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1797 | Tipografia | Tipografia
A tipografia é a arte e o processo de criação na composição e impressão de um texto, física ou digitalmente. Assim como no design gráfico em geral, o objetivo principal da tipografia é dar ordem estrutural e forma à comunicação escrita. A tipografia tem sua origem principal nas primeiras impressões com tipos gráficos (letras em relevos confeccionadas em madeira, barro ou ferro). Popularmente, passou também a ser um modo de se referir à gráfica que usa uma prensa de tipos móveis.
Etimologia.
A palavra "tipografia" (do latim renascimental "typographia") foi cunhada a partir dos elementos da língua grega τύπος [týpos], que significa "impressão", e -γραφία [-graphía], "escrita".
Visão geral.
Na maioria dos casos, uma composição tipográfica deve ser especialmente legível e visualmente envolvente, sem desconsiderar o contexto em que é lido e os objetivos da sua publicação. Em trabalhos de design gráfico experimental (ou de vanguarda) os objetivos formais extrapolam a funcionalidade do texto, portanto questões como legibilidade, nesses casos, podem acabar sendo relativas.
No uso da tipografia o interesse visual é realizado através da escolha adequada de fontes tipográficas, composição (ou layout) de texto, a sensibilidade para o "tom" do texto e a relação entre texto e os elementos gráficos na página. Todos esses fatores são combinados para que o layout final tenha “atmosfera” ou “ressonância” apropriada ao conteúdo abordado. No caso da mídia impressa, designers gráficos (ou seja, os tipógrafos) costumam se preocupar com a escolha do papel adequado, da tinta e dos métodos de impressão.
Por muito tempo o trabalho com a tipografia, como atividade projetual e industrial gráfica, era limitado aos tipógrafos (técnicos ou designers especializados). O design de tipos, no entanto, atividade altamente especializada que requeria o conhecimento das técnicas de gravar punções para fazer as matrizes usadas para fabricar tipos, foi desenvolvida desde o início por especialistas, os gravadores de tipo ou puncionistas, verdadeiros designers de tipo antes que a denominação entrasse no vocabulário profissional. Foram designers de tipo e puncionistas Claude Garamond e Giambattista Bodoni, criando fontes clássicas que até hoje são apreciadas.
A composição manual, ou seja, a colocação dos tipos lado a lado para formar os textos, foi mecanizada em fins do século XIX com a criação do linotipo (por Ottmar Merghenthaler, em 1886) e do monotipo (por Tolbert Lanston, em 1887). Ambas eram máquinas muito grandes e complexas que fundiam e alinhavam os tipos de chumbo a partir do texto selecionado em um teclado. Com o tempo, o termo linotipo passou a designar estas máquinas, com seu operador sendo chamado linotipista. A partir dos anos 1940, começa a se impor a fotocomposição, sistema que usa matrizes fotográficas dos tipos que são reduzidos ou ampliados por lentes, mas apenas com a popularização do "offset" nas décadas de 1960/70 essa tecnologia passa a ser largamente usada, superando o linotipo. Uma outra técnica de impressão surgida nessa época foi a de letras transferíveis (transfer), prática e acessível, embora limitada a pequenas sequências de texto. Adquiriu especial popularidade a empresa Letraset, cujas lâminas foram largamente usadas por designers e publicitários.
O advento da computação gráfica nos anos 1990 tornou a tipografia disponível para designers gráficos em geral e leigos. Hoje qualquer um pode escolher uma fonte (tipo de letra) e compor um texto simples em um processador de texto.
O conhecimento adequado do uso da tipografia é essencial aos designers que trabalham com diagramação, ou seja, na relação de texto e imagem. Logo a tipografia é um dos pilares do design gráfico e uma matéria necessária aos cursos de design. Para o designer que se especializa nessa área, a tipografia costuma se revelar um dos aspectos mais complexos e sofisticados do design gráfico.
Invenção da imprensa.
A tipografia clássica baseia-se em pequenos paralelepípedos de metal com relevos de letras e símbolos.
Tipos rudimentares foram inventados inicialmente pelos chineses. No século XV, o alemão Johannes Gutenberg desenvolveu tipos móveis em metal e aperfeiçoou a prensa tipográfica. O conceito básico de Gutenberg foi o da reutilização dos tipos para compor diferentes textos. Mostrou-se eficaz e é utilizada até aos dias de hoje, constituindo a base da imprensa durante muitos séculos. Essa revolução deu início à comunicação em massa, que foi chamada pelo teórico Marshall McLuhan como o início do “homem tipográfico”.
Com advento dos computadores e da edição eletrônica de texto, a tipografia permanece viva nas formatações, estilos e grafias.
Tipografia contemporânea.
O design de tipos foi incrementado através de programas especializados para criação e desenvolvimento de tipos, hoje acessíveis aos interessados no assunto, dando margem a uma grande variedade de fontes que são vendidas pelas fundições ou editoras de tipo (muitas vezes identificadas pelo termo inglês "type foundries").
Multiplicaram-se as "famílias tipográficas", que reúnem "variações" de um determinado desenho. A família mais usual reúne os estilos "regular", "negrito", "itálico" e "negrito itálico". Existem, porém, famílias com diversas "variantes intermediárias", munidas de diversas opções de peso ("leve", "médio", "regular", "semi-negrito", "negrito", "extra-negrito", "pesado", etc.) e de forma ("comprimido", "condensado", "normal", "estendido", "alargado" etc.).
Na atualidade, novas tecnologias ampliaram muito as possibilidades tipográficas. Em 1999 um novo formato para fontes tipográficas foi desenvolvido em conjunto pelas gigantes de informática Microsoft e Adobe. O formato, denominado OpenType, permite a inclusão de milhares de caracteres em uma mesma fonte, além de vários recursos adicionais. Com isso, tornaram-se comuns fontes que suportam vários alfabetos, como o latino, o cirílico, o grego, o hebraico e o árabe, integrando as fontes tipográficas com a especificação Unicode. Lado a lado com a oferta de fontes digitais, os programas de formatação de página permitem a composição de textos combinados com fotos, desenhos e gráficos com qualidade profissional, como o InDesign da Adobe, sendo parte do arsenal técnico dos designers da atualidade.
O usuário deve atentar para a "qualidade" das fontes que escolherá para seus trabalhos. Muitas são gratuitas, mas não possuem qualidade adequada quanto à proporção e harmonia entre as letras, seu espaçamento ou mesmo a presença de acentos (sinais diacríticos) do português. Fontes de qualidade se destacam pelo desenho coeso, atenção a detalhes e equilíbrio de espaços. É particularmente relevante o uso de compensações visuais para que o leitor tenha a impressão de harmonia entre as diferentes formas e espaços.
Famílias Tipográficas famosas.
As seguintes são famílias tipográficas célebres na história do design gráfico.
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1798 | Tabuleiro de xadrez | Tabuleiro de xadrez
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1800 | Terra | Terra
A Terra é o terceiro planeta mais próximo do Sol, o mais denso e o quinto maior dos oito planetas do Sistema Solar. É também o maior dos quatro planetas telúricos. É por vezes designada como Mundo ou Planeta Azul. Lar de milhões de espécies de seres vivos, incluindo os humanos, a Terra é o único corpo celeste onde é conhecida a existência de vida. O planeta formou-se há 4,56 bilhões de anos, e a vida surgiu na sua superfície um bilhão de anos depois. Desde então, a biosfera terrestre alterou significativamente a atmosfera e outros fatores abióticos do planeta, permitindo a proliferação de organismos aeróbicos, bem como a formação de uma camada de ozônio, a qual, em conjunto com o campo magnético terrestre, bloqueia radiação solar prejudicial, permitindo a vida no planeta. As propriedades físicas do planeta, bem como sua história geológica e órbita, permitiram que a vida persistisse durante este período. Acredita-se que a Terra poderá suportar vida durante pelo menos outros 500 milhões de anos.
A sua superfície exterior está dividida em vários segmentos rígidos, chamados placas tectônicas, que migram sobre a superfície terrestre ao longo de milhões de anos. Cerca de 71% da superfície da Terra está coberta por oceanos de água salgada, com o restante consistindo de continentes e ilhas, os quais contêm muitos lagos e outros corpos de água que contribuem para a hidrosfera. Não se conhece a existência de água no estado líquido em equilíbrio, necessária à manutenção da vida como a conhecemos, na superfície de qualquer outro planeta. Os polos geográficos da Terra encontram-se maioritariamente cobertos por mantos de gelo ou por banquisas. O interior da Terra permanece ativo, com um manto espesso e relativamente sólido, um núcleo externo líquido que gera um campo magnético, e um núcleo interno sólido, composto sobretudo por ferro.
A Terra interage com outros objetos no espaço, em particular com o Sol e a Lua. No presente, a Terra orbita o Sol uma vez por cada 366,26 rotações sobre o seu próprio eixo, o que equivale a 365,26 dias solares ou um ano sideral. O eixo de rotação da Terra possui uma inclinação de 23,4° em relação à perpendicular ao seu plano orbital, produzindo variações sazonais na superfície do planeta com período igual a um ano tropical (365,24 dias solares). A Lua é o único satélite natural conhecido da Terra, tendo começado a orbitá-la há 4,53 bilhões de anos. É responsável pelas marés, estabiliza a inclinação axial da Terra e abranda gradualmente a rotação do planeta. Entre aproximadamente 4,1 e 3,8 bilhões de anos atrás, durante o intenso bombardeio tardio, impactos de asteroides causaram mudanças significativas na superfície terrestre.
Os recursos minerais da Terra em conjunto com os produtos da biosfera, fornecem recursos que são utilizados para suportar uma população humana global. Estes habitantes da Terra estão agrupados em cerca de 200 Estados soberanos, que interagem entre si por meio da diplomacia, viagens, comércio e ação militar. As culturas humanas desenvolveram várias crenças sobre o planeta, incluindo a sua personificação em uma deidade, a crença numa Terra plana, ou em que a Terra é o centro do universo, e uma perspectiva moderna do mundo como um ambiente integrado que requer proteção.
Cronologia.
Os cientistas conseguiram reconstruir informação detalhada sobre o passado do planeta. O material datado mais antigo do Sistema Solar formou-se há , e há cerca de 4,54 bilhões de anos (com incerteza inferior a 1%) a Terra e os outros planetas do Sistema Solar haviam-se formado a partir da nebulosa solar - uma massa discóide de poeiras e gás que havia sobrado da formação do Sol. Este processo de acreção da Terra ficou em grande parte completo em 10-20 milhões de anos. Inicialmente fundida, a camada exterior do planeta Terra arrefeceu, formando-se uma crosta sólida quando a água começou a acumular-se na atmosfera. A Lua formou-se pouco tempo depois, há .
O atual modelo consensual para a formação da Lua é a hipótese do grande impacto, segundo a qual a Lua foi criada quando um objeto do tamanho de Marte (por vezes chamado Theia) com cerca de 10% da massa da Terra chocou-se com esta de raspão. Neste modelo, alguma massa deste objeto ter-se-ia fundido com a Terra e uma outra porção teria sido ejetada para o espaço, mas material suficiente teria entrado em órbita e coalescido para formar a Lua.
História geológica.
A desgaseificação e a atividade vulcânica produziram a atmosfera primordial da Terra. O vapor de água condensado, a que se juntaram gelo e água líquida trazidos por asteroides e protoplanetas maiores, cometas, e objetos transneptunianos formaram os oceanos. O Sol recém-formado possuía apenas 70% da sua luminosidade atual, porém as evidências mostram que os oceanos antigos se mantiveram líquidos - uma contradição a que se deu o nome de paradoxo do jovem Sol fraco. A combinação de gases de estufa e níveis de atividade solar mais elevados serviu para aumentar a temperatura na superfície da Terra, evitando que os oceanos congelassem. Há cerca de de anos, estabeleceu-se o campo magnético terrestre, o qual ajudou a evitar que a atmosfera fosse levada pelo vento solar.
Foram propostos dois modelos principais para a taxa de crescimento continental: crescimento estável até aos dias de hoje e crescimento rápido no início da história da Terra. As pesquisas atuais mostram que a segunda opção é mais provável, com crescimento inicial rápido da crosta continental seguido por uma área continental estável ao longo do tempo. A escalas de tempo com duração de milhões de anos, a superfície modificou-se continuamente à medida que os continentes se formaram e separaram. Os continentes migraram sobre a superfície, combinando-se ocasionalmente para formarem um supercontinente. Há aproximadamente , um dos mais antigos supercontinentes conhecidos, Rodínia, começou a partir-se. Mais tarde, os continentes recombinaram-se para formarem Panótia há 600-540 milhões de anos, e finalmente Pangeia, que se fragmentou há 180 milhões de anos.
Evolução da vida.
Atualmente, a Terra constitui o único exemplo de um ambiente que tenha dado origem à evolução da vida. Crê-se que reações químicas altamente energéticas tenham produzido uma molécula autorreplicadora há cerca de e que meio bilhão de anos mais tarde terá existido o último ancestral comum a toda a vida. O desenvolvimento da fotossíntese permitiu que a energia do Sol fosse utilizada diretamente pelas formas de vida; o oxigênio resultante acumulou-se na atmosfera e formou uma camada de ozônio (uma forma de oxigênio molecular [O3]) na alta atmosfera. A incorporação de células mais pequenas no interior de outras maiores resultou no desenvolvimento de células complexas ditas eucariotas. Os organismos verdadeiramente multicelulares formaram-se à medida que as células das colônias se tornaram cada vez mais especializadas. Ajudada pela absorção de radiação ultravioleta prejudicial pela camada de ozônio, a vida colonizou a superfície da Terra.
Desde a década de 1960 que se coloca a hipótese de ter ocorrido um evento glacial severo há entre 750 e 580 milhões de anos, durante o Neoproterozoico, o qual teria coberto grande parte do planeta com um manto de gelo. Esta hipótese, denominada da "Terra bola de neve", é de particular interesse porque precedeu a explosão cambriana, durante a qual as formas de vida multicelulares começaram a proliferar.
Após a explosão cambriana, há cerca de 535 milhões de anos, ocorreram cinco extinções em massa. A mais recente delas ocorreu há 65 milhões de anos, quando o impacto de um asteroide desencadeou a extinção dos dinossauros não aviários e de outros grandes répteis, mas poupou alguns animais pequenos como os mamíferos, que então se assemelhavam a musaranhos. Ao longo dos últimos 65 milhões de anos a vida mamífera diversificou-se, e há vários milhões de anos um animal semelhante a um hominoide, como o "Orrorin tugenensis", adquiriu a capacidade de manter o corpo ereto. Tal permitiu o uso de ferramentas e encorajou a comunicação que forneceu a nutrição e estimulação necessárias a um cérebro maior, o que permitiu a evolução da raça humana. O desenvolvimento da agricultura, e mais tarde da civilização, permitiu aos humanos influenciarem a Terra num período de tempo muito curto, como nenhuma outra forma de vida havia sido capaz, afetando tanto a natureza como a quantidade de outras formas de vida.
O padrão atual de eras do gelo teve início há cerca de 40 milhões de anos e intensificou-se durante o Pleistoceno, há cerca de 3 milhões de anos. As regiões das latitudes mais elevadas têm sofrido ciclos repetidos de glaciação e derretimento, com período de repetição que varia entre os a anos. A última glaciação continental terminou há anos.
Futuro.
O futuro da vida no planeta está intimamente ligado ao do Sol. Como resultado de uma acumulação contínua de hélio no núcleo do Sol, a luminosidade total da estrela irá lentamente aumentar. A luminosidade do Sol aumentará 10% ao longo dos próximos 1,1 bilhão de anos e 40% ao longo dos próximos 3,5 bilhões de anos. Os modelos climáticos indicam que o aumento da radiação atingindo a Terra provavelmente terá consequências catastróficas, incluindo a perda dos oceanos do planeta.
A crescente temperatura da superfície da Terra acelerará o ciclo do CO2 inorgânico, reduzindo a sua concentração até valores letalmente baixos para as plantas (10 ppm para a fotossíntese C4) dentro de aproximadamente a . A falta de vegetação terá como consequência a perda de oxigênio na atmosfera, pelo que a vida animal se extinguirá depois de mais alguns milhões de anos. Após outro bilhão de anos toda a água superficial terá desaparecido e a temperatura média global atingirá os 70 °C. Espera-se que a Terra permaneça efetivamente habitável por mais uns a partir desse ponto, embora este período possa estender-se até aos se o nitrogênio for removido da atmosfera. Ainda que o Sol fosse eterno e estável, o continuado arrefecimento interno da Terra resultaria numa perda de grande parte do CO2 devido à redução do vulcanismo, e 35% da água dos oceanos desceria até ao manto devido à redução da libertação de vapor de água nas dorsais meso-oceânicas.
O Sol, como parte da sua evolução, tornar-se-á uma gigante vermelha dentro de cerca de 5 bilhões de anos. Os modelos prevêem que o Sol se expandirá até atingir cerca de 250 vezes o seu raio atual, aproximadamente 1 UA ( km). O destino da Terra não é tão claro. Como uma gigante vermelha, o Sol perderá cerca de 30% da sua massa, portanto, sem efeitos de maré, a Terra irá deslocar-se para uma órbita a 1,7 UA ( km) do Sol quando a estrela atingir o seu raio máximo. Esperava-se inicialmente, portanto, que o planeta escapasse de ser "engolido" pela rarefeita atmosfera exterior do Sol expandido, apesar de que a maior parte, se não a totalidade, da vida remanescente teria sido destruída pela crescente luminosidade solar (até um máximo de aproximadamente vezes o seu nível atual). Contudo, uma simulação de 2008 indica que a órbita da Terra sofrerá deterioração, devido aos efeitos de maré e ao atrito, o que a levará a entrar na atmosfera do Sol gigante vermelha e a ser vaporizada.
Composição e estrutura.
A Terra é um planeta telúrico, o que significa que é um corpo rochoso, e não um gigante gasoso como Júpiter. É o maior dos quatro planetas telúricos do Sistema Solar tanto em tamanho como em massa. Dentre estes quatro planetas, a Terra é também aquele com maior densidade, maior gravidade de superfície, o campo magnético mais forte, e a rotação mais rápida. É também o único planeta com tectônica de placas ativa.
Forma.
A forma da Terra aproxima-se muito de um esferoide oblato, uma esfera achatada segundo o eixo de polo a polo de tal forma que existe uma saliência ao longo do equador. Esta saliência resulta da rotação da Terra, e faz com que o diâmetro no equador seja 43 km maior do que o diâmetro de polo a polo. O diâmetro médio do esferoide de referência é aproximadamente km o que equivale aproximadamente a km/π, uma vez que o metro foi originalmente definido como sendo 1/ da distância do equador ao Polo Norte passando por Paris, França.
A topografia local desvia-se deste esferoide idealizado ainda que, numa escala global, estes desvios sejam muito pequenos: a Terra tem uma tolerância de cerca de uma parte em 584, ou 0,17%, do esferoide de referência, o que é menor que a tolerância de 0,22% permitida nas bolas de bilhar. Os maiores desvios locais na superfície rochosa da Terra são o Monte Everest ( m acima do nível do mar) e a Fossa das Marianas ( m abaixo do nível do mar). Devido à saliência equatorial, os locais da superfície mais afastados do centro da Terra são os cumes do Chimborazo no Equador e de Huascarán no Peru.
Composição química.
A massa da Terra é aproximadamente 5,98 kg. Está composta sobretudo por ferro (32,1%), oxigênio (30,1%), silício (15,1%), magnésio (13,9%), enxofre (2,9%), níquel (1,8%), cálcio (1,5%), e alumínio (1,4%); os restantes 1,2% consistem de quantidades vestigiais de outros elementos. Por causa da segregação da massa, crê-se que a região do núcleo seja, sobretudo, composta por ferro (88,8%), com quantidades menores de níquel (5,8%), enxofre (4,5%), e menos de 1% de elementos vestigiais.
O geoquímico F. W. Clarke calculou que um pouco mais de 47% da crosta consiste de oxigênio. Os constituintes mais comuns das rochas são quase todos óxidos; cloro, enxofre, e flúor são as únicas exceções importantes e a sua quantidade total em qualquer rocha é geralmente menor que 1%. Os principais óxidos são sílica, alumina, óxidos de ferro, cálcio, magnésio, sódio e potássio. A sílica funciona principalmente como um ácido, formando silicatos e todos os minerais mais comuns nas rochas ígneas são deste tipo. A partir de uma estimativa baseada em análises de todos os tipos de rochas, Clark deduziu que 99,22% eram compostas por 11 óxidos (ver tabela à direita). Todos os outros constituintes ocorrem apenas em quantidades muito pequenas.
Estrutura interna.
O interior da Terra, assim como o de outros planetas telúricos, é dividido em camadas definidas com base nas suas propriedades químicas e físicas (reológicas), mas ao contrário dos outros planetas telúricos tem um núcleo interno e um núcleo externo distintos. A camada exterior da Terra é uma crosta silicatada, sólida, quimicamente distinta, subjacente à qual se encontra um manto sólido altamente viscoso. A crosta está separada do manto pela descontinuidade de Mohorovičić, e a espessura da crosta varia: em média 6 km sob os oceanos e 30 a 50 km sob os continentes. A crosta e a porção fria e rígida do manto superior são coletivamente designados litosfera, e é da litosfera que estão compostas as placas tectônicas. Abaixo da litosfera encontra-se a astenosfera, uma camada de viscosidade relativamente baixa sobre a qual a litosfera se desloca. Entre as profundidades de 410 e 660 km abaixo da superfície, encontra-se uma zona de transição que separa o manto superior do manto inferior, e onde ocorrem alterações importantes na estrutura cristalina. Sob o manto, encontra-se um núcleo externo líquido de baixa viscosidade, que envolve um núcleo interno sólido. O núcleo interno pode girar a uma velocidade angular ligeiramente mais alta que o restante planeta, avançando 0,1–0,5° por ano.
Energia interna.
A energia térmica da Terra provém de uma combinação de energia térmica residual oriunda da acreção planetária (cerca de 20%) e calor produzido via decaimento radioativo (80%). Os principais isótopos fontes de calor na Terra são potássio-40, urânio-238, urânio-235 e tório-232. No centro do planeta, a temperatura pode chegar aos K e a pressão poderá chegar aos 360 GPa. Uma vez que grande parte da energia térmica é proveniente do decaimento radioativo, os cientistas crêem que cedo na história da Terra, antes de se terem esgotado os isótopos com meias-vidas curtas, a produção de energia térmica na Terra teria sido muito maior. Esta produção de energia adicional, o dobro da atual há aproximadamente 3 bilhões de anos, teria aumentado os gradientes de temperatura no interior da Terra, aumentando as velocidades da convecção mantélica e da tectônica de placas, e permitindo a produção de rochas ígneas como os komatiitos que não se formam na atualidade.
A taxa média de calor entre o interior e a superfície da crosta terrestre é , implicando uma taxa de calor global de . Uma parte da energia térmica do núcleo é transportada em direção à crosta por plumas mantélicas, uma forma de convecção que consiste na ascensão de rocha mais quente. Estas plumas podem produzir pontos quentes e derrames de basalto. Mais da energia térmica da Terra é perdida por intermédio da tectônica de placas, na ascensão do manto associada às cristas meso-oceânicas. O último dos principais modos de perda de energia é a condução através da litosfera, a maioria da qual ocorre nos oceanos pois ali a crosta é muito mais delgada do que nos continentes.
Placas tectônicas.
A camada exterior mecanicamente rígida da Terra, a litosfera, está partida em vários pedaços chamados placas tectônicas. Estas placas são segmentos rígidos que se movem uns relativamente aos outros ao longo de um de três tipos de fronteiras entre placas: limites convergentes, onde duas placas movendo-se em direções opostas se encontram, limites divergentes, onde duas placas são afastadas uma da outra, e limites transformantes, onde duas placas deslizam uma pela outra lateralmente. Ao longo destas fronteiras entre placas podem ocorrer sismos, atividade vulcânica, formação de montanhas ou de fossas oceânicas. As placas tectônicas movem-se sobre a astenosfera, a porção sólida e menos viscosa do manto superior que pode fluir e mover-se juntamente com as placas, e o seu movimento está estreitamente relacionada com os padrões de convecção no interior do manto.
À medida que as placas tectônicas migram pelo planeta, o fundo oceânico é subduzido sob as orlas das placas nos limites convergentes. Paralelamente, a ascensão de material mantélico nos limites divergentes cria dorsais meso-oceânicas. A combinação destes processos recicla continuamente a crosta oceânica no manto. Por causa desta reciclagem, a maior parte da crosta oceânica tem menos de de idade. A crosta oceânica mais antiga situa-se no Pacífico Ocidental, e tem uma idade estimada de de anos. Comparando, a crosta continental datada mais antiga tem de anos de idade.
Outras placas dignas de nota são a placa arábica, a placa caribenha, a placa de Nazca ao largo da costa ocidental da América do Sul e a placa de Scotia no Atlântico Sul. A placa indiana fundiu-se com a placa australiana há entre 50 e . As placas com velocidade de deslocamento maior são as placas oceânicas, com a placa de Cocos a avançar à velocidade de 75 mm/ano e a placa do Pacífico que se move a 52–69 mm/ano. No outro extremo, a placa com deslocamento mais lento é a placa eurasiática, que se desloca a uma velocidade típica de aproximadamente 21 mm/ano.
Superfície.
O relevo da superfície terrestre varia significativamente de local para local. Cerca de 70,8% da superfície terrestre está coberta por água, com grande parte da plataforma continental situada abaixo do nível do mar. A superfície submergida possui características montanhosas, incluindo um sistema de dorsal meso-oceânica global, bem como vulcões submarinos, fossas oceânicas, cânions submarinos, planaltos oceânicos e planícies abissais. Os restantes 29,2% não cobertos por água consistem de montanhas, desertos, planícies, planaltos e outras geomorfologias.
As formas da superfície da Terra sofrem mudanças ao longo de períodos de tempo geológicos devido ao efeito da erosão e da tectônica. Estruturas superficiais criadas ou deformadas pela tectônica de placas estão continuamente sujeitas à meteorização causada pela precipitação, ciclos térmicos e efeitos químicos. Glaciações, erosão costeira, recifes de coral e grandes impactos de meteoritos, atuam também na alteração das formas da superfície terrestre.
A crosta continental consiste de material com densidade menor, como as rochas ígneas granito e andesito. O basalto, uma rocha vulcânica densa que é o principal constituinte dos fundos oceânicos, é menos comum. As rochas sedimentares formam-se a partir da acumulação de sedimentos que são compactados. Quase 75% das superfícies continentais estão cobertas por rochas sedimentares, apesar de elas formarem apenas 5% da crosta.
A terceira forma de material rochoso encontrada na Terra são as rochas metamórficas, criadas pela transformação de tipos de rocha pré-existentes por meio de altas pressões, altas temperaturas, ou ambas. Entre os minerais silicatados mais abundantes à superfície da Terra incluem-se o quartzo, os feldspatos, anfíbola, mica, piroxênio e olivina. Minerais carbonatados comuns incluem calcita (encontrada nos calcários) e dolomita.
A pedosfera é a camada mais externa da Terra que é composta por solo, e está sujeita à pedogênese. Existe no interface da litosfera, atmosfera, hidrosfera e da biosfera. Atualmente, cerca de 13,31% da superfície de terra firme do planeta é arável, com apenas 4,71% suportando culturas permanentes. Cerca de 40% da terra firme é utilizada para pastagem e cultivo, com 3,4 km² utilizados para pastagem e 1,3 km² utilizados para cultivo.
A elevação dos terrenos em terra firme varia desde um mínimo de −418 m no Mar Morto até aos 8 848 m no topo do Monte Everest (estimativa de 2005). A altura média da terra situada acima do nível do mar é de 840 m.
Hidrosfera.
A abundância de água na superfície da Terra é uma característica única que distingue o "Planeta Azul" dos outros planetas do Sistema Solar. A hidrosfera da Terra consiste principalmente de oceanos, mas tecnicamente inclui todas as superfícies aquáticas do mundo, incluindo mares interiores, lagos, rios, e águas subterrâneas até à profundidade de m. O local situado a maior profundidade debaixo de água é a depressão Challenger na fossa das Marianas, no Oceano Pacífico, com uma profundidade de - m.
A massa dos oceanos é aproximadamente 1,35 toneladas, ou cerca de 1/ da massa total da Terra. Os oceanos cobrem uma área de 3,618 km² com uma profundidade média de m, resultando num volume estimado de 1,332 km³. Se toda a superfície da Terra fosse estendida de maneira uniforme, a água atingiria uma altitude superior a 2,7 km. Cerca de 97,5% da água é salgada, sendo os 2,5% restantes água doce. A maior parte da água doce, cerca de 68,7%, é atualmente gelo.
A salinidade média dos oceanos da Terra é aproximadamente 35 gramas de sal por quilograma de água do mar. (35 ‰). A maior parte deste sal foi libertada pela atividade vulcânica ou extraída de rochas ígneas frias. Os oceanos são também um reservatório de gases atmosféricos dissolvidos, que são essenciais para a sobrevivência de muitas formas de vida aquáticas. A água do mar tem uma influência importante sobre o clima do mundo, com os oceanos a funcionarem como um grande reservatório de calor. Alterações na distribuição da temperatura dos oceanos podem causar mudanças climáticas significativas, como o El Niño.
Atmosfera.
A Terra possui uma atmosfera, cuja pressão na superfície é, em média, de 101,325 kPa, com uma altura de escala de 8,5 km. É composta por 78% nitrogênio e 21% oxigênio, com traços de vapor de água, dióxido de carbono e outras moléculas gasosas. A altura da troposfera varia com a latitude variando entre os 8 km nos polos e os 17 km no equador, com alguma da variação resultante do tempo e de fatores sazonais. A atmosfera terrestre é composta por diferentes camadas: troposfera, estratosfera, mesosfera, termosfera e exosfera, organizadas em ordem crescente da distância à superfície terrestre.
A biosfera terrestre alterou significativamente a atmosfera da Terra desde sua formação. O surgimento da fotossíntese, há 2,7 bilhões de anos, permitiu a formação de uma atmosfera composta primariamente de oxigênio e nitrogênio. Esta mudança permitiu a proliferação de organismos aeróbicos, bem como a formação de uma camada de ozônio, que bloqueia a radiação ultravioleta, permitindo a vida sobre terra. Outras funções atmosféricas importantes para a vida na Terra são o transporte de vapor de água, o fornecimento de gases úteis, a proteção contra pequenos meteoros que se desintegram na atmosfera (visto que a maioria se desintegra devido ao intenso calor na entrada atmosférica antes de impactar a superfície terrestre), e a moderação da temperatura. Este último fenômeno é conhecido como o efeito estufa: pequenas quantidades de gases na atmosfera absorvem a energia térmica emitida pela superfície, aumentando assim a temperatura média do planeta. Dióxido de carbono, vapor de água, metano e ozônio são os principais gases do efeito estufa na atmosfera terrestre. Sem este efeito de retenção do calor, a temperatura média na superfície terrestre seria de −18 °C, e a vida provavelmente não existiria.
Tempo e clima.
A atmosfera terrestre não possui um limite exterior, tornando-se cada vez mais rarefeita e desvanecendo-se no espaço exterior. Três quartos da massa da atmosfera terrestre estão contidos dentro dos primeiros 11 km acima da superfície. Esta camada mais baixa chama-se troposfera. A energia do Sol aquece esta camada, e a superfície abaixo, causando a expansão do ar. Este ar menos denso ascende e é substituído por ar mais frio e mais denso. O resultado é a circulação atmosférica, que gera o tempo e o clima no planeta, por meio da redistribuição da energia térmica.
As principais faixas de circulação atmosférica consistem nos ventos alísios na região equatorial até aos 30º de latitude e nos ventos do oeste nas latitudes entre 30° e 60°. As correntes oceânicas também são fatores importantes na determinação do clima, especialmente a circulação termoalina, que distribui a energia térmica dos oceanos equatoriais para as regiões polares.
O vapor de água gerado pela evaporação superficial é transportado pela circulação atmosférica. Quando as condições atmosféricas permitem a ascensão de ar quente e úmido, esta água condensa-se em nuvens, e volta à superfície na forma de precipitação. A maior parte desta água é então transportada para regiões mais baixas da superfície terrestre pelos rios, e usualmente regressa aos oceanos ou é depositada em lagos. Este ciclo da água, é um mecanismo vital para a manutenção da vida na Terra, e é um fator primário na erosão de formas da superfície terrestre ao longo de períodos geológicos. Os padrões de precipitação variam amplamente, variando desde vários metros de água por ano até menos de um milímetro. Esta variação é determinada pela circulação atmosférica, características topológicas e diferenças de temperatura.
A quantidade de energia solar que atinge a Terra diminui com o aumento da latitude. A latitudes mais altas a luz solar atinge a superfície com ângulos de incidência menores e tem de atravessar colunas mais espessas da atmosfera. Como resultado, a temperatura média anual do ar ao nível do mar diminui cerca de 0,4 °C por cada grau de latitude à medida que nos afastamos do equador.
A Terra pode ser subdividida em várias faixas latitudinais de clima aproximadamente homogêneo. Variando do equador para os polos, estes são os climas tropicais, subtropicais, temperados e polares. O clima também pode ser classificado com base na temperatura e precipitação, com as regiões climáticas caracterizadas por massas de ar relativamente uniformes. A classificação climática de Köppen, muito utilizada, inclui cinco grupos (tropical húmido, árido, húmido de latitude moderada, continental e polar frio), que estão divididos em subgrupos mais específicos.
Alta atmosfera.
Acima da troposfera, a atmosfera é geralmente dividida em estratosfera, mesosfera e termosfera. Cada uma destas camadas possui o seu próprio gradiente adiabático, definindo a taxa de variação da temperatura com a altitude. Para lá destas camadas, localiza-se a exosfera, que se desvanece na magnetosfera onde o campo magnético terrestre interage com o vento solar. Na estratosfera encontra-se a camada de ozônio, um componente que absorve uma parcela significativa da radiação ultravioleta solar e que é, por essa razão, importante para a vida na Terra. Não existe uma fronteira definida entre a atmosfera e o espaço, porém, a linha de Kármán, uma região 100 km acima da superfície terrestre, é utilizada como uma definição funcional de fronteira entre a atmosfera e o espaço.
A energia térmica faz com que algumas moléculas na orla exterior da atmosfera terrestre tenham a sua velocidade aumentada ao ponto de poderem escapar à gravidade terrestre. Isto resulta na perda gradual e constante da atmosfera para o espaço. O hidrogênio não fixado, devido à sua baixa massa molecular, pode atingir a velocidade de escape mais facilmente e por isso a taxa de perda de hidrogênio é maior do que a de outros gases. A perda de hidrogênio para o espaço contribui para que a Terra tenha passado de um estado inicialmente redutor para o seu estado oxidante atual. A fotossíntese forneceu uma fonte de oxigênio livre, mas acredita-se que a perda de agentes redutores como o hidrogênio foi um fator necessário para a acumulação em grande escala de oxigênio na atmosfera terrestre. Assim sendo, o escape de hidrogênio pode ter influenciado a natureza da vida que se desenvolveu no planeta. Na atual atmosfera rica em oxigênio, a maior parte do hidrogênio livre é convertida em água antes de ter a oportunidade de escapar. Ao invés disso, a principal causa da perda de hidrogênio na atmosfera é a decomposição do metano na alta atmosfera.
Campo magnético.
O campo magnético terrestre possui aproximadamente o formato de um dipolo magnético, com os polos presentemente localizados próximos aos polos geográficos do planeta. No equador do campo magnético, a força do campo magnético à superfície do planeta é , com momento de dipolo magnético global de . De acordo com a teoria do dínamo, o campo magnético terrestre é gerado no interior do núcleo exterior em fusão, onde o calor gera deslocamentos convectivos de materiais condutores, gerando correntes elétricas. Estas, por seu lado, produzem o campo magnético terrestre. Os deslocamentos convectivos no núcleo externo são caóticos; os polos magnéticos migram e o seu alinhamento muda periodicamente. Tal resulta em inversões geomagnéticas a intervalos irregulares, em média a cada milhão de anos. A inversão mais recente ocorreu há aproximadamente 700 mil anos.
O campo magnético forma a magnetosfera terrestre, que desvia as partículas do vento solar. A orla de sotavento do choque em arco está localizada a cerca de 13 raios terrestres. A colisão do campo magnético com o vento solar forma os cinturões de Van Allen, um par de regiões de partículas carregadas concêntricas e em forma de toro. Quando o plasma do vento solar entra na atmosfera terrestre nos polos magnéticos é criada uma aurora polar.
Rotação e translação.
Rotação.
O período de rotação da Terra relativamente ao Sol (um dia solar) é de segundos de tempo solar ( segundos SI). Como o dia solar da Terra é atualmente um pouco mais longo do que era durante o , devido à aceleração de maré, cada dia é entre 0 e 2 ms mais longo.
O período de rotação da Terra relativamente às estrelas fixas, o chamado "dia estelar" de acordo com o Serviço Internacional da Rotação da Terra (SIRT), é de segundos de tempo solar médio (UT1), ou 23 horas, 56 minutos, 4,098903691 segundos. O período de rotação da Terra relativamente à precessão dos equinócios, o chamado dia sideral, é de 86 164,09053083288 segundos de tempo solar médio, ou 23 horas, 56 minutos, 4,09053083288 segundos. Portanto, o dia sideral é menor do que o dia estelar em cerca de 8,4 milissegundos. A duração do dia solar médio em segundos SI está disponível no SIRT para os períodos 1623–2005 e 1962–2005.
Excluindo meteoros no interior da atmosfera terrestre e satélites de órbita baixa, o movimento aparente dos corpos celestes no céu terrestre faz-se para oeste, à razão de 15°/h = 15'/min. Para corpos próximos do equador celeste isto é equivalente ao diâmetro aparente do Sol ou da Lua a cada dois minutos, uma vez que os tamanhos aparentes do Sol e da Lua são idênticos quando observados desde a superfície do planeta.
Em 1679, numa troca de cartas com Robert Hooke, Isaac Newton propôs uma experiência para saber se a Terra girava ao redor dela mesma: Através da simples observação da queda de um corpo, verificar se havia um deslocamento no sentido da suposta rotação. Mas como o efeito era muito difícil de se detectar, Newton utilizou a ideia de se observar um enorme número de quedas, o que marcou um dos primeiros usos das probabilidades para tornar um efeito muito pequeno detectável. Hooke realizou a experiência e o resultado foi positivo, tendo sido a primeira demonstração do movimento de rotação da Terra.
Órbita.
A Terra orbita o Sol a uma distância média de cerca de 150 milhões de quilômetros, a cada 365,2564 dias solares médios, ou um ano sideral. A partir da Terra, isto dá ao Sol um movimento aparente em direção a leste, relativamente às estrelas, a uma taxa de 1°/dia, ou um diâmetro aparente do Sol ou da Lua a cada 12 horas. Por causa deste movimento, a Terra leva em média 24 horas - um dia solar - a completar uma rotação completa em torno do seu eixo até o Sol retornar ao meridiano. A velocidade orbital média da Terra é de 29,8 km/s ( km/h), rápido o suficiente para percorrer o diâmetro do planeta (aproximadamente km) em sete minutos, e a distância entre a Terra e a Lua ( km) em quatro horas.
A Lua gira com a Terra em torno de um baricentro comum, a cada 27,32 dias, relativamente às estrelas de fundo. Quando combinado com a revolução comum do sistema Terra-Lua em torno do Sol, o período do mês sinódico, de uma lua nova à seguinte, é de 29,53 dias. Vistos do polo norte celeste, o movimento da Terra, da Lua, e suas rotações axiais, são todos anti-horários. Quando a Terra e o Sol são vistos do espaço, desde uma posição acima dos polos norte dos dois corpos celestes, a direção aparente da translação terrestre em torno do Sol é anti-horária. Os planos orbitais e axiais não estão precisamente alinhados: a Terra apresenta uma inclinação axial de 23,5 graus, a contar da perpendicular ao plano Terra-Sol, e o plano Terra-Lua tem uma inclinação de 5 graus em relação ao plano Terra-Sol. Na ausência desta inclinação, ocorreriam eclipses a cada duas semanas, alternando entre eclipses lunares e solares.
O raio da esfera de Hill, ou esfera de influência gravitacional, da Terra é de 1,5 Gm ( km). Esta é a distância máxima dentro do qual a influência da gravidade da Terra é maior do que a influência da gravidade do Sol e dos outros planetas. Objetos orbitando a Terra precisam ficar dentro desta esfera, ou poderão ser libertados pela perturbação gravitacional do Sol.
A Terra, em conjunto com o Sistema Solar, está localizada dentro da galáxia Via Láctea, orbitando a cerca de anos-luz do centro da galáxia. Presentemente, o Sistema Solar está localizado 20 anos-luz acima do plano equatorial da galáxia, no Braço de Órion.
Inclinação axial.
Por causa da inclinação axial da Terra, a quantidade de luz solar recebida por um ponto qualquer na superfície terrestre varia ao longo do ano. Isto resulta na variação sazonal do clima, com os verões no hemisfério norte a ocorrerem quando o polo está voltado para o Sol, e o inverno ocorrendo quando o polo está voltado para a direção oposta à do Sol. No hemisfério sul, a situação é invertida, visto que o polo sul está orientado na direção oposta do polo norte. Durante o verão, os dias são mais longos, e o Sol sobe mais alto no céu. Durante o inverno, o clima torna-se no geral mais frio, e os dias mais curtos. As diferenças sazonais aumentam à medida que se viaja em direção aos polos, sendo um caso extremo o que ocorre acima do Círculo Polar Ártico e abaixo do Círculo Polar Antártico, durante uma parte do ano em que tais regiões não recebem luz solar - uma noite polar.
Por convenção astronômica, as quatro estações do ano são determinadas pelos solstícios - os pontos de maior inclinação axial na órbita terrestre - e os equinócios, quando a direção da inclinação axial e a direção ao Sol são perpendiculares. O solstício de inverno ocorre em 21 de dezembro, o solstício de verão em 21 de junho, o equinócio de primavera em 20 de março, e o equinócio de outono em 23 de setembro.
O ângulo da inclinação axial da Terra é relativamente estável durante longos períodos de tempo. Porém, esta inclinação sofre nutação - um movimento ligeiro e irregular, com um período principal de 18,6 anos. A orientação do ângulo também muda com o tempo, completando uma precessão circular a cada anos; esta precessão é a causa da diferença entre um ano sideral e um ano tropical. Ambos os movimento são causados pela atração gravitacional variável do Sol e da Terra sobre a saliência equatorial do planeta. Na perspetiva da Terra, os polos terrestres também migram alguns metros por ano ao longo da superfície do planeta. Este movimento polar possui vários componentes cíclicos, que são chamados coletivamente movimento quasi-periódico. Além do componente anual deste movimento, existe um ciclo de 14 meses, chamado de bamboleio de Chandler. A velocidade de rotação da Terra também varia, em um fenômeno chamado de variação da duração do dia.
Em tempos modernos, o periélio da Terra ocorre em 3 de janeiro, e o afélio em torno de 4 de julho. Porém, estas datas variam ao longo do tempo, devido à precessão e outros fatores orbitais que seguem padrões cíclicos conhecidos como ciclos de Milankovitch. A distância variável entre a Terra e o Sol resulta em um aumento de 6,9% na energia solar que alcança a Terra no periélio, relativamente ao afélio. Visto que o hemisfério sul da Terra está inclinado em direção ao Sol aproximadamente no mesmo período do periélio, a quantidade de energia solar recebida pelo hemisfério sul é ligeiramente maior do que a recebida pelo hemisfério norte, ao longo de um ano. Porém, este efeito é muito menos significativo do que a variação total da energia devida à inclinação axial, e a maior parte deste excesso é absorvida pela maior proporção de água existente no hemisfério sul.
Lua.
A Lua é um satélite natural, relativamente grande e similar a um planeta telúrico com diâmetro cerca de um quarto daquele da Terra. É o maior satélite do Sistema Solar, relativamente ao tamanho de seu planeta, embora Caronte possua um maior tamanho relativo, em comparação ao planeta anão que orbita, Plutão. Os satélites naturais orbitando outros planetas são chamados de "luas", em referência à Lua da Terra.
A atração gravitacional entre a Terra e a Lua causa as marés na Terra. Este mesmo efeito na Lua conduziu ao seu chamado acoplamento de maré: os períodos de rotação e de translação da Lua à volta da Terra são iguais. Como resultado, apresenta-se sempre com o mesmo lado quando vista da Terra. À medida que a Lua orbita a Terra, diferentes partes da Lua são iluminadas pelo Sol, criando as fases lunares; a parte escura da Lua é separada da parte visível pelo terminador.
Devido à interação das suas marés, a Lua afasta-se da Terra à razão de 38 milímetros por ano. Ao longo de milhões de anos, estas pequenas modificações - e o aumento da duração de um dia terrestre em cerca de 23 microssegundos por ano - resultam em alterações significativas. Durante o período Devoniano, por exemplo, (há cerca de 410 milhões de anos) um ano terrestre tinha 400 dias (com cada dia a durar ligeiramente menos que 22 horas).
A Lua pode ter afetado dramaticamente o desenvolvimento da vida ao moderar o clima do planeta. Evidências paleontológicas e simulações de computador mostram que a inclinação axial do planeta é estabilizada pelas interações de maré com a Lua.
Alguns teóricos acreditam que sem esta estabilização contra os torques exercidos pelo Sol e planetas sobre a saliência equatorial da Terra (consequência do seu achatamento nos polos), o eixo de rotação desta última poderia ser caoticamente instável, com mudanças caóticas ao longo de milhões de anos, como aparenta ser o caso de Marte.
A Lua está localizada a uma distância da Terra a qual permite que, quando vista desta última, tenha um diâmetro aparente aproximadamente igual ao do Sol. O diâmetro angular destes dois corpos é bastante similar, pois apesar de possuir um diâmetro real cerca de 400 vezes maior do que a Lua, o Sol também está situado a uma distância 400 vezes maior que aquela entre a Terra e a Lua.
A teoria mais aceita sobre a origem da Lua, a hipótese do grande impacto, argumenta que a Lua se formou após a colisão entre a Terra e um protoplaneta com o tamanho de Marte chamado Theia. Esta hipótese explica (entre outras coisas) a menor abundância relativa de ferro e elementos voláteis na Lua, e o fato de a sua composição ser bastante similar à da crosta terrestre.
Asteroides e satélites artificiais.
A Terra possui ao menos cinco quasi-satélites, incluindo 3753 Cruithne e 2002 AA29.
Em 27 de junho de 2011, astrônomos reportaram um asteroide troiano acompanhando a Terra, compartilhando a órbita da Terra ao redor do Sol, estando no ponto triangular de Lagrange "L4".
Até 2011, existiam 931 satélites artificiais fabricados pelo homem em operação orbitando a Terra. Tratando-se de satélites inoperantes e destroços de naves espaciais, estima-se haver mais de peças em órbita constituindo o lixo espacial. O maior satélite artificial da Terra é a Estação Espacial Internacional, onde residem atualmente seis astronautas de diversas nacionalidades.
Habitabilidade.
Um planeta habitável é aquele que pode sustentar vida, mesmo que esta não se tenha originado nesse planeta. A Terra fornece as condições atualmente entendidas como necessárias, que são água no estado líquido, um ambiente onde moléculas orgânicas complexas se podem formar, e energia suficiente para sustentar o metabolismo. A distância entre a Terra e o Sol, bem como sua excentricidade orbital, taxa de rotação, inclinação axial, história geológica, sua atmosfera e seu campo magnético protetor, todos contribuem para produzir e manter as condições que se crêem necessárias ao aparecimento e manutenção da vida no planeta.
Biosfera.
A Terra é o único local onde se sabe existir vida. O conjunto das formas de vida do planeta é por vezes designado "biosfera". A biosfera provavelmente começou a evoluir há 3,5 bilhões de anos. Divide-se em biomas, habitados por fauna e flora similares nos seus traços gerais. Nas áreas continentais os biomas são separados primariamente pela latitude, altitude e umidade. Os biomas localizados no interior dos Círculos Polares Ártico ou Antártico, a grande altitude e em regiões extremamente áridas, são pobres em plantas e animais; a biodiversidade é maior nas terras baixas e úmidas da região equatorial.
Recursos naturais e uso da terra.
A Terra fornece recursos que são exploráveis pela espécie humana para fins úteis. Alguns destes recursos são não renováveis, como os combustíveis fósseis, recursos difíceis de serem repostos em um período curto de tempo.
Grandes depósitos de combustíveis fósseis existem na crosta terrestre, consistindo de carvão, petróleo, gás natural e clatrato de metano. Estes depósitos são utilizados pela humanidade seja para produção de energia, seja como matérias-primas para a indústria química. Depósitos minerais também se formaram na crosta terrestre, por meio de processos de formação de depósitos minerais, resultantes da erosão e da tectônica de placas. Estes depósitos constituem fontes concentradas de vários metais e de elementos químicos úteis.
A biosfera terrestre produz vários produtos biológicos úteis para a humanidade, incluindo (mas de longe não limitados a), comida, madeira, produtos farmacêuticos, oxigênio, e reciclagem de vários lixos orgânicos. O ecossistema terrestre depende da existência de solo e de água doce, e o ecossistema oceânico depende de nutrientes dissolvidos arrastados das regiões continentais do planeta.
O uso das áreas terrestres pela humanidade, em 1993, era:
A área estimada de terra irrigada em 1993 era de km².
Perigos naturais e ambientais.
Vastas áreas do planeta estão sujeitas a condições climáticas extremas, tais como ciclones, furacões ou tufões, que dominam a vida nestas áreas. Muitos locais estão sujeitos a sismos, tsunamis, erupções vulcânicas, tornados, dolinas, tempestades de neve, inundações, secas prolongadas, e outras calamidades e desastres naturais.
Muitas áreas localizadas estão sujeitas à poluição de origem humana do ar e da água, chuva ácida e substâncias tóxicas, perda de vegetação (sobrepastoreio, desflorestação, desertificação), perda da vida selvagem, extinção de espécies, degradação do solo, esgotamento do solo, erosão, e introdução de espécies invasoras.
Segundo as Nações Unidas, existe um consenso científico que liga as atividades humanas ao aquecimento global devido às emissões industriais de dióxido de carbono. Prevê-se que este aquecimento global produza mudanças tais como o derretimento das geleiras e dos mantos de gelo, variações de temperatura mais extremas, mudanças significativas nas condições do tempo, e uma subida do nível médio do mar.
Geografia humana.
A cartografia, ou o estudo e prática da elaboração de mapas, e indiretamente a geografia, têm sido ao longo da história disciplinas dedicadas à representação da Terra. A topografia, ou a determinação de localizações e distâncias, e em menor grau a navegação, ou a determinação da posição e direção, desenvolveram-se lado a lado com a cartografia e a geografia, fornecendo e quantificando adequadamente a informação necessária.
Em 12 de dezembro de 2009 a Terra tinha aproximadamente habitantes humanos. As projeções indicam que a população mundial atingirá os 9,2 bilhões em 2050. A maior parte do crescimento deverá ocorrer nos países em desenvolvimento. A densidade populacional humana varia amplamente pelo mundo, mas a maioria vive na Ásia. Crê-se que em 2020, 60% da população viva em áreas urbanas.
Estima-se que apenas um oitavo da superfície da Terra seja adequada para os humanos habitarem - três quartos estão cobertos por oceanos, e metade da área de terra ou é deserto (14%), alta montanha (27%), ou outro terreno menos adequado. O assentamento humano situado mais a norte é Alert, na ilha de Ellesmere em Nunavut, Canadá. (82°28′N) O assentamento humano situado mais a sul é a Estação Polo Sul Amundsen-Scott, na Antártica, no Polo Sul geográfico.
Nações soberanas independentes reclamam para si a totalidade da superfície terrestre, excetuando-se algumas partes da Antártica e a ímpar área não reclamada de Bir Tawil entre o Egito e o Sudão. Em 2011 existem 203 estados soberanos, incluindo os 192 estados-membros das Nações Unidas. Além destes, existem 59 territórios dependentes, e várias áreas autônomas ou disputadas e outras entidades. Historicamente, a Terra nunca teve um governo soberano com autoridade sobre a totalidade do mundo, embora vários estados-nação tenham, sem sucesso, aspirado à dominação mundial.
A Organização das Nações Unidas é uma organização intergovernamental que foi criada com o objetivo de intervir em disputas entre nações, de maneira a evitar conflitos armados. Não é, contudo, um governo mundial. Serve primeiramente como um fórum da diplomacia e lei internacionais. Quando o consenso entre os membros o permite, constitui um mecanismo de intervenção armada.
O primeiro humano a orbitar a Terra foi Iuri Gagarin em 12 de abril de 1961. Ao todo, e até 2004, cerca de 400 pessoas visitaram o espaço exterior e entraram em órbita à volta da Terra, e destas, doze caminharam sobre a Lua. Normalmente os únicos humanos no espaço são os que se encontram na Estação Espacial Internacional. A tripulação da estação, atualmente constituída por seis pessoas, é geralmente substituída de seis em seis meses. A distância maior desde a Terra que os humanos percorreram foi de 400 171 km, durante a missão Apollo 13 em 1970.
A Terra na cultura.
O nome Terra não tem origem no nome de um deus grego ou romano, como é o caso dos restantes planetas. A palavra deriva do latim "terra", que significa solo, região, país. O símbolo astronômico da Terra é uma cruz envolvida por um círculo.
Ao contrário dos restantes planetas do Sistema Solar, a humanidade começou a ver a Terra como um objeto móvel em órbita à volta do Sol apenas no . A Terra foi personificada em várias culturas como uma deidade, em particular, como uma deusa. Em várias culturas, a deusa-mãe, também chamada de Terra Mãe, é uma deidade da fertilidade. Mitos de criação de várias religiões incluem histórias envolvendo a criação da Terra por uma ou mais deidades sobrenaturais. Uma variedade de grupos religiosos, muitas vezes associados com ramos fundamentalistas do protestantismo e do islão, argumentam que suas interpretações destes mitos de criação em textos sagrados são literalmente verdadeiras e deveriam ser consideradas paralelamente ou substituir os argumentos científicos sobre a criação da Terra e a origem e desenvolvimento da vida. A comunidade científica, bem como outros grupos religiosos, opõem-se a estes argumentos. Um exemplo proeminente é a controvérsia entre criacionismo e evolução.
No passado, existiram graus variáveis de crença na hipótese da Terra plana, mas tal ideia foi substituída pelo conceito da Terra esférica devido à observação e circum-navegação da Terra. A perspectiva humana da Terra mudou desde o advento das viagens espaciais, e a biosfera é atualmente vista desde uma perspectiva global e integrada. Um exemplo é o crescimento do movimento ambiental, que se preocupa com as consequências das atividades humanas no planeta.
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1801 | Tycho Brahe | Tycho Brahe
Tycho Brahe (Skåne, Dinamarca, — Praga, ) nascido Tyge Ottesen Brahe, foi um astrônomo dinamarquês. Teve um observatório chamado Uranienborg na ilha de Ven, no Öresund, entre a Dinamarca e a Suécia.
Tycho esteve ao serviço de Frederico II da Dinamarca e mais tarde do imperador Rodolfo II da Germânia, tendo sido um dos representantes mais prestigiosos da ciência nova - a ciência renascentista, que abrira uma brecha no sólido edifício construído pela Idade Média, baseado na síntese da tradição bíblica e da ciência de Aristóteles. Continuando o trabalho iniciado por Copérnico, foi acolhido pelos sábios ocidentais com alguma relutância. Estudou detalhadamente as fases da lua e compilou muitos dados que serviriam mais tarde a Johannes Kepler para descobrir uma harmonia celestial existente no movimento dos planetas, padrão esse conhecido como leis de Kepler.
A adesão de Tycho à ciência nova levou-o a abandonar a tradição ptolomaica, a fim de chegar a novas conclusões pela observação directa. Baseando-se nesta, construiu um sistema no qual, sem pretender descobrir os mistérios do cosmos, chega a uma síntese eclética entre os sistemas que poderíamos chamar de tradicionais e o de Copérnico.
Tycho foi um astrônomo observacional da era que precedeu a invenção do telescópio, e as suas observações da posição das estrelas e dos planetas alcançaram uma precisão sem paralelo para a época. Após a sua morte, os seus registros dos movimentos de Marte permitiram a Johannes Kepler descobrir as leis dos movimentos dos planetas, que deram suporte à teoria heliocêntrica de Copérnico. Tycho não defendia o Sistema de Copérnico mas propôs um sistema em que os planetas giram à volta do Sol e este orbitava em torno da Terra.
Em 1599, por discordar do novo rei do seu país, mudou-se para Praga e construiu um novo observatório, onde trabalhou até morrer, em 1601.
Biografia.
Primeiro filho de Otto Brahe e Beate Billie, nasceu em um lar nobre na Dinamarca. Otto Brahe chegou a ser um dos membros da Câmara Alta, uma junta de vinte nobres que auxiliavam o rei na administração do país. No entanto Jorgen, seu tio, era quem realmente tinha mais prestígio por chegar a Almirante na Armada dinamarquesa, comandando toda a frota na guerra contra os suecos, foi ele quem criou Tycho, desde a infância. Jorgen, por não ter filhos do sexo masculino, raptou Tycho para criá-lo, brigou com Otto pelo acontecido, porém após algum tempo se acertaram e Brahe continuou a morar com Jorgen.
Tycho começou sua caminhada acadêmica em uma escola paroquial. Desde os sete anos seu tio lhe colocou para estudar latim, mesmo isso sendo estranho para a época, pois sendo um nobre Tycho tinha de aprender a caçar e guerrear, porém Jorgen desejava que fosse ensinado a administrar o Estado. Assim, aos treze anos de idade, seu tio o mandou para a Universidade de Copenhague para estudar Direito e Filosofia. Lá Tycho ficou por três anos. Durante esse tempo pôde presenciar um eclipse parcial do Sol que havia sido previsto com exatidão pelos astrônomos, o que o fez se perguntar em como o homem pudesse conhecer o movimento dos astros e predizer suas posições futuras e logo passou a se interessar pela astronomia.
Tycho saiu de Copenhague e, aos 16 anos, foi para a Universidade de Leipzig, na Alemanha, e lá continuou estudando Direito. Mesmo tendo um tutor, chamado Anders Vedel, contratado por seu tio para que continuasse a estudar direito, Tycho continuou observando os céus e passou a comprar instrumentos e livros de Astronomia para aperfeiçoar ainda mais suas observações. Aos dezessete anos, no dia dezessete de agosto de 1563, este observou Júpiter e Saturno passarem muito próximos um do outro e, lendo as melhores tabelas astronômicas disponíveis na época, constatou uma enorme disparidade entre o instante do acontecimento e o instante previsto. As tabelas Afonsinas haviam errado a data do fenômeno observado por algo em torno de um mês, e mesmo as tabelas elaboradas por Copérnico também erravam a previsão por vários dias. Com isso, Tycho decidiu construir novas tabelas das posições dos astros com uma precisão até então nunca alcançada. Nesta mesma época seu tio morre e deixa não só uma herança, como também a gratidão que o Rei Frederico II tinha com ele.
De Leipzig, Tycho foi para Augsburg e ali começou sua dedicação total a Astronomia. De Augsburg foi estudar na Universidade de Wittenberg, em 1566 e passou a assistir às aulas de Astronomia de Caspar Peucer. A peste negra assolou Wittenberg e, por consequência, no mesmo ano Tycho foi para a Universidade de Rostock onde, por causa de um duelo, perdeu uma parte de seu nariz. Logo após esse acontecimento, foi expulso de Rostock. Em 1568 Tycho foi para a Universidade da Basiléia, na Suíça, onde viveu por dois anos. Aos vinte e seis anos, em 1570, Brahe voltou para a Dinamarca para morar com seu tio por parte de mãe, Steen Bille. Ele era o único na família que apoiava Tycho no estudo dos astros. Dois anos depois, Tycho observa uma estrela que havia aparecido no céu, o que não ia de acordo com a teoria aristotélica de que o mundo supralunar era perfeito e imutável, pois uma estrela acabara de aparecer. Com a precisão das medições de Tycho, constatou-se que esta estrela estava no "mundo supralunar", o que foi um golpe tremendo no dogma da imutabilidade do Cosmos aristotélico que havia se tornado a visão da Igreja Católica na época. Em 1573 Tycho publicou um livro chamado "Sobre a Nova Estrela Nunca Vista Antes" e então foi convidado pelo rei a dar algumas aulas de Astronomia na Universidade de Copenhagen.
Em 1576 saiu pela Europa, porém no mesmo ano o Rei Frederico II lhe ofereceu a ilha de Hven, para que ele pudesse construir um castelo e um observatório e Tycho aceitou sua oferta e construiu Uranienborg, que era praticamente uma escola de Astronomia, por onde passaram Peder Flemlose, John Hammond, Elias Morsing, Gellius Sascerides, Paul Wittich, Willem Blaeu e Longomontanus, seu principal auxiliar. Já em 1588 o Rei Frederico morreu e seu filho mais velho Cristiano IV assumiu o trono, porém Cristiano não tinha o mesmo apreço que seu pai por Tycho, por esse motivo os dois tinham alguns problemas, assim em 1597 Tycho saiu da Dinamarca e passou por várias cidades Alemãs, entre elas Wandsbech, onde fez um livro, em 1598, sobre seus instrumentos, dedicado ao Imperador Rodolfo II. Então no ano seguinte, em 1599 foi convidado pelo Imperador Rodolfo II a se estabelecer em Praga, onde conheceu um matemático muito talentoso chamado Kepler, que foi quem o ajudou a desvendar a matemática de suas descobertas, pois nessa época já estava mais velho e mais perto de sua morte. E então em 1601 Tycho Brahe morre, no dia vinte e quatro de outubro.
Morte.
Tycho morreu em 24 de outubro de 1601, onze dias depois de ficar muito doente durante um banquete. Ele permaneceu doente por onze dias e consta que teria dito a Kepler: "Ne frustra vixisse videar!": "Não me deixe parecer ter vivido em vão". Por centenas de anos, a crença geral foi que ele teria morrido de um problema na bexiga. Foi dito que ele teria evitado de sair do banquete antes do fim, por boas maneiras, e que teria estressado sua bexiga ao limite, desenvolvendo uma infecção que o matou. Essa teoria foi apoiada pelo relato de Kepler.
Investigações sugerem que Tycho morreu não de problemas urinários, mas de envenenamento por mercúrio: níveis tóxicos foram encontrados em seus cabelos e na raiz dos cabelos. Tycho pode ter se envenenado tomando medicamentos contendo impurezas não-intencionais de cloreto de mercúrio, ou pode ter sido envenenado. De acordo com um livro de 2005 de Joshua Gilder e Anne-Lee Gilder, há evidências substanciais de que Kepler assassinou Brahe; eles argumentam que Kepler tinha os meios, motivos, e oportunidade, e roubou os dados de Tycho com sua morte. De acordo com os Gilders, seria improvável que Tycho tivesse se envenenado, uma vez que ele era um alquimista conhecido por ser familiarizado com a toxidade dos diferentes compostos de mercúrio. Contudo uma exumação posterior mostra que as concentrações de mercúrio encontradas não seriam suficientes para provocar o envenenamento, o que impossibilita a hipótese de Kepler tê-lo matado.
Foi sepultado na Igreja Nossa Senhora de Týn, Praga, República Checa.
O nariz de Tycho.
Em 1566, quando era estudante, Tycho Brahe duelou com um nobre dinamarquês, Manderup Parsberg. Ele acabou perdendo um pedaço do nariz. Pelo resto de sua vida ele usou uma prótese que seria de ouro e prata. Porém, em 1901, sua tumba foi aberta e observou-se que o osso no crânio, na região do nariz, tinha cor verde, sinal de exposição ao cobre. Alguns historiadores especularam que ele teria tido várias próteses para diferentes ocasiões, notando que uma de cobre poderia ser mais leve e confortável que uma de metal precioso.
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1802 | Tupi | Tupi
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1806 | Timor Leste | Timor Leste
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1807 | Transporte | Transporte
Transporte é o movimento de pessoas e mercadorias entre locais. O campo de transporte apresenta diversas características a nível de infraestrutura, veículos e operações comerciais. Por infraestrutura entende-se a rede viária, de transporte rodoviário, ferroviário, aéreo, fluvial, tubular, etc. que é usada, assim como os terminais como estradas, aeroportos, estações ferroviárias, portos, terminais de autocarro e todo o tipo de equipamento similar. Os veículos, como automóveis, bicicletas, autocarros, comboios e aviões, ou as próprias pessoas ou animais quando viajam a pé, geralmente trafegam por uma qualquer rede. As operações comerciais estão relacionadas com a maneira como os veículos operam na rede e o conjunto de procedimentos especificados para o propósito desejado, incluindo o ambiente legal (leis, códigos, regulamentos, etc.). Políticas, como por exemplo financiar o sistema, podem ser consideradas parte das operações.
De maneira ampla, o projeto da rede viária é do domínio da engenharia civil e planejamento urbano; o projeto de veículos, da engenharia mecânica e de setores especializados como engenharia náutica (naval), e engenharia aeroespacial; e as operações são geralmente especializadas, às vezes pertencendo a engenharia de sistemas.
História.
Os primeiros meios de transporte humanos foram a caminhada e a natação. A domesticação dos animais introduziu uma nova forma de colocar o peso dos transportes sobre criaturas mais fortes, permitindo que cargas mais pesadas fossem transportadas, com uma maior velocidade e menor duração das jornadas. Invenções como a roda e o trenó ajudaram a tornar mais eficiente o transporte por animais através da introdução de veículos. Também o transporte aquático, incluindo embarcações a remo, a boi e a vela, remonta a épocas primitivas, e foi a única forma eficiente de transporte de grandes quantidades ou em grandes distâncias até a Revolução Industrial.
As primeiras formas de transporte rodoviário foram cavalos, bois ou mesmo seres humanos transportando mercadorias em estradas de terra, muitas vezes seguindo trilhas de caça. Estradas pavimentadas foram construídas por muitas civilizações antigas, incluindo a Mesopotâmia e a Civilização do Vale do Indo. Os impérios persa e romano construíram ruas e calçadas para permitir que seus exércitos viajassem mais rapidamente ("ver: Estrada Real Persa e Estrada romana"). Uma camada inferior de brita garantia que as estradas se mantivessem secas. O califado medieval construiu mais tarde estradas de "tarmac". As primeiras embarcações eram canoas feitas a partir de troncos de árvores escavados. O transporte aquático primitivo era realizado por embarcações que usavam o remo ou o vento ("ver: Navegação à vela") para propulsão naval, ou ainda uma combinação de ambos. A importância da água levou a maioria das cidades a se destacarem pelo comércio e a se desenvolverem próximos a rios ou no mar, muitas vezes na interseção de dois corpos de água. Até a Revolução Industrial, o transporte permaneceu lento e caro, a produção e o consumo mantinham-se o mais próximo quanto fosse possível.
A Revolução Industrial, no século XIX, trouxe um grande número de invenções que modificaram radicalmente o transporte. Com o telégrafo, a comunicação se tornou instantânea e independente do transporte. A invenção da máquina a vapor, seguida de perto por sua aplicação no transporte ferroviário, tornou o transporte terrestre independente da força humana ou da tração animal. Velocidade e capacidade cresceram rapidamente, permitindo a especialização, e a produção passou a poder ser realizada independente da localização dos recursos naturais. No século XIX também ocorreu o desenvolvimento do barco a vapor, que acelerou o transporte global.
Com o desenvolvimento do motor a combustão e do automóvel na virada do século XIX, o transporte rodoviário tornou-se mais viável, o que permitiu a introdução do transporte mecânico particular. As primeiras rodovias foram construídas no século XIX com macadame. Posteriormente, tarmac e concreto tornaram-se o material predominante na pavimentação. Em 1906, o brasileiro Alberto Santos Dumont exibiu o primeiro avião, e após a Primeira Guerra Mundial, este se tornaria uma forma mais rápida de transportar pessoas e mercadorias por longas distâncias.
Após a Segunda Guerra Mundial, o automóvel e o avião ganharam mais participação no transporte, limitando o transporte ferroviário e hidroviário ao transporte de carga e de curta distância para passageiros. O transporte espacial foi iniciado na década de 1950, com rápido crescimento até os anos 1970, quando o interesse diminuiu. Na década de 1950, a introdução dos contêineres trouxe enormes ganhos de eficiência ao transporte de mercadorias, permitindo a globalização. As viagens aéreas internacionais tornaram-se muito mais acessíveis no ano de 1960, com a comercialização do motor a jato. Junto com o desenvolvimento dos automóveis e das auto-estradas, isto causou um declínio nos transportes ferroviários e hidroviários. Após a introdução do Shinkansen em 1964, trens de alta velocidade na Ásia e Europa começaram a tomar passageiros de rotas de longa distância das companhias aéreas.
No Brasil, o Direito ao Transporte foi elencado nos Direitos Sociais através da Emenda Constitucional n.º 90, de 15 de setembro de 2015.
Modos e categorias.
A tabela abaixo resume as tipologias de transporte segundo variados critérios, que abaixo estão mais explicadas.
Transporte de tração humana.
O transporte de tração humana é o movimento de pessoas e cargas utilizando-se a força de tração do próprio ser humano. As pessoas, com ou sem cargas, podem se deslocar somente com o próprio movimento do corpo ou tracionando veículos diretamente, individual ou em grupo de pessoas. Esse tipo de transporte por ser realizado tanto em terra, no ar, na água ou até no espaço sideral.
Transporte de tração animal.
O transporte de tração animal é o movimento de pessoas e mercadorias utilizando-se um animal. As pessoas ou cargas podem ser montadas diretamente no animal ou podem ser carregadas em um veículo rebocado pela força de tração do animal. Esse tipo de transporte por ser realizado por terra, ar ou água.
Transporte terrestre.
O transporte terrestre é o movimento de pessoas e mercadorias por terra. Inclui o transporte rodoviário, ou seja, por rodovia, e o transporte ferroviário, por ferrovia.
Transporte aquaviário.
O transporte aquaviário é o movimento de pessoas e mercadorias pelo mar ou rios, em barcos e navios, usado principalmente para movimentar mercadorias em longas distâncias nos navios de turísticas nos transatlânticos.
Transporte tubular.
O transporte tubular ou dutoviário é utilizado normalmente para transportar produtos através de condutos tubulares, normalmente petróleo e gás natural. São mais conhecidas como:
Os oleodutos, gasodutos e alcooldutos, também conhecidos pelo nome em inglês "pipeline", são o meio de transporte mais seguro e econômico que existe, para grandes quantidades.
Estima-se que, no Brasil, 500.000.000 de litros de hidrocarbonetos sejam transportados diariamente através de oleodutos. No Brasil também são transportados suco de laranja e minério de ferro através deste método.
O transporte tubular tem como principais vantagens:
Transporte aéreo.
O transporte aéreo é o movimento de pessoas e mercadorias pelo ar usando aviões ou helicópteros, preferencialmente quando são urgentes ou de alto valor.
A aviação brasileira cresceu muito nos últimos anos. Com o surgimento de novas companhias aéreas e a modernização das demais, foi possível aumentar o número de assentos disponíveis na malha aérea.
O Brasil conta atualmente com duas grandes companhias aéreas, Tame Gol, e outras de menor atuação, como a Azul, a Webjet, a Avianca e a Trip, além de outras empresas de aviação regional. Com a competição entre as companhias, foi possível melhorar os serviços aéreos e reduzir as tarifas.
Grandes companhias internacionais também operam no Brasil, como American Airlines, Continental Airlines, Delta Airlines, United Airlines, Lufthansa, Iberia, TAP Portugal, Japan Airlines, South African Airways, British Airways, Air France, Air Canada, além da Gol e da Tam, entre outras.
Transporte espacial.
O transporte espacial é o movimento de pessoas e mercadorias pelo espaço sideral usando foguetes e/ou espaçonaves, sendo usado para movimentar astronautas, satélites artificiais, sondas espaciais, robôs, astromóveis ou qualquer outro tipo de equipamento para a exploração espacial.
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1808 | Truco | Truco
Truco é um jogo de cartas praticado em diversos locais da América do Sul e algumas regiões da Espanha e Itália. É um jogo de vazas jogado com o baralho espanhol, por dois, quatro ou seis jogadores, divididos em dois lados opostos. Na Região Sudeste do Brasil é jogado com o baralho francês, enquanto na Região Sul usa-se o baralho espanhol.
Na versão jogada em Valência, na Espanha, utiliza-se um baralho espanhol de 22 cartas, já que todos os noves, oitos, figuras (reis, cavalos e damas), dois, ases de copas e de ouros e curingas são removidos.
Origem.
A origem do truco é incerta, especula-se que tenha surgido dos mouros, porém não há consenso a esse respeito. No Brasil foi popularizado por imigrantes italianos, portugueses e espanhóis, , posteriormente espalhando-se por todo o país e originando diversas variações.
Regras.
Cada jogador recebe três cartas que são de um subconjunto do baralho constituído pelos números 1 a 7, a dama (), no valor de 8, o valete ou o Cavalo (), no valor de 9 e o Rei (), no valor de 10.
A forma mais comum do jogo é a versão com quatro jogadores, em que há duas equipes de dois jogadores, que se sentam em frente um ao outro. Para seis jogadores, há duas equipes de três jogadores.
No Truco Cego, também são tirados os 8s e os 9s, jogando-se com os números de 1 a 7, mais o Valete ( ou ), o Cavalo ( ou ) e o Rei ( ou ).
Pode-se jogar com 2, 4, 6, 8, 10 ou 12 pessoas, sempre divididos em dois times. Nas modalidades de 6 a 12 pessoas, as rodadas ímpares são jogadas em equipes e as rodadas pares são jogadas individualmente, somente os jogadores que estão de frente para o outro (as chamadas "partidas de testa"). Neste caso, os pontos individuais contam para a equipe como um todo. Ainda há uma última modalidade, com três pessoas, onde os jogadores se revezam, formando duplas contra um jogador sozinho, o "carancho". Neste caso, os pontos são contados individualmente (mas a dupla ganha os pontos em conjunto). O carancho sempre recebe a primeira carta e uma carta extra. Destas, pode escolher as três melhores e descartar uma; daí o jogo segue normalmente.
O jogo é jogado até que uma equipe termine o jogo com 2 jogos de 12 pontos. São 24 pontos dividido em duas metades, a metade inferior chamado "ruins" (), e a metade superior chamada "boas" (). A primeira equipe que fizer 12 pontos zera a pontuação e ela terá um "ruins" (), se ela conseguir fazer 12 pontos de novo ela ganha as "boas" () e ganha a queda, caso contrario a outra equipe também terá um "ruins" () e quem vencer a próxima ganha a queda.
O apelo popular do jogo vem do sistema emocionante de apostas. Cada tipo de pontuação pode ser apostado para marcar mais pontos para a equipe. As propostas podem ser aceitas, rejeitadas ou aumentadas. O blefe e o engano também são fundamentais para o jogo.
Mão e Pé.
No Truco, existem dois conceitos sobre o jogador que começa a rodada e quem é o último. O "mão" (), é o que joga primeiro, e o "pé" (), é o último a jogar. O mão é sempre o jogador à direita do pé. A troca para dar as cartas é então passada para a esquerda, de modo que a mão da primeiro turno é o pé do segundo e assim por diante. Se estiver jogando em equipes, parceiros sentam-se de frente um para o outro. Há um costume entre os jogadores mais experientes (por vezes considerado até como uma regra) de se deixar o baralho à esquerda de quem ira distribuir as cartas. Assim, o próximo "dador" saberá que é a sua vez ao ver o baralho à sua esquerda.
Eles também podem se referir, quando jogando em equipes de dois, qual jogador da parceria joga antes e qual depois. Isso não tem importância no jogo, como o jogo é sempre feito sentido anti-horário. Mas tem um significado estratégico uma vez que o pé de uma equipe é tradicionalmente considerado o "capitão" da parceria durante a rodada, decidindo a melhor tática a ser aplicada por saber quais cartas já foram jogadas.
O mão da equipe adversária é o primeiro a falar ("cantar") os seus pontos de envido. Se o jogo estiver empatado (por exemplo, se dois adversários têm os mesmos pontos de envido), o mão ganha. Essa vantagem é compensada pelo fato de que, sendo o último a jogar, o pé joga com todas as cartas visíveis de seus oponentes, como visto acima. Isso também leva ao fato de, apesar de não ser obrigatório, o pé da dupla ser quem chama o envido. Outra questão é o fato de o pé poder ter uma "flor"; se o mão chamar o envido, está falando pela dupla (ou equipe), o que anularia a flor do seu parceiro.
Embaralhamento e distribuição das cartas.
Um dos jogadores é escolhido para ser o primeiro a distribuir as cartas, três para cada jogador e uma "vira" (truco paulista). As cartas podem ser dadas "picadas" ou "três a três" com a primeira sendo do mão. É permitida a feitura do maço, assim como é permitido o desfiamento das cartas nas mãos, sem a criação de montinhos na mesa. Dá-se o monte para o adversário à esquerda cortar. Se o corte for seco ou não houver corte, o cortador poderá tirar cartas para o seu parceiro ou para si, respeitando-se as normas gerais explicadas adiante. O monte cortado volta então ao distribuidor. Mesmo que o cortador corte o maço a seco, bata o cotovelo ou embaralhe, o "pé" dará cartas por cima ou por baixo, a seu critério. Porém, após deslizar a primeira carta (por cima ou por baixo), não pode mais mudar de opinião. Também é permitido que ocorra a troca de cartas caso algum dos jogadores tenha recebido os "3 palhaços", Dá-se esse nome as 3 sucessivas cartas Q,J,K se o adversário não falar aonde pegar as 3 cartas, as mesmas são pegas de cima do monte.
Sistema de pontos (Sistema de 1 tento, geralmente truco paulista).
O jogo é disputado em "mãos". Cada mão vale inicialmente 1 ponto, e ganha o jogo a dupla, trio, etc. que fizer 12 pontos. A mão é dividida em três rodadas (ou "vazas"). Em cada rodada cada jogador coloca uma de suas cartas na mesa, e o jogador com a carta mais forte vence a rodada. Quem ganhar duas dessas rodadas ganha a mão e marca 1 ponto, e uma nova mão se inicia.
Em caso de empate ("cango") na primeira rodada, o vencedor da segunda é o vencedor, se "cangar" na segunda de novo o vencedor da terceira é o vencedor, se mais uma vez "cangar" não tem nenhum vencedor.
Em caso de empate na segunda ou terceira rodada, o vencedor da primeira é o vencedor.
A qualquer hora o jogador pode "pedir Truco". É o grande momento do jogo. O Truco é pedido para elevar a aposta a três "tentos". Ao ser trucada, a dupla adversária tem direito a três ações:
Ao optar pela segunda opção ("pedir 6"), a dupla trucada passa à dupla que trucou três novas ações:
Ao seguir a segunda opção, a dupla que "pediu 9" passa à dupla que pediu 6 três ações:
Ao seguir a segunda opção, pela segunda ação, a dupla que "pediu jogo" deixa à dupla que pediu 9 três ações:
Finalmente, pela segunda ação, a dupla que "pediu queda" deixa à dupla que pediu jogo duas ações:
A "Mão de 11" é aquela na qual uma dupla ou trio atinge 11 pontos. Na Mão de 11 é permitido olhar as cartas do parceiro, para as duas duplas. Caso a dupla resolva jogar, a mão valerá três tentos. Caso resolva fugir, os adversários ganham "um tento". Quem trucar em Mão de 11 perderá "três tentos". O empate em Mão de 11 beneficiará os adversários com três tentos. Com cartas a provar vitória garantida em Mão de 11, o desenvolvimento da jogada se torna desnecessário, bastando tão somente que essas cartas sejam mostradas.
Havendo empate, ninguém ganha tento, passando-se o monte adiante.
Há ainda uma variação jogada neste caso, em que nenhum jogador pode ver suas cartas. Deve-se jogar as cartas na sorte ("no Escuro") chamada mão de ferro, normalmente usa-se a mão de ferro quando esta mão de 11 a mão de 11.caso alguma dupla ver as cartas, nas cegas, a dupla perde.
Situações especiais e particularidades.
Quando um jogador não recebe três cartas, e é o adversário quem as distribui, não sendo isso percebido, a mão é ganha por quem recebeu o número errado de cartas, valendo o número de pontos que eram disputados na mão. Por isso é que geralmente, após se dar as cartas, quem distribui pergunta se todos têm três cartas, pois havendo a constatação de tal antes da mão iniciar-se, pode ser regularizado o número de cartas.
Quando é provado que há fraude (roubo, escolha de cartas, olhar o bolo de cartas, ver as do adversário - antes ou depois do término da mão), a dupla que a comete é punida com a perda de um ponto e, caso esteja distribuindo as cartas, "perde a mão", ou seja, perde o direito de distribuí-las.
se um integrante trucar novamente não é valido, mas não perde pontos.
Se o jogador perder de 0 ponto há uma tradição muito popular onde o mesmo deve passar por de baixo da mesa que jogaram a partida.
Se o jogador perder de 1 ponto, deve-se morder a ponta da mesa jogada
Desenvolvimento do jogo (Sistema de 2 tentos, geralmente truco mineiro).
O jogo é disputado em "mãos". Cada mão vale inicialmente 2 pontos, e ganha o jogo a dupla, trio, etc. que fizer 12 pontos. A mão é dividida em três rodadas (ou "vazas"). Em cada rodada cada jogador coloca uma de suas cartas na mesa, e o jogador com a carta mais forte vence a rodada. Quem ganhar duas dessas rodadas ganha a mão e marca 2 pontos, e uma nova mão se inicia.
Em caso de empate ("cango") na primeira rodada, o vencedor da segunda é o vencedor, se "cangar" na segunda de novo o vencedor da terceira é o vencedor, se mais uma vez "cangar" não tem nenhum vencedor.
Em caso de empate na segunda ou terceira rodada, o vencedor da primeira é o vencedor.
A qualquer hora o jogador pode "pedir Truco". É o grande momento do jogo. O Truco é pedido para elevar a aposta a Quatro "tentos". Ao ser trucada, a dupla adversária tem direito a três ações:
Ao optar pela segunda opção ("pedir 6"), a dupla trucada passa à dupla que trucou três novas ações:
Ao seguir a segunda opção, a dupla que "pediu 9" passa à dupla que pediu 6 três ações:
Ao seguir a segunda opção, pela segunda ação, a dupla que "pediu jogo" deixa à dupla que pediu 9 três ações:
Finalmente, pela segunda ação, a dupla que "pediu queda" deixa à dupla que pediu jogo duas ações:
A "Mão de 10" é aquela na qual uma dupla ou trio atinge 10 pontos. Na Mão de 10 para uma só equipe, é permitido olhar as cartas do parceiro (isso combinado antes de iniciar o jogo). Caso a dupla resolva jogar, a mão valerá 4 tentos. Caso resolva fugir, os adversários ganham 2 tentos. E proibido trucar, quem trucar em Mão de 10 perderá "4 tentos". Com cartas a provar vitória garantida em Mão de 10, o desenvolvimento da jogada se torna desnecessário, bastando tão somente que essas cartas sejam mostradas. Havendo empate, ninguém ganha tento, passando-se o monte adiante. Há ainda uma variação jogada neste caso, em que nenhum jogador pode ver suas cartas. Deve-se jogar as cartas na sorte ("no Escuro") chamada mão de ferro, normalmente usa-se a mão de ferro quando está, mão de 10 a mão de 10.
Truco paulista.
Truco paulista ou ponta acima é um jogo de Vaza, variação do "truco mineiro", e se diferencia desta pela manilha (trunfo), que varia a cada rodada. É jogada com o baralho francês de 52 cartas, removendo-se as cartas 8, 9 e 10 do baralho, como forma de obter as 40 cartas necessárias para jogar, conjunto conhecido como Baralho Espanhol.
Em cada mão são distribuídas três cartas para cada jogador. A cada vez, um dos participantes será o "mão", responsável por jogar a primeira carta e a vitória no caso de empate na jogada das cartas. As mãos são formadas por três rodadas, começadas pelo jogador "mão" (que ficará sempre à direita de quem deu as cartas). Em cada rodada, o jogador abre uma carta na mesa, e vence aquele que tiver a mais forte. O vencedor é o jogador ou dupla que vencer duas das três rodadas. No truco, é fundamental ter em mente a força das cartas, pois ela é diferente do comum e serve para derrotar o adversário. A força das cartas é pré-definida, mas também variável em função da carta "vira", que é a carta aberta após distribuição das cartas. A "vira" determina a manilha.
A força das cartas, da maior para a menor, independente da "vira" é: 3 (Terno), 2 (Duque), A (Ás), K (Rei), J (Valete), Q (Dama), 7, 6, 5 e 4. O naipe da carta virada não tem importância, e o valor das manilhas para o jogo segue a seguinte ordem de naipes
Os critérios de desempate são:
Truco gaudério.
Truco gaudério ou truco gaúcho é uma variação do truco, praticada principalmente no Rio Grande do Sul. É jogado com o baralho espanhol de 50 cartas, mas as cartas 8 e 9, além dos curingas, são removidas, somando um total de apenas 40 cartas (10 de cada naipe). Diferencia-se igualmente pelos pedidos de "Envido" e "Flor".
Pode ser disputado por 2, 3, 4 ou 6 jogadores, que se enfrentam em duplas. Cada jogador recebe 3 cartas, e a equipe que fizer o número de tentos máximo (12 ou 24) é a vencedora. Além do pedido de Truco, que pode aumentar o valor da mão, também existem os pedidos de Envido e Flor, que são disputas paralelas e também contabilizam pontos no placar geral. Ao contrário do truco paulista, no truco gaudério não há existência da carta "vira". As manilhas são pré-determinadas, e são as cartas mais fortes do jogo. Além das manilhas, o "ranking" de força das cartas na ordem decrescente é 3, 2, 1, 12, 11, 10, 7, 6, 5 e 4.
O "Envido" é uma disputa paralela, que ocorre antes do início de cada rodada. Isso significa que ela não interfere nos pedidos de truco, e possibilita que uma equipe some pontos do mesmo naipe, mesmo perdendo na disputa de cartas. A base do Envido é a soma do valor de duas cartas do mesmo naipe na mão de cada jogador, sendo que cada uma vale o número que corresponde, com exceção do 10, 11 e 12. Isto significa que o 2 vale 2, o 3 vale 3 e assim por diante. As cartas 10, 11 e 12 valem zero ponto.
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1809 | Tecnologia | Tecnologia
Tecnologia (do grego τέχνη — "técnica, arte, ofício" e -λογία — "estudo") é o conjunto de técnicas, habilidades, métodos e processos usados na produção de bens ou serviços, ou na realização de objetivos, como em investigações científicas. Tecnologia pode ser o conhecimento de técnicas, processos e similares. Isso também pode ser embutido em máquinas para permitir a operação destas sem conhecimento detalhado do seu funcionamento. Sistemas (e.g. máquinas) que aplicam tecnologia ao pegar um input, mudando-o de acordo com o funcionamento do sistema e, então, produzindo um resultado são referidos como sistemas de tecnologia ou sistemas tecnológicos.
A forma mais simples de tecnologia é o desenvolvimento e a utilização de ferramentas básicas. A descoberta pré-histórica de como controlar o fogo e a subsequente Revolução Neolítica aumentaram a disponibilidade de fontes de alimento, enquanto a invenção da roda auxiliou humanos a viajar, transportar cargas e controlar seu ambiente. Desenvolvimentos ao longo da história, como a prensa móvel, também conhecida como impressora, o telefone e a Internet diminuíram as barreiras físicas da comunicação e permitiram que os humanos interagissem livremente em uma escala global.
Entre os efeitos da tecnologia estão o desenvolvimento de economias mais avançadas (incluindo a atual globalização econômica) e o aparecimento dos bens de Veblen. Muitos processos tecnológicos produzem produtos indesejados, conhecidos como poluição, e consomem recursos naturais não renováveis que afetam o meio ambiente da Terra. Inovações sempre influenciaram os valores de uma sociedade e levantaram novas questões na ética da tecnologia. Exemplos incluem o aparecimento da noção de eficiência em termos de produtividade humana e os desafios da bioética.
O uso da tecnologia também provoca debates filosóficos onde se discute se a tecnologia melhora a condição humana ou a piora. O Neoludismo, Anarco-primitivismo e outros movimentos reacionários similares criticam a difusão da tecnologia, argumentando que ela prejudica o meio ambiente e aliena pessoas. Já os proponentes de ideologias como o Transumanismo e o Tecnoprogressivismo enxergam o progresso tecnológico contínuo como benéfico para a sociedade e para a condição humana.
Definição e uso.
A tecnologia pode ser mais amplamente definida como as entidades, materiais e imateriais, criadas pela aplicação do esforço mental e físico para obter algum valor. Nesse uso, a tecnologia se refere a ferramentas e máquinas que podem ser usadas para resolver problemas do mundo real. É um termo de longo alcance que pode incluir ferramentas simples, como um pé de cabra ou colher de pau, ou máquinas mais complexas, como uma estação espacial ou um acelerador de partículas. Ferramentas e máquinas não precisam ser materiais; a tecnologia virtual, como software e métodos de negócios, se enquadra nessa definição de tecnologia. W. Brian Arthur define a tecnologia de maneira igualmente ampla como "um meio de cumprir um propósito humano".A palavra "tecnologia" também pode ser usada para se referir a uma coleção de técnicas. Nesse contexto, é o estado atual do conhecimento da humanidade de como combinar recursos para produzir produtos desejados, resolver problemas, atender necessidades ou satisfazer desejos; inclui métodos técnicos, habilidades, processos, técnicas, ferramentas e matérias-primas. Quando combinado com outro termo, como "tecnologia médica" ou "tecnologia espacial", refere-se ao estado do conhecimento e das ferramentas do respectivo campo. "Estado da arte" refere-se à alta tecnologia disponível para a humanidade em qualquer campo.
A tecnologia pode ser vista como uma atividade que forma ou muda a cultura. Além disso, a tecnologia é a aplicação da matemática, da ciência e das artes em benefício da vida como é conhecida. Um exemplo moderno é o surgimento da tecnologia de comunicação, que diminuiu as barreiras à interação humana e, como resultado, ajudou a gerar novas subculturas; o surgimento da cibercultura tem como base o desenvolvimento da Internet e do computador. Nem toda tecnologia aprimora a cultura de maneira criativa; a tecnologia também pode ajudar a facilitar a repressão política e a guerra por meio de ferramentas como armas. Como atividade cultural, a tecnologia antecede a ciência e a engenharia, cada uma das quais formaliza alguns aspectos do esforço tecnológico.
Ciência, engenharia e tecnologia.
A distinção entre ciência, engenharia e tecnologia nem sempre é clara. Ciência é um conhecimento sistemático do mundo físico ou material obtido através da observação e experimentação. As tecnologias geralmente não são exclusivamente produtos da ciência, porque precisam satisfazer requisitos como utilidade, usabilidade e segurança.
A engenharia é o processo orientado a objetivos de projetar e fabricar ferramentas e sistemas para explorar fenômenos naturais por meios humanos práticos, frequentemente (mas nem sempre) usando resultados e técnicas da ciência. O desenvolvimento da tecnologia pode recorrer a muitos campos do conhecimento, incluindo o conhecimento científico, de engenharia, matemático, linguístico e histórico, para alcançar algum resultado prático.
A tecnologia é frequentemente uma consequência da ciência e da engenharia, embora a tecnologia como atividade humana anteceda os dois campos. Por exemplo, a ciência pode estudar o fluxo de elétrons em condutores elétricos usando ferramentas e conhecimentos já existentes. Esse conhecimento recém-encontrado pode ser usado pelos engenheiros para criar novas ferramentas e máquinas, como semicondutores, computadores e outras formas de tecnologia avançada. Nesse sentido, cientistas e engenheiros podem ser considerados tecnólogos; os três campos são frequentemente considerados um para fins de pesquisa e referência.
As relações exatas entre ciência e tecnologia, em particular, foram debatidas por cientistas, historiadores e formuladores de políticas no final do século XX, em parte porque o debate pode informar o financiamento da ciência básica e aplicada. No surgimento imediato da Segunda Guerra Mundial, por exemplo, foi amplamente considerado nos Estados Unidos que a tecnologia era simplesmente "ciência aplicada" e que financiar a ciência básica era colher resultados tecnológicos no devido tempo. Uma articulação dessa filosofia pode ser encontrada explicitamente na dissertação de Vannevar Bush sobre a política científica do pós-guerra, "Science - The Endless Frontier": "Novos produtos, novas indústrias e mais empregos exigem acréscimos contínuos ao conhecimento das leis da natureza... Este novo conhecimento essencial pode ser obtido apenas por meio de pesquisa científica básica." No entanto, no final da década de 1960, essa visão ficou sob ataque, levando a iniciativas para financiar a ciência para tarefas específicas (iniciativas resistidas pela comunidade científica). A questão permanece controversa, embora a maioria dos analistas resista ao modelo de que a tecnologia é resultado de pesquisa científica.
História.
Paleolítico (2,5 Ma – 10 ka).
O uso de ferramentas pelos primeiros humanos foi em parte um processo de descoberta e evolução. Os primeiros seres humanos evoluíram a partir de uma espécie de hominídeo forrageiro que já era bípede, com uma massa cerebral de aproximadamente um terço dos humanos modernos. O uso de ferramentas permaneceu relativamente inalterado durante a maior parte da história inicial humana. Aproximadamente 50.000 anos atrás, surgiu o uso de ferramentas e um conjunto complexo de comportamentos, que muitos arqueólogos acreditam estarem conectados ao surgimento de uma linguagem totalmente moderna.
Ferramentas de pedra.
Os hominídeos começaram a usar ferramentas de pedra primitivas milhões de anos atrás. As ferramentas de pedra mais antigas eram pouco mais que uma rocha fraturada, mas há aproximadamente 75.000 anos, a descamação por pressão forneceu uma maneira de fazer um trabalho mais detalhado.
Fogo.
A descoberta e o uso do fogo, uma fonte simples de energia com muitos usos abrangentes e profundos, foi um ponto de virada na evolução tecnológica da humanidade. A data exata de sua descoberta não é conhecida; evidências de ossos de animais queimados no Berço da humanidade sugerem que a domesticação do fogo ocorreu antes de 1 Ma; o consenso acadêmico indica que o Homo erectus controlou o fogo entre 500 e 400 ka. O fogo, abastecido com madeira e carvão vegetal, permitiu que humanos precoces cozinhassem seus alimentos para aumentar sua digestibilidade, melhorando seu valor nutritivo e ampliando o número de alimentos que poderiam ser consumidos.
Roupas e abrigo.
Outros avanços tecnológicos feitos durante a era paleolítica foram roupas e abrigo; a adoção de ambas as tecnologias não pode ser datada exatamente, mas elas foram a chave do progresso da humanidade. À medida que a era paleolítica progredia, as habitações se tornavam mais sofisticadas e mais elaboradas; já em 380 ka, os seres humanos estavam construindo cabanas de madeira temporárias. As roupas, adaptadas dos pêlos e dos couros dos animais caçados, ajudaram a humanidade a se expandir para regiões mais frias; os seres humanos começaram a migrar para fora da África em 200 ka e para outros continentes, como a Eurásia.
Neolítico à antiguidade clássica (10 ka – 300 CE).
A ascensão tecnológica do ser humano começou propriamente no período conhecido como Neolítico ("Nova Era da Pedra"). A invenção de machados de pedra polidos foi um grande avanço que permitiu o desmatamento em larga escala para criar fazendas. Esse uso de machados de pedra polidos aumentou muito no Neolítico, mas foi originalmente usado anteriormente no Mesolítico em algumas áreas como a Irlanda. A agricultura alimentou populações maiores e a transição para a sedentarização permitiu simultaneamente criar mais filhos, já que os bebês não precisavam mais ser carregados, como os nômades. Além disso, as crianças poderiam contribuir com mão de obra para a criação de colheita mais rapidamente do que para a economia de caçadores-coletores.
Com esse aumento da população e disponibilidade de mão de obra, houve um aumento na especialização do trabalho. O que desencadeou a progressão das primeiras aldeias neolíticas para as primeiras cidades, como Uruque, e as primeiras civilizações, como a Suméria, não é conhecido especificamente; no entanto, acredita-se que o surgimento de estruturas sociais cada vez mais hierárquicas e de trabalho especializado, de comércio e guerra entre culturas adjacentes e a necessidade de ação coletiva para superar desafios ambientais, como a irrigação, tenham desempenhado um papel.
Ferramentas de metal.
As melhorias contínuas levaram ao forno e ao fole e forneceram, pela primeira vez, a capacidade de fundir e forjar ouro, cobre, prata e chumbometais nativos encontrados de forma relativamente pura na natureza. As vantagens das ferramentas de cobre sobre as ferramentas de pedra, osso e madeira foram rapidamente aparentes para os humanos primitivos, e o cobre nativo provavelmente foi usado quase no início dos tempos neolíticos (cerca de 10 ka). O cobre nativo não ocorre naturalmente em grandes quantidades, mas os minérios de cobre são bastante comuns e alguns deles produzem metal facilmente quando queimados em lenha ou carvão. Eventualmente, o trabalho de metais levou à descoberta de ligas como bronze e latão (cerca de 4000 a.C.). Os primeiros usos de ligas de ferro, como o aço, datam de 1800 a.C.
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1810 | Instituto de Tecnologia do Paraná | Instituto de Tecnologia do Paraná
Instituto de Tecnologia do Paraná (TECPAR) é uma empresa pública vinculada à Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Governo do Paraná, o Tecpar desenvolve atividades no âmbito da inovação tecnológica, sendo essa a sua principal vocação.
O Tecpar foi fundado em 1940 como Instituto de Biologia e Pesquisas Tecnológicas (IBPT), com o objetivo de realizar pesquisas para a produção agrícola e pecuária do Estado, tendo sido o primeiro centro de pesquisa científica e tecnológica do Paraná.
Participa também em iniciativas conjuntas com as instituições de ensino superior do Estado, presta serviços de extensão tecnológica às pequenas e médias empresas paranaenses e propicia interação de instituições da área da ciência, tecnologia e inovação, com a instalação de uma sede própria chamada Tecnocentro.
Um dos projetos da Tecpar, criado em 1989, é a Incubadora Tecnológica de Curitiba (INTEC), projetos este, com o intuito de criar e/ou desenvolver novas empresas e produtos na área de materiais e tecnologia.
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1811 | Totalitarismo | Totalitarismo
Totalitarismo é um sistema político ou uma forma de governo que proíbe partidos de oposição, que restringe a oposição individual ao Estado e às suas alegações e que exerce um elevado grau de controle na vida pública e privada dos cidadãos. É considerado a forma mais extrema e completa de autoritarismo. Nos Estados totalitários, o poder político é geralmente detido por autocratas que recorrem a extensas campanhas de propaganda difundidas por meios de comunicação de massa detidos pelo Estado.
Os regimes totalitários são muitas vezes caracterizados por extensa repressão política, ausência de democracia, culto de personalidade generalizado, controlo absoluto da economia, censura, vigilância em massa e uso recorrente de terrorismo de Estado. Entre outras características comuns de regimes totalitários estão o recurso a campos de concentração, polícia secreta repressiva, perseguição religiosa, prática disseminada de pena de morte, a possível posse de armas de destruição em massa, fraudes eleitorais ou inexistência de eleições, e em alguns casos assassínios em massa e genocídios perpetrados pelo Estado. O historiador Robert Conquest descreve um Estado totalitário como aquele que não reconhece limites à sua autoridade, qualquer que seja a esfera da vida pública ou privada, e que impõe essa autoridade por todos os meios ao seu dispor.
Os regimes totalitários diferem de outros regimes autoritários. Num regime autoritário o poder é monopolizado por uma única pessoa ou pequeno grupo de pessoas, como um ditador, comité ou junta militar. No entanto, um regime autoritário está apenas preocupado com a manutenção do poder político e, desde que não seja contestado, oferece à sociedade algum grau de liberdade e não tem como finalidade mudar o mundo nem a natureza humana. Pelo contrário, um regime totalitário tem como objetivo controlar praticamente todos os aspetos da vida em sociedade, incluindo a economia, educação, arte, ciência, vida privada e valores morais dos cidadãos. Alguns governos totalitários promovem ideologias oficiais com o objetivo de controlar por completo o pensamento e ações dos cidadãos. Um Estado totalitário é também aquele que ambiciona movimentar toda a população para concretizar os seus objetivos. Carl Joachim Friedrich afirmou que as três características que diferenciam os regimes totalitários de outras autocracias são uma ideologia totalitária, um partido único apoiado por uma polícia secreta e o controlo monopolista de uma sociedade de massas industrial.
O conceito de Estado totalitário começou a ser formulado na década de 1920 pelo jurista de Weimar (e mais tarde académico Nazi) Carl Schmitt e, ao mesmo tempo, pelos fascistas italianos. Benito Mussolini afirmou "Tudo no Estado, nada fora do Estado, nada contra o Estado". Schmitt usou o termo "Totalstaat" no seu livro "O Conceito do Político", publicado em 1927 e que viria a exercer influência como base legal para um Estado todo-poderoso. O termo foi adquirindo proeminência no discurso político ocidental durante a Guerra Fria, como forma de tentar converter o antifascismo do pré-guerra em anticomunismo no pós-guerra.
Etimologia.
A ideia de "totalitarismo" como poder político “total” através do Estado foi formulada em 1923 por Giovanni Amendola que criticou o fascismo italiano como um sistema fundamentalmente diferente das ditaduras convencionais. O termo depois ganhou conotações positivas nos escritos de Giovanni Gentile, o principal teórico do fascismo. Ele usou o termo "totalitário" para se referir à estrutura e metas do novo Estado. O novo Estado deveria dispor sobre a "representação total da nação e a orientação total das metas nacionais". Ele descreveu o totalitarismo como uma sociedade em que a ideologia do Estado teria influência, se não poder, sobre a maioria de seus cidadãos. Segundo Benito Mussolini, este sistema politiza tudo que é espiritual e humano. O conceito de totalitarismo surgiu nos anos 1920 e 1930. A visão de que ele foi elaborado somente depois de 1945 é frequente e equivocadamente visto como parte da propaganda antissoviética durante a guerra fria.
Génese e contexto histórico.
Foi ainda no decorrer da Primeira Guerra Mundial que começou a nascer o totalitarismo, fenómeno político que marcou o século XX. Com a necessidade de direcionar a produção industrial para as necessidades geradas pela guerra, os governos das frágeis democracias liberais europeias tiveram de se fortalecer, acumulando poderes e funções de Estado, em detrimento do poder parlamentar, para agilizar as decisões importantes em tempos de guerra. Quando voltasse a paz, dizia-se, esses poderes voltariam à distribuição democrática usual. Mas não foi isso que aconteceu.
O Estado com poder executivo forte e legislativo debilitado que se constituiu durante a Primeira Guerra acabou sendo a semente do modelo de Estado autoritário que surgiria na década seguinte. Das várias monarquias parlamentares europeias no início do século XX (Reino Unido, Itália, Espanha, Holanda, Bélgica, Dinamarca, Suécia, Noruega, Sérvia, Bulgária, Roménia, Grécia, Áustria-Hungria, Portugal e outras), só a britânica terminou o século sem ter passado por uma ditadura de inspiração fascista.
A propaganda no totalitarismo.
Elemento de destaque constituiu a propaganda entre os movimentos totalitários do século XX. Aspirando ao domínio total da população em regimes pautados por teorias conspiratórias e uma realidade fictícia criada em meio a um desprezo pela realidade dos fatos, a propaganda totalitária foi essencial para, num primeiro momento, a conquista das massas e arregimentar em torno de si uma enorme quantidade de simpatizantes, e, principalmente, para mantê-las sob controle posteriormente. Já empossados da máquina governamental, a violência de Estado, ainda restrita na ascensão dos movimentos ao poder, assume sua forma mais acabada, e, com isso, constitui-se no melhor instrumento de persuasão destes regimes: dão realidade às afirmações fictícias do regime. Como exemplo, Josef Stalin, ao divulgar que acabara com o desemprego na União Soviética, uma inverdade de fato, extinguiu os programas de benefícios para desempregados; ao afirmarem, os nazistas, que poloneses não tinham intelecto, começaram o extermínio de intelectuais poloneses.
Desta forma, o uso da propaganda nos regimes totalitários é tido como parte da violência, e vice-versa, sendo ambas complementares. E a primeira só vai substituir a segunda na medida em que a dominação vá se efetuando completamente. A propaganda, inicialmente, é destinada aos elementos externos ao movimento, àqueles que ainda não se domina, como estrangeiros, já o terror é perpetrado entre aqueles já dominados e que não mais oferecem resistência ao regime, alcançando sua perfeição nos campos de concentração e extermínio onde a propaganda é totalmente substituída pela violência. Assim, o terror torna-se uma fonte de convencimento, semelhante à propaganda.
Também são apontadas semelhanças entre a propaganda totalitária e a propaganda comercial de massa (publicidade) que se desenvolvia nos Estados Unidos naquele início de século utilizando argumentos cientificistas para suas afirmações justificando a supremacia de suas próprias razões . A sociedade massificada em que dominavam os regimes totalitários mais paradigmáticos lidavam com um indivíduo atomizado que, para o espanto do mundo não totalitário, perdia até mesmo seu instinto de auto-conservação.
Características do totalitarismo tradicional.
São características dos regimes totalitários paradigmáticos de ambos os extremos do espectro ideológico:
Sob o título de totalitarismos, as diferenças ideológicas entre regimes como o nazismo de Adolf Hitler e o fascismo de Benito Mussolini, o comunismo de Josef Stalin e o de Mao Zedong, ficam enevoadas. As diferenças que guardam são muitas e dizem respeito aos seus fins; o totalitarismo de esquerda (stalinismo, maoismo e variações) representa o controle do poder político por um representante imposto dos trabalhadores, mas pressupõe uma revolução de fato no regime de propriedades, coletivizando os bens de produção e as terras, embora o objetivo final da teoria marxista pressuponha a abolição do próprio Estado. As semelhanças entre os regimes de Stalin ou Mao com os de Hitler ou Mussolini limitam-se aos métodos — por isso não se pode de forma alguma confundir os dois modelos: respectivamente, um coletiviza a propriedade, o outro a mantém para a classe burguesa. Por outro lado, as semelhanças que estes extremos reúnem entre si são justamente os aspectos definidores do regime totalitário ("ver: Comparação entre nazismo e stalinismo").
Para determinados críticos, a aspiração destes regimes é de um domínio absoluto daqueles sob seu jugo, e, nas suas últimas consequências, ao domínio universal, sem a restrição imposta pela noção de Estado-nação (embora nem a União Soviética stalinista nem a Alemanha Nazista, os dois principais exemplos de totalitarismo na história, tenham declarado este propósito). A máquina governamental, na visão de alguns autores, aparece como mero instrumento para fins desse domínio total e universal aspirados por movimentos totalitários.
Para alguns, a operosidade dos seus regimes frente a suas populações parecem convergir no que diz respeito aos métodos e táticas empregados na própria manutenção, apesar das "confissões" do aparelho governamental de Mao sobre as contradições não antagônicas entre o Estado e o povo chinês. Sem apelar para discursos ideológicos, todos esses regimes visavam a eliminação daqueles elementos que consideravam contrários a seus objetivos.
Nazifascismo.
O nazismo era, desde seu início, antiliberal tendo derrubado antigas estruturas institucionais imperiais bem como antigas elites consolidadas, se diferenciava do fascismo principalmente por pregar a superioridade da raça ariana, liderado por Adolf Hitler.
Já o fascismo italiano foi mais proveitoso ao capital na medida em que extinguia sindicatos e obstáculos à administração patronal do trabalho. Ali sim, o movimento foi no interesse de velhas classes dominantes em reação às agitações esquerdistas revolucionárias que se avolumavam. O fascismo, liderado por Mussolini, foi um regime antidemocrático no qual o poder ficava nas mãos de um chefe de Estado, havia grande incentivo à educação e preparação de indivíduos para a guerra. Os fascistas se apresentavam como solução para a crise econômica e greves italianas. Através de violência e mortes eles sufocaram os movimentos grevistas e Mussolini conquistou oficialmente o poder.
Stalinismo.
Características do stalinismo:
O totalitarismo ou procedimentos totalitários na democracia.
Noam Chomsky.
Em texto dedicado a Noam Chomsky, Jean Ziegler escreve: “Existem três totalitarismos: o totalitarismo stalinista, o totalitarismo nazista, e, agora, o "tina" (palavra formada com as iniciais da expressão inglesa "there is no alternative" ("não há alternativa"), utilizada por Margaret Thatcher para proclamar o caráter inelutável do capitalismo neoliberal.
A "tina", em sua concepção de integração global, trabalharia para a integração econômica planetária, mas somente em prol dos interesses das altas classes financeiras, dos bancos e dos fundos de pensão, potências que controlariam também as mídias. Assim, aqueles que se opõem a essa política são chamados de "anti-globalização", sendo sua crítica colocada à margem da mídia.
Considerando que a finalidade da democracia é que as pessoas possam decidir suas próprias vidas e fazer as escolhas políticas que lhes concernem, e que ela se sustenta na liberdade de expressão, mesmo os Estados Unidos, país símbolo da democracia, estariam sujeitos em dados momentos a um grau maior ou menor de totalitarismo, sustentado pela propaganda e pela pressão econômica sobre a livre expressão do pensamento. Considera ainda o pensador americano que a liberdade de expressão somente começou a ser exercida de forma mais plena nos Estados Unidos na década de 1960.
Considera, apesar disso, que uma "construção intelectual ... não pode ser comparada aos campos de concentração ou ao gulag", sendo, portanto, este tipo de opressão pela massificação, mais branda do que as formas de Estado totalitário stalinistas e nazi-fascistas.
Prossegue o pensador dizendo que, a partir da década de 1920, em países como Estados Unidos e Grã-Bretanha "o desejo de liberdade não podia mais ser contido somente pela violência estatal", tendo, por isto, a propaganda ideológica assumido o seu lugar, tendo produzido uma espécie de “fábrica do consentimento”, produzindo a aceitação e a submissão, como o mesmo objetivo totalitário de "controlar as ideias, os pensamentos, os espíritos".
Se a propaganda é o método de controle ideológico mais eficaz e, portanto, o mais usado pelos modernos governos liberais, por outro lado, não devemos nos esquecer que, eventualmente, em situações consideradas extremas, lançou-se mão de outros daqueles mecanismos que Louis Althusser chamou de Aparelhos Ideológicos do Estado, tal como a interpretação das leis, ou dos chamados Aparelhos repressivos do Estado, tal como a própria polícia, para controlar os protestos dos manifestantes da chamada Anti-globalização.
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1812 | Tranca | Tranca
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1814 | Titãs (banda) | Titãs (banda)
Titãs é uma banda de rock formada na cidade de São Paulo, Brasil em 1982. Embora originalmente tocassem pop-rock alternativo em seus primórdios, o grupo também já utilizou diversos outros gêneros ao longo dos mais de 40 anos de carreira, como new wave, punk rock, grunge, MPB e música eletrônica.
É uma das bandas de rock mais bem sucedidas no Brasil, tendo vendido mais de 6,3 milhões de álbuns e fazendo parcerias com vários artistas brasileiros de renome e diversos cantores internacionais. Eles receberam um Grammy Latino em 2009 e ganharam o Troféu Imprensa de Melhor Banda por quatro vezes.
A formação inicial contava com um número de integrantes bastante incomum. Eram nove membros, sendo que seis eram vocalistas. Arnaldo Antunes, Branco Mello e Ciro Pessoa cantavam e faziam vocais de apoio. Sérgio Britto, Nando Reis e Paulo Miklos, além de cantarem, se revezavam entre os teclados e o baixo. O restante do grupo era formado por André Jung, na bateria, Marcelo Fromer na guitarra rítmica e Tony Belloto na guitarra solo. Ciro Pessoa rapidamente deixou o grupo, antes mesmo do lançamento do primeiro álbum da banda, em 1984. André Jung era o baterista inicial, mas foi substituído por Charles Gavin no início de 1985, estabelecendo a formação clássica da banda.
Desde então, a banda perdeu outros cinco membros que nunca foram substituídos oficialmente: em 1992, Antunes deixou o grupo para seguir carreira solo. Em 2001, Fromer morreu após ser atropelado por uma motocicleta em São Paulo. No ano seguinte, Nando Reis também deixou a banda para se concentrar em seus projetos solo. As mudanças mais recentes foram as saídas de Charles Gavin, em 2010, e Paulo Miklos, em 2016, ambas por motivos pessoais. Após a morte de Marcelo e a saída de Nando, o grupo passou a se apresentar com alguns guitarristas e baixistas eventuais (Emerson Villani, André Fonseca e Lee Marcucci). A partir do lançamento do álbum "Sacos Plásticos" (2009), Branco Mello e Sérgio Britto tornaram-se baixistas definitivos (com Britto tocando apenas quando Mello canta) e Miklos como guitarrista até sua saída do grupo. Em 2010, a banda voltou a usar músicos de apoio, com a entrada do baterista Mario Fabre no lugar de Charles Gavin; algo que se repetiria em 2016, após a saída de Paulo Miklos, com a entrada do guitarrista Beto Lee.
História.
Formação e primeiros trabalhos.
Quase todos os integrantes da banda se conheceram no Colégio Equipe, em São Paulo, no final da década de 1970. As exceções eram o guitarrista Tony Bellotto e o baterista Charles Gavin. Após acompanharem apresentações de Novos Baianos, Alceu Valença e Gilberto Gil no pátio da instituição, e também por influência da Blitz, iniciaram uma banda e gravaram uma fita com cantadas para meninas - àquela altura, o grupo era grande e incluía nomes como Nuno Ramos, que mais tarde viraria artista plástico. A partir de uma apresentação na Biblioteca Mário de Andrade no ano de 1982, na qual Nando Reis atuou como baterista, passaram a fazer shows em várias casas noturnas da cidade, com o nome Titãs do Iê-Iê.
A origem do nome remete aos primeiros ensaios da banda, realizados na biblioteca da casa dos pais de Tony, onde havia livros como "Titãs da Ciência", "Titãs do Esporte", "Titãs da Literatura", entre outros, e isso os inspirou a criar o nome Titãs do Iê Iê.
O ex-vocalista, tecladista, saxofonista e guitarrista Paulo Miklos descreve o início da banda da seguinte forma:
Antes do surgimento dos "Titãs do iê-iê", os integrantes da banda já tocavam em vários grupos. Arnaldo Antunes e Paulo Miklos eram parte da banda Performática; Nando Reis era percussionista e "crooner" da banda Sossega Leão; Branco Mello, Marcelo Fromer e Tony Bellotto formavam o Trio Mamão e as Mamonetes, que chegou a se apresentar no programa de televisão da Tv Tupi, de estilo competição musical Olimpop, em que a atriz Deborah Seabra, após a apresentação dos 3 garotos, disse que eles precisavam evoluir e que tinham que estudar, e Wilson Simonal disse que tinham um gosto mais moderno e que gostou do conjunto. Sérgio Britto e Marcelo Fromer também chegaram a se apresentar como calouros no programa do Chacrinha, sendo "gongados" cantando a música "Eu Também Quero Beijar", sucesso de Pepeu Gomes.
Os primeiros shows dos ainda Titãs do Iê-Iê ocorreu nos dias 15 e 16 de outubro de 1982, no Sesc Pompeia, descrito pelo hoje baixista e vocalista da banda Branco Mello como uma "sessão maldita", pois teria começado muito tarde, após a meia-noite. No início, o visual da banda incluída maquiagens e ternos coloridos e gravatas de bolinhas. Além disso, a primeira formação contava com nove integrantes, sendo eles Arnaldo Antunes, Branco Mello, Marcelo Fromer, Nando Reis, Paulo Miklos, Sérgio Britto, Tony Bellotto, Ciro Pessoa e André Jung, dos quais seis eram vocalistas. Arnaldo, Branco e Ciro eram apenas vocalistas, Paulo Miklos cantava e se dividia entre o baixo (com Nando Reis) e o teclado (com Sérgio Britto), Sérgio Britto cantava e tocava teclado, Nando Reis tocava baixo e cantava, Tony e Marcelo tocavam guitarra e violão respectivamente e André Jung tocava bateria.
O primeiro álbum.
Em 1984, Ciro deixa a banda por não querer trocar os palcos discretos da noite de São Paulo pelos programas televisivos de grande popularidade. Logo depois, a banda assinou com a gravadora WEA e gravou seu primeiro disco, agora com o nome oficial de Titãs, retirando o "iê-iê", que causava problemas na fala de apresentadores de rádio e casas de show, pois sempre era confundido com Iê-Iê-Iê, vertente da qual se originou a Jovem Guarda.
Nesse disco homônimo estão sucessos da banda como "Sonífera Ilha", que rendeu à banda diversas apresentações em programas do Raul Gil e Chacrinha. Nesse mesmo disco, os Titãs colocaram nas rádios a música "Toda Cor".
Após o lançamento deste disco, Nando chegou a deixar os Titãs por duas semanas em favor do Sossega Leão, que na época rendia mais financeiramente, mas acabou mudando de ideia e foi aceito de volta.
Sai André Jung, entra Charles Gavin.
Após um show no Rio de Janeiro, no final de 1984, os Titãs decidiram substituir o baterista André Jung por Charles Gavin. Há tempos a banda não estava satisfeita com a forma com que André tocava e, conforme a insatisfação com ele aumentava, crescia também a admiração por Charles Gavin, baterista que estava naquele momento ensaiando com o RPM, e que também já tinha feito parte dos grupos Cabine C e Ira!. A notícia de que seria substituído na banda não agradou André, pois ele pretendia passar o ano novo com sua namorada no Rio de Janeiro e celebrar o sucesso da canção "Sonífera Ilha". Com a decisão da banda, André voltou para São Paulo e dois dias depois entrou para o Ira!.
Segunda metade dos anos 1980 e chegada ao estrelato.
Os Titãs gravaram seu segundo disco em 1985, "Televisão", produzido por Lulu Santos. O disco serviu para colocar a faixa-título nas rádios, além das canções "Insensível", "O Homem Cinza", "Massacre" e "Dona Nenê". Nesse mesmo ano o grupo participa de "Areias Escaldantes (1985)", cantando e atuando, mas o filme não foi liberado para exibição nacional. O disco, bem como seu antecessor, vendeu abaixo da expectativa.
Em novembro de 1985, Tony Bellotto e Arnaldo Antunes foram presos (o primeiro por porte e o segundo por porte e tráfico de heroína). Bellotto foi libertado sob fiança. Arnaldo Antunes, por sua vez, permaneceu atrás das grades por mais tempo, sendo libertado após um mês. A prisão dos dois membros seria o auge daquilo que o grupo considera sua primeira crise, iniciada pelas vendas ruins dos dois primeiros discos.
Após esses acontecimentos, os Titãs entraram novamente em estúdio, cuja principal mudança veio na parte da produção do disco, que ficou a cargo de Liminha. Liminha foi o primeiro produtor que sugeriu mudanças em algumas faixas, coisa que até aquele momento a banda não aceitava. Em junho de 1986 é lançado o terceiro álbum da banda, "Cabeça Dinossauro". Ele abriu várias portas para os Titãs, como o aumento do número de shows e do cachê.
Isso estimulou a banda a entrar em estúdio para gravar seu quarto disco, "Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas". O produtor Liminha chegou a ser considerado o "9º titã", devido às participações em shows do grupo paulista. Após algumas apresentações internacionais, a banda gravou ao vivo uma seleção de músicas antigas e lançou o álbum "Go Back", em 1988, e o quinto álbum de estúdio, "Õ Blésq Blom", em 1989. Ainda em 1988, participaram da música "Tempo" (escrita por Arnaldo e Paulo) no disco "Sandra de Sá", da cantora homônima.
Anos 1990: saída de Arnaldo Antunes, projetos paralelos e sucesso de vendas.
Lançado em 1991, "Tudo ao Mesmo Tempo Agora" foi o último álbum com o vocalista Arnaldo Antunes. Insatisfeito com os rumos musicais da banda, que à altura deixava a brasilidade de lado em favor de um som mais pesado e cru, o cantor deixou o então octeto em 15 de dezembro de 1992 e passou a se dedicar a uma carreira solo, mas continuaria a colaborar com sua ex-banda coescrevendo canções.
Durante a turnê do disco, no dia 25 de novembro de 1991, a banda realizou uma apresentação ao vivo na Rádio Cidade transmitida para 22 emissoras da Rede Cidade, alcançando um público total estimado em 10 milhões de pessoas.
"Titanomaquia" de 1993, trouxe a produção de Jack Endino, produtor de bandas como o Nirvana, Soundgarden e "Skunkworks", o terceiro álbum solo de Bruce Dickinson, vocalista do Iron Maiden.
Em 1994, a banda entra em férias, mas os integrantes investem em projetos solo. Paulo e Nando lançam seus primeiros discos solo (respectivamente, "Paulo Miklos" e "12 de Janeiro"); Branco e Sérgio formam o Kleiderman; e Tony lança seu primeiro livro, "Bellini e a Esfinge". De volta ao aos trabalhos, lançam "Domingo" em 1995. Em 1997, para comemorar os 15 anos de carreira, a banda aceitou participar do projeto Acústico MTV. O CD e vídeo, gravados no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, chegou ao número de 1,7 milhão de cópias, mostrando um lado desconhecido do grupo: os sete integrantes tocando instrumentos desplugados. Entre os vários instrumentistas convidados estavam o produtor Liminha e o percussionista Marcos Suzano, além de um quarteto de cordas, harpa e um naipe de metais e sopros. Como vocalistas convidados, o álbum trazia o cantor argentino Fito Paez e o reggaeman Jimmy Cliff, além das cantoras Marisa Monte, Marina Lima, Rita Lee e o ex-titã Arnaldo Antunes, que participou na canção "O Pulso".
Aproveitando-se do sucesso do disco anterior, a banda lançou em 1998 "Volume Dois", uma espécie de continuação do "Acústico", com releituras de outros sucessos e faixas inéditas. Chegou a 1 milhão de cópias vendidas.
Em 1999, veio o disco "As Dez Mais", o primeiro trabalho inteiramente não autoral. Com dez faixas, sendo regravações de cantores como Tim Maia, Roberto Carlos e Raul Seixas, e bandas como Legião Urbana e Ultraje a Rigor. "As Dez Mais" também teve sucesso de vendas, com 400 mil cópias,
Anos 2000: Morte de Marcelo Fromer e saída de Nando Reis.
Em 2001, os Titãs assinaram com a Abril Music e estavam prestes a iniciar a gravação de mais um trabalho. Porém, no dia 11 de junho de 2001, aos 39 anos de idade, o guitarrista Marcelo Fromer foi atropelado por uma moto em São Paulo e morreu dois dias depois. Pensou-se na época que a morte de Fromer seria o fim da banda. Porém, eles decidiram seguir em frente.
Com o início das gravações de "A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana", houve dúvidas sobre a gravação: Tony Bellotto, guitarrista solo, pensou em gravar todas as guitarras do disco, porém mudou de ideia. Chegou-se a propor que Paulo Miklos e Branco Mello se revezassem no instrumento, porém a decisão final foi convidar o músico Emerson Villani, que já tinha tocado com a banda durante alguns shows e turnês, inclusive substituindo Marcelo no ano de 1998, quando ele foi convidado para comentar a Copa do Mundo FIFA de 1998 pelo canal SporTV. O repertório permaneceu inalterado: as 16 faixas já haviam sido escolhidas antes da morte de Fromer. Seus singles foram as canções "A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana", "O Mundo é Bão, Sebastião!", "Epitáfio" e "Isso".
Em 9 de setembro de 2002, o baixista e vocalista Nando Reis anunciou que estava deixando os Titãs. A saída foi primeiramente informada pela Abril Music, que deu como razão para a saída "motivos pessoais", e depois uma versão mais detalhada foi divulgada pela assessoria de imprensa do músico. Nela, o músico afirma que as mortes de Cássia Eller e Marcelo Fromer o abalaram muito, mas diz que sua saída se deveu unicamente a uma "incompatibilidade de pensamentos":
Em 2012, o músico declararia que, na época, não se via em condições de entrar em estúdio devido às mortes e devido ao cansaço pelas turnês, mas que a banda queria gravar um novo disco assim mesmo e, por isso, ele acabou demitido.
Carreira como quinteto.
Em 2003, os Titãs lançaram o disco "Como estão vocês?", que trazia os singles "Eu Não Sou um Bom Lugar", "Enquanto Houver Sol", "Provas de Amor" e "Vou Duvidar".
Em 2005, é lançado o "MTV Ao Vivo", com algumas músicas dos 25 anos de história da banda e com as inéditas "Vossa Excelência" (composta em meio ao Escândalo do Mensalão), "Anjo Exterminador" e "O Inferno São os Outros".
Em 18 de fevereiro de 2006, ao lado do coletivo Afroreggae, a banda abriu o histórico show dos Rolling Stones, realizado na Praia de Copacabana, Rio de Janeiro. O concerto ficou marcado por ter uma plateia de aproximadamente 1,5 milhões de pessoas, sendo o maior público de todos os tempos em um show de rock.
Em 2007, os Titãs completam 25 anos de carreira, comemorados com uma série de shows junto com Os Paralamas do Sucesso, que também completam 25 anos de carreira. A série de shows, que se estendeu pelo ano de 2008, culminou em um espetáculo realizado na Marina da Glória, Rio de Janeiro, em janeiro de 2008, e lançado em CD e DVD intitulado "Paralamas e Titãs Juntos e Ao Vivo".
Em 2009, Branco Mello confirma no site oficial dos Titãs a estreia, em fevereiro, do filme "Titãs - A Vida Até Parece Uma Festa", exibido no circuito de São Paulo e dirigido por Branco Mello e Oscar Rodrigues Alves
Após seis anos sem lançar um disco de estúdio (o mais longo período da carreira da banda), na primeira quinzena de junho de 2009 foi lançado "Sacos Plásticos", produzido por Rick Bonadio e lançado por sua gravadora, a Arsenal Music (com distribuição da Universal Music). O disco marca a entrada da banda em um novo selo, depois de seis anos pela Sony BMG. Bonadio ficou conhecido por produzir bandas de sucesso nas décadas de 1990 e 2000, como Mamonas Assassinas, Charlie Brown Jr., Los Hermanos, Tihuana, CPM 22, Hateen, NX Zero, Fresno e Strike. Além disto, também foi produtor do Ira! nos álbuns "Acústico MTV" e "Invisível DJ".
Os dois primeiros singles do disco são "Antes de Você" e "Porque Eu Sei que É Amor", ambos na voz de Paulo Miklos. As canções foram incluídas nas trilhas sonoras de duas telenovelas da Rede Globo: "Caras & Bocas" (19h) e "Cama de Gato" (18h), respectivamente. A trama das 18h ainda tem como tema de abertura "Pelo Avesso", do disco "Como Estão Vocês?" (2003), na voz de Sérgio Britto.
A banda dispensou seus músicos de apoio, tornando-se apenas um quinteto. Branco Mello, vocalista, assume o baixo em definitivo (em outras turnês, Branco tocava apenas em algumas músicas). Sérgio Britto, tecladista e vocalista, também se divide entre o teclado e o baixo. O também vocalista Paulo Miklos, por sua vez, assume a guitarra rítmica. Tony Bellotto e Charles Gavin continuam como, respectivamente, guitarrista solo e baterista.
Saída de Charles Gavin e turnê Sacos Plásticos.
No dia 12 de fevereiro de 2010, os Titãs anunciaram em seu site oficial que o baterista Charles Gavin estaria deixando a banda por motivos pessoais. Os outros quatro músicos continuaram com seus compromissos relacionados à turnê do álbum "Sacos Plásticos", e o baterista contratado para acompanhar a banda é Mario Fabre. Segundo o guitarrista Tony Bellotto, Charles Gavin saiu da banda porque "É difícil envelhecer num grupo de rock". Perguntado sobre o status de Mario na banda, Tony ironicamente explicou: "Ele é o baterista oficial! É o batera dos Titãs! Mas ele não é um dos Titãs, porque nossa história começou há muito tempo, na mitologia grega..."
Dias após esse comunicado, Charles disse em entrevista, que sua saída já estava acertada desde a pré-produção do álbum "Sacos Plásticos" e durante a turnê com Os Paralamas do Sucesso. Alguns dos problemas de Charles foram sintomas de pânico e depressão, além do grande desgaste de 25 anos de turnês. Gavin pensou em se licenciar durante a Turnê Sacos Plásticos (2009-2010), mas disse que não dava para ficar longe dos Titãs com tantos compromissos.
Rock In Rio IV, Futuras Instalações, 30 Anos de Carreira.
No dia 23 de setembro de 2011, a banda participou do show de abertura da quarta edição do Rock in Rio, no palco principal, ao lado dos Paralamas do Sucesso. O show contou com a abertura de Milton Nascimento, ao lado de Tony Bellotto e da Orquestra Sinfônica Brasileira, tocando "Love of My Life", da banda Queen. O show também contou com a participação de Maria Gadú. No dia 2 de outubro do mesmo ano, a banda se apresentou no Palco Sunset do festival ao lado da banda portuguesa Xutos & Pontapés, que gerou um CD/DVD lançado no ano seguinte.
Logo após essas apresentações, é encerrada a "Sacos Plásticos Tour", que durou dois anos e deu lugar ao novo show "Futuras Instalações". A nova turnê seria um teste para novas canções que estariam no próximo álbum da banda, então previsto para 2012/2013, além da banda tocar alguns clássicos.
Em 2012, a banda realizou a turnê Cabeça Dinossauro, na qual executou na íntegra o disco lançado em 1986 - a turnê culminou no lançamento do disco "Cabeça Dinossauro ao Vivo 2012", que registra uma apresentação realizada no Circo Voador, Rio de Janeiro em junho daquele ano. A banda também relançou os álbuns gravados entre 1984 e 1999 via iTunes e fez dois shows comemorativos de 30 anos de carreira, com a presença dos ex-integrantes Arnaldo Antunes, Nando Reis e Charles Gavin. O show foi confirmado por Paulo Miklos antes de uma apresentação em Manaus. Em São Paulo, cidade natal da banda, o show de celebração dos 30 anos ocorreu no Espaço das Américas, na Barra Funda, na noite de 6 de outubro de 2012. Os sete membros se reuniram na casa de Nando, no décimo aniversário da morte de Marcelo, que havia sido a última ocasião em que eles haviam se reunido.
Titãs Inédito e "Nheengatu".
Em 2013 e 2014, a banda tocou algumas músicas novas na turnê "Titãs Inédito". Eles começaram a trabalhar um novo disco entre abril e maio de 2014. Miklos disse que o álbum seria "pesado, sujo e malvado". Posteriormente, Britto confirmou que o disco seria lançado no início de maio e que a banda já estava gravando músicas em estúdio, mas o nome do novo trabalho ainda não estava decidido. Em meados de março, a rádio Globo FM informou que o álbum seria lançado em abril pela Som Livre e conteria 14 faixas. Em 16 de abril, a banda anunciou em sua página no Facebook que o álbum estava pronto e que seria lançado em maio.
Em 28 de abril de 2014, a banda divulgou os detalhes do novo trabalho: "Nheengatu", lançado em 12 de maio do mesmo ano e sucedido por uma turnê que gerou o CD e DVD "Nheengatu ao Vivo", lançado em 2015.
Em fevereiro de 2016, a banda novamente foi o grupo de abertura dos Rolling Stones no Brasil por uma segunda e terceira vez, no Estádio do Morumbi, em São Paulo, em duas noites diferentes.
Saída de Paulo Miklos, nova formação e ópera rock.
Em 11 de julho de 2016 o vocalista e guitarrista Paulo Miklos anuncia seu desligamento da banda. Segundo nota oficial publicada nos perfis da banda e do músico no Facebook, Paulo agradece os anos de convivência e diz que a partir de então se dedicará à música de uma forma geral, compondo e cantando, assim como à carreira de ator. Para substituí-lo, os Titãs integram à banda o guitarrista de apoio Beto Lee, filho da cantora Rita Lee, para o prosseguimento da turnê "Nheengatu".
A primeira gravação da banda com Beto é uma versão de "Pro Dia Nascer Feliz", do Barão Vermelho, para a trilha sonora da de "Malhação", série da Rede Globo. Com a entrada de Beto, a banda passou a integrar em seu repertório ao vivo canções que não tocavam há tempos, como "Será Que É Disso Que Eu Necessito?" e "Nem Sempre se Pode Ser Deus". Passaram também a ter algumas músicas cantadas por Tony.
Ainda em 2016, o grupo revelou estar preparando um disco para 2017. Segundo Tony, o novo álbum será uma "ópera rock", e a banda pretende entrar em estúdio até meados de 2017 para que o disco saia no segundo semestre do ano. Tendo como referência os álbuns "Quadrophenia", do The Who, e "American Idiot", do Green Day, o álbum, com mais de 30 canções, terá sua história escrita com a ajuda de Hugo Possolo e de Marcelo Rubens Paiva. Em abril de 2017, boa parte das faixas já estava pronta, segundo Branco.
Também em abril, a banda iniciou uma turnê intitulada "Uma Noite no Teatro" num show que marcou também a inauguração do teatro Opus, do Shopping Villa-Lobos, em São Paulo. A turnê contém três faixas inéditas: "Me Estuprem", sobre assédio sexual e estupro; "Doze Flores Amarelas"; e "A Festa". Na época, foi informado que nenhuma delas constaria no próximo álbum do grupo. Contudo, em 23 de setembro de 2017, a banda tocou as três novamente durante sua apresentação no festival Rock in Rio, e dessa vez disse que todas fariam parte do projeto. Em dezembro de 2017, anunciaram que haviam começado a gravar o álbum e que ele seria lançado pela Universal Music. Em 31 de janeiro, anunciaram que a ópera rock seria lançada no começo de 2018 e que seu título seria "Doze Flores Amarelas".
Em maio de 2018, Branco Mello foi diagnosticado com um tumor na laringe, que o deixou afastado da banda por três meses. No período em que esteve afastado, foi substituído por Lee Marcucci, que atuou como músico contratado pela banda entre 2002 e 2009.
"Titãs Trio Acústico" e retorno à BMG.
A partir de 2019, realizaram uma série de shows acústicos para comemorar os 20 anos do "Acústico MTV", que não puderam ser celebrados em 2017 por conta da preparação para "Doze Flores Amarelas". A turnê recebeu o nome "Trio Acústico" e foi conciliada com a divulgação do "Doze Flores Amarelas" e a turnê "Enquanto Houver Sol", esta última em formato elétrico e misturando canções de várias épocas do grupo.
Já em 2020, o grupo anunciou que registrou o projeto em estúdio e o resultado seria dividido em três EPs, que receberam o nome "Titãs Trio Acústico". Uma regravação da faixa "Sonífera Ilha" foi lançada como single e clipe no dia 20 daquele mês, quando foi também anunciado que os três EPs sairiam a partir de abril pela BMG, gravadora à qual retornaram no final de 2019.
Em outubro de 2020, os integrantes restantes participaram de uma regravação de "Comida" (do "Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas") lançada pela cantora Elza Soares. A versão havia sido originalmente planejada para o disco que ela lançara em 2019, "Planeta Fome", mas ela acabou optando por usar a canção num outro momento, e decidiu lançá-la no aniversário de um ano do disco, e também para marcar a indicação do mesmo ao Grammy Latino.
Reunião da formação clássica.
Em uma entrevista realizada em janeiro de 2022, Nando Reis revelou que, a princípio, rejeitou participar da turnê de 40 anos que a banda prepara, devido ao fato de ele ter "uma ideia" e eles "outra".
Em junho de 2022, o guitarrista Tony Bellotto deu uma entrevista ao progragrama "Timeline" da Radio Gaúcha, confirmando a existência de conversas para que fosse realizada uma turnê reunindo os integrantes da formação clássica dos Titãs em comemoração ao 40º aniversário da banda.
Em novembro de 2022, o grupo anunciou uma turnê em comemoração aos 40 anos de carreira, com shows previstos em dezesseis capitais brasileiras, em Ribeirão Preto e Lisboa. A formação conta com o trio ativo, composto por Branco Mello, Sérgio Britto e Tony Bellotto, além dos retornos temporários de Nando Reis, Arnaldo Antunes, Paulo Miklos e Charles Gavin. Titãs Encontro - Todos ao Mesmo Tempo Agora é uma homenagem ao álbum "Tudo ao Mesmo Tempo Agora", lançado em 1991, que foi o último a contar com a formação reunida na turnê de 2023 (com a exceção de Marcelo Fromer). A banda também foi acompanhada de Alice Fromer, filha de Marcelo, homenageando o pai cantando "Toda Cor" e "Não Vou Me Adaptar", bem como "Ovelha Negra" nos shows após a morte de Rita Lee.
Turnês.
A banda faz shows desde 1983, porém, apenas no auge, quando foi lançado o álbum "Cabeça Dinossauro", a banda começou a fazer shows a nível nacional, em todas as regiões do Brasil. A turnê do álbum "", foi a de maior duração até hoje na história da banda e também a de maior público, começando em 2005 e terminando em 2009.
Projetos paralelos.
Kleiderman.
Em 1994, Branco Melo e Sérgio Britto juntamente com Roberta Parisi formaram uma banda de punk rock Kleiderman. A banda foi batizada inicialmente de Richard Clayderman em homenagem ao pianista homônimo, mas o nome foi trocado depois para evitar problemas com a gravadora. Na capa do disco (assinada por Fernando Zarif), o nome Richard aparece encoberto por um curativo.
O único disco da banda foi lançado em 1.° de dezembro de 1994 e se chama "Con el mundo a mis pies". Até agosto de 1997, havia vendido 6,5 mil cópias. O disco foi editado pelo selo Banguela Records, coadministrado por Branco.
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1815 | Hipótese de Oparin e Haldane | Hipótese de Oparin e Haldane
A hipótese de Oparin e Haldane, por vezes também referida por teoria de Oparin, é uma hipótese explicativa da origem da vida, desenvolvida na década de 1920 pelos biólogos Aleksandr Oparin e Jonh B. S. Haldane, que afirma que a origem dos organismos vivos encontra-se no comportamento físico-químico da matéria inanimada.
Oparin propôs sua teoria em 1924, mas seu trabalho não chegou ao Ocidente até os anos 1930; J. B. S. Haldane, um bioquímico, propôs, de forma independente, uma teoria semelhante, em 1929.
A teoria.
Sua teoria tem um forte embasamento dinâmico: através do condicionamento do meio, determinadas formas de organização molecular tornaram-se dominantes e desenvolveram-se gradualmente até as formas estruturais básicas que caracterizam as moléculas vivas de hoje. Segundo ele, em nível primordial não existe diferença fundamental entre os organismos vivos e matéria sem vida.
Em princípio havia soluções simples de substâncias orgânicas, cujo comportamento era governado pelas propriedades de seus átomos e pelo arranjo destes átomos em uma estrutura molecular. Gradualmente, entretanto, como resultado do aumento de complexidade, novas propriedades surgiram em consequência do arranjo espacial e relacionamento mútuo das moléculas. Com o aumento da complexidade, a complexa combinação de propriedades que caracteriza a vida teve início e pode desenvolver-se.
Levando em conta a então recente descoberta de metano na atmosfera de Júpiter e outros planetas gigantes, Oparin postulou que a Terra primitiva também possuía uma atmosfera fortemente redutora, contendo metano, amônia, hidrogênio e água. Em sua opinião, esses foram os elementos essenciais para a evolução da vida.
Na época em que as estruturas protobióticas se desenvolveram, a Terra estava passando por um processo de resfriamento, que permitiu o acúmulo de água nas depressões da sua crosta, formando os mares primitivos. As tempestades com raios eram freqüentes e ainda não havia na atmosfera o escudo de ozônio contra radiações. As descargas elétricas e as radiações que atingiam nosso planeta teriam fornecido energia para que algumas moléculas presentes na atmosfera se unissem, dando origem a moléculas maiores e mais complexas: as primeiras moléculas orgânicas. Estas eram arrastadas pelas águas das chuvas e passavam a se acumular nos mares primitivos, que eram quentes e rasos.
O processo, repetindo-se ao longo de vários anos, teria transformado os mares primitivos em "sopas primitivas", ricas em matéria orgânica. Baseado no trabalho de Bungenberg de Jong em coacervados, certas moléculas orgânicas (especialmente as proteínas) podem espontaneamente formar agregados e camadas, quando estão na água.
Oparin sugeriu que diferentes tipos de coacervados podem ter se formado nas "sopas primitivas" dos oceanos. Esses coacervados não eram seres vivos, mas sim uma primitiva organização das substâncias orgânicas, principalmente proteínas, em um sistema isolado. Apesar de isolados os coacervados podiam trocar substâncias com o meio externo, sendo que em seu interior houve possibilidade de ocorrerem inúmeras reações químicas. Subsequentemente, sujeitos ao processo de condicionamento do meio, esses coacervados cresceram em complexidade, adquirindo por fim características de organismos vivos, definidos, entre outras características, pela capacidade de evolução.
Repercussão.
A teoria de Oparin não teve inicialmente boa repercussão no ocidente, devido ao fato de que não socorreu os geneticistas quando Lysenko os denunciou a Stalin para que fossem coagidos. Atualmente, um dos proponentes desta teoria é Doron Lancet, um químico do Weizmann Institute de Israel.
Status.
A hipótese de Oparin e Haldane encontra-se hoje bem aceita pela comunidade científica.
A hipótese tem por evidências corroborativas, entre outros, os experimentos de Stanley Miller e Harold Clayton Urey , que demonstram a real formação de estruturas orgânicas básicas necessárias à hipótese a partir dos elementos e substâncias primordiais; além de observações tais como o comportamento de determinadas substâncias, a exemplo o comportamento de fosfolipídeos, que em meio aquoso espontaneamente se organizam e formam membranas fechadas (algo parecido com a formação de bolhas de sabão). Dando sequência ao experimento de Urey e Miller a formação de coacervados encontra-se esplanada entre outros nos trabalhos de H.G. Bungenberg de Jong.
A hipótese converge do lado esquerdo à formação do primeiro coacervado protobiótico a partir de substâncias elementares, e ganha grande apoio do lado direito na teoria da evolução biológica, muito bem estabelecida entre a comunidade científica atual. A árvore da vida regride, pelo lado direito, ao que se espera como resultado da hipótese de Oparin e Haldane, do lado esquerdo.
Relevante ao contexto, cita-se que a hipótese da panspermia não altera em muito o cenário proposto por Oparin, entre aspas, apenas transferindo-o de local; para outra parte do universo. A panspermia não encontra grande apoio entre a comunidade científica dado o fato que, efetivamente, sabe-se que a vida desenvolveu-se com sucesso aqui na Terra; sendo a Terra, via evidências, o local conhecido mais solícito à sua formação.
Experiência de Miller-Urey.
A Experiência de Miller e Urey foi uma experiência concebida para testar a hipótese de Oparin e Haldane sobre a origem da vida.
Segundo o experimento, as condições na Terra primitiva favoreciam a ocorrência de reações químicas que transformavam compostos inorgânicos em compostos orgânicos precursores da vida. Em 1953, Stanley L. Miller e Harold C. Urey da Universidade de Chicago realizaram uma experiência para testar a hipótese de Oparin e Haldane que ficou conhecida pelos nomes dos cientistas. Esta experiência tornou-se na experiência clássica sobre a origem da vida.
A experiência de Miller consistiu basicamente em simular as condições da Terra primitiva postuladas por Oparin e Haldane. Para isso, criou um sistema fechado, sem oxigênio, onde inseriu os principais gases atmosféricos, tais como hidrogênio, amônia, metano, além de vapor d'água. Através de descargas elétricas, e ciclos de aquecimento e condensação de água, obteve após algum tempo, diversas moléculas orgânicas (aminoácidos). Deste modo, conseguiu demonstrar experimentalmente que seria possível aparecerem moléculas orgânicas através de reações químicas na atmosfera utilizando compostos que poderiam estar nela presentes. Estas moléculas orgânicas são indispensáveis para o surgimento da vida.
Novas comprovações.
Reanálises publicadas em outubro de 2008 do material original da experiência, mostraram a presença de 22 aminoácidos ao contrário dos 5 que foram criados no aparelho. Antigos resultados mostram uma forte evidência de estas moléculas orgânicas específicas poderem ser sintetizadas de reagentes inorgânicos atmosféricos.
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1816 | Evidências da teoria de Oparin | Evidências da teoria de Oparin
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1818 | Taxonomia de Lineu | Taxonomia de Lineu
A Taxonomia de Lineu é extensamente usada nas ciências biológicas. Ela foi desenvolvida por Carolus Linnaeus (Conhecido normalmente como Carl von Linné, ou em português como Carlos Lineu) no Século XVIII durante a grande expansão da história natural. A taxonomia de Lineu classifica as coisas vivas em uma hierarquia, começando com os Reinos. Reinos são divididos em Filos. Filos são divididos em classes, então em ordens, famílias, gêneros e espécies e, dentro de cada um em subdivisões. Grupos de organismos em qualquer uma destas classificações são chamados "taxa" (singular, taxon), ou "phyla", ou "grupos taxonómicos".
Esquema Taxonômico.
Sumário apresentado do mais geral para o mais específico:
Exemplo.
Considere-se a classificação do hibisco-da-síria:
Características.
Quando um cientista classifica um novo ser vivo, ele procura classificá-lo dentro de uma categoria já existente, baseado em uma lógica estabelecida, verifica qual família ele pertence e no fim encontra o nome mais adequado àquela espécie. Lineu estabeleceu o mais usado padrão de classificação taxômica.
Uma qualidade da Taxonomia de Lineu é que ela pode ser usada para desenvolver um sistema simples e prático para organizar dos diferentes tipos de organismos vivos. O aspecto mais importante é o uso geral da nomenclatura binominal, a combinação de um nome genérico e de um nome específico ("syriacus", neste exemplo), para identificar a espécie. No exemplo acima, o hibisco da síria é unicamente identificado pelo binome "Hibiscus syriacus". Nenhuma outra espécie de planta pode ter este binome. Deste modo, a todas as espécies pode se dar um único e estável nome.
Regras para o nomeamento a classificação apropriados para todos os tipos de organismos vivos sob o sistema taxonômico de Lineu tem sido adotadas por biólogos profissionais. As regras que governam a nomenclatura e classificação das plantas e dos fungos estão contidas no Código Internacional de Nomenclatura Botânica, mantido pela Associação Internacional para a Taxonomia das Plantas. Códigos similares existem para animais e bactérias. Cientistas seguem estes códigos de modo que os nomes dos organismos possam ser os mais claros e estáveis possíveis.
Durante o tempo, nosso entendimento das relações entre as coisas vivas mudou. A grande mudança foi a aceitação difundida da evolução como o mecanismo da diversidade biológica e a formação das espécies. Agora, em alguns sistemas, incentiva-se geralmente que os grupos taxonômicos sejam monofiléticos (ver cladística).
Originalmente Lineu tinha 3 Reinos em seu esquema, chamados Plantae, Animalia e um grupo adicional Mineralia para minerais, o qual foi abandonado (Cf. Taxonomia dos Minerais segundo Lineu). Desde então, várias formas tem sido movidas para três novos reinos - Monera, para procariontes, Protista(alguns cientistas chamam este grupo de Protoctistas), para protozoários e algas, e Fungi. Este esquema está ainda longe da filogenia ideal e o esquema de cinco reinos foi suplantado pela maior parte no trabalho taxonômico moderno por uma divisão em três domínios - Bacteria e Archaea, que contém os procariontes, e Eukaryota, compreendendo as formas restantes. Isto foi precipitado pela descoberta dos Archaea.
Veja também árvore evolucionária, que tem algumas subdivisões mais adicionais e apresenta a visão taxonômica atual.
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1823 | Lista de tecidos animais | Lista de tecidos animais
Esta é uma lista de tecidos dos animais.
O estudo destes tecidos é o domínio da histologia.
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1824 | Tecidos vegetais | Tecidos vegetais
Os vegetais possuem grupos de células especializadas para determinados tipos de ações. A esses grupos damos o nome de tecidos.
Veja a relação destes tecidos.
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1825 | Tocantins | Tocantins
Tocantins é uma das 27 unidades federativas do Brasil, sendo o seu mais novo estado. Está localizado a sudeste da Região Norte e tem como limites Goiás a sul, Mato Grosso a oeste e sudoeste, Pará a oeste e noroeste, Maranhão a norte, nordeste e leste, Piauí a leste e Bahia a leste e sudeste. Sua capital é a cidade planejada de Palmas que, dentre as capitais estaduais brasileiras, é a menos populosa. Na bandeira nacional e no selo nacional do Brasil, o Tocantins é representado pela estrela "Adhara" ("ε Canis Majoris").
Ocupa uma área de , pouco maior que o Equador e a Nova Zelândia, sendo a décima maior unidade federativa em área territorial no Brasil. Com mais de 1,6 milhão de habitantes, é o quarto estado mais populoso da Região Norte e o vigésimo quarto mais populoso do Brasil. Apenas dois de seus municípios possuem população acima de 100 000 habitantes: Palmas, a capital e sua maior cidade com quase 290 000 habitantes em 2017, e Araguaína, com cerca de 175 000 habitantes. Tocantins possui um dos mais baixos índices de densidade demográfica no país, superior apenas ao dos estados de Roraima, Amazonas, Mato Grosso e Acre. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2017 a densidade demográfica equivale a 5,58 hab./km2.
Além de Palmas e Araguaína, outras cidades importantes no estado são Gurupi, Porto Nacional e Paraíso do Tocantins. Juntos, estes cinco municípios abrigavam, em 2015, cerca de 42,22% da população total do estado. O relevo apresenta chapadas ao centro, ao sul e ao leste, a Serra Geral a sudeste, a Serra das Traíras (ou das Palmas) ao sul, e a planície do Araguaia, com a Ilha do Bananal, nas regiões norte, oeste e sudoeste. São importantes o Rio Tocantins (incluindo o Rio Maranhão), o Rio Araguaia, o Rio Javaés, o Rio do Sono, o Rio das Balsas, o Rio Manuel Alves e o rio Paranã. O clima é tropical. .
A economia tocantinense se baseia no comércio, na agricultura (arroz, milho, feijão, soja, melancia), na pecuária e em criações. No setor terciário suas principais atividades estão concentradas em Palmas e também nos municípios que estão localizados às margens da Rodovia Belém-Brasília, principal via de ligação da capital federal com a parte norte do Brasil. Possui o segundo maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e o quarto maior PIB per capita entre todos os estados do Norte do Brasil. A Serra das Traíras, localizada no município de Paranã e na divisa com Goiás, é o ponto mais elevado no estado, com 1 340 m de altitude.
Etimologia.
O nome "Tocantins" é uma referência ao rio Tocantins, que corta o estado de sul ao norte. Segundo Eduardo Navarro, em seu "Dicionário de Tupi Antigo" (2013), trata-se de um termo oriundo do tupi antigo que significa "bicos de tucanos", através da junção dos termos "tukana" ("tucanos") e "tĩ" ("bicos"). O nome do rio, por sua vez, é uma referência à tribo indígena que habitava a região na época da chegada dos primeiros colonizadores portugueses.
História.
Período colonial.
A ocupação da região do atual Tocantins se iniciou na primeira metade do século XVII, quando jesuítas criam os aldeamentos missionários de Palma (atual Paranã) e Duro (atual Dianópolis), para a catequese dos povos indígenas locais.
Em 1722, os bandeirantes descobrem ouro na região de Vila Boa e isso fomenta a procura pelo metal na região dos atuais Goiás e Tocantins.
Nas décadas de 1730 e 1740, descobre-se ouro no atual território tocantinense e, com isso, chegam a região desbravadores, em grande parte oriundos das regiões Norte e Nordeste do Brasil e fundam-se os primeiros arraiais, que originaram como Natividade, Almas, Arraias, Porto Nacional e Conceição do Tocantins. Durante décadas, o norte de Goiás (o atual Tocantins) foi uma das regiões da Capitania em que mais produziu ouro, com o uso da mão-de-obra escrava africana.
No final do século XVIII, a mineração de ouro na Capitania de Goiás entra em declínio e ela passa por uma profunda crise econômica, acentuada no Tocantins. A região passa a ter como base econômica a agricultura e muitos dos antigos mineradores deixam o território tocantinense, o qual se torna isolado.
Nesse contexto, no início do século XIX, como uma forma de promover o povoamento do norte da Capitania de Goiás e fomentar o comércio e a navegação nos rios Araguaia e Tocantins, o desembargador Dr. Teotônio Segurado propôs a criação da Comarca de São João das Duas Barras, efetivada em 1809.
Movimentos separatistas.
Em 1821, pouco antes da Independência do Brasil, diante do abandono da região pelo governo goiano, Segurado proclama o Governo Autônomo do Tocantins, mas a revolta é reprimida.
No Império do Brasil, houve mais duas tentativas de emancipar o norte de Goiás. Em 1863, o Visconde de Taunay defende a criação da Província da Boa Vista do Tocantins, com capital na vila de Boa Vista (atual Tocantinópolis). Em 1889, Fausto de Souza defendeu a divisão do Império em 40 províncias, sendo uma delas a do Tocantins. Na Primeira República Brasileira, o discurso separatista sobreviveu na imprensa regional, principalmente de Porto Nacional, que era o centro econômico e político tocantinense da época.
No Estado Novo, quando o governo federal manda criar os territórios federais de Guaporé (atual Rondônia), Rio Branco (atual Roraima), Iguaçu e Ponta Porã, estes dois últimos extintos em 1946, houve também a pressão para criar o território federal do Tocantins.
Em 13 de maio de 1956, o Dr. Feliciano Machado Braga, Juiz de Direito de Porto Nacional, juntamente com o Prof. Fabrício César Freire, o Bioquímico Dr. Oswaldo Ayres da Silva, o Jornalista João Matos Quinaud, o Advogado Dr. Francisco Mascarenhas, o Escrivão Pethion Pereira Lima e o Odontólogo Dr. Severo Gomes, com a adesão das entidades como a ATI (Associação Tocantinense de Imprensa), CENOG (Casa do Estudante do Norte Goiano) e UAO (União Artística e Operária), lançou o "Movimento Pró-Criação do Estado do Tocantins", como uma expressão do desejo emancipacionista do norte de Goiás. Formaram-se comissões para estudar as formas de implantação do novo estado, sendo criados, então uma bandeira e um hino.
Durante quatro anos, foram realizadas paradas cívicas no dia 13 de maio alusivas à data de lançamento do movimento. Em sinal de sua dedicação à causa, o juiz Feliciano Machado Braga passou a despachar em documentos oficiais como "Porto Nacional, Estado do Tocantins" e foi transferido de Porto Nacional e assim, o movimento perdeu sua força e seu líder maior de então.
Com a construção de Brasília e a expansão da agricultura, a região do Tocantins começa a se desenvolver, com a construção da Rodovia Belém-Brasília, a mineração de ouro e calcário e a extração de madeira. Com isso, muitos migrantes vindos de outras partes do Brasil vão para o então norte de Goiás. A ocorrência de intensos conflitos agrários na região conhecida como "Bico do Papagaio", no norte tocantinense, entre os rios Araguaia e Tocantins, nessa época, alimentou a defesa pela emancipação da região.
Entre o final da década de 1960 e início da de 1970, durante a Ditadura militar, o norte do Tocantins foi palco da Guerrilha do Araguaia, quando guerrilhas do Partido Comunista do Brasil, inspiradas nas revoluções socialistas da China e Cuba, tentam fomentar uma revolução do proletariado no Brasil.
Constituição de 1988.
Em 1982 houve rumores no qual se afirmava que o governo federal estaria disposto a criar o "Território Federal do Tocantins" de modo a contrabalançar a influência do Partido do Movimento Democrático Brasileiro na Região Norte do país, tendo em vista a conquista dos governos do Amazonas, Pará e Acre pela legenda oposicionista, restando ao Partido Democrático Social o controle, por nomeação presidencial, do estado de Rondônia e dos territórios federais do Amapá e Roraima. Tal alarido logo foi desmentido. Entretanto, o movimento autonomista já havia se articulado e, em 1985, o então senador Benedito Vicente Ferreira, pertencente ao Partido da Frente Liberal (PFL) de Goiás, protocolou no Senado Federal um projeto de lei que propunha a criação do estado do Tocantins, este sob o número Nº 201.
Depois de ter seu projeto vetado por José Sarney, que ocupava a Presidência da República, José Wilson Siqueira Campos, membro do Partido Democrático Social e deputado federal por Goiás, apresentou ao Congresso Nacional um projeto de lei criando o estado do Tocantins. Aprovado pelos parlamentares em março, foi encaminhado ao presidente José Sarney, que novamente o vetou em 3 de abril de 1985. À época, José Sarney afirmou que tal matéria deveria ser submetida à Constituinte, que elaboraria a nova Constituição nacional.
Durante a Assembleia Nacional Constituinte, ocorreu uma nova tentativa de emancipação da região. O artigo 13 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, estabeleceu condições para a criação do novo estado no bojo de uma reforma que extinguiu os territórios federais existentes e concedeu plena autonomia política ao Distrito Federal. Dessa forma, em 5 de outubro de 1988, o norte do estado de Goiás foi emancipado, passando a se chamar Tocantins, com sua capital provisória em Miracema do Tocantins e instalado definitivamente em 1° de janeiro de 1989, sendo inserido na Região Norte do Brasil, uma vez que, enquanto pertencente a Goiás, era parte da Região Centro-Oeste brasileira. Em 1° de janeiro de 1990, a capital é transferida para Palmas, uma cidade planejada.
Nos anos 1990 e 2000, houve a expansão do agronegócio no Tocantins e o estado se desenvolve. Com isso, migrantes de todo o país se fixam em seu território.
Geografia.
Relevo.
O relevo do estado do Tocantins é sóbrio. Pertence ao Planalto Central Brasileiro. Caracteriza-se, sobretudo, pelo solo sob cerrados, predominando, na sua maioria, superfícies tabulares e aplainadas, resultantes dos processos de pediplanação. As principais regiões geográficas do estado são a Chapada da Bahia do Meio-Norte, com altitudes variadas de 300 a 600 m e representadas pela Serra da Cangalha e Mangabeira no Município de Itacajá; Chapada da Bacia de São Francisco, um divisor das águas das Bacias São Francisco/Tocantins, com altitude média de 900 m e representada pela Serra Geral de Goiás; Planalto do Tocantins, com altitude médias de 700 m; e a Peneplanície do Araguaia, constituída por um peneplano de colinas suaves com altitudes de 300 a 400 m, ao longo dos vales dos rios Araguaia e das Mortes. O estado, num todo, é caracterizado por variadas gamas de rochas ígneas e metamórficas do complexo cristalino e unidades sedimentares de diversas idades.
O ponto culminante do estado fica localizado na nascente do Rio Claro, no extremo sul do município de Paranã, numa serra conhecida como Serra das Traíras (ou das Palmas). O local possui uma altitude aproximada de 1 340 m, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a Diretoria de Serviço Geográfico do Exército Brasileiro, estando a apenas 2,5 km da divisa com o estado de Goiás. Pode-se chegar até a região através da TO-130, da GO-241 e da GO-464 que é a rodovia asfaltada mais próxima (via Minaçu–Goiás). As localidades mais próximas do local são o povoado do Mocambo (ou Baliza) e o povoado do Campo Alegre, em Paranã, além do povoado São José e da UHE Cana Brava, em Goiás.
Já o ponto mais baixo do estado, está localizado na extremidade oeste da Ilha dos Bois em Esperantina, na tríplice divisa com os estados do Pará e do Maranhão. Este ponto possui 90 m de altitude, estando situado bem próximo à cidade paraense de São João do Araguaia. A Ilha dos Bois se encontra localizada logo após a confluência entre os rios Tocantins e Araguaia, sendo que toda a bacia hidrográfica do estado (Bacia do Tocantins-Araguaia) segue em direção à ilha.
Clima.
O clima do estado é o tropical de savana ("Aw", em Köppen), que é caracterizado por uma estação chuvosa (de outubro a abril) e outra seca (de maio a setembro). É condicionado fundamentalmente pela sua ampla extensão latitudinal e pelo relevo de altitude gradual e crescente de norte a sul, que variam desde as grande planícies fluviais até as plataformas e cabeceiras elevadas entre 200 m e 600 m, especialmente pelo relevo mais acidentado, acima de 600 m de altitude, ao sul. Há uma certa homogeneidade climática no Tocantins. Porém, por sua grande extensão de contorno vertical definem-se duas áreas climáticas distintas.
A norte do paralelo 6º S, onde o relevo é suavemente ondulado, coberto pela Floresta Fluvial Amazônica, o clima é mais úmido, segundo Köppen, sem inverno seco. Com temperaturas médias anuais variando entre 24 °C e 28 °C, as máximas ocorrem em agosto/setembro com 38 °C e a média mínima mensal em julho, com 22 °C, sendo que a temperatura média anual é de 26 °C. Em geral as precipitações pluviométricas são variáveis entre 1 500 e 2 100 mm, com chuvas de novembro a março.
A sul do paralelo 6º S, onde o clima predominante é semiúmido ou sazonalmente seco, os meses chuvosos e os secos se equilibram e as temperaturas médias anuais diminuem lentamente, à medida que se eleva a altitude. As máximas coincidem com o rigor das secas em setembro/outubro com ar seco e enfumaçado das queimadas de pastos e cerrados. Assim, a temperatura compensada no extremo sul, varia de 22 °C e 23 °C, no centro varia de 26 °C a 27 °C e no norte, de 22 °C a 23 °C. As chuvas ocorrem de outubro a abril.
Hidrografia.
A hidrografia do estado do Tocantins é delimitada a oeste pelo Rio Araguaia e ao centro pelo Rio Tocantins. Ambos correm de sul para norte e se unem no município de Esperantina, banhando boa parte do território tocantinense. O Projeto de Desenvolvimento Integrado da Bacia do Araguaia-Tocantins (PRODIAT) dividiu a hidrografia do estado em duas sub-bacias: Sub-bacia do Rio Araguaia: formada pelo Rio Araguaia e seus afluentes, tendo um terço de seu volume no estado; Sub-bacia do Rio Tocantins: formada pelo Rio Tocantins e seus afluentes, ocupando dois terços de seu volume aproximadamente no Estado.
O Rio Araguaia nasce nas vertentes da Serra do Caiapó e corre de sul para norte, formando a maior ilha fluvial do mundo, a Ilha do Bananal e lança suas águas no Tocantins, depois de percorrer 1 135 km engrossado por seus afluentes. O rio Tocantins nasce em Goiás, com o nome de Rio Padre Souza, no limite entre os municípios de Ouro Verde de Goiás (GO), Anápolis (GO) e Petrolina de Goiás (GO). O Rio Tocantins só passa a receber o seu nome após a confluência entre o Rio das Almas e o Rio Maranhão, localizada entre os municípios tocantinenses de Paranã e São Salvador do Tocantins. Sendo um rio de planalto, lança suas águas barrentas em plena baía de Guajará, no Pará. O regime hídrico da Bacia Araguaia-Tocantins é bem definido, apresentando um período de estiagem, que culmina em setembro-outubro e um período de cheias, de fevereiro a abril. Há anos em que as enchentes ocorrem mais cedo, em dezembro, dependendo da antecipação das chuvas nas cabeceiras. (MINTER/1988).
Unidades de Conservação.
O estado do Tocantins possui várias Unidades de Conservação de âmbito Federal e Estadual. As unidades de conservação federais são: Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba; Parque Nacional do Araguaia; Estação Ecológica da Serra Geral do Tocantins; Área de Proteção Ambiental dos Meandros do Rio Araguaia; Área de Proteção Ambiental Serra da Tabatinga e Reserva Extrativista do Extremo Norte do Tocantins.
As unidades de conservação estaduais são: Parque Estadual do Cantão; Parque Estadual do Jalapão; Parque Estadual do Lajeado; Monumento Natural das Árvores Fossilizadas do Tocantins; Área de Proteção Ambiental das Nascentes de Araguaína; Área de Proteção Ambiental do Rio Taquari; Área de Proteção Ambiental Foz do Rio Santa Teresa; Área de Proteção Ambiental Ilha do Bananal/Cantão; Área de Proteção Ambiental Jalapão; Área de Proteção Ambiental Lago de Peixe-Angical; Área de Proteção Ambiental Lago de Palmas; Área de Proteção Ambiental Lago de Santa Isabel; Área de Proteção Ambiental Lago de São Salvador do Tocantins, Paranã e Palmeirópolis; Área de Proteção Ambiental Sapucaia e Área de Proteção Ambiental Serra do Lajeado. Em 5 de abril de 2005, através da Lei Estadual nº 1.560, o Governo do Estado do Tocantins instituiu o Sistema Estadual de Unidades de Conservação (SEUC), estabelecendo os critérios e normas para a criação e gestão das unidades estaduais.
Demografia.
Religião.
O Tocantins é um dos Estados mais religiosos do Brasil, mostra a pesquisa Novo Mapa das Religiões, divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro, no dia 24 de agosto. Tanto no índice de católicos, quanto no de evangélicos, o Estado está bem posicionado no ranking nacional, conforme mostra a pesquisa. Segundo o levantamento, 70,6% dos tocantinenses, ou seja 969 727 pessoas, são católicos, o que garante ao Estado 14º lugar no ranking. O Estado está em 10º lugar em número de protestantes, com 21,96% de sua população, ou seja 301 631 pessoas. Desses protestantes, 15,51% são pentecostais e 5,19% pertencem a outras correntes, entre elas as tradicionais. Contudo, a pesquisa da FGV revela que o Tocantins está menos católico hoje do que quando foi realizado o último levantamento, em 2003. Naquele ano, os católicos representavam 79,83% da população (hoje são 70,6%).
Grupos étnicos.
No Tocantins, assim como no restante do país, foram os índios os seus primeiros habitantes, sendo de assinalar que, após o descobrimento, houve um genocídio da raça indígena, uma vez que eram em número superior a 150 000 os que povoaram especialmente a zona litorânea. Mesmo assim, até hoje ainda existe no Tocantins um pequeno grupo de índios isolados da tribo Avá-Canoeiro, que vivem sem nenhum tipo de contato com a civilização na região da "Mata do Mamão", localizada no interior da Ilha do Bananal.
Até hoje estes índios continuam rejeitando qualquer tentativa de contato, sendo que já foram encontrados diversos vestígios que indicam a presença deles na Mata do Mamão. Entre os principais grupos étnicos indígenas do estado, estão:apinayé; krahô; xerente; xambioá; karajá; javaé; avá-Canoeiro (incluindo os Isolados da Mata do Mamão); Krahô-Kanela; Tapirapé; Pankararu.
Governo e política.
O Tocantins é um estado da federação, sendo governado por três poderes, o executivo, representado pelo governador, o legislativo, representado pela Assembleia Legislativa do Tocantins, e o judiciário, representado pelo Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins e outros tribunais e juízes. Também se permite, nas decisões do governo, a participação popular, que dar-se-á sob a forma de referendos e plebiscitos.
O município de Palmas é quem detém o maior número de eleitores, com 000 destes. Em seguida aparecem Araguaína, com 102 800 eleitores, Gurupi (55 200 eleitores), Porto Nacional (37 100eleitores) e Paraíso do Tocantins, Colinas do Tocantins e Araguatins, com 31 500, 21 600 e 21 100 eleitores, respectivamente. O município com menor número de eleitores é São Félix do Tocantins, com 1 300.
Tratando-se sobre partidos políticos, 34 dos 35 partidos políticos brasileiros possuem representação no estado. Conforme informações divulgadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com base em dados de outubro de 2016, o partido político com maior número de filiados no Tocantins é o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), com membros, seguido do Partido Progressista (PP), com membros e do Democratas (DEM), com filiados. Completando a lista dos cinco maiores partidos políticos no estado, por número de membros, estão o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), com membros; e o Partido da República (PR), com membros. Ainda de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral, o Partido Novo (NOVO) e o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) são os partidos políticos com menor representatividade na unidade federativa, com 4 e 9 filiados, respectivamente. Não há membros do Partido da Causa Operária (PCO) no Tocantins, na data de divulgação supracitada.
O estado foi governado, de 1.º de janeiro de 2015 a 22 de março de 2018, e de 6 a 19 de abril do mesmo ano, por Marcelo Miranda (PMDB), tendo como vice-governadora Cláudia Lelis (PV). O Tribunal Superior Eleitoral cassou os mandatos de ambos e uma eleição suplementar foi marcada para o dia 3 de junho. O Tocantins passou a ser governado por Mauro Carlesse (PHS) até 31 de dezembro de 2018.
Subdivisões.
O Tocantins é dividido em três regiões intermediárias e onze regiões imediatas.
Economia.
O Tocantins é conhecido como uma "terra nova", de novas possibilidades e oportunidades, atrativa para migrantes e propícia ao aporte de novos investimentos com uma série de incentivos fiscais: a economia tocantinense está assentada em um agressivo modelo expansionista de agroexportações e é marcada por seguidos "records" de hiper-"superávits" primários: a maioria de sua pauta de exportação é soja em grão e carne bovina, revelando sua forte inclinação agropecuária.
Em 2005, Tocantins exportou 158,7 milhões de dólares e importou 14,3 milhões. Sua indústria é principalmente a agroindústria, centralizada em seis distritos instalados em cinco cidades-polo: Palmas, Araguaína, Gurupi, Porto Nacional e Paraíso do Tocantins. Sua indústria é ainda pequena e voltada principalmente para consumo próprio. Observa-se uma economia, que com sucesso consegue reter capitais com sua pequena indústria (reduzindo a necessidade de importações), uma população com renda per capita em posição mediana, uma potência agrícola em expansão com um PIB cada vez maior e com deficiências principalmente no setor secundário (indústrias).
O valor bruto da produção agrícola do estado foi estimado em mais de R$ 7,6 bilhões em 2019. Na soja, o Tocantins é o maior produtor da Região Norte do Brasil. Na safra de 2019, o Tocantins colheu 3 milhões de toneladas. No milho, o estado colheu perto de 1 milhão de toneladas em 2019. Em 2019, o Tocantins foi líder na produção de arroz na região Norte, tornando-se o terceiro maior produtor do Brasil. Colheram mais de 670 000 toneladas na safra 2016/2017. Em relação ao abacaxi, em 2018, o Tocantins foi o sexto maior estado produtor do Brasil, com 69 milhões de frutas. Em 2019, o rebanho bovino do estado era de 8 milhões de animais.
Sobre a indústria, o Tocantins teve um PIB industrial de R$ 4,5 bilhões em 2017, equivalente a 0,4% da indústria nacional. Emprega 30 234 trabalhadores no setor. Os principais setores industriais são: Construção (34,1%), Serviços Industriais de Utilidade Pública, como Eletricidade e Água (28,4%), Alimentos (22,5%), Minerais não metálicos (5,2%) e Químicos (1,5%). Esses 5 setores concentram 91,7% da indústria do estado.
O potencial exportador do estado vem aumentando consideravelmente, tendo o Tocantins, em 2012, exportado aproximadamente 644 milhões de dólares, divididos principalmente em soja (69,37%), carne bovina congelada (20,29%), álcool etílico (3,35%), carne bovina (2,58%) e miúdos comestíveis (1,34%). Boa parte de suas importações é de maquinário, material de construção, ferro e aeronaves de pequeno porte, produtos que representam a base de um expansionismo econômico. Não se observa a importação de produtos produtíveis em solo estadual: o que representa uma contenção de evasão econômica, garantindo um "superávit" na balança comercial, retendo mais divisas dentro do estado.
A produção de borracha natural (látex "in-natura") após anos de incentivo dos órgãos agropecuários estaduais, estabilizou-se em três regiões, norte (Araguaína), centro (Pium) e sul (Palmeirópolis), com a região sul possuindo a maior área plantada do estado. Uma importante ajuda à economia estadual, como ocorre com a maioria das prefeituras do país, consiste no recebimento de verbas federais, principalmente através do FPM — Fundo de Participação dos Municípios.
No setor terciário (comércio e serviços) suas principais atividades estão concentradas na capital Palmas e também nas cidades que estão localizadas à beira da Rodovia Belém-Brasília (BR's 153 e 226). Faz-se importante frisar a relevância dessa rodovia para o Tocantins, pois ela corta o estado de norte a sul e possibilita um melhor desempenho no crescimento econômico das cidades localizadas às suas margens, servindo como entreposto de transportes rodoviários e de serviços a viajantes. Além disso, a Rodovia Belém-Brasília também facilita o escoamento da produção do Tocantins para outros estados e para portos no litoral.
Infraestrutura.
Transportes.
As principais rodovias federais do Tocantins são a BR-153 e a BR-226, que juntas formam o eixo viário da Rodovia Belém-Brasília. As demais são a BR-010, a BR-230 ("Rodovia Transamazônica"), a BR-235 e a BR-242. Estas últimas rodovias, com a exceção da BR-230, ainda possuem muitos trechos sem pavimentação ou até mesmo incompletos. No Tocantins, a Rodovia Belém-Brasília (BR-153 e BR-226) foi a primeira rodovia a ter sido construída e pavimentada no estado, tendo sido construída durante o final da década de 1950 (governo Juscelino Kubitschek),
O Tocantins possui três aeroportos servidos por voos regulares: Aeroporto de Palmas, Aeroporto de Araguaína e Aeroporto de Gurupi. Todos os demais aeroportos do estado são servidos apenas por empresas de táxi aéreo. A Ferrovia Norte-Sul (ou EF-151) está em processo de construção, sendo operada de forma regular desde Aguiarnópolis até Porto Nacional pela VLI enquanto que a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (ou EF-334) ainda está em fase de planejamento no trecho que passará pelo estado. Vale ressaltar que a ferrovia já liga Açailândia — MA a Anápolis — GO, mas o trecho a sul de Porto Nacional — TO não é operado de forma regular pois não há patios para carregamento/descarregamento de vagões. A Valec ainda estuda o modelo de concessão para a ferrovia. As principais hidrovias do estado são as hidrovias do rio Tocantins e do rio Araguaia.
Educação.
Há demasiadas instituições educacionais no Tocantins, com a capital estadual, Palmas, abrigando as principais destas. A educação tocantinense possui um índice, de acordo com dados de 2010, de 0,624 pontos, ocupando a décima quarta melhor colocação no país, comparada à dos demais estados brasileiros. Na Região Norte, fica atrás do Amapá (0,629) e de Roraima (0,628), e à frente de Rondônia (0,577), Amazonas (0,561), do Acre (0,559) e do Pará (0,528).
Sobre o analfabetismo, a lista de estados brasileiros por taxa de alfabetização mostra o Tocantins com a décima sétima maior taxa, com 88,11% de sua população considerada alfabetizada. Em números absolutos, o Tocantins possui um total de pessoas com mais de 10 anos de idade alfabetizadas, sendo na área urbana e na área rural.
Cultura.
Esportes.
No Futebol a primeira divisão do Campeonato Tocantinense de Futebol é disputada por 8 times, o atual campeão de 2019 é O Palmas Futebol e Regatas, os maiores campeões é o Palmas Futebol e Regatas, com 7 títulos, em seguida vem o Gurupi Esporte Clube com 6 títulos, na Copa Tocantins o Kaburé Esporte Clube é o maior campeão com 3 títulos.
Na Copa do Brasil de 2004, o Palmas Futebol e Regatas surpreendeu chegando até as quartas de finais eliminando times bem mais tradicionais do futebol brasileiro, na primeira fase eliminou o Clube do Remo na primeira fase, na segunda fase eliminou Nacional Futebol Clube de Manaus , nas Oitavas de finais eliminou o (Sociedade Esportiva do Gama), nas quartas de finais foi eliminado por outra surpresa que foi Clube 15 de Novembro de Campo Bom-RS, time que na época era treinado por Mano Menezes, nessa mesma edição teve ainda como maior surpresa Esporte Clube Santo André , vencendo na final o Clube de Regatas Flamengo por 2 a 0 em pleno Estádio do Maracanã.
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1826 | Turismo | Turismo
Existem vários conceitos do que seja Turismo. As "Recomendações da Organização Mundial de Turismo/Nações Unidas sobre Estatísticas de Turismo", definem-no como "as atividades que as pessoas realizam durante suas viagens e permanência em lugares distintos dos que vivem, por um período de tempo inferior a um ano consecutivo, com fins de lazer, negócios e outros."
A definição de Mathieson e Wall torna-se mais completa, pois consideram que "o turismo é o movimento temporário de pessoas para destinos fora dos seus locais habituais de trabalho e residência, as atividades desenvolvidas durante a permanência nesses destinos e as facilidades criadas para satisfazer as suas necessidades". Evidenciando, assim, a complexidade da atividade turística e as relações que esta envolve.
Turista é um visitante que se desloca voluntariamente por período de tempo igual ou superior a vinte e quatro horas para local diferente da sua residência e do seu trabalho (sem, este ter por motivação, a obtenção de lucro) pernoitando nesse mesmo lugar. Já um excursionista é um visitante que, embora visite esse mesmo lugar, não pernoita.
Evolução Histórica.
Segundo autores, existem duas linhas de pensamentos, no qual a História do Turismo se divide. A primeira seria que é o ócio, descanso, cultura, saúde, negócios ou relações familiares. Estes deslocamentos se distinguem por sua finalidade dos outros tipos de viagens motivados por guerras, movimentos migratórios, conquista, comércio, etc. Não obstante o turismo tem antecedentes históricos claros. Depois, se concretizaria com o então movimento da Revolução Industrial.
A segunda linha de pensamento se baseia em que o Turismo realmente se iniciou com a Revolução Industrial, visto que os deslocamentos tinham como intuito o lazer.
Idade Antiga.
Na História da Grécia Antiga, dava-se grande importância ao tempo livre, os quais eram dedicados à cultura, diversão, religião e desporto. Os deslocamentos mais destacados eram os que se realizavam com a finalidade de assistir as olimpíadas (que ocorriam a cada 4 anos na cidade de Olímpia). Para lá se deslocavam milhares de pessoas, misturando religião e desporto. Também existiam peregrinações religiosas, como as que se dirigiam aos Oráculos de Delfos e ao de Dódona.
Durante o Império Romano os romanos frequentavam águas termais (como as das termas de Caracalla). Eram assíduos de grandes espetáculos, em teatros, e realizavam deslocamentos habituais para a costa (como o caso de um, muito conhecido, para uma vila de férias: a "orillas del mar"). Estas viagens de prazer ocorreram possivelmente devido a três factores fundamentais: a "Pax Romana", o desenvolvimento de importantes vias de tráfego e a prosperidade econômica que possibilitou a alguns cidadãos meios financeiros e tempo livre.
Idade Média.
Durante a Idade Média ocorreu num primeiro momento um retrocesso devido ao maior número de conflitos e a recessão econômica. Muitos preferiam não viajar ou se deslocar em muitos feudos pois teriam que pagar impostos para cada um, e cada feudo tinha seu direito de criar suas regras, entretanto surge nesta época um novo tipo de viagem, as peregrinações religiosas. Embora já tenha existido na época antiga e clássica, entretanto o Cristianismo como o Islã estenderam a um maior número de peregrinos e deslocamentos ainda maiores. São famosas as expedições desde Veneza a Terra Santa e as peregrinações pelo Caminho de Santiago (desde 814 em que se descobriu à tumba do santo), foram contínuas as peregrinações de toda a Europa, criando assim mapas e todo o tipo de serviço para os viajantes. Quanto ao Turismo Islâmico de Hajj a peregrinação para Meca é um dos cinco Pilares do Islamismo obrigando a todos os crentes a fazerem esta peregrinação ao menos uma vez em sua vida.
Idade Moderna.
As peregrinações continuam durante a Idade Moderna. Em Roma morrem 1 500 peregrinos por causa da peste.
E neste momento quando aparecem os primeiros alojamentos com o nome de hotel (palavra francesa que designava os palácios urbanos). Como as viagens das grandes personalidades acompanhadas de seu séquito, comitivas cada vez mais numerosas, sendo impossível alojar a todos em palácio, ocorre à criação de novas edificações hoteleiras.
Esta é também a época das grandes expedições marítimas de espanhóis, britânicos e portugueses que despertam a curiosidade e o interesse por grandes viagens.
Durante o século XVI surge o costume de mandar os jovens aristocratas ingleses para fazerem um "Grand Tour" ao final de seus estudos, com a finalidade de complementar sua formação e adquirir certas experiências. Sendo uma viagem de larga duração (entre 3 e 5 anos) que se fazia por distintos países europeus, e desta atividade nascem as
palavras: turismo, turista, etc.
Existindo um ressurgir das antigas termas, que haviam decaído durante a Idade Média. Não tendo somente como motivação a indicação medicinal, sendo também por diversão e o entretenimento em estâncias termais como, por exemplo, em Bath, na Inglaterra. Também nesta mesma época data o descobrimento do valor medicinal da argila com os banhos de barro como remédio terapêutico, praias frias (Niza,…) onde as pessoas iam tomar os banhos por prescrição médica.
Idade Contemporânea.
Com a Revolução Industrial se consolida a burguesia que volta a dispor de recursos econômicos e tempo livre para viajar. O invento do maquinário a vapor promove uma revolução nos transportes, que possibilita substituir a tração animal pelo trem a vapor tendo as linhas férreas que percorrem com rapidez as grandes distâncias cobrindo grande parte do território europeu e norte-americano. Também o uso do vapor nas navegações reduz o tempo dos deslocamentos.
Inglaterra torna-se a primeira a oferecer passagens de travessias transoceânicas e dominam o mercado marítimo na segunda metade do século XIX, o que favorecerá as correntes migratórias europeias para a América. Sendo este o grande momento dos transportes marítimos e das companhias navais.
Começa a surgir na Europa o turismo de montanha ou saúde: se constroem famosos sanatórios e clínicas privadas europeias, muitos deles ainda existem como pequenos hotéis guardando ainda um certo charme.O turismo apesar de sua decadência é a terceira atividade legal mais importante da economia mundial.
Thomas Cook.
Em 1841, o navegador inglês Thomas Cook, considerado o pai do turismo moderno, promove a primeira viagem organizada da história. Mesmo tendo sido um fracasso comercial, é considerada como um profundo sucesso em relação a organização do primeiro pacote turístico, pois se constatou a enorme possibilidade econômica que este negócio poderia chegar a ter como atividade, criando assim em 1851 a Agência de Viagens "Thomas Cook and son".
Em 1867 inventa o "voucher", documento que permite a utilização em hotéis de certos serviços contratados e propagados através de uma agência de viagens.
Henry Wells e William Fargo criam a agência de viagens American Express que inicialmente se dedica ao transporte de mercadorias e que posteriormente se converte em uma das maiores agências do mundo. Introduzindo o sistema de financiamento e emissão de cheques de viagem, como por exemplo o travel-check (dinheiro personalizado feito com papel moeda de uso corrente que protege o viajante de possíveis roubos e perdas).
César Ritz.
O suíço César Ritz é considerado pai da hotelaria moderna. Desde muito jovem ocupou todos os postos de trabalho possíveis em um hotel, até chegar a gerente de um dos maiores de seu tempo. Melhorou todos os serviços, criou a figura do "sommelier", introduziu o banheiro nas unidades habitacionais (UHs), criando assim as suítes, revolucionando a administração. Converteu os hotéis decadentes nos melhores da Europa, o que lhe gerou o pseudônimo de “mago”.
Ao começar a Primeira Guerra Mundial, no verão de 1914, acredita-se que havia aproximadamente 150 mil turistas americanos na Europa. Ao finalizar a guerra, começa a fabricação em massa de ônibus e carros. Nesta época as praias e os rios se convertem em centros de turismo na Europa, começando a adquirir grande importância o turismo costeiro.
O avião, utilizado por minorias em longas distâncias, vai se desenvolvendo timidamente para acabar impondo-se sobre as companhias navais. A crise de 1929 repercute negativamente em todo o setor turístico limitando seu desenvolvimento até aproximadamente 1932. A Segunda Guerra Mundial paralisa absolutamente o setor em todo o mundo e seus efeitos se estendem até o ano de 1949.
O “boom” turístico.
Entre 1950 e 1973 se inicia a falar de “boom” turístico. O turismo internacional cresce a um ritmo superior ao de toda a sua história. Este desenvolvimento é consequência da nova ordem internacional, a estabilidade social e o desenvolvimento da cultura do ócio no mundo ocidental. Nesta época, se começa a legislar sobre o setor.
A recuperação econômica, especialmente da Alemanha e do Japão, foi uma assombrosa elevação dos níveis de renda destes países e fazendo surgir uma classe média estável que começa a interessar-se por viagens.
Entretanto com a recuperação elevando o nível de vida de setores mais importantes da população dos países ocidentais, surge a chamada sociedade do bem-estar que uma vez com as suas necessidades básicas atendidas passa a buscar o atendimento de novas necessidades, aparecendo neste momento a formação educacional e o interesse por viajar e conhecer outras culturas. Por outra parte a nova legislação trabalhista adotando a semana inglesa de 5 dias de trabalho, a redução da jornada de 40 horas semanais, a ampliação das coberturas sociais (jubilación, desemprego, invalidez,…), potencializam em grande medida o desenvolvimento do ócio e do turismo.
Também estes são os anos em que se desenvolvem os grandes núcleos urbanos e se evidencia a massificação, surge também o desejo de evasão, escapar da rotina das cidades e descansar as mentes da pressão.
Nestes anos se desenvolve a produção de carros em série o que permite acesso cada vez maior a população deste bem, assim com a construção de mais estradas, permite-se um maior fluxo de viajantes. De fato, a nova estrada dos Alpes que atravessa a Suíça de norte a sul supondo a perda da hegemonia deste país como núcleo receptor, pois eles iam agora cruzar a Suíça para dirigir-se a outros países com melhor clima.
A evasão é substituída pela recreação, o que se supõem um golpe definitivo para as companhias navais, que se veem obrigadas a destinar seus barcos aos cruzeiros.
Todos estes fatores nos levam a era da estandardização padronizando os produtos turísticos. Os grandes operadores turísticos lançam ao mercado milhões de pacotes turísticos idênticos. Na grande maioria utiliza-se de voos charter, que barateiam o produto e o popularizam. No princípio deste período (1950) havia 25 milhões de turistas, e ao finalizar (1973) havia 190 milhões.
No obstante, esta etapa também se caracteriza pela falta de experiência, o que implica as seguintes consequências. Como a falta de planejamento (se constrói sem fazer nenhuma previsão mínima da demanda ou dos impactos ambientais e sociais que se podem surgir com a chegada massiva de turistas) e o colonialismo turístico (existe uma grande dependência dos operadores estrangeiros estadunidenses, britânicos e alemães fundamentalmente).
Na década de 1970 a crise energética e a consequente inflação, especialmente sentida no setor dos transportes ocasionam um novo período de crise para a indústria turística que se estende até 1978. Esta recessão implica uma redução da capacidade de abaixar os custos e preços para propor uma massificação da oferta e da demanda. Nessa época, organismos internacionais, como o Banco Mundial, passaram a dar incentivos a países do terceiro mundo com atrativos naturais e culturais para investir em atividades turísticas, de forma a estimular seu desenvolvimento econômico.
Na década de 1980 o nível de vida volta a elevar-se e o turismo se converte no motor econômico de muitos países. Esta aceleração do desenvolvimento ocorre devido à melhoria dos transportes com novos e melhores aviões da Boeing e da Airbus, trens de alta velocidade e a consolidação dos novos charter, também observa-se um duro competidor para as companhias regulares que se vem obrigadas a criar suas próprias filiares charter.
Nestes anos se produz uma internacionalização muito marcante das grandes empresas hoteleiras e das operadoras. Buscam novas formas de utilização do tempo livre (parques temáticos, deporte, resorts, saúde,…) e aplicando, ainda mais técnicas de marketing, pois o turista tem cada vez mais informação e maior experiência, buscando novos produtos e destinos turísticos, o que gera uma forte competição entre eles.
A possibilidade de utilização de ambientes multimedia na comunicação transformarão o sector, tornando o designer dos produtos, a prestação do serviço, a comercialização dos mesmos de uma maneira mais fluida.
Na década de 1990 ocorre grandes acontecimentos, como a queda dos regimes comunistas europeus, a Guerra do Golfo, a unificação alemã, a guerra da Bósnia, que incidem de forma direta na história do turismo. Trata-se de uma etapa de amadurecimento do setor que seguiu crescendo, sendo que de uma maneira mais moderada e controlada.
Os significativos problemas desta época ocasionaram limitações à capacidade receptiva gerando a necessidade de adequar a oferta à demanda existente, empenhando-se no controle de capacidade de carga dos ambientes patrimoniais de importância históricos e diversificando a oferta de produtos e destinos. Tendo ainda a percepção da diversificação da demanda aparecendo novos tipos perfis de turistas que exigiam uma melhor qualidade.
O turismo entra como parte fundamental da agenda política de numerosos países que desenvolvendo políticas públicas focadas na promoção, no planejamento e na sua comercialização como uma peça chave do desenvolvimento econômico. Melhorando-se a formação e desenvolvendo planos de educação especializada. O objetivo de alcançar um desenvolvimento turístico sustentável mediante a captação de novos mercados e a regulação da sazonalidade.
Também as políticas a nível supranacional que consideram o desenvolvimento turístico como elemento importante como o Tratado de Maastricht em 1992 (livre tráfego de pessoas e mercadorias, cidadania europeia), e em 1995 a entrada em vigor Schegen e se eliminam os controles fronteiriços nos países da União Europeia.
Ocorre novamente um barateamento das viagens por via aérea por meio das companhias de baixo custo (Low cost) e a liberação das companhias em muitos países e a feroz competição das mesmas. Esta liberalização afeta a outros aspectos dos serviços turísticos como a gestão de aeroportos e sem duvida será aprofundada quando entrar em vigor a chamada Directiva Bolkestein (de liberalização de serviços) em tramite no Parlamento Europeu.
Apesar de o turismo ter um impacto extremamente positivo na economia de cada localidade ou país, por vezes são necessárias medidas para controlar a afluência de turistas para as maiores atrações. É o exemplo do Taj Mahal, na Índia. A Índia limitará a 40 mil o número de visitantes diários ao Taj Mahal, e a duração de cada visita a três horas, como medida para controlar a elevada quantidade de pessoas que visitam o monumento nos finais de semana e feriados.
Estatísticas sobre o turismo internacional.
Os principais destinos no mundo.
De acordo com as estatísticas da Organização Mundial de Turismo (OMT) em 2009 aconteceram 880 milhões de chegadas de turistas internacionais, um decréscimo de 4,4% em relação a 2008 que teve 917 milhões de visitantes. Para 2010 o turismo recuperou-se e as chegadas de turistas atingiram 940 milhões. A região mais afetada pela crise econômica foi Europa, com uma redução de 5,6%. Porém, os países mais visitados pelos turistas internacionais entre 2006 e em 2010 são europeus, com a França mantido o primeiro lugar já por vários anos. Os seguintes países foram os 10 maiores destinos do turismo internacional entre 2010 e 2007:
Presenças turísticas em estabelecimentos hoteleiros
Os destinos com as maiores receitas e os paises com as maiores despesas.
De acordo com as estimativas da Organização Mundial de Turismo (OMT), em 2008 as receitas geradas a nível mundial pelo turismo internacional atingiram USD 942 bilhões (€ 641 bilhões), mas devido à crise econômica de 2008-2009 as receitas diminuíram para USD 852 bilhões (€ 611 bilhões) em 2009, representando uma queda de 5,8%, levando em consideração o ajuste pelas flutuações da taxa de câmbio e da inflação do dólar americano em relação ao euro. Em 2010 as receitas totais atingiram USD 919 bilhões (€ bilhões) e os países que mais arrecadaram com o turismo internacional continuam se concentrando na Europa, mas o maior arrecadador em 2010 continua sendo os Estados Unidos com USD 103,5 bilhões seguido pela Espanha e França. Em 2010 Alemanha continua como o país emissor com maiores despesas nos outros destinos, seguido pelos Estados Unidos.
Segundo as estatísticas da OMT, em 2010 os seguintes 10 países receberam as maiores receitas vindas do turismo internacional, e também se apresentam os 10 países emissores com as maiores despesas em turismo internacional:
As cidades e as atrações turísticas mais visitadas do mundo.
A Revista Forbes realizou uma pesquisa em 2007 para classificar as 50 maiores atrações turísticas do mundo, considerando tanto turistas internacionais como domésticos. Por outra parte, a firma Euromonitor classificou as 150 cidades mais visitadas pelos turistas internacionais no mundo durante 2006. As seguintes são as 10 melhores atrações do mundo segundo a Forbes, e se incluem também alguns outros destinos famosos posicionados dentro dos 50 melhores, e também se apresentam as 10 cidades mais visitadas do mundo e se incluem cidades de países lusófonos que classificaram dentro deste ranking:
Categorias.
Ainda segundo a OMT, dependendo de uma pessoa estar em viagem "para", "de" ou "dentro" de um certo país, as seguintes formas podem ser distinguidas:
Turismo receptivo.
O turismo receptivo é o conjunto de bens, serviços, infraestrutura, atrativos, etc., pronto a atender as expectativas dos indivíduos que adquiriram o produto turístico. Trata-se do inverso do turismo emissivo. Corresponde à oferta turística, já que se trata da localidade receptora e seus respectivos atrativos, bens e serviços a serem oferecidos aos turistas lá presentes.
O turismo receptivo, para se organizar de modo que seja bem estruturado, deve ter o apoio de três elementos essenciais para que esse planejamento seja executado com sucesso. São eles:
A partir da inter-relação desses elementos é que pode nascer um centro receptor competitivo, lembrando que eles são apenas os essenciais, mas não os diferenciais, uma vez que é o diferencial que fará com que o turista se desloque até esse possível centro.
Nesse centro receptor, além de haver esses três elementos de fundamental importância para a formação do produto turístico, também deve haver outros que devem estar presentes na localidade. Alguns deles: Atrativos naturais e histórico/culturais; acessos; marketing; infraestrutura básica e complementar; condições de vida da população local; posicionamento geográfico; entre outros.
Importância econômica.
O Turismo é a atividade do setor terciário que mais cresce no Brasil (dentre as espécies, significativamente, o turismo ecológico, o turismo de aventura e os cruzeiros marítimos) e no mundo, movimentando, direta ou indiretamente mais de US$ 4 trilhões (2004), criando também, direta ou indiretamente, 170 milhões de postos de trabalho, o que representa 1 de cada 9 empregos criados no mundo.
Tal ramo é de fundamental importância para o profissionalismo do setor turístico e necessário para a economia de diversos países com excelente potencial turístico, como o Brasil.
No Brasil, cidades médias e pequenas que são desprovidas de um próprio centro financeiro, precisam de meios para o crescimento de sua economia e de seu desenvolvimento. Alguns exemplos sobre esse caso são: Vitória, Guarujá, Ilha Bela, Ubatuba, Ouro Preto, Tiradentes, Paraty, Angra dos Reis, Armação dos Búzios, Cabo Frio, entre outras.
Grandes metrópoles globais também usam o turismo para sua fonte econômica, apesar de terem uma ampla economia de influência nacional ou internacional, como: São Paulo, Rio de Janeiro, Buenos Aires, Nova Iorque, Los Angeles, Londres, Paris, Tóquio, entre outras. Muitas delas utilizam diversos tipos de turismo, como: de negócios, lazer, cultural, ecológico(mais aplicado em cidades menores com maior área rural, apesar de existirem reservas florestais em algumas metrópoles), etc.
Em outros países, entre desenvolvidos e subdesenvolvidos, ocorre o mesmo. Nos Estados Unidos, o estado do Havaí, além de ser uma ilha distante do continente, possui também pouca população, em comparação a outros estados, sendo assim, difícil de ter um maior maior crescimento na sua economia. Portanto, o estado teve de optar para o turismo, e hoje é um dos mais famosos pontos turísticos dos Estados Unidos, sendo conhecido por suas belas praias e resorts.
Atualmente, um dos locais que mais crescem com o turismo, é a cidade de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Pela sua localização, próxima à regiões de conflitos étnicos e religiosos, a cidade teve de enfrentar muitos obstáculos para ser conhecida em diferentes partes do mundo. Conta com os mais exóticos e originais arranha-céus, sendo muitos deles, hotéis, tendo destaque para o Burj Al Arab, cartão postal da cidade, e para o Rose Tower, o hotel mais alto do mundo.
Estudo do turismo.
O estudo do turismo é uma área de recente desenvolvimento dentre as ciências sociais aplicadas. No Brasil os primeiros cursos superiores na área sugiram no início da década de 1970, destacando-se aqueles criados na antiga Faculdade Anhembi Morumbi e na Universidade de São Paulo, e também o da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
Apesar de controverso, o termo turismologia têm sido utilizado para designar essa área de estudos, sendo turismólogo o termo utilizado designar o estudioso da área.
Turismo nos países lusófonos.
Turismo no Brasil.
O turismo no Brasil se caracteriza por oferecer tanto ao turista brasileiro quanto ao estrangeiro uma gama mais que variada de opções. Nos últimos anos, o governo tem feito muitos esforços em políticas públicas para desenvolver o turismo brasileiro, com programas como o Vai Brasil, procurando baratear o deslocamento interno, desenvolvendo infra-estrutura turística e capacitando mão-de-obra para o setor, além de aumentar consideravelmente a divulgação do país no exterior. São notáveis a procura pela Amazônia na região Norte, o litoral na região Nordeste, o Pantanal e o Planalto Central no Centro-Oeste, além do interesse pela arquitetura brasiliense, o turismo histórico em Minas Gerais, o litoral do Rio de Janeiro e da Bahia e os negócios em São Paulo dividem o interesse no Sudeste, e os pampas, o clima frio e a arquitetura germânica no Sul do país.
O turismo interno é muito forte economicamente. De acordo com a pesquisa de intenções de viagem feita pela Fundação Getúlio Vargas para o Ministério do Turismo, 81% dos brasileiros que pretendem viajar nos próximos seis meses, visitarão destinos nacionais (dados de novembro de 2015).
Os destinos mais procurados pelos brasileiros são São Paulo, Rio de Janeiro e os estados da região Nordeste, principalmente Bahia e Pernambuco. Segundo a pesquisa "Hábitos de Consumo do Turismo Brasileiro 2009", realizada pelo Vox Populi em novembro de 2009, a Bahia é o destino turístico preferido dentre os turistas que residem no país, já que 21,4% dos turistas que pretendem viajar nos próximos dois anos optarão pelo estado. A vantagem é grande para os demais, Pernambuco, com 11,9%, e São Paulo, com 10,9%, estão, respectivamente, em segundo e terceiro lugares nas categorias pesquisadas.
No turismo internacional, a imagem de que o Brasil é um país muito procurado por turistas estrangeiro, e que esta terra recebe um número enorme de visitantes oriundos de outros países é relativamente enganosa. Apesar das opções variadas e do enorme território a ser visitado, o Brasil não figura sequer entre os trinta países mais visitados do mundo. Alguns fatores como o medo da violência, da má estrutura e falta de pessoal capacitado (como a carência falantes de inglês no serviço público do turismo, por exemplo) podem ser motivos para explicar esta relativamente baixa procura pelo Brasil como destino.
Contudo, ao que tudo indica, a razão principal pela baixa procura por estrangeiros pelo Brasil, se deve pelo fato deste país se encontrar distante dos países grandes emissores de turistas. 85% das viagens aéreas feitas no mundo acontecem em, no máximo, duas horas de voo. Os problemas estruturais e socioeconômicos do Brasil parecem não interferir tanto no fluxo de turistas estrangeiros, uma vez que, segundo o Plano Aquarela, conduzido pela Embratur, 92% dos estrangeiros que estiveram neste país pretendem voltar.
Mas situação do turismo no Brasil aos poucos tem melhorado. Em 2005 o Brasil recebe 564 467 turistas a mais que em 2006. Mas ainda assim o número de estrangeiros é muito pequeno se compararmos, por exemplo, à França, um país com o território de tamanho semelhante ao do estado de Minas Gerais, mas que recebe 14 vezes mais visitantes estrangeiros que o Brasil.
Os países que mais enviaram estrangeiros para o Brasil em 2013 foram:
Turismo em Portugal.
Portugal sempre se mostrou como um dos destinos turísticos mais seguros da Europa. Se apesar de até 1974 o país ter sofrido com o seu regime ditatorial, após esta data o turismo em terras portuguesas cresceu imenso.
Lisboa e Cascais foram os pólos iniciais do turismo, aos quais se juntaram mais tarde a Ilha da Madeira e o Algarve; actualmente todo o país goza de um prestígio em todo o mundo. Um dos segmentos que mais tem crescido é o do turismo religioso, sobretudo devido ao aumento do número de turistas e de peregrinos vindos de todo o mundo para visitar o Santuário de Nossa Senhora de Fátima e o Santuário de Cristo Rei.
Hoje em dia, mais de 27 milhões de turistas anuais (2019) percorrem os cerca de 1000 quilómetros de costa, visitam os inúmeros locais considerados Património da Humanidade, cruzam as Planícies do Alentejo, escalam a Serra da Estrela, sobem o Rio Douro, mergulham nas praias do Algarve e da ilha do Porto Santo, encantam-se nos Açores ou, ainda, divertem-se nos muitos casinos portugueses.
Actualmente, o Algarve, a região de Lisboa, Cascais e Sintra, a Madeira, e o Porto lideram o ranking de destinos nacionais. O Alentejo Litoral começa também a afirmar-se como um grande pólo turístico onde estão a efectuar-se grandes investimentos nesse sector nomeadamente em Tróia (Grândola) e Santiago do Cacém.
O Algarve é um dos principais destinos de férias, durante todo o ano, dos países nórdicos e do Reino Unido. Vilamoura (o maior complexo turístico da Europa), Lagoa, Silves, Portimão, Albufeira e Faro são o centro da actividade turística algarvia.
O turismo em Portugal já é muito reconhecido internacionalmente. Ao passo que os portugueses elegem a Espanha, Brasil, Cuba, Tailândia, México, Itália, Marrocos, Moçambique, Tunísia, Cabo Verde ou a República Dominicana como seus destinos principais, Portugal é escolhido, preferencialmente, por turistas oriundos do Reino Unido, Irlanda, Países Baixos, Dinamarca, Suécia, Noruega, Itália, Bélgica, Alemanha, Suíça, França, Espanha e um número cada vez maior turistas da Rússia, Polónia, Estados Unidos, Canadá, Países Bálticos, República Checa, Hungria, Japão e China.
Cultura, sol, praias, diversão, natureza, história e gastronomia são os pratos fortes do turismo português.
O turismo é um dos mais importantes sectores da economia portuguesa, representando cerca de 8% do PIB.
Portugal encontra-se entre os 15 países com maior procura turística em todo o mundo, figurando à frente de países como os Países Baixos e o Brasil.
Turismo na América Latina.
Durante vários anos o México tem sido o destino mais visitado por turistas estrangeiros na América Latina. As receitas do turismo internacional são uma importante fonte de divisas para vários dos países da América Latina, e representa um porcentagem importante do PIB e das exportações de bens e serviços, assim como uma fonte importante de emprego, com destaque da República Dominicana. Segundo o FEM vários dos países da América Latina, ainda que apresentam deficiências nas áreas de infra-estrutura e marco jurídico, são competitivas nos aspectos relativos a recursos culturais e naturais, fatores que fazem atrativo realizar investimentos ou desenvolver negócios no setor de viagens e turismo nos países da região. Por exemplo, o Brasil foi classificado no Índice de Competitividade em Viagens e Turismo de 2009 na posição 45 a nível mundial, mas entre os 133 países avaliados classificou na primeira posição em recursos naturais, e na posição 14 em recursos culturais, ainda que classificou na posição 110 en infraestrutura rodoviária e no 130 en segurança pública. A continuação apresenta-se um resumo das principais estatísticas sobre o turismo dos 20 países da América Latina, incluindo indicadores que refletem a importância que esta atividade tem nas suas economias.
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1827 | Trance | Trance
Trance é uma vertente da música eletrônica que emergiu no início da década de 1990. O gênero é caracterizado pelo tempo entre 125 e 190 bpm, apresentando partes melódicas de sintetizador e uma forma musical progressiva durante a composição, seja de forma crescente ou apresentando quebras. Algumas vezes vocais também são utilizados. O estilo é derivado do "house," New Beat e do "techno", tendo transformado-se em uma melodiosidade não característica do "techno", com seus sons industriais, e menos orgânicos, além de parecerem menos melódicos.
Em geral, a maioria das canções são calmas e de efeito lento e constante na energia-alma e no estado de pensamento. A tradução literal do termo "trance" para português é "transe". O nome foi recebido devido às batidas repetitivas e pelas melodias progressivas características, que levam o ouvinte a um estado de transe, de libertação espiritual, enquanto ouve.
= História =
O termo Trance apareceu pela primeira vez como termo no jazz, em títulos musicais como Lou Gold e sua orquestra - Dancing In A Trance (1930) ou Korla Pandit - Trance Dance (1954).
As primeiras peças de música eletrônica apareceram graças ao sintetizador ou instrumento musical eletrônico, como o Theremin nas décadas de 1940 e 1950, com base nas obras de, por exemplo, Pierre Schaeffer, Herbert Eimert ou Else Marie Pade. Foi somente através do uso dos pioneiros acima mencionados que foram criados os pré-requisitos para os precursores de trance como estilo musical, como Synth-pop ou Eletropop. A peça instrumental Pop Corn (1969) pertence à era do synth-pop.
Exemplos das primeiras peças de música eletrônica:
Raízes musicais (década de 1970).
As raízes da música trance remontam à década de 1970, às obras da banda eletrônica alemã Kraftwerk, como Autobahn (1974) ou Trans Europe Express (1977) e ao pioneiro italiano Giorgio Moroder, especialmente reconhecível em seus álbuns. versão minuciosa de I Feel Love, de 1977. Como o trance está intimamente relacionado à escola ambiental ou à escola de Berlim, os pioneiros alemães Klaus Schulze e Can também devem ser enfatizados, que criaram tapetes sonoros atmosféricos em suas composições eletrônicas, que por sua vez são características pertencentes ao Trance. Além disso, Eberhard Schoener lançou seu álbum de rock eletrônico Trance-Formation em 1977, incluindo a formação single-trance de mesmo nome e Falling In Trance. Eberhard se analisa sonhadoramente: "Essa música descreve minhas experiências e sentimentos muito pessoais e subjetivos de minhas frequentes viagens ao sudeste da Ásia, especialmente uma expedição pelo Nepal até a fronteira tibetana. (...) Essa música tem a ver com o transe".
Posteriormente, os elementos de trance podem ser identificados nas seguintes peças de música ou até mesmo ser definidos como trance:
Fase de desenvolvimento (década de 1980).
O termo trance tornou-se cada vez mais popular na música e foi encontrado nos títulos de álbuns de Klaus Schulze Trancefer (1981) e En = Trance (1988) novamente. Finalmente, o grupo musical britânico The KLF lançou suas peças musicais no final dos anos 80 como "Pure Trance", incluindo What Time is Love (1988), Kylie Said Trance (1989) e Last Train to Trancentral (1989) , que na época complementava os estilos musicais Acid Techno e House.
As seguintes músicas podem ser definidas posteriormente como músicas trance:
Execução (início dos anos 90).
Depois disso, o trance se desenvolveu e se estabeleceu como um estilo musical no início dos anos 90, especialmente na Alemanha. Liderado pela gravadora de Berlim MFS com produtores como Paul van Dyk, Cosmic Baby e Mijk van Dijk e também por Frankfurt, onde DJ Dag, fundador do Technoclub Talla 2XLC e da gravadora Eye Q Records, em torno de Sven Väth com Ralf Hildenbeutel, Stevie B- Zet e AC Boutsen, um dos representantes mais importantes.
Seleção de peças de música conhecidas deste período:
Auge internacional (meados dos anos 90).
Dentro da área de língua alemã, há alguns sucessos, como Robert Miles - Children (1995) ou B.B.E - Seven Days And One Week (1996). Em contraste, a Grã-Bretanha se desenvolveu como o centro da cena. DJs britânicos como Sasha, John Digweed e especialmente Paul Oakenfold levaram Trance aos clubes ingleses, mas também a Nova York e Ibiza. Isso é simbolizado pelo relançamento de Paul Oakenfold, Not Over Yet (de 1993), no qual sua produção alcançou o número 6 no UK Single Charts e chegou ao topo das canções de dança dos EUA e Israel Singles Charts.
Desde 1997, na Holanda, com o Dutch Trance, havia uma cultura de trance (animadora) própria de personalidades como Tiësto, Armin van Buuren e Ferry Corsten (também conhecido como Veracocha ou System F). Até o final dos anos 90, o techno e o gabber hardcore na Holanda foram substituídos pelo Trance holandês como o estilo mais popular na dance music eletrônica.
Em 1998, Paul van Dyk fez sua projeção internacional com seu single For an Angel, da reedição de seu primeiro álbum, 45 RPM (1994). O título foi o número um nas paradas de dança britânicas por duas semanas e o número um nas paradas de dança alemãs por quatro semanas. Também houve veiculações nos gráficos dos EUA, Austrália, Holanda, Bélgica e Escandinávia. No mesmo ano, ATB publicou seu primeiro single solo 9 PM (Till I Come) sob a abreviatura atb, que alcançou o número um nos britânicos e o número 14 nas paradas individuais alemãs, além do status de platina na Dinamarca, Austrália, Suécia e Reino Unido. Prêmios de ouro seguidos na África do Sul, Itália e Noruega. Em 1999, ele repetiu o status de platina na Dinamarca e na Suécia com "Don't Stop".
Seleção de peças de música conhecidas deste período:
Domínio do trance na musica eletrônica (2000).
Enquanto Tiësto fez sua projeção internacional graças ao remix de Deleriums - Silence (incluindo o número três nas paradas da Billboard) e alcançou status de ouro com seu álbum In My Memory nas paradas holandesas em 2001, outro artista holandês estabeleceu um marco histórico esse gênero.
Em 18 de maio de 2001, Armin van Buuren foi ao ar pela primeira vez com seu programa de rádio A State of Trance, no qual ele apresentou as últimas faixas de trance em um set de duas horas. Inicialmente na estação de rádio holandesa ID&T Radio, cresceu ao longo dos anos com 100 estações de rádio FM e cerca de 38 milhões de ouvintes do "Best Mix Radio Show" do mundo A State of Trance, premiado em vários prêmios. Do ponto de vista histórico, Armin van Buuren moldou o gênero e a música eletrônica em geral em quase todas as áreas. Seu selo Armada Music, fundado em 2003, agora inclui mais de 30 sub-rótulos e oferece uma plataforma para novos artistas.
Também em 2001, o projeto de transe britânico-finlandês Above & Beyond atraiu a atenção mundial através do remix de What It Feels Like For A Girl, de Madonna, que também foi usado para o videoclipe oficial.
Em 2002, Tiësto foi eleito o melhor DJ do mundo pelos leitores da revista britânica DJ Magazine e defendeu esse título nos anos seguintes. Em 2003, com Tiësto In Concert, ele foi o primeiro DJ a gravar em frente a 25.000 espectadores em um estádio sozinho (GelreDome em Arnhem, Holanda) e superou esse evento em 13 de agosto de 2004, nos Jogos Olímpicos de Verão de 2004, em Atenas. Com milhões de espectadores em todo o mundo, este é provavelmente o maior show de um DJ até hoje. Também em 2004, a rainha Beatrix o homenageou por seus serviços no cenário da dança holandesa, premiando a Ordem de Orange-Nassau a um oficial. O prêmio é semelhante ao da Cruz Federal de Mérito na Alemanha. No mesmo ano, o Above & Beyond ganhou o prêmio BBC Mix 1 do ano pela Essential Radio.
A popularidade da música também se refletiu em grandes festivais como o Nature One, Mayday ou Trance Energy (esgotado com 30.000 pessoas anualmente de 2002 a 2009), sempre mostrando DJs de trance como atração principal.
Seleção de peças de música conhecidas deste período:
Afirmação do trance no cenário mundial (2010).
Em um longo período de 2002 a 2012, o Trance foi dominante em todos os estilos de músicas eletrônicas, consagrando djs como Tiësto, Armin van Buuren, Paul Van Dyk, Above & Beyond. Isso é simbolizado de forma mais forte por Armin van Buuren, que alcançou a primeira posição no DJ MAG por 5 vezes, se tornando o DJ que mais venceu o ranking mais famoso do mundo para a música eletrônica.
DJs de trance conhecidos como Arty, Armin van Buuren, Ferry Corsten, Dash Berlin, Sander van Doorn, Tiësto. Em contraste, artistas de trance como Aly & fila, John O'Callaghan ou The Thrillseekers se estabeleceram como pioneiros no gênero atual.
Seleção de peças de música conhecidas deste período:
Atualmente (2020's).
Hoje em dia o trance perdeu um pouco de espaço perante ao EDM mas ainda mantem uma grande popularidade seu fãs, tendo como principal precursor e divulgador ainda DJ e produtor holandês Armin van Buuren que continua divulgando seus radio show todas as semanas e também suas compilações do A State of Trance lançadas todos os anos que apresenta outros artistas do mesmo seguimento, com auxilio de Above & Beyond, Aly & Fila, Gareth Emery, Ferry Corsten, Giuseppe Ottaviani e novos talentos como Andrew Rayel, Ruben de Ronde, MarLo.
Em 2020 o famoso DJ francês David Guetta conseguiu alcançar a primeira posição da DJ MAG muito graças ao seu EP New Rave com parceria com MORTEN, como músicas bem mais voltadas ao trance do que seu estilo que o consagrou no passado.
Seleção de peças de música conhecidas deste período:
Eurotrance/Handsup.
Eurotrance (mais tarde conhecido como hands up) é um subgênero da música trance que surgiu da fusão entre hard trance e eurodance e é popular desde o final dos anos 90. Geralmente, tem uma velocidade em torno de 140-145 batimentos por minuto, vozes femininas, linhas de baixo sem corte, muitas pausas e grandes cortes eufóricos.
Esses elementos, juntamente com seu som comercial, um pouco de conteúdo lírico elaborado e elementos retirados do hardcore hardcore, tornam a eurotrance menos sofisticada e complexa do que outros subgêneros do trance.
O estilo está intimamente relacionado ao uplifting trance e muitas vezes é confundido com o vocal trance, pois também emprega geralmente vozes femininas em suas faixas. No entanto, o eurotrance é caracterizada por ter letras mais entusiasmadas e melodias mais alegres e energéticas. Os artistas representativos são: Cascada, Groove Coverage, Pulsedriver e Special D.
No final dos anos 90, o Eurotrance foi generalizado para todos os estilos de trance que surgiram naqueles anos: dream trance, progressive trance, uplifting trance e vocal trance.
Sub-gêneros.
As principais vertentes do trance são:
Dream Trance
O Dream Trance é uma variante de estilo musical da música "Dream" ou "Dream Dance", que como a Dream House tem influências e ritmos da música House, o "Dream Trance" surge por volta dos anos 1996 e 1997 e seus principais expoentes são Robert Miles e DJ Dado. É um estilo musical semelhante ao Euro Dance e Eurotrance, no qual são usadas melodias e arranjos de piano, é uma música que apesar de agitada é menos eufórica, sendo mais apropriado que a mente "dance".
Progressive Trance
Trance progressivo (130 bpm +) e progressive house (129 bpm ou menos) é o que muitos chamam de simplesmente progressivo (prog). Alguns artistas que têm esse estilo são: ATB, Blank & Jones, Alice DeeJay, Cascada, Sash!, Tiësto, Armin Van Buuren, Ferry Corsten, Mike Dierickx, Paul Dyickx, Paul Van Dyk, Above & Beyond, EX-PLOSION, Markus Schulz, Cressida , Deepsky, Manny Ward e Lost Tribe. O trance progressivo também combina outros estilos musicais, como epic trance. Os artistas mainstream são: Above & Beyond, Ferry Corsten, Tiesto e Armin Van Buuren.
Vocal Trance
O vocal trance (ou Pop Trance) instrumentalmente é trance progressivo, mas ao qual são adicionadas vocaus. É dominado por produções alemãs, espalhadas por toda a Europa devido a canais de música via satélite, como: VIVA, Onyx e MTV2 Pop. Alguns artistas de vocal trance são: 4 Strings, ATB, Dash Berlin, Mic-Chek, Ian Van Dahl, Lasgo, Sylver, Milk Inc, Astroline, Kate Ryan, Kelly Llorenna, Flip & Fill e Jessy De Smet.
Uplifting Trance
O uplifting trance é sinônimo de epic trance, anthem trance, emotional trance ou euphoric trance e é o termo para descrever um grande subgênero do trance. O nome veio do progressive trance em 1997. O gênero que se originou na Alemanha é muito popular no trance e é uma das formas dominantes de dance music em todo o mundo. Exemplos de artistas que cultivam esse estilo são: Andy Blueman, Aly & Fila, Sean Tyas, Soundlift, Arctic Moon, Philippe El Sisi, Ronny K e Ferry Corsten, Armin Van Buuren, Above & Beyond e Tiesto.
História.
Origens do trance (Europa).
Pode-se encontrar elementos primitivos da música trance nas raízes religiosas do shamanismo, hinduísmo e budismo. Mas o trance da forma moderna, eletrônica e evoluída em conjunto com outras formas de música eletrônica dançante, surgiu na Alemanha no início da década de 1990.
Ao longo da década de 1970, Klaus Schulze gravou vários álbuns de música eletrônica caracterizados pelo ambiente atmosférico e o uso de sequenciadores. Em alguns dos álbuns da década de 1980 a palavra "trance" era incluída nos títulos, como "Trancefer" (1981) e "En=Trance" (1987).
Elementos que tornaram-se característicos da música "trance" também foram explorados por artistas do gênero industrial da música eletrônica no final da década de 1980. O objetivo era produzir sons de efeitos hipnóticos aos ouvintes, o que também poderia levar a um alto grau de estado de transe ou euforia.
Esses artistas do gênero industrial eram dissociados à cultura rave, embora muitos já mostravam interesse no "Goa trance", no qual o som é mais pesado comparado ao som que agora é conhecido como trance. Muitos dos álbuns produzidos por artistas industriais eram em sua grande maioria experimentais, e não tinham o intuito de originar um gênero musical com uma cultura associada — eles permaneceram fiéis às suas raízes industriais. Com o trance dominando à cultura rave, a maior parte desses artistas abandonaram o estilo.
Trance como gênero musical.
As primeiras gravações realizadas começaram não exatamente com a cena "trance", e sim pelo "acid house" originário do Reino Unido, mais precisamente pela banda The KLF. Eles utilizaram o termo "pure trance" para designar algumas gravações que na verdade eram versões, e que fizeram um grande sucesso comercial em 1991.
Além deste nascimento no Reino Unido pode também ser mencionado o começo do gênero trance em clubes alemães durante os meados da década de 1990 como uma ramificação do "techno". Frankfurt frequentemente é citada como o berço do estilo. "DJ Dag (Dag Lerner)", Oliver Lieb, Sven Väth e Torsten Stenzel, são considerados pioneiros e produziram várias composições utilizando diversos nomes artísticos. Em 1991, Dag Lerner e Rolf Ellmer formaram o "Dance 2 Trance" ("Dance to Trance"), cuja música "We Come In Peace" representou a definição inicial do trance como estilo musical.
Chinese Trance.
O Chinese Trance é uma vertente do gênero Trance, que surgiu em meados do ano 2000 na China. Seu principal fundador é o DJ Sunny. O tempo é mais acelerado, girando entre 160 e 190 bpm. O estilo é derivado do House, Techno, Psy e Goa Trance, criado na Índia.
Trance atualmente.
Atualmente, após ter perdido um pouco da sua força no fim da década de 1990, o trance voltou a ganhar força enorme novamente a partir do ano de 2000 e permanece forte até hoje. Produtores consagrados na cena eletrônica como: Armin van Buuren, Paul van Dyk, Ferry Corsten, Paul Oakenfold, Above & Beyond, ATB, Gareth Emery, Aly & Fila, Markus Schulz, Solarstone, Jorn van Deynhoven, The Thrillseekers, Ronski Speed, Alex M.O.R.P. H, Giuseppe Ottaviani, Cosmic Gate, 4 Strings, John O'Callaghan e também novos artistas que surgiram como David Gravell, Rafael Frost, Ferry Tayle, Deniz Aydin, Ost & Myer, Ben Gold, Simon Thaur, Arctic Moon, Dimension, Omnia, KhoMHa, Andrew Bayer, Ben Nicky, Andrew Rayel, Beat Service, Mohamed Hagab , MaRLo, Eximinds ,Protoculture, Alexander Popov, Andy Moor dentre outros novos e consagrados mantem o estilo em alta, alguns iniciantes no mundo Psychedelic confundem o Trance com Psytrance , Full On etc. Porem são estilos diferentes.
Na era 1997-2013 o Trance vivia os famosos "Anos de Ouro", quando era o mais popular estilo de música eletrônica do mundo. Cujo público lotava estádios e festivais relembrando os grandes shows de rock do passado.
Psytrance.
Trance psicadélico (abreviação de Psychedelic Trance, também Goa-Trance ou Goa ou Hippie-Trance) é um estilo da Música eletrônica e representa um subgênero da música trance. As festas trance ao ar livre iniciaram no estado indiano de Goa final dos anos 80; no entanto, o estilo da música foi desenvolvido, principalmente na Europa. Goa-Trance teve seu auge entre 1994 e 1998, após o qual o estilo musical se desenvolveu sob o nome Psytrance. Embora Goa tenha sido amplamente substituída pelo psytrance e o Trance progressivo na indústria da música, ainda existem gravadoras independentes de Goa comprometidas com o trance original de Goa.
Goa Trance tenta simular meticulosamente os efeitos neurológicos do LSD com a ajuda de um tambor grande e constante, camadas "rodopiantes" de sons staccato com escalas de tons frequentemente orientais, sons "extraterrestres" e alternações hipnóticas de timbre. A música consiste em 4/4 compassos entre originalmente 130 e 150 bpm, enquanto velocidades de até 180 bpm e mas também são alcançadas. Os chutes são muito mais enérgicos e compactos do que em outros estilos de trance. Isso cria um caráter "pulsante" do ritmo, que sublinha a dança na areia ou no prado. Além disso, a música se vê como bastante experimental. As linhas de Acid trance (originalmente através do sintetizador TB-303) e outros sons sintéticos com sons orgânicos são populares. Vocais como na House music e Electronic dance music raramente são usados, mas as vozes e vocais são às vezes usadas. Amostras de filmes ou jogos de computador também são ocasionalmente misturadas. No entanto, ainda é importante reconhecer a origem na comunicação da música eletrônica corporal da época com a World Music, mas principalmente com os elementos sonoros indianos. O Kraftwerk, no entanto, pode ser nomeado o pai de todos os sons eletrônicos, especialmente os padrões de bateria. Assim, nos primeiros dias dos chamados títulos do Goamusik Kraftwerk eram misturados com fitas indianas clássicas - mesmo antes de festas desse tipo serem celebradas na Índia.
Além disso, a música é influenciada pelo caráter do rock psicodélico ou do acid rock e pela contracultura da década de 1960, que eram frequentemente tocadas com padrões e efeitos sonoros semelhantes na década de 1970. A influência musical também pode ser vista no fato de algumas bandas usarem guitarras eletrônicas, além de geradores de som eletrônicos. Além dos amplificadores de guitarra, os guitarristas também gostam de usar captadores compatíveis com MIDI para transmitir notas de guitarra tocadas a um sintetizador e tocar melodias que dificilmente podem ser realizadas com a ajuda de um teclado.
Frequentemente, as tracks têm 135 a 145 bpm e 6 a 12 (geralmente em torno de 7 a 8) minutos e começam com cerca de 30 segundos de sons atmosféricos, enquanto a parte principal da track é dividida em duas metades, às vezes com faixas de baixo alteradas; a maioria é empilhada no final de ambas as metades, geralmente há uma transição ou interlúdio entre as duas metades .
No início dos anos 90, a música era caracterizada pela integração de elementos etno-acústicos com um caráter psicodélico. Em um desenvolvimento linear em meados da década de 1990, a música foi caracterizada por melodias indianas baseadas nos fortes sons de chumbo dos sintetizadores da época - acompanhados por sons ácidos no fundo e na linha de baixo. No final dos anos 90, a música se tornou um pouco mais lenta, minimalista e não melódica, pelo que o trance minimalista era principalmente acompanhado por sons atmosféricos e escuros. Em meados da década de 2000, desenvolveu-se um estilo que incluía elementos das áreas de dub e house e parecia muito melódico.
Além dos instrumentos tecno, artistas como Raja Ram e Dominic Sangeet também usam instrumentos de sopro e corda, ou trabalham com músicos de outros gêneros, de modo que nas faixas de psytrance, além do som technóide obrigatório, peças de ambient, trip-hop e world music e muitas outras áreas podem ser incluídas. Inúmeros novos estilos foram criados para misturas de estilos livres, incluindo: Darkpsy, Forest, Full-On, Goatrance, Dark Progressive, Psycore, Psytrance Experimental, Hi-Tech, Progressive, Offbeat, Suomi-saundi e Zenonesque.
O psychodelic chillout é uma variante mais silenciosa do psytrance. Isso geralmente acontece sem um bumbo direto de 4/4 e se concentra em sons esféricos.
Como as festas de Goa são moldadas, entre outras coisas, por estados de transe, meditação e sensações psicodélicas por meio de música e arte, as drogas alucinogênicas também são atribuídas a um papel influente.
As agências policiais estão reclamando do aumento do consumo e do comércio de entorpecentes ilegais em relação às festas de Goa, e é por isso que vários eventos correspondentes são acompanhados por medidas policiais. Para combater os problemas das drogas, os organizadores preferem cooperar com organizações de verificação e redução de danos, que fornecem trabalho educacional e estão comprometidas com o consentimento e a minimização de riscos.
O termo transe psicodélico ou psytrance foi posteriormente introduzido como sinônimo de Goa ou Goa, pois a cena em Goa não existia mais e a referência no nome parecia questionável devido às mudanças. Independentemente do termo usado, a música passou por um processo de mudança constante e claramente audível, de 1990 até os dias atuais.
Uma distinção precisa entre psytrance e Goa não é possível hoje, porque muitas vezes os músicos de psytrance eram veteranos de Goa e vice-versa, as faixas de psytrance faziam parte do repertório dos DJs de Goa. A cena que se forma em torno dos dois termos também é amplamente idêntica.
Os termos psytrance e goa são usados de forma intercambiável por muitos hoje, enquanto outros consideram goa como um subgênero do psytrance. O som clássico de Goa ("old school") pode ser encontrado nas peças mais melódicas, geralmente influenciadas pelo orientalismo dos anos 90; as produções mais recentes funcionam principalmente com o nome Psytrance, originalmente usado principalmente por produtores da Inglaterra. Além disso, há o Newschool-Goa, que manteve o som do Goa original.. Artistas conhecidos incluem Khetzal, Filteria, Arronax e E-Mantra.
Outra distinção é feita dentro da cena entre o trance psicodélico e o trance progressivo.
O psytrance progressivo difere do trance psicodélico, especialmente em velocidade. O psytrance progressivo é reproduzido nas faixas mais baixas da faixa de velocidade especificada. Além disso, menos das melodias TB-303 acima mencionadas são usadas e mais sons individuais que criam atmosfera. Enquanto os progressistas parecem mais melodiosos e levemente monótonos, o psytrance parece mais mecânico e variado. No entanto, ambas as direções têm o chute fortemente comprimido, uma linha de baixo "rolante" ou "pouco frequente" em comum.
No entanto, é muito difícil diferenciar esses estilos, pois os dois estilos se desenvolveram continuamente ao longo do tempo, o que significa que produções mais recentes e mais antigas dos mesmos estilos têm apenas recursos comuns limitados.
Os subgêneros incluem Old School, New School, Dark Psytrance, também conhecido como Darkpsy; Hi-Tech, Full On, Nitzhonot, Uplifting, Progressive Psytrance e Breakbeat psicodélico. Os DJs geralmente escolhem uma direção na qual colocar seu set.
"trance" x "trance psicodélico".
É de fato conhecida uma certa rivalidade entre o Trance e o Psychedelic, mais conhecido como PsyTrance, no Brasil e Portugal. Na sua essência, o Psychedelic mantém a mesma proposta de transe através do som. Porém musicalmente o estilo é diferente do Trance, o que caracterizou a antiga sub-vertente do GoaTrance como um novo estilo de Trance, para evitar subdivisões desnecessárias. O Psychedelic atual apresenta uma estrutura musical baseada em bpm's altos, kicks sintéticos e pode apresentar, ou não, melodias (um dos elementos básicos no Trance e no GoaTrance).
Enquanto o Trance nasceu na Alemanha, o Psychedelic Trance foi originado em Israel com base também na Índia - devido ao GoaTrance, que surgiu em Goa na India derivado do Trance, caracterizando assim o Psy como um tipo de Trance. Sendo Goa Gil (Gilbert Levey) seu maior expoente no ramo (sub-género).
Estrutura musical.
O trance é formado em sua grande parte por batidas retas (4x4),que algumas vezes difere da batida do techno por ter um alcance de freqüência um pouco mais alto além dos sons graves. mas algumas vezes ocorre a mistura de batidas do hip hop ou quebra da estrutura 4x4 (quebradas). O baixo pode ter uma base de "swing" ou preencher totalmente a base remetendo ao "full-on". Uma característica marcante do estilo é uso do sintetizador TB-303, que é utilizado para fazer levadas variando constantemente ou não a frequência de corte e com uma ressonância alta ou para produzir sons psicodélicos como "borrachas", "gotas", "bombas".usa-se também o Roland JP-8000.
Nos estilos mais melódicos há o uso constante de "pads" (notas com alta sustentação, também chamado "string") deixando a composição mais atmosférica.
O termo Uplifting.
O termo tem sido usado para descrever o que a maioria das pessoas chamam de "transe épico" na cena trance do Reino Unido, para descrever alguns não sediadas no Reino Unido atos transe comerciais, como Brooklyn Bounce ou Darude, que criou alguma confusão na terminologia e classificação. " 'Muitos fãs britânicos chamam esses actos "uplifting house" (quando na verdade esses artistas estão mais perto de progressive house / trance e de trance uplifting)"'. O termo também é usado no psytrance / Goa trance, embora estes estilos não são realmente significava a soar uplifting (existe a possibilidade de algumas pessoas podem estar pensando do termo "uplifting" neste caso significa "euforia").
Ligações externas.
América Dance 90's
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1828 | Temperatura termodinâmica | Temperatura termodinâmica
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1829 | Temperatura | Temperatura
Temperatura é uma grandeza física que mede a energia cinética média de cada grau de liberdade de cada uma das partículas de um sistema em equilíbrio térmico.
Em sistemas constituídos apenas por partículas idênticas essa definição associa-se diretamente à medida da energia cinética média por partícula do sistema em equilíbrio térmico. Esta definição é análoga a afirmar-se que a temperatura mensura a energia cinética média por grau de liberdade de cada partícula do sistema uma vez consideradas todas as partículas de um sistema em equilíbrio térmico em um certo instante. A rigor, a temperatura é definida apenas para sistemas em equilíbrio térmico.
O Sistema Internacional de Unidades estabelece uma escala específica para a temperatura absoluta. Utiliza-se a escala kelvin para a mensura, com o ponto triplo da água a 273,16 K como o ponto fundamental de fixação. Outras escalas forem sendo utilizadas historicamente. A escala de Rankine, que utiliza o grau Fahrenheit como unidade de intervalo, está ainda em uso como parte do sistemas de unidades inglesas de engenharia em alguns campos de estudo nos Estados Unidos. A Escala Internacional de Temperaturas de 1990 (ITS-90) fornece meios práticos de se estimar a temperatura termodinâmica com um elevado grau de precisão.
Dentro do formalismo da termodinâmica, que leva em conta apenas grandezas macroscopicamente mensuráveis, a temperatura é, de forma equivalente, definida como a derivada parcial da energia interna formula_1 em relação à entropia formula_2 para um sistema em equilíbrio termodinâmico:
Noções gerais.
Historicamente, dois conceitos de temperatura foram desenvolvidos: um, macroscópico, fornecido pela termodinâmica, e um, microscópico, fornecido pela física estatística. Segundo a termodinâmica — que se fundamenta no estudo de grandezas necessariamente macroscópicas — a temperatura é um parâmetro físico (uma variável termodinâmica) descritivo de um sistema que, vulgarmente associada às sensações de frio e quente, relaciona-se diretamente à lei zero da termodinâmica e ao conceito de equilíbrio termodinâmico de um sistema ou sistemas. Sua mensurabilidade deriva-se diretamente da mensurabilidade da transferências de energia térmica entre sistemas na forma de calor e da segunda lei da termodinâmica. Entretanto a física estatística provê uma compreensão mais profunda não só do conceito de temperatura mas também das demais grandezas termodinâmicas, a exemplo a pressão, por associá-las diretamente às grandezas fundamentais oriundas da mecânica clássica que são diretamente aplicadas ao estudo de sistema de partículas visto que a física estatística considera explicitamente a matéria como uma coleção de um grande número de partículas. Neste contexto a estatística provê as ferramentas para compreensão microscópica das variáveis termodinâmicas macroscópicas a partir das médias ou valores totais das grandezas mecânicas diretamente associadas a cada partícula microscópica do sistema.
A temperatura "não" é uma medida de calor, mas a diferença de temperaturas é a responsável pela transferência da energia térmica na forma de calor entre dois ou mais sistemas. Quando dois sistemas estão à mesma temperatura diz-se que estão em equilíbrio térmico e neste caso não há calor. Quando existe uma diferença de temperatura, há calor do sistema em temperatura maior para o sistema em temperatura menor até atingir-se o equilíbrio térmico. Este calor pode dar-se por condução, convecção ou irradiação térmica. As influências precisas da temperatura sobre os sistemas são estudadas pela termodinâmica e esta é uma das principais grandezas intensivas encontradas na área.
A temperatura absoluta é diretamente proporcional à quantidade de energia térmica em um sistema, e assim quanto mais energia térmica há em um dado sistema maior é a sua temperatura. Um aumento na energia térmica acarreta aumento proporcional na temperatura absoluta, e uma diminuição na energia térmica, a exemplo mas não necessariamente por calor, provoca uma diminuição na temperatura do sistema. Em escala microscópica o calor corresponde à direta transmissão da agitação térmica entre átomos e moléculas no sistema. Assim, uma elevação de temperatura de um sistema em função de calor decorre de um aumento das velocidades de agitação térmica dos átomos deste sistema às custa da diminuição da velocidades das partículas do outro sistema mediante transferência direta da energia térmica associada. Pede-se atenção para o fato de que, embora temperaturas maiores representem velocidades maiores para as partículas, dois sistemas distintos à mesma temperatura não têm necessariamente partículas se movendo com as mesmas velocidades. A relação entre energia cinética média e temperatura não é restrita somente a gases ideais, entretanto ressalva dever ser feita para temperaturas extremamente próximas ao zero kelvin, pois uma temperatura de zero kelvin não implica repouso absoluto em função de um fenômeno quântico conhecido por energia de ponto zero.
O movimento das partículas e a energia cinética associados à temperatura não ficam restritos a trajetórias retilíneas ou balísticas e também têm como parcelas o movimento e a energia associados à vibração ou rotação das partículas. Até mesmo os elétrons podem mostrar-se importantes na determinação da temperatura ou no estudo do calor, como ocorre para os metais.
Praticamente todas as propriedades físicas da matéria, a exemplo seu estado físico (sólido, líquido, gasoso, plasma, condensado de Fermi-Dirac ou condensado de Bose-Einstein), a densidade, a solubilidade, a pressão de vapor e a condutibilidade elétrica relacionam-se intrinsecamente com a temperatura. A temperatura tem também papel importante na cinética das reações químicas; as reações bioquímicas que nos mantêm vivos processam-se em uma velocidade ideal quando o corpo humano encontra-se a uma temperatura de 36,7°C, a exemplo. A temperatura é fator determinante da radiância espectral, a quantidade de radiações emitidas por um corpo negro por unidade de área e tempo, e também determina sua cor, ou seja, a frequência para a qual a radiância espectral é máxima. Uma aplicação direta da radiação de corpo negro é a lâmpada incandescente, em que o filamento de tungstênio é aquecido eletricamente até uma temperatura onde uma quantidade notável de luz visível é emitida.
A temperatura é medida com termômetros que podem ser calibrados em uma grande variedade de escalas de temperatura. Praticamente em todo o mundo com a exceção dos Estados Unidos, Belize, Mianmar e Libéria, usa-se a escala Celsius para os mais variados fins. Entretanto, em se tratando de trabalhos científicos, é obrigatório o uso da escala Kelvin visto que esta é a única que liga-se de forma direta à energia cinética média por partícula do sistema em estudo e às definições estatística e termodinâmica de temperatura, sendo por razões óbvias denominada escala natural ou escala absoluta de temperaturas.
Muitos acham que uma maneira bem imediata de estimar-se a temperatura é através dos nossos sentidos, mas além de imprecisa, já que a sensação térmica varia de pessoa para pessoa, o nosso sentido associado "não" é um termômetro, não sendo portanto sensível à temperatura, e sim ao calor. O difundido procedimento de olhar se alguém encontra-se com febre tocando-lhe a testa com a mão é fisicamente incorreto.
Embora sejam requeridos equipamentos laboratoriais bem sofisticados para medir-se diretamente o movimento "termal" das partículas, as colisões entre partículas com minúsculos objetos suspensos em um fluido produzem o movimento browniano, fenômeno que pode ser facilmente observado com o auxílio de um microscópio comum e cujo estudo, juntamente com o estudo do comportamento quântico da luz, valeu a Albert Einstein o Prêmio Nobel em 1921. Os movimentos "termais" de átomos são muito rápidos, e seus movimentos somente podem ser vistos diretamente quando a temperatura está próxima do zero absoluto. A exemplo, quando os cientistas do National Institute of Standards and Technology (NIST) atingiram o recorde de temperatura mais baixa já alcançada, de 700 nK (formula_4) por meio de laser para resfriar adiabaticamente átomos de césio, após o desligamento dos lasers, a temperatura foi determinada através da medição direta do movimento dos átomos de césio, que se deslocavam a uma velocidade de apenas formula_5.
Moléculas bidimensionais como o formula_6 ou tridimensionais como o formula_7 têm mais graus de liberdade do que átomos individuais. As moléculas, além do movimento retilíneo, possuem movimentos vibratórios e rotacionais. O aumento da temperatura irá provocar a elevação da energia cinética média e como consequência um deslocamento retilíneo mais veloz. Também causará, por meio da equipartição, o aumento do movimento vibratório e rotacional. Assim sendo, para um gás diatômico, que pode adquirir movimentos vibracionais e rotacionais, será necessário uma quantidade maior de energia para atingir uma certa temperatura. Em outras palavras, um gás diatômico tem uma capacidade calorífica maior do que um gás monoatômico.
O processo de resfriamento envolve remoção de energia de um sistema. Quando não há mais energia a ser retirada, a temperatura do sistema está em zero absoluto, que é o ponto de partida da temperatura termodinâmica, onde, através do ponto de vista da física clássica, toda a energia cinética das partículas cessa e, portanto, as partículas estão imóveis. A visão de partículas completamente imóveis não é considerada a mais satisfatória para atrelar-se ao zero kelvin atualmente já que a mecânica quântica prevê que existe movimento e energia cinética mesmo que a temperatura esteja em zero absoluto. Entretanto, esta energia no zero absoluto, conhecida por energia de ponto zero, não pode ser removida do sistema, de forma que ainda vale a sentença: quando não há mais energia a ser retirada, a temperatura do sistema está em zero absoluto. Por definição, o zero absoluto é precisamente 0 Kelvin (-273,15 °C ou -459,68 °F).
Detalhes.
As aplicações formais da temperatura decorrem de sua definição matemática formula_8 e são estudadas pela termodinâmica e pela física estatística. Ao contrário de outras variáveis termodinâmicas, como a entropia ou o calor, cujas definições microscópicas são válidas mesmo bem distantes do equilíbrio termodinâmico, a temperatura, sendo uma energia média por partícula, pode ser definida apenas no equilíbrio termodinâmico, ou pelo menos num equilíbrio termodinâmico local.
A temperatura é uma propriedade intensiva, isto é, não depende do tamanho (volume) ou massa do sistema (da escala do sistema). Por outro lado, a massa, volume e a entropia são propriedades extensivas, pois dependem das dimensões do sistema. A exemplo considere dois sistemas exatamente idênticos isolados entre si, ambos com a mesma massa, mesmo volume, mesma pressão, mesma energia interna, mesma entalpia, mesma temperatura, etc. Unindo-se os dois a fim de formar-se um sistema maior, os valores do volume, da massa, da entalpia, da energia interna, e de todas as grandezas ditas extensivas irão ter seus valores duplicados no novo sistema formado. Já ao considerarmos a temperatura, a pressão, e qualquer outra das grandezas intensivas, ter-se-á que seus valores no sistema formado são os mesmos medidos antes nos sistemas individuais, sendo portanto independentes da dimensão do sistema.
No contexto da termodinâmica a cada variável extensiva há uma variável intensiva a ela conjugada. No formalismo em que a energia interna formula_1, então expressa em função das grandezas entropia formula_2, do volume formula_11 e da quantidade de matéria formula_12, formula_13, figura como equação fundamental, o conjugado do volume formula_11 é (o negativo) da pressão formula_15 , o conjugado da quantidade de matéria formula_12 é o potencial químico formula_17 e o conjugado da entropia formula_2 é a temperatura formula_19.
Uma variável intensiva relaciona-se com a sua extensiva conjugada através de uma equação diferencial. A exemplo, para as grandezas citadas:
Decorre que as grandezas entropia formula_2 e temperatura formula_19 encontram-se intimamente relacionadas.
Aplicações científicas.
A termodinâmica e em consequência as grandezas a ela diretamente associadas desempenham no contexto científico um papel certamente o mais relevante visto que, ao contrário de outras teorias, que encontram aplicações bem relevantes apenas em certas áreas e enfoques de estudo, as leis da termodinâmicas são leis universais e são obedecidas por todos os sistemas naturais, quer o enfoque de estudo esteja no campo específico desta área ou não. Neste contexto a temperatura reflete a veracidade de tal afirmação e tem papel o mais importante em quase todos os campos da ciência, incluindo física, geologia, química, ciências atmosféricas e biologia. Não há como se imaginar a biologia ou a química desvinculadas do conceito de temperatura, tão pouco a física ou qualquer outra área que tenha por foco o estudo de sistemas (naturais). Praticamente todas as propriedades físicas dos materiais, incluindo-se os estados físicos da matéria (sólido, líquido, gasoso e plasma), a densidade, a solubilidade, a pressão de vapor e condutividade elétrica, dependem explicitamente da temperatura.
A temperatura também tem um papel importante na determinação das velocidades e afeta o equilíbrio das reações químicas. Esta é uma entre as razões do corpo humano ter vários mecanismos de manutenção da temperatura corporal em 36,7 °C; temperaturas ligeiramente mais altas podem causar reações prejudiciais com sérias consequências, ou mesmo reduzir a velocidade das reações mediante a desnaturação de suas enzimas (catalisadores), a exemplo. Temperaturas mais baixas reduzem as velocidades das reações a patamares muitas vezes mortais. A temperatura também controla a distribuição em frequência e a intensidade da radiação térmica emitida pela superfície de um corpo negro. Uma aplicação deste efeito é a lâmpada incandescente, na qual um filamento de tungstênio é aquecido eletricamente para uma temperatura na qual quantidades significativas de luz visível são emitidas, além de determinar a sua cor.
A maior temperatura já obtida artificialmente foi de 4 trilhões de graus Celsius, por meio de um acelerador de partículas, quando cientistas do Laboratório Nacional de Brookhaven obtiveram em 15 de fevereiro de 2010, esta temperatura recorde por alguns milésimos de segundos. Essa temperatura é suficiente para desintegrar a matéria, podendo "derreter" prótons e nêutrons A menor temperatura obtida foi de 700 nK (1 nK = 10−9 K) pelos cientistas do National Institute of Standards and Technology (NIST), por meio de laser para resfriar adiabaticamente átomos de césio.
Metrologia.
A medição da temperatura usando os modernos termômetros científicos e escalas de temperatura tem suas origens no século XVIII, quando Gabriel Fahrenheit adaptou um termômetro de mercúrio a uma escala de temperatura desenvolvida pelo dinamarquês Ole Rømer. A escala Fahrenheit é ainda usada em alguns países, incluindo os Estados Unidos, para propósitos não-científicos.
Medições.
Muitos métodos foram desenvolvidos para medir temperaturas, tanto direta quanto indiretamente. A maior parte dos termômetros utiliza o equilíbrio térmico entre o termômetro e o meio no qual se encontra. Um dos dispositivos mais utilizados para medir a temperatura é o termômetro de vidro, que utiliza a dilatação de variados líquidos para se medir a temperatura; consiste em um tubo de vidro contendo mercúrio ou outro líquido. A subida da temperatura provoca a expansão do líquido, e a temperatura pode ser determinada medindo o volume do líquido. Tais termômetros normalmente são calibrados, e assim podem mostrar a temperatura simplesmente observando o nível do líquido no termômetro.
Existe ainda uma variedade de outros tipos de termômetros, como os termômetros de gás, que utiliza a expansão de um gás qualquer conforme o aumento da temperatura, termômetros termorresistores, que se beneficiam da alteração da resistência elétrica conforme a temperatura, termistores, que utilizam materiais semicondutores que possuem propriedades de mudanças positivas ou negativas da resistência elétrica conforme a temperatura, e o pirômetro, que mede temperaturas acima de 600 °C com base na quantidade de radiação térmica emitida e na análise dos comprimentos de onda predominantes.
Unidades.
A unidade básica de temperatura (símbolo: formula_19) no Sistema Internacional de Unidades (formula_26) é o kelvin (formula_27). Tanto o kelvin quanto o grau Celsius (°C) são definidos, por meio de um acordo internacional, por dois pontos: o zero absoluto e o ponto triplo da água (considerando a proporção de isótopos encontrada nas águas oceânicas - padrão de Viena). O zero absoluto é definido precisamente como 0 K e -273,15 °C. O zero absoluto é definido como a temperatura na qual toda a energia cinética das partículas cessa, ou seja, quando as partículas se tornam imóveis. A noção de partículas imóveis apenas faz sentido dentro da física clássica e a média das energias cinética das partículas não se aplica como definição para as temperaturas muito próximas ao zero absoluto, devendo neste caso uma parcela ser subtraída desta energia para obter-se a correta definição de temperatura, a saber a parcela correspondente à energia cinética do estado fundamental das partículas. Assim, mesmo sob a temperatura de zero absoluto, as partículas não ficam totalmente imóveis; ao contrário, os átomos e moléculas estão no estado fundamental e retém movimentos quânticos. No zero absoluto, a matéria não contém energia térmica.
Além disso, o ponto triplo da água é precisamente definido como 273,16 K e 0,01 °C. Esta definição fixa a unidade da escala kelvin como uma parte em 273,16 partes da diferença entre as temperaturas do zero absoluto e do ponto triplo da água, estabelece que uma variação de temperatura formula_28 mensurada na escala Kelvin encontra-se igualmente representada pela variação de formula_29 na escala célsius, ou seja, formula_30, e estabelece que o valor da temperatura na escala kelvin seja o valor da temperatura na escala Celsius somado a 273,15:
No campo da física de plasma, devido às altas temperaturas encontradas e devido à natureza eletromagnética do fenômeno envolvido, a temperatura é normalmente expressa em elétron-volt (eV) ou quilo-elétron-volt (keV), onde formula_32. No estudo da matéria QCD, onde teoricamente a matéria estaria tão densa e quente que quarks e glúons estariam livres, a temperatura estaria na ordem de centenas de mega-elétron-volts, equivalente a formula_33.
Para as aplicações cotidianas, normalmente usa-se a escala Celsius, no qual 0 °C é o ponto de fusão da água e 100 °C é o seu ponto de ebulição, sob a pressão atmosférica ao nível do mar.
Nos Estados Unidos, Belize, Mianmar e Libéria, a escala Fahrenheit ainda é bastante usada. A escala Fahrenheit é baseada na temperatura da mistura de gelo, água e cloreto de amônio, que automaticamente se estabiliza em 0 °F (-17,8 °C), e na temperatura do corpo humano, na qual Fahrenheit definiu como 96 °F. Mais tarde, percebeu-se que o ponto de ebulição da água era de aproximadamente 180 °F a mais do que o ponto de fusão. A partir de então, a escala foi corrigida para que a diferença de temperatura entre os pontos de ebulição e fusão da água ficasse exatamente em 180 °F. A fórmula de conversão da escala Fahrenheit para a escala Celsius e vice-versa é:
Conversão de escalas de temperaturas.
Abaixo, algumas fórmulas de conversão das diferentes escalas de temperatura utilizadas:
Temperatura negativa.
Em termos macroscópicos, relevante para a maior parte das pessoas, a temperatura negativa ocorre quando a temperatura é menor do que zero na escala em consideração. Por exemplo, a temperatura de 100 Kelvin é equivalente a -173,15 °C, uma temperatura negativa na escala Celsius. A temperatura de sistemas macroscópicos pode ter valores negativos nas escalas onde o zero da escala em uso corresponda a uma temperatura superior ao zero Kelvin. Em princípio, temperaturas negativas são impossíveis quando considerada a escala Kelvin.
Há entretanto, para alguns sistemas específicos e dentro de certas condições que em geral implicam que o sistema não esteja em seu equilíbrio termodinâmico, a possibilidade de expressar-se uma configuração do sistema mediante uma temperatura absoluta numericamente menor do que o zero absoluto. No entanto, em tal situação, um sistema com temperatura negativa não é "mais frio" do que o zero absoluto; ao contrário, é "mais quente" do que qualquer outro sistema com temperatura absoluta positiva envolvido no problema.
Fundamentos teóricos da temperatura.
Temperatura em gases.
Para um gás ideal, a teoria cinética dos gases usa a física estatística para relacionar a temperatura com a energia cinética média dos átomos no sistema. Esta energia média é independente da natureza do gás (da natureza de suas partículas), o que não parece intuitivo visto que a energia cinética e o momento de inércia dependem explicitamente da massa de cada partícula (formula_36 ; formula_37 , etc.). Entretanto, em qualquer situação a temperatura, segundo a física estatística, é em essência a medida direta da energia cinética média de qualquer uma das partículas em um gás ideal, e se dois gases distintos estão à mesma temperatura, suas partículas possuem necessariamente a mesma energia cinética média, mesmo que estas partículas sejam diferentes entre si para os gases em questão; cada partícula em um gás tem a sua própria energia que pode ou não, em um dado instante, corresponder à média, e esta varia ao longo do tempo. Feita a média ao longo do tempo verifica-se, entretanto, que qualquer que seja a partícula estas tem a mesma energia média, o que equivale dizer que em um dado instante de tempo verifica-se que a média das energias cinéticas de todas as partículas resulta sempre igual valor. A distribuição da energia térmica entre as partículas do gás em um dado instante e portanto a distribuição de velocidades das partículas no mesmo instante é dada pela distribuição de Maxwell-Boltzmann. Para um gás ideal clássico a sua energia interna é igual à sua energia térmica visto que não há interação, e portanto não há energia potencial, entre as partículas do sistema, e em consequência a energia interna deste gás é função apenas da temperatura formula_19, sendo dada por:
Portanto, mediante determinação da média por partícula, a energia cinética média por partícula de um gás ideal relaciona-se com a sua temperatura por meio da equação:
o que, em acordo com o teorema da equipartição da energia, associa corretamente uma energia média com valor formula_48 para cada grau de liberdade da partícula em questão.
O cálculo da energia cinética de um sistema com partículas não pontuais é ligeiramente mais complexo por envolver também as energias cinéticas de rotação e vibração, e não apenas a de translação. Os graus de liberdade associados aos movimentos vibratórios e rotacionais devem ser incluídos.
As considerações anteriores são válidas para gases reais apenas quando estes encontram-se no limite de comportamento de um gás ideal, ou seja, quando a densidade das partículas é muito menor do que "formula_49", onde "formula_50" é o comprimento de onda térmico de de Broglie.
A lei zero da termodinâmica diz que dois sistemas dados quaisquer, quando permitida a interação térmica entre eles, sempre irão ter, ao final de certo tempo, a mesma energia média por partícula e, portanto, a mesma temperatura. Em uma mistura de partículas de várias massas, as partículas mais pesadas irão se mover mais lentamente do que as partículas mais leves, mas sempre terão a mesma energia média. Um átomo de neônio move-se mais lentamente em relação a um átomo de hélio, mas ambos terão a mesma energia cinética média caso os gases estejam à mesma temperatura; uma partícula de pólen irá executar o movimento browniano mais lentamente do que uma molécula de água. Partículas com diferentes massas têm diferentes velocidades de distribuição, mas a energia cinética média é sempre a mesma devido à lei dos gases ideais.
Radiação cósmica de fundo e temperatura do vácuo.
É possível usar a definição de igualdade de temperaturas fornecida pela lei zero da termodinâmica para determinar a temperatura de sistemas aos quais, a rigor, o conceito de temperatura não se aplicaria: a exemplo, para o vácuo perfeito, onde não há partículas, ou para sistemas compostos por "partículas" que não possuam massa de repouso, como os sistemas compostos apenas por fótons, partículas diretamente associadas às ondas eletromagnética. Como todos os objetos emitem radiação de corpo negro, um termômetro posto no vácuo em um local hipotético onde não haja ondas eletromagnéticas iria irradiar a sua própria energia térmica, o que levaria a um decréscimo gradual em sua temperatura até que esta alcance o limite da energia de ponto zero. Neste momento poder-se-ia dizer que o termômetro entrou em equilíbrio com o vácuo, e por definição, estão portanto à mesma temperatura: a temperatura de vácuo perfeito (onde não há, inclusive, ondas eletromagnéticas) é portanto zero Kelvin.
Mais realisticamente, não há vácuo com estas características. A exemplo, um termômetro em uma câmara de vácuo mantida a uma certa temperatura (a câmara de vácuo está normalmente em um laboratório à temperatura ambiente) irá entrar em equilíbrio com a radiação térmica oriunda das paredes da câmara, e com o tempo, o termômetro alcançará a temperatura da própria câmara. Se um termômetro que orbita a Terra for exposto à luz solar, então tal termômetro entrará em equilíbrio em uma temperatura para a qual a energia total recebida do Sol é exatamente igual à energia irradiada pelo termômetro em virtude da irradiação térmica, sendo esta última muito dependente da temperatura do termômetro. Para um corpo negro sob radiação idêntica à que a Terra recebe do Sol, esta temperatura de equilíbrio seria de cerca de 281 K (8 °C). Esta análise, quando aplicada à Terra, é em verdade um pouco mais complicada visto que a terra apresenta um albedo diferente de 0, isto é, tem um nível de refletividade de cerca de 30 %, e há também o efeito estufa, o que implica uma temperatura média global junto à superfície do planeta um pouco maior do que a citada, cerca de 15 °C. Entretanto sempre verifica-se que a energia recebida iguala-se à irradiada para a temperatura de equilíbrio nestas condições. Mesmo para um termômetro bem distante do de qualquer fonte de radiação térmica, ou seja, bem distante do Sistema Solar e de qualquer outra estrela ou corpo material, ainda obter-se-ia uma temperatura de equilíbrio diferente de zero kelvin em virtude da radiação cósmica de fundo em micro-ondas. A temperatura de equilíbrio para tal termômetro nestas condições é, na atual situação de expansão do universo, de 2,725 K, sendo esta a temperatura do gás de fótons que, análogo ao que seria produzido por um corpo negro à citada temperatura, constitui a radiação cósmica de fundo. Esta temperatura, formula_51, é referida como a temperatura de vácuo.
A radiação cósmica de fundo apresenta uma radiância espectral com a frequência de maior densidade de energia situada na faixa de micro-ondas, isto no presente estágio da expansão do Universo. O estudo da radiação cósmica de fundo foi e é de grande interesse para os cientistas pois suas origens remontam diretamente às origens do universo. Os resultados experimentais obtidos no estudo da mesma são compatíveis com os previstos pelo modelo do big bang, o que inclui a atual temperatura, 2,725 K, e a radiação de corpo negro é um dos pilares experimentais sobre os quais se assenta tal modelo.
Definições.
Com base na lei zero da termodinâmica.
Uma definição primária de temperatura pode ser obtida a partir da lei zero da termodinâmica e do conceito de equilíbrio termodinâmico, que diz que, se dois sistemas, formula_52, separados por fronteira comum diatérmica, estão em equilíbrio térmico, e um terceiro sistema formula_53 está em equilíbrio térmico com o sistema formula_54, então os sistemas formula_55 estão também necessariamente em equilíbrio, sendo o equilíbrio térmico portanto uma relação transitiva, ou seja, uma relação de equivalência. Como formula_56 estão todos em equilíbrio térmico, é razoável dizer que os sistemas compartilham um valor comum de alguma propriedade. Esta propriedade é chamada de temperatura. Termômetros e escalas de temperatura podem facilmente ser construídos em virtude do exposto. Deste raciocínio surgem as escalas ordinárias de temperatura.
Ao elaborar-se um termômetro e uma escala de temperatura é muito útil estabelecer-se uma correlação entre os valores de uma propriedade física sensivelmente dependente da temperatura e facilmente mensurável em um sistema de referência adequadamente escolhido e os valores de temperatura deste sistema. Uma vez estabelecido o sistema de referência, qualquer outro dispositivo de medição pode, mediante a lei zero, ser calibrado com base na propriedade escolhida do sistema de referência e utilizado, depois, para medir a temperatura de qualquer outro sistema. O mais famoso de tais sistemas de referência e que acaba por levar ao conceito de zero absoluto (0 kelvin) é o formado por uma certa amostra de gás ideal confinada em um recipiente que permita a variação e controle tanto da pressão como do volume do gás em questão. Encontra suporte na lei dos gases ideais que afirma ser o produto da pressão pelo volume (formula_57) de um gás ideal diretamente proporcional à temperatura deste gás:
onde formula_19 é a temperatura, formula_43 é o número de mols de um gás qualquer, e formula_47 é a constante universal dos gases perfeitos. O procedimento consiste em colocar-se a amostra de gás em equilíbrio térmico com o sistema no qual quer-se determinar a temperatura, ajustar o volume do gás a um valor preestabelecido, e então ler-se a pressão do gás mediante um manômetro acoplado ao recipiente do mesmo, sendo então a leitura da pressão do gás diretamente associada a uma dada temperatura mediante uma escala gravada no próprio manômetro. Assim, pode-se definir uma escala de temperatura baseada na pressão de um gás ideal mantido a volume constante. Há ainda a opção de fixar-se uma pressão e não uma temperatura padrão, e então associar-se um valor de temperatura ao respectivo volume ocupado pelo gás em tais condições, grandeza última também facilmente mensurável. No primeiro caso temos um termômetro de gás a volume constante, no segundo um termômetro de gás à pressão constante. Na prática, tais termômetro a gás não são de uso muito prático, porém fornecem uma excelente e acurada referência para calibrar-se outros instrumentos de uso mais prático, a exemplo os termômetros de mercúrio ou álcool.
Visto que a pressão, o volume e a quantidade de matéria (número de mols) de uma amostra de gás ideal são maiores ou no limite iguais a zero, vê-se facilmente que a medida de temperatura dele derivada deve ser sempre igual ou maior do que zero: os conceito de zero absoluto e de uma escala absoluta com valores sempre positivos para esta grandeza (a escala Kelvin) decorrem diretamente dos estudos associados ao termômetros de gases ideais. Na prática não é possível construir-se um termômetro de gás que permita a medida direta do zero absoluto visto que os gases tendem a se condensar e a se solidificar antes de alcançarem o zero absoluto. Uma extrapolação dos resultados obtidos a partir do comportamento deste gás para regiões onde este ainda porta-se como um gás ideal leva direto ao conceito de zero absoluto, entretanto. Abaixo vê-se a dependência de algumas propriedades físicas que, assim como o volume e a pressão, são dependentes dos valores de temperatura dos respectivos sistemas.
Com base na segunda lei da termodinâmica.
É também possível definir a temperatura a partir do segunda lei da termodinâmica, que trata da entropia, sendo diretamente aplicada na determinação do rendimento de máquinas térmicas, na definição de processos reversíveis e irreversíveis, no estudo da máquina de Carnot, entre outros, e o autor é remetido aos artigos específicos a fim de adquirir compreensão sobre a citada grandeza e lei caso estas não sejam de seu domínio.
Conforme estabelecido pela termodinâmica, a diferença de temperaturas é responsável pelo calor entre dois sistemas. Também tem-se que, satisfeitas as condições restritivas em um sistema, como o valor de sua energia interna, o volume disponível, e outras, o estado de equilíbrio deste sistema corresponde ao estado para o qual a sua entropia é a máxima possível. Há certamente uma relação entre entre temperatura e entropia, e para encontrar-se esta relação, considera-se primeiramente a relação entre calor e trabalho em uma máquina térmica com máximo rendimento (processo reversível). A máquina térmica é um dispositivo para converter calor em trabalho mecânico e uma análise da máquina térmica de Carnot fornece as relações necessárias. O trabalho de uma máquina térmica corresponde a uma diferença entre o calor introduzido no sistema de maior temperatura, formula_62, e o calor ejetado no sistema de menor temperatura, formula_63 . O rendimento formula_64 é o trabalho executado dividido pelo calor introduzido no sistema ou:
onde formula_66 é o trabalho fornecido por ciclo. O rendimento depende apenas de formula_67. Como formula_68 correspondem à transferência de calor nas temperaturas formula_69 deve ser uma função destas temperaturas:
O teorema de Carnot estabelece que qualquer máquina reversível que trabalha entre os mesmos reservatórios de calor tem o mesmo rendimento. Assim, uma máquina operando entre formula_71 deve ter o mesmo rendimento que uma constituída de dois ciclos, um trabalhando entre formula_72 e o segundo operando entre formula_73, com formula_74. Neste caso o trabalho total formula_75 é a soma do trabalho formula_76 com o trabalho formula_77, onde o fator formula_78 corresponde ao calor rejeitado no primeiro ciclo e que alimenta o segundo ciclo.
Isto implica:
Substituindo a expressão para o rendimento total e de cada etapa em função dos calores associados formula_81 tem-se, após alguns cálculos, que:
o que implica:
Como a primeira função é independente de formula_84, esta temperatura deve ser cancelada do lado direito, significando que formula_85 é da forma formula_86 (isto é, formula_87 ), onde formula_88 é uma função de uma única temperatura. A escala de temperatura pode ser escolhida agora por meio da propriedade:
Esta expressão estabelece que a razão de temperaturas entre dois corpos pode ser praticamente determinada através da medida dos calores formula_90 envolvidos quando uma máquina com o máximo rendimento possível opera tendo os mesmos por fonte quente e fonte fria. Estabelecendo-se por fim uma temperatura de referência, a exemplo a temperatura do ponto triplo da água como 273,16 K, determina-se uma escala completa de temperaturas e um mecanismo para a medida da mesma de validade geral: tal escala conforme definida, é justamente a escala kelvin de temperaturas.
Substituindo-se a equação 4 na equação 2, obtém-se a relação do rendimento em termos de temperatura:
Observa-se que para formula_92, o rendimento é 100% e que o rendimento fica maior que 100% abaixo de 0 K. Como uma eficiência maior que 100% é contrária à primeira lei da termodinâmica, 0 K é então a menor temperatura possível, ou o zero absoluto. De fato, a menor temperatura já alcançada é de formula_93 como relatado em 1985 pelo National Institute of Standards and Technology (NIST). Subtraindo o lado direito da equação 5 da parte média e reorganizando, obtém-se:
onde o sinal negativo indica o calor retirado do sistema. Esta relação sugere a existência de uma função de estado, formula_2, definida como :
onde o índice indica um processo reversível. A variação da função num ciclo qualquer é zero, como é necessário para qualquer função de estado. Esta função é a entropia do sistema como descrito acima. Podemos reordenar a equação 6 para obter a definição da temperatura em termos de entropia e de calor:
Para um sistema onde a entropia pode ser formulada como uma função formula_98 da energia interna formula_1 a temperatura é dada por :
A temperatura é portanto a taxa de variação da energia interna com respeito à entropia quando as demais variáveis, a saber o volume, são mantidas constantes (o que implica formula_101 mediante a primeira lei da termodinâmica uma vez que a variação de volume e em consequência o trabalho são nulos, e na expressão anterior por conseguinte).
Com base na física estatística.
As definições modernas da temperatura mostram-se todas de alguma forma relacionadas à física estatística, e nesta a temperatura é definido em termos da energia cinética média por graus de liberdade de cada partícula integrante do sistema. A temperatura é associada ao movimento das partículas em uma determinada substância, aumentando se a energia de movimento, ou agitação, das partículas aumentarem, e vice versa. Neste contexto o termo movimento das partículas não implica restrição ao movimento de translação das mesmas (no movimento associado à trajetória retilínea ou balística), mas também envolve as energias cinéticas internas de uma determinada partícula, a saber as associadas à vibração e rotação, conforme antes abordado.
Moléculas têm mais graus de liberdade do que átomos individuais visto que podem vibrar e rotacionar, além de transladar. Em equilíbrio, entretanto, tem-se sempre a mesma energia média associada a cada grau de liberdade da partícula, sendo a temperatura diretamente associada a esta energia média. A temperatura é, em essência, uma medida de energia cinética média por grau de liberdade e por partícula, portanto, podendo perfeitamente ser medida em joules.
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1830 | Telepatia | Telepatia
Telepatia (do grego τηλε, "tele", "distância"; e πάθεια, "patheia", "sentir ou sentimento") é definida na parapsicologia como a habilidade de adquirir informação acerca dos pensamentos, sentimentos ou atividades de outro ser consciente, sem o uso de ferramentas tais como a linguagem verbal, corporal, de sinais ou a escrita.
O termo foi usado pela primeira vez em 1882 por Fredric W. H. Myers, fundador da Sociedade para Pesquisa Psíquica, substituindo expressões como "transferência de pensamento". A telepatia é considerada uma forma de percepção extrassensorial ou anomalia cognitiva, e é frequentemente relacionada a vários fenômenos paranormais, tais como premonição, clarividência.
Embora muitos experimentos científicos sobre a telepatia tenham sido realizados, o consenso científico atual não suporta as alegações deste e de outros supostos fenômenos paranormais e as classificam como pseudociência.
História.
Os cientistas ocidentais que investigam a telepatia geralmente reconhecem que o seu estudo científico começou com o programa de pesquisa da Society for Psychical Research (Sociedade para Pesquisa Psíquica). O ápice de suas investigações foi o relatório publicado em 1886 em dois volumes "'Phantasms of the Living" (Fantasmas Vivos). Foi neste trabalho que o termo "telepatia" foi introduzido, substituindo o termo anterior "transferência de pensamento". Embora muito das investigações iniciais consistissem de uma grande reunião de artigos anedóticos com investigações a serem realizadas a posterior, eles também conduziram experimentos com algumas dessas pessoas que reivindicavam ter capacidades telepáticas. No entanto, seus protocolos experimentais não eram tão rígidos como são os padrões atuais.
Em seu estudo sobre telepatia e outras experiências paranormais o astrônomo francês Camille Flammarion concluiu: "Esses fenômenos provam, eu penso, que a alma existe, e que ela esta dotada com faculdades até o presente momento desconhecidas… Um pensamento pode ser transmitido de uma mente para outra. Existem transmissões mentais, comunicações de pensamentos e fluxos psíquicos entre almas humanas".
Em 1917, o psicólogo John E. Coover, da Universidade de Stanford, conduziu uma série de provas de telepatia envolvendo transmitir/adivinhar cartões de jogo. Seus participantes eram capazes de adivinhar a identidade de cartões com probabilidade de 160 a 1; no entanto, Coover não considerou os resultados serem suficientemente significativos para se ter um resultado positivo.
Talvez as mais conhecidas experiências de telepatia foram as realizadas pelo pesquisador J. B. Rhine e seus sócios na Universidade de Duke, começando em 1927 usando "os diferenciados Cartões ESP" de Karl Zener (veja também Cartas de Zener). Os protocolos experimentais eram mais sistemáticos e rigorosos do que aqueles do século XIX, verificando as habilidades dos participantes antes que estes reivindicassem ter supostamente essa capacidade excepcional acima da "média", e usando os novos avanços no campo de estatística para avaliar resultados. Os resultados destes e de outras experiências foram publicados por Rhine no seu livro "Percepção Extra Sensorial", que popularizou o termo "ESP". Na visão de Rhine, a pesquisa de experiências extrassensoriais mostrava que a "mente pode escapar dos limites corporais sob certas condições… Nesse sentido, uma diferença distinta entre mente e matéria, um dualismo relativo, tem sido demonstrada…".
Outro livro influente sobre telepatia era o "Rádio Mental", publicado em 1930 pelo ganhador do prêmio Pulitzer, Upton Sinclair (com prefácio de Albert Einstein). Nele, Sinclair descreve a capacidade da sua esposa de às vezes reproduzir esboços feitos por ele mesmo, quando separados por vários quilómetros, em experiências aparentemente informais que foram usadas posteriormente por pesquisadores da visão remota, que classificaram o mesmo como uma espécie de clarividência, e fizeram algumas experiências cujos resultados sugerem que nem sempre um emissor é necessário, e alguns desenhos podiam ser reproduzidos precognitivamente.
Pelos idos de 1960, muitos parapsicólogos ficaram aborrecidos com as experiências de J. B. Rhine, parcialmente devido a alegação de estas serem tremendamente enfadonhas, causando um "efeito de declínio" nas provas depois de muitas repetições (monotonia), e por causa de se observar que a exatidão da adivinhação das cartas diminuía com o passar do tempo.
Em consequência das informações reunidas em pesquisas com experiências (espontâneas) com diversos psi que informaram que era mais comum que suas habilidades ocorressem no estado de sonho, os pesquisadores Montaque Ullman e Stanley Krippner, do Centro Médico de Maimonides, no Brooklyn, Nova Iorque, empreenderam uma série de experiências para testar a telepatia no estado de sonho. Um participante "receptor" era colocado em uma sala à prova de som, o local era eletronicamente protegido e ele seria monitorado enquanto dormisse por padrões eletroencefalogramas (EEG) e movimento rápido dos olhos (REMs), indicando estado de sonho. Um "emissor" em outro local então tentaria enviar uma imagem, casualmente selecionada de uma relação de imagens, ao emissor, que focalizaria a imagem durante momentos que fossem detectados os estados de sonho. Perto do fim de cada período de REM, o receptor seria acordado e seria pedido para descrever seu sonho durante esse período. Os dados reunidos sugeriram que às vezes a imagem enviada foi incorporada em algum meio no conteúdo dos sonhos do receptor. Enquanto os resultados de experiências de telepatia de sonho eram interessantes, para executar tais experiências, eram necessários muitos recursos (tempo, esforço e pessoal). Outros pesquisadores procuraram alternativas mais fáceis, tal como a assim chamada Experiência de Ganzfeld. Todavia, não houve nenhum protocolo experimental satisfatório no projeto para se distinguir a telepatia de outras formas de ESP, tal como clarividência. A Experiência de Ganzfeld recebeu muita atenção recentemente, e alguns acreditam que ela fornece alguma evidência experimental de telepatia. Outras experiências foram conduzidas pelo biólogo Rupert Sheldrake, que reivindica resultados de sucesso. Eles incluem experiências em: A 'sensação de estar sendo observado', em que o receptor adivinha se ele/ela está sendo observado por outra pessoa, ou se o receptor pode contar quem está lhe telefonando antes que ele atenda ao telefone, ou cães podem contar quando seus proprietários estão para retornar ao lar... Na busca de se achar uma base científica para a telepatia, alguns proponentes de psi olharam alguns aspectos de Teoria Quântica como uma possível explicação da telepatia. Em geral, teóricos psi fizeram analogias gerais e pouco específicas sobre o "inaceitável desconhecido" da religião e parapsicologia, e o "aceitar do desconhecido" nas ciências quânticas. Os exemplos claros são as teorias do princípio da incerteza e do embaraço quântico, (conexões que permitem interação aparentemente instantânea) da mecânica quântica. Essas teorias cientificamente validadas parecem questionar elementos da física clássica como a lei de causa e efeito e a impossibilidade de verdade ação à distância—os mesmos elementos da ciência que a telepatia pareceria transgredir.
No entanto, físicos declaram que esses efeitos mecânicos da teoria quântica só se aplicam em escalas de universo nanométrico, e, como os componentes físicos da mente são todos muito maiores, esses efeitos de quantum devem ser insignificantes. Ainda que a declaração de que eles possam ser "insignificantes" não pode ser provada. Alguns físicos, tal como Nick Herbert, ponderaram se os efeitos mecânicos quânticos permitiriam formas de comunicação, talvez incluindo a telepatia, isso não dependente de mecanismos "clássicos" tal como radiação eletromagnética. As experiências foram conduzidas (por cientistas tal como Gao Shen no Instituto de Física de Quantum, em Pequim, China) estudando se o embaraço quântico pode ser verificado entre mentes humanas. Tais experiências normalmente incluem controlar os padrões sincrônicos do EEG entre duas mentes hipoteticamente "conectadas". Até aqui, nenhuma evidência científica conclusiva foi revelada.
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1831 | Tinamiformes | Tinamiformes
A ordem Tinamiformes é representada por uma única família, a Tinamidae. São aves de aparência galinácea, endêmicas do neotrópico, ocorrendo do México à Patagônia, e ocupando inclusive os Andes até 4 800 metros de altitude. Representam um dos mais antigos grupos de aves do continente americano, com registros fósseis procedendo do Mioceno da Argentina.
Alimentam-se predominantemente de sementes. Diferentemente da maioria das aves, a incubação e o trato dos filhotes são tarefas exclusivas dos machos. Outra constante é a dominância do sexo feminino e a monogamia. Cabe às fêmeas definir territórios, mantê-los, atrair e competir pelos machos que as fecundarão e, feita a postura, chocarão seus ovos e cuidarão de sua descendência.
Existem 47 espécies de tinamídeos, divididos em 9 gêneros, a maioria conhecidos, como inambus e lambus (principalmente as do gênero Crypturellus), ou "codornas"; entretanto, é necessário não confundir este grupo com a verdadeira codorna, explorada comercialmente ("Coturnix coturnix"), que é um membro da ordem dos Galliformes. Os tinamídeos possuem um parentesco muito mais próximo com os avestruzes, emas, casuares e quivis do que com os galináceos, sendo que a aparência similar à dos Galliformes surgiu através de evolução convergente. Pesquisas publicadas a partir de 2010 descobriram que os tinamídeos são realmente mais próximos da extinta moa da Nova Zelândia.
Distribuição geográfica e habitat.
Os tinamídeos são restritos à região Neotropical, sendo encontrados do noroeste do México ao sul da Argentina. Ocupam praticamente todos os ambientes terrestres existentes na América do Sul, habitando desde os desertos andinos, a mais de 5 300 metros de altitude, até a mata atlântica e ao nível do mar. Eles são mais abundantes e diversificados na região amazônica, onde se concentra a maioria das espécies dos gêneros "Tinamus" e "Crypturellus".
Alimentação.
A dieta consiste principalmente de sementes, raízes, frutas, insetos e moluscos. Algumas espécies comem também pequenos vertebrados (lagartos, sapos e roedores). Eles se alimentam no solo, revirando as folhas e a matéria orgânica com o bico, mas não esgraveteiam o solo com os pés como fazem os galináceos. Os tinamídeos bebem regularmente sempre que há disponibilidade de água. Bebem sugando, não levantam a cabeça para engolir a água.
História evolutiva.
Os tinamídeos representam a linhagem mais antiga de aves do continente sul-americano. Os registros mais antigos datam do Terciário e são restritos à Argentina: uma espécie descrita por Geoffroy (1832), "Eudromia" indet. sp., datada do Mioceno Superior da província de La Pampa, e duas, "Eudromia olsoni" e "Nothura parvula", do Plioceno Superior da província de Buenos Aires. Os registros do Quaternário incluem diversas espécies ainda existentes, e têm sido encontrados espalhados por diversos sítios do Pleistoceno Inferior na América do Sul.
Classificação.
A ordem Tinamiformes é o grupo-irmão das ratitas (Struthioniformes "sensu lato"), e estes dois grupos formam o Paleognathae, baseado na característica do palato.
Tradicionalmente os tinamídeos são subdivididos em duas subfamílias: Tinaminae, espécies florestais e que têm a abertura das narinas na metade rostral do bico; e Rhynchotinae, espécies campestres e que possuem a abertura das narinas na base do bico.
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1833 | Tabela periódica | Tabela periódica
A tabela periódica é uma disposição sistemática dos elementos químicos ordenados por seus números atômicos, configuração eletrônica, e recorrência das propriedades periódicas. Este ordenamento mostra "tendências periódicas", tais como elementos com comportamentos similares na mesma coluna. Também mostra quatro blocos retangulares com propriedades químicas similares. Em geral, dentro de uma linha (período) os elementos são metálicos na esquerda e não metálicos na direita.
As linhas da tabela são denominadas períodos; as colunas são denominadas grupos. Seus grupos têm nomes específicos além de uma numeração: por exemplo o grupo 17 são os halogênios; e o grupo 18 são os gases nobres. A tabela periódica pode ser usada para deduzir as relações entre as propriedades dos elementos, e predizer as propriedades dos novos elementos ainda não descobertos ou sintetizados. A tabela fornece uma estrutura útil para analisar o comportamento químico, e é amplamente utilizada na química e em outras ciências.
O químico Dmitri Mendeleev publicou em 1869 a primeira versão amplamente reconhecida da tabela. Seu trabalho no desenvolvimento da tabela demonstra as tendências periódicas dos elementos até então conhecidos e também prediz algumas propriedades dos elementos ainda não descobertos que iriam preencher espaços vazios em sua tabela. A maioria de suas previsões se mostrou correta quando os elementos em questão foram descobertos posteriormente. Desde então a tabela de Mendeleev tem sido expandida e refinada com a descoberta ou sínteses de novos elementos e o desenvolvimento de modelos teóricos para explicar o comportamento químico.
Todos os elementos do número atômico 1 (hidrogênio) ao 118 (oganessônio) foram descobertos ou sintetizados, sendo as adições mais recentes (elementos 113, 115, 117 e 118) confirmadas pela IUPAC em dezembro de 2015. Os primeiros 94 elementos existem naturalmente, embora alguns sejam encontrados somente em quantidades de trações e foram sintetizados em laboratório antes de serem encontrados na natureza. Elementos com o número atômico de 95 ao 118 foram somente sintetizados em laboratório ou reatores nucleares. Tem sido buscada a síntese de elementos com números atômicos maiores. Vários elementos radionuclídeos sintéticos ou que ocorrem naturalmente também têm sido produzidos em laboratórios.
Em dezembro de 2017, a Organização das Nações Unidas declarou o ano de 2019 como o Ano Internacional da Tabela Periódica em reconhecimento da importância da crescente constatação global de como a química promove o desenvolvimento sustentável, e fornece soluções para os desafios globais nos campos da energia, educação, agricultura e saúde.
Visão geral.
Cada elemento químico tem um número atômico único (Z) representando o número de prótons em seu núcleo atômico A maioria dos elementos tem um número diferente de nêutrons entre átomos diferentes, com estas variações sendo referidas como isótopos. Por exemplo, o carbono tem três isótopos naturais: todos têm seis prótons e a maior parte dos átomos existentes do elemento têm seis nêutrons, mas aproximadamente um porcento tem sete nêutrons e uma pequena fração tem oito nêutrons. Os isótopos não são separados na tabela periódica; eles são agrupados sob um único elemento. Elementos sem isótopos estáveis têm a massa atômica de seus isótopos mais estáveis, onde tais massas são mostradas entre parênteses.
Na tabela periódica padrão, os elementos estão listados em ordem crescente do número atômico (o número de prótons no núcleo atômico). Uma nova linha ("período") é iniciada quando uma nova camada eletrônica tem o seu primeiro elétron. Colunas ("grupo") são determinadas pela configuração eletrônica do átomo; elementos com o mesmo número de elétrons em um subcamada estão na mesma coluna (e.g., oxigênio e selênio são da mesma coluna porque ambos têm quatro elétrons na camada p mais externa). Elementos com propriedades químicas semelhantes normalmente caem no mesmo grupo da tabela periódica, embora no bloco f, e para alguns do bloco d, os elementos no mesmo período também tendem a ter propriedades similares. Assim, é relativamente fácil predizer as propriedades químicas de um elementos se são conhecidas as propriedades dos elementos à sua volta.
Até 2016, a tabela periódica contém 118 elementos confirmados, do elemento 1 (hidrogênio) até o 118 ("oganesson"). Os elementos 113, 115, 117 e 118 foram confirmados oficialmente pela União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC) em dezembro de 2015. Os nomes propostos, "nihonium" (Nh), moscóvio (Mc), "tennessine" (Ts) e "oganesson" (Og) respectivamente, foram anunciados pela IUPAC em junho de 2016. Estes nomes não serão aprovados formalmente até o final da consulta pública de cinco meses que termina em novembro de 2016.
Os primeiros 94 elementos ocorrem naturalmente; os 24 remanescentes, do Amerício ao Ununóctio (95-118) ocorrem apenas quando sintetizados em laboratórios. Dos 94 elementos que ocorrem naturalmente, 84 são elementos primordiais e 10 ocorrem somente a partir do decaimento radioativo dos elementos primordiais. Nenhum elemento mais pesado que o Einstênio (elemento 99) foi observado em quantidades macroscópicas na forma pura, e nem o Astatino (elemento 85); o Frâncio (elemento 87) foi somente fotografado na forma de luz emitida em quantidades microscópicas (300 000 átomos).
História.
Em 1789, Antoine Lavoisier publicou uma lista de 33 elementos químicos. Embora Lavoisier tenha agrupado os elementos em substâncias simples, metálicas, não metálicas e salificáveis ou terrosas, químicos passaram o século seguinte à procura de um esquema de construção mais precisa. Em 1829, Johann Wolfgang Döbereiner observou que muitos dos elementos poderiam ser agrupados em "tríades" (grupos de três) com base em suas propriedades químicas. Lítio, sódio e potássio, por exemplo, foram agrupados como sendo metais reativos frágeis. Döbereiner observou também que, quando organizados por peso atômico, o segundo membro de cada tríade tinha aproximadamente a média do primeiro e do terceiro. Isso ficou conhecido como a lei das tríades. O químico alemão Leopold Gmelin trabalhou com esse sistema e por volta de 1843 ele tinha identificado dez tríades, três grupos de quatro, e um grupo de cinco. Jean Baptiste Dumas publicou um trabalho em 1857 descrevendo as relações entre os diversos grupos de metais. Embora houvesse diversos químicos capazes de identificar relações entre pequenos grupos de elementos, não havia ainda um esquema capaz de abranger todos eles.
Em 1869, o também químico alemão Julius Lothar Meyer publicou uma tabela com os 49 elementos conhecidos organizados pela valência, conceito desenvolvido por August Kekulé seis anos antes. A tabela revelava que os elementos com propriedades semelhantes frequentemente partilhavam a mesma valência. O químico inglês John Newlands publicou uma série de trabalhos em 1863 e 1866 que descreviam sua tentativa de classificar os elementos: quando listados em ordem crescente de peso atômico, semelhantes propriedades físicas e químicas retornavam em intervalos de oito, que ele comparou a oitavas de músicas. Esta "lei das oitavas", no entanto, foi ridicularizada por seus contemporâneos.
O professor de química russo Dmitri Ivanovich Mendeleev e Julius Lothar Meyer publicaram de forma independente as suas tabelas periódicas em 1869 e 1870, respectivamente. Ambos construíram suas tabelas de forma semelhante: listando os elementos de uma linha ou coluna em ordem de peso atômico e iniciando uma nova linha ou coluna quando as características dos elementos começavam a se repetir. O sucesso da tabela de Mendeleev surgiu a partir de duas decisões que ele tomou: a primeira foi a de deixar lacunas na tabela quando parecia que o elemento correspondente ainda não tinha sido descoberto. Mendeleev não fora o primeiro químico a fazê-lo, mas ele deu um passo adiante ao usar as tendências em sua tabela periódica para predizer as propriedades desses elementos em falta, como o gálio e o germânio. A segunda decisão foi ocasionalmente ignorar a ordem sugerida pelos pesos atômicos e alternar elementos adjacentes, tais como o cobalto e o níquel, para melhor classificá-los em famílias químicas. Com o desenvolvimento das teorias de estrutura atômica, tornou-se aparente que Mendeleev tinha, inadvertidamente, listado os elementos por ordem crescente de número atômico.
Com o desenvolvimento das modernas teorias mecânica quânticas de configuração de elétrons dentro de átomos, ficou evidente que cada linha (ou "período") na tabela correspondia ao preenchimento de um nível quântico de elétrons. Na tabela original de Mendeleev, cada período tinha o mesmo comprimento. No entanto, como os átomos maiores têm subníveis, tabelas modernas têm períodos cada vez mais longos na parte de baixo.
Em 1913, através do trabalho do físico inglês Henry G. J. Moseley, que mediu as frequências de linhas espectrais específicas de raios X de um número de 40 elementos contra a carga do núcleo (Z), pôde-se identificar algumas inversões na ordem correta da tabela periódica, sendo, portanto, o primeiro dos trabalhos experimentais a ratificar o modelo atômico de Bohr. O trabalho de Moseley serviu para dirimir um erro em que a química se encontrava na época por desconhecimento: até então os elementos eram ordenados pela massa atômica e não pelo número atômico.
Nos anos que se seguiram após a publicação da tabela periódica de Mendeleev, as lacunas que ele deixou foram preenchidas quando os químicos descobriram mais elementos químicos. O último elemento de ocorrência natural a ser descoberto foi o frâncio (referido por Mendeleev como "eka-césio") em 1939. A tabela periódica também cresceu com a adição de elementos sintéticos e transurânicos. O primeiro elemento transurânico a ser descoberto foi o netúnio, que foi formado pelo bombardeamento de urânio com nêutrons num cíclotron em 1939.
Estrutura da tabela periódica.
A tabela periódica relaciona os elementos em linhas denominadas períodos e colunas chamadas grupos ou famílias, em ordem crescente de seus números atômicos (Z).
Grupo.
Um grupo ou família é uma coluna vertical na tabela periódica. Os grupos normalmente têm mais tendências periódicas significativas do que os períodos ou blocos, explicados abaixo. A teoria da mecânica quântica moderna da estrutura atômica explica a tendência no grupo pela proposição que elementos dentro do mesmo grupo normalmente têm a mesma configuração eletrônica em sua camada de valência. Consequentemente, elementos do mesmo grupo tendem a ter uma química compartilhada e exibir uma clara tendência em suas propriedades com o aumento do número atômico. Entretanto, em algumas partes da tabela periódica, tais como no bloco d e bloco f, as similaridades horizontais podem ser tão importantes quanto, ou mais pronunciadas do que, as similaridades verticais.
Sob a convenção internacional de nomenclatura, os grupos são numerados de 1 a 18 a partir da coluna à esquerda (os metais alcalinos) para à direita (os gases nobres). Alguns dos grupos possuem nomes triviais não sistemáticos, conforme na tabela abaixo, embora raramente sejam utilizados. Os grupos do 3 ao 10 não possuem nomes triviais e são referidos simplesmente pelo número do grupo ou pelo nome do primeiro elemento do grupo (e.g., "grupo do Escândio" para os elementos do Grupo 3, uma vez que eles mostram menos similaridades e/ou tendências verticais.
Elementos no mesmo grupo tendem a mostrar padrões no raio atômico, energia de ionização e eletronegatividade. Do topo para baixo, o raio atômico dos elementos aumenta. Uma vez que existem mais níveis energéticos preenchidos, a camada de valência eletrônica está mais afastada do núcleo. A partir do topo, cada elemento tem uma energia de ionização menor porque é mais fácil remover um elétron, pois estão conectados com menos firmeza. De modo similar, a partir do topo, um grupo tem a eletronegatividade menor devido ao aumento da distância entre os elétrons de valência e o núcleo. Porém, existem exceções nestas tendências como por exemplo nos elementos do Grupo 11 no qual a eletronegatividade aumenta a partir do topo dentro do grupo.
Períodos.
Um período é uma linha horizontal da tabela periódica. Embora os grupos tenham propriedades periódicas mais significativas, existem regiões onde a tendência horizontal é mais significativa do que a vertical, tais como no bloco f, onde os lantanídeos e actinídeos formam duas séries de grupos de elementos horizontais substanciais.
Os elementos no mesmo período apresentam tendências no raio atômico, energia de ionização, afinidade eletrônica e eletronegatividade. Da esquerda para a direita, através do período, o raio atômico normalmente diminui. Isto acontece porque a cada elemento é adicionado um próton e um elétron, o que traz o elétron para mais perto do núcleo. Esta diminuição do raio atômico também provoca o aumento da energia de ionização quando movendo da esquerda para a direita no período. Quanto mais firmemente conectado aos seus elétrons, mais energia é necessária para removê-los. A eletronegatividade aumenta da mesma maneira que a energia de ionização por causa da atração exercida nos elétrons pelo núcleo. A afinidade eletrônica também possui uma leve tendência ao longo do período. Os metais à esquerda no período normalmente possuem uma afinidade eletrônica menor que os não metais à direita no período, com exceção dos gases nobres.
Blocos.
Regiões específicas da tabela periódica podem ser referidas como blocos em reconhecimento da sequência na qual as camadas eletrônicas dos elementos são preenchidas. Cada bloco é nomeado de acordo com a subcamada no qual o local fictício do "último" elétron. O bloco s compreende os dois primeiros grupos (metais alcalinos e alcalinos terrosos) assim como o hidrogênio e o hélio. O bloco p compreende os últimos seis grupos, que são os grupos 13 ao 18 na numeração da IUPAC e contém, entre outros elemento, todos os metaloides. O bloco d compreende os grupos 3 ao 12 e contém todos os metais de transição. O bloco f, às vezes mostrado abaixo do resto da tabela, não tem numeração de grupo e compreende os lantanídeos e actinídeos.
Metais, metaloides e ametais.
De acordo com as propriedades físicas e químicas, os elementos podem ser classificados em três categorias maiores de metais, metaloides e ametais. Os metais são geralmente brilhantes, sólidos, altamente condutores e formam ligas metálicas. Também formam compostos iônicos, como os sais, quando se juntam aos ametais, e hidretos, quando se juntam aos hidrogênios. A maioria dos ametais são coloridos e gases isolantes incolores; ametais que formam compostos com outros ametais apresentam ligações covalentes. Entre metais e não metais estão os metaloides, que possuem propriedades mistas ou intermediárias.
O metal e ametal pode ser ainda classificado em subcategorias que demonstram uma graduação da propriedade metálica para a não metálica, quando indo da esquerda para a direita no período. Os metais são subdivididos em metais alcalinos, metais alcalinos terrosos, lantanídeos e actinídeos, através dos metais de transição, e terminando nos metais pós transição que são fracos quimicamente e fisicamente. Os ametais são simplesmente divididos nos ametais poliatômicos, que são essencialmente os ametais; e os gases nobres monoatômicos, que são não metais e praticamente inertes. Também são conhecidos grupos especializados tais como, por exemplo, os metais refratários e os metais nobres que são subconjuntos dos metais de transição e são ocasionalmente destacados.
A alocação dos elementos em categorias ou subcategorias baseada nas propriedades compartilhadas é imperfeita. Existe um espectro de propriedades dentro de cada categoria e não é difícil encontrar sobreposições nos limites, conforme acontece com a maioria dos esquemas de classificação. O berílio, por exemplo, é classificado como um alcalino terroso embora sua química anfotérica e tendência a formar compostos covalentes seja característica dos metais pós-transição. O radônio ainda é classificado como um ametal e gás nobre embora possua química catiônica que é uma característica metálica. São possíveis outros esquemas de classificação tais como a divisão dos elementos nas categorias de ocorrência mineralógica ou nas estruturas cristalinas. A categorização dos elementos desta maneira iniciou em 1869 quando Hinrichs escreveu que uma simples linha de limite poderia ser desenhada na tabela periódica para mostrar elementos que tem propriedades similares tais como os metais e ametais, ou os elementos gasosos.
Propriedades periódicas.
Configuração eletrônica.
A configuração eletrônica ou organização dos elétrons orbitando átomos neutros mostra um padrão recorrente ou periodicidade. Os elétrons ocupam uma série de níveis eletrônicos (numerados nível 1, nível 2, e assim em diante). Cada nível consiste de um ou mais subníveis (nomeados s, p, d, f e g). Conforme o número atômico aumenta, os elétrons progressivamente ocupam estes níveis e subníveis de acordo com o princípio de Aufbau ou regra de ordenamento energético, conforme demonstrado no diagrama. A configuração eletrônica para o neônio, por exemplo, é 1s² 2s² 2p6. Com o número atômico de dez, o neônio tem dois elétrons no primeiro nível e oito no segundo nível — dois ocupam o subnível s e seis o subnível p —. Em termos de tabela periódica, a primeira vez que um elétron ocupa um novo nível corresponde ao início de um novo período, estas posições sendo ocupadas pelo hidrogênio e os metais alcalinos.
Uma vez que as propriedades de um elementos são na maioria das vezes determinada pela configuração eletrônica, da mesma forma as propriedades dos elementos mostram um padrão recorrente ou periódico com alguns mostrados no diagrama abaixo para o raio atômico, energia de ionização e afinidade eletrônica. Foi esta periodicidade das propriedades, manifestação que foi bem observada antes da teoria atual ser estabelecida, que levou a formulação da lei periódica (as propriedades dos elementos recorrem em intervalos variados) e a formulação das primeiras tabelas periódicas.
Raio atômico.
O raio atômico varia de um modo previsível e explicável através da tabela periódica. Por exemplo, o raio geralmente diminui ao longo de cada período da tabela, a partir dos metais alcalinos para os gases nobres; e aumenta dentro do grupo de cima para baixo. O raio aumenta significativamente entre o gás nobre no fim de cada período e o metal alcalino no período seguinte. Esta propriedade (e de várias outras propriedades físicas e químicas dos elementos) pode ser explicada pela teoria da configuração eletrônica do átomo; elas fornecem evidências importantes para o desenvolvimento e confirmação da teoria quântica.
Os elétrons no subnível 4f, que são progressivamente preenchidos a partir do Cério (elemento 58) até o Itérbio (elemento 70), não são efetivo na blindagem do aumento da carga nuclear para os subníveis posteriores. Os elementos subsequentes aos lantanídeos têm raio atômico que são menores do que o esperado e são quase idênticos ao raio atômico do elemento imediatamente acima destes. Deste modo o Háfnio tem praticamente o raio atômico (e química) do zircônio, e o tântalo do nióbio e assim por diante. Este fenômeno é conhecido como contração dos lantanídeos. O efeito desta contração é visível até a platina (elemento 78), no qual após este é mascarado por efeitos relativísticos conhecidos como o efeito do par inerte. A contração do bloco d, que é um efeito similar entre o bloco d e p, é menos pronunciado do que a contração dos lantanídeos mas ocorre pelo mesmo motivo.
Energia de ionização.
A primeira energia de ionização é a energia necessária para remover um elétron do átomo, a segunda energia de ionização é a energia necessária para remover um segundo elétron, e assim por diante. Para um dado átomo, a energia de ionização aumenta com o nível de remoção de elétrons. Para o magnésio, por exemplo, a primeira energia é de 738 kJ/mol e a segunda de kJ/mol. Elétrons com orbitais mais próximos experimentam uma atração da força eletrostática maior, portanto é necessário mais energia para serem removidos. A Ionização fica ainda maior na parte superior à direita da tabela periódica.
Saltos grandes na sucessão de energia de ionização molar ocorrem quando removendo um elétron numa configuração completa de nível eletrônico (gás nobre). Novamente, para o magnésio, para as duas primeiras energias de ionização dadas acima correspondem a remoção de dois elétrons 3s, e a terceira energia é de kJ/mol que é muito superior pois remove um elétron do orbital 2p que tem configuração similar ao do neon para o Mg2+. Saltos similares correm em energias de ionização de átomos no terceiro período.
Eletronegatividade.
A eletronegatividade é a tendência de um átomo de atrair um elétron. Proposta inicialmente por Linus Pauling em 1932, é afetada tanto pelo número atômico quanto pela distância entre os elétrons de valência e o núcleo. Em geral, ela aumenta da esquerda para direita ao longo do período, e de baixo para cima no grupo. Portanto, o flúor é o elemento mais eletronegativo, enquanto o césio é o com menor valor, pelo menos entre os elementos com dados substanciais.
Existem algumas exceções para esta regra geral. O gálio e o germânio têm eletronegatividades superiores ao alumínio e silício, respectivamente, devido a contração do bloco d. Elementos do quarto período imediatamente após a primeira linha dos metais de transição têm um raio atômico surpreendentemente pequeno porque os elétrons 3d não são efetivos na blindagem do aumento da carga nuclear, e volumes atômicos menores implicam em uma eletronegatividade superior. O chumbo tem uma eletronegatividade superior anômala, particularmente quando comparado com o tálio e o bismuto, que parece ser um artifício da seleção de dados e métodos de cálculo disponível ao invés do método de Pauling de mostrar a tendência periódica destes elementos.
Afinidade eletrônica.
A afinidade eletrônica de um átomo é a quantidade de energia envolvida quando um elétron é adicionado a um átomo no estado gasoso. Embora a afinidade eletrônica varie consideravelmente, existem alguns padrões periódicos. Geralmente, ametais têm valores de afinidade eletrônica positivos superiores aos dos metais. O cloro atrai com mais força o elétron extra, e os gases nobres não tiveram seus dados mensurados de forma conclusiva portanto podem ter ou não um valor levemente negativo.
A afinidade eletrônica geralmente aumenta dentro de um período. Isto é causado pelo preenchimento do camada de valência do átomo; um átomo do grupo 17 libera mais energia do que um do grupo 1 ao ganhar um elétron porque preenche esta camada e então se torna mais estável.
Dentro do grupo, a afinidade eletrônica diminui com o aumento do número de períodos. O elétron extra estaria entrando em um orbital mais afastado do núcleo e como tal seria menos atraído pelo núcleo liberando menos energia quando adicionado. Todavia, com o aumento do número do período, aproximadamente um terço dos elementos são anômalos, com os elementos mais pesados tendo uma afinidade eletrônica maior que os congêneres mais leves. Isto se deve a blindagem ineficiente dos elétrons nos níveis d e f. Uma diminuição uniforme da afinidade eletrônica só é aplicável aos átomos do grupo 1.
Característica metálica.
Quanto menor os valores de energia de ionização, eletronegatividade e afinidade eletrônica, maior a característica metálica do elemento. De modo contrário, a característica não metálica aumenta com os valores destas propriedades. Dada a tendência periódica destas propriedades, a característica metálica tende a diminuir ao longo do período e, com algumas irregularidades devido ao fraco efeito de blindagem dos elétrons f e d e efeitos relativísticos, tende a aumentar ao longo do grupo (ou coluna ou família). Deste modo, os elementos mais metálicos (tais como o césio e o frâncio) são encontrados na parte de baixo à esquerda de uma tabela periódica tradicional e os elementos mais ametálicos (oxigênio, flúor e cloro no topo à direita. A combinação das tendências horizontais e verticais na característica metálica explica o formato em escada da linha dividindo os metais e ametais que é encontrada em algumas tabelas, e a prática de categorizar vários elementos adjacentes nesta linha, ou elementos adjacentes a estes elementos como metaloides.
Variações.
Variação dos constituintes do grupo 3.
Existem três variações principais da tabela periódica, cada uma diferindo na constituição dos elementos do grupo 3. O escândio e o ítrio são mostrados como os dois primeiros membros deste grupo; e a diferença depende da identidade dos membros remanescentes.
. O lantânio (La) e o actínio (Ac) ocupam as duas posições abaixo do ítrio, sendo esta a variante mais comum. Isto enfatiza as similaridades nas propriedades periódicas ao descer nos grupos 1, 2 e 3, ao custo de descontinuidades na propriedades entre os grupos 3 e 4 e fragmentando os lantanídeos e actinídeos.
. O lutécio (Lu) e o laurêncio (Lr) ocupam as duas posições abaixo do ítrio. Esta variante mantém as quatorze colunas do bloco f e fragmenta os lantanídeos e actinídeos. Isto enfatiza as similaridades nas propriedades periódicas entre o grupo 3 e os seguintes ao custo de descontinuidades nas propriedades entre o grupo 2 e 3.
. As duas posições abaixo do ítrio contêm os lantanídeos e actinídeos (possivelmente um marcador de nota de rodapé). Esta variação enfatiza as similaridades na química dos elementos lantanídeos (La–Lu), ao custo da ambiguidade no qual os elementos que ocupam o grupo 3 abaixo do ítrio parecem ser uma coluna de 15 blocos f (podem existir somente 14 elementos em uma linha do bloco "f").
Estas três variações são originadas da dificuldade histórica de colocar os lantanídeos na tabela periódica, e argumentos como onde os elementos do bloco f começam e terminam. Tem sido questionado que tais argumentos são uma prova de que, "é um erro separar o sistema periódico em blocos delimitados. " Do mesmo modo, algumas versões com os dois marcadores tem sido criticadas por implicar que todos os quinze lantanídeos ocupam uma única célula ou estão abaixo do ítrio, em desacordo com o princípio básico de um elemento para cada espaço na tabela. A controvérsia de quais elementos ocupam o grupo 3 abaixo do escândio e Ítrio é discutida na seção Questões abertas e controvérsias do artigo.
A tabela com o Lu e o Lr é mostrada na visão geral deste artigo e foi apoiada pela IUPAC em um relatório de 1988 e reafirmada em 2021. Quando comparado com a variante do La e Ac, aparentemente existem poucas exceções ao preenchimento dos orbitais 4f entre os membros subsequentes das séries.
Versões alternativas.
A lei periódica pode ser representada de várias maneiras, sendo a tabela periódica padrão apenas uma delas. Dentro de 100 anos após o surgimento da tabela de Mendeleev em 1869, Edward G. Mazurs reuniu cerca de 700 versões diferentes publicadas da tabela periódica. Muitas formas mantêm a estrutura retangular, incluindo a tabela periódica escaliforme de Charles Janet (mostrada abaixo) e a forma modernizada do layout original de 8 colunas de Mendeleev, ainda comum na Rússia. Outros formatos de tabela periódica têm formas muito mais exóticas, como espirais (a de Otto Theodor Benfey está ilustrada à direita), círculos e triângulos.
Tabelas periódicas alternativas são frequentemente desenvolvidas para destacar ou enfatizar propriedades químicas ou físicas dos elementos que não são tão aparentes nas tabelas periódicas tradicionais, com diferentes versões voltadas mais para enfatizar a química ou a física em cada extremidade. A forma padrão, que continua sendo a mais comum, está em algum lugar no meio.
As muitas formas diferentes da tabela periódica levantam as questões de se há uma forma ótima ou definitiva da tabela periódica e, em caso afirmativo, qual seria. Não há respostas consensuais atuais para nenhuma das perguntas. A tabela de etapas à esquerda de Janet está sendo cada vez mais discutida como candidata a ser a forma mais ótima ou fundamental; Scerri escreveu em apoio a ela, pois esclarece a natureza do hélio como um elemento do grupo s, aumenta a regularidade ao ter todos os comprimentos de período repetidos, segue fielmente a regra de Madelung, fazendo com que cada período corresponda a um valor de + , e regulariza tríades de números atômicos e a tendência da anomalia da primeira linha. Embora ele observe que a colocação do hélio no topo dos metais alcalino-terrosos possa ser vista como uma desvantagem do ponto de vista químico, ele rebate isso, apelando para a anomalia da primeira linha, apontando que a tabela periódica "reduz-se fundamentalmente à mecânica quântica" e que está preocupada com "elementos abstratos" e, portanto, propriedades atômicas em vez de propriedades macroscópicas.
Ligações externas.
Softwares:
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1834 | Telefone celular | Telefone celular
é um aparelho de comunicação por ondas eletromagnéticas que permite a transmissão bidirecional de voz e dados utilizáveis em uma área geográfica que se encontra dividida em células (de onde provém a nomenclatura celular), cada uma delas servida por um transmissor/receptor. A invenção do telefone celular ocorreu em 1947 pelo laboratório Bell, nos Estados Unidos.
Há diferentes tecnologias para a difusão das ondas eletromagnéticas nos telefones móveis, baseadas na compressão das informações ou na sua distribuição: na "primeira geração (1G)" (a analógica, desenvolvida no início da década de 1980), com os sistemas NMT e AMPS; na "segunda geração (2G)" (digital, desenvolvida no final da década de 1980 e início da década de 1990): GSM, CDMA e TDMA; na "segunda geração e meia (2,5G)" (uma evolução à 2G, com melhorias significativas em capacidade de transmissão de dados e na adoção da tecnologia de pacotes e não mais comutação de circuitos), presente nas tecnologias GPRS, EDGE, HSCSD e 1xRTT; na "terceira geração (3G)" (digital, com mais recursos, em desenvolvimento desde o final dos anos 1990), como UMTS e EVDO; na "terceira geração e meia (3,5G)", como HSDPA, HSPA e HSUPA. Depois da implementação do 4G (quarta geração), está em desenvolvimento o 5G.
Aparelhos análogos baseados no rádio já eram utilizados pelas autoridades policiais de Chicago na década de trinta, entre outras tecnologias.
Designação.
Telefone móvel celular, ou simplesmente "celular" (plural celulares) é a designação utilizada no Brasil, e este termo deriva da topologia de uma rede de telefonia móvel: cada célula é o raio de ação de cada uma das estações base (antenas de emissão/recepção) do sistema, e o fato de elas estarem contíguas faz com que a representação da rede se assemelhe a uma colmeia.
Em Portugal, esses equipamentos são chamados telemóveis, por aglutinação de "telefone" + "móvel". O termo apareceu quando o sistema de telefonia móvel apareceu em Portugal, nos finais dos anos 1980, pela mão do consórcio CTT / TLP (operador único de telecomunicações, na altura), que batizou este serviço (assente na tecnologia analógica AMPS) de "Serviço Telemóvel". O termo ganhou popularidade, em detrimento de "telefone celular", quando a segunda geração apareceu em Portugal, em 1992. Isto porque o consórcio CTT/TLP decidiu autonomizar os serviços de telefonia móvel, criando a TMN - Telecomunicações Móveis Nacionais S.A., que iria utilizar e o termo "telemóvel" para designar os equipamentos e não o serviço.
História.
No ano de 1992 a cidade de Murray nos estados unidos comemorou o centenário da primeira demonstração pública do telefone sem fio feita por Stubblefield, e há réplicas do telefone sem fio construído nos moldes daquela época.
Os precursores dos celulares são os rádios comunicadores usados em aviões e barcos. Os primeiros protótipos de telefones móveis foram criados no Bell Labs em 1947, e a Ericsson chegou a desenvolver um modelo em 1956.
Na União Soviética, o primeiro celular foi desenvolvido em 1955 por Leonid Kupriyanovich. Ele pesava 1,2 quilogramas e tinha alcance de 1,5 quilômetro. Kupriyanovich aprimorou esse modelo em 1961, com um dispositivo ainda menor, pesando 70 gramas, que cabia na palma da mão, e tinha um alcance de mais de 30 quilômetros. Em 1958, foi desenvolvido, na União Soviética, o serviço "Altay", que era usado em carros e chegou a estar presente em até 30 cidades do país. Em 1965, a empresa búlgara Radioelektronika também apresentou um sistema de base que podia usar até 15 telefones.
Em 3 de abril de 1973, liderado por Martin Cooper, a Motorola apresentou e fez a primeira ligação de um telefone celular, com o DynaTAC 8000, que só chegou a ser comercializado em 1983. Este celular marcou a primeira geração.
Em 1991, houve a primeira transmissão do novo formato digital de sinal digital de celular, o 2G. Além de conversas, o novo padrão também possibilitava troca de mensagens através do serviço SMS. Em 1993, foi lançado o IBM Simon, que reunia recursos de celulares e PDAs com tela sensível ao toque, e que é considerado o primeiro "smartphone". O novo padrão variado do 2G (chamado de 2.5G) adicionou o acesso à internet por telefone celular pelo padrão GPRS. Em 1998, foram disponibilizados os primeiros conteúdos disponíveis para "download" na Finlândia e, em 1999, o primeiro serviço completo de acesso à internet no Japão.
Devido à alta demanda por serviços de internet, foi lançada em maio de 2001 no Japão, a primeira rede 3G. O primeiro aparelho foi lançado em outubro do mesmo ano. A primeira década do século XXI viu um rápido crescimento da popularização dos celulares.
No ano de 2007, a Apple lança o iPhone, o seu primeiro "smartphone", em um formato que mudou a aparência da maioria dos telefones celulares, sendo o primeiro aparelho a apresentar tela multitoque. Tinha, como principal característica, a ausência de teclados numéricos físicos, deixando-os para serem gerados por "software". No ano de 2008, a Google apresenta o Android, seu sistema operacional para "smartphone", que logo se popularizou e é, até o momento, o mais utilizado.
No Brasil.
A primeira rede de telefonia celular do Brasil foi lançada pela TELERJ, na cidade do Rio de Janeiro em 1990, seguido da cidade de Salvador. Já o estado de São Paulo, foi considerado o último grande mercado mundial a ser atendido pela telefonia celular, onde o serviço foi iniciado pela Telecomunicações de São Paulo (TELESP), somente em agosto de 1993.
Segundo a União Internacional das Telecomunicações, o Brasil era o sexto maior mercado do mundo em telefonia celular no ano de 2010, com 202,94 milhões de aparelhos em uso. Em 2012, 247 milhões de linhas de telefones celulares ativas já existiam no Brasil, e em 2022, atingiu a marca de 256,4 milhões de linhas ativas.
Mas a partir de 2015, o número de linhas ativas vem decaindo, com 229,2 milhões de assinantes/conexões no ano de 2018, sendo assim, o quinto país que mais utiliza telefones celulares no mundo, perdendo apenas para a China, Índia, Indonésia e Estados Unidos.
Operadoras.
Sistema Telebrás
Antes das empresas de telecomunicações serem privatizadas, o serviço de telefonia celular no Brasil era operado em cada estado por subsidiárias das estatais de telecomunicações do sistema Telebrás. As mais importantes eram:
Privatização e operadoras atuais
Com a privatização em 1998, o Brasil foi dividido em dez regiões geográficas para atuação das empresas de telefonia celular. Posteriormente, ocorreram diversas fusões e aquisições, resultando na criação das quatro principais operadoras de celular do país:
Vivo
Teve origem em 2002 às empresas de telefone celular), na fusão de operadoras das Bandas A e B (áreas 1, 2, 3, 5, 6, 7, 8 e 9), com posterior aquisição de operadora da Banda A (área 4) e de licença na Banda E (área 10).
Claro
Subsidiária da América Móvil para o Brasil, teve origem em 2003, na fusão de operadoras da Banda B (áreas 1, 2, 3, 6, 7 e 10), e licenças adquiridas posteriormente nas Bandas D e E (áreas 4, 5, 8 e 9).
TIM
Teve origem em 2004, na fusão de operadoras das Bandas A e B (áreas 4, 5, 9 e 10), e licenças adquiridas posteriormente nas Bandas D e E (áreas 1, 2, 3, 6, 7 e 8).
Oi
Teve origem na autorização que a Telemar adquiriu em 2001, para atuar na telefonia celular na Banda D (áreas 3, 4, 9 e 10), com posterior aquisição de operadoras das Bandas A e E (áreas 5, 6, 7 e 8) e de licenças na Banda E (áreas 1 e 2).
Em Portugal.
Em Portugal, durante o ano de 2004 a taxa de penetração dos telemóveis já ultrapassou os 100%, ou seja, existem mais equipamentos que habitantes portugueses. Devido a estes números, os operadores tentam fidelizar os seus clientes através de novos serviços, sobretudo de comunicação de dados, com destaque para o acesso móvel à Internet através de tecnologias de terceira geração (ex: UMTS, HSDPA).
Em 2013, existiam em Portugal 16,8 milhões de cartões de telefone emitidos, dos quais 7,4 milhões pertenciam à TMN, 6,5 milhões à Vodafone e 2,4 milhões à Optimus. Estes resultados fizeram com que a TMN tivesse uma quota de mercado de 44,48%, a Vodafone cerca de 38% e a Optimus quase 15%.
Utilidade.
O celular/telemóvel que quando lançado ainda na tecnologia analógica era somente usado para falar, já é usado para enviar SMS, tirar fotos, filmar, despertar, gravar lembretes, jogar e ouvir músicas, mas não para por aí, nos últimos anos, principalmente no Japão e na Europa, tem ganhado recursos surpreendentes até então não disponíveis para aparelhos portáteis, como GPS, videoconferências e instalação de programas variados, que vão desde ler e-book a usar remotamente um computador qualquer, quando devidamente configurado.
Mensagens de texto.
Além de comunicação de voz, celulares também possuem recurso de mensagem de texto, os primeiros celulares a terem o recurso surgiram no início da década de 1990 através do protocolo SMS ("Short Message Service"), o protocolo de envio de mensagens com conteúdo multimídia foi introduzido no início da década de 2000 através do protocolo MMS ("Multimedia Messaging Service"). Tanto o SMS quanto o MMS dependem do suporte dos aparelhos quanto das operadoras, foi através da popularização dos serviços de mensagens de texto que os celulares com teclado no formato QWERTY se popularizaram. Mensagens de texto também podem ser trocadas através de softwares específicos para celulares que possuem acesso à internet.
Personalização.
Juntamente com tecnologia digital, chegou além de qualidade e segurança, a possibilidade de personalizar os celulares/telemóveis. Inicialmente podia-se configurar o toque monofônico, os quais são formados apenas por bip de mesmo tom, configurados para ter o ritmo da música, e também as figuras monocromáticas que são quase desconhecidas. Com a nova geração de aparelhos, principalmente nos lançamentos do sistema GSM, veio então além de toques polifônicos e em formato MP3 juntamente com imagens coloridas.
As imagens coloridas podem ser de dois tipos distintos:
Para personalizar o seu celular procure o portal da operadora na internet ou pelo próprio aparelho via WAP, porem lembre-se que WAP é cobrado mesmo para escolher o toque ou a imagem. Há também sites que distribuem gratuitamente conteúdo para aparelhos diversos, o qual fica mais barato ao usuário final já que não são protegidos por direitos autorias.
Formatos.
Telefones celulares podem apresentar vários formatos, primeiramente, se dividem em dois tipos de interação, os de teclado físico e de toque, os de teclado físico, podendo ser numérico (no padrão E.161) ou no padrão QWERTY, já os teclados de toque são gerados por software.
O corpo pode utilizar uma ou duas peças, o formato de barra utiliza uma única peça achatada sendo o mais comum em smartphones, o formato tijolo se refere a celulares antigos e grossos, o "flip" possui uma aba que abre e fecha podendo ser vertical ou horizontal, o formato "slide" tem duas peças que deslizam também podendo ser vertical ou horizontal, o formato "swivel" utiliza duas peças que se movimentam de forma giratória, o formato taco utiliza uma tela no meio, com botões físicos dos dois lados, seno o formato utilizado pelo N-Gage.
Tipos de aparelhos.
Atualmente, costuma se classificar celulares em 3 categorias, dependendo da quantidade de recursos.
"Dumb phones".
Os "dumb phones" (em português "telefones burros") são os aparelhos considerados básicos, que utilizam apenas as funções de telefonia de voz e mensagens SMS, atualmente são raros de se encontrar.
"Feature phones".
Os "features phones" (telefones com recursos) seriam os celulares que, além das funções básicas, oferecem outros recursos como: tela colorida, possibilidade de músicas em MP3, rádio FM, entrada para fones de ouvido, visualização de imagens e vídeos, câmera fotográfica (geralmente apenas uma, na parte traseira), e que também pode fazer filmagens, conexões com outros aparelhos via Bluetooth além de acesso a serviços básicos de internet, principalmente por protocolos WAP e variações de teclados físico no formato alfanumérico E.161 ou QWERTY.
"Smartphones".
Os "smartphones" (do inglês "smart", esperto, "phone", telefone) são aparelhos, cujo foco não está na telefonia, e sim em aplicações, foram popularizados principalmente pela BlackBerry e Nokia, sendo também sistemas como Palm e Microsoft Pocket PC/Windows Mobile também tendo se tornado populares. Em 2007 o iPhone redefiniu os "smartphones" com um modelo com tela multitoque, acelerômetro e com teclado via software.
Sua principal característica é a possibilidade de instalar programas que utilizam os recursos disponíveis no aparelho. Alguns exemplos são dicionários, tradutores, jogos e clientes de e-mail. Os sistemas operativos mais utilizados são o Windows Phone, iOS e Android.
O uso massivo de "smartphones" permitiu o desenvolvimento de novas tecnologias de internet móvel em alta velocidade, tornando possível o streaming de vídeos em tempo real, e a videoconferência com a ajuda de novos equipamentos como câmera frontal próxima ao visor.
Graças à demanda por aplicativos, o tamanho médio dos smartphones aumentou comparado aos "feature phones". Hoje muitos celulares tem telas de mais de 5 polegadas sensíveis ao toque, e os de mais de 6 polegadas estão se tornando cada vez mais comuns.
Saúde.
Os aparelhos celulares, assim como outros dispositivos eletrônicos como rádio, televisão, alguns controles remotos, redes sem fio de computadores, etc utilizam ondas eletromagnéticas de rádio frequência (RF) para comunicação. Essas ondas eletromagnéticas são consideradas como radiações não ionizantes, ou seja, consideradas seguras nas potências utilizadas nos dispositivos celulares cujo funcionamento atende às recomendações da "International Commission on Non-Ionizing Radiation Protection" (ICNIRP) provisoriamente adotadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). No entanto, a (AAP) apoia a revisão destes padrões de segurança, definidos em 1996 com base em testes de segurança com adultos, sem considerar crianças e gestantes.
Governos de diversos países estão adotando o Princípio da precaução e aprovando leis que limitam o uso destas tecnologias. Em 2011, o Conselho da Europa examinou provas de que estas tecnologias têm efeitos "potencialmente nocivos" para os seres humanos, e concluiu que é necessária uma ação imediata para proteger as crianças. Para o Conselho da Europa esta ação é crucial para evitar a repetição dos erros cometidos quando autoridades de saúde pública foram lentos em reconhecer os perigos do amianto, do fumo de tabaco e do chumbo na gasolina. Países que adotaram o Princípio de precaução e aprovaram leis que limitam o uso de "Wi-Fi" e celulares: EUA, Canadá, Alemanha, Itália, França, Bélgica, Espanha, Índia, entre outros.
Diversos estudos têm sido conduzidos para se determinar possíveis riscos de longo prazo à saúde humana pelo uso aparelhos celulares: a Organização Mundial da Saúde divulgou, em 2009, resultados preliminares de um estudo que sugere que o uso de aparelhos celulares pode estar relacionado a uma predisposição maior a diversos tipos de cânceres; em contrapartida, estudo da Sociedade Dinamarquesa do Câncer, publicado em 2009, realizado com base nos dados colhidos no período de 1974 a 2003, abrangendo praticamente todos os habitantes da Escandinávia descarta a ligação de cânceres cerebrais ao uso de celulares Em 2016, a National Toxicology Program dos Estados Unidos, publicou estudo realizado ao longo de dois anos, cujas conclusões parciais e ainda sem revisão de pares, concluiu que as lesões hiperplásicas e neoplasias das células gliais observadas em ratos machos são provavelmente resultado da exposição a radiação por radiofrequências GSM e CDMA, aumentando a confiança na associação entre a exposição a radiofrequências e lesões neoplásicas no coração e no cérebro. No entanto, não foram observados efeitos significativos no coração ou cérebro dos ratos fêmeas.
A parte da divergência entre os estudos sobre os riscos à saúde do uso de celulares muitos especialistas e entidades de saúde oficiais têm recomendado a utilização limitada destes dispositivos assim como ao recurso do sistema de mãos-livres (viva-voz). Existe, contudo, um grande consenso sobre os riscos de acidentes provocados pelo uso de celulares: o uso desses dispositivos ao se dirigir um veículo automotor ou mesmo ao se caminhar aumentam significativamente o risco de acidentes através da distração provocada ao se conversar através do celular.
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1836 | Teorema das quatro cores | Teorema das quatro cores
Em matemática, o teorema das quatro cores, ou teorema do mapa das quatro cores, afirma que não mais do que quatro cores são necessárias para colorir as regiões de qualquer mapa, de modo que duas regiões adjacentes não tenham a mesma cor. "Adjacente" significa que duas regiões compartilham um segmento de curva limite comum, não apenas um canto onde três ou mais regiões se encontram. Foi o primeiro teorema importante a ser provado usando um computador. Inicialmente, essa prova não foi aceita por todos os matemáticos porque a prova assistida por computador era inviável para um ser humano verificar manualmente. Desde então, a prova ganhou ampla aceitação, embora alguns questionadores permaneçam.
A sua formulação é a seguinte:
O teorema das quatro cores foi provado em 1976 por Kenneth Appel e Wolfgang Haken após muitas provas e contra-exemplos falsos (ao contrário do teorema das cinco cores, provado na década de 1800, que afirma que cinco cores são suficientes para colorir um mapa). Para dissipar quaisquer dúvidas remanescentes sobre a prova Appel-Haken, uma prova mais simples usando as mesmas idéias e ainda contando com computadores foi publicada em 1997 por Robertson, Sanders, Seymour e Thomas. Além disso, em 2005, o teorema foi provado por Georges Gonthier com software de prova de teorema de uso geral.
Relação com outras áreas da matemática.
Dror Bar-Natan deu uma demonstração sobre Álgebra de Lie e Invariante de Vassiliev que é equivalente ao teorema das quatro cores.[25]
Uso fora da matemática.
Apesar da motivação de colorir mapas políticos de países, o teorema não é de interesse particular para os cartógrafos. De acordo com um artigo do historiador de matemática Kenneth May, "Mapas que utilizam apenas quatro cores são raros, pois geralmente requerem apenas três. Livros sobre cartografia e história da cartografia não mencionam a propriedade de quatro cores" (Wilson 2014, 2). O teorema também não garante a exigência cartográfica usual de que regiões não contíguas de um mesmo país (como o exclave do Alasca e o resto dos Estados Unidos) sejam coloridas de forma idêntica.
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1838 | Tirana | Tirana
Tirana (, "Tiranë" ou "Tirona", no dialeto local) é a capital e maior cidade da República da Albânia. Foi fundada em 1614 por Solimão Paxá e tornou-se capital do país em 1920. Tirana é também a capital do distrito de Tirana e da prefeitura de Tirana. O município () de Tirana é delimitado a norte pela serra de Kamza, a leste pelo Monte Dajt, a oeste pela serra do Vaqarr e Yzberisht e ao sul pelas colinas de Krrabë e Sauk. Tirana possui altitude média de 110 metros acima do nível do mar.
Existem dois principais rios que correm pela cidade: a Lana e de Tirana. A cidade também contém um total de quatro lagos: o lago Tirana, o lago Kodër-Kamëz, lago Farka, e o lago Tufina. O ponto mais alto de Tirana mede 1.828 m. A cidade está no mesmo paralelo com Nápoles, Madrid, Istambul e sobre o mesmo meridiano com Budapeste e Cracóvia.
É atualmente o maior centro industrial e comercial do país e abriga a Universidade de Tirana, fundada em 1957. É também sede dos três poderes do pais parlamento, executivos com seus ministérios e corte constitucional.
História.
Antiguidade.
A área ocupada atualmente pela cidade de Tirana foi povoada desde o Paleolítico remontando ao período que vai de 10.000 a 30.000 anos atrás, como mostram as evidências de ferramentas encontradas próximo ao terreno de pedreiras próximo ao monte Dajt, bem como dentro da caverna de Pellumba. Na opinião de diversos arqueólogos, Tirana e seus subúrbios estariam repletos de lendas e topônimos ilírios, e os distritos da cidade seriam algumas das primeiras regiões da Albânia a terem sido habitadas.
Diversos restos encontrados em fortalezas, igrejas, aldeias e durante construções urbanas dentro e nos arredores de Tirana forneceram evidências de atividade contínua ao longo de boa parte da história humana do local. A descoberta mais antiga na cidade em si foi um mosaico que data do , junto com diversos outros objetos encontrados na Fonte de Shengjin, próximos a um templo medieval. Um castelo, possivelmente chamado de "Tirkan" ou "Theranda", foi construído pelo imperador romano Justiniano em 520, e restaurado por Amade Paxá Toptani, no . A região não teve uma importância significativa nos períodos ilírio e clássico. Em 1510, Marin Barleti, um acadêmico e padre católico albanês, referiu-se a esta região, em sua biografia do herói nacional Skanderbeg, "Historia de vita et gestis Scanderbegi Epirotarum principis" ("História da vida e feitos de Skanderbeg, príncipe dos epirotas"), como "uma pequena vila"
Sob domínio otomano.
Os primeiros documentos de terras registradas sob domínio dos otomanos em 1431-1432 mostram que Tirana consistiu de 60 zonas habitadas, com cerca de casas e habitantes. O documento de 1583 diz que Tirana tinha 110, com casas e habitantes.
Solimão Paxá Mulleti (ou Sulejman Pashë Bargjini), um governante local, estabeleceu a cidade otomana em 1614 com uma mesquita, um centro comercial e um hamã (sauna turca). A cidade estava localizada ao longo de rotas de caravana e cresceu rapidamente em importância até o início do . Durante este período, a mesquita, no centro de Tirana, a Et'hem Bey Mesquita concebida pelo Bey de Petrela Molla, começou a ser construída. Empregava os melhores artesãos do país e foi concluída em 1821 pelo Molla do filho, que também foi Sulejman Paşa's, o grande sobrinho. Em 1800, os primeiros recém-chegados chegaram à liquidação, o chamado ortodoksit. Eles foram Vlachs das aldeias de Korçë Pogradec e que se fixaram em torno da área do lago artificial de Tirana de hoje. Mais tarde, eles começaram a ser conhecido como o llacifac e foram os primeiros cristãos a chegar após a fundação da cidade. Em 1807, Tirana tornou o centro da Sub-Prefeitura de Kruje-Tirana.
Após 1816, Tirana ficou sob o controle da família de Toptani Kruje. Em 1865, Tirana tornou uma Sub-Prefeitura da recém-criada vilaiete de Escodra e sanjaco de Durrës. A língua albanesa começou a ser ensinada nas escolas da Tirana em 1889. O clube patriótica "Bashkimi" foi fundada em 1908, enquanto em 26 de Novembro de 1912, a bandeira nacional foi levantada de acordo com Ismail Qemali. Durante a guerra dos Balcãs, a cidade foi temporariamente ocupada pelo exército sérvio, e em 1914-1915, tomou parte na revolta das aldeias de chumbo em Haxhi Qamili.
Regime comunista.
Após a chegada ao poder dos comunistas, a cidade experimentou um período significativo de desenvolvimento em todos os aspectos. Em matéria de urbanização, a cidade viu a criação de apartamentos modernos no estilo socialista e fábricas. Na década de 1960, a identidade histórica da cidade enfrentou um momento crítico como a praça central que foi redesenhada. Como resultado, um número de edifícios de importância cultural e histórica foram demolidos para dar lugar à formação do atual Praça Skanderbeg. A área do atual Teatro do Palácio da Cultura subs ituiu o antigo bazaar (Pazari i Vjetër). O Museu Histórico Nacional foi construído sobre a fundação do antigo prédio da Prefeitura de Tirana, que foi detonado na década de 1960. A primeira estrutura que foi utilizada para abrigar o Parlamento da Albânia, no reinado Zog foi transformado em um teatro para crianças e foi nomeado o Teatro de Bonecas (Teatri i Kukullave).
No aspecto político, a cidade foi visitada por uma série de importantes figuras políticas. Em 1959, o presidente soviético Nikita Khruschev visitou Tirana, e enquanto esteve na capital aproveitou a oportunidade para lançar a primeira pedra sobre as bases do novo Palácio da Cultura. Em 1964, o premier da República Popular da China, Zhou Enlai encontrou-se com Enver Hoxha. Em 1984, a cidade foi visitada pelo primeiro-ministro alemão da Baviera Franz Josef Strauss. Tirana serviu como o local em que foi realizada o funeral de Estado do Primeiro Secretário do Partido do Trabalho albanês Enver Hodzha em 1985. Quatro anos mais tarde, em 1989, Oskar Fischer, Ministro dos Assuntos Estrangeiros da República Democrática Alemã visitou Tirana.
O período de transição.
O período pós-comunista é descrito como tendo sido um dos piores em termos de desenvolvimento urbano da cidade. Tirana experimentou um desenvolvimento caótico com o elevado aumento edifícios que começaram a ser construídas sem planejamento, e estruturas ilegais aumentaram em áreas públicas. Novos bairros informais começaram a formar ao redor da cidade como migrantes internos recolhidos de todo o país.
O renascimento.
Tirana viu uma mudança radical que o novo milênio trouxe a cada etapa. A partir do ano de 2000, o município de Tirana realizou uma campanha maciça de devolver o espaço público para o público em geral. A campanha chamada "Retorno de Identidade", incluída a transformação do rio Lana, Rinia Park e outros ao seu estado pré-1990. A infra-estrutura global tem aumentado, uma vez que considerável número de estradas foram reconstruídas. Espaços comuns entre prédios foram construídas por uma subsequente campanha para trazer de volta os espaços verdes e um grande número de construções ilegais foram demolidas. É observado que alguns espaços verdes existentes são utilizados para a construção de arranha-céus e centros multi-funcionais. Prédios estão sendo construídos em razão das antigas residências.
O prefeito de Tirana, Edi Rama, levou uma iniciativa para pintar as fachadas dos edifícios de Tirana em cores vivas, porém interiores desses edifícios ainda são classificados em ruínas.
Demografia.
Em setembro de 2008, a população urbana da cidade foi oficialmente estimada em 616.396.
Em 1703, Tirana havia cerca de 4.000 habitantes e até 1820 triplicou o número de 12.000. O primeiro censo, realizado em 1923 (alguns anos depois a cidade se tornou capital da Albânia), mostraram uma população total de 10.845. Durante a década de 1950, Tirana experimentou um rápido crescimento industrial e a população aumentou para cerca de 137.000 em 1960.
Após o final do regime comunista, em 1991, Tirana experimentou seu mais rápido crescimento da população quando a população das zonas rurais se mudaram para a capital em busca de uma vida melhor. Em 1990, Tirana tinha habitantes, mas o afluxo de grande escala, desde então, a partir de outras partes do país aumentando a população de bem mais de .
Abaixo está um relato pormenorizado do desenvolvimento da população de Tirana, ao longo dos anos:
Clima.
Tirana geralmente tem um clima subtropical úmido. A temperatura média varia de um mínimo de 2 °C em janeiro para uma alta de 31 °C em julho e agosto, que também são os meses secos, cada um com cerca de 3 centímetros de precipitação, em média. Os meses mais úmidos são novembro, dezembro e média de cerca de 19 cm.
Cultura.
As principais instituições culturais e artísticas de Tirana são o Teatro Nacional, o Teatro de Ópera e Balé, a Galeria Nacional de Arte (Galeria Kombëtare e Arteve) e do Conjunto de Música e Dança Folclórica. Outro evento cultural inclui espectáculos de compositores de renome mundial realizado pela Orquestra Sinfônica da Rádio e Televisão albanesa. A cidade tem sido um palco para a Tirana Biennale e Tirana Jazz Festival.
Em Tirana existem diversos sítios históricos e culturais:
Tirana tem 8 bibliotecas públicas, sendo uma delas a Biblioteca Nacional da Albânia ("Biblioteka Kombëtare"), 5 casas-museus e 56 monumentos culturais.
Esportes.
Tirana é o principal centro de desporto na Albânia. O KF Tirana é o maior clube da Albânia, a cidade também tem o Partizani Tirana, e o Dinamo Tirana. Tirana tem dois estádios, Estádio Qemal Stafa com uma capacidade de 20.000 pessoas que foi demolido em 2016 para a construção do novo Arena Kombëtare. O segundo estádio é Estádio Selman Stërmas, que pode abrigar 11.000 pessoas. A infra-estrutura esportiva de Tirana está desenvolvendo rapidamente devido ao Município e MTKRS investimentos.
Estrutura urbana.
Educação.
Tirana é sede de várias universidades, entre elas a Universidade de Tirana, Universidade Politécnica de Tirana, a Universidade de Agricultura e a Academia de Educação Física e Esportes, instituições nacionais e internacionais, bem como NGO.
Tirana viu a criação de um vasto número de instituições acadêmicas privadas. Incluem Universidade de Nova York-Tirana, Luarasi Universidade, Zoja e Keshilit te Mire, Epitech, Academia de Cinema e Multimédia "Marubi", e muitos outros.
Outras instituições incluem a Academia das Artes, a Academia de Ciências da Albânia, Academia Militar e o Instituto do Ministério do Interior. Foi prometido pelo governo de financiar mais dinheiro na Educação e a abertura de mais escolas e que de cada criança na Albânia terá 1 computador.
Mídia.
Tirana é o principal centro de mídia Albânia. A cidade é o lar para a sede da Rádio e Televisão Albanês (RTSH), da Albânia, emissora pública nacional e radiodifusores comerciais como o Top Channel e TV Klan. Várias estações de rádio operam na capital, sendo a mais notável Rádio Tirana, seguido pelos comerciais de rádio e Top Albânia e Plus 2 Rádio. Tirana é o lar para a publicação de um grande número de diários: Shqip, Zeri i Popullit, Shekulli, Gazeta Koha Jone Shqiptare, este sendo o mais famoso.
Saúde.
O maior hospital de Tirana é chamado Hospital Madre Teresa (Qëndra Spitalore Universitare Nene Tereza), que está associado com a Faculdade de Medicina da Universidade de Tirana. O Hospital é um estabelecimento que oferece 1456 camas. O hospital está neste momento a sofrer grandes alterações na infra-estrutura e equipamentos.
Transporte.
O transporte municipal, nacional e internacional têm desenvolvido ao longo dos últimos anos e a procura tem aumentado. Até anos recentes, ligações terrestres através da Grécia e Montenegro têm tido vários problemas com a burocracia ou segurança.
O transporte local é de ônibus ou táxi. Os serviços de ônibus e micro-ônibus são executados, de acordo com a demanda, para a costa norte e sul da Albânia e de locais diferentes, em Tirana. Os serviços de ônibus internacionais ligam para a Grécia, através de Korçë e, em seguida, à fronteira, para o Kosovo, e para a Macedónia do Norte.
Existem serviços regulares de passageiros e de Durrës Pogradec, através Elbasan. A estação ferroviária está a norte de Skanderbeg Square, no Boulevard Zogu I. Não existem serviços internacionais de passageiros, embora exista apenas uma carga ferroviária através Escodra até Montenegro (embora isto seja atualmente desafetadas).
O Aeroporto Internacional de Tirana Madre Teresa ("Nënë Tereza" em albanês), também conhecido como Aeroporto Rinas foi reconstruída em 2007. Está localizado a 25 quilómetros a noroeste da cidade, ao largo da estrada para o Durrës. As companhias aéreas utilizam o Rinas incluindo Albanian Airlines, executando voos para Atenas, Nova Iorque, Rimini, Bari, Gênova, Roma, Bolonha, Munique, Frankfurt, Istambul e Viena, entre outros lugares. É um dos maiores aeroportos na região.
Economia.
Tirana é o principal centro industrial e comercial da Albânia. Ela tem experimentado um crescimento rápido e criou muitas novas indústrias desde a década 1920. As principais indústrias incluem produtos agrícolas e máquinas, têxteis, produtos farmacêuticos e de produtos metálicos.
Tirana começou a desenvolver-se no início do , quando foi estabelecido um bazar e os seus artesãos fabricavam seda e tecidos de algodão, couro, cerâmica e ferro, prata, ouro e artefatos. Situada em uma planície fértil, a área de Tirana exportada barris de azeite e pacotes de tabaco a Veneza de 1769. Em 1901, havia oliveiras, 400 lagares de azeite, e 700 lojas. A torre Tid de 85 metros está sendo construída na cidade. Ela irá redefinir arquitetura na Albânia.
Cidades irmãs.
Tirana está geminada com:
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1839 | Trance psicadélico | Trance psicadélico
Trance (referido ainda como psy trance) é uma forma de música eletrônica desenvolvida no fim dos anos 1980, a partir do Goa trance (da Índia). Este estilo tem uma batida rápida, entre 132 e 200 batidas por minuto (bpm), além da batida forte de kick, num compasso 4x4, que algumas vezes difere da batida do techno por ter um alcance de freqüência um pouco mais alto além dos sons graves. O Goa trance original geralmente era feito com sintetizadores modulares e samplers de hardware, mas a preferência no trance psicodélico se direcionou para a manipulação de samples e armazenamento em programas de sampleamento VST e AU. O uso de sintetizadores analógicos para a síntese sonora deu lugar aos instrumentos "analógicos virtuais" digitais como o Nord Lead, Access Virus, Korg MS-2000, Roland JP-8000 e os plugins de computador VST e AU como o Native Instruments Reaktor. Esses geralmente controlados por um sequenciador MIDI dentro de um programa de "Digital Audio Workstation" (DAW). O trance psicodélico é freqüentemente tocado em festivais ao ar livre (longe de grandes centros urbanos), que podem durar vários dias, com a música tocando 24 horas por dia, mais conhecidos como raves.
O surgimento do estilo no Brasil.
Em Trancoso, sul da Bahia, reduto hippie dos anos 1960 e 1970, o trance psicodélico apareceu no final da década de 1980, logo após seu desenvolvimento em Goa, com a vinda de estrangeiros. Já na década seguinte, apareciam as primeiras raves no estado de São Paulo. No final dos anos 1990 e início do século XXI, no Brasil o estilo se tornou popular com diversos festivais e festas reunindo mais de vinte mil pessoas ocorrendo ao longo do ano e em diversas metrópoles do país, e cada vez mais ganhando aceitação do público em geral.
Em 1995, o até então dentista Paulo Ricardo Correia Amaral conheceu o Psytrance junto com Luiz Sala (a.k.a. DJ Feio), surfista profissional na época. A partir dessa amizade saía de cena o dentista Paulo Ricardo e surgia o DJ Rica Amaral, um nome que está intimamente ligado com o desenvolvimento do Psytrance brasileiro.
Em 1996 o Psytrance ainda era totalmente desconhecido no Brasil. Não havia redes sociais, não havia nem celulares ou internet. Rica e DJ Feio resolveram fazer uma festa de música eletrônica em São Paulo. A festa foi batizada de "Rave XXXPerience", em pouco tempo se tornaria um dos maiores eventos de música eletrônica do Brasil com público ultrapassando facilmente a marca de 20 mil pessoas e trazendo em seu lineup todos os maiores artistas de Psytrance do mundo. Desde 2010 a XXX já não pertence mais à Rica e DJ Feio.
Nessa ultima década o Mundo de Oz já é um dos eventos mais tradicionais da cena Psy Trance brasileira. O evento que ocorre na aldeia Outro Mundo, em Lagoinha, (Mesmo local de Reveilloz, Gaia Connection e Adhana em 2020), envolve arte e diversas formas de cultura e acontece todos os anos em São Paulo geralmente no mês de abril. Conta com uma super estrutura de sete palcos, eles são a Pista Principal, Chill Out, Espaço Eco, Espaço Criança, Espaço Consciência, Espaço de Cura e Cine Oz. Todos eles oferecem atividades como terapias holísticas, redução de danos, oficinas, palestras e diversas outras opções aos participantes do evento
Outro tradicional festival Brasileiro é o Universo Paralello. Destino certo de ano novo para quase 20 mil pessoas, o Universo Paralello acontece a cada dois anos na praia de Pratigi na Bahia. Conta com uma super estrutura de seis palcos, um para cada estilo de música e artistas. Eles são o Main Stage, 303 Stage, Tortuga, Chill Out, UP Club e Palco Paralello, convivendo com pessoas das mais variadas culturas e crenças de todo o mundo.
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1841 | Tinta invisível | Tinta invisível
A tinta invisível é uma substância que pode ser usada para escrever, que ou é invisível na aplicação ou desaparece rapidamente, e pode subsequentemente ser restaurada por alguns meios. O uso da tinta invisível é uma forma de esteganografia, e foi usada em espionagem.
As formas mais simples de tinta invisível são suco de limão e leite. Para este tipo de 'tinta fixada por calor', qualquer líquido ácido funciona. Escreve-se no papel com uma pena, palito de dente ou um dedo mergulhado no líquido. Uma vez seco, o papel parece em branco. A escrita é feita para aparecer aquecendo o papel, num ferro de passar ou forno, por exemplo.
Outros tipos de tinta invisível incluem reações químicas diferentes, geralmente uma reação tipo ácido-base (como o papel de litmus), que é similar ao processo mimeográfico.
Um exemplo histórico muito famoso do uso de tinta invisível é o das cartas enviadas durante a Segunda Guerra Mundial. Para evitar que informações importantes de estratégias fossem interceptadas e descobertas, os militares passaram a fazer o uso desse artifício químico. Normalmente, em papel bege, mais disponível na época, escreviam a mensagem desejada que só seria revelada quando a reação de precipitação necessária ocorresse.
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1842 | Rio Tejo | Rio Tejo
O rio Tejo (em castelhano "Tajo", aragonês "Tacho") é o rio mais extenso da Península Ibérica. A sua bacia hidrográfica é a terceira mais extensa na Península, atrás do rio Douro e do rio Ebro. Nasce em Espanha — onde é conhecido como "Tajo" — a 1 593 m de altitude na serra de Albarracim, e após um percurso de cerca de 1 007 km, desagua no oceano Atlântico formando um estuário em Lisboa. A sua bacia hidrográfica é de 80 600 km² (55 750 km² em Espanha e 24 850 km² em Portugal), sendo a segunda mais importante da Península Ibérica depois da do rio Ebro.
Nas suas margens ficam localidades espanholas como Toledo, Aranjuez e Talavera de la Reina, e portuguesas como Abrantes, Santarém, Salvaterra de Magos, Vila Franca de Xira, Alverca do Ribatejo, Forte da Casa, Póvoa de Santa Iria, Sacavém, Alcochete, Montijo, Moita, Barreiro, Seixal, Almada e Lisboa.
Do estuário do Tejo partiram as naus e as caravelas dos descobrimentos portugueses. A onda que assolou Portugal no dia do terramoto de 1755 subiu o rio e inundou Lisboa e outras localidades na margem.
Em Lisboa, o estuário do Tejo é atravessado por duas pontes. A mais antiga é a Ponte 25 de Abril (inaugurada em 1966, então "Ponte Salazar"), uma das maiores pontes suspensas da Europa, e que liga a capital de Portugal a Almada. A outra é a Ponte Vasco da Gama, de cerca de 17 km de comprimento. Foi inaugurada em 1998 e liga Lisboa (Sacavém) a Alcochete, Moita e Montijo. O local mais largo deste rio chama-se Mar da Palha, um lago, e fica entre Lisboa, Vila Franca de Xira e Benavente.
Junto a Vila Franca de Xira existe ainda a Ponte Marechal Carmona que liga as duas margens. Era a ponte mais próxima de Lisboa que ligava as duas margens do rio. Após a abertura da Ponte 25 de Abril, mais de metade do tráfego da Ponte Marechal Carmona caiu.
Existe à entrada da barra do estuário do Tejo uma fortaleza (o Forte de São Julião da Barra).
Todos os anos no porto de Lisboa, atracam centenas de paquetes de luxo, principalmente na doca de Alcântara. No seu estuário existe uma reserva ecológica (Reserva Natural do Estuário do Tejo, com sede em Alcochete) onde nidificam várias espécies de aves. Devido à grande poluição do rio deixaram de existir golfinhos de forma permanente, mas nos últimos anos durante o Verão têm aparecido exemplares, que após uma boa pescaria retornam ao mar.
Nome e Lenda.
Segundo Sílio Itálico, Tago, como era designado o Tejo, seria o nome de um rei Ibero que foi cruelmente assassinado por Asdrúbal e que teria o mesmo nome do rio.
Quando da conquista de Lisboa Osberno comentou que "É este um rio que desce da região de Toledo, e em cujas margens se encontra ouro, quando no princípio da Primavera as águas se recolhem no leito.
Segundo as lendas D. Afonso Henriques pagou a tença ao papa com o ouro retirado do rio Tejo. Dom Dinis mandou fazer o seu ceptro com o ouro das areias do Tejo e Dom João III mandou igualmente fazer outro ceptro com o seu ouro.
Curso.
Fonte.
O rio Tejo nasce a 1 593 m de altitude, no local conhecido como "Fuente de García", no município espanhol de Frías de Albarracín, na província de Teruel. A sua fonte situa-se entre San Juan (1 830 m) e o cerro de San Felipe (1 839 m), na Serra de Albarracín, que pertence aos Montes Universales, na parte ocidental do Sistema Ibérico.
Esta formação montanhosa alberga um dos nós hidrográficos mais importantes da Península Ibérica, ao separar a vertente atlântica da mediterrânea. O rio Júcar, que desagua no Mar Mediterrâneo, tem origem a poucos quilómetros da sua fonte, assim como o Guadalaviar, que dá lugar posteriormente ao Turia.
No seu percurso inicial, o rio salta um forte desnível, lavrando materiais originados entre o Ordovícico e o Quaternário, entre os quais predominam os calcários, as dolomitas, as margas e os arenitos.
Curso alto.
O rio corre, num primeiro momento, na direcção sul-noroeste, marcando a linha divisória entre Aragão e Castela-Mancha, através das províncias de Teruel e Cuenca, respectivamente. Entra depois em Guadalaxara e, a uns dez quilómetros da sua fonte, recebe como afluente direito o rio da Hoz Seca, que é o seu primeiro grande afluente, que até tem um caudal maior que o próprio Tejo. O Hoz Seca, que recolhe as águas das serras de Orihuela del Tremedal (Teruel), nos Montes Universais, tributa no município de Peralejos de las Truchas (Guadalaxara). Aqui o Tejo já desce a uma altitude de 1 140 m, depois de vencer pronunciadas pendentes e formar diferentes gargantas, encravadas em áreas fortemente despovoadas.
O seu caudal volta a aumentar depois com as contribuições dos rios Cabrillas, Gallo, Bullones e Arandilla, que provêm do Sistema Ibérico. De todos eles, o mais destacado é o rio Gallo, que conflui no Tejo a uma altitude aproximada de 900 m.
Em toda esta zona, o rio atravessa locais de alto valor ecológico, que se encontram protegidos pela sua inclusão no Parque Natural do Alto Tejo, constituído em 2000. Este espaço integra uma flora característica dos pisos bioclimáticos supra e oromediterrâneos. Os pinhais de Pinus sylvestris, pinheiro-larício e pinheiro-bravo, as azinheiras, os juniperus e os carvalhos-portugueses são os elementos de flora principais.
Perto de Zaorejas, o Tejo gira bruscamente e toma o rumo oeste. Deixa à sua direita a aldeia de Ocentejo, onde volta a mudar de sentido, desta vez para sudoeste. Segue para Valtablado del Río e Trillo, cuja central nuclear utiliza a água do rio como sistema de refrigeração, através do pântano de La Ermita. Nesta altura, junta-se-lhe o rio Cifuentes e, mais adiante, o Ablanquejo.
Antes de abandonar a província de Guadalaxara, o Tejo é retido em cinco grandes barragens. As mais importantes são as de Entrepeñas, nas zonas de Sacedón e Auñón, e a de Buendía, cujas maiores contribuições provêm do rio Guadiela, o último dos grandes afluentes que procedem do Sistema Ibérico. Neste ponto, o rio desceu já para uma cota ligeiramente superior aos 600 m.
Mais à frente volta a ter barragens: a barragem de Bolarque, situada em Almonacid de Zorita e Pastrana, e a de Zorita, em cujas margens foi construída a central nuclear do mesmo nome, que foi fechada em 2006. No município de Zorita de los Canes, rodeia os restos arqueológicos da cidade visigótica de Recópolis.
O Tejo deixa província de Guadalaxara formando um nova albufeira, a de Estremera, que toma o nome da aldeia madrilena de Estremera.
Curso médio-alto.
O Tejo entra na Comunidade de Madrid através do seu extremo sudoeste, pela comarca histórica da Cuesta de las Encomiendas. Passa em Fuentidueña de Tajo, onde se localiza o "Remanso de la Tejera" — a uma altitude de cerca de 500 m -, e de Villamanrique de Tajo.
Depois de ser retido por nova barragem, a de Valdajos, entra no município de Aranjuez, a primeira localidade de importância que banha, onde passa ao lado do Palácio Real.
Nesta povoação forma a albufeira do Embocador, feita no e remodelada no para garantir o abastecimento de água à agricultura circundante. O seu curso é regulado mediante uma série de canais artificiais, utilizados como sistemas de rega e ornamentação dos Jardins de Aranjuez.
Dentro deste município, recebe pela direita o rio Jarama, o primeiro dos afluentes procedentes do Sistema Central e um dos mais importantes de todo o seu curso.
Esta corrente fluvial traz-lhe, além do seu caudal natural, as águas residuais vertidas pelas diferentes povoações integradas na área metropolitana de Madrid, destacando-se a própria capital e as cidades do chamado Corredor del Henares. Estas chegam ao rio Jarama — e, por extensão, ao Tejo — através do Manzanares e do Henares, respectivamente.
Em Aranjuez também tem como tributário o rio Algodor, que chega pela margem esquerda, desde os Montes de Toledo. A altitude neste troço é inferior aos 500 m.
Continua com rumo sudoeste marcando a fronteira entre Madrid e Toledo, para entrar definitivamente nesta última. Depois de passar no município de Añover de Tajo, chega a Toledo, a única capital de província espanhola por onde passa, a qual rodeia com meandros. Atravessa em Toledo as pontes monumentais de Alcántara e de San Martín.
À saída de Toledo, gira para oeste e recolhe pela esquerda o arroio Guajaraz, perto de Guadamur, e pela direita o rio Guadarrama, junto a Albarreal de Tajo, a uma altitude de cerca de 450 m. Antes de chegar a La Puebla de Montalbán, é detido pela barragem de Castrejón.
Em El Carpio de Tajo, inclina levemente para noroeste, direcção que mantém ao passar perto de Malpica de Tajo. Encaminha-se para Talavera de la Reina e, no local conhecido como Las Vegas de San Antonio, junta-se-lhe pela direita o rio Alberche, que nasce na Sierra de Gredos.
Além do Jarama, Algodor, Guadarrama e Alberche, o Tejo vê incrementado o caudal com outros afluentes mais pequenos, como o Gévalo, o Cedena, o Sangrera e o Pusa.
A partir de Talavera de la Reina, o rio toma o rumo sudoeste. Forma a albufeira de Azután, situada no município de Azután, onde volta a mudar de sentido, desta vez para oeste.
O rio sai da província de Toledo por Alcolea de Tajo e El Puente del Arzobispo, onde é atravessado por uma ponte monumental de oito arcos, construída em estilo gótico. Neste ponto, o Tejo desceu uma altura de 320 m.
Curso médio-baixo.
O Tejo entra na Estremadura pela , onde forma depois a albufeira de Valdecañas, uma das de maior superfície da sua bacia, com
O lago, junto de Valdecañas de Tajo banha parte da comarca de Los Ibores, que se situa na margem do rio Ibor, afluente do Tejo (margem esquerda), ao qual tributa através da citada albufeira, perto de Mesas de Ibor e de Bohonal de Ibor.
Atravessa depois a A-5 (Auto-estrada da Estremadura) e passa junto de Almaraz. Aqui a água é utilizada como sistema de refrigeração da central nuclear homónima, por meio da albufeira de Arrocampo-Almaraz, construída para tal efeitos.
Volta a ser detido pela barragem de Torrejón, que fica no Parque Nacional de Monfragüe. Este espaço natural protegido, que ocupa uma área de 17.852 hectares, integra três ecossistemas principais: o bosque mediterrâneo, os rochedos e as zonas húmidas, sendo estas últimas localizadas em redor do rio.
A barragem de Torrejón também inunda parte do curso baixo e a foz do Tiétar, dando lugar a um pântano adicional que, para se diferenciar do principal, é conhecido como Torrejón-Tiétar. Este rio procede da Sierra de Gredos e conflui pela direita no Tejo, perto de Villarreal de San Carlos, a uma altitude inferior aos 200 m.
A partir desta localidade, o Tejo inclina-se para sudoeste, mas volta a redireccionar-se para oeste enquanto forma a albufeira da barragem de Alcántara, uma das obras de infraestrutura hidráulica mais importantes da bacia.
Pela margem direita deste lago desagua o Alagón, à altura da localidade de Alcántara, que chega ao Tejo vindo da Sierra de Herreros, perto de Béjar (Salamanca), com as águas dos rios Arrago e Jerte, dois dos principais afluentes. Pela ribeira esquerda do lago, reporta o Almonte, que nasce na Sierra de Guadalupe. Neste ponto, o rio se encontra a uma altitude ligeiramente superior aos 100 m.
Na confluência do Alagón com o Tejo, fica a cidade de Alcántara, que dá nome à ponte romana do município. Situada ao pé da barragem é considerada como uma das obras de engenharia de caminhos mais relevantes da arte romana. Consta de seis arcos e tem 194 m de comprimento, 8 de largura e 61 de altura máxima.
Passada Alcántara, junta-se-lhe o rio Salor. O Tejo marca depois a fronteira entre Espanha e Portugal, num troço caracterizado pela ausência de núcleos urbanos relevantes, com a excepção de Herrera de Alcántara e Cedillo, muito próximo da fronteira. Esta última localidade dá nome à barragem de Cedillo, que o rio forma antes de deixar definitivamente Espanha.
Na zona fronteiriça, encontra-se com dois novos afluentes, o Erges, que chega da Sierra de Gata, e o Sever, procedente da Serra de São Mamede, situada em Portugal. Quando o Tejo entra em Portugal, já tem um cota abaixo dos 100 m.
Curso baixo.
Vila Velha de Ródão é a primeira localidade importante que o rio encontra em Portugal, antes serve de fronteira entre Portugal (municípios de Idanha-a-Nova e Castelo Branco) e Espanha. Passadas as Portas de Ródão, o Tejo inclina-se para sudoeste e, seguindo esta direcção, encontra a barragem de Fratel, cuja albufeira, parcialmente, segue paralela à Linha da Beira Baixa e à auto-estrada A23. Recebe pela direita o rio Ocreza.
A caminho de Belver no concelho de Gavião, é retido na barragem de Belver, ao largo da qual volta a fluir para oeste. Entra no concelho de Abrantes, através da freguesia de Alvega. Em Abrantes forma um meandro em volta da colina sobre a qual se situa esta cidade. Aqui junta-se-lhe o Rio Torto na margem esquerda.
Dirigindo-se para Constância, onde se lhe junta pela margem direita o Zêzere, que nasce na Serra da Estrela, a formação montanhosa mais ocidental do Sistema Central. Este rio é o principal afluente do Tejo no curso baixo, e apresenta numerosas barragens, e constitui um dos sistemas de retenção mais importantes de toda a bacia hidrográfica.
Vila Nova da Barquinha é o próximo destino. Aqui bordeja o castelo medieval de Almourol, um dos monumentos mais relevantes junto ao rio, e toma outra vez rumo sudoeste, desta vez até à foz.
Passa perto da Chamusca, depois Santarém, um das cidades mais povoadas no percurso. Na zona de Benavente, e já próximo da foz, o rio recebe o Rio Sorraia, que, através de uma extensa bacia hidrográfica, transporta as águas provenientes dos concelhos do Alto Alentejo e Alentejo Central e Lezíria do Tejo, nomeadamente Mora, Coruche, Montemor-o-Novo, Arraiolos e Avis, entre outros. A largura aumenta pouco a pouco e forma diferentes ilhas sedimentares, entre as quais se destacam pela dimensão aquelas ao sul de Vila Franca de Xira e de Alhandra, que precedem o estuário.
Foz.
Desagua no oceano Atlântico, formando o chamado mar da Palha, o mais importante da Península Ibérica, tanto pelas dimensões como pela relevância sociodemográfica. Na parte norte, este espaço está protegido legalmente mediante a Reserva Natural do Estuário do Tejo, criada em 1916, com uma área de 14 560 hectares.
Aqui se integram zonas húmidas, lodos, salinas, ilhotas e terrenos agrícolas que, a cada inverno, dão abrigo a cerca de aves. A vila de Alcochete, situada na margem esquerda do estuário, pode ser considerada como a principal localidade de referência deste espaço protegido.
O rio prossegue até Lisboa, sob a ponte Vasco da Gama, considerada uma das mais compridas da Europa. Tem 17,2 km de comprimento, 10 dos quais sobre o leito do rio. Liga desde 1998 as cidades de Montijo e Sacavém, integradas na área metropolitana de Lisboa.
Passada a ponte, surge logo à direita Lisboa. Conforme se aproxima da capital portuguesa, a largura do estuário vai pouco a pouco reduzindo-se. Num dos pontos mais estreitos foi construída a Ponte 25 de Abril, que também tem grande interesse arquitectónico e estrutural. Foi inaugurada em 1966 e tem um comprimento de quase 2 km, ligando Lisboa e Almada.
O rio bordeja a parte oriental e meridional de Lisboa, onde se encontram diversos monumentos, erigidos praticamente na margem, como a Torre de Belém e o Mosteiro dos Jerónimos, ambos de estilo manuelino, declarados Património da Humanidade. No seu final, no concelho de Oeiras já na fronteira com o mar, encontra-se uma pequena ilha com o Forte de São Lourenço e Farol do Bugio.
Regime hidrológico.
O regime hidrológico do Tejo é determinado por variações pluvionivais (dependentes de chuva ou neve) próprias da região central da Península Ibérica, especialmente no que se refere às formações montanhosas aí integradas. Os maiores níveis de caudal produzem-se de Janeiro a Abril, com o máximo absoluto em Março — quando tem lugar o degelo -, enquanto os menores dão-se entre Julho e Outubro, com mínimo em Setembro.
Este regime foi alterado na segunda metade do como consequência da construção de diferentes obras de engenharia, dirigidas à regulação da bacia para cinco usos principais:
Cabeceira.
O Transvase Tejo-Segura é uma das infraestruturas que mais contribuíram para modificar o regime hidrológico do Tejo. É regulado através das barragens de Entrepeñas e Buendía, que desviam as águas do rio para a zona sudeste de Espanha.
Aí são utilizadas principalmente para rega e abastecimento de água potável em áreas com forte turismo. A normativa espanhola prevê que se possa retirar até 70,29% da água que o rio receba à cabeceira, com destino à região do Levante.
Esta cedência à bacia do Segura baixa grandemente o caudal. Segundo dados da "Confederación Hidrográfica del Tajo", o troço compreendido entre Fuente de García e os pântanos de Entrepeñas e Buendía alcançou, entre 1999 e 2006, um volume anual de 853,6 hm³, 50,1% menos que entre 1959 e 1968.
Neste último período, contabilizaram-se 1 712,8 hm³, número que desceu para 1 305,6 entre 1969 e 1978 e 941,2 entre 1979 e 1988. A baixa é ainda mais notória entre 1989 e 1998, quando se registaram apenas 782,8 hm³, o dado mais baixo dos decénios considerados.
No ano hidrológico 2005/06, as barragens de Entrepeñas e Buendía moveram para o rio Segura um caudal de 253 hm³, superior ao vertido pelo próprio Tejo (247,7 hm³). Em 1979/80, recém-inaugurado o transvase, a contribuição foi de 36 hm³.
Troço entre Buendía e Talavera de la Reina.
Uma vez passada a barragem de Buendía, as possibilidades de recuperar o caudal desviado para o Segura são muito limitadas. Até Aranjuez, não há afluentes de importância, ao que se junta a escassa pluviometria que apresenta a zona sudeste da Guadalajara e sudoeste da Comunidade de Madrid (entre 400 a 500 mm/ano). Os campos situados na borda do rio, que se nutrem das suas águas, incidem ainda mais na perda de caudal.
Quando o Tejo chega a Aranjuez, muitas vezes tem caudal inferior a 6 m³/s, mínimo estabelecido pela normativa que regula o Transvase Tejo-Segura, conhecido como "caudal ecológico". Antes da inauguração do transvase em 1979, o rio levava neste ponto um volume de água de 30 m³.s-1.
O Tejo recupera parcialmente das contribuições realizadas ao Segura quando conflui com o rio Jarama, que desemboca em Aranjuez. Esta corrente tributa com um caudal médio de 16–20 m³.s-1, 3 vezes mais que o que leva o próprio Tejo.
Com os afluentes (Algodor, Guadarrama e Alberche) também não recupera plenamente o caudal cedido ao Segura. Por altura de Talavera de la Reina, continua a levar um volume de água muito inferior ao que apresentava antes de haver o Transvase Tejo-Segura. Segundo dados da Confederação Hidrográfica do Tejo (espanhola), o seu caudal diminuiu 40,2% entre 1972 e 2005, ao passar por Talavera.
Barragens do curso médio-baixo.
As barragens construídas no curso médio-baixo constituem outro factor de alteração do regime hidrológico, dada a intensa regulação a que é sujeito o seu caudal. A retenção do rio é especialmente visível no troço que vai de Talavera de la Reina até à fronteira entre Espanha e Portugal, de aproximadamente 300 km.
Nesta parte, o rio segue através de uma sucessão de represas (Azután, Valdecañas, Torrejón-Tajo, Alcántara e Cedillo), que se vão ligando umas com as otras. Apenas no trajecto entre Azután e Valdecañas, o Tejo flui sem estar retido.
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1844 | Tim LaHaye | Tim LaHaye
Tim LaHaye ou Timothy Francis LaHaye (Detroit, 27 de abril de 1926-25 de julho de 2016) foi um pastor batista e escritor estadunidense.
Biografia.
Timothy Francis LaHaye nasceu em 27 de abril de 1926 em Detroit, Michigan por Frank LaHaye e Margaret LaHaye. A morte de seu pai aos nove anos o chocou, mas ele foi encorajado pela palavra de um pastor no funeral que disse que quando Jesus Cristo voltasse, os crentes mortos seriam ressuscitados. Em 1944, ele se alistou nas Forças Aéreas do Exército dos Estados Unidos, após concluir a escola noturna. Em 1947, ele se casou com Beverly Ratcliffe. Então ele estudou na Bob Jones University e obteve um bacharelado em artes em 1950.
Ministério.
Ele serviu como pastor em Pumpkintown em Pickens County, SC. Em 1950 ele foi pastor de uma igreja batista em Minneapolis até 1956. Depois disso, ele se mudou para San Diego, onde foi pastor da Scott Memorial Baptist Church (agora chamou Shadow Mountain Community Church) de 1956 a 1981. Em 1971, ele fundou o Christian Heritage College, agora conhecido como San Diego Christian College. Em 1972, ele ajudou a estabelecer o Institute for Creation Research em El Cajon, com Henry M. Morris. Em 1976, ele escreveu o livro "O ato conjugal" com sua esposa Beverly. Em 1977, ele recebeu um Doutorado em Ministério do Western Seminary. Em 1979, ele encorajou Jerry Falwell a fundar a Maioria Moral e atuou em seu conselho. Em 1995, ele estreou a série de 16 livros "Left Behind" com o escritor Jerry B. Jenkins.
Privacidade.
LaHaye morreu em 25 de julho de 2016 de um derrame aos 90 anos na cidade de San Diego.
Prêmios.
Em 2005, ele foi nomeado um dos 25 Evangélicos Mais Influentes da América pela Time Magazine por seus livros "Left Behind". Ele recebeu um Doutorado honoris causa em Literatura da Liberty University.
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1845 | Teorema de Pitágoras | Teorema de Pitágoras
Na matemática, o teorema de Pitágoras é uma relação matemática entre os comprimentos dos lados de qualquer triângulo retângulo. Na geometria euclidiana, o teorema afirma que:
Por definição, a hipotenusa é o lado oposto ao ângulo reto, e os catetos são os dois lados que o formam. O enunciado anterior relaciona comprimentos, mas o teorema também pode ser enunciado como uma relação entre áreas:
Para ambos os enunciados, pode-se equacionar
formula_1
onde "a" representa o comprimento da hipotenusa, e "b" e "c" representam os comprimentos dos outros dois lados.
O teorema de Pitágoras leva o nome do matemático grego Pitágoras (570 a.C. – 495 a.C.), que tradicionalmente é creditado pela sua descoberta e demonstração, embora seja frequentemente argumentado que o conhecimento do teorema seja anterior a ele (há muitas evidências de que matemáticos babilônicos conheciam algoritmos para calcular os lados em casos específicos, mas não se sabe se conheciam um algoritmo tão geral quanto o teorema de Pitágoras).
O teorema de Pitágoras é um caso particular da lei dos cossenos, do matemático persa Ghiyath al-Kashi (1380 – 1429), que permite o cálculo do comprimento do terceiro lado de qualquer triângulo, dados os comprimentos de dois lados e a medida de algum dos três ângulos.
Fórmula e corolários.
Sendo "c" o comprimento da hipotenusa e "a" e "b" os comprimentos dos catetos, o teorema pode ser expresso por meio da seguinte equação:
formula_2
Manipulando algebricamente essa equação, chega-se a que se os comprimentos de quaisquer dois lados do triângulo retângulo são conhecidos, o comprimento do terceiro lado pode ser calculado:
formula_3
Outro corolário do teorema é que:
maior que qualquer um dos catetos pois todos os comprimentos são necessariamente números positivos, e c² > b², logo c > b, e c² > a², logo c > a. E a hipotenusa é menor que a soma dos catetos, pois c² = b² + a², e (b+a)² = b² + 2ba + a², logo c² < (b+a)², logo c < b + a.
Demonstrações.
Não se sabe ao certo qual seria a demonstração utilizada por Pitágoras. O teorema de Pitágoras já teve muitas demonstrações publicadas. O livro "The Pythagorean Proposition", de Elisha Scott Loomis, por exemplo, contém 370 demonstrações diferentes. Há uma demonstração no livro Os Elementos, de Euclides. E também ofereceram demonstrações, o matemático indiano Bhaskara Akaria, o polímata italiano Leonardo da Vinci, e o vigésimo presidente dos Estados Unidos, James A. Garfield. O teorema de Pitágoras é tanto uma afirmação a respeito de áreas quanto a respeito de comprimentos, algumas provas do teorema são baseadas em uma dessas interpretações, e outras provas são baseadas na outra interpretação.
Por comparação de áreas.
Como formula_12 representa a área do quadrado maior subtraída da soma das áreas dos triângulos retângulos, e formula_13 representa a mesma área, então formula_14. Ou seja: num triângulo retângulo o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos.
Por semelhança de triângulos.
Esta demonstração se baseia na proporcionalidade dos lados de dois triângulos semelhantes, isto é, que a razão entre quaisquer dois lados correspondentes de triângulos semelhantes é a mesma, independentemente do tamanho dos triângulos.
Sendo "ABC" um triângulo retângulo, com o ângulo reto localizado em "C", como mostrado na figura. Desenha-se a altura com origem no ponto "C", e chama-se "H" sua intersecção com o lado "AB". O ponto "H" divide o comprimento da hipotenusa, "c", nas partes "d" e "e". O novo triângulo, "ACH", é semelhante ao triângulo "ABC", pois ambos tem um ângulo reto, e eles compartilham o ângulo em "A", significando que o terceiro ângulo é o mesmo em ambos os triângulos também, marcado como "θ" na figura. Seguindo-se um raciocínio parecido, percebe-se que o triângulo "CBH" também é semelhante à "ABC". A semelhança dos triângulos leva à igualdade das razões dos lados correspondentes:
formula_15 e formula_16
O primeiro resultado é igual ao cosseno de cada ângulo "θ" e o segundo resultado é igual ao seno.
Estas relações podem ser escritas como:
formula_17 e formula_18
Somando estas duas igualdades, obtém-se
formula_19
que, rearranjada, é o teorema de Pitágoras:
formula_20
Uma variante.
Usando a mesma figura da demonstração acima, após ser mostrado que ΔABC, ΔACH e ΔCBH são semelhantes, pode-se demonstrar o teorema de Pitágoras usando-se o fato de que "a razão entre as áreas de triângulos semelhantes é igual ao quadrado da razão entre lados correspondentes", da seguinte forma: Chamando-se a área de ΔABC de "x", a área de ΔACH é x*(b/c)², e a área de ΔCBH é x*(a/c)² (pois c, b e a são as hipotenusas de ΔABC, ΔACH e ΔCBH, respectivamente). Então, como a área do triângulo inteiro é a soma das áreas dos dois triângulos menores, tem-se x*(a/c)² + x*(b/c)² = x, então (a/c)² + (b/c)² = 1, então a² + b² = c².
Demonstração de Bhaskara.
A análise da figura da direita permite computar a área do quadrado construído sobre a hipotenusa de um triângulo retângulo: ela é quatro vezes a área desse triângulo mais a área do quadrado restante, de lado ("b−a"). Equacionando-se, segue que:
formula_21
Logo:
formula_22 (o termo "(b-a)²" é um produto notável)
formula_23 (por comutatividade da multiplicação: "2ab = 2ba")
Por cálculo diferencial.
Pode-se chegar ao teorema de Pitágoras pelo estudo de como mudanças em um lado produzem mudanças na hipotenusa e usando um pouco de cálculo. É uma demonstração baseada na interpretação métrica do teorema, visto que usa comprimentos, não áreas.
Como resultado da mudança "da" no lado "a",
formula_24
por semelhança de triângulos e para mudanças diferenciais. Então,
formula_25
por separação de variáveis.
que resulta da adição de um segundo termo para as mudanças no lado "b".
Pela integração, segue:
formula_26
Quando "a" = 0 então "c" = "b", então a "constante" é "b"2. Logo,
formula_27
Num espaço com um produto interno.
Pode-se estender o teorema de Pitágoras a espaços com produto interno e com uma norma induzida por este. Nessa situação:
formula_28
Dois vetores x e y são ditos perpendiculares se:
formula_29
Segue então:
formula_30
que é o teorema de Pitágoras.
Pelo rearranjo das partes.
Uma demonstração por rearranjo é dada pela animação à esquerda. Como a área total e as áreas dos triângulos são constantes, a área preta total é constante também. E a área preta pode ser dividida em quadrados delineados pelos lados "a, b, c" do triângulo, demonstrando que = "c"2.
Na animação à direita, um grande quadrado inicial é formado da área "c "2 tornando adjacentes quatro triângulos retângulos idênticos, deixando um pequeno quadrado no centro do grande quadrado, de modo a acomodar a diferença de comprimentos dos lados dos triângulos. Dois retângulos são formados, de lados "a" e "b", movendo-se os triângulos. Incorporando o pequeno quadrado central com um destes retângulos, os dois retângulos são feitos em dois quadrados de áreas "a "2 e "b "2, mostrando que "c "2 = .
Demonstração de Euclides.
A finalidade é mostrar que a área do quadrado AOMG é igual à área do quadrado AIHD e que BEFG é igual a BCHI, mostrando que o quadrado da hipotenusa é igual à soma do quadrado dos catetos. Veja que a reta definida por HL passa pelo centro do ângulo reto AGB e é ortogonal ao segmento AB. Temos que GL = AB, pois ambos são a hipotenusa do triângulo; e AB = HI, pois que ABCD é um quadrado. Logo GL=HI (o triângulo ABG é igual ao triângulo GML). Assim sendo, as áreas dos quadriláteros AIHD e ANLG são iguais, visto que tem a mesma base (HI = GL) e a mesma altura (AI). Mas temos que as áreas dos quadriláteros ANLG e AOMG são também iguais, pois que tem a base AG em comum e a mesma altura AO. Resulta que, pelo silogismo grego, se Y=Z e Z=W, então Y=W, em termo de área vale: AIHD = ANLG e ANLG = AOMG, então AIHD = AOMG.
Para mostrar que BEFG = BCHI segue-se de modo análogo.
Euclides mostra, desta forma puramente geométrica, que a soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa.
Recíproca.
A recíproca do teorema de Pitágoras também é verdadeira:
ou, usando apenas palavras,
Ela pode ser provada usando-se a lei dos cossenos.
Consequências e usos.
Talvez nenhuma outra relação geométrica seja tão utilizada em matemática como o teorema de Pitágoras. Na geometria cartesiana, muito usada em ciências e engenharia, todos os cálculos que envolvem relações espaciais e trigonometria têm como base este teorema. É possível utilizar o teorema de Pitágoras em todos os polígonos, pois eles podem ser divididos em triângulos e esses em triângulos retângulos. E por extensão, em todos os poliedros.
A diagonal do quadrado.
A diagonal do quadrado divide-o em dois triângulos retângulos congruentes. Sendo formula_31 o lado e formula_32 a diagonal, segue que:
formula_33
Finalmente, o comprimento da diagonal é encontrado como:
formula_34
A altura do triângulo equilátero.
A altura do triângulo equilátero divide-o em dois triângulos retângulos congruentes. Sendo formula_31 o lado e formula_36 a altura, segue que:
formula_37
formula_38
Finalmente, a altura do triângulo equilátero é encontrada como:
formula_39
A diagonal do cubo.
Seja "a" a medida da aresta de um cubo (isto é, a medida de um lado de uma das faces quadradas), pelo teorema de Pitágoras:
formula_40 (I)
Pelo mesmo teorema, tem-se que:
formula_41 (II)
De I e II:
formula_42
Então:
formula_43
Nas geometrias n-dimensionais, por raciocínio análogo pode-se obter pelo teorema de Pitágoras os valores das diagonais do hipercubo unitário em função de sua respectiva dimensão: As diagonais de quadrado, cubo, tesserato e n-cubo unitários medem, respectivamente, formula_44 formula_45 formula_46 (ou seja, 2) e formula_47
Identidade trigonométrica fundamental.
formula_48
Disso, segue que:
formula_49
Ternos pitagóricos.
Um terno pitagórico (trio pitagórico) consiste em três números inteiros positivos "a", "b", e "c", tais que . Em outras palavras, um terno pitagórico representa os comprimentos dos lados de um triângulo retângulo, onde todos os três lados têm comprimentos inteiros. Essa tripla é geralmente escrita como Alguns exemplos bem conhecidos são e .
Um terno pitagórico primitivo é aquele em que "a", "b" e "c" são coprimos (o máximo divisor comum de a, b e c é 1).
Lista de ternos pitagóricos primitivos até 100:
A incomensurabilidade.
Pitágoras sabia na época, entretanto, que seu teorema tinha uma falha: Quando os catetos do triângulo eram iguais, seu teorema não funcionava, pois não haveria uma medida racional para a hipotenusa. Conta a História que a primeira atitude de Pitágoras frente a essa incoerência na matemática foi a de esconder tal fato.
Matemáticos e geômetras que o sucederam desde aquela época tentavam compreender o porquê da incomensurabilidade – os lados do triângulo não tinham medida em comum, ou seja, não podiam ser medidos de forma exata através de uma unidade comum a ambos.
Com efeito, suponha que seja a hipotenusa "p" e que os catetos sejam iguais e representados pela letra "q". Sabe-se que "p / q" é uma fração irredutível (se não fosse torná-la-íamos, até que não mais pudéssemos, restando um numerador par e um denominador impar, ou vice- versa). Da aplicação do teorema resulta "p² = 2q²". Obviamente "p²" é par, pois é o dobro de "q²", ou seja, vem de um produto de um número multiplicado por "2". Se "p²" é par, implica que "p" é par (o quadrado de um número par é sempre número par e o quadrado de um número ímpar é sempre número ímpar), logo "q" obrigatoriamente deve ser ímpar, senão a fração dada acima não seria irredutível. Fazendo agora "p" = "2k" (o que pode ser feito, pois p é par) reescrevemos: "(2k)² = 2q²" simplificando resulta "4k² = 2q²" que resulta "2k² = q²", o que quer dizer, pelo mesmo raciocínio anterior, que "q" é par, o que é absurdo pois antes resultou ser impar. Um número não pode ser par e impar ao mesmo tempo.
A solução só veio 25 séculos depois, no século XIX, com Dedekind quando foi necessária cortar a reta dos números racionais e introduzir o conjunto dos números irracionais para suprir essa deficiência da Matemática.
Uma das consequências do teorema de Pitágoras é que comprimentos incomensuráveis (ou seja, cuja razão é um número irracional, tal como a raiz quadrada de 2), podem ser construídos, com instrumentos como régua e compasso. Um triângulo retângulo com ambos os catetos de medida unitária tem uma hipotenusa de comprimento igual à raiz quadrada de 2. A figura da direita mostra como construir segmentos de reta com comprimentos iguais à raiz quadrada de qualquer número inteiro positivo.
Valor de pi.
Em "Sobre as Medidas do Círculo", Arquimedes utilizou o teorema de Pitágoras para calcular uma aproximação para o valor do número pi. Ele fez isso posicionando um hexágono regular circunscrito a um círculo e um hexágono regular menor inscrito no círculo, e então realizando a progressiva duplicação do número de lados de cada polígono regular assim obtido, cujo perímetro em cada nova etapa ele calculava por meio do teorema de Pitágoras.
Distância entre dois pontos.
O teorema de Pitágoras pode ser traduzido para a linguagem das coordenadas de Descartes:
Seja formula_50 e formula_51 Para auxiliar, seja formula_52
Como A e C possuem mesma ordenada, formula_53
Como B e C possuem mesma abcissa, formula_54
Então formula_55
Generalizações.
Lei dos cossenos.
O teorema de Pitágoras permite calcular um lado de um triângulo retângulo conhecendo os outros dois. A lei dos cossenos permite calculá-lo em qualquer triângulo. Assim, o teorema de Pitágoras é um caso especial do teorema mais geral que relaciona o comprimento dos lados de qualquer triângulo, a lei dos cossenos é a seguinte:
formula_56
onde θ é o ângulo entre os lados "a" e "b". Quando θ é 90 graus, cos(θ) = 0, assim, a fórmula reduz-se ao teorema de Pitágoras.
Teorema de Gua.
O teorema de Pitágoras pode ser generalizado para um n-simplex retângulo: o quadrado do (n-1)-volume da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos (n-1)-volumes dos catetos. Em particular, num tetraedro retângulo (isto é, que tem três faces perpendiculares entre si - os "catetos"), o quadrado da área da "hipotenusa" (a face que não é perpendicular às restantes) é igual à soma dos quadrados das áreas dos catetos.
Figuras semelhantes nos três lados.
O teorema de Pitágoras foi generalizado por Euclides em seu livro "Os Elementos" para estender-se além das áreas dos quadrados nos três lados, para figuras semelhantes:
Outro matemático que demonstrou essa afirmação foi George Pólya, e o resultado ficou conhecido como Generalização do Teorema de Pitágoras que diz:
Se C, A e B são três figuras semelhantes, construídas, respectivamente, sobre a hipotenusa e os catetos do triângulo retângulo, então as áreas das figuras A, B e C satisfazem a relação A(C) = A(A) + A(B) (Podemos observar essa figura ao lado).
Demonstração: Usaremos o resultado que garante que se duas figuras X e X' são semelhantes com razão de semelhança formula_57, então formula_58. Como as figuras A, B e C são semelhantes, temos que
formula_59
Daí, obtemos
formula_60
e como o triângulo é retângulo, pelo Teorema de Pitágoras, temos que formula_61, substituindo na equação anterior, encontramos
formula_62
Nas geometrias não euclidianas.
O teorema de Pitágoras é derivado dos axiomas da geometria euclidiana, por isso, acreditava-se que a versão euclidiana não fosse válida nas geometrias não euclidianas. (Foi mostrado que o teorema de Pitágoras é equivalente ao postulado das paralelas, que por sua vez, é equivalente à afirmação de que "a soma dos ângulos internos de um triângulo é igual a dois ângulos retos", usada em todas as demonstrações apresentadas do teorema). Em outras palavras, numa geometria não euclidiana, a relação entre os lados de um triângulo deveria necessariamente tomar outra forma. Por exemplo, na geometria esférica, a² + b² ≠ c².
Seja "c" a hipotenusa de um triângulo rectângulo numa geometria não euclidiana e "a" e "b" os catetos. O teorema de Pitágoras toma uma das seguintes formas:
Entretanto, existe uma versão para a geometria hiperbólica (usando uma métrica adequada) na qual o teorema apresenta-se no formato conhecido.
Quanto aos espaços vetoriais, em alguns deles o teorema de Pitágoras (ou mesmo generalizações dele) é verdadeiro e em outros ele é falso. Sabe-se, por exemplo, que o teorema de Pitágoras é verdadeiro em espaços pré-hilbertianos. Erhard Schmidt provou o teorema de Pitágoras para espaços vetoriais abstratos com produto interno. Dieter Brill e derivaram o análogo do teorema de Pitágoras no espaço minkowskiano (que chamaram de "Teorema de Pitágoras para o espaço-tempo").
Embora o teorema de Pitágoras seja necessariamente falso em qualquer espaço descontínuo, mostrou que num espaço desse tipo o teorema de Pitágoras pode ser usado como aproximação dentro de certos limites de tolerância.
O teorema de Pitágoras também foi generalizado para as geometrias riemannianas. Investigações nesse tema remontam ao próprio Bernhard Riemann, e a questão acerca da validade do teorema de Pitágoras na vizinhança de um ponto foi abordada por, dentre outros, Hermann von Helmholtz, Sophus Lie e Hermann Weyl.
História.
O teorema de Pitágoras foi descoberto independentemente nas antigas civilizações babilônica, indiana, chinesa e grega.
A história do teorema pode ser dividida em quatro partes: o conhecimento de trios pitagóricos, conhecimento da relação entre os lados de um triângulo retângulo, conhecimento das relações entre ângulos adjacentes, e demonstrações do teorema dentro de sistemas dedutivos.
Egito.
O historiador da matemática alemão Moritz Cantor, tomando por base que 3² + 4² = 5² era conhecido dos egípcios e que eles usavam cordas em agrimensura, especulou que eles construíam ângulos retos por meio de uma corda com nós para formar um triângulo de lados 3, 4 e 5. Bartel van der Waerden afirmou que não há evidências que sustentem esta especulação, visão compartilhada por Thomas Little Heath.
Mesopotâmia.
Há provas que os antigos babilônios já conheciam o teorema muito antes de Pitágoras. Tabletes de barro do período de 1800 a.C. a 1600 a.C. foram encontrados e estudados, estando hoje em vários museus. Um deles, Plimpton 322, mostra uma tabela de 15 linhas e 3 colunas, ilustrando trios pitagóricos.
Índia.
Na Índia, o Sulba Sutra escrito por Baudhayana em data incerta entre os séculos VIII a.C. e II a.C., contém uma lista de trios pitagóricos descobertos algebricamente, um enunciado do teorema de Pitágoras, e uma demostração geométrica deste para um triângulo retângulo isósceles. O "Sulba Sutra" de Apastamba ("ca." 600 a.C.) contém uma demostração numérica do caso geral do teorema de Pitágoras, usando cálculo de áreas. Van der Waerden acreditava que esta demostração "estava certamente baseada em tradições antigas". Carl Benjamin Boyer pensava que os elementos achados em "Śulba-sũtram" deviam ter raízes mesopotâmicas.
China.
Na China, o teorema também já era conhecido cerca de 600 anos antes do período Pitagórico. O problema "Gou Gu", do famoso livro chinês Zhoubi Saunjing é uma evidência da existência de conhecimento a respeito do teorema.
Grécia.
Pitágoras (569 a.C. - 475 a.C.) usou métodos algébricos para construir trios pitagóricos, de acordo com os comentários de Proclo sobre Euclides. Proclo, porém, escreveu entre os anos 410 e 485 d.C. Segundo Thomas Little Heath (1861–1940), não existe nenhuma atribuição específica do teorema a Pitágoras na literatura grega que se conserva dos cinco séculos posteriores à época em que Pitágoras viveu. No entanto, quando autores como Plutarco e Cícero atribuíram o teorema a Pitágoras, fizeram-no de tal forma que sugeria que esta atribuição era amplamente conhecida e livre de qualquer dúvida. "Se esta fórmula é corretamente atribuída ao próprio Pitágoras, [...] pode-se assumir com certeza que pertence ao período mais antigo da matemática pitagórica"
Segundo Proclo, por volta do ano 400 a.C. Platão forneceu um método para encontrar trios pitagóricos que combinava álgebra e geometria. A demostração axiomática do teorema mais antiga que se conhece aparece nos Elementos de Euclides, que data aproximadamente do ano 300 a.C.
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1847 | Teoria de grafos | Teoria de grafos
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1848 | TCP_IP | TCP/IP
O TCP/IP (também chamado de pilha de protocolos TCP/IP) é um conjunto de protocolos de comunicação entre computadores em rede. Seu nome vem de dois protocolos: o TCP ("Transmission Control Protocol" - Protocolo de Controle de Transmissão) e o IP ("Internet Protocol" - Protocolo de Internet, ou ainda, protocolo de interconexão). O conjunto de protocolos pode ser visto como um modelo de camadas (Modelo OSI), onde cada camada é responsável por um grupo de tarefas, fornecendo um conjunto de serviços bem definidos para o protocolo da camada superior. As camadas mais altas, estão logicamente mais perto do utilizador (chamada camada de aplicação) e lidam com dados mais abstratos, confiando em protocolos de camadas mais baixas para tarefas de menor nível de abstração.
História TCP/IP.
O TCP/IP foi desenvolvido em 1969 pelo U.S. Department of Defense Advanced Research Projects Agency, como um recurso para um projeto experimental chamado de ARPANET (Advanced Research Project Agency Network) para preencher a necessidade de comunicação entre um grande número de sistemas de computadores e várias organizações militares dispersas. O objetivo do projeto era disponibilizar links (vínculos) de comunicação com alta velocidade, utilizando redes de comutação de pacotes. O protocolo deveria ser capaz de identificar e encontrar a melhor rota possível entre dois sites (locais), além de ser capaz de procurar rotas alternativas para chegar ao destino, caso qualquer uma das rotas tivesse sido destruída. O objetivo principal da elaboração de TCP/IP foi na época, encontrar um protocolo que pudesse tentar de todas as formas uma comunicação caso ocorresse uma guerra nuclear. A partir de 1972 o projeto ARPANET começou a crescer em uma comunidade internacional e hoje se transformou no que conhecemos como Internet. Em 1983 ficou definido que todos os computadores conectados ao ARPANET passariam a utilizar o TCP/IP, pois na época o rádio e a comunicação por satélite fora introduzida, e o modelo seguido pela ARPANET até então dificultava a integração dela com essas tecnologias emergentes. No final dos anos 1980 a Fundação Nacional de Ciências em Washington, D.C., começou a construir o NSFNET, um backbone para um supercomputador que serviria para interconectar diferentes comunidades de pesquisa e também os computadores da ARPANET. Em 1990 o NSFNET se tornou o backbone das redes para a Internet, padronizando definitivamente o TCP/IP.
Especificação
De 1973 a 1974 o grupo International Network Working Group (INWG), liderado por Cerf, trabalhou os detalhes da ideia do protocolo TCP/IP, resultando em sua primeira especificação.
A influência técnica significativa foi o trabalho da Xerox PARC, que produziu o PARC (Packet Universal protocol suite), muito mais do que existia naquela época.
DARPA então contratado pela BBN Technologies, da Universidade de Stanford e da University College London (UCL) para desenvolver versões operacionais do protocolo sobre diferentes plataformas de hardware. Quatro versões foram desenvolvidas: TCP v1, v2 TCP, TCP v3 e v3 IP e TCP / IP v4. O último protocolo ainda está em uso hoje.
Em 1975, foi realizado um teste de comunicação entre as duas redes TCP/IP entre Stanford e UCL (as duas universidades citadas anteriormente). Em novembro de 1977, foi realizado um teste entre três redes TCP/IP entre os sites nos EUA, Reino Unido e Noruega. Vários outros protótipos TCP/IP foram desenvolvidos em múltiplos centros de pesquisa entre 1978 e 1983. A migração da ARPANET para o TCP/IP foi oficialmente concluído no dia 1º de janeiro de 1983, quando o flag foi programado para ativar permanentemente os novos protocolos.
Em 2020, esgotou-se os endereçamentos disponíveis do TCP/IPv4. Para resolver este problema, a versão mais recente do protocolo, o TCP/ IPv6, veio para ampliar a gama endereçamentos, através do envio de endereços de protocolo por 128 bits, superior aos 32 bits do IPv4.
Benefícios do protocolo TCP/IP.
O TCP/IP sempre foi considerado um modelo bastante pesado quando comparado com modelo UDP/IP, uma vez que o TCP/IP tem muito de seu foco voltado para a confiabilidade ao invés de só velocidade, diferente do UDP/IP, que é mais leve e veloz, mas não garante que a informação chegará ao respectivo destino.
Com o desenvolvimento das interfaces gráficas, com a evolução dos processadores e com o esforço dos desenvolvedores de sistemas operacionais em oferecer o TCP/IP para as suas plataformas com performance igual ou às vezes superior aos outros protocolos, o TCP/IP se tornou um protocolo indispensável.
O TCP/IP oferece alguns benefícios, dentre eles:
Protocolos para Internet.
Os protocolos para Internet formam o grupo de protocolos de comunicação que implementam a pilha de protocolos sobre a qual a internet e a maioria das redes comerciais funcionam. Eles são algumas vezes chamados de "protocolos TCP/IP", já que os dois protocolos: o protocolo TCP - "Transmission Control Protocol" (Protocolo de Controle de Transmissão); e o IP - "Internet Protocol" (Protocolo de Internet) foram os primeiros a serem definidos.
O modelo OSI descreve um grupo fixo de sete camadas que pode ser comparado, a grosso modo, com o modelo TCP/IP. Essa comparação pode causar confusão ou trazer detalhes mais internos para o TCP/IP.
O modelo inicial do TCP/IP é baseado em 4 níveis: Host/rede; Inter-rede; Transporte; e Aplicação. Surgiu, então, um modelo híbrido, com 5 camadas, que retira o excesso do modelo OSI e melhora o modelo TCP/IP: Física; Enlace; Rede; Transporte; e Aplicação.
Resumidamente, o modelo é o que podemos chamar de uma "solução prática para problemas de transmissão de dados". Textualmente isto pode parecer muito genérico, pois na realidade para melhor compreensão de um protocolo TCP/IP deveremos usar exemplos práticos. Este modelo é ocasionalmente conhecido como modelo DoD, devido à influência fundamental da ARPANET em 1970 (operado pela DARPA, uma agência do Departamento de Defesa dos Estados Unidos).
Funcionamento.
TCP-IP possui 4 camadas sendo que o início se dá com o programa conversando na camada de aplicação. Nesta camada você vai encontrar protocolos como o SMTP (para e-mail), FTP (para transferência de arquivos) e HTTP (para navegar na internet) e cada tipo de programa fala para um protocolo diferente da camada de Aplicação, dependendo do propósito do programa.
Depois de processar a requisição, o protocolo na camada de Aplicação vai falar com outro protocolo na camada de Transporte, usualmente o TCP. Esta camada é responsável por pegar o dado enviado pela camada de Aplicação, dividindo este dado em pacotes a fim de enviá-lo para a camada inferior, a da Internet. Também, durante o recebimento do dados, a camada de Transporte é responsável por colocar os pacotes de dados recebidos da camada de Internet em ordem (os dados podem ser recebidos fora de ordem) e também checar se o conteúdo dos pacotes estão intactos.
Na camada da Internet, nós temos o IP (Internet Protocol), que pega os pacotes recebidos da camada de Transporte e adiciona uma informação de endereço virtual. Exemplo: adiciona o endereço do computador que está enviando dados e o endereço do computador que vai receber estes dados. Estes endereços virtuais são chamados de endereços IP. Então o pacote é enviado para a camada inferior, Interface de Rede e quando dos dados chegam nesta camada, eles são chamados de datagramas.
A Interface de Rede vai pegar os pacotes enviados pela camada de Internet e enviar através da rede (ou receber da rede, se o computador estiver recebendo dados). O que vai ter dentro desta camada vai depender do tipo de rede que o computador estiver inserido.
Hoje em dia, o tipo de arquitetura mais utilizada para comunicação entre computadores em redes locais é a Ethernet (que é avaliada em diferentes faixas de velocidade) e pode ser cabeada (cabo de par trançado CAT5 ou CAT6) ou WI-FI (sem fio). Ainda dentro da camada de Interface de Rede Ethernet, você deve encontrar camadas Ethernet como a LLC (Logic Link Control), MAC (Media Access Control) e a Física que é o meio físico (cabo por exemplo).
Os pacotes transmitidos através da rede são chamados de quadros.
Camadas da pilha dos protocolos internet.
O modelo ou arquitetura TCP/IP de encapsulamento busca fornecer abstração aos protocolos e serviços para diferentes camadas de uma pilha de estruturas de dados (ou simplesmente "pilha").
No caso do modelo inicial do TCP/IP, a pilha possuía quatro camadas:
As camadas mais próximas do topo estão logicamente mais perto do usuário, enquanto aquelas mais abaixo estão logicamente mais perto da transmissão física do dado.
Cada camada tem um protocolo de camada acima e um protocolo de camada abaixo (exceto as camadas da ponta, obviamente) que podem usar serviços de camadas anteriores ou fornecer um serviço, respectivamente.
Enxergar as camadas como fornecedores ou consumidores de serviço é um método de abstração para isolar protocolos de camadas acima dos pequenos detalhes de transmitir bits através, digamos, de ethernet, e a detecção de colisão enquanto as camadas abaixo evitam ter de conhecer os detalhes de todas as aplicações e seus protocolos.
Essa abstração também permite que camadas de cima forneçam serviços que as camadas de baixo não podem fornecer. Por exemplo, o IP é projetado para não ser confiável e é um protocolo best effort delivery. Isso significa que toda a camada de transporte deve indicar se irá ou não fornecer confiabilidade e em qual nível.
O TCP ("Transmission Control Protocol" - Protocolo de Controle de Transmissão), é um protocolo orientado a conexões confiável que permite a entrega sem erros de um fluxo de bytes.
O UDP fornece integridade de dados (via um checksum) mas não fornece entrega garantida; já o TCP fornece tanto integridade dos dados quanto garantia de entrega (retransmitindo até que o destinatário receba o pacote).
Comparação com o modelo OSI.
Existe a discussão de como mapear o modelo TCP/IP convencionalmente de 4 camadas dentro do modelo OSI que possui o padrão de 7 camadas. Como os modelos TCP/IP e OSI não combinam exatamente, não existe uma única resposta para esta questão.
Além do mais, o modelo OSI não é realmente rico o suficiente nas camadas mais baixas para capturar a verdadeira divisão de camadas; é necessário uma camada extra (a camada internet) entre as camadas de transporte e de rede. Protocolos específicos para um tipo de rede que rodam em cima de estrutura de hardware básica precisam estar na camada de rede. Exemplos desse tipo de protocolo são ARP e o "Spanning Tree Protocol" (usado para manter pontes de rede redundantes em "espera" enquanto elas são necessárias). Entretanto, eles são protocolos locais e operam debaixo da funcionalidade internet. Reconhecidamente, colocar ambos os grupos (sem mencionar protocolos que são logicamente parte da camada internet, mas rodam em cima de um protocolo internet, como ICMP) na mesma camada pode ser um tanto confuso, mas o modelo OSI não é complexo o suficiente para apresentar algo melhor.
Geralmente, as três camadas mais acima do modelo OSI (aplicação, apresentação e sessão) são consideradas como uma única camada (aplicação) no modelo TCP/IP. Isso porque o TCP/IP tem uma camada de sessão relativamente leve, consistindo de abrir e fechar conexões sobre TCP e RTP e fornecer diferentes números de portas para diferentes aplicações sobre TCP e UDP. Se necessário, essas funções podem ser aumentadas por aplicações individuais (ou bibliotecas usadas por essas aplicações). Similarmente, IP é projetado em volta da ideia de tratar a rede abaixo dele como uma caixa preta de forma que ela possa ser considerada como uma única camada para os propósitos de discussão sobre TCP/IP.
O modelo TCP/IP está dividido em quatro camadas:
Semelhanças:
Diferenças:
As camadas.
O que se segue é uma descrição sobre cada camada da arquitetura de rede TCP/IP.
A camada de aplicação.
A camada de aplicação é a camada que a maioria dos programas de rede usa de forma a se comunicar através de uma rede com outros programas. Processos que rodam nessa camada são específicos da aplicação; o dado é passado do programa de rede, no formato usado internamente por essa aplicação, e é codificado dentro do padrão de um protocolo.
Alguns programas específicos são levados em conta nessa camada. Eles proveem serviços que suportam diretamente aplicações do usuário. Esses programas e seus correspondentes protocolos incluem o HTTP (navegação na "World Wide Web"), FTP (transporte de arquivos), SMTP (envio de email), SSH ("login" remoto seguro), DNS (pesquisas nome <-> IP) e muitos outros.
Uma vez que o dado de uma aplicação foi codificado dentro de um padrão de um protocolo da camada de aplicação ele será passado para a próxima camada da pilha IP.
Na camada de transporte, aplicações irão em sua maioria fazer uso de TCP ou UDP, e aplicações servidoras são frequentemente associadas com um número de porta. Portas para aplicações servidores são oficialmente alocadas pela IANA ("Internet Assigned Numbers Authority") mas desenvolvedores de novos protocolos hoje em dia (2006) frequentemente escolhem os números de portas por convicção própria. Uma vez que é raro ter mais que alguns poucos programas servidores no mesmo sistema, problemas com conflito de portas são raros. Aplicações também geralmente permitem que o usuário especifique números de portas arbitrários através de parâmetros em tempo de execução.
Aplicações cliente conectando para fora geralmente usam um número de porta aleatório determinado pelo sistema operacional. O pacote relacionado à camada de aplicação é chamado Mensagem. Nessa camada ficam localizadas as interfaces socket e NetBIOS.
A sockets oferece uma interface de programação de aplicativos (API) que é padronizada para os diversos sistemas operacionais e que permite a comunicação de protocolos de transporte com diferentes convenções de endereçamento como TCP/IP e o IPX/SPX.
A NetBIOS proporciona uma interface de programação de aplicativo (API) para os protocolos que suportam a convenção de nomes NetBIOS para endereçamento como o próprio TCP/IP, IPX/SPX e ainda o NetBEUI.
Existem diversos protocolos nesta camada. Como exemplo de alguns deles podemos citar:
A camada de transporte.
Os protocolos na camada de transporte podem resolver problemas como confiabilidade (o dado alcançou seu destino?) e integridade (os dados chegaram na ordem correta?). Na suíte de protocolos TCP/IP os protocolos de transporte também determinam para qual aplicação um dado qualquer é destinado.
Os protocolos dinâmicos de "routing", que tecnicamente cabem nessa camada do TCP/IP, são geralmente considerados parte da camada de rede. Como exemplo tem-se o OSPF (protocolo IP número 89).
O TCP, número 6 do protocolo IP, é um mecanismo de transporte "confiável", orientado à conexão e que fornece um "stream de bytes" confiável, garantindo assim que os dados cheguem íntegros (não danificados e em ordem). O TCP tenta continuamente medir o quão carregada a rede está e desacelera sua taxa de envio para evitar sobrecarga. Além disso, o TCP tentará entregar todos os dados corretamente na sequência especificada. Essas são as principais diferenças dele para com o UDP, e pode se tornar desvantajoso em "streaming", em tempo real ou aplicações de "routing" com altas taxas de perda na camada internet.
Recentemente criou-se SCTP ("Stream Control Transmission Protocol", Protocolo de Transmissão de Controle de "Stream"), que também consiste em um mecanismo de transporte "confiável". Ele provê suporte a "multihoming", onde o final de uma conexão pode ser representada por múltiplos endereços IP (representando múltiplas interfaces físicas), de maneira que, se algum falhar, a conexão não é interrompida. Ele foi desenvolvido inicialmente para transportar SS7 sobre IP em redes telefônicas, mas também pode ser usado para outras aplicações.
O UDP ("User Datagram Protocol"), número 17 do protocolo IP, é um protocolo de datagrama sem conexão. Ele é um protocolo de "melhor esforço" ou "não confiável". Não porque ele é particularmente não confiável, mas porque ele não verifica se os pacotes alcançaram seu destino, e não dá qualquer garantia que eles irão chegar na ordem. Se uma aplicação requer estas características, então ela mesma terá que provê-las ou usar o protocolo TCP.
O UDP é tipicamente usado por aplicações como as de mídia de "streaming" (áudio, vídeo etc), onde a chegada na hora é mais importante do que confiabilidade, ou para aplicações de simples requisição/resposta como pesquisas de DNS, onde o overhead de configurar uma conexão confiável é desproporcionalmente largo.
O DCCP está atualmente (2006) em desenvolvimento pelo IETF. Ele provê controle de fluxo das semânticas do TCP, enquanto mantém o modelo de serviço de datagramas do UDP visível para o usuário. O DHCP é incrementado automaticamente sem intervenção do usuário.
Tanto o TCP quanto o UDP são usados para transmitir um número de aplicações de alto nível. As aplicações em qualquer endereço de rede são distinguidas por seus endereços de porta TCP ou UDP. Por convenção, certas portas "bem conhecidas" estão associadas com aplicações específicas.
O pacote da camada de transporte é chamado segmento.
A camada de rede.
Como definido anteriormente, a camada de rede resolve o problema de obter pacotes através de uma rede simples. Exemplos de protocolos são o X.25 e o Host/IMP da ARPANET.
Com o advento da internet novas funcionalidades foram adicionadas nesta camada, especialmente para a obtenção de dados da rede de origem e da rede de destino. Isso geralmente envolve rotear o pacote através de redes distintas que se relacionam através da internet.
Na suíte de protocolos para a internet, o IP executa a tarefa básica de levar pacotes de dados da origem para o destino. O protocolo IP pode transmitir dados para diferentes protocolos de níveis mais altos, esses protocolos são identificados por um único número de protocolo IP.
Alguns dos protocolos transmitidos por IP, como o ICMP (usado para transmitir informação de diagnóstico sobre a transmissão IP) e o IGMP (usado para gerenciar dados multicast) são colocados acima do IP mas executam funções da camada internet. Isso ilustra uma incompatibilidade entre os modelos da internet e OSI. Todos os protocolos de "routing", como o BGP, o OSPF e o RIP são também parte da camada de internet, muito embora eles possam ser vistos como pertencentes a camadas mais altas na pilha.
O PDU (Protocol Data Unit) descreve um bloco de dados que é transmitido entre duas instâncias da mesma camada. O PDU da camada de rede é geralmente conhecido como "pacote". Lembrando que todas as camadas tem seu PDU que variam o nome em:
A camada de enlace.
A camada de enlace não é realmente parte do modelo TCP/IP, mas é o método usado para passar quadros da camada de rede de um dispositivo para a camada de rede de outro. Esse processo pode ser controlado tanto em software (device driver) para a placa de rede quanto em firmware ou chipsets especializados. Esses irão executar as funções da camada de enlace de dados como adicionar um "header" de pacote para prepará-lo para transmissão, então de fato transmitir o quadro através da camada física. Do outro lado, a camada de enlace irá receber quadros de dados, retirar os "headers" adicionados e encaminhar os pacotes recebidos para a camada de rede. Essa camada é a primeira normatizada do modelo, é responsável pelo endereçamento, roteamento e controle de envio e recepção. Ela não é orientada à conexão, se comunica pelos datagramas (pacotes de dados).
Entretanto, a camada de enlace não é sempre tão simples. Ela pode também ser um VPN ("Virtual Private Network", Rede Privada Virtual) ou túnel, onde pacotes da camada de internet, ao invés de serem enviados através de uma interface física, são enviados usando um protocolo de "tunneling" e outra (ou a mesma) suíte de protocolos. O VPN ou túnel é usualmente estabelecido além do tempo, e tem características especiais que a transmissão direta por interface física não possui (por exemplo, ele pode criptografar os dados que passam através dele). Esse uso recursivo de suíte de protocolos pode ser confuso uma vez que a "camada" de enlace é agora uma rede inteira. Mas é um método elegante para implementar funções frequentemente complexas. Embora seja necessário muito cuidado para prevenir que um pacote já empacotado e enviado através de um túnel seja mais uma vez empacotado e reenviado pelo mesmo.
O pacote da camada de enlace é conhecido como quadro.
A camada física.
A camada de interface de rede ou física é a primeira camada. Também chamada camada de abstração de hardware, tem como função principal a interface do modelo TCP/IP com os diversos tipos de redes (X.25, ATM, FDDI, Ethernet, Token Ring, Frame Relay, sistema de conexão ponto-a-ponto SLIP,etc.) e transmitir os datagramas pelo meio físico, sinais físicos, tem a função de encontrar o caminho mais curto e confiável. Como há uma grande variedade de tecnologias de rede, que utilizam diferentes velocidades, protocolos, meios transmissão, etc. , esta camada não é normatizada pelo modelo, o que provê uma das grandes virtudes do modelo TCP/IP: a possibilidade de interconexão e inter-operação de redes heterogêneas.
Esta camada lida com os meios de comunicação, corresponde ao nível de hardware, ou meio físico, que trata dos sinais eletrônicos, conector, pinagem, níveis de tensão, dimensões físicas, características mecânicas e elétricas etc. Os protocolos da camada física enviam e recebem dados em forma de pacotes, que contém um endereço de origem, os dados propriamente ditos e um endereço de destino. Os datagramas já foram construídos pela camada de redes.
É responsável pelo endereçamento e tradução de nomes e endereços lógicos em endereços físicos. Ela determina a rota que os dados seguirão do computador de origem até o de destino. Tal rota dependerá das condições da rede, prioridade do serviço e outros fatores.
Também gerencia o tráfego e taxas de velocidade nos canais de comunicação. Outra função que pode ter é o agrupamento de pequenos pacotes em um único para transmissão pela rede (ou a subdivisão de pacotes grandes). No destino os dados são recompostos no seu formato original.
Características
Três funções importantes:
Mais características:
Alguns protocolos utilizados nesta camada são:
Implementações.
Hoje, a maioria dos sistemas operacionais comerciais incluem e instalam a pilha TCP/IP por padrão. Para a maioria dos usuários, não há nenhuma necessidade de procurar por implementações. O TCP/IP é incluído em todas as versões do Unix e Linux, assim como no Mac OS e no Microsoft Windows.
Não é requerido implementações específicas de hardware ou software pelos protocolos ou o modelo de camadas, pois já há muitos. A maioria dos sistemas operacionais de computador em uso hoje, incluindo todos os sistemas de consumo-alvo, incluem a implementação TCP/IP.
Uma minoria de implementações aceitáveis inclui os seguintes protocolos, listados do mais essencial ao menos essencial: IP, ARP, ICMP, UDP, TCP e algumas vezes IGMP. Em princípio, é possível suportar somente um protocolo de transporte, como UDP, mas isso é raramente feito, porque isso limita o uso de toda a implementação. O IPv6, além da sua própria versão da ARP (NDP), ICMP (ICMPv6) e IGMP (IGMPv6), tem algumas funções requiridas adicionais, e frequentemente são acompanhadas por uma camada de segurança integrada IPSec. Outros protocolos podem ser facilmente adicionados depois (possivelmente sendo implementado totalmente em userspace), como a DNS para a resolução de nomes de domínio para endereços IP, ou DHCP para configurar automaticamente interfaces de rede.
Normalmente, os programadores de aplicativos estão preocupados somente com a interface na camada de aplicação e muitas vezes também preocupados com a camada de transporte, enquanto as camadas abaixo são serviços prestados pelo conjunto TCP/IP no sistema operacional. A maioria das implementações de IP são acessíveis aos programadores através de sockets e APIs.
Implementações únicas incluem Lightweight TCP/IP, um conjunto de códigos abertos projetado para sistemas embarcados, e KA9Q NOS, a pilha e um conjunto de protocolos associados para sistemas de radio amador e computadores pessoais conectados através de linhas seriais.
O microcontrolador firmware no adaptador de rede lida com questões de link, suportado pelo driver de software no sistema operacional. Eletrônicos não-programados analogicamente e digitalmente são normalmente encarregados dos componentes físicos abaixo da camada de enlace, tipicamente usando um Chipset de Aplicação-Específica de Circuito Integrado (ASIC em inglês) para cada interface de rede ou outro chipset físico padrão. Roteadores de alto desempenho são em grande parte baseados em eletrônicos digitais rápidos não programáveis, realizando troca de links.
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1850 | The Times | The Times
The Times ("Os Tempos", em inglês) é um jornal britânico nacional com sede em Londres, Reino Unido. Foi fundado em 1785 sob o título The Daily Universal Register, adotando seu nome atual em 1 de Janeiro de 1788. O "The Times" e seu jornal irmão "The Sunday Times" (fundado em 1821) são publicados desde 1981 pela Times Newspapers, uma subsidiária da News UK, do grupo News Corp, dirigido por Rupert Murdoch. O "Times" e o "Sunday Times" não compartilham a equipe editorial, foram fundados de forma independente e só têm propriedade comum desde 1967.
O "The Times" foi o primeiro jornal a receber tal nome, no que foi seguido depois por inúmeros outros jornais em todo o mundo, incluindo "The Times of India" (fundado em 1838), "The Straits Times" (Singapura) (1845), "The New York Times" (1851) , "The Irish Times" (1859), "Le Temps" (França) (1861-1942), o "Cape Times" (África do Sul) (1872), "Los Angeles Times" (1881), "The Seattle Times" (1891), "The Manila Times" (1898), "The Daily Times" (Malawi) (1900), "El Tiempo" (Colômbia) (1911), "The Canberra Times" (1926), "Times of Malta" (Malta) (1935) e "The Washington Times" (1982). Nestes países, o jornal é muitas vezes referido como "The London Times" ou "The Times de Londres",[9] embora o jornal tenha alcance e distribuição nacionais.
O "The Times" é o criador do tipo de letra Times Roman, amplamente utilizada e originalmente desenvolvido por Stanley Morison, do "The Times", em colaboração com a Monotype Corporation. Em novembro de 2006, o "Times" começou a imprimir manchetes em uma nova fonte, a Times New Roman. O jornal foi impresso em formato standard durante 219 anos, mas mudou para tamanho compacto em 2004, numa tentativa de ser mais apelativo para os leitores mais jovens e os viajantes que utilizam o transporte público. O "Sunday Times" continua a ter formato standard.
Embora tradicionalmente seja um jornal moderado e, por vezes, um apoiante do Partido Conservador, apoiou o Partido Trabalhista nas eleições gerais de 2001 e 2005. O jornal teve uma circulação média diária de 396 mil exemplares em janeiro de 2015; no mesmo período, o "Sunday Times" teve uma circulação média diária de cópias. Uma edição estadunidense do "The Times" foi publicada desde 6 de junho de 2006. Tem sido muito utilizado por estudiosos e pesquisadores devido à sua ampla disponibilidade em bibliotecas e ao seu índice detalhado. Um arquivo histórico completo digitalizado do jornal está disponível online.
Cadernos e suplementos.
"times2".
O times2 é o caderno publicado com todas as edições do "Times", excepto as de Sábado. Inclui várias colunas sobre vidas, e secções como a "Image of the Day" (Imagem do Dia) e "Modern Morals", uma coluna de dilemas morais escrita por Joe Joseph. São também publicados jogos como o Sudoku e as palavras cruzadas, estas mais fáceis do que as do caderno principal. Às Quartas-Feiras, inclui o suplemento "Crème". Foi chamado até 5 de Setembro de 2005 "T2".
Suplementos da edição de Sábado.
Como já foi dito, aos Sábados não se publica o caderno "times2". Por isso, são publicados os seguintes suplementos:
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1851 | Tropix | Tropix
Tropix (pronuncia-se "Trópix") é um sistema operacional multiusuário e multitarefa, de filosofia Unix, desenvolvido no Núcleo de Computação Eletrônica (NCE) da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O Tropix foi inicialmente concebido durante os anos de 1982 a 1986 (na época com o nome "Plurix") para o computador Pegasus. Este computador foi construído também no NCE, e era baseado nos processadores Motorola 68010/20. O sistema foi transportado em 1987 para o computador Icarus, também baseado nestes mesmos processadores. Em 1994 foi iniciado o transporte para a linha Intel de processadores (386, 486, Pentium), e desde 1996 o Tropix já está operacional em PCs, sendo utilizado em diversos computadores.
O Tropix tem diversas utilidades, tais como o estudo/aprendizado/utilização de um sistema operacional de filosofia Unix, o desenvolvimento de programas ("software") e a implementação de servidores para a internet. Além disto, é ideal para a utilização em cursos de sistemas operacionais, pois contém primitivas para processos "leves" ("threads"), memória compartilhada, semáforos a nível de usuário, dentre outros.
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1853 | Thomas Mann | Thomas Mann
Paul Thomas Mann (Cidade Livre de Lübeck, – Zurique, ) foi um escritor, romancista, ensaísta, contista e crítico social do Império Alemão.
Tendo recebido o Nobel de Literatura de 1929, é considerado um dos maiores romancistas do século XX. Irmão mais novo do também romancista Heinrich Mann, Thomas Mann teve seis filhos: o escritor Klaus, a atriz Erika, o historiador Golo Mann, a ensaísta Monika Mann, o violinista e literato Michael Thomas Mann e a cientista Elisabeth Mann.
Vida.
Nascido no seio de uma tradicional família da então Cidade Livre de Lübeck, na região histórica da Holsácia, ao norte do Império Alemão, atual Lübeck, estado de Schleswig-Holstein, Alemanha, Thomas Mann era filho do político e comerciante Johann Heinrich Mann (1843-1892) e de sua esposa, a brasileira Júlia da Silva Bruhns (1851-1923). A família de Thomas Mann detinha ali um negócio havia várias gerações.
Em 1892 (aos 17 anos de idade) morreu o seu pai e, como consequência, os negócios da família foram abandonados. No ano seguinte, escreveu alguns textos em prosa e artigos para a revista "Der Frühlingssturm" (a tempestade de primavera) da qual Thomas era co-editor. Na mesma época, apaixona-se por Wilri Timppe, filho de um de seus professores. Anos mais tarde, inspirar-se-ia em Timppe para criar Pribslav Hippe, personagem de "A Montanha Mágica".
Em 1894 (aos 19 anos de idade) junta-se à mãe em Munique, cidade católica do sul da Alemanha. Júlia tinha mudado para Munique com o resto da família um ano antes e se instalado no bairro boêmio de Schwabing. Rapidamente, a Senhora Mann tornou-se uma agitadora cultural e oferecia saraus literários e festas em sua casa.
Apesar de seus evidentes desejos homossexuais, Mann se apaixonou por Katia Pringsheim, filha de uma rica família industrial, judia secular, em 1905. Mais tarde, ela se juntou à fé luterana de seu marido. O casal teve seis filhos.
Início da carreira.
Em Munique, Mann fez um estágio não remunerado numa sociedade de seguros, mas acabou por abandonar essa atividade em 1895, tornando-se escritor livre. Entre 1896 e 1898, Thomas Mann faz uma longa visita à Palestrina (Itália), em visita ao seu irmão mais velho Heinrich Mann, também ele um romancista, e que se tornou famoso mais cedo do que Thomas. Thomas acompanha o irmão nos seus passeios a Roma e por outros lugares da Itália. Thomas Mann começou a trabalhar no manuscrito de "Buddenbrooks" quando ainda estava na Itália. De volta a Munique, tornou-se um dos editores do jornal satírico-humorístico "Simplicissimus".
Por essa época, apaixonou-se por Paul Ehrenberg, um amor conturbado e não correspondido, mas que ele definiria mais tarde como a "experiência central de seu coração". Resolve servir o exército, mas se arrepende. A família intervém e corrompe um médico para conseguir afastá-lo por falsos problemas de saúde.
Em 1901 é editado "Buddenbrooks". Thomas Mann torna-se famoso. Curiosamente, o editor (Fischer Verlag) tentou convencer Thomas Mann a encurtar o livro. Thomas Mann não assentiu e o livro foi publicado na íntegra. Em jeito de retrospectiva, Thomas Mann disse que julgava que o livro iria passar despercebido e seria possivelmente o fim da sua carreira literária. A realidade foi bem diferente, como ele conclui com ironia.
Segundo Mayer (1970, p. 30), é a partir de "Os Buddenbrooks" (1901) que se torna um dos escritores mais notáveis do século XX no plano internacional.
Em 11 de fevereiro de 1905 casou-se com Katia Pringsheim, filha de uma proeminente e secular família judia de intelectuais. Katia era neta da activista pelos direitos da mulher Hedwig Dohm. Nos anos seguintes nascem seus filhos Erika, Klaus, Golo (na verdade Angelus Gottfried Thomas), Monika, Elisabeth e Michael.
Durante a Primeira Grande Guerra, Thomas Mann entra em conflito com o irmão Heinrich Mann. Thomas acolheu com agrado a entrada da Alemanha na guerra. Tomava-se por patriota. Defendeu a política do Kaiser Guilherme II, em oposição directa a Heinrich Mann, postado ao lado da França e da "Zivilisation" (termo de Thomas). Thomas Mann chegou a penhorar a casa que possuía em Bad Tölz em 1917 a favor do esforço de guerra. A mãe, Júlia da Silva Bruhns, escreveu aos irmãos tentando amenizar o conflito. A perspectiva de Thomas Mann ao longo deste período encontra-se sumariada no ensaio «Considerações de um Apolítico» (1918) e no romance "A Montanha Mágica", escrito entre 1912 e 1924.
Em 1911, concebeu a novela "Morte em Veneza", durante uma estada no Lido de Veneza. A obra foi publicada no ano seguinte, 1912, e, embora menos diretamente autobiográfica que "Os Buddenbrooks", “trata-se da obra mais confessional de Thomas Mann”, afirma Trigo (2000).Em 1929, Thomas Mann torna-se ainda mais famoso, recebendo o Nobel de Literatura. O júri justifica-se aludindo a "Buddenbrooks". Nenhuma menção a "A Montanha Mágica", romance em que o escritor revela simpatias democráticas.
Emigrou da Alemanha Nazista para Küsnacht, próximo a Zurique, na Suíça, em 1933, ano da chegada de Hitler ao poder. Durante o regime nazista, o jornal Völkischer Beobachter (Observador Popular) publicava as chamadas listas de expatriados. Os nomes de Thomas Mann, sua mulher e seus filhos mais novos constavam da lista número 7. Dos mais velhos – Erika e Klaus – já havia sido retirada a cidadania alemã.
Após ter perdido a nacionalidade alemã, em 2 de dezembro de 1936, Thomas Mann permaneceu na Suíça até 1938, quando então mudou-se para os Estados Unidos. Inicialmente, trabalha como convidado em Princeton, mas o ambiente académico o entediava. Decidiu então mudar para Pacific Palisades, Estados Unidos, em 1941. Em 1944, obteve a cidadania estadunidense. Tornou-se uma figura política reconhecida, constando que Franklin D. Roosevelt chegou a cotar seu nome para assumir o governo alemão na pós-guerra.
Diante da perseguição aos intelectuais emigrados perpetrada durante o mccarthismo, Mann retornou à Europa em 1952. Viveu em Kilchberg, próximo de Zurique, na Suíça, até a sua morte, em 1955. Encontra-se sepultado em "Kilchberg Village Cemetery", Kilchberg, Zurique na Suíça.
Sua descendência de uma família da alta burguesia sempre fora salientada por Mann. Ao falar dessa classe, o autor se refere à burguesia da Idade Média, à “antiga tradição de que se sente profundamente imbuído, tradição de trabalho leal e minucioso, visando à perfeição absoluta nos detalhes e no todo” (Rosenfeld, 1994, p. 21).
Thomas Mann ganhou repercussão internacional aos 26 anos, com sua primeira obra, "Os Buddenbrook" ("Buddenbrooks"), um romance que conta a história de uma família protestante de comerciantes de cereais de Lübeck, ao longo de três gerações. Fortemente inspirado na história de sua própria família, o romance foi lido com especial interesse pelos leitores de Lübeck que descobriram ali muitos traços de personalidades conhecidas. A publicação deste livro valeu a Thomas Mann uma reprimenda de um tio, que o acusou de ser um "pássaro que emporcalhou o próprio ninho".
Thomas Mann é também um romancista analítico, que descreve como poucos a tensão entre o carácter nórdico, protestante, frio e ascético (características típicas da sua Lübeck natal) e as personagens mais rústicas, simples, bonacheironas, das regiões católicas, de onde se destaca o senhor "Permaneder", o paradigma do bávaro de Munique, em "Os Buddenbrook". Esta tensão interior tornou-se patente durante a sua estada em Palestrina, Itália, quando visitava o irmão, e onde começou a escrever "Os Buddenbrook". Thomas Mann viveu entre estes dois mundos, tal como o irmão. Por um lado a origem familiar e o ambiente da ética protestante de Lübeck, por outro lado a voz interior e a influência de sua mãe brasileira, que o faziam interessar-se menos pelos negócios e mais pela literatura. A influência da mãe acabou por levar a melhor. Thomas Mann via nos Buddenbrook um exemplo de uma família em decadência, em que os descendentes não saberiam levar avante o negócio que herdaram. Não sabia, no entanto, que, ao publicar "Os Buddenbrook", estava não só a enterrar definitivamente a linha "comerciante" da sua família mas, também, a afirmar-se como um escritor de renome. Ironicamente, os seus filhos iriam manter esta nova tradição (literária) da família, em especial Klaus e Erika.
No romance "A Montanha Mágica" ("Der Zauberberg"), publicado pela primeira vez em 1924, Thomas Mann faz um retrato de uma Europa em ebulição, no eclodir da Primeira Grande Guerra (1914-1918).
Escreveu romances, ensaios e contos. Psicólogo penetrante e estilista consumado, a sua extensa obra abrange desde contos até escritos políticos, passando por novelas e ensaios. Nobel de Literatura em 1929, Thomas Mann é autor de clássicos da literatura como "Morte em Veneza & Tonio Kröger", "Confissões do impostor Felix Krull", "As cabeças trocadas" e "José e seus irmãos".
Thomas Mann foi um herdeiro tardio da tradição idealista e romântica alemã e um dos principais autores modernos. Era um clássico em tempos de revolução e conseguia refletir de forma original e particular o espírito de seu tempo (TRIGO, 2000). Sua obra apresenta descrições minuciosas e um realismo psicológico e preciso, com análise exata de cada particularidade (FLEISCHER, 1964).
A obra de Mann é uma expressão estética do esforço de contrapor seus dois valores essenciais: de um lado a sociedade, o senso comum, o valor da vida; do outro a alienação, o individualismo, o escapismo romântico, o jogo estético, que culminam na doença e na morte (ROSENFELD, 1994, pp.22-23). Sente-se, no entanto, ligado ao segundo valor, sendo ele um artista “alienado, marginal e estetizante” (ROSENFELD, 1994, p.28).
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1854 | Telefone | Telefone
Telefone é um sistema de telecomunicações capaz de transmitir som através de sinais elétricos nas redes de telefone. É definido como um aparelho eletroacústico que permite a transformação, no ponto transmissor, de energia acústica em energia elétrica e, no ponto receptor, a energia elétrica é transformada novamente em acústica, permitindo desta forma a troca de informações (através da fala) entre dois ou mais usuários. Para haver êxito nessa comunicação, os aparelhos necessitam estar comutados (ligados) a uma central telefônica.
História.
Há muita controvérsia sobre a invenção do telefone, historicamente atribuída a Alexander Graham Bell.
Invenção.
Em 2 de junho de 1875, Graham Bell e seu auxiliar Thomas Watson fizeram várias experiências para verificar o funcionamento do telégrafo harmônico. Cada um foi para uma sala na oficina de Bell. Watson, em uma delas, tratava de ligar diversos eletroímãs, enquanto Bell, na outra, observava o comportamento dos eletroímãs de seu aparelho que deveriam vibrar estimulados pelo aparelho de Watson.
De início a experiência não funcionou e para piorar a lâmina de um dos transmissores não vibrava quando ligada à pilha. Como essa lâmina parecia estar presa, Watson começou a puxá-la e soltá-la para ver se assim ela começava a vibrar. Nisso, Bell ouve uma forte vibração no aparelho que estava em sua sala, dá um grito e vai correndo perguntar a Watson o que ele havia feito. Dando uma olhada na lâmina que estava com problema, Bell viu que um parafuso estava muito apertado, impedindo que o contato elétrico gerado entre a lâmina e o eletroímã fosse rompido, interrompendo a transmissão de pulsos elétricos para a outra sala.
Bell, tentando compreender o que havia acontecido, verificou que quando a lâmina de aço vibrou diante do eletroímã, ela induziu uma corrente elétrica oscilante na bobina do eletroímã e essa corrente elétrica produziu a vibração no aparelho que estava na outra sala. O princípio da física que explicava esse fenômeno já havia sido demonstrado por Michael Faraday. Então Bell percebeu que poderia usá-lo para fazer o que tanto queria: transmitir a voz através da eletricidade, e deu instruções a Watson para que construísse um novo aparelho, adaptado sob o antigo, com a finalidade de captar as vibrações sonoras do ar e produzir vibrações elétricas.
Primeiro telefone.
No dia seguinte, 3 de junho de 1875, atendendo a solicitação de Bell, Watson construiu dois exemplares. Um deles era de uma estrutura de madeira que tinha uma espécie de tambor mantendo todas as partes do dispositivo nas posições corretas, e que devido ao seu formato ficou conhecido como “telefone de forca”.
A ideia de Bell era que ao falar próximo à membrana ela vibraria, fazendo a lâmina tremer perto do eletroímã e induzindo correntes elétricas variáveis até sua bobina. Ele esperava que essas vibrações sonoras fossem reproduzidas igualmente na forma elétrica que seria conduzida por fios metálicos até um outro aparelho idêntico, fazendo-o vibrar e emitir um som semelhante ao inicial.
Para começar o teste, os dois colocaram os aparelhos em lugares bem distantes; um no sótão e o outro no terceiro andar do prédio – dois andares abaixo, ligados por um par de fios metálicos. À noite, Bell ficou no sótão e Watson na sala do terceiro andar, tentando se comunicar. Por mais que Watson falasse alto ou mesmo gritasse, Bell não ouvia nada, no entanto, quando Bell falava em seu dispositivo, Watson ouvia alguns sons. Mas era preciso aperfeiçoá-lo.
As pesquisas posteriores tinham como objetivo o desenvolvimento de uma membrana para transformar o som em corrente elétrica e reproduzi-lo novamente no outro lado, e assim a invenção foi patenteada em 7 de março de 1876. Mas a data que entrou para a história da telefonia foi o dia 10 de março de 1876, pois nesse dia foi feita a transmissão elétrica da primeira mensagem completa pelo aparelho recém-inventado. Graham Bell se encontrava no último andar de uma hospedaria em Boston, nos Estados Unidos. Já Watson trabalhava no térreo e atendeu o telefone, de onde ouviu, espantado:
Assim Thomas Watson foi a primeira pessoa a ouvir uma voz pelo dispositivo denominado telefone. Começava aí a história das telecomunicações, que iria revolucionar o mundo dali em diante.
Em maio de 1876 Graham Bell, com seu invento já patenteado, levou o telefone para a Exposição Internacional comemorativa ao Centenário da Independência Americana na cidade de Filadélfia, colocando-o sobre uma mesa à espera do interesse dos juízes, o que não correspondeu às expectativas. Dois meses após, Dom Pedro II, Imperador do Brasil, chega em visita à Exposição. Tendo, há tempos, assistido a uma aula de Bell para surdos, saudou o jovem professor. Dom Pedro II abriu caminho para a aceitação do invento. Os juízes começaram a se interessar e assim o telefone foi examinado. Bell estendeu um fio de um canto a outro da sala, onde o silêncio era total, dirigiu-se ao transmissor e colocou o Imperador do Brasil na outra extremidade. Dom Pedro II tinha o receptor ao ouvido quando exclamou de repente:
Menos de um ano depois já estava organizada em Boston a primeira empresa telefônica do mundo, a Bell Telephone Company, com 800 telefones.
Novo reconhecimento.
Entretanto, como reconheceu o Congresso dos Estados Unidos através da resolução 269, de 15 de junho de 2002, o aparelho foi inventado por volta de 1860 pelo italiano Antonio Meucci, que o chamou "telégrafo falante". A primeira demonstração pública da invenção de Meucci foi em 1860, e teve sua descrição publicada num jornal de língua italiana de Nova Iorque. Meucci criou o telefone com a necessidade de comunicar-se com sua esposa, que era doente e por isso ficava de cama no seu quarto no andar superior. O laboratório de Meucci ficava no térreo, assim ele não tinha condições para cuidar da esposa e trabalhar ao mesmo tempo; assim sendo, ele inventou o telefone, a fim de que se sua esposa precisasse dele não tivesse que gritar ou sair de sua cama.
No Brasil.
O telefone chegou ao Brasil em 1877, poucos meses depois da exposição de Filadélfia. O primeiro aparelho foi fabricado nas oficinas da Western and Brazilian Telegraph Company, especialmente para Dom Pedro II. Foi instalado no Palácio Imperial de São Cristovão localizado na Quinta da Boa Vista, hoje o Museu Nacional no Rio de Janeiro, e era ligado às casas ministeriais, esta sendo a primeira linha telefônica brasileira. No mesmo ano começou a funcionar uma linha telefônica ligando a loja "O Grande Mágico", na Rua do Ouvidor, de propriedade de Leon Rodde, ao Quartel do Corpo de Bombeiros.
Em agosto de 1878 são feitas as primeiras demonstrações do telefone na cidade de São Paulo, por Leon Rodde e por Morris Kohn, sendo este último o responsável pela primeira ligação interurbana em território brasileiro, quando conectou através de fios telegráficos já existentes a estação da Cia. Paulista de Estradas de Ferro em Campinas à estação da São Paulo Railway em São Paulo.
Em 15 de novembro de 1879 era feita a primeira concessão para estabelecimento de uma rede telefônica no Brasil. Quem ganhou a concessão foi Charles Paul Mackie, representante da Bell no Rio de Janeiro. Foi também em 1879 que a repartição de telégrafos organizou no Rio de Janeiro um sistema de linhas telefônicas ligadas à Estação Central do Corpo de Bombeiros, para aviso de incêndios. Em 13 de outubro de 1880 é criada a Brazilian Telephone Company, que em 1883 já tinha instalado no Rio de Janeiro cinco estações de 1 000 assinantes cada uma. Depois de passar por diversos proprietários tendo várias denominações, foi incorporada em junho de 1899 à Brasilianische Elektrizitäts Gesellschaft, com sede em Berlim, que ganhou uma concessão de 30 anos, mas em 1907 foi vendida mais uma vez, passando a se chamar Rio de Janeiro Telephone Company. A primeira linha interurbana também é de 1883 e ligava o Rio de Janeiro com a cidade de Petrópolis.
A primeira concessão para outros estados foi realizada em 18 de março de 1882, para atender as cidades de São Paulo, Campinas, Florianópolis, Ouro Preto, Curitiba e Fortaleza. Em 7 de janeiro de 1884 é a vez de São Paulo entrar na era da telefonia com a Companhia de Telégrafos Urbanos, quando foram instalados os 22 primeiros telefones da cidade. No Rio Grande do Sul o serviço telefônico foi instalado em 1885 na cidade de Pelotas, com a União Telefônica.
Das diversas empresas que surgiram nesse período deve ser ressaltada a Companhia Rede Telefônica Bragantina, que surgiu em 1896 em Bragança Paulista, porque desempenhou papel fundamental na história da telefonia do país e que talvez tenha sido a maior companhia a operar em território brasileiro naquela época, vindo a se tornar um império da telefonia em 15 anos, envolvendo 98 cidades dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. O privilégio não era apenas de Minas, Rio e São Paulo. Na grande maioria das outras regiões do Brasil, a telefonia foi implantada entre 1882 e 1891.
A permissão para a construção de uma linha ligando São Paulo ao Rio de Janeiro foi concedida em 1890, para J. O. Simondsen. Ele teve a ideia de seguir pelo litoral e chegou a construir 60 km de linha, mas acabou desistindo do projeto. A ligação entre Rio e Minas por linha telefônica aconteceu em 1895. Em 1910 foi inaugurado o primeiro cabo submarino para ligações nacionais entre Rio de Janeiro e Niterói. O primeiro cabo interurbano subterrâneo no Brasil foi inaugurado em 1913. Eram 30 pares, ligando Santos a São Paulo, numa distância de cerca de 70 km. Logo após a ligação foi feita também com Campinas.
Em 1923 é criada a Companhia Telefônica Brasileira, a maior empresa de telefonia do Brasil até a criação do sistema Telebras em 1972.
Os primeiros telefones automáticos do Brasil foram inaugurados em 1922 na cidade de Porto Alegre e em 1925 na cidade de Rio Grande. Em São Paulo os primeiros telefones automáticos foram inaugurados em 14 de julho de 1928 e em 31 de dezembro de 1929 foi a vez do Rio de Janeiro recebê-los. E no dia 28 de janeiro de 1932 foram inaugurados os circuitos rádio telefônicos Rio de Janeiro – Buenos Aires, Rio de Janeiro – Nova York e Rio de Janeiro – Madrid.
Em Portugal.
Em Portugal as primeiras experiências de telefone iniciaram-se em 24 de Novembro de 1877, ligando Carcavelos à Central do Cabo em Lisboa.
A primeira rede telefônica pública foi inaugurada em Lisboa a 26 de Abril de 1882 pela Edison Gower Bell Telephone Company of Europe Ltd. que tinha a concessão atribuída desde 13 de Janeiro de 1882. A concessão foi transferida para a The Anglo Portuguese Telephone Company (APT) em 1887 que a manteve até 1968.
O primeiro serviço de telefone automático foi inaugurado em Portugal em 1930 e em 25 de Setembro de 1937 a APT inaugurou a primeira estação automática na Estrela em Lisboa. Nesse ano a rede da APT tinha 48 000 assinantes.
Tipos.
Há categorias distintas de aparelhos telefônicos, dependendo da tecnologia utilizada.
Tecnologia.
Os primeiros telefones eram conectados a uma central manual, operada por uma telefonista. O usuário tinha que girar uma manivela para gerar a "corrente de toque" e chamar a telefonista que atendia e, através da solicitação do usuário, comutava os pontos manualmente através das "pegas". Assim um assinante era conectado ao outro. Com o surgimento das centrais automáticas os telefones passaram a ser providos de "discos" para envio da sinalização. Estes discos geravam a sinalização decádica, que consiste de uma série de pulsos (de 1 a 10). Esta tecnologia prevaleceu até o final da década de 1960 quando começaram a surgir os telefones com teclado eletrônico. Os telefones com teclado facilitavam a "discagem", pois demorava menos para teclar um número. Foram desenvolvidos teclados que enviavam os pulsos de sinalização decádica conforme a tecla deprimida (carregada). Posteriormente com o advento da sinalização DTMF o envio de sinalização ficou ainda mais rápido.
Atualmente vem crescendo o uso da telefonia pela internet, usando VoIP (Voz sobre IP, do inglês "Voice over IP") e Voz sobre Frame Relay. Há muitos programas que usam esta tecnologia, entre os quais pode-se destacar o Skype, que tem sido muito bem sucedido na missão de usar a internet como meio de transmissão de voz. Com a disseminação da telefonia pela internet começaram a ser fabricados os ATAs - Adaptadores para telefones analógicos, dispositivos que permitem a conexão de um telefone convencional à internet. O telefone foi evoluindo com o passar das décadas e hoje temos até mesmo os telefones sem fio.
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1855 | Ilha Terceira | Ilha Terceira
A Terceira é uma das nove ilhas dos Açores, integrante do chamado "Grupo Central". Primitivamente denominada como Ilha de Nosso Senhor Jesus Cristo das Terceiras, foi em tempos o centro administrativo das Ilhas Terceiras, como era designado o arquipélago dos Açores. A designação Terceiras aplicava-se a todo o arquipélago do Açores visto ter sido o terceiro arquipélago descoberto no Atlântico (o arquipélago das Canárias era designado de Ilhas Primeiras e o arquipélago da Madeira por Ilhas Segundas, segundo a ordem cronológica de Descoberta). Com o avançar dos anos esta ilha passou a ser conhecida apenas por Ilha Terceira.
Ao longo de sua história, a Terceira desempenhou um papel de grande importância no estabelecimento e manutenção do Império Português, devido à sua localização geoestratégica em pleno Atlântico Norte.
Divisão administrativa.
A ilha é dividida em dois municípios e trinta freguesias:
Geografia.
A ilha tem as dimensões aproximadas de 29 quilómetros de comprimento por 18 quilómetros de largura, medindo o seu perímetro 90 quilómetros. Tem uma área de 402,2 quilómetros quadrados. O seu ponto mais alto está a metros acima do nível do mar, localizado na serra de Santa Bárbara, no lado Oeste.
A ilha é atravessada pelo rifte da Terceira, uma estrutura geológica associada à junção tripla entre as placas tectónicas euroasiática, africana e americana.
A geomorfologia da ilha faz com que ela apresente paisagens muito variadas e de grande beleza, que se repartem entre planícies como a da Achada, e serras como a de Santa Bárbara. Destacam-se ainda alguns acidentes naturais como a Caldeira Guilherme Moniz, uma das maiores da ilha, a chamada Lagoa das Patas ou da Falca, que junto com "Os Viveiros" formam um conjunto harmonioso, e a Chã das Lagoinhas, na reserva geológica do Algar do Carvão. Destaca-se ainda o Complexo desmantelado da Serra do Cume, na zona Este, de cujo topo se descortinam Praia da Vitória e as Lajes. A zona ocidental da ilha está coberta por vegetação exuberante onde pontificam as criptomérias. Na costa norte, pode-se observar a ponta dos "mistérios" e a zona balnear dos Biscoitos, com vestígios de erupções vulcânicas. No interior é de assinalar o Algar do Carvão e as Furnas do Enxofre.
A sua população é de 55 833 habitantes (censo de 2001). Grande parte da população tem o seu rendimento da pecuária e dos serviços.
Existe ainda o Farol da Serreta, e a Serra do Morião ou da Nasce Água, com os seus 632 m de altitude máxima, se encontra voltada para a cidade de Angra do Heroísmo, constitui por si própria uma singularidade. O Pico da Bagacina. Elevando-se do mar, A Mata da Serreta, constitui uma grande reserva florestal que alberga variadíssimas espécies de fauna e flora. A Lagoa do Ginjal, que apesar da sua reduzida dimensões tem plantas únicas e protegidas por lei.
A Lagoa do Negro, que se situa por cima da Gruta do Natal.
O Miradouro do Facho, no concelho da Praia da Vitória oferece uma panorâmica sobre a cidade da Praia da Vitória.
O Monte Brasil, às portas da cidade aloja a Fortaleza de São João Baptista. O Jardim Duque da Terceira, quase um jardim botânico, Possui muitas plantas exóticas trazidas desde o início das aventuras marítimas. Os Ilhéus das Cabras, que oferecem um local de nidificação as diversas espécies marinhas que andam na costa.
Pode afirmar-se ainda que a geomorfologia da Terceira apresenta uma forma bastante arredondada com uma única península bastante prenunciada que é o vulcão do Monte Brasil.
Tem o seu ponto mais elevado na Serra de Santa Bárbara, que se eleva a m, e apresenta uma extensa planície que se estende desde a Serra da Ribeirinha, no concelho de Angra do Heroísmo, até à Serra do Cume no concelho da Praia da Vitória.
Segundo a "Revista de Estudos Açoreanos", Vol. X, Fasc. 1, página. 49, de Dezembro de 2003, "A Geomorfologia da Ilha Terceira é dominada por quatro grandes estratovulcões e por numerosos cones vulcânicos monogenéticos implantados em importantes fracturas. De W para E enumeram-se, sucessivamente, os seguintes aparelhos vulcânicos poligenéticos, truncados por imponentes caldeiras:
A Serra de Santa Bárbara; o Maciço da Serra do Morião e maciço da Caldeira Guilherme Moniz; o Maciço do Pico Alto e o Complexo desmantelado da Serra do Cume, a Serra da Ribeirinha e a Caldeira dos Cinco Picos."
Economia.
A economia da ilha assenta sobretudo na agropecuária (pecuária de leite) e nas indústrias associadas à transformação de lacticínios. O rebanho é formado essencialmente por animais da raça Holstein-Frísia, o chamado Gado Holandês, embora seja de destacar a raça Ramo Grande, autóctone.
A ilha conta com dois importantes portos, nas suas duas cidades, Angra do Heroísmo e Praia da Vitória. Nesta última situa-se o aeroporto internacional e a Base Aérea das Lajes.
Festividades.
Não se pode falar da Terceira sem falar da festa do Divino Espírito Santo. Este culto está ligado à Rainha Santa Isabel, entroncando nas raízes joaquimitas trazidas para os Açores pelos franciscanos espirituais. Este milagre é recordado todos os anos nas freguesias da Terceira na cerimónia da distribuição de pão e carne (o "bodo") pela população, celebrada junto aos "impérios", construções coloridas erigidas como capelas em honra do Espírito Santo. Este é um ritual que remonta à Idade Média que se repete ao longo dos séculos com um sentimento profundamente religioso.
A outra grande festa e com grandes tradições na ilha é a tourada à corda. Um touro preso com uma corda e controlado por dois grupos de quatro "pastores" investe contra os populares que se espalham pelas ruas das povoações. Os "pastores" desempenham um papel crucial na condução da tourada, controlando o percurso do touro, e a sua velocidade, e zelando pela segurança dos participantes.
Do trabalho da equipa de pastores depende, em boa medida, a exibição do animal, já que o grau de restrição imposto pela corda, e as "pancadas", ou seja o impulso e tensão dados ritmicamente à corda, determinam a velocidade e percurso do animal. Da condução do touro depende também a segurança dos participantes, pois é a corda que mantém o animal dentro do percurso demarcado e, permite, atrasando o touro, evitar investidas excessivamente perigosas para os improvisados "toureiros".
Um outro festival que é grande na Terceira é o Carnaval. Carnaval, ou Entrudo como é chamada na ilha, é celebrada numa moda diferente das outras culturas mundial. As celebrações começam no sábado antes da Quarta-feira de cinzas e quando os salões abrem na ilha inteira e o povo espera para ver actuações.
Essas actuações são na forma de danças e bailinhos que andam ao volta da ilha subir palcos e mostrar o trabalho que o grupo fez. Essas danças são uma forma de mostrar bravura e grandiosidade, em forma de teatro popular. É uma grande maneira de entrar na Quaresma, a ideia por trás do Entrudo. Há muitos tipos das danças e bailinhos, com as ideias dos aqueles que inventam cada grupo. Basicamente, cada dança tem seu vestuário também com sua música, cantigas e uma peça de teatro. O Carnaval da Terceira termina na terça-feira antes da Quaresma. A tradição é tão importante na sociedade Terceirense que emigrantes dessa ilha trouxeram para outros ligais no mundo. (Especificamente a costa leste dos Estados Unidos, Canada e Califórnia).
O Carnaval da Terceira é celebrado entre o sábado e terça-feira que foi descrita acima. Na realidade, planejar o Entrudo leva todo o ano. O vestuário com seus intrincados desenhos e as cantigas e peças escritas para só este dia exigem muito tempo. Também há um tempo antes de Carnaval quando os idosos da ilha fazem suas actuações numa tradição cultural chamada “Danças da terceira idade".
História.
A denominação e povoamento da ilha.
Não há certeza quanto à data de descoberta da Terceira, embora a mesma já figure em portulanos quatrocentistas. Foi inicialmente denominada como Ilha de Jesus Cristo e, posteriormente como Ilha de Jesus Cristo das Terceiras, até se afirmar a designação atual de apenas Terceira. O cronista Gaspar Frutuoso relaciona várias hipóteses para a sua primitiva designação:
Dentre estas, acrescenta que lhe parecia mais certo o descobrimento da ilha ter ocorrido em dia do Corpo de Deus, por estar o tempo mais propício à navegação.
A ilha começou a ser povoada a partir da sua doação, por carta do Infante D. Henrique, datada de 21 de Março de 1450, ao flamengo Jácome de Bruges:
Bruges trouxe as suas gentes, muitas famílias portuguesas e algumas espécies de animais, tendo o seu desembarque ocorrido, segundo alguns estudiosos, no Porto Judeu, e, segundo outros, no chamado Pesqueiro dos Meninos, próximo à Ribeira Seca. Gaspar Frutuoso refere, a seu turno:
A primeira povoação terá sido no lugar de Portalegre, erguendo-se um pequeno templo, o primeiro da ilha, sob a invocação de Santa Ana.
Tomadas as primeiras providências para a fixação das gentes, Jácome de Bruges retornou ao reino a pedir mais pessoas para auxiliá-lo no povoamento. Nessa viagem, terá passado pela ilha da Madeira, de onde trouxe Diogo de Teive, a quem foi atribuído o cargo de seu lugar-tenente e Ouvidor-geral da ilha Terceira. Além destes titulares, vieram para a ilha alguns frades franciscanos para o culto religioso, visto que as ilhas pertenciam à Ordem de Cristo.
Poucos anos mais tarde, Jácome de Bruges fixou a sua residência no sítio da Praia, lançando os fundamentos da sua igreja matriz - a Igreja de Santa Cruz - em 1456, de onde passou a administrar a capitania da ilha até à data do seu desaparecimento (1474), em circunstâncias não esclarecidas, acredita-se que durante uma viagem entre a ilha e o continente.
Entre os primeiros povoadores cita-se ainda o nome de outro flamengo, Fernão Dulmo, que recebeu terras nas Quatro Ribeiras, entre o Biscoito Bravo e a ribeira da Agualva, lugar onde, segundo o historiador Francisco Ferreira Drummond "...ali desembarcou com trinta pessoas, cultivou a terra e deu princípio à igreja"".
Após a entrega da capitania da Terceira a Jácome de Bruges, o Infante D. Henrique doou a 18 de Setembro 1460 as ilhas Terceira e Graciosa ao Infante D. Fernando, seu sobrinho e filho adotivo, com a condição de que a espiritualidade ficasse com a Ordem de Cristo, mandando que os vigários que estiverem nas ditas ilhas digam para sempre uma missa cada Sábado por sua alma. Falecido este último (1470), assumiu a capitania donatária, durante a menoridade do Infante D. Diogo, a Infanta D. Beatriz, sua mãe. Mediante o desaparecimento de Jácome de Bruges, essa infanta dividirá a ilha em duas capitanias, em 1474:
O povoamento das ilhas foi acompanhado, em todo o arquipélago, pela sua exploração económica, que se traduziu em queimadas e arroteamento de baldios, na introdução de culturas como a do trigo (exportado durante o século XV para o reino e praças portuguesas em África) e a da cana-de-açúcar, na indústria do pastel (corante) e na exportação de madeiras para a construção naval. Isso explica por que, nos Açores, o século XVI foi marcado por um enorme desenvolvimento económico e social, que se prolongou até aos finais do século XIX, altura em que se introduziram outras espécies agrícolas, de grande rendimento, como o chá, o tabaco e o ananás.
A Dinastia Filipina.
No contexto da Crise de sucessão de 1580, António de Portugal, Prior do Crato foi aclamado e coroado rei, sendo derrotado pelas forças espanholas sob o comando do duque de Alba na batalha de Alcântara (25 de Agosto de 1580).
Diante da instalação da Dinastia Filipina em Portugal, D. António passou a governar o país a partir da Terceira, nos Açores. Após a vitória na batalha da Salga (25 de Julho de 1581, na Terceira, e da derrota na Batalha Naval de Vila Franca (26 de Julho de 1582), nas águas da ilha de São Miguel, a resistência da Terceira persistiu até ao Verão de 1583. Nesse período, enquanto sede da monarquia portuguesa, a ilha chegou a ter, além da presença do soberano, órgãos como a Casa da Suplicação, as Mesas de Desembargo do Paço e Casa da Moeda.
Após subjugarem a resistência local, na sequência do desembarque da Baía das Mós (26 e 27 de Julho de 1583), os Castelhanos organizaram na Terceira um governo-geral.
Com a aclamação de João IV de Portugal (1640), as ilhas do arquipélago aderiram imediatamente à Restauração da Independência, o que, contudo, foi dificultado pela existência de uma grande resistência castelhana em Angra do Heroísmo, que perdurou até à rendição da Fortaleza de São João Baptista em Março de 1642.
O século XVIII.
A falta de cereais conduz ao motim de Angra, que tem lugar nos dias 29 e 30 de abril de 1757, envolvendo cerca de 400 a 500 pessoas.
Em 1766, a divisão do arquipélago em capitanias foi alterada, passando a existir, a partir de então, uma capitania geral, com sede em Angra do Heroísmo: a Capitania Geral dos Açores.
A Guerra Civil Portuguesa (1828-1834).
A Revolução liberal do Porto teve repercussões sobretudo na Terceira. No contexto da Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), travou-se em 1829, em virtude do golpe de estado absolutista que pôs D. Miguel no poder, uma violenta batalha entre miguelistas e liberais, da qual saíram vitoriosos estes últimos: a batalha da Praia da Vitória (11 de agosto).
Em 1830 formou-se na Terceira um Conselho de Regência e, em 1832, partiu de Belle-Isle, na costa sul da Bretanha (França), uma expedição militar sob o de D. Pedro (10 de fevereiro), rumo aos Açores, onde chegou a 22 de fevereiro (ilha de São Miguel) estabelecendo-se em Angra (3 de março). Aqui assumiu a Regência e nomeou o seu Ministério, presidido pelo marquês de Palmela, e do qual faziam parte Mouzinho da Silveira, sendo promulgadas muitas reformas importantes. Daqui retornou D. Pedro para São Miguel (25 de abril), na continuação da preparação da expedição que culminou no Desembarque do Mindelo (8 de julho).
Em virtude dessas reformas, ainda em 1832 a Capitania-Geral deu lugar à constituição da Província Açoriana com sede em Angra.
Relação de embarcações naufragadas na Baía de Angra.
Século XVII.
<li value="23"> 1605 - Naufrágio da nau portuguesa sob o comando do Capitão Manuel Barreto Rolim.
Século XVIII.
<li value=49>1702 - (10 de Dezembro), naufrágio da fragata francesa "Fla Orbanne", naufraga nos baixios de Angra. Este acidente deixou informações nos livros de óbitos da freguesia da Sé, aquando da inumação dos náufragos dados à costa da cidade.
Século XIX.
<li value="52">1811 - 10 de Março, naufrágio por força de uma tempestade de uma escuna inglesa, a "Mirthe" que encalha no areal do Porto Novo.
Século XX.
<li value="82">1906 - 30 de Setembro, naufraga o iate "Rio Lima", que dá à costa no baixinho do Portinho Novo.
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1856 | Tâmega (sub-região) | Tâmega (sub-região)
Localização do Tâmega
Tâmega foi uma sub-região estatística portuguesa, parte da região do Norte. O seu núcleo principal integrava-se no distrito do Porto, mas incluía ainda concelhos do distrito de Vila Real, do distrito de Viseu, do distrito de Braga e do distrito de Aveiro. Limita a norte com o Ave e o Alto Trás-os-Montes, a leste com o Douro, a sul com o Dão-Lafões e o Entre Douro e Vouga e a oeste com o Grande Porto. Tinha uma área de 2629 km² e uma população de habitantes (censos de 2011).
Compreendia 11 concelhos:
Cabeceiras de Basto e Mondim de Basto passaram a integrar a sub-região do Ave. Ribeira de Pena passou a integrar a sub-região do Alto Trás-os-Montes.
Em 2013, o município de Paredes deixou a Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa para integrar a Área Metropolitana do Porto.
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1859 | Tambaba | Tambaba
Tambaba é uma praia brasileira situada no município de Conde, litoral sul da Paraíba que fica a cerca de 30 km da capital João Pessoa e é conhecida principalmente pela área naturista, sendo a primeira praia do Brasil a permitir o naturismo por lei municipal. A praia é dividida em duas: de um lado, ficam os naturistas; do outro, os que não tiram a roupa.
Pelo segundo ano consecutivo, o portal UOL Viagens destaca uma praia paraibana como uma das vinte mais bonitas do Brasil. A praia de Tambaba é classificada paradisíaca e indicada para quem é adepto do naturismo e busca privacidade.
Etimologia.
Etimologicamente, segundo o pesquisador Leon Clerot, o termo Tambaba vem do tupi "tambá" (concha) e "mbab" (restos, sobras), o que portanto forma «restos da concha», tese que é corroborada pelo historiador Coriolando de Medeiros. Já o historiador Horácio de Almeida afirma significar «o conteúdo da concha» (marisco).
Naturismo.
«Tambaba Nua».
O naturismo em Tambaba é gerido pela «Associação Tambaba Nua» que tem a incumbência de organizar uma série de normas de conduta ética, como meio de garantir um padrão de comportamento na praia.
Tais regras incluem proibição de filmagens ou fotografia, sem autorização, a obrigação de nudez total para aceder ao local, a proibição total de qualquer comportamento ou praticas sexuais, assim como a interdição do uso de drogas. Todos esses itens são relacionados ao Código de Ética Naturista.
Congresso Internacional.
Tambaba foi a área naturista escolhida para sediar o 31º Congresso Internacional de Naturismo da INF-FNI (Federação Internacional de Naturismo), na época o naturismo na praia era gerido pela SONATA, o evento ocorreu em 2008.
Esse congresso é bianual e sediá-lo é algo comparável a sediar uma olimpíada, tendo em vista o grau de importância deste no cenário mundial. A votação foi realizada durante o referido Congresso Internacional de Naturismo, que ocorreu na cidade de Cartagena, Espanha, nos dias 7 a 10 de setembro de 2006, e foi expressiva a simpatia em favor de Tambaba, que venceu por 137 votos contra 99 dados à região da Calábria, na Itália, que era o concorrente.
Com isso, Tambaba entrou para a história do Naturismo mundial, já que é a primeira área Naturista do Hemisfério Sul e primeira área Naturista da América Latina a sediar um evento desse porte.
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1860 | Topázio (desambiguação) | Topázio (desambiguação)
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1861 | Teoria dos Modelos | Teoria dos Modelos
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1862 | Teoria dos grafos | Teoria dos grafos
A teoria dos grafos ou de grafos é um ramo da matemática que estuda as relações entre os objetos de um determinado conjunto. Para tal são utilizadas estruturas chamadas de grafos, formula_1, onde formula_2 é um conjunto não vazio de objetos denominados vértices (ou nós) e formula_3 (do inglês "edges" - arestas) é um subconjunto de pares não ordenados de V.
Dependendo da aplicação, arestas podem ou não ter direção, pode ser permitido ou não arestas ligarem um vértice a ele próprio e vértices e/ou arestas podem ter um peso (numérico) associado. Se as arestas têm um sentido associado (indicado por uma seta na representação gráfica) temos um "dígrafo" (grafo orientado). Um grafo com um único vértice e sem arestas é conhecido como grafo trivial.
Estruturas que podem ser representadas por grafos estão em toda parte e muitos problemas de interesse prático podem ser formulados como questões sobre certos grafos. Por exemplo, a estrutura de ligações da Wikipédia pode ser representada por um dígrafo: os vértices são os artigos da Wikipédia e existe uma aresta do artigo "A" para o artigo "B" se e somente se "A" contém um link para "B". Dígrafos são também usados para representar máquinas de estado finito. O desenvolvimento de algoritmos para manipular grafos é um tema importante da ciência da computação.
Histórico.
O artigo de Leonhard Euler, publicado em 1736, sobre o problema das "sete pontes de Königsberg", é considerado o primeiro resultado da teoria dos grafos. É também considerado um dos primeiros resultados topológicos na geometria; isto é, não dependente de quaisquer medidas. Isso ilustra a profunda conexão entre a teoria dos grafos e topologia.
Mais de um século após a publicação do artigo de Euler sobre as pontes de Königsberg e enquanto Listing introduzia o conceito de topologia, Cayley foi levado por um interesse em formas analíticas particulares decorrentes do cálculo diferencial para estudar uma classe particular de grafos, as "árvores." Esse estudo teve diversas implicações na química teórica. As técnicas usadas por ele eram relacionadas a enumeração de grafos com propriedades particulares.
O primeiro livro didático sobre teoria dos grafos foi escrito por Dénes König e publicado em 1936.
Um dos problemas mais conhecidos em teoria dos grafos é problema das quatro cores: "É possível que qualquer mapa desenhado num plano, dividido em regiões, possa ser colorido com apenas quatro cores de tal forma que as regiões vizinhas não partilhem a mesma cor?". O primeiro a notar o problema das quatro cores foi August Ferdinand Möbius em 1840. Em 1852, Francis Guthrie escreveu em uma carta para seu irmão Frederick, estudante na University College London, sobre o problema. Mas nenhum deles conseguiu resolvê-lo. Então Frederick perguntou a um de seus professores, DeMorgan.
Definições de grafos e dígrafos.
Na literatura, as definições básicas da teoria dos grafos variam bastante. Aqui estão as convenções usadas nesta enciclopédia.
Um grafo direcionado (também chamado dígrafo ou quiver) consiste de
Um grafo não direcionado (ou simplesmente grafo) é dado por
Em um grafo ou dígrafo com pesos, uma função adicional E → R associa um valor a cada aresta, o que pode ser considerado seu "custo"; tais grafos surgem em problemas de rota ótima tais como o problema do caixeiro viajante.
Representação gráfica.
Os grafos são geralmente representados graficamente da seguinte maneira: é desenhado um círculo para cada vértice, e para cada aresta é desenhado um arco conectando suas extremidades. Se o grafo for direcionado, seu sentido é indicado na aresta por uma seta.
O grafo de exemplo exibido na figura é um grafo simples com o conjunto de vértices "V" = {1, 2, 3, 4, 5, 6} e um conjunto de arestas "E" = { {1,2}, {1,5}, {2,3}, {2,5}, {3,4}, {4,5}, {4,6} } (com o mapeamento "w" sendo a identidade).
Note que essa representação gráfica não deve ser confundida com o grafo em si (a estrutura abstrata, não-gráfica). Diferentes representações gráficas podem corresponder ao mesmo grafo. O que importa é quais vértices estão conectados entre si por quantas arestas.
O trabalho pioneiro de William Thomas Tutte foi de grande influência no desenho de grafos. Entre outras realizações, ele introduziu o uso de técnicas da álgebra linear para desenhar grafos.
Convenções alternativas para a representação de grafos incluem representações por adjacência como empacotamento de círculos, onde vértices são representados como regiões disjuntas no plano e arestas são representadas por adjacências entre regiões; representações por intersecção no qual vértices são representados como objetos geométricos não disjuntos e arestas são representadas por suas intersecções; representações por visibilidade onde vértices são representados por regiões no plano e arestas são representadas por regiões com uma linha de visão desobstruída para cada vértice; desenhos confluentes, nos quais arestas são curvas suaves dentro de trilhos de trem; texturas onde vértices são linhas horizontais e arestas são linhas verticais; e visualizações da matriz de adjacência de um grafo.
O desenho de grafos em superfícies diferentes do plano é também estudado.
Armazenamento de grafos em memória.
Há diversas maneiras de armazenarmos grafos em computadores. A estrutura de dados usada dependerá tanto da estrutura do grafo quanto do algoritmo usado para manipulá-lo. Teoricamente, podemos dividir entre estruturas do tipo lista e do tipo matriz, mas em aplicações reais, a melhor estrutura é uma combinação de ambas. Estruturas do tipo lista são frequentemente usadas em grafos esparsos (grafos que possuem um pequeno número de arestas em relação ao número de vértices, oposto ao grafo denso, onde o número de arestas se aproxima do máximo de arestas possível) já que exigem menor uso da memória. Por outro lado, estruturas do tipo matriz fornecem um rápido acesso em algumas aplicações, mas podem consumir uma grande quantidade de memória.
Estruturas do tipo lista incluem a lista de adjacência que associa a cada vértice do grafo uma lista de todos os outros vértices com os quais ele tem uma aresta e a lista de incidência, que armazena para cada vértice uma lista de objetos que representam as arestas incidentes a esse vértice.
Estruturas do tipo matriz incluem a matriz de incidência, uma matriz de 0's e 1's com suas linhas representando vértices e suas colunas as arestas e a matriz de adjacência onde ambas linhas e colunas possuem vértices. Em ambos casos um 1 indica dois objetos adjacentes e 0 indica dois objetos não adjacentes.
Definições de teoria dos grafos.
Relações de incidência e de adjacência.
Se uma aresta conecta dois vértices, então esses dois vértices são ditos incidentes à aresta. Usando o grafo ao lado como exemplo temos: 1 é incidente a 2 e 5, mas não é incidente a 3, 4 ou 6; 4 é incidente a 5, 3 e 6, mas não a 2 nem a 1.
Dois vértices são considerados adjacentes se uma aresta existe entre eles. No grafo acima, os vértices 1 e 2 são adjacentes, mas os vértices 2 e 4 não são. O conjunto de vizinhos de um vértice consiste de todos os vértices adjacentes a ele. No grafo-exemplo, o vértice 1 possui 2 vizinhos: vértice 2 e vértice 5.
Na computação, um grafo finito direcionado ou não-direcionado (com, digamos, "n" vértices) é geralmente representado por sua matriz de adjacência: uma matriz "n"-por-"n" cujo valor na linha "i" e coluna "j" fornece o número de arestas do "i"-ésimo ao "j"-ésimo vértices.
Valência (Grau).
A valência (ou grau) de um vértice é o número de arestas incidentes a ele. Se houver laços, serão contados duas vezes. No grafo de exemplo os vértices 1 e 3 possuem uma valência de 2, os vértices 2, 4 e 5 têm a valência de 3 e o vértice 6 tem a valência de 1. Se "E" é finito, então a valência total dos vértices é o dobro do número de arestas. Em um dígrafo, distingue-se o grau de saída (o número de arestas saindo de um vértice) e o grau de entrada (o número de arestas entrando em um vértice). O grau de um vértice em um dígrafo é igual à soma dos graus de saída e de entrada. O grau de um vértice é definido somente quando o número de arestas incidentes sobre o vértice é finito.
formula_6
Passeio.
Um passeio formula_7 entre dois vértices formula_8 e formula_9, definido como formula_10, é uma lista alternada de vértices e arestas
formula_11 tal que
O tamanho de um passeio, definido por formula_18 corresponde ao número de arestas que possui, incluindo as repetições. Na figura ao lado, um passeio do vértice formula_19 até o vértice formula_20 possível é a lista formula_21 de tamanho formula_22. Note que a aresta formula_23 se repete. É necessário listarmos as arestas em um passeio para distinguirmos entre as diversas arestas existentes quando estamos trabalhando em um grafo que não é simples. Em um grafo simples, basta listarmos os vértices.
Caminho.
Caminho é uma sequência de vértices tal que de cada um dos vértices existe uma aresta para o vértice seguinte. Um caminho é chamado simples se nenhum dos vértices no caminho se repete. O comprimento do caminho é o número de arestas que o caminho usa, contando-se arestas múltiplas vezes. O custo de um caminho num grafo balanceado é a soma dos custos das arestas atravessadas. Dois caminhos são independentes se não tiverem nenhum vértice em comum, exceto o primeiro e o último.
No grafo de exemplo, (1, 2, 5, 1, 2, 3) é um caminho com comprimento 5, e (5, 2, 1) é um caminho simples de comprimento 2.
Ciclo (ou circuito) é um caminho que começa e acaba com o mesmo vértice. Ciclos de comprimento 1 são laços. No grafo de exemplo, (1, 2, 3, 4, 5, 2, 1) é um ciclo de comprimento 6. Um ciclo simples é um ciclo que tem um comprimento pelo menos de 3 e no qual o vértice inicial só aparece mais uma vez, como vértice final, e os outros vértices aparecem só uma vez. No grafo acima, (1, 5, 2, 1) é um ciclo simples. Um grafo chama-se acíclico se não contém ciclos simples.
Laço ("loop") num grafo ou num dígrafo é uma aresta "e" em "E" cujas terminações estão no mesmo vértice.
Tipos de grafos.
Buscas em Grafos.
Percurso em grafos
Generalizações.
Num hipergrafo uma aresta pode conectar mais que dois vértices.
Um grafo não-direcionado pode ser visto como um complexo simplicial consistindo de símplices de uma dimensão (as arestas) e símplices de dimensão zero (os vértices). Ou seja, complexos são generalizações de grafos que permitem símplices de maiores dimensões.
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1863 | Teletrabalho | Teletrabalho
Teletrabalho, também dito trabalho remoto, significa, literalmente, trabalho a distância. Deriva do conceito denominado, em inglês, telecommuting - e ainda: "home working" (trabalho em casa), "telework" ou "teleworking" (trabalho a distância), "working from home" (trabalho para casa), "mobile work" (trabalho móvel), "remote work" (trabalho remoto) e "flexible workplace" (local de trabalho flexível). Em português brasileiro são traduzidas como "trabalho remoto, teletrabalho, trabalho à distância, ou (...) o mais adequado, trabalho portátil"; apesar de o termo "casa" estar presente em muitas das denominações, o trabalho efetivo pode ser realizado em qualquer ambiente, desde hotéis, táxis, aeroportos, praças, etc.; trata-se, portanto, de trabalho que é realizado quando se está a utilizar equipamentos que permitem que o serviço efetivo seja realizado num lugar diferente daquele que sedia a empresa ou o negócio.
Existem diferentes concepções deste termo e termos similares como: trabalho a distância, como dito acima, e "home office". É uma área em rápido crescimento no início do terceiro milênio.
O teletrabalho pode ser considerado um dos assuntos que mais se aborda nos dias de hoje, levando em consideração as grandes e médias corporações. Muitas empresas adotam esse estilo de trabalho visando diminuir os custos fixos da mesma, como os de infraestrutura, por exemplo. Mesmo sendo uma opção para solucionar problemas econômicos, é importante ressaltar que as empresas devem analisar bastante antes de tomar qualquer tipo de decisão, pelo fato de que muitas delas podem não conseguir adaptar seus funcionários para esse tipo de trabalho e, com isso, todo o processo produtivo pode ser afetado negativamente.<ref name="http://www.abrhnacional.org.br/"></ref>
Teletrabalho não deve ser confundido como uma função específica nem uma atividade, mas como realizamos determinadas atividades remotamente. Você pode ser um analista, um engenheiro, um prestador de serviço exclusivo de uma organização, enfim, qualquer função, porém, faz uso de tecnologia e de comunicação para exercê-la em um local diferente da empresa, que pode ser sua casa, um centro compartilhado ou no próprio cliente.
O que faz essa relação ser teletrabalho é a exclusividade do serviço, do comprometimento com a organização e/ou o contrato de trabalho estabelecido, isto é, há uma relação de trabalho entre a organização e o trabalhador, que através de mecanismos digitais (softwares), eletrônicos (computadores) e de comunicação (telefone, fax, até Skype), faz existir este compromisso de ambas as partes. O diferencial da forma tradicional, é que o trabalhador não fica restrito ao espaço da empresa, obrigado a se deslocar para o trabalho diariamente para exercer sua atividade. Ele possui um acordo com a empresa prevendo outras possibilidades para este relacionamento fora do ambiente de trabalho.
Mas não é só dar um laptop para o funcionário. É preciso haver um projeto que compreenda um estudo dos processos da empresa identificando os "teletrabalháveis", uma seleção adequada do funcionário que se enquadre em determinadas condições para trabalhar fora da empresa, a adequação dos equipamentos e softwares a serem usados, o treinamento dos gerentes e demais funcionários, para que eles também possam lidar com as condições deste profissional que não estará presente fisicamente, mas estará trabalhando para a empresa onde estiver.
O teletrabalho é um tipo de trabalho flexível por proporcionar um local, horário e contratos flexíveis. Sua definição se baseia fazendo relações com o distanciamento e a realização de parte do trabalho fora das instalações fixas dos escritórios empresariais.<ref name="http://www.scielo.br/"></ref>
Existem diversas empresas que adotam o teletrabalho, porém, muitas delas não assumem como tal, uma vez que o conceito está difundido entre outras estratégias, como automação de forças de vendas e consultores (por exemplo). Muitas destas empresas são casos brasileiros de teletrabalho, aplicado na automação de forças de vendas, consultores externos, gestores regionais, enfim, em diversas posições dentro da organização.
Existem três tipos diferentes de teletrabalhadores. O primeiro seria o que trabalha a maior parte em casa e é nomeado de "fixed-site telework", o segundo estilo de trabalhador seria aquele que trabalha em multiversos, ou seja, em casa, no escritório e em trabalho de campo sendo nomeado "flexiwork" e por último seria o telework que seria o trabalhador que realiza suas funções na maioria das vezes em trabalho de campo em locais variáveis. As denominações e atribuições aos teletrabalhadores não podem ficar presas apenas nas condições físicas e deve-se levar em conta o nível de tecnologia utilizado e a intensidade das atividades relacionadas ao contrato.<ref name="http://www.scielo.br/"></ref>
Pode-se dizer que as principais áreas de atuação estão nas áreas de vendas, consultoria, engenharia e prestadores de serviços, principalmente na área de Tecnologia da Informação, executivos de grandes empresas e, mais recentemente, televendas e teleatendimento ("call centers").
Origem e crescimento do teletrabalho.
A ficção científica, há muito, já previu o teletrabalho. Por exemplo, Monteiro Lobato, em O Presidente Negro, especulou que o teletrabalho chegaria por volta do ano 2200, conforme conversa de "Miss" Jane com Ayrton:
A origem do trabalho em casa surgiu no século XVI no período transitório entre feudalismo e capitalismo. Inicialmente, as famílias produziam aquilo de que precisavam para sobreviver, tendo essa produção mantida pelo sistema de servidão, em que parte daquilo que era produzido pelo servo, era destinado ao senhor feudal como pagamento pelo “empréstimo” das terras concedidas ou da matéria prima fornecida. O trabalho a domicilio começa a perder força na transição para o capitalismo, pois a força de trabalho passa a ser concentrada em um único local para aumentar a eficiência da produção, posteriormente com a introdução de maquinas e motores esses locais passam a serem chamados de indústrias caracterizando esse período como a revolução industrial, tornando o trabalho em casa raro.<ref name="http://www.viajus.com.br/"></ref>
O termo teletrabalho surge na década de 70 quando o mundo passava por uma crise no petróleo e havia uma preocupação com os gastos com deslocamento para o trabalho, e determinadas funções passavam a ser atribuídas para a execução á domicilio. Em 1857, surge o trabalho remoto através das atividades de telegrafo, J. Edgar Thompson proprietário de uma linha de ferro controlava suas unidades remotas através do telégrafo, exercendo a gestão e o controle de recursos e mão de obra remotamente.
Na terceira revolução industrial, a vinculação entre ciência e tecnologia com a indústria passa a ter relação mais estreita. A introdução de ferramentas como computadores, servidores, redes, telefones, celulares, Internet, robótica, entre outras, afeta diretamente a relação entre o trabalho e o trabalhador, pois a maior parte dessas ferramentas introduzidas ao sistema produtivo permitem a execução de atividades de qualquer local, possibilitando interações simultâneas, rápidas e com baixo custo.
Vantagens e desvantagens.
Mesmo com tantos estudos desenvolvidos, ainda não se tem um consenso das vantagens e desvantagens do teletrabalho dentro de uma organização. Há alguns efeitos negativos, como menor controle exercido pelas organizações, menor criatividade nas atividades executadas e jornadas de trabalhos que tendem a se prolongar além dos horários tradicionais. Outro problema encontrado é a perda de identidade e a dificuldade de uma estabilidade na construção da carreira. Já as vantagens são ligadas principalmente ao uso de tecnologia que seria o melhor entendimento dos processos organizacionais, compartilhamento de informações, agilidade na realização dos trabalhos além de conciliação entre a vida profissional e pessoal. Outro ponto é a flexibilidade no trabalho que pode influenciar no desenvolvimento da sociedade, no aumento da produtividade e redução no desemprego.<ref name="http://www.scielo.br/"></ref>
Tecnologia aplicada ao teletrabalho.
Os teletrabalhadores estão ligados ao seu escritório utilizando Software colaborativo, Virtual Private Networks e tecnologias similares para colaborar e interagir com os membros da equipe. Como o preço dos routers com funcionalidades VPN, ligações de banda larga residenciais, e tecnologia VOIP tem baixado significativamente nos últimos anos, o custo de ligar um teletrabalhador à intranet da sua empresa e ao sistema de telecomunicações tornou-se desprezável quando comparado com o custo operacional de escritórios convencionais.
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1864 | Topologia | Topologia
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1865 | Tóquio | Tóquio
Tóquio (, , literalmente "capital do Leste"), oficialmente , é a capital do Japão e uma das 47 prefeituras do país. Situa-se em Honshu, a maior ilha do arquipélago. Em 2015, Tóquio possuía mais de 13,4 milhões de habitantes, cerca de 11% da população do país, e a Região Metropolitana de Tóquio possui mais de 37 milhões de habitantes, o que torna a aglomeração de Tóquio, independentemente de como se define, como a área urbana mais populosa do mundo. Um de seus monumentos mais famosos é a Torre de Tóquio. Foi fundada em 1457, com o nome de Edo ou Yedo. Tornou-se a capital do Império em 1868 com a atual designação. Sofreu grande destruição duas vezes; uma em 1923, quando foi atingida por um terremoto; e outra em 1944 e 1945, quando bombardeios americanos destruíram grande parte da cidade, sendo que no total foi destruída 51% de sua área e mortas mais de 80 mil pessoas.
Embora seja considerada um dos maiores centros financeiros do mundo (ao lado de Nova Iorque e Londres), e uma "Cidade Global Alfa+", ela não é, tecnicamente, uma cidade. Não há no Japão uma cidade chamada "Tóquio". Na verdade, Tóquio é designada como uma , similar a uma , e é constituída por 23 , 26 , cinco e oito . Cada uma delas possui um governo que opera no nível regional. Também fazem parte de seu território pequenas ilhas no Oceano Pacífico, localizadas a cerca de mil quilômetros ao sul.
Mais de nove milhões de pessoas vivem dentro dos 23 distritos autônomos que constituem a parte central de Tóquio. Estes 23 distritos definem a "Cidade de Tóquio", possuindo 9,24 milhões de habitantes. Sua população aumenta em 2,4 milhões ao longo do dia, devido aos estudantes e trabalhadores de prefeituras vizinhas, que vão à Tóquio para estudar e trabalhar. A população total dos bairros de Chiyoda, Chuo e Minato, que compõem a região central, e onde está localizado o principal centro financeiro do país, é de 375 mil habitantes; porém, mais de dois milhões de pessoas trabalham na região.
Tóquio é o principal centro político, financeiro, comercial, educacional e cultural do Japão. Assim sendo, possui a maior concentração de sedes de empresas comerciais, instituições de ensino superior, teatros e outros estabelecimentos comerciais e culturais do país. Também possui um sistema de transporte público altamente desenvolvido, com numerosas linhas de trens, metrô e de ônibus, bem como o Aeroporto Internacional de Tóquio.
Etimologia.
Era originalmente conhecida como Edo, que significa "estuário". Seu nome foi mudado para Tóquio ("Tóquio": "Tō" (leste) + "quio" (capital)) quando se tornou a capital imperial em 1868, em linha com a tradição da Ásia Oriental de incluir a palavra no nome da cidade da capital.
Durante o início do período Meiji, a cidade também era chamada de "Tōkei", uma pronúncia alternativa para os mesmos caracteres chineses que representam "Tóquio". Alguns documentos oficiais sobreviventes em inglês usaram a ortografia "Tokei". Entretanto, agora essa pronunciação é considerada obsoleta.
História.
Fundação.
Apesar que desde tempos antigos existiam pequenas populações e templos nas colinas cercando a , considera-se que a fundação formal de Tóquio foi em 1457, quando um vassalo do , construiu o , assim a área que rodeava o castelo começou a se chamar . , que havia tomado o castelo em 1590 e que tinha o controle quase absoluto do Japão, estabeleceu seu governo em Edo, em 1603, isso deu início ao , na história japonesa. Durante esse período, a cidade usufruiu de um prolongado período de paz conhecido como "Pax Tokugawa". Além disso, Edo adotou uma política rigorosa de isolamento, o que ajudou a evitar ameaças militares sérias a cidade durante bastante tempo. Edo cresceu e por volta do se tornou uma das cidades mais populosas do mundo com mais de um milhão de habitantes. A nobreza, junto com o Imperador do Japão, permaneceram em Quioto, que seguiu sendo a capital oficial, porém apenas de maneira protocolar.
Edo sofreu inumeráveis desastres, entre os que se encontram centenas de incêndios, destacando-se o Grande Incêndio de Edo (Edo Taika) de 1657, onde estima-se que morreram 108 mil pessoas; nesse mesmo acontecimento, também conhecido como incêndio de Furisode, a maior parte da cidade foi destruída, incluindo o Castelo de Edo e seus arredores. Outros desastres que sofreu Edo foram à erupção do Monte Fuji em 1707, o Terremoto do Grande Edo em 1855 e outros terremotos menores em 1703, 1782 e 1812.
Século XIX.
Em 1853, o comandante americano Matthew Perry desembarcou na Baía de Tóquio, à frente de uma frota de quatro navios de guerra, como um enviado do governo americano, com a missão de instituir relações diplomáticas e comerciais entre o Japão e os Estados Unidos. Perry voltou em 1854, à frente de uma frota maior do que a anterior, e assinou um tratado diplomático entre os líderes de governo do Japão. A chegada de Perry ao Japão iniciou um período de abertura na história do país iniciado com a abertura dos portos de Shimoda e Hakodate. Essa situação levou a um aumento na demanda por novos produtos estrangeiros, o que aumentou consideravelmente a inflação. A inquietação social que foi originada pelo aumento dos preços culminou em rebeliões e manifestações, especialmente através da "demolição" de estabelecimentos que comercializavam arroz.
Em novembro de 1867, ocorreu a destituição do último xogum, Tokugawa Yoshinobu, e o fim do Xogunato em todo o Japão. Assim, em 1868 deu-se o início da Restauração Meiji, em que o Imperador se mudou ao Castelo Edo, convertendo-o no Palácio Imperial do Japão e estabeleceu a mesma alteração de nome de Edo para Tóquio, "a capital do leste". No entanto, o Imperador não deixou estabelecido de maneira legal que Tóquio era a nova capital do Japão. Algumas pessoas creem que, devido a esse fator, Kioto seria a capital oficial ou co-capital do país. Em 1871 aboliram-se os han ou feudos, e formalmente criaram-se as prefeituras, entre elas a Prefeitura de Tóquio; e ao ano seguinte a prefeitura expandiu-se à área ocupada pelos 23 Bairros Especiais que atualmente possui.
A partir de 1872, começou a construir-se a primeira linha de metropolitano ligando Tóquio com Yokohama e em 1925 construiu-se a Linha Yamanote, linha de metropolitano urbano que é uma das mais importantes de Tóquio na atualidade. Em 1889 estabeleceu-se a com 15 bairros, logo em 1893 os distritos de Tama que uniram-se a prefeitura.
Séculos XX e XXI.
Em 1914 inaugurou-se a Estação de Tóquio e, em 1927, inaugurou-se a primeira linha de metrô subterrânea, que ligava Asakusa e Ueno. O golpeou Tóquio em 1923, com um saldo de aproximadamente 140 mil pessoas mortas e desaparecidas e trezentas mil residências destruídas.
Depois da tragédia iniciou-se um plano de reconstrução que não pôde ser completado devido a seu alto custo. No dia 8 de janeiro de 1932, ocorreu em Tóquio o Incidente Sakuradamon, uma tentativa de assassinato contra o Imperador Hirohito por um ativista da independência da Coreia, então ocupada pelo Japão. Em 1936 inaugurou-se o edifício da Kokkai (Dieta do Japão); também nesse mesmo ano ocorreu o , no que 1 400 oficiais do exército japonês ocuparam o edifício da Kokkai, o Kantei (Residência do primeiro-ministro) e outros lugares de Tóquio numa tentativa de golpe de Estado, que foi sufocada três dias depois. Ainda em 1936, Tóquio foi eleita a sede dos Jogos Olímpicos de 1940; porém, devido ao fato do Japão ter invadido a China durante a Segunda Guerra Sino-Japonesa, esta protestou contra a realização das olimpíadas na cidade. Em 16 de julho de 1938, o governo japonês anunciou sua renúncia em sediar as olimpíadas. A cidade sede foi transferida para Helsinque, porém com o início da Segunda Guerra Mundial, os Jogos de 1940 terminaram não acontecendo.
Durante a Segunda Guerra Mundial, na década de 1940, o governo japonês decidiu instituir a "Província Metropolitana de Tóquio". A partir desta iniciativa extinguiu-se aquilo que era conhecido como . Durante a mesma guerra, foi intensamente bombardeada a partir de 1942 até 1945. Por causa disto, em 1945 a população de Tóquio era a metade que em 1940. Os bombardeios mais pesados a atingiram em 1944 e 1945, destruindo aproximadamente um terço da cidade, e matando mais de 80 mil pessoas. Tóquio tinha cerca de 7,3 milhões de habitantes em 1940; no final da guerra, a população havia caído pela metade, para cerca de 3,5 milhões. Ao terminar a guerra, em setembro de 1945, foi ocupada militarmente e passou a ser governada pelas Forças Aliadas. O general Douglas MacArthur estabeleceu os quartéis da ocupação no que atualmente é o edifício DN Tower 21 (anteriormente conhecido como Dai-Ichi Seimei), em frente ao Palácio Imperial. Na segunda metade do , Estados Unidos aproveitou Tóquio como um centro importante de logística durante a guerra da Coreia. Na atualidade, onde permanecem sob controle estadunidense a Base aérea de Yokota e algumas poucas instalações militares menores.
Tóquio foi novamente reconstruída após o fim da guerra em um programa de reconstrução feito para todo o Japão em 1945, que teve como um de seus objetivos reduzir a densidade populacional das áreas urbanas. O programa procurou reconstruir cinquenta mil hectares de 115 cidades do país, porém contemplou somente 102 cidades e uma área de 28 mil hectares. Em 1947, foi reestruturada para ter a estrutura de 23 bairros que possui hoje em dia. Tóquio experimentou o chamado "milagre econômico" durante as décadas de 1950 e 1960. Em 1954 criou-se a segunda linha de metrô com a Linha Marunouchi e em 1961 com a Linha Hibiya. Em um espaço de dezessete anos, a sua população chegou a alcançar a marca de dez milhões de pessoas em 1962. Em 1958 construiu-se a Torre de Tóquio e em 1964 inaugurou-se a primeira linha de Shinkansen (Tokaido Shinkansen), coincidindo com a celebração dos Jogos Olímpicos de Tóquio. Esta prosperidade transformou um país devastado pela guerra na segunda economia do mundo em menos de 20 anos. Durante este período, o governo japonês deu prioridade para a Infra-estrutura e indústrias de manufatura. Como resultado, Japão dominou um amplo ranking de indústrias como a do aço, a automobilística, de semicondutores e eletrodomésticos.
Em 1966, um plano diretor, conhecido como "Tama New Town", foi instituído em Tóquio com o objetivo de minimizar a escassez de moradias devido ao alto crescimento populacional. Em 1969, foi promulgado o Regulamento de Controle da Poluição, algo que fazia parte de um conjunto de medidas, feitas pelo governo de Tóquio, que tinham como objetivo diminuir a intensidade da poluição atmosférica na região, então ocasionada por fábricas e indústrias químicas. Foram devolvidas ao Japão as ilhas Ogasawara em 1968 e a Base Aérea de Tachikawa em 1977.
Durante a década de 1970 houve uma migração maciça das áreas rurais para as cidades, Tóquio em especial. Em 1978 inaugurou-se o Aeroporto Internacional de Narita, que serviu principalmente para voos internacionais; enquanto que o Aeroporto Internacional de Tóquio, inaugurado em 1931, serviria principalmente para voos nacionais.
A grande população em Tóquio derivou de um crescimento econômico que terminou na década de 1990, mais precisamente de 1991 até 2000, causando uma recessão durante toda essa década, chamada também . Em 20 de março de 1995, a cidade concentrou a atenção dos meios internacionais sobre o atentado terrorista do culto Aum Shinrikyo no sistema de trens subterrâneos de Tóquio. Nele morreram doze pessoas e milhares foram afetadas pelo gás nervoso Sarín.
Apesar disso, continuou crescendo; em 1990 construiu-se o Tōchō ou Tóquio City Hall e em 1993 inaugurou-se a Rainbow Bridge sobre a Baía de Tóquio. Isto, contudo fez que Tóquio fosse uma das cidades mais dinâmicas do planeta com um amplo ganho de atividades sociais e econômicas.
O Japão é um país que tem executado projetos para ganhar terras ao mar e, desde a década de 1980, a criação de ilhas artificiais vem sendo bastante utilizada. Entre estas ilhas se sobressai , construída durante o período Edo para proteger sua região de invasões marítimas, hoje possui muitos shoppings e áreas de lazer e é um dos pontos turísticos mais populares do Japão. Outros projetos urbanos recentes incluem o Jardim de Ebisu, a ilha Tennozu, o Shiodome, Roppongi Hills e Shinagawa.
O Sismo e Tsunami de Tohoku de 2011 que devastou grande parte da costa nordeste da ilha de Honshu foi sentido em Tóquio. Porém, devido a infraestrutura possuir maior resistência a terremotos, os danos à Tóquio foram menores se comparados a áreas diretamente atingidas pelo tsunami; ainda assim, os edifícios de Tóquio foram sacudidos com força e algumas atividades foram suspensas, entre elas, o funcionamento das linhas telefônicas e do sistema de metrô. A subsequente crise nuclear causada pelo tsunami não afetou Tóquio significativamente, apesar de terem ocorrido alguns aumentos no seu nível de radiação.
Em 22 de maio de 2012, foi inaugurada em 2012 a Tokyo Skytree, a torre mais alta do mundo com 634 metros. A torre custou 806 milhões de dólares e, segundo engenheiros, pode suportar um terremoto de oito graus na escala Richter sem sofrer dano algum. Em 7 de setembro de 2013, o Comitê Olímpico Internacional (COI) selecionou Tóquio para sediar as Olimpíadas de 2020. Tóquio irá sediar os Jogos Olímpicos pela segunda vez.
Geografia.
Está localizada na margem noroeste da Baía de Tóquio. Limita-se com a prefeitura de Chiba a leste, Yamanashi a oeste, Kanagawa ao sul e Saitama ao norte. Fazem também parte de Tóquio ilhas que estão espalhadas no Oceano Pacífico, localizadas a cerca de mil quilômetros ao sul. A mais distante delas, Okinotorishima, está a dois mil quilômetros da sua costa.
Tóquio fica próxima de uma junção tripla localizada na Península de Boso, o que faz com que terremotos de menor intensidade ocorram com frequência na sua região; porém, abalos sísmicos com o epicentro na área continental (excluindo-se as ilhas sob sua jurisdição) são algo raro de acontecer.
Ilhas.
Tóquio possui muitas ilhas periféricas, que se estendem por uma distância de até dois mil quilômetros de Tóquio. Por causa da distância entre as ilhas do centro administrativo do governo metropolitano de Tóquio, subprefeituras locais administram as ilhas, sendo que estas possuem duas cidades e sete vilas. Além disso, as ilhas compondo as terras mais ao sul e ao leste do Japão ficam sob o controle do distrito administrativo de Ogasawara; essas são, respectivamente: as ilhas de Okinotorishima e Minamitorishima. Sobre Okinotorishima, o Japão alega possuir uma zona econômica exclusiva (ZEE) na sua área, sendo que essa afirmação é contestada pela China pois, de acordo com ela, a região seria desabitada e, sendo assim, não poderia ser ZEE.
As Ilhas Izu são um grupo de ilhas vulcânicas próximo à Península de Izu e que faz parte do Parque Nacional Fuji-Hakone-Izu. As Ilhas Izu são divididas em três subprefeituras: Izu Ōshima e Hachijojima possuem cidades. As ilhas restantes são seis vilas, com Nii-jima e Shikine-jima formando uma vila. As ilhas que pertencem ao arquipélago de Izu são as seguintes: Izu Ōshima; To-shima; Nii-jima; Shikine-jima; Miyake-jima; Aogashima; Mikura-jima; Hachijojima; Aogashima; Tori-shima e Udone-shima.
As ilhas Ogasawara ficam a uma distância de, aproximadamente, mil quilômetros de Tóquio e englobam mais de trinta ilhas divididas em quatro grupos e em uma ilha que não faz parte desses grupos (Nishinoshima). Apenas as ilhas de Chichi-jima e Haha-jima são habitadas. As ilhas são consideradas patrimônio material pela UNESCO. Os principais grupos de ilhas do arquipélago Ogasawara são: Chichi-jima; Haha-jima; Muko-jima; Nishinoshima e Kazan-retto.
Hidrografia.
As formas de relevo de Tóquio fazem com que seus rios fluam do oeste para o leste, assim, a desembocadura deles termina sendo na Baía de Tóquio. Existe um total de 107 rios na metrópole, com 92 rios classe A e quinze classe B tendo 857 quilômetros de extensão. Os classe A são aqueles que são observados pelo Ministério da Terra, Infraestrutura, Transporte e Turismo, os classe B são observados pelo governo de Tóquio.
O Governo Metropolitano de Tóquio administra 710 quilômetros de 105 rios, enquanto que o restante do total é administrado pelo ministério. Os 46 rios localizados nos bairros especiais são supervisionados pelos bairros. Costuma-se contar separadamente alguns riachos, chamados de rios secundários, que acabam sendo observados e administrados diretamente pelos governos das cidades e vilas em que se localizam. Tóquio se localiza em uma região com cinco bacias hidrográficas que cobrem uma área total de 22,6 mil quilômetros quadrados, essas bacias pertencem aos rios Tsurumi, Tama, Arakawa, Sagami e Tone. No Japão, se utiliza para rios o sufixo.
A utilização e o gerenciamento da água tiveram importância histórica para a região de Tóquio. Durante o período Edo, os rios eram utilizados para carregar pessoas e bens comerciais e a cidade possuía muitos canais e, por causa disso, chegou a ser comparada com Veneza. Apesar de ainda ser possível verificar a existência de alguns canais, a importância econômica dos rios para a cidade diminuiu consideravelmente do Período Edo para os dias atuais, principalmente devido ao desenvolvimento urbano e tecnológico de Tóquio durante o século XX.
O Rio Sumida possui 23,5 quilômetros de extensão ficando em uma área densamente povoada do centro de Tóquio, com cerca de três milhões de pessoas vivendo próximas a sua bacia; é um dos rios mais importantes e famosos de Tóquio. Historicamente teve papel de destaque no sistema transporte aquático da cidade e atualmente possui um festival de fogos de artifício conhecido como "Sumidagawa Fireworks Festival", que possui esse nome desde 1978, apesar da prática ter sido feita perto do rio desde o século XVIII.
Parques naturais.
Em 1.º de abril de 2014, 36% da área territorial de Tóquio era composta por parques naturais, tendo assim a segunda maior área de parques do país (atrás apenas de Shiga, que possui 37%). Entre os parques nacionais de Tóquio se destacam o Parque Nacional Chichibu-Tama-Kai e o Parque Nacional Ogasawara. O primeiro pelo fato de não possuir áreas com vulcões, algo incomum no Japão, apesar de se situar em uma região a mais de dois mil metros de altitude acima do nível do mar, e o segundo por ser registrado pela UNESCO como Patrimônio Mundial. Além desses parques, a metrópole também abriga os seguintes parques: "Meiji no Mori Takao", "Akikawa Hills", "Hamura Kusabana Hills", Sayama, "Takao Jinba", Takiyama, e "Tama Hills"; todos esses parques são diretamente administrados pelo governo de Tóquio, apesar do primeiro ser um tipo de parque especial que possui um maior envolvimento do governo nacional do que os outros.
Meio ambiente.
Tóquio aprovou uma medida para reduzir gases de efeito estufa, o governador Shintaro Ishihara criou o primeiro sistema de limite de emissões do Japão, com o objetivo de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em um total de 25% até 2020 em relação ao nível de 2000. Tóquio é um exemplo de uma ilha urbana de calor, e o fenômeno é especialmente sério em suas cidades especiais. De acordo com o governo metropolitano de Tóquio, a temperatura média anual aumentou cerca de 3 °C nos últimos cem anos. Tóquio foi citada como um "exemplo convincente da relação entre crescimento urbano e clima".
Em 2007, Tóquio promulgou o "Projeto de Dez Anos para Tóquio Verde" a ser realizado até 2017. Estabeleceu uma meta de aumentar as árvores nos acostamentos das estrada em Tóquio para um milhão (de 480 mil), e adicionar mil hectares (dez quilômetros quadrados) de espaço verde, sendo que parte deles serão um novo parque chamado "Umi no Mori" ("floresta marinha") que estará em uma ilha recuperada na Baía de Tóquio e que costumava ser um aterro sanitário. No plano de ação da cidade de 2012, foi estabelecido que as árvores de acostamento em Tóquio aumentariam para 950 mil e mais trezentos hectares de espaço verde seriam adicionados entre 2012 e 2014.
O lixo da metrópole é separado em cinco categorias: incineráveis, não incineráveis, recicláveis, garrafas PET e itens amplos (para entrar nessa categoria o item deve ter as medidas 30 x 30 x 30 em centímetros). Em Tóquio não existem lixeiras nas ruas, isso ocorre porque estas foram retiradas após o ataque terrorista com gás sarin no metrô de Tóquio, em 1995. As bombas estavam nos cestos de lixo das estações. Desde então, o único lugar onde os japoneses encontram lixeiras é ao redor das lojas de conveniência e de forma limitada. Devido a esse fato o lixo na cidade deve ser levado para casa e preparado para a coleta seletiva.
A indústria da reciclagem possui importância significativa na metrópole. O governo diz que promove a estratégia dos três erres (reciclar, reduzir e reutilizar). Toda a semana, milhares de caixotes de plástico são colocados nas ruas de Tóquio para coletar material reciclável. Nos escritórios, supermercados, estações de trem e outras instalações os resíduos são separados meticulosamente e colocados nos receptáculos apropriados. Tóquio possui usinas de reciclagem em alguns de seus 23 distritos especiais, a maioria administrado por empresas privadas, a principal delas é que se localiza em Minato.
Clima.
A maioria da sua parte continental possui clima subtropical úmido, com verões quentes e úmidos e invernos geralmente frios. Na região, como em grande parte do Japão, o mês mais quente é agosto, com média de 26,4 °C e o mês mais frio janeiro, com média de 5,2 °C.
A temperatura mínima absoluta é de -9,2 °C em 13 de janeiro de 1876, enquanto a máxima absoluta é de 39,5 °C em 20 de julho de 2004. Tóquio é um exemplo de uma ilha de calor urbano, a população da cidade é um contribuição significativa para o clima. A queda de neve é esporádica, mas ocorre quase anualmente. Tóquio também costuma ver tufões todos os anos, embora poucos sejam fortes. O mês mais chuvoso desde que os registros começaram em 1876 foi em outubro de 2004, com 780 milímetros de chuva; nos últimos quatro meses registrados para observe que nenhuma precipitação é em dezembro de 1995. A precipitação anual variou de 2 229,6 mm em 1938 até 879,5 mm em 1984.
Demografia.
Tóquio é o centro da maior região metropolitana do mundo, conhecida como Região Metropolitana de Tóquio-Yokohama. Esta região metropolitana inclui as prefeituras japonesas de Chiba, Kanagawa e Saitama. Cerca de 30% de toda a população do Japão vive na região metropolitana de Tóquio. A população desta é de 37 milhões de habitantes.
A megalópole assumiu em 1966 a liderança do ranking mundial de população da Organização das Nações Unidas (ONU). Na atualidade, é considerada uma megacidade, por possuir mais de dez milhões de habitantes.
A prefeitura de Tóquio, de forma isolada, possuía em 2015 mais de 13,4 milhões de habitantes, cerca de 11% da população do Japão; sendo, portanto, a prefeitura mais populosa do país. A população da prefeitura se divide da seguinte forma: cerca de 9,24 milhões de seus habitantes vivem na área das cidades especiais, 4,2 milhões na área Tama e 26 mil nas ilhas sob sua jurisdição.
A densidade populacional de Tóquio é alta, de 6.158 pessoas por quilômetro quadrado, sendo a província mais densamente povoada do Japão. Mais de 90% da imensa população da prefeitura é descendentes de japoneses.
Imigração.
Diferente dos Estados Unidos e de países da Europa, o Japão não é um país com um número significativo de imigrantes. O número de nascidos estrangeiros que vivem no país é de aproximadamente 2.73 milhões de pessoas, um valor que chega a apenas 2,1% da população total do país (125 402 911). Porém, devido ao envelhecimento da população, que resulta na diminuição da população economicamente ativa, medidas foram adotadas recentemente pelo governo para aumentar a imigração para o país. Uma dessas medidas foi aprovar, no ano de 2018, uma lei de imigração que foi feita com o objetivo de atrair 345 mil novos trabalhadores estrangeiros em cinco anos.
Tóquio é a região do Japão com a maior quantidade de imigrantes. Um em cada oito dos jovens que moravam em Tóquio em 2018 chegando à faixa dos vinte anos de idade não havia nascido no Japão. Em 2018, a população de estrangeiros em Tóquio era de aproximadamente 521 mil pessoas, algo próximo a 4% da população total. Os dois maiores grupos étnicos minoritários de Tóquio são chineses e coreanos, cada um responsável por menos de 1% da população da prefeitura. Há também pessoas de outras nacionalidades: filipinos, americanos, indianos, vietnamitas, entre outros. Cerca de 84% dos residentes estrangeiros de Tóquio vivem na região dos 23 distritos especiais. Shinjuku é a região com maior número de imigrantes (43 068) e com maior porcentagem de imigrantes dentro da população total (12,4%). A cidade de Minato tem uma porcentagem alta de cidadãos estrangeiros (7,81%) devido ao fato de ser a localidade de muitas embaixadas e corporações do exterior.
Religiões.
No Japão de forma geral, as principais religiões são o Xintoísmo e o Budismo. Enquanto o Xintoísmo é uma religião nativa do Japão e nasceu ao mesmo tempo que a cultura japonesa, o budismo foi criado no século VI a.C e importado ao Japão por influência, principalmente, da China e da Coreia. As duas religiões co-existem pacificamente no país e, por isso, muitos de seus cidadãos se consideram de ambas as religiões. O principal santuário xintoísta em Tóquio é o Santuário Meiji, criado em homenagem póstuma ao Imperador Meiji e a Imperatriz Shōken, sua esposa, em 1920. É um dos estabelecimentos religiosos mais populares do Japão. Nos primeiros dias do ano novo, recebe regularmente mais de três milhões de visitantes que realizam as primeiras orações do ano, conhecidas como hatsumode. O principal templo budista de Tóquio é o Sensoji que se destaca por ser o tempo mais antigo de Tóquio e por abrigar o pagode Gojunoto (ou das Cinco Histórias), construído em 1648 por Tokugawa Iemitsu. Além dessas duas religiões, também possuem certa abrangência em Tóquio o Cristianismo e o Confucionismo; os principais lugares de prática dessas doutrinas em Tóquio são a Igreja de São Nicolau e o santuário "Yushima Seido" respectivamente. A presença do Islamismo não é significativa no Japão em comparação com as religiões supracitadas; porém, a presença de muçulmanos cresceu significativamente durante a década de 1980. A maior mesquita do Japão é a Mesquita de Tóquio (ou Tokyo Camii), inaugurada em 2000.
De acordo com o Anuário Estatístico de Religião do Japão de 2018, Tóquio possui 2 868 , 1 463 e 2 371 . De acordo com o mesmo anuário, possui um total de 36 226 763 , 6 356 842 de , 952 017 de e de 3 092 599 outros . Além disso, o anuário coloca que o número de de Tóquio pode se situar entre 45 882 866 e ; ambos os números chegam a aproximadamente 25% do total do país, que é 181 164 731.
Segurança, violência e criminalidade.
Em 2019, Tóquio foi eleita como a cidade mais segura do mundo em um ranking feito pela revista "The Economist", que ocorre a cada dois anos e avalia sessenta cidades. O ranking, conhecido como "Safe Cities Index", é realizado desde 2015 e não só faz uma avaliação geral no aspecto da segurança como também analisa este isoladamente em quatro categorias: segurança pessoal, digital, de saúde e estrutural; destas quatro, apenas as duas primeiras poderiam ser relacionadas à questão da criminalidade. Na categoria segurança pessoal, Tóquio ficou em quarto lugar entre as cidades avaliadas perdendo para Hong Kong, Copenhague e Singapura. No quesito segurança digital, Tóquio ficou em primeiro lugar.
De acordo com uma estatística feita pelo Departamento Metropolitano de Polícia de Tóquio em 2019, a quantidade de incidentes criminosos na metrópole por ano é menor do que quarenta mil. De acordo com a estatística, a área onde acontece mais crimes na cidade é em Shinjuku ( crimes) e onde acontece menos é Bunkyo (1 730). As áreas com maior e menor taxa de criminalidade são, respectivamente, Taito (1,26%) e Chuo (0,41%). Com relação aos crimes violentos, as regiões com maior e menor ocorrências desse tipo foram Shinjuku (757 incidentes) e Minato (catorze).
Tóquio possui grande presença da Yakuza, a máfia japonesa e organização criminosa mais poderosa do Japão. A principal área de atuação e onde ocorre a maior parte dos negócios desta na metrópole é Kabukicho. Apesar do fato de a Yakuza ser considerada uma organização legitima no Japão e, em algumas situações, a polícia e ela trabalharem em conjunto, o governo de Tóquio aprovou leis com o objetivo de enfraquecê-la.
Governo e administração.
Tóquio não é tecnicamente uma cidade, mas sim, uma das 47 províncias do Japão. Ela está dividida em 23 bairros e 39 cidades e vilas diferentes. Cada uma delas possuem poderes municipais, com seus próprios prefeitos e assembleias municipais. Porém, o governo provincial cria leis que valem para todos os distritos e cidades de Tóquio e atua limitando os poderes destes governos locais. O governo provincial também é responsável pelo fornecimento de serviços de esgoto e abastecimento de água, embora outros serviços públicos sejam de responsabilidade regional, tais como moradia e educação.
Os habitantes elegem um governador para mandatos de quatro anos de duração. Leis provinciais são discutidas e aprovadas por uma Assembleia Metropolitana. Seus 127 membros são eleitos pela população da província para mandatos de quatro anos de duração. Cada distrito, cidade ou vila que faz parte da província possui ao menos um representante na assembleia.
Um dos métodos de arrecadação de fundos dá-se através de impostos de propriedade. Cada distrito, cidade ou vila pode criar impostos locais para a manutenção dos serviços realizados por tais subdivisões provinciais. Os impostos são coletados pelo governo de Tóquio e parte destes são repassados para as subdivisões.
O Governo Metropolitano possui alguns símbolos provinciais, os quais são: Flor de cerejeira Yoshino, ginkgo ("ginkgo biloba"), guincho ("Larus ridibundus"), além do símbolo metropolitano e o brasão que são usados em facilidades que são de propriedade (ou operadas pelo) do Governo Metropolitano de Tóquio.
Forças policiais.
A polícia é administrada pelo Departamento Metropolitano de Polícia de Tóquio, o qual se encarrega de manter a ordem cidadã dentro de toda a metrópole, resguardando a segurança das pessoas. Cabe à instituição a tarefa de zelar pela paz e manter a ordem dentro da cidade, além de atuar preventivamente em caso de desastres naturais, como tufões e terremotos, os quais são muito frequentes no Japão. Em toda a área comercial e residencial de Tóquio, as forças policiais possuem 102 estações de polícia e 826 postos (koban) repartidos pelos 23 bairros, contando com uma força uniformizada de mais de 43 mil pessoas.
O Departamento Metropolitano de Polícia de Tóquio administra a Academia Metropolitana de Polícia, que foi fundada no ano de Meiji doze (1879) com o objetivo de fornecer fornecer a formação dos policiais locais. Era localizada próximo ao palácio imperial do Japão, porém foi transferida para a cidade de Fuchu em 6 de agosto de 2001. O departamento também tem sob sua jurisdição o Museu da Polícia, que abriga exibições de objetos da história sobre as polícias tanto de Tóquio quanto do Japão. O Museu já chegou a ser criticado por, Chelsea Szendi Schieder, professora adjunta do departamento de ciências políticas e econômicas da Universidade Meiji por, segundo ela, apresentar um ponto de vista da polícia em relação a eventos da história japonesa e por retratar protestos como uma "ameaça para a ordem política".
Cidades-irmãs.
Tóquio é uma cidade-irmã com as seguintes cidades e estados:
Subdivisões.
Cidades especiais.
As cidades especiais (特別区 "-ku") diferem de outras cidades por terem uma relação administrativa única com o governo da prefeitura. Certas funções municipais, como abastecimento de água, coleta de esgoto e bombeiros são gerenciadas pelo governo metropolitano de Tóquio. Para pagar os custos administrativos adicionais, o município cobra impostos municipais, que normalmente seriam cobrados pela cidade. A área das 23 cidades especiais de Tóquio corresponde à antiga fronteira da cidade e é parte de uma unidade geopolítica única chamada de Tóquio-to (都 -"to-") traduzido para "metrópole". As 23 cidades especiais de Tóquio são:
Cidades.
As vinte e seis cidades (市 -"shi") de Tóquio que ficam na parte ocidental são:
O governo metropolitano de Tóquio designou Hachiōji, Tachikawa, Machida, Ōme e Tama New Town como centros regionais da área de Tama, como parte de seus planos de dispersar as funções urbanas para longe do centro de Tóquio.
Centros.
Os cinco centros (町 -chō or machi) de Tóquio são:
Economia.
Tóquio, em 2008, era a cidade com maior produto interno bruto (PIB) (medido pelo seu poder de compra) do mundo, valor que na época foi de 1,4 trilhão de dólares; Em 2015, de acordo com o governo metropolitano, o valor do PIB era de 868,6 bilhões de dólares.
Atualmente, como um centro financeiro de alcance global, Tóquio é o principal centro de negócios e possui o maior mercado consumidor da Ásia. Foi descrita por Saskia Sassen como um dos três "centros de comando" para a economia mundial, juntamente com a Nova Iorque e Londres. Esta cidade é considerada um cidade global alfa +, listada pelo inventário da GaWC de 2018. No índice "Global Financial Centres Index" de 2019, Tóquio foi considerada o sexto centro financeiro mais competitivo do mundo e o quarto da Ásia (atrás de Singapura, Hong Kong e Xangai).
A Bolsa de Valores de Tóquio é uma das dez principais do mundo, sendo a principal fora dos Estados Unidos, com uma capitalização de mercado de 5,6 trilhões de dólares e seu principal índice é o Nikkei 225. As maiores empresas com ações na bolsa de Tóquio são: Toyota, Softbank, Nippon Telegraph and Telephone, Keyence e NTT Docomo.
A maioria das instituições financeiras do país, e também multinacionais, tem sua sede em Tóquio, tanto é, que em 2008 verificou-se que das empresas cotadas na "Global 500", 47 são baseados em Tóquio, quase duas vezes maior do que o segundo colocado que é a cidade de Paris. Durante o crescimento centralizado da economia japonesa depois da Segunda Guerra Mundial, muitas companhias moveram seus escritórios centrais de cidades como Osaka, que é a capital histórica do comércio, para Tóquio. Na verdade, essa tendência se iniciou durante a Era Meiji, devido ao enfraquecimento do poder comercial de Osaka. Entre as companhias que possuem a sua sede em Tóquio se destacam: Honda, Sony, Mitsubishi e Hitachi.
Durante catorze anos seguidos, foi eleita pela "Economist Intelligence Unit" como a cidade mais cara (ou de custo de vida mais alto) no mundo. No resultado de 2010, Tóquio ficou em segundo lugar em estudo divulgado pela empresa de consultoria "Mercer", ficando atrás apenas de Luanda, Angola. No ranking de 2018 da Mercer, Tóquio também ficou em segundo lugar, ficando atrás de Hong Kong.
Turismo.
O turismo é uma das suas principais fontes de renda. Em 2006, o turismo representou 5,7% da receita total da cidade de Tóquio. Milhões de turistas, boa parte deles estrangeiros, visitam Tóquio anualmente. Além de suas muitas atrações turísticas, a cidade também sedia alguns grandes eventos anuais, como a parada dos bombeiros de Tóquio em 6 de janeiro. Os festivais mais importantes da metrópole são: o Festival de Sanja, o de Kanda e o de Sanno; o primeiro ocorre na terceira semana de maio, o segundo também no mês de maio em anos ímpares e o terceiro no de junho em anos pares.
Por ser um dos principais pontos históricos e culturais do Japão, a prefeitura de Tóquio é a região do país que mais recebe turistas. Em 2017, recebeu quase a metade dos turistas internacionais que chegam ao país (cerca de 46,2%), essa porcentagem ultrapassou 50% em todos os anos entre 2011 e 2015 exceto 2013. Em 2017, Tóquio era a oitava cidade mais visitada do mundo de acordo com o "Mastercard Global Destination Cities Index". De acordo com o mesmo levantamento, a quantidade de turistas internacionais que visitou a cidade era cerca de 11,93 milhões. Entre os visitantes que chegaram à cidade em 2017: 59,6% eram provenientes de países asiáticos, 12.9% da América do Norte, 9,4% da Europa e 16,2% de outros países. O governo metropolitano de Tóquio criou um site que serve como um guia turístico oficial da metrópole conhecido como "Go Tokyo".
Entre os hotéis que têm a disposição, os turistas podem optar por ficar naqueles construídos e mobiliados em estilo ocidental, ou em "Ryokans", construídos e mobiliados ao estilo japonês. Estes hotéis possuem, por exemplo, portas que se deslocam em um sentido lateral, chamadas de "shoji", e de um tapete, chamado de "tatame". A maior parte dos apartamentos da cidade de Tóquio são pequenos, sendo que os mais baratos chegam a ter no máximo 30 m².
Os pontos turísticos mais conhecidos são: a Torre de Tóquio: uma torre de 333 metros de altura, localizada ao sul do Palácio Imperial; o Palácio Imperial do Japão, a residência oficial do imperador; os vários templos budistas também são muito conhecidos, estima-se que haja mais de 77 mil por todo o Japão, entre os principais estão o templo Zozo-ji em Minato e o templo Sensoji em Asakusa; e os jardins e parques, como o Parque Yoyogi e o Parque Ueno, este último famoso por possuir muitos museus, como o Museu Nacional de Tóquio, e mais de mil cerejeiras que florescem entre o final de março e começo de abril, o que atrai muitos observadores, que costumam ser chamados de "Hanami". O santuário Meiji é o principal santuário xintoísta de Tóquio e é muito visitado durante a época de ano novo.
Infraestrutura.
Transportes.
Segundo o relatório anual do Governo Metropolitano de Tóquio de 2006, o número de passageiros do sistema, que inclui ônibus, metrô, trens de superfície e bondes, chega a 43 milhões por dia - ele supera o da população total porque as pessoas fazem mais de uma viagem diariamente. Os transportes públicos dentro de Tóquio são dominados por uma extensa rede considerada limpa, pontual e eficiente.
O investimento em transporte de massa foi a saída encontrada pelas autoridades para suportar o grande crescimento populacional da metrópole durante o século XX. O transporte público de Tóquio é administrado pelo Departamento de Transportes, também conhecido como .
Ferroviário.
Tóquio, como o centro da Região Metropolitana de Tóquio, é o maior eixo de transporte ferroviário do Japão. O metrô conta com 283 estações e 292 quilômetros de linhas, cinco vezes a extensão do metrô de São Paulo. A Estação de Shinjuku é a estação de trem mais movimentada do mundo em volume de passageiros. Este sistema ferroviário fica tão lotado nas horas de pico que várias estações empregam funcionários, denominados "oshiyas", especialmente designados para empurrar e compactar pessoas dentro dos trens, no momento em que as portas dos trens estão fechando.
O sistema de metrôs de Tóquio é administrado por duas empresas: a "Toei Subway" e a "Tokyo Metro"; o primeiro é administrado pelo Toei e o segundo foi criado em 30 de dezembro de 1927 e, mesmo que todas as suas ações sejam de propriedade dos governos do Japão (53,4%) de Tóquio (46,6%), é considerado desde 2004 uma empresa privada. Essas duas empresas administram um total de treze linhas de metrô, com a Toei sendo responsável por quatro e a Tokyo Metro por nove.
A construção do Tōkaidō Shinkansen entre Tóquio e Osaka iniciou-se em abril de 1959 e terminou em 1964, faltando menos de uma semana e meia para as primeiros Jogos Olímpicos de Tóquio. Antes do trem-bala uma viagem entre as duas cidades levaria seis horas e meia. Hoje bastam 2 horas e meia para fazer o percurso de cerca de quinhentos quilômetros.
Aéreo.
É servida pelo (ou ), o quinto aeroporto mais movimentado do mundo, e que atende principalmente a voos domésticos. Passaram pelo aeroporto 66 935 990 passageiros em um período de doze meses de fevereiro de 2007 até fevereiro de 2008.
Outro aeroporto que se destaca, o Aeroporto Internacional de Narita, está localizado na cidade de Narita, província de Chiba, e movimenta principalmente os voos internacionais que servem Tóquio. Movimentou mais de 40,5 milhões de passageiros em 2017.
Rodoviário.
Com relação ao uso de ônibus, em Tóquio este não é tão intenso quanto a utilização do sistema de metrô e, geralmente, os ônibus demoram mais para se locomover de um lugar para o outro. O principal sistema de ônibus de Tóquio é o "Toei Bus", que foi inicialmente constituído em 1924 como uma medida de emergência para a metrópole, pois o sistema de bondes havia sido danificado pelo Grande Terremoto de Kanto no ano anterior. O "Toei Bus" opera nas 23 cidades especiais e em parte da região de Tama com cerca de 1 400 ônibus, muitos deles com facilidades de acesso para passageiros idosos e, desde 1991, o sistema realiza medidas para fazer com que seus ônibus sejam mais ecológicos. Além do sistema Toei também existem vários outros, tanto públicos quanto privados.
Hidroviário.
Devido à alta quantidade de canais que possui, o transporte de barcos pelos rios é bastante utilizado. O é o serviço de transporte marítimo mais notável de Tóquio. Ele é mais utilizado para acessar as ilhas artificias da metrópole, principalmente Odaiba, e também é usado para viajar pelo Rio Sumida. A maior parte dos ônibus aquáticos é operada pela companhia "Tokyo Cruise Ship", uma empresa privada; porém, alguns são operados pela Associação Metropolitana de Parques de Tóquio. A principal rota de balsas que serve como transporte interno é a Tokyo-Wan, entre Yokosuka, Kanagawa e Futtsu, Chiba, cruzando a baía de Tóquio. O portos marítimos de Tóquio e Yokohama são os principais e mais movimentados do Japão.
Educação.
O Governo Metropolitano de Tóquio é responsável pela administração, através do Departamento Metropolitano de Educação de Tóquio, e pelo fornecimento de verbas de mais de duas mil escolas, sendo que algumas delas são para pessoas com necessidades especiais. A instituição também é responsável pela administração das propriedades de valor cultural da metrópole.
O sistema de bibliotecas públicas é conhecido como "Tokyo Metropolitan Library", e na verdade consiste em duas bibliotecas: a Biblioteca central e a Biblioteca Tama. Antigamente existia nesse sistema uma terceira biblioteca, a Biblioteca de Hibiya, porém esta terminou sendo fechada em 1º de abril de 2009. A Biblioteca central, ou Biblioteca Nacional da Dieta, está aberta ao público em geral, mas sua função principal é ajudar os membros do parlamento japonês em pesquisas.
As seis instituições de ensino superior mais proeminentes são conhecidas como : Universidade de Keio, Universidade de Tóquio (a mais conhecida, também chamada de "Tōdai"), Universidade de Waseda, Universidade Hosei, Universidade de Meiji e Universidade Rikkyo. As "Seis" formam a liga de beisebol mais antiga do Japão: a "Tokyo Big6 Baseball League". A Tōdai é a mais prestigiada, e em 2019 classificou-se na posição 99 entre as duzentas maiores universidades do mundo e na posição oito quando são consideradas as universidades da Ásia, sendo estas as melhores colocações entre as universidades japonesas. Estão localizadas em Tóquio as universidades Keio e Waseda, as principais instituições de ensino superior privado do Japão.
Ciência e tecnologia.
O Japão é um país bastante conhecido pelo seu alto grau de desenvolvimento na área de ciência e tecnologia, principalmente nos ramos de robótica, eletrônicos e medicina. O governo do país possui o objetivo de fazê-lo "ser o primeiro país a provar que que é possível crescer através da inovação até quando a sua população diminui" e também de transformá-lo em uma "Sociedade 5.0".
Tóquio, como capital do Japão, pode ser considerada um dos centros da inovação tecnológica. É considerada uma cidade futurista devido a produtos como o trem-bala e porque seu governo é muito comprometido a abranger novas tecnologias oferecendo um ambiente favorável para a atuação de companhias de tecnologia e startups. Por causa disso, ficou em primeiro lugar na edição de 2018 do ranking "Innovation Cities Index", feito pela provedora de dados comercial "2thinknow", que destacou que a metrópole abarcou bastante a robótica e a fabricação em 3D, que foram identificadas como "tendências que abalam o mundo".
Saúde.
O Governo Metropolitano administra a saúde pública de Tóquio através de três órgãos: o Escritório de Bem-Estar Social e Saúde Pública e o "Office of Metropolitan Hospital Management" e "Tokyo Metropolitan Health and Medical Treatment Corporation". O primeiro lida com a criação de políticas de saúde pública e amparo social, como construir sistemas que facilitem o acesso a cuidados de saúde e fornecer assistência a moradores de rua. O segundo e terceiro órgãos ficam responsáveis por administrar os catorze hospitais públicos de Tóquio sob a tutela das autoridades da metrópole. Em 2019, a revista "Newsweek", em parceria com uma companhia de análise de dados chamada "Statista Inc.", realizou uma classificação dos melhores hospitais do mundo. O Hospital da Universidade de Tóquio, conquistando a melhor colocação entre os hospitais japoneses, ficou entre os dez melhores do mundo, atingindo a oitava posição. Dos 105 hospitais japoneses que foram analisados, 21 se localizavam na cidade de Tóquio. Na edição de 2019 do "Safe Cities Index", Tóquio ficou na segunda posição dentro da categoria "Segurança de Saúde", perdendo apenas para Osaka, isso significa que o acesso a cuidados de saúde e a qualidade dos serviços desse tipo em Tóquio são considerados muito bons.
Em 2015, a expectativa de vida em Tóquio para pessoas do sexo masculino e do feminino era de, respectivamente, 81,07 anos e 87,26 anos. Ao se analisar a diferença entre as pirâmides etárias de Tóquio de 1970 e 2010, percebe-se que houve um estreitamento na base da pirâmide e um alargamento no topo, indicando que houve um aumento da população idosa. De acordo com o Escritório de Bem-Estar Social e Saúde Pública, a população da metrópole começará a diminuir em 2025 e, dez anos depois, um em cada quatro cidadãos de Tóquio terá mais de 65 anos.
Habitação e saneamento.
A imensa população de Tóquio cria uma altíssima demanda por residências. Em Tama, o governo provincial criou um projeto de residenciamento barato, para famílias de baixa renda. Porém, estas residências estão localizadas muito longe dos principais centros comerciais e industriais, e por isso muitos destes trabalhadores de baixa renda são obrigados a passar por vezes várias horas no caminho de casa para o trabalho. De acordo com uma classificação de 2007 feito pelo grupo imobiliário Knight Frank e do Citi Private Bank, subsidiária do Citigroup, Tóquio é a quinta cidade mais cara do mundo quanto ao preço dos imóveis residenciais de luxo: 17,6 mil euros por metro quadrado.
Sua tecnologia aliada aos recursos naturais deram ao Japão acesso à água potável e tratamento de esgoto em quase todo o território nacional. Devido à rápida urbanização de suas grandes cidades, ocorreu a degradação ambiental que causou enchentes, aridez e piora da qualidade da água. Para atenuar os danos causados por esses problemas, foram implantadas medidas para melhorar os mecanismos de coordenação sobre o uso da água e prevenir a sua contaminação. Como resultado, o Japão obteve drásticas melhorias em seus recursos hídricos e de higiene e abastecimento de água potável em seu território. Cidades como Tóquio e Quioto foram as grandes beneficiadas dos projetos. A Seção do Sistema de Distribuição de Água do Governo Metropolitano de Tóquio gerencia a uma rede de abastecimento de água de 26 mil quilômetros. A taxa de vazamento da rede de água de Tóquio é de aproximadamente 3,6%, enquanto a taxa de vazamento de água das grandes cidades do mundo é de cerca de 30%, em média. O modelo de abastecimento de Tóquio é seguido em vários países no mundo sendo que enviaram especialistas nessa área para países em desenvolvimento para fornecer assistência técnica nessa área.
Engenharia sísmica.
O Japão é um país bastante conhecido pelo seu alto número de terremotos. Devido a esse fato, tanto o governo nacional quanto o de Tóquio investem pesadamente em infraestrutura para minimizar danos que poderiam ser causados por um abalo sísmico. As leis nacionais que regulam os critérios para a construção de edifícios diz que estes devem ter "danos mínimos" em um terremoto de médio porte, e que "um prédio não deve ser suscetível a desabar em um terremoto de grande porte". De acordo com um estudo da Universidade de Tóquio, 87% dos prédios da metrópole obedecem a essas exigências.
Os arranha-céus mais novos apresentam uma variedade de dispositivos anti-sísmicos, incluindo grandes "amortecedores" que agem como pêndulos e reagem às ondas feitas pelos terremotos, semelhante a absorvedores de choques. Além disso, o governo de Tóquio realiza diversas medidas contra outros desastres naturais como tempestades e enchentes, a principal medida feita nesse sentido foi a construção do maior sistema de drenagem construído pelo homem, o Canal Subterrâneo de Drenagem Externa da Área Metropolitana (também conhecido como G-cans). O G-cans possui mais de seis quilômetros de extensão e uma série de cinco silos com 65 metros de altura para coletar o excesso de água que chegar para a cidade, impedindo inundações. Devido a toda a infraestrutura de Tóquio para prevenir danos de desastres naturais, Tóquio ficou na quarta posição dentro da categoria "Segurança Estrutural" na edição de 2019 do "Safe Cities Index", perdendo para Barcelona, Osaka e Singapura.
Cultura.
A maioria dos cidadãos de Tóquio usam vestimentas ocidentais, no dia a dia. Algumas pessoas mais velhas - especialmente mulheres - porém, ainda usam o quimono, uma roupa típica japonesa. Roupas tradicionais japonesas são usadas, geralmente, apenas em dias ou eventos especiais como o "hatsumode" (a primeira visita a santuários ou templos no Ano Novo), o "seijinshiki" (cerimônia que celebra a maioridade entre os jovens), casamentos e cerimônias de graduação. Harajuku, um bairro de Shibuya, é conhecido internacionalmente por seu estilo e da moda jovem.
Tóquio é uma metrópole bastante conhecida por sua importância no cenário artístico da Ásia. Os dois principais eventos de arte da cidade são o "Art Fair Tokyo", que acontece em março ou abril, e o "Tokyo Art Beat". Um tipo de gravura popular no Japão, conhecido como "Ukiyo-e" foi criado em Tóquio quando esta ainda se chamava Edo. Dois museus em Tóquio apresentam exibições sobre o "Ukiyo-e": o Museu Nacional de Tóquio e o Museu Sumida Hokusai.
Museus.
Tóquio tem dezenas de museus da arte, história, ciência e tecnologia. O museu mais importante do Japão é o Museu Nacional de Tóquio, dentro das dependências do Parque Ueno. O museu é administrado pelo governo do país, através de uma instituição de administração independente conhecida como "National Institute for Cultural Heritage". O museu possui uma coleção de antiguidades e obras de arte tanto do Japão quanto de outros países asiáticos.
O , fundado em 1926, está dividido em uma galeria que expõe os trabalhos de artistas nacionais contemporâneos; e uma com exposições especiais organizadas com a cooperação de jornais e companhias de televisão. O museu Shitamachi, localizado na esquina sudeste do parque Ueno, está dedicado a preservar a cultura de Tóquio durante a era Edo. O Mingeikan é um museu fundado por Yanagi Muneyoshi em 1936, consagrado para o artesanato popular de todo o país. O museu Goto mostra a coleção privada de arte japonesa que era propriedade de Goto Keita, fundador do museu e da Tokyu Corporation. Neste museu se encontra um trabalho designado como um tesouro nacional no Japão, conhecido como "The Tale of Genji". No Museu da Espada Japonesa, ou , regido pela Associação para a Conservação de Arte da Espada Japonesa e tem como objetivo preservar e divulgar espadas japonesas e espalhar a cultura japonesa com relação a espadas. O , localizado em Ebisu, foi inaugurado em 1995 e é o primeiro museu abrangente sobre fotografia e vídeo no país e possui como objetivo aprimorar e desenvolver a cultura de fotografia e vídeo no Japão. Onde atualmente o museu possui uma coleção de aproximadamente 20 mil fotografias, cerca de 30 mil livros e 720 títulos de periódicos em fotografia e imagens visuais. Entre os museus de ciência e tecnologia mais destacados há dois na ilha artificial de Odaiba: o Museu de Ciências Marítimas, e o Museu Nacional de Ciência Emergente e Inovação.
Artes cênicas.
O Japão possui três formas de teatro tradicionais no país e que hoje são consideradas Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO, que são: Noh, Kabuki, e Bunraku. A primeira surgiu no século XIV e as duas últimas durante o Período Edo. Em Tóquio, o Teatro Kabuki-za é um local de destaque na realização do Kabuki, e o Teatro Nacional de Noh para a arte que lhe dá nome, apesar dela ocorrer muito em apresentações ao ar livre; o Bunraku em Tóquio é mais realizado no Teatro Nacional.
A cidade de Tóquio possui diversos teatros em alguns de seus distritos; os que se sobressaem nesse sentido são Shimokitazawa, Hatsudai, Ikebukuro e Sangenjaya. O Teatro Nacional de Tóquio, administrado pelo Conselho de Artes do Japão e considerado patrimônio imaterial pela UNESCO, foi fundado em 1966 com o objetivo de preservar as artes cênicas tradicionais do Japão, realizando apresentações não somente das que já foram mencionadas, como também da Nihon buyo e da Gagaku. Porém, este teatro também realiza apresentações de artes ocidentais como ópera e balé. O teatro administrado pelo governo de Tóquio, o Teatro Metropolitano de Tóquio, se destaca por ser um dos principais locais de apresentação da Orquestra Sinfônica Yomiuri Nippon, considerada uma das mais renomadas do Japão.
Gastronomia.
Possui um elevado número de restaurantes, enquanto em comparação grandes cidades como Paris e Nova Iorque possuem cerca de 20 mil restaurantes a região metropolitana de Tóquio possui mais de 160 mil. Em novembro de 2007, foi lançado no guia Michelin lançou seu guia de restaurantes finos, sendo que Tóquio, ganhou 191 estrelas no total, ou aproximadamente o dobro do seu concorrente mais próximo, no caso Paris. Oito estabelecimentos foram agraciados com o máximo de três estrelas, 25 receberam duas estrelas e 117 ganhou uma estrela. Dos oito melhores restaurantes avaliados, três oferecem jantares finos tradicional japonês, duas casas de sushi e três servem culinária francesa.
Os pratos representativos são , o macarrão frio, considerados como os melhores em Tóquio, , e . Edo era conhecida pela pressa de seus moradores, e no Yohei Hanaya criou uma forma fácil de fazer sushis. O é o alimento comido por lutadores de sumô. Por causa do vínculo indissolúvel a cidade com esta arte marcial, o Chankonabe tornou-se um alimento popular, então há uma abundância de restaurantes especializados em Chankonabe.
Arquitetura.
A arquitetura de Tóquio foi bastante influenciada pela história da metrópole, pois esta foi deixada em ruínas duas vezes durante o século XX: a primeira vez foi em 1923 com o Grande Terremoto de Kanto e a segunda devido aos bombardeios na Segunda Guerra Mundial. Por causa disto e de outros fatores, predominam na paisagem urbana de Tóquio a sua arquitetura mais moderna, com o número de prédios mais antigos sendo considerado escasso.
Entre as estruturas de Tóquio as que mais se destacam são: a Tokyo Skytree, o Tokyo Midtown e o Shōfuku-ji. A primeira por ser a torre mais alta do mundo, com 634 metros; a segunda por ser o segundo edifício mais alto do Japão; e a terceira por ser o edifício mais antigo de Tóquio, foi construído em 1407. Além desses três, também são importantes os seguintes: A Estação de Tóquio, a Catedral de Santa Maria e a "Nakagin Capsule Tower".
Música.
Tóquio é considerada um lugar eclético quando se trata dos estilos musicais que existem na sua região. A música pop é o estilo que mais se destaca na metrópole, porém também são notáveis nela o jazz, o rock, a música feita por Djs e, claro, a música tradicional japonesa. Entre os artistas que nasceram em Tóquio estão: Kyary Pamyu Pamyu, Takahiro Morita, Nujabes, Sho Sakurai e Satoshi Ohno; os grupos musicais AKB48, Arashi, Yellow Magic Orchestra e Puffy (além de vários outros) foram formados em Tóquio.
Os festivais de música que mais se destacam são o Summer Sonic e o Ultra Japan. O primeiro ocorre anualmente durante o verão do hemisfério norte e acontece de maneira simultânea em Osaka e Tóquio (mais especificamente em Chiba), atraindo milhões de pessoas do mundo todo. O Summer Sonic já realizou tanto apresentações de cantores e bandas do Japão, como Kyary Pamyu Pamyu, quanto do exterior, como o grupo Metallica. O Ultra Japan é um evento de música eletrônica internacional que acontece anualmente em Odaiba, durante três dias, e que atrai mais de quatrocentas mil pessoas.
Esportes.
Esportes como o judô e o sumô, que fazem parte da cultura da cidade por séculos ainda são muito apreciados pela população de Tóquio. Porém, esportes ocidentais, como futebol, basquetebol, tênis e especialmente o beisebol estão ficando cada vez mais populares entre a população da cidade, especialmente entre os jovens.
Os Jogos Olímpicos de Verão de 1964 foram realizados em Tóquio, e ocasionaram um grande impacto no aspecto urbano da cidade, pois foram construídas grandes obras de complexos desportivos de infraestrutura da cidade e de transporte que custaram cerca de três bilhões de dólares, com parte desse valor paga pelos Estados Unidos. Entre instalações utilizadas em 1964, encontram-se o antigo Estádio Olímpico de Tóquio, que sediou o evento, o Nippon Budokan (arena de artes marciais), e o Ginásio Nacional Yoyogi. A primeira delas foi demolida em maio de 2015 para dar lugar ao Novo Estádio Olímpico. Foi candidata para os Jogos Olímpicos de Verão de 2016, mas acabou perdendo para o Rio de Janeiro. Quatro anos mais tarde, foi eleita sede dos Jogos Olímpicos de Verão de 2020.
Igual ao resto do país, o sumô (相撲, "sumō", às vezes 大相撲, "ōzumō") tem um lugar destacado entre os esportes em Tóquio. No Estádio Nacional de Sumô, localizado em Ryogoku, ocorrem os torneios de janeiro, maio e setembro, que atraem muitos espectadores. Os treinamentos de sumô são sempre em estábulos, ou baias, e muitos permitem a entrada de espectadores. Aliás no Japão o sumô também deve o impulso de o Imperador Meiji ter sido um praticante do esporte. Na cidade se praticam de maneira profissional outras artes marciais, especialmente o judô, incluído em 1964 como esporte olímpico, além do kendo, do caratê, do kyudo e do aikido.
Atualmente, o esporte mais popular em Tóquio é o beisebol, esporte ocidental mais popular da província. O estádio é sede de uma das equipes mais populares de beisebol do país, sendo também a mais antiga delas, os . A cidade também sedia a equipe , que joga no estádio Meiji Jingu Stadium.
A Liga profissional japonesa de futebol, conhecida como , fundada em 1993, tem em Tóquio duas equipes: o e o . Ambas jogam e possuem como sede o Estádio de Tóquio, que possui capacidade para quase 50 mil pessoas. Entre os anos 1980 e 2004 a cidade foi sede da Copa Intercontinental de Clubes, chamada na época de Copa Toyota, que enfrentava os ganhadores da Copa da Europa (atual Liga dos Campeões da UEFA) e a Copa Libertadores da América. A partir de 2005 o campeonato internacional passou ao formato de Campeonato Mundial de Clubes da FIFA, cujos clubes de todas as confederações do mundo se enfrentam no mês de dezembro. Tóquio e Yokohama foram sedes da competição nos intervalos de 2005-2008, 2011-2012 e 2015-2016.
Feriados.
Em Tóquio existe apenas um feriado municipal: o Dia dos Cidadãos ("Tomin no Hi"), que ocorre no dia 1º de outubro. Em 1º de outubro de 1898, durante a Era Meiji, foi o dia em que Tóquio se tornou uma cidade tendo o seu próprio prefeito. A data comemorativa foi instituída em 1922 como "Dia do Auto-governo", tendo o seu nome alterado para o atual em 1952.
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1866 | Tokyo | Tokyo
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1867 | Unidades SI | Unidades SI
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1868 | Cacajao calvus | Cacajao calvus
Uacari-Branco, acari, macaco-inglês ou simplesmente uacari (nome científico: Cacajao calvus) é um macaco do Novo Mundo do género "Cacajao", e família Pitheciidae encontrado originariamente na Amazônia brasileira.
A pelagem é laranja-pálido, amarelada, acinzentada ou esbranquiçada. As superfícies ventrais são alaranjadas ou amareladas, assim como a cauda. A barba é avermelhada, tornando-se mais escura distalmente. A face, as orelhas e a genitália são desprovidas de pelos, sendo a face e as orelhas pouco pigmentadas, mosqueadas ou despigmentadas e a genitália enegrecida.
Locomove-se no alto dos galhos através de diferentes tipos de movimentos: utilizando-se dos quatro membros sem posição horizontal, saltado de galhos altos para galhos mais baixos e, verticalmente, escalando os troncos.
Se alimenta de frutos, insetos, sementes, néctar e brotos de plantas. Os machos pesam 3,5 kg, e as fêmeas, 2,7 kg. Eles habitam as florestas de terra firme e de várzea do norte da Amazônia. Os machos atingem a maturidade sexual por volta dos 66 meses e as fêmeas aos 43 meses.Outra característica importante é que eles adoram pular de galho em galho como os outros macacos.
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1870 | Utilitário | Utilitário
Utilitários são programas utilizados para suprir deficiências dos sistemas operacionais. Pode-se incluir nos utilitários programas para: compactação de dados, aumento de desempenho de máquinas, "overclock", limpeza de discos rígidos, acesso à internet, partilha de conexões, etc.
O programa utilitário contrasta com o programa de aplicação, que permite aos usuários realizar tarefas como: criação de documentos de texto, jogar, ouvir música, ou navegar na web. Ao invés de prover esse tipo de funcionalidade voltada para o usuário, o programa utilitário normalmente está relacionado ao modo de funcionamento de uma infraestrutura computacional (incluindo hardware, sistema operacional, armazenamento de dados e programa de aplicação). Devido a esse foco, os utilitários geralmente são mais técnicos do que os programas aplicativos, e por isso costumam ser usados por pessoas com níveis mais avançados de conhecimento sobre computação.
A maior parte dos sistemas operacionais já incluem muitos utilitários pré-instalados.
Utilitários em Mainframes.
Utilitário também é a designação atribuída a programas que suprem algumas funcionalidades básicas das aplicações em instalações Mainframe. Alguns deles são utilizados para o estudo de JCL (Job Control Language).
Podemos incluir nos utilitários programas para: classificar arquivos - SORT, alocar e/ou remover arquivo IEFBR14, acessar arquivos sequenciais ICEGENER, etc.
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1871 | URL | URL
O Uniform Resource Locator (URL), é um termo técnico (e anglicismo de tecnologia da informação) que foi traduzido para a língua portuguesa como "localizador uniforme de recursos". Um URL se refere ao endereço de rede no qual se encontra algum recurso informático, como por exemplo um arquivo de computador ou um dispositivo periférico (impressora, equipamento multifuncional, unidade de rede etc.). Essa rede pode ser a Internet, uma rede corporativa (como uma intranet) etc.
Nas redes TCP/IP, um URL completo possui a seguinte estrutura:
codice_1
O esquema informa ao computador como conectar-se (que linguagem o computador deverá usar para as comunicações), o domínio especifica onde conectar-se (a localização do outro computador) e os demais elementos do URL especificam o que está sendo solicitado.
Exemplo: codice_6</code>
No exemplo acima, o protocolo é o HTTP, o servidor é designado por codice_7 e o recurso (neste caso, o arquivo codice_8) encontra-se em codice_9. A porta, omitida, recai sobre o padrão do protocolo (no caso, a porta 80) e não há "query string" ou identificador de fragmento.
Diferenças entre URI, URL, e URN.
Um URI pode ainda ser classificado como um localizador, um nome ou ambos. O termo "Uniform Resource Locator" (URL) refere-se ao subconjunto de URIs que, além de identificar um recurso, fornece um meio de localizando o recurso, descrevendo seu mecanismo de acesso primário (por exemplo, sua "localização" de rede).
URLs amigáveis para SEO são uma prática importante no campo do otimização de mecanismos de busca (SEO). Essas URLs, também conhecidas como URLs legíveis por humanos, são projetadas para melhorar a experiência do usuário e o desempenho nos mecanismos de busca.
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1872 | Universidade Federal do Rio de Janeiro | Universidade Federal do Rio de Janeiro
A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), também denominada Universidade do Brasil, é uma universidade federal do Brasil e um centro de referência em ensino e pesquisa no país e na América Latina, figurando entre as melhores do mundo.
Em termos de produção científica, artística e cultural, é reconhecida nacional e internacionalmente, mercê do desempenho dos pesquisadores e das avaliações levadas a efeito por agências externas. Em 2021 o "QS World University Rankings" classificou a UFRJ como a melhor universidade federal brasileira, bem como a terceira melhor universidade do país, a quinta entre as instituições da América Latina. O ranking espanhol, Webometrics Ranking of World Universities, do Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC), o maior órgão público de pesquisa da Espanha, classificou a UFRJ como melhor universidade do Brasil e a segunda da América Latina, representando o país entre as 250 melhores instituições de ensino superior do mundo, em 2021.
Primeira instituição oficial de ensino superior do Brasil, possui atividades ininterruptas desde 1792, com a fundação da "Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho", da qual descende a atual Escola Politécnica. Por ser a primeira universidade federal criada no país em 1920, serviu como modelo para as demais. Além dos 176 cursos de graduação e 345 de pós-graduação, compreende e mantém 19 museus, com destaque para o Palácio de São Cristóvão, nove unidades hospitalares, uma editora, 1.456 laboratórios e 43 bibliotecas. Sua história e sua identidade se confundem com o percurso do desenvolvimento brasileiro em busca da construção de uma sociedade moderna, competitiva e socialmente justa.
A universidade está localizada principalmente na cidade do Rio de Janeiro, com atuação em outros dez municípios; incluindo quatro "campi" físicos nas cidades de Duque de Caxias e Macaé. Seus principais "campi" são o histórico campus da Praia Vermelha e a Cidade Universitária, que abriga o Parque Tecnológico da UFRJ — um complexo de desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação. Há também diversas unidades isoladas na capital fluminense: a Escola Superior de Música, a Faculdade Nacional de Direito, o Instituto de Filosofia e Ciências Sociais e o Instituto de História.
História.
Criação.
A Universidade Federal do Rio de Janeiro é descendente direta dos primeiros cursos de ensino superior do Brasil. Criada em 7 de setembro de 1920 através do Decreto 14 343 pelo então presidente Epitácio Pessoa, a instituição recebeu o nome de "Universidade do Rio de Janeiro". Sua história, porém, é bem mais antiga e confunde-se com a própria história do desenvolvimento cultural, econômico e social brasileiro; muitos dos seus cursos vêm da época da implantação do ensino de nível superior no país.
No início, ela reuniu a Escola Politécnica, que era oriunda da Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho criada em 17 de dezembro de 1792 no reinado da rainha portuguesa Dona Maria I, a Faculdade Nacional de Medicina, criada em 2 de abril de 1808 pelo príncipe regente Dom João VI com o nome de "Academia de Medicina e Cirurgia" e a Faculdade Nacional de Direito, resultante da fusão da "Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais" com a "Faculdade Livre de Direito", ambas reconhecidas pelo Decreto 639, de 31 de outubro de 1891.
A essas unidades iniciais, progressivamente foram-se somando outras, tais como a Escola Nacional de Belas Artes, a Faculdade Nacional de Filosofia, e diversos outros cursos que sucederam àqueles pioneiros. Com isso, a Universidade do Rio de Janeiro representou papel fundamental na implantação do ensino de nível superior no país. A criação da Universidade do Rio de Janeiro veio cumprir, pois, uma aspiração da intelectualidade brasileira desde os tempos da colônia. A tradição de seus cursos pioneiros deu-lhe o papel de celeiro dos professores que implantaram os demais cursos de nível superior no Brasil.
Reestruturação.
Após desvelada uma grande reestruturação promovida pelo ministro Gustavo Capanema em 1937, durante o governo Vargas, passou a ser chamada de Universidade do Brasil, com o objetivo do governo de controlar a qualidade do ensino superior no país e, dessa forma, padronizar o ensino, criando o padrão ao qual as outras universidades brasileiras deveriam ser adaptar. Este fato demonstra a forte influência da concepção francesa de universidade, em que as escolas componentes são isoladas, tendo um caráter de ensino especialista e profissionalizante com forte controle estatal, ao contrário do modelo alemão, observado, por exemplo, na Universidade de São Paulo, criada em 1934.
O início da segunda metade do século XX marcou a institucionalização da pesquisa na universidade, com a consequente implantação de institutos de pesquisa, docência em regime de tempo integral, formação de equipes docentes altamente especializadas e estabelecimento de convénios com agências financiadoras nacionais e internacionais.
O ano de 1958, do sesquicentenário do curso de medicina, encontrou a comunidade universitária com profundos e urgentes anseios de reforma estrutural que implicasse mais acentuada participação de docentes e discentes e aproveitamento mais racional de recursos. Iniciou-se um processo amplo de debates e consultas, consubstanciado no anteprojeto de reforma da Universidade do Brasil que, prontamente absorvido pela comunidade científica, serviu de base a projetos de instalação de novas universidades e atingiu os meios de comunicação e esferas decisórias governamentais.
Em 1965, a universidade ganharia seu nome atual sob o governo de Castelo Branco, seguindo a padronização dos nomes das universidades federais de todo o país, ocasião em que adquiriu plena autonomia financeira, didática e disciplinar.
Desencadeado o processo de reforma universitária, que teve seu marco mais significativo no Decreto 53, de 18 de novembro de 1966, a universidade teve aprovado seu plano de reestruturação, que visava à sua adequação às normas então editadas, aprovado por decreto de 13 de março de 1967. Trata-se de uma situação auspiciosa, sob todos os aspectos, sobretudo considerando a ausência de tradição, absolutamente compreensível em países de história recente, como é o caso do Brasil.
Atualidade.
A universidade vem mantendo abertas suas portas aos estrangeiros que têm vindo trazer ou buscar ensinamentos, bem como proporcionando a seus docentes estágios em outros centros, em diferentes áreas. O acentuado intercâmbio com outras instituições possibilita a formação de tendências reformistas em perfeita coexistência com o peso de sua tradição.
A universidade adota a deusa romana Minerva em sua identidade institucional, considerada a deusa das artes e de todos os ofícios, também é associada como deusa da sabedoria e do conhecimento. Diversas esculturas deste símbolo podem ser vistas nas entradas dos centros e órgãos que compõe a universidade.
No ano 2000, a reitoria entrou com um pedido na Justiça Federal com o objetivo de voltar a ter o direito da universidade chamar-se "Universidade do Brasil", pois esse nome havia sido modificado por um decreto emitido durante a Ditadura Militar. Esse pedido foi deferido e, atualmente, se é possível utilizar os dois nomes para designar a universidade.
Existe um ambicioso programa de cursos de extensão através do qual o raio de ação foi ampliado consideravelmente por meio da educação permanente e da oferta de cursos à comunidade, envolvendo os mais diversos atores, dos mais diferentes níveis de escolaridade. Além disso, cumpre destacar a notável contribuição da universidade à saúde do Rio de Janeiro, concretizada com o oferecimento de mil leitos hospitalares, em nove hospitais universitários, apoiando, decisivamente, a rede de atendimento em saúde no estado do Rio de Janeiro.
Em 2010, a instituição obteve o conceito "muito bom", alcançando a nota máxima no Índice Geral de Cursos do Ministério da Educação. É notável que, nesta universidade, tenha se difundido o célebre pensamento de um dos seus mais importantes pesquisadores, Carlos Chagas Filho:
Organização.
Administração.
A Universidade Federal do Rio de Janeiro é uma autarquia, de direito público, vinculada ao Ministério da Educação.
A administração universitária é formada por conselhos superiores, sendo eles: o Conselho Universitário, órgão máximo deliberativo cujo presidente é o reitor; o Conselho de Curadores, órgão deliberativo responsável pelo controle do movimento financeiro e patrimonial da universidade que também possui como presidente o reitor; o Conselho de Ensino de Graduação), órgão colegiado responsável pelos atos acadêmicos e de acesso à graduação, seu presidente é o pró-reitor de graduação; o Conselho de Ensino para Graduados, órgão colegiado responsável pelas atividades de pesquisa e pós-graduação, presidiado pelo pró-reitor de pós-graduação e pesquisa; e Conselho de Extensão Universitária (Ceu), é o órgão deliberativo sobre quaisquer assuntos relacionados à Extensão Universitária e às suas políticas institucionais, sendo presidido pelo(a) Pró-Reitor(a) de Extensão. O CEU foi criado em sessão especial do Conselho Universitário (CONSUNI) de 30 de maio de 2018, tendo seu Regimento, que define a sua composição e atribuições, aprovado em 03 de fevereiro de 2020.
A instituição é dirigida por um reitor auxiliado por um vice-reitor e seis pró-reitores. O reitor é escolhido e nomeado pelo ministro da Educação a partir duma lista tríplice composta por candidatos indicados através de eleições realizadas a cada quatro anos. Em geral, o ministro respeita a decisão da comunidade acadêmica, escolhendo o primeiro colocado.
No dia 8 de junho de 2019, Denise Pires de Carvalho, tornou-se a primeira mulher a assumir a reitoria da universidade.
As pró-reitorias que compõem a administração universitária são as seguintes: Pró-reitoria de Graduação, Pró-reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa, Pró-reitoria de Planejamento e Desenvolvimento, Pró-reitoria de Pessoal, Pró-reitoria de Extensão, Pró-reitoria de Gestão e Governança e a Pró-reitoria de politicas estudantis. Com o papel de órgãos de execução, há as seguintes superintendências: Superintendência Geral de Graduação, Superintendência Geral de Pós-Graduação e Pesquisa, Superintendência Geral de Planejamento e Desenvolvimento, Superintendência Geral de Finanças, Superintendência Geral de Pessoal, Superintendência Geral de Extensão, Superintendência Geral de Gestão e Controle, Superintendência Geral de Governança, Superintendência Geral de Tecnologia da Informação e Comunicação Gerencial e a Superintendência Geral de Atividades Fora da Sede.
Reitores ilustres.
Egrégios nomes já ocuparam o posto de reitor da UFRJ, dentre eles: o médico Benjamin Franklin Ramiz Galvão, primeiro reitor da universidade e ex-membro da Academia Brasileira de Letras (ABL); o médico Raul Leitão da Cunha; o ex-ministro da Educação e Saúde Pedro Calmon; o também imortal da ABL Deolindo Couto; o ex-ministro da Educação Raymundo Augusto de Castro Moniz de Aragão; e o economista Carlos Lessa, ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Números.
De acordo com seu anuário estatístico (2013), ao todo, a universidade possui 52 unidades e órgãos suplementares, cada vinculado a um dos seis centros. Seu corpo discente é composto por 48 454 estudantes de graduação com matrículas ativas em cursos presenciais e 7 333 em cursos a distância, tendo 5 381 graduados/ano; já na pós-graduação são 5 389 alunos de mestrado acadêmico, 615 de mestrado profissional e 5 538 de doutorado. De um total de 3 735 docentes ativos, 2 982 são doutores, 78 pós doutores, 575 mestres e 48 especialistas. Ademais, o Colégio de Aplicação possui cerca de 760 alunos matriculados.
Patrimônio.
A principal estrutura da UFRJ está na Cidade Universitária (), localizada na Ilha do Fundão, no entanto, o câmpus da Praia Vermelha () ainda concentra diversas unidades e órgãos suplementares. Há ainda o Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, o Instituto de História, a Faculdade de Direito, o Observatório do Valongo, a Escola de Música, a Casa do Estudante Universitário e o Museu Nacional (). Sendo unidades de saúde isoladas: Maternidade-Escola, Hospital Escola São Francisco de Assis e Escola de Enfermagem Anna Nery. A UFRJ possui além do câmpus de Macaé e do Polo Avançado de Xerém, terrenos na Avenida Chile na capital fluminense (), em Itaguaí (), em Jacarepaguá (Fazenda Vargem Grande com ), em Arraial do Cabo e em Santa Teresa, uma reserva biológica exclusiva para pesquisa ().
Estrutura.
A estrutura da Universidade Federal do Rio de Janeiro é formada pelos seis centros universitários, juntamente ao Escritório Técnico da Universidade, ao Fórum de Ciência e Cultura (FCC) e a Prefeitura da Cidade Universitária. Cada centro é formado por unidades e órgãos suplementares que desempenham atividades de ensino, pesquisa e extensão em áreas afins do conhecimento. Estão representados abaixo as unidades universitárias e os órgãos suplementares agrupados de acordo com os seus respectivos centros.
Unidades e órgãos suplementares.
As unidades e os órgãos suplementares são de dois tipos: escolas ou faculdades — destinadas à formação profissional, à pesquisa e à extensão — e institutos — destinados à realização da pesquisa básica, à extensão e ao ensino em uma área fundamental do conhecimento; há ainda alguns núcleos de pesquisa, concebidos também como órgãos suplementares. Assim como na maioria das universidades brasileiras, as unidades e órgãos suplementares fragmentam-se em departamentos. Em geral, as unidades coordenam alguns cursos de graduação e pós-graduação, e os departamentos são responsáveis pelas disciplinas, de acordo com suas linhas de pesquisa.
Bibliotecas e museus.
Guardando importantes documentos da história não só nacional, como também internacional, as bibliotecas e os museus da UFRJ podem ser considerados fonte primária de consulta dos pesquisadores mais renomados. Em 1983, foi implantado o Sistema de Bibliotecas e Informação (SiBI). Desde então, os alunos contam com um fácil acesso às 43 bibliotecas, que possuem obras em todas as áreas do conhecimento. O sistema de acesso público ao acervo da universidade é feito através da Base Minerva, um banco de dados que integra todas as bibliotecas da universidade.
Entre os museus e espaços culturais, destaca-se: o Museu Nacional, considerado o maior museu de história natural e antropológica da América Latina e a mais antiga instituição científica brasileira. Seu prédio é a antiga residência da família imperial brasileira, no Paço de São Cristóvão. O museu foi criado por Dom João VI em 1818, sendo integrado à universidade somente em 1946. O próprio imperador Dom Pedro II do Brasil, um entusiasta de todos os ramos da ciência, contribuiu com diversas peças de arte egípcia, fósseis e exemplares botânicos, entre outros itens, obtidos por ele em suas viagens. Os laboratórios ocupam boa parte do museu e de alguns prédios erguidos no Horto Botânico, na Quinta da Boa Vista.
Já em Botafogo, a universidade possui a denominada Casa da Ciência, um centro cultural de ciência e tecnologia que atua desde 1995 na popularização da ciência explorando diversas linguagens, seja no teatro, em exposições, na música, em oficinas, além de técnicas audiovisuais.
Complexo hospitalar.
A rede médico-hospitalar da universidade é formada por nove órgãos suplementares distribuídos pelos diversos "campi". Estima-se que as unidades hospitalares realizem um total de 566 410 atendimentos, 8 293 cirurgias e 18 555 internações por ano.
Alunos.
Ingresso.
Tal como em outras universidades públicas brasileiras, o ingresso na Universidade Federal do Rio de Janeiro ocorre por meio de concurso público realizado anualmente. Qualquer pessoa que tenha concluído o ensino médio pode candidatar-se a uma das vagas oferecidas. O ingresso também é possível por meio da transferência externa, por isenção de vestibular (reingresso) e através de convênios internacionais.
Até o final da década de 1980, o concurso era realizado através do vestibular unificado da Fundação Cesgranrio. Por discordar da metodologia utilizada para avaliar os estudantes — em que as provas consistiam quase exclusivamente de questões de múltipla-escolha —, a universidade saiu deste convênio e passou a organizar o seu próprio concurso vestibular, denominado "Concurso de Acesso aos Cursos de Graduação". Este era composto somente de questões discursivas, considerado por muitos, um dos vestibulares mais difíceis e exigentes por possuir provas bem elaboradas, em que o candidato deveria discorrer sobre determinado assunto, ao invés de apontar a alternativa correta.
Desde 2010, a universidade vem sendo favorável à utilização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para seleção de candidatos. Dessa forma, expandiu cada vez mais sua participação no Exame, até que, em 2011, decide extinguir o seu Concurso de Acesso e passa a utilizar somente os resultados do Enem, selecionando candidatos através do Sistema de Seleção Unificada (SiSU) do Ministério da Educação. A universidade vem sendo uma das mais disputadas pelos candidatos: no segundo semestre de 2012 obteve 103 829 inscrições, assim sendo a instituição com maior procura no SiSU.
A UFRJ possui ações afirmativas, assim como outras universidades de excelência internacional, implantadas em 2010. Atualmente, 30% das vagas destinam-se à ação afirmativa que possui como critério estudantes da rede pública de todo o país que tenham renda familiar per capita de até um salário mínimo e meio.
Ex-alunos ilustres.
Nesta universidade notáveis profissionais obtiveram sua formação.
Movimento estudantil.
Os discentes são representados pelo Diretório Central dos Estudantes Mário Prata (DCE) e pela Associação de Pós-Graduandos (APG-UFRJ). Fundado em 1930, sendo inclusive anterior à União Nacional dos Estudantes (UNE) (1937), acredita-se que tenha sido o primeiro DCE brasileiro. Foi uma entidade bastante representativa até que foi fechado pelo regime militar, em que várias lideranças do movimento estudantil foram assassinadas, entre elas, o estudante Mario de Souza Prata que era o então presidente do DCE. A partir de fins da década de 1970, quando ocorreu a gradual abertura política, os diretórios acadêmicos tiveram permissão para atuar novamente. Entre os diversos alunos que participaram da reativação do DCE, encontram-se Mário Furley Schmidt e alguns dos integrantes da Turma do Casseta & Planeta, como Marcelo Madureira, Beto Silva e Hélio de la Peña.
Além do DCE, a universidade possui centros acadêmicos (CAs) para cada curso, como o Centro Acadêmico Carlos Chagas da Faculdade de Medicina, o Centro Acadêmico da Engenharia da Escola Politécnica, o Centro Acadêmico Cândido de Oliveira da Faculdade de Direito, o Centro Acadêmico Max Planck do Instituto de Física e o Diretório Acadêmico da Escola de Química.
O trágico episódio conhecido como Massacre da Praia Vermelha foi um marco para o movimento estudantil brasileiro. Na madrugada de 3 de setembro de 1966, forças da ditadura militar invadiram o antigo prédio da então "Faculdade Nacional de Medicina" e, cruelmente, espancaram diversos estudantes que ali estavam abrigados.
Houve, também, depredação do patrimônio público, causando estragos em diversos laboratórios e setores da faculdade. Os cerca de 600 estudantes protestavam contra diversas ações do governo militar, como o fechamento da UNE, o aumento do preço das refeições e, ainda, reivindicavam a libertação do estudante de Direito Rodrigo Lima, preso durante 35 dias no Batalhão de Guardas do Exército.
"Campi".
Rio de Janeiro.
A Ilha do Fundão localiza-se na margem oeste da baía de Guanabara. A principal infraestrutura da Universidade Federal do Rio de Janeiro é a Cidade Universitária, situada na Ilha do Fundão, Zona Norte do Rio de Janeiro, ocupando quase a totalidade de sua extensão. A Ilha foi criada na década de 1950 pela união de várias ilhas preexistentes por meio de aterros. Entretanto, as atividades acadêmicas deste câmpus só iniciaram-se em 1970. O projeto inicial previa que todos os cursos fossem transferidos para lá. O câmpus teve seus prédios construídos por grandes arquitetos modernistas brasileiros. Alguns dos projetos ganharam prêmios de arquitetura, caso do prédio da reitoria, projetado por Jorge Machado Moreira e premiado na IV Bienal de São Paulo.
O câmpus possui alojamento (com 504 quartos) para alunos de graduação, três restaurantes universitários ("bandejões"), centros esportivos e agências bancárias. Em 2010, foi inaugurada a Estação de Integração com o objetivo de oferecer maior segurança e comodidade à comunidade acadêmica. Por ali passam diversas linhas "intercampi" e internas transitando 24h por toda extensão da Cidade Universitária, oferecidas gratuitamente; além de linhas regulares municipais e intermunicipais que atendem a população oriunda da Baixada Fluminense e das regiões Metropolitana e Serrana.
O câmpus da Praia Vermelha, localizado na Urca, Zona Sul do Rio de Janeiro, concentra, principalmente, cursos ligados às ciências humanas. Seu prédio de maior destaque é o Palácio Universitário, construído em estilo neoclássico entre 1842 e 1852 para o Hospício Pedro II — inaugurado por Dom Pedro II dez anos mais tarde. Em 1949, o edifício foi cedido à Universidade do Brasil, que restaurou e adaptou as instalações para ser sua sede.
Já na região central do Rio de Janeiro, estão distribuídas diversas unidades isoladas. A Faculdade de Direito no Palácio do Conde dos Arcos que abrigou o Senado Federal; a Escola de Música instalada desde 1913 no antigo prédio da Biblioteca Nacional; o Observatório do Valongo no topo do Morro da Conceição; o Instituto de Filosofia e Ciências Sociais e o Instituto de História, situados no prédio que sediou a "Escola Nacional de Engenharia", no Largo de São Francisco de Paula.
No "Plano Diretor UFRJ 2010–2020" há um projeto de transformação do câmpus da Praia Vermelha em um grande centro cultural e de transferência da maior parte das atividades acadêmicas deste câmpus e das unidades isoladas para a Cidade Universitária, retomando o projeto inicial da Cidade Universitária de concentrar as atividades universitárias na Ilha. Isso tem gerado discussões na universidade pelo fato de boa parte dos alunos, professores e funcionários das unidades a serem transferidas não aceitarem a concentração destas na Cidade Universitária, visto a distância da Zona Sul à Zona Norte e o trânsito caótico da Linha Vermelha.
Aloísio Teixeira, então reitor e defensor da integração, argumentou que o Palácio Universitário não suporta mais a circulação de duas a três mil pessoas ao dia, estando os problemas da Cidade Universitária em seus acessos. Com o objetivo de sanar parte deste problema, em meados de 2010 foi iniciada a obra da primeira ponte estaiada do Rio, denominada Ponte do Saber, inaugurada no início de 2012 para receber diariamente 25 mil veículos.
Duque de Caxias.
Através do curso de graduação em Biofísica, no segundo semestre de 2008, a UFRJ iniciou suas atividades em Xerém, uma região com grande potencial industrial e tecnológico no município de Duque de Caxias. Com o objetivo de colaborar com o Inmetro, a Universidade estabeleceu parceria com a Prefeitura Municipal de Duque de Caxias e com a Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico e Políticas Sociais. Atualmente são oferecidos, além de Biofísica, os cursos de Biotecnologia e Nanotecnologia, ambos implantados no primeiro semestre de 2010. Já no ano seguinte, deu-se início ao mestrado profissional em Formação Científica para Professores de Biologia, com o público-alvo licenciados em Ciências Biológicas que buscam atualização e aperfeiçoamento. Os alunos têm à disposição a infraestrutura e os laboratórios do Inmetro, apesar de muitos ainda realizarem seus estágios curriculares na Cidade Universitária, assim como a maioria dos docentes cujos laboratórios estão no câmpus sede. A inauguração do câmpus universitário em área do Inmetro cedida à UFRJ está prevista para meados de 2012.
Macaé.
A presença da UFRJ em Macaé vem desde a década de 1980, em que pesquisadores do Instituto de Biologia realizavam pesquisas em lagoas da Região dos Lagos. Em parceria com a Prefeitura Municipal de Macaé, em 1994, foi instituído o Núcleo de Pesquisas Ecológicas de Macaé (NUPEM). O reconhecimento da presença e importância da universidade no município foi visível, tanto que a Prefeitura doou um terreno de 29 mil m² em que foi instalada a infraestrutura inicial, formando um centro universitário.
Em 2005, o NUPEM foi oficializado como órgão suplementar do Centro de Ciências da Saúde, e no ano de 2006, pela primeira vez se iniciou um curso de graduação presencial da UFRJ fora da Rio de Janeiro — a licenciatura em Ciências Biológicas na sede do NUPEM. Em 2007 a Prefeitura Municipal de Macaé inaugurou um complexo universitário, com dois prédios construídos, de um total de sete previstos, para receber cursos de graduação, pós-graduação e extensão, nesta solenidade ocorreu também a assinatura do Protocolo de Intenções entre a Prefeitura e a UFRJ para que em 2008 fossem iniciados os cursos de Química e Farmácia, aumentando para três o número de cursos oferecidos pela universidade em Macaé.
Na atualidade, o câmpus está distribuído fisicamente em três polos (Universitário, Barreto e Ajuda) em que são ofertados os seguintes cursos de graduação: Licenciatura Ciências Biológicas, Bacharelado em Ciências Biológicas, Licenciatura em Química, Bacharelado em Química, Enfermagem e Obstetrícia, Engenharia (Produção, Civil e Mecânica), Farmácia, Medicina e Nutrição. O câmpus também conta com dois programas de pós-graduação, em Ciências Ambientais e Conservação e em Produtos Bioativos e Biociências. O nome do ex-reitor Aloísio Teixeira — que dirigiu a instituição entre 2003 e 2011 — passou a integrar a denominação do câmpus em 2012, passando a ser chamado de "Campus UFRJ–Macaé Professor Aloísio Teixeira", em homenagem a uma figura decisiva no processo de interiorização da universidade.
Polos de Educação a Distância.
Os cursos à distância funcionam através do consórcio do Centro de Educação Superior a Distância do Rio de Janeiro (CEDERJ), firmado entre a UFRJ e as seguintes instituições: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) e Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET/RJ).
Ministrados na modalidade semipresencial, em que é necessária a participação de alunos em determinadas atividades presenciais, a UFRJ oferece os cursos de Licenciatura em Ciências Biológicas, Física e Química. Ao final do curso, o aluno recebe o diploma igual ao do aluno presencial da universidade que é matriculado, de acordo com o polo escolhido. O ingresso é por meio do vestibular do próprio consórcio. Os polos com atuação da UFRJ estão instalados nos seguintes municípios: Angra dos Reis, Duque de Caxias, Itaperuna, Macaé, Nova Iguaçu, Paracambi, Piraí, Rio de Janeiro, São Gonçalo, Três Rios e Volta Redonda.
Parque Tecnológico do Rio.
Na Cidade Universitária está instalado o Parque Tecnológico do Rio, um complexo tecnológico voltado para pesquisas em energia, petróleo e gás. Em parceria com a Petrobras, a UFRJ objetiva transformar a área de 350 mil m² no maior centro global de pesquisa tecnológica do setor petrolífero, tendo em vista que a exploração do pré-sal necessita de desenvolvimento de novas tecnologias. Talvez, seja por isso que comparações com o Vale do Silício, na Califórnia, tornaram-se comuns. Destacam-se:
Há também o Centro de Excelência em Gás Natural (CEGN), o Instituto de Engenharia Nuclear (IEN), o Núcleo de Tecnologias de Recuperação de Ecossistemas (NUTRE) e um centro de realidade virtual vinculado ao Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia (LAMCE). Outras empresas já estabeleceram centros de pesquisa na Cidade Universitária, como L'Oréal, Siemens AG, Usiminas, Schlumberger, Baker Hughes, FMC Technologies, Repsol YPF, Halliburton e Tenaris Confab. Ainda estão sendo abertas licitações para a construção de novos centros de pesquisa e uma torre para abrigar até cem empresas. O projeto do Parque já atraiu mais de 200 empresas de pequeno e médio porte, que agregam alto valor tecnológico.
Projetos.
Ônibus híbrido H2+2.
O H2+2 é um ônibus híbrido movido a energia elétrica, obtida de bateria abastecida na rede e complementada com energia produzida a bordo, por meio de pilha a combustível alimentada com hidrogênio. É um veículo silencioso, com eficiência energética maior que a dos ônibus a diesel e com emissão zero de poluentes. Com tecnologia 100% nacional, o veículo foi lançado durante a Rio+20, o evento promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2012, no Rio de Janeiro.
Jornal da UFRJ.
O Jornal da UFRJ foi uma publicação de periodicidade mensal da Coordenadoria de Comunicação Social da UFRJ. Publicado entre 2003 e 2014, abordava assuntos de interesse do público discente, docente, do funcionalismo, além do público externo. Era disponibilizado tanto digital como impresso, tendo uma tiragem de 25 mil exemplares e sendo distribuído pelos diversos "campi" da universidade.
Editora UFRJ.
No ano de 1986, foi fundada a Editora UFRJ, visando que a universidade tivesse um braço editorial para publicações impressas. Desde sua fundação, a editora já venceu importantes prêmios como o Jabuti, principal prêmio literário do país. Em 2014, a editora ganhou uma livraria no bairro de Botafogo.
UFRJ Mar.
O UFRJ Mar é um projeto desenvolvido no litoral do estado do Rio de Janeiro abrangendo diversas áreas do conhecimento, como Educação Física, Engenharia, Ciências Biológicas e Geociências. O projeto utiliza um dos mais completos conjuntos de laboratórios para ensino e pesquisa de estudos marítimos e costeiros no desenvolvimento de soluções para os problemas que enfocam o mar como meio ambiente e fonte de recursos.
Conhecendo a UFRJ.
O Conhecendo a UFRJ é um evento que ocorre anualmente durante dois dias na Cidade Universitária, em que estudantes do ensino médio vivenciam o dia-dia da universidade através de palestras e visitas guiadas pelo câmpus. Em sua oitava edição, no ano de 2010, aproximadamente 14 mil estudantes participaram do evento.
Usina de Ondas.
Desenvolvido pela COPPE com apoio do Governo do Ceará a Usina de Ondas do Pecém é a primeira da América Latina e coloca o Brasil em um seleto grupo de países com conhecimento para extrair energia elétrica das ondas do mar. Fabrica com tecnologia 100% brasileira, está localizada a 60 km de Fortaleza no quebra mar do Porto de Pecém. O projeto dos pesquisadores do Laboratório de Tecnologia submarina da COPPE foi concebido em módulos o que permite a ampliação da capacidade da usina.
MagLev Cobra.
O Maglev Cobra é um trem de levitação desenvolvido na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) pela Coppe (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia) e pela Escola Politécnica através do LASUP (Laboratório de Aplicações de Supercondutores). O trem brasileiro, assim como o maglev alemão, flutua sobre os trilhos, tendo atrito apenas com o ar durante seu deslocamento. O Maglev Cobra se baseia em levitação, movendo-se sem atrito com o solo através de um motor linear de primário curto. O veículo foi concebido visando uma revolução no transporte coletivo através da alta tecnologia, de forma não poluente, energeticamente eficiente e de custo acessível para os grandes centros urbanos.
O custo de implantação do Maglev Cobra é significativamente menor do que o do metrô, chegando a custar apenas um terço deste. Sua velocidade normal de operação ocorrerá dentro de uma faixa de 70 a 100km/h, compatível à do metrô e ideal para o transporte público urbano.
LabOceano: O maior tanque oceânico do mundo.
Capaz de reproduzir as principais características do meio ambiente marinho e simular fenômenos que ocorrem em lâminas d'água superiores a dois mil metros de profundidade, o LabOceano representa um suporte tecnológico estratégico para o Brasil, que possui mais de 90% de suas reservas de petróleo concentradas no mar, e para as indústrias do setor petrolífero e naval. O tanque oceânico comporta 23 milhões de litros de água e sua altura corresponde a um prédio de oito andares. Hoje, só existem no mundo duas instalações com características similares às do tanque projetado pelos pesquisadores da COPPE, que tem 15 metros de profundidade e mais dez metros adicionais em seu poço central: o Marintek, na Noruega, com dez metros, e o Marin, na Holanda, com 10,5 metros.
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1873 | Uruguai | Uruguai
Uruguai (em castelhano: "Uruguay", ), oficialmente República Oriental do Uruguai (, ), é um país localizado na parte sudeste da América do Sul. Sua população é de cerca de 3,5 milhões de habitantes, dos quais 1,8 milhão vivem na capital, Montevidéu, e em sua área metropolitana. Estima-se que entre 88% e 94% da população possua ascendência principalmente europeia ou mestiça. A única fronteira terrestre do Uruguai é com o estado brasileiro do Rio Grande do Sul, no norte, sendo a segunda menor fronteira do Brasil com outro país sul-americano. Para o oeste encontra-se o rio Uruguai e a sudoeste situa-se o estuário do rio da Prata. O país faz fronteira com a Argentina apenas em alguns bancos de qualquer um dos rios citados acima, enquanto que a sudeste fica o oceano Atlântico. O Uruguai é o segundo menor país da América do Sul, sendo somente maior que o Suriname.
A Colônia do Sacramento, o mais antigo assentamento europeu no Uruguai, foi fundada pelos portugueses em janeiro de 1680. Em 1777, com o Tratado de Santo Ildefonso, a colônia tornou-se uma possessão espanhola. A cidade de Montevidéu foi fundada pelos espanhóis no como uma fortaleza militar. O Uruguai conquistou sua independência do Império do Brasil entre 1810 e 1828, após guerras que envolveram Espanha, Portugal, Argentina, além do próprio Brasil. Atualmente, o país é uma democracia constitucional, onde o presidente cumpre o papel de chefe de Estado e chefe de governo. Segundo a Transparência Internacional, o Uruguai é classificado como o país menos corrupto da América Latina (seguido pelo Chile em segundo).
O Uruguai é um dos países economicamente mais desenvolvidos da América do Sul, com um dos maiores PIB "per capita", em 48.º lugar no índice de qualidade de vida (2011) e no 1.º em qualidade de vida/desenvolvimento humano na América Latina, quando a desigualdade é considerada. Foi o país latino-americano melhor classificado no Índice de Prosperidade Legatum. Durante a crise financeira de 2008–2009, o país foi o único do continente americano que não passou por uma recessão econômica técnica (dois trimestres consecutivos de retração). O Uruguai é reembolsado pela Organização das Nações Unidas pela maioria dos seus gastos militares, visto que a maior parte desses gastos é implantada nas forças de paz da ONU.
O país é conhecido por ser pioneiro em medidas relacionadas com direitos civis e democratização da sociedade. Em 1907, foi o primeiro país a legalizar o divórcio e, em 1932, o segundo país da América a conceder às mulheres o direito ao voto. Em 2007, foi o primeiro país sul-americano a legalizar uniões civis entre pessoas do mesmo sexo e a permitir a adoção homoparental. Em 2013, o país se tornou a segunda nação sul-americana a aprovar o casamento entre pessoas do mesmo sexo e o primeiro do mundo a legalizar o cultivo, a venda e o consumo de "cannabis", o que levou a revista britânica "The Economist" a classificar o Uruguai como o país do ano de 2013, pela promoção de "reformas inovadoras que não se limitam apenas a melhorar um país, mas que, se imitadas, poderiam beneficiar o mundo". A "Reader's Digest" também classificou o Uruguai como o nono país "mais habitável e verde" do mundo e o primeiro na América.
O Uruguai é um exemplo de Estado laico no continente americano. É o país mais laico das Américas. Também, é uma das duas únicas democracias plenas da América do Sul, ao lado do Chile, segundo classificação do Índice de Democracia de 2022.
Etimologia.
"La República Oriental del Uruguay" originalmente significa "a república a leste do [rio] Uruguai" e é geralmente traduzida em português como República Oriental do Uruguai, enquanto o governo normalmente utiliza apenas "Uruguay" para se referir ao país. A etimologia do nome do rio homônimo, que vem da língua guarani, é incerta, mas o significado oficial é "rio dos pássaros pintados".
História.
Colonização.
Os portugueses foram os primeiros europeus a entrar na região que corresponde actualmente ao Uruguai em 1512. Os espanhóis chegaram no atual Uruguai em 1516. A feroz resistência dos nativos, combinada com a ausência de ouro e prata, limitaram a colonização da região durante os séculos XVI e XVII. O Uruguai tornou-se então uma zona de discórdia entre os impérios Espanhol e Português. Em 1603, os espanhóis começaram a introduzir o gado, que se tornou uma fonte de riqueza na região. O primeiro assentamento espanhol permanente foi Villa Soriano, no rio Negro, fundado em 1624. Entre 1669 e 1671, os portugueses construíram uma fortaleza em Colônia do Sacramento. A colonização espanhola aumentou e a Espanha procurou limitar a expansão das fronteiras do Brasil por Portugal.
A cidade de Montevidéu foi fundada pelos espanhóis no início do como uma fortaleza militar no país. O seu porto natural logo se transformou em uma área comercial que competia com Buenos Aires como a capital do rio da Prata. A história do início do do Uruguai foi moldada por lutas pelo domínio na região platina, entre forças coloniais britânicas, espanholas e portuguesas. Entre 1806 e 1807, o exército britânico tentou tomar Buenos Aires e Montevidéu como parte das Guerras Napoleônicas. Montevidéu foi ocupada por uma força britânica de fevereiro a setembro de 1807.
Independência.
Em 1811, José Gervasio Artigas, que se tornou o herói nacional do Uruguai, iniciou uma revolução bem-sucedida contra as autoridades espanholas, derrotando-as em 18 de maio, na Batalha de Las Piedras.
Em 1813, o novo governo de Buenos Aires convocou uma Assembleia Constituinte, onde Artigas emergiu como campeão do federalismo, exigindo autonomia política e econômica para cada área e para a Banda Oriental, em particular. No entanto, a assembleia se recusou a aceitar os delegados da Banda Oriental e Buenos Aires optou por um sistema baseado no centralismo unitário.
Como resultado, Artigas rompeu com Buenos Aires e Montevidéu foi sitiada a partir de 1815. Logo que as tropas de Buenos Aires se retiraram, a Banda Oriental nomeou seu primeiro governo autônomo. Artigas organizou uma Liga Federal sob sua proteção, que consistia em seis províncias, quatro das quais, mais tarde, se tornaram parte da Argentina.
Em 1816, uma força de 10 mil soldados portugueses invadiu a Banda Oriental vinda do Brasil e tomou Montevidéu em janeiro de 1817. Depois de quase quatro anos mais de luta, o Brasil Português anexou a Banda Oriental como província sob o nome de Cisplatina. O Império do Brasil tornou-se independente do domínio português em 1822. Em resposta à anexação, os Trinta e Três Orientais, liderados por Juan Antonio Lavalleja, declararam a independência uruguaia em 25 de agosto de 1825, com o apoio das Províncias Unidas do Rio da Prata (atual Argentina). Isto conduziu à Guerra da Cisplatina, que durou 500 dias. Nenhum dos lados venceu o conflito e, em 1828, o Tratado de Montevidéu, promovido pelo Reino Unido, deu origem ao Uruguai como Estado independente. A primeira constituição do país foi adotada em 18 de julho de 1830.
Guerra civil.
No momento da independência, o Uruguai tinha uma população estimada de pouco menos de 75 mil pessoas. A cena política uruguaia então tornou-se dividida entre dois partidos: os conservadores "Blancos", liderados por Manuel Oribe e que representavam os interesses agrícolas do campo, e os liberais "Colorados", liderados por Fructuoso Rivera e que representam os interesses comerciais de Montevidéu. Os partidos uruguaios se tornaram associados com facções políticas na vizinha Argentina.
O "Colorados" favoreceu os exilados e liberais "Unitários" argentinos, muitos dos quais se refugiaram em Montevidéu, visto que o presidente Manuel Oribe Blanco era um amigo próximo do governante argentino Manuel de Rosas. Em 15 de junho de 1838, um exército liderado pelo líder colorado Rivera derrubou o presidente, que fugiu para a Argentina. Rivera declarou guerra a Rosas em 1839. O conflito duraria 13 anos e tornou-se conhecido como a Guerra Grande.
Em 1843, o exército argentino invadiu o Uruguai em nome de Oribe, mas não conseguiu tomar a capital. O cerco de Montevidéu, que começou em fevereiro de 1843, duraria nove anos. Os uruguaios sitiados pediram ajuda a residentes estrangeiros, o que levou à formação de uma legião francesa e uma italiana, esta última liderada pelo exilado Giuseppe Garibaldi.
Em 1845, o Reino Unido e a França intervieram contra as forças de Rosas para restaurar os níveis normais de comércio na região. Seus esforços se mostraram ineficazes e por volta de 1849, cansados da guerra, ambos os países se retiraram depois de assinar um tratado favorável a Rosas. Quando parecia que Montevidéu finalmente iria cair, começou um levante contra Rosas, liderado pelo governador Justo José de Urquiza, da província argentina de Entre Ríos. A intervenção brasileira em maio de 1851, em nome dos Colorados, combinada com o levante, mudou a situação e Oribe foi derrotado. O cerco de Montevidéu acabou e a Guerra Grande finalmente chegou ao fim. Montevidéu recompensou o apoio do Brasil ao assinar tratados que confirmaram o direito do Brasil de intervir nos assuntos internos do Uruguai.
De acordo com os tratados de 1851, o Brasil interveio militarmente no Uruguai conforme o governo brasileiro considerou necessário. Em 1865, a Tríplice Aliança foi formada pelo imperador do Brasil, o presidente da Argentina e pelo general colorado Venâncio Flores, chefe de governo uruguaio a quem ambos os países ajudaram a ganhar poder. A Tríplice Aliança declarou guerra ao líder paraguaio Francisco Solano López e a consequente Guerra do Paraguai terminou com a invasão do Paraguai e sua derrota pelos exércitos dos três países. Montevidéu, que foi usada como uma estação de abastecimento da Marinha do Brasil, experimentou um período de prosperidade econômica e relativamente calma durante a guerra.
O governo constitucional do general Lorenzo Batlle y Grau (1868–1872) foi forçado a reprimir uma insurreição dirigida pelo Partido Nacional ("Blancos"). Após dois anos de conflito, um acordo de paz foi assinado em 1872, que deu aos "Blancos" uma participação nas funções de governo, por meio do controle de quatro dos departamentos do Uruguai. O estabelecimento de uma política de co-participação representou a busca de uma nova fórmula de compromisso, com base na coexistência de um partido no poder e outro na oposição.
Entre 1875 e 1886, os militares se tornaram o centro de poder. Durante este período autoritário, o governo tomou medidas para a organização do país como um Estado moderno, incentivando a sua transformação econômica e social. Grupos de pressão (que consistiam principalmente de empresários, fazendeiros e industriais) foram organizados e tinham uma forte influência sobre o governo. Um período de transição (1886–1890) seguiu-se, durante o qual os políticos começaram a recuperar o terreno perdido e alguma participação civil no governo começou a acontecer.
Após a Guerra Grande, houve um aumento acentuado no número de imigrantes, principalmente da Itália e da Espanha. Em 1879, a população total do país era de mais de 438 mil habitantes. A economia apresentou um salto, sobretudo na pecuária e nas exportações. Montevidéu se tornou um importante centro econômico e um entreposto para produtos da Argentina, Brasil e Paraguai.
Século XX.
O líder colorado José Batlle y Ordóñez foi eleito presidente em 1903. No ano seguinte, os "Blancos" lideraram uma revolta rural e oito meses de combates sangrentos se seguiram antes de seu líder, Aparício Saraiva, ser morto em batalha. As forças do governo saíram vitoriosas, levando até o fim da política de coparticipação que tinha começado em 1872. Batlle governou por dois mandatos (1903–1907 e 1911–1915), durante os quais, aproveitando a estabilidade e a crescente prosperidade econômica do país, instituiu reformas importantes, como um programa de bem-estar social, a participação do governo em muitas facetas da economia e a formação de um executivo plural.
Gabriel Terra tornou-se presidente em março de 1931. Sua posse coincidiu com os efeitos da Grande Depressão e o clima social tornou-se tenso, como resultado do desemprego. Houve confrontos em que policiais e esquerdistas morreram. Em 1933, Terra organizou um golpe de Estado, dissolveu a Assembleia Geral e passou a governar por decreto. Uma nova constituição foi promulgada em 1934, com a transferência dos poderes ao presidente. Em geral, o governo Terra enfraqueceu ou neutralizou o nacionalismo econômico e as reformas sociais.
Em 1938, eleições gerais foram realizadas e o cunhado de Terra, o general Alfredo Baldomir, foi eleito presidente. Sob pressão dos sindicatos e do Partido Nacional, Baldomir defendeu eleições livres, liberdade de imprensa e a criação de uma nova Constituição. Embora Baldomir tenha declarado o Uruguai neutro em 1939, durante a Segunda Guerra Mundial navios de guerra britânicos e o cruzador pesado alemão "Admiral Graf Spee" travaram uma batalha não muito longe da costa uruguaia. O comandante alemão Hans Langsdorff se refugiou em Montevidéu, alegando que a cidade era um porto neutro, mas mais tarde foi extraditado. Em 1945, o Uruguai abandonou sua política de neutralidade e assinou a Carta das Nações Unidas.
No final dos anos 1950, em parte por causa de uma queda na demanda mundial por produtos agrícolas, os uruguaios sofreram uma forte queda em seu padrão de vida, o que levou à militância estudantil e a problemas trabalhistas. Um movimento de guerrilha urbana conhecido como Tupamaros surgiu e engajou-se em diversas atividades, como assaltos a bancos e a distribuição desses recursos para os pobres, além de tentar o diálogo político. À medida que o governo proibiu as suas atividades políticas e a polícia tornou-se mais opressiva, os Tupamaros começaram a promover uma luta armada declarada.
Até a década de 1960, o Uruguai era conhecido por ter um perfil de país desenvolvido, com altos índices sociais e estabilidade política. Após a década de 1970, a escassez de recursos minerais e energéticos, a carência de tecnologia e a queda do preço da lã e da carne no mercado internacional contribuíram para a desestabilização econômica no Uruguai. O presidente Jorge Pacheco declarou estado de emergência em 1968, seguido de uma suspensão das liberdades civis em 1972. Em 1973, em meio à crescente crise econômica e política, as forças armadas dissolveram o Congresso e estabeleceram um regime civil-militar. A ditadura militar dissolveu partidos políticos, suspendeu a Constituição e prendeu milhares de pessoas. O Uruguai é até considerado pela Anistia Internacional como o país com a maior proporção de presos políticos do mundo. A mídia é censurada ou proibida, o movimento sindical é destruído e toneladas de livros são queimados após a proibição das obras de alguns escritores. As pessoas registradas como oponentes do regime são excluídas do serviço público e da educação. Participando da operação Condor desde antes de sua criação oficial em 1975, os esquadrões da morte perseguiram opositores, inclusive fora do país (notadamente na Argentina, onde os parlamentares Michelini e Héctor Gutiérrez Ruiz foram assassinados em maio de 1976, além de dois ex-Tupamaros e um comunista). A economia foi fortemente liberalizada pelo regime militar, mas as promessas de melhorias econômicas não foram cumpridas. O Ministro da Economia e Finanças, Alejandro Végh Villegas, promove o setor financeiro e os investimentos estrangeiros. Os gastos sociais são reduzidos e muitas empresas estatais são privatizadas. No entanto, a economia não melhorou e se deteriorou após 1980, o PIB caiu 20% e o desemprego subiu para 17%. O Estado intervém tentando socorrer empresas e bancos falidos. O fracasso do regime em melhorar a economia enfraqueceu sua posição.
Retorno à democracia.
Uma nova constituição, elaborada pelos militares, foi rejeitada em referendo em novembro de 1980. Após o referendo, as forças armadas anunciaram um plano de retorno ao regime civil e eleições nacionais foram realizadas em 1984. Julio María Sanguinetti, líder do Partido Colorado, conquistou a presidência e governou entre 1985 e 1990. A primeira administração Sanguinetti implementou reformas econômicas e a democracia foi consolidada após anos sob o regime militar.
Luis Alberto Lacalle, do Partido Nacional, ganhou a eleição presidencial de 1989 e a anistia aos violadores dos direitos humanos foi aprovada por referendo. Sanguinetti foi, então, reeleito em 1994. Ambos os presidentes continuaram as reformas estruturais econômicas iniciadas após o restabelecimento da democracia, além de outras reformas importantes terem sido promovidas para melhorar o sistema eleitoral, a segurança social, a educação e a segurança pública.
As eleições nacionais de 1999 foram realizadas sob um novo sistema eleitoral estabelecido por uma emenda constitucional de 1996. O candidato do Partido Colorado, Jorge Batlle, auxiliado pelo apoio do Partido Nacional, derrotou o candidato da Frente Ampla, Tabaré Vázquez. A coligação formal terminou em novembro de 2002, quando os "Blancos" retiraram seus ministros do gabinete, embora continuassem a apoiar os Colorados na maioria das questões. Os baixos preços das "commodities" e dificuldades econômicas nos principais mercados de exportação do Uruguai (no Brasil, com a desvalorização do real e, em seguida, na Argentina, durante a crise de 2002), provocaram uma severa recessão econômica de 11%, o desemprego subiu para 21% da população e o percentual de uruguaios que vivem na pobreza aumentou para mais de 30%.
Em 2004, os uruguaios elegeram Tabaré Vázquez como presidente, dando à Frente Ampla a maioria em ambas as casas do parlamento. Como os preços das commodities dispararam e a economia se recuperou da recessão, o governo Vázquez triplicou os investimentos estrangeiros, reduziu a pobreza e o desemprego, diminuiu a dívida pública de 79% para 60% do PIB, enquanto a inflação se manteve estável.
Em 2009, José Mujica, um ex-militante de esquerda que passou quase 15 anos na prisão durante o governo militar do país, surgiu como o novo presidente. Em 2012, o direito ao aborto foi legalizado no país. Em 2013, o casamento entre pessoas do mesmo sexo e o cultivo, a produção e a venda da "cannabis" foram aprovados, tornando o país pioneiro mundial na legalização desse psicotrópico.
Em 2014, Tabaré Vázquez foi eleito para um segundo mandato presidencial não consecutivo,iniciado em 1º de março de 2015.
Em 2020, foi sucedido por Luis Alberto Lacalle Pou, membro do conservador Partido Nacional, após 15 anos de governos de esquerda, como o 42° presidente uruguaio.
Geografia.
Com de área territorial e de água jurisdicionais e pequenas ilhas fluviais, o Uruguai é o segundo menor país soberano na América do Sul (depois do Suriname) e o terceiro menor em território (Guiana Francesa é o menor). O Uruguai é o segundo menor país da América do Sul e a sua paisagem é constituída principalmente por planícies e colinas baixas ("coxilhas"), com uma planície costeira fértil. A terra está ocupada na sua maior parte por pradarias, ideais para a criação de bovinos e ovinos. O país tem um litoral de 660 km de extensão.
Uma densa rede fluvial cobre o território uruguaio, que consiste em quatro bacias hidrográficas: Rio da Prata, Rio Uruguai, Lagoa Mirim e Rio Negro, que é principal rio interno. Várias lagoas são encontradas ao longo da costa atlântica. O ponto culminante do país é o Cerro Catedral, a 514 m de altitude.
Ao sul do país situa-se o rio de la Plata (rio da Prata), onde está o Porto de Montevidéu. O rio da Prata é o estuário formado pelo rio Uruguai, que constitui a fronteira ocidental do país, e pelo rio Paraná, fora do Uruguai, formador da mesopotâmia argentina. O país tem apenas um rio importante que o atravessa, o rio Negro, com hidrelétricas. Tem ainda parte da Lagoa Mirim, que divide com o Brasil, e de algumas lagoas na costa do Atlântico.
A cidade de Montevidéu é a capital mais meridional do continente americano e a terceira mais a sul do mundo (apenas Camberra, na Austrália, e Wellington, na Nova Zelândia, estão localizadas mais ao sul). Há dez parques nacionais no Uruguai: cinco nas zonas úmidas do leste, três na região montanhosa central e outro no oeste, ao longo do rio Uruguai. O Uruguai tem cerca de 2 500 espécies distribuídas em 150 famílias biológicas, nativas e estrangeiras. A corticeira ("Erythrina crista"_ "galli" L.) é a flor nacional do Uruguai.
Clima.
Localizado inteiramente dentro de uma zona temperada, o Uruguai tem um clima que é relativamente ameno e bastante uniforme em todo o país. As variações sazonais são pronunciadas, mas temperaturas extremas são raras. Como seria de esperar, com a sua abundância de água, alta umidade e neblina são comuns no país. A ausência de montanhas, que funcionam como barreiras climáticas, torna todo o território uruguaio vulnerável a ventos fortes e mudanças bruscas de tempo, como tempestades que varrem todo o país. Tanto o verão quanto o inverno podem variar no dia a dia com a passagem de frentes de tempestade, em que ventos do norte quentes podem, ocasionalmente, serem seguidos por um vento frio ("pampero") vindo dos pampas argentinos.
O Uruguai tem uma temperatura uniforme em grande parte do ano, com verões sendo temperados pelos ventos do Atlântico; frio intenso no inverno é raro. A precipitação mais forte ocorre durante os meses de outono, embora períodos chuvosos mais frequentes ocorram também no inverno. A precipitação média anual é geralmente maior do que 100 cm, sendo menor no interior e relativamente bem distribuída ao longo do ano.
A temperatura média para o mês de julho varia de 12 °C em Salto, no norte, a 9 °C em Montevidéu, no sul. O mês de janeiro, em pleno verão, varia de uma média de 26 °C em Salto a 22 °C em Montevidéu. Temperaturas extremas nacionais ao nível do mar foram registradas na cidade de Paysandú (44 °C em 20 de janeiro de 1943) e na cidade de Melo (-11,0 °C em 14 de junho de 1967).
Flora.
A flora do Uruguai é composta por 2 500 espécies distribuídas em 150 famílias biológicas nativas e estrangeiras. Aproximadamente 80% do Uruguai é pradaria, com predominância de gramíneas. O Uruguai é principalmente uma terra de cultivo de grama, com vegetação que é essencialmente uma continuação dos pampas argentinos. As árvores crescem em cachos. Sanandu, ou "Erythrina cristagalli", é a flor nacional.
As áreas de floresta são muito pequenas e menores do que nos pampas, mas contêm uma mistura de madeiras nobres e macias, enquanto os eucaliptos foram importados da Austrália. A mata do alto Uruguai é composta por espécies florestais advindas do contingente da bacia do Paraná, muitas das quais têm no Rio Grande do Sul o seu limite austral de distribuição. As madeiras de lei mais úteis são algarobo, guayabo, quebracho e urunday; outras madeiras de lei incluem arazá, coronilla, espinillo, lapacho, lignum vitae e nandubay.
Demografia.
Segundo os resultados do censo de 2004, a população uruguaia ascendia a habitantes, com uma taxa de crescimento anual de 3,2 % em relação ao censo de 1996, ano em que a população era de . Em 2019 a população era praticamente a mesma. O país é esparsamente habitado. Em comparação, o Rio Grande do Sul, que tem um território de tamanho parecido, tinha em 2019 uma população de 11,4 milhões de habitantes. A baixa taxa de crescimento populacional observada entre 1996 e 2004 é ainda inferior à registrada entre 1985 e 1996, quando a taxa foi de 6,4%. O baixo crescimento da população corresponde a uma diminuição progressiva da taxa de fecundidade e nos câmbios migratórios. A população estimada para 30 de junho de 2010 é de , com uma densidade demográfica de 19 habitantes por quilômetro quadrado.
A conformação e estrutura da população uruguaia se distingue em relação aos demais países da América Latina. O Uruguai se antecipou ao menos trinta anos em relação aos demais países latino-americanos quanto à transição demográfica, onde em sua maioria o processo se iniciou entre as décadas de 1950 e 1960. Estima-se que em 1900 a taxa de fecundidade era de seis filhos por mulher, em 1950 esta média teria caído para três e em 2008 esta média seria ainda menor (2,1 filhos por mulher), segundo o INE. Por sua vez, destaca-se por ser o país com a maior população longeva na região, onde o coletivo de pessoas com mais de 60 anos era de 17,7% em 2008. As mudanças na fecundidade também se vislumbram pelo aumento da esperança de vida, que atinge os 76 anos (72,4 para os homens e 79,7 para as mulheres). A taxa da urbanização é alta e chega a 96,1% da população.
Outro fator chave para compreender o dinamismo da população uruguaia é a migração. A imigração europeia se radicou no Uruguai desde os finais do até meados dos anos 1960. Desde a perspectiva da imigração internacional, na segunda metade do , o Uruguai começou a se consolidar como um país emigratório, seja por motivos políticos ou econômicos, fenômeno que tem influenciado o crescimento populacional do país nas últimas décadas. A emigração é principalmente para a Europa, Argentina e Estados Unidos. Na Europa, o principal destino dos uruguaios é a Espanha, mas também emigram para a Itália, França e Alemanha.
Em novembro de 2007, o Uruguai se tornou o primeiro país latino-americano e o segundo de todas as Américas (depois do Canadá) a reconhecer a união civil de pessoas do mesmo sexo em nível nacional.
Idiomas.
Como é o caso da vizinha Argentina, o Uruguai emprega tanto o voseo quanto o yeismo (com [ʃ] ou [ʒ]). O inglês é comum no mundo dos negócios e seu estudo tem aumentado significativamente nos últimos anos, especialmente entre os jovens. No entanto, ainda é uma língua minoritária, como são o francês, o italiano, o alemão e o português, este falado na região norte, perto da fronteira brasileira. O Uruguai é um dos poucos países não lusófonos em que o ensino da língua portuguesa é obrigatório. O português é ensinado a partir do 6º ano de escolaridade. Como poucos povos indígenas existem na população, as línguas indígenas são pouco presentes no Uruguai.
Composição étnica.
Segundo publicações da CIA ("The World Factbook"), a população uruguaia é fundamentalmente de origem europeia, representando 88% da população, seguida por mestiços (8%) e afro-uruguaios (4%). Esta fonte sustenta que a população indígena é praticamente inexistente. As sucessivas ondas migratórias que viveram no país têm conformado a população atual, composta principalmente de espanhóis, seguidos por italianos e com um importante número de franceses, alemães, portugueses, britânicos, suíços, russos, polacos, entre outros. A população de origem asiática é pequena.
Um estudo genético de 2009, publicado no American Journal of Human Biology, revelou que a composição genética do Uruguai é principalmente europeia, mas com contribuição indígena (que varia de 1% a 20% em diferentes partes do país) e significativa contribuição africana (7% a 15% em diferentes partes do país).
A contribuição indígena no Uruguai foi estimada em 10%, em média, para a população inteira. Esse número sobe a 20% no departamento de Tacuarembó e desce a 2% em Montevidéu. O DNA mitocondrial indígena chega a 62% em Tacuarembó.
Um estudo genético de 2006 encontrou os seguintes resultados para a população de Cerro Largo: contribuição europeia de 82%, contribuição indígena de 8% e contribuição africana de 10%. Esse foi o resultado para o DNA autossômico, o que se herda tanto do pai quanto da mãe e permite inferir toda a ancestralidade de um indivíduo. Na linhagem materna, DNA mitocondrial, os resultados encontrados para Cerro Largo foram: contribuição europeia de 49%, contribuição indígena de 30%, e contribuição africana de 21%.
Religião.
O Uruguai não tem religião oficial e, portanto, igreja e Estado estão oficialmente separados, enquanto a liberdade religiosa é garantia constitucional. Uma pesquisa realizada em 2008 pelo Instituto Nacional de Estatística do Uruguai apontou o catolicismo como a principal religião, com 45,7% da população; 9,0% são cristãos não católicos, 0,6% são animistas ou umbandistas (uma religião brasileira, com raízes africanas e indígenas) e 0,4% judeus. 30,1% declararam acreditar em um Deus, mas não pertencem a nenhuma religião, enquanto 14% declararam ser ateus ou agnósticos. Entre a grande comunidade armênia em Montevidéu, a religião dominante é o cristianismo, especificamente a Igreja Apostólica Armênia.
Os observadores políticos consideram o Uruguai o país mais secular nas Américas. A secularização do Uruguai começou com o papel relativamente menor da igreja na época colonial, em comparação com outras partes do Império Espanhol. O pequeno número de índios do Uruguai e sua feroz resistência ao proselitismo reduziu a influência das autoridades eclesiásticas.
Após a independência, ideias anticlericais se espalharam para o Uruguai, em particular da França, minando ainda mais a influência da igreja. Em 1837, o casamento civil foi reconhecido e em 1861 o Estado assumiu a gestão dos cemitérios públicos. Em 1907 o divórcio foi legalizado e em 1909 toda e qualquer educação religiosa foi banida das escolas públicas. Sob a influência do radical reformador Colorado, José Batlle y Ordóñez (1903-1911), a completa separação entre Igreja e Estado foi introduzida com a nova Constituição da 1917.
Indicadores socioeconômicos.
Segundo dados publicados pelas Nações Unidas o índice Gini do Uruguai em 2010 era de 45,3. Uma pontuação de 100 nessa escala significaria um estado de máxima desigualdade entre classes sociais, e uma pontuação de 0 representaria uma distribuição igual da riqueza.
Um recente relatório usou dois indicadores para estimar o número de pessoas vivendo em estado de pobreza no país. Esses indicadores são a "linha de indigência", abaixo da qual o salário da família não é o suficiente para o consumo básico de alimentos, e a "linha da pobreza", abaixo da qual o salário da família não é o suficiente para o consumo básico de alimentos, roupas, saúde e transporte. Em 2013, cerca de 12% da população uruguaia era classificada como pobre pelo governo.
O salário médio da mulher em 2002 no Uruguai equivalia a 71,8% do salário do homem da mesma atividade. O salário médio dos descendentes de africanos equivalia a 65% do dos descendentes de europeus.
Apesar de o aluguel em lugares que não possuem tanta demanda não serem tão caros, é normalmente necessário que a pessoa tenha uma outra propriedade para servir de garantia para o contrato, ou um depósito que muitos não conseguem pagar. A primeira condição torna o aluguel especialmente difícil para os setores menos favorecidos da população. De acordo com o INE, 23,3% da população vive em lugares que não são nem deles nem são alugados. Alguns deles são casas construídas propriamente, enquanto outros são construções precárias construídas ilegalmente em terras públicas ou privadas ao redor das cidades. Assim, novas comunidades inteiras foram criadas nas últimas décadas. Elas são chamadas de "Asentamientos" e este fenômeno é similar às "Favelas" no Brasil, "Villas Miseria" na Argentina, "Barrios" na Venezuela, "Invasiones" na Colômbia, "Arrabales" na Espanha, "Poblaciones Callampa" no Chile e "Jacales" no México.
Política.
O Uruguai é uma república democrática representativa com um sistema presidencial. Os membros do governo são eleitos para um mandato de cinco anos por um sistema de sufrágio universal. O Uruguai é um Estado unitário: justiça, educação, saúde, segurança externa, política e defesa são administradas em todo o país. O poder executivo é exercido pelo presidente e por um gabinete de 13 ministros.
O poder legislativo é constituído pela Assembleia Geral, composta por duas câmaras: a Câmara dos Deputados com 99 membros que representam os 19 departamentos, eleitos com base na representação proporcional; e a Câmara dos Senadores, composta por 31 membros, dos quais 30 são eleitos por um mandato de cinco anos por representação proporcional e pelo vice-presidente, que a preside.
O poder judiciário é exercido pelo Supremo Tribunal Nacional, a bancada e juízes em todo o país. Os membros da Suprema Corte são eleitos pela Assembleia Geral, os membros da Magistratura do Tribunal Supremo, com o consentimento do Senado, e os juízes são diretamente afetados pelo Supremo Tribunal Federal.
O Uruguai adotou sua atual constituição em 1967. Muitas das suas disposições foram suspensas em 1973, mas restabelecidas em 1985. A Constituição uruguaia permite aos cidadãos revogar as leis ou alterar a Constituição por referendo. Durante os últimos 15 anos, este método foi utilizado várias vezes: para confirmar uma lei de renúncia dos membros do Ministério Público dos militares que violaram direitos humanos durante o regime militar (1973–1985); parar a privatização das empresas de serviços públicos; para defender rendimentos de pensionistas e para proteger os recursos hídricos.
Durante a maior parte da história do Uruguai, o Partido Colorado esteve no governo. A outra parte "tradicional" do Uruguai, o Partido Blanco, governou apenas duas vezes. As eleições de 2004 trouxeram a Frente Ampla (coalizão de socialistas, comunistas, tupamaros, ex-comunistas e sociais-democratas, entre outros) a governar com maioria nas duas casas do parlamento e da eleição do presidente Tabaré Vázquez, por maioria absoluta.
O "Latinobarômetro" de 2010 constatou que, na América Latina, os uruguaios estão entre os que mais apoiam a democracia e, de longe, os mais satisfeitos com o funcionamento da democracia em seu país. O Uruguai ficou em 27º na pesquisa "Freedom in the World", da organização Freedom House. De acordo com a "Economist Intelligence Unit", em 2010 o Uruguai alcançou a 21ª posição no Índice de Democracia, entre os 30 países considerados "democracias plenas" no mundo. O Uruguai foi classificado em 19º lugar no Índice de Percepções de Corrupção feito pela Transparência Internacional.
Relações internacionais.
Em novembro de 2010, o Uruguai ratificou o Tratado Constitutivo da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL), tornando-se a nona das doze nações sul-americanas a fazê-lo. O tratado foi escrito em 2008 e entrou em vigor 30 dias após a data de assinatura do nono instrumento de ratificação.
Argentina e Brasil são os parceiros comerciais mais importantes do Uruguai: a Argentina foi responsável por 20% das importações totais do país em 2009. Como as relações bilaterais com a Argentina são consideradas uma prioridade, o Uruguai nega autorização para navios de guerra britânicos com destino às Ilhas Malvinas de atracarem em territórios e portos uruguaios para suprimentos e combustível. A rivalidade entre o porto de Montevidéu e o de Buenos Aires, que remonta aos tempos do Império Espanhol, tem sido descrita como a "guerra dos portos". Representantes do governo de ambos os países enfatizaram a necessidade de acabar com essa rivalidade em nome da integração regional em 2010. A controversa construção de uma fábrica de papel celulose em 2007, no lado uruguaio do rio Uruguai, causou protestos na Argentina pelo medo de que a planta industrial iria poluir o meio ambiente e levou a tensões diplomáticas entre os dois países. A disputa permaneceu um tema controverso em 2010, especialmente após relatos de aumento da contaminação da água na área, que mais tarde provaram-se ser de descarga de esgotos da cidade de Gualeguaychú. Em novembro de 2010, o Uruguai e a Argentina anunciaram que tinham chegado a um acordo final para o monitoramento ambiental conjunto da fábrica de celulose.
O Brasil e o Uruguai também mantêm um longo histórico de relações bilaterais. Os dois países assinaram acordos de cooperação em temas diversos, como defesa, ciência e tecnologia, energia, transporte fluvial e pesca, com a esperança de acelerar a integração política e econômica entre as duas nações vizinhas. O Uruguai tem duas disputas na fronteira com o Brasil não contestadas: sobre a Ilha Brasileira e em região de 235 km² do rio Invernada próxima à Masoller. Os dois países discordam sobre qual afluente representa a fonte legítima do rio Quaraí, o que definiria a fronteira na última seção disputada, de acordo com o tratado fronteiriço firmado entre os dois países em 1851. No entanto, essas disputas fronteiriças nunca impediram os dois países de manter relações diplomáticas amistosas e fortes laços econômicos. Até agora, as áreas disputadas permanecem sob controle brasileiro "de facto", com pouco ou nenhum esforço real feito pelo governo uruguaio para fazer valer suas reivindicações territoriais.
O Uruguai tem desfrutado de relações amigáveis com os Estados Unidos desde a sua transição de volta à democracia. Os laços comerciais entre os dois países se expandiram substancialmente nos últimos anos, com a assinatura de um tratado de investimento bilateral em 2004 e de um Acordo Quadro de Comércio e Investimento em janeiro de 2007. Os Estados Unidos e o Uruguai também têm cooperado em assuntos militares, sendo que ambos os países desempenham papéis importantes na Missão das Nações Unidas para a estabilização no Haiti (MINUSTAH).
O ex-presidente Mujica apoiou a candidatura da Venezuela para participar do Mercosul e apoiou o ministro da economia venezuelano, Alí Rodríguez Araque, a se tornar secretário-geral da Unasul, uma posição anteriormente ocupada por Néstor Kirchner. A Venezuela tem um acordo para vender ao Uruguai até 40 000 barris de petróleo por dia em condições preferenciais.
Em 15 de março de 2011, o Uruguai tornou-se o sétimo país sul-americano a reconhecer oficialmente o Estado palestino, apesar de não haver especificação para as fronteiras desse país como parte do reconhecimento. Em declarações oficiais, o governo uruguaio indicou o seu firme compromisso com o processo de paz no Oriente Médio, mas recusou-se a especificar fronteiras "para evitar interferir em uma questão que exigiria um acordo bilateral".
Forças armadas.
As forças armadas uruguaias são constitucionalmente subordinadas ao presidente, através do ministro da Defesa. O país possui um efetivo de cerca de 14 000 militares para o exército, 6 000 para a marinha e 3 000 para a força aérea. O alistamento é voluntário em tempo de paz, mas o governo tem autoridade para recrutar em emergências.
Desde maio de 2009, os homossexuais estão autorizados a servir abertamente nas forças armadas do país, após o ministro da defesa assinar um decreto afirmando que a política de recrutamento militar já não é mais discriminatória com base na orientação sexual das pessoas. No ano fiscal de 2010, os Estados Unidos forneceram ao Uruguai 1,7 milhão de dólares em ajuda militar, incluindo 1 milhão de dólares em financiamento e 480 mil dólares em educação e formação militar.
O Uruguai ocupa o primeiro lugar no mundo "per capita" em contribuições para as forças de paz das Nações Unidas, com 2 513 soldados e oficiais em 10 missões de paz da ONU. Em fevereiro de 2010, o país tinha 1 136 militares destacados no Haiti em apoio da MINUSTAH e 1 360 em apoio à MONUC, na República Democrática do Congo. Em dezembro de 2010, o major uruguaio Gloodtdofsky foi nomeado chefe da Missão Militar e Grupo de Observadores Militares das Nações Unidas para Índia e Paquistão.
Subdivisões.
O Uruguai é dividido em 19 departamentos, cujas administrações locais replicam a divisão dos poderes executivo e legislativo. Cada departamento elege suas autoridades por meio de um sistema de sufrágio universal. O poder executivo departamental reside em um superintendente e na autoridade legislativa de um conselho departamental.
Economia.
A economia do Uruguai depende fortemente do comércio, particularmente das exportações agrícolas, deixando o país vulnerável às flutuações nos preços das "commodities". Em 2020, o país foi o 91º maior exportador do mundo (US$ 7,8 milhões em mercadorias, menos de 0,1% do total mundial). Na soma de bens e serviços exportados, chega a US $ 16,0 bilhões e fica em 85º lugar mundial. Já nas importações, em 2019, foi o 104º maior importador do mundo: US $ 8,3 bilhões. A agricultura, embora seja uma das bases econômicas do país, é pequena comparada a dos países vizinhos: em 2018 o país produziu 1,36 milhão de toneladas de arroz, 1,33 milhão de toneladas de soja, 816 mil toneladas de milho, 637 mil toneladas de cevada, 440 mil toneladas de trigo e 350 mil toneladas de cana-de-açúcar, entre outros produtos. O estado do Rio Grande do Sul, que é vizinho ao país, e tem um território do mesmo tamanho, no mesmo ano, produzia mais de 7 milhões de toneladas de arroz, mais de 15 milhões de toneladas de soja, e mais de 5 milhões de toneladas de milho. A pecuária, mesmo sendo a maior base econômica do país, também vem mostrando estagnação produtiva: em 2018, o país foi o 24º maior produtor mundial de carne bovina (589 mil toneladas), o 19º maior produtor mundial de mel (20,9 mil toneladas), produziu 2,1 bilhão de litros de leite de vaca, entre outros. Em 2019 o país foi o 17º maior produtor mundial de lã_ costumava ser um dos 10 maiores do mundo em épocas passadas. Embora seja historicamente um importante exportador de carne bovina, hoje, países como a Colômbia já ultrapassaram o país no volume produtivo, e o Paraguai já está quase no mesmo patamar. Já na indústria, em 2019, o Uruguai tinha a 83ª indústria mais valiosa do mundo (US$ 6,5 bilhões), de acordo com o Banco Mundial.
Após uma média de crescimento de 5% ao ano no período de 1996–1998, em 1999–2001 a economia sofreu menor demanda da Argentina e do Brasil, que combinados respondem por quase metade das exportações do Uruguai. Apesar da gravidade dos choques do comércio, os indicadores financeiros do Uruguai se mantiveram mais estáveis do que em seus vizinhos, um reflexo de sua sólida reputação entre os investidores e do seu grau de investimento soberano, um dos dois únicos na América do Sul. Nos anos recentes, o Uruguai passou parte de sua energia para o desenvolvimento do uso comercial de tecnologias e se tornou o primeiro exportador de "[[software]]" da [[América Latina]].
A condição de piora econômica teve um papel na transformação da opinião pública contra as políticas econômicas de [[livre mercado]] adotadas pelas administrações anteriores na década de 1990, levando à rejeição popular das propostas de [[privatização]] da empresa estatal de [[petróleo]] em 2003 e da empresa estatal de água em 2004. O recém-eleito governo da "[[Frente Ampla (Uruguai)|Frente Ampla]]", ao mesmo tempo em que se comprometeu a continuar os pagamentos da [[dívida externa]] do Uruguai, também prometeu realizar um plano de emergência para atacar os problemas generalizados da [[pobreza]] e do [[desemprego]]. Em maio de 2008, a taxa de desemprego ficou abaixo 7,2%. Em outubro de 2009, a taxa de desemprego foi de 6,4%.
Em 2005, o Uruguai foi o maior exportador de "[[software]]" na [[América do Sul]]. A economia cresceu a uma taxa anual de 6,7% durante o período 2004–2008. Os mercados de exportações do Uruguai foram diversificados, a fim de reduzir a dependência de [[Argentina]] e [[Brasil]]. A [[pobreza]] foi reduzida de 33% em 2002 para 21,7% em julho de 2008, enquanto a pobreza extrema caiu de 3,3% para 1,7%.
[[Imagem:World Trade Center Montevideo.jpg|thumb|World Trade Center Montevidéu]]
[[Imagem:Plaza de la Independencia Uruguay.jpg|thumb|[[Praça Independência (Montevidéu)|Plaza Independencia]], [[Montevidéu]]]]
Entre os anos de 2007 e 2009 o Uruguai foi o único país das Américas que passou por uma [[recessão econômica]] técnica (dois trimestres consecutivos de retração). Em outubro de 2010, a taxa de [[desemprego]] caiu para 6,2%, provocando um aumento na pressões [[Inflação|inflacionárias]], embora o [[PIB]] do Uruguai tenha crescido 10,4% no primeiro semestre de 2010. De acordo com estimativas do [[Fundo Monetário Internacional]] (FMI), o Uruguai é susceptível de atingir um crescimento do PIB real entre 8% e 8,5% em 2010, seguido por 5% de crescimento em 2011 e 4% nos anos subsequentes. A [[Dívida governamental|dívida bruta do setor público]] contraiu no segundo trimestre de 2010, depois de cinco períodos consecutivos de crescimento sustentado, atingiu 21,885 bilhões de [[dólar]]es, equivalente a 59,5% do PIB.
Em 2010, o setor agrícola orientado para exportação do Uruguai contribuiu com 9,3% do [[PIB]] e empregava 13% da força de trabalho do país. As estatísticas oficiais do Ministério da Agricultura e Pecuária do Uruguai indicam que a carne e criação de [[ovino]]s ocupam 59,6% do território. Os percentuais aumentam para 82,4% quando a [[pecuária]] está ligada a outras atividades agrícolas, como [[laticínio]]s, [[forragem]] e rotação de culturas de [[arroz]].
De acordo com a [[Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura]] (FAO), o Uruguai é um dos maiores produtores mundiais de [[soja]] (9°), de [[lã]] (12º), carne de [[cavalo]] (14°), cera de [[abelha]] (14°) e [[marmelo]]s (17°). A maioria das fazendas uruguaias são de gestão familiar, sendo que a carne e lã representam as principais atividades e a principal fonte de renda para 65% delas, seguido pelo cultivo de vegetais com 12%, a produção leiteira com 11%, criação de porcos e de aves, com 2% cada. A [[carne bovina]] é o principal produto de exportação do país, totalizando mais de 1 bilhão de dólares em 2006.
Em 2007, o Uruguai tinha rebanhos bovinos no montante de 12 milhões de cabeças, o que o torna o país com o maior número de animais "per capita", em 3,8. No entanto, 54% deles estão nas mãos de 11% dos agricultores, que têm um mínimo de 500 cabeças. No outro extremo, 38% dos agricultores exploram pequenos lotes e têm rebanhos com média abaixo de cem cabeças.
Turismo.
[[imagem:Казино в Пунта-дель-Эсте.jpg|thumb|A cidade de [[Punta del Este]] é um importante polo turístico do país. Na imagem é possível observar o [[Conrad Punta del Este Resort & Casino|Conrad Resort & Casino]] (edifício azul, ao fundo)]]
Em relação à sua pequena área territorial e população, o Uruguai é um destino turístico internacional popular e abriga também um vigoroso mercado turístico doméstico. Cerca de 1,8 milhão de turistas chegaram em 2007 e os gastos estimados neste ano foram de cerca de 800 milhões de [[dólar]]es, um aumento em relação aos níveis de 2006. Gastos domésticos, no entanto, mantiveram-se em torno de 60% da atividade turística do país.
Além de polos turísticos consolidados, como as praias dos departamentos de [[Canelones]] e [[Maldonado (departamento)|Maldonado]], onde está localizada Punta del Este, estâncias turísticas desenvolveram-se recentemente, mostrando a cultura gaúcha do Uruguai, fazendas históricas e os recursos naturais do país. Em áreas agrícolas e pouco habitadas, a oeste da capital uruguaia ao longo do [[rio da Prata]], está [[Colônia do Sacramento]]. Fundada pelo [[Império Português]] em 1680, manteve-se um ponto de discórdia entre os portugueses e o [[Império Espanhol]] por mais de um século e hoje preserva muito da arquitetura e dos pavimentos da era colonial. Em 1995, a cidade foi declarada [[Patrimônio Mundial]] pela [[UNESCO]].
O Uruguai foi incluído nas listas de 2011 e 2012 de "Os 10 Melhores Destinos do Mundo em Desenvolvimento". Esta é uma classificação anual produzida pela revista "Ethical Traveler" e é baseada em um estudo feito nas [[País em desenvolvimento|nações em desenvolvimento]] de todo o mundo para identificar os melhores destinos turísticos entre elas. A aferição usa diversas categorias, tais como a proteção ambiental, o bem-estar social e os [[direitos humanos]]. Além disso, publicações como o [[Huffington Post]] já recomendaram o país como um bom destino para pessoas que estão procurando uma [[aposentadoria]] tranquila e divertida, pagando impostos razoáveis.
Infraestrutura.
Transportes.
[[imagem:Вид на монтевидеоский порт.jpg|thumb|esquerda|[[Porto de Montevidéu]]]]
[[imagem:Aeropuerto Internacional de Carrasco - panoramio (71).jpg|thumb|esquerda|Interior do [[Aeroporto Internacional de Carrasco]]]]
O [[Porto de Montevidéu]], transportando mais de 1,1 milhão de [[contêiner]]es por ano, é o terminal de contêineres mais avançado da [[América do Sul]]. Seu [[cais]] pode lidar com [[navio]]s de grande porte. Nove guindastes permitem de 80 a 100 movimentos por hora. O porto de [[Nueva Palmira]] é um ponto importante de transferência de mercadorias regionais. Ambos portos têm terminais privados e são administrados pelo governo.
O [[Aeroporto Internacional de Carrasco]], desenhado pelo arquitecto [[Rafael Viñoly]], com um investimento de 165 milhões de dólares, foi inaugurado em 2009. O aeroporto pode lidar com até 4,5 milhões de passageiros por ano. [[PLUNA]] é a principal companhia aérea do Uruguai e está sediada no Aeroporto de Carrasco. O [[Aeroporto Internacional Capitan Corbeta CA Curbelo|Aeroporto de Laguna del Sauce]], localizado a 15 km de [[Punta del Este]], foi remodelado em 1997 e as pistas foram renovadas através de uma concessão do investimento privado. O país possui 122 aeroportos.
A "[[Administración de Ferrocarriles del Estado]]" é o órgão autônomo encarregado do transporte ferroviário e da manutenção da [[Transporte ferroviário no Uruguai|rede ferroviária]]. O Uruguai tem cerca de km de vias férreas, mas apenas km de trilhos estão operacionais. Até 1947 cerca de 90% do sistema ferroviário era de propriedade [[Reino Unido|britânica]]. Em 1949 o governo nacionalizou as ferrovias, juntamente com os bondes elétricos e empresas de distribuição de água. No entanto, em 1985 o "Plano Nacional de Transportes" sugeriu que trens de passageiros eram demasiados caros para reparar e manter. Trens de carga continuaram para cargas de mais de 120 [[tonelada]]s, mas o transporte de ônibus se tornou a alternativa "econômica" para viajantes. O último trem de passageiro passou em [[Montevidéu]] em 2 de janeiro de 1988.
[[Estrada]]s asfaltadas ligam [[Montevidéu]] a outros centros urbanos do país, as principais [[rodovia]]s conduzem à fronteira e cidades vizinhas. Numerosas estradas não pavimentadas conectam fazendas e pequenas cidades. O [[comércio internacional]] aumentou consideravelmente desde a criação do [[Mercado Comum do Sul]] (Mercosul) na década de 1990. A maior parte do transporte de cargas domésticas, de serviços a passageiros, é feita por estradas, em vez de trens. Em 2020, o país tinha uma rede de estradas com km de extensão, sendo km pavimentados. Só existem rodovias duplicadas saindo de [[Montevidéu]], em direção a [[Maldonado (Uruguai)|Maldonado]] (125 km da [[Ruta 10 (Uruguai)|Ruta 10]]), [[Colônia do Sacramento]] (150 km da [[Ruta 1 (Uruguai)|Ruta 1]]) e [[Rivera (cidade)|Rivera]] (poucos quilômetros da [[Ruta 5 (Uruguai)|Ruta 5]]).
Educação.
[[Imagem:Facultad de Medicina, Montevideo 25.jpg|thumb|Faculdade de Medicina da [[Universidade da República]], fundada em 1849]]
A [[educação no Uruguai]] é [[Secularismo|secular]], livre e obrigatória por 14 anos, a partir dos 4 anos de idade. O sistema é dividido em seis níveis de ensino: [[jardim de infância]] (3–5 anos); [[Ensino primário|primário]] (6–11 anos); [[Ensino secundário|secundário]] (15–17 anos); [[ensino superior|superior]] (18 e acima) e [[pós-graduação]].
A [[educação pública]] é a responsabilidade primária de três instituições: o Ministério da Educação e Cultura, que coordena as políticas de educação; a Administração Nacional da Educação Pública, que formula e implementa políticas educacionais dos ensinos primário e secundário; e a [[Universidade da República]], responsável pelo ensino superior. Em 2009, o governo planejava investir 4,5% do PIB em educação.
O Uruguai consegue bons resultados no [[Programa Internacional de Avaliação de Alunos]] (PISA) em nível regional, mas ainda está abaixo da média dos países membros da [[Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico]] (OCDE) e também está abaixo alguns países com níveis semelhantes de renda. No teste PISA de 2006, o Uruguai teve uma das maiores diferenças de pontuação entre as escolas, o que sugere uma variabilidade significativa da qualidade da educação pelo nível sócio-econômico.
Uruguai faz parte do projeto "[[One Laptop per Child]]" (OLPC) e em 2009 tornou-se o primeiro país do mundo a oferecer um [[laptop]] para cada aluno da escola primária, como parte do Plano Ceibal. Durante o período entre 2007 e 2009, 362 mil alunos e 18 mil professores estiveram envolvidos no programa. Cerca de 70% dos laptops foram entregues a crianças que não têm computadores em casa e o programa OLPC representa menos de 5% do orçamento para a educação do país.
Saúde.
[[Imagem:Military Hospital Montevideo.jpg|thumb|Hospital militar no bairro La Blanquada, em [[Montevidéu]]]]
O Uruguai tem um sistema de saúde misto (público e privado). O Ministério da Saúde é responsável pela padronização, avaliação e monitoramento da assistência médica pública e privada em todo o país. De acordo com o Sindicato Médico do Uruguai, estavam em atividade em 30 de junho de 2010 cerca de médicos, com uma alta taxa de densidade média.
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística do Uruguai, em 2006, 97,2% da população que vivia em cidades com cinco mil habitantes ou mais tinha algum tipo de assistência médica, enquanto 2,8% registrou ausência desse tipo de serviço. Este mesmo estudo revelou que quase 46% da população uruguaia é filiada a uma instituição de assistência médica privada, enquanto 42% cuidam de sua saúde através do serviço de assistência médica pública (parte da [[Universidade da República]]). Dentro dos primeiros, mais da metade (24,4%) também tem serviço de emergência móvel, enquanto apenas 4,8% dos usuários da saúde pública contam com este serviço.
Os recursos humanos são um dos principais pontos favoráveis na saúde da população no Uruguai, visto que de acordo com um relatório publicado em 2006 pela [[Organização Mundial da Saúde]] (OMS), o país é o segundo na [[América Latina]] com maior número de médicos "per capita" (3,65 para cada mil habitantes), depois de [[Cuba]] (5,91 por mil habitantes).
Energia.
[[Imagem:El Nº 10 separa Argentina de Uruguay Imaginariamente.JPG|thumb|esquerda|[[Represa de Salto Grande]], na fronteira com a [[Argentina]]]]
As diretrizes energéticas estratégicas do país são definidas pelo Ministério da Indústria, Energia e Minas. Em 2006, essas diretrizes tinham como objetivo a diversificação das fontes de energia, o aumento da participação privada na geração de [[energia renovável]], o aumento do comércio regional de energia, bem como a promoção da eficiência energética. De acordo com a Direção Nacional de Energia e Tecnologia Nuclear (DNETN), a geração de [[energia eólica]] é um dos recursos internos com melhor potencial no Uruguai para o médio e longo prazo.
A capacidade elétrica instalada em 2009 no Uruguai era de [[Watt|MW]] (incluindo a [[Represa de Salto Grande]], que é binacional). Da capacidade instalada, [[Energia hidroelétrica|hidroelétrica]] responde por 63%, sendo o restante proveniente principalmente da [[energia térmica]] e uma pequena parcela da eólica e da [[biomassa]]. O sistema energético apresenta características e problemas de geração de base hidráulica. A margem de reserva aparentemente ampla esconde a vulnerabilidade à [[hidrologia]]. Em anos de seca, o país precisa importar mais de 25% da demanda dos mercados argentino e brasileiro. Cerca de 56% da capacidade de geração é de propriedade e operado pela UTE, a concessionária nacional. A capacidade restante corresponde à usina hidrelétrica de Salto Grande (945 MW), cogeração ou de pequenos investimentos privados em fontes renováveis.
Nos últimos anos, os uruguaios enfrentaram problemas no sistema elétrico para suprir o aumento crescente da demanda de seu mercado interno. Em anos de baixa precipitação, há uma elevada dependência das importações de energia do [[Brasil]] e da [[Argentina]]. As exportações têm sido historicamente insignificantes.
Cultura.
Como a [[Argentina]], o Uruguai tem cultura marcadamente europeia, com características parecidas na linguagem e nos costumes. É cultivada a tradição gaúcha nascida nos pampas argentinos, uruguaios e rio-grandenses (o que pode ser visto na Fiesta de la Patria Gaucha de Tacuarembo e no Museo del Gaucho de Montevidéu). Ao contrário de muitos países da América do Sul, a influência indígena é extremamente distante, mas muito presente na indumentária, danças e costumes gaúchos. A taxa de analfabetismo é quase nula e a imprensa é livre e atuante. São inúmeras as instituições culturais, públicas e privadas, sobretudo em Montevidéu.
Literatura.
[[Imagem:José Enrique Rodó.jpg|thumb|upright|O escritor uruguaio [[José Enrique Rodó]] (1872–1917)]]
[[José Enrique Rodó]] (1871–1917), um escritor [[Modernismo|modernista]], é considerado a figura literária mais importante do país. O seu livro "Ariel" (1900) lida com a necessidade de manter os valores espirituais, enquanto prossegue o progresso material e técnico. Além de sublinhar a importância de defender os valores [[Espiritualidade|espirituais]] sobre os [[Materialismo|materialistas]], também salienta a resistência contra a dominação cultural exercida pela [[Europa]] e pelos [[Estados Unidos]]. O livro continua a influenciar jovens escritores. Notável entre dramaturgos da [[América Latina]] é [[Florencio Sánchez]] (1875–1910), que escreveu peças sobre problemas sociais da época e que ainda são contemporâneos.
De aproximadamente o mesmo período, veio a poesia romântica de [[Juan Zorrilla de San Martín]] (1855–1931), que escreveu [[Poesia épica|poemas épicos]] sobre a [[história do Uruguai]]. Também notáveis são [[Juana de Ibarbourou]] (1895–1979), [[Delmira Agustini]] (1866–1914), [[Idea Vilariño]] (1920–2009) e os contos de [[Horacio Quiroga]] e [[Juan José Morosoli]] (1899– ). As histórias psicológicas de [[Juan Carlos Onetti]] (como "Terra de Ninguém" e "O Estaleiro") ganharam elogios da crítica generalizada, assim como os escritos de [[Mario Benedetti]].
O mais conhecido escritor contemporâneo uruguaio é [[Eduardo Galeano]], autor de "[[As Veias Abertas da América Latina]]" (1971, ) e da trilogia "Memoria del fuego" (1982–1987; "Memória do Fogo"). Outros escritores uruguaios modernos incluem Mario Levrero, Sylvia Lago, [[Jorge Majfud]] e Jesús Moraes. Uruguaios de diferentes classes e origens gostam de ler [[histórias em quadrinhos]] que muitas vezes misturam humor e fantasia com [[crítica social]] velada.
Artes visuais.
[[imagem:Casapueblo.jpg|thumb|esquerda|Uma "escultura habitável", a [[Casapueblo]] de [[Carlos Páez Vilaró]] é sua casa, hotel e museu]]
Um expoente de destaque da arte afro-uruguaia é o pintor abstrato e escultor [[Carlos Páez Vilaró]]. Ele usou influências de [[Tombuctu]] e [[Míconos]] para criar sua obra mais conhecida, [[Casapueblo]]. Sua casa, hotel e ateliê perto de [[Punta del Este]], Casapueblo é uma "escultura habitável" e atrai milhares de visitantes de todo o mundo. No , o pintor [[Juan Manuel Blanes]], cujas obras retratam fatos históricos, foi o primeiro artista uruguaio a obter o reconhecimento generalizado. O pintor [[pós-impressionista]] [[Pedro Figari]] alcançou renome internacional por seus estudos de indivíduos em Montevidéu e do campo. Combinando elementos da arte e da natureza, o trabalho do arquiteto paisagista [[Leandro Silva Delgado]] também ganhou destaque internacional.
O Uruguai tem uma indústria cinematográfica pequena, mas crescente, e filmes como "[[Whisky (filme)|Whisky]]", de [[Juan Pablo Rebella]] e [[Pablo Stoll]] (2004), "Los días", de [[Marcelo Bertalmío]] (2000) e "Paisito", de [[Ana Díez]] (2008), ganharam honras internacionais.
Música.
[[Arquivo:Los Shakers - Rompan todo (1965).jpg|thumb|upright|[[Los Shakers]] em 1965, banda de [[rock uruguaio]] reconhecida em todo o mundo]]
A música popular e folclórica uruguaia não divide apenas suas raízes [[Gaúcho|gaúchas]] com a [[Argentina]], mas também o [[tango]]. Por exemplo, um dos tangos mais famosos, "[[La Cumparsita]]" (1917), foi escrito pelo compositor uruguaio [[Gerardo Matos Rodríguez]]. O [[candombe]] é uma dança folclórica realizada no carnaval, principalmente por uruguaios de ascendência africana. O [[violão]] é o instrumento musical preferido e em uma competição tradicional popular chamada "payada" dois cantores, cada um com uma guitarra, revezam-se improvisando versos para a mesma melodia.
O tango também teve um impacto sobre a cultura uruguaia, especialmente durante o , principalmente nos anos 1930 e 1940 com cantores uruguaios, como [[Julio Sosa]], de [[Las Piedras]]. Quando o famoso cantor de tango [[Carlos Gardel]] tinha 29 anos, ele mudou sua [[nacionalidade]] para uruguaia, dizendo que nasceu em [[Tacuarembó (cidade)|Tacuarembó]], mas esse subterfúgio provavelmente foi feito para impedir as autoridades francesas de prendê-lo por não registar-se no [[exército francês]] durante a [[Primeira Guerra Mundial]]. Gardel nasceu na [[França]], mas foi criado em [[Buenos Aires]], na [[Argentina]], nunca tendo vivido no Uruguai. No entanto, um museu dedicado a Carlos Gardel foi criado em 1999 em Valle Edén, perto de Tacuarembó.
O "[[rock and roll]]" conquistou pela primeira vez o público uruguaio com a chegada dos "[[Beatles]]" e de outras bandas [[Reino Unido|britânicas]] no início dos anos 1960. Uma "onda" de bandas surgiu então em [[Montevidéu]], como "[[Los Shakers]]", "Los Mockers", "Los Iracundos", "Los Moonlights" e "Los Malditos", que tornaram-se figuras importantes na chamada "invasão uruguaia" na Argentina. que cantavam em [[Língua inglesa|inglês]]. Entre as bandas de rock uruguaias mais populares atualmente estão "[[La Vela Puerca]]", "[[No Te Va Gustar]]", "[[El Cuarteto de Nos]]", "Once Tiros", "La Trampa", "Chalamadre", "Snake", "Buitres" e "Cursi".
Esportes.
[[Imagem:Estadio Centenario (vista aérea).jpg|thumb|esquerda|[[Estádio Centenário]] em [[Montevidéu]], o maior do país.]]
O [[futebol]] é o esporte mais popular no Uruguai. A primeira partida internacional fora das [[Ilhas Britânicas]] foi disputada entre Uruguai e Argentina, em Montevidéu, em julho de 1902. O país ganhou o ouro nos [[Jogos Olímpicos de 1924]], em [[Paris]], e novamente em [[Jogos Olímpicos de 1928|1928]], em [[Amsterdã]]. O país exportou jogadores de futebol durante a década de 2000, quase tanto quanto [[Brasil]] e [[Argentina]]. Em 2010, medidas decretadas pelo governo uruguaio tinham como objetivo manter os jogadores no país.
[[Imagem:Urug1950.jpg|thumb|esquerda|A seleção que ganhou a segunda [[Copa do Mundo FIFA]] para o Uruguai em [[Copa do Mundo FIFA de 1950|1950]], ao vencer o [[Seleção Brasileira de Futebol|Brasil]].]]
A [[Seleção Uruguaia de Futebol|equipe nacional de futebol]] venceu a [[Copa do Mundo FIFA]] em duas ocasiões. O Uruguai venceu o torneio inaugural em casa, em [[Copa do Mundo FIFA de 1930|1930]], e novamente em [[Copa do Mundo FIFA de 1950|1950]], derrotando o anfitrião [[Seleção Brasileira de Futebol|Brasil]], que era o favorito na [[Maracanaço|partida final]]. O país ganhou a [[Copa América]] (um torneio internacional para países [[América do Sul|sul-americanos]] e convidados) mais do que qualquer outra nação e, com sua vitória em 2011, perfez um total de 15 vitórias no torneio. O Uruguai tem de longe a menor população do que a de qualquer outro país que ganhou uma Copa do Mundo. Apesar de seu sucesso inicial, os uruguaios só se classificaram para três das últimas cinco Copas do Mundo. O Uruguai apresentou um desempenho muito credível na [[Copa do Mundo FIFA de 2010]], na [[África do Sul]], tendo alcançado a semifinal pela primeira vez em 40 anos. [[Diego Forlán]] foi presenteado com o prêmio [[Bola de Ouro]] como o melhor jogador do torneio, em 2010. Nas classificações de junho de 2012, o Uruguai foi considerado como a segunda melhor seleção de futebol do mundo, de acordo com o "ranking" mundial da [[FIFA]], o ponto mais alto do país em toda a sua história no futebol, atrás apenas da [[Seleção Espanhola de Futebol]].
O [[basquetebol]] é o segundo esporte mais concorrido no país, sendo um dos mais populares, principalmente em [[Montevidéu]], onde em muitos bairros há pelo menos um clube do esporte. A organização que rege o esporte no país é a Federação Uruguaia de Basquetebol, criada em 1915 e membro da [[Federação Internacional de Basquetebol]] (FIBA) desde 1936. Entre as vitórias mais importantes da seleção uruguaia de basquete se destacam medalhas de bronze nos [[Jogos Olímpicos]] de [[Jogos Olímpicos de 1952|1952]] e [[Jogos Olímpicos de 1956|1956]], em [[Helsinque]] e [[Melbourne]] respectivamente, assim como várias participações em campeonatos sul-americanos, pan-americanos e mundiais.
A [[Seleção Uruguaia de Rugby]] está entre as 20 melhores do mundo e é a segunda melhor da [[América Latina]], sendo superada apenas pela da [[Argentina]]. Destacam-se também os quatro títulos mundiais de [[rally]] no Grupo N, conquistados pelo uruguaio Gustavo Trelles, além de vitórias alcançadas pelo falecido [[Gonzalo Rodríguez (automobilista)|Gonzalo Rodríguez]] em categorias anteriores a [[Fórmula 1]].
Ligações externas.
[[Categoria:Uruguai| ]]
[[Categoria:1828 no Uruguai]]
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1874 | URSS | URSS
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1875 | Unix | Unix
Unix () é um sistema operativo portável, multitarefa e multiutilizador originalmente criado por Ken Thompson, Dennis Ritchie, entre outros, que trabalhavam nos Laboratórios Bell da AT&T.
A marca UNIX é uma propriedade do The Open Group, uma companhia formada por empresas de informática.
História.
Em 1965 formou-se um grupo de programadores, incluindo Ken Thompson, Dennis Ritchie, Douglas McIlroy e Peter Weiner, num esforço conjunto da "AT&T (Laboratórios Bell)", da "General Electric (GE)" e do "MIT (Massachussets Institute of Technology)" para o desenvolvimento de um sistema operacional chamado Multics.
O Multics deveria ser um sistema de tempo compartilhado para uma grande comunidade de usuários. Entretanto, os recursos computacionais disponíveis à época, particularmente os do computador utilizado, um GE 645, revelaram-se insuficientes para as pretensões do projeto. No período entre 1968 e 1969 os Laboratórios Bell retiraram-se lentamente do projeto. Duas razões principais foram citadas para explicar a sua saída. Primeira: três instituições com objetivos díspares dificilmente alcançariam uma solução satisfatória para cada uma delas (o MIT fazia pesquisa, AT&T monopolizava os serviços de telefonia americanos e a GE queria vender computadores). A segunda razão é que os participantes sofriam da síndrome do segundo projeto e, por isso, queriam incluir no Multics tudo que tinha sido excluído dos sistemas experimentais até então desenvolvidos.
Ainda em 1969, Ken Thompson, usando um ocioso computador PDP-7, começou a reescrever o Multics num conceito menos ambicioso, batizado de Unics, usando linguagem de montagem "assembly". Mais tarde, Brian Kernighan rebatizou o novo sistema de UNIX.
Um marco importante foi estabelecido em 1973, quando Dennis Ritchie e Ken Thompson reescreveram o Unix, usando a "linguagem C", para um computador PDP-11. A "linguagem C" havia sido desenvolvida por Ritchie para substituir e superar as limitações da "linguagem B", desenvolvida por Thompson.
Finalmente, ao longo dos anos 70 e 80 foram sendo desenvolvidas as primeiras distribuições de grande dimensão como os sistemas BSD (na Universidade de Berkeley na Califórnia) e os System III e System V (na AT&T).
Em 1977, a AT&T começou a fornecer o Unix para instituições comerciais. A abertura do mercado comercial para o Unix deve muito a Peter Weiner - cientista de Yale e fundador da Interactive System Corporation. Weiner conseguiu da AT&T, então já desnudada de seu monopólio nas comunicações e liberada para atuação no mercado de software, licença para transportar e comercializar o Unix para o computador Interdata 8/32 para ambiente de automação de escritório. O Unix saía da linha das máquinas PDP, da Digital Equipament Corporation (DEC), demonstrando a relativa facilidade de migração (transporte) para outros computadores, e que, em parte, deveu-se ao uso da linguagem C. O sucesso da Interactive de Weiner com seu produto provou que o Unix era vendável e encorajou outros fabricantes a seguirem o mesmo curso. Iniciava-se a abertura do chamado mercado Unix.
Com a crescente oferta de microcomputadores, outras empresas transportaram o Unix para novas máquinas. Devido à disponibilidade dos fontes do Unix e à sua simplicidade, muitos fabricantes alteraram o sistema, gerando variantes personalizadas a partir do Unix básico licenciado pela AT&T. De 1977 a 1981, a AT&T integrou muitas variantes no primeiro sistema Unix comercial chamado de System III. Em 1983, após acrescentar vários melhoramentos ao System III, a AT&T apresentava o novo Unix comercial, agora chamado de System V. Hoje, o Unix System V é o padrão internacional de fato no mercado Unix, constando das licitações de compra de equipamentos de grandes clientes na América, Europa e Ásia.
Atualmente, Unix (ou *nix) é o nome dado a uma grande família de Sistemas Operativos que partilham muitos dos conceitos dos Sistemas Unix originais (GNU/Linux, embora compartilhe conceitos de sistemas da família Unix, não faz parte desta família por não compartilhar de código derivado de algum sistema da família Unix e não possuir o mesmo objetivo e filosofia no qual o Unix se originou e, em grande parte, mantém até hoje), sendo todos eles desenvolvidos em torno de padrões como o POSIX (Portable Operating System Interface) e outros. Alguns dos Sistemas Operativos derivados do Unix são: BSD (FreeBSD, OpenBSD e NetBSD), Solaris (anteriormente conhecido por SunOS), IRIX, AIX, HP-UX, Tru64, SCO, e até o Mac OS X (baseado em um núcleo Mach BSD chamado Darwin). Existem mais de quarenta sistemas operacionais *nix, rodando desde celulares a supercomputadores, de relógios de pulso a sistemas de grande porte.
Características.
Sistema operacional multitarefa.
Multitarefa significa executar uma ou mais tarefas ou processos simultaneamente. Na verdade, em um sistema monoprocessado, os processos são executados sequencialmente de forma tão rápida que parecem estar sendo executados simultaneamente. O Unix escalona sua execução e reserva-lhes recursos computacionais (intervalo de tempo de processamento, espaço em memória RAM, espaço no disco rígido, etc.).
O Unix é um sistema operacional de multitarefa preemptiva. Isso significa que, quando esgota-se um determinado intervalo de tempo (chamado quantum), o Unix suspende a execução do processo, salva o seu contexto (informações necessárias para a execução do processo), para que ele possa ser retomado posteriormente, e coloca em execução o próximo processo da fila de espera. O Unix também determina quando cada processo será executado, a duração de sua execução e a sua prioridade sobre os outros.
A multitarefa, além de fazer com que o conjunto de tarefas seja executado mais rapidamente, ainda permite que o usuário e o computador fiquem livres para realizarem outras tarefas com o tempo economizado.
Sistema operacional multiutilizador.
Uma característica importante do Unix é ser multiusuário (multiutilizador). Bovet e Cesati [4] definem um sistema multiusuário como "aquele capaz de executar, concorrente e independentemente, várias aplicações pertencentes a dois ou mais usuários". O Unix possibilita que vários usuários usem um mesmo computador simultaneamente, geralmente por meio de terminais. Cada terminal é composto de um monitor, um teclado e, eventualmente, um mouse. Vários terminais podem ser conectados ao mesmo computador num sistema Unix. Há alguns anos eram usadas conexões seriais, mas atualmente é mais comum o uso de redes locais, principalmente para o uso de terminais gráficos (ou terminais X), usando o protocolo XDMCP.
O Unix gerencia os pedidos que os usuários fazem, evitando que um interfira com outros. Cada usuário possui direitos de propriedade e permissões sobre arquivos. Quaisquer arquivos modificados pelo usuário conservarão esses direitos. Programas executados por um usuário comum estarão limitados em termos de quais arquivos poderão acessar.
O sistema Unix possui dois tipos de usuários: o usuário root (também conhecido como superusuário), que possui a missão de administrar o sistema, podendo manipular todos os recursos do sistema operacional; e os usuários comuns, que possuem direitos limitados.
Para que o sistema opere adequadamente em modo multiusuário, existem alguns mecanismos: (i) um sistema de autenticação para identificação de cada usuário (o programa login, p.ex., autentica o usuário verificando uma base de dados, normalmente armazenada no arquivo /etc/passwd); (ii) sistema de arquivos com permissões e propriedades sobre arquivos (os direitos anteriormente citados); (iii) proteção de memória, impedindo que um processo de usuário acesse dados ou interfira com outro processo. Esse último mecanismo é implementado com a ajuda do hardware, que consiste na divisão do ambiente de processamento e memória em modo supervisor (ou modo núcleo) e modo usuário.
Arquivos de dispositivo.
Uma característica singular no Unix (e seus derivados) é a utilização intensiva do conceito de arquivo. Quase todos os dispositivos são tratados como arquivos e, como tais, seu acesso é obtido mediante a utilização das chamadas de sistema codice_1, codice_2, codice_3 e codice_4.
Os dispositivos de entrada e saída são classificados como sendo de bloco (disco, p.ex.) ou de caractere (impressora, modem, etc.) e são associados a arquivos mantidos no diretório codice_5 (v. detalhamento mais adiante).
Estrutura.
Um sistema Unix consiste, basicamente, de duas partes:
Em um sistema Unix, o espaço de memória utilizado pelo núcleo é denominado espaço do núcleo ou supervisor (); a área de memória para os outros programas é denominada espaço do usuário ("user space"). Essa separação é um mecanismo de proteção que impede que programas comuns interfiram com o sistema operacional.
Processos.
Um processo, na visão mais simples, é uma instância de um programa em execução. Um programa, para ser executado, deve ser carregado em memória; a área de memória utilizada é dividida em três partes: código ("text"), dados inicializados ("data") e pilha ("stack").
Por ser um sistema multitarefa, o Unix utiliza uma estrutura chamada tabela de processos, que contém informações sobre cada processo, tais como: identificação do processo (PID), dono, área de memória utilizada, estado ("status"). Apenas um processo pode ocupar o processador em cada instante - o processo encontra-se no estado "executando" ("running"). Os outros processos podem estar "prontos" ("ready"), aguardando na fila de processos, ou então estão "dormindo" ("asleep"), esperando alguma condição que permita sua execução.
Um processo em execução pode ser retirado do processador por duas razões: (i) necessita acessar algum recurso, fazendo uma chamada de sistema - neste caso, após sua retirada do processador, seu estado será alterado para "dormindo", até que o recurso seja liberado pelo núcleo; (ii) o núcleo pode interromper o processo (preempção) - neste caso, o processo irá para a fila de processos (estado "pronto"), aguardando nova oportunidade para executar - ou porque a fatia de tempo esgotou-se, ou porque o núcleo necessita realizar alguma tarefa.
Existem quatro chamadas de sistema principais associadas a processos: fork, exec, exit e wait. fork é usada para criar um novo processo, que irá executar o mesmo código (programa) do programa chamador (processo-pai); exec irá determinar o código a ser executado pelo processo chamado (processo-filho); exit termina o processo; wait faz a sincronização entre a finalização do processo-filho e o processo-pai.
Sistema de arquivos.
Sistema de arquivos é uma estrutura lógica que possibilita o armazenamento e recuperação de arquivos. No Unix, arquivos são contidos em diretórios (ou pastas), os quais são conectados em uma árvore que começa no diretório raiz (designado por "/"). Mesmo os arquivos que se encontram em dispositivos de armazenamento diferentes (discos rígidos, disquetes, CDs, DVDs, sistemas de arquivos em rede) precisam ser conectados à árvore para que seu conteúdo possa ser acessado. Cada dispositivo de armazenamento possui a sua própria árvore de diretórios.
O processo de conectar a árvore de diretórios de um dispositivo de armazenamento à árvore de diretórios raiz é chamado de "montar dispositivo de armazenamento" (montagem) e é realizada por meio do comando mount. A montagem associa o dispositivo a um subdiretório.
Estrutura de diretórios.
A árvore de diretórios do Unix é dividida em várias ramificações menores e pode variar de uma versão para outra. Os diretórios mais comuns são os seguintes:
Particularidades.
Um sistema Unix é orientado a arquivos, quase tudo nele é arquivo. Seus comandos são na verdade arquivos executáveis, que são encontrados em lugares previsíveis em sua árvore de diretórios, e até mesmo a comunicação entre entidades e processos é feita por estruturas parecidas com arquivos. O acesso a arquivos é organizado através de propriedades e proteções. Toda a segurança do sistema depende, em grande parte, da combinação entre as propriedades e proteções definidas em seus arquivos e suas contas de usuários.
Aplicações.
O Unix permite a execução de pacotes de softwares aplicativos para apoio às diversas atividades empresariais. Dentre estes pacotes destacam-se:
O Unix possui recursos de apoio à comunicação de dados, que proporcionam sua integração com outros sistemas Unix, e até com outros sistemas operacionais distintos. A integração com sistemas heterogêneos permite as seguintes facilidades:
Para última, o Unix oferece um ambiente integrado e amigável, voltado para a gestão automatizada de escritório, com serviços que atenderão às seguintes áreas:
Ambiente gráfico do Unix.
X Window System.
Além do "shell", o Unix suporta interface gráfica para o usuário. Nas primeiras versões do Unix as interfaces do usuário eram baseadas apenas em caracteres (modo texto) e o sistema compunha-se apenas do núcleo, de bibliotecas de sistema, do "shell" e de alguns outros aplicativos. As versões mais recentes do Unix, além de manterem o "shell" e seus comandos, incluem o X Window System que, graças ao gerenciador de exibição e ao gerenciador de janelas, possui uma interface atraente e intuitiva que aumenta em muito a produtividade do usuário.
Desenvolvido no MIT (Massachussets Institute of Technology), o X Window System (também pode ser chamado de Xwindow) tornou-se o sistema gráfico do Unix. O Xwindow funciona como gerenciador de exibição e por si só, não faz muita coisa. Para termos um ambiente gráfico produtivo e completo, precisamos também de um gerenciador de janelas.
O gerenciador de janelas proporciona ao ambiente gráfico a aparência e as funcionalidades esperadas incluindo as bordas das janelas, botões, truques de "mouse", menus etc. Como no sistema Unix o gerenciador de exibição (X Window System) é separado do gerenciador de janelas, dizemos que seu ambiente gráfico é do tipo cliente-servidor. O Xwindow funciona como servidor e interage diretamente com o "mouse", o teclado e o vídeo. O gerenciador de janelas funciona como cliente e se aproveita dos recursos disponibilizados pelo Xwindow.
O fato de o Unix possuir o gerenciador de exibição (Xwindow) separado do gerenciador de janelas tornou possível o surgimento de dezenas de gerenciadores de janelas diferentes. Os gerenciadores de janelas mais comuns no mundo Unix são o Motif, Open Look, e o CDE. Também existem outros gerenciadores de janelas que são bastante utilizados no Unix, principalmente nos sistemas Unix-Like (versões gratuitas e clones do Unix). São eles: KDE, Gnome, FVWM, BlackBox, Enlightenment, WindowMaker etc.
Comandos.
Esta é uma lista de programas de computador para o sistema operacional Unix e os sistemas compatíveis, como o Linux. Os comandos do Unix tornam-se acessíveis ao usuário a partir do momento em que ele realiza o login no sistema. Se o usuário utiliza tais comandos, então ele se encontra no modo shell, também chamado de modo texto (ou Unix tradicional). Quando estiver utilizando o modo gráfico, o usuário também poderá se utilizar de tais comandos desde que abra uma janela de terminal (Xterm).
A linha de comando do sistema operacional Unix permite a realização de inúmeras tarefas através de seus comandos, de manipulação de arquivos a verificação do tráfego em rede. Para exibir uma descrição detalhada de cada comando abra uma console ou xterm e digite codice_22, onde comando é o comando em questão.
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1877 | UML | UML
A UML (do inglês "Unified Modeling Language", em português Linguagem de Modelagem Unificada) é uma linguagem-padrão para a elaboração da estrutura de projetos de software. Ela poderá ser empregada para a visualização, a especificação, a construção e a documentação de artefatos que façam uso de sistemas complexos de software. Em outras palavras, na área de Engenharia de Software, a UML é uma linguagem de modelagem que permite representar um sistema de forma padronizada (com intuito de facilitar a compreensão pré-implementação). A UML é adequada para a modelagem de sistemas, cuja abrangência poderá incluir desde sistemas de informação corporativos a serem distribuídos a aplicações baseadas na Web e até sistemas complexos embutidos de tempo real. É uma linguagem muito expressiva, abrangendo todas as visões necessárias ao desenvolvimento e implantação desses sistemas.
A UML (Unified Modeling Language) não é uma metodologia de desenvolvimento, o que significa que ela não diz para você o que fazer primeiro e em seguida ou como projetar seu sistema, mas ela lhe auxilia a visualizar seu desenho e a comunicação entre os objetos (e em certos casos a identificação dos processos).
Basicamente, a UML permite que desenvolvedores visualizem os produtos de seus trabalhos em diagramas padronizados. Junto com uma notação gráfica, a UML também especifica significados, isto é, semântica. É uma notação independente de processos, embora o RUP (Rational Unified Process) tenha sido especificamente desenvolvido utilizando a UML.
É importante distinguir entre um modelo UML e um diagrama (ou conjunto de diagramas) de UML. O último é uma representação gráfica da informação do primeiro, mas o primeiro pode existir independentemente. O XMI (XML Metadata Interchange) na sua versão corrente disponibiliza troca de modelos mas não de diagramas.
Os objetivos da UML são: especificação, documentação, estruturação para sub-visualização e maior visualização lógica do desenvolvimento completo de um sistema de informação.
História.
Era uma vez um sistema UML que tinha origem na compilação das "melhores práticas de engenharia" que provaram ter sucesso na modelagem de sistemas grandes e complexos. Sucedeu aos conceitos de Grady Booch, OMT (James Rumbaugh) e OOSE (Ivar Jacobson) fundindo-os numa única linguagem de modelagem comum e largamente utilizada. A UML pretende ser a linguagem de modelagem padrão para modelar sistemas concorrentes e distribuídos.
A UML ainda não é um padrão da indústria, mas esse objetivo está a tomar forma sob os auspícios do Object Management Group (OMG). O OMG pediu informação acerca de metodologias orientadas a objetos que pudessem criar uma linguagem rigorosa de modelagem de software. Muitos líderes da indústria responderam na esperança de ajudar a criar o padrão.
Os esforços para a criação da UML tiveram início em outubro de 1994, quando Rumbaugh se juntou a Booch na Rational. Com o objetivo de unificar os métodos Booch e OMT, decorrido um ano de trabalho, foi lançado, em outubro de 1995, o esboço da versão 0.8 do "Unified Process" - Processo Unificado (como era conhecido). Nesta mesma época, Jacobson se associou à Rational e o escopo do projeto da UML foi expandido para incorporar o método OOSE. Nasceu então, em junho de 1996, a versão 0.9 da UML.
Finalmente em 2000, a UML foi aprovada como padrão pelo OMG (Object Management Group), um consórcio internacional de empresas que define e ratifica padrões na área de Orientação a Objetos.
Onde pode ser utilizada.
A UML se destina principalmente a sistemas complexos de softwares. Tem sido empregada de maneira efetiva em domínios como os seguintes:
Visão geral.
UML 2.2, conforme o OMG, possui catorze tipos de diagramas, divididos em duas grandes categorias: Estruturais (7 diagramas) e Comportamentais (7 diagramas). Sete tipos de diagramas representam informações estruturais, e os outros sete representam tipos gerais de comportamento, incluindo quatro em uma sub-categoria que representam diferentes aspectos de interação. Estes diagramas podem ser visualizados de forma hierárquica, como apresentado no padrão de diagrama de classes abaixo:
Diagramas da UML 2.5.
Diagramas estruturais.
Os diagramas estruturais tratam o aspecto estrutural tanto do ponto de vista do sistema quanto das classes. Existem para visualizar, especificar, construir e documentar os aspectos estáticos de um sistema, ou seja, a representação de seu esqueleto e estruturas “relativamente estáveis”. Os aspectos estáticos de um sistema de software abrangem a existência e a colocação de itens como classes, interfaces, colaborações, componentes. E é representado em 7 tipos, segue abaixo as descrições:
Diagramas de classes.
O Diagrama de Classes é utilizado para fazer a representação de estruturas de classes de negócio, interfaces e outros sistemas e classes de controle. Além disso, o diagrama de classes é considerado o mais importante para a UML, pois serve de apoio para a maioria dos demais diagramas. Se dá pela formação de conjunto de informações sobre determinadas classes, que unidas entre si formam um sentido geral do projeto.
Exemplos:
Diagramas de objetos.
O diagrama de objetos representa os objetos de um diagrama de classes em um determinado instante de tempo, representando suas instâncias e seus relacionamentos, conforme definidos no diagrama de classes. Os objetos e suas instâncias demonstradas são utilizados para fazer a modelagem da visão estática do projeto de um sistema, a partir de situações da realidade ou de protótipos. Quando mostrado graficamente, é perceptível que o diagrama de objetos seja parecido com o de classes.
Exemplo: Uma classe carro, e o modelo Nissan 2007. O Nissan 2007 é objeto da classe carro.
Diagramas de componentes.
Este diagrama mostra os artefatos de que os componentes são feitos, como arquivos de código fonte, bibliotecas de programação ou tabelas de bancos de dados.
Diagramas de implementação ou instalação.
O diagrama de utilização, também denominado diagrama de implantação, consiste na organização do conjunto de elementos de um sistema para a sua execução.
Diagramas de pacotes.
Um diagrama de pacotes é composto de:
Diagramas de estrutura composta.
O Diagrama de Estrutura Composta é utilizado para modelar Colaborações. Uma colaboração descreve uma visão de um conjunto de entidades cooperativas interpretadas por instâncias que cooperam entre si para executar uma função específica. O termo estrutura desse diagrama refere-se a uma composição de elementos interconectados, representando instâncias de tempo de execução colaboram, por meio de vínculos de comunicação, para atingir algum objetivo comum. Esse diagrama também pode ser utilizado para definir a estrutura interna de um classificador.
Diagrama de perfil.
O Diagrama de perfil, definido a partir da UML 2.5, destina-se a criar uma visão ( ou customização de um metamodelo existente com construções específicas para um determinado domínio) do relacionamento entre classes para atender determinado domínio.
Diagrama comportamental.
Utilizado para visualizar, especificar, construir e documentar aspectos dinâmicos de um devido sistema. Considerando aspectos dinâmicos de um sistema como representação das suas partes que passam por alteração, assim como aspectos dinâmicos de uma casa abrangem a passagem de pessoas pelos cômodos, e a circulação de ar, também os aspectos dinâmicos de um sistema de software envolve itens como fluxo de mensagem ao longo do tempo.
UML também permite a representação de um sistema de forma padronizada, para facilitar na compreensão, e ainda auxilia a comunicação entre os objetos, e a identificação de processos.
Existem cinco tipos de diagramas comportamentais
Diagrama de caso de uso.
Organiza os comportamentos do sistema. Um diagrama de caso de uso mostra um conjunto de casos de uso e atores (um tipo especial de classe) e seus relacionamentos. Aplique esses diagramas para ilustrar a visão estática do caso de uso de um sistema. Os diagramas de caso de uso são importantes principalmente para organização e modelagem dos comportamentos de um sistema.
Exemplos:
Diagrama de sequência.
Enfatiza a ordem temporal das mensagens. Um diagrama de sequência é um diagrama de interação que da ênfase à ordenação temporal de mensagens. Um diagrama de sequência mostra um conjunto de papéis e as mensagens enviadas e recebidas pelas instâncias que representam os papéis. Use os diagramas de sequência para ilustrar a visão dinâmica de um sistema.
Diagrama de colaboração.
Enfatiza a organização estrutural de objetos que enviam e recebem mensagens. Um diagrama de comunicação é um diagrama de interação que da ênfase a organização estrutural dos objetos que enviam e recebem mensagens. Um diagrama de comunicação mostra um conjunto de papéis, as conexões existentes entre esses papéis e as mensagens enviadas e recebidas pelas instâncias que representam os papéis. Use os diagramas de comunicação para ilustrar a visão dinâmica de um sistema.
Diagrama de transição de estados.
Enfatiza o estado de mudança de um sistema orientado por eventos. Um diagrama de estados mostra uma máquina de estados, que consiste de estados, transições, eventos e atividades. Use o diagrama de estados para ilustrar a visão dinâmica de um sistema. Esses diagramas são importantes principalmente para fazer a modelagem do comportamento de uma interface, classe ou colaboração. Os diagramas de estados dão ênfase ao comportamento de um objeto, solicitado por eventos, que é de grande ajuda para a modelagem de sistemas reativos.
Diagrama de atividade.
Enfatiza o fluxo de controle de uma atividade para outra. Um diagrama de atividades mostra o fluxo de uma atividade para outro em um sistema. Uma atividade mostra um conjunto de atividades, o fluxo sequencial ou ramificado de uma atividade para outra e os objetos que realizam ou sofrem ações. Use os diagramas de atividades para ilustrar a visão dinâmica de um sistema. Esses diagramas são importantes principalmente para fazer a modelagem da função de um sistema. Os diagramas de atividade dão ênfase ao fluxo de controle na execução de um comportamento. Os diagramas de atividades dependem um do outro, há uma relação de dependência entre eles.
Metamodelagem.
A OMG desenvolveu uma arquitetura de metamodelagem para definir o UML, chamada de Meta-Object Facility. O MOF foi projetado como uma arquitetura de quatro camadas, como mostra a imagem à direita. Ele fornece um modelo meta-meta no topo, chamado camada M3. Este modelo M3 é a linguagem usada pelo Meta-Object Facility para construir metamodelos, chamados modelos M2.
O exemplo mais proeminente de um modelo Meta-Object Facility da camada 2 é o metamodelo UML, que descreve a própria UML. Esses modelos M2 descrevem elementos da camada M1 e, portanto, modelos M1. Esses seriam, por exemplo, modelos escritos em UML. A última camada é a camada M0 ou camada de dados. É usado para descrever instâncias de tempo de execução do sistema.
O meta-modelo pode ser estendido usando um mecanismo chamado estereótipo. Isso foi criticado por ser insuficiente/insustentável por Brian Henderson-Sellers e Cesar Gonzalez-Perez em "Uses and Abuses of the Stereotype Mechanism in UML 1.x and 2.0".
Ligações externas.
Introductory article for UML. Consultado em 7 de fevereiro de 2011
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1878 | Ator (UML) | Ator (UML)
Chama-se UML Ator ao estereótipo standard do UML usado para definir o papel que um utilizador representa relativamente ao sistema informático modelado. Um "ator" representa um conjunto coerente de papéis que os usuários de casos de uso desempenham quando interagem com esses casos de uso. Tipicamente, um ator representa um papel que um ser humano, um dispositivo de hardware ou até outro sistema desempenha com o sistema. De notar que um utilizador pode ser uma das seguintes entidades:
Por omissão o seu ícone representa a figura de um individuo.
Uma entidade pode ser representada por vários actores, já que pode estar a assumir diferentes papéis.
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1879 | Estereótipo UML | Estereótipo UML
Os estereótipos são um dos três mecanismos de extensibilidade da UML. Eles dão mais poder à UML, permitindo classificar elementos "com algo em comum". Por exemplo, ao modelar uma rede pode ser necessário ter símbolos para representar roteadores e hubs. Ao fazer isso você estará estereotipando um elemento, visto que todos os hubs terão o mesmo simbolo.
Graficamente, um estereótipo é representado por um nome entre « » (dois sinais de menor e dois sinas de maior). Esse símbolo geralmente vem após o elemento que esta sendo estereotipado. Por exemplo, em um diagrama de classes estereótipos podem ser utilizados para classificar o comportamento dos métodos, tais como «construtor» e «getter».
Estereótipos permitem adaptar ou personalizar modelos com construções específicas para um domínio, plataforma ou método de desenvolvimento particular.É um mecanismo de extensão que dá mais poder e flexibilidade à UML.
Podemos ter estereótipos de dois tipos: predefinidos pela linguagem ou definidos pela equipe de desenvolvimento.
Estereótipos predefinidos já vêm nativamente na linguagem (Ex: «Document», «Control», «Entity»).
No entanto, a equipe de desenvolvimento pode criar seus próprios estereótipos. Basta colocar o nome do elemento delimitado pelos símbolos
« vai aqui ». Além disso, os estereótipos podem ser definidos textualmente ou graficamente.
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1880 | Ubatuba | Ubatuba
Ubatuba é um município brasileiro localizado no litoral norte do estado de São Paulo. O território municipal ocupa km², 83 por cento dos quais localizados no Parque Estadual da Serra do Mar, enquanto a sua população, conforme estimativa do IBGE para 1.º de julho de 2021, era de habitantes, resultando em uma densidade populacional de 131,1 hab/km². O município é formado pela sede e pelo distrito de Picinguaba.
Ubatuba é um dos quinze municípios paulistas considerados estâncias balneárias pelo estado de São Paulo, por cumprirem determinados requisitos definidos por lei estadual. Tal "status" garante a esses municípios uma verba maior por parte do estado para a promoção do turismo regional. Também, o município adquire o direito de agregar junto a seu nome o título de estância balneária, termo pelo qual passa a ser designado tanto pelo expediente municipal oficial quanto pelas referências estaduais.
Toponímia.
Seu nome tem origem tupi e há pelo menos duas interpretações para o nome. Em tupi, "ubá" significa canoa, enquanto "u'ubá" significa cana-do-rio, que é uma gramínea que era utilizada na confecção de flechas pelos indígenas. Como "tyba" indica "ajuntamento", os dois termos, formando uma relação genitiva, podem significar tanto "ajuntamento de canoas" como "ajuntamento de canas-do-rio".
Eduardo Navarro, em seu "Dicionário de Tupi Antigo" (2013), explica que "ubá" no sentido de canoa só surgiu no final do século XVII, enquanto o nome Ubatuba data do século XVI. Por isso a segunda hipótese seria mais plausível.
História.
Ocupação indígena.
No século XVI, Ubatuba fazia parte de uma região litorânea maior ocupada pelos indígenas tupinambás. A primeira possível referência ao local aparece na obra de Hans Staden, que permaneceu cativo numa aldeia chamada "Uwatibi", em Angra dos Reis, a qual tinha o mesmo nome do local da atual cidade de Ubatuba, sítio em que os índios tupinambás se reuniam com muitas canoas para expedições de guerra contra os tupiniquins e os portugueses em "Burikioca" (Bertioga) e "Upau-Nema" (São Vicente).
Tanto Hans Staden quanto outros autores europeus da época mencionam que o chefe supremo dos tupinambás era Cunhambebe e que seu território se estendia desde o Rio Juqueriquerê, em Caraguatatuba, até o Cabo de São Tomé, no leste do estado do Rio de Janeiro, abrangendo também todo o território ao longo do Rio Paraíba do Sul. Apenas décadas mais tarde, nos relatos de José de Anchieta, é que encontramos menção à aldeia de "Iperoig", que pode significar "rio do tubarão" ou "rio das perobas".
Iperoig e a luta contra os franceses.
Os índios tupinambás estiveram entre os primeiros índios brasileiros a sofrer o impacto dos portugueses, uma vez que foram escravizados para os engenhos de cana-de-açúcar em São Vicente. Isso motivou uma firme aliança dos tupinambás com os franceses da França Antártica, que ocuparam a região da baía de Guanabara. Essa aliança, liderada por Cunhambebe, ficou conhecida como Confederação dos Tamoios.
Em 1563, José de Anchieta partiu com Manuel da Nóbrega de São Vicente para a aldeia de Iperoig, com o objetivo de pacificar os tupinambás. Anchieta permaneceu refém durante vários meses em Iperoig, enquanto Manuel da Nóbrega voltou a São Vicente acompanhado de Cunhambebe para acertar o tratado de paz conhecido como Paz de Iperoig.
Com a paz estabelecida com os índios tupinambás fronteiriços a São Vicente, os portugueses destruíram boa parte da nação tupinambá em conflitos na baía de Guanabara (em Uruçumirim - atual aterro do Flamengo) e em Cabo Frio, expulsando os franceses da região.
Criação da vila.
Enquanto os remanescentes tupinambás da Guanabara e de Cabo Frio se embrenharam mata adentro, abrindo espaço para a fundação do Rio de Janeiro, a população da região de Iperoig, em sua maioria, permaneceu em seus locais. Com o objetivo de assegurar a posse portuguesa da colônia, o então governador-geral empreendeu um esforço para colonizar a área. Assim, em 28 de outubro de 1637, a Aldeia de Iperoig foi elevada a vila, com o nome de Vila Nova da Exaltação à Santa Cruz do Salvador de Ubatuba, subordinada à sessão norte da Capitania de Itanhaém.
Ao longo do século XVIII, a produção agrícola cresceu e a Baía de Ubatuba se transformou no mais movimentado porto da Capitania de São Vicente. Em 1789, entretanto, o governo de Lorena determinou que toda exportação só poderia ser feita pelo Porto de Santos, o que levou à primeira decadência econômica de Ubatuba. O governador seguinte, Melo de Castro e Mendonça, concedeu novamente o direito ao livre comércio da vila.
Ascensão e decadência econômica.
Ao longo do século XIX, Ubatuba foi uma cidade rica, graças à atividade portuária. Em 1855, a cidade passou de vila a comarca. Alguns exportadores cogitaram a construção de uma ferrovia, para rivalizar com os portos de Santos e do Rio de Janeiro. Essa ferrovia foi impedida pelo governo brasileiro, através de moratória. Com a gradual perda de importância para suas concorrentes mais bem abastecidas, no final do século Ubatuba mergulhava em isolamento e decadência econômica.
Recuperação turística.
Em 21 de abril de 1933, o engenheiro Mariano Montesanti inaugurou sua rodovia descendo para Ubatuba a partir de Taubaté, fazendo a primeira ligação por estrada com o planalto e o vale do Paraíba. Essa estrada deu grande impulso ao turismo no litoral recortado do município, principalmente da população de Taubaté. As casas de veraneio passaram a abundar na cidade. Em 1948, Ubatuba conquistou a categoria de estância balneária.
Em 1977 foi criado o Parque Estadual da Ilha Anchieta na ilha homônima, localizada a menos de um quilômetro do litoral de Ubatuba, que passou a ser área de proteção ambiental. Entre 1908 e 1955 a ilha Anchieta abrigou um presídio federal, desativado três anos depois de uma das piores rebeliões da história do sistema prisional brasileiro, protagonizada em 20 de junho de 1952.
A especulação imobiliária e turística, entretanto, contribuiu para a rápida destruição do patrimônio histórico de Ubatuba. Hoje, sobram poucas mostras da ocupação antiga: o exemplo mais destacado talvez seja o Sobradão do Porto. Hoje, Ubatuba resgata seu passado na cultura caiçara, nas ruas, nas festas de origem portuguesa, na tradição quilombola e indígena, e nos edifícios históricos restantes, revelando seu potencial como estância balneária para o turismo.
Geografia.
A cidade de Ubatuba está localizada no litoral norte do Estado de São Paulo, distante 250 quilômetros da capital estadual. Limita-se ao norte com Paraty (Rio de Janeiro), ao sul com Caraguatatuba, a oeste com Cunha, São Luiz do Paraitinga e Natividade da Serra e a leste com o Oceano Atlântico, achando-se na latitude 23°26'21,45". A cidade é cortada pelo Trópico de Capricórnio, passando em frente à pista do aeroporto local.
Ubatuba é cercada pela Serra do Mar e sua exuberante Mata Atlântica. Quase oitenta por cento do território da cidade de Ubatuba consiste em áreas de preservação. O Parque Estadual da Serra do Mar, criado para proteger e preservar a mata atlântica, tem três núcleos dentro de Ubatuba: Cunha-Indaiá, Santa Virgínia e Picinguaba. Além disso, a cidade possui uma sede do Projeto TAMAR, destinada à conservação das espécies de tartarugas-marinhas do litoral brasileiro.
Hidrografia.
Os rios e córregos que cortam Ubatuba são: Rio da Prata, Rio Maranduba, Rio Escuro, Rio Grande de Ubatuba, Rio Indaiá, Rio Itamambuca, Rio Puruba, Rio Iriri, Rio Fazenda, Rio das Bicas, córrego Duas Irmãs, Córrego Lagoinha, Rio Acaraú, Rio Promirim, Rio Quiririm e Rio Ubatumirim.
Clima.
O clima de Ubatuba é o tropical litorâneo úmido ou tropical atlântico, com chuvas abundantes ao longo do ano, mais frequentes no verão, sem estação seca, e com mês mais frio possuindo temperatura média igual ou acima de . Com quase horas de sol por ano, a umidade do ar é relativamente elevada e o índice pluviométrico é de milímetros/ano, o que é refletido pelo apelido "Ubachuva" que a cidade recebe, devido ao seu clima chuvoso.
Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), referentes ao período de 1961 a 1967 e 1971 a 2009, a temperatura mínima absoluta registrada em Ubatuba foi de em 1° de junho de 1979, e a maior atingiu em 9 de setembro de 1997. O maior acumulado de precipitação em 24 horas atingiu em 22 de janeiro de 1976. Outros grandes acumulados superiores a 200 mm foram em 5 de abril de 2005, em 5 de janeiro de 1992, em 1° de abril de 1985, em 13 de fevereiro de 1996, em 19 de abril de 1990, em 11 de janeiro de 1978 e em 12 de março de 1998. O menor índice de umidade relativa do ar foi de 21% em 1997, nos dias 8 de junho e 9 de setembro daquele ano.
Litoral.
Ubatuba possui mais de 100 praias distribuídas pelo seu litoral. Dentre ela, as mais conhecidas são: Maranduba, Itamambuca, Vermelha do Norte, Grande, Enseada, Lázaro, Santa Rita, Félix, Toninhas, Perequê e Saco da Ribeira.
Além disso, a cidade possui algumas ilhas, como a Ilha das Couves, Ilha da Almada e a Ilha Anchieta. Esta última possui presídio desativado, que, no passado, foi utilizado para também manter presos políticos; ela pode ser acessada a partir do Saco da Ribeira, é possível visitar as suas ruínas e conhecer a praia do Presídio.
Política.
Os atuais líderes políticos de Ubatuba são:
Estrutura urbana.
Educação.
A cidade de Ubatuba abriga um "campus" da Universidade de Taubaté (UNITAU), que oferece diversos cursos de graduação em nível superior na modalidade educação a distância (EAD).
Transportes.
As principais vias de acesso à cidade são as duas rodovias estaduais que a cruzam: a Rodovia Rio-Santos (SP-55), ligando Ubatuba a outras cidades do litoral norte paulista, bem como à costa verde do Rio de Janeiro; e a Rodovia Oswaldo Cruz (SP-125), ligando Ubatuba a Taubaté, no Vale do Paraíba.
Além disso, há também o Aeroporto de Ubatuba.
Comunicações.
Na telefonia fixa, a cidade era atendida pela Companhia de Telecomunicações do Estado de São Paulo (COTESP), que construiu em 1971 a centrais telefônicas no centro da cidade e na Praia do Lázaro, utilizadas até os dias atuais. Em 1975 passou a ser atendida pela Telecomunicações de São Paulo (TELESP), que construiu as outras centrais telefônicas da cidade até que em 1998 esta empresa foi privatizada e vendida para a Telefônica. Em 2012 a empresa adotou a marca Vivo.
Arquitetura Histórica.
Ubatuba é uma das mais antigas cidades e povoamentos do Litoral Norte de São Paulo. Mesmo assim, pouco de suas características arquitetônicas originais encontram-se preservadas. Boa parte dos antigos casarões da cidade foram demolidos com o passar dos anos devido ao aumento da especulação imobiliária além do desinteresse e desinformação sobre tais casas.
Restando poucos exemplares dessa história, encontra-se na região central da cidade, a Igreja Matriz, construída em 1866, com características barrocas; próximo à ela existe o Casarão/Sobradão do Porto, erguido em 1846 pelo armador português Manoel Baltazar da Cunha Fortes. Há também o Ateneu Ubatubense, construção do séc. XIX, e antiga residência do Professor Thomaz Galhardo, autor da primeira cartilha de alfabetização do Brasil. O prédio já serviu como casa, Câmara Municipal e atualmente funciona como Secretaria de Municipal de Turismo.
A antiga Cadeia Municipal (Cadeia Velha), é um prédio atualmente na região comercial de Ubatuba; construído no século XX e projetado por Euclides da Cunha, atualmente funciona nela o Museu Histórico de Ubatuba.
Mais afastado do centro da cidade, no bairro da Lagoinha, existem as Ruínas da Lagoinha, conjunto arquitetônico composto pelo que restou do antigo engenho da Fazenda do Bom Retiro, e dos pilares de uma suposta fábrica de vidros (tida como a primeira do Brasil).
Destaca-se também as Ruínas da Ilha Anchieta, local onde funcionava a Colônia Correcional da Ilha dos Porcos; inicialmente um presídio para presos comuns e menores infratores; o local recebeu também presos políticos durante a primeira metade do século XX. Em 1952, ocorre uma sangrenta rebelião e fuga de prisioneiros (neste período, novamente presos comuns), considerada uma das piores rebeliões do sistema carcerário brasileiro. O presídio foi desativado em 1955 e a ilha tornou-se Parque Estadual, tombado em 1985.
Cultura.
Festas Religiosas e Culturais.
Festa do Divino Espírito Santo.
Uma das mais antigas manifestações religiosas do Brasil, trazida pela rainha Isabel de Portugal, a novena é rezada há mais de dois séculos, segundo antigos caiçaras. A festa é comemorada há mais de 150 anos, de Norte à Sul da cidade.
Embora liturgicamente o Divino Espírito Santo seja comemorado no dia de Pentecostes, na cidade a festa ocorre tradicionalmente no mês de Julho, coincidindo com a época de migração das Tainhas, que eram pescadas e assadas na brasa, tornando esta a principal iguaria culinária da festa.
A festividade ocorre anualmente e conta com programação litúrgica e religiosa (como novena, missas e procissões), gastronômica (com as barracas de comidas típicas) e cultural (com shows, apresentações de danças típicas da cidade, além da coroação do Imperador e Imperatriz).
Festa de São Pedro Pescador.
Festa da cidade com quase 100 anos de tradição. A comemoração é feita em honra do padroeiro de Ubatuba, São Pedro. Ocorre no mês de junho, período da festa litúrgica de São Pedro e que também coincide com a época de migração das Tainhas (portanto, um período de maior abastança para as comunidades de pescadores tradicionais).
Desde 1954 é realizado junto da festa, a procissão marítima, com barcos e canoas que saem do Rio Grande de Ubatuba em direção ao mar e realizam uma oração para a cidade além da Benção dos Anzóis, pedindo uma pesca abundante durante todo o ano. Alguns anos depois foi criado o Concurso Rainha dos Pescadores, que escolhe entre as jovens da cidade uma Miss.
Com o passar dos anos, a festa foi crescendo e impactando cada vez mais no turismo da cidade, tendo uma programação cultural (com shows, barracas de comidas típicas, danças, leilão de remos e apresentações da cidade, além de shows com bandas e músicos), além de uma programação religiosa (que culmina com a Missa Campal, no dia 29 de Junho, dia de São Pedro e feriado municipal).
Peregrinações e Romarias.
A cidade tem tradição com peregrinações a pé e romarias, em direção a Aparecida. Houve práticas de antigos caiçaras de realizar esse trajeto como forma de agradecer ou pedir graças à Nossa Senhora Aparecida. Na região do centro, a mais antiga e tradicional romaria ocorre há mais de 20 anos, saindo todos os anos entre os meses de novembro e dezembro da Paróquia Exaltação à Santa Cruz, tendo duração aproximada de cinco dias. Esta romaria é geralmente a mais numerosa da cidade (contando também com a participação de romeiros de cidades próximas que vão a Ubatuba para realizar o trajeto) e impacta na vida cultural, religiosa e econômica de Ubatuba, e também nos locais de passagem, como Catuçaba e Lagoinha.
Esportes.
Ubatuba é muito frequentada por esportistas náuticos:
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1881 | URI | URI
Uniform Resource Identifier (URI) é um termo técnico (e anglicismo de tecnologia da informação) que foi traduzido para a língua portuguesa como um "identificador uniforme de recurso", é uma cadeia de caracteres compacta usada para identificar ou denominar um recurso na Internet. O principal propósito desta identificação é permitir a interação com representações do recurso através de uma rede, tipicamente a Rede Mundial, usando protocolos específicos. URIs são identificados em grupos definindo uma sintaxe específica e protocolos associados.
Relação com URL e URN.
Um URI "pode" ser classificado como um localizador (URL) ou um nome (URN), ou ainda como ambos.
Um Nome de Recurso Uniforme URN - Uniform Resource Name é como o nome de uma pessoa, enquanto que um Localizador de Recurso Uniforme URL - Uniform Resource Locator é como o seu endereço. O URN define a identidade de um item, enquanto que o URL dá-nos um método para o encontrar.
Um URN típico é o sistema ISBN para identificar individualmente os livros. ISBN 0-486-27557-4 (urn:isbn:0-486-27557-4) cita sem equívocos uma edição específica da obra de Shakespeare "Romeu e Julieta" - Romeo and Juliet . Para aceder a este objeto e ler o livro, é necessário obter a sua localização, ou seja, através de um endereço URL. Um URL típico para este livro é um caminho de arquivos, como codice_1, identificando o livro eletrónico salvo no disco de um PC local. Então o propósito de URNs e URLs é o de serem complementares.
Aspectos técnicos.
Um URL é um URI que, além de identificar um recurso, provê meios de agir sobre obter e representar este recurso, descrevendo o seu mecanismo de acesso primário ou a localização na "rede". Por exemplo, o URL "http://www.wikipedia.org/" é um URI que identifica um recurso (Wikipedia) e implica a representação deste recurso (como o código HTML atual da página, como caracteres codificados está disponível via HTTP de um hospedeiro de redes chamado www.wikipedia.org. Um URN é um URI que identifica um recurso pelo nome e um espaço de nome em particular. Um URN pode ser usado para falar sobre um recurso sem definir a sua localização ou como o aceder. Por exemplo, o URN "urn:isbn:0-395-36341-1" é um URI que especifica o sistema de identificação, em outras palavras, Número de Livro Padrão Internacional ISBN - International Standard Book Number , como a única referência neste sistema e permite falar sobre o livro, mas não sugere onde ou como obter uma cópia real dele.
Em publicações técnicas, especialmente padrões produzidos pela IETF e pelo W3C, o termo "URL" tem sido depreciado, já que raramente se torna necessária uma distinção entre URLs e URIs. Porém, fora de contextos técnicos e em software para a Rede Global, o termo "URL" permanece ambíguo. Além disso, o termo "endereço web", que não possui qualquer definição formal, geralmente é usado em publicações não-técnicas como sinónimo para URL ou URI, embora geralmente se refira apenas a conjuntos URL "http" ou "https".
RFC 3305.
Muito desta discussão é tirado da RFC3305, intitulada "Reportagem do planeamento da união W3C/IETF URI interessa grupo: Uniform Resource Identifiers (URIs), Uniform Resource Locator (URLs) e Uniform Resource Names (URNs): Explicações e Recomendações". Este RFC esboça o trabalho de um grupo de trabalho para união W3C/IETF que foi instalado especialmente para normalizar as visões divergentes levadas com o IETF e W3C, por meio das quais a relação foi entre os diversos termos e padrões "UR*". Enquanto não publicada uma padronização por ambas as organizações, tornou-se a base para um entendimento comum e tem informado muitos padrões.
Sintaxe.
A sintaxe URI é essencialmente um nome de conjunto URI como "HTTP", "FTP", "mailto", "URN", "tel", "rtsp", "file" etc, seguido de um caractere dois pontos e, por fim, a parte específica do conjunto. A sintaxe e a semântica desta parte específica é determinada pelas especificações que governam o conjunto, embora a sintaxe URI force todos os conjuntos a aderirem a uma síntese genérica que, além de outras coisas, reserva certos caracteres para propósitos especiais, mesmo sem dizer sempre quais esses propósitos são. A sintaxe URI também força restrições na parte específica do conjunto para, por exemplo, manter um certo grau de consistência quando a parte possui uma estrutura hierárquica. "Codificação URL" geralmente é um aspecto mal-compreendido da sintaxe URI.
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1882 | Universidade de Coimbra | Universidade de Coimbra
A Universidade de Coimbra (UC) é uma universidade pública localizada na cidade de Coimbra, em Portugal. É uma das universidades mais antigas do mundo ainda em operação, sendo a mais antiga e uma das maiores do país. Composta por 3 polos, 8 faculdades e 18 museus, a instituição conta ainda com o Jardim Botânico e o Estádio Universitário de Coimbra em um espaço com 25 188 alunos em 2020.
A sua história remonta ao século seguinte ao da fundação da nação portuguesa, dado que foi criada a 1 de Março de 1290, quando o rei D. Dinis I assinou na cidade de Leiria o documento "Scientiae thesaurus mirabilis", criando a universidade, o qual foi intermediado e confirmado pelo Papa. Fixada definitivamente na cidade de Coimbra em 1537, sete anos depois, todas as suas faculdades se instalam no antigo Paço Real da Alcáçova (denominado Paço das Escolas, após a sua aquisição pela Universidade de Coimbra em 1597).
Organizada em oito faculdades, de acordo com uma variedade de campos de conhecimento, a universidade oferece todos os graus académicos em arquitetura, educação, engenharia, humanidades, direito, matemática, medicina, ciências naturais, psicologia, ciências sociais e desporto.
A Universidade de Coimbra possui aproximadamente 25 mil estudantes, abrangendo uma das maiores comunidades de estudantes internacionais em Portugal, sendo a sua universidade mais cosmopolita. Além disso, é o membro-criador do chamado Grupo Coimbra, uma rede de universidades europeias cujo objetivo é a colaboração académica entre os elementos do grupo. Em 22 de junho de 2013 foi declarada Património Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
A nível mundial, a Universidade de Coimbra destaca-se ainda pelo seu alinhamento com os objectivos de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas, tendo alcançado a 21.º posição no ranking publicado pela Times Higher Education (THE) o qual inclui mais de 1000 universidades e politécnicos de todo o mundo.
História.
A bula do Papa Nicolau IV, datada de 9 de agosto de 1290, reconheceu o "Estudo Geral", com as faculdades de Artes, Direito Canônico, Direito Civil e Medicina, reservando-se a Teologia aos conventos Dominicanos e Franciscanos.
A universidade, inicialmente instalada na zona do atual Largo do Carmo, em Lisboa, foi transferida para Coimbra, para o Paço Real da Alcáçova, em 1308. Voltou em 1338 para Lisboa, onde permaneceu até 1354, ano em que regressou para Coimbra. Ficou nesta cidade até 1377 e voltou de novo para Lisboa neste ano.
Permaneceu em Lisboa até 1537, data em que foi transferida definitivamente para Coimbra, por ordem de D. João III. Sete anos mais tarde todas as suas Faculdades se instalam no histórico Paço Real da Alcáçova. Data de 1597 a aquisição (a Dom Filipe I), pela Universidade de Coimbra, do Paço da Alcáçova, que a partir daí passou a designar-se Paço das Escolas (o centro histórico da Universidade).
A universidade recebeu os seus primeiros estatutos em 1309, com o nome "Charta magna privilegiorum". Os segundos estatutos foram outorgados no ano de 1431, durante o reinado de D. João I, com disposições sobre a frequência, exames, graus, propinas e ainda sobre o traje académico. Já no reinado de D. Manuel I, em 1503, a Universidade recebeu os seus terceiros estatutos, desta vez com considerações sobre o reitor, disciplinas, salários dos mestres, provas académicas e cerimónia do ato solene de doutoramento.
Desde o reinado de D. Manuel I, todos os Reis de Portugal passaram a ter o título de «Protetores» da Universidade, podendo nomear os professores e emitir estatutos.
O poder real, bastante mais centralizado a partir de D. João II, criava uma dependência da universidade em relação ao Estado e à política, pelo que a preponderância dos estudos jurídicos se estabeleceu em Portugal.
A 27 de Dezembro de 1559, no reinado de D. Sebastião, Baltazar de Faria fez a entrega dos Quartos Estatutos, nos quais se determinou que o reitor fosse eleito pelo Claustro, disposição essa nem sempre foi cumprida pelo poder régio. Nesse mesmo ano, a 1 de Novembro, tinha sido solenemente aberta a Universidade de Évora, entregue aos jesuítas.
Em 1591, de Madrid, vieram os Sextos Estatutos (os quintos foram deixados de lado, nunca tendo entrado em vigor) e foram apresentados em Claustro no ano seguinte. Determinava-se que a Universidade indicasse três nomes para o cargo reitoral, escolhendo o rei um deles.
No reinado de D. João V, João Frederico Ludovice terá feito o risco para a Torre da Universidade de Coimbra e portal da Biblioteca. Xavier da Costa ao citar os monumentos da era joanina, falando da Biblioteca (1716-1725), e da Torre (1728-1733), diz que não será injustificado atribuírem-se os seus projetos a Ludovice. Aludindo o parentesco que encontramos entre o Pórtico da mesma Biblioteca e o Portal da Capela Octogonal do Senhor das Barrocas em Aveiro. As mísulas laterais em que se apoiam os arcos, as colunas jónicas, os frisos têm um ar de parentesco nos dois pórticos, muito diferentes, porem no coroamento, pois o de Aveiro, com os seus frontões, um entrecortado outro partido, reúne uma decoração escultórica que prova grande influência dos artistas entalhadores e dos lavrantes da pedra e ourivesaria. Não será despropositado lembrar também o nome ou a influência de Ludovice, ao citar a porta do Antigo colégio de São Jerónimo, em Coimbra, de frontão muito ondulado e partido, apoiado sobre “ gaines” - uma espécie de scabellum ou de pedestais esguios que substituem as colunas - esteios que Borromini já empregara e que o arquiteto de Mafra também aplicou na janela central do segundo andar do seu palácio de Lisboa em S.Pedro de Alcântara, concluído em 1747.
A Torre da Universidade de Coimbra, tem 33,5 metros de altura, constitui o emblema tradicional de Coimbra. Começou a construir-se em 1728 e foi terminada em 1733. No topo sobre o relógio, abre-se um miradouro do qual se desfruta uma panorâmica esplendorosa da cidade e do vale do Mondego. Nesta Torre está, entre outros sinos, a célebre «Cabra», que marcava as horas do despertar e do recolher dos estudantes.
No reinado de D. José I, a Universidade sofreu uma profunda alteração. Em 28 de Junho de 1772 o rei ratifica os novos estatutos (Estatutos Pombalinos), que marcam o início da Reforma. Esta manifestava, sobretudo, um grande interesse pelas ciências da natureza e pelas ciências do rigor, que tão afastadas se encontravam do ensino universitário.
É igualmente passado u alvará, a 28 de Agosto, extinguindo a Mesa da Fazenda da Universidade de Coimbra criando, em sua substituição uma Junta de Administração e Arrecadação com cofre, tesoureiro, contadoria e executória.
Em 1836 dá-se a fusão da Faculdade de Cânones e de Leis na Faculdade de Direito, e que veio a contribuir fortemente para a construção do novo aparelho legal liberalista.
Em 1911, a Universidade recebe novos estatutos com o objetivo de criar uma certa autonomia administrativa e financeira e criava também um sistema de bolsas para fazer aumentar o número de alunos no ensino superior.
Foi criada a Faculdade de Letras, que herdou as instalações da extinta Faculdade de Teologia, enquanto as Faculdades de Matemática e de Filosofia (criadas na Reforma Pombalina) eram convertidas na Faculdade de Ciências.
A 10 de Agosto de 1940 recebeu a Grã-Cruz da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico.
Mas a maior alteração na história recente da Universidade dá-se a partir de 1942, quando grande parte da zona residencial da Alta de Coimbra foi demolida para dar lugar ao complexo monumental da moderna Universidade, até então alojada no antigo paço real com alguns elementos dispersos pela cidade. Esta obra de vulto, a cargo dos arquitetos Cottinelli Telmo e Luís Cristino da Silva seria concluída em 1969.
Com o 25 de Abril de 1974 inicia-se um novo período da vida portuguesa e universitária, que foi alvo de várias reformas para acompanhar a nova dinâmico política. Em 1989 são publicados os estatutos que estão atualmente em vigor.
Durante os seus mais de sete séculos de existência, a Universidade, hoje uma instituição de referência, foi crescendo, primeiro por toda a Alta de Coimbra e depois um pouco por toda a cidade, encontrando-se atualmente ligada a gestação de ciência e tecnologia e à difusão de cultura portuguesa no mundo.
Continuando a manter o renome de outros tempos, é, de um modo geral, indiscutível a qualidade do ensino na Universidade de Coimbra dentro do muito fragmentado panorama nacional de ensino superior. No que toca, por exemplo à Faculdade de direito (FDUC), é de notar o relatório de avaliação externa das Faculdades de Direito Portuguesas, tendo a FDUC ficado no mais alto lugar do pódio no que toca ao ensino das leis, à frente de todas as outras faculdades do país. Todas as 8 faculdades têm cursos e departamentos geralmente considerados de excelência a nível nacional, e nalguns casos internacional.
Na edição de 2017 do Ranking de Xangai, a instituição ficou classificada no intervalo [401-500], sendo a quarta universidade portuguesa mais bem colocada naquela classificação, após a Universidade de Lisboa, a Universidade do Porto e a Universidade de Aveiro.
Reputação.
A reputação da Universidade de Coimbra no ensino e na investigação é testemunhada por rankings e relatórios externos independentes. De acordo com o The Times Higher Education Supplement (2007 QS World University Rankings, da QS – Quacquarelli Symonds), a Universidade de Coimbra ocupa a 3ª posição entre as universidades dos países de língua portuguesa (atrás da Universidade de São Paulo e da Universidade de Campinas), e ficou em 318º lugar no ranking mundial geral. Foi classificada como número um entre as universidades dos países de língua portuguesa em 2006.
A Universidade de Coimbra está entre os principais polos científicos e tecnológicos de investigação aplicada e fundamental em Portugal. Um dos supercomputadores mais potentes de Portugal pertence à Universidade de Coimbra e é gerido pelo Laboratório de Computação Avançada do Departamento de Física da Universidade de Coimbra.
Faculdades.
Hoje, a Universidade de Coimbra conta com oito Faculdades (Letras, Direito, Medicina, Ciências e Tecnologia, Farmácia, Economia, Psicologia e Ciências da Educação, Ciências do Desporto e Educação Física) e cerca de 25 mil alunos.
Atualmente a Universidade espalha-se por três grandes polos:
A Faculdade de Economia, situada num palacete da Avenida Dias da Silva, está afastada dos outros 3 polos, e foi criada em 1972.
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1884 | Umbandismo | Umbandismo
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1885 | Umbanda | Umbanda
Umbanda é uma religião afro-brasileira que sintetiza o culto aos Orixás e aos demais elementos das religiões africanas, em especial Iorubá, com indígenas e cristãs, porém sem ser definida por eles.
Estruturada como religião no início do século XX em São Gonçalo, Rio de Janeiro, a partir do sincretismo entre candomblé, o catolicismo e o espiritismo que já se vinha operando ao longo do final do século XIX em quase todo o Brasil. É considerada uma "religião brasileira por excelência" caracterizada pelo síntese entre a tradição dos orixás africanos, os santos católicos e os espíritos tradicionais de origem indígena.
O dia 15 de novembro é considerado a data do surgimento da Umbanda como religião organizada, e foi oficializado no Brasil em 18 de maio de 2012 pela Lei 12.644. Em 8 de novembro de 2016, após estudos do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), a umbanda foi incluída na lista de patrimônios imateriais do Rio de Janeiro por meio de decreto.
Etimologia.
"Umbanda" ou "Embanda" são oriundos da língua quimbunda de Angola, significando "magia", "arte de curar". Há também a suposição de uma origem em um mantra na língua adâmica cujo significado seria "conjunto das leis divinas" ou "deus ao nosso lado".
Também era conhecida a palavra "mbanda" significando “a arte de curar” ou “o culto pelo qual o sacerdote curava”, sendo que "mbanda" quer dizer “o Além, onde moram os espíritos”.
Já as vertentes caracterizadas pela negação de alguns elementos africanos, como a "Umbanda Branca", declarou após o I Congresso do Espiritismo de Umbanda de 1941 que "Umbanda" vinha das palavras do sânscrito "aum" e "bhanda", termos que foram traduzidos como "o limite no ilimitado", "Princípio divino, luz radiante, a fonte da vida eterna, evolução constante".
História.
Século XVII - Calundu dos escravizados.
As primeiras comunidades religiosas afro-brasileiras que se têm documentadas surgiram ainda no século XVII. É provável que a mais antiga documentação de práticas rituais africanas no Brasil seja uma pintura de Zacharias Wagener datada, no mais tardar, de 1641. Praticadas pelos escravos, essas comunidades religiosas e suas práticas de culto ficaram conhecidas como Calundu. Os Calundus surgiram a partir das chamadas "rodas de batuques," onde os escravos dançavam, tocavam atabaques em seus momentos de folga ao redor das senzalas. Eram ostensivamente perseguidos pelas autoridades civis e colonizadores portugueses."" Existia no Calundu o sincretismo entre as crenças africanas, com Pajelança indígena e Catolicismo.
Um documento da Inquisição Portuguesa de 1646 demonstra a presença de um sacerdote de Angola atuando na Capitania da Bahia de Todos os Santos, chamado Domingos Umbata, e descreve uma Gira de Inquice numa sessão de Calundu: "[...] "Com uma tigela grande cheia de água, com muitas folhas e uma cascavel, um dente de onça, viu a testemunha algumas negras que se estavam lavando naquela tigela para abrandar as condições de suas senhoras” e outra noite foi à sua casa, pela meia noite ver “uma grande bula e matinada com muita gente e ele só falava língua que ele (o denunciante) não entende”. Na tigela com água punha também carimã, com a qual fazia uma cruz e círculo à volta, depois botava-lhe uns pós por cima e a mexia com uma faca e ficava fazendo como se estivera ao fogo e inclinando-se sobre a tigela, falava com ela, olhando de revés para as negras presentes em sua língua [...]""
O Calundu vai se dividir em duas vertentes importantes: a Cabula e o Candomblé Bantu ou Angola. A Cabula sincretizava as crenças africanas do Calundu com o catolicismo, pajelança indígena — sincretismo já existente no Calundu — e espiritismo kardecista. Com o crescimento do número de escravos vindos de diversos lugares, o Calundu passa a ser cultuado de forma mais elaborada, dando início ao Candomblé, que manteve o ritualismo Bantu, com uma fraca sincretização com Catolicismo.
Com a chegada dos povos Iorubás, quetos, Oiós, Ijexá, Ijebu Odé, Ibadan, Egbás e Jejes que desejavam preservar com mais intensidade os elementos ritualísticos africanos de seus territórios de origem, — mas sem deixarem de utilizar o sincretismo católico como forma de se livrarem das perseguições feitas pelos colonizadores e pelas elites dominantes, — surgem as demais linhas do candomblé, como o Candomblé-Ketu e o Candomblé-Jeje. Com o tempo, os templos de cabula e banto que não aderiram aos sincretismos e às influências jejê-nagô existentes na sua versão fluminense, passam a dar origem aos terreiros de "Umbanda Angola e Almas" e "Umbanda Omolokô".""
Século XVII a XIX - A Cabula.
Muitos estudiosos remontam as origens da Umbanda, de forma prática, aos rituais dos antigos centros de Cabula, conhecidos popularmente como "Macumba" já existentes desde o século XVIII. Populares no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo e Bahia, muitos terreiros de Cabula já sincretizavam rituais africanos com catolicismo e crenças indígenas. Daí, Zélio Fernandino de Morais adapta rituais desses terreiros sob uma roupagem espírita kardecista, dando surgimento a Umbanda como religião organizada, que depois se conhece por "Umbanda branca e demanda". Os terreiros das zonas rurais e periferias urbanas conhecidos como Macumba Popular, e ainda hoje como Umbanda Popular, descendem dos terreiros de Cabula que não foram absorvidos pelo espiritismo de Zélio. Alguns ritos umbandistas como Omolokô, Almas e Angola também surgiram a partir desses terreiros de Cabula, mas absorvendo mais influências do Candomblé. A Cabula se dividiu em dois grupos principais:
Surgiu em meados do século XIX, em Minas Gerais e na Bahia e é descendente direta do Calundu praticado pelos escravizados. Espalhou-se pelos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, onde sofreu perseguição das elites cristãs até os dias de hoje. A Cabula Bantu sincretizava o Calundu, a religião Bantu, com elementos do catolicismo, crenças indígenas e, já nas últimas décadas do século XIX, espiritismo.
A Macumba Popular surgiu no final do século XIX, no Rio de Janeiro e espalhou-se rapidamente em São Paulo e Espírito Santo. Essa Macumba Popular do Rio diferenciava-se da Cabula Bantu de Minas e Bahia pela influências do ritualismo e práticas jejê-nagô e do esoterismo europeu através de publicações como "O Livro de São Cipriano da Capa Preta." Tanto no Rio de Janeiro, como em São Paulo e no Espírito Santo, a Macumba agregava em si elementos religiosos dos mais variados tipos e origens como as crenças já populares no Brasil, as luso-brasileiras, as árabes, as francesas, as ciganas, as hebraicas e tantas outras oriundas de várias partes do mundo."" A Macumba era altamente sincrética ao agregar em si diversas concepções religiosas e diversidade ritualística nos terreiros.
Por conta de seu sincretismo, esta Macumba Popular era frequentada por parte da elite como também pelas classes menos favorecidas e pessoas de diversas religiões e origens. O jornalista João do Rio falará a respeito disso: "A mistura na Macumba não estava presente somente nos mitos, ritos e doutrinas, mas também, estava no campo social que era totalmente heterogêneo. Frequentavam seus cultos pessoas de diversos níveis da sociedade, misturando-se no mesmo espaço, grandes empresários, altos funcionários do governo, delegados e policiais, com simples operários, favelados, ladrões, bandidos, assassinos, malandros gigolôs e homossexuais. Senhoras e moças brancas da alta sociedade com as domésticas pretas e as prostitutas." Desta Macumba se dividirão dois grupos principais: um atrelado ao espiritismo kardecista, que irá abolir os elementos "bantu" e iorubás como o sacrifício de animais e o uso de atabaques, considerados pelo seu racismo como "primitivos" e "selvagens", dando origem à "Umbanda branca e demanda", de Zélio; e outro, a "Umbanda Popular", que continuou seu curso normal, mas relegado à marginalidade pela classe média e alta.
Zélio Fernandino e o anúncio da Umbanda.
Por volta de 1907/1908 (15 de novembro de 1908) (as fontes divergem quanto à data precisa), um jovem chamado Zélio Fernandino de Morais, prestes a ingressar na Marinha, passou a apresentar comportamento estranho que a família chamou de "ataques". O jovem tinha a postura de um velho dizendo coisas incompreensíveis, em outros momentos se comportava como um felino. Após ter sido examinado por um médico, esse aconselhou a família a levá-lo a um padre, mas Zélio foi levado a um centro espírita. Assim, no dia 15 de novembro, Zélio foi convidado a se sentar à mesa da sessão na Federação Espírita de Niterói, presidida na época por José de Souza.
Incorporou um espírito, levantou-se durante a sessão e foi até ao jardim para buscar uma flor e colocá-la no centro da mesa, contrariando a regra de não poder abandonar a mesa uma vez iniciada a sessão. Em seguida, Zélio incorporou espíritos que se apresentavam como negros escravizados e índios. O diretor dos trabalhos alertou os espíritos sobre seu atraso espiritual, convidando-os a sair da sessão quando uma força tomou conta de Zélio e disse:
Ao ser indagado por um "médium" ele respondeu:
A respeito de sua missão, assim anunciou:
No dia seguinte, na residência da família de Zélio, na Rua Floriano Peixoto, nº. 30, no bairro Neves, reuniram-se os membros da Federação Espírita, visando comprovar a veracidade do que havia sido declarado pelo jovem. Novamente incorporou o Caboclo das Sete Encruzilhadas, que declarou que os velhos espíritos de negros escravizados e índios de nossa terra poderiam trabalhar em auxílio do seus irmãos encarnados, não importando a cor, raça ou posição social. Assim, neste dia se fundou o primeiro terreiro de umbanda chamado de Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade.
O espírito estabeleceu normas como a prática de caridade, cuja base se fundamentaria no Evangelho de Cristo e seu nome "allabanda", substituído por "aumbanda", e posteriormente se popularizando como "umbanda".
Período intermediário: tentativas de unificação e rupturas na Umbanda.
No ano de 1918, fundaram-se sete tendas para a propagação da Umbanda: Tenda Espírita Nossa Senhora da Guia, Tenda Espírita Nossa Senhora da Conceição, Tenda Espírita Santa Bárbara, Tenda Espírita São Pedro, Tenda Espírita Oxalá, Tenda Espírita São Jorge e Tenda Espírita São Gerônimo. Até a morte de Zélio em 1975, mais de 10 mil templos foram fundados além desses iniciais. Em 1939, na tentativa de uma unificação, foi criada a União Espírita de Umbanda do Brasil. A partir desse momento, somente as práticas que seguiam os fundamentos propostos pelo Caboclo Sete Encruzilhadas incorporado em Zélio passaram a ser consideradas como Umbandistas pela ramificação branca e espiritista.
Em 1940, o escritor Woodrow Wilson da Matta e Silva apresentou a Umbanda como ciência e filosofia, criando então a Escola Iniciática da Corrente Astral do Aumbhandan, a "Umbanda Esotérica" na Tenda Umbandista Oriental, em Itacuruçá, no Rio de Janeiro. Em 1941 a UEUB organizou sua primeira conferência, o I Congresso Brasileiro de Espiritismo de Umbanda como forma de tentar definir e codificar a Umbanda como uma religião em direito próprio e como uma religião que unisse todas as religiões, raças e nacionalidades. A conferência também promoveu uma dissociação das tradições afro-brasileira. Os participantes concordaram em fazer uso das obras de Allan Kardec como fundação doutrinária da Umbanda, ao mesmo tempo que se dissociavam das outras tradições religiosas afro-brasileiras. Ainda assim, os espíritos fundadores da Umbanda, os Caboclos e os Preto Velhos ainda foram mantidos como espíritos altamente evoluídos.
Em termos gerais, os participantes do Congresso concentraram-se em remover as raízes africanas e afro-brasileiras da Umbanda. Para tanto, usaram como artifícios mesmo teorias científicas ultrapassadas, como a do continente submerso de Lemúria, por onde a Umbanda teria cruzado ao sair do seu berço hipotético, o Oriente, em direção à África, onde se teria degenerado em fetichismo, em cuja forma foi trazida ao Brasil pelos escravizados. A influência africana na Umbanda não foi de todo rejeitada, haja vista a manutenção dos Pretos-Velhos e Caboclos. Mas foi uma assimilação gritantemente racista, com a percepção de "corrupção" da tradição religiosa "original", como uma fase de retrocesso evolutivo em que a Umbanda teria sido exposta ao barbarismo na forma de costumes vulgares e praticada por pessoas com "costumes rudes e defeitos psicológicos e étnicos". No limite, o caráter Africano da Umbanda era aceito na compreensão de ter-se originado no Egito, sendo então da parte mais "civilizada" do continente.
O rastreio das raízes "genuínas" da Umbanda até ao Oriente, juntamente com a rejeição das raízes africanas, foi refletida na invenção de nova definição do termo "Umbanda", que é comprovadamente derivado do idioma Banto. Declarou-se que "Umbanda" vinha das palavras do sânscrito "aum" e "bhanda", termos que foram traduzidos como "o limite no ilimitado", "Princípio divino, luz radiante, a fonte da vida eterna, evolução constante".. A partir da década de 1950, os setores mais humildes da população umbandista composta por negros e mulatos começaram a contestar o distanciamento da Umbanda das práticas africanas. A "umbanda branca" se opunha à tendência de recuperar os valores africanos presentes na religiosidade popular.
O segundo congresso ocorreu em 1961 evidenciando o crescimento da vertente branca da religião, que teve sua imagem reconstruída pela imprensa. Milhares de devotos compareceram ao Maracanãzinho com representantes de vários estados e a presença de políticos municipais e estaduais. O jornal "O Estado de S. Paulo" noticiou a realização do congresso no Rio de Janeiro afirmando que a "preocupação central do Congresso parece ser a elaboração de um código que orientará a feitura de uma Carta Sinódica da Umbanda". No mesmo ano, o jornal "Diário de S. Paulo" publicou uma grande reportagem com o título "Saravá meu Pai Xangô, Saravá Mamãe Oxum", onde o jornalista descreve uma "sessão assistida pelos repórteres a convite do deputado gaúcho Moab Caldas".
Em 1950, em resposta às perseguições que os terreiros sofriam por parte das autoridades civis bem como em resposta ao projeto de "embranquecimento" da Umbanda pregada pela União Espírita de Umbanda do Brasil, o pai de santo Tancredo da Silva Pinto liderou o movimento que deu origem à Federação Umbandista de Cultos Afro-Brasileiros. A federação visava organizar e dar maior representatividade aos terreiros que sofriam preconceito por conta de seus ritos afro-brasileiros. A federação, que nasceu no Rio de Janeiro, promoveu várias ações e eventos religiosos bem como se expandiu para os estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e Pernambuco. Defensora tenaz das origens africanas da Umbanda em contraposição ao grupo que pregava uma Umbanda com forte ênfase no kardecismo.
Mesmo após as tentativas de unificação, nas décadas de 40, 50 e 60 ainda existiam inúmeros terreiros no Rio de Janeiro não vinculados à União Espírita de Umbanda do Brasil, principalmente por discordarem das normativas propostas pela federação e por serem consideradas "atividades isoladas". Também não eram vinculadas à Federação Umbandista de Cultos Afro-Brasileiros. Esses terreiros realizavam práticas ritualistas sob a denominação de Umbanda, por exemplo a Tenda Espírita Fé, Esperança e Caridade e Pai Luiz D'Ângelo, praticante do segmento Umbanda de Almas e Angola.
Consolidação popular, apagamento histórico e racismo.
No terceiro congresso realizado em 1973 a Umbanda afirmou-se em definitivo como uma religião expressiva no campo das atividades assistenciais. Além dos centros onde ocorriam as atividades espirituais, a religião contava com escolas, creches, ambulatórios etc. articuladas em torno da missão de promover a caridade e a ajuda.
Assim, a Umbanda teve seu auge ao ser declarada como religião de muitas personalidades como os cantores Clara Nunes, Dorival Caymmi, Vinícius de Moraes, Baden Powell, Bezerra da Silva, Raul Seixas, Martinho da Vila entre outros, e a opinião pública tornou-se mais favorável após a década 1980, porém essa aceitação mais aberta restringia e restringe-se às vertentes onde se operou um apagamento dos elementos negros em detrimento do sincretismo católico. Na década de 1990 a Umbanda e outras religiões de matrizes africanas foram alvo do crescente neopentecostalismo brasileiro. Em 2003, foi fundada a Faculdade de Teologia Umbandista (FTU), mantida pela Ordem Iniciática do Cruzeiro Divino fundada em 1970 por Francisco Rivas Neto, na Água Funda, São Paulo.
Apesar de a Umbanda ter sido anunciada como religião organizada por Zélio e seu guia espiritual Caboclo Sete Encruzilhadas, não foi a sua vertente que se tornou popular no Brasil. A umbanda se popularizou através de sua raiz africanista encontrada na cabula do Rio de Janeiro, também conhecida como macumba. Há muitos estudos e fontes documentais que mostram que a raiz da Umbanda precede ao anúncio de Zélio, e que o trabalho dele foi ter incorporado elementos das religiões afro-brasileiras a um ritual com características espíritas kardecistas.
Na Umbanda de Zélio, muitos elementos africanos como o uso de atabaques, a prática do sacrifício animal ritualístico, manifestações de exus e pombajiras e outros mais foram suprimidos. Tal processo foi chamado de "embranquecimento" da Umbanda, visto que tal prática tornava a Umbanda mais palatável aos costumes das classes alta e média do Rio, sofrendo estas vertentes menos preconceito da sociedade, ao contrário das que mantiveram mais elementos africanos. Os terreiros como da Umbanda Popular, do Ritual Almas e Angola, do Omolocô e da Umbanda Traçada, praticados por pessoas de classe baixa e situados nas comunidades, zonas rurais e favelas conservaram mais práticas africanas próximas da antiga Macumba e do Candomblé. Um dos grandes proponentes ao retorno da Umbanda às suas raízes africanas foi o, já citado, escritor e pai de santo Tancredo da Silva Pinto.
Características.
Crenças e práticas.
A Umbanda possui muitas vertentes com práticas diversas, nomeadas de diferentes formas, como Umbanda Nação, Umbandomblé, Umbanda Sagrada, Umbanda Omolocô, umbanda Crística, etc. Essas diferentes vertentes partilham o culto a entidades ancestrais e a espíritos associados a divindades diversas de cultos não só africanos, mas mesmo hindus, árabes, católicos, entre outros, a depender da vertente. Apesar, existem comuns a todas, sendo:
A Umbanda se fundamenta na obediência a ensinamentos básicos de valores humanos, como a fraternidade, a caridade, a não discriminação e a coletividade. Além desses preceitos, também há necessidade de práticas mediúnicas como servir de "aparelho" (o "medium") para viabilizar a comunicação entre espíritos e Orixás com os seres humanos.
A antropóloga brasileira Patrícia Birman falará o seguinte a respeito da diversidade de crença dentro da Umbanda e a unidade doutrinária na diversidade:
Panteão.
O panteão Umbandista é formado por seus Orixás e entidades de trabalho. Os espíritos (entidades) que trabalham na Umbanda são organizados em "linhas" e "falanges" (legiões). Cada linha está sob a direção de um Orixá ou alguma entidade africana ou indígena, enquanto os nomes e configurações exatas variam dentro da Umbanda. São na maioria compostos a partir de divisões étnicas, por exemplo, "Povo de Moçambique", "Legião de Tupi-Guarani". Em geral, os espíritos nos rituais da umbanda se enquadram nestas categorias:
Todas acima são chamadas "espíritos de luz", trabalhando exclusivamente propósitos considerados benignos. Na vertente da Umbanda Branca, extremamente sincretizada ao cristianismo, não se cultuam entidades como os Exus, que são considerados espíritos banidos. Tradicionalmente, ao contrário, as raízes africanas da cosmovisão Umbandista não adota a divisão maniqueísta entre bem e mal.
Orixás.
Os Orixás ("Òrìṣà)," na cultura iorubá, são divindades que podem ser masculinas, os Aborós ("aborò"), ou femininas, as Iabás ("Iyagba"). Etimologicamente, em tradução livre, Orixá significa "a divindade que habita a cabeça" (em iorubá, o"ri" é cabeça e "Xá" é rei, divindade). Os orixás se relacionam com os elementos da natureza sendo interpretados como manifestações da mesma. A interpretação sobre o que significam os Orixás variará conforme a linha doutrinária, mesmo de terreiro para terreiro: Por exemplo, nas linhas mais sincretizadas com catolicismo, espiritismo e demais elementos brancos, Orixás são considerados como manifestações e qualidades de Deus, enquanto nas vertentes que mais conservaram as tradições e cosmovisão africanas eles são entidades próprias. Ainda, terreiros mais próximos do Espiritismo e Catolicismo, não cultuam os Orixás de forma direta, e muitos de maneira alguma cultuam os Exus. Terreiros com influência Gêge e Angola cultuam os voduns e inquices respectivamente. Pode ocorrer a mescla entre os tipos de divindades dependendo da tradição do terreiro. O sincretismo com os santos católicos varia principalmente de região para região, havendo duas grandes vertentes diferentes de dispersão, a da Bahia e a do Rio de Janeiro.
A grande maioria dos terreiros de Umbanda segue os orixás-iorubá de forma semelhante ao candomblé do Queto e sincretiza os orixás-iorubá com os santos católicos traçando as qualidades dos orixás e suas semelhanças com os santos.
Em sua diversidade, há terreiros com influência de cultos Mina-Gegê e Congo. Nos de influência Mina-Gegê, denominam os Orixás de Voduns, de forma semelhante do Candomblé Jeje. Nos de influência do rito Congo, semelhante ao Candomblé Angola, denominam os Orixás de Inquices. Variam-se os nomes dependendo da casa. O sincretismo católico parte da divisão de Orixás Iorubás. Apesar de vários Orixás na Nação Congo serem denominados de forma diferente, as entidades possuem o mesmo nome em algumas ocasiões, além de muitos ritos semelhantes.
Ritos.
Os rituais da Umbanda visam evocar os Orixás e ancestrais e toda sua hierarquia composta por Orixás menores, Guias e Protetores. Os rituais não têm forma ou modo definido, variando de casa para casa, subordinados à tradição seguida por cada Pai-de-santo e cada entidade protetora do terreiro. O local onde se dão as celebrações e o atendimento do público é geralmente uma casa denominada por "Casa" ou "Tenda" que contém um local apropriado para sessões, podendo ser um terreiro, aberto, ou um salão.
Alguns termos e rituais comumente mencionados:
Hino.
Originalmente com o título de "Refletiu a Luz Divina", tem autoria atribuída a José Manoel Alves. No Segundo Congresso Nacional de Umbanda, em 1961 no Rio de Janeiro, a música foi oficialmente reconhecida como o Hino da Umbanda.
Organização.
Espaço físico.
A parte física de um terreiro de umbanda contém seis elementos fundamentais:
Hierarquia.
A hierarquia na Umbanda varia dependendo da quantidade de membros, de modo que pode dividir-se em um grupo administrativo e grupo espiritual além de variar de acordo com o tipo de Umbanda (de Nação, Esotérica etc).
Os templos de Umbanda não possuem uma uniformidade quanto às hierarquias, pois sendo diversificada tanto quanto na ritualística seus títulos e cargos podem ser variados entre si. A hierarquia da linha de Nagô é a mais comum, existindo muitas variações dessa.
Birman vai dizer o seguinte a respeito da fluidez organizacional da Umbanda:
Contudo, seguem abaixo as divisões hierárquica catalogadas, registradas e apresentadas por Tancredo da Silva Filho:
Ramificações.
A umbanda possui ramificações que se diferenciam em rituais, métodos, hierarquia, etc. Mesmo pertencendo a um mesmo grupo, estudiosos concluem que a religião é extremamente diversificada sendo quase impossível encontrar um terreiro totalmente semelhante ao outro. Originalmente, a Umbanda surgiu a partir da Cabula. Simultaneamente surgiram quatro vertentes: "Umbanda popular, Umbanda branca e demanda, Umbanda Almas e Angola e Umbanda Omolokô". Todavia, considera-se a vertente iniciada por Zélio Fernandino de Moraes como sendo a primeira. Entre as vertentes mais conhecidas estão:
Branca, de Cáritas e Mirim.
Também chamada "Alabanda"; "Linha Branca de Umbanda e Demanda"; "Umbanda Tradicional"; "Umbanda de Mesa Branca"; "Umbanda de Cáritas"; e "Umbanda do Caboclo das Sete Encruzilhadas", é a primeiras vertente que se organizou como estrutura religiosa, iniciada pelas entidades Caboclo das Sete Encruzilhadas, Pai Antônio e Orixá Malê, através do médium Zélio Fernandino de Morais e pela ala elitista e embranquecida da Macumba do Rio de Janeiro que tinha a intenção de retirar da mesma os elementos iorubás, considerados pelo seu racismo como "primitivos" e "selvagens". Baseia-se nos princípios da caridade e fraternidade do iluminismo. Cultua Caboclos, Preto-Velhos e Crianças, mas renega Exus, tidos como "espíritos caídos", que possuem papel somente em descarregos. Não há giras de Exus e os mesmos não dão consultas. Como se vê, a vertente não é adepta das práticas africanas, porém nla se usam guias, fumo, defumadores, etc. Vinculada aos princípios espíritas do Kardecismo, os cantos são cantados à capela sem palmas. É considerada por muitos como a primeira a ter-se organizado em estrutura religiosa, é uma reformulação dos rituais da macumba/cabula sob uma visão influenciada pelo Espiritismo, mas não se atendo a esse.
Chama-se Umbanda de Cáritas os centros oriundos da Umbanda Branca e Demanda que, possuindo ainda mais influência do Espiritismo e do catolicismo, abrem as suas reuniões com a "Prece de Cáritas", além de não trabalhar com Exus e Pombajiras, nem utilizar fumo, álcool, pontos cantados e atabaques. Nessa vertente não há qualquer culto aos Orixás que, quando aparecem, é em extremo sincretismo com santos católicos.
A umbanda mirim, ou ainda "Aumbandã" e "Escola da Vida", é outra das vertentes que excluiu elementos africanos, ainda que não sincretize santos católicos. Foi fundamentada pelo médium Benjamin Gonçalves Figueiredo (26 de dezembro de 1902 – 3 de dezembro de 1986), no Rio de Janeiro, RJ, em 13 de março de 1924, com a fundação da Tenda Espírita Mirim. Ainda que sem sincretismo católico, seus Orixás (nove: Oxalá, Ogum, Oxóssi, Xangô, Obaluaiê, Iemanjá, Oxum, Iansã e Nanã) foram reinterpretados de maneira totalmente distinta e desvinculada das tradições africanas. Possui sete linhas de trabalho: de Oxalá, de Iemanjá (onde inclui Iemanjá, Oxum, Iansã, Nanã), de Ogum, de Oxóssi, de Xangô, do Oriente (onde agrupa as entidades orientais) e de Yofá (onde agrupa os Pretos-Velhos e as Pretas-Velhas). Não há gira para Exus e Pomba-giras, pois esses são considerados sendo exclusivamente Quimbandeiros.
Popular.
Umbanda popular, também chamada umbanda cruzada e umbanda mística, é uma das primeiras vertentes da Umbanda, sendo a mais popular e aberta a sincretismos. Sua origem se encontra nas antigas casas de Macumba dos morros e comunidades do Rio de Janeiro que mantiveram seus rituais originais. Utiliza-se de ritos africanos, católicos, ocultistas e, em baixo grau, espíritas. É a vertente mais flexível em termos ritualísticos e de costumes. Foi relegada à marginalidade por umbandistas da elite branca que rejeitavam os rituais mais africanizados.
Há três versões para as linhas de trabalho na Umbanda Popular: Na mais antiga, são consideradas a existência de sete linhas de trabalho: de Oxalá (onde inclui as Crianças), de Iemanjá (onde inclui Iemanjá, Oxum, Nanã), de Ogum, de Oxóssi, de Xangô (onde inclui Xangô e Iansã), do Oriente (onde agrupa as entidades orientais) e das Almas (onde agrupa os Pretos-Velhos e as Pretas-Velhas). Na intermediária, também sete: de Oxalá, de Iemanjá (onde inclui Iemanjá, Oxum, Nanã), de Ogum, de Oxóssi, de Xangô (onde inclui Xangô e Iansã), das Crianças e das Almas (onde agrupa os Pretos-Velhos e as Pretas-Velhas). E, na mais recente, as linha de trabalho dividem-se pelo "tipo" de entidade: de Caboclos(as), de Pretos(as)-Velhos(as), de Crianças, de Baianos(as), etc.
Traçadas.
Umbanda traçada é um termo guarda-chuva para as vertentes que conservaram maior influência das raízes candomblecistas.
A Umbanda "de Almas e Angola" também é chamada de Umbanda Traçada por ter ests semelhança característica. É uma das primeiras vertentes, surgida da Umbandização de antigas casas de Cabula e Banto, e utiliza-se, principalmente, de ritos africanos do Banto. Cultua nove Orixás bastante sincretizados ao catolicismo: Oxalá, Ogum, Oxóssi, Xangô, Obaluaiê, Iemanjá, Oxum, Iansã e Nanã, e possui sete linhas de trabalho: de Oxalá, do Povo d’Água (onde inclui Iemanjá, Oxum, Nanã e Iansã), de Ogum, de Oxóssi, de Xangô, das Beijadas (onde agrupa as Crianças) e das Almas (onde inclui Obaluaiê e agrupa os Pretos-Velhos e as Pretas-Velhas).
A umbanda omolocô, também pode ser conhecida como "Umbanda Traçada", devido às semelhanças em termos de influência tradicional africana. Seu culto, também antigo, foi sistematizado a partir da década de 1950 no Rio de Janeiro por Tata Tancredo da Silva Pinto. Sua origem se encontra nas antigas casas de cabula banto e Omolocô, sendo um culto africanista aos Orixás, aos guias e Linhas da Umbanda bem similar e próximo ao candomblé, ainda que havendo forte sincretismo presente.
O Umbandomblé são casas oirundas da umbandização de antigas casas de candomblé, notadamente as de Candomblé de Caboclo, já desde os primórdios. Em alguns casos, o mesmo pai-de-santo (ou mãe-de-santo) celebra tanto as giras de Umbanda quanto o culto do Candomblé, porém em sessões diferenciadas por dias e horários. O sincretismo com santos católicos é mínimo, sendo os Orixás fortemente vinculados às tradições africanas, principalmente as da nação Ketu, podendo inclusive ocorrer a presença de outras entidades no panteão que não são encontrados nas demais vertentes da Umbanda (Oxalufã, Oxaguiã, Ossain, Obá, Ewá, Logun-Edé, Oxumaré). Considera-se como linha de trabalho cada tipo de entidade: de Caboclos(as), de Pretos(as)-Velhos(as), de Crianças, de Baianos, etc, e os trabalhos são realizados por vários tipos de entidades como Falangeiros de Orixá, Caboclos(as), Pretos(as)-Velhos(as), Crianças, Boiadeiros, Baianos(as), Marinheiros, Sereias, Ciganos(as), Exus, Pombagiras e Malandros(as). Embora a roupa branca seja a vestimenta principal dos médiuns, essa vertente aceita o uso de roupas de outras cores pelas entidades, bem como o uso de complementos (tais como capas e cocares) e de instrumentais próprios (espada, machado, arco, lança, etc.). Nela encontra-se o uso de guias, imagens dos Orixás na representação africana, fumo, defumadores, velas, bebidas e atabaques nos trabalhos. Nesta vertente também são utilizadas algumas cerimônias de iniciação e avanço de grau semelhantes à forma como são realizadas nos Candomblés, incluindo o sacrifício de animais, podendo ser encontrado, também, curimbas cantadas em línguas africanas (banto ou iorubá).
Outras vertentes.
Mesmo pontuando tais linhas, de acordo com estudiosos da área, cada terreiro possui sua tradição com modalidades demasiadamente diferenciadas entre si, correspondendo assim apenas a uma parcela dos participantes dessa religião. A umbanda é extremamente aberta e diversificada, apesar de ter seus princípios e bases religiosos.
Perseguição.
Era Vargas até a década de 1950.
Assim como outras religiões afro-brasileiras, a Umbanda sofreu repressão política aberta durante a era Vargas, até ao início de 1950. Uma lei de 1934 colocava estas religiões sobre a jurisdição do Departamento de Tóxicos e Mistificações da polícia de modo que era preciso um registro especial para funcionarem. Durante esses anos vários grupos se mantinham na clandestinidade ou, quando se registravam, procuravam omitir suas ligações ou inspirações africanas registrando-se como sendo apenas "espiritistas".
Em 1946, o escritor Jorge Amado, na época deputado federal pelo Partido Comunista Brasileiro de São Paulo, propôs uma emenda à Constituição garantindo a liberdade de culto no Brasil. O texto foi aprovado, e com isso os terreiros passaram a ter o amparo da lei. Mas a omissão, embranquecimento, ou desafricanização que rejeitava as influências tradicionais africanas já havia sido estabelecida claramente no I Congresso Brasileiro de Espiritismo de Umbanda realizado em 1941, que definiu para seus participantes que a raiz da Umbanda provinha de "antigas religiões e filosofias da Índia". Roger Bastide argumentou que o espiritismo "branqueia" ou "europeíza" a Umbanda, distorcendo suas reais raízes africanas.
Perseguição do protestantismo neopentecostal.
No Brasil, a Umbanda e demais religiões de matrizes africanas sofrem com a intolerância religiosa, sendo as religiões neopentecostais ditas Renovadas de maior intolerância em relação à Umbanda e ao Candomblé.
Em 1997, o bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus, lança um livro sobre Orixás, Caboclos e Guias que se tornou leitura obrigatória para evangelicalistas pentecostais, neopentecostais e até mesmo tradicionais. O livro relaciona a Umbanda ao satanismo para tentar dar razão às práticas de "exorcismo" de sua religião. Em 2005, a Justiça Brasileira determinou a retirada de circulação de todos os exemplares do livro por conta de seu teor preconceituoso contra as religiões afro-brasileiras.<ref name="OESP-2005-NOV-10/UNIVERSAL">Teor preconceituoso faz Justiça proibir livro de Edir Macedo - OESP, 10 de novembro de 2005</ref><ref name="CONJUR-2006/RECORD-IURD">Dono e diretores da Record são processados por descaminho Conjur, 2006</ref> Mas, um ano depois, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região liberou a venda com a justificativa de que a proibição contrariava o princípio da liberdade de expressão, garantido pela Constituição Federal Brasileira.
Críticas.
Alguns Candomblecistas mais tradicionalistas criticam a Umbanda por considerá-la superficial e desconhecer os ritos mais profundos dos cultos aos Orixás, além de criticarem a umbanda por não separar o culto dos espíritos do culto às entidades, já que o candomblé considera os orixás e deuses como sendo mais puros e de energia mais primordial e que, desse modo, não podem ser maculados pela energia dos espíritos que viveram na Terra.
Elogios e honrarias.
"O Encanto dos Orixás".
O teólogo da Teologia da Libertação Leonardo Boff, em seu texto ""O Encanto dos Orixás"," enaltece a religião dizendo que a umbanda representa a verdadeira brasilidade ao misturar em si as raízes africanas, europeias e indígenas além de colocar em primeiro plano os conselhos dos mais humildes e marginalizados. O teólogo pega emprestado o título do livro escrito pelo diplomata e político brasileiro Flávio Miragaia Perri, que se tornou umbandista após conhecer melhor a religião e sua dinâmica. O diplomata escreveu outros livros acerca do tema.
Comunidade LGBTQIA+.
A Umbanda é reconhecida e elogiada pela sua abertura à diversidade sexual. Homens e mulheres homossexuais, bissexuais, heterossexuais, transexuais são acolhidos em suas diferenças sem nenhuma distinção. Nos terreiros com maior influência do candomblé, homens e mulheres podem exercer papéis diferentes, mas com dignidade e importância igual. Outro ponto importante é pessoas não heterossexuais terem a possibilidade de tornarem-se pais ou mães de santo, médiuns, cambonos, ogãs e assim por diante sem nenhuma distinção. Muitos casais homossexuais casam-se religiosamente pelas mãos de sacerdotes umbandistas.
Patrimônio imaterial.
Em 2016, após os estudos do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), a Umbanda se tornou um dos patrimônios imateriais do Rio de Janeiro. O estudo reconheceu a importância da cultura sincrética afro-indígena brasileira, o sincretismo religioso como mola propulsora de vários aspectos sociais de grande impacto sociocultural.
Além disso, o Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC) está em processo de reconhecimento de vários terreiros de Umbanda como patrimônios históricos em todo o estado do Rio de Janeiro.
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1886 | União Europeia | União Europeia
A União Europeia (UE) é uma união económica e política de 27 Estados-membros independentes situados principalmente na Europa. A UE tem as suas origens na Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA) e na Comunidade Económica Europeia (CEE), formadas por seis países em 1957. Nos anos que se seguiram, o território da UE foi aumentando de dimensão através da adesão de novos Estados-membros, ao mesmo tempo que aumentava a sua esfera de influência através da inclusão de novas competências políticas. O Tratado de Maastricht instituiu a União Europeia com o nome atual em 1993. A última revisão significativa aos princípios constitucionais da UE, o Tratado de Lisboa, entrou em vigor em 2009. Bruxelas é a capital "de facto" da União Europeia.
A UE atua através de um sistema de instituições supranacionais independentes e de decisões intergovernamentais negociadas entre os Estados-membros. As instituições da UE são a Comissão Europeia, o Parlamento Europeu, o Conselho da União Europeia, o Conselho Europeu, o Tribunal de Justiça da União Europeia, o Tribunal de Contas Europeu e o Banco Central Europeu. O Parlamento Europeu é o único órgão directamente eleito, a cada cinco anos, pelos cidadãos da UE.
A UE instituiu um mercado comum através de um sistema harmonizado de leis aplicáveis a todos os Estados-membros. No Espaço Schengen (que inclui 22 Estados-membros e 4 estados não membros da UE) foram abolidos os controlos de passaporte. As políticas da UE têm por objetivo assegurar a livre circulação de pessoas, bens, serviços e capitais, legislar assuntos comuns na justiça e manter políticas comuns de comércio, agricultura, pesca e desenvolvimento regional. A Zona Euro, a união monetária, foi criada em 1999 e é atualmente composta por 19 Estados-membros. Através da Política Externa e de Segurança Comum, a UE exerce um papel nas relações externas e de defesa. A UE tem em todo o mundo missões diplomáticas permanentes, estando representada nas Nações Unidas, na Organização Mundial do Comércio (OMC), no G7 e no G-20. Com uma população total de aproximadamente 448 milhões de pessoas, o que representa 5,7% da população mundial, a UE gerou um produto interno bruto (PIB) de de euros em 2010, o que representa cerca de 20% do PIB global, medido em termos de paridade do poder de compra.
Em 2012, a União Europeia foi laureada com o Nobel da Paz, entregue pelo Comité Nobel "por ter contribuído ao longo de mais de seis décadas para o avanço da paz e da reconciliação, democracia e direitos humanos na Europa". No anúncio do prémio, o Comité referiu que "o terrível sofrimento durante a Segunda Guerra Mundial provou a necessidade de uma nova Europa. (...) Hoje, uma guerra entre a França e a Alemanha é impensável. Isto mostra que, através da boa vontade e construção de confiança mútua, inimigos históricos podem transformar-se em aliados."
História.
Antecedentes.
Após o fim da Segunda Guerra Mundial (1939–1945), a Europa encontrava-se arruinada. A Alemanha estava destruída, em termos de vida humana e danos materiais. A França, embora vencedora frente à Alemanha no conflito, também teve perdas (menores que a Alemanha) que afetaram gravemente a sua economia e o prestígio a nível mundial. A França declarou guerra à Alemanha Nazi em setembro de 1939. Uma vez terminado o conflito na Europa, em 8 de maio de 1945, o regime alemão foi responsabilizado pela guerra, já que sua política expansionista levou o país a ocupar, e em alguns casos a anexar, territórios de outros países europeus. A Alemanha que perdeu parte considerável do seu território anterior à guerra, foi ocupada pelos Aliados que dividiram o país em quatro partes.
Em anos posteriores, os ressentimentos e a desconfiança entre as nações europeias dificultavam uma reconciliação. Nesse contexto, o ministro francês das Relações Exteriores, Robert Schuman, defendeu convictamente a criação da Alemanha Ocidental, resultado da união de três zonas de ocupação controladas pelas democracias ocidentais, deixando de parte a zona ocupada pela União Soviética. Schuman, de origem germano-luxemburguesa, possuía três nacionalidades (francesa, alemã e luxemburguesa) ao longo da sua vida, o que lhe permitiu compreender a complexidade dos conflitos europeus e desenvolver particular interesse pela unificação europeia.
No dia 9 de maio de 1950, cinco anos após a rendição do regime nazi, Schuman lançou um apelo à Alemanha Ocidental e aos países europeus para que instituíssem uma única autoridade transnacional comum para administração das respectivas produções de aço e carvão. Este discurso, conhecido como "Declaração Schuman", foi acolhido de maneira díspar dentro dos governos europeus e marcou o início da construção europeia, ao ser a primeira proposta oficial concreta de integração europeia. Ao submeter a produção das matérias-primas fundamentais à indústria bélica numa única autoridade, os países-membros da organização teriam grandes dificuldades em iniciar um conflito entre si.
A declaração marcou o início da integração entre os estados europeus contrastando com a tendência nacionalista e tensas rivalidades anteriores à guerra. Esta nova realidade foi impulsionada em grande medida pelo fim da hegemonia histórica europeia sobre o mundo, após a Segunda Guerra, o que consciencializou os europeus da sua própria fragilidade perante o surgimento de duas novas superpotências, os Estados Unidos e a União Soviética, com maior poder militar e económico em relação ao conjunto heterogéneo de países europeus. Além disso, as consequências do conflito incutiram nos cidadãos europeus o desejo de criar um continente mais livre e justo à medida que as relações entre países se iam desenvolvendo de forma pacífica, para evitar por todos os meios um novo conflito entre os países europeus.
Comunidades europeias.
A proposta de Robert Schuman foi acolhida de forma entusiasta pelo chanceler da República Federal da Alemanha, Konrad Adenauer. Na primavera de 1951, foi firmado em Paris o tratado que criava a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA), concretizando a proposta de Schuman. Alemanha, Bélgica, França, Itália, Luxemburgo e Países Baixos (conhecidos como a "Europa dos Seis") alcançaram um entendimento que favoreceu o intercâmbio de matérias-primas necessárias para a siderurgia, acelerando desta forma o dinamismo económico de forma a dotar a Europa de autonomia na produção. Este tratado fundador procurava juntar vencedores e vencidos no projeto de uma Europa que, a médio prazo, pudesse controlar o seu próprio destino, tornando-se independente de qualquer entidade exterior. O tratado expirou em 2002, embora a sua função tenha permanecido obsoleta após a fusão de órgãos executivos e legislativos no projeto da Comunidade Europeia, que entretanto adquiriu personalidade jurídica, e também devido ao Ato Único Europeu de 1986.
Em maio de 1952, já em plena Guerra Fria, foi firmado em Paris um tratado que instituía a Comunidade Europeia de Defesa (CED), que permitia o armamento da Alemanha Ocidental no seio de um exército europeu. Cinco membros da CECA ratificaram o tratado, mas, em agosto de 1954, foi rejeitado pelo parlamento francês devido à oposição conjunta de gaullistas e comunistas. Dada esta situação, o antigo Tratado de Bruxelas de 1948 é modificado para criar a União da Europa Ocidental (UEO), que será durante várias décadas a única organização europeia encarregada da defesa e segurança até à entrada em vigor do Tratado de Amesterdão de 1999. Embora tenha reforçado o antigo tratado, a UEO tratou-se de uma entidade-sombra da NATO, a qual estava encarregue de assegurar a defesa dos países europeus ante um hipotético ataque nuclear.
O mais importante impulso tem lugar em 1957 com a assinatura do Tratado de Roma. Os países constituintes da "Europa dos Seis" decidem avançar na cooperação nos domínios económico, social e político. Os acordos tinham como objetivo implantar um mercado comum que permitisse a livre circulação de pessoas, bens e capitais. A Comunidade Económica Europeia (CEE) foi a entidade internacional instituída por este tratado, de tipo supranacional e dotada de capacidade autónoma de financiamento. Este documento formou ainda uma terceira comunidade de duração indeterminada, a Comunidade Europeia da Energia Atómica.
A União dos Três Pilares.
Em 1965 é firmado um tratado que funde os executivos das três comunidades europeias (quando estas já possuíam instituições comuns em matérias de justiça), através da criação da Comissão Europeia (CE) e do Conselho da União Europeia, que é a instituição das reuniões de chefes de estado e de governo dos países-membros que começaram a ter lugar no final da década de 1960.
O Ato Único Europeu foi firmado em fevereiro de 1986 e entrou em vigor em junho de 1987, tendo como missão redinamizar a construção europeia, fixando a consolidação do mercado interno em 1993 e permitindo a livre circulação de capitais e serviços. Através deste tratado as competências comunitárias foram alargadas aos domínios da investigação e do desenvolvimento tecnológico, ambiental e da política social. O ato único consagra também a existência do Conselho Europeu, que reúne os chefes de estado e de governo e impulsiona iniciativas comuns em matérias de política externa e de segurança.
O Tratado de Maastricht, assinado em fevereiro de 1992 e em vigor a partir de 1993, definiu uma nova estrutura institucional que se manteria até à entrada em vigor do Tratado de Lisboa. O tratado cria a cidadania europeia, permitindo residir e circular livremente nos países da comunidade, assim como o direito de votar e ser eleito no estado de residência para as eleições europeias ou municipais. Foi também decidida a criação de uma moeda única, o Euro, que entraria em circulação em 2002 sob administração do Banco Central Europeu.
A União do século XXI, de Amesterdão a Lisboa.
Em 1999 entrou em vigor o Tratado de Amesterdão. Este tratado definia os princípios de liberdade, democracia e respeito pelos direitos humanos, incluindo explicitamente o princípio do desenvolvimento sustentável. Dois anos depois é assinado o Tratado de Nice, que entrou em vigor em 2003. Em 2002, foi extinta a CECA, findo o seu período de validade (de cinquenta anos), tendo as suas competências sido englobadas na Comunidade Europeia.
Em 1 de maio de 2004 deu-se o maior alargamento de sempre da União Europeia, com a entrada de dez novos Estados-membros (Estónia, Letónia, Lituânia, Polónia, Chéquia, Hungria, Eslováquia, Eslovénia, Malta e Chipre). Mais tarde, em 29 de outubro de 2004, foi assinado em Roma o tratado que estabelecia a Constituição Europeia. A ratificação do tratado estava dependente da aprovação pelos parlamentos dos vários Estados-membros, embora alguns países tenham convocado referendos em 2005. O primeiro foi a Espanha, cujo documento foi aprovado com 76,73% de apoio. No entanto, a ratificação alcançou um impasse quando os eleitores franceses e neerlandeses rejeitaram o documento. O processo de ratificação estagnou, e só alguns estados o aprovaram. O Luxemburgo aprovou a constituição com 57% dos votos.
Em 2007, os líderes europeus puseram fim formalmente a esse "período de reflexão" com a assinatura do Tratado de Berlim, em 25 de março (no aniversário dos cinquenta anos da assinatura do Tratado de Roma de 1957). A declaração tinha como objetivo dar um novo impulso à busca de um novo acordo institucional antes da realização das eleições europeias de 2009. Ainda em 2007, o Conselho Europeu concluiu que a Constituição Europeia havia fracassado, apesar de a maioria das propostas incluídas no texto serem incluídas posteriormente na reforma dos tratados da união, em contraposição à Constituição, à qual ia recomeçar todos os tratados firmados anteriormente. Deste modo, em 13 de dezembro de 2007, firmou-se o tratado conhecido como Tratado de Lisboa.
Este tratado tinha como objetivo melhorar o funcionamento da União Europeia mediante a modificação do tratado de Maastricht e do Tratado de Roma. Algumas das reformas mais importantes introduzidas pelo Tratado de Lisboa foram a redução das possibilidades de estancamento na toma de decisões do Conselho da União Europeia mediante o voto por maioria qualificada, um Parlamento Europeu com maior peso mediante extensão do procedimento de decisão conjunta com o Conselho da UE, a eliminação das obsoletas instituições (os "três pilares da União Europeia") e a criação das figuras de presidente do Conselho Europeu e de Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança para dotar de uma maior coerência e continuidade às políticas da UE. O Tratado de Lisboa, que entrou em vigor em 1º de dezembro de 2009, também fez com que a Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia fosse juridicamente vinculante para os Estados-membros.
Assim, transcorrido mais de meio século desde a "Declaração Schuman", a UE enfrenta desafios, como a aplicação do Tratado de Lisboa, o controvertido processo da adesão da Turquia, a ampliação na Península Balcânica e a adesão da Islândia, depois de ver-se gravemente afetada pela crise económica de 2008. Em 2012, a União Europeia foi laureada com o Prémio Nobel da Paz. Em 1 de julho de 2013, a Croácia tornou-se o 28.º Estado-membro da União.
Saída do Reino Unido ("Brexit") e pós-Brexit.
A 31 de janeiro de 2020, às 23h00 UTC ocorreu a saída formal do Reino Unido da União Europeia, aplicando-se pela primeira vez o artigo 50 do Tratado da União Europeia. Com esta saída, que se deu após mais de três anos e meio de negociações, iniciou-se um período de transição em que ambas as partes estão a negociar como será a sua relação quando este período acabar, a 31 de dezembro de 2020.
Em março de 2020, a Hungria adotou uma lei de regulamentação para conceder o primeiro ministro Viktor Orbán poderes de emergência indefinidos, citando a pandemia de coronavírus 2019–2020, a razão da expansão dos poderes executivos. Os poderes incluem a promulgação de decretos, a suspensão do Parlamento e a pressão e a perseguição de publicações dos médias da oposição consideradas como notícias falsas. Muitos pediram à UE que rompa os laços com o país para um retrocesso democrático e que seja fundamentalmente incompatível com a Carta dos Direitos Fundamentais da UE. Apesar desses apelos, não há mecanismo para retirar os Estados-membros da união e só pode ser sancionado em conformidade com o artigo 7 do Tratado da União Europeia, proposto para pela primeira vez em 2015, mas foi oficialmente votado em 2018, novamente pela violação de valores fundamentais da UE.
Geografia.
Os Estados-membros da UE cobrem uma área de km2. Se fosse uma nação única, a UE teria a sétima maior área territorial do mundo, com o seu pico mais elevado, o Monte Branco, nos Alpes Graios, a m de altitude acima do nível do mar. O ponto mais baixo na UE é "Zuidplaspolder", nos Países Baixos, a 7 m abaixo do nível do mar. A paisagem, clima e economia da UE são influenciados pelo seu litoral, que tem um total de km de comprimento. O bloco tem a segunda maior costa do mundo, após a do Canadá. Os Estados-membros combinados partilham fronteiras terrestres com dezanove Estados não-membros, totalizando km de comprimento, a quinta maior fronteira do mundo.
Incluindo os territórios ultramarinos dos Estados-membros, a UE tem vários tipos de clima, que vão do ártico até o tropical. A maioria das pessoas vivem em áreas com clima mediterrâneo (sul da Europa), clima temperado marítimo (Europa Ocidental), ou um verão quente ou clima continental hemiboreal (Europa Oriental).
A população da UE é altamente urbanizada, com cerca de 75% dos habitantes (e em crescimento, projetado para ser de 90% em sete Estados até 2020) a viver em áreas urbanas. As cidades são amplamente espalhadas por todo o bloco, embora exista um grande conjunto em torno do Benelux. Em alguns casos, este crescimento urbano tem sido devido ao influxo de fundos da UE para uma região.
Meio ambiente.
Em 1957, quando a União Europeia foi fundada, esta não tinha nenhuma política ou burocracia ambiental ou sequer leis ambientais. Hoje, a UE tem algumas das políticas ambientais mais progressistas de todo o mundo e a legislação ambiental do bloco desenvolveu-se de uma forma notável nas últimas quatro décadas. A legislação europeia agora se estende por todas as áreas de proteção ambiental, como: controle de poluição do ar, a proteção da água, gestão de resíduos, conservação da natureza e o controle de produtos químicos, biotecnologia e de outros riscos industriais. O Instituto Europeu de Política Ambiental estima que o corpo de leis ambientais da UE abranja bem mais de 500 directivas, regulamentos e decisões. A legislação ambiental tornou-se uma área central da política europeia.
Tais desenvolvimentos dinâmicos são surpreendentes, tendo em conta as condições legais e institucionais que existiam na década de 1950 e final dos anos 1960. Agindo sem qualquer autoridade legislativa, os decisores políticos europeus aumentaram a capacidade do bloco para agir através da definição da política ambiental como um problema comercial. A razão mais importante para a introdução de uma política ambiental comum era o medo de que barreiras ao comércio e distorções da concorrência no mercado comum poderiam surgir devido aos diferentes padrões ambientais existentes entre os países-membros. No entanto, no decorrer do tempo, a política ambiental da UE emergiu como uma área política formal, com seus próprios atores, princípios e procedimentos políticos. A base legal da política ambiental da UE não era mais explicitamente estabelecida até a introdução do Ato Único Europeu, em 1987.
Inicialmente, a política ambiental da União Europeia era bastante introspectiva. Mais recentemente, no entanto, a UE tem demonstrado uma liderança crescente na governança ambiental global. O papel do bloco na garantia de ratificação e entrada em vigor do Protocolo de Quioto, em face da oposição dos Estados Unidos, é um exemplo nesse sentido. Esta dimensão internacional é refletida no Programa de Sexta Acção Ambiental da UE, que reconhece que seus objetivos estratégicos só podem ser alcançados se uma série de importantes acordos ambientais internacionais forem ativamente apoiados e devidamente implementados no mundo. A entrada em vigor do Tratado de Lisboa reforçou ainda mais as ambições de liderança ambiental da UE no planeta.
O vasto corpo de legislação ambiental da UE que existe atualmente tem desempenhado um papel vital na melhoria do "habitat" e na proteção de espécies nativas da Europa, bem como contribuiu para melhorias na ar, na qualidade da água e na gestão de resíduos. No entanto, persistem desafios significativos, tanto para cumprir as metas e aspirações da dos Estados-membros existentes, quanto para criar novas metas e ações que irão melhorar ainda mais o meio ambiente e a qualidade de vida na Europa.
Uma das principais prioridades da política ambiental da UE é combater a mudança climática. Em 2007, os Estados-membros concordaram que a UE terá de usar 20% de energias renováveis no futuro e que tem de reduzir as emissões de dióxido de carbono até 2020 em pelo menos 20% em relação aos níveis de 1990. Isto inclui medidas que determinam que, em 2020, 10% da quantidade total de combustível usado por carros e caminhões nos membros do bloco deve ser proveniente de fontes renováveis, como os biocombustíveis. Este é considerado um dos movimentos mais ambiciosos de uma importante região industrializada do mundo para combater as alterações climáticas.
Alargamento futuro.
A União Europeia é composta por 27 Estados soberanos: Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chéquia, Chipre, Croácia, Dinamarca, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Polónia, Portugal, Roménia e Suécia. O número de membros da União tem crescido desde os seis Estados-membros fundadores — Bélgica, França, Alemanha (então Ocidental), Itália, Luxemburgo e Países Baixos — até aos atuais 27 membros, agrupados por sucessivos alargamentos, quando esses países aderiram aos tratados e ao fazê-lo, agruparam a sua soberania em troca de representação nas instituições do bloco.
Quatro países, que não são membros da UE, que formam a Associação Europeia de Comércio Livre (EFTA sigla em inglês) têm, em parte, comprometimentos com a economia e os regulamentos da UE: Islândia, Liechtenstein e a Noruega são uma parte do mercado único, através do Espaço Económico Europeu, e a Suíça tem laços similares por meio de tratados bilaterais. As relações dos microestados europeus (Andorra, Mónaco, São Marino e o Vaticano) com a UE incluem o uso do euro e de outras áreas de cooperação.
Para aderir à UE, um país tem de cumprir os critérios de Copenhaga, definidos no Conselho Europeu de Copenhaga, em 1993. Estes requerem uma democracia estável, que respeite os direitos humanos e o Estado de direito; uma economia de mercado capaz de concorrer na UE e a aceitação das obrigações de adesão, incluindo a legislação da UE. A avaliação do cumprimento desses critérios por um país é de responsabilidade do Conselho Europeu. O Tratado de Lisboa fornece uma cláusula que lida com a forma como um membro pode deixar a UE.
Há oito países candidatos oficiais à adesão ao bloco europeu: Albânia, Bósnia e Herzegovina, Moldávia, Montenegro, Macedônia do Norte, Sérvia, Turquia e Ucrânia. Noruega, Suíça e Islândia enviaram pedidos de adesão ao bloco no passado, mas posteriormente travaram as negociações ou retiraram a candidatura. Ademais, Geórgia e Cosovo são oficialmente reconhecidos como potenciais candidatos, tendo enviado suas candidaturas para tornarem-se membros.
Demografia.
A população combinada de todos os 27 Estados-membros foi estimada em habitantes, em janeiro de 2010, correspondendo a 7,3% do total mundial.
Embora a União Europeia abranja apenas 3% das terras do planeta, a organização tem uma densidade populacional de 113 habitantes por quilómetro quadrado, o que a torna uma das regiões mais densamente povoadas do mundo. Um terço dos seus cidadãos vivem em cidades com mais de um milhão de pessoas, sendo 80% residentes em áreas urbanas em geral.
A União Europeia é o lar de mais cidades globais que qualquer outra região do mundo, com dezanove cidades com populações superiores a um milhão.
Além de muitas grandes cidades, o bloco europeu também inclui várias regiões densamente povoadas, que não têm núcleo único, mas surgiram a partir da conexão de várias cidades e agora abrangem grandes áreas metropolitanas.
Religiões.
A União Europeia é um corpo secular sem nenhuma ligação formal com qualquer religião, mas o Artigo 17º do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia reconhece o estatuto "ao abrigo do direito nacional, igrejas e associações religiosas", bem como a de "organizações filosóficas e não confessionais". O preâmbulo ao Tratado da União Europeia menciona a "herança cultural, religiosa e humanista da Europa".
Discussões sobre projetos da Constituição Europeia e, posteriormente, o Tratado de Lisboa, incluíram propostas para mencionar o cristianismo ou Deus, ou ambos, no preâmbulo do texto, mas esta ideia já chegou a enfrentar a oposição e foi descartada. Esta ênfase sobre o cristianismo faz dela a maior religião na Europa, bem como um marcador cultural para a Europa e muito influente na civilização ocidental ou europeia. Outras religiões importantes presentes na União Europeia são o islão e o judaísmo.
Os cristãos do bloco estão divididos entre os seguidores de catolicismo romano, numerosas denominações protestantes (especialmente na Europa Setentrional), ortodoxas orientais e orientais católicas (no Sudeste da Europa). Outras religiões, tais como islamismo e o judaísmo, também estão representados na sua população. Em 2009, a União Europeia havia estimado uma população muçulmana de 13 milhões de habitantes, e um número estimado de um milhão de judeus.
Sondagens de opinião mostraram que em 2005 a maioria dos cidadãos do bloco (52%) acredita num Deus, e que a maioria tinha de alguma forma um sistema de crença, com 21% a vê-la como importante. Muitos países viram uma queda no comparecimento à igreja por parte da sociedade nos últimos anos.
Em 2005, na altura com um bloco de 25 Estados-membros, revelou-se que dos cidadãos europeus, 52% acreditam num Deus, 27% creem em "algum tipo de espírito ou força de vida" e 18% não tinha qualquer forma de crença. Os países onde o menor número de pessoas relataram crença religiosa foram a Chéquia (19%) e a Estónia (16%).
Os países mais religiosos são Malta (95%, predominantemente católicos romanos), o Chipre e a Roménia, ambos com cerca de 90% dos cidadãos que afirmam acreditarem na existência de Deus (predominantemente ortodoxos orientais). Em toda a União Europeia, a crença foi maior entre as mulheres, que aumentou com a idade, pessoas com educação religiosa, que deixaram a escola aos quinze anos com um ensino básico e posicionamento dos "próprios à direita da escala política (57%)".
Línguas.
Entre as muitas línguas e dialetos utilizados na União Europeia, 24 delas são oficiais. Os documentos importantes, como a legislação, são traduzidos em todas as línguas oficiais. O Parlamento Europeu, com sede em Estrasburgo (França), dispõe de tradução em todos os idiomas de documentos e sessões plenárias. Algumas instituições usam apenas um pequeno número de línguas como línguas de trabalho internas. A Política de Língua é da responsabilidade dos Estados-membros, mas as suas instituições promovem a aprendizagem doutras línguas.
O alemão é a língua materna mais falada (cerca de 88,7 milhões de pessoas a partir de 2006), seguido pelo inglês, italiano e francês. O inglês é de longe a língua estrangeira mais falada, e mais de metade da população (51%), com o alemão e o francês a seguir. 56% dos cidadãos europeus são capazes de se envolver numa conversa numa língua diferente da sua língua materna.
A maioria das línguas oficiais do bloco europeu pertence à família de línguas indo-europeias, exceto o estoniano, o finlandês e o húngaro, que pertencem à família de línguas urálicas, e o maltês, que é uma língua afro-asiática. A maioria das línguas oficiais da União estão escritas no alfabeto latino com exceção do búlgaro, escrito no alfabeto cirílico, e do grego, escrito no alfabeto grego.
Além das línguas oficiais, existem cerca de 150 outras línguas regionais e/ou minoritárias faladas por cerca de 50 milhões de pessoas. Destas, somente as línguas regionais espanholas, irlandesas e galesas, podem ser utilizadas pelos cidadãos na comunicação com as principais instituições europeias.
Embora os programas da União Europeia possam apoiar as línguas regionais e minoritárias, a proteção dos direitos linguísticos é uma questão definida por cada Estado-membro individual. Embora a população de falantes do romani seja o triplo que de falantes de galês (apesar da "Porajmos"), a história do povo roma (ciganos) na Europa é de sete longos séculos, onde a sua língua não é oficial em qualquer Estado do bloco.
Além das muitas línguas regionais, uma grande variedade de línguas doutras partes do mundo são faladas por comunidades de imigrantes nos Estados-membros, como o turco, por exemplo. Muitos idosos das comunidades de imigrantes são bilíngues, sendo fluentes em ambas as línguas, a local e a de origem. As línguas dos migrantes não têm qualquer estatuto formal ou reconhecimento na União Europeia, embora a partir de 2007 fossem elegíveis para o apoio do ensino da língua parte do bloco.
Política.
A União Europeia opera dentro as competências conferidas pelos tratados e de acordo com o princípio da subsidiariedade (que determina que a ação da UE só deve ser tomada quando um objetivo não pode ser suficientemente realizados pelos Estados-membros individualmente). Leis feitas pelas instituições da UE são passadas em uma variedade de formas. De modo geral, elas podem ser classificadas em dois grupos: aquelas que entrarão em vigor sem a necessidade de medidas nacionais de execução e aquelas que exigem especificamente medidas nacionais de execução.
Natureza constitucional.
A classificação da União Europeia nos termos do direito internacional ou constitucional tem sido muito debatida, muitas vezes à luz do grau de integração que é percebido, desejado ou esperado pelos seus membros. Historicamente, a UE é uma organização internacional e, de acordo com alguns critérios, poderia ser classificada como uma confederação, mas também tem muitos atributos de uma federação, sendo que alguns chegam a classificá-la como uma federação ("de facto") de Estados. Por esta razão, a organização, no passado, foi denominada como uma instituição "sui generis" ("única no seu género"), embora também se argumente que esta designação já não é aplicável atualmente.
A própria organização tem tradicionalmente usado os termos "comunidade" e, posteriormente, "união" para se referir a si mesma. As dificuldades de classificação envolvem a diferença entre o direito nacional (onde os assuntos da lei incluem pessoas físicas e jurídicas) e o direito internacional (onde os temas incluem os Estados soberanos e as organizações internacionais), mas também podem ser vistas à luz das diferentes tradições constitucionais norte-americanas e europeias. Especialmente nos termos da tradição constitucional europeia, o termo "federação" é equiparado a um Estado federal soberano no direito internacional; logo a UE não pode ser chamada de Estado federal ou federação, ao menos sem ter essa qualificação. Apesar de não ser, propriamente, uma federação, a União Europeia é mais do que apenas uma associação de comércio livre. No entanto, a organização é descrita como sendo uma instituição baseada num modelo federativo. Walter Hallstein, na edição original alemã da "Europe in the Making" chamou a UE de "um estado federal inacabado". O Tribunal Constitucional Alemão refere-se à União Europeia como uma "associação de Estados soberanos" e afirma que para tornar a UE uma federação seria necessário substituir a constituição alemã. Outros afirmam que o bloco não vai se transformar num Estado federal, mas atingiu a maturidade como uma organização internacional.
Governo e instituições.
A União Europeia tem sete instituições: o Parlamento Europeu, o Conselho da União Europeia, a Comissão Europeia, o Conselho Europeu, o Banco Central Europeu, o Tribunal de Justiça da União Europeia e o Tribunal de Contas Europeu. Competências no controlo e em alterações na legislação são divididas entre o Parlamento e o Conselho da União Europeia, enquanto as tarefas executivas são levadas a cabo pela Comissão Europeia e num capacidade limitada pelo Conselho Europeu (que não deve ser confundido com o Conselho da União Europeia). A política monetária da Zona Euro é governada pelo Banco Central Europeu. A interpretação, a aplicação da legislação da UE e os tratados são assegurados pelo Tribunal de Justiça da União Europeia. O orçamento da UE é analisado pelo Tribunal de Contas Europeu. Há também uma série de órgãos auxiliares que aconselham a UE ou operam numa área específica.
Conselho Europeu.
O Conselho Europeu fornece as principais diretrizes da UE e reúne-se no mínimo quatro vezes por ano. É composto pelo Presidente do Conselho Europeu, o Presidente da Comissão Europeia e por um representante de cada Estado-membro do bloco (ou pelo seu chefe de Estado ou chefe de governo). O Conselho Europeu tem sido descrito por alguns como a "suprema autoridade política" da União Europeia. A instituição é ativa no envolvimento em negociação sobre alterações de tratados, além de definir a agenda política e as estratégias da UE.
O Conselho Europeu usa o seu papel de liderança dentro da UE para resolver disputas entre os Estados-membros e as instituições, e para resolver crises políticas e discordâncias sobre questões controversas e políticas entre os países. Este age externamente como uma espécie de "chefe de Estado coletivo" e ratifica documentos importantes (por exemplo, acordos e tratados internacionais).
Em 19 de novembro de 2009, Herman Van Rompuy foi escolhido como o primeiro presidente permanente do Conselho Europeu, assumindo o cargo a 1 de dezembro de 2009, com a entrada em vigor do Tratado de Lisboa. Assegurar a representação externa da União Europeia, a condução do consenso e da solução das divergências entre os membros são tarefas do presidente, tanto durante as convocações do Conselho Europeu como nos períodos entre as reuniões da instituição. O Conselho Europeu não deve ser confundido com o Conselho da Europa, uma organização internacional independente da UE.
Comissão.
A Comissão Europeia é uma instituição politicamente independente que representa e defende os interesses da União como um todo, propõe legislação, políticas e programas de ação, e é responsável pela execução das decisões do Parlamento e do Conselho da UE. É o órgão com poder executivo e de iniciativa.
Os documentos produzidos pela Comissão (basicamente os "livros brancos") e os tratados estabelecidos, têm certos princípios. A eles antecedem um grande número de decisões. Dois princípios orientam a tomada de decisões na UE após o Tratado de Maastricht: o princípio da subsidiariedade e o princípio da proporcionalidade.
Um dos 27 comissários que compõem o órgão é o Presidente da Comissão Europeia (atualmente Ursula von der Leyen) nomeada pelo Conselho Europeu. Depois do Presidente, o Comissário mais proeminente é o Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, que é "ex officio" o Vice-Presidente da Comissão e também é escolhido pelo Conselho Europeu. Os outros 25 comissários são posteriormente nomeados pelo Conselho da União Europeia, de acordo com o presidente nomeado. Os 27 comissários como um único corpo estão sujeitos a um voto de aprovação no Parlamento Europeu.
O presidente da Comissão Europeia participa nas reuniões do Conselho Europeu. No fim das cimeiras, o Conselho Europeu realiza as suas conclusões em relatórios para a Comissão Europeia. Por seu lado, o Conselho Europeu atribui a cada Estado-membro, um número de votos que determinam a adoção de disposições legislativas ou que não votem.
Parlamento.
O Parlamento Europeu (PE) é a assembleia parlamentar do bloco, eleita por sufrágio universal direto pelos cidadãos da União Europeia. Assim, como a única instituição eleita pelos cidadãos, o Parlamento Europeu tem um grande peso: um mero órgão consultivo no início, o PE assumiu um forte poder de codecisão, em paridade com o Conselho de Ministros em muitas questões. Desta forma, a partir de 2004, o Parlamento pode influenciar a nomeação na Comissão Europeia. A sua representatividade, no entanto, permanece minada por taxas de abstenção nas eleições de deputados, geralmente mais elevada do que nas eleições nacionais.
No seu discurso antes da Conferência de Nice, Joschka Fischer, então Ministro das Relações Exteriores da Alemanha, chamou à atenção para uma simplificação da União Europeia. Uma dessas ideias centrais era a abolição da escravidão da estrutura em pilares e substituí-la com uma concentração numa pessoa jurídica para a União Europeia. Esta ideia foi incluída no Tratado de Lisboa, que entrou em vigor a 1 de dezembro de 2009.
O parlamento compõe metade da legislatura da UE (a outra metade é o Conselho da União Europeia). Os 736 (em breve 751) membros do Parlamento Europeu são eleitos diretamente pelos cidadãos da UE a cada cinco anos com base no sistema de representação proporcional. Embora os deputados sejam eleitos com base nacional, sentam-se de acordo com os grupos políticos, em vez da sua nacionalidade. Cada país tem um número definido de assentos e é dividido em círculos eleitorais subnacionais, o que não afeta a natureza proporcional do sistema de votação.
O Parlamento Europeu e o Conselho da União Europeia compõem, em conjunto, a legislatura da UE em quase todas as áreas no âmbito do procedimento legislativo ordinário. Isto também se aplica ao orçamento da UE. Finalmente, a Comissão é responsável perante o Parlamento, exigindo a sua aprovação para assumir o cargo, ter que informá-lo, e sujeito a moções de censura a partir do mesmo. O Presidente do Parlamento Europeu realiza o papel de orador no parlamento e representa-o externamente. O Presidente e Vice-Presidente do PE são eleitos pelos deputados a cada dois anos e meio.
Orçamento.
A UE teve um orçamento aprovado de 120,7 mil milhões de euros para o ano de 2007 e de 864,3 mil milhões de euros para o período de 2007–2013, o que representa 1,10% e 1,05% da previsão do produto nacional bruto dos Estados-membros para o período. Em comparação, as despesas da França para 2004 foram estimadas em 801 mil milhões de euros. Em 1960, o orçamento da então Comunidade Económica Europeia era de 0,03% do PIB.
No orçamento de 141,5 mil milhões de euros de 2010, o maior item único de despesa foi a "coesão e competitividade", que respondeu por cerca de 45% do orçamento total. Em seguida, vem "agricultura", com aproximadamente 31% do total. "Desenvolvimento rural, do meio ambiente e das pescas" leva em torno de 11%. O item "administração" representa cerca de 6% dos gastos, enquanto os itens "UE como um parceiro global" e "cidadania, liberdade, segurança e justiça" respondem por cerca de 6% e 1% do orçamento, respectivamente.
O Tribunal de Contas tem por finalidade garantir que o orçamento da União Europeia tenha sido devidamente contabilizado. O tribunal fornece um relatório de auditoria contábil de cada exercício ao Conselho e ao Parlamento Europeu. O Parlamento usa isso para decidir se aprova o orçamento da Comissão. O Tribunal também dá opiniões e propostas sobre a legislação financeira e as ações antifraude.
O Tribunal de Contas é legalmente obrigado a fornecer ao Parlamento e ao Conselho "uma declaração de garantia quanto à fiabilidade das contas e à legalidade e regularidade das operações subjacentes". O Tribunal recusou-se a fazê-lo todos os anos desde 1993, qualificando o seu relatório de contas da União a cada ano desde então. Em seu relatório de 2009, os auditores constataram que cinco áreas de despesas da União, da agricultura e dos fundos de coesão, foram materialmente afetados por erros. A Comissão Europeia que o impacto financeiro das irregularidades foi 1,863 milhão de euros.
Competências.
Os Estados-membros da UE mantém todos os poderes não explicitamente entregues à União Europeia. Em algumas áreas, a UE goza de competência exclusiva. Estas são áreas em que os países-membros renunciaram a qualquer capacidade de legislar. Noutras áreas, a UE e os seus Estados-membros partilham a competência para legislar. Embora ambos possam legislar, os membros só podem legislar em assuntos em que a UE não tem esse poder. Noutras áreas políticas, a UE só pode coordenar, apoiar e complementar a ação do Estado-membro, mas não pode aprovar uma legislação com o objetivo de harmonizar as legislações nacionais.
Quando uma área política específica cai numa determinada categoria de competência não é necessariamente indicativo de qual o procedimento legislativo é usado para promulgar legislação dentro dessa área política. Procedimentos legislativos diferentes são usados dentro da mesma categoria de competência e até mesmo em uma mesma área política.
A distribuição de competências em diversas áreas políticas entre os Estados-Membros e a União é dividida nas três categorias seguintes:
Política interna.
Desde a criação da UE em 1993, o bloco tem desenvolvido as suas competências na área da justiça e política interna inicialmente num nível intergovernamental e mais tarde no supranacionalismo. Para este objetivo, agências têm sido estabelecidas para coordenar ações associadas: a Europol para a cooperação das forças policiais, a Eurojust para a cooperação entre os ministérios públicos e a Frontex para a cooperação entre as autoridades de controlo das fronteiras. A UE também opera o Sistema de Informação de Schengen, que fornece uma base de dados comum para a polícia e as autoridades de imigração. Esta cooperação teve que ser desenvolvido especialmente com o advento da abertura das fronteiras através do Acordo de Schengen e a criminalidade transfronteiriça.
Além disso, a União legisla em áreas como a extradição, direito de família, lei de asilo e de justiça criminal. Proibições contra a discriminação sexual e de nacionalidade têm uma longa história nos tratados do bloco. Recentemente, estes têm sido complementados por poderes de legislar contra a discriminação baseada em raça, religião, deficiência, idade e orientação sexual. Em virtude desses poderes, a UE adotou uma legislação única em matéria de discriminação sexual em local de trabalho, discriminação por idade e discriminação racial.
Relações internacionais.
A política externa de cooperação entre os Estados-membros data desde a criação da Comunidade em 1957, quando os membros negociaram como um bloco em negociações comerciais internacionais no âmbito da política comercial comum. Os passos para uma forma mais abrangente da coordenação nas relações exteriores começaram em 1970, com o estabelecimento da Cooperação Política Europeia (CPE) que criou um processo de consulta informal entre os Estados-membros com o objectivo de formar políticas externas comuns. No entanto, apenas em 1987 a CPE foi introduzida em uma base formal do Acto Único Europeu. A CPE foi rebatizada para Política Externa e de Segurança Comum da União Europeia (PESC) pelo Tratado de Maastricht.
Os objetivos da PESC são os de promover os interesses próprios da União Europeia e os da comunidade internacional como um todo, incluindo a promoção da cooperação internacional, do respeito pelos direitos humanos, a democracia e o Estado de direito. A PESC exige unanimidade entre os Estados-membros sobre a política apropriada a seguir sobre qualquer assunto em particular. A unanimidade e questões complexas são tratadas no âmbito da PESC, por vezes, pode levar a desentendimentos, como os que ocorreram durante a Guerra do Iraque.
O coordenador e representante da PESC na UE é o Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança (cargo atualmente ocupado por Catherine Ashton), que fala em nome da UE em assuntos relacionados sobre a política externa e a defesa e tem a tarefa de articular as posições expressas pelos Estados-membros sobre estas áreas em um alinhamento comum. O Alto Representante dirige o Serviço Europeu de Ação Externa (SEAE), um departamento exclusivo da UE que foi oficialmente implementado em 1 de dezembro de 2010, por ocasião do primeiro aniversário da entrada em vigor do Tratado de Lisboa. O SEAE atua como um Ministério das Relações Exteriores e como um corpo diplomático da União Europeia.
Além da política internacional emergente da União Europeia, a influência internacional da UE também é sentida através do alargamento dos seus Estados-membros. Os benefícios percebidos de se tornar um membro da UE atuam como um incentivo para o início de reformas políticas e económicas nos países que desejam cumprir os critérios de adesão à UE e são considerados um fator importante que contribui para a reforma das nações que já foram comunistas, principalmente na Europa Oriental. Esta influência nos assuntos internos de outros países é geralmente referido como "soft power", em oposição ao militar "hard power".
Forças armadas.
A União Europeia não tem um exército unificado. Os antecessores da União Europeia não conceberam como uma forte aliança militar porque a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) era amplamente vista como adequada e suficiente para os fins de defesa do continente. Vinte e dois dos membros da UE são também membros da NATO, enquanto os demais Estados-membros seguem políticas de neutralidade. A União da Europa Ocidental, uma aliança militar com uma cláusula de defesa mútua, foi dissolvida em 2010, visto que a sua função foi transferida para a UE. De acordo com o Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI), a França gastou mais de 44 mil milhões de euros (59 mil milhões de dólares) na área de defesa em 2010, colocando-a em terceiro lugar no mundo após Estados Unidos e China.
A França é a maior potência militar da UE, sendo oficialmente reconhecida como uma potência nuclear e que detêm assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Após a Guerra do Cosovo, em 1999, o Conselho Europeu decidiu que "a União deve ter a capacidade de acção autónoma, apoiada por forças militares credíveis, de meios para decidir usá-los e disponibilidade para o fazer, a fim de responder às crises internacionais, sem prejuízo das acções da NATO." Para esse fim, foi feita uma série de esforços para aumentar a capacidade militar da União Europeia, nomeadamente o processo do Objectivo Global de Helsínquia. Depois de muita discussão, o resultado mais concreto foram os grupos de combate da UE, cada um dos quais está previsto para ser capaz de implantar rapidamente cerca de 1 500 soldados.
Forças da UE foram mobilizadas em missões de manutenção da paz na África, nos Balcãs e no Sudoeste Asiático. As operações militares da UE são apoiados por uma série de organismos, como a Agência Europeia de Defesa, o Centro de Satélites da União Europeia e o Estado-Maior da União Europeia. Em uma UE composta por 28 membros, a segurança e a defesa dependem de uma substancial cooperação e de uma grande poder de cooperação.
Ajuda humanitária.
A Comunidade Europeia de Ajuda Humanitária, ou "ECHO", prevê ajuda humanitária da UE para países em desenvolvimento. Em 2006, o seu orçamento ascendeu a 671 milhões de euros, 48% dos quais foram para os países de África, das Caraíbas e do Pacífico. Contando com as próprias contribuições da UE e dos seus Estados-membros em conjunto, a UE é o maior doador de ajuda no mundo.
A ajuda humanitária é financiado diretamente pelo orçamento (70%), como parte dos instrumentos financeiros para a ação externa e também pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento (30%). O financiamento da acção externa da UE está dividida em instrumentos "geográficos" e "temáticos". Os instrumentos "geográficos" fornecem ajuda através do Instrumento de Cooperação para o Desenvolvimento, que deve passar de 95% do seu orçamento na ajuda externa ao desenvolvimento (APD), e do Instrumento Europeu de Vizinhança e Parceria (IEVP), que contém alguns programas relevantes. O Fundo Europeu de Desenvolvimento é composto por contribuições voluntárias dos Estados-membros, mas há pressão para fundir o FED ao orçamento dos instrumentos financiados para incentivar o aumento das contribuições para coincidir com a meta de 0,7% e para que o Parlamento Europeu possa fazer uma maior fiscalização.
A ajuda da UE tem sido criticada pela "think tank" eurocética Open Europe por ser ineficiente, mal orientada e ligada a objetivos económicos. Além disso, algumas instituições de caridade reivindicaram aos Governos europeus o aumento do montante que gastaram em ajudas, por incorretamente incluir o dinheiro gasto no apoio a pessoas endividadas, estudantes estrangeiros e refugiados. Sob números inflacionados, a UE como um todo não atingiu o seu objetivo de ajuda interna em 2006, e não é esperado atingir a meta internacional de 0,7% do produto nacional bruto (PNB) até 2015.
No entanto, quatro países já alcançaram essa meta, nomeadamente a Suécia, o Luxemburgo, os Países Baixos e a Dinamarca. Em 2005, a ajuda da UE foi de 0,34% do PIB, maior do que a dos Estados Unidos ou do Japão.
Tratados e sistema jurídico.
A União Europeia é baseada em uma série de tratados. Os primeiros acordos estabeleceram a Comunidade Europeia e a própria UE, e, em seguida, ocorreram alterações nos tratados fundadores. Esses tratados têm o poder de estabelecer metas políticas gerais e instituições com os poderes legais necessários para implementar essas metas. Esses poderes legais incluem a capacidade de aprovar uma legislação, o que pode afetar diretamente todos os Estados-membros e as suas respetivas populações. A UE tem personalidade jurídica, com o direito de assinar acordos e tratados internacionais.
Em virtude do princípio do primado, os tribunais nacionais são obrigados a cumprir os tratados que os Estados-membros ratificaram e, assim, as leis promulgadas sob eles, mesmo que isso os obrigue a ignorar a lei nacional e (dentro de certos limites) até as suas disposições constitucionais.
Tribunais de Justiça.
O poder judiciário da UE — formalmente chamado de Tribunal de Justiça da União Europeia — é composto por três órgãos: o Tribunal de Justiça, o Tribunal Geral e o Tribunal da Função Pública da União Europeia. Juntos, eles interpretam e aplicam os tratados e o direito da União Europeia.
O Tribunal de Justiça lida principalmente com casos relacionados ao Estados-membros, às instituições e aos casos que se referem a ele pelos tribunais dos Estados-membros. O Tribunal Geral lida principalmente com casos relacionados com indivíduos e empresas diretamente perante os tribunais da UE e o Tribunal da Função Pública da União julga os litígios entre a União Europeia e o seu serviço público. As decisões do Tribunal Geral podem ser objeto de recurso para o Tribunal de Justiça, mas apenas em questões de direito.
Direitos fundamentais.
Os tratados declaram que a própria UE é "fundada nos valores do respeito pela dignidade humana, liberdade, democracia, igualdade, Estado de direito e respeito pelos direitos humanos, incluindo os direitos das pessoas pertencentes a minorias ... numa sociedade onde o pluralismo, a não-discriminação, a tolerância, a justiça, a solidariedade e a igualdade entre mulheres e homens prevaleçam".
Em 2009, o Tratado de Lisboa deu efeito jurídico à Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia. A carta é um catálogo codificada dos direitos fundamentais contra o qual os atos jurídicos da UE podem ser julgados. Esta consolida muitos dos direitos que foram reconhecidos anteriormente pelo Tribunal de Justiça e que são derivados das "tradições constitucionais comuns aos Estados-membros." O Tribunal de Justiça reconheceu há muito tempo os direitos fundamentais, tendo, na ocasião, invalidado a legislação da UE com base no seu fracasso em aderir a esses direitos. A Carta dos Direitos foi elaborada em 2000.
Embora a UE seja independente do Conselho da Europa, as organizações partilham propósitos e ideias, especialmente no que concerna ao Estado de direito, direitos humanos e democracia. Além disso, a Convenção Europeia dos Direitos Humanos e a Carta Social Europeia, a fonte da lei da Carta dos Direitos Fundamentais, foram criadas pelo Conselho da Europa. A UE também promoveu as questões dos direitos humanos no mundo em geral. A União opõe-se à pena de morte e propôs a sua abolição em todo o mundo, sendo a sua abolição uma condição de adesão à UE.
Atos.
Os principais atos jurídicos da UE vêm em três formas: regulações, diretivas e decisões. As regulações tornam-se lei em todos os Estados-membros no momento em que entram em vigor, sem a necessidade de quaisquer medidas de execução e substituem automaticamente disposições internas que possam ser conflitantes. As diretivas exigem que os Estados-membros alcancem um determinado resultado, deixando-lhes margem de manobra sobre como conseguir o resultado. Os detalhes de como eles devem ser implementados são deixadas aos Estados-membros. Quando o limite de tempo para a aplicação das diretivas, este pode, sob certas condições, ter efeito direto na legislação nacional contra os Estados-membros.
As decisões oferecem uma alternativa aos dois modos de legislação supracitados. São atos jurídicos que se aplicam apenas a indivíduos, empresas ou a um Estado-membro especificado. São mais frequentemente utilizadas em direito da concorrência, ou sobre as decisões relativas aos auxílios estatais, mas também são utilizadas para questões processuais ou administrativas no âmbito das instituições. Regulamentos, diretivas e decisões são de valor legal equivalente e aplicam-se sem qualquer hierarquia formal.
Economia.
A União Europeia estabeleceu um mercado único em todo o território de todos os seus membros. Uma união monetária, a Zona Euro, usando uma moeda única é composta por 18 Estados-membros. Em 2010, a UE gerou uma estimativa cerca de 26% (16,242 milhões de dólares internacionais) do produto interno bruto (PIB) global, tornando-se a maior economia do mundo. O bloco é o maior exportador e importador de bens e serviços, além de ser o maior parceiro comercial de vários grandes países como a China, Índia e Estados Unidos.
Das 500 maiores empresas do mundo classificadas pela sua receita (Fortune Global 500 em 2010), 161 têm a sua sede na UE. Em maio de 2007 o desemprego na UE era de 7%, enquanto que o investimento era de 21,4% do PIB, a inflação em 2,2% e o défice público em -0,9% do PIB.
Há uma variação significativa na receita anual "per capita" entre os países-membros da UE, sendo que estas podem variar entre e euros (de a dólares). A diferença entre as regiões mais ricas e mais pobres (271 NUTS-2 as regiões da Nomenclatura Comum das Unidades Territoriais Estatísticas) variou, em 2007, de 26% da média da UE-27, na região de Severozapaden, na Bulgária. Nas regiões ricas, Londres tinha uma receita de euros em PPC "per capita", Luxemburgo euros e Bruxelas euros, enquanto as regiões mais pobres, são Severozapaden com uma receita de euros "per capita" PPC, Nord-Est (Roménia) e Severen tsentralen (Bulgária) com euros e Yuzhen tsentralen (Bulgária) com euros.
Os Fundos Estruturais e Fundos de Coesão estão a apoiar o desenvolvimento das regiões menos desenvolvidas da UE. Essas regiões estão localizadas principalmente nos novos Estados-membros do Centro-Leste da Europa. Vários fundos fornecem ajuda de emergência, apoio aos candidatos a membros para que estes transformem os seus países ao ponto de se adequarem à norma da UE e apoio à ex-repúblicas soviéticas da Comunidade de Estados Independentes.
Mercado comum.
Dois dos principais objetivos originais da Comunidade Económica Europeia eram o desenvolvimento de um mercado comum, posteriormente rebatizado de mercado único, e de uma união aduaneira entre os países membros. O mercado único implica a livre-circulação de bens, capitais, pessoas e serviços dentro da UE, enquanto a união aduaneira envolve a aplicação de uma tarifa externa comum a todas as mercadorias que entram no mercado comum. Uma vez que bens foram admitidos no mercado, eles não podem ser submetidos a direitos aduaneiros, impostos discriminatórios ou quotas de importação. Países que não são membros da UE, como Islândia, Noruega, Liechtenstein e Suíça participam no mercado único, mas não na união aduaneira. Metade do comércio na UE é abrangido pela legislação homogénea do bloco.
A livre circulação de capitais tem o objetivo de permitir o movimento de investimentos, tais como compras de bens e ações entre os países. Até a criação da união económica e monetária, o desenvolvimento das disposições de capital foi lento. Após o Tratado de Maastricht houve um rápido desenvolvimento da jurisprudência do Tribunal de Justiça da União Europeia sobre esta liberdade, que foi inicialmente negligenciada. A livre circulação de capitais é a única medida que é concedida igualmente a não membros.
A livre-circulação de pessoas significa que os cidadãos da UE podem circular livremente entre os Estados-membros para morar, trabalhar, estudar ou se aposentar noutro país. Tal exigiu a redução de formalidades administrativas e o reconhecimento das qualificações profissionais de outros Estados.
A livre-circulação de serviços permite aos trabalhadores não-assalariados para se moverem entre os Estados-Membros para prestar serviços em caráter temporário ou permanente. Embora os serviços sejam responsáveis por 60% a 70% do PIB, a legislação dessa área não é tão desenvolvida como em outros temas. Esta lacuna foi abordada pela diretiva recentemente aprovada relativa aos serviços no mercado comum, que visa liberalizar a prestação de serviços transfronteiriços. De acordo com o tratado, a prestação de serviços é uma liberdade residual que só se aplica se não houver outra liberdade sendo exercida.
União monetária.
A criação de uma moeda única europeia tornou-se um objetivo oficial da Comunidade Económica Europeia em 1969. No entanto, foi somente com o advento do Tratado de Maastricht, em 1993, que os Estados-membros foram legalmente obrigados a iniciar a união monetária, o mais tardar a 1 de janeiro de 1999. Nesta data, o euro foi devidamente lançado por onze dos então quinze Estados-membros da UE. Manteve-se uma moeda contábil até 1 de janeiro de 2002, quando as notas e moedas de euro foram emitidas e começou a eliminação progressiva das moedas nacionais na zona do euro, que até então consistia em 12 Estados-membros. A Zona Euro (constituída pelos Estados-membros da UE que adotaram o euro) desde então cresceu para 18 países, sendo a Letónia o país mais recente que aderiu à moeda a 1 de janeiro de 2014.
Todos os outros Estados-membros da UE, com exceção da Dinamarca, são legalmente obrigados a aderir ao euro, quando os critérios de convergência forem atendidos, no entanto apenas alguns países estabeleceram datas para a adesão. A Suécia tem contornado a exigência para aderir ao euro por não cumprir os critérios de adesão.
O euro é projetado para ajudar a construir um mercado único, por exemplo: flexibilização de viagens de cidadãos e bens, eliminação de problemas de taxa de câmbio, proporcionando de transparência dos preços, criando um mercado financeiro único, a estabilidade dos preços e das taxas de juro baixas e proporcionando uma moeda usada internacionalmente e protegida contra choques pela grande quantidade de comércio interno na Zona Euro. Destina-se igualmente como um símbolo político de integração e de estímulo. Desde o seu lançamento, o euro tornou-se a segunda moeda de reserva do mundo, com um quarto das trocas de reservas estrangeiras serem feitas com o euro. O euro e as políticas monetárias dos que o adotaram, de acordo com a UE, estão sob o controlo do Banco Central Europeu (BCE).
O BCE é o banco central para a Zona Euro e, assim, controla a política monetária na área com uma agenda para manter a estabilidade de preços. Está no centro do Sistema Europeu de Bancos Centrais, que compreende todos os bancos centrais nacionais da UE e é controlado pelo seu Conselho Geral, composto pelo presidente do BCE, que é nomeado pelo Conselho Europeu, o vice-presidente do BCE e pelos governadores dos bancos centrais nacionais de todos os 27 Estados-membros da UE.
Agricultura.
A Política Agrícola Comum (PAC) é uma das políticas mais antigas da Comunidade Europeia e foi um dos seus objetivos principais. A política tem como objetivo aumentar a produção agrícola, garantir a segurança no abastecimento de alimentos, garantir uma elevada qualidade de vida para os agricultores, estabilizar os mercados e assegurar preços razoáveis para os consumidores. A PAC era, até recentemente, operado por um sistema de subsídios e de intervenções no mercado. Até os anos 1990, a política foi responsável por mais de 60% do orçamento anual da então Comunidade Europeia e ainda é responsável por cerca de 34%.
O controlo de preços e as intervenções no mercado feitas pela PAC levaram a uma superprodução considerável, resultando nas chamadas "montanhas de manteiga" e "lagos de vinho". Estes eram armazéns de intervenção de produtos comprados pela Comunidade para manter os níveis de preços mínimos. Para dispor de lojas de excedentes, muitas vezes eles foram vendidos no mercado mundial a preços bem abaixo dos preços garantidos pela Comunidade ou aos agricultores eram oferecidos subsídios (correspondente à diferença entre os preços na Comunidade e os preços mundiais) para exportar sua produção para fora do bloco. Este sistema tem sido criticado por agricultores de fora da Europa, especialmente aqueles do mundo em desenvolvimento.
A superprodução também tem sido criticado por incentivar métodos de agricultura intensiva prejudiciais ao meio ambiente. Os defensores da PAC dizem que o apoio económico que esta fornece aos agricultores proporciona-lhes um nível de vida razoável, que de que outra maneira seria uma forma economicamente inviável. No entanto, os pequenos agricultores da UE recebem apenas 8% dos subsídios disponíveis da PAC.
Desde o início da década de 1990, a PAC tem sido objeto de uma série de reformas. Inicialmente, essas reformas incluíram a introdução do alqueive em 1988, onde a proporção de terras agrícolas foi deliberadamente retirada de produção, as quotas leiteiras (pelas reformas McSharry em 1992) e, mais recentemente, a dissociação do dinheiro que os agricultores recebem da UE da quantidade que produzem (pelas reformas Fischler em 2004). As despesas agrícolas vão se afastar dos pagamentos de subsídios ligados à produção específica, para pagamentos directos com base no tamanho da fazenda. Este destina-se a permitir que o mercado dite os níveis de produção, mantendo os níveis de renda agrícola. Uma dessas reformas vinculadas a abolição do regime do açúcar da UE , que antes dividia o mercado de açúcar entre os Estados-membros e certas nações africanas/caribenhas com uma relação privilegiada com a UE.
Infraestrutura.
Transportes.
A UE está a trabalhar para melhorar as infraestruturas transfronteiriças dentro do seu território, por exemplo através das Redes Transeuropeias (RTE). Entre os projetos no âmbito da RTE incluem-se o Eurotúnel, TAV Est, o túnel ferroviário do Fréjus, a Ponte do Øresund, o túnel do Brennero e a ponte do estreito de Messina. Em 2001, estimou-se que até 2010 a rede iria cobrir: 75,2 mil km de estradas; 78 000 km de ferrovias; 330 aeroportos; 270 portos marítimos e 210 portos internos.
O desenvolvimento das políticas de transportes europeia aumentará a pressão sobre o meio ambiente em muitas regiões por onde a rede de transportes aumentou. Nos membros da UE antes de 2004, o grande problema nos negócios de transporte com o congestionamento e a poluição. Após o recente alargamento, os novos Estados que aderiram em 2004 trouxeram o problema da resolução de acessibilidade para a agenda de transporte. A rede de estradas polacas, em especial, estava em más condições: na adesão da Polónia à UE, estradas precisavam ser atualizadas aos padrões da UE, exigindo cerca de € 17 mil milhões.
Educação e ciência.
O desenvolvimento científico é facilitado através de programas científicos da UE, o primeiro dos quais iniciado em 1984. Os objetivos da política da UE nesta área são de coordenar e estimular a pesquisa. O independente Conselho Europeu de Investigação aloca fundos da UE para projetos de pesquisa europeus ou nacionais. O Sétimo Programa (FP7) promove várias áreas, por exemplo, a energia, onde ele pretende desenvolver uma mistura diversificada de energias renováveis para o meio ambiente e para reduzir a dependência de combustíveis importados.
O sistema de navegação por satélite "Galileo" é um outro projeto de infraestrutura da UE. O "Galileo" é uma proposta de sistema global de navegação por satélite, a ser construído pela UE e lançado pela Agência Espacial Europeia (ESA) e deve estar em operação até 2010. O projeto Galileo foi lançado, em parte, para reduzir a dependência da UE do sistema de posicionamento global (GPS) dos Estados Unidos, mas também para proporcionar uma cobertura global mais completa e permitir uma precisão muito maior, dada a idade do sistema GPS. O sistema europeu foi criticado por alguns devido aos custos, atrasos e pela perceção de redundância, dada a existência do sistema GPS.
Na educação, a política foi desenvolvida principalmente na década de 1980 em programas de apoio ao intercâmbio e mobilidade. A mais visível delas foi o Programa Erasmus, um programa de intercâmbio universitário que começou em 1987. Nos seus primeiros 20 anos, tem apoiado oportunidades de intercâmbio internacional para mais de 1,5 milhões de universidades e estudantes universitários e tornou-se um símbolo da vida estudantil europeia.
Atualmente existem programas semelhante para alunos e professores, para os formandos no ensino e formação profissional e para adultos no Programa de Aprendizagem ao Longo da Vida 2007–2013. Estes programas são concebidos para incentivar um conhecimento mais amplo de outros países e difundir boas práticas nos domínios da educação e de formação em toda a UE. Por meio de seu apoio ao processo de Bolonha, a UE está a apoiar padrões e graus comparáveis e compatíveis em toda a Europa.
Energia.
Em 2006, os 27 Estados-membros tinham um consumo interno bruto de energia de 1,825 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (tep). Cerca de 46% da energia consumida foi produzida dentro dos Estados-membros, enquanto 54% foi importada. Nestas estatísticas, a energia nuclear é tratada como uma energia primária produzida na UE, independentemente da origem do urânio, dos quais menos de 3% é produzido dentro do território da UE.
A UE teve o poder legislativo sob a área da política energética na maior parte de sua existência, o que tem as suas raízes na antiga Comunidade Europeia do Carvão e do Aço. A introdução de uma política energética europeia obrigatória e abrangente foi aprovada na reunião do Conselho Europeu em outubro de 2005 e a primeira proposta de política foi publicada em janeiro de 2007.
A UE tem cinco pontos-chave na sua política energética: o aumento da concorrência no mercado interno, o incentivo ao investimento e o aumento da interligação entre as redes de eletricidade; diversificar as fontes de energia com melhores sistemas para responder a uma crise, estabelecer um novo quadro do Tratado para a cooperação energética com a Rússia, melhorar as relações com os países ricos em energia da Ásia Central e Norte da África; usar fontes de energia existentes de forma mais eficiente, aumentando a comercialização de energia renováveis; e, finalmente, aumentar o financiamento para novas tecnologias energéticas.
Em 2007, a UE importava 82% do seu petróleo, 57% do seu gás natural e 97,48% de suas demandas de urânio. Há preocupações de que a dependência da Europa da energia russa esteja a colocar em risco a União e os seus países membros. A UE está a tentar diversificar a sua oferta de energia.
Saúde.
Embora a UE não tenha grandes competências no domínio dos cuidados de saúde, o artigo 35 da Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia afirma que "um elevado nível de protecção da saúde humana deve ser assegurado na definição e implementação de todas as políticas e acções da União." Todos os Estados-membros têm políticas de patrocínio público e regulação de saúde pública ou prestam serviços públicos de saúde universal. A Direcção-Geral para a Saúde e Defesa do Consumidor da Comissão Europeia busca alinhar a legislação nacional relativa à protecção da saúde das pessoas, sobre os direitos dos consumidores, sobre a segurança dos alimentos e outros produtos.
Os cuidados de saúde na UE são fornecidos através de uma ampla gama de diferentes sistemas que funcionam em nível nacional. Os sistemas são principalmente financiados com dinheiro público, através dos impostos. O financiamento privado do sistema de saúde pode representar contribuições pessoais para cumprir a parte não contribuinte reembolsada de cuidados de saúde ou pode refletir cuidados de saúde totalmente privado (não subsidiados), pagos do próprio bolso ou atendidos por algum tipo de seguro particular ou financiado pelo empregador.
Todos os Estados-membros da UE e muitos outros países europeus oferecem aos seus cidadãos um Cartão Europeu de Seguro de Saúde gratuito, que, numa base de reciprocidade, fornece seguro para tratamento médico de emergência ao visitar outros países europeus participantes. A directiva sobre cuidados de saúde transfronteiriços visa promover a cooperação em matéria de cuidados de saúde entre os países membros e facilitar o acesso seguro e de alta qualidade aos cuidados de saúde transfronteiriços para os doentes europeus.
Cultura.
Devido ao grande número de perspetivas que podem ser tomadas sobre o assunto, é impossível formar uma concepção abrangente de uma cultura europeia uniforme. No entanto, existem elementos essenciais que são geralmente associados como constituintes do fundamento cultural e espiritual da civilização europeia contemporânea: o mundo greco-romano e o judaísmo antigo, a cristandade da Idade Média, o fenómeno moderno do Renascimento, seguido pela era do Iluminismo, que definiu o conceito de direitos humanos e o surgimento das teorias socialistas e liberais a partir do século XIX.
Embora as primeiras civilizações que influenciaram o desenvolvimento da cultura europeia datem da Mesopotâmia, dos indo-europeus, do Israel bíblico e do Egito antigo, o local de nascimento da cultura europeia clássica apareceu na Grécia antiga entre os séculos VIII e IV a.C., com seu sistema democrático de governo e grandes avanços em filosofia, literatura, artes e matemática. Os gregos foram seguidos por Roma, que fez contribuições importantes em direito, organização política, engenharia e governo. Este conjunto de valores tradicionais europeus, que continua durante a Idade Média com as primeiras universidades e o desenvolvimento do escolasticismo, o Renascimento com a revolução científica e sua própria versão de humanismo, derivado da redescoberta da Antiguidade Clássica, é caracterizada pela importância do racionalismo em várias esferas da vida, favorecendo o pensamento livre e a assimilação dos direitos humanos e do ceticismo naturais, o igualitarismo e justiça, republicanismo e democracia. A cultura indo-europeia, mais tarde misturada com a mitologia cristã, é um antepassado comum para a maioria das culturas tradicionais e folclores na Europa e se espalhou por todo o continente a partir da Idade do Bronze.
Política cultural.
A cooperação cultural entre os Estados-membros tem sido uma preocupação da UE desde a sua inclusão como competência comunitária no Tratado de Maastricht. As ações tomadas na área cultural pela UE incluem o programa de sete anos "Cultura 2000", o evento do "Mês Cultural Europeu", e orquestras, como a Orquestra Jovem da União Europeia.
O programa da Capital Europeia da Cultura seleciona uma ou mais cidades em cada ano para ajudar ao desenvolvimento cultural dessas cidades. Até 2016, 53 cidades da UE já fizeram parte desta iniciativa.
Meios de comunicação.
A liberdade de imprensa é um direito fundamental que se aplica a todos os Estados-membros da União Europeia e aos seus cidadãos, tal como definidos na Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia, bem como na Convenção Europeia dos Direitos Humanos. No processo de alargamento da UE, a garantia de liberdade dos média é chamada de "indicador chave da disposição do país para se tornar parte da UE".
A grande maioria dos meios de comunicação social na União Europeia é orientada para o país. No entanto, alguns meios de comunicação europeus centrados em assuntos europeus surgiram desde o início da década de 1990, como Euronews, EUobserver, EURACTIV ou Politico Europe. ARTE é uma rede de TV pública franco-alemã que promove programação nas áreas da cultura e das artes. 80% da sua programação são proporcionados em proporção igual pelas duas empresas membros, enquanto o restante é fornecido pelo Agrupamento Europeu de Interesse Económico "ARTE GEIE" e pelos parceiros europeus do canal.
O Programa MEDIA da União Europeia apoia as indústrias europeias do cinema e do audiovisual desde 1991. Além disso, presta apoio ao desenvolvimento, promoção e distribuição de obras europeias na Europa e noutras regiões do mundo.
Desporto.
O futebol é, de longe, o desporto mais popular em quase todos os países europeus. As suas regras modernas foram inventadas na Inglaterra no século XIX a partir do futebol medieval, um jogo tradicional praticado na Europa desde a Idade Média. As equipas nacionais europeias ganharam 11 das 20 edições do Mundial da FIFA; estas também competem a cada quatro anos no Campeonato Europeu de Futebol desde 1960. Quanto aos clubes de futebol europeus, estes participam da Liga dos Campeões da UEFA, atraindo uma extensa audiência televisiva em todo o mundo: a final do torneio foi, nos últimos anos, o evento desportivo anual mais assistido em todo mundo. Os outros desportos com mais participantes em clubes são ténis, natação, atletismo, golfe, ginástica, desportos equestres, andebol, voleibol e vela.
O desporto é principalmente da responsabilidade dos Estados-membros ou de outras organizações internacionais, e não da UE. No entanto, existem algumas políticas da UE que afetaram o tema, como a livre-circulação de trabalhadores, que esteva no cerne do Caso Bosman que proibia as ligas nacionais de futebol de impor cotas a jogadores estrangeiros com cidadania europeia.
O Tratado de Lisboa exige qualquer aplicação das regras económicas para ter em conta a natureza específica do desporto e das suas estruturas com base na atividade voluntária. Isso seguiu o lóbi das organizações governamentais, como o Comité Olímpico Internacional e a FIFA, devido a objeções sobre a aplicação de princípios de mercado livre ao desporto, o que levou a uma diferença crescente entre clubes ricos e pobres. A UE financia um programa para treinadores de futebol israelitas, jordanos, irlandeses e britânicos, como parte do projeto "Football 4 Peace".
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1887 | Uruguaiana | Uruguaiana
Uruguaiana é um município brasileiro situado no extremo ocidental do estado do Rio Grande do Sul, junto à fronteira fluvial com a Argentina e Uruguai, a uma altitude de 66 metros acima do nível do mar. A cidade tem grande importância estratégica comercial internacional, tendo em vista que está localizada equidistante de Porto Alegre, Montevidéu, Buenos Aires e Assunção; bem como devido à importância na produção agropecuária nacional, ostentando a liderança na produção de arroz. É o terceiro maior município gaúcho e também da Região Sul em área com mais de 5.700 quilômetros quadrados.
História.
Ocupação ameríndia e missões jesuítas.
Toda a região do pampa gaúcho, na qual está contido o atual município, era ocupada, até o século XVI, predominantemente pelos índios charruas.
Dentro do contexto das missões jesuíticas na América, em 1657 foi criada a Estância Santiago (localizada no atual distrito de São Marcos) como parte do grande complexo da Redução de Japeju ("Yapeyú"), fundada em 1626 e situada do outro lado do rio Uruguai. Até a dissolução das missões, outros postos de gado foram erguidos na região de Uruguaiana para servir à Redução de Japeju, com algumas ruínas existindo até hoje. Posteriormente, a região passou a fazer parte do Reino de Portugal que, a partir de 1814, começa a distribuir sesmarias na região, e muitos desses novos proprietários utilizaram as antigas instalações das estâncias jesuítas.
Fundação e emancipação.
No início do século XIX, a 30 quilômetros de Uruguaiana, existia uma localidade chamada Capela de Santana, onde funcionavam um posto fiscal e um acampamento militar e onde existiam alguns ranchos com moradores. No local, as tropas e os comerciantes costumavam atravessavar o rio Uruguai. No ano de 1840, o povoado foi destruído por uma violenta inundação.
Por causa da inundação e procurando um local melhor para estabelecer-se, em 24 de fevereiro de 1843 a povoação foi restabelecida e refundada pelo governo farrapo no seu local atual. É a única cidade originada do movimento farroupilha. Sua emancipação ocorreu mais tarde, em 29 de maio de 1846, quando se desvinculou do município de Alegrete, ao qual anteriormente pertencia. Perto de sua emancipação, alguns viajantes da época relatam ter encontrado, no local, não uma cidade brasileira, mas sim uma hispano-francesa em suas relações de vida e comércio, apoiadas naquele tempo mais em Buenos Aires e Montevidéu do que Porto Alegre.
Ao emancipar-se e desenvolver-se, do outro lado da costa do rio Uruguai também se emancipou Paso de los Libres, município localizado na província de Corrientes, na Argentina.
Brasão.
As duas espadas de ouro situadas no primeiro quadrado do brasão da cidade simbolizam a criação da cidade na época da Guerra Farroupilha. Seguindo, os medalhões significam a rendição na cidade. No terceiro, há uma corrente partida, significando a libertação dos escravos, 4 anos antes da Lei Áurea. E, enfim, três ondas de prata, em homenagem ao Rio da Prata.
Escravidão.
Uruguaiana, como demonstrado no seu brasão, orgulha-se de ter sido a primeira cidade do Brasil a libertar seus escravos. Em 31 de dezembro de 1882, antecipando-se à proclamação da Lei Áurea (ano de 1888), efetuou a abolição da escravidão no território municipal, conforme Ata da Sessão Extraordinária Comemorativa da Redenção dos Escravos da Cidade e Município de Uruguaiana.
Conflitos.
Guerra do Paraguai.
Entretanto, como Uruguaiana é uma cidade encravada entre solos argentino e uruguaio, não foi tão fácil estabelecer as fronteiras do Brasil, tampouco manter-se a cidade sobre eterna paz. A cidade foi invadida em 5 de agosto de 1865 por tropas paraguaias sob ordens do ditador Francisco Solano Lopes, que ordenou a invasão dos estados do Rio Grande do Sul e Mato Grosso, em represália à intervenção militar brasileira no Uruguai. Era o início da Guerra do Paraguai, envolvendo tropas brasileiras, argentinas, uruguaias e paraguaias, tornando Uruguaiana eixo e palco de uma das batalhas mais importantes do conflito.
O desfecho ocorreu em 18 de setembro, com a rendição dos paraguaios, após 44 dias do sítio da cidade pelas forças da Tríplice Aliança. Na época a cidade contava com cerca de 2 500 habitantes. Após a invasão e rendição dos paraguaios, a cidade encontrou a maioria das residências e demais estabelecimentos destruídos, porém, aos poucos, a cidade foi se recuperando e, em 1900, a cidade já possuía cerca de 23 194 habitantes.
Desenvolvimento.
Pelos anos de 1890 a 1900, a cidade era um ícone importante no comércio riograndense, sendo que, através de seus portos, circulavam materiais provindos da Europa. Os produtos vinham de Caseros e subiam o rio Uruguai via barcos, gerando um comércio alternativo ao de Porto Alegre.
Em 1892, a cidade aprovou sua primeira lei orgânica, sob o regime dos republicanos e, em 1896, foi nomeado o coronel Gabriel Rodrigues Portugal como seu primeiro intendente (prefeito).
História recente.
Por ter sofrido várias incursões militares, se tornou uma importante peça no cenário militar da América Latina. É importante rota de cargas e tem bastante atividade turística. Atualmente, ostenta o título de maior porto seco da América Latina e terceiro maior do mundo.
Geografia.
Uruguaiana é a maior cidade da região oeste do estado em população, e o terceiro maior município do estado em área territorial, atrás apenas de Alegrete e de Santana do Livramento, com uma área de 5 713 km²(pouco menor que a ilha de Chipre). A zona urbana do município ocupa uma área total de 45,3 km² e está dividida em 26 bairros.
Localizado no extremo Oeste do Estado do Rio Grande do Sul, a 29º 46' 55" de latitude Sul e 57º 02' 18" de longitude Oeste, na fronteira com a Argentina, com área urbana de 45,3 Km2, com 270 km de ruas.
Uruguaiana faz fronteira com a República Argentina e é muito próxima do Paraguai e do Uruguai, tendo as capitais Buenos Aires, Montevidéu, Assunção e Porto Alegre equidistantes, sendo ponto estratégico militar e econômico para o Mercosul.
A área urbana de Uruguaiana é ligada à cidade argentina "Paso de los Libres".
O limite se encontra exatamente no meio da Ponte Internacional, que possui dois nomes - "Getúlio Vargas" na metade brasileira e "Agustín Justo" na metade argentina.
Até meados dos anos 1990, Uruguaiana fazia fronteira com a cidade uruguaia de Bella Unión, através do distrito da Barra do Quaraí. Com a emancipação do distrito, em 1995, findou-se essa característica uruguaianense. Ainda assim, o município faz divisa com terras da República Oriental do Uruguai ao sul, sendo um dos poucos municípios brasileiros com tríplice fronteira.
Clima.
Uruguaiana possui a maior amplitude térmica do país, por isso as estações do ano são bem distintas, com verão quente, um pouco amenizado pelo efeito das águas do Rio Uruguai. No outono é temperado, com ocorrência de queda de folhas, mas também é nesse período que acontece o "veranico", época de calor comparado ao verão entre os meses de abril e maio. O inverno é frio, com temperaturas negativas nas partes mais altas do município, com ocorrência de geada e nevoeiro. A primavera é o início da floração. A partir do mês de outubro o calor começa novamente, com a proximidade do verão.
Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), desde 1931 a menor temperatura registrada em Uruguaiana foi de em 8 de junho de 2012. Desde 27 de fevereiro de 2022, quando a máxima atingiu , o município detém o recorde de maior temperatura do estado do Rio Grande do Sul, superando os nos dias 19 de janeiro de 1917 e 1º de janeiro de 1943 registrados, respectivamente, em Alegrete e Jaguarão, sendo que, no município, o recorde anterior era de em 27 de janeiro de 1986.
O maior acumulado de precipitação em 24 horas atingiu em 15 de abril de 1959. Outros acumulados iguais ou superiores a foram: em 10 de janeiro de 2019, em 5 de junho de 1992, em 24 de outubro de 1934, em 13 de outubro de 1997, em 28 de maio de 1967, em 12 de abril de 1992, em 24 de fevereiro de 1983, em 27 de janeiro de 1998 e em 5 de maio de 1983. Desde 1961, janeiro de 2019 foi o mês de maior precipitação, com .
Economia.
Na economia uruguaianense, destacam-se a cultura de arroz (por ser o maior produtor da América Latina do grão), gado bovino de raças nobres europeias, gado ovino de corte e lã, gado bubalino de corte (município líder no estado); e o comércio exterior, este último devido à vasta infraestrutura portuária do maior porto seco da América Latina, situado na BR-290 (rodovia que liga Uruguaiana a Alegrete e, mais adiante, Porto Alegre).
Para se ter ideia, em 2006, passaram, pelo local, US$ 6,5 bilhões entre exportações e importações, transitando, por ali, 243 411 caminhões (média diária de 667 veículos).
Devido a tal movimento de cargas internacionais, Uruguaiana tem o maior porto seco da América Latina.
Setor secundário.
A cidade orgulha-se de ser a pioneira no refino de petróleo no Brasil, pois, em 1932, foi construída a Refinaria Riograndense de Petróleo, idealizada e formada por comerciantes locais, impulsionou Uruguaiana a notoriedade internacional, devido a importância econômica, militar e social que esta refinaria representava na época.
Esta refinaria tornou-se o berço do atual gigante Grupo Ipiranga, que está espalhado por quase todas as cidades brasileiras, especialmente as das regiões Sul e Sudeste do Brasil.
O gás natural (gasoduto) proveniente da Argentina, o qual é uma fonte energética "limpa", sem desperdício e com alto rendimento permite a Uruguaiana gerar 639 MW, através da denominada AES Uruguaiana, primeira usina termelétrica a operar com gás natural no Brasil, que iniciou suas atividades no ano de 2000.
Demografia.
Estima-se que haja, no município, 25 083 economias prediais e 6 044 terrenos não ocupados, com 25 habitantes por hectare.
Infraestrutura.
Ao contrário da maioria das outras cidades, que iniciaram como uma aldeia ou sede de um clã e que, depois, cresceram lentamente e de maneira disforme, Uruguaiana teve sua área urbana projetada e sua localização estrategicamente escolhida, isto no século XIX, sendo que as fronteiras precisavam de vigilância constante e que demonstrassem uma imponência cultural perante aos países vizinhos.
Por esse motivo, todas as quadras das zonas centrais uruguaianenses possuem 110 metros de lado, e todas as outras medidas são padronizadas, sob uma planície estupenda, a beira do rio Uruguai. Também graças a esse planejamento, calçadas e ruas uruguaianenses são amplas e espaçosas, tornando-se um diferencial de Uruguaiana em comparação às outras cidades brasileiras.
Em consequência de tudo isso, a trafegabilidade em Uruguaiana é bastante simplificada, sendo raro encontrar no interior da área urbana ruas sem saída ou de formato não retilíneo, congestionamentos, sendo que as opções de se trafegar pela cidade são esparsas.
Uruguaiana foi a primeira cidade brasileira com essa característica de planejamento.
Educação.
Uruguaiana, ao longo do tempo, tornou-se referência em educação no Estado. A cidade é sede da 10ª Coordenadoria Regional de Educação a qual representa a Secretaria Estadual de Educação do Rio Grande do Sul na região. Em 2000, os alunos da cidade tiveram uma taxa bruta de frequência à escola de 79,63 por cento, sendo que em 2004 828 alunos do ensino público ocupavam transporte escolar (gasto que chegou a R$ 62.928,00). Os gastos com merenda escolar em 2004 chegaram a R$ 637.808,40. Em 2005, a cidade alcançou o coeficiente 0,0045223242 na avaliação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica sobre os alunos de 1ª a 8ª série.
A rede de ensino em Uruguaiana é composta por quatro tipos de classificação, sendo municipais, estaduais, federais e privadas:
A rede municipal conta com 7 creches, 27 escolas, sendo 10 urbanas e 17 rurais; contando, ao todo, 6 707 alunos (6 222 urbanos e 485 rurais), os quais estão sob a docência de 567 professores.
A rede estadual conta com 33 escolas, 20 457 alunos e 1 064 professores.
A rede federal é composta por um "Campus Avançado" do Instituto Federal de Ciências, Ensino e Tecnologia Farroupilha (IFFar), que oferece Cursos Técnicos nas modalidades de ensino Integrado ao Ensino Médio (Administração e Informática), Concomitante e Subsequente (Manutenção e Hardware, Marketing e Informática), além de um amplo "Campus" da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), especializado em Cursos Superiores na área da Saúde, além de oferecer um conjunto de programas de pós-graduação.
Quanto à rede particular, existem 4 escolas, 3 056 alunos e 194 professores. Foi no campus da PUCRS, que atualmente já não opera na cidade, que, em 1956, foi criado o primeiro curso de zootecnia do Brasil, tornando a cidade importante para esta profissão.
Saúde.
Uruguaiana conta, ao total (em 2005), com 49 estabelecimentos de saúde, sendo 3 hospitais/estabelecimentos conveniados ao Sistema Único de Saúde, entre eles a Santa Casa de Caridade de Uruguaiana, existindo, no total, 176 leitos conveniados ao Sistema Único de Saúde e 26 postos de saúde espalhados pela cidade.
Ao nascer, o cidadão uruguaianense tem a expectativa de vida (2000) de 70,22 anos.
Segurança e órgãos públicos.
O município possui ao total seis delegacias de polícia, sendo duas delegacias de polícia para assuntos gerais, uma Delegacia de Furtos, Roubos, Extorsões e Capturas (DEFREC), uma Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento (DPPA), uma Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) e uma Delegacia Policial para a Mulher (PPM).
A Brigada Militar possui, no município, o 1º Batalhão de Policiamento em Área de Fronteira, Brigada de Incêndio de Uruguaiana, entre outros.
A cidade está munida, também, de Guarda Municipal, Departamento de Polícia Rodoviária Federal, Delegacia da Receita Federal de Uruguaiana, Delegacia da Polícia Federal, Delegacia Federal de Agricultura e Escritório Regional do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis.
Por ser uma região de fronteira muito próxima aos cinco principais países da América do Sul, as forças armadas brasileiras também estão presentes na cidade com o 8º Regimento de Cavalaria Mecanizada, 22º Grupo de Artilharia de Campanha Autopropulsado, Quartel General do Comando da 2ª Brigada da Cavalaria Mecanizada, 3ª Bateria de Artilharia Antiaérea, 2º Pelotão de Polícia do Exército, Esquadrão de Comando da 2ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, Hospital da Guarnição de Uruguaiana, Delegacia Fluvial de Uruguaiana, entre outros.
Poder judiciário e órgãos essenciais à justiça.
Uruguaiana é sede de Comarca do Poder Judiciário gaúcho, com competência também sobre o Município da Barra do Quaraí. Além disso, há Promotorias de Justiça (sede do Ministério Público Estadual) e Unidade da Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul.
Como o mais importante e populoso Município da região, Uruguaiana sedia, também, Subseção da Justiça Federal, com competência a se expandir aos Municípios de Barra do Quaraí, Itaqui, Alegrete (Rio Grande do Sul) e Manoel Viana. Também há, em Uruguaiana, uma Procuradoria da República (sede do Ministério Público Federal) e unidade da Defensoria Pública da União, ambas com atribuições em relação a tais Municípios.
Uruguaiana possui, ademais, duas Varas da Justiça do Trabalho além de uma Procuradoria do Trabalho (sede do Ministério Público do Trabalho).
O Município é Sede de Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil, possuindo órgãos da Advocacia Pública em todas as esferas: Advocacia-Geral da União (Procuradoria-Seccional da União, Procuradoria-Seccional Federal e Procuradoria-Seccional da Fazenda Nacional), Procuradoria do Estado do Rio Grande do Sul e, por fim, Procuradoria Municipal.
Mídia.
Assim como serviços televisionados de distribuição gratuita, Uruguaiana dispõe de serviços de televisionamento pago de TV por assinatura, através da operadora Claro TV, SKY e Oi TV, com inúmeros canais, bem como serviços de pay-per-view e demais serviços de telefonia e internet banda larga. Com este serviço e através destas operadoras, existem canais com programação de atividades e eventos locais, criando ao telespectador uruguaianense programações locais de entretenimento e educação. Uruguaiana também é sede da RBS TV Uruguaiana, afiliada da Rede Globo. Também é possível captar-se, livremente, canais de rádios e televisivas da cidade vizinha de Paso de los Libres, aumentando o número de estações na cidade.
Transportes.
Estradas.
O Município de Uruguaiana possui plena ligação às malhas rodoviárias brasileira, argentina e uruguaia, sendo cortado por duas importantes rodovias federais, as BRs 290 e 472.
A BR-290 (Rodovia Oswaldo Aranha) se inicia na Ponte Internacional e liga a cidade até Alegrete, passando por Porto Alegre, onde se converte na denominada "Free Way", e se encerra no Município de Osório, próximo ao litoral norte do estado, conectando-se à BR-101, a mais extensa rodovia brasileira. Por meio da BR-290, é possível a ligação com várias cidades importantes do estado, como Santa Maria, através do desvio à BR-158.
A estrada BR-472 liga a ponte da Barra do Quaraí (limite com o Uruguai) a Frederico Westphalen, ligando Uruguaiana a Municípios como São Borja e Itaqui. Através da rodovia, toma-se o caminho mais rápido até o centro de país e a cidades como Curitiba.
Cruza pelo Município, também, a rodovia estadual RS-377, que a liga até Quaraí, onde se inicia a BR-293, por meio da qual se chega a Santana do Livramento/ Rivera, Bagé e Pelotas, e, após, mediante interligação com outras rodovias, ao porto de Rio Grande e à Praia do Cassino.
Por fim, por meio das vizinhas cidades de Paso de los Libres (Argentina) e Barra do Quaraí/Bella Unión (Uruguai), é possível o acesso à malha rodoviária da Argentina e do Uruguai, com acesso, inclusive, às respectivas capitais, Buenos Aires e Montevidéu.
Ponte internacional.
Em 21 de maio de 1947, foi inaugurada, pelos presidentes Eurico Gaspar Dutra, do Brasil, e Juan Domingo Perón, da Argentina, a Ponte Internacional Rodoferroviária Getúlio Vargas/Agustín P. Justo, sobre o rio Uruguai, ligando Uruguaiana à cidade argentina de Paso de los Libres, com ajuda, na parte brasileira, de militares e civis. Na época de sua construção, foi a maior obra de engenharia da América Latina. Hoje, a ponte é a porta de entrada e saída para a comercialização de produtos, tornando Uruguaiana o maior porto seco da América Latina e o terceiro maior do mundo.
Ferrovias.
Uruguaiana também é servida por ferrovias importantes, todas elas com ligação com a ponte internacional rodoferroviária sobre o Rio Uruguai. Sob o comando da América Latina Logística, fortes investimentos foram realizados na última década. Esta operadora concluiu, nos últimos anos, o Terminal Modal de Uruguaiana, com operação "Travel Lift", moderno equipamento de transbordo de contêineres e produtos siderúrgicos avaliado em torno de 1 400 000 reais e especialmente desenvolvido para o porto seco ferroviário de Uruguaiana.
Em Uruguaiana, existe o único terminal ferroviário da América Latina com as aduanas de Brasil e Argentina integradas. O terminal alavanca as exportações brasileiras com cargas que passam por ele e seguem para Argentina, Paraguai e Chile. Somente em 2006, o terminal movimentou 1 200 000 toneladas - cerca de 95 000 toneladas por mês.
Os trens de passageiros de longa distância da antiga Viação Férrea do Rio Grande do Sul, posteriormente encampada pela RFFSA, partiam do terminal ferroviário de Uruguaiana e realizavam diariamente a ligação do município com a capital gaúcha Porto Alegre. Esses trens realizaram suas últimas viagens entre Uruguaiana e Porto Alegre no dia 2 de fevereiro de 1996 e em seguida, foram desativados.
Aeroporto internacional.
Em Uruguaiana, está localizado o Aeroporto Internacional Rubem Berta, a 9 km do centro da cidade.
Inaugurado em 1945, o aeroporto possui 1.500 metros de pista pavimentada e sinalizada, sob as coordenadas latitude: -29º 46' 53" S / longitude: -57º 2' 16" W, possuindo, além disso, um destacamento de controle aéreo, sob o comando do CINDACTA II.
Desde outubro de 2015, está em operação um voo comercial de passageiros diário à capital, Porto Alegre, pela empresa Azul Linhas Aéreas Brasileiras.
Hidrovias.
Tem-se efetuado a navegação, por embarcações de pequeno porte, nos 210 km entre São Borja e Uruguaiana. Durante décadas seguidas, substanciais incentivos governamentais foram destinados à atividade agrícola, dando importante impulso à economia.
Transporte coletivo.
A cidade de Uruguaiana conta com uma frota ônibus urbanos. A prefeitura comprou os primeiros ônibus articulados da cidade, porém estes não são adequados para circular no perímetro urbano. Ainda, após mais de 15 anos de irregularidades, a prefeitura lançou edital licitatório para concessão do serviço de transporte urbano, mas o mesmo foi condenado pelo tribunal de contas do estado e posteriormente pela justiça estadual, frente a embargo de uma das empresas que prestam o serviço atualmente. A cidade conta com 11 linhas urbanas.
Cultura.
Religião.
Boa parte da população do município se declara católica. A cidade é sede da Diocese de Uruguaiana, localiza-se na cidade a Mitra Diocesana, responsável pela organização e administração da igreja nas cidades da diocese, além do bispado, a residência oficial do bispo. Uruguaiana possui quatro paróquias: A Catedral de Sant'Ana, em frente à Praça Barão do Rio Branco no centro, a Paróquia Nossa Senhora do Carmo, na Rua Vasco Alves em frente a Ponte Internacional, que possui estilo gótico, possui uma imagem da padroeira esculpida em Portugal pelo escultor José Ferreira Thedin e levada para Uruguaiana através do rio Uruguai, e a Paróquia São Miguel Arcanjo no bairro de mesmo nome, a Paróquia São João Batista em bairro também de mesmo nome.
Nas últimas décadas houve um considerável aumento do número de protestantes na cidade, principalmente do ramo pentecostal, destacando-se a Igreja do Evangelho Quadrangular, Igreja Assembleia de Deus, Igreja Batista, Igreja Pentecostal Deus É Amor entre outras.
Também pode-se citar que as religiões afro-brasileiras também tiveram aumento crescente na cidade onde todos os dias 2 de fevereiro de cada ano se realiza um culto a Iemanjá, e no dia 23 de abril uma procissão para São Jorge com participação da Brigada Militar que o tem como patrono.
Carnaval.
Uruguaiana tem um tradicional desfile de carnaval. Neste evento, na avenida Presidente Vargas, realiza-se o desfile das escolas de samba. Apelidado de "passarela do samba", no local é possível se encontrar celebridades de outros carnavais do país, entre eles Neguinho da Beija-Flor, Valéria Valenssa, Nana Gouvêa, Ana Paula Evangelista, Wantuir, Vander Pires, entre outros.
O carnaval tornou-se sucesso por acontecer fora de época, ocorrendo em março de cada ano, ao contrário de fevereiro, como ocorre nas demais cidades do país, entrando em conflito com a Igreja Católica, que prega, nesta época, o tempo de Quaresma, que deveria ser respeitado por toda a sociedade. O carnaval de Uruguaiana tem, como escolas mais tradicionais, a Unidos da Cova da Onça, a detentora da maior torcida; Os Rouxinóis, a maior vencedora e a escola mais antiga entre as da atualidade; e a Unidos da Ilha do Marduque, escola que representa o bairro Mascarenhas de Morais, um dos principais e mais populares bairros da cidade.
Cavalo crioulo.
Da união de dois veterinários, foi criado um celeiro genético por meio da matriz genética: Hornero, que impulsionou o cavalo crioulo diante do cenário internacional. Uruguaiana mantém fortes laços com esta raça de cavalo, sendo que exemplares desta bela raça podem ser vislumbrados no dia 20 de setembro, dia em que é recordada a revolução farroupilha, no Rio Grande do Sul, evento que lota a Avenida Presidente Vargas daquela cidade, com desfiles de tropas.
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1888 | Versões da língua portuguesa | Versões da língua portuguesa
Apesar de sua superior unidade e, à semelhança de todos os idiomas falados em países distantes uns dos outros, a Norma-Padrão do português apresenta variações em Portugal, Brasil, nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), Timor-Leste e noutros territórios asiáticos (Macau, Goa, Damão, Diu). A escrita reflete naturalmente essas diferenças: fonéticas, lexicais (vocabulário), morfossintáticas (construção da frase/sentença) semânticas e pragmáticas.
Sobre o projeto de acordo há as remissões do IPOL, do IILP-CPLP e do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa.
É lícito mencionar que estas particularidades que se aplicam ao português também são válidas para as línguas que se difundiram pelo globo terrestre e que passaram a ser faladas nos cinco continentes, tais como o inglês e o espanhol, nos quais se verifica a existência de fenómenos ortográficos, lexicais e gramaticais similares, sem que isto afete, entretanto, a superior unidade dessas línguas; um falante britânico compreende um americano e vice-versa, um cidadão espanhol compreende um mexicano, assim como um português entende um brasileiro e vice-versa; fá-lo com o auxílio da norma-padrão, também chamada língua padrão.
É a norma-padrão aquela que se convencionou nos países de língua portuguesa como isenta de variações diatópicas (regionais), diafásicas (de registro) e diastráticas (das camadas sociais). Não é, portanto, relacionada com a língua falada pelas camadas cultas numa determinada área geográfica, apesar de estas camadas historicamente empregarem a língua padrão - falada ou escrita - com mais frequência. Para referências da norma-padrão, podemos consultar os artigos científicos, acadêmicos, jornalísticos e históricos publicados em qualquer dos países de língua portuguesa. Finalmente, diga-se que, no futuro, a Wikipédia terá os títulos dos artigos para redirecionamento escritos de forma e incluir as diferentes possibilidades lexicais de todos os países lusófonos, maximizando a eficiência da pesquisa e trazendo mais conveniência a todos os seus utilizadores. As diferenças entre as variantes do português é um tema linguístico que esquematiza os modos em que os falantes da língua portuguesa expressam sua linguagem. (Ver Variação Linguística)
Com mais de 260 milhões de falantes, a língua portuguesa é a quinta mais falada no mundo e adotada como oficial em nove países e mais uma região administrativa, . Portanto é natural que haja alguma variação na maneira em que os falantes expressam a língua; conquanto nada que comprometa, voltamos a afirmar, a sua superior unidade.
Diferenças ortográficas.
Com o tempo, as duas principais variedades do português, o português de Portugal e o português do Brasil, divergiram ligeiramente na ortografia de algumas poucas palavras. Os representares desses países, com o fim de garantir a uniformidade da ortografia da língua, selaram acordos que foram sendo implementados em fases diferentes. Foi, no entanto, o Acordo Ortográfico de 1990 aquele que mais sucesso obteve ao integrar o modo como as palavras são escritas. Eis algumas reformas implementadas em Portugal e no Brasil:
Diferenças lexicais.
Entre as diversas versões da língua portuguesa verificam-se diferenças no léxico.
O português tem duas variedades escritas (padrões ou normas) reconhecidas internacionalmente:
No Português do Brasil, existem ainda diferenças regionais, em menor grau.
A lista seguinte permite identificar algumas das palavras ou expressões que diferem consoante a norma ou versão da língua portuguesa, no que diz respeito aos dois padrões.
Comparativo de uso de estrangeirismos.
Abaixo está um comparativo de uso de estrangeirismos nas variedades do português, ou seja, uma lista que compara o uso de palavras e siglas estrangeiras, referenciado como estrangeirismo, nas diferentes versões da língua portuguesa. Abaixo, os estrangeirismos foram destacados em "itálico".
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1889 | 20000 Varuna | 20000 Varuna
20000 Varuna, anteriormente conhecido pela designação provisória de , é um grande objeto transnetuniano que está localizado no Cinturão de Kuiper, uma região do Sistema Solar. Este objeto é classificado como um cubewano. Ele possui uma magnitude absoluta de 3,6 e tem um diâmetro estimado com cerca de 764 km. É provavelmente um planeta anão.
Descoberta.
20000 Varuna foi descoberto no dia 28 de novembro de 2000, pelo astrônomo Robert S. McMillan através do programa Spacewatch.
Nome.
Varuna foi nomeado em homenagem de uma divindade hindu. Varuna foi uma das divindades mais importantes dos antigos indianos, e presidiu as águas do céu e do oceano e era o guardião da imortalidade. Devido a sua associação com às águas e do oceano, ele é frequentemente identificado com o grego Poseidon e o romano Netuno. Varuna recebeu o número de planeta menor 20000 porque foi o maior cubewano encontrado até agora e foi considerado para ser tão grande quanto Ceres.
Tamanho.
As estimativas para o diâmetro de Varuna têm variado de 500 a km. Medições térmicas multi-banda do Observatório Espacial Herschel em 2013 produziu um diâmetro de 668 km.
Órbita.
A órbita de 20000 Varuna tem uma excentricidade de 0,051 e possui um semieixo maior de 43,160 UA. O seu periélio leva o mesmo a uma distância de 40,972 UA em relação ao Sol e seu afélio a 45,349 UA.
Características físicas.
Varuna tem um período de rotação de aproximadamente 6,34 horas. Tem uma curva de luz de duplo pico. Dada a rápida rotação, de modo raro para objetos grandes, acredita-se que Varuna, assim como o planeta anão Haumea, seja um esferoide alongado.
Em trabalho publicado na revista "Nature", a equipe do astrônomo David Jewitt mostrou que Varuna tem 40% do diâmetro de Plutão.
Planeta anão.
A União Astronômica Internacional não o classificou como um planeta anão. No entanto, Brown considera o mesmo em sua lista de candidatos a planeta anão como sendo altamente provável um planeta anão, e Tancredi (em 2010) classificou Varuna como "aceito", mas não fez uma recomendação direta para a sua inclusão na lista oficial de Planetas anões.
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1890 | Vikings | Vikings
Viking (do nórdico antigo "víkingr"), ou aportuguesado como víquingue ou viquingue, é um termo habitualmente usado para se referir aos exploradores, guerreiros, comerciantes e piratas nórdicos (escandinavos) que invadiram, exploraram e colonizaram grandes áreas da Europa e das ilhas do Atlântico Norte a partir do final do e até ao início do .
Os "vikings" usavam dracares para viajar do Próximo Oriente, como Constantinopla e o rio Volga, na Rússia, até o extremo ocidente, como a Islândia, Groenlândia e Terra Nova, e até o sul de Alandalus. Este período de expansão "viking" — conhecidos como a "era "viking"" — constitui uma parte importante da história medieval da Escandinávia, Grã-Bretanha, Irlanda e do resto da Europa em geral.
As concepções populares dos "vikings" geralmente diferem do complexo quadro que emerge da arqueologia e das fontes escritas. A imagem romantizada dos "vikings" como bons selvagens germânicos começaram a fincar suas raízes no e isso evoluiu e tornou-se amplamente propagado durante a revitalização "viking" do . A fama dos "vikings" de brutos e violentos ou intrépidos aventureiros devem muito ao mito "viking" moderno que tomou forma no início do . As atuais representações populares são tipicamente muito clichês, apresentando os "vikings" como caricaturas. Eles também fundaram povoados e fizeram comércio pacificamente. A imagem histórica dos "vikings" mudou um pouco ao longo dos tempos, e hoje já se admite que eles tiveram uma enorme contribuição na tecnologia marítima e na construção de cidades.
Etimologia.
Hoje, de um modo um tanto controverso, a palavra "viking" também é usada como um adjetivo que se refere aos escandinavos da época; a população escandinava medieval é denominada frequentemente pelo termo genérico "nórdicos". A palavra "wicinga" ocorre pela primeira vez no poema anglo-saxónico Widsith do .
Os víquingues ou "vikings" não usavam a palavra "viking" para se referirem a si próprios. A rara ocorrência da palavra em pedras rúnicas é sobretudo na expressão "fara i viking", significando "ir em viagem de comércio, de pirataria, de expedição guerreira". Nas terras atingidas pelos vikings eram usados vários termos para os designar:
A etimologia da palavra é incerta. Na Escandinávia, o termo "viking" costuma estar relacionado com a palavra "Viken" (região costeira norueguesa à volta do fiorde de Oslo) ou "vik" (enseada, baía).
"Viking" seria uma pessoa proveniente de "Viken", ou aquele que se escondia num "vik". "Ir em viking" ("fara i viking") seria ir numa expedição marítima guerreira ou de pirataria.
Outra hipótese lançada é que a palavra "vik" derivaria do verbo "vikja" (evitar), dado os vikings serem especialistas em se esconder e evitar os adversários. Ainda outra hipótese é que "vik" significava mercador, derivado do inglês antigo "wíc" (centro comercial), originada no latim vicus (pequena povoação).A raiz da palavra germânica "vik" ou "wik" está relacionada a mercados, é o sufixo normalmente utilizado para referir-se a uma "cidade mercadora", da mesma forma que "burg" significa "lugar fortificado". Sandwich e Harwich, na Inglaterra, ainda mostram essa terminação, e Quentovic, a recém-escavada cidade portuária dos francos, mostra a mesma etimologia. A atividade mercantil dos "vikings" está bem documentada em vários locais arqueológicos como Hedeby. Há quem acredite que a palavra "viking" vem de "vikingr" do nórdico antigo, língua falada pelos "vikings", mas eles não se denominavam assim; este nome foi atribuído a eles devido ao seu significado: piratas, aventureiros ou mercenários viajantes. Os "vikings" são escandinavos, que por sua vez, são um povo germânico, sendo provenientes dos indo-europeus. Os "vikings" a partir do começaram a sair da Escandinávia, indo para as regiões próximas, devido a uma superpopulação e até problemas internos, como no caso de Érico, o Vermelho que foi expulso da Noruega e da Islândia por assassinato, além da motivação pelo comércio e pelos saques das cidades europeias. Os anais francos usam a palavra "Normanni", os anglo-saxões os denominavam de "Dani", e embora esses termos certamente se refiram respectivamente aos noruegueses e dinamarqueses, parece que frequentemente eram usados para os "homens do norte" em geral. Nas crônicas germânicas eles eram denominados de "Ascomanni", isto é, "homens de madeira", porque suas naus eram feitas de madeira. Em fontes irlandesas eles aparecem com "Gall" (forasteiro) ou "Lochlannach" (nortistas); para o primeiro eram algumas vezes adicionadas as palavras "branco" (para noruegueses) ou "preto" (para dinamarqueses), presumivelmente devido às cores de seus escudos ou de suas malhas.
Adão de Bremen, historiador eclesiástico germânico, afirmou, aproximadamente em 1075, que o termo "viking" era usado pelos próprios dinamarqueses. Ele escreve: "… Os piratas a quem eles" [dinamarqueses] "chamam de" Vikings", mas nós" [os germânicos] "chamamos de "Ashmen"". Se a origem da palavra "viking" for escandinava deve ser relativa à "vig" (batalha), ou "vik" (riacho, enseada, fiorde ou baía). Se por outro lado, a palavra "viking" não for de origem escandinava, pode estar relacionada à palavra "acampamento" — do inglês antigo "wic" e do latim "vicus".
Registros históricos.
A terra natal dos "vikings" era a Noruega, Suécia e Dinamarca. Eles e seus descendentes se estabeleceram na maior parte da costa do mar Báltico, grande parte da Rússia continental, a Normandia na França, Inglaterra e também atacaram as costas de vários outros países europeus, como Portugal, Espanha, Itália e até a Sicília e partes da Palestina. Os "vikings" também chegaram à América antes da descoberta de Cristóvão Colombo, tendo empreendido uma tentativa fracassada de colonização na costa da região sudeste do Canadá.
Os "vikings" eram guerreiros que viajavam pelos mares a partir de sua terra, na península escandinava, pilhando e saqueando cidades, mas também estabelecendo colônias e comercializando. Eles chegaram a áreas no norte da Europa levando sua cultura, como a Normandia, na França, que Rolão conseguiu através de um acordo com Carlos, o Simples, o Tratado de Saint-Clair-sur-Epte. Este território era no norte da França ao redor da cidade de Ruão. Além da Groenlândia, onde Érico, o Vermelho criou colônias após ter sido expulso da Noruega e da Islândia, e do Canadá, para onde Leif Ericsson, filho de Érico viajou. Os "vikings" costumavam usar lanças (como o deus Odim) e machados e seus capacetes não possuíam chifres (como são apresentados). Viajavam em barcos rápidos chamados dracares, "dragão", por terem uma cabeça do mítico animal esculpida na frente. A velocidade desses barcos facilitava ataques surpresas e fugas quando necessário.
Expansão.
As diversas nações "viking" estabeleceram-se em várias zonas da Europa:
Os "vikings" começaram a incursão e colonizaram ao longo da parte nordeste do mar Báltico nos séculos VI e VII. No final do , os suecos faziam longas incursões descendo os rios da moderna Rússia e estabeleceram fortes ao longo do caminho para a defesa. No eles controlavam Kiev e em 907 uma força de dois mil navios e oitenta mil homens atacou Constantinopla. Eles saíram de lá com um favorável acordo comercial do imperador bizantino. Depois chegando até a Sicília.
Os "vikings" fizeram a primeira investida no Oeste no final do . Os primeiros relatos de invasões "viking" datam de 793, quando dinamarqueses ("marinheiros estrangeiros") atacaram e saquearam o famoso mosteiro insular de Lindisfarne, na costa Leste da Inglaterra. Os "vikings" saquearam o mosteiro, mataram os monges que resistiram, carregaram seus navios e retornaram à Escandinávia. Nos 200 anos seguintes, a história Europeia encontra-se repleta de contos sobre os "vikings" e suas pilhagens. O tamanho e a frequência das incursões contra a Inglaterra, França e Alemanha aumentaram ao ponto de se tornarem invasões. Eles saquearam cidades importantes como Hamburgo, Utrecht e Ruão. Colônias foram estabelecidas como bases para futuras incursões. As colônias no Noroeste da França ficaram conhecidas como Normandia (de "homens do Norte"), e seus residentes eram chamados de normandos.
Em 865, o Grande Exército Pagão invadiu a Inglaterra. Eles controlaram boa parte da Inglaterra pelos dois séculos seguintes. Um dos últimos reis de toda a Inglaterra até 1066 foi Canuto, conhecido como "o Grande", que governava a Dinamarca e a Noruega simultaneamente. Em 871, uma outra grande esquadra navegou pelo rio Sena para atacar Paris. Eles cercaram a cidade por dois anos, até abandonarem o local com um grande pagamento em dinheiro e permissão para pilhar, desimpedidos, a parte oeste da França.
Em 911, o rei da França elevou o chefe da Normandia a Duque em troca da conversão ao cristianismo e da interrupção das incursões. Do Ducado da Normandia veio uma série de notáveis guerreiros como , que conquistou a Inglaterra em 1066; Roberto de Altavila e família, que tomaram a Sicília dos árabes entre 1060 e 1091 e Balduíno I, rei cruzado de Jerusalém.
Os "vikings" conquistaram a maior parte da Irlanda e grandes partes da Inglaterra, viajaram pelos rios da França, Portugal e Espanha, e ganharam controle de áreas na Rússia e na costa do mar Báltico. Houve também invasões no Mediterrâneo e no leste do mar Cáspio e há indícios de que estiveram na costa do novo continente, fundando a efêmera colônia de Vinlândia, no atual Canadá.
A era "viking".
O período compreendido entre as primeiras invasões registradas na década de 790 até a conquista normanda da Inglaterra, em 1066, é conhecido como a era viking da história escandinava. Supõe-se que os ataques aos povos que vivem ao redor do mar Báltico têm uma história anterior. Eles são, porém, não bem conhecidos, devido à falta de fontes escritas a partir dessa área. Os normandos eram descendentes de "vikings" dinamarqueses e noruegueses a que foram dados suserania feudal de áreas no norte da França — o Ducado da Normandia — no . A este respeito, os descendentes dos "vikings" continuaram a ter influência no norte da Europa. Da mesma forma, o rei Harold Godwinson, o último rei anglo-saxão da Inglaterra, tinha antepassados dinamarqueses. Foram dois os víquingues que ascenderam ao trono na Inglaterra, Sweyn Forkbeard (1013-1014) e o seu filho Canuto, o Grande que se tornou rei de Inglaterra, reinando de 1016 a 1035.
Geograficamente, a "era "viking"" pode ser atribuída não apenas às terras escandinavas (modernas Dinamarca, Noruega e Suécia), mas também aos territórios sob domínio norte-germânico, principalmente o Danelaw, incluindo o York escandinavo, o centro administrativo dos restos mortais do Reino da Nortúmbria, partes do Reino da Mércia e a Ânglia Oriental. Navegantes "vikings" abriram o caminho para novas terras ao norte, oeste e leste, o que resultou na fundação de colônias independentes em Shetland, Orkney, Ilhas Faroé, Islândia, Groenlândia, e L'Anse aux Meadows, uma colônia de vida curta na Terra Nova, por volta de 1000. Muitas dessas terras, especificamente Groenlândia e Islândia, podem ter sido originalmente descobertas por marinheiros "vikings". Os "vikings" também exploraram e se estabeleceram em territórios em áreas dominadas pelos eslavos da Europa Oriental, especialmente a Rússia de Kiev. Por volta de 950 esses assentamentos foram amplamente "eslavizados".
Já em 839, quando emissários suecos os primeiros a visitar o Império Bizantino, escandinavos serviram como mercenários a serviço do Império Bizantino. No final do , uma nova unidade da guarda imperial foi formada e tradicionalmente continha um grande número de escandinavos. Isso ficou conhecido como a Guarda varegue. A palavra "Varegues" pode ter se originado do nórdico antigo, mas em línguas eslavas e gregas poderia se referir tanto a escandinavos quantos aos francos. O mais eminente escandinavo que serviu a Guarda Varegue foi Haroldo Manto Cinzento, que posteriormente estabeleceu-se como rei da Noruega (1047-1066).
Importantes portos comerciais durante esse período incluem Birka, Hedeby, Kaupang, Iorque, Antiga Ladoga, Novogárdia e Kiev. Há evidências arqueológicas de que os "vikings" chegaram à cidade de Bagdá, o centro do Império Islâmico. Os nórdicos regularmente dobravam o rio Volga com seus bens de comércio: peles, dentes e escravos. No entanto, tinham muito menos sucesso na criação de assentamentos no Oriente Médio, devido ao poder islâmico mais centralizado.
De modo geral, os noruegueses se expandiram para o norte e oeste, em lugares como Irlanda, Escócia, Islândia e Groenlândia, os dinamarqueses para Inglaterra e França, estabelecendo-se em Danelaw (norte/leste da Inglaterra) e Normandia, e os suecos a leste, na fundação da Rússia de Kiev, a Rússia original. No entanto, entre as runas suecas que mencionam expedições ao longo do mar, quase a metade referem-se a invasões e viagens para a Europa Ocidental. Além disso, de acordo com as sagas islandesas, muitos "vikings" noruegueses foram para a Europa Oriental. Essas nações, apesar de distintas, foram semelhantes na cultura e na língua. Os nomes dos reis escandinavos são conhecidos apenas após a era "viking". Somente após o fim da era "viking" os reinos separados adquiriram identidades como nações, que passou de mão em mão com a sua cristianização. Assim, o fim da era "viking" para os escandinavos também marca o início da sua relativamente breve Idade Média.
Declínio.
Após décadas de pilhagem, a resistência aos "vikings" tornou-se mais eficiente e, depois da introdução do cristianismo na Escandinávia, tornou a cultura "viking" mais moderada. As incursões "vikings" cessaram no fim do . A consolidação dos três reinos escandinavos (Noruega, Dinamarca e Suécia) em substituição das nações "viking" em meados do deve ter influenciado também o fim dos ataques, visto que com eles os "vikings" passaram também a sofrer das intrigas políticas de que tanto se beneficiaram e muito da energia do rei estava dedicada a governar suas terras. A difusão do cristianismo fragilizou os valores guerreiros pagãos antigos, que acabaram por se extinguir. Os nórdicos foram absorvidos pelas culturas com as quais eles tinham se envolvido. Os ocupantes e conquistadores da Inglaterra viraram ingleses, os normandos viraram franceses e os Rus tornaram-se russos.
Os reis da agora cristianizada Noruega continuaram a reivindicar o poder em partes do norte da Grã-Bretanha e da Irlanda, o que levou a algumas incursões no século XII, mas as principais ambições militares dos governantes escandinavos estavam agora direcionadas para novos caminhos. Em 1107, Sigurdo I da Noruega viajou para o Mediterrâneo Oriental com cruzados noruegueses para lutar pelo recém-estabelecido Reino de Jerusalém, e dinamarqueses e suecos participaram energicamente das Cruzadas do Báltico nos séculos XII e XIII.
Os governantes escandinavos também passaram a ter como foco a unificação dos três reinos sob a coroa de um único monarca, o que somente se concluiu no final do século XIV, com a União de Kalmar, porém esta união chegou ao final com a saída da Suécia da união no século XVI (já no contexto histórico do Renascimento). Dinamarca e Noruega continuaram em união pessoal até o início do século XIX (já no contexto histórico da Revolução Industrial). O que se chega à conclusão de que além da cristianização, os descendentes escandinavos dos "vikings" passaram a focar mais em problemas internos ou em problemas regionais do Norte da Europa.
A escrita dos "vikings" era com runas, símbolos escritos em pedras, sendo usados até o período da cristianização que misturou as culturas e provocou alterações. Nessas misturas, muitas coisas da cultura cristã passaram para os "vikings", mas algumas tradições e ideias da religião dos "vikings" passaram para os cristãos, colaborando para a aceitação do cristianismo pelos "vikings". Alguns exemplos dessas cristianizações das coisas "vikings", são, a “santificação” da festa da deusa Eostre – considerada por alguns, uma forma da deusa Frigg, esposa de Odin — cujos símbolos são coelhos e ovos e que originou os nomes da Páscoa no inglês e alemão, Easter (inglês) e Ostern (alemão, vindo de uma variação de seu nome, Ostera).
Na Rússia, os "vikings" eram conhecidos como varegues ou varegos ("Väringar"), e os guarda-costas escandinavos dos imperadores bizantinos eram conhecidos como guarda varegue. Outros nomes incluem nórdicos e normandos.
Sociedade.
Os povos "vikings", assim como tinham uma mesma organização política, também compartilhavam uma mesma composição sociocultural. A língua falada pelos "vikings" era a mesma, seu alfabeto também era o mesmo: o alfabeto rúnico. As sociedades estavam divididas, de um modo geral, da seguinte maneira: O rei estava no ápice da pirâmide; abaixo dele estavam os "jarls", homens ricos e grandes proprietários de terras (os "jarls" não eram nobres, pois nas sociedades "vikings" não havia nobres); abaixo dos "jarls" havia os karls ou seja, o povo, livres, mas sem posses ou com poucas propriedades, geralmente pequenos comerciantes ou lavradores. Os "karls" compunham o grosso dos exércitos "vikings" e tinham participação nas Tings; abaixo dos "karls", havia os "thralls", escravos. Eles geralmente eram prisioneiros de batalhas, mas podiam ser (dependendo da decisão da Althing da região) escravos por dívidas ou por crimes, seus proprietários tinham direito de vida e morte sobre eles.
A maior parte dos povoados "vikings" eram fazendas pequenas, com entre cinquenta e quinhentos habitantes. Nessas fazendas, a vida era comunitária, ou seja, todos deviam se ajudar mutuamente. O trabalho era dividido de acordo com as especialidades de cada um. Uns eram ferreiros, outros pescadores (os povoados sempre se desenvolviam nas proximidades de rios, lagos ou na borda de um fiorde), outros cuidavam dos rebanhos, uns eram artesãos, outros eram soldados profissionais, mas a maioria era agricultora.
As semeaduras ocorriam tão logo a primavera começava, pois os grãos precisavam ser colhidos no final do verão para que pudessem ser armazenados para o outono e inverno. Durante o inverno, as principais fontes de alimentos eram a carne de gado e das caças que eles obtinham. No verão o gado era transportado para as montanhas para pastar longe das plantações.
Nas fazendas, as pessoas moravam geralmente em grandes casarões comunitários. Geralmente esses casarões eram habitados pelas famílias. Por exemplo: três irmãos, com suas respectivas esposas, filhos e netos.
As famílias ("fjolskylda") dos "vikings" eram muito importantes, sendo provedoras de abrigo, alimento e proteção. As famílias tinham rivalidades e brigas com outras, sendo julgados nas Tings ou com os ordálios, testes para julgamentos divinos. No caso de mortes da família, era normal haver vinganças, devido à importância destas na sociedade. Os membros das famílias trabalhavam juntos, mesmo após casarem, trabalhando desde pequenos nas famílias, aprendendo trabalhos mais difíceis com o tempo, trabalhando com ferro ou no caso de "jarls", na política ou na guerra. Os patriarcas detinham muito poder, podendo escolher se seus filhos viveriam ou não após nascerem.
As mulheres após o casamento mudavam para a família do marido e tinham trabalhos como cozinhar, limpar e cuidar dos necessitados. As mulheres eram obedientes, mas podiam pedir divórcio, caso houvesse motivo, já os maridos podiam ter concubinas e matar as mulheres adúlteras, mas tinham de pagar ao pai da noiva para casar. Como as famílias ensinavam os trabalhos aos filhos, muitos trabalhos eram familiares, como os "stenfsmiors", que construíam barcos e com a madeira dos barcos velhos, reparavam os outros barcos.
Mitologia e religião.
Eles tinham várias histórias para explicar coisas do cotidiano, como o sol e a lua, que acreditavam serem perseguidos pelos lobos Skoll e Hati, filhos de Fenrir (que segundo o "ragnarok", devora Odim em batalha, morrendo em seguida); o sol seria uma deusa e a lua um deus, chamado Máni. O arco-íris, segundo eles, tinha uma ponte, denominada Bifrost, guardada pelo deus Heimdall. A Deusa-Sol passava todo dia com sua carruagem puxada pelos cavalos, Asvid e Arvak. Os deuses eram mais ou menos populares de acordo com a importância que tinham com o cotidiano. Alguns dos deuses mais venerados foram, Odim, Tor e Njord.
A religião dos "vikings" costumava ter culto a ancestrais, além da veneração a deuses e transmitia ideias diferentes quanto a questões da vida e do mundo. Eles acreditavam que o mundo era dividido em "andares" e todos estavam unidos a uma enorme árvore, chamada Yggdrasil. Estes "andares" eram diferentes e possuíam características especiais, sendo estes, nove. Havendo um mundo para os deuses, Asgard, e um mundo onde as pessoas vivem, "midgard", além dos outros sete que são, Nilfheim, mundo abaixo de "midgard", no subsolo, onde Hel governa os mortos. Outro mundo é Jotunheim, reino frio e montanhoso, onde os gigantes de rocha e neve (chamados de Jotuns) habitam e era governado por Thrym, gigante que roubou o Miolnir de Tor para trocá-lo por Freia. Os outros mundos são, Vaneheim (casa dos Vanir), Muspellheim (casa dos gigantes de fogo, local cheio de cinzas e lava, cujo rei é o gigante Surt), Alfheim (onde os elfos moram), Svartaheim (onde os svartafars habitam, são conhecidos como elfos negros) e Nidavellir (é a terra dos anões).
Esta religião não era baseada na luta entre o bem e o mal, mas entre a ordem e o caos, sendo que nenhum deus era tido como completamente bom nem mau, mesmo Loki sendo apresentado como provocador de conflitos, ele ajudou os deuses em diversas ocasiões.
Os "vikings" valorizavam a morte e até a festejavam. Após a morte, havia ritos, como a queima do corpo do morto com vários pertences e após a queima, estes eram recolhidos e as cinzas, colocadas em potes de cerâmica. Outra forma usada após a morte era a criação de câmaras, onde o morto era colocado junto a vários pertences e até seus cavalos. Esta forma era mais usada na Dinamarca e na Ilha de Gotlândia. Há casos de enterros de navios, onde foram colocados rainha e princesa, junto a pertences e animais sacrificados, como, cães, cavalos e bois. Em outra câmara, foi encontrada uma mulher bem vestida, sendo esta rica e uma mal vestida retorcida, estudos confirmaram que esta era escrava e havia sido posta viva nesta câmara. No caso da morte de homens, era costume a sua mulher favorita ser enterrada viva junto a ele. O uso de barcos como túmulo, mostra poder e prestígio do morto e também simboliza a jornada pós-morte e tem ligação com a adoração a Njord.
Cultura dos vikings.
A cultura dos "vikings" tinha caráter guerreiro, devido também a influências religiosas. Eles eram politeístas, tendo deuses com diversas características, personalidades, histórias e influências no dia-a-dia. Estes deuses eram divididos em dois grupos, os Aesir e os Vanir, além de terem outras criaturas como os gigantes. Os Aesir e os Vanir têm poucas diferenças, mas há várias histórias sobre guerras entre os dois grupos. Além dos deuses, também eram relatadas histórias de heróis. Os "vikings" apreciavam muito as espadas, sendo que os mais ricos e poderosos tinham as mais belas e melhores, possuindo detalhes dourados e até mesmo rúnicos. Além das espadas, eles tinham facas, adagas, lanças de diversos tipos, como de arremesso. Estas eram as armas mais usadas em batalhas, sendo atiradas nos inimigos ou usadas normalmente; quando atiradas, era clamado o nome de Odim, o deus da guerra conhecido por sua lança, Gungnir.
Mas os "vikings" também usavam o arco e flecha, principalmente nas batalhas marítimas, e os machados. Estes, entretanto, foram mais usados no começo da era "viking," em especial no cotidiano por ser simples e rústico, não possuindo detalhes luxuosos, como algumas espadas. Os escudos eram de madeira, mas com um detalhe de ferro no meio e ao longo da borda para proteger a mão. Também havia tipos específicos de infantaria, como os "berserkers", que imitavam a ferocidade e bravura dos animais selvagens, muitas vezes não usando proteções nas guerras, efeito o qual se atingia através da ingestão de cogumelos alucinógenos e bebidas alcoólicas.
Mulheres.
As mulheres tinham um "status" relativamente livre nos países nórdicos da Suécia, Dinamarca e Noruega, ilustrados nas leis islandesas Grágás, do "Frostating" norueguês e nas leis Gulating. A tia paterna, a sobrinha paterna e a neta paterna, referida como odalkvinna, tinham o direito de herdar a propriedade de um homem falecido. Na ausência de parentes do sexo masculino, uma mulher solteira sem filho poderia herdar não só a propriedade, como também a posição como chefe da família de um pai ou irmão falecido. Tal mulher era chamada Baugrygr e exercia todos os direitos oferecidos ao chefe de um clã familiar — como o direito de exigir e receber multas pelo abate de um membro da família — até casar-se, pelo qual seus direitos eram transferidos para seu novo marido. Essas liberdades gradualmente desapareceram após a introdução do cristianismo, e, a partir do final do , não são mais mencionados. Um corpo de um viking do desenterrado na década de 1880, como uma figura da Cavalgada das Valquírias de Richard Wagner: uma guerreira de elite enterrada com uma espada, um machado, uma lança, flechas, uma faca, dois escudos e um par de cavalos de guerra, como uma valquíria mítica (descrita acima em uma pintura do ), a primeira guerreira viking de alto status a ser identificada. O DNA da guerreira prova seu sexo, sugerindo um grau surpreendente de equilíbrio de gênero na ordem social violenta dos vikings.
Navios.
Além de permitir que os "vikings" navegassem longas distâncias, seus navios dragão (dracar) traziam vantagens tácticas em batalhas. Eles podiam realizar manobras eficientes de ataque e de fuga, nas quais atacavam rápida e inesperadamente, desaparecendo antes que uma contra-ofensiva pudesse ser lançada. Os Dracares podiam também navegar em águas rasas, permitindo que os "vikings" entrassem em terra através de rios.
Museus "vikings".
Existe um famoso museu "viking" em Oslo, na Noruega, denominado Vikingskipshuset, e outro localizado em Dublin, construído em um dos castelos da cidade, chamado de Dublinia. Além disso, há um museu dedicado aos barcos "vikings", o Vikingeskibsmuseet na Dinamarca
Revitalizações modernas.
As primeiras publicações modernas sobre o que hoje chamamos de cultura "viking" apareceram no , como, por exemplo, "Historia de gentibus septentrionalibus" (Olavo Magno, 1555), e a primeira edição da "Feitos dos Danos", escrita no , de Saxão Gramático, em 1514. O ritmo de publicação aumentou durante o com as traduções latinas de Edda (especialmente "Islandorum Edda", de Peder Resen, em 1665).
Na Escandinávia, os estudiosos dinamarqueses do , Thomas Bartholin e Ole Worm, e o sueco Olof Rudbeck foram os primeiros a definir o padrão para usar runas e sagas islandesas como fonte histórica. Durante o Iluminismo e o Renascimento nórdico, o estudo histórico na Escandinávia tornou-se mais racional e pragmático, como foi testemunhado pelas obras do historiador dinamarquês Ludvig Holberg e do sueco Olof von Dalin. Um contribuidor pioneiro britânico ao estudo dos "vikings" foi George Hicke, que publicou seu "Linguarum vett. septentrionalium thesaurus" em 1703-1705. Durante o , o interesse e o entusiasmo britânico pela Islândia e pela cultura escandinava antiga cresceu dramaticamente, expressas em traduções inglesas dos textos Old Norse e poemas originais que exaltavam as supostas "virtudes "viking".
A palavra "viking"" foi popularizada no início do por Erik Gustaf Geijer em seu poema "The Viking". O poema de Geijer muito fez para difundir o novo ideal romantizado do "viking", que tinha pouca base em fatos históricos. O renovado interesse do romantismo no Norte Antigo tinha implicações políticas contemporâneas. A Sociedade Geatish, da qual Geijer era membro, popularizou o mito em grande medida. Outro autor sueco que teve grande influência sobre a percepção dos "vikings" foi Esaias Tegnér, membro da Sociedade Geatish, que escreveu uma versão moderna de "Friðþjófs saga hins frœkna", que se tornou muito popular nos países nórdicos, no Reino Unido e na Alemanha.
O fascínio com os "vikings" chegou ao ápice durante a chamada revivificação "viking" no final do e XIX. Na Grã-Bretanha, assumiu a forma de Septentrionalismo, na Alemanha, a compaixão de Richard Wagner ou mesmo o misticismo germânico, e nos países escandinavos, o nacionalismo romântico ou escandinavismo. As pioneiras edições escolares do da era "viking" começaram a chegar a um público pequeno na Grã-Bretanha, os arqueólogos começaram a escavar sobre o passado "viking" da Grã-Bretanha, e os linguistas entusiastas começaram a identificar origens na era "viking" de expressões idiomáticas e provérbios rurais. Os novos dicionários da língua nórdica antiga permitiu que os vitorianos lidassem com as primitivas sagas islandesas.
Elmos com chifres.
Muitos dizem que os "vikings" usavam elmos com chifres pois receavam, pelas suas crenças, de que o céu lhes pudesse vir a cair nas cabeças. Apesar desta conhecida imagem a respeito deles — que na realidade era uma crença celta e não nórdica — eles jamais utilizaram tais elmos. Essas características não passam de uma invenção artística das óperas do , que reforçavam as nacionalidades, no romantismo, e que visavam a resgatar a imagem dos "vikings" como bárbaros cruéis, pois sua aparência era incerta. Os capacetes que os "vikings" verdadeiramente utilizavam eram cônicos e sem chifres (como se pode ver na imagem do "timoneiro "viking""). Não existe qualquer tipo de evidência científica (paleográfica, histórica, arqueológica, epigráfica) de que os escandinavos da era "viking" tenham utilizado capacetes córneos. As artes plásticas e a literatura auxiliaram a divulgação dos estereótipos sobre os "vikings", principalmente depois de 1880.
"Berserker".
Lendas contam que guerreiros tomados por um frenesi insano, conhecidos como "berserkir" (singular; antigo nórdico), iam a batalha vestidos com casacos de pele de ursos, os de pele de lobos eram chamados de "ulfhednar" ou "ulfhedir" e atiravam-se nas linhas inimigas. O relato mais antigo sobre "berserkers" está escrito em Haraldskvæði, um poema escáldico do , escrito por Thórbiörn Hornklofi, em homenagem ao rei Haroldo Godwinson. Não há relatos contemporâneos da existência dos "berserkers".
Aldeias.
As fazendas viquingues eram compostas de diversas fazendas agrupadas. A maioria produzia vegetais e animais suficientes para sustentar todos os que viviam na fazenda, sejam humanos ou animais. Os vikings eram em sua maioria agricultores, mesmo que parte do tempo realizassem trocas com pescado. As fazendas eram geralmente pequenas, a menos que o proprietário fosse rico, e podiam ser tanto isoladas quanto agrupadas em pequenas aldeias agrícolas. Sabe-se, também, que as fazendas e vilas mudavam cem metros a cada geração para tirar proveito dos solos frescos. Mas isso mudou com a transição para o cristianismo, quando os vikings construíram igrejas de pedras, fazendo com que as aldeias permanecessem no mesmo lugar.
Legado.
Percepções medievais.
Na Inglaterra, a Era "viking" começou dramaticamente em 8 de junho de 793, quando nórdicos destruíram e saquearam a abadia em Lindisfarne. A devastação da Ilha Sagrada de Nortúmbria chocou e alertou as Cortes Reais Europeias sobre a presença "viking". "Uma atrocidade nunca antes vista", declarou o monge de Nortúmbria Alcuíno de Iorque. Cristãos medievais na Europa estavam totalmente despreparados para as incursões "vikings" e não encontravam explicações para sua chegada e o sofrimento que tiveram sob as mãos dos "vikings". Mais que qualquer outro evento, o ataque a Lindisfarne criou uma percepção demonizada sobre os "vikings" pelos próximos séculos. Apenas a partir da década de 1890 estudiosos fora da Escandinávia começaram a estudar seriamente as conquistas "vikings", reconhecendo sua arte, habilidades, tecnologias e técnicas de navegação.
Mitologia nórdica, sagas e literatura contam sobre a cultura e a religião escandinava por meio de contos de heróis mitológicos. As primeiras transmissões dessas informações eram realizadas oralmente, e textos posteriores dependiam das traduções e transcrições dos monges cristãos, incluindo os islandeses Snorri Sturluson e Semundo, o Sábio. Muitas dessas sagas foram escritas na Islândia e a maioria, mesmo que não tivesse procedência islandesa, foram preservadas lá após a Idade Média em decorrência do contínuo interesse de islandeses em literatura nórdica e códigos de lei.
A influência de 200 anos dos "vikings" sobre a história europeia é repleta de pilhagens e colonizações, e a maioria dessas crônicas provêm de testemunhas ocidentais e seus descendentes. Menos comum, embora igualmente relevante, são as crônicas "vikings" que originaram-se no oriente, incluindo as crônicas de Nestor, crônicas de Novogárdia, crônicas de Amade ibne Fadalane, crônicas de Amade ibne Rusta, e algumas menções por Fócio, patriarca de Constantinopla, a respeito do primeiro ataque ao Império Bizantino. Outras crônicas acerca da história viking incluem Adão de Brema, que escreveu, no quarto volume de seu "Gesta Hammaburgensis Ecclesiae Pontificum, ""há muito ouro aqui (na Zelândia), acumulado pela pirataria. Estes piratas, chamados de "wichingi" por seu próprio povo, e "Ascomanni" por nosso povo, pagam tributos ao rei dinamarquês. Em 991, a Batalha de Maldon, entre invasores vikings e habitantes de Maldon em Essex foi comemorada com um poema homônimo.
Percepções pós-medievais.
As primeiras publicações modernas, tratando acerca do que atualmente é conhecido como cultura "viking", apareceram no , com o livro "Historia de gentibus septentrionalibus" (Olavo Magno, 1555), e a primeira edição do livro do "Feitos dos Danos" de Saxão Gramático, em 1514. O ritmo de publicação cresceu durante o com traduções para o latim de Edda (notadamente "Edda Islandorum", de Peder Resen, em 1665).
Na Escandinávia, os monges dinamarqueses do Thomas Bartholin e Ole Worm e o sueco Olof Rudbeck usaram inscrições rúnicas e sagas islandesas como fontes históricas. Um importante contribuidor britânico para o estudo acerca dos "vikings" foi George Hicke, que publicou seu "Linguarum vett. septentrionallium thesaurus" em 1703-05. Durante o , o interesse e entusiasmo britânico pela Islândia e culturas antigas da Escandinávia cresceram dramaticamente, expressados em traduções para a língua inglesa de textos em nórdico antigo e em poemas originais que exaltavam as virtudes vikings.
A palavra "viking" foi primeiramente popularizada no início do por Erik Gustaf Geijer em seu poema "The Viking". O poema de Geijer propagou o novo ideal romantizado do "viking", que possuía poucas bases históricas em fatos. O interesse renovado do romantismo nos nórdicos antigos teve implicações políticas contemporâneas. A Associação Gótica, da qual Geijer era membro, popularizou o mito criado em grandes proporções. Outro autor sueco que possuía grande influência sobre a percepção acerca dos vikings era Esaias Tegnér, também membro da Associação Gótica, responsável pela escrita da versão moderna de "Friðþjófs saga hins frœkna," que tornou-se muito popular nos países nórdicos, no Reino Unido e na Alemanha.
A fascinação com os vikings atingiu um ápice durante o chamado Renascimento Viking entre os séculos XVIII e XIX como um ramo do nacionalismo romântico. No Reino Unido, chamava-se Setentrionalismo, na Alemanha de "pathos" "Wagneriano" e em países escandinavos como Escandinavismo. No , edições acadêmicas da Era "Viking" começaram a atingir pequenas comunidades de leitoras na Grã-Bretanha, arqueólogos começaram a estudar o passado viking do Reino Unido e linguistas entusiastas começaram a identificar as origens dos idiomas e provérbios rurais da Era "Viking." Os novos dicionários da língua nórdica antiga permitiam aos vitorianos combater as sagas islandesas antigas.
Até recentemente, a história da Era Viking era largamente baseada em sagas islandesas, a história dos dinamarqueses escrita por Saxo Grammaticus, a Crônica de Nestor e "Cogad Gáedel re Gallaib." Poucos estudiosos ainda aceitam estes textos como fontes confiáveis, já que historiadores confiam, agora, na arqueologia e na numismática, disciplinas que fizeram valorosas contribuições para o entendimento do período.
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1891 | Voto tático | Voto tático
Em sistemas de votação, o voto tático (também conhecido por voto estratégico ou voto útil) ocorre em eleições com mais de dois candidatos quando um dos eleitores fornece uma informação enganadora com o objetivo de maximizar a utilidade do seu voto. Se um eleitor acredita que o seu candidato preferido não tem chances de ganhar, por exemplo, ele pode optar por votar num candidato que não gosta com o objetivo de impedir a vitória daquele que detesta. A análise do voto tático é um tópico estudado pela teoria dos jogos.
Muitos sistemas de votação encorajam a ocorrência do voto tático, como o sistema de voto plural, os votantes têm um incentivo para não votar em candidatos que eles acreditam que não podem ganhar, independentemente de gostarem ou não desse candidato. Se votarem em candidatos que têm hipóteses de ganhar, o voto tem mais probabilidades de afetar o resultado final. Normalmente, este fenómeno causa a concentração dos apoios em poucos candidatos, muitas vezes apenas dois.
Em outros sistemas, como a contagem de Borda, os eleitores têm um incentivo para não votar em candidatos que acreditem ser competidores do seu candidato preferido, independentemente da opinião que tenham desse candidato.
Sistema eleitoral e informação.
Em geral, quanto mais informação o eleitor tiver que fornecer ao sistema eleitoral, menores as vantagens do voto tático. Em particular, o voto plural encoraja o voto tático porque a informação que cada votante fornece ao sistema de votação é muito reduzida. Noutros sistemas de votação, como no Instant Runoff Voting o voto tático é mais difícil porque os eleitores fornecem muita informação ao sistema. Mas há excepções a esta regra: a contagem de Borda regista uma grande quantidade de informação, mas encoraja o voto tático.
Informação sobre as intenções dos outros eleitores.
Todas as formas de voto tático exigem o conhecimento da intenção dos outros eleitores. Quando o voto é secreto, a informação disponível é escassa. O controlo do fluxo de informação é por isso de vital importância.
Em eleições em que a maior parte dos eleitores se informa pela mídia de massas, os candidatos tendem a utilizar sofisticadas estratégias mediáticas com o objetivo de fazer balançar o voto tático a seu favor. Normalmente, os candidatos tenderão a exagerar a sua popularidade para atrair o voto tático. É mesmo possível que os candidatos encomendem sondagens que os favoreçam. Em eleições com várias rondas (turnos), os candidatos tenderão a apostar nas primeiras rondas para que o público fique com a impressão que eles são mais viáveis que candidatos que o público prefere, mas que não têm tanto apoio.
Eleições Primárias.
No sistema plural e sistemas semelhantes, as eleições primárias entre os candidatos de um mesmo partido são frequentemente utilizadas para evitar alguns dos efeitos do voto tático. Os membros de um mesmo partido realizam eleições entre os seus potenciais candidatos. Este processo é semelhante ao que acontece naturalmente numa eleição geral, mas tem a vantagem de ser mais formal e de evitar a divisão dos eleitores nas eleições gerais porque todos concordam que só o vencedor das primárias é que deve ser apoiado.
Quando um partido não tem muitas possibilidades de ganhar as eleições gerais com os votos dos membros do partido, alguns membros poderão ser tentados a votar nas primárias em candidatos com maior probabilidade de conseguir apoios fora do partido.
Exemplos.
O voto tático é muito frequente nas eleições britânicas. Em Inglaterra, há três partidos representados no Parlamento: o Partido Trabalhista, o Partido Conservador e o Partido Liberal-Democrata. O Partido Trabalhista é próximo do Partido Liberal Democrata. Muitos eleitores que preferem o Partido Liberal-Democrata votam nos candidatos do Partido Trabalhista nas localidades em que estes são mais fortes e vice-versa, com o objetivo de evitar a eleição dos candidatos conservadores.
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1893 | Vénus (planeta) | Vénus (planeta)
é o segundo planeta do Sistema Solar em ordem de distância a partir do Sol, orbitando-o a cada 224,7 dias. Recebeu seu nome em homenagem à deusa romana do amor e da beleza Vénus, equivalente a Afrodite. Depois da Lua, é o objeto mais brilhante do céu noturno, atingindo uma magnitude aparente de -4,6, o suficiente para produzir sombras. A distância média da Terra a Vênus é de 0,28 AU, sendo esta a menor distância entre qualquer par de planetas. Como Vénus se encontra mais próximo do Sol do que a Terra, ele pode ser visto aproximadamente na mesma direção do Sol (sua maior elongação é de 47,8°). Vénus atinge seu brilho máximo algumas horas antes da alvorada ou depois do ocaso, sendo por isso conhecido como a estrela da manhã ("Estrela-d'Alva") ou estrela da tarde ("Vésper"); também é chamado "Estrela do Pastor".
Vénus é considerado um planeta do tipo terrestre ou telúrico, chamado com frequência de planeta irmão da Terra, já que ambos são similares quanto ao tamanho, massa e composição. Vénus é coberto por uma camada opaca de nuvens de ácido sulfúrico altamente reflexivas, impedindo que a sua superfície seja vista do espaço na luz visível. Ele possui a mais densa atmosfera entre todos os planetas terrestres do Sistema Solar, constituída principalmente de dióxido de carbono. Vénus não possui um ciclo do carbono para fixar o carbono em rochas ou outros componentes da superfície, nem parece ter vida orgânica para absorvê-lo como biomassa. Acredita-se que no passado Vénus possuía oceanos como os da Terra, que se evaporaram quando a temperatura se elevou, restando uma paisagem desértica, seca e poeirenta, com muitas pedras em forma de placas. A água provavelmente se dissociou e, devido à inexistência de um campo magnético, o hidrogênio foi arrastado para o espaço interplanetário pelo vento solar. A pressão atmosférica na superfície do planeta é 92 vezes a da Terra.
A superfície venusiana foi objeto de especulação até que alguns dos seus segredos foram revelados pela ciência planetária no . Ele foi finalmente mapeado em detalhes pelo Programa Magellan de 1990 a 1994. O solo apresenta evidências de extenso vulcanismo e o enxofre na atmosfera pode indicar que houve algumas erupções recentes. Entretanto, a falta de evidência de fluxo de lava acompanhando algumas das caldeiras visíveis permanece um enigma. O planeta possui poucas crateras de impacto, demonstrando que a superfície é relativamente jovem, com idade de aproximadamente 300-600 milhões de anos. Não há evidência de placas tectônicas, possivelmente porque a crosta é muito forte para ser reduzida, sem água para torná-la menos viscosa. Em vez disso, Vénus pode perder seu calor interno em eventos periódicos de reposição da superfície.
Características físicas.
Vénus é um dos quatro planetas terrestres do Sistema Solar, significando que, como a Terra, ele é um corpo rochoso. Em tamanho e massa, ele é muito similar ao nosso planeta. O diâmetro de Vénus é apenas 650 km menor e sua massa é 81,5% da massa da Terra. Entretanto, as condições na superfície venusiana diferem radicalmente daquelas na Terra, devido à sua densa atmosfera de dióxido de carbono. A massa da atmosfera de Vénus é composta em 96,5% de dióxido de carbono, sendo o nitrogênio a maior parte do restante.
Estrutura interna.
Sem dados sísmicos ou conhecimento do seu momento de inércia, existe pouca informação sobre a estrutura interna e a geoquímica de Vénus. Entretanto, a similaridade em tamanho e densidade entre Vénus e a Terra sugere que eles possuem uma estrutura interna similar: núcleo, manto e crosta. O núcleo de Vénus é, como o da Terra, pelo menos parcialmente líquido, porque os dois planetas têm se resfriado mais ou menos na mesma taxa. O tamanho ligeiramente menor de Vénus sugere que as pressões são significativamente menores no seu interior do que na Terra. A principal diferença entre os dois planetas é a inexistência de placas tectônicas em Vénus, provavelmente devido à superfície e manto secos. Isto resulta em uma reduzida perda de calor pelo planeta, impedindo-o de se resfriar, e é a provável explicação para a falta de um campo magnético gerado internamente.
Geografia.
Cerca de 80% da superfície de Vénus é coberta por suaves planícies vulcânicas, sendo que 70% são planícies com cadeias enrugadas e 10% são planícies suaves ou lobuladas. Duas mesetas principais em forma de continentes compõem o restante da superfície, uma situando-se no hemisfério norte e a outra logo ao sul do equador. A meseta ao norte é chamada de Ishtar Terra, em homenagem a Ishtar, a deusa babilônica do amor, e tem aproximadamente a superfície da Austrália. Maxwell Montes, a montanha mais alta de Vénus, fica em Ishtar Terra. Seu pico fica 11 km acima da elevação média da superfície venusiana. O continente meridional é chamado de Afrodite Terra, em homenagem à deusa grega do amor, e é a maior das duas mesetas, com o tamanho aproximado da América do Sul. Uma rede de fraturas e falhas cobre a maior parte desta área.
Além das crateras de impacto, montanhas e vales comumente encontrados nos planetas rochosos, Vénus reúne um conjunto de acidentes geográficos únicos. Entre esses, há vulcões com topo plano, chamados "farras", que se parecem com panquecas e têm diâmetro variando entre 20 e 50 km e altura de 100 a 1 000 m; sistemas de fraturas radiais estrelados, chamados "novae"; acidentes geográficos com fraturas radiais e concêntricas parecendo teias de aranha, conhecidos como "aracnoides"; e "coronae", anéis circulares de fraturas às vezes cercados por depressões. Esses acidentes têm origem vulcânica.
A maior parte dos acidentes geográficos venusianos recebe o nome de mulheres históricas e mitológicas. Exceções são o Maxwell Montes, em homenagem a James Clerk Maxwell, e as regiões altas Alpha Regio, Beta Regio e Ovda Regio. Esses acidentes foram nomeados antes da adoção do sistema atual pela União Astronômica Internacional, a organização que administra a nomenclatura planetária.
As longitudes das características físicas em Vénus são expressas em relação à linha do meridiano principal. A linha do meridiano inicialmente passava pela mancha clara ao radar no centro do acidente oval Eva, localizado ao sul de Alpha Regio. Depois das missões Venera, a linha do meridiano foi redefinida para passar pelo pico central da cratera Ariadne.
Geologia da superfície.
A maior parte da superfície venusiana parece ter sido formada por atividade vulcânica. Vénus tem um número de vulcões várias vezes superior ao da Terra e possui 167 enormes vulcões que têm mais de 100 km de diâmetro. O único complexo vulcânico deste tamanho na Terra é a Grande Ilha do Havaí, nos Estados Unidos. Entretanto, isto não acontece por Vénus ser vulcanicamente mais ativo que a Terra, e sim porque sua crosta é mais velha. A crosta oceânica da Terra é continuamente reciclada por subducção nas bordas das placas tectônicas e tem uma idade média de cerca de 100 milhões de anos, enquanto a idade da superfície venusiana é estimada entre 300 e 600 milhões de anos.
Várias evidências apontam para a existência de atividade vulcânica corrente em Vénus. Além disso, durante o programa espacial soviético Venera, as sondas Venera 11 e Venera 12 detectaram um fluxo constante de raios, e a sonda Venera 12 registrou um ruído poderoso de trovão assim que pousou na superfície. A sonda Venus Express da Agência Espacial Europeia registrou raios abundantes na alta atmosfera. Enquanto a chuva causa tempestades na Terra, não há chuva na superfície de Vénus (embora haja efetivamente chuva de ácido sulfúrico na atmosfera superior, que evapora cerca de 25 km acima da superfície). Uma possibilidade é que as cinzas de uma erupção vulcânica estivessem gerando os raios. Outra evidência vem de medições da concentração de dióxido de enxofre na atmosfera, que indicaram queda por um fator de 10 entre 1978 e 1986. Isto pode indicar que os níveis medidos inicialmente estavam elevados devido a uma grande erupção vulcânica.
Em 2015, vasculhando dados da missão europeia Venus Express, cientistas descobriram picos transitórios de temperatura em vários pontos sobre a superfície do planeta. Os pontos quentes, que foram encontrados lampejando e desvanecendo no decurso de apenas alguns dias, parecem ser gerados por fluxos ativos de lava na superfície. Estas são algumas das melhores evidências de que em Vênus há atividade vulcânica.
Há quase mil crateras de impacto em Vénus, distribuídas igualmente na superfície. Em outros corpos celestes com crateras, como a Terra e a Lua, as crateras apresentam uma variedade de estados de degradação. Na Lua, a degradação é causada por impactos subsequentes, enquanto na Terra ela é causada pela erosão do vento e chuva. Entretanto, em Vénus, cerca de 85% das crateras estão em sua condição original. O número de crateras, junto com a sua bem preservada condição, indica que o planeta passou por um evento de recobrimento superficial entre 300 e 600 milhões de anos atrás, seguido por uma queda do vulcanismo. A crosta da Terra está em movimento contínuo, mas acredita-se que Vénus não possa sustentar um processo assim. Sem placas tectônicas para dissipar o calor do manto, Vénus passa por um processo cíclico no qual as temperaturas do manto se elevam até atingir um nível crítico que enfraquece a crosta. Então, durante um período de 100 milhões de anos, a subducção ocorre em enorme escala, reciclando completamente a crosta.
Os diâmetros das crateras venusianas variam entre 3 km e 280 km. Devido aos efeitos da densa atmosfera nos objetos que caem, não há crateras menores que 3 km. Objetos com energia cinética inferior a um determinado valor são tão desacelerados pela atmosfera que não criam uma cratera de impacto. Projéteis com menos de 50 m de diâmetro fragmentam-se e incendeiam-se na atmosfera antes de atingir o solo.
Atmosfera e clima.
Vénus tem uma atmosfera extremamente densa, que consiste principalmente de dióxido de carbono e uma pequena quantidade de nitrogênio. A massa atmosférica é 93 vezes a da atmosfera da Terra, enquanto a pressão na superfície do planeta é 92 vezes aquela na superfície da Terra – uma pressão equivalente àquela a uma profundidade de quase 1 km no oceano da Terra. A densidade na superfície é de 65 kg/m³ (6,5% da densidade da água). A atmosfera rica em CO2, juntamente com as espessas nuvens de dióxido de enxofre, gera o mais forte efeito estufa do Sistema Solar, criando temperaturas na superfície acima de 460 °C. Isto torna a superfície venusiana mais quente do que a de Mercúrio, que tem temperatura superficial mínima de -220 °C e a máxima de 420 °C, apesar de Vénus estar a uma distância do Sol quase duas vezes maior que a de Mercúrio e receber apenas 25% da irradiação solar que Mercúrio recebe (2 613,9 W/m² na atmosfera superior e 1 071,1 W/m² na superfície).
Estudos sugeriram que há alguns bilhões de anos a atmosfera venusiana era muito mais parecida com a da Terra do que é agora, e que havia provavelmente substanciais quantidades de água líquida na superfície, mas um efeito estufa foi causado pela evaporação da água original, o que gerou um nível crítico de gases de efeito estufa na atmosfera. A detecção de fosfina na atmosfera de Vénus, sem nenhum caminho conhecido para a produção abiótica, levou à especulação em setembro de 2020 de que poderia haver vida atualmente presente na atmosfera. Truong e Lunine argumentam que o vulcanismo é o meio para a fosfina entrar na atmosfera superior de Vênus.
A inércia térmica e a transferência de calor por ventos na atmosfera inferior fazem com que a temperatura na superfície venusiana não varie significativamente entre dia e noite, apesar da rotação extremamente lenta do planeta. Os ventos na superfície são lentos, movendo-se a poucos quilômetros por hora, mas, por causa da alta densidade da atmosfera na superfície do planeta, exercem uma força significativa contra obstáculos e transportam poeira e pequenas pedras pela superfície. Só isso já tornaria difícil um homem caminhar, mesmo que o calor e a falta de oxigênio não fossem um problema.
Acima da densa camada de CO2 estão espessas nuvens consistindo principalmente de gotículas de dióxido de enxofre e ácido sulfúrico. Essas nuvens refletem de volta para o espaço cerca de 60% da luz do Sol que incide sobre elas e impedem a observação direta da superfície venusiana na luz visível. A capa permanente de nuvens implica que embora Vénus esteja mais próximo do Sol do que a Terra, sua superfície não é tão bem iluminada. Fortes ventos a 300 km/h no topo das nuvens circulam o planeta a cada 4 a 5 dias terrestres. Os ventos venusianos se movem a até 60 vezes a velocidade de rotação do planeta, enquanto na Terra os ventos mais fortes chegam a apenas 10% a 20% da velocidade de rotação.
A superfície de Vénus é efetivamente isotérmica; ela mantém uma temperatura constante não somente entre dia e noite, mas também entre o equador e os polos. A pequena inclinação axial do planeta (menos de três graus, comparados com os 23 graus da Terra) também minimiza variações sazonais de temperatura. A única variação apreciável de temperatura ocorre com a altitude. Em 1995, a sonda Magellan localizou uma substância altamente reflexiva nos topos das montanhas mais altas, que tinham grande semelhança com a neve terrestre. Esta substância presumivelmente se formou num processo similar à neve, embora a uma temperatura muito maior. Volátil demais para condensar na superfície, ela subiu em forma de gás para as elevações maiores e mais frias, onde então precipitou. A identidade desta substância não foi determinada com certeza, mas as especulações variam entre telúrio elementar e sulfeto de chumbo (galena).
As nuvens de Vénus são capazes de produzir raios de forma muito similar às nuvens da Terra. A existência de raios foi controversa desde que as primeiras explosões foram detectadas pelas últimas sondas soviéticas Venera. Entretanto, em 2006-07 a Venus Express claramente identificou ondas eletromagnéticas típicas de raios. Sua aparição intermitente indica um padrão associado à atividade do clima. A frequência de raios é pelo menos a metade daquela da Terra. Em 2007, a sonda Venus Express descobriu que existe um enorme vórtex atmosférico duplo no polo sul do planeta.
Campo magnético e núcleo.
Em 1967, a sonda soviética Venera 4 descobriu que o campo magnético de Vénus é muito mais fraco do que o da Terra. Este campo magnético é induzido por uma interação entre a ionosfera e o vento solar, e não por um dínamo no núcleo, como aquele no interior da Terra. A pequena magnetosfera induzida de Vénus provê uma proteção desprezível contra a radiação cósmica, e esta pode provocar descargas de raios de nuvem para nuvem.
A falta de um campo magnético intrínseco em Vénus foi surpreendente porque o planeta é similar à Terra em tamanho, e era esperado que também contivesse um dínamo em seu núcleo. Um dínamo requer três condições: um líquido condutor, rotação e convecção. Estima-se que o núcleo seja eletricamente condutor e, apesar de se imaginar que a rotação seja lenta, simulações mostram que ela é suficiente para produzir um dínamo. Isto leva ao entendimento de que a inexistência do dínamo se deve à falta de convecção no núcleo de Vénus. Na Terra, a convecção ocorre na camada externa de líquido do núcleo porque o fundo da camada de líquido é muito mais quente do que o topo. Em Vénus, um evento global de recobrimento da superfície pode ter fechado as placas tectônicas, levando a um fluxo reduzido de calor através da crosta. Isto levou à elevação da temperatura do manto, reduzindo assim o fluxo de calor para fora do núcleo. Como resultado, não há um dínamo que possa gerar um campo magnético e a energia calorífica do núcleo é usada para reaquecer a crosta.
Vénus não tem um núcleo interno sólido, ou seu núcleo não está se resfriando atualmente, de modo que toda a parte líquida do núcleo está aproximadamente à mesma temperatura. Outra possibilidade é que o núcleo já tenha se solidificado completamente. O estado do núcleo é altamente dependente da concentração de enxofre, que ainda é desconhecida.
Órbita e rotação.
Vénus orbita o Sol a uma distância média de cerca de 108 milhões de quilômetros (cerca de 0,7 UA) e completa uma órbita a cada 224,65 dias. Embora todas as órbitas planetárias sejam elípticas, a de Vénus é a mais próxima da circular, com uma excentricidade de menos de 1%. Quando Vénus se coloca entre a Terra e o Sol, numa posição conhecida como "conjunção inferior", ele faz a maior aproximação da Terra de todos os planetas, ficando a uma distância média de 41 milhões de quilômetros. O planeta atinge a conjunção inferior a cada 584 dias, em média. Devido à decrescente excentricidade da órbita da Terra, as distâncias mínimas tendem a ficar maiores. Do ano 1 até , há 526 aproximações a menos de 40 milhões de quilômetros; depois, não há mais nenhuma por cerca de 60 200 anos. Durante períodos de grande excentricidade, Vénus pode se aproximar a até 38,2 milhões de quilômetros.
Observados de um ponto sobre o polo norte do Sol, todos os planetas orbitam no sentido anti-horário; mas, enquanto a maioria dos planetas também gira sobre seu eixo no sentido anti-horário, Vénus gira em sentido horário, em uma rotação retrógrada. O atual período de rotação de Vénus representa um estado de equilíbrio entre a maré gravitacional do Sol, que tende a reduzir a velocidade de rotação, e uma maré atmosférica criada pelo aquecimento solar da espessa atmosfera venusiana. Quando se formou a partir da nebulosa solar, Vénus pode ter tido período de rotação e obliquidade diferentes, e depois migrou para o estado atual por causa de mudanças caóticas provocadas por perturbações planetárias e efeitos de maré sobre sua densa atmosfera. Esta mudança no período de rotação provavelmente ocorreu ao longo de bilhões de anos.
Vénus gira sobre seu eixo a cada 243 dias terrestres – de longe, a mais lenta rotação entre todos os planetas. No equador, a superfície venusiana gira a 6,5 km/h, enquanto, na Terra, a velocidade de rotação é de cerca de 1 670 km/h. Um dia sideral venusiano é, portanto, mais longo do que um ano venusiano (243 contra 224,7 dias terrestres). Entretanto, por causa da rotação retrógrada, a duração do dia solar em Vénus é significativamente mais curta que o dia sideral. Para um observador na superfície de Vénus, o tempo entre um nascer do Sol e outro seria de 116,75 dias terrestres. Como resultado do dia solar relativamente longo, um ano em Vénus dura aproximadamente 1,92 dia venusiano.
Um aspecto curioso da órbita e período de rotação de Vénus é que o intervalo médio de 584 dias entre aproximações sucessivas da Terra é quase exatamente igual a cinco dias solares venusianos. Depois de 584 dias, Vénus aparece numa posição a 72° da inclinação anterior. Depois de cinco períodos de 72° em uma circunferência, Vénus regressa ao mesmo ponto do céu a cada 8 anos (menos dois dias correspondentes aos anos bissextos). Este período era conhecido como o ciclo Sothis no Antigo Egito. Não se sabe se esta relação aconteceu por acaso ou se é resultado de efeito de maré com a Terra.
Vénus não possui satélites naturais, embora o asteroide 2002 VE68 atualmente mantenha uma relação de quasi-satélite com ele. No , o astrônomo Giovanni Cassini informou ter visto uma lua orbitando Vénus, a qual foi chamada Neith, uma deusa egípcia. Ao longo dos 200 anos seguintes, houve numerosos outros registros, mas finalmente foi determinado que a maioria deles se referia a estrelas que tinham estado perto de Vénus. De acordo com estudo de 2006 de Alex Alemi e David Stevenson, do Instituto de Tecnologia da Califórnia em Pasadena, sobre modelos do início do Sistema Solar, é muito provável que, bilhões de anos atrás, Vénus tivesse pelo menos um satélite natural, criada por um grande evento de impacto. Cerca de 10 milhões de anos depois, de acordo com o estudo, outro impacto inverteu o sentido de rotação do planeta, o que fez o satélite venusiano se aproximar a Vénus até colidir e se juntar com o planeta. Se impactos subsequentes criaram luas, elas também foram absorvidas da mesma forma. Uma explicação alternativa para a falta de satélites é o efeito de fortes marés solares, que podem desestabilizar grandes satélites orbitando os planetas terrestres.
Observação.
Vénus é mais brilhante que qualquer astro visto no céu (descontando o Sol e a Lua), e sua magnitude aparente máxima é de -4,6. O planeta pode ser visto facilmente quando o Sol está baixo no horizonte. Por ser um planeta inferior, ele sempre se posiciona a até 47° do Sol.
Vénus "ultrapassa" a Terra a cada 584 dias enquanto orbita o Sol. Nessas ocasiões, ele muda de "Estrela Vespertina", visível após o pôr do sol, para "Estrela Matutina", visível antes do nascer do Sol. Enquanto Mercúrio, o outro planeta inferior, atinge uma elongação máxima de apenas 28°, e é frequentemente difícil de discernir no crepúsculo, Vénus é difícil de perder quando está mais brilhante. Sua maior elongação máxima significa que ele é visível em céus escuros por bastante tempo depois do pôr do sol. Sendo o objeto pontual mais brilhante do céu, Vénus é frequentemente confundido por observadores com um OVNI - "objeto voador não identificado" e também usado algumas vezes como explicação fácil em investigações grosseiras de tais episódios.
À medida que se move em sua órbita, Vénus apresenta, na visão telescópica, fases como as da Lua. Nas fases de Vênus, o planeta apresenta uma pequena imagem "cheia" quando está no lado oposto do Sol. Ele mostra uma maior fase "quarto" quando está em sua máxima elongação em relação ao Sol. Vénus está mais brilhante no céu noturno e apresenta uma muito maior fase "crescente" na visão telescópica quando se aproxima da região entre a Terra e o Sol. Vénus está maior e apresenta sua fase "nova" quando está entre o Sol e a Terra. Como tem uma atmosfera, ele pode ser visto no telescópio pelo halo de luz refratada em torno do planeta.
A órbita venusiana é ligeiramente inclinada em relação à órbita da Terra; assim, quando o planeta passa entre a Terra e o Sol, ele normalmente não cruza a face do Sol. Entretanto, trânsitos de Vénus ocorrem quando a conjunção inferior do planeta coincide com a sua presença no plano da órbita da Terra. Trânsitos de Vénus ocorrem em ciclos de 243 anos, sendo que o padrão atual consiste de pares de trânsitos separados em oito anos, em intervalos de cerca de 105,5 ou 121,5 anos. O par de trânsitos mais recente aconteceu em junho de 2004 e junho de 2012. O par de trânsitos anterior ocorreu em dezembro de 1874 e dezembro de 1882 e o próximo ocorrerá em dezembro de 2117 e dezembro de 2125. Historicamente, os trânsitos de Vénus foram importantes porque permitiram aos astrônomos determinar diretamente o tamanho da Unidade Astronômica e, portanto, o tamanho do Sistema Solar.
Um persistente mistério das observações de Vénus é a chamada luz de Ashen – uma aparentemente fraca iluminação do lado escuro do planeta, vista quando ele está na fase crescente. A primeira observação registrada da luz de Ashen ocorreu em 1643, mas a sua existência nunca foi confirmada de forma confiável. Observadores especulam que ela pode ser causada por atividade elétrica na atmosfera venusiana, mas isto pode ser ilusório, efeito fisiológico de se observar um objeto muito brilhante em forma de crescente.
Pesquisas.
Pesquisas iniciais.
Vénus era conhecido nas civilizações antigas como a "estrela matutina" ou a "estrela vespertina". Diversas culturas historicamente tomaram as aparições como estrela da manhã ou da tarde como de dois corpos celestes diferentes. Credita-se ao filósofo grego Pitágoras o reconhecimento de que as estrelas eram um único corpo, no , embora ele pensasse que Vénus orbitava a Terra.
O trânsito de Vénus foi observado pela primeira vez pelo astrônomo persa Avicena, que concluiu que Vénus estava mais perto da Terra do que o Sol e estabeleceu que Vénus estava, pelo menos algumas vezes, abaixo do Sol. No , o astrônomo andalusino ibne Baja observou "dois planetas como manchas pretas na face do Sol", o que foi mais tarde identificado como o trânsito de Vénus e Mercúrio pelo astrônomo Cobadim de Xiraz, do observatório de Maraga, no .
Quando o físico e astrônomo italiano Galileu Galilei observou o planeta pela primeira vez no início do , descobriu que ele apresentava fases como a Lua, variando de crescente a gibosa e para cheia e vice-versa. Quando Vénus está mais distante do Sol no céu, ele mostra uma fase meio-iluminada e quando está mais perto do Sol no céu mostra uma fase crescente ou cheia. Isto só seria possível se Vénus orbitasse o Sol, e esta foi uma das primeiras observações a claramente contradizer o modelo geocêntrico do astrônomo grego Cláudio Ptolomeu de que o Sistema Solar era concêntrico e centrado na Terra.
A atmosfera de Vénus foi descoberta em 1761 pelo pesquisador russo Mikhail Lomonossov. Ela foi observada em 1790 pelo astrônomo alemão Johann Schröter, que descobriu que, quando o planeta estava em um crescente fino, as pontas se estendiam por mais que 180°. Ele corretamente supôs que isto se devia à dispersão da luz do Sol numa atmosfera densa. Mais tarde, o astrônomo norte-americano Chester Smith Lyman observou um anel completo em torno do lado escuro do planeta quando ele estava na conjunção inferior, fornecendo uma evidência adicional para uma atmosfera. A atmosfera complicou os esforços para determinar o período de rotação do planeta, e observadores como o italiano Giovanni Cassini e Schröter incorretamente estimaram períodos de cerca de 24 horas, a partir do movimento de marcas na superfície aparente do planeta.
Observações terrestres.
Pouco mais foi descoberto sobre Vénus até o . Seu disco quase sem acidentes não dava indícios de como sua superfície deveria ser, e somente com o desenvolvimento das observações por espectroscopia, radar e radiação ultravioleta é que um pouco mais dos seus segredos foram revelados. As primeiras observações por raios ultravioleta ocorreram nos anos 1920, quando Frank E. Ross descobriu que fotografias com ultravioleta revelavam consideráveis detalhes que estavam ausentes nas radiações visível e infravermelha. Ele sugeriu que isto se devia a uma baixa atmosfera amarela muito densa, com altas nuvens do tipo cirrus sobre ela.
Observações por espectroscopia nos anos 1900 deram as primeiras pistas sobre a rotação venusiana. Vesto Melvin Slipher tentou medir o efeito Doppler da luz por Vénus, mas descobriu que não podia detectar nenhuma rotação. Ele supôs que o planeta tinha um período de rotação muito mais longo do que se pensava anteriormente. Mais tarde, trabalhos na década de 1950 mostraram que a rotação era retrógrada. Observações de Vénus por radar ocorreram inicialmente na década de 1960 e forneceram as primeiras medidas do período de rotação que se aproximavam do valor atualmente conhecido.
Observações por radar a partir da Terra na década de 1970 revelaram pela primeira vez detalhes da superfície venusiana. Pulsos fortes de ondas de rádio foram emitidos para o planeta usando o rádio-telescópio de 305 metros do Observatório de Arecibo e os ecos revelaram duas regiões altamente reflexivas, designadas regiões Alpha e Beta. As observações também revelaram uma região brilhante atribuída a montanhas, que foi chamada Maxwell Montes. Esses três acidentes são atualmente os únicos em Vénus que não têm nomes femininos.
Exploração.
Esforços iniciais.
A primeira tentativa de missão com uma sonda espacial robótica a Vénus, e a primeira para qualquer planeta, começou em 12 de fevereiro de 1961, com o lançamento da sonda Venera 1. A primeira nave do, quanto ao mais, altamente bem sucedido Programa Venera soviético, a Venera 1, foi lançada numa trajetória de impacto direto, mas o contato foi perdido após uma semana de missão, quando a sonda estava a cerca de dois milhões de quilômetros da Terra. Estima-se que ela tenha passado a 100 mil quilômetros de Vénus em meados de maio.
A exploração de Vénus pelos Estados Unidos também começou mal, com a perda da sonda Mariner 1 no lançamento, como parte do Programa Mariner. A missão subsequente Mariner 2 obteve maior sucesso e, depois de uma órbita de transferência de 109 dias, em 14 de dezembro de 1962 ela se tornou a primeira missão interplanetária com sucesso, passando a km da superfície de Vénus. Os seus radiômetros de microondas e infravermelho revelaram que, enquanto o topo das nuvens venusianas era frio, a superfície era extremamente quente – pelo menos 425 °C, finalmente descartando quaisquer esperanças de que o planeta poderia abrigar vida na superfície. A Mariner 2 também melhorou as estimativas da massa e da Unidade Astronômica. Entretanto, como seus instrumentos não foram projetados para adquirirem boa precisão, ela não foi capaz de detectar um campo magnético ou cinturão de radiação.
Entrada na atmosfera.
A sonda soviética Venera 3 provavelmente chocou-se com o solo de Vénus em 1 de março de 1966. Era o primeiro objeto fabricado pelo homem a entrar na atmosfera e atingir a superfície de outro planeta, embora o seu sistema de comunicação tenha falhado antes que fosse possível retornar qualquer dado do planeta. O encontro seguinte de Vénus com uma sonda não tripulada ocorreu em 18 de outubro de 1967, quando a Venera 4 entrou na atmosfera com sucesso e desenvolveu uma série de experimentos científicos. A Venera 4 mostrou que a temperatura na superfície era ainda maior do que a medida pela Mariner 2 – quase 500 °C, e que entre 90 e 95% da atmosfera eram dióxido de carbono. A atmosfera venusiana era consideravelmente mais densa do que os projetistas da Venera 4 tinham previsto, e a queda do paraquedas mais lenta do que o pretendido implicou que as suas baterias se esgotaram antes de a sonda atingir a superfície. Depois de retornar dados da descida por 93 minutos, a última leitura da pressão foi de 18 bar, a uma altitude de 24,96 km.
Outra sonda chegou a Vénus um dia depois, em 19 de outubro de 1967, quando a sonda norte-americana Mariner 5 realizou um sobrevoo a uma distância de menos de 4 000 km sobre o topo das nuvens. A Mariner 5 foi originalmente construída como reserva da sonda Mariner 4 enviada a Marte, mas como esta missão foi bem-sucedida, a outra sonda foi reprogramada para uma missão a Vénus. Um conjunto de instrumentos mais sensíveis do que aqueles da Mariner 2, em particular o seu experimento de rádio-ocultação, retornou dados sobre a composição, pressão e densidade da atmosfera venusiana. Os dados do conjunto Venera 4-Mariner 5 foram analisados por uma equipe combinada soviético-americana, em uma série de colóquios ao longo do ano seguinte, num exemplo inicial de cooperação espacial.
Armada com as lições e dados obtidos com a Venera 4, a União Soviética lançou as sondas gêmeas Venera 5 e Venera 6, com cinco dias de diferença em janeiro de 1969; elas chegaram a Vénus com um dia de diferença, em 16 e 17 de maio daquele ano. As sondas atmosféricas foram reforçadas para melhorar a sua altitude de esmagamento para 25 bar e foram equipadas com paraquedas menores para permitir uma descida mais rápida. Como os modelos atmosféricos então considerados de Vénus sugeriam uma pressão na superfície entre 75 e 100 bar, não era esperado que elas sobrevivessem à superfície. Depois de retornar dados atmosféricos por um pouco mais de 50 minutos, ambas foram esmagadas a altitudes de aproximadamente 20 km, antes de chocarem-se com a superfície no lado escuro de Vénus.
Ciência da superfície e da atmosfera.
A Venera 7 representou um esforço para retornar dados da superfície do planeta, e foi construída com um módulo de descida reforçado, capaz de suportar uma pressão de 180 bar. O módulo foi pré-resfriado antes da entrada e equipado com um paraquedas especial para uma descida rápida de 35 minutos. Ao entrar na atmosfera no dia 15 de dezembro de 1970, acredita-se que o paraquedas tenha se rasgado parcialmente durante a descida e a sonda atingiu a superfície com um forte impacto, embora não fatal. Provavelmente inclinada para um lado, ela retornou um sinal de rádio fraco, fornecendo dados da temperatura por 23 minutos, na primeira telemetria recebida da superfície de outro planeta.
O programa Venera continuou com a Venera 8 enviando dados da superfície por 50 minutos, e a Venera 9 e Venera 10 enviando as primeiras imagens da paisagem venusiana. Os dois locais de descida apresentaram terrenos muito diferentes nas vizinhanças das sondas: a Venera 9 tinha descido num declive de 20 graus de inclinação, com pedras de 30 a 40 cm espalhadas em volta; a Venera 10 mostrou lajes rochosas semelhantes a basalto, entremeadas com material desgastado pelas intempéries.
Enquanto isso, a NASA tinha enviado a sonda Mariner 10 numa trajetória em gravidade assistida por Vénus, no seu caminho para Mercúrio. Em 5 de fevereiro de 1974, a Mariner 10 passou a 5 790 km de Vénus, enviando mais de 4 000 fotografias. As imagens, as melhores em qualidade até então obtidas, mostravam que o planeta era quase sem acidentes geográficos à luz visível, mas a luz ultravioleta revelou detalhes nas nuvens que nunca haviam sido vistos nas observações a partir da Terra.
O projeto norte-americano Pioneer Venus consistiu de duas missões separadas. A Pioneer Venus Orbiter foi inserida numa órbita elíptica em torno de Vénus em 4 de dezembro de 1978 e lá permaneceu por mais de 13 anos, estudando a atmosfera e mapeando a superfície com radar. A Pioneer Venus Multiprobe liberou um total de quatro sondas, que entraram na atmosfera em 9 de dezembro de 1978, retornando dados preciosos da sua composição, ventos e fluxos de calor. Dessas quatro sondas, a sonda "Day" continuou transmitindo dados para a Terra por 67 minutos a partir da superfície, superando todas as expectativas dos seus projetistas.
Quatro outras missões Venera ocorreram ao longo dos quatro anos seguintes, com a Venera 11 e a Venera 12 detectando as tempestades elétricas venusianas, e a Venera 13 e a Venera 14 descendo com quatro dias de diferença em 1 e 5 de março de 1982 e retornando as primeiras fotografias coloridas da superfície. Todas as missões abriram paraquedas para frear na atmosfera superior, mas os liberaram a uma altitude de 50 km, já que a densa e quente atmosfera inferior fornecia fricção suficiente para uma descida suave. A sonda Venera 13 bateu um recorde de permanência, ao transmitir por mais de duas horas (127 minutos) dados para a estação em Terra. As Veneras 13 e a 14 analisaram amostras de solo com um espectrômetro por fluorescência de raios X e tentaram medir a compressibilidade do solo com uma sonda de impacto. Para efetuar a análise, um braço robótico furava o chão e retirava uma amostra de solo, conduzindo-a a uma câmera hermética com uma temperatura de 30 °C e uma pressão de 0,01 bar. A Venera 14 teve a má sorte de atingir a capa ejetada da lente da câmera, e com isso a sonda não atingiu o solo. O programa Venera chegou ao fim em outubro de 1983, quando a Venera 15 e a Venera 16 foram colocadas em órbita para conduzir o mapeamento do solo venusiano com um radar rudimentar de abertura sintética. As duas sondas juntas mapearam por volta de 25% da superfície venusiana (ou 1/4 de Vênus).
Em 1985, a União Soviética aproveitou a oportunidade de combinar missões a Vénus e ao cometa Halley, que passava pelo Sistema Solar interno naquele ano. No caminho para o cometa Halley, em 11 e 15 de junho de 1985 cada uma das duas naves da Missão Vega lançou uma sonda do tipo Venera (das quais a da Vega 1 falhou parcialmente) e liberou na alta atmosfera um aerobot (robô aéreo suportado por balão). Os balões alcançaram uma altitude de equilíbrio de cerca de 53 km, onde a pressão e a temperatura são comparáveis às da superfície da Terra. Eles permaneceram operacionais por aproximadamente 46 horas e descobriram que a atmosfera venusiana era mais turbulenta do que se acreditava anteriormente e sujeita a fortes ventos e poderosas células de convecção.
Mapeamento com radar.
A sonda norte-americana Magellan foi lançada em 4 de maio de 1989, com a missão de mapear a superfície de Vénus com radar. As imagens de alta definição obtidas durante os 4 ½ anos de operação superaram de longe todos os mapas anteriores e foram comparados a fotografias a luz visível de outros planetas. A Magellan captou imagens de mais de 98% da superfície de Vénus por radar e mapeou 95% do seu campo gravitacional. Em 1994, no fim da sua missão, a Magellan foi deliberadamente enviada para destruição na atmosfera de Vénus para quantificar a sua densidade. Vénus foi estudada pelas naves norte-americanas Galileo e Cassini, durante sobrevoos em suas missões para os planetas externos, mas a Magellan foi a última missão dedicada a Vénus por mais de uma década.
Missões atuais e futuras.
A sonda Venus Express foi projetada e construída pela Agência Espacial Europeia. Lançada em 9 de novembro de 2005 por um foguete russo Soyuz-Fregat, ela assumiu com sucesso uma órbita polar de Vénus em 11 de abril de 2006. A sonda está realizando um detalhado estudo da atmosfera e nuvens venusianas e também fará o mapeamento do ambiente de plasma do planeta e características da superfície, particularmente as temperaturas. A sua missão tem a intenção de durar 500 dias terrestres, ou cerca de dois anos venusianos. Um dos principais resultados da missão Venus Express é a descoberta da existência de um enorme vórtex atmosférico no polo sul do planeta.
A missão MESSENGER da NASA a Mercúrio realizou dois sobrevoos de Vénus em outubro de 2006 e junho de 2007, para desacelerar a sua trajetória para uma inserção orbital de Mercúrio em 2011. A MESSENGER coletou muitos dados científicos nesses dois sobrevoos de passagem. A Agência Espacial Europeia (junto com o Japão) também planeja lançar uma missão a Mercúrio em 2018, denominada BepiColombo, que realizará dois sobrevoos de Vénus antes de alcançar a órbita de Mercúrio em 2025.
Novas missões a Vénus estão em planejamento. O órgão aeroespacial japonês JAXA concebeu um orbitador a Vénus, o Akatsuki (anteriormente “Planeta-C”), lançado em 20 de maio de 2010. A nave falhou na entrada em órbita em dezembro de 2010, entretanto as esperanças continuaram de que ela hibernasse e fizesse uma nova tentativa de inserção em órbita nos seis anos seguintes. As pesquisas planejadas incluem a realização de imagens da superfície com câmera infravermelha e experimentos voltados para confirmar a presença de raios, bem como para a determinação da existência de vulcanismo superficial atual. Em 7 de dezembro de 2015, a sonda conseguiu entrar em uma órbita altamente elíptica e atualmente orbita o planeta.
Sob o seu Programa Novas Fronteiras, a Agência Espacial Estadunidense propôs uma missão de pouso em Vénus, chamada "Venus In-Situ Explorer", para estudar as condições da superfície e investigar as características elementares e mineralógicas do regolito. A sonda seria equipada com um analisador do núcleo para perfurar a superfície e estudar amostras de rochas originais não desgastadas pelas severas condições da superfície. Uma missão com uma sonda voltada para a atmosfera e superfície de Vénus, "Surface and Atmosphere Geochemical Explorer" (SAGE), foi proposta pela NASA como candidata no Programa Novas Fronteiras, mas a missão não foi selecionada para voo.
A Venera-D é uma proposta russa de sonda a Vénus, planejada para ser lançada em torno de 2025, com o objetivo de fazer observações remotas em torno do planeta e liberar um módulo de pouso baseado no projeto Venera, capaz de sobreviver por um longo período na superfície do planeta. Outros conceitos propostos de exploração incluem jipes, balões e aviões.
Sobrevoo tripulado de Vénus.
Uma missão tripulada de sobrevoo de Vénus, usando os equipamentos do Projeto Apollo, foi proposta no final da década de 1960. A missão foi planejada para lançamento em outubro ou novembro de 1973 e usaria um foguete Saturno V para enviar três homens até Vénus, numa missão de aproximadamente um ano. A espaçonave passaria a aproximadamente 5 000 km da superfície de Vénus, cerca de quatro meses depois da partida.
Na cultura.
Histórico de sua compreensão.
Por ser um dos objetos mais brilhantes do céu, Vénus é conhecido desde os tempos pré-históricos e, como tal, ganhou uma posição importante na cultura humana. Ele foi descrito em textos babilônicos cuneiformes, como a placa de Vénus de Ammisduqa, que relata observações que possivelmente datam de . Os babilônios chamavam o planeta de Ishtar (do sumério Inana), a personificação da feminilidade e deusa do amor.
Os antigos egípcios acreditavam que o planeta Vénus se tratava de dois corpos separados e conheciam a estrela da manhã como Tioumoutiri e a da noite como Ouaiti. Da mesma forma, os gregos antigos chamavam a estrela matutina de Fósforo (Φωσφόρος ["Phosphóros"]; em latim "Phosphorus"), “o que traz a luz”, ou Eósforo ([Ἐωσφόρος ["Eosphóros"]; em latim "Eosphorus"), “o que traz o amanhecer”. A estrela da noite era chamada Ἓσπερος, Hésperos (latinizada como Hesperus), a “estrela da noite”. No auge da Grécia Antiga, os gregos compreenderam que os dois eram o mesmo planeta, que eles chamaram como a sua deusa do amor, Afrodite (do fenício Astarte). Herperos seria traduzido para o latim como Vésper e Fósforo como Lucifer (“Portador da Luz”), um termo poético que mais tarde foi usado para chamar o anjo caído expulso do paraíso. Os romanos, que derivaram muito do seu panteão religioso da tradição grega, chamaram o astro errante de Vénus, a partir da sua deusa do amor. O naturalista romano Plínio, o Velho (História Natural, ii,37) identificava o planeta Vénus com Ísis.
Na mitologia iraniana, especialmente na mitologia persa, o planeta usualmente corresponde à deusa Anaíta. Em algumas partes da literatura pálavi as divindades Aredvi Sura e Anaíta são vistas como entidades separadas; a primeira como a personificação do rio mítico e a última como uma deusa da fertilidade que é associada com o planeta Vénus. Como a deusa Aredvi Sura Anaíta – também chamada simplesmente Anaíta – ambas as divindades são unificadas em outras descrições, como no "Criação Original" ("Bundahišn"), e são representadas pelo planeta. Entretanto, no texto avéstico Mer Iaste (Iaste 10) há uma possível ligação antiga a Mitra. O nome persa atual do planeta é Naíde, que deriva de Anaíta e, mais tarde, do termo Anaíde na linguagem pálavi.
O planeta Vénus foi importante para a civilização maia, que desenvolveu um calendário religioso baseado parcialmente nos seus movimentos, e os considerava para determinar o momento propício para eventos como guerras. Eles o chamavam Noh Ek, a Grande Estrela, e Xux Ek, a Estrela Vespa. Os maias conheciam o período sinódico do planeta e podiam calculá-lo dentro da centésima parte de um dia. O povo Masai chamou o planeta de Kileken e tem uma tradição oral sobre ele chamada “O Menino Órfão”.
Vénus é importante em muitas culturas aborígines australianas, como a do povo Yolngu na Austrália setentrional. Os Yolngu se reúnem depois do pôr do Sol para esperar pelo aparecimento de Vénus, que eles chamam Barnumbirr. Quando se aproxima, nas primeiras horas antes do amanhecer, ele traça atrás de si uma corda de luz ligada à Terra e, ao longo da corda, com a ajuda de um ricamente decorado “Mastro da Estrela Matutina”, as pessoas podem se comunicar com seus entes queridos mortos, mostrando que eles ainda amam e se lembram deles.
Na astrologia ocidental, derivada da sua conotação histórica com deusas da feminilidade e amor, considera-se que Vénus influencia o desejo e a fertilidade sexual. Na astrologia védica indiana, Vénus é conhecido como Shukra, significando “claro, puro”, ou “brilho, clareza”, em sânscrito. Um dos nove Navagraha, considera-se que ele afeta a riqueza, o prazer e a reprodução; ele era o filho de Bhrgu, preceptor dos Daityas, e guru dos Asuras. As modernas culturas chinesa, coreana, japonesa e vietnamita referem-se ao planeta literalmente como a “estrela de metal”, baseada nos cinco elementos.
No sistema metafísico da Teosofia, acredita-se que no plano etéreo de Vénus haja uma civilização que existiu centenas de milhões de anos antes da da Terra; acredita-se também que a deidade que governa a Terra, Sanat Kumara, provém de Vénus.
O símbolo astronômico de Vénus é o mesmo utilizado em biologia para o sexo feminino: um círculo com uma pequena cruz em baixo. O símbolo de Vénus também representa a feminilidade, e na Alquimia se referia ao metal cobre. O cobre polido era usado em espelhos desde a antiguidade e o símbolo de Vénus foi algumas vezes entendido como a representar o espelho da deusa.
Talvez a mais estranha aparição de Vénus na literatura seja como o arauto da destruição em Mundos em Colisão de Immanuel Velikovsky (1950). Neste livro intensamente controverso, Velikovsky argumenta que muitas histórias aparentemente inacreditáveis no Velho Testamento são verdadeiras recordações de vezes em que Vénus quase colidiu com a Terra – quando ele ainda era um cometa e não tinha se tornado o dócil planeta que conhecemos hoje. Ele sustenta que Vénus causou a maioria dos estranhos eventos do Êxodo. Ele cita lendas em muitas outras culturas (como a grega, mexicana, chinesa e indiana) que indicam que os efeitos da quase colisão foram globais. A comunidade científica rejeitou este livro não ortodoxo, entretanto ele se tornou um bestseller.
Na ficção científica.
A impenetrável cobertura de nuvens venusiana deu aos escritores de ficção científica livre curso para especular sobre as condições na sua superfície, mais ainda quando as primeiras observações mostraram que não só ele era muito similar à Terra em tamanho, como possuía uma atmosfera substancial. Mais próximo do Sol do que a Terra, o planeta era frequentemente mostrado como mais quente, mas ainda habitável por humanos. O gênero atingiu o seu máximo entre os anos 1930 e 1950, numa época em que a ciência havia revelado alguns aspectos de Vénus, mas não ainda a severa realidade das condições de sua superfície. As descobertas das primeiras missões a Vénus mostraram que a realidade era bastante diferente e levaram ao fim do gênero. À medida que o conhecimento científico de Vénus avançou, os autores de ficção científica se esforçaram para manter o passo, particularmente em conjecturas sobre a tentativa humana de terraformação de Vénus.
Habitabilidade.
As especulações sobre a possibilidade de vida em Vénus diminuíram significativamente após o início dos anos 1960, quando a espaçonave começou a estudar o planeta e ficou claro que as condições em Vénus são extremas em comparação com as da Terra. Que Vénus está mais perto do Sol do que da Terra, elevando as temperaturas na superfície para cerca de 462 °C, que sua pressão atmosférica é 90 vezes a da Terra e o impacto extremo do efeito estufa tornam improvável a vida baseada na água, como é conhecida atualmente. Alguns cientistas especularam que microrganismos extremófilos termoacidofílicos podem existir nas camadas superiores ácidas de baixa temperatura da atmosfera venusiana. Devido às suas condições extremamente hostis, uma colonização superficial de Vénus está fora de questão com a tecnologia atual. Entretanto, a pressão atmosférica e a temperatura a aproximadamente 50 km acima da superfície são similares às da superfície da Terra, e o ar da Terra (nitrogênio e oxigênio) seria um gás ascendente na atmosfera venusiana de principalmente dióxido de carbono. Isto levou a propostas de extensas “cidades flutuantes” na atmosfera venusiana. Os aeróstatos (balões mais leves que o ar) poderiam ser usados para a exploração inicial e posteriormente para colônias permanentes. Entre os muitos desafios de engenharia estão os teores perigosos de ácido sulfúrico nessas altitudes.
Em agosto de 2019, astrônomos relataram que o padrão de longo prazo recém-descoberto de mudanças de absorbância e albedo na atmosfera venusiana são causadas por "absorvedores desconhecidos", que podem ser produtos químicos ou mesmo grandes colônias de microorganismos no alto da atmosfera do planeta.
Em setembro de 2020, uma equipe de astrônomos da Universidade de Cardife anunciou a provável detecção de fosfina, um gás que não se sabe ser produzido por nenhum processo químico conhecido na superfície ou atmosfera venusiana, nos níveis superiores da atmosfera do planeta. A descoberta levou o administrador da NASA, Jim Bridenstine, a pedir publicamente um novo enfoque no estudo de Vénus, descrevendo a descoberta da fosfina como "o desenvolvimento mais significativo até agora na construção de um caso para a vida fora da Terra".
Uma fonte proposta para esta fosfina são os organismos vivos na atmosfera de Vénus. Isso amplia uma hipótese que remonta a 1963, que sugeria que minúsculos objetos descobertos nas nuvens venusianas eram organismos semelhantes às bactérias da Terra (que se aproximam em tamanho). Isso foi proposto em um artigo da Nature por Carl Sagan e Harold Morowitz:
Pesquisas mais recentes de Yeon Joo Lee sugerem que a absorção de luz desses objetos é quase idêntica à dos microorganismos nas nuvens da Terra. Conclusões semelhantes foram alcançadas por outros estudos.
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1894 | Viagens no tempo | Viagens no tempo
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1895 | Verdade | Verdade
A verdade é a propriedade de estar de acordo com o fato real ou a realidade. A verdade é geralmente considerada o oposto da falsidade. Ela também pode ser respostas lógicas resultante do exame de todos os fatos e dados; uma conclusão baseada na evidência, não influenciada pelo desejo, autoridade ou preconceitos; um facto inevitável, sem importar como se chegou a ele.
O uso da palavra verdade pode ter vários significados, desde "ser o caso", "estar de acordo com os fatos ou a realidade", ou ainda ser fiel às origens ou a um padrão. Usos mais antigos abrangiam o sentido de fidelidade, constância ou sinceridade em atos, palavras e caráter. Assim, "a verdade" pode significar o que é real ou possivelmente real dentro de um sistema de valores. Esta qualificação implica o imaginário, a realidade e a ficção, questões centrais tanto em antropologia cultural, artes, filosofia e a própria razão. Como não há um consenso entre filósofos e acadêmicos, várias teorias e visões acerca da verdade existem e continuam sendo debatidas.
Filosofia.
O primeiro problema para os filósofos é estabelecer que tipo de coisa é verdadeira ou falsa, qual o portador da verdade (em inglês "truth-bearer"). Depois há o problema de se explicar o que torna verdadeiro ou falso o portador da verdade. Há teorias robustas que tratam a verdade como uma propriedade. E há teorias deflacionárias, para as quais a verdade é apenas uma ferramenta conveniente da nossa linguagem. Desenvolvimentos da lógica formal trazem alguma luz sobre o modo como nos ocupamos da verdade nas linguagens naturais e em linguagens formais.
Para Nietzsche, por exemplo, a verdade é um ponto de vista. Ele não define nem aceita definição da verdade, porque não se pode alcançar uma certeza sobre a definição do oposto da mentira. Daí seu texto "como filosofar com o martelo".
Mas para a filosofia de René Descartes a certeza é o critério da verdade.
Quem concorda sinceramente com uma frase está se comprometendo com a verdade da frase. A filosofia estuda a verdade de diversas maneiras. A metafísica se ocupa da natureza da verdade. A lógica se ocupa da preservação da verdade. A epistemologia se ocupa do conhecimento da verdade.
Há ainda o problema epistemológico do conhecimento da verdade. O modo como sabemos que estamos com dor de dente é diferente do modo como sabemos que o livro está sobre a mesa. A dor de dente é subjetiva, talvez determinada pela introspecção. O fato do livro estar sobre a mesa é objetivo, determinado pela percepção, por observações que podem ser partilhadas com outras pessoas, por raciocínios e cálculos. Há ainda a distinção entre verdades relativas à posição de alguém e verdades absolutas.
Os filósofos analíticos apontam que a visão relativista é facilmente refutável.
A refutação do relativismo, segundo Tomás de Aquino, baseia-se no fato de que é difícil para alguém declarar o relativismo sem se colocar fora ou acima da declaração. Isso acontece porque, se uma pessoa declara que "todas as verdades são relativas", aparece a dúvida se essa afirmação é ou não é relativa. Se a declaração não é relativa, então, ela se auto-refuta pois é uma verdade sobre relativismo que não é relativa. Se a declaração é relativa, conclui-se que a declaração "todas as verdades são relativas" é uma declaração falsa.
O portador da verdade.
Alguns filósofos chamam muitas entidades, que de alguma forma podemos afirmar que ela é verdadeira ou falsa, de "portador da verdade". Assim, portadores da verdade podem ser pessoas, coisas, sentenças assertivas, proposições ou crenças.
Tipos de verdade.
A verdade é uma interpretação mental da realidade transmitida pelos sentidos, confirmada por outros seres humanos com cérebros normais e despidos de preconceitos (desejo de crer que algo seja verdade), e confirmada por equações matemáticas e linguísticas formando um modelo capaz de prever acontecimentos futuros diante das mesmas coordenadas.
Teorias metafísicas da verdade.
Verdade como correspondência ou adequação.
A teoria correspondentista da verdade é encontrada no aristotelismo (incluindo o tomismo). De acordo com essa concepção, a verdade é a adequação entre aquilo que se dá na realidade e aquilo que se dá na mente.
A verdade como correspondência foi definida por Aristóteles no tratado "Da Interpretação", no qual ele analisa a formação das frases suscetíveis de serem verdadeiras ou falsas. Uma frase é verdadeira quando diz que o que é, é, ou que o que não é, não é. Uma frase é falsa quando diz que o que é, não é, ou que o que não é, é.
O problema dessa concepção é entender o que significa "correspondência". É um tipo de "semelhança" entre o que é e o que é dito? Mas, que tipo de semelhança pode haver entre as palavras e as coisas?
O método científico, por exemplo, estabelece procedimentos para se realizar essa correspondência. Nesse caso um juízo de verdade V é então legitimado, de forma tal que a comunidade de cientisitas (que partilham entre si conhecimento e experiências) aceita/certifica como verdadeira a proposição P, oriunda da correspondência realizada entre P(V) e a "realidade empírica", via "método científico".
Verdade por correspondência.
O conceito de verdade como correspondência é o mais antigo e divulgado. Pressuposto por muitas das escolas pré-socráticas, foi pela primeira vez, explicitamente formulado por Platão com a definição do discurso verdadeiro, no diálogo "Crátilo": "Verdadeiro é o discurso que diz as coisas como são; falso é aquele que as diz como não são." (Crtas.,385b;v.Sof.,262 e; Fil.,37c). Por sua vez Aristóteles dizia: "Negar aquilo que é, e afirmar aquilo que não é, é falso, enquanto afirmar o que é e negar o que não é, é a verdade." (Met.,IV,7,1011b 26 e segs.;v.V,29.1024b 25).
Aristóteles enunciava também os dois teoremas fundamentais deste conceito da verdade. O primeiro é que a verdade está no pensamento ou na linguagem, não no ser ou na coisa (Met.,VI,4,1027 b 25). O segundo é que a medida da verdade é o ser ou a coisa, não o pensamento ou o discurso: de modo que uma coisa não é branca porque se afirma com verdade que é assim; mas se afirma com verdade que é assim, porque ela é branca. (Met., IX, 10,1051 b 5).
Desmenção.
De acordo com a teoria desmencionista da verdade, para chegarmos à verdade de uma proposição basta tirarmos as aspas da mesma. Por exemplo, a proposição "A neve é branca" é verdadeira se, e somente se, a neve é branca.
Deflacionismo.
De acordo com o deflacionismo, o predicado de segunda ordem "É verdade que …" não acrescenta nada à frase de primeira ordem à qual ele é aplicado. Por exemplo, não há nenhuma diferença lógica entre a frase "É verdade que a água é molhada" e a frase "A água é molhada".
Desvelamento.
Segundo esta concepção, verdade é desvelamento. Conhecer a verdade é deixar o ser se manifestar. É estar aberto para o ser. Nas versões modernas do "desvelamento", mais pragmáticas, a verdade é algo "sempre em construção", e que portanto sempre vai possuir "valor verdade" inferior a 100%.
Posição típica de Martin Heidegger (em "Ser e tempo", parágrafo 44, e na conferência "A essência da verdade").
Pragmatismo.
Para o pragmatismo a verdade é o valor de uma coisa. Em Habermas a verdade se confunde com a validade intersubjetiva, ou consenso. Se uma proposição não é submetida ao crivo da comunidade, nada se pode dizer sobre sua falsidade.
No Empirismo o "pragmatismo" não se opõe à "correspondência", mas se funde a ela: a "verdade empírica" como "correspondência" obtida por "consenso" na comunidade científica.
Teorias formais.
Verdade lógica.
A lógica se preocupa com os padrões de razão que podem nos ajudar a dizer se uma proposição é verdadeira ou não. No entanto, a lógica não lida com a verdade no sentido absoluto, como a metafísica. Os lógicos usam linguagem formal para expressar as verdades. Assim só existe verdade em alguma interpretação lógica ou dentro de algum sistema lógico.
Uma verdade lógica (também chamada verdade analítica ou verdade necessária) é uma afirmação que é verdadeira em todos os mundos possíveis ou segundo todas as possíveis interpretações, em contraste com um "fato" (também chamado" proposição sintética" ou uma "contingência") que só é verdadeiro neste mundo, tal como se desenvolveu historicamente. Uma proposição, como "Se p e q, então p", é considerada uma verdade lógica por causa do significado dos símbolos e palavras que a constituem e não por causa de qualquer fato de qualquer mundo particular. Verdades lógicas são tais que não poderiam ser falsas.
Verdade em matemática.
Existem duas abordagens principais para a verdade em matemática: o " modelo da teoria da verdade" e a " teoria da prova da verdade".
Com o desenvolvimento da álgebra booliana no século XIX, modelos matemáticos de lógica começaram a tratar a "verdade", também representada como "V" ou "1", como uma constante arbitrária. "Falsidade" é também uma constante arbitrária que pode ser representado por "F" ou "0". Em lógica proposicional, esses símbolos podem ser manipulados de acordo com um conjunto de axiomas e regras de inferência, muitas vezes dadas na forma de tabelas verdade.
Além disso, desde pelo menos a época do programa de Hilbert, na virada do século XX, até a prova dos teoremas da incompletude de Gödel e o desenvolvimento da tese de Church-Turing, no início daquele século, afirmações verdadeiras em matemática foram geralmente assumidas como demonstráveis em um sistema axiomático formal.
Os trabalhos de Gödel, Turing e outros abalaram este pressuposto, com o desenvolvimento de proposições que são verdadeiras, mas não podem ser comprovadas dentro do sistema. Dois exemplos podem ser encontrados nos Problemas de Hilbert. O trabalho sobre os 10 problemas de Hilbert levou, no final do século XX, à construção de equações diofantinas específicas, para as quais é indecidível se têm uma solução, ou, se tiverem, se teriam um número finito ou infinito de soluções. Mais fundamentalmente, o primeiro problema de Hilbert estava na hipótese do continuum. Gödel e Paul Cohen mostraram que essa hipótese não pode ser provada ou refutada usando os axiomas padrão da teoria dos conjuntos. Na opinião de alguns é, então, igualmente razoável tomar tanto a hipótese do continuum quanto a sua negação, como um novo axioma.
Teoria semântica da verdade.
A teoria semântica da verdade tem como caso geral, para um dado idioma:
onde "P" refere-se à sentença (o nome da sentença), e P é apenas a própria sentença.
O lógico e filósofo Alfred Tarski desenvolveu a teoria das linguagens formais (como lógica formal). Aqui, ele a restringiu desta forma: nenhuma língua poderia conter seu próprio predicado de verdade - ou seja, a expressão "é verdade" somente seria aplicável a sentenças em outro idioma. A este idioma ele chamou "língua objeto" - o idioma sobre o qual se fala. O motivo para sua restrição era que as línguas que contêm seu próprio predicado de verdade conteriam frases paradoxais como "Esta sentença não é verdade". Tais sentenças podem, porém, conter um predicado de verdade aplicável a sentenças em outro idioma.
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1899 | Velocidade | Velocidade
Na física, a velocidade de um corpo é a taxa de variação de sua posição em função do tempo. Por se tratar de uma grandeza vetorial, a velocidade possui módulo, direção e sentido. O módulo da velocidade é a sua intensidade, medida no SI em metros por segundo (m/s ou m s-1), e está associado ao conceito de rapidez. Em geral, os símbolos da velocidade são formula_1, para a velocidade escalar, e formula_2, para o vetor velocidade.
Por meio da velocidade, podemos estudar dois tipos de movimentos considerados mais simples: o movimento retilíneo uniforme (MRU) e o movimento retilíneo uniformemente variado (MRUV), que são representados por equações lineares e quadráticas respectivamente. Para outros tipos de movimento mais complexos, utiliza-se a derivada.
Velocidade média.
Dado um deslocamento formula_3, em um intervalo de tempo formula_4, a velocidade média formula_5 é dada por:
formula_6.
Movimento retilíneo uniforme.
Definimos MRU como todo movimento descrito por objetos com "velocidade constante" em uma trajetória retilínea (em linha reta), para tal, é preciso que a resultante das forças que atuam sobre o corpo seja nula. Nesse movimento, o corpo percorre sempre distâncias iguais em intervalos de tempo iguais.
No MRU a velocidade de um corpo é igual à sua velocidade média e, desta forma, sabendo-se sua posição e velocidade em um determinado instante, podemos determinar a posição da partícula em qualquer outro instante.
Para tanto, a equação da posição formula_7 em função do tempo formula_8, a partir de uma posição inicial formula_9 é dada por:
O gráfico Sxt desse movimento é uma linha reta cuja tangente do ângulo de inclinação dessa reta, em relação ao eixo formula_8, é o valor da velocidade.
Movimento retilíneo uniformemente variado.
Quando a velocidade de um corpo varia com o tempo, ou seja, quando o movimento não é uniforme, convém entender como essa variação ocorre no decorrer do tempo. Para tanto, vamos definir uma nova grandeza chamada de aceleração, medida no SI em metros por segundo por segundo (m/s²), que é dada pela variação da velocidade em função do tempo:
formula_12
Uma partícula descreverá um "movimento retilíneo uniformemente variado" (MRUV) sempre que sua velocidade variar de forma constante ao longo do tempo, ou seja, quando possuir uma aceleração constante.
No MRUV, teremos duas equações horárias, a primeira que relaciona a "velocidade no MRUV com o tempo", dada por:
E a segunda equação das "posições em função do tempo":
Derivada.
Os dois movimentos acima só ocorrem em condições muito específicas. Para estudar os movimentos dos corpos como ocorrem na natureza, Isaac Newton desenvolveu a derivada. Para calcular a velocidade instantânea de um corpo em certo instante é necessário usar limite, medindo-se uma variação infinitesimal de espaço em um intervalo infinitesimal de tempo.
Da definição de derivada:
Com a derivação é possível calcular a velocidade de um objeto a partir do gráfico Sxt, ela fornece a inclinação da reta tangente ao ponto na curva correspondente, sendo essa a velocidade instantânea.
A aceleração é a derivada da velocidade com relação ao tempo:
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1900 | Máquina virtual | Máquina virtual
Na ciência da computação, máquina virtual consiste em um "software" de ambiente computacional que executa programas como um computador real, também chamado de processo de virtualização.
Uma máquina virtual ("Virtual Machine" – VM) pode ser definida como “uma duplicata eficiente e isolada de uma máquina real”. A IBM define uma máquina virtual como uma cópia isolada de um sistema físico, e esta cópia está totalmente protegida.
Máquinas virtuais são extremamente úteis no dia a dia, pois permitem ao usuário rodar outros sistemas operacionais dentro de uma única máquina física, tendo acesso a outros software existentes que podem ser instalados dentro da própria máquina virtual.
História.
VM ou VM/CMS, do inglês "Virtual Machine/Conversational Monitor System" é um sistema operativo que permite a vários utilizadores trabalharem ao mesmo tempo como se estivessem a utilizar "sozinhos" o computador. O sistema foi empregue na "IBM mainframes System/360", donde VM/360, em 1964 - História do Mainframe .
O sistema VM é usado nos "mainframes -" computadores de grande capacidade capazes de oferecer serviços de processamento a milhares de usuários através de milhares de terminais conectados diretamente ou através de uma rede. O sistema operava unicamente em modo batch (arquivo de lote).
O programa de controle (CP) gerencia o computador e efetua todas as operações necessárias de tal forma que cada "máquina virtual" reaja e trabalhe como um computador pessoal. O utilizador tinha em frente de si unicamente: um écran, um teclado, e a caixa de ligação com mainframe.
Definição.
O termo máquina virtual foi descrito na década de 1960 utilizando um termo de sistema operacional: uma abstração de software que enxerga um sistema físico (máquina real). Com o passar dos anos, o termo englobou um grande número de abstrações – por exemplo, Java Virtual Machine – JVM que não virtualiza um sistema real.
Ao invés de ser uma máquina real, isto é, um computador real feito de hardware e executando um sistema operacional específico, uma máquina virtual é um computador fictício criado por um programa de simulação. Sua memória, processador e outros recursos são virtualizados. A virtualização é a interposição do software (máquina virtual) em várias camadas do sistema. É uma forma de dividir os recursos de um computador em múltiplos ambientes de execução.
Ultimamente, é muito simples e fácil criar uma máquina virtual: basta apenas instalar um programa específico dentro da máquina real, onde dentro desse programa poderá ser criado um disco rígido virtual e a partir disso, será possível executar um sistema operacional inteiro por meio dele.
Entre os programas que simulam essas máquinas, são bastante conhecidos os emuladores de vídeo games antigos e os emuladores de microcomputadores, como o VMware Player e o Bochs.
Apesar de alguns desses programas serem pagos, existem também softwares livre de fácil acesso, que é o caso do VM VirtualBox (software livre da Oracle).
Funcionamento.
Após a instalação do programa para criação da máquina virtual, é possível criar um disco rígido virtual, e a partir disso, é possível executar um sistema operacional inteiro.
A máquina virtual irá alocar, durante a execução de sistemas operacionais, uma quantidade definida de memória RAM. Ela normalmente emula um ambiente de computação física, mas requisições de CPU, memória, disco rígido, rede e outros recursos de hardware serão todos geridos por uma "camada de virtualização" que traduz essas solicitações para o hardware presente na máquina.
A partir disso, é possível a instalação de outros softwares dentro do presente software, fazendo simulações em geral sem a necessidade um hardware específico.
Uso para teste.
O conceito de VM também pode ser utilizado como máquinas virtuais a efeito de testes, ou seja, quando empresas de desenvolvimento desejam testar seus produtos ou até mesmos administradores de redes, sistemas pretendem montar protótipos e projetos futuros.
Caso se trate de uma pequena e média empresa onde os recursos são reduzidos, podemos utilizar o Conceito de VM, para que um servidor de arquivos além de armazenar dados, também possua uma outra tarefa como por exemplo instalação de um (Servidor Jabber "comunicação", servidor CUPS "impressão" e até mesmo um Postfix "correio eletrônico").
Tipos.
As máquinas virtuais podem ser divididas em três tipos:
Outra importante categoria de máquinas virtuais são as máquinas virtuais para computadores fictícios projetados para uma finalidade específica. Atualmente a mais importante máquina virtual desta família é a JVM (máquina virtual Java). Existem simuladores para ela em quase todos os computadores atuais, desde computadores de grande porte até telefones celulares, o que torna as aplicações Java extremamente portáveis.
Uma importante vantagem sem duvida de se escrever código para uma máquina virtual é a de se poder compilar o código sem que seja perdida a portabilidade, melhorando-se a velocidade em relação à programação interpretada, que também é portátil, porém mais lenta, já que neste caso cada linha será traduzida e executada em tempo de execução, e no caso da máquina virtual cada mnemônico da máquina virtual é convertido no equivalente em linguagem de máquina (ou assembly) da máquina real.
Segurança.
Embora a máquina necessite do sistema real para sua inicialização, trabalha de maneira independente como se fosse outro computador, isto requer também um sistema de segurança independente, ou seja, a ocorrência de infecção por vírus na máquina virtual não afeta a máquina real.
Em geral o conceito sobre máquinas virtuais vem crescendo, não só pela performance apresentada nos resultados, mas pelo custo reduzido de hardware e manutenção, o que facilita muito o uso desses softwares.
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1903 | Vexilologia | Vexilologia
A vexilologia é o estudo das bandeiras, estandartes e insígnias e das suas simbologias, usos, convenções etc. Este termo foi criado por Whitney Smith, dos Estados Unidos, com vasta obra publicada sobre o assunto. O seu nome provém de vexilo, nome dos estandartes utilizados no exército romano.
Uma pessoa que estuda as bandeiras é chamada "vexilologista". Por extensão, uma pessoa que desenha bandeiras é chamado "vexilógrafo".
A Federação Internacional das Associações Vexilológicas (FIAV) coordena várias associações de entusiastas deste campo do conhecimento. A cada dois anos esta organização promove congressos de vexilologia.
Etimologia.
A etimologia da palavra "vexilologia" possui uma combinação de prefixos latinos e sufixos gregos. Entende-se a sua construção etimológica como: "vexillum" "(latim) + o + lógos" "(grego)" + ia.
Desenho de bandeiras.
Princípios.
Os desenhos das bandeiras apresentam um certo número de condicionantes que abrangem preocupações práticas, circunstâncias históricas e perspectivas culturais.
A primeira das preocupações práticas de vexilógrafo é a necessidade do seu desenho ser fabricado (muitas vezes em massa), transformando-se numa peça de tecido que irá ser hasteada em locais exteriores para representar aquilo que identifica.
O projecto de uma bandeira também pode ser um processo histórico, no qual o desenho actual, muitas vezes, baseia-se num antecedente histórico. Existem, actualmente, famílias de bandeiras com origem num antepassado único, como são o caso das bandeiras escandinavas, baseadas na Bandeira da Dinamarca e das bandeiras africanas, baseadas na Bandeira da Etiópia.
Também, certas culturas, condicionam o desenho das bandeiras, através da imposição de regras específicas, como é o caso da heráldica.
Com as condicionantes acima descritas, consideram-se cinco princípios base para um bom desenho de uma bandeira:
Proporções.
Proporções de bandeira são indicadas por uma relação. A primeira figura corresponde à largura da bandeira, que normalmente está definido como o lado prendido ao poste ou pessoal. A segunda figura corresponde para o comprimento da bandeira. Uma bandeira com uma largura de 3 unidades e um comprimento de 5 unidades ou é escrita 3:5 ou 3x5:
Bandeiras oficiais dos 195 países e suas proporções:
Cores.
As abreviações seguintes indicam cores de bandeira: R (vermelho) ; O (laranja); Y (amarelo); V (verde); B (azul); P (roxo); N (preto); W (branco); G (cinzento); M (castanho); Au (ouro); Ag (prata). Cores diferente dessas citadas não são abreviadas.
Os símbolos seguintes indicam sombras de cor aproximadas:
O uso de uma descrição de cor sem um símbolo indica uma sombra da cor média, normal, ou desconhecida.
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1904 | Vincent Alsop | Vincent Alsop
Vincent Alsop (Northamptonshire, c. 1630 — Londres, 8 de Maio de 1703) foi divino não conformista e controversialista britânico, nascido na Inglaterra. Tornou-se bispo presbiteriano em Westminster em 1677, e teve alguns privilégios durante o reinado de James II.
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1905 | Volapük | Volapük
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1906 | Vila Nova de Gaia | Vila Nova de Gaia
Vila Nova de Gaia ou Gaia é uma cidade portuguesa localizada na sub-região da Área Metropolitana do Porto, pertencendo à região do Norte e ao distrito do Porto.
É sede do Município de Vila Nova de Gaia que tem uma área total de 168,46 km2, 304.149 habitantes em 2021 e uma densidade populacional de 1.805 habitantes por km2, subdividido em 15 freguesias. O município é limitado a norte pelo município do Porto, a leste pelo município de Gondomar, a sudeste pelo município de Santa Maria da Feira, a sul pelo município de Espinho e a oeste pelo Oceano Atlântico. É o terceiro maior município do país.
A cidade está localizada na margem sul da foz do rio Douro. As caves do famoso vinho do Porto ficam localizadas neste concelho. Formada, originalmente, a partir de duas povoações distintas, Gaia e Vila Nova, foi elevada a cidade, no dia 28 de Junho de 1984.
Gaia tem e sempre teve uma ligação muito forte à cidade vizinha do Porto, não apenas pela partilha do património comum do Vinho do Porto, mas também pelo facto de, no passado, as famílias burguesas e nobres do Porto terem, em Vila Nova de Gaia, quintas e casas de férias. Nas últimas décadas, devido ao crescimento económico e à melhoria das comunicações com a margem norte do rio Douro, Vila Nova de Gaia, progressivamente, acolheu população que trabalha, diariamente, no Porto (sobretudo, devido à construção do Metro do Porto, que estimulou e tornou ainda mais funcional esses movimentos pendulares entre Gaia e o Porto), bem como é um concelho onde trabalham e residem muitos cidadãos originários dos concelhos vizinhos da Área Metropolitana do Porto, situados logo a seguir à margem sul do rio Douro, como Espinho, Santa Maria da Feira, Arouca, São João da Madeira, Vale de Cambra ou Oliveira de Azeméis. Gaia é um concelho de residência semanal, durante os dias úteis da semana, de muitos cidadãos naturais desses concelhos que trabalham no espaço urbano de Gaia ou do Porto ou de Matosinhos, devido ao facto do custo das habitações ser menor em Gaia do que no espaço urbano do Porto e estar muito próxima do Porto, o que fez com que Gaia se tornasse um dos concelhos mais populosos de todo o país.
Gaia, juntamente com os concelhos vizinhos do Porto e de Matosinhos, forma a Frente Atlântica do Porto, que constitui o núcleo populacional mais urbanizado da Área Metropolitana do Porto, situado no litoral, delimitado, a oeste, pelo Oceano Atlântico, com a influência estrutural do estuário do Rio Douro, que une Gaia ao Porto.
História do município.
Origens.
A origem da cidade e da humanidade de Vila Nova de Gaia remonta, provavelmente, a um castro celta. Quando integrada no Império Romano, tomou o nome "Cale" (ou "Gale", uma vez que no latim clássico não há uma distinção clara entre as letras e o som "g" e "c"). Este nome é, com grande probabilidade de origem céltica, um desenvolvimento de "Gall-", com a qual os celtas se referiam a eles próprios (outros exemplos podem ser encontrados em "Galiza", "Gaul", "Galway"). O próprio rio Douro ("Durius" em latim), é igualmente celta, construído a partir do celta "dwr", que significa água. Durante os tempos romanos, a grande maioria da população viveria na margem sul do Douro, situando-se a norte uma pequena comunidade em torno do porto de águas fundas, no local onde se situa agora a zona ribeirinha do Porto. O nome da cidade do Porto, posteriormente, "Portus Cale", significaria o Porto ("portus" em latim) da cidade de Gaia. Com o desenvolvimento como centro de trocas comerciais, a margem norte acabou por também crescer em importância, tendo-se aí estabelecido o clero e burgueses.
Com as invasões mouras do século VII D.C., a fronteira "de facto" entre o estado árabe e cristão acabou por se estabelecer por um longo período de tempo no rio Douro, por volta do ano 1000. Com os constantes ataques e contra-ataques, a cidade de Cale, ou Gaia, perdeu a sua população, que se refugiou na margem norte do Rio Douro. Uma das lendas mais associadas a Gaia refere-se ao confronto entre o rei cristão D. Ramiro, e o rei mouro Albazoer, despoletado por pretensões amorosas.
Após a conquista e pacificação dos territórios a sul do Douro, por volta de 1035, com o êxodo e expulsão das populações Muçulmanas, deixando terras férteis abandonadas, os colonos estabeleceram-se novamente em Gaia, em troca por melhores contratos feudais, com os novos senhores das terras conquistadas. Esta nova população refundou a antiga cidade de Cale com o nome de Gaia em torno do castelo e ruínas da velha "Gaia".
O nome das duas cidades de Porto e Gaia era frequentemente referida em documentos contemporâneos como "villa de Portucale", e o condado do Reino de Leão em torno da cidade denominado Portucalense. Este condado esteve na origem do posterior reino de Portugal.
Da fundação de Portugal às Guerras Liberais e Orientais.
Após a fundação do reino de Portugal, as duas povoações de Gaia e de Vila Nova mantiveram-se autónomas. Gaia recebeu Carta de Foral passada pelo rei D. Afonso III em 1255 seguindo-se Vila Nova, por D. Dinis, em 1288. Em 1383, no entanto, ambas foram integradas no julgado do Porto, perdendo a sua autonomia.
Gaia, reconhecida sobretudo pela pujança agrícola, teve um papel fundamental no desenvolvimento comercial do Vinho do Porto, aqui tendo se fixado no século XVIII a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, e os armazéns das diversas companhias exportadoras.
No século XIX, a cidade esteve no centro de batalhas significativas tanto na Guerra Peninsular como na Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), quando uma vez mais o Douro marcou a fronteira entre os beligerantes. Data deste segundo conflito o desenvolvimento e reputação de uma das imagens de marca da cidade, a fortificação da serra do Pilar, durante o cerco do Porto.
Junção de Gaia e Vila Nova.
No final das guerras liberais, Gaia e Vila Nova foram, finalmente, agraciadas com autonomia política e, ao fundirem-se, nasceu o atual concelho de Vila Nova de Gaia com o Decreto n.º 23, de 16 de Maio de 1832 que implantou um novo sistema administrativo depois para o país.
Embora autónoma, o fluxo de trânsito entre as duas margens do Douro continuou a aumentar. A partir deste momento a história da cidade confunde-se com a história das suas pontes. A Ponte Pênsil, concluída em 1843 for a primeira ligação permanente. Em 1877 inaugurou-se a primeira travessia ferroviária para a margem norte com a Ponte D. Maria Pia. Seguiu-se a construção da Ponte D. Luís, terminada em 1886. Passaram 77 anos conturbados até que em 1963 a emblemática Ponte da Arrábida foi colocada em funcionamento, projeto do engenheiro Edgar Cardoso, que seria responsável igualmente pelo projeto de substituição da travessia ferroviária com a construção da Ponte de S. João em 1991. Mais uma vez, o forte crescimento populacional forçou o aumento das ligações entre as duas margens. A Ponte do Freixo concluída em 1995 e a Ponte do Infante, em 2003 são as mais recentes travessias a servirem o concelho.
O crescimento populacional e económico da cidade teve paralelos com os períodos de construção das pontes. Com inúmeras indústrias a fixarem-se na vila nos finais do século XIX, e o grande aumento populacional na segunda metade do século XX, foi finalmente elevada a cidade em 1984.
Atualmente algumas opiniões apontam no sentido de fundir os concelhos do Porto e Gaia.
Geografia.
Com 168,46 km² de área (2013) é o maior município da sub-região do Grande Porto. Subdividido em 15 freguesias, está limitado a norte pelo município do Porto, a nordeste por Gondomar, a sul por Santa Maria da Feira e Espinho e a oeste pelo oceano Atlântico. Este contexto permite-lhe ser um concelho de grandes contrastes, entre zonas interiores, rio e mar, bem como entre áreas urbanas, industriais e rurais.
Em termos aquíferos para além das marcantes orla atlântica e a zona fluvial do Douro, atravessam o concelho inúmeras ribeiras. Destaca-se ainda o rio Febros, que atravessa as freguesias de Pedroso e Avintes. Embora com uma morfologia acidentada e muito desnivelada, o ponto mais alto do concelho situa-se a 261 m. Entre outros pontos, podem-se ainda citar o Monte da Virgem e a Serra de Canelas.
Os depósitos marinhos mais elevados situam-se, actualmente pelo 100–110 m e 120–130 m. Considerados Pré-Sicilianos surgem com frequência, apresentando geralmente uma grande espessura, como é possível observar em Canelas. O nível de praia imediatamente inferior (80-90m) encontra-se essencialmente no norte do concelho, na área de Canidelo e Afurada e ainda na freguesia de Arcozelo.
Paralelamente à linha da costa actual, surgem-nos pequenos retalhos do nível de 60–70 m de altitude, enquanto que o de 30–40 m se estende quase numa mancha contínua, desde Lavadores até ao limite sul do concelho. Entre a Praia da Madalena e a Praia da Granja, surgem-nos alguns depósitos a 15–30 m, enquanto que os de 5–8 m só é possível observá-los numa área muito localizada entre a Praia de Valadares e a Praia de Miramar. Relativamente aos materiais constituintes dos depósitos de praia da plataforma litoral, a inexistência de estudos sobre as suas características sedimentológicas não permite uma abordagem tão profunda quanto seria desejável.
Todavia pode referir-se que na generalidade se verifica um predomínio de calhaus de quartzo e quartzite, relativamente bem rolados, apresentando dimensões várias nos diferentes níveis de praias e por vezes no mesmo depósito, encontrando-se envolvidos num material arenoso mal calibrado e ainda uma matriz argilosa.
Demografia.
Presentemente é o terceiro município mais populoso de Portugal, e o mais populoso na região Norte, com 302 295 habitantes (2011), dos quais aproximadamente 180 000 são residentes urbanos, distribuídos essencialmente em Mafamude, Santa Marinha, Oliveira do Douro e Canidelo.
Algumas das freguesias que formam a cidade de Vila Nova de Gaia são: Santa Marinha e São Pedro da Afurada (sede), Mafamude e Vilar do Paraíso, Canidelo, Madalena, Gulpilhares e Valadares, Vilar de Andorinho e Oliveira do Douro.
População.
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Freguesias.
O município de Vila Nova de Gaia está subdividido em 15 freguesias:
Economia.
Sendo um concelho de grandes dimensões, Gaia tem historicamente uma diversidade significativa na sua estrutura económica. Em todos os sectores, o concelho serviu de sede ou esteve na génese de empresas de referência nacional. Mantendo uma forte diversidade em todos os sectores de actividade, e presentemente uma referência no comércio a retalho. A Associação Comercial e Industrial de Gaia mantém uma caracterização permanente das actividades económicas.
Apesar da Câmara municipal de Vila Nova de Gaia apresentar o segundo maior Orçamento Municipal para o ano de 2012, com um total de 230 milhões de euros, representando um investimento de 112 milhões de euros, é a segunda mais endividada do país em 2012, com cerca de 236 milhões de euros.
Apesar de grande percentagem da população residente efectuar movimentos pendulares para o concelho vizinho do Porto, Gaia tem uma grande tradição industrial. Existem empresas de dimensões variáveis em áreas distintas como cerâmica, têxtil, ferragens, construção civil, sejam fornecedoras ou transformadoras finais.
Na década de 1990 a cidade recebeu duas grandes superfícies comerciais, que foram marcos importantes no desenvolvimento do concelho: Gaia Shopping e ArrábidaShopping. Recentemente, também a cadeia El Corte Inglés se fixou na freguesia de Mafamude, escolhendo o concelho para a sua segunda implementação em Portugal.Todos os bancos portugueses tem várias representações no concelho, incluindo algumas agências especializadas em Private Banking. A Avenida da República concentra uma parte significativa da actividade financeira.
Na área de saúde, a cidade é servida pelo Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia - Espinho, bem como por várias clínicas e laboratórios de análise. A cidade dispõe ainda do Hospital da Arrábida, um dos primeiros hospitais privados no país.
Sendo um concelho com uma área significativa, com frentes de mar e rio, e um interior de ruralidade significativa, encontramos vários exemplos no concelho de diversificação da actividade económica. S. Pedro da Afurada e Aguda são exemplos de comunidades muito activas no sector piscatório, possibilitando a compra directa de peixe fresco. De igual modo, embora o desenvolvimento urbano tenha reduzido o espaço disponível para terrenos agrícolas, mantém-se a capacidade de produção, nomeadamente em nichos de mercado como a agricultura biológica. Disto são exemplos o Projecto Raízes e o Cantinho das Aromáticas. Lojas de ferramentas e fornecedores de equipamento agrícola podem ser encontrados um pouco por todo o concelho.
Em Vila Nova de Gaia encontram-se localizados os estúdios RDP-Norte, sitos no Monte da Virgem. Além da Rádio e Televisão de Portugal, também a Rádio Nova Era é sediada nesta cidade. A sede da Associação das Empresas do Vinho do Porto situa-se na freguesia Sta. Marinha.
Praias e orla costeira.
Vila Nova de Gaia é conhecida pela sua extensa faixa costeira, com aproximadamente 17 km de areal. Em anos recentes, tem sido o concelho do país com mais praias ostentando o prémio Bandeira Azul. No total, em 2008, 17 praias receberam o galardão. Recentemente a requalificação de toda esta área contemplou a construção de um passadiço em madeira que permite percorrer a frente de mar, livre de trânsito, e ligando a praia de Lavadores a Espinho. Entre outras encontramos as praias da Madalena, Valadares, Miramar, Aguda e Granja.
Ao longo da costa, existem vários locais de interesse para além da actividade balnear, entre os quais se destacam a Capela do Senhor da Pedra na Praia de Francelos em Gulpilhares, a vila piscatória da Aguda e finalmente, o lugar da Granja, uma das mais famosas e antigas estâncias balneares portuguesas. A Granja é ainda conhecida por ter sido o local onde Sophia de Mello Breyner Andresen passou grande parte da sua infância e juventude e fonte de inspiração para os elementos marítimos das suas obras.
Ambiente e natureza.
A instalação em 1983 do Parque Biológico de Gaia, posteriormente estendido e ampliado em 1998 tornou o concelho um ponto de referência em termos de instalações dotadas para a prática da educação e turismo ambiental sendo reconhecido por uma revista especializada como "provavelmente o melhor zoo de Portugal". Também em 1997 o Parque de Dunas da Aguda foi inaugurado, possibilitando a conservação de uma flora e fauna raras.
O Centro de Educação Ambiental das Ribeiras de Gaia desenvolve igualmente programas ligados ao ambiente, estando localizado junto à Praia de Miramar. Este centro é ainda responsável pelo desenvolvimento de percursos ao longo das ribeiras de Gaia, recuperando e revitalizando as zonas mais afastadas da orla marítima.
Outras oportunidades de turismo ligado à Natureza são oferecidas pela Estação Litoral da Aguda, que para além de desenvolver actividades ligadas à investigação do meio aquático, disponibiliza nas suas instalações Aquário e Museu das Pescas.
O Zoo Santo Inácio, localizado em Avintes é outra possibilidade dedicada à vertente fauna. Cerca de 1200 animais e 350 espécies podem aqui ser conhecidas em programas de visita vocacionados para os amantes da natureza.
Política.
Eleições legislativas.
Os resultados apresentados referem-se às eleições realizadas após 1976, apresentando-se os resultados dos partidos que obtiveram deputados, ao longo de tais eleições:
Infraestruturas.
Educação.
Sendo um concelho com uma área e população significativas, existem inúmeras instituições de ensino públicas e privadas, para os diferentes escalões etários.
Recentemente, a Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico do Porto, ensino público pertencente ao Politécnico do Porto instalou-se em Vila Nova de Gaia. Anteriormente, apenas existia ensino superior de iniciativas privadas:
Transportes e vias de comunicação.
A cidade é servida pelo Metro do Porto e pela STCP. No entanto, a maior parte do concelho encontra-se coberta por companhias de transporte privadas, tais como a UTC, Espírito Santo.
A CP tem na Estação das Devesas um dos seus pontos nevralgicos. Todos os comboios Alfa Pendular da linha do Norte servem Vila Nova de Gaia a partir deste ponto de paragem. O concelho, na sua totalidade é ainda servido por diversas estações e apeadeiros. Destes, Granja, Aguda, Miramar e Francelos tem um pico de utilizadores significativo durante a época balnear, servindo diversas praias do concelho.
Diversas auto-estradas podem ser encontradas: A1, A29, A20, A32, A41 e A44, que fecha o anel circular interno (VCI de Gaia) com a VCI do Porto. A A41, também conhecida como IC24, é a circular externa da área Metropolitana do Porto, evitando que o tráfego pesado extra-metropolitano para o Aeroporto Francisco Sá Carneiro e Porto de Leixões se misture com as deslocações internas entre Porto e Gaia.
O aeroporto internacional Francisco Sá Carneiro situa-se a sensivelmente 20 km, dispondo de bons acessos através das auto-estradas supra-referidas. O Porto de Leixões encontra-se a 15 km.
Cultura.
Desporto.
A Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia nomeia todos os anos os atletas que se distinguiram durante a época desportiva.
Ver também.
= Personalidades Ilustres =
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1907 | Valquírias | Valquírias
As valquírias ou valkirias (nórdico antigo: "valkyrja", lit. "a que escolhe os mortos"), na mitologia nórdica, são dísir, deidades femininas menores que serviam Odin sob as ordens de Freya. O seu propósito era eleger os mais heróicos guerreiros mortos em batalha e conduzi-los ao salão dos mortos, Valhalla, regido por Odin, onde se convertiriam em einherjar. A escolha servia metade daqueles que morriam em batalha (a outra metade seguia para o campo de Freyja, na vida após a morte, denominado Fólkvangr). Odín precisava de guerreiros para que lutassem a seu lado na batalha do fim do mundo, Ragnarök. A sua residência habitual era Vingólf, situado próximo de Valhalla. O dito salão contava com quinhentas e quarenta portas por onde entravam os heróis derrotados para que as guerreiras os curassem, deleitando-se com a sua beleza e onde também "serviam hidromel e cuidavam da louça de barro e vasilhas para beber". Estas surgem também como amantes de heróis e outros mortais, em que, por vezes, são descritas como filhas da realeza, ocasionalmente acompanhadas por corvos, e de vez em quando incorporadas a cisnes ou cavalos.
Parece, no entanto, que não existia uma distinção muito clara entre as valquírias e nornas. De fato, Skuld é tanto uma valquíria como uma norna e em "Darraðarljóð" (líneas 1-52), as valquírias tecem as redes da guerra.
As valquírias são mencionadas em "Edda em verso", um livro de poemas compilado no século XIII a partir de fontes históricas; a "Edda em prosa" e "Heimskringla" (de Snorri Sturluson), e na "saga de Njáls", uma saga islandesa, todas escritas no século XIII. As valquírias surgem em toda a poesia escáldica, no encanto do século XIV, e em várias inscrições rúnicas. Segundo a Edda em prosa ("Gylfaginning" 35), "Odin nomeia "valquírias" para todas as batalhas. Estas atribuem a morte aos homens e comandam a vitória. Gunnr e Róta [duas valquírias] e a norna mais jovem, chamada Skuld, sempre cavalgavam para eleger quem deveria morrer e para chefiar as matanças.
Outrossim, a liberdade poética permitiu que o termo 'valquíria' se aplicasse também a mulheres mortais na poesia nórdica antiga, ou transcrevendo "Skáldskaparmál" de Snorri Sturluson no que diz respeito à utilização de vários termos empregues para caracterizar as mulheres, 'as mulheres são também chamadas metafóricamente pelos nomes das Ásynjur ou das valquírias, ou ainda das nornas.'
Os cognatos do inglês antigo "wælcyrge" e "wælcyrie" surgem em vários manuscritos antigos ingleses, e estudiosos têm explorado a possibilidade de os termos aparecerem a inglês antigo por influência nórdica, ou por refletir uma tradição também nativa entre os pagãos anglo-saxões. Teorias académicas têm sido elaboradas propondo uma relação entre as valquírias, as nornas, as dísir, as seiðkona e as donzelas escudeiras, no qual todas menos as últimas são descritas como figuras sobrenaturais associadas com o destino. Escavações arqueológicas por toda a Escandinávia revelaram amuletos de teoricamente representam as valquírias. Na cultura moderna, valquírias têm sido objeto de obras de arte, obras musicais, videojogos e poesia.
Etimologia.
A palavra "valquíria" deriva do nórdico antigo "valkyrja" (plural "valkyrjur"), que é composta por duas palavras; o substantivo "valr" (que se refere aos mortos em batalha) e o verbo "kjósa" (que significa "escolher"). Juntos, significam "escolher os mortos". O nórdico antigo "valkyrja" é um cognato do inglês antigo "wælcyrge". Outros termos para valquírias incluem "óskmey" (nórdico antigo "serva desejada"), surgem no poema "Oddrúnargrátr" e "Óðins meyjar" (nórdico antigo "serva de Odin"), aparece em "Nafnaþulur". "Óskmey" talvez esteja relacionado com o nome de Odin "Óski" (nórdico antigo, que significa aprox. "desejo do ocumpridor"), referindo-se ao facto de Odin acolher guerreiros mortos em Valhalla.
Manuscritos.
As valquírias são mencionadas ou descritas em várias fontes mitológicas da Escandinávia Medieval, especialmente em poemas éddicos como "Hárbarðsljóð", "Helgakviða" I, II e III, e Grotassöngr; poemas escáldicos como
"Hákonarmál"; poemas éddico-escáldicos como "Darraðarljóð"; e sagas lendárias como são exemplo "Völsunga saga" e "Hjálmþés saga ok Ölvis", dos quais os historiadores das religiões germânicas ou eslavas dispõem e cujo vasto referencial culturalista permite o atual entendimento das motivações sociais e históricas na formação destes modelos míticos marciais — as valquírias.
Edda em verso.
As valquírias são mencionadas nos poemas da Edda poética: "Völuspá", "Grímnismál", "Völundarkviða", "Helgakviða Hjörvarðssonar", "Helgakviða Hundingsbana I", "Helgakviða Hundingsbana II" e "Sigrdrífumál".
"Völuspá" e "Grímnismál".
Na trigésima estrofe do poema "Völuspá", é descrito que uma völva (uma viandante profetisa da sociedade germânica) informa a Odin ter visto valquírias vindo dos mais longínquos lugares prontas para cavalgar com os seus fogosos corceis "as fileiras dos deuses" em direção ao povo dos Godos. A völva adianta-se com a enumeração de um elenco de seis valquírias, cujos nomes são Skuld (nórdico antigo, termo que possivelmente significa "débito" ou "futuro") que segura um escudo, Skögul ("shaker") outro, Gunnr ("guerra"), Hildr ("batalha"), Göndul ("bastão mágico") e Geirskögul ("lança-Skögul"). A völva revela a Odin que tem já listadas as donzelas de Herjan, "valquírias prontas para cavalgar sobre a terra.".
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1910 | Venezuela | Venezuela
Venezuela (), oficialmente República Bolivariana da Venezuela (), é um país da América localizado na parte norte da América do Sul, constituído por uma parte continental e um grande número de pequenas ilhas no Mar do Caribe, cuja capital e maior aglomeração urbana é a cidade de Caracas. Possui uma área de , sendo o 32º maior país no mundo em território. Suas fronteiras são delimitadas a norte com o Mar do Caribe, a oeste com a Colômbia, ao sul com o Brasil e ao leste com a Guiana, com quem mantém disputas territoriais. Através das suas zonas marítimas, tem soberania sobre 71 295 km² de mar territorial, 22 224 km² na zona contígua, 471 507 km² do Mar do Caribe e o Oceano Atlântico sob o conceito de zona económica exclusiva, e 99 889 km² de plataforma continental. Esta área marinha faz fronteira com treze estados soberanos, sendo Trinidad e Tobago, Granada, São Vicente e Granadinas, Santa Lúcia e Barbados alguns deles. Sua população é estimada em e a capital nacional é Caracas.
O país é amplamente conhecido por suas vastas reservas de petróleo, pela diversidade ambiental do seu território e por seus diversos recursos naturais. É considerado um país megadiverso, com uma fauna diversificada e uma grande variedade de "habitats" protegidos. As cores da bandeira venezuelana são o amarelo, azul e vermelho, nessa ordem: o amarelo representa a riqueza da terra, o azul o mar e o céu do país, e o vermelho o sangue derramado pelos heróis da independência.
O território venezuelano foi colonizado pelo Império Espanhol em 1522, apesar da resistência dos povos nativos. Em 1811, tornou-se uma das primeiras colônias hispano-americana a declarar a independência, mas que apenas foi consolidada em 1830, quando a Venezuela deixou de ser um departamento da Grã-Colômbia. Durante o século XIX, o país sofreu com instabilidade política e autocracia, dominado por caudilhos regionais até meados do século XX. Desde 1958, houve uma série de governos democráticos.
No entanto, choques econômicos nas décadas de 1980 e 1990 culminaram em várias crises políticas, como os motins mortais durante o "Caracazo" de 1989, duas tentativas de golpe em 1992, além do "impeachment" do presidente Carlos Andrés Pérez por desvio de fundos públicos em 1993. O colapso da confiança permitiu que Hugo Chávez ganhasse força. Ele criou o conceito de "Revolução Bolivariana" ao aprovar uma nova constituição em 1999. Após a morte de Chávez em 2013, Nicolás Maduro assume o poder após ganhar as eleições presidenciais no mesmo ano. Em maio de 2018, Maduro foi reeleito em uma eleição controversa, não reconhecida pela oposição e por grande parte da comunidade internacional. Atualmente, o país enfrenta uma crise socioeconômica e política grave, com hiperinflação, escassez de produtos básicos, alta criminalidade e censura da imprensa.
Etimologia.
Alonso de Ojeda, Américo Vespúcio e Juan de la Cosa foram os primeiros a explorar a costa da Venezuela em 1499. No dia 24 de agosto desse ano chegaram ao que é hoje o lago de Maracaibo, onde encontraram nativos cujas casas estavam construídas sobre estacas de madeira fixas no lago (palafitas). Vespúcio, que era italiano, achou aquelas construções semelhantes às da cidade de Veneza e por isso chamou a região de "Venezuela", ou seja, "Pequena Veneza".
Por outro lado, Martín Fernández de Enciso, um geógrafo que acompanhava a expedição, afirma na sua obra "Summa de Geografia" (1519) que junto ao lago existia uma grande rocha plana, em cima da qual havia um povoado indígena conhecido como "Veneciuela". Assim, o nome "Venezuela" pode ser nativo, e não estrangeiro. No entanto, a primeira versão permanece como a mais divulgada e aceita.
História.
Período pré-colombiano.
É certo que o homem chegou à América vindo do Nordeste da Ásia, em algum momento entre 15 e 30 mil anos atrás, tendo alcançado o continente seja pela travessia a pé da Beríngia ou navegando em pequenos barcos próximos à costa e, em seguida, ao longo dos milênios, se dispersam para o sul, povoando o continente americano.
Os vestígios mais antigos de presença humana em território venezuelano são materiais associados à caça de mastodontes, encontrados no sítio arqueológico de Taima-Taima e datados de 14 mil anos atrás.
Na época da chegada dos espanhóis, uma diversidade de povos indígenas habitavam o que é hoje a Venezuela: os caribes na região costeira central, otomacos, yaruros e aruaques nas planícies, waraos no delta do Orinoco, timoto-cuicas na região dos Andes, barís e wayuus na região do Lago de Maracaibo, gaiones e jirajaras na região centro-oeste do país e ianomâmis no sul da Amazônia. Grupos nômades ocupavam a região do Lago de Maracaibo, os Llanos e o litoral, enquanto os povos autóctones tecnologicamente mais avançados viviam nos Andes, com uma vida baseada na agricultura.
Colonização espanhola.
Cristóvão Colombo chegou ao litoral venezuelano em 1498, durante sua terceira viagem à América. Batizou a região de Venezuela (“pequena Veneza”), em razão das palafitas sobre o Lago de Maracaibo, que se assemelhavam à cidade italiana.
No início, a Espanha não teve grandes interesses nessa área, limitando-se à caça de escravos e pesca de pérolas. O primeiro assentamento espanhol permanente, Cumaná, foi fundado em 1523. Logo depois, a família banqueira Welser, da cidade alemã de Augsburgo, comprou os direitos de exploração e colonização da costa noroeste da Venezuela. No entanto, os colonizadores alemães não conseguiram se fixar nem encontrar metais preciosos e, com isso, os espanhóis retomaram o comando das terras dos Welser em 1546.
Na segunda metade do século XVI, os espanhóis começaram a colonizar a Venezuela, por meio do estabelecimento de fazendas com o uso da mão-de-obra indígena, por meio do sistema de "encomienda". Caracas foi fundada em 1567 e décadas depois, mais de 20 assentamentos espanhóis existiam no litoral e na região andina.
A economia venezuelana colonial era baseada na agricultura, sobretudo de cana-de-açúcar, tabaco e cacau, e na pecuária. Usava-se a mão-de-obra indígena e escrava africana. No século XVIII, para eliminar a forte presença britânica, francesa e neerlandesa no comércio venezuelano, os espanhóis estabeleceram um monopólio comercial dentro do pacto colonial. No entanto, os interesses régios foram contra o dos latifundiários venezuelanos, forçando à dissolução da empresa monopolista nos anos 1780.
O território que é hoje a Venezuela esteve dividido entre o Vice-Reino do Peru e audiência de Santo Domingo até ao estabelecimento do Vice-Reino de Nova Granada em 1717. Em 1776, a Venezuela tornou-se uma capitania-Geral do Império Espanhol.
Grã-Colômbia e independência.
A primeira rebelião contra o domínio espanhol ocorreu em 1749. No entanto, os primeiros movimentos separatistas na Venezuela surgiram apenas nas últimas décadas daquele século.
Em 1797, um grupo de membros da elite venezuelana proclamou a independência, mas falhou.
Em 1806, o militar caraquenho Francisco de Miranda, profundamente influenciado pelas ideias iluministas e veterano nas lutas das Revoluções Americana e Francesa, tentou desembarcar no litoral venezuelano com mercenários contratados em Nova York, para por em prática sua ideia de criar um país pan-hispânico na América, mas tal ação não deu certo, devido à falta de apoio da elite, temerosa de que a metrópole fosse alterada da Espanha para o Reino Unido.
Em 1808, Napoleão Bonaparte invadiu a Espanha, prendeu e depôs o rei Fernando VII e colocou em seu lugar o irmão José Bonaparte. Esse foi o estopim para a independência das colônias espanholas na América, pois muitas elites não aceitaram ter um rei estrangeiro no trono espanhol. Nessa época, entrou, no processo de independência da Venezuela, o militar Simón Bolívar, que havia estudado na Europa e recebeu influências da Revolução Americana.
Em 19 de abril de 1810, a elite caraquenha decretou a formação de uma junta governativa, expulsando os espanhóis dos cargos administrativos. Em um primeiro momento, a junta declarou lealdade a Fernando VII, mas as tropas espanholas mandaram bloquear os portos venezuelanos, levando os integrantes a declararem a independência.
Em julho de 1811, a junta governativa, liderada por Cristóbal Mendoza, assinou a Ata da Declaração de Independência da Venezuela. Francisco de Miranda se tornou o primeiro chefe do exército do novo país.
Nas lutas contra as forças realistas, em julho de 1812, Miranda assinou a rendição ante estas, para evitar que mais sangue fosse derramado, o que foi visto como uma traição, levando-o a ser entregue aos espanhóis e exilado.
Em 1813, a junta governantiva indicou Bolívar para o cargo de comandante das forças revolucionárias. Depois de derrotas nas lutas contra os espanhóis, ele contou com o apoio de elites que abandonaram a defesa do colonialismo e llaneros e negros que desertaram da causa monarquista e muitos mercenários britânicos e irlandeses e com a ajuda do Haiti.
Em 17 de dezembro de 1819, foi proclamada a República da Grã-Colômbia, com capital em Bogotá e tendo Bolívar como presidente. Em junho de 1521, suas tropas, reforçadas pela cavalaria liderada por José Antonio Páez, derrotaram o principal exército espanhol na Batalha de Carabobo. A última força da Coroa Espanhola se rendeu em outubro de 1823 na cidade de Puerto Cabello.
Em seguida, Bolívar, acompanhado de tropas venezuelanas, ajudou a libertar o Peru e a Bolívia, esta última tendo recebido o seu nome. Enquanto isso, as rivalidades regionais eclodiram na Grã-Colômbia e ele não foi capaz de contê-las. ) Então, entre 1829 e 1830, a Grã-Colômbia se fragmentou, com a independência do Equador e da Venezuela.
República Caudilha.
Com a independência de fato da Venezuela, o novo país passou a ser governado pelos caudilhos, que permanecem no cargo por um século. Em 1830, foi promulgada a primeira constituição do país, de caráter centralista, escravagista e conservador.
Entre 1830 e 1848, a política venezuelana esteve nas mãos dos conservadores, cuja principal figura foi José Antonio Páez, presidente duas vezes (1831–35 e 1839–43) e importante figura política. Nesse período, houve uma estabilidade política e progresso econômico, a Igreja perdeu a isenção tributária e o monopólio educacional e o Exército, sua autoridade e a economia, devastada por anos de guerra, foi reconstruída.
Em 1840, Antonio Leocadio Guzmán fundou o Partido Liberal, antiescravagista e pena de morte e favorável à extensão do direito ao voto, a primeira grande oposição aos conservadores. Na década de 1840, houve uma queda no preço das "commodities" venezuelanas e isso fortaleceu a oposição liberal.
Em 1848, os conservadores são tirados do cargo pelo General José Tadeo Monagas. Nos dez anos seguintes, o poder alternou-se entre Monagas e seu irmão José Gregorio Monagas, quando foram aprovadas, mas não implementadas, a abolição da escravidão e da pena de morte e a ampliação do sufrágio. A situação econômica estava piorando e a tentativa de criar, em 1857, uma constituição que permitia aos presidentes permanecerem mais tempo no cargo, levou a uma revolta de dissidentes liberais e conservadores, que depuseram os Monagas em 1858. Isso desencadeou uma guerra civil entre os liberais, de tendência federal e democrática, e os conservadores, centralistas, a chamada Guerra Federal (1858–63).
Páez retornou do exílio em 1861 e restaurou a hegemonia do seu grupo até 1863, com a vitória liberal, cujos líderes eram Juan Crisóstomo Falcón e Antonio Guzmán Blanco. Uma nova constituição, de caráter liberal e federalista, foi promulgada no ano seguinte. Devido à má gestão governamental, os conservadores, agora liderados por José Tadeo Monagas, retornaram ao poder em 1868. Outra guerra civil seguiu, resultando em uma nova vitória liberal em 1870.
Guzmán Blanco assumiu o poder em 1870 e adotou um programa de reformas econômicas, retirando o país da situação econômica que vivia há anos. Uma nova constituição foi promulgada em 1872, estabelecendo eleições diretas para a presidência, sufrágio para todos os homens e um sistema nacional de educação. Em 1878, Guzmán deixou a presidência, para a qual retornaria em 1886, após deixar a Venezuela ser governada por aliados. Em 1888, após a saída de Guzmán, inicia-se um período de instabilidade política, que continuou durante o governo de Joaquín Crespo (1892–98). Durante essa gestão, as relações com o Reino Unido se conflituaram, por causa da intensificação da disputa pela Guiana Essequiba, região rica em ouro reivindicada por ambos os países.Em 1899, o general Cipriano Castro, natural do estado de Táchira, chega a Caracas e dá um golpe de estado, assumindo a presidência como um ditador. O governo Castro (1899–1909) foi o primeiro de cinco governos de presidentes militares tachirenses, conhecidos como Andinos, os quais ficaram no poder até 1958, exceto por um breve intervalo entre 1945 e 1948.
Em 1908, Cipriano, cujo governo foi caracterizado por uma política externa agressiva, foi forçado a deixar a presidência por causa de sua saúde e foi substituído por Juan Vicente Gómez, que governou a Venezuela até sua morte, em 1935. Seus 27 anos no cargo foram caracterizados pelo autoritarismo, corrupção, cerceamento às liberdades individuais e de imprensa e eleições fraudulentas. Por outro lado, foi no governo de Gómez, pouco antes da Primeira Guerra Mundial, que as gigantescas reservas de petróleo venezuelanas foram descobertas e o início da sua exploração trouxe grandes lucros, permitindo ao Estado fazer obras de infraestrutura, subsidiar a agricultura e pagar a dívida. No entanto, a riqueza era desigual, a maioria da população vivia na pobreza e houve pouquíssimos investimentos estatais na saúde ou educação.
Um país entre a democracia e o autoritarismo.
Eleazar López Contreras assumiu a presidência com a morte de Gómez, de quem fora ministro, em 1935. Seu governo (1935–41) começou com a retomada das liberdades e a permissão do sindicalismo, mas a ameaça da oposição o fez retomar a ditadura, em 1937. Economicamente, essa gestão continuou seguindo a orientação desenvolvimentista, com investimentos estatais na agricultura, educação, saúde e indústria.
Isaías Medina Angarita (1941–45) manteve o desenvolvimentismo e restaurou as liberdades individuais. Com a queda nos preços do petróleo devido à Segunda Guerra Mundial, o governo ampliou sua participação nos lucros do petróleo e, com a retomada das redes de transporte globais, houve novas concessões e um "boom" do petróleo.
Em 1945, um golpe civil-militar depôs Medina, marcando a primeira vez que um partido político, o social-democrata Ação Democrática (AD), toma o poder, com o apoio popular. Seu líder, Rómulo Betancourt, liderou uma junta composta por civis e militares que elaborou uma constituição seguindo a orientação do partido, adotada em julho de 1947. Em dezembro do mesmo ano, o escritor Rómulo Gallegos tomou posse, sendo o primeiro presidente democraticamente eleito da história da Venezuela. Gallegos adotou medidas trabalhistas, desenvolvimentistas e assistencialistas, o que levou à sua deposição por um golpe militar em novembro de 1948, resultado da forte oposição conservadora ao seu governo.
Com o golpe de 1948, assumiu o poder a junta militar do Major Marcos Pérez Jiménez e Tenente-Coronel Carlos Delgado Chalbaud, este assassinado em 1951, o que levou aquele a se tornar o líder único do país, governando-o autoritariamente até sua deposição 1958, período no qual todas as conquistas sociais, trabalhistas e democráticas foram suprimidas. Sucedeu a Jiménez uma junta civil-militar, que durou até 1959, quando Betancourt foi eleito, por meio de uma aliança entre o AD e o democrata-cristão Partido Social-Cristão (Copei), e tomou posse.
Dominância de dois partidos.
O segundo mandato de Betancourt (1959–64) também foi caracterizado pelos investimentos em saúde, educação, agricultura e indústria, mas foi mais moderado em relação ao primeiro. Na política externa, a Venezuela rompeu relações com a República Dominicana em 1960, após um atentado contra Betancourt feito por agentes dominicanos, e com Cuba em 1961, por causa do seu financiamento a grupos guerrilheiros marxistas venezuelanos, e se tornou um dos membros-fundadores da OPEP em 1960.
As eleições presidenciais de 1963 foram vencidas por Raúl Leoni (AD). Os democrata-cristãos retiraram-se passaram para a oposição. Durante a presidência de Leoni (1964–69), houve crescimento na indústria petroquímica e mineradora. Apesar da prosperidade, o governo teve pouca popularidade, o que fortaleceu a Copei, cujo candidato, Rafael Caldera, venceu as eleições presidenciais de 1968. Sua posse, no ano seguinte, foi um marco histórico para a Venezuela, pois, pela primeira vez, o governo incumbente entregou pacificamente a presidência a um partido oposicionista.
O governo Caldera (1969–74) manteve políticas similares às gestões anteriores, ampliou as relações diplomáticas com Cuba, União Soviética e as ditaduras latino-americanas e nacionalizou o gás natural. Seu sucessor, Carlos Andrés Pérez (1974–79), da Ação Democrática, nacionalizou a indústria de ferro em 1975 e a de petróleo em 1976.
Após a Guerra do Yom Kippur (1973), o preço do barril de petróleo venezuelano aumentou mais de 300%, o que trouxe grandes lucros ao país sul-americano. Houve a imigração vinda de países próximos e um aumento nas importações, mas, por outro lado, a corrupção crescia cada vez mais e os lucros se concentravam nas elites, gerando pouco benefícios à classe popular. Além disso, o boom econômico ocasionado pelo aumento na cotação do barril durou pouco, pois houve aumentos maciços nos gastos públicos e no final dos anos 1970 iniciou-se uma crise econômica causada pela queda nos preços do petróleo, devido à superoferta da "comodity" e o segundo choque do petróleo.
Os governos de Luis Herrera Campins (Copei, 1979–84) e Jaime Lusinchi (AD, 1984–89) foram caracterizados pela crise e consequente desemprego e fuga de capitais estrangeiros, aumento constante da inflação, corrupção, diminuição das exportações e moratória da dívida externa. Para tentar solucionar a crise, foram adotadas medidas de desvalorização da moeda e austeridade. Carlos Andrés Pérez foi eleito para um segundo mandato em 1988, sob a promessa de pagamento da dívida. No início de seu mandato, em 1989, foram adotadas medidas de austeridade e esse fator gerou o levante popular conhecido como Caracaço, cujo estopim foi o aumento da tarifa de ônibus da capital. Os dois anos seguintes foram marcados por greves trabalhistas e mais manifestações. Em 1992, Pérez sofreu duas tentativas de golpe militar: uma, de oficiais de baixa patente no exército, cujo líder era o tenente-coronel Hugo Chávez; outra, por membros da Força Aérea. Os militares rebeldes foram presos e o presidente continuou no cargo até meados do ano seguinte, quando sofreu impeachment por corrupção.
Em 1994, o ex-presidente Rafael Caldera tomou posse para um segundo mandato, dessa vez como político independente, e logo em seguida anistia Hugo Chávez, restaurando seus direitos políticos. Durante a gestão Caldera (1994–99), inicialmente foram aplicadas medidas econômicas populistas até depois adotar um plano econômico neoliberal orientado pelo FMI.
Revolução Bolivariana.
Nas eleições de 1998, no contexto da desconfiança aos partidos políticos tradicionais, Chávez foi eleito presidente, prometendo combater os grandes problemas que o país vivia na época, como a corrupção e altas taxas de pobreza, tomando posse no início do ano seguinte. Meses depois, uma Assembleia Constituinte, com predominância chavista, foi eleita e redigiu uma nova constituição, por meio da qual o nome do país foi alterado para República Bolivariana da Venezuela, o mandato presidencial foi ampliado de cinco para seis anos e o Legislativo se tornou unicameral. Esse foi o início da chamada "Revolução Bolivariana".
Em abril de 2002, um golpe de Estado derruba Chávez, após manifestações populares de seus opositores, mas ele voltou ao poder depois de dois dias, com a ajuda de apoiadores militares e populares.
Chávez também se manteve no poder depois de uma greve geral nacional, que durou mais de dois meses (de dezembro de 2002 a fevereiro de 2003), além de uma greve na companhia estatal de petróleo Petróleos de Venezuela (PDVSA). Os movimentos grevistas produziram um problema econômico grave, sendo que o PIB do país caiu 27 por cento durante os primeiros quatro meses de 2003 e custou à indústria petrolífera 13,3 bilhões de dólares. A fuga de capitais, antes e durante a greve, levou à reinstituição de controles cambiais (que tinha sido abolida em 1989), gerido pela agência CADIVI.
Chávez seguiu uma orientação populista, centralizadora e socialista, a qual ele chamou de Socialismo do século XXI. Durante os 14 anos que governou a Venezuela, foram adotadas políticas sociais com o dinheiro vindo do petróleo e estatizados setores estratégicos da economia, como a siderurgia, petróleo, telecomunicações, indústria de cimento e eletricidade e houve uma redução na pobreza. Ao mesmo tempo, houve uma concentração de poder nas mãos do presidente. Além disso, surgiu uma forte polarização política; apesar do grande apoio popular, a rejeição entre as classes média e alta ao presidente era alta e isso gerou uma forte tensão.
Nas eleições de 2000, 2006 e 2012, nas quais Chávez foi reeleito, o seu partido MVR (Movimento Quinta República) e aliados — muitos dos quais, em 2007, foram unidos no Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) — obtiveram ampla maioria no Legislativo. Em 2009, foi aprovada, pela Assembleia Nacional e por consulta popular, a emenda constitucional que institui a reeleição ilimitada para cargos públicos.
No início da década de 2010, o governo adotou as primeiras medidas de desvalorização da moeda. Estas desvalorizações têm feito pouco para melhorar a situação do povo venezuelano, que conta com produtos importados ou produtos produzidos localmente, mas que dependem de insumos importados, enquanto as vendas de petróleo representam a grande maioria das exportações da Venezuela.
Em 2012, Chávez foi reeleito para um quarto mandato, mas ele nunca chegou a tomar posse, devido ao tratamento contra o câncer, doença para a qual faleceu em 5 de março de 2013, depois de dois anos de luta, o que gerou forte comoção popular.
Governo Maduro e crise.
Com a morte de Chávez, o vice-presidente, Nicolás Maduro, assumiu interinamente a presidência.
A eleição presidencial de 14 de abril de 2013, a primeira em que o nome de Chávez não aparecia na cédula de votação desde que assumiu o poder em 1999, foi vencida por Maduro, com 50,61% dos votos, contra o candidato da oposição Henrique Capriles Radonski, que teve 49,12% dos votos. O partido Mesa da Unidade Democrática contestou a sua nomeação como uma violação da constituição. No entanto, o Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela decidiu que, segundo a constituição nacional, Nicolás Maduro é o presidente legítimo e foi investido como tal pelo congresso venezuelano.
Maduro assumiu o poder em meio a uma situação econômica frágil, com a escassez de produtos básicos e inflação em alta. Em fevereiro de 2014, milhares de venezuelanos protestaram contra o níveis crescentes de violência criminal, inflação e pela escassez crônica de produtos básicos devido às políticas do governo federal. Manifestações e tumultos deixaram mais de 40 mortes nos distúrbios entre os dois chavistas e manifestantes da oposição, além de terem levado à prisão de líderes da oposição, como Leopoldo López. Atualmente, o país enfrenta uma grave crise socioeconômica e política, com hiperinflação, escassez de produtos básicos, alta criminalidade e censura da imprensa.
O Center for Economic and Policy Research (CEPR) com sede em Washington estima que 40 000 pessoas morreram em resultado das sanções dos EUA entre 2017 e 2018, devido ao seu impacto na distribuição de medicamentos, fornecimentos médicos e alimentos. Milhões de pessoas com diabetes, hipertensão ou câncer já não podem receber tratamento adequado.
Em maio de 2018, Maduro foi reeleito em uma eleição controversa, não reconhecida pela oposição e por grande parte da comunidade internacional. Em janeiro de 2019, a Assembleia Nacional da Venezuela declarou que Maduro estava usurpando o cargo presidencial e Juan Guaidó, como presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, autoproclamou-se presidente interino da Venezuela. No mesmo dia, a Organização dos Estados Americanos (OEA) considerou ilegítimo o governo de Maduro.
Após assumir a presidência interina, Guaidó disse que os três objetivos centrais de sua estratégia política seriam encerrar o governo de Nicolás Maduro, estabelecer um governo de transição guiado pela Assembleia Nacional e a convocação de novas eleições. Em fevereiro de 2019, mais de 50 países reconheciam Guaidó como presidente interino da Venezuela, incluindo todos os países membros do Grupo de Lima com exceção do México, além de Brasil, Canadá, Estados Unidos, Israel, Austrália, Japão, o Parlamento Europeu e a maioria dos países da União Europeia. Por outro lado, cerca de 20 países reconheciam Maduro como presidente legítimo, incluindo Rússia, Cuba, Nicarágua, China e Coreia do Norte. A Organização das Nações Unidas (ONU), o Vaticano e 17 países declararam neutralidade.
Em janeiro de 2021, a União Europeia deixou de reconhecer Juan Guaidó como presidente interino.
Geografia.
A Venezuela é um país localizado no norte da América do Sul, na fronteira com o mar do Caribe. É delimitada ao sul pelo Brasil, a oeste pela Colômbia e a leste pela Guiana. O país tem uma área total de e uma área terrestre de , cerca do dobro do tamanho do estado da Califórnia, nos Estados Unidos. A forma de seu território se assemelha aproximadamente à de um triângulo invertido e o país tem um total de de litoral.
Com de costa, o país possui uma variedade de paisagens. As extensões da cordilheira dos Andes vão do extremo nordeste até o noroeste da Venezuela e continuam ao longo da costa norte do Caribe. O Pico Bolívar, o ponto mais alto da nação com de altura, encontra-se nesta região. O centro do país é caracterizado pelos "llanos", que são extensas planícies que se estendem desde a fronteira colombiana ao extremo oeste do delta do rio Orinoco, no leste.
No sul, a região Guayana contém a região norte da Bacia Amazônica e o Salto Ángel, a maior cachoeira (cascata, em Portugal). O Orinoco, com seus ricos solos aluviais, se liga ao maior e mais importantes sistema de rios, que se origina em uma das maiores bacias hidrográficas da América Latina. O Caroni e o Apure são outros grandes rios.
A Região Insular inclui todas as ilhas da Venezuela: Nueva Esparta e as várias Dependências Federais. Do sistema deltaico, que forma um triângulo cobrindo o Delta Amacuro, projeta-se para o nordeste em direção ao Oceano Atlântico.
O país pode ainda ser dividido em dez zonas geográficas, correspondentes a algumas regiões climáticas e biogeográficas. No norte são os Andes venezuelanos e a região Coro, uma área montanhosa no noroeste, tem vários vales e serras. No leste estão as planícies adjacentes ao lago de Maracaibo e ao golfo da Venezuela. A Cordilheira Central é paralela à costa e inclui as colinas que rodeiam Caracas, a Cordilheira Oriental, separada da Cordilheira Central pelo golfo de Cariaco, abrange o Sucre e o norte de Monagas.
Clima.
Embora a Venezuela esteja inteiramente situada nos trópicos, o clima varia de planícies úmidas de baixa altitude, onde as temperaturas médias anuais variam de tão elevadas como , às geleiras e regiões montanhosas com uma temperatura média anual de . A precipitação anual varia entre na porção semiárida do nordeste até no delta do rio Orinoco do extremo oriente do país. A maioria das quedas de precipitação entre junho e outubro (época das chuvas ou "inverno"); o restante mais seco e mais quente do ano é conhecido como "verão", embora a variação da temperatura ao longo do ano não seja tão pronunciada como em latitudes temperadas.
O país divide-se em quatro zonas de temperatura horizontais baseadas principalmente na elevação, tendo os climas tropical, seco, temperado com invernos secos e polar (tundra alpina), entre outros. Na zona tropical as temperaturas são quentes, com médias anuais variando entre 26 e . A zona temperada, onde se localizam muitas das cidades da Venezuela, incluindo a capital, varia entre 800 e de altura, com médias de 12–. As condições mais frias com temperaturas de 9– são encontrados na zona fria entre e de altura, especialmente nos Andes venezuelanos, onde há pastagem e campo de neve permanentes com médias anuais abaixo de .
Biodiversidade.
A Venezuela se encontra dentro da região neotropical, e grandes porções do país são originalmente cobertas por florestas úmidas de folhagem larga. Isso classifica a Venezuela como um dos dezessete países megadiversos. No país, os habitats vão desde as montanhas dos Andes até o oeste da Bacia Amazônica, através de extensas planícies e a costa do Caribe, no centro e no delta do rio Orinoco, no leste. Estes incluem cerrados no extremo noroeste e litoral e florestas de mangue no nordeste. Suas florestas de baixa altitude e tropicais são particularmente ricas.
A fauna da Venezuela é diversa e inclui espécies pouco conhecidas como o peixe-boi, preguiça de três dedos, preguiça-de-coleira, boto-cor-de-rosa e crocodilo-do-orinoco, que podem atingir até 6,6 m de comprimento. A Venezuela abriga um total de 1 417 espécies de aves, 48 das quais são endémicas. Aves importantes incluem o íbis, diversos tipos de águias, maçaricos e o turpial, a ave nacional da Venezuela. Os mamíferos mais notáveis são o tamanduá-bandeira, onça-pintada e a capivara, o maior roedor do mundo. Mais de metade das espécies de aves e mamíferos venezuelanos são encontradas nas florestas da Amazônia e ao sul do rio Orinoco.
Sobre a flora presente na Venezuela, mais de 25 mil espécies de orquídeas são encontradas nas florestas do país e nos ecossistemas da floresta de várzea. Estas incluem a "flor de mayo" (Cattleya mossiae), que é tida como a flor nacional venezuelana. A árvore nacional da Venezuela é o Ipê amarelo (ou araguaney, como é chamado no país) cuja característica exuberante após o período chuvoso levou o romancista Rómulo Gallegos a nomeá-la de "a primavera de oro de los araguaneyes" (a primavera de ouro dos araguaneyes).
Se tratando de fungos, uma conta foi fornecida por R.W.G. Dennis, sendo digitalizada e os registros disponibilizados online como parte do banco de dados do "Cybertruffle Robigalia". Este banco de dados inclui cerca de 3,9 mil espécies de fungos registrados na Venezuela, mas está longe de ser completa, e é provável que o número total de espécies de fungos já conhecidos no país seja maior, dada a estimativa geralmente aceita de que apenas 7% de todos os fungos em todo o mundo foram descobertos, catalogados e estudados até o momento.
O país está entre os vinte melhores em termos de endemismo. Entre os seus animais, 23% dos répteis e 50% das espécies de anfíbios são endémicas. Embora a quantidade de informação disponível ainda é muito pequena, um primeiro esforço foi feito para estimar o número de espécies de fungos endêmicos para a Venezuela: Aproximadamente 1 334 espécies de fungos foram identificados como possíveis endemias do país. Cerca de 38% dos mais de 21 mil espécies de plantas conhecidas da Venezuela são exclusivas do país. A Venezuela é atualmente o lar de uma reserva da biosfera, o Alto Orinoco-Casiquiare, que faz parte da Rede Mundial de Reservas da Biosfera, além de cinco zonas úmidas que estão registradas nos termos da Convenção de Ramsar. Em 2003, 70% das terras do país estavam sob a gestão da conservação em mais de 200 áreas protegidas, incluindo 43 parques nacionais. Nas últimas décadas, a exploração madeireira, mineração, agricultura itinerante e outras atividades humanas têm servido como ameaça para a biodiversidade venezuelana. Entre 1990 e 2000, 0,40% da cobertura florestal foi desmatada anualmente. No mesmo período, foram implementadas medidas de proteções federais, como a proteção de 20% a 33% da área florestal venezuelana.
Demografia.
Religiões.
De acordo com uma pesquisa de 2011 (GIS XXI), 88% da população é cristã, principalmente católica romana (71%), e os 17% restantes são protestantes, principalmente evangélicos (na América Latina, os protestantes são geralmente chamados de "evangélicos"). Cerca de 8% dos venezuelanos são irreligiosos (2% de ateus e 6% de agnósticos ou indiferentes). Quase 3% da população segue outra religião (1% dessas pessoas pratica a santería).
Existem pequenas, mas influentes comunidades muçulmanas, drusas, budistas e judaicas. A comunidade muçulmana de mais de 100 mil está concentrada entre pessoas de ascendência libanesa e síria que vivem no estado de Nueva Esparta, Punto Fijo e na área de Caracas. A comunidade drusa é estimada em cerca de 60 mil e concentrada entre pessoas de ascendência libanesa e síria (um ex-vice-presidente é druso, mostrando a influência do pequeno grupo).
A comunidade judaica diminuiu nos últimos anos devido às crescentes pressões econômicas e antissemitismo na Venezuela, com a população diminuindo de 22 mil em 1999 para menos de 7 mil em 2015.
Composição étnica.
A Venezuela é um país bastante miscigenado e grande parte de sua população é multirracial, como resultado do contato entre espanhóis, indígenas e africanos no período colonial.
Segundo o censo populacional de 2011, a composição étnico-racial da população venezuelana, segundo autoidentificação, é a seguinte: 49,9%: multirraciais (de qualquer tipo), 42,2% brancos, 3,5% afrodescendentes e 2,7% ameríndios. Segundo a "Encyclopædia Britannica", a população venezuelana é assim dividida: 63,7% mestiços indígenas-europeus ou mestiços indígenas-africanos-europeus, 23,3% brancos, 10,0% negros, 1,3% indígenas e 1,7% outros. Já Francisco Lizcano estimou a composição étnica do país sul-americano dessa forma: 37,7% "mestizos" (mestiços indígenas-europeus), 37,7% mulatos (mestiços africanos-europeus), 16,9% brancos, 2,8% negros, 2,7% ameríndios e 2,2% asiáticos (em grande parte, descendentes de árabes).
Na Venezuela, os afrodescendentes estão concentrados em regiões próximas à costa, enquanto os indígenas residem, em grande parte, em regiões remotas do interior do país, como florestas próximas ao Lago de Maracaibo e a Floresta Amazônica.
De acordo com um estudo genético de DNA autossômico, realizado em 2008, pela Universidade de Brasília (UnB) a composição da população da Venezuela é a seguinte: 60,60% de contribuição europeia, 23% de contribuição indígena e 16,30% de contribuição africana.
Até a Segunda Guerra Mundial, a entrada de europeus na Venezuela foi quase exclusivamente de espanhóis. Entre 1948 e 1958, o governo estimulou a entrada de portugueses, espanhóis e italianos. Entre as décadas de 1950 e 1970, centenas de milhares de imigrantes oriundos de países hispanófonos da América do Sul se fixaram na Venezuela, especialmente colombianos, mas também argentinos, chilenos e uruguaios. Muitos desses europeus e sul-americanos não se fixaram em território venezuelano definitivamente, pois retornaram aos seus países de origem.
Criminalidade.
A Venezuela está entre os países com as maiores taxas de violência urbana do mundo. Estima-se que um venezuelano seja assassinado a cada 21 minutos. Crimes violentos têm sido tão prevalentes na Venezuela que o governo não mais divulga estatísticas sobre crimes ocorridos. Em 2018, a taxa de homicídios foi estimada em 36,7 por 100 000 habitantes, uma das mais altas do mundo. Os números de vítimas, nas últimas décadas, são semelhantes aos da guerra do Iraque, e, em algumas instâncias, houve mais civis mortos, ainda que o país viva em época de paz. Segundo relatório da Anistia Internacional, os homicídios na Venezuela cresceram de forma constante, desde 2002. Estima-se que 92% dos crimes comuns na Venezuela não são solucionados, índice que sobe para 98%, em casos de violações de direitos humanos, conforme apurado pela InSight Crime e pela COFAVIC, respectivamente, em 2016. A maioria dos assassinados na Venezuela são homens jovens e pobres. Segundo o relatório, "as políticas de segurança implementadas entre 2002 e 2017 priorizaram o uso de métodos repressivos pela polícia em operações de combate ao crime, com relatos de buscas ilegais, execuções extrajudiciais e uso de tortura durante essas operações".
A capital Caracas tem uma das maiores taxas de homicídios entre as grandes cidades do mundo, com 122 homicídios por 100 000 habitantes. Em 2008, pesquisas indicaram que a violência era a maior preocupação de eleitores venezuelanos.
Urbanização.
A Venezuela está entre os países mais urbanizados da América Latina. Cerca de 85% da população vive em áreas urbanas na parte norte do país, especialmente na capital Caracas, que é também a maior cidade do país. Outras cidades importantes incluem Maracaibo, Valência, Maracay, Barquisimeto, Mérida, Barcelona-Puerto La Cruz e Ciudad Guayana.
Governo e política.
A Venezuela é uma república federal presidencialista governada pela Constituição de 1999. Esta constituição consagrou a existência de cinco poderes: executivo, legislativo, judiciário, cidadão e eleitoral.
O poder executivo recai sobre o presidente da República, eleito por sufrágio universal para um mandato de seis anos, podendo ser reeleito infinitamente, depois de referendada a emenda constitucional, por voto popular. Ele é simultaneamente chefe de Estado e chefe de governo. É também o Comandante Supremo das Forças Armadas. Nomeia o vice-presidente da República (cargo ocupado desde janeiro de 2007 por Jorge Rodríguez Gómez) e os ministros.
O poder legislativo reside na "Asamblea Nacional" (Assembleia Nacional), parlamento unicameral composto por 167 membros, 3 dos quais representantes dos povos indígenas. Os membros da assembleia são eleitos para um período de 5 anos, podendo ser reeleitos para mais dois mandatos. Entre as funções da Assembleia Nacional encontram-se para aprovar as leis e o orçamento e designar os embaixadores. Antes da aprovação da constituição de 1999 a Venezuela tinha um parlamento bicameral, composto pelo Senado e pela Câmara dos Deputados. As últimas eleições para a Assembleia Nacional tiveram lugar em Dezembro de 2015.
O Supremo Tribunal de Justiça, órgão máximo do poder judiciário, é constituído por 36 membros eleitos para um mandato único de doze anos, sendo designados pela Assembleia Nacional. Cada estado possui um governador (eleito para um período de quatro anos) e um Conselho Legislativo; o Distrito Capital tem um governador (eleito para um período de quatro anos). O "alcalde" (prefeito, presidente da Câmara Municipal), é a principal figura do poder municipal, sendo eleito também para um mandato de quatro anos.
Os principais partidos políticos venezuelanos são a Acción Democrática (AD, fundado em 1941 por Rómulo Gallegos e Rómulo Betancourt), o Partido Social Cristiano (COPEI, fundado em 1946 por Rafael Caldera), o Partido Socialista Unido de Venezuela(PSUV, liderado desde a sua fundação por Hugo Chávez), Un Nuevo Tiempo, (fundado em 2000 por Manuel Rosales), Primero Justicia, (fundado em 2000 por Julio Borges), Moviemento al Socialismo (MAS) e Convergencia (fundado em 1993). Em 2007 Hugo Chavez criou o Partido Socialista Unificado Venezuelano (PSUV), o qual conquistou mais de 5 milhões de inscritos em poucos meses, tornando-se o principal partido. A população venezuelana atua diretamente na política através dos conselhos comunais. Estes conselhos são comunidades de aproximadamente 200 famílias que moram próximos e possuem laços em comum. Através de assembleias populares os cidadãos decidem quais obras deverão ser executadas naquela comunidade. Estes grupos participam da política chegando a propor e aprovar leis, como por exemplo, a Lei de Terras, leis contra o açambarcamento em supermercados e a própria lei dos conselhos comunais.
Segundo a ONU, o país se encontra em 'estado de exceção', com o governo sendo acusado de ameaçar e torturar opositores. Em contrapartida, José Rangel Avalos, vice-ministro do Interior, afirma que: "A tortura não faz parte da realidade política da Venezuela" e que a população tem a garantia de seus direitos.
Forças armadas.
A Força Armada Nacional da República Bolivariana da Venezuela ("Fuerza Armada Nacional", FAN) são as forças armadas da Venezuela. Ela inclui mais de e mulheres, nos termos do artigo 328 da Constituição, em cinco componentes de terra, mar e ar. Os componentes das Forças Armadas Nacionais são: o Exército venezuelano, a Marinha venezuelana, a Força Aérea venezuelana, a Milicia Nacional Bolivariana da Venezuela e a Milícia Nacional da Venezuela.
Em 2008, cerca de foram incorporados em um novo ramo, conhecido como Reserva Armada. O presidente da Venezuela é o comandante em chefe das forças armadas do país. As principais funções das forças armadas são defender o território nacional soberano da Venezuela, o espaço aéreo, as ilhas, a luta contra o narcotráfico, busca e salvamento e, no caso de um desastre natural, a proteção civil. Todos os homens que são cidadãos da Venezuela têm o dever constitucional de se inscrever nas forças armadas na idade de 18 anos, que é a idade de maioridade na Venezuela.
Relações internacionais.
Durante a maior parte do século XX, a Venezuela manteve relações amistosas com os países latino-americanos e ocidentais. As relações entre a Venezuela e o governo dos Estados Unidos pioraram após o golpe de Estado na Venezuela de 2002, durante a qual o governo estadunidense reconheceu a presidência interina de Pedro Carmona. Do mesmo modo, laços com vários países da América Latina e do Oriente Médio que não são aliados dos Estados Unidos foram fortalecidos. A Venezuela busca alternativas de integração hemisférica, através de propostas como a Aliança Bolivariana para as Américas e a recém-lançada rede de televisão pan-latino-americana, TeleSUR. A Venezuela é uma das quatro nações no mundo, juntamente com a Rússia, a Nicarágua e Nauru, que reconheceu a independência da Abecásia e da Ossétia do Sul. A Venezuela foi um defensor da decisão da Organização dos Estados Americanos para adotar a sua Convenção Anti-Corrupção e está trabalhando ativamente no Mercosul para pressionar o aumento do comércio e da integração energética. Globalmente, buscando a formação de um mundo "multipolar", baseado no fortalecimento dos laços diplomáticos entre os países do Terceiro Mundo.
Desde março de 2015, o governo norte-americano durante a gestão de Barack Obama declarou o governo venezuelano como ameaça a segurança nacional de seu governo. Posteriormente, em Junho de 2015, oito senadores brasileiros foram até a Venezuela para promoverem um ato pela libertação dos presos políticos do país. Os oito senadores da comitiva foram recebidos pelas mulheres dos presos políticos, opositores do governo de Nicolás Maduro, que eles iriam visitar num presídio. Mas a rodovia estava bloqueada. Segundo a polícia, por causa de um acidente de trânsito. Foi então que dezenas de simpatizantes do governo cercaram o micro-ônibus e começaram a bater nos vidros. Os senadores tiveram que voltar. A Câmara Federal do Brasil, aprovou uma moção de repúdio ao ato contra os senadores. A Venezuela negou obstáculos a visita dos senadores.
Toda a região a oeste do rio Essequibo (quase 60% do território da Guiana) é reivindicada pela Venezuela como sendo parte de seu território subtraído no século XIX pela Inglaterra, então potência colonial que administrava a antiga Guiana Britânica. A disputa está em moratória. A região é denominada pela Venezuela de Guiana Essequiba. Em 1895, após anos de tentativas diplomáticas para resolver a disputa fronteiriça na Venezuela, a disputa sobre a fronteira do rio Essequibo deflagrou-se e então foi submetida a uma comissão supostamente neutra (composta por representantes do Reino Unido, Estados Unidos e da Rússia e sem representante direto da Venezuela) que, em 1899, decidiu-se contra a reivindicação territorial da Venezuela.
A história da Venezuela no Mercosul iniciou em 16 de dezembro de 2003, durante reunião de cúpula do Mercosul realizada em Montevidéu, quando foi assinado o Acordo de Complementação Econômica Mercosul, Colômbia, Equador e Venezuela. Neste acordo foi estabelecido um cronograma para a criação de uma zona de livre comércio entre os Estados signatários e os membros plenos do Mercosul, com gradual redução de tarifas. Desta maneira, estes países obtiveram sucesso nas negociações para a formação de uma zona de livre comércio com o Mercosul, uma vez que, um acordo de complementação econômica, com o cumprimento integral de seu cronograma, é o item exigido para ascensão de um novo associado. No entanto, em 8 de julho de 2004, a Venezuela foi elevada ao status de membro associado, sem ao menos concluir o cronograma firmado com o Conselho do Mercado Comum. No ano seguinte, o bloco a reconheceu como uma nação associada em processo de adesão, o que na prática significava que o Estado possuía voz, mas não voto. A expulsão da Venezuela foi oficializada em 1º de dezembro de 2016. A decisão foi unanime por parte de: Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai; Ainda que para o governo de Montevidéu seria prudente acionar a clausula democrática do bloco, da mesma forma que foi feita com o Paraguai. Após a Venezuela não aderir o tratado de Assunção sobre a promoção e proteção dos direitos humanos, o acordo sobre residência que permite que moradores de outros países do bloco tenham moradia no país e, também, o Acordo de complementação econômica 18, que é considerado um dos principais pilares do bloco. O governo Venezuelano aderiu apenas 80 por cento das 1 224 técnicas exigidas, e 25 por cento do tratado necessário.
Divisão administrativa.
A Venezuela é uma república federal dividida em 23 estados, um Distrito Capital (que compreende a cidade de Caracas e a sua área metropolitana), as Dependências Federais (formada por 72 ilhas e ilhotas na sua maioria sem população humana) e um território em reivindicação com a Guiana (Guayana Esequiba).
Os estados da Venezuela encontram-se agrupados em nove regiões administrativas, que foram criadas a partir de um decreto presidencial de 1980.
Economia.
Em 2020, o país foi o 76º maior exportador do mundo (US $ 16,4 milhões em mercadorias, 0,1% do total mundial). Já nas importações, em 2016, foi o 63º maior importador do mundo: US$ 33,6 bilhões.
Na agricultura, a Venezuela produziu, em 2019: 4,3 milhões de toneladas de cana-de-açúcar; 1,9 milhões de toneladas de milho; 1,4 milhão de toneladas de banana; 760 mil toneladas de arroz; 485 mil toneladas de abacaxi; 477 mil toneladas de batata; 435 mil toneladas de óleo de palma; 421 mil toneladas de mandioca; 382 mil toneladas de laranja; 225 mil toneladas de melancia; 199 mil toneladas de mamão; 194 mil toneladas de melão; 182 mil toneladas de tomate; 155 mil toneladas de tangerina; 153 mil toneladas de coco; 135 mil toneladas de abacate; 102 mil toneladas de manga (incluindo mangostim e goiaba); 56 mil toneladas de café; além de produções menores de outros produtos agrícolas. Devido aos problemas econômicos e políticos internos, a produção de cana-de-açúcar caiu de 7,3 milhões de toneladas em 2012 para 3,6 milhões em 2016. A de milho caiu de 2,3 milhões de toneladas em 2014 para 1,2 milhão em 2017. A de arroz caiu de 1,15 milhão de toneladas em 2014 para 498 mil toneladas em 2016. Na pecuária, a Venezuela produziu, em 2019: 470 mil toneladas de carne bovina, 454 mil toneladas de carne de frango, 129 mil toneladas de carne suína, 1,7 bilhões de litros de leite de vaca, entre outros. A produção de carne de frango caiu progressivamente, ano a ano, de 1,1 milhão de toneladas em 2011 para 448 mil toneladas em 2017. A de carne de porco caiu de 219 mil toneladas em 2011 para 124 mil em 2018. A produção de leite de vaca caiu de 2,4 bilhões de litros em 2011 para 1,7 bilhões em 2019.
O Banco Mundial lista os principais países produtores a cada ano, com base no valor total da produção. Pela lista de 2019, a Venezuela tinha a 31ª indústria mais valiosa do mundo (US$ 58,2 bilhões). A grosso modo, baseada na indústria petrolífera. Em 2018, a Venezuela era a 51ª maior produtora de veículos do mundo (1,7 mil), sofrendo quedas desde 2010, quando produzia 153 mil veículos/ano. Na produção de aço, o país não consta entre os 40 maiores produtores do mundo. O Banco Central da Venezuela é responsável pelo desenvolvimento da política monetária para o bolívar venezuelano, que é usado como moeda. A moeda é impresso principalmente em papel e distribuídos por todo o país. O presidente do Banco Central da Venezuela é atualmente Eudomar Tovar, que também atua como representante do país no Fundo Monetário Internacional. De acordo com a Heritage Foundation e o "The Wall Street Journal", a Venezuela tem os direitos de propriedade mais fracos do mundo, marcando apenas 5,0 em uma escala de 100; a expropriação sem indenização não é algo incomum no país. A Venezuela tem uma economia mista baseada no mercado dominado pelo setor do petróleo, que responde por cerca de um terço do PIB, cerca de 80% das exportações e mais da metade do orçamento do governo. O PIB "per capita" em 2009 foi de 13 mil dólares, ocupando o 85º lugar no mundo. A Venezuela tem a gasolina mais barata do mundo, porque o preço ao consumidor é fortemente subsidiado pelo governo.
Mais de 60% das reservas internacionais da Venezuela estão em ouro, oito vezes mais do que a média para os países da região. A maioria do ouro da Venezuela detido no exterior está localizado em Londres. Em 25 de novembro de 2011, a primeira das barras de ouro de 11 bilhões de dólares foi repatriada e chegou em Caracas; Chávez chamou a repatriação do ouro um passo "soberano", que irá ajudar a proteger as reservas internacionais do país da turbulência nos Estados Unidos e a Europa. No entanto as políticas governamentais rapidamente gastaram este ouro e em 2013, o governo foi forçado a adicionar o reservas em dólar de empresas estatais que os do banco nacional, a fim de tranquilizar o mercado internacional de títulos.
A indústria contribuiu com 17% do PIB em 2006. As fábricas e exportadores do país produzem produtos como aço, alumínio e cimento, com a produção concentrada em torno de Ciudad Guayana, perto da Hidrelétrica de Guri, um dos maiores do mundo e o provedor de cerca de três quartos da eletricidade da Venezuela. Outras indústrias notáveis incluem eletrônicos e automóveis, bem como bebidas e alimentos. A agricultura responde por cerca de 3% do PIB, 10% da força de trabalho e pelo menos um quarto da área terrestre do país. A Venezuela exporta arroz, milho, peixe, frutas tropicais, café, carne bovina e carne de porco. O país não é autossuficiente na maioria dos setores agrícolas. Em 2012, o consumo total de alimentos foi de mais de 26 milhões de toneladas, um aumento de 94,8% em relação a 2003.
Desde a descoberta de petróleo no início do século XX, a Venezuela tem sido um dos principais exportadores mundiais do produto e é um membro fundador da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). Anteriormente um exportador subdesenvolvido de "commodities" agrícolas, como o café e o cacau, o petróleo rapidamente passou a dominar as exportações e as receitas do governo. A superabundância de petróleo dos anos 1980 levou a uma crise da dívida externa e a uma crise econômica de longa duração, que viu pico da inflação em 100% em 1996 e as taxas de pobreza subirem para 66% em 1995 Em 1998 o PIB per capita caiu para o mesmo nível de 1963, uma queda de um terço de seu pico de 1978. A década de 1990 também viu a Venezuela experimentar uma grande crise bancária em 1994. A recuperação dos preços do petróleo a partir de 2001 impulsionou a economia venezuelana e facilitou os gastos sociais. Em 2003, o governo de Hugo Chávez implementou controles cambiais após a fuga de capitais que levou a uma desvalorização da moeda. Isto levou ao desenvolvimento de um mercado paralelo de dólares nos anos seguintes, com a taxa de câmbio oficial a menos de um sexto do valor do mercado negro. As consequências da Grande Recessão aprofundaram a desaceleração econômica.
Com os programas sociais, como as missões bolivarianas, a Venezuela fez progressos no desenvolvimento social na década de 2000, particularmente em áreas como saúde, educação e pobreza. Muitas das políticas sociais prosseguidos por Chávez e seu governo foram tiradas dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, oito metas que a Venezuela e 188 outras nações concordaram em cumprir perante as Nações Unidas em setembro de 2000.
No início de 2013, a Venezuela desvalorizou sua moeda, devido à falta crônica de produtos básicos no país, como papel higiênico, leite e farinha. O pânico subiu a níveis tão altos devido à escassez de papel higiênico que o governo ocupou uma fábrica de papel higiênico. Os bônus da Venezuela também diminuíram várias vezes em 2013 devido a decisões do presidente Nicolás Maduro. Uma de suas decisões foi a de forçar lojas e seus armazéns a vender todos os seus produtos, o que podia levar a uma escassez ainda maior no futuro. A classificação de crédito da Venezuela também foi considerada negativa pela maioria das agências de classificação.
Petróleo e outros recursos.
A Venezuela tem as maiores reservas de petróleo e gás natural do mundo, e era classificada consistentemente entre os dez maiores produtores mundiais de petróleo. Porém, em 2020, o país havia caído para o posto de 26º maior produtor de petróleo do mundo, extraindo 527 mil barris/dia. A Venezuela registrou uma queda acentuada na produção após 2015 (onde produziu 2,5 milhões de barris/dia), caindo em 2016 para 2,2 milhões, em 2017 para 2 milhões, em 2018 para 1,4 milhões e em 2019 para 877 mil, por falta de investimentos e por conta da política do país. Em 2019, o país consumia 356 mil barris/dia (39º maior consumidor do mundo). O país foi o 13º maior exportador de petróleo do mundo em 2018 (1,2 milhões de barris/dia), quando a produção ainda não havia despencado para 527 mil barris/dia em 2020. Em 2015, a Venezuela era o 28º maior produtor mundial de gás natural, 26 bilhões de m³ ao ano. Em 2017 o país era o 28º maior consumidor de gás (37,6 bilhões de m³ ao ano) e era o 45º maior importador de gás do mundo em 2010: 2,1 bilhões de m³ ao ano. Na produção de carvão, o país foi o 41º maior do mundo em 2018: 0,3 milhões de toneladas (em 2014 a produção era de 1,2 milhões de toneladas e vem caindo desde então).
Em comparação com o ano anterior, outros 40,4% em reservas de petróleo bruto foram comprovados em 2010, permitindo que a Venezuela superasse a Arábia Saudita como o país com as maiores reservas desse tipo. As principais jazidas de petróleo do país estão localizadas em torno e abaixo do lago Maracaibo, no Golfo da Venezuela (ambos em Zulia) e na bacia do rio Orinoco (Venezuela leste), onde maior reserva do país está localizada. Além das maiores reservas de petróleo convencional e a segunda maior reserva de gás natural do Hemisfério Ocidental, o país também possui depósitos não convencionais de petróleo (óleo bruto extra-pesado, betume e areias betuminosas) aproximadamente iguais às reservas mundiais de petróleo convencional. O sistema elétrico na Venezuela é um dos poucos a usar principalmente a energia hidrelétrica, e inclui a Hidrelétrica de Guri, uma dos maiores do mundo.
Na primeira metade do século XX, as empresas de petróleo dos Estados Unidos estiveram fortemente envolvidas na Venezuela, inicialmente interessadas apenas em comprar concessões. Em 1943, um novo governo introduziu uma divisão 50/50 nos lucros entre o governo e a indústria do petróleo. Em 1960, com um governo democrático recém-instalado, o ministro de hidrocarbonetos, Juan Pablo Pérez Alfonso, liderou a criação da OPEP, o consórcio de países produtores de petróleo com o objetivo de apoiar o preço do petróleo. Em 1973, a Venezuela votou a nacionalizar sua indústria petrolífera, a partir de 1 janeiro de 1976, com a Petróleos de Venezuela (PDVSA) assumido e presidindo uma série de empresas subsidiárias; nos anos seguintes, o país construiu um vasto sistema de refino e comercialização na Europa e nos Estados Unidos. Na década de 1990, a PDVSA tornou-se mais independente do governo e presidiu uma abertura, na qual convidou em investimentos estrangeiros. No governo de Hugo Chávez, uma lei de 2001 estabeleceu limites ao investimento estrangeiro.
A empresa estatal de petróleo, a PDVSA, desempenhou um papel fundamental em dezembro de 2002, durante a greve nacional que terminou em fevereiro de 2003, e que buscava a renúncia do presidente Chávez. Gestores e técnicos qualificados bem pagos da PDVSA fecharam as plantas e deixaram os seus postos e, de acordo com alguns relatos, sabotaram equipamentos, fazendo com que a produção e o refino de petróleo PDVSA quase parasse. As atividades foram lentamente reiniciadas e os trabalhadores do petróleo substituídos. Como resultado da greve, cerca de 40% da força de trabalho da empresa (cerca de 18 mil trabalhadores) foram demitidos por "abandono do dever" durante a greve. De acordo com o Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), a pobreza, passado de 58,6% em 2002 para 32,1% em 2013, aumenta desde então com um ritmo anual de 2% a 5% por causa da crise econômica e política.
Infraestrutura.
Educação.
A educação na Venezuela está estruturada em quatro níveis: pré-escolar, primário, secundário e superior. É regulamentado pela Lei Orgânica de Educação, que dá a ela um caráter obrigatório e gratuito do pré-escolar ao nível secundário (6 a 15 anos) e nas universidades administradas diretamente pelo Estado ao nível de graduação. Em este assunto o Estado tem o poder de criar os serviços relevantes para facilitar e manter o acesso a todos os tipos de educação.
De acordo com dados oficiais, entre 2005 e 2006 um total de crianças foram matriculadas na educação pré-escolar. A educação primária e secundária teve um registro de matrículas no mesmo período, enquanto no níveis superior e técnico havia estudantes registrados. O país detinha 25 835 escolas e unidades educacionais para estes três níveis. A taxa líquida de matrícula na escola primária era de 91% em 2005, enquanto a taxa líquida de escolarização secundária estava em 63% em 2005. A Venezuela também tem várias universidades, das quais a mais prestigiosa são da Universidade Central da Venezuela (UCV), fundada em Caracas em 1721, a Universidade de Zulia (LUZ), fundada em 1891, a Universidade dos Andes (ULA), fundada no estado de Mérida, em 1810, e a Universidade Simón Bolívar (USB), fundada no estado de Miranda, em 1967.
A evolução da alfabetização tem vindo a aumentar rapidamente durante o período 1950–2005. A taxa de alfabetização na população acima de 10 anos aumentou de 51,2% em 1950 para 95,7% em 2008. Em 2005, a Venezuela foi declarada como um território livre do analfabetismo, mas a declaração é, no entanto, contrariada pelas estatísticas oficiais e projeções sobre o assunto.
Atualmente, um grande número de graduados venezuelanos procuram um futuro em outro lugar devido a economia conturbada e a taxa de criminalidade pesada no país. Em um estudo intitulado "Comunidade Venezuelana no Exterior", da Universidade Central da Venezuela, mais de 1,35 milhão de graduados universitários venezuelanos deixaram o país desde o início da Revolução Bolivariana. Acredita-se que quase 12% dos venezuelanos vivem no exterior, sendo que a Irlanda tem se tornando um destino popular para os estudantes. De acordo com Claudio Bifano, presidente da Academia Venezuelana de Física, Matemática e Ciências Naturais, mais da metade dos médicos formados em 2013 havia deixado o país.
O número de crianças na escola passou de 6 milhões em 1998 para 13 milhões em 2011. O número de estudantes passou de 895 000 em 2000 para 2,3 milhões em 2011, com a criação de novas universidades.
Saúde.
A Venezuela detém um sistema nacional de saúde universal. O país criou um programa de ampliação do acesso à saúde denominado Misión Barrio Adentro, embora sua eficiência e condições de trabalho tenham sido criticadas. Foi relatado que muitas clínicas da Misión Barrio Adentro foram fechadas em dezembro de 2014, estimando-se que 80% dos estabelecimentos do Barrio Adentro na Venezuela estão abandonados.
A mortalidade infantil na Venezuela estava em 16 mortes a cada em 2004, muito mais baixo do que a média da América do Sul. Má nutrição de crianças atinge 17%, com Delta Amacuro e Amazonas tendo os piores índices. De acordo com as Nações Unidas, 32% dos venezuelanos não possuem saneamento adequado, principalmente aqueles vivendo em áreas rurais. As doenças variam desde febre tifoide, febre amarela, cólera, hepatite A, hepatite B e hepatite D, presentes em todo o país. Apenas 3% dos doentes são tratados; a maioria das grandes cidades não tem instalações de tratamento suficientes. 17% dos venezuelanos não possuem acesso a água potável.
A expectativa de vida ao nascer no país é estimada, atualmente, em 72,22 anos, sendo 75,7 anos para as mulheres e 68,9 anos para os homens. A taxa de fertilidade total é de 2,24 filhos por mulher, conforme dados da CIA em 2021. Cerca de 3,6% do orçamento total do país é voltado para gastos e investimentos em saúde, o que se revela modesto em comparação com outros países sul-americanos. A taxa de prevalência de obesidade atinge 25,6% da população adulta (2016), enquanto a prevalência do HIV era de 0,5% da população em 2019.
Turistas que vão para a Venezuela são avisados para obterem vacinação para as várias doenças do país. Em uma epidemia de cólera nos anos de 1992 e 1993 no delta do Orinoco, os líderes políticos da Venezuela foram acusados de colocar a culpa na raça dos doentes (como se alguma característica da raça tenha feito eles ficarem doentes) para retirar a culpa das instituições do país, e assim agravando a epidemia.
Cerca de vinte mil médicos cubanos estão atuando na Venezuela. Estes muitas vezes moram e atendem em comunidades carentes. Além dos atendimentos, estes médicos estão dando formações em saúde para pessoas destas comunidades. O programa Barrio Adentro construiu diversos hospitais e postos de saúde em comunidades carentes da Venezuela.
Transportes.
A Venezuela está ligada ao mundo principalmente por via aérea (os aeroportos venezuelanos incluem o Aeroporto Internacional Simón Bolívar em Maiquetía, perto de Caracas, e Aeroporto Internacional de La Chinita, perto de Maracaibo) e pelo mar (com os principais portos marítimos em La Guaira, Maracaibo e Puerto Cabello). No sul e no leste, na região da floresta amazônica, o transporte transfronteiriço é limitado; no oeste, há uma fronteira montanhosa de mais de 2 213 km compartilhada com a Colômbia. O rio Orinoco é navegável por navios de até 400 km no interior do país e se conecta a principal cidade industrial de Ciudad Guayana no Oceano Atlântico.
A Venezuela tem um sistema ferroviário nacional limitado, que não tem ligações ferroviárias ativas para outros países. O governo de Hugo Chávez tentou investir na expansão, mas o projeto ferroviário da Venezuela está em espera devido ao país não ser capaz de pagar US$ 7,5 bilhões devidos a China Railway. Várias grandes cidades têm sistemas de metrô; o Metrô de Caracas está em funcionamento desde 1983; o Metrô de Maracaibo e de Valencia foram abertos mais recentemente. O país tem uma rede rodoviária de cerca de 100 000 km de extensão, a 45ª maior rede do mundo, sendo que cerca de um terço das estradas são pavimentadas.
Energia.
Em torno de 68,13% da energia elétrica é produzida em instalações hidrelétricas. A estatal "Corporación Venezolana de Guayana/Electrificación del Caroni" desenvolve em Bolívar a Hidrelétrica de Guri, sendo esta a maior do país, contribuindo com mais de 70% da produção de energia elétrica nacional nos últimos anos. A empresa estatal "Compañía Anónima de Administración y Fomento Eléctrico" vem operando o Complexo Uribante Caparo desde a década de 1970. De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatísticas da Venezuela (INE), em 2005 foram gerados 99,2 milhões de KWh de eletricidade no país. Conforme dados de 2011, da "CIA World Factbook", o consumo de eletricidade na Venezuela naquele ano foi de 85,05 bilhões kW.
Cultura.
A cultura da Venezuela é uma mistura que inclui, essencialmente, três famílias diferentes: os ameríndios, os africanos e os espanhóis. As duas primeiras culturas eram, por sua vez, diferenciadas de acordo com as tribos. A aculturação e assimilação, típica de um sincretismo cultural, causou impacto na cultura venezuelana atual, similar em muitos aspectos ao resto da América Latina, embora haja diferenças importantes.
A influência indígena é limitado a algumas palavras de vocabulário e gastronomia e a muitos nomes de lugares. A influência africano da mesma forma, além de instrumentos musicais como o tambor. A influência espanhola foi predominante (devido ao processo de colonização e da estrutura sócio-econômica que foi criada) e, em particular, das regiões de Andaluzia e Extremadura, os locais de origem da maioria dos colonos no Caribe durante a era colonial. Um exemplo disso inclui edifícios, música, a religião católica e o idioma espanhol.
Música.
A música como arte é cultivada na Venezuela desde seus primórdios. No início do século XVII, a música da catedral de Caracas passou a ser administrada por um organista profissional e, em 1671, um diretor musical foi nomeado seguindo o estilo europeu.
É desse século que vem o primeiro compositor venezuelano conhecido por nome: Diego de los Ríos, que escrevia música da igreja para a conversão dos indígenas; sabe-se que ele fazia a música com a letra local e que teria acrescentado elementos indígenas na sua obra.
Já no século XVIII, a música do país deveu muito a Pedro Palacios y Sojo; embora não se saiba se ele compunha ou sequer tocava, ele fundou importantes instituições de estudo e prática musical; uma delas foi capitaneada por Juan Manuel Olivares, outro notório compositor venezuelano. Outros nomes relevantes da música venezuelana são Teresa Carreño, José Ángel Montero e Reynaldo Hahn (este último naturalizado francês).
Esportes.
O beisebol é o esporte mais popular da Venezuela, sendo que a Liga Venezuelana de Beisebol Profissional existe desde 1945. Além do beisebol, outros esportes populares no país são o basquete e o futebol. Venezuela sediou o Mundial Pré-Olímpico de Basquete de 2012 e a Copa América de Basquetebol Masculino de 2013, que aconteceu no Poliedro de Caracas. O futebol, liderado pela Seleção Venezuelana de Futebol, está entre os mais populares.
Venezuela também é o lar do piloto de Fórmula 1, Pastor Maldonado. No Grande Prêmio da Espanha de 2012, ele conquistou sua primeira vitória e se tornou o único venezuelano a ter feito isso em toda a história da F1. Maldonado tem aumentado a popularidade do esporte na Venezuela e agora está inspirando milhares de jovens crianças venezuelanas a seguirem carreira no esporte.
Nos Jogos Olímpicos de Verão de 2012, o venezuelano Rubén Limardo conquistou o ouro na esgrima.
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1911 | VirtuOS | VirtuOS
VirtuOS é uma família de sistema operacional multiusuário e multitarefa, projetado exclusivamente para micro computadores de 16 e 32 bits compatíveis com o padrão PC AT e PS/2, totalmente compatível com o MS-DOS e Windows 3.x no modo Standard e parcialmente com o Windows 3.x no modo Enhanced. Totalmente desenvolvida e suportada no Brasil pela MICROBASE desde 1983, foi o sistema utilizado pelas urnas eletrônicas do Brasil nos anos de 1996, 1998 e 2000.
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1912 | V. S. Khandekar | V. S. Khandekar
Vishnu Sakharam Khandekar (Sangli, 11 de janeiro de 1898 — Miraj, 2 de setembro de 1976) foi um escritor marata de Maarastra, Índia. Ele foi o primeiro autor marata a ganhar o prestigioso Prêmio Jnanpith.
Primeiros anos.
Khandekar nasceu em 11 de janeiro de 1898 em Sangli, Maarastra. Seu pai era um "munsif" (um funcionário subordinado) no principado de Sangli, onde passou sua infância e completou sua educação inicial. Em sua juventude, ele estava interessado em atuar em filmes e encenou vários dramas durante os dias de escola.
Depois de passar no exame de matrícula em 1913, Khandekar ingressou no Fergusson College, em Pune. Em 1920, começou a trabalhar como professor numa escola em Shiroda
Filmes e seriados de televisão.
Vários filmes e seriados de televisão foram feitos com base nas obras de Khandekar. Os filmes incluem:
Khandekar escreveu o diálogo e roteiro para o filme marata "Lagna Pahāwe Karoon" (1940).
Vida profissional e literária.
A carreira de escritor de Khandekar começou em 1919, quando "Shrimat Kalipuranam", seu primeiro trabalho, foi publicado, e continuou até 1974, quando seu romance "Yayati" foi publicado.
Em 1920, Khandekar começou a trabalhar como professor em uma pequena cidade, Shiroda, no atual distrito de Sindhudurg, na região de Konkan, em Maarastra. Ele trabalhou nessa escola até 1938. Enquanto trabalhava como professor, Khandekar produziu em seu tempo livre abundante literatura marati em várias formas. Em sua vida, ele escreveu dezesseis romances, seis peças, cerca de 250 contos, cinquenta contos alegóricos, cem ensaios e mais de duzentas críticas.
Honras e prêmios.
Em 1941, Khandekar foi eleito presidente da Marathi Sahitya Sammelan (Conferência Literária Marata) em Solapur. Em 1968, o governo da Índia o homenageou com um prêmio Padma Bhushan em reconhecimento às suas realizações literárias. Dois anos depois, ele também foi homenageado com a Sahitya Akademi Fellowship da indiana Sahitya Akademi. Em 1974, foi premiado com o Prêmio Jnanpith, o maior reconhecimento literário do país, por seu romance "Yayati". A Universidade Shivaji em Colhapur, Maarastra, conferiu-lhe um grau honorário de D.Litt. Em 1998, o governo da Índia emitiu um selo postal comemorativo em sua homenagem.
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1913 | Virginia Woolf | Virginia Woolf
Adeline Virginia Woolf, nascida Adeline Virginia Stephen (Kensington, — Lewes, ), foi uma escritora, ensaísta e editora britânica. Estreou na literatura em 1915, com o romance "The Voyage Out", que abriu o caminho para a sua carreira como escritora e uma série de obras notáveis. Woolf foi membro do Grupo de Bloomsbury e desempenhou um papel de significância dentro da sociedade literária londrina durante o período entre guerras.
Seus trabalhos mais famosos incluem os romances "Mrs. Dalloway" (1925), "To the Lighthouse" (1927) e "" (1928). No final dos anos 1920, tornou-se uma escritora de sucesso e foi reconhecida internacionalmente. Contudo, seus trabalhos caíram no ostracismo após a Segunda Guerra Mundial. Woolf foi redescoberta por conta do livro - ensaio "A Room of One's Own" (1929), no qual se encontra a famosa citação "Uma mulher deve ter dinheiro e um teto todo seu se ela quiser escrever ficção". A partir da década de 70, os estudos sobre Woolf ganharam novo fôlego.
Woolf foi uma das precursoras do uso do fluxo de consciência, técnica literária modernista que marcou seu estilo, o de James Joyce e também o de William Faulkner. Com seu trabalho de vanguarda, é uma das autoras mais importantes do modernismo clássico, ao lado de Gertrude Stein.
Vida.
Virginia Woolf era filha de Julia Stephen e do editor Leslie Stephen, o qual deu-lhe uma educação esmerada, de forma que a jovem teria frequentado desde cedo o mundo literário.
Em 1912 casou com Leonard Woolf, com quem fundou em 1917, a Hogarth Press, editora que revelou escritores como Katherine Mansfield e T.S. Eliot, além de publicar a tradução autorizada, feita por Jane Soames, d' "A Doutrina do Fascismo" de Mussolini.
Virginia Woolf apresentava crises depressivas. Em 1941, deixou um bilhete para seu marido, Leonard Woolf, e para a irmã, Vanessa Bell. Neste bilhete, a escritora se despede das pessoas que mais amara na vida, e comete suicídio.
Virginia Woolf foi integrante do grupo de Bloomsbury, círculo de intelectuais que, após a Primeira Guerra Mundial, se posicionaria contra as tradições literárias, políticas e sociais da Era Vitoriana. Deste grupo participaram, entre outros, os escritores Roger Fry e Duncan Grant; os historiadores e economistas Lytton Strachey e John Maynard Keynes; e os críticos Clive Bell e Desmond McCarthy.
A obra de Woolf é classificada como modernista. O "fluxo de consciência" foi uma de suas marcas mais conhecidas, sendo considerada uma das criadoras.
Suas reflexões sobre a arte literária — da liberdade de criação ao prazer da leitura — baseadas em obras-primas de Joseph Conrad, Daniel Defoe, Dostoievski, Jane Austen, James Joyce, Montaigne, Tolstoi, Tchekov, Sterne, entre outros clássicos, foram reunidas em dois volumes publicados pela Hogarth Press em 1925 e 1932, sob o título de "The Common Reader - O Leitor Comum", homenagem explícita da autora àquele que, livre de qualquer tipo de obrigação, lê para seu próprio desfrute pessoal.
Uma seleção destes ensaios, reveladores da busca de Virginia Woolf por uma estética não só do texto mas de sua percepção, foi reunida em língua portuguesa em 2007 pela Graphia Editorial, com tradução de Luciana Viegas Hack.
Infância e juventude.
Virginia Woolf era filha do escritor, historiador, ensaísta e biógrafo Sir Leslie Stephen (1832-1904) e sua segunda esposa Julia Prinsep Jackson (1846-1895). Ela tinha três irmãos: Vanessa Stephen (1879-1961), Thoby Stephen (1880-1906) e Adrian Stephen (1883-1948). Além disso, a meia-irmã, Laura Makepeace Stephen (1870-1945) do primeiro casamento de seu pai com Harriet Marion Thackeray (1840-1875) e os meio-irmãos George Duckworth (1868-1934), Stella Duckworth (1869-1897) e Gerald Duckworth (1870 -1937), do primeiro casamento de sua mãe com Herbert Duckworth. A família residia em Kensington, Londres, 22 Hyde Park Gate. A elite intelectual e artística da época, como Alfred Tennyson, Thomas Hardy, Henry James e Edward Burne-Jones, frequentava os saraus de Leslie Stephen.
Psicanalistas e biógrafos descrevem que os meio-irmãos de Virginia, Gerald e George Duckworth, a abusaram ou, pelo menos, tocaram de forma um tanto imoral, o que poderia ter causado a doença maníaco - depressiva, agora chamada de transtorno bipolar, de Virginia. A própria Virginia revela experiências sobre a rigidez do período vitoriano em sua obra autobiográfica "A Sketch Of The Past" (obra ainda sem tradução para o português). Hermione Lee escreve em sua biografia sobre Virginia Woolf: "A evidência é forte o suficiente, porém também ambígua o suficiente para traçar o caminho para interpretações psicobiográficas contraditórias e mostra representações bastante distintas da vida interior de Virginia Woolf." Outros pesquisadores, em oposição a um olhar psiquiátrico, trabalham com a predisposição genética de sua família. Também o pai de Virginia era conhecido por sofrer de casos de auto-dúvida e sintomas de estresse, expressados em persistentes dores de cabeça, insônia, irritação e ansiedade; reclamações parecidas com as posteriores de sua filha.
Virginia Stephen não frequentou escola, foi educada, em vez disso, por professores particulares e através de aulas com seu pai. Ela era impressionada pelo trabalho literário e pelo trabalho de editor do monumental Dictionary of National Biography de seu pai e também por sua vasta biblioteca particular, disso decorreu desde cedo a expressão de tornar-se escritora. Em cinco de maio de 1895, quando morreu sua mãe, Woolf, então com 13 anos, sofreu seu primeiro colapso mental. Sua meia irmã Stella, quem primeiro comandou a casa após a morte da mãe, casou-se dois anos depois com Jack Hills e, com isso, deixou a casa da família. Stella morreu pouco depois de sua lua de mel em razão de uma peritonite.
De 1882 a 1894, a família passou as férias de verão em Talland House, sua residência de verão com vista para a praia de Porthminster e para o farol de Godrevy Point. A casa era localizada na pequena cidade litorânea de St Ives na Cornualha, que em 1928, tornou-se uma colônia de artistas. Virginia descreve o local em suas memórias:
Em 26 de junho de 1902, o pai de Virginia foi nomeado Cavaleiro da Mais Honorável Ordem do Banho. Durante esse período, Woolf escreveu diversos ensaios e os preparou para publicação. Em janeiro de 1904, a escritora teve seu primeiro artigo publicado no suplemento feminino impresso pelo The Guardian. Em 22 de fevereiro de 1904, seu pai morreu de câncer. Isso significou um período de ruptura, que foi marcado pela exaustiva convivência com a difícil personalidade de Leslie. Os desentendimentos entre Vanessa e Virginia haviam começado já em 1897, com a morte de Stella, meia irmã de Virginia, que, para Leslie, havia assumido o papel de dedicada dona de casa. Dez semanas após morte de seu pai, Virginia sofreu seu segundo episódio de doença mental, do qual não se recuperaria antes do final daquele ano.
Em 1899, o irmão mais velho de Virginia, Thoby, começou a estudar na Trinity College em Cambridge. Em um jantar no dia 17 de novembro de 1904, Virginia conheceu o amigo de seu irmão, seu futuro marido Leonard Woolf, que estudava direito e estava prestes a aceitar uma posição no serviço colonial do Ceilão.
Grupo de Bloomsbury.
As irmãs Stephen se mudaram em 1905 de Kensington para o bairro de Bloomsbury, em uma casa no número 46 na Gordon Square. Ali Thoby estabeleceu que todas as quintas-feiras aconteceriam reuniões com seus amigos. Com essa prática, fundou-se o Grupo de Bloomsbury, que contava com membros do Cambridge Apostles. Neste círculo, além de Virginia, estavam incluídos escritores como Saxon Sydney-Turner, David Herbert Lawrence, Lytton Strachey, Leonard Woolf, pintores como Mark Gertler, Duncan Grant, Roger Fry, Vanessa, a irmã de Virginia, críticos como Clive Bell e Desmond MacCarthy e cientistas como John Maynard Keynes e Bertrand Russell.
Virginia era grata por poder participar do círculo intelectual — do qual ela e Vanessa eram as únicas mulheres — para poder colaborar nas discussões e livrar-se das algemas de sua educação moralista. No mesmo ano, Virginia passou a escrever para diferentes jornais e revistas, sua colaboração para o Times Literary Supplement durou até o final de sua vida. Desde o final de 1907, deu aulas de literatura inglesa e história em Morley College, uma instituição de ensino para adultos trabalhadores.
Em 20 de novembro de 1906, Thoby Stephen, irmão mais velho de Virginia, adoeceu com febre tifoide em uma viagem à Grécia e morreu pouco antes de completar 26 anos — uma perda difícil de ser superada por Woolf. Pouco depois, sua irmã Vanessa ficou noiva de Clive Bell, eles se casaram em sete de fevereiro de 1907 e permaneceram na casa em Gordon Square, enquanto Virginia e Adrian Stephen se mudaram para uma casa no número 29 da Fitzroy Square, também localizada no distrito de Bloomsbury.
As reuniões dos "Bloomsberries" tinham então duas bases; o salão de Vanessa Bell teve seu início progressivo. O tom das conversas era descontraído, os participantes se tratavam pelo primeiro nome e as discussões não tinham apenas caráter intelectual. Seu estilo de vida exótico influenciou o grupo, de forma que aceitaram o convite para ir à sua casa em Bedford Square, às dez horas das quintas-feiras. Convidados como Winston Churchill e D. H. Lawrence também eram encontrados nesses eventos. Mais tarde, sua casa em Garsington Manor, perto de Oxford era o ponto de encontro dos Bloomsberries. Virginia representou Ottolineem em seu romance Mrs. Dalloway, que ela descreve como um “Garsington Novel”, uma espécie de monumento literário.
No ano de 1909, Virginia herdou 2500 libras de sua tia Caroline Emelia Stephen (1834-1909), a herança facilitou a continuidade de sua carreira como escritora.
O Embuste de Dreadnought.
Em 10 de fevereiro de 1910, Virginia, junto com Duncan Grant, seu irmão Adrian Stephen e três outros "Bloomsberries" organizaram o embuste de Dreadnought, que os levou a sofrer inquérito oficial pelas autoridades. Com um telegrama falso enviado ao HMS Dreadnought, a trupe viajou para Weymouth em um vagão especial. Virginia, Duncan e dois de seus amigos usaram fantasias orientais e pintavam-se de preto, para que não fossem reconhecidos. Eles visitaram o navio de guerra a convite do Comandante Supremo das Forças Armadas como se fossem uma delegação de quatro diplomatas abissínios, um membro do British Foreign Office e um intérprete. O embuste funcionou: representantes conduziram a delegação através do navio altamente secreto, as bandeiras foram hasteadas e banda tocou em sua honra. No entanto, eles tocaram o hino nacional de Zanzibar, não o da Abissínia. O grupo conversou um pouco em suaíli e o intérprete balbuciou alguns jargões e citou Virgílio. Felizmente, o único tripulante que falava suaíli não estava presente naquele dia.
Uma foto da recepção foi enviada por Horace Cole, que pertencia ao grupo, para o Daily Mirror e lá foi publicada. Além disso, ele mesmo foi ao Foreign Office para relatar a brincadeira. Os "Bloomsberries" queriam, com seu golpe sobre a burocracia, ridicularizar o "Empire", o que fizeram com o nome do navio "Dreadnought" (não tema), que foi um protótipo para uma nova gama de navios de combate com o mesmo nome, e sucedeu no sentido do jogo de palavras, o que representou uma dupla vergonha para as lideranças militares. A Royal Navy exigiu que o instigador Horace Cole fosse preso, mas sem sucesso, pois o grupo não havia descumprido nenhuma lei. Cole ofereceu levar seis chibatadas, sob a condição de poder revidá-las. Duncan Grant foi sequestrado por três homens, foi golpeado duas vezes em um campo e voltou para casa de trem, usando pantufas.
Morte.
No ano de 1941, com o estopim da Segunda Guerra Mundial, a destruição da sua casa em Londres durante o Blitz e a fria recepção da crítica à sua biografia de Roger Fry, Virginia Woolf foi condicionada ao impedimento da sua escrita e caiu em uma depressão semelhante às que sofreu durante a juventude.
Em 28 de março de 1941, Woolf colocou seu casaco, encheu os seus bolsos com pedras, caminhou em direção ao Rio Ouse, perto de sua casa, e se afogou. Seu corpo foi encontrado somente três semanas mais tarde, em 18 de abril de 1941, por um grupo de crianças perto da ponte de Southease.
Em seu último bilhete para o marido, Leonard Woolf, Virginia escreveu:
O seu corpo foi cremado e as suas cinzas foram enterradas junto a um olmo no jardim de Monk’s House, a casa do século XVIII onde Woolf viveu com o seu marido, Leonard Woolf, de 1919 até à sua morte. Quando Leonard Woolf morreu de um enfarte 28 anos depois, também foi cremado e as suas cinzas enterradas junto às de sua esposa. O olmo já desapareceu, tendo sido instalados bustos dos Woolfs no jardim.
Obra.
Woolf começou a escrever profissionalmente em 1900 com um artigo jornalístico sobre Haworth, a casa da família Brontë, para o "Times Literary Supplement". Seu primeiro romance, "The Voyage Out", foi publicado em 1915 pela editora do seu meio-irmão, a Geral Duckworth and Company Ltd. O romance foi inicialmente intitulado de "Melymbrosia", mas Woolf alterou diversas vezes o rascunho. Uma versão prematura de "The Voyage Out" foi reconstruída pela especialista em Woolf, Louise DeSalvo e está disponível ao público sob o título inicial. DeSalvo afirma que muitas mudanças feitas no texto por Woolf foram resultado de mudanças na sua própria vida.
A partir daí, Woolf passou a publicar romances e ensaios, tornando-se uma intelectual pública com sucesso tanto crítico quanto popular. Grande parte do seu trabalho foi publicado através da Hogarth Press. Ela é vista como uma das maiores romancistas do século vinte e uma das principais modernistas.
Woolf é considerada uma grande inovadora do idioma inglês. Nos seus trabalhos experimentou o fluxo de consciência e a psicologia íntima, bem como tramas emocionais dos seus personagens. A reputação de Woolf caiu bruscamente após a Segunda Guerra Mundial, mas a sua importância foi restabelecida com o crescimento da crítica feminista na década de 1970.
As peculiaridades de Virginia Woolf como escritora de ficção tendem a ofuscar a sua principal qualidade: Woolf é indiscutivelmente a maior romancista lírica do idioma inglês. Os seus romances são altamente experimentais: uma narrativa, frequentemente rotineira e comum, é trabalhada — e algumas vezes quase que dissolvida — sob a consciência receptiva dos personagens. Um lirismo intenso e um virtuosismo estilístico se unem para criar um mundo superabundante de impressões audiovisuais. Woolf tem frequentemente sido destacada entre os escritores do fluxo de consciência, ao lado de modernistas que foram seus contemporâneos, como James Joyce e Joseph Conrad.
A intensidade da visão poética de Virginia Woolf eleva os planos ordinários, e muitas vezes banais — grande parte ambientados entre guerras -, de boa parte dos seus romances. "Mrs. Dalloway" (1925), por exemplo, foca nos esforços de Clarissa Dalloway, uma socialite de meia-idade, para organizar uma festa, mesmo quando a sua vida é paralelizada com a de Septimus Warren Smith, um veterano de guerra da classe operária que retornou da Primeira Guerra Mundial tendo que suportar diversos efeitos colaterais psicológicos da guerra.
"To the Lighthouse" (1927) situa-se em dois dias separados por dez anos. O enredo foca na animação e reflexão sobre a família Ramsay, prestes a fazer uma visita ao farol, e às tensões familiares relacionadas ao evento. Um dos principais temas do romance é a luta do processo criativo da pintora Lily Briscoe, que tenta pintar em meio ao drama familiar e às pressões alheias que a assolam. O romance também é uma reflexão sobre as vidas dos habitantes de uma nação que está no meio de uma guerra, e sobre as pessoas deixadas para trás. Também explora a passagem do tempo, e como as mulheres são forçadas pela sociedade a permitir que os homens tomem-lhes força emocional.
"Orlando" (1928) é um dos romances mais leves de Virginia Woolf. Uma biografia paródica de um jovem nobre que vive por três séculos sem envelhecer mais do que trinta anos (mas que abruptamente transforma-se em uma mulher), o livro é em parte um retrato da amante de Woolf, Vita Sackville-West. Tencionava inicialmente consolar Vita pela perda de sua mansão ancestral, apesar de retratar também de forma satírica Vita e a sua obra. Em "Orlando", as técnicas de historiadores biógrafos são ridicularizadas; o personagem de um biógrafo pomposo é assumido para que ele seja debochado.
"As Ondas" (1931) apresenta um grupo de seis amigos cujas reflexões, que estão mais próximas de recitativos que solilóquios, criam uma atmosfera parecida com uma onda, o que faz com que o livro pareça-se mais um poema em prosa do que um romance com um enredo.
"Flush: Uma Biografia" (1933) é em parte ficção, em parte a biografia do cocker spaniel pertencente à poeta vitoriana Elizabeth Barrett Browning. O livro foi escrito do ponto de vista do cachorro. Woolf foi inspirada a escrever este livro após o sucesso da peça de Rudolf Bessier, "The Barretts of Wimpole Street". Na peça, Flush está no palco na maior parte das cenas. A peça foi produzida pela primeira vez em 1932 pela atriz Katharine Cornell.
"Entre os Atos" (1933), sua última obra, resume e amplia as preocupações principais de Woolf: a transformação da vida através da arte, a ambivalência sexual e a reflexão sobre temas referentes à passagem do tempo e da vida, apresentados simultaneamente como corrosão e rejuvenescimento — tudo situado em uma narrativa altamente imaginativa e simbólica que abrange quase toda a história da Inglaterra. Este é o livro mais lírico de todas as suas obras, não somente na questão sentimental mas também na estilística, sendo principalmente escrito em versos. Ao passo em que o trabalho de Woolf pode ser entendido como consistentemente em diálogo com Bloomsbury, particularmente a sua tendência (notada por G. E. Moore, entre outros) de seguir em direção a um racionalismo doutrinário, não uma simples recapitulação de ideais elitistas.
Virgínia Woolf como romancista histórica.
Em 1925, Virgínia Woolf escreveu um ensaio intitulado "Modern Fiction" (em português: '), em que ela defendeu a necessidade da reinvenção constante da literatura de ficção, e da utilização e readaptação dela para a necessidade dos autores. De acordo com Woolf, o mundo é um lugar complexo demais, que deveria ser explorado pelos escritores através da exploração da interioridade, das experiências próprias de cada indivíduo. Dessa forma, ela propôs um modelo de literatura que se baseia na representação da psicologia dos personagens e na contestação das estruturas literárias formais (como o Realismo e o Romantismo). Este modelo de literatura proposto por Woolf é chamado comumente de modernismo "literário". Em um momento histórico em que as teorias de Sigmund Freud e Albert Einstein alteravam a própria concepção de realidade, o modernismo buscava retratar o sentimento de diferentes experiências históricas e culturais. Em 1928, Virginia Woolf trouxe esse modelo literário para o romance histórico através de ', um romance biográfico semi-ficcional que narra a história de sua protagonista da Era Tudor, no , ao . A obra é caracterizada por subverter as noções de identidade e de historicidade ao ter uma protagonista imortal, e que muda de gênero: na obra, Orlando era homem até os 30 anos, e desde então, tornou-se mulher. No prefácio da obra, Woolf apontou sua busca em desconstruir o modelo do romance histórico, por entender que a tradição realista, convencionada em uma busca pela explicação "verdadeira" da história, falha em representar as múltiplas experiências que existem dentro da realidade.
A década de 1930 foi caracterizada por um aumento nas tensões internacionais e no sentimento de crise após eventos como a Crise de 1929, o início da Guerra Civil Espanhola, o avanço de teorias de superioridade raciais e a ascensão do nazismo na Alemanha. Esse sentimento de tensão e angústia frente a uma crise internacional - que se materializaria na Segunda Guerra Mundial)- levou ao aumento de publicações de romances históricos, e também de obras teóricas sobre o gênero. Entre os principais autores desse período estão, além de Virginia Woolf, autores como Sylvia Townsend, Jack Lindsay, Rose Macaulay e Vera Britain. Além disso, é nessa década, em 1937, que György Lukács publica sua obra "O Romance Histórico", principal obra sobre a teoria do romance histórico no .
Em 1941, Virginia Woolf publicou sua última obra, o romance histórico "Between the Acts" (em português: ""). Escrita nos últimos anos de sua vida e durante o início da Segunda Guerra Mundial, a obra trata da história da realização de uma peça de teatro sobre a história inglesa em uma pequena vila do interior da Inglaterra, pouco tempo antes da declaração de guerra, em 1939. A estrutura de "Between the Acts" é considerada por muitos críticos como a mais confusa dos romances de Woolf, em razão da falta de um protagonista fixo (como é o caso de "Orlando").
Nesta sua última obra, a autora buscou desconstruir a ideia de experiência histórica não apenas coletivamente, mas individualmente: não há coesão na experiência histórica dos personagens, apenas fragmentos de memórias, diferentes impressões dos indivíduos sobre o passado. Através dessa desconstrução, Woolf visou explorar como essas diferentes experiências e memórias formam a noção das pessoas sobre a história, e também levam à criação de obras de arte. A obra é composta por uma série de simbologias que buscam fazer analogias entre a peça, o público e os atores com a própria noção de história, da forma como se constroem as narrativas e os conhecimentos sobre o passado.
Posturas em relação ao judaísmo, cristianismo e fascismo.
Woolf foi chamada por alguns de antissemita, apesar de ter tido um casamento feliz com um judeu. Este antissemitismo vem do fato de ela, muitas vezes, escrever sobre personagens judeus sob arquétipos e generalizações estereotipados, o que inclui descrever alguns de seus personagens judeus como fisicamente repulsivos e sujos. O esmagador e crescente antissemitismo dos anos de 1920 e 1930 possivelmente influenciaram Virginia Woolf. Ela escreveu em seu diário: “"Não gosto da voz judaica; não gosto da risada judaica"”. Em uma carta de 1930 à compositora Ethel Smyth, citada na biografia "Virginia Woolf" de Nigel Nicolson, ela relembra que o seu ódio pelo judaísmo de Leonard confirmou as suas tendências esnobes, “Como eu odiei casar com um judeu — Quão esnobe fui eu, já que são eles quem têm a grande vitalidade”.
Em outra carta a Smyth, Woolf faz uma mordaz crítica ao cristianismo, citando-o como um “egoísmo hipócrita” e declarando que “"meu judeu tem mais religião em uma unha do pé — mais amor humano, em um cabelo"”.
Woolf e seu marido Leonard odiaram e temeram o fascismo dos anos de 1930 com o seu antissemitismo mesmo antes de saber que estavam na lista negra de Hitler. O seu livro "Três Guinéus", de 1938, era uma denúncia ao fascismo.
Legado.
Apesar de ao menos uma biografia de Virginia Woolf ter aparecido ainda em sua vida, o primeiro estudo criterioso de sua vida foi publicado em 1972 pelo seu sobrinho Quentin Bell.
A biografia Virginia Woolf, de Hermione Lee, de 1966, fornece um exame detalhado e criterioso da vida e do trabalho de Woolf.
Em 2001 Louise DeSalvo e Mitchell A. Leaska editaram "The Letters of Vita Sackville-West and Virginia Woolf". O livro Virginia Woolf: An Inner Life, publicado em 2005 por Julia Briggs, é o exame mais recente da vida de Woolf, focando na sua escrita e incluindo seus romances e comentários sobre o processo criativo e os reflexos na sua vida. O livro "My Madness Saved Me: The Madness and Marriage of Virginia Woolf", de Thomas Szasz, foi publicado em 2006.
Feminismo.
Recentemente, estudos sobre Virginia Woolf focam nos temas feministas e lésbicos do seu trabalho, como na coleção de ensaios críticos de 1997 "Virginia Woolf: Lesbian Readings", editada por Eileen Barrett e Patricia Cramer.
Os livros de ensaios mais famosos de Woolf, "Um Teto Todo Seu" (1929) e "Três Guinéus" (1938), examinam a dificuldade que escritoras e intelectuais mulheres enfrentam graças ao fato dos homens deterem desproporcionalmente o poder legal e econômico, assim como o futuro das mulheres na educação e sociedade. Em "O Segundo Sexo" (1949), Simone de Beauvoir a coloca, entre todas as mulheres que já viveram, entre as três únicas escritoras — Emily Brontë, Woolf e “às vezes” Katherine Mansfield — que já exploraram “o dado”.
Psiquiatria.
Muitas discussões foram travadas em torno dos problemas psiquiátricos de Woolf, descrito como “doença maníaco-depressiva” no livro "The Flight of the Mind: Virginia Woolf’s Art and Manic-Depressive Illness", de Thomas Caramagno, de 1992, em que ele também alerta contra o “gênio neurótico” com que se vê problemas psiquiátricos, onde as pessoas acreditam que a criatividade de alguma forma nasce desses problemas (o termo “maníaco-depressivo” foi abandonado por “transtorno bipolar” devido à infundada associação daquele a atos violentos). Em dois livros de Stephen Trombley, Woolf é descrita como tendo uma relação conflituosa com os seus médicos, e possivelmente sendo uma mulher que foi uma “vitima da medicina masculina”, referindo-se à ignorância de então sobre doenças psiquiátricas.
O livro "Who’s Afraid of Leonard Woolf: A Case for the Sanity of Virginia Woolf", de Irene Coates, argumenta que o tratamento que Leonard Woolf deu para sua esposa piorou a sua saúde debilitada e acabou por ser o responsável pela sua morte. Apesar de se sustentar em muitas pesquisas e fontes, este ponto de vista não é apoiado pela família de Leonard. O livro "Leonard Woolf: A Biography", de Victoria Glendinning, sustenta, na contramão, que Leonard Woolf foi não só um suporte para sua esposa como também permitiu que ela vivesse tão longe quanto viveu fornecendo-lhe a vida e atmosfera que ela requeria para viver e escrever. Os próprios diários de Virginia apoiam essa visão sobre o casamento dos Woolf.
Causando muita controvérsia, Louise A. DeSalvo interpreta, no seu livro de 1989 "Virginia Woolf: The Impact of Childhood Sexual Abuse on her Life and Work", a maior parte da vida e da carreira de Woolf sob as lentes do abuso sexual incestuoso que Woolf sofreu quando jovem.
A ficção de Woolf também é estudada pela sua sensibilidade em assuntos como neurose de guerra, guerra, classes e a sociedade britânica moderna.
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1914 | Visigodos | Visigodos
Os visigodos foram um de dois ramos em que se dividiram os godos, um povo germânico originário do leste europeu, sendo o outro os ostrogodos. Ambos pontuaram entre os bárbaros que penetraram o Império Romano tardio no período das migrações. Após a queda do Império Romano no Ocidente, os visigodos tiveram um papel importante na Europa nos 250 anos que se seguiram, particularmente na Península Ibérica, onde substituíram o domínio romano na Hispânia, reinando de 418 até 711, data da invasão muçulmana.
Alguns autores defendem a origem do nome "visigodo" na palavra "Visi" ou "Wesa" ("bom") e do nome "Ostro", de "astra" (resplandescente). Mas a opinião mais consagrada considera a origem da palavra na denominação de "godos do oeste", do alemão ""Westgoten", "Wisigoten" ou "Terwingen"", por comparação com os ostrogodos ou "godos do leste" — em alemão ""Greutungen", "Ostrogoten" ou "Ostgoten"".
Os vestígios visigóticos em Portugal e Espanha incluem várias igrejas e descobertas arqueológicas crescentes, mas destaca-se também a notável quantidade de nomes próprios e apelidos que deixaram nestas e noutras línguas românicas. Os visigodos foram o único povo a fundar cidades na Europa ocidental após a queda do Império Romano e antes do pontuar dos carolíngios. Contudo o maior legado dos visigodos foi o direito visigótico, com o Código Visigótico, código legal que formou a base da legislação usada na generalidade da Ibéria cristã medieval durante séculos após o seu reinado, até ao , já no fim da Idade Média.
História.
Origem e migrações dos visigodos.
Os visigodos emergiram como um povo distinto no , inicialmente nos Bálcãs onde participaram em várias guerras com os romanos, e por fim avançando por Itália e saqueando Roma sob o comando de Alarico, no ano 410. Este povo conquistou no a Dácia, província romana situada na Europa centro-oriental. No , antes da ameaça dos hunos, o imperador bizantino Valente concedeu refúgio aos visigodos ao sul do rio Danúbio, mas a arbitrariedade dos funcionários romanos levou-os à revolta. Penetraram nos Balcãs e, em 378, esmagaram o exército do imperador Valente na Trácia, nas proximidades da cidade de Adrianópolis (atual Edirne). Quatro anos depois, o imperador Teodósio, o Grande conseguiu estabelecê-los nos confins da Mésia Secunda, província situada ao norte dos Balcãs. Tornou-os federados do império e deu-lhes posição proeminente na defesa. Os visigodos prestaram uma ajuda eficaz a Roma até 395, quando começaram a mudar-se para oeste. Em 401, chefiados por Alarico, que rompera com os romanos, entraram na Itália e invadiram a planície do Pó, mas foram repelidos. Em 408, atacaram pela segunda vez e chegaram às portas de Roma, que foi tomada e saqueada em 410.
Corte em Tolosa.
Nos anos seguintes ao saque de Roma, o rei Ataulfo estabeleceu-se com seu povo no sul da Gália e na Hispânia e, em 418, firmou com o futuro imperador um tratado pelo qual os visigodos se fixavam como federados na província de Aquitânia Segunda, na Gália. A monarquia visigoda consolidou-se com Teodorico I, que enfrentou os hunos de Átila na Batalha dos Campos Cataláunicos. Em 475, Eurico declarou-se monarca independente do Reino Visigodo de Tolosa, que incluía a maior parte da Gália Aquitânia e a Hispânia. Seu reinado foi extremamente benéfico para o povo visigodo: além da obra política e militar, Eurico cumpriu uma monumental tarefa legislativa ao reunir as leis dos visigodos, pela primeira vez, no Código de Eurico, conservado num palimpsesto em Paris. Seu filho codificou, em 506, o direito de seus súbditos romanos, na "Lex romana visigothorum", mas carecia dos dotes políticos do pai e perdeu quase todos os domínios da Gália em 507, quando foi derrotado e morto pelos francos de Clóvis, na Batalha de Vouillé, perto de Poitiers. Desmoronou então o reino de Tolosa e os visigodos foram obrigados a transferir-se para a Hispânia.
Corte em Toledo.
O Reino Visigótico na Península Ibérica esteve durante algum tempo sob o domínio dos ostrogodos da Itália, mas logo recuperou a sua velha autonomia. Até conquistar o domínio sobre toda a Península Ibérica, os visigodos enfrentaram suevos, alanos e vândalos, grupos de guerreiros germanos que haviam ocupado a região desde antes de sua chegada. A unidade do reino teria sido completa já durante o reinado de Leovigildo, mas ficou comprometida por, dentre outros problemas, uma questão religiosa: os visigodos professavam o arianismo e os hispano-romanos eram católicos. O próprio filho de Leovigildo, Hermenegildo, chegou a sublevar-se contra o pai, depois de converter-se ao catolicismo. Mas esse obstáculo para a fusão com os hispano-romanos resolveu-se em 589, ano em que o rei Recaredo proclamou o catolicismo religião oficial da Hispânia visigótica. Na realidade, as aristocracias goda e hispano-romana se encontravam de tal forma entrelaçadas, que a existência da diferença religiosa e de leis específicas para cada um dos grupos era naquele momento apenas uma barreira formal: na prática, os casamentos mistos eram comuns, e a própria divergência religiosa podia ser matizada, como se pode comprovar pelo facto de a Igreja Católica na região nunca ter passado por perseguições sistemáticas por parte da monarquia visigoda, até o reinado de Leovigildo.
Outro indício de que a diferença religiosa entre godos e hispano-romanos já não era um elemento de distinção fundamental (se algum dia o foi), é o facto de a própria rebelião do filho católico de Leovigildo ter sido apoiada também por aristocratas arianos. A conversão de Recaredo, no Terceiro Concílio de Toledo, em 589, marcou o início de uma estreita aliança entre a monarquia visigoda e a Igreja Católica ibérica, desenvolvida marcadamente ao longo do , a qual ganharia uma expressão peculiar em textos de intelectuais eclesiásticos da época, cujo ícone mais famoso é Isidoro de Sevilha. A monarquia visigoda foi destruída em 711 pela invasão muçulmana procedente do norte de África, que substituiria o Reino Visigótico por Alandalus.
Fim da monarquia, invasões e resistência (711-722).
A monarquia dos visigodos era electiva. Com a morte do rei Vitiza em c. 710, as cortes reuniram-se para eleger o seu sucessor, constituindo-se duas facções em disputa pela eleição: o grupo do seu filho Ágila II e o de Rodrigo, o último rei visigodo de Toledo. Rodrigo foi eleito em cortes muito disputadas, provavelmente na primavera de 710, mas a facção que apoiava o filho de Vitiza não aceitou a sua eleição e iniciou-se um período de guerra civil.
Os partidários de Ágila solicitaram, então, apoio ao governador muçulmano de África, Tárique, abrindo-lhe as portas de Ceuta e incitando-o a enviar uma expedição militar à Península, já que, desde o final do , os judeus vinham sendo perseguidos naquela região. Esta defesa era sustentada pelo facto de, desde 612, os regentes terem decretado o batismo compulsório de judeus, por decreto real, sob pena de confisco dos bens ou expulsão daquela terra.
Em 711, sob o comando do próprio Tárique, tropas muçulmanas atravessaram o estreito de Gibraltar e venceram os partidários de Rodrigo na Batalha de Guadalete. Contudo, após a vitória, os muçulmanos não colocaram Ágila no trono e foram alargando as suas conquistas pela Península Ibérica, território designado em língua árabe como Alandalus, da qual, por fim, ficaram senhores, colocando sob tutela cristãos e judeus, pois ambos sofriam ataques e combatiam-se mutuamente.
Abdalazize ibne Muça (ou "Abdul-el-Aziz"), primeiro "walis" (governador muçulmano) do Al-Andalus, subjugou a Lusitânia e a Hispânia Cartaginense, saqueando as cidades do norte que lhe abriam as portas e atacando aqueles que lhe tentaram resistir. Às suas investidas escapou, porém, uma parte das Astúrias, no norte, onde se refugiou um grupo de visigodos sob o comando de Pelágio. Uma caverna nas montanhas servia simultaneamente de paço ao rei e de templo de cristão. Por vezes, Pelágio e seus companheiros desciam das montanhas em surtidas para atacar os acampamentos islâmicos ou as aldeias despovoadas de cristãos. Um desses ataques, a designada Batalha de Covadonga, travada em 722, marcou, segundo muitos historiadores, o início do longo processo de retomada dos territórios ocupados ao qual se deu o nome de Reconquista.
A partir do pequeno território que Pelágio designou como Reino das Astúrias, os cristãos (hispano-godos e lusitano-suevos), acantonados nas serranias do norte e noroeste da Península, foram, gradualmente, formando novos reinos, que se estenderam para o sul. Surgiram, assim, os reinos de Castela, Leão (de onde derivou, mais tarde, o Condado Portucalense e, subsequentemente, Portugal), Navarra e Aragão. O reino das Astúrias durou de 718 a 925, quando o rei asturiano Fruela II ascendeu ao trono do Reino de Leão, unificando os dois reinos.
Cultura visigótica.
Religião.
Os visigodos, assim como outros povos germânicos, originalmente seguiam o que é hoje conhecido como paganismo germânico. No início da Idade Média, os germânicos foram lentamente se convertendo ao cristianismo, mas muitos elementos da cultura pré-cristã permaneceram firmes após o processo de conversão.
Os visigodos, ostrogodos e vândalos foram cristianizados enquanto ainda viviam fora dos limites do Império Romano. No entanto, adotaram o arianismo, uma visão cristológica da igreja primitiva, considerada herética pela Igreja Católica, desde o Primeiro Concílio de Niceia, em 325.
Existia, portanto, uma diferença religiosa entre os povos católicos da Hispânia e os visigodos, que professavam o arianismo. Os visigodos ibéricos mantiveram-se arianos até 589. Existiam também divisões profundas entre a população católica da Península, anteriores à chegada dos visigodos. Logo no início do pontificados do Papa Leão I, nos anos 444-447, Turríbio, Bispo de Astorga, enviou a Roma um memorando avisando sobre a sobrevivência do priscilianismo, uma corrente ascética, pedindo auxilio à Santa Sé. Leão interveio, enviando um conjunto de normas que cada bispo deveria assinar: todos o fizeram. Contudo, um segmento significativo das comunidades cristãs ibéricas afastava-se da hierarquia ortodoxa e considerava bem vinda a tolerância dos visigodos arianos.
Os visigodos evitavam interferir entre os católicos mas estavam interessados no "decorum" e na ordem pública. Em 589, o rei Recaredo converteu o seu povo ao catolicismo. Com a conversão dos reis visigodos, os bispos católicos aumentaram o seu poder até, no Quarto Concílio de Toledo, em 633, tomaram para si o direito dos nobres, de escolher um rei entre a família real. A perseguição visigótica aos judeus começou após a conversão de Recaredo, quando em 633 este mesmo sínodo de bispos declarou que todos deveriam ser batizados.
Direito visigótico e legado.
Os visigodos caracterizaram-se pela imensa influência que receberam da cultura e da mentalidade política romana, realizando um importante trabalho de compilação cultural e jurídica. Destaca-se o Direito visigótico, com figuras como Isidoro de Sevilha e obras jurídicas como o Código de Eurico, a "Lex romana visigothorum" e o "Liber iudiciorum", código visigótico que forneceu as bases da estrutura jurídica medieval na Península Ibérica, que expressam o grau de desenvolvimento cultural que o Reino Visigótico alcançou. Os visigodos influenciaram também formas artísticas originais, como o arco de ferradura e a planta cruciforme das igrejas.
Arquitetura.
Os poucos exemplares sobreviventes da arquitetura visigótica do são a igreja de San Cugat del Vallés em Barcelona, a ermida e igreja de Santa Maria de Lara, a Capela de São Frutuoso em Braga, a Igreja de São Gião na Nazaré e alguns vestígios da Igreja de Cabeça de Grego, em Cuenca. Contudo o seu estilo propagou-se nos séculos seguintes, embora os exemplos mais notáveis sejam rurais e estejam na maioria em ruínas. Os visigodos influenciaram formas artísticas originais, como o arco de ferradura e a planta cruciforme das igrejas.
Algumas das características da arquitetura visigótica são: Planta de basílica, e por vezes cruciforme, podendo ser uma combinação de ambas, com espaços bem compartimentados; Arcos em forma de ferradura sem pedras de fecho; Abside rectangular exterior; Uso de colunas e pilares com capitéis coríntios de desenho particular; Abóbodas com cúpulas nos cruzamentos; Paredes em blocos alternando com tijolos; Decoração com motivos vegetais e animais. Exemplares sobreviventes de arquitectura visigótica: Capela de São Frutuoso (Braga), Igreja de São Gião (Nazaré), (Palência), Cripta de San Antolín de Palência, San Pedro de la Mata (Toledo), Santa Comba de Bande (Ourense), San Pedro de la Nave (Samora), (Burgos), Santa María de Melque (Toledo).
Assentamentos e cidades.
O assentamento visigótico foi concentrado junto do rio Garona entre Bordéus e Tolosa na Aquitânia, e depois na Espanha e Portugal entre o rio Ebro, no entorno da cidade de Mérida, entre os trechos superiores do rio Douro, na Comarca de Tierra de Campos também conhecida como Campo Gótico () em Castela e Leão, Astúrias e Toledo, e junto do rio Tejo e norte de Lisboa. Pequenos assentamentos visigóticos existiram em outras partes do reino.
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1915 | Volapuque | Volapuque
O Volapük é uma língua construída criada em 1879-1880 por Johann Martin Schleyer, um padre católico alemão, que durante uma insônia sentiu que Deus havia o mandado criar uma língua auxiliar internacional. Três congressos de Volapük foram realizados em 1884 (Friedrichshafen), 1887 (Munique) e 1889 (Paris), respectivamente. Depois de uma rápida ascensão (teria havido um milhão de Volapükistas em 1889), a língua rapidamente perdeu um grande número de falantes devido às crises internas motivadas por divergências relacionadas à gramática da língua. Apesar disso, o Volapük sobreviveu, reformado na década de 1920 por Arie de Jong. Hoje, existem algumas dezenas de Volapükistas, ativos sobretudo na internet.
O Volapük pode ser definido como uma língua aglutinante com uma estrutura acusativa. Do ponto de vista da sintaxe, faz parte do tipo sujeito - verbo - objeto, mas a presença de casos morfológicos (nominativos, acusativos, genitivos e dativos; um predicado, pouco utilizado, mas que no entanto existe) lhe confere uma certa flexibilidade; é enfim uma língua centrífuga (por exemplo, o adjetivo virá imediatamente após o nome que ele qualifica).
Ao nível da tipologia das línguas construídas, é uma língua auxiliar internacional (pelo menos no início, porque hoje todas as pretensões políticas são abandonadas pelos Volapükistas), derivativa (ou seja, de uma raiz emprestada cria um campo léxico por derivação) e esquemático (e portanto opõe-se às linguagens naturalistas que são muito menos regulares).
A palavra Volapük significa "língua mundial" ("vol" 'mundo', "-a" 'de', "pük" 'língua'). Há versões do nome "Volapük" em outros idiomas: "volapuque", "volapuc", "volapuk", etc.
História.
Período clássico.
Nascimento do Volapük (1878-1879).
Em 1878, na edição de março da revista católica alemã Sionsharfe aparecem pequenas notas do diretor da revista, o padre Schleyer, sobre a necessidade de um alfabeto fonético internacional para transcrever os sons de todas as línguas do mundo. Segundo a lenda, Schleyer teve essa ideia quando ouviu os gritos de um camponês em sua aldeia reclamando que a carta que ele enviara ao filho, que morava em Iowa, estado dos EUA, havia voltado para ele porque ele cometera um erro ao escrever "Eiauä", de acordo com a pronúncia alemã, no endereço. Com o sistema de Schleyer, o agricultor, mesmo não conhecendo a grafia americana "Iowa", poderia usar a nova grafia internacional "Aioua". Por isso, ele produziu e publicou na mesma edição da Sionsharfe um projeto de alfabeto, baseado nas muitas línguas que conhecia. Schleyer apresentou seu manuscrito à administração postal alemã, que o publicou no jornal oficial da União postal universal.
Então, em uma noite de insônia, de março de 1879, depois de uma viagem à poliglota Áustria-Húngria que animara sua reflexão, o padre Schleyer tem uma crise mística, que depois conta nos seguintes termos:
"De um modo misterioso e místico, numa noite escura no presbitério de Litzelstetten, perto de Konstanz […], enquanto pensava profundamente nas loucuras, mágoas, aflições e infortúnios do nosso tempo, todo o edifício da minha língua internacional apareceu de repente em todo o seu esplendor diante dos meus olhos espirituais. Para prestar homenagem à verdade e deixar que ela traga sabedoria, devo dizer que naquela noite de março de 1879 eu estava muito cansado. Portanto, só posso proclamar com gratidão e a humildade que devo ao meu bom gênio todo o sistema da língua internacional Volapük. Em 31 de março de 1879, comecei a compilar e a escrever pela primeira vez os princípios da minha gramática.
Ele, portanto, deixa de lado (enquanto continua a usá-lo regularmente) sua idéia de um alfabeto fonético para realizar o que ele acredita ser uma ordem divina: criar completamente uma língua artificial capaz de unir a humanidade dividida. Durante uma noite e uma manhã, de 30 a 31 de março de 1879, Schleyer escreveu a gramática (ou pelo menos um primeiro rascunho de gramática) de uma língua completamente nova: o Volapük (vol-, derivado do 'world' inglês, para mundo, -a- para o genitivo e -pük, derivado do inglês 'speak' para língua: o Volapük é, portanto, a "língua do mundo" ou "língua mundial"). De acordo com Roberto Garvía, o Volapük de Schleyer não nasceu como uma língua internacional para resolver os problemas de comunicação, mas como um complemento à sua pesquisa sobre ortografia fonética; não é a "solução de um problema", mas a "solução em busca de um problema".
Ele publicou essa gramática no mês seguinte, em maio de 1879, como um suplemento à Sionsharfe. Jornais diários relatam o nascimento deste projeto e, a partir desse ano, há Volapükistas na Alemanha, na Áustria-Hungria e até nos Estados Unidos. Esses primeiros sucessos levaram à publicação, em 1880, do primeiro livro sobre o Volapük em alemão, marcando a verdadeira difusão do Volapük para um público mais amplo, além dos católicos alemães, para alcançar de forma mais abrangente todos os falantes de alemão.
Ascensão do movimento e primeiro congresso internacional (1881-1884).
No entanto, é graças aos elos de seu criador com o mundo católico, e mais particularmente com a imprensa católica, que o Volapük pôde se espalhar pela Europa germânica. O desenvolvimento é tal que a Sionsharfe rapidamente parece insuficiente, e padre Schleyer passa a considerar a criação de um jornal próprio, o que é feito em 1881, com a primeira publicação do Volapükabled zenodik (Jornal central do Volapük), que se torna a públicação oficial do movimento, e só deixa de ser publicado em 1908.
Já em 1882, em 11 de maio, foi fundado o primeiro clube de Volapük em Alberweiler (Württemberg). Pouco depois, o Volapük entra na Suécia, onde é fundado o segundo clube. Enquanto isso, livros gramaticais e dicionários de língua alemã estão sendo publicados.
Então, num momento em que o Volapük é falado quase exclusivamente por germanófonos que se realizou o primeiro congresso internacional de Volapük em Friedrichshafen, em 26 e 27 de Agosto de 1884. Portanto, não é surpreendente que a língua utilizada durante o evento fora o alemão e não o Volapük, dado o público principalmente alemão e a juventude da língua.
Internacionalização do movimento e primeiras crises (1885-1887).
Após este primeiro sucesso, o movimento Volapükista continua sua progressão. Jornais e livros didáticos estão proliferando e o movimento holandês se destaca por sua atividade.
1886 é um ano essencial, marcando o início da verdadeira internacionalização e, paradoxalmente, o início das crises que irão gerar futuramente a decadência do movimento. Foi então que aparece "o personagem mais importante na história do Volapük, depois de Schleyer", Auguste Kerckhoffs. Um professor francês de alemão com origens holandesas, o Dr. Kerckhoffs (ele é doutor em literatura alemã), que leciona na École des Hautes Etudes Commerciales(Escola de estudos comerciais) em Paris, é mais conhecido na época por seu trabalho em criptografia; Ele é autor de uma série de dois artigos intitulados "Military Cryptography" (criptografia militar) nos quais expõe o famoso princípio de Kerckhoffs, ainda ensinado hoje. É durante a sua pesquisa em criptografia que ele encontra pela primeira vez as línguas construídas, nomeadamente o Solresol de François Sudre, que por vezes era usado pelos militares.
Volapükista a partir de 1885, ele introduz com sucesso o Volapük na França. Ministra cursos e publica, entre outros, um Curso completo em 1886, que seria em sete edições naquele ano (e uma oitava em 1887) e é traduzido em vários idiomas, e funda uma revista, da qual será editor-chefe durante toda a sua vida. Ele também criou a "Associação Francesa para a Propagação de Volapuque", (oficialmente fundada em 8 de abril de 1886), da qual ele se tornou secretário-geral, deixando a presidência para Ernest Lourdelet. No ano seguinte, Kerckhoffs acompanha seu Curso Completo de um Dicionário.
Em 1887, o volapük parece ter superado toda a competição. Em um artigo de do jornal Time de janeiro de 1887, após zombar das propostas francesas de reforma ortográfica (o "fonetisme") e de projetos de língua auxiliar, um jornalista anônimo escreveu:
"Minha opinião é a de que eles chegaram tarde demais. O Volapük tem um avanço imensurável sobre eles. […] Se alguma vez uma linguagem universal tiver alguma chance de se impor no mundo comercial, certamente será essa. Não há mais um canto do mundo civilizado, por mais remoto que seja, onde não tenha adeptos."
Grandes nomes da ciência da época aderiram ao movimento, especialmente na Alemanha (Alfred Kirchhoff, Max Müller…), e oito novas revistas nasceram naquele ano. Mas o que realmente marca o ano de 1887 é a realização do segundo congresso internacional de Volapük, em Munique, de 6 a 9 de agosto deste ano. Maior e mais internacional do que o congresso de 1884, com cerca de 200 participantes, porém é, no entanto, mais alemão do que o movimento na realidade, e a maioria das discussões é novamente realizada em alemão.
Mas se o Volapük encontrou inegavelmente o seu público, a língua não possui apenas apoiadores. Como Jean-Paul Lescure escreve sobre a França:
"Assim que foi transmitido na França, o Volapük provocou discussões virulentas no espaço público: a imprensa, as editoras, as cenas teatrais ecoaram os argumentos trocados. Linguagem internacional, até mesmo universal para alguns, e um vasto embuste que é bom apenas para fazer os outros rirem, para outros, o tema não deixa indiferente, e ainda permite que observemos argumentos nacionalistas atacando seu inventor (alemão)."
Além das antipatias levantadas fora do movimento, problemas internos à linguagem são sentidos. O congresso decide então criar uma academia, o Kadem Volapüka. Schleyer, como criador da linguagem, recebe o nome de "Grão-Líder" do movimento ("Cifal"); Kerckhoffs é, no entanto, o verdadeiro líder da acadêmia e é nomeado diretor ("Dilekel").
Se Schleyer perde algum controle sobre a língua, ele retem o controle sobre o movimento. Além da acadêmia, o congresso fundou a Volapükaklub valemik, a associação universal do Volapük. Os líderes eleitos do movimento devem imperativamente ser confirmados pelo Cifal.
Em direção à crise do terceiro congresso internacional.
A acadêmia de duas cabeças enfrenta grandes problemas, tanto Schleyer quanto Kerckhoff têm uma visão diferente do que o Volapük deveria ser. Schleyer, ao criá-lo, faz questão de tornar possível a expressão de todas as nuances das línguas que ele conhece. O Volapük, portanto, tem uma gramática relativamente grande. Mas enquanto o primeiro professor de pós-graduação em Volapük (Volapükatidel), Karl Lenze, publica sobre as 505,440 formas possíveis dos verbos de Volapük, Kerckhoffs, vê no Volapük uma língua comercial e não literária ou filosófica, e, portanto, busca uma maior simplicidade, respondendo na sua revista que isso poderia levar a língua à ruína. Desde o seu Curso Completo, ele propõe algumas reformas que ele resume da seguinte forma:
"Será removido a distinção entre o f e ji, as formas duplas de pronomes öb, ät, öt, üt, etc., a terceira forma do imperativo, o acusativo que acompanha as preposições de movimento, e que ele não admitia a existência de apenas uma única regra de composição."
Mas ele acrescenta imediatamente que "querer ir além parece imprudente e provavelmente comprometer a admirável unidade do sistema". Além disso, Schleyer aceita isso, pois concorda em fazer do manual Kerckhoffs o manual de referência.
Os dois principais líderes do movimento certamente se opõem, mas ambos parecem dispostos a fazer concessões. O movimento não é condenado a priori; e, no entanto, tanto organicamente como linguisticamente, é tão divisivo que acabará com a "idade de ouro" do Volapük.
Primeiramente à nível organizacional, Schleyer prejudicou a eleição de Heinrich Schnepper, presidente do clube de Munique e organizador da convenção de 1887 à frente do movimento alemão. O clube de Munique está dividido e o movimento alemão, o maior movimento nacional, se divide em várias tendências; Volapükistas fora da Alemanha não sentem este problema.
É linguisticamente que o cisma é o mais difícil e o mais internacional também. O conflito está crescendo entre a academia de Kerckhoffs, que é muito reformista (ele quer ir ainda mais longe do que ele propôs em seu Curso Completo e Dicionário), e Schleyer, que trata a linguagem como sua propriedade. A princípio, Schleyer reconhece a autoridade da academia. Ele é o primeiro a fazer perguntas, mas ele acha que as respostas que recebe são muito inovadoras. A disputa, portanto, cristaliza em torno da questão do direito de veto exigido por Schleyer, e recusado pela acadêmia (que lhe concede apenas uma voz tripla).
É neste contexto de enfraquecimento do movimento que o clube de Volapük de Nurembergue, criado em 1885, sob a liderança de Leopold Einstein, adota o Esperanto em 1888 e, portanto, constitui o primeiro clube de Esperanto da história.
Enquanto continua a adotar as reformas de Kerckhoffs, e para resolver esses problemas, a academia se reúne em 1889 em Paris, o terceiro e último congresso internacional de Volapük. Treze países (incluindo a Turquia e a China) estão representados, cada país tendo um número de delegados proporcional à sua população. A dupla tarefa deste congresso é ratificar os estatutos da acadêmia, que são apenas temporários, e validar as reformas votadas por ela.
Ao contrário dos outros dois, desta vez as discussões são principalmente em Volapük, o que faz Ernst Drezen escrever que "é na forma do Volapük que o princípio da artificialidade da língua internacional passa o exame prático" .
No entanto, este congresso demonstra que o Volapük sofre de muitos defeitos para ser usado sem reformas. Como escreveu, talvez com um pouco de ênfase excessiva, um dos primeiros Idistas:
"O destino do Volapük foi selado quando seus partidários em 1889 organizaram um congresso em que o Volapük seria falado. Embora alguns Volapükistas conseguissem falar a língua, era dolorosamente óbvio que tal meta não poderia ser alcançada com esse sistema."
As reformas que o Congresso mostrou serem necessárias não são realizadas por este último: ele não tem tempo para lidar com questões gramaticais específicas. Ele se contenta em reivindicar de Kerckhoff uma gramática "normal" (glamat nomik) sem qualquer regra supérflua, que valide a visão "comercial" da linguagem; e aprova as decisões da academia, que valida a opção mais "a posteriorista" tomada anteriormente pela acadêmia. Finalmente, o congresso votou novos estatutos para a academia, reforçando a independência da mesma em relação a Schleyer (a academia é chamado de "autoridade única em questões linguísticas"; para validar a reforma rejeitada por Schleyer, ela deve votar por maioria qualificada de dois terços, o que de fato torna impossível para Schleyer bloquear qualquer coisa em uma academia sob a influência de Kerckhoffs.
Schleyer, recusando esta evolução, declara o Congresso e a acadêmia ilegítimo, e reune os seus apoiantes em Allmendingen em maio de 1889. Ele funda uma nova academia, liderada por Karl Zetter, e substitui toda a hierarquia do movimento por pessoas fiéis à sua causa, do nível global aos níveis urbanos, através de continentes e países. O cisma é consumado.
O cisma (1889-1892).
A destituição feita por Schleyer da Academia de Kerckhoffs é recusada por este último. De acordo com as solicitações do terceiro congresso, ele propõe um bloco de reformas. O movimento, profundamente dividido, está perdendo força: os clubes estão se fechando um após o outro, quando não passam para o Esperanto; revistas, incluindo a de Kerckhoffs, cessam uma após a outra até desaparecerem. A acadêmia, no entanto, conseguiu publicar um Glamat nomik em 1891. No mesmo ano, Schleyer risca oficialmente o nome de Kerckhoffs da lista de volapükistas, acelerando a hemorragia na Europa latina, principalmente "Kerckhoffsiana", que a relativa estabilidade do movimento nas Américas, Ásia e Europa de língua alemã não estão contrabalançando.
Naquela época, Kerckhoffs reduziu cada vez mais sua participação no trabalho da acadêmia. Em 1892, pensando que o Volapük estava morto, cansado de lutar dentro da acadêmia, demitido de seu cargo de professor de alemão por causa de críticas feitas às regras do Ministério do Comércio e por causa da doença de sua filha Pauline (que morreu em 9 de janeiro de 1893, aos 28 anos), ele renunciou.
Um comitê é nomeado para despachar os assuntos atuais da academia, que elege como diretor o russo Waldemar Rosenberger. Sob sua liderança, a acadêmia abandona Volapük, cria uma língua totalmente nova, o Idiom neutral, e passa a ter um novo nome, "Akademi internasional de Lingu universal". Em 1908, o quarto diretor da acadêmia, Giuseppe Peano fez abandonar o Idiom neutral e adota a sua própria criação, o Latino sine flexione, sob o nome de "Academia pro Interlingua." Enquanto isso Kerckhoffs abandona a idéia de uma língua auxiliar internacional e ensinado em vários colégios provincianos até que um acidente de trem acaba com os seus dias em Därlingen no dia 09 de agosto de 1903, na Suíça; ele é enterrado em Paris com a sua filha.
O reencontro da unidade em um movimento muito enfraquecido e a morte de Schleyer.
Com os reformadores abandonando a idéia de uma língua auxiliar internacional, aderindo ao Esperanto ou criando os seus próprios, o Volapük encontra, muito enfraquecido, sua unidade em torno de Schleyer. O único mestre a bordo, ele continua a "melhorar" sua linguagem, tornando-a cada vez mais arbitrária. Os últimos fiéis reúnem-se em torno do Volapükabled zenodik até este cessar a sua atividade em 1908, ainda que raramente publique brochuras, como em 1904 ou 1916. Em 1892 restavam apenas 17 periódicos e 90 clubes; Com 159 correspondentes em 1901, a sociedade internacional de Volapükistas fechou em 1912. Para muitos, as esperanças de ver o Volapük se tornar uma língua auxiliar internacional realmente morreram.
Em 27 de novembro de 1894, Schleyer foi nomeado camareiro papal pelo Papa Leão XIII, que lhe valeu o título de "Monsenhor" sem ser um bispo. Em 16 de agosto de 1912, ele morre, deixando (por testamento) para seu amigo sacerdote Albert Sleumer, que aprendeu Volapük em 1892, ou seja depois seu declínio (ele havia pensado originalmente em Rupert Kniele, um dos grandes Volapükistas da era de ouro do Volapük, porém que havia abandonado o movimento após o cisma), o papel de Cifal, iniciando assim uma tradição de sucessão por nomeação que dura até hoje.
Influência do Esperanto.
Qual o papel do Esperanto na decadência do Volapük? L.L. Zamenhof, o criador do Esperanto, descreve em um discurso feito em 20 de agosto de 1911 para o aniversário de 80 anos de Schleyer no 7º Congresso Mundial de Esperanto em Antuérpia:
"O Volapük não foi derrotado pelo Esperanto, como muitas pessoas pensam por engano; pereceu por si só numa época em que o Esperanto, trabalhando silenciosamente e sem artifícios, ainda era fraco demais para derrotar alguém. "
Outras línguas, como o Idioma neutral, poderiam ter tido participação nessa decadência; mas é a divisão interna que é a responsável por isso.
O Esperanto, por outro lado, aproveitou a falha interna do Volapük, atraindo aqueles antigos adeptos que, pensando na morte do Volapük, não adotaram uma nova língua (como a academia) e que não haviam abandonado a ideia (como Kerckhoffs), tal como fizeram os membros do clube de Nurembergue.
O Alfabeto e a Pronúncia.
No alfabeto de volapuque constam as seguintes letras: "a ä b c d e f g h i j k l m n o ö p r s t u ü v x y z". Não se utilizam as letras "q" nem a letra "w". O trema nunca é omitido, mesmo quando utilizados em letras maiúsculas.
As letras, ao contrário do português e do espanhol, nunca são mudas e nunca mudam de pronúncia baseado em sua posição na sílaba e a utilização de maiúsculas e minúsculas seguem as principais regras dos idiomas.
No volapuque todas as letras se pronunciam e não existem ditongos nesta língua porque todas as vogais se pronunciam separadamente. A sílaba tônica é sempre a última.
A seguir, uma tabela com a pronúncia:
Gramática.
Tal como no alemão, existem 4 casos no Volapuque: nominativo, genitivo, dativo e acusativo.
A tabela seguinte ilustra os casos do Volapuque, usando a palavra "vol", "mundo":
Geralmente, o adjectivo coloca-se a seguir ao substantivo que qualifica. A forma mais fácil de criar um adjectivo a partir do substantivo base é pela adição do sufixo "-ik", i.e. "vol" (mundo) — "volik" (mundial)
O artigo ("lartig").
O artigo "el" é equivalente ao definido do português ("o", "a"), e somente é utilizado antes das palavras não traduzidas ao volapuque (ex. Nomes próprios: "el David" = o David). O artigo se declina igual ao substantivo e também utiliza a terminação em "s" no plural (ex. "els Sputnik" = os Sputniks).
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1916 | Viena | Viena
Viena ( ) é a capital da Áustria e um dos nove estados austríacos. Com mais de 1,8 milhão de habitantes, de acordo com dados da Eurostat em 2013, é a cidade mais populosa da Áustria contando, ainda, com 2,6 milhões de habitantes em sua região metropolitana - o que equivale a cerca de um quarto da população total do país. Viena é, ainda, a sétima maior cidade da União Europeia e a segunda maior cidade de língua alemã no mundo, depois de Berlim. A cidade é basicamente uma das muitas comunidades da Áustria, mas também é uma cidade legal na classificação de um distrito político e, desde 29 de dezembro de 1921, a "lei da separação" constitucional classifica-a como um estado, sua posição original mantida até hoje.
É sede de várias organizações internacionais, como a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE). O Centro Internacional de Viena (UNRISD) abriga uma das quatro sedes das Organização das Nações Unidas (ONU). A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) também está sediada na cidade, no mesmo complexo de edifícios do Centro Internacional de Viena. Devido à sua importância política internacional, Viena está entre as cidades globais no mundo.
Viena foi durante séculos a capital imperial da Casa de Habsburgo e, assim como a capital do Sacro Império Romano-Germânico, serviu também como capital do Império Austríaco, além de ter sido uma das duas principais cidades da Áustria-Hungria, como um centro cultural e político da Europa. Chegou a ser a quinta maior cidade do mundo, depois de Londres, Nova Iorque, Paris e Chicago, atingindo mais de dois milhões de habitantes por volta de 1910. Após o fim da Primeira Guerra Mundial, a cidade perdeu, no entanto, cerca de um quarto de sua população.
O Centro histórico de Viena, que é caracterizado como o local de reinado dos Habsburgos, bem como o Palácio de Schönbrunn, são reconhecidos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) como Patrimônio da Humanidade. A Catedral de Santo Estêvão, ao lado da Riesenrad e outras atrações, são reconhecidas como um dos edifícios mais altos da cidade e do centro da igreja metropolitana. Viena é uma cidade com uma elevada qualidade de vida. No estudo internacional do Mercer, de 2015, a qualidade de vida foi comparada com base em 39 critérios, tais como fatores políticos, econômicos, sociais e ambientais, em 230 cidades em todo o mundo. Viena ocupou o primeiro lugar pela sétima vez consecutiva. Também está colocada como uma das cidades mais ricas do mundo. Atrai mais de 12 milhões de turistas por ano.
História.
Pré-história, Período Romano e Idade Média.
Evidências arqueológicas mostram que já no Paleolítico, pessoas habitavam constantemente a região de Viena e, a partir do período neolítico, a Bacia de Viena foi habitada continuamente. A partir da Idade do Bronze, houve na região várias cremações, mas também traços de liquidação. Um assentamento celta chamada Vedúnia ("córrego da floresta") também é um dos conhecimentos históricos que se tem sobre a área. A presença humana na atual Viena parece ter sido de origem celta (ca. ).
No , os romanos ocuparam a região onde hoje está o centro da cidade de Viena (na época chamada de Vindobona), perto do rio Danúbio, onde um acampamento militar (castro) conectava os civis com a cidade, para proteger a fronteira da província de Panônia. Ainda hoje é possível ver nas ruas do primeiro distrito (Innere Stadt) o curso do Muro e as ruas do acampamento. Os romanos permaneceram até o na região. O acampamento legionário romano ficava bem a leste do Império Romano do Ocidente e, portanto, era parte da área explorada pelas migrações bárbaras.
No período medieval, Viena estava quase limitada ao Berghof, onde se realizava a viticultura. A primeira menção na Idade Média foi feita em 881, nos anais Salzburgo, onde "apud Weniam" realizou uma batalha contra os magiares, embora não esteja claro se foi na cidade ou na Bacia de Viena. Com a vitória do rei franco ao longo dos magiares, em 955 na Batalha de Lechfeld, o desenvolvimento de Viena, bem como da Áustria, se iniciou.
No ano de 976, o marquês de Babemberga utilizou-se da Marca Oriental para instituir o território austríaco, na fronteira com a Hungria. No , Viena já era um importante centro comercial, e em 1155 o rei Henrique II fez da cidade a sua capital social. Apenas um ano depois, a Áustria tornou-se o Privilegium Minus ao Ducado de Viena e, assim, a residência do Duque.
Após a conclusão da Terceira Cruzada, o rei inglês Ricardo I, em seu retorno à Inglaterra por volta de 1192, foi capturado e preso perto de Viena (agora no 3º distrito), em Dürnstein. Com o resgate exuberante do rei inglês, este passou a financiar a primeira grande expansão da cidade. Em 1221, Viena era tida como a segunda cidade do Ducado da Áustria Enns (1212), a cidade e os direitos básicos conferidos. Os comerciantes que passaram por Viena colocavam os seus bens para venda na cidade, permitindo que Viena tivesse relações comerciais extensas, especialmente ao longo do rio Danúbio e de Veneza, o que fez com que ela passasse a ser considerada uma das cidades mais importantes da área do Império.
No , Viena esteve sob a ameaça do Império Mongol, que se estendeu por grande parte da Rússia e China atuais. No entanto, devido à morte de seu líder, Oguedai Cã, os exércitos mongóis recuaram da fronteira europeia e não retornaram. Durante a Idade Média, Viena foi a sede da Casa de Babemberga, e em 1440 tornou-se a cidade de residência da Dinastia Habsburgo. A cidade viria a se tornar a capital do Sacro Império Romano e um centro cultural de artes e ciência, música e gastronomia. Foi ocupada pela Hungria, entre 1485-1490. Nos séculos XVI e XVII, o exércitos otomanos foram barrados duas vezes fora de Viena (ver Cerco de Viena de 1529 e Batalha de Viena, de 1683). Em 1679, a peste bubônica atingiu a cidade, matando cerca de um terço de sua população.
Casa de Habsburgo.
Com a vitória de Rodolfo I, em 1278, Otacar II da Boêmia começou o domínio dos Habsburgos na Áustria. Entre os luxemburgueses, Praga era a capital imperial, e Viena ficava sob à sua sombra. Os primeiros Habsburgos tentaram fazer com que Viena acompanhasse o ritmo de crescimento de Praga.
Grandes conquistas foram obtidas por Rodolfo IV, que levantou a sua riqueza através de uma política econômica prudente. Duas decisões lhe renderam o apelido de "fundador": a fundação da Universidade de Viena em 1365 (seguindo o modelo adotado em Praga) e a construção da nave gótica de St. Stephen. Entretanto, as intensas disputas de herança sob os Habsburgos trouxeram não só muitos problemas, mas também um declínio econômico.
Em 1438, após a eleição do Duque Alberto II da Germânia, Viena passou a ser a residência do Rei dos Romanos do Sacro Império Romano, mesma época na qual os judeus vienenses foram expulsos ou mortos nos anos de 1421 a 1422. Em 1469, a cidade emergente tornou-se a sede do bispo e, assim, ganhou a Catedral de Santo Estêvão. Na era de Frederico III, Viena não pode garantir a paz contra seus adversários, principalmente as gangues de mercenários. Finalmente, em 1556, Viena era finalmente o assento do imperador, depois que a Hungria e a Boêmia foram adicionadas aos domínios dos Habsburgos.
A partir de 1551, os ensinos de Martinho Lutero levaram a uma grande adesão ao protestantismo. No entanto, o rei Fernando I ajudou a promover a recatolicização da cidade, trazendo os jesuítas à Viena e adquirindo grande influência entre as pessoas. Os jesuítas fundaram uma faculdade, a Universidade de Viena foi transferida para eles, e eles praticaram a censura de livros vindos de fora, trazendo a cidade para o ponto de partida da Contrarreforma no Sacro Império Romano, cujo principal representante foi Melchior Khlesl, bispo de Viena por volta de 1600. A guerra religiosa levou a brutal desapropriação e expulsão de protestantes que viviam tanto em Viena quanto na Áustria.
Ataques do Império Otomano.
Em 1529, em Viena, pela primeira vez, foi sitiada pelos turco-otomanos, sem sucesso. A fronteira entre os Habsburgos, o Império Otomano e parte da Hungria foi de quase duzentos anos, apenas cerca de 150 quilômetros a leste da cidade, o que deixou seu desenvolvimento bastante restrito. No entanto, Viena possuía modernas fortificações.
Estas fortificações - que compunham a maior parte do trabalho de construção até o - protegeram a cidade por dois meses, até que o exército turco, por causa da chegada do rei polonês João III, que aliviou o cerco do exército turco em Viena. Este foi o início da insistência final do Império Otomano na Europa Central.
Apogeu do barroco e classicismo.
Como resultado, começou um "boom" na área da construção, e a cidade floresceu. No decurso da reconstrução de Viena, a influência foi em grande parte barroca (gloriosa Viena). Muitos palácios foram construídos já usando desta influência. Alguns dos arquitetos notáveis desta época foram Johann Bernhard Fischer von Erlach e Johann Lukas von Hildebrandt, sendo que o primeiro foi o mais influente do período. O "boom" de construção também espalhou-se para fora da cidade. Desde 1704, os subúrbios tinham o seu próprio modelo de construção, com um amplo sistema de montagem interna.
Após os cortes financeiros, feitos devido a grandes epidemias de peste em 1679 e 1713, a população cresceu de forma constante. Naquela época, as primeiras fábricas foram estabelecidas, a primeira delas no Leopoldstadt. Desenvolveu-se um sistema de esgoto e limpeza urbana, além das condições sanitárias, que foram melhoradas. Viena logo tornou-se um importante centro cultural europeu, que culminou na música do período clássico vienense (Haydn, Mozart, Beethoven, Schubert).
Cidade imperial e Primeira Guerra Mundial.
No período das Guerras Napoleônicas, Viena foi por duas vezes, em 1805 e 1809, ocupada pelas tropas de Napoleão Bonaparte. Em 1804, foi feita a capital de um novo estado - o Império da Áustria. Em 1806, o Sacro Império Romano foi extinto, e Viena tornou-se sede do proclamado Império Austríaco. Depois de derrotar Napoleão, a cidade foi tomada e, entre 1814 e 1815, o Congresso de Viena restabeleceu-se, ordenando a situação política na Europa.
A Revolução Francesa teve um impacto em Viena. Em 13 de março de 1848, a revolução obrigou o chanceler Klemens Wenzel von Metternich a renunciar em 6 de outubro, estourando, em seguida, a Insurreição de Viena de outubro de 1848. Os militares do império acabaram por sair vitoriosos contra os democratas: Os cidadãos de Frankfurt, liderados pelo democrata Robert Blum, retiraram-se, e Blum foi executado. Em 1850, começou a primeira fase de expansão da cidade pelos "subúrbios". Assim, a localização nas ilhas Danúbio e o "Leopoldstadt" foram incorporados. A partir de 1858, as muralhas da cidade foram derrubadas, e em seu lugar o anel viário foi construído, alinhado com edifícios monumentais. A partir do estilo anel viário (historicismo) Viena é arquitetonicamente influenciada decisivamente. Desta vez, culminou na Exposição Mundial de 1873, com recebidas durante o acidente de exposição do mercado de ações, uma das primeiras iniciativas da área na cidade.
Depois da grande enchente de 1830, foi realizada uma regulação do rio Danúbio, entre 1868 e 1875. Os muitos ramos ramificados do Danúbio foram escavados, criando-se um fluxo principal perfeitamente em linha reta de distância da cidade. O braço que levou ao interior da cidade foi deixado em uma forma modificada, regulado, ele leva o nome do Canal do Danúbio.
Com o início da industrialização em Viena, a cidade experimentou um enorme crescimento da população. Os habitantes atingiram 1,87 milhão no fim do , e 2 milhões de habitantes em 1910. A aldeia dominada "Old Vienna" foi substituída por um plano de desenvolvimento urbano de 4 a 6 andares de edifícios residenciais e comerciais. Isto foi acompanhado por grandes convulsões sociais. Com o surgimento de uma grande classe trabalhadora - e da pobreza em grandes partes da população - reforçou-se a social-democracia. A grande classe baixa muitas vezes compartilhava apartamentos pequenos. Imigrantes de todas as partes da monarquia austro-húngara, em particular os tchecos, fizeram de Viena uma cidade cosmopolita.
O prefeito mais conhecido da era imperial é Karl Lueger, um socialista cristão, que ocupou o cargo entre 1897 e 1910. Lueger promoveu a reforma municipal abrangente, tendo ficado conhecido por fanáticos do anti-semitismo. Esta forma de vida política da época foi dirigido especialmente contra os " judeus orientais" da Galiza, bem como contra a burguesia vienense. Naquela época, a cidade experimentou um modernismo em sua área de destaque cultural. Viena tornou-se um centro de "art nouveau". Na música, originou-se a Segunda Escola Vienense de Arnold Schoenberg. Na literatura, Jung-Wien promovia a transição para a modernidade. Em meio a essa atmosfera cultural fértil, surge a psicanálise fundada, de Sigmund Freud.
A Primeira Guerra Mundial não levou ameaça imediata à Viena, mas com o aumento da duração da guerra e uma crise poder devastador que se expressava, a cidade passou a sofrer os efeitos do conflito. Um dos maiores problemas enfrentados foi a fome generalizada. O fim da "Grande Guerra" resultou também no fim da Áustria-Hungria. Em 30 de Outubro de 1918, o novo governo era chamado de Áustria (a partir de outubro 1919, chamado de República da Áustria). Em 11 de novembro de 1918, o Imperador Carlos I renunciou e deixou no mesmo dia o Palácio de Schönbrunn e, portanto, saiu de Viena. Em 12 de novembro de 1918, a Assembleia Nacional Provisória proclamou o Parlamento da República, sediado em Viena.
Geografia.
Viena está localizada no nordeste da Áustria, na extensão leste dos Alpes, na Bacia de Viena. O início do povoamento, na localidade do interior da cidade de hoje, foi ao sul do Danúbio sinuoso, enquanto a cidade agora abrange ambos os lados do rio. A elevação varia de 151–524 m (495 a 1.719 pés).
As áreas maiores e mais importantes protegidas são o Parque Nacional Donauauen e a Reserva da Biosfera da Mata Viena, localizadas a leste e oeste da cidade, respectivamente. Há, ainda, um número maior de áreas protegidas.
Clima.
Viena tem um clima continental úmido, segundo a classificação de Köppen. A cidade tem verões quentes com temperaturas médias elevadas, de 22 a 26 °C (72-79 °F), com máximas superiores a 30 °C (86 °F) e mínima em torno de 15 °C (59 °F). Os invernos são relativamente frios, com temperaturas médias em torno do ponto de congelamento, e queda de neve que ocorre principalmente entre dezembro e março. A Primavera e o Outono são suaves. A precipitação é geralmente moderada ao longo do ano, com média de 620 milímetros (24,4 polegadas) anualmente.
Demografia.
Devido à industrialização e à migração de outras partes do Império, a população de Viena aumentou acentuadamente durante o seu tempo como a capital da Áustria-Hungria (1867-1918). Em 1910, Viena tinha mais de dois milhões de habitantes e era a quarta maior cidade da Europa depois de Londres, Paris e Berlim.
Composição étnica.
Em torno do início do , Viena foi a cidade com a segunda maior população tcheca do mundo (depois de Praga). Após a Primeira Guerra Mundial, muitos tchecos e húngaros voltaram para seus países ancestrais, resultando em um declínio na população vienense. Após a Segunda Guerra Mundial, os soviéticos usaram a força para repatriar os principais trabalhadores das origens tcheca, eslovaca e húngara para retornar às suas terras étnicas para promover a economia do bloco soviético. Sob o regime nazista, 65 mil pessoas judeus foram deportadas e assassinadas em campos de extermínio por forças nazistas durante o Holocausto; aproximadamente 130 mil fugiram.
Em 2001, 16% das pessoas que viviam na Áustria tinham nacionalidades diferentes da austríaca, quase metade das quais eram da ex-Iugoslávia; as seguintes nacionalidades mais numerosas em Viena eram turcos (39 mil; 2,5%), poloneses (13,6 mil; 0,9%) e alemães (12,7 mil; 0,8%).
Em 2012, um relatório oficial da "Statistics Austria" mostrou que mais de 660 mil (38,8%) da população vienense têm antecedentes migrantes, principalmente da antiga Iugoslávia, Turquia, Alemanha, Polônia, Romênia e Hungria. De 2005 a 2015, a população da cidade cresceu 10,1%. De acordo com a ONU-Habitat, Viena poderia ser a cidade de mais rápido crescimento de 17 áreas metropolitanas europeias até 2025, com um aumento de 4,65% de sua população em relação a 2010.
Religião.
De acordo com o censo de 2001, 49,2% dos vienenses eram católicos romanos, enquanto 25,7% não tinham religião, 7,8% eram muçulmanos, 6,0% eram seguidores do cristianismo ortodoxo, 4,7% eram protestantes (principalmente luteranos), 0,5% eram judeus e 6,3% eram de outras religiões ou não responderam.. Em 2011, as partes de corpos religiosos mudaram significativamente: 41,3% católicos; 31,6% sem religião; 11,6% muçulmano; 8,4% ortodoxos; 4,2% protestante e 2,9% outros.
Política.
Distritos.
A própria cidade é dividida em 23 distritos ("Bezirke") que, embora disponham do seu próprio nome, são também numerados, partindo do centro histórico. Legalmente, não são distritos no sentido administrativo, com explícitos poderes (como acontece nos outros estados austríacos), mas sim meras subdivisões na administração da cidade. No entanto, verificam-se eleições ao nível do distrito que dispõem aos representantes dos distritos certa autonomia política, no planejamento urbano, de tráfego, entre outros.
O código postal identifica claramente a localização de um determinado endereço; 1XXA - o 1 denota Viena, XX o número do distrito (com zero à esquerda, no caso do número ser apenas um dígito), e A denota o número da central de correio (irrelevante neste caso, e tipicamente zero). Excepções nesta regra são: 1300, para o Aeroporto Internacional de Viena, na Baixa Áustria, perto de Schwechat, 1400 para o complexo do Escritório das Nações Unidas ONU e outras Organizações Internacionais (ONUDI, AIEA, Organização do Tratado de Proibição Total de Testes Nucleares - CTBTO), 1450 para o complexo "Áustria Center Viena" e 1500 para a Força Austríaca das Nações Unidas para Observação do Rompimento das Forças (UNDOF AUSBATT).
Relações internacionais.
Viena é o assento de um elevado número de escritórios das Nações Unidas e de várias instituições internacionais e empresas, incluindo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO), o Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC), a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), a Comissão Preparatória da Organização do Comprehensive Nuclear-Test-Ban Tratado (CTBTO), a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), o Escritório das Nações Unidas para Assuntos do Espaço Exterior (UNOOSA) e a Agência da União Europeia para os Direitos Fundamentais (FRA). Atualmente, Viena é a terceira "cidade das Nações Unidas" do mundo, ao lado de Nova Iorque, Genebra e Nairóbi. Além disso, Viena é a sede da Comissão das Nações Unidas sobre Direito do Comércio Internacional secretariado (UNCITRAL). Em conjunto, a Universidade de Viena hospeda anualmente o prestigiado Willem C. Vis Moot, uma competição de arbitragem comercial internacional para estudantes de direito de todo o mundo.
Vários encontros diplomáticos especiais foram realizadas em Viena na segunda metade do , resultando em vários documentos com o nome Convenção de Viena ou Documento de Viena. Entre os documentos mais importantes negociados em Viena estão a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, bem como o Tratado sobre Forças Armadas Convencionais na Europa, em 1990. Viena também é sede da Federação Internacional de Taekwon-Do (ITF).
Viena está geminada com as seguintes cidades:
Economia.
Viena é uma das regiões mais ricas da União Europeia: o seu produto regional bruto de 47 200 euros per capita representou 25,7% do PIB da Áustria em 2013, o que representa 159% da média da UE. A cidade melhorou sua posição a partir de 2012 no ranking das cidades economicamente mais poderosas atingindo o número nove na lista em 2015.
Com uma participação de 85,5% no valor agregado bruto, o setor de serviços é o setor econômico mais importante de Viena. A indústria e o comércio têm uma participação de 14,5% no valor agregado bruto, o setor primário (agricultura) tem uma participação de 0,07% e, portanto, desempenha um papel menor no valor agregado local. No entanto, o cultivo e a produção de vinhos dentro das fronteiras da cidade têm um alto valor sociocultural. Os setores comerciais mais importantes são o comércio (14,7% do valor agregado em Viena), serviços científicos e tecnológicos, atividades imobiliárias e habitacionais, bem como fabricação de bens. Em 2012, a contribuição de Viena nos investimentos estrangeiros diretos da Áustria foi de cerca de 60%, o que demonstra o papel de Viena como centro internacional para empresas nacionais e estrangeiras.
Desde a queda da Cortina de Ferro em 1989, Viena expandiu sua posição como porta de entrada para a Europa Oriental: 300 empresas internacionais têm sua sede em Viena e seus arredores. Entre eles estão a Hewlett Packard, Henkel, Baxalta e Siemens. As empresas em Viena têm amplos contatos e competências em negócios com a Europa Oriental, devido ao papel histórico da cidade como centro do Império Habsburgo. O número de empresas internacionais em Viena ainda está crescendo: em 2014 eram 159 e em 2015, 175 firmas internacionais estabeleceram escritórios em Viena.
No total, cerca de novas empresas foram fundadas em Viena todos os anos desde 2004. A maioria dessas empresas está operando em áreas de serviços orientados para a indústria, comércio por grosso, bem como tecnologias de informação e comunicação e novas mídias. Viena faz esforço para se estabelecer como um centro de "startup". Desde 2012, a cidade abriga o Pioneers Festival, que acontece anualmente, o maior evento de "startups" na Europa Central, com participantes internacionais que se realizam no Palácio de Hofburg. O Tech Cocktail, um portal "on-line", classificou Viena em 6º lugar entre as dez maiores cidades do mundo para "startups".
Infraestrutura.
De acordo com ranking anual da Economist Intelligence Unit (a unidade de inteligência da revista britânica Economist) de 2018, Viena ocupa o primeiro lugar na lista de cidades com melhor qualidade de vida, basicamente devido à sua estabilidade política, ordem, limpeza, segurança e alta eficiência dos serviços públicos, assim como pela variedade de opções de educação, cultura e entretenimento.
Educação.
Em Viena, há 283 escolas primárias (dos quais 217 são escolas públicas), 120 escolas secundárias (dos quais 96 são públicas), 46 escolas especiais (40 públicas) e 95 escolas secundárias do ensino geral (67 públicas). Além disso, 28 escolas de formação profissional estão localizadas em Viena (dos quais 25 são públicas), além de 22 escolas e faculdades (11 públicas) técnicas e profissionais, voltadas para áreas como a indústria têxtil e indústria química; 21 indústria escolas profissionais e faculdades (8 públicas) e 16 escolas comerciais e faculdades (6 públicas).
A cidade possui as seguintes universidades e centros de ensino superior: Universidade de Viena, Academia de Belas-Artes de Viena, Academia Diplomática de Viena, Universidade Médica de Viena, Universidade Privada de Gestão de Viena, Universidade de Artes Aplicadas de Viena, Universidade de Música e Performances Artísticas, Universidade de Medicina Veterinária de Viena, Universität für Bodenkultur, Universidade de de Economia e Negócios, Universidade de Recursos Naturais e Ciências da Vida, Universidade de Tecnologia de Viena, Webster University Vienna, Universidade Sigmund Freud, Universidade Técnica de Viena e Academia Internacional Anticorrupção.
Cultura.
A cidade é um importante centro de música erudita muitas vezes mencionada como a Cidade dos Músicos, possui também uma sede das Nações Unidas, abrigando a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO) e a Agência Internacional da Energia Atômica (AIEA); encontra-se também na cidade a sede da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).
Música.
A música é um dos legados de Viena. Prodígios musicais, incluindo Wolfgang Amadeus Mozart, Joseph Haydn, Ludwig van Beethoven, Franz Schubert, Johannes Brahms, Gustav Mahler, Robert Stolz e Arnold Schoenberg trabalharam na cidade. Arte e cultura tem uma longa tradição em Viena, incluindo o teatro, a ópera, a música clássica e artes plásticas. O Burgtheater é considerado um dos melhores teatros do mundo de língua alemã, paralelamente à sua filial, a Akademietheater. O Volkstheater Wien e o Theater in der Josefstadt também desfrutam de boa reputação. Há também um grande número de pequenos teatros, em muitos casos, dedicados a formas integradas menos das artes do espectáculo, tais como, peças de teatro ou experimentais modernos.
Viena também é lar de uma série de casas de ópera, incluindo o Theater an der Wien e o Staatsoper eo Volksoper, sendo esta última dedicada ao típico opereta vienense. Concertos de música clássica são realizados em locais mundialmente famosos, como o Wiener Musikverein, a casa da Orquestra Filarmônica de Viena - conhecida em todo o mundo devido ao anual "Concerto do Dia de Ano Novo", também os Konzerthaus Wiener. Muitas salas de concerto oferecem concertos que visam os turistas, com destaques populares da música vienense, particularmente as obras de Wolfgang Amadeus Mozart e Johann Strauss (pai) e Johann Strauss (filho).
Até 2005, o Theater an der Wien era aberto a estreias de musicais, mas a partir do ano das comemorações de Mozart (2006), ele tem se dedicado à ópera novamente e, desde então, se tornou uma casa de ópera stagione oferecendo uma nova produção de cada mês, assim, tornando-se rapidamente uma das casas de ópera mais interessantes e avançadas da Europa. Desde 2012, o Theater an der Wien assumiu a Wiener Kammeroper, um pequeno teatro histórico no primeiro distrito de Viena, transformando-o em seu segundo local para produções de menor porte e óperas de câmara criadas pelo novo conjunto de Theater an der Wien (JET). Antes de 2005, o musical de maior sucesso foi de longe "Elisabeth", que mais tarde foi traduzido para várias línguas e realizado em todo o mundo. O Wiener Taschenoper é dedicado a encenar música do e XXI. O Haus der Musik ("Casa da Música") foi inaugurado no ano de 2000.
O Wienerlied é um gênero de canção original de Viena. Há aproximadamente 60 mil músicas do gênero Wienerlieder. O Teatro Inglês de Viena (EFP) é um teatro inglês em Viena. Foi fundado em 1963 e é o mais antigo teatro de língua inglesa na Europa, fora do Reino Unido. Em maio de 2015, Viena foi a cidade anfitriã do Festival Eurovisão da Canção 2015, após a vitória da Áustria no concurso de 2014.
Arquitetura.
Localiza-se na cidade de Viena uma das maiores catedrais góticas medievais, a Catedral de Santo Estêvão ("Stephansdom"), um grande exemplo da arquitetura medieval que remonta ao .
Viena conta com uma particularidade arquitetônica que foi denominada "Ringstrasse" e foi idealizada e construída no , influenciada pelo nascente modernismo, marcando uma mudança paradigmática no que era o planeamento urbano desde então, estando embutidos neste conceito não só a questão da ressignificação espacial da cidade, mas da cultura efervescente a época que guarda influência como a Revolução de 1848.
A cidade tem vários palácios como o Palácio de Schönbrunn mandado construir por Leopoldo I em 1696, e foi sendo aperfeiçoado pela imperatriz Maria Teresa até ao seu atual estilo rococó.
A cidade de Viena é cortada pelo ao norte rio Danúbio, que é um dos maiores símbolos da cidade e de essencial importância para a economia vienense. No rio Danúbio encontra-se a Torre de Danúbio, uma torre de metal de 287 metros que abriga um restaurante rotatório com uma vista para a cidade.
Esportes.
A capital da Áustria é o lar de inúmeras equipes de futebol. Os mais conhecidos são os clubes de futebol Fußballklub Austria Wien, Sportklub Rapid Wien e o First Vienna Football Club 1894. Sedia, todos os anos, o Campeonato Austríaco de Futebol.
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1917 | Varre-Sai | Varre-Sai
Varre-Sai é um município brasileiro do estado do Rio de Janeiro, localizado na Região Imediata de Itaperuna, que integra a Região Intermediária de Campos dos Goytacazes.
É o município do estado mais distante da capital Rio de Janeiro. Quarta sede de município mais elevada do estado, Varre-Sai, por seu clima frio e altitude elevada, se destaca como maior produtor de café do estado, sendo inclusive reconhecido pela ALERJ como Capital Estadual do Café. Também se destaca por ser a maior colônia de descendentes de italianos do estado (compõe mais de setenta por cento da população do município).
Além da produção cafeeira, outro importante segmento da economia que vem crescendo é o turismo, integrante dos "Circuitos das Águas" (juntamente com Itaperuna, Porciúncula, Natividade e Raposo) e também como importante rota de acesso ao Parque Nacional do Caparaó. Sua maior atração é o Festival do Vinho e a Festa da Colônia Italiana, seguidos pelas festas de Abril e Cruz da Ana. Outro ponto que vem se destacando é o turismo rural (fazendas de café e suas lavouras, hotéis-fazenda, artesanatos, queijos, vinhos e licores) e o turismo de aventura, que inclui o voo de parapente, tendo participantes de outros países, como a Alemanha em 2009, além da prática de motocross e de passeios nas cachoeiras, matas e montanhas.
História.
Os primeiros habitantes conhecidos da região do atual município de Varre-Sai foram os índios puris, e goitacases. Estes índios impediram a ocupação da região pelos portugueses, que, nela, criaram a Capitania de São Tomé no século XVI. A região só começou a ser ocupada por não índios por volta de 1830, com a chegada de José de Lannes Dantas Brandão, procedente de Minas Gerais.
A origem do nome "Varre-Sai" remonta a meados do século XIX: onde fica a atual sede do município, existia um rancho que era cuidado por uma velha senhora chamada dona Inácia. Este rancho era ponto de parada dos rancheiros que vinham das Minas Gerais para vender seus produtos no Espírito Santo. A condição para que eles pernoitassem era que os tropeiros, após dormirem, limpassem o estábulo onde ficavam os cavalos e burros. Daí, o rancho foi ganhando popularidade, passando a ser conhecido como "Rancho Varre-Sahe". Algum tempo depois, o proprietário das terras doou um pedaço de terra para a construção da atual Igreja Matriz São Sebastião.
No seu entorno, começou a nascer uma vila que viria a se tornar o atual município. Já no final do século XIX e início do século XX, com auge da economia cafeeira no Brasil, começaram a chegar os imigrantes, principalmente italianos, que se estabeleceram para trabalhar nas lavouras de café. Como não existiam uvas na região, os italianos passaram a produzir o vinho de jabuticaba, que atualmente é típico do município.
Na condição de distrito, Varre-Sai ficou politicamente subordinado à sede, que era o município de Natividade, embora deste fosse bem diferente em aspectos culturais, geográficos e econômicos. A tão almejada emancipação veio no ano de 1990 com o plebiscito em 25 de novembro (feriado na cidade), no ano de 1991 foi assinado pelo então Governador Moreira Franco a Lei de Emancipação com a criação do atual município de Varre-Sai.
Geografia.
Com uma população estimada de 10 207 habitantes em 2022, e área de 201,9 quilômetros quadrados, a densidade demográfica de Varre-Sai é de 50,55 habitantes por quilômetro quadrado. É o município fluminense mais distante da capital Rio de Janeiro, localizado a 363 km do centro desta – distância comparável à existente entre as cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo (430 km). Situa-se mais próximo da capital do estado do Espírito Santo (Vitória). Varre-Sai faz divisa com os municípios de Natividade, Porciúncula, Bom Jesus do Itabapoana e Guaçuí, este já no estado do Espírito Santo, e próximo da divisa com Minas Gerais.
Quarta sede de município mais elevada do estado do Rio de Janeiro, com 700 metros de altitude média, seu relevo varia de ondulado a montanhoso. Situa-se na Serra da Sapucaia, um prolongamento da Serra do Caparaó. Varia de altitudes entre 600 a 1 100 metros. Embora seu relevo seja relativamente baixo se comparado a outras regiões do Brasil, quando comparado com as regiões Norte e Noroeste do estado, Varre-Sai apresenta características únicas. É conhecido como a "Petrópolis do Noroeste" por sua altitude e clima bem parecidos a Petrópolis.
Outra característica marcante sua é que, diferente de seus vizinhos, a cidade, no perímetro urbano, não é cortado por um rio e sim um pequeno valão denominado Ribeirão Santa Cruz, embora faça parte da bacia hidrográfica do Rio Itabapoana, através do Rio da Prata, que inclusive dá nome à localidade de Santa Rita do Prata. Este rio, devido ao seu curso acidentado, é muito utilizado para produção de energia elétrica.
Sua composição étnica é formada principalmente por descendentes de italianos (setenta por cento da população), portugueses, sírio-libaneses, negros, e índios. Embora a maior parte de sua população viva na área urbana, cerca de 40 por cento da população vive na zona rural. Sua população, em sua imensa maioria, professa a religião católica, novamente contrariando uma característica do Estado do Rio de Janeiro, que é considerado um dos estados menos católicos do país. Os não católicos professam religiões protestantes, espíritas, ou não têm religião.
Clima.
Seu clima é tropical de altitude, com verões frescos e invernos mais frios se comparado a outros municípios da região. Uma característica é a neblina na época do inverno, que costuma cobrir a cidade nas madrugadas e na parte da manhã. Esta neblina, após se dissipar, deixa o tempo aberto durante todo o dia com temperaturas amenas. Às vezes, não passa dos 12 graus centígrados. Nas noites, de madrugada, são registradas as mínimas mais baixas. Com média anual de 19 graus centígrados (na sede), pode ter médias bem menores nas áreas mais elevadas da zona rural.
Suas médias máximas sobem para 24,6 graus centígrados, com temperatura máxima rara de 35,9 graus centígrados, enquanto que as médias mínimas ficam em torno de 14,2 graus centígrados, com mínimas raras na sede de 1 grau Celsius ou menos, chegando próximo a 0 grau Celsius nas áreas mais elevadas do município, onde já ocorreram registros de geadas. Já foi relatada temperatura de -0,6 grau Celsius em 1975, embora não seja um dado oficial e seja um caso extremamente raro.
Economia.
Possui 4 bancos, sendo que o Banco do Brasil é o maior deles, responsável por mais de 90% do crédito agrícola local.
A principal atividade econômica é a cafeicultura, responsável por um terço do produto interno bruto do município. Abragendo cerca de 38,4 por cento do parque cafeeiro do Estado do Rio de Janeiro, Varre-Sai se destaca como o maior produtor estadual de café, produzindo algo próximo a duzentas mil sacas de café, tipo arábica, por ano.
A pecuária também é importante fonte econômica. Destaca-se ainda a vocação do município para o turismo rural e ecoturismo, com seus produtos artesanais, como vinho de jabuticaba, queijo, doces, licores, cachaça (produto que já foi exportado para outros países) e artigos em geral.
Filho ilustre.
Varre-Sai é a cidade natal do violonista Baden Powell de Aquino, um dos principais nomes da música brasileira.
Turismo.
Além das festas, Varre-Sai detém um imenso potencial turístico para o turismo rural e o turismo de aventura. Dispõe de Pousadas rurais com chalés, restaurante, cavalgada e rampa para asa delta. No município, existem cachoeiras, matas e grutas que favorecem a prática de esportes. No 3M, morro sagrado para os praticantes de parapente, existe um desnível com a vizinha Bom Jesus do Querendo-Natividade de mais de 600 metros.
Há, também, passeios aos pontos mais elevados do município, como o Morro da Malacacheta, a apenas 3 km do centro da cidade, com seus 1 020 metros de altitude (embora o ponto culminante encontre-se na comunidade da Jacutinga, com aproximadamente 1 100 metros, este pertencente à Paróquia de Nossa Senhora das Graças, chamado Alto do Santo Cristo, um dos locais mais visitados hoje em dia devido à bela visão de todo o redor que proporciona (local de afluência de devotos e esportistas). Existem, no município, pelo menos 8 pontos que superam os mil metros de altitude; 10 que superam os novecentos, com destaque para o Morro do Pirozzi, com 970 metros; e inúmeros pontos que superam os oitocentos de altitude, com destaque para o morro da Torre, com 890 metros e o Morro do Calvário, com 840 metros.
As fazendas do ciclo do café, algumas centenárias, conservam toda sua imponência da época aúrea do café. Já na cidade, destacam-se as adegas de vinho de jabuticaba, com seu processo artesanal, seus bares e botecos, suas praças e a arquitetura das igrejas e das casas do Centro, algumas centenárias e das mais conservadas do Noroeste Fluminense. Além do Vilagge Club de Varre-Sai.
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1918 | Vitória (Espírito Santo) | Vitória (Espírito Santo)
Vitória é um município brasileiro, capital do estado do Espírito Santo, na Região Sudeste do país. É uma das três capitais do país cujo centro administrativo e a maior parte do município estão localizados em uma ilha, no caso, a Ilha de Vitória (as outras ilhas-capitais são Florianópolis, em Santa Catarina, e São Luís, no Maranhão). Situada a 20º19'09' de latitude sul e 40°20'50' de longitude oeste, Vitória limita-se ao norte com o município da Serra, ao sul com Vila Velha, a leste com o Oceano Atlântico e a oeste com Cariacica.
Com uma população de 369 mil habitantes, segundo estimativas de 2021 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cidade é a quarta mais populosa do estado (atrás dos municípios limítrofes de sua região metropolitana: Vila Velha, Serra e Cariacica) e integra uma metrópole denominada Grande Vitória, com cerca de 2 milhões de habitantes. Vitória é cercada pela Baía de Vitória e é uma ilha de tipo fluviomarinho, mas outras 34 ilhas e uma porção continental também fazem parte do município, perfazendo um total de 93,381 km². Originalmente eram 50 ilhas, muitas das quais foram agregadas por meio de aterro à ilha maior.
A cidade tem o 5.º melhor índice de desenvolvimento humano (IDH) entre todos os municípios brasileiros. Em 2015, foi considerada a 2.ª melhor cidade para se viver no Brasil pela Organização das Nações Unidas (ONU). Em uma pesquisa de 2017, Vitória foi classificada como a terceira melhor capital brasileira para se viver.
A capital capixaba também foi eleita a cidade com o melhor capital humano do Brasil, segundo a revista "Exame". Segundo estudo do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon feito em 2017, a cidade é a 9ª melhor cidade para se envelhecer no país. Além disso, Vitória tem o melhor índice de bem-estar urbano entre as capitais brasileiras e possui sete entre os 20 melhores bairros de todo país por IDH-M.
História.
Primeiros povos.
[[Imagem:VitoriaOldTownHouses.jpg|thumb|esquerda|Centro histórico.]]
No , quando os primeiros exploradores portugueses chegaram à região da atual Vitória, a mesma era disputada por três grupos [[Povos indígenas do Brasil|indígenas]] diferentes: os [[Goitacases|goitacás]] (procedentes do sul), os [[aimorés]] (procedentes do interior) e os [[tupiniquins]] (procedentes do norte). O [[donatário]] português da [[capitania do Espírito Santo]], [[Vasco Fernandes Coutinho]], fundou, em 1535, a atual cidade de [[Vila Velha]], que passou a ser a capital da capitania.
Devido aos constantes ataques indígenas, [[França|franceses]] e [[Holanda|holandeses]] à cidade fundada por Coutinho, os portugueses decidiram transferir a capital da capitania para a [[Ilha de Santo Antônio]], na [[Baía de Vitória]]. A ilha era chamada pelos índios de Ilha de Guanaani. Em 8 de setembro de 1551, após uma vitória portuguesa contra os goitacás e aimorés, a cidade foi renomeada como Vila da Vitória, nome posteriormente alterado para Vitória em 17 de março de 1823.
Consolidação.
[[Imagem:Vitória-ES 1903.JPG|thumb|esquerda|Vista da cidade de Vitória (c. 1903)]]
Até o , os limites da capital capixaba eram o atual [[Forte de São João (Espírito Santo)|Forte de São João]], onde atualmente está localizado o [[Clube de Regatas Saldanha da Gama]], próximo ao Centro da cidade, e o morro onde funciona o atual hospital da [[Santa Casa de Misericórdia]], no bairro Vila Rubim. A cidade foi sendo construída nas partes altas, o que deu origem a diversas ruas estreitas. A parte de baixo foi sujeita a ataques e, devido a isso, foram construídos vários fortes na beira do mar.
[[Ficheiro:Vitória (ES), 1937.tif|esquerda|miniaturadaimagem|Vitória em 1937. [[Arquivo Nacional (Brasil)|Arquivo Nacional.]]]]
Em 24 de fevereiro de 1823 (17 de março de 1829), a vila de Vitória foi elevada a cidade, mas seu isolamento insular evitava seu desenvolvimento. A partir do ano de 1894, com o ciclo do café, iniciaram-se, na ilha, diversos aterros nas partes baixas da cidade, alterando a forma da ilha e modernizando-a. Foram construídos, após disso, diversos bairros e escadarias e foram derrubados casarões. Além disso, foi melhorado o saneamento.
Em 1941, surgiu o primeiro cais na capital e, em 1927, a ponte que ligou a ilha ao continente. O porto se desenvolveu. Em 1949, foram feitos mais aterros e foram construídas amplas avenidas. Depois dessas várias mudanças, a cidade tornou-se o maior centro do Espírito Santo. Em 1970, o [[Porto de Vitória]] se tornou um dos mais importantes do país, e a capital começou a se industrializar. A modernização da ilha gerou o desaparecimento de quase todos os vestígios da [[Brasil Colônia|Colônia]] e do [[Brasil Império|Império]] na ilha.
Geografia.
[[Imagem:Parque da Fonte Grande 02.jpg|thumb|esquerda|A cidade vista do [[Parque da Fonte Grande]].]]
Seu litoral é bem recortado e, além de larga costa, Vitória possui 40% do território coberto por morros, dificultando o crescimento das áreas urbanizadas do município e fazendo com que o município tenha muitos [[Bairro nobre|bairros nobres]] e as cidades vizinhas, que possuem menor índice de desenvolvimento humano, mais regiões suburbanas.
O relevo das ilhas é um prolongamento do continente, de constituição granítica, circundado pelo mar e áreas de mangue e restinga. O maciço central da ilha de Vitória, o Morro da Fonte Grande, possui altitude de 308,8 metros. Os principais afloramentos graníticos são a Pedra dos Dois Olhos, com 296 metros, e o Morro de São Benedito, com 194 metros de altitude. O ponto mais alto da cidade é o Pico do Desejado, na [[Ilha de Trindade (Espírito Santo)|ilha de Trindade]], com 601 metros de altitude.
A [[Ilha das Caieiras]] teve origem com o primeiro donatário da capitania do Espírito Santo, [[Vasco Fernandes Coutinho]], durante a colonização do estado. O [[Penedo de Vitória]], com 136 metros de altura, é o símbolo máximo da [[baía de Vitória]]. A cidade administra a [[Ilha de Trindade (Espírito Santo)|Ilha de Trindade]] e a [[Ilha de Martim Vaz]], a 1100 km da costa, que são importantes bases meteorológicas por causa de sua posição estratégica: localizam-se em área de dispersão de massas de ar.
De acordo com a [[Regiões geográficas intermediárias e imediatas|divisão regional vigente]] desde 2017, instituída pelo IBGE, o município pertence às [[Lista de regiões geográficas intermediárias e imediatas do Espírito Santo|Regiões Geográficas]] Intermediária e Imediata de Vitória. Até então, com a vigência das divisões em [[Mesorregiões e microrregiões do Brasil|microrregiões e mesorregiões]], fazia parte da microrregião de Vitória, que por sua vez estava incluída na [[Lista de mesorregiões e microrregiões do Espírito Santo|mesorregião Central Espírito-Santense]].
Clima.
O clima da cidade é tropical, com temperatura média anual de 25 °C e ocorrência de precipitações pluviométricas, principalmente nos meses de outubro a janeiro. As temperaturas podem variar muito no inverno, podendo chegar aos 30 °C em épocas de grande seca, e 20 °C quando ocorrem tempestades. Devido à [[Corrente das Malvinas|Corrente Fria das Malvinas]], Vitória empata com o [[Rio de Janeiro]] como a capital brasileira com menores taxas de precipitação pluviométrica, sendo que na cidade é de aproximadamente milímetros.
Vitória é a cidade que apresenta as menores amplitudes térmicas de todo o [[Espírito Santo (estado)|Espírito Santo]], porém é uma das cidades mais quentes do estado, devido à poluição e à grande aglomeração de prédios, além das várias montanhas na ilha, que bloqueiam o vento sul, que tradicionalmente ocorre em dias mais frios. Essa variação térmica pode ser facilmente notada comparando as temperaturas de Vitória com as da cidade vizinha de [[Vila Velha]], notando-se em todas as épocas do ano, especialmente no inverno, que as mínimas de Vila Velha são de um a três graus celsius menores que as de Vitória e, às vezes, até as máximas são menores um ou dois graus.
Segundo dados da [[estação meteorológica]] oficial do [[Instituto Nacional de Meteorologia]] (INMET) de Vitória, no bairro [[Ilha de Santa Maria (Vitória)|Ilha de Santa Maria]], desde 1931 a menor temperatura registrada em Vitória foi de em 15 de julho de 1951, contudo o recorde absoluto ocorreu antes desse período, em 21 de julho de 1929, quando a mínima foi de . A maior temperatura atingiu em 25 de fevereiro de 2006. O maior acumulado de precipitação em 24 horas chegou a em 19 de março de 1975. Outros acumulados iguais ou superiores a foram: em 18 de maio de 2019, em 24 de junho de 1969 em 6 de janeiro de 2004, em 19 de março de 2013, em 10 de janeiro de 1992 e nos dias 12 de dezembro de 1977 e 9 de novembro de 2018. Desde 1961, dezembro de 2013 foi o mês de maior precipitação, com acumulados.
Demografia.
Vitória é a segunda capital brasileira com a melhor qualidade de vida, de acordo com as pesquisas da [[Fundação Getúlio Vargas]], esta mesma instituição de pesquisa também afirma que Vitória é a 9º melhor cidade do Brasil para trabalhar. A capital do [[Espírito Santo (estado)|Espírito Santo]] tem a maior renda "per capita" entre as capitais do Brasil. Vitória e [[Florianópolis]], em [[Santa Catarina]], são as únicas capitais estaduais no Brasil que não são as cidades mais populosas de seus respectivos estados.
Segundo o censo de 2010, 158.179 vitorienses (48%) se autodeclaram como [[Brasileiros brancos|brancos]], 136.704 (42%) como [[pardos]], 29.653 (9%) como [[Afro-brasileiros|negros]], 2.062 (0,62%) como [[Brasileiros asiáticos|amarelos]] e 1.203 (0,38%) como [[Povos indígenas do Brasil|indígenas]].
Religião.
[[Imagem:Centro, Vitória - ES, Brazil - panoramio (8).jpg|thumb|esquerda|upright|[[Catedral Metropolitana de Vitória]].]]
O [[catolicismo]] é a religião mais professada em Vitória, assim como em todo o [[Espírito Santo (estado)|Espírito Santo]], e de maior influência política e social. [[Nossa Senhora da Penha]] é considerada pelos [[católicos]] a padroeira do Espírito Santo. Entre os principais templos católicos da cidade, estão a [[Capela de Santa Luzia (Vitória)|Capela de Santa Luzia]] (erguida no , é a construção mais antiga do município); a [[Igreja de São Gonçalo (Vitória)|Igreja de São Gonçalo]] (construída em 1766 pelas irmandades de Nossa Senhora do Amparo e da Boa Morte); a [[Igreja de Nossa Senhora do Rosário (Vitória)|Igreja do Rosário]] (tombada pelo patrimônio histórico, foi erguida no ); a [[Igreja e Convento do Carmo]] (fundada em 1682 pelos padres [[carmelitas]]), a [[Basílica-Santuário de Santo Antônio]] (construída na década de 1960 pelos padres pavonianos) e a [[Catedral Metropolitana de Vitória]], cuja construção foi iniciada na década de 1920.
Entre os [[Evangelicalismo|evangélicos]], a maior denominação de Vitória é a [[Assembleias de Deus (Brasil)|Assembleia de Deus]] em suas várias ramificações, seguida da [[Igreja Cristã Maranata]] e da multifacetada [[Igreja Batista]]. Há ainda uma forte presença da [[Igreja do Evangelho Quadrangular]] nos bairros de periferia. Entre os [[Protestantismo|protestantes]] destaca-se a [[Igreja Presbiteriana do Brasil]], que desenvolve relevante projeto social através do Instituto Sarça e a [[Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil]], com o renomado Colégio Martim Lutero.
O número de adeptos do chamado cristianismo de fronteira ([[Restauracionismo]]), ou seja, com ensinos bem diferentes das demais vertentes cristãs cresce rapidamente com as [[Testemunhas de Jeová]] e Santos dos Últimos Dias, conhecidos como [[Mórmons]], além da grande representatividade já estabelecida pela [[Igreja Adventista do Sétimo Dia]], que possui o não menos conhecido educandário Colégio Adventista e a emissora de [[rádio Novo Tempo]].
Existe uma pequena comunidade grega na cidade, pertencentes à [[Igreja Ortodoxa Grega]]. Tem-se ainda uma considerável parcela de [[Espiritismo|espíritas]] e [[Irreligião|não-religiosos]]. Conta também com seguidores do budismo, islamismo, rosacruz, seicho-no-iê, fé baha'í, união do vegetal (santo daime), umbanda, candomblé, entre outras.
Governo e política.
[[Imagem:PALÁCIO ANCHIETA.jpg|thumb|[[Palácio Anchieta (Espírito Santo)|Palácio Anchieta]], sede do governo e patrimônio cultural de Vitória.]]
[[Imagem:Assembleia Legislativa do Espírito Santo.jpg|thumb|[[Assembleia Legislativa do Espírito Santo]].]]
A administração municipal se dá pelo [[poder executivo]] e pelo [[poder legislativo]]. O primeiro a governar o município foi Ceciliano Abel de Almeida, que ficou no cargo de intendente entre fevereiro e setembro de 1909. Atualmente o prefeito municipal é [[Lorenzo Silva de Pazolini|Lorenzo Pazolini]], do partido [[Republicanos (partido político)|Republicanos]], que foi eleito nas [[Eleições municipais no Brasil em 2020|eleições municipais em 2020]] no segundo turno com 58,50%, somando 102.466 votos.
O [[poder legislativo]] é constituído pela [[Câmara municipal (Brasil)|câmara]], composta por 17 vereadores eleitos para mandatos de quatro anos (em observância ao disposto no artigo 29 da Constituição) e está composta da seguinte forma: quatro cadeiras do [[Partido Popular Socialista]] (PPS); duas cadeiras do [[Partido Socialista Brasileiro]] (PSB); duas cadeiras do [[Partido Democrático Trabalhista]] (PDT); duas do [[Partido Trabalhista Brasileiro]] (PTB); uma cadeira do [[Partido da Social Democracia Brasileira]] (PSDB); uma do [[Partido Social Democrático (2011)|Partido Social Democrático]] (PSD); uma do [[Partido Social Cristão]] (PSC); uma do [[Partido Verde (Brasil)|Partido Verde]] (PV) e uma do [[Partido Progressista (Brasil)|Partido Progressista]] (PP). Cabe à casa elaborar e votar leis fundamentais à administração e ao executivo, especialmente o orçamento participativo (Lei de Diretrizes Orçamentárias).
Cidades-irmãs.
Vitória possui as seguintes [[Geminação de cidades|cidades-irmãs]]:
Subdivisões.
[[Imagem:Avenida Saturnino de Brito .jpg|thumb|Avenida Saturnino de Brito, Orla da Praia do Canto e Ilha do Frade]]
[[Imagem:Webysther 20131027155223 - Ilha do Boi.jpg|thumb|O bairro residencial nobre de Ilha do Boi, que, a rigor, deixou de ser uma ilha devido a sucessivos aterros.]]
[[Imagem:AMR-PRAIA DE CAMBURI VISTO A BORDO DE UM JATO DA GOL - panoramio.jpg|thumb|Foto aérea da região da Praia de Camburi.]]
[[Imagem:Favelas em Vitória ES.JPG|thumb|[[Favela]]s na periferia da cidade.]]
[[Imagem:Vitória-ES - panoramio.jpg|thumb|[[Enseada do Suá]].]]
[[Imagem:Canal de Camburi - Praia do Canto, Vitória-ES Brasil - panoramio.jpg|thumb|Canal de Camburi, Barro Vermelho.]]
Regiões administrativas.
Vitória é subdividida em oito partes em termos, chamadas de regiões administrativas, sendo elas: I - Zona Sul (Centro); II - Santo Antônio; III - Jucutuquara; IV - Maruípe; V - Zona Leste (Praia do Canto); VI - Zona Norte (Continental); VII - Zona Oeste (São Pedro) e; VIII - Jardim Camburi.
Bairros.
A capital capixaba conta com 79 bairros distribuídos pela ilha e região continental. Os bairros mais nobres, como [[Jardim da Penha]], [[Praia do Canto]], Barro Vermelho, [[Enseada do Suá]], [[Ilha do Frade]], [[Ilha do Boi]], [[Jardim Camburi]], Bento Ferreira e [[Mata da Praia]], estão situados ao norte e ao leste, e os mais carentes do município à oeste da [[Ilha de Vitória]], tais como: Resistência, Nova Palestina, São Pedro, Estrelinha, entre outros.
Outros 4 bairros faziam parte legalmente da cidade, porém a partir de 2012, são administrados e pertencem a cidade vizinha de Serra, são eles: Bairro de Fátima, Eurico Salles, Conjunto Carapina e Hélio Ferraz.
Economia.
[[Imagem:Tree Map-Atividades Economicas em Vitoria (2012).png|thumb|esquerda|upright=1.3|Atividades Econômicas em Vitoria - (2012)]]
O [[Produto Interno Bruto]] (PIB) de Vitória é o [[Lista de municípios do Brasil por PIB|31.º maior de todo o país]]. De acordo com dados do IBGE, relativos a 2014, o PIB do município era de R$ . O [[PIB per capita|PIB "per capita"]] era de R$ , o maior do Brasil.
Desde 2004, a Prefeitura Municipal de Vitória dispõe da maior receita pública anual dentre todas as capitais do País, tanto pelo critério de receita por habitante como pelo critério de receita por área territorial.
Em 2017, a cidade foi considerada a 7ª melhor para investimentos financeiros no [[continente americano]] em 2015. Estudos também mostram que a capital capixaba é a 3ª melhor cidade do Brasil para abrir um negócio.
[[Imagem:Visita à vale do rio doce - panoramio.jpg|thumb|Terminal da [[Vale SA]] no [[Porto de Vitória]].]]
A economia de Vitória é voltada para as atividades portuárias, ao comércio ativo, a indústria, a prestação de serviços e também ao turismo de negócios. A capital capixaba conta com dois portos que são dos mais importantes do país: o [[Porto de Vitória]] e o [[Porto de Tubarão]]. As indústrias mais importantes da capital são a [[ArcelorMittal Tubarão]] (antiga CST) e [[Vale SA]] (antiga CVRD/Companhia Vale do Rio Doce). Esses portos, junto com vários outros do estado, formam o maior complexo portuário do [[Brasil]].
O principal "shopping center" da capital é o Shopping Vitória, inaugurado em 1993, contando atualmente com aproximadas 300 lojas. Recentemente, o empreendimento do Grupo Buaiz perdeu o posto de maior shopping center do Espírito Santo para o Shopping Vila Velha, da BRMalls, localizado na cidade vizinha [[Vila Velha]] e inaugurado em agosto de 2014. Em Vitória também há também o Shopping Norte Sul, com 110 lojas e empreendimentos de portes menores, como o Centro da Praia Shopping, o Boulevard da Praia, entre outros. Há também o cultural e charmoso Shopping Jardins, localizado no bairro Jardim da Penha, que foi construído por uma das maiores construtoras do Espírito Santo, o Grupo Proeng, que é quem o administra.
Infraestrutura.
Segurança.
[[Imagem:Policiais militares voltam a patrulhar as ruas de Vitória 14.jpg|thumb|esquerda|Soldados da [[Polícia Militar do Estado do Espírito Santo|Polícia Militar do Espírito Santo]] nas ruas de Vitória.]]
O município criou, no ano de 2003, a Guarda Civil Municipal de Vitória, através da Lei Municipal 6 033/2003. A Gerência de Proteção Comunitária é responsável, dentro da estrutura da Guarda Municipal de Vitória, com os agentes comunitários de segurança, pelo patrulhamento municipal, atuando nas principais orlas (praias), parques e praças da cidade, além de estarem sempre presente nas escolas e creches municipais, com o intuito de dirimir conflitos, assim como nos pontos turísticos tradicionais e eventos culturais, mantendo a ordem e encaminhando à autoridade policial, os casos em flagrante delito.
No mês de abril do ano de 2008, foi a primeira Guarda Municipal que teve aprovado, junto à Polícia Federal, o emprego de armamento segundo o que diz a Lei 10 826, de 2003 (estatuto do desarmamento), sendo a primeira guarda municipal do país a atuar legalmente armada sem precisar recorrer ao poder judiciário através de mandado de segurança ou "habeas corpus" preventivo.
Os guardas de Vitória estão aptos a orientarem a população e seus visitantes inclusive com informações turísticas. Atualmente, o efetivo é de 200 agentes comunitários de segurança (farda azul) realizando ronda permanente no território municipal, em viaturas, motocicletas, bicicletas, quadriciclos e no patrulhamento ostensivo a pé. A previsão é de se ampliar o efetivo para 500 agentes.
Transportes.
[[Imagem:Terceira Ponte Imagem40.jpg|thumb|A [[Terceira Ponte]], principal ligação entre Vitória e [[Vila Velha]]]]
[[Imagem:Novo Aeroporto de VIX.png|thumb|[[Aeroporto Eurico de Aguiar Salles]] (VIX)]]
[[Imagem:Av. Fernando Ferrari - Vitória-ES Brasil - panoramio.jpg|thumb|Avenida Fernando Ferrari.]]
[[Imagem:Fachada_do_Terminal_Rodoviário_Carlos_Alberto_Vivácqua_Campos,_Vitória_ES.JPG|thumb|Terminal Rodoviário Carlos Alberto Vivácqua Campos.]]
A cidade possui dois sistemas de transporte urbano. O municipal e o [[Sistema Transcol]], da [[Região Metropolitana da Grande Vitória|Grande Vitória]], eram separados até 2017, quando começou um processo de integração do sistema municipal ao Transcol, que foi concluído em 2021. O municipal funciona somente no município e é conhecido pelos moradores como "verdinhos", devido à cor predominante nos ônibus antes da integração ao Sistema Transcol. A frota municipal está dividida em três empresas de ônibus operando 52 linhas convencionais e duas linhas seletivos com ar condicionado. O sistema de cobrança de passagens é de bilhetagem eletrônica e em dinheiro e possui atendimento em todos os bairros da cidade. O [[Sistema Transcol]] liga a capital às outras cidades da [[Grande Vitória]], sendo que as linhas percorrem os principais corredores, como a Avenida Vitória e Avenida Beira Mar. Alguns bairros e regiões da cidade, por ficarem fora dos eixos das avenidas principais, possuem linhas especificas, como Jardim Camburi, que é interligado ao Terminal de Carapina e ao de Laranjeiras, no município da Serra, através da linha 800; e a Grande São Pedro e a Grande Santo Antônio, que são atendidas pelas linhas 518 e 535, interligando-as aos terminais Ibes, em Vila Velha, Jardim América e Campo Grande, em Cariacica, e Carapina (Serra). O sistema possui terminais em três das sete cidades da Região Metropolitana. A Capital, porém, não conta mais com terminais do sistema Transcol desde a extinção do Terminal Dom Bosco, em 2009.
O acesso à cidade se dá pelas vias aérea, marítima, rodoviária ou ferroviária. As principais estradas que ligam a cidade são a [[BR-101]], principal rodovia brasileira, que passa pela Região Metropolitana da Grande Vitória, a [[BR-262]], que liga o [[Região Centro-Oeste do Brasil|Centro-Oeste]] e [[Minas Gerais]] com Vitória, e a [[Rodovia do Sol]], ES-060, que faz a ligação com o litoral sul do Estado. A [[Estrada de Ferro Vitória a Minas]] dá suporte ao corredor centro-leste e também transporta passageiros da Região Metropolitana até [[Belo Horizonte]]. O acesso marítimo é feito por pequenas embarcações até grandes cargueiros dos mais diversos países, e também por cruzeiros marítimos, que fazem escalas no [[Porto de Vitória]]. Sendo uma ilha com uma geografia recortada, a cidade possui seis pontes, dentre as quais se destacam a Darcy Castelo de Medonça (mais conhecida como [[Terceira Ponte]]), a Desembargador Paes Barreto, a Florentino Avidos e a Ponte do Príncipe. O Terminal Rodoviário Carlos Alberto Vivácqua Campos, é um dos principais terminais da cidade.
O [[Aeroporto Eurico de Aguiar Salles]] localiza-se na parte continental da cidade e é o principal aeroporto do [[Espírito Santo (estado)|Espírito Santo]]. Opera voos nacionais e internacionais (para passageiros, apenas voos nacionais) e tem capacidade para receber aviões de médio e grande porte. Costumam operar no aeroporto jatos executivos e [[helicópteros]]. Conta com voos diretos para os aeroportos de [[Aeroporto Internacional de Congonhas/São Paulo|Congonhas (São Paulo)]], [[Aeroporto Internacional de Guarulhos|Guarulhos (São Paulo)]], [[Aeroporto Santos Dumont|Santos Dumont (Rio de Janeiro)]], [[Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro-Galeão|Galeão]], [[Aeroporto Internacional de Belo Horizonte-Confins|Confins (Belo Horizonte)]], [[Aeroporto Internacional de Brasília|Brasília]], [[Aeroporto Internacional de Salvador|Salvador]], [[Aeroporto de Viracopos|Campinas]], [[Recife]], [[Fortaleza]] e [[Goiânia]].
A cidade possui dois portos: o [[Porto de Vitória]] e o de [[Porto de Tubarão|Tubarão]]. O Porto de Vitória é situado no Centro da capital e atinge uma profundidade de aproximadamente 12,50 metros. É composto de cerca de 13 berços de atracação voltados para a movimentação de cargas diversas. Como está situado no centro da cidade, o acesso por meio terrestre também é complicado, com restrições de horários devido ao trânsito, o que explica a baixa movimentação de cargas. Atualmente é mais utilizado para reparos em navios/plataformas de petróleo, recebimento de cruzeiros marítimos e shows de médio porte. Já o Porto de Tubarão foi projetado na década de 1960, pela [[Companhia Vale do Rio Doce]], quando o cais de Minério de Paul dava os primeiros sinais de saturação. Inaugurado em 1966, no Governo [[Humberto de Alencar Castelo Branco|Castelo Branco]], o Porto de Tubarão teve sua capacidade de embarque ampliada aos poucos até atingir 80 milhões de toneladas/ano, na última década. É especializado na exportação de minério de ferro, mas nos últimos anos implantou silos para armazenagem de grãos e farelo de soja. Fica localizado no final da orla da Praia de Camburi. O Porto de Tubarão é considerado desde sua inauguração como o melhor porto do Brasil e um dos maiores em atividades do país.
Na [[Estação Pedro Nolasco]], localizada em Cariacica, na Grande Vitória, situa-se o final da [[Estrada de Ferro Vitória a Minas]], que tem seu início em Belo Horizonte. Uma viagem completa dura 13 horas e 10 minutos. O trajeto é marcado pela paisagem das serras e pela beleza exuberante da [[Mata Atlântica]]. A ferrovia pertence à mineradora [[Vale S.A.|Vale]].
Comunicação.
Os principais meios de comunicação que os vitorienses utilizam são a [[internet]], a [[televisão]], as rádios, os jornais impressos e as telefonias fixa e móvel. Há, na capital, emissoras afiliadas a outras, sendo as principais: [[TVE ES]] ([[Rede Pública]]) - Canal 2, [[TV Gazeta Vitória|TV Gazeta]] ([[Rede Globo|Globo]]) - Canal 4, [[TV Vitória]] ([[RecordTV]]) - Canal 6, [[TV Tribuna (Vitória)|TV Tribuna]] ([[SBT]]) - Canal 7, [[TV Capixaba]] ([[Rede Bandeirantes|Band]]) - Canal 10, A ([[RedeTV! ES]]) - Canal 18, fica localizada no município vizinho de [[Vila Velha]].
Vários jornais diários circulam pela cidade, além dos semanais e jornais online, entre os quais: A Gazeta, A Tribuna, Metro, Notícia Agora, Gazeta OnLine, Diário Net, ES Hoje, Século Diário, Folha Vitória, Informe Síndico. As principais empresas responsáveis pela telefonia fixa em Vitória são a [[Oi (empresa)|Oi]], a [[Embratel]], a [[TIM]], a [[Vivo]] e a [[GVT]]. As operadoras de telefonia móvel que fazem cobertura na região são a Oi, a Vivo, a [[Telecom Italia Mobile|Tim]], a [[Claro]] e a [[Nextel]]. A cidade também tem dezenas de rádios que podem ser captadas em outras cidades e até por estados vizinhos.
Educação e saúde.
[[Imagem:PPGFIS - UFES.JPG|thumb|esquerda|Prédio da Pós Graduação em Física (PPGFIS) da [[Universidade Federal do Espírito Santo]] (UFES).]]
[[Imagem:Emescam1.jpg|thumb|esquerda|[[Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória]].]]
No ensino médio, Vitória possui uma escola entre as melhores instituições do Brasil. No ENEM 2007 o [[Instituto Federal do Espírito Santo|IFES]] - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo ficou em 13º lugar entre as escolas públicas. As principais instituições de ensino superior, com o bairro de localização na cidade são: a [[Universidade Federal do Espírito Santo]] (UFES), o [[Instituto Federal do Espírito Santo]] (IFES) e a Faculdade de Música do Espírito Santo (FAMES). Entre as instituições privadas, destacam-se as [[Faculdades Integradas de Vitória]] (FDV), as Faculdades Integradas Espírito-Santenses (FAESA) e a [[Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória]] (EMESCAM), entre outras.
De acordo com o IDSUS (Índice de Desempenho do Sistema Único de Saúde) utilizado pelo [[Ministério da Saúde (Brasil)|Ministério da Saúde]] para avaliar a qualidade e o acesso ao sistema público de saúde em todos os municípios brasileiros, Vitória foi considerada a capital com melhor saúde pública do país. A cidade de Vitória obteve nota 7,08 de um total de 10 pontos possíveis, desempenho bem acima da média nacional que foi de 5,47, de acordo com o estudo realizado pelo Ministério da Saúde (MS). Vitória possui 30 unidades básicas, 2 Pronto Atendimento 24 horas e 1 centro de especialidades, além de centros de referências e polos de academia espalhados por toda a cidade, a lista pode ser conferida no site da cidade. Para melhorar o atendimento à população, a prefeitura de Vitória informatizou todos os equipamentos de saúde do município, agilizando o acesso à informação, a organização e o controle por parte das unidades de saúde. Além disso, Vitória é a primeira cidade do país a tornar lei a obrigatoriedade do uso do prontuário eletrônico do paciente (PEP) juntamente com o uso de assinatura digital no padrão ICP-Brasil, Lei 8.601 de 2013. O sistema informatizado denominado "Rede Bem Estar", também permitiu agilizar procedimentos administrativos, gerenciais, de atendimento e acesso à informação de pacientes. Além disso, o sistema armazena o prontuário eletrônico com os dados do atendimento prestado ao paciente em todo o município, aumentando a segurança tanto para pacientes e profissionais, como é o caso do atestado médico que é emitido utilizando [[QR Code]], o que permite que o documento seja validado (verificado sua autenticidade) sempre que desejado através da internet.
Em levantamento realizado pela consultoria Urban Systems, em parceria com a revista Exame, que mapeou mais de 700 cidades com o objetivo de definir as que têm maior potencial de desenvolvimento do Brasil a capital capixaba ocupa a primeira posição no segmento de saúde. Com a nota 4,4, Vitória ficou no topo do ranking de saúde das cidades inteligentes. O sistema Rede Bem Estar contribuiu para alcançar o resultado. Implantado em toda a rede municipal de saúde, o sistema interliga os equipamentos (unidades de saúde, prontos-atendimentos, farmácias, laboratórios, consultórios odontológicos, centros de referência, de especialidades e prestadores de serviço) em um único sistema. O sistema permitiu aumentar a quantidade de atendimentos na rede pública municipal e também oferece aos paciente a oportunidade de avaliar os serviços através de torpedo ([[Serviço de mensagens curtas|SMS]]). A avaliação de atendimento por SMS, permite ao usuário avaliar quantitativamente e qualitativamente todos os atendimentos de saúde e, a partir dessas notas, a Secretaria Municipal de Saúde (Semus) identifica possíveis problemas e adota medidas de correção para a melhoria da gestão dos serviços.
A saúde pública conta com a Associação Beneficente Pró-Matre de Vitória, que é um [[hospital]] especializado em maternidade. É uma entidade filantrópica sem fins lucrativos. Fundada em 1938, na época com endereço à Rua Dom Fernando, na Cidade Alta, centro da cidade. Tem por finalidade atender mães carentes, sendo mantida por doações. Atualmente funciona na Avenida Vitória, bairro Forte de São João, ao lado do Colégio Salesiano. Durante a [[década de 1980]] a maternidade, que à época já era cinquentenária e fazia cerca de 20 partos diários, já enfrentava problemas de infra-estrutura e ameaça de fechamentos, mesmo sendo uma das principais unidades de atendimento à população mais pobre da cidade. Em abril de 2019 sofreu com fortes chuvas e ficando alagada, embora não tenha sido necessária a transferência de pacientes.
Cultura.
Teatros e eventos.
[[Imagem:Theatro Carlos Gomes (Vitória, Brasil).jpg|thumb|[[Theatro Carlos Gomes (Vitória)|Theatro Carlos Gomes]].]]
Geralmente os espetáculos na cidade são feitos na Praça do Papa, que tem capacidade para aproximadamente 25 000 pessoas. A Praça do Papa, atualmente, é uma das áreas de lazer para a população. Vários também são realizados no Ginásio Álvares Cabral, com capacidade para 6 600 pessoas e localização na avenida Marechal Mascarenhas de Morais, 2 100, em Bento Ferreira. Pequenas apresentações são realizadas no [[Palácio da Cultura Sônia Cabral]] localizado na cidade Alta, próximo ao Palácio Anchieta. O edifício conta com um auditório de 220 lugares e salas para espetáculos ligados à música e às artes cênicas.
Entre os principais teatros da cidade, está o [[Theatro Carlos Gomes (Vitória)|Theatro Carlos Gomes]], construído em 1927, com arquitetura foi inspirada no Teatro Scala, de [[Milão]], [[Itália]], e projetada pelo arquiteto italiano André Carloni, enquanto a cúpula foi feita pelo artista plástico capixaba Homero Massena e no estilo neo-renascentista italiano. O Teatro Universitário é mantido pela [[Universidade Federal do Espírito Santo]], fica no "campus" da universidade, no bairro Goiabeiras. O Teatro Sesi, inaugurado em julho de 2000, denominado "Espaço Cultural Rui Lima do Nascimento", é palco tanto de espetáculos locais quanto de nacionais e é um dos principais espaços de arte teatral do Espírito Santo.
O [[Carnaval de Vitória]] é um evento cultural que tem como seu ponto alto os desfiles das 14 escolas de samba da Grande Vitória (10 do especial e 4 do acesso), sendo 8 do próprio município. Os desfiles são realizados uma semana antes do Carnaval carioca, na passarela do samba popularmente conhecida como Sambão do Povo. A atual campeã é a [[Mocidade Unida da Glória]], do município de Vila Velha. Em 2012, o desfile acontecerá em 3 dias, de quinta a sábado. Há também o carnaval de rua, com desfiles de bandas e blocos.
Museus.
[[Imagem:Museu_Solar_Monjardim_01.jpg|thumb|esquerda|[[Museu Solar Monjardim]].]]
A cidade conta com museus instalados em diversas regiões. Entre eles estão o Museu do Pescador, voltado principalmente para a relação dos moradores com o mar e o manguezal; o [[Museu Capixaba do Negro]], um centro estadual de referência à cultura negra; e a Casa Porto das Artes Plásticas, que promove exposições de artistas locais e nacionais.
O [[Museu Solar Monjardim]] é o único museu federal do estado e possui em seu acervo os mais diversos tipos de objetos como peças de arte sacra, mobiliário, documentos, fotografias, cristais e porcelanas. O Solar Monjardim está atualmente estruturado como um museu-casa, revelando aspectos da vida cotidiana de uma família abastada do século XIX em um casarão que constituía a antiga sede da fazenda Jucutuquara, cuja construção teve início na década de 1780. Este foi o primeiro edifício tombado em nível nacional no Espírito Santo, em 1940.
O [[Museu de Arte do Espírito Santo]] foi construído nos anos de 1924 e 1925, sendo o primeiro de uma série de prédios públicos construídos por [[Florentino Avidos]]. Ele tem um estilo arquitetônico eclético e é tombado pelo Conselho Estadual de Cultura desde 1983. O prédio abrigou serviços públicos e, em 1998, foi inaugurado como o "Museu de Arte do Espírito Santo Dionísio Del Santo". Possui área com cinco salas e hall, além de auditório para 40 pessoas, biblioteca e um vasto acervo. A instituição também oferece exposições de arte e ações educativas como palestras, oficinas, cursos e seminários.
Esportes.
[[Imagem:Vitória x Rio Branco (5399429885).jpg|thumb|Clássico Vi-Rio disputado em 2011.]]
Vitória possui vários eventos esportivos, como o Renault Speed Show, Regata Eldorado Brasilis, Campeonato Brasileiro de Pesca de Arremesso, Torneio Costa Brasil de Pesca Oceânico, Copa Latina de Beach Soccer e Circuito Banco do Brasil de [[Vôlei de Praia]]. Os esportes mais praticados na cidade são o Futebol(Campo, areia e quadra), Vôlei(quadra e areia), Basquetebol, Surf, Pesca de Arremesso, entre outros.
Existem atualmente quatro times profissionais na cidade: Os dois principais clubes são o [[Vitória Futebol Clube (ES)|Vitória Futebol Clube]] e o [[Rio Branco Atlético Clube]]. Juntos contabilizam 46 títulos estaduais e protagonizam o maior e mais antigo clássico do Estado, o Vi-Rio. Os outros dois clubes são: [[Espírito Santo Futebol Clube]] e o [[Doze Futebol Clube]]. Vitória Futebol Clube: Suas cores são o azul e o branco. É o clube mais antigo do estado, fundado em 1912. Possui nove títulos capixabas e é o único clube do estado que possui um título internacional, além de ter participado uma vez do Campeonato Brasileiro da Série A. O "Alvianil da Capital", como é conhecido, possui sua sede no bairro Bento Ferreira, local onde também fica seu estádio, o [[Estádio Salvador Venâncio da Costa]], o Ninho da Águia. Rio Branco Atlético Clube: Suas cores são o preto e o branco. Conhecido como "Capa-preta", o Rio Branco Atlético clube é o maior detentor de títulos estaduais com 37 campeonatos capixabas conquistados. Tem também a maior torcida do estado. Já participou seis vezes da Série A do Campeonato Brasileiro. A sede do clube fica no bairro Santa Lúcia. Atualmente, o clube não possui estádio próprio.
Como o Espírito Santo é um dos estados pioneiros do [[futebol de areia]] no Brasil, Vitória já sediou 3 competições do [[Campeonato Brasileiro de Beach Soccer|Campeonato Brasileiro de Futebol de Areia]] (outras 4 edições também foram realizadas no estado). O jogador natural de Vitória, [[Venícius Ribeiro|Buru]] foi eleito pela FIFA o melhor jogador de futebol de areia do mundo.
Em Vitória, estão sediados cinco clubes de remo: o [[Clube de Natação e Regatas Álvares Cabral|Clube de Regatas Álvares Cabral]], o [[Clube de Regatas Saldanha da Gama]], o Clube Náutico Brasil, o Caxias Esporte Clube e a Associação de Remo Feminino do Espírito Santo. O Espírito Santo já foi berço de muitos atletas de destaque nacional na modalidade. O último a se destacar foi o remador Tiago Almeida, do CR Saldanha da Gama, que integrou a última Seleção Olímpica Brasileira. A cidade de Vitória tem um espaço privilegiado para para os atletas da modalidade. Possui duas raias oficiais de remo: uma na Baía de Vitória e outra no Bairro de Santo de Antônio. A Federação de Remo do Espírito Santo foi fundada pelo professor Paulo Pimenta e é uma das poucas do país que conta com tantos clubes filiados.
Ligações externas.
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1919 | Vinicius de Moraes | Vinicius de Moraes
Marcus Vinícius da Cruz de Mello Moraes (Rio de Janeiro, 19 de outubro de 1913 – Rio de Janeiro, 9 de julho de 1980), mais conhecido como Vinicius de Moraes, foi um poeta, dramaturgo, jornalista, diplomata, cantor e compositor brasileiro.
Poeta essencialmente lírico, o que lhe renderia o apelido "Poetinha", que lhe teria atribuído Tom Jobim, notabilizou-se pelos seus sonetos. Conhecido como um boêmio inveterado, fumante e apreciador do uísque, era também conhecido por ser um grande conquistador.
O Poetinha casou-se por nove vezes ao longo de sua vida e suas esposas foram, respectivamente: Beatriz Azevedo de Melo (mais conhecida como Tati de Moraes), Regina Pederneiras, Lila Bôscoli, Maria Lúcia Proença, Nelita de Abreu, Cristina Gurjão, Gessy Gesse, Marta Rodrigues Santamaria (a Martita) e Gilda de Queirós Mattoso.
Sua obra é vasta, passando pela literatura, teatro, cinema e música. Ainda assim, sempre considerou que a poesia foi sua primeira e maior vocação, e que toda sua atividade artística deriva do fato de ser poeta. No campo musical, o Poetinha teve como principais parceiros Tom Jobim, Toquinho, Baden Powell, João Gilberto, Chico Buarque e Carlos Lyra.
Juventude.
Vinicius de Moraes nasceu em 1913 no bairro da Gávea, no Rio de Janeiro, filho de Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, funcionário da Prefeitura, poeta e violinista amador, e Lydia Cruz de Moraes, pianista amadora. Vinícius é o segundo de quatro filhos, Lygia (1911), Laetitia (1916) e Helius (1918). Mudou-se com a família para o bairro de Botafogo em 1916, onde iniciou os seus estudos na Escola Primária Afrânio Peixoto. Desde então, já demonstrava interesse em escrever poesias. Em 1922, a sua mãe adoeceu e a família de Vinicius mudou-se para a Ilha do Governador, ele e sua irmã Lygia permanecendo com o avô, em Botafogo, para terminar o curso primário.
Vinicius de Moraes ingressou em 1924 no Colégio Santo Inácio, de padres jesuítas, onde passou a cantar no coral e começou a montar pequenas peças de teatro. Três anos mais tarde, tornou-se amigo dos irmãos Haroldo e Paulo Tapajós, com quem começou a fazer suas primeiras composições e a se apresentar em festas de amigos. Em 1929, concluiu o ginásio e no ano seguinte, ingressou na Faculdade de Direito do Catete, hoje Faculdade Nacional de Direito (UFRJ). Na chamada "Faculdade do Catete", conheceu e tornou-se amigo do romancista Otávio de Faria, que o incentivou na vocação literária. Vinicius de Moraes graduou-se em Ciências Jurídicas e Sociais em 1933.
Através de Otávio de Faria, começou a frequentar as reuniões da Ação Integralista Brasileira, movimento brasileiro de cunho nacionalista, na Livraria do Schmidt, chegando a se filiar ao mesmo. Participou inclusive de algumas instruções das Milícias Integralistas no Arsenal de Guerra do Caju. Em maio de 1937, publicou seu "Soneto de Katherine Mansfield" inédito na revista "Anauê!" n.º 15. Foi assinante de vários documentários Shell sobre o Integralismo.
Carreira.
Diplomacia.
Em 1936, obteve o emprego de censor cinematográfico junto ao Ministério da Educação e Saúde. Dois anos mais tarde, Vinicius de Moraes ganhou uma bolsa do Conselho Britânico para estudar língua e literatura inglesas na Universidade de Oxford. Em 1941, retornou ao Brasil empregando-se como crítico de cinema no jornal "A Manhã". Tornou-se também colaborador da revista "Clima" e empregou-se no Instituto dos Bancários.
No ano seguinte, foi reprovado em seu primeiro concurso para o Ministério das Relações Exteriores (MRE). Em 1943, concorreu novamente e desta vez foi aprovado. Em 1946, assumiu o primeiro posto diplomático como vice-cônsul em Los Angeles. Com a morte do pai, em 1950, Vinicius de Moraes retornou ao Brasil. Nos anos 1950, Vinicius atuou no campo diplomático em Paris e em Roma, onde costumava realizar animados encontros na casa do escritor Sérgio Buarque de Holanda.
No final de 1968 foi afastado da carreira diplomática tendo sido aposentado compulsoriamente pelo Ato Institucional Número Cinco. O poeta estava em Portugal, apresentando uma série de espetáculos, alguns com Chico Buarque e Nara Leão, quando o regime militar emitiu o AI-5. O motivo apontado para o afastamento foi o seu comportamento boêmio que o impedia de cumprir as suas funções. Vinícius foi anistiado (post-mortem) pela Justiça em 1998. A Câmara dos Deputados aprovou em fevereiro de 2010 a promoção póstuma do poeta ao cargo de "ministro de primeira classe" do Ministério das Relações Exteriores - o equivalente a embaixador, que é o cargo mais alto da carreira diplomática. A lei foi publicada no Diário Oficial do dia 22 de junho de 2010 e recebeu o número 12 265.
Carreira artística.
Início.
No fim da década de 1920, Vinicius de Moraes produziu letras para dez canções gravadas - nove delas parcerias com os Irmãos Tapajós. Seu primeiro registro como letrista veio em 1928, quando compôs (com Haroldo) "Loira ou Morena", gravado em 1932 pela dupla de irmãos. Vinicius teve publicado seu primeiro livro de poemas, "O Caminho para a Distância", em 1933, e lançou outros livros de poemas nessa década. Foram também gravadas outras canções de sua autoria, como "Dor de uma Saudade" (composta com Joaquim Medina), gravada em 1933 por João Petra de Barros e Joaquim Medina, "O Beijo Que Você Não Quis Dar" (composta com Haroldo Tapajós) e "Canção da Noite" (composta com Paulo Tapajós), ambas gravadas em 1933 pelos Irmãos Tapajós e também "Canção para Alguém" (composta com Haroldo Tapajós), gravada pelos mesmos um ano depois.
Ainda na década de 1930, Vinicius de Moraes estabeleceu amizade com os poetas Manuel Bandeira, Mário de Andrade e Oswald de Andrade. Em sua fase considerada mística, ele recebeu o Prêmio Felipe D'Oliveira pelo livro "Forma e Exegese", de 1935. No ano seguinte, lançou o livro "Ariana, a Mulher".
Mudança de fase.
Na década de 1940 suas obras literárias foram marcadas por versos em linguagem mais simples, sensual e excitante, por vezes, carregados de temas sociais. Vinicius de Moraes publicou os livros "Cinco Elegias" (1943), que marcou esta nova fase, e "Poemas, Sonetos e Baladas" (1946); obra ilustrada com 22 desenhos de Carlos Leão. Atuando como jornalista e crítico de cinema em diversos jornais, Vinicius lançou em 1947, com Alex Vianny, a revista "Filme". Dois anos depois, publicou em Barcelona o livro "Pátria Minha".
No âmbito político, depois de viajar ao Nordeste em 1942, na companhia do escritor estadunidense Waldo Frank, torna-se um antifascista convicto e passa a se influenciar por ideias comunistas.
De volta ao Brasil no início dos anos 1950, após servir ao Itamaraty nos Estados Unidos, Vinicius começou a trabalhar no jornal "Última Hora", exercendo funções burocráticas na sede do Ministério das Relações Exteriores. Em 1953, Aracy de Almeida gravou "Quando Tu Passas Por Mim", primeiro samba de sua autoria. Escrita com Antônio Maria, a canção foi dedicada à esposa Tati de Moraes - e marcava também o fim do seu casamento. Ainda naquele ano, Vinícius foi para Paris como segundo secretário da embaixada brasileira. Aracy de Almeida também gravou "Dobrado de Amor a São Paulo" (outra parceria com Antônio Maria), em 1954.
Orfeu e o amigo Tom.
Em 1954, Vinícius publica sua coletânea de poemas, "Antologia Poética", mesmo ano que publica sua peça teatral "Orfeu da Conceição", premiada no concurso do IV Centenário de São Paulo e publicada na revista "Anhembi". Dois anos depois, quando Vinicius buscava alguém para musicar a peça, e aceitou a sugestão do amigo Lúcio Rangel para trabalhar com um jovem pianista, Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, que na época tinha 29 anos e vivia da venda de músicas e arranjos nos inferninhos de Copacabana.
Do encontro entre Vinícius e Tom nasceria uma das mais fecundas parcerias da música brasileira, que a marcaria definitivamente. Os dois compuseram a trilha sonora, que incluía "Lamento no Morro", "Se Todos Fossem Iguais A Você", "Um Nome de Mulher", "Mulher Sempre Mulher" e "Eu e Você" e foram lançadas em disco por Roberto Paiva, Luiz Bonfá e Orquestra. A peça estreou no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Além destas canções, a dupla Vinicius e Tom compuseram, entre outros clássicos, "A Felicidade", "Chega de Saudade", "Eu sei que vou te amar", "Garota de Ipanema", "Insensatez", entre outras belas canções.
Entre 1957 a 1958, o diretor de cinema francês Marcel Camus filmou "Orfeu do Carnaval" no Rio de Janeiro, filme este que recebeu o nome de "Orfeu Negro". Vinicius compôs para o filme "A Felicidade" e "O Nosso Amor". Um ano depois, o filme seria contemplado com a Palma de Ouro no Festival de Cinema de Cannes e o Oscar de melhor filme estrangeiro. Em 1957, teve sua carreira diplomática transferida para Montevidéu, onde permaneceu por três anos.
Bossa Nova.
O ano de 1958 marcaria o início de um dos movimentos mais importantes da música brasileira, a Bossa Nova. A pedra fundamental do movimento veio com o álbum "Canção do Amor Demais", gravado pela cantora Elizeth Cardoso. Além da faixa-título, o antológico LP contava ainda com outras canções de autoria da dupla Vinicius e Tom, como "Luciana", "Estrada Branca", "Outra Vez" e "Chega de Saudade", em interpretações vocais intimistas.
"Chega de Saudade" foi uma canção fundamental daquele novo movimento, especialmente porque o álbum de Elizeth contou com a participação de um jovem violonista, que com seu inovador modo de tocar o violão, caracterizado por uma nova batida, marcaria definitivamente a bossa nova e a tornaria famosa no mundo inteiro a partir dali. O nome deste violonista é João Gilberto. A importância do disco "Canção do Amor Demais" é tamanha que ele é tido como referência por muitos artistas.
Várias das composições de Vinicius foram gravadas na metade final daquela década por outros artistas. Joel de Almeida gravou "Loura ou Morena" (1956). No ano seguinte, Aracy de Almeida gravou "Bom Dia, Tristeza" (composta com Adoniran Barbosa), Tito Madi gravou "Se Todos Fossem Iguais A Você", Bill Farr gravou "Eu Não Existo Sem Você", Agnaldo Rayol gravou "Serenata do Adeus" e Albertinho Fortuna gravou "Eu Sei Que Vou Te Amar". "O Nosso Amor" e "A Felicidade" foram duas das canções mais lançadas no final daquela década. A primeira foi gravada por Lueli Figueiró e Diana Montez, ambas em 1959. Já a segunda foi lançada por Lueli Figueiró, Lenita Bruno, Agostinho dos Santos e João Gilberto.
Servindo ao Itamaraty em Montevidéu desde 1957, Vinicius de Moraes deixaria a embaixada brasileira no Uruguai somente em 1960. Suas canções continuaram sendo gravadas por muitos artistas no início da década de 1960. Foram lançadas "Janelas Abertas" (composta com Tom Jobim), por Jandira Gonçalves, e "Bate Coração", (composta com Antônio Maria), por Marianna Porto de Aragão, cantora cultuada na época como uma das vozes mais poderosas de toda uma geração de cantoras.
Novas parcerias.
No ano seguinte, Vinicius registrou pela primeira vez sua voz, em um álbum contendo os sambas "Água de Beber" e "Lamento no Morro", novamente parcerias com Tom Jobim. O poeta teria também um novo parceiro naquele período, o cantor, compositor e violonista Carlos Lyra. Com ele, Vinicius iria compor clássicos como "Você e Eu", "Coisa Mais Linda", "A Primeira Namorada" e "Nada Como Te Amar". Ainda em 1961, o Teatro Santa Rosa foi inaugurado no Rio de Janeiro com "Procura-se uma rosa", peça de autoria de Vinicius, Pedro Bloch e Gláucio Gil - filmada depois pelo cinema italiano com o nome de "Una Rosa per Tutti" (o longa-metragem foi rodado no Rio e estrelado por Claudia Cardinale).
Em 1962, a Banda do Corpo de Bombeiros fluminense gravou "Serenata do Adeus", um ano após gravarem "Rancho das Flores", marcha-rancho com versos do poeta sobre tema de "Jesus, Alegria dos Homens", de Johann Sebastian Bach. Ainda naquele ano, enquanto "Canção da Eterna Despedida" (composta com Tom Jobim) "Em Noite de Luar" (composta com Ary Barroso) foram gravadas por Orlando Silva e Ângela Maria, respectivamente, Vinicius de Moraes publicou três livros: "Antologia Poética", "Procura-se Uma Rosa" e "Para Viver Um Grande Amor".
Com Pixinguinha, compôs a trilha sonora do filme "Sol sobre a Lama", de Alex Vianny, escrevendo as letras para os chorinhos "Lamento" e "Mundo Melhor". Também naquele período, nasceu a parceria com o compositor e violonista Baden Powell. Desta, resultariam inúmeros sucessos, como "Apelo", "Canção de Amor", "Canto de Ossanha", "Formosa", "Mulher Carioca", "Paz", "Pra Que Chorar", "Samba da Bênção", "Samba Em Prelúdio", "Só Por Amor", "Tem Dó", "Tempo Feliz", entre outras.
Em agosto de 1962, com Tom Jobim, João Gilberto e o grupo Os Cariocas, Vinicius de Moraes participou de "Encontro", um dos mais importantes concertos da bossa nova e realizado na boate "Au Bon Gourmet", no Rio de Janeiro. Neste show, foram lançadas clássicos da música popular brasileira como "Ela é Carioca", "Garota de Ipanema", "Insensatez", "Samba do Avião" e "Só Danço Samba". Naquela mesma casa noturna foi montada "Pobre Menina Rica", mais uma peça do poeta, cuja trilha sonora trazia canções como ""Sabe Você", "Primavera" e "Samba do Carioca" (lançando a cantora Nara Leão), ambas parcerias com Carlos Lyra. Ainda naquele ano, Vinicius comporia com Lyra ""Marcha da Quarta-feira de Cinzas" e "Minha Namorada".
Várias daquelas seriam gravadas em 1963. Jorge Goulart gravou "Marcha da Quarta-feira de Cinzas", Elizeth Cardoso gravou "Mulher Carioca" e "Menino Travesso" (composta com Moacir Santos), Elza Soares gravou "Só Danço Samba", Pery Ribeiro e o Tamba Trio gravaram "Garota de Ipanema" e Jair Rodrigues gravou "O Morro Não Tem Vez" (composta com Tom Jobim).
Naquele mesmo período, Vinicius de Moraes lançou com a atriz Odete Lara seu primeiro álbum: "Vinicius e Odete Lara". Com arranjos e regência do poeta Moacir Santos, o LP continha canções da parceria com Baden Powell, como "Berimbau", "Mulher Carioca", "Samba em Prelúdio" e "Só por Amor", entre outras. Ainda em 1963, o selo Copacabana lançou o álbum "Elizeth Interpreta Vinicius", contendo as parcerias do poetinha com Baden Powell, Moacir Santos (e arranjos deste), Nilo Queiroz e Vadico.
Retorno ao Brasil.
Em 1964, Vinicius retornou ao Brasil e logo se apresentou na boate "Zum Zum", ao lado de Dorival Caymmi, Quarteto em Cy e o Conjunto de Oscar Castro Neves. O concerto teve grande repercussão nos meios artísticos e foi lançado em LP pelo selo Elenco, contendo composições como "Bom-dia, Amigo" (parceria com Baden Powell), "Carta ao Tom", "Dia da Criação" e "Minha Namorada" (parcerias com Carlos Lyra), e "Adalgiza", "...Das Rosas", "História de Pescadores" e "Saudades da Bahia" (parcerias com o cantor, compositor e violonista Dorival Caymmi).
Duas canções de Vinicius de Moraes concorreram, em 1965, o I Festival Nacional de Música Popular Brasileira (da extinta TV Excelsior). "Arrastão" (composta com Edu Lobo), defendida por Elis Regina, ficou com o primeiro lugar, e "Valsa do Amor que Não Vem" (parceria com Baden Powell), defendida por Elizeth Cardoso, ficou com o segundo lugar. Também com o arranjador, cantor e instrumentista Edu Lobo, Vinicius compôs "Zambi" e "Canção do Amanhecer" - canções que se engajaram no clima de protesto da época e foram apresentadas em projetos do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE). Por um breve período, Vinicius foi designado para trabalhar na delegação do Brasil junto à UNESCO, na Europa. O poeta também trabalhou com o diretor Leon Hirszman no roteiro do filme "Garota de Ipanema", voltou a se apresentar no Zum Zum com Dorival Caymmi e lançou o livro "Cordélia e o Peregrino".
Ainda em 1965, o Teatro Municipal de São Paulo foi o palco de uma homenagem para o poetinha, com o show "Vinicius: Poesia e Canção", espetáculo que contou com a participação da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (sob a regência do maestro Diogo Pacheco). As composições apresentadas receberam arranjos dos maestros Guerra Peixe, Radamés Gnattali, Luís Eça, Gaya e Luís Chaves e contou com intérpretes com Carlos Lyra, Edu Lobo, Suzana de Morais, Francis Hime, Paulo Autran, Cyro Monteiro e Baden Powell. Quando o poeta terminou a apresentação de "Se Todos Fossem Iguais A Você", a plateia respondeu com dez minutos ininterruptos de aplausos.
Em 1966, foi lançado o álbum "Os Afro-Sambas", com suas composições em parceria com Baden Powell. Constam do repertório do disco "Canto de Ossanha", "Canto de Xangô", "Canto de Iemanjá" e "Lamento de Exu", entre outras, além da participação de Powell tocando violão. Naquele mesmo período, Vinicius participou do concerto "Pois É", no Teatro Opinião, ao lado de Maria Bethânia e Gilberto Gil. No espetáculo dirigido pelo arranjador, compositor, maestro e pianista Francis Hime, o público carioca conheceu pela primeira vez as canções de Gilberto Gil. Ainda naquele ano, lançou o livro de crônicas "Para Uma Menina Com Uma Flor" e também foi convidado a participar do júri do Festival de Cannes. Na ocasião, descobriu que sua canção "Samba da Bênção" havia sido utilizada, sem os devidos créditos, na trilha sonora do filme "Um Homem e Uma Mulher", do diretor francês Claude Lelouch, vencedor do festival. Após uma ameaça de processo, a obra de Lelouch creditou a canção de Vinicius.
O ano de 1967 marcou a estreia do filme "Garota de Ipanema", baseado no sucesso homônimo de Vínicius e Tom Jobim. É a canção brasileira mais conhecida no mundo depois de "Aquarela do Brasil" (de Ary Barroso). Ainda naquele período, Vinícius organizou um festival de artes em Ouro Preto e excursionou para a Argentina e o Uruguai.
Aposentadoria compulsória.
Em 1968, Vinicius de Moraes participou de shows em Lisboa, na companhia de Chico Buarque e Nara Leão. Também naquele ano, a convite do crítico Ricardo Cravo Albin, Vinicius prestou histórico depoimento para o Museu da Imagem e do Som (de onde era membro do Conselho Superior de MPB).
Mas o ano de 1968 marcou o fim da carreira diplomática de Vinicius de Moraes. Após 26 anos de serviços prestados ao MRE, Vinicius foi aposentado pelo Ato Institucional Nº 5, criado pela ditadura militar brasileira, fato que o magoou profundamente. No dia em que o ato era editado, Vinicius encontrava-se em Portugal onde realizava um concerto com Baden Powell. Ele ficou sabendo da medida por meio de jornalistas que o procuraram para comentários após o almoço, quando Vinicius apreciava tirar sestas. Frente ao novo paradigma que se instalava em sua terra natal, Vinicius considerou exilar-se, suicidar-se ou contatar colegas no Rio. Na apresentação seguinte com Baden, Vinicius declamou seu poema "Minha pátria" enquanto o parceiro dedilhava o Hino Nacional Brasileiro em seu violão.
Após este espetáculo, estudantes salazaristas estavam aglomerados na porta do teatro para protestar contra o poeta. Avisado disto e aconselhado a se retirar pelos fundos do teatro, o poetinha preferiu enfrentar os protestos e, parando diante dos manifestantes, começou a declamar "Poética I" ("De manhã escureço/De dia tardo/De tarde anoiteço/De noite ardo"). Então, um dos jovens tirou a capa do seu traje acadêmico e a colocou no chão para que Vinicius pudesse passar sobre ela — ato imitado pelos outros estudantes e que, em Portugal, é uma forma tradicional de homenagem acadêmica.
Segundo entrevista publicada pela "Veja" em 12 de janeiro de 2000, o ex-presidente João Figueiredo explicou as reais causas da demissão do poeta do Itamaraty: "Ele até diz que muita gente do Itamaraty foi cassada ou por corrupção ou por pederastia. É verdade. Mas no caso dele foi por vagabundagem mesmo. Eu era o chefe da Agência Central do Serviço e recebíamos constantemente informes de que ele, servindo no consulado brasileiro de Montevidéu, ganhando dólares por mês, não aparecia por lá havia três meses. Consultamos o Ministério das Relações Exteriores, que nos confirmou a acusação. Checamos e verificamos que ele não saía dos botequins do Rio de Janeiro, tocando violão, se apresentando por aí, com copo de uísque do lado. Nem pestanejamos. Mandamos brasa." O memorando de fato dizia "demita-se esse vagabundo". Contudo, os militares reconheceram o valor de sua obra e sequer mencionaram suas posições políticas no documento.
A reabilitação ao corpo diplomático brasileiro só ocorreu trinta anos depois de sua morte por meio da Lei 12 265 de 21 de junho de 2010. Em cerimônia no Palácio do Itamaraty, Vinicius de Moraes foi elevado ao cargo de ministro de primeira classe, cargo frequentemente associado ao de embaixador.
Em 1969, Vinicius de Moraes publicou o livro "Obra Poética" e se apresentou ao lado de Maria Creuza e Dorival Caymmi em Punta del Este. O poetinha também fez recital na Livraria Quadrante, em Lisboa, apresentando, entre outros, os poemas "A Uma Mulher", "O Falso Mendigo", "Sob o Trópico de Câncer" (no qual trabalhou durante nove anos) e "Soneto da Intimidade". O evento foi gravado ao vivo e lançado em LP pelo selo Festa. Ainda naquele ano, Vinicius fez apresentações em Buenos Aires, ao lado de Caymmi, Baden Powell, Quarteto em Cy e Oscar Castro Neves.
Parceria com Toquinho.
Naquele mesmo período, iniciou suas primeiras composições com um novo parceiro, o violonista Toquinho. Desta parceria, viriam clássicos como "Como Dizia o poeta", "Tarde em Itapoã" e "Testamento". Em 1970, Vinicius se apresentou na casa de espetáculo carioca Canecão, com o parceiro Tom Jobim, o violonista Toquinho e a cantora Miúcha. O show, que relembrou a trajetória do poeta, ficou quase um ano em cartaz devido ao grande sucesso obtido. Outra apresentação marcante de Vinícus de Moraes, ao lado de Toquinho e da cantora Maria Creuza, foi na cidade argentina de Mar del Plata, na boate La Fusa. O concerto resultaria no LP ao vivo "Vinicius En La Fusa", uma das mais belas joias gravadas ao vivo da música brasileira.
No ano seguinte, Vinicius voltou à Fusa para gravar um novo LP ao vivo, também com Toquinho, mas desta vez com a cantora Maria Bethânia nos vocais. Neste álbum estão presentes canções com "A Tonga da Mironga do Kabuletê", "Testamento" e "Tarde em Itapoã". Também em 1971, assinou com Chico Buarque, sobre antigo choro de Garoto, a canção "Gente Humilde", grande sucesso gravada pelo próprio Chico e, pouco depois, por Ângela Maria.
A popularidade de Vinicius e de outros brasileiros na Argentina naquela época era tamanha que alguns nacionalistas bolaram uma teoria da conspiração segundo a qual Vinicius, Maria Creuza, Roberto Carlos e Altemar Dutra lideravam um tal de "Plano Macumba", por meio do qual planejariam a conquista cultural do país vizinho.
A parceria Vinicius/Toquinho excursionou por várias cidades brasileiras e também pelo exterior. Ainda em 1971, a dupla lançou seu primeiro LP de estúdio, com destaque para "Maria Vai com as Outras", "Morena Flor", "A Rosa Desfolhada" e "Testamento". Em 1972, eles lançaram o álbum "São Demais os Perigos Dessa Vida", contendo - além da faixa-título - grandes sucessos como "Cotidiano nº 2", "Para Viver Um Grande Amor" e "Regra três". Com Toquinho, também compôs a trilha sonora da telenovela "Nossa Filha Gabriela" (da extinta TV Tupi), registrada em disco naquele mesmo ano. No ano seguinte, a dupla se apresentou no show "O Poeta, a Moça e o Violão", com a cantora Clara Nunes no Teatro Castro Alves, em Salvador.
Em 1973, junto com Toquinho, é convidado pelo diretor da TV Globo, Daniel Filho, a compor a trilha sonora nacional da telenovela O Bem-Amado. A novela, escrita por Dias Gomes, e as músicas são um imenso sucesso, tornando-se marcos na teledramaturgia brasileira.
Em 1974, Vinicius e Toquinho compuseram "As Cores de Abril" e "Como É Duro Trabalhar", ambas incluídas na trilha sonora da novela "Fogo Sobre Terra", da Rede Globo. Naquele mesmo ano, a parceria lançou o álbum "Toquinho, Vinicius e Amigos". O disco teve as participações de Maria Bethânia (em "Apelo" e "Viramundo"), Cyro Monteiro ("Que Martírio" e "Você Errou", últimas gravações deste cantor), Maria Creuza ("Tomara" e "Lamento no Morro"), Sergio Endrigo ("Poema Degli Occhi" e "La Casa") e Chico Buarque ("Desencontro"). Ainda naquele ano, a dupla lançou "Vinicius e Toquinho", quarto álbum de estúdio da parceria, que trazia composições de autoria deles, como "Samba do Jato", "Sem Medo" e "Tudo Na Mais Santa Paz", e ainda "Samba pra Vinicius", homenagem ao poetinha de Toquinho e Chico Buarque, que fez uma participação especial no disco.
Em 1975, Vinicius de Moraes lançou o álbum "O Poeta e o Violão". Gravado em Milão, o LP teve a participação especial dos maestros Bacalov e Bardotti. No mesmo ano, a gravadora Philips lançou o álbum "Vinicius e Toquinho". Deste LP, destaca-se "Onde Anda Você" - parceria com Hermano Silva e que alcançou grande sucesso. Ainda naquele ano, Vinicius lançou o livro de poemas infantis "A Arca de Noé". Foram lançados no ano seguinte os álbuns "Ornella Vanoni, Vinicius de Moraes e Toquinho - La voglia, la pazzia, l'incoscienza e l'allegria" e "Deus lhe Pague" - este com as composições da parceria Vinicius e Edu Lobo.
Vinicius teve publicado, em 1977, o livro "O Breve Momento", com 15 serigrafias de Carlos Leão. Naquele ano, o selo Philips lançou o álbum "Antologia Poética", uma seleção da obra poética do poetinha e que teve a participação especial de Tom Jobim, Francis Hime e Toquinho. A gravadora Som Livre disponibilizou no mercado o LP "Tom, Vinicius, Toquinho e Miúcha - Ao Vivo no Canecão". Em 1978 foi lançado o álbum "Vinicius e Amália", gravado em Lisboa com a cantora portuguesa Amália Rodrigues. Naquele mesmo ano, foi editado o álbum "10 Anos de Toquinho e Vinicius" - uma coletânea de uma década de trabalhos da dupla. Em 1980 foi lançado o álbum "Arca de Noé", que trouxe diversos intérpretes para as composições infantis do poeta, musicadas a partir do livro homônimo. O disco gerou um especial infantil na Rede Globo, naquele mesmo ano.
Morte e legado.
Na madrugada de 9 de julho de 1980, Vinicius de Moraes começou a se sentir mal na banheira da casa onde morava, na Gávea, vindo a morrer pouco depois. O poeta passou o dia anterior com o parceiro e amigo Toquinho, com quem planejava os últimos detalhes do volume 2 do álbum "Arca de Noé". Foi sepultado no Cemitério de São João Batista no Rio de Janeiro.
Mesmo após a morte, a obra musical de Vinicius manteve-se prestigiada na música brasileira. Foram lançados os álbuns "Toquinho, Vinicius e Maria Creuza - O Grande Encontro" (1988) e "A História dos Shows Inesquecíveis - Poeta, Moça e Violão: Vinicius, Clara e Toquinho" (1991), além de terem sido lançados livros sobre o poeta, como "Vinicius de Moraes - Livro de Letras" (1993), de José Castello, "Vinicius de Moraes" (1995), também de José Castello, "Vinicius de Moraes" (1997), de Geraldo Carneiro (uma edição ampliada do livro publicado em 1984). Ainda em 1993, Almir Chediak editou os três volumes do "Songbook Vinicius de Moraes".
Por ocasião dos vinte anos da morte do poeta, em 2000, a Praia de Ipanema foi o palco de um show em homenagem a Vinicius, que contou com a participação da Orquestra Sinfônica Brasileira, Roberto Menescal, Wanda Sá, Zimbo Trio, Os Cariocas, Emílio Santiago e Toquinho, interpretando composições de sua autoria.
Em 2003, ano em que o poeta completaria seu 90º aniversário, foram lançados vários projetos em tributo à sua criação artística. Também foi lançado o website oficial de Vinicius.
Em 2005, Garota de Ipanema foi escolhida como uma das 50 grandes obras musicais da Humanidade pela Biblioteca do Congresso Americano. Ainda em 2005, estreou, na abertura da sétima edição do Festival do Rio, o documentário "Vinicius", dirigido por Miguel Faria Jr. e produzido por Suzana de Moraes, filha do poeta, com a participação de Chico Buarque, Carlos Lyra, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Adriana Calcanhoto, Mariana de Moraes e Olívia Byington, entre outros convidados. A trilha sonora do filme foi lançada em CD.
Em 2006, foi lançada a caixa "Vinicius de Moraes & Amigos", com cinco álbuns do poetinha, contendo 70 canções compiladas de fonogramas gravados por vários intérpretes e pelo próprio Vinicius (solo ou em dueto. A caixa incluiu ainda um livreto com a biografia do homenageado e as letras de todas as canções.
Em 2011, a escola Império Serrano falou sobre ele com o enredo: "A Benção, Vinicius".
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1920 | Voleibol de praia | Voleibol de praia
Voleibol de praia (chamado frequentemente no Brasil de vôlei de praia e em Portugal de vólei de praia) é um desporto praticado na areia da praia ou numa quadra de areia dividida em duas metades por uma rede. É praticado por duas equipes, cada uma composta de dois jogadores.
Assim como no voleibol, o objetivo do jogo é jogar a bola por cima da rede para fazê-la cair na quadra do adversário, bem como evitar que o adversário consiga fazer o mesmo. Cada equipe pode tocar na bola três vezes antes de jogá-la para o outro lado. A bola é posta em jogo com um saque (ou serviço) — um golpe dado pelo sacador de trás da linha que delimita o fim de sua quadra. Ele deve jogá-la para o outro lado por cima da rede, e assim começa a disputa de cada um dos pontos. As disputas continuam até que a bola caia no chão ou não seja manipulada de maneira apropriada pelos jogadores.
A equipe que vencer a disputa marca um ponto e fará o próximo saque, dando início à próxima disputa. Todos os quatro jogadores sacam. Os sacadores devem se alternar toda vez que sua equipe pontuar, após um ponto da equipe adversária. Tendo surgido na Califórnia e no Havaí (Estados Unidos), o voleibol de praia atingiu popularidade mundial.
História.
O voleibol de praia evoluiu a partir dos jogos de voleibol disputados socialmente na praia de Santa Mónica na Califórnia, EUA, na década de 1920, tendo chegado à Europa na década seguinte.
Apesar disso, temos notícia da prática do Vôlei de Praia nas areias da antiga Praia do Caju no Rio de Janeiro nos anos de 1950 por membros da Polícia do Exército e remadores do São Cristóvão de Futebol e Regatas
Na década de 1940, disputavam-se dois torneios amadores na praia de Santa Mônica onde mais tarde tentou, sem sucesso, começar um campeonato profissional. Ainda em Santa Mónica, durante a década de 1970 começaram a realizar-se alguns torneios profissionais, patrocinados por empresas de cerveja e cigarros.
Em 1996, nos Jogos Olímpicos de Atlanta, o voleibol de praia passou a integrar o programa Jogos Olímpicos. Na categoria feminina, a primeira medalha de ouro na modalidade foi conquistada por uma dupla brasileira, Jacqueline Silva e Sandra Pires, tendo como vice-campeãs as também brasileiras Mônica Rodrigues e Adriana Samuel. A dupla de portugueses Miguel Maia e João Brenha conseguiu duas quartas posições consecutivas, nos jogos de 1996 e de 2000.
As regras.
O tamanho da quadra já foi 18 por 9 m, mas atualmente é de 16 por 8 m. Sendo disputado por dois jogadores de cada lado, tem algumas regras diferentes do voleibol tradicional. A bola do voleibol tem o mesmo peso, de 260 a 280 gramas, porém a pressão interna é menor.
Diferenças relativamente ao voleibol de quadra.
O voleibol de praia é bastante similar ao voleibol de quadra: uma equipe pontua quando consegue jogar a bola no chão da quadra adversária ou quando a equipe adversária comete uma falta (manipulação incorreta da bola, etc.) e contatos consecutivos devem ser feitos por jogadores diferentes.
As maiores diferenças entre o voleibol e o voleibol de praia são as seguintes:
Forma de jogo.
Habilidades.
Assim como no voleibol, os jogadores precisam dominar várias habilidades: o saque, o passe, o levantamento, o ataque, o bloqueio e a defesa.
Sacar é o ato de colocar a bola em jogo, golpeando-a desde atrás do fim da quadra e fazendo-a passar por cima da rede. Esta habilidade é bastante similar no voleibol e no voleibol de praia, com a exceção de que na praia o vento pode ter uma influência muito significativa na trajetória da bola.
O passe é o primeiro dos três toques que cada equipe pode fazer, e também é bastante similar ao do voleibol de quadra. No entanto, os padrões são mais restritos na praia. Os jogadores não podem usar o passe para fazer um levantamento. Os jogadores raramente fazem o primeiro toque com as mãos abertas, exceto quando para defender-se de um ataque.
A defesa é uma habilidade bastante similar ao passe, mas com a fundamental diferença de que tem o intuito de impedir que um ataque dos oponentes atinja o solo.
O levantamento é o segundo toque, e tem a intenção de preparar a bola para ser atacada no terceiro toque. Existem duas maneiras, ambas muito usadas, de fazer um levantamento. Ele pode ser executado com as mãos abertas, mas a manchete, movimento no qual a bola bate nos antebraços do jogador, também é muito comum. Após terminar o levantamento, o jogador geralmente se concentra na defesa e avisa seu parceiro se há bloqueio e informa quais áreas da quadra adversária estão desprotegidas. O segundo toque também pode ser usado para atacar a bola.
O ataque pode ser feito de três formas: o jogador pode atingir bruscamente a bola, fazendo-a seguir uma trajetória descendente bem íngreme. Ele também pode atacar de maneira mais suave, fazendo a bola seguir uma trajetória em arco. Uma terceira opção (bem pouco comum no voleibol mas quase uma marca registrada do voleibol de praia) é quando o jogador dá um toque suave na bola, fazendo-a subir, passar por cima do bloqueador e cair lentamente na quadra adversária. Isto é comum no voleibol de praia porque há menos jogadores, portanto áreas maiores ficam desprotegidas.
O bloqueio é uma tentativa de impedir que um ataque adversário passe por cima da rede. Os jogadores pulam e estendem os braços, tentando fazer com que a bola os atinja e volte para a área do adversário, preferencialmente caindo no chão. Entretanto, o jogador que está atacando pode tentar jogar a bola de tal maneira que ela bata nos braços do bloqueador e vá para fora, o que configura ponto para a equipe do atacante. É uma jogada difícil, mas muitos jogadores conseguem.
Participantes.
As equipes têm apenas dois jogadores, que não podem ser substituídos. Um jogador que se machuque tem cinco minutos para se recuperar. Caso não consiga, a dupla é considerada incompleta e perde a partida.
Sistema de pontuação.
A partida é vencida pela primeira equipe que conseguir vencer dois sets. Um set é vencido pela equipe que completa 21 pontos primeiro, desde que haja uma diferença de dois pontos para a equipe adversária. Caso não haja, o set deve prosseguir até que tal diferença surja. Caso cada equipe vença um set, havendo um empate de 1 a 1, haverá um terceiro set para desempate. Este será vencido pela equipe que marcar 15 pontos primeiro. Entretanto, também deve haver uma diferença de dois pontos, se não houver, o set continua até uma das equipes abrir tal vantagem.
Características das jogadas.
A bola pode tocar qualquer parte do corpo dos atletas, mas deve ser atingida, nunca agarrada ou arremessada. Quando o jogador está se defendendo de uma bola atacada em alta velocidade, a bola pode ser retida entre os dedos, desde que seja de maneira momentânea, muito rápida.
Quando um jogador está recebendo uma bola que não foi atacada com força, ela deve ser manipulada de maneira “limpa” — se ele a receber com as mãos abertas, o toque das duas mãos na bola deve ser exatamente simultâneo. Na prática, isto significa que saques nunca são recebidos com as mãos abertas, e sim com manchete. Ao receber um ataque forte, um toque duplo (desde que os dois contatos ocorram numa única ação) e/ou uma leve condução da bola são permitidos.
Ao fazer um levantamento, a tolerância para com um contato duplo é maior do que no passe, embora ainda seja muito menor do que no voleibol de quadra. Já a restrição para com as conduções é bem mais flexível — é permitido manter a bola imóvel durante pequenos períodos de tempo.
Controvérsia dos uniformes.
Em 1999, a FIVB padronizou os uniformes para o voleibol de praia. Os trajes de banho tornaram-se os uniformes requiridos tanto para homens quanto para mulheres.
De acordo com a FIVB, as mulheres jogadoras de voleibol de praia podem escolher entre jogar de shorts ou com um traje único. Entretanto, a maior parte das jogadoras preferem o biquíni.
Jogadoras como Natalie Cook e Holly McPeak confirmaram as afirmações da FIVB de que os uniformes são práticos para um esporte jogado na areia durante o calor do verão, mas a atleta britânica Denise Johns protestou, dizendo que a regulação dos uniformes tinha a intenção de ser “sensual” e chamar atenção.
No começo de 2012, a Federação Internacional de Voleibol anunciou que permitiria shorts (com o comprimento máximo de 3 cm acima do joelho) e tops com mangas compridas nas Olimpíadas de 2012. Richard Baker, o porta-voz da federação, disse que “muitos destes países têm exigências culturais e religiosas, portanto o uniforme tinha de ser mais flexível”. E de fato o clima esteve tão frio durante os jogos à noite nas Olimpíadas de 2012 que às vezes as atletas tiveram de usar camisetas e leggings.
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1921 | Vasco da Gama | Vasco da Gama
Vasco da Gama (Sines, Portugal, 1469 — Cochim, Índia, 24 de dezembro de 1524) foi um navegador e explorador português. Na Era dos Descobrimentos, destacou-se por ter sido o comandante dos primeiros navios a navegar da Europa à Índia, na mais longa viagem oceânica até então realizada, superior a uma volta completa ao mundo pelo Equador No fim da vida foi, por um breve período, Vice-Rei da Índia.
Biografia.
Nasceu em meados de 1469, em Sines, na costa sudoeste de Portugal. Possivelmente numa casa perto da Igreja de Nossa Senhora das Salvas de Sines. Sines, um dos poucos portos da costa alentejana, era então uma pequena povoação habitada por pescadores.
Era filho legítimo de Estêvão da Gama, que em 1460 era cavaleiro da casa de D. Fernando de Portugal, Duque de Viseu e Mestre da Ordem de Cristo. D. Fernando nomeara-o alcaide-mor do castelo de Sines e permitira-receber uma pequena receita de impostos sobre a fabricação de sabão em Estremoz. Estêvão da Gama era casado com Dona Isabel Sodré, filha de João Sodré (também conhecido como João de Resende).Sodré, que era de ascendência inglesa, tinha ligações à casa de D. Diogo, Duque de Viseu, filho de Fernando de Portugal, Duque de Viseu.
Pouco se sabe do início da vida deste navegador. Foi sugerido pelo médico e historiador português Augusto Carlos Teixeira de Aragão que terá estudado em Évora, onde poderá ter aprendido matemática e navegação. É evidente que conhecia bem a astronomia, e é possível que tenha estudado com o astrónomo Abraão Zacuto.
Em 1492, João II de Portugal enviou-o ao porto de Setúbal, a sul de Lisboa, e ao Algarve para capturar navios franceses em retaliação por depredações feitas em tempo de paz contra a navegação portuguesa – uma tarefa que Vasco da Gama executou rápida e eficazmente.
Descoberta do caminho marítimo para a Índia (1497–1499).
Antecedentes.
Desde o início do século XV, impulsionados pelo Infante D. Henrique, os portugueses vinham aprofundando o conhecimento sobre o litoral Africano. A partir da década de 1460, a meta tornara-se conseguir contornar a extremidade sul do continente africano para assim aceder às riquezas da Índia – pimenta preta e outras especiarias – estabelecendo uma rota marítima de confiança. A República de Veneza dominava grande parte das rotas comerciais entre a Europa e a Ásia, e desde a tomada de Constantinopla pelos otomanos limitara o comércio e aumentara os custos. Portugal pretendia usar a rota iniciada por Bartolomeu Dias para quebrar o monopólio do comércio mediterrânico.
Quando Vasco da Gama tinha cerca de dez anos, esses planos de longo prazo estavam perto de ser concretizados: Bartolomeu Dias tinha retornado de dobrar o Cabo da Boa Esperança, depois de explorar o "Rio do Infante" (Great Fish River, na actual África do Sul) e após ter verificado que a costa desconhecida se estendia para o nordeste.
Em simultâneo foram feitas explorações por terra durante o reinado de D. João II de Portugal, suportando a teoria de que a Índia era acessível por mar a partir do Oceano Atlântico. Pero da Covilhã e Afonso de Paiva foram enviados via Barcelona, Nápoles e Rodes até Alexandria, porta para Aden, Ormuz e Índia.Faltava apenas um navegador comprovar a ligação entre os achados de Bartolomeu Dias e os de Pero da Covilhã e Afonso de Paiva, para inaugurar uma rota de comércio potencialmente lucrativa para o Oceano Índico. A tarefa fora inicialmente atribuída por D. João II a Estevão da Gama, pai de Vasco da Gama. Contudo, dada a morte de ambos, em julho de 1497 o comando da expedição foi delegado pelo novo rei D. Manuel I de Portugal a Vasco da Gama, possivelmente tendo em conta o seu desempenho ao proteger os interesses comerciais portugueses de depredações pelos franceses ao longo da Costa do Ouro Africana.
A chamada Primeira Armada da Índia seria financiada em parte pelo banqueiro florentino Girolamo Sernige.
A viagem.
Manuel I de Portugal confiou a Vasco da Gama o cargo de capitão-mor da frota que, num sábado 8 de Julho de 1497, zarpou de Belém em demanda da Índia.
Era uma expedição essencialmente exploratória que levava cartas do rei D. Manuel I para os reinos a visitar, padrões para colocar, e que fora equipada por Bartolomeu Dias com alguns produtos que haviam provado ser úteis nas suas viagens, para as trocas com o comércio local. O único testemunho presencial da viagem é constada num diário de bordo anónimo, o Roteiro da primeira viagem de Vasco da Gama à Índia atribuído a Álvaro Velho ou João de Sá.
Contava com cerca de cento e setenta homens, entre marinheiros, soldados e religiosos, distribuídos por quatro embarcações:
A expedição partiu de Lisboa, acompanhada por Bartolomeu Dias que seguia numa caravela rumo à Mina, seguindo a rota já experimentada pelos anteriores exploradores ao longo da costa de África, através de Tenerife e do Arquipélago de Cabo Verde. Após atingir a costa da atual Serra Leoa, Vasco da Gama desviou-se para o sul em mar aberto, cruzando a linha do Equador, em demanda dos ventos vindos do oeste do Atlântico Sul, que Bartolomeu Dias já havia identificado desde 1487. Esta manobra de "volta do mar" foi bem sucedida e, a 4 de Novembro de 1497, a expedição atingiu novamente o litoral Africano. Após mais de três meses, os navios tinham navegado mais de km de mar aberto, a viagem mais longa até então realizada em alto mar.
A 16 de dezembro, a frota já tinha ultrapassado o chamado "Rio do Infante" ("Great Fish River", na atual África do Sul) – de onde Bartolomeu Dias havia retornado anteriormente – e navegou em águas até então desconhecidas para os europeus. No dia de Natal, Gama e sua tripulação batizaram a costa em que navegavam o nome de Natal (actual província KwaZulu-Natal da África do Sul).
A 2 de março de 1498, completando o contorno da costa africana, a armada chegou à costa de Moçambique, após haver sofrido fortes temporais e de Vasco da Gama ter sufocado com mão de ferro uma revolta da marinhagem. Na costa Leste Africana, os territórios controlados por muçulmanos integravam a rede de comércio no Oceano Índico. Em Moçambique encontram os primeiros mercadores indianos. Inicialmente são bem recebidos pelo sultão, que os confunde com muçulmanos e disponibiliza dois pilotos. Temendo que a população fosse hostil aos cristãos, tentam manter o equívoco mas, após uma série de mal entendidos, foram forçados por uma multidão hostil a fugir de Moçambique, e zarparam do porto disparando os seus canhões contra a cidade.
O piloto que o sultão da ilha de Moçambique ofereceu para os conduzir à Índia havia sido secretamente incumbido de entregar os navios portugueses aos mouros em Mombaça. Um acaso fez descobrir a cilada e Vasco da Gama pôde continuar.
Na costa do actual Quénia a expedição saqueou navios mercantes árabes desarmados. Os portugueses tornaram-se conhecidos como os primeiros europeus a visitar o porto de Mombaça, mas foram recebidos com hostilidade e logo partiram.
Em fevereiro de 1498, Vasco da Gama seguiu para norte, desembarcando no amistoso porto de Melinde – rival de Mombaça – onde foi bem recebido pelo sultão que lhe forneceu um piloto árabe, conhecedor do Oceano Índico, cujo conhecimento dos ventos de monções permitiu guiar a expedição até Calecute, na costa sudoeste da Índia. As fontes divergem quanto à identidade do piloto, identificando-o por vezes como um cristão, um muçulmano e um guzerate. Uma história tradicional descreve o piloto como o famoso navegador árabe Amade ibne Majide, mas relatos contemporâneos posicionam Majide noutro local naquele momento.
Chegada a Calecute.
A 20 de maio de 1498, a frota alcançou Kappakadavu, próxima a Calecute, no actual estado indiano de Querala, concluídas as expedições do périplo africano, ficando estabelecida a Rota do Cabo e aberto o caminho marítimo dos Europeus para a Índia.
No dia seguinte à chegada, João Nunes, um Cristão-Novo degredado, foi enviado a terra porque tinha conhecimento rudimentar de árabe (foi o primeiro a desembarcar em Calecute). Dois mouros de origem tunisina, receberam-no na sua casa e à interpelação de um deles em castelhano "«Ao diabo que te dou; quem te trouxe cá?»" este respondeu a célebre frase: "«Vimos buscar cristãos e especiaria.»", conforme relatado por Álvaro Velho.
Ao ver as imagens de deuses hindus, Gama e os seus homens pensaram tratar-se de santos cristãos, por contraste com os muçulmanos que não tinham imagens. A crença nos "cristãos da Índia", como então lhes chamaram, perdurou algum tempo mesmo depois do regresso.
Contudo, as negociações com o governador local, Samutiri Manavikraman Rajá, samorim de Calecute, foram difíceis. Os esforços de Vasco da Gama para obter condições comerciais favoráveis foram dificultados pela diferença de culturas e pelo baixo valor de suas mercadorias. com os representantes do samorim a escarnecerem das suas ofertas, e os mercadores árabes aí estabelecidos a resistir à possibilidade de concorrência indesejada. As mercadorias apresentadas pelos portugueses mostraram-se insuficientes para impressionar o samorim, em comparação com os bens de alto valor ali comerciados, o que gerou alguma desconfiança. Os portugueses acabariam por vender as suas mercadorias por baixo preço para poderem comprar pequenas quantidades de especiarias e jóias para levar para o reino.
Por fim o samorim mostrou-se agradado com as cartas de D. Manuel I e Vasco da Gama conseguiu obter uma carta ambígua de concessão de direitos para comerciar, mas acabou por partir sem aviso após o samorim e o seu chefe da marinha Kunjali Marakkar insistirem para que deixasse todos os seus bens como garantia. Vasco da Gama manteve os seus bens, mas deixou alguns portugueses com ordens para iniciar uma feitoria.
Regresso a Portugal.
Vasco da Gama iniciou a viagem de regresso a 29 de agosto de 1498. Na ânsia de partir, ignorou o conhecimento local sobre os padrões da monção que lhe permitiria velejar. Na Ilha de Angediva foram abordados por um homem que se afirmava cristão mas que se fingia de muçulmano ao serviço de Hidalcão, o sultão de Bijapur. Suspeitando que era um espião, açoitaram-no até que ele confessou ser um aventureiro judeu polaco no Oriente. Vasco da Gama apadrinhou-o, nomeando-o Gaspar da Gama.
Na viagem de ida, cruzar o Índico até à Índia com o auxílio dos ventos de monção demorara apenas 23 dias. A de regresso, navegando contra o vento, consumiu 132 dias, tendo as embarcações aportado em Melinde a 7 de janeiro de 1499. Nesta viagem cerca de metade da tripulação sobrevivente pereceu, e muitos dos restantes foram severamente atingidos pelo escorbuto, por isso dos 148 homens que integravam a armada, só 55 regressaram a Portugal. Apenas duas das embarcações que partiram do Tejo conseguiram voltar a Portugal, chegando, respectivamente entre julho e agosto de 1499. A caravela Bérrio, sendo a mais leve e rápida da frota, foi a primeira a regressar a Lisboa, onde aportou a 10 de julho de 1499, sob o comando de Nicolau Coelho e tendo como piloto Pêro Escobar, que mais tarde acompanhariam a frota de Pedro Álvares Cabral na viagem em que se registrou o descobrimento do Brasil em abril de 1500.
Vasco da Gama regressou a Portugal em setembro de 1499, um mês depois de seus companheiros, pois teve de sepultar o irmão mais velho Paulo da Gama, que adoecera e acabara por falecer na ilha Terceira, nos Açores. No seu regresso, foi recompensado como o homem que finalizara um plano que levara oitenta anos a cumprir. Recebeu o título de "almirante-mor dos Mares das Índia", sendo-lhe concedida uma renda de trezentos mil réis anuais, que passaria para os filhos que tivesse. Recebeu ainda, conjuntamente com os irmãos, o título perpétuo de "Dom" e duas vilas, Sines e Vila Nova de Milfontes.
Segunda viagem à Índia (1502).
A 12 de fevereiro de 1502, Vasco da Gama comandou uma nova expedição com uma frota de vinte navios de guerra, com o objetivo de fazer cumprir os interesses portugueses no Oriente. Fora convidado após a recusa de Pedro Álvares Cabral, que se desentendera com o monarca acerca do comando da expedição. Esta viagem ocorreu depois da segunda armada à Índia, comandada por Pedro Álvares Cabral em 1500, que ao desviar-se da rota descobrira o Brasil. Quando chegou à Índia, Cabral soube que os portugueses que haviam sido aí deixados por Vasco da Gama na primeira viagem para estabelecer um posto comercial haviam sido mortos. Após bombardear Calecute, rumou para o sul até Cochim, um pequeno reino rival, onde foi calorosamente recebido pelo Rajá, regressando à Europa com seda e ouro.
Gama tomou e exigiu um tributo à ilha de Quíloa na África Oriental, um dos portos de domínio árabe que haviam combatido os portugueses, tornando-a tributária de Portugal. Com ouro proveniente de 500 moedas trazidas por Vasco da Gama do régulo de Quíloa (actual Kilwa Kisiwani, na Tanzânia), como tributo de vassalagem ao rei de Portugal, foi mandada criar, pelo rei D. Manuel I para o Mosteiro dos Jerónimos, a Custódia de Belém.
Nesta viagem ocorreu o primeiro registo europeu conhecido do avistamento das ilhas Seicheles, que Vasco da Gama nomeou Ilhas Amirante (ilhas do Almirante) em sua própria honra.
Vasco da Gama partira com o objectivo de instalar o centro português e uma feitoria em Cochim, após esforços consecutivos de Pedro Álvares Cabral e João da Nova. Bombardeou Calecute e destruiu postos de comércio árabes.
Depois de chegar ao norte do Oceano Índico, Vasco da Gama aguardou até capturar um navio que retornava de Meca, o Mîrî, com importantes mercadores muçulmanos, apreendendo todas as mercadorias e incendiando-o. Ao chegar a Calecute, a 30 de outubro 1502, o samorim estava disposto a assinar um tratado, num acto de ferocidade que chocou até os cronistas contemporâneos, que o consideraram um acto e vingança pelos portugueses mortos em Calecute da sua primeira viagem.
Em 1 de março de 1503 inicia-se a guerra entre o samorim de Calecute e o rajá de Cochim. Os seus navios assaltaram navios mercantes árabes, destruindo também uma frota de 29 navios de Calecute. Após essa batalha, obteve então concessões comerciais favoráveis do samorim. Vasco da Gama fundou a colónia portuguesa de Cochim, na Índia, regressando a Portugal em setembro de 1503. Vasco da Gama voltou a pátria em 1513 e levou vida retirada, em Évora, apesar da consideração de que gozava junto do rei.
Terceira viagem à Índia (1524).
Em 1519 foi feito primeiro Conde da Vidigueira pelo rei D. Manuel I, com sede num terreno comprado a D. Jaime I, Duque de Bragança, que a 4 de novembro cedera as vilas da Vidigueira e Vila de Frades a Vasco da Gama, seus herdeiros e sucessores, bem como todos os rendimentos e privilégios relacionados, sendo o primeiro Conde português sem sangue real.
Tendo adquirido uma reputação de temível "solucionador" de problemas na Índia, Vasco da Gama foi enviado de novo para o subcontinente indiano em 1524. O objectivo era o de que ele substituísse o Duarte de Meneses, cujo governo se revelava desastroso, mas Vasco da Gama contraiu malária pouco depois de chegar a Goa. Como vice-rei atuou com rigidez e conseguiu impor a ordem, mas morreu na cidade de Cochim, na véspera de Natal, a 24 de dezembro de 1524, um sábado.
Foi sepultado na Igreja de São Francisco (Cochim). Em 1539 os seus restos mortais foram transladados para Portugal, mais concretamente para a Igreja de um convento carmelita, conhecido actualmente como Quinta do Carmo (hoje propriedade privada), próximo da vila alentejana da Vidigueira, como conde da Vidigueira de juro e herdade (ou seja, a si e aos seus descendentes) desde 1519.
Aqui estiveram até 1880, data em que ocorreu a trasladação para o Mosteiro dos Jerónimos, que foram construídos logo após a sua viagem, com os primeiros lucros do comércio de especiarias, ficando ao lado do túmulo de Luís Vaz de Camões. Há quem defenda, porém, que os ossos de Vasco da Gama ainda se encontram na vila alentejana. Como testemunho da trasladação das ossadas, em frente à estátua do navegador na Vidigueira, existe a antiga Escola Primária Vasco da Gama (cuja construção serviu de moeda de troca para obter permissão para efectuar a trasladação à época), onde se encontra instalado o Museu Municipal de Vidigueira.
Títulos e honrarias.
Foi feito:
Legado.
O comércio de especiarias viria a ser um trunfo para a economia portuguesa, e a viagem de Vasco da Gama deixou clara a importância da costa leste da África para os interesses portugueses: os seus portos forneciam água potável, víveres e madeira, serviam para reparos e como abrigo para os navios esperarem em tempos desfavoráveis (aguardando a monção, ou abrigando-se de ataques). Um resultado significativo desta exploração foi a colonização de Moçambique pela Coroa Portuguesa.
Embora o rei D. Manuel tenha compreendido a importância das suas mercadorias, apesar de escassas, as conquistas de Vasco da Gama foram um pouco obscurecidas pelo seu fracasso em trazer bens comerciais de interesse para as nações da Índia. Além disso, a rota de mar estava repleta de perigos – a sua frota levou mais de trinta dias sem ver terra e apenas 60 dos seus 180 companheiros, numa das suas três naus, regressaram a Portugal em 1498. No entanto, esta jornada abriu a rota do Cabo direta para a Ásia.
Na segunda armada à Índia, de Pedro Álvares Cabral, seria feita uma demonstração de poder, com tripulação dez vezes maior e 9 navios a mais.
Da sua esposa, D. Catarina de Ataíde, Vasco da Gama teve sete filhos. Alguns acompanharam-no e vieram a desempenhar importantes cargos no Oriente: Francisco, segundo Conde da Vidigueira; Estêvão, 11º governador da Índia; Paulo; Cristóvão, um mártir na Etiópia; Pedro, Isabel de Ataíde e Álvaro da Gama, Capitão de Malaca.
O poema épico "Os Lusíadas" (1572) de Luís Vaz de Camões, centra-se em grande parte nas viagens de Vasco da Gama. José Agostinho de Macedo escreveu o poema narrativo "Gama" (1811), posteriormente refundido e aperfeiçoado no poema épico "O Oriente" (1814), com Vasco da Gama como Herói. A ópera "L'Africaine", composta em 1865 por Giacomo Meyerbeer e Eugène Scribe, inclui a personagem de Vasco da Gama, interpretada em 1989 na San Francisco Opera pelo tenor Placido Domingo. O compositor do século XIX, Louis-Albert Bourgault-Ducoudray, compôs uma ópera em 1872 de mesmo nome, baseada na vida e explorações marítimas de Vasco da Gama. A cidade portuária de Vasco da Gama, em Goa, é nomeada em sua memória, como o é a "cratera de Vasco da Gama" na Lua. Existem três clubes de futebol no Brasil (incluindo o Club de Regatas Vasco da Gama) e o Vasco Sports Club, em Goa, também nomeados em sua homenagem. Uma igreja em Cochim, Querala, a Igreja Vasco da Gama, e o bairro Vasco na Cidade do Cabo, também o homenageiam. As três viagens de Vasco da Gama são relatadas com pormenor, no romance histórico "Indias", de João Morgado, prémio Literário Alçada Baptista 2012.
Casamento e descendentes.
Casou-se com Catarina de Ataide (c. 1470 — 1532), filha de Álvaro de Ataide, Senhor de Penacova e Alcaide-mor do castelo de Alvor e de Maria da Silva, e irmã do famoso governador de Safim, Nuno Fernandes de Ataíde; tiveram oito filhos:
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1923 | World Wide Web | World Wide Web
A World Wide Web (tradução em português: Rede Mundial de Computadores; ) designa um sistema de documentos em hipermídia (ou hipermédia) que são interligados e executados na "Internet".
Os documentos podem estar na forma de vídeos, sons, hipertextos e imagens. Para consultar a informação, pode-se usar um programa de computador chamado navegador (como Internet Explorer, Google Chrome, Mozilla Firefox, Microsoft Edge, Opera, etc.), para descarregar informações (chamadas "documentos" ou "páginas") de servidores "web" (ou "sítios") e mostrá-los na tela do usuário. O usuário pode então seguir as hiperligações na página para outros documentos ou mesmo enviar informações de volta para o servidor para interagir com ele. O ato de seguir hiperligações é, comumente, chamado "navegar" ou "surfar" na "Web".
História.
As ideias por trás da "Web" podem ser identificadas ainda em 1980, no CERN (Organização Europeia para a Investigação Nuclear), na Suíça, quando Tim Berners-Lee construiu o ENQUIRE. Ainda que diferente da "Web" atual (2007), o projeto continha algumas das mesmas ideias primordiais, e também algumas ideias da Web semântica. Seu intento original do sistema foi tornar mais fácil o compartilhamento de documentos de pesquisas entre os colegas.
Em 1989, Tim Berners-Lee escreveu uma proposta de gerenciamento de informação, que referenciava o ENQUIRE e descrevia um sistema de informação mais elaborado. Com a ajuda de Robert Cailliau, ele publicou uma proposta mais formal para a "World Wide Web" no final de 1990.
Um computador NeXTcube foi usado por Berners-Lee como primeiro servidor "web" e também para escrever o primeiro navegador, o WorldWideWeb, em 1990. No final do mesmo ano, Berners-Lee já havia construído todas as ferramentas necessárias para o sistema: o navegador, o servidor e as primeiras páginas "web", que descreviam o próprio projeto. Em 6 de agosto de 1991, ele publicou um resumo no grupo de notícias codice_1. Essa data marca a estreia da "web" como um serviço publicado na "Internet".
O conceito crucial do hipertexto originou-se em projetos da década de 1960, como o projeto Xanadu e o NLS. A ideia revolucionária de Tim foi unir o hipertexto e a Internet. Em seu livro "Weaving The Web", ele explica que sugeriu repetidamente o casamento das tecnologias para membros de ambas as comunidades de desenvolvedores. Como ninguém implementou sua ideia, ele decidiu implementar o projeto por conta própria. No processo, ele desenvolveu um sistema de identificação global e único de recursos, o "Uniform Resource Identifier" (URI).
Sistemas anteriores se diferenciavam da "Web" em alguns aspectos. Na "Web", uma hiperligação é unidirecional, enquanto que trabalhos anteriores somente tratavam de ligações bidirecionais. Isso tornou possível criar uma hiperligação sem qualquer ação do autor do documento sendo ligado, reduzindo significativamente a dificuldade em implementar um servidor "Web" e um navegador. Por outro lado, o sistema unidirecional é responsável pelo que atualmente (2007) chama-se hiperligação quebrada, isto é, uma hiperligação que aponta para uma página não disponível devido à evolução contínua dos recursos da Internet com o tempo.
Diferente de sistemas anteriores como o HyperCard, a "World Wide Web" não era "software" proprietário, tornando possível a criação de outros sistemas e extensões sem a preocupação de licenciamento. Em 30 de abril de 1993, a CERN anunciou que a "World Wide Web" seria livre para todos, sem custo. Nos dois meses após o anúncio de que o "Gopher" já não era mais livre, produziu-se uma mudança para a "web". Um antigo navegador popular era o ViolaWWW, que era baseado no HyperCard.
Considera-se que a grande virada da WWW começou com a introdução do navegador Mosaic em 1993, um navegador gráfico desenvolvido por uma equipe de desenvolvedores universitários da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign. Antes de seu lançamento, os gráficos não eram frequentemente misturados com texto em páginas "web". A World Wide Web Consortium (W3C) foi fundada em outubro de 1994, após Tim Berners-Lee sair do instituto CERN.
Funcionamento.
Visualizar uma página ou outro recurso disponibilizado normalmente inicia ou ao digitar uma URL no navegador ou acessando uma hiperligação. Primeiramente, a parte da URL referente ao servidor de rede é separada e transformada em um endereço IP, por um banco de dados da "Internet" chamado "Domain Name System" (DNS). O navegador estabelece, então, uma conexão TCP/IP com o servidor "web" localizado no endereço IP retornado.
O próximo passo é o navegador enviar uma requisição HTTP ao servidor para obter o recurso indicado pela parte restante da URL (retirando-se a parte do servidor). No caso de uma página "web" típica, o texto em HTML é recebido e interpretado pelo navegador, que realiza então requisições adicionais para figuras, arquivos de formatação, arquivos de "script" e outros recursos que fazem parte da página.
O navegador, então, renderiza (reconstitui) a página no ecrã do utilizador, assim como descrita pelos arquivos que a compõe.
Padrões.
A funcionalidade da "web" é baseada em três padrões:
Evolução.
A "web" já passou por transformações evolutivas na forma como foi vista e utilizada. Dentre essas transformações, se destacam a "web 1.0", "web 2.0" e a "web 3.0".
Web 1.0.
A "web" 1.0 é considerada como estática, sendo que seus conteúdos não podem ser alterados pelos usuários finais. Todo o conteúdo da página é somente para leitura, por isso o termo "estático". Na "web" 1.0, não existia a interatividade do usuário com a página, onde somente o "webmaster" ou o programador pode realizar alterações ou atualizações da página.
Web 2.0.
A "web" 2.0 é o que usamos atualmente (2011), destaca-se por ser dinâmica, ao contrário da "web" 1.0 que é estática. Referindo-se à "web" 2.0, "dinâmico" indica a interatividade e participação do usuário final com a estrutura e conteúdo da página. Nela, o usuário final pode postar comentários, enviar imagens, compartilhar arquivos e fazer milhares de outras coisas que a "web" 1.0 não permitia. Outra grande mudança entre a "web" 1.0 e a "web" 2.0 foi que o usuário diminuiu a taxa de carregamento ("download") e aumentou a de envio ("upload"), o que indica que o usuário está interagindo mais com a web e trocando mais informações por compartilhamento.
A "web" 2.0 é chamada de participativa ou colaborativa.
Web 3.0.
A "web" 3.0 é uma evolução da 2.0, pois tem o intuito de mudar as formas de pesquisas para facilitar a vida do usuário da "web" 2.0, a fim de que possa suprir as necessidades de hoje que são consideradas extravasamento de dados, ou seja, o usuário está postando muitos dados aleatoriamente e isso dificulta a localização. A "web" 3.0 também vem incrementar a interatividade entre homem e máquina, melhorando as linguagens de programação para que o homem e a máquina falem a mesma língua. Como exemplo, podemos utilizar o Google que inovou seu "site" com uma nova forma de pesquisa interativa: o usuário pode encontrar informações sobre o arquivo que ele adicionou na barra de pesquisa do "site" do Google. Essa é uma das formas que podemos apresentar a "web" 3.0 que ainda é só um conceito que está chegando a sua fase final e entrando em aplicação.
A "Web" 3.0 é chamada de semântica ou "marketing". Esta não deve ser confundida com a Web3, que incorpora conceitos baseados em blockchain.
"Webwriting".
Pode-se pensar que "webwriting" é apenas uma técnica para escrever conteúdos digitais, mas o conceito é bem mais amplo, diretamente relacionado ao mundo WWW. São englobadas no conceito de "webwriting" todas as técnicas que facilitam a interpretação de um conteúdo em ambientes digitais.
A reprodução de uma foto, um texto mais sintetizado e mais objetivo, as cores a serem usadas nas páginas web, o posicionamento dos "links" e os formatos de navegação são algumas das preocupações trabalhadas dentro do "webwriting".
Tecnologias relacionadas.
Navegador.
O navegador web é um programa de computador usado para visualizar recursos da WWW, como páginas "web", imagens e vídeos. Com ele também é possível comunicar-se com o servidor "web" a fim de receber ou enviar informações. O primeiro navegador desenvolvido no CERN foi o WorldWideWeb, pelo próprio Tim Berners-Lee, para a plataforma NeXTSTEP em 1990. Mas, mais adiante, surgiram outros navegadores, como o Viola, da Pei Wei, em 1992. Marc Andreessen, da NCSA lançou um navegador chamado "Mosaic para X" em 1993 que causou um tremendo aumento na popularidade da "web" entre usuários novos. Andreessen fundou a Mosaic Communications Corporation (hoje Netscape Communications). Características adicionais como conteúdo dinâmico, música e animação podem ser encontrados em navegadores modernos. Frequentemente, as capacidades técnicas de navegadores e servidores avançam muito mais rápido que os padrões conseguem se ajustar, por isso não é incomum que essas características não funcionem propriamente em todos os computadores.
A necessidade de encontrar exatamente a informação desejada surgiu com a WWW: desta constatação, vieram os primeiros motores de busca.
Plataforma Java.
Um avanço significativo da "web" foi a plataforma Java, desenvolvida pela Sun Microsystems. Ela permite que páginas "web" incrustem pequenos programas (chamados "applets") diretamente dentro da informação enviada que será executada no computador do usuário. Esses "applets" são executados na própria máquina cliente, fornecendo uma experiência mais rica para o usuário. Essa tecnologia nunca ganhou a popularidade que a Sun esperava, por uma variedade de razões, incluindo falta de integração com outros conteúdos e o fato de que a JVM (máquina virtual necessária para a execução do conteúdo) ter que ser instalada antes do uso. Atualmente (2007), o Adobe Flash realiza várias das funções originalmente visadas aos "applets" Java, como apresentação de vídeo, animação e interfaces gráficas ricas.
JavaScript.
O JavaScript é uma linguagem de computador interpretada desenvolvida originalmente para uso em páginas "web", cuja versão padronizada é ECMAScript. Ainda que seu nome seja similar ao da linguagem Java, o JavaScript foi desenvolvido pela Netscape e não possui semelhanças com o Java. Em conjunto com a tecnologia de Document Object Model, o JavaScript tornou-se um método bastante poderoso de manipulação de páginas "web".
AJAX.
Em sua forma mais simples, todas as informações opcionais e ações em uma página "web" com JavaScript são carregadas do servidor "web" ao navegador quando a página é carregada. O AJAX é uma tecnologia baseada em JavaScript que fornece um método no qual pequenas partes de uma página "web" podem ser atualizadas sem a necessidade de atualização de toda a página. O AJAX é visto como um importante aspecto do que se chama "web" 2.0.
Plataforma Flash.
Adobe Flash (antes: Macromedia Flash), ou simplesmente Flash, é um "software" primariamente de gráfico vetorial - apesar de suportar imagens bitmap e vídeos - utilizado geralmente para a criação de animações interativas que funcionavam embutidas num navegador "web". O produto era desenvolvido e comercializado pela Macromedia, empresa especializada em desenvolver programas que auxiliam o processo de criação de páginas "web", que posteriormente foi adquirida pela Adobe, em 2005. O Flash entrou em processo de obsolescência em 2016 e foi descontinuado em 2020, em favor do HTML5.
CGI.
Consiste em uma tecnologia que permite que programas interpretados ou compilados gerem páginas "web" dinâmicas, permitindo a um navegador passar parâmetros para o servidor "web" para, então, receber o resultado do processamento. É uma especificação independente de linguagem de programação.
Aspecto profissional.
O surgimento da "web" representou uma nova fronteira profissional para diversos setores. À época do seu "estouro" comercial, jornalistas, publicitários, "designers", escritores, redatores, fotógrafos, além de programadores, webmasters e demais especialistas afluíram ao mercado, criando e desenvolvendo empresas com os mais variados objetivos.
Com o tempo o capital de risco, utilizado para fundar e fazer operar as primeiras empresas, afastou-se, levando-as à falência. Foi a chamada "bolha".
Atualmente o cenário mostra-se diverso, com investidores cautelosos, grandes corporações investindo com bastante cuidado e uma imensa legião de profissionais "freelancers" atendendo a seus clientes diretamente.
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1925 | Webmaster | Webmaster
O Webmaster é um profissional capaz de gerenciar as tarefas tanto de um webdesigner (elaboração do projeto estético e funcional de um web site) quanto de um "web developer" ( que faz a parte da programação, como sistemas de login, cadastro, área administrativa).
Um webmaster não necessariamente domina tecnologias de programação, desenvolvimento e plataformas CMS. Os responsáveis técnicos pelo layout e pelo sistema do site são em geral respectivamente o web designer e o web developer. O webmaster é a pessoa responsável por tomar as decisões quanto aos trabalhos específicos destes profissionais, bem como por assessorar o proprietário do website quanto a alterações e melhorias no mesmo.
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1926 | Blog | Blog
Um blogue (contração dos termos em inglês "web" e "log", "diário da rede") é um "site" cuja estrutura permite a atualização rápida a partir de acréscimos dos chamados artigos, postagens ou publicações. Estes são, em geral, organizados de forma cronológica inversa, tendo como foco a temática proposta do "blog", podendo ser escritos por um número variável de pessoas, de acordo com a política do "blog".
Muitos "blogs" fornecem comentários ou notícias sobre um assunto em particular; outros funcionam mais como diários "online". Um "blog" típico combina texto, imagens e hiperligações para outros "blogs", páginas da Web e mídias relacionadas a seu tema. A capacidade de leitores deixarem comentários de forma a interagir com o autor e outros leitores é uma parte importante de muitos "blogs".
Alguns sistemas de criação e edição de "blogs" são muito atrativos pelas facilidades que oferecem, disponibilizando ferramentas próprias que dispensam o conhecimento de HTML. A maioria dos "blogs" são primariamente textuais, embora uma parte seja focada em temas exclusivos como arte, fotografia, vídeos, música ou áudio, formando uma ampla rede de mídias sociais. Outro formato é o "microblogging", que consiste em "blogs" com textos curtos.
Em dezembro de 2007, o motor de busca de "blogs" Technorati rastreou a existência de mais de 112 milhões de "blogs". Com o advento do "videoblog", a palavra "blog" assumiu um significado ainda mais amplo, implicando qualquer tipo de mídia onde um indivíduo expresse sua opinião ou simplesmente discorra sobre um assunto qualquer.
História.
Etimologia.
O termo "weblog" foi criado por Jorn Barger em 17 de dezembro de 1997. A abreviação "blog", por sua vez, foi criada por Peter Merholz, que, de brincadeira, desmembrou a palavra "weblog" para formar a frase "we blog" ("nós blogamos") na barra lateral de seu "blog" Peterme.com, em abril ou maio de 1999. Pouco depois, Evan Williams do Pyra Labs usou "blog" tanto como substantivo quanto verbo ("to blog" ou "blogar", significando "editar ou postar em um "weblog""), aplicando a palavra "blogger" em conjunção com o serviço Blogger, da Pyra Labs, o que levou à popularização dos termos.
Origens.
Antes do formato "blog" se tornar amplamente conhecido, havia vários formatos de comunidades digitais como o Usenet, serviços comerciais "online" como o GEnie, BiX e Compuserve, além das listas de discussão e do Bulletim Board System (BBS). Em 1990, "softwares" de fóruns de discussão como o WebEx criaram os diálogos via "threads".
O "blog" atual é uma evolução dos diários "online", onde pessoas mantinham informações constantes sobre suas vidas pessoais. Estes primeiros "blogs" eram simplesmente componentes de "sites", atualizados manualmente no próprio código da página. A evolução das ferramentas que facilitavam a produção e manutenção de artigos postados em ordem cronológica facilitaram o processo de publicação, ajudando em muito na popularização do formato. Isso levou ao aperfeiçoamento de ferramentas e hospedagem próprios para "blogs".
Berners-Lee também criou o que é considerado pela Encyclopædia Britannica como "o primeiro 'blog'" em 1992 para discutir o progresso feito na criação da World Wide Web e software usado para isso.
A partir de 14 de junho de 1993, a Mosaic Communications Corporation manteve sua lista "What's New" de novos sites, atualizada diariamente e arquivada mensalmente. A página era acessível por um botão especial "O que há de novo" no navegador Mosaic.
A instância mais antiga de um blog comercial foi no primeiro site de negócios para consumidor criado em 1995 pela Ty, Inc. , que apresentava um blog em uma seção chamada "Diário Online". As inscrições foram mantidas por Beanie Babies em destaque , votadas mensalmente pelos visitantes do site.
O blog moderno evoluiu do diário on-line, onde as pessoas mantinham um registro contínuo dos eventos de suas vidas pessoais. A maioria desses escritores se autodenominam diaristas, jornalistas ou jornalistas. Justin Hall , que começou a blogar pessoal em 1994 enquanto estudante no Swarthmore College, é geralmente reconhecido como um dos primeiros blogueiros, assim como Jerry Pournelle. O Scripting News de Dave Winer também é considerado um dos weblogs mais antigos e mais antigos. A revista australiana Netguide manteve o Daily Net News em seu site desde 1996. O Daily Net News publicou links e análises diárias de novos sites, principalmente na Austrália.
Outro blog inicial foi o Wearable Wireless Webcam, um diário on-line compartilhado da vida pessoal de uma pessoa combinando texto, vídeo digital e imagens digitais transmitidas ao vivo de um computador vestível e dispositivo EyeTap para um site da Web em 1994. Essa prática de blogging semiautomática com o vídeo ao vivo junto com o texto era conhecido como sousveillance , e esses diários também eram usados como prova em questões legais. Alguns dos primeiros blogueiros, como The Misanthropic Bitch, que começou em 1997, na verdade se referiam à sua presença online como um zine , antes que o termo blog entrasse no uso comum.
O primeiro trabalho de pesquisa sobre blogs foi o artigo "Blogging Thoughts" de Torill Mortensen e Jill Walker Rettberg, que analisou como os blogs estavam sendo usados para promover comunidades de pesquisa e a troca de ideias e estudos, e como esse novo meio de networking derruba as estruturas de poder tradicionais.
Popularização.
A mensagem passou a modelar o meio, quando no início de 2000, o Blogger introduziu uma inovação – o "permalink", conhecido em português como ligação permanente ou apontador permanente – que transformaria o perfil dos "blogs". Os "permalinks" garantiam a cada publicação num "blog" uma localização permanente - uma URL – que poderia ser referenciada. Anteriormente, a recuperação em arquivos de "blogs" só era garantida através da navegação livre (ou cronológica). O "permalink" permitia então que os blogueiros pudessem referenciar publicações específicas em qualquer "blog".
Em seguida, "hackers" criaram programas de comentários aplicáveis aos sistemas de publicação de "blogs" que ainda não ofereciam tal capacidade. O processo de se comentar em "blogs" significou uma democratização da publicação, consequentemente reduzindo as barreiras para que leitores se tornassem escritores.
A blogosfera, termo que representa o mundo dos "blogs", ou os "blogs" como uma comunidade ou rede social, cresceu em ritmo espantoso. Em 1999 o número de "blogs" era estimado em menos de 50; no final de 2000, a estimativa era de poucos milhares. Menos de três anos depois, os números saltaram para algo em torno de 2,5 a 4 milhões. Atualmente existem cerca de 112 milhões de "blogs" e cerca de 120 mil são criados diariamente, de acordo com o estudo "State of Blogosphere".
Tipos.
Existem diversos tipos de "blogs" atualmente. Entretanto é possível dividi-los em três grandes ramos:
Pessoais.
Os "blogs" pessoais são os mais populares, normalmente são usados como um gênero de diário ou com temas definidos, com postagens voltadas para os acontecimentos da vida e as opiniões do usuário. Também são largamente utilizados por celebridades que buscam manter um canal de comunicação com seus fãs.
Corporativos e organizacionais.
Muitas empresas vêm utilizando "blogs" como ferramentas de divulgação e contato com clientes. Tanto é assim que já existe a profissão de blogueiro, ou seja, profissionais são contratados pelas empresas com o cargo de blogueiro para a realização de "blogs" internos ou externos para registrar as diversas atividades corporativas respectivamente para públicos internos (colaboradores) de forma mais privativa e externos como clientes e fornecedores. A empresa líder em "blogs" pelo mundo é a Microsoft com um total de "blogs".
Temáticos.
Por fim há "blogs" com um gênero específico, que tratam de um assunto dominado pelo o usuário, ou grupo de usuários. Estes são os "blogs" com o maior número de acessos. Sendo que eles podem apresentar conteúdos variados, como humorísticos, notícias, informativos ou o de variedades, com contos, opiniões políticas e poesias. Algumas categorias de "blogs" recebem denominações específicas, como: "blogs" educativos, "blogs" literários, "metablogs", etc..
Componentes.
"Blogger".
ou ainda "blogger" são palavras utilizadas para designar aquele que escreve em blogues. O universo dos blogueiros (a soma de tudo o que está relacionado a este grupo e este grupo em si) é conhecido como blogosfera.
No dia 31 de agosto, comemora-se o Dia do Blog (devido a semelhança da data 31.08 com a palavra "blog"), que se propõe a promover a descoberta de novos blogues e de novos blogueiros.
Artigos.
Conhecidos também como "post", a forma substantiva anglófona do verbo "postar", refere-se a uma entrada de texto efetuada num "weblog"/"blog". As postagens são organizadas tradicionalmente de forma cronologicamente inversa na página, de forma que as informações mais atualizadas aparecem primeiro, ou colocada ao contrário, a postagem mais antiga aparece em primeiro, sendo opção do blogueiro.
Um artigo deve seguir a temática proposta pelo "blog" e, embora permita uma enorme liberdade opinativa, seu conteúdo está sujeito às mesmas regras legais de outras fontes, de modo que seu autor pode vir a ser responsabilizado juridicamente por aquilo que escreve.
Atualmente, a maioria dos "blogs" é compatível com o recurso de inserção de imagens, vídeos, áudio nos artigos.
Comentários.
Um recurso característico dos "blogs" é a possibilidade de interação do visitante, respondendo ou opinando em relação aos artigos publicados.
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1927 | Wishful thinking | Wishful thinking
Wishful thinking é uma expressão idiomática inglesa, às vezes traduzida como pensamento ilusório ou pensamento desejoso, usada na língua portuguesa, que certas pessoas pensam ser de difícil tradução. Significa tomar os desejos por realidade e tomar decisões ou seguir raciocínios baseados nesses desejos, em vez de em fatos ou na racionalidade. Pode ser entendido também como a formação de crenças de acordo com o que é agradável de se imaginar, ao invés de basear essas crenças na racionalidade. É um produto da resolução de conflitos entre crença e desejo. Em português a expressão, "vontade de crer" reproduz com precisão a ideia de "wishful thinking", como atesta a definição do dicionário Houaiss da Língua Portuguesa: "impulso que conduz o ser humano à crença em determinadas suposições, tais como os princípios da religião ou do livre-arbítrio, cuja legitimidade não depende de qualquer comprovação obtenível por meio de fatos ou dados objetivos, mas de sua utilidade psicológica e dos benefícios vitais que as acompanham."
Muitos estudos provaram que, se todas as outras condições se mantiverem iguais, os sujeitos irão prever que os resultados positivos são mais prováveis do que os resultados negativos. Entretanto, pesquisas recentes sugerem que sob certas circunstâncias, quando as ameaças aumentam, um fenômeno contrário ocorre.
Falácia.
Além de ser um viés da autoconveniência e um caminho ruim para tomada de decisões, o "wishful thinking" é considerado como uma falácia em uma discussão quando se assume que, por causa de nossos desejos, alguma coisa pode ser verdadeira ou falsa; mas ela "é", de fato, verdadeira ou falsa, independentemente dos nosssos desejos. Esta falácia tem a forma "Eu desejo que P seja verdadeiro/falso, portanto P é verdadeiro/falso."
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1928 | Webwriting | Webwriting
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1929 | Wikipedia | Wikipedia
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