de xadrez pelo próprio Bolsonaro, dias antes de sua indicação, em 2019, agora arrasta-se pelo tabuleiro político deixando um rastro de mais de 700 mil mortos. Os familiares das vítimas não conseguem, não querem e não vão esquecer o que representou sua omissão na pandemia.Chega de engavetadores, de procuradores omissos e coniventes, bajuladores do poder e, no limite, coautores dos crimes aos quais recusam oferecer denúncia. Está na hora de o Brasil ter à frente do Ministério Público um(a) Procurador(a) digno(a) da Instituição que representa, atuando como verdadeiro(a) fiscal do ordenamento jurídico, na defesa da sociedade diante dos crimes de Estado, sobretudo quando protagonizados pelos agentes estatais. Como declarou Strassera, em 1985: "A comunidade argentina [e vale para nós brasileiros] e também a consciência jurídica universal, confiaram a mim a digna missão de me apresentar diante deste tribunal para exigir justiça. [...] Esta é nossa oportunidade. Talvez seja a última. Quero usar uma citação que não pertence a mim, porque já pertence a todo o povo argentino. Senhores juízes: Nunca mais!"
2023-09-15 08:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/sou-ciencia/2023/09/ou-julgamos-os-crimes-da-pandemia-ou.shtml
Espressos: Café é vendido por R$ 49 mil o quilo em leilão no Panamá
Um lote de café foi arrematado por US$ 10.005,00 (aproximadamente R$ 49,5 mil) o quilo em um leilão de produtores do Panamá realizado na semana passada.Trata-se de um grão da espécie arábica e variedade geisha cultivado na fazenda Mount Totumas Coffee, situada na região de Chiriqui.Os cafés panamenhos deste tipo são frequentemente comprados por valores exorbitantes.O recorde de café mais caro do mundo até hoje pertence exatamente a um geisha panamenho. Em 2022, um lote do produtor Lamastus Family Estates foi arrematado por US$ 6.034 (aproximadamente R$ 30 mil) por libra –ou US$ 13.302 (cerca de R$ 65 mil) por quilo.Outros lotes de cafés panamenhos foram negociados no leilão da semana passada. Entre eles estava um geisha da fazenda Misty Moutain, da Long Board Specialty Coffee, que foi arrematado por US$ 3.048,00 / quilo (aproximadamente R$ 15 mil / quilo).Trata-se da mesma fazenda de onde foi adquirido o café que a cafeteria paulistana Pato Rei serviu por R$ 128,00 a xícara —havia apenas 30 doses disponíveis e todas já esgotaram, em ambas as unidades da cafeteria em São Paulo.Receba no seu email uma seleção de colunas e blogs da Folha; exclusiva para assinantes.Carregando...Geisha é uma variedade de café que surgiu na Etiópia. Foi no Panamá, contudo, que essa planta alcançou qualidade reconhecida mundialmente.Como Café na Prensa explicou, alguns fatores explicam os altos valores alcançados por esses cafés. Primeiramente, há a questão sensorial. Esses grãos efetivamente produzem bebidas com notas bastante florais e frutadas, que são muito valorizadas no mercado de cafés especiais.Em segundo lugar, os leilões muito concorridos ajudam a elevar as expectativas sobre quem vai adquirir os lotes, o que faz com que os lances alcancem patamares muito altos.Há ainda outras questões, como os altos custos de produção no Panamá, que tem terras e mão de obra mais caras do que outros países da região. Mais A Nespresso decidiu trocar sua diretoria comercial B2C –ou seja, o braço da empresa responsável pelas vendas para o consumidor final. Sai Gabriel Nobre e entra Adriana Vieira, que estava desde 2021 à frente da linha profissional da marca.A nova diretora tem pela frente um desafio muito claro: aumentar as vendas das máquinas e cápsulas da linha Vertuo, lançada no Brasil há cerca de dois anos e principal aposta da empresa para o futuro.Esse sistema tem cápsulas diferentes e capazes de produzir bebidas maiores, movimento que marca uma aproximação da companhia ao paladar norte-americano e distanciamento do italiano, que cultiva o hábito de beber cafés em porções menores –os espressos, que garantiram fama mundial à empresa.Hoje, o faturamento da Nespresso com vendas da linha Vertuo representa apenas 10% do total. A meta é que essa fatia chegue a 18% em 2025. A rede de cafeterias Mais1.Café lança nesta sexta-feira (15) um cappuccino enriquecido com vitaminas e suplementos energéticos.A bebida contém ingredientes como taurina, cafeína, L-carnitina e vitaminas A a Z. Ela está disponível para consumo nas lojas (R$ 11,90) e para levar (R$ 109,00 a embalagem com 220g).O lançamento se insere em uma tendência do mercado na área de produtos funcionais. Recentemente, a 3Corações, gigante do setor, lançou uma linha de cappuccinos com Whey.Fundada em 2019, a Mais1.Café teve uma expansão rápida e atualmente tem lojas em mais de 250 cidades de 25 estados brasileiros.Acompanhe o Café na Prensa também pelo Instagram @davidmclucena e pelo Twitter @davidlucenaQual assunto você gostaria de ver aqui no blog? Envie sugestões para david.lucena@folhapress.com.br
2023-09-15 08:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/cafe-na-prensa/2023/09/espressos-cafe-e-vendido-por-r-49-mil-o-quilo-em-leilao-no-panama.shtml
Olympikus desenha seu futuro com Vanderlei Cordeiro de Lima e supertênis
O que a Olympikus fez nos últimos anos é de tirar o chapéu. A marca era sinônimo de produtos baratos e de qualidade duvidosa. Em pouco mais de três anos, a empresa lançou uma linha completa de tênis de corrida, ganhou o reconhecimento de atletas, posicionou-se entre os líderes de vendas, e fez tudo isso com produtos que custam menos do que os concorrentes importados. De coadjuvante, a empresa hoje luta pelo protagonismo no mercado brasileiro.E o que falta para a Olympikus dar o próximo passo? Na opinião de Marcio Callage, diretor de marketing da Vulcabras, "faltava um herói".A Olympikus anunciou no final do mês passado um contrato de patrocínio com o ex-maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima. Para quem não se lembra (há quem não se lembre?), Vanderlei liderava a maratona de Atenas nos Jogos Olímpicos de 2004 quando foi abalroado por um padre Irlandês na altura do km 35. Vanderlei até conseguiu voltar para a corrida, mas com ritmo comprometido e com dores por conta das joelhadas que levou do penetra, ele foi ultrapassado por dois competidores e entrou no estádio Olímpico para cruzar a linha de chegada em terceiro lugar. E foi ali que o atleta se transformou em lenda. Em vez de lamentar, Vanderlei fez o "aviãozinho" e celebrou a conquista do bronze. Uma lição prática do que é — ou deveria ser — o espírito olímpico. Pelo gesto, tornou-se o único sul-americano a receber a medalha Pierre de Coubertin, destinada aos heróis olímpicos. O resto é história.A partir deste mês, Vanderlei deve ocupar uma posição de destaque dentro da estratégia de marketing da Olympikus. Para o segundo semestre haverá um documentário sobre o atleta — projeto mantido em sigilo, mas que será veiculado em um "grande streaming". Em novembro, Vanderlei voltará a correr a maratona de Atenas, com o apoio da Olympikus. Desta vez, para receber as merecidas homenagens.A simbiose entre a empresa e o atleta é nítida. Com Vanderlei, a Olympikus ganha alma, musculatura e relevância. Sobe de nível. E com o suporte da empresa, Vanderlei volta a receber o destaque que jamais deveria ter deixado de ter. País com poucos heróis, o Brasil não poderia se dar ao luxo de escantear o Vanderlei.Vanderlei segue ativo. Na etapa mais recente do Bota Pra Correr — festival de corrida que a Olympikus promove duas vezes ao ano em destinos turísticos paradisíacos e pouco óbvios do país —, o maratonista mostrou que está em forma. Venceu a prova dos 11 km com mais de 10 minutos de vantagem sobre o segundo colocado. Como o objetivo da corrida era a festa, e não a competição, Vanderlei foi desclassificado por "excesso de velocidade". Ele, claro, deu risada. Vanderlei não é movido apenas a troféus e medalhas, como já sabemos.Depois da prova, abraços, selfies e muitos sorrisos. Vanderlei não é o ídolo que intimida. Pessoas comuns se reconhecem e se identificam nele. Se aproximam, tocam, dividem suas histórias com a lenda olímpica. Para mim, faz sentido. Afinal, todo corredor amador dá o seu melhor, não vence a prova e mesmo assim cruza a linha de chegada feliz. Vanderlei nos representa.Após a corrida, realizada na Costa do Conde, na Paraíba, Callage aproveitou para falar com os jornalistas presentes. Ao blog Na Corrida, o executivo confirmou o rumor de que a Olympikus trabalha na fabricação de um supertênis de placa para o primeiro semestre do ano que vem."Vamos tentar lançar o tênis para a maratona de São Paulo, em abril, mas talvez não dê tempo", explicou Callage.Questionado sobre o preço do produto, ele disse tratar-se de uma questão delicada. "Por um lado, queremos oferecer um produto acessível. Por outro, os insumos são caros". Há ainda uma questão de percepção. Se o novo tênis for muito barato, inconscientemente as pessoas podem achar que ele não é tão bom assim. É triste, mas é assim que a mente humana opera.Mas, o blog se permite especular sobre o valor do futuro lançamento. Que fique claro que trata-se de um chute, ok? O preço deve estar entre a barreira psicológica dos R$ 999 e os R$ 1299, valor cobrado hoje pela Fila no Racer Carbon 2, o concorrente natural do modelo da Olympikus. Podem me cobrar depois.O jornalista viajou para Conde (PB) a convite da Olympikus.
2023-09-15 07:00:00
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Fim de semana em SP tem Van Gogh em mostra imersiva e 'Missão Marte', sobre a Nasa
Confira, a seguir, destaques da seção especial O Melhor do Fim de Semana. Produzida pela equipe do Guia Folha e publicada sempre às sextas, ela pretende orientar o leitor sobre o que há de melhor na programação de São Paulo e seu entorno.13ª edição da Virada Sustentável de São Paulo Até o dia 27, o evento tem programação grátis em São Paulo. Em pontos como a Ocupação 9 de Julho e o Unibes Cultural, promove encontros com nomes como o ambientalista indiano Rajendra Singh e sobre temas como justiça climática. Há ainda programação cultural, com shows da Orquestra Mundana Refugi com Adriana Calcanhotto. A programação pode ser acessada em viradasustentavel.org.br.Festival do Pescado e dos Frutos do Mar O evento gastronômico da Ceagesp (av. Dr. Gastão Vidigal, 1.946, Vila Leopoldina) permite comer pratos com peixes e frutos do mar à vontade pelo preço de R$ 139,90. São cerca de 60 itens no cardápio, que varia a cada semana, como camarão assado, paella marinera, caranguejada e lagosta gratinada. Há ainda um bufê de saladas e risotos. O festival segue até 23 de dezembro, de quarta-feira a domingo.Missão Marte As habilidades necessárias para se realizar uma missão espacial compõem a exposição "Missão Marte", em cartaz no shopping Morumbi Town (av. Giovanni Gronchi, 5.930). A mostra exibe objetos usados por astronautas da Nasa. Criada em parceria com o Space Kennedy Center, dos EUA, a mostra é voltada a crianças e adolescentes. A visita dura cerca de duas horas, tem atividades em grupo e precisa de agendamento online. Há horários disponíveis todos os dias da semana.Van Gogh Live 8K O estacionamento do shopping Lar Center (av. Otto Baumgart, 500) vai exibir 250 obras de Van Gogh projetadas com a inédita resolução 8K. Os 2.800 metros quadrados de área do evento, que o tornam uma das maiores exposições imersivas do mundo, vão reunir também textos e cartas que o artista trocava com seu irmão Theo — narrados pela atriz Fernanda Montenegro. ‘Van Gogh Live 8K’ é a segunda exposição recente do pintor na capital paulista — a anterior, ‘Beyond Van Gogh’, veio à cidade em 2022 Mais
2023-09-14 23:15:00
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Dia da Democracia: pauta urgente, agenda permanente
O mundo vive uma onda recorde de autocratização. Segundo relatório do Instituto V-Dem, em 2022 o número de ditaduras superou o de democracias liberais pela primeira vez em mais de duas décadas, em um cenário em que o nível democrático global regrediu ao que se observava na década de 1980 e cuja estimativa é de que 72% da população mundial viva sob regimes considerados autocráticos.O estudo do instituto sueco aponta que nos últimos anos o Brasil vinha figurando entre os expoentes desse processo, mas pondera que o retorno do campo democrático ao governo federal com a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indica uma reversão do curso de autocratização do país. Sendo assim, nesse contexto em que as democracias estão em grave refluxo através do planeta, o Brasil vive uma janela de oportunidade para a retomada da sua construção democrática. Mais De fato, a sensação é que estamos sendo resgatados das profundezas de um poço e alçados à superfície; é possível enxergar luz e horizonte. Porém, a corda que nos iça está tão corroída que os riscos de rompimento são constantes.A democracia brasileira está em pleno resgate, mas sua saúde ainda é frágil, e o processo de recuperação e fortalecimento, longo. Isso porque a vitória eleitoral do campo democrático em 2022 definitivamente não significou um triunfo político da democracia no Brasil. A disputa foi extremamente acirrada e não se pode perder de vista que 49,1% do eleitorado brasileiro optou pelo projeto autocrático de poder no ano passado.Independentemente das motivações por trás da escolha nas urnas, o fato é que quase metade dos votantes do país não apostou na democracia como caminho para a sociedade brasileira —ou ao menos estava disposta a relativizá-la. Mais Os atentados golpistas de 8 de janeiro, por sua vez, foram a expressão mais grave, radical e criminosa do desprezo que parte da população dedica à democracia no atual contexto político da nação. Mas não são apenas os episódios extremos que revelam o ambiente inóspito à normalidade democrática que impera no Brasil. São os processos institucionais e sociais mais ordinários do cotidiano que apontam o grau de degradação da nossa cultura democrática, como intolerância à alteridade, a incapacidade de diálogo e a ausência dos valores republicanos mais elementares como base das ações e relações cidadãs. Vale destacar que essas não são marcas exclusivas de um campo do espectro político —e é por isso que o desafio do qual estamos diante é imenso.Feliz e infelizmente, a democracia voltou a ser agenda central para a sociedade brasileira. Se em um passado recente debatia-se e lutava-se pelo aprofundamento da qualidade do jovem regime democrático no país e pela ampliação do acesso aos direitos por ele prometidos, de uns anos para cá a batalha passou a ser pela simples sobrevivência dos pilares fundamentais de uma sociedade que se pretende democrática.Da recente experiência autocrática brasileira deriva um aprendizado vital: democracia é construção contínua e cotidiana. Não há garantia de sua existência e qualidade se seus princípios e suas práticas não forem ativa e incessantemente cultivados, fortalecidos, idealizados, aprimorados e defendidos pelos cidadãos e pelas cidadãs que a compõem. Mais Apenas o tempo, e sobretudo o árduo trabalho da sociedade civil, dirão se o debate público, a preocupação e a ação da sociedade brasileira finalmente se voltarão à agenda da democracia de maneira premente e permanente, como se deve.Ela precisa perdurar na centralidade da pauta nacional até que a democracia se torne princípio e prática individuais, coletivos e institucionais. Até lá, mais do que celebração, o Dia Internacional da Democracia, celebrado nesta sexta-feira (15), será ocasião de conscientização, priorização e construção. Mais TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-09-14 22:00:00
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Lula estável
A avaliação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) praticamente não se alterou desde o início de seu terceiro mandato. O governo é tido como ótimo ou bom por 38% dos entrevistados pelo Datafolha, ante os 37% em junho e 38% em março. É ruim ou péssimo para 31%, pouco acima dos 27% de junho.A estabilidade parece compreensível. Não houve alterações relevantes na vida do país, na política, na economia ou em outras áreas que pudessem modificar de forma sensível a opinião pública. Pode-se dizer, na verdade, que a mudança maior foi certa estabilização do clima político e, para o bem ou para o mal, das condições de vida.Deixou o poder um grupo dado à estridência e a atos tresloucados, quando não golpistas. A polarização persiste na sociedade, o que ajuda a explicar a reprovação de Lula, mas o bolsonarismo se retraiu com o ocaso de seu líder.Não houve desaceleração aguda da atividade econômica e aumento do desemprego, como se temia no início do ano, ainda que o cenário esteja longe de entusiasmar.De mais significativo na pesquisa, caiu de 50%, em março, para 43% agora a parcela dos brasileiros aptos a votar que espera um governo Lula ótimo ou bom.O mercado de trabalho se mantém entre estabilidade e melhora modesta. A inflação dos alimentos teve desaceleração forte. Benefícios sociais tiveram aumento importante já sob Jair Bolsonaro (PL).O líder petista terminou seu segundo mandato, em 2010, com aprovação de 77%, e a diferença em relação a sua popularidade atual pode parecer chocante. Mas talvez não seja preciso lembrar que, naquele ano, o país vivia seu melhor momento de crescimento da renda em três décadas.Não havia, ademais, a divisão política extremada destes tempos. Conforme o Datafolha, têm avaliação favorável da gestão de Lula 72% de seus eleitores. Já entre os que declaram ter votado em Bolsonaro no ano passado, ínfimos 6% dão boa nota à administração.De todo modo, cumpre recordar que, no início de seu primeiro governo, em 2003, Lula colhia uma aprovação modesta, em torno de 43% —com queda para 39% no ano seguinte. Seu prestígio começou a decolar apenas em 2006.Diga-se em favor do petista que os números, embora não grandiosos, são melhores que os de Bolsonaro após nove meses de sua posse. Nesse período, o antecessor marcava 29% de ótimo e bom.Dadas a ainda difícil situação socioeconômica, as profundas divisões políticas e a duração ainda exígua do governo, o resultado da pesquisa pode ser considerado satisfatório para Lula. O cidadão, entretanto, dá indícios de que espera mais de seu terceiro mandato.editoriais@grupofolha.com.br
2023-09-14 22:00:00
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Transporte às urnas
Na enxurrada de novas regras eleitorais aprovadas às pressas pela Câmara dos Deputados em benefício dos partidos, uma rara proposta de interesse genuíno da sociedade é a imposição de transporte coletivo gratuito nos dias de votação. Ainda assim, o tema não mereceu debate à altura de sua relevância.Segundo o texto proposto de última hora, "os entes federados, direta ou indiretamente, por suas concessionárias ou permissionárias, devem ofertar gratuitamente o serviço público de transporte coletivo de passageiros". Sabe-se lá como a norma será seguida e custeada em todos os rincões do país, mas essa não é a única questão.Um dos argumentos principais em favor do passe livre é que, sendo o voto obrigatório no país, cabe ao Estado garantir que todos os cidadãos, em particular os mais pobres, possam cumprir esse dever.A tese faz sentido, mas envolve as consequências de uma distorção. Como esta Folha advoga há anos, o voto deveria ser facultativo, como na esmagadora maioria das democracias —vale dizer, deveria ser um direito a ser exercido conforme a escolha de cada eleitor.A discussão é tabu no mundo político brasileiro, possivelmente devido ao receio de que o fim da obrigatoriedade resulte em queda do comparecimento de eleitores e, assim, questionamento à legitimidade dos eleitos. Tais preocupações já parecem superadas pelos fatos.A abstenção tem subido no país desde a redemocratização, num sinal de que os cidadãos vão percebendo que, na prática, o voto não é tão obrigatório assim —as sanções para os que não vão às urnas em geral são ínfimas, e os transtornos para as justificativas diminuíram com a informatização. Nada disso torna menos legítimos os eleitos.Estudo publicado neste ano pelo Ipea, instituto de pesquisa vinculado à União, concluiu que o passe livre adotado em 379 municípios (respondendo por quase 50% do eleitorado) no segundo turno de 2022 não teve impacto relevante no comparecimento, embora tenha contribuído para a mobilidade urbana naquela data.Dito de outra maneira, o benefício foi aproveitado basicamente pelos que já pretendiam votar.Tudo considerado, o transporte gratuito ainda pode ser defensável como meio de facilitar o voto dos mais pobres. Trata-se, porém, de mais uma política pública proposta sem a necessária avaliação de custos, benefícios, meios de execução e alternativas.editoriais@grupofolha.com.br
2023-09-14 22:00:00
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A Fazenda 15 surpreende com peoa ex-âncora de telejornal
Rachel Sheherazade surpreendeu muita gente ao revelar que aceitou participar do reality A Fazenda 15, que estreia na semana que vem na Record. A jornalista, alçada por Silvio Santos ao posto de âncora do telejornal SBT Brasil entre 2011 e 2020, teve sua carreira marcada por momentos polêmicos. Em 2014, quando um "menor suspeito de roubo foi espancado e amarrado nu a um poste na zona sul do Rio", Sheherazade fez o seguinte comentário no SBT:"E aos defensores dos direitos humanos que se apiedaram do marginalzinho preso ao poste, eu lanço uma campanha 'Faça um favor ao Brasil, adote um bandido'"Em 2021, ao canal UOL, Rachel disse não se arrepender de ter dito 'adote um bandido', que a justiça a amparou e que não cometeu nenhum crime. De fato, o que ela falou não configura crime, mas um pensamento reacionário. Ela ainda comentou que a capacidade de compreensão das pessoas é muito limitada. Mais Talvez minha compreensão também seja muito limitada, porque sempre acreditei que suspeito de roubo não pode ser definido como bandido antes de ser julgado. E, mesmo quem comete um crime e paga sua pena, volta a ter todos os direitos de um cidadão comum.Exatamente como dois outros peões que foram famosos nos anos 90 e que vão conviver com Rachel em A Fazenda15: o ator André Gonçalves, que em 2022 teve prisão decretada pela Justiça de Santa Catarina por uma dívida de 350 mil reais em pensão alimentícia para a filha (e alegou estar desempregado) e o cantor, compositor e ex-Twister Sander Mecca, que ficou preso por dois anos e dividiu cela com irmãos Cravinhos. Ou seja, ambos foram condenados, pagaram suas dívidas com a justiça e são pessoas livres. Não são bandidos e nem estão disponíveis para adoção de pessoas civilizadas que respeitam os direitos humanos.Saindo da seara jurídica, a lista de participantes também traz aqueles famosos que nem todos conhecem, mas que fazem a alegria dos produtores do programa quando finalmente dizem 'sim' para o convite.Yuri Meireles, por exemplo, é um modelo carioca que fez clipes com a cantora Anitta simulando sexo oral. É boa pinta e tem o vocabulário ideal para o programa. Depois de receber um nude de um homem, reagiu de forma intensa e encerrou o caso com o chavão-rei dos realities: "quem me conhece sabe". Mais Nathalia Valente entra no programa patrocinado pelo Kwai como influenciadora do TikTok (17 milhões de seguidores)e que viralizou por não gostar do filme Barbie. Deve estar seguindo o caminho de Felipe Neto que, antes de virar um grande empresário, foi lançado para a fama por criticar o filme Crepúsculo.Olivia "Lily" Nobre, filha de Dudu Nobre e Adriana Bombom, vai ter trabalho para se livrar da alcunha popular 'a esquecida do churrasco'. Tudo porque no distante ano de 2010, ela e a irmãzinha teriam sido esquecidas pela mãe em um churrasco. Acredito que depois de mais de uma década ela já tenha superado o trauma.A ex-BBB Jaqueline Grohalski entra na cota-fetiche da Record, que não resiste à tentação de contratar ex-globais.Radamés Martins, jogador de futebol também confirmado, tem tudo para ficar amigo de André Gonçalves, na turma 'Ex-de famosas'. André é ex-marido de Danielle Winits (casados por 7 anos) e Radamés ex-noivo de Viviane Araújo (noivos por 10 anos).E assim, a lista vai se completando, com ex-realities, ex-âncoras, ex-maridos, ex-noivos, ex-condenados, ex-galãs. Somos todos ex-alguma coisa, pra ser sincera. Em breve o programa vai estrear, vamos acompanhar as histórias, as brigas até que o vencedor seja declarado. Será mais uma temporada de entretenimento multiplataformas em busca dos dois grandes sonhos que igualam todos os brasileiros, dentro e fora da Fazenda : - fama e dinheiro.Se organizar direitinho, todo mundo consegue um pouquinho.Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Rosana Hermann é jornalista, roteirista de TV desde 1983 e produtora de conteúdo.
2023-09-14 16:46:00
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O sucesso de Anitta reduziu a estigmatização do funk?
A ascensão do funk tem destaque internacional. Nesse cenário, Anitta, que venceu pelo segundo ano seguido o prêmio de melhor clipe de música latina no VMA, o Video Music Awards, têm desempenhado um papel fundamental, levando o gênero a novos patamares de reconhecimento. Mas, mesmo com esse sucesso global, o funk ainda se vê às voltas com uma série de desafios, questionamentos e estigmatizações que geram um dilema fundamental: o sucesso da cantora ajudou os funkeiros brasileiros de que forma?Uma das críticas mais recorrentes diz respeito à abordagem de Anitta em relação ao gênero. Muitos a acusam de adotar uma estética "genérica" do funk. Suas músicas carecem da autenticidade que é a essência do movimento. Essa discordância entre a abordagem de Anitta e o que o funk representa é uma questão que gera debates e que nos leva a questionar se ela ainda pode ser considerada uma representante do gênero. Mais O funk, em sua essência, é uma manifestação cultural diversificada e regionalizada. Cada região do Brasil tem sua própria maneira de ouvir e criar funk, mas todas compartilham uma origem comum nas periferias do país. O funk é muito mais do que apenas um estilo musical; ele é uma expressão cultural que representa territórios e estilos de vida específicos. Nesse contexto, a questão que se coloca é se Anitta ainda está conectada à raiz do funk brasileiro ou se sua música se distanciou demais dessa realidade.Assim como o rap, o funk frequentemente aborda questões do cotidiano das periferias brasileiras. No entanto, essa proximidade com temas como a desigualdade social levanta outra questão: onde traçar a linha entre a apologia e o relato? É curioso notar que essa mesma pergunta raramente é aplicada a outros meios artísticos, como a dramaturgia, onde temas semelhantes são explorados de forma mais ampla e aceita.Além disso, o funk também enfrenta estigmatização, especialmente quando associado a elementos como drogas, sexo e armas e a presença de criminosos em bailes. Essa percepção negativa contribui para a distância entre o "real funk" das periferias e a mídia tradicional, que muitas vezes o retrata o movimento de maneira preconceituosa e alarmista. A pergunta que surge é se Anitta, com sua abordagem mais comercial, contribui para essa estigmatização.Anitta é também uma vencedora solitária no ritmo. Diferente do reggaeton que faz sucesso mundialmente com diversos músicos cantando e diferentes vertentes do gênero, o funk não têm outros representantes com sucesso equivalentes ao de Anitta, o que torna ainda mais a sua representatividade em quanto gênero muito frágil. Mais Outra dimensão importante a considerar é o preconceito estético e o racismo que infelizmente ainda permeiam o mundo do funk. Artistas negros e pardos, que são a espinha dorsal do movimento, frequentemente enfrentam discriminação com base em sua aparência e origem étnica. Isso destaca uma desigualdade persistente que precisa ser enfrentada e nos faz refletir se Anitta, como uma artista pop bem-sucedida, está ciente e engajada nessa luta.Em resumo, o funk brasileiro, apesar de sua crescente influência global e diversidade cultural, continua a enfrentar desafios e estigmatizações significativas. E a pergunta persistente que ecoa é se Anitta, com sua trajetória de sucesso e evolução musical, ainda pode ser considerada uma representante autêntica do funk ou se sua música se distanciou demais das raízes do gênero. A resposta a essa pergunta é complexa e sujeita a interpretações diversas, mas uma coisa é certa: a discussão sobre a identidade e a autenticidade do funk continua relevante à medida que esse gênero musical cativa o mundo.
2023-09-14 16:12:00
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Já dançou hoje na farra de dados?
Se você tem celular, seja ele de que marca for, seja de que operadora for, seja de que prefixo do país for, certamente já recebeu a indigna chamada que do outro lado da linha diz apenas "Alô" e atira você para uma central qualquer de atendimento/vendas com "oportunidades incríveis".Caso você ouse empreender formalmente, prepare-se, em menos de 24 h de seu CNPJ ativo, seu nome e número de telefone estarão na ponta da linha de um sem-fim de operadoras de créditos e bancos oferecendo "as melhores condições".Agora, se a sua condição for dar entrada na Previdência Social para a obtenção de algum benefício que envolva aposentadoria, pensão por morte ou qualquer outro auxílio, certamente até os números de telefones fixos ligados a você serão alvos de incessantes ligações que se esmeram em passar "as aplicações mais rentáveis" e "consignados imperdíveis" de olho no dinheiro que a pessoa ainda nem viu chegar.Até aqui não é preciso ser gênio para saber que alguém tem acessado dados que não deveriam ser públicos e que outrem de dentro de órgãos públicos —ou até comerciais, como farmácias— faz o repasse desses dados em pró de ganhos particulares.Não bastasse isso há a desconfiança de que até seu telefone é "espião coletor de dados", pois, se falar qualquer coisa perto dele sobre comprar algo, a seguir redes sociais, buscadores e sites estarão entulhados com ofertas do seu objeto do desejo.Mas por que tudo isso?Porque o Brasil, que foi um dos países pioneiros ao criar o Marco Civil da Internet, parece ter ficado para trás na vanguarda de proteção dos dados.Ah, mas temos lei? Sim, a Lei Geral de Proteção de Dados, que fez cinco anos no mês passado e é importante para um ambiente cibernético seguro, mas, à primeira vista, não protege o cidadão desse assédio diário.Menos mal que a Justiça, conforme informou Rômulo Saraiva nesta Folha, já decidiu que correspondentes bancários que depositarem dinheiro na conta de um idoso sem o pedido e a anuência dele, como empréstimo, perderão o dinheiro. Mais Mesmo assim imagino o quanto sofre quem perde documento ou é roubado, pois a vida certamente vira um inferno.E não pense que assisti a essas ligações imóvel. Até para ajudar quem conheço, fui atrás de Reclame Aqui, Anatel, Não Me Perturbe. Mas lamento dizer que até agora foi em vão. Isso porque você pode até bloquear os números que infernizam sua vida, mas a operadora de telefonia não impede que sejam deixadas mensagens de voz com "Alô" em sua caixa postal.Como cereja do bolo, após eu dizer a um amigo que eu precisava aprender a dançar, ao abrir um dos aplicativos no celular, eis que surge o anúncio-convite: "Já pensou em dançar hoje?". Respondi: "Sim, já estou dançando na farra dos dados". E, infelizmente, sei que não sou só eu.
2023-09-14 15:06:00
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Disputado, tour noturno pelo Cemitério da Consolação tem vagas extras para esta sexta (15)
Nesta sexta-feira (15), o Cemitério da Consolação promove pela segunda vez um passeio noturno pelas ruas da necrópole, considerada um museu à céu aberto por abrigar mausoléus criados por escultores renomados, como Bruno Giorgi e Victor Brecheret.Conduzido por Thiago de Souza, idealizador do projeto "O que te assombra?", e pela historiadora Viviane Comunale, o passeio gratuito (mediante a doação de 1kg de alimento não perecível) começa às 19h, oferecendo aos participantes a oportunidade de explorar a história do local e dos notáveis personagens que repousam ali, como Monteiro Lobato, Tarsila do Amaral e Mário de Andrade.Os ingressos devem ser retirados neste link. Inicialmente, foram disponibilizados 100 entradas que, segundo a Consolare, concessionária do cemitério, esgotaram em minutos. Nesta quinta (14), a empresa disponibilizará mais 30 vagas adicionais, que também devem esgotar rapidamente.A primeira edição do tour noturno aconteceu no mês de agosto, reunindo cerca de 130 pessoas - na ocaisão, os ingressos também esgotaram em menos de 2 horas. Quem não conseguir participar desta edição deve ficar de olho nas redes sociais da Consolare e do projeto "O que te assombra?", já que a concessionária deve realizar o passeio mensalmente. Mais
2023-09-14 12:48:00
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Passeios
https://guia.folha.uol.com.br/passeios/2023/09/disputado-tour-noturno-pelo-cemiterio-da-consolacao-tem-vagas-extras-para-esta-sexta-15.shtml
Como você está se preparando para a velhice? Conte para a Folha
Os dados preliminares do Censo 2022 mostram que a população brasileira cresce em ritmo cada vez menor e que estamos envelhecendo mais rapidamente do que o esperado.Como lembra o médico gerontólogo Alexandre Kalache, as taxas de fecundidade estão abaixo do nível de reposição no Brasil desde 2000, e o único estrato da população que continua crescendo é o de pessoas idosas."Por volta de 2040, nossa população terá chegado ao pico e começará a diminuir. Nenhum país já desenvolvido passou por tal experiência, um imenso desafio. Fazer com que as pessoas envelheçam de forma ativa e saudável é investir no futuro do país, tornando-o mais produtivo e competitivo", escreveu ele nesta Folha.Para o Estado, entidades e empresas, esse fenômeno gera impactos que vão desde a Previdência, passando por políticas de educação, de trabalho e de saúde, além da luta contra o preconceito. São muitos os especialistas que denunciam que não estamos preparados.Mas também há medidas que cada pessoa pode tomar individualmente para tentar atingir uma boa velhice. Atividade física, alimentação, relacionamentos, economias _ são vários os fatores que podem influenciar nosso futuro como pessoas idosas.Afinal, como a colunista da Folha Mirian Goldenberg sempre diz: "O jovem de hoje é o velho de amanhã".A Folha quer saber como você, leitor, está se preparando para a velhice. Envie sua resposta por meio deste formulário.Algumas respostas serão publicadas no Painel do Leitor do próximo domingo (17) e nas redes sociais da Folha.
2023-09-14 11:10:00
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Painel do Leitor
https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2023/09/como-voce-esta-se-preparando-para-a-velhice-conte-para-a-folha.shtml
Unilab, universidade pública mais preta do Brasil, pede ajuda e atenção
A Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) surgiu com a proposta de fazer a integração de alunos de países africanos de língua portuguesa a brasileiros e foi criada em 2010 em Redenção (CE). Em 2014, abriu o campus malês em São Francisco do Conde (BA). A unidade baiana abriga cerca de 1.000 alunos, dos quais 96% são negros –sendo o campus de uma universidade pública com o maior percentual de alunos pretos e pardos.Apesar da representatividade, o projeto deixou bastante a desejar e hoje chega à beira do colapso, com o fechamento do restaurante universitário e a paralisação das aulas, resultado de anos de abandono e tentativa de minar o projeto de uma educação que promova a integração entre Brasil e África.A criação de novas universidades públicas Brasil adentro permitiu o maior acesso ao ensino superior e a interiorização de políticas públicas de educação nos governos do PT (2002 a 2016). A Unilab tem uma proposta ainda mais ousada: a de promover a integração dos estudantes africanos.Vários equívocos, no entanto, tornaram o projeto ainda mais desafiador. Um deles foi a escolha de São Francisco do Conde, uma pequena cidade de cerca de 35 mil habitantes, para receber uma universidade com vocação internacional. Isso faz com que os estudantes tenham pouca ou nenhuma chance de trabalho.Outra foi a da universidade ter sede no Ceará e outra unidade na Bahia, bastante distante e sem conexão, fazendo com que o campus de São Francisco do Conde, chamado de malês, ficasse relegado à própria sorte, sem verbas, atenção ou incentivos.Por lá, são seis cursos de graduação e um de mestrado. Entre os estudantes, há quilombolas, moradores do Recôncavo baiano e cerca de 400 africanos, de países como Guiné Bissau, Angola e Moçambique.Eles recebem valores de auxílios para permanência na universidade, chamado de Plano Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), no valor de R$ 530. O montante é o mesmo desde 2010 e nunca teve reajuste. Isso faz com que os estudantes tenham ajuda da família ou vivam em condições precárias. Há ainda a possibilidade de bolsas de iniciação científica e de extensão, mas que não chegam a todos.Já os universitários indígenas e quilombolas, que tinham bolsa de R$ 900 até o começo do ano, tiveram reajuste e hoje recebem R$ 1.400. Nesse contexto, o Restaurante Universitário é a principal política de permanência dos estudantes na universidade, já que pagam R$ 1,10 tanto no almoço quanto na janta.As reclamações, no entanto, eram constantes: pouca comida, repetição de pratos, comida fria e até o estopim que foi a presença de larvas nas refeições. A empresa que era responsável pelo restaurante resolveu rescindir o contrato no fim de agosto. Desde então, a insegurança alimentar é uma constante na vida dos estudantes.Eles passaram a protestar, ocuparam a reitoria e as aulas foram paralisadas. A situação ficou pior porque haviam chegado novos 89 alunos, que ainda não conseguiram passar por todas as burocracias para receber o auxílio estudantil e dependiam 100% da comida do restaurante.Depois de mais de 12 dias sem comida e sem aula, uma verba emergencial do Ministério da Educação (MEC) chegou. "Há um grande descaso com a unidade da Bahia. Uma discriminação estrutural e institucional. Somos um campus indesejável, parece que se faz de tudo para que seja desidratado e desapareça por inanição", desabafa um membro do corpo docente, que pede para não ser identificado.Os recursos para investimentos parecem provar a tentativa de desidratar o campus que não recebeu nenhum centavo nem em 2022, nem em 2021. Segundo os professores, hoje o campus não recebe verbas para seminários, passagens ou outras atividades extras. A grana repassada é apenas para despesas de pessoal, manutenção básica de contas de água, luz e internet e material de escritório mínimo.Já o campus do Ceará tem residência universitária, restaurante digno, infraestrutura de campus, que condiz com uma universidade. Isso porque em São Francisco do Conde as aulas funcionam na estrutura de uma escola fundamental cedida pela prefeitura.O prédio da universidade começou a ser construído em 2014 e a empresa abandonou a obra, após descoberta de irregularidades. Com a chegada do governo Jair Bolsonaro a situação se agravou. Após pressão da comunidade acadêmica foram conquistadas duas vezes verbas de emendas que somavam R$ 2 milhões, cada uma, e que garantiriam a construção de 10 salas anexas, mas o dinheiro acabou ficando em ambas as situações no campus do Ceará.Neste ano, o MEC liberou cerca de R$ 10,5 milhões para retomar a obra do prédio da universidade, que está previsto para ficar pronto em 2025. Entre os absurdos, está o fato de a universidade ter conseguido 50 ares-condicionados que seriam instalados no novo prédio e hoje ficam em caixas esperando a obra ficar pronta, enquanto as aulas são ventiladas por ventiladores em pleno recôncavo baiano.Ao todo são 90 professores, todos com doutorado, e que conseguem garantir, apesar das adversidades, que todos os cursos tenham notas 4 e 5 nas avaliações do MEC, além de um bom índice de aprovação em pós-graduação e retorno aos países de origem em condições de conseguirem empregos nas áreas de estudo."Precisamos fazer uma avaliação do que representa essa universidade como reparação para os estudantes africanos, para que possam retornar aos seus países com educação de qualidade. É também uma oportunidade de pensar uma relação simétrica com os países africanos com uma política de aproximação e intercâmbio", afirma um dos docentes da Unilab.Uma das alternativas de fortalecimento do campus Malê da Unilab é transformá-lo na UFAB - Universidade Federal África Brasil, propondo sua emancipação. A proposta vai de acordo com o projeto de interiorização e internacionalização com países do continente africano e tiraria a dependência e invisibilidade em relação a sede no Ceará.São Francisco do Conde fica a 70 quilômetros de Salvador e é considerada a cidade mais negra do Brasil, com cerca de 92% da população se identificando como de cor preta e parda. A cidade recebe ainda royalties por conta de uma refinaria de petróleo que pertenceu a Petrobras e hoje é da empresa da Árabia Saudita Acelen. Isso faz com que o município tenha o 7º maior PIB per capita do Brasil. A grana, no entanto, não é visível na estrutura da cidade, que é bastante simples e também não consegue oferecer condições para a permanência dos estudantes africanos.Falta, dessa forma, a possibilidade de sobrevivência elementar da universidade, que não recebe estrutura, recursos e nem atenção. Mas é exemplo de aplicação da Lei 10.639/13, que torna obrigatório ensino afro-brasileiro e indígenas.Além disso, cerca de 90% dos formados são a primeira geração de pessoas da família que ingressaram na universidade. Em 2017, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estava fora do cargo, participou da formatura da universidade como patrono. As imagens foram utilizadas em sua última campanha ao Palácio do Planalto, mas sua gestão ainda deve mais atenção à universidade.Tive a oportunidade de estar na Unilab duas vezes e pude presenciar a potência que é ter tantos estudantes africanos, falando diversas línguas, de origens distintas, trocando com alunos do Recôncavo Baiano, quilombolas e indígenas.E também pude ver de perto a precariedade a que foram relegados, mas o quanto contornam tudo isso por meio do aprendizado que possibilitam novas oportunidades e conexões. Agora, precisamos pressionar para que os holofotes se voltem para lá e que essa conexão entre África e Brasil seja valorizada e incentivada nessa que é uma das principais regiões da diáspora africana, que é o Recôncavo Baiano. A Unilab do campus dos malês precisa de nós!De acordo com o pró-Reitor de Planejamento e Finanças, Antônio Célio Ferreira dos Santos, a Unilab criou uma ajuda de custo emergencial de R$ 575 para cada estudante até que seja feito um outro contrato com nova empresa para oferecer as refeições para os alunos. A primeira parcela foi depositada na última terça-feira (12). Além disso, a direção "está tomando todas as providências necessárias para cobrar e penalizar a empresa que suspendeu a oferta das refeições de forma unilateral".De acordo com o pró-reitor, a universidade não consegue atender a todos os pedidos de seminários e atividades extras, mas garante que há "tratamento isonômico a todos" e informa que o orçamento previsto para 2023 para a sede e campus Malê é de R$ 4,9 milhões, sem especificar qual o montante específico será destino aos investimentos na Bahia. "O reitor Roque Albuquerque está em Brasília para tratar de questões específicas do campus, onde solicita que seja enviado o recurso necessário para manter a ajuda de custo aos alunos enquanto se contrata nova empresa do restaurante, bem como conseguir mais suplementação para atender outras demandas do campus", informa.
2023-09-14 08:30:00
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Manoel Morgado, o primeiro brasileiro a completar a Grande Trilha do Himalaia
Percorrer 1.425 quilômetros de trilha em 125 dias nunca é fácil para ninguém. Realizar essa jornada cruzando o Nepal pela cordilheira do Himalaia, com sua altimetria aguda e nevascas inesperadas, é para poucos. E se essa pessoa for um cidadão com 67 anos às costas, então, pode-se dizer que é uma boa e gloriosa façanha.Esse é o caso do médico pediatra Manoel Morgado, montanhista há 40 anos, que um dia largou o diploma da Escola Paulista de Medicina para realizar o que considerava sua grande vocação: ir para as montanhas. "Na época, nem era tão frequente as pessoas irem para montanhas, Marte era mais conhecido que o Nepal para a maioria das pessoas", conta ele, lembrando o desconsolo do pai quando lhe contou que deixaria a carreira à qual havia dedicado tantos anos para seguir o sonho de viver de e para o montanhismo.Apaixonado pelo Nepal, resolveu que seria lá onde desenvolveria sua nova profissão. Meteu a cara e mergulhou no país até se considerar experiente o bastante para montar seu próprio negócio. "Então, no começo, de outubro a novembro eu guiava pessoas no Nepal, de dezembro a fevereiro levava grupos para viagens mais espirituais e de ioga para a Índia, e voltava ao Nepal entre março e abril, até que consolidei meu negócio e fiquei só no Nepal, em viagens de aventura e ecoturismo", explica. A família, do outro lado do mundo, respirava aliviada —e resignada à perda de seu primeiro doutor.À frente de uma das mais longevas agências que operam na Ásia, a Morgado Expedições, o ex-médico explica que a maioria de seus clientes é de pessoas na faixa de 40 a 50 anos, mas que cada vez mais é procurado por maiores de 60 e, até de 70 anos. "As pessoas estão chegando a essa idade mais saudáveis, o que é muito bom", comemora.Em relação aos seus primeiros anos, Morgado conta que a grande diferença promovida pelo aumento da procura por turismo de aventura na região é a oferta de uma infraestrutura de apoio moderna, com água quente nos lodges (as hospedagens nos vilarejos mais percorridos dos Himalaias), acesso a internet e outros luxos nada desprezíveis quando se está entre os picos mais altos do planeta.Só que isso costuma estar restrito ao circuito mais turístico da região, aquele que leva às montanhas badaladas, do Anapurna ao Everest, passando pelo Ama Dablan. Percorrer a GHT (Great Himalayan Trail, ou Grande Trilha do Himalaia) é um capítulo à parte, recheado de vários perrengues.A decisão de percorrer a trilha delimitada pelo britânico Robin Boustead veio depois de Morgado ter completado a escalada dos cobiçados sete cumes mais altos de cada continente —Everest, 8.850m; Denali, 6.194m; Kilimanjaro, 5.895m, Elbrus, 5.642m; Vinson, 4.897m e Pirâmide Carstensz, 4.884m. O desafio tinha o charme adicional de permitir-lhe ser o primeiro brasileiro (e sul-americano) a completar o percurso que só foi definido nos primeiros anos deste século 21, juntando as muitas trilhas já conhecidas e percorridas a outras áreas onde, à falta de demanda turística, o caminhante precisa contar com os muitos quilos que representa levar comida, água e equipamento para acampar ao relento sob um dos climas mais instáveis do mundo.A GHT, vale contar, tem o objetivo ambicioso de crescer, unindo o Butão ao Paquistão, cruzando toda a cordilheira do Himalaia, que recebe vários nomes ao longo do percurso. No dia em que a geopolítica e as rixas internacionais o permitirem, ela deve chegar a 3 mil quilômetros. E, ao contrário de outras trilhas de longa distância, como a Apalache (3.500 quilômetros), nos Estados Unidos, ou o mais modesto Caminho de Santiago (800 quilômetros) entre a França e a Espanha, essa representa um desafio mais rústico e exigente, que inclui escaladas técnicas a 6.200 metros de altitude e descidas a vales de 870 metros. Altimetria para pulmão nenhum botar defeito.A primeira tentativa de completar a GHT não deu certo, explica Morgado, porque foi justamente no ano em que a pandemia fechou o país. Sem poder contar com apoio nos vilarejos da região, a jornada foi adiada para este ano —e completada no dia 30 de julho passado. Parte da viagem foi feita ao lado da mulher, a personal trainer Vanessa Oliveira, que o acompanhou por 40 dias, voltando ao Brasil para tocar seus trabalhos. Na bagagem, desta vez, seguiam alimentos altamente calóricos, mas de relativamente menor peso, como whey, manteiga de amendoim e azeite de oliva, conforme orientado por uma nutricionista."Quando estamos nas montanhas não tenho uma dieta das melhores, a gente come o que encontra, nesses quase cinco meses de trilha não vi nada de fruta, havia pouca verdura e uma dieta pobre em proteína, mas era o que tinha", explica. E a que credita a disposição física na idade em que nossos avós costumavam estar jogando dominó na pracinha mais próxima?"Atividade física, sempre, né, e muito cuidado com os joelhos, além de uma boa genética", resume Morgado, com o brilho nos olhos de quem, antes de mais nada, tem uma enorme fome de viver.
2023-09-14 07:30:00
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Largada da seleção rumo à Copa deixa vencedores e perdedores
Os primeiros dois jogos da seleção brasileira nas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026, cartão de visitas do treinador interino Fernando Diniz, serviram para mostrar quem largou bem e quem largou mal, entre os atletas, na caminhada rumo à competição, que será nos EUA, no Canadá e no México.Um dos vitoriosos, passadas as vitórias em casa contra a Bolívia (5 a 1, fácil) e fora contra o Peru (1 a 0, difícil, com gol só no fim do segundo tempo), é o goleiro Ederson.O campeão europeu com o Manchester City, que criou fama de saber jogar bem também com os pés, atuou nas duas partidas, deixando na reserva Alisson, do Liverpool, titular do Brasil nas Copas do Mundo de 2018 e 2022, que, em revés pessoal, perdeu a posição.No setor defensivo, o zagueiro Gabriel Magalhães (Arsenal), que esteve cotado para ir ao Mundial do Qatar mas acabou preterido por Tite, e o lateral esquerdo Renan Lodi (Olympique de Marselha) são os grandes vencedores.Magalhães, apesar de ter tomado uma bola nas costas que resultou no solitário gol da Bolívia, teve a titularidade nos dois jogos, tanto em Belém como em Lima, relegando à reserva os concorrentes Ibañez e Nino, mesmo este último sendo homem de confiança de Diniz, que o treina no Fluminense.O mesmo aconteceu com Lodi, que perdeu espaço na seleção desde a final da Copa América de 2021, quando falhou no gol de Di María que deu o título à Argentina em pleno Maracanã.O técnico interino anterior da seleção, Ramon Menezes, escalara na lateral esquerda em amistosos Alex Telles ou Ayrton Lucas, que não foram chamados por Diniz. De volta, Lodi deixou o atual rival na posição, Caio Henrique, no banco nas duas partidas.No ataque, Raphinha deve ter regressado à Espanha, onde defende o Barcelona, com um largo sorriso. A vitória dele foi tripla.Primeiro porque nem tinha sido convocado originalmente para enfrentar bolivianos e peruanos. Contou com lesão de Vinicius Junior para ser lembrado por Diniz.Segundo porque, mesmo fazendo parte do grupo, certamente não começaria jogando, já que na sua posição, atacante pela direita, Antony era a escolha provável. Só que o jogador do Manchester United foi cortado devido a acusação de violência contra uma ex-namorada.Terceiro porque, caminho aberto, Raphinha aproveitou, marcando um gol e dando uma assistência contra os bolivianos, o que lhe deu crédito para prosseguir titular no jogo seguinte, no qual atuou por 85 minutos.Pelas atuações, a quadra que se destacou certamente estará na próxima convocação –o Brasil volta a jogar em outubro contra Venezuela e Uruguai–, e Ederson, Magalhães e Lodi com altíssima probabilidade de continuarem entre os 11 que começam jogando.Desses três, o único no cenário atual que corre risco de perder espaço a médio prazo é o zagueiro, isso quando Éder Militão, que teve contusão grave, voltar a jogar, já que o outro beque titular da seleção, Marquinhos, é incontestável.Receba no seu email uma seleção de colunas e blogs da Folha; exclusiva para assinantes.Carregando...Em relação a Raphinha, Vini Jr. deve regressar aos gramados nas próximas semanas e a tendência é Diniz não só convocá-lo como escalá-lo, ocupando uma das três vagas no ataque.Rodrygo iria para a direita (atuou na esquerda contra Bolívia e Peru), com Vini Jr. no flanco esquerdo e Richarlison centralizado.Raphinha, entretanto, pode ser beneficiado devido à tenebrosa fase de Richarlison, que está mal em seu clube (Tottenham) e não conseguiu balançar as redes nos jogos das Eliminatórias.Aliás, até conseguiu, em Lima, mas o gol foi anulado pelo VAR (árbitro assistente de vídeo) devido a impedimento milimétrico.Nesse caso, com Richarlison fora, Diniz pode colocar Rodrygo como centroavante e manter Raphinha no time.
2023-09-14 07:17:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/o-mundo-e-uma-bola/2023/09/largada-da-selecao-rumo-a-copa-deixa-vencedores-e-perdedores.shtml
Adidas lança tênis de 138 g e mira quebra de recordes
Procurei aqui em casa algo que pesasse apenas 138 gramas. Confesso que não achei muita coisa. Livros finos, alguns talheres, um pote de iogurte.Para a Adidas, 138 g são suficientes para quebrar recordes.A empresa alemã lança nesta quinta-feira (14) o seu mais novo modelo de alta performance para corridas de médias e longas distâncias. Com apenas 138 gramas, o Adizero Adiós Pro Evo 1 é 40% mais leve do que qualquer outro tênis de corrida já criado pela marca. Sim, QUARENTA POR CENTO. Esse número dá a dimensão do impacto que o modelo pode causar nas competições."Estabelecemos a meta de criar um tênis de corrida cheio de tecnologia, mas com um peso inédito até para a Adidas", afirma Patrick Nava, vice-presidente de produtos, corrida e esportes da empresa.Para conseguir construir um tênis tão leve, a empresa apostou em uma nova espuma na entressola, que é obtida a partir de um processo de modelagem sem compressão. O resultado é uma estrutura mais leve e menos densa. A palmilha do tênis também foi removida. O solado foi alterado, e o peso deslocado para a frente, de modo a reforçar a sensação de que o tênis empurra o corredor adiante. Por fim, o cabedal abusa de telas e transparências, para levar o conceito de leveza ao limite.O Adiós Pro Evo 1 tem 39 mm de entressola. Portanto, dentro do limite estabelecido pela World Athletics de 40 mm para calçados usados em competições internacionais. A diferença entre a altura do calcanhar e a ponta dos pés, o chamado "drop", é de 6 mm.O tênis demorou dois anos para ser desenvolvido, e durante o processo de aperfeiçoamento ele foi testado por atletas patrocinados pela Adidas no Quênia.Durante a coletiva de imprensa virtual, os executivos da Adidas insistiram que trata-se de um tênis para o dia da prova. Isso sugere que ele entrega altíssima performance, mas sua vida útil deve ser breve.Questionada pelo blog Na Corrida, a Adidas confirmou. "Este tênis foi otimizado para velocidade, não durabilidade, e desenvolvido para oferecer suporte máximo aos atletas com o menor peso possível", respondeu a empresa em nota oficial.Ainda não há previsão para o início das vendas do tênis. Tampouco sabe-se quanto ele vai custar no Brasil. (Minha aposta: não vai ser barato). Por fim, não é possível antecipar se toda essa leveza efetivamente se traduzirá em pódios e vitórias. O que a Adidas confirma é que o Adiós Pro Evo 1 deve fazer sua estreia oficial na Maratona de Berlim, que acontece no dia 24 de setembro. Há a expectativa de atletas de elite correndo com o modelo em Chicago e Nova York.Também fica a dúvida se o Adiós Pro Evo 1 vai substituir o Adiós Pro 3 como o principal tênis de performance da Adidas, e qual o impacto do seu lançamento para o futuro dos supertênis de placa.As respostas para essas perguntas virão com o tempo. Em Berlim, teremos algumas delas.
2023-09-14 05:00:00
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Rebeldia autoritária
O debate sobre um possível enfraquecimento do regime democrático de governo baseia-se em mudanças recentes no cenário política global. E, de modo inusitado, talvez os jovens tenham papel relevante na irrupção desse fenômeno.Os EUA viveram inédito retrocesso sob Donald Trump. Na Europa, Polônia e Hungria têm líderes que se perpetuam no poder e, nos países em que a extrema direita não venceu eleições, seus partidos têm se fortalecido.Na África, uma sucessão de golpes pôs fim a frágeis aberturas democráticas. No Brasil, houve o ensaio golpista de Jair Bolsonaro (PL).O quadro, porém, talvez seja menos desolador do que parece.Pesquisa da Open Society Foundations, realizada em 30 países e concluída em julho, mostra que a esmagadora maioria (86%) considera importante viver numa democracia; para 62%, ela é preferível a qualquer outra forma de governo.Nos dois primeiros itens, o Brasil registra índices superiores à média global, de 90% e 74%. No terceiro, ficamos abaixo, com 66%.Quando lida com recortes, entretanto, a pesquisa traz alguns dados inquietantes. A adesão dos mais jovens à democracia é menor do que a das gerações anteriores.Apenas 57% das pessoas entre 18 e 35 anos consideram a democracia preferível a todos os outros regimes —nas faixas etárias mais elevadas, o índice é de 71%.Ademais, 42% dos jovens acreditam que um regime militar seja uma forma aceitável de governo, e 35% acham que um líder forte, que não ligue para o Parlamento ou para eleições, seja um caminho positivo —entre aqueles com 56 anos ou mais, os percentuais são de 20% e 26%, respectivamente.Como explicar essa lacuna entre as gerações? Uma especulação é que, como a esquerda de modo geral ficou mais moderada e institucional, é a direita, mais especificamente a extrema direita, que se torna o polo contestador radical.Se a juventude, com seu pendor natural pela rebeldia, está se deixando atrair por essas ideias, teríamos uma explicação para o hiato geracional e o crescimento do populismo conservador no mundo.Caso a hipótese esteja correta, resta uma dúvida cujas implicações são relevantes. Se o gosto pelo radicalismo é apenas uma fase, o recorte populacional que hoje mostra mais tolerância com o extremismo se tornará, no futuro, mais firme na defesa da democracia.Mas, se a juventude é o momento no qual se cristalizam preferências que serão carregadas pela vida, então o flerte com autoritarismo pode ser um problema duradouro.editoriais@grupofolha.com.br
2023-09-13 22:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/09/rebeldia-autoritaria.shtml
Brics, o consenso como norma
A recente cúpula do Brics em Joanesburgo, na qual foram anunciados convites para que seis novos países (Arábia Saudita, Argentina, Egito, Emirados Árabes, Etiópia e Irã) integrem o grupo, tem gerado acalorados debates —aos quais o Itamaraty presta atenção como chancelaria de uma nação de indiscutíveis credenciais democráticas.Da posição privilegiada de quem acompanhou o processo desde sua formulação como exercício teórico pelo economista Jim O’Neill, em 2001, e sobretudo de quem viu o grupo consolidar-se como ferramenta diplomática e liderou a negociação para a ampliação do Brics, de janeiro até a semana passada, sob a orientação do presidente Lula, procuro contribuir para o debate com algumas observações.Para começar, sugiro cuidado com análises que têm como pontos de partida lógicas importadas que fazem lembrar as da Guerra Fria do século passado. O Brasil e sua diplomacia sempre souberam navegar em momentos de fratura, como nas duas guerras mundiais e também na Guerra Fria, sem alinhamentos automáticos ou alianças excludentes —e não será diferente caso cenários semelhantes se repitam no futuro. Não nos faltam, para isso, experiência, acesso a todos os interlocutores, clareza sobre o interesse nacional e visão estratégica.Lógicas de soma zero, que especulam sobre diluição de poder do Brasil com a ampliação, tampouco aplicam-se, a meu ver. O bloco é hoje, 15 anos após sua criação, muito mais relevante, e esse capital político ampliado continuará a crescer e a render dividendos políticos para todos os integrantes. O interesse de 23 países em unir-se ao espaço é exemplo eloquente do seu êxito, somado a conquistas tangíveis como a criação do NDB (Novo Banco de Desenvolvimento), o chamado "banco do Brics". Mais Ademais, não seria coerente que o Brasil, que advoga a reforma da governança global e a ampliação da participação dos países em desenvolvimento nos órgãos decisórios, como o Conselho de Segurança da ONU, bloqueasse o acesso ao grupo.A heterogeneidade de sistemas políticos, de níveis de desenvolvimento e de escalas de cada economia nacional, apontada por alguns, agora, como um pecado capital da ampliação, é e sempre foi uma marca distintiva do Brics —e também uma de suas maiores virtudes.O que une seus membros é o interesse em forjar um sistema internacional mais justo e que priorize o desenvolvimento para todos. É essa a identidade que uniu os primeiros integrantes, Brasil, Rússia, Índia e China, com respeito às divergências em outros campos, e que foi acolhida pela África do Sul quando do seu ingresso. Mais A ampliação ensejou também interpretações equivocadas sobre a suposta supremacia de um país sobre os demais, como se isso fosse possível em um bloco no qual impera o consenso como regra. A simples aritmética desmonta essa visão de viés conspiratório: afinal, ninguém questiona que o consenso entre 11 é mais difícil construir do que entre 5, seja em uma negociação diplomática entre países ou em um grupo de WhatsApp ou mesa de bar.O Brics não tem um só dono, e a negociação em Joanesburgo demonstrou essa realidade claramente. Já a partir do processo preparatório dos últimos meses, a delegação brasileira insistiu na necessidade de critérios e compromissos a serem assumidos pelos novos membros, caso da necessidade de reforma das Nações Unidas e do seu Conselho de Segurança. Quem já se deu ao trabalho de ler a declaração da cúpula de Joanesburgo e de compará-la às declarações de encontros anteriores pôde comprovar uma evolução importante na posição do bloco e de todos os seus cinco integrantes, a ser seguida pelos países convidados que queiram ingressar. Mais A abertura do debate técnico sobre o uso de moedas locais foi outro ponto prioritário para o Brasil plenamente atendido na mesa de negociação; e corretamente destacado pela mídia internacional pelo seu potencial impacto.Por esses motivos, o governo brasileiro recebe com satisfação os resultados da cúpula, que atenderam plenamente os objetivos do Brasil. Eventuais problemas futuros, tanto os apontados agora como os que venham a surgir, serão tratados com o mesmo pragmatismo e independência que caracterizam a política externa brasileira.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-09-13 22:00:00
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Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/09/brics-o-consenso-como-norma.shtml
Primeiro-ministro da Andorra se declara gay e reforça apoio à causa LGBTQIA+: 'Podem prosperar neste país'
O primeiro-ministro da Andorra, Xavier Espot Zamora, fez uma declaração sobre sua orientação sexual em uma entrevista para a televisão nacional na última segunda-feira (11). "Sou gay. Nunca escondi isso.""Agora, se não me perguntarem, não preciso dizer, no sentido de que isso não define a totalidade do que sou e muito menos minha política pessoal", continuou Espot. "Mas ao mesmo tempo, acho que não deveria ser um problema expressá-lo."O líder do país europeu aproveitou o momento para enviar uma mensagem de que a orientação sexual não deve determinar se alguém é aceito ou bem-sucedido. "Se isso ajudar muitas crianças, jovens ou adolescentes que estão passando por um momento difícil a verem que, no final das contas, independentemente de sua condição ou orientação sexual, podem prosperar neste país e alcançar a mais alta magistratura, então estou feliz em expressá-lo", disse ele.Espot - um democrata que assumiu o cargo de primeiro-ministro em 2019 - agora é um dos apenas cinco chefes de estado ou governo em exercício que se identificam com a comunidade LGBTQIA+. Ele também é o primeiro a se declarar gay no cargo a frente de Andorra.No início deste ano, o país legalizou o casamento entre pessoas do mesmo sexo e converteu todas as uniões civis entre pessoas do mesmo sexo em casamentos civis.
2023-09-13 21:50:00
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https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/09/primeiro-ministro-da-andorra-se-declara-gay-e-reforca-apoio-a-causa-lgbtqia-podem-prosperar-neste-pais.shtml
Leitores comentam primeiro dia de julgamento dos réus do 8/1 pelo STF
Sentenças "STF começa a julgar primeiros réus pelo 8/1; entenda como será" (Política, 12/9). Enfim começam os julgamentos dos primeiros réus da invasão de 8/1. É preciso que invasores sejam punidos, mas não servirá de nada se os militares e o maior incentivador de tudo, Bolsonaro, ficarem impunes, pois será como prender usuários de drogas e deixar livres os traficantes. Marcos Barbosa (Casa Branca, SP)Digamos que seja concluído o julgamento. Mas, considerando as anulações frequentes e por encomenda, quem garante que este julgamento também não se transformará em água suja daqui a pouco? A quem a gente agradece por isso? Maria Ester de Freitas (Guarujá, SP)Foram cerca de mil envolvidos e centenas de prisões. Em uma parte das detenções foram notadas lacunas relativas a preceitos legais, inclusive na justificativa para o tempo prolongado de encarceramento. Acabamos de ser informados, oito meses após o evento de 8 de janeiro, de que o STF vai começar a julgar os quatro primeiros processados! É para rir ou chorar? Patricia Porto da Silva (Rio de Janeiro, RJ)Réu "Advogado que atacou Moraes fica cara a cara com ministro e diz que julgamento do 8/1 é político" (Política, 13/9). Sobre as pessoas mais odiadas, esse desembargador só pode falar por ele mesmo, ele não me representa e nem representa a minha família. Luiz Antônio (Florianópolis, SC)A OAB não vai se manifestar sobre esse ex-desembargador e atual advogado? Que está redondamente enganado também sobre os sentimentos dos brasileiros sobre o STF: com todos os erros cometidos (e apoio o professor Conrado Hübner Mendes em suas críticas), tem a gratidão de milhões por ter protegido as eleições livres, a Constituição e ajudado a nos livrar do inominável inelegível e sua corte de golpistas corruptos. Maria Lopes (São Paulo, SP)Terremoto "Terremoto no Marrocos acumula 3.000 histórias que poderiam ter sido" (Mundo, 12/9). Triste e muito bem escrito o artigo de Ivan Finotti sobre o tremor que aconteceu em Marrocos. A conclusão do autor é a mesma que faço quando vejo balas perdidas —que não são acidentes naturais— atingirem nossos adolescentes e crianças, porque eles também têm o futuro ceifado. Wanda Santi Cardoso da Silva (Curitiba, PR) Mais Contribuição "Ministros do STF decidem que sindicatos podem cobrar contribuição de não sindicalizados" (Mercado, 11/9). Mais uma barbárie de quem deveria garantir a estabilidade no país, e não o contrário. Egon Kutomi (São Paulo, SP)Decisões bem ao estilo desse STF brasileiro: decisões esdrúxulas, incompreensíveis e injustas para agradar o patrão de plantão nos seus obscenos salários e mordomias. Sergio Siqueira (Divinópolis, MG) Pré-operatório "Bolsonaro diz que Cid ‘é decente e não vai inventar nada’ e afirma que pretende abraçá-lo em breve" (Mônica Bergamo, 12/9). Este indivíduo já mostrou em quatro anos suas ideias e ações nocivas que tanto prejudicaram o país. Chega! Vamos esquecer esta pessoa e comemorar quando finalmente for preso. Eva Stal (São Paulo, SP)Muito boa a entrevista de Jair Bolsonaro à coluna. Algumas verdades foram reiteradas, por exemplo o fato de ele ter governado respeitando sempre a lei maior. Uma parte bem elucidativa é quando ele explica que, na realidade, agiu para conscientizar seus simpatizantes sobre o quão errada é a ostentação de slogans passíveis de serem interpretados como ofensivos ao ordenamento jurídico. É notável o apreço do ex-mandatário pelo Estado Democrático de Direito. João Paulo Zizas (São Bernardo do Campo, SP)Tentar colocar a culpa dos atos de vandalismo e tentativa de golpe de 8/1 no atual governo é imaginar que todos os brasileiros sofrem de amnésia e são desprovidos de noção dos fatos! Bolsonaro se esquece que ele mesmo avisou que, se ele não fosse reeleito, a reação dos seus eleitores seria muito pior que os atos no Capitólio… Lamentável dar voz para esse homem contar lorotas! Therezinha Lima e Oliveira (São José dos Campos, SP)Conduta policial "Brasileiro que fugiu de prisão é pego pela polícia dos EUA", (Cotidiano, 13/9). Que diferença, né? Nem um só tiro foi disparado. Com a nossa polícia, o criminoso foge ou morre. Com a nossa Justiça, se for preso, logo, logo está solto. José Afonso Mota (Caculé, BA)Estamos anos-luz de um comportamento exemplar desses por parte de Estado americano. Se fosse aqui, a coisa seria diferente. Por falar nisso, em que ficou o caso do homem morto por asfixia dentro de um veículo? Cada novo crime faz o anterior sair do noticiário e ficar tudo como era antes. Silvio Lima (Camaragibe, PE)Primeira-dama "Janja é criticada por vídeo comemorando ida à Índia em meio a tragédia no RS" (Hashtag, 12/9). Votei no Lula e não na Janja. Coisa mais cafona esse negócio de primeira-dama deslumbrada. Ela devia ir cuidar da própria carreira e não ficar dependurada no marido. É um desserviço à causa feminina. Virgínia Oliveira (Sorocaba, SP)Tudo muito infantil, tanto o que foi postado quanto o fato de apagar. Mas não é exclusividade dela. A irresponsabilidade é a regra do "bem viver" no Brasil. Paulo Sales (Belo Horizonte, MG)Gourmet "Em restaurante de SP, você paga R$ 30 para fazer miojo numa marmita" (Cozinha Bruta, 11/9). São Paulo já era o túmulo da gastronomia, do bar e do samba. Agora, é o túmulo da inteligência também. Marcus Acquaviva (São Paulo, SP)
2023-09-13 20:13:00
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Painel do Leitor
https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2023/09/leitores-comentam-primeiro-dia-de-julgamento-dos-reus-do-81-pelo-stf.shtml
TCU diz que conselho de estados e municípios da Reforma Tributária não fere Pacto Federativo
O TCU (Tribunal de Contas da União) avalia que não há elementos que demonstrem que o conselho de estados e municípios previsto na Reforma Tributária fere Pacto Federativo.A afirmação foi feita por Eduardo Fávero, auditor federal de controle externo do TCU responsável por avaliar o texto da PEC 45 a pedido do Senado Federal, durante audiência na Comissão de Constituição e Justiça da Casa nesta quarta (13).O auditor listou algumas das questões analisadas até o momento em relação ao Conselho Federativo do IBS e quais os seus riscos:"Chegou-se à conclusão de que não foram encontrados elementos que atestem que a competência compartilhada do IBS fira o Pacto Federativo, por meio do Conselho Federativo", afirmou o auditor."Também não há elementos que indiquem que o exercício da capacidade ativa do IBS, de arrecadar, de distribuir recursos, que isso transferido para o Conselho Federativo fira o Pacto Federativo de qualquer forma."Na questão da regulação, afirmou que não há previsão que CBS e IBS sejam regulados conjuntamente numa única lei complementar. Outro problema é garantir que PGFN, Receita Federal e o Conselho Federativo irão harmonizar normas, interpretações e procedimentos.Em resposta a um questionamento feito virtualmente aos participantes da audiência sobre as exceções da reforma, Fávero afirmou que o relatório do TCU vai confirmar que qualquer exceção ao IVA gera diminuição no crescimento econômico."Cada exceção à alíquota padrão tem seu custo, seu preço a ser computado em termos de crescimento econômico. Estamos corroborando isso no nosso relatório."O TCU também está fazendo uma auditoria sobre o modelo de projeção de alíquotas da Reforma Tributária usado pelo Ministério da Fazenda.O relator da reforma no Senado, Eduardo Braga (MDB-AM), afirmou que ainda possui muitas dúvidas em relação ao Conselho Federativo do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços)."O conselho precisa ser um órgão técnico e administrador, nos moldes do Comitê Gestor do Simples Nacional. É minha opinião como senador. Como relator, ainda tenho de formar opinião", afirmou.Segundo Braga, o modelo pensado para o imposto não tem paralelo em nenhum lugar no mundo, diferindo inclusive do modelo de IVA Dual do Canadá. O senador disse também que a denominação de "conselho" dada pela Câmara foi infeliz.O relator também considera que o desafio para aprovar a proposta é grande, mas que o Brasil precisa de uma reforma tributária. "O manicômio tributário brasileiro não pode mais perdurar." Mais
2023-09-13 17:23:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/que-imposto-e-esse/2023/09/tcu-diz-que-conselho-de-estados-e-municipios-da-reforma-tributaria-nao-fere-pacto-federativo.shtml
Num Domingão cheio de discursos pró-LGBT+, por que a Globo censurou um beijo gay?
O quadro Batalha do Lip Sync exibido pelo Domingão com Huck neste domingo (10) parecia um episódio especial para a Semana do Orgulho LGBTQIA+. Para começar, os concorrentes da semana eram dois homens gays assumidos, casados com outros homens: os atores Carmo Dalla Vecchia e Tiago Abravanel. Talvez para evitar constrangimentos com seus superiores na Igreja Católica, que é contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, o padre Fábio de Mello, um dos comentaristas da atração, alegou que precisava pegar um avião e se retirou antes das performances começarem. Primeiro, Carmo Dalla Vecchia ostentou sua habilidade ao dublar o rapper Jay-Z com perfeição. Em seguida, Tiago Abravanel surpreendeu a plateia e comoveu todo mundo ao homenagear ninguém menos que seu avô Silvio Santos, em plena tela da Globo. Mas estes eram só os números de "esquenta". As grandes produções, com cenários, figurinos e caracterizações elaboradas, vieram na sequência. Mais Carmo se inspirou na lendária participação de Madonna nos VMAs de 2003, em que a cantora beijou na boca suas colegas Britney Spears e Christina Aguilera. Essas duas foram "substituídas" por Amaury Lorenzo e Diego Martins, intérpretes de Ramiro e Kelvin na novela "Terra e Paixão". Os dois entraram vestidos de noiva, com os rostos cobertos por véus, e o auditório veio abaixo quando eles revelaram suas identidades. Poucos segundos depois, foi a vez da internet vir abaixo. A Globo cortou o beijo entre Carmo e Amaury um segundo antes dos lábios se tocarem, e não mostrou nada do beijo entre Carmo e Diego. Como assim? Censura interna, em pleno ano da graça de 2023? Todo mundo sabe que eles se beijaram, então por que não mostrar os beijos em si? Parece até que os cortes foram propositais, para gerar burburinho nas redes sociais. E aí aconteceu uma coisa curiosa. Amaury e Diego se juntaram a Fábio Porchat, Déa Lúcia e Lívia Andrade, os comentaristas que continuavam em cena. Os dois atores receberam um mini-tributo, uma espécie de versão resumida do quadro Arquivo Confidencial, com uma brevíssima retrospectiva de suas carreiras e depoimentos de familiares. Os pais de Diego deram um testemunho especialmente pungente, declarando amor e total apoio ao filho, que já se "montava" de drag queen desde criancinha. Tomara que muitas famílias que rejeitam seus filhos homossexuais e transgênero tenham assistido e tomado vergonha na cara. Logo em seguida, dona Déa Lúcia, que é mãe de Paulo Gustavo, fez um inflamado discurso contra o famigerado projeto de lei do deputado federal Pastor Eurico (PL-CE), que pretende acabar com o casamento homoafetivo e proibir a adoção de crianças por homossexuais. Déa Lúcia, cujo filho foi casado no papel com o médico Thales Bretas, prometeu lutar contra esse descalabro, e foi a plaudidíssima pela plateia. Então Tiago Abravanel dublou a canção "Everybody (Backstreet's Back)", hit da boy band Backstreet Boys, e levou o cinturão de melhor da noite. Muito provavelmente, mais por causa de sua homenagem ao avô, que já entrou para a história da TV. Em resumo: foi um programa escancaradamente pró-LGBT+, em pleno anoitecer de domingo. A Globo mostrou, mais uma vez, que é a única rede de TV aberta que se preocupa com os direitos dessa fatia significativa da população. Mas será que se preocupa mesmo? Apesar dos discursos políticos e das lágrimas, o que todo mundo vai lembrar deste episódio da Batalha do Lip Sync é que um beijo gay foi cortado no meio, e outro, totalmente ignorado. Por quê? Por causa do horário? Não, não foi um corte acidental. A direção do programa (e, talvez, a da emissora) sabia que esses beijos viriam, e deve ter instruído o diretor de corte (o profissional que seleciona as imagens que irão ao ar) para cortar para outra câmera. A Globo não se pronunciou –e, se por acaso vier a se posicionar, com certeza virá com o papo de que "todo programa é sujeito à edição" etc. etc. O mesmo argumento que usou para justificar o corte dos beijos entre um casal de mulheres em "Vai na Fé". O público reagiu tão mal que beijos entre casais do mesmo sexo acabaram sendo mostrados no último capítulo da novela. Agora, menos de um mês depois, a emissora faz coisa parecida no Domingão com Huck. Desse jeito, ela confunde o público. Afinal, é a favor ou contra os direitos igualitários? Gays podem se casar, mas não podem expressar afeto em público? O que a emissora ganha com essa postura dúbia, que não satisfaz nem progressistas, nem conservadores?A música "Everybody (Backstreet's Back)" é dos Backstreet Boys, não do Nsync. O texto foi corrigido.Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Tony Goes tem 62 anos. Nasceu no Rio de Janeiro, mas vive em São Paulo desde pequeno. Já escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. E atualiza diariamente o blog que leva seu nome: tonygoes.com.br
2023-09-13 14:11:00
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https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/tonygoes/2023/09/num-domingao-cheio-de-discursos-pro-lgbt-por-que-a-globo-censurou-um-beijo-gay.shtml
Casal flagrado fazendo sexo em banheiro de avião é levado à delegacia
O que era para ser apenas um trajeto normal de voo se tornou motivo de risadas para alguns passageiros e constrangimento para outros. Isso porque um casal foi flagrado fazendo sexo no banheiro do avião.Na gravação, é possível ver que um comissário de bordo está em pé em frente à porta enquanto, ao fundo, diversos passageiros gritam, começam a filmar e aplaudem.Surpresos pelo flagra, o homem rapidamente fecha a porta. Segundo informações da mídia britânica, o voo fazia o trajeto de Luton, na Inglaterra, para Ibiza, na Espanha. O casal foi levado pelas autoridades depois do pouso.
2023-09-13 12:28:00
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'Tento mudar o mundo no livro infantil; o adulto já está perdido', diz Paula Fábrio
Antes de se tornar escritora, Paula Fábrio ganhou de presente uma consulta esotérica e visitou uma astróloga para fazer o seu mapa astral."Achei tudo muito picareta na época, porque ela falou coisas que não tinham nada a ver", lembra a autora. "Isso faz uns 20 anos. Mas hoje vejo que ela acertou tudo. Pena que não tenho mais o contato daquela mulher", emenda com uma risada.Entre as previsões feitas, havia uma especial —a de que Fábrio trabalharia com crianças e escreveria histórias para a infância. Seja por acerto, seja mais provavelmente pelas mágicas do viés de confirmação, a escritora lança nesta semana o seu segundo livro infantojuvenil, "Tão Importante como um Pedaço da Língua", publicado pela FTD. Mais A história, ilustrada pela artista gráfica Laura Athayde, investiga como as amizades chegam ao fim e apresenta três garotas inseparáveis, unidas por serem pré-adolescentes fora do padrão. Uma tem cabelos revoltos e ama astronomia. Outra se torna a mais gorda da turma. A terceira, que é a protagonista, se acha baixinha e é dona do gato Fernando. O felino, que não tem um pedaço da língua, é quem ajuda a batizar a obra. As três faziam absolutamente tudo juntas, mas as coisas mudam. "Nenhum tempo, quando acaba, avisa que vai acabar", afirma o texto. Nayara, a personagem principal, percebe então que as amigas se afastam sem motivo. De uma hora para outra, sem entender as razões, ela se vê sozinha, só com a companhia do gato sem língua, que ajuda a transformar em metáfora a falta de comunicação, a ausência de respostas, o silêncio, a mentira."Passei por algo parecido na minha infância e vivia isso no momento em que escrevia o livro, já adulta. A perda das amizades acompanha a nossa vida", conta Fábrio. No livro, assim como ocorre muitas vezes no mundo real, a personagem não descobre com certeza os porquês do afastamento. Mas há indicações.Não conto mais para não dar spoiler, mas as suspeitas de Nayara esbarram na condição social de sua família e em problemas enfrentados por seu pai, que está longe. "Quero que meus livros gerem ruído na classe média alta. Não só os infantojuvenis, mas tenho pensado nisso em relação à minha literatura para adultos também. Quero fazer essa troca entre a periferia e o centro."Para adultos, a escritora venceu o prêmio São Paulo de Literatura com "Desnorteio", em 2013, e publicou também títulos como "Um Dia Toparei Comigo" e "Estudo sobre o Fim". Já na literatura infantojuvenil, fez sua estreia com "No Corredor dos Cobogós", lançado em 2019 pela editora SM.Em comum entre os dois livros para a infância, está o protagonismo feminino. É verdade que "No Corredor dos Cobogós" se equilibra entre dois personagens, um menino e uma menina. "Sem o garoto até poderia haver história, mas sem ela não existiria o livro", afirma Fábrio. Já no lançamento, praticamente tudo gira ao redor do universo feminino."É uma voz que domino mais, mas é também um projeto. Quero criar histórias com protagonistas femininas porque, quando eu era criança, li centenas de livros com heróis masculinos.""Nos livros para adultos, isso não é uma questão para mim", diz a escritora. "Pode ser romântico ou uma inocência minha, mas é no livro infantil que tento mudar o mundo. Quero que meninas das novas gerações se deparem na literatura com um olhar diferente. O adulto já está perdido, mas sinto que a gente ainda pode contribuir com o leitor em formação."
2023-09-13 12:54:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/era-outra-vez/2023/09/tento-mudar-o-mundo-no-livro-infantil-o-adulto-ja-esta-perdido-diz-paula-fabrio.shtml
Caso Victor Meyniel lança novo olhar sobre o crime de homofobia no Brasil
A imagem da agressão ao ator Victor Meyniel é assustadora. Primeiro, pela violência dos golpes que o rapaz leva. Depois, pelo estado em que fica, no chão, como que agonizando. E tem ainda um outro ponto, a figura estática do porteiro do prédio em que a cena se deu.Receba no seu email uma seleção de colunas e blogs da Folha; exclusiva para assinantes.Carregando...Além disso, em alguma medida, a investigação sobre a agressão destacou um aspecto dos crimes de homofobia no Brasil para o qual é preciso olhar com atenção: eles podem ser causados por LGBTs. O agressor, Yuri de Moura Alexandre, é gay. No meu último texto neste blog, tentei abordar a discussão da desconstrução dos preconceitos que homens gays carregam, como a misoginia. Agora, vemos outro, igualmente difícil de ser encarado: a homofobia que os próprios homens gays podem ter. E mais do que isso, como esse preconceito é demonstrado. Em entrevista ao programa Fantástico, Victor disse que os ataques físicos começaram quando o ator questionou se Yuri era assumidamente gay. "Viadinho é você, eu não sou", teria dito Yuri, durante as dezenas de socos que deu em Victor. A defesa de Yuri nega. O advogado diz que a identidade sexual do estudante de medicina nunca foi ocultada - Yuri já foi casado com outro homem. O delegado do caso, João Valentim Neto, na reportagem da TV Globo, afirmou, com todas as letras, que um gay pode ser homofóbico. A polícia civil do Rio de Janeiro considera que, entre os crimes de lesão corporal e falsidade ideológica, o crime de homofobia também foi cometido. Cabe a nós, homens gays, olhar para o cenário desse crime, na portaria de um prédio em Copacabana, e imaginar em que posição estaríamos: se batendo, apanhando ou assistindo. E, depois disso, investigar o porquê.
2023-09-13 09:26:00
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Concurso Jovens Solistas da Osesp está com inscrições abertas
Concurso Jovens Solistas da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) deste ano está com as inscrições abertas até o dia 29 de setembro. Podem participar brasileiros natos ou naturalizados com até 25 anos completos, no caso de instrumentistas, ou 30 anos, no caso de cantores.O vencedor irá se apresentar como solista da Osesp no dia 12 de novembro, em um concerto na Sala São Paulo, sob a regência de Neil Thomson. Nesta edição, o concurso celebrará a temática da Temporada Osesp 2023, com seu programa "Sem Fronteiras", permitindo repertório de livre escolha por parte do candidato.Mais informações em http://www.salasaopaulo.art.br/upload/Edital%20Jovens%20Solistas%202023.pdf.Veja, a seguir, os pré-requisitos para se inscrever e concorrer a um lugar de prestígio e aprendizagem.Só poderão participar do Concurso Jovens Solistas brasileiros natos ou naturalizados com até 25 anos completos para instrumentistas ou 30 anos completos para cantores, considerando nos dois os casos a idade na data limite das inscrições.Os candidatos devem inscrever concertos ou obras solistas de qualquer período da música clássica ocidental.Todos os candidatos devem possuir e utilizar o seu próprio instrumento durante a seleção, exceto quando for piano, harpa ou percussão.Para os candidatos de piano, harpa ou percussão, a Fundação Osesp disponibilizará no ensaio geral e no dia das provas, semifinal e final, um de seus instrumentos, cuja escolha ficará a critério da organização do concurso.Os candidatos premiados em edições anteriores do Concurso Jovens Solistas não poderão participar da edição 2023.Boa sorte!
2023-09-12 22:03:00
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Histórico! Miss Universo derruba limites de idade para candidatas a partir de 2024
Na noite desta terça (12), a organização do Miss Universo pegou todos de surpresa ao anunciar em sua conta oficial nas redes sociais (@missuniverse) o fim dos limites de idade para participar do concurso. A mudança de regra é histórica, uma vez que isso nunca aconteceu em mais de 70 anos de existência da competição, criada em 1952.Até o momento, o Miss Universo aceita candidatas que tenham entre 18 e 28 anos. Segundo a nota oficial, a novidade se aplica a todos os concursos associados à franquia, e se iniciam em 2024. Ou seja, a partir do ano que vem, mulheres que tenham mais de 30, 40, 50 anos ou mais, também podem se candidatar em suas seletivas nacionais e chegar ao palco mundial. Mais "A Miss Universe Organization anuncia a eliminação de todos os limites de idade em todos os concursos Miss Universo e associados. Esta mudança se aplicará a todos os concursos de 2024 em todo o mundo", diz trecho da nota. "A partir de então, todas as mulheres adultas do mundo poderão competir para ser Miss Universo", finaliza.A notícia chega em um contexto inédito para a marca, que nunca esteve tão próxima dos temas de diversidade e inclusão. O principal motivador dessa disrupção foi a compra do concurso, há cerca de um ano, pela empresária tailandesa Anne Jakrajutatip, que é uma mulher transgênero.Outro grande fator nessa receita, é outra mudança de regra do concurso, que desde 2023 passou a aceitar a entrada de mulheres casadas, divorciadas e mães.Assim, no elenco da próxima edição, agendada para 18 de novembro em El Salvador, até o momento estão na lista: duas mulheres mães e casadas (as misses Guatemala e Colômbia), uma mulher transgênero (a Miss Holanda, Rikkie Valerie Kollé), e uma mulher com medidas plus size (a recém-eleita Miss Nepal, Jane Garrett). Mais Segundo o site WWD, quem revelou a novidade foi a atual Miss Universo, a americana R'Bonney Gabriel, durante a Semana da Moda de Nova York. Ela, que aos 29 anos é a Miss Universo mais velha da história, relembrou em entrevista à publicação que levantou a questão em sua pergunta final no palco, pouco antes de ser coroada em janeiro passado, em Nova Orleans (EUA).Na ocasião, quando questionada sobre qual mudança faria nas regras da competição se pudesse, R'Bonney foi categórica ao dizer que aumentaria o limite de idade. "A capacidade de uma mulher competir no Miss Universo, ou qualquer coisa na vida, não deveria ser definida pela sua idade. A idade deveria ser apenas um número".Ainda segundo a miss, o Miss Universo está sempre em busca de maneiras de ser mais inclusivo e deixar a plataforma do concurso melhor. "Há um grupo ousado de mulheres no comando aqui, e você sabe, muitas pessoas tendem a seguir o que fazemos".Para a gaúcha Julia Gama, 30, a última brasileira que chegou mais perto da coroa de Miss Universo -- foi vice-campeã em 2020 -- a mudança de regra é motivo de alegria. Em declaração à coluna, diretamente do México, onde vive atualmente e trabalha como atriz e apresentadora, Julia enxerga horizontes mais amplos para as mulheres."Fico extremamente feliz de ver mais esta evolução nas regras do Miss Universo. Após permitir a participação de mulheres trans, mulheres casadas, divorciadas e mães, esta nova atualização vem alinhar a plataforma grandiosa que é o Miss Universo com os valores e as aspirações das mulheres de 2023! Esta é a era em que nós mulheres provaremos que somos imparáveis em qualquer idade e que nossas decisões pessoais não nos limitam, e sim nos potencializam!". Mais Quem defende o Brasil no mundial de El Salvador é a gaúcha Maria Eduarda Brechane, de apenas 19 anos. Em entrevista à Folha logo após a vitória, em julho, ela revelou que um dos maiores questionamentos que fizeram foi sobre sua pouca idade. Algumas pessoas preferiam que a Miss Universo Brasil fosse mais experiente."Minha idade não me define. Sou muito mais que um número, sou uma mulher batalhadora e focada. Não existe tempo certo para correr atrás de um sonho", rebateu ela. No concurso, Mari era a mais nova no grupo de 7 finalistas, que tinham idades entre 22 e 27 anos. No Top 3 da final estavam a Miss Mato Grosso, Bárbara Reis (2º lugar), e a Miss São Paulo, Vitória Brodt (3º), que têm, respectivamente, 26 e 24 anos. Mais As últimas misses que venceram o título brasileiro com menos de 20 anos foram a piauiense Monalysa Alcântara, com 18 (2017), e as também gaúchas Fabiane Niclotti (2004) e Gislaine Ferreira (2003), ambas com 19 anos. Antes de Mari, a média de idade no dia da coroação dos últimos 10 anos do concurso estava em 22,8 anos."A maturidade que adquiri veio através da vivência e das experiências que tive ao longo da vida. Hoje sou inspiração para mulheres que muitas vezes deixam seus sonhos de lado por serem julgadas como jovens ou velhas demais para investir nele. Se não hoje, quando?", filosofou Mari.Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Fábio Luís de Paula é jornalista especializado na cobertura de concursos de beleza, sendo os principais deles o Miss Brasil, Miss Universo, Miss Mundo e Mister Brasil. Formado em jornalismo pelo Mackenzie, passou por Redações da Folha e do UOL, além de assessorias e comunicação corporativa. Contato ou sugestões, acesse instagram.com/defaixaacoroa e facebook.com/defaixaacoroa
2023-09-12 22:08:00
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https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/de-faixa-a-coroa/2023/09/historico-miss-universo-derruba-limites-de-idade-para-candidatas-a-partir-de-2024.shtml
Homem é detido por apalpar ao vivo nádegas de repórter de TV na Espanha
Um homem que apalpou ao vivo as nádegas de uma repórter de televisão, nesta terça-feira (12), na Espanha, foi preso pouco depois do ato, informou a polícia. A prisão ocorre logo depois da polêmica pelo beijo não consentido do presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) em uma jogadora."Preso por agredir sexualmente uma repórter enquanto estava realizando um ao vivo de televisão", informou a Polícia Nacional espanhola na rede social X (antigo Twitter), juntamente com um vídeo da detenção. Desde uma recente reforma no Código Penal espanhol, todo abuso sexual pode ser considerado agressão sexual, um tipo penal que agrupa todos os tipos de violência sexual.Os fatos ocorreram nesta terça, quando a repórter Isa Balado comentava algumas prisões em Madri, e um jovem se aproxima dela por trás e apalpa suas nádegas, segundo as imagens do programa "En boca de todos", do canal de televisão Cuatro.O jovem fica ao lado dela, perturbando-a, e um apresentador do programa pergunta incrédulo à repórter: "ele acabou de tocar na sua bunda?". "Sim", responde ela, antes de ir até o jovem: "por mais que você queira nos perguntar de que canal somos, você realmente precisa tocar na minha bunda?"O jovem nega ter feito isso, mas antes de sair acaricia os cabelos da jornalista."Em uma sociedade que queremos que seja melhor, isso não pode acontecer e esse sentimento de impunidade não pode existir. Isso é uma falta de respeito e espero que todo o peso da lei recaia sobre ele", disse o apresentador do programa, Diego Losada, de acordo com o site da Cuatro.A ministra da Igualdade em exercício, Irene Montero, escreveu no X, ex-Twitter: "os toques não consensuais são violência sexual e dizemos chega à impunidade".Este episódio ocorre logo após a renúncia do presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), Luis Rubiales, por beijar a jogadora Jenni Hermoso na boca momentos após a vitória da Espanha na Copa do Mundo Feminina na Austrália. O beijo, que a jogadora disse não ter sido consensual, causou comoção nacional e internacional que levou à renúncia de Rubiales, que também terá que responder sobre o episódio perante um juiz na sexta-feira.
2023-09-12 19:28:00
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https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/09/homem-e-detido-por-apalpar-ao-vivo-nadegas-de-reporter-de-tv-na-espanha.shtml
Quando o seu mundo depende de um chiqueirinho
"Ixi, acabou o espaço no cercadinho dos deficientes. Lotou! Um monte de gente que não precisa estar lá tomou os lugares, mas não podemos fazer nada, sabe como é. Então, você pode assistir ao show por aí, no meio da galera [com o risco básico de ser macetado], ou ali, bem longe, mas dá pra ver pelo telão."A grande verdade que ainda vinga no mundo é que ser uma pessoa com deficiência é ser quase, quase igualzinho gente, mas ainda não totalmente gente.Receba no seu email uma seleção de colunas e blogs da Folha; exclusiva para assinantes.Carregando...Há um enorme faz de conta inclusivo em vigor, o que movimenta milhares de pessoas em busca de respiro por ser e estar no mundo, mas o improviso e a lambança de planejamento para incluir imperam, sobretudo em grandes eventos, mas não somente neles.O famigerado festival The Town, que aconteceu em SP, foi um exemplo completo de como ainda é capenga pensar em diversidade de uma maneira sistemática e real. O espaço tinha o discurso de promover o tudo para todos, e até tentou fazer isso, mas esbarrou no básico: ouvir as pessoas envolvidas em suas ações inclusivas.Todos os dias, o chiqueirinho reservado para pessoas com deficiência –projetado um pouco mais elevado e com cadeiras para quem não poderia ficar em pé por muito tempo ou para acompanhantes— teve o acesso fechado por falta de vagas.Tinha de tudo, cada um reivindicando um naco de "privilégio", seja por uma dor no cotovelo, seja por sentir tontura. A irmandade nas diferenças ainda não se consolidou, então, para ter uma "visão melhor do palco", muita gente tira atestado do bolso. O orgulho malacabado, por enquanto, mora só no exercício de diretos.Isso fez com que dezenas de pessoas em cadeira de rodas ou com nanismo fossem empurradas a verem as apresentações olhando para os pescoços de quem estava na frente, com zero visibilidade do palco, correndo sério risco de segurança.A outra opção era assistirem aos espetáculos da "lua", num outro chiqueirinho, a quilômetros de distância, no típico "pra você tá bom".Oras, por que esse público não foi levado para a mesma área reservada em frente do palco, de maneira protegida, como os VIPs? Todos eram pagantes impedidos de terem a experiência que esperavam. Não foram porque ainda paira um pensamento de "favor inclusivo", de serem quase gente. Se houve erro estratégico de projetarem um lugar onde cabiam 30 pessoas para acomodar cem, afinal, gente como eu não para de bater o bumbo para o povo quebrado sair da caverna e encarar a rua, que tivessem coragem de criar um espaço digno, mesmo que emergencialmente."Ah, mas fizemos de um tudo. Teve até uma salinha para autistas. Vans de ‘graça’". Fizeram pouco e não foi aprofundado o conceito que, insisto, ter questões de mobilidade, sensorial ou intelectual não tira das pessoas o título de gente que precisa ser ouvida, respeitada, incluída e bem recebida. Mais engajamento de artistas –que não economizam em pirotecnias para mostrar o quanto são plurais em gênero—, mais participação ativa de pessoas com deficiência no pensar estratégico, mais noção dos organizadores sobre pluralidade humana, de verdade, ajudaria a mudar essa realidade.
2023-09-12 18:03:00
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O desafio da publicidade dos julgamentos do Supremo
A recente declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a publicidade dos votos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) despertou reações que variaram entre a surpresa e a indignação, como se a ideia aventada fosse um despautério —o que não é o caso, malgrado a incompatibilidade com a Constituição brasileira. O tópico é passível de debate porque experiências internacionais atestam a viabilidade de modelos distintos do adotado no Brasil.A Carta de 1988 é clara ao consagrar a regra da transparência já no inciso 60 do artigo 5º: "a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem". Em síntese, o sigilo é admitido, mas excepcionalmente. O artigo 37 impõe, dentre outros, o princípio da publicidade à administração pública dos Poderes da União.Notemos, ainda, para ampliar o rol, o inciso 9º do artigo 93, na redação dada pela emenda constitucional nº 45, de 2004: "todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação".Em essência, essa ênfase na transparência deriva do nosso modelo de organização: na República, a publicidade é uma exigência que nasce já na etimologia dos termos. A questão que se coloca é de medida —quanto maior a opacidade do sistema, maior o alheamento de seus operadores às cobranças e pressões. O que queremos, então: julgadores nefelibatas, infensos às vozes das ruas? Ou magistrados que oscilam ao sabor do barulho da opinião pública, das redes sociais? Mais Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Os julgamentos são públicos e assim hão de permanecer, para o bem do Estado democrático de Direito. Se o poder emana do povo, os Poderes devem a este, no mínimo, satisfação —os governantes não estão dispensados de prestar contas, frise-se. Por outro lado, não pode a publicidade tornar-se opressiva. Pelo contrário, favorecerá precisamente aquilo que visa combater: as interferências indevidas. Em vários sistemas jurídicos do mundo, julgamentos são anulados quando ocorre a interferência indevida da mídia sobre o caso julgado.As manifestações dos ministros do STF justificam o interesse público sobretudo porque balizam outras deliberações, em outras instâncias, sejam vencidas ou vencedoras. A expressão do desagrado de parcela da população com determinações judiciais é natural nas democracias, já que o Judiciário é chamado a dirimir conflitos preexistentes, que a sociedade ou os outros Poderes não puderam resolver por si mesmos. Entretanto, não podemos repetir a máxima nazista, segundo a qual a interpretação da lei deve consultar o sentimento da raça ariana. Mais Nesse contexto de disputa, o mais relevante é a manutenção da independência judicial, verdadeira garantia da cidadania, que possibilita a tomada de decisões isentas e imparciais por parte dos tribunais.Afinal, entre a obscuridade total e a exposição excessiva, o que vale é a efetividade da prestação jurisdicional —que não se alcançará senão por meio do equilíbrio, não por acaso, o símbolo mor da própria Justiça.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-09-12 15:45:00
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Brasileiros estão pesquisando cada vez mais sobre como dormir melhor, mostra Google Trends
O Brasil e o mundo estão pesquisando cada vez mais pelos termos "dormir" e "sono". No Brasil, as consultas aumentaram 130% nos últimos cinco anos (de 2019 a 2023) em comparação com o período anterior (2014 a 2018), segundo dados exclusivos do Google Trends divulgados nesta terça-feira (12). No mundo, o crescimento foi de 70% no mesmo período.As buscas por "muito sono" ou "excesso de sono" também bateram recorde no Brasil em 2023. De acordo com a ferramenta do Google, "muito sono, o que pode ser?" é a segunda pergunta mais buscada sobre dormir/sono no país no último ano. "Como dormir rápido?" foi a primeira da lista.Outras perguntas da lista ainda tratam da posição para dormir (para bebês e grávidas, inclusive), do motivo de dormir e da quantidade de horas ideal.História, música, oração, remédio e chuva são os termos mais buscados na consulta "...para dormir". No último ano, o Brasil foi o sexto país com mais interesse de busca por melatonina.Transtornos como depressão e ansiedade podem mudar o padrão de sono, gerando dificuldades para dormir. "Durante o dia, quando estamos mais atarefados, o pensamento se estrutura no córtex pré-frontal do cérebro, onde estão as áreas de julgamento, planejamento e razão. Quando o córtex relaxa, ele se direciona às emoções. Consequentemente, os pensamentos ansiosos que estavam dormentes durante o dia surgem à noite", explica Monica Machado, psicóloga e fundadora da Clínica Ame.C. Mais Como dormir melhorA prática de higiene do sono é formada por uma série de condutas indicadas por especialistas, que devem ser tomadas ao longo do dia, para conseguir dormir melhor à noite.O neurocientista Andrei Mayer, professor do Departamento de Ciências Fisiológicas da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e apresentador do podcast A culpa é do cérebro, explica que essa reeducação inclui algumas atitudes, como se expor mais à luz natural, evitar beber café após as 15h, praticar exercícios físicos (até uma hora e meia antes de dormir, pelo menos) e jantar duas horas antes de dormir.Cliquei aqui e veja todas as dicas de higiene do sono recomendadas pelo neurocientista. Leia mais sobre o tema Siga o blog Saúde Mental no Twitter, no Instagram e no Facebook.
2023-09-12 15:00:00
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Janja é criticada por vídeo comemorando ida à Índia em meio a tragédia no RS
"Namastê! Olá, Índia. Boa noite. Me segura que eu já vou sair dançando", afirma a primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, ao desembarcar em Nova Déli, na Índia, onde acompanha o presidente Lula (PT) durante a Cúpula do G20.O ânimo de Janja no vídeo de 8 segundos, publicado no Twitter e depois deletado, contrasta com o cenário no sul do Brasil, especialmente no Rio Grande do Sul, que enfrenta série de tragédias em decorrência das chuvas. Até a manhã desta terça (12), são 47 mortes confirmadas, 925 feridos e 25.311 desabrigados no estado. O governo gaúcho estima que 340 mil foram afetados.Receba no seu email uma seleção de colunas e blogs da Folha; exclusiva para assinantes.Carregando...Apesar da publicação da primeira-dama ter sido apagada, abriu o flanco: Janja tornou-se alvo de críticas por parte de internautas, que cobram empatia da primeira-dama, e também o governo, com opositores apontando suposto exagero nos gastos com viagens ao exterior.Em resposta aos críticos, Janja fez outra postagem em que afirma que seus "sorriso e alegria nunca significarão falta de empatia e solidariedade pelo próximo."Opositores aproveitam a oportunidade para comparar os supostos gastos com as vítimas do ciclone no Rio Grande do Sul e com as viagens do presidente Lula e da primeira-dama. "Puro retrato do petismo", escreveu o vereador de São Paulo pela União Brasil, Rubinho Nunes.O presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin (PSB), anunciou no último domingo (10) um pacote de R$ 741 milhões para financiar as medidas de amparo aos municípios atingidos pelas chuvas e enchentes.Para além dos gastos, alguns perfis dizem que Janja faz ‘’demonstração de deslumbramento juvenil e inconsequente"."Um dos motivos pelo qual eu votei no Lula foi a ideia de humanidade que o outro não passava, mas nesse caso, tanto ele, quanto você, ficaram devendo", diz um usuário.Já apoiadores de Janja afirmam que enquanto a extrema-direita a culpa pela tragédia ocorrida no sul do país, não fala sobre a soltura de Mauro Cid e a homologação de delação premiada, em que o tenente-coronel e ex-ajudante de ordens da Presidência deve citar militares do governo Bolsonaro, como os generais Augusto Heleno e Luiz Eduardo Ramos.Outros, ainda, dizem que a invejam porque ela é feliz.
2023-09-12 12:31:00
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O exemplo que os governos não dão
Seria razoável supor que, havendo um setor em que se verificasse maior equidade de gênero, esse seria o setor público. Afinal, ao menos quando se trata de cargos efetivos, o serviço público oferece chances iguais de admissão via concursos impessoais, salários iguais para desempenhar funções semelhantes dentro de uma mesma carreira, estabilidade no cargo e, muitas vezes, tempo de serviço como único critério para progressão.Receba no seu email uma seleção de colunas e blogs da Folha; exclusiva para assinantes.Carregando...Postas essas condições, o setor público poderia funcionar como um ambiente mais igualitário, onde as mulheres poderiam ascender na carreira tanto quanto seus pares do sexo masculino. No entanto, não é isso que se verifica na prática.Segundo dados da PNADC analisados pela República.org, embora as mulheres representem 57% do setor público no Brasil, elas estão apenas em 39% dos cargos de direção e gerência. A média salarial de homens é 37% maior que a de mulheres. Quando adicionamos o componente racial, a diferença fica mais gritante: homens brancos têm média salarial 94% maior que mulheres negras.As mulheres enfrentam dois tipos de segregação no mercado de trabalho, a vertical e a horizontal. A vertical é a que impede a ascensão a posições de liderança, o teto de vidro. Isso pode acontecer porque as mulheres sofrem discriminação ou porque se colocam menos disponíveis para ocupar esses cargos, por terem seu tempo mais comprometido por tarefas domésticas e familiares, ou ainda por uma combinação dos dois fatores.Um estudo do Ministério da Gestão e da Inovação aponta que a chance de um homem em cargo de liderança ter filhos menores de idade é 3,2 vezes maior do que a de uma mulher. Esse dado é coerente com o fenômeno da penalidade da maternidade.Já a segregação horizontal é a diferença na distribuição de gênero em algumas carreiras. As mulheres historicamente ocupam mais as chamadas "posições de cuidado", atuando em áreas como educação, saúde e assistência social, que concentram grande parte do serviço público e, em geral, têm remunerações inferiores.Portanto, a despeito de apresentar alguns elementos que poderiam levar a mais equidade, o setor público não é capaz de sobrepor as forças igualitárias às forças segregativas.Quando tiramos o zoom da análise de gênero, percebe-se que o setor público não tem feito um bom trabalho na redução das nossas desigualdades de uma maneira geral. Enquanto 50% dos servidores recebem até R$3.391,00, no topo da tabela existe uma minoria recebendo os disparatados supersalários, acima do teto constitucional. Em alguns recortes, o setor público apresenta desigualdade de renda superior à do setor privado.O fato de o setor público não reduzir as distorções do setor privado, e em alguns casos até ampliá-las, poderia ser só mais um fato observado no Brasil, não fosse muito mais trágico.Além de governos perderem a chance de se posicionar como empregadores modelo, algumas pautas caras a grupos específicos só avançam se esses grupos têm representação em espaços de poder.A distribuição de absorventes em escolas é um exemplo de ação que só foi possível devido ao protagonismo de mulheres. Estudo recente lançado pelo Núcleo de Estudos Raciais do Insper e Fundação Lemann mostra que lideranças femininas investem mais em saúde e educação, tendem a reduzir em até 24% a mais a mortalidade infantil e têm até 35% menos chance de se envolverem em casos de corrupção.O setor público brasileiro precisa ser capaz de corrigir suas distorções, pelo bem de seus profissionais e, mais ainda, pelo bem de todos nós.O editor, Michael França, pede para que cada participante do espaço "Políticas e Justiça" da Folha sugira uma música aos leitores. Neste texto, a escolhida por Helena foi "Mulheres do Brasil", de Maria Bethânia.
2023-09-12 12:00:00
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Mundo em blocos
Como numa proverbial profecia autorrealizável, a reunião de cúpula do G20 na Índia, encerrada no domingo (10), coroou um momento de divisões mundiais quase inconciliáveis, em que os interesses nacionais falam mais alto.Pior para Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presidente que vive fixado nos anos 2000, quando o boom das commodities colocou o Brasil em um lugar provisório de destaque na arena internacional —e o petista, como símbolo daquela era.Lula voltou ao poder com a imagem do país abalada por Jair Bolsonaro (PL) no cenário mundial, um presente em termos de projeção e aceitação potenciais.Em tese, a presidência rotativa do G20 daria a Lula, a partir de dezembro, um palanque global para suas pretensões, ainda por cima somado ao período final de sua liderança temporária no Mercosul.A realidade de um planeta conflagrado e cada vez mais obediente à lógica de blocos —apesar da interdependência vigente entre as potências rivais em Washington e Pequim— dificulta tal plano.Em Nova Déli, por exemplo, Lula fez o previsível, mas correto, discurso acerca da falta de contrapartida de nações mais desenvolvidas quando o tema é o ambiente.Na hora de deixar a retórica, o petista encontrou a parede. Fez queixas duras ao francês Emmanuel Macron, tachando de ofensivas as exigências ambientais adicionais que a União Europeia incluiu na negociação sobre o acordo de livre comércio com o Mercosul.Se tem razão ao dizer que elas são uma reação aos anos de descaso bolsonarista, faltou a Lula explicar o próprio protecionismo, que quer ver instalado no acerto em nome da suposta reindustrialização pregada em seu governo. E isso para não falar da perene e algo bizantina busca de uma vaga no Conselho de Segurança da ONU.Lula meteu os pés entre as mãos novamente sobre a Guerra da Ucrânia, ao dizer que Vladimir Putin nunca seria preso no Brasil sob seu governo, embora a obrigação legal de cumprir a ordem do Tribunal Penal Internacional seja da Justiça. Estrago feito, recuou —e mal.O petista pode até ter o sucesso que seu antecessor à frente do G20 (o premiê Narendra Modi) teve, mas aí importam as condições objetivas: a Índia e sua economia são o destaque da vez na política global, tanto que o americano Joe Biden foi suave ao falar da guerra.A hipocrisia ocidental se fez presente no texto final do encontro, em que os países ricos aceitaram diluir até a natureza da conflito em que armam e apoiam Kiev, para evitar que a ausente China ficasse com os louros políticos de uma debacle total da cúpula do G20.Nesse cipoal, o protagonismo brasileiro se torna mais difícil.editoriais@grupofolha.com.br
2023-09-11 22:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/09/mundo-em-blocos.shtml
Os mortos e desaparecidos e a democracia
VÁRIOS AUTORES (nomes ao final do texto) Dentre as políticas públicas atacadas por Jair Bolsonaro, aquelas relacionadas aos direitos à memória, verdade, justiça e reparação foram particularmente atingidas. De forma emblemática, uma das últimas medidas de seu governo foi a extinção da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP), instituída pela lei 9.140/95.Órgão de Estado criado por Fernando Henrique Cardoso, a comissão tem como missão reconhecer os mortos e desaparecidos políticos da ditadura militar, bem como envidar esforços para a localização dos corpos de desaparecidos. É patente, assim, a ilegalidade da extinção do órgão, uma vez que ele está longe de cumprir seu objetivo legal.Essa ilegalidade foi reconhecida pelo atual governo por meio de reiteradas declarações de seus membros, que se comprometeram publicamente com a reinstalação da CEMDP. Honrando o compromisso, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania produziu uma minuta de decreto sobre o tema e a enviou à Casa Civil, onde, no entanto, o processo encontra-se parado desde abril, como já noticiado por esta Folha em 15 de agosto.O atual ciclo político pode representar uma última oportunidade para o cumprimento de algumas das obrigações internacionais do Estado brasileiro em relação às graves violações de direitos humanos da ditadura militar. Muitos dos familiares de vítimas estão nos deixando sem que tenham as respostas pelas quais lutaram por décadas. Assim, cada dia de atraso na reconstituição da CEMDP é grave.Mas a reinstalação da CEMDP não responde apenas à necessidade de saldar os passivos da transição democrática. O órgão pode desempenhar papel estratégico em agendas do presente, com as quais o governo também tem se mostrado comprometido. Mais Por um lado, ao atuar no fortalecimento da democracia. O número oficial de 434 mortos e desaparecidos políticos está longe de representar a totalidade de vítimas do regime. Temos uma enorme lacuna no reconhecimento público das violências perpetradas pela ditadura contra os camponeses, os povos indígenas e a população negra. Ampliar o conhecimento sobre a extensão da violência ditatorial, incorporando os recortes de gênero, raça, classe, território e orientação sexual é fundamental para que se constitua uma consciência crítica acerca dos riscos do autoritarismo.Por outro lado, o órgão reúne uma importante expertise técnica, especialmente no campo da antropologia e da arqueologia forenses, que pode ser colocada à disposição para o esclarecimento dos crimes do Estado de outros períodos históricos, inclusive os que são perpetrados hoje.Como se vê, a CEMDP tem ainda muitos papeis a cumprir na defesa da democracia e na luta contra toda forma de autoritarismo e violência, do passado e do presente. Por isso, entendemos ser urgente que o atual governo federal cumpra definitivamente esse compromisso já assumido com a sociedade brasileira, com os familiares das vítimas e com os sistemas internacionais de proteção dos direitos humanos. Mais Belisário dos Santos Jr. Ex-membro da CEMDP e integrante da Comissão Arns Paulo Abrão Ex-presidente da Comissão de Anistia, ex-secretário-executivo da Comissão Interamericana de Direitos Humanos e ex-secretário nacional de Justiça Pedro Dallari Diretor do Instituto de Relações Internacionais da USP e ex-coordenador da Comissão Nacional da Verdade Sirlene Assis Presidenta do Grupo Tortura Nunca Mais da BahiaTENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-09-11 22:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/09/os-mortos-e-desaparecidos-e-a-democracia.shtml
Ser rico não é pecado, mas...
No artigo "Ser rico não é pecado", publicado nesta Folha no dia 3 de setembro, João Camargo criticou duramente a proposta de reforma da tributação do capital apresentada pelo ministro Fernando Haddad. O texto é exuberante, mas parte de premissas equivocadas. O autor confunde um imposto sobre a riqueza com um sobre a renda do capital. A diferença é importante, pois um imposto sobre a renda do capital depende de o capital ter gerado renda. Importa também a calibragem da alíquota de cada imposto.É verdade que vários países europeus vêm abandonando o imposto sobre grandes fortunas, para estancar um processo de fuga de capitais, mas isso não é o que está em discussão aqui.No Brasil, os mais ricos têm mecanismos que permitem reduzir substancialmente o imposto que pagam sobre suas rendas do capital e do trabalho, de acordo com as regras básicas do IRPF (Imposto sobre a Renda das Pessoas Físicas). Como consequência, quando se leva em conta as outras formas de tributação, que espero em breve se consolidem em um IVA moderno, a carga tributária que incide sobre os mais pobres é maior do que a carga que incide sobre o 1% mais rico. Isso mesmo.Há alguns anos, Angus Deaton, Prêmio Nobel, professor da Universidade Princeton e grande especialista no tema, com o bom senso que é a sua marca, me recomendou pensar em um necessário ajuste fiscal começando pelas maiores distorções do sistema. Penso que é justamente o que está sendo apresentado por Haddad. Não se trata, portanto, de um salto para um sistema progressivo.No que tange à renda do capital, são duas as propostas: 1 - mudar as regras dos fundos exclusivos fechados, que permitem que pessoas com patrimônio elevado criem seu próprio fundo e posterguem "ad infinitum" o imposto sobre seus ganhos; e 2 - modificar as regras de tributação de investimentos no exterior, que analogamente permitem diferir o pagamento do imposto até uma eventual repatriação dos recursos. Como defende o governo, não há razão para diferenciar o tratamento tributário dos dois casos. Mais Quanto ao imposto sobre a renda do trabalho, urge uma revisão dos elevados limites de faturamento para empresas que optam por pagar o seu imposto sobre a renda (IRPJ) através dos regimes especiais do Simples e do lucro presumido. Por exemplo, um profissional liberal que ganha até R$ 4,8 milhões por ano pode (se tiver custos relativamente baixos) criar uma empresa e pagar uma alíquota efetiva de um dígito sobre a sua renda!Essa benesse está relacionada à isenção do imposto sobre dividendos para pessoas físicas (IRPF) em vigência no nosso país. Tal isenção não significa que o capital não seja tributado, pois empresas pagam impostos. As que não se beneficiam dos regimes especiais estão sujeitas a uma alíquota de 34%. Uma revisão das alíquotas que incidem sobre empresas e sobre dividendos está em pauta mundo afora —devemos fazer o mesmo aqui.Sou da opinião de que, enquanto perdurarem esses tipos de brechas tributárias regressivas, qualquer proposta de ajuste fiscal vai carecer de autoridade moral para quem a propuser. Não é justo onerar os mais vulneráveis para beneficiar os mais ricos. Mais A meu ver, as alíquotas propostas pelo governo e uma eventual correção dos regimes especiais do IRPJ não levarão a uma relevante fuga de capitais do país. Tal comportamento depende de um conjunto mais amplo de variáveis que influenciam os padrões de risco e retorno na economia. Dentre elas destacaria a qualidade e previsibilidade das instituições do país —econômicas, políticas e outras—, que são a fonte mais relevante dos prêmios de risco que engordam as taxas de juros.As pressões para a preservação de todos esses aspectos altamente regressivos das regras do Imposto de Renda vão persistir, mas devem ser tratadas de forma transparente e objetiva para que não perdurem as iniquidades que hoje caracterizam o nosso sistema. Ser rico não dá direito à moleza que existe no Brasil.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-09-11 22:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/09/ser-rico-nao-e-pecado-mas.shtml
Alimento ultraprocessado terá benefício tributário na reforma?
Especialistas na área tributária apontam que o texto atual da PEC 45 abre espaço para impedir a cobrança de Imposto Seletivo sobre qualquer tipo de insumos agropecuários e alimento destinado ao consumo humano, como mostrou reportagem da Folha do último sábado (9).O Imposto Seletivo tem como objetivo tributar a produção, comercialização ou importação de bens e serviços prejudiciais à saúde ou ao ambiente. Mas o texto aprovado na Câmara restringe sua aplicação.Veja o que diz a PEC:"§ 1º Lei complementar definirá as operações com bens ou serviços sobre as quais as alíquotas dos tributos de que trata o caput serão reduzidas em 60%, referentes a:(...) VII – insumos agropecuários e aquícolas, alimentos destinados ao consumo humano e produtos de higiene pessoal.""O imposto [seletivo] (...) não incidirá sobre os bens ou serviços cujas alíquotas sejam reduzidas nos termos do § 1º".Uma vez aprovadas as mudanças na Constituição em discussão neste momento, caberá ao governo propor ao Congresso uma lista com produtos duplamente beneficiados. Leia mais aqui. Mais
2023-09-11 17:53:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/que-imposto-e-esse/2023/09/alimento-ultraprocessado-tera-beneficio-tributario-na-reforma.shtml
Podcast Américas debate 50 anos do golpe no Chile e repúdio a ataques de Milei ao papa
No Podcast Américas desta semana, os jornalistas Sylvia Colombo, colunista da Folha, e Sebastián Fest, correspondente em Buenos Aires do jornal espanhol "El Mundo", trazem análises e entrevistas sobre os principais temas da semana nas Américas.Nesta semana, desde Santiago, ambos contam como é o clima de fricção política em que vive o país num momento-chave de sua história. Enquanto o presidente Gabriel Boric tenta chegar a um acordo com os demais partidos para assinar um compromisso pela democracia, protestos e manifestações são esperados para o próximo 11 de Setembro, dia que marca os 50 anos do golpe de Estado no país.Há, ainda, uma análise dos acontecimentos em Buenos Aires, quando declarações do candidato Javier Milei insultando o papa Francisco causaram manifestações populares e de religiosos.Por fim, um debate sobre o caso do caso do Rolex de Bolsonaro. Ouça abaixo:O podcast Américas, transmitido em espanhol, é uma boa oportunidade para jornalistas e demais interessados em entender melhor a região e em conhecer mais o idioma falado em quase toda América Latina, tendo o Brasil como uma das exceções. Nele, trata-se todas as semanas de três temas ocorridos nas Américas (Norte, Centro e Sul) em um espaço de meia hora.
2023-09-11 17:20:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/novo-em-folha/2023/09/podcast-americas-debate-50-anos-do-golpe-no-chile-e-repudio-a-ataques-de-milei-ao-papa.shtml
Religiosidade conectou mineiro Gustavo Nazareno ao mundo das artes
"Não cresci visitando museus ou galerias. Meu primeiro contato com a arte foi na igreja", conta o artista mineiro Gustavo Nazareno, 29, da cidade de Três Pontas, sul do estado.Seu trabalho, diz, une referências renascentistas e da arte sacra com a estética e a história de divindades do candomblé, religião da qual é devoto.Nas 120 páginas de seu primeiro livro, "Bará", ele retrata corpos em movimento, rostos e bustos, em uma sequência coreografada com 400 desenhos feitos em carvão. A série é dedicada a Exu, orixá presente em religiões de matriz africana.As obras da série também estão expostas no Museu Afro Brasil Emanoel Araujo, no Parque Ibirapuera, em São Paulo, até dia 01 de outubro, na mostra individual do artista.A religiosidade sempre teve papel importante em sua vida, afirma, porque foi frequentando a igreja de sua cidade que ele começou a se interessar pela carreira de artista."Aquele espaço com os quadros, as pinturas, as imagens dos santos, funcionava como algo muito parecido [com um museu ou galeria]. Alguém ajoelhar na frente daquela obra e aquilo transportar a pessoa através da sua fé. Vendo isso, eu sabia que queria ser a pessoa que pintou ou desenhou aquela imagem."Gustavo se mudou para a capital paulista em 2018, após enfrentar um quadro grave de depressão. Seu primeiro trabalho, não remunerado à época, foi em um terreiro de umbanda em que fazia pinturas dos orixás em troca de materiais artísticos e de um espaço para montar um pequeno ateliê.Ele, que até então tinha tido pouco contato com religiões de matriz africana, afirma ter se sentido acolhido pela comunidade do terreiro. Seus estudos, pautados principalmente na arte sacra e nas referências cristãs, ganharam novas cores a partir das pesquisas que começou a realizar sobre a origem de cada orixá. Mais Hoje ele cria a partir de fábulas que escreve contando a história das divindades. No entanto, a escolha de desenvolver seu trabalho a partir do candomblé e da umbanda trouxe desafios. O artista diz que, apesar de ver um aumento na visibilidade dada a artistas negros e a temas como a religiosidade afro-brasileira, ainda há muito preconceito no meio artístico."A minha primeira experiência no mercado de arte foi marcada por racismo religioso. Então o que me deixou com muito medo."Poucos dias antes de estrear a primeira exposição de "Bará", em 2019, um dos curadores do espaço pediu para que ele retirasse todas as referências a Exu do trabalho.Apesar da troca do nome, as obras não perderam a identidade, diz o artista, isso porque Bará também é um dos nomes dados a Exu, mas que era desconhecido pelo curador da instituição, não nomeada por ele.Por situações como essa, Gustavo diz ter perdido algumas oportunidades de trabalho por se negar a mudar suas obras para se encaixar em espaços majoritariamente brancos.Para ele, ter o respaldo de museus, como o Afro Brasil, em São Paulo, é fundamental para que se possa ter autonomia na hora de produzir."Não basta expor artistas negros, cadê os pesquisadores, curadores e gerentes de galerias negros?" Ainda há um caminho longo pela frente no enfrentamento do racismo no mercado artístico, que não deve restringir a produção de pessoas negras a um nicho, mesmo se essas obras falarem de religiões afro-brasileiras. Afinal, ressalta, obras importantes para a história da arte e movimentos inteiros foram pautados pelo cristianismo.Além da exposição em cartaz no museu paulista, Gustavo já expôs no Rio de Janeiro, em Londres e em Milão.O que você quer ler aqui no blog? Tem alguma sugestão para o Pretos Olhares? Escreva para catarina.ferreira@grupofolha.com.br
2023-09-11 16:00:00
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Por que a série 'The Chosen' é tão melhor que as novelas bíblicas da Record?
Até duas semanas atrás, eu nunca havia ouvido falar em "The Chosen", ou "Os Escolhidos". Um deslize considerável para alguém que se acha muito bem informado, sempre a par das novidades da TV americana.A chegada ao Brasil do criador da série, Dallas Jenkins, seguida pela notícia de que o SBT havia comprado as três primeiras temporadas, fez com que este fenômeno midiático finalmente entrasse no meu radar. Do qual ele conseguiu escapar até então por uma razão prosaica: "The Chosen" é o que se chama nos EUA de "entretenimento cristão", um gênero pelo qual eu tenho zero interesse.Pois deveria ter, ao menos pelos números. A série teve seu episódio piloto lançado no Facebook em 2017, e gerou comoção imediata. Também atraiu investidores em esquema de "crowdfunding", financiamento coletivo, o que garantiu o lançamento da primeira temporada em 2019. E se tornou um enorme sucesso, sem ser exibida por nenhum canal de TV, aberto ou fechado. Os episódios eram disponibilizados gratuitamente no YouTube ou por meio de aplicativos. Inclusive no Brasil, onde se formou uma imensa legião de fãs. Mais Por aqui, a primeira temporada de "The Chosen" também pode ser vista na Netflix e no Globoplay. Isso atiçou minha curiosidade. Resolvi assistir aos dois primeiros episódios, para entender melhor do que se tratava.Acabei vendo a temporada inteira em quatro dias, porque a série é realmente boa. Não é uma produção suntuosa e nem todos os atores são incríveis, mas "The Chosen" acerta na mosca no quesito mais importante de todos: o texto.Que parte de uma ótima premissa: contar a história de Jesus Cristo do ponto de vista de seus seguidores, seres humanos cheios de defeitos como qualquer um de nós. Os roteiristas tomaram o cuidado de não alterar nada que está na Bíblia, mas acrescentaram inúmeros detalhes e criaram histórias pregressas bastante interessantes para figuras como Simão Pedro ou Maria Madalena.O primeiro, por exemplo, está atolado em dívidas, e tenta fazer um acordo meio espúrio com os romanos. Já Madalena sofre de estresse pós-traumático, pois foi violentada por um soldado e caiu na prostituição.Mateus, o cobrador de impostos, está no espectro do autismo, algo totalmente desconhecido dois mil anos atrás. Ele provavelmente é um "idiota sábio", dono de uma fantástica habilidade com números e bem pouco traquejo social.Para mim, o personagem mais fascinante de todos é Nicodemos, o sacerdote fariseu citado apenas no Evangelho de São João, onde aparece três vezes. Membro do Sinédrio, a cúpula do clero judaico, ele é um homem rico e poderoso, mas percebe que há alguma coisa estranha e maravilhosa tanto em João Batista como em Jesus. No entanto, mesmo reconhecendo que este é mesmo o Messias, Nicodemos não tem coragem de se juntar aos apóstolos.Todo bom personagem carrega contradições internas, e este não é o caso do Jesus de "The Chosen". Ele exala sabedoria e tranquilidade, ao contrário, por exemplo, daquele retratado por Martin Scorsese no filme "A Última Tentação de Cristo", que vivia um intenso conflito entre suas naturezas humana e divina.Mas não há nenhum problema nisso. O séquito de humanos imperfeitos, com seus dramas e falhas, mais do que compensa a placidez de Jesus –que, diga-se a seu favor, é bem-humorado, acessível e nada pomposo."The Chosen" não deixa de ser uma ferramenta de catequese, claro. Quer confirmar a fé dos convertidos e conseguir novos adeptos para o cristianismo. Mas não tem a mão pesada das novelas bíblicas da Record.No ar há mais de uma década, os folhetins religiosos da emissora melhoraram muito na cenografia e na direção de arte. Também houve avanços na qualidade do texto, mas que foram perdidos depois que Cristiane Cardoso, filha do bispo Edir Macedo, passou a controlar a dramaturgia da Record.Hoje as novelas da casa são francamente chatas, para não dizer insuportáveis. Os personagens não têm profundidade nem geram identificação com o público. Diálogos rasteiros são declamados por atores despreparados e acabam funcionando quase como propaganda negativa para a Igreja Universal do Reino de Deus. Não admira que nenhuma produção do gênero venha se destacando na audiência, já faz algum tempo.Os roteiristas da Record bem que poderiam assistir a "The Chosen" e tomar notas. Aliás, aposto que muitos já estão fazendo isto.Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Tony Goes tem 62 anos. Nasceu no Rio de Janeiro, mas vive em São Paulo desde pequeno. Já escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. E atualiza diariamente o blog que leva seu nome: tonygoes.com.br
2023-09-11 13:00:00
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Ingressos para os shows de Diana Krall no Brasil, em novembro, já estão à venda
Estão disponíveis os ingressos para os dois shows da cantora e pianista canadense Diana Krall, que acontecerão em novembro no Brasil. No Rio de Janeiro a artista se apresentará no dia 15 de novembro no Vivo Rio, e em São Paulo o show acontecerá no dia 18 de novembro, no Tokio Marine Hall. Os ingressos são vendidos no site oficial do Sympla, para o show do Rio de Janeiro, e no site oficial do Eventim para o espetáculo de São Paulo.As duas apresentações de Diana Krall são parte do projeto Open Jazz, concebido pela Dançar Marketing. O Open Jazz é uma plataforma que já atraiu mais de 450 mil espectadores e possui uma trajetória de sucesso com a participação de vários artistas consagrados como Buddy Guy, Chaka Khan, Herbie Hancock, Dianne Reeves, Brandford Marsalis, Macy Gray, banda Mantiqueira e Traditional Jazz Band, entre outros.Canadense, nascida em Nanaimo, na Columbia Britânica, Diana Krall descobriu sua paixão pela música desde muito jovem. Aos quatro anos de idade começou a estudar piano e, aos 15, já se apresentava profissionalmente.A artista é a única cantora de jazz a ter oito álbuns a estrear no topo da parada da Billboard. Até o momento, seus discos ganharam dois prêmios Grammy, dez troféus Juno e nove álbuns de ouro, três de platina e sete multiplatina, garantindo seu lugar como uma das maiores referências do jazz contemporâneo.Bom show!SHOW DIANA KRALLQUANDO Dia 15 de novembro, às 21h; e dia 18 de novembro, às 22hONDE Dia 15, no Vivo Rio, av. Infante Dom Henrique, 85, parque do Flamengo, Rio de Janeiro, tel. (21) 2272-2901; dia 18, no Tokio Marine Hall, r. Bragança Paulista 1.281, Várzea de Baixo, São Paulo, tel. (11) 5646-2153QUANTO Ingressos para o show do Rio de Janeiro, de R$ 220 a R$ 1.220 neste link; ingressos para o show de São Paulo, a partir de R$ 200, neste link
2023-09-11 10:44:00
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A modulação e a eficácia da coisa julgada
Ao menos desde o ano passado, a Fazenda Nacional tem buscado o Poder Judiciário para reverter algumas sentenças transitadas em julgado a favor de contribuintes, por meio das quais restou garantido o direito de repetir (restituir ou compensar) pagamentos indevidos de PIS e de Cofins sobre a parcela do ICMS destacada nas notas fiscais de venda de mercadorias ou produtos (tese do século). A Fazenda lançou mão de ações rescisórias contra sentenças proferidas em ações ajuizadas pelos contribuintes que versaram sobre essa matéria, protocoladas após 15/03/2017.O STF (Supremo Tribunal Federal) concluiu o julgamento da tese do século em 15/03/2017. Na época, alguns contribuintes que não estavam discutindo o tema no Poder Judiciário ingressaram com ações, a fim de ter reconhecido o direito de recuperação de valores pagos indevidamente. Após o julgamento do caso paradigmático, a Fazenda Nacional opôs embargos de declaração requerendo a modulação dos efeitos do julgado, além de ter formulado outros pedidos.Os embargos de declaração foram julgados somente em 13/05/2021, isto é, mais de três anos após a análise de mérito da matéria. Estabeleceu-se como marco temporal de eficácia dos efeitos do julgado a data de 15/03/2017. Isso significa que os efeitos da declaração de inconstitucionalidade do STF valem a partir daquela data, ressalvadas as ações ajuizadas anteriormente. Quem ajuizou ação antes de 15/03/2017, poderia recuperar pagamentos indevidos pretéritos; aqueles que ajuizaram depois daquela data só poderiam recuperar os valores pagos posteriormente.No curso dos três anos de espera para julgamento dos embargos de declaração pelo STF, diversos casos particulares foram julgados favoravelmente aos contribuintes, mesmo aqueles ajuizados após 15/03/2017. Sentenças transitaram em julgado e contribuintes habilitaram o respectivo crédito e passaram a compensá-lo com débitos administrados pela Receita Federal.Receba no seu email a seleção diária das principais notícias jurídicas; aberta para não assinantes.Carregando...Com o escopo de reduzir o prejuízo da União, a Procuradoria da Fazenda Nacional ajuizou ações rescisórias em casos como esses, ou seja, contra sentenças transitadas em julgado decorrentes de ações judiciais relacionadas à tese do século e propostas em data posterior a 15/03/2017. Sustenta a Procuradoria que essas decisões judiciais não haviam reconhecido a baliza temporal determinada pelo STF, aplicável a tais casos considerando a data do ajuizamento da ação originária. As demandas estão fundamentadas no artigo 535, §§5º e 8º do Código de Processo Civil (CPC), pois essas sentenças contrariariam a tese firmada pelo STF, que admitiria a exclusão do ICMS somente após 15/03/2017. Um primeiro aspecto que deve ser levado em consideração é a previsão contida no artigo 535, §§5º e 8º do CPC, utilizado pela Fazenda para justificar o ajuizamento das ações rescisórias. Versam os dispositivos legais que se considera inexigível a obrigação reconhecida em título judicial fundado em lei ou ato normativo considerado inconstitucional pelo STF.Ocorre que as sentenças que reconheceram a inconstitucionalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da Cofins estão alinhadas com a tese firmada Supremo, isto é, não há incompatibilidade. Por outro lado, não é possível afirmar que a modulação dos efeitos do julgado compõe a tese estabelecida pela Corte, senão apenas estabelece um marco temporal de sua aplicação.Deste modo, a ação rescisória fundada naqueles dispositivos é descabida, pois limitada às situações em que a sentença rescindenda (que a Fazenda pretende afastar) esteja em discordância com a tese firmada pela Suprema Corte. Isto não quer dizer que a Fazenda Nacional não possa ajuizar ação rescisória nesses casos, mas ela deverá ter por fundamento os artigos 966 e seguintes do CPC, devendo ser protocolada em até dois anos contados do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo originário. Passado este prazo, estará extinto o direito ao ajuizamento da rescisória.Outro aspecto relevante nesta discussão é o efeito da sentença da ação rescisória. A Fazenda pleiteia, em suas rescisórias, que seja proferida uma sentença declaratória do direito de exigir o ICMS na base de cálculo do PIS e da Cofins em períodos anteriores a 15/03/2017, o que significa esvaziamento do direito de repetição de indébito dos contribuintes, inclusive daqueles que apresentaram declarações de compensação enquanto permaneceu válida a coisa julgada.Ocorre que a norma processual estabelece que a procedência da ação rescisória resulta em rescisão (extinção, cancelamento) da decisão, devendo ser proferida uma nova decisão em substituição à anterior. Então a sentença transitada em julgado não será declarada nula com o julgamento de procedência da ação rescisória, mas será substituída por outra. Este aspecto da ação rescisória é importante, haja vista que a rescisão de uma decisão anterior tem efeitos prospectivos. A decisão anterior não é declarada nula, mas rescindida (cancelada), tornando-se ineficaz a partir do julgamento da ação rescisória.A relação jurídica da sentença rescindenda, portanto, é preservada enquanto for válida a decisão anterior, preservando-se então todos os atos jurídicos praticados na vigência da regra anterior. Sendo assim, todas as declarações de compensação apresentadas pelos contribuintes antes do ajuizamento da ação rescisória devem ser preservadas, em respeito à coisa julgada e ao direito adquirido.Os Tribunais Regionais Federais são os principais responsáveis pelo julgamento inicial dessas ações rescisórias, sendo que até o momento se tem notícia de poucos julgados. A discussão deve alcançar em breve o Superior Tribunal de Justiça e o próprio Supremo Tribunal Federal, que deverão lidar mais uma vez com a tese do século, mas certamente aprimorando a jurisprudência processual para responder à grande pergunta em debate: se a modulação dos efeitos do julgado compreende a tese firmada em recurso repetitivo ou em repercussão geral. O tema ainda ocupará muitas manchetes de jornais.
2023-09-11 07:00:00
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Não podemos falar em cura do autismo
Hoje sabemos que a intervenção precoce é capaz de prevenir a evolução de diversas patologias: quanto antes identificadas, melhores serão as condições de tratamento.Um estudo recente (2022), publicado pela revista Nature, indica que o empobrecimento da movimentação espontânea de bebês, avaliados aos 4 meses de idade, podem configurar quadros de autismo detectados posteriormente, a partir dos 18 meses. Uma luz aponta para a motricidade como um dos elementos centrais na constituição do psiquismo do bebê. Piaget já havia observado que o pensamento humano parte da experiência sensorial e motora dos dois primeiros anos de vida. Freud (1923) afirmou que "o ego é antes de tudo corporal". Piret e Béziers, fisioterapeutas francesas, já nos anos 1970 e 1980 descreveram minuciosamente a coordenação motora do bebê, indicando que falhas nesse sistema podem abrir campos para o desenvolvimento do autismo e do déficit de atenção, entre outras desordens. Estamos no domínio da relação indissociável entre corpo e psique. A oftalmologia, por exemplo, avança na descrição dos mecanismos que constituem o olhar "alheio" característico do autista, que dificulta e impacta a formação do vínculo com a mãe.Diante de tantas descobertas, não demoraria para que aventureiros redescobrissem a América e prometessem a cura do autismo para mães e pais fragilizados. Veremos esse "business" se expandir com a oferta de pacotes de tratamentos em poucas sessões, técnicas de correção, dietas e, pior, diagnósticos precipitados que irão incluir erroneamente crianças fora do espectro. Ao final, não sabemos ao certo se aqueles diagnósticos estavam corretos ou se as crianças corresponderam às expectativas cravadas sobre elas.Um diagnóstico errado pode causar grandes estragos na vida de crianças e suas famílias. Outro risco são os diagnósticos caseiros realizados a partir de informações obtidas na internet. O aspecto positivo dos estudos recentes é que incluímos o olhar sobre o corpo do bebê. Podemos desde cedo ajudá-los na integração dos sentidos, como visão, audição, tato e sensações profundas do corpo, tão dissociadas para eles; protegê-los de sua hipersensibilidade inata, que os fazem fechar-se para o mundo; restabelecer a organização postural, que facilita as trocas afetivas, as posições de enrolamento e agrupamento que proporcionam o "aninhamento" no colo —intervenções que podem evitar o agravamento dos quadros. Mais Ainda assim, será necessário seguir com o acompanhamento. O trabalho com o autista é interdisciplinar e de longo prazo. A cada nova etapa do desenvolvimento, novos desafios serão apresentados. Adaptações e ajustes serão necessários em busca de maior autonomia, melhores condições de manejo social e diminuição do sofrimento de "ser diferente", metas que muitos conseguem atingir. Para isso, é fundamental que saibamos mais sobre o assunto. Assistimos ao aumento do número de "laudos" atestando o autismo em crianças lançadas nas salas de aulas sob a responsabilidade de professores que nem sempre foram preparados para tal inclusão. O papel dos psicólogos na escola (mais de um, por favor) é imprescindível.Muitas famílias recebem esses diagnósticos e permanecem igualmente desamparadas. O TEA, ou Transtorno do Espectro Autista (DSM-5), inclui uma grande variedade de expressões, desde as mais leves até as mais graves. Embora compartilhem traços em comum, cada sujeito é único, tanto em suas dificuldades quanto em suas qualidades. Mais Antes de querer transformá-los para que se pareçam "iguaizinhos" a nós, deveríamos nos perguntar o que nos falta para permitir que eles existam como sujeitos, com as peculiaridades que os definem como tal.Até o presente momento, não podemos falar em cura do autismo. A psicomotricidade abre um novo campo de prevenção precoce, mas a jornada é longa. A vida em sociedade é o maior desafio para esses indivíduos. Façamos nossa parte: acolher as diferenças e acreditar que com elas virão novas formas de pensar e novas condições de ser no mundo. Mais TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-09-10 22:00:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/09/nao-podemos-falar-em-cura-do-autismo.shtml
Nem sempre o título isento de IR é melhor; veja uma forma simplificada para comparar entre renda fixa isenta e tributada
Para decisão de investimento de renda fixa, temos de considerar, no mínimo, três elementos: prazo, risco e retorno. Comparar prazo é mais simples. Entretanto, a comparação de retorno e risco não é trivial, principalmente quando analisamos entre títulos corporativos isentos de IR e tributados. Neste momento, vou me concentrar na comparação de retornos.Depois do artigo de antes de ontem, quando mostrei uma tabela equiparando rendimentos isentos de IR e seus equivalentes brutos de IR, recebi alguns e-mails me questionando como o cálculo teria sido realizado.Entender como comparar títulos isentos com tributados é fundamental para fazer a escolha daquele que vai proporcionar melhor resultado para o portfólio.Infelizmente, a conta precisa demanda que o cálculo seja realizado com mais cuidado e ela depende da taxa de juros e do prazo do título.Entretanto, existe uma fórmula de bolso que simplifica a comparação de títulos isentos com seus pares tributados. Deve-se lembrar que toda simplificação carrega um erro.No caso dos títulos pós-fixados, ou seja, daqueles referenciados ao CDI, escrevi como fazer a conta neste link. Naquele momento, alertei que a simplificação carrega um erro que se eleva com o prazo do título.Mas, a simplificação é razoavelmente aceita. Vamos ver um exemplo aplicado a um título prefixado.Na forma simplificada, para calcular o rendimento bruto de IR equivalente de um título prefixado isento, basta dividir o título isento por 1 menos a alíquota de IR.Por exemplo, considere um título isento de IR com rendimento de 12% ao ano com vencimento em 2 anos. A taxa bruta de IR equivalente a ele é de 14,12% ao ano ( = 0,12/(1-0,15)).Como expliquei, essa conta não é a precisa, pois o título tributado que tem retorno de 14,12% ao ano em dois anos equivale, mais precisamente, a um título isento com retorno de 12,12% ao ano. Em cinco anos, o retorno isento de IR desse título tributado será de 12,41% ao ano.Como mencionei, perceba que o erro cresce com o prazo, mas a aproximação da fórmula de bolso é boa o suficiente para não ser descartada.A complexidade do título referenciado ao IPCA vai um pouco além do prazo.Um título referenciado ao IPCA é composto de duas parcelas de rendimento: o IPCA e a taxa real que é prefixada.Assim, nestes títulos, não basta dividir apenas a parcela de juros real por 1 menos a alíquota de IR, como fizemos acima.Neste caso, será necessário fazer uma premissa sobre a inflação futura, pois o IR incide tanto sobre juro real, quando sobre a inflação.Logo, veja na tabela abaixo que quanto maior for o IPCA no futuro, maior será a vantagem do título isento sobre o tributado.Na tabela acima considerei um título isento de IR com rendimento de IPCA+6,5% ao ano. Perceba que para cada expectativa de IPCA, temos uma taxa real bruta equivalente distinta.Para o cálculo realizado na tabela, deve-se compor o rendimento do IPCA com o da taxa real, calcular a equivalência bruta de IR e, em seguida, extrair a taxa real, dividindo pelo IPCA novamente:(((1 + IPCA)*(1 + txR) – 1)/ (1 - IR) + 1)/ (1 + IPCA) -1, onde: IPCA é a expectativa de inflação txR é a taxa de juro real do título IR é a alíquota de IRLembro que a conta acima é a da fórmula de bolso. Portanto, há um pequeno erro na estimativa, mas que compensa pelo benefício da simplicidade de cálculo.Com esta fórmula simplificada, já será possível comparar adequadamente títulos isentos com tributados e entender qual dos dois promoverá melhor resultado em seu portfólio.Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.Fale direto comigo no e-mail.Siga e curta o De Grão em Grão nas redes sociais. Acompanhe as lições de investimentos no Instagram.
2023-09-10 21:13:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/de-grao-em-grao/2023/09/nem-sempre-o-titulo-isento-de-ir-e-melhor-veja-uma-forma-simplificada-para-comparar-entre-renda-fixa-isenta-e-tributada.shtml
Neymar 0,63, Pelé 0,84, Puskás 0,99, Cristiano Ronaldo 0,62, Messi 0,59
Na primeira partida do Brasil nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026, uma goleada por 5 a 1 sobre a Bolívia em Belém, Neymar fez dois gols e se tornou, conforme dados da Fifa (que considera só as partidas oficiais), o principal artilheiro da seleção brasileira.Neymar, 31, que atua pela seleção principal desde 2010, mostrou que ainda mantém o protagonismo na equipe, especialmente porque Vinicius Junior não pôde jogar devido a uma lesão.Ao marcar seu 78º gol, o primeiro dele contra os bolivianos, o ex-jogador do Santos, do Barcelona e do PSG festejou socando o ar, em homenagem a Pelé, que soma 77 tentos pelo Brasil de acordo com o critério da Fifa.Assim, em número absoluto de gols, Neymar deixou Pelé, que morreu no fim de 2022, para trás. Na média, entretanto, o Rei do Futebol continua muito à frente: 0,84 x 0,63.É justamente a média de gols por partida que deve ser levada em consideração quando se deseja fazer comparações entre artilheiros.Trata-se do critério mais adequado, já que, quanto mais vezes um atleta joga, mais chance ele tem de balançar as redes. Neymar atuou 125 vezes pela seleção principal do Brasil; Pelé, 92, ou 26% menos que o atual camisa 10 do Al Hilal, da Arábia Saudita.Em relação aos outros principais goleadores de seleções nacionais, expostos em lista da Wikipedia que utiliza dados da RSSSF (organização que reúne dados estatísticos do futebol) e de outras fontes, Neymar está próximo aos dois mais badalados futebolistas deste século.A média de Cristiano Ronaldo por Portugal é de 0,62 gol por jogo –ele fez 123 em 201 partidas, sendo o recordista geral em números absolutos.Messi registra 104 tentos (o mais recente três dias atrás) em 176 atuações pela Argentina, com média de 0,59, e é o terceiro no total de gols.Entre o português e o argentino, com 108 gols em 148 partidas, está Ali Daei, que defendeu o Irã de 1993 a 2006.Na média, entre os grandes nomes da história do futebol, quem lidera, com 0,99 gol por jogo, é o lendário Ferenc Puskás (1927-2006), com impressionantes 84 gols em 85 apresentações pela Hungria, de 1945 a 1956.Melhor que ele, considerando-se os artilheiros de cada país filiado à Fifa (são mais de 200), apenas Nando Có, da Guiné-Bissau, com 9 gols em 6 jogos (média de 1,5), Poul Nielsen (1891-1962), da Dinamarca, 52 gols em 38 jogos (média de 1,37), e Richard O’Connor, de Anguilla: 5 gols em 5 jogos (1 de média).Com média idêntica à de Puskás (0,99) figura o japonês Kunishige Kamamoto: 75 gols em 76 jogos.Receba no seu email uma seleção de colunas e blogs da Folha; exclusiva para assinantes.Carregando...A seguir, os artilheiros de seleções nacionais que, em média de gols, posicionam-se acima de Pelé –são somente nove. Também há o número total de gols e de partidas e o período em que o jogador atuou pela seleção adulta de seu país.
2023-09-10 13:11:00
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Um olhar de amor e indignação
"É difícil ter deficiência visual?"Quando recebi esta pergunta, era ainda nossa primeira semana de troca de mensagens, na qual tentávamos descobrir as primeiras afinidades. Até aquele momento, sabíamos que gostávamos de MPB e cada um tinha seu canal no YouTube, ela sobre bioquímica, eu sobre partituras em braille. Parece pouco, mas foi suficiente para tentar continuar a conversa iniciada no aplicativo de namoro.Eu acreditava que ela já soubesse da minha deficiência visual, pois coloquei uma foto de perfil no app na qual apareço segurando minha bengala. Errei. Com jeito, ela perguntou se podia fazer uma pergunta. Queria saber se eu tinha alguma lesão na perna. Expliquei que não, eu podia correr muito bem, desde que alguém fosse comigo para indicar o caminho para que eu não bata nem tropece em nada, afinal, enxergo bem pouco.Quando ela indagou sobre os desafios da minha condição, imaginei que entraríamos por um caminho que não levaria a um namoro. Ela sentiria dó de mim, seríamos no máximo bons amigos, mas continuei ali. Ao menos era uma oportunidade de dar informações anti-capacitistas de utilidade pública. Expliquei meu caso, que havia nascido com uma acuidade visual razoável e, conforme fui perdendo a visão, encontrei os recursos necessários para que eu tivesse uma vida bastante independente e bem resolvida. Falei que era tudo muito tranquilo, bastava que ela observasse o que eu fazia diariamente.Ela admitiu que era um universo novo, que nunca tivera contato com alguém com deficiência visual, mas estava disposta a tentar entender. Mostrei, ainda remotamente, como funciona meu celular, falei sobre como é andar na rua, subir escadas, fazer a barba, usar o computador e trabalhar. Também respondi a perguntas inéditas. Ela quis saber ainda se, caso eu tivesse filhos, eles teriam a mesma condição que eu. Não pesquisei isso a fundo, mas admiti que a probabilidade deve ser alta.Marcamos o primeiro encontro, três meses depois de nossa primeira conversa, após muitas horas de telefone e dezenas de declarações na madrugada.Na véspera, ela temia que, ao sentir seu rosto, eu encontrasse ali alguém diferente do que eu imaginava, quando só tinha acesso a sua voz. Eu, por outro lado, temia que a falta de visão fosse uma barreira para nós.Foram mais de três horas de viagem até chegar a cidade dela. Nos encontramos na porta do ônibus para um primeiro abraço ainda sem jeito. Decidimos caminhar de mãos dadas, desrespeitando o protocolo que prevê que a pessoa a ser conduzida segura no cotovelo ou no ombro de quem a leva.Eu acreditava que estava tudo bem na minha vida, que com um pouco de paciência, insistência e jogo de cintura, dava para fazer a vida de uma pessoa com deficiência visual ser fácil. Ela, que não sabia de nada, logo entendeu detalhes que eu já deixara de reparar. Via a calçada e via todos os degraus e obstáculos, notava como havia perigo de eu tropeçar a qualquer momento. Eu dizia que jamais vira olhares de preconceito, enquanto ela me contava dos olhares de espanto de muitos que recebíamos de todos os lados quando andávamos juntos e que com frequência as pessoas se encabulavam ao me ver chegar por não saber como agir.Mais do que isso, ela aprendia a cada dia e se indignava com a falta de conhecimento de todos, em geral, e dela em particular. Descobriu o que era piso tátil e que, apesar da ferramenta ser incrível, na maioria das vezes os projetos são feitos com óbvio descaso e os caminhos para serem sentidos com a bengala não levam para lugar algum. Mais Descobriu que havia braille na caixinha de remédio e no elevador. Por outro lado, só encontramos cardápio em braille em uma pizzaria até hoje. Passou a questionar o motivo de não haver aulas de braille nas escolas, nos cursos de formação de professores.Mais ainda. Ela se chateou por não encontrar presentes com braille para mim e começou a aprender a escrever em braille para quem sabe criar produtos que atendam a uma parcela da população mal assistida pelo mercado.Ficou inconformada com a dificuldade de encontrar atividades culturais com audiodescrição e também achou que a qualidade de parte deles anda muito baixa e concluiu que não tenho como acessar muito do conteúdo de filmes e peças de teatro.Ela me fez perceber direitos que eu tenho e não havia imaginado, como o de saber com o tato se a embalagem que pego na geladeira é de suco ou de leite, e de qual fruta e qualidade.De quem nada entendia recebi compreensão rara ao longo de nossa convivência. Ela me pôs a refletir sobre os desafios que enfrento a cada dia. Entendeu como é trabalhar escutando o dia inteiro um programa que lê de forma artificial textos para mim no computador e por vezes enfrentando barreiras de acessibilidade em sites e softwares e me fez aprender a lidar com mais calma com as dificuldades e o estresse que isso gera.A partir do seu olhar, aprendi a ver com mais clareza muitas das injustiças que enfrento e que, por já estar conformado e adaptado, não dava mais atenção e entendi que posso fazer minha vida mais fácil e autônoma.Começou a pensar em nossa futura casa. Decidiu que copos e pratos de vidro não ficarão no alto, que as roupas ficarão organizadas em uma escala de cor que me permita escolher combinações mais facilmente.Neste quase um ano que estamos juntos, minha percepção mudou e entendi que, sim, a vida de quem tem deficiência visual é bastante complicada, principalmente pela falta de adequação da nossa sociedade para quem é diferente. Pode até ser que eu esteja adaptado para enfrentar tudo isso razoavelmente bem, mas ainda cabe a mim tentar melhorar um pouquinho a situação, junto a minha aliada e companheira. Se não por mim, certamente pelos filhos que virão.
2023-09-10 11:39:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/haja-vista/2023/09/um-olhar-de-amor-e-indignacao.shtml
Esfinge viral
O flagelo da Covid-19 se encaminha para o rol das enfermidades com que a humanidade convive de modo resignado. Infecções pelo Sars-CoV-2 parecem estar em alta, porém, e não se pode dizer que o mundo saia bem preparado da pandemia para outras que virão.Verdade que se desenvolveram vacinas eficientes em tempo recorde, que derrubaram os óbitos. Ainda assim, entre julho e agosto deste ano, foram registrados 1,5 milhão de casos novos —um aumento de 40% sobre período anterior, de acordo com a Organização Mundial da Saúde.Já as 2.500 mortes observaram redução de 57%, mas a OMS faz a ressalva de possível subnotificação, porque vários países passaram a diminuir testagem e comunicação de infecções.No Brasil, de 27 de agosto a 2 de setembro, último dado disponível, houve 12.149 novos casos, cerca de mil a menos que na semana precedente. Somamos 705.172 mortes, 10,1% do total no planeta, parcela desproporcional para país com 2,5% da população mundial.O mundo está despreparado para enfrentar novas pandemias. Aqui, menos pessoas se vacinam contra Covid. No plano global, ainda se desconhece a origem do coronavírus e seu trajeto até a espécie humana, informação que contribuiria para deter vírus semelhantes.Em 2002, surgira também na China a primeira pneumonia Sars causada por vírus de morcegos, contida em pouco tempo (menos de mil mortes). Mas a descoberta do animal intermediário entre morcegos e humanos, as civetas, se mostrou pouco útil para evitar a Covid.No caso da pandemia surgida em 2019, nem isso se sabe. A investigação científica que poderia desvendar o enigma cedo foi capturada por disputas geopolíticas, polarização ideológica e conflitos de interesse, como mostra artigo no caderno Ilustríssima desta Folha.Duas facções se entrincheiraram: uma defende que o Sars-CoV-2 teve origem zoonótica, natural; outra, que pode ter escapado de um laboratório. A cidade de Wuhan sedia importante instituto de virologia da China, que se especializou em coleta, análise e manipulação de coronavírus em cavernas infestadas de morcegos a 1.300 km dali.A índole censória e repressiva do governo chinês nada ajudou, para dizer o menos, a decifrar a esfinge da Covid. Sem essa chave, outros coronavírus terão mais chance de alcançar a humanidade e devorar-lhe mais um naco da população.editoriaia@grupofolha.com.br
2023-09-09 23:15:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/09/esfinge-viral.shtml
O enigma da esfinge baiana que nos devora
O Brasil descobriu, perplexo, a brutal política de segurança pública adotada pelos governos petistas baianos.Os conservadores festejam a descoberta e retiram das costas o fardo da responsabilidade exclusiva com a necropolítica direcionada aos negros. Gargalham hasteando suas bandeiras punitivistas encharcadas de sangue e celebram seus companheiros de jornada genocida. Os progressistas enrubescem, ensaiam escapar da induvidosa cumplicidade e forjam explicações negacionistas ou excepcionalistas. Fracassam na tentativa de restaurar a mitologia de que seus governos expressam compromissos democráticos e de superação das iniquidades sociorraciais.O enfrentamento do enigma aponta para o perfil racial dos atingidos pela violência de Estado, bem como pela violência das facções criminosas que ocupam territórios desprezados pelo Estado. Também importa considerar a institucionalização da política de segurança pública como intervenção policial letal que se abate sobre comunidades negras marginalizadas, somada à incapacidade estatal de prover a proteção dessas comunidades diante das investidas violentas de grupos criminosos.O modelo adotado amplifica o acesso e a utilização de armamento e normaliza a violência letal como critério de eficiência policial e criminal.A Bahia negra governada há cinco gestões pelo Partido dos Trabalhadores expressa o funcionamento da segurança pública herdada do autoritarismo e aperfeiçoada pela transição democrática pós-ditadura civil-militar. Após desbancar o conservador carlismo, o PT baiano optou pela manutenção do modelo herdado e o aperfeiçoou nos seus piores vícios e perversões. Mais As escolhas políticas incluíram a preservação da genealogia e das práticas institucionais policiais; a adesão à falácia da guerra às drogas; a criação de novas unidades hiperespecializadas em confronto; a apologia ao populismo punitivista; a omissão diante das ilegalidades policiais denunciadas; o ataque aos movimentos defensores dos direitos humanos e do combate ao racismo; e a desqualificação das audiências de custódia, além da sabotagem à instalação das câmeras nos uniformes dos policiais.Essas políticas materializaram a escalada da violência policial letal, capturada pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que colocou a Bahia no pódio desse infame ranking. Em 2022, foram 1.464 pessoas mortas em intervenções policiais. Isto dá uma média de 122 mortos por mês, 28 por semana, 4 por dia, 1 a cada 6 horas. A pesquisa "Pele Alvo: a cor da violência policial", da Rede de Observatórios da Segurança, confirma o público destinatário: majoritariamente homens jovens e negros. Mais Enquanto não decifrarmos o enigma da esfinge baiana, seguiremos devorados pelo genocídio negro e pela permanente repactuação secular de privilégios entre os segmentos brancos, para além de cores ideológicas e siglas partidárias, unidos sob a bandeira manchada de sangue do "Brasil Tumbeiro".TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-09-09 22:00:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/09/o-enigma-da-esfinge-baiana-que-nos-devora.shtml
Inclinação ao golpismo é custo mais alto dos militares, diz leitor
Aposentadorias de militares A inclinação ao golpismo é o custo mais caro dessa casta ("Brasileiro paga R$ 9.600 por mês a cada militar aposentado", 9/9). Paulo Sarmanho (Teresina, PI)Delação homologada Acho que o clã Bolsonaro começou a perder o sono ("Moraes homologa acordo de delação e manda soltar Mauro Cid", Política, 9/9). Maria Filomena Martins de Almeida Gomes (São Paulo, SP) O triste fim de Mauro Cid! Perder tudo para a "doutrina Bolsonaro" deve doer demais. Cleusson Filho (Piúma, ES)Janja no G20 Se eu fosse presidente da República e meu marido, além de um inteligente e fiel companheiro na vida e na política, fosse sociólogo ou cientista político, eu ia querer a participação dele em tudo ("Janja é única primeira-dama a participar de sessões de cúpula do G20 na Índia", Política, 9/9). Josefina A. Martins (São José dos Campos, SP) Além de o primeiro-ministro ser o Lira, agora temos na Presidência uma rainha que influencia a corte. Rubens Gonçalves (Curitiba, PR)Educação e capitalismo Dias atrás lemos aqui que a renda de quem estudou mais não cresceu e que estes caíram na informalidade ("A educação brasileira não serve ao capitalismo, e vice-versa", Laura Müller Machado, 8/9). Aumentar produtividade? Onde? Adriana de Souza Melo Franciulli (Mogi das Cruzes, SP) Empresários vivem reclamando da produtividade, mas são os primeiros a pedir privilégios e solapar mudanças. É só olhar o que está acontecendo na reforma tributária. Roberto C. Bianchini (São Paulo, SP) É óbvio que a educação brasileira não serve ao capitalismo, uma vez que boa parte dos nossos educadores ainda não aceita o capitalismo! Euclides Marques (São Paulo, SP)Domenico De Masi Luz necessária em tempos de individualismo exacerbado para o sucesso fútil ("Morre Domenico De Masi, sociólogo que pensou o ‘ócio criativo’, aos 85", Ilustrada, 9/9). Adilson Roberto Gonçalves (Campinas, SP) Um intelectual muito generoso. Maria Antonia Di Felippo (Santo André, SP)
2023-09-09 21:45:00
paineldoleitor
Painel do Leitor
https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2023/09/inclinacao-ao-golpismo-e-custo-mais-alto-dos-militares-diz-leitor.shtml
Por que podemos e devemos taxar os super-ricos
Na semana passada, o governo brasileiro anunciou novas propostas para melhor taxar os super-ricos. Críticos argumentam que isso é ineficiente, porque os ricos deixarão o país e o imposto pode prejudicar o crescimento econômico ("Ser rico não é pecado", João Camargo, 3/9). Mas a história econômica global e pesquisas econômicas modernas sugerem o contrário.Comecemos pela história. Uma das mais importantes lições do desenvolvimento global talvez seja a de que investimentos públicos em educação para todos, saúde para todos e infraestrutura são os motores fundamentais do crescimento econômico. Não é por acaso que os países mais prósperos recolhem uma parcela alta da renda nacional em impostos —entre 30% e 50%. Uma sociedade mais educada e saudável beneficia a todos, incluindo os mais ricos.Esse alto nível de provisão de bens públicos requer impostos significativos sobre os ricos, pelo motivo simples de que eles captam uma parcela grande dos recursos econômicos totais. No Brasil, segundo estatísticas públicas, o 1% dos indivíduos mais ricos possui mais de 45% da riqueza total. Não há como pagar pelos bens públicos que se correlacionam tão fortemente com o crescimento econômico sem fazer os ricos pagarem a sua parcela justa.O problema é que os mais ricos frequentemente pagam uma parcela efetiva mais baixa de imposto que as pessoas comuns. Isso se aplica especialmente ao Brasil, devido à isenção da receita sobre dividendos —uma fonte crucial de renda dos mais ricos— do imposto de renda individual. Os super-ricos acabam pagando menos, como parcela de sua renda, que enfermeiros, professores ou bombeiros. Isso é injustificável.A pergunta não deve ser se os impostos sobre os super-ricos devem ser ampliados, mas sim como fazê-lo de modo prático. Mais Para isso, é muito útil recorrer às pesquisas econômicas modernas. A literatura especializada indica que taxar os ricos de modo efetivo é viável se existe disposição política para tal. Sonegação fiscal, evasão fiscal e concorrência fiscal não são leis da natureza —são escolhas políticas. No passado, alguns países, em especial na Europa, fizeram más escolhas. Permitiram que a evasão fiscal corresse solta, introduzindo brechas em seus impostos sobre a riqueza e tolerando a evasão fiscal. Mas outras escolhas podem ser feitas.Um imposto efetivo sobre os super-ricos possui vários elementos fundamentais. Para começar, deve visar a renda e a riqueza, tanto onshore quanto offshore. Graças à troca automática de informação bancária vigente desde 2018, a autoridade fiscal brasileira tem acesso a informação considerável sobre as participações offshore de famílias ricas. Isso faz com que seja muito mais fácil taxar os ricos hoje do que era no passado.Em segundo lugar, para mitigar a concorrência fiscal, é preciso implementar regras contra o exílio fiscal. Por exemplo, o Brasil pode decidir que vai continuar a cobrar impostos de brasileiros ricos residentes no exterior por alguns anos depois de deixarem o país. Isso reduziria drasticamente os incentivos para eles se mudarem para o exterior para evitar impostos. Mais Tudo isso ajudaria a garantir que os ricos pagassem um montante mínimo de impostos. Essa ideia não é radical. Na realidade, tem o apoio de quase 300 economistas, decisores políticos e até mesmo milionários de mais de 40 países. Os signatários incluem o Prêmio Nobel Joseph Stiglitz, dois ex-vice-presidentes do Banco Mundial, 18 ex-presidentes e primeiros-ministros e 120 milionários que estão convocando governos a entrar em ação agora para taxar os super-ricos adequadamente em nível nacional e internacional (https://taxextremewealth.com/).A hora de adotarmos um sistema tributário mais sustentável é agora, e o Brasil pode indicar o caminho.Tradução de Clara AllainTENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-09-09 22:00:00
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Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/09/por-que-podemos-e-devemos-taxar-os-super-ricos.shtml
Este é o primeiro passo antes de decidir onde investir
A maioria das pessoas decide onde investir, selecionando os ativos que tiveram bom desempenho no passado recente. Incoerentemente, todos sabem ou já ouviram a afirmação de que retorno passado não reflete rentabilidade futura. Então, como decidir onde investir?Quando investimos, o retorno que obtemos vem da evolução dos ativos no futuro. Portanto, o que ocorreu com cada ativo no passado pouco importa.O que importa é onde ele está hoje e como deve evoluir no futuro.Para saber para onde cada ativo deve evoluir, devemos criar um Cenário Financeiro e Econômico (CFE).A criação de um cenário é o elemento chave para decidir onde investir.Óbvio que já estou assumindo que você já planejou quanto precisa de liquidez, o horizonte de investimento e risco que aceita.Quando você cria o CFE, você pode de forma mais simples e racional decidir onde é melhor investir para cada horizonte de investimento. Fica mais difícil você cair em armadilhas emocionais.O CFE vai englobar sua expectativa de taxa de juros no Brasil e internacionalmente, de crescimento econômico, cambial, de prêmios de risco. Também, deve elencar os possíveis riscos.Muitas vezes ficamos na dúvida se vale a pena investir em um determinado ativo. Isso ocorre, pois não temos claro um CFE.Por exemplo, muitos se questionam se títulos referenciados ao IPCA são uma melhor opção que os referenciados ao CDI em um horizonte de cinco anos.A resposta para isso está no cenário de evolução da taxa Selic, da inflação e das taxas reais de juros vigentes hoje. Já é de pleno conhecimento que o Banco Central já iniciou o ciclo de redução de taxas de juros.Considerando que a Selic deve cair para próximo de 9% ao ano no fim de 2024, que o IPCA será entre 4% e 4,5% ao ano e o patamar de juros real existente hoje, a escolha pelo título referenciado ao IPCA é simples. Será necessário apenas paciência para que os resultados apareçam.Outra dúvida que é muito levantada é sobre se vale o investimento em renda fixa internacional. Já comentei sobre este tema há algumas semanas.Novamente, a resposta está em qual é seu CFE para câmbio e taxas de juros internacionais, assim como de outros ativos, pois todos competem entre si pelo mesmo recurso.Portanto, também, se pergunte se com seu CFE a melhor escolha é em renda fixa americana ou é em outro ativo como a própria renda fixa brasileira ou ações em alguma geografia.Lembre-se, também, de que o CFE deve ser coerente, ou seja, que as expectativas para as variáveis econômicas e financeiras façam sentido entre si.Por exemplo, é improvável você ter um cenário em que o crescimento econômico mundial desacelera, que os lucros das empresas caiam, que as taxas de juros nos EUA se elevem, mas ainda assim que a Bolsa americana se valorize.Logo, é preciso atentar para que as relações entre as variáveis econômico-financeiras permaneçam coerentes.Para ajudá-lo com a criação do cenário econômico, você pode contar com seu assessor de investimentos, além das expectativas fornecidas por corretoras e reuniões periódicas com gestoras de recursos e seus economistas.As gestoras de recursos organizam reuniões mensais online sobre cenário e principais exposições dado este cenário.Uma reunião que recomendo pelo cuidado no preparo e apresentação é a reunião mensal da gestora WHG. A gravação da reunião fica disponível no YouTube. Veja a última neste link. No começo, pode ser difícil acompanhar pela linguagem mais técnica, mas com o tempo vai fazer mais sentido.Se você investe sem um cenário, ou seja, sem um CFE, você está apenas apostando. Sabemos que apostar não é o mais recomendado para construir um patrimônio no longo prazo. Assim, pare de apostar e comece a investir.Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.Fale direto comigo no e-mail.Siga e curta o De Grão em Grão nas redes sociais. Acompanhe as lições de investimentos no Instagram.
2023-09-09 20:47:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/de-grao-em-grao/2023/09/este-e-o-primeiro-passo-antes-de-decidir-onde-investir.shtml
Dia da Memória Pet é lembrado com celebração em crematório na Grande SP
O Dia da Memória Pet será lembrado com uma programação especial neste domingo (10) no crematório Pet Memorial, em São Bernardo do Campo (SP).O evento é gratuito e aberto ao público que queira homenagear seus peludos.A programação conta, a partir das 11h, com uma celebração realizada pelo padre Júlio Miguel, da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, e bênção nos pets e no cinerário –espaço que abriga urnas com as cinzas dos animais.A capela ecumênica, com a imagem de São Francisco de Assis, ficará aberta para visitação e orações durante todo o evento."Disponibilizaremos rosas brancas e velas para todos que quiserem prestar homenagem a seus animais de estimação", diz Orlando Alessi, médico veterinário e diretor comercial do local.O Dia da Memória Pet é lembrado em São Paulo desde 2018. Lei estadual estabelece que a comemoração ocorra todo segundo domingo de setembro. O projeto se baseia no Memorial Pet Day, que existe há mais de 40 anos nos Estados Unidos e na Europa."É o dia de lembrarmos dos nossos pets que nos fizeram tão felizes e hoje nos fazem falta. Ter uma data exclusiva para os animais pode facilitar o processo do luto, pois quando compartilhamos o sofrimento, temos mais condições de passar por esse processo", afirma Alessi.O evento vai até as 17h. O Pet Memorial fica na av. Estrada Particular Sadae Takagi, 860 (km 21 da rodovia dos Imigrantes), no bairro Cooperativa, em São Bernardo do Campo. A morte de um animal de estimação é uma experiência dolorosa, e cada pessoa reage de uma forma diante do luto.A ideia é que no Dia da Memória Pet tutores pensem nos bichinhos e compartilhem imagens, ações e experiências que mostrem a importância deles em suas vidas.Há diversas formas de celebrar a memória dos animais de estimação: visitando locais que o peludo gostava, levando amor e atenção a outros pets, doando ração, medicamentos e outros itens importantes para animais que aguardam a adoção.Outra possibilidade é fazer uma montagem com fotos de momentos com os seus pets. "É uma maneira de relembrar momentos divertidos que tutores e pets passaram juntos", diz Alessi.Siga o Bom Pra Cachorro no Twitter, Instagram e Facebook
2023-09-09 16:01:00
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Youtuber é morta pelo próprio pai em defesa da 'honra' da família
Jovem, vibrante e alegre, a YouTuber iraquiana Tiba al-Ali se tornou um sucesso com seus vídeos divertidos sobre sua vida.Ela lançou seu canal após se mudar de seu país natal, o Iraque, para a Turquia, aos 17 anos, em 2017.Na plataforma, falava sobre sua independência, seu noivo, maquiagem e outros assuntos. Tiba parecia feliz e seus vídeos tinham dezenas de milhares de visualizações.Em janeiro deste ano, ela voltou ao Iraque para visitar a família - e foi assassinada pelo pai.No entanto, o assassinato não foi considerado "premeditado", e o seu pai foi condenado a apenas seis meses de prisão.A morte de Tiba provocou protestos em todo o Iraque sobre leis envolvendo os chamados "crimes de honra".Também lançou luz sobre como as mulheres são tratadas num país ainda extremamente conservador.Tiba conquistou uma base de seguidores online de mais de 20 mil assinantes - um número que vem aumentando desde sua morte.Ela postava vídeos diariamente e parecia gostar do novo estilo de vida que passou a ter na Turquia.Em seu primeiro vídeo, em novembro de 2021, ela diz que se mudou para o país para aprimorar seus estudos, mas acabou ficando por lá porque gostava de sua nova vida.Segundo relatos, seu pai, Tayyip Ali, não concordou com a decisão dela de se mudar de país - nem de se casar com seu noivo nascido na Síria, com quem Tiba morava em Istambul.Acredita-se que a youtuber se envolveu numa briga quando regressou ao Iraque para visitar a sua família em Diwaniya, em janeiro.Tayyip Ali teria estrangulado sua filha até a morte enquanto ela dormia em 31 de janeiro. Mais tarde, se entregou à polícia.Um integrante do governo local da província onde Tiba foi morta disse que Ali foi condenado em abril a uma curta pena de prisão.Após o assassinato da youtuber, centenas de mulheres saíram às ruas no Iraque para protestar contra a legislação envolvendo "crimes de honra".O Código Penal Iraquiano permite que crimes desse tipo tenham pena reduzida se cometidos com base em provocação ou se o acusado tiver "motivos honrosos".O porta-voz do Ministério do Interior do Iraque, general Saad Maan, afirmou à BBC: "Um acidente aconteceu com Tiba al-Ali. Na perspectiva da lei, é um acidente criminoso e, em outras perspectivas, é um acidente de crimes contra honra".O general acrescentou que Tiba e seu pai tiveram uma discussão acalorada durante a estada dela no Iraque.Também disse que um dia antes do assassinato da youtuber, a polícia tentou intervir.Quando questionado sobre a resposta das autoridades ao crime, Maan respondeu: "As forças de segurança lidaram com o caso com os mais elevados padrões de profissionalismo e aplicaram a lei"."Iniciamos uma investigação preliminar e judicial, reunimos todas as provas e encaminhamos o processo ao Judiciário para a sentença".O assassinato de Tiba e a sentença branda que seu pai recebeu provocaram indignação no Iraque sobre as lacunas da legislação em relação à proteção das mulheres vítimas de violência doméstica.Por exemplo, no Artigo 41 do Código Penal do Iraque, a "punição de uma esposa pelo seu marido" e "a disciplina pelos pais... de crianças sob a sua autoridade dentro de certos limites" são consideradas direitos legais.O artigo 409, por sua vez, afirma: "Qualquer pessoa que surpreender sua esposa em ato de adultério ou encontrar sua namorada na cama com seu amante e matá-los imediatamente ou a um deles, ou agredir um deles de modo que ele ou ela morra ou seja deixado para sempre deficiente, é punível com pena de detenção não superior a três anos."Leyla Hussein, ativista dos direitos das mulheres, disse à BBC: "Esses assassinatos estão frequentemente enraizados na misoginia e no desejo de controlar os corpos e o comportamento das mulheres"."Usar o termo "crimes de honra" pode ser prejudicial para as vítimas e suas famílias", explicou ela."Isso reforça a ideia de que as vítimas são de alguma forma responsáveis por suas próprias mortes, por fazerem algo errado ou vergonhoso".A ONU estima que 5.000 meninas e mulheres em todo o mundo são assassinadas por familiares todos os anos em "crimes de honra".Cinco dias após a morte de Tiba, as forças de segurança iraquianas impediram que 20 ativistas se manifestassem diante do Conselho Judicial Supremo na capital Bagdá.Eles seguravam cartazes dizendo "Pare de matar mulheres" e "Pare com o [artigo] 409", e gritavam: "Não há honra no crime de matar mulheres".Ruaa Khalaf, ativista iraquiana e defensora dos direitos humanos, disse: "A lei iraquiana precisa muito de ser aprimorada, modificada e alinhada com as convenções internacionais".Segundo Khalaf, a sentença recebida pelo pai de Tiba foi "injusta" e que ela viu tais casos como prova de "disposições e legislações que violam os direitos das mulheres".Hanan Abdelkhaleq, outra defensora iraquiana dos direitos das mulheres, afirma: "Eles precisam encontrar uma solução. Isto tem de parar. Matar mulheres tornou-se muito simples"."Estrangulamento, esfaqueamento. Tornou-se fácil. Esperamos que a lei pare o artigo 409, o cancele."Outras ativistas nas redes sociais também notaram que o assassinato de Tiba não foi um incidente isolado e que muitos "crimes de honra" não foram notificados.O assassinato gerou conversas sobre leis mais rígidas para proteger as mulheres no país e fora dele.Ala Talabani, que lidera o bloco da União Patriótica do Curdistão no Parlamento iraquiano, disse: "As mulheres nas nossas sociedades são reféns de costumes atrasados devido à ausência de impedimentos legais e medidas governamentais, que atualmente não são proporcionais à dimensão de crimes envolvendo violência doméstica".Ela fez um apelo a outros parlamentares para que aprovassem o projeto de Lei Antiviolência Doméstica, que protege explicitamente os membros da família de atos de violência, incluindo homicídios e danos físicos graves.Para a Missão de Assistência da ONU para o Iraque (Unami), o "assassinato abominável" de Tiba foi um "lembrança lamentável da violência e da injustiça que ainda existe contra mulheres e meninas no Iraque hoje".A Unami também fez um apelo ao governo iraquiano para "apoiar leis e políticas para prevenir a violência contra mulheres e meninas, tomar todas as medidas necessárias para combater a impunidade, garantindo que todos os perpetradores de tais crimes sejam levados à justiça e os direitos das mulheres e meninas sejam protegidos".Para muitos, a história de Tiba evidenciou as leis ultrapassadas que não protegem as mulheres dos danos e da violência baseada no gênero em todo o mundo.Mas, para outros, ela é apenas mais um exemplo do que é frequentemente encoberto e das milhares antes dela que nunca tiveram a sua história contada.
2023-09-09 13:57:00
voceviu
Você viu
https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/09/a-youtuber-e-morta-pelo-proprio-pai-em-defesa-da-honra-da-familia.shtml
Aos 97 anos, primeira-dama do fitness continua colocando o setor em forma
Os exercícios matinais de Elaine LaLanne geralmente começam antes mesmo de ela sair da cama. Deitada em cima das cobertas, ela faz duas dúzias de canivetes. Na pia do banheiro, ela faz flexões inclinadas. Depois de se vestir e maquiar, vai para a sua sala de exercícios caseira, onde caminha em uma esteira por alguns minutos e faz "pull downs" laterais em uma máquina."Vinte minutos por dia me ajudam a seguir em frente", ela disse em sua casa, na costa central da Califórnia.Mas sua maior façanha diária de força, segundo LaLanne, acontece acima dos ombros. Aos 97 anos, ela lembra a si mesma a cada manhã que "você precisa acreditar que ainda pode". Essa convicção, afirmou, não apenas a manteve fisicamente ativa durante lesões e obstáculos emocionais, mas também a ajudou a viver a vida como se fosse décadas mais jovem. "Tudo começa na mente", disse. Mais O hábito de LaLanne de falar em aforismos ("não é um problema, é uma experiência"; "você faz o melhor que pode com o equipamento que tem") é produto de uma vida inteira tentando inspirar as pessoas a se movimentarem mais e a melhorarem a si mesmas. Por quase seis décadas, ela foi mulher e parceira de negócios de Jack LaLanne, um apresentador de televisão em geral considerado como o pai do movimento moderno de condicionamento físico, e cujo programa televisivo de exercícios foi exibido por 34 anos, de 1951 a 1985."Ela era a força que orientava Jack", disse Rick Hersh, agente de Elaine LaLanne por mais de 40 anos.Embora Jack fosse um showman nato —ele ficou famoso fazendo acrobacias na Muscle Beach, em Santa Monica, na década de 1930—, Elaine preferia trabalhar nos bastidores, apoiando o marido e administrando seu império empresarial e de entretenimento, que incluía não apenas o programa de TV como também dezenas de aparelhos de ginástica, produtos alimentícios e suplementos, além de uma rede de academias de ginástica com mais de 100 unidades espalhadas pelos Estados Unidos.Desde a morte de Jack, em 2011, no entanto, Elaine (a quem os amigos chamam de LaLa) cultivou discretamente um séquito de seguidores próprios. Ela ainda administra os negócios remanescentes de sua família, a BeFit Enterprises —que vende vídeos de arquivo e suvenires, e licencia o uso do nome LaLanne—, do rancho pecuarista em que vive, aninhado entre colinas empoeiradas.Ela publicou dois livros nos últimos quatro anos e está desenvolvendo um documentário e um longa-metragem com Mark Wahlberg, que assinou contrato para interpretar Jack. E nomes veteranos do primeiro escalão do mundo do fitness —Denise Austin, a rainha dos exercícios em casa da década de 1990; Billy Blanks, o guru do Tae Bo; e Lou Ferrigno, uma lenda do fisiculturismo– continuam a buscar seus conselhos sobre como lidar com a vida e os negócios."Ela é quase como uma segunda mãe para mim", disse Ferrigno [conhecido no Brasil como protagonista da série "O Incrível Hulk", nas décadas de 1970 e 1980].Em julho, na conferência anual da Idea Health and Fitness Association, LaLanne caminhava pelos corredores com um sorriso e um andador novo e reluzente, enquanto um fluxo constante de profissionais de fitness tonificados e vestidos em lycra a convidava a posar para selfies. Por mais de uma década, ela apresentou o Jack LaLanne Award, um prêmio de realização vitalícia do setor concedido a personalidades do fitness que promovem a saúde e o exercício na mídia."Muitos de nossos membros vêm por causa dela", disse Amy Thompson, presidente-executiva da Idea. "Talvez tenhamos que mudar o nome para Prêmio Elaine LaLanne."Afinal de contas, em 1926, quando LaLanne nasceu, poucos americanos faziam dos exercícios uma parte de suas vidas diárias, disse Shelly McKenzie, uma estudiosa independente que escreveu "Getting Physical: The Rise of Fitness Culture in America". Quase um século depois, LaLanne é uma "prova da eficácia do hábito de se exercitar durante toda a vida", disse McKenzie —e, talvez ainda mais importante, do poder de determinar que aparência você terá e como se sentirá na velhice.Criada em Minneapolis, Elaine sonhava com uma carreira no entretenimento. Em meados da década de 1940, ela se mudou para o oeste dos Estados Unidos, para São Francisco, onde encontrou trabalho na televisão, então uma mídia nascente, e se tornou produtora e uma das apresentadoras de um programa diário de variedades ao vivo, o que era raro em uma época em que poucas mulheres iam além das funções de secretárias, na TV. No início da década de 1950, ela havia se tornado uma celebridade local, e foi definida por um jornalista como "a queridinha da televisão de São Francisco".Divorciada, mãe e com um emprego exigente, Elaine, então com 27 anos, fumava cigarros, comia barras de chocolate no almoço e, como a maioria dos americanos da época, não se preocupava muito com exercícios e nutrição.Então, um dia em 1951, a assessora de imprensa de um fisiculturista e dono de academia local ligou para o estúdio e disse que seu cliente era capaz de fazer flexões ao vivo por toda a duração do programa. Jack LaLanne cumpriu o prometido, levantando e abaixando seu corpo de 1,68 metro durante um programa completo de 90 minutos, enquanto os apresentadores faziam seu trabalho.Logo depois de se conhecerem, Jack foi até a mesa de Elaine no estúdio e a repreendeu por estar comendo um donut e fumando. "Ela literalmente bufou para ele, dando uma mordida desnecessária em sua rosquinha e exalando fumaça de cigarro em sua cara", escreveu Ben Pollack, um historiador do fitness, em 2018.Mas, com o tempo, Elaine se apaixonou não apenas por Jack, mas por suas crenças sobre comer alimentos integrais e se exercitar —que ele adaptou dos ensinamentos de Paul Bragg, um guru de estilo de vida do começo do século 20, a quem LaLanne atribuía o crédito por tê-lo transformado de um jovem doente em um fisiculturista. Isso levou Elaine a pensar: "Não quero ser velha quando ficar velha".Com a experiência de Elaine na televisão e o carisma de Jack, LaLanne se tornou um astro. A participação de Jack no programa de Elaine acabou resultando em um convite para que ele apresentasse um programa ao vivo na mesma emissora e, depois, o "The Jack LaLanne Show", em Los Angeles, que se tornou programa nacional dedicada à dieta e aos exercícios. Enquanto Jack estava se estabelecendo em Hollywood, Elaine apresentava seu programa na região de São Francisco e dava palestras em todo o estado sobre vida saudável.Ela também começou a cuidar dos detalhes comerciais do desenvolvimento de produtos e dos acordos de licenciamento que pressagiavam o moderno mercado de fitness, orientado por personalidades —incluindo uma balança de banheiro Jack LaLanne, uma faixa de resistência "Glamour Stretcher" e vitaminas.Mas ela era mais conhecida por suas aparições na frente das câmeras como apresentadora."Eu estava sempre procurando por pessoas que me servissem de exemplo", disse Jan Todd, pioneira no levantamento de peso feminino e diretora interina do departamento de cinesiologia da Universidade do Texas em Austin. "Eu cresci antes que o Título IX [lei americana que instituiu a igualdade de tratamento para as mulheres no esporte universitário] fosse aprovado. Minha mãe não frequentava academias."Todd encontrou inspiração em Elaine LaLanne, que, com seu cabelo de franjas loiras e disposição alegre, fez com que a musculação parecesse aceitável para as mulheres.Em retrospecto, nem todas as mensagens de LaLanne promoviam a saúde. Assistir aos primeiros episódios do programa é ver a cultura da dieta contemporânea nascendo, promovendo um ideal de corpo magro e apresentando a gordura como um problema a ser vencido, disse McKenzie. Eles criaram e popularizaram frases de efeito, entre as quais "10 segundos nos lábios e uma vida inteira nos quadris".Elaine LaLanne defende essas mensagens, dizendo que elas davam aos telespectadores ferramentas e confiança para atingir seus objetivos. Mas reconheceu que as coisas "são melhores" agora que há uma diversidade de tamanhos de corpos na TV.Com seu sorriso sempre presente e sua predileção por frases de efeito, a positividade de LaLanne poderia facilmente ser confundida com ingenuidade. No entanto, sua visão positiva foi conquistada a duras penas, principalmente como resultado do dia 24 de maio de 1973, quando Janet, filha de seu primeiro casamento, morreu aos 21 anos em um acidente de carro. Na noite em que soube que sua filha havia morrido, ela disse que se viu diante de uma escolha: desmoronar ou seguir em frente a todo custo.Ela pensou consigo mesma que "se Janet puder me ver lá de cima, jamais gostaria de me ver chorar", disse LaLanne, escolhendo as palavras com cuidado. "Quero dizer, não posso —ela se foi, não posso fazer nada a respeito. Não há como trazê-la de volta."A mulher que havia pregado o evangelho da mudança de vida sabia que aquela era uma coisa que nunca poderia mudar. Lidou com sua dor da mesma forma que lidou com todo o resto –indo em frente, disse ela, e treinando seu cérebro, como se fosse um músculo, para se concentrar não em sua perda, mas na alegria que sua filha lhe proporcionou quando estava viva.O maior legado dos LaLanne, disse Todd, talvez seja "nos mostrar o valor do exercício em relação ao envelhecimento".À medida que envelhecia, Jack costumava fazer acrobacias diante das câmeras no dia de seu aniversário. Aos 70 anos, ele rebocou a nado uma flotilha de 70 barcos a remo que carregavam 70 pessoas, ao longo de um percurso aquático de 1,6 mil metros. Elaine começou a escrever livros sobre como se movimentar na meia-idade, com títulos como "Fitness After 50" e "Dynastride!".Embora pessoas que trabalharam de perto com os LaLanne digam que ela foi a espinha dorsal do império, Elaine mesma não assume o crédito por seu papel em construi-lo. Quando é instigada a mencionar suas conquistas, ela rapidamente muda de assunto –e fala de Jack— ou recorre a seus aforismos característicos ("tango se dança a dois", "uma banda de um homem só é boa, mas ter mais pessoas nela a torna melhor"). Até mesmo seus emails vem sob o nome "Jack LaLanne".Elaine LaLanne disse que perdeu um pouco a agilidade desde que completou 92 anos. Ela também caiu várias vezes na última década. Mas a força física que adquiriu na academia a ajudou a se reerguer, disse.Junto com seus exercícios diários, LaLanne dedica tempo ao alongamento e à suspensão em uma barra de elevação, deixando seu corpo pender solto como uma boneca de pano. Ela emprega o mesmo equipamento de exercícios que o casal usou durante a maior parte de suas vidas, incluindo máquinas de peso que Jack projetou na década de 1930 e uma esteira que o casal comprou no início da década de 1970."Você precisa se movimentar", ela disse. "Se não se mexer, a pessoa se torna inamovível." Tradução de Paulo Migliacci
2023-09-09 15:00:00
voceviu
Você viu
https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2023/09/aos-97-anos-primeira-dama-do-fitness-continua-colocando-o-setor-em-forma.shtml
Miss e Mister São Paulo CNB 2023: Barretos e Cristais Paulista vencem disputa
Na madrugada deste sábado (9), os representantes dos municípios de Barretos, Therezinha Marques, 22, e Cristais Paulista, João Guilherme Peres, 23, foram coroados, respectivamente, com os títulos de Miss e Mister São Paulo CNB 2023.A partir de agora ela, que é modelo e estudante de Jornalismo, e ele, que trabalha como assessor de investimentos, assumem a missão de se preparar para defender o estado e fazer bonito em seus respectivos concursos nacionais, agendados para 2024. Mais O concurso aconteceu em Campinas, a 99 km da capital paulista, e contou com 16 misses e 14 misters. Na ocasião, se despediram do posto a dentista Letícia Oliveira, 25, e o nadador olímpico Henrique Martins, 31, que além de ser o atual Mister Brasil, conseguiu o feito de garantir a vice-liderança para o país na final do mundial Mister Supranational 2023, em julho.Do lado feminino, em segundo lugar ficou a Miss Ribeirão Preto, Maria Eduarda Zordão, 22, que ganhou a chance de competir por SP no Miss Grand Brasil 2024. Por sua vez, a Miss Taubaté, Mariana Bemfica, 27, que ficou em terceiro, vai concorrer no Miss Supranational Brasil 2024.No masculino, os misters Hortolândia, Yanko Leocadio, 28 (segundo lugar), e Leme, Ricardo Coelho, 32 (terceiro), vão ter a chance de também competir no Mister Brasil CNB 2024. Respectivamente, eles vão vestir as faixas regionais de Mister Centro-Sul Paulista e Mister Noroeste Paulista 2024.Entraram ainda no Top 6 as misses Sumaré, Luna Graciela, 24 (quarto lugar), Bertioga, Carolinny Correa, 21 (quinto lugar), e São Paulo Capital, Nikole Loiola, 22 (sexto). Pelo lado dos misters, foram finalistas os representantes de São Paulo Capital, David Barbosa, 29 (quarto lugar), Franca, Augusto Matias, 30 (quinto), e Pirassununga, Ramon Aramys, 21 (sexto).Com o slogan de "Diamond Selection", a disputa começou na quarta (6) com a promessa de entregar bastante glamour e brilho aos fãs. Segundo a organização, o conceito da proposta é o de "encontrar diamantes que possam ser lapidados durante as suas carreiras para que sejam bem-sucedidos"."Montamos uma infraestrutura muito bacana de evento, feita com muito cuidado e atenção aos detalhes, para entregar o máximo que podemos aos fãs e aos candidatos", explica André Cruz, coordenador do estadual. Mais Ao longo do confinamento no hotel no Vitória, próximo à região central da cidade, os jovens paulistas passaram por uma série de etapas preliminares, valendo pontos classificatórios. Entre elas estavam os tradicionais desfiles em trajes de banho e gala, uma entrevista preliminar com júri técnico, além da apresentação de um projeto social de impacto.Com apoio da Prefeitura de Campinas, através da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Tecnologia e Inovação, o evento trabalhou com o objetivo de "promover ações sociais positivas para a comunidade". "O importante é que os candidatos, além de possuírem uma beleza plástica, também sejam referências de uma juventude ativa, e que seus gestos incentivem atividades esportivas, culturais e sociais", reforça André. Mais Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Fábio Luís de Paula é jornalista especializado na cobertura de concursos de beleza, sendo os principais deles o Miss Brasil, Miss Universo, Miss Mundo e Mister Brasil. Formado em jornalismo pelo Mackenzie, passou por Redações da Folha e do UOL, além de assessorias e comunicação corporativa. Contato ou sugestões, acesse instagram.com/defaixaacoroa e facebook.com/defaixaacoroa
2023-09-09 12:38:00
colunistas
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https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/de-faixa-a-coroa/2023/09/miss-e-mister-sao-paulo-cnb-2023-barretos-e-cristais-paulista-vencem-disputa.shtml
O filme 'Ângela', visto por alguém que chamava Doca Street de tio
Acordamos no último dia do ano de 1976 com uma notícia estrepitosa: Doca Street havia matado Ângela Diniz a tiros, em Búzios. Eu tinha 16 anos de idade, e estava no Rio de Janeiro com meu pai, minha mãe e meu irmão mais novo para mais um Réveillon."Se o Doca precisar de ajuda, eu vou dar um jeito de escondê-lo", disse minha mãe, aflita. Àquela altura ainda não se sabia do paradeiro de Raul Fernando do Amaral Street, seu primo em terceiro ou quarto grau, mas presente em nossas vidas desde sempre. Tanto que eu o chamava de "tio Doca".Contaminada pelo parentesco e pelo espírito da época, mamãe não quis nem saber: Doca era inocente, foi "aquela mulher" quem o levou à loucura. Meu pai, mais sóbrio, lembrava que nada justificava um crime tão cruel. Mais Em 1970, na mesma Búzios, papai e mamãe estavam num carro dirigido por Doca. Que cometeu uma barbeiragem, colidiu com outro veículo e feriu gravemente meus pais. Papai, todo quebrado, passou dias hospitalizado no Rio. Minha mãe ficou com uma enorme mancha negra numa das pernas. Pois é: Doca também quase me deixou órfão, mesmo sem querer.A última vez que o vi foi nas férias de julho de 1976. Estávamos na fazenda de amigos em comum, em Araras, no interior de São Paulo. Doca já era casado com sua segunda mulher, Adelita Scarpa. Na varanda, discretamente, ele ofereceu um baseado para meu pai, a pessoa mais careta do mundo.Alguns meses depois, Adelita deu uma grande festa em sua casa em São Paulo. Entre os convidados estava o colunista social carioca Ibrahim Sued e sua nova namorada, Ângela Diniz, a "pantera de Minas".Ela e Doca, que nunca tinham se visto antes, tiveram uma conexão instantânea. Dias depois, ele ia embora da casa de Adelita para viver com Ângela, levando suas roupas enroladas em lençóis. Sua agora ex-mulher não deixou que ele pegasse nenhuma mala: afinal, eram todas dela.Foram cerca de quatro meses de uma paixão avassaladora, pontuada por crises de ciúme, agressões físicas e muitas drogas. O desfecho sangrento marcou o início de uma avalanche midiática. Nos anos seguintes, o caso dominou a imprensa brasileira, até Doca finalmente ser condenado.O assassinato de Ângela Diniz voltou à tona em 2020, graças ao excelente podcast "Praia dos Ossos", produzido pela Rádio Novelo. É um trabalho jornalístico impecável: a história toda está lá, da vida pregressa do casal de amantes aos julgamentos de Doca e o surgimento da campanha "Quem Ama Não Mata", um marco histórico do feminismo brasileiro.O filme "Ângela", que estreou nesta quinta (7) nos cinemas, não pretende ser uma versão 100% fiel ao que de fato aconteceu. Eu, que convivi com alguns dos personagens muito tempo atrás, passei a primeira meia hora anotando semelhanças e diferenças.Isis Valverde está fantástica, exalando dor e sensualidade. O Doca feito por Gabriel Braga Nunes tem uma energia similar à do original. Mas por que todo mundo só o chama de "Raul"? Já Adelita de Carolina Manica está bem diferente: a verdadeira, naquela época, tinha os cabelos curtos e cílios imensos. E Gustavo Machado, além de não ter semelhança física, é jovem demais para interpretar Ibrahim Sued.Até aí, tudo bem. Ver alguém conhecido representado na tela, na pele de um ator, é sempre uma experiência esquisita. O que me incomodou mais em "Ângela" foi o rumo melancólico que o filme toma depois do encontro explosivo de seus protagonistas.O casal se instala numa casa em Búzios (na verdade, uma mansão numa praia na região de Porto Seguro – a casa onde Doca e Ângela viveram na Praia dos Ossos, muito menor, nem era de frente ao mar). E começa uma rotina de brigas e lágrimas. Ângela sofre, porque seu primeiro marido lhe tirou a guarda dos três filhos pequenos.O que o filme de Hugo Prata não explica é porque ele fez isto. O rumoroso caso do caseiro assassinado, contado em detalhes escabrosos no podcast da Rádio Novelo, é simplesmente ignorado. "Ângela" acaba sanitizando a imagem de Ângela Diniz, mostrando-a como uma mártir da liberdade. E assim, também termina por julgá-la, ao esconder seu comportamento subversivo para a época.Tampouco aparecem personagens cruciais como a "alemãzinha de Búzios", uma suposta traficante que frequentava a casa de Ângela e Doca, e que sumiu misteriosamente logo depois do crimeÂngela não era uma santa, e nem por isto merecia ter sido morta. Já Doca não era mais machista que nenhum homem de sua geração. Seu primeiro julgamento, em que os advogados brandiram a "legítima defesa da honra", é que o transformou um símbolo do atraso e da selvageria.Depois de cumprir sua pena, Doca foi solto e se casou com uma das melhores amigas da minha mãe. Mas deixou de circular, e eu nunca mais o vi. Morreu em 2020, aos 86 anos de idade.Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Tony Goes tem 62 anos. Nasceu no Rio de Janeiro, mas vive em São Paulo desde pequeno. Já escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. E atualiza diariamente o blog que leva seu nome: tonygoes.com.br
2023-09-09 12:36:00
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https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/tonygoes/2023/09/o-filme-angela-visto-por-alguem-que-chamava-doca-street-de-tio.shtml
Edson Natale lança 'A música no Brasil que você toca' nesta segunda-feira em São Paulo
Acontece nesta segunda-feira (11), às 20h, no Bar Balcão, em São Paulo, o lançamento do livro "A música no Brasil que você toca" pelo músico, compositor, violonista e gestor cultural Edson Natale.O paulistano Natale atuou como gestor cultural por mais de 20 anos, como gerente do núcleo de música do Itaú Cultural e gerente-coordenador do Auditório Ibirapuera e de sua escola dedicada à formação musical de estudantes da rede pública de ensino."Este livro é resultado de muitas andanças pelo Brasil. Me dei conta que estava, já há algum tempo, colecionando e anotando as histórias que ouvia ou vivenciava, e também os recortes, folhetos e livros que juntei, ganhei ou comprei nos sebos, até perceber que tinha reunido um material riquíssimo a respeito da música brasileira, de todas as regiões do país. Comecei a dar forma a uma narrativa para compartilhar essa infinidade de histórias e algumas delas, finalmente, estão neste livro; outras ainda aguardam novos mergulhos que se juntarão a futuras viagens e encontros", disse Natale.Entre as historias relatadas em "A música no Brasil que você toca" figura a de como Hernani Vitor Guedes, conhecido como "farmacêutico da rabeca", um jovem paraense que, na segunda metade da década de 1940, decide gravar um disco em um estúdio que ele mesmo improvisou com a ajuda de amigos e parentes. A fita da gravação foi transportada por um avião da Força Aérea Brasileira, único transporte possível na época, já que não havia voos comerciais que incluíssem o Amapá em suas rotas. Contudo o amigo de Hernani que levou a fita teve sua mala furtada e, com ela, a fita matriz. Quando a notícia chegou em Macapá, Hernani decidiu contratar um detetive na tentativa de localizar a fita, encontrada semanas depois num sebo em Recife. Finalmente a fita seguiu seu caminho até a fábrica de discos Rozenblit, lugar onde concretizou-se o sonho do "farmacêutico da rabeca" e do grupo que ele fundou, Os Mocambos.Essa é apenas uma das interessantes historias relatadas em "A música no Brasil que você toca". O produtor Pena Schmidt e o violeiro Paulo Freire, que viveu parte da vida no sertão do Urucuia (MG) para aprender a tocar viola, também tem suas histórias contadas com muito humor no livro.LANÇAMENTO LIVRO ‘ A MÚSICA NO BRASIL QUE VOCÊ TOCA’AUTOR Edson NataleEDITORA ZarpaZanza e ParaquedasQUANDO Segunda-feira (11), às 20hONDE Bar Balcão, r. dr. Melo Alves, 150, Cerqueira César, São Paulo, tel. (11) 3063-6091QUANTO R$ 59,90
2023-09-09 11:18:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/musica-em-letras/2023/09/edson-natale-lanca-a-musica-no-brasil-que-voce-toca-nesta-segunda-feira-em-sao-paulo.shtml
Saiba como escolher a churrasqueira ideal para o seu apartamento
Em um apartamento, o maior problema de se ter uma churrasqueira é a fumaça. Por isso, é importante pensar bem antes de escolher o melhor modelo: a carvão, a gás ou elétrico.Se a sua varanda não tem um espaço destinado especialmente para o equipamento, é preciso entender quais são as regras do condomínio em relação à instalação e ao uso da churrasqueira. Nesse caso, a versão elétrica pode ser uma boa opção.Conheça mais sobre cada modelo e saiba como é possível reduzir a fumaça durante o uso a partir das dicas do churrasqueiro José Almiro, que está à frente do canal Churrasqueadas no YouTube, com mais de 2,2 milhões de inscritos, e da arquiteta Bruna Flavio, coordenadora do escritório Spaço Interior, comandado pela arquiteta Ana Rozenblit.José Almiro recomenda guardar as cinzas de um churrasco para o outro, para utilizá-las quando for necessário reduzir a altura da chama —em substituição ao uso de água, que gera mais fumaça, levanta fuligem e abaixa a temperatura da churrasqueira Mais
2023-09-09 11:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/tudo-mais-um-pouco/2023/09/saiba-como-escolher-a-churrasqueira-ideal-para-o-seu-apartamento.shtml
Pelas beiradas
Decorridos mais de dois meses de barganhas e pressões variadas, foi modesta a reforma promovida por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em seu ministério. Houve não mais que uma demissão, uma transferência de posto e uma recriação de pasta, tudo isso para acrescentar mais dois partidos aos representados na Esplanada brasiliense.As mudanças se deram somente na periferia do primeiro escalão —mais precisamente, em estruturas que nem mesmo justificam com clareza o status ministerial, casos de Esporte, Portos e Aeroportos e a recriada pasta das Micro e Pequenas Empresas.A necessidade política de reforçar a base de sustentação ao Planalto no Congresso poderia ser combinada com algum aperfeiçoamento administrativo, mas não foi o que aconteceu. Ninguém foi substituído por demérito e nenhum dos ingressantes apresenta alguma credencial maior para o cargo.Apontado no início do processo como partido que deveria ceder vagas, o PT terminou agarrado a seus 11 ministérios —de um total que subiu de 37 para 38.Nesse conjunto estão postos-chave para as decisões de governo (Casa Civil, Relações Institucionais, Secretaria-Geral e Fazenda), pastas com muitos recursos e visibilidade (Educação e Desenvolvimento Social) e setores estratégicos para a agenda do partido (Trabalho, Gestão, Mulheres, Comunicação e Desenvolvimento Agrário).Como já se viu no passado, a resistência petista em dividir de fato o poder tende a tornar mais frágeis as coalizões situacionistas. Ao todo, haverá agora 11 partidos com nomes no primeiro escalão —no entanto isso não garante necessariamente o apoio integral dessas legendas no Congresso.Um dia após a reforma ministerial, na quinta (7), o Republicanos, agraciado com Portos e Aeroportos, divulgou nota para afirmar que não fará parte da base de Lula. É também incerto o grau de adesão do PP, que ganhou Esporte.As duas legendas têm laços com o bolsonarismo. Ademais, a primeira abriga o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, um potencial candidato ao Planalto, e a segunda, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (AL), que busca preservar o protagonismo recente do Legislativo.Do ponto de vista da articulação política, o governo não está errado em ao menos buscar os votos de parcelas dessas siglas, valendo-se da distribuição de cargos e verbas. Esse tipo de aliança, porém, costuma ser mais volátil.Por ora ao menos, Lula parece operar mais para evitar sustos no Congresso, como o assédio de CPIs e projetos de lei tresloucados, do que propriamente arregimentar forças para uma agenda ambiciosa.editoriais@grupofolha.com.br
2023-09-08 22:00:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/09/pelas-beiradas.shtml
Os votos dos ministros do STF deveriam ser sigilosos? NÃO
Difícil ter certeza quanto ao que realmente motivou a ideia, lançada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de trazer sigilo às deliberações do Supremo Tribunal Federal. Talvez a causa genuína seja a que ele apresentou: preocupação com ameaças, que violam liberdades e põem em risco o livre julgar, sofridas por ministros e seus familiares.Nesse caso, a proposta teria de ser rejeitada por não dar conta da patologia que identifica. Se o que se teme são violências e atentados contra pessoas, difícil acreditar que as falanges que as promovem deixariam de fazê-lo por serem as decisões coletivas fruto de julgamentos secretos.Aliás, o mais provável é que a própria deliberação às escondidas alimentasse umas tantas teorias conspiratórias, que serviriam elas próprias como motivos para novas violências. A turba voltaria-se então contra a "sala secreta do STF".O anedotário do extremismo depõe contra a intuição de Lula. No Brasil, algumas das recentes decisões da corte, contra as quais se voltam esses agentes violentos, foram tomadas por unanimidade, sem fulanização do veredito.Mas isso não arrefece o impulso dos inimigos do Supremo. Perguntem a um patriota de porta de quartel o que ele acha de o STF ter tornado réu o ex-líder do governo Jair Bolsonaro na Câmara, deputado Otoni de Paula (MDB-RJ). Ele espumará, ignorando o fato de que a decisão foi unânime, e que seu relator foi Kassio Nunes Marques, o ministro mais querido pelos bolsonaristas. E, se soubesse, nada mudaria. Mais O ministro Flávio Dino, tentando salvar Lula, invocou a Suprema Corte dos EUA, que delibera de modo diferente do STF. E como vão as coisas por lá? No ano passado, um homem armado foi preso perto da casa de um ministro —planejava assassiná-lo. A tradição deles de extremismo antijudicial é inclusive bem mais antiga: o ministro Blackmun, autor da recentemente revertida decisão de 1973 que reconheceu o direito constitucional ao aborto, sofreu ameaças de morte por anos a fio (em 1985, um tiro foi disparado contra a janela de seu apartamento).Boas práticas deliberativas são fundamentais e qualquer tribunal, inclusive o Supremo, deve sempre melhorar as suas. Mas não é isso que resolverá a ameaça da qual Lula diz querer poupar nossos ministros.A alternativa então é considerar que a razão invocada é pretexto para esconder outra: a intenção de tirar dos ombros dos ministros (e do presidente que os indicou) o peso das críticas públicas por seus votos. Isso explicaria por que a fala deu-se agora, quando apoiadores do presidente frustram-se reiteradamente com o ministro Cristiano Zanin e o pressionam cada dia mais para que a próxima indicação tenha um perfil que, parece, não é o que ele buscará. Mais Nesse caso, a rejeição à proposta deve ser ainda mais enfática: ao arrepio da transparência que a democracia exige, ela trabalha contra a centelha de accountability que existe sobre um tribunal com já escassos mecanismos de controle.Difícil imaginar que um governo com base instável no Congresso, que negocia votações no varejo, gastará munição de emenda constitucional com causa tão infame, sem eco no próprio STF.Ao Supremo, sobra o alerta de que o mundo político, com boas razões ou falsos pretextos, ensaia debater algo que acadêmicos discutem, e criticam, há tempos: as imperfeições de seu modelo deliberativo, onde sobram individualismos e faltam boas razões para o exercício de muitos de seus poderes.TENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-09-08 22:00:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/09/os-votos-dos-ministros-do-stf-deveriam-ser-sigilosos-nao.shtml
É preciso parar o massacre de crianças no Rio, diz leitor sobre menina baleada em ação da PRF
Menina baleada no Rio Algo precisa ser feito urgentemente para parar esse massacre de crianças no Rio ("Menina de 3 anos é baleada na cabeça em ação da PRF, no Rio", Cotidiano, 8/9). Falamos em Desmate Zero, Fome Zero, mas acho que chegou a hora de falar Basta de Mortes de Crianças. José Antonio Bonato (Ribeirão Preto, SP) Milícia Rodoviária Federal. Primeiro atira, depois verifica. Carlos Becker (Curitiba, PR) Chega de impunidade. Chega de polícia matando crianças. Fernanda Salgueiro Borges (São Paulo, SP)Mauro Cid Aguardando ansiosamente que seja divulgado o que constará da delação. Porque, pelo jeito, para a Polícia Federal aceitar a delação, deve ter muita coisa podre além do que já sabemos ("Cid se dispõe a fazer delação, e Moraes recebe proposta de acordo", Política, 7/9). Patricia Floriano Pedrosa (Brasília, DF) Talvez não haja o que delatar, pois a evidência é tamanha que a delação é chover no molhado ("Não há o que delatar, diz assessor de Bolsonaro após proposta de Cid ao STF", Política, 8/9). José Celso Righi (São Bernardo do Campo, SP)Pode criticar Lula? Críticas precisam estar na base de um governo democrático. Ou então deixaremos de ter gado verde e amarelo e teremos gado vermelho ("Não se pode criticar Lula", Renato Terra, 7/9). Fiz o L, farei de novo se precisar. Gosto muito do Lula, o que não me impede de discordar dele. Zanin, mulher no Supremo e Ana Moser são as minhas discordâncias do momento. Erica Luciana de Souza Silva (Juiz de Fora, MG) E quando não criticaram Lula? O "analfabeto", "petralha". Nunca deixaram passar nada dele e do PT, e muitas vezes a crítica vinha acompanhada de clamor pela execução sumária de Lula. Marcelo Levy dos Santos Braga (Niterói, RJ) Acho que no cerne da questão está a militância. O militante não pode ser independente, não pode pensar livremente. "A causa" requer um exército alinhado nos argumentos. Aí as redes viram isso, uma cacofonia de militantes gritando as mesmas coisas. Quem viu um viu todos. Diego Rodrigues (São Bernardo do Campo, SP) A falsa equivalência é o recurso mais requentado dos últimos tempos. As últimas decisões de Lula foram alvo de muitas críticas. Não dá para atribuir aos seus apoiadores a iniciativa de interditar o debate. Paulo Werner (Goiânia, GO)Sérgio Cabral Onde estamos? O que esse cara está fazendo fora da cadeia? ("Sérgio Cabral cita volta de Lula, articula contra Paes e desiste de ser tema no Carnaval", Política, 8/9). Eloisa Giancoli Tironi (São Paulo, SP)Salas de uso de drogas Considero, sendo portador de transtorno psíquico crônico e tendo convivido com viciados de diversos tipos, que as salas de drogas podem, sim, ser um começo de opção a drogados crônicos, como defende Fernanda Mena ("Zurique, Amsterdã, Copenhague... Por que não São Paulo?", Opinião, 8/9). Porém, é preciso convir que, conforme psiquiatras admitem, uma enorme quantidade de viciados não sabe o que faz, por viver o tempo todo sob delírios. Não adianta acolher para a pessoa se matar aos poucos bem na nossa frente. É preciso bem mais do que isso. Rodrigo Contrera (Taboão da Serra, SP) Se os objetivos do município e do estado fossem priorizar a saúde dos dependentes químicos, as salas de uso de drogas já estariam em funcionamento na cidade há tempos. Mas a política estapafúrdia de dispersão de adictos faz sentido, considerando a prioridade dos poderes públicos de liberar uma centena de quadras no centro para a especulação imobiliária fazer o que quiser. Suely Mandelbaum, urbanista (São Paulo, SP) É só estudar um pouco sobre esse assunto para saber que não existe redução de danos. Dirce Buzato (José Bonifácio, SP)Vaga no STF Enquanto tivermos as escolhas para o STF e outros órgãos jurídicos feitas pelo presidente da vez, a Constituição é o que menos conta. A prisão do Lula não foi "um dos maiores erros judiciários da história do país". Os maiores são os escolhidos para cargos vitalícios que passam a julgar de acordo com quem os indicou e não com o saber jurídico e a lei. Tania Tavares (São Paulo, SP)Beber, bem e mal Excelente, Ruy. Como dizia um amigo: "A cachaça, antes de matar, humilha o homem" ("Beber ‘bem’ ou beber ‘mal’", Ruy Castro, 7/9). Ronaldo Pereira (São Paulo, SP) O alcoolismo é uma doença silenciosa, progressiva e mortal. Por ser uma droga lícita, as pessoas não se tocam que estão bebendo cada vez mais. Josana Salles Abucarma (Cuiabá, MT) Só quem passa por isso pode dizer e escrever, mas não perfeitamente como você. Grato. Marcelo Pires Santana (Rio de janeiro, RJ)
2023-09-08 21:30:00
paineldoleitor
Painel do Leitor
https://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2023/09/e-preciso-parar-o-massacre-de-criancas-no-rio-diz-leitor-sobre-menina-baleada-em-acao-da-prf.shtml
Todo o povo que subiu a rampa do Planalto também deve governar
VÁRIOS AUTORES (nomes ao final do texto)Gostaríamos de manifestar nossa profunda decepção com a substituição de Ana Moser no Ministério dos Esportes. É mais um capítulo de concessões recentes em nome de governabilidade a um custo cada vez maior.Compromisso com transformações positivas, representatividade social e política, interesse público e competência devem ser bússolas de qualquer decisão governamental. O governo Lula teve seu início buscando equilíbrio de gênero, representatividade social e competência profissional.A saída de uma atleta reconhecida, mulher e empreendedora social nos desaponta e serve como alerta de que trocas dessa natureza podem continuar. Ceder às pressões de partidos do centrão não traz garantias de governabilidade e adiciona inquietação quanto aos resultados do mandato presidencial.Por essas razões, na condição de empreendedores socioambientais ligados a organizações nacionais e internacionais, gostaríamos de expressar nosso desagravo à colega Ana Moser, manifestando preocupação com mudanças que abrem mão de representatividade e compromissos socioambientais.A diversidade do povo brasileiro e movimentos sociais que subiram a rampa do Planalto também precisa se fazer presente no governo. Por isso, registramos nossa consternação com episódios recentes envolvendo mudanças no meio ambiente, na política indigenista e, agora, também no esporte.Alice FreitasAna FontesAna LavaquialAnnamaria Barbosa MarchesiniBerenice KikuchiCaetano ScanavinoClaudio B. V. PaduaClaudio SassakiCybele AmadoDaiane da Silva PortoDaiany França SaldanhaEduardo PachecoElaine TeixeiraErika FoureauxEugênio ScanavinoFernando AssadFlora BitancourtGisela SolymosIsabel Fernandes MottaJosé Dias CamposKarem WorcmanLeonardo LetelierLucas Furio MelaraLuciana Chinaglia QuintãoLuís Fernando Guedes PintoMaria Teresa LealMariana MadureiraMariano CenamoMarianne CostaMonica PasqualinNádia RebouçasNeidinha SuriúPaula FabianiRaquel BarrosReinaldo PamponetRita de Cacia da SilvaRodrigo BaggioSebastião Alves dos SantosSergio AndradeSônia Maria BoniciSuzana PamponetSuzana M. PaduaSylvia GuimarãesThaís LazzeriTony MarlonValdeci FerreiraVera CordeiroEmpreendedores sociais das redes Folha e Schwab e do movimento Catalyst 2030 BrasilTENDÊNCIAS / DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
2023-09-08 16:23:00
opiniao
Opinião
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/09/todo-o-povo-que-subiu-a-rampa-do-planalto-tambem-deve-governar.shtml
Obrigada, Rubiales
O cartola máximo do esporte espanhol, Luis Rubiales, presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), virou o grande saco de bater de gregos y troianos -- e com muchísima razão.Desde o escândalo do beijo roubado na final do Mundial de futebol feminino, no último 20 de agosto, Rubiales coleciona já uma lista substancial de mancadas, punições e acusações.Até o momento, fez discurso acusando "falso feminismo", xingando opositores de "imbecis" e dizendo que o beijo foi "consensual"; foi suspenso de suas funções por 3 meses, processado pela jogadora da seleção Jenni Hermoso e, hoje (8), oficialmente denunciado pelo Ministério Público espanhol por potencial crime de agressão sexual e coação, com penas de até 5 anos de prisão.Seu aliado-apadrinhado, o técnico da seleção feminina Jorge Vilda, foi destituído na última terça (5) e substituído por Montse Tomé.Aqui na Espanha, o que começou com uma certa divisão de águas -- uns contra, outros, a maioria, a favor da punição pelo gesto infeliz de "machirulo", roubando o protagonismo da seleção feminina num dia de vitória histórica, agarrando o pau ao lado da rainha, roubando beijo na boca de uma jogadora, depois comparando ao que faria a "uma filha" -- se transformou numa maioritária e franca oposição.Graças, em parte, à repercussão internacional, claro. Ficou feio defender esse senhor, mesmo pra quem tava tentando ficar pianinho ou proteger o próprio cul acartolado.A seleção espanhola de futebol masculino (oh, homens, obrigada) veio a público condenando a atitude do ex-chefe.O presidente interino da RFEF, Pedro Rocha, começou a cortar cabeças que haviam aplaudido o discurso vitimista de Rubiales -- como o técnico da seleção feminina, Jorge Vilda, que por sua vez já colecionava desavenças com as jogadoras.De repente, o Fora-Rubiales é quase uma unanimidade. O que começou sendo um tô-contra rarefeito-tímido no mundo do futebol (masculino, que no feminino o uníssono e a união foram imediatas) escalou. É malz ir contra.Ainda tem gente que acredita que é tudo um grande exagero. Não: ele cagou no pau. Mereceu. E, francamente, 90 dias de suspensão é pouco."ATITUDES ASSIM FAZEM PARTE DO DIA A DIA DA SELEÇÃO HÁ ANOS"Em seu depoimento no tribunal nesta sexta (8), Jenni confirmou pela enésima vez que o beijo não foi consentido -- porque, sim, ainda tem gente que crê que seu sorriso diante das câmeras, impassível, era prova do contrário.Meo deos."Sinto-me obrigada a denunciar que as palavras de Luis Rubiales ao explicar o infeliz incidente são categoricamente falsas e fazem parte da cultura manipuladora que ele próprio gerou", declarou a jogadora em comunicado oficial, disponível na íntegra aqui."Atitudes como esta fazem parte do dia a dia da nossa seleção há anos. Devo afirmar que tenho estado sob contínua pressão para apresentar uma declaração que possa justificar o ato do senhor Luis Rubiales. A Federação pressionou meu entorno (família, amigos, colegas, etc) para dar um testemunho que nada tinha a ver com os meus sentimentos. TOLERÂNCIA ZERO com esses comportamentos".Em vídeo publicado esta semana no canal do programa La base, o ex-líder do partido Podemos e ex-integrante do governo Sánchez, Pablo Iglesias, agradeceu Rubiales."Obrigado por simbolizar tão bem o pior da condição masculina que vive dentro de todos nós", disse. "Obrigado por colocar diante do espelho o pior que podemos ser". Mais Também quero agradecer. Graças a esse senhor, símbolo máximo de um reino historicamente dominado por homens, e seu exemplo de manual sobre Como Não Proceder em 2023 ou Em Qualquer Época e Contexto de Sua Vida, estamos atualizando opiniões, refrescando conceitos, e reprisando o que tem que ser reprisado: que só o sim é sim, que respeito é respeito estejamos onde estejamos, em todos os aspectos, do sutil ao federal.Obrigada, Rubiales, por trazer à relevância o chefe de departamento que seca as nossas tetas enquanto o papo é sobre um relatório, às vezes com direito a um sorrisinho maroto; os caras que me seguiram de carro, quando eu ainda era adolescente, em uma rua deserta, falando obscenidades e abrindo a porta, divertindo-se com meu medo; os que me perguntaram "quanto é?" quando eu desci do palco, após uma apresentação como cantora; os que insistem, indignados, que foi "só um beijinho"; os que assediam na esquina, na casa, no consultório, os mansplainers, os que se acham feministas e soltam um "e olha que é mulher", os que passam a mão na sua bunda em uma balada, os que te chamam de puta -- mesmo que por dentro, entredentes, lá no fundo -- porque tua saia é curta, teu peito é grande, tua liberdade incomoda. Obrigada, também, por realçar a presença em nossas vidas de homens, mulheres e não-binários que estão muito além dessa discussão, que são livres e respeitosos, e que convivem em harmonia, não infalíveis, mas buscando aprender a cada passo, compreender e escutar o próximo, a próxima, próximes e todos os artigos que queira -- e que cada um, artífice de sua própria vida e liberdade, queira.(Siga meu perfil no Instagram)
2023-09-08 13:42:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/normalitas/2023/09/obrigada-rubiales.shtml
Sexo: O que Chico Moedas tem? A energia transante do namorado de Luísa Sonza
"Barzinho, cervejinha e papinho merda. Rir junto." Foi assim que Chico Moedas descreveu como seria um date bom no podcast de Valentina Bandeira. Ganhou a simpatia de muita gente e várias mulheres manifestaram interesse por ele nas redes sociais. Óbvio que alguns caras se indignaram, pois como assim? Tantos deles se esforçam para ficarem fortões e fazem de tudo para arrotar sucesso e ambição profissional durante as interações com mulheres.Mas, de repente, chega um magrelinho dizendo que vai te levar pra Lapa carioca pra tomar cerveja num boteco e você sorri de orelha a orelha e diz SIM, POR FAVOR, QUANDO VAI SER?Bom, para começar, a ideia de bater um papo despretensioso e mútuo, com alguém disposto a te ouvir e a te fazer rir e a te deixar fazê-lo rir e a rir com você é extremamente sedutora. Quase toda mulher hétero que entrou no jogo dos dates já se deparou com um chatão sem graça que só sabe falar de si o tempo todo, em um monólogo pessoal que não serviria nem para a terapia do rapaz, já que não revela nada de realmente importante sobre ele enquanto indivíduo além do fato de que ele é mala e superficial. Mais O fato de Chico não ter pudores em dizer que odeia a instituição trabalho me faz simpatizar automaticamente com ele. É chato demais falar com uma pessoa e perceber que todos os assuntos dela giram em torno de trabalhar. Além disso, ele conseguiu ficar milionário antes dos vinte investindo em criptomoedas e não faz questão de ficar falando disso o tempo todo. Tem tanta gente que ganhou um total de zero reais em bitcoins, e quiçá perdeu vários, e não perde a chance de palestrar sobre o tema.Talvez o tempo revele que Chico Moedas é um boy lixo, manipulador, péssimo namorado. Mas, por enquanto, eu estou em lua de mel com a sua figura.Só que tem mais uma questão. O Chico exala a energia de quem está sempre disposto a transar, e a transar bem. Pelo sorrisinho dá para notar que ele não vai apenas dar uma trepada, ele vai tentar fazer de cada trepada a melhor trepada da sua vida e não vai descansar enquanto não te fizer feliz. Eu vejo a Luísa Sonza e percebo que ela está alegre e quicando no lugar certo. O olhar dos apaixonados um para o outro revela que toda hora é hora para gozar.Dá para perceber que Chico é seguro de si e, por isso mesmo, não precisa ficar performando e se fazendo de machão o tempo todo. O olharzinho revela: desenvolveu habilidades orais e manuais, é capaz de fazer uma mulher ter um orgasmo explosivo usando apenas a ponta do dedo indicador. Uma moça comentou no meu Twitter que ele tem AQUELA cara de semi-feio que transa bem. É um tipo específico que não é bonito, é até meio esquisitinho, mas fica gatão logo depois da primeira vez que te chupa com 100% de eficácia. Mais O mel é tanto que Luísa Sonza incluiu uma música chamada CHICO em seu novo álbum Escândalo Íntimo em que se declara pra ele —o relacionamento começou em julho e o cara já está eternizado em canção. A faixa mostra que Chico é mais do que um corpinho dedicado a dar prazer. Para surpresa geral, a cantora não cita as tradicionais palavras quicar e rebolar em nenhum momento.Ela exalta os momentos juntos no barzinho, diz que não tem medo de ser cafona e declara que debate política com o mozão. Quer dizer, depois da transa, tem um bom pillow talk, aquela conversinha gostosa na cama.Vejam bem. Ela é uma das artistas de mais destaque no Brasil atualmente. Poderia subir no palco e nomear qualquer homem para receber uma sentadona. Mas ela escolheu Chico. Sinal de que um bom papo despretensioso e, ao que tudo indica, uma boa transa, criam conexões fortes e geram paixões bonitas. Felicidades ao casal.Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Bruna Maia é escritora, cartunista e jornalista. É autora dos livros "Parece que Piorou" e "Com Todo o Meu Rancor" e do perfil @dabrunamaia nas redes sociais. Fala de tudo o que pode e do que não pode no sexo.
2023-09-08 12:00:00
colunistas
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https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/x-de-sexo/2023/09/sexo-o-que-chico-moedas-tem-a-energia-transante-do-namorado-de-luisa-sonza.shtml
Competição de slam e Festa de San Gennaro acontecem neste fim de semana em SP
Confira, a seguir, destaques da seção especial O Melhor do Fim de Semana. Produzida pela equipe do Guia Folha e publicada sempre às sextas, ela pretende orientar o leitor sobre o que há de melhor na programação de São Paulo e seu entorno.No meio de uma roda, jovens poetas declamam seus poemas, fazem gestos e gritam para o público à sua volta, que avalia a performance. Essa é a essência do slam, batalha de versos falados que acontece em todo o mundo.Até o domingo (10) ocorre o Slam SP, campeonato paulista que comemora os seus 15 anos e é tido como o primeiro a acontecer no Brasil.A disputa estadual rola dessa vez no Sesc 24 de Maio, no centro da cidade. São 44 poetas de todo o estado disputando a classificação para o campeonato brasileiro, o Slam BR, que acontecerá em Minas Gerais pela primeira vez, em dezembro, depois de uma versão virtual.Já a edição nacional dá vaga para a Copa América de poesia falada, cujo vencedor irá para o WPSC, o Campeonato Mundial de Poetry Slam, sediado no Togo, na África, em 2024.O evento é gratuito e dividido em quatro etapas. A primeira e a segunda é a classificatória, que acontece at[e sxta (8); a terceira é a semifinal, no sábado (9); e a quarta a final no dia 10, quando serão escolhidos dois vencedores. Haverá transmissão online, pelas redes sociais do Slam SP.Os vencedores são escolhidos pelo júri formado por algumas pessoas da plateia, que dão nota de zero a dez. O público também dá um gás na batalha torcendo para a performance que mais gostar. Mais Os temas abordados nos poemas são livres. Os assuntos mais comuns são racismo, homofobia, machismo e violência. Em relação às regras, cada participante tem dez minutos para recitar um texto autoral, sem auxílio de música, figurino ou cenografia, tendo à disposição só corpo e voz.Além da competição, a edição apresenta oficinas gratuitas e abertas ao público geral. O Corpo Poético em Performance, com Flip Couto, acontece no sábado, das 10h às 12h, e Da Letra à Cena, com Fernanda D’Umbra, no domingo, das 14h às 15h30.O slam surgiu em 1980 na cidade americana de Chicago. O evento se espalhou pela Europa até chegar ao Brasil, por volta de 2008, pelas mães de Roberta Estrela D’Alva. Sua primeira versão aconteceu em um evento chamado Zap! Zona Autônoma da Palavra, organizado e apresentado pelo Núcleo Bartolomeu de Depoimentos —que pesquisa o diálogo entre a cultura hip-hop e o teatro.Hoje há mais de 200 comunidades de slam pelo país, que 50 em São Paulo. Em número de participantes, o Slam SP é o maior da América Latina."Quem vier ao Sesc 24 de Maio assistir ao campeonato com certeza vai se emocionar e vibrar com a força da poesia popular urbana", afirma Roberta Estrela D’Alva, que faz parte da direção, produção e apresenta o eventoSLAM SP 2023 - 15 anos Sesc 24 de Maio - R. 24 de Maio, 109, região central. Sex. e sáb., das 10h às 20h e dom., das 10h às 17h30. informações em facebook.com/slamsaopauloEsta sexta, 8, é o último dia do Kizomba Design Museum —fundado para preservar a memória da cultura kizomba, de origem angolana. O evento, que teve sua primeira edição neste ano, começou na quarta, 6, com atividades voltadas a música, gastronomia e rodas de conversa. Criada pelo escritor e produtor musical Kalaf Epalanga e pelo diretor criativo e artista Nástio Mosquito, a plataforma quer iniciar um espaço fixo de estudo do gênero musical e estilo de dança, além de explorar o impacto social, econômico e político desta manifestação cultural.A programação aparece espalhadas em três pontos físicos: a Casa de Francisca, que absorve o eixo musical; a livraria Megafauna, que fica no pé do Copan e é sede de palestras, debates e experiências gastronômicas —estas acontecem no restaurante Cuia, de Bel Coelho, que fica no espaço—, e a Galeria Pivô, também no prédio de Niemeyer, onde foi instalado o Mercado com venda de roupas e de outros itens do universo da kizomba. A sexta começa com um mergulho culinário, com um café da manhã às 10h que inclui chá de caxinde e bate-papo com representantes da música, da literatura, da moda, do cinema e das artes. Às 11h, na varanda da Pivô, o Mercado começa a funcionar e, às 13h, na Megafauna, a professora Marissa J. Moorman e o escritor Ondjaki conversam sobre os sons e cozinha de Angola. Uma hora depois, também na Pivô, o coletivo Kizomba Yetu faz um workshop de dança acompanhado de DJ set de Joss Dee. Para fechar o dia, às 20h tocam na Casa de Francisca o cantor angolano Paulo Flores, que mostra sua mistura de sonoridades caribenhas, brasileiras, afro-cubanas e africanas, e os DJs Indi Mateta e João Reis. Programação completa em kizombadesignmuseum.com. Grátis, exceto show na Casa de Francisca (R$ a partir de R$ 53 em Pixel Ticket)Sdds Neu A balada de música alternativa que funcionava na Água Branca, na zona oeste paulistana, ganha uma homenagem nostálgica no Cineclube Cortina (r. Araújo, 62, República, Centro) neste sábado, 9. A partir das 23h, DJs que tocavam sempre no casarão, como Guarizo, Dago e Guab, mostram os sets que ficaram conhecidos em festas como 4e20, Explode e Memetics. A banda paulistana de indie rock Holger, outra habitué do espaço, também faz show à meia-noite e toca o álbum "Más Línguas", lançado neste ano. As entradas podem ser compradas no Sympla e custam a partir de R$ 50 Mais O Mundo dos Dinossauros Acontece no MorumbiShopping (av. Roque Petroni Júnior, 1.089, Jardim das Acácias) a exposição gratuita sobre dinossauros. As 40 réplicas dos animais possuem movimentos, som e estão em um cenário de árvores que remetem a períodos pré-históricos. A montagem da mostra foi feita para exibir ao público as descobertas mais recentes na área da paleontologia, como a presença de penas na maioria dos dinossauros carnívoros. Ela fica em cartaz até o dia 15 de outubro, terá tours guiados e área para tirar fotos com personagensFesta da Fazenda O parque da Água Branca (av. Francisco Matarazzo, 455, Água Branca) sedia neste fim de semana uma festa gratuita que combina com o seu clima de fazenda —já que possui estábulo e galinhas andando pelo espaço. A programação conta com modão de viola, música sertaneja, apresentações de dança e um pavilhão com barracas que vendem comidas típicas. Serão servidos pratos como feijão-tropeiro, arroz carreteiro (foto), galinhada e milho, entre outros. Quem gosta de sobremesa poderá comer canjica, paçoca, doce de abóbora e doce de leite. Haverá ainda um espaço com bazar e artesanatos Mais Bia Hoi Um dos principais representantes da culinária vietnamita em São Paulo, o Bia Hoi ganha uma segunda unidade em Pinheiros, num sobrado na rua Simão Álvares, 454. O restaurante, inspirado nas choperias do Vietnã, foi fundado há seis anos na região central pela chef Dani Borges após uma viagem ao país asiático. A novidade chega com adições ao menu, como o banh khot (R$ 31), panquequinhas de massa de feijão-verde e leite de coco com camarões. A casa também passa a servir brunch vietnamita aos domingos, com opções como o sanduíche com ovo frito, legumes e maionese de sriracha (R$ 28; foto) Mais Festa de San Gennaro A tradicional festa de cultura e gastronomia italiana na Mooca chega ao seu 50º ano. O evento começa neste sábado (9) e segue até 8 de outubro, aos fins de semana, aberto ao público nas ruas Lins e San Gennaro, no bairro da zona leste paulistana. Há também uma cantina, com espaço fechado, para a qual é preciso pagar a entrada, que custa de R$ 60 a R$ 75 —o convite dá direito a bruschettas, espaguete e fatia de pizza. No cardápio estarão à venda pratos como lasanha, nhoque, pizza folhada, fogaça e doces como cannoli e palha italiana Mais Mostra de Cinemas Africanos O Cinesesc (r. Augusta, 2.075, Cerqueira César) exibe filmes e curtas produzidos em 12 países africanos até quarta, dia 13. Na seleção estão títulos inéditos no Brasil, entre eles, ‘Mami Wata’, com sessão no sábado (9), às 20h. O drama dirigido pelo cineasta nigeriano C.J. Obasi ganhou o prêmio de melhor direção de fotografia, assinada pela brasileira Lílis Soares, no Festival Sundance. Inspirada em um mito, a trama acompanha duas irmãs que lutam para salvar sua aldeia após uma tragédia. Ingressos custam de R$ 8 a R$ 24
2023-09-07 23:15:00
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https://guia.folha.uol.com.br/passeios/2023/09/competicao-de-slam-e-festa-de-san-gennaro-acontecem-neste-fim-de-semana-em-sp.shtml
Tesouro IPCA de curto prazo perde do CDI no ano; descubra se está na hora de sair
Até a última sexta-feira, a média dos títulos públicos federais referenciados ao IPCA com vencimento menor que cinco anos, identificada pelo índice IMAB5, se valorizava 8,9% em 2023. Já investimentos que rendem 100% do CDI se ganhavam 9%, no ano. O movimento mais favorável do IMAB5 em relação ao CDI se inverteu em meados de março. Discuto se mudou a tendência e o que fazer.Até meados de março o IMAB5 se valorizava o equivalente a 149% do CDI no ano. Entretanto, o rendimento relativo até a última sexta-feira cedeu para 98,21% do CDI. A perda relativa ao CDI ocorreu desde a semana passada.O gráfico abaixo mostra a evolução de um investimento de R$ 10 mil desde o final de 2022 no CDI e no IMAB5Mesmo os títulos de curto prazo do Tesouro referenciados ao IPCA sofrem com a volatilidade do mercado. Para a infelicidade do investidor que não gosta de ver oscilação na carteira.Portanto, este movimento menos favorável nos últimos seis meses não pode ser encarado como uma tendência. Ele é apenas fruto de oscilação das taxas de juros pelas incertezas internacionais e locais.O investidor que aplica em títulos referenciados ao IPCA de curto prazo, ou seja, até cinco anos de vencimento, deve ter o horizonte de acompanhamento do período, ou seja, de cinco anos.Acompanhar mensalmente o retorno relativo, pode levar a constantes frustrações em relação ao resultado do CDI.Nos últimos 20 anos, se avaliamos o IMAB5 em relação ao CDI, em janelas de 5 anos, o pior resultado relativo do IMAB5 foi de um retorno de 97,65% do DI.Um resultado pior que 100% do CDI só ocorreu em um curto período e para os investidores que aplicaram nos meses de outubro e novembro de 2003.Desconsiderando estes dois meses, o investidor que começou a aplicar em qualquer das outras semanas dos últimos 20 anos sempre ganhou do CDI em períodos de cinco anos.O melhor resultado relativo do IMAB5, em janelas de 5 anos, foi de 173% do CDI.Os melhores momentos para aplicar nestes títulos ocorreram justamente no início dos ciclos de queda de taxas de juros, como o que ocorre agora. Esse retorno é ainda maior, se a aplicação for realizada em títulos privados como CDBs ou debêntures, CRIs e CRAs.Portanto, tenha paciência, suporte a volatilidade dos retornos e você será recompensado investindo nos títulos referenciados ao IPCA de curto prazo.Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.Fale direto comigo no e-mail.Siga e curta o De Grão em Grão nas redes sociais. Acompanhe as lições de investimentos no Instagram.
2023-09-07 21:50:00
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Corrupção estimulada
Havia um padrão nacional nas investigações de corrupção do passado. Policiais e procuradores levantavam indícios de crime e percorriam as etapas iniciais da persecução até que, provocadas por luminares da advocacia, as altas cortes derrubavam tudo.O processo do mensalão, a evolução dos órgãos de controle e o advento de inovações legais como a delação premiada e o acordo de leniência em meados da década passada mudaram essa perspectiva —ou assim pareceu durante algum tempo, ao menos.Coloca essa impressão em xeque a sucessão de eventos recentes que convergem para a aniquilação da Operação Lava Jato. Decisões esdrúxulas como a do ministro Dias Toffoli, que na quarta (6) praticamente fulminou o acordo com a Odebrecht, oferecem aos pessimistas o argumento de que aquele padrão do passado não se alterou.Os termos da ordem do magistrado do Supremo Tribunal Federal caberiam num libelo militante, jamais numa manifestação da corte máxima. Toffoli dá mostras de implorar pelo perdão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) —em 2019, o ministro inviabilizou a visita do então custodiado Lula ao funeral de seu irmão.Essa trajetória errática ilustra o que ocorreu com a institucionalidade brasileira nesse período. Gestos do mesmo Toffoli quando presidente da corte na direção do bolsonarismo, como chamar o golpe de 1964 de "movimento", compõem essa passagem pouco inspiradora.A decisão do tribunal constitucional que em 2016 permitiu o cumprimento da prisão após condenação em segunda instância recheou-se de ironias sobre como o sistema carcerário poderia melhorar com a presença de detentos ilustres. A Lava Jato e a maioria do STF estavam em congraçamento.A vara de Curitiba tinha aval para acumular uma diversidade de casos sob sua alçada, mesmo que não relacionados aos desfalques na Petrobras. O argumento que, quando os ventos políticos mudaram, anulou as condenações de Lula esteve desde cedo escancarado, mas as cortes deixaram passar.Não teriam sido necessários os grampos das inaceitáveis combinações entre procuradores e Sergio Moro nem a aventura do juiz na política bolsonarista para os tribunais terem podado os excessos.Exagerou-se na louvação de vingadores no passado. Exagera-se agora na tentativa de apagar as provas consolidadas de corrupção generalizada que foram levantadas pela Lava Jato. Vai-se embora a criança com a água do banho.Que não reste dúvida sobre o sinal para o mundo da política. A corrupção na alta administração voltou a ser crime de punição improvável —voltou a ser estimulada.editoriais@grupofolha.com.br
2023-09-07 22:00:00
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https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/09/corrupcao-estimulada.shtml
Luto pelo chocolate Kopenhagen chega com 27 anos de atraso
"R.I.P. Kopenhagen", escreve o leitor João Lucas Grigoletto nos comentários da reportagem "Nestlé anuncia compra da marca brasileira de chocolate Kopenhagen".Alberto Bianco lamenta: "Adeus, chocolate brasileiro!""A qualidade do chocolate Kopenhagen não será a mesma", vaticina Telma Saraiva.Com o perdão dos saudosistas do chocolate, o luto pela Kopenhagen está bem atrasado. Um atraso de pelo menos 27 anos.A lamúria deveria ter ocorrido em 1996, quando a fábrica (então um negócio familiar) foi adquirida por capitalistas que a transformaram no grupo CRM (que inclui também a marca Brasil Cacau, mais popular).Foi ali que a Kopenhagen operou o milagre de vender chocolate sofrível a preço de artigo de luxo, em todos os shoppings do Brasil.A aquisição pela Nestlé só vai ampliar o alcance da marca.E é bem possível, provável até, que a qualidade caia ainda mais.A esta altura do campeonato, tanto faz. A Kopenhagen é defunta desde o século passado.
2023-09-07 18:46:00
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https://www1.folha.uol.com.br/blogs/cozinha-bruta/2023/09/luto-pelo-chocolate-kopenhagen-chega-com-27-anos-de-atraso.shtml
Miss e Mister São Paulo CNB 2023: Grupo de 30 jovens disputa concurso em Campinas
Na noite desta sexta (8), acontece em Campinas, a 99 km da capital paulista, a final das edições 2023 do Miss São Paulo CNB e Mister São Paulo. Um grupo formado por 16 misses e 14 misters são candidatos aos títulos, que garantem vagas para disputar seus respectivos nacionais.Na ocasião, se despedem do posto a modelo e cirurgiã dentista Letícia Oliveira, 25, e o nadador olímpico Henrique Martins, 31, titulares do ano passado. Martins, inclusive, venceu no início do ano a disputa do Mister Brasil CNB e na sequência ficou em segundo lugar no pódio do mundial Mister Supranational, em julho. Mais "Estou muito satisfeito com a minha trajetória e me sentindo um pouco nostálgico nesse momento. O concurso foi muito importante para mim, me trazendo crescimentos de inúmeras formas, além de me abrir diversas portas. Tenho certeza de que será emocionante", disse o atleta à coluna.Com o slogan de "Diamond Selection", a disputa começou na quarta (6) com a promessa de entregar bastante glamour e brilho aos fãs. Segundo a organização, o conceito da proposta é o de "encontrar diamantes que possam ser lapidados durante as suas carreiras para que sejam bem-sucedidos"."Montamos uma infraestrutura muito bacana de evento, feita com muito cuidado e atenção aos detalhes, para entregar o máximo que podemos aos fãs e aos candidatos", explica André Cruz, coordenador do estadual. Mais O confinamento começou na quarta (6), no hotel no Vitória, próximo à região central da cidade, onde os jovens representantes de municípios paulistas passam por uma série de etapas preliminares, valendo pontos classificatórios. Entre elas estão os tradicionais desfiles em trajes de banho e gala, uma entrevista preliminar com júri técnico, além da apresentação de um projeto social de impacto.Com apoio da Prefeitura de Campinas, através da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Tecnologia e Inovação, neste ano o evento tem o objetivo de "promover ações sociais positivas para a comunidade". "O importante é que os candidatos, além de possuírem uma beleza plástica, também sejam referências de uma juventude ativa, e que seus gestos incentivem atividades esportivas, culturais e sociais", reforça André.Das disputas, saem os jovens que vão defender o estado de São Paulo nas próximas edições do Miss Brasil CNB, Miss Grand Brasil, Miss Supranational Brasil, além do Mister Brasil CNB.Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Fábio Luís de Paula é jornalista especializado na cobertura de concursos de beleza, sendo os principais deles o Miss Brasil, Miss Universo, Miss Mundo e Mister Brasil. Formado em jornalismo pelo Mackenzie, passou por Redações da Folha e do UOL, além de assessorias e comunicação corporativa. Contato ou sugestões, acesse instagram.com/defaixaacoroa e facebook.com/defaixaacoroa
2023-09-07 15:07:00
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https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/de-faixa-a-coroa/2023/09/miss-e-mister-sao-paulo-cnb-2023-grupo-de-30-jovens-disputa-concurso-em-campinas.shtml