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Proteoma
Proteoma O proteoma é o conjunto de proteínas e variantes de proteínas que podem ser encontrados numa célula específica quando esta está sujeita a um certo estímulo. O termo foi criado em 1995 pelo pesquisador Marc Wilkins."Grosso modo", é o equivalente proteico do genoma. O projeto proteoma humano dedica-se a aplicar a proteômica aos seres humanos. O proteoma "negro" ou desconhecido. Perdigão e colegas examinaram o proteoma "negro" - i.e., regiões estruturais das proteínas não observadas quer por determinação experimental, quer inacessíveis para modelagem através de homologia. Para 546.000 proteínas da Swiss-Prot, eles descobriram que 44-54 % do proteoma das eucariotas e dos vírus eram "negro", em comparação com apenas ~14 % das archaea e das bactérias. Surpreendentemente, a maior parte do proteoma "negro" não podia ser explicado através das justificações convencionais, tais como regiões transmembranares, ou intrínsecamente desordenadas. Quase metade do proteoma "negro" é composto por proteínas "negras" i.e., onde a sequência inteira da proteína não tem qualquer semelhança com qualquer estrutura conhecida. Proteínas "negras" cumprem uma ampla variedade de funções, mas um subconjunto destas mostraram características distintas e altamente inesperadas, tais como associação com a secreções, tecidos específicos, retículo endoplasmático, dissulfureto, e clivagem proteolítica. Os estudos do proteoma (proteómica) têm-se desenvolvido principalmente através da separação das proteínas por electroforese de gel bidimensional. Na primeira dimensão, as proteínas são separadas por focalização isoelétrica, que distingue as proteínas em função da sua carga. Na segunda dimensão, as proteínas são separadas por massa molecular. O gel é corado com azul de Coomassie ou com prata para tornar as proteínas visíveis. Pontos no gel são proteínas que migraram para locais específicos. Recentemente, a proteómica tem sido ajudada pelo espectrómetro de massa. O mapeamento de massa identifica uma proteína partindo-a em peptídeos curtos e deduz depois a identidade da proteína através da comparação entre as massas observadas dos peptídeos e uma base de dados de sequências. A espectrometria de massa sequencial, por outro lado, pode obter a informação sequencial de peptídeos individuais isolando-os, fazendo-os colidir com um gás não reactivo e catalogando em seguida os iões/íons dos fragmentos assim produzidos.
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Processador de texto
Processador de texto Um processador de texto é um programa usado para escrever no computador. Com ele, é possível criar desde documentos simples até arquivos profissionais, que são mais complexos, tais como: fax, cartas, currículos, ofícios, procurações e apostilas. Um processador de texto é essencialmente um programa que simula o funcionamento de uma máquina de escrever, mas com recursos que facilitam e agilizam a produção, edição e finalização de texto. Processadores de texto populares. Existem vários processadores, alguns deles até gratuitos, como o LibreOffice Writer. Abaixo, alguns dos mais populares.
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Projeciologia
Projeciologia
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Psicologia
Psicologia Psicologia é uma ciência social que trata da mente, estuda e analisa os processos e comportamentos de indivíduos e grupos humanos em diferentes situações. A psicologia tem como objetivo imediato a compreensão de grupos e indivíduos tanto pelo estabelecimento de princípios universais como pelo estudo de casos específicos, e tem, segundo alguns, como objetivo final o benefício geral da sociedade. Um pesquisador ou profissional desse campo é conhecido como psicólogo, podendo ser classificado como cientista social, comportamental ou cognitivo. A função dos psicólogos é tentar compreender o papel das funções mentais no comportamento individual e social, estudando também os processos fisiológicos e biológicos que acompanham os comportamentos e funções cognitivas. Psicólogos exploram conceitos como percepção, cognição, atenção, emoção, Inteligência, fenomenologia, motivação, funcionamento do cérebro humano, personalidade, comportamento, relacionamentos interpessoais, incluindo resiliência, entre outras áreas. Psicólogos de orientações diversas também estudam, além dos fenômenos conscientes, conceitos como o inconsciente e seus diferentes modelos. Embora em geral o conhecimento psicológico seja construído como método de avaliação e tratamento das psicopatologias, também é direcionado à compreensão e resolução de problemas em diferentes camadas do comportamento humano. A grande maioria dos psicólogos pratica algum tipo de papel terapêutico, seja na psicologia clínica ou no aconselhamento psicológico. Outros dedicam-se à contínua pesquisa científica relacionada aos processos mentais e o comportamento, tipicamente dentro dos departamentos psicológicos das universidades ou outros ambientes acadêmicos. Além dos campos terapêutico e acadêmico, a psicologia aplicada é empregada em outras áreas relacionadas ao comportamento humano, como a psicologia do trabalho nos ambientes industriais ou organizacionais, psicologia educacional, psicologia esportiva, psicologia da saúde, psicologia do desenvolvimento, psicologia forense, psicologia jurídica, entre outros. Os psicólogos são os profissionais responsáveis pela elaboração e aplicação dos testes psicológicos e pela construção de escalas que buscam compreender os mais diversos processos mentais (atenção, memória, linguagem, inteligência entre outros), para depressão, ansiedade, e para os mais diversos objetivos como uma avaliação psicológica, um processo seletivo de emprego e na Psicologia Forense por exemplo. Etimologia. A palavra "psicologia" significa literalmente, "estudo da alma" (ψυχή, "psyché", "alma" — λογία, "logia", "tratado", "estudo"). A palavra em latim "psychologia" é creditada ao humanista croata Marko Marulić em seu livro, "Psichiologia de ratione animae humanae", datado dentre o século XV e século XVI. Em sua origem latina, o termo "psychologia" designava estudos ou estudiosos da obra de Aristóteles "De Anima" (Sobre a Alma). O sentido moderno de psicologia surgiu na Alemanha no século XVIII e tornou-se ciência com Wilhelm Wundt. Introdução. A psicologia é a ciência que estuda o comportamento e os processos mentais dos indivíduos (psiquismo). É geralmente definida como o estudo científico do comportamento e dos processos mentais, isto é, estuda todos os actos e reacções observáveis, mas também processos como os sentimentos, as emoções e as representações mentais que não podem ser observadas directamente. Cabe agora definir tais termos: Como toda ciência, o objetivo da psicologia é a "descrição", a "explicação", a "previsão" e o "controle" do desenvolvimento do seu objeto de estudo. Como os processos mentais não podem ser observados mas apenas inferidos, torna-se o comportamento o alvo principal dessa descrição, explicação e previsão (mesmo as novas técnicas visuais da neurociência que permitem visualizar o funcionamento do cérebro não permitem a visualização dos processos mentais, mas somente de seus "correlatos fisiológicos", ou seja, daquilo que acontece no organismo enquanto os processos mentais se desenrolam). "Descrever" o comportamento de um indivíduo significa, em primeiro lugar, o desenvolvimento de métodos de observação e análise que sejam os mais objetivos possíveis e em seguida a utilização desses métodos para o levantamento de dados confiáveis. A observação e a análise do comportamento podem ocorrer em diferentes níveis — desde complexos padrões de comportamento, como a personalidade, até a simples reação de uma pessoa a um sinal sonoro ou visual. A introspecção é uma forma especial de observação (ver mais abaixo o estruturalismo). A partir daquilo que foi observado o psicólogo procura "explicar", esclarecer o comportamento. A psicologia parte do princípio de que o comportamento se origina de uma série de fatores distintos: variáveis orgânicas (disposição genética, metabolismo, etc.), disposicionais (temperamento, inteligência, motivação, etc.) e situacionais (influências do meio ambiente, da cultura, dos grupos de que a pessoa faz parte, etc.). As "previsões" em psicologia procuram expressar, com base nas explicações disponíveis, a probabilidade com que um determinado tipo de comportamento ocorrerá ou não. Com base na capacidade dessas explicações de prever o comportamento futuro se determina a também a sua validade. "Controlar" o comportamento significa aqui a capacidade de influenciá-lo, com base no conhecimento adquirido. Essa é a parte mais prática da psicologia, que se expressa, entre outras áreas, na psicoterapia. Para o psicólogo soviético A. R. Luria, um dos fundadores da neuropsicologia, a psicologia do homem deve ocupar-se da análise das formas complexas de representação da realidade, que se constituíram ao longo da história da sociedade e são realizadas pelo cérebro humano, incluindo as formas subjetivas da atividade consciente sem substituí-las pelos estudo dos processos fisiológicos que lhes servem de base nem limitar-se a sua descrição exterior. Segundo esse autor, além de estabelecer as leis da sensação e percepção humana, regulação dos processos de atenção, memorização (tarefa iniciada por Wundt), na análise do pensamento lógico, formação das necessidades complexas e da personalidade, considera esses fenômenos como produto da história social (compartilhando, de certo modo com a proposição da "Völkerpsychologie" de Wundt (ver mais abaixo "História da Psicologia") e com as proposições de estudo simultâneo dos processos neurofisiológicos e das determinações histórico-culturais, realizadas de modo independente por seu contemporâneo Vigotsky). História. Perspectivas históricas. "A psicologia possui um longo passado, mas uma história curta". Com essa frase descreveu Hermann Ebbinghaus, um dos primeiros psicólogos experimentais, a situação da psicologia — tanto em 1908, quando ele a escreveu, como hoje: desde a Antiguidade pensadores, filósofos e teólogos de várias regiões e culturas dedicaram-se a questões relativas à natureza humana — a percepção, a consciência, a loucura. Apesar de teorias "psicológicas" fazerem parte de muitas tradições orientais, a psicologia enquanto ciência tem suas primeiras raízes nos filósofos gregos, mas só se separou da filosofia no final do século XIX. O primeiro laboratório psicológico foi fundado pelo fisiólogo alemão Wilhelm Wundt em 1879 tendo publicado seu livro "Principles of Physiological Psychology" em Leipzig, na Alemanha. Seu interesse se havia transferido do funcionamento do corpo humano para os processos mais elementares de percepção e a velocidade dos processos mentais mais simples. O seu laboratório formou a primeira geração de psicólogos. Alunos de Wundt propagaram a nova ciência e fundaram vários laboratórios similares pela Europa e os Estados Unidos. Edward Titchener foi um importante divulgador do trabalho de Wundt nos Estados Unidos. Mas uma outra perspectiva se delineava: o médico e filósofo americano William James propôs em seu livro ""The Principles of Psychology" (1890)" — para muitos a obra mais significativa da literatura psicológica — uma nova abordagem mais centrada na função da mente humana do que na sua estrutura. Nessa época era a psicologia já uma ciência estabelecida e até 1900 já contava com mais de 40 laboratórios na América do Norte Estruturalismo. Em seu laboratório, Wundt se dedicou a criar uma base verdadeiramente científica para a nova ciência. Assim, realizava experimentos para levantar dados sistemáticos e objetivos que poderiam ser replicados por outros pesquisadores. Para poder permanecer fiel a seu ideal científico, Wundt se dedicou principalmente ao estudo de reações simples a estímulos realizados sob condições controladas. Seu método de trabalho seria chamado de estruturalismo por Edward Titchener, que o divulgou nos Estados Unidos. Seu objeto de estudo era a estrutura consciente da mente e do comportamento, sobretudo as sensações. Um dos métodos usados por Titchener era a introspecção: nela o indivíduo explora sistematicamente seus próprios pensamentos e sensações a fim de ganhar informações sobre determinadas experiências sensoriais. A tônica do trabalho era assim antes compreender o que é a mente, os comos e porquês de seu funcionamento. As principais críticas levantadas contra o Estruturalismo foram: Funcionalismo. William James concordava com Titchener quanto ao objeto da psicologia — os processos conscientes. Para ele, no entanto, os estudos desses processos não se limitavam a uma descrição de elementos, conteúdos e estruturas. A mente consciente é, para ele, um constante fluxo, uma característica da mente em constante interação com o meio ambiente. Por isso sua atenção estava mais voltada para a função dos processos mentais conscientes. Na psicologia, a seu entender, deveria haver espaço para as emoções, a vontade, os valores, as experiências religiosas e místicas — enfim, tudo o que faz cada ser humano único. As ideias de James foram desenvolvidas por John Dewey, que dedicou-se sobretudo ao trabalho prático na educação. Gestalt, ou Psicologia da Forma. Uma importante reação ao funcionalismo e ao comportamentalismo nascente (ver abaixo) foi a psicologia da "gestalt" ou da forma, representada por Max Wertheimer, Kurt Koffka e Wolfgang Köhler. Principalmente dedicada ao estudo dos processos de percepção, essa corrente da psicologia defende que os fenômenos psíquicos só podem ser compreendidos, se forem vistos como um todo e não através da divisão em simples elementos perceptuais. A palavra "gestalt" significa "forma", "formato", "configuração" ou ainda "todo", "cerne". O gestaltismo assume assim o lema: "O todo é mais que a soma das suas partes". Distinta da psicologia da "gestalt", escola de pesquisa de significado basicamente histórico fora da psicologia da percepção, é a gestalt-terapia, fundada por Frederic S. Perls (Fritz Perls). O legado dos primórdios. Apesar de terem perspectivas já ultrapassadas, tanto o estruturalismo como o funcionalismo e a gestalt ajudaram a determinar o rumo que a psicologia posterior viria a tomar. Hoje em dia os psicólogos procuram compreender tanto as estruturas como a função do comportamento e dos processos mentais absolutos. História da Psicologia no Brasil. É relevante afirmar que desde o período Colonial no Brasil, já havia preocupações com o fenômeno psicológico, contudo não podemos afirmar que se tratava propriamente de Psicologia. O homem sendo parte fundante e personagem principal do desenvolvimento das ideias, cria e elabora ideias psicológicas, dentre tantas outras. É possível entender que também no Brasil, a Psicologia vai se desenvolvendo como ideias e posteriormente como ciência. A pesquisa de Massimi (1990) evidencia que os conhecimentos psicológicos foram sendo elaborados ao longo do tempo em várias culturas e que este objeto de estudo se denomina História das ideias psicológicas. Numa análise sobre o período colonial brasileiro, esta autora pontua que temas relevantes no que diz respeito a conhecimentos e práticas psicológicas foram produzidos. É conveniente evidenciar também que durante o século XIX, principalmente no final deste, a psicologia esteve presente em várias partes do Brasil, vinculadas a outras áreas de conhecimento. Havia uma preocupação com os fenômenos psicológicos no interior da Medicina e da Educação. Para Antunes (2004), este processo vai aos poucos contribuindo com o reconhecimento da Psicologia como área específica de saber. Destaca-se em 1854 como primeira obra sobre a área o livro "Investigações de Psychologia" do médico baiano Eduardo Ferreira França, que foi influenciado pela filosofia de Maine de Biran, e as teses "Psicofisiologia acerca do Homem" (1851), de Francisco Tavares da Cunha, e "Relação da Medicina com as Ciências Filosóficas: Legitimidade da Psicologia" (1864), por Ernesto Carneiro Ribeiro. A psicologia experimental foi iniciada no Brasil no final do século XIX, quando em 1897 Medeiros e Albuquerque criou no Pedagogium um laboratório de Psicologia Pedagógica, que teve curta duração, e outros posteriormente foram estabelecidos por Maurício de Medeiros e Manuel Bomfim. Em 1914, Ugo Pizzoli funda o Laboratório de Psicologia em São Paulo, e em 1929 em Belo Horizonte é criado o Laboratório de Psicologia destinado a estudos Pedagógicos, dirigido por muitos anos por Helena Antipoff. Em 1900, foi defendida por Henrique Roxo a primeira tese de psicologia experimental, "Duração dos atos psíquicos elementares nos alienados". A primeira obra sobre a história da psicologia no Brasil foi "A Psicologia Experimental no Brasil" (1944), de Plínio Olinto. O polonês Waclaw Radecki é considerado por Rogério Centofanti aquele que mais influenciou o desenvolvimento inicial da psicologia no Brasil, promovendo intensamente a atividade como área separada, publicando diversas obras no Brasil, como "Resumo do Curso de Psychologia" (1928), Tratado de Psicologia (1929) e Tratado de Psicoterapia (1926), divulgando suas pesquisas e aplicações em um laboratório de acordo com os estudos psicológicos contemporâneos de sua época e lecionando-a em cursos a profissionais. Ele veio ao Brasil em 1923 com sua esposa, Halina Radecka, que também contribuiu na teoria e prática, tendo publicado o livro "Psicologia Social" em 1960. e passou a administrar o laboratório do que era a Colônia de Psicopatas em Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro, fundado por Gustavo Riedel, e que se tornou o "Instituto de Psicologia" em 1932. Radecki estabeleceu um programa de formação superior profissional em psicologia que duraria quatro anos, mas o Instituto foi encerrado no mesmo ano durante o governo Vargas e não pôde desempenhar suas atividades. Radecki mudou-se para o Uruguai e Argentina, enquanto o setor do Instituto foi continuado por médicos brasileiros que eram seus discípulos. Uma portaria de 1946 reconhece o diploma de psicólogo, mas é em 1962 pela Lei nº 4.119 que o curso de formação profissional em psicologia é oficializado no MEC. Em 20 de dezembro de 1971 foi promulgada a Lei nº 5.766 que cria os Conselhos Federal e Regionais de Psicologia e regulamenta a profissão de psicólogo, e no mesmo ano foi realizado o I Encontro Nacional das Sociedades de Psicologia. Perspectivas atuais. Segue uma descrição sucinta das principais correntes de pensamento que influenciam a moderna psicologia. Para mais informações, ver os artigos principais indicados e ainda psicoterapia. A perspectiva biológica. A base do pensamento da perspectiva biológica é a busca das causas do comportamento no funcionamento dos genes, do cérebro e dos sistemas nervoso e endócrino. O comportamento e os processos mentais são assim compreendidos com base nas estruturas corporais e nos processos bioquímicos no corpo humano, de forma que esta corrente de pensamento se encontra muito próxima das áreas da genética, da neurociência e da neurologia e por isso está intimamente ligada ao importante debate sobre o papel da predisposição genética e do meio ambiente na formação da pessoa. Essa perspectiva dirige a atenção do pesquisador à base corporal de todo processo psíquico e contribui com conhecimento básico a respeito do funcionamento das funções psíquicas como pensamento, memória e percepção. O campo contemporâneo da biopsicologia ou neurociência comportamental concentra-se nas causas físicas que sustentam o comportamento. Por exemplo, psicólogos fisiológicos usam modelos animais, geralmente ratos, para estudar os mecanismos neurais, genéticos e celulares que fundamentam comportamentos específicos, como aprendizagem e memória e respostas de medo. Neurocientistas cognitivos investigam os correlatos neurais de processos psicológicos em humanos usando ferramentas de imagem neural, e neuropsicólogos conduzem avaliações psicológicas para determinar, por exemplo, aspectos específicos e extensão do déficit cognitivo causado por dano cerebral ou doença. O modelo biopsicossocial é uma perspectiva integrada para a compreensão da consciência, do comportamento e da interação social. Assume que qualquer comportamento ou processo mental afeta e é afetado por fatores biológicos, psicológicos e sociais dinamicamente inter-relacionados. A psicologia evolucionista examina a cognição e os traços de personalidade de uma perspectiva evolutiva. Essa perspectiva sugere que adaptações psicológicas evoluíram para resolver problemas recorrentes em ambientes ancestrais humanos. A psicologia evolucionista oferece explicações complementares para as explicações mais proximais ou de desenvolvimento por outras áreas da psicologia: isto é, ela se concentra principalmente sobre perguntas mais últimas do tipo "por quê?", em vez de aproximar a questões do tipo "como?". Questões "como?" são abordadas mais diretamente pela pesquisa de genética comportamental, que visa compreender como os genes e o ambiente impactam o comportamento. Assim, a genética do comportamento costuma enfatizar mais as diferenças individuais, como nas psicopatologias, ao invés das características evolutivas gerais da espécie. Nessa perspectiva, pesquisas de herdabilidade são conduzidas para indicar o grau de contribuição de fatores inatos e adquiridos à constituição da mente, enfatizando o debate natureza "versus" criação. O esforço de síntese entre esses diferentes níveis de análise, de interação genética ao ambiente físico e sociocultural, é buscado atualmente na área chamada de sociobiologia. Novos fatores estão sendo descobertos como pontes de conexão, tal como a epigenética do comportamento. Psicologia médica. O processo saúde-doença tem uma atenção especial e pode ser compreendido de diferentes formas além do direcionado ao tratamento do distúrbio mental propriamente dito. Inicialmente abordado pela psicopatologia, advinda da distinção progressiva do objeto da neurologia e psiquiatria, e consolidação destas como especialidades médicas, a percepção da importância dos fatores emocionais no adoecimento e recuperação da saúde já estavam presentes na medicina hipocrática e na homeopatia, contudo foi somente em meados do século XX que surgiram aplicações da psicologia nas intervenções clínicas atualmente denominadas por medicina psicossomática, psicologia médica, psicologia hospitalar e psicologia da saúde. A perspectiva psicodinâmica. Segundo a perspectiva psicodinâmica, o comportamento é movido e motivado por uma série de forças psíquicas internas, e descreve a mente com base em conceitos de energia, tensão, instintos, pulsões e desejos, como as necessidades internas de um lado e as exigências sociais de outro. A perspectiva psicodinâmica ficou mais conhecida na forma da teoria psicanalítica, a partir dos trabalhos do médico vienense Sigmund Freud (1856–1939) com pacientes psiquiátricos; mas ele acreditava serem esses princípios válidos também para o comportamento normal. O modelo freudiano é notoriamente reconhecido por enfatizar que a natureza humana não é sempre racional e que as ações podem ser motivadas por fatores não acessíveis à consciência. Além disso, Freud dava muita importância à infância, como uma fase importantíssima na formação da personalidade. A teoria original de Freud, que foi posteriormente ampliada por vários autores mais recentes e influenciou fortemente muitas áreas da psicologia, tem sua origem não em experimentos científicos, mas na capacidade de observação de um homem criativo, inflamado pela ideia de descobrir os mistérios mais profundos do ser humano. A perspectiva analítica. Em reação à perspectiva psicodinâmica, Carl Gustav Jung começou a desenvolver um sistema teórico que chamou, originalmente, de "Psicologia dos Complexos", mais tarde chamando-o de "Psicologia Analítica", como resultado direto de seu contato prático com seus pacientes. Utilizando-se do conceito de "complexos" e do estudo dos sonhos e de desenhos, esta corrente se dedica a entender profundamente aos meios pelos quais se expressa o inconsciente. Nessa teoria, enquanto o inconsciente pessoal consiste fundamentalmente de material reprimido e de complexos, o inconsciente coletivo é composto fundamentalmente de uma tendência para sensibilizar-se com certas imagens, ou melhor, símbolos que constelam sentimentos profundos de apelo universal, os arquétipos: da mesma forma que animais e homens parecem possuir atitudes inatas, chamadas de instintos, considera-se também provável que em nosso psiquismo exista um material psíquico contendo alguma analogia com os instintos. A perspectiva comportamentalista. A perspectiva comportamentalista procura explicar o comportamento pelo estudo de relações funcionais interdependentes entre eventos ambientais (estímulos) e fisiológicos (respostas). A atenção do pesquisador é assim dirigida para as condições ambientais em que determinado indivíduo enquanto organismo se encontra, para a reação desse indivíduo a essas condições, para as consequências que essa reação lhe traz e para os efeitos que essas consequências produzem. Os adeptos dessa corrente entendem o comportamento como uma relação interativa de transformação mútua entre o organismo e o ambiente que o cerca na qual os padrões de conduta são naturalmente selecionados em função de seu valor adaptativo. Trata-se de uma aplicação do modelo evolucionista de Charles Darwin ao estudo do comportamento que reconhece três níveis de seleção — o filogenético (que abrange comportamentos adquiridos hereditariamente pela história de seleção da espécie), o ontogenético (que abrange comportamentos adquiridos pela história vivencial do indivíduo) e o cultural (restrito à espécie humana, abrange os comportamentos controlados por regras, estímulos verbais, transmitidos e acumulados ao longo de gerações por meio da linguagem). A Análise do Comportamento, ciência que verifica tais postulados teóricos, baseia-se sobretudo em experimentos empíricos, controlados e de alto rigor metodológico com animais que levaram ao descobrimento de processos de condicionamento e formulação de muitas técnicas aplicáveis ao ser humano. Foi uma das mais fortes influências para práticas psicológicas posteriores, a maior no hemisfério norte atualmente. Destaca-se das demais correntes da Psicologia por não se fundamentar em abordagens restritamente teóricas e pela exclusiva rejeição do modelo de pensamento dualista que divide a constituição humana em duas realidades ontologicamente independentes, o corpo físico e a mente metafísica — ou seja, nessa perspectiva processos subjetivos tais como emoções, sentimentos e pensamentos/cognições são entendidos como substancialmente materiais e sujeitos às mesmas leis naturais do comportamento, sendo logo, classificados como eventos ou comportamentos encobertos/privados. Tal entendimento não rejeita a existência da subjetividade, como popularmente se imagina, mas destituí a mesma de um funcionamento automatista. As práticas terapêuticas derivadas desse tipo de estudo estão entre as mais eficientes e cientificamente reconhecidas e são, portanto, preferencialmente empregadas no tratamento de transtornos psiquiátricos. O modelo de estudo analítico-comportamental é também vastamente empregado na Farmacologia moderna e nas Neurociências. A perspectiva humanista. Em reação às correntes Comportamentalista e Psicodinâmica, surgiu nos anos 50 do século XX a perspectiva existêncial-humanista, que vê o homem não como um ser controlado por pulsões interiores nem por condições impostas pelo ambiente, mas como um ser ativo e autônomo, que busca, conscientemente, seu próprio crescimento e desenvolvimento, apresentando uma tendência à auto realização. A principal fonte de conhecimento da abordagem psicológica humanista é o estudo biográfico, com a finalidade de descobrir como a pessoa vivencia sua existência e entende sua experiência, por meio de um introspeccionismo. Ao contrário do Comportamentalismo, que valoriza a observação externa, a perspectiva humanista procura um entendimento holístico do ser humano e está intimamente relacionada à epistemologia fenomenológica. Exerceu grande influência sobre a psicoterapia. A perspectiva cognitiva. A "virada cognitiva" foi uma reação teórica às limitações instrumentais do comportamentalismo que excluía a análise inferencial da investigação psicológica. O foco central desta perspectiva é o pensar humano e todos os processos baseados no conhecimento — atenção, memória, compreensão, recordação, tomada de decisão, linguagem etc. Moldar o comportamento do paciente através da reflexão para adequá-lo à realidade pelo questionamento retórico e a reorganização de crenças. A perspectiva cognitivista se dedica assim à compreensão dos processos cognitivos que influenciam o comportamento — a capacidade do indivíduo de imaginar alternativas antes de se tomar uma decisão, de descobrir novos caminhos a partir de experiências passadas, de criar imagens mentais do mundo que o cerca — e à influência do comportamento sobre os processos cognitivos — como o modo de pensar se modifica de acordo com o comportamento e suas consequências. Logo, nota-se que apesar de fortemente influenciada pelo Comportamentalismo, posto que técnicas terapêuticas envolvem, na maioria das vezes, a planificação de metas de condicionamento operante, a Psicologia Cognitivista retoma o modelo convencional das demais correntes psicológicas por afirmar a existência de uma dicotomia entre processos mentais e comportamentais, ainda que reconhecendo uma interdependência entre eles. A perspectiva evolucionista. A perspectiva evolucionista procura, inspirada pela teoria da evolução, explicar o desenvolvimento do comportamento e das capacidades mentais como parte da adaptação humana ao meio ambiente. Por recorrer a acontecimentos ocorridos há milhões de anos, os psicólogos evolucionistas não podem realizar experimentos para comprovar suas teorias, mas contam somente com sua capacidade de observação e com o conhecimento adquirido por outras disciplinas como a antropologia e a arqueologia. A perspectiva cultural. Já em 1927 o antropólogo Bronislaw Malinowski criticava a psicologia — na época a psicanálise de Freud — por ser centrada na cultura ocidental. Essa preocupação de expandir sua compreensão do homem além dos horizontes de uma determinada cultura é o cerne da perspectiva sociocultural. A pergunta central aqui é: em que se assemelham pessoas de diferentes culturas quanto ao comportamento e aos processos mentais, em que se diferenciam? São válidos os conhecimentos psicológicos em outras culturas? Essa perspectiva também leva a psicologia a observar diferenças entre subculturas de uma mesma área cultural e sublinha a importância da cultura na formação da personalidade. A perspectiva social. A psicologia social é composta por diversas teorias e práticas, sendo que, de forma geral, seu ensino nos cursos de graduação em Psicologia também não apresentam uma congruência de diretrizes. Em discussões mais calorosas a respeito do tema sobressai a busca por uma forma de atuação com compromisso social, o que acaba desencadeando à procura por teorias e metodologias de intervenção social. Seu início se deu nos Estados Unidos no período pós-guerra, já em nosso país o desenvolvimento desta foi condicionado por um conjunto de determinações históricas que condicionaram seus fundamentos e suas características. O contexto histórico no qual surgiu a sistematização dos estudos dos fenômenos psicossociais (I Guerra Mundial) impulsionou a necessidade de compreender as crises pelas quais a sociedade estava passando, seus pontos de ruptura e reconstrução, e impacto sobre os indivíduos da mesma. A força da pesquisa do viés pragmático e seus procedimentos experimentais chegou a seu ponto mais forte durante a segunda Guerra Mundial. O intuito da psicologia social norte-americana na época era encontrar fórmulas de adequamento individual perante a sociedade. Em toda América Latina, incluindo o Brasil, foi possível notar as influências norte-americanas nos estudos, pesquisa e formação de profissionais da área da psicologia social, porém, apenas na década de 60 foi fundada a Associação Latino-Americana de Psicologia Social (ALAPSO), cujas atividades, inicialmente, tomaram a psicologia social norte-americana como referencial. A criação da ABRAPSO (Associação Brasileira de Psicologia social, 1980), ocorreu a partir da mobilização de pesquisadores brasileiros, como um ato de rompimento com a psicologia social norte-americana. Ela abre uma vertente da psicologia social no Brasil, cujas pesquisas se voltam para o debate sobre problemas sociais, econômicos e políticos. Segundo o cientista Gustave Le Bon, a psicologia social possui uma proposição básica de entendimento, sendo que os indivíduos que compõem um grupo, por mais distintos que sejam no caráter individual, passam a compartilhar ideais e tomam suas atitudes baseadas em uma mente coletiva, puramente distinta de suas crenças e diretrizes individuais. Uma série de experimentos importantes para a Psicologia Social foram os experimentos de conformidade de Solomon Asch, de 1951. Considerado um dos pais da psicologia social, Asch dedicou grande parte de sua carreira ao estudo da influência que os outros podem ter em nosso comportamento, com uma série de pesquisas que visavam provar que os indivíduos tendem a submeter-se a pressão de um grupo. Os experimentos consistiam em unir um grupo de pessoas em que todos os participantes, exceto um, eram cúmplices do pesquisador. Algumas linhas eram mostradas a eles, e o pesquisador pedia que cada um indicasse duas linhas do mesmo tamanho. Embora a resposta correta fosse muito evidente, os cúmplices selecionavam a linha que era visivelmente menor como se fosse a opção correta, fazendo com o que o sujeito que estava de fato sendo avaliado sentisse uma forte pressão do grupo para responder a mesma opção. Asch constatou que a maioria dos sujeitos experimentais acabou trocando sua resposta, entretanto, quando dados a opção de responder de forma privada, o número de pessoas que escolheram a linha errada diminuiu consideravelmente, permitindo que o pesquisador concluísse que a influência se manifestava pelo fato de os outros participantes verem sua resposta. Dessa forma, a ação de concordar com o grupo ocorre pois o indivíduo é convencido, pela unanimidade das respostas, de que eles estão corretos, o que é chamado de “conformidade informacional”. Contudo, o indivíduo também pode sentir-se pressionado a concordar por temer ser repreendido pelo grupo por destoar, chamado de “conformidade normativa”. Assim, a psicologia social representa o estudo científico da psicologia dos indivíduos nas suas relações com outros indivíduos, sendo influenciados ou agindo sobre eles, uma vez que o ser humano pensa e sente de determinada maneira por sua condição de ser social, e o mundo em que vive é, em parte, produto da maneira como pensa. A perspectiva biopsicossocial e a multidisciplinaridade. A enorme quantidade de perspectivas e de campos de pesquisa psicológicos corresponde à enorme complexidade do ser humano. O fato de diferentes escolas coexistirem e se completarem mutuamente demonstra que o ser humano pode e deve ser estudado, observado, compreendido sob diferentes aspectos. Essa realidade toma forma no modelo biopsicossocial, que serve de base para todo o trabalho psicológico, desde a pesquisa mais básica até a prática psicoterapêutica. Esse modelo afirma que o comportamento e os processos mentais humanos são gerados e influenciados por três grupos de fatores: Para ser capaz de ver o homem sob tantos e tão distintos aspectos a psicologia se vê na necessidade de complementar seu conhecimento com o saber de outras ciências e áreas do conhecimento. Assim, na parte da pesquisa teórica, a psicologia se encontra (ou deveria se encontrar) em constante contato com a fisiologia, a biologia, a etologia(ciência dos costumes), a neurologia e às neurociências (ligadas aos fatores biológicos) e à antropologia, à sociologia, à etnologia, à história, à arqueologia, à filosofia, à metafísica, à linguística à informática, à teologia e muitas outras ligadas aos fatores socioculturais. Um exemplo dessa multidisciplinaridade é a epistemologia na psicologia. O conceito é originário da filosofia, e se refere ao conhecimento humano. É a área da filosofia que busca entender a origem, estruturação, validação e sustentação do conhecimento e, por isso, acaba sendo um conceito muito utilizado na psicologia. A epistemologia na psicologia procura entender a validação e a qualidade dos conhecimentos adquiridos através do estudo da relação entre sujeito e o objeto de estudo, além da busca do homem sobre o conhecimento do mundo e de si mesmo, tornando-o cada vez mais complexo. Assim, isso torna possível a existência das diversas correntes teóricas da psicologia, como a psicanálise e o behaviorismo, que dizem coisas variadas sobre seus objetos de estudo: a partir da epistemologia, foi possível validar o conhecimento obtido por essas correntes. Assim, a noção do “eu” passou por grandes transformações, desde conceitos baseados na religião até conceitos elaborados por grandes filósofos como René Descartes, Immanuel Kant e Auguste Comte. A corrente positivista, elaborada por Comte, por exemplo, teve grande importância epistemológica para a psicologia e reinou absoluta por vários anos na psicologia. Além disso, essa teoria, baseada em quatro correntes centrais (o empirismo, o reducionismo cartesiano, o mecanicismo e o determinismo), foi responsável pela consolidação da psicologia experimental, assim como determinou o status de ciência instrumentalizada e sistematizada à psicologia. Além disso, a concepção de ciência surgiu a partir da necessidade de se entender e explicar as coisas que aconteciam. Algumas ideias sobre o mundo eram criadas baseadas no que era observado pelas pessoas ou ideias passadas por gerações eram reproduzidas. Com o passar do tempo, explicações racionais, baseadas em métodos e experimentos foram comprovando e identificando ordens que descreviam leis, nascendo, assim, a ciência, uma nova forma de produzir conhecimento e conclusões. No trabalho prático a necessidade de interdisciplinaridade não é menor. O psicólogo, de acordo com a área de trabalho, trabalha sempre em equipes com os mais diferentes grupos profissionais: assistentes sociais e terapeutas ocupacionais; funcionários do sistema jurídico; médicos, enfermeiros e outros agentes de saúde; pedagogos; fisioterapeutas, fonoaudiólogos e muitos outros — e muitas vezes as diferentes áreas trazem à tona novos aspectos a serem considerados. Um importante exemplo desse trabalho interdisciplinar são os comitês de Bioética, formados por diferentes profissionais — psicólogos, médicos, enfermeiros, advogados, fisioterapeutas, físicos, teólogos, pedagogos, farmacêuticos, engenheiros, terapeutas ocupacionais e pessoas da comunidade onde o comitê está inserido, e que têm por função decidir aspectos importantes sobre pesquisa e tratamento médico, psicológico, entre outros. Crítica. O "status" científico. A psicologia é frequentemente criticada pelo seu caráter "confuso" ou "impalpável". O filósofo Thomas Kuhn afirmou em 1962 que a psicologia em geral estava em um estágio "pré-paradigmático" por lhe faltar uma teoria de base unanimemente aceita, como é o caso em outras ciências mais maduras como a física e a química. Por grande parte da pesquisa psicológica ser baseada em entrevistas e questionários e seus resultados terem assim um caráter correlativo que não permite explicações causais, alguns críticos a acusam de não ser científica. Além disso muitos dos fenômenos estudados pela psicologia, como personalidade, pensamento e emoção, não podem ser medidos diretamente e devem ser estudados com o auxílio de relatórios subjetivos, o que pode ser problemático de um ponto de vista metodológico. Erros e abusos de testes estatísticos foram apontados em trabalhos de psicólogos que não demonstravam ter um conhecimento aprofundado em psicologia experimental e em estatística. Muitos psicólogos confundem significância estatística (ou seja, uma probabilidade maior do que 95% de o resultado obtido não ser fruto do acaso, mas corresponder à realidade empírica) com importância prática. Inclusive a obtenção de resultados estatisticamente significantes e na prática "irrelevantes" é um fenômeno comum em estudos envolvendo grande número de pessoas. Em resposta, muitos pesquisadores começaram a mais frequentemente utilizar o "tamanho do efeito" estatístico ("effect size") como medida da relevância prática. Muitas vezes os debates críticos ocorrem dentro da própria psicologia, por exemplo entre os psicólogos experimentais e os psicoterapeutas. Desde há alguns anos tem aumentado a discussão a respeito do funcionamento de determinadas técnicas psicoterapêuticas e da importância de tais técnicas serem avaliadas com métodos objetivos. Algumas técnicas psicoterapêuticas são acusadas de se basearem em teorias sem fundamento empírico. Por outro lado muito tem sido investido nos últimos anos na avaliação das técnicas psicoterapêuticas e muitas pesquisas, apesar de também elas terem alguns problemas metodológicos, mostram que as psicoterapias das escolas psicológicas tradicionais ("mainstream"), isto é, das escolas mencionadas mais acima neste artigo, são efetivas no tratamento dos transtornos psíquicos. Hoje, há pessoas que defendam que a Psicologia virou algo mais voltado para a opinião pública do que para uma área de pesquisa. Terapias "alternativas" não psicológicas. Um dos maiores problemas relacionados à distância que separa a teoria científica da psicologia e sua prática terapêutica é a multiplicação indiscriminada do números de "terapias alternativas" que se vê atualmente, muitas das quais baseadas em princípios de origem duvidosa e não pesquisados. Muitos autores já haviam apontado o grande crescimento no número de tratamentos e terapias realizados sem treinamento adequado e sem uma avaliação científica séria. Lilienfeld (2002) constata com preocupação que "uma grande variedade de métodos psicoterapêuticos de funcionamento duvidoso e por vezes mesmo danosos — incluindo "comunicação facilitada" para o autismo infantil, técnicas sugestivas para recuperação da memória, (ex. regressão etária hipnótica, trabalhos com a imaginação), terapias energéticas e terapias "new-age" de todos os tipos possíveis (ex. "rebirthing", "reparenting", regressão de vidas passadas, terapia do grito original, programação neurolinguística, terapia por abdução alienígena) surgiram ou mantiveram sua popularidade nas últimas décadas.". Allen Neuringer (1984) fez críticas semelhantes partindo da análise experimental do comportamento. Especializações. A Resolução CFP 13/07 institui a Consolidação das Resoluções relativas ao Título Profissional de Especialista em Psicologia e dispõe sobre normas e procedimentos para seu registro. É importante esclarecer que as especialidades regulamentadas são profissionais, isto é, são especialidades no campo do exercício profissional do psicólogo. Claro que há um número maior de especialidades, mas foram regulamentadas algumas que se configuraram como mais definidas e consensuais. Novas especialidades poderão ser regulamentadas, pelo CFP, sempre que sua produção teórica, técnica e institucionalização social assim as justifiquem:
1478
Protestantes
Protestantes
1480
Portugal
Portugal Portugal, oficialmente República Portuguesa, é um país soberano unitário localizado no sudoeste da Europa, cujo território se situa na zona ocidental da Península Ibérica e em arquipélagos no Atlântico Norte. O território português tem uma área total de , sendo delimitado a norte e leste por Espanha e a sul e oeste pelo oceano Atlântico, compreendendo uma parte continental e duas regiões autónomas: os arquipélagos dos Açores e da Madeira. Portugal é a nação mais a ocidente do continente europeu. O nome do país provém da sua segunda maior cidade, Porto, cujo nome latino-celta era "Portus Cale". O território dentro das fronteiras atuais da República Portuguesa tem sido continuamente povoado desde os tempos pré-históricos: ocupado por lusitanos e por celtas, como os galaicos, foi integrado na República Romana e mais tarde anexado por povos germânicos, como os suevos e os visigodos. No , as terras foram conquistadas pelos mouros. Durante a Reconquista cristã foi formado o Condado Portucalense,  estabelecido no por Vímara Peres, um vassalo do rei das Astúrias. O condado tornou-se parte do Reino de Leão em 1097, e os condes de Portugal estabeleceram-se como governantes independentes do reino no , após a batalha de São Mamede. Em 1139 foi estabelecido o Reino de Portugal, cuja independência foi reconhecida em 1143. Em 1297 foram definidas as fronteiras no tratado de Alcanizes, tornando Portugal no mais antigo Estado-nação da Europa com fronteiras definidas. Nos séculos XV e XVI, como resultado de pioneirismo na Era dos Descobrimentos (ver: descobrimentos portugueses), Portugal expandiu a influência ocidental e estabeleceu um império que incluía possessões na África, Ásia, Oceânia e América do Sul, chegando a ser a potência económica, política e militar mais importante de todo o mundo. O Império Português foi o primeiro império global da História, começando com a conquista de Ceuta em 1415, mas a importância internacional do país foi se deteriorando durante o , século marcado com a independência do Brasil, a sua maior colónia. Com a Revolução de 1910, a monarquia foi abolida, contando com 34 monarcas entre 1139 e 1910. A Primeira República Portuguesa foi muito instável, devido ao elevado parlamentarismo. O regime deu lugar a uma ditadura militar devido a um levantamento em 28 de maio de 1926. Já em 1933, foi instaurado o Estado Novo, um regime autoritário originalmente presidido por Salazar que durou até 1974. A democracia representativa foi instaurada após a Revolução de 25 de Abril de 1974, que terminou a guerra colonial. Durante este período, as províncias ultramarinas de Portugal, como Angola e Moçambique, tornaram-se independentes, e, por fim, em 1999, deu-se a transferência de soberania de Macau para a China, marcando o fim de um império com quase 600 anos de existência e o mais duradouro dos impérios coloniais europeus. Portugal é um país desenvolvido, com um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) considerado "muito elevado". O país foi classificado na 22.ª posição em qualidade de vida (em 2023), e é, também, uma das nações mais globalizadas e pacíficas do mundo. É membro da Organização das Nações Unidas (ONU), da União Europeia (incluindo a Zona Euro e o Espaço Schengen), da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Portugal também participa em diversas missões de manutenção de paz das Nações Unidas. Etimologia. O nome "Portugal" apareceu entre os anos 930 a 950 da Era Cristã, sendo no final do que começou a ser usado com mais frequência. O Rei Fernando I de Leão e Castela, chamado o "Magno", denominou oficialmente o território de Portugal, quando, em 1067, o deu ao seu filho D. Garcia, que se intitulou rei do mesmo nome. No , durante o reinado dos Suevos, Idácio de Chaves já escrevia sobre um local chamado "Portucale", para onde fugiu Requiário. "Cale", a atual Vila Nova de Gaia, já era conhecida por "Portucale" no tempo dos godos. Num diploma de 841, surge por incidente, a primeira menção da província "portugalense". Afonso II das Astúrias, ampliando a jurisdição espiritual do bispo de Lugo, diz: "Totius galleciae, seu Portugalensi Provintiae summun suscipiat Praesulatum." ("Que ele tome o governo supremo de toda a província da Galiza e de Portugal.") A etimologia do nome "Portugal" é incerta. Uma possibilidade é Portus Cale. Outra é "Portogatelo", nome dado por um chefe oriundo da Grécia chamado Catelo, ao desembarcar e se estabelecer junto do atual Porto. A primeira vez que o nome de Portugal aparece como elemento de raiz heráldica, é numa carta de doação da Igreja de São Bartolomeu de Campelo por D. Afonso Henriques em 1129. História. Primeiros povos. A pré-história de Portugal é partilhada com a do resto da Península Ibérica. Os vestígios humanos modernos mais antigos conhecidos são de homens de Cro-Magnon com "traços" de Neandertal, com anos e que são interpretados como indicadores de extensas populações mestiças entre as duas espécies. São também os vestígios mais recentes de seres com caraterísticas de Neandertal que se conhece, provavelmente os últimos da sua espécie Por volta de 5500 a.C., surge uma cultura mesolítica. Durante o Neolítico a região foi ocupada por pré-celtas e celtas, dando origem a povos como os galaicos, lusitanos e cinetes, e visitada por fenícios e cartagineses. Os romanos incorporaram-na no seu império como Lusitânia (centro e sul de Portugal), após vencida a resistência onde se destacou Viriato. No , com as reformas do Imperador Diocleciano, foi criada a Galécia, a norte do Douro, a partir da Tarraconense, abrangendo o norte de Portugal, com capital administrativa em Bracara Augusta. A romanização marcou a cultura, em especial a língua latina, que foi a base do desenvolvimento da língua portuguesa. Com o enfraquecimento do império romano, a partir de 409, o território é ocupado por povos germânicos como vândalos na Bética, Alanos que fixaram-se na Lusitânia e suevos na Galécia. Em 415 os Visigodos entram na Península, a pedido dos romanos, para expulsar os invasores. Face a isso os Vândalos e os Alanos deslocam-se para o norte de África. Os suevos, sobe o Rei Hermerico estabeleceram o seu reino com capital em Braga, enquanto os visigodos fundam o seu reino com capital em Toledo. Ibéria muçulmana. Portugal continental atual, juntamente com a maior parte da Espanha moderna, fez parte do al-Andalus, entre 726 e 1249, após a conquista da Península Ibérica pelo Califado Omíada. O domínio islâmico durou entre algumas décadas, a norte, e cinco séculos, no sul. Depois de derrotar os visigodos em apenas alguns meses, o Califado Omíada começou a expandir-se rapidamente na península. A partir de 726, o território português atual tornou-se parte do vasto império omíada centrado em Damasco, que se estendia desde rio Indo no subcontinente indiano ao sul da França, até seu colapso em 750. Naquele ano, o oeste do império ganhou a sua independência sob Abderramão I com o estabelecimento do Emirado de Córdoba. Após quase dois séculos, o emirado tornou-se o Califado de Córdoba em 929, até à sua dissolução, em 1031, em 23 pequenos reinos, chamados taifas. Por volta de 840–900 a costa Portuguesa foi alvo de várias Incursões Viking (do nórdico antigo víkingr) ou, em português víquingues. Tal como o resto da Europa virada para o atlântico Portugal não escapou impune a estas violentas incursões e, de facto, grande foi o impacto que deixaram na região. Durante este período o povo muçulmano, Cristão e Judeu que habitava o atual território português viveu uma época de constante medo e receio de uma ameaça nórdica. Estes ataques foram sentidos um pouco por toda a Costa com alguns, inclusive , atacarem a importante cidade de Lisboa. Embora estas invasões fossem cessar por volta do ano 1000 muitas foram as influências que ficaram no país "tais como as imponentes muralhas do castelo de Guimarães mas também a vila de Póvoa do Varzim outrora uma colónia nórdica. Os governadores das taifas proclamaram-se emires das suas províncias e estabeleceram relações diplomáticas com os reinos cristãos do norte. A maior parte de Portugal caiu nas mãos da taifa de Badajoz da dinastia Abássida, e após um curto período de uma efémera taifa de Lisboa em 1022, ficou sob domínio da taifa de Sevilha dos poetas dos abádidas. O período das taifas terminou com a conquista almorávida, proveniente de Marrocos, em 1086, e tiveram uma vitória decisiva na Batalha de Zalaca. Al-Andaluz foi dividida em diferentes distritos chamados cora. O Algarbe Alandalus, no seu auge, era constituído por dez coras, cada um com uma capital e governadores distintos. As principais cidades do período situavam-se no sul do país. A população muçulmana da região consistia principalmente de ibéricos nativos convertidos ao islão (os chamados muladis) e berberes. Os árabes eram principalmente nobres da Síria e Omã; e apesar de em menor número, constituíam a elite da população. Os berberes eram nómadas originários das montanhas do Atlas e Rife do norte da África. Reconquista e Condado Portucalense. Em 868, durante a Reconquista, formou-se o Condado Portucalense, o núcleo do Estado Português, estabelecido como parte da Reconquista do reino das Astúrias, por Vímara Peres. O condado tornou-se parte do Reino de Leão em 1097. Muito antes de Portugal conseguir a sua independência, já tinham havido algumas tentativas de alcançar uma autonomia mais alargada e estas continuaram até a independência por parte dos condes que governavam as terras do Condado da Galiza e de Portucale (com destaque para Nuno Mendes). Para anular as tentativas de independência da nobreza local em relação ao domínio leonês, o Rei Afonso VI entregou o governo do Condado da Galiza (que nessa altura incluía "as terras de Portucale") ao seu genro, o Conde Raimundo de Borgonha. Após muitos fracassos militares de D. Raimundo contra os mouros, Afonso VI decidiu entregar em 1096 ao primo deste, o Conde D. Henrique, também ele genro do rei, o governo das terras mais a sul do Condado da Galiza, refundando assim o Condado Portucalense. Com o governo do Conde D. Henrique, o Condado Portucalense conheceu não só uma política militar mais eficaz na luta contra os mouros, como também uma política independentista mais ativa. Só após a sua morte, quando o seu filho D. Afonso Henriques subiu ao poder, Portugal alcançou a independência, com a assinatura, em 1143, do Tratado de Zamora, ao mesmo tempo que conquistou localidades importantes como Santarém, Lisboa, Palmela (que foi abandonada pelos mouros após a conquista de Lisboa) e Évora, esta conquistada por Geraldo Sem Pavor aos mouros. No dia 23 de maio de 1179, Portugal foi reconhecido pelo Papa Alexandre III como reino e D. Afonso Henriques como rei, na bula Manifestis Probatum. Terminada a Reconquista do território português em 1249, a independência do novo reino viria a ser posta em causa diversas vezes por Castela. Descobrimentos e Dinastia Filipina. Primeiro, na sequência da crise da sucessão de D. Fernando I, que culminou na Batalha de Aljubarrota, em 1385. Com o fim desta guerra, Portugal deu início ao processo de exploração e expansão conhecido pelos Descobrimentos, que oficialmente começou com a conquista de Ceuta, em 1415. As figuras mais importantes foram o Infante D. Henrique, "o Navegador", e o Rei D. João II. Em 1422, por decreto de D. João I, Portugal abandonou oficialmente o sistema de datação anterior, a Era de César, e adotou o sistema "Anno Domini", tornando-se assim o último reino católico a fazê-lo. O Cabo Bojador foi dobrado por Gil Eanes em 1434 e a exploração da costa africana prosseguiu até que Bartolomeu Dias, já em 1488, comprovou a ligação entre os oceanos Atlântico e Índico ao dobrar o cabo da Boa Esperança. Em rápida sucessão, descobriram-se novas rotas e terras na América do Norte, na América do Sul, e no Oriente, na sua maioria durante o reinado de D. Manuel I, "o Venturoso". Foi a expansão no Oriente, sobretudo graças às conquistas de Afonso de Albuquerque que, durante a primeira metade do , concentrou quase todos os esforços dos portugueses, embora já em 1530 D. João III tivesse iniciado a colonização do Brasil. O país teve o seu "século de ouro" durante este período. Porém, na batalha de Alcácer-Quibir (1578), o jovem rei D. Sebastião e parte da nobreza portuguesa pereceram. Sobe ao trono o Rei-Cardeal D. Henrique, que morre dois anos depois, iniciando a crise de sucessão de 1580 que teve como desfecho a chamada União Ibérica, em que Portugal e Espanha, mantendo coroas separadas, eram regidas pelo mesmo rei, com a subida ao trono português de D. Filipe II de Espanha, I de Portugal, o primeiro de três reis espanhóis da dinastia filipina. Privado de uma política externa independente e envolvido na guerra travada por Espanha com os Países Baixos, Portugal sofreu grandes reveses no império, resultando na perda do monopólio do comércio no Índico. Esse domínio foi terminado a 1 de dezembro de 1640 pela nobreza nacional que, após ter vencido a guarda real num repentino golpe de estado, depôs a duquesa governadora de Portugal, coroando como Rei de Portugal. Restauração, absolutismo e liberalismo. Após o golpe de estado que restauraria a independência portuguesa a 1 de dezembro de 1640, seguiu-se uma guerra com Espanha que terminaria apenas em 1668, com a assinatura de um tratado de paz em que Espanha reconhecia em definitivo a restauração de Portugal. O final do e a primeira metade do assistiram ao florescimento da exploração mineira do Brasil, onde se descobriram ouro e pedras preciosas que fizeram da corte de D. João V uma das mais opulentas da Europa. Estas riquezas serviam frequentemente para pagar produtos importados, maioritariamente de Inglaterra (por exemplo: quase não existia indústria têxtil no reino e todos os tecidos eram importados de Inglaterra). O comércio externo baseava-se na indústria do vinho e o desenvolvimento económico do reino foi impulsionado, já no reinado de D. José, pelos esforços de Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal, ministro entre 1750 e 1777, para inverter a situação com grandes reformas mercantilistas. Foi neste reinado que um violento sismo devastou Lisboa e o Algarve, a 1 de novembro de 1755. A 19 de setembro de 1761, pela mão de Sebastião José de Carvalho e Melo, então conde de Oeiras e assinado por D. José, foi emitido um alvará libertando todos os escravos negros provenientes da América, África ou Ásia assim que chegassem à metrópole, atual território de Portugal, após desembarque. Esta lei, expandida posteriormente em novos alvarás, fez de Portugal o primeiro país a abolir o tráfico de escravos na metrópole. Era Napoleónica. Por manter a aliança com a Inglaterra e se recusar a aderir ao Bloqueio Continental, Portugal foi três vezes invadido pelos exércitos napoleónicos. A primeira invasão ocorreu em 1807. A corte e a família real portuguesa refugiaram-se no Brasil e a capital deslocou-se para o Rio de Janeiro, onde permaneceriam até 1821, quando D. João VI, desde 1816 rei do "Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves", regressou a Lisboa para jurar a primeira Constituição. No ano seguinte, o seu filho D. Pedro IV foi proclamado imperador do Brasil, passando a ser conhecido no Brasil como D. Pedro I. Portugal viveu, no restante , períodos de enorme perturbação política e social (a guerra civil e repetidas revoltas e pronunciamentos militares, como a Revolução de Setembro, a Maria da Fonte, a Patuleia, Belenzada) e só com o Ato Adicional à Carta, de 1852, foi possível a acalmia política e o início da política de fomento protagonizada no período da Regeneração, do qual foi figura de proa Fontes Pereira de Melo. No final do , as ambições coloniais portuguesas chocaram com as britânicas, resultando no ultimato britânico de 1890. A cedência às exigências britânicas e os cada vez mais comuns problemas e escândalos económicos lançam a monarquia num descrédito crescente, e D. Carlos e o príncipe herdeiro D. Luís Filipe são assassinados a 1 de fevereiro de 1908. A monarquia ainda esteve no poder durante mais dois anos, chefiada por D. Manuel II, mas viria a ser abolida em 5 de outubro de 1910, implantando-se a República. Primeira República e Estado Novo. A República é pouco depois instaurada, a 5 de outubro de 1910 e o jovem rei D. Manuel II parte para o exílio em Inglaterra. Após vários anos de instabilidade política, com lutas de trabalhadores, tumultos, levantamentos, homicídios políticos e crises financeiras (problemas que a participação na Primeira Guerra Mundial contribuiu para aprofundar), o Exército tomou o poder, em 1926. O regime militar nomeou ministro das Finanças António de Oliveira Salazar (1928), professor da Universidade de Coimbra, que pouco depois foi nomeado Presidente do Conselho de Ministros (1932). Ao mesmo tempo que restaurou as finanças, instituiu o Estado Novo, regime autoritário de corporativismo de Estado, com partido único e sindicatos estatais, com afinidades bem marcadas com o fascismo pelo menos até 1945. Em 1968, afastado do poder por doença, sucedeu-lhe Marcelo Caetano. A recusa do regime em descolonizar as províncias ultramarinas resultou no início da guerra colonial, primeiro em Angola (1961) e em seguida na Guiné-Bissau (1963) e em Moçambique (1964). Apesar das críticas de alguns dos mais antigos oficiais do Exército, entre os quais o general António de Spínola, o governo parecia determinado em continuar esta política. Com o seu livro "Portugal e o Futuro", em que defendia a insustentabilidade de uma solução militar nas guerras do Ultramar, Spínola seria destituído, o que agravou o crescente mal-estar entre os jovens oficiais do Exército, os quais, no dia 25 de abril de 1974 desencadearam um golpe de estado, conhecido como a Revolução dos Cravos. A esse sucedeu-se um período de confronto político muito aceso entre forças sociais e políticas, designado como Processo Revolucionário em Curso (PREC), com especial ênfase durante o verão de 1975, a que se chamou Verão Quente, no qual o país esteve prestes a entrar em guerra civil. Foram feitos ataques às sedes de partidos de esquerda como o PCP. Neste período, Portugal concede a independência a todas as suas antigas colónias em África. Restauração da democracia e integração europeia. A 25 de novembro de 1975 diversos setores da esquerda radical (essencialmente paraquedistas e polícia militar na Região Militar de Lisboa), provocados pelas notícias, levam a cabo uma tentativa de golpe de estado, que no entanto não tem nenhuma liderança clara. O Grupo dos Nove reage pondo em prática um plano militar de resposta, liderado por António Ramalho Eanes. Este triunfa e no ano seguinte consolida-se a democracia. O próprio Ramalho Eanes é no ano seguinte o primeiro Presidente da República eleito por sufrágio universal. Aprova-se uma Constituição democrática e estabelecem-se os poderes políticos locais (autarquias) e governos autónomos regionais nos Açores e Madeira. Entre as décadas de 1940–60, Portugal foi membro cofundador da NATO (1949), EFTA (1960) e OCDE (1961), saindo da EFTA em 1986, para aderir à então Comunidade Económica Europeia (CEE). Em 1999, Portugal aderiu à Zona Euro, e ainda nesse ano, entregou a soberania de Macau à República Popular da China. Desde a sua adesão à União Europeia, o país presidiu o Conselho Europeu por 4 vezes (em 1992, 2000, 2007 e 2021), tendo a presidência de 2007 sido marcado pela cerimónia de assinatura do Tratado de Lisboa. Geografia. Situado no extremo sudoeste da Europa, Portugal Continental faz fronteira apenas com um outro país, Espanha a Este e a Norte, a Oeste e a Sul é limitado pelo Atlântico. O território é dividido no continente pelo rio principal, o Tejo. A norte, a paisagem é montanhosa nas zonas do interior com planaltos, intercalados por áreas que permitem o desenvolvimento da agricultura. A sul, até ao Algarve, o relevo é caraterizado por planícies, sendo as serras esporádicas. Outros rios principais são o Douro, o Minho e o Guadiana, que tal como o Tejo, nascem em Espanha. Entre os rios que têm todo o seu percurso no território português temos o Vouga, o Sado, o Zêzere e o maior, o Mondego (estes últimos nascem na Serra da Estrela, onde se situa a montanha mais alta de Portugal Continental, a Torre – de altitude máxima, e a 2.ª mais alta de Portugal – apenas atrás da Montanha do Pico, nos Açores). As ilhas dos Açores estão localizadas no rifte médio do oceano Atlântico; algumas das ilhas tiveram atividade vulcânica recente: São Miguel em 1563, e Capelinhos em 1957, que aumentou a área ocidental da Ilha do Faial. O Banco D. João de Castro é um grande vulcão submarino que se situa entre as ilhas Terceira e São Miguel e está 14 m abaixo da superfície do mar. Entrou em erupção em 1720 e formou uma ilha, que permaneceu acima da tona de água durante vários anos. Uma nova ilha poderá surgir num futuro não muito distante. O ponto mais alto de Portugal é a Montanha do Pico na Ilha do Pico, um vulcão que atinge de altitude. As ilhas da Madeira, ao contrário dos Açores que se situam na área do rifte médio do oceano Atlântico, estão situadas no interior da placa africana e a sua formação deve-se à atividade de um ponto quente não relacionado com a circulação tectónica. Esta situação de estabilidade e localização no interior da placa tectónica leva a que este seja o território do país menos sujeito a sismos. A última erupção vulcânica de que há evidência ocorreu há cerca de anos, na ilha da Madeira, manifestando-se atualmente o vulcanismo de forma indireta, através da libertação de gases vulcânicos profundos e águas quentes e gaseificadas descobertas aquando da abertura de túneis rodoviários e galerias de captação de água no interior da ilha principal. O ponto mais alto do território é o Pico Ruivo com de altitude, que é também o terceiro mais alto do país. A costa portuguesa é extensa: tem em Portugal continental, nos Açores, na Madeira onde se incluem também as Ilhas Desertas, as Ilhas Selvagens e a ilha do Porto Santo. A costa formou belas praias, com variedade entre falésias e areais. Na ilha do Porto Santo uma formação de dunas de origem orgânica (ao contrário da origem mineral da costa portuguesa continental) com cerca de 9 km é um ponto turístico muito apreciado internacionalmente. Uma característica importante na costa portuguesa é a ria de Aveiro, estuário do rio Vouga, perto da cidade de Aveiro, com 45 km de comprimento e um máximo de 11 km de largura, rica em peixe e aves marinhas. Existem quatro canais, entre estes várias ilhas e ilhotas, e é onde quatro rios encontram o oceano. Com a formação de cordões litorais definiu-se uma laguna, vista como um dos elementos hidrográficos mais marcantes da costa portuguesa. Portugal possui uma das maiores zonas económicas exclusivas (ZEE) da Europa, cobrindo cerca de . Clima. Portugal tem um clima mediterrânico, "Csa" no sul e "Csb" no norte, de acordo com a classificação climática de Köppen-Geiger. Portugal é um dos países europeus mais amenos: a temperatura média anual em Portugal continental varia dos 13 °C no interior norte montanhoso até 18 °C no sul, na bacia do Guadiana. Os Verões são amenos nas terras altas do norte do país e na região litoral do extremo norte e do centro. O Outono e o Inverno são tipicamente ventosos, chuvosos e frescos, sendo mais frios nos distritos do norte e centro do país, nos quais ocorrem temperaturas negativas durante os meses mais frios. No entanto, nas cidades mais ao sul de Portugal, as temperaturas só muito ocasionalmente descem abaixo dos 0 °C, ficando-se pelos 5 °C na maioria dos casos. Normalmente, os meses de Primavera e Verão são ensolarados e as temperaturas são altas durante os meses secos de julho e agosto, podendo ocasionalmente passar dos 40 °C em boa parte do país, em dias extremos, e com maior frequência no interior do Alentejo. No Verão as temperaturas podem mesmo subir até aos 50 °C como está documentado num estudo climatológico realizado recentemente, por exemplo no Parque Arqueológico do Vale do Côa, no vale do Douro. Em algumas regiões, como nas bacias do Tejo e do Douro, as temperaturas médias anuais podem chegar a atingir os 20 °C. O maior valor da temperatura máxima do ar de 50,5 °C foi registada em Riodades, São João da Pesqueira. A precipitação total anual média varia de pouco mais de nas montanhas do norte a menos de 600 mm em zonas do sul do Alentejo. O país tem cerca de - horas de sol por ano, e uma média de 4–6 horas no Inverno e 10–12 horas no Verão, com valores superiores no sudeste e inferiores no noroeste. A neve ocorre regularmente em quatro distritos no norte do país (Guarda, Bragança, Vila Real e Viseu) e diminui a sua ocorrência em direção ao sul, até se tornar inexistente na maior parte do Algarve. No Inverno, temperaturas inferiores a −10 °C e nevões ocorrem com alguma frequência em pontos restritos, tais como a Serra da Estrela, a Serra do Gerês e a Serra de Montesinho, podendo nevar de outubro a maio nestes locais. Fauna e flora. O clima e a diversidade geográfica moldaram a flora portuguesa. No que diz respeito às florestas portuguesas estão muito difundidos, por razões económicas, o pinheiro (especialmente as espécies "Pinus pinaster" e "Pinus pinea"), o castanheiro ("Castanea sativa"), o sobreiro ("Quercus suber"), a azinheira ("Quercus ilex"), o carvalho-português ("Quercus faginea") e o eucalipto ("Eucalyptus globulus"). A fauna de mamíferos é muito variada e inclui a raposa, texugo, lince-ibérico, lobo-ibérico, cabra-selvagem ("Capra pyrenaica"), o gato-selvagem ("Felis silvestris"), a lebre, a doninha, o sacarrabos, gineta e, ocasionalmente, urso-pardo (perto do Rio Minho, perto da Peneda-Gerês) e muitos outros. Portugal é um lugar de paragem importante para aves migratórias que se deslocam entre a Europa e África, em lugares como o Cabo de São Vicente ou a Serra de Monchique, onde podem ser vistos milhares de pássaros que voam a partir da Europa para África no Outono ou no sentido oposto na Primavera. Portugal tem cerca de 600 espécies de aves, entre as quais 235 nidificantes e quase todos os anos há novos registos. Portugal tem mais de 100 espécies de peixes de água doce que variam desde o bagre-gigante-europeu (Parque Natural do Tejo Internacional) a pequenas espécies endémicas que vivem apenas em pequenos lagos (Zona Oeste, por exemplo). Algumas destas espécies raras e específicas estão altamente ameaçadas devido à perda de "habitat", poluição e secas. As águas marinhas portuguesas são umas das mais ricas em biodiversidade do mundo. As espécies marinhas são na ordem dos milhares e incluem a sardinha ("Sardina pilchardus"), o atum e a cavala-do-atlântico. Em Portugal também é possível observar o fenómeno de ressurgência, especialmente na costa oeste, que torna o mar extremamente rico em nutrientes e biodiversidade. As áreas protegidas de Portugal incluem um parque nacional, treze parques naturais (o mais recente criado em 2005), nove reservas naturais, cinco monumentos naturais e seis paisagens protegidas, que vão desde o Parque Nacional Peneda-Gerês ao Parque Natural da Serra da Estrela. Em 2005, a Área de Paisagem Protegida do Litoral de Esposende foi promovida a Parque Natural para "a conservação do cordão litoral e dos seus elementos naturais físicos, estéticos e paisagísticos". Demografia. Portugal registou no ano de 2021 uma população de habitantes através dos censos de 2021, dos quais com nacionalidade portuguesa e estrangeiros, representando cerca de 6,2% dos residentes e uma densidade populacional de 112,2 habitantes por km2. A população portuguesa está composta por 12,9% com idade compreendida entre os 0 e os 14 anos, 63,7% entre os 15 e os 64 anos e 23,4% com mais de 65 anos. A esperança média de vida foi de 80,72 anos em 2020. Desde do ano de 2018 regista-se um crescimento da população portuguesa, depois de vários anos de decrescimento populacional através da crise financeira de 2008, passando de habitantes em 2018 para habitantes em 2021, crescendo 0,6% e em residentes. A taxa de natalidade situa-se nos 7,7 bebés por mil habitantes e a taxa de mortalidade em 12 mortes por mil habitantes. Em 2022 foram registados nascimentos e mortes. As maiores regiões em termos populacionais é a Região do Norte com 3,6 milhões de habitantes, a Área Metropolitana de Lisboa com 2,9 milhões de habitantes e a Região do Centro com 2,2 milhões de habitantes. Já as maiores áreas urbanas com maior concentração populacional são as duas áreas metropolitanas portuguesas, a de Lisboa e do Porto, com 2,9 e 1,7 milhões de habitantes respectivamente, a seguir do Algarve com 470 mil habitantes, a Região de Coimbra com 437 mil habitantes e o Ave com 420 mil habitantes. Composição étnica. Os dados sobre a composição genética dos portugueses apontam para a sua fraca diferenciação interna e base essencialmente continental europeia paleolítica. É certo que houve processos démicos no Mesolítico (provável ligação ao Norte de África) e Neolítico (criando alguma ligação com o Médio Oriente, mas bastante menos do que noutras zonas da Europa), tal como as migrações das Idades do Cobre, Bronze e Ferro contribuíram para a indo-europeização da Península Ibérica (essencialmente uma «celtização»), sem apagar o forte caráter mediterrânico, particularmente a sul e leste. A romanização, as invasões germânicas, o domínio islâmico mouro, e a presença judaica terão tido igualmente o seu impacto e a sua contribuição démica. Podem mesmo listar-se todos os povos historicamente mais importantes que por Portugal passaram e/ou ficaram: as culturas pré-indo-europeias da Ibéria (como Tartessos e outras anteriores) e seus descendentes (como os cónios, posteriormente «celtizados»); os protoceltas e celtas (tais como os lusitanos, gallaici, celtici); alguns poucos fenícios e cartagineses; Romanos; Suevos, búrios e visigodos, bem como alguns poucos vândalos e alanos; alguns poucos bizantinos; Berberes com alguns árabes e "saqaliba" (escravos eslavos); Judeus sefarditas; africanos subsarianos; fluxos menos maciços de migrantes europeus (particularmente da Europa Ocidental). Todos estes processos populacionais terão deixado a sua marca, ora mais forte, ora só vestigial. Mas a base genética da população relativamente homogénea do território português, como do resto da Península Ibérica, mantém-se a mesma nos últimos quarenta milénios: os primeiros seres humanos modernos a entrar na Europa Ocidental, os caçadores-recoletores do Paleolítico. Uma das críticas comuns aos dados sobre os recenseamentos relaciona-se com a aparente deficiente cobertura dos grupos étnicos. No entanto, faz parte da política do Instituto Nacional de Estatística não incluir a distinção de raça ou etnia, havendo unicamente a recolha de dados sobre a nacionalidade. Línguas. A língua oficial da República Portuguesa é o português, adotado em 1290 por decreto do rei D. Dinis. Com mais de 210 milhões de falantes nativos, é a quinta língua mais falada no mundo e a terceira mais falada no mundo ocidental. É a língua oficial de Angola, do Brasil, de Cabo Verde, da Guiné-Bissau, de Moçambique e de São Tomé e Príncipe, e língua oficial a par de outros idiomas também oficiais em Timor-Leste, em Macau e na Guiné Equatorial. É também falada na antiga Índia Portuguesa (Goa, Damão, Diu e Dadrá e Nagar-Aveli), além de ter também estatuto oficial na União Europeia, na União de Nações Sul-Americanas (UNASUL), no Mercado Comum do Sul (Mercosul) e na União Africana. São ainda reconhecidas e protegidas oficialmente a língua gestual portuguesa e o mirandês, protegida oficialmente no concelho de Miranda do Douro, com origem no asturo-leonês, ensinada como segunda língua facultativa em escolas do concelho de Miranda do Douro e parte do concelho de Vimioso. O seu uso, no entanto, é bastante restrito, estando em curso ações que garantam os direitos linguísticos à sua comunidade falante. A língua portuguesa é uma língua românica (do grupo ibero-românico), tal como o galego, castelhano, catalão, italiano, francês, romeno, reto-romanche (Suíça), e outros. O português é conhecido como "a língua de Camões" (por causa de Luís de Camões, autor de Os Lusíadas), "a última flor do Lácio", expressão usada no soneto "Língua Portuguesa" de Olavo Bilac ou ainda "a doce língua" por Miguel de Cervantes. Religião. A Constituição Portuguesa garante a liberdade religiosa e a igualdade entre religiões, apesar da Concordata que privilegia a Igreja Católica, em várias dimensões da vida social, pelo que é comum, em algumas cerimónias oficiais públicas como inaugurações de edifícios ou eventos oficiais de Estado, haver a presença de um representante da Igreja Católica. No entanto, a posição religiosa dos políticos eleitos é normalmente considerada irrelevante pelos eleitores. A exemplo disso, dois dos últimos Presidentes da República (Mário Soares e Jorge Sampaio) eram pessoas assumidamente laicas. De acordo com pesquisa de 2010 do "Eurobarómetro", 70% dos portugueses disseram acreditar na existência de algum deus. 15% disseram crer na existência de algum tipo de espírito ou força vital, ao passo que 12% não acreditavam que exista qualquer tipo de espírito, deus, ou força vital. A maioria dos portugueses (80,2% da população total – segundo os resultados oficiais dos Censos 2021), inscrevem-se numa tradição católica. A prática dominical do Catolicismo segundo um estudo da própria Igreja Católica (de 2001) é realizada por católicos praticantes (18,7% da população total) e o número de comungantes é de (10,3% da população total). Cerca de metade dos casamentos realizados são casamentos católicos, os quais produzem automaticamente efeitos civis. O casamento entre pessoas do mesmo sexo, assim como o divórcio, são permitidos, conforme estabelecido no Código Civil (por mútuo consentimento ou por requerimento no tribunal por um dos cônjuges no caso do divórcio) apesar de o Direito Matrimonial Canónico não prever estas figuras, tal como o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Existem vinte dioceses em Portugal, agrupadas em três distritos eclesiásticos: Braga, Lisboa e Évora. Outras estatísticas não oficiais mostram que em 2004 a população católica de Portugal era de 90,41%, sendo a população da Diocese Portalegre-Castelo Branco a mais católica com 99,35% de fiéis e a população da Diocese de Beja a menos devota ao catolicismo com 83,42% de católicos. Já as Dioceses de Lisboa e do Porto possuíam respetivamente 85,00% e 90,56% de população católica. O protestantismo em Portugal possui várias denominações atuantes maioritariamente de cultos com inspiração evangélica neopentecostal (ex.: Congregação Cristã em Portugal, Assembleias de Deus em Portugal e Igreja Maná) ou de imigração brasileira (ex: Igreja Universal do Reino de Deus). As Testemunhas de Jeová contam com perto de praticantes em Portugal, distribuídos por cerca de 650 congregações, sendo que os simpatizantes alcançam um número similar. Mais de pessoas assistiram em 2007 à sua principal celebração, a Comemoração da Morte de Cristo. A religião está presente no país desde 1925, tendo sido proscrita oficialmente entre 1961 e 1974, período em que operou na clandestinidade. Em dezembro de 1974, a Associação das Testemunhas de Jeová foi legalmente reconhecida, tendo hoje a sua sede em Alcabideche. Portugal é um dos 236 países onde esta denominação religiosa se encontra atualmente ativa. A comunidade judaica em Portugal conseguiu manter-se até à atualidade, não obstante a ordem de expulsão dos judeus a 5 de dezembro de 1496 por decreto do rei, obrigando muitos a escolher entre conversões forçadas ou a efetiva expulsão do país, ou à prisão e consequentes penas decretadas pela Inquisição portuguesa, que, precisamente por este motivo acabou por ser uma das mais ativas na Europa. A forma como o culto se desenvolveu na vila raiana de Belmonte é um dos exemplos de perseverança dos judeus como unidade em Portugal. Em 1506, em Lisboa, dá-se um massacre de Judeus em que perderam a vida entre a pessoas, um dos mais violentos na época, a nível europeu. Existem ainda minorias islâmicas ( pessoas) e hindus, com base, na sua maioria, em descendentes de imigrantes, bem como alguns focos pontuais (alguns apenas a nível regional) de budistas, gnósticos e espíritas. Urbanização. A cidade de Lisboa, com mais de meio de milhão de habitantes e com perto de 3 milhões de habitantes na sua área metropolitana, é a maior cidade e a maior área urbana do país, principal polo económico, detendo o principal porto marítimo e aeroporto portugueses e é a cidade mais rica de Portugal com um PIB "per capita" superior ao da média da União Europeia. Outras cidades importantes são as do Porto, (cerca de – 1,7 milhões na área metropolitana) a segunda maior cidade e centro económico, Aveiro (por vezes denominada a "Veneza portuguesa"), Braga ("Cidade dos Arcebispos"), Chaves (cidade histórica e milenar), Coimbra (com a mais antiga universidade do país), Guimarães ("Cidade-berço"), Évora ("Cidade-Museu"), Setúbal (terceiro maior porto), Portimão (3.º porto de cruzeiros e sede do AIA), Faro e Viseu. Na área metropolitana de Lisboa existem cidades com grande densidade populacional como Agualva-Cacém e Queluz (concelho de Sintra), Amadora, Almada, Amora, Seixal, Barreiro, Montijo e Odivelas. Na área metropolitana do Porto os concelhos mais povoados são Vila Nova de Gaia, Maia, Matosinhos e Gondomar. Na Região Autónoma da Madeira a principal cidade é o Funchal. Na Região Autónoma dos Açores existem três cidades principais: Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, Angra do Heroísmo na ilha Terceira e Horta na ilha do Faial. Política. Governo. Em Portugal, a lei fundamental é a Constituição, datada de 1976, todas as outras leis devem respeitá-la. A constituição sofreu algumas revisões. Está previsto na Constituição a realização de referendos de consulta popular, no entanto, o resultado pode ser anulado politicamente. O primeiro referendo foi em 1933 que aprovou a Constituição que levou à criação do Estado Novo. Outras leis estruturantes do país são o Código Civil (1966), o Código Penal (1982), o Código Comercial (1888), o Código de Processo Civil (2013), o Código de Processo Penal (1987) e o Código do Trabalho (2011). Algumas destas leis têm sofrido revisões profundas desde a sua publicação original. Existem quatro Órgãos de Soberania: o Presidente da República (Chefe de Estado – poder moderador, mas com algum poder executivo), a Assembleia da República (Parlamento – poder legislativo), o Governo (poder executivo) e os Tribunais (poder judicial). Vigora no país um sistema semipresidencialista, segundo o quadro constitucional estabelecido em 1976. O semipresidencialismo português - de pendor parlamentarista (atenuado ou acentuado, conforme o governo seja maioritário ou minoritário) - suporta 4 traços estruturais essenciais: a eleição do Presidente da República por sufrágio direto e universal; a partilha do poder executivo entre este e o Governo, sem nunca o primeiro chefiar direta e formalmente o Executivo; a responsabilização política do Governo perante a Assembleia da República e o Presidente da República; e o Chefe de Estado detém o poder de dissolução do Parlamento e das Assembleias Legislativas Regionais. Portanto, o Presidente da República é o chefe de Estado e é eleito por sufrágio universal, para um mandato de cinco anos. Ao contrário dos outros órgãos de soberania, o candidato a este cargo tem que ser maior de 35 e cidadão nacional. O candidato vencedor - na tomada de posse perante a Assembleia da República - presta o seguinte juramento: "«Juro por minha honra desempenhar fielmente as funções em que fico investido e defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa»". O candidato eleito tem de ter mais de metade dos votos. No caso de não haver um vencedor claro, é feita uma segunda volta com os dois candidatos mais votados da primeira volta. O Presidente da República exerce - entre as "supra" mencionadas funções - a de comando, como Comandante Supremo das Forças Armadas (Exército, Armada, Força Aérea, Guarda Nacional Republicana); a de representação formal do Estado português no estrangeiro e nas relações internacionais, nomeadamente na de ratificação das convenções ou tratados internacionais e na receção das credenciais de embaixadores estrangeiros; a de promulgar e mandar publicar ou vetar os atos legislativos, nomeadamente as Leis da Assembleia da República, os Decretos-Lei e os decretos-regulamentares do Governo, bem como requerer a fiscalização da constitucionalidade destes diplomas; a de nomeação e exoneração do Primeiro-Ministro e dos demais ministros, neste último caso sob proposta do chefe do governo; conferir condecorações e exercer o cargo de grão-mestre das ordens honoríficas. Cabe, ainda, ao Presidente da República, sob proposta do Governo, a nomeação e exoneração de embaixadores e dos mais altos cargos militares (chefes de estado maior), bem como a nomeação do Procurador-Geral da República. No âmbito da interdependência de poderes entre o Presidente da República, a Assembleia da República e o Governo, cabe ao primeiro declarar a guerra e fazer a paz, declarar o estado de emergência e o de sítio e indultar e comutar penas. O chefe de Estado português reside, oficialmente, no Palácio de Belém, em Lisboa. A Assembleia da República, que reúne em Lisboa, no Palácio de São Bento, é eleita para um mandato de quatro anos. O primado do poder legislativo está atribuído à Assembleia da República, partilhando, em alguns casos, parte desse poder com o Governo. No entanto, a Assembleia da República detém poderes fiscalizadores dos atos legislativos do Governo, quer através da concessão de autorizações legislativas, quer através da apreciação parlamentar destes. Neste momento conta com 230 deputados, eleitos em 22 círculos plurinominais em listas de partidos políticos, embora nestas possam participar cidadãos independentes. O presidente da Assembleia é eleito pelos deputados, sendo sempre um deputado eleito nas legislativas, geralmente o deputado eleito é do partido do governo. O presidente da Assembleia é a segunda figura do estado, tomando a seu cargo as funções do presidente da República em caso de ausência deste. O Governo é chefiado pelo primeiro-ministro, que é, por regra, o líder do partido mais votado em cada eleição legislativa, e é convidado, nessa forma, pelo presidente da República para formar governo, pelo que o governo não é eleito mas nomeado. É o Presidente da República quem nomeia e exonera os restantes ministros, sob proposta do primeiro-ministro Este reside oficialmente no Palacete de São Bento, nas traseiras da Assembleia da República, em Lisboa. Qualquer governo pode ser alvo duma moção de censura podendo derrubá-lo na Assembleia. Uma moção de confiança também pode ser apresentada, opondo-se à moção de censura. Desde 1975, o panorama político português tem sido dominado por dois partidos: o Partido Socialista (PS) e o Partido Social Democrata (PSD). Estes partidos têm dividido as tarefas de governar e administrar a maioria das autarquias, praticamente desde a instauração da democracia. No entanto, partidos como o Partido Comunista Português (PCP), que detém ainda a presidência de autarquias e uma grande influência junto do movimento sindical ou o CDS – Partido Popular (CDS-PP) (que já governou o país em coligação com o PS e com o PSD) são também importantes no xadrez político. Para além destes, têm assento no Parlamento o Bloco de Esquerda (B.E.) e o Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV). Sistema judicial. Os tribunais administram a justiça em nome do povo, defendendo os direitos e interesses dos cidadãos, impedindo a violação da legalidade democrática e mediando os conflitos de interesses que ocorram entre diversas entidades. Segundo a Constituição existem as seguintes categorias de tribunais: Tribunal Constitucional, que tem a competência de interpretar a Constituição e fiscalizar a conformidade das leis com as suas disposições; o Supremo Tribunal de Justiça e os tribunais judiciais de primeira instância (Tribunais de Comarca) e de segunda instância (Tribunais da Relação); o Supremo Tribunal Administrativo e os tribunais administrativos e fiscais de primeira e segunda instâncias (Tribunais Centrais Administrativos); e o Tribunal de Contas. Portugal tem um regime legal considerado inovador, no plano internacional, de opção pela salvaguarda do toxicodependente, ao invés da sua punição. Em 2001, o governo português descriminalizou, com resultados eficazes, a posse de todas as drogas como a canábis, a cocaína, a heroína e o LSD. Enquanto que a posse não é criminalizada, o tráfico ainda o é. Aos cidadãos portugueses apanhados em flagrante com pequenas quantidades de qualquer droga, é dada a opção de ir para uma clínica de reabilitação, sendo que a recusa ao tratamento pode ser feita sem consequências. Apesar das críticas de outros países europeus, que declararam o consumo de drogas em Portugal iria aumentar tremendamente, o uso de drogas entre os adolescentes caiu, juntamente com o número de casos de infeção pelo HIV, que caiu 50 por cento em 2009. A 31 de maio de 2010, Portugal tornou-se o sexto país da Europa e o oitavo país do mundo a reconhecer legalmente o casamento entre pessoas do mesmo sexo em nível nacional. A lei entrou em vigor em 5 de junho de 2010. Relações externas. A política externa de Portugal está ligada ao seu papel histórico como figura proeminente da Era dos Descobrimentos e detentor do extinto Império Português. Portugal é um membro fundador da NATO (1949), OCDE (1961) e da EFTA (1960); deixando esta última em 1986 para aderir à União Europeia (UE), na altura ainda Comunidade Económica Europeia (CEE). Fundador da primeira Agência Internacional para as Energias Renováveis (IRENA), em 25 de junho de 1992, tornou-se um Estado-membro do Espaço Schengen, e, em 1996, cofundou a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Portugal tem beneficiado significativamente da União Europeia e é um proponente da integração europeia. Esteve na presidência do Conselho da União Europeia por quatro vezes (em 1992, 2000, 2007 e 2021). Portugal aproveitou as suas presidências para lançar um diálogo entre a UE e África, tornar a economia europeia mais dinâmica e competitiva e, na penúltima presidência, constituir e assinar, em conjunto com os restantes Estados-membros, o Tratado Reformador, que ficou conhecido por Tratado de Lisboa. Portugal foi um membro fundador da NATO; é um membro ativo da aliança ao, por exemplo, contribuir proporcionalmente com grandes contingentes nas forças da paz nos Balcãs. Portugal propôs a criação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) para melhorar os seus laços com os outros países falantes da língua portuguesa. Adicionalmente, tem participado, juntamente com a Espanha numa série de cimeiras ibero-americanas. Portugal advogou firmemente a independência de Timor-Leste, uma antiga província ultramarina, enviando tropas e dinheiro para Timor, em estreita colaboração com os Estados Unidos, aliados asiáticos e a ONU. Possui uma amizade e aliança através de um tratado celebrado com o Brasil, além da História que une os dois países (ver: Relações entre Brasil e Portugal). Portugal detém a aliança mais antiga do mundo, que foi celebrada com a Inglaterra (sucedida pelo Reino Unido) e se mantém até aos dias de hoje. O único litígio internacional diz respeito ao município de Olivença. Português desde 1297, o município de Olivença foi cedido à Espanha no âmbito do Tratado de Badajoz, em 1801, após a Guerra das Laranjas. Portugal alegou que lhe pertencia, em 1815, no âmbito do Tratado de Viena. Hoje o município consiste no município espanhol com o mesmo nome e no município de Táliga, separado do anterior. No entanto, as relações diplomáticas bilaterais entre os dois países vizinhos são cordiais, bem como no âmbito da União Europeia. Forças militares e policiais. As forças armadas têm três ramos: Exército, Marinha e Força Aérea. Os militares de Portugal servem, sobretudo, como uma autodefesa vigorosa cuja missão é proteger a integridade territorial do país, e fornecer assistência humanitária e de segurança no país e no estrangeiro. Desde 2004, o serviço militar obrigatório já não é praticado, tendo sido substituído pelo Dia da Defesa Nacional. A idade para o recrutamento voluntário é fixada nos 18 anos. No , Portugal esteve envolvido em duas grandes intervenções militares: a Primeira Guerra Mundial e a Guerra Colonial Portuguesa (1961–1974). Portugal tem participado em missões de manutenção da paz, nomeadamente em Timor-Leste, na Bósnia e Herzegovina, no Kosovo, no Afeganistão, no Iraque (Nasiriyah) e no sul do Líbano. O Exército Português possui uma Brigada de Reação Rápida, uma Brigada Mecanizada e uma Brigada de Intervenção. Estes três escalões de força aglutinam sobre si as mais diversas especialidades da disciplina militar, contendo, assim, unidades de engenharia, cavalaria, artilharia e infantaria, inserindo-se nesta última as unidades de tropas especiais, como comandos, paraquedistas e operações especiais. A segurança da população está a cargo da Guarda Nacional Republicana (GNR) e da Polícia de Segurança Pública (PSP) que estão sob a alçada do Ministério da Administração Interna. Para além destas, Portugal possui a Polícia Judiciária (PJ), que é o principal órgão policial de investigação criminal do país, vocacionado para o combate à grande criminalidade, nomeadamente ao crime organizado, terrorismo, tráfico de estupefacientes, corrupção e criminalidade económica e financeira. A Polícia Judiciária está integrada no Ministério da Justiça, atuando sob orientação do Ministério Público. Subdivisões. Uma das principais divisões administrativas de Portugal são os 18 distritos no continente e as duas regiões autónomas, dos Açores e da Madeira, que se subdividem em 308 municípios e freguesias. Portugal também está dividido em três NUTS. Esta divisão foi elaborada para fins estatísticos, estando em vigor em todos os países da União Europeia. O primeiro (NUTS I) é composto por três grandes regiões: Portugal Continental, Região Autónoma dos Açores e Região Autónoma da Madeira. Apesar de serem os distritos a divisão administrativa de primeira ordem em Portugal Continental, é outra a divisão técnica de primeira ordem. Trata-se das cinco grandes regiões geridas pelas Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDRs), e que correspondem às subdivisões NUTS II para Portugal. Os seus limites obedecem aos limites dos municípios, mas não obedecem aos limites dos distritos, que por vezes se espalham por mais do que uma região. As regiões de NUTS II subdividem-se em sub-regiões estatísticas sem significado administrativo, denominada NUTS III, cujo único objetivo é o de servirem para agrupar municípios contíguos, com problemas e desafios semelhantes, e obter assim dados de conjunto destinados principalmente ao planeamento económico. Uma outra versão da divisão administrativa portuguesa, que está atualmente (2008) em processo de implantação (a diferentes velocidades consoante as várias estruturas), gira em volta de "áreas urbanas", definidas como unidades territoriais contínuas constituídas por agrupamentos de concelhos. Existem dois tipos de áreas urbanas: Grandes Áreas Metropolitanas (GAM) – área urbana composta por nove ou mais concelhos, e com população superior a 350 mil habitantes; Comunidades Intermunicipais (CIM) – área urbana composta por três ou mais concelhos, e com uma população entre 10 a 100 mil habitantes eleitores. Economia. Desde 1985, o país entrou num processo de modernização num ambiente bastante estável (1985 até à atualidade) e juntou-se à União Europeia em 1986. Os sucessivos governos fizeram várias reformas, privatizaram muitas empresas controladas pelo Estado e liberalizaram áreas-chave da economia, incluindo os setores das telecomunicações e financeiros. Portugal desenvolveu uma economia crescentemente baseada em serviços e foi um dos onze membros fundadores da moeda europeia – o Euro – em 1999. Começou a circular a sua nova moeda em 1 de janeiro de 2002 com onze outros Estados membros da União Europeia. Quando se analisa um maior período de tempo, a convergência da economia portuguesa para os padrões da União Europeia tem sido impressionante, especialmente entre 1986 e o início da década de 2000. De acordo com Barry (2003), "o que parece ter sido crucial no caso português, em relação à Espanha pelo menos, é o grau de flexibilidade do mercado de trabalho que a economia exibe. (...) Essa convergência portuguesa tem sido impressionante, mesmo que, coerente com o seu relativamente baixo estoque de capital humano, a economia tem-se especializado em produção de baixa tecnologia." O crescimento económico português esteve acima da média da União Europeia na maior parte da década de 1990 e uma pesquisa sobre qualidade de vida feita pela "Economist Intelligence Unit" classificou Portugal como o país com a 19.ª melhor qualidade de vida no mundo em 2005, à frente de outros países económica e tecnologicamente avançados como França, Alemanha, Reino Unido e Coreia do Sul, mas nove lugares atrás de seu único vizinho, a Espanha. No entanto, o Relatório de Competitividade Global de 2013, publicado pelo Fórum Económico Mundial, classificou o nível de competitividade económica de Portugal na 46.ª posição entre os 60 países pesquisados, atrás de Espanha e Itália, o que representa uma queda em relação às posições conquistadas nos relatórios de anos anteriores. Portugal também continua a ser o país com o menor PIB per capita entre as nações da Europa Ocidental e o que apresenta um dos mais altos índices de desigualdade económica entre os membros da União Europeia. Em 2007, o fraco desempenho da economia portuguesa foi explorado pela revista "The Economist", que descreveu Portugal como o "novo homem doente da Europa". Em 6 de abril de 2011, após o início da crise económica de 2008 e o aprofundamento da crise da dívida pública da Zona Euro, o então primeiro-ministro José Sócrates anunciou na televisão nacional que o país pediu ajuda financeira ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e ao Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF), como a Grécia e a República da Irlanda já tinham feito. Foi a terceira vez que a ajuda financeira externa foi solicitada ao FMI – a primeira foi no final de da década de 1970, após a Revolução de 25 de Abril. Em 6 de julho do mesmo ano, a agência de notação norte-americana "Moody's" despromoveu a classificação do para "lixo financeiro", provocando a queda dos maiores bancos nacionais no PSI 20. Em 2017, o país saiu da classificação de "lixo financeiro" e voltou a ter taxas de crescimento na faixa dos 2,8–3%. A agência de notação financeira "Fitch Ratings" e a "Standard & Poor's" retiraram Portugal do nível de "lixo", melhorando em dois patamares a classificação atribuída à dívida pública portuguesa, de BB+ para BBB, o segundo nível da categoria de investimento. Setores. Com um passado predominantemente agrícola, atualmente e devido a todo o desenvolvimento que o país registou, a estrutura da economia baseia-se nos serviços e na indústria, que representam 67,8% e 28,2% do VAB. A agricultura portuguesa está bem adaptada devido ao clima, relevo e solos favoráveis. Nas últimas décadas, intensificou-se a modernização agrícola, embora ainda cerca de 12% da população ativa trabalhe na agricultura. As oliveiras (), os vinhedos (), o trigo () e o milho () são produzidos em áreas bastante vastas. Os vinhos (especialmente o Vinho do Porto e o Vinho da Madeira) e azeites portugueses são bastante apreciados devido à sua qualidade. Portugal também é produtor de fruta de qualidade selecionada, nomeadamente as laranjas algarvias, a pêra-rocha da região Oeste, a cereja da Gardunha e a banana da Madeira. Outras produções são de horticultura ou floricultura, como a beterraba doce, óleo de girassol e tabaco. A importância económica da pesca tem vindo a diminuir, empregando menos de 1% da população ativa. A diminuição das reservas de recursos piscatórios refletiu-se na redução da frota pesqueira portuguesa que, embora se tenha vindo a modernizar, ainda tem dificuldade em competir com outras frotas europeias. Apesar da reduzida extensão da plataforma continental portuguesa, existe alguma diversidade de espécies nas águas da ZEE de Portugal, uma das maiores da Europa. A frota portuguesa efetua captura em águas internacionais e nas ZEE de outros países. No seu todo, as espécies mais capturadas são a sardinha, o carapau, o polvo, o peixe-espada-preto, a cavala e o atum. Os portos com maior desembarque de pescado, em 2001, foram os de Matosinhos, Peniche, Olhão e Sesimbra. A cortiça tem uma produção bastante significativa: em 2010, Portugal produzia 54% da cortiça produzida no mundo. Os recursos minerais mais significativos em Portugal são o cobre, o lítio (7), o volfrâmio (6), o estanho, o urânio, feldspatos (11), sal-gema, talco e mármore A balança comercial de Portugal é, há muito, deficitária, com o valor das exportações a cobrir apenas 65% do valor das importações em 2006. As maiores exportações correspondem aos têxteis, vestuário, máquinas, material elétrico, veículos, equipamentos de transporte, calçado, couro, madeira, cortiça, papel, entre outras. O país importa principalmente produtos vindos da União Europeia: Espanha, Alemanha, França, Itália e Reino Unido. Turismo. O turismo continua a ser um setor económico extremamente importante para Portugal, sendo que o número de visitantes deverá aumentar significativamente nos próximos anos. No entanto, há uma crescente concorrência com destinos do Leste Europeu, como a Croácia, que oferecem atrativos semelhantes, mas que muitas vezes são mais baratos. Consequentemente, o país é quase obrigado a concentrar-se nas suas atrações de nicho, como a saúde, a natureza e o turismo rural, com o objetivo de permanecer à frente dos seus concorrentes. Portugal está entre os 20 mais visitados países do mundo, recebendo uma média anual de 13 milhões de turistas estrangeiros. O turismo está a desempenhar um papel cada vez mais importante na economia de Portugal, contribuindo para cerca de 11% do seu produto interno bruto (PIB) em 2010. Entre os povos estrangeiros que mais visitaram o país em 2012 estão os britânicos, seguidos por espanhóis, alemães, franceses e brasileiros. Em 2013, Portugal foi obteve a 20.ª posição entre as 140 nações avaliadas pelo Índice de Competitividade em Viagens e Turismo, publicado pelo Fórum Económico Mundial. No mesmo ano, Portugal também foi eleito pela "Condé Nast Traveller" o melhor destino do mundo para se viajar. Paisagem, gastronomia, praias e a simpatia da população foram os critérios usados para a escolha. A publicação ressaltou o "especial encanto que é visível nas tradições do país, com cidades que combinam a modernidade com o peso visível da História, paisagens e praias que nos reconciliam com a natureza". Em maio de 2014, o portal de viagens do jornal norte-americano "USA Today" elegeu o país como o melhor da Europa para passar férias. Os principais pontos turísticos de Portugal são Lisboa, Fátima, Algarve e Madeira, mas o governo português continua a promover e desenvolver novos destinos turísticos, como o vale do Douro, a ilha de Porto Santo e o Alentejo. Em 2005, Lisboa foi a segunda cidade europeia, apenas atrás de Barcelona, que atraiu mais turistas, com sete milhões de dormidas nos hotéis da cidade. Infraestrutura. Educação. A coordenação da política relativa ao sistema educativo compete ao Ministério da Educação e ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. A Constituição da República Portuguesa estabelece que todos têm direito ao ensino, com garantia do direito à igualdade de oportunidades de acesso e êxito escolar, determina que o Estado criará uma rede de estabelecimentos públicos de ensino que cubra as necessidades de toda a população e assegura a liberdade de aprender e de ensinar, garantindo o direito de criação de escolas privadas. O ensino público tem, em regra, maior expressão que o ensino privado salvo no que se refere à educação pré-escolar. A taxa de analfabetismo apurada nos Censos de 2021, situava-se ainda em 3,1% (2,1% nos homens e 4,0% nas mulheres). No ano letivo de 2014–2015, a taxa de escolarização atingia 98,3% no ensino básico, 89,5% na educação pré-escolar, 74,6% no ensino secundário e 31,4% no ensino superior. O sistema educativo é regulado pela , e compreende a educação pré-escolar, a educação escolar e a educação extra-escolar. A educação pré-escolar é universal para todas as crianças a partir do ano em que atinjam os 4 anos de idade. A educação escolar compreende os ensinos básico, secundário e superior. O primeiro nível de ensino, o ensino básico, tem uma duração de nove anos organizada em três ciclos: 1.º ciclo (1.º ao 4.º anos de escolaridade); 2.º ciclo (5.º e 6.º anos de escolaridade) e 3.º ciclo (7.º ao 9.º anos de escolaridade). O nível seguinte, o ensino secundário tem uma duração de três anos (10.º, 11.º e 12.º anos de escolaridade) e organiza-se num só ciclo. O ensino secundário organiza-se segundo formas diferenciadas, contemplando a existência de cursos predominantemente orientados para a vida activa ou para o prosseguimento de estudos. A escolaridade obrigatória é de 12 anos, abrangendo os ensinos básico e secundário e inicia-se aos seis anos de idade. O ensino superior é constituído por dois subsistemas: universitário e politécnico. Na organização dos seus cursos foi adotado o modelo definido no âmbito do Processo de Bolonha, através de um conjunto der alterações introduzidas pelas instituições de ensino superior entre os anos de 2006 e 2009. O ensino universitário é ministrado em universidades, institutos universitários e também em escolas universitárias não integradas em universidades. Nas universidades e institutos universitários são conferidos os graus académicos de licenciado, mestre e doutor. Nas escolas universitárias não integradas em universidades são conferidos apenas os graus de licenciado e de mestre. As universidades têm formas diversas de organização. Na organização tradicional as suas unidades orgânicas denominam-se, em regra, faculdades e, nalguns casos, institutos ou escolas. A primeira universidade portuguesa foi criada em 1290, a Universidade de Coimbra, estabelecida primeiramente em Lisboa antes de se fixar definitivamente em Coimbra a partir de 1537. No ano letivo de 2015–2016, a maior universidade portuguesa, considerando como indicador o número de alunos, era a Universidade de Lisboa, com 49 225 estudantes inscritos. O ensino politécnico é ministrado em institutos politécnicos, constituídos por duas ou mais escolas, em escolas politécnicas integradas em universidades e também em escolas politécnicas não integradas. No ensino politécnico são conferidos os graus académicos de licenciado e de mestre. As unidades orgânicas de ensino politécnico denominam-se, em regra, escolas, e nalguns casos institutos. No ano letivo de 2015–2016, o maior instituto politécnico, considerando como indicador o número de alunos, era o Instituto Politécnico do Porto, com 17988 estudantes inscritos. Saúde. O sistema de saúde português é caraterizado por três sistemas coexistentes: o Serviço Nacional de Saúde (SNS), os regimes de seguro social de saúde especiais para determinadas profissões (subsistemas de saúde) e seguros de saúde de voluntariado privados. O SNS oferece uma cobertura universal. Além disso, cerca de 25% da população é coberto por subsistemas de saúde, 10% em seguros privados e outros 7% em fundos mútuos. O Ministério da Saúde é responsável pelo desenvolvimento da política da saúde, bem como de gerir o SNS. Cinco administrações regionais de saúde são responsáveis pela execução dos objetivos da política nacional de saúde, desenvolvimento de orientações e protocolos e supervisionar a prestação de cuidados de saúde. Os esforços para a descentralização têm-se destinado a transferir a responsabilidade financeira e de gestão a nível regional. Na prática, porém, a autonomia das administrações regionais de saúde sobre definição de orçamento e das despesas foi limitada aos cuidados primários. O SNS é predominantemente financiado através de uma tributação geral. As contribuições dos empregadores (incluindo o Estado) e dos empregados representam as principais fontes de financiamento dos subsistemas de saúde. Além disso, os pagamentos diretos pelo paciente e os prémios de seguros voluntários de saúde representam uma grande percentagem de financiamento. Semelhante aos outros países da Europa, em Portugal a maioria da população morre com doenças não transmissíveis. A mortalidade devido a doenças cardiovasculares (DCV) é maior do que na Zona Euro, mas as suas duas principais componentes, a doença cardíaca e a doença cerebrovascular, mostram as tendências em relação inversa com a Europa, com a doença cerebrovascular sendo a maior causa de morte em Portugal (17%). Doze por cento da população morre de cancro com menos frequência do que na Europa, mas não diminui a taxa de mortalidade tão rapidamente como na Europa. O cancro é mais frequente entre as crianças, bem como entre as mulheres mais jovens, com idade inferior a 44 anos. Embora o cancro do pulmão (lentamente aumentando entre as mulheres) e o cancro da mama (diminuindo rapidamente) não afetem tanto, o cancro do colo do útero e da próstata são mais frequentes. Portugal tem a mais alta taxa de mortalidade por diabetes na Europa, com um aumento acentuado desde os finais da década de 1980. Em Portugal, a taxa de mortalidade infantil caiu acentuadamente desde a década de 1980, quando 24 em cada nascimentos morriam no primeiro ano de vida. Agora, é cerca de 3 mortes por cada nascimentos. Esta melhoria deveu-se principalmente à diminuição da mortalidade neonatal, de 15,5 para 3,4 por cada nados-vivos. De acordo com o último Relatório de Desenvolvimento Humano, a média de vida em 2006 foi de 77,9 anos. Ciência e tecnologia. As atividades de investigação científica e tecnológica em Portugal são sobretudo conduzidas no âmbito de uma rede de unidades de I&D pertencentes a universidades públicas e estatais de gestão autónoma de investigação, em instituições como o INEGI – Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial, INESC – Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores ou INETI – Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação. O financiamento deste sistema de investigação é conduzido principalmente sob a autoridade do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. As maiores unidades de I&D das universidades públicas, em número significativo de publicações, que alcançou o reconhecimento internacional, incluem instituições de investigação de biociências como o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, o Instituto de Medicina Molecular, o Centro de Neurociências e Biologia Celular, o IPATIMUP, e o Instituto de Biologia Molecular e Celular. Dos centros de investigação notáveis apoiados pelo Estado, está o Laboratório Internacional Ibérico de Nanotecnologia, um esforço de investigação conjunta entre Portugal e Espanha. Entre as maiores instituições não estatais está o Instituto Gulbenkian de Ciência e a Fundação Champalimaud, que atribui anualmente um dos mais elevados prémios monetários do mundo relacionado com a ciência. Uma série de empresas nacionais e multinacionais de alta tecnologia, são também responsáveis por projetos de investigação e desenvolvimento. Uma das mais antigas academias de Portugal é a Academia das Ciências de Lisboa. Portugal fez acordos com várias organizações científicas europeias com vista à plena adesão. Estas incluem a Agência Espacial Europeia (ESA), o Laboratório Europeu de Física de Partículas (CERN), o ITER, e o Observatório Europeu do Sul (ESO). Portugal tem entrado em acordos de cooperação com o MIT (EUA) e outras instituições norte-americanas, a fim de desenvolver e aumentar a eficácia do ensino superior e de investigação em Portugal. Comunicações e media. O jornal "Açoriano Oriental" é o jornal mais antigo de Portugal e está entre os dez mais antigos do Mundo, tendo sido fundado a 18 de abril de 1835. Vários jornais têm surgido ao longo dos anos, sendo de destacar os jornais "O Século", o "Diário de Notícias" e o "Jornal de Notícias". Em Portugal, existem várias revistas nas bancas sobre os mais variados temas, sendo as que tratam os assuntos da vida social que tem mais leitores. Destas, a "Nova Gente", a "Caras", a "Lux", a "VIP" e a "Flash" são as mais vendidas. Portugal tem uma das mais altas taxas de penetração de telemóveis no mundo, sendo que o número de aparelhos de comunicações móveis já ultrapassou o número da população total (à data de 2007, o número de utilizadores era de ). Esta rede também oferece conexões sem fio à "Internet" móvel, e abrange todo o território. No final do primeiro trimestre de 2008 existiam em Portugal cerca de 1,713 milhões de utilizadores com acesso à Internet em banda larga móvel e cerca 1,58 milhões de acessos à Internet fixa, dos quais aproximadamente 1,52 milhões em banda larga. Pela primeira vez, o número de utilizadores de banda larga móvel ultrapassou o número de clientes de banda larga fixa. A maioria dos portugueses assiste à televisão através de cabo. Tendo em conta os crescimentos em ambas as tecnologias, no final do primeiro trimestre de 2008, os assinantes dos serviços de TV por subscrição suportados em redes de distribuição por cabo ou satélite (DTH) representavam cerca de 36,2 por cento dos alojamentos, mais 1 ponto percentual do que no trimestre anterior. A penetração destes serviços continua a ser superior à média nas Regiões Autónomas (que também verificaram crescimentos significativos). Por iniciativa do Governo, a constituição da Rádio e Televisão de Portugal (RTP), SARL é feita a 15 de dezembro de 1955. Em 1975, a RTP foi nacionalizada, transformando-se na empresa pública Radiotelevisão Portuguesa, mais tarde Rádio e Televisão de Portugal. Nos finais do século, o Estado concedeu licença para a criação de duas estações de televisão: Sociedade Independente de Comunicação (1992) e Televisão Independente (1993). Em 2011, estes eram os únicos quatro canais em sinal aberto existentes em Portugal. Para além dos canais nacionais, existem dois regionais: RTP Açores (1975) e RTP Madeira (1972). A RTP mantém três emissoras de rádio: Antena 1, Antena 2 e Antena 3. Para além destas, existem emissoras privadas, sendo as mais conhecidas e antigas, a Rádio Renascença, a Rádio Comercial e o Rádio Clube Português. Energia. Portugal é um país altamente deficitário em termos energéticos. Em 2019, o país importou 74% da energia total que consumiu, uma das maiores taxas entre os membros da Agência Internacional de Energia. Relativamente à produção de eletricidade, Portugal produziu, em 2005, 85% da eletricidade que consumiu (importando os restantes 15%). A produção doméstica total nesse mesmo ano foi  GW•h repartida do seguinte modo em termos das fontes utilizadas: não renováveis – 80,8% (carvão – 32,7%, gás natural – 29,2%, petróleo – 18,9%); renováveis – 19,2% (hidroelétrica – 11%, eólica – 3,8%, biomassa – 3,0%, outras – 1,4%). Contudo, pela primeira vez na sua história, Portugal, nos primeiros 5 meses de 2010, teve uma balança comercial de energia elétrica positiva, exportando mais energia que a que importou (982 GW•h contra 946 GW•h). A Barragem de Alqueva, no Alentejo – servindo a irrigação dos campos e gerando energia hidroelétrica, que criou o maior lago artificial na região ocidental da Europa e foi um dos maiores projetos de investimento do país. Em 2007, foi inaugurada uma das maiores centrais de energia solar fotovoltaica do mundo (11 MW), em Brinches, concelho de Serpa e em fase de construção encontra-se aquela que será a maior do mundo no seu tipo (62 MW), situada em Amareleja, concelho de Moura, cuja montagem deverá estar totalmente concluída em 2010. Paralelamente a primeira exploração comercial do mundo da energia das ondas do mar entrou em funcionamento em setembro de 2008, 5 km ao largo de Aguçadoura, concelho de Póvoa de Varzim. Em 2016, Portugal passou quatro dias consecutivos a utilizar apenas energia renovável e assinou acordo internacional para comércio de energia renovável com Marrocos, Espanha, França e Alemanha. Os investimentos em energias renováveis em Portugal poderão totalizar 120 mil milhões de euros até 2020. Em 2021, Portugal tinha, em energia elétrica instalada, em energia hidroelétrica (27º maior do mundo), em energia eólica (18º maior do mundo), em energia solar (32º maior do mundo), e em biomassa, além de outras fontes. Água e saneamento. Antes de 1993, a situação global dos serviços de abastecimento público de água e saneamento de águas residuais em Portugal era bastante deficiente e apresentava dificuldades em responder aos novos desafios impostos pela União Europeia. Portugal possui serviços de abastecimento de água e de drenagem e tratamento de águas residuais em geral modernos, fiáveis e com garantia de qualidade de serviço aceitável. Em 2009 e segundo os últimos dados disponíveis, as taxas de cobertura dos serviços eram de 94% para o serviço de abastecimento de água e de 80% e 72% para a drenagem de águas residuais e para o tratamento de águas residuais, respetivamente (INSAAR). No que respeita à qualidade da água para consumo humano, Portugal dispõe de água de abastecimento público com qualidade elevada. Cerca de 98% da água para consumo humano é controlada e de boa qualidade, segundo os padrões nacionais e europeus. Transportes. Os transportes foram encarados como uma prioridade na década de 1990, sobretudo devido ao aumento da utilização de veículos automóveis e à industrialização. Portugal foi um dos primeiros países do Mundo a ter uma autoestrada, inaugurada em 1944, ligando Lisboa ao Estádio Nacional, a futura Autoestrada Lisboa-Cascais (atual A5). No entanto, apesar de terem sido posteriormente construídos alguns outros troços nas décadas de 1960 e 1970, só no final da década de 1980 foi iniciada a construção de autoestradas em grande escala. Hoje em dia a rede de autoestradas portuguesas é bastante desenvolvida e percorre quase todo o território, ligando todo o litoral e as principais cidades do interior, numa extensão total de aproximadamente . Há ainda os Itinerários Principais (IP) e os Itinerários Complementares (IC) que podem ser constituídos por autoestradas, vias rápidas (estrada destinada apenas a tráfego motorizado, com cruzamentos desnivelados e de acesso restrito a nós de ligação) e estradas nacionais. O país tem de rede de estradas, dos quais são pavimentadas e fazem parte de um sistema de auto-estradas. Destes, cerca de requerem o pagamento de portagens. As duas principais áreas metropolitanas têm sistemas de metropolitano: o Metro de Lisboa e o Metro Sul do Tejo na Área Metropolitana de Lisboa; e no Porto, o Metro do Porto, cada uma com mais de 35 quilómetros de linhas. O transporte ferroviário de passageiros e mercadorias é feito utilizando os de linhas ferroviárias em serviço, dos quais encontram-se eletrificados e aproximadamente 900 permitem velocidades de circulação superiores aos 120 quilómetros por hora (dados de 2008). A rede ferroviária é gerida pela Infraestruturas de Portugal (IP) enquanto que os transportes de passageiros e mercadorias são da responsabilidade da Comboios de Portugal (CP), ambas empresas públicas. Em 2006 a CP transportou 133 milhões de passageiros e 9,75 milhões de toneladas de mercadorias. Lisboa tem uma posição geográfica que a torna num ponto de escala para muitas companhias aéreas estrangeiras nos aeroportos em todo o país. Em 2010, o Governo estava a estudar o projeto para a construção de um novo Aeroporto Internacional em Alcochete, para substituir o atual aeroporto da Portela, em Lisboa. Em 2011 o país possuía cerca de 65 aeroportos, sendo os mais importantes de Lisboa ("Portela"), "hub" da TAP Air Portugal, Faro, Porto ("Francisco Sá Carneiro"), Funchal ("Madeira") e Ponta Delgada ("João Paulo II" – Açores). Os principais portos de Portugal são Leixões, Lisboa, Setúbal e Sines. O país também possui cerca de 210 quilómetros de hidrovias. Cultura. Portugal desenvolveu uma cultura específica, influenciada por várias civilizações que cruzaram o Mediterrâneo e o continente europeu, ou foram introduzidos quando a nação desempenhou um papel ativo durante a Era dos Descobrimentos. Nas décadas de 1990 e 2000, Portugal modernizou os seus equipamentos culturais públicos, além da criação, em 1956, da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. Estes incluem o Centro Cultural de Belém, em Lisboa, a Fundação de Serralves e a Casa da Música, no Porto, bem como novos equipamentos culturais públicos como bibliotecas municipais e salas de concerto que foram construídos ou renovados em muitos municípios por todo o país. Música e dança. A música tradicional portuguesa é variada e muito rica. Do folclore fazem parte as danças do vira, do Minho, dos Pauliteiros de Miranda, da zona mirandesa, do Corridinho do Algarve ou do Bailinho, da Madeira. Instrumentos típicos são o cavaquinho, a gaita-de-foles, o acordeão, o violino, os tambores, a guitarra portuguesa (instrumento caraterístico do fado) e uma variedade de instrumentos de sopro e percussão. Ainda na cultura popular existem as bandas filarmónicas que representam cada localidade e tocam vários estilos de música, desde a popular à clássica, sendo as bandas portuguesas das que melhor qualidade artística têm. O mais conhecido estilo de música português é o fado, cuja intérprete mais célebre foi Amália Rodrigues. Outros cantores como Alfredo Marceneiro, Vicente da Câmara, Nuno da Câmara Pereira, Frei Hermano da Câmara, António Pinto Basto e Hermínia Silva também se distinguiram como fadistas. No entanto, o Fado tem também nos últimos anos assistido ao aparecimento de jovens cantores que atingem grande êxito, como Ricardo Ribeiro, Cristina Branco, Camané, Mariza, Ana Moura, Mafalda Arnauth e Mísia, entre outros, bem como de jovens guitarristas como Bernardo Couto. Recentemente, através dos Madredeus e de cantores como Mariza ou Dulce Pontes, a música portuguesa tem atingido um patamar de reconhecimento internacional e tem ajudado a divulgar a língua portuguesa em todo o mundo. A nível de instrumentistas merece realce a carreira e composições do guitarrista Carlos Paredes, o mais conhecido mestre de guitarra portuguesa. Referências da canção de finais do (principalmente do período pré e pós-revolucionário) são Zeca Afonso, Sérgio Godinho, Fausto, Adriano Correia de Oliveira, Vitorino, José Mário Branco, os Trovante, entre outros. Mesmo sendo ainda o fado o género mais conhecido além-fronteiras, a "nova" música portuguesa também tem um papel importante, demonstrando grande originalidade. Rui Veloso, The Gift, Mafalda Veiga, Kátia Guerreiro, Sara Tavares, Jorge Palma, Clã, David Fonseca, GNR, Ornatos Violeta, Xutos & Pontapés, Moonspell, Da Weasel, Primitive Reason, Deolinda, Mão Morta, Blasted Mechanism e Mind Da Gap são apenas alguns dos nomes mais conhecidos, indo do "rock", à "pop-eletrónica" e ao "rap", entre outros estilos. Com Salvador Sobral, Portugal venceu em 2017 o Festival Eurovisão da Canção em Kiev. A música erudita portuguesa constitui um capítulo importante da música ocidental. Ao longo dos séculos, sobressaíram nomes de compositores e intérpretes como os trovadores Martim Codax e D. Dinis, os polifonistas Duarte Lobo, Filipe de Magalhães, Manuel Cardoso e Pedro de Cristo, o organista Manuel Rodrigues Coelho o compositor e cravista Carlos Seixas, a cantora Luísa Todi, o sinfonista e pianista João Domingos Bomtempo ou o compositor e musicólogo Fernando Lopes Graça. O período de ouro da música portuguesa coincidiu, discutivelmente, com o apogeu da polifonia clássica no (Escola de Évora, Santa Cruz de Coimbra). Entre as grandes referências atuais, pontificam os nomes dos pianistas Artur Pizarro, Maria João Pires, Olga Prats e Sequeira Costa, da violetista Anabela Chaves, do violinista Carlos Damas, do compositor Emmanuel Nunes, do compositor e maestro Álvaro Cassutto. As orquestras sinfónicas mais importantes são a Orquestra da Fundação Gulbenkian, a Orquestra Nacional do Porto e a Orquestra Sinfónica Portuguesa. No que diz respeito à ópera, o Teatro Nacional de São Carlos em Lisboa é o mais representativo. Literatura. A literatura portuguesa, uma das primeiras literaturas ocidentais, desenvolveu-se através de texto e música. Até 1350, os trovadores galego-portugueses espalharam a sua influência literária para a maior parte da Península Ibérica. Gil Vicente (1465–1536), foi um dos fundadores das tradições dramáticas portuguesa e espanhola. Aventureiro e poeta, Luís de Camões (1524–1580) escreveu o poema épico "Os Lusíadas", com a "Eneida" de Virgílio como sua principal influência. A poesia moderna portuguesa está enraizada nos estilos neoclássico e contemporâneo, como exemplificado por Fernando Pessoa (1888–1935). A literatura moderna portuguesa é representada por autores como Almeida Garrett, Camilo Castelo Branco, Eça de Queirós, Sophia de Mello Breyner Andresen, António Lobo Antunes e Miguel Torga. Com um estilo particularmente popular e distinto está José Saramago, vencedor do prémio Nobel da Literatura em 1998. Na literatura portuguesa, é eminente a poesia, estando entre os maiores poetas portugueses de todos os tempos Luís de Camões e Fernando Pessoa, aos quais se pode acrescentar Bocage, Antero de Quental, Eugénio de Andrade, Sophia de Mello Breyner Andresen, Florbela Espanca, Cesário Verde, António Ramos Rosa, Mário Cesariny, Herberto Helder, Al Berto, Alexandre O'Neill e Ruy Belo, entre outros. Na prosa, Damião de Góis, o Padre António Vieira, Almeida Garrett, Miguel Torga, Fernando Namora, Nuno Bragança, José Cardoso Pires, António Lobo Antunes. No teatro, têm destaque, para além da figura maior de Gil Vicente, António José da Silva – dito "o Judeu" – e Bernardo Santareno. Gastronomia. A gastronomia é muito rica em variedade e do agrado de nacionais e estrangeiros em geral. Cada zona do país tem os seus pratos típicos, incluindo os mais diversificados alimentos, passando pelas carnes de gado, carneiro, porco e aves pelos variados enchidos, pelas diversas espécies de peixe fresco (sardinha e carapau) e marisco. O bacalhau é dos peixes mais consumidos, existindo imensos pratos à base deste peixe. Entre os queijos sobressaem os da Serra da Estrela, de Azeitão e de São Jorge, entre muitos outros. Portugal é um país fortemente vinícola, sendo célebres os vinhos do Douro, do Alentejo e do Dão, os vinhos verdes do Minho, e os licorosos do Porto e da Madeira. Na doçaria, entre uma enorme variedade de receitas tradicionais, são muito famosos os chamados Pastéis de nata (ou pastéis de Belém, assim denominados na região de Lisboa apenas, mantendo-se o segredo da sua confeção bem guardado), assim como os ovos moles de Aveiro, o pastel de Tentúgal, a sericaia ou o Pão de Ló de Ovar, e as Tíbias na cidade de Braga a par de muitos outros. Muita da doçaria foi criada nos antigos conventos. Entre os pratos típicos são de destacar o cozido à portuguesa, o bacalhau à Brás, à Gomes de Sá ou em pastéis, as espetadas da Madeira, o cozido vulcânico dos Açores (São Miguel), o leitão assado à moda da Bairrada os rojões de Aveiro e do Minho, a chanfana da Beira, a carne de porco à alentejana, os peixes grelhados muito consumidos no litoral, as tripas (da região do Porto), as pataniscas (da região de Lisboa) ou o gaspacho (do Alentejo e Algarve). A cozinha portuguesa influenciou também outras gastronomias, tais como a japonesa, com a introdução da tempura. Arquitetura. Após um período românico que vigorou até ao , vão surgindo monumentos de estilo gótico com destaque para o Mosteiro da Batalha. Portugal destacou-se pelo desenvolvimento do manuelino, um gótico tardio financiado pelos chamados descobrimentos, caraterizado pela profusão de elementos marítimos. De destacar também o estilo pombalino com início na segunda metade do , com grande expressão em Lisboa na chamada baixa pombalina. A arquitetura popular marcou a arquitetura dos anos 1950, no chamado "Português Suave" que prevaleceu até ao final do Salazarismo. A arquitetura contemporânea portuguesa contrapõe tradições à intenção de inovar, desenvolvida por várias gerações desde meados do até aos nossos dias. Álvaro Siza (prémio Pritzker), Fernando Távora, Eduardo Souto de Moura (prémio Pritzker), Raul Hestnes Ferreira, Rui Jervis Atouguia, Jorge Ferreira Chaves, Francisco Conceição Silva, Keil do Amaral, Cassiano Branco, Pancho Guedes, Francisco Castro Rodrigues, Manuel Tainha, Vítor Figueiredo, Gonçalo Byrne e Tomás Taveira são alguns dos mais notáveis arquitetos portugueses da época contemporânea. Desporto. O futebol é o mais conhecido e praticado desporto em Portugal. O antigo jogador Eusébio é ainda um grande símbolo da História do futebol português e os mais recentes fenómenos de popularidade Luís Figo, Vítor Baía, Rui Costa, João Vieira Pinto, Pedro Pauleta e Cristiano Ronaldo, estão entre os numerosos exemplos de outros futebolistas de renome mundial nascidos em Portugal. Alguns dos chamados clubes históricos são o Sport Lisboa e Benfica, o Sporting Clube de Portugal, o Futebol Clube do Porto, conhecidos como "Os Três Grandes", todos campeões da Liga Portuguesa de Futebol inúmeras vezes. Belenenses e Boavista são os dois outros clubes que já ganharam o o campeonato português, ambos por uma vez. Ultimamente Sporting Clube de Braga e Paços de Ferreira FC têm vindo a ganhar popularidade a nível europeu e internacional. Algumas das modalidades desportivas em que o país mais se destaca a nível internacional além do futebol são: a vela, a equitação, o judo, o ciclismo, o triatlo, a canoagem, o hóquei em patins, o atletismo, o tiro, o surf, a ginástica acrobática, o ténis de mesa, o taekwondo e o ténis. Portugal participou em todos os Jogos Olímpicos de Verão desde os Jogos de 1912, tendo ganho quatro medalhas de ouro em atletismo (Carlos Lopes nos Jogos de 1984, Rosa Mota nos Jogos de 1988, Fernanda Ribeiro nos Jogos de 1996 e Nelson Évora nos Jogos de 2008) e numerosas medalhas de prata e bronze nos restantes desportos. Rui Costa venceu o UCI Campeonato Mundial de Estrada 29 de setembro de 2013 em Florença
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Suíte de escritório
Suíte de escritório
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Lista de periódicos de química
Lista de periódicos de química Esta é uma lista dos principais periódicos especializados em química:
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Paraná
Paraná O Paraná é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Está localizado ao norte da região Sul, da qual é o único estado a fazer divisa com outras regiões. Banhado a leste pelo Oceano Atlântico, é dividido em 399 municípios. Possui como limites: ao norte e a nordeste, com São Paulo. Ao sul, com Santa Catarina. A noroeste, com Mato Grosso do Sul. A oeste, com os departamentos paraguaios de Canindeyú e Alto Paraná. E a sudoeste, com a província argentina de Misiones. Sua área é de , um pouco menor que a Romênia, país com formato semelhante. Com uma população de 10,4 milhões de habitantes, é o quinto estado mais populoso do Brasil. Sua capital é Curitiba. Outros municípios importantes são: Londrina, Maringá, Ponta Grossa, Guarapuava, Cascavel, São José dos Pinhais e Foz do Iguaçu. É o quarto estado mais rico do Brasil pelo PIB, atrás de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Seu território, que abrange toda a extensão da antiga República do Guairá à época do Império Espanhol, era a província mais nova do Brasil imperial, desmembrada de São Paulo em 1853, sendo seu primeiro presidente Zacarias de Góis. Foi criada por motivos diversos, podendo ser citados um acordo pelo apoio oferecido pelos paranaenses à Revolução Farroupilha e o cultivo lucrativo da erva-mate. É também o mais novo estado da região Sul do país, logo depois do Rio Grande do Sul (1807) e Santa Catarina (1738). É historicamente conhecido por sua abundância de pinheirais espalhados pela porção do sul, onde o clima é subtropical úmido temperado, semelhante aos estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, enquanto o restante do Brasil conta com o clima tropical. A espécie predominante na vegetação é a "Araucaria angustifolia". Os ramos dessa árvore aparecem na bandeira e no brasão, símbolos adotados em 1947. Atualmente, esse ecossistema encontra-se muito destruído devido à ocupação humana. Já o relevo do Paraná é dos mais altos do Brasil: 52% do território se encontram além de seiscentos metros e somente 3% aquém de trezentos metros. Os rios mais importantes do Paraná são o Paraná, o Iguaçu, o Ivaí, o Tibagi, Paranapanema, o Itararé e o Piquiri. Etimologia. O nome do estado provém do termo da língua geral "paraná", que significa “rio”. Apesar disso, algumas fontes dizem que o termo vem do guarani "para", “mar”, e "anã", “que se parece/assemelha”, sendo, por isso, “(rio) parecido com/semelhante ao oceano”, provavelmente por sua dimensão. Refere-se ao rio Paraná, que delimita a fronteira ocidental de seu território, onde ficava o salto de Sete Quedas, hoje submerso pela represa da Usina Hidrelétrica de Itaipu, na divisa com Mato Grosso do Sul e com o Paraguai. O rio Paraná nasce da confluência dos rios Paranaíba e Grande, que se encontram quase mais a oeste de Minas Gerais. O potamônimo deu o nome à região, que foi elevada à categoria de província autônoma em 1853, desmembrando-se de São Paulo, e a de estado em 1889. A pronúncia “Paranã” era encontrada até há pouco tempo. Os naturais do estado são denominados paranaenses. História. Povos indígenas e período colonial. No período pré-cabralino, a região que atualmente constitui o estado do Paraná foi habitada por diversos povos indígenas brasileiros por milhares de anos. Estes incluíam os carijós, no litoral, do grupo tupi, e os caingangues, no interior, do jê. No , durante o período pré-colonial, a região permaneceu relegada por Portugal e diversas expedições de outros países percorreram-na, à procura especialmente de madeira de lei. As mais importantes expedições foram as espanholas, trazendo os padres jesuítas, que fundaram centros de colonização no oeste do Paraná, estado cujo território pertencia em grande parte à coroa espanhola. Em 1554, Ontiveros, a uma légua do Salto das Sete Quedas, foi fundada por Domingo Martínez de Irala, Governador do Paraguai. Posteriormente, há três léguas de Ontiveros, foi fundada a Ciudad Real del Guayrá, na foz do Rio Piquiri. Em 1576, os espanhóis fundaram à margem esquerda do rio Paraná, Vila Rica do Espírito Santo. Com três cidades e diversas “reduções” ou “pueblos” a região era à época conhecida como “Provincia Real del Guaira”. Nos primeiros anos do , com o descobrimento do ouro em terras paranaenses e a escassez de indígenas para escravizar, os luso-brasileiros passaram a se dedicar à região, por intermédio de bandeiras que saíam de São Vicente. Já em 1629, os estabelecimentos dos padres jesuítas, exceto Loreto e Santo Inácio, se encontravam inteiramente destruídos pelos bandeirantes paulistas e, em 1632, Antônio Raposo Tavares, cercou e destruiu Vila Rica, último reduto espanhol eficaz para proporcionar resistência. No Paraná, uma região aurífera foi descoberta, antes de Minas Gerais. Os colonizadores se estabeleceram tanto na costa como no primeiro planalto paranaense. A principal densidade apareceu primeiramente em Paranaguá, núcleo, por certa época, da sociedade mais meridional da América Portuguesa. Quarenta e quatro anos depois da fundação de Paranaguá (1648), em 1693, Curitiba foi promovida a vila, transformando-se no centro que comandaria a expansão territorial do Paraná. Era muito complicado explorar o ouro, em virtude do razoável desconhecimento dos métodos de exploração e da carestia de mão-de-obra, posto que o indígena havia sido exterminado. Dessa forma, durante a descoberta de ouro em Minas Gerais, o ouro do Paraná perdeu todo o valor. Apenas em 1820 o oeste do Paraná foi entregue a Portugal, sendo incorporado à Província de São Paulo. A Capitania de Nossa Senhora do Rosário de Paranaguá, fundada pelo Marquês de Cascais em 1656, substituiu a Capitania de Santana, que teve início na foz da baía de Paranaguá e fim na atual cidade catarinense de Laguna. Tinha como limites a de Santo Amaro (parte da segunda seção da de São Vicente) ao norte, as águas salgadas do oceano Atlântico a leste e o Governo do Rio da Prata e do Paraguay a oeste, estados extintos delimitados pelo Tratado de Tordesilhas. O povo de Paranaguá começou a se dedicar à agricultura e o de Curitiba, à criação de gado. Esta progrediu em função da demanda de alimentação e deslocamento dos mineradores das Minas Gerais. Com a construção do Caminho Viamão-Sorocaba, o qual conectava o Rio Grande do Sul com São Paulo por intermédio da região de Curitiba, teve início uma nova etapa na história paranaense: o tropeirismo, o qual se prolongou pelos séculos XVIII e XIX. Multiplicaram-se as propriedades rurais de criação de gado e a figura humana principal começou a ser o fazendeiro tropeiro, ou seja, o vendedor de tropas de gado, principalmente muar. Período imperial. A Comarca de Curitiba e Paranaguá foi fundada em 19 de fevereiro de 1811, pertencendo à Capitania de São Paulo. Após a proclamação da independência do Brasil, a região permaneceu subordinada à Província de São Paulo. Em 6 de fevereiro de 1842, Curitiba foi elevada à categoria de cidade por uma lei provincial paulista. Em 29 de agosto de 1853, enfim, o imperador Pedro II do Brasil assinou a Lei Imperial n.º 704, que criou a Província do Paraná, a qual foi criada por motivos diversos. Podem ser citados dois: um acordo pelo apoio oferecido pelos paranaenses à Revolução Farroupilha e o cultivo lucrativo da erva-mate. Com a emancipação, Curitiba foi elevada à categoria de capital e Zacarias de Góis nomeado o primeiro presidente da província. Naquele tempo, além do comércio de gado, a produção de erva-mate se expandiu muito. Devido à reduzida população provincial, começou um programa oficial de imigração europeia (especialmente poloneses, alemães e italianos), o qual colaborou para o desenvolvimento da colonização e o aparecimento de novas economias. No final do , novo estímulo de progresso se deu com a construção das ferrovias, já que possibilitou o desenvolvimento da indústria de madeira, pois determinadas estradas de ferro conectavam as matas de araucárias aos portos, como Paranaguá, e a São Paulo. Ao mesmo tempo, o transporte de muares desapareceu, e isso causou uma crise na sociedade pastoril. Período republicano. Após ter sido proclamada a República (1889), aumentou a colonização do Paraná, principalmente na região das terras roxas do norte do estado. Ali, fazendas cafeeiras e cidades foram criadas nos vales dos três rios: Paranapanema, Cinzas e Jataí. Durante a administração do presidente Floriano Peixoto, a Revolução Federalista e a Revolta da Armada tiveram consequências no Paraná, em que foram declarados muitos combates. Em 1912, iniciou-se a Guerra do Contestado, conflito que contrapôs os moradores carentes da região localizada entre os rios Negro, Iguaçu, Canoas e Uruguai, e as forças oficiais. Além disso, o Paraná e Santa Catarina disputaram o litígio, motivando a denominação e o conflito acabou em 1916. Os correligionários da Revolução de 1930, a qual pôs Getúlio Vargas como presidente do Brasil, não sofreram grande oposição no Paraná. Na administração de Vargas, o único governante foi Manuel Ribas (duas vezes como interventor, uma como eleito), quem sobressaiu por realizar obras relevantes. São exemplos: a Estrada do Cerne, o reaparelhamento do Porto de Paranaguá, além de rodovias interligando algumas cidades do estado e da melhoria da educação, saúde e demais áreas. Nos anos 50, a ocupação territorial, terminada nos anos 60, foi efetivada. Antes de 1961, o Paraná era politicamente controlado por Moisés Lupion, por duas vezes governador (1947–50, 1956–61). Seu substituto, Ney Braga, amigo dos militares, também exerceu o cargo por duas vezes (1961–66; 1979–82). Escolhido por voto popular nas eleições de 1982, José Richa foi governador do estado antes de 1986. Depois vieram os governadores eleitos Álvaro Dias (1987–1991) e Roberto Requião (1991–1994; 2002–2006; 2007–2010). Requião ficou no cargo até abril de 1994, quando foi sucedido por Mário Pereira, que concluiu o mandato. Em 1994, foi eleito o candidato pedetista, Jaime Lerner, que assumiu em janeiro de 1995, e foi reeleito em 1998. Requião venceu as eleições em 2002, permanecendo no cargo até 2006, quando foi substituído por Hermas Brandão, presidente da Assembleia Legislativa. Escolhido nas eleições estaduais no Paraná em 2006, Requião tomou posse em 2007. Em 1.º de abril de 2010, assumiu seu vice Orlando Pessuti, que completou o mandato. Beto Richa, filho do fluminense José Richa, foi eleito governador em 2010, sendo reeleito em 2014. Richa continuou no governo do estado até abril de 2018, quando foi sucedido por Cida Borghetti, que concluiu o mandato. Em 2018, Ratinho Júnior foi eleito governador, assumindo o executivo em 2019. Reeleito em 2022, Ratinho Júnior tomou posse em janeiro de 2023. Geografia. O Paraná é uma das 27 unidades federativas do Brasil, localizado a norte da região Sul. Tem como limites São Paulo ao norte e nordeste; com Santa Catarina ao sul; com Mato Grosso do Sul a noroeste; com os departamentos paraguaios de Canindeyú e Alto Paraná a oeste; e com a província argentina de Misiones a sudoeste. O estado tem de área, um pouco menor do que a Romênia país com o qual tem um formato muito parecido, e um litoral com cerca de 100 km de extensão, o segundo menor do Brasil, superado apenas pelo Piauí, com 68 praias e diversas ilhas. Cortado a norte pelo Trópico de Capricórnio, o Paraná está situado entre os paralelos 22° 30′ 58″ N e 26° 43′ 00″ S e entre os meridianos 48° 05′ 37″ L e 54° 37′ 08″ O. Tem quatro pontos extremos. São eles: a cachoeira do Saran Grande, em Jardim Olinda, a norte; a nascente do Rio Jangada, em General Carneiro, a sul; a leste a foz do Ararapira, em Guaraqueçaba, e a oeste o Porto Palacim em Foz do Iguaçu. Mais de 52% do território do Paraná localiza-se além de 600 m e 89% para além de 300 m; apenas 3% localiza-se aquém de 200 metros. Dominam o relevo do estado as áreas aplainadas dispostas a enorme altitude, formando planaltos montanhosos que compõem as serras do Mar e Geral. Os terrenos mais baixos estão situados na baixada litorânea, que abrange planícies de aluvião, areias e morros cristalinos; a parte norte se divide em duas partes para ceder lugar à baía de Paranaguá, com aspecto em formato de dedo. 40% do território, no Norte do Paraná, se encontra revestido pela terra roxa, o melhor solo do Brasil. Ela expandiu a cafeicultura, no estado, desde 1920. Tanto os solos das florestas como das formações campestres são inférteis. Nestes últimos, estão sendo empregadas tecnologias inovadoras para sua melhor utilização. Suas principais bacias fluviais são: a bacia do rio Paraná, no oeste, a de Paranapanema no norte, a do Iguaçu no sul e as do Atlântico Sudeste e do Atlântico Sul no leste. A maioria dos rios do estado é afluente do rio Paraná, dos quais os mais longos são Paranapanema, que separa a divisa norte do Paraná com São Paulo, e o Iguaçu, que delimita parcialmente o Paraná com Santa Catarina e a Argentina. A oeste, o rio Paraná separa o estado do Paraguai e a noroeste, Mato Grosso do Sul. Alguns pequenos rios descem em direção ao litoral, sendo que os mais extensos correm ao estado de São Paulo, desembocando no rio Ribeira de Iguape. Clima. O Paraná compreende três tipos climáticos, a saber: os climas "Cfa", "Cfb" e "Cwa" da classificação de Köppen. O clima subtropical "Cfa" aparece na planície litorânea e no oeste do estado (áreas menos elevadas do planalto) e apresenta temperaturas médias anuais em torno dos 19 °C e índice pluviométrico de mm anuais. O clima "Cfb", subtropical com chuvas bem divididas no decorrer do ano e verões suaves, aparece na parte mais alta e abrange os três planaltos: cristalino, paleozoico e o leste do planalto basáltico, com temperaturas médias de 17 °C e pluviosidades regulares durante todo o ano, em torno de milímetros. O clima "Cwa", subtropical com invernos secos e verões cálidos, aparece na parte noroeste do território estadual, característico dos regimes tropicais, com chuvas no verão e estiagem no inverno; a média térmica é um pouco mais elevada, por volta de 20 °C. O índice pluviométrico atinge mm anuais. Em determinadas épocas do ano, em especial no inverno acontecem geadas, mais frequentes nas áreas de mais altitude onde, em algumas ocasiões, ocorrem quedas de neve, um fenômeno raramente visto na região de Curitiba. Meio ambiente. As florestas tropicais, uma porção da Mata Atlântica, abrangiam primitivamente quase metade (46%) do Paraná, sendo parte dela composta por formações latifoliadas e coníferas, e nas partes mais rebaixadas ou de mais baixa latitude (incluindo-se aí toda a fração norte do território estadual). Há outra mista, abundante na porção mais extensa do planalto cristalino e, em menores porções, no extremo leste do basáltico e um pequeno pedaço do paleozoico. Hoje em dia, é a floresta mais economicamente explorada, sendo os últimos remanescentes encontrados na planície litorânea, na encosta da serra do Mar e nos vales dos rios Iguaçu, Piquiri e Ivaí. O pinheiro-do-paraná ("Araucaria angustifolia") é uma das principais espécies encontradas, além de outras latifoliadas, entre os quais imbuia, cedro e erva-mate. Os campos limpos abrangem mais de 9% do território do Paraná e predominam na parte leste do planalto paleozoico, além de partes de Curitiba e Castro, no cristalino; Guarapuava, Palmas e outras, pequenas, no basáltico. Os campos cerrados constituem pequenas manchas no planalto paleozoico e no basáltico e são pouco expressivos, abrangendo menos de 1% superfície estadual. Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, no Paraná existem 29 unidades de conservação, criadas com o objetivo de preservar ecossistemas bastante degredados, além de conservar a flora, a fauna, os recursos hídricos e promover o desenvolvimento sustentável, dentre vários motivos. Do total, quatorze reservas biológicas, cinco parques nacionais, três florestas, duas estações ecológicas, duas áreas de proteção ambiental e um refúgio de vida silvestre. Quinze delas são administradas pelo governo federal, através do IBAMA, órgão vinculado pelo Ministério do Meio Ambiente. A fauna paranaense varia conforme o ambiente geográfico e é formado por espécies terrestres, que habitam as florestas e os campos, e aquáticas, que vivem nos rios ou no mar, além de anfíbios, que possuem "habitat" tanto na terra como na água. Entre as espécies terrestres destacam-se, entre várias delas, a anta ou tapir, guará, guaraxaim, caititu, bugio, onça, gato-maracajá, jaguatirica, tatu, paca, veado e quati, cobras, além das aves, como papagaio, tucano, gralha, pica-pau, bem-te-vi, etc. Na fauna aquática destacam-se alguns exemplos de peixes. São eles: jaú, dourado, pintado e o surubim, encontrados especialmente no rio Paraná e afluentes. Da fauna do mar existem: pescada, tainha, robalo, linguado e uma abundância de outros peixes, além do boto, o qual é um mamífero. Dentre os anfíbios existem a capivara, cágado, tartaruga-marinha, lontra, ariranha e o próprio jacaré, este que se encontra no rio Paraná e certos rios litorâneos. Demografia. A população do estado do Paraná no censo demográfico de 2010 era de habitantes, sendo a sexta unidade da federação mais populosa do país, concentrando cerca de 5,5% da população brasileira e apresentando uma densidade demográfica de 52,4 pessoas por quilômetro quadrado (a décima segunda maior do Brasil). De acordo com este mesmo censo demográfico, 85,33% dos habitantes viviam na zona urbana e os 14,67% restantes na rural. Ao mesmo tempo, 50,87% eram do sexo feminino e 49,13% do masculino, tendo uma razão sexual de 96,56. Em dez anos, o estado registrou uma taxa de crescimento populacional de 9,27%. O Índice de Desenvolvimento Humano do Paraná é considerado alto conforme o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Segundo o último Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil, divulgado em 2013, com dados relativos a 2010, o seu valor era de 0,749, estando na quinta colocação ao nível nacional e na segunda a regional, depois de Santa Catarina. Considerando-se o índice de longevidade, seu valor é de 0,830 (9.º), o do de renda é 0,757 (6.º) e o de educação é de 0,668 (6.º). O coeficiente de Gini, que mede a desigualdade social, é de 0,47 e a incidência da pobreza de 39,07%. A taxa de fecundidade do Paraná é de 1,86 filhos por mulher, uma das mais baixas do Brasil. Aglomerados urbanos. Dos 399 municípios paranaenses, apenas dois tinham população acima dos quinhentos mil: Curitiba, que é a capital, e Londrina, no norte do estado. Outros dezesseis tinham entre e (Maringá, Ponta Grossa, Cascavel, São José dos Pinhais, Foz do Iguaçu, Colombo, Guarapuava, Paranaguá, Araucária, Toledo, Apucarana, Pinhais, Campo Largo, Arapongas, Almirante Tamandaré, Umuarama, Piraquara e Cambé), quatorze de a , 55 de a , 109 de a , 105 de a , 93 de a e cinco até dois mil (Esperança Nova, Miraselva, Santa Inês, Nova Aliança do Ivaí e Jardim Olinda). A maior parte da população do estado se concentra na Mesorregião Metropolitana de Curitiba, que corresponde à região leste paranaense, com mais de 30% da população paranaense. Curitiba, sozinha, abrigava 16,8% do total de habitantes, além de possuir a maior densidade demográfica em relação aos demais municípios ( hab./km²), enquanto Alto Paraíso, no noroeste, detinha a menor (3,31 hab./km²). O território do Paraná situa-se dentro da área influenciada pela cidade de São Paulo. A metrópole paulista lidera a economia paranaense através das cidades de Ourinhos, em São Paulo, e Jacarezinho, Maringá, Londrina e Curitiba, no Paraná. Ourinhos e Jacarezinho exercem domínio, em grupo, sobre a parte leste do norte do Paraná; Londrina a parcela central da região, e Maringá, o oeste. Curitiba domina todo o restante do estado do Paraná e ainda quase todo o estado de Santa Catarina, menos na porção oriental, a região de Tubarão e, na parte ocidental, a de Chapecó. A capital age, na área influenciada pelo Paraná, diretamente ou através dos centros intermediários de Ponta Grossa e Pato Branco. A área de influência direta compreende toda a porção oriental e sudeste do estado. Pato Branco domina a parte sul-ocidental, e Ponta Grossa, toda a porção central e ocidental. A Grande Curitiba, instituída pela lei complementar federal n.º 14 de 1973, foi a primeira RM do Paraná a ser criada, inicialmente com quatorze municípios, até chegar aos 29 atuais. É também a mais populosa do estado, com mais de 3,5 milhões de habitantes, e a oitava maior do Brasil. Em 1998, através de lei complementar estadual, foram instituídas as RMs de Londrina e Maringá. A de Umuarama, a quarta do estado, foi criada em agosto de 2012 e, em janeiro de 2015, foram criadas mais outras quatro: Apucarana, Campo Mourão, Cascavel e Toledo, passando para oito atuais. Religiões. De acordo com o censo demográfico de 2010, a população do Paraná é formada por católicos apostólicos romanos (69,596%); protestantes ou evangélicos (22,176%); espíritas (1,042%); Testemunhas de Jeová (0,576%); mórmons (0,205%); católicos apostólicos brasileiros (0,19%); budistas (0,146%); novos religiosos orientais (0,096%), dentre os quais os messiânicos (0,054%); islâmicos (0,083%); ortodoxos (0,069%); umbandistas (0,067%); judaístas (0,039%); espiritualistas (0,025%); tradições esotéricas (0,024%); indígenas (0,019%); candomblezeiros (0,018%) e hinduístas (0,002%). Outros 4,644% não tinham religião, incluindo-se aí os ateus (0,322%) e agnósticos (0,065%); 0,537% seguiam outras religiosidades cristãs; 0,35% não tinham fé determinada; 0,07% não souberam, 0,012% praticavam outras religiões; 0,007% outras crenças orientais e 0,005% não declararam. Segundo a divisão da Igreja Católica no Brasil, o Paraná pertence à Regional Sul II e seu território é dividido em quatro províncias eclesiásticas, formadas pelas arquidioceses de Cascavel, Curitiba, Londrina e Maringá, e mais 14 dioceses sufragâneas destas. O Paraná também possui os mais diversos credos protestantes ou reformados, sendo a Igreja Universal do Reino de Deus, a Congregação Cristã no Brasil, a Batista e a Assembleia de Deus as maiores denominações. Como mencionado, 22,176% da população paranaense se declararam evangélicos, sendo que 13,3% pertenciam às igrejas de origem pentecostal, 4,832% às evangélicas não determinadas e 4,03% às de missão (4,26%). Composição étnica, migração e povos indígenas. A população do Paraná é composta basicamente por caucasianos, pardos, afro-brasileiros e povos indígenas. No Brasil colonial, os colonizadores espanhóis foram os primeiros a iniciar o povoamento no território paranaense. O Paraná foi colonizado por portugueses e demais imigrantes europeus (italianos, alemães, neerlandeses, franceses, ingleses, poloneses e ucranianos) e asiáticos (japoneses, coreanos e árabes). Atualmente vivem no estado do Paraná pouco mais de nove mil indígenas, distribuídos em dezenove grupos, que ocupam área de hectares de extensão. Um total de dezessete áreas já se encontram demarcadas definitivamente pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI), órgão do governo brasileiro responsável pela questão, e nelas se encontra a totalidade dos indígenas residentes no estado. Dessas, destaca-se a de maior população, a reserva indígena Rio das Cobras, que abrange os municípios de Nova Laranjeiras e Espigão Alto do Iguaçu. Conforme pesquisa de autodeclaração do censo de 2010, 70,06% dos paranaenses declararam-se brancos, 25,35% pardos, 3,15% pretos, 1,19% amarelos e 0,25% indígenas, além dos sem declaração (0,00%). 99,73% eram brasileiros (99,52% natos e 0,21% naturalizados) e 0,27% estrangeiros. Entre os brasileiros, 88,50% nasceram no Sul (82,98% no próprio estado) e 11,5% em outras regiões, sendo 7,61% no Sudeste, 1,92% no Nordeste (1,92%), 0,7% no Centro-Oeste e 0,25% no Norte. Muitas pessoas migram de outros estados brasileiros para Paraná em busca de trabalho ou melhores condições de vida. Dentre os estados, São Paulo tinha o maior percentual de residentes (5,29%), seguido por Santa Catarina (2,84%) e Rio Grande do Sul (2,68%). De acordo com um estudo de 2006, a composição genética do Paraná é a seguinte: 79% de herança europeia, 14% africana e 7% indígena. Um estudo mais recente, de 2013, encontrou 71,0% de contribuição europeia, 17,5% africana e 11,5% ameríndia. Governo e política. O estado do Paraná, assim como uma república, é governado por três poderes, todos com sede na capital: o executivo, representado pelo governador, o legislativo, pela Assembleia Legislativa do Paraná, e o judiciário, pelo Tribunal de Justiça do Paraná e outros tribunais, e juízes. Também é permitida a participação popular nas decisões do governo através de referendos e plebiscitos. A atual constituição do estado foi promulgada em 1989, acrescida das alterações resultantes de posteriores emendas constitucionais. Constituem símbolos estaduais a bandeira, o brasão e o hino, além do sinete. O poder executivo paranaense está centralizado no governador do estado, que é eleito em sufrágio universal e voto direto e secreto, pela população para mandatos de até quatro anos de duração, e pode ser reeleito para mais um mandato. Ele é o responsável pela nomeação dos secretários de estado, que auxiliam no governo. A sede do governo estadual, o Palácio Iguaçu, foi inaugurada em 1953, em homenagem às comemorações do centenário da emancipação política do estado, sendo transferida temporariamente para o "das Araucárias", desde 14 de maio de 2007 até 18 de dezembro de 2010. Naquela época, o Iguaçu voltou a abrigar a sede do governo paranaense. A residência oficial do governador do estado é a "Granja do Canguiri". Desde o começo do período republicano, assumiu pela primeira vez o governo do estado o fluminense Francisco José Cardoso Júnior, que esteve no poder entre 17 de novembro e 4 de dezembro de 1889. Foi apenas no ano de 1947 onde ocorreu a posse do primeiro governador escolhido por sufrágio universal, Moisés Lupion, eleito pela segunda vez para um mandato entre 1956 e 1961. O atual chefe do executivo paranaense é Ratinho Júnior, que assumiu o cargo em 1.º de janeiro de 2019, tendo como seu vice-governador, Darci Piana. O poder legislativo estadual é unicameral e exercido pela Assembleia Legislativa do Paraná (Centro Leg. Presidente Aníbal Khury), formada por 54 deputados estaduais, eleitos de forma direta para mandatos quadrienais. Cabe à casa elaborar e votar leis fundamentais à administração e ao executivo, especialmente o orçamento estadual (conhecido como Lei de Diretrizes Orçamentárias). No Congresso Nacional, a representação paranaense é de três senadores e trinta deputados federais. O poder judiciário tem a função de julgar, conforme leis criadas pelo legislativo e regras constitucionais brasileiras, sendo composto por desembargadores, além dos tribunais de júri, juizados especiais e juízes de direito, substitutos e de paz. A maior corte do Poder Judiciário paranaense é o Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, localizado no Centro Cívico. Representações deste poder estão espalhadas pelo território estadual por intermédio de unidades denominadas de comarcas. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral, o Paraná possuía, em novembro de 2016, eleitores, representando 5,376% do eleitorado brasileiro, o sexto maior do país. Subdivisões. O Paraná surgiu como unidade administrativa em 1853 com duas cidades, sete vilas, seis freguesias e quatro capelas curadas, sendo o município mais antigo, Paranaguá, fundado em 1648, e o último desse período foi Araucária, criado em 1890. Com a Independência do Brasil as províncias foram organizadas em 1823 e nesse ano o território já pertencia a São Paulo. Durante todo o período republicano o estado passou de dezenove localidades para 399 municípios, sendo a quinta unidade de federação com o maior número de cidades e a segunda da Região Sul, atrás do Rio Grande do Sul e à frente de Santa Catarina. Os municípios são unidades constitutivas da união em patamar igual aos estados e são agrupados pelo IBGE em regiões geográficas intermediárias e imediatas. As regiões geográficas intermediárias congregam diversos municípios de uma área geográfica com similaridades econômicas e sociais, não constituindo uma entidade política ou administrativa, sendo utilizada apenas para fins estatísticos. As seis regiões geográficas intermediárias do Paraná são: Curitiba, Guarapuava, Cascavel, Maringá, Londrina e Ponta Grossa. As regiões geográficas intermediárias se subdividem em regiões geográficas imediatas, que constituem um agrupamento de municípios limítrofes, com a finalidade de integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum. O Paraná é dividido em 29 regiões geográficas imediatas: Curitiba, Paranaguá, União da Vitória, Guarapuava, Pitanga, Cascavel, Foz do Iguaçu, Toledo, Francisco Beltrão, Pato Branco, Laranjeiras do Sul-Quedas do Iguaçu, Dois Vizinhos, Marechal Cândido Rondon, Maringá, Campo Mourão, Umuarama, Paranavaí, Cianorte, Paranacity-Colorado, Loanda, Londrina, Santo Antônio da Platina, Apucarana, Cornélio Procópio-Bandeirantes, Ivaiporã, Ibaiti, Ponta Grossa, Telêmaco Borba e Irati. O governo do Paraná divide o território estadual em regiões de gestão e planejamento, estabelecidas com o objetivo de centralizar a atividades das secretarias estaduais. Seus limites nem sempre coincidem com os das mesorregiões e microrregiões. As vinte e duas regiões administrativas do estado são: Paranaguá, Curitiba, Ponta Grossa, Jacarezinho, Londrina, Apucarana, Cianorte, Maringá, Paranavaí, Umuarama, Campo Mourão, Cascavel, Cornélio Procópio, Francisco Beltrão, Pato Branco, Guarapuava, União da Vitória, Irati, Toledo, Ivaiporã, Laranjeiras do Sul, e Pitanga. Economia. Em 2013, o Paraná possuía o quinto PIB do Brasil, com bilhões de reais, representando 5,90% do PIB nacional no ano de 2005, contra 6,4% em 2003. Entretanto, o crescimento do PIB paranaense vem apresentando sinais de desaquecimento nos últimos dois anos. Em 2003 a variação real foi de 5,2% em relação ao ano anterior. No ano seguinte, 2004, houve variação de 3,2%. Em 2005 a variação estimada pelo IPARDES é de apenas 0,3%. Essa desaceleração pode ser atribuída às crises no campo que vêm atingindo o estado nos últimos anos, e que acabam refletindo no comércio, serviços e até indústria. Cerca de 15% do PIB paranaense provém da agricultura. Outros 40% vêm da indústria e os restantes 45% são do setor terciário. Em 2007 apresenta um crescimento de mais de 7% do PIB, um dos melhores do país naquele ano. Quanto a sua pauta de exportações, no ano de 2012 os principais produtos exportados foram a Soja (18,73%), Carne de Aves (10,50%), Açúcar in Natura (8,09%), Farelo de Soja (8,00%) e Milho (6,36%). As principais atividades econômicas são a agricultura (cana-de-açúcar, milho, soja, trigo, café, tomate, mandioca), a indústria (agroindústria, automobilística, papel e celulose) e o extrativismo vegetal (madeira e erva-mate). O Paraná tinha em 2009, o quarto maior PIB do Brasil, atrás de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Setor primário. O setor primário é o menos relevante para a economia paranaense: em 2013, a agropecuária representava somente 10,4% do valor total adicionado à de todo o estado. O setor agropecuário do Paraná tem grande diversificação e alta produtividade, além de um progressivo parque industrial. Os mais importantes produtos da agricultura paranaense são o trigo, o milho e a soja, riquezas das quais já alcançou recordes de safra, na concorrência com os demais estados. O cultivo da soja é o mais novo dos três e se desenvolveu tanto no norte como no oeste do estado, e depois no sul. Ainda é relevante o plantio de algodão herbáceo, especialmente no norte. A cafeicultura, que constitui uma das principais atividades agrícolas do estado, caso não desfrute da mesma grandiosidade de antigamente (o Paraná, sozinho, já chegou a produzir 60% do café de todo o mundo), ainda faz com que o Paraná continue sendo um dos mais importantes produtores da federação brasileira. Sua principal concentração reveste a área a oeste de Apucarana. Depois vêm os solos da região de Bandeirantes, Santa Amélia e Jacarezinho. O Paraná se destaca na produção de cana-de-açúcar, onde é o 5.º maior produtor do Brasil, com cerca de 46 milhões de toneladas anuais, e de feijão, onde é o líder do país. Na atualidade, o Paraná é o 2.º maior produtor nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas, com cerca de 15% do total brasileiro, perdendo apenas para Mato Grosso. É o 2.º maior produtor de soja (perto de 20 milhões de toneladas), de milho, de trigo (2,2 milhões de toneladas), de mandioca (3,2 milhões de toneladas), e 3.º maior de laranja (834 mil toneladas). É também um dos maiores produtores nacionais de aveia e erva-mate, e o 4.º maior produtor de tangerina e de morango, além de ter uma produção considerável de cevada. No que se refere à pecuária, o Paraná dispõe de uma enorme criação bovina e se encontra sempre entre os maiores produtores de porcos do Brasil, principalmente no centro, sul e leste do estado. Nos últimos vinte anos, as criações tanto de bois quanto de porcos se desenvolveram muito. Da forma como nos demais estados da região Sul, são diferenciadas, no Paraná, as maneiras como se utiliza o solo de campo ou mata. Geralmente, nas áreas de campo, dedica-se à pecuária extensiva; nas matas, propagam-se as plantações e pastos artificiais para a engorda. O estado é o segundo maior produtor nacional de leite, com quase 5 bilhões de litros anuais, perdendo apenas para Minas Gerais. Na carne de frango, o Paraná ocupa a liderança brasileira no ranking de Estados produtores e exportadores. Na carne suína, o Paraná ocupa a segunda posição no ranking produtivo do país, com 21,01%, e a terceira colocação entre os estados exportadores, com 14,22%. Na piscicultura, o oeste paranaense, em municípios próximos a Toledo e Cascavel, se transformou na maior região produtora de peixes do país, tendo a tilápia como principal espécie cultivada. São também expressivos, no Paraná, a criação de ovos, de casulos do bicho-da-seda, mel e cera de abelha. O estado é o 2.º maior produtor brasileiro de ovos e de mel de abelha. O subsolo paranaense é abundante em riquezas minerais. Existem grandes depósitos de areia, argila, calcário, caulim, dolomita, talco e mármore, além de outras pequenas jazidas (baritina, cálcio). A bacia carbonífera é a terceira do Brasil, e a de xisto, a segunda. Em relação aos minerais metálicos, foram quantificadas reservas de chumbo, cobre e ferro. Setor secundário. Embora o estado possua um grande parque industrial, na economia paranaense o setor secundário é atualmente o segundo menos relevante: em 2013, a participação da indústria representava somente 26,02% do valor total adicionado à de todo o território estadual. O Paraná tinha em 2018 um PIB industrial de R$ 93,7 bilhões, equivalente a 7,1% da indústria nacional. Empregando 792.630 trabalhadores na indústria. Os principais setores industriais são: Serviços Industriais de Utilidade Pública, como Energia Elétrica e Água (19,4%), Construção (17,4%), Alimentos (17,3%), Veículos Automotores (8,2%), e Derivados de Petróleo e Biocombustíveis (6,8%). Estes 5 setores concentram 69,1% da indústria do estado. Outros setores relevantes são os de Celulose e Papel (5%), Químicos (3,4%), Máquinas e Equipamentos (2,8%), Madeira (2,6%), Produtos de Metal (1,9%) e Máquinas e Materiais Elétricos (1,8%). Em meados do , as atividades econômicas da indústria impulsionaram consideravelmente a economia do Paraná. Foi em consequência desse impulso que a urbanização cresceu, não somente na área ao redor de Curitiba, como em centros interioranos, por exemplo, Ponta Grossa — maior parque industrial do interior —, Londrina, Cianorte e Cascavel. Os mais importantes gêneros industriais são o de alimentos e o madeireiro. Curitiba é o maior polo fabril e as mais importantes atividades de sua indústria constituem os de alimentos e de móveis, o madeireiro, de minerais não-metálicos, de produtos químicos e de bebidas. Em 2019 o Paraná era o 2.º maior produtor de veículos do país, com 15% do total nacional, possuindo em seu território fábricas da Volkswagen, Renault, Audi, Volvo e DAF. Na Região Metropolitana de Curitiba, em São José dos Pinhais, encontram-se as unidades industriais (montadoras) da Volkswagen-Audi e da Renault, ambas de grande porte. Na indústria alimentar, o Paraná criou empresas como Frimesa, C.Vale, Nutrimental, Copacol, Coopavel e Matte Leão. Em 2019, o Brasil era o 2.º maior exportador de alimentos industrializados do mundo, com um valor de U$ 34,1 bilhões em exportações. O centro mais expressivo dos alimentos produzidos é Londrina, sendo também muito importante a atividade em Ponta Grossa, considerado um dos maiores parques moageiros de milho e soja da América Latina. O setor madeireiro está distribuído no interior, com importantes centros em Telêmaco Borba, União da Vitória, Guarapuava e Cascavel. A mais importante indústria do estado é a Klabin, do setor de papel e celulose, que foi implantada na Fazenda Monte Alegre, no município de Telêmaco Borba. Em 2016, o Brasil foi o 2.º produtor de celulose no mundo e o 8.º produtor de papel. No setor de eletroportáteis, a brasileira Britânia é originária de Curitiba. Na indústria de eletrodomésticos, a Prosdócimo era uma empresa de nível nacional, fundada em Curitiba, que foi vendida para a Electrolux. Na indústria eletroeletrônica, há um pequeno pólo tecnológico em Curitiba, com companhias como Siemens e Positivo Informática. Ao todo, 87 empresas e 16 mil funcionários trabalham no Tecnoparque, uma área de 127 mil metros quadrados criada por lei estadual em 2007. O Tecnoparque pode crescer até 400 mil metros quadrados e receber até quadro vezes o número de trabalhadores que possui hoje, alcançando 68 mil pessoas. Setor terciário. O setor terciário é o maior e mais relevante da economia paranaense: em 2013, a participação dos serviços representava 63,4% do valor total adicionado à de todo o estado. Segundo a Pesquisa Anual de Serviços (PAS) realizada pelo IBGE em 2013, existiam no estado empresas, das quais eram locais. Em 2013, trabalharam para todas essas empresas, trabalhadores, que totalizavam ao todo uma receita bruta de mil reais, juntos com salários e outras remunerações que somavam um total de . No Paraná, existiam, em 2015, agências (instituições financeiras), que renderam R$ mil em operações a crédito, mil à vista do governo, mil privados, mil em poupança, mil a prazo e mil reais em obrigações por recebimento. Turismo. O Paraná é o estado brasileiro que possui a maior quantidade de parques nacionais, com destaque o Parque Nacional do Iguaçu e o de Superagui. Foz do Iguaçu, com mais de 270 cachoeiras e quedas d’água é mundialmente conhecida, principalmente pela Garganta do Diabo. Outra atração da cidade é a Usina Hidrelétrica de Itaipu que é aberta a visitação. O Parque Estadual de Vila Velha, em Ponta Grossa, com pedras em diversas formas, é outro exemplo de ponto turístico do estado. Ainda em Ponta Grossa pode-se visitar o Buraco do Padre, a Capela de Santa Bárbara (construída pelos Jesuítas) e a Cachoeira da Mariquinha. Em Maringá existe a Catedral de Maringá (Basílica Menor de Nossa Senhora da Glória), segundo monumento mais alto da América do Sul e décimo do mundo. Crescente visitação tem ocorrido na região do Cânion Guartelá, (6° maior do mundo e do Brasil) em Tibagi. Curitiba é hoje um importante destino turístico brasileiro, especialmente procurado por turistas oriundos de estados vizinhos que chegam à cidade por via terrestre. Um importante aumento no “turismo de negócios” tem também se verificado nas últimas décadas. Seja por razões de lazer ou trabalho, o fluxo de visitantes estimado no ano de 2006 chega a ser surpreendente: mais de pessoas, ou seja, maior que o número de habitantes da cidade. Durante o ano inteiro, são realizadas feiras e festivais, merecendo destaque a Munchen Fest de Ponta Grossa, a Oktoberfest de Rolândia, Carnaval de Tibagi, o Festival Internacional de Londrina, de Teatro de Curitiba (o principal do país), Folclórico e de Etnias do Paraná, e a Feira de Móveis do Paraná (Movelpar). Atraem ainda considerável interesse as feiras agropecuárias de grande porte, em especial a Expo Londrina. Infraestrutura. Saúde. São tidas como ótimas as condições de saúde do estado, o que torna elevado o nível de economia da população. Em 2005, funcionavam estabelecimentos hospitalares, os quais contavam com leitos e eram atendidos, em 2007, por médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem. Em 2005, da população, 86,1% dos paranaenses possuem acesso à rede de água, enquanto 68,5% são beneficiados pela de esgoto sanitário. De acordo com uma pesquisa realizada pelo IBGE em 2008, 77,0% da população paranaense avalia sua saúde como boa ou muito; 67,4% realiza consulta médica periodicamente; 48,1% dos habitantes consultam o dentista regularmente e 8,3% esteve internado em leito hospitalar nos últimos doze meses. 33,4% declararam ter alguma doença crônica e apenas 27,0% tinham plano de saúde. Outro dado significante é o fato de 52,2% declararem necessitar sempre do Programa Unidade de Saúde da Família — PUSF. Na questão da saúde feminina, 40,4% das mulheres com mais de 40 anos fizeram exame clínico das mamas nos últimos doze meses; 53,0% entre 50 e 69, mamografia nos dois; e 78,7% entre 25 e 59, preventivo para câncer do colo do útero nos três. Educação. Em 2009, foram registradas matrículas de discentes, nas 6119 escolas de ensino fundamental do estado, das quais eram municipais, estaduais, particulares e 521 federais. Quanto ao corpo docente era o mesmo formado de professores, sendo que eram particulares. Em 2009, ministrava-se o ensino médio, em 1713 estabelecimentos, com discentes matriculados e docentes. Dos alunos, 3560 estavam na escola pública federal, na estadual, e na particular. Em 2013, o total de alunos do ensino médio passou a 479 519 (queda de 1,06% em relação a 2012, quando havia 484 633 estudantes). Destes, 4 272 (0,9%) estavam na rede pública federal, 411 299 (85,8%) na estadual e 63 948 (13,3%) na particular. No mesmo ano, as instituições de ensino públicas e privadas da Educação Básica do Paraná atenderam 10 721 alunos portadores de necessidades especiais, representando um aumento de 10,6% em relação a 2012. Deste total, 13 (0,12%) estavam matriculados na rede federal, 1 540 (14,36%) na estadual, 3 601 (33,59%) na municipal e 5 567 (51,93%) na particular. De acordo com o PNUD do ano 2010 o IDH-Educação do Paraná é de 0,668, o quinto maior índice entre os estados brasileiros, perdendo apenas para Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo e Distrito Federal. Dentre os municípios do estado, o melhor resultado foi de Curitiba com 0,768 e o pior foi Doutor Ulysses com 0,362. Ainda de acordo com a pesquisa, o índice de analfabetismo no estado em adultos acima de 25 anos era de 7,86%, sendo o menor de 1,48%, registrado em Quatro Pontes, e o maior de 24,51% no município de Itaúna do Sul. Quanto ao ensino superior, em 2009, o estado tinha 183 estabelecimentos, onde foram registradas matrículas de discentes, sendo alunos em escolas públicas federais, em estaduais, 2679 em municipais e em particulares. Em 1912 é fundada a Universidade Federal do Paraná, a primeira do Brasil e da região Sul do país. Além da UFPR, o Paraná tem universidades espalhadas pelo estado nas principais cidades de cada região. Ainda em Curitiba, encontra-se a sede da Pontifícia Universidade Católica do Paraná — PUCPR e do Centro Universitário Curitiba (UNICURITIBA), entidade sucessora da Faculdade de Direito de Curitiba criada em 1950. O estado conta com uma universidade federal multicampi, a UTFPR. Em Ponta Grossa a universidade estadual é a UEPG, em Londrina é a UEL, Maringá conta com a UEM, Guarapuava é sede da UNICENTRO, Cascavel é a cidade-base da UNIOESTE, que ainda dispõe de câmpus espalhados por vários outros municípios, Jacarezinho é a cidade-base da UENP. O estado conta ainda a UNESPAR, Universidade Estadual do Paraná, a qual é composta por sete centros universitários, nas cidades de Apucarana, Campo Mourão, Curitiba, Paranaguá, Paranavaí, São José dos Pinhais e União da Vitória. Transportes. No estado existem seis aeroportos comerciais: o Aeroporto de Cascavel, Aeroporto de Londrina, Aeroporto de Maringá, Aeroporto Internacional Afonso Pena, na grande Curitiba, e o Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu. Em 2021 o Paraná tinha 120.930 km de rodovias, sendo 21.173 km pavimentados, e destes, 1475 km eram rodovias duplicadas. As principais rotas são a conexão Ourinhos/SP-Londrina-Maringá-Cascavel (BR-369), a rota Dourados/MS-Maringá-Ponta Grossa-Curitiba (BR-376), a rota Paranaguá-Curitiba-Guarapuava-Cascavel-Foz do Iguaçu (BR-277), a Sorocaba-Curitiba e a São Paulo-Curitiba-Rio Negro. Esta última estende-se até o extremo sul do Rio Grande do Sul e pertence à BR-116. O sistema ferroviário paranaense goza de notória presença na vida econômica do estado. No setor sul, as linhas da Ferroeste (Antiga Ferropar), a "Ferrovia da Soja", que começou a ser administrada pela iniciativa privada em 1997 e restabelecida pelo governo no início de 2007, no trecho de Guarapuava a Cascavel, estendendo-se (em projeto) até Guaíra e Foz do Iguaçu. Outra estrada de ferro liga do Porto de Paranaguá até Curitiba, Guarapuava, Londrina, Ponta Grossa e Maringá. De norte a sul, se localizam as linhas da Rumo ALL, ex-América Latina Logística, que corresponde à malha meridional da ex-Rede Ferroviária Federal, que também passou para a iniciativa privada na década de 1990, que liga o Paraná com aos estados de São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Serviços e comunicações. O estado conta com outros serviços básicos. No Paraná, existem várias empresas responsáveis pelo abastecimento de água. Em 345 dos 399 municípios paranaenses, a empresa responsável por água e saneamento básico (esgoto) é a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar). Em relação à energia elétrica, existe uma empresa no estado, a "Companhia Paranaense de Energia". Além das hidrelétricas de Capivari-Cachoeira, no Capivari, a nordeste de Curitiba, e de Júlio Mesquita Filho, no rio Chopim, no sudoeste do estado, opera no Paraná a Usina Hidrelétrica de Itaipu, a segunda maior do mundo em produção de energia (depois da das Três Gargantas, na China), contudo, ainda a mais extensa em tamanho, na fronteira Brasil-Paraguai, e erguida em grupo com este país. Terminada em 1991, somente a partir daí toda a sua capacidade, de 12 000 MW, começou a ser utilizada, o que fez do Paraná o estado brasileiro que mais produz energia. No entanto, o Paraná ainda é abundante em energia produzida pelas usinas de açúcar e álcool, que fornecem eletricidade desde a queima do bagaço da cana. Existem serviços de "internet" discada e banda larga (ADSL) sendo oferecidos por diversos provedores de acesso gratuitos e pagos. O serviço de telefonia fixa é oferecido por algumas operadoras, como a "Brasil Telecom" e a "Sercomtel". O código de área (DDD) do estado varia, desde 041 até 046. No dia 2 de fevereiro de 2009, as regiões oeste e sudoeste passaram a serem servidas pela portabilidade, com outras cidades de DDDs 45 e 46, 19 (São Paulo), 93 e 04 (Pará). A secretaria responsável pelas comunicações em todo o Paraná é a Secretaria da Comunicação Social, que atua tanto na assessoria da imprensa, quanto no "marketing" e na Internet. Existem diversos jornais presentes em vários municípios do estado, como, por exemplo, "Tribuna do Norte" (em Apucarana), "do Interior" (em Campo Mourão), "Diário Popular" (em Curitiba), "Gazeta do Iguaçu" (em Foz do Iguaçu), "dos Campos" (em Ponta Grossa), "Jornal do Oeste" (Toledo), "A Tribuna do Povo" (Umuarama), "de Cianorte", entre outros. Dois dos mais influentes jornais do país, "Gazeta do Povo" e "O Estado do Paraná", são paranaenses e mantém suas sedes na capital. O Paraná também concentra um grande número de editoras que produzem algumas das principais publicações do estado. Entre elas se destaca a Imprensa da Universidade Federal do Paraná, editora de livros didáticos, técnicos e científicos, teses, revistas e periódicos, e encadernadora de brochuras e confeccionadora de impressos de qualquer natureza, de interesse aos setores, cursos, departamentos e unidades aos membros do corpo docente da UFPR. No campo da televisão, o estado foi pioneiro com a criação da sua primeira emissora, a atual RPC Curitiba, pelo advogado e empresário Nagib Chede, em 29 de outubro de 1960. Com o passar do tempo, várias outras emissoras desenvolveram-se no estado e ganharam projeção nacional e regional, como foi o caso da CNT, a Rede Massa e a Mercosul, todas com sede na Grande Curitiba. Além disso, há transmissão de canais nas faixas "Very High Frequency" (VHF) e "Ultra High Frequency" (UHF). O Paraná é sede de alguns canais/emissoras de televisão, como a RIC Londrina, a RPC Foz do Iguaçu, a TV Educativa de Ponta Grossa, a TV Carajás (em Campo Mourão) e a TV Beltrão (em Francisco Beltrão). Segurança pública e criminalidade. As mais importantes unidades das Forças Armadas no Paraná são: no Exército Brasileiro, o Paraná faz parte do Comando Militar do Sul (junto dos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina), sediado em Porto Alegre, pertencendo à 5.ª Região Militar e 5.ª Divisão de Exército (com Santa Catarina); merecem destaque no estado o 13.º Batalhão de Infantaria Blindado (Ponta Grossa) e o 20.º Batalhão de Infantaria Blindado (Curitiba); na Marinha do Brasil, o Paraná pertence ao 5.º Distrito Naval, sediado em Rio Grande; e na Força Aérea Brasileira, o Paraná integra o Cindacta II, localizado em Curitiba, responsável pelo radar no sul do Brasil, em todo Mato Grosso do Sul, porção meridional e oeste de São Paulo. A Polícia Militar do Estado do Paraná (PMPR) tem por função primordial o policiamento ostensivo e a preservação da ordem pública no Paraná. Ela é Força Auxiliar e Reserva do Exército Brasileiro, e faz parte do Sistema de Segurança Pública e Defesa Social do Brasil. Seus integrantes são denominados Militares dos Estados, assim como os membros do Corpo de Bombeiros do Paraná. O Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Paraná é um comando Intermediário da PMPR, cuja missão consiste na execução de atividades de defesa civil, prevenção e combate a incêndio, buscas, salvamentos e socorros públicos, no âmbito do Estado do Paraná. A corporação é força auxiliar e tropa reserva do Exército Brasileiro, e pertence o sistema de segurança pública e defesa social do Brasil. Seus integrantes são denominados militares dos Estados pela Constituição Federal de 1988, assim como os demais membros da Polícia Militar do Paraná. A Polícia Civil do Estado do Paraná é órgão do sistema de segurança pública ao qual compete, nos termos do artigo 144, § 4º, da Constituição Federal e ressalvada competência específica da União, as funções de polícia judiciária e de apuração das infrações penais, exceto as de natureza militar. As principais instituições penitenciárias do estado são a Penitenciária Central e a Colônia Penal Agrícola. Desde o final de 2014, o estado do Paraná utiliza tornozeleiras eletrônicas para fiscalização do cumprimento de pena por parte de presos do regime semiaberto. O uso desta tecnologia era estudado deste 2007, quando um modelo tornozeleira desenvolvido por uma empresa privada junto ao Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento, órgão subordinado ao governo estadual, foi apresentada ao então governador, Roberto Requião. Além de monitorar presos em regime semiaberto do estado, o governo do Paraná fornece parte de suas tornozeleiras para uso da polícia federal, mesmo que os monitorados tenham residência em outro, como é o caso do ex-diretor da Petrobrás preso durante a Operação Lava Jato, Paulo Roberto Costa, que cumpre prisão domiciliar no Rio de Janeiro. Críticas severas tem sido feitas à falta de efetivos tanto da polícia civil quanto da militar e se mostrado uma preocupação dos paranaenses, são os mesmos da década de 80 para quase o dobro de população. De acordo com dados do “Mapa da Violência 2012”, publicado pelo Instituto Sangari e pelo Ministério da Justiça, a taxa de homicídios por 100 mil habitantes, que era de 10,8 em 1980, subiu para 35,1 em 2009 (ficando acima da média nacional, que era de 27,0). Entre 2000 e 2009, o número de homicídios subiu de 1766 para . Em geral, o Paraná subiu sete posições na classificação nacional dos estados e Distrito Federal por taxa de homicídios, passando da décima-sexta posição em 2000 para a nona em 2010. Curitiba e região metropolitana possuíam taxas doze vezes maiores que a do estado (47,0), enquanto, no interior, o mesmo era um pouco menor que a média estadual (24,8). A taxa e o número de homicídios do estado começaram a cair em 2018, quando tinha registrado 2088 homicídios e uma taxa de homicídios de 18.40 por 100 mil habitantes, uma queda em comparação com os 2290 homicídios e a taxa de 20.2 registrada em 2017, a taxa de homicídios continuou a cair, até que em 2020 o estado registrou uma alta de homicídios, com 2035 homicídios, 134 a mais em comparação com o ano anterior. Em 2000, 168 municípios não registravam nenhum caso de homicídios do estado, número caindo para 130 em 2010. Considerando-se todos os municípios com mais de cem mil habitantes, que em 2000 eram 60, passaram, em 2010, para 101 do total do mesmo. Entre os municípios acima de e abaixo de habitantes, destacam-se Pinhais e Piraquara, que apresentaram forte crescimento nos níveis de violência. Ao mesmo tempo, a região metropolitana da capital registrou um forte aumento de 126,7% nas taxas de homicídios, enquanto, no interior do estado uma queda de 24,8%. Conforme o “Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros 2008”, também publicado pelo Instituto Sangari, as cidades paranaenses que apresentavam as maiores taxas de homicídios por grupo de cem mil habitantes eram Foz do Iguaçu (98,7), Guaíra (94,7), Tunas do Paraná (90,1) e Rio Bonito do Iguaçu (80,1). Cultura. Em sua composição étnica, a cultura do Paraná soma uma abundância de etnias como portugueses, espanhóis, italianos, alemães, neerlandeses, eslavos, poloneses, ucranianos, árabes, coreanos, japoneses, gaúchos, catarinenses, paulistas, mineiros, nordestinos, indígenas e africanos, as quais colaboraram para o fortalecimento da identidade do povo paranaense. É possível observar a cultura do estado no artesanato, na culinária, no folclore, quer dizer, nas diferentes maneiras de expressão dos paranaenses. No começo do período colonial, os hábitos e as lendas dos índios redimensionaram a cultura da Europa, principalmente de Portugal e da Espanha. O povo paranaense recebeu, como legado dos indígenas, vários hábitos, como o costume de ingerir plantas herbáceas, milho, mandioca, mel e tabaco. Depois, os tropeiros colaboraram com o hábito de consumir o chimarrão, o café e o feijão-de-tropeiro. Os escravos africanos trouxeram como legado a feijoada, a cachaça, suas danças e ritos. Posteriormente, durante o período imperial, os imigrantes europeus, que se estabeleceram, especialmente no sul e leste do Paraná, deixaram manifestações próprias, que se mesclaram à pré-existente cultura popular estadual. Tradições estrangeiras como, por exemplo, polonesas, alemãs, ucranianas, libanesas e japonesas, adicionaram-se às manifestações originárias dos povos indígenas, da África, de Portugal e da Espanha, diversificando ainda mais a cultura do Paraná. Dessa forma, o Paraná constitui uma imensa formação cultural que recebeu influência de grupos que vieram de seus países ou Estados por diversos motivos. Toda essa miscigenação diz respeito à cultura paranaense, representada e manifestada na arquitetura, na literatura, na música e em outras artes cênicas e visuais. Entre os principais paranaenses ilustres podemos destacar: David Carneiro, um dos mais renomados historiadores brasileiros e pai do historiador David Carneiro Júnior; Moysés Paciornik, médico curitibano; Michel Teló, medianeirense, ex-integrante do Grupo Tradição; Tony Ramos, araponguense, ator da Rede Globo; entre os escritores, Dalton Trevisan, Helena Kolody e Paulo Leminski; os cientistas César Lattes, Metry Bacila, João José Bigarella e Newton Freire-Maia, este último mineiro radicado em Curitiba; Sônia Braga, maringaense; a dupla sertaneja Chitãozinho e Xororó, astorguense; Jaime Lerner, político, arquiteto e urbanista curitibano; Anízio Alves da Silva, inventor do supletivo (atualmente conhecido como Educação de Jovens e Adultos); Deivid Willian da Silva, londrinense, jogador do Clube Atlético Paranaense; Dirceu José Guimarães; Fábio Campana, natural de Foz do Iguaçu, jornalista; Aramis Millarch; os ex-governadores Roberto Requião de Mello e Silva e Moysés Lupion; Laurentino Gomes, maringaense, escritor; Grazi Massafera; Maria Fernanda Cândido; dentre vários outros. Instituições e bibliotecas. A Universidade Federal do Paraná foi criada em 1912, e a Pontifícia Universidade Católica do Paraná, em 1959. Dos museus presentes no estado, os principais são o Museu Paranaense, criado em 1876, e o Museu da Imagem e do Som do Paraná (MIS-PR), criado em 1969, ambos em Curitiba. Outra instituição famosa constitui o Museu Coronel Davi Antônio da Silva Carneiro, também na capital. O Patrimônio Histórico e Artístico Nacional tombou suas coleções, como as do Paranaense. Seu acervo tem peças arqueológicas, etnográficas e numismáticas. Em Paranaguá, dois museus movimentam visitantes: o Museu de Arqueologia e Artes Populares, vinculado à Universidade Federal do Paraná e que opera no antigo Colégio dos Jesuítas, e o do Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá. As maiores bibliotecas encontram-se em Curitiba: a Biblioteca Pública do Paraná, a do Museu Paranaense, as da UFPR e a da PUCPR em Curitiba. Há também bibliotecas especializadas, como a do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural, que possui um grande acervo relacionado com tecnologias agrícolas, e a do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná, especializada em assuntos relacionados com o cooperativismo. Patrimônio cultural, festivais e culinária. O Patrimônio Histórico também catalogou, no estado, vários monumentos arquitetônica e historicamente valiosos, como a igreja matriz de São Luís, em Guaratuba, a casa na qual faleceu o general Carneiro, em Lapa, a histórica residência dos jesuítas, e a fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres, em Paranaguá. As principais festas religiosas do estado são a de Nossa Senhora da Luz, em Curitiba, e a do Rocio, em Paranaguá, seguido de grande procissão. A principal festa popular é a Congada da Lapa, originária da África e em honra a São Benedito, na cidade de Lapa. A quantidade de eventos artístico-culturais paranaenses é riquíssima e variada e apresenta o Festival Folclórico e de Etnias do Paraná, o Internacional de Música de Londrina, o de Dança de Cascavel, o de Teatro de Curitiba e o de inverno de Antonina. Um dos estilos de dança mais tradicionais no estado é o fandango, mais especificamente o fandango caiçara típico do litoral. É considerado uma expressão musical-coreográfica-poética e festiva reconhecida como bem imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). As diversas origens de sua população são testemunhadas pela cozinha paranaense. A exemplo da feijoada brasileira, o prato mais característico é o barreado, degustado em todo o litoral e tendo como ingrediente principal o cozimento da carne, por longo tempo, em panela de barro, até desfiar. O churrasco constitui, como em todo o sul, um dos pratos mais típicos do interior, junto dos alimentos apreciados pelas comunidades de imigrantes alemães, poloneses e italianos. Pontos turísticos. Atravessado por estradas e repleto de restaurantes, o Paraná constitui um estado muito convidativo ao turismo. São dignas da atenção do turista a capital, com seus museus, jardins e universidades, o teatro Guaíra, o Passeio Público (com o jardim zoológico), os monumentos históricos de Guaratuba, Lapa e Paranaguá, e especialmente a Estrada de Ferro Curitiba-Paranaguá, uma das obras mais conhecidas da engenharia brasileira. Dos trens que a cortam, avista-se um grandioso panorama que compreende, simultaneamente, paisagens serranas e litorâneas. Antônio Rebouças, irmão (prematuramente morto) do engenheiro, monarquista e abolicionista André, projetou a ferrovia, no segundo reinado. Contra a hipótese de peritos estrangeiros convidados pelo governo para dar opinião, a estrada, acessível ao trânsito desde 1885, foi aberta em um traço em linha de simples aderência. Possui 111 km de extensão, 41 pontes e treze túneis, doze dos quais foram cavados na rocha viva, além do arrojado viaduto Vicente de Carvalho, com 84 m. Várias destas obras de arte foram criadas para superar os trechos mais complicados. Elas também são tidas como muito audaciosas, para a topografia da região. São inúmeros os acidentes naturais de importância turística, como as rochas de arenito vermelho de Vila Velha, que aparentam dólmens, na periferia de Ponta Grossa; as grutas de calcário de Campinhos, em Tunas do Paraná, gruta da Lancinha (maior em biodiversidade do sul do Brasil) em Rio Branco do Sul, e do Monge, em Lapa; as cataratas do Iguaçu, em Foz do Iguaçu; o Parque Nacional do Iguaçu, com suas florestas; a ilha do Mel, com seu balneário, o farol, a caverna e a antiga fortaleza da Barra, em Paranaguá; as praias de Pontal do Sul, Praia de Leste, Matinhos, Caiobá e Guaratuba. Esportes. O futebol é o esporte mais popular no estado de Paraná, seguido por vôlei, basquete, ginástica, artes marciais e automobilismo. O futebol foi introduzido no início do , tendo como principais equipes o Clube Atlético Paranaense, o Coritiba Foot Ball Club e o Paraná Clube, além de outros times menores. O Campeonato Paranaense, realizado anualmente desde 1915, é o principal evento de futebol no estado, organizado pela Federação Paranaense de Futebol, contando com a participação de doze equipes na primeira divisão. Os estádios de futebol Major Antônio Couto Pereira e a Arena da Baixada, ambos em Curitiba, são os maiores do Paraná. O Paraná é sede de eventos esportivos nas mais diversas modalidades, seja de importância local, nacional e até mesmo internacional, entre os quais os Jogos Oficiais do Paraná, realizados pela secretaria estadual do esporte e que reúne os Jogos Abertos do Paraná, os Jogos Colegiais (JOCOPS), os Universitários (JUPS), os da Juventude (JOJUPS) e da Primavera (JEP); o Campeonato Mundial de Carros de Turismo, a Fórmula Truck, a GT3 Cup, a Stock Car Brasil e a SuperBike Brasil, eventos que são realizados no Autódromo Internacional de Curitiba e no Autódromo Internacional de Cascavel. O Paraná sediou quatro jogos da Copa do Mundo de 2014, realizados no Estádio Joaquim Américo Guimarães (Arena da Baixada), em Curitiba. Há ainda diversos incentivos à prática de esportes. No estado nasceram os medalhistas olímpicos Vanderlei Cordeiro de Lima e Édson Luciano no atletismo; Natália Falavigna no taekwondo; Douglas Vieira no judô; Cyro Delgado na natação; Giba, Serginho, Elisângela Oliveira e Filó no vôlei; Emanuel Rego no vôlei de praia; além de medalhistas em Mundiais como Jadel Gregório no atletismo e Amanda, Karol Souza e Mayara Moura no handebol. Feriados. O Paraná não possui data magna nem feriados estaduais. Em 2014, foi apresentado e aprovado na Assembleia Legislativa do Paraná uma lei que instituía a dissolução do polêmico feriado da emancipação política do estado, passando a ser ponto facultativo. O feriado não era cumprido pelas empresas públicas e particulares.
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Pintores
Pintores
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Peças de xadrez
Peças de xadrez No xadrez, cada jogador conta com um conjunto idêntico de peças, diferindo na cor, sendo um conjunto na cor preta e outro na cor branca. As regras da FIDE para competições oficiais determinam que o material deve seguir o Modelo Staunton e ser de plástico ou madeira (variedades típicas incluem mogno, cedro, marfim vegetal (jarina) e cerejeira. É usual a combinação de imbuia para as partes escuras com pau marfim para as partes claras). Terminologia. No xadrez, a palavra "peça" tem três significados, dependendo do contexto: O contexto deve fazer a intenção do significado clara. Características. Cada conjunto conta com as seguintes peças: As peças ficam em formação no fundo do tabuleiro, nas linhas 1 e 2 para as peças brancas, e nas linhas 7 e 8 para as peças pretas. Nos quatro cantos, na primeira e última linhas, ficam as Torres. Ao lado destas, nas mesmas linhas, ficam os Cavalos e, ao lado destes, ficam os Bispos. Nas duas casas centrais ficam o Rei e a Dama, sendo que a Dama é colocada na casa de mesma cor da própria peça (a regra é conhecida como "dama na cor"), ou seja, à esquerda para o jogador das peças brancas, e à direita para as peças pretas. Na outra casa central, ficam os Reis. Nas linhas seguintes (linhas 2 e 7) ficam os peões. Dimensões. A FIDE e outras organizações recomendam dimensões específicas para as peças e o tabuleiro de xadrez. As dimensões das peças são relacionadas ao tamanho da lateral das casas do tabuleiro; para torneios oficiais recomenda-se casas com laterais entre 5 cm e 6 cm e conjuntos de peças do padrão Staunton tenha a altura do Rei (peça mais alta) com 9,5 cm (com variações permitidas de até 10%), com base de diâmetro equivalente a algum valor entre 40% e 50% da altura, e demais peças proporcionais. Recomenda-se que o diâmetro da base dos peões seja equivalente a metade da largura das casas do tabuleiro. Ao mesmo tempo, espera-se que essa largura também seja equivalente a 1,25 a 1,30 da largura da base do rei. Em resumo: Exemplos. Como ilustração, as conhecidas peças Amazônia tem as seguintes dimensões: Fabricação. Mundialmente, muitas peças de xadrez são atualmente feitas na Índia; no Brasil, além dos excelentes trabalhos artesanais em escala limitada, destacam-se os produtos de diversas empresas. Os modelos Staunton são de longe os mais populares, mas há uma enorme variedade de conjuntos temáticos produzidos em todo o mundo, mais para fins de decoração do que de jogo. Notação algébrica. Na notação algébrica, as peças recebem o seguinte código: O peão não recebe nenhum código na notação. Ou seja, se na notação não consta o código da peça, sabe-se que é um peão… Valor das peças. As peças também têm um valor relativo (este valor é relativo por que depende da função da peça na estratégia do jogador, bem como de sua influência no tabuleiro). Geralmente é aceito que as peças tem o seguinte valor: Notas: Valor artístico. O desenvolvimento e forma das peças de xadrez estimulou a imaginação de artistas, artesãos e desenhistas em todos os países e culturas, do qual a sociedade criou peças que refletiam o espírito e cultura do ambiente. A grande maioria dos conjuntos de peças são abstratas, porém mesmo estas têm qualidade artística. Muitas sociedades europeias desenvolveram conjuntos distintos como Lyon, Munique, Nuremberg e Londres, normalmente em madeira, osso e marfim que eram vendidos localmente ou exportados. Alguns dos conjuntos criados no Séc. XVIII foram criados em área conhecidas por trabalho em marfim como Barhampur (Índia), Cantão (China), Dieppe (França) e Kholmogory (Rússia) em padrões, temas e estilos tradicionais próprios. Artistas individualmente criaram peças de alto valor artístico para comemorarem eventos históricos, entretanto não havia a tradição de assinar, registrar ou organizar estes trabalhos permanecendo na atualidade a maioria com autoria desconhecida. Conjuntos. A variação de desenhos disponíveis é grande, com pequenas diferenças cosméticas a representações altamente abstratas de peças temáticas que emulam desenhos do trabalho de Lewis Carroll e tratamentos modernos baseados em Jornadas nas Estrelas ou "Os Simpsons", apesar de suas intenções serem normalmente para exibição ao invés da prática do jogo. Alguns trabalhos de artes são conjuntos modernos desenhos de conjuntos de peças de xadrez, tais como o conjunto modernista criado pelo entusiasta do xadrez e dadaísta Man Ray, exibido no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque. Peças de xadrez para o jogo são usualmente figuras mais altas do que largas. Por exemplo o modelo do Rei no padrão Staunton, conjunto de oficial de peças a serem utilizadas em competições da FIDE, consiste numa figura de aproximadamente 9,5 cm com uma base deve ter aproximadamente 40 a 50% da sua altura. Peças em madeira são normalmente feitas em madeira clara como buxus ou bordo para as peças claras e em ébano para as escuras, ou então são pintadas em preto, marrom ou vermelho. Peças em plástico são feitas em branco ou quase branco e as escuras em preto ou vermelho. Algumas vezes outros materiais como osso, marfim ou materiais compostos.
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Placa-mãe
Placa-mãe Uma placa-mãe (também chamada de mainboard, placa de circuito principal, mb, mboard, backplane board, base board, system board, placa de sistema (somente em computadores Apple) ou mobo) é a placa de circuito impresso principal (PCB) em computadores de uso geral e outros sistemas expansíveis. Ele contém e permite a comunicação entre muitos dos componentes eletrônicos cruciais de um sistema, como a unidade central de processamento (CPU) e a memória, além de fornecer conectores para outros periféricos. Ao contrário de um backplane, uma placa-mãe geralmente contém subsistemas significativos, como o processador central, os controladores de entrada/saída e memória do chipset, conectores de interface e outros componentes integrados para uso geral. "Motherboard" significa especificamente um PCB com capacidade de expansão. Como o nome sugere, esta placa é muitas vezes referida como a "mãe" de todos os componentes conectados a ela, que geralmente incluem periféricos, placas de interface e placas filhas: placas de som, placas de vídeo, placas de rede, adaptadores de barramento de host, placas sintonizadoras de TV, cartões IEEE 1394; e uma variedade de outros componentes personalizados. Da mesma forma, o termo "placa-mãe" descreve um dispositivo com uma única placa e sem expansões ou recursos adicionais, como placas de controle em impressoras a laser, aparelhos de televisão, máquinas de lavar, telefones celulares e outros sistemas integrados com capacidade de expansão limitada. História. Antes da invenção do microprocessador, o computador digital consistia em várias placas de circuito impresso em uma caixa de cartão com componentes conectados por um backplane, um conjunto de soquetes interconectados. Em designs muito antigos, os fios de cobre eram as conexões discretas entre os pinos do conector do cartão, mas as placas de circuito impresso logo se tornaram a prática padrão. A unidade central de processamento (CPU), memória e periféricos foram alojados em placas de circuito impresso individualmente, que foram conectadas ao backplane. O onipresente barramento S-100 da década de 1970 é um exemplo desse tipo de sistema de backplane. Os computadores mais populares da década de 1980, como o Apple II e o IBM PC, publicaram diagramas esquemáticos e outras documentações que permitiram uma rápida engenharia reversa e placas-mãe de substituição de terceiros. Normalmente destinadas à construção de novos computadores compatíveis com os exemplares, muitas placas-mãe ofereciam desempenho adicional ou outros recursos e eram usadas para atualizar o equipamento original do fabricante. Durante o final dos anos 1980 e início dos anos 1990, tornou-se econômico mover um número crescente de funções periféricas para a placa-mãe. No final dos anos 1980, as placas-mãe dos computadores pessoais começaram a incluir ICs únicos (também chamados de chips Super I/O) capazes de suportar um conjunto de periféricos de baixa velocidade: teclado e mouse PS/2, unidade de disquete, portas seriais e portas paralelas. No final da década de 1990, muitas placas-mãe de computadores pessoais incluíam funções integradas de áudio, vídeo, armazenamento e rede de consumo sem a necessidade de qualquer placa de expansão; sistemas de ponta para jogos 3D e computação gráfica normalmente retinha apenas a placa gráfica como um componente separado. PCs empresariais, estações de trabalho e servidores eram mais propensos a precisar de placas de expansão, seja para funções mais robustas ou para velocidades mais altas; esses sistemas geralmente tinham menos componentes incorporados. Os laptops e notebooks desenvolvidos na década de 1990 integravam os periféricos mais comuns. Isso incluía até mesmo placas-mãe sem componentes atualizáveis, uma tendência que continuaria à medida que sistemas menores fossem introduzidos após a virada do século (como o tablet e o netbook). Memória, processadores, controladores de rede, fonte de energia e armazenamento seriam integrados em alguns sistemas. Design. Uma placa-mãe fornece as conexões elétricas pelas quais os outros componentes do sistema se comunicam. Ao contrário de um backplane, ele também contém a unidade central de processamento e hospeda outros subsistemas e dispositivos. Um computador de mesa típico tem seu microprocessador, memória principal e outros componentes essenciais conectados à placa-mãe. Outros componentes, como armazenamento externo, controladores para exibição de vídeo e som e dispositivos periféricos, podem ser conectados à placa-mãe como placas plug-in ou por meio de cabos; nos microcomputadores modernos, é cada vez mais comum integrar alguns desses periféricos na própria placa-mãe. Um componente importante de uma placa-mãe é o chipset de suporte do microprocessador, que fornece as interfaces de suporte entre a CPU e os vários barramentos e componentes externos. Este chipset determina, até certo ponto, os recursos e capacidades da placa-mãe. Placas-mãe modernas incluem: Além disso, quase todas as placas-mãe incluem lógica e conectores para suportar dispositivos de entrada comumente usados, como USB para dispositivos de mouse e teclados. Os primeiros computadores pessoais, como o Apple II ou o IBM PC, incluíam apenas esse suporte periférico mínimo na placa-mãe. Ocasionalmente, o hardware da interface de vídeo também era integrado à placa-mãe; por exemplo, no Apple II e raramente em computadores compatíveis com IBM, como o IBM PC Jr. Periféricos adicionais, como controladores de disco e portas seriais, foram fornecidos como placas de expansão. Dado o alto poder de design térmico das CPUs e componentes de computador de alta velocidade, as placas-mãe modernas quase sempre incluem dissipadores de calor e pontos de montagem para que os ventiladores dissipem o excesso de calor. Fator de forma. As placas-mãe são produzidas em uma variedade de tamanhos e formatos chamados de fatores de forma, alguns dos quais são específicos para fabricantes de computadores individuais. No entanto, as placas-mãe usadas em sistemas compatíveis com IBM são projetadas para caber em vários tamanhos de gabinete. A partir de 2005, a maioria das placas-mãe de computadores desktop usam o fator de forma padrão ATX - mesmo aquelas encontradas em computadores Macintosh e Sun, que não foram construídas a partir de componentes comuns. O fator de forma da placa-mãe e da unidade de fonte de alimentação (PSU) de um gabinete deve corresponder, embora algumas placas-mãe de fator de forma menor da mesma família caibam em gabinetes maiores. Por exemplo, um gabinete ATX geralmente acomoda uma placa-mãe microATX. Os laptops geralmente usam placas-mãe altamente integradas, miniaturizadas e personalizadas. Esta é uma das razões pelas quais os laptops são difíceis de atualizar e caros de consertar. Freqüentemente, a falha de um componente do laptop requer a substituição de toda a placa-mãe, que geralmente é mais cara do que uma placa-mãe de desktop. Soquetes de CPU. Um soquete de CPU (unidade central de processamento) ou slot é um componente elétrico que se conecta a uma placa de circuito impresso (PCB) e é projetado para abrigar uma CPU (também chamada de microprocessador). É um tipo especial de soquete de circuito integrado projetado para contagens de pinos muito altas. Um soquete de CPU fornece muitas funções, incluindo uma estrutura física para suportar a CPU, suporte para um dissipador de calor, facilitar a substituição (além de reduzir custos) e, o mais importante, formar uma interface elétrica tanto com a CPU quanto com a PCB. Os soquetes de CPU na placa-mãe podem ser encontrados com mais frequência na maioria dos computadores desktop e servidores (laptops normalmente usam CPUs de montagem em superfície), particularmente aqueles baseados no Intel x86 arquitetura. O tipo de soquete da CPU e o chipset da placa-mãe devem suportar a série e a velocidade da CPU. Periféricos integrados. Com a redução constante dos custos e tamanho dos circuitos integrados, agora é possível incluir suporte para muitos periféricos na placa-mãe. Combinando muitas funções em um PCB, o tamanho físico e o custo total do sistema podem ser reduzidos; placas-mãe altamente integradas são, portanto, especialmente populares em computadores de fator de forma pequeno e de baixo custo. Slots de cartão periférico. Uma placa-mãe típica terá um número diferente de conexões, dependendo de seu padrão e fator de forma. Uma placa-mãe ATX padrão e moderna normalmente possui duas ou três conexões PCI-Express x16 para uma placa gráfica, um ou dois slots PCI herdados para várias placas de expansão e um ou dois PCI-E x1 (que substituiu o PCI). Uma placa-mãe EATX padrão terá de duas a quatro conexões PCI-E x16 para placas gráficas e um número variável de slots PCI e PCI-E x1. Às vezes, também pode ter um slot PCI-E x4 (varia entre marcas e modelos). Algumas placas-mãe possuem dois ou mais slots PCI-E x16, para permitir mais de 2 monitores sem hardware especial, ou usam uma tecnologia gráfica especial chamada SLI (para Nvidia) e Crossfire (para AMD). Estes permitem que 2 a 4 placas gráficas sejam ligadas entre si, para permitir um melhor desempenho em tarefas de computação gráfica intensiva, como jogos, edição de vídeo, etc. Em placas-mãe mais novas, os slots M.2 são para SSD e/ou controlador de interface de rede sem fio. Temperatura e confiabilidade. As placas-mãe geralmente são resfriadas a ar com dissipadores de calor geralmente montados em chips maiores nas placas-mãe modernas. Resfriamento insuficiente ou impróprio pode causar danos aos componentes internos do computador ou causar falhas. O resfriamento passivo, ou um único ventilador montado na fonte de alimentação, era suficiente para muitas CPUs de computadores desktop até o final dos anos 1990; desde então, a maioria exigiu ventiladores de CPU montados em dissipadores de calor, devido ao aumento da velocidade do clock e do consumo de energia. A maioria das placas-mãe tem conectores para ventiladores de computador adicionais e sensores de temperatura integrados para detectar as temperaturas da placa-mãe e da CPU e conectores de ventilador controláveis ​​que o BIOS ou o sistema operacional podem usar para regular a velocidade do ventilador. Como alternativa, os computadores podem usar um sistema de resfriamento a água em vez de muitos ventiladores. Alguns computadores de fator de forma pequeno e PCs de home theater projetados para operação silenciosa e com baixo consumo de energia apresentam designs sem ventilador. Isso normalmente requer o uso de uma CPU de baixo consumo de energia, bem como um layout cuidadoso da placa-mãe e de outros componentes para permitir a colocação do dissipador de calor. Um estudo de 2003 descobriu que algumas falhas espúrias de computador e problemas gerais de confiabilidade, variando de distorções de imagem de tela e erros de leitura/gravação de E/S, podem ser atribuídos não a software ou hardware periférico, mas a capacitores antigos nas placas-mãe do PC. Em última análise, isso foi mostrado como resultado de uma formulação de eletrólito defeituosa, um problema denominado praga do capacitor. As placas-mãe modernas usam capacitores eletrolíticos para filtrar a energia DC distribuída pela placa. Esses capacitores envelhecem a uma taxa dependente da temperatura, à medida que seus eletrólitos à base de água evaporam lentamente. Isso pode levar à perda de capacitância e subsequente mau funcionamento da placa-mãe devido a instabilidades de tensão. Embora a maioria dos capacitores seja classificada para 2.000 horas de operação a 105 °C (221 °F), sua vida útil esperada dobra aproximadamente para cada 10 °C (18 °F) abaixo disso. A 65 °C (149 °F), pode-se esperar uma vida útil de 3 a 4 anos. No entanto, muitos fabricantes fornecem capacitores abaixo do padrão, que reduzem significativamente a expectativa de vida. Resfriamento inadequado do gabinete e temperaturas elevadas ao redor do soquete da CPU agravam esse problema. Com ventiladores superiores, os componentes da placa-mãe podem ser mantidos abaixo de 95 °C (203 °F), dobrando efetivamente a vida útil da placa-mãe. Placas-mãe de gama média e alta, por outro lado, usam exclusivamente capacitores sólidos. Para cada 10 °C a menos, sua vida útil média é multiplicada aproximadamente por três, resultando em uma expectativa de vida útil 6 vezes maior a 65 °C (149 °F). Esses capacitores podem ser classificados para 5.000, 10.000 ou 12.000 horas de operação a 105 °C (221 °F), estendendo a vida útil projetada em comparação com capacitores sólidos padrão. Em desktops e notebooks, as soluções de resfriamento e monitoramento da placa-mãe geralmente são baseadas em Super I/O ou Embedded Controller. Bootstrapping. As placas-mãe contêm uma ROM (e posteriormente EPROM, EEPROM, NOR flash) para inicializar dispositivos de hardware e carregar um sistema operacional de um dispositivo periférico. Microcomputadores como o Apple II e o IBM PC usavam chips ROM montados em soquetes na placa-mãe. Ao ligar, a unidade central do processador carregaria seu contador de programa com o endereço da ROM de inicialização e começaria a executar as instruções da ROM de inicialização. Essas instruções inicializaram e testaram o hardware do sistema, exibiram as informações do sistema na tela, executaram verificações de RAM e carregaram um sistema operacional de um dispositivo periférico. Se nenhum estiver disponível, o computador executará tarefas de outros armazenamentos de ROM ou exibirá uma mensagem de erro, dependendo do modelo e design do computador. Por exemplo, tanto o Apple II quanto o IBM PC original tinham IBM Cassette BASIC (ROM BASIC) e iniciariam se nenhum sistema operacional pudesse ser carregado a partir do disquete ou disco rígido. A maioria dos projetos de placas-mãe modernas usa um BIOS, armazenado em um chip EEPROM ou NOR flash soldado ou encaixado na placa-mãe, para inicializar um sistema operacional. Quando o computador é ligado, o firmware do BIOS testa e configura a memória, os circuitos e os periféricos. Este autoteste de inicialização (POST) pode incluir o teste de algumas das seguintes coisas: Muitas placas-mãe agora usam um sucessor do BIOS chamado UEFI. Tornou-se popular depois que a Microsoft começou a exigir que um sistema fosse certificado para executar o Windows 8.
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Placa de som
Placa de som Placa de som é um dispositivo de hardware que envia e recebe sinais sonoros entre equipamentos de som e um computador executando um processo de conversão entre a forma digital e analógica para outros periféricos como fones de ouvido ou provendo interfaces para outros equipamentos digitais. Podem ser internas acopladas ao barramento PCI, PCI Express ou externas ligadas ao computador por USB ou Firewire. Também há placas de som para gravação e edição profissionais. Histórico. Antes que se pensasse em utilizar placas, com processadores dedicados, os primeiros IBM PC/AT já vinham equipados com um dispositivo para gerar som, que se mantém até hoje nos seus sucessores, os "speakers", pequenos alto-falantes, apesar dos PCs atuais contarem com complexos sistemas de som tridimensional de altíssima resolução. Fabricantes. Estão entre os principais fabricantes de placas e "chipsets" de som:
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Placa de vídeo
Placa de vídeo Placa de vídeo, também chamada placa gráfica ou aceleradora gráfica, é uma placa de expansão que gera uma saída de alimentação de imagens para um dispositivo de exibição (como um monitor de computador). É responsável por gerar e renderizar gráficos tanto 2D quanto 3D. Frequentemente, estas são anunciadas como placas gráficas discretas ou dedicadas, enfatizando a distinção entre elas e as placas gráficas integradas. A maioria das placas gráficas não se limita à simples saída de exibição. Seu processador gráfico integrado (GPU) pode realizar processamento adicional, removendo esta tarefa do processador central do computador. Por exemplo, Nvidia e AMD (anteriormente ATI) produziram placas que tornam os dutos gráficos OpenGL e DirectX no nível de "hardware". Nos últimos anos da década de 2010, houve também uma tendência de usar as capacidades computacionais do processador gráfico para resolver tarefas não-gráficas, o que pode ser feito através do uso de OpenCL e CUDA. As placas gráficas são usadas extensivamente para treinamento IA, mineração de moedas criptográficas e simulação molecular. Normalmente, a placa gráfica é feita na forma de uma placa de circuito impresso (placa de expansão) e inserida em um "slot" de expansão, universal ou especializado (AGP, PCI Express). Alguns foram feitos usando caixas dedicadas, conectadas ao computador através de uma estação de acoplamento ou de um cabo. Estes são conhecidos como eGPUs. História. A 3dfx Interactive foi uma das primeiras empresas a desenvolver uma GPU com aceleração 3D (com a série Voodoo, lançada em novembro de 1996) e a primeira a desenvolver um chipset gráfico dedicado ao 3D, mas sem suporte 2D (o que exigiu, portanto, a presença de uma placa 2D para funcionar). Agora a maioria das placas gráficas modernas são construídas com chips gráficos de origem AMD ou Nvidia. Na indústria, as placas gráficas são às vezes chamadas placas adicionais gráficas, abreviadas como AIBs. Gráficos integrados e dedicados. Como alternativa ao uso de uma placa gráfica, o "hardware" de vídeo pode ser integrado a CPU, placa-mãe (comumente chamada "onboard") ou "System-on-a-chip", entretanto, os gráficos integrados possuem uma potência menor, além de compartilharem a mesma memória do sistema principal, diferentemente de uma dedicada que consta com RAM e ventoinha exclusiva para o resfriamento. Os gráficos integrados são usados principalmente em "laptops", "tablets" e "smartphones" por terem tamanhos compactos e baixo custo. Tanto a AMD quanto a Intel introduziram CPUs e chipsets de placas-mãe que suportam a integração de uma GPU no mesmo molde que a CPU. A AMD comercializa CPUs com gráficos integrados sob a marca comercial "Accelerated Processing Unit" (APU), enquanto a Intel comercializa tecnologia semelhante sob a marca "Intel HD Graphics". Com os processadores de 8.ª geração, a Intel anunciou a série "Intel UHD Graphics" para melhor suporte de monitores 4K. Embora ainda não sejam equivalentes ao desempenho de soluções dedicadas, a plataforma "HD Graphics" da Intel fornece desempenho que se aproxima de gráficos dedicados de médio alcance, e a tecnologia AMD APU foi adotada pelos consoles de jogos eletrônicos PlayStation 4 e Xbox One. Demanda de energia e tamanho. Como o poder de processamento das placas gráficas aumentou, também aumentou sua demanda por energia elétrica. As atuais placas gráficas de alto desempenho tendem a consumir grandes quantidades de energia. Por exemplo, o "thermal design power" (TDP) para a GeForce Titan RTX é de 280 watts. Enquanto os fabricantes de CPU e de fontes de alimentação se moveram recentemente para uma maior eficiência, as demandas de energia das GPUs continuaram a aumentar, por isso as placas gráficas podem ter o maior consumo de energia de qualquer parte individual em um computador. Embora as fontes de alimentação também estejam aumentando sua potência, o gargalo é devido à conexão PCI-Express, que se limita a fornecer 75 watts. As placas gráficas modernas com um consumo de energia superior a 75 watts geralmente incluem uma combinação de tomadas de seis pinos (75 W) ou oito pinos (150 W) que se conectam diretamente à fonte de alimentação. As placas gráficas para computadores "desktop" vêm em um dos dois perfis de tamanho, o que pode permitir que uma placa gráfica seja adicionada até mesmo a PCs de pequeno porte. Algumas placas gráficas não são do tamanho habitual, assim categorizadas como sendo "low profile" (tradução literal: baixo perfil). Escala multi-cartão. Algumas placas gráficas podem ser ligadas entre si para permitir o escalonamento do processamento gráfico em várias placas. Isto é feito usando ou o barramento PCIe na placa mãe, ou mais comumente, uma ponte de dados. A maioria das placas de baixa potência não são capazes de ser ligadas desta forma. AMD e Nvidia têm ambos métodos proprietários de escalonamento, CrossFireX para AMD, e SLI (desde a geração Turing, substituída pela NVLink) para Nvidia. Cartões de diferentes fabricantes de chipset ou arquiteturas não podem ser usados em conjunto para escalonamento multi-cartão. Se uma placa gráfica tiver diferentes tamanhos de memória, será utilizado o valor mais baixo, sendo que os valores mais altos serão desconsiderados. Geralmente o escalonamento em cartões de grau de consumo pode ser feito utilizando até quatro cartões. Indústria e mercado. A AMD e Nvidia são as principais fornecedoras do mercado de GPUs. No terceiro trimestre de 2013, a AMD teve uma participação de mercado de 35,5% enquanto a Nvidia teve uma participação de mercado de 64,5%. As remessas de cartões gráficos atingiram um total de 114 milhões em 1999. Em contraste, totalizaram 14,5 milhões de unidades no terceiro trimestre de 2013, uma queda de 17% em relação aos níveis do terceiro trimestre de 2012, e 44 milhões no total em 2015. As vendas de placas gráficas tiveram tendência decrescente devido a melhorias nas tecnologias gráficas integradas; gráficos de alta qualidade integrados à CPU podem proporcionar desempenho competitivo com placas gráficas de baixa qualidade. Ao mesmo tempo, as vendas de placas gráficas cresceram no segmento "high-end", já que os fabricantes mudaram seu foco para priorizar o mercado de jogos e entusiastas. Além dos segmentos de jogos e multimídia, as placas gráficas têm sido cada vez mais utilizadas para computação de uso geral, tais como grandes processamentos de dados. O crescimento da criptomoeda coloca uma grande demanda em placas gráficas de alta qualidade, especialmente em grandes quantidades, devido às suas vantagens no processo de mineração. Em janeiro de 2018, as placas gráficas de médio e alto nível sofreram um grande aumento de preço, com muitos varejistas tendo escassez de estoque devido à significativa demanda entre este mercado. As empresas de cartões gráficos lançaram cartões específicos para mineração, projetados para funcionar 24 horas, sete dias por semana, e sem portas de saída de vídeo. A indústria de placas gráficas sofreu um revés devido à escassez de "chips" em 2020-2021.Em julho de 2022, os preços finalmente começaram a cair. Esse fenômeno se deve a volta da disponibilidade das placas de vídeo no mercado global em fevereiro de 2022, entretanto o fator mais impactante para os preços despencarem, foi a repressão do governo à mineração de criptomoedas na China, país este que alimenta quase 80% do comércio mundial de criptomoedas. Junto desta ação do governo Chinês, houve a queda geral do valor do Bitcoin devido à queda da participação deste país que é tão impactante neste ramo, em que este fator também ajudou na redução dos preços das placas de vídeo por afetar a mineração a nível global. Partes. Uma placa gráfica é uma placa de circuito impresso constituída de vários componentes, sendo os seus principais: processador gráfico (GPU), memória de vídeo, conversor digital para analógico de memória de acesso aleatório (RAMDAC), chip de sistema de entrada/saída (BIOS) e o "software" do drive, além de geralmente possuírem um dissipador de calor e/ou ventilador. Elas se conectam a placa-mãe através de PCI Express x16 e x1, PCI, AGP. Geralmente a saída de vídeo é por D-Sub/VGA, DVI, HDMI e DisplayPort/Mini-DisplayPort.
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Microprocessadores
Microprocessadores
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Peer-to-peer
Peer-to-peer Peer-to-peer (em português, par a par, ou simplesmente ponto a ponto) ou P2P é uma arquitetura de redes de computadores onde cada um dos pontos ou nós da rede funciona tanto como cliente quanto como servidor, permitindo compartilhamentos de serviços e dados sem a necessidade de um servidor central ou hierárquica, mudando um paradigma existente. Uma rede "peer-to-peer" é mais conveniente para o armazenamento de objetos imutáveis. Seu uso em objetos mutáveis é mais desafiador, e pode ser resolvido com a utilização de servidores confiáveis para gerenciar uma sequência de versões e identificar a versão corrente. Pode ser usada para permitir a troca de dados (como músicas, vídeos, imagens, dados e etc), entre pares de computadores não conectados à Internet por meio de um cabo crossover. Enfim, qualquer coisa com formato digital. Um exemplo de transmissão de dados via "peer-to-peer" são os "Torrents". Os sistemas cliente-servidor tradicionais gerenciam e fornecem acesso a recursos como arquivos, páginas "web" ou outros objetos localizados em um único computador servidor. Nesses projetos centralizados, são exigidas poucas decisões sobre a distribuição dos recursos ou sobre o gerenciamento dos recursos de "hardware". Os sistemas "peer-to-peer" fornecem acesso a recursos de informação localizados em computadores de toda a rede. Os algoritmos para a distribuição e recuperação de objetos são um aspecto importante do projeto do sistema. Seu projeto tem como objetivo distribuir um serviço totalmente descentralizado e organizado, equilibrando, automaticamente, as cargas de armazenamento e processamento de forma dinâmica entre todos os computadores participantes à medida que as máquinas entram e saem do serviço. Porém, um problema que acarreta perigo para esse tipo de rede são as ameaças cibernéticas que podem decorrer de falhas no servidor devido a falta de energia ou avarias de componentes internos. No entanto, as redes P2P objetivam contornar este problema ao interconectar logicamente os pares. Seguindo neste modelo, cada nó da rede pode atuar como cliente ou servidor, ou seja, pode compartilhar ou adquirir conteúdo ao mesmo tempo. Esse tipo de arquitetura de rede é muito conhecido pelo compartilhamento de arquivos. No entanto, as redes P2P são utilizadas para outras áreas, tais como, armazenamento distribuído em meios acadêmico, científico e de telecomunicações, por exemplo. Um outro bom exemplo de rede rede peer-to-peer é o Torrent onde o cliente (pessoa que baixa o arquivo) recebe os dados do servidor (pessoa que tem o arquivo extraído do computador) e também o e-mail. Vantagens. Por não se basear em uma arquitetura cliente-servidor, onde apenas o servidor é responsável pela execução de todas as funções da rede, o P2P tem uma enorme vantagem justamente por não depender de um servidor e por todos os nós estarem interconectados, permitindo o acesso a qualquer nó a partir de qualquer um desses. Por esse motivo, a rede tem uma elevada disponibilidade. Essa arquitetura depende da alta performance da internet. Como os recursos necessários são distribuídos (carga computacional, tráfego de rede, espaço de armazenamento, etc.) entre os nós, é possível conseguir um melhor desempenho de forma econômica, diferentemente da rede cliente-servidor, onde a performance depende do desempenho do servidor. A arquitetura P2P apresenta maior disponibilidade de dados, visto que o objeto pode ser disponibilizado em inúmeros nós da internet. Porém, a garantia da segurança é inferior aos outros projetos de compartilhamento de dados. Em contexto geral, bons resultados em experiências de pesquisa são trazidos por essa tecnologia por usar métodos para intercâmbio de informações sem recursos adicionais. Arquitetura P2P. Um sistema "peer-to-peer" implementa uma rede abstrata sobreposta, em cima da topologia da rede. Essa sobreposição é utilizada para descobrir e indexar os pares da rede, tornando o sistema P2P funcional, independente da topologia da rede física. O conteúdo é trocado diretamente sobre o protocolo IP. Sistemas "peer-to-peer" anônimos são exceções, pois implementam camadas extras de roteamento para ocultar sua identidade de origem ou de destino. Em uma arquitetura P2P padrão, não existe a noção de cliente ou servidor, mas apenas pares de nós que funcionam tanto como cliente, quanto como servidor, para outros nós da rede. Um exemplo de transferência de arquivos que não utiliza o P2P é o "File Transfer Protocol" (FTP), onde os programas de cliente e servidor são distintos. A rede "Overlay" P2P consiste em uma forma em que todos os pares da rede funcionem como apenas um nó dessa. Existe uma ligação entre dois nós que se conhecem na rede. Isto é, um nó participante conhece a localização de outro nó da rede P2P. Então, existe uma aresta que liga o primeiro nó existente ao segundo na rede sobreposta. Com base em como os nós estão conectados na rede, podemos classificar a rede P2P como estruturada ou não estruturada. Na estrutura P2P, os pares são organizados de acordo com critérios e algoritmos, que realizam a sobreposição com topologias específicas. Normalmente, usam tabelas "hash" distribuídas para indexação. Sistemas P2P estruturados são adequados para implementações em larga escala devido à alta escalabilidade e algumas garantias sobre o desempenho (normalmente, aproximando O(log N), onde N é o número de nós no sistema P2P). Não é imposta pela rede P2P uma estrutura padrão para a rede "Overlay" (sobreposta). Na ideologia, não existe no sistema de estrutura P2P um elemento centralizador. Entretanto, na prática existe, em sistemas estruturados, vários graus de centralização. Três categorias se destacam: O primeiro e popular sistema "peer-to-peer" de compartilhamento de arquivos, o Napster, foi um exemplo do modelo centralizado. Freenet e implementações iniciais do protocolo Gnutella, por outro lado, são exemplos de modelo descentralizado. Implementações Gnutella modernas, Gnutella2, bem como a agora substituída rede Kazaa, são exemplos do modelo híbrido. A demanda por serviços na Internet vem crescendo a uma escala que só pode ser limitada pelo tamanho da população mundial. Um dos objetivos dos sistemas "peer-to-peer" é permitir o compartilhamento de dados e recursos numa larga escala, excluindo qualquer requisito por servidores gerenciados separadamente e a sua infraestrutura associada. Sistemas "peer-to-peer" têm o propósito de suportar sistemas e aplicações distribuídas utilizando os recursos computacionais disponíveis em computadores pessoais e estações de trabalho em número crescente. Isso tem se mostrado bastante atrativo, já que a diferença de performance entre "desktops" e servidores tem diminuído e as conexões de banda larga têm proliferado. Shirky definiu as aplicações P2P como "aplicações que exploram recursos disponíveis nas bordas da Internet - armazenamento, ciclos, conteúdo, presença humana". Geralmente, uma rede "peer-to-peer" é constituída por computadores ou outros tipos de unidades de processamento que não possuem um papel fixo de cliente ou servidor. Pelo contrário, costumam ser consideradas de igual nível e assumem o papel de cliente ou de servidor dependendo da transação que será iniciada ou recebida de um a outro par da mesma rede. Os nós da rede "peer-to-peer" podem diferir em termos de configuração local, capacidade de processamento, capacidade de armazenamento, largura de banda, entre outras características particulares. O primeiro uso da expressão "peer-to-peer" foi em 1984, com o desenvolvimento do projeto "Advanced peer-to-peer Networking Architecture" na IBM. Redes virtuais. O termo é utilizado em diferentes tecnologias que adotam um modelo conceitual "peer-to-peer" (em Portugal, conhecido como "par-a-par"), tal como o protocolo NNTP (para "Usenet News"); SMTP (para envio de mensagens eletrônicas - "e-mail"); e sistemas de troca de mensagens instantâneas (ICQ, MSN). Porém, o termo tornou-se popular com o surgimento de aplicações de compartilhamento de arquivos. Em outras palavras, programas que possibilitam a distribuição de arquivos em rede, permitindo o acesso de qualquer usuário dessa a este recurso. Outros tipos de recursos podem ser compartilhados em redes par-a-par, tal como a capacidade de processamento de máquinas, espaço de armazenamento de arquivos, serviços de programas ("software", em inglês) - analogamente aos "Web Services", entre outros. Em 1999, Shawn Fanning criou o Napster, para compartilhamento de arquivos de música (principalmente MP3), e trouxe o conceito de par-a-par para a mídia, principalmente após tornar-se alvo de ataques jurídicos por parte das companhias fonográficas. História do "peer-to-peer". O P2P é o resultado da tendência natural do desenvolvimento de engenharia de "software" com a disponibilidade de tecnologia para a criação de redes maiores. A tendência das últimas décadas tem crescido com a necessidade das aplicações empresariais, o que resultou na substituição dos sistemas monolíticos por sistemas distribuídos. As redes informáticas começaram a crescer, tornando-se cada vez maiores e mais poderosas; os utilizadores começaram a usá-las cada vez ser mais; e a banda larga tornou-se cada vez mais barata e poderosa, sendo fácil de aceder. Neste campo, houve a necessidade de ter a disponibilidade de pontos interligados, e quantos mais recursos houvesse, mais poderosa se tornava essa rede. A Internet foi um claro exemplo e uma "explosão de utilizadores". Enquanto as redes cresciam, as aplicações P2P desenvolveram-se, e a sociedade interessava-se pelo P2P. Aplicações como o Napster, Gnutella e Kazaa ficaram famosas, porque estas traziam um subconjunto da tecnologia P2P que estava ao alcance de milhares de utilizadores. Na verdade, o P2P surgiu da tecnologia básica que utilizaram nos tempos da Usenet e da FidoNet. Eram duas redes totalmente descentralizadas; e usavam sistemas como o DNS. No início, eram trabalhos que dois estudantes tinham na licenciatura. Não existia muita informação sobre a partilha, nem Internet como hoje em dia. Os arquivos eram trocados em "batch" nas linhas telefónicas, porque os computadores eram ligados por cabos coaxiais, não tendo muito mais que dez computadores em cada rede, ligando-se por um terminador, passando virtualmente por cada nó. No entanto, em 1979, como não havia maneira de centralizar, a Usenet era totalmente descentralizada, sendo o criador Jim Ellis (será explicado mais à frente o que é). A FidoNet também era descentralizada, mas servia para troca de mensagens. Esta aplicação foi criada em 1984, por Tom Jennings, para trocar mensagens de sistemas (BBS) diferentes. O DNS tornou-se uma necessidade, pois em 1983 já existiam milhões de "hosts" na Internet. Na altura, a forma de navegar na Internet era através de um ficheiro ".txt", nomeado de "hosts.txt". O nome "cin" era associado a um determinado IP do ficheiro "hosts.txt". Como a Internet cresceu, este sistema tornou-se impossível, e foi então que surgiu o DNS. O conceito desse é comparado às aplicações de ficheiros atuais. Mas foi na década de 1990 que as redes P2P apareceram com toda a força, quando aplicações como o Napster e o Gnutella foram desenvolvidas. Cada nó neste tipo de rede é conhecido como "peer"; e pode servir com os mesmos direitos de cada "peer" da rede, servindo tanto como cliente quanto como servidor. Os recursos e as informações passaram a ser disponibilizados em escala mundial. Estas redes tinham características: quantos mais "peers" existissem, mais estabilidade e mais autonomia tinham; e a rede tornava-se mais eficiente e rica em recursos com a comunicação direta que os "peers" tinham. Nos dias de hoje, as redes de computadores são o que se trata mais salientando as redes ponto a ponto. Pelo seu baixo custo e fácil implementação no mercado técnico, as redes ponto a ponto chegam a ser um ganho. Visto pelo seu nome, é uma rede que não tem um gerenciador ou administrador de página. Distribuição horizontal. A organização de uma aplicação cliente-servidor numa arquitetura multicamadas distribui o processamento colocando componentes logicamente diferentes em máquinas diferentes. A essa distribuição se dá o nome de distribuição vertical. Uma distribuição vertical facilita o gerenciamento dos sistemas, pois divide as funções lógica e fisicamente entre várias máquinas, onde cada uma é responsável por um grupo específico de funções. Uma abordagem alternativa à distribuição vertical, bastante comum nas arquiteturas modernas, se baseia na distribuição dos clientes e dos servidores, o que se chama de distribuição horizontal. Nessa distribuição, um cliente ou um servidor podem estar fisicamente divididos em partes logicamente equivalentes, onde cada uma opera sobre a sua própria porção dos dados, o que balanceia a carga. Os sistemas "peer-to-peer" se baseiam na distribuição horizontal. Olhando de uma perspectiva de alto nível, os processos que constituem um sistema "peer-to-peer" são todos iguais. Isso significa que as funções necessárias devem estar em todos os processos que constituem o sistema distribuído. Como consequência, a maior parte da interação entre os processos é simétrica: cada processo atua como um "cliente" e um "servidor" ao mesmo tempo. Características. Sistemas "peer-to-peer" compartilham essas características: Descentralização. A correta operação de sistemas P2P não depende da existência de um sistema de administração centralizado. Assim, sistemas P2P se confundem com sistemas descentralizados. Num sistema totalmente descentralizado, não só todos os hospedeiros são iguais, mas também nenhum deles tem atribuições especiais, como administração e descoberta de serviços. Na prática, construir sistemas totalmente descentralizados pode se tornar difícil, o que faz os projetistas geralmente adotarem paradigmas híbridos na construção de aplicações P2P. O DNS, por exemplo, é um protocolo "peer-to-peer", porém com um senso embutido de hierarquia. Há outros exemplos de sistemas P2P no seu núcleo e com alguma organização semi-centralizada, como o Napster e o BitTorrent Heterogeneidade. Em redes "peer-to-peer", a heterogeneidade dos recursos envolvidos é uma preocupação que deve ser levada em conta durante o seu projeto. Computadores e conexões administrados por diferentes usuários e organizações não têm garantias de ficarem ligados, conectados ou sem falhas, o que os torna necessariamente recursos voláteis. Isso torna a disponibilidade dos nodos de uma rede "peer-to-peer" imprevisível. Essa imprevisibilidade não permite garantir acesso a recursos individuais, já que eles podem falhar. Para contornar isso, é possível lançar mão da técnica de replicação, diminuindo consideravelmente a probabilidade de falha ao acessar um objeto replicado. A replicação pode também tornar o sistema mais confiável se utilizada para neutralizar a ação de nodos maliciosos, que interceptam o sistema e corrompem os dados, através de técnicas de tolerância a "falhas bizantinas". Sistemas híbridos. Os sistemas centralizados são simples de implementar e gerenciar. Entretanto, são um "gargalo" em potencial, uma vez que o servidor central tem capacidade limitada e pode não suportar o aumento da demanda. Por outro lado, os sistemas descentralizados são escaláveis e robustos, mas isso demanda certa complexidade de implementação, principalmente nas questões de tolerância a falhas e descoberta de recursos. Muitos sistemas distribuídos combinam características das duas arquiteturas, parte do sistema no tradicional modelo cliente-servidor; e outra parte "peer-to-peer". híbridas são implantadas notavelmente em sistemas distribuídos colaborativos. A principal preocupação em muitos desses sistemas é como se juntar ao sistema, para o qual muitas vezes um esquema tradicional cliente-servidor é adotado. Uma vez que o nodo se junta ao sistema, ele pode utilizar um esquema totalmente descentralizado para colaboração. Um exemplo de servidor que utiliza essa abordagem é o BitTorrent. Para um usuário de um serviço de comunicação instantânea, a aplicação parece "peer-to-peer" ao enviar os dados diretamente ao amigo sendo contatado. Mas todos os serviços de comunicação instantânea possuem uma espécie de servidor por trás, que facilita a comunicação entre os nodos. Por exemplo, o servidor mantém uma associação entre o nome do usuário e o seu endereço IP, grava mensagens quando o usuário está "off-line" e roteia mensagens para usuários que estão atrás de "firewalls". Um sistema totalmente descentralizado de comunicação instantânea não iria funcionar na Internet de hoje, mas existem grandes vantagens de escalabilidade em permitir comunicação cliente-cliente, quando possível. Assim, grande parte dos sistemas utiliza um esquema de diretório centralizado enquanto a função é distribuída. Requisitos de uma aplicação "peer-to-peer". Para funcionar eficientemente, sistemas "peer-to-peer" devem se preocupar com os seguintes requisitos não funcionais: Escalabilidade global. Um dos objetivos das aplicações "peer-to-peer" é explorar os recursos de "hardware" de muitos hospedeiros conectados à Internet. Assim, essas aplicações devem ser projetadas de modo a suportar o acesso a milhões de objetos em dezenas ou centenas de milhares de hospedeiros. Alcançado através da colocação aleatória de recursos, juntamente com a utilização de réplicas dos recursos mais utilizados. Otimização de interações locais entre novos vizinhos. A "distância de rede" entre os nós que interagem tem um impacto substancial na latência das interações individuais, como por exemplo, clientes requisitando acesso a recursos. A carga do tráfego da rede também é impactada por isso. As aplicações devem colocar os recursos perto dos nós que mais os utilizam. Disponibilidade. A maioria dos sistemas "peer-to-peer" são constituídos de computadores hospedeiros que são livres para se juntar ou sair do sistema a qualquer hora. Além disso, os segmentos de rede utilizados não são gerenciados por alguma autoridade; nem possuem garantias de qualidade de serviço. Um grande desafio para os sistemas "peer-to-peer" é prover um sistema confiável, apesar desses fatos. Quando novos hospedeiros se juntam, eles devem ser integrados ao sistema; e a carga deve ser redistribuída para explorar esses novos recursos. Quando eles saem do sistema voluntaria ou involuntariamente, esse deve detectar a partida deles; e redistribuir as suas cargas e os seus recursos. Segurança dos dados. Em sistemas de escala global com participantes de origens diversas, a confiança deve ser construída com o uso de autenticação e mecanismos de criptografia, para garantir a privacidade dos dados e da informação. Anonimidade, negabilidade e resistência à censura. Anonimidade é uma preocupação legitima em muitas situações que demandam resistência à censura. Um requisito relacionado é que hospedeiros que guardam dados devem ser capazes de negar plausivelmente a responsabilidade sobre a posse e o suprimento deles. A utilização de muitos hospedeiros em sistemas "peer-to-peer" pode ser útil em alcançar essas propriedades. Redes P2P estruturadas e não estruturadas. Rede sobreposta. Um conceito importante do paradigma P2P é a rede sobreposta, ou rede "overlay". Nela, os nós são formados pelos processos; e os enlaces são representados pelos possíveis canais de comunicação (que são tipicamente conexões TCP). No geral, um processo não pode se comunicar diretamente com outro processo arbitrário, mas só pode enviar mensagens através dos canais de comunicação disponíveis. Nesse sentido, cada nó possui um conjunto de vizinhos, que por sua vez possuirão outros conjuntos de vizinhos. A figura abaixo ilustra a rede sobreposta sobre a camada de rede (p.e. Internet). Observe que dois nós que são vizinhos na rede "overlay" não são necessariamente vizinhos na rede física. Ainda que sejam observadas conexões físicas com topologias diferenciadas de P2P, a maneira como os dados são trocados obedecem a topologia ponto a ponto. A localização de nós e objetos é realizada na rede "overlay" através de um algoritmo de roteamento distribuído. Esse algoritmo é implementado sobre a camada de aplicação, não tendo nenhuma ligação com o roteamento implementado pelos roteadores da camada de rede. É através desse algoritmo que as requisições dos clientes são roteadas para um hospedeiro que possui o objeto pela qual a requisição está endereçada. Os objetos de interesse são colocados e relocados em qualquer nó na rede sem o envolvimento do cliente. O roteamento garante que qualquer nó pode acessar qualquer objeto na rede "overlay", explorando o conhecimento de cada nó na rede para localizar o objeto de destino. Sistemas "peer-to-peer" geralmente armazenam múltiplas réplicas de um mesmo objeto para garantir disponibilidade. Dessa forma, o algoritmo de roteamento mantém o mínimo de informação possível sobre a localização de todas as réplicas; e envia as requisições para o nó "vivo" (p.ex. não falho) mais próximo, que mantém uma cópia do objeto relevante. Existem basicamente dois tipos de redes sobrepostas: as estruturadas e as não estruturadas. Arquiteturas "peer-to-peer" estruturadas. Numa rede "peer-to-peer" estruturada, a rede sobreposta é construída através de um procedimento determinístico. O procedimento mais utilizado, de longe, é organizar os processos através de uma tabela "hash" distribuída (DHT). Num sistema baseado em DHTs, os dados recebem uma chave aleatória de um extenso espaço de identificadores, tipicamente um identificador de 128 ou 160 "bits". Os nodos da rede também recebem um identificador do mesmo espaço. O grande desafio num sistema baseado em DHT é implementar um esquema eficiente e determinístico que mapeia unicamente a chave de um item para o identificador do nodo responsável pelo item desejado. A partir disso, é possível retornar o endereço de rede do nodo responsável pelo item desejado, que pode ser contatado diretamente. Várias implementações e protocolos baseados em DHT foram desenvolvidos. Dentre eles, as mais populares são o Chord; e o NodeWiz, que é um serviço de descoberta em "grids" (GIS) que utiliza uma estrutura de árvores para organizar os seus nós na rede sobreposta. Para tal, cada nó na árvore é responsável por um subespaço do espaço completo dos atributos. Assim, é possível realizar eficientemente consultas por faixas de valores, ao contrário do que acontece na DHT, onde as consultas se dão por valores exatos. Arquiteturas "peer-to-peer" não estruturadas. Sistemas "peer-to-peer" não estruturados geralmente se baseiam em algoritmos aleatorizados para a construção da rede sobreposta. A ideia principal é que cada nó mantenha uma lista de vizinhos, que é construída mais ou menos de forma aleatória. Da mesma forma, se assume que os dados são colocados de forma aleatória nos nodos. Assim, quando um nó necessita localizar um item específico, a única coisa que pode fazer é inundar a rede com uma busca. Uma desvantagem desse tipo de busca é que consultas podem não ser respondidas caso o cliente e o hospedeiro estejam muito afastados na rede. Isso acontece devido a mecanismos que impedem que mensagens se propaguem indefinidamente na rede (p. ex. TTL). Outra desvantagem é que mecanismos de inundação geralmente causam grande tráfego de sinalização, o que, muitas vezes, torna esse tipo de busca lenta. Muitos sistemas "peer-to-peer" não estruturados constroem redes sobrepostas que remetem a um grafo aleatório. O modelo básico é que cada nó mantém uma lista com "c" vizinhos, onde idealmente cada um desses representa um nodo escolhido aleatoriamente dentre o conjunto dos nodos "vivos". Essa lista de nós pode ser chamada de "visão parcial". Dentre os sistemas P2P que utilizam arquiteturas não estruturadas, podemos citar o BitTorrent, que constrói sua "overlay" de forma aleatória, as "Content Delivery Networks" (CDNs) e o Gnutella. Plataformas, "frameworks" e aplicações "peer-to-peer". Inicialmente, as aplicações "peer-to-peer" surgiram monolíticas, ou seja, o programa precisava implementar seu próprio protocolo de comunicação "peer-to-peer" para permitir a interoperabilidade entre os nós constituintes do seu sistema em rede. Porém, além de um grande re-trabalho, estes esforços em requisitos não funcionais das aplicações implicavam na impossibilidade de comunicação entre sistemas diferentes, mesmo que os serviços providos por eles fossem equivalentes. Por exemplo, arquivos compartilhados em sistemas como o Kazaa, eMule e Gnutella ficam acessíveis exclusivamente dentro de suas próprias redes, levando usuários a manterem instalados em suas máquinas clientes para cada um dos sistemas de compartilhamento de arquivos que pretendam usar. Com a popularização deste tipo de aplicação, surgiu um esforço em prover plataformas para desenvolvimento de aplicações "peer-to-peer", de tal maneira que estas possam comunicar-se entre si. Entre elas, destacam-se o JXTA, o Windows "peer-to-peer" Networking e o XNap. O JXTA e o Windows "peer-to-peer" Networking são especificações de protocolos "peer-to-peer" e de uma API para utilização dos serviços, sendo o primeiro com implementações em Java e em C. O XNap provê, além de uma API de serviços "peer-to-peer", também um "framework" para desenvolvimento das aplicações em si, incluindo recursos de interface gráfica com o usuário. Um "framework peer-to-peer", portanto, vai além de uma plataforma para comunicação "peer-to-peer", provendo serviços adicionais não necessariamente relacionados com a comunicação em si, mas indispensáveis para o desenvolvimento rápido de aplicações baseadas nesta arquitetura. Outros exemplos de "frameworks" para desenvolvimento de aplicações "peer-to-peer" são o Oog (Duke University), o Lancaster´s P2P Framework (University of Lancaster) e o COPPEER (UFRJ), sendo os dois últimos abstrações construídas sobre o JXTA. Kademlia. Kademlia é um conceito de rede altamente descentralizada baseada em "nós" de rede. Os próprios usuários constituem a estrutura da rede dispensando servidores. Várias redes utilizam o conceito "Kademlia". Overnet. A rede Overnet é uma espécie de eDonkey "paga". É preciso comprar o programa da empresa que a desenvolveu. É uma variante do eDonkey totalmente descentralizada e mais rápida, seguindo o conceito "Kademlia"; e foi a primeira implementação da mesma. Gnutella. Rede "open-source" surgida no final de 2000, utilizada inicialmente por usuários do sistema Linux. Possui uma estrutura altamente descentralizada, não havendo absolutamente nenhum servidor central. Os usuários constituem a estrutura da própria rede. Entre os programas que a utilizam, estão o "BearShare", "LimeWire", "Azureus" e "Shareaza". Gnutella 2. Segundo projeto da rede Gnutella, mas agora com servidores centrais otimizando buscas e o desempenho geral da rede. É conhecida principalmente no programa "Shareaza". Recebeu críticas quando foi desenvolvida pelos criadores da Gnutella original. Kad Network. Rede paralela do programa eMule, introduzida pelo autor deste 2004, sendo uma implementação fiel ao conceito "Kademlia". A Kad Network tinha por objetivo inicial oferecer mais fontes aos usuários do programa; e mais tarde se tornar uma rede P2P completa. OpenFT. OpenFT é um protocolo desenvolvido pelo projeto giFT. O nome "OpenFT" significa "Open FastTrack". Entretanto, o OpenFT é um protocolo completamente novo, então apenas algumas poucas funções vieram do pouco que se sabia sobre a "FastTrack" quando o OpenFT foi desenvolvido. Assim como a "FastTrack", o OpenFT é uma rede onde nodos enviam listas de arquivos compartilhados para outros nodos. Isso reduz o consumo de banda necessário para a pesquisa, entretanto, consumindo mais recursos do processador e mémoria nos nodos. AudioGalaxy. Projeto antigo da empresa de mesmo nome, o Audiogalaxy centralizava todo o seu acervo, indexando-o em seu sítio oficialmente. Foi facilmente fechada por um processo judicial na Inglaterra. Era uma implementação de FTPs, sendo mais superficial ao usuário. SoulSeek. Rede introduzida para trocas de músicas em 2000. Utiliza programa de mesmo nome. Caracteriza-se pelo fato de ter um grande número de arquivos raros, e principalmente música alternativa. O programa cliente tem uma interface simplificada, e permite a adição de usuários em uma "hotlist", ou seja, uma lista de contatos que permite saber quando um usuário que tem arquivos relevantes está conectado à rede. Também há na rede SoulSeek um serviço de bate-papo ("chat") parecido com o IRC, que possibilita uma melhor interação entre os usuários, que também podem criar seus próprios canais de "chat". DNS. O DNS ("Domain Name System" - Sistema de Nomes de Domínios) é um exemplo de sistema que mistura os conceitos de rede "peer-to-peer" com um modelo hierárquico de posse da informação. O mais incrível do DNS é quão bem ele tem escalado, dos poucos milhares de hospedeiros que ele foi projetado para suportar, em 1983, para as centenas de milhões de hospedeiros atualmente na Internet. Os problemas encontrados pelas aplicações P2P atuais, tais como compartilhamento de arquivos, são os mesmos problemas que foram resolvidos pelo DNS há 10 ou 15 anos atrás. Assim, vários elementos-chave no projeto do DNS são replicados nos sistemas distribuídos atuais. Um elemento é que hospedeiros podem operar tanto como clientes quanto como servidores. O segundo elemento é um método natural de propagar as requisições de dados pela rede. A carga é naturalmente distribuída por essa, tanto que qualquer servidor individual de nomes só precisa servir as demandas dos seus clientes e o espaço de nomes que ele gerencia. Torrent. BitTorrent é um sistema de "download" de arquivos P2P. A ideia básica é que quando um usuário procura por um arquivo, ele baixa "pedaços" desse de outros usuários, até que o arquivo fique completo. Um importante objetivo de projeto foi garantir colaboração. Na maioria dos sistemas de compartilhamento de arquivos, uma fração significante dos usuários somente os baixa; e contribuem pouco ou quase nada. Para isso, um arquivo pode ser baixado somente quando o cliente que está baixando também está provendo conteúdo para alguém. Infinit. Infinit é uma tecnologia de compartilhamento de arquivos P2P originalmente desenvolvida por Julien Quintard, durante sua pesquisa como estudante de doutoramento (PhD), na University of Cambridge. Ao contrário da arquitetura com base em servidores centrais de "Cloud Computing", os dados são transmitidos diretamente entre máquinas na forma "peer-to-peer". Tem sido relatado que o serviço é mais rápido do que outras soluções, incluindo o protocolo de transferência Apple: AirDrop. Além disso, os arquivos não são armazenados no Cloud e são sempre previamente criptografados. Ou seja, os arquivos são criptografados antes de deixar o computador do remetente, e só esse é capaz de decifrar o receptor. Direitos autorais. As redes P2P são acusadas no mundo todo de ferir os direitos autorais, por disponibilizar arquivos sem a autorização dos proprietários do "copyright". Muitos usuários destas redes P2P defendem que a ausência de lucro na reprodução do "copyright" não deveria ser criminalizado. No Brasil, a lei dos direitos autorais, proíbe qualquer tipo de reprodução de conteúdo protegido que não seja autorizado (art. 105). Caso do Napster. Os desenvolvedores do Napster argumentaram que eles não eram culpados pelo infringimento dos direitos autorais porque não participavam do processo de cópia, que foi inteiramente realizado por máquinas de usuários. Esse argumento foi derrubado porque os servidores de indexação foram anexados como parte essencial do processo. Como esses servidores eram localizados em endereços conhecidos, os seus operadores foram incapazes de se manterem anônimos, e então se tornaram alvos dos processos. Um sistema de compartilhamento mais distribuído teria alcançado uma maior separação legal de responsabilidades, distribuindo a responsabilidade entre todos os usuários do Napster, e tornando o processo muito difícil, senão impossível. Qualquer que seja a visão que alguém tenha sobre a legitimidade de cópia de arquivos para o propósito de compartilhamento de material protegido por direitos autorais, existe uma legítima justificativa social e política para a anonimidade de clientes e servidores em alguns contextos de aplicações. A justificativa mais persuasiva é usada quando a anonimidade é utilizada para superar a censura e manter a liberdade de expressão para indivíduos em sociedades e organizações opressivas.
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Programa
Programa Programa pode referir-se a:
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Português
Português
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Pasárgada
Pasárgada Pasárgada ou Pasárgadas (em persa: پاسارگاد‎, transl. "Pāsārgād"; em grego: Πασαργάδες; em latim: "Pasargadae") era uma cidade da antiga Pérsia, atualmente um sítio arqueológico na província de Fars, no Irã, situado 87 quilómetros a nordeste de Persépolis. Foi a primeira capital do Império Aquemênida, no tempo de Ciro II, e coexistiu com as demais, dado que era costume persa manter várias capitais em simultâneo, em função da vastidão do seu império: Persépolis, Ecbátana, Susã ou Sardes. É hoje um Patrimônio Mundial da Unesco. A construção de Pasárgada foi iniciada por Ciro II, e foi mantida inacabada devido à morte de Ciro em batalha. Pasárgada manteve-se como capital até que Dario III iniciou a mudança para Persépolis. O nome moderno vem do grego, mas pode ter derivado de um outro usado no Império Aquemênida, "Pasragada". O sítio arqueológico cobre uma área de 1,6 km², e contém uma estrutura que acredita-se ser o mausoléu de Ciro, o forte de Tall-e Takht em uma colina próxima e as ruínas de um palácio real e jardins. Os jardins mostram o exemplo mais antigo dos "chahar bagh" persas, ou jardins quádruplos. O monumento mais importante de Pasárgada é indubitavelmente a tumba de Ciro, o Grande. Possui seis largos degraus que conduzem ao sepulcro, cuja câmara mede 3,17 m de comprimento, 2,11 m de largura, e 2,11 m de altura, e possui uma entrada estreita e baixa. Apesar de não haver evidências fortes identificando a tumba como a de Ciro, os historiadores gregos dizem que Alexandre, o Grande da Macedônia acreditava que era. Alexandre passou por Pasárgada em suas campanhas contra Dario III em Arriano, historiador do primeiro século da era Cristã, afirma que Alexandre ordenou que Aristóbulo, um de seus guerreiros, entrasse no monumento. Do lado de dentro, ele encontrou uma cama dourada, uma mesa arrumada com copos, um caixão dourado, alguns ornamentos enfeitados com pedras preciosas e uma inscrição na tumba. Nenhum traço de qualquer inscrição sobreviveu até os tempos modernos, e há considerável discordância quanto às palavras do texto. Estrabão disse que está escrito: Uma outra variação, documentada em "Pérsia: O Reino Imortal", é: Durante a conquista islâmica do Irã, as forças árabes foram até a tumba planejando destruí-la, considerando-a estar em violação direta aos princípios do Islão. Os guardas da tumba convenceram o comando árabe que a tumba não fora construída para honrar Ciro, mas que abrigava a mãe do rei Salomão, o que evitou sua destruição. Como resultado, a inscrição da tumba foi substituída por um verso do Qur'an, e a tumba ficou conhecida como "Qabr-e Madar-e Sulaiman", ou a tumba da mãe de Salomão. Ainda é conhecida por esse nome atualmente. Literatura brasileira. Na literatura brasileira, Manuel Bandeira, consagrou o nome da cidade como um lugar ironicamente ideal, em "Vou-me embora pra Pasárgada". Bandeira explica: “Vou-me embora pra Pasárgada” foi o poema de mais longa gestação em toda minha obra. Vi pela primeira vez esse nome de Pasárgada quando tinha os meus dezesseis anos e foi num autor grego. [...] Esse nome de Pasárgada, que significa “campo dos persas”, suscitou na minha imaginação uma paisagem fabulosa, um país de delícias [...]. Mais de vinte anos depois, quando eu morava só na minha casa da Rua do Curvelo, num momento de fundo desânimo, da mais aguda doença, saltou-me de súbito do subconsciente esse grito estapafúrdio: “Vou-me embora pra Pasárgada!”. Senti na redondilha a primeira célula de um poema [...]" Em 2009 a Litteris Editora do Rio de Janeiro, abriu um concurso de Antologia sobre a obra de Manuel Bandeira. Com a participação de 1307 poemas, dos quais foram selecionados 119, foi publicado o livro intitulado Uma Viagem para Pasárgada.
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Pedro Álvares Cabral
Pedro Álvares Cabral Pedro Álvares Cabral (Belmonte, 1467 ou 1468 – Santarém, ) foi um fidalgo, comandante militar, navegador e explorador português, creditado como o descobridor do Brasil. Realizou significativa exploração da costa nordeste da América do Sul, reivindicando-a para Portugal. Embora os detalhes da vida de Cabral sejam esparsos, sabe-se que veio de uma família nobre colocada na província interior e recebeu uma boa educação formal. Foi nomeado para chefiar uma expedição à Índia em 1500, seguindo a rota recém-inaugurada por Vasco da Gama, contornando a África. O objetivo deste empreendimento era retornar com especiarias valiosas e estabelecer relações comerciais na Índia — contornando o monopólio sobre o comércio de especiarias, então nas mãos de comerciantes árabes, turcos e italianos. Sua frota, de 13 navios, afastou-se bastante da costa africana, talvez intencionalmente, desembarcando no que ele inicialmente achou tratar-se de uma grande ilha à qual deu o nome de Vera Cruz e a que Pêro Vaz de Caminha faz referência. Explorou o litoral e percebeu que a grande massa de terra era provavelmente um continente, despachando em seguida um navio para notificar o rei da descoberta das terras. Como o novo território se encontrava dentro do hemisfério português de acordo com o Tratado de Tordesilhas, reivindicou-o para a Coroa Portuguesa. Havia desembarcado na América do Sul, e as terras que havia reivindicado para o Reino de Portugal mais tarde constituiriam o Brasil. A frota reabasteceu-se e continuou rumo ao leste, com a finalidade de retomar a viagem rumo à Índia. Nessa mesma expedição uma tempestade no Atlântico Sul provocou a perda de sete navios; as seis embarcações restantes encontraram-se eventualmente no Canal de Moçambique antes de prosseguirem para Calecute, na Índia. Cabral inicialmente obteve sucesso na negociação dos direitos de comercialização das especiarias, mas os comerciantes árabes consideraram o negócio português como uma ameaça ao monopólio deles e provocaram um ataque de muçulmanos e hindus ao entreposto português. Os portugueses sofreram várias baixas e suas instalações foram destruídas. Cabral vingou-se do ataque saqueando e queimando a frota árabe e, em seguida, bombardeou a cidade em represália à incapacidade de seu governante em explicar o ocorrido. De Calecute a expedição rumou para Cochim, outra cidade-estado indiana, onde Cabral fez amizade com seu governante e carregou seus navios com especiarias cobiçadas antes de retornar para a Europa. Apesar da perda de vidas humanas e de navios, a viagem de Cabral foi considerada um sucesso após o seu regresso a Portugal. Os lucros extraordinários resultantes da venda das especiarias reforçaram as finanças da Coroa Portuguesa e ajudaram a lançar as bases de um Império Português, que se estenderia das Américas ao Extremo Oriente. Cabral foi mais tarde preterido quando uma nova frota foi reunida para estabelecer uma presença mais robusta na Índia, possivelmente como resultado de uma desavença com Manuel I. Tendo perdido a preferência do rei, aposentou-se da vida pública, havendo poucos registros sobre a parte final de sua vida. Suas realizações caíram no esquecimento por mais de 300 anos. Algumas décadas depois da independência do Brasil de Portugal, no século XIX, a reputação de Cabral começou a ser reabilitada pelo Imperador Pedro II do Brasil. Desde então, os historiadores têm discutido se Cabral foi o descobridor do Brasil e se a descoberta foi acidental ou intencional. A primeira dúvida foi resolvida pela observação de que os poucos encontros superficiais feitos por exploradores antes dele mal foram notados e em nada contribuíram para o desenvolvimento e a história futuros da terra que se tornaria o Brasil, única nação das Américas onde a língua oficial é o português. Quanto à segunda questão, nenhum consenso definitivo foi formado e a hipótese de descoberta intencional carece de provas sólidas. Não obstante, embora seu prestígio tenha sido ofuscado pela fama de outros exploradores da época, Cabral é hoje considerado uma das personalidades mais importantes da Era dos Descobrimentos. Biografia. Primeiros anos. Nascido em Belmonte e criado como membro da nobreza portuguesa, Cabral foi enviado à corte do rei D. Afonso V em 1479, quando tinha cerca de 12 anos. Educou-se em humanidades e foi treinado para lutar e pegar em armas. Tinha cerca de 17 anos de idade em 30 junho de 1484, quando foi nomeado moço fidalgo (um título de menor importância normalmente concedido a jovens nobres) pelo rei D. João II. Os registros de suas ações antes de 1500 são extremamente incompletos, mas Cabral pode ter excursionado pelo norte da África, tal como haviam feito seus antepassados e era comumente feito por outros jovens nobres de sua época. O rei D. Manuel I, que tinha ascendido ao trono dois anos antes, concedeu-lhe um subsídio anual no valor de 30 mil reais em 12 de abril de 1497. Na mesma época, recebeu o título de fidalgo do Conselho do Rei e foi nomeado Cavaleiro da Ordem de Cristo. Não há nenhuma imagem ou descrição física detalhada de Cabral contemporâneas à sua época. Sabe-se que era forte e igualava seu pai em altura (1,90 metros). O caráter de Cabral tem sido descrito como culto, cortês, prudente, generoso, tolerante com os inimigos, humilde, mas também vaidoso e muito preocupado com o respeito que sentia que sua nobreza e posição exigiam. Descobrimento do Brasil. Capitão-mor. Em 15 de fevereiro de 1500, Cabral foi nomeado capitão-mor de uma expedição à Índia. Era costume da época a Coroa Portuguesa nomear nobres para comandar expedições navais e militares, independentemente da experiência ou competência profissional deles. Este foi o caso dos capitães dos navios comandados por Cabral — a maioria era nobre como ele. Esta prática era arriscada, uma vez que a autoridade poderia cair nas mãos de pessoas altamente incompetentes e incapacitadas como poderia também cair nas mãos de líderes talentosos como Afonso de Albuquerque ou João de Castro. Poucos detalhes a respeito dos critérios utilizados pelo governo português para escolher Cabral como chefe da expedição à Índia sobreviveram ao tempo. No decreto real que o nomeou capitão-mor, as razões dadas são "méritos e serviços". Nada mais se sabe sobre estas qualificações. De acordo com o historiador William Greenlee, o rei D. Manuel I "sem dúvida o conhecia bem na corte". Isso, junto com "o papel da família Cabral, a lealdade inquestionável deles à Coroa, a aparência pessoal de Cabral e a capacidade que ele tinha demonstrado na corte e no conselho foram fatores importantes". Também a seu favor pode ter estado a influência de dois de seus irmãos, que faziam parte do conselho do rei. Dado o nível de intriga política presente na corte, Cabral pode ter sido parte de uma facção que favoreceu sua nomeação. O historiador Malyn Newitt subscreve a ideia de algum tipo de manobra oculta, dizendo que a escolha de Cabral "foi uma tentativa deliberada de equilibrar os interesses de facções rivais das famílias nobres, pois parece que ele não possuía qualquer outra qualidade para a recomendação e nenhuma experiência em comandar grandes expedições". Cabral tornou-se o chefe militar da expedição, enquanto navegadores mais experientes foram destacados para a expedição para ajudá-lo em assuntos navais. Os mais importantes deles foram Bartolomeu Dias, Diogo Dias e Nicolau Coelho. Tais navegadores comandariam, junto com os outros capitães, 13 navios e 1 500 homens. Desse contingente, 700 eram soldados, embora a maioria fosse composta por plebeus comuns que não tinham nenhum treinamento ou experiência em combate anterior. A frota tinha duas divisões. A primeira era composta por nove naus e duas caravelas e dirigiu-se rumo a Calecute, na Índia, com o objetivo de estabelecer relações comerciais e uma feitoria. A segunda divisão, constituída por uma nau e uma caravela, zarpou do porto de Sofala, no atual Moçambique. Como recompensa por liderar a frota, Cabral tinha direito a 10 mil cruzados (antiga moeda portuguesa equivalente a aproximadamente 35 kg de ouro) e a comprar 30 toneladas de pimenta, às suas próprias custas, para transportar de volta à Europa. A pimenta poderia então ser revendida à Coroa Portuguesa, livre de impostos. Ele também foi autorizado a importar 10 caixas de qualquer outro tipo de especiaria, livre de impostos. Embora a viagem fosse extremamente perigosa, Cabral tinha a perspectiva de se tornar um homem muito rico caso retornasse com segurança para Portugal com o carregamento. As especiarias eram raras na Europa de então e intensamente solicitadas. Uma frota anterior tinha sido a primeira a chegar à Índia contornando a África. Essa expedição foi liderada por Vasco da Gama e regressou a Portugal em 1499. Durante décadas Portugal buscara uma rota alternativa para o Oriente que excluísse o Mar Mediterrâneo, então sob controle das repúblicas marítimas italianas e do Império Otomano. O expansionismo de Portugal levaria, primeiramente a uma rota para a Índia e, posteriormente, à colonização um pouco por todo o mundo. O desejo de difundir o cristianismo católico em terras pagãs foi outro fator que motivou a exploração. Havia também uma longa tradição de guerrear contra os muçulmanos, derivada da luta contra os mouros durante a construção da nação portuguesa. A luta expandiu-se primeiramente para o norte da África e, eventualmente, para o subcontinente indiano. Uma ambição adicional que motivava os exploradores era a busca do mítico Preste João — um poderoso rei cristão com o qual se poderia forjar uma aliança contra o Islã. Por fim, a Coroa Portuguesa procurava obter um quinhão no lucrativo comércio de escravos e de ouro no oeste Africano e no comércio das especiarias oriundas da Índia. Partida e chegada a uma nova terra. A frota, sob o comando de Cabral, então com 32–33 anos de idade, partiu de Lisboa em 9 de março de 1500 ao meio-dia. No dia anterior, a tripulação tinha recebido uma despedida pública que incluíra uma missa e comemorações com a presença do rei, da corte e de uma enorme multidão. Na manhã de 14 de março, a frota passou por Grã Canária, a maior das Ilhas Canárias. Em seguida, partiu rumo a Cabo Verde, uma colônia portuguesa situada na costa oeste da África, que foi alcançada em 22 de março. No dia seguinte, uma nau com 150 homens, comandada por Vasco de Ataíde, desapareceu sem deixar vestígios. A frota cruzou a Linha do Equador em 9 de abril e navegou rumo a oeste afastando-se o mais possível do continente africano, utilizando uma técnica de navegação conhecida como a volta do mar. Os marujos avistaram algas-marinhas no dia 21 de abril, o que os levou a acreditar que estavam próximos da costa. Provou-se estarem certos na tarde do dia seguinte, quarta-feira, 22 de abril de 1500, quando a frota ancorou perto do que Cabral batizou de Monte Pascoal (uma vez que aquela era a semana da Páscoa). O monte localiza-se no que hoje é a costa nordestina do Brasil. Os portugueses detectaram a presença de habitantes na costa, e os capitães de todos os navios reuniram-se a bordo do navio de Cabral no dia 23 de abril. Cabral mandou Nicolau Coelho, capitão que havia viajado com Vasco da Gama à Índia, para desembarcar e estabelecer contato. Ele pisou na terra e trocou presentes com os indígenas. Após Coelho voltar, Cabral ordenou que a frota rumasse ao norte, onde, após 65 km de viagem, ancorou em 24 de abril no local que o capitão-mor chamou de Porto Seguro. O lugar era um porto natural, e Afonso Lopes (piloto do navio principal) trouxe dois índios a bordo para conversarem com Cabral. Assim como no primeiro contato, o encontro foi amistoso e Cabral ofereceu presentes aos nativos. Os habitantes eram caçadores-coletores da idade da pedra, a quem os europeus atribuiriam o rótulo genérico de "índios". Os homens coletavam alimento por meio da caça e da pesca, enquanto as mulheres se dedicavam à agricultura em pequena escala. Eles se dividiam em inúmeras tribos rivais. A tribo que Cabral encontrou foi a tupiniquim. Alguns deles eram nômades e outros sedentários — tendo conhecimento do fogo, mas não dos metais. Algumas poucas tribos praticavam o canibalismo. Em 26 de abril (domingo de Páscoa), conforme cada vez mais nativos curiosos apareciam, Cabral ordenou aos seus homens a construção de um altar em terra, onde uma missa católica foi celebrada por Henrique de Coimbra — a primeira a sê-lo no solo do que mais tarde viria a ser o Brasil. Foi oferecido vinho aos índios, que não gostaram da bebida. Os portugueses mal sabiam que estavam lidando com um povo que ostentava vasto conhecimento de bebidas alcoólicas fermentadas, obtendo-as de raízes, tubérculos, cascas, sementes e frutos, perfazendo mais de oitenta tipos. Os dias seguintes foram gastos armazenando água, alimentos, madeira e outros suprimentos. Os portugueses também construíram uma enorme cruz de madeira — talvez com sete metros de altura. Cabral constatou que a nova terra estava a leste da linha de demarcação entre Portugal e Espanha que tinha sido estabelecida no Tratado de Tordesilhas. O território estava, portanto, dentro do hemisfério atribuído a Portugal. Para solenizar a reivindicação de Portugal sobre aquelas terras, ergueu-se a cruz de madeira e uma segunda missa foi celebrada em 1 de maio. Em honra à cruz, Cabral nomeou a terra recém-descoberta de Ilha de Vera Cruz. No dia seguinte, um navio de suprimentos sob o comando de Gaspar de Lemos ou André Gonçalves (há um conflito entre as fontes sobre quem foi enviado), retornou para Portugal para informar o rei da descoberta, por meio da carta escrita por Pero Vaz de Caminha. Viagem à Índia. Tragédia ao largo do sul da África. A frota retomou sua viagem em 2 ou 3 de maio de 1500, navegando ao longo da costa leste da América do Sul. Ao fazê-lo, Cabral convenceu-se de que tinha encontrado um continente inteiro, ao invés de uma ilha. Por volta do dia 5 de maio, a esquadra virou para leste em direção à África. Em 23 ou 24 de maio, os navios encontraram uma tempestade na zona de alta pressão do Atlântico Sul, resultando na perda de quatro navios. O local exato do desastre é desconhecido — as especulações variam desde perto do Cabo da Boa Esperança, no extremo sul do continente africano até um local "à vista da costa sul-americana". Três naus e a caravela comandada por Bartolomeu Dias — o primeiro europeu a dobrar o Cabo da Boa Esperança em 1488 — naufragaram, perdendo-se 380 homens. Os navios restantes, prejudicados pelo mau tempo e com seus aparelhos danificados, separaram-se. Um dos navios que se havia separado, comandado por Diogo Dias, vagou sozinho adiante, enquanto os outros seis lograram reagrupar-se. Reuniram-se em duas formações de três navios cada, e o grupo de Cabral navegou rumo ao leste, passando pelo Cabo da Boa Esperança. Determinada a sua posição e avistando terra, viraram para o norte e desembarcaram em algum lugar no arquipélago das Ilhas Primeiras e Segundas, ao largo da África oriental e ao norte de Sofala. A frota principal permaneceu perto de Sofala por dez dias enquanto era reparada. A expedição, em seguida, rumou ao norte, chegando a Quíloa em 26 de maio, onde Cabral fez uma tentativa fracassada de negociar um tratado comercial com o rei local. De Quíloa, a frota partiu para Melinde, onde desembarcou em 2 de agosto. Cabral reuniu-se com o rei local, com quem estabeleceu relações de amizade e trocou presentes. Também em Melinde foram recrutados pilotos para a última etapa da viagem à Índia. Antes do destino final, desembarcaram em Angediva, uma ilha onde os navios a caminho de Calecute se abasteciam. Ali, os navios foram puxados para a praia, calafetados e pintados. Foram feitos os últimos preparativos para o encontro com o governante de Calecute. Massacre em Calecute. A frota partiu de Angediva e chegou a Calecute em 13 de setembro. Cabral obteve êxito nas negociações com o samorim (título dado ao governante de Calecute) e obteve autorização para instalar uma feitoria e um armazém na cidade-estado. Na esperança de melhorar ainda mais as relações, Cabral despachou seus homens em várias missões militares a pedido do Samorim. No entanto, em 16 ou 17 de dezembro, a feitoria sofreu um ataque de surpresa por cerca de 300 (de acordo com outros relatos, talvez até milhares) árabes muçulmanos e indianos hindus. Apesar da defesa desesperada dos besteiros, mais de 50 portugueses foram mortos. Os defensores restantes se retiraram para os navios, alguns a nado. Pensando que o ataque fora resultado de incitação não autorizada de comerciantes árabes invejosos, Cabral esperou 24 horas para obter uma explicação do governante de Calecute, mas nenhum pedido de desculpas foi apresentado. Os portugueses ficaram indignados com o ataque à feitoria e com a morte de seus companheiros e atacaram 10 navios mercantes dos árabes ancorados no porto. Mataram cerca de 600 tripulantes e confiscaram o carregamento antes de incendiar os navios. Cabral também ordenou que seus navios bombardeassem Calecute por um dia inteiro em represália à violação do acordo. O massacre foi atribuído, em parte, à animosidade portuguesa em relação aos muçulmanos, resultante de séculos de conflitos com os mouros na Península Ibérica e no norte da África. Além disso, os portugueses estavam determinados a dominar o comércio de especiarias e não tinham a intenção de permitir que a concorrência florescesse. Os árabes também não tinham interesse em permitir que os portugueses quebrassem seu monopólio sobre as especiarias. Os portugueses haviam começado por insistir em que lhes fosse dado tratamento preferencial em todos os aspectos do comércio. A carta de D. Manuel I entregue por Cabral ao governante de Calecute — traduzida pelos intérpretes árabes deste — pedia a exclusão dos comerciantes árabes. Os comerciantes muçulmanos, acreditando que estavam prestes a perder suas oportunidades comerciais e sua forma de subsistência, teriam tentado colocar o governante hindu contra os portugueses. Portugueses e árabes eram muito desconfiados uns dos outros, em cada ação. Para o historiador William Greenlee, os portugueses perceberam que "eram poucos em número e que aqueles que viriam à Índia nas frotas futuras também estariam sempre em desvantagem numérica; então esta traição deveria ser punida de forma tão decisiva que os portugueses fossem temidos e respeitados no futuro. Era a sua artilharia superior que lhes permitiria realizar esse objetivo". Assim sendo, os portugueses estabeleceram um precedente para o comportamento dos exploradores europeus na Ásia durante os séculos seguintes. Retorno a Portugal. Avisos nos relatos da viagem de Vasco da Gama à Índia levaram o rei a informar Cabral a respeito de outro porto, ao sul de Calecute, onde também se poderiam estabelecer relações comerciais. A cidade em questão era Cochim, onde a frota desembarcou em 24 de dezembro. Cochim era nominalmente um território vassalo de Calecute, assim como também era dominado por outras cidades-estados indianas. O governante de Cochim estava ansioso para conseguir a independência da cidade, e os portugueses estavam dispostos a explorar a desunião indiana — como os britânicos também fariam 300 anos mais tarde. A tática acabaria por assegurar a hegemonia portuguesa sobre a região. Cabral forjou uma aliança com o governante de Cochim, e com líderes de outras cidades-estados, sendo capaz de estabelecer uma feitoria. Por fim, carregada de especiarias preciosas, a frota foi para Cananor, a fim de comerciar uma vez mais antes de partir em sua viagem de retorno a Portugal em 16 de janeiro de 1501. A expedição dirigiu-se para a costa leste da África. Um dos navios encalhou em um banco de areia e começou a afundar. Como não havia espaço nos demais navios, a carga foi abandonada e Cabral ordenou que a nau fosse incendiada. Em seguida, a frota prosseguiu em direção à Ilha de Moçambique (a nordeste de Sofala), a fim de se prover de mantimentos para que os navios estivessem prontos para a agitada passagem em torno do Cabo da Boa Esperança. Uma caravela foi enviada para Sofala — outro dos objetivos da expedição. Uma segunda caravela, considerada o navio mais veloz da frota e capitaneada por Nicolau Coelho, foi enviada à frente das demais para dar ao rei o aviso prévio sobre o sucesso da viagem. Um terceiro navio, comandado por Pedro de Ataíde, separou-se da frota após partir de Moçambique. Em 22 de maio, a frota — agora reduzida a apenas dois navios — passou pelo Cabo da Boa Esperança. Chegaram em Bezeguiche (atual cidade de Dakar, localizada perto de Cabo Verde), em 2 de junho. Ali, encontraram não só a caravela de Nicolau Coelho como também a nau comandada por Diogo Dias — que se encontrava perdida por mais de um ano após o desastre no Atlântico Sul. A nau havia passado por várias aventuras e estava em péssimas condições, sendo que apenas sete homens doentes e mal-nutridos estavam a bordo — um dos quais estava tão fraco que morreu de felicidade ao ver seus companheiros novamente. Outra frota portuguesa também foi encontrada ancorada em Bezeguiche. Após D. Manuel I ter sido informado da descoberta do Brasil, enviou uma frota menor para explorá-lo. Um de seus navegadores era Américo Vespúcio (explorador italiano cujo nome designaria a América), que contou a Cabral detalhes de sua exploração, confirmando-lhe que havia de fato desembarcado num continente inteiro e não apenas numa ilha. A caravela de Nicolau Coelho partiu primeiro de Bezeguiche e chegou a Portugal em 23 de junho de 1501. O navio de Cabral ficou para trás, à espera do navio desaparecido de Pedro de Ataíde e da caravela que havia sido enviada para Sofala. Ambos os navios acabaram por aparecer e Cabral chegou a Portugal em 21 de julho de 1501, com os outros navios chegando durante os dias seguintes. Ao todo, dois navios voltaram vazios, cinco estavam completamente carregados e seis foram perdidos. No entanto, as cargas transportadas pela frota geraram lucros de até 800% para a Coroa Portuguesa. Após as especiarias serem vendidas, as receitas cobriram os custos de equipamento da frota e dos navios que foram perdidos, gerando um lucro que por si só excedia a soma total desses custos. "Sem desanimar pelas perdas sem precedentes que havia sofrido, quando chegou à costa do leste africano, Cabral seguiu adiante com a realização da tarefa que lhe tinha sido atribuída e foi capaz de inspirar os oficiais e homens sobreviventes com coragem igual", afirma o historiador James McClymont. "Poucas viagens para o Brasil e Índia foram tão bem executadas como a de Cabral", afirmou o historiador Bailey Diffie, para quem a viagem estabeleceu um caminho entre a abertura imediata "de um império marítimo português da África ao Extremo Oriente", e mais tarde a um "império terrestre no Brasil". Últimos anos. Após o retorno de Cabral, D. Manuel I começou a planear outra frota para fazer a viagem à Índia e para vingar as perdas portuguesas em Calecute. Cabral foi escolhido para comandar essa "Frota da Vingança", como era chamada. Durante oito meses Cabral fez todos os preparativos para a viagem, mas por razões que permanecem incertas, foi afastado do comando. Aparentemente, havia sido proposto dar a um outro navegador, Vicente Sodré, o comando independente sobre uma parte da frota – e Cabral se opôs fortemente contra isso. Não se sabe se foi demitido ou se pediu para ser liberado do cargo, de qualquer maneira, quando a frota partiu em março de 1502, seu comandante era Vasco da Gama, um sobrinho materno de Vicente Sodré, e não Cabral. Sabe-se, no entanto, que surgiu hostilidade entre as facções que apoiavam Vasco da Gama e Cabral. Em algum momento, Cabral deixou a corte permanentemente. O rei ficou muito irritado com a briga, a tal ponto que simplesmente mencionar o assunto em sua presença poderia resultar no banimento da corte, como ocorreu com um dos apoiantes de Vasco da Gama. Apesar da perda dos favores do rei, Cabral conseguiu um vantajoso casamento em 1503 com D. Isabel de Castro, uma nobre mulher rica e descendente do rei D. Fernando I. Sua mãe era irmã de Afonso de Albuquerque, um dos maiores líderes militares de Portugal durante a Era dos Descobrimentos. O casal teve pelo menos quatro filhos: dois meninos (Fernão Álvares Cabral e António Cabral) e duas meninas (Catarina de Castro e Guiomar de Castro). Também teriam tido outras duas filhas, chamadas Isabel e Leonor, de acordo com outras fontes, que dizem também que Guiomar, Isabel e Leonor foram admitidas em ordens religiosas. O primogênito Fernão teria sido o único dos filhos de Cabral a lhe dar herdeiros, uma vez que António morreu em 1521 sem se casar. Afonso de Albuquerque tentou interceder a favor de Cabral e, em 2 de dezembro de 1514, pediu para D. Manuel I perdoá-lo e permitir seu retorno à corte, mas não obteve êxito. Sofrendo de febre recorrente e um tremor (possivelmente resultado de malária) desde sua viagem, Cabral se retirou para Santarém em 1509. Passou seus últimos anos por lá. Somente informações esparsas estão disponíveis sobre suas atividades durante aquele tempo. Segundo uma carta régia datada de 17 de dezembro de 1509, Cabral tornou-se parte envolvida numa disputa por uma transação de terras envolvendo parte da propriedade que lhe pertencia. Outra carta do mesmo ano informa que ele iria receber certos privilégios por um serviço militar não divulgado. Em 1518, ou talvez antes, foi elevado de fidalgo a cavaleiro no Conselho do Rei, tendo direito a um subsídio mensal de 2 437 reais. Isto se somava à pensão anual concedida a ele em 1497, que ainda estava sendo paga. Cabral morreu de causas não especificadas, provavelmente em 1520, e foi enterrado no interior da Capela de São João Evangelista na Igreja do Antigo Convento da Graça de Santarém. Legado. Reabilitação póstuma. O primeiro assentamento permanente português na terra que viria a se tornar o Brasil foi São Vicente, estabelecido em 1532 por Martim Afonso de Sousa. Conforme os anos se passaram, os portugueses foram lentamente expandindo as fronteiras de sua colônia para o oeste, conquistando as terras tanto de ameríndios quanto de espanhóis. O Brasil havia assegurado grande parte de suas fronteiras atuais por volta de 1750, sendo considerado por Portugal como a parte mais importante de seu vasto império marítimo. Em 7 de setembro de 1822, o herdeiro de D. João VI, o Príncipe Pedro, garantiu a independência do Brasil de Portugal e tornou-se seu primeiro imperador. As descobertas de Cabral, e até mesmo o local onde foi enterrado, ficaram esquecidos por quase 300 anos desde sua expedição. Esta situação começou a mudar no início da década de 1840, quando o Imperador D. Pedro II, sucessor e filho de Pedro I, patrocinou pesquisas e publicações sobre a vida e a expedição de Cabral através do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Isso fazia parte do ambicioso plano do Imperador para incentivar e reforçar um sentimento de nacionalismo na diversificada sociedade brasileira — dando aos cidadãos uma identidade e história comuns como residentes do único país de língua portuguesa das Américas. O início do ressurgimento do interesse em Cabral havia resultado da descoberta de seu túmulo pelo historiador brasileiro Francisco Adolfo de Varnhagen (mais tarde nomeado Visconde de Porto Seguro) em 1839. O estado completamente negligenciado em que o túmulo de Cabral foi encontrado quase provocou uma crise diplomática entre Brasil e Portugal — este último era então governado pela irmã mais velha de D. Pedro II, D. Maria II. Em 1871, o imperador brasileiro — então em visita oficial à Europa — visitou o túmulo de Cabral e propôs uma exumação para fins científicos, a qual foi realizada em 1882. Numa segunda exumação, em 1896, foi autorizada a remoção de uma urna contendo terra e fragmentos de ossos. Apesar de seus restos mortais ainda estarem em Portugal, a urna foi eventualmente trazida à Antiga Sé do Rio de Janeiro em 30 de dezembro de 1903. Desde então, Cabral tornou-se um herói nacional do Brasil. Em Portugal, porém, os autores afirmam que seu prestígio é ofuscado pela fama de Vasco da Gama. Para o historiador William Greenlee, a viagem de Cabral é importante "não só devido à sua posição na história da geografia, mas por causa de sua influência na história e economia da época". Embora este autor reconheça que poucas viagens "tiveram maior importância para a posteridade", diz também que "poucas foram menos apreciadas em seu tempo". No entanto, o historiador James McClymont afirmou que "a posição de Cabral na história das conquistas e descobertas portuguesas é inexpugnável apesar da supremacia de homens maiores ou mais afortunados". Segundo ele, Cabral "será sempre lembrado na história como o principal, se não o primeiro, descobridor do Brasil". Hipótese da descoberta intencional. Uma controvérsia que ocupa os estudiosos há mais de um século é se a descoberta de Cabral foi por acaso ou intencional. Neste último caso, isso significaria que os portugueses tinham pelo menos algum indício de que existia uma terra a oeste. A questão foi levantada pela primeira vez pelo imperador Pedro II em 1854 durante uma sessão do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro quando indagou aos pesquisadores se a descoberta poderia ter sido intencional. Até à conferência de 1854, a presunção generalizada era de que a descoberta tinha sido um acidente. Obras iniciais sobre o assunto defendiam esta visão, tais como "História do Descobrimento e Conquista da Índia" (publicado em 1541) de Fernão Lopes de Castanheda, "Décadas da Ásia" (1552) de João de Barros, "Crônicas do Felicíssimo Rei D. Manuel" (1558) de Damião de Góis, "Lendas da Índia" (1561) de Gaspar Correia, "História do Brasil" (1627) de frei Vicente do Salvador e "História da América Portuguesa" (1730) de Sebastião da Rocha Pita. A primeira obra a defender a ideia de descoberta intencional foi publicada em 1854 por Joaquim Noberto de Sousa e Silva, depois que D. Pedro II iniciou o debate. Desde então, vários estudiosos apoiaram a ideia, tais como Francisco Adolfo de Varnhagen, Capistrano de Abreu, Pedro Calmon, Fábio Pestana Ramos e Mário Barata. Para o historiador Hélio Vianna, "embora haja sinais da intencionalidade" da descoberta de Cabral, "baseados principalmente no conhecimento ou nas suspeitas anteriores da existência de terras à beira do Atlântico Sul", não existem provas irrefutáveis que a comprovem. Esta opinião também é compartilhada pelo historiador Thomas Skidmore. O debate sobre se a descoberta foi deliberada ou não é considerado "irrelevante" pelo historiador Charles R. Boxer. Para o historiador Anthony Smith, as alegações conflitantes "provavelmente nunca serão resolvidas". Precursores. Há evidências concretas de que dois espanhóis, Vicente Yáñez Pinzón e Diego de Lepe, viajaram ao longo da costa norte do Brasil entre janeiro e março de 1500. Pinzón foi do cabo de Santo Agostinho até a foz do rio Amazonas. Ali, encontrou uma outra expedição espanhola, liderada por Lepe, que chegaria ao rio Oiapoque em março. A razão pela qual Cabral é considerado o descobridor do Brasil, ao invés de Pinzón, deve-se ao fato de que a viagem do navegador espanhol foi breve e não teve, segundo os historiadores luso-brasileiros, qualquer impacto duradouro. Francisco Adolfo de Varnhagen, Capistrano de Abreu, Mário Barata e Hélio Vianna concordam que as expedições espanholas não influenciaram em nada o desenvolvimento do que viria a ser a única nação de língua portuguesa das Américas — com história, cultura e sociedade únicas, diferenciando-a das sociedades hispano-americanas que dominam o resto do continente. Embora seja notório que os portugueses não sabiam da existência do Brasil antes da chegada de Pedro Álvares Cabral — uma vez que a esquadra cabralina pensou ter descoberto uma ilha —, existe uma teoria embasada em uma interpretação do livro "Esmeraldo de Situ Orbis" (1505) que aponta Duarte Pacheco Pereira como o possível descobridor do Brasil, por ter ele supostamente comandado uma expedição secreta que teria percorrido a costa brasileira e o mar do Caribe em fins do século XV. A viagem objetivaria identificar os territórios que pertenciam a Portugal ou a Castela de acordo com o Tratado de Tordesilhas, de 1494 — Pacheco Pereira participou das negociações do tratado. A possível existência de uma política de sigilo dos monarcas portugueses foi escrita na primeira metade do século XX pelo historiador Damião Peres, porém não se sustenta, uma vez que era prática comum, na ausência de um tratado, reclamar a soberania de uma terra publicitando a sua descoberta. Homenagens. Cabral é um dos heróis nacionais brasileiros, sendo homenageado anualmente no dia 22 de abril. No entanto, a data não é um feriado nacional. Em 22 de abril de 2000, uma série de eventos promovidos pelo governo brasileiro marcaram as comemorações dos 500 anos do descobrimento do Brasil, o que gerou fortes protestos dos povos indígenas, além do pedido de demissão do então presidente da Fundação Nacional do Índio, Carlos Frederico Marés de Souza Filho. Em 1900, como parte das comemorações dos 400 anos do descobrimento do Brasil, foi inaugurado no largo da Glória, no Rio de Janeiro, um monumento de Rodolfo Bernardelli em homenagem a Cabral. Outras cidades brasileiras também homenagearam o explorador dando seu nome a vias públicas — a mais notável delas é a Avenida Álvares Cabral em Belo Horizonte. Existem também várias escolas públicas e outros estabelecimentos privados que carregam o nome de Pedro Álvares Cabral. Em Lisboa, foi erguido um monumento em homenagem a Cabral na avenida que recebeu o nome do explorador na freguesia de Santa Isabel. A estátua, inaugurada em 1940, é uma réplica da estátua de Bernardelli e foi um presente do governo Vargas ao povo português. Também inaugurado em 1940 (e reconstruído em 1960), o Padrão dos Descobrimentos em Belém, Lisboa, representa Pedro Álvares Cabral entre as figuras notáveis da Era dos Descobrimentos. Do mesmo modo, sua terra natal homenageou-o com uma estátua, assim como a cidade onde se encontra sepultado. A antiga nota brasileira de mil cruzeiros novos (1967–1970), tinha a efígie de Pedro Álvares Cabral, assim como a cédula comemorativa de dez reais (2000) e a moeda de um centavo, que atualmente possui circulação limitada. Em Portugal, a antiga nota de 100 escudos dos anos 50 bem como a de 1 000 escudos de 1996 apresentavam igualmente a efígie de Álvares Cabral, no caso da primeira acompanhada de uma imagem representativa da descoberta do Brasil. Títulos e honrarias. Nobreza Honras Dados genealógicos e heráldicos. Pouco se sabe ao certo a respeito da vida de Pedro Álvares Cabral antes ou depois da viagem que o levou a chegar no Brasil. Acredita-se que tenha nascido em 1467 ou 1468 — o ano anterior é o mais provável — em Belmonte, a cerca de 30 km de distância da cidade atual da Covilhã no centro de Portugal. Foi batizado como Pedro Álvares de Gouveia e, só anos mais tarde, supostamente após a morte de seu irmão mais velho em 1503, começou a usar o sobrenome do pai. Foi um dos cinco filhos e seis filhas de: De acordo com a tradição familiar, os Cabrais eram descendentes de Carano, o lendário primeiro rei da Macedônia. Carano era, por sua vez, um suposto descendente de sétima geração do semideus grego Hércules. Mitos à parte, o historiador James McClymont acredita que outro conto familiar pode conter pistas para a verdadeira origem da família Cabral. Segundo essa tradição, os Cabrais derivam de um clã castelhano chamado Cabreiras que possuía um brasão similar. A família Cabral ganhou destaque durante o . Álvaro Gil Cabral (trisavô de Cabral e um comandante militar de fronteira), foi um dos poucos nobres portugueses a permanecer fiel ao rei durante a guerra contra o rei de Castela. Como recompensa, presenteou Álvaro Gil com a propriedade do feudo hereditário de Belmonte. O brasão de armas de sua família foi elaborado com duas cabras roxas em um campo de prata. Roxo representa fidelidade e as cabras derivam do nome de família. No entanto, apenas seu irmão mais velho tinha o direito de fazer uso do brasão da família.
1513
Planilha eletrônica
Planilha eletrônica é um "software" para computação, organização, análise e armazenamento de dados em forma de tabela. As planilhas foram desenvolvidas como análogos computadorizados das planilhas de contabilidade em papel. O programa opera com dados inseridos nas células de uma tabela. Cada célula pode conter dados numéricos ou de texto, ou os resultados de fórmulas que calculam e exibem automaticamente um valor com base no conteúdo de outras células. Uma planilha também pode se referir a um desses documentos eletrônicos. Os usuários de planilhas podem ajustar qualquer valor armazenado e observar os efeitos nos valores calculados. Isso torna a planilha útil para análise "what-if", pois muitos casos podem ser investigados rapidamente sem recálculo manual. O "software" de planilhas moderno pode ter várias planilhas interativas e pode exibir dados como texto e numerais ou em forma gráfica. Além de executar funções aritméticas e matemáticas básicas, as planilhas modernas fornecem funções integradas para contabilidade financeira comum e operações estatísticas. Tais cálculos como valor presente líquido ou desvio padrão podem ser aplicados a dados tabulares com uma função pré-programada em uma fórmula. Os programas de planilha também fornecem expressões condicionais, funções para converter entre texto e números e funções que operam em cadeias de texto. As planilhas substituíram os sistemas baseados em papel em todo o mundo dos negócios. Embora tenham sido desenvolvidos inicialmente para tarefas de contabilidade ou escrituração, eles agora são amplamente usados ​​em qualquer contexto em que as listas tabulares são criadas, classificadas e compartilhadas.
1514
P
P P ("pê", plural "pês" ou "pp") é a décima sexta letra do alfabeto latino básico. História. O semítico Pê, assim como a letra grega Π ou π e as letras etruscas e latinas que se desenvolveram a partir do antigo alfabeto, todas simbolizavam /p/, uma oclusiva bilabial surda. Usos. P é a décima quarta letra mais usada no português, com uma frequência de 2,52%. Também é usada na cifra fonética Língua do P, que consiste em acrescentar a letra p antes ou depois de cada sílaba, havendo variações.
1516
Pará
Pará O Pará é uma das 27 unidades federativas do Brasil, ele está situado na Região Norte e sua capital é o município de Belém, sendo o segundo maior estado do país em extensão territorial, com uma área de , constituindo-se na décima-terceira maior subdivisão mundial. É maior que a área da Região Sudeste brasileira, com seus quatro estados, e um pouco menor que o estado norte-americano do Alasca. É dividido em 144 municípios, que possuem área média de . O maior deles é Altamira com , o quinto município mais extenso do mundo e o maior município do Brasil; o menor é Marituba, com 103 km². Atualmente, seu governador é Helder Barbalho. Com 8,7 milhões de habitantes, é o estado mais populoso da Região Norte e o nono mais populoso do Brasil. Dois de seus municípios possuem população acima de 500 mil habitantes: Belém, a capital e sua maior cidade com 1,4 milhão de habitantes em 2018 e Ananindeua, com 525,5 mil habitantes. O estado é, ainda, subdividido em 7 regiões geográficas intermediárias e 21 regiões geográficas imediatas. Seus limites são com o estado do Amapá a norte, Roraima a noroeste, Amazonas a oeste, Mato Grosso a sul, Tocantins a sudeste, Maranhão a leste; além do Suriname e Guiana ao extremo norte. O Pará possui uma densidade demográfica considerada baixa, sendo superado apenas por Rondônia em sua macrorregião. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2018 a densidade demográfica equivalia a 6,70 habitantes por quilômetro quadrado. Existem duas regiões metropolitanas no estado: a Belém e Santarém, com população de 2,5 milhões e 335 mil habitantes, respectivamente. A região que hoje forma o estado do Pará foi explorada, inicialmente, pelo espanhol Francisco de Orellana. Orellana iniciou sua viagem partindo da foz do rio Amazonas, percorrendo todo o Vale Amazônico, enquanto descrevia em cartas as belezas e possíveis riquezas do local (como as drogas do sertão), com os fatos mais prováveis de chamar a atenção da coroa espanhola. A partir do século XVII, a região foi denominada Conquista do Pará, passando a integrar a então Capitania do Maranhão da América Portuguesa. Em 1616, foi criada a Capitania do Grão-Pará e a cidade de Belém do Pará, quando os portugueses decidiram expandir seus domínios para o oeste. Posteriormente, foi criando o Estado do Grão-Pará e Rio Negro, que englobava tanto o atual estado do Pará como a Capitania de São José do Rio Negro (atual estado do Amazonas). O território paraense é coberto pela maior floresta tropical do mundo, a Amazônia. O relevo é baixo e plano; 58% do território se encontram abaixo dos 200 metros. As altitudes superiores a 500 metros estão nas seguintes serras: Serra dos Carajás, Serra do Cachimbo e Serra do Acari. Nos últimos anos, o estado experimentou um notável crescimento econômico, registrando um Produto interno bruto (PIB) considerado alto e uma urbanização maciça em suas maiores cidades. No entanto, o Pará ainda registra vários problemas sociais e ambientais, especialmente em seu interior. Vem do Pará o maior índice de desmatamento no Brasil, mesmo em áreas de preservação ambiental, alinhado a outras anomalias sociais. Problemas como a pobreza e criminalidade são encontrados demasiadamente e o estado possui a segunda pior educação pública do Brasil, conforme o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD-Brasil), além do quarto menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da nação, com 0,698 (2017) e o município com a pior qualidade de vida em todo o país, Melgaço, situado na Ilha de Marajó. Etimologia. O topônimo "Pará" vem do nome do rio Pará, derivado do termo "pa’ra", que na língua tupi-guaraní significa "rio-mar" ou "rio do tamanho do mar". O termo rio-mar era como os índios denominavam o Rio Pará, uma bifurcação fluvial que serve como braço esquerdo do rio Tocantins, correndo ao sul da ilha de Marajó, que se une com as águas do rio Amazonas. Há partes do seu percurso tão largas ao ponto de não avistar a outra margem, mais parecendo um mar do que um rio. Cujo gentílico é paraense, ou "parauara", do tupi "para'wara" "o que nasceu no rio-mar". História. Primeiros povos e colonização europeia. A região da bacia amazônica já era habitada por grupos caçadores-colectores desde aproximadamente 12 mil a.C. Por volta do ano 1000 a.C. a 1000 d.C. floresceram sociedades complexas, como as que habitavam a região de Santarém (inicalmente aldeia de Tapajós) e do Arquipélago do Marajó (inicialmente região Marinatambal). Estas sociedades se destacavam pelo alto nível de hierarquia social, produção de cerâmica, e a agricultura (particularmente a plantação de mandioca). A sociedade marajoara (termo global) subdividia-se em fases distintas de acordo com níveis de ocupação e desenvolvimento social: Ananatuba, Mangueiras, Formiga, Acauã, Alta Marajoara e, Aruã. Nas duas últimas, desenvolveu-se o que chama-se de civilização (caracterizada basicamente por construção de comunidades fixas), chamada de Cacicados Amazônidas, que ia desde o Tapajós até a foz do rio Amazonas. No período de 400 a 1400 d.C., principalmente na ilha do Marajó, essas sociedades indígenas levantavam suas casas sobre morros artificiais, estrutura elevada que protegia das inundações, chamados de teso. Após a chegada dos europeus na região, o vale amazônico pelo Tratado de Tordesilhas (1494) era de posse da Coroa espanhola. Devido a foz do rio Amazonas ser localizada por Vicente Yáñez Pinzón, um navegador/explorador espanhol que a alcançou em fevereiro de 1500. Seu primo, Diego de Lepe, também alcançou a foz do rio Amazonas, em abril do mesmo ano. Os portugueses, com a finalidade de consolidar a região como território português, fundaram o Forte do Presépio, na então chamada Santa Maria de Belém do Grão-Pará (atual cidade de Belém do Pará). A construção foi a primeira do modelo na Amazônia, e também a mais significativa no território amazônico até 1660. Apesar da construção do Forte, a ocupação do território foi desde cedo marcada por incursões de Neerlandeses e Ingleses em busca de especiarias. Daí a necessidade dos portugueses de fortificar a área. Em 1541, Gonzalo Pizarro e Francisco de Orellana, também espanhóis, partiram de Quito, no atual Equador, e atravessaram a cordilheira dos Andes, explorando o curso do rio até o Oceano Atlântico, onde atualmente encontra-se a Ilha de Marajó. A viagem durou de 1540 a 1542 e seus relatos foram concebidos pelo frei dominicano Gaspar de Carvajal. Ainda no século XVI, os espanhóis realizaram outra expedição similar à de Orellana. Pedro de Ursua também navegou o Amazonas, partindo do Peru, em busca do lendário Eldorado (1559-1561). O navegador foi assassinado durante a viagem, e a expedição passou a ser comandada por Lopo de Aguirre, que chegou ao oceano em 1561. Como resultado dessa jornada, a colonização espanhola na região acabou sendo adiada, pois os espanhóis mostraram-se cientes das dificuldades de conquistar tão vasto espaço. Tradicionalmente considera-se que a história moderna do Pará tenha origem no estabelecimento dos primeiros europeus a partir de 1616, quando o capitão Francisco Caldeira Castelo Branco (antigo Capitão-Mor do Rio Grande do Norte) fundou a cidade de Belém nas terras da "Conquista do Pará" (ou Império das Amazonas), pertencente a Capitania do Maranhão, subordinado politicamente ao governo colonial português "Governo do Norte". Em 1621 o território torna-se Capitania do Grão-Pará, integrante do Estado do Maranhão e Grão-Pará. Em 1751, com a expansão para o oeste, cria-se o Estado Colonial Português do Grão-Pará, que além da Capitania do Grão Pará abrigará também a Capitania de São José do Rio Negro (hoje o estado do Amazonas). No século XVIII, a região se torna o Estado do Grão-Pará e Maranhão. Em 1850 seu nome torna-se Província do Grão-Pará e Rio Negro, quando, em 1889, fica apenas como Estado do Pará. Revolução Constitucionalista do Porto. Em 1821, a Revolução Constitucionalista do Porto (Portugal) foi apoiada pelos paraenses, mas o levante acabou reprimido. Em 1823, o Pará decidiu unir-se ao Brasil independente, do qual estivera separado no período colonial, reportando-se diretamente a Lisboa. No entanto, as lutas políticas continuaram. A mais importante delas, a Cabanagem (1835), chegou a decretar a independência da província do Pará. Este foi, juntamente com a Revolução Farroupilha, no Rio Grande do Sul, o único levante do período regencial onde o poder foi tomado, sendo que a Cabanagem foi a única revolta liderada pelas camadas populares. Século XX. A economia cresceu rapidamente no século XIX e início do século XX com a exploração da borracha, pela extração do látex, época esta que ficou conhecida como Belle Époque, marcada pelos traços artísticos da Art Nouveau. Nesse período a Amazônia experimentou dois ciclos econômicos distintos com a exploração da mesma borracha. Estes dois ciclos (principalmente o primeiro) deram não só a Belém, mas também a Manaus (Amazonas), um momento áureo no que diz respeito à urbanização e embelezamento destas cidades. A construção do Teatro da Paz (Belém) e do Teatro Amazonas (Manaus) são exemplos da riqueza que esse período marcou na história da Amazônia. O então intendente Antônio Lemos foi o principal personagem da transformação urbanística que Belém sofreu, onde chegou a ser conhecida como Paris n'América (como referência à influência da urbanização que Paris sofrera na época, que serviu de inspiração para Antônio Lemos). Nesse período, por exemplo, o centro da cidade foi intensamente arborizado por mangueiras trazidas da Índia. Daí o apelido que até hoje estas árvores (já centenárias) dão à capital paraense. Com o declínio dos dois ciclos da borracha, veio uma angustiante estagnação, da qual o Pará só saiu na década de 1960, com o desenvolvimento de atividades agrícolas no sul do Estado. A partir da década de 1960, mas principalmente na década de 1970, o crescimento foi acelerando com a exploração de minérios (principalmente na região sudeste do estado), como o ferro na Serra dos Carajás e do ouro em Serra Pelada. Século XXI. Divisão do estado. O plenário da Câmara dos Deputados aprovou, em 2011, dois Decretos Legislativos (nº 136/2011 e nº137/2011)<ref name="Decretos Legislativos nº 136/2011 e nº 137/2011"> "TRE do Pará".</ref> que autorizavam a realização de um plebiscito que iria decidir pela criação dos estados de Carajás e Tapajós, que seria uma divisão do estado do Pará. Os decretos, ao todo, destinaram recursos de R$ 10,4 milhões para a realização, sendo promulgados pelo presidente do Congresso Nacional, José Sarney (PMDB-AP). Depois de promulgado, o plebiscito foi realizado em dezembro de 2011. No resultado final, 66,6% dos eleitores rejeitaram a criação dos estados de Carajás e do Tapajós, enquanto 33,4% se disseram favoráveis. Houve 1,05% de votos nulos e 0,41% em branco, em um total de 3,6 milhões de votos válidos. Cerca de 4.848.495 eleitores estavam aptos a votar, mas houve 1.246.646 abstenções, o equivalente a 25,71% do total. Os eleitores compareceram a 14.249 seções espalhadas em todo o estado. Alguns analistas criticaram a cobertura considerada excessivamente parcial dos órgãos de imprensa do Pará. De um lado, veículos declaradamente contrários à criação dos estados de Tapajós e Carajás; do outro, jornais favoráveis à medida. Estudos apresentados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostraram que, em caso de separação do Pará em três estados, no plebiscito realizado no dia 11 de dezembro, todos ficariam deficitários. O Pará registra atualmente um superávit anual de aproximadamente R$ 300 milhões. Subtraindo as despesas da receita orçamentária do estado, Carajás terá déficit de pelo menos R$ 1 bilhão anual, Tapajós, de R$ 864 milhões, e o Pará remanescente, de R$ 850 milhões, totalizando aproximadamente um saldo negativo anual de R$ 2.714 bilhões à União. Geografia. O território paraense é coberto pela maior floresta tropical do mundo, a Amazônia. O relevo é baixo e plano; 58% do território se encontram abaixo dos 200 metros. As altitudes superiores a 500 metros estão nas seguintes serras: Serra dos Carajás, Serra do Cachimbo e Serra do Acari. Amazônia. Conservação x desmatamento. Conhecido por sua riqueza natural, com vastas áreas de floresta amazônica, rios caudalosos e uma fauna e flora diversificadas. Conhecido por sua rica diversidade cultural, com influências indígenas, africanas e europeias. O carimbó, o siriá e o brega são alguns dos ritmos musicais típicos da região. Além disso, a culinária paraense é reconhecida pela sua variedade de peixes e frutos do mar, como o filhote, o tucunaré e o açaí. O estudo aponta a necessidade de envolvimento da sociedade no controle do desmatamento “com uma nova estruturação de ações de comando e controle, criação de uma agenda positiva de incentivos à eficiência da produção em áreas já desmatadas e mais apoio para quem mantém seu ativo florestal, bem com participação do mercado e do sistema bancário no controle do desmatamento”. [2007] O Pará é um dos estados brasileiros com maior potencial para a produção de energia renovável, especialmente devido à grande quantidade de água disponível para a geração hidrelétrica (BNDES, 2021). Abriga diversas unidades de conservação, como o Parque Nacional da Amazônia, a Reserva Extrativista Chico Mende e a Floresta Nacional do Tapajós. Essas áreas protegidas são essenciais para a conservação da biodiversidade e para a manutenção dos serviços ecossistêmicos que beneficiam a população local e global. O Programa Municípios Verdes, tem como objetivo combater o desmatamento e promover o desenvolvimento sustentável nos municípios do estado, por meio de ações como o fortalecimento da agricultura familiar e a implantação de sistemas agroflorestais (Agência Pará, 2021). O Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará, é uma instituição pública responsável pela gestão das unidades de conservação e pela promoção do desenvolvimento sustentável no estado do Pará (IDEB, 2021). O estado do Pará criou o Plano Estadual de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal do Pará (PEREDD) tem como meta central a redução das emissões brutas de Gases de Efeito Estufa (GEE) do setor “Mudança de Uso da Terra e Florestas” no Estado do Pará, tendo como linha de base a média de emissões entre os anos de 2014 a 2018, conforme o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima (SEEG)1. A meta prevista é até 2030 reduzir em 37% as emissões de GEE ocorridas entre os anos 2014 e 2018 no Pará, no setor de mudança no uso da terra e florestas. Além disso propõe que até 2035 a redução de GEE alcance 43%. (SEMA, 2021). O plano envolve ações de monitoramento e controle do desmatamento ilegal, a regularização ambiental de propriedades rurais, o fortalecimento da agricultura familiar e a promoção da bioeconomia. Desmatamento na Amazônia. A região metropolitana de Belém é uma das áreas urbanas com maior índice de poluição atmosférica no Brasil, devido à grande quantidade de veículos em circulação e à falta de políticas efetivas para a redução das emissões de gases poluentes (G1, 2019). Foram derrubados 867 km² nos três primeiros meses deste ano. Área que equivale à perda de quase mil campos de futebol por dia de mata nativa. Essa destruição só não foi maior do que a registrada em 2021, quando foram postos abaixo 1.185 km² de floresta de janeiro a março”, [2023] Em janeiro de 2021, o estado registrou um aumento de 60% na taxa de desmatamento em relação ao mesmo período do ano anterior (G1, 2021). Segundo o Imazon, que monitora o desmatamento da floresta amazônica no território brasileiro, a área atingida no primero trimestre de 2023 é assustadora. Segundo o órgão, os três primeiros meses desse ano registraram a 2ª maior área desmatada desde 2008. Segundo a CNN, o valor quase triplicou em comparação do mês de março do ano passado. “O desmatamento detectado em março de 2023 ocorreu no Amazonas (30%), Pará (27%), Mato Grosso (25%), Roraima (8%), Rondônia (6%), Maranhão (3%) e Acre (1%)”, afirmou o Imazon. “Foram derrubados 867 km² nos três primeiros meses deste ano. Área que equivale à perda de quase mil campos de futebol por dia de mata nativa. Essa destruição só não foi maior do que a registrada em 2021, quando foram postos abaixo 1.185 km² de floresta de janeiro a março”, [2023] O estado tem enfrentado desafios relacionados à regularização fundiária, especialmente na Amazônia, onde a disputa pela posse da terra e a grilagem têm contribuído para o desmatamento e conflitos entre comunidades indígenas, quilombolas e agricultores familiares (Mongabay, 2021). A construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, no Pará, foi alvo de críticas devido aos impactos socioambientais e culturais causados às comunidades indígenas e ribeirinhas da região (Greenpeace, 2021). O Pará é um dos estados mais afetados pelo desmatamento na Amazônia, de acordo com dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon, 2021). Um dos principais produtores de minério de ferro do Brasil, com as operações de mineração concentradas nas regiões sudeste e nordeste do estado. Segundo dados do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), o Pará produziu cerca de 230 milhões de toneladas de minério de ferro em 2019 (DNPM, 2021). A mineração é uma atividade econômica importante para o estado, mas também pode causar impactos negativos no meio ambiente e na saúde das comunidades locais, como a contaminação do solo e da água e a degradação da paisagem. O Pará é também um grande produtor de ouro, com a mineração concentrada nas regiões sudeste e sul do estado. Segundo dados do DNPM, o Pará produziu cerca de 38 toneladas de ouro em 2019 (DNPM, 2021). A mineração de ouro também pode causar impactos negativos no meio ambiente e na saúde das comunidades locais, como a contaminação por mercúrio e a degradação da paisagem. Amazônia perde 7.989 km² de floresta, maior desmatamento desde 2008 Entre agosto de 2015 e julho de 2016 (calendário oficial para medir o desmatamento), a Amazônia perdeu 7.989 quilômetros quadrados (km²) de floresta, a maior taxa desde 2008, segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) a partir de dados oficiais divulgados pelo governo federal no fim do ano passado. O desmatamento no período equivale à derrubada de 128 campos de futebol por hora de floresta, segundo a entidade. O perfil fundiário dos responsáveis pela devastação teve pouca variação em relação aos últimos anos: a maior derrubada ocorreu nas propriedades privadas (35,4%), seguida de assentamentos (28,6%), terras públicas não destinadas e áreas sem informação cadastral (24%), e pelas unidades de conservação, que registraram 12% de todo o desmatamento verificado nos 12 meses analisados. De acordo com o Panorama do desmatamento da Amazônia 2016, os estados que registraram maior aumento da taxa de desmatamento foram Amazonas, Acre e Pará, com incremento de 54%, 47% e 41%, respectivamente. Em números absolutos, o estado que mais desmatou foi o Pará, 3.025 km² de floresta a menos; seguido de Mato Grosso, que perdeu de 1.508 km² de vegetação nativa; e Rondônia, com 1.394 km² de derrubadas. Os três estados respondem por 75% do total desmatado em 2016. Segundo o levantamento do Ipam, o ranking de dez municípios que lideram o desmatamento na Amazônia permanece praticamente inalterado nos últimos anos. Cinco municípios da lista são do Pará: Altamira, São Feliz do Xingu, Novo Repartimento, Portel e Novo Progresso. O ranking também tem dois municípios amazonenses: Lábrea e Apuí; dois de Rondônia: Porto Velho e Nova Mamoré; e um de Mato Grosso: Colniza, que lidera o desmatamento no estado há, pelo menos, quatro anos. Com grande potencial turístico, devido às suas belezas naturais e diversidade cultural. A cidade de Belém, capital do estado, é conhecida por seus casarões históricos, mercados de peixe e frutas, e pela Basílica de Nossa Senhora de Nazaré, onde ocorre a tradicional procissão do Círio de Nazaré. A região de Alter do Chão, no município de Santarém, é um destino turístico popular, conhecido por suas praias de água doce e pelas florestas alagadas da Amazônia. Vegetação. O território paraense apresenta basicamente mangues, campos, cerrados e floresta Amazônica, a última predomina no estado. A variedade vegetativa é muito grande, nesse caso as composições principais de cobertura vegetal dão origem a cinco tipos específicos de vegetação, como Mata de terra firme (não sofre inundações), Mata de várzea (margens de rios que sofrem inundações), Mangue (porção litorânea do Estado), Campos e Cerrados. Hidrografia. A bacia hidrográfica do estado abrange área de 1.253.164 km², sendo 1.049.903 km² pertencentes à bacia Amazônica e 169.003 km² pertencentes à bacia do Tocantins. É formada por mais de 20 mil quilômetros de rios como o Amazonas, que corta o estado no sentido oeste/leste e deságua num grande delta marajoara, ou os rios Tocantins e Guamá que formam bacias independentes. Não há um número exato de rios no estado do Pará, pois muitos deles são afluentes e apresentam diferentes tamanhos e extensões. No entanto, o estado é conhecido por seus rios vastos e imponentes, com destaque para o : rio Amazonas, que é o rio mais extenso e caudaloso do mundo, e o Rio Tocantins, que é um dos principais afluentes do Rio Amazonas como Tapajós, Xingu e Curuá, pela margem direita, Trombetas, Nhamundá, Maicuru e Jari pela margem esquerda. Os rios principais são, rio Tapajós, rio Tocantins, rio Xingu, rio Jari e rio Trombetas. Além desses, há diversos outros rios importantes no estado, como o Rio Xingu, o Rio Araguaia, o Rio Tapajós, o Rio Jari, o Rio Guamá, o Rio Trombetas, o Rio Parauapebas, entre outros. Estão também no Pará alguns dos mais importantes afluentes do Amazonas Esta rede hidrográfica garante duas importantes vantagens: facilidade da navegação fluvial e potencial hidroenergético avaliado em mais de 25.000 MW. Clima. Apesar de o Brasil ser, caracteristicamente, um país de clima tropical, o Pará é dominado pelo clima equatorial ("Am" na classificação climática de Köppen-Geiger), que é predominante também na Amazônia. O estado possui médias térmicas anuais entre 24 e 26 °C, além de alto índice pluviométrico, que chega a alcançar 2.000 mm nas proximidades do rio Amazonas. A quase totalidade de sua área encontra-se na floresta Amazônica, exceto nas partes onde existem formações de campos - região do baixo rio Trombetas e Arquipélago do Marajó. O desmatamento é uma das principais ameaças à conservação da biodiversidade e à mitigação das mudanças climáticas na região. Demografia. O Pará possui uma população estimada de habitantes em 2020, distribuidos em uma área territorial de 1 247 955 238 km². Dividido em 144 municípios, dentre os quais, importantes para a economia do estado são, Altamira, Ananindeua, Barcarena, Belém, Canaã dos Carajás, Castanhal, Itaituba, Marabá, Paragominas, Parauapebas, Redenção, Salinópolis, Tucuruí e Santarém. Composição étnica. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), 73,0% da população se autoidentifica como pardos, 23% como brancos, 3,5% como pretos e 0,6% como asiáticos ou indígenas. De acordo com um estudo genético de 2013, a ancestralidade da população de Belém foi assim descrita: 53,70% de contribuição europeia, 29,50% de contribuição indígena e 16,8% de contribuição africana. De acordo com um estudo genético de 2011, a ancestralidade da população de Belém seria a seguinte: 69,70% de contribuição europeia, 19,40% de contribuição indígena e 10,9% de contribuição africana. Imigrantes. A presença dos portugueses no estado teve início no século XVII. Em janeiro de 1616, o capitão português Francisco Caldeira Castelo Branco iniciou a ocupação da terra, fundando o Forte do Presépio, núcleo da futura capital paraense. A fixação portuguesa foi efetivada com as missões religiosas e as bandeiras, que ligavam o Forte do Presépio a São Luís do Maranhão, por terra e subiram o Rio Amazonas. Os portugueses foram os primeiros a chegar no Pará, Deixando contribuições que vão desde a culinária à arquitetura. Os primeiros imigrantes japoneses que se destinaram à Amazônia saíram do Porto de Kobe, no Japão, no dia 24 de julho de 1926, e só chegaram ao município de Tomé-Açu no dia 22 de setembro do mesmo ano, com paradas no Rio de Janeiro e Belém. Os japoneses foram responsáveis pela introdução de culturas como a juta e a pimenta-do-reino na década de 1930; de mamão-Havaí e do melão na década de 1970. A terceira maior colônia japonesa no Brasil está no Pará, com cerca de 13 mil habitantes, perdendo apenas para os estados de São Paulo e Paraná. Eles vivem principalmente nos municípios de Tomé-Açu, Santa Izabel do Pará e Castanhal, sabendo-se que Tomé-Açu foi o primeiro local do Norte do país a receber imigrantes japoneses, por volta de 1929. Os imigrantes italianos que vieram para o Pará são predominantemente da região Sul da Itália, originários da Calábria, Campânia e Basilicata. Eram todos colonos, mas aqui se dedicaram ao comércio. O primeiro comércio italiano de que se tem notícia é de 1888, que ficava em Santarém. Eles fincaram raízes familiares em Belém, Breves, Abaetetuba, Óbidos, Oriximiná, Santarém e Alenquer. A presença na região oeste do Pará era tão acentuada, que havia uma representação do consulado da Itália em Óbidos, considerada a cidade mais italiana do Estado. O consulado ficava em Recife, Pernambuco. Em Belém, os italianos se dividiram entre a atividade comercial e os pequenos serviços. Ao mesmo tempo em que trabalharam, foram importantes no início do processo de industrialização da capital (1895). Segundo o censo de 1920, existia no Pará cerca de mil italianos. Ao final da Segunda Guerra, registrou-se um refluxo causado pela perseguição a alemães, japoneses e italianos. Os italianos, assim como os franceses, não permaneceram em território paraense. A imigração dos libaneses para o Pará se deu na metade do século XIX, na época do Ciclo da Borracha, e até 1914 desembarcaram em Belém entre 15 mil e 25 mil imigrantes sírio-libaneses, dois quais um terço foram para o Acre. No Pará, além da capital paraense, os libaneses se deslocaram para os municípios de Cametá, Marabá, Altamira, Breves, Prainha, Monte Alegre, Alenquer, Santarém, Óbidos, Soure, Maracanã, Abaetetuba, entre outros. Os primeiros imigrantes franceses chegaram ao Brasil na segunda metade do século XIX e dirigiram-se para a colônia de Benevides, na região metropolitana de Belém do Pará. Os franceses foram atraídos para a região por causa do Ciclo da Borracha e acabaram se instalando em Belém, tornando-a conhecida como "Paris n'América". Subdivisões. O estado do Pará é formado oficialmente pela união de 144 municípios. A última alteração feita entre seu municípios foi entre 1999 e 2012, com a criação e instalação do município de Mojuí dos Campos, desmembrado de Santarém. Atualmente existem 51 pedidos de emancipação de distritos para formação de novos municípios. Os estados brasileiros são formados por subdivisões criadas pelo IBGE chamadas de regiões geográficas intermediárias, que congregam municípios com características similares, tais como geográficas e socioeconômicas. As regiões geográficas intermediárias correspondem a uma revisão das antigas mesorregiões, que estavam em vigor desde a divisão de 1989. As regiões geográficas imediatas, por sua vez, substituíram as microrregiões. Essa subdivisão é usada para fins estatísticos, não constituindo uma entidade política ou administrativa. Oficialmente, o estado do Pará é dividido em sete regiões intermediárias: O Pará é dividido oficialmente em vinte e uma regiões imediatas: Belém; Cametá; Abaetetuba; Castanhal; Bragança; Capanema; Paragominas; Capitão Poço; Marabá; Parauapebas; Tucuruí; Redenção; Tucumã-São Félix do Xingu; Xinguara; Santarém; Itaituba; Oriximiná; Altamira; Almeirim-Porto de Moz; Breves; Soure-Salvaterra. Política. O Pará é um estado da federação, sendo governado por três poderes, o executivo, representado pelo governador, o legislativo, representado pela Assembleia Legislativa do Estado do Pará, e o judiciário, representado pelo Tribunal de Justiça do Estado do Pará e outros tribunais e juízes. Também é permitida a participação popular nas decisões do governo através de referendos e plebiscitos. Belém é o município com o maior número de eleitores, com 1,043 milhão destes. Em seguida aparecem Ananindeua, com 291,2 mil eleitores, Santarém (209,4 mil eleitores), Marabá (159 mil eleitores) e Parauapebas, Castanhal e Abaetetuba, com 149,5 mil, 121,2 mil e 104,6 mil eleitores, respectivamente. O município com menor número de eleitores é Bannach, com 3,1 mil. Tratando-se sobre partidos políticos, todos os 35 partidos políticos brasileiros possuem representação no estado. Conforme informações divulgadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com base em dados de outubro de 2016, o partido político com maior número de filiados no Pará é o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), com membros, seguido do Partido dos Trabalhadores (PT), com membros e do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), com filiados. Completando a lista dos cinco maiores partidos políticos no estado, por número de membros, estão o Partido Republicano Brasileiro (PRB), com membros; e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), com membros. Ainda de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral, o Partido Novo (NOVO) e o Partido da Causa Operária (PCO) são os partidos políticos com menor representatividade na unidade federativa, com e filiados, respectivamente. Economia. A economia é baseada no extrativismo mineral (ferro, cobre, bauxita, manganês, ouro, níquel, estanho, calcário), vegetal (madeira), na agricultura (mandioca, açaí, palma, abacaxi, cacau, pimenta-do-reino, coco, banana, soja e outros), pecuária, indústria e no turismo. O extrativismo mineral vem desenvolvendo uma indústria metalúrgica cada vez mais significativa. Em 2019, o Pará deteve a maior participação na produção nacional de alumínio (90%), manganês (69%) e cobre (64%). Possui a segunda maior participação na produção brasileira de estanho (41%), ferro (40%) e ouro (25%). Contando a produção e o beneficiamento de minerais o Pará e o líder nacional em valor de produção comercializada (48% de participação no mercado). A pauta de exportação do Pará, no ano de 2012, foi baseada em minério de ferro (59,46%), óxido de alumínio (8,19%), minério de cobre (6,06%), alumínio bruto (5,09%) e bovinos (3,60%). A concetração em indústria extrativa aumentou em 2021. A mineração é atividade preponderante na região sudeste do estado, sendo Parauapebas a principal cidade que a isso se dedica. Já as atividades agrícolas são mais intensas na região nordeste do estado, onde destaca-se o município de Castanhal; a agricultura também se faz presente, desde a década de 1960, ao longo da malfadada Rodovia Transamazônica (BR-230), mas principalmente ao longo da BR-158, BR-010 e BR-316. O Pará é o maior produtor de mandioca, açaí, abacaxi, cacau e pimenta-do-reino do Brasil e está entre os maiores do Brasil na produção de limão (2º lugar), coco (3º lugar) e banana (6º lugar). São Félix do Xingu é um dos municípios com maior produção de banana do país. Na produção de mandioca, o Brasil produziu um total de 17,6 milhão de toneladas do produto em 2018. O Pará foi o maior produtor nacional, com 3,8 milhão de toneladas produzidas. Em 2019, o Pará produzia 95% do açaí no Brasil. O estado comercializa mais de 1,2 milhão de toneladas do fruto para outros estados. O valor passa de US$ 1,5 bilhão, cerca de 3% do PIB do estado. O segundo maior produtor de açaí do Brasil é o Amazonas (52 mil toneladas), seguido por Roraima (3,5 mil toneladas). Em 2018, o Pará foi o maior produtor brasileiro de abacaxi, com 426 milhões de frutos colhidos. Em 2017, o Brasil era o 3º maior produtor mundial (perto de 1,5 bilhão de frutos colhidos em cerca de 60 mil hectares). É a quinta fruta mais cultivada no País. O sudeste do Pará tem 85% da produção estadual: as cidades de Floresta do Araguaia (76,45%), Conceição do Araguaia (8,42%) e Salvaterra (3,12%) lideravam o ranking neste ano. Floresta do Araguaia também possui a maior indústria de suco concentrado da fruta do Brasil, exportando para os países da União Europeia, Estados Unidos e Mercosul. O Pará foi o 2º maior produtor nacional de limão em 2019, com 104 mil toneladas. Porém, quase toda a produção nacional é realizada em São Paulo, que produz 1,1 milhão de toneladas. O Pará também é um dos maiores produtores brasileiros de coco. Em 2019, era o 3º maior produtor do país, com 191,8 milhões de frutos colhidos, perdendo apenas para a Bahia e o Ceará. O Pará é o maior produtor brasileiro de pimenta-do-reino, com 34 mil toneladas colhidas em 2018. A castanha do pará sempre foi um dos principais produtos do extrativismo do Norte do Brasil, com coleta no chão da floresta. Porém, nas últimas décadas, foi criado o cultivo comercial da castanheira. Já existem propriedades com mais de 1 milhão de pés de castanheira para produção em larga escala. As médias anuais de produção no Brasil variavam entre 20 mil e 40 mil toneladas por ano em 2016. As castanheiras também são boas fornecedoras de madeira de qualidade. Na produção de cacau, o Pará vem disputando com a Bahia a liderança da produção brasileira. Em 2017 o Pará obteve a liderança pela primeira vez. Em 2019, os paraenses colheram 135 mil toneladas de cacau, e os baianos, 130 mil toneladas. A área de cacau da Bahia é praticamente três vezes maior do que a do Pará, mas a produtividade do Pará é praticamente três vezes maior. Alguns fatores que explicam isto são: as lavouras da Bahia são mais extrativistas, e as do Pará tem um estilo mais moderno e comercial, além dos paraenses usarem sementes mais produtivas e resistentes, e à sua região propiciar resistência à vassoura-de-bruxa. Rondônia é o 3º maior produtor de cacau do país, com 18 mil toneladas colhidas em 2017. Nos últimos anos, com a expansão da cultura da soja por todo o território nacional, e também pela falta de áreas livres a se expandir nas regiões sul, sudeste e até mesmo no centro-oeste (nas quais a soja se faz mais presente), as regiões sudeste e sudoeste do Pará tornaram-se uma nova área para essa atividade agrícola. Pela rodovia Santarém-Cuiabá (BR-163) é escoada boa parte da produção sojeira de Mato Grosso, que segue até o porto de Santarém, aquecendo a economia da cidade tanto pela exportação do grão como pela franca expansão de seu plantio: a produção local já representa 5% do total de grãos exportados. Na safra 2019, o Pará colheu perto de 1,8 milhão de toneladas de soja, número ainda pequeno perante a produção brasileira de 120 milhões de toneladas neste ano, mas que vem em constante crescimento nos estados do Norte. Em 2018, o Pará ocupou a 6ª posição nacional na produção de banana, com 423 mil toneladas do produto. A pecuária é mais presente no sudeste do estado. Em 2018, o Pará possuía o 5º maior rebanho bovino do Brasil, com 20,6 milhões de cabeças de gado. A cidade de São Félix do Xingu é a que tem o maior rebanho do país, com 2,2 milhões de animais. Marabá é a sexta maior cidade do país em número, com 1 milhão de animais. No ranking dos 20 principais rebanhos, o Pará possui sete cidades. Parte disso se deve ao fato de os municípios do Pará terem território gigantesco. A indústria do estado concentra-se mais na região metropolitana de Belém, com os distritos industriais de Icoaraci e Ananindeua, e também vem se consolidando em municípios como Marituba, Barcarena e Marabá através de investimentos na verticalização dos minérios extraídos, como bauxita e ferro, que ao serem beneficiados, agregam valor ao se transformarem em alumínio e aço no próprio Estado. Pela característica natural da região, destacam-se também como fortes ramos da economia as indústrias madeireira e moveleira, tendo um polo moveleiro instalado no município de Paragominas. O extrativismo mineral vem desenvolvendo uma indústria metalúrgica cada vez mais significativa. No município de Barcarena é beneficiada boa parte da bauxita extraída no município de Paragominas e na região do Tapajós em Oriximiná. No momento Barcarena é um grande produtor de alumínio, e sedia uma das maiores fábricas desse produto no mundo, boa parte é exportado, o que contribui para o município desenvolver um dos principais , no distrito de Vila do Conde. Ao longo da Estrada de Ferro Carajás, que vai da região sudeste do Pará até São Luís do Maranhão, é possível atestar a presença crescente de siderúrgicas. O governo federal implementou em Marabá um pólo siderúrgico e metalúrgico, além das companhias já presentes na cidade. O polo siderúrgico de Marabá utilizava intensamente o carvão vegetal para aquecer os fornos que produzem o ferro gusa, contribuindo assim, para a devastação mais rápida das florestas nativas da região. Mas recentemente este cenário vem mudando, as indústrias estão investindo no reflorestamento de áreas devastadas e na produção de carvão do coco da palmeira Babaçu, que não devasta áreas da floresta nativa porque consiste somente na queima do coco e não do coqueiro, este é produzido principalmente no município de Bom Jesus do Tocantins. No ano de 2017, em termos de produção comercializada, no setor de minério de ferro, o Pará foi o 2º maior produtor nacional, com 169 milhões de toneladas (dos 450 milhões produzidos pelo país), a um valor de R$ 25,5 bilhões. No cobre, o Pará produziu quase 980 mil toneladas (das 1,28 milhões de toneladas do Brasil), a um valor de R$ 6,5 bilhões. No alumínio (bauxita), o Pará realizou quase toda a produção brasileira (34,5 de 36,7 milhões de toneladas) a um valor de R$ 3 bilhões. No manganês, o Pará realizou grande parte da produção brasileira (2,3 de 3,4 milhões de toneladas) a um valor de R$ 1 bilhão. No ouro, o Pará foi o 3º maior produtor brasileiro, com 20 toneladas a um valor de R$ 940 milhões. No níquel, o Pará foi o 2º em produção, tendo obtido 90 mil toneladas a um valor de R$ 750 milhões. Já no estanho, o Pará foi o 3º maior produtor (4,4 mil toneladas, a um valor de R$ 114 milhões). O Pará teve 42,93% do valor da produção mineral comercializada do Brasil, com quase R$ 38 bilhões. Devido á proximidade das minas de minério de ferro, foi criada a Siderúrgica Norte Brasil (Sinobras) em Marabá-PA. Em 2018, a empresa produziu 345 mil toneladas de aço bruto, dos 35,4 milhões produzidos no país O Pará tinha em 2017 um PIB industrial de R$ 43,8 bilhões, equivalente a 3,7% da indústria nacional. Empregava 164.989 trabalhadores na indústria. Os principais setores industriais são: Extração de Minerais Metálicos (46,9%), Serviços Industriais de Utilidade Pública, como Energia Elétrica e Água (23,4%), Construção (14,8%), Metalurgia (4,3%) e Alimentos (4,3%). Estes 5 setores concentram 93,7% da indústria do estado. Infraestrutura. Saúde. De acordo com dados de 2009, fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, existiam, no estado, estabelecimentos hospitalares, com leitos. Destes estabelecimentos hospitalares, eram públicos, sendo de caráter municipais, 54 de caráter estadual e 71 de caráter federal. 685 estabelecimentos eram privados, sendo 631 com fins lucrativos e 54 sem fins lucrativos. 271 unidades de saúde eram especializadas, com internação total, e unidades eram providas de atendimento ambulatorial. No mesmo ano, registrou-se que apenas 47,03% da população paraense tinha acesso à rede de água, enquanto 57,8% tinha acesso à rede de esgoto sanitário. Ainda em 2009, foi verificado que o estado tinha um total de 552,5 leitos hospitalares por habitante e, em 2005, registrou-se 7,1 médicos para cada grupo de 10 mil habitantes. Uma pesquisa promovida pelo IBGE em 2008 revelou que 71,2% da população do estado avalia sua saúde como boa ou muito boa; 61,7% da população realiza consulta médica periodicamente; 30,6% dos habitantes consultam o dentista regularmente e 8,7% da população esteve internado em leito hospitalar nos últimos doze meses. Os dados da pesquisa afirmaram ainda que 23,9% dos habitantes declararam ter alguma doença crônica e apenas 13,7% possuíam plano de saúde. Menos da metade dos domicílios particulares no Pará são cadastrados no programa Unidade de Saúde da Família: 47,4 destes%. Tratando da saúde feminina, 23,7% das mulheres residentes no estado com mais de 40 anos fizeram exame clínico das mamas nos últimos doze meses; 32,8% das mulheres entre 50 e 69 anos fizeram exame de mamografia nos últimos dois anos; e 79,1% das mulheres entre 25 e 59 anos fizeram exame preventivo para câncer do colo do útero nos últimos três anos. Educação. O Pará possui várias instituições educacionais, sendo as mais renomadas localizadas principalmente na Região Metropolitana de Belém e em outras cidades de médio porte. A educação do estado é tida como a segunda pior do país, comparada à dos demais estados brasileiros. No fator "educação", do Índice de Desenvolvimento Humano de 2010, o estado obteve um patamar de 0,528, ficando à frente apenas da educação de Alagoas em âmbito nacional. Sobre a questão do analfabetismo, a lista de estados brasileiros por taxa de analfabetismo mostra o Pará com a 16ª menor taxa, com 11,23% de sua população considerada analfabeta. Houve superação na taxa de analfabetismo paraense. Em 2001, o mesmo ocupava a 18ª colocação no mesmo quesito, com 28,5% de sua população tida como analfabeta. O estado possui a quarta maior porcentagem, entre os estados brasileiros, de pessoas entre 7 e 14 anos de idade que não frequentam unidades escolares. Os dados do censo demográfico de 2010, realizado pelo IBGE, revelam que 5% dos habitantes do Pará nesta faixa etária encontram-se nesta situação, deixando-o apenas à frente de Roraima, Acre e Amazonas. Entre a população na faixa etária de 15 a 17 anos de idade, o índice era ainda maior: 18,5% destes não frequentam unidades de ensino, de acordo com o censo de 2010. Isso colocou o Pará na 18ª posição nacional, no ranking que abrangeu todas as 27 divisões administrativas do Brasil. Apenas os estados de Mato Grosso, Espírito Santo, Alagoas, Paraná, Amazonas, Rondônia, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Acre estão em situação semelhante ou pior. A população paraense em idade escolar alcançava habitantes em 2010, um total de 29,7%. Em 2011, no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), o estado obteve nota de 4,2 nos anos íniciais do ensino fundamental, 3,7 nos anos finais do ensino fundamental, e 2,8 no 3º ano do ensino médio. O patamar atingido pelo estado foi um dos mais baixos do país, principalmente no ensino médio. Os municípios do estado que atingiram as melhores colocações na rede pública de ensino, nos anos iniciais do ensino fundamental foram: Dom Eliseu (5,2); Ourilândia do Norte (5,2); Ulianópolis (5,1); Parauapebas (4,9) e Paragominas e Santarém (4,7). Nos anos finais do ensino fundamental, na rede pública de ensino, os municípios que alcançaram as melhores posições foram: Bannach (4,7); Altamira (4,4); Parauapebas (4,4); Novo Progresso (4,2) e Belterra, Uruará e Santarém Novo (4,1). Nos anos iniciais do ensino fundamental, Santa Maria das Barreiras foi o município com a pior avaliação educacional, segundo o IDEB, atingindo 2,8 pontos. Nos anos finais do ensino médio, o município que alcançou o pior desempenho foi Afuá, também com 2,8 pontos. Em números absolutos, o estado possuía pessoas com nível superior completo em 2010, um percentual de 4,06%, um dos mais baixos índices do país, superando apenas o Maranhão. Há demasiadas instituições de ensino superior no estado. Seis delas são de caráter público: Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA), Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Universidade do Estado do Pará (UEPA) e Instituto Federal do Pará (IFPA). Entre as principais instituições de ensino superior no Pará, de caráter privado, destacam-se a Universidade da Amazônia (UNAMA), o Centro Universitário do Pará (CESUPA), a Faculdade Integrada Brasil Amazônia (FIBRA), o Instituto Luterano de Ensino Superior de Santarém, o Centro de Ensino Superior do Pará e as Faculdades Integradas do Tapajós (FIT). Ciência e Tecnologia. A Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Técnica e Tecnológica SECTET foi criada em 2007, como órgão da administração direta do Estado do Pará.. Tem por finalidade planejar, coordenar, formular e acompanhar a política estadual de desenvolvimento econômico, científico e tecnológico, bem como promover, apoiar, controlar e avaliar as ações relativas ao desenvolvimento e ao fomento da pesquisa e à geração e aplicação de conhecimento científico e tecnológico no Estado do Pará. Em 2016, foi concedido SECTET, a seguinte designação: Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Profissional e Tecnológica, mantendo a sigla SECTET. Para isso dispõe dos seguintes sistemas de software:. A criação da secretaria foi um marco importante para o desenvolvimento do estado, que passou a investir mais em ciência e tecnologia para impulsionar o crescimento econômico e social. Além disso, a secretaria desempenha um papel importante na atração de investimentos para o estado, por meio da criação de um ambiente favorável à inovação e ao desenvolvimento tecnológico. Com isso, o Pará tem se consolidado como um importante polo de tecnologia e inovação na região norte do Brasil, contribuindo para o crescimento econômico e social do estado e do país todo. Projetos. O PAIT-PA oferecia diversos incentivos para as empresas e instituições de pesquisa que desenvolvessem projetos inovadores, como financiamento, capacitação técnica e científica, e apoio na gestão da propriedade intelectual. O programa também buscava estimular a cooperação entre as empresas e as universidades do estado, por meio de parcerias e convênios. O PBIC-PA oferecia bolsas de iniciação científica e tecnológica para estudantes de graduação de universidades e faculdades do estado, que desenvolvessem projetos de pesquisa em áreas estratégicas para o estado. Os estudantes selecionados recebiam uma bolsa de estudos e contavam com orientação técnica e científica para a execução dos projetos. Transportes. Por sua localização geográfica na imensa planície da bacia do rio Amazonas, na parte norte, nordeste e noroeste do estado predomina a opção pelo modal de transporte hidroviário, utilizando basicamente a vital e importantíssima Hidrovia do Solimões-Amazonas, mas também a Hidrovia Tocantins-Araguaia (esta já dentro da bacia do Tocantins). Em outra medida, dado sua maior ligação com os estados do Nordeste e Centro-Oeste brasileiro, as partes leste e sudoeste do estado — desde a região sul, a sudeste (incluíndo a região de Carajás), passando pelo centro do estado até a zona da capital — estão mais sujeitas a opção pelos transportes rodoviários do que pelos hidroviários (embora não exclusivamente), com destaque para as rodovias Belém-Brasília, Alça Viária, BR-155, PA-150/PA-475, BR-222, BR-316, BR-163, Transamazônica e BR-158, principais vias de transporte das regiões paraenses citadas. Dentre as linhas ferroviárias que cortam o estado, a mais importante é a Estrada de Ferro Carajás, que estabelece ligação direta ao litoral nordestino para as cidades paraenses de Parauapebas e Marabá, com um ramal para Canaã dos Carajás. Escoa os minerais extraídos na serra dos Carajás até os portos de Itaqui e Ponta da Madeira, além de realizar transporte de passageiros e cargas como soja, celulose e combustível, pela conexão com a Ferrovia Norte-Sul. Outras ligações férreas existentes são: Estrada de Ferro Trombetas, pertencente a VALE, e que opera no estado do Pará transportando bauxita; Estrada de Ferro Juruti, de propriedade da Alcoa, que opera junto à mina de bauxita localizada na cidade de Juruti (PA); Estrada de Ferro Jari, que opera no transporte de celulose e bauxita. O estado mantém 108 pontos de infraestrutura portuária, que servem para importação e exportação de mercadorias e transporte de pessoas. A capital do estado, Belém, se destaca entre os municípios portuários. É lá que está instalada a Estação das Docas, cartão postal da cidade. Os principais portos do Pará: Porto de Belém, Porto de Miramar, Porto do Outeiro, Porto de Vila do Conde, Porto de Santarém, Porto de Itaituba, Porto de Óbidos, Porto Altamira, Porto de São Francisco e o Porto de Marabá. No transporte aéreo, o estado assenta-se em sete grandes aeroportos: Aeroporto Internacional Val-de-Cans - Júlio Cezar Ribeiro (em Belém), Aeroporto Internacional Maestro Wilson Fonseca (em Santarém), Aeroporto Brigadeiro Protásio de Oliveira (em Belém), Aeroporto João Correa da Rocha (em Marabá), Aeroporto de Altamira (em Altamira), Aeroporto Wirland Freire (em Itaituba) e o Aeroporto de Carajás (em Parauapebas). Há também outros aeroportos menores, como os de Araguaia, Monte Dourado, Ourilândia do Norte, Porto Trombetas, Redenção, Santana do Araguaia, São Félix do Xingu, Tucuruí, entre outros. Energia. O Pará possui 4 das dez maiores usinas hidrelétricas do Brasil em capacidade instalada. Belo Monte e Tucuruí estão entre as seis maiores usinas do mundo juntamente com Itaipu. Segundo o Anuário da EPE, em 2020, o estado se destacou na produção de energia elétrica: As principais hidrelétricas são: Tucuruí (8.370 MW, no rio Tocantins), Belo Monte (11 000 MW, no rio Xingu), Pimental (233 MW, no rio Xingu), Teles Pires (1820 MW, no rio Teles Pires), São Manoel (700 MW, no rio Teles Pires), Curuá-Una (30 MW, no rio Curuá-Una) e Santo Antônio do Jari (373 MW, no rio Jari), além de várias usinas projetadas. Cultura. O Pará é segundo maior estado do Brasil em questão de território, talvez por isto exista uma grande diversidade tanto social quanto natural, podemos observar isso através da cultura regional que é na verdade uma mistura de ritmos e raças convivendo harmoniosamente. A expansão da fronteira econômica nas bordas da Amazônia, no caso paraense as regiões sudeste e sul (destacadamente Carajás), alterou não somente fatores demográficos ou econômicos, mas também deixou uma forte e distintiva marca em questões culturais, que influenciou fortemente a composição de um novo perfil cultural. O exemplo disto é a singular diferença que há entre os costumes de vestimenta, música, dialeto, culinária e visão de espaço e tempo entre as principais cidades do nordeste paraense — Belém, Ananindeua e Castanhal —, e a região de Carajás/sudeste/sul paraense. Dialeto. A diferença mais marcante em relação a cultura da região de Carajás/sudeste/sul paraense diz respeito ao seu modo de falar (ou dialeto). Devido a intensa migração de goianos, mineiros, maranhenses, paulistas, paranaenses e gaúchos, o dialeto local tornou-se uma mescla dos dialetos falados por cada um destes imigrantes. No meio acadêmico é conhecido por dialeto da serra amazônica (em alusão à localização da região, nas partes mais altas da amazônia) ou do arco do desflorestamento. Este dialeto é muito próximo dos dialetos nordestino, caipira e sertanejo, e muito diferente daquele falado no nordeste paraense (amazofonia). Essências. As essências vegetais (perfumes naturais) são tradicionais da região amazônica e, muito comercializadas na feira do Mercado do Ver-o-peso, na banca de cheiro das erveiras, são os principais ingredientes do Banho de Cheiro encantado e do Cheiro de Papel, produzidos com a infusão de raízes e madeiras aromáticos ralados; os ingredientes mais conhecidos são: arruda, cipó-catinga, patexuli, japana, cumaru, alecrim, baunilha, manjerona, açucena, casca preciosa, louro amarelo, jasmim, alfazema e, priprioca. O Banho de Cheiro é muito usado na comemoração da festa junina e do reveion no estado. Uma prática ritualística ao qual se atribui o poder de atrair a felicidade, reatar amores e, abrir as portas da prosperidade ao se banhar. Enquanto o Cheiro de Papel é usado para aromatizar roupas guardadas em gavetas e armários. Artesanato. O artesanato é marcado por peças inspiradas nas milenares civilizações indígenas e joias produzidas com matérias primas encontradas na própria natureza. Utilizam-se todos os tipos de material retirado da própria região, e representa-se por vários ramos como cerâmica, cestaria, talha, objetos de madeira, de ouriços, de conchas, cuias e outros matérias, criando um segmento importante e criativo da nossa cultura. Quando se fala em cerâmica, dois grupos se destacam: os marajoaras e os tapajônicos. Artesanato regional: Cerâmica, cuia, miriti, balata, entalhe em madeira, palha, patchouli. tururi e artigo em cheiro. Culinária. A culinária paraense possui grande influência indígena. Os elementos encontrados na região, formam a base de seus pratos, o que deixa os gourmets maravilhados pela alquimia utilizada na produção destes pratos exóticos. Os nomes dos pratos são tão exóticos quanto seu sabor, já que são de origem indígena. Alguns dos pratos típicos da região caruru, chibé, cuscuz, maniçoba, moqueca, pato no tucupi,tacacá, tapioca e vatapá O Pará apresenta mais de uma centena de espécies comestíveis, são as denominadas frutas regionais, e em muitas vezes apresentando um exótico sabor para as suas sobremesas. Música e dança. Trajes coloridos, sons fortes de instrumentos de percussão e muita expressividade corporal traduzem sonora e visualmente a herança folclórica paraense. Os ritmos do Pará são o calypso, carimbó, brega, marujada, siriá, lambada, lundu marajoara, tecno brega, tecnomelody, guitarrada. Inicialmente, apenas uma reunião de festejo entre amigos e familiares, o carimbó modificou-se, transformando-se em um autêntico gênero e rítmo amazônida parauara, gerando grupos folclóricos e bandas de baile, com a popularização nas décadas de 1960 e 1970. Tornou-se comum nas rádios e nos bailes. Diversos artistas gravaram discos LP, a exemplo de: Lucindo, Pinduca, Arraial do Pavulagem, Cupijó e Verequete. O carimbó tornou-se patrimônio Cultural Imaterial brasileiro em setembro de 2014, aprovado por unanimidade pelo conselho do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). No dia 26 de agosto, anualmente é celebrado o centenário do Verequete, um dos mais importantes mestres do ritmo no estado, devido sua trajetória na composição de músicas no estilo tradicional “pau e corda”. Em homenagem, a data foi intitulada como o Dia Municipal do Carimbó, instituído em 2004. Entretanto, as diferenças regionais do estado ressaltam-se também em fatores musicais onde no sudeste e sul paraense (destacadamente a região de Carajás), por exemplo, há uma clara preferência por ritmos como o forró e o sertanejo em detrimento do brega e do carimbó, ritmos tradicionais do nordeste paraense. Festas populares. As manifestações culturais são bem diversificadas, no segundo domingo de outubro a cidade de Belém recebe devotos de todo o Brasil na procissão do Círio de Nazaré, em homenagem a Nossa Senhora de Nazaré. Cerca de milhões de pessoas participam de uma das maiores festas católicas do país. Entre as manifestações culturais mais apreciadas estão os folguedos populares. São festas, cheias de dramaticidade e alegria, que acontecem, tradicionalmente, em datas marcadas. O çairé, no município de Santarém, é uma festa que dura oito dias, misturando o profano e o religioso. A Marujada, em Bragança, reúne vários ritmos, dançados, basicamente, por mulheres. Tem ainda o Boi Bumbá, mistura de dança, batuque e drama, e os Cordões de Pássaros, já quase esquecidos, mas ainda encenados na periferia de Belém. No sudeste do estado, as intensas tradições nordestinas e sulistas fazem com que, respectivamente, Marabá realize os maiores festejos juninos paraenses, com arraiais em toda a cidade, além de barracas de comidas típicas e bebidas, e Tucumã realize a manifestação cultural chamada "feira dos estados", de folclore sulista, com música e tradições como o uso da bombacha e alguns traços culinários como o charque, o chimarrão e o churrasco, além de venda de comidas típicas. Feriados. No estado do Pará, só há um feriado estadual: o dia 15 de agosto, em homenagem à adesão do Grão-Pará à independência do Brasil. Este feriado foi oficializado através da Lei n.º 9.093, de setembro de 1995, proposta pelo deputado estadual Zeno Veloso.
1517
Paraíba
Paraíba A Paraíba é uma das 27 unidades federativas do Brasil, localizada a leste da Região Nordeste. Seu território é dividido em 223 municípios e apresenta uma área de , sendo um pouco menor que a Croácia. Banhada a leste pelo Oceano Atlântico, limita-se a norte com o Rio Grande do Norte, a sul com Pernambuco e a oeste com o Ceará. Com quase quatro milhões de habitantes, a Paraíba é o 13º estado mais populoso do Brasil. A capital e município mais populoso é João Pessoa, onde fica a Ponta do Seixas, o ponto extremo leste das Américas. Antes da colonização portuguesa, a Paraíba foi habitada por várias tribos indígenas. Em 1534, foi subordinada à Capitania de Itamaracá, adquirindo autonomia política em 1574 com a criação da Capitania da Paraíba, anexada a Pernambuco em 1756 e recuperando sua autonomia em 1799, existindo como unidade política separada desde então. No ano de 1930, Getúlio Vargas indicou o presidente do estado (hoje governador), João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, como vice-presidente do Brasil. O assassinato de João Pessoa por João Duarte Dantas foi o estopim para a Revolução de 1930 e o fim da República Velha. A Paraíba é berço de brasileiros notórios, como Epitácio Pessoa (ex-presidente do Brasil), Pedro Américo (pintor de renome internacional), Assis Chateaubriand (mais conhecido por ter fundado o Museu de Arte de São Paulo e a TV Tupi), Celso Furtado (um dos economistas mais influentes da história latino-americana), além de escritores como Ariano Suassuna, Augusto dos Anjos, José Américo de Almeida, José Lins do Rêgo, dentre muitos. Etimologia. A raiz etimológica de maior aceitação é a que considera as palavras de língua tupi "pará" (rio ou mar) + "aíb" (ruim) + o sufixo substantivador "-a", originando, desse modo, o topônimo "Paraíba", atribuído inicialmente ao principal rio da região, e que significa "rio ruim". O geógrafo e governador da capitania da Paraíba Elias Herckmans confirma essa versão em sua obra «Descrição geral da Capitania da Paraíba», de 1639, dizendo que os mais entendidos da língua nativa se referiam à estreita boca do canal que dificultava ao invasor conquistar na primeira expedição e de cara visto que bastavam duas baterias de canhão em cada margem para abater os navios pretendentes, fora já um rochedo que havia e que aparece nos mapas antigos, mas foi dinamitado por razões portuárias nas últimas décadas do século XX. Depois, tal potamônimo passou a designar também a capitania, que se elevou à categoria de província em 1822, sendo, em seguida, transformada em estado em 1889. História. Antes do descobrimento do Brasil, o território que hoje corresponde à Paraíba possuía inúmeras tribos indígenas. Entre o litoral e a região do Planalto da Borborema, os principais grupos indígenas eram os potiguaras, que habitavam em especial as margens do rio São Domingos, atual Rio Paraíba. Entre as tribos que habitavam desde a região da Borborema até o sertão estão os índios cariris e os ariús. Colonização e conquista. Em 1534, o rei português D. João III divide a colônia em capitanias hereditárias, sendo a Paraíba subordinada à Capitania de Itamaracá, cujos limites iam desde o rio Guaju, próximo à divisa com o atual estado do Rio Grande do Norte, até o rio Goiana, localizado na divisa com Pernambuco. Porém, diferente da vizinha capitania de Pernambuco, a situação de Itamaracá não era tranquila, devido ao contrabando de madeira, além de peles e âmbares, por piratas franceses. Na capitania se fixaram alguns conventos e igrejas, bem como engenhos de açúcar. Um deles, o engenho Tracunhaém de propriedade de Diogo Dias, foi destruído no ano de 1574 por indígenas potiguaras, que também mataram seus moradores e forçaram os colonos residentes a se fixarem na Ilha de Itamaracá, ocasionando o ataque ao engenho Tracunhaém. A repercussão por parte da corte em Lisboa foi enorme e, para tranquilizar a situação, o rei criou a Capitania Real da Paraíba, subordinada diretamente à Coroa Portuguesa. Esse acontecimento foi também o estopim da Guerra dos Potiguaras, que durou 25 anos. Embora criada em 1574, a capitania da Paraíba só foi ocupada onze anos depois. Luís de Brito foi nomeado para ser o governador-geral da capitania recém-criada e recebeu do rei português a ordem de punir os responsáveis pelo ataque do engenho e fundar uma nova cidade para abrigar a sede do governo, dando origens a cinco expedições com o propósito de conquistar a capitania, sendo as quatro primeiras terminadas em fracasso. Para repelir os invasores franceses, foi construído em 1584 o forte de São Tiago, na margem direita do rio Paraíba. A quinta expedição foi comandada por Martim Leitão, ouvidor-geral de Olinda, contando também com a participação de Frutuoso Barbosa e João Tavares. À época, o litoral paraibano era habitado pelos índios potiguaras, tendo como principais rivais os tabajaras, comandados por Piragibe e originários do médio São Francisco e que, devido a secas que assolavam a região, deslocaram-se para as proximidades do litoral da Paraíba. Os tabajaras se juntaram aos colonos portugueses e, oferecendo-lhes apoio militar, conseguiram expulsar os índios potiguaras, acontecendo assim a conquista da Paraíba e sendo fundada, em 5 de agosto de 1585, a cidade de "Nossa Senhora das Neves". Em 10 de janeiro de 1586, tem-se registro a primeira sesmaria da Paraíba, que se localizava próximo à foz do rio homônimo. Na margem direita da foz desse rio, foi construído, no mesmo ano, a Fortaleza de Santa Catarina, para efetivar assim a colonização da Paraíba e garantir o controle das terras. Invasão holandesa. A primeira aparição dos holandeses em terras paraibanas aconteceu em 20 de junho de 1625. Após expulsão dos holandeses de Salvador a 1.º de maio, no caminho de volta a Amsterdã, o almirante Boudewijn Hendricksz desembarcou seus navios em Baía da Traição para tratar os enfermos e enterrar 700 mortos. Logo que chegou, Hendricksz tratou de fazer aliança com os potiguares, prometendo-lhes proteção em troca de serviços contra os portugueses. Tão cedo soube do aporte dos holandeses, o governador-geral paraibano, Antônio de Albuquerque, enviou tropas para expulsar os invasores. Comandados por Francisco Coelho de Carvalho, com gente da Capitania da Paraíba e da Capitania de Pernambuco, e por Antônio de Albuquerque de Melo, com gente da Capitania do Rio Grande, totalizando sete companhias de emboscadas, e auxiliados por 300 índios, os portugueses repeliram os holandeses em 1.º de agosto. Na batalha sangrenta, os índios potiguares aliados dos holandeses foram exterminados, na morte de 600 a milhares entre homens, mulheres e crianças. Derrotado, Hendricksz partiu da Paraíba rumo a Porto Rico. Em 5 de dezembro de 1632, 1,6 mil batavos chegaram à Paraíba, comandados por Callenfels. Ocorreu um verdadeiro tiroteio e os holandeses ergueram trincheiras em frente ao forte de Santa Catarina, mesmo assim foram derrotados, após a chegada de homens enviados pelo governador-geral à cidade de Nossa Senhora das Neves. Os brasileiros também tentaram construir uma trincheira em frente ao mesmo forte, mas logo enfrentaram resistência holandesa. Sem capacidade de vencer, os invasores se retiraram do local e fugiram para Pernambuco. Os invasores holandeses decidiram ir em direção ao Rio Grande do Norte e atacá-lo, contudo, tal ataque foi impedido. Os invasores voltaram para a Paraíba para atacar o Forte de Santo Antônio, porém desistiram devido à construção de uma trincheira nesse forte, seguindo diretamente para Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco. Em 25 de novembro de 1634, ocorreu uma nova tentativa de ataque com a chegada de uma esquadra de 29 navios à costa paraibana e, no dia 4 de dezembro, os invasores chegaram ao norte do Jaguaribe, onde prenderam o governador (que conseguiu escapar mais tarde) e mais dois brasileiros. No dia seguinte, já em direção a Cabedelo, os batavos foram conseguindo se fortificar. Enquanto várias propriedades eram furtadas por Callabar, Antônio de Albuquerque Maranhão, filho de Jerônimo de Albuquerque Maranhão (que conquistou o Maranhão no início do século XVII) enviou à Paraíba vários combatentes para repelir os holandeses, contando com ajudas de Pernambuco e Rio Grande do Norte. Mesmo com a chegada com conde Bagnuolo para tentar ajudar os paraibanos, estes já se encontravam muito enfraquecidos, razão pelo qual entregaram os fortes de Santa Catarina e Santo Antônio. O conde decidiu abandonar a Paraíba e fugiu para Pernambuco. As tropas comandadas por Antônio de Albuquerque, contando com apoio da população local, tentaram fundar o Arraial do Engenho Velho. Os holandeses se dirigiram então à cidade de Filipeia de Nossa Senhora das Neves, em busca de Antônio de Albuquerque, que não foi localizado, e encontraram a cidade praticamente abandonada e vazia. Somente algum tempo depois, o comandante e líder das tropas holandesas encontrou Duarte Gomes, que foi preso por Antônio de Albuquerque e mandado em direção ao Arraial do Bom Jesus, sendo posteriormente libertado pelos invasores. A população local ainda possuía o desejo de expulsar todos os holandeses de suas terras. Em duas tentativas, ambas sob a liderança de André Vidal de Negreiros, os paraibanos conseguiram, primeiramente, vencer os invasores, no engenho do Espírito Santo e, em outra tentativa, novos homens foram contratados e treinados para poder repelir os holandeses. Em Timbiri, os paraibanos se reuniram e caminharam em direção ao engenho de Santo André, local em que foram atacados pelas tropas de Paulo Linge. Depois de vários combates e lutas, mais de oitenta paraibanos foram dizimados, incluindo o capitão Francisco Leitão. Conquista do interior e autonomia. Após o contexto das invasões holandesas, a economia canavieira se viu arrasada. As plantações de cana-de-açúcar no litoral foram incendiadas, fazendo com que a produção do açúcar diminuísse consideravelmente. Nos dez anos seguintes, os governantes da Paraíba não conseguiram recuperar a economia canavieira. Até 1670, a ocupação do espaço paraibano se restringia apenas ao litoral. A partir de então deu-se início à ocupação do interior, em duas direções: uma do litoral ao sertão, comandada pela família Oliveira Ledo, responsável pela fundação de vários povoados, hoje municípios; outra, mais importante, partia do sertão do São Francisco, na Bahia, e prosseguiu na direção norte, chegando ao interior paraibano. Na conquista do interior houve ainda a participação de bandeirantes, comandados por Domingos Jorge Velho. A colonização interiorana foi marcada ainda por conflitos, como a Guerra dos Bárbaros, entre os colonos e os principais grupos indígenas que habitavam a região, como os caicós, os icós, os janduís e sucurus, bem como pela escravidão e massacres de algumas dessas tribos. A conquista do interior também foi realizada por meio das missões de catequese, que objetivavam, principalmente, a catequização dos índios. Entre os principais missionários, um dos mais importantes é o sacerdote Martim Nantes, fundador da vila de Pilar. Outros nomes que também tiveram importância no projeto de conquista e colonização do interior foram o Luís Soares e Elias Herckmans, este último que, juntamente com Manuel Rodrigues, estabeleceu-se na região em busca de minas de ouro, principalmente na Serra da Borborema, além de Francisco Dias D’Ávila, fundador da Casa da Torre. Em 1º de janeiro de 1756, a capitania da Paraíba foi extinta e anexada a Pernambuco, tornando-se novamente independente em 11 de janeiro de 1799. Em 1818, a porção norte do território paraibano foi desmembrada, através de Carta Régia, e formou o território que viria a ser o atual estado do Rio Grande do Norte. Movimentos liberais e império. Ao longo de sua história, a Paraíba participou de várias revoltas. No período colonial, destaca-se a Revolução Pernambucana de 1817, que surgiu baseada na independência dos Estados Unidos e nos ideais da Revolução Francesa, com o objetivo de tornar o Brasil um país independente. De Pernambuco, a revolução se espalhou por todo o Nordeste. Na Paraíba, o movimento entrou por Itabaiana e seguiu em direção a Areia, estendendo-se por diversas outras localidades do agreste, sertão e litoral. Participaram Amaro Gomes Coutinho, Francisco José da Silveira, José Peregrino, Padre Antônio Pereira, Inácio de Albuquerque Maranhão, entre outros revoltosos. O desfecho do movimento não obteve êxito, contudo a luta pela independência prosseguiu. Os cinco anos seguintes (1818-1822) foram marcados por acirramentos entre duas facções rivais, os "cajás", revolucionários, também chamados de patriotas, e os "carambolas" (realistas), contrarrevolucionários. Em 1822, o Brasil se torna independente de Portugal e a Paraíba se torna uma província do império brasileiro e D. Pedro I é proclamado imperador do país. Dois anos depois, a Paraíba se envolve na Confederação do Equador, que teve início em Pernambuco e representou a principal reação contra a tendência monarquista e a política centralizadora de D. Pedro I esboçada na primeira constituição brasileira, outorgada em março de 1824. Seu principal líder foi o frei Joaquim do Amor Divino Caneca, apelidado de Frei Caneca, que de Recife se deslocou a Itabaiana e se juntou ao areiense Félix Antônio. De lá, percorreram partes da Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará, em defesa dos seus ideais federalistas e nacionalistas. Do Ceará, foram mandados para Recife para serem fuzilados, mas apenas Frei Caneca acabou morto pelas tropas imperiais, enquanto Félix Antônio conseguiu fugir. Entre o final de 1848 e 1849, ocorreu, sem sucesso, a Revolta Praieira, cujo palco foi novamente Pernambuco. Durou cerca de cinco meses, tendo seus ideais inspirados pelas revoluções ocorridas em 1848 na Europa. A Revolta Praieira chegou à Paraíba em fevereiro de 1849, liderada por Maximiano Machado e Borges da Fonseca, e reivindicava várias reformas sociais e econômicas, como a divisão latifundiária, a instalação de um regime democrático e a liberdade de imprensa. Três anos depois, em 1851, a Paraíba, juntamente com suas províncias vizinhas, envolveu-se em mais uma revolta, intitulada Ronco da Abelha, que objetivava controlar os trabalhadores livres, na época da diminuição do tráfico de escravos. Entre os meses de outubro e dezembro de 1874, participou da Revolta do Quebra-Quilos, ocorrida após a substituição do sistema de pesos e medidas vigente no país; a revolta na Paraíba teve como principal palco localidades do agreste e foi caracterizada por diversos atos de violência, ao mesmo tempo em que era desencadeada a questão religiosa. A Paraíba participou ainda da Guerra do Paraguai, com um efetivo de três mil homens. Em 1860 a Paraíba tinha uma população de aproximadamente 212 mil habitantes e sofria com sérios problemas de saúde pública e epidemias de doenças, como cólera e febre amarela, sendo uma das principais causas o precário abastecimento de água. Em 1877, a província é atingida por uma grande seca, a mais grave da história, acentuando a pobreza e provocando consequentemente uma migração populacional do interior para o litoral. República. Em novembro de 1889, após a queda do regime monárquico e a consequente instituição da república no Brasil, a Paraíba, assim como as outras províncias, transforma-se em estado da federação. Venâncio Neiva foi o primeiro presidente (hoje governador) do estado, entre 1889 e 1891, quando foi deposto, assumindo em seu lugar um triunvirato, que governou até a nomeação, pelo presidente Floriano Peixoto, de Álvaro Machado, do Partido Social Nacionalista (PSN), para o governo estadual. Este partido governou a Paraíba até 1908, quando venceu as eleições daquele ano o Partido Republicano Conservador (PRC), que esteve à frente do executivo paraibano até o fim da República Velha, em 1930. Com o início da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a economia da Paraíba entrou em crise, principalmente devido à queda nas exportações do algodão, um dos principais produtos agrícolas do estado. Na eleição presidencial de abril de 1919, vence o candidato Epitácio Pessoa, que naquele momento se encontrava na França, chefiando a delegação do Brasil na Conferência da Paz de Paris. Retornando ao Brasil, foi empossado na Presidência em 28 de julho de 1919, estando à frente do Executivo federal até 15 de novembro de 1922. Foi durante seu governo que o Brasil comemorou seu primeiro centenário de independência. Entre os dias 5 e 12 de fevereiro de 1926, a Coluna Prestes, comandada por Luís Carlos Prestes, Miguel Costa e Juarez Távora, adentra o território da Paraíba, percorrendo cidades do sertão, dentre elas Piancó onde, no dia 9 de fevereiro, o grupo enfrentou resistência da população, sob a liderança do padre Aristides Ferreira da Cruz, chefe político local e morto durante os confrontos, tornando-se um dos "Mártires de Piancó". Nessa mesma época, o estado também teve destaque no cangaço, tendo Antônio Silvino, Chico Pereira e Virgulino Ferreira da Silva (o "Lampião") como líderes de bandos que atuaram em Piancó e nas localidades de Cajazeiras, Guarabira e Sousa. Em 1928, assume a governo da Paraíba o sobrinho do ex-presidente da República Epitácio Pessoa, João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque. Em seu governo, grupos de cangaceiros que atuavam no interior do estado foram perseguidos e as oligarquias foram combatidas, fato que gerou descontentamento aos coronéis latifundiários locais, sendo o principal deles José Pereira Lima, líder político na região do atual município de Princesa Isabel. Com a invasão da Vila do Teixeira pela polícia paraibana e a iminente invasão a Princesa Isabel, o coronel José Pereira estabeleceu o Território de Princesa, proclamando sua independência da Paraíba. O novo território, subordinado diretamente ao governo federal, foi estabelecido em 28 de fevereiro de 1930. No dia seguinte, ocorreria a eleição nacional para a Presidência da República, que tinha João Pessoa como candidato a vice-presidente na chapa de Getúlio Vargas, com o apoio da Aliança Liberal, criada pela Paraíba junto com Minas Gerais e Rio Grande do Sul no ano anterior. A chapa, porém, foi derrotada por Júlio Prestes e Vital Soares. Em 26 de julho de 1930, em uma confeitaria de Recife, João Pessoa é assassinado por João Duarte Dantas, assumindo, em seu lugar Álvaro Pereira de Carvalho. A morte de João Pessoa, um dos estopins da Revolução de 1930, gerou grande comoção nacional e provocou o enfraquecimento do movimento armado no Território de Princesa, que voltou a fazer parte da Paraíba em 11 de agosto de 1930, quatro dias após o corpo do ex-presidente João Pessoa ser sepultado na cidade do Rio de Janeiro. Em 4 de setembro seguinte, a capital estadual passou a se chamar João Pessoa e, três semanas depois, é adotada a atual bandeira da Paraíba. Já em 3 de outubro, eclode um movimento revolucionário que culminaria na ascensão de Vargas ao poder, com a instituição de um governo provisório. A partir deste período até a promulgação da Constituição de 1946, o estado foi governado por dez interventores federais, sendo o primeiro Antenor de França Navarro (1930-1932) e o último José Gomes da Silva (1946-1947). Somente em janeiro de 1947, a Paraíba volta a realizar eleições diretas para governador, saindo vitorioso o candidato Osvaldo Trigueiro (1947-1951). A Paraíba teve participação, já na década de 1960, do golpe militar de 1964, que depôs João Goulart, o "Jango", do poder, quando o estado era governado por Pedro Gondim, aliado de Jango. Com a instalação de uma ditadura militar, diversos opositores foram presos, exilados, torturados ou mortos, sendo anistiados somente no final da década de 1970, com o processo de abertura política. Pedro Gondim teve seu mandato cassado e direitos políticos suspensos por dez anos, assumindo no lugar João Agripino Filho (1966-1971), que foi sucedido por Ernâni Sátiro (1971-1975), Ivan Bichara (1975-1979) e Tarcísio Burity (1979-1983), todos eleitos indiretamente, sendo os dois primeiros pela Assembleia Legislativa e o último através de um colégio eleitoral, sucedido pelo vice-governador Clóvis Cavalcanti em 1982 e 1983, ano em que ocorreu a eleição de Wilson Braga, de forma direta. Burity voltou ao governo da Paraíba entre 1987 e 1991, sendo sucedido por Ronaldo Cunha Lima. Seu vice, Cícero Lucena, assumiu em 1994 com a renúncia do titular para se candidatar ao Senado. Nas eleições daquele ano, foi eleito o candidato Antônio Mariz, empossado em janeiro de 1995. No entanto, seu governo durou por pouco mais de oito meses, pois faleceu no exercício do seu mandato, vítima de uma parada cardiorrespiratória, assumindo em seu lugar o vice José Maranhão. Em 1997, o corpo do ex-presidente João Pessoa é transferido do Rio de Janeiro para a capital paraibana, sendo sepultado em um mausoléu construído pelo governo estadual entre o Palácio da Redenção e a Faculdade de Direito da Paraíba. Maranhão foi reeleito em 1999 com votação bastante expressiva, superior a 80%, e governou até 2002, quando saiu para se candidatar ao Senado, obtendo êxito. Seu vice de chapa, Roberto Paulino, concluiu o mandato, sem conseguir se reeleger. Cássio Cunha Lima, filho de Ronaldo Cunha Lima, foi empossado em 2003 e reeleito em 2006 para um segundo mandato que, no entanto, foi interrompido em 2009, após ter sua cassação confirmada em definitivo pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Assim, o segundo colocado nas eleições de 2006, José Maranhão, foi reconduzido ao governo da Paraíba. Em 2010, o ex-prefeito de João Pessoa Ricardo Coutinho vence Maranhão e se torna governador do estado em 2011, reelegendo-se em 2014 em segundo turno, contra o ex-governador Cássio Cunha Lima. Entre 2012 e 2017, a Paraíba enfrentaria a maior seca de sua história recente, que colocou mais de 90% dos municípios paraibanos em situação de emergência e provocou impactos tanto na agropecuária quanto no abastecimento de água, levando algumas cidades ao colapso hídrico. Em 2017, após anos em obras, o eixo leste da transposição do Rio São Francisco chega à Paraíba, pelo município de Monteiro. Em 2018, João Azevêdo é eleito em primeiro turno, obtendo sua reeleição no segundo turno das eleições estaduais de 2022. Geografia. A Paraíba está localizada a leste da Região Nordeste do Brasil, fazendo divisa com os estados do Rio Grande do Norte (norte), de Pernambuco (sul) e do Ceará (a oeste) e o Oceano Atlântico (a leste). A distância linear entre seus pontos extremos é de 263 quilômetros no sentido norte-sul e de 443 quilômetros no sentido leste-oeste. O ponto mais a leste da Paraíba, a Ponta do Seixas, em João Pessoa, é também o ponto mais oriental do Brasil e da América. Sua área territorial é de , sendo um dos menores estados do país. Relevo e solos. O relevo da Paraíba varia desde planícies no litoral a depressões no sertão. No litoral há a planície litorânea e, no restante da zona da mata, os tabuleiros, formados a partir de acúmulos de terras que descem de localidades mais altas. No agreste, o relevo é formado por depressões situadas entre os tabuleiros e o Planalto da Borborema, com altitudes entre trezentos e oitocentos metros. Por último, no sertão, há a Depressão Sertaneja, a partir da Serra da Viração. Mais da metade do território paraibano é dominado por rochas muito antigas e resistentes formadas durante o período Pré-Cambriano, há mais de 2,5 bilhões de anos. Desse período também se formaram alguns sítios arqueológicos do estado, como a Pedra do Ingá. Na Serra do Teixeira está localizado o Pico do Jabre, o ponto culminante da Paraíba com uma altitude de metros acima do nível do mar. Outros pontos acima dos são as serras da Paula (), Tabaquino (), Pesa () e Cariris Velho (). Existem dezesseis classes de solo na Paraíba, sendo as principais os solos litólicos e os bruno não cálcicos, que constituem 39,11% e 25,95% da superfície estadual, respectivamente, seguido pelos solos podzólicos vermelho amarelo eutróficos (14,36%). Na nova classificação os solos litólicos são chamados de neossolos e os demais os luvissolos. As demais classes são: regossolo (4,77%), solonetz solodizado (3,98%), vertissolo (3,39%), solos aluviais (3,38%), areia quatzosa (1,17%), planossolo (0,86%); cambissolo (0,84%), latossolo (0,6%), terra roxa estruturada (0,54%), podzol hidromórfico (0,49%), solo indiscriminado de mangue (0,26%), afloramento de rocha (0,26%) e gleissolo (0,04%). Hidrografia. No Brasil, a Paraíba encontra-se inserida na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental. Em se tratando apenas das bacias hidrográficas do estado, a Paraíba é abrangida por um conjunto de onze bacias, sendo a maior de todas a do rio Piranhas, que cobre de área e é formada pelas sub-bacias hidrográficas do rio Piancó (), do Médio Piranhas (), do rio Seridó (), do rio do Peixe (), do rio Espinharas () e do Alto Piranhas (). A segunda maior bacia é a do Rio Paraíba, com uma área de e formada pelas sub-bacias do Alto Paraíba (), do Rio Taperoá (), do Baixo Paraíba () e do Médio Paraíba (). As demais bacias hidrográficas da Paraíba são as dos rios Mamanguape (), Curimataú (), Jacu (977,31 km²), Camaratuba (637,16 km²), Gramame (589,38 km²), Abiaí (585,51 km²), Miriri (436,19 km²), Guaju (152,62 km²) e Trairi (16,08 km²). Alguns rios da Paraíba nascem em serras do Planalto da Borborema e deságuam no litoral do estado, sendo o principal o Rio Paraíba, que nasce na Serra de Jabitacá, no município de Monteiro, percorrendo cerca de 360 quilômetros até desaguar no mar, destacando-se também os rios Curimataú e Mamanguape. Outros têm sua nascente no sertão e sua foz no litoral do Rio Grande do Norte; o principal é o rio Piranhas, o mais importante do sertão paraibano, que tem como principais afluentes os rios do Peixe, Piancó e o Espinharas, tendo sua nascente na Serra do Bongá, próximo à divisa da Paraíba com o Ceará, e deságua em Macau, no litoral norte-riograndense, sendo aproveitável para a irrigação em parte do seu curso. Os dois maiores reservatórios da Paraíba são Coremas () e Mãe-d'Água (), ambos em Coremas e formadores do Açude Coremas–Mãe d'Água. Outros reservatórios, com capacidade igual ou superior a são: Epitácio Bessoa, em Boqueirão (); Engenheiro Ávidos, em Cajazeiras e São José de Piranhas (), Argemiro de Figueiredo ou "Acauã", em Itatuba (); Saco, em Nova Olinda (); Lagoa do Arroz, em Cajazeiras e Bom Jesus (); Cachoeira dos Cegos, em Catingueira (); Jenipapeiro ou Buiú, em Olho d'Água (); Cordeiro, em Congo (); Araçagi, no município homônimo (); Gramame-Mamuaba, em Conde () e Capoeira, em Santa Terezinha ().<ref name="monitoramento/ultimos-volumes"></ref> Clima. Com quase 98% do seu território está incluído no Polígono das Secas, a maior parte da Paraíba apresenta clima semiárido, com índices pluviométricos variando de nas regiões do Cariri/Curimataú (região central) a no oeste do estado, chegando a ultrapassar esse valor em pequenas áreas. As chuvas se concentram meses do primeiro semestre, com pico em março e abril, sendo que, em alguns anos, há uma redução nos volumes pluviométricos, caracterizando as secas. Por outro lado, no litoral e no agreste, a época mais chuvosa compreende os meses de abril a julho, com índices que superam no litoral, chegando a em algumas áreas. No agreste, área de transição entre o litoral e o sertão, esse índice é superior aos 700 mm, chegando a na região do brejo. Em todo o estado, o trimestre de outubro a dezembro, parte da época mais seca do ano, é o mais quente, enquanto o trimestre de junho a agosto é o mais frio. Nessa época, é comum que cidades das regiões agreste, brejo e Cariri, situadas no Planalto da Borborema, cheguem a registrar temperaturas abaixo de ou até mesmo ou menos. Areia, no brejo, é a cidade mais fria do estado, enquanto Patos, no sertão, é a mais quente. Em Monteiro, no Cariri, o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) registrou uma mínima de no dia 28 de julho de 1976, sendo este o recorde absoluto de menor temperatura no estado. Biodiversidade e áreas protegidas. A vegetação da Paraíba muda dependendo da região do estado. No litoral, predominam os tabuleiros, com manguezais e espécies da Mata Atlântica, enquanto no sertão, especialmente após a formação do Planalto da Borborema, predomina a caatinga, típica do clima semiárido. Na flora, algumas das espécies mais encontradas são a baraúna, o batiputá, a mangabeira, o mandacaru, a peroba, a sucupira e xique-xique. Em virtude da remoção da cobertura vegetal ou da caça, de uma lista de 46 espécies ameaçadas de extinção na Paraíba, conforme estudo da Superintendência de Administração do Meio Ambiente (SUDEMA), cerca de 25 têm (ou tinham) seu habitat na zona da mata. Em 2010, a Paraíba possuía 37 unidades de conservação, sendo dezesseis estaduais, sete delas federais e administradas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), são: Área de Preservação Permanente Mata do Buraquinho (em João Pessoa), a Área de Proteção Ambiental da Barra do Rio Mamanguape (Mamanguape), a Floresta Nacional da Restinga de Cabedelo (em Cabedelo), Reserva Ecológica Guaribas (Mamanguape), a Reserva Extrativista Acaú–Goiana (nos municípios paraibanos de Caaporã e Pitimbu, além de Goiana, em Pernambuco), a Terra Indígena Jacaré de São Domingos (Baía da Traição) e a Terra Indígena Potiguara (nos municípios de Baía da Traição, Marcação e Rio Tinto). Além destas, existem nove reservas particulares do patrimônio natural (RPPN), dos quais sete sob jurisdição federal e duas sob jurisdição estadual; sete federais e cinco municipais. Demografia. Segundo o censo brasileiro de 2022, a população do estado da Paraíba era de habitantes, sendo a décima terceira unidade da federação mais populosa do país, concentrando cerca de 2% da população brasileira e apresentando uma densidade demográfica de 70,39 habitantes por quilômetro quadrado. Segundo o censo de 2010, a população era de habitantes. Desse total, viviam na zona urbana (75,37%) e na zona rural (24,63%). Ao mesmo tempo, pessoas eram do sexo masculino (48,44%) e do sexo feminino (51,56%), tendo uma razão de sexo de 93,94. Sua capital, João Pessoa, com seus habitantes, concentrava, neste mesmo ano, 19,2% da população estadual e possuía a maior densidade demográfica da Paraíba (). Da população total do estado, considerando-se a nacionalidade, (99,96%) eram brasileiros, sendo brasileiros natos (99,95%) e 409 naturalizados brasileiros (0,01%), além de estrangeiros (0,04%). Simultaneamente, pessoas eram nascidas no próprio estado (91,99%) e os restantes eram de outros estados ou até mesmo do exterior (8,01%). Dos 223 municípios do estado, apenas quatro possuíam população superior a cem mil habitantes (João Pessoa, Campina Grande, Santa Rita e Patos), seis entre 50 e 100 mil habitantes (Bayeux, Sousa, Cajazeiras, Cabedelo, Guarabira e Sapé), 20 entre vinte e cinquenta mil, 56 entre dez e vinte mil, 68 entre cinco e dez mil, 63 entre dois e cinco mil e seis abaixo de dois mil habitantes (Areia de Baraúnas, Coxixola, Riacho de Santo Antônio, Quixaba, São José do Brejo do Cruz e Parari). Entre 2000 e 2010, a Paraíba registrou um crescimento populacional 9,51%, inferior às médias da região Nordeste (11,29%) e do Brasil (12,48%). O Índice de Desenvolvimento Humano do estado da Paraíba é 0,722, considerado alto conforme dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Segundo o último relatório, divulgado em 2019 com dados relativos a 2017, o seu valor era de 0,722, estando na 20ª colocação a nível nacional e em quarto a nível regional, sendo superado pelos estados de Pernambuco (0,727), Rio Grande do Norte (0,731) e Ceará (0,735), e à frente de Alagoas (0,683), Maranhão (0,687), Piauí (0,697), Sergipe (0,702), e Bahia (0,714). Considerando-se o índice da educação, seu valor é de 0,555 (24º), o índice de longevidade é de 0,783 (22º) e o de renda é 0,656 (22º). A incidência de pobreza, em 2003, era de 57,48% (sendo 61,75% o índice de pobreza subjetiva) e o índice de Gini no mesmo ano era 0,46. Em 2009, a taxa de fecundidade era de 2,25 filhos por mulher, a décima maior do Brasil. Regiões metropolitanas. A Região Metropolitana de João Pessoa é a primeira do estado, criada em 2003. Seis anos depois, em 2009, a região de Campina Grande foi criada. Nos anos seguintes, o número de regiões metropolitanas que foram instituídas expandiu, sendo que em 2011 foram as de Guarabira e Patos; em 2012 as de Barra de Santa Rosa, Cajazeiras, Esperança e Vale do Piancó; e em 2013 as de Araruna, Itabaiana, Sousa e Vale do Mamanguape. Ao todo são doze regiões metropolitanas. Religião. De acordo com o censo de 2010, a população da Paraíba é formada por católicos apostólicos romanos (76,958%), protestantes (15,16%), espíritas (0,615%), testemunhas de Jeová (0,467%), católicos apostólicos brasileiros (0,219%), mórmons (0,113%), católicos ortodoxos (0,052%), candomblecistas (0,035%), umbandistas (0,029%), esotéricos (0,023%), judaístas (0,017%), religiosos orientais (0,014%), tradições indígenas (0,010%), espiritualistas (0,004%), islâmicos (0,002%), hinduístas (0,002%) e religiosos afro-brasileiros (0,001%), além de outras religiosidades. Havia também os sem religião (5,661%), dentre os quais ateus (0,106%) e agnósticos (0,046%); pessoas com religião indeterminada e/ou múltiplo pertencimento (0,154%); os que não souberam (0,154%) e não declararam (0,016%). Na Igreja Católica, a Paraíba pertence à Regional Nordeste II, que também abrange os estados de Alagoas, Pernambuco e Rio Grande do Norte, e seu território está inserido na Província Eclesiástica da Paraíba, formada pela Arquidiocese da Paraíba e suas quatro dioceses sufragâneas: Cajazeiras, Campina Grande, Guarabira e Patos. A Paraíba também possui os mais diversos credos protestantes ou reformados, entre as quais a Igreja Cristã Maranata, Igreja Luterana, a Igreja Cristã de Nova Vida, a Igreja Universal do Reino de Deus, a Igreja Presbiteriana, a Igreja Metodista, as igrejas batistas, as igrejas Assembleias de Deus, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, a Congregação Cristã no Brasil, entre outras. Como já mencionado, 15,16% da população paraibana declararam-se evangélicos, sendo que 8,45% pertenciam às igrejas evangélicas de origem pentecostal, 3,259% às evangélicas de missão (3,259%) e 3,451% a evangélicas não determinadas. Etnias. Conforme dados do censo de 2010, 52,948% da população declararam-se como pardos, 39,672% como brancos, 5,611% pretos, 1,238% amarelos e 0,517% indígenas, além dos que não declararam (0,013%). Tal como os brasileiros, a origem dos paraibanos está ligada à miscigenação entre brancos (vindos da Europa), os indígenas locais e os negros (vindos da África). Isso contribuiu para que a população paraibana fosse considerada como mestiça. Os pardos constituem a maioria da população do estado e, entre eles, os principais são os caboclos, que predominam no interior e no litoral norte, enquanto nas regiões do agreste e do Cariri (mais especificamente o centro-sul paraibano), predominam os mulatos. A identidade mestiça foi reconhecida como um grupo étnico-racial-cultural pela lei estadual N.º 8.374, de 9 de novembro de 2007, que também instituiu o Dia do Mestiço na Paraíba, comemorado desde então no dia 27 de junho. Existem também pequenas populações de cafuzos dentro do estado. Os descendentes de europeus ocupam em especial os maiores centros urbanos, bem como as regiões do brejo e alto sertão. Ao contrário do que ocorreu em Pernambuco, na Bahia e no Maranhão, a Paraíba teve pouco destaque na cultura da cana-de-açúcar, o que fez com que pouca oferta da mão de obra africana viesse ao local e, consequentemente, contribuiu para que apenas uma pequena parte da população atual seja formada por negros. Restam, contudo, algumas poucas comunidades de quilombos espalhadas por várias partes do estado. Na região litorânea, os índios potiguaras, que já chegaram a ocupar grande parte da costa litorânea do Nordeste, desde o Maranhão até Pernambuco, ocupam uma área de apenas 33 mil hectares de terra nos municípios de Baía da Traição, Marcação e Rio Tinto. Os índios tabajaras, que outrora foram milhares, restam pouco menos de mil deles, distribuídos pela microrregiões de João Pessoa e do Litoral Sul. Criminalidade. De acordo com dados do "Mapa da Violência 2012", publicado pelo Instituto Sangari e pelo Ministério da Justiça, a taxa de homicídios por 100 mil habitantes, que era de 10,8 em 1980, subiu para para 33,8 em 2009 (ficando acima da média nacional, que era de 27,0). Nos mesmos anos, o número de homicídios subiu de 519 para . Em geral, a Paraíba subiu catorze posições no ranking nacional dos estados e Distrito Federal por taxa de homicídios, passando da vigésima posição em 2000 para a sexta em 2010. João Pessoa e região metropolitana possuíam taxas quase duas vezes maiores que a do estado (64,3), enquanto que, no interior, o mesmo era menor que a média estadual (21,2). Em 2000, os dois municípios mais populosos da Paraíba concentravam 67,6% dos casos de homicídios do estado, número que se reduziu para 55% em 2010. Considerando-se todos os municípios com mais de cem mil habitantes, que em 2000 eram responsáveis por 25% do total de homicídios, passaram, em 2010, para 35% do total do mesmo. Entre os municípios acima de e abaixo de habitantes, destacam-se Cabedelo e Bayeux, que apresentaram forte crescimento nos níveis de violência. Ao mesmo tempo, a região metropolitana da capital registrou um forte aumento de 164,2% nas taxas de homicídios, enquanto no interior do estado registrou queda de 30,4%. Conforme o "Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros 2008", também publicado pelo Instituto Sangari, os municípios paraibanos que apresentavam as maiores taxas de homicídios por grupo de cem mil habitantes eram João Pessoa (46,7), Conde (40,5), Campina Grande (36,2), São Mamede (33,4) e São Sebastião do Umbuzeiro (33,4). Política. A Paraíba é um estado autônomo da Federação, sendo governado por três poderes, independentes e harmônicos entre si: o executivo, o legislativo e judiciário, todos com sede no entorno da Praça Presidente João Pessoa. A atual constituição estadual foi promulgada no dia 5 de outubro de 1989, acrescida das alterações resultantes de posteriores emendas constitucionais. São símbolos oficiais do estado a bandeira, o brasão e o hino. O Palácio da Redenção é a sede oficial do poder executivo estadual, exercido pelo governador, eleito pelo voto popular para um mandato de quatro anos, podendo ser reeleito para mais um mandato, em conformidade ao disposto na Constituição federal. Na "Casa de Epitácio Pessoa" funciona a Assembleia Legislativa da Paraíba, a sede do legislativo, unicameral e constituída por 36 deputados estaduais. No Congresso Nacional, a representação paraibana é de três senadores e doze deputados federais. O Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB), composto por 21 desembargadores, é a instância máxima do judiciário estadual. Representações deste poder estão espalhadas por todo o estado por meio de unidades chamadas de comarcas, que abrangem ou mais municípios. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a Paraíba possui mais de três milhões de eleitores, distribuídos em 68 zonas eleitorais. Subdivisões. A Paraíba é a nona unidade da federação em número de municípios, com 223, e a terceira do Nordeste (atrás apenas da Bahia e do Piauí). João Pessoa, a capital, é o município mais antigo, fundado em 1585 por carta régia. Matureia, na região da serra de Teixeira, e Santa Cecília, no agreste, são os mais recentes, ambos emancipados em 14 de dezembro de 1995 através de lei estadual. Os municípios, por sua vez, são agrupados em quinze regiões geográficas imediatas, sendo estas incluídas em quatro regiões geográficas intermediárias, segundo a nova divisão do IBGE vigente desde 2017. As regiões intermediárias são: Campina Grande (formada pelas regiões imediatas de Campina Grande, Cuité-Nova Floresta, Monteiro e Sumé), João Pessoa (regiões imediatas de Guarabira, Itabaiana, João Pessoa, Mamanguape-Rio Tinto), Patos (Catolé do Rocha-São Bento, Itaporanga, Patos, Pombal e Princesa Isabel) e Sousa-Cajazeiras (Cajazeiras e Sousa). Na divisão vigente até 2017, o território era dividido em quatro mesorregiões (Agreste, Borborema, Mata e Sertão), que se subdividiam em 23 microrregiões: Brejo Paraibano, Cajazeiras, Campina Grande, Cariri Ocidental, Cariri Oriental, Catolé do Rocha, Curimataú Ocidental, Curimataú Oriental, Esperança, Guarabira, Itabaiana, Itaporanga, João Pessoa, Litoral Norte, Litoral Sul, Patos, Piancó, Sapé, Seridó Ocidental Paraibano, Seridó Oriental Paraibano, Serra do Teixeira, Sousa e Umbuzeiro. Para outros fins, o governo da Paraíba divide o território estadual em quinze regiões geoadministrativas: Cajazeiras, Campina Grande, Catolé do Rocha, Cuité, Guarabira, Itabaiana, Itaporanga, João Pessoa, Mamanguape, Monteiro, Patos, Pombal, Princesa Isabel, Solânea (a mais recente) e Sousa. Economia. A economia da Paraíba é a décima nona mais rica do país e a sexta da região Nordeste (ficando atrás de Bahia, de Pernambuco, do Ceará, do Maranhão e do Rio Grande do Norte, e à frente de Alagoas, Sergipe e Piauí). De acordo com dados relativos a 2014, o Produto Interno Bruto da Paraíba era de R$ milhões e o PIB "per capita" de R$ . As maiores economias da Paraíba são João Pessoa, Campina Grande, Cabedelo, Santa Rita e Patos. Em 2010, considerando-se a população municipal com idade igual ou superior a dezoito anos, 59,3% eram economicamente ativas ocupadas, 32,2% economicamente inativa e 8,5% ativa desocupada. Ainda no mesmo ano, levando-se em conta população ativa ocupada a mesma faixa etária, 40,30% trabalhavam no setor de serviços, 23,38% na agropecuária, 15,55% no comércio, 7,96% em indústrias de transformação, 7,09% na construção civil e 1,15% na utilidade pública.<ref name="Atlas_PNUD/PB"></ref> No final do século XVI, quando começou a ocupação do território paraibano, a economia da Paraíba era centralizada no setor primário (agropecuária), principalmente no cultivo de cana-de-açúcar. Segundo o IBGE, a Paraíba possuía, em 2015, um rebanho de galináceos, bovinos, caprinos, ovinos, codornas, suínos, equinos e bubalinos. No mesmo ano, o estado produziu, na lavoura temporária, cana-de-açúcar (), abacaxi ( mil frutos), mandioca (), batata-doce (), tomate (), milho (), feijão (), melancia (), cebola (), fava (), batata-inglesa (), arroz (), amendoim (), algodão herbáceo () e alho (). Já na lavoura permanente: banana (), coco-da-baía (), mamão (), tangerina (), manga (), maracujá (), laranja (), sisal (), uva (), goiaba (), limão (), castanha de caju (), abacate (), urucum () e pimenta-do-reino (). Em 2011, os municípios que possuíam o maior produto interno bruto agropecuário do estado eram, em ordem decrescente, Pedras de Fogo, Santa Rita, Itapororoca e Araçagi. A Paraíba tinha em 2018 um PIB industrial de R$ 8,8 bilhões, equivalente a 0,7% da indústria nacional e empregando 109.825 trabalhadores na indústria. Os principais setores industriais são: Construção (32,1%), Serviços Industriais de Utilidade Pública, como Energia Elétrica e Água (23,9%), Couros e Calçados (11,3%), Alimentos (6%) e Minerais não metálicos (5,9%). Estes 5 setores concentram 79,2% da indústria do estado. O perfil industrial da Paraíba está voltado principalmente para o benefício de minerais e de matéria-prima vindas do setor primário. Os principais centros industriais da Paraíba, bem como os principais industriais do estado, são: na zona da mata, a Região Metropolitana de João Pessoa (Bayeux, Cabedelo, Conde, João Pessoa, Lucena e Santa Rita), onde se encontram principalmente as indústrias alimentícia, de cimento, de construção civil e a têxtil; no agreste, Campina Grande, onde se destacam novamente as indústrias de alimentos, como também as de bebidas, calçados, frutas industrializadas e, mais recentemente, de software; no sertão, Cajazeiras, Patos, São Bento e Sousa, com destaque para as indústrias de confecções e a têxtil. A atividade industrial no estado encontra-se, até os dias atuais, em processo de desenvolvimento, com intuito de gerar melhores condições de vida à população. Os maiores PIBs do setor secundário são João Pessoa, Campina Grande, Santa Rita, Cabedelo e Caaporã. No comércio, o valor de vendas em todo o estado chegou a 4,8 bilhões de reais, enquanto todo o setor terciário contribuiu com mais de 25 bilhões. O estado é o quinto maior em exportação no Nordeste, destacando-se na exportação de bens de consumo, bens intermediários e de capital. Açúcar, álcool etílico, calçados, granito, roupas, sisal e tecidos são os principais produtos exportados da Paraíba para o exterior, destinados principalmente para Austrália, Argentina, Estados Unidos, Rússia e União Europeia. Turismo. Outra importante fonte de renda econômica na Paraíba é o turismo. Eleito melhor destino nacional do ano em 2013, cerca de um milhão de turistas que visitam o estado todos os anos. Com 55 praias, o litoral paraibano possui aproximadamente 154 quilômetros de extensão, estendendo-se desde Mataraca, na divisa com o estado do Rio Grande do Norte, até Pitimbu, na divisa com Pernambuco. A capital paraibana é considerada porta de entrada para o turismo no estado da Paraíba. Desde 1970, com a construção do Hotel Tropical Tambaú, João Pessoa investiu bastante no setor turístico, o que contribuiu com o desenvolvimento comercial na orla da cidade. Tendo como principal cartão-postal o Parque Sólon de Lucena, João Pessoa possui 37 quilômetros de praias, como as de Bessa, Manaíra e Penha e Tambaú, além de um vasto acervo cultural e construções históricas, desde construções mais antigas no centro histórico (como a Casa da Pólvora, o Centro Cultural São Francisco, o cruzeiro monolítico, a Igreja de Nossa Senhora do Carmo e o mosteiro de São Bento), até as mais recentes (tais como o Hotel Globo e o Teatro Santa Rosa), além de contar com a segunda maior reserva de Mata Atlântica do Brasil localizada em área urbana, a Mata do Buraquinho. Ainda em João Pessoa está localizado o Espaço Cultural José Lins do Rego, no bairro de Tambauzinho, construído em uma área de , onde funciona o primeiro planetário da região Nordeste, além de ocorrerem apresentações culturais, exposições e feiras. No litoral norte, destaca-se Cabedelo, uma das cidades mais portuárias do país. Na cidade situam-se a Fortaleza de Santa Catarina e a praia fluvial do Jacaré, no estuário do Rio Paraíba, que dispõe de um pôr do sol ao som do Bolero de Ravel tocado diariamente por Jurandy do Sax; as praias de Camboinha, Intermares e do Poço onde, na primeira, está situada a ilha de Areia Vermelha. Outros destinos do litoral norte são Baía da Traição, município que possui praias e redutos indígenas com aldeias, e Lucena, com destaque para a Igreja de Nossa Senhora da Guia. Dentre as principais praias do litoral sul, estão: do Amor, de Carapibus, de Graú, de Jacumã, de Pitimbu e Tabatinga e Tambaba, esta a mais famosa, cercada por falésias e matas densas, no município de Conde. É a primeira praia de naturismo da Região Nordeste e a segunda do Brasil, atraindo milhares de visitantes anualmente. As areias coloridas de Pitimbu são outro destaque do litoral sul. Campina Grande, no agreste, é o principal destino turístico do interior, abrigando, junto com João Pessoa, os principais eventos realizados na Paraíba, como "O Maior São João do Mundo", o festival de Inverno, o Encontro da Nova Consciência, além de contar com hotéis e diversos outros atrativos. No município de Ingá, ainda no agreste, encontra-se o sítio arqueológico mais visitado do estado, conhecido como Pedra do Ingá, um dos monumentos pictográficos mais estudados no mundo, onde estão gravadas dezenas de inscrições rupestres em baixo-relevo, com mensagens que até hoje ainda não decifradas. Embora ainda fazendo parte do desconhecido, os achados da Pedra do Ingá estão já há bastante tempo catalogados por notáveis arqueólogos como um dos mais importantes documentos líticos, motivando permanentes e incessantes pesquisas, que buscam informações mais nítidas sobre a vida e os costumes de civilizações passadas. Outros importantes atrativos turísticos naturais e culturais do interior paraibano são: na região agreste, a Cachoeira do Roncador (nos municípios de Bananeiras e Borborema), o Memorial Frei Damião (em Guarabira), a Pedra da Boca (em Araruna); na região da Borborema, o Lajedo de Pai Mateus (em Cabaceiras); no sertão, O Melhor São João do Mundo (em Patos), a Estância Termal de Brejo das Freiras (em São João do Rio do Peixe) e o Vale dos Dinossauros (em Sousa). Infraestrutura. A Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (CAGEPA), criada em 1966, é a principal empresa de abastecimento de água do estado, presente em 181 dos 223 municípios paraibanos, enquanto a Energisa Paraíba atua em 216 municípios e é a principal concessionária de eletricidade desde 2007, quando substituiu a Sociedade Anônima de Eletrificação da Paraíba (SAELPA). A voltagem da rede é de 220 volts. Em 2010, a Paraíba tinha 84,87% do seus domicílios do estado tinham água canalizada e 99,29% com eletricidade, além de 77,8% com coleta de lixo. No campo do serviço telefônico móvel, por telefone celular, a Paraíba faz parte da "área 10" da Agência Nacional de Telecomunicações (que compreende, além da Paraíba, os estados de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte, Piauí e Alagoas) e é servido por quatro operadoras telefônicas: dados de fevereiro de 2013 apontavam a Oi com a maior participação neste mercado no estado (33,04%), seguida pela TIM (32,24%), Claro (25,91%) e Vivo (8,81%). O código de discagem direta a distância de todos os municípios do estado é 083. Em 2010 63,73% dos domicílios tinham somente telefone celular, 15,37% telefone celular e fixo e 1,92% apenas telefone fixo. Alguns dos principais jornais da Paraíba são: "Diário do Sertão" (Cajazeiras); "Jornal da Paraíba" e "Rede Campina" (Campina Grande); "Alternativa Nordeste", "Click PB", "Correio da Paraíba" e "Folha da Paraíba" (João Pessoa) e "Notícias do Cariri" (Monteiro), além de vários outros, como "Paraíba Online", "Paraibeabá", "Virgulino" e "Vitrine do Cariri"; havia também os jornais Diário da Borborema (Campina Grande) e "O Norte" (João Pessoa), que saíram de circulação em 2012. Dentre as emissoras de televisão estão: em João Pessoa, a TV Arapuan (afiliada da Rede TV!), TV Cabo Branco (afiliada da Globo), TV Tambaú (afiliada do SBT) e a TV Miramar (afiliada à TV Cultura); no interior, a TV Borborema (afiliada do Sistema Brasileiro de Televisão) e a TV Itararé (afiliada da TV Cultura), e a TV Paraíba (afiliada da Rede Globo); todas em Campina Grande. Saúde. Em 2009, existiam, no estado, estabelecimentos hospitalares, com leitos. Dos estabelecimentos hospitalares, eram públicos, sendo de caráter municipal, 57 de caráter estadual e apenas seis de caráter federal. 797 estabelecimentos eram privados, sendo 734 com fins lucrativos e 63 sem fins lucrativos. 79 unidades de saúde eram especializadas, com internação total, e unidades eram providas de atendimento ambulatorial. De acordo com uma pesquisa realizada pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios em 2008, 72,5% da população paraibana avaliou sua saúde como boa ou muito boa, 65,2% afirmaram ter realizado consulta médica nos últimos doze meses anteriores à data da entrevista, 41,3% dos habitantes consultaram o dentista no mesmo período e 7,2% da população esteve internado em leito hospitalar. 29,5% dos habitantes declararam ter alguma doença crônica e apenas 12,2% dos residentes tinham cobertura de plano de saúde. No mesmo ano, 83,7% dos domicílios particulares permanentes estavam cadastrados no programa Unidade de Saúde Familiar. De acordo com a mesma pesquisa, na questão de saúde feminina, 24,4% das mulheres com mais de 40 anos fizeram exame clínico das mamas nos últimos doze meses, 27,8% das mulheres entre 50 e 69 anos fizeram exame de mamografia nos últimos dois anos e 65,3% das mulheres entre 25 e 59 anos fizeram exame preventivo para câncer do colo do útero nos últimos três anos. Educação. Em 2015, a Paraíba dispunha de escolas de ensino pré-escolar, estabelecimentos de ensino fundamental e 558 de ensino médio, com um total de matrículas. Nesses estabelecimentos de ensino existiam docentes de ensino fundamental, de ensino médio e do pré-escolar. Na lista de estados brasileiros por IDH, com dados de 2010, o fator "educação" atingiu a marca de 0,555 de índice, segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), ficando, em todo o país, à frente apenas do Maranhão (0,547), do Pará (0,528) e de Alagoas (0,520). Tratando sobre o analfabetismo, a lista de estados brasileiros por taxa de alfabetismo (mais o Distrito Federal) mostra a Paraíba com a terceira maior taxa, com 20,2% de sua população considerada analfabeta, mais que o dobro da média nacional (9,02%), de acordo com o censo de 2010. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica do estado, em 2015, foi de 4,9 para os anos iniciais (1ª à 4ª série), 3,8 para os anos finais (5ª à 8ª série) e 3,4 para a terceira série do ensino médio. Ainda em 2010, a Paraíba possuía uma expectativa de anos de estudos de 9,24 anos, valor inferior à média nacional (9,54 anos). O percentual de crianças de cinco a seis anos na escola era de 94,13% e de onze a treze anos cursando o fundamental de 81,67%. Entre os jovens, a proporção na faixa de quinze a dezessete anos com fundamental completo era de 44,85% e de 18 a 20 anos com ensino médio completo de 32,88%. Considerando-se apenas a população com idade maior ou igual a 25 anos, 37,67% tinham ensino fundamental completo, 27,42% analfabetos, 26,98% ensino médio completo e 8,02% superior completo. Em 2015, a distorção idade-série entre alunos do ensino fundamental, ou seja, com idade superior à recomendada, era de 19,2% para os anos iniciais, 36,5% nos anos finais, sendo essa defasagem no ensino médio de 32,8%. Entre as várias instituições de ensino da Paraíba, estão o Centro Universitário de João Pessoa (UNIPE), a Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas (FACISA), a Faculdade de Enfermagem Nova Esperança (FACENE), as Faculdades Integradas de Patos (FIP), o Instituto de Educação Superior da Paraíba (IESP), o Instituto Federal da Paraíba (IFPB), a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e a Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Transporte. A frota estadual em 2015 era de veículos, automóveis, motocicletas, caminhonetes, motonetas, caminhões, camionetas, utilitários, ônibus, micro-ônibus, caminhões e 41 tratores de rodas, além de em outras categorias. Na Paraíba existem apenas dois aeroportos administrados pela Infraero. São eles o Aeroporto Presidente Castro Pinto (que está localizado a onze quilômetros do centro de João Pessoa, no município de Bayeux, é internacional e de porto médio, foi inaugurado em 1957 e atualmente possui uma movimentação anual de até 2,3 milhões de passageiros) e o Aeroporto Presidente João Suassuna (localizado em Campina Grande, a seis quilômetros da zona urbana do município, inaugurado em 1957 e com um fluxo de até 250 mil passageiros por ano). Há também outros aeroportos menores: Cajazeiras, Catolé do Rocha, Conceição, Guarabira, Itaporanga, Monteiro, Patos, Rio Tinto e Sousa. No transporte rodoviário, a Paraíba é cortada por sete rodovias federais, das quais três têm início no litoral do Rio Grande do Norte, passando pela Paraíba e se estendendo até outros estados: BR-101, BR-104, e BR-110. Outras três têm início em solo paraibano: a BR-230 (Rodovia Transamazônica), que parte de Cabedelo e se estende até a fronteira do Brasil com o Peru, no Amazonas; a BR-412, a única rodovia federal localizada inteiramente em território paraibano, começando no distrito de Farinha, município de Boa Vista, e terminando em Monteiro, onde se encontra com a BR-110; e a BR-427, ligando em Pombal, no sertão, a Currais Novos (Rio Grande do Norte), onde se encontra com a BR-226. Um pequeno trecho da BR-116, com aproximadamente quatorze quilômetros de extensão, também corta o estado da Paraíba, passando somente pelo município de Cachoeira dos Índios, extremo oeste do estado. Há diversas outras rodovias estaduais, que, junto com as rodovias federais, somam quilômetros de extensão (dos quais sob jurisdição federal), sendo pavimentados, implantados, em leito natural e 50 km planejados. No transporte ferroviário, a Paraíba possui 660 quilômetros de ferrovias, a maior parte desativada e em péssimas condições. Anteriormente, a Paraíba era servida por duas importantes ferrovias: a primeira, operada pela Rede Ferroviária do Nordeste, tinha início em Natal, capital do Rio Grande do Norte e chegava até a Paraíba, possuindo um ramal em direção a Cabedelo e outro em Campina Grande com destino a Patos e, posteriormente a Sousa; a segunda era operada pela Rede de Viação Cearense, e partia de Fortaleza, capital do Ceará, e, na Paraíba, chegava até Sousa, onde se encontrava com o trecho da Rede Ferroviária do Nordeste. Nos dias atuais, está ativo apenas o ramal que faz a ligação entre Santa Rita, João Pessoa e Cabedelo, servindo aos trens metropolitanos do Sistema de Trens Urbanos de João Pessoa, administrado pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos. Quanto ao transporte marítimo, que é um dos vetores fundamentais da economia do estado, a Paraíba possui o Porto de Cabedelo, que está localizado vizinho à Fortaleza de Santa Catarina, na margem direita do estuário do Rio Paraíba e foi construído na primeira metade do século XX, sendo inaugurado em 1935 e com a sua administração exercida pelo governo da Paraíba até 1978, quando passou a ser administrado pela Empresa de Portos do Brasil S.A., extinta em 1990, ano em que o porto teve sua administração exercida pela Companhia Docas do Rio Grande do Norte e, desde 1998, pela Companhia Docas da Paraíba. Há também o Porto de Capim, de pequeno porte, localizado em João Pessoa, à beira do rio Sanhauá e permaneceu ativo até a inauguração do porto de Cabedelo. Segurança pública. As principais unidades das forças armadas presentes na Paraíba são: no Exército Brasileiro, o estado é integrante do Comando Militar do Nordeste, com sede em Recife, capital de Pernambuco, e abrange toda a área do nordeste brasileiro, com exceção de uma pequena parte do oeste do Maranhão; na Marinha do Brasil, o estado faz parte do 3º Distrito Naval, com sede em Natal, Rio Grande do Norte; e na Força Aérea Brasileira, a Paraíba integra o II Comando Aéreo Regional - sediado na Base Aérea de Recife e com jurisdição sobre todos os estados nordestinos, exceto o Maranhão -, e o 3º Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo, ambos com sede em Recife. A Polícia Militar da Paraíba foi criada durante o período imperial, sendo órgão público em atividade mais antigo do estado. Tem por função primordial o policiamento ostensivo e a preservação da ordem pública no estado da Paraíba. Ela é Força Auxiliar e Reserva do Exército Brasileiro, e integra o Sistema de Segurança Pública e Defesa Social do Brasil, sendo seus integrantes denominados militares dos estados. O Corpo de Bombeiros Militar do Estado da Paraíba é um comando intermediário da polícia militar estadual, cuja missão consiste na execução de atividades de defesa civil, prevenção e combate a incêndio, buscas, salvamentos e socorros públicos, no âmbito do estado da Paraíba. Assim como ocorre com os policiais militares, os integrantes do Corpo de Bombeiros também são denominados militares dos estados pela constituição federal. A Polícia Civil do Estado da Paraíba foi criada pela lei estadual nº 4273, de setembro de 1981, tem a função de polícia judiciária e é responsável pela apuração das infrações penais, com o objetivo de promover o bem-estar e a paz social da população. Cultura. O responsável pelo setor cultural do estado da Paraíba é o Conselho Estadual de Cultura, juntamente com a Secretaria Estadual de Cultura. O conselho foi instituído pelo decreto estadual nº de 14 de setembro de 2011, está vinculado ao gabinete do governador e tem por objetivo planejar e executar a política cultural do estado por meio da elaboração de programas, projetos e atividades que visem ao desenvolvimento cultural, além de defender a conservação do patrimônio artístico, cultural e histórico da Paraíba. Em todos os municípios da Paraíba ocorre uma diversa quantidade de eventos, sendo os mais importantes: na capital, a festa da padroeira Nossa Senhora das Neves e de Nossa Senhora da Penha; em Campina Grande, "O Maior São João do Mundo", já mencionado; em Guarabira, a festa da Luz; em Pombal e Santa Luzia, a festa do Rosário e, em Patos, a Festa de Nossa Senhora da Guia, além de "O Melhor São João do Mundo". Entre as danças mais praticadas encontram-se: bumba-meu-boi, coco-de-roda, ciranda, nau-catarineta, pastoril e xaxado, muito populares durante todo o ano, sendo algumas principalmente durante o carnaval e o mês de junho, durante o período das festas juninas. Dentre os folguedos, estão a barca, a cavalhada, os cocos e as lapinhas. A literatura paraibana tem dado grandes contribuições para o cenário literário brasileiro, destacando-se Augusto dos Anjos, Ariano Suassuna, Assis Chateaubriand, Celso Furtado, Pedro Américo, José Lins do Rego, José Américo de Almeida, Félix Araújo, José Nêumanne Pinto, Moacir Japiassu, dentre muitos. Além dos escritores, também pode-se citar a literatura de cordel, gênero literário geralmente expresso em folhetos expostos ou não em barbantes, trazido pelos portugueses durante o período colonial; além da Paraíba, esse tipo de produção também é típico dos seus vizinhos Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte. A Paraíba também é terra de vários escritores, músicos e intelectuais, e de várias outras personalidades, como os políticos Aurélio Lira (presidente da Junta Militar de 1969), Epitácio Pessoa (presidente do Brasil entre 1919 e 1922 e o único brasileiro a ocupar a presidência dos três poderes da república), Humberto Lucena (que foi por duas vezes presidente do Senado Federal do Brasil) e João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque (que foi candidato na chapa de Getúlio Vargas à presidência da república em 1930, presidente do estado da Paraíba entre 1928 a 1930, ano em que foi assassinado; atualmente, a capital paraibana, João Pessoa, leva seu nome). Outras personalidades famosas são André Vidal de Negreiros (governador colonial português e herói da Insurreição Pernambucana de 1645), Assis Chateaubriand (que foi empresário, jornalista, fundador do Museu de Arte de São Paulo, membro da Academia Brasileira de Letras e político), Cláudia Lira (atriz), Elpídio Josué de Almeida (historiador e político), Fábio Gouveia (surfista), Inácio de Sousa Rolim (conhecido como "padre Rolim", foi educador, missionário e sacerdote), Ingrid Kelly (modelo), João Câmara Filho (pintor), Piragibe (herói da conquista da Paraíba), José Dumont (ator), Luiza Erundina (prefeita de São Paulo entre 1989 e 1993 e atualmente deputada federal pelo estado de São Paulo), Maílson da Nóbrega (ex-ministro da Fazenda do Brasil), Manuel Arruda Câmara (religioso, médico e intelectual), Marcélia Cartaxo (atriz), os irmãos Vladimir Carvalho e Walter Carvalho (cineastas) e Wills Leal (jornalista). Artesanato. O artesanato é uma das formas mais espontâneas da expressão cultural paraibana. Em várias partes da Paraíba é possível encontrar uma produção artesanal diferenciada, criada de acordo com a cultura e o modo de vida local e feita com matérias-primas regionais, como os bordados, a cerâmica, o couro, o crochê, a fibra, o labirinto, a madeira, o macramê e as rendas. Alguns grupos reúnem diversos artesãos, disponibilizando espaço para confecção, exposição e venda dos produtos artesanais. Entre os principais centros de artesanato do estado estão: o Mercado de Artesanato Paraibano, em João Pessoa, um espaço de 120 lojas com vários produtos artesanais variados, como bordados e redes, além de comidas típicas regionais; a Feira de Artesanato de Tambaú, também em João Pessoa, que possui lanchonetes, praças de alimentação e restaurantes, além de contar com diversas apresentações culturais; a Casa do Artista Popular, igualmente situada na capital, inaugurada em 2006, reunindo mais de mil peças e representações do artesanato paraibano e a Vila do Artesão, em Campina Grande, que possui 77 chalés e é bastante procurada durante o São João. Além destes equipamentos permanentes, acontece, duas vezes ao ano, o evento Salão do Artesanato Paraibano, vinculado ao Programa de Artesanato da Paraíba do governo estadual, que conta com mais de cinco mil artesãos. Uma das edições do evento ocorre durante o verão em João Pessoa e a outra, durante o inverno em Campina Grande. Participam dos eventos milhares de artesãos e visitantes todos os anos. Teatros e museus. O primeiro teatro construído na Paraíba foi o Minerva, localizado em Areia, na segunda metade do século XIX (1859). Com o decorrer dos anos, foram surgindo novos espaços teatrais que foram ganhando importância, como o Teatro Santa Rosa, no Centro Histórico de João Pessoa, hoje o mais importante do estado. O teatro mais recentemente entregue é o Teatro Pedra do Reino, no Centro de Convenções da capital. Outros espaços teatrais da Paraíba são o teatro Santa Inês (em Alagoa Grande); teatro Santa Catarina (Cabedelo); teatro Íracles Pires (Cajazeiras); Espaço Paulo Pontes e teatros Elba Ramalho, Rosil Cavalcanti e Severino Cabral (Campina Grande); teatros de Arena, Ariano Suassuna, Cilaio Ribeiro, Ednaldo Egypto, Lampião, Lima Penante, Paulo Pontes, Piollin e da SESI, além do Cine Teatro Banguê (em João Pessoa); teatro Oficina de Artes (em Santa Rita) e cine-teatro Gadelha (em Sousa). O estado também possui vários museus, dentre os quais destacam-se o Museu da Rapadura (em Areia), Museu de Arte Assis Chateaubriand (está localizado em Campina Grande e é o mais famoso da Paraíba; foi inicialmente denominado Museu de Arte de Campina Grande em 1967, ano de sua fundação, depois "Museu Regional de Arte Pedro Américo" e, desde a década de 1980, o museu possui seu nome atual), o Museu Histórico e Geográfico (também em Campina Grande), o Museu da Fundação Ernani Satyro (está situado em Patos e possui arquitetura do século XIX, sendo doada posteriormente para a fundação Ernani Satyro e atualmente possui vários objetos e utensílios da antiga residência de Ernani Satyro), e o Museu Sacro (em João Pessoa). Culinária. A culinária da Paraíba é resultado da miscigenação entre africanos, europeus e indígenas. Buchada de bode, carne de sol preparado ao forno ou com purê de macaxeira, galinha de cabidela, lagosta ao alho e óleo, moqueca de camarão, moqueca de peixe, paçoca, panelada, peixe misturado a camarão e legumes e pernil de cabrito assado são os salgados típicos do estado, enquanto arroz doce, bolo de fubá, bolo de macaxeira, bolo de milho, canjica, cuscuz de tapioca, pamonha, pudim de macaxeira e pudim de tapioca são os principais doces. Outros pratos típicos de todas as regiões do estado são arroz de leite, arrumadinho, bode guisado, cabeça de gado, chouriço doce, lagosta, macaxeira, mungunzá, pamonha, peixes, queijo assado e tapioca. Os pratos típicos também variam em cada região do estado. No litoral, destacam-se os frutos do mar, bem como os petiscos de beira da praia. No interior, os pratos mais consumidos no cardápio são galinha a cabidela e as carnes de bode e sol. Na região do brejo, onde estão localizadas algumas das principais marcas de bebidas alcoólicas do Brasil, a cachaça é muito popular. No sertão, o principal cardápio são o arroz vermelho, as carnes e os grãos. Música. A música paraibana varia em vários ritmos, como baião, ciranda, forró e xote, e destes são influenciados vários grupos musicais e artistas. Algumas das personalidades musicais nascidas na Paraíba são Abdon Felinto Milanês, Antônio Barros, Barros de Alencar, Bartô Galeno, Bastinho Calixto, Biliu de Campina, Cecéu, Chico César, Elba Ramalho, Flávio José, Genival Lacerda, Geraldo Vandré, Herbert Vianna, Jackson do Pandeiro, Lucy Alves, Parafuso, Pinto do Acordeon, Renata Arruda, Roberta Miranda, Sivuca, Zé Pacheco e Zé Ramalho. A Orquestra Sinfônica da Paraíba foi criada pelo professor Afonso Pereira da Silva em 4 de novembro de 1945 por meio de uma iniciativa da Sociedade de Cultura Musical da Paraíba e, posteriormente, por meio de uma parceira entre a Universidade Federal da Paraíba e o governo estadual. A Paraíba e seu povo também são exaltados em canções. Alguns exemplos são o samba-exaltação "Meu Sublime Torrão" (1937) de Genival Macedo, que se tornou o "Hino Popular da Cidade de João Pessoa" através da Lei Municipal N. 1.601, de 16 de março de 1972, e o hino não oficial da Paraíba, o baião "Paraíba" (1950) de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga, o coco "Na Paraíba" (1957) de Zé do Norte, o samba "Paraíba" (1972), de Carlos Magno e João Rodrigues, o xote "Paraíba, Meu Amor" (1997) de Chico César, e o forró "Paraíba Joia Rara" (2011) de Ton Oliveira. Esporte. O futebol foi introduzido pela primeira vez na Paraíba no início do século XX, quando, em 1908, o estudante José Eugênio Soares trouxe da cidade do Rio de Janeiro a primeira bola de futebol, dando origem ao primeiro clube paraibano, o "Club de Foot Ball Parahyba". Em 1914, foi fundada a "Liga Parahyba de Foot Ball" e, cinco anos depois, foi criada a Liga Desportiva Paraibana, cujo primeiro jogo ocorreu em 25 de maio de 1919, no "Hypodromo Parahybano". A Federação Desportiva da Paraíba foi criada em 1941, transformando-se, seis anos depois, na atual Federação Paraibana de Futebol, entidade responsável por organizar anualmente o Campeonato Paraibano, disputado em duas divisões. Até 2015, o Botafogo, de João Pessoa, era a equipe com o maior número de títulos no campeonato estadual, com 27, seguido pelo Campinense (19 títulos) e o Treze (14), ambos de Campina Grande. Dentre os jogadores e ex-jogadores paraibanos famosos estão Mazinho (campeão da Copa do Mundo de 1994), Douglas Santos (medalha de ouro nos Jogos Olímpicos do Rio 2016), Júnior (multicampeão pelo Flamengo) e Hulk (disputou a Copa do Mundo de 2014). A partir dos anos de 1960, natação também passou a ganhar importância com o surgimento dos clubes pessoenses Astrea e Cabo Branco e, posteriormente, ganharam atenção o polo aquático, o nado sincronizado e as maratonas aquáticas. Em 1979, a paraibana Kay France tornou-se a primeira mulher da América Latina a atravessar o Canal da Mancha, entre França e Reino Unido, na Europa. O desenvolvimento da natação na Paraíba também tornou possível a conquista de títulos nacionais ou internacionais de seus atletas, destacando-se o pessoense Kaio Márcio, especialista no nado borboleta e um dos melhores nadadores do país. Além da natação, há a prática de "kitesurf" e "windsurf", no litoral. Outras personalidades paraibanas no esporte são Zé Marco no vôlei de praia (medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Sydney 2000), Edinanci Silva no judô (ouro nos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo 2003 e do Rio 2007), Aline "Pará" no handebol (ouro no Pan de Santo Domingo 2003 e do Pan do Rio 2007) e Ednalva "Pretinha" no atletismo (ganhou várias corridas tradicionais de 10 mil metros). Paraibanos também são destaques nos Jogos Paraolímpicos, entre eles o velocista Petrúcio Ferreira (três ouros na Rio 2016), eleito o melhor do esporte paraolímpico em 2016, o jogador de golbol José Roberto Oliveira (prata em Londres 2012 e bronze no Rio 2016) e os medalhistas de ouro no futebol de 5 Andreonni Fabrizius (Atenas 2004 e Pequim 2008), Daniel da Silva (Londres 2012), Fábio Vasconcelos (Atenas 2004, Pequim 2008 e Londres 2012), Luan Lacerda (Rio 2016), Marcos Felipe (Atenas 2004, Pequim 2008, Londres 2012 e Rio 2016), Damião Ramos (Atenas 2004, Pequim 2008 e Rio 2016) e Severino "Bill" da Silva (Atenas 2004, Pequim 2008 e Londres 2012). Feriados. Existem na Paraíba dois feriados estaduais, a data magna do Estado da Paraíba, Fundação do Estado em 1585 e dia da sua padroeira Nossa Senhora das Neves,em 5 de agosto, instituído pela Lei Estadual n.º 10.601, de 16 de dezembro de 2015 e o feriado em homenagem à memória do ex-presidente João Pessoa no dia 26 de julho, instituído pela lei Lei Estadual 3.489/67, Art. 2º.
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Pernambuco
Pernambuco Pernambuco é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Banhado a leste pelo Oceano Atlântico, está localizado no centro-leste da região Nordeste e faz divisa com cinco estados da região, sendo eles Paraíba (N), Ceará (NO), Alagoas (SE), Bahia (S) e Piauí (O). Com de área (1,152% do território nacional), também fazem parte do seu território os arquipélagos de Fernando de Noronha e de São Pedro e São Paulo. Pernambuco é a sétima unidade federativa mais populosa do Brasil, e possui o décimo maior PIB do país e o maior PIB per capita entre os estados do Nordeste. Já sua capital, Recife, é sede da concentração urbana mais rica e populosa do Norte-Nordeste. No interior do estado, os municípios mais populosos são Petrolina, Caruaru, Garanhuns e Vitória de Santo Antão. Sua capital é o Recife e a sede administrativa é o Palácio do Campo das Princesas. A atual governadora é Raquel Lyra (PSDB). Pernambuco foi o primeiro núcleo econômico do Brasil, uma vez que se destacou na exploração do pau-brasil (também referido como pau-de-pernambuco) e foi a primeira parte do país onde a cultura canavieira desenvolveu-se efetivamente. A Capitania de Pernambuco, a mais rica das capitanias da América portuguesa durante o ciclo do açúcar, chegou a atingir o posto de maior produtor mundial da mercadoria. No estado ocorreram muitos dos primeiros fatos históricos do Novo Mundo: na Ilha de Itamaracá estabeleceu-se, em 1516, o primeiro "Governador das Partes do Brasil", Pero Capico, que ali construiu o primeiro engenho de açúcar de que se tem notícia na América portuguesa. Pernambuco teve ainda participação ativa em diversos episódios da história brasileira: foi palco das Batalhas dos Guararapes, combates decisivos na Insurreição Pernambucana e considerados a origem do Exército Brasileiro; e serviu de berço a movimentos de caráter nativista ou de ideais libertários, como a Guerra dos Mascates, a Revolução Pernambucana, a Confederação do Equador e a Revolução Praieira. Conhecido por sua ativa e rica cultura popular, Pernambuco é berço de várias manifestações tradicionais, como a capoeira, o coco, o frevo e o maracatu, bem como detentor de um vasto patrimônio histórico, artístico e arquitetônico, sobretudo no que se refere ao período colonial. Em 1970 surgiu no estado o Movimento Armorial, que teve como figura central o escritor Ariano Suassuna. Duas décadas mais tarde apareceu outro importante movimento que se constituiu numa espécie de contraponto ao Armorial: o Manguebeat, cujo maior expoente foi o artista Chico Science. Etimologia. A origem do nome Pernambuco é controversa. Alguns estudiosos afirmam que vem da aglutinação dos termos tupis "para’nã", que quer dizer “rio grande” ou “mar”, e "buka", “buraco”. Assim, Pernambuco seria um “buraco no mar”, referindo-se ao Canal de Santa Cruz na Ilha de Itamaracá ou à abertura que existe nos arrecifes entre Olinda e o Recife. Segundo outros afirmam, era a denominação nas línguas indígenas locais da época do descobrimento para o pau-brasil. Uma terceira hipótese adviria também do tupi, "paranãbuku", isto é, “rio comprido”, uma provável alusão ao rio das capivaras, o Capibaribe, já que mapas primitivos assinalam um tal “rio Pernambuco” ao norte do Cabo de Santo Agostinho. Há ainda uma quarta hipótese, aventada pelo pesquisador Jacques Ribemboim, segundo a qual a etimologia teria origem na língua portuguesa: o Canal de Santa Cruz, no início do século XVI, era conhecido como "Boca de Fernão" (referência ao explorador de pau-brasil Fernão de Noronha), e os índios possivelmente o chamavam de algo próximo a "Pernão Boca" ou "Pernambuka", que teria dado origem ao nome Pernambuco. Bento Teixeira, em seu poema "Prosopopeia" publicado em 1601 — o primeiro poema da literatura brasileira, que conta em estilo épico, inspirado em Camões, as façanhas da família Albuquerque, tendo sido dedicado ao então governador de Pernambuco, Jorge de Albuquerque Coelho —, escreveu uma estrofe na qual conta o significado da palavra Pernambuco: Em o meio desta obra alpestre e dura, Uma boca rompeu o Mar inchado, Que, na língua dos bárbaros escura, "Paranambuco" de todos é chamado. de "Paranã", que é Mar, "Puca", rotura, Feita com fúria desse Mar salgado, Que, sem no derivar cometer míngua, "Cova do Mar" se chama em nossa língua. História. Pré-história e Antiguidade. O Nordeste brasileiro concentra alguns dos mais antigos sítios arqueológicos conhecidos do país, com datação superior a 40 mil anos antes do presente. Na região que hoje corresponde ao estado de Pernambuco, foram identificados vestígios seguros de ocupação humana superiores a 11 mil anos, nas regiões de Chã do Caboclo, em Bom Jardim, e Furna do Estrago, em Brejo da Madre de Deus. Nesta última região, foi descoberta uma importante necrópole pré-histórica, com 125 metros quadrados de área coberta, de onde foram resgatados 83 esqueletos humanos em bom estado de conservação. Dentre os grupos indígenas que habitaram o estado, identificou-se a tradição cultural Itaparica, responsável pela confecção de artefatos líticos lascados há mais de 6 mil anos. No agreste pernambucano, conservam-se pinturas rupestres com data aproximada de 2 mil anos antes do presente, atribuídas à subtradição denominada Cariris velhos. Na época da colonização portuguesa, habitavam o litoral pernambucano os caetés e os tabajaras, já desaparecidos. Nos brejos de altitude do estado ainda é possível encontrar grupos indígenas remanescentes das antigas tradições, como os Pankararu (em Tacaratu) e os Atikum (em Floresta). Período colonial. O primeiro europeu a chegar ao Brasil foi o navegador espanhol Vicente Yáñez Pinzón, que no dia 26 de janeiro de 1500 desembarcou no Cabo de Santo Agostinho, litoral sul de Pernambuco. Entretanto, a navegação de navios castelhanos ao longo da costa americana não produziu consequências. A chegada de Pinzón pode ser vista como um simples incidente da expansão marítima espanhola. Portanto, o descobridor do Brasil foi Pedro Álvares Cabral. Em 1501, ano seguinte ao da chegada dos europeus ao Brasil, o território de Pernambuco, definido pelo Tratado de Tordesilhas como região pertencente à América portuguesa, é explorado pela expedição de Gonçalo Coelho, que teria criado feitorias ao longo da costa da colônia, inclusive, possivelmente, na atual localidade de Igarassu, cuja defesa seria futuramente confiada a Cristóvão Jacques. Em 1516, foi construído no litoral pernambucano o primeiro engenho de açúcar de que se tem notícia na América portuguesa, mais precisamente na Feitoria de Itamaracá, confiada ao administrador colonial Pero Capico — o primeiro "Governador das Partes do Brasil". Em 1526 já figuravam direitos sobre o açúcar de Pernambuco na Alfândega de Lisboa. No ano de 1532, Bertrand d'Ornesan, o barão de Saint Blanchard, tentou estabelecer um posto de comércio em Pernambuco. Com o navio "A Peregrina", pertencente ao nobre francês, o capitão Jean Duperet tomou a Feitoria de Igarassu e a fortificou com vários canhões, deixando-a sob o comando de um certo senhor de La Motte. Meses depois, na costa da Andaluzia na Espanha, os portugueses capturaram a embarcação francesa, que estava atulhada com 15 mil toras de pau-brasil, três mil peles de onça, 600 papagaios e 1,8 tonelada de algodão, além de óleos medicinais, pimenta, sementes de algodão e amostras minerais. E no exato instante em que "A Peregrina" era apreendida no mar Mediterrâneo, o capitão português Pero Lopes de Sousa combatia os franceses em Pernambuco. Retomada a feitoria, os soldados franceses foram presos e La Motte foi enforcado. Após ser informado da missão que "A Peregrina" realizara em Pernambuco, o rei Dom João III decidiu começar a colonização do Brasil, dividindo o seu território em capitanias hereditárias. Iniciou-se então o povoamento efetivo do território pernambucano. O atual estado de Pernambuco equivale a parte da Capitania de Pernambuco, doada por Dom João III no dia 10 de março de 1534 a Duarte Coelho, e parte da Capitania de Itamaracá, doada a Pero Lopes de Sousa. O Foral da Capitania de Pernambuco serviu de modelo aos forais das demais capitanias do Brasil. Em 1535, Duarte Coelho tomou posse da capitania que lhe foi concedida, a princípio batizada de "Nova Lusitânia", mas que pouco tempo depois recebeu a denominação que mantém até hoje. Em 1537, os povoados de Igarassu e Olinda, estabelecidos no ano da chegada do donatário, foram elevados a vila. Olinda recebeu o status de capital administrativa, e seu porto, habitado por pescadores, deu origem à atual cidade do Recife. As vilas de Olinda e Igarassu, entre os primeiros núcleos de povoamento do Brasil, serviram de ponto de partida para expedições desbravadoras do interior da capitania. Uma dessas expedições, chefiada pelo filho do donatário, Jorge de Albuquerque, penetrou o sertão até o rio São Francisco, assegurando o domínio e expansão do interior do território e combatendo os índios hostis. Duarte Coelho, por sua vez, tratou de instalar grandes engenhos de açúcar no território pernambucano, incentivando também o plantio do algodão. Em pouco tempo, a Capitania de Pernambuco se tornou a principal produtora de açúcar da colônia. Consequentemente, era também a mais próspera e influente das capitanias hereditárias. Surge em Pernambuco o protótipo da sociedade açucareira dos grandes latifundiários da cana-de-açúcar, que perdurará de forma majoritária nos dois séculos seguintes. O cultivo da cana-de-açúcar adaptou-se facilmente ao clima pernambucano e ao solo massapê. A maior proximidade geográfica de Portugal, barateando o custo do transporte, a abundância do pau-brasil, o cultivo do algodão e os grandes investimentos feitos pelo donatário na fundação de vilas e na pacificação dos índios são outros fatores que ajudam a explicar o progresso da capitania. Discorrendo sobre o centro da economia colonial, o padre Fernão Cardim disse que "em Pernambuco se acha mais vaidade que em Lisboa", opulência que parecia decorrer, como sugere Gabriel Soares de Sousa em 1587, do fato de, então, ser a capitania "tão poderosa (...) que há nela mais de cem homens que têm de mil até cinco mil cruzados de renda, e alguns de oito, dez mil cruzados. Desta terra saíram muitos homens ricos para estes reinos que foram a ela muito pobres". A prosperidade de Pernambuco, no entanto, transformou a capitania em um ponto cobiçado por piratas e corsários europeus. Já em 1595, durante a Guerra Anglo-Espanhola, o almirante inglês James Lancaster tomou de assalto o porto do Recife, onde permaneceu por quase um mês pilhando as riquezas transportadas do interior, no episódio conhecido como Saque do Recife. Foi a única expedição de corso da Inglaterra que teve como objetivo principal o Brasil, e representou o mais rico butim da história da navegação de corso do período elisabetano. Por volta do início do século XVII, a Capitania de Pernambuco era a maior e mais rica área de produção de açúcar do mundo. Pernambuco e as invasões estrangeiras no Maranhão e na Bahia. As primeiras décadas do século XVII foram turbulentas na costa do atual Nordeste brasileiro. Em Pernambuco, esforços concentravam-se na expulsão das forças estrangeiras que invadiam o litoral do Brasil. Em 1612, os franceses fundaram em terras maranhenses uma colônia que ficou conhecida como França Equinocial. Jerônimo de Albuquerque, militar de Olinda, foi então incumbido pelo Capitão-mor de Pernambuco, Alexandre de Moura, de expulsar os franceses do Maranhão. Tropas partiram do Recife, e em novembro de 1614 travou-se a batalha final, o Combate de Guaxenduba, com a vitória das forças comandadas por Jerônimo. Seis dias depois foram suspensas as lutas, com tratado assinado pelo comandante francês Daniel de La Touche, Senhor de la Ravardière, e Jerônimo de Albuquerque, no qual la Ravardière se comprometia a entregar o Forte de São Luís em cinco meses, o que efetivamente ocorreu. Face a esta conquista Jerônimo de Albuquerque, por ato do rei Filipe III de Espanha, recebeu oficialmente o sobrenome Maranhão. Anos depois, no dia 10 de maio de 1624, uma expedição da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais atacou e conquistou Salvador. O Governador da Capitania de Pernambuco, Matias de Albuquerque, foi então nomeado Governador-Geral, administrando a colônia a partir de Olinda, e enviando expressivos reforços para a guerrilha sediada no Arraial do Rio Vermelho e no Recôncavo. Contudo, os holandeses só foram dali expulsos no ano seguinte, com a chegada de uma poderosa armada luso-espanhola composta por navios procedentes dos portos de Cádis, de Lisboa e do Recife. Francisco de Moura Rolim, que comandara a frota de caravelas de Pernambuco, tornou-se ainda em 1625 Governador-Geral, nomeado pelo seu antecessor Matias de Albuquerque. Foram, portanto, os primeiros governadores-gerais nascidos no Brasil. Em meados de 1626, Matias de Albuquerque procurou estabelecer posições fortificadas no porto do Recife a fim de que se pudesse dissuadir a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais da ideia empreendida na Bahia. Invasão holandesa em Pernambuco (1630-1654). De posse dos recursos obtidos no saque à frota espanhola da prata, a Holanda arma uma nova expedição, desta vez contra Pernambuco, a mais rica de todas as possessões portuguesas. O seu objetivo declarado era o de restaurar o comércio do açúcar com os Países Baixos, proibido pela Coroa da Espanha. Os neerlandeses viam na tomada de Olinda e Recife a oportunidade para impor um duro golpe no reino de Filipe IV. Em 26 de dezembro de 1629 partia de Cabo Verde em direção a Pernambuco uma extraordinária esquadra com 67 navios e cerca de 7 mil homens, a maior já vista na colônia, sob o comando do almirante Hendrick Lonck. Os holandeses, desembarcando na praia de Pau Amarelo, conquistaram a capitania em fevereiro de 1630 e estabeleceram a colônia Nova Holanda. A frágil resistência portuguesa na passagem do rio Doce foi derrotada, e os holandeses invadiram sem grandes contratempos Olinda. Os moradores, em pânico, fugiram levando o que puderam. Alguns bolsões de contenção foram eliminados, destacando-se a brava luta do capitão André Temudo em defesa da Igreja da Misericórdia. Em poucos dias, Olinda e o seu porto, Recife, foram tomados. O conde Maurício de Nassau desembarcou na "Nieuw Holland", a Nova Holanda, em 1637, acompanhado por uma equipe de arquitetos e engenheiros. Nesse ponto começa a construção de Mauritsstad (atual Recife), que foi dotada de pontes, diques e canais para vencer as condições geográficas locais. O arquiteto Pieter Post foi o responsável pelo traçado da nova cidade e de edifícios como o Palácio de Friburgo, sede do poder de Nassau na Nova Holanda, que tinha um observatório astronômico — o primeiro do Hemisfério Sul —, e abrigou o primeiro farol e o primeiro jardim zoobotânico do continente americano. Em 28 de fevereiro de 1643 o Recife (atualmente o bairro do Recife) foi ligado à Cidade Maurícia com a construção da primeira ponte de grande porte da América Latina. Durante o governo de Nassau, Recife foi considerada a mais cosmopolita cidade da América, e tinha a maior comunidade judaica de todo o continente, que construiu, à época, a primeira sinagoga do Novo Mundo, a Kahal Zur Israel, bem como a segunda, a Maguen Abraham. Na Nova Holanda foram cunhadas as primeiras moedas em solo brasileiro: os florins (ouro) e os soldos (prata), que continham a palavra Brasil. Por diversos motivos, sendo um dos mais importantes a exoneração de Maurício de Nassau do governo da capitania pela Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, o povo de Pernambuco se rebelou contra o governo, juntando-se à fraca resistência ainda existente, num movimento denominado Insurreição Pernambucana. Insurreição Pernambucana (1645-1654). Em 15 de maio de 1645, reunidos no Engenho de São João, 18 líderes insurretos pernambucanos assinaram compromisso para lutar contra o domínio holandês na capitania. Com o acordo assinado, começa o contra-ataque à invasão holandesa. A primeira vitória importante dos insurretos se deu no Monte das Tabocas (hoje localizado no município de Vitória de Santo Antão), onde 1,2 mil insurretos mazombos armados de armas de fogo, foices, paus e flechas derrotaram numa emboscada 1 900 holandeses bem armados e bem treinados. O sucesso deu ao líder Antônio Dias Cardoso o apelido de "Mestre das Emboscadas". Os holandeses que sobreviveram seguiram para Casa Forte, sendo novamente derrotados pela aliança dos mazombos, índios nativos e escravos negros. Recuaram novamente para as fortificações em Cabo de Santo Agostinho, Pontal de Nazaré, Sirinhaém, Rio Formoso, Porto Calvo e Forte Maurício, sendo sucessivamente derrotados pelos insurretos. Cercados e isolados pelos rebeldes numa faixa que ficou conhecida como Nova Holanda, indo do Recife a Itamaracá, os invasores começaram a sofrer com a falta de alimentos, o que os levou a atacar plantações de mandioca nas vilas de São Lourenço, Catuma e Tejucupapo. Em 24 de abril de 1646, ocorreu a famosa Batalha de Tejucupapo, onde mulheres camponesas armadas de utensílios agrícolas e armas leves expulsaram os invasores holandeses, humilhando-os definitivamente. Esse fato histórico consolidou-se como a primeira importante participação militar da mulher na defesa do território brasileiro. Com a chegada gradativa de reforços portugueses, os holandeses por fim foram expulsos em 1654, na segunda Batalha dos Guararapes. A data da primeira das Batalhas dos Guararapes é considerada a origem do Exército Brasileiro. Tomada a colônia holandesa, os judeus receberam um prazo de três meses para partir ou se converter ao catolicismo. Com medo da fogueira da Inquisição, quase todos venderam o que tinham e deixaram o Recife em 16 navios. Parte da comunidade judaica expulsa de Pernambuco fugiu para Amsterdã, e outra parte se estabeleceu em Nova Iorque. Através deste último grupo a Ilha de Manhattan, atual centro financeiro dos Estados Unidos, conheceu grande desenvolvimento econômico; e descendentes de judeus egressos do Recife tiveram participação ativa na história estadunidense: Gershom Mendes Seixas, aliado de George Washington na Guerra de Independência dos Estados Unidos; seu filho Benjamin Mendes Seixas, fundador da Bolsa de Valores de Nova Iorque; Benjamin Cardozo, juiz da Suprema Corte dos Estados Unidos ligado a Franklin Roosevelt; entre outros. Devido à Primeira Guerra Anglo-Neerlandesa, a República Holandesa não pôde auxiliar os holandeses no Brasil. Com o fim da guerra contra os ingleses, a Holanda exige a devolução da colônia em maio de 1654. Sob ameaça de uma nova invasão do Nordeste brasileiro, Portugal firma acordo com os holandeses e os indeniza com 4 milhões de cruzados e duas colônias: o Ceilão (atual Sri Lanka) e as ilhas Molucas (parte da atual Indonésia). Em 6 de agosto de 1661, a Holanda cede formalmente a região ao Império Português através da Paz de Haia. Quilombo dos Palmares. O Quilombo dos Palmares foi um quilombo da era colonial brasileira. Localizava-se na então Capitania de Pernambuco, na serra da Barriga, região hoje pertencente ao município alagoano de União dos Palmares. Palmares foi o maior dos quilombos do período colonial. Em 1602, já há relatos de sua existência e de envio de expedições pelo governador-geral da Capitania de Pernambuco para pôr fim ao aldeamento. Chegou a abranger uma área de 150 quilômetros de comprimento e 50 quilômetros de largura, situada na Capitania de Pernambuco, entre os atuais estados de Alagoas e Pernambuco, numa região de palmeiras (daí o seu nome). Sua população teria alcançado um número estimado entre 6 mil e 20 mil pessoas. Tanto pelas proporções como pela resistência prolongada, tornou-se símbolo da resistência escrava. O movimento de fuga dos escravos para a mata vinha de longe, mas a invasão holandesa em Pernambuco constituiu para eles a grande oportunidade. Por quase 70 anos os negros fugitivos viveram com tranquilidade, instalando em Palmares um tipo de estado africano baseado na pequena propriedade e na policultura. Com o fim do domínio holandês em Pernambuco, o quilombo passou a sofrer ataques dos fazendeiros e das autoridades, que viam nele uma ameaça. Enquanto existiu, Palmares atraiu os escravos para a fuga. A resistência dos negros durou muitos anos e a existência do quilombo prolongou-se por quase um século, tendo-se destacado entre seus líderes o rei Ganga Zumba e seu sucessor, Zumbi. Movimentos nativistas, libertários e separatistas. A Capitania de Pernambuco lutava por reconstruir Recife e Olinda, ambas destruídas com as lutas contra os invasores holandeses. Os senhores de engenho, radicados em Olinda e com reservas quanto ao porto do Recife, acreditavam merecer maiores reconhecimentos da Coroa Portuguesa, pelo contributo na expulsão dos neerlandeses. Portugal, entretanto, mandou para governar a capitania Jerônimo de Mendonça Furtado, um estranho, contrariando assim os interesses de muitos pernambucanos, que se julgavam merecedores de ocupar a função, e não um "estrangeiro". Mendonça Furtado era apelidado pejorativamente de "Xumberga" (ou, nalgumas outras versões, "Xumbregas"), referência ao Marechal de campo Friedrich Von Schönberg — contratado pelo Conde de Soure como mercenário e que lutara na Guerra da Restauração —, por ter um bigode semelhante ao dele. O estopim do movimento, que culminou com a prisão e deposição do governador, foi a estada, no porto do Recife, de uma esquadra francesa, que por ordem da Corte, foram bem tratados. Os insurgentes fizeram divulgar a notícia de que o governador estaria a serviço dos estrangeiros, que preparavam um ataque à capitania, e seu consequente saque. Após a invasão holandesa, muitos comerciantes vindos de Portugal — chamados pejorativamente de "mascates" — estabelecem-se no Recife, trazendo prosperidade à vila. O desenvolvimento do Recife foi visto com desconfiança pelos olindenses, em grande parte senhores de engenho em dificuldades econômicas. O conflito de interesses políticos e econômicos entre a nobreza açucareira pernambucana e os novos burgueses deu origem à Guerra dos Mascates, durante a qual o Recife foi palco de combates e cercos. A Guerra dos Mascates é considerada um movimento nativista pela historiografia em história do Brasil. A Conspiração dos Suassunas foi um projeto de revolta que se registrou em Olinda no alvorecer do século XIX. Influenciadas pelas ideias do Iluminismo e pela Revolução Francesa, algumas pessoas, entre as quais Manuel Arruda Câmara — membro da Sociedade Literária do Rio de Janeiro —, fundaram em 1796 no município pernambucano de Itambé a primeira loja maçônica do Brasil, Areópago de Itambé, da qual não participavam europeus. As mesmas ideias também eram discutidas por padres e alunos do Seminário de Olinda, fundado pelo bispo Dom José Joaquim da Cunha Azeredo Coutinho em 16 de fevereiro de 1800. Esta instituição teve entre os seus membros o Padre Miguelinho, um dos futuros implicados na Revolução Pernambucana de 1817. A chamada Revolução Pernambucana, também conhecida como "Revolução dos Padres", foi um movimento emancipacionista que eclodiu no dia 6 de março de 1817 em Pernambuco. Dentre as suas causas, destacam-se a influência das ideias iluministas propagadas pelas sociedades maçônicas, o absolutismo monárquico português e os enormes gastos da Família Real e seu séquito recém-chegados ao Brasil — a Capitania de Pernambuco, então a mais lucrativa da colônia, era obrigada a enviar para o Rio de Janeiro grandes somas de dinheiro para custear salários, comidas, roupas e festas da Corte, o que dificultava o enfrentamento de problemas locais (como a seca ocorrida em 1816) e ocasionava o atraso no pagamento dos soldados, gerando grande descontentamento no povo pernambucano. Foi o único movimento libertário do período de dominação portuguesa que ultrapassou a fase conspiratória e atingiu o processo revolucionário de tomada do poder. A repressão foi sangrenta: muitos revoltosos foram arcabuzados ou enforcados com seus corpos esquartejados depois de mortos, enquanto outros morreram na prisão. Também em retaliação, foi desmembrada de Pernambuco, com sanção de Dom João VI, a Comarca das Alagoas, cujos proprietários rurais haviam se mantido fiéis à Coroa, e como recompensa, puderam formar uma capitania independente. Os revolucionários, oriundos de várias partes da colônia, tinham como objetivo principal a conquista da independência do Brasil em relação a Portugal, com a implantação de uma república liberal. O movimento abalou a confiança na construção do império americano sonhado por Dom João, e por este motivo é considerado o precursor da independência conquistada em 1822. Pernambuco foi a primeira província brasileira a se separar do Reino de Portugal, onze meses antes da proclamação da Independência do Brasil pelo Príncipe Dom Pedro de Orleans e Bragança. No dia 29 de agosto de 1821, teve início um movimento armado contra o governo do capitão general Luís do Rego Barreto — o algoz da Revolução Pernambucana —, culminando com a formação da Junta de Goiana, tornando-se vitorioso com a rendição das tropas portuguesas em capitulação assinada a 5 de outubro do mesmo ano, quando da Convenção de Beberibe, responsável pela expulsão dos exércitos portugueses do território pernambucano. O Movimento Constitucionalista de 1821 é considerado o primeiro episódio da Independência do Brasil. A Confederação do Equador foi um movimento revolucionário, de caráter separatista e republicano, ocorrido em Pernambuco. É considerada um desdobramento da Revolução Pernambucana, e representou a principal reação contra a tendência absolutista e a política centralizadora do governo do imperador Dom Pedro I (1822-1831), esboçada na Carta Outorgada de 1824, a primeira Constituição do país. Dom Pedro I, mesmo após a Independência do Brasil, permanecia atrelado aos interesses da Coroa Portuguesa, e mostrava-se simpático a uma proposta, feita pelo seu pai Dom João VI, de recriar o Reino Unido com base em fórmula que concederia ao Brasil uma ampla autonomia, porque assim preservaria seus direitos ao trono português. A fórmula, contudo, era vista por muitos pernambucanos como uma tentativa de recolonização. Além disso, a província de Pernambuco se ressentia ao pagar elevadas taxas para o Império, que as justificava como necessárias para levar adiante as guerras provinciais pós-independência (algumas províncias resistiam à separação de Portugal). Pernambuco esperava que a primeira Constituição do Império seria do tipo federalista, e daria autonomia para as províncias resolverem suas questões. A repressão ao movimento foi severa. O imperador pediu empréstimos à Inglaterra e contratou tropas no exterior, que seguiram para o Recife sob o comando de Thomas Cochrane. Os rebeldes foram subjugados, e vários líderes da revolta, como Frei Caneca, foram enforcados ou fuzilados. Também em retaliação, Dom Pedro I desligou do território pernambucano, através de decreto de 7 de julho de 1824, a extensa Comarca do Rio de São Francisco (atual Oeste Baiano), passando-a, inicialmente, para Minas Gerais e, depois, para a Bahia. Esta foi a última porção de terra desmembrada de Pernambuco, impondo à província uma grande redução da extensão territorial, de 250 mil km² para 98 mil km². A Revolução Praieira, também denominada "Insurreição Praieira", "Revolta Praieira" ou simplesmente "Praieira", foi um movimento de caráter liberal e separatista ocorrido na província de Pernambuco entre os anos de 1848 e 1850. A última das revoltas provinciais está ligada às lutas político-partidárias que marcaram o Período Regencial e o início do Segundo Reinado. Sua derrota representou uma demonstração de força do governo de Dom Pedro II (1840-1889). A monarquia brasileira era duramente contestada pelas novas ideias liberais da época. Para além do descontentamento com o governo imperial, grande parte da população pernambucana mostrava-se insatisfeita com a concentração fundiária e do poder político na província, a mais importante do Nordeste. Foi nesse contexto que surgiu o Partido da Praia, criado para opor-se ao Partido Liberal e ao Partido Conservador, ambos dominados por duas famílias poderosas que viviam fazendo acordos políticos entre si. Houve uma série de disputas pelo poder, até que, em 7 de novembro de 1848, iniciou-se a luta armada. Em Olinda, os líderes praieiros lançaram o “Manifesto ao Mundo”, e passaram a lutar contra as tropas do governo imperial, que interveio e pôs fim à maior insurreição ocorrida no Segundo Reinado. Geografia. Pernambuco é um dos menores estados do país. Apesar disso, possui paisagens variadas: serras, planaltos, brejos, região semiárida e diversificadas praias. As planícies litorâneas têm altitude de até 200 metros, apresentando relevo peneplano (mamelonar), enquanto alguns pontos do Planalto da Borborema ultrapassam os metros de altitude. Na margem ocidental do agreste, há a Depressão Sertaneja, uma depressão relativa com altitude média de 400 m que se estende até a margem oriental da Chapada do Araripe. Pernambuco faz divisa com Paraíba e Ceará ao norte, Alagoas e Bahia ao sul, Piauí ao oeste e é banhado o oceano Atlântico ao leste, possuindo 187 km de litoral. Duas regiões hidrográficas brasileiras abrangem o território pernambucano: São Francisco e Atlântico Nordeste Oriental. São dois os domínios hidrográficos que dividem o estado de Pernambuco. O primeiro compreende pequenas bacias hidrográficas independentes formadas por rios litorâneos que correm diretamente para o oceano Atlântico, formando as bacias dos rios Goiana, Capibaribe, Ipojuca, Beberibe, Camarajibe e Una. O segundo domínio é constituído pela porção pernambucana da bacia do rio São Francisco, que tem como pequenos afluentes, em sua margem esquerda, os rios sertanejos (assim chamados por percorrerem o interior do estado): Moxotó, Pajeú, Ipanema e riacho do Navio. Em Pernambuco, o São Francisco é o principal rio e, com exceção deste e dos rios litorâneos, todos os cursos d'água do estado têm regimes temporários, ou seja, fluem somente na estação chuvosa. Pernambuco apresenta um dos maiores déficits hídricos do Brasil, possuindo a maior parte do seu território com clima semiárido, caracterizado pela escassez de chuvas, devido à retenção de parte das precipitações pluviais no Planalto da Borborema e às correntes de ar seco provenientes do sul da África. O índice pluviométrico varia de 400 mm e 600 mm/ano, com chuvas concentradas em poucos meses. As temperaturas são elevadas e, em algumas ocasiões, podem ultrapassar os . Somente na costa litorânea e na zona da mata o clima é tropical úmido, onde os índices superam ou até os anuais, enquanto no agreste, área de transição entre o litoral e o sertão, varia de 500 a 900 mm/ano. Nas áreas mais elevadas do agreste, especialmente no Planalto da Borborema, e ainda em outras regiões serranas, é relativamente comum o clima tropical de altitude ("Cwa"), com temperaturas mais amenas, proporcionado a formação de microclimas. A cobertura vegetal de Pernambuco é composta por floresta tropical perene, floresta tropical semidecídua e caatinga. A floresta tropical (Mata Atlântica) recobria outrora toda a área situada a leste da encosta oriental do Planalto da Borborema, razão pela qual a região passou a denominar-se zona da mata. Atualmente pouco resta da vegetação primitiva, que deu lugar a campos de cultura e pastagens artificiais. A área de transição entre os climas úmido e semiárido é revestida por vegetação florestal peculiar, onde se misturam espécies da floresta atlântica e da caatinga. É a vegetação do agreste, que também dá nome à região. Finalmente, no resto do estado, domina a caatinga, característica do sertão. Unidades de conservação. A Lei Estadual 13 787/09, de 8 de junho de 2009, instituiu o Sistema Estadual de Unidades de Conservação da Natureza (SEUC). Em 2015, Pernambuco possuía 80 unidades de conservação estaduais: 40 de Proteção Integral (31 Refúgios da Vida Silvestre — RVS; 5 Parques Estaduais — PE; 3 Estações Ecológicas — ESEC; e 1 Monumento Natural — MONA) e 40 de Uso Sustentável (18 Áreas de Proteção Ambiental — APA; 13 Reservas Particulares do Patrimônio Natural — RPPN; 8 Reservas de Floresta Urbana — FURB; e 1 Área de Relevante Interesse Ecológico — ARIE). O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) administra onze unidades de conservação em Pernambuco: dois parques nacionais, uma estação ecológica, uma floresta nacional, três áreas de proteção ambiental, uma reserva extrativista e três reservas biológicas. As unidades de conservação administradas pelo governo brasileiro no estado são o "Parque Nacional do Catimbau" (em Buíque, Ibimirim, Sertânia e Tupanatinga), a "Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais" (em Barreiros, Rio Formoso, São José da Coroa Grande e Tamandaré), a "Área de Proteção Ambiental Chapada do Araripe" (em Araripina, Bodocó, Cedro, Exu, Ipubi, Serrita, Moreilândia e Trindade), a "Reserva Extrativista Acaú-Goiana" (em Goiana), a "Floresta Nacional de Negreiros" (em Serrita), a "Estação Ecológica do Tapacurá" (em São Lourenço da Mata), a "Reserva Biológica da Serra Negra" (em Floresta, Inajá e Tacaratu), a "Reserva Biológica de Pedra Talhada" (em Lagoa do Ouro), a "Reserva Biológica de Saltinho" (em Rio Formoso e Tamandaré) e o "Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha" (em Fernando de Noronha). Demografia. Segundo o censo demográfico de 2010 realizado pelo IBGE (última contagem oficial), a população de Pernambuco era de habitantes, sendo o sétimo estado mais populoso do Brasil, representando 4,7% da população brasileira. Destes, habitantes eram homens e habitantes eram mulheres. Ainda segundo o mesmo censo, habitantes viviam na zona urbana e na zona rural. O maior aglomerado urbano do estado é a Concentração Urbana do Recife, que além da capital possui mais 14 municípios, e, com habitantes recenseados, era em 2010 a quarta mais populosa concentração urbana do Brasil, e a mais populosa do Norte-Nordeste. A densidade demográfica de Pernambuco era de 89,47 hab./km² em 2010, a sexta maior do Brasil. Esse indicador, entretanto, apresentava contrastes pronunciados de acordo com a região analisada, variando de 1 342,86 hab./km² na Região Metropolitana do Recife, até o valor mínimo de 23,2 hab./km² na extinta Mesorregião do São Francisco Pernambucano. Segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH-M) do estado, considerado alto, era de em 2021. O município com o maior IDH era Fernando de Noronha (na verdade um distrito estadual), com um valor de 0,788 em 2010; enquanto Manari, situado no extremo Sertão do Moxotó, tinha o menor valor, 0,487. Recife, a capital, possuía um IDH de 0,772. O nível de desenvolvimento social pernambucano é superior ao dos países menos avançados, mas ainda está abaixo da média brasileira. Não obstante, Pernambuco detém o melhor serviço de coleta de esgoto do Norte, Nordeste e Sul brasileiro e o quinto maior número de médicos por grupo de mil habitantes do Brasil, além de apresentar a menor taxa de mortalidade infantil, a melhor prevalência de segurança alimentar e a maior renda per capita do Nordeste do país. Composição étnica. Segundo dados publicados pelo IBGE, relativos ao ano de 2009, a população de Pernambuco está composta por: Pardos (multirraciais) (57,6%); Brancos (36,6%); Pretos (5,4%); e Amarelos e Indígenas (0,3%). De acordo com um estudo genético de 2013, a composição genética da população de Pernambuco é 56,8% europeia, 27,9% africana e 15,3% ameríndia. A presença de indígenas em Pernambuco data de mais de 10 mil anos. Pinturas rupestres são encontradas em várias áreas do sertão e agreste do estado, sendo as mais conhecidas as do Vale do Catimbau no município de Buíque, agreste pernambucano. Segundo dados da FUNAI, Pernambuco possui cerca de 40 mil índios nos dias atuais. Foi na Capitania de Pernambuco, entre os anos de 1539 e 1542, que chegaram os primeiros escravos negros do Brasil Colônia, para trabalhar na cultura da cana e na fabricação do açúcar. O número de cativos de origem africana cresceu bastante desde então. Em 1584, 15 mil escravos labutavam em pelo menos 50 engenhos. Esse número subiu para 20 mil escravos em 1600. Já na metade do século XVII a população escrava somava entre 33 e 50 mil pessoas. Pernambuco foi uma das regiões que mais receberam escravos africanos no Brasil. Durante o tráfico negreiro, africanos, 17% de todos os escravos trazidos ao Brasil, entraram pelo litoral pernambucano. Dos africanos no estado, 79% eram provenientes do Centro-Oeste africano. Atualmente, situam-se nessa região os países de Angola, República do Congo e República Democrática do Congo. A miscigenação ocorre em Pernambuco desde os primórdios da colonização. Caso emblemático é o de Jerônimo de Albuquerque, que ganhou o apelido entre os historiadores brasileiros de "Adão Pernambucano". Jerônimo chegou à Capitania de Pernambuco em 1535 com a irmã, Brites de Albuquerque, e o marido dela, o capitão-donatário Duarte Coelho, e logo iniciou uma série de uniões com mulheres indígenas — casando-se, por exemplo, com a princesa Muira Ubi (batizada com o nome cristão de Maria do Espírito Santo Arcoverde), no ritual tabajara —, o que ajudava a selar a paz entre os europeus e os povos nativos. Teve, ainda, filhos com Felipa de Mello, com quem posteriormente casou-se de acordo com as leis da Igreja por exigência da rainha Catarina de Portugal, e, suspeita-se, com as africanas que começavam a chegar à colônia. Não se sabe ao certo quantos filhos ele deixou, mas 36 foram reconhecidos, entre eles nomes notórios como Jerônimo de Albuquerque Maranhão, herói da conquista do Maranhão e por vezes considerado como fundador da cidade de Natal, capital do Rio Grande do Norte. Imigração. Duarte Coelho trouxe consigo, para sua capitania, em 1535, o cunhado Jerônimo de Albuquerque, alguns nobres, como Vasco Fernandes de Lucena, e personagens de origens não muito claras, como Brites Mendes de Vasconcelos, "a velha", um bebê. Logo em seguida vieram membros de famílias de Viana do Castelo, chegados ao Brasil em sucessivas levas, e que foram o núcleo da "nobreza da terra" pernambucana, todos aparentados entre si, Rego Barros, Regos Barretos, Velhos Barretos, Salgados de Castro, Marinhos Falcões, Barros Pimentéis, Pais Barretos, Carneiros [da Cunha], Bezerras, Albuquerques, Melos. São comerciantes com foros de nobreza e ascendências conhecidas até o século XIV. Interesses comerciais levaram a Pernambuco, também, Filippo Cavalcanti, patriarca da família Cavalcanti, a qual se entrelaçou com as famílias luso-brasileiras, tendo vários ramos, como a família Suassuna. Segundo o censo nacional de 1920, dos 433 577 portugueses residentes no Brasil, 4 809 estavam em Pernambuco. Segundo o censo nacional de 1920, dos 219 142 espanhóis vivendo no Brasil, 1 817 estavam em Pernambuco. No final de 2012, 685 espanhóis tinham registro no Consulado Honorário da Espanha no Recife como radicados na capital pernambucana. Também segundo o censo de 1920, dos 558.405 italianos residentes no Brasil, somente 756 estavam em Pernambuco, o que colocava esse estado entre aqueles com menos italianos no país. Na Região Nordeste, o único estado com mais de mil italianos era a Bahia, com 1.448. Segundo o censo brasileiro de 1920, dos 52 870 alemães residentes no Brasil, 1.550 estavam em Pernambuco. As duas guerras mundiais do século XX impulsionaram a colônia alemã no Recife, que já contou com 1200 imigrantes. Os holandeses, apesar de terem quase majoritariamente partido do Estado, deixaram algumas famílias na capital. Gilberto Freyre, uma das maiores figuras públicas da história do Estado, certa vez escreveu: "Sou, aliás, descendente de espanhóis, tendo também sangue nórdico, holandês, português e, na quarta geração de antepassados, sangue ameríndio, e nenhum africano, admitindo ainda possível raiz árabe e judia". Religiões. De acordo com os dados do censo de 2010 do IBGE, habitantes eram católicos (66,33%), nos quais católicos apostólicos romanos (65,95%), católicos apostólicos brasileiros (0,30%) e católicos ortodoxos (0,08%); evangélicos (20,34%), sendo de origem pentecostal (12,53%), de missão (4,28%) e não determinado (3,52%); espíritas (1,41%); e Testemunhas de Jeová (0,50%). Outros não tinham religião (10,40%), dentre os quais ateus (0,12%) e agnósticos (0,06%); seguiam outras religiões (0,90%); e não souberam ou não declararam (0,12%). A Igreja Católica em Pernambuco divide-se administrativamente em uma arquidiocese e nove dioceses: a arquidiocese de Olinda e Recife, comandada atualmente pelo arcebispo Dom Paulo Jackson Nóbrega de Sousa, e as dioceses de Afogados da Ingazeira, Caruaru, Floresta, Garanhuns, Nazaré, Palmares, Pesqueira, Petrolina e Salgueiro. Os colégios tradicionais pernambucanos são em sua maioria católicos, como o Colégio Damas da Instrução Cristã, o Colégio Marista São Luís e o Liceu Nóbrega de Artes e Ofícios. Pernambuco é a unidade federativa da Região Nordeste com a maior concentração de evangélicos, tanto em números absolutos quanto em termos proporcionais. 20,34% da população do estado, o que corresponde a mais de 1,78 milhão de pernambucanos, se declara protestante de acordo com o censo de 2010 do IBGE, percentual muito superior aos percentuais encontrados nos demais estados nordestinos. Entre os cristãos não católicos e não protestantes, destacam-se os Espíritas, as Testemunhas de Jeová e os Santos dos Últimos Dias. O templo afro-brasileiro mais conhecido é o Terreiro do Pai Adão, no Recife. Os judeus também estão presentes. Algumas das personalidades judias que moraram na capital pernambucana foram a escritora Clarice Lispector, o filósofo Luiz Felipe Pondé, o engenheiro Mário Schenberg, o paisagista Roberto Burle Marx, entre outros. Os budistas, hinduístas e muçulmanos não possuem relevância na população do estado. Governo e política. O estado de Pernambuco é governado por três poderes: o Executivo, representado pelo Governador do Estado; o Legislativo, representado pela Assembleia Legislativa de Pernambuco; e o Judiciário, representado pelo Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco. Também é permitida a participação popular nas decisões do governo através de referendos e plebiscitos. A atual constituição do estado de Pernambuco foi promulgada em 5 de outubro de 1989, acrescida das alterações resultantes de posteriores emendas constitucionais. O Poder Executivo pernambucano está centralizado no Governador do Estado, que é eleito em sufrágio universal e voto direto e secreto, pela população, para mandato de quatro anos de duração, podendo ser reeleito para mais um mandato por igual período. Sua sede é o Palácio do Campo das Princesas, construído em 1841 pelo engenheiro Morais Âncora a mando do então governador Francisco do Rego Barros. Vários políticos já passaram pelo Governo de Pernambuco, sendo a mais recente deles Raquel Lyra, advogada recifense formada pela Universidade Federal de Pernambuco, eleita a primeira mulher governadora do estado na Eleição de 2022. Além do(a) governador(a), há ainda no estado a função de vice-governador(a), atualmente exercida por Priscila Krause. O Poder Legislativo pernambucano é unicameral, constituído pela Assembleia Legislativa de Pernambuco, localizado no bairro de "Boa Vista", na cidade do Recife. Ela é constituída por 49 deputados, que são eleitos a cada quatro anos. No Congresso Nacional, a representação pernambucana é de três senadores e 25 deputados federais. O Poder Judiciário é exercido pelos juízes e possui a capacidade e a prerrogativa de julgar, de acordo com as regras constitucionais e leis criadas pelo Poder Legislativo. Atualmente a presidência do Tribunal de Justiça de Pernambuco é exercida pelo desembargador Leopoldo de Arruda Raposo. Representações deste poder estão espalhadas por todo o estado por meio de comarcas. Divisão político-administrativa. Pernambuco está separado em subdivisões geográficas denominadas regiões geográficas intermediárias e regiões geográficas imediatas, e em subdivisões administrativas denominadas municípios. As regiões geográficas intermediárias foram apresentadas em 2017, com a atualização da divisão regional do Brasil, e correspondem a uma revisão das antigas mesorregiões, que estavam em vigor desde a divisão de 1989. As regiões geográficas imediatas, por sua vez, substituíram as microrregiões. A divisão de 2017 teve o objetivo de abranger as transformações relativas à rede urbana e sua hierarquia ocorridas desde as divisões passadas, devendo ser usada para ações de planejamento e gestão de políticas públicas e para a divulgação de estatísticas e estudos do IBGE. As regiões geográficas intermediárias compreendem as grandes regiões do estado, que congregam diversos municípios de uma área geográfica. Criado pelo IBGE, esse sistema de divisão tem aplicações importantes na elaboração de políticas públicas e no subsídio ao sistema de decisões quanto à localização de atividades socioeconômicas. As quatro regiões geográficas intermediárias do estado são: Recife, Caruaru, Serra Telhada e Petrolina. Estas regiões intermediárias estão, por sua vez, subdivididas em regiões geográficas imediatas. Pernambuco possui dezoito regiões imediatas. Por último, existem os municípios, que são circunscrições territoriais que possuem relativa autonomia e concentram um poder político local, cujo sistema funciona com dois poderes, sendo o Executivo a Prefeitura e o Legislativo a Câmara de Vereadores. Ao total, Pernambuco é dividido 185 municípios, o que o torna a décima primeira unidade da federação com o maior número de municípios. Alguns desses municípios formam conurbações. Oficialmente existem em Pernambuco uma região metropolitana, a do Recife, e uma região integrada de desenvolvimento econômico, o Polo Petrolina e Juazeiro. Economia. À época do Brasil Colônia, Pernambuco era a mais rica das capitanias, e responsável por mais da metade das exportações brasileiras de açúcar. Sua riqueza foi alvo do interesse de outras nações e, no século XVII, os holandeses se estabelecem no estado. A cana-de-açúcar continua sendo o principal produto agrícola da zona da mata pernambucana, embora o estado não mais seja o maior produtor do país. Apesar do declínio do açúcar, Pernambuco se manteve entre as cinco maiores economias estaduais do país até meados da década de 1940: em 1907, o estado tinha a quarta maior produção industrial do Brasil, após Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul e à frente de estados como Minas Gerais e Paraná; e em 1939, Pernambuco era ainda a quinta maior economia entre os estados brasileiros, após São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Após ter ficado estagnado durante a chamada "década perdida" (1985 a 1995), o estado assiste a uma importante mudança em seu perfil econômico, com investimentos nos setores naval, automobilístico, petroquímico, biotecnológico, farmacêutico e de informática, que estão dando novo impulso à sua economia, que vem crescendo acima da média nacional. Em 2017, o estado registrou um PIB nominal de 181,551 bilhões de reais, o décimo maior do país, com participação de 2,8% no PIB brasileiro. No mesmo ano, registrou um PIB nominal per capita de reais, o maior do Nordeste brasileiro. Pernambuco é atualmente o maior produtor de acerola e goiaba, o segundo maior produtor de uva, o terceiro maior produtor de manga e coco, o terceiro maior polo floricultor e o sétimo maior produtor de cana-de-açúcar do Brasil. Pernambuco é ainda o quarto maior produtor nacional de ovos, o sexto de frangos de corte e a oitava maior bacia leiteira do país. Em 2018 Pernambuco um PIB industrial de R$ 32,4 bilhões, equivalente a 2,5% da indústria nacional e empregando mais de 280 mil trabalhadores na indústria. Os principais setores industriais são: Construção (20%), Serviços Industriais de Utilidade Pública, como Energia Elétrica e Água (17%), Alimentos (14,9%), Derivados de petróleo e biocombustíveis (9,3%) e Veículos automotores (8,8%). Estes 5 setores concentram 70% da indústria do estado. A produção industrial pernambucana está entre as maiores do Norte-Nordeste. Destacam-se as indústrias naval, automobilística, química, metalúrgica, de vidros planos, eletroeletrônica, de minerais não metálicos, têxtil e alimentícia. Atualmente, o Complexo Industrial e Portuário de Suape, localizado na área do porto homônimo, Região Metropolitana do Recife, é o principal polo industrial de Pernambuco. A capital do estado abriga o Porto Digital, reconhecido como o maior parque tecnológico do Brasil, com mais de 200 empresas, entre elas multinacionais como Accenture, Oracle, ThoughtWorks, Ogilvy, IBM e Microsoft, empregando cerca de seis mil pessoas e respondendo por 3,9% do PIB de Pernambuco. O Polo Médico do Recife, considerado o segundo maior do país, atende pacientes do Brasil e do exterior. Os estrangeiros que vão ao Recife em busca de atendimento na área médica, em sua maioria africanos e norte-americanos, visam qualidade nos serviços e preços acessíveis. Turismo. O turismo em Pernambuco oferece diversas atrações históricas, naturais e culturais. As principais localidades turísticas do estado são: Fernando de Noronha, Ipojuca, Tamandaré, Cabo de Santo Agostinho e Itamaracá (Sol e Praia); Bonito, Bezerros e Petrolina (Ecoturismo e Aventura); Buíque (Arqueológico); Garanhuns, Gravatá e Triunfo (Serrano); Olinda, Igarassu, Jaboatão dos Guararapes e Caruaru (Cultural); Vicência, Moreno, Carpina, Goiana e Nazaré da Mata (Rural); e Recife (Cultural, Sol e Praia, Negócios e Saúde). Segundo a pesquisa "Hábitos de Consumo do Turismo Brasileiro 2009", realizada pela Vox Populi, Pernambuco foi o segundo destino turístico preferido dos clientes potenciais brasileiros, já que 11,9% dos turistas optaram pelo estado nas categorias pesquisadas; e segundo a "International Congress And Convention Association (ICCA)", Pernambuco foi o terceiro maior polo de eventos internacionais do Brasil em 2011. O litoral de Pernambuco tem cerca de 187 km de extensão, entre praias e falésias, zonas urbanas e locais praticamente intocados. Faz divisa ao norte com a Paraíba e ao sul com Alagoas. No litoral sul, as praias mais procuradas são, dentre outras, Porto de Galinhas, Carneiros, Serrambi, Maracaípe, Muro Alto, Calhetas, Paiva e Ilha de Santo Aleixo. As atrações turísticas do litoral norte também são muito relevantes. As praias mais procuradas são a Ilha de Itamaracá, a Ilhota da Coroa do Avião e a Praia de Maria Farinha, esta última conhecida por abrigar o Veneza Water Park, um dos maiores parques aquáticos do Brasil. Construções do período colonial como o Forte Orange na Ilha de Itamaracá e a Igreja dos Santos Cosme e Damião (igreja mais antiga do Brasil segundo o IPHAN) em Igarassu são também muito visitadas por turistas que passam pela região. Além do litoral continental, o estado possui o arquipélago de Fernando de Noronha, um dos destinos nacionais mais conhecidos no exterior. Algumas de suas principais atrações são a Baía do Sancho — eleita a melhor praia do mundo pelos usuários do "site" de viagens TripAdvisor —, a Baía dos Porcos, a Baía dos Golfinhos, o Morro Dois Irmãos, o Forte de Nossa Senhora dos Remédios de Fernando de Noronha e a Vila dos Remédios. As ilhas são muito procuradas para a prática de mergulho, e o único lugar do oceano Atlântico onde é possível avistar grupos de golfinhos rotadores. O arquipélago foi declarado Patrimônio Natural da Humanidade pela UNESCO. O Planalto da Borborema e os brejos de altitude são opções para os que procuram um clima ameno. Cidades serranas do interior pernambucano como Garanhuns, Triunfo e Gravatá atraem milhares de visitantes. O Festival de Inverno de Garanhuns (FIG), criado em 1991, apresenta uma maratona de atrações nacionais e internacionais de estilos musicais como rock, MPB, blues, jazz, forró e música instrumental nas praças e parques da cidade. Infraestrutura. Saúde. Pernambuco tem grande tradição na área da medicina. Foi no estado que surgiu o primeiro hospital do Brasil: a Santa Casa de Misericórdia de Olinda, fundada no ano de 1540 e extinta em 1860 com a criação da Santa Casa de Misericórdia do Recife. E foi no Recife que se realizou a primeira operação cesariana do país, em 1817, pelas mãos do médico pernambucano Correia Picanço — fundador das primeiras faculdades de medicina do Brasil e aclamado "Patriarca da Medicina Brasileira". Em 2009 existiam em Pernambuco estabelecimentos hospitalares, com leitos. Alguns dos principais hospitais do estado são o Real Hospital Português, o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), o Hospital da Restauração, o Hospital Getúlio Vargas, o Hospital Agamenon Magalhães, o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco, o Hospital Ulysses Pernambucano, o Hospital Barão de Lucena, o Hospital Universitário Oswaldo Cruz e o Pronto-Socorro Cardiológico Universitário de Pernambuco. Em 2013, Pernambuco era o quinto estado da Federação em número de médicos por grupo de mil habitantes do Brasil, e sua capital, Recife, o segundo maior número de médicos por grupo de mil habitantes do país, segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM). O Hospital da Restauração é a maior emergência pública e o mais complexo serviço de urgência e trauma do Norte-Nordeste, recebendo pacientes de todo o estado e de estados vizinhos. Referência nas áreas de trauma, neurocirurgia, neurologia, cirurgia geral, clínica médica e ortopedia, possui 704 leitos registrados no Ministério da Saúde (MS) para atender a demanda que lhe é submetida. Em junho de 2010 a antiga Emergência Geral foi desmembrada em três emergências com entradas e espaços independentes: Emergência Pediátrica, Emergência Traumatológica e Emergência Clínica. Pernambuco abriga um dos três bancos de pele do Brasil, estando os outros dois localizados em São Paulo e no Rio Grande do Sul. Educação. As principais instalações educacionais pernambucanas estão concentradas na capital. A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), principal instituição de ensino superior do estado, foi classificada em 2013 pelo "QS World University Rankings" como a melhor universidade do Norte-Nordeste e a oitava melhor universidade federal brasileira, bem como a 15ª melhor universidade do país, tendo ocupado a 43ª posição entre as instituições da América Latina e, embora tenha sido ultrapassada pela UFPR com relação ao ano anterior, continua à frente de instituições como a UFSC e a UFBA. A UFPE é também a melhor universidade do Norte-Nordeste segundo o "Ranking Universitário Folha 2012", além de única universidade dessas duas regiões entre as dez melhores do país. Pernambuco tem suas principais faculdades e universidades fundadas a partir do século XIX, e algumas se destacam nacionalmente. A centenária Faculdade de Direito do Recife, nascida da transferência da Faculdade de Direito de Olinda e hoje vinculada à UFPE, foi o primeiro curso superior de direito do Brasil, juntamente com o curso de São Paulo, ainda sob governo de Dom Pedro I. Nela importantes nomes da história brasileira estudaram, destacando expoentes como Barão do Rio Branco, Castro Alves, Clóvis Beviláqua, Tobias Barreto, Ruy Barbosa, Joaquim Nabuco, Eusébio de Queirós, Teixeira de Freitas, Raul Pompeia, Nilo Peçanha, Augusto dos Anjos, Epitácio Pessoa, Assis Chateaubriand, José Lins do Rego, Graça Aranha, Pontes de Miranda, dentre inúmeros outros. Ainda hoje a festejada faculdade de Direito do Recife, honrando sua tradição, é um centro de excelência no ensino do direito, estando, tanto em nível de graduação como de pós-graduação, entre os cinco melhores cursos jurídicos do Brasil, segundo a OAB e o MEC. Além da UFPE, outras importantes instituições de ensino superior situadas no estado são: a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), fundada em 1912 como Escola Superior de Agricultura; a Universidade de Pernambuco, antiga FESP, universidade pública estadual que possui "campi" em várias cidades do interior do estado; e a Universidade Federal do Vale do São Francisco, primeira universidade federal implantada no sertão nordestino. E o estado também possui destacadas instituições de ensino médio: o Colégio de Aplicação da UFPE foi três vezes eleito a melhor escola pública do Brasil. Transportes. Pernambuco foi o segundo estado do Brasil a ter uma estrada de ferro, quatro anos após o Rio de Janeiro. Trata-se da primeira seção, de 31 km, da "The Recife and São Francisco Railway Company", inaugurada em 1858, sendo a maior do país naquele ano e a primeira administrada por uma companhia do exterior. Menos de uma década depois, Recife se tornou a primeira cidade do mundo a operar locomotivas a vapor construídas especialmente para rodar nas ruas. O sistema, conhecido como "maxambomba" (do inglês "machine pump"), tinha locomotivas construídas pela Manning Wardle & Co., e foi inaugurado no ano de 1867. Antes, as canoas eram o principal meio de transporte de pessoas e cargas da capital pernambucana e, para os mais abastados, cavalos e carruagens. O itinerário da maxambomba chegou a ter 22 quilômetros de extensão e 20 estações, até que em 1919 foi substituída por bondes elétricos. Em 1930, Recife passou a ser a primeira cidade da América do Sul com conexão direita ("non-stop") para a Europa, especialmente para a Alemanha, por meio de dirigíveis. A capital pernambucana tem hoje em dia a única estação de atracação de dirigíveis do mundo preservada em sua estrutura original, a Torre do Zeppelin. Atualmente, o estado conta com cobertura de todos os tipos de transporte: aéreo, ferroviário, hidroviário e rodoviário. Pernambuco possui cinco aeroportos com voos regulares. O Aeroporto Internacional do Recife-Guararapes é o maior e mais movimentado complexo aeroportuário do Norte-Nordeste, com capacidade para 16,5 milhões de passageiros por ano, e um dos mais modernos aeroportos do Brasil. O Aeroporto Internacional de Petrolina possui a segunda maior pista de pouso do Nordeste, o que possibilita operações de grandes aviões cargueiros para a exportação de frutas produzidas no Vale do São Francisco. O Aeroporto de Fernando de Noronha atende à demanda turística do arquipélago. Os aeroportos de Caruaru e Serra Talhada passaram a receber voos regulares em 2020, aumentando a conectividade do interior do estado. O estado também possui dois portos marítimos: Suape, localizado no município de Ipojuca; e Recife, um dos mais antigos do Brasil, que muitos estudiosos afirmam ter dado início à cidade do Recife. Possui ainda um porto fluvial em Petrolina. O Porto de Suape, o mais importante porto pernambucano, é um dos maiores do Brasil, e opera navios nos 365 dias do ano, sem restrições de horário de maré, e dispõe de um sistema de monitoração de atracação de navios a "laser" que possibilita um controle efetivo e seguro, oferecendo condições técnicas nos padrões dos portos mais importantes do mundo. A malha rodoviária de Pernambuco é constituída por quatorze rodovias federais, 74 rodovias estaduais e rodovias municipais. As mais importantes são a BR-101, cujo trecho pernambucano é totalmente duplicado, percorre toda costa do estado de norte ao sul, passando pela Grande Recife; e a BR-232, que liga a capital ao interior do estado no sentido leste-oeste, com trecho de 237 km duplicado (Recife a São Caetano), passando por cidades importantes como Vitória de Santo Antão, Gravatá, Caruaru, Belo Jardim, Pesqueira, Arcoverde, Serra Talhada e Salgueiro. A ligação Salgueiro-Petrolina é feita pelas rodovias BR-116, BR-316 e BR-428. Pernambuco tem a maior malha rodoviária duplicada do Norte-Nordeste de acordo com o "Anuário CNT do Transporte 2016", com 462,8 km de rodovias em pista dupla no ano de 2015. A Transnordestina, com km de extensão, é a principal obra ferroviária em andamento no estado, e pretende ligar a cidade de Eliseu Martins, no Piauí, aos portos de Suape e ao Pecém, este no Ceará. O Metrô do Recife, primeiro sistema metroviário do Norte-Nordeste, foi inaugurado em março de 1985, com a linha Werneck-Centro. É operado pela CBTU, e transporta cerca de 400 mil passageiros por dia. Mídia. Os jornais foram a primeira "mídia" de massa do estado. O "Aurora Pernambucana" foi o primeiro jornal de Pernambuco e o terceiro publicado no Brasil. A edição nº 1 circulou no dia 27 de março de 1821, em formato de 25 x 17 cm, com quatro páginas, em papel de linho e impresso na Oficina do Trem Nacional de Pernambuco, no Recife. Três grandes jornais pernambucanos são o Diario de Pernambuco, o Jornal do "Commercio" e a Folha de Pernambuco, sendo o primeiro jornal o mais antigo em circulação na América Latina. A primeira estação de rádio surgiu no fim da década de 1910. A Rádio Clube de Pernambuco é a mais antiga emissora de rádio do Brasil: realizou sua primeira transmissão radiofônica a partir de um estúdio improvisado na Ponte d'Uchoa, no Recife, em 6 de abril de 1919, tendo à frente o radiotelegrafista Antônio Joaquim Pereira. Pernambuco conta com diversas geradoras, afiliadas e retransmissoras de televisão. Algumas das emissoras — filiais e afiliadas — presentes no estado são: a TV Globo Pernambuco; a TV Asa Branca (Globo - Caruaru); a TV Grande Rio (Globo - Petrolina); a TV Guararapes (RecordTV - Recife); a TV Jornal Interior (SBT - Caruaru); a TV Jornal (SBT - Recife); a TV Tribuna (Band - Recife); e a TV Pernambuco (TV Brasil - Caruaru/Recife). Ciência e tecnologia. Em 1895 foi criada a Escola de Engenharia de Pernambuco, primeira escola de engenharia fora da região Sudeste. Nela, que logo se tornou uma das principais instituições científicas do país, surgiu uma leva de grandes cientistas brasileiros, como Mário Schenberg, José Leite Lopes e Leopoldo Nachbin, graças à ação catalisadora do professor Luís Freire, conhecido por participar ativamente de movimentos em favor da criação de escolas aptas a formar pesquisadores em matemática e física. Reconhecido como berço de cientistas destacados e nomes notórios das ciências exatas, Pernambuco deu origem ainda a nomes como Paulo Ribenboim, Aron Simis, Samuel MacDowell, Gauss Moutinho Cordeiro, Israel Vainsencher, Josué de Castro, Joaquim Cardozo, Norberto Odebrecht, Cristovam Buarque, Fernando de Souza Barros, Ricardo de Carvalho Ferreira, Leandro do Santíssimo Sacramento, José Tibúrcio Pereira Magalhães, Edson Mororó Moura, Fernando Antonio Figueiredo Cardoso da Silva, Antônio de Queiroz Galvão, João Santos, dentre muitos. O estado também se destaca no ensino tecnológico, possuindo dois institutos federais: o Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) e o Instituto Federal do Sertão Pernambucano (IF-Sertão), com reitorias localizadas, respectivamente, no Recife e em Petrolina. Seguindo a sua tradição nas ciências exatas, Pernambuco é atualmente um dos estados brasileiros mais destacados na área de tecnologia da informação. O Porto Digital, ambiente de negócios de TI criado no ano 2000 no centro histórico do Recife, é reconhecido pela A.T. Kearney como o maior parque tecnológico do Brasil em faturamento e número de empresas. Devido à sua relevância no setor, a capital pernambucana é a única cidade brasileira com exceção de São Paulo que abriga edições do evento de tecnologia Campus Party. O Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco (CIn-UFPE), considerado um dos principais centros acadêmicos em informática da América Latina e responsável pelos cursos de Ciência da Computação, Sistemas de Informação e Engenharia da Computação, é grande fornecedor de mão de obra especializada em tecnologia para o Porto Digital e para diversas transnacionais do setor de tecnologia, inclusive a Microsoft. A UFPE foi uma das cinco instituições de ensino selecionadas em todo o mundo para o programa mundial de pesquisas da Microsoft, o que permitiu o seu acesso ao código-fonte dos componentes do Visual Studio. As outras quatro universidades selecionadas foram a Yale University - Estados Unidos; a Monash University - Austrália; a University of Hull - Inglaterra; além da UNESP, sendo o Brasil o único país que teve duas universidades escolhidas. Cultura. A cultura pernambucana é uma das culturas mais ativas, ricas e diversificadas do Brasil. Sua base é luso-brasileira, com influências africana, indígena, judaica e holandesa. Trata-se de uma cultura bastante particular e típica, mas extremamente variada, constituindo um dos pilares da cultura brasileira. Primeiro núcleo econômico do país, Pernambuco é uma área de povoamento muito antigo. Dentre as principais festividades estão o Carnaval do Recife, multifacetado, com formas diferentes de carnaval de rua, desfiles de agremiações carnavalescas e apresentações de cantores e conjuntos musicais em palanques específicos. O Recife possui o maior bloco carnavalesco do mundo, o Galo da Madrugada, que se apresenta no sábado de carnaval, ou "Sábado de Zé Pereira". Em 1995 o Galo reuniu mais de um milhão de pessoas, façanha que o incluiu no "Guinness World Records". O Carnaval de Olinda é conhecido mundialmente pelos desfiles dos Bonecos de Olinda, bonecos de mais de dois metros, coloridos e de fácil localização, que saem às ruas junto com os foliões. A festa é realizada no centro histórico da cidade. No interior destaca-se o São João de Caruaru, com diversos polos de animação, shows artísticos, apresentação de grupos folclóricos e regionais e culinária típica, com um público estimado anualmente em 1,5 milhão de pessoas. O evento está no "Guinness World Records", na categoria maior festa regional ao ar livre do planeta. Folclore e gêneros musicais. Várias manifestações folclóricas surgiram em Pernambuco ao longo dos anos. O frevo, uma das principais delas, é símbolo do Carnaval Recife–Olinda, e se caracteriza pelo ritmo musical acelerado e pelos passos de dança que lembram a capoeira. Esse gênero já revelou e influenciou grandes músicos brasileiros. Antes da criação da axé music na década de 1980 o frevo era utilizado também no Carnaval de Salvador. Em cerimônia realizada na cidade de Paris, França, no ano de 2012, a UNESCO anunciou que, aprovado com unanimidade pelos votantes, o frevo foi eleito Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. O Maracatu Nação, também conhecido como "Maracatu de Baque Virado", é uma manifestação cultural da música tradicional pernambucana afro-brasileira. É formado por um conjunto musical percussivo que acompanha um cortejo real. Os grupos apresentam um espetáculo repleto de simbologias e marcado pela riqueza estética e pela musicalidade. O momento de maior destaque consiste na saída às ruas para desfiles e apresentações no período carnavalesco. O Maracatu Rural, também referido como "Maracatu de Baque Solto", é outra manifestação cultural de Pernambuco, na qual figuram os conhecidos "caboclos de lança". Distingue-se do Maracatu Nação em organização, personagens e ritmo. O Maracatu "Cambinda Brasileira" é o mais antigo em atividade no país. O Maracatu Rural significa para seus integrantes algo a mais que uma brincadeira: é uma herança secular, motivo de muito orgulho e admiração. O cortejo do Maracatu Rural diferencia-se dos outros maracatus por suas características musicais próprias e pela essência de sua origem refletida no sincretismo de seus personagens. O Baião, gênero de música e dança, teve como maior expoente o pernambucano Luiz Gonzaga. O ritmo, ao lado de outros como o xote, faz parte do chamado forró. Já o Xaxado, dança típica originária do sertão pernambucano, é exclusivamente masculina e foi divulgada numa vasta área do interior nordestino pelo cangaceiro Lampião e pelos integrantes do seu bando. Também são muito comuns em Pernambuco as Bandas de Pífanos, além de outras músicas e danças oriundas do estado, como o coco, a ciranda, o cavalo-Marinho, os caboclinhos, o pastoril, a embolada, dentre outras manifestações. Nos anos 1990 surgiu em Pernambuco o Manguebeat, movimento da contracultura que mistura ritmos regionais, como o maracatu, com rock, hip hop, funk e música eletrônica. Artes visuais. O cinema de Pernambuco tem sua história iniciada em 1922, quando o ourives Edson Chagas e o gravador Gentil Roiz se juntam com o propósito de produzir filmes de enredo. Daí, surge a película "Retribuição", que estreou em 1923 com grande sucesso nos cinemas do Recife e que é considerado o primeiro filme de enredo realizado no Nordeste — anteriormente só havia algumas experiências com documentários. A produção cinematográfica local já recebeu inúmeros prêmios nacionais e internacionais e é recordista de indicações e premiações em diversas edições de festivais. Filmes de cineastas e roteiristas pernambucanos como os dramas "Baile Perfumado" (1996), "Amarelo Manga" (2002), "Cinema, Aspirinas e Urubus" (2005), "O Som ao Redor" (2013), "Serra Pelada" (2013), "Aquarius" (2016), ou mesmo romances e comédias como "O Auto da Compadecida" (1999), "Caramuru - A Invenção do Brasil" (2001), "Lisbela e o Prisioneiro" (2003), "A Máquina" (2005), "Fica Comigo Esta Noite" (2006), "O Bem Amado" (2010), entre muitas outras produções, alcançaram grande projeção. Todos os anos, nas semanas que antecedem a Páscoa, realiza-se o espetáculo da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém na Fazenda Nova, distrito de Brejo da Madre de Deus, município do agreste pernambucano. O evento é reconhecido como o maior teatro ao ar livre do mundo. A cidade-teatro de Nova Jerusalém impressiona pela arquitetura: a construção é uma réplica da Judeia sagrada, com lagos artificiais, nove palcos, uma muralha de 3,5 mil metros e 70 torres. Vários atores e atrizes de sucesso da Rede Globo já atuaram em Nova Jerusalém. A Paixão de Cristo existe desde 1951, como espetáculo teatral. Pernambuco deu origem ao Mamulengo, nome dado ao teatro de bonecos brasileiro, tido como um dos mais ricos espetáculos populares do país. É uma representação de dramas através de bonecos, em pequeno palco elevado coberto por uma empanada, atrás do qual ficam as pessoas que dão vida e voz aos personagens. Glória do Goitá, município da zona da mata pernambucana, detém o título de "berço do mamulengo". Pernambuco também se destaca nas artes plásticas e design. São do estado nomes como Romero Britto, Tunga, Francisco Brennand, Marianne Peretti, Cícero Dias, Vicente do Rego Monteiro, Mestre Vitalino, Aloísio Magalhães, Andree Guittcis, Telles Júnior, Abelardo da Hora, Murillo La Greca, Corbiniano Lins, Reynaldo Fonseca, J. Borges, Eudes Mota, Gilvan Samico, Lula Cardoso Ayres, Paulo Bruscky, Galo de Souza, dentre muitos outros. O renomado artista plástico Vik Muniz é filho de pais pernambucanos. Literatura. Foi em Pernambuco que surgiu o primeiro poema da literatura brasileira: "Prosopopeia", de Bento Teixeira. A obra conta em estilo épico, inspirado em Camões, as façanhas da família Albuquerque, tendo sido dedicado ao então governador de Pernambuco, Jorge de Albuquerque Coelho. "Prosopopeia" foi publicado no ano de 1601. Outro marco na literatura pernambucana é o livro "Historia Naturalis Brasiliae", primeiro tratado de história natural do Brasil, de autoria do médico e naturalista holandês Guilherme Piso, que o concebeu através da observação do jardim zoobotânico do Palácio de Friburgo, residência de Maurício de Nassau no Recife durante o domínio holandês. Duzentos e cinquenta anos depois de "Historia Naturalis Brasiliae", o abolicionista pernambucano Joaquim Nabuco estava concluindo "Minha Formação", obra clássica da literatura brasileira. Anos mais tarde é lido, na Semana de Arte Moderna, o poema "Os Sapos" do recifense Manuel Bandeira, considerado o abre-alas do movimento. Os literatos pernambucanos são muitos. Alguns deles: João Cabral de Melo Neto, Manuel Bandeira, Nelson Rodrigues, Joaquim Nabuco, Clarice Lispector, Paulo Freire, Gilberto Freyre, Joaquim Cardozo, Josué de Castro, Álvaro Lins, Marcos Vilaça, Martins Júnior, Mauro Mota, Mário Pedrosa, Manuel de Oliveira Lima, Barbosa Lima Sobrinho, Osman Lins, Dantas Barreto, Geraldo Holanda Cavalcanti, Evaldo Cabral de Mello, Evanildo Bechara, Olegário Mariano, João Carneiro de Sousa Bandeira, Adelmar Tavares, dentre diversos outros. Clarice Lispector, ucraniana naturalizada brasileira e um dos maiores nomes da literatura nacional, se declarava pernambucana por ter vivido a maior parte de sua infância e adolescência no Recife. Culinária. A culinária de Pernambuco foi influenciada diretamente pelas culturas europeia, africana e indígena. Diversas receitas originais provenientes de outros continentes foram adaptadas com ingredientes encontrados com facilidade na região, resultando em combinações únicas de sabores, cores e aromas. Destaca-se pela chamada "doçaria pernambucana", ou seja, os doces desenvolvidos durante os períodos colonial e imperial nos seus engenhos de açúcar como o bolo de rolo, o nego bom e a cartola; e também pelas bebidas e iguarias salgadas descobertas ou provavelmente originadas no estado a exemplo da cachaça, do beiju e da feijoada à brasileira. Os quitutes mais conhecidos são, entre outros, a tapioca, a feijoada à brasileira, o arrumadinho, o escondidinho, os caldinhos a exemplo dos caldos de sururu, camarão e peixe, a caldeirada, a moqueca pernambucana, a peixada pernambucana, o cozido, o chambaril, o charque à brejeira, o bredo de coco, o feijão de coco, o quibebe, a galinha à cabidela, o angu, o mungunzá salgado, o sarapatel, a buchada e a rabada. Entre as bebidas mais comuns, merece destaque a cachaça; e entre os doces oriundos de Pernambuco podemos citar o bolo de rolo, o bolo Souza Leão, o bolo barra branca, a cartola e o nego bom. No São João as comidas de milho estão presentes na pamonha, na canjica, no bolo de milho, no mungunzá doce, dentre outras iguarias. O bolo Souza Leão, o bolo de rolo e a cartola receberam, por lei, status de Patrimônio Cultural Imaterial do Estado de Pernambuco. Já o beiju do Alto da Sé de Olinda, considerado o mais tradicional do Brasil e preservado pela "Associação das Tapioqueiras de Olinda", recebeu o título de patrimônio imaterial da cidade. Pernambuco é o estado com o maior número de restaurantes estrelados pelo Guia Quatro Rodas no Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sul brasileiro, e o quarto do Brasil, atrás somente de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Dezesseis estabelecimentos pernambucanos, que contam com chefs renomados e que vão da cozinha regional às cozinhas lusitana, italiana, francesa, japonesa e peruana, foram agraciados em 2013. O Recife é o terceiro maior polo gastronômico do Brasil segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) — com cerca de 10 mil estabelecimentos —, após Rio de Janeiro e São Paulo. Espaços culturais. O estado abriga muitos museus, centros culturais e instituições voltadas para a promoção de ações artísticas, como a Fundação Gilberto Freyre, a Oficina Cerâmica Francisco Brennand, o Instituto Ricardo Brennand, o Museu do Homem do Nordeste, o Museu Cais do Sertão, o Paço do Frevo, o Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, o Gabinete Português de Leitura, o Museu da Abolição, o Museu do Trem, o Museu da Cidade do Recife, o Museu do Estado de Pernambuco, o Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, o Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco, a Caixa Cultural, o Centro Cultural dos Correios, o Santander Cultural, a Academia Pernambucana de Letras, a Academia de Artes e Letras de Pernambuco, a Fundação Joaquim Nabuco, o Museu do Barro e do Forró, o Museu do Sertão, o Teatro de Santa Isabel, dentre outros. O Museu do Estado de Pernambuco, criado em 1928, possui um grande acervo eclético, com cerca de 12 mil itens abrangendo as áreas de arte, antropologia, história e etnografia. O Museu do Homem do Nordeste, vinculado à Fundação Joaquim Nabuco/Ministério da Educação, é um importante museu antropológico que reúne acervo com cerca de 15 mil peças de heranças culturais da formação do povo nordestino. Conta ainda com uma sala de projeção, o Cinema do Museu, onde são exibidos filmes alternativos, cuja exibição não chega nas grandes salas. O Cais do Sertão, museu interativo e de objetos considerado um dos mais modernos equipamentos culturais do país, foi eleito o 18º melhor museu da América do Sul pelos usuários do "site" de viagens TripAdvisor. A Oficina Cerâmica Francisco Brennand é um complexo monumental com 15 km² de área construída — museu de arte e ateliê — criado pelo artista plástico Francisco Brennand, possui acervo com mais de 2 mil peças entre esculturas e pinturas. Já o Instituto Ricardo Brennand (IRB), fundado pelo colecionador e empresário Ricardo Brennand, está sediado em um complexo arquitetônico em estilo medieval, composto por três prédios: Museu Castelo São João, pinacoteca e galeria, circundados por um vasto parque. Abriga um dos maiores acervos de armas brancas do mundo, além de uma coleção permanente de objetos histórico-artísticos de diversas procedências, abrangendo o período que vai da Baixa Idade Média ao século XXI, com forte ênfase na documentação histórica e iconográfica relacionada ao período colonial e ao Brasil Holandês. Esportes. O esporte mais popular no estado é o futebol. Pernambuco é líder entre os estados do Norte-Nordeste no ranking das federações da CBF, e Recife foi uma das seis sedes da Copa do Mundo de 1950 (única sede nordestina), além de ter sediado a Copa das Confederações de 2013 e a Copa do Mundo de 2014. É, também, eventualmente sede de partidas das Eliminatórias da Copa do Mundo FIFA. O Campeonato Pernambucano de Futebol, um dos principais torneios estaduais do país, é disputado desde 1915. Os principais times do estado são o Sport Club do Recife, o que mais títulos estaduais possui (42), sendo ainda Campeão Brasileiro de 1987, Campeão da Copa do Brasil de 2008, Vice-Campeão da Copa do Brasil de 1989 e Vice-Campeão da Copa dos Campeões de 2000; o Santa Cruz Futebol Clube, com 29 títulos pernambucanos, além do título Fita Azul do Brasil por ter retornado invicto ao país após uma excursão internacional na qual enfrentou times de futebol como o Paris Saint-Germain e algumas seleções; e o Clube Náutico Capibaribe, um dos clubes mais antigos do Brasil e o primeiro pernambucano a disputar a Libertadores, que detém a marca de mais títulos estaduais consecutivos (Hexacampeão) de um total de 22 conquistas e o título de Vice-Campeão Brasileiro de 1967, além de haver terminado outras 4 vezes entre os 4 primeiros no campeonato brasileiro, sendo 2 em terceiro (1965 e 1966) e 2 em quarto (1961 e 1968), e ter, segundo uma pesquisa do Ibope/Repucom em 2020, a torcida mais fiel do Nordeste. Os três principais clubes pernambucanos estão entre os mais antigos e tradicionais do Brasil. Outros clubes esportivos do estado são o América (com seis títulos estaduais de futebol e o Troféu Nordeste), o Clube Português do Recife, o Central, o Porto, o Ypiranga, o Salgueiro, que em 2019 se tornou o primeiro campeão estadual do interior pernambucano ao bater o Santa Cruz, o Petrolina, o Serra Talhada, o Belo Jardim e o Araripina. Os maiores times de Pernambuco possuem estádios próprios. O maior estádio construído é o Estádio do Arruda, pertencente ao Santa Cruz. Destaque ainda para a Ilha do Retiro, pertencente ao Sport, e para o Estádio dos Aflitos, que pertence ao Náutico, sendo que o Náutico mandou os seus jogos entre 2013 e 2018 na Arena de Pernambuco, um moderno estádio construído em São Lourenço da Mata, na Região Metropolitana do Recife, para a Copa do Mundo de 2014. Pernambuco é também o estado do Norte-Nordeste que mais se destaca em outras modalidades esportivas: é o segundo estado brasileiro em número de títulos nacionais de hóquei, tanto no campeonato masculino quanto no feminino, atrás somente de São Paulo, e o Sport Club do Recife um dos dois únicos clubes brasileiros a conquistar um Campeonato Sul-Americano de Hóquei; e é o único estado fora do Centro-Sul com títulos Brasileiro e Sul-Americano de basquete, obtidos pela equipe feminina do Sport Club do Recife entre 2013 e 2014. No estado nasceram os medalhistas olímpicos Yane Marques no pentatlo moderno, Pampa, Dani Lins e Jaqueline Carvalho no vôlei: medalhistas em Mundiais como Eduardo Agra no basquete, Deborah Hannah e Samira Rocha no handebol; Keila Costa no atletismo; Etiene Medeiros na natação; além de Manoel Tobias, bicampeão mundial de futsal e Luciano Todo Duro, campeão mundial de boxe.
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Piauí
Piauí Piauí é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Localiza-se no noroeste da Região Nordeste, engloba a Sub-Região Meio-Norte do Brasil. Limita-se com cinco estados: Ceará e Pernambuco a leste, Bahia a sul e sudeste, Tocantins a sudoeste e Maranhão a oeste. Delimitado pelo Oceano Atlântico ao norte, o Piauí tem o menor litoral do Brasil, com 66 km. Sua área é de , sendo pouco maior que o Reino Unido, e tem uma população de habitantes. A capital e cidade mais populosa do estado é Teresina. Está dividido em 4 mesorregiões e 15 microrregiões, divididos em 224 municípios. Os municípios com população superior a oitenta mil habitantes são Teresina, Parnaíba e Picos. Tem um relevo moderado e a regularidade da topografia é superior a 53% inferiores aos 300m. Parnaíba, Poti, Canindé, Piauí e São Nicolau são os rios mais importantes e todos eles pertencem à bacia do rio Parnaíba. Possui clima tropical e semiárido. As principais atividades econômicas do estado são a indústria (química, têxtil, de bebidas), a agricultura (algodão, arroz, cana-de-açúcar, mandioca) e a pecuária. A região do Piauí começou a ser povoada pelos colonizadores europeus e sobretudo portugueses no século XVII, desde o interior, na época em que vaqueiros, vieram principalmente da Bahia, à procura de pastos. Em 1718, o território, até então pertencente à Bahia, passou a fazer parte do Maranhão. Em 1811, o príncipe Dom João, cinco anos antes de ser coroado rei de Portugal, elevou o Piauí à categoria de capitania independente. Depois que o Brasil tornou-se independente, em 1822, as tropas com fidelidade a Portugal ocuparam a cidade de Parnaíba; as adesões foram recebidas pelo grupo, mas os piauienses acabaram por derrotar os portugueses em 1823. Certos anos após a batalha, por movimentos revoltosos, como a Confederação do Equador e a Balaiada, o Piauí também foi atingido. Em 1852, o governo provincial transferiu a capital de Oeiras para Teresina, desde então o estado começou a crescer economicamente. Desde a Proclamação da República no Brasil, foi apresentado pelo estado que o terreno político tornou-se tranquilo, mas foi muito difícil que o Piauí se desenvolvesse social e economicamente. Etimologia. Inicialmente, as terras do Piauí receberam a denominação de Piagüí, nome dado pelos seus indígenas. Mais tarde, chamaram-nas Piagoí. Somente depois é que ficaram conhecidas por Piauí. O topônimo "Piauí" vem da língua tupi, na qual significa "rio das piabas". Também existe a teoria que a palavra Piauí significa "terra dos piagas", ou seja, terra de pajés e povos indígenas. História. Pré-história. No Piauí, há vestígios da presença do homem que datam de há até 50 000 anos. Estes estão presentes no Parque Nacional da Serra da Capivara, na Serra das Confusões e em Sete Cidades. O Parque Nacional da Serra da Capivara é, sem dúvida, o mais importante. Lá, foram encontradas a cerâmica mais velha da América, um bloco de tinta de 10 000 anos, fósseis humanos e animais, pinturas rupestres e outros artefatos antigos. Os achados estão no Museu do Homem Americano. A Serra da Capivara foi descoberta por caçadores nas proximidades da cidade-sede: São Raimundo Nonato, os quais, sem saber de que se tratavam as pinturas rupestres, chamaram o prefeito que, surpreso, tirou fotos. Seis anos depois, em uma conferência em São Paulo, o mesmo prefeito, por coincidência, encontrou Niède Guidon e mostrou as fotos à pesquisadora. Esta tanto se interessou, que a levou a se mudar para a Serra, onde ainda reside, fazendo pesquisas. O "homem de Pedra Furada" viveu há cerca de 40 mil atrás (paleoíndio) na região onde hoje é o Piauí, e lá caçava e acendia fogueiras. Colonização europeia. No começo do século XVII, fazendeiros da região do rio São Francisco procuravam expandir suas criações de gado. Vaqueiros, vindos principalmente da Bahia, chegaram procurando pastos e passaram a ocupar as terras ao lado do rio Gurgueia. Ainda no século XVII, muitos nobres portugueses empobrecidos e padres jesuítas, bem como escravos negros se estabeleceram no Piauí. A primeira pecuária em grande escala também chegou com esses colonos. Em 1718, o território, até então sob a jurisdição da Bahia, passou para a do Maranhão. O capitão português Domingos Afonso Mafrense, ou capitão Domingos Sertão, como era conhecido, foi um dos sesmeiros que ocuparam essas terras; possuía trinta fazendas de gado e foi o mais alto colonizador da região, doando suas fazendas — após sua morte — aos padres jesuítas da Companhia de Jesus. A contribuição dos padres jesuítas foi decisiva, principalmente no desenvolvimento da pecuária, que, em meados do século XVIII, atingiu seu auge. A região Nordeste, o Maranhão e as províncias do sul eram abastecidas pelos rebanhos originários do Piauí até a expulsão dos jesuítas (período pombalino), quando as fazendas foram incorporadas à Coroa portuguesa e entraram em declínio. Quanto à colonização, esta se deu do interior para o litoral. Período imperial. Após a independência do Brasil em 1822, algumas províncias continuaram sobre o poder de Portugal (entre essas, o Piauí). Portugal, com medo de perder essa província, mandou, de Oeiras à cidade de Parnaíba, tropas portuguesas; o grupo recebeu adesões, mas acabou derrotado em 1823, por ocasião da Batalha do Jenipapo, onde piauienses lutaram contra os portugueses com armas brancas em Campo Maior. A tropa de Fidié, capitão da tropa portuguesa, saiu enfraquecida e este acabou por ser preso em Caxias, no Maranhão. Alguns anos depois, movimentos revoltosos, como a Confederação do Equador e a Balaiada, atingiram também o Piauí. A ideia da transferência da capital do Piauí de Oeiras remonta aos períodos coloniais. Já no século XVIII, quando a capitania do Piauí adquiriu a sua independência do Maranhão, Fernando Antônio de Noronha, então governador da capitania do Piauí, propôs ao rei de Portugal a transferência da capital, alegando que Oeiras era uma terra seca e estéril, imprópria para a agricultura e de difícil comunicação com as outras partes da colônia. Durante anos, sempre foram citadas as povoações de Parnaíba, vila ao litoral de intenso comércio e a vila do Poti, às margens do rio Parnaíba, que convivia problemas com as cheias dos rios, mas que, por localizar-se no interior, poderia integrar o estado através da navegação pelo rio Parnaíba. No governo de José Idelfonso de Sousa Ramos, foi votada e sancionada a lei nº174, de 27 de agosto de 1844, que autorizava a mudança da capital, não para a vila de Parnaíba ou para a vila do Poti, localidades sempre lembradas, mas para a margem do rio Parnaíba na foz do rio Mulato, devendo a nova cidade receber o nome de Regeneração. Quando, em 23 de julho de 1850, José Antônio Saraiva, fundador de Teresina, fora nomeado governador da Província do Piauí, o assunto da transferência da capital estava em plena efervescência. Logo após assumir, Saraiva recebeu uma delegação das vilas de Parnaíba, Piracuruca e Campo Maior com um grande número de assinaturas reivindicando a mudança da capital para Parnaíba. Diante dessa situação, o novo governador procurou estudar o assunto com profundidade. Nas suas pesquisas, constatou que muitas eram as sugestões para se edificar uma nova capital às margens do rio Parnaíba. Em manobra audaciosa, Antônio Saraiva, em 1852, decidiu pela transferência para a vila do Poti com a condição de que uma nova sede fosse construída em local a salvo das enchentes que assolavam a vila. Graças ao empenho da população local, o projeto pôde se concretizar e, em 16 de agosto de 1852, foi instituída a nova capital da Província do Piauí, com o nome de Teresina em homenagem à imperatriz Teresa Cristina de Bourbon. Rapidamente, todo o império foi informado da nova capital. Século XX. Coluna Prestes. Foi em 1926 a passagem pelo Piauí do movimento político-militar de origem tenentista chamado Coluna Prestes. A Coluna foi uma marcha pelo interior do Brasil em defesa de reformas políticas e sociais e contra a conjuntura desigual da República Velha. Cerca de 1 200 homens, chefiados por Juarez Távora, Miguel Costa e Luís Carlos Prestes, percorreram, durante 29 meses, 25 000 quilômetros nos estados de Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Bahia. Ao final de 1926, com mais da metade dos combatentes atacados pelo cólera e sem poder continuar a luta, a Coluna procurou asilo na Bolívia. A invencibilidade da Coluna Prestes contribuiu para o prestígio político do tenentismo e reforçou as críticas às oligarquias. Sua atuação ajudou a abalar os alicerces da República Velha, a preparar a Revolução de 1930 e a afirmar a liderança nacional de Luís Carlos Prestes. A Coluna Prestes esteve presente duas vezes no estado, sendo recepcionada de diferentes maneiras. Em Floriano, o movimento foi recebido com festa pelos comerciantes descendentes de árabes e com pavor pela população local. Segundos relatos, a cidade praticamente ficou deserta e houve saques inclusive aos cofres da prefeitura. Na capital, Teresina, a passagem da Coluna Prestes deixou rastro de pavor e o pânico tomou conta da população. Segundo historiadores, o então governador tentou, sem sucesso, impedir a entrada na capital através da construção de um canal ligando os rios Poti e Parnaíba. Dentre os fatos mais importantes da passagem do movimento pela capital, vale destacar a prisão de Juarez Távora. Este não foi "justiçado", isto é, não sofreu violência por conta da atuação dos oficiais do Exército brasileiro, que comandavam as tropas legalistas, chefiadas pelo tenente Jacob Manuel Gayoso e Almendra. Geografia. Relevo. O relevo piauiense abrange planícies litorâneas e aluvionares, nas faixas das margens do rio Parnaíba e de seus afluentes, que permeiam a parte central e norte do estado. Ao longo das fronteiras com o Ceará, Pernambuco e Bahia, nas chapadas de Ibiapaba e do Araripe, a leste e da Tabatinga e das Mangabeiras, ao sul, encontram-se as maiores altitudes da região, situadas em torno de novecentos metros de altitude. Entre essas zonas elevadas e o curso dos rios que permeiam o estado, como, por exemplo, o Gurgueia, o Fidalgo, o Uruçuí Preto e o Parnaíba, encontram-se formações tabulares, contornadas por escarpas íngremes, resultantes da áreas erosivas das águas. Hidrografia. Enquanto quase todos os estados do Nordeste oriental contam com apenas um rio perene, o rio São Francisco, com aproximadamente 1 800 quilômetros dentro de seus territórios, o Piauí conta com o rio Parnaíba e com alguns de seus afluentes, entre eles o Uruçuí Preto e o Gurgueia, que, somando-se seus cursos permanentes, ultrapassam 2 600 km de extensão. O estado conta ainda com lagoas de notável expressão, tais como a de Parnaguá, Buriti e Cajueiro, que vêm sendo aproveitadas em projetos de irrigação e abastecimento de água na região. A perenidade dos rios piauienses, entretanto, encontra-se ameaçada. Os rios sofrem intenso processo de assoreamento, sempre crescente, em decorrência do desmatamento acentuado que ocorre no estado, principalmente nas nascentes e nas margens dos rios. O estado encontra-se com 82,5% de seu território dentro do polígono das secas, segundo dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Vegetação. Predominam quatro classes de vegetação: caatinga, cerrado, floresta estacional semidecidual e a mata de cocais. Clima. Duas tipologias climáticas ocorrem no estado: Disputa de limites territoriais. O litígio de limites entre Ceará e Piauí compreende um território de aproximadamente 3.000 km², localizado na Serra da Ibiapaba, nos limites entre os estados brasileiros do Ceará e do Piauí. As regiões reivindicadas passaram a ser popularmente conhecidas como Cerapió e Piocerá. O litígio tem origem no governo colonial de Manuel Inácio de Sampaio e Pina Freire, do Ceará, quando o engenheiro Silva Paulet apresentou um mapa da província que mostrava o limite oeste do litoral até a foz do rio Igaraçu. Dessa forma, a localidade de "Amarração", atual cidade piauiense de Luís Correia faria parte do território do Ceará. Durante o século XIX a localidade teve assistência da cidade cearense vizinha, Granja, até que em 1874 os parlamentares estaduais decidiram elevar a localidade à categoria de vila. Tal atitude chamou a atenção dos políticos do Piauí que reivindicaram o território. A solução para o impasse ocorreu com o Decreto Geral nº 3.012, de 22 de novembro de 1880, determinando que haveria uma troca, na qual o Piauí restabeleceria a totalidade de seu litoral e o Ceará incorporaria os municípios de Crateús e Independência. Desde essa época, portanto, que nos limites entre o Ceará e o Piauí persistem vários pontos com indefinições e ambas as unidades da federação continuam disputando o controle de tais locais. Segundo o deputado estadual Neto Nunes (PMDB-CE), a indefinição permanece porque «o Piauí quer uma parte de serra, fértil, bom clima, com pousadas, uma região turística do estado», enquanto o pedaço trocado pelo litoral seria de sertão. Após a Constituição de 1988, foi proposto que em 1991 seria resolvida a questão do litígio de limites entre os estados, mas só em 2008 foi apresentado um acordo sobre a questão, com o Piauí ficando com 1.500 hectares e o Ceará com 1.000. Em outubro de 2011, no entanto, o diálogo entre os dois estados foi abalado pela decisão do governo do Piauí de entrar com uma ação civil ordinária no Supremo Tribunal Federal (STF), reivindicando uma área total de 2.821 quilômetros quadrados que hoje pertence ao Ceará. Se o STF acatar o pedido do governo piauiense, o estado do Ceará perderia 66% do município de Poranga, 32% de Croatá, 21% de Guaraciaba do Norte, 18% de Carnaubal, 8% de Crateús, além de 7% de Ipaporanga. Demografia. Religião. A população do Piauí é majoritariamente cristã. Segundo o IBGE, é o estado com a menor proporção de protestantes, e maior proporção de católicos do país. Há uma grande diversidade de manifestações religiosas no Piauí, expressando a identidade multicultural do povo piauiense. Segundo levantamento realizado por aplicativo desenvolvido pela Prefeitura Municipal de Teresina, existem mais de 800 terreiros de matriz afro-brasileira na capital. Tendo em vista que são 800 mil habitantes no município, existe praticamente um terreiro para cada mil habitantes. Além das religiões cristãs e monoteístas, no Piauí também se encontram seguidores de espiritualidades politeístas, como o Piaganismo, considerado a primeira religião neopagã brasileira. Composição étnica. "Fonte: PNAD (dados obtidos por meio de pesquisa de autodeclaração)." Política e governo. O estado do Piauí, assim como em uma república, é governado por três poderes, o executivo, representado pelo governador, o legislativo, representado pela Assembleia Legislativa do Estado do Piauí, e o judiciário, representado pelo Tribunal de Justiça do Estado do Piauí e outros tribunais e juízes. Além dos três poderes, o estado também permite a participação popular nas decisões do governo através de referendos e plebiscitos. A atual Constituição do Estado do Piauí foi promulgada em 1988, acrescida das alterações resultantes de posteriores Emendas Constitucionais. O poder executivo piauiense está centralizado no governador do estado, que é eleito em sufrágio universal e voto direto e secreto pela população para mandatos de até quatro anos de duração, podendo ser reeleito para mais um mandato. O atual governador é Wellington Dias, do Partido dos Trabalhadores (PT). Ele reelegeu-se em 2006 vencendo a disputa em primeiro turno contra seu principal adversário e ex-aliado, o então senador Mão Santa. Em 2010, ele renunciou ao cargo em 1 de abril, com a intenção de se candidatar ao Senado, sendo substituído pelo vice Wilson Martins, de quem se afastaria após as eleições de 2012 quando perdeu a eleição para prefeito de Teresina. Em 2014 foi eleito para o seu terceiro mandato como governador, e reeleito em 2018 para o quarto mandato. O poder legislativo estadual é unicameral, constituído pela Assembleia Legislativa do Estado do Piauí, localizada em Teresina. Ela é constituída por 24 deputados, que são eleitos a cada quatro anos. No Congresso Nacional, a representação piauiense é de três senadores e dez deputados federais. O poder judiciário tem a função de julgar, conforme leis criadas pelo legislativo e regras constitucionais brasileiras, sendo composto por desembargadores, juízes e ministros. Atualmente, a maior corte do Poder Judiciário paulista é o Tribunal de Justiça do Piauí. Símbolos. A bandeira do Piauí foi adotada oficialmente através da e alterada posteriormente pela . Possui as mesmas cores da bandeira do Brasil, o amarelo representa a riqueza mineral e o verde a esperança. Inscrito dentro do retângulo azul, abaixo da estrela branca, está "13 DE MARÇO DE 1823", dia da Batalha do Jenipapo, que foi introduzida na alteração de 2005. O brasão do estado do Piauí foi adotado através da lei 1050, promulgada em 24 de julho de 1922. Subdivisões. O Piauí é dividido em seis regiões geográficas intermediárias e dezenove Regiões geográficas imediatas. Economia. A economia do estado é baseada no setor de serviços (comércio), na indústria (química, têxtil, de bebidas), na agricultura (soja, algodão, arroz, cana-de-açúcar, mandioca) e na pecuária extensiva. Ainda merecem destaque a produção de mel, o caju e o setor terciário em Picos e produção de biodiesel através da mamona em Floriano. Sua pauta de exportação se baseou, em 2012, em soja (64,55%), ceras (20,82%), algodão cru (4,73%), mel (2,00%) e alcaloides vegetais (1,82%). A pecuária foi a primeira atividade econômica desenvolvida no estado, fazendo parte de sua tradição histórica. O folclore e os costumes regionais derivam em grande parte da atividade pastoril. Entre os rebanhos, destacam-se os caprinos, bovinos, suínos, ovinos e asininos. A caprinocultura, por sua capacidade de adaptação a condições climáticas inóspitas, tem sido incentivada pelo Governo, proporcionando meio de vida a significantes parcelas da população carente, principalmente nas regiões de Campo Maior e Alto Piauí. No Sul do estado algumas fazendas estão investindo bastante na qualidade genética do rebanho. Podemos citar a cidade de Corrente no sul do estado que possui fazendas com um rebanho de alta qualidade genética, e em São Raimundo Nonato onde a família Paes Ribeiro tem a maior criação de gado. A agricultura no Piauí desenvolveu-se paralelamente à pecuária, como atividade quase que exclusivamente de subsistência. Posteriormente, adquiriu maior caráter comercial, embora de forma lenta e insuficiente para abastecer o crescente mercado interno do Estado. Em 2018 o estado era o 3º maior produtor de grãos do Nordeste. Entre as culturas tradicionais temporárias sobressaem-se a soja (2,4 milhões de toneladas em 2018, 3º maior produtor do Nordeste), o milho (1,5 milhão de toneladas em 2018, 2º maior produtor do Nordeste), a cana-de-açúcar (839 mil toneladas em 2018), a mandioca (365 mil toneladas em 2019) , o arroz (109 mil toneladas em 2019), o feijão (93 mil toneladas em 2019), o algodão herbáceo (24 mil toneladas em 2019) e o sorgo (23 mil toneladas em 2019). Entre as culturas permanentes, destacam-se a manga, a laranja, castanha-de-caju (2º maior produtor no Brasil, com 24.855 toneladas em 2018) e o algodão. A agricultura é forte em Altos (manga) e União (cana-de-açúcar). No setor de mineração, a Vale S.A. está em operação no município de Capitão Gervásio Oliveira, onde foi encontrada a segunda maior reserva de níquel do maior reserva de níquel do de pesquisa para verificar a viabilidade de exploração de petróleo e gás natural ao longo do Rio Parnaíba, provavelmente, em Floriano. No tocante à industrialização, ressalta-se a multinacional Bunge, instalada em Uruçuí para exploração da soja e da empresa de cimento Nassau, em Fronteiras, onde se obtém matéria-prima para sua produção. Diversos estudos geológicos demonstram a existência de potencial bastante promissor de exploração mineral. Entre as ocorrências de maior interesse econômico, encontram-se o Mármore, o amianto, as gemas, a ardósia, o níquel, o talco e a vermiculita. Vale ressaltar que o Piauí á dotado de grandes reservas de águas subterrâneas artesianas e possui a segunda maior jazida de níquel do Brasil, localizada no município de São João do Piauí. Ainda em 2009 foi anunciada a descoberta de uma grande jazida de ferro no município de Paulistana, sendo esta a segunda maior jazida de ferro do mundo. Ferro este que a companhia siderúrgica brasileira tem muito interesse. O Piauí tinha em 2018 um PIB industrial de R$ 5,6 bilhões, equivalente a 0,4% da indústria nacional e empregando 56.851 trabalhadores na indústria. Os principais setores industriais são: Construção (44,4%), Serviços Industriais de Utilidade Pública, como Energia Elétrica e Água (28,5%), Alimentos (9%), Bebidas (6,2%) e Vestuário (1,3%). Estes 5 setores concentram 89,4% da indústria do estado. Turismo. A capital, dita "A Rainha do Nordeste", é a única capital nordestina fora do litoral, porém com muitas belezas a serem descobertas para quem chega ao estado do Piauí. Fundada no ano de 1852, foi a primeira capital planejada no Brasil, conhecida como Mesopotâmia do Nordeste por se encontrar entre dois grandes rios. A cidade é muito bem projetada e arborizada, conhecida como 'Cidade Verde'. O turista encontra no centro de Teresina antigos casarões históricos. Na cidade, também há o Encontros dos Rios, o Parque Zoobotânico de Teresina, Polo Cerâmico do Poty Velho, Central de Artesanato, Ponte Estaiada, Floresta Fóssil, Balneário Curva São Paulo e uma vasta culinária típica que vai da Maria Isabel, passando pelo capote até o caranguejo e a famosa Cajuína. No norte do estado o turismo apresenta-se mais forte por conta do litoral com as suas praias e o Delta do Rio Parnaíba, onde se localiza a Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba, cuja foz despeja suas águas no atlântico, abrindo um grandioso delta com cerca de 90 ilhas. O litoral do Piauí tem 66 km de extensão, sendo o estado brasileiro com menos litoral, e é marcado por externas e ensolaradas praias, cercadas de dunas de areia branca e de lagoas de água doce. As praias do Piauí atraem turistas do mundo inteiro e principalmente esportistas que aproveitam os fortes ventos da região para a prática de kitesurf e esportes similares. Os principais municípios do litoral são Parnaíba e Luís Correia. Na região centro-norte encontra-se o Parque Ecológico da Cachoeira do Urubu, onde nos primeiros semestres de cada ano a abundância das quedas d'água proporcionam uma paisagem de imensa beleza conhecida como as "Cataratas do Iguaçu piauienses". Também na região centro-norte do estado encontra-se o cânion do rio Poti. Destaca-se ainda, a realização do Festival de Inverno desde 2005 em Pedro II, cidade conhecida como "Suíça Piauiense" devido ao clima de montanha, onde são realizados shows com artistas do blues e do Jazz conhecidos nacionalmente e até internacional. Com jazidas de Opalas (pedra preciosa) o mirante do Gritador (localizada na Serra dos Matões com altitude de 700m), casarões coloniais, trilhas com cachoeiras e artesanatos são atrativos que fazem do Festival de Inverno de Pedro II, um dos maiores eventos do estado do Piauí. No sul do estado o forte são os parques nacionais, onde há os mais importantes sítios arqueológicos do Brasil, o Parque Nacional Serra da Capivara, onde há inúmeros vestígios do homem da pré-história e onde fica o Museu do Homem Americano. O parque atrai turistas do mundo inteiro que ficam fascinados com a beleza, magia e mistérios da região. Também há o Parque Nacional de Sete Cidades e o Parque Nacional da Serra das Confusões, este último ainda não liberado a visitações. Infraestrutura. Transportes. O Metrô de Teresina foi criado no dia 15 de agosto de 1989, com o objetivo de implantar um transporte de alta capacidade para o aglomerado urbano da Grande Teresina. Os trens são novos e cada um tem capacidade para transportar 800 pessoas. O fluxo médio de movimentação poderá chegar a 30 mil passageiros por dia em 2010, e cada trem possui uma central de ar-condicionado que garante comodidade e conforto aos passageiros. O Metrô de Teresina possui hoje nove estações, e há projetos de implantação de mais duas em 2010. Uma será no bairro São João e a outra na Piçarra. Há planos de se ampliar a extensão do metrô para atender um número cada vez maior de pessoas. A ferrovia São Luís-Teresina é responsável pela ligação entre o Piauí e o Porto do Itaqui, sendo utilizada principalmente para o transporte de combustíveis para a capital piauiense, além de movimentar cimento, contêiners e ferro-gusa. A Ferrovia Teresina-Fortaleza transporta gusa, produtos siderúrgicos, cimento, coque, farinha de trigo e minério entre essas cidades. O Aeroporto Internacional de Parnaíba - Prefeito Dr. João Silva Filho está localizado no litoral piauiense no município de Parnaíba, a 350 km de Teresina, capital do Piauí. O aeroporto já operou voos regionais e nacionais além de receber voos da Europa(Internacionais). Atualmente (2015) o aeroporto de Parnaíba possui voos regulares operados pela empresa Azul. É localizado em uma área privilegiada, próximo aos municípios de Camocim e Jericoacoara, ambos no Ceará, ao Delta do Rio Parnaíba, no Piauí, e dos Lençóis Maranhenses no Maranhão, o aeroporto pode ser usado como a porta de entrada para uma região em que o turismo tende a crescer. O terminal de passageiros é inspirado na arquitetura modernista do Aeroporto Santos-Dumont, no Rio de Janeiro. A pista de pouso e decolagem, com 2,5 mil metros de comprimento, está preparada para receber voos internacionais, fretados ou regulares. O Aeroporto de Teresina - Senador Petrônio Portella (código ICAO:SBTE/código IATA:THE) foi inaugurado em 30 de setembro de 1967. Administrado pelo então Ministério da Aeronáutica, o aeroporto foi construído ao norte da capital, numa região situada entre os rios Poty e Parnaíba. As principais companhias aéreas do país operam em Teresina, como a TAM, Gol e a Azul. Embora grande parte da população teresinense o denomine Aeroporto Santos Dumont, sua denominação oficial era Aeroporto de Teresina, alterada no ano de 2000 para Aeroporto de Teresina/Senador Petrônio Portella, de acordo com a lei nº 9.942, de 22 de dezembro de 1999, em homenagem ao ilustre político piauiense Petrônio Portela Nunes, que foi Prefeito de Teresina, Deputado Estadual, Governador, Senador, Presidente do Congresso Nacional e Ministro da Justiça. Energia. O Piauí tem uma matriz energética diversificada, composta pela Usina Hidrelétrica de Boa Esperança, localizada no rio Parnaíba, o Parque Solar Nova Olinda, além da geração eólica em usinas como Delta 1 e 2, Padra do Sal, Araripe I, Araripe II, Araripe III e Chapada do Piauí. Em 2018, o estado foi o 3º maior produtor de energia eólica no Brasil, sendo essa a principal fonte energética do estado, com 1.443,10 MW de capacidade instalada. Cultura. Tendo sido a região efetivamente colonizada por portugueses, o estado do Piauí é muito rico em manifestações culturais. Como o estado é relativamente grande, havendo vários tipos de clima, vegetação e relevo, é comum a variedade de culturas conforme o local. As manifestações mais comuns no Piauí são: Bumba-Meu-Boi, Cavalo Piancó, Congada, Samba de Cumbucaoda de São Gonçalo, Reisado, entre outros destaca-se o festival de São João. A culinária piauiense é conhecida pelo gosto pelos temperos como a pimenta de cheiro, o coentro e o cheiro verde. O maior destaque é a galinha à cabidela, popularmente conhecida com galinha caipira, que é cozida ao molho e acrescenta-se um pouco do sangue da galinha. Outros destaques aparecem no acompanhamento da galinha que são a paçoca (carne seca pilada com farinha), a Maria Isabel (arroz misturado com carne seca), o baião de dois (arroz misturado com feijão novo) e o sarapatel (confeccionado com carne, fígado, coração e rim de porco). Destacam-se também comidas populares como a buchada de bode e a panelada, servida nos mercados públicos. Apesar de todas essas especiarias famosas e deliciosas a estrela de todas fica com os derivados do caju: o doce e a famosa cajuína (bebida sem álcool, clarificada e esterilizada, preparada a partir do suco de caju, apresentando uma cor amarelo-âmbar, resultante da caramelização dos açúcares naturais do suco). Festa junina. A Festa Junina é um festival cultural inspirado nas tradições portuguesas, em que o dia de São João, em 24 de junho, é uma das festas mais antigas e populares do ano. Ao contrário do Dia do Solstício de Verão europeu, as festividades no Brasil não acontecem no solstício de verão, mas durante o solstício de inverno do hemisfério sul. As festividades iniciam-se tradicionalmente a partir do dia 12 de junho, na véspera do dia de Santo Antônio, e duram até o dia 29, que é o dia de São Pedro. Durante esses quinze dias, há fogueiras, fogos de artifício e danças folclóricas nas ruas (os nomes das etapas estão em francês, o que mostra as influências mútuas entre a vida da corte e a cultura camponesa na Europa dos séculos XVII, XVIII e XIX). Antes um festival exclusivamente rural, hoje no Brasil é em grande parte um festival urbano durante o qual as pessoas imitam os estereótipos e clichês dos camponeses e consomem bebidas e pratos típicos. Como no carnaval, essas festividades envolvem fantasias (no caso, trajes de camponeses), danças, bebedeiras e espetáculos visuais (fogos de artifício e danças folclóricas). Como no Solstício de Verão e no Dia de São João na Europa, as fogueiras são uma parte central das festividades. Esportes. O Estádio Governador Alberto Tavares Silva, ou Albertão, é um dos maiores estádios de futebol do Nordeste do Brasil. Inaugurado em 1973, localiza-se na cidade de Teresina, e tinha capacidade para 60.000 torcedores quando inaugurado. Segundo o CNEF (Cadastro Nacional de Estádios de Futebol) de 15 de setembro de 2009 tem uma capacidade atual para 44.200 pessoas. Possui uma infraestrutura completa para futebol, atletismo e transmissão de jogos por rádio e TV. O Estádio Albertão tem imensa importância no futebol do estado do Piauí por ser o único estádio de grande porte do estado. No estado nasceu Sarah Menezes, campeã olímpica no judô; Kawan Pereira, o primeiro brasileiro a chegar a uma final olímpica nos saltos ornamentais; e Cruz Nonata da Silva, medalhista nos Jogos Pan Americanos.
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Prefixos SI
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Pitágoras
Pitágoras Pitágoras de Samos (, ou apenas ; Πυθαγόρης em grego jônico; Samos, Metaponto, ) foi um filósofo e matemático grego jônico creditado como fundador do movimento chamado Pitagorismo. Na sua maioria, as informações sobre Pitágoras foram escritas séculos depois da sua morte, de modo que há pouca informação confiável sobre ele. Nasceu na ilha de Samos e viajou pelo Egito e pela Grécia. Em 520 a.C. voltou a Samos. Cerca de 530 a.C., mudou-se para Crotona, na Magna Grécia. Biografia. Vida pregressa. Nascido na ilha grega de Samos, sua mãe teria se chamado Pítais e seu pai Mnesarco, supostamente um mercador da cidade de Tiro, que além de Pitágoras teria tido outros dois ou três filhos. Pitágoras passou a infância em Samos embora tenha viajado bastante com seu pai; ele foi treinado pelos melhores professores, alguns deles filósofos. Tocava lira, aprendeu aritmética, geometria, astronomia e poesia. Heródoto, Isócrates e outros primeiros escritores concordam que Pitágoras era filho de Mnesarco e que ele nasceu na ilha grega de Samos, no leste do mar Egeu. Diz-se que seu pai era um gravador de pedras preciosas ou um comerciante rico, mas sua ascendência é controversa e pouco clara. O nome de Pitágoras levou-o a ser associado a Apolo Pitão; Aristipo de Cirene explicou seu nome dizendo: "Ele falou ( , ) a verdade não menos do que a (, )". Apenas uma fonte tardia que é dado o nome da mãe de Pitágoras como "Pythaïs". Jâmblico conta a história de que a Pítia profetizou a ela enquanto ela estava grávida de que daria à luz um homem supremamente bonito, sábio e benéfico para a humanidade. Quanto à data de seu nascimento, Aristóxenes afirmou que Pitágoras deixou Samos no reinado de Polícrates, aos 40 anos, o que daria uma data de nascimento por volta de 570 a.C.. Durante os anos de formação de Pitágoras, Samos foi um próspero centro cultural conhecido por seus feitos de engenharia arquitetônica avançada, incluindo a construção do Túnel de Eupalinos e sua cultura festiva. Era um importante centro comercial no Egeu, onde os comerciantes traziam mercadorias do Oriente Próximo. Segundo Christiane L. Joost-Gaugier, esses comerciantes quase certamente trouxeram consigo ideias e tradições do Oriente Próximo. O início da vida de Pitágoras também coincidiu com o florescimento da filosofia natural jônica inicial. Ele era contemporâneo dos filósofos Anaximandro, Anaxímenes e do historiador Hecataeu, todos os quais viviam em Mileto, do outro lado do mar de Samos. Viagens alegadas. Acredita-se tradicionalmente que Pitágoras tenha recebido a maior parte de sua educação no Oriente Próximo. Os estudos modernos mostraram que a cultura da Grécia arcaica foi fortemente influenciada pela cultura do Oriente Próximo. Como muitos outros pensadores importantes da Grécia, Pitágoras teria estudado no Egito, para onde teria viajado em cerca de 535 a.C. - alguns anos após a ocupação de Samos pelo tirano Policrates - lá, conheceu os templos e aprendeu sobre os sacerdotes locais. Na época de Isócrates, no século IV a.C., os supostos estudos de Pitágoras no Egito já eram tomados como fato. O escritor Antifonte, que pode ter vivido durante a Era Helênica, afirmou em sua obra perdida "Sobre Homens de Mérito Excepcional", usada como fonte por Porfírio, que Pitágoras aprendeu a falar egípcio do próprio faraó Amósis II, que ele estudou com os sacerdotes egípcios em Dióspolis (Tebas) e que ele era o único estrangeiro a receber o privilégio de participar de seu culto. O biógrafo platônico médio Plutarco (c 46 – c. 120 d.C.) escreve em seu tratado "Sobre Ísis e Osíris" que, durante sua visita ao Egito, Pitágoras recebeu instruções do sacerdote egípcio Enúfis de Heliópolis (enquanto isso, Sólon recebeu palestras de um Sonchis de Saís). Segundo o teólogo cristão Clemente de Alexandria (c. 150 – c. 215 d.C.), "Pitágoras era um discípulo de Soches, um arquiprofeta egípcio, assim como Platão foi de Secnúfis, de Heliópolis." Alguns escritores antigos afirmaram que Pitágoras aprendeu geometria e a doutrina da metempsicose dos egípcios. Outros escritores antigos, no entanto, alegaram que Pitágoras havia aprendido esses ensinamentos com os magos da Pérsia ou mesmo com o próprio Zoroastro. Diógenes Laércio afirma que Pitágoras mais tarde visitou Creta, onde foi à Caverna de Ida com Epimênides. Dizem que os fenícios ensinaram aritmética a Pitágoras e que os caldeus lhe ensinaram astronomia. Já no terceiro século a.C., dizia-se que Pitágoras já havia estudado sob os judeus. Contrariando todos esses relatos, o romancista Antônio Diógenes, escrevendo no século II a.C., relata que Pitágoras descobriu todas as suas doutrinas interpretando sonhos. O sofista Filóstrato do século III d.C. afirma que, além dos egípcios, Pitágoras também estudou com os sábios hindus na Índia. Jâmblico expande ainda mais essa lista, afirmando que Pitágoras também teria estudado com os celtas e os ibéricos. Em 525 a.C., o rei Persa Cambises I atacou o Egito e uma lenda conta que Pitágoras teria sido capturado e enviado para a Babilônia, onde teria recebido ensinamentos espirituais de influência oriental, nas tentativas anedóticas de associá-lo a um possível contato com os chamados magos persas, babilônicos ou até com hindus. Em 522 a.C. ambos Policrates e Cambises já haviam morrido, então Pitágoras retorna a Samos onde funda uma escola de filosofia chamada "Semicírculo". Por volta de 518 a.C., para evitar conflitos políticos, viaja para o sul da Itália, para a cidade de Crotona onde funda uma escola espiritual; lá ele teria se casado. Família e amigos. Diógenes Laércio afirma que Pitágoras "não se entregava aos prazeres do amor" e que advertiu os outros a fazer sexo apenas "quando você estiver disposto a se tornar mais fraco do que está". Segundo Porfírio, Pitágoras casou-se com Teano, uma senhora de Creta e filha de Pitonax de Creta e teve vários filhos com ela. Porfírio escreve que Pitágoras teve dois filhos chamados Telauge e Arignote e uma filha chamada Myia que "tiveram precedência entre as donzelas de Crotona e, quando esposadas, entre as mulheres casadas". Jâmblico não menciona nenhum desses filhos e, em vez disso, apenas menciona um filho chamado Mnesarco em homenagem a seu avô. Este filho teria sido criado pelo sucessor nomeado de Pitágoras, Aristeu, e acabou assumindo a escola quando Aristeu estava velho demais para continuar a administrá-la. Dizia-se que o lutador Mílon de Croton era um associado próximo de Pitágoras e foi creditado por ter salvado a vida do filósofo quando um telhado estava prestes a desabar. Essa associação pode ter sido resultado de confusão com um homem diferente chamado Pitágoras, que era um treinador de atletismo. Diógenes Laércio registra o nome da esposa de Milo como Myia. Jâmblico menciona Teano como a esposa de Brontino de Crotona. Diógenes Laércio afirma que essa mesma Teano era aluna de Pitágoras e que a esposa de Pitágoras, Teano, era filha dela. Diógenes Laércio também registra que os trabalhos supostamente escritos por Teano ainda existiam durante sua própria vida e cita várias opiniões atribuídas a ela. Esses escritos agora são conhecidos por serem pseudoepígrafos. Morte. A ênfase de Pitágoras na dedicação e no ascetismo é creditada por ajudar na vitória decisiva de Crotona sobre a colônia vizinha de Síbaris, em 510 a.C.. Após a vitória, alguns cidadãos proeminentes de Crotona propuseram uma constituição democrática, que os pitagóricos rejeitaram. Os partidários da democracia, liderados por Cílon e Nínon, o primeiro dos quais se diz ter ficado irritado com sua exclusão da irmandade de Pitágoras, despertaram a população contra eles. Seguidores de Cílon e Nínon atacaram os pitagóricos durante uma de suas reuniões, na casa de Mílon ou em algum outro local de reunião. Relatos do ataque são frequentemente contraditórios e muitos provavelmente o confundiram com rebeliões antipitagóricas posteriores. O edifício foi aparentemente incendiado e muitos dos membros reunidos morreram; somente os membros mais jovens e mais ativos conseguiram escapar. Fontes discordam sobre se Pitágoras estava presente quando o ataque ocorreu e, se ele estava, se conseguiu ou não escapar. Em alguns relatos, Pitágoras não estava na reunião quando os pitagóricos foram atacados porque ele estava em Delos, atendendo a Ferécides em leito de morte. Segundo outro relato de Dicéarco, Pitágoras estava na reunião e conseguiu escapar, levando um pequeno grupo de seguidores à cidade vizinha de Lócris, onde eles pediram refúgio, mas foram negados. Eles chegaram à cidade de Metaponto, onde se abrigaram no templo das Musas e morreram de fome depois de quarenta dias sem comida. Outro conto registrado por Porfírio afirma que, enquanto os inimigos de Pitágoras estavam queimando a casa, seus devotados estudantes deitaram-se no chão para fazer um caminho para ele escapar, caminhando sobre seus corpos através das chamas como uma ponte. Pitágoras conseguiu escapar, mas estava tão desanimado com a morte de seus amados alunos que ele teria cometido suicídio. Uma lenda diferente relatada por Diógenes Laércio e Jâmblico afirma que Pitágoras quase conseguiu escapar, mas que ele chegou a um campo de favas e se recusou a percorrê-lo, pois isso violaria seus ensinamentos, ele parou então e foi morto. Esta história parece ter se originado do escritor Neantes, que falou sobre os pitagóricos posteriores, não sobre o próprio Pitágoras. A escola pitagórica. Os pitagóricos interessavam-se pelo estudo das propriedades dos números. Para eles, o número, sinônimo de harmonia, é constituído da soma de pares e ímpares (os números pares e ímpares expressando as relações que se encontram em permanente processo de mutação), sendo considerado como a essência das coisas, criando noções opostas (limitado e ilimitado) e a base da teoria da harmonia das esferas. A escola pitagórica era conectada com concepções esotéricas e a moral pitagórica enfatizava o conceito de "harmonia", práticas ascéticas e defendia a metempsicose. Segundo os pitagóricos, o cosmo é regido por relações matemáticas. A observação dos astros sugeriu-lhes que uma ordem domina o universo. Evidências disso estariam no dia e noite, no alterar-se das estações e no movimento circular e perfeito das estrelas. Por isso o mundo poderia ser chamado de cosmos, termo que contém as ideias de ordem, de correspondência e de beleza. Nessa cosmovisão também concluíram que a Terra é esférica, estrela entre as estrelas que se movem ao redor de um Fogo Central. Alguns pitagóricos chegaram até a falar da rotação da Terra sobre o eixo, mas a maior descoberta de Pitágoras ou dos seus discípulos (já que há obscuridades em torno do pitagorismo, devido ao caráter esotérico e secreto da escola) deu-se no domínio da geometria e se refere às relações entre os lados do triângulo retângulo. A descoberta foi enunciada no teorema de Pitágoras. Pitágoras foi expulso de Crotona e passou a morar em Metaponto, onde morreu, provavelmente em 496 a.C. ou 497 a.C. Segundo o pitagorismo, a essência, que é o princípio fundamental que forma todas as coisas é o "número". Os pitagóricos não distinguem forma, lei, e substância, considerando o número o elo entre estes elementos. Para esta escola existiam quatro elementos: terra, água, ar e fogo. Assim, Pitágoras e os pitagóricos investigaram as relações matemáticas e descobriram vários fundamentos da física e da matemática. O símbolo utilizado pela escola era o pentagrama, que, como descobriu Pitágoras, possui algumas propriedades interessantes. Um pentagrama é obtido traçando-se as diagonais de um pentágono regular; pelas intersecções dos segmentos desta diagonal, é obtido um novo pentágono regular, que é proporcional ao original exatamente pela razão áurea. Pitágoras descobriu em que proporções uma corda deve ser dividida para a obtenção das notas musicais no início, sem altura definida, sendo uma tomada como fundamental (pensemos numa longa corda presa a duas extremidades que, quando tangida, nos dará o som mais grave) - e a partir dela, gerar-se-á a quinta e terça através da reverberação harmônica. Os sons harmônicos. Prendendo-se a metade da corda, depois a terça parte e depois a quinta parte conseguiremos os intervalos de quinta e terça em relação à fundamental. A chamada série harmônica. À medida que subdividimos a corda obtemos sons mais altos e os intervalos serão diferentes. E assim sucessivamente. Descobriu ainda que frações simples das notas, tocadas juntamente com a nota original, produzem sons agradáveis. Já as frações mais complicadas, tocadas com a nota original, produzem sons desagradáveis. O nome está ligado principalmente ao importante teorema que afirma: Em todo triângulo retângulo, a soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa. Durante o século IV a.C, verificou-se, no mundo grego, uma revivescência da vida religiosa. Segundo alguns historiadores, um dos fatores que concorreram para esse fenômeno foi a linha política adotada pelos tiranos: para garantir o papel de líderes populares e para enfraquecer a antiga aristocracia, os tiranos estimulavam a expansão de cultos populares ou estrangeiros. Dentre estes cultos, um teve enorme difusão: o Orfismo (de Orfeu), originário da Trácia, e que era uma religião essencialmente esotérica. Os seguidores desta doutrina acreditavam na imortalidade da alma, ou seja, enquanto o corpo se degenerava, a alma migrava para outro corpo, por várias vezes, a fim de efetivar a purificação. Dioniso guiaria este ciclo de reencarnações, podendo ajudar o homem a libertar-se dele. Pitágoras seguia uma doutrina diferente. Teria chegado à concepção de que todas as coisas são números e o processo de libertação da alma seria resultante de um esforço basicamente intelectual. A purificação resultaria de um trabalho intelectual, que descobre a estrutura numérica das coisas e torna, assim, a alma como uma unidade harmônica. Os números não seriam, neste caso, os símbolos, mas os valores das grandezas, ou seja, o mundo não seria composto dos números 0, 1, 2, etc., mas dos valores que eles exprimem. Assim, portanto, uma coisa manifestaria externamente a estrutura numérica, sendo esta coisa o que é por causa deste valor. Metempsicose. Embora os detalhes exatos dos ensinamentos de Pitágoras sejam incertos, é possível reconstruir um esboço geral de suas ideias principais. Aristóteles escreve longamente sobre os ensinamentos dos pitagóricos, mas sem mencionar diretamente Pitágoras. Uma das principais doutrinas de Pitágoras parece ter sido a "metempsicose", a crença de que todas as almas são imortais e que, após a morte, uma alma é transferida para um novo corpo. Este ensinamento é referenciado por Xenófanes, Íon de Quio e Heródoto. Entretanto, nada se sabe sobre a natureza ou o mecanismo pelo qual Pitágoras acreditava que a metempsicose ocorresse. Empédocles alude em um de seus poemas que Pitágoras pode ter afirmado possuir a capacidade de recordar suas encarnações anteriores. Diógenes Laércio informa um relato de Heráclides de Ponto que Pitágoras disse às pessoas que ele havia vivido quatro vidas anteriores das quais ele conseguia se lembrar em detalhes. A primeira dessas vidas foi como Etalides, filho de Hermes, que lhe concedeu a capacidade de lembrar de todas as suas encarnações passadas. Em seguida, ele encarnou como Euforbo, um herói menor da Guerra de Troia mencionado brevemente na "Ilíada". Ele então se tornou o filósofo Hermótimo, que reconheceu o escudo de Euforbo no templo de Apolo. Sua encarnação final foi como Pirro, um pescador de Delos. Uma de suas vidas passadas, conforme relatado por Dicearco, foi como uma bela cortesã. A propósito, em seu livro "A Vida de Apolónio de Tiana", Filóstrato também cita que Pitágoras sabia quem tinha sido. Misticismo. Outra crença atribuída a Pitágoras foi a da "harmonia das esferas", que sustentava que os planetas e estrelas se movem de acordo com equações matemáticas, que correspondem a notas musicais e, portanto, produzem uma sinfonia inaudível. Segundo Porfírio, Pitágoras ensinou que as sete Musas eram na verdade os sete planetas cantando juntos. Em seu diálogo filosófico "Protréptico", Aristóteles diz por seu duplo literário: Quando perguntaram a Pitágoras [por que os seres humanos existem], ele disse, "para observar os céus", e costumava afirmar que ele próprio era um observador da natureza e que fora por isso que ele passou para a vida.Dizia-se que Pitágoras praticava adivinhação e profecia. Nas visitas a vários lugares da Grécia - Delos, Esparta, Phlius, Creta etc. - que lhe são atribuídas, ele geralmente aparece em seu disfarce religioso ou sacerdotal, ou como legislador. Estilo de vida comunal. Tanto Platão e Isócrates afirmam que, acima de tudo, Pitágoras era conhecido como o fundador de uma nova forma de vida. A organização que Pitágoras fundou em Crotona foi chamada de "escola", mas, de muitas maneiras, parecia um mosteiro. Os adeptos foram obrigados por um voto a Pitágoras e uns aos outros, com o propósito de buscar as observâncias religiosas e ascéticas e de estudar suas teorias religiosas e filosóficas. Os membros da seita compartilhavam todos os seus bens em comum e eram devotados um ao outro, excluindo os estrangeiros. Fontes antigas registram que os pitagóricos faziam refeições em comum, à maneira dos espartanos. Uma máxima pitagórica era "koinà tà phílōn" ("Todas as coisas em comum entre amigos"). Jâmblico e Porfírio fornecem relatos detalhados da organização da escola, embora o interesse principal de ambos os escritores não seja a precisão histórica, mas apresentar Pitágoras como uma figura divina, enviada pelos deuses para beneficiar a humanidade. Jâmblico, em particular, apresenta o "Modo de Vida Pitagórico" como uma alternativa pagã às comunidades monásticas cristãs de seu próprio tempo. Dois grupos existiram no início do pitagorismo: os "mathematikoi" ("aprendentes") e os "akousmatikoi" ("ouvintes"). Os "akousmatikoi" são tradicionalmente identificados pelos estudiosos como "velhos crentes" em misticismo, numerologia e ensinamentos religiosos; enquanto os "mathematikoi" são tradicionalmente identificados como uma facção modernista e mais intelectual, mais racionalista e científica. Gregory adverte que provavelmente não houve uma distinção nítida entre eles e que muitos pitagóricos provavelmente acreditavam que as duas abordagens eram compatíveis. O estudo da matemática e da música pode ter sido relacionado ao culto de Apolo. Os pitagóricos acreditavam que a música era uma purificação para a alma, assim como a medicina era uma purificação para o corpo. Uma anedota de Pitágoras relata que, quando encontrou alguns jovens bêbados tentando invadir o lar de uma mulher virtuosa, ele cantou uma melodia solene com espondeus longos e a "vontade furiosa" dos meninos foi reprimida. Os pitagóricos também enfatizaram particularmente a importância do exercício físico; dança terapêutica, caminhadas matinais diárias por rotas cênicas e atletismo foram os principais componentes do estilo de vida pitagórico. Momentos de contemplação no início e no final de cada dia também foram aconselhados. Proibições e regulamentos. Os ensinamentos de Pitágoras eram conhecidos como "símbolos" ("symbola") e os membros faziam um voto de silêncio de que não revelariam esses símbolos a não-membros. Aqueles que não obedeceram às leis da comunidade foram expulsos e os membros restantes ergueram lápides para eles como se tivessem morrido. Um número de "ditos orais" ("akoúsmata") atribuídos a Pitágoras sobreviveram, lidando com como os membros da comunidade pitagórica deveriam realizar sacrifícios, como deveriam honrar os deuses, como deveriam "se mover" aqui e como eles devem ser enterrados. Muitos desses ditos enfatizam a importância da pureza ritual e evitar a contaminação. Por exemplo, um ditado que Leonid Zhmud conclui provavelmente pode ser rastreado genuinamente até o próprio Pitágoras, proibindo seus seguidores de usar roupas de lã. Outros ditos orais existentes proíbem os pitagóricos de partir o pão, cutucar fogueiras com espadas ou pegar migalhas e ensinar que uma pessoa deve sempre colocar a sandália direita antes da esquerda. Os significados exatos desses ditos, no entanto, são frequentemente obscuros. Jâmblico preserva as descrições de Aristóteles das intenções ritualísticas originais, por trás de alguns desses ditos, mas essas aparentemente mais tarde caíram de moda, porque Porfírio fornece interpretações ético-filosóficas marcadamente diferentes para eles: Alegadamente, não era permitido que novos iniciados se encontrassem com Pitágoras até que tivessem completado um período de iniciação de cinco anos, durante o qual eles deveriam permanecer em silêncio. Fontes indicam que o próprio Pitágoras foi extraordinariamente progressivo em suas atitudes em relação às mulheres e as mulheres da escola de Pitágoras parecem ter desempenhado um papel ativo em suas operações. Jâmblico fornece uma lista de 235 famosos pitagóricos, dezessete dos quais são mulheres. Em épocas posteriores, muitas filósofas proeminentes contribuíram para o desenvolvimento do neopitagorismo. O pitagorismo também envolvia uma série de proibições alimentares. É mais ou menos de acordo que Pitágoras emitiu uma proibição contra o consumo de feijão fava e a carne de animais não sacrificados, como peixes e aves. Ambas as suposições, no entanto, já foram contraditas ou ou associadas a significado simbólico. Restrições alimentares pitagóricas podem ter sido motivadas pela crença na doutrina da metempsicose. Alguns escritores antigos apresentam Pitágoras como reforçando uma dieta estritamente vegetariana. Eudoxo de Cnido, um estudante de Arquitas, escreve: "Pitágoras se distinguiu por essa pureza e, portanto, evitou matar e aqueles que matavam, de modo que ele não apenas se absteve de alimentos de origem animal, mas também manteve distância de cozinheiros e caçadores". Outras autoridades contradizem essa afirmação. Segundo Aristóxenes, Pitágoras permitia o uso de todos os tipos de alimentos para animais, exceto a carne de bois usados para arar e de carneiros. De acordo com Heráclides Pôntico, Pitágoras comia a carne dos sacrifícios e estabeleceu uma dieta para atletas dependente de carne. Principais descobertas. Além de grandes místicos, os pitagóricos eram grandes matemáticos. Eles descobriram propriedades interessantes e curiosas sobre os números. Números figurados. Os pitagóricos estudaram e demonstraram várias propriedades dos números figurados. Entre estes o mais importante era o número triangular 10, chamado pelos pitagóricos de "tetraktys", tétrada em português. Este número era visto como um número místico uma vez que continha os quatro elementos fogo, água, ar e terra: 10=1 + 2 + 3 + 4, e servia de representação para a completude do todo. α α α α α α α α α α A tétrada, que os pitagóricos desenhavam com um α em cima, dois abaixo deste, depois três e por fim quatro na base, era um dos símbolos principais do seu conhecimento avançado das realidades teóricas. Números perfeitos. A soma dos divisores de determinado número com exceção dele mesmo, é o próprio número. Exemplos: Teorema de Pitágoras. Um problema não solucionado na época de Pitágoras era determinar as relações entre os lados de um triângulo retângulo. Pitágoras provou que a soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa. O primeiro número irracional a ser descoberto foi a raiz quadrada do número 2, que surgiu exatamente da aplicação do teorema de Pitágoras em um triângulo de catetos valendo 1: Os gregos não conheciam o símbolo da raiz quadrada e diziam simplesmente: "o número que multiplicado por si mesmo é 2". A partir da descoberta da raiz de 2 foram descobertos muitos outros números irracionais. Reitor da primeira universidade. A palavra Matemática (Mathematike, em grego) surgiu com Pitágoras, que foi o primeiro a concebê-la como um sistema de pensamento, fulcrado em provas dedutivas. Existem, no entanto, indícios de que o chamado Teorema de Pitágoras (c²= a²+b²) já era conhecido dos babilônios em 1600 a.C. com escopo empírico. Estes usavam sistemas de notação sexagesimal na medida do tempo (1h=60min) e na medida dos ângulos (60º, 120º, 180º, 240º, 360º). Pitágoras percorreu por 30 anos o Egito, Babilônia, Síria, Fenícia e talvez a Índia e a Pérsia, onde acumulou ecléticos conhecimentos: astronomia, matemática, ciência, filosofia, misticismo e religião. Ele foi contemporâneo de Tales de Mileto, Buda, Confúcio e Lao-Tsé. Quando retornou a Samos, indispôs-se com o tirano Polícrates e emigrou para Crotona no sul da Itália. Aí fundou a Escola Pitagórica, a quem se concede a glória de ser a "primeira Universidade do mundo". A Escola Pitagórica e as atividades se viram desde então envoltas por um véu de lendas. Foi uma entidade parcialmente secreta com centenas de alunos que compunham uma irmandade religiosa e intelectual. Entre os conceitos que defendiam, destacam-se: Pitágoras é o primeiro matemático puro. Entretanto é difícil separar o histórico do lendário, uma vez que deve ser considerado uma figura imprecisa historicamente, já que tudo o que dele sabemos deve-se à tradição oral. Nada deixou escrito, e os primeiros trabalhos sobre o mesmo deve-se a Filolau, quase 100 anos após a morte de Pitágoras. Mas não é fácil negar aos pitagóricos - assevera Carl Boyer - "o papel primordial para o estabelecimento da Matemática como disciplina racional". A despeito de algum exagero, há séculos cunhou-se uma frase: "Se não houvesse o 'teorema Pitágoras', não existiria a Geometria". Ao biografar Pitágoras, Jâmblico (c. 300 d.C.) registra que o mestre vivia repetindo aos discípulos: “todas as coisas se assemelham aos números”. Influência posterior na Antiguidade. A Escola Pitagórica ensejou forte influência na poderosa verba de Euclides, Arquimedes e Platão, na antiga era cristã, na Idade Média, na Renascença e até em nossos dias com o Neopitagorismo. Na filosofia grega. Comunidades pitagóricas consideráveis existiram em Magna Grécia, Fliunte e Tebas durante o início do século IV a.C.. Na mesma época, o filósofo pitagórico Arquitas teve grande influência na política da cidade de Tarento, na Magna Grécia. Segundo a tradição posterior, Arquitas foi eleito como "estratego" ("general") sete vezes, apesar de outros terem sido proibidos de servir por mais de um ano. Arquitas também era um matemático e músico de renome. Ele era um amigo íntimo de Platão e é citado na "República" de Platão. Aristóteles afirma que a filosofia de Platão era fortemente dependente dos ensinamentos dos pitagóricos. Cícero repete essa afirmação, observando que "Platonem ferunt didicisse Pythagorea omnia" ("Dizem que Platão aprendeu todas as coisas pitagóricas"). De acordo com Charles H. Kahn, os diálogos intermediários de Platão, incluindo "Mênon", "Fédon" e "A República", têm uma forte "coloração pitagórica", e seus últimos diálogos (particularmente "Filebo" e "Timeu") são extremamente pitagóricos em caráter. Segundo R. M. Hare, a "República" de Platão pode ser parcialmente baseada na "comunidade fortemente organizada de pensadores com ideias semelhantes" estabelecida por Pitágoras em Crotona. Além disso, Platão pode ter emprestado de Pitágoras a ideia de que a matemática e o pensamento abstrato são uma base segura para a filosofia, a ciência e a moralidade. Platão e Pitágoras compartilhavam uma "abordagem mística da alma e de seu lugar no mundo material" e é provável que ambos tenham sido influenciados pelo orfismo. O historiador da filosofia Frederick Copleston afirma que Platão provavelmente emprestou sua teoria tripartida da alma dos pitagóricos. Bertrand Russell, em "A History of Western Philosophy", afirma que a influência de Pitágoras sobre Platão e outros foi tão grande que ele deveria ser considerado o filósofo mais influente de todos os tempos. Ele conclui que "não conheço outro homem que tenha sido tão influente quanto ele foi na escola de pensamento". Uma Tábua de Opostos foi atribuída por Aristóteles a Pitágoras, o que mostra partilhar do pensamento grego pré-socrático de investigação das dualidades na natureza. Um renascimento dos ensinamentos pitagóricos ocorreu no primeiro século a.C. quando filósofos platonistas médios como Eudoro e Fílon de Alexandria saudaram o surgimento de um "novo" pitagorismo em Alexandria. Na mesma época, o neopitagorianismo se tornou proeminente. O filósofo do século I d.C.. Apolônio de Tiana, procurou imitar Pitágoras e viver de acordo com os ensinamentos de Pitágoras. O filósofo neopitagórico Moderato de Gades, no final do primeiro século, expandiu a filosofia dos números pitagórica e provavelmente entendeu a alma como um "tipo de harmonia matemática". O matemático e musicólogo neopatagórico Nicomaco também expandiu a numerologia pitagórica e a teoria da música. Numênio de Apameia interpretou os ensinamentos de Platão à luz das doutrinas pitagóricas. Sobre a arte e arquitetura. A escultura grega procurava representar a realidade permanente por trás das aparências superficiais. A escultura arcaica primitiva representa a vida de formas simples e pode ter sido influenciada pelas primeiras filosofias naturais gregas. Os gregos geralmente acreditavam que a natureza se expressava em formas ideais e era representada por um tipo (), que era calculado matematicamente. Enquanto as dimensões mudavam, os arquitetos buscavam retransmitir a permanência através da matemática. Maurice Bowra acredita que essas ideias influenciaram a teoria de Pitágoras e seus alunos, que acreditavam que "todas as coisas são números". Durante o século VI a.C., a filosofia numérica dos pitagóricos desencadeou uma revolução na escultura grega. Escultores e arquitetos gregos tentaram encontrar a relação matemática (cânone) por trás da perfeição estética. Possivelmente aproveitando as ideias de Pitágoras, o escultor Policleto escreve em seu "cânon" que a beleza consiste na proporção, não nos elementos (materiais), mas na interrelação das partes entre si e com o todo. Nas ordens arquitetônicas gregas, todo elemento era calculado e construído por relações matemáticas. Rhys Carpenter afirma que a proporção 2:1 era "a proporção generativa da ordem dórica e, nos tempos helenísticos, uma colunata dórica comum, supera um ritmo de notas". O edifício mais antigo conhecido, projetado de acordo com os ensinamentos de Pitágoras, é a Basílica Porta Maggiore, uma basílica subterrânea que foi construída durante o reinado do imperador romano Nero como um local de culto secreto para os pitagóricos. A basílica foi construída no subsolo por causa da ênfase pitagórica no segredo e também por causa da lenda de que Pitágoras havia se isolado em uma caverna em Samos. A abside da basílica fica no leste e seu átrio no oeste por respeito ao sol nascente. Tem uma entrada estreita que leva a uma pequena piscina onde os iniciados podem se purificar. O edifício também é projetado de acordo com a numerologia de Pitágoras, com cada mesa no santuário oferecendo assentos para sete pessoas. Três corredores levam a um único altar, simbolizando as três partes da alma que se aproximam da unidade de Apolo. A abside mostra uma cena da poeta Safo pulando dos penhascos leucadianos, segurando sua lira no peito, enquanto Apolo fica embaixo dela, estendendo a mão direita em um gesto de proteção simbolizando os ensinamentos pitagóricos sobre a imortalidade da alma. O interior do santuário é quase inteiramente branco porque a cor branca era considerada sagrada pelos pitagóricos. O panteão do imperador Adriano em Roma também foi construído com base na numerologia pitagórica. O plano circular do templo, o eixo central, a cúpula hemisférica e o alinhamento com as quatro direções cardinais simbolizam as visões pitagóricas da ordem do universo. O único óculo no topo da cúpula simboliza a mônada e o deus do sol Apolo. As vinte e oito costelas que se estendem do óculo simbolizam a lua, porque vinte e oito foram o mesmo número de meses no calendário lunar de Pitágoras. Os cinco anéis encaixotados abaixo das costelas representam o casamento do sol e da lua. No início do cristianismo. Pitágoras. Eusébio ( 260 - 340 d.C.), bispo de Cesareia, elogia Pitágoras em seu livro "Contra Hiérocles" por seu domínio do silêncio, sua frugalidade, sua moral "extraordinária" e seus sábios ensinamentos. Em outro trabalho, Eusébio compara Pitágoras a Moisés. Em uma de suas cartas, o Padre da Igreja Jerônimo ( 347 - 420 d.C.) elogia Pitágoras por sua sabedoria e, em outra carta, ele credita Pitágoras por sua crença na imortalidade da alma, a qual ele sugere que os cristãos herdaram dele. Agostinho de Hipona (354 - 430 d.C.) rejeitou os ensinamentos de Pitágoras sobre a metempsicose sem nomeá-lo explicitamente, mas expressou admiração por ele. Em "Sobre a Trindade", Agostinho elogia o fato de Pitágoras ser humilde o suficiente para se chamar um "filósofo" ou "amante da sabedoria" em vez de "sábio". Em outra passagem, Agostinho defende a reputação de Pitágoras, argumentando que Pitágoras certamente nunca ensinou a doutrina da metempsicose. Influência após a antiguidade. Na Idade Média. Durante a Idade Média, Pitágoras foi reverenciado como o fundador da matemática e da música, duas das Sete Artes Liberais. Ele aparece em inúmeras representações medievais, em manuscritos iluminados e nas esculturas em relevo no portal da Catedral de Chartres. O "Timeu" foi o único diálogo de Platão a sobreviver na tradução latina na Europa ocidental, que levou Guilherme de Conches (c. 1080-1160) a declarar que Platão era pitagórico. Na década de 1430, o frade camaldolense Ambrose Traversari traduziu o "Vidas e Doutrinas dos Filósofos Ilustres" de Diogenes Laércio do grego para o latim e, na década de 1460, o filósofo Marsilio Ficino traduziu também as "Vidas de Pitágoras" de Porfírio e de Jâmblico. permitindo assim que eles fossem lidos e estudados por acadêmicos ocidentais. Em 1494, o estudioso neopitagórico grego Constantino Láscaris publicou "Os versos de ouro de Pitágoras", traduzidos para o latim, com uma edição impressa de seu "Grammatica", levando-os a uma audiência generalizada. Em 1499, ele publicou a primeira biografia renascentista de Pitágoras em sua obra "Vitae illustrium philosophorum siculorum et calabrorum", publicada em Messina. Na ciência moderna. Em seu prefácio ao livro "A revolução das esferas celestiais" (1543), Nicolau Copérnico cita vários pitagóricos como as influências mais importantes no desenvolvimento de seu modelo heliocêntrico do universo, omitindo deliberadamente a menção de Aristarco de Samos, um astrônomo não pitagórico que havia desenvolvido um modelo totalmente heliocêntrico no século IV a.C., em um esforço para retratar seu modelo como fundamentalmente pitagórico. Johannes Kepler considerava-se um pitagórico. Ele acreditava na doutrina pitagórica da "musica universalis" e foi sua busca pelas equações matemáticas por trás dessa doutrina que levou à descoberta das leis do movimento planetário. Kepler intitulou seu livro sobre o assunto "Harmonices Mundi" ("Harmônicas do Mundo"), em homenagem aos ensinamentos pitagóricos que o inspiraram. Perto da conclusão do livro, Kepler descreve-se adormecendo ao som da música celestial, "aquecido por ter bebido um gole generoso ... do copo de Pitágoras". Isaac Newton acreditava firmemente no ensino pitagórico da harmonia e ordem matemática do universo. Embora Newton fosse notório por raramente dar crédito a outras pessoas por suas descobertas, ele atribuiu a descoberta da Lei da Gravitação Universal a Pitágoras. Albert Einstein acreditava que um cientista também pode ser "um platônico ou um pitagórico, na medida em que considera o ponto de vista da simplicidade lógica como uma ferramenta indispensável e eficaz de sua pesquisa". O filósofo inglês Alfred North Whitehead argumentou que "De certo modo, Platão e Pitágoras estão mais próximos da ciência física moderna do que Aristóteles. Os dois primeiros eram matemáticos, enquanto Aristóteles era filho de um médico". Por essa medida, Whitehead declarou que Einstein e outros cientistas modernos como ele estão "seguindo a pura tradição pitagórica". Sobre o vegetarianismo. Um retrato ficcional de Pitágoras aparece no Livro XV de "Metamorfoses" de Ovídio, em que ele faz um discurso implorando seus seguidores a aderir a uma dieta estritamente vegetariana. Foi através da tradução inglesa de Arthur Golding, em 1567, das "Metamorfoses" de Ovídio que Pitágoras foi melhor conhecido pelos falantes de inglês durante o início do período moderno. O "Progresso da Alma de" John Donne discute as implicações das doutrinas expostas no discurso e Michel de Montaigne citou o discurso pelo menos três vezes em seu tratado "Da Crueldade" para expressar suas objeções morais contra os maus tratos a animais. William Shakespeare faz referência ao discurso em sua peça "The Merchant of Venice". John Dryden incluiu uma tradução da cena com Pitágoras em sua obra de 1700", Fables, Ancient and Modern" e a fábula de John Gay em 1726 "Pitágoras e o Camponês" reitera seus principais temas, ligando o carnivorismo à tirania. Lord Chesterfield registra que sua conversão ao vegetarianismo foi motivada pela leitura do discurso de Pitágoras nas "Metamorfoses" de Ovídio. Até a palavra "vegetarianismo" ser cunhada na década de 1840, os vegetarianos eram referidos em inglês como "pitagóricos". Percy Bysshe Shelley escreveu uma ode intitulada "À dieta pitagórica" e Liev Tolstói adotou a dieta pitagórica. Sobre o esoterismo ocidental. O esoterismo europeu moderno extraiu fortemente dos ensinamentos de Pitágoras. O estudioso humanista alemão Johannes Reuchlin (1455-1522) sintetizou o pitagorismo com a teologia cristã e a cabala judaica, argumentando que a cabala e o pitagorismo foram ambos inspirados pela tradição mosaica e que Pitágoras era, portanto, um cabalista. Em seu diálogo "De verbo mirifico" (1494), Reuchlin comparou o tetráctis pitagórico ao inefável nome divino YHWH, atribuindo a cada uma das quatro letras do tetragrammaton um significado simbólico segundo os ensinamentos místicos de Pitágoras. O popular e influente tratado de três volumes de Heinrich Cornelius Agrippa, "De Occulta Philosophia," cita Pitágoras como um "mago religioso" e indica que a numerologia mística de Pitágoras opera em um nível supercelestial. Os maçons deliberadamente modelaram sua sociedade na comunidade fundada por Pitágoras em Crotona. O rosacrucianismo usou o simbolismo pitagórico, assim como Robert Fludd (1574-1637), que acreditava que seus próprios escritos musicais haviam sido inspirados por Pitágoras. John Dee foi fortemente influenciado pela ideologia pitagórica, particularmente pelo ensino de que todas as coisas são feitas de números. Adam Weishaupt, o fundador dos Illuminati, era um forte admirador de Pitágoras e, em seu livro "Pitágoras" (1787), ele defendia que a sociedade deveria ser reformada para se parecer mais com a comunidade de Pitágoras em Crotona. Wolfgang Amadeus Mozart incorporou o simbolismo maçônico e pitagórico em sua ópera "A flauta mágica". Sylvain Maréchal, em sua biografia de seis volumes de 1799, "The Voyages of Pitthagoras", declarou que todos os revolucionários em todos os períodos de tempo são os "herdeiros de Pitágoras". Na literatura. Dante Alighieri era fascinado pela numerologia pitagórica e baseava suas descrições do inferno, purgatório e céu em números pitagóricos. Dante escreveu que Pitágoras via a Unidade como boa e a pluralidade como má e, em "Paraíso" XV, 56–57, ele declara: "cinco e seis, se entendidos, irradiam da unidade". O número onze e seus múltiplos são encontrados em toda a "Divina Comédia", cada livro com trinta e três cantos, com exceção do "Inferno", com trinta e quatro, o primeiro dos quais serve como introdução geral. Dante descreve as nona e décima bolgias no oitavo círculo do inferno como sendo vinte e duas milhas e onze milhas respectivamente, o que corresponde à fracção de , que foi a aproximação de Pitágoras de pi. Inferno, Purgatório e Céu são todos descritos como circulares e Dante compara a maravilha da majestade de Deus ao quebra-cabeça matemático de quadratura do círculo. O número três também apresenta destaque: a "Divina Comédia" tem três partes e Beatrice está associada ao número nove, que é igual a três vezes três. Os transcendentalistas leram as antigas "Vidas de Pitágoras" como guias sobre como viver uma vida modelo. Henry David Thoreau foi impactado pelas traduções de Thomas Taylor da "Vida de Pitágoras," de Jâmblico, e dos "Ditados Pitagóricos de" Estobeu e seus pontos de vista sobre a natureza podem ter sido influenciados pela ideia pitagórica de imagens correspondendo a arquétipos. O ensino pitagórico da "música universal" é um tema recorrente em toda a "magnum opus de" Thoreau, "Walden".
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Paul van Dyk
Paul van Dyk Matthias Paul, nome artístico Paul Van Dyk ou PVD (Eisenhüttenstadt, 16 de dezembro de 1971) é um DJ da Alemanha, um dos mais importantes da música trance da atualidade. Atualmente assume a sexagésima posição no top 100 da DJ Mag tendo assumido a primeira posição em 2005 e 2006. Foi criado em Berlim Oriental, tendo pequenos contatos com o mundo capitalista, por meio de fitas cassete e rádio, onde ele descobriu artistas como The Smiths e New Order. Após a queda do Muro de Berlim, uma larga cultura ocidental invadiu Berlim, e embora o techno emergisse, Paul procurava um som diferente, mais único. Utilizando duas plataformas giratórias velhas, criou suas primeiras fitas de remix com suas ideias. Em março de 1991, seu estilo único de música foi tocado pela primeira vez ao público no clube Tresor, em Berlim. Nesse mesmo período, Paul começou a escrever suas primeiras composições. Sua primeira produção, Perfect Day, feita em conjunto com Cosmic Baby como Visions of Shiva, foi lançada em 1992. Em 1993, ganhou mais reconhecimento com o remix de "Love Simulation" de Humate, ao mesmo tempo que tocava no clube noturno E-Werk em Berlim. No ano seguinte, gravou o álbum "45 RPM". Nos anos seguintes, Paul ganhou respeito remixando composições de vários artistas de nome, como Inspiral Carpets, Sven Väth, Curve e New Order. Isto ocorreu até o lançamento de seu segundo álbum, Seven Ways, que o estabilizou como um dos grandes artistas eletrônicos. Em 1998 foi lançada a versão inglesa do seu álbum "45 RPM", e o novo remix de "For an Angel". O álbum permaneceu duas semanas como número um nas paradas inglesas, e quatro nas paradas de dança alemãs, e ainda ganhou destaque nas paradas americana, holandesa, australiana, belga e escandinava. Em 1999, Paul criou junto de sua equipe a Vandit Records, que traria lançamentos seus e de novos e inovadores DJs. Na época do lançamento de "Out There & Back" em 2000, ficou claro que o músico de Berlim tinha mais a oferecer do que sua assinatura de club sets e remixes já haviam definido, como um dos mais influentes DJs alemães de todos os tempos. Sua primeira compilação mix, o álbum "The Politics of Dancing" foi lançada em 2001, seguido de Global (DVD) em 2003. Hoje, sua agenda de turnês está sempre cheia, com paradas nos principais locais de Londres, Tel-Aviv, Cidade do México, Nova Iorque, Singapura e outros.
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Partículas
Partículas São pequenos corpos, que se deslocam sem se dobrar e deformar;o que pode ser uma partícula? É o nome para designar partes, que tem o nome mais técnico em física, tem um significado apropriado, no dicionario, não tera a mesma tradução como em linguagem física da ciência!
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Porto
Porto O Porto é uma cidade portuguesa e capital da sub-região da Área Metropolitana do Porto e da região do Norte, pertencendo ao distrito do Porto. É sede do Município do Porto que tem uma área total de 41,42 km2, 231.962 habitantes em 2021 e uma densidade populacional de 5.165 hab./km2, subdividido em 7 freguesias. O município é limitado a norte pelos municípios de Matosinhos e Maia, a leste pelo por Gondomar, a sul por Vila Nova de Gaia e a oeste pelo Oceano Atlântico. É a cidade que deu o nome a Portugal — desde muito cedo (c. 200 a.C.), quando se designava de "Portus Cale", vindo mais tarde a tornar-se a capital do Condado Portucalense, de onde se formou Portugal. É ainda uma cidade conhecida mundialmente pelo seu vinho, pelas suas pontes e arquitetura contemporânea e antiga, o seu centro histórico, classificado como Património Mundial pela UNESCO, pela qualidade dos seus restaurantes e pela sua gastronomia, pelas suas principais equipas de futebol, o Futebol Clube do Porto, o Boavista Futebol Clube, o Sport Comércio e Salgueiros, pela sua principal universidade pública: a Universidade do Porto, colocada entre as 200 melhores universidades do Mundo e entre as 100 melhores universidades da Europa, bem como pela qualidade dos seus centros hospitalares. É a sede da Área Metropolitana do Porto, que agrupa 17 municípios com 1 737 395 habitantes em 1 900 km² de área, com uma densidade populacional próxima de 914 hab./km², o que torna a cidade a 13ª área urbana mais populosa da União Europeia e a segunda área (NUTS III) mais populosa de Portugal. O Porto e a Área Metropolitana do Porto constituem o núcleo estrutural da Região do Norte, que tem uma população de 3 689 609 habitantes (Censos de 2011), sendo, portanto, a região (NUTS II) mais populosa de Portugal. Compreende 8 sub-regiões ou unidades de nível III (NUTS III). O Porto, juntamente com os concelhos vizinhos de Vila Nova de Gaia e de Matosinhos, forma a Frente Atlântica do Porto, que constitui o núcleo populacional mais urbanizado da Área Metropolitana, situado no litoral, delimitado, a oeste, pelo Oceano Atlântico, com a influência estrutural do estuário do Rio Douro, que une Gaia ao Porto. A cidade é a mais importante da altamente industrializada zona litoral da Região Norte, onde se localizam grande parte dos mais importantes grupos económicos do país, tais como a Altri, o Grupo Amorim/Corticeira Amorim, o Banco BPI, a BIAL, a EFACEC, a Frulact, a Lactogal, o Millennium BCP, a Porto Editora, a Sonae, a Unicer ou o Grupo RAR. A Associação Empresarial de Portugal está sediada no Porto. A Região do Norte é a única região portuguesa que exporta mais do que importa. História. Fundação e primeiros povos. Tem origem num povoado celta, pré-romano. Na época romana designava-se Cale ou Portus Cale, sendo a origem do nome de Portugal. A 27 de abril de 711, dá-se o início da invasão muçulmana da Península Ibérica, com o desembarque em Gibraltar dum exército mouro de 9 000 homens, liderados por Tárique. Em 714 tomam Lisboa, e em 715 as forças islâmicas atingem a região norte do que hoje conhecemos como Portugal, tomando as principais povoações e cidades, tais como Porto e Braga. Em 716 já praticamente toda a Península estava sob domínio do Califado Omíada, com exceção de uma pequena zona montanhosa das Astúrias, onde a resistência cristã se refugiou. Passado um século e meio, em 868, surgem as primeiras tentativas de reconquista definitiva, Vímara Peres, fundador da terra portucalense, teve uma importante contribuição na conquista do território, restaurando assim a cidade de "Portucale". Finalmente, e passados dois séculos após o início da invasão, em 999, fidalgos gascões entre os quais se encontrava D. Nónego bispo de Vendôme em França e mais tarde bispo do Porto entraram com uma grande armada pela foz do Rio Douro, para expulsarem os mouros. Esta armada, que ficou conhecida como a Armada dos Gascões, associada a D. Munio Viegas, conquistou a cidade do Porto aos mouros para dedicá-la à Virgem Mãe de Deus. Depois desta batalha, D. Munio e os "franceses" trataram de reedificar o Porto. Ergueram as antigas e fortes muralhas, e na parte mais elevada da cidade, fundaram um alcácer acastelado e bem fortalecido que, depois do conde Henrique, serviu de habitação dos bispos, aos quais foi doado. A torre e a porta principal foram obra de D. Nónego, que, em memória da pátria, a nomeou porta de Vandoma, e que na frontaria da torre fez erguer o santuário, onde colocou a imagem de Nossa Senhora do Porto, que já trouxera consigo de França. Em 1111, Teresa de Leão, mãe do futuro primeiro rei de Portugal, concedeu ao bispo D. Hugo o couto do Porto. Das armas da cidade faz parte a imagem de Nossa Senhora. Daí o facto de o Porto ser também conhecido por "cidade da Virgem", epítetos a que se devem juntar os de "Antiga, Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta", que lhe foram sendo atribuídos ao longo dos séculos e na sequência de feitos valorosos dos seus habitantes, e que foram ratificados por decreto de D. Maria II de Portugal. Séculos XIV e XV. A cidade foi apelidada de "Paraíso" por D.Fernando que, durante a sua infância, visitou várias vezes a cidade acompanhado dos maiores e mais poderosos descendentes das grandes famílias nobiliárquicas portugueses tais como D.Dinis de Aveiro, grande amigo dele. Durante a crise dinástica de 1383–1385 a cidade manteve-se, a grande maioria do tempo, leal ao Mestre de Avis, filho ilegítimo de D.Pedro e meio-irmão de D.Fernando. Em 1384, junto do que é hoje a margem norte da cidade do Porto, uma força expedicionária castelhana, que tinha entrado em Portugal pela Galiza, é enfrentada por uma pequena guarnição portuguese composta por, cerca de 180 homens, que tinha como função patrulhar a passagem ilegal através do rio Douro. A força castelhana, muito mais numerosa, contava com cerca de 650 homens entre os quais 500 eram peões e os restantes uma mistura de 150 fidalgos castelhanos e franceses que tinha como objetivo se juntar ao exército de D.Juan de Castela para o cerco de Lisboa. Esta pequena escaramuça decorreu na manhã de 16 de julho de 1384 e teve um desfecho agradável para os portugueses que, mesmo com tamanha desvantagem numérica, conseguiram afugentar os castelhanos que partiram em debanda para o norte de Portugal. Os mantimentos que traziam para aliviar as tropas castelhanas no cerco de Lisboa foram apreendidas por Pedro Rito e Dinis Oliveira, oficiais da guarnição portuguesa. Á quem diga que esta pequena batalha foi decisiva para o desfecho do cerco em Lisboa, pois além de as tropas castelhanas perderem um reforço de 650 homens, todos os mantimentos que traziam como comida e armas de cerco foram apreendidas e nunca chegaram ao resto do exército. Foi dentro dos seus muros que se efetuou o casamento do rei D. João I com a princesa inglesa D. Filipa de Lencastre. A cidade foi berço do infante D. Henrique, conhecido como o "Infante de Sagres" ou "O Navegador." Devido aos sacrifícios que a cidade fez para apoiar a preparação da armada que partiu, em 1415, para a conquista de Ceuta, tendo a população do Porto oferecido aos expedicionários toda a carne disponível, ficando apenas com as "tripas" para a alimentação os naturais do Porto ganharam a alcunha de "tripeiros", uma expressão mais carinhosa que pejorativa. É também esta a razão pela qual o prato tradicional da cidade ainda é, hoje em dia, as "Tripas à moda do Porto". Séculos XVIII e XIX. A cidade desempenhou um papel fundamental na defesa dos ideais do liberalismo mais concretamente nas batalhas do . Aliás, a coragem com que suportou o cerco das tropas miguelistas durante a guerra civil de 1832–34 e os feitos valorosos empreendidos pelos seus habitantes — o famoso Cerco do Porto — valeram-lhe mesmo a atribuição, pela rainha D. Maria II, do título — único entre as demais cidades de Portugal — de Invicta Cidade do Porto (ainda hoje presente no listel das suas armas), donde o epíteto com que é frequentemente mencionada por antonomásia — a «"Invicta"». Alberga numa das suas muitas igrejas — a da Lapa — o coração de D. Pedro IV de Portugal, que o ofereceu à população da cidade em homenagem ao contributo dado pelos seus habitantes à causa liberal. Cidade agraciada com a Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito a 26 de abril de 1919. Geografia. O território do Porto tem uma área de 45 km2 e uma população de cerca de 240 000 pessoas, sendo a segunda maior aglomeração urbana do país. A cidade é conhecida como a capital do Norte e seu Centro Histórico é classificado como Património Mundial da UNESCO desde 1996. A localização geográfica da cidade, aliada a uma rede de autoestradas, permite chegar a regiões como Galiza, Algarve, Lisboa, Coimbra ou outros lugares facilmente. Porto é classificada como a 3ª cidade portuguesa com condições de vida mais habitáveis, conforme medido por um estudo publicado anualmente pelo "Expresso". Clima. A cidade do Porto tem um clima mediterrânico do tipo Csb de acordo com a classificação climática de Köppen-Geiger. No Inverno as temperaturas variam entre os 5 °C e os 14 °C raramente descendo abaixo dos 0 °C. Durante esta estação, períodos chuvosos alternam com dias mais frios e de céu limpo. No Verão as temperaturas variam entre os 15 °C e os 25 °C podendo ocasionalmente atingir ou mesmo ultrapassar os 35 °C nos meses de Julho ou Agosto. Temperaturas estivais acima dos 30 °C são raras devido à proximidade do oceano, contudo verificam-se quando o vento sopra do quadrante leste. Devido à sua situação geográfica, períodos mais frescos e com precipitação podem ser comuns durante o Verão em anos mais húmidos. A baixa amplitude térmica deve-se à proximidade do oceano e à presença da corrente quente do Golfo. Demografia. A Área metropolitana do Porto é o lar de 1 757 413 habitantes e tem 1 900 km² de área, com uma densidade populacional próxima de 1 098 hab/km², o que torna a cidade a 13ª área urbana mais populosa da União Europeia, sendo, portanto, a segunda maior área (NUTS III) de Portugal. O Porto e sua área metropolitana constituem o núcleo estrutural da Região Norte, que é a região (NUTS II) mais populosa do país, concentrando quase 35% da população residente em Portugal. Muitas das casas mais antigas da cidade estão em risco de colapso. A população do município do Porto caiu em quase 100 000 desde a década de 1980, mas o número de residentes permanentes na periferia e cidades satélites cresceu fortemente. A cidade do Porto é conhecida como a "Cidade Invicta" e como a "Capital do Norte". Foi a cidade principal do Entre Douro e Minho e a capital da região do Douro Litoral, que são dois territórios identitários que ainda hoje têm forte coesão, em termos físicos, naturais, humanos e sociais, estando localizada num dos pontos nucleares da bacia hidrográfica do rio Douro. O Porto é, frequentemente, referido como a cidade portuguesa com o temperamento mais centro-europeu, devido ao bucolismo requintado do seu espaço urbano (a fazer lembrar o requinte das cidades comerciais e capitalistas dos países centrais e nórdicos da Europa que se encontram localizadas perto dos rios e do oceano), surgido das influências estruturais que moldaram os seus habitantes e o temperamento da cidade: a Monarquia de Portugal, a influência cultural dos Judeus e a forte ligação a Inglaterra, com uma forte presença britânica. É a cidade onde vive a maior comunidade britânica em Portugal e onde se encontram as raízes judaicas mais antigas e consistentes dos portugueses, através de uma herança «marrana», «cripto-judaica» e «cristã-nova» muito forte. Na cidade encontra-se a maior sinagoga da Península Ibérica e uma das maiores da Europa — a Sinagoga Kadoorie, edificada em 1938. Nela pode-se conhecer a história e religião judaicas, tomar contacto com importantes objetos históricos e documentos assim como saber mais sobre a comunidade judaica do Porto ao longo dos séculos até aos dias de hoje. Política. Porto é a sede e a capital da Área Metropolitana do Porto, presidida, na atualidade, por Emídio Sousa, que é uma grande área metropolitana portuguesa que agrupa 17 municípios. Cidades geminadas. A cidade do Porto encontra-se geminada com as seguintes cidades: Freguesias. O concelho do Porto está dividido em sete freguesias: Economia. A região da cidade é onde se situam a maioria das pequenas e médias empresas do país, sendo também a que mais contribui para as exportações nacionais, sendo a única região que exporta mais do que importa. A Região Norte produz 40% do valor acrescentado do país e tem 50% do emprego industrial, tendo uma taxa de cobertura das importações pelas exportações de 129%, contra a média nacional de 74%. Esta região é servida por duas importantes infra-estruturas: o Porto de Leixões, que representa 25% do comércio internacional português e movimenta cerca de 14 milhões de toneladas de mercadorias por ano, e o Aeroporto Francisco Sá Carneiro, que é o melhor aeroporto de Portugal em termos de espaço na aerogare. Em termos de movimentos aéreos de carga e de passageiros, é o segundo maior de Portugal, tendo sido galardoado como o melhor do mundo na categoria de aeroportos até 5 milhões de passageiros e, em 2014, como o terceiro melhor aeroporto europeu. As relações económicas entre a cidade do Porto e o vale do Douro estão bem documentadas desde a Idade Média. Nozes, frutos secos e azeite sustentaram um próspero comércio entre o Porto e a região. Do Porto, estes produtos eram exportados para mercados externos no Velho e no Novo Mundos. No entanto, o grande impulso ao desenvolvimento das relações comerciais inter-regionais veio da agro-indústria do Vinho do Porto. Esta atividade desenvolveu decididamente a relação de complementaridade entre o grande centro urbano do litoral e esta região de enorme potencial agrícola, particularmente vocacionada para a produção de vinhos fortificados de grande qualidade. O desenvolvimento do Porto esteve sempre intimamente ligado com a margem sul do Douro, Vila Nova de Gaia, até 1834 parte integrante do seu termo, onde se estabeleceram as caves para envelhecimento dos vinhos finos do Alto Douro. O Porto sempre rivalizou com Lisboa ao nível económico. A abastada classe de industriais da região criou, logo em meados do , a poderosa Associação Industrial Portuense, hoje Associação Empresarial de Portugal. A antiga Bolsa do Porto foi transformada na maior Bolsa de Derivados de Portugal, tendo-se fundido com a Bolsa de Lisboa criando a Bolsa de Valores de Lisboa e Porto. Em 2002, a BVLP acabou por se integrar na Euronext, em conjunto com bolsas da Bélgica, França, Países Baixos e Reino Unido. O edifício que albergou durante muito tempo a bolsa, o Palácio da Bolsa, sede da Associação Comercial do Porto, é hoje uma das principais atrações turísticas da cidade. O Porto e a região Norte constituem a região onde se situam a maioria das pequenas e médias empresas e onde se situam as regiões agrícolas mais produtivas e também a que mais contribui para as exportações nacionais, sendo a única região que exporta mais do que importa. O Porto é sede do Jornal de Notícias, um dos jornais diários de maior tiragem a nível nacional, e da Porto Editora, a maior empresa editora do país, conhecida pelos seus dicionários e livros escolares. No Porto, cruzam-se várias estradas e linhas de caminho-de-ferro que também contribuíram para tornar a cidade o principal centro comercial de toda a região nortenha. Apesar da progressiva terciarização do centro, a atividade industrial continua com grande relevância, laborando, na sua cintura industrial, fábricas de têxteis, calçado, metalomecânica, cerâmica, móveis, ourivesaria e outras atividades fabris, algumas ainda a nível artesanal. Sendo a cidade mais importante da altamente industrializada zona do litoral norte de Portugal, muitos dos mais importantes grupos económicos do país de diversos sectores — tais como a Altri, o grupo Amorim, o Banco BPI, a BIAL, a EFACEC, a Frulact, a Lactogal, o Millennium BCP, a Porto Editora, a Sonae, a Unicer, o Azeite Serrata e a RAR — têm a sua sede social na cidade do Porto ou na Grande Área Metropolitana do Porto. Turismo. Como pontos turísticos, destacam-se a Torre dos Clérigos, da autoria de Nicolau Nasoni, e a Fundação de Serralves, um museu de arte contemporânea. O Centro Histórico é Património da Humanidade, classificado pela UNESCO. A Foz é outra zona altamente turística, por muitos considerada a mais bela zona da cidade, onde se pode desfrutar da beleza do Oceano Atlântico conjugada com um belíssimo e romântico passeio marítimo. Foi Capital Europeia da Cultura em 2001 (Porto 2001) e acolheu vários jogos do Campeonato Europeu de Futebol de 2004, nomeadamente o jogo de abertura. Ainda, em evidência, está o Mercado do Bolhão, um símbolo arquitetónico de comércio tradicional, onde se encontram as famosas vendedeiras do Mercado, características da cidade. Está prevista a intervenção do Arquiteto Joaquim Massena para o restauro e reabilitação no Mercado do Bolhão, dotando-o de infra-estruturas de salubridade para o comércio de frescos, bem como a inclusão de novas funcionalidades, mantendo toda a estrutura Patrimonial. O conjunto histórico classificado pela UNESCO, é um dos pontos turísticos mais visitados da cidade do Porto, onde se podem encontrar diversos pontos de comércio, praças e edifícios históricos, que estão na origem da cidade, como a Sé Catedral. É também amplamente visitado na cidade, sobretudo por peregrinos portugueses e alemães, o Convento do Bom Pastor, situado em Paranhos, por nele ter vivido e morrido com fama de santidade a Irmã Maria do Divino Coração, condessa Droste zu Vischering, a qual se tornou mundialmente conhecida por ter influenciado o Papa Leão XIII a efectuar a consagração do Género Humano ao Sagrado Coração de Jesus. Posteriormente, no ano de 1964, a religiosa foi proclamada Venerável pela Igreja Católica e foi depois beatificada no dia 1 de novembro de 1975 pelo Papa Paulo VI. Este convento possui duas capelas para culto público e um museu com inúmeras relíquias da Bem-aventurada Madre Superiora das Irmãs do Bom Pastor dessa comunidade. Em 2012 e 2014, a cidade do Porto foi eleita "Melhor Destino Europeu", distinção atribuída anualmente pela "European Consumers Choice". Em 2013, foi eleita o "Melhor Destino de férias na Europa" pela "Lonely Planet". Também, no ano de 2014, a revista "Business Destinations", que organiza anualmente os "Business Destinations Travel Awards", considerou que a Alfândega do Porto é o melhor espaço para "reuniões e conferências" da Europa, elegendo este centro de congressos pela sua qualidade e inserção urbana e, nesse mesmo ano, a edição europeia do "Wall Street Journal" dedicou duas páginas à cidade do Porto, que sugeriu como a cidade "fascinante e charmosa ... perfeita para um fim de semana prolongado". No ano de 2015, a cidade do Porto volta a ser escolhida como um dos principais destinos turísticos da Europa, fazendo parte de uma lista de 10 polos turísticos feita pelo jornal britânico "The Guardian". Em Fevereiro de 2017, o Porto foi novamente eleito, pela "European Consumers Choice", "Melhor Destino Europeu" do ano. É a terceira vez que a cidade é distinguida com esse galardão e a única a conseguir esse feito por três vezes. Infraestrutura. Transportes. O Aeroporto Internacional Francisco Sá Carneiro (OPO), que é o melhor aeroporto de Portugal em termos de espaço na aerogare. Em termos de movimentos aéreos de carga e de passageiros, é o segundo maior de Portugal, tendo sido galardoado como o melhor do mundo na categoria de aeroportos até 5 milhões de passageiros e, em 2014, como o terceiro melhor aeroporto europeu. Depois de radicalmente reconstruído sua zona de influência se alastrou pelo o noroeste da Península Ibérica, sendo hoje um aeroporto funcional e de arquitetura contemporânea com capacidade para receber até 16 milhões de passageiros por ano, considerado por diversas entidades internacionais como o melhor da Europa na sua categoria. o Porto de Leixões, que representa 25% do comércio internacional português e movimenta cerca de 14 milhões de toneladas de mercadorias por ano, situado no concelho vizinho de Matosinhos, passará por uma ampliação que duplicará a possibilidade de carga, e trará vários cruzeiros de luxo ao porto, ou mesmo os estudos científicos realizados na cidade que já deram cartas na história da Ciência Mundial. Leixões foi classificado em 2013 como um dos 125 portos mais movimentados do mundo. O transporte público na cidade do Porto remota ao ano de 1872, altura em que a "Companhia Carril Americano do Porto" foi pioneira ao iniciar a sua exploração em Portugal. Um ano depois é criada a "Companhia Carris de Ferro do Porto". A fusão das duas empresas dará origem à "Sociedade de Transportes Colectivos do Porto" (STCP) que toma a atual designação em 1946. A STCP tem a seu cargo a exploração dos autocarros e as linhas de eléctrico que resistiram da época de ouro destes transportes, estando hoje troços em reabilitação na baixa portuense. A exploração da rede de metropolitano é efetuada pela empresa Metro do Porto que ao todo possuiu 68 estações distribuídas por 60,0 km de linhas comerciais em via dupla, com 8 km da rede enterrada, dispostas pela metrópole do Porto, tornando-se assim na maior rede metropolitana de transporte público de massas em Portugal. O Funicular dos Guindais, operado pela Metro do Porto, é um caminho de ferro numa escarpa que liga, de forma rápida, a zona da Batalha à Avenida Gustavo Eiffel, na Ribeira. A cidade dispõe ainda de uma rede ferroviária suburbana explorada pela CP: linhas de Aveiro, Braga, Guimarães e Penafiel ou Caíde. Rodoviário. A capacidade do sistema rodoviário da cidade é aumentado pela autoestrada A20, uma estrada interna ligada a várias autoestradas e saídas da cidade, complementando a uma estrada periférica, que faz fronteira com o norte da cidade e liga o lado oriental da cidade para a costa atlântica. A cidade está ligada a Valença pela autoestrada A28, a Estarreja pela A29, a Lisboa pela A1, a Bragança pela A4 e a Braga pela A3. Há também a Via de Cintura Interna, um anel viário que liga todas as principais cidades ao redor Porto e que ligam a cidade a outras principais rodovias metropolitanas, como A7, A11, A42, A43 e A44. Desde 2011, uma nova autoestrada, a A32, liga a região metropolitana a São João da Madeira e Oliveira de Azeméis. Os principais terminais rodoviários do espaço urbano da cidade do Porto são o Terminal Rodoviário do Campo 24 de Agosto e o Terminal Rodoviário do Parque das Camélias (cidade do Porto), que estão conectados, de modo directo, no contexto mais vasto da Área Metropolitana do Porto, ao Centro Coordenador de Transportes de Arouca e ao Centro Coordenador de Transportes de São João da Madeira. A necessidade de uma travessia permanente entre as duas margens do Douro para circulação de pessoas e mercadorias, levou à construção da Ponte das Barcas em 1806, anteriormente a travessia do rio fazia-se com recursos a barcos, jangadas, barcaças ou batelões. A ponte era constituída por 20 barcas ligadas por cabos de aço e que podia abrir em duas partes para dar passagem ao tráfego fluvial. O aumento do tráfego exigiu a construção de uma ponte permanente o que levou à construção da Ponte pênsil D. Maria II em 1843, desmantelada anos mais tarde após a abertura da Ponte de D. Luís I em 1886, a ponte mais antiga da cidade que permanece em atividade. Com os seus dois tabuleiros — o inferior e o superior — servia primitivamente como ligação rodoviária entre as zonas baixa e alta de Vila Nova de Gaia e do Porto e, de uma forma mais geral, entre o norte e o sul do país, durante largas décadas. A partir da segunda metade do , no entanto, começou a revelar-se insuficiente para assegurar o trânsito automóvel entre as duas margens, tendo sido substituída por outras pontes e após adaptação o tabuleiro superior passou a ser utilizado pelo Metro do Porto. A Ponte de D. Maria Pia, construída entre Janeiro de 1876 e 4 de Novembro de 1877 pela empresa de Gustave Eiffel, foi a primeira ponte ferroviária a unir as duas margens do Douro. Dotada de uma só linha, o que obrigava à passagem de uma composição de cada vez, a uma velocidade que não podia ultrapassar os 20 km/h e com cargas limitadas, no último quartel do tornou-se evidente que a ponte já não respondia de forma satisfatória às necessidades. O que levou a que fosse desativada e substituída pela Ponte de São João em 1991. A Ponte da Arrábida tinha à data da construção o maior arco do mundo em betão armado, e constitui o tramo final da auto-estrada A1 que liga Lisboa ao Porto. Inicialmente a ponte tinha duas vias de trânsito com 8 m cada, separadas por uma via sobrelevada de 2 m de largura; duas pistas para ciclistas de 1,70 m cada e dois passeios marginais de 1,50 m de largura, também sobrelevados. Mais tarde, foram acrescentadas uma via de trânsito em cada sentido, construídas à custa da eliminação das pistas para ciclistas e da redução do separador central. Apesar da construção da Ponte do Freixo, mais a montante, a Ponte de Arrábida continua a ser a principal ligação entre a cidade do Porto e a margem sul do Douro. Das pontes que ligam o Porto a Vila Nova de Gaia, a Ponte do Freixo é a que está mais a montante do rio. Foi construída na tentativa de minimizar os congestionamentos ao trânsito automóvel vividos nas Pontes da Arrábida e de Dom Luís, particularmente notórios desde finais da década de 1980. Trata-se, na verdade, de duas pontes construídas lado a lado e afastadas 10 cm uma da outra. É uma ponte rodoviária com oito vias de trânsito (quatro em cada sentido). A Ponte do Infante, batizada em honra do Infante D. Henrique, nascido no Porto, é a mais recente que liga Porto e Gaia. Foi construída para substituir o tabuleiro superior da Ponte Dom Luís, entretanto convertida para uso da "Linha Amarela" (Hospital de São João/Santo Ovídio) do Metro do Porto. Foi construída pouco a montante da Ponte de Dom Luís, em plena zona histórica, ligando o bairro das Fontainhas (Porto) à Serra do Pilar (Vila Nova de Gaia). Saúde. Na cidade do Porto existem vários hospitais (quer públicos quer privados), clínicas e centros de saúde. Alguns dos hospitais públicos do Porto estão organizados num Centro Hospitalar, o Centro Hospitalar Universitário de Santo António. Os hospitais incluídos neste Centro Hospitalar são o Hospital de Santo António, Centro Materno-Infantil do Norte Dr. Albino Aroso, Centro Integrado de Cirurgia de Ambulatório e Centro de Genética Médica Doutor Jacinto de Magalhães. Para além destes, ainda há o Hospital de São João e o IPO. Entre o serviço de saúde privado destacam-se o Hospital da Luz Porto, o Hospital da Boavista ou o Hospital da Luz Arrábida. Educação. A cidade do Porto possui diversas escolas e jardins de infância, públicas e privadas, de ensino primário, básico e secundário, como a Escola Secundária Alexandre Herculano. Na área do Grande Porto existem escolas internacionais como a British Council Porto. No Porto situa-se a Universidade do Porto. Também existem outras universidades como a Universidade Católica Portuguesa, a Universidade Lusíada do Porto, a Universidade Fernando Pessoa, a Universidade Portucalense, a Universidade Lusófona do Porto e o Instituto Politécnico do Porto. O Porto é o local onde se formalizou a criação de um consórcio pioneiro em Portugal: o Consórcio das Universidades do Norte (UniNORTE), que corresponde a uma associação/parceria entre a Universidade do Porto, a Universidade do Minho e a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, a fim de serem partilhados meios, recursos humanos e fundos europeus. O Porto tem duas bibliotecas municipais. A Biblioteca Pública Municipal do Porto, onde se pode encontrar, entre outros, os livros, as revistas e os jornais editados em Portugal e onde estão os conteúdos com acesso restrito. A Biblioteca Municipal Almeida Garrett é uma biblioteca moderna, projeto do arquiteto José Manuel Soares, de leitura pública onde os documentos têm livre acesso. Cultura. Entretenimento. A cidade conta com mais de 10 000 eventos anuais, desde concertos, passando por teatros, exposições ou mesmo festas com disc jockeys famosos numa das várias discotecas e bares da cidade. Contudo, o maior evento de diversão continua a ser o São João do Porto, de 23 para 24 de junho, quando milhares de pessoas invadem as ruas da cidade. Neste evento são de destacar as sardinhadas, os manjericos com as respetivas quadras sanjoaninas, o alho-porro, as marteladas e os bailaricos de freguesia. Gastronomia. Vários pratos da tradicional culinária portuguesa tiveram origem na cidade do Porto, cuja identidade (a nível dos pratos principais de carne e de peixe, das sopas, das entradas e dos aperitivos, dos vinhos e das aguardentes, dos queijos e dos enchidos, bem como das sobremesas e da doçaria) se insere na identidade gastronómica mais vasta do território identitário do Entre Douro e Minho. O prato típico por excelência da cidade são as tripas à moda do Porto, prato histórico e que remonta à altura dos descobrimentos portugueses, e que pode ser encontrado em muitos dos restaurantes da cidade. O bacalhau à Gomes de Sá é outro prato emblemático da cidade do Porto, muito apreciado pelo seu sabor e requinte, que tem também impacto em todo o território português, assim como no Brasil, visto este ter sido povoado, estruturalmente, por portugueses do Norte de Portugal. O Caldo Verde também é um sopa típica, originária e emblemática do Porto e da região Norte. A francesinha é, da culinária recente, o prato mais famoso, e consiste numa sanduíche recheada com várias carnes (normalmente carne de vaca, linguiça, salsicha fresca e fiambre) e coberta com queijo e um molho especial (molho de francesinha). A bebida que tem o nome da cidade é o vinho do Porto, é produzido na região vitivinícola do Alto Douro (a mais antiga região demarcada do mundo). O vinho do Porto é exportado internacionalmente a partir das caves que se situam na margem esquerda do Rio Douro, em Vila Nova de Gaia. No Porto, também se situa a sede da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes, sendo o vinho verde também o tipo de vinho, para além do vinho do Douro, que costuma acompanhar vários tipos de pratos da gastronomia portuense. É, no Porto, que se realiza, anualmente, o 'Vinho Verde Wine Fest'. Instituições culturais. A cidade do Porto possui diversos espaços culturais de referência na região e a nível nacional. Entre os diversos museus da cidade, destaca-se o Museu de Arte Contemporânea, um dos museus mais visitados do país, onde obras de arte de vários artistas contemporâneos são, também, expostas, ao lado da flora típica da região norte de Portugal no envolvente Parque de Serralves. A Casa do Infante, datada do e onde terá nascido o Infante D. Henrique, é atualmente museu medieval da cidade e arquivo distrital. Outras casas museu incluem a Casa-Museu Fernando de Castro, a Casa-Museu Guerra Junqueiro, Casa-Museu Marta Ortigão Sampaio e a Casa-Oficina António Carneiro. Inserido no edifício da Alfândega Nova, o Museu de Transportes e Comunicações tem como objetivo mostrar a história dos transportes e meios de comunicação. O Museu do Carro Eléctrico, instalado na antiga central termo eléctrica de Massarelos, dispõe de uma coleção carros elétricos e atrelados que circulavam pela cidade. Anualmente, organiza um desfile de carros elétricos do museu pelas ruas da cidade, entre Massarelos e o Passeio Alegre. O Museu Nacional de Soares dos Reis, criado em 1833 por D. Pedro IV, inclui grande parte da obra do escultor. No Porto existem diversos museus temáticos, de referir: o Museu do Vinho do Porto, Museu da Indústria, Museu de História Natural, Museu do Papel Moeda, Gabinete de Numismática, Museu de Arte Sacra e Arqueologia, Museu da Misericórdia do Porto, Museu Nacional da Imprensa, Jornais e Artes Gráficas, Centro Português de Fotografia, Museu Romântico da Quinta da Macieirinha, Museu Militar do Porto, Museu Nacional de Literatura e o Castelo do Queijo, célebre pelo seu miradouro, é onde se realizam várias exposições temporárias. O Porto acolhe ainda as fundações de António de Almeida, António Cupertino de Miranda, Ilídio Pinho e Guerra Junqueiro e Mesquita Carvalho. Os auditórios culturais da cidade são, na sua grande maioria, construções do séculos XIX e XX. A construção mais arrojada e relevante dos últimos anos é a Casa da Música, uma obra de arquitetura que foi concebida para o evento "Capital Europeia da Cultura 2001", da autoria do arquiteto Rem Koolhaas e aclamada internacionalmente. O Teatro Rivoli, o Teatro Nacional São João e o Teatro Sá da Bandeira são importantes salas de espetáculos, de relevo histórico e arquitetónico, localizados na Baixa do Porto. Na baixa da cidade localizam-se ainda outros auditórios, como o Coliseu do Porto e o Cine-Teatro Batalha, histórica sala de cinema da cidade a que está ligada a expressão local "vai no Batalha!". Outros teatros incluem o Teatro do Campo Alegre e o Teatro Helena Sá e Costa, este último é palco dos talentos em formação na Escola de Música e Artes do Espetáculo do Porto. Desporto. Por influência das famílias inglesas que exploravam o negócio do vinho do Porto, as primeiras partidas de futebol em Portugal realizaram-se na cidade do Porto. O Porto conta com grandes clubes desportivos, sendo os principais o Futebol Clube do Porto, o Boavista Futebol Clube e o Sport Comércio e Salgueiros. Existem ainda numerosos clubes de menor dimensão, mas com função social de grande relevo. O Estádio do Dragão, da autoria do Arq. Manuel Salgado, é a casa do Futebol Clube do Porto. O estádio já esteve diversas vezes em revistas internacionais de arquitetura, onde fora fortemente elogiado. A nível individual, a personalidade desportiva mais famosa natural da cidade do Porto é a atleta Rosa Mota, vencedora da medalha de ouro da maratona nos Jogos Olímpicos de Seoul e de bronze nos Jogos Olímpicos de Los Angeles. Na cidade organizam-se muitos eventos desportivos das mais variadas modalidades. De referir a Maratona do Porto em atletismo, as corridas históricas do Circuito da Boavista e as Red Bull Air Races. Ainda em desportos alternativos a cidade do Porto destaca-se por acolher várias provas internacionais dos mais variados desportos, como por exemplo hipismo. Neste desporto, em particular, há mesmo uma candidatura para uma qualificativa da taça do mundo de hipismo no Porto. Na Boavista situa-se o Circuito Urbano da Boavista que é realizado de dois em dois anos. O Circuito costuma contar com uma média de 115 000 espetadores, integrando várias categorias, mas a mais esperada é o WTCC, devido ao homem da casa Tiago Monteiro que já foi piloto de Fórmula 1. O Circuito Urbano também já recebeu a Fórmula 1 em 1958 e 1960, tendo como vencedores Jack Brabham (em 1960) pela Cooper-Climax e Stirling Moss (em 1958) pela Vanwall.
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Polímero
Polímero Um polímero (do grego, "poli-", "muitos" + "-meros", "parte"), é um material ou substância composta por moléculas muito grandes conhecidas como macromoléculas que, por sua vez, são compostas de várias unidades repetíveis. Devido ao seu amplo espectro de propriedades, os polímeros sintéticos e naturais desempenham papéis essenciais em todos os aspectos da vida cotidiana. Os polímeros variam desde plásticos sintéticos familiares, como Politereftalato de etileno (PET), a biopolímeros naturais, como DNA e proteínas, que são fundamentais para as estruturas e funções biológicas. Os polímeros, naturais e sintéticos, são formados a partir de unidades de baixa massa molecular (monômeros) em reações de polimerização. O número de unidades estruturais repetidas, ou seja, o número de "meros" que podem se verificar na estrutura de uma macromolécula, é chamado grau de polimerização. Em geral, os polímeros contêm os mesmos elementos nas mesmas proporções relativas que seus monômeros, mas em maior quantidade absoluta. A sua grande massa molecular dita propriedades físicas originais que incluem a dureza, a elasticidade alta, a viscoelasticidade e uma tendência de formar estruturas amorfas e semicristalinas em vez de cristais. Nomenclaturas. As normas internacionais publicadas pela IUPAC indicam que o princípio geral para nomear os polímeros é através do prefixo "poli-", seguido da unidade estrutural repetitiva que define o polímero, escrita entre parênteses. Por exemplo: "poli (tio-1,4-fenileno)." As normas da IUPAC são geralmente usadas para nomear os polímeros de estrutura complexa, uma vez que permitem identificá-los sem produzir ambiguidades nas bases de dados de artigos científicos. Porém, não costumam ser usadas para polímeros de estrutura mais simples e de uso comum, principalmente porque esses polímeros foram inventados antes que se publicassem as primeiras normas da IUPAC, em 1952, e por isso seus nomes tradicionais já haviam sido popularizados. Na prática, os polímeros de uso comum costumam ser denominados das seguintes maneiras: A IUPAC reconhece que os nomes tradicionais estão firmemente fixados por seu uso e não pretende aboli-los, apenas reduzi-los gradativamente suas utilizações nas publicações científicas. Reações de polimerização. A polimerização é uma reação em que as moléculas menores (monômeros) se combinam quimicamente (por valências principais) para formar moléculas longas, mais ou menos ramificadas com a mesma composição centesimal. Estes podem formar-se por uma variedade de reações tais como: A polimerização pode ser reversível ou não e pode ser espontânea ou provocada (por calor ou reagentes). Exemplo: O etileno é um gás que pode polimerizar-se por reação em cadeia, a temperatura e pressão elevadas e em presença de pequenas quantidades de oxigênio gasoso resultando uma substância sólida, o polietileno. A polimerização do etileno e outros monômeros pode efetuar-se à pressão normal e baixa temperatura mediante catalisadores. Assim, é possível obter polímeros com cadeias moleculares de estrutura muito uniforme. Na indústria química, muitos polímeros são produzidos através de reações em cadeia. Nestas reações de polimerização, os radicais livres necessários para iniciar a reação são produzidos por um iniciador que é uma molécula capaz de formar radicais livres a temperaturas relativamente baixas. Um exemplo de um iniciador é o peróxido de benzoíla que se decompõe com facilidade em radicais fenilo. Os radicais assim formados vão atacar as moléculas do monômero dando origem à reação de polimerização. Exemplos de polímeros e aplicações. Polímeros Termoplásticos. Aplicações: CDs, garrafas, recipientes para filtros, componentes de interiores de aviões, coberturas translúcidas, divisórias, vitrines, etc. Aplicações: Esquadrias, chapas, revestimentos, molduras, filmes, estofamento de automóveis, em móveis, isolamento térmico em roupas impermeáveis, isolamento em refrigeradores industriais e domésticos, polias e correias. Aplicações: Telhas translúcidas, portas sanfonadas, divisórias, persianas, perfis, tubos e conexões para água, esgoto e ventilação, esquadrias, molduras para teto e parede. Aplicações: Grades de ar condicionado, gaiutas de barcos (imitação de vidro), peças de máquinas e de automóveis, fabricação de gavetas de geladeira, brinquedos, isolante térmico, matéria prima do isopor. Aplicações: brinquedos, recipientes para alimentos, remédios, produtos químicos, carcaças para eletrodomésticos, fibras, sacarias (ráfia), filmes orientados, tubos para cargas de canetas esferográficas, carpetes, seringas de injeção, material hospitalar esterilizável, autopeças (para-choques, pedais, carcaças de baterias, lanternas, ventoinhas, ventiladores, peças diversas no habitáculo), peças para máquinas de lavar. Aplicações: Embalagens para bebidas, refrigerantes, água mineral, alimentos, produtos de limpeza, condimentos; reciclado, presta-se a inúmeras finalidades: tecidos, fios, sacarias, vassouras. Aplicações: envidraçamento e nas indústrias de construção civil, automotiva e de comunicações. Muito aplicado na fabricação de fibra óptica, lentes ópticas, placas difusoras para ecrãs de cristal líquido (LCDs) e substratos de discos ópticos. Aplicações: Podem ser usados como tinta invisível: quando expostos ao comprimento de onda apropriado, seus monômeros são transformados e a sequência se torna legível. A mensagem aparece apenas se estiver sujeita à fonte de luz correta. Este é o primeiro exemplo de uma mensagem secreta armazenada em uma molécula. Elastômeros (borrachas). Aplicações: pneus, câmaras de ar, vedações, mangueiras de borracha. Propriedades dos materiais poliméricos. Propriedades mecânicas e dinâmicas. As propriedades do polímero em "bulk" são as de maior interesse para o uso final, sendo as propriedades que ditam como o polímero realmente se comporta em uma escala macroscópica. Dentre as propriedades a serem analisadas, tem-se as propriedades mecânicas, que refletem a resposta ou deformação dos materiais quando submetidos a uma carga. A força pode ser aplicada como tração ("tractive"), compressão ("compression"), flexão ("bending"), cisalhamento ("shear") e torção ("torsion"). Módulo elástico (Módulo de Young). O módulo de Young quantifica a elasticidade do polímero. Obtido na parte da curva de tensão-deformação onde existe deformação elástica (parte linear da curva), é definido, para pequenas deformações, como a proporção de taxa de mudança de tensão para deformação. Esta propriedade é altamente relevante em aplicações poliméricas envolvendo as propriedades físicas dos polímeros, sendo fortemente dependente da temperatura. A viscoelasticidade descreve uma resposta elástica complexa dependente do tempo, que exibirá uma histerese na curva de tensão-deformação quando a força é removida. A Análise Dinâmico-Mecânica (DMA) mede este módulo através da oscilação da força, medindo a deformação resultante como uma função do tempo. O módulo de elasticidade pode ser quantificado pela relação: formula_1, onde σ é a tensão (razão entre a força F aplicada e a área A em que a força é aplicada: formula_2) e ε é a deformação (razão entre a variação ΔL de dimensão resultante da força e a dimensão L0 do corpo: formula_3). Além disso, temos a seguinte relação entre o módulo elástico e as propriedades a seguir: Natureza dos materiais. Quanto às características mecânicas dos materiais, podemos classificá-los em quatro categorias: elastômeros, termoplásticos, termorrígidos e fibras. Elastômeros (borrachas). Classe intermediária entre os termoplásticos e os termorrígidos. Não são fusíveis, mas apresentam alta elasticidade (baixo módulo de Young), não sendo rígidos como os termofixos. Possuem uma reciclagem complicada devido a incapacidade de fusão. Dentre outras características, pode-se destacar: Termoplásticos. Termoplástico é um dos tipos de plásticos mais encontrados no mercado. Pode ser fundido diversas vezes, alguns podem até dissolver-se em vários solventes. Logo, sua reciclagem é possível, característica bastante desejável atualmente. Algumas de suas principais características são: Termorrígidos. São de alta dureza e comportamento frágil, porém, bastante resistentes, sendo muito estáveis a variações de temperatura. Uma vez moldados, não mais se fundem. O aquecimento do polímero acabado promove decomposição do material antes de sua fusão, tornando complicada sua reciclagem. Dentre suas características, pode-se destacar: Fibras. As fibras são materiais muito finos e alongados, como filamentos. Toda fibra é um polímero e a classificação é dada por conta de como é esta polimerização. As fibras usadas na manufatura são classificadas conforme a sua origem, que pode ser natural, artificial ou sintética. Algumas de suas principais características são: Forças e ensaios mecânicos. Os polímeros constantemente são submetidos a forças que podem ser aplicadas através como tração ("tensile"), compressão ("compression"), flexão ("bending"), cisalhamento ("shear") e torção ("torsion"). A fim de quantificar estas forças, diversos ensaios mecânicos podem ser realizados, fornecendo informações valiosas sobre as propriedades dos materiais analisados: Tração. A resistência à tração de um material indica quanto estresse proveniente de alongamento o material suportará antes da falha. Isto é muito importante em aplicações que dependem da resistência física ou da durabilidade de um polímero. Em geral, a resistência à tração aumenta com o comprimento da cadeia polimérica e a reticulação das cadeias poliméricas. A resistência à tração de um material pode ser quantificada com o ensaio de tração (ASTM-D638), que pode ser feito a velocidade constante (medida a variação de força para a deformação) ou através de uma tensão fixa que atua por um longo tempo sob o corpo de prova. Compressão. A resistência à compressão de um material indica quanta força, a uma velocidade de deformação constante, será necessária para comprimir ou romper um corpo de prova colocado entre duas placas paralelas controladas. A resistência à compressão pode ser quantificada através do ensaio de compressão (ASTM-D695), onde o corpo de prova (geralmente cilíndrico) é comprimido a uma velocidade constante até colapsar. Normalmente este ensaio é utilizado para materiais estruturais, principalmente aqueles que contém fibras. Flexão. A resistência à flexão de um material indica o quanto um corpo de prova consegue flexionar antes de deformar ou romper. A resistência à flexão pode ser quantificada através do ensaio de flexão (ASTM-D790), onde o corpo de prova é solicitado em três ou quatro pontos, sendo um destes o ponto onde a carga é aplicada. Após a aplicação da carga e a ação das forças de compressão e de tração, o material é deflexionado até a sua ruptura. Cisalhamento. A força de cisalhamento é um tipo de tensão gerado por forças aplicadas em sentidos iguais ou opostos, em direções semelhantes, mas intensidades diferentes no material analisado. A resistência ao cisalhamento pode ser quantificada através do ensaio de cisalhamento (ASTM-D3080), que é realizado sob velocidade lenta de aplicação de carga, para que os resultados não sejam afetados. O corpo de prova é inserido entre duas partes móveis da máquina de ensaio e, ao se aplicar uma tensão de tração ou compressão no dispositivo, transmite-se uma força de cisalhamento à seção transversal do corpo de prova. No decorrer do ensaio, esta força será elevada até que ocorra a ruptura do corpo. Torção. A torção é um esforço mecânico aplicado em sentido de rotação. A resistência à torção pode ser quantificada através do ensaio de torção (ASTM-E58883) e é usado na mecânica do material para se medir o quanto pode se dobrar o material até que quebre ou rache. Essa pressão que é aplicada é chamada de torque. A máquina de torção possui uma cabeça giratória que prende uma extremidade do corpo-de-prova; por essa extremidade é aplicado o momento de torção no mesmo. Esse momento é transmitido pelo corpo de prova que está preso, pela outra extremidade, à outra cabeça da máquina, ligada a um pêndulo, cujo desvio é proporcional a esse momento, o qual é acusado numa escala da máquina, o corpo de prova fica numa posição tal que seu eixo coincida com o eixo de rotação. A máquina ainda possui um dispositivo para a medida da deformação (calculada pelo ângulo de torção). Essa medida do ângulo é feita pelo deslocamento angular de um ponto do corpo de prova perto da cabeça giratória, em relação a um ponto numa mesma linha longitudinal perto da outra cabeça. A deformação também pode ser medida por um dispositivo denominado tropômetro montado no corpo-de-prova e que consiste de dois anéis presos na parte útil do corpo de prova, munido de dois espelhos ou ponteiros, que indicam uma rotação numa escala fica ou pela rotação entre os anéis. Impacto. A resistência ao impacto é a energia requerida para quebrar um material, quando submetido à ação de uma carga em alta velocidade. Depende da capacidade do polímero em absorver a energia recebida. O ensaio de impacto se caracteriza por submeter o corpo ensaiado a uma força brusca e repentina, que deve rompê-lo. As fraturas produzidas por impacto podem ser frágeis ou dúcteis. As fraturas frágeis caracterizam-se pelo aspecto cristalino e as fraturas dúcteis apresentam aparência fibrosa. Dentre alguns fatores que influenciam na resistência ao impacto, temos: Corpo de prova Charpy. Os corpos de prova Charpy compreendem três subtipos (A, B e C), de acordo com a forma do entalhe. As diferentes formas de entalhe são necessárias para assegurar que haja ruptura do corpo de prova, mesmo nos materiais mais dúcteis. Quando a queda do martelo não provoca a ruptura do corpo de prova, o ensaio deve ser repetido com outro tipo de de prova, que apresenta entalhe mais severo, de modo a garantir a ruptura. Dos três tipos apresentados acima, o C é o que apresenta maior área de entalhe, ou seja, o entalhe mais severo. Corpo de prova Izod. O corpo de prova Izod tem a mesma forma de entalhe do Charpy tipo A, localizada em posição diferente (não centralizada). Diferenças entre Charpy e Izod. O corpo de prova Charpy é apoiado na máquina e o Izod é engastado, o que justifica seu maior comprimento. A única diferença entre o ensaio Charpy e o Izod é que no Charpy o golpe é desferido na face oposta ao entalhe, enquanto que no Izod é desferido no mesmo lado. Estabilidade dimensional. Efeito térmico. Filmes orientados e fibras podem sofrer encolhimento com o aumento da temperatura ("thermal shrinkage"). Em fibras, associado à contração de moléculas de ligação com cadeia estendida que assumem conformação estatística, há o encolhimento próximo da Tm, onde os últimos traços de orientação desaparecem. Efeito da ação de carga. Materiais poliméricos podem modificar sua forma quando submetidos à ação de cargas (fluência). A estabilidade dimensional de peças submetidas a carga pode ser aumentada por: "Crazing" - microfibrilamento ou microfissuramento. O termo "crazing" é usado genericamente como a denominação do fenômeno em que pequenas marcas com aparência de micro rachaduras surgem na superfície de materiais poliméricos e constitui-se no ponto onde poderá ser desenvolvido trincas ("cracks"). É um fenômeno típico de termoplásticos rígidos dúcteis e se manifesta como regiões brancas superficiais. Ocorre, geralmente, em materiais submetidos a certo esforço e está associado a um valor de tensão crítica ou de deformação crítica. Efeitos ambientais. Efeitos ambientais podem acelerar os processos de microfibrilamento e trincamento em valores de tensão e deformação em que o fenômeno não ocorreria em ambiente padrão. Tipos de agentes ambientais: Propriedades óticas. Dentre as vantagens e limitações do uso de polímeros em aplicações ópticas, podemos ressaltar: Principais propriedades óticas. Dentre as principais propriedades óticas dos polímeros, podemos destacar: reflexão, absorção, espalhamento e refração. Reflexão. Devido a capacidade dos polímeros de apresentar superfície muito polida, ocorre reflexão da luz incidente de forma coerente, resultando em uma aparência brilhosa. Entretanto, materiais poliméricos têm grande facilidade em desenvolverem defeitos superficiais (arranhões e trincas), que causam o espalhamento da luz na superfície, resultando em uma aparência fosca. Portanto, se a reflexão coerente predomina, temos uma superfície brilhosa; se espalhamento de luz predomina, temos uma superfície fosca. O ângulo de reflexão é igual ao ângulo de incidência. A refletância de uma superfície entre dois meios que não absorvem a luz é função dos índices de refração e do ângulo de incidência. A Relação de Fresnel a é válida para materiais dielétricos e luz polarizada no plano de incidência: formula_4, onde r é a fração de luz refletida na interface, θi é o ângulo de incidência e θr é o ângulo de refração. Absorvância e transmitância. Absorvância é a razão da intensidade da luz incidente e a intensidade da luz que o material absorve e/ou espalha: formula_5, ou ainda: formula_6 Transmitância é a razão da intensidade da luz que passa através do meio e a intensidade da luz incidente: formula_7, ou ainda: formula_8 Os materiais podem ser: Espalhamento de Luz. O espalhamento da luz ocorre em regiões de não-homogeneidade ótica (regiões não homogêneas da superfície polimérica). Os polímeros apresentam diferentes densidades entre as fases amorfa e cristalina. Essas fases apresentam diferentes índices de refração. A incidência da luz na superfície cristalina é acompanhada de reflexão e perda na intensidade transmitida. Apesar da reflexão nessas superfícies não ser grande, a quantidade contribui significativamente para o processo global de espalhamento da luz. Como resultado, polímeros com diferenças de densidade entre as fases cristalina e amorfa serão menos transparentes, portanto, quanto maior a diferença de densidade entre as fases amorfa e cristalina, maior a opacidade. Além disso, podemos afirmar que, quanto maior a cristalinidade, menor a transparência do polímero. Refração. A luz que incide sobre um material polimérico é parcialmente refletida e parte se transmite, sofrendo modificação da direção de propagação ao passar pela interface entre os dois meios de densidades diferentes. O índice de refração (n) pode ser calculado através da relação: formula_9, onde c0 é a velocidade da luz no vácuo, c é a velocidade da luz no material, θi é o ângulo de incidência e θr é o ângulo de refração. A medida do cálculo de refração pode ser realizada através do Refratômetro (ASTM 542). Birrefringência (dupla refração). Materiais anisotrópicos transmitem a luz com velocidades que dependem da direção de propagação da onda no seu interior. Pode ocorrer em qualquer tipo de plástico com qualquer forma (filme, fibras e peças vazadas ou moldadas por injeção, sopro ou extrusão). A birrefringência possui como origem a anisotropia da polarizabilidade molecular. Propriedades reológicas. A Reologia é a ciência que estuda a deformação e o fluxo de matéria, visto que ao se deformarem os materiais podem se comportar de forma viscosa, visco elástica, visco inelástica, Fluido de Bingham, etc.. Polímeros, sejam eles sólidos ou líquidos, geralmente apresentam comportamento "visco elástico". Tipos de fluidos. Os fluidos são substâncias que se deformam continuamente quando submetidos a uma tensão de cisalhamento, não importando o quão pequena possa ser essa tensão. Um subconjunto das fases da matéria, os fluidos incluem os líquidos, os gases, os plasmas e, de certa maneira, os sólidos plásticos. Sendo divididos em: Índice de fluidez ("Melt Flow Index"). Este método determina a velocidade de extrusão e massas fundidas através de um canal de comprimento e diâmetro definidos, a temperatura e pressão pré-estabelecidos de acordo com a norma, atuando como uma forma de controle de processamento. Como exemplo abaixo, tem uma tabela com diversos índices de fluidez do polipropileno: Propriedades de solubilidade. Solubilidade é a quantidade máxima que uma substância pode dissolver-se em um líquido, e expressa-se em mols por litro, gramas por litro ou em porcentagem de soluto/solvente. Esse conceito também se estende para solventes sólidos. Moléculas x macromoléculas. Em torno de cada mero, há menos moléculas de solventes disponíveis para solvatação do que no caso das moléculas pequenas. Após a dissolução, o mero possui menos liberdade do que moléculas pequenas. Dissolução de macromoléculas. É o processo de dispersar a nível molecular um sólido, no caso o polímero, em um solvente líquido, obtendo-se uma solução líquida ao final do processo. Uma solução verdadeira pode ser caracterizada por: Estado de fases. Os Estados físicos da matéria não descrevem completamente o caso dos polímeros, pois eles não são nem sólidos ideais, nem líquidos ideais. Sendo necessário usar o conceito de Estado de Fases, termodinamicamente podendo ser: Inchamento. Devido à afinidade entre o solvente e o polímero, moléculas de solvente penetram na massa polimérica, afastando dessa forma os segmentos da cadeia polimérica e promovendo o inchamento da amostra. Inchamento ilimitado. A fase relativa a amostra inchada coexiste por algum tempo com a fase do solvente puro. Quando as cadeias dos polímeros se afastam suficientemente umas das outras começam a desentrelaçar e a difundir através do solvente. Forma-se, então, uma fase de concentração reduzida, coexistindo com a fase mais concentrada, ainda existindo entrelaçamento. Após algum tempo, os entrelaçamentos são completamente desfeitos, obtendo-se finalmente um sistema monofásico (homogêneo). Inchamento limitado. As duas fases distintas, criadas logo após o inchamento, permanecem separadas. Grau de inchamento ("Swelling degree"). O grau de inchamento permite estimar a interação entre o polímero e o solvente empregado, sendo representado pela letra α.O grau de inchamento está relacionado ao espaço disponível entre as cadeias. No caso de polímeros reticulados, estará relacionado ao grau de reticulação. A velocidade de inchamento está relacionada a vários parâmetros, tais como: afinidade entre polímero e solvente, espaço entre as cadeias, flexibilidade das cadeias, difusibilidade do solvente, etc.. Tendo como principais métodos: formula_10 formula_11 formula_12 Parâmetro de Hildebrand. Se baseia na relação que existe entre vaporização e forças secundárias se traduz na relação entre vaporização e solubilidade. Uma vez que a solubilidade de dois materiais somente é possível quando suas forças atrativas são similares. Espera-se que materiais com densidade de energia coesiva (CED) de mesma ordem de grandeza sejam miscíveis. formula_13, sendo o R a constantes do gases ideais, e T a temperatura O parâmetro de Hildebrand é definido por formula_14, expresso em MPa. O motivo pelo qual é a raiz de CED não é por algum parâmetro matemático, e sim para que os valores obtidos não ficassem tão distantes uns dos outros. Obtenção experimental. Para encontrar o valor de Hildebrand para uma amostra polimérica basta realizar experimentos de inchamento desta amostra polimérica em diversos solvente diferentes. O parâmetro de Hildebrand do solvente que mais inchar o polímero será o valor do parâmetro de Hildebrand da amostra polimérica. O problema do parâmetro de solubilidade de Hildebrand é que pode haver polímeros (ou misturas) que podem ter o mesmo δ do solvente e não inchar nada, pois diferentes solventes podem apresentar o mesmo valor de ΔHvap devido a diferentes motivo, como as forças: Parâmetro de Hansen. Complementa o parâmetro de Hildebrand, de uma forma que solventes com diversas combinações de forças de interação podem apresentar o mesmo valor de δ total.: formula_15 Propriedades de resistência química. Se referem a resistência a determinadas substâncias químicas que reagem com a cadeia macromolecular, produzindo ruptura de ligações. Como por exemplo: Em polímeros semicristalinos, o processo ocorre predominantemente na fase amorfa. Solvente. Como dito acima determinadas substâncias químicas que não reagem com o polímero, porém por terem afinidade química interagem, se solubilizando em certo grau. Inchamento. Ocorre tipicamente em materiais amorfos, porém pode ocorrer em polímeros cristalinos. Interferem nas forças coesivas, reduzindo a interação entre as moléculas, causando efeito de plastificação e aumentando a mobilidade molecular local (abaixamento da Tg local). Acelerando dessa forma o processo de propagação de trincas na amostra polimérica, levando a fratura abrupta do material. Podendo ser prevista através de parâmetro de solubilidade, δ. Biodegradação. O fungo amazônico "Pestalotiopsis microspora" é capaz de alimentar-se de plásticos fabricados à base de poliuretano. Reciclagem dos polímeros. Para serem reciclados, os polímeros precisam ser separados. A primeira separação se dá entre os termoplásticos e os termorrígidos (ou termofixos). Os termoplásticos são aqueles que, quando aquecidos, ficam moldáveis e fluidos, podendo ser reciclados. Já os termofixos não podem ser reciclados, pois não é possível amolecê-los e remodelá-los pelo calor. Dentre os termoplásticos, existem ainda vários tipos de polímeros. Com o intuito de facilitar a identificação de cada um deles para a reciclagem, no Brasil e em vários países do mundo utiliza-se uma simbologia em que cada tipo de termoplástico é identificado por uma numeração e sua respectiva sigla. Pela ordem crescente de 1 a 7: Tipos de reciclagem. Depois de separados, os polímeros podem ser submetidos a 4 tipos de reciclagem: "Reciclagem primária": reaproveitamento dos materiais para outras finalidades. "Reciclagem secundária ou mecânica": transformação de resíduos plásticos em pedacinhos que podem ser reutilizados na fabricação de outros materiais de menor qualidade, como pisos, sacos de lixo, solados, etc. Essa reciclagem possibilita a obtenção de produtos compostos por um único tipo de plástico ou a partir de misturas de diferentes plásticos em determinadas proporções. No Brasil, cerca de 15% dos resíduos plásticos são reciclados mecanicamente. Reciclagem terciária ou química: reprocessa os plásticos, transformando-os em monômeros ou misturas de hidrocarbonetos que poderão ser reutilizados como matéria-prima para a produção de novos plásticos de alta qualidade ou produtos químicos. Essa reciclagem permite tratar mistura de plásticos, reduzindo custos de pré-tratamento, custos de coleta e seleção. Reciclagem quaternária ou energética: tecnologia que utiliza o resíduo plástico como combustível para a obtenção de energia elétrica e térmica. Esse tipo de reciclagem já é utilizada em muitos países, sendo inclusive recomendada pelo IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU) como solução para a destinação do lixo urbano não reciclável. Porém, no Brasil, ainda não é empregada, e muitas vezes é confundida com a simples incineração dos resíduos. Bioplásticos. Além da reciclagem, os cientistas estão buscando uma outra solução para reduzir o impacto ambiental do lixo plástico: o desenvolvimento de plásticos biodegradáveis. Já foram descobertas maneiras de fabricar bioplásticos a partir do amido da mandioca, do milho, da soja, etc. – são os chamados amidos termoplásticos. No entanto, esse material ainda não resolveu completamente o problema, pois necessita de temperaturas muito altas para se decompor e, em um ambiente com pouco oxigênio, como nos aterros sanitários, libera gás metano, prejudicial à atmosfera. Mas os cientistas vêm pesquisando outra tecnologia que promete acabar com dois problemas de uma vez só: a produção de plástico biodegradável a partir de lixo orgânico. Usando os resíduos de usinas de açúcar e fábricas de suco, os cientistas já descobriram que as bactérias que se alimentam dessas substâncias ("Burkholderia sacchari") produzem um material que se transforma em plástico! E esse plástico se decompõe em cerca de seis meses. Porém, sua produção custa muito caro. Além disso, os cientistas ainda estão pesquisando maneiras de obter esse plástico biodegradável a partir de qualquer tipo de resíduo orgânico. Dessa forma, o produto seria ainda mais duplamente ecológico: um plástico biodegradável que contribui para reduzir o volume de lixo no meio ambiente.
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Polimerização
Polimerização Os polímeros são compostos por macromoléculas, obtidos através de reação química de polimerização de compostos simples denominados monômeros, que dá origem aos polímeros. Os processos de polimerização foram dividos por Flory (1953) e Carothers (Mark 1940), em dois grupos: polimerização por condensação e polimerização por adição; em outras palavras: reação gradual e reação em cadeia. Na formação de polímeros, a Condensação ou reação gradual ocorre entre duas moléculas polifuncionais para produzir uma molécula polifuncional maior, com a eliminação de sub-produtos como a água. A polimerização por adição ou reação em cadeia envolve reações nas quais o transportador de corrente pode ser um íon ou uma substância reativa com um elétron não emparelhado chamado: radical livre. Um radical livre é dominado pela decomposição de um material relativamente instável chamado iniciador. O radical livre é capaz de reagir para abrir a ligação dupla de um monômero e adicionar a ele, um elétron que permanece inalterado. Durante um tempo muitos outros monômeros se adicionam sucessivamente à cadeia crescente ate, finalmente, dois radicais livres reagem para encerrar a atividade de crescimento e formar uma ou mais moléculas de polímero. Técnicas de Polimerização. A preparação de qualquer composto químico, até mesmo um polímero, requer condições para que se atinjam resultados satisfatórios dos produtos desejados, com o mínimo de sub-produtos. Tanto em laboratório quanto na indústria,é necessário conhecer as características físicas e químicas do material, para poder avaliar qual a rota sintética e as condições experimentais mais convenientes. As técnicas de polimerização podem ser distribuídas em dois tipos de sistema: homogêneo e heterogêneo. Esses dois grupos representam condições atuantes bem diferentes, tanto a nível de laboratório quanto escala industrial. As técnicas que empregam o sistema homogêneo são: polimerização em massa (ou bloco) e polimerização em solução. As técnicas que empregam o sistema heterogêneo são: polimerização em emulsão, polimerização em suspensão, polimerização interfacial e polimerização em fase gasosa. Sistema Homogêneo. Polimerização em Massa (ou Bloco). A polimerização em massa, é amplamente praticada na fabricação de polímeros de condensação, onde as reações são ligeiramente exotérmicas e a maior parte da reação ocorre quando a viscosidade da mistura ainda é suficientemente baixa para permitir a mistura, transferência de calor e eliminação de bolhas. O controle de tais polimerizações é relativamente fácil. Utiliza monômero e iniciador, sem diluente, e a reação ocorre em meio homogêneo e não há formação de sub-produtos no meio reacional. A polimerização em massa dos monômeros de vinil é mais difícil, visto que as reações são altamente exotérmicas e, procedem a uma taxa que depende fortemente da temperatura. Juntamente com o problema na transferência de calor decorrente, porque a viscosidade aumenta no início da reação, leva a dificuldade de controle e uma tendência para a heterogeneidade no tamanho das moléculas formadas; o peso molecular do polímero pode chegar a valores muito elevados. Polimerização em Solução. A polimerização em solução utiliza, além do monômero e do iniciador organos-solúvel, um  solvente que atua tanto sobre os reagentes quanto sobre o polímero. A reação ocorre em meio  homogêneo, sem a formação de sub-produtos e a iniciação é feita por agente químico. A polimerização é vantajosa do ponto de vista da remoção de calor e controle, mas tem duas desvantagens em potencial. Sendo em primeiro: o solvente deve ser selecionado com cuidado para evitar a transferência de corrente; em segundo: o polímero deve ser utilizado em solução e alguns acabamentos de éster acrílico, visto que a remoção completa do solvente de um polímero é muitas vezes difícil ao ponto de inviabilidade. Essa técnica comparada à polimerização em massa, provoca o retardamento da reação graças ao efeito diluente do solvente; o controle de temperatura é favorecido, já que a viscosidade do meio é relativamente baixa e há uniformidade das condições de polimerização. Sistema Heterogêneo. Polimerização em Emulsão. A polimerização em emulsão utiliza um iniciador hidrossolúvel, um solvente (geralmente água) e um emulsificante, alem do monômero. Na polimerização estão presentes duas fases líquidas não miscíveis, uma fase aquosa contínua e uma fase descontínua não aquosa constituída por monômero e polímero. O iniciador está localizado na fase aquosa, e as partículas de monômero-polímero são bastante pequenas, da ordem de 0,1 μm de diâmetro. A cinética da polimerização em emulsão é diferente da polimerização em massa (ou bloco), para qual uma limitação é definida. Com esta limitação removida, os sistemas de emulsão permitem que o polímero de maior peso molecular seja produzido a altas taxas do que os sistemas de massa ou de suspensão. O tamanho  da partícula  emulsionada varia  entre 1nm a 1mm. Os pesos moleculares são elevados, da ordem de formula_1 Polimerização em Suspensão. A polimerização em suspensão utiliza, além do monômero, um iniciador organos-solúvel, um  solvente (normalmente  água) e um espessante (orgânico ou inorgânico) para manter a dispersão. A reação ocorre em  meio  heterogêneo e a iniciação é feita por agente  químico. Além desses componentes, é comum encontrar-se ainda outros aditivos. Na polimerização, o sistema aquoso tem-se o monômero como uma fase dispersa, resultando em polímero como uma fase sólida dispersa. O processo reuni as vantagens das técnicas em massa e em emulsão, porem distingui pela localização do iniciador e da cinética. A técnica em suspensão é muito usada para poliadições, resultando um polímero com tamanho de partícula superior ao obtido por emulsão e é preferida na fabricação de polímeros industriais. Polimerização Interfacial. Essa técnica é aplicada a policondensação e exige pelo menos dois monômeros. É procedida na interface de dois solventes, cada um contendo um dos monômeros. Para a ocorrência dessa técnica, a reação deve ser rápida, como a formação de poliuretanos a partir de dissociantes e dióis. Outra ocorrência é a partir da reação de , para a separação de policarbonatos; nesse caso o meio deve conter uma base, para deter o acido clorídrico eliminado. A renovação da interface onde ocorre a reação é feita por: remoção lenta e continua do polímero precipitado entre as camadas, agitação produzindo as gotículas dispersas na superfície, formação de um filamento. Polimerização em Fase Gasosa. Essa técnica de polimerização é empregada para a poliadição de monômeros gasosos (etileno e propileno), com iniciadores  de coordenação de alta eficiência (acima  de 98%, sistemas catalíticos de Ziegler-Natta), mantidos sob a forma de partículas, em leito fluidizado, contínuo. Nos processos em fase gasosa e em pasta, os catalisadores devem ser suportados numa substância adequada, enquanto que podem ser adicionados diretamente na polimerização em solução. O polímero é formado nos locais ativos do catalisador em uma partícula de polímero catalítico gradualmente expansível e é o centro ativo em cada partícula. O monômero gasoso fresco difunde-se através da partícula de polímero para atingir o local ativo. As técnicas de processamento em fase gasosa e em pasta são utilizadas principalmente para a produção de poliolefinas, como HDPE.
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Plantae
Plantae Plantae (também conhecido por reino vegetal, Metaphyta ou Vegetabilia) é o reino da natureza que agrupa as plantas, em um vasto conjunto de organismos eucariotas multicelulares, sem motilidade e predominantemente autotróficos fotossintéticos, contendo células que em geral incluem um ou mais cloroplastos, organelos especializados na produção de material orgânico a partir de compostos inorgânicos e energia solar. São conhecidas de 300 a 315 mil espécies de plantas, das quais a maioria — entre 260 e 290 mil espécies — são angiospermas. Sendo um dos maiores e mais biodiversos grupos de seres vivos na Terra, as plantas verdes fornecem uma parte substancial do oxigénio molecular e são a base trófica da maioria dos ecossistemas, especialmente dos terrestres. O ramo da biologia que estuda as plantas é a botânica. Evolução histórica do conceito. Sendo um grupo que inclui, para além do elevado número de espécies (300-315 mil), uma enorme variedade morfológica, que vai desde organismos microscópicos a ervas, arbustos e grandes árvores, torna-se difícil definir com precisão o que se entende por «planta». A presença de clorofilas, e por consequência a coloração verde, parece ser a única característica visível comum, já que a morfologia e o tamanho variam. Na realidade, numa análise mais profunda, o termo «planta», ou «vegetal», é inesperadamente difícil de definir, dificuldade que está presente na etimologia dos vocábulos usados nos diversos idiomas para designar este grupo de seres vivos, que em alguns casos recorrem a palavras diferentes para grupos específicos de plantas e noutros casos incluem no mesmo termo organismos que à luz dos actuais conhecimentos não são plantas. Depois de se descobrir que nem todas as plantas eram "verdes", passou-se a definir «planta» como qualquer ser vivo "sem" movimentos voluntários. Até se atingir o actual consenso (ou quase consenso) em torno da circunscrição taxonómica do grupo Plantae, houve uma evolução longa e nem sempre linear. Historicamente, o termo foi entendido de maneira diferente e, mesmo hoje, continuam a existir definições nem sempre concordantes em toda a sua extensão. Antes da cladística. O presente "Reino Plantae" deriva directamente de um dos três reinos naturais da Antiguidade Clássica Europeia, definidos por Aristóteles para acomodar os três grandes agrupamentos em que subdividia o mundo natural: os minerais; as plantas; e os animais. Em consequência, Aristóteles dividia todos os seres vivos em: plantas (sem capacidade motora ou órgãos sensitivos); e animais. Esta definição prevaleceu durante séculos, apesar de se conhecerem excepções, a mais flagrante das quais é talvez a "Mimosa pudica", uma leguminosa, que fecha os seus folíolos ao mínimo toque. Apesar das suas incoerências e imperfeições, esta subdivisão foi a mesma usada pelo fundador da actual taxonomia e das bases do moderno sistema de classificação biológica, Carl von Linné (1707 — 1778), mais conhecido por Lineu. Na sua obra "Systema Naturae" (de 1735) dividiu o conjunto dos organismos vivos em apenas dois grupos: as plantas; e os animais, atribuindo a esses dois grupos o nível taxonómico de reino: o reino Vegetabilia (mais tarde Metaphyta ou Plantae); e o reino Animalia (também chamado Metazoa). Essa divisão, que tinha por critério definidor fundamental a motilidade, permaneceu estável durante quase dois séculos, sendo apenas definitivamente abandonada na transição para o século XX. O critério, embora com cada vez mais excepções, era: se o organismo se move espontânea e activamente, consumindo energia no processo, é animal; caso contrário, é planta. No trabalho pioneiro de Lineu, o reino Plantae foi definido de forma a incluir todos os tipos de plantas ditas "superiores", as algas e os fungos. Quando se descobriram os primeiros seres vivos unicelulares, foi necessário repensar o sistema classificativo. Sendo estes pequenos organismos colocados entre os protozoários quando tinham movimento próprio, as bactérias e as algas unicelulares, consideradas sem movimento, foram colocadas em divisões do reino Plantae. Contudo, à medidas que se descobriam mais microorganismos cada vez mais patente a dificuldade em decidir a classificação de alguns grupos, como por exemplo das espécies do género "Euglena", que são verdes, fotossintéticas e altamente móveis. Embora tenham surgido outras propostas de subdivisão, a primeira grande ruptura com o sistema aristotélico e com a classificação lineana surgiu em 1894 com a aceitação generalizada do agrupamento Protista proposto por Ernst Haeckel. Passava-se de dois para três reinos no mundo vivo, transitando para o novo táxon o grupo diverso de organismos microscópicos eucariontes que não se encaixavam facilmente entre as plantas e os animais. Contudo a maior redefinição do conceito de «planta» surgiu em 1969 com a separação dos fungos como um reino autónomo, o reino Fungi, proposto por Robert Whittaker, conceito que gradualmente prevaleceu entre a comunidade científica. A partir da separação dos fungos, e do aparecimento da micologia como ramo autónomo da biologia, as definições do reino vegetal sofreram uma rápida mutação, em particular com a introdução das técnicas da filogenia, que permitiram esclarecer a relação entre os diversos grupos tradicionalmente considerados como «plantas», em particular com as algas. A inclusão das algas, e em particular a abrangência dessa inclusão, passou a ser a principal área de evolução na circunscrição taxonómica do grupo Plantae. O quadro que se segue sumariza a evolução da divisão do mundo natural em reinos e domínios e a inserção das plantas nas diversas classificações usadas: A visão cladística. A classificação biológica mais moderna, assente na cladística, procura enfatizar as relações evolutivas entre os organismos, pelo que idealmente, cada "taxon" deve ser um clade, ou seja deve ser monofilético, com todas as espécies incluídas no grupo a descenderem de um organismo ancestral comum. Nas classificações mais recentes, com o objectivo de garantir que o agrupamento Plantae constitui um verdadeiro clade, ou seja que a sua delimitação respeita a condição de monofilia, foram excluídas as algas procariotas e as pertencentes ao grupos Phaeophyceae (as algas castanhas incluídas em Stramenopiles) por provirem de uma linhagem biológica completamente diversa. Após essa exclusão, para garantir a monofilia do agrupamento Plantae são possíveis duas abordagens: A primeira das opções, a mais estrita, exclui muitas espécies que partilham uma origem comum com as embriófitas entre as Archaeplastida, razão pela qual é difícil evitar a criação de agrupamentos parafiléticos na sua subdivisão. Em consequência, a moderna sistemática favorece a segunda opção, adoptando uma circunscrição taxonómica para Plantae coincidente com a do grupo Viridiplantae (as "plantas verdes"), nesse caso considerado como um grupo monofilético de organismos eucarióticos, sem motilidade e em geral autotróficos, que fotossintetizam usando os tipos de clorofila "a" e "b", presente em cloroplastos (organelos com uma membrana dupla) e armazenam os seus produtos fotossintéticos sob a forma de hidratos de carbono, em especial como amido. As células destes organismos são revestidas por uma parede celular constituída essencialmente por celulose. De acordo com esta definição, ficam fora do reino Plantae as algas castanhas, as algas vermelhas e muitos seres autotróficos unicelulares ou coloniais, actualmente agrupados no reino Protista, assim como as bactérias e os fungos, que constituem os seus próprios reinos. Cerca de 300 espécies conhecidas de plantas não realizam a fotossíntese, sendo parasitas de plantas fotossintéticas ou de fungos. O moderno conceito de planta. No moderno contexto taxonómico, em geral apenas é designado por "planta" um organismo que apresente, em simultâneo, as seguintes características: Respeitando as características essenciais atrás apontadas, quando o nome Plantae (ou «planta») é aplicado para designar um grupo específico de organismos, ou de "taxa", quase sempre refere uma das seguintes circunscrições taxonómicas (aqui apresentadas da visão menos inclusiva para a mais inclusiva): Outra forma de apresentar as relações entre os diferentes grupos que foram chamados de "plantas" é através de um cladograma, que mostra suas relações evolutivas. Embora alguns aspectos da história evolutiva das plantas ainda não estejam completamente resolvidos e consensualizados, o cladograma que se segue mostra a relação entre os grupos descritos na tabela acima (com os grupos que foram considerados «plantas» a negrito): A maneira como os grupos de algas verdes são combinados e designados varia consideravelmente entre autores. Para muitos botânicos são consideradas «plantas» apenas o grupo das embriófitas, sendo os restantes "taxa" incluídos no reino Protoctista. A estrutura constante do cladograma acima pode ser resumida da seguinte forma: Evolução e filogenia. Evolução. A evolução das plantas resultou no aumento dos níveis de complexidade (ou grados) dos organismos, desde os primeiros tapetes de algas, aos briófitos, licopódios e pteridófitas, e destes até grupos bem mais complexos como as gimnospérmicas e as actuais angiospérmicas. Os organismos incluídas em todos esses grupos, mesmo os menos complexos, continuam a prosperar, especialmente nos ambientes em que evoluíram. A partir do registo fóssil é possível inferir que há cerca de 1 200 milhões de anos (Ma) atrás já se formavam sobre a terra firme camadas de algas, formando tapetes de escuma. Contudo, apenas no período Ordoviciano, há cerca de 450 Ma atrás, apareceram «plantas terrestres» na moderna acepção da designação, sendo que os fósseis mais antigos que se conhecem revelam a evolução de plantas não vasculares (plantas avasculares) entre os meados e o fim do período Ordoviciano (≈450–440 milhões de anos atrás). Apesar disso, novas evidências, obtidas através do estudo da razão isotópica em amostras de carbono de rochas pré-cambrianas, sugerem que organismos fotossintéticos complexos estavam presentes na Terra há mais de 1 000 milhões de anos. Desde há mais de um século se presume que os ancestrais das modernas plantas terrestres evoluíram em ambientes aquáticos e depois se adaptaram a uma vida terrestre, ideia geralmente creditada ao botânico Frederick Orpen Bower, que a defendeu na sua obra, publicada em 1908, intitulada "The Origin of a Land Flora". Uma visão alternativa recente, apoiada por evidências genéticas, defende que aquelas plantas evoluíram a partir de algas unicelulares terrestres. Durante o Paleozoico, começaram a aparecer em terra firme plantas complexas, multicelulares, os embriófitos (Embryophyta), nas quais o gametófito e o esporófito se apresentavam de forma radicalmente diferente das algas, o que está relacionado com a adaptação a ambientes secos (já que os gâmetas masculinos estavam dependentes de meios húmidos para se moverem). Nas primeiras formas destas plantas, o esporófito mantinha-se reduzido e dependente da forma parental durante a sua curta vida. Os embriófitos actuais, que têm este tipo de organização, incluem a maior parte das plantas que geralmente evocamos. São as chamadas plantas vasculares, com sistemas completos de raiz, caule e folhas, ainda que incluam algumas espécies de briófitos (das quais os musgos serão talvez o tipo mais conhecido). Outros autores, contudo, definem os embriófitos como sendo todas as plantas terrestres, incluindo, de acordo com esta definição, a divisão Hepaticophyta (ou Marchantiomorpha, nas classificações mais antigas), as hepáticas; a divisão Anthocerophyta (os antóceros) e a divisão Bryophyta "sensu stricto" (os musgos). As evidências contidas no registo fóssil permitem concluir que as plantas terrestres primitivas começaram a se diversificar no final do período Silúrico, há cerca de 420 milhões de anos. Naquele período apareceram novos embriófitos, as plantas vasculares, com adaptações que lhes permitiam estar menos dependentes da água. Estas plantas tiveram uma radiação adaptativa maciça durante o Devónico e começaram a colonizar a terra firme. Entre essas adaptações podemos referir uma cutícula resistente à dessecação e tecidos vasculares por onde circula a água, razão pela qual são designadas por "plantas vasculares" ou "traqueófitas (Tracheophyta). Os resultados dessa diversificação são exibidos em detalhe notável nos depósitos fossilíferos do Devoniano contidos no Cherte de Rhynie ("Rhynie chert") da Escócia. Este cherte preservou, petrificadas em fontes vulcânicas, plantas pertencentes aos primeiros grupos que surgiram em terra firme, com uma perfeição tal que permite mesmo a observação de detalhes celulares. No meio do período Devoniano estavam já presentes a maioria das características reconhecidas nas plantas modernas, incluindo raízes, folhas e madeira secundária. Nos tempos mais tardios do Devoniano, as sementes já estavam presentes. No entretanto, as os briófitos confinaram-se a ambientes húmidos, pois é a água que permite a dispersão dos esporos, e mantiveram-se pequenas durante todo o seu ciclo de vida, caracterizado pela alternância de duas gerações: um estádio haplóide (o gametófito) e um estádio diplóide (o esporófito). Este último é de curta duração e está dependente do gametófito. As plantas de finais do Devoniano alcançaram um grau de sofisticação que lhes permitiu formar florestas de árvores altas. A inovação evolutiva continuou no período Carbonífero e nos períodos geológicos posteriores e prossegue no presente. A maioria dos grupos de plantas sobreviveram relativamente ilesos ao evento de extinção Permo-Triássico, embora a estrutura ecológica das comunidades onde se inseriam tenha mudado. Essas mudanças podem ter definido o cenário para a evolução das plantas com flor no Triássico (há cerca de 200 milhões de anos), que cresceu rapidamente em biodiversidade no Cretáceo e no Terciário. O último grande grupo de plantas a evoluir foram as gramíneas, que se tornaram importantes em meados do Terciário, há cerca de 40 milhões de anos. As gramíneas, assim como muitos outros grupos, desenvolveram novos mecanismos de metabolismo para sobreviver ao baixo teor de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera terrestre e condições quentes e secas dos trópicos nos últimos 10 milhões de anos. As angiospérmicas são o último grande grupo de plantas a aparecer, durante o Jurássico, mas tiveram o seu maior período de propagação no Cretácico, sendo, atualmente, plantas predominantes em muitos ecossistemas. Filogenia das plantas. Uma proposta de árvore filogenética do grupo Plantae, inicialmente proposta em 1997, com modificações na linhagem dasPteridophyta introduzidas em 2006, veio lançar nova luz sobre as relações filogenéticas entre os diversos grupos de organismos fotossintéticos que usam as clorofilas "a" e "b". No cladograma que se segue, o grupo das Prasinophyceae, na realidade um largo e diverso agrupamento parafilético de linhagens de algas verdes que divergiram mais cedo das linhagens que desembocaram nas modernas Embryophyta, são tratadas como um grupo fora das Chlorophyta, solução que não colheu aceitação entre os autores mais recentes. Uma possível árvore filogenética do grupo Plantae será a seguinte: Uma nova proposta de classificação, publicada em 2011, mas modificada em 2016 para os clados de algas verdes e em 2015 para o clado das plantas terrestres, é a constante do cladograma seguinte. O diagrama concorda com a origem endossimbiótico das células vegetais, e a filogenia das algas, briófitas, plantas vasculares e plantas com flores. Note-se que as Prasinophyceae foram aqui incluídas entre as Chlorophyta. A inclusão das algas. Apesar da maioria das algas não ser classificada pelos modernos sistemas taxonómicos como pertencente ao reino Plantae, entre elas estão vários grupos diferentes de organismos que produzem alimentos por fotossíntese, razão pela qual têm sido tradicionalmente incluídos no reino vegetal. As algas compreendem diferentes grupos de organismos que produzem energia através da fotossíntese, cada um dos quais evoluindo independentemente de ancestrais não-fotossintéticos diferentes. As mais conhecidas são as macroalgas, algas multicelulares que em alguns casos se assemelham a plantas terrestres. Essas algas encontram-se repartidas por três grandes grupos: verdes (Chlorophyta); algas vermelhas (Rhodophyta); e algas castanhas (Phaeophyta). Cada um desses grupos inclui também organismos microscópicos e unicelulares. Há boas evidências de que as algas castanhas evoluíram independentemente das outras, de ancestrais não fotossintéticos que formaram relações endossimbióticas com algas vermelhas em vez de cianobactérias, razão pela qual não são classificadas como plantas pois pertencem a outro clado. Assim, apenas dois grupos de algas são considerados parentes próximos das plantas terrestres (as Embryophyta). O primeiro destes grupos, as carófitas (Charophyta), pertence à mesma linhagem que deu origem àquelas plantas, enquanto o segundo grupo, as algas verdes (Chlorophyta), é o grupo irmão do conjunto das carófitas e embriófitas. Este último conjunto, mais extenso e diverso, é colectivamente designado por «plantas verdes» (ou Viridiplantae) constituindo um clado. O cloroplasto das algas verdes está rodeado por duas membranas, sugerindo que teve a sua origem por endossimbiose direta de cianobactérias. O mesmo é verdadeiro para dois grupos adicionais de algas: Rhodophyta (algas vermelhas) e Glaucophyta. Pensa-se que estes três grupos têm uma origem comum, por isso são classificados juntos no taxon Archaeplastida. Por outro lado, a maioria das outras algas (Stramenopiles, Haptophyta, Euglenophyta e dinoflagelados), possuem cloroplastos com três ou quatro membranas envolventes. Não são parentes próximos das plantas verdes e provavelmente adquiriram os cloroplastos indiretamente através da ingestão ou simbiose com algas verdes ou vermelhas. Muitas algas mostram alternância de gerações, entre uma forma que se reproduz de forma assexuada (o esporófito) e uma forma sexuada (o gametófito). O reino Plantae é, para a generalidade dos autores, considerado como sinónimo deste grupo monofilético, já que a restrição ao grupo às Embryophyta tornaria o reino num agrupamento parafilético. Com algumas excepções entre as algas verdes, todas as formas apresentam as seguintes características: Apresentando todas as características atrás listadas, as Viridiplantae, as plantas verdes (coloração que lhes é dada pela presença das clorofilas "a" e "b"), ou seja o conjunto das algas verdes e das plantas terrestres, formam um clade, um grupo que composto por todos os descendentes de um ancestral comum. O cloroplasto das plantas verdes é cercado por duas membranas, sugerindo que elas se originaram diretamente de endossimbiose com cianobactérias. Dois grupos adicionais, as Rhodophyta (algas vermelhas) e as Glaucophyta (algas glaucófitas), também possuem cloroplastos primários que parecem derivar directamente de cianobactérias endossimbióticas, embora difiram de Viridiplantae na pigmentos que são usados na fotossíntese e assim são diferentes na coloração. Esses grupos também diferem das plantas verdes no armazenamento de energia, pois utilizam como polissacarídeo de armazenamento o amido florideano que é armazenado no citoplasma e não nos plastídeos. Estes grupos, apesar destas importantes diferenças, parecem ter tido uma origem comum com Viridiplantae e os três grupos formam o clado Archaeplastida, cujo nome implica que seus cloroplastos foram derivados de um único evento endossimbiótico antigo. Esta é a mais ampla definição moderna do termo «planta». Em contraste, a maioria das outras algas (por exemplo, algas castanhas, diatomáceas, haptófitas, dinoflagelados e euglenídeos) não possuem somente pigmentos diferentes, mas também possuem cloroplastos com três ou quatro membranas circundantes. Não são parentes próximos do agrupamento Archaeplastida, presumivelmente tendo adquirido cloroplastos separadamente a partir de algas verdes e vermelhas ingeridas ou simbióticas. Em consequência, estes grupos não são incluídos nem mesmo na mais ampla definição moderna do reino vegetal, embora o tenham sido no passado. As Viridiplantae, as plantas verdes, foram tradicionalmente divididas em algas verdes (incluindo as Charales) e as plantas terrestres (Embryophyta). No entanto, sabe-se agora que as plantas terrestres evoluíram a partir de um grupo de algas verdes, de modo que as algas verdes por si só são um grupo parafilético, ou seja, um grupo que exclui alguns dos descendentes de um ancestral comum. Os grupos parafiléticos são geralmente evitados nas classificações modernas, de modo que, em tratamentos recentes, os Viridiplantae foram divididos em dois clados, o clado Chlorophyta e o clado Streptophyta (incluindo neste as plantas terrestres e as Charophyta). Na acepção atrás, o agrupamento Chlorophyta (um nome que também tem sido usado para designar "todas" algas verdes) é o grupo irmão das Charophyta, do qual as plantas terrestres evoluíram. Existem cerca de 4 300 espécies de Chlorophyta, principalmente organismos marinhos unicelulares ou multicelulares, tais como as algas marinhas do género "Ulva". O outro grupo dentro da Viridiplantae é Streptophyta, constituído principalmente por organismos de água doce ou terrestres, que agrupa as plantas terrestres com as Charophyta, agrupamento consistindo por vários grupos de algas verdes, tais como Desmidiales e Charales. As algas estreptófitas são unicelulares ou formam filamentos multicelulares, ramificados ou não ramificados. O género "Spirogyra" é uma alga filamentosa estreptófita de ocorrência comum, frequentemente usada como organismo de demonstração no ensino da biologia e da bioquímica e um dos organismos responsáveis pela "escuma" de algas que aparece em massas de água eutróficas. As carófitas de água doce lembram fortemente as plantas terrestres e acredita-se que sejam os seus parentes filogeneticamente mais próximos. Crescendo imersos em água doce, consistem de um caule central com verticilos de pequenos "ramos". Exclusão dos fungos. A classificação original de Lineu colocava os fungos dentro do reino Plantae, uma vez que eles inquestionavelmente não eram animais nem minerais e estas eram as únicas outras alternativas disponíveis. Com os desenvolvimentos verificados no século XIX no campo da microbiologia, Ernst Haeckel introduziu o novo reino Protista, além de Plantae e Animalia, mas a questão da classificação dos fungos permaneceu controversa, com incerteza se deveriam permanecer no reino Plantae ou se deveriam ser reclassificados para o reino Protista. A questão apenas foi resolvida em 1969, quando Robert Whittaker propôs a criação do reino Fungi. Evidências moleculares mostraram desde então que o ancestral comum mais recente (concestor) dos fungos era provavelmente mais parecido com o ancestral do reino Animalia do que com o ancestral do reino Plantae (ou de qualquer outro reino). A reclassificação original de Robert Whittaker baseou-se na diferença fundamental na posição trófica (nutrição) entre os fungos e as plantas. Ao contrário das plantas, que geralmente adquirem o carbono através da fotossíntese, e são por conseguinte autotróficas, os fungos não possuem cloroplastos e geralmente obtêm o carbono digerindo e absorvendo os materiais circundantes, sendo assim heterotróficos saprotróficos. Para além da questão trófica, a estrutura dos tecidos dos fungos multicelulares é diferente da encontrada nas plantas, tomando a forma de múltiplas cadeias quitinosas microscópicas, as hifas, que podem ser subdivididas em células ou podem formar um sincício contendo muitos núcleos eucariotas. Os corpos frutíferos, entre os quais os cogumelos são o exemplo mais conhecido, são as estruturas reprodutivas dos fungos, muito diferentes de qualquer estrutura produzida pelas plantas. Em consequência dessas diferenças, todos os modernos sistemas de classificação excluem, por razões cladísticas, os fungos do reino Plantae, optando por os colocar no reino Fungi. Diversidade e classificação. Diversidade. Existem cerca de 300-315 mil espécies de plantas, definidas como plantas com semente, briófitas, fetos e seus semelhantes. Por volta de 2004, cerca de espécies tinham sido identificadas e validamente descritas, das quais são plantas com flor, briófitas, fetos e algas verdes (em sentido lato). O quadro seguinte resume a distribuição de espécies pelos vários agrupamentos que integram o reino Plantae (na circunscrição taxonómica correspondente a Viridiplantae): Classificação. A diversidade e a importância do táxon Plantae inevitavelmente levou ao surgimento de múltiplos sistemas de classificação, os quais foram naturalmente evoluindo e sendo substituídos à medida que os conhecimentos sobre taxonomia e, em particular, sobre filogenia, foram progredindo. Contudo, muitas das classificações foram entrando na linguagem comum e, apesar de obsoletas e arredadas do uso técnico-científico, continuam a surgir em obras de divulgação e na linguagem diária. A classificação das plantas apresenta assim diversos nomes e grupos em sistemas classificativos que apesar de incongruentes entre si, e nalguns casos mesmo contraditórios, continuam em uso na linguagem corrente e na literatura não técnica. A moderna sistemática baseia-se nas relações filogenéticas para estabelecer a taxonomia dos diversos grupos de organismos. Por isso, ao estudar os diversos grupos de plantas, estabelece-se uma ideia da evolução das respectivas linhagens, observando-se o aumento de complexidade ou, vulgarmente, o "aumento da evolução" destes seres vivos. Contudo, convém relembrar que a biologia moderna não considera nenhum ser vivo mais evoluído que outro, ou seja, bactérias, protistas, fungos, animais e vegetais estão no mesmo nível de evolução, já que não existem critérios para medir a evolução dos organismos. Por exemplo, é comum considerar a "inteligência" como um critério de evolutividade, porém não é possível demonstrar que esse seja um bom critério ou se a inteligência de um grupo é mesmo maior que a de outros seres vivos. Este assunto é profundo e filosófico, e não tem, ainda, bases científicas. O próprio naturalista Charles Darwin escreveu nas notas de pé-de-página do manuscrito da "Origem das Espécies": "Nunca escrever que um organismo é inferior ou superior". As classificações a seguir listadas, obsoletas do ponto de vista científico, continuam em uso: Em muitas destas plantas, o esporófito funciona como um indivíduo independente, enquanto que o gametófito se tornou muito reduzido. No que respeita a esta matéria, entre as plantas vasculares são reconhecidos dois grupos distintos: Por sua vez, o grupo das pteridófitas pode ser subdivido da seguinte forma: As espermatófitas ou «plantas com semente» são um grupo de plantas vasculares que se diversificou no final do Paleozoico. Nestas formas, o gametófito está reduzido aos órgãos sexuais e o esporófito começa a sua vida como uma semente, que se desenvolve ainda dependente da planta-mãe. Os grupos actuais de espermatófitos incluem as seguintes divisões: Uma classificação ainda usada para estes grupos de plantas utiliza os seguintes termos: Durante muito tempo as plantas foram divididas em inferiores, intermediárias e superiores. O grupo das Embryophyta. O maior grupo de plantas, e o mais familiar, são as plantas terrestres multicelulares que constituem o grupo conhecido por embriófitas (Embryophyta). As embriófitas incluem as plantas vasculares, tais como os fetos, coníferas e plantas com flor, mas também os briófitos, dos quais os musgos e as hepáticas são os tipos mais comuns. Todas estas plantas apresentam células eucarióticas, com parede celular contendo celulose, e a maioria obtém sua energia através da fotossíntese, usando radiação solar, água e dióxido de carbono para sintetizar alimentos. Cerca de 300 espécies de plantas não fotossintetizam, sendo parasitas de outras espécies de plantas fotossintéticas ou de fungos (plantas micotróficas), mas descendem de plantas fotossintéticas que perderam essa capacidade como carácter secundário de adaptação ao parasitismo. Os embriófitos distinguem-se das algas verdes, que representam um modo de vida fotossintética semelhante ao tipo de planta moderna que se acredita ter evoluído a partir de linhagens dessa algas, por ter órgãos reprodutivos especializados protegidos por tecidos não reprodutivos. As briófitas apareceram pela primeira vez no início do Paleozóico. Vivem principalmente em habitats onde a humidade está disponível por períodos significativos, embora algumas espécies, como o género "Targionia", sejam tolerantes à dessecação. A maioria das espécies de briófitas permanece pequena durante todo o seu ciclo de vida. Isso envolve uma alternância entre duas gerações: um estágio haplóide, chamado estágio gametófito e um estágio diploide, designado por esporófito. Nas briófitas, o esporófito é sempre não ramificado e permanece nutricionalmente dependente do seu gametófito parental. Os embriófitos têm a capacidade de secretar uma cutícula na sua superfície externa, uma camada cerosa que confere resistência à dessecação. Nos musgos e antóceros a cutícula é geralmente produzida apenas no esporófito. Os estomas estão ausentes das hepáticas, mas ocorrem no esporângio dos musgos e antóceros, permitindo a troca gasosa. As plantas vasculares apareceram pela primeira vez durante o período Siluriano, e diversificaram-se e espalharam-se por muitos ambientes terrestres diferentes durante o Devoniano. Estas plantas desenvolveram um conjunto de adaptações que permitiram que se espalhassem por lugares cada vez mais áridos, especialmente através da evolução de feixes de tecido condutor que levaram ao aparecimento dos tecidos vasculares especializados que deram origem aos hodiernos xilema e floema, que transportam água e alimentos por todo o organismo. Sistemas radiculares capazes de obter água e nutrientes do solo também evoluíram durante o Devoniano. Nas plantas vasculares modernas, o esporófito é tipicamente grande, ramificado, nutricionalmente independente e de longa duração, mas há cada vez mais evidências de que os gametófitos paleozóicos eram tão complexos quanto os esporófitos. Os gametófitos de todos os grupos de plantas vasculares evoluíram para se reduzirem em tamanho e proeminência no ciclo de vida. Nas plantas com semente, o microgametófito é reduzido de um organismo multicelular de vida livre para algumas células num grão de pólen e o miniaturizado megagametófito permanece dentro do megasporângio, ligado e dependente da planta-mãe. Um megasporângio fechado por uma camada protetora chamada tegumento é conhecido como um óvulo. Após a fertilização por meio dos espermatozóides produzidos pelos grãos de pólen, um esporófito embrionário desenvolve-se dentro do óvulo. O tegumento torna-se no revestimento das sementes e o óvulo desenvolve-se e dá origem à semente propriamente dita. As plantas com semente podem sobreviver e reproduzir-se em condições extremamente áridas, porque não dependem da água livre para o movimento dos espermatozóides nem do desenvolvimento de gametófitos de vida livre. As primeiras plantas produtoras de sementes, as Pteridospermatophyta ou pteridospérmicas, entretanto extintas, apareceram no decurso do Devoniano e diversificaram-se durante o Carbonífero. Foram os ancestrais das modernas gimnospérmicas, das quais quatro grupos sobreviventes estão presentes na actualidade em múltiplos ecossistemas, particularmente as coníferas, que são dominantes em muitos biomas. O nome gimnosperma deriva da palavra composta grega "γυμνόσπερμος" (γυμνός "gymnos", "nu" e σπέρμα "sperma", "semente"), resultante de os óvulos e sementes por eles produzidos não são encerrados numa estrutura protectora (carpelo ou fruto), mas são inseridos nus, normalmente em escamas de pinhas. Reprodução das plantas. Na maioria das espécies de plantas verdes, os indivíduos podem reproduzir-se tanto assexuada (agâmica) como sexuadamente (reprodução gâmica, ou por meio de gâmetas). Assexuadamente, as plantas se reproduzem através da separação de partes do indivíduo que podem dar origem a novos indivíduos. Neste processo, não há recombinação genética, e portanto os descendentes são geneticamente iguais aos "pais", podendo ser considerados clones de um indivíduo. A reprodução assexuada nas plantas ocorre de várias maneiras: por brotamento (ou gemulação), por fragmentação, pela formação de estolhos, e por esporulação. Na esporulação podem se formar células especiais, os esporos que podem ser aplanósporos (normalmente transportados pelo vento ou por animais) ou zoósporos (móveis) com dois ou mais flagelos. O homem tirou partido desta capacidade de reprodução assexuada nas plantas, desenvolvendo métodos especializados de multiplicação, como a estaquia, alporquia e enxertia. A reprodução sexuada nas plantas verdes ocorre normalmente com alternância de gerações, em que ocorre um esporófito (o indivíduo "adulto" nas plantas vasculares) e um gametófito – o indivíduo que produz os gâmetas – que pode ser "parasita" do esporófito, como nas espermatófitas ou ter vida independente. Nas plantas verdes aquáticas (por exemplo, as Chlorophyta e Charophyta, ou algas verdes) existe a produção de gâmetas móveis, podendo o processo ser por isogamia (gâmetas iguais) ou oogamia (gâmetas "femininos" grandes e imóveis e masculinos, móveis). Nutrição das plantas. Com exceção das plantas carnívoras, a maioria das plantas verdes necessita apenas de sais minerais dissolvidos em água, de dióxido de carbono e luz solar como sua nutrição. Com esses ingredientes e sua capacidade de fotossíntese, estes seres vivos autotróficos conseguem a energia e matéria necessárias para viver. Entre os elementos químicos essenciais para as plantas, chamados macronutrientes, encontram-se o nitrogénio, o fósforo, o magnésio (constituinte da clorofila), o cálcio, o potássio e o enxofre. Além destes elementos principais, há outros que, apesar de serem absorvidos em pequenas quantidades, são igualmente indispensáveis à saúde das plantas, como o boro e o cobalto; estes minerais são chamados micronutrientes Mecanismos de defesa. A primeira linha de defesa nas plantas é uma barreira intacta e impenetrável composta por casca e uma cutícula cerosa. Ambos protegem as plantas contra herbívoros. Outras adaptações contra herbívoros incluem conchas duras, abrolhos (galhos modificados) e espinhos (folhas modificadas). Eles desencorajam os animais, causando danos físicos ou induzindo erupções cutâneas e reações alérgicas. Algumas espécies de árvores de acácia desenvolveram relações mutualísticas com colônias de formigas: elas oferecem abrigo às formigas em seus espinhos ocos em troca da defesa das folhas das árvores pelas formigas. Defesas químicas. A proteção externa de uma planta pode ser comprometida por danos mecânicos, que podem fornecer um ponto de entrada para patógenos. Se a primeira linha de defesa for violada, a planta deverá recorrer a um conjunto diferente de mecanismos de defesa, como toxinas e enzimas. Metabolitos secundários são compostos que não são diretamente derivados da fotossíntese e não são necessários para a respiração ou crescimento e desenvolvimento das plantas. Os isoprenoides associados ao metabolismo secundário não participam diretamente do crescimento e desenvolvimento das plantas, mas parecem desempenhar um papel nos mecanismos de defesa e no fornecimento de adaptações ecológicas para as plantas interagirem com seu ambiente, como atrair polinizadores de insetos e insetos predadores para alimentar herbívoros, e interações planta-planta como aquelas entre plantas normais e parasitárias. O hormônio chamado ácido jasmônico é particularmente essencial para a resposta de defesa de uma planta contra fungos e insetos. O ácido jasmônico, ou jasmonato, ajuda as plantas a soarem o alarme sobre o perigo. As plantas se defendem contra patógenos com barreiras, metabólitos secundários e compostos antimicrobianos. A capacidade de reconhecer e responder à presença de micróbios é também uma estratégia essencial para que as algas marinhas sobrevivam no ambiente marinho. Ecologia vegetal. As plantas são o elo produtor de matéria orgânica da cadeia alimentar nos meios marinho, aquático e terrestre. São, portanto, o primeiro elo da cadeia, que sustenta todos os elos subsequentes. Além de fornecer alimento a animais, fungos, bactérias e protistas, as plantas também fornecem abrigo a estes seres e a seus ovos e filhotes. No entanto, a predação não é a única relação ecológica a que as plantas estão submetidas, existindo também relações benéficas, como as observadas entre plantas e polinizadores. Em algumas espécies, existem associações com certos insetos, como formigas, que recebem abrigo ou alimento da planta, protegendo-a, em troca, contra predadores. Há mesmo plantas que dependem de outras plantas. Algumas famílias botânicas, constituídas por plantas parasitas, dependem da seiva de outras espécies para obter nutrientes. Existem também milhares de espécies epífitas que dependem de plantas maiores para se alojar, normalmente não causando qualquer dano ao hospedeiro. Relações ecológicas. Inúmeros animais evoluíram junto com as plantas. Muitos animais polinizam flores em troca de alimentos sob a forma de pólen ou néctar. Muitos animais dispersam sementes, muitas vezes por comer frutos e passar as sementes em suas fezes. Mirmecófitas são plantas que evoluíram com formigas. A planta fornece uma casa e às vezes comida para as formigas. Em troca, as formigas defendem as plantas dos herbívoros e em algumas vezes das plantas concorrentes. Os resíduos das formigas fornecem fertilizantes orgânicos. A maioria das espécies de plantas têm vários tipos de fungos associados aos sistemas de sua raiz em uma espécie de simbiose mutualística conhecida como micorriza. Os fungos ajudam as plantas a obterem água e nutrientes minerais do solo, enquanto a planta fornece aos fungos carboidratos produzidos na fotossíntese. Algumas plantas servem como residências para fungos endófitos que protegem a planta de herbívoros através da produção de toxinas. O fungo endófito "Neotyphodium coenophialum", em uma espécie de festuca ("Festuca arundinacea") causa danos econômicos enormes para a indústria de gado nos Estados Unidos. Várias formas de parasitismo também são bastante comuns entre as plantas, desde o semiparasitário visco, que se limita a alguns nutrientes de seu hospedeiro, mas ainda tem as folhas fotossintetizantes, até as inteiramente parasitárias orobanche e Lathraea, que adquirem todos os seus nutrientes por meio de conexões com as raízes de outras plantas, e assim não tem clorofila. Algumas plantas, conhecidas como mico-heterótrofos, parasitam fungos micorrízicos e, portanto, atuam como epiparasitas em outras plantas. Muitas plantas são epífitas, o que significa que crescem sobre outras plantas, geralmente árvores, sem parasitá-las. Epífitas podem indiretamente prejudicar a sua planta hospedeira, interceptando nutrientes minerais e luz que a anfitriã em outra situação receberia. O peso de um grande número de epífitas pode quebrar galhos de árvores. Hemiepífitas como o estrangulador de figueira começam como epífitas, mas acabam estabelecendo suas próprias raízes e dominando e matando seu hospedeiro. Muitas orquídeas, broméliass, samambaias e musgos geralmente crescem como epífitas. Bromélias epífitas acumulam água nas axilas das folhas para formar um fitotelmo, complexa cadeia alimentar aquática.
1532
Península Ibérica
Península Ibérica A Península Ibérica, Península Hispânica ou Península Pirenaica é uma península situada no sudoeste da Europa. É dividida na sua maior parte por Portugal e Espanha, mas também por Andorra, Gibraltar, e pequenas frações do território de soberania francesa nas vertentes ocidentais e norte dos Pirenéus, até ao local onde o istmo está situado. Com uma área de cerca de , é a segunda maior península da Europa, ultrapassada apenas pela Península Escandinava em área, e em população pela Península Balcânica. É a mais ocidental das três grandes penínsulas da Europa Meridional, formando quase um trapézio, a península liga-se ao resto do continente europeu pelo istmo constituído pela cordilheira dos Pirenéus, sendo rodeada a norte, oeste e parte do sul pelo Oceano Atlântico, e a restante costa sul e leste pelo mar Mediterrâneo. Os seus pontos extremos são, a ocidente, o cabo da Roca, a oriente o cabo de Creus, a sul a Ponta de Tarifa e a norte a Estaca de Bares. Com uma altitude média bastante elevada, apresenta predomínio de planaltos rodeados por cadeias de montanhas, e que são atravessados pelos principais rios, entre os quais o rio Tejo é o mais comprido, com um percurso de cerca de 1 000 km. A montanha mais alta da Península Ibérica é o Mulhacén (na serra Nevada) com metros de altitude. As elevações mais importantes são a Cordilheira Cantábrica, no norte; o sistema Penibético (serra Nevada) e o sistema Bético (serra Morena), no sul; e ainda o Sistema Central de que a serra da Estrela e a Serra da Lousã são o prolongamento ocidental. Muitíssimo povoada no litoral, a península tem fraca densidade populacional nas regiões interiores, com exceção da Comunidade de Madrid, extremamente populosa. Nomenclatura alternativa. "Península Ibérica" é o termo atual com que se designa a península. No passado a mesma possuía outras designações, atribuídas pelos diversos povos que a habitaram: Geografia. Os países ou territórios situados na Península Ibérica são: Orografia. Entre as principais cordilheiras da Península Ibérica estão a Bética (subdivide-se nas cordilheiras Penibética e Sub-bética), Cantábrica (da qual fazem parte os Picos da Europa), , o Sistema Central e o Sistema Ibérico. Algumas das serras mais representativas destas cordilheiras ou isoladas são a Nevada, de Guadarrama, Morena, de Gredos, , da Estrela, do Larouco, do Gerês, do Soajo, do Marão, de Montesinho, de Bornes, da Nogueira, de Leomil, do Caramulo, da Marofa, de Gata, da Gardunha, da Lousã, de Alvelos ou de São Mamede. Polos urbanos. De acordo com o Eurostat (2019), as regiões metropolitanas com mais de um milhão de habitantes na Península Ibérica são: Demarcação geográfica a entidade geopolítica. O termo "Hispania" (ou "Hispaniae", "Hispaniarum", "Yspania", "Spania" ou "Hespanha") continuará a determinar por alguns séculos os habitantes da Península Ibérica. A obra ", de Camões, menciona os portugueses como "Uma gente fortíssima de Hespanha" (canto I, verso 31), ou "a nobre Espanha"" (canto III, verso 17), composta por várias nacionalidades, onde se incluem, entre outras, Castela (atual Espanha) e o Reino Lusitano (Portugal) (canto III, versos 19 e 20). O nome "Espanha" é utilizado por Camões de forma puramente geográfica, como sinónimo de "Península Ibérica", um uso comum na época derivado do latim "Hispania". Aquando da formação da Monarquia Católica, segundo relata a "Crónica dos Reis Católicos" de Fernando del Pulgar em 1479, já teria sido colocada a questão quanto ao título dos novos monarcas, tendo sido apreciada a hipótese de poder vir a ser "Reis de Espanha". Concluiu o Conselho Real que não o deveriam fazer porque ainda não controlavam a totalidade da Península Ibérica: "os votos de alguns do Conselho era que tomassem por direito o título de reis de Espanha, porque sendo agora os sucessores dos reinos de Aragão, eram senhores da maioria dela [da Península Ibérica]. Mas resolveram não o fazer […]". Começa a notar-se apenas a partir do domínio espanhol ( (I de Portugal), coroa-se "rei de todas as Espanhas", ou seja, de todos os reinos da Península Ibérica), e posterior Restauração da Independência portuguesa, no , a designação de "Espanha" ou "Espanhas" dirigida apenas a uma das nações da Península. Esta tendência associada a um manifesto conteúdo político continuará a acentuar-se após a Guerra da Sucessão e os Decretos do Novo Plano. Ainda assim, no ""Vocabulário portuguez e latino" (1712–1728) de Raphael Bluteau, o primeiro dicionário da língua portuguesa, continua a não ser clara uma diferenciação entre os diversos conceitos. Refere que "a Lusitânia fazia" "parte da Hespanha e particularmente do Reyno de Portugal", mas definindo "hespanhol" expõe que "os portuguezes ou lusitanos não estavam compreendidos debaixo do nome geral de hespanhoes"": a assunção que existe uma diferença clara num espaço geográfico que não é politicamente homogéneo, cujos habitantes podem ter diferentes nacionalidades, e por conseguinte, outros gentílicos. No século XIX, as cortes de Cádis de 1812, durante a Guerra Peninsular, aprovam a sua primeira constituição auto-denominando-se "Espanha". A coluna vertebral do governo até então, o Conselho de Castela, é dissolvido primeiro em 1812, novamente reativado, e só depois cessado definitivamente em março de 1834, nascendo em sua substituição o Tribunal Supremo de Espanha e das Índias, assumindo as funções judiciais, e o Conselho Real de Espanha e das Índias como órgão consultivo. A até então "Monarquia Católica" passa a denominar-se de forma oficial "Monarquia Espanhola". O afastamento físico de Portugal e Espanha, caracterizado pelas péssimas rotas de comunicação nas zonas de fronteira terrestre até meados do , aliado à negativa carga semântica que as possíveis denominações da Península, não raras vezes usadas de forma política, como Ibéria, Iberismo ou hispanidade, foram tema de múltiplos e acirrados debates intelectuais que só cristalizaram já no início do . No caso da Península Itálica, o "Risorgimento" no levou à unificação de toda a península sob o mesmo nome de Itália, mas com uma diferença fundamental da Península Ibérica: passou a existir apenas um único Estado. Atualmente o Estado Espanhol festeja o seu dia nacional desde 1958 como Dia da Hispanidade (também conhecido por "Dia de Colombo" nos Estados Unidos), instaurado por decreto do ditador Francisco Franco nesse ano, deixando para trás a denominação xenófoba "Dia da Raça" que tinha desde 1918. Como uma força centrípeta que promove o integracionismo hegemónico, a significação de "hispanidade" no franquismo teve como fim "sublimar a frustração imperial," sendo de novo a origem de um nacionalismo espanhol expansivo. História. Começou por ser descrita pelos gregos como Ibéria (terra dos iberos), depois pelos romanos por "Hispania", continuando a ser alvo de estudo a sua etimologia. Hispânia romana. Começa a romanização da Península no ano quando as tropas romanas desembarcaram no nordeste da Península para impedir novos ataques, por parte dos Cartagineses através dos Pirenéus, como já havia ocorrido. Derrotados os cartagineses, seguem rumo a sul e conquistam a capital cartaginesa, Cádis, uma das cidades mais antigas da Europa. A romanização foi um processo relativamente lento que começou na costa este e sul em direção ao oeste e norte, sendo a costa cantábrica (que abrange a Galiza, Astúrias, Cantábria e parte do País Basco) a última zona da Península a ser conquistada. O País Basco conservou de forma notável a língua e outros aspetos culturais. O uso do latim não foi imposto; as pessoas aprenderam-no por conveniência e pelo prestígio do idioma. O processo de romanização foi rápido em algumas zonas (leste e sul) e mais lento noutras (interior, oeste e norte). Destacando a dificuldade que enfrentaram os romanos ao invadir a região habitada pelos Lusitanos devido aos seus combatentes e ao seu resiliente líder, Viriato. Embora sejam escassas as informações e dados pessoais deste líder, sabe-se que dificultou o processo de romanização, principalmente nas zonas montanhosas do interior compreendidas a sul do rio Douro e norte do Tejo (atualmente corresponde a uma significativa parte do território português compreendida pelo interior da Região do Centro mais próximo da Serra da Estrela), a tal ponto que Roma, segundo consta, enviou um dos seus generais, Serviliano, para acompanhar os combates. Vários poemas e escritores fazem referência a este líder como um guerreiro audaz, que acabou assassinado pelo seu entorno. Este episódio terminou em 139 a.C. com o período que mais tarde se designou "Guerras Lusitanas", sendo o território conquistado integrado na Hispânia Ulterior. Durante a romanização, a Península Ibérica foi dividida em províncias: Invasões bárbaras e Reino suevo. O Reino Suevo foi um dos primeiros reinos a separar-se do Império Romano que, no ano 409, invadiu a Península Ibérica, juntamente com os vândalos e os alanos. Convém destacar que este povo germânico não obteve o mesmo sucesso que Roma na sua conquista, não conseguindo um domínio integral da Península, tal como Roma havia conseguido. A parte da atual Galiza e os territórios setentrionais de Portugal estavam sob domínio dos suevos, que mais tarde coexistiram com os visigodos. O País Basco, que protagonizou várias revoltas, apesar de todas estas invasões e domínios, soube preservar uma cultura e língua pré-romana única. Reino visigodo. Depois de expulsos pelos francos do Reino de Toulousa (hoje Toulouse), os visigodos, liderados por , invadem a Península Ibérica em 456, derrotando os suevos na Batalha de Órbigo. Acentua-se o enfraquecimento do Império Romano do Ocidente, instalando-se os visigodos e elevando a cidade de Toledo a capital do seu reino. Para facilitarem a colonização da península, decidiram, em vez de impor a sua língua, adquirir a língua autóctone, o latim, e os costumes cristãos. No Terceiro Concílio de Toledo, em 589, o rei Recaredo renunciou ao arianismo e anunciou a sua fé no credo niceno-constantinopolitano, professado pelo catolicismo romano. As novas leis estabelecidas pelos visigodos substituíram todos os antigos códigos de direito romano, embora se baseassem neles. O Código Visigótico evidenciou a mudança do velho sistema de divisões militares e civis herdadas dos romanos, sendo que foram criados as posições de duques ("dux provinciae") e condes ("comes civitatis"), com importantes responsabilidades civis, tributárias e militares. Expansão muçulmana no Al-Andalus. No ano de 711, iniciou-se a expansão muçulmana do Califado Omíada na Península Ibérica, a partir do que hoje se chama Gibraltar (, "Montanha de Tárique"), honrando Tárique ibne Ziade, o comandante da invasão muçulmana, o comandante berbere que liderou a primeira invasão. Tal como ocorreu com os suevos, não existiu uma islamização completa da península. Durante o período islâmico, sucederam-se numerosos cruzamentos entre os habitantes da península e os invasores. Houve um período de bilinguismo em que as populações falavam tanto o árabe como o latim, até que, progressivamente, começou a ser falada a língua moçárabe, que seria o resultado linguístico de muitos anos de contacto entre o árabe e o latim e, mais tarde, influente na formação do galego-português. As populações cristãs que viviam sob domínio muçulmano, denominadas moçárabes, era quem falavam esta variedade que, embora a sua classificação seja polémica, é claramente, segundo os linguistas, uma língua que adquiriu grande parte do seu léxico do latim que, neste contexto, seria a língua de substrato em relação ao árabe. Os muçulmanos elevam Córdova a capital do seu reino, mais tarde conhecido como Califado de Córdova. A coexistência com os povos cristãos, que viram as suas tradições respeitadas mediante o pagamento de impostos, teve um impacto significativo que perdura até à atualidade, tanto na língua, como na arquitetura, na matemática e astronomia, bem como de áreas mais tradicionais, como a agricultura. Movimento ibérico cristão, a Reconquista. O movimento de conquista da península pelos reinos cristãos, também conhecido por Reconquista, inicia-se no com a expansão a partir das Astúrias e na zona da "Marca Hispânica" (marca de fronteira), controlada pelos condados afetos ao Império Carolíngio até ao , e termina com a conquista do Reino Nacérida de Granada, em 1492. A partir do ano 824, será levada a cabo pelo reinos de Navarra, de Leão a partir de 910, Castela a partir de 1065, Condado de Ribagorça (que dará origem ao Reino de Aragão em 1035) e Condado de Barcelona, cujo conde deixa de prestar vassalagem aos reis francos no . Na Idade Média Andorra está dependente do Condado de Urgel depois de ser cedida ao conde Sunifredo de Narbona em 839. Em 1133, o conde Ermengol VI transmite todos os direitos de propriedade do vale de Andorra ao catalão bispo de Urgel (cuja soberania do Vale é partilhada a partir de 1610 com o rei de França). Em 1137, forma-se a Coroa de Aragão, liderada pelo conde , e o Condado Portucalense, liderado pelo conde Afonso Henriques, proclama a independência de Portugal em 1139, confirmada em 1143 pelo Tratado de Zamora e pelo pela emissão da bula "Manifestis Probatum", tornando-se o primeiro Rei de Portugal. A Coroa de Castela forma-se no ano 1230, sob a liderança de . Em outubro de 1469, o casamento de com , ou seja, a união dinástica das coroas de Castela e a de Aragão, funda a Monarquia Católica, ampliando as dificuldades ao Emirado Nacérida de Granada. Este território rendeu-se no dia 2 de janeiro de 1492 e, com uma península totalmente cristianizada, termina o período também conhecido como "Reconquista". Após a conquista de Navarra em 1512, não sendo a primeira vez que se reivindicava o título "Imperator totius Hispaniae" (Imperador de toda a Hispânia), em 1580 a Coroa de Castela consegue efetivamente o controle de todos os reinos da Península Ibérica, com Filipe II e I de Portugal (que passará a ostentar o título "Philippus Dei Gracia Hispaniarum Utrius que Siciliae, Hierusalem, Indiarum, Insularum ac Terrae Firmae Maris Oceani Rex" — Rei de todas as Espanhas, das Sicílias, Jerusalém, Índias, e das Terras Firmes e Insulares do Oceano) num período denominado União Ibérica. No trato com o "Novo Mundo" foram respeitadas as proibições de circulação entre as rotas marítimas dos dois impérios, sendo que a coroa portuguesa tinha o seu monopólio na Casa da Índia, em Lisboa, e os territórios peninsulares administrados pela Coroa de Castela tinham o monopólio fixado na Casa de Contratação das Índias, em Sevilha. Em junho de 1640 rebenta a Guerra dos Segadores no Principado da Catalunha e os nobres portugueses opõem-se à organização de tropas para lutar contra os revoltosos, culminando numa insurreição que a 1 de dezembro de 1640 leva à Restauração da Independência portuguesa. Abolição dos reinos medievais da Monarquia Católica. Apesar das uniões dinásticas, só com o final da Guerra da Sucessão Espanhola, que envolveu belicamente toda a Península Ibérica, e os Decretos do Novo Plano no , se dá a dissolução dos reinos existentes dependentes da Coroa de Castela, fomentando a centralização do poder. Estes decretos foram o fim da polissinódia hispânica, sistema de governo estabelecido pela fundação da Monarquia Católica, baseado no respeito das tradições jurídicas e de autogoverno de cada território da coroa. O Conselho de Castela, coluna vertebral do governo, é dissolvido definitivamente em março de 1834 e nascem, em sua substituição, o Tribunal Supremo de Espanha e Índias, para as atribuições judiciais e o Conselho Real de Espanha e das Índias como órgão consultivo. Ainda assim, a predominância de Castela continuará a existir na representação da bandeira de Espanha, onde era retratado apenas o escudo histórico de Castela e Leão até 1931, quando foi implantada a Segunda República Espanhola. Línguas oficiais. Na Península Ibérica, são faladas sete línguas oficiais: Como segunda língua oficial encontram-se, em Portugal, o mirandês (falado principalmente no concelho de Miranda do Douro) e, em Espanha, o galego, o basco e o catalão nas respetivas comunidades autónomas. Na Catalunha também é segunda língua oficial o aranês, falada principalmente no Vale de Aran. Na Comunidade Valenciana utiliza-se o "valenciano" para denominar a variante do catalão aí falada. Além destas, existem algumas línguas não oficiais (asturo-leonês, aragonês e o romani), e algumas com dialetos importantes (por exemplo o andaluz). Contenciosos territoriais. Existem atualmente dois contenciosos territoriais na península: Entre Espanha e o Reino Unido: Gibraltar é conquistada em 1462 pela Coroa de Castela, feito que continua a ser relembrado na sua bandeira atual representando o escudo castelhano. Em 1704 é tomada pelos britânicos no contexto da Guerra da Sucessão Espanhola, sendo ratificada a possessão em 1713 mediante o Tratado de Utrecht que confirma a cessão do território "para sempre, sem qualquer exceção ou impedimento." O território é reclamado por Espanha, apesar da vontade contrária dos gibraltinos expressada em referendo por duas vezes (1967 e 2002). Entre Portugal e Espanha: Olivença encontrava-se em posse portuguesa desde a ratificação do Tratado de Alcanizes em 1297. Foi cedida por Portugal a Espanha pelo Tratado de Badajoz, assinado em 1801 como uma das condições para colocar fim à Guerra das Laranjas. Após a Guerra Peninsular, no Congresso de Viena, Espanha comprometeu-se com a restituição do território, o que até hoje não aconteceu, mantendo-se atualmente a Questão de Olivença. Desde há alguns anos que o governo de Portugal tem vindo a conceder a nacionalidade portuguesa aos oliventinos que a requerem.
1533
Pierre de Fermat
Pierre de Fermat Pierre de Fermat (Beaumont-de-Lomagne, nascido na primeira década do século XVII — Castres, ) foi um magistrado, polímata e especialmente matemático francês. Apelidado de "o príncipe dos amadores". Ele também foi poeta, um hábil latinista e helenista, e se interessou pela ciência e em particular pela física; devemos a ele em particular o princípio de Fermat em óptica. Ele é particularmente conhecido por ter enunciado o último teorema de Fermat, cuja prova só foi estabelecida mais de 300 anos depois pelo matemático britânico Andrew Wiles em 1994. Biografia. O seu pai, Dominique de Fermat, era um rico mercador de peles que lhe proporcionou uma educação privilegiada, inicialmente no mosteiro franciscano de Grandselve e depois na Universidade de Toulouse. Ingressou o serviço público em 1631. Em 1652 foi promovido a Juiz Supremo, na Corte Criminal Soberana do Parlamento de Toulouse. Neste mesmo ano Fermat adoeceu e chegou a afirmar-se que tinha morrido. A influência de Pierre de Fermat foi limitada pela falta de interesse na publicação das suas descobertas, conhecidas principalmente pelas cartas a amigos e anotações na sua cópia da "Arithmetica", de Diofanto. As suas cartas sugerem um homem envergonhado e reservado, cortês e afável, mas um pouco distante. Estas cartas passaram a ser publicadas a partir de 1636, por intermédio do padre Mersenne, em Paris, que procurou Fermat após ouvir falar dele. Nas suas cartas, Fermat descrevia as suas ideias, descobertas e até pequenos ensaios, que eram transmitidos por Mersene a outros matemáticos da Europa. Fermat gostava de trocar e resolver desafios, por exemplo, Mersenne uma vez escreveu-lhe perguntando se o número - muito grande - 100.895.598.169 era primo ou não. Tais questões geralmente levavam anos a serem resolvidas, mas Fermat replicou sem hesitação que o número era produto de 112.303 e 898.423, e que cada um desses fatores era primo. O infeliz Descartes travou argumentos, com ele, diversas vezes. Como um estrangeiro, Fermat não conhecia o monumental egoísmo e disposição melindrosa de Descartes, e com calma e cortesia o demoliu em todas as ocasiões. Fermat inventou a Geometria Analítica em 1629 e descreveu as suas ideias num trabalho não publicado intitulado "Introdução aos lugares geométricos planos e sólidos", que circulou apenas na forma de manuscrito. Neste trabalho Fermat introduziu a ideia de eixos perpendiculares e descobriu as equações gerais da reta, circunferência e equações mais simples para parábolas, elipses e hipérboles, e depois demonstrou que toda equação de 1º e 2º grau pode ser reduzida a um desses tipos. Nada disto está no ensaio de Descartes, apesar deste ter tido acesso à "Introdução" vários meses antes de publicar a sua obra intitulada "Geometria", de 1637. O método de Fermat, para determinar tangentes, foi desenvolvido pela sua abordagem aos problemas de máximos e mínimos, e foi ocasião de outro atrito com Descartes. Quando o famoso filósofo foi informado do método de Fermat, por Mersenne, este atacou a sua genialidade, desafiando Fermat a encontrar a tangente à curva x³ + y³ = 3axy e, loucamente, vaticinou que ele falharia. O próprio Descartes foi incapaz de resolver o problema e ficou intensamente irritado quando Fermat o resolveu com facilidade (esta curva chama-se agora "folium de Descartes"). Considerado o "Príncipe dos Amadores", Pierre de Fermat nunca teve formalmente a matemática como a principal atividade de sua vida. Jurista e magistrado por profissão, dedicava à Matemática apenas as suas horas de lazer e, mesmo assim, foi considerado por Blaise Pascal o maior matemático de seu tempo. Contudo, o seu grande gênio matemático perpassou várias gerações, fazendo com que várias mentes se debruçassem com respeito sob o seu legado, composto por contribuições nas mais diversas áreas das matemáticas, sendo as principais: o cálculo geométrico e infinitesimal, a teoria dos números e teoria da probabilidade. O interesse de Fermat pela matemática deu-se, possivelmente, com a leitura de uma tradução latina, por Bachet de Méziriac, de aritmética de Diofanto de Alexandria, um texto sobrevivente da famosa Biblioteca de Alexandria, queimada em 642 d.C., e que compilava cerca de dois mil anos de conhecimentos matemáticos. A matemática do século XVII estava ainda em recuperação da Idade das Trevas, portanto não é nenhuma surpresa o caráter amador dos trabalhos de Fermat. No entanto, se ele era um amador, então era o melhor de todos eles, devido à precisão e à importância dos seus estudos, que, diga-se , se realizavam longe de Paris, o único centro que abrigava grandes matemáticos, mas até então ainda não prestigiados estudiosos da Matemática, como Blaise Pascal, Gassendi, Mersenne, entre outros. Morte. Morreu em Castres, França. A mais antiga e prestigiada escola, no alto de Toulouse, é nomeado em sua honra: "Le Lycée Pierre de Fermat". O escultor francês Théophile Barrau fez uma estátua de mármore chamada "Homagge a Pierre Fermat". Contribuições. As contribuições de Fermat para o cálculo geométrico e infinitesimal foram inestimáveis. Obtinha, com os seus cálculos, a área de parábolas e hipérboles, e determinava o centro de massa de vários corpos, etc. Em 1934, Louis Trenchard Moore descobriu uma nota de Isaac Newton dizendo que o seu cálculo, antes considerado como invenção autónoma, fora baseado no “método de monsieur Fermat para estabelecer tangentes”. Foi a primeira pessoa a enunciar o pequeno teorema de Fermat, embora a primeira pessoa a publicar a prova do teorema tenha sido Euler, em 1736, no artigo "Theorematum Quorundam ad Números Primos Spectantium Demonstratio". Último Teorema de Fermat. Contudo, o que mais interessava a Fermat, era um ramo da Matemática chamado teoria dos números, com poucas aplicações práticas claras. É nesta teoria dos números que se engloba o seu famoso teorema, conhecido como Último Teorema de Fermat. Este teorema tem um enunciado extremamente simples: <br> Não existe nenhum conjunto de inteiros positivos "x", "y", "z" e "n" com "n" maior que 2 que satisfaça a equação <br> formula_1 <br> O teorema foi escrito nas margens do Aritmética de Diofante, seguido de uma frase: “Eu tenho uma demonstração realmente maravilhosa para esta proposição, mas esta margem é demasiado estreita para a conter". Aliás, escrever nas margens dos livros era um costume de Fermat, e foi graças ao seu filho mais velho, Clément-Samuel, que as suas anotações não se perderam. Clément-Samuel, depois de passar cinco anos recolhendo cartas e anotações de seu pai, publica em 1670, em Toulouse, a Aritmética de Diofante contendo observações de Pierre de Fermat, em cuja página 61 continha o teorema. Naturalmente, há quem duvide que tenha dito a verdade já que não se sabe, ao certo, se Fermat conhecia de fato alguma demonstração ou se equivocou ao acreditar que a poderia demonstrar. Gerações inteiras de matemáticos têm amaldiçoado a falta de espaço daquela margem. Durante mais de três séculos, praticamente todos os grandes expoentes da Matemática (entre eles Euler e Gauss) debruçaram-se sobre o assunto. Com o advento dos computadores, foram testados milhões de algarismos com diferentes valores para x, y, z e n e a igualdade  xn + yn = zn não se verificou. Assim, empiricamente, se comprova que Fermat tinha razão. Mas e a demonstração? Um renomeado empresário e matemático alemão, Paul Wolfskehl, na noite em que decidira suicidar-se na sua biblioteca, deparou-se com o "Último Teorema de Fermat", e mudou de ideias. No seu testamento, deixou em 1906, a quantia de 100 000 marcos para quem o demonstrasse. O teorema desafiou matemáticos por todo o mundo durante 358 anos, até que Andrew Wiles, um matemático britânico, conseguiu demonstrá-lo, primeiramente em 1993, quando disse sua famosa frase "Acho que vou parar por aqui..." e, depois de corrigir alguns erros apontados, definitivamente em 1995. Cumpre esclarecer que Wiles utilizou conceitos avançadíssimos, com os quais Fermat nem poderia ter sonhado; desta forma, se Fermat realmente conhecia alguma demonstração, esta seria certamente muito mais simples e maravilhosa, mas tão difícil de se enxergar, passou pelas mãos de grandes matemáticos, de Euler a Wiles sem ser percebida. Assim chega ao fim uma história épica na busca do Santo Graal da Matemática. Teoria da Probabilidade. Outra contribuição importante de Fermat insere-se na Teoria da Probabilidade. Os seus avanços nesta área deram-se por volta de 1654, quando passou a trocar cartas com Pascal. A probabilidade, um assunto desconhecido por Fermat até então, passou a objetivar descobrir as regras matemáticas que descrevessem com maior precisão as leis do acaso. Posteriormente, ambos determinaram as regras essenciais da probabilidade, e Pascal chegou até mesmo a convencer-se que poderia utilizar as suas teorias para justificar a fé em Deus. Mais especificamente numa carta datada de 24 de agosto de 1654, endereçada a Pascal, Fermat discute o seguinte problema: dois jogadores A e B, quando A precisa de 2 pontos para ganhar e B de 3 pontos, o jogo será certamente decidido em quatro jogadas. Para saber quem tem mais hipóteses de ganhar, o matemático escreve todas as combinações possíveis entre as letras a, que representa uma jogada em favor do jogador A e b, que representa uma em favor do jogador B: Assim sendo, num total de 16, há 11 casos favoráveis a A e 5 favoráveis a B, visto que a ocorrência de 2 ou mais a é favorável a A e a ocorrência de 3 ou mais b a B. A solução dada por Pascal é a seguinte: suponhamos que cada um dos jogadores aposte a mesma quantia, 32 pistolas (moeda da época), aquele que tirar primeiramente três vezes, seguidas ou não, o número que aposta no dado, de 1 a 6, ganhará, num total de quatro partidas. Suponhamos também que o primeiro jogador tenha ganhado duas partidas e o segundo apenas uma. Como dividir, se a partida for interrompida agora, as 64 pistolas ? Pascal explica que, se o jogo terminar empatado então cada um fica com 32 pistolas, logo o primeiro jogador já as tem, porém como ele ainda pode ganhar, deve-se partilhar as outras 32 pistolas, ficando o primeiro jogador com 48 e o segundo com 16. Este problema foi proposto por Pascal, que incitou Fermat a refletir sobre ele, Rose Ball (1960) explicita apenas mais um problema de probabilidade relacionado a Fermat, que também foi proposto por Pascal e também está relacionado com jogos, trata-se da seguinte questão: uma pessoa quer tirar 6 no dado em 8 jogadas, suponhamos que ela tenha feito 3 tentativas e falhado, quanto de dinheiro ela poderia apostar em seu sucesso, ou seja, tirar um 6, na quarta jogada? Fermat raciocinou da seguinte maneira: a chance de se tirar um 6 no dado é de 1/6, logo ela poderia apostar 1/6 do dinheiro, não obtendo sucesso, na segunda tentativa, ela deveria apostar 1/6 do que sobrou do dinheiro, isto é, 5/36, e assim por diante, tendo que apostar na quarta tentativa 125/1296 de seu dinheiro. Isso ilustra o modo descompromissado com que Fermat tratava a probabilidade, resolvendo apenas os problemas que foram postulados por Pascal em suas correspondências. A maior dedicação deste matemático foi realmente a teoria dos números e vários tipos de jogos com números, os quais ele mesmo criava e desafiava os outros matemáticos a resolverem. Outras contribuições. Coube a Fermat a entronização de eixos perpendiculares, a descoberta das equações da recta e da circunferência, e as equações mais simples de elipses, parábolas e hipérboles. Por mérito, as coordenadas cartesianas deviam denominar-se coordenadas fermatianas. Cartesius é a forma latinizada de René Descartes. Foi mais filósofo que matemático e em sua obra Discours de la Méthode (3.º apêndice, La Géométrie), publicada em 1637, se limitou a apresentar as ideias fundamentais sobre a resolução de problemas geométricos com utilização da Álgebra. Porém, é curioso observar que o sistema hoje denominado cartesiano não tem amparo histórico, pois sua obra nada contém sobre eixos perpendiculares, coordenadas de um ponto e nem mesmo a equação de uma reta. No entanto, Descartes "mantém um lugar seguro na sucessão canônica dos altos sacerdotes do pensamento, em virtude da têmpera racional de sua mente e sua sucessão na unidade do conhecimento. Ele fez soar o gongo e a civilização ocidental tem vibrado desde então com o espírito cartesiano de ceticismo e de indagação que ele tornou de aceitação comum entre pessoas educadas" (George Simmons). Ainda segundo este proeminente autor, La Géométrie "foi pouco lida então e menos lida hoje, e bem merecidamente". Avaliação de seu trabalho. Junto com René Descartes, Fermat foi um dos dois principais matemáticos da primeira metade do século XVII. De acordo com Peter L. Bernstein, em seu livro de 1996 "Against the Gods", Fermat "foi um matemático de raro poder. Ele foi um inventor independente da geometria analítica, contribuiu para o desenvolvimento inicial do cálculo, fez pesquisas sobre o peso do terra e trabalhou na refração da luz e na óptica. No decorrer do que acabou sendo uma extensa correspondência com Blaise Pascal, ele deu uma contribuição significativa para a teoria da probabilidade. Mas a maior realização de Fermat foi na teoria dos números". Com relação ao trabalho de análise de Fermat, Isaac Newton escreveu que suas próprias idéias iniciais sobre cálculo vieram diretamente da "maneira de Fermat de desenhar tangentes". Sobre o trabalho teórico dos números de Fermat, o matemático do século XX André Weil escreveu que: "o que possuímos de seus métodos para lidar com curvas do gênero 1 é notavelmente coerente; ainda é a base para a teoria moderna de tais curvas. Cai naturalmente em duas partes; a primeira ... pode ser convenientemente denominada um método de subida, em contraste com a descida que é corretamente considerada como a de Fermat".  Em relação ao uso de ascensão de Fermat, Weil continuou: "A novidade consistia no uso amplamente estendido que Fermat fez dela, dando-lhe pelo menos um equivalente parcial do que obteríamos pelo uso sistemático das propriedades teóricas de grupo do pontos racionais em uma cúbica padrão". Com seu dom para relações numéricas e sua habilidade de encontrar provas para muitos de seus teoremas, Fermat essencialmente criou a moderna teoria dos números.
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Progressive rock
Progressive rock
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Mycoplasma
Mycoplasma Mycoplasma [aportuguesado para micoplasma] é um gênero de bactérias da família Mycoplasmataceae. Com tamanho menor (cerca de 0,3 formula_1m = formula_2 m) do que o apresentado normalmente pelas outras bactérias. Os microbiologistas ainda debatem se as bactérias evoluíram dos micoplasmas primitivos, ou se tratam de estirpes separadas, ou se os micoplasmas evoluíram a partir dos vírus, mas até ao momento nenhuma tese ou teoria sobre a perspectiva evolutiva é verossímil. A diferença principal entre as bactérias e os micoplasmas é que as bactérias possuem uma parede celular sólida, e por esse motivo uma forma definida (o que facilita a sua identificação ao microscópio), ao passo que os micoplasmas possuem apenas uma membrana flexível, o que se junta ao tamanho reduzido para dificultar a sua identificação, mesmo quando observados sob os mais potentes microscópios eletrónicos para então saber se a forma é baciloide, cocoide, miceloide ou espiro-helicoide. Os primeiros micoplasmas foram detectados em 1898 no Instituto Pasteur, em tecidos de gado com artrite e pleuro-pneumonia. Daí lhes veio o primeiro nome por que foram conhecidos: pleuro-pneumonia-like organisms, ou PPLOs, nome que foi utilizado até aos anos 60. O primeiro micoplasma humano foi isolado em 1932, num abscesso. Desde então descobriram-se muitas estirpes diferentes, que são fundamentalmente específicas da espécie hospedeira (ou pelo menos de grupos específicos de animais: felinos, aves, roedores, homem e símios antropóides, etc.). Descobriu-se também que ao contrário das bactérias, que são afectadas pelas penicilinas, os micoplasmas são controláveis por antibióticos como as tetraciclinas e os macrólidos, e.g. a eritromicina, a azitromicina e claritromicina. E descobriram-se ainda estirpes que exibiam um crescimento como micélios, semelhante ao dos fungos, o que levou ao aparecimento da designação "micoplasma". Os micoplasmas podem viver dentro de células, sem matar a célula hospedeira, em simbiose-parasita, à semelhança do que fazem os vírus e algumas bactérias (Rickettsias e Chlamydias), mas também podem viver e crescer fora das células, nos fluidos corporais, coisa de que os vírus não são capazes. Os micoplasmas são responsáveis por doenças como as inflamações alérgicas, pneumonia atípica e outras doenças, e investiga-se uma possível relação entre estes organismos e certas doenças envolvendo o sistema imunitário, como a diabetes mellitus tipo I ou a esclerose múltipla, entre outras. Impacto laboratorial. Além de relacionado a diversas doenças, esse gênero bacteriano causa grandes danos em laboratórios de análise e pesquisa, devido à sua facilidade de reprodução nos meios utilizados para células eucarióticas e ao seu tamanho, que escapa de muitos filtros utilizados rotineiramente. A adesão de micoplasma à culturas de células pode causar respostas inflamatórias através de adesão celular e metabólitos tóxicos, como peróxido de hidrogênio, além de terem sido reportados casos até de aberrações cromossômicas induzidas. O teste por meio de PCR é hoje o método de análise mais utilizado para identificar micoplasmas em cultura, visto que a análise ao microscópio é dificultada pelo tamanho e o isolamento e cultura é mais demorado e menos preciso. Como curiosidade, é interessante notar o formato de "ovo-frito" adquirido por colônias geradas a partir de uma unidade formadora de colônia de "Mycoplasma sp. "
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Lista de personagens bíblicas
Lista de personagens bíblicas Está página contém uma lista de listas de nomes próprios de personagens bíblicas, compiladas no século XIX no "Dicionário de nomes da Bíblia de Hitchcock" como parte da nova análise completa da Santa Bíblia de Hitchcock, escrita por Roswell Dwight Hitchcock, e do Dicionário da Bíblia por William R. Smith. A maioria dos nomes masculinos e femininos e suas definições também podem ser encontradas nos livros de Herbert Lockyer: as "Todos os Homens da Bíblia" e "Todos as Mulheres da Bíblia". A maioria dos nomes divinos e suas definições também podem ser encontradas no livro de Lockyer, Todos os Nomes Divinos e os títulos da Bíblia. Nomes em hebraico arcaico. Nos dias do povo hebreu, os nomes das pessoas não eram simples rótulos. Eles tinham significados especiais. Os nomes antigos tinham relação com a circunstâncias do nascimento, do local, da aparência da criança, etc. Às vezes, o nome relacionava-se com o futuro da criança, os nomes proféticos. Muitas vezes, o nome representava a personalidade do indivíduo. Assim, o nome da pessoa era algo muito importante, digno de honra, pois representava o caráter do indivíduo, isto é, o próprio indivíduo. Por exemplo, o nome de Isaque, “Riso de YHWH”, lembrava o riso de seus pais idosos ao ouvirem que teriam um filho e que agora YHWH que sorria ( Génesis 17:17,19 ; 18:12 ). O nome de Esaú, por exemplo, significava “Peludo”, descrevendo uma característica física. Seu outro nome, Dom, “vermelho”, ou “Corado”, era um lembrete de que ele vendera seu direito de primogenitura por um prato de cozido vermelho ( Génesis 25:25, 30 - 34; 27:11; 36:1 ). Jacó, embora fosse apenas um pouquinho mais jovem que seu irmão gêmeo, comprou o direito de primogenitura de Esaú e recebeu de seu pai as bênçãos de primogênito. De nascimento, o significado do nome de Jacó era “Agarrar o Calcanhar” ou “Suplantador”. ( Génesis 27:36 ). O povo hebreu tinha o costume de dar a seus filhos nomes relacionados com o seu Altíssimo Soberano e Criador. Os nomes hebraicos começados ou terminados em “Yaohou” ou “Yaohuh”(abreviado), ou ainda na forma mais abreviada "Yahu" referem-se ao ser Criador, sendo que "Yaohou" seria a pronúncia do Tetragrama hebraico יהוה (YHWH). Também encontra-se em alguns nomes o título do Criador "Ul". Os povos antigos tinham por hábito dar nomes de seus ídolos aos seus descendentes. Como por exemplo, temos Nebochadnezzar (Nabucodonosor), que significa Nebo defende a fronteira; e Yezebel (Jezabel), por sua vez, quer dizer Bel (Baal) é exaltado.
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Pierre Allix
Pierre Allix Pierre Allix (Alençon, Normandia, 5 de dezembro de 1641 – Londres, 3 de março de 1717) foi um teólogo, reformador, divino protestante e controversista francês. Foi sacerdote em Champagne e Charenton. A revogação do Edito de Nantes em 1685 o obrigou a se refugiar em Londres.
1540
Próspero Alpini
Próspero Alpini
1541
Pedro de Alvarado
Pedro de Alvarado Pedro de Alvarado y Contreras (Badajoz, Espanha, 1486 — Guadalajara, México, 4 de julho de 1541) foi um conquistador espanhol que participou da ocupação de Cuba e da expedição de Juan de Grijalva nas costa de Iucatã e do Golfo do México. É considerado como o conquistador de grande parte da América Central e do norte do Império Inca, junto com Sebastián de Belalcázar. Era conhecido como um dos melhores soldados entre os conquistadores, bem como um dos mais cruéis para com a população nativa, sendo o responsável pelo episódio da conquista do México conhecido como massacre do Templo Maior, no qual muitos nobres astecas foram mortos e que conduziria aos acontecimentos da chamada Noite Triste.
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País de Gales
País de Gales O País de Gales ou simplesmente Gales (; ) é um país constituinte do Reino Unido. Faz fronteira com a Inglaterra a leste, com o Mar da Irlanda ao norte e a oeste, com o Mar Celta a sudoeste e com o Canal de Bristol ao sul. Em 2021 tinha uma população de 3.107.500 pessoas e uma área de 20.779 km². O País de Gales tem mais de 2.700 km de linha costeira e é em grande parte montanhoso, com seus picos mais altos nas áreas norte e central, onde se encontra o Monte Snowdon (), o ponto mais alto do território galês. O país tem um clima temperado e um clima oceânico variável. A capital e maior cidade é Cardiff. Os galeses têm origem nos bretões celtas depois da retirada romana da Grã-Bretanha no , e o País de Gales foi formado como um reino sob o reinado de Gruffydd ap Llywelyn em 1055. O País de Gales é visto como uma das nações celtas modernas. A morte de Llywelyn ap Gruffudd em 1282 marcou o final da conquista de Gales por Eduardo I de Inglaterra, depois de mais de 200 anos de guerra, apesar de Owain Glyndŵr ter liderado a Revolta Galesa e restaurado a independência, por pouco tempo, no início do , incluindo o estabelecimento de um parlamento nacional próprio (em galês: "senedd"). O País de Gales foi anexado pela Inglaterra e incorporado ao sistema legal inglês a partir das Leis de Gales de 1535 e 1542. Durante o , desenvolveram-se várias facções políticas. O liberalismo galês, tendo como exemplo no início do Lloyd George, foi substituído pelo crescimento do socialismo e do Partido Trabalhista. O sentimento nacionalista galês aumentou consideravelmente ao longo do século passado. O "Partido Nacionalista Galês" foi criado em 1925 e a Academia da Língua Galesa em 1962. Estabelecida pela Lei do Governo do País de Gales de 1998, a Assembleia Nacional do País de Gales tem responsabilidade por um conjunto diverso de questões políticas. No despertar da Revolução Industrial, o desenvolvimento das indústrias mineira e metalúrgica transformaram o país, passando este de uma sociedade agrícola para uma nação industrial; as explorações da região South Wales Coalfield causaram uma rápida expansão da população do País de Gales. Dois terços da população vivia em Gales do Sul, principalmente em, e à volta de, Cardiff (a capital), Swansea e Newport, e na região dos vales. A região leste do norte do País de Gales tem cerca de um sexto da população total, com Wrexham sendo a maior cidade do norte. As partes restantes do País de Gales são escassamente povoadas. Agora que as tradicionais indústrias pesadas acabaram ou estão em declínio, a economia do país depende do setor público, do setor dos serviços e do turismo. A agricultura no País de Gales é em grande parte baseada na pecuária, tornando o pais um exportador de produtos animais, contribuindo para a autossuficiência agrícola nacional. Apesar de o País de Gales partilhar a sua história política e social com o resto do Reino Unido, e de que maioria da sua população fala o inglês como primeira língua, o país mantém uma identidade cultural distinta e é oficialmente bilíngue. Mais de 538.300 falantes de galês vivem em Gales, e a língua é falada por uma maioria da população em partes do Norte e do Oeste. A partir de finais do em diante, o País de Gales ganhou uma imagem popular de "terra da canção", em parte devido à tradição "eisteddfod". Em muitos eventos desportivos internacionais, como a Campeonato do Mundo de Futebol, a Campeonato do Mundo de Râguebi Union e os Jogos da Commonwealth, o País de de Gales participa com as suas próprias equipes, embora nos Jogos Olímpicos, os atletas galeses competirem integrados na equipa britânica. O "rugby" é visto como um símbolo da identidade galesa e uma expressão da consciência nacional. Etimologia. As palavras inglesas "Wales" e "Welsh" derivam da mesma raiz do inglês antigo (singular "Wealh", plural "Wēalas"), um descendente do protogermânico *"Walhaz", que foi derivado do nome dos gauleses conhecido pelos romanos como Volcas. Este termo foi mais tarde usado para se referir indiscriminadamente aos habitantes do Império Romano do Ocidente. Os anglo-saxões passaram a usar o termo para se referir aos bretões em particular; a forma plural "Wēalas" evoluiu para o nome de seu território, "Wales". Historicamente na Grã-Bretanha, as palavras não eram restritas ao País de Gales moderno ou ao galês, mas eram usadas para se referir a qualquer coisa que os anglo-saxões associassem aos britânicos, incluindo outros territórios não-germânicos na Grã-Bretanha (como, por exemplo, a Cornualha) e lugares no território anglo-saxão associados aos britânicos (como, por exemplo, Walworth no Condado de Durham e Walton em West Yorkshire). O nome moderno para galês é "Cymry", e "Cymru" é o nome galês para o País de Gales. Essas palavras (ambas pronunciadas [ˈkəm.rɨ] são descendentes da palavra britônica "combrogi", que significa "compatriotas", e provavelmente entraram em uso antes do . Na literatura, eles poderiam ser escritos "Kymry ou Cymry", independentemente de se referir ao povo ou à sua terra natal. As formas latinizadas destes nomes, "Cambriano", "Cambrico" e "Cambria", sobrevivem como denominações, como as Montanhas Cambrianas e o período geológico Cambriano. História. Origens pré-históricas. O País de Gales tem sido habitado por humanos modernos há pelo menos 29.000 anos. A habitação humana contínua data do final da última era glacial, entre 12.000 e 10.000 anos antes do presente (AP), quando os caçadores-coletores mesolíticos da Europa Central começaram a migrar para a Grã-Bretanha. Naquela época, o nível do mar era muito mais baixo do que hoje. O País de Gales estava livre de geleiras por volta de 10.250 AP., e o clima mais quente permitiu que a área se tornasse extensamente arborizada. O aumento pós-glacial do nível do mar separou o País de Gales e a Irlanda, formando o Mar da Irlanda. Por volta de 8.000 AP, a Península Britânica havia se tornado uma ilha. No início do Neolítico (cerca de 6.000 AP), os níveis do mar no Canal de Bristol ainda eram cerca de 10 metros (33 pés) mais baixos do que hoje. O historiador John Davies teorizou que a história da submersão de "Cantre'r Gwaelod" e os contos contidos no livro "Mabinogion", das águas entre o País de Gales e a Irlanda sendo mais estreitas e rasas, podem ser memórias folclóricas distantes desta época. Os colonos neolíticos se integraram aos povos indígenas, mudando gradualmente seus estilos de vida de uma vida nômade de caça e coleta, para se tornarem agricultores estabelecidos por volta de 6.000 BP - (durante a chamada Revolução Neolítica). Eles desmataram as florestas para estabelecer pastagens e cultivar a terra, desenvolveram novas tecnologias, como cerâmica e produção têxtil, e construíram cromeleques como Pentre Ifan, Bryn Celli Ddu e Parc Cwm long cairn, entre cerca de 5.800 AP e 5.500 AP. Ao longo dos séculos seguintes, eles receberam imigrantes e adotaram ideias e a cultura da Idade do Bronze e da Idade do Ferro Celta. Alguns historiadores, como John T. Koch, consideram o País de Gales no final da Idade do Bronze como parte de uma cultura de rede de comércio marítimo que incluía outras nações celtas. Esta visão "celta-atlântica" é contestada por outros que sustentam que as línguas celtas derivam suas origens da Cultura Hallstatt, mais oriental. Na época da invasão romana da Grã-Bretanha, a área do moderno País de Gales havia sido dividida entre as tribos dos Deceangli (nordeste), Ordovicos (noroeste), Demetae (sudoeste), Siluros (sudeste) e Cornóvios (leste). Era Romana. A conquista romana de Gales começou em 48 d.C. e levou 30 anos para ser concluída; a ocupação durou mais de 300 anos. As campanhas de conquista foram combatidas por duas tribos nativas: os Siluros e os Ordovicos. Carataco ou "Caradog", líder dos Ordovicos, teve sucesso inicial em resistir às invasões romanas do norte do País de Gales, mas acabou sendo derrotado. O domínio romano no País de Gales foi uma ocupação militar, exceto pela região costeira sul do sul do País de Gales, onde há um legado de romanização. A única cidade no País de Gales fundada pelos romanos foi Caerwent, que fica no sudeste do País de Gales. Tanto Caerwent quanto Carmarthen (localizado também no sul do País de Gales), tornaram-se "civitates" romanos. O País de Gales tinha uma rica riqueza mineral. Os romanos usavam sua tecnologia de engenharia para extrair grandes quantidades de ouro, cobre e chumbo, bem como quantidades menores de zinco e prata. Não havia empreendimentos significativos no País de Gales neste período; tratava-se, em grande medida, de uma questão de circunstância, uma vez que o País de Gales não dispunha de nenhum dos materiais necessários em combinação adequada, e a paisagem florestal e montanhosa não era passível de empreendimentos. O latim tornou-se a língua oficial do País de Gales, embora o povo continuasse a falar em britônico. Enquanto a romanização estava longe de estar completa, as classes superiores passaram a se considerar romanas, particularmente após a decisão de 212 que concedeu a cidadania romana a todos os homens livres em todo o Império. Outra influência romana veio através da propagação do Cristianismo, que ganhou muitos seguidores quando os cristãos foram autorizados a adorar livremente; A perseguição estatal cessou no , como resultado de Constantino I emitir um édito de tolerância em 313. Os primeiros historiadores, incluindo o clérigo Gildas, do , notaram 383 como um ponto significativo na história galesa. Naquele ano, o general romano Magno Máximo, ou Macsen Wledig, despojou a Grã-Bretanha de tropas para lançar uma tentativa bem-sucedida de poder imperial, continuando a governar a Grã-Bretanha da Gália como imperador e transferindo o poder para os líderes locais. As primeiras genealogias galesas citam Máximo como o fundador de várias dinastias reais, e como o pai da nação galesa. Ele é dado como o ancestral de um rei galês no Pilar de Eliseg, erguido quase 500 anos depois de deixar a Grã-Bretanha, e ele figura nas listas das Quinze Tribos de Gales. Era Pós-Romana. O período de 400 anos após o colapso do domínio romano é o mais difícil de interpretar na história do País de Gales. Após a partida romana em 410 d.C., grande parte das terras baixas da Grã-Bretanha a leste e sudeste foi invadida por vários povos germânicos, comumente conhecidos como anglo-saxões. Alguns teorizaram que o domínio cultural dos anglo-saxões era devido a condições sociais semelhantes ao apartheid, deixando os britânicos em desvantagem. Por volta de 500 d.C., a terra que se tornaria o País de Gales havia se dividido em vários reinos livres do domínio anglo-saxão. Os reinos de Venedócia, Powys, Dyfed, Caredigion, Morgannwg, Ystrad Tywi e Gwent emergiram como estados sucessores galeses independentes. Evidências arqueológicas, nos Países Baixos e no que viria a se tornar a Inglaterra, mostram que a migração anglo-saxã inicial para a Grã-Bretanha se reverteu entre 500 e 550, o que corrobora crônicas francas. John Davies observa isso como consistente com uma vitória dos bretões celtas em Monte Badon contra os saxões, que foi atribuída ao Rei Artur por Nênio. Tendo perdido grande parte do que é hoje as Midlands Ocidentais para a Mércia no e início do VII, um ressurgente Powys do final do conteve os avanços da Mércia. Etelbaldo da Mércia, procurando defender terras recém-adquiridas, construiu o Dique de Wat. De acordo com Davies, isso tinha ocorrido com o acordo do rei Elisedd ap Gwylog de Powys, já que esta fronteira, que se estendia ao norte do vale do Rio Severn até o estuário de Dee, lhe deu Oswestry. Outra teoria, depois que a datação por carbono colocou a existência do dique 300 anos antes, é que ele foi construído pelos governantes pós-romanos de Wroxeter. O Rei Ofa da Mércia parece ter continuado esta iniciativa quando criou uma terraplanagem maior, agora conhecida como Dique de Ofa ("Clawdd Offa"). Davies escreveu sobre o estudo do arqueólogo Cyril Fox sobre o Dique de Ofa: "No planejamento dele, houve um grau de consulta com os reis de Powys e Gwent. Na Longa Montanha, perto de Trelystan, o dique se desvia para leste, deixando as encostas férteis nas mãos dos galeses; perto de Rhiwabon, foi projetado para garantir que Cadell ap Brochwel mantivesse a posse da Fortaleza de Penygadden". E, para Gwent, Ofa mandou construir o dique "na crista oriental do desfiladeiro, claramente com a intenção de reconhecer que o Rio Wye e seu tráfego pertenciam ao Reino de Gwent". No entanto, as interpretações de Fox sobre o comprimento e o propósito do Dique têm sido questionadas por pesquisas mais recentes. Em 853, os vikings invadiram Anglesey, mas em 856, o rei Rhodri Mawr derrotou e matou seu líder, Gorm. Os bretões celtas de Gales fizeram as pazes com os vikings e Anarawd ap Rhodri aliou-se aos nórdicos que ocupavam a Nortúmbria para conquistar o norte. Esta aliança mais tarde se rompeu e Anarawd chegou a um acordo com Alfredo, rei de Wessex, com quem lutou contra o oeste galês. Segundo o livro "Annales Cambriae", em 894, "Anarawd veio com os Anglos e destruiu Ceredigion e Ystrad Tywi". As partes sul e leste da Grã-Bretanha perdidas para a colonização inglesa ficaram conhecidas em galês como "Lloegyr" ("Lloegr," no galês moderno), que pode ter se referido ao reino da Mércia originalmente e que passou a se referir à Inglaterra como um todo. As tribos germânicas que agora dominavam essas terras eram invariavelmente chamadas "de Saeson", que significa "saxões". Os anglo-saxões chamavam o romano-britânico de *"Walha", que significa "estrangeiro romanizado" ou "estrangeiro". Os galeses continuaram a chamar-se "Brythoniaid" (Bretões ou Britânicos) até à Idade Média, embora a primeira evidência escrita do uso de "Cymru" e "y Cymry" seja encontrada num poema de louvor ao Rei Cadwallon ap Cadfan ("Moliant Cadwallon", de Afan Ferddig) de cerca de 633. Em "Armes Prydain (A Profecia da Bretanha," em galês), que se acredita ter sido escrito por volta de 930-942, as palavras "Cymry" e "Cymro" são usadas até 15 vezes. No entanto, a partir do assentamento anglo-saxão, o povo gradualmente começa a adotar o nome "Cymry" em vez de "Brythoniad". A partir de 800, uma série de casamentos dinásticos levou à herança de Rhodri Mawr de Gwynedd e Powys. Seus filhos fundaram as três dinastias (Aberffraw para Gwynedd, Dinefwr para Deheubarth e Mathrafal para Powys). O neto de Rhodri, Hywel Dda , fundou Deheubarth a partir de suas heranças maternas e paternas de Dyfed e Seisyllwg em 930, expulsou a dinastia Aberffraw de Gwynedd e Powys e depois codificou a lei galesa na década de 940. Alta e tardia Idade Média. Gruffydd ap Llywelyn foi o único governante a unir todo o País de Gales sob seu governo, tornando-se Rei de Gales. Em 1055, Gruffydd ap Llywelyn matou seu rival Gruffydd ap Rhydderch em batalha e recapturou a região de Deheubarth. Originalmente Rei de Gwynedd, em 1057 ele era governante de Gales e havia anexado partes da Inglaterra ao redor da fronteira. Ele governou o País de Gales sem batalhas internas. Seus territórios foram novamente divididos nos reinos tradicionais. O historiador John Davies afirma que Gruffydd foi "o único rei galês a governar todo o território do País de Gales... Assim, de cerca de 1057 até sua morte em 1063, todo o País de Gales reconheceu a realeza de Gruffydd ap Llywelyn. Por cerca de sete breves anos, o País de Gales foi unificado, sob um governante, um feito sem precedentes que não se sucedeu". Owain Gwynedd (1100–1170) da linhagem de Aberffraw, foi o primeiro governante galês a usar o título "princeps Wallensium" (príncipe do País de Gales), um título de substância dada a sua vitória nas Montanhas Berwyn, de acordo com Davies. Durante este tempo, entre 1053 e 1063, o País de Gales não teve qualquer conflito interno e estava em paz. Quatro anos após a Batalha de Hastings (1066), a Inglaterra havia sido completamente subjugada pelos normandos. Guilherme I de Inglaterra estabeleceu uma série de senhorios, alocados aos seus guerreiros mais poderosos, ao longo da fronteira galesa, com os seus limites fixados apenas a leste (onde se encontraram com outras propriedades feudais dentro da Inglaterra). A partir da década de 1070, esses senhores começaram a conquistar terras no sul e leste do País de Gales, a oeste do rio Wye. A região fronteiriça, e quaisquer senhorios ingleses no País de Gales, ficaram conhecidos como "Marchia Wallie" (as Marcas Galesas), nas quais os senhores-das-marcas não estavam sujeitos nem à lei inglesa nem à lei galesa. A extensão da Marca variou à medida que as fortunas dos senhores-das-marcas e dos príncipes galeses diminuíam e fluíam. O neto de Owain Gwynedd, Llywelyn Fawr, o Grande (1173-1240), ganhou a fidelidade de outros senhores galeses em 1216 no concílio de Aberdyfi, tornando-se efetivamente o primeiro príncipe de Gales. Seu neto, Llywelyn ap Gruffudd, garantiu o reconhecimento do título "de Príncipe de Gales" de Henrique III com o Tratado de Montgomery em 1267. Disputas subsequentes, incluindo a prisão da esposa de Llywelyn, Eleanor, culminaram na primeira invasão pelo rei Eduardo I da Inglaterra. Como resultado da derrota militar, o Tratado de Aberconwy exigiu a fidelidade de Llywelyn à Inglaterra em 1277. A paz durou pouco e, com a conquista eduardiana de 1282, o governo dos príncipes galeses terminou permanentemente. Com a morte de Llywelyn e a execução de seu irmão, o príncipe Dafydd, os poucos senhores galeses restantes prestaram homenagem a Eduardo I. O Estatuto de Rhuddlan em 1284 forneceu a base constitucional para um governo pós-conquista do Principado de Gales do Norte de 1284 até 1535-1536, definindo o País de Gales como "anexado e unido" à Coroa Inglesa, separado da Inglaterra, mas sob o mesmo monarca. O rei governou diretamente em duas áreas: o Estatuto dividiu o norte e delegou funções administrativas à Justiça de Chester e ao Justiciar do Norte de Gales, e mais ao sul, no oeste do País de Gales, a autoridade do rei foi delegada ao Justiciar de Gales do Sul. Os senhorios reais existentes, de Montgomery e Builth, permaneceram inalterados. Para manter seu domínio, Eduardo construiu uma série de castelos: Beaumaris, Caernarfon, Harlech e Conwy. Seu filho, o futuro Eduardo II, nasceu em Caernarfon em 1284. Ele se tornou o primeiro príncipe inglês de Gales em 1301, que na época fornecia uma renda do noroeste de Gales conhecido como o Principado de Gales. Após a fracassada revolta em 1294-1295 de Madog ap Llywelyn – que se intitulou Príncipe de Gales no Documento Penmachno – e o surgimento de Llywelyn Bren (1316), a última revolta foi liderada por Owain Glyndŵr, contra Henrique IV da Inglaterra. Em 1404, Owain foi coroado príncipe de Gales na presença de emissários da França, Espanha (Castela) e Escócia. Glyndŵr passou a realizar assembleias parlamentares em várias cidades galesas, incluindo um no parlamento galês (em galês: "senedd") em Machynlleth. A rebelião acabou sendo derrotada em 1412. Tendo falhado, Owain se escondeu e nada se sabia dele depois de 1413. Henrique Tudor (nascido no País de Gales em 1457) tomou o trono da Inglaterra de Ricardo III em 1485, unindo a Inglaterra e o País de Gales sob uma casa real. Os últimos resquícios da lei galesa de tradição celta foram abolidos e substituídos pela lei inglesa através dos Atos das Leis de Gales de 1535 e 1542 durante o reinado do filho de Henrique VII, Henrique VIII. Na jurisdição legal da Inglaterra e do País de Gales, o País de Gales tornou-se unificado com o reino da Inglaterra; o "Principado de Gales" começou a se referir a todo o país, embora permanecesse um "principado" apenas em um sentido cerimonial. Os senhorios-das-marcas foram abolidos, e Gales começou a eleger membros para o parlamento de Westminster. Início do período moderno. Em 1536, o País de Gales tinha cerca de 278.000 habitantes, que aumentaram para cerca de 360.000 em 1620. Isso se deveu principalmente ao assentamento rural, onde a criação de animais era central para a economia galesa. O aumento do comércio e o aumento da estabilidade económica ocorreram devido ao aumento da diversidade da economia galesa. O crescimento populacional, no entanto, superou o crescimento econômico e o padrão de vida caiu. Antes da Revolução Industrial no País de Gales, havia indústrias de pequena escala espalhadas por todo o País de Gales. Estes variavam desde os ligados à agricultura, como a moagem e o fabrico de têxteis de lã, até à extracção e pedreiras. A agricultura continuou a ser a fonte dominante de riqueza. O período industrial emergente viu o desenvolvimento da fundição de cobre na área de Swansea. Com acesso a depósitos de carvão locais e um porto que o conectava com as minas de cobre da Cornualha, no sul, e os grandes depósitos de cobre na Montanha Parys, em Anglesey, Swansea se tornou o principal centro mundial de fundição de metais não ferrosos no . A segunda indústria metalúrgica a se expandir no País de Gales foi a fundição de ferro, e a fabricação de ferro tornou-se predominante tanto no norte quanto no sul do país. No norte, a Ferraria de John Wilkinson em Bersham era um grande centro, enquanto no sul, em Merthyr Tydfil, as ferragens de Dowlais, Cyfarthfa, Plymouth e Penydarren tornaram-se o centro mais significativo de fabricação de ferro no País de Gales. Na década de 1820, o sul do País de Gales produzia 40% de todo o ferro-gusa da Grã-Bretanha. No , advogados, médicos, agentes imobiliários e funcionários do governo formaram uma burguesia com casas consideráveis. No final do , a extração de ardósia começou a se expandir rapidamente, mais notavelmente no norte do País de Gales. A Pedreira Penrhyn, inaugurada em 1770 por Richard Pennant, empregava 15.000 homens no final do , e junto com a Pedreira Dinorwic, dominava o comércio galês de ardósia. Embora a extração de ardósia tenha sido descrita como "a mais galesa das indústrias galesas", é a mineração de carvão que se tornou a indústria sinônimo de País de Gales e seu povo. Inicialmente, as costuras de carvão foram exploradas para fornecer energia para as indústrias metalúrgicas locais, mas, com a abertura dos sistemas de canais e, mais tarde, das ferrovias, a mineração de carvão galesa viu uma explosão na demanda. À medida que o campo de carvão do Sul do País de Gales foi explorado, Cardiff, Swansea, Penarth e Barry cresceram como exportadores mundiais de carvão. Em seu auge, em 1913, o País de Gales produzia quase 61 milhões de toneladas de carvão. Período Moderno. O historiador Kenneth Morgan descreveu o País de Gales às vésperas da Primeira Guerra Mundial como uma "nação relativamente plácida, autoconfiante e bem-sucedida". A produção dos campos de carvão continuou a aumentar, com o Vale do Rhondda registrando um pico de 9,6 milhões de toneladas de carvão extraído em 1913. A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) viu um total de 272.924 galeses sob armas, representando 21,5 por cento da população masculina. Destes, cerca de 35 mil foram mortos, com perdas particularmente pesadas das forças galesas em Mametz Wood no Somme e na Batalha de Passchendaele. Ao primeiro quartel do também viu uma mudança no cenário político do País de Gales. Desde 1865, o Partido Liberal detinha uma maioria parlamentar no País de Gales e, após as eleições gerais de 1906, apenas um membro não-liberal do Parlamento, Keir Hardie de Merthyr Tydfil, representou um círculo eleitoral galês em Westminster. No entanto, em 1906, a dissensão industrial e a militância política começaram a minar o consenso liberal nos campos de carvão do sul. Em 1916, David Lloyd George tornou-se o primeiro galês a se tornar primeiro-ministro da Grã-Bretanha. Em dezembro de 1918, Lloyd George foi reeleito à frente de um governo de coalizão dominado pelos conservadores, e sua má gestão da greve dos mineiros de carvão de 1919 foi um fator-chave para destruir o apoio ao Partido Liberal no sul do País de Gales. Os trabalhadores industriais do País de Gales começaram a mudar para o Partido Trabalhista. Quando, em 1908, a Federação dos Mineiros da Grã-Bretanha se filiou ao Partido Trabalhista, os quatro candidatos trabalhistas patrocinados por mineiros foram todos eleitos deputados. Em 1922, metade dos assentos galeses em Westminster eram ocupados por políticos trabalhistas – o início de um domínio trabalhista da política galesa que continuou no . Após o crescimento econômico nas duas primeiras décadas do , as indústrias básicas do País de Gales sofreram uma queda prolongada do início da década de 1920 até o final da década de 1930, levando ao desemprego e à pobreza generalizados. Pela primeira vez em séculos, a população do País de Gales entrou em declínio; o desemprego só diminuiu com as demandas de produção da Segunda Guerra Mundial. A guerra viu militares galeses lutarem em todos os principais teatros, com cerca de 15.000 deles mortos. Os bombardeios trouxeram altas perdas de vidas enquanto a Força Aérea Alemã atacava as docas em Swansea, Cardiff e Pembroke. Depois de 1943, 10% dos recrutas galeses com 18 anos foram enviados para trabalhar nas minas de carvão, onde havia escassez de mão de obra; eles ficaram conhecidos como Bevin Boys. Os números pacifistas durante as duas Guerras Mundiais foram bastante baixos, especialmente na Segunda Guerra Mundial, que foi vista como uma luta contra o fascismo. O Plaid Cymru foi formado em 1925, buscando maior autonomia ou independência do resto do Reino Unido. O termo "Inglaterra e País de Gales" tornou-se comum para descrever a área à qual a lei inglesa se aplicava, e em 1955 Cardiff foi proclamada como a capital do País de Gales. "Cymdeithas yr Iaith Gymraeg" (A Sociedade da Língua Galesa) foi formada em 1962, em resposta aos temores de que a língua pudesse desaparecer em breve. O sentimento nacionalista cresceu após a inundação do vale de Tryweryn em 1965 para criar um reservatório para fornecer água para a cidade inglesa de Liverpool. Embora 35 dos 36 deputados galeses tenham votado contra o projeto (um se absteve), o Parlamento aprovou o projeto e a vila de Capel Celyn ficou submersa, destacando a impotência do País de Gales em seus próprios assuntos diante da superioridade numérica dos deputados ingleses no Parlamento. Grupos separatistas, como o Exército Livre do País de Gales e "Mudiad Amddiffyn Cymru" foram formados, conduzindo campanhas a partir de 1963. Antes da investidura de Charles em 1969, esses grupos foram responsáveis por uma série de ataques a bomba em infraestruturas. Em uma eleição suplementar em 1966, Gwynfor Evans ganhou o assento parlamentar de Carmarthen, o primeiro assento parlamentar de Plaid Cymru. "Cofiwch Dryweryn" mural após reconstrução em outubro de 2020, protestando contra a inundação de Tryweryn para fornecer água à Inglaterra No final da década de 1960, a política de trazer empresas para áreas desfavorecidas do País de Gales por meio de incentivos financeiros provou ser muito bem-sucedida na diversificação da economia industrial. ] Esta política, iniciada em 1934, foi reforçada pela construção de propriedades industriais e melhorias nas comunicações de transporte mais notavelmente a autoestrada M4 que liga o sul do País de Gales directamente a Londres. Acreditava-se que as bases para um crescimento econômico estável haviam sido firmemente estabelecidas no País de Gales durante esse período, mas isso se mostrou otimista depois que a recessão do início da década de 1980 viu o colapso de grande parte da base fabril que havia sido construída nos quarenta anos anteriores. Devolução. O Welsh Language Act de 1967 revogou uma seção do Wales and Berwick Act e, portanto, "Wales" não fazia mais parte da definição legal da Inglaterra. Isso essencialmente definiu o País de Gales como uma entidade separada legalmente (mas dentro do Reino Unido), pela primeira vez desde antes das Leis de Gales Atos 1535 e 1542, que definiram o País de Gales como parte do Reino da Inglaterra. O Welsh Language Act de 1967 também expandiu as áreas onde o uso do galês era permitido, inclusive em algumas situações legais. Cofia (Lembre-se) 1282, um protesto contra a investidura do "Príncipe de Gales". Em um referendo em 1979, o País de Gales votou contra a criação de uma assembleia galesa com uma maioria de 80%. Em 1997, um segundo referendo sobre a mesma questão garantiu uma maioria muito estreita (50,3 por cento). A Assembleia Nacional do País de Gales ("Cynulliad Cenedlaethol Cymru") foi criada em 1999 (ao abrigo da Lei do Governo do País de Gales de 1998) com o poder de determinar a forma como o orçamento do governo central do País de Gales é gasto e administrado, embora o Parlamento do Reino Unido se tenha reservado o direito de estabelecer limites aos seus poderes. Os governos do Reino Unido e do País de Gales definem quase invariavelmente o País de Gales como um país. O Governo galês diz: "O País de Gales não é um Principado. Embora estejamos unidos à Inglaterra por terra, e sejamos parte da Grã-Bretanha, o País de Gales é um país por direito próprio." O Ato do Governo do País de Gales de 2006 (c 32) é um Ato do Parlamento do Reino Unido que reformou a Assembleia Nacional do País de Gales e permite que mais poderes lhe sejam concedidos mais facilmente. A lei cria um sistema de governo com um executivo separado e responsável perante o legislativo. Após um referendo bem-sucedido em 2011 sobre a extensão dos poderes legislativos da Assembleia Nacional, ela agora é capaz de fazer leis, conhecidas como Atos da Assembleia, sobre todos os assuntos em áreas temáticas descentralizadas, sem precisar do acordo do Parlamento do Reino Unido. No referendo de 2016, o País de Gales votou a favor da saída da União Europeia, embora as diferenças demográficas se tornassem evidentes. De acordo com Danny Dorling, professor de geografia da Universidade de Oxford, "se você olhar para as áreas mais genuinamente galesas, especialmente as de língua galesa, elas não queriam deixar a UE". Após o Senedd and Elections (Wales) Act 2020, a Assembleia Nacional foi renomeada "Senedd Cymru" (em galês) e "Welsh Parliament" (em inglês), o que foi visto como um melhor reflexo dos poderes legislativos expandidos do órgão. Comício pela Independência do País de Gales, Cardiff 2019. Em 2016, foi lançado o YesCymru. Uma campanha político-não partidária para um País de Gales independente que realizou seu primeiro comício em Cardiff em 2019. Uma pesquisa de opinião em março de 2021 mostrou um recorde de 39% de apoio à independência galesa ao excluir não sabe. Língua galesa. A língua galesa (em galês: "Cymraeg") é uma língua indo-europeia da família celta; As línguas mais estreitamente relacionadas são o córnico e o bretão. A maioria dos linguistas acredita que as línguas celtas chegaram à Grã-Bretanha por volta de . As línguas britônicas deixaram de ser faladas na Inglaterra e foram substituídas pela língua inglesa, que chegou ao País de Gales por volta do final do devido à derrota do Reino de Powys. As traduções da Bíblia para o galês e a Reforma Protestante, que incentivaram o uso do vernáculo em serviços religiosos, ajudaram a língua a sobreviver depois que as elites galesas a abandonaram em favor do inglês nos séculos XV e XVI. Sucessivas leis sobre a língua galesa, em 1942, 1967 e 1993, melhoraram o estatuto jurídico do galês. A Medida da Língua Galesa (País de Gales) de 2011 modernizou a Lei da Língua Galesa de 1993 e conferiu ao galês um estatuto oficial no País de Gales pela primeira vez, um marco importante para a língua. A medida também criou o cargo de Comissário da Língua Galesa, substituindo o Conselho da Língua Galesa. Após o referendo em 2011, a Lei das Línguas Oficiais tornou-se a primeira lei galesa a ser criada em 600 anos, de acordo com o primeiro-ministro da época, Carwyn Jones. Esta lei foi aprovada apenas pelos membros da Assembleia Galesa (AMs) e tornou o galês uma língua oficial da Assembleia Nacional. A partir da década de 1960, muitos sinais de trânsito foram substituídos por versões bilíngues. Vários organismos dos sectores público e privado adoptaram o bilinguismo em diferentes graus e (desde 2011) o galês é a única língua oficial ("de jure") em qualquer parte da Grã-Bretanha. Geografia. O País de Gales está localizado no Reino Unido, fazendo fronteira com a Inglaterra, ao leste, e tendo a Baía de Liverpool ao norte, o Mar da Irlanda à oeste e o Canal de Bristol ao sul. Tem uma área de 20.779 quilômetros quadrados. A ilha de Anglesey está localizada ao noroeste, e é conectada ao resto do país por pontes rodoviárias e ferroviárias. O país se estende de norte a sul por 210 quilômetros, e a extensão leste a oeste varia, chegando à 145 quilômetros no norte, 65 quilômetros no centro e 160 quilômetros no sul. Glaciares durante o período do Pleistosceno definiram grande parte do relevo atual, dividindo o país em montanhas, platôs, e colinas. Os montes Cambrianos são a principal área de altitude do país, cortando-o de norte a sul. Existem 5 picos com mais de mil metros de elevação, sendo o mais alto deles o Snowdon, localizado no Parque Nacional Snowdonia, com uma elevação de 1 085 metros. Os outros 4 são o Crib y Ddysgl, à 1 065 metros, Carnedd Llewelyn à 1 064, Carnedd Dafydd à 1 044 e Glyder Fawr à 1 000,8 metros de altitude. A bacia hidrográfica corre aproximadamente de norte a sul, ao longo dos montes Cambrianos. Os principais rios originam dessa região, de onde fluem em direção ao oeste, próximo ao mar, ou à leste, adentrando as planícies ao longo da fronteira inglesa. Os rios Severn e Wye se originam no centro e leste do país, de onde fluem ao Canal de Bristol. O principal rio da região norte é o Dee, que deságua na Baía de Liverpool. Outros rios de menor importância incluem o Clwyd e o Conwy, no nordeste, o Tywi no sul e o Rheidol no oeste. Os lagos naturais são pequenos e quase inteiramente de origem glacial. Clima. O país tem um clima marítimo, caracterizado por tempo nublado, chuvoso e com vento, porém que é moderado. O formato da costa e as áreas elevadas no centro induzem diferenças localizadas no clima. Enquanto as áreas mais elevadas possuem tempo mais severo, a região costeira possui tempo mais calmo. A temperatura média anual nas baixas altitudes varia entre 9,5 °C e 11 °C, decrescendo por aproximadamente 0,5 °C à cada 100 metros de elevação. No inverno, a temperatura é fortemente influenciada pelo mar. O mês mais frio próximo à costa é fevereiro, porém no interior são janeiro e fevereiro. A menor temperatura já registrada no país ocorreu em 21 de janeiro de 1940, em Rhyader, sendo de -23,3°C. A maior temperatura já registrada foi de 35,2 °C, na ponte de Hawarden, em Flintshire. A chuva é influenciada pelo Oceano Atlântico. A quantidade de chuva varia, com a maior média anual sendo registrada nas áreas mais elevadas. Snowdonia recebe mais de 3 000 mm de chuva anualmente, a região mais chuvosa do país, enquanto alguns locais recebem menos de 1 000 mm, principalmente próximo à fronteira com a Inglaterra. O período entre outubro e janeiro é o mais chuvoso no país. A ocorrência de neve está relacionada intimamente com a temperatura, raramente ocorrendo caso a temperatura esteja acima de 4 °C. Os dias nevados anualmente variam entre 10 na regiões costeiras do sul e sudoeste até 30 em Snowdonia. Demografia. Entre 1810 e 1851, a população de Gales duplicou, passando de 587 000 para 1 163 000, chegando a 2 421 000 em 1911. Parte deste crescimento se explica pela transição demográfica vista na maioria dos países pós Revolução Industrial, enquanto a taxa de mortalidade infantil caia e o número de nascimentos permanecia o mesmo. Mas também ocorreu um acentuado crescimento da imigração para o País de gales, especialmente de ingleses, mas também irlandeses e outros grupos étnicos, incluindo italianos, que normalmente migravam para o sul do país. Gales também recebeu muitos imigrantes de outras nações da Commonwealth britânica durante o , com afro-caribenhos e asiáticos. O censo oficial de 2011 colocou a população do País de Gales em 3 063 456 pessoas, a maior marca na história da nação. Em 2011, 27% (837 000) da população de Gales não havia nascido no país, incluindo 636 000 pessoas (21% da população) que nasceram na Inglaterra. A maior parte da população vive em Gales do Sul, em cidades como Cardiff, Swansea e Newport e nos vales, nas regiões de Wrexham e Flintshire, sempre próximos a fronteira inglesa. Em 2001, cerca de 96% da população era branca e 2,1% era de não brancos (a maioria asiáticos). A maioria dos não brancos vivem nas grandes cidades, como Cardiff, Newport e Swansea. A maioria dos imigrantes vindos de fora da Europa começaram a vir depois da Segunda Guerra Mundial. No , houve um aumento na imigração de pessoas vindas de países da União Europeia, principalmente a Polônia; mesmo assim, a imigração para o País de Gales ainda é bem baixa, se comparado, por exemplo, a Inglaterra. Segundo o censo de 2011, Gales é a nação mais menos diversificada, etnicamente falando, do Reino Unido: 93,2% se consideram brancos (galeses nativos, além de ingleses, escoceses e norte-irlandeses), 2,4% são "outros brancos" (irlandeses do sul, por exemplo), 2,2% são asiáticos, 1% são miscigenados e 0,6% são negros (africanos e caribenhos). A cidade com a menor proporção de brancos é a capital Cardiff (80,3%). Política. Gales foi considerado principado desde o , e hoje é um dos quatro países constituintes do Reino Unido. O Decreto de União de 1536 dividiu o País de Gales em treze condados: Anglesey, Brecon, Caernarfon, Cardigan, Carmarthen, Denbigh, Flint, Glamorgan, Merioneth, Monmouth, Montgomery, Pembrokeshire e Radnor, e aplicou a lei inglesa tanto à Inglaterra como a Gales, fazendo do inglês a língua a ser usada para fins oficiais. Porém, com o estabelecimento do Governo de Gales, a escola legal está passando a ser o Direito Galês Moderno "de facto". Economia. Partes do País de Gales foram fortemente industrializadas a partir do . Procedeu-se à mineração de carvão, cobre, ferro, chumbo e ouro e exploraram-se pedreiras de ardósia. As siderurgias e as minas de carvão atraíram grande número de imigrantes durante o , especialmente para os vales a norte de Cardiff, que hoje é a capital do país. Nas últimas décadas os setores de siderurgia e mineração vêm sofrendo forte recessão, com a exaustão das reservas minerais e com a concorrência estrangeira em setores como o aço. O processo de modernização da economia da região contribuiu para diversificação econômica. Nos últimos anos o serviço vem sendo o principal setor da economia galesa, sendo o turismo um setor cada vez mais importante para geração de empregos e renda na região. Cultura. O santo padroeiro do País de Gales é São David, ou "Dewi Sant", em galês. Os emblemas nacionais do País de Gales são o alho-porro (ou alho-francês) e o narciso. Note-se que o nome destas duas plantas é semelhante em galês: o alho porro diz-se cennin enquanto que os narcisos se chamam cennin Pedr, ou seja, "alhos-porros de São Pedro" - de forma que se especula que originalmente era utilizado apenas um dos emblemas, adaptando-se a o outro devido a uma má interpretação (a ser verdade, desconhece-se qual dos emblemas é anterior ao outro). Existe alguma polêmica, de cariz nacionalista, quanto ao dia de São David, a 1 de Março, que, para alguns deveria ser feriado público no País de Gales. No mesmo sentido, outros propõem, também para feriado público 16 de Setembro (dia em que começou a rebelião de Owain Glyn Dwr). As festas tradicionais do País de Gales são, no entanto, a Calan Gaeaf (Hallowe'en), Calan Mai, e a celebração do solstício de Verão. Cada paróquia celebra, adicionalmente, o Gwyl Mabsant em honra do seu santo. Turismo. Principais pontos turísticos:
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República do Pampa
República do Pampa República do Pampa, República dos Pampas (ou Movimento pela Independência do Pampa) é um movimento separatista, não organizado e pacífico, com o objetivo de autodeterminação do estado do Rio Grande do Sul. Foi iniciado pelo político e jornalista brasileiro Irton Marx, em 18 de fevereiro de 1990. Na época, a Polícia Federal brasileira apreendeu todo o material publicitário relacionado ao movimento, que já contava com setecentas comissões em municípios na região sul do Brasil, tendo um livro e uma bandeira publicados. Precedentes e motivos. A ideia de se criar um estado independente no Rio Grande do Sul vem da época em que houve a Revolução Farroupilha, quando as províncias de São Pedro do Rio Grande do Sul e Santa Catarina formaram as repúblicas Rio-Grandense e Juliana, as quais nunca alcançaram emancipação legítima de fato. É importante ressaltar que os motivos que inspiraram a Revolução Farroupilha não foram os mesmos que inspiram o movimento da República dos Pampas. Marx assinala que o Tratado do Ponche Verde, que trouxe fim à Revolução Farroupilha, não teria extinguido a independência do Rio Grande do Sul, e evidência disso seria a bandeira do estado, que traz a inscrição "República Rio-Grandense". O idealizador do movimento se baseia ainda na autonomia, segundo ele "de jure", do Rio Grande do Sul. O movimento da República dos Pampas se deve às diferenças (ou uma percepção coletiva delas) nos aspectos culturais e econômicos do Rio Grande do Sul em relação ao resto do Brasil, além de um suposto mal tratamento dado pela União ao estado gaúcho e à corrupção no governo federal brasileiro.
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Pintura
Pintura A pintura refere-se genericamente à técnica de aplicar pigmento em forma pastosa, líquida ou em pó a uma superfície, a fim de colori-la, atribuindo-lhe matizes, tons e texturas. Em um sentido mais específico, é a arte de pintar uma superfície, tais como papel, tela, ou uma parede (pintura mural ou afrescos). Devido ao fato de grandes obras de arte, tais como a "Mona Lisa" e "A Última Ceia", do renascentista Leonardo Da Vinci, serem pinturas a óleo, a técnica é historicamente considerada uma das mais tradicionais das "artes plásticas." Com o desenvolvimento tecnológico dos materiais, outras técnicas tornaram-se igualmente importantes como, por exemplo, a tinta acrílica. Diferencia-se do desenho pelo uso dos pigmentos líquidos e do uso constante da cor, enquanto aquele apropria-se principalmente de materiais secos. No entanto, há controvérsias sobre essa definição de pintura. Com a variedade de experiências entre diferentes meios e o uso da tecnologia digital, a ideia de que pintura não precisa, necessariamente se limitar à aplicação do "pigmento em forma líquida". Atualmente o conceito de pintura pode ser ampliado para a "representação visual através das cores". Mesmo assim, a definição tradicional de pintura não deve ser ignorada. O concernente à pintura é "pictural", "pictórico", "pinturesco", ou "pitoresco". História. As pinturas mais antigas conhecidas têm aproximadamente 40 000 anos, encontradas tanto na região franco-cantábrica na Europa Ocidental, quanto nas cavernas do distrito de Maros (Sulawesi, Indonésia). Em novembro de 2018, no entanto, cientistas relataram a descoberta da então mais antiga pintura de arte figurativa conhecida, com mais de 40 000 (talvez até 52 000) anos, de um animal desconhecido, na caverna de Lubang Jeriji Saléh, na ilha indonésia de Bornéu. (Calimantan). Em dezembro de 2019, pinturas rupestres figurativas retratando a caça ao porco no carste de Maros-Pangkepem Sulawesi foram estimados como ainda mais antigos, com pelo menos 43 900 anos de idade. A descoberta foi apontada como “o mais antigo registro pictórico de narrativa e a mais antiga obra de arte figurativa do mundo”. Mais recentemente, em 2021, foi relatada a arte rupestre de um porco encontrado em uma ilha da Indonésia e datado de mais de 45 500 anos. No entanto, a evidência mais antiga do ato de pintar foi descoberta em dois abrigos rochosos em Arnhem Land, no norte da Austrália. Na camada mais baixa de material desses sítios, são usados ​​pedaços de ocre estimados em 60 000 anos. Arqueólogos também encontraram um fragmento de pintura rupestre preservado em um abrigo de pedra calcária em Kimberley região do Noroeste da Austrália, datada de 40 000 anos. Existem exemplos de pinturas rupestres em todo o mundo - na Indonésia, França, Espanha, Portugal, Itália, China, Índia, Austrália, México, etc. tradições complexas em estilo e assunto. No Oriente, a tinta e a tinta colorida predominaram historicamente na escolha da mídia, com tradições igualmente ricas e complexas. A invenção da fotografia teve um grande impacto na pintura. Nas décadas após a produção da primeira fotografia em 1829, os processos fotográficos melhoraram e se tornaram mais amplamente praticados, privando a pintura de muito de seu propósito histórico de fornecer um registro preciso do mundo observável. Uma série de movimentos artísticos no final do século 19 e início do século 20 - notadamente o impressionismo, o pós-impressionismo, o fauvismo, o expressionismo, o cubismo e o dadaísmo - desafiaram a visão renascentista do mundo. A arte moderna e contemporânea afastou-se do valor histórico do artesanato e da documentação em favor do conceito. Isso não impediu a maioria dos pintores vivos de continuar a praticar a pintura como um todo ou parte de seu trabalho. A vitalidade e a versatilidade da pintura no século 21 desafiam as "declarações" anteriores de seu fim. Numa época caracterizada pela ideia de pluralismo, não há consenso quanto a um estilo representativo da época. Os artistas continuam a fazer obras de arte importantes em uma ampla variedade de estilos e temperamentos estéticos — seus méritos são deixados para o julgamento do público e do mercado. O movimento de arte feminista começou na década de 1960 durante a segunda onda do feminismo. O movimento procurou obter direitos iguais e oportunidades iguais para artistas femininas internacionalmente. Cor. Na pintura, um dos elementos fundamentais é a cor. A relação formal entre as massas coloridas presentes em uma obra constitui sua estrutura básica, guiando o olhar do espectador e propondo-lhe sensações de calor, frio, profundidade, sombra, entre outros. Estas relações estão implícitas na maior parte das obras da História da Arte e sua explicitação foi uma bandeira dos pintores abstratos ou não-figurativos. Técnica. Toda pintura é formada por um meio líquido, chamado médium ou aglutinante, que tem o poder de fixar os pigmentos (meio sólido e indivisível) sobre um suporte. A escolha dos materiais e técnica adequadas está diretamente ligada ao resultado desejado para o trabalho e como se pretende que ele seja entendido. Desta forma, a análise de qualquer obra artística passa pela identificação do suporte e da técnica utilizadas. O suporte mais comum é a tela (normalmente feita com um tecido tensionado sobre um chassis de madeira), embora durante a Idade Média e o Renascimento o afresco tenha tido mais importância. É possível também usar o papel (embora seja muito pouco adequado à maior parte das tintas). Quanto aos materiais, a escolha é mais demorada e, normalmente, envolve uma preferência pessoal do pintor e sua disponibilidade. O papel é suporte comum para a aquarela e o guache, e eventualmente para a tinta acrílica. As técnicas mais conhecidas são: a pintura a óleo, a tinta acrílica, o guache, a aquarela, a caseína, a resina alquídica, o afresco, a encáustica e a têmpera de ovo. É também possível lidar com pastéis e crayons, embora estes materiais estejam mais identificados com o desenho.
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Programação Visual
Programação Visual
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Pequim
Pequim Pequim ( [pèɪ.tɕíŋ]) é a capital da República Popular da China. É a capital nacional mais populosa do mundo, com mais de 21 milhões de habitantes em uma área administrativa de 16 410,5 km². Está localizada no norte da China e é governada como um município sob a administração direta do governo chinês, com 16 distritos urbanos, suburbanos e rurais. Pequim é cercada principalmente pela província de Hebei, com exceção da vizinha Tianjin, a sudeste; juntas, as três divisões formam a megalópole Jing-Jin-Ji e a região da capital nacional chinesa. Pequim é uma cidade global, uma megacidade e a segunda maior cidade chinesa em população urbana depois de Xangai e também o centro cultural, educacional e político da nação. É a sede da maioria das maiores empresas estatais chinesas e abriga o maior número de empresas Fortune Global 500 do mundo, bem como as quatro maiores instituições financeiras do mundo por ativos totais. Pequim também é a "capital bilionária do mundo" com o maior número de bilionários vivendo na cidade. Em 2020, a cidade tinha a quinta maior riqueza total em relação a qualquer outra cidade do mundo. É também um importante centro de transportes. O Aeroporto Internacional de Pequim-Capital tem sido o segundo mais movimentado do mundo em tráfego de passageiros (o mais movimentado da Ásia) desde 2010 e, desde 2016, a rede de metrô da cidade é a mais movimentada e mais longa do mundo. O Aeroporto Internacional de Pequim-Daxing, o segundo aeroporto internacional em Pequim, é o maior terminal aeroportuário de estrutura única do mundo. Combinando arquiteturas de estilo moderno e tradicional, Pequim é uma das cidades mais antigas do mundo, com uma rica história que remonta a mais de três milênios. Como a última das "Quatro Grandes Capitais Antigas da China", tem sido o centro político do país durante a maior parte dos últimos oito séculos e foi a maior cidade do mundo em população durante grande parte do segundo milênio. Com montanhas ao redor da cidade em três lados, além das antigas muralhas internas e externas, foi estrategicamente posicionada e desenvolvida para ser a residência do imperador e, portanto, era o local perfeito para a capital imperial. A cidade é também conhecida por seus palácios, templos, parques, jardins, túmulos, muros e portões opulentos. Possui sete Patrimônios Mundiais da UNESCO—a Cidade Proibida, o Templo do Céu, o Palácio de Verão, as tumbas da dinastia Ming, o Zhoukoudian e partes da Grande Muralha e do Grande Canal—todos locais turísticos populares. Muitas das 91 universidades localizadas em Pequim são consistentemente classificadas entre as melhores da Ásia-Pacífico e do mundo. Abriga as duas melhores universidades da Liga C9 (Tsinghua e Pequim) na Ásia-Pacífico e em países emergentes. A área de Zhongguancun é um centro líder mundial de inovação científica e tecnológica, bem como de empreendedorismo. Foi classificada como a cidade com a maior produção de pesquisa científica, conforme rastreado pelo Nature Index desde 2016. Sediou inúmeros eventos esportivos internacionais e nacionais, sendo os mais notáveis ​​os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Verão de 2008. Em 2022, se tornou a primeira cidade a sediar as edições de verão e inverno dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Abriga 176 embaixadas estrangeiras, bem como a sede de muitas organizações, como o Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB), a Organização de Cooperação de Xangai (SCO), a Academia Chinesa de Ciências e a Academia Chinesa de Ciências Sociais. Etimologia. "Pequim" significa "Capital do Norte" mantendo a tradição da Ásia Oriental de se chamar as capitais como tal em seus nomes — assim como Tóquio no Japão e Pyongyang na Coreia do Norte querem dizer "Capital do Leste" e "Capital do Oeste" respectivamente. Outras cidades que receberam nomes similares foram Nanquim ("capital do sul") e Đông Kinh, atual Hanói, no Vietnã ("capital do leste"), Quioto, no Japão, e Gyeongseong (, atual Seul), na Coreia do Sul (ambas significando simplesmente "capital"). "Peking" é o nome da cidade de acordo com a Romanização do Sistema Postal Chinês; a grafia se originou com os missionários franceses há cerca de 400 anos, e corresponde a uma pronúncia mais antiga, que antecede uma mudança sonora subsequente ocorrida no mandarim, na qual o passou a (o é representado no pinyin como "j", como em "Bei"j"ing"). A pronúncia "Peking" também está mais próxima dos dialetos fujianeses de amoy e min nan, falados na cidade de Xiamen, uma das cidades onde comerciantes europeus primeiro aportaram, no século XVI, enquanto Beijing (pronuncia-se"Peikching") se aproxima mais da pronúncia do nome da cidade no mandarim. É um equívoco comum pensar que a cidade mudou de nome, o que houve foi a oficialização do sistema local de romanização. Escreve-se diferente, mas o som é praticamente o mesmo. A cidade recebeu diversos nomes ao longo da história. Durante a Dinastia Jin era conhecida como "Zhongdu" (), e posteriormente, durante o período da dinastia mongol Yuan, como "Dadu" () em chinês e "Daidu" em mongol. (também registrada como "Cambuluc" por Marco Polo). Por duas vezes em sua história seu nome foi mudado de "Beijing"/"Peking" para "Beiping" (ou "Peiping"; em chinês: pinyin: "Beiping"; Wade-Giles: "Pei-p'ing"), literalmente "Paz do Norte". Isto ocorreu pela primeira vez no reinado do Imperador Hongwu, da Dinastia Ming, e em 1928, durante o governo Kuomintang (KMT) da República da China. Em cada uma destas ocasiões, a mudança envolvia a retirada do elemento do nome que significa "capital" ("jing" ou "king", 京) para indicar o fato de que a capital nacional havia sido mudada para Nanquim ("Nanjing"), na província de Jiangsu. Os nomes foram restaurados posteriormente ao formato anterior, "Beijing"/"Peking"; primeiro com o Imperador Yongle, na Dinastia Ming, que voltou a transferir a capital para lá, e em 1949, quando o Partido Comunista da China fez o mesmo, após a fundação da República Popular da China. "Yanjing" (; pinyin: "Yānjīng"; Wade-Giles: "Yen-ching") é outro nome popular informal em uso para a cidade, referindo-se ao antigo Estado de Yan, que existiu no local durante a Dinastia Zhou. O nome pode ser visto em diversas instituições e produtos locais, como a marca de cerveja local, Yanjing Beer, bem como a Universidade de Yenching, uma instituição de ensino superior que acabou por se fundir com a Universidade de Pequim. História. História antiga. Os primeiros vestígios de habitação humana na área do município de Pequim foram encontrados nas cavernas de Zhoukoudian, no distrito de Fangshan, onde vivia o Homem de Pequim. Os fósseis de "Homo erectus" das cavernas datam de 230 mil a 250 mil anos atrás. O "Homo sapiens" do Paleolítico vive na região desde cerca de 27 mil anos atrás. A primeira cidade murada de Pequim foi Jicheng, a capital do Estado de Ji e foi construída em 1045 a.C.. Dentro da moderna Pequim, Jicheng localizava-se ao redor da atual área de Guang'anmen no sul do distrito de Xicheng. Este assentamento foi posteriormente conquistado pelo Estado de Yan que o fez sua capital. Antiga China Imperial. Depois que o Primeiro Imperador unificou a China, Jicheng tornou-se a capital provincial para a região. Durante o período dos Três Reinos, foi detido por Gongsun Zan e Yuan Shao antes de cair para o Reino Wei de Cao Cao. O Estado Jin Ocidental do século III d.C. rebaixou a cidade, colocando a sede da prefeitura na vizinha Zhuozhou. Durante o período dos Dezesseis Reinos, quando o norte da China foi conquistado e dividido pelos Wu Hu, Jicheng foi brevemente a capital do Antigo Reino Yan de Xianbei. Depois que a China foi reunificada durante a dinastia Sui, Jicheng, também conhecida como Zhuojun, tornou-se o terminal norte do Grande Canal. Sob a dinastia Tang, Jicheng sob o nome Youzhou, serviu como um centro de comando militar de fronteira. Durante a Rebelião de An Lushuan e novamente em meio à turbulência da decadente dinastia Tang, os comandantes militares locais fundaram suas próprias dinastias Yan de curta duração e chamaram a cidade de Yanjing, ou a "Capital Yan". Também durante a dinastia Tang, o nome da cidade de Jicheng foi substituído por "Youzhou" ou "Yanjing". Em 938, após a queda do Tang, o Estado Jin posterior cedeu toda a fronteira norte à dinastia Liao, que tratou a cidade como "Nanjing", ou a "Capital do Sul", uma das quatro capitais secundárias para complementar sua "Capital Suprema", Shangjing (moderna Baarin na Mongólia Interior). Algumas das estruturas sobreviventes mais antigas de Pequim datam do período Liao, incluindo o Pagode de Tianning. Os Liao ca[iram para a dinastia Jurchen Jin em 1122, que deu a cidade à dinastia Song e depois a retomou em 1125 durante a conquista do norte da China. Em 1153, os Jurchen Jin fizeram de Pequim sua "Capital Central", ou Zhongdu. A cidade foi sitiada pelo exército mongol invasor de Genghis Khan em 1213 e arrasada dois anos depois. Duas gerações depois, Kublai Khan ordenou a construção de Dadu (ou Daidu para os mongóis, comumente conhecido como Cambalique), uma nova capital para sua dinastia Yuan criada a nordeste das ruínas de Zhongdu. A construção durou de 1264 a 1293, mas melhorou muito o estatuto de uma cidade na margem norte das Dezoito Províncias. A cidade estava centrada na Torre do Tambor ligeiramente ao norte da moderna Pequim e se estendia desde a atual Avenida Chang'an até a parte norte da Linha 10 do metrô. Remanescentes da parede de terra batida de Yuan ainda estão de pé e são conhecidos como Tucheng. Dinastia Ming. Em 1368, logo após declarar a nova era Hongwu da dinastia Ming, o líder rebelde Zhu Yuanzhang enviou um exército para Dadu/Cambalique e a conquistou. Como os Yuan continuaram a ocupar Shangdu e Mongólia, Dadu foi usada para abastecer as guarnições militares na região e foi renomeada para Beiping ("Paz do Norte"). A morte precoce do herdeiro de Zhu Yuanzhang levou a uma luta pela sucessão em sua morte, que terminou com a vitória de Zhu Di e a declaração da nova era Yongle. A cidade de Beiping tornou-se Pequim (“Capital do Norte”) ou Shuntian em 1403. A construção da nova residência imperial, a Cidade Proibida, durou de 1406 a 1420; esse período também foi responsável por várias outras grandes atrações da cidade moderna, como o Templo do Céu e Tian'anmen. Em 28 de outubro de 1420, a cidade foi oficialmente designada como capital da dinastia Ming no mesmo ano em que a Cidade Proibida foi concluída. No século XV, Pequim havia tomado essencialmente sua forma atual. A muralha da cidade Ming continuou a servir até os tempos modernos, quando foi derrubada e o 2º anel viário foi construído em seu lugar. Acredita-se geralmente que Pequim foi a cidade mais populosa do mundo durante a maior parte dos séculos XV, XVI, XVII e XVIII. A primeira igreja cristã conhecida na cidade foi construída por católicos em 1652 no antigo local da capela de Matteo Ricci; a moderna Catedral de Nantang foi posteriormente construída no mesmo local. A captura de Pequim pelo exército camponês de Li Zicheng em 1644 encerrou a dinastia, mas ele e sua corte Shun abandonaram a cidade sem lutar quando o exército manchu do príncipe Dorgon chegou 40 dias depois. Dinastia Qing. Dorgon estabeleceu a dinastia Qing como sucessora direta dos Ming (deslegitimando Li Zicheng e seus seguidores) e Pequim tornou-se a única capital da China. Os imperadores Qing fizeram algumas modificações na residência imperial, mas, em grande parte, os edifícios Ming e o "layout" geral permaneceram inalterados. Instalações para o culto manchu foram introduzidas, mas os Qing também continuaram os rituais tradicionais do Estado. A sinalização era bilíngue ou chinesa. Este início da Pequim Qing mais tarde formou o cenário para o romance clássico chinês "O Sonho da Câmara Vermelha". A noroeste da cidade, os imperadores Qing construíram vários grandes jardins palacianos, incluindo o Antigo Palácio de Verão e o Palácio de Verão. Durante a Segunda Guerra do Ópio, as forças anglo-francesas capturaram os arredores da cidade, saqueando e queimando o Antigo Palácio de Verão em 1860. Sob a Convenção de Pequim, que pôs fim à guerra, as potências ocidentais pela primeira vez garantiram o direito de estabelecer presenças diplomáticas permanentes dentro da cidade. De 14 a 15 de agosto de 1900 foi travada a Batalha de Pequim, que fez parte da Rebelião dos Boxers, que tentou erradicar a ocidental na cidade, assim como os cristãos chineses convertidos e levou à reocupação de Pequim por oito potências estrangeiras. Durante os combates, várias estruturas importantes foram destruídas, incluindo a Academia Hanlin e o (novo) Palácio de Verão. Um acordo de paz foi concluído entre a Aliança das Oito Nações e os representantes do governo chinês, Li Hung-chang e Príncipe Ching, em 7 de setembro de 1901. O tratado exigia que a China pagasse uma indenização de 335 milhões de dólares (mais de 4 bilhões de dólares atualmente) acrescido de juros por um período de 39 anos. Também foi necessária a execução ou exílio de apoiadores do governo dos Boxers e a destruição de fortes chineses e outras defesas em grande parte do norte da China. Dez dias após a assinatura do tratado, os exércitos estrangeiros deixaram Pequim, embora os guardas das legações permanecessem lá até a Segunda Guerra Mundial. Com o tratado assinado, a Imperatriz Viúva Tseu-Hi retornou a Pequim de sua "viagem de inspeção" em 7 de janeiro de 1902 e o domínio da dinastia Qing sobre a China foi restaurado, embora muito enfraquecido pela derrota sofrida na Rebelião dos Boxers e pela indenização e estipulações do tratado de paz. A viúva morreu em 1908 e a dinastia implodiu em 1911. República da China. Os fomentadores da Revolução Xinhai de 1911 procuraram substituir o governo Qing por uma república e líderes como Sun Yat-sen originalmente pretendiam devolver a capital a Nanquim. Depois que o general Qing Yuan Shikai forçou a abdicação do último imperador Qing e garantiu o sucesso da revolução, os revolucionários o aceitaram como presidente da nova República da China. Yuan manteve sua capital em Pequim e rapidamente consolidou o poder, declarando-se imperador em 1915. Sua morte menos de um ano depois deixou a China sob o controle dos senhores da guerra que comandavam os exércitos regionais. Após o sucesso da Expedição do Norte do Kuomintang, a capital foi formalmente transferida para Nanquim em 1928. Em 28 de junho do mesmo ano, o nome de Pequim retornou a ser Beiping (escrito na época como "Peiping"). Em 7 de julho de 1937, o 29º Exército chinês e o Exército Japonês trocaram tiros na Ponte Marco Polo, perto da Fortaleza Wanping, a sudoeste da cidade. O Incidente da Ponte Marco Polo desencadeou a Segunda Guerra Sino-Japonesa, a Segunda Guerra Mundial como é conhecida na China. Durante a guerra, Pequim caiu para o Japão em 29 de julho de 1937 e tornou-se a sede do Governo Provisório da República da China, um Estado fantoche que governava as porções étnico-chinesas do norte da China ocupado pelos japoneses. Este governo foi posteriormente fundido no governo de Wang Jingwei baseado em Nanquim. República Popular da China. Nas fases finais da Guerra Civil Chinesa, o Exército de Libertação Popular assumiu o controle da cidade pacificamente em 31 de janeiro de 1949 durante a Campanha de Pingjin. Em 1º de outubro daquele ano, Mao Zedong anunciou a criação da República Popular da China do topo do Tian'anmen. Ele restaurou o nome da cidade, como a nova capital, para Pequim, uma decisão que havia sido tomada pela Conferência Consultiva Política do Povo Chinês apenas alguns dias antes. Na década de 1950, a cidade começou a se expandir para além da antiga cidade murada e seus bairros vizinhos, com indústrias pesadas no oeste e bairros residenciais no norte. Muitas áreas da muralha da cidade de Pequim foram demolidas na década de 1960 para dar lugar à construção do Metrô de Pequim e do 2º anel viário. Durante a Revolução Cultural de 1966 a 1976, o movimento da Guarda Vermelha começou em Pequim e o governo da cidade foi vítima de um dos primeiros expurgos. No outono de 1966, todas as escolas da cidade foram fechadas e mais de um milhão de Guardas Vermelhos de todo o país se reuniram em Pequim para oito comícios na Praça Tian'anmen com Mao. Em abril de 1976, uma grande reunião pública de moradores de Pequim contra a Gangue dos Quatro e a Revolução Cultural na Praça da Paz Celestial foi reprimida à força. Em outubro de 1976, a Gangue foi presa em Zhongnanhai e a Revolução Cultural chegou ao fim. Em dezembro de 1978, o Terceiro Plenário do 11º Congresso do Partido em Pequim, sob a liderança de Deng Xiaoping, reverteu os veredictos contra as vítimas da Revolução Cultural e instituiu a "política de reforma e abertura". Desde o início da década de 1980, a área urbana de Pequim expandiu-se muito com a conclusão do 2º anel viário em 1981 e a subsequente adição do 3º, 4º, 5º e 6º anel viário. De acordo com uma reportagem de jornal de 2005, o tamanho da recém-desenvolvida Pequim era uma vez e meia maior do que antes. Wangfujing e Xidan tornaram-se prósperos distritos comerciais, enquanto Zhongguancun se tornou um importante centro de eletrônicos na China. Nos últimos anos, a expansão de Pequim também trouxe à tona alguns problemas de urbanização, como tráfego intenso, má qualidade do ar, perda de bairros históricos e um afluxo significativo de trabalhadores migrantes de áreas rurais menos desenvolvidas do país. Pequim também foi o local de muitos eventos significativos na história chinesa recente, principalmente os protestos da Praça da Paz Celestial de 1989. A cidade também sediou grandes eventos internacionais, incluindo os Jogos Olímpicos de Verão de 2008, Campeonato Mundial de Atletismo de 2015 e dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2022, tornando-se a primeira cidade a sediar os Jogos Olímpicos de Inverno e de Verão. Geografia. Pequim está situada no extremo norte da planície norte da China, que se abre ao sul e leste da cidade. As montanhas ao norte, noroeste e oeste protegeram a capital chinesa e o coração agrícola do norte do país dos invasores vindos das estepes desérticas. A região noroeste do município, especialmente o Condado de Yanqing e o Distrito de Huairou, são dominados pelas Montanhas Jundu, enquanto a parte ocidental é emoldurada pelas "Xishan", ou Colinas Ocidentais. A Grande Muralha da China percorre toda a parte norte do Município de Pequim e foi construída sobre a topografia acidentada para defender a cidade contra as incursões de nômades das estepes. Monte Dongling, nas colinas ocidentais e na fronteira com Hebei, é o ponto mais alto do município, com uma altitude de 2 303 metros. Os principais rios que atravessam o município, como o Chaobai, Yongding, Juma, são todos afluentes do sistema do rio Hai e seguem em direção a sudeste. A Reserva Miyun, no curso superior do rio Chaobai, é o maior reservatório dentro do município. Pequim é também o término do norte do Grande Canal da China, que vem de Hangzhou e foi construído mais de 1 400 anos atrás, como uma rota de transporte e como parte do Projeto de Transferência de Água Sul-Norte, construído na década passada para trazer água da bacia do rio Yangtze. Problemas ambientais. Pequim tem uma longa história de problemas ambientais. Entre 2000 e 2009, a extensão urbana da capital chinesa quadruplicou, o que não só aumentou fortemente a extensão das emissões antropogênicas, como também mudou a situação meteorológica fundamentalmente, mesmo que as emissões da sociedade humana não estejam incluídas. Por exemplo, o albedo superficial, a velocidade do vento e a umidade próximas à superfície diminuíram, enquanto as temperaturas do ar do solo e da superfície, a diluição vertical do ar e os níveis de ozônio aumentaram. Devido aos fatores combinados de urbanização e poluição causados ​​pela queima de combustível fóssil, Pequim é muitas vezes afetada por sérios problemas ambientais, que causam problemas de saúde de muitos habitantes. Em 2013, a poluição pesada atingiu Pequim e a maior parte do norte da China, no total, 600 milhões de pessoas. A poluição do ar tornou-se uma importante preocupação econômica e social na China. Depois disso, o governo de Pequim anunciou medidas para reduzir a poluição atmosférica, por exemplo, reduzindo a parcela de carvão de 24% em 2012 para 10% em 2017, enquanto o governo nacional ordenou a remoção de veículos altamente poluentes de 2015 para 2017 e aumentou sua esforços para transição do sistema de energia para fontes limpas. Uma pesquisa conjunta entre pesquisadores estadunidenses e chineses em 2006 concluiu que grande parte da poluição da cidade vem de cidades e províncias vizinhas. Em média, 35% a 60% do ozônio podem ser atribuídos a fontes fora de Pequim. A província de Shandong e o município de Tianjin têm uma "influência significativa na qualidade do ar de Pequim" em parte devido ao fluxo sul/sudeste predominante durante o verão e as montanhas ao norte e noroeste. Clima. O clima de Pequim é continental. O tempo é praticamente seco em quase todo o ano, mas no verão as monções causam muita chuva. Os invernos são muito frios, registrando temperaturas máximas abaixo de 0 °C nos dias mais frios, mas neva pouco devido à seca, causada pela alta pressão do ar vinda da Sibéria. Os verões são quentes, as temperaturas ficam acima dos 30 °C em vários dias da estação. O outono e a primavera são estações de transição entre o frio e o calor e, assim como o inverno, são estações secas. Demografia. Em 2013, Pequim teve uma população total estimada em 21,14 milhões de pessoas dentro do município, dos quais 18,25 milhões residiam em zonas urbanas ou suburbanas e em aldeias rurais. Na China, a cidade ficou em segundo lugar em população urbana, depois de Xangai, e em terceiro em população municipal, depois de Xangai e Chongqing. Pequim também está entre as metrópoles mais populosas do mundo, uma distinção que a cidade tem mantido por grande parte dos últimos 800 anos, especialmente durante os séculos XV e XIX, quando Pequim era a maior cidade do planeta. Cerca de 13 milhões de moradores da cidade, em 2013, ganharam a autorização do sistema "hukou" de direito a residência permanente em Pequim. Os restantes 8 milhões de moradores tiveram autorizações para outro lugar e não eram elegíveis para receber alguns benefícios sociais oferecidos pelo governo municipal de Pequim. A população aumentou em 2013 cerca de 7% em relação ao ano anterior (ou 455 mil pessoas) e continuou a tendência de uma década de crescimento rápido. A população total em 2004 foi de . Os ganhos populacionais são impulsionados em grande parte pela migração. A taxa de crescimento natural da população em 2013 foi de meros 0,441%, com base em uma taxa de natalidade de 8,93 e uma taxa de mortalidade de 4,52. A composição por gêneros foi de 51,6% do sexo masculino e 48,4% do sexo feminino. As pessoas em idade ativa são responsáveis ​​por quase 80% da população. Em comparação com 2004, os moradores com entre 0 e 14 anos de idade caíram de uma proporção de 9,96% para 9,5% em 2013 e os residentes com idade superior a 65 anos caíram de 11,12% para 9,2%. Segundo o censo de 2010, cerca de 96% da população de Pequim são de chineses da etnia han. Das 800 mil minorias étnicas que vivem na capital, os manchus (336 000), huis (249 000), coreanos (77 000), mongóis (37 000) e tujias (24 000) constituem os cinco maiores grupos. Além disso, havia 8 045 residentes de Hong Kong, 500 residentes de Macau e 7 772 residentes de Taiwan, juntamente com 91 128 estrangeiros registrados vivendo em Pequim. Um estudo realizado pela Academia de Ciências de Pequim estima que em 2010 havia, em média, 200 mil estrangeiros que viviam em Pequim, incluindo estudantes, viajantes de negócios e turistas, que não são considerados como residentes registrados. De 2000 a 2010, o percentual de moradores da cidade com alguma educação universitária quase duplicou, passando de 16,8% para 31,5%. Cerca de 22% têm algum grau de escolaridade e 31% tinham atingiram o ensino médio. Governo e política. O sistema político de Pequim é estruturado num sistema de governo duplo como todas as outras instituições governamentais da República Popular da China. O prefeito de Pequim é a autoridade máxima no governo da cidade. Como a cidade é uma municipalidade administrada pelo governo federal, o prefeito possui o mesmo nível na ordem de precedência dos governadores das províncias. Entretanto, no sistema duplo de governo de Pequim, o prefeito está abaixo do que o Secretário do Comitê Municipal de Pequim do Partido Comunista da China. Além disso, como a capital da China, Pequim quase todas as instituições governamentais e políticas nacionais importantes, incluindo o Assembleia Popular Nacional. Cidades-irmãs. Estas são as cidades irmãs de Pequim: Divisões administrativas. O Município de Pequim é atualmente composto por 16 subdivisões administrativas, incluindo 14 distritos urbanos e suburbanos e dois condados rurais. Legenda Economia. Em 2018, o PIB nominal de Pequim foi de 458 bilhões de dólares, cerca de 3,45% do PIB do país e ficou em 12º lugar entre as unidades administrativas em nível de província; seu PIB nominal per capita foi de 21.261 dólares e ficou em 1º lugar no país. Em 2021, os produtos regionais brutos de Pequim foram de 965 bilhões de dólares em PPC do PIB), classificando-se entre as dez maiores economias metropolitanas do mundo. O PIB nominal de Pequim está projetado para atingir 1,1 trilhão de dólares em 2035, classificando-se entre as dez maiores do mundo (junto com Xangai, Cantão e Shenzhen na China) de acordo com um estudo da Oxford Economics, sendo que seu PIB nominal per capita será atingir 45 mil dólares em 2030. Devido à concentração de empresas estatais na capital nacional, Pequim em 2013 tinha mais sedes de empresas listadas na Fortune Global 500 do que qualquer outra cidade do mundo. Em agosto de 2021, Pequim tinha 60 empresas da Fortune Global 500, mais do que o Japão, com apenas 53, o terceiro lugar depois da China e dos Estados Unidos. Pequim também foi descrita como a "capital bilionária do mundo". Em 2020, Pequim é a 5ª cidade mais rica do mundo, com uma riqueza total de 2 trilhões de dólares. Pequim é classificada como uma cidade global alfa, indicando sua influência na região e no mundo. No Índice de Centros Financeiros Globais de 2021, Pequim foi classificada como o sexto centro financeiro mais competitivo do mundo e o quarto mais competitivo em toda a região da Ásia e Oceania (atrás de Xangai, Hong Kong e Singapura). Em 2021, Pequim foi classificada em primeiro lugar globalmente em termos de "Competitividade Global de Cidades" no Relatório Global de Competitividade Urbana 2020-2021 divulgado em conjunto pela Academia Chinesa de Ciências Sociais (CASS) e pelo Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (UN-Habitat). Pequim também é um grande centro da indústria de tecnologia global e classificada como tendo o ecossistema global de "startups" mais forte em toda a região da Ásia-Oceania, ocupando o 3º lugar globalmente pelo Global Startup Ecosystem Index. Infraestrutura. Educação. Pequim abriga um grande número de faculdades e universidades, incluindo várias reconhecidas em nível internacional, tais como a Universidade de Tsinghua e a Universidade de Pequim. Por causa do status de Pequim como a capital política e cultural da China, a maioria das Universidades está localizada lá, tendo na soma geral 59 Universidades. Muitos estudantes estrangeiros, vindos dos países vizinhos e de outros continentes se transferem para Pequim todos os anos. Transportes. Pequim está conectada por ligações rodoviárias com todas as regiões da China como parte da Rede Rodoviária Nacional. Nove vias expressas servem a cidade, assim como onze autoestradas nacionais. O transporte urbano de Pequim é dependente dos cinco anéis viários concêntricos que cercam a cidade, sendo que a área da Cidade Proibida marca o centro geográfico dos rodoanéis, que têm uma forma mais retangular do que de anel. Não há nenhum "1º Anel Viário" oficial. O 2ª Anel Viário está localizado no centro da cidade. Eles tendem a se assemelhar a vias expressas progressivamente à medida que se estendem para fora da cidade, com os 5ª e 6ª Anéis Viários, que são autoestradas padrão nacional, ligadas a outras rodovias apenas por trevos rodoviários. O principal aeroporto da cidade é o Aeroporto Internacional de Pequim (IATA: PEK), cerca de 20 quilômetros a nordeste do centro. O aeroporto é o segundo mais movimentado do mundo, depois Aeroporto Internacional de Atlanta Hartsfield-Jackson. Depois de reformas para as Olimpíadas de 2008, o aeroporto conta com três terminais, com Terminal 3 sendo um dos maiores do mundo. É o principal "hub" da Air China, além de ser um dos principais centro aeroviários para a China Southern e Hainan Airlines. O aeroporto liga Pequim com quase todas as outras cidade chinesas com serviço regular de passageiros aéreos. O metrô de Pequim, que começou a operar em 1969, tem agora 17 linhas, 227 estações e uma rede de 456 quilômetros, sendo um dos mais extensos e um dos mais movimentados sistemas de metrô do planeta. O metrô de Pequim está a passar por uma rápida expansão e deve chegar a 30 linhas, 450 estações, 1 050 km de comprimento até 2020. Quando estiver plenamente implementado, 95% dos residentes no interior da 4º Anel Viário estará a 15 minutos a pé de uma estação de metrô. Cultura. Pessoas nativas de Pequim urbano falam o dialeto de Pequim, que pertence à subdivisão mandariana do chinês falado. Este discurso é a base para o "putonghua", o idioma falado padrão usado na China continental e Taiwan e uma das quatro línguas oficiais de Singapura. As áreas rurais do município têm seus próprios dialetos semelhantes aos da província de Hebei, que circunda o município de Pequim. A Ópera de Pequim (京剧, Jīngjù) é uma forma tradicional de teatro chinês bem conhecida em todo o país. Comumente elogiada como uma das mais altas realizações da cultura chinesa, a Ópera de Pequim é realizada através de uma combinação de canção, diálogo falado e sequências de ação codificadas envolvendo gestos, movimentos, luta e acrobacias. Grande parte da ópera é realizada em um dialeto de palco arcaico, bastante diferente do moderno chinês padrão e do dialeto moderno de Pequim. A culinária de Pequim é muito variada. O pato-à-pequim é talvez o prato mais conhecido, enquanto o Fuling Jiabing é um lanche tradicional de Pequim, é uma panqueca ("bing") que se assemelha a um disco plano com um enchimento feito de "fu ling", um fungo usado na medicina tradicional chinesa. Casas de chá também são comuns em Pequim. A técnica e a tradição de metalurgia chamada cloisonné (ou Jingtailan, literalmente "Azul de Jingtai") é uma especialidade de arte de Pequim e é um dos artesanatos tradicionais mais venerados da China. A confecção do cloisonné requer processos elaborados e complicados, que incluem martelos de base, incrustação de tira de cobre, solda, enchimento de esmalte, queima de esmalte, polimento de superfície e dourado. A laca de Pequim também é conhecida por seus padrões e imagens sofisticados e intrínsecos esculpidos em sua superfície e as várias técnicas de decoração da laca incluem a "esculpida" e a com "ouro gravado". Os moradores mais jovens da cidade se tornaram mais atraídos pela vida noturna, que floresceu nas últimas décadas, rompendo tradições culturais anteriores que praticamente eram restritas às classes altas. Esportes. Pequim organizou inúmeros eventos esportivos internacionais e nacionais, dos quais os mais notáveis foram os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Verão de 2008. Outros eventos internacionais multiesportivos realizados em Pequim incluem a Universíada de 2001 e os Jogos Asiáticos de 1990. Entre as competições internacionais de apenas um esporte, estão a Maratona de Pequim (que anualmente desde 1981), o torneio de tênis de Pequim (1993-97, anualmente desde 2004), o Grand Prix de Patinação Artística no Gelo, a Cup of China (2003, 2004, 2005, 2008, 2009 e 2010), o WPBSA China Open for Snooker (anualmente desde 2005), o Tour of Beijing da UCI (desde 2011), o Campeonato Mundial de Tênis de Mesa de 1961, o Campeonato Mundial de Badminton de 1987, a Copa da Ásia de 2004 e o Troféu Premier League Ásia de 2009 (futebol), além do Campeonato Mundial de Atletismo de 2015. O Estádio Indoor Wukesong foi um dos principais locais do Campeonato Mundial de Basquetebol Masculino de 2019. A cidade hospedou os Jogos Nacionais da China em 1914, 1959, 1965, 1975, 1979, respectivamente e co-organizou os Jogos Nacionais de 1993 com Sichuan e Qingdao. Pequim também hospedou os Jogos Nacionais de Camponeses inaugurais em 1988 e os sextos Jogos Nacionais das Minorias em 1999. Em novembro de 2013, Pequim fez uma campanha para sediar os Jogos Olímpicos de Inverno de 2022. Em 31 de julho de 2015, o Comitê Olímpico Internacional escolheu a cidade como a anfitriã do evento. Desse modo, Pequim tornou-se a primeira cidade do mundo a sediar tanto os Jogos Olímpicos de Verão como os de Inverno. Os principais locais esportivos da cidade incluem o Centro Aquático Nacional, também conhecido como "Cubo de Água", o Estádio Nacional Indoor, o parque olímpico Olympic Green ao norte do centro da cidade; o Estádio Indoor Wukesong a oeste do centro da cidade; o Estádio dos Trabalhadores e o Ginásio dos Trabalhadores em Sanlitun, o Ginásio Indoor da Capital em Baishiqiao e o Estádio Nacional, também conhecido como "Ninho do Pássaro". Além disso, muitas universidades possuem suas próprias instalações esportivas.
1550
Política do Japão
Política do Japão O Japão tem um sistema político democrático. O Estado japonês é, atualmente, uma monarquia constitucional com um regime parlamentar democrático. Todos os cidadãos adultos têm o direito ao voto e a concorrer nas eleições nacionais e locais. Há seis grandes partidos políticos. O Partido Liberal Democrata, esteve no poder quase ininterruptamente desde 1955. Com a vitória do Partido Democrático do Japão nas eleições de 2009, quebrou-se essa continuidade de mais de 50 anos. O Japão é uma monarquia constitucional onde o poder do imperador é muito limitado. A Constituição o define como "símbolo do Estado e da unidade do povo" e ele não possui poderes relacionados ao governo. O poder, concedido por soberania popular, está concentrado principalmente na figura do primeiro-ministro do Japão e de outros membros eleitos da Dieta. O imperador age como chefe de Estado em ocasiões diplomáticas. O Imperador. O chefe de estado do Japão é o monarca dito "Tenno" (天皇) ou Imperador. De acordo com a Constituição Japonesa de 1947, o Imperador é o símbolo do Estado e da unidade do povo. Ele não possui quaisquer poderes governativos, sendo as suas funções essencialmente do foro cerimonial. A monarquia japonesa é a mais antiga monarquia ininterrupta do mundo. O atual Imperador, Naruhito, subiu ao trono em 2019. Ele e sua esposa, a Imperatriz Masako, têm apenas uma filha, a princesa Aiko, que não pode subir ao trono, pois a constituição do Japão não permite que mulheres ascendam ao mesmo, logo, será substituída por seu tio, príncipe Fumihito. O imperador e demais membros da família imperial vivem no Palácio Imperial de Tóquio. Poder Executivo. O primeiro-ministro, chefe do governo japonês é escolhido pelo parlamento japonês, a Dieta. O primeiro-ministro é o líder do partido majoritário ou de um dos partidos coligados ao partido majoritário. O primeiro-ministro nomeia o seu Gabinete, e cada ministro membro do Gabinete dirige um dos ministérios do governo. O Gabinete, presidido pelo primeiro-ministro, é responsável pelo Poder Executivo. Após a derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial, um dos objetivos das tropas aliadas de ocupação foi assentar as bases de um governo democrático. O passo decisivo foi a constituição de 1947, que privou o imperador do poder absoluto. Poder Legislativo. O parlamento japonês (Dieta) é bicameral: a Câmara dos Representantes, com 511 membros, sendo 200 eleitos pelo povo, seus membros são eleitos quadrienalmente por sufrágio universal, e a Câmara dos Conselheiros, com 252 membros, todos eleitos pelo povo, seus membros são eleitos cada seis anos por sufrágio universal, sendo a metade renovada cada três anos. O órgão legislativo do Japão é a Dieta Nacional, um parlamento bicameral. A Dieta é formado pela Câmara dos Representantes, com 480 representantes eleitos por voto popular a cada quatro anos ou quando dissolvida, e pela Câmara dos Conselheiros de 242 membros com mandatos de seis anos. Todos os cidadãos com mais de 20 anos têm direito ao voto e a concorrer nas eleições nacionais e locais realizadas com voto secreto. O Japão tem um sistema político democrático e pluripartidário com seis grandes partidos políticos. O liberal conservador Partido Liberal Democrata (PLD) está no poder desde 1955, a não ser por um curto período de coalizão da oposição em 1993. O maior partido de oposição é o liberal social Partido Democrático do Japão. Historicamente influenciado pelo sistema chinês, o sistema legal do Japão desenvolveu-se independentemente durante o período Edo. Entretanto, desde o final do , o sistema legal japonês tem se baseado em grande parte nos direitos civis da Europa, principalmente da França e Alemanha. Em 1896, por exemplo, o governo japonês estabeleceu um código civil baseado no modelo alemão. Com modificações do pós-Guerra, o código permanece vigente no Japão. A lei estatutária origina-se na Dieta com a aprovação do imperador. A Constituição requer que o imperador promulgue as leis aprovadas pela Dieta, sem, no entanto, conferir-lhe o poder de opor-se a aprovação de uma lei. O sistema de tribunais do Japão é dividido em quatro esferas básicas: a Suprema Corte e três níveis de cortes inferiores. O corpo principal da lei estatutária japonesa é chamado de Seis Códigos. Poder Judiciário. Consiste num poder independente. Compõe-se de uma rede de tribunais de hierarquia (descendência) gradativa. No ápice da hierarquia judicial está a Suprema Corte (Saikō saibansho 最高 裁判 所), localizada adjacente ao Edifício Nacional da Dieta. O "Grande Banco" (廷 廷 Daihōtei) da Suprema Corte tem juízes associados, que são nomeados pelo Gabinete com o atestado do Imperador. O Chefe de Justiça é nomeado pelo Gabinete e nomeado para o cargo pelo Imperador. O Grande Banco é subdividido em três "Bancos Pequenos" (小 法 廷 Shōhōtei) de cinco juízes cada, que ouvem apelos recebidos e os recomendam para uma audiência diante do Grande Banco. Um apelo a Suprema Corte é chamado jōkoku (上告), e requer um erro na interpretação da Constituição, ou um erro na interpretação da jurisprudência da Supremo Tribunal. Importância da conciliação no Japão. Diversos tipos de conciliação são previstos pela lei'. Um primeiro tipo de conciliação "(jidan)" situa-se, de acordo com a tradição, em um nível pré-judiciário. Ir aos tribunais continua a ser, aos olhos dos japoneses, um comportamento condenável. Antes de se resolverem a isso, procurarão, recorrendo a mediadores de todas as espécies, resolver amigavelmente o conflito que se gerou. Defesa. Uma das primeiras medidas adotadas pelas potências aliadas em 1947 foi desmilitarizar o Japão. A constituição de 1947 obrigava o país a um pacifismo permanente. Em 1950, porém, mudanças no cenário político internacional resultaram na criação de uma “reserva policial” nacional. Em 1952, o nome foi mudado para Força de Segurança Nacional, já então com 110.000 homens, incluindo uma incipiente força naval, formada com a ajuda estadunidense. A FSN foi posteriormente ampliada, para incluir uma arma aérea, sendo então rebatizada como Força de Defesa Nacional, em 1954. Na década de 70, as forças japonesas de terra, mar e ar contavam com cerca de 285.000 homens, mas a defesa ainda depende dos EUA, que mantêm bases militares e 58.000 homens no Japão. O maior parceiro militar do Japão são os Estados Unidos, tendo como fundamento de sua política externa a aliança defensiva Japão-Estados Unidos. Como membro das Nações Unidas desde 1956, o Japão serviu como membro temporário do Conselho de Segurança por um total de 18 anos, mais recentemente entre 2005 e 2006. Ele é também membro das nações G4 buscando um assento permanente no Conselho de Segurança. O Japão também contribuiu com contingentes não combatentes para a Invasão do Iraque, mas posteriormente retirou suas tropas deste país. As despesas militares do Japão são a sexta maior do mundo, com 59.3 bilhões de dólares orçados em 2012, o que representa apenas 1% do PIB nacional por ano. O Japão tem disputas territoriais com Rússia, China, Taiwan e Coreia do Sul. A maior parte dessas disputas envolve a presença de recursos naturais como o petróleo e fatores históricos. O Japão reivindica a soberania sobre as ilhas Etorofu, Kunashiri e Shikotan, conhecidas no país como "Territórios do Norte" e na Rússia como "Ilhas Curilas do Sul" ocupadas pela União Soviética em 1945 e administradas atualmente pela Rússia. Disputa os Rochedos de Liancourt (chamados Takeshima ou Dokdo) com a Coreia do Sul — ocupadas por esta desde 1954 — e as ilhas inabitadas de Senkaku-shoto (Diaoyu Tai) com China e Taiwan. O Japão também enfrenta graves problemas com a Coreia do Norte acerca de seu programa de armamento nuclear, sequestro de cidadãos japoneses e de testes de mísseis. O fortalecimento militar da China é também um motivo de preocupação. Contudo, as Forças de Auto-Defesa do Japão se concentra em tecnologia de ponta, robótica e armas modernas. A militarização do Japão era restringida pelo Artigo 9 de sua Constituição pós-guerra até julho de 2014, o qual renuncia ao direito de declarar guerra ou ao uso de força militar como meios para a resolução de disputas internacionais, ainda que o governo esteja tentando fazer uma emenda à Constituição através de um referendo. As forças armadas do Japão são controladas pelo Ministério da Defesa e consistem basicamente das Forças de Autodefesa Terrestre, Marítima e Aérea. As forças armadas foram usadas recentemente em missões de paz e o envio de tropas não- combatentes para o Iraque marcou o primeiro uso delas desde a Segunda Guerra Mundial.
1551
Peru
Peru Peru (; ; , ; em quéchua e aimará: "Piruw"), oficialmente chamado de República do Peru (em espanhol: ; ; em aimará: ), é um país sul-americano limitado ao norte pelo Equador e pela Colômbia, a leste pelo Brasil e pela Bolívia e ao sul pelo Chile. O seu litoral, a oeste, é banhado pelo oceano Pacífico. Sua geografia é variada, exibindo desde planícies áridas na costa do Pacífico, aos picos nevados dos Andes e à floresta amazônica, características que proporcionam a este país diversos recursos naturais. O território peruano abrigou a civilização de Caral, uma das mais antigas do mundo, bem como o Império Inca, considerado o maior Estado da América pré-colombiana. O seu território foi elevado a vice-reinado pelo Império Espanhol, no . Sua independência foi formalmente proclamada em 1821 e foi definida pela derrota do Exército Espanhol na Batalha de Ayacucho três anos depois. Nos primeiros anos como país independente, o Peru passou por períodos de alternância entre turbulência política e crise fiscal e estabilidade e crescimento econômico. O país esteve em recessão e esteve sob o caudilhismo militar durante o auge e declínio da "Era del guano", que terminou pouco antes da Guerra do Pacífico. No pós-guerra, estabeleceu-se uma política oligárquica que prevaleceu até o final do governo de Augusto B. Leguía. Na história do Peru independente, sucessivos governos democráticos foram constantemente interrompidos por golpes de estado. Em 1968, foi imposta uma ditadura militar que introduziu reformas nacionalistas diversas e profundas. O governo democrático e representativo foi restabelecido em 1980 e se iniciou um sangrento conflito armado entre os grupos terroristas do Sendero Luminoso e o MRTA contra o governo no sul do país e também se iniciou uma crise inflacionária do final da década. Na década de 1990, foi implementado um modelo neoliberal, cujas bases continuam em vigor. Nos dias atuais, o Peru é uma república presidencialista democrática dividida em 24 departamentos e 2 províncias autônomas. A população peruana, estimada em 31 milhões, é de origem multiétnica com um alto grau de mestiçagem, incluindo ameríndios, europeus, africanos e asiáticos. O país é considerado uma nação em desenvolvimento com um nível de pobreza de 34%. O Peru é um dos países mais desiguais do mundo, com 1% da população detendo 30% da riqueza. O idioma oficial é principalmente o , ainda que um número significativo de peruanos fale quíchua e outras línguas nativas. A mistura de tradições culturais produziu uma diversidade de expressões nas artes, na culinária, na literatura e na música. As principais atividades econômicas incluem a agricultura, a pesca, a exploração mineral e a manufatura de produtos têxteis. Etimologia. A palavra "Peru" é, provavelmente, derivada de "Birú", o nome de um governante local que morava perto da Baía de São Miguel, no Panamá, no início do . Quando os seus domínios foram visitados por exploradores espanhóis em 1522, eram a parte mais meridional do "Novo Mundo" conhecida pelos europeus. Assim, quando Francisco Pizarro explorou as regiões mais ao sul, as designou de "Birú" ou "Peru". A Coroa Espanhola oficializou o nome do território em 1529, com a "Capitulación de Toledo", que designou o recém-encontrado Império Inca como a Província do Peru. Sob o domínio espanhol, o país era denominado Vice-Reino do Peru, que posteriormente se tornou a República Popular do Peru, após a guerra da independência do país. História. Primeiras civilizações. Os primeiros indícios da presença humana no território peruano datam de aproximadamente A mais antiga sociedade complexa conhecida no Peru e nas Américas, a Civilização de Caral, floresceu ao longo da costa do oceano Pacífico entre e Caral é o berço da cultura peruana e de grande parte do Continente Americano. As sociedades andinas foram baseadas na agricultura, utilizando técnicas como a irrigação e terraceamento, pecuária de camelídeos e pesca também eram importantes. A organização era baseada no princípio da reciprocidade e redistribuição porque estas sociedades não tinham nenhuma noção de mercado ou dinheiro. Uma dessas sociedades andinas foi a Civilização Huari, ela desenvolveu o modelo clássico do Estado andino com o surgimento de cidades de corte imperial, um modelo que se expandiu no norte em direção ao século XVIII. Após o abandono de Huari, novos estados centralizadores de alcance regional foram erguidos ao longo da cordilheira dos Andes, como Lambayeque, Chimú e Chincha, período conhecido como o Intermediário Tardío ou Período dos Estados regionais. Durante o Período dos Estados Regionais, nasceram culturas arqueológicas, como Cupisnique, Chavín, Paracas, Mochica, Nazca e Chimu. No século XV, os incas emergiram como um poderoso Estado e, no espaço de um século, formaram o maior império da América pré-colombiana. O Império Inca durante o século XV teve seu chamado "período de esplendor" devido ao seu rápido desenvolvimento e expansão territorial por toda a América do Sul, chegando pelo sul até o Rio Maule no Chile e pelo norte até o Rio Ancasmayo na Colômbia, tendo aproximadamente 2 milhões de km², o Império Inca se localizou nos territórios atuais do oeste do Peru, Equador e Bolívia, ao norte do Chile, ao sul da Colômbia e ao noroeste da Argentina. Sua capital era a cidade de Cusco, localizado na serra sul do Peru. Além de seu poder militar, se destacou também sua arquitetura, por exemplo, a conhecida cidade de Machu Picchu. Nos anos entre 1524 e 1526 a varíola, introduzida a partir do Panamá antes da conquista espanhola varreu o império inca. A morte do governante inca Huayna Capac, bem como da maioria de sua família, incluindo seu herdeiro, causou a queda da estrutura política inca e contribuiu para a guerra civil entre os irmãos Atahualpa e Huáscar. Colonização. Em 1532, um grupo de conquistadores e de nativos americanos liderados por Francisco Pizarro derrotou e capturou o imperador inca Atahualpa. Francisco Pizarro exigiu ouro e prata em troca da libertação do Sapa Inca e, apesar de Francisco Pizarro ter recebido uma sala de ouro e dois quartos seguintes com prata, até ao nível do alcance dos braços de Atahualpa, o Imperador Inca foi cruelmente executado, sendo obrigado a se batizar na religião católica e sendo estrangulado após seu batismo, dessa maneira Francisco Pizarro conquistou o império inca e impôs o domínio espanhol sobre toda a região. Dez anos depois, a Coroa espanhola criou o Vice-Reino do Peru, que incluía todas as suas colônias da América do Sul. Francisco de Toledo reorganizou o país na década de 1570 com a mineração como principal atividade econômica e com o trabalho forçado indígena como a sua principal força de trabalho. O ouro peruano trouxe receitas para a Coroa espanhola e alimentou uma rede complexa de comércio que se estendeu até a Europa e as Filipinas. No entanto, por volta do , o declínio da produção de prata e a diversificação econômica reduziu muito a renda real. Em resposta, a Coroa promulgou as Reformas Bourbônicas, uma série de decretos que aumentaram os impostos e dividiram o Vice-Reinado do Peru. A nova legislação provocou a rebelião de Túpac Amaru II e outras revoltas, que foram derrotadas. Independência. No início do , enquanto a maioria da América do Sul era assolada por guerras de independência, o Peru continuou a ser um reduto monarquista. Como a elite hesitou entre a emancipação e a lealdade para com a monarquia espanhola, a independência foi obtida apenas após as campanhas militares de José de San Martín e Simón Bolívar. Durante os primeiros anos da República, lutas endêmicas pelo poder entre líderes militares causaram instabilidade política. A identidade nacional foi forjada durante este período, com projetos bolivarianos que afundaram, como a Confederação da América Latina, e uma união com a Bolívia que se mostrou efêmera. Quando a independência foi proclamada, San Martin assumiu o comando político-militar dos departamentos livres do Peru, sob o título de Protetor, por decreto emitido em 3 de agosto de 1821. Os trabalhos do Protetorado contribuíram para a criação da Biblioteca Nacional (em favor do conhecimento), a aprovação do Hino Nacional e a abolição de leis contra os indígenas. Em 27 de dezembro de 1821, San Martín criou três ministérios: Ministério de Estado e Relações Exteriores, nomeando a Juan García del Río como ministro; Ministério da Guerra e Marinha, para Bernardo de Monteagudo; e Ministério das Finanças, para Hipólito Unanue. Durante o Protetorado, no dia 7 de abril de 1822, a divisão de Domingo Tristán e Moscoso que viajou a cidade de Pisco, sofreu uma derrota desastrosa do lado monarquista depois da batalha de Ica, perdendo muitos soldados e muito do seu armamento. A fim de acelerar a independência total do Peru nas terras altas do sul, San Martin viajou para Guayaquil, a fim de chegar a um acordo com Simón Bolívar, para pedir ajuda militar, mas no final da conferência, nenhum acordo foi alcançado, e San Martín se retirou de Guayaquil com a decisão de deixar o Peru. Deu o poder executivo a três de seus membros, que formaram um órgão colegiado chamado Conselho Supremo de Governo do Peru e cujo chefe era o General José de La Mar. A Junta Governativa queria acabar sozinha com a Guerra da Independência e organizou a Primeira Campanha Intermediária, que culminou em fracasso. Então, os oficiais do Exército se revoltaram no chamado motim de Balconcillo e com um golpe de Estado, eles descartaram à Junta e em 28 de fevereiro de 1823, José de la Riva Agüero foi nomeado Presidente do Peru. Riva Agüero também queria derrotar os espanhóis, que ainda resistiam no centro e sul do Peru, e organizou uma Segunda Campanha Intermediária, que também terminou em fracasso. Logo ocorreu uma disputa aberta com o Congresso e ele mudou-se para Trujillo, onde instalou seu governo, enquanto em Lima, o Congresso nomeou José Bernardo de Tagle como o novo Presidente. O Congresso, considerando a situação crítica, concordou em chamar Simón Bolívar. e seu Exército de Libertação. Depois de reunificar o comando do país, Bolívar instalou seu quartel-general em Trujillo e organizou a campanha final da Independência, contando com a ajuda decisiva dos peruanos, tanto em soldados, dinheiro, suprimentos e recursos de todos os tipos. Depois das batalhas de Junín e Ayacucho, em 6 de agosto e 9 de dezembro de 1824, respectivamente, foi possível derrotar e expulsar definitivamente do Peru as tropas monarquistas espanholas. Meados do século XIX. Entre 1840 e 1860, o Peru desfrutou de um período de estabilidade sob a presidência de Ramón Castilla através do aumento da receita do Estado com as exportações de guano. No entanto, em 1870, esses recursos foram desperdiçados, o país estava pesadamente endividado e a luta política voltou a aumentar. Em 5 de abril de 1879, o Chile declarou guerra ao Peru, desencadeando a Guerra do Pacífico. O estopim foi o confronto entre a Bolívia e o Chile por um problema fiscal em que o Peru foi comprometido pelo Tratado de Aliança Defensiva assinado com a Bolívia em 1873. No entanto, a historiografia peruana é unânime em sustentar que a causa de esta guerra era a ambição do Chile de tomar os territórios de salitre e guaneros do sul do Peru. Numa primeira fase da guerra, a campanha naval, a marinha peruana repeliu o ataque chileno até 8 de outubro de 1879, dia em que se travou a batalha naval de Angamos, onde a Marinha chilena com seus navios Cochrane, Blanco Encalada, Loa e Covadonga encurralaram o monitor Huáscar, o principal navio da Marinha peruana comandado pelo almirante Miguel Grau Seminario, que morreu na briga e desde então se tornou o maior herói do Peru. O Peru foi derrotado pelo Chile na Guerra do Pacífico entre 1879–1883, perdendo as províncias de Arica e Tarapacá nos tratados de Ancón e Lima. Durante a ocupação chilena de Lima, autoridades militares chilenas transformaram a Universidade Nacional Maior de São Marcos e o recém-inaugurado "Palacio de la Exposición" em quartéis, invadiram as escolas médicas e outras instituições educacionais, saquearam o conteúdo da Biblioteca Nacional do Peru e transportaram milhares de livros (incluindo volumes originais de muitos séculos de idade), além do estoque de capital que foi levado para Santiago do Chile, e uma série de monumentos e obras de arte que decoravam a cidade. Século XX. Lutas internas após a guerra foram seguidas por um período de estabilidade no âmbito do Partido Civil, que durou até o início do regime autoritário de Augusto B. Leguía. A Grande Depressão causou a queda de Leguía, renovada turbulência política e a emergência da Aliança Popular Revolucionária Americana (APRA). A rivalidade entre esta organização e uma coalizão das elites e dos militares definiram a política peruana nas três décadas seguintes. Em 1968, as forças armadas, lideradas pelo general Juan Velasco Alvarado, aplicaram um golpe militar contra o presidente Fernando Belaúnde. O novo regime levou a cabo reformas radicais para fomentar o desenvolvimento, mas não obteve apoio generalizado. Em 1975, Velasco foi substituído como presidente pelo general Francisco Morales Bermúdez, que paralisou as reformas e supervisionou o restabelecimento da democracia. Durante os anos 1980, o Peru enfrentou uma forte crise econômica e social, devido à falta de controle dos gastos fiscais, dívida externa considerável e aumento da inflação juntamente com um conflito armado interno, causado pela insurreição dos grupos terroristas do Sendero Luminoso e do Movimento Revolucionário Túpac Amaru, de inspiração comunista, que buscava tomar o poder através da luta armada. O terrorismo obteve uma resposta repressiva das Forças Armadas, da Primeira Polícia e do Exército. Os combates entre os dois lados mataram cerca de 70 000 pessoas entre combatentes, camponeses e moradores da cidade. A isto se acrescenta que o Peru enfrentou o Equador no conflito da Falsa Paquisha em 1981, durante o segundo mandato do presidente Fernando Belaúnde Terry, com o Peru denunciando o ataque a uma de suas aeronaves, que estava realizando uma missão de suprimento de postos Vigilância de fronteiras no rio Comaina. No final do conflito, o presidente Belaúnde levanta a bandeira peruana nessa área. Esses movimentos agravaram o conflito de fronteira entre os dois países. Belaúnde também apoiou a Argentina com a venda de armas e munições na Guerra das Malvinas. A crise entrou em sua fase mais crítica no final da década, durante o primeiro governo de Alan García, quando o país sofreu uma forte crise econômica devido à falta de controle dos gastos fiscais e à consequente hiperinflação que atingiu o máximo de 7,649% em 1990, enquanto o Sendero Luminoso se envolveu nas grandes cidades do país, iniciando a fase mais difícil do conflito armado interno. O primeiro governo de Alan García terminou em meio à crescente impopularidade. Nas eleições de 1990, houve uma votação acirrada entre o escritor liberal Mario Vargas Llosa e Alberto Fujimori, que ganhou a presidência. Desde o início de seu mandato, ele encontrou forte oposição no Congresso pela Aliança Popular Revolucionária Americana e pela Frente Democrática. Em seu primeiro ano, ele aplicou uma política de choque à qual recusou durante sua campanha eleitoral, que ficou conhecida como "fujishock". Eventualmente, ele implementou uma série de reformas neoliberais, alinhando-se com o Consenso de Washington. Ao mesmo tempo, o conselheiro presidencial Vladimiro Montesinos foi nomeado chefe do Serviço Nacional de Inteligência do Peru, posição de onde dirigiu a cleptocracia na qual o governo de Alberto Fujimori derivou. Nas eleições gerais de 1990, Alberto Fujimori derrotou o escritor liberal Mario Vargas Llosa e foi eleito Presidente do país. Desde o início de seu mandato, ele enfrentou uma forte oposição no Congresso por parte da Aliança Popular Revolucionária Americana (APRA) e do Frente Democrático. No seu primeiro ano como presidente, aplicou uma política de terapia de choque (a qual ele havia negado durante sua campanha eleitoral), essa política ficou conhecida como "fujishock." Ele implementou uma série de reformas de caráter neoliberal, alinhando-se ao Consenso de Washington. Paralelamente, o assessor presidencial Vladimir Montesinos foi nomeado chefe do Serviço de Inteligência Nacional do Peru, posição na qual ele supostamente foi responsável pela tortura e morte de diversos opositores de Fujimori. Na madrugada do dia 5 de abril de 1992, Fujimori iniciou uma crise constitucional quando dissolveu o Congresso e restringiu a liberdade de imprensa com apoio das forças armadas. Ele convocou a Assembleia Constituinte, que redigiu uma nova constituição promulgada por ele em 1993. Alberto Fujimori permaneceu no poder e foi reeleito na eleição presidencial de 1995, momento no qual seu partido ganhou as eleições legislativas e obteve maioria absoluta no Congresso. Ainda assim, seu governo não conseguiu resolver a longa recessão econômica que afetava o país. Em geral na década de 1990, o país começou a se recuperar economicamente, no entanto, as acusações de autoritarismo, corrupção e violações aos direitos humanos forçaram a renúncia de Fujimori após a polêmica eleição de 2000. Desde o fim do regime de Fujimori, o Peru tenta lutar contra a forte corrupção, enquanto mantém o crescimento econômico. Em junho de 2016, em votação apertada, Pedro Pablo Kuczynski foi eleito presidente do país, sendo empossado no dia 28 do mês seguinte. Em março do 2018, Kuczynski renunciou a presidência durante um processo de impeachment, e seu primeiro vice-presidente, Martín Vizcarra assumiu o mandato. Em 30 de setembro de 2019, Vizcarra dissolveu o Congresso da República depois que este negara a confiança ao primeiro-ministro Salvador del Solar. Em 9 de novembro de 2020, Vizcarra foi destituído por um processo de impeachment, similar ao que levou a renúncia de seu antecessor, sendo substituído por Manuel Merino, presidente do Congresso. Geografia. O território peruano cobre km2 de área, no oeste da América do Sul. O país faz fronteira com o Equador e a Colômbia ao norte, o Brasil a leste, a Bolívia a sudeste, o Chile ao sul e o oceano Pacífico a oeste. Sua capital atual é Lima. Topografia e hidrografia. As montanhas dos Andes e o oceano Pacífico definem as três regiões tradicionalmente usadas ​​para descrever o país geograficamente. A costa (litoral), a oeste, é uma planície estreita, em grande parte árida, exceto por vales criados por rios sazonais. A serra (planalto) é a região da cordilheira dos Andes, que inclui o planalto Altiplano, bem como o ponto culminante do país, o Huascarán, com m de altitude. A terceira região é a selva (florestas), uma vasta extensão de planícies cobertas pela floresta Amazônica, que se estende a leste. Quase 60% da área do país está localizada dentro desta região. A maioria dos rios peruanos tem origem nos picos da cordilheira dos Andes e correm através de três bacias. Aqueles que correm em direção ao oceano Pacífico são íngremes e curtos, fluindo apenas intermitentemente. Os afluentes do rio Amazonas são mais longos, tem um fluxo muito maior e são menos íngremes, uma vez que saem da serra. Os rios que vão em direção ao Lago Titicaca são geralmente curtos e têm um grande fluxo. Os maiores rios do país são o Ucayali, o Marañón, o Putumayo, o Yavarí, o Huallaga, o Urubamba, o Mantaro e o Amazonas. Clima e biodiversidade. O Peru não tem um clima exclusivamente tropical, pois a influência da Cordilheira dos Andes e da corrente de Humboldt causa uma grande diversidade climática no país. A costa tem temperaturas moderadas, baixos índices de precipitações e alta umidade, com exceção de sua região norte, mais quente e úmida. Na serra ("sierra"), a chuva é frequente durante o verão e a temperatura e a umidade diminuem com a altitude até os picos congelados dos Andes. A selva é caracterizada por fortes chuvas e altas temperaturas, com exceção de sua parte mais ao sul, que tem invernos frios e chuvas sazonais. Devido à sua variada geografia e clima, o Peru tem uma grande biodiversidade, com espécies de plantas e animais registradas até 2009; delas endêmicas. Demografia. Com cerca de 31,2 milhões de habitantes, o Peru é o quinto país mais populoso da América do Sul. A taxa de crescimento demográfico caiu de 2,6% para 1,6% entre 1950 e 2000; a população deverá atingir a marca de cerca de 42 milhões de habitantes em 2050. Em 2007, 75,9% dos peruanos viviam em áreas urbanas e 24,1% em áreas rurais. Composição étnica. O Peru é um país multiétnico, formado por diferentes grupos ao longo de cinco séculos. De acordo com um estudo genético de DNA autossômico, realizado em 2008, pela Universidade de Brasília (UnB) a composição da população do Peru é a seguinte: 73% de contribuição indígena, 15,10% de contribuição europeia e 11,90% de contribuição africana. Uma tese de doutorado da Universidade Federal de Minas Gerais de 2013 indica uma ancestralidade autóctone de aproximadamente 80%. Um artigo da sciencemag.org de 2018 refere ancestralidade de 80% de nativos americanos, 16% de europeus e 3% de africanos. Os ameríndios habitam o território peruano há vários milênios, muito antes da conquista espanhola da região no , de acordo com o historiador Noble David Cook a população peruana diminuiu de quase 5–9 milhões habitantes em 1520 para cerca de 600 mil em 1620, principalmente por causa de doenças infecciosas. Espanhóis e africanos chegaram em grande número durante o domínio colonial, miscigenando-se entre si e com os povos indígenas. Ondas imigratórias graduais de europeus vindos de países como Itália, Espanha, França, Reino Unido e Alemanha seguiram-se após a independência. O Peru libertou seus escravos negros em 1854. Imigrantes chineses chegaram na década de 1850, substituindo trabalhadores escravos e, desde então, influenciaram muito a sociedade peruana. O último censo peruano que tentou classificar as pessoas por etnia aconteceu em 1940, quando 53% da população foi classificada como branca ou mestiça (brancos miscigenados e de ancestralidade ameríndia) e 46% como ameríndios. De acordo com o "CIA World Factbook", a maioria dos peruanos é indígena, principalmente quíchua e aimará, seguida por mestiços. No entanto, em uma pesquisa realizada em 2006 pelo Instituto Nacional de Estadística e Informática (INEI), a população peruana classificou a si mesma como mestiça (59,5%), seguido por quíchua (22,7%), aymara (2,7%), amazônicos (1,8%), negra/parda (1,6%), branca (4,9%) e "outros" (6,7%). Religiões. No censo de 2007, 81,3% da população com mais de 12 anos de idade descreveu-se como católica, 12,5% como evangélicos, 3,3% de outras denominações e 2,9% como irreligiosos. O governo peruano está intimamente ligado com a Igreja Católica. O artigo 50 da Constituição reconhece o papel da Igreja Católica como "um elemento importante no desenvolvimento histórico, cultural e moral da nação". O clero e leigos recebem remuneração do Estado, além do estipêndios pagos a eles pela Igreja. Isto aplica-se aos 52 bispos do país, assim como a alguns padres cujos ministérios estão localizados em cidades e vilas ao longo das fronteiras. Além disso, cada diocese recebe um subsídio mensal institucional do governo. Um acordo assinado com o Vaticano em 1980 concede o estatuto especial para a Igreja Católica no Peru. A Igreja Católica recebe o tratamento preferencial em matéria de educação, benefícios fiscais, de imigração de trabalhadores religiosos, e em outras áreas, em conformidade com o acordo. A lei exige que em todas as escolas, públicas e privadas, a educação religiosa seja parte do currículo de todo o processo de ensino (primário e secundário). O catolicismo é a única religião ensinada nas escolas públicas. Além disso, os símbolos religiosos católicos são encontrados em todos os edifícios governamentais e locais públicos. Urbanização. As principais cidades do país são Lima (o lar de mais de cerca de 8 milhões de pessoas), Arequipa, Trujillo, Chiclayo, Piura, Iquitos, Cuzco, Chimbote e Huancayo; todas registraram mais de 250 mil habitantes no censo de 2007. Existem 15 tribos indígenas isoladas no território peruano. O espanhol era o idioma usado por 83,9% dos peruanos com cinco anos de idade ou mais em 2007 e é a principal língua do país. Ele coexiste com várias outras línguas indígenas, sendo a mais comum o quíchua, falado por 13,2% da população do país. Outras línguas nativas e estrangeiras eram faladas naquela época por 2,7% e 0,1% dos peruanos, respectivamente. O índice de alfabetização foi estimado em 92,9% em 2007, mas essa taxa é menor em áreas rurais (80,3%) do que nas áreas urbanas (96,3%). O ensino primário e o secundário são obrigatórios e gratuitos nas escolas públicas. Política. Governo. O Peru é uma república democrática representativa presidencial com um sistema multipartidário. Sob a atual constituição, o presidente é o chefe de Estado e de governo, eleito para um mandato de cinco anos e não pode buscar a reeleição imediata, devendo ficar por pelo menos um termo constitucional antes da reeleição. O presidente designa o primeiro-ministro e, com o seu conselho, o resto do Conselho de Ministros. Há um Congresso unicameral com 130 membros eleitos para um mandato de cinco anos. Leis podem ser propostas tanto pelo poder executivo quanto pelo legislativo, e se tornam leis de facto após serem aprovadas pelo Congresso e promulgadas pelo presidente. O poder judiciário é nominalmente independente, embora a intervenção política em matéria de justiça tenha sido comum ao longo da história e, possivelmente, continue até hoje. O governo peruano é eleito diretamente e o voto é obrigatório para todos os cidadãos com idade entre 18 a 70 anos. As eleições gerais realizadas em 2006 terminaram em segundo turno com a vitória para o candidato presidencial Alan García, do Partido Aprista Peruano (52,6% dos votos válidos) sobre Ollanta Humala da União pelo Peru (47,4%). O congresso é composto atualmente por Partido Aprista Peruano (36 lugares), Partido Nacionalista Peruano (23 lugares), União pelo Peru (19 lugares), Unidade Nacional (15 vagas), Aliança para o Futuro Fujimorista (13 lugares), Aliança Parlamentar (9 lugares) e República Democrática do Grupo Parlamentar Especial (5 lugares). Forças armadas. As forças armadas peruanas são a principal força de combate e defesa da nação. É composta por um exército, uma marinha e uma aeronáutica, cuja principal função é defender a soberania, a independência e a integridade territorial do país. As forças armadas estão subordinadas ao Ministério da Defesa e ao presidente como comandante em chefe. A conscrição foi abolida em 1999 e substituída por um serviço militar voluntário. A Polícia Nacional do Peru, apesar de ser subordinada às forças armadas, é inteiramente construída sobre uma estrutura civil. A conscrição foi abolida em 1999 e substituída por um serviço voluntário. Relações internacionais. O Peru é um membro ativo de vários blocos regionais e um dos fundadores da Comunidade Andina de Nações. É também um participante em organizações internacionais como a Organização dos Estados Americanos e das Nações Unidas. As relações exteriores do Peru têm sido dominadas por conflitos de fronteira com países vizinhos, muitos dos quais foram liquidados durante o . Há ainda uma disputa com o Chile sobre limites marítimos no oceano Pacífico. Subdivisões. O Peru é dividido em 25 regiões e pela província de Lima. Cada região tem um governo próprio e eleito composto por um governador e um conselho com um mandato de quatro anos. Esses governos planejam o desenvolvimento regional, executam projetos de investimento público, promovem atividades econômicas e realizam a gestão das propriedades públicas. A província de Lima é administrada por um conselho da cidade. O objetivo é devolver o poder aos governos regionais e municipais, entre outros, para melhorar a participação política popular. ONGs fazem um importante papel no processo de descentralização e ainda influenciam a política local. Economia. O país é fortemente dependente da mineração para exportação de matérias-primas, que representam 60% das exportações: em 2019, o país era o segundo produtor mundial de cobre e prata, oitavo produtor mundial de ouro, terceiro produtor mundial de chumbo, segundo produtor mundial de zinco, o quarto maior produtor mundial de estanho, o quinto maior produtor mundial de boro e o quarto maior produtor mundial de molibdênio. – sem esquecer as explorações de gás e de petróleo. Pouco industrializado, o Peru sofre com a variação internacional dos preços das commodities. Na agricultura, o Peru é um dos 5 maiores produtores de abacate, mirtilo, alcachofra e aspargos, um dos 10 maiores produtores mundiais de café e cacau, e um dos 15 maiores produtores mundiais de batata e abacaxi, além de ter uma produção considerável de uva. Os produtos agrícolas exportados de maior valor são o café, as uvas, e frutas tropicais em geral. O cacau, o aspargo e o abacaxi, entre outros, também são plantados para a exportação. Na pecuária, o Peru é um dos 20 maiores produtores do mundo de carne de frango. Os serviços representam 53% do produto interno bruto nacional peruano, seguidos pela indústria transformadora (22,3%), indústrias extrativas (15%) e impostos (9,7%). Espera-se aumento do comércio após a aplicação de um acordo de livre comércio com os Estados Unidos, assinado em 12 de abril de 2006. As principais exportações do Peru são de cobre, ouro, zinco, têxteis e farinha de peixe. Seus principais parceiros comerciais são os Estados Unidos, China, Brasil e Chile. Em 2013 as exportações agrícolas tradicionais caiu 40,6 por cento. A economia do Peru tem experimentado um crescimento significativo nos últimos 15 anos. O país tem uma alta pontuação no Índice de Desenvolvimento Humano (0,740), segundo relatório de 2012. A renda "per capita" de 2008 foi de dólares; em 2009, 34,8% de sua população total era pobre, incluindo 11,5% que é extremamente pobre. Historicamente, o desempenho econômico do país foi amarrado às exportações, que fornecem divisas para financiar importações e os pagamentos da dívida externa. Embora as exportações apresentem receita substancial, o crescimento auto-sustentado e uma distribuição mais igualitária da renda provaram-se elusivos. Cerca de 18,1% das crianças menores de cinco anos sofrem de desnutrição crônica no Peru, as regiões com os maiores índices de desnutrição crônica são Huancavelica, com 51,3%, e Cajamarca, com 36,1%, seguido pelo Loreto, com 32,3%. A política econômica peruana tem variado muito ao longo das últimas décadas. O governo de Juan Velasco Alvarado (1968–1975) introduziu reformas radicais, que incluíram a reforma agrária, a expropriação das empresas estrangeiras, a introdução de um sistema de planejamento econômico e a criação de um amplo setor estatal. Estas medidas não conseguiram atingir os seus objetivos de redistribuição de renda e o fim da dependência econômica de países desenvolvidos. Apesar destes resultados negativos, a maioria das reformas não foi revertida até a década de 1990, quando a liberalização do governo de Alberto Fujimori terminou com os controles de preços, o protecionismo, as restrições ao investimento direto estrangeiro, e mais propriedade estatal das empresas Em 8 de agosto de 1990, o governo de Fujimori anunciou um choque econômico chamado "Fujishock": a taxa de câmbio foi desvalorizado em 227%, o preço da gasolina aumentou 3 000 por cento, desemprego subiu para 73%, a inflação chegou a 7 694,6%. (114,5% em 1987, 1 722% em 1988, 2 775% em 1989, e 7 694 em 1990). De acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), publicado em agosto de 2022, metade da população do Peru (16,6 milhões de pessoas) tem insegurança alimentar moderada e mais de 20% (6,8 milhões de pessoas) tem insegurança alimentar grave: ficam sem comida por um dia inteiro ou até mesmo por vários dias. Peru é o país sul-americano mais afetado pela fome. O diretor da FAO no Peru ressalta que "esse é o grande paradoxo de um país que tem alimentos suficientes para alimentar sua população. O Peru é um produtor líquido de alimentos e uma das maiores potências agroexportadoras da região". A insegurança alimentar se deve às grandes desigualdades sociais e aos baixos salários, sendo o salário mínimo peruano um dos mais baixos da América do Sul e o setor informal muito difundido. De acordo com a FAO, os próprios agricultores de pequena escala sofrem com a fome. Mal remunerados, eles também sofrem o impacto da mudança climática e enfrentam o problema do tráfico de drogas em suas terras e a atividade de mineração que está esgotando o solo. Infraestrutura. Educação. No Peru, a educação está sob a jurisdição do Ministério da Educação, que é responsável pela formulação, implementação e monitoramento da política nacional de educação. De acordo com a Constituição do Peru, a educação é obrigatória e gratuita em escolas públicas para os níveis iniciais, primário e secundário. Também é gratuito em universidades públicas para alunos com desempenho acadêmico satisfatório e que superam os exames de admissão (vestibular). A educação é dividida em diferentes níveis: a formação inicial, corresponde à do período entre zero e cinco anos de idade, e tem por finalidade principal dar às crianças estímulos necessários para o seu desenvolvimento, através de técnicas e atividades educacionais. O ensino primário começa com o primeiro ciclo, que consiste no primeiro e segundo grau. A idade de entrada para as crianças é de seis anos. Este nível começa na primeira série e termina na sexta série. O ensino secundário é constituído por cinco anos, do primeiro ao quinto ano. Em seguida, vem o ensino superior que é composto por cursos de graduação, tecnológico ou técnico. Para ingressar em universidades é essencial passar em um exame de admissão, embora a aprovação dependa da exigência da universidade. A primeira universidade criada no país foi a Universidade Nacional Maior de São Marcos, a mais antiga nas Américas, fundada em 12 de maio de 1551; seguida pela Universidade Nacional de San Cristóbal de Huamanga em 1677, da Universidade Nacional de San Antonio Abad de Cusco em 1692, Universidade Nacional de Trujillo criada em 1824, Universidade Nacional de Santo Agostinho fundada em 1828, Universidade Nacional de Engenharia (1876), Universidade Nacional Agrária La Molina (1902), Universidade Nacional do Centro do Peru (1959), a Universidade Nacional de Cajamarca (1962), Universidade Nacional Federico Villarreal em 1963, entre outras. Todas as universidades mais antigas do país são públicas. No lado das universidades privadas, a mais antiga é a Pontifícia Universidade Católica do Peru, criada em 1917, e a Universidade Peruana Cayetano Heredia, fundada em 1961. No norte do país, destaca-se também a Universidade Señor de Sipán, em Chiclayo. De acordo com os resultados do censo de 2007, cerca de 87,73% dos peruanos de três ou mais anos de idade são alfabetizados. Sobre o nível de escolaridade, 38,2% das pessoas têm o ensino secundário, enquanto que 31,3% concluíram o ensino superior. A média de anos de escolaridade é de 8,7 anos. Saúde. No país, os cidadãos possuem um sistema de saúde misto (público e privado). O Ministério da Saúde é responsável pela proteção da dignidade pessoal, promoção da saúde, prevenção de doenças e garantia de atenção integral a todos os habitantes, enquanto o Instituto Nacional de Saúde se encarrega da pesquisa, do desenvolvimento e da transferência de tecnologia. O percentual de gastos com saúde correspondente ao PIB foi de 5,2% em 2018. Segundo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2018, o sistema de saúde universal peruano cobre 78% da população com necessidades médicas. De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde, em 2016 a expectativa de vida dos homens era de 72 anos, enquanto para as mulheres era de 77,3 anos. A taxa de mortalidade infantil é de 17,8 por 1 000 nascimentos, tendo diminuído 76% de 1990 a 2011. O Instituto Nacional de Estatística e Informação (INEI) também fez uma projeção para os próximos 35 anos e afirmou que a esperança de vida, em 2050, chegará a 79 anos, bem como que a mortalidade infantil será reduzida para 10 mortes por 1 000 nascimentos neste mesmo período. As principais causas de morte em peruanos são neoplasias, influenzas, pneumonia, doença bacterianas, doenças isquêmicas do coração e doenças cerebrovasculares. De acordo com os Censos Populacionais e Habitacionais de 2017, 75,5% da população possui algum tipo de seguro saúde e 24,5% da população não possui nenhum tipo de seguro. Transportes. A rede de estradas do Peru, em 2021, era composta de 175 589 km de rodovias, com 29 579 km pavimentados. Algumas rodovias do país que se destacam são a Rodovia Pan-Americana e a Estrada do Pacífico. Em 2016 o país tinha 827 km de rodovias duplicadas, e vinha investindo em mais duplicações: o planejamento era ter 2634 km em 2026. Já a rede ferroviária do país é pequena: em 2018, o país só tinha 1 939 km de vías férreas. O Peru tem aeroportos internacionais importantes como os de Lima, Cuzco e Arequipa. Os 10 aeroportos mais movimentados da América do Sul em 2017 foram: São Paulo-Guarulhos (Brasil), Bogotá (Colômbia), São Paulo-Congonhas (Brasil), Santiago (Chile), Lima (Peru), Brasília (Brasil), Rio de Janeiro. (Brasil), Buenos Aires-Aeroparque (Argentina), Buenos Aires-Ezeiza (Argentina) e Minas Gerais (Brasil). O Peru tem portos importantes em Callao, Ilo e Matarani. Os 15 portos mais ativos da América do Sul em 2018 foram: Porto de Santos (Brasil), Porto da Bahía de Cartagena (Colômbia), Callao (Peru), Guayaquil (Equador), Buenos Aires (Argentina), San Antonio (Chile), Buenaventura (Colômbia), Itajaí (Brasil), Valparaíso (Chile), Montevidéu (Uruguai), Paranaguá (Brasil), Rio Grande (Brasil), São Francisco do Sul (Brasil), Manaus (Brasil) e Coronel (Chile). Cultura. A cultura peruana está enraizada principalmente nas tradições indígenas e espanholas, apesar de também ter sido influenciada por diversos grupos étnicos africanos, asiáticos e europeus. As tradições artísticas peruanas remontam à cerâmica elaborada, produtos têxteis, jóias e esculturas de culturas pré-incas. Os incas mantiveram estes ofícios e fizeram realizações arquitetônicas, incluindo a construção da cidade de Machu Picchu. O estilo barroco dominou a arte colonial, embora modificado por tradições nativas. Durante este período, a arte estava focada em temas religiosos; as inúmeras igrejas da época e as pinturas da Escola de Cuzco são representativas desse período. As artes estagnaram após a independência, até o surgimento do "Indigenismo", no início do . Desde os anos 1950, a arte peruana tornou-se eclética e foi moldada por correntes artísticas estrangeiras e locais. A culinária peruana combina as cozinhas indígena e espanhola, com fortes influências africanas, árabes, italianas, chinesas e japonesas. Entre os pratos comuns estão "anticuchos", "ceviches" e "pachamancas". O clima variado do país permite o crescimento de diversas plantas e animais, o que produz uma diversidade de ingredientes e técnicas culinárias que é elogiada em todo o mundo. A literatura peruana está enraizada nas tradições orais das civilizações pré-colombianas. Os espanhóis introduziram a escrita no ; a expressão literária colonial incluía crônicas e literatura religiosa. Após a independência, o costumbrismo e o romantismo se tornaram os gêneros literários mais comuns no país, como exemplificado nas obras do escritor Ricardo Palma. O movimento do indigenismo do início do foi liderado por escritores como Ciro Alegría e José María Arguedas. César Vallejo escreveu versos modernistas e muitas vezes era politicamente engajado. A literatura peruana moderna é reconhecida graças a autores como Mario Vargas Llosa, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura e um dos principais membros do chamado "boom latino-americano". A música peruana tem raízes andinas, espanholas e africanas. Em tempos pré-hispânicos, expressões musicais variaram muito em cada região; a "quena" e a "tinya" são dois instrumentos comuns. Os espanhóis introduziram novos instrumentos, como a guitarra e a harpa, o que levou ao desenvolvimento de instrumentos mestiços, como o "charango". Entre as contribuições africanas para a música peruana estão ritmos e o "cajón", um instrumento de percussão. Danças folclóricas peruanas incluem "marinera", "tondero", "zamacueca" e "huaino". Arquitetura. A arquitetura peruana é bem diversificada, e sua ampla história compreende desde o Antigo Peru, passando pelo Império Inca e Vice-reinado até os dias atuais. A arquitetura colonial peruana, desenvolvida no vice-reinado entre os séculos XVI e XIX, foi caracterizada por meio da importação e adaptação de estilos arquitetônicos europeus à realidade peruana, como um resultado da arquitetura original. A utilização de sistemas de construção, como a quincha, além de ornamentações de iconografia andina propiciaram à arquitetura colonial uma identidade peruana própria. Dois dos exemplos mais conhecidos do Renascimento são a Catedral de Cuzco e a Igreja de Santa Clara, também em Cusco. Após este período, a mistura cultural alcançou sua expressão mais rica no estilo barroco. O barroco, marcado como o período onde a arquitetura do país teve uma maior visibilidade, inspirou diversas construções em todo o país. A Basílica Menor e Convento de São Francisco o Grande, a Catedral de Cajamarca e a fachada da Universidade Nacional de San Antonio Abad de Cusco e, em geral, as igrejas de San Agustin, Santo Domingo e San Francisco, em Arequipa, são as principais representantes deste período. As guerras de independência formaram a maior contribuição para a interrupção do barroco como estilo arquitetônico, com o neoclassicismo de inspiração francesa preenchendo esta lacuna. O foi caracterizado pelo ecletismo, em oposição ao funcionalismo construtivo. O exemplo mais significativo é o Plaza San Martin, em Lima. Esportes. O esporte mais popular no Peru é o futebol. A seleção peruana se classificou para cinco Copas do Mundo FIFA (1930, 1970, 1978, 1982 e 2018) tendo como melhor colocação o sétimo lugar em 1970. A seleção peruana ganhou duas Copa América em 1939 e 1975. Os principais clubes de futebol são o Universitario de Deportes, Alianza Lima, Sporting Cristal da capital Lima e Cienciano de Cuzco, mesmo não tendo um título nacional, o Cienciano ganhou o status de grande porque ganhou a Copa Sul-Americana de 2003. O Universitario de Deportes é o clube de futebol do país mais bem sucedido sendo o maior campeão nacional, em 1972 o Universitario de Deportes chegou a final da Libertadores contra o Independiente onde foi vice, essa marca só foi alcançada de novo por um time peruano na Libertadores de 1997, onde o Sporting Cristal chegou a decisão contra o Cruzeiro Esporte Clube, sendo vice. O voleibol é o segundo esporte mais popular do país. Praticado principalmente pelas mulheres; nos Jogos Olímpicos de 1988 a seleção feminina de voleibol ganhou a medalha de prata. Outras medalhas olímpicas peruanas são 1 ouro e mais 2 pratas, sendo a primeira de todas conquistada ainda nos Jogos de Londres 1948. O país sediou em 2019, pela primeira vez, uma edição dos Jogos Panamericanos. Outro resultado expressivo é o vice-campeonato conquistado no Mundial de Voleibol Feminino de 1982, realizado no país. No tênis, seu melhor jogador foi Luis Horna, nº 33 do mundo em simples e nº 15 em duplas
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Personal digital assistant
Personal digital assistant Personal digital assistants (sigla PDA), em português assistente pessoal digital, também chamados de handhelds" ou palmtops", são computadores de dimensões reduzidas (cerca de A6), dotados de grande capacidade computacional, cumprindo as funções de agenda e sistema informático de escritório elementar, com possibilidade de interconexão com um computador pessoal e uma rede informática sem fios — Wi-Fi — para acesso a e-mail e internet. Os PDAs foram em grande parte descontinuados durante a década de 2010, em função da popularização dos smartphones e tablets, que absorveram praticamente toda a sua funcionalidade. A principal finalidade de um assistente digital pessoal (PDA) é atuar como um organizador eletrônico ou agenda portátil de planejamento diário. Também chamados de handhelds ou palmtops, evoluíram ao longo dos anos. Os modelos iniciais apenas gerenciavam informações pessoais como contatos, compromissos e listas de coisas a fazer, mas os dispositivos posteriores também podiam se conectar à internet, atuar como dispositivos de posicionamento global (GPS) e executar software multimídia. Famílias. Historicamente, havia duas famílias de PDAs: Os PalmOne e os Pocket PC. Os PalmOne utilizavam o sistema operacional Palm OS da PalmSource (anteriormente chamada Palm Computing), um sistema estável, mas restrito quanto ao número de fabricantes que o adaptaram. A Palm passou a adaptar o sistema Windows Mobile nos terminais com função celular como é o exemplo do Palm Treo 700 e 750v e Treo 500v. Os Pocket PC utilizavam o sistema Windows Mobile (com base no Windows CE da Microsoft), "compatível" com o Windows e foi adotado por uma gama bem variada de fabricantes de PDA. Estes PDAs utilizavam programas que possibilitavam a troca de dados com programas do Windows dos computadores de mesa. Sistemas operacionais. Havia também PDAs rodando o sistema operacional Linux. Um dos projetos mais conhecidos é o Pocket Linux, desenvolvido todo com base na distribuição do Debian, cuja ideia era criar um Linux extremamente fácil de manipular e utilizar, para substituir o sistema operacional proprietário de vários PDAs. A interface é simples e bem familiar aos usuários dos portáteis, e pode ser moldada através de temas que os próprios usuários podem criar, estes temas e configurações são salvos em XML podendo facilmente ser transportados para outros sistemas proprietários. O sistema tem um cliente de e-mail, leitor de música digital, jogos visualizadores de vídeo, bem como sistema de escrita manual. Modelos. Dentre os principais modelos, destacam-se os produzidos pela Palm, Inc. como as séries Palm Pilot, Palm m, Palm Tungsten, Zire Handheld e LifeDrive. Com o sistema operacional Pocket PC as série Acer N, Dell Axim, iPAQ, HP Jornada, Pocket LOOX da Siemens e Fujitsu, MobilePro da NEC, Pocket Viewer da Casio, Sharp Zaurus, Clié da Sony.
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Periodização da história
Periodização da história Periodização da história é um método cronológico usado para contar e separar o tempo histórico da humanidade em segmentos denominados época, era, idade ou período. A periodização é o estudo da História Geral da Humanidade, que costuma dividir a história humana por convenção; e exclusivamente para fins didáticos. Periodização clássica (eurocêntrica). Em cinco períodos, épocas ou idades — ao que se denomina periodização clássica da história — como a Pré-história, a Idade Antiga, a Idade Média, a Idade Moderna e a Idade Contemporânea. As ocorrências significativas para a História Geral, tomando como referência a Europa, e que delimitaram essa divisão são, cronologicamente: a invenção da escrita (c. 4000 a.C.); a queda do Império Romano (476 d.C.); a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos e o fim da "Guerra dos Cem Anos" na Europa (1453); e a "Revolução Francesa" (1789). A chamada Pré-história inicia-se com o surgimento do Homem na Terra; e dura até cerca de 4000 a.C., com o surgimento da escrita no Crescente Fértil, mais precisamente na Mesopotâmia. Caracteriza-se, grosso modo, pelo nomadismo e atividades de caça e re-coleção. Surge a agricultura e a pecuária, os quais levaram os homens pré-históricos ao sedentarismo e à criação das primeiras cidades. É dividida entre Idade da pedra e Idade dos metais, sendo a primeira subdividida em Paleolítico e Neolítico, enquanto a segunda em Idade do Cobre, Idade do bronze e Idade do ferro. Foram feitas grandes descobertas, sem as quais hoje seria muito difícil viver: Após a invenção da escrita, foram estabelecidas quatro idades: Críticas à periodização clássica. Os críticos dessa fórmula de periodização, baseada em eventos ou fatos históricos, apontam diversos inconvenientes em seus "recortes", entre os quais: Periodização marxista. A periodização marxista da história sugeriu uma série de critérios de periodização que estabelecem um elo entre os tempos longos das mudanças históricas, na escala das épocas que se sucedem, e os tempos mais curtos das etapas e situações, até o tempo acelerado das conjunturas. A periodização, portanto, é atrelada aos seguintes modos de produção: Periodização geológica. A versão aqui apresentada baseia-se na edição de 2004 do quadro estratigráfico Internacional da Comissão Internacional sobre Estratigrafia da União Internacional de Ciências Geológicas.
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Pecuária
Pecuária Pecuária é a atividade que envolve a criação e venda de animais para a produção de alimentos ou matérias-primas. Etimologia e história. "Pecus" em latim significa "gado". A palavra tem a mesma raiz de "pecúnia" (moeda, dinheiro). Na antiga Roma, os animais criados para abate também eram usados como reserva de valor. A criação de gado é uma das mais velhas atividades conhecidas, resultado do aperfeiçoamentos do trabalho dos caçadores-coletores, que já existiam há cerca de 100.000 anos, quando aprenderam a aprisionar os animais vivos para posterior abate. Posteriormente perceberam a possibilidade de administrar a sua reprodução. Nos primeiros estágios da pecuária, o homem continuava nômade, e na maioria das vezes conduzia seus rebanhos domesticados em suas perambulações, já não procurando a caça, mas sim novas pastagens para alimentar o rebanho. A ciência da criação de animais chama-se "Zootecnia" e é ensinada em muitas universidades e faculdades, principalmente em áreas rurais. A pecuária na atualidade. Na atualidade, os trabalhadores conhecidos como "peões", "vaqueiros", "campinos", entre outros, são aqueles que realizarem trabalhos com gado bovino e /ou bubalino criados primariamente para serem usados como fontes de carne. Carne (bovina, bubalina, de aves etc), ovos, leite e mel são os principais produtos alimentares oriundos da atividade pecuária. Couro, lã e seda são exemplos de fibras usadas na indústria de vestimentas e calçados. O couro também é extensivamente usado na indústria de mobiliário e de automóveis. Problemas ambientais. É um fator histórico de degradação da biodiversidade, gerando a seleção artificial de espécies, onde alguns seres vivos são selecionados e protegidos pelo homem. A pecuária ruminante, em escala industrial, devido ao processo digestivo de fermentação entérica, é reconhecida como uma importante fonte de emissão de gás metano - um potente gás de efeito estufa que contribui em 18% para o aquecimento global.. As emissões globais de metano geradas a partir dos processos entéricos são estimadas em 80 milhões de toneladas por ano, correspondendo a cerca de 22% das emissões totais de metano geradas por fontes antrópicas.
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Posição
Posição Em física, a posição de um corpo é a especificação de seu lugar no espaço. A identificação da posição é feita a partir de um vetor, denominado vetor posição, que pode ser escrito em função de um sistema de coordenadas de um certo referencial. A unidade de medida da posição no Sistema Internacional de Unidades é o metro. Nomenclatura. Para localizar a posição de um objeto no espaço são necessárias três medidas. Existe certa liberdade em como uma pessoa escolhe estas três medidas, chamadas de coordenadas do objeto. Isto da origem a diversos sistemas de coordenadas possíveis e todos são igualmente bons. No entanto, em alguns casos, a escolha do sistema de coordenada pode simplificar bastante a solução de um problema. Pelo fato de termos que utilizar três medidas para localizar o objeto dizemos então que o espaço tem três dimensões. Se o objeto estivesse sobre uma mesa, e estivéssemos apenas interessado na posição do mesmo sobre ela, poderíamos descartar uma das medidas e portando estaríamos lidando com um espaço com duas dimensões. Escolha da origem. Para localizar os objetos de seu interesse, primeiro é necessário escolher uma origem. A origem é o ponto de onde se sairá medindo as distâncias até os objetos. Qualquer ponto serve para a origem, mas algumas vezes existem pontos especiais que simplificam a tarefa. Por exemplo em uma sala, os cantos da sala podem ser ótimos pontos para se escolher a origem. Sistema cartesiano. Neste sistema utilizamos três distâncias de um ponto até a origem. Considerando que você esta em uma sala, estas três distâncias podem ser: A ordem em que estas distâncias é escolhida não é relevante, desde que se mantenha a consistência nas medidas. Para simplificar a contabilidade destas medidas utiliza-se uma lista com os valores. Suponha que os valores encontrados sejam, z = 1 metro, y = 3 metros, e x = 2 metros. Podemos escrever a posição do objeto desta forma: O motivo de escrever as medidas desta forma é para permitir utilizarmos o conceito de vetores. Com este formalismo podemos não só localizar os objetos, como também calcular a distância entre eles em um dado instante. Além disto, após aprendermos como trabalhar com estes conceitos em duas ou três dimensões podemos facilmente generalizar estas ideias para qualquer dimensão. Isto é, com o mesmo raciocínio usado aqui e uma notação 'esperta', podemos calcular distâncias, e muito mais, em qualquer dimensão.
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Paris
Paris Paris () é a capital e a mais populosa cidade da França, com uma população estimada em 2020 de habitantes em uma área de 105 quilômetros quadrados. Desde o século XVII, Paris é um dos principais centros de finanças, diplomacia, comércio, moda, ciência e artes da Europa. A cidade de Paris é o centro e sede de governo da região administrativa de Ilha de França, que tem uma população estimada em 2020 de habitantes, ou cerca de 18% da população da França. Em 2017, a região de Paris teve um PIB de 709 bilhões de euros. De acordo com a Pesquisa de Custo de Vida da Economist Intelligence Unit em 2018, Paris era a segunda cidade mais cara do mundo, atrás apenas da Singapura e à frente de Zurique, Hong Kong, Oslo e Genebra. Abrangendo numerosos monumentos e por conta de seu considerável papel político e econômico, Paris é também uma importante cidade na história do mundo. Sua posição numa encruzilhada entre os itinerários comerciais terrestres e fluviais no coração de uma rica região agrícola a tornou uma das principais cidades francesas ao longo do , beneficiada com palácios reais, ricas abadias e uma catedral. Ao longo do , tornou-se um dos primeiros focos europeus do ensino e da arte. A importância econômica e política de Paris foi reforçada quando os Reis de França e a corte fixaram-se na cidade. Assim, Paris se converteu em uma das mais importantes cidades de todo o mundo ocidental, na capital da maior potência política europeia (), no centro cultural da Europa () e na capital da arte e do lazer (). Paris é a capital econômica e comercial da França, onde os negócios da Bolsa e das finanças se concentram. A densidade da sua rede ferroviária, rodoviária e da sua estrutura aeroportuária — um hub da rede aérea francesa e europeia — fazem-na um ponto de convergência para os transportes internacionais. A cidade abriga dois aeroportos internacionais: o Aeroporto de Paris-Charles de Gaulle, o segundo aeroporto mais movimentado da Europa, e o Aeroporto de Paris-Orly. Inaugurado em 1900, o metrô da cidade, o Metropolitano de Paris, atende 5,23 milhões de passageiros diariamente; é o segundo sistema de metrô mais movimentado da Europa, superado pelo metrô de Moscou. A Gare du Nord é a 24.ª estação ferroviária mais movimentada do mundo, porém a primeira localizada fora do Japão, com 262 milhões de passageiros em 2015. Em 2018, Paris recebeu 16,8 milhões de turistas, sendo a oitava cidade mais visitada do mundo naquele ano, assim como a segunda cidade da Europa, depois de Londres. O clube de futebol Paris Saint-Germain e o clube de rugby Stade Français estão sediados em Paris. O Stade de France, com 81 mil lugares, construído para a Copa do Mundo FIFA de 1998, está localizado ao norte da cidade, na comuna vizinha de Saint-Denis. Paris organiza anualmente o torneio Grand Slam de tênis. Sediou os Jogos Olímpicos de Verão de 1900 e 1924, devendo sediar o de 2024. Paris também foi a cidade-sede das Copas do Mundo FIFA de 1938 e 1998, a Copa do Mundo de Rugby Union de 2007 e o Campeonato Europeu de Futebol de 1960, 1984 e 2016. A competição de ciclismo de estrada "Tour de France" finaliza-se em Paris em todo mês de julho. Etimologia. Paris deve seu nome aos Parísios, um povo gaulês que habitava a região antes da chegada dos romanos. Após conquistá-los, os romanos rebatizaram seu assentamento como "Lutécia dos Parísios" (). Ao longo do , essa denominação, aos poucos, deu lugar ao nome atual. Os Parísios também emprestaram seu nome a algumas outras vilas da região, tais como Villeparisis, Cormeilles-en-Parisis, e Fontenay-en-Parisis. Paris é frequentemente chamada de "cidade das luzes" ("La Ville Lumière"), tanto por conta de seu papel de liderança durante a Era do Iluminismo quanto mais literalmente porque Paris foi uma das primeiras grandes cidades europeias a usar a iluminação pública a gás em grande escala em seus bulevares e monumentos. Em 1829, luzes de gás foram instaladas na Place du Carrousel, Rue de Rivoli e Place Vendôme. Em 1857, as grandes avenidas foram acesas. Na década de 1860, as avenidas e ruas de Paris eram iluminadas por 56 mil lâmpadas de gás. História. Origens. Os parísios, uma subtribo dos Sênones celtas, habitavam a área atualmente compreendida como Paris por volta de meados do . Uma das principais rotas comerciais norte-sul da região atravessava o Sena na Ilha da Cidade; este local de encontro de rotas comerciais tornou-se gradualmente um importante centro comercial. Os Parísios negociaram com muitas cidades fluviais (algumas tão distantes quanto a Península Ibérica) e cunharam suas próprias moedas para esse propósito. Os romanos conquistaram a Bacia de Paris em e começaram seu assentamento na margem esquerda de Paris. A cidade romana era originalmente chamada de Lutécia ou Lutécia dos Parísios (). Tornou-se uma cidade próspera com um fórum, termas, templos, teatros e um anfiteatro. No final do Império Romano do Ocidente, a cidade era conhecida como Parísio, um nome latino que mais tarde se tornaria Paris em francês. O cristianismo foi introduzido em meados do por São Dionísio, o primeiro bispo de Paris: segundo a lenda, quando Dionísio se recusou a renunciar à sua fé diante dos ocupantes romanos, foi decapitado na colina que ficou conhecida como "Monte do Martírio" ("Mons Martyrum"), mais tarde Montmartre, de onde andou sem sua cabeça para o norte da cidade; o local onde caiu e foi enterrado se tornou um importante santuário religioso, a Basílica de São Dionísio, onde muitos reis franceses estão enterrados. Clóvis, o primeiro rei da Dinastia merovíngia, fez da cidade sua capital a partir de 508. Quando o domínio franco da Gália começou, houve uma imigração gradual dos francos para Paris e nasceram os dialetos francófonos parisienses. A fortificação da Ilha da Cidade não conseguiu evitar o saque pelos viquingues em 845, mas a importância estratégica de Paris—com suas pontes que impediam a passagem de navios—foi estabelecida por uma defesa bem-sucedida no cerco de Paris (885-86), pelo qual o então conde de Paris, Eudo de França, foi eleito rei da Frância Ocidental. Da dinastia capetiana iniciada com a eleição de 987 de Hugo Capeto, conde de Paris e duque dos francos, como rei de uma Frância unificada, Paris gradualmente se tornou a maior e mais próspera cidade da França. Idade Média a Luís XIV. No final do , Paris havia se tornado a capital política, econômica, religiosa e cultural da França. O Palais de la Cité, a residência real, ficava no extremo oeste da Ilha da Cidade. Em 1163, durante o reinado de , Maurício de Sully, bispo de Paris, empreendeu a construção da Catedral de Notre Dame na extremidade oriental da cidade. Depois que o pântano entre o rio Sena e o seu mais lento "braço morto" ao norte foi preenchido por volta do , o centro cultural de Paris começou a se mudar para a margem direita. Em 1137, um novo mercado da cidade (hoje Les Halles de Paris) substituiu os dois menores na Ilha da Cidade e na Place de la Grève (Hotel de Ville). No final do , Filipe II de França estendeu a fortaleza do Louvre para defender a cidade contra invasões de rios do oeste, deu à cidade suas primeiras muralhas entre 1190 e 1215, reconstruiu suas pontes para ambos os lados da ilha central e pavimentou suas principais vias. Em 1190, Filipe II transformou a antiga escola catedral de Paris no que se tornaria a Universidade de Paris e atrairia estudantes de toda a Europa. Com 200 mil habitantes em 1328, Paris, à época já capital da França, era a cidade mais populosa da Europa. Londres, em comparação, tinha 80 mil em 1300. Durante a Guerra dos Cem Anos, Paris foi ocupada pelas forças da Borgonha, aliada da Inglaterra, a partir de 1418, antes de ser ocupada pelos ingleses quando Henrique V de Inglaterra entrou na capital francesa em 1420; apesar de um esforço em 1429 por Joana d'Arc para libertar a cidade, esta permaneceu sob ocupação inglesa até ser libertada por Carlos VII em 1436. Nas Guerras religiosas na França do final do , Paris era uma fortaleza da Liga Católica, responsável por organizar o Massacre da noite de São Bartolomeu em 24 de agosto de 1572, no qual milhares de protestantes franceses foram mortos. Os conflitos terminaram quando o pretendente ao trono Henrique IV, depois de se converter ao catolicismo e conseguir entrar na cidade em 1594, reivindicou a coroa francesa. Henrique fez várias melhorias na capital durante seu reinado: concluiu a construção da primeira ponte descoberta e revestida de calçada de Paris, a Pont Neuf, construiu uma extensão do Louvre, conectando-o ao Palácio das Tulherias, e criou a primeira praça residencial de Paris, a Place Royale, agora Place des Vosges. Apesar dos esforços de Henrique para melhorar a circulação da cidade, a estreiteza das ruas de Paris foi um fator que contribuiu para seu assassinato perto do mercado Les Halles em 1610. Durante o , o Cardeal de Richelieu, ministro-chefe de Luís XIII, estava determinado a fazer de Paris a cidade mais bonita da Europa. Construiu cinco novas pontes, uma nova capela para o Colégio de Sorbonne e um palácio para si, o Cardeal Palais, que legou a Luís XIII. Após a morte de Richelieu em 1642, o palácio foi renomeado para Palais-Royal. Devido às revoltas parisienses durante a guerra civil de Fronda, Luís XIV mudou sua corte para um novo palácio, Versalhes, em 1682. Embora não fosse mais a capital da França, as artes e as ciências da cidade floresceram com a Comédie-Française, a Academia de Pintura e a Academia Francesa de Ciências. Para demonstrar que a cidade estava a salvo de ataques, o rei demoliu as muralhas da cidade e as substituiu por bulevares arborizados que se tornariam os atuais "Grands Boulevards". Outras marcas de seu reinado foram o Collège des Quatre-Nations, o Place Vendôme, o Place des Victoires e o Hôtel des Invalides. Séculos XVIII e XIX. A população de Paris cresceu de cerca de 400 mil habitantes em 1640 para 650 mil em 1780. Uma nova avenida, a Champs-Élysées, estendeu a cidade a oeste de Étoile, enquanto o bairro Faubourg Saint-Antoine, no leste da cidade e habitado pela classe trabalhadora, ficava cada vez mais lotado de trabalhadores pobres que migravam de outras regiões da França. Paris foi o centro de uma explosão de atividades filosófica e científica conhecida como Era do Iluminismo. Diderot e d'Alembert publicaram sua "Encyclopédie" em 1751, e os Irmãos Montgolfier lançaram o primeiro voo tripulado em um balão de ar quente em 1783, dos jardins do Castelo de la Muette. Paris era a capital financeira da Europa continental, o principal centro europeu de publicação de livros, de moda e de fabricação de móveis finos e artigos de luxo. No verão de 1789, Paris se tornou o palco central da Revolução Francesa. Em 14 de julho, uma multidão apreendeu o arsenal de Invalides, adquirindo milhares de armas, e invadiu a Bastilha, um símbolo da autoridade real. A primeira Comuna de Paris independente, ou conselho da cidade, reuniu-se no Hôtel de Ville e, em 15 de julho, elegeu um prefeito, o astrônomo Jean Sylvain Bailly. Luís XVI e a família real foram trazidos para Paris e feitos prisioneiros no Palácio das Tulherias. Em 1793, quando a revolução se tornou cada vez mais radical, o rei, a rainha e o prefeito foram guilhotinados (executados) no Reino do Terror, juntamente com mais de 16 mil pessoas em toda a França. A propriedade da aristocracia e da igreja foi nacionalizada, e as igrejas da cidade foram fechadas, vendidas ou demolidas. Uma sucessão de facções revolucionárias governou Paris até 9 de novembro de 1799, quando Napoleão Bonaparte tomou o poder como primeiro cônsul. A população de Paris havia diminuído 100 mil habitantes durante a Revolução, mas entre 1799 e 1815 aumentou em 160 mil novos residentes, chegando a 660 mil. Napoleão substituiu o governo eleito de Paris por um prefeito que reportava apenas a si próprio. Também passou a erguer monumentos para a glorificação militar, incluindo o Arco do Triunfo, e melhorou a infraestrutura negligenciada da cidade com novas fontes, o Canal de l'Ourcq, o Cemitério do Père-Lachaise e a primeira ponte metálica da cidade, a Pont des Arts. Durante a Restauração, as pontes e praças de Paris foram devolvidas aos seus nomes pré-Revolução, mas a Revolução de Julho de 1830 em Paris trouxe um monarca constitucional, Luís Filipe I, ao poder. A primeira linha ferroviária para Paris foi inaugurada em 1837, iniciando um novo período de migração maciça das províncias para a cidade. Luís Filipe foi derrubado por uma revolta popular nas ruas de Paris em 1848. Seu sucessor, Napoleão III, e o recém-nomeado prefeito do Sena, Georges-Eugène Haussmann, lançaram um gigantesco projeto de obras públicas para construir novas avenidas, uma nova casa de ópera, um mercado central, novos aquedutos, canos de esgoto e parques, incluindo o Bois de Boulogne e o Bois de Vincennes. Em 1860, Napoleão III também anexou as cidades vizinhas e criou oito novos "arrondissements", expandindo Paris aos seus limites atuais. Durante a Guerra Franco-Prussiana (1870-1871), Paris foi sitiada pelo exército prussiano. Após meses de bloqueio, fome e bombardeio pelos prussianos, a cidade foi forçada a se render em 28 de janeiro de 1871. Em 28 de março, um governo revolucionário chamado Comuna de Paris tomou o poder em Paris. A Comuna manteve o poder por dois meses, até que foi severamente reprimida pelo exército francês durante a "Semana Sangrenta", no final de maio de 1871. No final do , Paris sediou duas grandes exposições internacionais: a Exposição Universal de 1889, realizada para marcar o centenário da Revolução Francesa e apresentar a nova Torre Eiffel; e a Exposição Universal de 1900, que deu a Paris a Ponte Alexandre III, o Grand Palais, o Petit Palais e a primeira linha do Metropolitano de Paris. Na mesma época, Paris tornou-se o laboratório do naturalismo (Émile Zola) e do simbolismo (Charles Baudelaire e Paul Verlaine), assim como do impressionismo na arte (Courbet, Manet, Monet e Renoir). Séculos XX e XXI. Em 1901, a população de Paris havia crescido para . No início do século, artistas de todo o mundo, incluindo Pablo Picasso, Modigliani e Henri Matisse, fizeram de Paris sua casa. Foi o berço do fauvismo, cubismo e da arte abstrata, e autores como Marcel Proust estavam explorando novas abordagens para a literatura. Durante a Primeira Guerra Mundial, Paris às vezes se encontrou na linha de frente do conflito; entre 600 a táxis de Paris tiveram um pequeno papel, mas altamente importante do ponto de vista simbólico, ao transportarem 6 mil soldados para a linha de frente na Primeira Batalha do Marne. A cidade também foi bombardeada por zepelins e por armas de longo alcance alemãs. Nos anos após a guerra, conhecidos como "Les Années Folles", Paris continuou sendo uma meca para escritores, músicos e artistas de todo o mundo, incluindo Ernest Hemingway, Igor Stravinsky, James Joyce, Josephine Baker, Allen Ginsberg e o surrealista Salvador Dalí. Nos anos seguintes à Conferência de Paz de Paris, a cidade agricou um número crescente de estudantes e ativistas de colônias francesas e outros países asiáticos e africanos, que mais tarde se tornaram líderes de seus países de origem, como Ho Chi Minh, Zhou Enlai e Léopold Sédar Senghor. Em 14 de junho de 1940, o exército alemão marchou para Paris, que foi declarada como uma "cidade aberta". De 16 a 17 de julho de 1942, seguindo ordens alemãs, a polícia e os gendarmes franceses prenderam judeus, incluindo crianças, e os confinaram durante cinco dias no Rafle du Vélodrome d'Hiver, de onde foram transportados de trem para o campo de concentração de Auschwitz; nenhuma das crianças voltou. Em 25 de agosto de 1944, a cidade foi libertada pela 2.ª Divisão Blindada Francesa e pela 4.ª Divisão de Infantaria do Exército dos Estados Unidos. O general Charles de Gaulle liderou uma enorme e emotiva multidão pelos Campos Elísios em direção a Notre Dame de Paris e proferiu um inflamado discurso do Hôtel de Ville. Nas décadas de 1950 e 1960, Paris se tornou uma frente da Guerra de Independência Argelina; em agosto de 1961, a FLN, pró-independência, atacou e matou 11 policiais de Paris, levando à imposição de um toque de recolher aos muçulmanos da Argélia (que na época eram cidadãos franceses). Em 17 de outubro de 1961, uma manifestação não autorizada, mas pacífica, de argelinos contra o toque de recolher levou a violentos confrontos entre a polícia e manifestantes, nos quais pelo menos 40 pessoas foram mortas, incluindo algumas jogadas no Sena. A anti-independência Organisation Armée Secrète, por sua vez, realizou uma série de atentados em Paris ao longo de 1961 e 1962. Em maio de 1968, estudantes ocuparam a Sorbonne e colocaram barricadas no Quartier Latin. Milhares de trabalhadores parisienses de colarinho azul se juntaram aos estudantes, e o movimento se transformou em uma greve geral de duas semanas. Os eventos de maio de 1968 no país resultaram na divisão da Universidade de Paris em 13 campi independentes. Em 1975, a Assembleia Nacional mudou o status de Paris para o de outras cidades francesas e, em 25 de março de 1977, Jacques Chirac se tornou o primeiro prefeito eleito da cidade desde 1793. A população de Paris caiu de em 1954 para em 1990, quando famílias da classe média se mudaram para os subúrbios. Uma rede ferroviária suburbana, o RER, foi construída para complementar o metrô, e a via expressa Périphérique que circunda a cidade foi concluída em 1973. A maioria dos presidentes do pós-guerra, período conhecido como Quinta República, buscaram deixar suas marcas em Paris; Georges Pompidou iniciou o Centre Georges Pompidou (1977), Valéry Giscard d'Estaing deu início ao Musée d'Orsay (1986); President François Mitterrand, no poder por 14 anos, construiu a Ópera da Bastilha (1985–1989), o novo local da Biblioteca Nacional da França (1996), o Arche de la Défense (1985–1989), e a pirâmide do Louvre, com seu pátio subterrâneo (1983–1989); Jacques Chirac (2006), o Museu do Quai Branly. Entre julho e outubro de 1995, uma série de bombardeios realizados pelo Grupo Islâmico Armado da Argélia causou 8 mortes e mais de 200 feridos. O atentado mais mortífero ocorreu na estação de metro de Saint-Michel-Notre Dame, em 25 de julho daquele, onde foram registradas as 8 mortes. No início do , a população de Paris começou a aumentar lentamente novamente, à medida que mais jovens se mudaram para a cidade; em 2012 atingiu cerca de 2,2 milhões de habitantes. Em 2001, Bertrand Delanoë se tornou o primeiro prefeito socialista. Em 2007, em um esforço para reduzir o tráfego de carros na cidade, Delanoë lançou o Vélib', um sistema de aluguel de bicicletas para o uso de moradores e visitantes. Em 7 de janeiro de 2015, dois extremistas muçulmanos franceses atacaram a sede do "Charlie Hebdo" em Paris e mataram treze pessoas, em um ataque reivindicado pela Al-Qaeda na Península Arábica e em 9 de janeiro, um terceiro terrorista, que alegou ser parte do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIS), matou quatro reféns durante um ataque a um supermercado judeu em Porte de Vincennes. Em 11 de janeiro, cerca de 1,5 milhão de pessoas marcharam em Paris em uma demonstração de solidariedade contra o terrorismo e em apoio à liberdade de expressão. Em 13 de novembro do mesmo ano, uma série de ataques terroristas coordenados em Paris e Saint-Denis foram reivindicados pelo ISIS e causaram a mais de mais de 100 pessoas. Geografia. Paris está localizada no norte da França central, ao norte do rio Sena, que inclui duas ilhas, a Île Saint-Louis e a Île de la Cité, que formam a parte mais antiga da cidade. A foz do rio no Canal da Mancha ("La Manche") fica a 375 km a jusante da cidade. A cidade está espalhada amplamente nas duas margens do rio. No geral, Paris é relativamente plana e o ponto mais baixo fica 35 m acima do nível do mar. A cidade tem várias colinas proeminentes, a mais alta das quais é Montmartre, a 130 m. Excluindo os parques periféricos de Bois de Boulogne e Bois de Vincennes, Paris cobre uma área oval medindo cerca de 87 km² de área, cercada pelo anel viário de 35 km, o Boulevard Périphérique. A última grande anexação de territórios periféricos da cidade em 1860 não apenas lhe deu sua forma moderna, mas também criou os 20 arrondissements em espiral no sentido horário (bairros municipais). Da área de km de 78 km², os limites da cidade foram expandidos marginalmente para 86,9 km² na década de 1920. Em 1929, os parques florestais de Bois de Boulogne e Bois de Vincennes foram oficialmente anexados à cidade, elevando sua área a cerca de 105 km². A área metropolitana da cidade tem 2 300 km². Dum e doutro lado do rio, o relevo apresenta várias formações isoladas de gipsita que formam pequenas colinas. Na margem direita: Montmartre (131 metros de altitude), com ponto culminante no Cimetière du Calvaire; Belleville (128,5 metros), com ponto culminante na Rue du Télégraphe; Ménilmontant (108 metros); Buttes-Chaumont (103 metros); Passy (71 metros); e Chaillot (67 metros). Sobre a margem esquerda: Montparnasse (66 metros); Butte-aux-Cailles (63 metros); e Montagne Sainte-Geneviève (61 metros). A cidade de Paris com 105 km² ocupa o 113º lugar dentre as comunas da França metropolitana em área. Por outro lado, a unidade urbana de Paris, como se diz da própria cidade mais a sua aglomeração urbana periférica, cobre uma superfície de 2 723 km² reunindo habitantes repartidos, em 1999, dentre 396 comunas da Île-de-France. Hidrografia. O Sena corta a cidade formando um arco, entrando pelo sudeste e saindo pelo sudoeste. Mais de trinta pontes permitem a travessia do curso fluvial, que é igualmente atravessado por dois outros cursos d'água: o Bièvre, que vem do sul de Paris, hoje em dia inteiramente subterrâneo; e o canal Saint-Martin, inaugurado em 1825, com comprimento de 4,5 quilómetros. Este canal é parcialmente subterrâneo desde a rue du Faubourg-du-Temple até a Bastille e constitui a parte terminal do canal de l'Ourcq, de 108 quilómetros de comprimento, que entra na cidade pelo nordeste. O canal Saint-Martin alimenta a bacia de Villette, passa sob a Place de la Bastille antes de se juntar ao Sena num curso acima da île Saint-Louis, após o porto do Arsenal. Um canal dele se divide na bacia de Villette na direção de Saint-Denis, o canal Saint-Denis, de 4,5 quilómetros de comprimento, aberto em 1821. O canal Saint-Denis deságua no Sena rio abaixo, evitando cortar a cidade. Geologia. A Bacia parisiense forma um grande conjunto de estratos sedimentares sucessivos. É um dos primeiros lugares que serviram de objeto duma carta geológica, inspirando homens como Georges Cuvier que firmaram as bases de numerosas teorias em geologia tais como a paleontologia e a anatomia comparada. Constituída há 41 milhões de anos, trata-se uma bacia marinha epicontinental em repouso sobre um maciço datando do Paleozoico, nomeadamente, o Maciço de Vosges, o Maciço Central e o Maciço Armoricano. Com a formação dos Alpes, a bacia se deformou mas continuou aberta para o Canal da Mancha e para o Oceano Atlântico. Assim se prefiguraram as futuras bacias fluviais do Loire e do Sena. Ao final do Oligoceno, a bacia parisiense se torna continental. Em 1911, Paul Lemoine mostra que a bacia é composta de estratos dispostos em depressões concêntricas. Mais tarde, os estudos se aprofundaram na coleta de dados sísmicos; perfurações e poços permitiram desenhar cartas sísmicas precisas. Estes mesmos confirmam a disposição dos estratos em depressões concêntricas mas com objetos complexos, como as falhas. As formações do relevo parisiense se situam nos estratos do Mesozoico e do Paleogeno (era terciária) e foram elaboradas pela erosão. O primeiro estrato datando da era terciária é constituído de aluviões do Sena de época moderna. Os depósitos mais antigos são de areia e de argila datando do estágio do Ypresiano presentes no 16º arrondissement de Auteuil até Trocadéro. Mas o estágio mais conhecido é o Lutetiano, rico em gipsita e em calcário. O subsolo parisiense se caracteriza pela presença de numerosas pedreiras de calcário, gipsita e pedra de mó. Algumas foram usadas como catacumbas e formam o ossário do conselho, do qual uma parte está aberta ao público. O calcário foi explorado até o sobre a margem esquerda, da Place d'Italie até Vaugirard. Hoje em dia, a sua extração está deslocada mais para o Oise, em Saint-Maximin por exemplo. A exploração da gipsita era muito ativa em Montmartre e em Bagneux. A hidrogeologia é muito influenciada pela urbanização. O Rio Bièvre, pequeno afluente do Sena que um dia modelou toda a margem esquerda, foi coberto no por razões higiênicas. Numerosos riachos subterrâneos estão presentes no subsolo parisiense, como os de Auteuil, os quais fornecem uma fonte de água subterrânea para a cidade. O riacho albienne é o mais conhecido da região e tem sido explorado por Paris desde 1841 pelos poços artesianos de Grenelle. Parques. Hoje, Paris possui mais de 421 parques e jardins municipais, cobrindo mais de três mil hectares e contendo mais de 250 mil árvores. Dois dos jardins mais antigos e famosos de Paris são o Jardim das Tulherias (criado em 1564 para o Palácio das Tulherias e refeito por André Le Nôtre entre 1664 e 1672) e o Jardim de Luxemburgo, para o Palácio de Luxemburgo, construído para Maria de Médici em 1612, que hoje abriga o Senado. O "Jardin des plantes" foi o primeiro jardim botânico de Paris, criado em 1626 pelo médico de Luís XIII, Guy de La Brosse, para o cultivo de plantas medicinais. Entre 1853 e 1870, o imperador Napoleão III e o primeiro diretor de parques e jardins da cidade, Jean-Charles Alphand, criaram os Bois de Boulogne, Bois de Vincennes, Parc Montsouris e Parc des Buttes-Chaumont, localizados nos quatro pontos cardeais pela cidade, bem como muitos parques, praças e jardins menores nos bairros de Paris. Desde 1977, a cidade criou 166 novos parques, principalmente o Parc de la Villette (1987), Parc André Citroën (1992), Parc de Bercy (1997) e Parc Clichy-Batignolles (2007). Um dos mais novos parques, a Promenade des Berges de la Seine (2013), construída em uma antiga rodovia na margem esquerda do Sena, entre a Ponte de l'Alma e o Musée d'Orsay, possui jardins flutuantes e oferece vistas dos marcos da cidade. Corridas semanais ocorrem no Bois de Boulogne e no Parc Montsouris. Meio ambiente e clima. Como todas as grandes metrópoles do planeta, Paris sofre as consequências ambientais ligadas à escalada da sua população e da sua atividade económica. Paris é a capital de maior densidade populacional da Europa. Os espaços verdes são poucos e de baixa biodiversidade, apesar dos parques e jardins que tem sido criados no curso das duas últimas décadas a fim de paliar essa carência. A poluição atmosférica e a poluição sonora constituem problemas de saúde pública; por esse motivo, criaram-se redes de monitoramento de poluição. Para melhorar a qualidade do ar, a cidade decidiu proibir automóveis com matrícula anterior a outubro de 1997 de circular nos finais de semana. Entrando no domínio das anedotas, Paris possui uma reputação pouco gloriosa em matéria de dejetos caninos. Esses dejetos são considerados como a causa primária da sujeira da cidade pelos habitantes. Um estudo do Institut d'aménagement et d'urbanisme (IAU) publicado em 2019 sublinha que os preços da habitação levam os modestos a abandonar Paris e a instalar-se em departamentos vizinhos, como Seine-Saint-Denis, o que tende a provocar uma "gentrificação" da capital e uma pauperização dos departamentos vizinhos. Paris tem um clima de tipo oceânico de transição: a influência oceânica é preponderante sobre a influência continental e se traduz em verões relativamente frios (18 °C em média) e invernos amenos (6 °C em média). Há chuvas frequentes em todas as estações e um tempo difícil de prever, mas a influência continental faz com que as chuvas sejam bem mais fracas (641 milímetros) do que na costa, independentemente das temperaturas, seja no coração do inverno ou no mais estafante verão. O desenvolvimento urbano provoca uma alta da temperatura assim como uma baixa do número de dias encobertos. Demografia. A estimativa oficial da população da cidade de Paris era de habitantes em 1 de janeiro de 2019, de acordo com o INSEE, o órgão oficial de estatística do país. O resultado é um declínio de em relação a 2015. Em 2017, Paris era a cidade mais densamente habitada da Europa, com habitantes por quilômetro quadrado. A queda populacional foi atribuída em parte a uma menor taxa de natalidade, à saída de moradores de classe média e à possível perda de moradias na cidade por conta dos aluguéis destinados ao turismo. Paris é o quarto maior município da União Europeia, depois de Berlim, Madri e Roma. O Eurostat, a agência de estatísticas da UE, põem Paris (com 6,5 milhões de pessoas) em segundo lugar, atrás de Londres (8 milhões) e à frente de Berlim (3,5 milhões), segundo projeções de 2012. A população atual de Paris é inferior ao seu pico histórico de 2,9 milhões em 1921. As principais razões foram um declínio significativo no tamanho das famílias e uma migração dramática de moradores para os subúrbios entre 1962 e 1975. Os fatores para a migração incluíram desindustrialização, aluguéis caros, a gentrificação de muitos bairros, a transformação do espaço em escritórios e uma maior riqueza entre as famílias trabalhadoras. A perda populacional cessou temporariamente no início do século XXI; a estimativa de julho de 2004 mostrou um aumento populacional pela primeira vez desde 1954, e a população atingiu em 2009, antes de novamente diminuir um pouco em 2017. Paris é o centro de uma área construída que se estende muito além de seus limites: comumente chamada de aglomeração parisiense e estatisticamente como uma unidade urbana, a população da aglomeração parisiense em 2019, de , a tornou a maior área urbana da União Europeia. Em 2015, a Área Metropolitana de Paris possuía habitantes, o que representava um quinto da população da França. Desigualdade social. A alta contínua dos preços imobiliários explica a substituição progressiva das populações modestas ou intermediárias por uma nova classe mais abastada. Constata-se tal processo de gentrificação em numerosas outras metrópoles como Londres ou Nova Iorque. Em Paris, essa evolução vulgarizou o termo "bobos" (a partir de burguês-boêmio, termo ambíguo porém muito usado ao qual os sociólogos raramente fazem referência) antes de provocar uma mutação social de bairros ainda recentemente considerados como populares, tais como o 10º arrondissement ou certas comunas suburbanas próximas (e.g., Montreuil em Seine-Saint-Denis). Paris é a 12ª cidade francesa de mais de 20 mil habitantes em proporção de pessoas submetidas ao "imposto solidário sobre a fortuna" (ISF, um imposto sobre fortunas superiores a 790 mil euros), isto é, há 34,5 famílias contribuintes fiscais para cada . contribuintes declaravam um patrimônio médio de euros em 2006. O 16º arrondissement encabeça a lista em número de contribuintes, somando contribuintes. Mas se Paris tem uma imagem de "cidades dos ricos", com uma proporção de classes sociais elevadas do que alhures, a sociologia do intramuros permanece uma realidade de contrastes. Deve-se primeiro ressaltar que, segundo o índice de paridade de poder de compra (PPC), as receitas reais dos parisienses são muito inferiores às suas receitas nominais: de facto, o custo de vida no intramuros (a começar pelo de moradia) é particularmente elevado, e os mesmos produtos custam geralmente mais caro em Paris que no interior. Além disso, as estatísticas de receitas médias frequentemente iludem o observador (como o ressaltou Joseph Stiglitz) pois qualquer receita muito alta (em jargão estatístico, "outlier") pode aumentar exponencialmente a receita média da maioria da população. No caso parisiense, o limiar dos 10% de receitas mais altas (o 9º decil) explica em grande parte o alto nível de "receitas médias" da capital: a receita média desse limiar é de euros anuais. É por essa mesma razão que a receita mensal mediana dos parisienses é muito inferior à receita média. As diferenças sociais são tradicionalmente marcadas entre os habitantes do oeste de Paris (essencialmente abastados) e os do leste. Assim, a receita média declarada no 7º arrondissement, a mais elevada, era de euros por contribuinte em 2001, isto é, mais do dobro da do 19º arrondissement que não passa de euros, valor próximo da mediana das receitas de Seine-Saint-Denis de euros. Os 6º, 7º, 8º e 16º arrondissements são classificados ao nível das dez comunas de Île-de-France em receita média mais elevada, enquanto que os 10º, 18º, 19º e 20º arrondissements estão ao nível das comunas mais pobres de Île-de-France. Nota-se enfim fortíssimas disparidades de receita no seio mesmo de todos arrondissements: a razão inter-decil (os 10% das receitas mais elevadas sobre os 10% das receitas mais baixas) menos significante é de 6,7 no 12º arrondissement, contra 13,0 no 2º arrondissement (que apresenta a mais forte dispersão de receitas). Numa perspectiva ampliada, Paris se classifica entre os departamentos da França metropolitana onde as famílias mais pobres têm as menores receitas (81º lugar), e apresenta uma razão interdecil de 10,5 o que a torna o departamento francês com as maiores disparidades sociais. Religião. Os dados do censo francês não contêm informações sobre afiliação religiosa. De acordo com uma pesquisa realizada em 2011 pela IFOP, uma organização francesa de pesquisa de opinião pública, 61% dos residentes da região de Paris (Ilha de França) se identificaram como católicos romanos, apesar de 46% deles serem não praticantes. Na mesma pesquisa, 7% dos residentes se identificaram como muçulmanos, 4% como protestantes, 2% como judeus e 25% como sem religião. Segundo o INSEE, entre 4 e 5 milhões de residentes franceses nasceram ou tiveram pelo menos um dos pais nascidos em um país predominantemente muçulmano, principalmente na Argélia, no Marrocos e na Tunísia. Uma pesquisa do IFOP em 2008 relatou que, dos imigrantes desses países predominantemente muçulmanos, 25% iam à mesquita regularmente; 41% praticavam a religião e 34% eram não praticantes. Em 2012 e 2013, estimou-se que havia quase 500 mil muçulmanos na cidade de Paris, 1,5 milhão de muçulmanos na região da Ilha de França e 4 a 5 milhões de muçulmanos na França. A população judaica da região de Paris foi estimada em 2014 em 282 mil, a maior concentração de judeus no mundo fora de Israel e dos Estados Unidos. Imigração. De acordo com o censo francês de 2012, moradores da cidade de Paris (26,2% do total), e da região de Paris (Ilha de França) (23,4%), nasceram fora da região metropolitana da França. Haviam nascido na França Ultramarina residentes da cidade e da região, sendo mais de dois terços dos quais nas Antilhas francesas. Este grupo não é considerado imigrante pois possuem nacionalidade francesa. Nasceram em países estrangeiros, mas obtiveram cidadania francesa ao nascer, habitantes da cidade e da região. Tal grupo abrange muitos cristãos e judeus no norte da África que se mudaram para a França e Paris após a independência dos países que nasceram. O grupo restante, de pessoas nascidas em países estrangeiros sem cidadania francesa ao nascer, são aquelas definidas como imigrantes pela lei francesa. Segundo o censo de 2012, residentes da cidade de Paris eram imigrantes da Europa, eram do Magrebe, da África Subsaariana e Egito, da Turquia, da Ásia (fora da Turquia), das Américas e do Pacífico Sul. Na região de Paris, moradores eram imigrantes da Europa, do Magrebe, da África Subsaariana e Egito, da Turquia, da Ásia (fora da Turquia), das Américas e do Pacífico Sul. Em 2012, havia cidadãos britânicos e norte-americanos morando na cidade de Paris (Ville de Paris) e britânicos e norte-americanos morando em toda a região de Paris (Île-de-France). Habitação. As ruas residenciais mais caras de Paris em 2018, em preço médio por metro quadrado, foram a Avenue Montaigne (no 8º "arrondissement"), ao preço de 22 372 euros por metro quadrado, a Place Dauphine (1º "arrondissement"; 20 373 euros) e a Rue de Furstemberg (6º "arrondissement"; euros). O número total de residências na cidade em 2011 era de , acima do registrado em 2006, de . Destas, (85,9%) eram residências "principais", (6,8%) residências secundárias e 7,3% estavam vazias (abaixo dos 9,2% em 2006). Em relação ao ano de construção, 62% das edificações datavam de 1949 ou antes disso, 20% foram construídos entre 1949 e 1974 e apenas 18% após essa data. Dois terços das 1,3 milhão de residências da cidade eram estúdios e apartamentos de dois quartos. Paris tinha uma média de 1,9 pessoas por residência, um número que permanece constante desde a década de 1980, mas é menor que a média de 2,33 pessoas por residência da Ilha de França. Ademais, a maior parte da população pagava aluguel. Na noite de 8 a 9 de fevereiro de 2019, durante um período de clima frio, uma ONG de Paris realizou sua contagem anual de moradores de rua em toda a cidade. Ao todo, a organização contabilizou pessoas mendigos, dos quais 12% eram mulheres. Mais da metade estava desabrigada há mais de um ano. Moravam nas ruas ou parques pessoas, 298 nas estações de trem e metrô e 756 em outras formas de abrigo temporário. O número total representou um aumento de 588 pessoas desde 2018. Subúrbios. Além da adição do Bois de Boulogne, do Bois de Vincennes e do heliporto de Paris no século XX, os limites administrativos de Paris permanecem inalterados desde 1860. Um departamento administrativo maior do Sena governava Paris e seus subúrbios desde a sua criação em 1790, mas a crescente população suburbana dificultou sua manutenção como entidade única. Tal problema foi "resolvido" quando o Distrito da região de Paris foi reorganizado em vários novos departamentos desde 1968: Paris tornou-se um departamento em si, e a administração de seus subúrbios foi dividida entre os três novos departamentos ao seu redor. O distrito da região de Paris foi renomeado para "Ilha de França" em 1977, mas esse nome abreviado de "região de Paris" ainda é comumente usado atualmente para descrever a Ilha de França e como uma vaga referência a toda a aglomeração de Paris. Em janeiro de 2016, os antigos esforços para unir Paris e seus subúrbios foram reforçados com a criação da Metrópole da Grande Paris. A desconexão de Paris com seus subúrbios e sua falta de transporte suburbano tornaram-se bastante evidentes com o crescimento da aglomeração de Paris. Paul Delouvrier prometeu resolver o desacordo dos subúrbios de Paris quando se tornou chefe da região em 1961: dois de seus projetos mais ambiciosos para a região foram a construção de cinco "villes nouvelles" ("novas cidades") suburbanas e a rede de trens urbanos RER. Muitos outros distritos residenciais suburbanos (grandes conjuntos) foram construídos entre as décadas de 1960 e 1970 para fornecer uma solução de baixo custo a uma população em rápida expansão. A princípio tais distritos eram socialmente variados, mas poucos moradores possuíam suas casas (a economia crescente os tornou acessíveis à classe média somente a partir da década de 1970). Ademais, a sociologia urbana da aglomeração de Paris é basicamente a mesma do século XIX: suas classes afortunadas estão situadas no oeste e sudoeste, e as classes média-baixa estão no norte e leste. As áreas restantes são em sua maioria ocupadas por habitantes da classe média, rodeados por "ilhas" populacionais de pessoas mais afortunadas que estão ali localizadas devido a motivos históricos, nomeadamente Saint-Maur-des-Fossés ao leste e Enghien-les-Bains ao norte de Paris. Administração. Governo municipal. Durante quase toda a sua longa história, exceto por alguns breves períodos, Paris foi governada diretamente por representantes do rei, imperador ou presidente da França. A cidade não recebeu autonomia municipal pela Assembleia Nacional até 1974. Abolido em 1871, o cargo de prefeito foi restabelecido em 1977, com a eleição de Jacques Chirac. O prefeito de Paris é eleito indiretamente; os eleitores de cada um dos 20 "arrondissements" da cidade elegem membros para o Conselho de Paris ("Conseil de Paris"), que posteriormente elege o prefeito. A atual prefeita é Anne Hidalgo, do Partido Socialista, eleita em 5 de abril de 2014. O Conselho de Paris é composto por 163 membros, com cada distrito alocando um número de assentos dependendo do tamanho de sua população, sendo um mínimo de 10 membros para cada um dos distritos menos populosos (1º a 9º) a 34 membros para os mais populosos (15º). Os conselheiros são eleitos usando a representação proporcional em lista fechada em um sistema de dois turnos. As listas de partidos que obtiverem maioria absoluta no primeiro turno - ou pelo menos uma pluralidade no segundo turno - ganham automaticamente metade dos assentos de um distrito. A metade restante dos assentos do Conselho é distribuída proporcionalmente a todas as listas que ganharam pelo menos 5% dos votos, usando o método das médias mais altas. Desta forma, há a garantia de que o partido ou coalizão vencedora sempre conquiste a maioria dos assentos, mesmo que não ganhe a maioria absoluta dos votos. Cada um dos 20 "arrondissements" de Paris tem sua própria prefeitura e um conselho eleito diretamente ("conseil d'arrondissement"), que, por sua vez, elege um prefeito do "arrondissements". O conselho de cada "arrondissements" é composto por membros do Conselho de Paris e também membros que servem apenas no conselho do "arrondissements". O número de vice-prefeitos em cada "arrondissements" varia de acordo com sua população. Há um total de 20 prefeitos e 120 vice-prefeitos. O orçamento da cidade para 2018 foi de 9,4 bilhões de euros, com um déficit de 5,7 bilhões de euros. Destes, 7,8 bilhões de euros foram destinados à administração da cidade (despesas operacionais) e 1,6 bilhões de euros para investimentos. O número de funcionários públicos municipais aumentou de em 1990 para 52 mil em 2019; os gastos com pessoal em 2018 totalizaram 2,4 bilhões de euros. Metrópole da Grande Paris. A Metrópole da Grande Paris foi formalmente criada em 1 de janeiro de 2016. É uma estrutura administrativa de cooperação entre a cidade de Paris e seus subúrbios mais próximos. Além da cidade de Paris, abrange comunas dos três departamentos dos subúrbios (Altos do Sena, Seine-Saint-Denis e Vale do Marne), sete comunas nos subúrbios, incluindo Argenteuil em Val-d'Oise e Paray-Vieille-Poste em Essonne, que foram adicionados para incluir os principais aeroportos de Paris. A Metrópole cobre uma área de e tem uma população de 6,945 milhões de pessoas. A nova estrutura é administrada por um Conselho Metropolitano formado por 210 membros, não eleitos diretamente, mas escolhidos pelos conselhos das comunas. Suas competências básicas incluem planejamento urbano, habitação e proteção do meio ambiente. Embora a Metrópole tenha uma população de quase sete milhões de pessoas e represente 25% do PIB da França, possui um orçamento muito pequeno: apenas 65 milhões de euros. Governo nacional. Como capital da França, Paris é a sede do governo nacional do país. Os chefes do Executivo possuem residências oficiais, que também são utilizadas como local de trabalho. O presidente da República Francesa reside no Palácio do Eliseu, localizado no 8.º "arrondissement", enquanto o primeiro-ministro fica no Hôtel Matignon, no 7.º "arrondissement". Os ministérios do governo estão localizados em várias partes da cidade; muitos estão localizados no 7º "arrondissement", perto do Hôtel Matignon. As duas casas do Parlamento francês estão localizadas na margem esquerda. A câmara alta, o Senado, reúne-se no Palácio do Luxemburgo, no 6º "arrondissement", enquanto a câmara baixa mais importante, a Assembleia Nacional, tem sua sede no Palácio Bourbon, no 7º "arrondissement". O presidente do Senado, o segundo cargo público mais elevado hierarquicamente (sendo o presidente da República o único superior), reside no "Petit Luxembourg", um palácio anexo menor do Palácio do Luxemburgo. Os tribunais de mais alta instância da França estão localizados em Paris. A Corte de Cassação, o tribunal superior nas matérias criminais e civis, está localizado no Palácio da Justiça, na Île de la Cité, enquanto o Conseil d'État, que presta assessoria jurídica ao executivo e atua como o mais alto tribunal da ordem administrativa, julgando litígios contra órgãos públicos, está localizado no Palais Royal, no 1º "arrondissement". O Conselho Constitucional, um órgão consultivo com autoridade máxima sobre a constitucionalidade de leis e decretos governamentais, também se reúne na ala Montpensier do Palais Royal. Paris e sua região ainda abrigam a sede de várias organizações internacionais, incluindo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a Câmara de Comércio Internacional, a Agência Espacial Europeia, a Agência Internacional de Energia e o Bureau Internacional de Exposições. Força policial. A segurança de Paris é principalmente de responsabilidade da Prefeitura de Polícia de Paris, uma subdivisão do Ministério do Interior. Tem como atribuições supervisionar as unidades da Polícia Nacional que patrulham a cidade e os três departamentos vizinhos. Também é responsável por fornecer serviços de emergência, incluindo o Corpo de Bombeiros de Paris. A Prefeitura de Polícia da cidade conta com 34 mil policiais. A polícia nacional possui sua própria unidade especial para controle de distúrbios, multidões e segurança de prédios públicos, denominada Compagnies Républicaines de Sécurité (CRS), uma unidade formada em 1944 logo após a libertação da França. Ademais, a polícia é apoiada pela Gendarmaria Nacional, um ramo das Forças Armadas francesas, embora suas operações policiais agora sejam supervisionadas pelo Ministério do Interior. De acordo com relatório da embaixada norte-americana na França, os índices de criminalidade em Paris são "semelhantes ao da maioria das grandes cidades" e "os crimes violentos são relativamente raros no centro da cidade." O relatório prosseguiu afirmando que a violência política é "relativamente incomum. Grandes manifestações em Paris são geralmente gerenciadas por uma forte presença policial, mas esses eventos podem se tornar perigosos e devem ser evitados". Relações exteriores. Paris tem uma cidade-gémea e cidades parceiras: Economia. Paris, como o resto da Île-de-France mas de maneira ainda mais marcada, é mais rica e mais terceirizada que a média francesa. A aglomeração parisiense é todavia claramente menos especializada economicamente que outros grandes centros econômicos mundiais, notadamente Londres, sua grande rival na Europa, que é particularmente dinâmica no setor financeiro. Todavia, segundo Éric Le Boucher, a Île-de-France conhece um declínio econômico e perdas de emprego: "nenhuma região-capital do mundo perde tantos empregos como Paris, obscurecida por seu passado brilhante, mal-governada, fragmentada em seus egoísmos, anêmica, sem haver se inscrito resolutamente na competição mundial entre as metrópoles do . Ao se tratar da rivalidade entre Paris e Londres, John Ross, conselheiro econômico do prefeito de Londres, estima em 2008 no "The Economist" que Paris perdeu há muito tempo a competição econômica com Londres: "Nós não nos consideramos como em competição com Paris, nós já ganhamos esse combate. Nós nos medimos contra Nova Iorque". Essa afirmação é testemunha da agudeza da rivalidade entre as grandes metrópoles mundiais e especialmente entre Londres e Paris, assim como das disputas de comunicação que rodeiam essa concorrência para atrair para atrair as perspectivas de investimentos associados. "The Economist" ajunta que Londres ultrapassa desde então Paris em quase todos os grandes indicadores econômicos. Todavia, Paris dispõe de um número maior de grupos do Fortune 500 que na cidade tem suas sedes, a Île-de-France se impõe como a primeira região europeia, à frente da Grande Londres, em número de empregos criados pelas implantações internacionais em 2007 e pôr fim a capital francesa emite a cada ano mais patentes que a capital inglesa e dispõe de uma maior proporção de pesquisadores na sua mão-de-obra. Neste momento, o PIB por paridade do poder de compra da aglomeração parisiense, estimada em 460 mil milhõesPE/bilhõesPB de dólares, é comparável, ou até mesmo superior ao de Londres. Paris continua sendo de longe o departamento que agrupa mais empregos na região com cerca de em 2004, ou seja, 31% dos empregos privados da região, à frente de Hauts-de-Seine com empregos (16%). Os salários parisienses (19 euros por hora por ano, em 2002) são ligeiramente superiores à média regional (18,2 euros) e largamente superiores à média nacional (13,1 euros). Entretanto, essa diferença se explica essencialmente pela forte sobre-representação dos quadros gerenciais que constituem 25% dos assalariados. A cidade se caracteriza sobretudo por sua forte desigualdade social: os 10% dos assalariados mais bem pagos ganha quatro vezes mais que os 10% menos bem pagos, o que está um pouco acima da média regional (3,7), mas é bastante superior à disparidade constatada no resto da França (2,6). Semelhantemente, as desigualdades geográficas aparecem no próprio seio da cidade: o salário horário médio oferecido no 8° arrondissement (24,2 euros) é superior em 82% ao do 20° arrondissement (13,3 euros). Contrariamente, as disparidades salariais homem-mulher que ocupam idênticas posições profissionais não passa de 6% em Paris contra 10% no resto da França. Em La Défense está a maior parte das sedes de grandes empresas e dos empregos de alto nível. Duas zonas são dignas de nota: o centro de Paris e o bairro de La Défense, nos subúrbios do oeste. O bairro de negócios no centro de Paris se estende sobre um perímetro bastante grande em torno da casa de ópera e da estação de Saint-Lazare. Este bairro conserva um papel importante mas os preços imobiliários dos seus escritórios são muito elevados e a área que pode ser ocupada é limitada pelas regras de urbanismo. Entre 1994 e 2005, o seu número de empregos privados claramente diminuiu em benefício dos subúrbios vizinhos no oeste principalmente La Défense. Turismo. Em 2018, medido pelo Índice de Destino de Cidades Globais da MasterCard, Paris era o segundo destino aéreo mais movimentado do mundo, com 19,10 milhões de visitantes, atrás de Bangcoc (22,78 milhões), mas à frente de Londres (19,09 milhões). De acordo com a Convenção de Paris e o Bureau de Visitantes, trabalhadores na Grande Paris, ou 12,4% da força de trabalho total, estão envolvidos em setores relacionados ao turismo, como hotéis, restauração, transporte e lazer. A principal atração turística da cidade era a Catedral de Notre Dame, que recebeu cerca de 12 milhões de visitantes em 2018, mas agora está fechada para reforma após o incêndio de 15 de abril de 2019 e não se espera que seja reaberta por vários anos. O segundo foi a Basilique du Sacré-Coeur em Montmartre, com um número estimado de 11 milhões de visitantes, seguido pelo Museu do Louvre (10,1 milhões de visitantes); Centre Pompidou (3,5 milhões de visitantes); Museu d'Orsay (3,3 milhões); Museu Nacional de História Natural da França (2,4 milhões de visitantes); Capela de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa (2 milhões de visitantes); Arco do Triunfo (1,7 milhão de visitantes) e Sainte-Chapelle (1,3 milhão de visitantes). O centro de Paris contém os monumentos mais visitados da cidade, incluindo a Catedral de Notre Dame (agora fechada para restauração) e o Louvre, bem como a Sainte-Chapelle; Les Invalides, onde está localizado o túmulo de Napoleão, e a Torre Eiffel estão localizadas na margem esquerda, a sudoeste do centro. O Panthéon e as Catacumbas de Paris também estão localizados na margem esquerda do Sena. As margens do principal rio da cidade, da Pont de Sully a Pont d'Iéna, estão listadas como Patrimônio Mundial pela UNESCO desde 1991. Vários outros marcos muito visitados estão localizados nos subúrbios da cidade; a Basílica de Saint-Denis, em Seine-Saint-Denis, é o berço do estilo gótico da arquitetura e da necrópole real dos reis e rainhas franceses. A região de Paris abriga três outros locais do patrimônio da UNESCO: o Palácio de Versalhes, a oeste, o Palácio de Fontainebleau, ao sul, e o local de feiras medievais de Provins, a leste. Na região também está localizada a Disneyland Paris, em Marne-la-Vallée, a 32 quilômetros a leste do centro de Paris e que recebeu 9,8 milhões de visitantes em 2018. Paris é famosa por seus grandes hotéis. O Hotel Meurice, aberto para viajantes britânicos em 1817, foi um dos primeiros hotéis de luxo em Paris. A chegada das ferrovias e a Exposição Universal de 1855 trouxeram a primeira inundação de turistas e os primeiros grandes hotéis modernos; o Hôtel du Louvre (agora um mercado de antiguidades) em 1855; o Grand Hotel (agora o InterContinental Paris Le Grand Hotel) em 1862; e o Hôtel Continental em 1878. O Hôtel Ritz na Place Vendôme foi inaugurado em 1898, seguido pelo Hôtel Crillon em um edifício do século XVIII na Place de la Concorde em 1909; o Hotel Bristol na Rue du Faubourg-Saint-Honoré em 1925; e o Hotel George V em 1928. Infraestrutura. Educação. Paris é o departamento com a maior proporção de pessoas altamente educadas. Em 2009, cerca de 40% dos parisienses possuíam diploma de nível superior, a maior proporção na França, enquanto 13% não possuem diploma, a terceira menor porcentagem na França. A educação em Paris e na região de Île-de-France emprega aproximadamente 330 mil pessoas, das quais são professores ensinando aproximadamente 2,9 milhões de crianças e estudantes em cerca de 9 mil escolas e instituições de ensino fundamental, médio e superior. A Universidade de Paris, fundada no século XII, é frequentemente chamada de Sorbonne por causa de uma de suas faculdades medievais originais. Foi dividido em treze universidades autônomas em 1970, após as manifestações estudantis em 1968. Atualmente, muitos dos "campi" estão no Quartier Latin, onde a antiga universidade estava localizada, enquanto outros estão espalhados pela cidade e pelos subúrbios. A região de Paris abriga a maior concentração francesa das grandes "écoles" - 55 centros especializados de ensino superior fora da estrutura da universidade pública. As prestigiadas universidades públicas são geralmente consideradas grandes instituições. A maioria das grandes "écoles" foi transferida para os subúrbios de Paris nas décadas de 1960 e 1970, em novos "campi" muito maiores que os antigos campi da movimentada cidade de Paris, embora a École Normale Supérieure tenha permanecido na rue d'Ulm no 5º arrondissement. Há um grande número de escolas de engenharia, lideradas pelo Instituto de Tecnologia de Paris, que compreende várias faculdades, como a École Polytechnique, a École des Mines, a AgroParisTech, a Télécom Paris, a Arts et Métiers e a École des Ponts et Chaussées. Existem também muitas escolas de negócios, incluindo HEC, INSEAD, ESSEC e ESCP. A escola administrativa, como a Escola Nacional de Administração, foi transferida para Estrasburgo, a escola de ciências políticas Sciences-Po ainda está localizada no 7º arrondissement de Paris e a mais prestigiada universidade de economia e finanças, Paris-Dauphine, está localizada no 16º de Paris. O departamento CELSA da escola parisiense de jornalismo da Universidade Paris-Sorbonne está localizado em Neuilly-sur-Seine. Saúde. Os serviços de saúde e serviços médicos de emergência na cidade de Paris e nos seus subúrbios são fornecidos pela Assistance Publique – Hôpitaux de Paris (AP-HP), um sistema público que emprega mais de 90 mil pessoas (incluindo profissionais, pessoal de apoio e administradores) em 44 hospitais. É o maior sistema hospitalar da Europa, fornecendo assistência médica, ensino, pesquisa, prevenção, educação e serviços médicos de emergência em 52 ramos da medicina. Os hospitais recebem mais de 5,8 milhões de visitas anuais de pacientes. Um dos hospitais mais notáveis é o Hôtel-Dieu, fundado em 651, o hospital mais antigo da cidade, embora o edifício atual seja o produto de uma reconstrução de 1877. Outros hospitais incluem o Hospital Pitié-Salpêtrière (um dos maiores da Europa), o Instituto Curie, o Hôpital Lariboisière e o Hospital Americano de Paris. Eletricidade. A eletricidade é fornecida a Paris através de uma rede periférica alimentada por várias fontes. Até 2012, cerca de 50% da eletricidade gerada na Ilha de França vem de usinas de cogeração localizadas próximas aos limites externos da região; outras fontes de energia incluem a Usina Nuclear de Nogent (35%), incineração de lixo (9% - com usinas de cogeração, estas também fornecem a cidade no calor), gás metano (5%), hidráulica (1%), energia solar (0,1%) e uma quantidade insignificante de energia eólica (0,034 GWh). Um quarto do aquecimento urbano da cidade é proveniente de uma fábrica em Saint-Ouen-sur-Seine, queimando uma mistura 50/50 de carvão e 140 mil toneladas de pellet de madeira vindas dos Estados Unidos por ano. Mídia. Paris e seus subúrbios próximos abrigam inúmeros jornais, revistas e publicações, como "Le Monde", "Le Figaro", "Libération", "Le Nouvel Observateur", "Le Canard enchaîné", "La Croix", "Pariscope", "Le Parisien" (em Saint-Ouen), "Les Échos", "Paris Match" (Neuilly-sur-Seine), "Réseaux & Télécoms", Reuters e "L'Officiel des Spectacles". Os dois jornais de maior prestígio da França, "Le Monde" e "Le Figaro", são as peças centrais da indústria editorial parisiense. A Agence France-Presse (AFP) é a agência de notícias mais antiga da França e uma das mais antigas do mundo, operando continuamente. A AFP, como é abreviada coloquialmente, mantém sua sede em Paris, como desde 1835. France 24 é um canal de notícias de televisão pertencente e operado pelo governo francês e está sediado em Paris. Outra agência de notícias é a France Diplomatie, de propriedade e operada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, e refere-se apenas a notícias e ocorrências diplomáticas. A rede mais vista em França, a TF1, fica nas proximidades de Boulogne-Billancourt. France 2, France 3, Canal+, France 5, M6 (Neuilly-sur-Seine), Arte, D8, W9, TFX, NRJ 12, La Chaîne parlementaire, France 4, BFM TV e Gulli são outras estações localizadas nos arredores da capital. A Radio France, emissora pública de rádio da França e seus diversos canais, está sediada no 16º arrondissement de Paris. A Rádio França Internacional, outra emissora pública também está sediada na cidade. Paris também possui a sede da La Poste, a transportadora postal nacional da França. Transportes. Paris é um importante centro de transporte ferroviário, rodoviário e aéreo. A Île-de-France Mobilités (IDFM), anteriormente o Syndicat des transports d'Île-de-France (STIF) e antes disso Syndicat des transports parisiens (STP), supervisiona a rede de trânsito na região. O sindicato coordena o transporte público e o contrata para o RATP (que opera 347 linhas de ônibus, o metrô, oito linhas de bondes e seções do RER), o SNCF (que opera trilhos suburbanos, uma linha de bondes e as demais seções do RER) e o consórcio Optile de operadores privados que gerenciam 1 176 linhas de ônibus. Desde a inauguração de sua primeira linha em 1900, a rede do metrô de Paris cresceu e se tornou o sistema de transporte local mais usado da cidade; hoje, transporta cerca de 5,23 milhões de passageiros diariamente através de 16 linhas, 303 estações (385 paradas) e 220 km de trilhos. Sobreposta a isso está uma 'rede expressa regional', a RER, cujas cinco linhas (A, B, C, D e E), 257 paradas e 587 km de trilhos conectam Paris a partes mais distantes da cidade. Mais de 26,5 bilhões de euros serão investidos nos próximos 15 anos para estender a rede metrô aos subúrbios, com destaque para o projeto Grand Paris Express. Além disso, a região de Paris é servida por uma rede ferroviária de nove linhas de tramway. Atualmente, cinco novas linhas ferroviárias leves estão em vários estágios de desenvolvimento. Paris é um importante centro de transporte aéreo internacional, com o quinto sistema aeroportuário mais movimentado do mundo. A cidade é servida por três aeroportos internacionais comerciais: Paris-Charles de Gaulle, Paris-Orly e Beauvais-Tillé. Juntos, esses três aeroportos registraram tráfego de 96,5 milhões de passageiros em 2014. Há também um aeroporto de aviação geral, Paris-Le Bourget, historicamente o aeroporto parisiense mais antigo e mais próximo do centro da cidade, que agora é usado apenas para voos comerciais particulares e shows aéreos. O aeroporto de Orly, localizado nos subúrbios do sul de Paris, substituiu o Le Bourget como o principal aeroporto de Paris entre as décadas de 1950 e 1980. O aeroporto Charles de Gaulle, localizado na periferia dos subúrbios ao norte de Paris, foi aberto ao tráfego comercial em 1974 e se tornou o aeroporto parisiense mais movimentado em 1993. Para o ano de 2017, foi o quinto aeroporto mais movimentado do mundo por tráfego internacional e é o centro da transportadora aérea francesa, a Air France. A cidade também é o centro mais importante da rede de rodovias nacionais e é cercada por três rodovias orbitais: a Périphérique, que segue o caminho aproximado das fortificações do século XIX ao redor de Paris, a rodovia A86 nos subúrbios e, finalmente, a autoestrada Francilienne nos subúrbios. Paris possui uma extensa rede de estradas com mais de 2 mil quilômetros de autoestradas e rodovias. A municipalidade promove uma política de transporte coletivo e de ciclismo. Assim, a cidade dispõe desde o fim dos anos 1990 de uma rede de ciclovias que aumenta constantemente. Pelo fim de 2006, há 371 quilômetros de vias alternativas em Paris, incluindo as faixas e pistas de ciclismo assim como os corredores de ônibus estendidos. Seguindo o exemplo de Rennes e Lyon, a Prefeitura de Paris lança em 15 de julho de 2007 um sistema de aluguel de bicicletas, batizado "Vélib"', a rede de compartilhamento de bicicletas mais densa da Europa, tendo 20 mil bicicletas pelo fim de 2007, estações de aluguel em Paris, gerida por JCDecaux. A cidade conta além disso com táxis lançados em 2007. Água e saneamento. Paris em sua história inicial tinha apenas os rios Sena e Bièvre para o abastecimento de água. Desde 1809, o Canal de l'Ourcq forneceu a Paris água de rios menos poluídos para o nordeste da capital. Desde 1857, o engenheiro civil Eugène Belgrand, sob Napoleão III, supervisionou a construção de uma série de novos aquedutos que traziam água de locais por toda a cidade para vários reservatórios construídos no topo dos pontos mais altos da capital. A partir de então, o novo sistema de reservatórios tornou-se a principal fonte de água potável de Paris, e os restos do antigo sistema, bombeados para níveis mais baixos dos mesmos reservatórios, passaram a ser usados para a limpeza das ruas de Paris. Este sistema ainda é uma parte importante da moderna rede de abastecimento de água de Paris. Atualmente, Paris tem mais de km de passagens subterrâneas dedicadas à evacuação dos resíduos líquidos de Paris. Planejamento urbano. A maioria dos governantes franceses desde a Idade Média fez questão de deixar sua marca em uma cidade que, ao contrário de muitas outras capitais do mundo, nunca foi destruída por uma catástrofe ou guerra. Ao modernizar sua infraestrutura ao longo dos séculos, Paris preservou até sua história mais antiga em seu mapa urbano. A Paris moderna deve muito de seu plano do centro e harmonia arquitetônica a Napoleão III e seu prefeito do Sena, o Barão Haussmann, que entre 1853 e 1870 reconstruíram o centro da cidade, criaram as amplas avenidas e praças do centro da cidade onde as avenidas se cruzavam, impuseram fachadas padrão ao longo das avenidas, exigiram que as fachadas fossem construídas com a distinta "pedra de Paris" (que possuem a cor cinza-creme), e construíram os principais parques ao redor do centro da cidade. A grande população residencial do centro da cidade também a torna muito diferente da maioria das outras grandes cidades ocidentais. As leis que regem o urbanismo de Paris permanecem sob rigoroso controle desde o início do século XVII, particularmente no que diz respeito ao alinhamento rua-frente, altura e distribuição de edifícios. Em modificações recentes, uma limitação imposta entre 1974 e 2010 às alturas das construções, de , foi aumentada para em áreas centrais e em alguns dos bairros periféricos da cidade. No entanto, para alguns dos bairros mais centrais, leis ainda mais antigas sobre altura de edifícios permanecem em vigor. A Tour Montparnasse, com , era o edifício mais alto de Paris e da França até 1973, mas foi ultrapassada com a reconstrução da Tour First em 2011. Existem desde muito tempo atrás regras estritas de urbanismo, em particular, limites à altura dos imóveis. Atualmente, novos prédios com mais de 37 metros não são autorizados senão sob título excepcional. Em numerosos bairros, o limite de altura é ainda mais estrito. Paris contava com vias públicas ou privadas em 1997. Dentre as mais notáveis, pode-se citar a "Avenue Foch" (16º arrondissement), a mais larga avenida de Paris com 120 metros, enquanto a "Avenue de Selves" (8º arrondissement) é a avenida mais curta com 110 metros de comprimento. A rua mais longa de Paris é a "Rue de Vaugirard" (6º e 15º arrondissements) com metros. A "Rue des Degrés" (2º arrondissement) é a rua mais curta, com somente 5,75 metros, enquanto a "Rue du Chat-qui-Pêche" (5º arrondissement) é oficialmente a mais estreita com uma largura mínima de 1,80 metro (porém, algumas fontes mencionam o "Sentier des Merisiers", no 12º arrondissement, que mede menos de um metro, ou ainda a "Passage de la Duée" no 20º arrondissement, que, se bem que seu lado direito haja sido destruído e ladeado por uma paliçada, mede somente 80 cm de largura). Por fim, a via mais inclinada é a "Rue Gasnier-Guy" (20º arrondissement) com uma inclinação de 17%. Cultura. Arquitetura. Os monumentos mais célebres de Paris datam de épocas diversas, se encontrando com frequência no centro ou nas margens do Sena. Os cais do Sena que ficam entre a "Pont de Sully" au "Pont de Bir-Hakeim" constituem uma das mais belas paisagens fluviais urbanas e fazem parte do patrimônio mundial da UNESCO. Ali se encontram, a leste e a oeste: a Notre-Dame, o Louvre, os Invalides, a Ponte Alexandre III, o Grand Palais, o Museu do Quai Branly, a Torre Eiffel e o Trocadéro. Vários monumentos de estilo clássico igualmente deixam sua marca no centro de Paris. A capela da Sorbonne no coração do Quartier Latin, foi erguida no início do século XVII. O Louvre, residência da realeza, foi embelezado no século XVII e retocado muitas vezes mais desde então. O Hôtel des Invalides, com seu famoso domo dourado, foi erigido no fim do século XVII nos subúrbios da cidade por Luís XIV, que estava ansioso por oferecer um hospital para soldados feridos. O monumento abriga desde 15 de dezembro de 1840 as cinzas de Napoleão Bonaparte e também sua sepultura desde 2 de abril de 1861. O patrimônio do século XIX é muito abundante em Paris, a saber, o Arco do Triunfo, os "passeios cobertos", o Palácio Garnier (construído desde o fim do Segundo Império até o início da Terceira República e que abriga a Ópera de Paris) e a Torre Eiffel (construção "provisória" erguida por Gustave Eiffel para a Exposição Universal de 1889, mas que nunca chegou a ser desmantelada). A torre virou o emblema de Paris, visível da maioria dos bairros da cidade e até mesmo dos subúrbios próximos. Ao longo do século XX, os melhores arquitetos semearam as ruas de Paris com suas realizações: Guimard, Charles Plumet e Jules Lavirotte, verdadeiras referências da Art nouveau na França, seguidos pelas realizações de Robert Mallet-Stevens, Michel Roux-Spitz, Dudok, Henri Sauvage, Le Corbusier, Auguste Perret, entre outros, durante o período entre-guerras. A arquitetura contemporânea é representada em Paris pelo Centro Georges Pompidou, edifício dos anos 1970 que abriga o Museu Nacional de Arte Moderna assim como a Biblioteca Pública de Informação. Não menos importantes as realizações idealizadas pelo presidente François Mitterrand: a Biblioteca Nacional da França, a Ópera Bastille e, provavelmente a mais célebre, a Pirâmide do Louvre, obra do arquiteto Ieoh Ming Pei erigida no pátio principal do Louvre. Mais recentemente, o Museu do Quai Branly, ou Museu das Artes e Civilizações de África, Ásia, Oceania e Américas desenhado por Jean Nouvel e inaugurado em 2006, veio enriquecer ainda mais a diversidade arquitetural e cultural da capital. Cemitérios. Durante a era romana, o principal cemitério da cidade estava localizado nos arredores do assentamento da margem esquerda, mas isso mudou com a ascensão do cristianismo católico, onde quase todas as igrejas do centro da cidade tinham cemitérios adjacentes para serem usados ​​por suas paróquias. Com o crescimento de Paris, muitos deles, particularmente o maior cemitério da cidade, o Cemitério dos Santos Inocentes ("Cimetière des Innocents"), estavam cheios, criando condições bastante insalubres para a capital. Quando os enterros da cidade foram proibidos a partir de 1786, o conteúdo de todos os cemitérios paroquiais de Paris foi transferido para uma seção renovada das minas de pedra da cidade, fora do portão "Porte d'Enfer", hoje a praça Denfert-Rochereau no 14º arrondissement. O processo de mover ossos da Cimetière des Innocents para as Catacumbas de Paris ocorreu entre 1786 e 1814. Após uma tentativa de criação de vários cemitérios suburbanos menores, o prefeito Nicholas Frochot, sob Napoleão Bonaparte, forneceu uma solução mais definitiva na criação de três cemitérios parisienses maciços fora dos limites da cidade. Aberto a partir de 1804, estes foram os cemitérios de Père Lachaise, Montmartre, Montparnasse e, mais tarde, Passy; esses cemitérios tornaram-se parte do centro da cidade mais uma vez quando Paris anexou todas as comunas vizinhas ao interior de seu anel de fortificações suburbanas em 1860. Novos cemitérios suburbanos foram criados no início do século XX: o maior deles são o Cimetière parisien de Saint-Ouen, o Cimetière parisien de Pantin (também conhecido como Cimetier Parisien de Pantin-Bobigny), o Cimetier Parisien d'Ivry e o Cimetier Parisien de Bagneux. Museus. Paris e a região Île-de-France possuem a maior oferta museográfica da França. Há não menos de 100 museus em Paris intramuros aos quais se deve ajuntar os mais de 110 museus da região. Mas além dos grandes números, é sobretudo na diversidade das coleções que a riqueza se sobressai. O museu mais antigo, de maior área e de maior coleção é o Museu do Louvre. Com um recorde de frequentação de 9,6 milhões de visitantes em 2019, o Louvre é de longe o museu de arte mais visitado do mundo. Outros de renome mundial são o Museu Nacional de Arte Moderna (dentro do Centro Georges Pompidou) e o Museu de Orsay, consagrado essencialmente ao impressionismo. Na proximidade de Paris, o Palácio de Versalhes, edificado pelo Rei-Sol e residência dos reis da França ao longo dos séculos XVII e XVIII, atrai igualmente milhões de visitantes ao ano. O palácio e o parque de Versalhes são classificados na lista dos patrimônios mundiais da UNESCO desde 1979. Os museus estão sob diversos estatutos administrativos: os mais célebres são museus nacionais, isto é, pertencentes ao Estado francês. Outros dependem de ministérios, como o Museu do Exército (no Hôtel des Invalides) e o Museu Aeroespacial (no Aeroporto de Le Bourget) que pertencem ao Ministério da Defesa. Pode-se também citar o Panteão, onde repousam os "grandes homens" da nação francesa, como Victor Hugo, Voltaire, Jean Moulin, Jean Jaurès e Marie Curie. Outros museus pertencem ao Institut de France ou ainda a particulares. O município de Paris possui e gerencia por si próprio quatorze museus e sítios, dos quais os mais célebres são o Museu Carnavalet, consagrado à história de Paris, perto da antiga casa de Victor Hugo ou ainda as catacumbas. Também não há falta de exposições temáticas. Paris abriga um dos maiores museus de ciência da Europa, a Cité des Sciences et de l'Industrie, em La Villette. O Museu Nacional de História Natural, localizado perto do Jardim das Plantas de Paris, é famoso por seus artefatos de dinossauros, coleções de minerais e sua Galeria da Evolução. A história militar da França, desde a Idade Média até a Segunda Guerra Mundial, é vividamente apresentada por exposições no Musée de l'Armée em Les Invalides, perto do túmulo de Napoleão. Além dos museus nacionais, administrados pelo Ministério da Cultura, a cidade de Paris opera 14 museus, incluindo o Museu Carnavalet sobre a história de Paris, o Museu de Arte Moderna da Paris, o Palais de Tokyo, a Maison de Victor Hugo, a Maison de Balzac e as Catacumbas de Paris. Bibliotecas. A Biblioteca Nacional da França (BnF) opera bibliotecas públicas em Paris, entre elas a Biblioteca François Mitterrand, Biblioteca Richelieu, Louvois, Biblioteca Opéra e Biblioteca Arsenal. Existem três bibliotecas públicas no 4º arrondissement. A Biblioteca Forney, no distrito de Marais, é dedicada às artes decorativas; a Biblioteca do Arsenal ocupa um antigo prédio militar e possui uma grande coleção de literatura francesa; e a Bibliothèque historique de la ville de Paris, também em Le Marais, contém o serviço de pesquisa histórica de Paris. A Biblioteca de Sainte-Geneviève fica no 5º arrondissement; projetada por Henri Labrouste e construída em meados do século XIX, contém uma rara divisão de livros e manuscritos. A Bibliothèque Mazarine, no 6º arrondissement, é a biblioteca pública mais antiga da França. A Médiathèque Musicale Mahler, no 8º arrondissement, foi inaugurada em 1986 e contém coleções relacionadas à música. A Biblioteca François Mitterrand (apelidada de "Très Grande Bibliothèque") no 13º arrondissement foi concluída em 1994 para um projeto de Dominique Perrault e contém quatro torres de vidro. Existem várias bibliotecas e arquivos acadêmicos em Paris. A Biblioteca Sorbonne, no 5º arrondissement, é a maior biblioteca universitária de Paris. Além da localização da Sorbonne, existem filiais em Malesherbes, Clignancourt-Championnet, Instituto de Arte e Arquitetura Michelet, Serpente-Maison de la Recherche e Institut des Etudes Ibériques. Outras bibliotecas acadêmicas incluem a Biblioteca Farmacêutica da Interuniversidade, a Biblioteca da Universidade Leonardo da Vinci, a Biblioteca da Escola de Minas de Paris e a Biblioteca da Universidade de Paris. Óperas, teatros e salas de espetáculo. As maiores casas de ópera de Paris são a Opéra Garnier do século XIX (histórica Ópera Nacional de Paris) e a moderna Ópera da Bastilha; a primeira tende a balés e óperas mais clássicos, enquanto a segunda fornece um repertório misto de clássico e moderno. Em meados do século XIX, havia três outras casas de ópera ativas e concorrentes: a Ópera-Comique (que ainda existe), o Théâtre-Italien e o Théâtre Lyrique (que nos tempos modernos mudou seu perfil e nome para Théâtre de la Ville). A Philharmonie de Paris, a moderna sala de concertos sinfônicos de Paris, foi inaugurada em janeiro de 2015. O teatro tradicionalmente ocupa um grande lugar na cultura parisiense, e muitos de seus atores mais populares hoje também são estrelas da televisão francesa. O mais antigo e famoso teatro de Paris é a Comédie-Française, fundada em 1680. Dirigida pelo governo da França, apresenta principalmente clássicos franceses na Salle Richelieu no Palais-Royal, na 2 rue de Richelieu, ao lado do Louvre. Outros teatros famosos incluem o Odéon-Théâtre de l'Europe, ao lado dos Jardins de Luxemburgo, também uma instituição estatal e um marco teatral; o Théâtre Mogador e o Théâtre de la Gaîté-Montparnasse. Cinema. A indústria cinematográfica nasceu em Paris quando Auguste e Louis Lumière projetaram o primeiro filme para um público pagante no Grand Café em 28 de dezembro de 1895. Muitas das salas de concerto/dança de Paris foram transformadas em cinemas quando esse tipo de mídia se tornou popular a partir dos anos 1930. Mais tarde, a maioria dos maiores cinemas foi dividida em várias salas menores. A maior sala de cinema de Paris hoje está no teatro Grand Rex, com 2 700 lugares. Grandes cinemas multiplex foram construídos desde os anos 1990. O UGC Ciné Cité Les Halles com 27 telas, a MK2 Bibliothèque com 20 telas e o UGC Ciné Cité Bercy com 18 telas estão entre as maiores. Os parisienses tendem a compartilhar as mesmas tendências de cinema que muitas das cidades globais do mundo, com os cinemas dominados principalmente pelo entretenimento gerado por Hollywood. O cinema francês chega em segundo lugar, com grandes diretores ("réalisateurs"), como Claude Lelouch, Jean-Luc Godard e Luc Besson, e o gênero mais popular, com o diretor Claude Zidi como exemplo. Os filmes europeus e asiáticos também são amplamente exibidos e apreciados. Em 2 de fevereiro de 2000, Philippe Binant realizou a primeira projeção de cinema digital na Europa, com a tecnologia DLP CINEMA desenvolvida pela Texas Instruments, em Paris. Moda. Desde o século XIX, Paris tem sido uma capital internacional da moda, particularmente no domínio da alta costura (roupas feitas à mão sob encomenda para clientes particulares). É o lar de algumas das maiores casas de moda do mundo, incluindo Dior e Chanel, além de muitos outros estilistas conhecidos e mais contemporâneos, como Karl Lagerfeld, Jean-Paul Gaultier, Yves Saint Laurent, Givenchy e Christian Lacroix. A Paris Fashion Week, realizada em janeiro e julho no Carrousel du Louvre, entre outras localidades renomadas da cidade, é um dos quatro principais eventos do calendário internacional de moda. As outras capitais da moda do mundo, Milão, Londres e Nova York também recebem semanas de moda. Além disso, Paris também é o lar da maior empresa de cosméticos do mundo: a L'Oréal, além de três dos cinco maiores fabricantes mundiais de acessórios de moda de luxo: Louis Vuitton, Hermès e Cartier. Culinária. Desde o final do século XVIII, Paris é famosa por seus restaurantes e alta-cozinha, com comida meticulosamente preparada e artisticamente apresentada. Um restaurante de luxo, o La Taverne Anglaise, inaugurado em 1786 nas arcadas do Palais-Royal por Antoine Beauvilliers, apresentava uma elegante sala de jantar, um extenso menu, toalhas de linho, uma grande lista de vinhos e garçons bem treinados; o local tornou-se um modelo para futuros restaurantes de Paris. O restaurante Le Grand Véfour no Palais-Royal data do mesmo período. Os famosos restaurantes parisienses do século XIX, incluindo o Café de Paris, o Rocher de Cancale, o Café Anglais, a Maison Dorée e o Café Riche, estavam localizados principalmente perto dos teatros do Boulevard des Italiens, tendo sido imortalizados nos romances de Balzac e Émile Zola. Vários dos restaurantes mais conhecidos de Paris apareceram hoje durante o "Belle Epoque", incluindo Maxim's na Rue Royale, Ledoyen nos jardins dos Champs-Élysées e o Tour d'Argent no Quai de la Tournelle. Atualmente, devido à população cosmopolita de Paris, toda culinária regional francesa e quase toda culinária internacional podem ser encontradas na cidade, que possui mais de 9 mil restaurantes. O Guia Michelin é um guia padrão de restaurantes franceses desde 1900, concedendo seu prêmio mais alto, três estrelas, aos melhores restaurantes da França. Em 2018, dos 27 restaurantes Michelin três estrelas na França, dez estão localizados em Paris. Isso inclui os dois restaurantes que servem cozinha francesa clássica, como o L'Ambroisie na Place des Vosges, e os que servem menus não tradicionais, como o L'Astrance, que combina culinária francesa e asiática. Vários dos chefs mais famosos da França, como Alain Ducasse, têm restaurantes de três estrelas em Paris. Além dos restaurantes clássicos, Paris tem vários outros tipos de restaurantes tradicionais. O café chegou a Paris no século XVII, quando a bebida foi trazida da Turquia e, no século XVIII, os cafés parisienses eram centros da vida política e cultural da cidade. O Café Procope, na margem esquerda, data desse período. No século XX, os cafés da Margem Esquerda, especialmente o Café de la Rotonde e Le Dôme, em Montparnasse, Café de Flore e Les Deux Magots, no Boulevard Saint Germain, todos ainda em atividade, eram importantes pontos de encontro de pintores, escritores e filósofos. Um bistrô é um tipo de local para comer vagamente definido como um restaurante de bairro, com uma decoração e preços modestos, uma clientela regular e uma atmosfera agradável. Diz-se que seu nome veio em 1814 dos soldados russos que ocuparam a cidade; "bistrô" significa "rapidamente" em russo e queriam que suas refeições fossem servidas rapidamente para que pudessem voltar ao acampamento. Bistrôs de verdade são cada vez mais raros em Paris, devido ao aumento dos custos, à concorrência de restaurantes étnicos mais baratos e aos diferentes hábitos alimentares dos clientes parisienses. Uma brasserie era originalmente uma taberna localizada ao lado de uma cervejaria, que servia cerveja e comida a qualquer hora. Começando com a Exposição Universal de 1867; tornou-se um tipo popular de restaurante que apresentava cerveja e outras bebidas servidas por mulheres jovens com roupas nacionais associadas à bebida, como roupas alemãs específicas para cerveja. Agora as brasseries, como cafés, servem comida e bebida durante todo o dia. Festividades. O caráter festivo da cidade é marcado desde 2002 pelas operações de Paris Plages, organizadas entre julho e agosto, e que consiste em transformar uma parte dos cais do Sena em praias com cadeiras-de-praia e atividades diversas. Também há a Nuit Blanche, que permite ao público assistir gratuitamente a diferentes expressões da arte contemporânea através da cidade durante a noite do primeiro sábado para o primeiro domingo de outubro. Paris acolhe ao longo de todo o ano várias festividades: ao fim de janeiro, as ruas do 13º arrondissement se animam com as celebrações do ano novo chinês; o cortejo tradicional do Carnaval de Paris desfila no mês de fevereiro; ao fim de fevereiro, ocorre o Salão Internacional da Agricultura; em março, vê-se o Salão do Livro; ao fim de abril ou início de maio, a Feira de Paris relembra as grandes multidões dos tempos medievais. O dia 14 de julho é a ocasião do tradicional desfile militar em Champs-Élysées e dos fogos-de-artifício lançados dos jardins do Trocadéro. Outubro é o mês do Paris Motor Show nos anos pares, alternando com o mundial de duas-rodas nos anos ímpares. No mesmo mês, há a Feira Internacional de Arte Contemporânea (FIAC). No segundo sábado de outubro, o bairro Montmartre se reata com seu passado vitícola na Festa da Colheita de Montmartre. Uma das mais antigas manifestações de arte em Paris é a Bienal de Paris, fundada em 1959 por André Malraux. Esportes. Os clubes esportivos mais populares de Paris são o clube de futebol Paris Saint-Germain F.C. e os clubes da união de rugby Stade Français e Racing 92, o último dos quais está localizado nos arredores da cidade. O Stade de France, com 80 mil lugares, construído para a Copa do Mundo FIFA de 1998, está localizado ao norte de Paris, na comuna de Saint-Denis. É usado para futebol, rugby union e atletismo, hospedando a Seleção Francesa de Futebol para amistosos e eliminatórias para grandes torneios, anualmente organiza os jogos em casa da Seleção Francesa de Rugby Union no campeonato das Seis Nações e hospeda vários jogos importantes da equipe de rugby do Stade Français. Além do Paris Saint-Germain F.C., a cidade possui vários outros clubes de futebol profissional e amador: Paris FC, Red Star, entre outros. Paris sediou os Jogos Olímpicos de Verão de 1900 e 1924 e sediará os Jogos Olímpicos de Verão de 2024 e os Jogos Paraolímpicos de 2024. A cidade também sediou as finais da Copa do Mundo FIFA de 1938 (no Stade Olympique de Colombes), bem como a Copa do Mundo FIFA de 1998 e a final da Copa do Mundo de Rugby de 2007 (ambas no Stade de France). Duas finais da Liga dos Campeões da UEFA no século atual também foram disputadas no Stade de France: as edições de 2000 e 2006. Mais recentemente, Paris foi anfitriã do UEFA Euro 2016, tanto no Parc des Princes, na cidade propriamente dita quanto no Stade de France, e este último sediou a partida de abertura e a final. A etapa final das corridas de bicicleta mais famosas do mundo, o Tour de France, sempre termina em Paris. Desde 1975, a corrida terminou nos Champs-Elysées. O tênis é outro esporte popular em Paris e em toda a França; o Aberto da França, realizado todos os anos na argila vermelha do Centro Nacional de Tênis de Roland Garros, é um dos quatro eventos de Grand Slam da turnê mundial de tênis profissional.
1560
Papa
Papa Papa (do latim "Papa", do grego "πάππας", "Pappas" uma palavra carinhosa para "pai"), também chamado de Santo Padre, é o Bispo de Roma, e como tal, é o líder mundial da Igreja Católica Apostólica Romana. O atual sumo pontífice é o Papa Francisco, eleito no conclave que terminou em 13 de março de 2013. O Papa é eleito pelo Colégio dos Cardeais por meio do Conclave e seu posto é vitalício. Seu cargo eclesiástico é chamado de "Papado" e sua sede de "Santa Sé". Também é o Chefe de Estado da Cidade do Vaticano, uma cidade-estado soberana enclavada por Roma. O primeiro papa foi São Pedro, apóstolo de Jesus, e de acordo com a tradição católica os Papas, como seus sucessores, possuem autoridade para governá-la, e infalibilidade para ensinar e definir pontos da fé cristã quando se pronuncia "ex cathedra". O papado é uma das instituições mais antigas e duradouras do mundo, e teve uma participação proeminente na história da humanidade. Os papas na Antiguidade auxiliaram na propagação do cristianismo e a resolver diversas disputas doutrinárias. Na Idade Média eles desempenharam um papel secular importante na Europa Ocidental, muitas vezes, servindo de árbitros entre os monarcas e evitando diversas guerras na Europa. Atualmente, para além da expansão e doutrina da fé cristã, os Papas se dedicam ao ecumenismo, e diálogo inter-religioso, a trabalhos de caridade e à defesa dos direitos humanos, principalmente através de pronunciamentos à humanidade e visitas aos diversos países do mundo. Autoridade na Igreja Católica. Dogma e doutrina católica. O estatuto e a autoridade do Papa na Igreja Católica, tais como sua primazia e infalibilidade, foi dogmaticamente definido pelo Concílio Vaticano I, em 18 de julho de 1870, na Constituição dogmática Pastor Aeternus, que estabeleceu os seguintes cânones: Se, pois, alguém disser que o Apóstolo S. Pedro não foi constituído por Jesus Cristo príncipe de todos os Apóstolos e chefe visível de toda a Igreja militante; ou disser que ele não recebeu direta e imediatamente do mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo o primado de verdadeira e própria jurisdição, mas apenas o primado de honra – seja excomungado. Se, portanto, alguém negar ser de direito divino e por instituição do próprio Cristo que S. Pedro tem perpétuos sucessores no primado da Igreja universal; ou que o Romano Pontífice não é o sucessor de S. Pedro no mesmo primado – seja excomungado. Se, pois alguém disser que ao Romano Pontífice cabe apenas o ofício de inspeção ou direção, mas não o pleno e supremo poder de jurisdição sobre toda a Igreja, não só nas coisas referentes à fé e aos costumes, mas também nas que se referem à disciplina e ao governo da Igreja, espalhada por todo o mundo; ou disser que ele só goza da parte principal deste supremo poder, e não de toda a sua plenitude; ou disser que este seu poder não é ordinário e imediato, quer sobre todas e cada uma das igrejas quer sobre todos e cada um dos pastores e fiéis – seja excomungado. Por isso Nós, apegando-nos à Tradição recebida desde o início da fé cristã, para a glória de Deus, nosso Salvador, para exaltação da religião católica, e para a salvação dos povos cristãos, com a aprovação do Sagrado Concílio, ensinamos e definimos como dogma divinamente revelado que o Romano Pontífice, quando fala ex cathedra, isto é, quando, no desempenho do ministério de pastor e doutor de todos os cristãos, define com sua suprema autoridade apostólica alguma doutrina referente à fé e à moral para toda a Igreja, em virtude da assistência divina prometida a ele na pessoa de São Pedro, goza daquela infalibilidade com a qual Cristo quis munir a sua Igreja quando define alguma doutrina sobre a fé e a moral; e que, portanto, tais declarações do Romano Pontífice são por si mesmas, e não apenas em virtude do consenso da Igreja, irreformáveis. Se, porém, alguém ousar contrariar esta nossa definição, o que Deus não permita, - seja excomungado. Funções e direitos. Cúria Romana. O papa deriva seus poderes do fato de ser o sucessor de São Pedro e o Bispo de Roma, consequentemente, esta cidade ocupa uma posição central na Igreja Católica, sendo chamada de "Santa Sé", "Sé Apostólica", "Santa Sé Apostólica", "Igreja Romana" ou ainda "Cúria Romana". A Cúria é composta de todos os "funcionários empregados no governo da Igreja", para que o papa possa "exercer o poder supremo, pleno e imediato". É a "Corte Papal", formada e dividida em "Dicastérios" (equivalentes e análogos aos "Ministérios" presentes nos Estados modernos) que incluem nove Congregações, que assumem o governo e elaboram a legislação da Igreja, três Tribunais, que assumem parte dos poderes judiciários, e sete Ofícios, que administram os bens do Vaticano, e uma série de outros organismos de menor importância, com diversos poderes, como Conselhos, Comissões, Comitês e Academias. A "Secretaria de Estado" é o dicastério mais importante, organizando as atividades e as nomeações da Cúria e executando todas as funções políticas e diplomáticas do papado. Embora o Papa seja o Bispo da Diocese de Roma, ele delega a maior parte das responsabilidades diocesanas para o Cardeal Vigário, que assegura a supervisão da diocese, em nome do Papa. O atual Cardeal Vigário é Agostino Vallini, nomeado em junho de 2008. Direitos executivos. O papa possui a plenitude do poder para o governo da Igreja, assim ele tem o direito sobre todas as nomeações para seus cargos, somente ele pode nomear bispos e prelados, ou caso a nomeação tenha sido concedida a outros, ele deve confirmá-la (como ocorre nas Igrejas orientais católicas em que os prelados são eleitos por um sínodo). Além disso, só ele pode mover bispos de uma sé para outra, aceitar a sua demissão ou aposentadoria, e pode, onde existe causa grave, depô-los. Somente o Papa pode criar dioceses e dividir as existentes, bem como aprovar novas ordens e institutos religiosos, estipular suas regras e normas de vida, e se julgar conveniente, isentá-los da autoridade de Ordinários locais. Somente ele pode convocar um concílio ecumênico, e para que as suas decisões entrem em vigor, elas precisam de sua autorização. Os prelados devem informar ao pontífice, em algumas ocasiões, sobre o estado de suas dioceses, esse direito é exercido através de legados ou por convocação dos bispos para irem a Roma. Atualmente esta prerrogativa é desempenhada através da "visita ad limina", pela qual todos os bispos visitam o papa uma vez a cada cinco anos, bem como pelo "Sínodo dos Bispos", instituído pelo Concílio Vaticano II, que reúne o episcopado católico em Roma, a cada três anos. O papa é ajudado no governo da Igreja pelas Congregações para os Bispos, para o Clero, para as Igrejas Orientais e para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica. Uma vez que o Papa goza do supremo poder em questões espirituais, este "não pode ser julgado por ninguém", a não ser, pelo próprio Deus, e que portanto, em matéria espiritual, o pontífice tem o direito exclusivo de julgar as supremas autoridades do Estado, bem como as eclesiásticas. O papa também, por "jure divino" de seu cargo, tem o direito à livre relação com todos os pastores e os fiéis, sendo portando, qualquer tentativa de limitá-lo e impedi-lo, considerada uma violação de um direito sagrado. Ele também organiza as missões evangelizadoras em todo o mundo, através da Congregação para a Evangelização dos Povos; e somente ele pode estabelecer uma universidade eclesiástica ou pontifícia, possuindo seus respectivos estatutos e privilégios canônicos por meio da Congregação para a Educação Católica. O Papa também administra os bens materiais da Igreja, e tem o direito de impor dízimos sobre o clero e os fiéis para propósitos eclesiásticos, atualmente este direito é exercido por meio do "Óbolo de São Pedro", uma doação monetária ao papado destinada ao auxílio dos pobres e manutenção de obras sociais, coletada em todas as instituições católicas em 29 de junho, festa de São Pedro e São Paulo. A cada cinquenta anos, o papa também declara um jubileu, concedendo nessa ocasião uma indulgência extraordinária para os fiéis que visitarem Roma. O Papa João Paulo II instituiu de igual modo em 1985 o Dia Mundial da Juventude - um "encontro mundial com o Papa", para os jovens de todo o mundo, que é então celebrado a cada dois ou três anos, em uma cidade específica. Direitos legislativos. O Papa como legislador, doutor e mestre supremo de toda a Igreja, tem autoridade sobre questões canônicas e litúrgicas, podendo interpretar, legislar, alterar, e revogar as leis canônicas estabelecidas por seus antecessores e reunidas por eles no Código de Direito Canônico, a legislação da Igreja Católica. O pontífice também deve determinar o que deve ser acreditado por todos os fiéis, prescrevendo credos e determinando quem e quando, deve fazer uma explícita profissão de fé, bem como prescrever livros religiosos de instrução, para os fiéis, como o Catecismo, assim, por exemplo, Clemente XIII recomendou o Catecismo Romano, a todos os bispos, e João Paulo II, o Catecismo da Igreja Católica, a todos os cristãos. O Papa goza da suprema autoridade, e desde o Concílio de Trento, de autoridade exclusiva, de regulamentar a adoração à Deus, deste modo ele pode prescrever livros, cerimonial e serviços litúrgicos, e estabelecer regras em relação à piedade popular, e as datas festivas. O rito e a liturgia de Roma, utilizada na maior parte da Igreja Católica, desenvolvida pelo papado ao longo da história "tornou-se modelo e padrão para a futura formação da missa em geral. Este modelo terá impacto até a missa da última paróquia rural e até o rito da missa privada". A atual forma da missa do rito romano é a do Concílio Vaticano II editada pelo Papa Paulo VI e seus sucessores: "Os livros litúrgicos promulgados pelos santos Pontífices Paulo VI e João Paulo II, em conformidade com os decretos do Concílio Vaticano II, são a única expressão da lex orandi do Rito Romano". Neste ponto, o papa é auxiliado pela Congregação para o Culto Divino. A canonização de um santo é reservada exclusivamente ao papa, que após um minucioso processo de investigação, realizado pela Congregação para as Causas dos Santos sobre a santidade de uma pessoa, autoriza sua veneração, sendo comumente considerado um exercício de infalibilidade pontifícia. Direitos judiciários. Em virtude de sua autoridade judiciária, o papa pode decidir sobre as “"causae majores"”, isto é, os processos que tratam de assuntos importantes na Igreja, como conflitos entre jurisdição de bispos e acusações de irregularidades praticadas por algum prelado, também podendo lidar com “"causae minores"”. Em ambos os casos é ajudado pelo Tribunal da Rota Romana e pelo Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica. O papa pode infligir punições e censuras quer por via judicial ou por leis. O pontífice deve tomar medidas para a preservação da fé e da moral, que se expõe no direito de condenar proposições como sendo heréticas ou merecedoras de algum grau menor de censura, e interpretar autenticamente a lei natural, assim, ele pode determinar se é legal ou ilegal determinadas práticas sociais em relação a vida familiar, à prática de usura e etc. Nessas funções o papa é auxiliado principalmente pela Congregação para a Doutrina da Fé. O pontífice também pode absolver e dispensar os fiéis de censuras e do cumprimento de certas leis eclesiásticas, e pode conceder privilégios e isenções em relação a elas, assim ele pode dispensar um clérigo de seus votos religiosos e despachar nulidades ou impedimentos canônicos para o matrimônio. O papa também pode conceder indulgências aos cristãos, anteriormente os bispos também podiam fazê-lo, mas para evitar abusos, esse direito foi reservado ao pontífice, sendo auxiliado pela Penitenciaria Apostólica. Autoridade política. A antiguidade do estatuto político e secular, e de condução de assuntos de Estado pelos Papas já pode ser observada na atitude do Papa Leão I, em seu confronto pelo imperador huno Átila no . Assim na Antiguidade o papel político do papado era essencialmente como "defensor dos necessitados e da população". Posteriormente em 754 o líder dos francos Pepino, o Breve doou ao Papa um território que formaria a base dos Estados Pontifícios. No ano 800, o Papa Leão III coroou Carlos Magno como imperador, passo decisivo para a formação do Sacro Império Romano, a partir daí, tornou-se uma tradição a coroação de governantes europeus pelo Papa, como maneira de conferir legitimidade para o título de "imperador", até Carlos V no . Na Idade Média os papas desempenharam um papel secular importante na Europa Ocidental, muitas vezes, servindo de árbitros entre os monarcas e evitando diversas guerras na Europa. Os Papas exerceram uma proeminente autoridade temporal especialmente como líder espiritual do Sacro Império Romano (mais relevante com Papas como Gregório VII e Alexandre III) e na Renascença (como Alexandre VI e Júlio II). Alguns dos exemplos ao longo da história que atestam essa autoridade são a bula "Laudabiliter" em 1155 (que autoriza Henrique II de Inglaterra a invadir a Irlanda), a bula "Manifestis Probatum" que reconhece a independência de Portugal, a bula "Inter Caeteras" em 1493 (que conduz ao Tratado de Tordesilhas no ano seguinte, dividindo o mundo entre Portugal e Espanha) ou a bula "Inter Gravissimas" de 1582 (que estabelece o calendário gregoriano, atualmente em uso). Atualmente o papel secular do Papa traduz-se no exercício de um cargo religioso e diplomático de grande importância. O pontífice também é chefe de estado, sendo monarca absoluto do Estado do Vaticano, e sob a lei internacional, como tal, tem imunidade à jurisdição de tribunais de outros países (embora não de tribunais internacionais). História. Controvérsias sobre acontecimentos históricos. Existe grande controvérsia entre os historiadores sobre a história do papado durante o cristianismo primitivo, destacando-se a questão da veracidade do martírio de Pedro e Paulo em Roma; sobre a organização da Igreja Romana no e princípio do , e o exercício da primazia papal. Alguns historiadores argumentam que Pedro nunca foi realmente a Roma, e que essa crença se originou somente mais tarde. No entanto, outros estudiosos citando os documentos cristãos primitivos (mais proeminentemente, a descrição da morte de Pedro e Paulo em Roma nas cartas de Clemente em "c." 96, Santo Inácio de Antioquia em "c." 107, Dionísio de Corinto entre 166 e 176, e Irineu de Lyon, em torno de 180 d.C.) concluem que Pedro foi de fato martirizado em Roma. Uma vez que no os termos “presbíteros e bispos” eram sinônimos usados para os líderes da igreja local submetidos a um apóstolo; muitos argumentam que no final do e até a metade do , a Igreja Romana não possuía uma organização monoepiscopal (um só Bispo como chefe da igreja local), mas uma forma colegiada de liderança, sendo que o monoepiscopado começou somente mais tarde, e assim, originalmente o ministério papal não existia. No entanto, outros estudiosos discordam, defendendo que os apóstolos designaram seus sucessores na liderança das igrejas locais (originalmente também chamados de "apóstolos" e no início do , de “bispos”), como por exemplo, Tito e Timóteo investidos por Paulo de Tarso, e nos escritos posteriores de Clemente de Roma, Inácio, e Irineu, que prematuramente atestaram a sucessão linear de Bispos desde a época dos apóstolos. Alguns historiadores afirmam que os papas primitivos não possuíam direitos ou privilégios primaciais sobre a Igreja Universal, e que as igrejas locais eram independentes, no entanto, uma vez que em muitas ocasiões os Bispos de Roma intervieram em comunidades locais, como Clemente I, ou tentaram estabelecer uma doutrina vinculativa a Igreja Universal como Vítor I (sobre a controvérsia quartodecimana), especialmente a existência de um forte vínculo jurídico entre os bispos primitivos, devido ao uso das "cartas e listas de comunhão", em que cada igreja local, possuía uma lista dos bispos em comunhão com a Igreja Católica, sendo decisiva a lista da Igreja Romana, e sua aprovação de comunhão, a visão predominante entre os historiadores, é que a Sé e o Bispo de Roma possuíam nesse período uma proeminência em questões relacionadas aos assuntos da Igreja Católica, mas esse papel se desenvolveu e se acentuou profundamente nos séculos seguintes, especialmente a partir do e após o XI. Cristianismo primitivo (c. 30-325). O primeiro documento fornecido por um papa, é de Clemente I no final do , em que interveio em uma disputa em Corinto, na Grécia, Clemente foi o primeiro Pai Apostólico da Igreja, fundando o período eclesiástico patrístico, que duraria até o . No os bispos romanos erigiram monumentos aos apóstolos Pedro e Paulo, davam esmolas às igrejas pobres e lutaram contra gnósticos e montanistas na Ásia Menor. No final do mesmo século, o Papa Vítor I ameaça de excomunhão os bispos orientais que continuarem praticando a Páscoa em 14 de Nisã. Nessa época Santo Inácio, e algum tempo depois Santo Ireneu, enfatizam a posição única do bispo de Roma. Desde o final do , desenvolveu-se o uso de "cartas de comunhão", em que as administrações de igrejas e bispos locais mantinham listas continuadamente atualizadas, das instituições consideradas em comunhão com a Igreja Católica, cujo principal critério é a união com as igrejas mais antigas, e decididamente com a Igreja de Roma. No os papas preocuparam-se em afirmar a possibilidade do perdão dos pecados, se os fiéis se arrependessem e fizessem penitência (ao contrário do que pregava o novacionismo), como pode ser observado nos decretos de Calisto I e Cornélio I. No final desse século, papas como Estêvão I e Sisto II condenaram o rebatismo, como pregava a heresia do donatismo. Muitos aspectos da vida dos papas primitivos, especialmente os primeiros, permanece envolta em mistério, como São Lino, que teria sido o segundo papa, cuja vida e ações como Bispo de Roma é incerta e desconhecida. Devido a perseguição aos cristãos pelo Império Romano, os livros da vida dos santos de Roma afirmam que foram mártires todos os Papas dessa época, sendo a maioria dos pontificados curto (embora exista incerteza sobre a morte de muitos Bispos de Roma, cujos relatos de martírio surgiram apenas muito tempo depois de sua morte, como por exemplo, São Clemente I, que viveu no final do , mas a história de seu martírio remonta apenas ao ). Alexandria e Antioquia também eram centros importantes para o cristianismo e seus bispos possuíam jurisdição sobre certos territórios. Muitos historiadores tem sugerido que seus poderes especiais provieram do fato de que as três comunidades foram chefiadas por São Pedro (Roma e Antioquia foram, segundo a Sagrada Escritura e Tradição fundadas por Pedro e Alexandria por seu discípulo São Marcos). Primeiro Concílio de Niceia e Grande Cisma do Oriente (325 - 1054). Com a publicação da Édito de Milão em 313 foi concedido liberdade para todas as religiões no Império Romano, iniciando-se a Paz na Igreja. Em 325 o Primeiro Concílio de Niceia condena o arianismo, e dogmatiza o trinitarismo, oficializando também em seu cânon sexto os poderes especiais de Roma, assim como Alexandria e Antioquia. Os papas foram grandes defensores da fé trinitária, como Libério, exilado em Bereia pelo imperador Constâncio II , devido a sua posição nessa matéria, e Dâmaso I que depôs diversos bispos relacionados ao arianismo. Em 380 a religião católica foi declarada como religião de estado exclusiva do Império Romano. Enquanto no Oriente o poder civil controlou a Igreja e o bispo de Constantinopla baseava seu poder no fato de ser bispo da capital e por ser um homem de confiança do imperador, no Ocidente o bispo de Roma pôde consolidar a influência e o poder que já possuía. Após a queda do Império Romano do Ocidente, as tribos bárbaras se converteram ao arianismo ou ao catolicismo, quando o rei franco Clóvis I converteu-se ao catolicismo, aliando-se assim com o papado e os mosteiros, outras tribos como os visigodos seguiram seu exemplo. São Gregório Magno (c 540-604) é um Papa que representa teologicamente a mudança da perspectiva clássica para a medieval, seus escritos tratam sobre demonologia, angelologia, escatologia e etc. Gregório também iniciou reformas administrativas e organizou missões para evangelizar a Grã-Bretanha. No a iconoclastia (destruição de imagens religiosas), patrocinada pelos imperadores bizantinos, tornou-se um conflito entre os papas e a Igreja Oriental. Nessa mesma época, buscando proteção contra os lombardos, o Papa Estevão II apelou para os francos para proteger a Igreja, Pepino, o Breve subjugou os lombardos e doou terras italianas ao papa, formando os Estados Pontifícios. Quando o Papa Leão III coroou Carlos Magno (800), os próximos imperadores passaram a ser ungidos por um papa, como demonstração de fidelidade e respeito a Igreja. No os papas envolveram-se em lutas com diversas fações políticas, e em alguns casos foram assassinados ou depostos. Do ao XI foram numerosas as rupturas seguidas de reconciliação entre as igrejas do Ocidente e Oriente, provocadas por diferenças entre elas tais como a processão do Espírito Santo (cláusula Filioque), o governo eclesiástico (pentarquia e primazia papal), o celibato clerical, o purgatório e outras questões doutrinárias e disciplinares. Em 1054, os legados romanos do Papa Leão IX viajaram para Constantinopla para insistir no reconhecimento da primazia papal, mas o patriarca de Constantinopla se recusou a reconhecer a autoridade papal e se excomungaram mutuamente. Posteriormente a este acontecimento, a separação entre Ocidente e Oriente se desenvolveu quando todos os outros patriarcas orientais apoiaram Constantinopla, dando origem ao Grande Cisma. Baixa Idade Média. A partir do passou a ser comum que as monarquias e a nobreza europeias fundassem igrejas e fizessem as investiduras (nomeações) ou deposições dos clérigos dos seus estados e feudos, visando seus interesses pessoais e causando a corrupção clerical. Esta prática tornou-se frequente porque muitas vezes os prelados também eram governantes seculares e participantes da vida pública. Para combater esta e outras práticas que corromperam a Igreja, entre os anos 900 e 1050 surgiram centros de reforma eclesiástica, sendo o mais importante a Abadia de Cluny, que espalhou os seus ideais por toda a Europa. Este movimento de reforma ganhou mais força com a eleição do Papa São Gregório VII em 1073, que adotou uma série de medidas no movimento conhecido como Reforma Gregoriana, com o objetivo de lutar radicalmente contra a simonia e os abusos do poder civil e tentar restaurar a disciplina eclesiástica, incluindo o celibato clerical. O conflito entre os papas e os governantes seculares autocráticos, como o sacro imperador romano-germânico Henrique IV e o rei Henrique I de Inglaterra , conhecido como questão das investiduras, só foi resolvido em 1122, pela Concordata de Worms, que decretou que caberia ao papa a investidura espiritual dos prelados e aos governantes seculares a investidura temporal. Pouco depois, o Papa Alexandre III começa as reformas que levariam ao estabelecimento do direito canônico. No século XIII, por sua vez, papas como Inocêncio III se tornam os homens mais importantes da Europa, e influenciam decisivamente reis e imperadores, defendendo a Igreja e a moralidade católica, como a indissolubilidade do matrimônio. Desde o início do exércitos islâmicos do Califado haviam conquistado grande parte do sul do mar Mediterrâneo, e representavam uma ameaça para a cristandade, assim em 1095, o imperador bizantino pediu ao Papa Urbano II para ajudá-lo militarmente contra as invasões muçulmanas, Urbano no concílio de Clermont convoca a Primeira Cruzada, que se estenderia até a Nona, destinadas a auxiliar o Império Bizantino a retomar os antigos territórios cristãos, especialmente Jerusalém. Para regulamentar a maneira como a Igreja lidava com os hereges, em 1233, o Papa Gregório IX instituiu a Inquisição Papal. De 1309 a 1377 os papas não residiam em Roma, mas em Avinhão, nesse período houve uma significativa transformação na organização da Igreja, com a facilitação da centralização de serviços e a adaptação do seu funcionamento às necessidades pontifícias, permitindo criar uma eficaz administração. Quando os papas voltaram a Roma, um antipapa foi instalado em Avinhão, culminando no Grande Cisma do Ocidente (1378-1417), posteriormente a divisão foi resolvida com a eleição do Papa Martinho V. O prestígio da Santa Sé foi profundamente afetado com esta crise, o que causou a criação da doutrina conciliar, que sustenta que a autoridade suprema da Igreja se encontra nos concílios ecumênicos e não no papa, sendo efetivamente extinta no . Durante o Renascimento italiano os papas patrocinaram e incentivaram artistas e intelectuais, tornando-se importantes mecenas, tais como o Papa Júlio II e o Papa Leão X, que contrataram artistas como Leonardo da Vinci e Michelangelo. Nessa época a simonia e o nepotismo foi muito difundido entre as principais lideranças da Igreja, como consequência, homens ricos e mundanos como Rodrigo Borgia (Papa Alexandre VI) puderam ser eleitos para o papado. Idade Moderna e Contemporânea. A Reforma Protestante, iniciada a partir de 1517, desconsiderou e combateu diversas doutrinas e dogmas católicos, e provocou um dos maiores cismas do cristianismo. Como retaliação os papas instituíram a Reforma Católica (1560-1648), que lutou contra as contestações protestantes e instituiu várias reformas internas e clarificações doutrinais. O evento mais significativo da reforma católica foi a convocação do Concílio de Trento (1545-1563), pelo Papa Paulo III (1534-1549). Durante as reformas religiosas, missionários e exploradores europeus, espalharam o catolicismo para a América, Ásia, África e Oceania, sendo as missões evangelizadoras patrocinadas pelos papas, através de novas instituições reformadas, como a Companhia de Jesus e a Congregação de "Propaganda Fidei". Os pontífices também tiveram um papel importante na Colonização das Américas, como por exemplo, o Papa Alexandre VI, que dividiu os direitos e as terras recém-descobertas entre Espanha e Portugal. As monarquias europeias absolutistas porém, instauraram nas recém descobertas colônias, o sistema do "padroado", em que as autoridades estaduais controlavam compromissos clericais, e o contato direto com a Santa Sé e o papado não era permitido. Mesmo assim os papas tentaram conter os abusos cometidos contra os índios por exploradores e conquistadores, condenando a escravidão, tais como Urbano VIII (1623-1644), e Bento XIV (1740-1758). No , após a ascensão de Napoleão Bonaparte e a eclosão das Guerras Napoleônicas, os Estados Pontifícios foram ocupados e extintos pela França, as revoltas do povo romano contra os franceses foram esmagadas e o Papa Pio VII preso em Savona e depois na França. Com o Congresso de Viena, os Estados Pontifícios foram recriados, e extintos novamente em 1870 por Vitor Emanuel II, no âmbito da unificação da Itália, iniciando-se a Questão Romana. No mesmo ano o Concílio Vaticano I proclamou o primado e infalibilidade papal como dogma. No em resposta as inúmeras adversidades sociais, o Papa Gregório XVI, desafiando a soberania espanhola e portuguesa, nomeia seus candidatos próprios como bispos nas colônias, e em 1839 por meio da bula "In Supremo Apostolatus" condena a escravidão e o tráfico de escravos, e aprova a ordenação de um clero autônomo, apesar do racismo do governo. O Papa Leão XIII em refutação a Revolução Industrial, publicou em 1891 a encíclica "Rerum Novarum", estabelecendo a doutrina social da Igreja em que rejeitava o socialismo, mas que defendia a regulamentação das condições de trabalho, o estabelecimento de um salário mínimo e o direito dos trabalhadores de formar sindicatos. Em 1929, o Tratado de Latrão assinado entre a Itália e o Papa Pio XI estabeleceu a independência do Vaticano, como cidade-estado soberana sob controle do papa, utilizada para apoiar sua independência política. Depois de violações da "Reichskonkordat" de 1933, que havia garantido a Igreja na Alemanha nazista alguma proteção e direitos, o Papa Pio XI emitiu em 1937 a encíclica "Mit brennender Sorge", que condenou publicamente a perseguição da Igreja pelos nazistas e sua ideologia de neopaganismo e superioridade racial. Depois que a Segunda Guerra Mundial começou em setembro de 1939, a Igreja condenou a invasão da Polônia e as subsequentes invasões nazistas de 1940. No Holocausto, o Papa Pio XII dirigiu a hierarquia da Igreja para ajudar a proteger os judeus dos nazistas. O Concílio Vaticano II, reunido na década de 1960, intentou modernizar o papel e a ação da Igreja na sociedade. Após a sua conclusão, o Papa Paulo VI e seus sucessores, especialmente o Papa João Paulo II, passaram a ser conhecidos como os "papas peregrinos", viajando para diversas partes do mundo e dedicando-se além da defesa da fé cristã, ao ecumenismo, ao diálogo inter-religioso, a trabalhos de caridade e a defesa dos direitos humanos. Eleição, morte e abdicação. Eleição. História. O papa originalmente foi eleito pelo clero e povo de Roma, com uma participação dos bispos das cidades próximas. A partir de 1059, a eleição foi reservada ao Colégio dos Cardeais da Igreja Romana. O Papa Urbano VI, eleito em 1378, foi o último papa que não foi um cardeal no momento de sua eleição. Tradicionalmente a votação foi conduzida por aclamação, por seleção (em comissão) ou por votação em plenário. A aclamação foi o procedimento mais simples, em que todos os eleitores presentes por unanimidade proclamam em voz alta o nome do candidato, e foi utilizada pela última vez em 1621. Quando um leigo ou não bispo era eleito, ele recebia imediatamente a consagração episcopal antes de assumir o pontificado. O Papa João Paulo II aboliu a votação por aclamação e por meio da seleção por comissão, assim, todos os papas serão eleitos por votação integral do Colégio dos Cardeais por cédula eleitoral. Até 1978, alguns dias após a eleição do papa, era realizada sua coroação, em que ele era levado em procissão para a Basílica de São Pedro na sede gestatória, onde após uma Solene Missa Papal, ele era coroado com a tiara e pronunciava pela primeira vez a bênção Urbi et Orbi ("Para a cidade [de Roma] e para o Mundo"). Tornou-se também famoso a parte da coroação em que um mestre de cerimônias ficava de joelhos diante do papa, queimando uma mecha de estopa e dizendo três vezes consecutivas, em voz alta ""Sancte Pater, sic transit gloria mundi!" ("Santo Padre, assim passa a glória mundana!""). Estas palavras serviam como um lembrete da natureza transitória da vida e das honras terrenas. Durante a história, os papas foram em sua maioria italianos. Antes da eleição do cardeal polonês Karol Wojtyla como o Papa João Paulo II, em 1978, o último pontífice não italiano foi o Papa Adriano VI da Holanda, eleito em 1522. João Paulo II foi seguido pelo alemão Joseph Ratzinger (que escolheu o nome de Bento XVI), e pelo argentino Jorge Mario Bergoglio (que escolheu o nome de Francisco), demonstrando que possivelmente a eleição de papas majoritariamente italianos acabou. Procedimentos atuais. Os atuais regulamentos sobre a eleição pontifícia foram promulgados pelo Papa João Paulo II em seu documento de 1996 "Universi Dominici Gregis". O período entre a morte de um papa e a eleição de seu sucessor é denominado de "sede vacante" ("sede vaga"). Durante a "sede vacante", o Colégio dos Cardeais, composto pelos conselheiros principais do papa e seus assistentes, é coletivamente responsável pelo governo da Igreja e do Vaticano, sob a direção do Camerlengo. No entanto, é proibido especificamente que os cardeais introduzam qualquer inovação no governo da Igreja durante este período. Qualquer decisão que exija o parecer do papa tem que esperar até sua eleição. A reunião de cardeais para eleger o papa é denominada de "conclave" (assim chamada porque os eleitores estão trancados "cum clave" [com chaves] até se eleger um novo papa), ocorrendo na Capela Sistina. Três cardeais são escolhidos por sorteio para coletar os votos dos cardeais eleitores ausentes (por motivo de doença), outros três para contar os votos e outros três para fiscalizar sua contagem. As cédulas são distribuídas e cada cardeal eleitor escreve o nome de sua escolha sobre ele e promete em voz alta que é "aquele que em Deus eu acho que deveria ser eleito" antes de dobrar e depositar seu voto em um prato em cima de um cálice grande colocado sobre o altar (no conclave de 2005 uma urna especial foi utilizada para este fim, em vez do cálice e do prato). O prato é então utilizado para que o voto caia no cálice, o que torna difícil para qualquer eleitor inserir cédulas múltiplas. Antes de ser lido, o número de votos é contado, enquanto ainda dobrado, se o número total de cédulas não corresponder ao número de eleitores, as cédulas são queimadas e uma nova votação é realizada. Caso contrário, cada voto é lido em voz alta pelo Cardeal Camerlengo, que perfura a cédula com uma agulha e linha, amarrando todas as cédulas em conjunto, garantindo precisão e honestidade. Assim são realizadas votações contínuas até que um Papa seja eleito por uma maioria de dois terços. Uma vez que os votos são contados e unidos, são queimados em um forno especial na Capela Sistina, com a fumaça escapando através de uma chaminé visível da Praça de São Pedro. As cédulas de uma votação indecisa são queimadas junto com um composto químico para produzir fumaça negra; quando a votação é bem sucedida, as cédulas são queimadas sozinhas, emitindo fumaça branca, anunciando assim a eleição de um novo papa. O Decano do Colégio dos Cardeais, em seguida, se dirige ao cardeal eleito perguntando: ""Aceitas a tua eleição canônica para Sumo Pontífice?" Se ele responde "Accepto"" (Aceito), ele se torna canonicamente papa naquele instante, caso ele rejeite, uma nova votação é feita. Em seguida o Decano perguntará como ele quer ser chamado, e o novo pontífice então escolhe um nome papal para si. Os cardeais então se ajoelham e oferecem sua obediência ao novo papa, que em seguida é conduzido para a Capela Paulina para vestir a batina branca papal. Em seguida na "Sacada das Bençãos" na fachada da Basílica de São Pedro o Cardeal-Protodiácono diz a proclamação "Habemus Papam", em que anuncia o nome de batismo do novo papa, juntamente com seu nome papal, e então o novo papa aparece no mesmo local e concede a bênção "Urbi et Orbi". Morte. Nos últimos séculos é tradição que quando o Papa morre, o Cardeal Camerlengo confirma a morte cerimonialmente batendo três vezes um sino, chamando seu nome de nascimento cada vez. Este costume não foi seguido na morte do Papa João Paulo I e provavelmente não foi realizado na morte do Papa João Paulo II. Atualmente é exigido apenas que o Camerlengo declare a morte do Papa na presença do Mestre de Celebrações Litúrgicas Pontifícias, e do Secretário e Chanceler da Câmara Apostólica. O Cardeal Camerlengo, em seguida, recupera o Anel do Pescador usado pelo Papa, que é posteriormente destruído na presença do Colégio dos Cardeais. A tradição teve origem para evitar a falsificação de documentos, mas hoje é meramente um símbolo do fim do pontificado do papa. Os cardeais deverão tomar providências em relação ao sepultamento do Papa, que tradicionalmente ocorrerá dentro de 4-6 dias após sua morte, dando tempo aos peregrinos para ver o pontífice morto, e é seguido por período de nove dias de luto (conhecido como "novemdiales", expressão latina para "nove dias"). O corpo do papa passará por um processo para sua preservação e conservação, um tipo de "mumificação", após as cerimônias ele será depositado em um sarcófago, mantendo o corpo inteiramente conservado em um ambiente livre de fungos decompositores. A maioria dos túmulos papais existentes estão localizados na Basílica de São Pedro, e outras grandes igrejas de Roma (em especial a Basílica de São João de Latrão, Santa Maria sopra Minerva e Santa Maria Maggiore), ou outras catedrais e igrejas da Itália, França e Alemanha. Cerca de 100 túmulos papais existem pelo menos parcialmente, o que representa menos da metade dos 264 papas falecidos. De São Pedro até João Paulo II, diversas tumbas foram destruídas por incêndios, reformas nas igrejas e transferência incorreta de seus restos mortais. O estilo das tumbas papais evoluiu consideravelmente ao longo da história, seguindo as tendências e o desenvolvimento dos monumentos da igreja. Notáveis túmulos papais foram feitos por escultores como Michelangelo, Gian Lorenzo Bernini, e Alessandro Algardi. Abdicação. A abdicação do papa é possibilitada no cânon 332 §2 do Código de Direito Canônico e no cânon 44 §2 do Código de Direito Canônico das Igrejas Orientais. As únicas condições para a validade da renúncia são de que sejam realizadas livremente e manifestadas adequadamente. O direito canônico não especifica qualquer indivíduo ou entidade a quem o Papa deve manifestar a sua abdicação, deixando, talvez, em aberto a possibilidade de fazê-lo à Igreja ou ao mundo em geral. Mas alguns analistas sustentam que o colégio de cardeais, ou pelo menos seu Decano, deve ser informado, já que os cardeais devem estar absolutamente convencidos de que o Papa renunciou para que possam proceder validamente para eleger seu sucessor. Na Idade Contemporânea, o único papa que abdicou foi Bento XVI, em 2013, tornando-se assim "Papa Emérito". Antes dele, o exemplo mais conhecido de renúncia de um Papa é a de Celestino V em 1294. Em junho e julho de 2002 correram boatos de que João Paulo II poderia abdicar devido à sua saúde frágil, no entanto ele faleceu como papa em 2005. Títulos. Os títulos do Bispo de Roma constituem um direito de honra e são considerados pela Igreja Católica como divinamente instituídos, uma verdade revelada aos apóstolos e transmitida no curso da história. A lista oficial de títulos, ditadas pelo Anuário Pontifício em 2009 é: “"Bispo de Roma, Vigário de Jesus Cristo, Sucessor do Príncipe dos Apóstolos, Sumo Pontífice da Igreja Universal, Primaz da Itália, Arcebispo Metropolitano da Província Romana, Soberano do Estado da Cidade do Vaticano, Servo dos Servos de Deus"”. No entanto, a lista oficial dos títulos não inclui todos os que são usados; bem como, durante a história, os papas portaram diversos outros títulos, às vezes por séculos, e em algum momento foram abandonados. Papa. O termo "Papa" é o título mais famoso e associado ao Bispo de Roma, sendo usado no protocolo, documentos e assinaturas. Desde o início do o título era utilizado como uma expressão de afetuosa veneração tanto para o Bispo de Roma, quanto para os outros bispos do Ocidente. No Oriente inicialmente era usado para sacerdotes, e posteriormente é reservado apenas para o Patriarca de Alexandria. No fim do a palavra Papa aplicada ao Bispo de Roma começa a exprimir mais do que afetuosa veneração, tende a tornar-se um título específico, tornando-se no firmemente associada aos bispos de Roma, até que no , passa a ser utilizada somente por eles. O termo "papado" ("papatu"), origina-se apenas em torno do , para referir-se exclusivamente ao sistema eclesiástico governamental do papa. Vigário de Cristo. Vigário de Cristo (em latim "Vicarius Christi") é o título mais significativo do papa, implicando sua suprema e universal primazia. Baseia-se na promessa de em que Cristo entrega a Pedro as chaves do reino dos céus. Em todos os países a chave é um símbolo de autoridade. Deste modo, para o catolicismo, as palavras de Cristo são uma promessa que Ele vai conferir a Pedro o poder de governar a Igreja em seu lugar, como seu vigário. O primeiro registro de um título que reflete um papel do papa como "Vigário" consta em uma carta de 445, do Papa Leão I a Dióscoro de Alexandria, em que designa o Bispo de Roma como "vigário terreno dos sucessores de Pedro"; pouco tempo depois, em 495, os decretos de um sínodo denominam o Papa Gelásio I como "vigário de Cristo"; sendo que originalmente na Alta Idade Média existiam diversas variantes desse título, como “Vigário de Pedro” ("Vicarius Petri"), e outras. A designação de Vigário de Cristo para os papas tornou-se de uso regular a partir do , devido às reformas empregadas pelo Papa Inocêncio III. Atualmente o Concílio Vaticano II ensina que todos os bispos são "vigários e embaixadores de Cristo" nas suas próprias igrejas locais, enquanto o Papa é vigário de Cristo na Igreja Universal. Com diferentes significados teológicos e seculares, o título também foi utilizado em uma observação pessoal por Tertuliano no para referir-se ao Espírito Santo e no cesaropapismo nos séculos V ao IX para referir-se a governantes e autoridades públicas, tais como reis, juízes e mais proeminentemente ao imperador bizantino. Pontífice. O termo "Pontífice" ("Pontifex"), cujas variações incluem "Romano Pontífice" ou "Pontífice Romano", "Supremo Pontífice", "Soberano Pontífice" e "Pontífice máximo", sendo a denominação oficial "Sumo Pontífice" ("Summus Pontifex") ou mais completamente, "Sumo Pontífice da Igreja Universal" ("Summus Pontifex Ecclesiae Universalis") é um dos títulos oficiais do Papa. Do adjetivo "Pontífice" foram formados os substantivos "pontifício" e "pontifical" (o primeiro referindo-se às cerimônias e instituições ligadas ao papa, e o segundo referindo-se aos bispos em geral). O termo Pontífice Máximo é comumente encontrado em inscrições em edifícios, pinturas, estátuas e moedas sobre os papas, sendo normalmente abreviado como ""Pont Max" ou "P M"". Todo papa também a partir de sua eleição, começa a contar um novo calendário em "Anos de Pontificado" ou "Anos Papais" ("Anno Papalis" - A.P.), que coexiste com o do calendário cristão, contado a partir do nascimento de Jesus Cristo em "Anos do Senhor" ("Anno Domini" - A.D.). O uso dessas duas datas podem ser vistas em vários monumentos de Roma, bem como em todos os decretos papais e alguns documentos da Igreja. Na "Vulgata" em "Hebreus 5, 1-4", diz-se que determinados sacerdotes seriam pontífices, pontífice significa literalmente "construtor de ponte" ("pons" + "facere"), ou sejam, os pontífices são simbolicamente os construtores da ponte entre Deus e os homens, o uso deste termo é justificado porque o pontífice é "(...) constituído a favor dos homens como mediador nas coisas que dizem respeito a Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados.", ou seja, refere-se às funções sacras e evangelizadoras dos sacerdotes. O uso da expressão "sumo pontífice" para o papa é justificado pelo catolicismo nas palavras de Cristo a Pedro, em , assim Cristo confiou seu rebanho a Pedro, confiando-lhe as mais importantes funções sacerdotais, tornando-o sumo pontífice. A origem do título é obscura. Originalmente, o título de "Pontifex" era uma palavra latina equivalente a "Sumo Sacerdote", como pode ser observado em sua tradução em outras línguas, como o grego. O termo em grego foi usado no texto da Septuaginta e pelos Apóstolos. Posteriormente, quando Jerônimo de Estridão traduziu a Bíblia para o latim, a "Vulgata", o termo pontífice foi definitivamente usado para referir-se ao sumo sacerdote judeu. Uma vez que, segundo a doutrina católica, os bispos substituíram o encargo dos antigos sacerdotes bíblicos, desde o o título foi usado para descrever de forma elogiosa bispos notáveis, e após o parece que o termo passou a ser utilizado apenas para os papas. No que se refere individualmente ao termo pontífice máximo (), era um título do imperador romano desde o reinado de Augusto , e abdicado por Graciano . Uma vez que os papas passaram a utilizar o título de pontífice máximo muito tempo depois, no , não parece haver qualquer relação causal histórica imediata entre eles. Servo dos Servos de Deus. O título de "Servo dos Servos de Deus" é uma referência à função e autoridade colegial do Papa, em que ele serve os demais bispos do mundo. Esse título é "o modelo e a norma para o ministério petrino exercido pelo papa. Implica dar testemunho de fé, supervisionar o modo como as igrejas locais preservam essa fé, dar ajuda e incentivo aos outros bispos em seu ministério local e universal de proclamar a fé, falar em nome dos bispos e suas igrejas locais e expressar a fé da Igreja em nome de todas as igrejas locais que juntas constituem a Igreja Universal. Em suma o ministério petrino é de um servo dos servos de Deus (...), um servo de seus irmãos bispos e de todo o povo de Deus". A justificativa para este título encontra-se em "Mateus, 20: 26-27": "(...) todo aquele que quiser ser grande entre vós, seja vosso servo; e quem quiser ser o primeiro, seja vosso servo". Foi usado pela primeira vez no , pelo Papa Gregório I, como uma lição de humildade para João, o Jejuador, Patriarca de Constantinopla, após o último assumir o título de "Patriarca Ecumênico". Anteriormente essa designação foi utilizada por outros bispos e líderes seculares, por exemplo, São Bonifácio e Afonso II de Aragão . O uso do título tornou-se regular para os papas a partir do e desde o é utilizado exclusivamente por ele. Outros títulos. Outros títulos não oficiais em uso incluem ""Santo Padre", "Beatíssimo Padre" ou "Santíssimo Padre"". O pronome de tratamento próprio para o Papa é "Sua Santidade". O papa também a partir de sua eleição escolhe um nome formal, que utilizará durante o seu pontificado, em detrimento do seu nome de batismo. Títulos oficiais em desuso incluem o termo "Patriarca do Ocidente", que foi listado como oficial de 1863 até 2005 pelo "Anuário Pontifício". E entre o e XI, "Dominus Apostolicus" ("Senhor Apostólico") também foi utilizado, como uma referência ao fato do papa ocupar a Sé fundada por um Apóstolo. Assinatura. Os pontífices normalmente assinam documentos usando o título de "Papa", na forma abreviada, ""PP." e com o numeral, por exemplo, "Franciscus PP." (Papa Francisco). As exceções são bulas de canonização e decretos dos concílios ecumênicos, em que os papas usam o protocolo, "Ego N. Episcopus Ecclesiae Catholicae", sem o numeral, como em "Ego Paulus Episcopus Ecclesiae Catholicae" (Eu, Paulo, bispo da Igreja Católica). A assinatura do Papa é seguida, em bulas de canonização, pelas assinaturas de todos os cardeais residentes em Roma, e nos decretos dos concílios ecumênicos, pelas assinaturas dos bispos que participam do concílio. As Bulas são assinadas na forma "N. Episcopus Servus Servorum Dei"" ("Nome, Bispo, Servo dos Servos de Deus"). Em geral, as bulas não são assinadas pelo papa, mas João Paulo II introduziu em meados da década de 1980 o costume pelo qual todas as bulas, não só as de canonização, contêm sua assinatura normal, como "Franciscus PP.", nas bulas de nomeação dos bispos. Os papas, nos escritos oficiais, não utilizam a primeira pessoa do singular ("Eu" - "Ego"), mas sim a primeira pessoa do plural ("Nós" - "Nobis"), o que é chamado de "plural majestático" ou "plural de modéstia". Essa terminologia já era usada pelo Papa São Clemente I, no primeiro decreto pontifício conhecido, e o primeiro documento cristão pós-apostólico, escrito no ano c. 96, aos Coríntios, e foi preservada por todos os papas sucessivos. Conforme a interpretação tradicional, o plural majestático aludiria ao fato de que o Papa é Vigário de Cristo, em que Deus comanda a Igreja por meio do pontífice e, em assistência, e auxílio dele, logo, o plural majestático exteriorizaria essa relação mística entre os dois. O Papa João Paulo I e seus sucessores deixaram de usá-lo no discurso público, mas o mantiveram nos escritos oficiais. Desde o , imitando o uso da chancelaria papal, alguns monarcas, como o rei inglês, adotaram também o plural majestático. Paramentos e insígnias. O Papa utiliza vários itens oficiais de vestuário, bem como "os mais elaborados e o maior número de paramentos litúrgicos", alguns de seu uso exclusivo na qualidade de Sumo Pontífice, embora também use todas as demais vestes comuns a hierarquia católica. Pelo menos desde o , o papa possui uma comunidade de capelães que organizam e normatizam as cerimônias e a liturgia papal, dispondo de sua capela própria, a Basílica de São Lourenço, e sendo chefiados por um "Magistri Caerimoniarum Apostolicarum" ("Mestre de Cerimônias Apóstolicas"). O Papa João Paulo II, ao reorganizar a Cúria Romana pela constituição "Pastor Bonus", em 1988, criou o "Ofício das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice", um organismo curial autônomo, atualmente responsável por todas as celebrações litúrgicas e outras celebrações sagradas, em que o Papa presida, participe ou assista; seu Mestre de Cerimônias é Guido Marini. A Santa Sé não possuí uma alfaiataria oficial; no entanto, desde o , as vestes papais são tradicionalmente encomendadas na "Gammarelli Sartoria Ecclesiastica", loja especializada e artesanal localizada no centro de Roma. Somente Pio XII optou por outra alfaiataria. Os custos das vestes papais nunca são publicados. Quando visita algum país estrangeiro, normalmente as vestes que o papa usa nas cerimônias nacionais são doações de firmas especializadas daquela região, como ocorreu no Brasil, por exemplo, com João Paulo II e Bento XVI. Tiara. A tiara papal, também conhecida como "Tríplice Tiara" ou "Tiara Tripla" (em latim: "Triregnum") é a "coroa papal, (...) que tem a forma de uma colmeia, possui uma pequena cruz no ponto mais alto, e também é equipada com três diademas reais". Os papas poderiam usar uma tiara já existente, ordenando que seu tamanho fosse ajustado, ou poderiam confeccionar uma nova; ele recebia a tiara na cerimônia de coroação após sua eleição, que inaugurava seu pontificado, e uma que vez que a ""tiara é um ornamento não litúrgico", a partir daí era usada apenas em "procissões papais, e solenes atos de jurisdição", sendo que "o papa, como os bispos, veste uma mitra pontifícia nas funções litúrgicas"". Os primeiros registros do uso da tiara remontam ao , sendo que sua decoração e forma se desenvolveram até meados do . O último papa a usar a tiara foi Paulo VI em 1963, que a doou, para auxiliar os pobres da África; desde então, os papas seguintes optaram por não usá-la; mesmo assim, na heráldica eclesiástica ela continua sendo um símbolo preeminente do papado. Atualmente existem vinte e quatro tiaras papais sobreviventes. Pálio. O Pálio, "Toalha de altar" ou em latim "Pallium" é uma faixa circular de tecido feita de lã de cordeiro e usada ao redor do pescoço do papa, na sua casula. O pálio tem forma de Y, circulando o pescoço pelos ombros, e caindo sobre peito e costas com dois pingentes pendurados para baixo, na frente e atrás, sendo ornamentado com seis cruzes. Durante muitos séculos o pálio foi concedido pelo papa aos arcebispos metropolitanos e primazes como um símbolo da competência delegada a eles pela Santa Sé. Possivelmente os papas já utilizavam uma faixa de lã de cordeiro nos três primeiros séculos do cristianismo, como demonstração de sua autoridade pastoral. No , o pálio foi personalizado e ornamentado e atingiu sua forma atual no . Brasões pessoais. Cada Papa tem seu próprio brasão pessoal que serve como um símbolo de seu pontificado. Os brasões papais são compostos por uma chave de prata e ouro cruzadas, amarradas com um cordão vermelho, e acima delas a tiara papal branca, com duas ínfulas. A chave de ouro significa o poder provindo do céu e a chave de prata que esse poder se estende a todos os fiéis na terra, o entrelaçamento entre elas pelo cordão indica a ligação entre os dois aspectos do poder, e o arranjo cruzado das chaves simboliza que o poder está nas mãos do papa. Bento XVI e Francisco mudaram a simbologia tradicional de seu brasão, personalizado-o e utilizando a mitra e o pálio em vez da tiara, que também representava a supremacia do poder papal. Desde o , os papas possuem seu próprio brasão, sendo que o primeiro confirmadamente conhecido é o de Inocêncio III . Os brasões papais aparecem em obras de arquitetura, publicações, decretos e documentos de vários tipos. Com frequência os Papas adotavam o brasão da própria família (caso existisse), ou compunham um brasão com simbolismos que indicavam crenças pessoais ou variações do brasão que tinham adotado como Bispos. Anel do Pescador. O Anel do Pescador, também conhecido como "Anulus Piscatoris" (em latim) é um anel de ouro com um baixo-relevo de São Pedro pescando de um barco. Este símbolo deriva da tradição que os apóstolos eram "pescadores de homens" (""). Através dos séculos, foi demonstração de respeito ao Papa ajoelhar-se e beijar o Anel do Pescador, tradição que continua até a atualidade. Tradicionalmente o anel de pescador é colocado pelo Cardeal Camerlengo no dedo do recém-eleito papa e destruído por ele após a morte do mesmo, ou quando o cargo de papa é abdicado. As primeiras menções ao anel do pescador datam do , sendo usado como sinete, para fechar toda a correspondência privada, pressionando o anel no lacre de cera vermelha derretida em um envelope. Os documentos públicos como as bulas, pelo contrário, são selados com chumbo pelos brasões papais. Essa prática foi abolida em 1842, quando a cera para a impressão do anel foi substituída por um carimbo com tinta vermelha. Desde a Antiguidade o papa também utiliza diversos outros tipos de anéis, assim como os outros bispos, normalmente de ouro com uma grande gema, vários preciosos anéis pontifícios foram reservados para as mais solenes cerimônias eclesiásticas. O uso dessas peças foi mais proeminente nos papas do Renascimento, mas essa prática foi abandonada após o Papa Paulo VI. O Anel do pescador não foi usado pela maioria dos papas diariamente, que usaram um anel simples habitualmente. O Papa Francisco escolheu após sua eleição, usar um anel de prata dourado ao invés de ouro. Sede gestatória e papamóvel. A "Sede gestatória" e o "Papamóvel" são transportes projetados para permitir que o Papa seja mais visível na saudação de grandes multidões. A "Sede gestatória" é uma cadeira móvel transportada por doze homens ("sediários") com uniformes vermelhos, acompanhado por dois assistentes com a "flabella" (ventiladores feitos de penas brancas de avestruz) e, por vezes, um grande guarda-sol, conduzido por oito atendentes. Era principalmente utilizada para transportar os papas nas cerimônias e procissões na Basílica de São João de Latrão e na Basílica de São Pedro e seu uso já era comum desde o . A utilização do flabella foi abolida pelo Papa João Paulo I e o uso da "sedia gestatoria" foi abolida pelo Papa João Paulo II, sendo substituída por um carro simples, informalmente denominado de "Papamóvel" (italiano: "Papamobile"). Outras insígnias. Outros paramentos litúrgicos exclusivos do papa incluem a Férula, um báculo com um crucifixo; o umbráculo (mais conhecido como "Ombrellino") um guarda-chuva vermelho alternando listras de ouro, que costumava ser colocado acima do papa em procissões; o Fano, uma pequena capa de ombros, de seda branca com listras douradas e vermelhas, usado raramente na atualidade, embora não tenha sido abolido, já que o Papa João Paulo II e Bento XVI o usaram em algumas ocasiões. Após o Concílio Vaticano II, o papa também deixou de usar alguns trajes e paramentos tradicionais. Bento XVI posteriormente reintroduziu algumas dessas vestes papais, mas o seu sucessor, o Papa Francisco, deixou-as de lado novamente, além de ter também deixado de usar as mozetas papais. Atualmente, as vestes tradicionais em desuso do papa são: o Múleo, os sapatos papais vermelhos com uma cruz bordada de fio de ouro; o Camauro, um gorro vermelho que o papa usava no inverno; o Mantum, uma pluvial especial, de cor vermelha ou branca (três trajes reintroduzidos por Bento XVI, e retirados por Francisco); o Subcíngulo, um manípulo especial amarrado ao cíngulo; e a Falda, uma túnica com uma longa cauda usada sob a alva, que era tão longa que o papa precisava de uma corte de auxiliares, tanto à frente como atrás dele, para segurá-la, para que ele pudesse movimentar-se. O pontífice, fora das funções litúrgicas, utiliza uma batina branca, cingida com uma faixa também branca (muitas vezes com o brasão papal bordado), a cruz peitoral suspensa por um cordão e o solidéu branco. O papa também confere a algumas personalidades ilustres, templos, governos ou cidades que tenham demonstrado espírito cristão uma condecoração especial chamada Rosa de Ouro, um ornamento de ouro abençoado pelo pontífice na quaresma. Tradicionalmente também as moedas dos Estados papais e posteriormente do Estado do Vaticano possuíam o rosto do papa reinante, privilégio, porém, que o Papa Francisco abdicou. Tradições e costumes. Basílicas papais. Em Roma existem as "basílicas papais", igrejas marcadas pela liturgia e a presença do pontífice, são a Basílica de São João de Latrão (a catedral do papa, e próximo dela, o Palácio de Latrão, residência oficial papal do até ao início do Papado de Avinhão), a Basílica de Santa Maria Maior, a Basílica de São Paulo Extramuros e a Basílica de São Pedro. Nesta última basílica, que é a principal e é guardada pela "Fábrica de São Pedro", são realizadas as principais cerimônias relacionadas com o Papa. Localizado na Cidade do Vaticano, a Basílica de São Pedro fica próxima do Palácio Apostólico (onde está localizado a Capela Sistina e Capela Paulina). A segurança do Papa, incluindo a segurança do Palácio Apostólico e das basílicas papais, é assegurada pela "Guarda Suíça", uma pequena guarda de suíços mantida pela Santa Sé, servindo como as "Forças Armadas do Vaticano". Em 1984, o Vaticano, devido ao seu notável valor artístico e cultural, foi acrescentado pela UNESCO na Lista de Patrimônios da Humanidade, sendo o único patrimônio que consiste em um Estado inteiro. Protocolo. O Papa também possui um protocolo e uma etiqueta tradicionais que se formaram ao longo do tempo. Alguns dos exemplos mais famosos incluem o cumprimento dos fiéis ao pontífice, que consiste em fazer genuflexão com o joelho direito e beijar seu anel (até ao Papa Paulo VI, este costume era mais complexo nas audiências privadas: os fiéis, em vez de beijar o anel do papa, deviam beijar a cruz de ouro bordada em seu sapato - o múleo). Nas audiências, as mulheres devem usar um vestido preto longo e uma mantilha preta, com a excepção de algumas rainhas e princesas católicas, que possuem o "privilegio del bianco" ("privilégio do branco"): o privilégio de usar vestido e mantilha brancas (embora atualmente, muitas mulheres não usem mais o vestido tradicional preto). Com os governantes políticos que professam a fé católica, o pontífice usa sua "veste coral", isto é, a estola clássica vermelha, com mozeta em cima da sobrepeliz e da batina; mas, com os líderes não católicos, o papa usa apenas a batina. Tradicionalmente, o papa também não come em público. Decretos e documentos. O Papa usa diversos tipos de documentos e decretos, em situações diferentes. Entre estes encontram-se: As definições "ex-catedra", proclamando dogmas, são publicadas sob forma de bula. Rotina e cotidiano. A residência oficial dos papas é nos "Apartamentos Papais" no Palácio Apostólico do Vaticano. Atualmente porém, o Papa Francisco optou por residir no Quarto 201 da Casa de Santa Marta ("Domus Sanctae Marthae"), também localizada no Vaticano. Do século XVII até a atualidade, os papas possuíam também uma residência de verão, o Castel Gandolfo, que porém, foi transformada em museu pelo Papa Francisco em 2016. O Papa "não recebe e nunca recebeu um salário", sendo-lhe fornecido apenas os meios necessários para viver, isto é, moradia, alimentação e assistência médica. Ele é auxiliado diariamente pelos funcionários da "Casa Pontifícia" ("Domus Pontificalis" - chamado originalmente até 1968 de "Tribunal Papal" - "Pontificalis Aula"), que o ajuda nas funções cerimoniais (missas e ritos em geral) e nas funções jurídicas e governamentais. A rotina e agenda do pontífice diariamente exigem mais de dezesseis horas de trabalho. O Papa Francisco acorda às 4h30 da manhã, seguindo-se um tempo de orações e meditação. Às 7h ele preside uma missa diária pública. Depois, toma o café da manhã no salão geral da “Casa de Santa Marta”, com os demais moradores, onde tem uma mesa reservada. Em seguida o pontífice trabalha até as 9h em um escritório e lê jornais e notícias. Depois vai de carro ao Palácio Apostólico para as audiências papais oficiais no segundo andar. Ali recebe bispos, delegações, congregações e chefes de Estado até as 13h da tarde. Tradicionalmente ao recepcionar Chefes de Estado, o papa e o convidado trocam presentes mútuos. Entre as 13h e as 14h, o papa volta a Casa de Santa Marta para almoçar, onde às vezes convida outras pessoas para acompanhá-lo e, com alguns de seus convidados, fica em uma pequena sala próxima. Após o almoço, o papa dorme um pouco e dedica a tarde ao trabalho, realizando reuniões, lendo documentos e usando o telefone. O papa volta a rezar, entre as 19h00 e as 20h00, e depois janta na companhia de outros sacerdotes no refeitório da Casa Santa Marta. Finalmente se retira ao seu quarto por volta das 21h00 e dorme às 22h30. As aparições públicas rotineiras do pontífice no Estado do Vaticano são a recitação, em todos os domingos, de um discurso seguido da oração do "Angelus", no balcão do terceiro andar do Palácio Apostólico, onde se localiza o Apartamento Papal (única ocasião em que Francisco vai ao Apartamento em que deveria residir); e a audiência geral de manhã de quarta-feira, aos peregrinos e fiéis, na Praça de São Pedro, ambas seguidas da tradicional bênção papal "Urbi et Orbi". O papa também preside as missas na Basílica de São Pedro nos dias santos da Páscoa, de Natal e de Pentecostes, bem como nos Consistórios. Outra maneira tradicional do papa se aproximar dos fiéis é por meio da "benção apostólica", um documento em forma de pergaminho com o nome de um fiel ou uma família piedosa que o papa abençoa mensalmente e é enviado ao sujeito em qualquer parte do mundo. Antes do Concílio Vaticano II, o pontífice normalmente permanecia apenas no Vaticano, no entanto, após o concílio, ele passou a realizar diversas viagens a outros países para propagar a fé e os princípios cristãos. Uma vez que o Papa não dispõe de um avião pessoal, nas viagens e visitas internacionais ele usa um avião fretado da Alitalia, escoltado por dois caças da Força Aérea Italiana. No Aeroporto Internacional de Roma, em que o pontífice entra no avião, ele é recepcionado pelo exército italiano, que lhe dispõe um helicóptero para a ida e a vinda da Santa Sé. Outros papas. O título de "Papa" tornou-se associado principalmente com o Bispo de Roma, no entanto, em alguns casos, o termo é usado por autoridades clericais de outros grupos cristãos. Também pode ser usado de forma satírica para descrever algum líder religioso importante. Na Igreja Católica. O "Papa Negro" é um nome não oficial que foi popularmente dado ao Superior Geral da Companhia de Jesus devido à enorme importância dos Jesuítas na Igreja. Este nome foi dado com base na cor preta da batina do Superior Geral, sendo referida como um paralelo entre ela e a túnica branca do papa. Também o Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, cuja batina cardinalícia era vermelha, foi chamado de "Papa Vermelho". Nas Igrejas Orientais. Desde o , os Bispos de Alexandria na Igreja Ortodoxa Copta e na Igreja Ortodoxa Grega são chamados de "Papa", sendo o primeiro denominado de "Papa Copta" (ou "Papa de Alexandria") e o segundo de "Papa e Patriarca de Alexandria e de toda a África". Nas Igrejas Ortodoxas Búlgara, Russa e Sérvia, não é incomum um padre paroquial ser chamado de "papa" ("поп" "pop"). Antipapas. Antipapas são pessoas que reclamam o título de Papa, em oposição a um Papa específico, ou durante algum período no qual o título estava vago. No passado, antipapas eram geralmente apoiados por uma parte significativa de cardeais e reinos. A existência de um antipapa é geralmente devido a uma controvérsia doutrinária, ou a confusão na eleição do papa legítimo. A partir dos anos 70, alguns pequenos grupos sectários "sedevacantistas", no México e Estados Unidos, elegeram papas próprios, em oposição aos papas atuais da Igreja Católica, sendo portanto, antipapas. Cultura popular, mídia e ficção. Na cultura popular, os papas atuais são retratados com frequência pelos meios de comunicação sociais mais importantes do mundo, que noticiam suas decisões, viagens e compromissos. As posturas dos papas referentes a temas atuais e sua maneira de governar a Igreja Católica determinam a imagem pública do papado e da Igreja. Na atualidade os papas são retratados normalmente como importantes líderes religiosos concentrados na defesa da fé católica e dos direitos humanos. Por sua vez, diferentemente, a administração da Santa Sé e da Cúria Romana (normalmente chamada na cultura popular apenas de "Vaticano" ou "Roma"), é usualmente retratada como um organismo burocrático conservador, corrupto e ambicioso. Durante o pontificado do Papa Bento XVI, havia uma forte resistência nos meios de comunicação social mundiais ao seu estilo e decisões, nomeadamente à sua ênfase na moral católica, contra o aborto, o casamento gay e o uso de contraceptivos. Este combate foi intenso e midiático desde Paulo VI, de maneira que Bento XVI declarou em uma entrevista que alguns setores da imprensa dedicam-se à "exploração da difamação do papado". Durante o pontificado do Papa Francisco, por sua vez, houve uma enorme simpatia e aprovação popular e midiática à sua maneira menos formal de abordar o papado e os temas eclesiais, especialmente seu destaque a problemas sociais no mundo atual e sua desfocalização das questões morais. Ao longo da história, também surgiram numerosos mitos, teorias de conspiração e lendas envolvendo o papado, algumas que se destacam mais proeminentemente é a lenda, surgida no , de que uma mulher foi eleita papa na Alta Idade Média, que não possui nenhuma prova histórica; a lenda de que São Malaquias, um santo do , compilou uma profecia, em que descreve cada um dos papas (junto com alguns antipapas), desde sua época até o Papa Francisco, que terminará com a destruição de Roma. O documento porém, é uma falsificação do final do , bem como outras lendas e mitos. Em obras de ficção literárias ou cinematográficas, os papas na Idade Média, e especialmente no Renascimento, são frequentemente retratados como corruptos e dedicados exclusivamente às questões políticas e familiares, destacando-se o Papa Alexandre VI, que se tornou num dos papas mais famosos desde o próprio São Pedro, aparecendo como tendo habilidades consideráveis como diplomata, político e administrador civil, em vez de pastor e pontífice. Críticas e objeções ao papado. Críticas gerais. Muitos estudiosos têm acusado a corrupção de determinados papas ao longo da história como sendo os responsáveis pelos principais erros cometidos pela Igreja Católica e pelas críticas direcionadas a ela, especialmente durante o saeculum obscurum e o renascimento, destacando a simonia e o nepotismo. Outros consideram que a autoridade papal tem um caráter autocrático. Alguns papas foram criticados como tendo dado ""apoio à pena capital, punição corporal e violência sistemática", o que teria ocorrido, por exemplo, pelo fato dos papas serem os fundadores da Inquisição e das Cruzadas. Críticos também usualmente acusam os papas, notadamente os medievais, de serem ambiciosos e se intrometerem em questões seculares, como observado no fato de alguns pontífices medievais considerarem que o poder eclesiástico era superior ao poder público ("plenitudo potestatis") e poderem por isso coagi-lo caso este adote medidas anticristãs (afirmado, como por exemplo, por Inocêncio III e Bonifácio VIII). Por isso, estes críticos defendem que o primado pontifício teria sido "faraonizado" e os papas teriam se declarado "senhores temporais absolutos"" na Idade Média, e que posteriormente foram obrigados a abdicar desse poder. Católicos, por sua vez, argumentam que estes acontecimentos surgiram dentro do contexto social, cultural e religioso de sua época, sendo anacronismo interpretá-los fora desse contexto. E eles também destacam algumas singularidades das instituições eclesiásticas medievais, como por exemplo, a Inquisição papal ter sido instituída principalmente para impedir a ação de abusos da população ou de governantes seculares, como Frederico II , que executava hereges por questões políticas, sendo que a Inquisição usava avançados meios judiciais para a época, opondo-se aos ordálios e outras superstições jurídicas. Sobre a relação entre Igreja e Estado, os católicos afirmam que a Igreja e os papas têm o direito de condenar as autoridades públicas caso estas abusem do seu poder ou violem os direitos humanos. Baseando-se neste princípio, nos séculos XIX e XX, o Papa Pio XI condenou a ditadura nazista e o racismo, e o Papa Pio IX condenou a ditadura comunista. Católicos e historiadores também afirmam que o exercício do poder temporal pelos papas demonstrou-se positivo em alguns ângulos, como por exemplo pelo fato dos pontífices terem mediado acordos que evitaram muitas guerras na Europa. Mesmo assim, por ocasião da comemoração do terceiro milênio, o Papa João Paulo II pediu perdão "pelos erros dos filhos da Igreja" cometidos no passado. O papado também tem sido frequentemente acusado de ser excessivamente rico, como retratado, por exemplo, no livro "The Vatican Billions" de Avro Manhattan, e por isso "infiel ao Evangelho". No entanto, financeiramente o estado do Vaticano tem dificuldades de sobrevivência, e sofre frequentemente déficits orçamentários, obtendo grande parte de sua receita de doações internacionais. Muitas vezes outras dioceses do mundo tem de auxiliar financeiramente a Santa Sé, bem como algumas delas possuem um orçamento superior ao da própria Santa Sé, como as dioceses de Colônia e Chicago. Os católicos afirmam que ""se tivesse um produto nacional bruto, seria medido, não em dinheiro, mas em almas". Outros ativistas também argumentam que o papado deveria vender seus artefatos artísticos e dar o dinheiro aos pobres. Contra essas afirmações, o Cardeal Paul Josef Cordes afirmou que a Igreja não pode vendê-los, porque tem o dever de conservar as obras de arte em nome do Estado Italiano, muitos dos quais são considerados patrimônios da humanidade e marcos importantes de períodos históricos e da identidade cultural humana (semelhante ao status das Pirâmides do Egito, da Cidade Proibida e etc.), católicos afirmam que "Quem venderia a Basílica de São Pedro? Para fazer o quê? Um shopping center?"". Outras religiões cristãs. A autoridade do Papa é aceita parcialmente ou não reconhecida por outras religiões cristãs. As razões para essas objeções diferem de denominação para denominação. Igrejas Ortodoxa, Vétero-Católica e Sedevacantistas. Alguns grupos cristãos aceitam em diferentes graus e de diferentes maneiras a primazia papal, tais como as Igrejas Ortodoxas, a Igreja Vétero-Católica e grupos católicos tradicionalistas sedevacantistas. As Igrejas Ortodoxas reconhecem o papa apenas como "Patriarca do Ocidente", bem como sucessor do apóstolo Pedro, primeiro patriarca e primeiro bispo de toda a Igreja. No entanto não seguem a doutrina católica da infalibilidade e do poder supremo do papa. Logo, os ortodoxos consideram que o Bispo de Roma tem apenas uma primazia de honra, que desde o Cisma do Oriente (1054), não tem nenhum poder concreto sobre estas Igrejas cristãs. Recentemente, devido ao grande esforço ecumênico, as Igrejas Católica e Ortodoxa chegaram a um consenso mínimo sobre essa questão. Este consenso, expresso no ""Documento de Ravena" (que foi aprovado no dia 13 de Outubro de 2007), consiste no reconhecimento de ambas as partes de "que o Bispo de Roma […] é o "protos", ou seja, o primeiro entre os patriarcas de todo o mundo (...)". Mas, mesmo assim, os católicos e os ortodoxos ainda mantêm divergências quanto às prerrogativas e aos privilégios desta primazia papal. Os vétero-católicos, foram um grupo de fiéis, especialmente da Alemanha, que se separaram da Igreja após o Concílio Vaticano I (1869-1871), por não aceitarem o dogma da infalibilidade papal, professando uma perspectiva sobre o papado que foi justamente condenada pelo Concílio. Os católicos tradicionalistas sedevacantistas aceitam as doutrinas e perspectivas da Igreja Católica sobre o primado papal, mas consideram o cargo como vago desde a morte de Pio XII em 1958. Eles renegam e não aceitam a autoridade dos papas posteriores que ensinaram em conformidade com o Concílio Vaticano II e o "aggiornamento" da Igreja, porque acreditam que estes papas seriam hereges modernistas, assim o aggiornamento não seria apenas uma maneira de atualizar a formulação da doutrina católica, mas modificar a essência da própria doutrina, fé e dos dogmas. Igrejas protestantes. As denominações protestantes rejeitam as alegações de primado papal de honra, de jurisdição, ou sua infalibilidade. Estas igrejas não aceitam a afirmação da autoridade legítima e válida do Papa, considerando que o "papado não é uma instituição de origem divina, mas resultou de um longo e complexo processo histórico". Alguns meios protestantes, especialmente durante a Reforma, afirmaram que o papa seria o "Anticristo" de "1 João 2:18", o "Homem do pecado" de "2 Tessalonicenses 2:3-12", e a "Besta na terra" de "Apocalipse 13:11-18". Muitos reformadores compartilharam dessas opiniões, tais como Martinho Lutero, João Calvino, Thomas Cranmer, John Knox, Cotton Mather, e John Wesley. Lutero argumentou, ao queimar a bula papal que o excomungava, que "esta queima é apenas uma bagatela. É necessário que também o papa e a sé papal sejam queimados. Aquele que não se opõe ao papado de todo o coração não há de obter a salvação eterna", Calvino despertou revolta inclusive entre seus próprios seguidores ao chamar de "papistas" muitos calvinistas respeitados. As primeiras confissões de fé da Igreja Episcopal Irlandesa, a Igreja Presbiteriana e da Igreja Batista, tomam a mesma atitude. Os papas, por sua vez, compararam os reformadores a "raposas [que] avançam procurando destruir a vinha [isto é a Igreja] (...) O javali da floresta procura destruí-la e toda fera selvagem vem devastá-la. (...) Bem que avisastes que viriam falsos mestres contra a Igreja Romana, para introduzir seitas ruinosas, (...) Suas línguas são de fogo, mal incansável, cheias de mortal veneno". No entanto, o protestantismo histórico abandonou oficialmente estas afirmações para permitir o ecumenismo. Na atualidade somente a denominação Adventistas do Sétimo Dia sustenta esta doutrina, embora alguns grupos também já a tenham abandonado.
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Procarionte
Procarionte Procariontes, procariote (originado do latim pro- primitivo e carionte - relativo à carioteca) são organismos unicelulares que não possuem o nível de complexidade interna associada aos eucariotas, e em particular não possuem núcleo nem mitocôndria. Esta definição engloba todos os organismos dos domínios Bacteria e Archaea (ou arqueia), mas o termo "procariota" não tem significado evolutivo, dado que bactérias e arqueias são evolucionariamente distintas (e, de fato, arqueias são evolutivamente mais próximas dos eucariotas do que das bactérias). Como tal, os procariotas são definidos como todas as células que não possuem um nível de organização interna comparável ao encontrado em eucariotas, e em particular por não possuírem um núcleo protegido por uma membrana nem mitocôndrias. Para além destas diferenças, os organismos procarióticos possuem, geralmente, genomas circulares (ao contrário dos eucariotas, que têm genomas lineares), e não formam organismos multicelulares. Nos procariontes, todos os componentes intracelulares solúveis em água (proteínas, DNA e metabolitos) estão localizados juntos no citoplasma cercados pela membrana celular, e não em compartimentos celulares separados. As bactérias, no entanto, possuem microcompartimentos bacterianos baseados em proteínas, que se pensa agirem como organelas primitivas fechadas em cascas de proteínas. Alguns procariontes, como as cianobactérias, podem formar grandes colônias. Outros, como mixobactérias, têm estágios multicelulares em seus ciclos de vida. Estudos moleculares forneceram a compreensão sobre a evolução e as interrelações dos três domínios de espécies biológicas, Archaea, Eukarya e Bacteria. Os eucariotos são organismos, incluindo humanos, cujas células possuem um núcleo bem delimitado de membrana (contendo DNA cromossômico) e organelas. A divisão entre procariontes e eucariotos reflete a existência de dois níveis muito diferentes de organização celular. Tipos distintos de procariontes incluem extremófilos e metanogênicos; estes são comuns em alguns ambientes extremos. Estrutura. Além do núcleo, os procariontes também não possuem outras organelas celulares (como mitocôndrias ou cloroplastos) e o seu citoplasma não é dividido em compartimentos, ao contrário do que acontece nos eucariontes. O DNA dos procariontes, geralmente composto por um único cromossoma circular, encontra-se localizado numa zona chamada nucleóide no citoplasma. Este não constitui, no entanto, um verdadeiro núcleo. Também pode existir DNA sob a forma de anéis, os plasmídeos. Os mesossomos, invaginações na membrana citoplasmática, estão incluídos na composição dos procariotos. Os procariotas têm um citoesqueleto procariótico, embora mais primitivo do que o dos eucariotos. Além dos homólogos de actina e tubulina (MreB e FtsZ), o bloco de construção helicoidalmente flagelado, a flagelina, é uma das proteínas citoesqueléticas mais importantes das bactérias, pois fornece bases estruturais de quimiotaxia, a resposta fisiológica celular básica das bactérias. Pelo menos alguns procariontes também contêm estruturas intracelulares que podem ser vistas como organelas primitivas. Organelas membranosas (ou membranas intracelulares) são conhecidas em alguns grupos de procariontes, tais como vacúolos ou sistemas de membranas dedicados a propriedades metabólicas especiais, como a fotossíntese ou quimiossíntese. Além disso, algumas espécies também contêm micro compartimentos contendo carboidratos, que têm funções fisiológicas distintas (por exemplo, carboxossomos ou vacúolos gasosos). A maioria dos procariotos está entre 1 µm e 10 µm, mas eles podem variar em tamanho de 0,2 µm ("Mycoplasma genitalium") a 750 µm ("Thiomargarita namibiensis"). Os procariontes apresentam metabolismos muito diversificados, o que é refletido na sua capacidade de colonização de diferentes ambientes, tais como tratos digestivos de animais, ambientes vulcânicos, ambientes salobros, etc. Apesar de não possuírem organelas celulares, podem conduzir seus processos metabólicos na membrana celular. A maioria possui parede celular, algo que não acontece com certos tipos de células eucarióticas (como as dos animais). Morfologia. Células procarióticas têm várias formas; as quatro formas básicas de bactérias são: Coco - esférico. Bacilos - em forma de bastonete. Espiroqueta - em forma de espiral. Vibrião - em forma de vírgula. É no entanto interessante referir que alguns organismos possuem formas mais exóticas, tal como arqueias do género "Haloquadratum", que possuem a forma de um quadrado. Reprodução. São unicelulares em sua grande maioria (a exceção é a "Magnetoglobus multicellularis"). A forma mais comum de reprodução é assexuadamente por fissão binária. Outras formas de recombinação de DNA entre procariontes incluem a transformação e a transdução. Estas podem ocorrer entre organismos de diferentes gêneros, emprestando características de um gênero a outro diferente. Um exemplo deste processo, chamado de transgênese, é a aquisição de resistência a antibióticos através da transferência de plasmídeos contendo genes que conferem essa resistência. Transferência de DNA. As bactérias têm uma grande necessidade de regular sua expressão gênica. Elas desenvolveram mecanismos para reprimir a transcrição de todos os genes que codificam enzimas não necessárias em determinado momento, e para ativar outros que codificam aquelas que são necessárias. A transferência de DNA entre as células procarióticas ocorre em bactérias e archaea, embora tenha sido principalmente estudada em bactérias. Nas bactérias, a transferência de genes ocorre por três processos. Estas são (1) transdução mediada por vírus bacteriano (bacteriófago), (2) conjugação mediada por plasmídeo e (3) transformação natural. A transdução de genes bacterianos pelo bacteriófago parece refletir um erro ocasional durante a montagem intracelular de partículas virais, em vez de uma adaptação da bactéria hospedeira. A transferência de DNA bacteriano está sob o controle dos genes do bacteriófago em vez dos genes bacterianos, a transferência pode ocorrer também quando as bactérias captam DNAs circulantes oriundas de bactérias mortas, há poucas evidencias que indicam que este método é significativo. A espécie bacteriana "Escherichia coli" se destaca como organismo modelo e como ferramenta biológica para pesquisas científicas. A conjugação no sistema de E. coli bem estudado controlada por genes de plasmídeo e uma adaptação para distribuir cias de um plasmídeo de um hospedeiro bacteriano para outro. Pouco frequentemente durante este processo, um plasmídeo pode integrar-se no cromossoma bacteriano do hospedeiro e subsequentemente transferir parte do DNA bacteriano hospedeiro para outra bactéria. A transferência mediada por plasmídeos do DNA bacteriano do hospedeiro (conjugação) também parece ser um processo acidental em vez de uma adaptação bacteriana. A transformação bacteriana natural envolve a transferência de DNA de uma bactéria para outra através do meio interveniente. Ao contrário da transdução e conjugação, a transformação é claramente uma adaptação bacteriana para a transferência de DNA, porque depende de numerosos produtos genéticos bacterianos que interagem especificamente para realizar esse processo complexo. Para uma bactéria se ligar, pegar e recombinar o DNA doador em seu próprio cromossomo, ele deve primeiro entrar em um estado fisiológico especial chamado "competência". Cerca de 40 genes são necessários em "Bacillus subtilis" para o desenvolvimento de competência. O comprimento do DNA transferido durante a transformação de B. subtilis pode ser de até um terço do cromossomo inteiro. A transformação é um modo comum de transferência de DNA, e 67 espécies procarióticas são até agora conhecidas por serem naturalmente competentes para a transformação. Entre archaea, "Halobacterium volcanii" forma pontes citoplasmáticas entre as células que parecem ser usadas para a transferência de DNA de uma célula para outra. Outra Archea, "Sulfolobus solfataricus", transfere o DNA entre as células por contato direto. Frols et al. descobriram que a exposição de "S. solfataricus" a agentes que danificam o DNA induz a agregação celular, e sugeriu que a agregação celular pode aumentar a transferência de DNA entre as células para proporcionar maior reparo do DNA danificado por meio de recombinação homóloga. Sociabilidade ou Agregação. Embora os procariontes sejam considerados estritamente unicelulares, a maioria pode formar comunidades agregadas estáveis. Quando essas comunidades estão envoltas em uma matriz polimérica estabilizadora ("slime"), elas podem ser chamadas de "biofilmes". Células em biofilmes frequentemente mostram padrões distintos de expressão gênica (diferenciação fenotípica) no tempo e no espaço. Além disso, como ocorre com eucariotos multicelulares, essas mudanças na expressão geralmente parecem resultar da sinalização célula a célula, um fenômeno conhecido como sensoriamento de quórum. Os biofilmes podem ser altamente heterogêneos e estruturalmente complexos e podem se ligar a superfícies sólidas, ou existir em interfaces líquido-ar ou, potencialmente, até mesmo em interfaces líquido-líquido. Os biofilmes bacterianos são frequentemente constituídos por microcolônias (massas de bactérias e matriz aproximadamente em forma de cúpula) separadas por "vazios" através dos quais o meio (por exemplo, água) pode fluir facilmente. As microcolônias podem se unir acima do substrato para formar uma camada contínua, fechando a rede de canais que separam as microcolônias. Essa complexidade estrutural - combinada com observações de que a limitação de oxigênio (um desafio onipresente para qualquer coisa crescendo em tamanho além da escala de difusão) é pelo menos parcialmente aliviada pelo movimento do meio em todo o biofilme - levou alguns a especular que isso pode constituir um sistema circulatório e muitos pesquisadores começaram a chamar comunidades procarióticas multicelulares (por exemplo). Expressão celular diferencial, comportamento coletivo, sinalização, morte celular programada e (em alguns casos) dispersão biológica discreta parecem todos apontar nessa direção. No entanto, essas colônias raramente são fundadas por um único fundador (da mesma forma que animais e plantas são fundadas por células individuais), o que apresenta várias questões teóricas. A maioria das explicações de cooperação e a evolução da multicelularidade focalizaram a alta relação entre membros de um grupo (ou colônia, ou organismo completo). Se uma cópia de um gene está presente em todos os membros de um grupo, comportamentos que promovem a cooperação entre membros podem permitir que esses membros tenham (em média) maior aptidão do que um grupo similar de indivíduos solitários. Se esses casos de sociabilidade procariótica se revelarem a regra e não a exceção, isso terá sérias implicações para a maneira como vemos os procariontes em geral e a maneira como lidamos com eles na medicina. Os biofilmes bacterianos podem ser 100 vezes mais resistentes aos antibióticos do que os unicelulares de vida livre e podem ser quase impossíveis de serem removidos das superfícies após colonizá-los. Outros aspectos da cooperação bacteriana - como a conjugação bacteriana e a patogenicidade mediada pelo sensor de quorum - apresentam desafios adicionais aos pesquisadores e profissionais médicos que buscam tratar as doenças associadas. Meio Ambiente. Os procariontes diversificaram-se grandemente ao longo de sua longa existência. O metabolismo dos procariontes é muito mais variado que o dos eucariotos, levando a muitos tipos procarióticos altamente distintos. Por exemplo, além de usar fotossíntese ou compostos orgânicos para energia, como os eucariotas, os procariontes podem obter energia a partir de compostos inorgânicos, como o sulfeto de hidrogênio. Isso permite que os procariontes prosperem em ambientes hostis, tão frios quanto a superfície da neve da Antártida, estudados em criobiologia ou tão quentes quanto fontes hidrotermais submarinas e fontes termais terrestres. Os procariontes vivem em quase todos os ambientes da Terra. Algumas arqueas e bactérias são extremófilas, prosperando em condições adversas, como altas temperaturas (termofílicos) ou alta salinidade (halófilos). Muitas arqueas crescem como plâncton nos oceanos. Os procariontes simbióticos vivem nos corpos de outros organismos, incluindo os humanos. Classificação. Em 1977, Carl Woese propôs dividir os procariontes em Bacteria e Archaea (originalmente Eubacteria e Archaebacteria) por causa das grandes diferenças na estrutura e genética entre os dois grupos de organismos. Archaea eram originalmente considerados extremófilos, vivendo apenas em condições inóspitas, como extremos de temperatura, pH e radiação, mas desde então foram encontrados em todos os tipos de habitats. O arranjo resultante de Eukaryota (também chamado de "Eucarya"), Bacteria e Archaea é chamado de sistema de três domínios, substituindo o tradicional sistema de dois impérios. Atualmente discute-se a possibilidade de que, na realidade, os Eucariotas originaram-se a partir de arqueias, formando um grupo irmão com as arqueias. Se assim for, é então sugerido que existem apenas dois domínios: aquele formado pelas bactérias, e um outro formado por arqueias e eucariotas. Evolução. Um modelo atual amplamente difundido da evolução dos primeiros organismos vivos é que estes eram uma forma de procariontes, que podem ter evoluído a partir de protocélulas, enquanto os eucariontes evoluíram mais tarde na história da vida. Alguns autores questionaram essa conclusão, argumentando que o conjunto atual de espécies procarióticas pode ter evoluído a partir de ancestrais eucarióticos mais complexos através de um processo de simplificação. Outros argumentaram que os três domínios da vida surgiram simultaneamente, a partir de um conjunto de células variadas que formaram um único pool genético. Essa controvérsia foi resumida em 2005: Não existe atualmente consenso relativamente à origem dos eucariotas. Apesar da existência de vários modelos que sugerem que os eucariotas surgiram antes, ao mesmo tempo, ou depois dos procariotas, a maior parte da comunidade científica considera como mais próximas da verdade ou a segunda ou a terceira hipótese, descartando a possibilidade de que os procariotas descendem de eucariotas devido a evolução redutiva. Para além disso, existe grande consenso científico de que uma situação de endossimbiose entre uma arqueia e uma bactéria (que mais tarde se tornou na mitocôndria) tomou lugar a dado momento na evolução dos eucariotas. Alguns cientistas destacam a necessidade desta endossimbiose para a origem dos eucariotas, argumentando que sem a existência de mitocôndrias os proto-eucariotas não teriam tido a possibilidade de gerar energia suficiente para desenvolver a sua característica complexidade. Outros consideram que alguns organismos, nomeadamente arqueias, possuíam já algum tipo de complexidade semelhante à dos eucariotas, e que a mitocôndria foi apenas adquirida mais tarde. Os mais antigos procariotos fossilizados conhecidos foram depositados há aproximadamente 3,5 bilhões de anos, apenas cerca de 1 bilhão de anos após a formação da crosta terrestre. Os eucariotos só aparecem no registro fóssil posteriormente, e podem ter se formado a partir da endossimbiose de múltiplos ancestrais procariontes. Os mais antigos eucariotos fósseis conhecidos têm cerca de 1,7 bilhão de anos. No entanto, algumas evidências genéticas sugerem que os eucariotos surgiram já há 3 bilhões de anos. Enquanto a Terra é o único lugar no universo onde a vida é conhecida, alguns sugeriram que há evidências em Marte de procariontes fósseis ou vivos. No entanto, essa possibilidade continua a ser assunto de considerável debate e ceticismo. Relação com eucariotos. A divisão entre procariontes e eucariontes é geralmente considerada a distinção ou diferença mais importante entre os organismos. A distinção é que as células eucarióticas têm um núcleo "verdadeiro" contendo seu DNA, enquanto as células procarióticas não têm um núcleo. Tanto os eucariotos como os procariontes contêm grandes estruturas de RNA / proteína chamadas ribossomos, que produzem proteínas. Outra diferença é que os ribossomos nos procariontes são menores que nos eucariotos. No entanto, duas organelas encontradas em muitas células eucarióticas, mitocôndrias e cloroplastos, contêm ribossomos de tamanho e composição semelhantes aos encontrados em procariotos. Esta é uma das muitas evidências de que as mitocôndrias e os cloroplastos são descendentes de bactérias de vida livre. O genoma de um procarioto é mantido dentro de um complexo DNA / proteína no citosol chamado nucleóide, que não possui um envelope nuclear. O complexo contém uma única molécula cíclica, de cadeia dupla, de DNA cromossômico estável, em contraste com os múltiplos cromossomos lineares, compactos e altamente organizados encontrados em células eucarióticas. Além disso, muitos genes importantes de procariontes são armazenados em estruturas separadas de DNA circular chamadas plasmídeos. Como os eucariotos, os procariotos podem duplicar parcialmente o material genético e podem ter uma composição cromossômica haplóide parcialmente replicada, uma condição conhecida como merodiploidia. Os procariotas não possuem mitocôndrias e cloroplastos. Em vez disso, processos como a fosforilação oxidativa e a fotossíntese ocorrem através da membrana celular procariótica. No entanto, os procariontes possuem algumas estruturas internas, como o citoesqueleto procariótico. Tem sido sugerido que a ordem bacteriana Planctomycetes tem uma membrana ao redor de seu nucleóide e contém outras estruturas celulares ligadas à membrana. No entanto, investigações posteriores revelaram que as células de Planctomycetes não são compartimentadas ou nucleadas e como os outros sistemas de membrana bacteriana estão todos interconectados. As células procarióticas são geralmente muito menores que as células eucarióticas. Portanto, os procariotos têm uma relação área-volume-superfície maior, dando-lhes uma taxa metabólica mais alta, uma taxa de crescimento mais alta e, como consequência, um tempo de geração mais curto do que os eucariotos.
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Partido Socialista (Portugal)
Partido Socialista (Portugal) O Partido Socialista (PS) é um partido político português de centro-esquerda, fundado a 19 de abril de 1973 por militantes da Acção Socialista Portuguesa (ASP). História. Fundação. No dia 19 de abril de 1973, na cidade alemã de Bad Münstereifel, militantes da Acção Socialista Portuguesa idos de Portugal e de diversos núcleos no estrangeiro, de entre outros países e cidades de Londres, Paris, Genebra, Suécia, Argélia e Brasil, reunidos em Congresso da Acção Socialista Portuguesa e "ponderando os superiores interesses da Pátria, a actual estrutura e dimensão do movimento, as exigências concretas do presente e a necessidade de dinamizar os militantes para as grandes tarefas do futuro, deliberou transformar a A.S.P. em Partido Socialista", aprovaram, por 20 votos a favor e 7 contra, a transformação da Acção Socialista Portuguesa em Partido Socialista. A decisão não foi consensual para os vinte e sete delegados aí presentes, pois alguns discordavam, não da sua fundação, mas do momento desta. Finda a votação, às 18 horas desse dia, todos os congressistas aplaudiram de pé a deliberação e discutiram e aprovaram os diversos documentos preparatórios dessa reunião, bem como, outros que viriam a ser publicados na sequência direta da fundação do PS. De entre estes, o que se veio a revelar mais mediático foi a brochura de protesto contra a visita de Marcelo Caetano a Londres e de divulgação da criação do Partido Socialista. A Declaração de Princípios e Programa do Partido Socialista foram aprovados em agosto de 1973 e resultaram de diversas contribuições de militantes e simpatizantes do interior e do exterior. Na Declaração de Princípios afirmava-se a defesa do socialismo em liberdade, ao mesmo tempo que se defendia como objetivo último uma sociedade sem classes e o marxismo era aceite como "inspiração teórica predominante", embora permanentemente repensado. O programa refletia, assim, um compromisso entre o sistema parlamentar da Europa Ocidental e uma estratégia de rutura com a organização capitalista da economia. Membros fundadores. A lista dos membros fundadores do Partido Socialista foi elaborada em 1977, por Manuel Tito de Morais e Joaquim Catanho de Menezes, tendo sido constituída pelos militantes do Partido que contribuíram para a sua fundação e que, na data em que a lista foi organizada, continuavam como membros efectivos. Posteriormente foram-lhe acrescentados os nomes de quatro militantes que, tendo subscrito a ata da fundação, haviam saído do PS no momento da elaboração da lista. Período pós-revolucionário. I Governo Provisório. A 16 de maio de 1974 deu-se a tomada de posse do I Governo Provisório, presidido por Adelino da Palma Carlos. Sendo o primeiro governo empossado depois do 25 de abril, tinha membros do PPD/PSD, do PS, do PCP e do MDP/CDE. Francisco Sá Carneiro, Presidente do PPD/PSD, Álvaro Cunhal, Secretário-Geral do PCP, e Francisco Pereira de Moura, representante do MDP/CDE, eram ministros sem pasta. Neste governo tiveram três figuras do PS: Mário Soares, Secretário-Geral do PS, como Ministro dos Negócios Estrangeiros; Francisco Salgado Zenha, como Ministro da Justiça; Raul Rêgo, como Ministro da Comunicação Social. O Governo caiu menos de dois meses depois, a 11 de julho de 1974, na sequência de uma proposta apresentada pelo Primeiro-Ministro de realização das eleições presidenciais em outubro de 1974 e a realização de um referendo a uma Constituição Provisória, que vigorasse até à aprovação de uma Constituição, por parte da Assembleia Constituinte. As presidenciais ocorreriam antes das eleições para a Assembleia Constituinte, relegando estas últimas para finais de 1976. Esta proposta contrariava o Programa do MFA e constituía uma forma de reforçar o poder do Presidente da República, António de Spínola. A proposta foi rejeitada por quase todo o espectro político, incluindo o Conselho de Estado. Sentindo-se desautorizado, Adelino da Palma Carlos pediu a sua demissão. II Governo Provisório. Após a demissão de Adelino da Palma Carlos, António de Spínola indigitou Vasco Gonçalves para Primeiro-Ministro. Tomou posse a 17 de julho. Mário Soares e Francisco Salgado Zenha mantiveram-se como ministros; Raul Rêgo foi substituído. A 28 de setembro, António de Spínola abandonou a Presidência da República, sendo escolhido para Presidente o General Francisco da Costa Gomes. A 30 de setembro, o governo caiu. III Governo Provisório. A 30 de setembro, o III Governo Provisório, chefiado por Vasco Gonçalves. Mário Soares e Francisco Salgado Zenha mantiveram-se como ministros. Durante o mandato deste governo, são extintos a Junta de Salvação Nacional e o Conselho de Estado e em sua substituição é criado o Conselho da Revolução. É dado início a um grande plano de nacionalizações. De 13 a 15 de dezembro de 1974, realizou-se o I Congresso do PS, na legalidade, em Lisboa. A linha de Mário Soares, mais moderada e reformista saiu vitoriosa. Alguns militantes considerados mais à esquerda, liderados por Manuel Serra, abandonaram o partido, vindo a formar no ano seguinte, a 9 de janeiro de 1976, a FSP-Frente Socialista Popular. A 1 de fevereiro de 1975, o PS legalizou a sua situação junto do Tribunal Constitucional, apesar de ter sido fundado em 1973. A 26 de março, o Governo cessou funções. IV Governo Provisório. A 26 de março de 1975, o IV Governo Provisório, chefiado por Vasco Gonçalves, tomou posse. O PS estava em minoria neste governo, tendo Francisco Salgado Zenha como Ministro da Justiça e Mário Soares como Ministro sem Pasta. A 25 de abril realizaram-se as eleições para a Assembleia Constituinte, as primeiras eleições após o 25 de abril de 1974. O PS venceu as eleições obtendo 37,87% dos votos (2 162 972 votos) e elegendo 116 Deputados. O Partido Popular Democrático (PPD/PSD) obteve 26,39% dos votos (81 Deputados), seguido do Partido Comunista Português (PCP) com 12,46% dos votos (30 Deputados) e do CDS - Centro Democrático Social com 7,61% dos votos (16 Deputados). A 8 de julho, a Assembleia do MFA aprovou o "Documento-Guia da Aliança Povo-MFA", que suscitou protestos veementes por parte do PS, do PPD/PSD e do CDS. A 10 de julho, vários partidos e outros grupos de extrema-esquerda organizaram uma manifestação de apoio ao "Documento-Guia da Aliança Povo-MFA". Foram recebidos por Costa Gomes e Vasco Gonçalves, que discursaram, sendo visíveis as diferenças de conteúdo dos dois discursos. Nesse mesmo dia o Jornal República reapareceu sob a orientação de uma "Comissão Coordenadora de Trabalhadores", isto depois de a 19 de maio ter começado a crise no Jornal República entre trabalhadores e a direção, encabeçada por Raul Rêgo (militante histórico do PS e jornal da oposição conotado com o PS no Estado Novo). O PS reagiu violentamente. Mário Soares encabeçou uma manifestação de protesto junto à sede do jornal e acusou o PCP de estar por detrás dos acontecimentos. No dia seguinte, os militares fizeram evacuar o local do jornal e selaram-no. Mário Soares denunciou a ilegalidade do fecho do jornal e ameaçou abandonar o Governo de Vasco Gonçalves, assim como os ministros do PS. Perante estes acontecimentos, da Manifestação e do reaparecimento do Jornal República com uma redação conotada com o PCP, os ministros do PS abandonaram o IV Governo Provisório. Uma semana mais tarde, a 17 de julho, os ministros do PPD/PSD (Joaquim Magalhães Mota e Jorge Sá Borges) tomam idêntica atitude e abandonam o Governo, assim como os ministros independentes José da Silva Lopes e António de Almeida Santos. A 12 de julho, o Conselho da Revolução emitiu um comunicado no qual criticou a saída dos ministros socialistas do Governo. A 15 de julho, o PS promoveu uma manifestação de apoio aos seus representantes que abandonaram o Governo e em resposta o PCP e a extrema-esquerda, partidários do IV Governo Provisório, organizaram manifestações em Lisboa e no Porto, organizadas por Comissões de Trabalhadores que, entre outras reivindicações, pediam a dissolução da Assembleia Constituinte, que tinha sido ganha maioritariamente pelos partidos mais moderados. Nos dias 18 e 19 de julho, o PS convocou dois comícios (no Estádio das Antas, no Porto, e Fonte Luminosa, em Lisboa), que são um êxito retumbante com milhares de pessoas. Mário Soares exigiu a demissão de Vasco Gonçalves e ameaçou que "o PS pode paralisar o país". A 2 de agosto, é criado na reunião da Internacional Socialista, em Estocolmo, o "Comité Internacional de Apoio ao Socialismo Democrático em Portugal". No dia 7 de agosto, nove membros do Conselho da Revolução, entre os quais Melo Antunes, entregaram ao General Costa Gomes um documento em que recusavam, quer a via totalitária ("Documento-Guia da Aliança Povo-MFA"), quer a via social-democrata (defendida na altura pelo PS e pelo PPD/PSD). Este documento conhecido como o "Documento dos Nove" é condenado severamente pelo Diretório do MFA. Nesse dia, Mário Soares escreveu uma carta aberta ao general Costa Gomes, intimando-o a escolher uma via. O Governo cessou funções a 8 de agosto. V Governo Provisório. No dia 8 de agosto, o V Governo Provisório, chefiado por Vasco Gonçalves, tomou posse, sendo composto por elementos do PCP, MDP/CDE, independentes e militares. Nesse dia "O Jornal Novo" publicou o "Documento dos Nove" (também conhecido por "Documento Melo Antunes"). Três dias depois, o Diretório do MFA, suspendeu os oficiais subscritores do "Documento dos Nove": Francisco Charais; Pezarat Correia; Vítor Alves; Melo Antunes; Costa Neves; Canto e Castro; Vítor Crespo; Vasco Lourenço e Sousa e Castro. Entretanto e mobilizada pelo PCP e pelo PS, a população portuguesa dividia-se: enquanto o PS exigia a demissão do V Governo Provisório, o PCP protestava contra a "violência reacionária". Teve início uma série de reuniões entre os "Nove" e Otelo Saraiva de Carvalho, do COPCON (que dias antes tinha divulgado um documento intitulado "Autocrítica revolucionária do COPCON e proposta de trabalho para um programa político", conhecido como o "Documento do COPCON") tendentes à elaboração de um documento e projeto de convergência política. No Norte e Centro do país agudizou-se a hostilidade em relação ao V Governo Provisório, ao PCP e aos partidos de extrema-esquerda, havendo assaltos e destruições das sedes destes partidos que ocorreram um pouco por todo o lado. O PS promoveu uma manifestação, a 15 de agosto, em Belém, de apoio ao "Documento dos Nove". O PCP reagiu com um comício realizado no Pavilhão dos Desportos em que apela "à unidade dos democratas e antifascistas". A 19 de agosto, o Presidente da República, Costa Gomes reuniu com os subscritores do "Documento dos Nove" e com Otelo Saraiva de Carvalho, que lhe apresentaram o Plano Político do MFA, elaborado pelos "Nove" e Otelo Saraiva de Carvalho. Deste modo, o Presidente decidiu encetar o processo de consultas para formação do VI Governo Provisório. No dia seguinte, Otelo Saraiva de Carvalho consuma a rutura com Vasco Gonçalves; em carta pessoal, proibiu Vasco Gonçalves de visitar as unidades militares integradas no COPCON e pediu ao general que "descanse, repouse, serene, medite e leia". A 24 de agosto foi apresentado o elenco do VI Governo Provisório que deveria ser chefiado por Carlos Fabião. No dia seguinte, este recusou a nomeação, sendo Pinheiro de Azevedo indigitado para formar o VI Governo Provisório. Vasco Gonçalves é proposto para Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA). Foi criada a FUR - Frente de Unidade Revolucionária com a participação do PCP, do MDP/CDE, do MES, da FSP - Frente Socialista Popular, da LUAR, da LCI e do PRP/BR. Iniciou-se a publicação do jornal "A Luta". No dia seguinte, o Conselho da Revolução, sentindo-se legitimado pelo Presidente da República General Costa Gomes, suspendeu a 5.ª Divisão, de linha pró-FUR e ligada ao Vasco Gonçalves, sendo encerrada no dia 27 de agosto por uma força militar chefiada por Jaime Neves. Nesse dia, a Frente de Unidade Revolucionária promoveu, junto ao Palácio de Belém, em Lisboa, uma manifestação de apoio a Vasco Gonçalves e a Costa Gomes. Ambos receberam os manifestantes com discursos mas, mais uma vez, foram notórias as diferenças de tom e de conteúdo utilizados pelos oradores. No dia 31 de agosto, o Coronel Jaime Neves e outros oficiais do Regimento de Comandos da Amadora foram proibidos de entrar na unidade. Nesse dia, José Pinheiro de Azevedo iniciou as primeiras diligências para a formação do VI Governo Provisório, tendo o PS e o PPD/PSD opondo-se publicamente à nomeação de Vasco Gonçalves para CEMGFA. A 1 de setembro, Pinheiro de Azevedo anunciou a pretensão de constituição de uma plataforma comum entre o PS, o PPD/PSD e o PCP. Dois dias depois, o PCP e o MDP/CDE, em conferência de imprensa conjunta, alertaram para a "ofensiva reacionária"; acusaram o PPD/PSD, o CDS e o PCTP/MRPP da onda de violência e o PS da passividade e cumplicidade. Uma Assembleia Geral do MFA, em Tancos, modificou a composição do Conselho da Revolução e afastou Vasco Gonçalves do cargo de CEMGFA. No dia seguinte, a 6 de setembro o V Governo Provisório demitiu-se. VI Governo Provisório. A 19 de setembro deu-se a tomada de posse do VI Governo Provisório, constituído por militares, independentes e representantes do PS, PPD/PSD e PCP, e chefiado pelo Vice-Almirante Pinheiro de Azevedo. Dois dias depois, a 21 de setembro, apareceram os "Soldados Unidos Vencerão - SUV", no Porto, e no dia 22 de setembro começaram as "jornadas de luta" promovidas pelos deficientes das Forças Armadas. A 25 de setembro realizou-se uma manifestação dos SUV em Lisboa, com a libertação de soldados presos na Trafaria. Depois de uma série de ocupações por manifestantes ligados à extrema-esquerda, a 29 de setembro, o Primeiro-Ministro Pinheiro de Azevedo ordenou a ocupação militar das emissoras de Rádio e Televisão. Várias organizações de extrema-esquerda convocaram uma manifestação de protesto junto do Ministério da Comunicação Social. Em resposta à manifestação das forças de extrema-esquerda, o PS e o PPD organizaram, no dia seguinte, uma manifestação de apoio ao VI Governo Provisório. A 1 de outubro, depois dos ânimos serenarem, o Governo mandou desocupar as emissoras de rádio e televisão, à exceção da Rádio Renascença. No mesmo dia, o PS denunciou ""a preparação de um golpe de Estado de esquerda", sendo apoiado por uma noticia saída nesse dia no jornal O Século que publica o chamado "plano dos coronéis". No dia seguinte, o Jornal Novo que contém um comunicado do PS sobre uma tentativa de golpe de Estado, foi impedido de sair. O Regimento de Artilharia da Serra do Pilar (RASP), no Porto, no dia 7 de outubro, foi ocupado por forças da extrema-esquerda. Dois dias depois um documento do PCP denunciava "viragem à direita do Governo"". Em reação, o PS, o PPD/PSD e o CDS acusaram o PCP de controlar de forma totalitária os principais órgãos de informação. Quando se deu, em Lisboa, início do Congresso da União Internacional das Juventudes Socialistas (IUSY), a 11 de outubro, sucederam-se por todo o país manifestações de apoio ao VI Governo Provisório, apoiadas e promovidas pelo PS, PPD/PSD e CDS. A 21 de outubro, a Rádio Renascença foi reocupada por elementos de extrema-esquerda. Dois dias depois recomeçaram as emissões a partir de Lisboa, sendo que no início de novembro e após nova reocupação, o centro emissor desta rádio na Buraca foi destruído por ordem do Conselho da Revolução. Num "frente a frente" televisivo e histórico de quatro horas, a 6 de novembro, entre Mário Soares e Álvaro Cunhal confirmava-se a profundidade das divergências que os separavam, sendo o PS por uma evolução democrática do regime e o PCP pela adoção de uma via popular e revolucionária tendo como objetivo a implantação de uma República Popular em Portugal. A 9 de novembro, deu-se uma manifestação no Terreiro do Paço, de milhares de pessoas, de apoio ao VI Governo Provisório, com a mobilização e participação do PS e PPD/PSD. Uma manifestação de trabalhadores da construção civil, realizada a 11 de novembro, cercou a Assembleia Constituinte, impedindo a saída dos Deputados constituintes e do Primeiro-Ministro do Palácio de São Bento. Após 36 horas e no dia 13 de novembro, o Almirante Pinheiro de Azevedo foi obrigado a ceder às reivindicações dos operários que exigiam aumentos salariais. A 16 de novembro foi realizada uma manifestação de trabalhadores da cintura industrial de Lisboa e das Unidades Colectivas de Produção Alentejanas no Terreiro do Paço, em Lisboa, de apoio ao "Poder Popular". Nesse dia vários dirigentes e deputados do PS, PPD/PSD e CDS estavam no Porto, correndo rumores que a Assembleia Constituinte poderia vir a ser transferida para aquela cidade. No dia 20 de novembro, o VI Governo Provisório autossuspendeu-se enquanto não lhe fossem dadas garantias para poder governar. Nesse dia foi realizada uma manifestação em frente ao Palácio de Belém a favor do "Poder Popular". Costa Gomes falou com os manifestantes, afirmando ser indispensável evitar uma guerra civil. No dia 21 de novembro, o Conselho da Revolução destituiu o General Otelo Saraiva de Carvalho do comando da Região Militar de Lisboa e substituiu-o pelo Capitão Vasco Lourenço, ligado à linha moderada e conotado com o PS. Dois dias depois foi realizado em Lisboa um comício do PS, em apoio ao VI Governo Provisório, na Alameda D. Afonso Henriques; o mesmo contou com milhares de pessoas. No dia seguinte, a 24 de novembro, os agricultores de Rio Maior associados à Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), na altura conotados com a direita tradicional e patriótica, cortaram as estradas de acesso a Lisboa.Na sequência de uma decisão do Coronel piloto-aviador José Morais da Silva, Chefe do Estado-Maior da Força Aérea, que dias antes tinha mandado passar à disponibilidade cerca de 1000 camaradas de armas de Tancos, paraquedistas da Base Escola de Tancos ocuparam o Comando da Região Aérea de Monsanto, Escola Militar da Força Aérea e mais cinco bases aéreas e detiveram o Tenente-Coronel Aníbal Pinho Freire e exigiram a demissão de Morais da Silva. Estes atos foram considerados pelos militares ligados ao Grupo dos Nove como o indício de que poderia estar em preparação um golpe de estado vindo de sectores mais radicais, da esquerda. Esses militares apoiados pelos partidos políticos moderados como o PS e o PPD e depois do Presidente da República, General Francisco da Costa Gomes, ter obtido por parte do PCP a confirmação de que não convocaria os seus militantes e apoiantes para qualquer ação de rua, decidiram intervir militarmente para controlar o país. O Regimento de Artilharia de Lisboa (RALIS), conotado com a Esquerda Militar, tomou posições no aeroporto de Lisboa, portagem de Lisboa A1 e Depósito de Material de Guerra de Beirolas; forças da Escola Prática de Administração Militar ocuparam a RTP e a Polícia Militar controlou a Emissora Nacional; as duas Unidades militares eram conotadas respetivamente com a esquerda revolucionária e com a referida Esquerda Militar ('gonçalvistas') e com a Esquerda Militar Radical ('otelistas'). O Regimento de Comandos da Amadora, conotado com os moderados, com a Direita Militar ('spinolistas' e outros sectores conservadores e ultraconservadores militares) e com o Centro Militar ('melo-antunistas' ou 'moderados'), cercou o Emissor de Monsanto, ocupado pelos paraquedistas, e a emissão da RTP foi transferida para o Porto. Mário Soares, Jorge Campinos e Mário Sottomayor Cardia, da Comissão Permanente do PS, no seguimento de um plano contrarrevolucionário previamente estabelecido, saíram clandestinamente de Lisboa, na tarde do dia 25, e seguiram para o Porto, onde se apresentaram ao moderado Comandante da Região Militar do Norte António Pires Veloso, no Quartel da Região Militar Norte, e ao Estado-Maior-General das Forças Armadas, através do General piloto-aviador José Lemos Ferreira. O Presidente da República decretou o estado de sítio na área da Região Militar de Lisboa, e teve um papel determinante na contenção dos extremos. O Tenente-Coronel António Ramalho Eanes, adjunto de Vasco Lourenço e futuro Presidente da República, iludiu pressões dos militares da extrema-direita que o incitaram a mandar bombardear unidades. Vasco Lourenço deu voz de prisão a Diniz de Almeida, Campos Andrada, Cuco Rosa e Mário Tomé, todos militares conotados forças políticas de esquerda revolucionária, sendo o último inclusivamente filiado na UDP; diversos Oficiais ditos 'moderados' estavam então conotados com o PS (com o qual conspiraram na preparação do plano e das operações que desembocaram no '25 de novembro de 1975') e o PPD/PSD. Posteriormente, o "Grupo dos Nove", vanguarda de todas as forças políticas e militares do Centro e da Direita (parlamentar e extraparlamentar) e os seus aliados, alcançam o controlo da situação. No dia 26, Jaime Neves, e uma unidade por si dirigida dos Comandos da Amadora, ligados aos moderados, atacaram o Regimento da Polícia Militar da Ajuda, unidade militar tida como próxima das forças políticas de esquerda revolucionária. Após a rendição, o resultado foram três mortos, tendo posteriormente os militares revoltosos sido presos. As forças das Regiões Militares do Norte e Centro deslocaram-se para Lisboa, e Melo Antunes declarou na RTP que o PCP ""é indispensável à democracia"”. Os Generais Carlos Fabião e Otelo Saraiva de Carvalho foram destituídos, respetivamente, dos cargos de Chefe do Estado-Maior do Exército e de Comandante do COPCON. Ramalho Eanes foi nomeado Chefe do Estado-Maior do Exército em substituição de Carlos Fabião e graduado em General. O COPCON foi integrado no Estado-Maior-Geral das Forças Armadas. Por decisão do Conselho de Ministros, a Rádio Renascença foi devolvida à Igreja Católica. Foram enviadas para a prisão de Custóias algumas dezenas de militares detidos na sequência dos acontecimentos do 25 de novembro, sendo que Costa Gomes, Presidente da República, decretou o estado de sítio parcial na região abrangida pela Região Militar de Lisboa. A 28 de novembro, o VI Governo Provisório retomou as suas funções e foi suspensa a publicação dos jornais estatizados. No dia seguinte, em conferência de imprensa, Sá Carneiro acusou o PCP de ser responsável pela insubordinação militar verificada, o PS teve uma atitude idêntica. Foi levantado o estado de sítio em Lisboa a 1 de dezembro. No dia seguinte, na Assembleia Constituinte, PS, PPD e CDS acusaram o PCP de estar envolvido nos acontecimentos de 25 de novembro e foram nacionalizadas a RTP e todas as estações de rádio, com exceção da Rádio Renascença. Em conferência de imprensa, a 4 de dezembro, Mário Soares acusou o PCP de ter participado ativamente no 25 de novembro, utilizando a extrema-esquerda como ponta-de-lança e criticou o PPD/PSD por "anticomunismo retrógrado" ao pretender o afastamento do PCP, como condição da sua permanência no Governo. Nesse mesmo dia, o PS, o PPD e o CDS defendem a revisão do "Pacto MFA-Partidos". No dia 9 de dezembro, vinte e um deputados dissidentes do PPD, entre eles Mota Pinto, Júlio Castro Caldas, Carlos Macedo, Sá Borges, Emídio Guerreiro e Santos Silva, passaram a independentes; este abandono deu-se na sequência do II Congresso (extraordinário) do PPD/PSD realizado no dia 6 de dezembro. No dia 17 de dezembro, iniciaram-se conversações entre responsáveis militares e representantes dos partidos políticos (PS incluído) para alteração do "Pacto Constitucional MFA-Partidos" e extinguiu-se os tribunais especiais (que serviam para condenar de forma arbitrária os oposicionistas) e decretou-se a sua proibição. A 19 de dezembro, o Diário de Notícias voltou a publicar-se, agora sob a direção de Victor Cunha Rego e Mário Mesquita; três dias depois foram nomeados novos diretores para os jornais estatizados e a 28 de dezembro a Rádio Renascença foi restituída à Igreja. A 13 de janeiro de 1976 e após conversações entabuadas a partir de dezembro de 1975 entre partidos e MFA, foi decidido que o Presidente da República passava a ser eleito por sufrágio universal, não se retirando a cláusula de que devia ser um candidato proveniente dos militares. No dia 18 de janeiro, na cimeira da Internacional Socialista, em Elsinore, na Dinamarca, Mário Soares pediu a solidariedade da Europa para a consolidação da democracia em Portugal, e no dia 26 de janeiro, o Conselho de Ministros da CEE autorizou a Comissão a encetar negociações com Portugal, com vista ao alargamento e desenvolvimento do Acordo de Comércio Livre. Nos últimos dias de janeiro realizou-se uma reunião de sindicalistas não ligados à Intersindical, com o objetivo de lançar as bases de uma nova confederação sindical; no início de fevereiro, em diversos pontos do país, decorreu uma série de plenários de agricultores organizados pela referida CAP, que reivindicava a abolição das Leis de Reforma Agrária. O PS propôs no VI Governo Provisório a concessão de licença de maternidade por 90 dias e esta é aprovada. No mesmo dia, em 7 de fevereiro, os vinte e um deputados dissidentes do PPD formam uma organização política, o MSD - Movimento Social Democrata. No dia 22 de fevereiro e depois de ouvir o Conselho da Revolução e os partidos políticos (PS, PPD/PSD e o CDS que se pronunciam contra, pois apenas incluiu o MPLA), o Presidente da República Costa Gomes reconheceu o Governo da República Popular de Angola. No dia 26 de fevereiro, foi assinado o II Pacto Constitucional, com um novo pacto "Pacto MFA-Partidos", subscrito pelo PS, PPD/PSD, CDS e PCP. No dia 3 de março de 1976, Otelo Saraiva de Carvalho, foi libertado e passa ao regime de residência fixa. De 13 a 14 de março, realizou-se uma Cimeira Socialista Internacional no Porto, sob o lema "A Europa Connosco", que contou com a presença de delegações e líderes políticos de todos os países da Europa Ocidental. O GIS - Grupo de Intervenção Socialista, reunindo ex-militantes do Movimento de Esquerda Socialista foi constituído no dia 31 de março. O VI Governo Provisório cessou funções a 23 de julho. Primeiros Governos Constitucionais Socialistas. I Governo Constitucional. A 2 de abril, foi aprovada a nova lei fundamental da República Portuguesa com o voto favorável de todos os partidos representados, à exceção do Centro Democrático Social. As primeiras eleições de 1976 para a Assembleia da República foram ganhas pelo PS com 34,89% dos votos (1 912 921 votos) e 107 Deputados, seguido do PPD/PSD com 24,35% (73 Deputados), do CDS com 15,98% (42 Deputados) e do PCP com 14,39% (40 Deputados). A 27 de junho ocorreram as primeiras eleições para a Presidência da República. António Ramalho Eanes (comandante operacional do 25 de novembro), foi eleito à primeira volta, com 61,59% dos votos, seguido de Otelo Saraiva de Carvalho (16,46%), Pinheiro de Azevedo (14,37%) e Octávio Pato (7,58% e único que contava com o apoio explicito de um partido, o PCP). A 8 de julho, a Assembleia da República aprovou o seu Regimento e elegeu o primeiro Presidente da Assembleia da República, Vasco da Gama Fernandes, membro histórico do PS e da oposição antifascista republicana. A 14 de julho, deu-se a tomada de posse de António Ramalho Eanes como Presidente da República, sendo nomeado e de acordo com a Constituição, pelo Conselho da Revolução. A 16 de julho, Mário Soares é convidado para formar o I Governo Constitucional, de acordo com os resultados eleitorais. No dia 23 de julho ocorreu a tomada de posse do I Governo Constitucional, em cerimónia presidida pelo Presidente da República, no Palácio de Belém, sendo Primeiro-Ministro Mário Soares, Secretário-Geral do PS. A 11 de agosto, o governo conseguiu a aprovação do seu programa de Governo na Assembleia da República. Foi realizado, no Pavilhão dos Desportos, em Lisboa, entre 30 de outubro e 1 de novembro, a 1.ª Parte o II Congresso Nacional do PS. Mário Soares foi reeleito secretário-geral e a lista que subscreveu venceu as eleições para a Comissão Nacional; aderiram ao partido António de Almeida Santos, António Sousa Gomes, Rui Vilar, Manuel João da Palma Carlos e Hermínio da Palma Inácio. A 2.ª Parte do Congresso Nacional do PS ocorreu a 30 de janeiro e teve lugar no Liceu Garcia de Orta, no Porto. A 13 de dezembro de 1976 realizaram-se as primeiras eleições autárquicas. O PS foi o partido mais votado com 33,65% dos votos, seguido do PPD/PSD com 24,77%, da Coligação FEPU - Frente Eleitoral Povo Unido (Coligação entre o PCP, o MDP/CDE e a FSP) com 17,37% e do CDS com 16,31%. O PS, no seu I Governo Constitucional, prosseguiu uma linha de reformas que implementaram direitos sociais bem como estabeleceram marcos importantes, a saber: A 6 de dezembro, Mário Soares apresentou ao Parlamento uma moção de confiança, que foi rejeitada com os votos contra do PPD/PSD, CDS, PCP, UDP e de 5 independentes, sendo I Governo Constitucional derrubado. II Governo Constitucional. A 28 de dezembro de 1976, Ramalho Eanes encarregou Mário Soares de formar o próximo executivo. No dia 19 de janeiro de 1978, foi assinado o acordo de âmbito parlamentar e de incidência governamental entre o PS e o CDS - Centro Democrático Social, tendo essa coligação formado o II Governo Constitucional, que tomou posse a 23 de janeiro de 1978. A 8 de fevereiro iniciou-se o debate parlamentar do programa do II Governo Constitucional. O PPD/PSD e o PCP apresentaram moções de rejeição, que foram chumbadas. A 25 de fevereiro, o GIS - Grupo Intervenção Socialista, formado por ex-militantes do MES, integrou-se no PS; este grupo era integrado por militantes que mais tarde tiveram forte influência no PS, como foi o caso de Jorge Sampaio, Eduardo Ferro Rodrigues, Augusto Mateus, Alberto Martins e João Cravinho. A 14 de abril, a OCDE anunciou que Portugal tinha registado, em fevereiro, a terceira taxa de inflação mais baixa de entre os seus membros. Nas comemorações oficiais do 25 de abril de 1978, na Assembleia da República, Ramalho Eanes proferiu um discurso polémico. Perante este discurso, o Governo ponderou a demissão. A 24 de julho, o CDS denunciou o acordo com o PS. A Comissão Diretiva do PS decidiu a não demissão do Governo até que a Assembleia da República se prenunciasse. A 27 de julho, o Presidente da República exonerou Mário Soares do cargo de Primeiro-Ministro, após ter ouvido o Conselho da Revolução, e o II Governo Constitucional terminou o seu mandato a 29 de agosto de 1978. O PS e os governos de iniciativa presidencial. III Governo Constitucional. Em comunicação ao país, no dia 1 de agosto de 1978, o Presidente da República, Ramalho Eanes, reforçou o seu juramento de fidelidade à Constituição, rejeitou a hipótese de formação de um novo governo do PS e apresentou as suas alternativas aos partidos políticos: a viabilização pelos partidos de um acordo com incidência governativa ou a formação de um Governo que deveria ter a confiança do PR. Após a sua primeira alternativa ter falhado, Ramalho Eanes convidou o engenheiro Nobre da Costa para formar governo. A 29 de agosto tomou posse o III Governo Constitucional, chefiado por Alfredo Nobre da Costa. Este foi o primeiro de três governos de iniciativa presidencial. A 7 de setembro, o Primeiro-Ministro empossado, apresentou na Assembleia da República o seu programa do Governo. O programa foi rejeitado, no dia 14 de setembro, após a aprovação da moção de rejeição apresentada pelo PS que contou com os votos favoráveis do CDS, da UDP e dos Deputados independentes Galvão de Melo, Aires Rodrigues, Brás Pinto, Carmelinda Pereira, António Lopes Cardoso e Vital Rodrigues, com os votos contra do PPD/PSD e dos Deputados independentes António Barreto e Medeiros Ferreira e com a abstenção do PCP. Esta rejeição provocou a queda do III Governo. A 17 de outubro, Ramalho Eanes, em conferência de imprensa realizada em Londres, garantiu que "não haverá eleições antecipadas". A 28 de outubro, formou-se a União Geral de Trabalhadores (UGT), organização que legitimava o que as dezasseis direções sindicais divulgavam a 27 de abril de 1976, uma "Carta Aberta" contendo uma análise da situação sindical, e foi resultado da revogação a 30 de setembro de 1976 da lei de unicidade sindical. A 30 de outubro, Teófilo Carvalho dos Santos, deputado do PS, foi eleito Presidente da Assembleia da República. IV Governo Constitucional. A 22 de novembro, Ramalho Eanes deu posse ao IV Governo Constitucional, segundo governo de iniciativa Presidencial, chefiado por Carlos Alberto da Mota Pinto. A 12 de dezembro, o programa de Governo é aprovado na Assembleia da República, após o chumbo de uma moção de rejeição do PCP que contou com os votos favoráveis do PCP, UDP e dos Deputados independentes Aires Rodrigues, Carmelinda Pereira, António Lopes Cardoso, Brás Pinto e Vital Rodrigues, abstenções do PS e o Deputado independente Galvão de Melo e os votos contra do PSD e CDS. No dia 15 de dezembro, o secretário-geral do PS, Mário Soares, apresentou ao país o documento ""Dez anos para mudar Portugal - Proposta do PS para os anos 80". Nos dias 27 e 28 de janeiro de 1979, realizou-se, no Porto, o I Congresso da UGT, que conta com o apoio expresso do PS, PPD/PSD e CDS. A 30 de novembro, filiou-se na Confederação Internacional dos Sindicatos Livres. Nos dias 2, 3 e 4 de março, realizou-se o III Congresso Nacional do PS, no Pavilhão dos Desportos, em Lisboa. Mário Soares foi reeleito secretário-geral e o documento "Dez anos para mudar Portugal - Programa PS para os anos 80" foi aprovado. Depois do final do Congresso, a 5 de março, Vasco da Gama Fernandes, demitiu-se do PS. A 12 de abril, dissidentes do PPD/PSD anunciaram a constituição de uma associação política, denominada Acção Social Democrata Independente (ASDI); de entre os seus membros faziam parte os Deputados António de Sousa Franco, Joaquim Magalhães Mota e José Manuel Sérvulo Correia, que viraram independentes e constituíram bancada própria, de entre muitos outros militantes mais ou menos ilustres desse partido. No dia 16 de maio, a Assembleia da República foi aprovado o projeto do PS, do Deputado António Arnaut, relativo ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), com os votos favoráveis do PS, do PCP, da UDP e dos Deputados independentes Vasco da Gama Fernandes, António Lopes Cardoso e Brás Pinto, com os votos contra do CDS e com as abstenções do PPD/PSD, dos Deputados independentes sociais-democratas e dos Deputados independentes Carmelinda Pereira e Aires Rodrigues. No dia 30 de maio, a Assembleia da República aprovou o Orçamento Geral de Estado, com os votos favoráveis do CDS, dos Deputados independentes sociais-democratas e dos Deputados independentes Galvão de Melo e Vasco da Gama Fernandes, votos contra do PCP, da UDP e dos Deputados independentes Brás Pinto, Vital Rodrigues, António Lopes Cardoso, Aires Rodrigues e Carmelinda Pereira e com as abstenções do PS e do PPD/PSD. Apesar da aprovação do Orçamento, a Assembleia da República rejeitou as Grandes Opções do Plano com votos contra do PS, do PCP, da UDP e dos Deputados independentes Brás Pinto, Vital Rodrigues, Lopes Cardoso, Aires Rodrigues e Carmelinda Pereira, os votos a favor do CDS, dos Deputados independentes sociais-democratas Cacela Leitão e Barbosa da Costa, e dos Deputados independentes Galvão de Melo e Vasco da Gama Fernandes e com as abstenções do PPD/PSD e dos restantes Deputados independentes sociais-democratas. V Governo Constitucional. A 1 de agosto, tomou posse o V Governo Constitucional, chefiado por Maria de Lurdes Pintasilgo, o terceiro e último governo de iniciativa Presidencial. No dia 18 de agosto, o seu programa de Governo foi aprovado pela Assembleia da República, após o chumbo de uma moção de rejeição do PPD/PSD e CDS que contou com os votos a favor do PPD/PSD e do CDS, os votos contra dos Deputados independentes sociais-democratas e dos Deputados independentes Vasco da Gama Fernandes, Cunha Simões, Vital Rodrigues, Brás Pinto e António Lopes Cardoso e as abstenções do PS, do PCP, da UDP e do Deputado independente Galvão de Melo. No dia 11 de setembro, o Presidente da República dissolveu a Assembleia da República e marcou eleições intercalares para 2 de dezembro de 1979. O PS e os governos da AD. VI Governo Constitucional. A 2 de dezembro, realizaram-se as eleições intercalares que ditaram a vitória da Aliança Democrática (AD), coligação formada pelo PPD/PSD, liderado por Francisco Sá Carneiro, pelo CDS, liderado por Diogo Freitas do Amaral, e pelo Partido Popular Monárquico (PPM), liderado por Gonçalo Ribeiro Teles, que teve 45,26% dos votos e elegeu 128 Deputados. O PS ficou em segundo lugar, conseguindo 27,33% dos votos (1 642 136 votos) e 74 Deputados. Com base nestes resultados, Ramalho Eanes convidou Francisco Sá Carneiro a formar governo. A 3 de janeiro de 1980, deu-se a posse do VI Governo Constitucional, chefiado por Francisco Sá Carneiro. A 5 de outubro, realizaram-se as eleições legislativas. A Aliança Democrática (AD) saiu vitoriosa, com 47,59% dos votos e 134 Deputados. Em segundo lugar ficou a Frente Republicana e Socialista (FRS), coligação formada pelo PS, liderado por Mário Soares, pela Acção Social Democrata Independente (ASDI), liderada por António Sousa Franco, e pela União da Esquerda para a Democracia Socialista (UEDS), liderada por António Lopes Cardoso, com 27,76% dos votos (1 673 279 votos) e elegendo 74 Deputados. Na noite de 4 de dezembro de 1980, o Primeiro-Ministro, Francisco Sá Carneiro, o Ministro da Defesa Nacional, Adelino Amaro da Costa, e a comitiva que os acompanhava, bem como os pilotos morreram num trágico despenhamento de avião (oficialmente tratou-se de um acidente). Assumiu, interinamente, o cargo de Primeiro-Ministro Diogo Freitas do Amaral do CDS - Centro Democrático Social, que era Vice-Primeiro-Ministro. A 13 de dezembro, o Conselho Nacional do PPD/PSD elegeu Francisco Pinto Balsemão para Presidente do partido e para o desempenho do cargo de Primeiro-Ministro, tendo a 19 de dezembro se realizado uma cimeira da AD, onde os três partidos concordaram em participar ativamente no futuro executivo e conceder-lhe todo o apoio no Parlamento. Manifestaram ainda o desejo de chegar a acordo com o PS para efetuar a revisão constitucional. VII Governo Constitucional. Deu-se de seguida a tomada de posse do VII Governo Constitucional, liderado por Francisco Pinto Balsemão a 9 de janeiro de 1981. A 1 de agosto, o PS fez saber que era contrário à realização de eleições legislativas antecipadas. A 10 de agosto de 1981, Francisco Pinto Balsemão, anunciou no Conselho Nacional do PPD/PSD a intenção de se demitir do cargo de Primeiro-Ministro, por não ter condições para o seu desempenho, após desentendimentos no seio do Governo da AD, e do qual já se tinham demitido três Ministros (um do PPM e dois do PPD/PSD). Após este anúncio, Pinto Balsemão consumou essa demissão. A 20 de Agosto, Francisco Pinto Balsemão aceitou a renovada designação do Conselho Nacional do PPD/PSD para chefiar um novo executivo, após ter obtido garantias políticas do CDS e do PPM de que pretendiam continuar com a AD. VIII Governo Constitucional. A 4 de setembro de 1981, Ramalho Eanes deu posse ao VIII Governo Constitucional que teve como Primeiro-Ministro Francisco Pinto Balsemão do PPD/PSD. No parlamento, a 18 de setembro, foi aprovado por maioria absoluta uma moção de confiança ao Governo, sendo as moções de rejeição da FRS, PCP e MDP/CDE foram rejeitadas. A 10 de outubro, a Comissão Política do PS pôs termo à coligação eleitoral da FRS - Frente Republicana e Socialista. A 9 de janeiro de 1982, Mário Soares acusou o Governo da AD de politizar as greves, ao recusar o diálogo com as organizações sindicais. Deste modo, a Comissão Nacional do PS decidiu aumentar gradualmente a oposição ao Governo. A 28 de janeiro o PS e o PCP apresentaram na Assembleia da República uma proposta de impugnação da proposta do Governo, que pretendia atribuir um canal de televisão à Igreja Católica. Retorno ao governo em Bloco Central. Após a audição do Conselho de Estado, três dias antes e que se mostrou desfavorável à demissão do Governo, Ramalho Eanes decide em 23 de janeiro de 1983 dissolver a Assembleia da República e convocar eleições gerais antecipadas. Nas eleições legislativas de 1983, realizadas a 25 de abril, o PS conquistou a maioria simples (36%), à frente do PSD (27,2%). No dia seguinte realiza-se dentro do PS um referendo junto dos seus militantes recenseados, estes inclinam-se claramente para uma coligação com o Partido Social Democrata - PPD/PSD, em 7 de maio e em reunião da Comissão Nacional do PS, Mário Soares é mandatado para enviar uma carta a Mota Pinto, propondo "um acordo político, parlamentar e governamental de legislatura"" a celebrar entre o PS e o PSD, sendo que a 9 de Maio o Partido Social Democrata - PPD/PSD aceita abrir negociações com o PS tendo em vista a formação de um Governo de coligação. A 27 de maio, Mário Soares é convidado e aceita a indicação para formar o IX Governo Constitucional e Manuel Tito de Morais, do PS, é eleito Presidente da Assembleia da República, a 4 e junho ambos os partidos assinam o acordo político, parlamentar e de Governo, que toma posse a 9 de junho como o IX Governo Constitucional sendo chefiado por Mário Soares, no chamado Bloco Central, governo esse que preparou a entrada de Portugal na CEE. Depois de 19 de maio de 1985 e do XII Congresso do Partido Social Democrata - PPD/PSD, na Figueira da Foz, ter eleito Aníbal Cavaco Silva e de em 4 de junho a direcção do Partido Social Democrata - PPD/PSD informar a direcção do PS da sua intenção de romper a coligação governamental, decisão essa que é também comunicada à Presidência da República a 13 de junho de 1985 os treze membros do IX Governo Constitucional filiados no Partido Social Democrata - PPD/PSD apresentam a sua demissão, consumando a ruptura do "Bloco Central", o Primeiro-Ministro, Mário Soares, foi recebido pelo Presidente da República, Ramalho Eanes e dirigiu uma comunicação ao país anunciando a sua demissão. Cavaquismo, Oposição e Presidência Soares. Em 1985, o Bloco Central desfez-se e o PS, na altura liderado interinamente por António de Almeida Santos, após a demissão de Mário Soares de Secretário-Geral do PS, perdeu as eleições legislativas de 1985 contra Aníbal Cavaco Silva do Partido Social Democrata - PPD/PSD, que venceu as eleições, com 29,8% dos votos, seguido do PS com 20,8%. Aníbal Cavaco Silva declarou-se assim disposto a formar Governo, que é empossado em 6 de novembro de 1985 com uma bancada minoritária. A 13 de novembro de 1985, Mário Soares, auto-suspendeu-se do cargo de Secretário-Geral do PS, sendo substituído, interinamente, por António Macedo. A 14 de novembro, apresentou a sua candidatura à Presidência da República. No VI Congresso Nacional do PS, realizado entre 27 e 29 de junho de 1986, foi eleito Secretário-Geral do PS o economista Vitor Constâncio, que ganhou o confronto com Jaime Gama. No mesmo ano, Mário Soares torna-se o primeiro Presidente da República civil, partidário, inequivocamente de esquerda, e do PS. Em 1987, uma moção de censura apresentada pelo Partido Renovador Democrático e com os votos favoráveis também do PS, derrubou o governo com apoio minoritário parlamentar de Cavaco Silva do PSD, que voltou a vencer as eleições legislativas de 1987 contra Vítor Constâncio com maioria absoluta dos deputados da Assembleia da República. Em 1989, e após a demissão de Vitor Constâncio a 6 de novembro de 1988 de Secretário-Geral do PS, o Presidente do Grupo Parlamentar do Partido Socialista entre 1986 e 1987, Jorge Sampaio, foi eleito Secretário-Geral, no Congresso seguinte realizado em 1989, um posto que deteve até 1991. Nesse ano de 1989, Jorge Sampaio candidatou-se e foi eleito Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, tendo sido reeleito em 1993. Nas eleições legislativas de 1991, agora com Jorge Sampaio na liderança e candidato a Primeiro-Ministro (com mandato em suspenso na Câmara Municipal de Lisboa), Cavaco Silva do PSD voltou a vencer as eleições com maioria absoluta. Para contrabalançar ainda mais o sucesso do PSD vitorioso nas legislativas para além da vitória da esquerda unida em Lisboa, o socialista Mário Soares foi reeleito no mesmo ano de 1991 (curiosamente apoiado também pelo PSD de Cavaco Silva e tendo como único rival à direita o democrata-cristão, e futuro deputado independente dentro das listas do PS em 2011, Basílio Horta). Governos de António Guterres e Presidências de Jorge Sampaio. Nas eleições legislativas de 1995, o PS, então liderado pelo engenheiro António Guterres, e depois da não recandidatura de Cavaco Silva do Partido Social Democrata - PPD/PSD ao cargo de Primeiro-Ministro e defrontando Fernando Nogueira como candidato do Partido Social Democrata - PPD/PSD, venceu as eleições com maioria relativa, feito esse que voltou a acontecer em 1999. Em 1996, concorrendo contra o ex-Primeiro-Ministro Cavaco Silva (com a sua popularidade então declinando desde o final do seu mandato), o socialista Jorge Sampaio foi eleito Presidente da República, fazendo com que novamente a Presidência Portuguesa fosse "posse" do PS. Jorge Sampaio é reeleito, contra o social-democrata Joaquim Ferreira do Amaral, em 2001. Assim, o PS manteve a Presidência num período consecutivo de fevereiro de 1986 a março de 2006, tendo os dois cumprido dois mandatos de 5 anos cada um, num total de 20 anos seguidos. Com os dois mandatos de Guterres, o último ano do mandato de Soares e os dois mandatos de Sampaio, de facto o PS conseguiu ter um governo, uma maioria relativa e um Presidente entre 1995 e 2002. Coligação PSD-CDS, oposição e regresso ao poder. As eleições de 2002, subsequentes à renúncia de António Guterres ao cargo de Primeiro-Ministro, em 2001, deram a vitória ao Partido Social Democrata - PPD/PSD, que faz uma coligação pós-eleitoral com o CDS - Partido Popular (vinte anos depois de o terem efectuado); essa coligação é denominada de Coligação Democrática. No verão de 2004, José Manuel Durão Barroso foi presidir à Comissão Europeia, tendo o Presidente da República nomeado um novo governo PSD/CDS-PP liderado por Pedro Santana Lopes. O novo governo gozou de fraca popularidade e, após quatro meses, o Presidente da República dissolveu a Assembleia que apoiava em maioria o governo e convocou eleições para fevereiro de 2005. Depois de uma grave crise económica e de falta de liderança no governo e no PSD, as eleições legislativas de 2005 deram a vitória ao PS liderado por José Sócrates, com ampla maioria absoluta, sendo a primeira do PS desde o 25 de abril. Voltou a vencer as eleições legislativas de 2009, mas desta vez sem maioria absoluta. Regresso à oposição, eleições primárias e maioria de Esquerda. Dada a crise económica internacional, o Governo de José Sócrates precisou de um programa de austeridade, o Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC), em 2010. Em março de 2011, o PEC IV foi chumbado por todos os partidos da oposição — da esquerda à direita — e, como consequência, José Sócrates e o seu governo demitiram-se, provocando eleições antecipadas. Nas eleições legislastivas de 2011, o PS obteve o seu pior resultado eleitoral desde 1987, ficando-se pelos 28,1% dos votos e José Sócrates abandonou a liderança do partido. Em julho de 2011, António José Seguro foi eleito o novo Secretário-Geral do PS, conquistando cerca de 70% dos votos nas eleições internas. Após 3 anos de liderança, e, apesar da vitória eleitoral nas autárquicas de 2013 e nas europeias de 2014, a liderança de António José Seguro foi questionada, em especial, por António Costa e seus apoiantes, que consideraram os resultados das europeias como desapontantes. António José Seguro decidiu marcar eleições primárias no PS, abertas a apoiantes e simpatizantes do partido, para 28 de setembro de 2014. António Costa, adepto de uma visão mais social para o partido de centro-esquerda e até então Presidente da Câmara de Lisboa, foi o grande vencedor das primárias, conquistando 67,7% dos votos, contra os 31,5% de António José Seguro, ideologicamente mais ao centro. Apesar da mudança de liderança, nas eleições legislativas de 2015, o PS obteve 32,4% dos votos e 86 deputados, contra os 38,5% da coligação Portugal à Frente, constituída por PPD/PSD e CDS-PP, que perdeu a maioria parlamentar que detinha. Após semanas de negociações, o PS conseguiu chegar a um acordo histórico, para formar um governo apoiado pelos partidos à sua esquerda, Bloco de Esquerda, PEV e PCP, tendo António Costa e o seu governo tomado posse a 25 de novembro de 2015. Este XXI Governo Constitucional, apoiado pela esquerda parlamentar que viabilizou os quatro Orçamentos de Estado entre 2015 e 2019, viria a aumentar progressivamente o salário mínimo, repor pensões e subsídios de férias e ainda descongelar carreiras, ao mesmo tempo que procurou manter as contas públicas equilibradas e atingiu o défice mais reduzido da democracia. Lei do Financiamento dos Partidos. Em 2017, o PS votou a favor da abolição do limite de angariação de fundos por parte de partidos políticos, com o auxílio do PSD, PCP, BE e PEV, permitindo assim que todos os partidos aceitem de forma ilimitada "donativos" de entidades privadas que, no entanto, não são obrigados a revelar publicamente. A proposta foi aprovada pelo Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, apesar deste discordar com a mesma. Entre os principais financiadores do Partido Socialista encontram-se vereadores e ex-presidentes de câmaras socialistas e pessoas associadas ao mundo empresarial português, entre eles o presidente da Mota-Engil António Manuel Queirós Vasconcelos Mota; o presidente do Grupo Pestana, Dionísio Fernandes Pestana; o presidente do Grupo Azinor que detém os hotéis Sana Nazir Din; o presidente do Grupo Simoldes António Silva Rodrigues; e o Presidente do Grupo Barraqueiro Humberto Pedrosa, que, quando entrevistado pela revista Sábado, garantiu nunca ter recebido "qualquer contrapartida como resultado destas doações". Órgãos Nacionais. Presidente: Carlos César Secretariado Nacional. O Secretariado Nacional é o órgão executivo da Comissão Política Nacional. Compete ao Secretariado Nacional assegurar a execução das deliberações e decisões dos órgãos nacionais do Partido, tomar as deliberações necessárias à sua direção e assegurar o coeso e regular funcionamento da estrutura partidária.<br>Secretário-Geral: António Costa <br>Secretário-Geral Adjunto: João Torres Comissão Permanente. A Comissão Permanente é constituída por Secretários Nacionais, sem qualquer função governativa, é designada pelo Secretariado Nacional e apoia o Secretário-geral Adjunto na gestão política quotidiana do PS. A Comissão Permanente exercerá as competências atribuídas ao Secretariado Nacional no intervalo das suas reuniões. Secretário-Geral Adjunto: João Torres Secretários Nacionais: Comissão Nacional de Jurisdição. Presidente: Telma Correia Membros: Organização, Estrutura e Organizações Autónomas. A organização de jovens do Partido Socialista chama-se Juventude Socialista e detêm uma organização própria e representantes de forma transversal nos vários órgãos, locais, federativos e nacionais do Partido. O PS tem uma organização interna em que se organizam as militantes mulheres, a Mulheres Socialistas – Igualdade e Direitos, que detêm uma organização própria e representantes em vários órgãos federativos e nacionais do Partido. Os trabalhadores socialistas, organizados em estruturas de ação sectorial, organizam-se na Tendência Sindical Socialista, que é um organismo autónomo representativo de todos os trabalhadores sindicalizados e filiados no PS. Esta estrutura é obrigatoriamente ouvida pelos órgãos diretivos do Partido e o seu coordenador é convocado para as reuniões do Secretariado Nacional, sempre que estiver em causa a definição das políticas a prosseguir pelo Partido nas áreas laboral, económica e social. Os Autarcas do PS também têm uma organização de Autarcas denominada Associação Nacional dos Autarcas Socialistas, que detêm uma organização própria e representantes em vários órgãos nacionais do Partido. Organização e Estrutura do Partido. Organização Política Concelhia. As Concelhias são as estruturas responsáveis pela coordenação da intervenção política do Partido ao nível municipal e pela articulação entre as secções existentes. Comissão Política Concelhia. A Comissão Política Concelhia é o órgão de definição da estratégia e de coordenação da atividade do Partido a nível municipal, competindo-lhe: Mesa da Comissão Política Concelhia. Compete à Mesa da Comissão Política Concelhia: Presidente da Concelhia. Compete ao Presidente da Concelhia: Secretariado da Concelhia. O Secretariado Concelhio é órgão executivo da Concelhia, competindo-lhe: Secções. As secções são estruturas do Partido constituídas para a definição, execução e divulgação da sua orientação política a nível local, setorial e temático. As secções podem ser secções de residência, secções sectoriais e secções temáticas. Assembleia Geral. A Assembleia Geral, constituída por todos os membros inscritos na secção, é o órgão deliberativo das estruturas de base, competindo-lhe: Secretariado. O Secretariado das secções é o órgão executivo das estruturas de base responsável pela execução da linha política do Partido definida pelos órgãos competentes. Organização Política Distrital e Regional. As Federações são as estruturas responsáveis pela definição da orientação política do Partido a nível distrital ou regional e pela coordenação da ação desenvolvida pelas secções e pelas concelhias da sua área de intervenção. Congresso da Federação. O Congresso da Federação é o órgão de apreciação da política do PS na área abrangida, competindo-lhe: Comissão Política da Federação. A Comissão Política da Federação é órgão deliberativo máximo entre Congressos, competindo-lhe: Presidente da Federação. Compete ao Presidente da Federação: Secretariado da Federação. O Secretariado da Federação é órgão executivo da Federação, competindo-lhe: Comissão Federativa de Jurisdição. Compete à Comissão Federativa de Jurisdição: Comissão Federativa de Fiscalização Económica e Financeira. Compete à Comissão Federativa de Fiscalização Económica e Financeira: Cimeira Interfederativa. A Cimeira Interfederativa reúne os Presidentes de Federação do Partido, por área territorial correspondente às NUT II, e assegura a coordenação e articulação da ação e orientação política do Partido, nas matérias com incidência nessa unidade territorial. Compete à Cimeira Interfederativa em especial: A Cimeira Interfederativa reúne trimestralmente e a direção dos seus trabalhos é exercida de forma rotativa entre os membros daquele órgão. Organização Política a nível nacional. Congresso Nacional. O Congresso Nacional é o órgão de apreciação e definição das linhas gerais da política nacional do Partido, competindo-lhe: O Congresso Nacional reúne, ordinariamente, antecedido da eleição direta do Secretário-geral e, extraordinariamente, mediante convocação da Comissão Nacional, do Secretário-geral ou da maioria das Comissões Políticas das Federações que representem também a maioria dos membros inscritos no partido. Comissão Nacional. A Comissão Nacional é o órgão deliberativo máximo do Partido entre Congressos, competindo-lhe: A Comissão Nacional reúne ordinariamente, pelo menos de três em três meses, e, extraordinariamente, por iniciativa do Presidente do Partido ou a pedido do Secretário-Geral, da Comissão Política Nacional ou de, pelo menos, um quarto dos seus membros, mediante aviso contendo menção do local, do dia e da hora da reunião e da respetiva ordem de trabalhos, enviada a todos os seus membros com a antecedência mínima de dez dias. Presidente do Partido. Compete ao Presidente do Partido: O Presidente do Partido empenha a sua magistratura moral na defesa da unidade e coesão do Partido e no respeito pelos princípios e valores da sua Declaração de Princípios e Programa do Partido. Presidente Honorário do Partido. O Presidente Honorário do Partido tem assento na Comissão Nacional e colabora com o Presidente do Partido, empenhando a sua magistratura moral na defesa da unidade e coesão do Partido. Comissão Política Nacional. A Comissão Política Nacional é o órgão deliberativo do Partido no intervalo das reuniões da Comissão Nacional, competindo-lhe: A Comissão Política Nacional reúne ordinariamente de dois em dois meses por iniciativa do Secretário-Geral, mediante aviso contendo menção do local, do dia, da hora da reunião e da respetiva ordem de trabalhos, enviada a todos os seus membros com a antecedência 41 mínima de quinze dias. A Comissão Política Nacional reúne, extraordinariamente, sempre que convocada pelo Secretário-Geral, por iniciativa própria ou a solicitação de um quarto dos seus membros, mediante aviso contendo menção do local, do dia e da hora da reunião, bem como a respetiva ordem de trabalhos, enviada a todos os seus membros com a antecedência mínima de quarenta e oito horas, redutível a metade em caso de urgência. Secretário-Geral. Compete ao Secretário-Geral: Secretariado Nacional. O Secretariado Nacional é o órgão executivo da Comissão Política Nacional, competindo-lhe: Secretário-Geral Adjunto. Compete ao Secretário-Geral Adjunto: Comissão Permanente. A Comissão Permanente apoia o Secretário-geral Adjunto na gestão política quotidiana do PS e exercerá as competências atribuídas ao Secretariado Nacional no intervalo das suas reuniões. Comissão Nacional de Jurisdição. A Comissão Nacional de Jurisdição é o órgão jurisdicional máximo do Partido, competindo-lhe: Comissão Nacional de Fiscalização Económica e Financeira. A Comissão Nacional de Fiscalização Económica e Financeira é o órgão máximo de fiscalização económica e financeira do partido, competindo-lhe: Grupos de Representantes e Parlamentares. Os eleitos em listas do Partido em quaisquer órgãos autárquicos não deliberativos organizam-se em grupos de representantes. Os eleitos em listas do Partido em qualquer assembleia deliberativa (em especial no Parlamento Europeu, na Assembleia da República, nas Assembleias Legislativas Regionais dos Açores e da Madeira, nas Assembleias Regionais, nas Assembleias Metropolitanas, nas Assembleias Municipais, nas Assembleias de Freguesia e noutros órgãos autárquicos deliberativos) organizam-se em Grupos Parlamentares. Os Grupos Parlamentares definem a sua própria estrutura diretiva, criando os órgãos adequados. Os Grupos de Representantes e parlamentares nos órgãos autárquicos de uma determinada área devem organizar-se para a defesa de interesses e para a execução de ações comuns. Responsabilidades dos Grupo de Representantes e Parlamentares Socialistas. Os Grupos de Representantes e Parlamentares Socialistas são responsáveis: Competência. Compete aos Grupos Parlamentares: Os Grupos de representantes exercem as competências previstas no número anterior com as devidas adaptações. Mulheres Socialistas – Igualdade e Direitos. A “Mulheres Socialistas – Igualdade e Direitos”, tem como objetivo promover uma efetiva igualdade de direitos entre as mulheres e os homens, bem como a participação paritária em todos os domínios da vida política, económica, cultural e social bem como a sua intervenção na atividade do Partido, e adota a sigla “MS-ID”. A MS-ID é objeto da regulamentação prevista no seu Regulamento Interno. A Presidente e os restantes órgãos da MS-ID são eleitos por todas as militantes inscritas no Partido Socialista, nos termos dos Regulamentos Eleitorais aprovados para a eleição dos órgãos nacionais do PS. A nível federativo e concelhio podem constituir-se estruturas da MS-ID, com forma e objetivos similares à Organização Nacional do PS, as quais são eleitas por todas as militantes da respetiva área de atuação, nos termos dos Regulamentos Eleitorais aprovados para a eleição dos órgãos federativos e concelhios do PS. As estruturas da MS-ID devem ter uma representante nas estruturas de organização de processos eleitorais. À direção da MS-ID compete promover as condições necessárias à plena concretização do representante nas estruturas de organização de processos eleitorais, acompanhando especialmente o cumprimento do princípio da paridade, bem como as propostas para o seu integral cumprimento. O Partido Socialista tem o dever de apoiar material, técnica e financeiramente a atividade da MS-ID, nos termos de protocolos de cooperação válidos por períodos de dois anos. O Regulamento Interno da MS-ID, depois de aprovado na Comissão Nacional da MS-ID, é submetido à ratificação da Comissão Nacional do Partido. Gabinete de Estudos. O Gabinete de Estudos é a estrutura permanente de investigação e apoio técnico do Partido, funcionando junto do Secretariado Nacional, com direção por este designada e segundo Regulamento aprovado pela Comissão Política Nacional. O Gabinete de Estudos presta apoio a todos os órgãos do Partido e em especial às comissões especializadas da Comissão Nacional, aos Grupos Parlamentares e de Representantes, bem como aos membros do Partido que desempenhem funções de relevância política. Junto dos Secretariados das Federações devem funcionar, como estruturas de consulta, Gabinetes de Estudos Federativos. Departamento Nacional de Simpatizantes. O Secretariado Nacional criará um Departamento Nacional de Simpatizantes com o propósito de discutir, aprofundar e formular propostas de política pública, agregando os simpatizantes aderentes ao Partido. O Departamento Nacional de Simpatizantes é coordenado por um membro do Secretariado Nacional que deverá, com regularidade semestral submeter um relatório síntese da atividade desenvolvida. Departamentos Nacionais Temáticos. O Secretariado Nacional pode criar Departamentos Nacionais Temáticos com o propósito de discutir, aprofundar e formular propostas de política pública, agregando militantes, simpatizantes e independentes. Os Departamentos Nacionais Temáticos são coordenados por um membro do Secretariado Nacional que deverá, com regularidade semestral submeter um relatório síntese da atividade desenvolvida. Os DN podem funcionar tendencialmente ou exclusivamente em plataformas digitais. Clubes de política. Qualquer militante pode promover a criação de uma estrutura informal de debate sobre temas políticos de relevo, envolvendo militantes e pessoas não ligadas ao Partido Socialista, denominado clube de política. Os clubes de política formados ao abrigo do presente preceito podem utilizar as sedes do Partido Socialista, desde que os seus promotores informem os órgãos responsáveis da sua intenção e não ponham em causa o bom nome do Partido Socialista. Ponderado o interesse relevante da iniciativa, pode o secretariado territorialmente competente conceder apoio logístico suplementar ao funcionamento de clubes de política Estruturas de militância digital. As estruturas de militância digital são plataformas de exercício da atividade partidária, de participação e debate político, de promoção dos princípios e valores do Partido e de afirmação da sua estratégia política. As estruturas de militância digital têm âmbito nacional, são criadas, articulam e coordenam as suas atividades com o Secretariado Nacional. Cada estrutura de militância digital será constituída por um número mínimo de quinze militantes, dinamizada por um Coordenador. O Secretariado Nacional poderá, em regulamento próprio por si aprovado, determinar a constituição de uma estrutura, com âmbito nacional, para o acompanhamento, organização e estímulo da militância digital. Organizações Autónomas. Juventude Socialista. A organização de juventude do Partido Socialista é a Juventude Socialista (JS). A Juventude Socialista dispõe de autonomia organizativa e de ação no respeito pela Declaração de Princípios, pelo Programa do Partido, pelos Estatutos e pela orientação política genérica dimanada dos órgãos do Partido. A Juventude Socialista goza de autonomia financeira, mas o Partido Socialista tem o dever de apoiar material, técnica e financeiramente a sua atividade, nos termos de protocolos de cooperação válidos por períodos renováveis de dois anos. Tendência Sindical Socialista. A Tendência Sindical Socialista (TSS) é a organização autónoma representativa dos trabalhadores/as militantes no PS, bem como dos simpatizantes que partilhem o conteúdo do Programa do PS e da Declaração de Princípios do Partido, organizados em sindicatos. Os trabalhadores socialistas organizados em estruturas de ação setorial e a Tendência Sindical Socialista devem ser ouvidos, pelos órgãos diretivos do Partido, em tudo o que lhes diga especialmente respeito. Associação Nacional dos Autarcas Socialistas. A Associação Nacional dos Autarcas Socialistas é a estrutura representativa dos autarcas das Freguesia e dos Municípios, à qual pertencem por direito próprio os Presidentes das Assembleias de Freguesia, os Presidentes das Juntas de Freguesia, os Presidentes das Assembleias Municipais, os Presidentes das Câmaras Municipais, os líderes das bancadas do Partido nas Assembleias Municipais e os primeiros Vereadores de cada Município. Os restantes autarcas poderão aderir a esta estrutura representativa dos eleitos pelo Partido. A organização e o funcionamento da ANA PS é objeto da regulamentação prevista nos seus estatutos. Os autarcas socialistas, preferencialmente através da Associação Nacional dos Autarcas Socialistas, devem ser ouvidos pelos órgãos diretivos do Partido em tudo o que lhes diga diretamente respeito, tendo direito ao apoio do Partido no exercício da sua ação militante. Os Estatutos da ANA PS são submetidos à ratificação da Comissão Nacional do Partido. Comunicação do Partido. Imprensa do Partido. A Imprensa do Partido é constituída pelos jornais oficiais, pelos boletins e outras publicações periódicas de natureza informativa destinadas fundamentalmente aos membros do Partido. São jornais oficiais do Partido o “Ação Socialista” e o “Portugal Socialista”, cujos Diretores são responsáveis, perante a Comissão Nacional e a Comissão Política Nacional. A atividade editorial do Partido é da responsabilidade do Secretariado Nacional. Relações Internacionais. O Partido Socialista é membro do Partido Socialista Europeu e da Internacional Socialista desde a sua fundação, em 1973. Até à sua morte, Mário Soares era um dos Presidentes Honorários da Internacional Socialista. O antigo Secretário-Geral do PS, António Guterres foi Presidente da Internacional Socialista entre 1999 e 2005. No Parlamento Europeu, o Partido Socialista é membro do Grupo Parlamentar da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas, grupo parlamentar filiado ao Partido Socialista Europeu.
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Pôquer
Pôquer (do inglês ) é um jogo de cartas jogado por duas ou mais pessoas muito comum em casinos. É considerado o jogo de cartas mais popular do mundo, e o mais popular entre uma classe de jogos nos quais os participantes utilizam as cartas de forma total ou parcialmente escondidas fazendo apostas para um "monte" central, após o resultante das apostas é atribuído ao jogador ou jogadores que possuir(em) o melhor conjunto de cartas entre os que permaneceram até o final da rodada, ou ao jogador restante caso os demais tenham desistido. Quando houver uma dupla na mão do jogador e uma dupla na mesa, essa não pode ser usado como critério de desempate em caso de uma jogada superior de outro jogador. Para jogar pôquer é preciso aprender as regras e procedimentos básicos do jogo, os valores das várias combinações de cartas (ver mão de pôquer) e as regras sobre as apostas e seus limites. Alguns conhecimentos sobre o equipamento usado para jogar são úteis. Há também muitas variantes do pôquer, categorizadas livremente como pôquer fechado (como o "five-card draw"), pôquer aberto (como o "seven-card stud") e "community card poker" (como o "Texas hold'em" e "Omaha"), entre outros. Cada um dos exemplos de categoria citados são um bom ponto de partida para aprender outros jogos do mesmo gênero. Em abril de 2018, a Associação Internacional dos Esportes da Mente (IMSA) recebeu a "Federação de Jogos de Cartas (FCG) como seu sétimo membro." O anúncio foi feito durante o seu congresso anual, em Dubai (EAU). Apenas 5% dos jogadores de poker tem renda a partir do esporte, este dado demonstra o quanto é preciso estudar este esporte para se tornar um profissional bem sucedido. História. A definição histórica da origem do pôquer é considerada difícil de ser precisada. Uma teoria citada por historiadores do jogo relatam um texto, datado de 1934, de autoria de Jonathan H. Green, como uma das mais antigas referências escritas sobre o pôquer já noticiada. Este texto detalha as regras do pôquer que era chamado no início de o "jogo da trapaça". Este jogo, popular na região de Mississippi, foi batizado por Green como pôquer, todavia, não estão claras as razões pelas quais ele usou este vocábulo. Alguns atribuem a origem do jogo à Dinastia Sung, na China, no século X, enquanto outros apontam o seu início com o jogo Persa chamado "As Nas", do século XVI. Outros historiadores do jogo dizem que sua origem está em uma palavra francesa, "“poque”", que era o nome de um jogo desse país. Segundo essa teoria, o jogo foi levado da França para os Estados Unidos através de um grupo de colonizadores franceses que teriam fundado a cidade de Nova Orleans. A partir de então, se difundiria ao longo da rota do Rio Mississippi durante o século XVIII e se popularizaria nos Estados Unidos durante o século XIX, quando o país começou sua expansão até o oeste. Por este motivo, a história do pôquer é por vezes associada com o velho oeste norte-americano. Independente de sua origem, é considerado como certo de que o jogo foi mudando e evoluindo ao longo do tempo, passando a incluir 32 cartas e, pouco a pouco, foi chegando à quantidade de cartas do baralho atual, 52. Ao longo de sua história, o jogo recebeu novas variações, embora os conceitos básicos de sua estratégia psicológica e a sequência das cartas tenham sido mantidas presentes ao longo do curso de sua evolução. No início do século XX, o pôquer é declarado ilegal no estado de Nevada, nos Estados Unidos. Entretanto, devido ao fato do pôquer ser considerado mais um jogo de habilidade do que de azar, as autoridades da Califórnia determinaram que as leis contra os jogos de azar não poderiam ser aplicadas a ele. Esta decisão, permitiu ao jogo se desenvolver e ganhar popularidade, e posteriormente o estado de Nevada acaba abolindo a sua proibição, legalizando-o em seus cassinos no ano de 1931. Atualmente o pôquer é regido por normas estritas, tanto na internet como em cassinos reais, e seus torneios e diversas competições conferiram-lhe um status de evento esportivo internacional. Variantes. Pôquer aberto. O pôquer aberto é também conhecido como "Stick Poker" ou "Stud Poker". Nas modalidades mais comuns pode-se jogar com cinco ou sete cartas. Com cinco cartas. O stick de cinco cartas é um jogo bastante violento, pois o volume de apostas pode ser muito grande. O valor dos jogos é o mesmo do pôquer. No Brasil, costuma-se considerar no "Stick" apenas os jogos de pares ("par", "dois pares", "trinca", "fullhand" e "quadra"). O jogo completo, em que valem todas as combinações, é chamado Sticão. Como não há troca de cartas, o número de participantes pode ser maior. Geralmente as cartas "seis" e até mesmo as cartas "sete" não são utilizados, se o grupo for composto de seis ou sete jogadores. As apostas são feitas após o recebimento de cada carta. Cada jogador recebe uma carta fechada e uma aberta. Após examinar a carta fechada, cada jogador aposta, de acordo com a possibilidade de formar um jogo vencedor com as cartas que ainda receberá. O primeiro a apostar será aquele que tiver a maior carta aberta, seguindo-se então o sentido horário. O carteador costuma indicar quem será o primeiro a falar , dizendo "Fala o Ás", ou "Fala o Rei", se esta for a carta aberta de maior valor. Se houver empate nas cartas expostas, deverá falar primeiro o jogador mais próximo do carteador, à sua esquerda. Para receber cartas, todos apostam um valor mínimo, o chamado pingo. Após receber a primeira carta fechada, cada jogador, a partir de quem tiver a carta maior, deverá apostar ou sair, ou aumentar a aposta de algum jogador que o procedeu. Geralmente convenciona-se que, na primeira volta, quem receber figura será obrigado a acompanhar as apostas. Uma segunda carta aberta é distribuída e as apostas serão reiniciadas, novamente a partir de quem tiver a melhor combinação de cartas. O carteador indicará, por exemplo: "Fala Às e Rei", ou "Fala o par de Damas". Se estiverem jogando o "Sticão", em que valem todas as combinações, nesta fase ainda não se consideram as seguidas e os flushes para abertura das apostas. Uma nova carta (terceira aberta e quarta do jogo) é distribuída; novamente abrem-se as apostas. Se estiverem jogando "sticão", agora já serão levadas em conta as possibilidades de sequências e flushes. O carteador dirá, por exemplo "Fala a sequência possível", para o jogador cujas três cartas abertas estão em sequência, se este for o maior jogo à vista. A quinta carta, também aberta, obrigará à repetição do processo. As apostas, escalonadas, elevam bastante o nível do jogo; assim, os inexperientes devem tomar bastante cuidado. Se for combinado antes do jogo, quem desejar poderá receber uma outra carta fechada, desde que abra a primeira, pois cada um só poderá receber uma carta fechada. Com sete cartas. A troca de cartas é permitida e, em consequência, o volume de apostas pode ser ainda maior. Cada jogador recebe três cartas, duas fechadas e uma aberta. Abrem-se então as apostas, como no "stick" de cinco cartas. A quarta e a quinta cartas são distribuídas da mesma forma, interrompidas pelas apostas. Cada jogador poderá então trocar uma carta, aberta ou fechada, dependendo da carta que devolver ao carteador. Se separou uma carta fechada, receberá outra fechada ou se separou uma carta aberta, receberá outra aberta. Novas apostas são feitas, procedendo-se então à última troca, obedecidas as mesmas normas. São feitas então as apostas finais, as cartas expostas e o vencedor recolhe as fichas. Para que o jogo não fique muito violento, costuma-se controlar o volume de apostas, estabelecendo-se um limite para as apostas iniciais. "High-Low". É uma variante do pôquer que se assemelha também ao "pôquer Miséria", pois ganham as mãos de maior e menor valor. As fichas são divididas entre o pior e o melhor jogo da mesa, ficando com o melhor a ficha que por acaso restar na divisão. É permitida a troca de cinco cartas. As demais regras são iguais às do pôquer comum. A mão baixa é definida da seguinte forma: conta-se o valor numérico das cartas que não formam nenhum jogo, a que tiver a menor maior carta vence. Por exemplo, A-2-3-4-5 é o melhor menor jogo possível (e curiosamente também uma sequência), seguido de A-2-3-4-5, 2-3-4-5-6 e assim por diante. Geralmente o jogo baixo só é considerado válido se nenhuma das cartas for maior que 8 e não formar nenhum par ou outra combinação com cartas repetidas (A-2-2-3-4 não é um jogo baixo válido por conter um par de 2s e A-2-3-4-9 não forma um jogo baixo por conter um 9).Pierrot Pôquer fechado. Nos Estados Unidos utiliza-se um baralho comum de 52 cartas. No Brasil as cartas de valor mais baixo são retiradas, de acordo com o número de participantes. Com quatro participantes utilizam-se as cartas do 7 ao Ás; com cinco jogadores, do 6 ao Ás. Embora os grupos possam ser constituídos de dois até oito jogadores, as mesas formadas de quatro a sete são consideradas ideais. Para cada jogador a mais no grupo, uma outra carta será acrescentada. Assim, se forem seis os participantes, o cinco é incluído. O Ás é a carta mais alta, mas também pode entrar nas sequências como a mais baixa. Exemplo: se o 7 estiver no jogo, a sequência máxima será A-K-Q-J-10 e a mínima 10-9-8-7-A. Distribuição. Antes de iniciar o jogo, os jogadores devem estabelecer o valor do cacife, ou seja, o montante em fichas necessário para as apostas que serão feitas no decorrer do jogo. O primeiro carteador será aquele que foi escolhido, sorteada apenas para efeito de distribuição das cartas. A seguir, será substituído a cada rodada pelo jogador mais à esquerda. Por se tratar de um jogo de apostas, o pôquer tem convenções rigorosas sobre o embaralhamento, corte e distribuição das cartas. Antes da distribuição, as cartas devem ser embaralhadas no mínimo três vezes. Qualquer jogador pode participar do embaralhamento, desde que peça ao carteador, que será, invariavelmente, o último a embaralhar. O baralho deve ser oferecido ao jogador da direita para o corte. Se este não quiser, qualquer outro jogador poderá cortar. O monte de cartas será cortado uma única vez, a menos que ocorra alguma irregularidade. Se alguma carta virar durante o corte, as cartas deverão ser novamente embaralhadas e dadas a cortar. Se nenhum jogador cortar, o carteador não poderá mais embaralhar e deverá proceder à distribuição. A distribuição é feita no sentido horário, uma por vez, fechadas, cinco para cada jogador. As cartas que sobrarem ficarão ao lado do carteador, para serem usadas posteriormente. Ritmo do jogo. Primeira rodada de apostas. Antes de receber cartas, cada participante deposita um "pingo"(esse "pingo" só é pago ao longo de um torneio) no centro da mesa. Estas fichas serão disputadas durante o jogo. O jogo corre com a distribuição de cartas no sentido horário. Assim, o jogador à esquerda do carteador será o primeiro a falar. As opções são as seguintes: Às vezes o limite das apostas não é estabelecido, mas em geral as apostas são combinadas antes do início do jogo, fixando-se o limite mínimo e o máximo. Se o primeiro jogador "passar" ou disser "mesa", o segundo terá as mesmas opções, e assim por diante, até chegar ao carteador. Se todos passarem, as cartas serão reunidas e o segundo jogador da mesa procederá a nova distribuição. As fichas continuarão na mesa e serão apontadas pelos novos "pingos". Se o primeiro jogador apostar, o segundo terá de decidir se acompanha, sai ou aumenta a aposta (repique). Se algum jogador repicar, qualquer outro poderá contra-repicar (aumentar novamente a aposta). Se alguém abrir e os outros apenas acompanharem, o abridor não poderá repicar a própria aposta inicial. Se alguém repicar ou contra-repicar, os que já acompanharam terão de decidir se desejam completar suas apostas ou se desejam sair. Para participar, todos deverão ter apostado a mesma quantidade de fichas. Se algum jogador disse "mesa" inicialmente, após a "abertura" terá de decidir, na sua vez de falar, se deseja acompanhar ou se prefere sair. Segunda rodada de apostas. Já com o novo jogo, o jogador que iniciou as primeiras apostas, isto é, quem abriu o jogo, deverá ser o primeiro a falar. Se houver repiques, o último repicador falará primeiro. Poderá dizer "mesa" ou apostar. O seguinte poderá dizer "mesa", se o primeiro também o fez, ou sair, acompanhar a aposta ou aumentá-la. Se todos disserem mesa, quem tiver o melhor jogo recolherá as fichas. Se houver apostas (simples, repicadas ou contra-repicadas), os que ficarem no jogo verificarão entre si quem tem a melhor mão. Se algum jogador apostar e nenhum dos outros pagar , recolherá as fichas sem mostrar seu jogo. A abertura mínima, na primeira distribuição, é um par de Valetes; se todos passarem, na segunda, par de Damas, e assim por diante, até chegar a dois pares. Em alguns círculos a abertura é livre. Pôquer com coringa. Às cartas normais, acrescenta-se um curinga, que assumirá o valor de qualquer carta. A escala de valores das mãos é alterada, pois logo abaixo do Royal Straight Flush o maior jogo será o de cinco cartas do mesmo valor. (Exemplo: 4 Reis e um curinga, valendo como cinco Reis). Pôquer miséria. A ordem de valores dos jogos é invertida, ganhando sempre que tiver a pior mão. Alguns grupos jogam o que se chama "Quem dá, manda", isto é, o jogo varia a cada mão, de acordo com a vontade do distribuidor, que deverá anunciar, enquanto as cartas, que modalidade deseja jogar. "Community card poker". Texas Hold'em. Este é o estilo de pôquer jogado nos programas de televisão e na maioria dos sites de pôquer online. É um pôquer aberto, em que os jogadores recebem duas cartas fechadas e são dispostas cinco abertas sobre a mesa. Para vencer, o jogador deve combinar suas duas cartas fechadas com três das cinco abertas ou a melhor combinação, podendo usar as cinco cartas comunitárias. Ao contrário do pôquer aberto tradicional, as cartas abertas são as mesmas para todos os participantes. São quatro rodadas de apostas: uma depois que os participantes recebem as duas cartas fechadas, outra assim que são colocadas na mesa três cartas abertas de uma só vez (chamadas de "Flop") e outras duas após serem abertas duas cartas na mesa (denominadas "Turn" e a "River"), uma por vez, totalizando sete cartas em jogo para cada competidor. O Texas Hold'em não prevê troca de cartas. Nesta variação de pôquer, antes das cartas serem distribuídas, os dois jogadores à esquerda do carteador (também chamado de "crupiê" ou "dealer" e identificado por um botão que fica à sua frente na mesa) devem fazer suas apostas, chamadas de "Big Blind" e "Small Blind". O Small Blind paga metade do valor da aposta do Big Blind e os outros participantes devem cobrir ou aumentar a quantidade de fichas apostadas para seguirem no jogo. Se alguém subir a aposta, os demais precisam pagar a diferença para jogarem. Distribuídas as cartas fechadas, o jogador à esquerda do Big Blind poderá sair do jogo, cobrir a aposta ou aumentar o valor (também chamado de "relançar"). Os outros participantes também optam por umas destas três jogadas. Ao final desta primeira rodada de apostas, o crupiê apresenta o Flop (as três cartas abertas iniciais). Acontece então a segunda rodada de apostas, iniciada pelo jogador à esquerda do crupiê(carteador). Em seguida, o carteador coloca o Turn na mesa (a quarta carta aberta). Segue-se outra rodada de apostas, iniciada novamente pelo jogador à esquerda do crupiê. Encerrada a terceira rodada de apostas, é colocada na mesa o River (quinta carta aberta). Os participantes então fazem a última rodada de apostas e mostram seus jogos (conhecido como "showdown"), a começar pelo último que abriu as apostas ou relançou. Somente este jogador tem obrigação de mostrar seu jogo. Os demais, se perceberem que não podem vencer, podem deixar suas cartas escondidas. Porém, se alguém possuir um jogo maior, deve mostrar a todos. A maior combinação leva todas as fichas. Existem algumas variações no Texas Hold'em quanto ao limite máximo no valor de uma aposta. O No Limit Hold'em permite o chamado "all-in", ou seja, apostar tudo que se tem. Porém, nenhuma aposta pode ser inferior ao pingo, o valor apostado para entrar na partida. Pode ser jogado em formato de torneios ou disputando fichas sem eliminações como nos cash games. O Limit Hold'em só aceita o valor máximo definido pelos jogadores no início da partida, que poderá ser apostado após o Turn e o River e apenas a metade poderá ser colocada no Flop. Já o Pot Limit Hold'em aceita que o jogador aposte no máximo a quantidade de fichas colocadas na mesa até aquele momento. "Pôquer Árabe". O Pôquer Árabe é uma subdivisão de Pôquer aplicável a quaisquer de suas modalidades. Ele consiste na adição de uma regra que determina que todo e qualquer vencedor de uma mão deve, obrigatoriamente, mostrar as suas cartas para ganhar o pote. Esta obrigatoriedade tem por objetivo beneficiar o jogador recreativo, pois este passa a saber com mais precisão as estratégias de jogadores profissionais, especialmente no que diz respeito ao range de mãos e frequência de blefe. Esta modalidade foi criada em 19 de outubro de 2020 por Eduardo Canquerini de Morais, inspirado em seu avatar de Poker Online, Arabian Nights. "Strip poker". Strip poker é uma variante do jogo de cartas pôquer, na qual uma das regras requer que os jogadores removam peças de roupa como consequência negativa das perdas de jogadas. As peças de roupa podem, também, ser usadas como aposta, substituindo as fichas. Sugere-se que tenha surgido em Nova Orleães no século XIX, ao mesmo tempo do pôquer tradicional, mas jogado em bordéis. É mais provável, contudo, que tenha surgido na década de 1930 como uma brincadeira entre amigos. "Estratégia de jogo de pôquer". O desenvolvimento de uma estratégia sólida de pôquer pré-flop é de longe a maneira mais fácil e rápida de melhorar seus resultados financeiros. A melhor abordagem é jogar um range tight de mãos fortes e / ou jogáveis, e você precisa jogar essas mãos agressivamente. Sorte ou habilidade ("Texas Hold'em")? Uma questão bastante comentada no pôquer é se este é um jogo de habilidade ou de sorte. Essa questão é mais relevante no pôquer do que em qualquer outro jogo de informações incompletas pelo fato do pôquer ser o jogo de cartas mais jogado no mundo, sem contar que envolve apostas. No PokerStars, maior site do jogo do mundo, em 2009, mais de 100 milhões de mãos foram observadas, estudadas, e notou-se que mais de 70% delas não chegaram no showdown, momento em que são reveladas as cartas. Com este fato já é possível deduzir que o pôquer é 70% habilidade, pois, já que nessa porcentagem as mãos não são relevadas, o fator crucial de vitória é a boa capacidade de apostar, ler mãos, entre outros. Complementando, pouco mais de 20% das mãos chegam ao fim, destes, aproximadamente, metade vence por ser a melhor possível na rodada. A outra metade perde mesmo sendo a mão favorita a ganhar. Com base nessas informações, deduz-se que o pôquer é aproximadamente, 88% habilidade. Fora os argumentos matemáticos, que defendem que o pôquer é um jogo que envolve mais habilidade do que sorte, deve-se também considerar os aspectos teóricos que envolvem este jogo. Em defesa do argumento de que o jogo pôquer não é um jogo de pura sorte, há longos estudos e teorias apresentadas em livros de poker que se baseiam em conceitos lógicos e estatísticos e, para se distanciarem da crítica da fraude, utilizam-se de métodos científicos-matemáticos em suas teorias e técnicas propondo ao jogador a forma de jogar com maior EV (Valor esperado), isto é, uma forma mais lucrativa no longo prazo mesmo a considerar a sorte que no pôquer é comumente chamada de variância. Exemplo, num jogo de pôquer na modalidade Texas Hold'em onde há, por exemplo, três jogadores numa mesa, eles, num hipotético mas provável embaralhamento aleatório, são sorteados da seguinte forma: O Seguinte Valor Esperado (EV) é dado a cada mão, isso se todos chegaram a final de todas as rondas de apostas chamada, no Texas Holde'm, de Showdown (revelação das cartas): Consideremos que cada jogador tem 10 fichas, e as ações que se seguem na ronda de apostas antes do FLOP são: Conclusão, no Texas Holdem nenhum jogador pode ver a mão do outro antes de chegarem ao showdown, no entanto, a habilidade de observação do jogador, em contrapartida com a sorte, entra em jogo nestas ações. Se o jogador 2 tivesse observado que o jogador 1 somente aposta todas suas fichas com o maior par possível AA, ele teria desistido tomando uma decisão de maior EV e economizando 6 fichas. Já o habilidoso jogador 3 queria simular (blefar) o maior par e fazer com que os outros desistissem e assim coletando as fichas do pote, mas na situação em questão ele usou uma má hora para seu blefe (do inglês "bluff"). Como visto acima, o jogador 1 terá a maior probabilidade de vencer as 30 fichas mas considerando a variância, ou seja, a considerar que é matematicamente possível que os outros jogadores vençam 18,5% e 16% das vezes confrontando a mão do jogador 1, aqui o fator sorte inerente a qualquer jogo entra em ação, pode ocorrer que as cartas sejam sorteadas de tal forma que jogador 2 ou 3 venha a vencer, exemplo: >FLOP: 47Q >TURN: 6 >RIVER: J E assim o jogador 2 acertou em suas probabilidades de 18,5% e venceu as fichas com uma Trinca QQQ, mas é considerado que o jogador 1 ainda tomou a decisão +EV porque se a situação se repetir várias vezes, ele vencerá 65,5% das vezes. No exemplo, se a situação se repetisse 100 vezes com uma imaginária não variância das probabilidades, assim, todos os jogadores juntos teriam apostado nessas 100 vezes 3x10x100 (jogadores x fichas x repetições) = 3000 fichas, e: Alguns outros argumentos servem para ilustrar o que o fator habilidade é o mais importante. Classificação das jogadas. Blefe. é um recurso empregado no pôquer, tendo por finalidade ganhar com jogo pequeno, fingindo ter um grande jogo. Isto é feito por meio de aposta elevadas; se os demais tiverem jogo fraco ou "apenas razoável", poderão não igualar a aposta, nesse caso, o blefador não precisará mostrar suas cartas. O blefe exige experiência e sangue frio. O blefador sistemático, ou o que fica conhecido por nunca blefar, também levará desvantagem, pois quando apostar, ninguém pagará, sabendo que seu jogo é muito grande. Porém ele ganha uma vantagem, pois quando ele realmente blefar, todos pensarão que ele está com o jogo bom. É preciso saber dosar e variar, não estabelecendo um padrão de jogo. Ao receber 5 cartas do baralho de 52 cartas (13 de cada naipe), as chances de se obter determinada combinação são: Escuro. É apenas uma variante no sistema de aposta. O "pingo" inicial é, por convenção, proporcionalmente crescente. O carteador põe uma ficha, o primeiro à sua esquerda porá duas, o seguinte quatro etc. Para o jogo não ficar muito violento, o escuro geralmente é feito por três ou quatro jogadores apenas. O último a pingar é chamado de "dono do escuro" ou "escurante". Ele terá o direito de aumentar as apostas, se quiser, antes da troca de cartas. Assim, distribuídas as cartas, o jogador seguinte ao escurante deverá decidir se acompanhará o jogo; se desejar fazê-lo, porá na mesa o mesmo número de fichas que o escurante. Da mesma forma agirão os outros. Os que já tiverem pingado uma ou duas fichas, deverão completar ou sair, perdendo o que já jogaram. O carteador, antes de proceder à troca de cartas, deve consultar o escurante, pois este poderá aumentar as apostas. Após a troca, o dono do escuro será o último a falar e só terá direito a aumentar qualquer aposta que seja feita pelos demais. Se o escurante repicar, o contra-repique será livre. "Kicker". Muitas jogadas do pôquer são decididas através da carta que não participa da jogada principal do jogador, em caso de empate, chamada de carta "kicker". Por exemplo: se em uma disputa dois jogadores possuem o jogo Rei, Rei, 9, 9, Ás e Rei, Rei, 9, 9, 10, tanto a carta Ás do primeiro jogador quanto a carta 10 do segundo são "kickers". Nesse caso o primeiro jogador ganha, pois possui "kicker" mais alto. Tal fator de desempate proporciona ainda mais emoção ao jogo.
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Protocolo
Protocolo
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Poker
Poker
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Paul Ernst
Paul Ernst Karl Friedrich Paul Ernst (1888, Eblingerote - 1933) foi um poeta, escritor e jornalista alemão. Estando acostumado à descrição de novelas à maneira literária antiga, das quais publicou traduções em 1902, Ernst acentua em seus romances uma tendência à clareza plástica, a qual ele também defendia tetricamente como adepto do neoclassicismo. Além de romances, publicou tratados sobre leis de proteção ao operário e sua regulamentação internacional. Utilizou o pseudónimo de P. W. Spaßmöller. Obra lírica. Colecção "Beten und Arbeiten"; poemas soltos. Obra dramática. "Beatrice und Deflores", "Brünhild", "Canossa", "Demetrios", "Ninon de Lenclos" entre outras. "Eine Nacht in Florenz", "Komödianten", entre outras. Obra literária. "Das Glück von Lautenthal", "Saat auf Hoffnung", "Der schmale Weg zum Glück" entre outros. "Die Hochzeit", "Komödiantengeschichten", "Spitzbubengeschichten", entre outras. "Jünglingsjahre" "Ein Credo", "Erdachte Gespräche", "Grundlagen der neuen Gesellschaft", "Tagebuch eines Dichters", "Der Zusammenbruch des deutschen Idealismus", entre outros.
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Pinhal Interior Sul
Pinhal Interior Sul Localização doPinhal Interior Sul O Pinhal Interior Sul foi uma sub-região estatística portuguesa, parte da Região Centro, situada no Distrito de Castelo Branco. Limitava a norte com o Pinhal Interior Norte e a Cova da Beira, a leste com a Beira Interior Sul, a sul com o Alto Alentejo e a oeste com o Médio Tejo. Tinha até 2010 uma área de 1903 km² e uma população de habitantes (censos de 2011). Compreende 4 concelhos: Em 2010, o concelho de Mação deixou de pertencer a esta sub-região. O Pinhal Interior Sul foi extinto em 2013, com a criação das novas NUT III. Os concelhos de Oleiros e Proença-a-Nova passaram a pertencer à sub-região da Beira Baixa, enquanto Sertã e Vila de Rei se integraram no Médio Tejo.
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Pinhal Interior Norte
Pinhal Interior Norte Localização doPinhal Interior Norte O Pinhal Interior Norte foi uma sub-região estatística portuguesa NUTS III, parte da região do Centro (Região das Beiras) e dividida entre o Distrito de Coimbra , Distrito de Leiria e o Distrito de Santarém. Foi desmembrada em 2013 passando os seus concelhos a fazer parte das entidades municipais NUTS III Região de Coimbra (9) e Região de Leiria (5). Limitava a norte com o Dão-Lafões, a leste com a Serra da Estrela e a Cova da Beira, a sul com o Pinhal Interior Sul e o Médio Tejo e a oeste com o Pinhal Litoral e o Baixo Mondego. Tinha uma área de 2617 km² e uma população de habitantes (censos de 2011). Compreendia 14 concelhos: Só existia uma cidade nesta região estatística: Oliveira do Hospital.
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Prêmio Nobel
Prêmio Nobel (; ) é um conjunto de seis prêmios internacionais anuais concedidos em várias categorias por instituições suecas e norueguesas, para reconhecer pessoas ou instituições que realizaram pesquisas, descobertas ou contribuições notáveis para a humanidade no ano imediatamente anterior ou no curso de suas atividades. O último desejo do cientista sueco Alfred Nobel estabeleceu os prêmios em 1895. Os prêmios em Química, Literatura, Paz, Física e Fisiologia ou Medicina foram concedidos pela primeira vez em 1901. Em 1968, o Sveriges Riksbank estabeleceu o Prêmio de Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel, que, embora não seja um Prêmio Nobel, tem sido comumente conhecido como o Prêmio Nobel de Economia. O Prêmio Nobel é amplamente considerado como o mais prestigiado prêmio disponível nas áreas de literatura, medicina, física, química, economia e ativismo pela paz. A Academia Real das Ciências da Suécia concede o Prêmio Nobel de Física, o Prêmio Nobel de Química e o Prêmio de Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel; a Assembleia do Nobel do Instituto Karolinska concede o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina; a Academia Sueca concede o Prêmio Nobel de Literatura; e o Prêmio Nobel da Paz não é concedido por uma organização sueca, mas pelo Comitê Norueguês do Nobel. Entre 1901 e 2021, o Prêmio Nobel e o Prêmio de Ciências Económicas em Memória de Alfred Nobel foram concedidos 609 vezes a 975 pessoas e organizações. Com algumas pessoas recebendo o Nobel mais de uma vez, isso perfaz um total de 943 indivíduos e 25 organizações. As cerimônias de premiação acontecem anualmente em Estocolmo, na Suécia (com exceção do prêmio da paz, que acontece em Oslo, na Noruega). Cada recebedor ou laureado recebe uma medalha de ouro, um diploma e uma quantia em dinheiro que é decidida pela Fundação Nobel (o prêmio equivalia a 1,1 milhão de dólares em 2017).) Medalhas feitas antes de 1980 foram feitas em ouro de 23 quilates e depois em ouro verde de 18 quilates com revestimento de ouro 24 quilates. O prêmio não é concedido postumamente; no entanto, se uma pessoa receber um prêmio e morrer antes de recebê-lo, o prêmio ainda poderá ser apresentado. Embora o número médio de laureados por prêmio tenha aumentado substancialmente durante o século XX, um prêmio não pode ser dividido entre mais de três pessoas, embora o Prêmio Nobel da Paz possa ser concedido a organizações de mais de três pessoas. História. Alfred Nobel nasceu em 21 de outubro de 1833 em Estocolmo, na Suécia, em uma família de engenheiros. Ele era químico, engenheiro e inventor. Em 1894, ele comprou a Bofors, uma empresa siderúrgica de ferro e aço, que se tornou uma grande fabricante de armas. Nobel também inventou o ballistite, que foi o precursor de muitos outros explosivos militares sem fumaça, especialmente o cordite, e acabaria acumulando uma fortuna durante sua vida graças às suas 355 invenções, entre as quais a dinamite, a mais famosa. No entanto, também arrastou a sensação de culpa pelo mal que suas invenções poderiam ter causado aos homens. Em 1888, Nobel ficou surpreso ao ler seu próprio obituário, intitulado "O mercador da morte morreu", em um jornal francês. Como foi seu irmão Ludvig quem realmente morreu, o obituário foi publicado por engano oito anos antes da morte de Alfred Nobel. O artigo desconcertou Nobel e o deixou apreensivo sobre como ele seria lembrado. Isso o inspirou a mudar sua vontade. Em 10 de dezembro de 1896, Alfred Nobel morreu em sua vila em San Remo, na Itália, devido a uma hemorragia cerebral. Ele tinha 63 anos. Nobel escreveu vários testamentos em vida; o último pouco mais de um ano antes de sua morte, que ele assinou em 27 de novembro de 1895 no Clube Sueco-Norueguês de Paris. Para surpresa de todos, o último testamento de Nobel especificou que sua fortuna seria usada para criar uma série de prêmios para aqueles que realizam "o maior benefício para a humanidade" nas áreas de física, química, fisiologia ou medicina, literatura e paz: Alfred Nobel legou assim 94% de seus ativos totais, 31 milhões de coroas suecas, para estabelecer os cinco prêmios. A fim de tomar conta da fortuna e organizar a entrega dos prêmios, seus executores Ragnar Sohlman e Rudolf Lilljequist formaram a Fundação Nobel. As instruções de Nobel nomearam um comitê norueguês do Nobel para conceder o Prêmio da Paz, cujos membros foram nomeados logo após a aprovação do testamento em abril de 1897. Logo depois, as outras organizações premiadas foram designadas ou estabelecidas. Estes foram o Instituto Karolinska em 7 de junho, a Academia Sueca em 9 de junho, e a Academia Real das Ciências da Suécia em 11 de junho. A Fundação Nobel chegou a um acordo sobre as diretrizes de como os prêmios deveriam ser concedidos; e, em 1900, os estatutos recém-criados da Fundação Nobel foram promulgados pelo Rei Oscar II. Em 1905, a união pessoal entre a Suécia e a Noruega foi dissolvida. Fundação Nobel. Formação da fundação. No século XIX, a família Nobel, conhecida por suas inovações na indústria petrolífera do Azerbaijão, era a principal representante do capital estrangeiro em Baku. Robert Nobel foi o primeiro investidor estrangeiro no setor de petróleo em Baku. Em 1875, Robert Nobel comprou uma pequena refinaria para Baku, assim a fundação da "Companhia Nobel Brothers" que foi nacionalizada pelo Conselho de Comissários do Povo de Baku em 1918 foi lançada. Em 1920, a empresa foi nacionalizada pelo governo da República Socialista Soviética do Azerbaijão. De acordo com o testamento de Alfred Nobel lido em Estocolmo em 30 de dezembro de 1896, uma fundação estabelecida por Alfred Nobel recompensaria aqueles que servem à humanidade. O Prêmio Nobel foi financiado pela fortuna pessoal de Alfred Nobel. Segundo as fontes oficiais, Alfred Nobel legou das ações 94% de sua fortuna à Fundação Nobel que agora forma a base econômica do Prêmio Nobel. A Fundação Nobel foi instituída como uma organização privada em 29 de junho de 1900; Sua função é gerenciar as finanças e a administração dos prêmios. Em consonância com a vontade de Alfred Nobel, a principal tarefa da Fundação é a gestão da fortuna que ele próprio legou. Alfred Nobel e seu irmão Robert estavam envolvidos no negócio de petróleo no Azerbaijão e, de acordo com o historiador sueco E. Bargengren, que acessou os arquivos da família Nobel, a decisão de permitir a retirada de seus fundos em Baku foi fundamental para que os prêmios pudessem ser estabelecidos. Outra tarefa importante realizada pela Fundação Nobel é a promoção internacional de prêmios e a supervisão da administração informal relacionada a eles. A Fundação não se envolve no processo de seleção dos vencedores, mas, de certa forma, é semelhante a uma empresa de investimentos, que investe o patrimônio de Alfred Nobel com o objetivo de criar uma base sólida de financiamento para os prêmios e atividades administrativas. Desde 1946, está isenta de todos os impostos na Suécia e, desde 1953, dos impostos sobre investimentos nos Estados Unidos. Desde os anos 80 do século XX, os investimentos da Fundação Nobel geraram maiores benefícios e, em 2007, seus ativos atingiram 3628 milhões de coroas suecas (o equivalente a cerca de 560 milhões de dólares). De acordo com os estatutos, a Fundação é constituída por um conselho de cinco cidadãos suecos ou noruegueses, com sede em Estocolmo. O Presidente do Conselho é nomeado pelo monarca da Suécia no Conselho, com os outros quatro membros nomeados pelos curadores das instituições premiadas. Um diretor executivo é escolhido entre os membros do conselho, um vice-diretor é nomeado pelo rei no Conselho e dois deputados são nomeados pelos curadores. No entanto, desde 1995, todos os membros do conselho foram escolhidos pelos curadores, e o Diretor Executivo e o Diretor Adjunto nomeados pelo próprio conselho. Além do conselho, a Fundação Nobel é formada pelas instituições premiadoras (Academia Real das Ciências da Suécia, Assembleia do Nobel no Instituto Karolinska, Academia Sueca e Comitê Norueguês do Nobel), os curadores dessas instituições, e auditores. Capital e custos da Fundação. O capital da Fundação Nobel hoje é de cinquenta por cento em ações, vinte porcento em obrigações e trinta porcento em outros investimentos (como por exemplo, planos de cobertura ou imóveis). A distribuição pode variar cerca de dez porcento. No início de 2008, sessenta e quatro porcento dos fundos foram investidos, principalmente, em ações americanas e europeias, vinte porcento em obrigações e mais doze porcento em imóveis e planos de cobertura. Em 2011, o total de custos anuais foi de, aproximadamente, cento e vinte milhões de coroas, com 50 milhões como dinheiro destinado às premiações. Custos adicionais para pagar instituições e pessoas envolvidas na entrega das premiações foram de 27.4 milhões de coroas. Os eventos que ocorreram durante a semana do Nobel em Estocolmo e Oslo custaram 20,2 milhões de coroas. A administração, o simpósio do Nobel e questões similares custaram 22.4 milhões de coroas. O custo de 16,5 milhões de coroas do Prêmio de Ciências Econômicas é pago pelo Sveriges Riksbank. Primeira premiação. Depois que a Fundação Nobel e suas diretrizes foram estabelecidas, os comitês do Nobel começaram a coletar indicações para os prêmios inaugurais e enviaram uma lista de candidatos preliminares às instituições que concederiam os prêmios. Originalmente, o Comitê Norueguês do Nobel nomeou figuras proeminentes como Jørgen Løvland, Bjørnstjerne Bjørnson e Johannes Steen para dar credibilidade ao Prêmio Nobel da Paz. Ele finalmente concedeu o prêmio a duas figuras destacadas do crescente movimento pela paz no final do século XIX: Frédéric Passy, co-fundador da União Interparlamentar, e Henry Dunant, fundador do Comitê Internacional da Cruz Vermelha. O comitê encarregado do Prêmio Nobel de Física citou o trabalho de Philipp Lenard sobre os raios catódicos e a descoberta de raios X por Wilhelm Röntgen, que foi finalmente selecionado pela Academia Real de Ciências. No caso do prêmio de Química, nas últimas décadas do século XIX, os químicos haviam feito muitas contribuições significativas, de modo que a Academia "se deparou principalmente com o simples fato de decidir a ordem em que o prêmio deveria ser concedido a esses cientistas. A academia recebeu 20 indicações, 11 das quais propuseram para Jacobus Henricus van 't Hoff, que finalmente recebeu o prêmio por suas contribuições para a termodinâmica química. A Academia Sueca escolheu o poeta Sully Prudhomme para receber o primeiro Prêmio Nobel de Literatura. Um grupo que incluiu 42 escritores suecos, artistas e críticos literários protestou contra essa decisão, porque eles esperavam que Leon Tolstoy fosse o agraciado. Alguns, incluindo o historiador Burton Feldman, criticaram este prêmio por considerar Prudhomme um poeta medíocre. A explicação de Feldman é que a maioria dos membros da Academia preferia a literatura vitoriana, e é por isso que eles selecionaram um poeta vitoriano. O prêmio em Fisiologia ou Medicina, por sua vez, foi para o fisiologista e microbiologista, Emil Adolf von Behring, que durante a década de 1890 desenvolveu uma antitoxina para tratar a difteria, que até então causava milhares de mortes a cada ano. Durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1938 e 1939, o Terceiro Reich de Adolf Hitler proibiu três laureados da Alemanha Nazista (Richard Kuhn, Adolf Friedrich Johann Butenandt e Gerhard Domagk) de aceitarem os seus prêmios. Cada um, mais tarde, recebeu o diploma e a medalha. Mesmo tendo sido a Suécia oficialmente neutra durante a Segunda Guerra Mundial, os prêmios foram concedidos irregularmente. Em 1939, não houve premiado com o Nobel da Paz. Nenhum prêmio foi atribuído em qualquer categoria de 1940-42, devido à ocupação da Noruega pela Alemanha. No ano subsequente, todos os prêmios foram concedidos exceto os prêmios de literatura e paz. Durante a ocupação da Noruega, três membros do Comitê Nobel norueguês fugiram para o exílio. Os membros restantes escaparam da perseguição dos alemães, quando a Fundação Nobel afirmou que o edifício do Comitê em Oslo era propriedade sueca. Assim, tornou-se um refúgio seguro porque os alemães não estavam em guerra com a Suécia. Esses membros continuaram o trabalho do Comitê, mas não atribuíram quaisquer prémios. Em 1944, a Fundação Nobel, juntamente com três membros no exílio, certificou-se que as nomeações foram enviadas para o Nobel da Paz e que o prêmio poderia ser concedido mais uma vez. Prêmio em Ciências Econômicas. Por ocasião do seu terceiro centenário, o Sveriges Riksbank, o banco central sueco, doou em 1968 uma importante quantia em dinheiro à Fundação Nobel para ser usada na criação de um prêmio em homenagem a Alfred Nobel, o Prêmio de Ciências Econômicas, que foi entregue pela primeira vez no ano seguinte a Jan Tinbergen e Ragnar Frisch "por ter desenvolvido e aplicado modelos dinâmicos para a análise de processos econômicos". Desde então, a Academia Real de Ciências da Suécia foi responsável pela seleção dos vencedores. Embora não seja realmente um Prêmio Nobel, ele está intimamente identificado com esses prêmios; Na verdade, os vencedores são anunciados juntamente com os vencedores do Prêmio Nobel, e o prêmio é entregue na mesma cerimônia do Prêmio Nobel na Suécia. Após isso, o Conselho de Diretores da Fundação Nobel decidiu que após a incorporação, não seria permitida a criação de novos prêmios adicionais. Processo de premiação. Nomeações. Normalmente no mês de setembro do ano anterior ao da entrega dos prêmios, formulários de nomeação são enviados pelo comitê do Nobel para aproximadamente três mil indivíduos, que são acadêmicos proeminentes cujo trabalho se dá em uma área relevante do conhecimento. Com relação ao Nobel da Paz, formulários também são enviados para governos, antigos ganhadores do prêmio, e para os antigos ou atuais membros do Comitê Norueguês. O prazo final para o retorno dos formulários se encerra em 31 de janeiro do ano da entrega dos prêmios. O comitê do Nobel seleciona cerca de trezentos potenciais candidatos desses formulários e alguns nomes adicionais. Os indicados não são revelados publicamente e nem são informados de que foram considerados para o prêmio. As nomeações e o conteúdo das deliberações são mantidos em segredo durante 50 anos. Seleção. Para a seleção dos candidatos, o comitê do Nobel prepara um relatório refletindo o aconselhamento de peritos nos campos relevantes. O relatório e a lista de candidatos preliminares é enviada para as instituições que entregam os prêmios. Os membros das instituições se reúnem para escolher o laureado ou laureados em cada área por votação majoritária. A decisão deles, que não pode ser recorrida, é anunciada imediatamente após a votação. Uma quantidade máxima de três laureados e dois trabalhos diferentes pode ser selecionada em cada prêmio. Exceto no Nobel da Paz, que pode ser entregue a instituições, os prêmios podem ser dados apenas a indivíduos. Nomeações póstumas. O prêmio não pode ser entregue postumamente desde 1974. Anteriormente, o prêmio Nobel de literatura laureou em 1931 o antigo Secretário Perpétuo da Academia Sueca, Erik Axel Karlfeldt, que morreu seis meses antes do anúncio oficial do vencedor. O prêmio Nobel da paz, em 1961, foi atribuído a Dag Hammarskjöld, secretário-geral das Nações Unidas, morto menos de um mês antes da votação final. No entanto, a proibição de homenagem póstuma possui uma exceção: o Nobel não é cancelado quando o laureado morre depois do anúncio e antes de receber, e isso aconteceu em 1996, quando William Vickrey foi anunciado como o vencedor do prêmio Nobel em economia antes da sua morte. O prêmio Nobel de Medicina laureou em 2011 o canadense Ralph Steinman, morto três dias antes de sua nomeação sem o conhecimento do Conselho. O comitê debateu sobre a premiação de Steinman, já que, em regra, não seria permitida. O comitê decidiu premiar Steinman. Tempo de reconhecimento. A vontade de Nobel era que os prêmios fossem dados em reconhecimento a descobertas feitas "durante o ano anterior". No início, os prêmios eram dados a descobertas recentes. Entretanto, algumas dessas descobertas foram desacreditadas posteriormente. Por exemplo, Johannes Fibiger ganhou o Nobel de Fisiologia ou Medicina em 1926 devido a descoberta de um parasita que causaria câncer. Para evitar que esse constrangimento aconteça novamente, os prêmios passaram a ser dados a descobertas científicas cada vez mais reconhecidas que resistiram ao teste do tempo. De acordo com Ralf Pettersson, antigo presidente do Comitê do Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina, "o critério do 'ano anterior' é interpretado pela assembleia do Nobel como o ano em que o impacto completo da descoberta se tornou evidente". O intervalo entre o prêmio e o feito reconhecido por ele varia de área para área. O Prêmio de Literatura é geralmente dado em reconhecimento pelas obras acumuladas em uma vida de trabalho e não por uma única. O Nobel da Paz também pode ser recebido pelas obras de uma vida, em 2008 por exemplo, o laureado Martti Ahtisaari foi premiado pelo seu trabalho para resolver conflitos internos. Entretanto, eles também podem ser dados por eventos específicos. Por exemplo, Kofi Annan recebeu o Nobel da Paz em 2001, apenas quatro anos depois de se tornar o Secretário-geral das Nações Unidas. Ao mesmo tempo, Yasser Arafat, Yitzhak Rabin, e Shimon Peres receberam o prêmio de 1994, cerca de um ano após terem concluído de forma bem sucedida os Acordos de Oslo. Prêmios de física, química e medicina geralmente são dados em uma época em que a descoberta é amplamente aceita. As vezes, isso leva décadas para acontecer. Um exemplo disso é Subrahmanyan Chandrasekhar, que recebeu o prêmio Nobel de Física em 1983 devido ao seus trabalhos sobre evolução e estrutura estelar, feitos na década de 1930. Nem todos os cientistas vivem o suficiente para ter o seu trabalho reconhecido. Algumas descobertas nunca podem ser consideradas para um prêmio se o seu impacto é percebido após a morte de seus descobridores. Os prêmios. A medalha. As medalhas do Prêmio Nobel, cunhadas pela Myntverket na Suécia e pela Casa da Moeda da Noruega desde 1902, são marcas registradas da Fundação Nobel. As medalhas cunhadas na Suécia (as das correspondentes categorias de Física, Química, Fisiologia ou Medicina e Literatura) foram desenhadas pelo escultor e gravador Erik Lindberg com o mesmo anverso: uma imagem de Alfred Nobel do perfil esquerdo, acompanhada de suas datas de nascimento e morte. Em vez disso, a Medalha da Paz foi conduzida pelo norueguês Gustav Vigeland e para o Bank of Prize Suécia em Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel, por Gunvor Svensson-Lundqvist. Ambos também têm uma imagem de Alfred Nobel na frente, mas com um design ligeiramente diferente. Na parte de trás, enquanto isso, a medalha do Prêmio Nobel da Paz tem a inscrição em latim "Pro ritmo et fraternitate Gentium" (Para ritmo e da irmandade de nações), enquanto a de economia não tem inscrição. Para a primeira edição da premiação, em 1901, as medalhas não puderam serem entregue a tempo e, em vez de medalhas temporários foram premiados, também com a efígie de Alfred Nobel, embora fabricados em um metal menos valioso, até que ele pudesse terminar as medalhas finais, no ano seguinte. O atraso na conclusão das medalhas deveu-se ao fato de que cada uma das instituições que concedeu os prêmios teve que aprovar os projetos do reverso, algo que não estava livre de controvérsias. Desde 1902, todas as medalhas mantiveram seus respectivos designs. Até 1980 todas as medalhas foram cunhadas em ouro de 23 quilates. Desde então, eles foram feitos em ouro verde de 18 quilates revestido com ouro de 24 quilates. Seu peso varia dependendo do ouro, mas cada medalha pesa em média 200 gramas; e seu diâmetro é de 66 milímetros. O diploma. Os vencedores recebem um diploma diretamente das mãos do rei da Suécia ou, no caso do Prêmio Nobel da Paz, do presidente do Comitê Nobel Norueguês, na presença do rei da Noruega. Cada diploma tem um design feito especialmente pelas instituições que o concedem, que contém uma imagem e um texto onde o nome do laureado é especificado, assim como o motivo ou motivos da concessão (exceto o Prêmio Nobel da Paz, cujos diplomas nunca incluíram justificativa). Quantia. Ao mesmo tempo em que os diplomas são distribuídos, uma importante soma em dinheiro é concedida, cujo valor depende da renda da Fundação Nobel daquele ano. Em 2013, foi de oito milhões de coroas suecas, algo equivalente a, aproximadamente, 758 mil euros. O objetivo desta soma é evitar as preocupações econômicas do laureado, para que ele possa desenvolver melhor seu trabalho futuro, promovendo assim o desenvolvimento da cultura, ciência e tecnologia em todo o mundo. No entanto, não é incomum que os beneficiários escolham doar o dinheiro do prêmio para causas científicas, culturais ou humanitárias. Prêmios concedidos. Os seguintes prêmios são concedidos anualmente: Em 1991, foi criado o prêmio humorístico satirizando os prêmios Nobel (o IgNobel), fundado por Marc Abrahams, também sem nenhuma ligação com Alfred Nobel. O prémio distingue trabalhos que "primeiro fazem as pessoas rir, e depois as fazem pensar", representando a oportunidade de reunir na Universidade de Harvard uma série de cientistas. Existem os Nóbeis: da Paz; de Medicina; da Química; da Física; da Matemática; da Nutrição e de outras áreas, variáveis consoante o tema do trabalho científico "galardoado". Ciências Econômicas. Em 1968, o Sveriges Riksbank, o banco central da Suécia, instituiu o "Prêmio de Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel", geralmente referido como "Prêmio Nobel da Economia" e concedido a partir de 1969, entregue na mesma cerimónia em Estocolmo em conjunto com os demais Prémios, com excepção do Prémio Nobel da Paz, cuja cerimônia decorre em Oslo. As cerimônias de premiação. Com exceção do Prêmio da Paz, os prêmios Nobel são apresentados em Estocolmo, na Suécia, na Cerimônia de Premiação anual em 10 de dezembro, o aniversário da morte de Nobel. As palestras dos destinatários são normalmente realizadas nos dias anteriores à cerimônia de premiação. O Prêmio da Paz e as palestras de seus destinatários são apresentados na Cerimônia de Premiação do Prêmio anual em Oslo, Noruega, geralmente em 10 de dezembro. As cerimônias de premiação e os banquetes associados são tipicamente grandes eventos internacionais. Os prêmios concedidos nas cerimônias da Suécia são realizados na Sala de Concertos de Estocolmo ("Konserthuset Stockholm"), com o banquete do Nobel seguindo imediatamente na Prefeitura de Estocolmo. A cerimônia do Prêmio Nobel da Paz foi realizada no Instituto Nobel Norueguês (1905-1946), no auditório da Universidade de Oslo (1947-1989), e na Prefeitura de Oslo (1990-presente). O destaque da Cerimônia de Premiação do Prêmio Nobel em Estocolmo ocorre quando cada ganhador do Prêmio Nobel dá um passo à frente para receber o prêmio das mãos do Rei da Suécia. Em Oslo, o presidente do comitê norueguês do Nobel apresenta o Prêmio Nobel da Paz na presença do rei da Noruega. A princípio, o rei Oscar II não aprovou a concessão de grandes prêmios a estrangeiros. Dizem que ele mudou de ideia quando sua atenção foi atraída para o valor publicitário dos prêmios para a Suécia. Banquete. Após a cerimônia de premiação na Suécia, um banquete é realizado no Salão Azul na Prefeitura de Estocolmo, que é frequentada pela Família Real Sueca e cerca de 1 300 convidados. O banquete do Prêmio Nobel da Paz é realizado na Noruega, no Oslo Grand Hotel, após a cerimônia de premiação. Além do laureado, os convidados incluem o Presidente do Storting, o primeiro-ministro sueco e, desde 2006, o rei e a rainha da Noruega. No total, cerca de 250 convidados comparecem. Discurso. De acordo com os estatutos da Fundação Nobel, cada laureado é obrigado a dar um discurso público sobre um assunto relacionado ao tema de seu prêmio. O discurso do Nobel como um gênero retórico levou décadas para chegar ao formato atual. Esses discursos ocorrem normalmente durante a semana do Nobel (a semana que antecede a cerimônia de premiação e o banquete, que começa com os laureados chegando a Estocolmo e normalmente termina com o banquete do Nobel), mas isso não é obrigatório. O laureado só é obrigado a dar o discurso dentro de seis meses após receber o prêmio. Alguns aconteceram até mais tarde. Por exemplo, o Presidente dos Estados Unidos Theodore Roosevelt recebeu o Prêmio da Paz em 1906, mas deu seu discurso em 1910, após concluir seu mandato. Os discursos são organizados pela mesma associação que selecionou os laureados. Controvérsias. Entre outras críticas, os comitês do Nobel foram acusados de ter uma agenda política e de omitir candidatos mais merecedores. Eles também foram acusados de eurocentrismo, especialmente para o Prêmio de Literatura. Prêmio da Paz. Entre os Prêmios Nobel da Paz mais criticados está o de Henry Kissinger e Lê Đức Thọ. Isso levou à renúncia de dois membros do Comitê Nobel da Noruega. Kissinger e Thọ receberam o prêmio pela negociação de um cessar-fogo entre o Vietnã do Norte e os Estados Unidos em janeiro de 1973. No entanto, quando o prêmio foi anunciado, os dois lados ainda estavam envolvidos em hostilidades. Críticos simpáticos ao Norte anunciaram que Kissinger não era um pacificador, mas o oposto, responsável por ampliar a guerra. Aqueles hostis ao Norte e que consideraram suas práticas enganosas durante as negociações foram privados de uma chance de criticar Lê Đức Thọ, como ele recusou o prêmio. Yasser Arafat, Shimon Peres e Yitzhak Rabin receberam o Prêmio da Paz em 1994 por seus esforços em fazer a paz entre Israel e a Palestina. Imediatamente após o anúncio do prêmio, um dos cinco membros do Comitê Nobel norueguês denunciou Arafat como terrorista e renunciou. Preocupações adicionais sobre Arafat foram amplamente expressas em vários jornais. Outro controverso Prêmio da Paz foi o concedido a Barack Obama em 2009. As indicações fecharam apenas onze dias depois que Obama assumiu o cargo de presidente dos Estados Unidos, mas a avaliação real ocorreu nos oito meses seguintes. O próprio Obama declarou que não se sentia merecedor do prêmio, ou digno de ser incluído na mesma posição que os ganhadores anteriores. Os ganhadores do Prêmio da Paz no passado ficaram divididos, alguns dizendo que Obama mereceu o prêmio, e outros dizendo que ele não havia garantido as conquistas para ainda merecer tal elogio. O prêmio de Obama, junto com os anteriores prêmios de paz para Jimmy Carter e Al Gore, também provocaram acusações de um viés de esquerda. Prêmio de Literatura. A entrega do Prêmio Literário de 2004 a Elfriede Jelinek atraiu um protesto de um membro da Academia Sueca, Knut Ahnlund. Ahnlund renunciou, alegando que a seleção de Jelinek havia causado "danos irreparáveis a todas as forças progressistas, mas também confundiu a visão geral da literatura como uma arte". Ele alegou que as obras de Jelinek eram "uma massa de texto unida sem estrutura artística". O Prêmio de Literatura de 2009 para Herta Müller também gerou críticas. Segundo o "The Washington Post", muitos críticos e professores literários norte-americanos ignoravam seu trabalho. Isso fez com que esses críticos achassem que os prêmios eram eurocêntricos demais. Escândalo sexual. Em 2018, o prêmio Nobel de Literatura não foi concedido e a decisão tomada pela Academia Sueca foi de entregar dois prêmios Nobel de literatura no ano seguinte. A decisão ocorreu devido a um escândalo que havia começado em novembro de 2017, quando o jornal sueco "Dagens Nyheter" noticiou que dezoito mulheres teriam sido assediadas e abusadas sexualmente pelo fotógrafo francês Jean-Claude Arnault. Arnault é uma figura importante no meio cultural sueco e que possuía relações muito próximas com a academia, é casado com a poetisa Katarina Frostenson, uma de seus membros, e o jornal noticiou que os abusos sexuais haviam ocorrido em imóveis de propriedade da Academia durante vinte anos, além disso, ele foi acusado de vazar informações sobre os ganhadores do prêmio sete vezes, desde 1996. A Academia decidiu cortar suas relações com Arnault e determinou uma auditoria sobre suas relações com a instituição. O escândalo também resultou na renuncia de sete membros da Academia (de um total de 18), incluindo a secretária permanente, Sara Danius, que foi substituída no cargo por Anders Olsson, a renúncia de Danius como membro da academia foi oficializada em 26 de fevereiro de 2019. Para explicar a decisão de não conceder nenhum prêmio em 2018, Olsson fez a seguinte declaração: "Nós achamos necessário dedicar um tempo para reconquistar a confiança do público na Academia antes que o próximo vencedor possa ser anunciado". Em janeiro, Katarina Frostenson renunciou depois que foi comprovado em um inquérito da Academia que ela havia vazado os nomes dos vencedores do prêmio. Prêmio de Medicina. Em 1949, o neurologista António Egas Moniz recebeu o Prémio de Fisiologia ou Medicina pelo desenvolvimento da leucotomia pré-frontal. No ano anterior, o Dr. Walter Freeman desenvolveu uma versão do procedimento que era mais rápida e mais fácil de realizar. Devido em parte à publicidade em torno do procedimento original, o procedimento de Freeman foi prescrito sem a devida consideração ou consideração pela ética médica moderna. Endossada por publicações influentes como o "New England Journal of Medicine", a leucotomia ou "lobotomia" tornou-se tão popular que cerca de cinco mil lobotomias foram realizadas nos Estados Unidos nos três anos imediatamente após o recebimento do Prêmio por Moniz. Realizações negligenciadas. O comitê norueguês do Nobel confirmou que Mahatma Gandhi foi indicado ao Prêmio da Paz em 1937-39, em 1947, e poucos dias antes de ser assassinado em janeiro de 1948. Mais tarde, membros do Comitê Nobel norueguês expressaram pesar por Gandhi não receber o prêmio. Geir Lundestad, secretário do Comitê Nobel norueguês em 2006, disse: "A maior omissão em nossos 106 anos de história é, sem dúvida, que Mahatma Gandhi nunca recebeu o prêmio Nobel da Paz. Gandhi poderia prescindir do prêmio Nobel da Paz. Se o comitê do Nobel não pode prescindir Gandhi é a questão". Em 1948, o ano da morte de Gandhi, o comitê do Nobel se recusou a conceder um prêmio alegando que "não havia nenhum candidato vivo adequado" naquele ano. Mais tarde, quando o 14º Dalai Lama recebeu o Prêmio da Paz em 1989, o presidente do comitê disse que isso era "em parte um tributo à memória de Mahatma Gandhi". Outros indivíduos de alto perfil, com contribuições amplamente reconhecidas para a paz, ficaram de fora. A Foreign Policy lista Eleanor Roosevelt, Václav Havel, Ken Saro-Wiwa, Sari Nusseibeh e Corazon Aquino como pessoas que "nunca ganharam o prêmio, mas deveriam tê-lo". O Prêmio de Literatura também possui omissões controversas. Adam Kirsch sugeriu que muitos escritores notáveis perderam o prêmio por razões políticas ou extra-literárias. O foco pesado em autores europeus e suecos tem sido alvo de críticas. A natureza eurocêntrica do prêmio foi reconhecida por Peter Englund, o Secretário Permanente de 2009 da Academia Sueca, como um problema com o prêmio e foi atribuída à tendência da academia de se relacionar mais com autores europeus. Esta tendência para autores europeus ainda deixa alguns escritores do continente em uma lista de escritores notáveis que foram negligenciados para o Prêmio de Literatura, entre eles estão Leo Tolstoy, Anton Chekhov, J.R.R. Tolkien, Émile Zola, Marcel Proust, Vladimir Nabokov, James Joyce, August Strindberg, Simon Vestdijk e Karel Čapek. Entre os escritores do Novo Mundo estão Jorge Luis Borges, Ezra Pound, John Updike, Arthur Miller, Mark Twain, Machado de Assis, Jorge de Lima, Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade e Lygia Fagundes Telles. Chinua Achebe, da África, também foi negligenciado. Os candidatos podem receber várias indicações no mesmo ano. Gaston Ramon recebeu um total de 155 nomeações em fisiologia ou medicina de 1930 a 1953, o último ano com dados públicos de indicação para o prêmio a partir de 2016. Ele morreu em 1963 sem ser premiado. Pierre Paul Émile Roux recebeu 115 indicações em fisiologia ou medicina, e Arnold Sommerfeld recebeu 84 em física. Estes são os três cientistas mais indicados sem prêmios nos dados publicados a partir de 2016. Otto Stern recebeu 79 indicações em física entre 1925-1943 antes de ser premiado em 1943. A regra estrita contra a concessão de um prêmio a mais de três pessoas também é controversa. Quando um prêmio é concedido para reconhecer uma conquista por uma equipe de mais de três colaboradores, um ou mais perderão. Por exemplo, em 2002, o prêmio foi concedido a Koichi Tanaka e John Fenn pelo desenvolvimento da espectrometria de massa em química de proteínas, um prêmio que não reconhecia as conquistas de Franz Hillenkamp e Michael Karas, do Instituto de Química Física e Teórica, no Universidade de Frankfurt. De acordo com um dos nomeados para o prêmio em física, o limite de três pessoas privou ele e dois outros membros de sua equipe da honra em 2013: a equipe de Carl Hagen, Gerald Guralnik e Tom Kibble publicou um trabalho em 1964 que deu respostas a como o cosmos começou, mas não compartilharam o Prêmio de Física 2013 concedido a Peter Higgs e François Englert, que também publicaram artigos em 1964 sobre o assunto. Todos os cinco físicos chegaram à mesma conclusão, embora de diferentes ângulos. Hagen afirma que uma solução equitativa é abandonar a restrição do limites de três pessoas, ou expandir o período de tempo de reconhecimento de uma dada realização para dois anos. Da mesma forma, a proibição de prêmios póstumos não reconhece as realizações de um indivíduo ou colaborador que morre antes de o prêmio ser concedido. O Prêmio de Economia não foi concedido a Fischer Black, que morreu em 1995, quando seu co-autor Myron Scholes recebeu a honra em 1997 pelo seu trabalho de referência sobre precificação de opções, juntamente com Robert C. Merton, outro pioneiro no desenvolvimento de avaliação de estoque opções. No anúncio do prêmio naquele ano, o comitê do Nobel mencionou proeminentemente o papel chave de Black. O subterfúgio político também pode negar o devido reconhecimento. Lise Meitner e Fritz Strassmann, que co-descobriram a fissão nuclear junto com Otto Hahn, podem ter sido negados uma parte do Prêmio Nobel de Química de Hahn em 1944 por terem fugido da Alemanha quando os nazistas chegaram ao poder. Os papéis de Meitner e Strassmann na pesquisa não foram plenamente reconhecidos até anos depois, quando se juntaram a Hahn para receber o Prêmio Enrico Fermi de 1966. Ênfase em descobertas sobre invenções. Alfred Nobel deixou sua fortuna para financiar prêmios anuais a serem concedidos "àqueles que, no ano anterior, teriam conferido o maior benefício à humanidade". Ele declarou que os Prêmios Nobel em Física deveriam ser dados "à pessoa que tiver feito a "descoberta" ou "invenção" mais importante dentro do campo da física." O Nobel não enfatizou as descobertas, mas elas têm sido historicamente mantidas em maior respeito pelo Comitê do Prêmio Nobel do que as invenções: 77% dos prêmios de Física foram dados às descobertas, comparados com apenas 23% das invenções. Christoph Bartneck e Matthias Rauterberg, em artigos publicados na revista "Nature and Technoetic Arts", argumentaram que essa ênfase nas descobertas afastou o Prêmio Nobel de sua intenção original de recompensar a maior contribuição para a sociedade. Disparidade de gênero. Em termos dos prémios mais prestigiados nos campos da ciência, tecnologia, engenharia e matemática, apenas uma pequena proporção foi atribuída às mulheres. Dos 210 laureados em Física, 181 em Química e 216 em Medicina, houve apenas três laureadas em física, cinco em química e 12 em medicina entre 1901 e 2018. Os fatores que contribuem para a discrepância entre as mulheres premiadas nessas campos e a razão sexual humana são: os prêmios Nobel geralmente são dados décadas após a conclusão das pesquisas (refletindo uma época em que o viés de gênero era maior), existem mais homens do que mulheres em atividade nesses campos, os atrasos na entrega dos prêmios para as mulheres fazem a longevidade ser um fator mais importante para elas e uma tendência em omitir as mulheres em prêmios Nobel conjuntos. Recusas e restrições. Dois laureados recusaram voluntariamente o Prêmio Nobel. Em 1964, Jean-Paul Sartre recebeu o Prêmio de Literatura, mas recusou, afirmando: "Um escritor deve se recusar a se transformar em instituição, mesmo que seja da forma mais honrosa". Lê Đức Thọ, escolhido para o Prêmio da Paz de 1973 por seu papel nos Acordos de Paz de Paris, recusou, afirmando que não havia paz no Vietnã. Durante a Alemanha Nazista, o ditador Adolf Hitler impediu os alemães Richard Kuhn (Nobel de Química, 1938), Adolf Butenandt (Nobel de Química, 1939) e Gerhard Domagk (Nobel de Fisiologia ou Medicina, 1939) de aceitarem o prêmio. Todos eles puderam receber seus diplomas e medalhas de ouro após a Segunda Guerra Mundial, mas não puderam receber o prêmio em dinheiro. Em 1958, Boris Pasternak recusou seu prêmio de literatura devido ao medo do que o governo da União Soviética poderia fazer se viajasse para Estocolmo para aceitar seu prêmio. Em troca, a Academia Sueca recusou sua recusa, dizendo "essa recusa, é claro, de forma alguma altera a validade do prêmio". A Academia anunciou com pesar que a apresentação do Prêmio de Literatura não pudesse ocorrer naquele ano, até 1989, quando o filho de Pasternak aceitou o prêmio em seu nome. Três pessoas foram laureadas durante uma prisão: Aung San Suu Kyi recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1991, mas seus filhos aceitaram o prêmio em seu nome porque ela foi colocada em prisão domiciliar em Mianmar; Suu Kyi proferiu seu discurso duas décadas depois, em 2012. Ela foi a única laureada a quem foi aceito o direito de um representante receber o prêmio em seu nome. Duas pessoas não puderam receber o prêmio em vida, sendo elas, Carl von Ossietzky, que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1935 enquanto ele estava preso na Alemanha como prisioneiro político desde 1933, e Liu Xiaobo, que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2010, enquanto ele e sua esposa estavam em prisão na China.
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Pinhal Litoral
Pinhal Litoral Localização doPinhal Litoral O Pinhal Litoral foi uma sub-região estatística portuguesa, parte da Região do Centro (Região das Beiras) e do Distrito de Leiria. Limita a norte com o Baixo Mondego, a leste com o Pinhal Interior Norte e o Médio Tejo, a sul com a Lezíria do Tejo e a oeste com o Oeste e o Oceano Atlântico. Tem uma área de 1741 km² e uma população de habitantes (censos de 2011). Compreende 5 concelhos:
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Ilha do Pico
Ilha do Pico A Ilha do Pico é a segunda maior ilha do Arquipélago dos Açores, no Atlântico Norte. Está a 8,3 quilómetros da Ilha do Faial e 15 km da Ilha de São Jorge. Tem uma área de 447 km²; uma linha de costa com 151,84 km de comprimento, um número total de 31 ilhéus entre grandes e pequenos. Conta com uma população residente de 14 114 habitantes (em 2011). Mede 42 km de comprimento por 20 km de largura. Deve o seu nome a uma majestosa montanha vulcânica, a Montanha do Pico, que culmina num pico pronunciado, o "Pico Pequeno" ou "Piquinho". Esta é mais alta montanha de Portugal e a terceira maior montanha que emerge do Atlântico, atingindo  metros acima do nível do mar. Administrativamente, a ilha é constituída por três municípios: Lajes do Pico e Madalena, ambos com seis freguesias, e São Roque do Pico, com cinco freguesias. Dispõe, entre as freguesias de Santa Luzia e Bandeiras, de um moderno aeroporto regional com ligações aéreas directas com Lisboa (SATA Internacional), Terceira (Lajes) e Ponta Delgada (SATA Air Açores). Tem ligações marítimas diárias (Atlanticoline) com a cidade da Horta e as vilas das Velas e da Calheta. Durante os meses de verão usufrui de ligações marítimas com as restantes ilhas do arquipélago. Geologia. A ilha emergiu de uma fractura tectónica de orientação ONO-ESSE – a mesma que deu origem à ilha do Faial, denominada Fractura Faial-Pico, que se desenvolve ao longo de 350 km, desde a Crista Médio Atlântica (sigla CMA) até uma área a Sul da Fossa do Hirondelle. História. Da Descoberta e Povoamento. À época dos Descobrimentos portugueses, na fase henriquina, a ilha foi designada como "ilha de São Dinis", conforme consta no testamento Infante. Posteriormente, na cartografia do século XIV, encontra-se denominada como "ilha dos Pombos". Acerca do seu primeiro povoador, nas Lajes do Pico, Frei Diogo das Chagas refere: Frei Agostinho de Monte Alverne, entretanto, acrescenta: Em 29 de Dezembro de 1482, a ilha foi integrada na Capitania do Faial pela Infanta D. Beatriz, em virtude de Álvaro de Ornelas, seu primeiro capitão do donatário não ter tomado posse efetiva da ilha por volta de 1460. Em 1501, Lajes do Pico foi elevada a Vila e sede de concelho pelo Manuel I de Portugal. Em 1542 foi a vez de São Roque do Pico e em 1712 , a de Madalena, confirmando a sua importância económica como porto de ligação com o Faial, e também como local de residência dos proprietários dos extensos vinhedos da zona, já então produtora de vinho, o Verdelho do Pico. Além da agricultura (trigo, pastel), da pecuária e da pesca, a economia da ilha, desde o início do povoamento, foi marcada pelo cultivo da vinha e a produção de vinho. Sobre elas, o Padre António Cordeiro registou: A sua cultura foi apurada, ao longo dos séculos, com o auxílio dos frades Franciscanos, Domincanos e, mais tarde, Jesuítas, nos séculos XVII e XVIII. Do século XIX aos nossos dias. No contexto da Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), quando da ofensiva liberal do 7.º conde de Vila Flor, a ilha do Pico foi ocupada sem resistência pelos liberais (1831). Em meados do século XIX, a produção de vinho sofreu um rude golpe com o ataque do Oídio (1852) que, oriundo dos Estados Unidos, destruiu as cepas de vinha europeias. A recuperação foi lenta e fez-se à base de novos bacelos. Como alternativa, desenvolveu-se o cultivo de frutos como as laranjas, maçãs, pêssegos e figos (estes dois últimos também utilizados na produção de aguardente), que rapidamente atingiu níveis capazes de suportar a exportação no circuito regional. Desta forma, tornou-se um hábito diário a deslocação de picoenses para a Ilha do Faial com o objectivo de proceder à venda da fruta. No mesmo período, a ilha foi o principal centro baleeiro no período áureo da caça ao cachalote, tendo conseguido ultrapassar o declínio que resultou da cessação da caça, no último quartel do século XX, com a pesca do atum e a indústria de conservas, e, mais recentemente, com a valorização turística associada à observação de cetáceos. Em nossos dias, em Julho de 2004, a UNESCO considerou a Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico como Património da Humanidade. A área assim classificada engloba os lajidos das freguesias da Criação Velha e de Santa Luzia. O Parque Natural da ilha do Pico, engloba a área da Montanha do Pico e Planalto Central assim como outras zonas de protecção especial. A paisagem vulcânica da ilha do Pico foi considerada uma das 7 Maravilhas Naturais de Portugal. Património. Em termos de património natural destacam-se a Gruta das Torres, na Criação Velha, e o conjunto geológico denominado Furnas do Frei Matias, a reserva natural da montanha do Pico e o planalto da achada. Em termos de património cultural destacam-se, na Madalena, o Museu do Vinho, instalado em um antigo Convento das Carmelitas, o Museu da Indústria Baleeira, em São Roque do Pico, e o Museu Regional dos Baleeiros, nas Lajes do Pico. Destacam-se ainda o Forte de Santa Catarina (Lajes do Pico), as igrejas, conventos e os moinhos espalhados pela ilha. São tradicionais na ilha a festa e procissão do Senhor Bom Jesus (São Mateus, Madalena), as comemorações da Semana dos Baleeiros (em honra de Nossa Senhora de Lurdes), as do Cais Agosto (no Cais do Pico, em São Roque), a festa de São Roque, as festas de Santa Maria Madalena, a Semana das Vindimas, e as Festas do Espírito Santo. Economia. Os habitantes do Pico dedicam-se principalmente à agricultura (produtos hortícolas, fruta e cereais), à pesca e à pecuária, esta última muito desenvolvida, em especial no concelho de São Roque do Pico. A vinha, outrora uma das grandes riquezas da ilha, sendo o vinho do Pico exportado para a Inglaterra e para a América do Norte, e que chegou a ser servido à mesa do próprio czar do Império Russo, foi gradualmente afectada pela praga do oídio na segunda metade do século XIX, perdendo importância. A cultura da vinha domina a parte ocidental da ilha, sendo a vinha "Verdelho do Pico" cultivada em pequenas quadrículas de terreno separados por muros de pedra solta de basalto, chamados localmente de "currais", que devido às suas características e extensão (cerca de 2 voltas ao equador do nosso planeta) contribuíram para a classificação como património da humanidade. As indústrias da ilha estão, na sua quase totalidade, ligadas ao ramo alimentar: lacticínios, pesca, com a maior fábrica de conservas de atum do arquipélago dos açores, destilarias e moagens. No artesanato destaca-se a escultura em basalto e em osso de baleia, bem como rendas e bordados. Gastronomia. A gastronomia da ilha é muito rica, nomeadamente no que toca aos produtos do mar. Os crustáceos como lagosta, cavaco e caranguejo; os moluscos, como lapas, cracas, lulas e polvos servem de base a pratos variados e ricos. Entre os peixes destacam-se espécies como a abrótea, o chicharro, a moreia, a Veja (parecido com o bacalhau), o írio, a salema, o cherne, a garoupa, o espadarte. As carnes de bovino e suíno encontram-se presentes em pratos da culinária regional como “molha de carne à moda do Pico”, “torresmos”, “linguiças” e “morcelas”. Destacam-se ainda os queijos, produzidos a partir do leite de vaca. São consumidos com vinho verdelho, vinho de cheiro ou outros produzidos localmente e pão de massa sovada. Falar do vinho do Pico, é sinónimo de orgulho. A cultura da vinha está associada aos primeiros tempos do povoamento, nos finais do século XV. O vinho verdelho, a partir da casta do mesmo nome, ganhou reputação mundial ao longo dos séculos, chegando à mesa dos czares russos. A partir do século XIX são introduzidas novas castas que dão origem a vinhos de mesa brancos e tintos. O modo de cultivo, contra a aspereza dos terrenos vulcânicos quase sem terra vegetal, em currais, que são áreas muradas de pedra negra, de muito pequena dimensão, marca igualmente a cultura da Ilha do Pico. A prova da importância local e mundial é o facto da UNESCO, em Julho de 2004, ter considerado a Paisagem Protegida de Interesse Regional da Cultura da Vinha da Ilha do Pico, criada em 1996, como Património Mundial da Humanidade. Currais, maroiços, que são diversos amontoados de pedra em forma de pirâmide, vinhas e adegas com os seus equipamentos, são elementos emblemáticos da vinha e do vinho». Em termos de doces destacam-se os pratos de arroz doce, massa sovada e rosquilhas. Em termos de digestivos destacam-se o bagaço do Pico, a aguardente de figo ou um dos vários licores a partir de amora, nêspera ou de uma “angelica”. Áreas Protegidas. As Áreas protegidas da ilha do Pico tem um total de 157,09 km² em terra e 74,37 km² no mar. Encontram-se catalogadas da seguinte forma:
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Pré-história
Pré-história A pré-história corresponde ao período da história que antecede a invenção da escrita, desde o começo dos tempos históricos registrados até aproximadamente em . É estudada pela antropologia, arqueologia e paleontologia. Também pode ser contextualizada para um determinado povo ou nação como o período da história deste sobre o qual não há documentos escritos. Assim, no Egito, a pré-história terminou aproximadamente em , embora algumas culturas da Idade da Pedra tenham coexistido com as civilizações após essa data e algumas tribos ágrafas ainda existam em locais remotos. A transição para a "história propriamente dita" se dá por um período chamado proto-história, que é descrito em documentos ligeiramente posteriores ou em documentos externos. O termo pré-história mostra, portanto, a importância da escrita para a civilização ocidental. Uma vez que não há documentos deste momento da evolução humana, seu estudo depende do trabalho de arqueólogos, antropólogos, paleontologia e genética; ou de outras áreas científicas, que analisam restos humanos, sinais de suas presenças e utensílios preservados para tentar traçar, pelo menos parcialmente, sua cultura, costumes e credos. História da investigação sobre a Pré-história. Em 1823, foi descoberto o primeiro fóssil de um ser humano moderno; em 1829, de um homem-de-neandertal; e em 1848 e 1856, mais fósseis de neandertais. Em 1859, Charles Darwin publicou "A Origem das Espécies". Em 1863, os neandertais são classificados. Em 1865, Gregor Mendel publica os resultados das suas experiências genéticas e não genéticas. Primórdios. Há certas dúvidas sobre quais foram exatamente os nossos antepassados mais remotos. Os seres humanos modernos só surgiram há c. 150 mil anos. Os humanos são primatas e pertencem ao grupo dos grandes símios, sendo originais da África. Depois dos últimos ancestrais em comum com o orangotango há 15 ou 14 milhões de anos (época dos antepassados de todos os grandes símios atuais); com o gorila há 10-8 milhões; e com o chimpanzé, há 7-5 milhões, o continente africano sofre uma série de mudanças. Naquela época, toda a zona equatorial estava coberta por uma selva tropical; e a África de há 8 milhões de anos era mais (h)úmida que a atual. Mas depois aconteceram várias mudanças climáticas, até que há cerca de 7 milhões de anos a floresta tropical começou a diminuir. Há entre 7 e 6 milhões de anos surgiram na África duas espécies que pertenceram aos primórdios da evolução hominídea: o "Sahelanthropus tchadensis," com um misto de caraterísticas humanas e símias; e o "Orrorin tugenensis", já bípede, mas do qual não se sabe o tamanho do cérebro, que no "Sahelanthropus" era de 320–380 cm3. Os hominídeos da época foram encontrados na Etiópia e Tanzânia, ou seja, na África Oriental. Seguiram-se a esses primeiros hominídeos, os "Ardipithecus", tendo os "Ardipithecus ramidus" existido há 5,5-4 milhões de anos; e mais tarde (há 4,1-1,3 milhões de anos) viveram os "Australopithecus", descendentes dos "ardipithecus". "Australopithecus". Os "australopithecus" tinham cérebros maiores, pernas mais longas, braços menores e traços faciais mais parecidos com os nossos. Estes viviam em grupos constituídos por várias dezenas de indivíduos, que viviam em constante deslocamento. Os grupos dispersavam-se quando a seca chegava e a comida escasseava. Os "australopithecus" tinham provavelmente o conceito de casais, mas não o de família. O gênero "Homo". Há c. 2,5 milhões de anos, surge o gênero "Homo", "Homo habilis" na África oriental, que começam a usar ferramentas de pedra totalmente feitas por eles (característica do Paleolítico) e a carne passa a ser mais importante na sua dieta. Eram caçadores, mas também eram necrófagos e herbívoros. E tinham um cérebro maior (590–650 cm3) e braços compridos. Havia outras espécies, como o "Homo rudolfensis", que tinha um cérebro maior e era bípede; e existiu durante a mesma época que o "Homo habilis." Há cerca de 2 milhões de anos surgiu o "Homo erectus", de constituição forte, com um cérebro muito maior (810–1250 cm3) e rosto largo; e foi o primeiro hominídeo a mover-se para fora de África, indo para norte e para leste há c. 1,8 milhões de anos, existindo também na Ásia e Europa, até há 500 mil anos. É o primeiro a usar o fogo. Há 300 mil anos, já haviam estratégias elaboradas de caça a mamíferos corpulentos. A era glacial começou há 1,5 milhões de anos e o nível do mar desceu 90 metros. Partida de África. Há uns 50 mil anos, os seres humanos lançaram-se à conquista do planeta em diferentes rumos desde a África. Um rumo alcançou a Austrália. O outro chegou à Ásia, para logo se dividir em dois: um à Europa; e o outro caminhou até cruzar o estreito de Bering e chegou à América. As últimas áreas a serem povoadas foram as ilhas da Polinésia, durante o primeiro milênio d.C.. Neandertais. Os "neandertais" eram robustos, com um cérebro grande; e viviam na Europa e oeste da Ásia. Sobreviveram até há c. 24 mil anos e coexistiram com os modernos "Homo sapiens sapiens;" e podiam mesmo acasalar com eles, se bem que a sua descendência acabava por ter problemas de fertilidade. Origem dos homens modernos. A origem do "Homo sapiens" atual é bastante discutida, mas a maioria dos cientistas apoia a teoria da Eva mitocondrial, apoiada por testes genéticos, em vez da teoria evolução multirregional que defende que os seres humanos modernos evoluíram em todo o mundo, ao mesmo tempo, a partir das espécies "Homo" lá existentes; e que se reproduziram entre si durante as várias migrações que supostamente fizeram. Os primeiros fósseis totalmente humanos foram encontrados na Etiópia; e estima-se que viveram há c. 160 mil anos. A teoria da Eva mitocondrial considera que houve uma segunda vaga de espécimes "Homo", desta vez homens modernos, há cerca de 200 mil anos; e que todos os seres humanos descendem de um grupo muito reduzido de mulheres desta época. Há 75 mil anos, a população humana deixou de crescer, muito provavelmente devido à catástrofe de Toba, uma explosão vulcânica que, segundo alguns cientistas, fez a população descer para 10 mil. Capacidade de comunicação. A origem da fala humana tem sido muito controversa. Mas apesar do "Homo habilis" e "Homo erectus" já terem alguma, houve uma evolução há possivelmente 250 mil anos, mas o grande salto em frente só ocorreu há c. 40 mil anos, quando os seres humanos modernos desenvolveram uma linguagem semelhante à nossa. Arte pré-histórica. Há cerca de 35 mil anos a.C., surgiu a arte paleolítica na Europa. Há c. 25 mil anos a.C., surgiram as figurinhas de Vénus. Há 21 mil anos, as pinturas rupestres em Altamira e Lascaux, mais pequenas esculturas. A Vénus de Willendorf considera-se um símbolo da fertilidade, tem 11 cm de altura e é de 24 mil - 22 mil anos a.C.. Apesar de convencionar-se a consolidação da religião no período Neolítico, a arqueologia registra que no Paleolítico houve uma religião primitiva baseada no culto a uma Deusa mãe, ao feminino e a associação desta ao poder de dar a vida. Foram descobertas, no abrigo de rochas Cro-Magnon em "Les Eyzies", conchas "cauris", descritas como "o portal por onde uma criança vem ao mundo" e cobertas por um pigmento de cor ocre vermelho, que simbolizava o sangue, e que estavam intimamente ligados ao ritual de adoração às estatuetas femininas; escavações apresentaram que estas estatuetas, as chamadas vênus neolíticas, eram encontradas muitas vezes numa posição central, em oposição aos símbolos masculinos localizados em posições periféricas ou ladeando as estatuetas femininas. Assim como a pintura , as esculturas paleolíticas tinham caráter utilitário e ritualístico. Foram encontrados objetos de pequeno porte e até mesmo instrumentos musicais, como flautas e tambores feitos de ossos. As esculturas mais antigas tinham função ritualística, formas femininas e acredita-se que fossem uma evocação à fertilidade. Elas ficaram conhecidas como Vênus Esteatopígicas e são esculturas pequenas que apresentam características comuns nas formas e nos volumes: formas arredondadas; seios volumosos; cabeça sem face e coberta com uma espécie de vasta cabeleira. Mesolítico. Mesolítico (13000 a.C. a 9000 a.C.) é o termo empregue para denominar o período da pré-história que serve de transição entre o Paleolítico e o Neolítico; e presente (ou pelo menos, com duração razoável) apenas em algumas regiões do mundo onde não houve transição direta entre esses dois períodos. Significa "Idade Média da Pedra" (do grego μεσος, "mesos "=médio; e λίθος, "líthos "=pedra) por contraposição ao Paleolítico ("Idade Antiga da Pedra") e ao Neolítico ("Idade Nova da Pedra"), identificando-se com as últimas sociedades de caçadores-coletores. Invenção da agricultura. Aproximadamente em 10000 a.C., praticamente não havia agricultura, mas em 6 mil anos os conjuntos de humanos com capacidade para criar animais e cultivar plantas passariam a ser produtores. A agricultura foi inventada em várias partes do mundo, comumente em épocas diferentes, independentemente das outras áreas. Primeiro foi no Médio Oriente, mais precisamente no Crescente Fértil, em c. 10000 a.C., onde se espalhou para várias zonas do mundo, como o Norte de África (excluindo o Egito) e os Balcãs em c. 6000 a.C.. Descoberta dos metais. Por volta de 6000 a.C., inventou-se a fundição do cobre. A metalurgia surgiu na Anatólia e na Mesopotâmia (Turquia e Iraque atuais) em aproximadamente a.C.; e até 4 000 a.C. espalhou-se até ao planalto do Irão, Cáucaso e delta do Nilo; até 3 000 a.C. dirigiu-se até ao sul da Europa, da Polónia e da Alemanha, França e Ilhas Britânicas; e depois, até 2000 a.C., à Dinamarca, resto da Polónia, parte dos Países Bálticos e Bielorrússia.
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Prémios Nobel
Prémios Nobel
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Parlamento Europeu
Parlamento Europeu O Parlamento Europeu é o poder legislativo da União Europeia e uma de suas sete instituições. Juntamente com o Conselho, aprova a legislação europeia, normalmente sob proposta da Comissão. Composto por 705 eurodeputados, o Parlamento Europeu representa o segundo maior eleitorado em uma democracia (depois do Parlamento da Índia) e o maior eleitorado democrático transnacional do mundo, com cerca de 400 milhões de eleitores aptos em 2019. Desde 1979, os eurodeputados são eleitos diretamente a cada cinco anos pelos cidadãos da União Europeia através do sufrágio universal. As eleições utilizam o sistema proporcional para distribuição dos assentos, mas cada Estado-membro decide sobre as demais normas de seu sistema eleitoral. A participação dos eleitores nas eleições parlamentares diminuiu a cada eleição após 1979 e até 2019, quando aumentou 8% e ficou acima de 50% pela primeira vez desde 1994. A idade mínima para votar é de 18 anos em todos os Estados-membros, exceto em Malta e na Áustria, onde é de 16 anos, e na Grécia, que estabeleceu 17 anos. Embora o Parlamento Europeu tenha poder legislativo, assim como o Conselho, a instituição não possui formalmente iniciativa legislativa, como conferido à maioria dos parlamentos nacionais dos Estados-membros da União Europeia. Como a "primeira instituição" da UE, compartilha com o Conselho do mesmo poder legislativo e orçamentário (exceto em algumas áreas em que um processo legislativo especial é aplicável). O Parlamento também conta com poderes de controle e supervisão sobre a Comissão, órgão executivo do bloco, sendo responsável por aprovar (ou rejeitar) a nomeação de seu presidente e seus conselheiros. Também pode forçar a renúncia da Comissão ao aprovar uma moção de censura. A atual presidente do Parlamento Europeu é a maltensa Roberta Metsola, do Partido Nacionalista de Malta, que assumiu interinamente a posição em 12 de janeiro de 2022, com a morte do titular, David Sassoli, e eleita em 18 de janeiro de 2022. O Parlamento é composto por oito grupos políticos, sendo o PPE, com 187 eurodeputados, o maior deles, seguido por S&D (147), RE (98), ID (76), Verdes–EFA (67), ECR (61), GUE/NGL (39) e 29 não inscritos. Os eurodeputados reúnem-se em Estrasburgo, França, a sede oficial do Parlamento Europeu, mas os escritórios administrativos (Secretariado) são abrigados em Luxemburgo e a maior parte das reuniões das comissões e das sessões do pleno ocorrem em Bruxelas, Bélgica. História. O Parlamento, assim como as outras instituições da União Europeia, não foi projetado em sua forma atual quando de sua fundação em 10 de setembro de 1952. Uma das instituições mais antigas da UE, tinha inicialmente o nome de Assembleia Comum da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA). Tratava-se de uma uma assembleia consultiva composta por 78 parlamentares nomeados, provenientes dos parlamentos nacionais dos Estados-membros, mas sem poderes legislativos. A mudança desde a sua fundação foi destacada pelo professor David Farrell, da Universidade de Manchester: "Durante grande parte de sua vida, o Parlamento Europeu poderia ter sido justamente rotulado como um 'falatório multilíngue'. Mas este não é mais o caso: o PE é hoje uma das legislaturas mais poderosas do mundo, tanto em termos de poderes legislativos como de supervisão executiva.". O desenvolvimento do Parlamento desde sua criação revela como as estruturas da UE evoluíram sem um "plano diretor" claro. Tom Reid, do "The Washington Post", observou: "ninguém projetaria deliberadamente um governo tão complexo e redundante quanto a UE." Até as duas sedes do Parlamento, que mudaram várias vezes, são resultado de vários acordos ou falta deles. Embora a maioria dos eurodeputados preferisse apenas uma sede em Bruxelas, na cimeira do Conselho Europeu organizada por John Major em Edimburgo em 1992, a França elaborou uma emenda ao tratado para manter permanentemente a sede do Parlamento em Estrasburgo. Assembleia Consultiva. O Parlamento Europeu não foi mencionado na Declaração Schuman original. Supunha-se ou esperava-se que as dificuldades com os britânicos fossem resolvidas para permitir que a Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa desempenhasse as funções parlamentares. Uma assembleia independente foi proposta durante as negociações sobre o Tratado: a instituição contrabalançaria e monitoraria o executivo, proporcionando legitimidade democrática. A redação do Tratado de Paris de 1951 demonstrou o desejo dos líderes de que existisse mais do que uma assembleia consultiva normal; o documento continha o termo "representantes do povo" e permitia eleições diretas. Sua importância inicial foi destacada quando foi dada à Assembleia a tarefa de elaborar o projeto de tratado para estabelecer uma Comunidade Política Europeia. Por este documento, a Assembleia foi criada em 13 de setembro de 1952 com membros extras, mas, após o fracasso da proposta de criação da Comunidade Europeia de Defesa, o projeto foi abandonado. Ainda assim, a Comunidade Económica Europeia e a Comunidade Europeia da Energia Atómica foram estabelecidas em 1958 pelos Tratados de Roma. A Assembleia Comum foi compartilhada pelas três comunidades (que tinham executivos separados) e mudou seu nome para Assembleia Parlamentar Europeia. A primeira reunião foi realizada em 19 de março de 1958, tendo sido organizada na cidade de Luxemburgo; Robert Schuman foi eleito presidente e em 13 de maio os parlamentares sentaram-se de acordo com suas ideologias políticas e não pela nacionalidade. Isto é visto como o nascimento do Parlamento Europeu moderno, com as comemorações dos 50 anos do Parlamento ocorrendo em março de 2008 em vez de 2002. As três comunidades fundiram suas instituições restantes e passaram a se chamar Comunidades Europeias em 1967, e o nome do órgão legislativo foi alterado para o atual nome de "Parlamento Europeu" em 1962. Em 1970, o Parlamento obteve poder sobre algumas áreas do orçamento das Comunidades, que foram ampliadas para todo o orçamento em 1975. Nos termos dos Tratados de Roma, o Parlamento deveria ter sido eleito. No entanto, antes disso o Conselho precisaria adotar um sistema de votação uniforme, o que não conseguiu fazer. O Parlamento ameaçou levar o Conselho ao Tribunal de Justiça Europeu; houve o compromisso pelo qual o Conselho concordaria com as eleições, mas a questão sobre os sistemas de votação seria adiada para uma data posterior. Parlamento eleito. Em 1979, seus membros foram eleitos diretamente pela primeira vez. As eleições diferenciam o Parlamento Europeu de instituições similares, como a Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa e o Parlamento Pan-Africano, que nomeiam seus membros. Após essa primeira eleição, o legislativo realizou sua primeira sessão em 11 de julho de 1979, elegendo Simone Veil como presidente. Veil também foi a primeira mulher a presidir o Parlamento desde que foi formado como Assembleia Comum. Como um órgão eleito, o Parlamento começou a elaborar propostas relativas ao funcionamento da UE. Em 1984, por exemplo, inspirado em seus trabalhos anteriores sobre a Comunidade Política Europeia, redigiu o "projeto de Tratado que institui a União Europeia" (também conhecido como "Plano Spinelli", em homenagem ao deputado relator Altiero Spinelli). Embora não tenha sido adotado, muitas de suas ideias foram implementadas posteriormente por outros tratados. Além disso, a instituição começou a deliberar sobre as nomeações de presidentes da Comissão a partir da década de 1980. Desde que passou a ter seus eurodeputados escolhidos pelo voto popular, a composição do Parlamento Europeu simplesmente se expandiu sempre que novas nações se uniram ao bloco (a composição também foi ajustada para aumentar seu número de membros em 1994 após a Reunificação da Alemanha). Depois disso, o Tratado de Nice impôs um limite ao número de membros a serem eleitos: 732. Assim como as outras instituições, a sede do Parlamento ainda não estava fixada. As disposições provisórias situaram o Parlamento em Estrasburgo, enquanto a Comissão e o Conselho tiveram as suas sedes em Bruxelas. Em 1985, o Parlamento, desejando estar mais próximo dessas instituições, construiu uma segunda câmara em Bruxelas e transferiu parte de seu trabalho para lá, apesar dos protestos de alguns estados. Um acordo final foi finalmente alcançado pelo Conselho Europeu em 1992, estabelecendo que o Parlamento manteria sua sede formal em Estrasburgo, onde seriam realizadas doze sessões por ano, mas com todas as outras atividades parlamentares em Bruxelas. Tal acordo prevendo duas sedes foi contestado pelo Parlamento, mas mais tarde foi consagrado no Tratado de Amesterdão. Até hoje, a localização da instituição é uma fonte de disputa. O Parlamento ganhou mais poderes por meio de sucessivos tratados, nomeadamente através da extensão do processo legislativo ordinário e, em 1999, forçou a renúncia da Comissão liderada por Jacques Santer. O Parlamento recusou-se a aprovar o orçamento da Comunidade devido a alegações de fraude e má gestão na Comissão. Os dois principais partidos assumiram uma dinâmica de oposição governamental pela primeira vez durante a crise que terminou com a renúncia em massa da Comissão, a primeira e única renúncia forçada, diante de uma censura iminente pelo Parlamento. Pressão do Parlamento sobre a Comissão. Em 2004, após a maior eleição transnacional da história, apesar de o Conselho Europeu ter escolhido um presidente que integrava o maior grupo político, o Parlamento voltou a pressionar a Comissão. Durante as audições parlamentares sobre os comissários designados, os eurodeputados levantaram dúvidas sobre alguns deles, tendo o Comitê das Liberdades Civis rejeitado Rocco Buttiglione para o cargo de comissário para a Justiça, Liberdade e Segurança por conta de suas opiniões sobre a homossexualidade. Foi a primeira vez que o Parlamento votou contra um comissário designado e, apesar da insistência de Barroso em Buttiglione, o legislativo forçou a retirada do comissário da equipe. Vários outros comissários também tiveram que ser retirados ou transferidos antes que o Parlamento permitisse a posse da Comissão Barroso. Juntamente com a extensão do processo legislativo ordinário, o mandato democrático do Parlamento deu-lhe maior controle sobre a legislação contra as outras instituições. Ao votar a diretiva Bolkestein em 2006, a instituição votou por uma grande maioria a favor de mais de 400 emendas que mudaram o princípio fundamental da lei. O "Financial Times" descreveu a decisão nos seguintes termos: Em 2007, pela primeira vez, o comissário da Justiça Franco Frattini incluiu o Parlamento nas negociações sobre o segundo Sistema de Informação de Schengen, apesar de os eurodeputados precisarem apenas serem consultados em partes sobre a proposta. Após essa experiência, Frattini indicou que gostaria de incluir o Parlamento em todos os assuntos judiciais e criminais, antecipando informalmente os novos poderes que poderiam ganhar como parte do Tratado de Lisboa. Entre 2007 e 2009, um grupo de trabalho especial sobre reforma parlamentar implementou uma série de mudanças para modernizar a instituição, como mais tempo de fala destinado aos relatores, aumento da cooperação de comitês e outras reformas de eficiência. História recente. O Tratado de Lisboa entrou em vigor em 1 de dezembro de 2009, concedendo poderes ao Parlamento sobre todo o orçamento da UE, tornando seus poderes legislativos iguais aos do Conselho em quase todas as áreas e vinculando a nomeação do presidente da Comissão às próprias eleições para o Parlamento. Apesar de alguns pedidos para que os partidos apresentassem candidatos antecipadamente às eleições daquele ano, apenas o PPE (que reafirmou sua posição como maior partido) havia feito isso ao apoiar Barroso em sua candidatura à reeleição. O Parlamento acabou elegendo Barroso para um segundo mandato com 382 votos a favor, 219 contra e 119 abstenções. Os liberais deram apoio a Barroso apenas depois que ele fez várias concessões. Depois que Barroso apresentou os candidatos a integrar sua próxima Comissão, surgiu outra oportunidade de obter concessões. A candidata búlgara Rumiana Jeleva foi forçada a renunciar pelo Parlamento devido a preocupações com a sua experiência e interesses financeiros. Jeleva só teve o apoio do PPE, que começou a retaliar os candidatos de esquerda antes dela ceder e ser substituída. Antes da votação final sobre os indicados por Barroso para a Comissão, o Parlamento exigiu várias concessões como parte de um futuro acordo de trabalho sob o novo Tratado de Lisboa. O acordo previu algumas disposições, incluindo: o presidente do Parlamento participaria de reuniões de alto nível da Comissão; o Parlamento teria assento nas negociações internacionais lideradas pela Comissão e teria direito a informações sobre acordos. No entanto, o legislativo conseguiu apenas um lugar de observador. O Parlamento também não se manifestou sobre a nomeação de chefes de delegação e representantes especiais para política externa, embora eles prestam contas aos parlamentares após serem designados pelo Alto Representante. Durante a criação do Serviço Europeu de Ação Externa (SEAE), o Parlamento utilizou o seu controle sobre o orçamento da União Europeia para influenciar seu formato. Os eurodeputados pretendiam supervisionar melhor o SEAE e, apesar de não conseguirem tudo o que exigiram, obtiveram controle financeiro mais amplo sobre o novo órgão. Em 2014, o Parlamento elegeu Jean-Claude Juncker para a presidência da Comissão com 422 votos a favor. Em 2019, a ministra alemã Ursula von der Leyen foi eleita pelos eurodeputados para suceder Juncker por 383 votos a favor a 327 contrários. A votação, apenas nove votos acima da maioria requerida, foi a menor já concedida pelo Parlamento a um presidente da Comissão desde que passou a confirmar as nomeações para o cargo. Poderes e funções. O Parlamento e o Conselho foram comparados com as duas câmaras de uma legislatura bicameral. No entanto, existem algumas diferenças em relação às legislaturas nacionais; por exemplo, nem o Parlamento nem o Conselho possuem o poder da iniciativa legislativa (exceto pelo fato de o Conselho ter este poder em algumas questões intergovernamentais). Em questões que envolvem a UE, essa é uma prerrogativa exclusivamente reservada à Comissão Europeia (o executivo). Assim, embora o Parlamento possa aprovar emendas ou rejeitar um projeto de lei, apenas a Comissão pode apresentá-lo. A importância deste poder exclusivo do executivo foi questionado ao se observar que, nas legislaturas nacionais dos-Estados membros, 85% das iniciativas apresentadas sem o apoio do executivo fracassaram. Por outro lado, o ex-presidente do Parlamento Hans-Gert Pöttering argumentou que, como a instituição tem o direito de solicitar à Comissão que elabore uma legislação, e como o executivo segue as propostas do legislativo, cada vez mais o Parlamento possui, "de facto", o direito de iniciativa legislativa. Há também um papel indireto na política externa uma vez que o Parlamento deve aprovar todas as doações destinadas para o desenvolvimento, inclusive ao exterior. Por exemplo, o apoio à reconstrução do Iraque no pós-guerra, ou os incentivos à cessação do desenvolvimento nuclear iraniano, precisavam do apoio do Parlamento. Também foi necessário o apoio dos eurodeputados para o acordo transatlântico de compartilhamento de dados de passageiros com os Estados Unidos. Por último, o Parlamento realiza votações não vinculativas sobre novos tratados da UE, sem poder de veto. No entanto, quando o legislativo ameaçou derrubar o Tratado de Nice, os parlamentos belga e italiano disseram que vetariam o tratado em nome do Parlamento Europeu. Processo legislativo. Com cada novo tratado, os poderes do Parlamento, em termos de seu papel nos procedimentos legislativos da UE, foram ampliados. O procedimento que lentamente se tornou dominante é o "processo legislativo ordinário" (anteriormente denominado "processo de co-decisão"), que oferece uma base de igualdade entre o Parlamento e o Conselho. Em particular, de acordo com o procedimento, a Comissão apresenta uma proposta ao Parlamento e ao Conselho, que só pode se tornar lei se ambos concordarem com o texto, o que as instituições fazem (ou não) por meio de sucessivas leituras. O número de leituras, contudo, é limitado a três. Na sua primeira leitura, o Parlamento pode enviar alterações ao Conselho, que pode adotar o texto com essas alterações ou devolvê-lo com uma "posição comum". Essa posição pode ser aprovada pelo Parlamento, que pode rejeitar o texto por maioria absoluta, causando a sua rejeição, ou ainda adotar outras alterações, também por maioria absoluta. Se o Conselho não aprovar, é formado um "Comitê de Conciliação". O Comitê é composto pelos membros do Conselho, além de um número igual de eurodeputados que buscam concordar com um compromisso. Uma vez que um acordo é obtido, uma posição deve ser aprovada pelo Parlamento, por maioria simples. O processo também é auxiliado pelo mandato do Parlamento como a única instituição diretamente democrática, o que lhe deu margem de manobra para ter maior controle sobre a legislação do que outras instituições; isso ocorreu, por exemplo, com as mudanças na diretiva Bolkestein em 2006. As poucas outras áreas que operam sob os "procedimentos legislativos especiais" são justiça e assuntos internos, orçamento e tributação e certos aspectos de outras áreas, como os aspectos fiscais da política ambiental. Nestas áreas, apenas o Conselho ou o Parlamento definem, sozinhos, a lei. O procedimento também depende de qual tipo de ato institucional está sendo usado. O ato mais forte é um regulamento, um ato ou lei que é diretamente aplicável em sua totalidade. Depois, há diretivas que vinculam os Estados-membros a certos objetivos que eles devem alcançar. Os Estados fazem isso através de suas próprias leis e, portanto, têm espaço de manobra para decidir sobre elas. Uma decisão é um instrumento focado em uma pessoa ou grupo específico e é diretamente aplicável. As instituições também podem emitir meras recomendações e opiniões, que não são vinculativas. Há um documento adicional que não segue os procedimentos normais: a "declaração escrita", que é semelhante a uma moção usada nos primeiros dias do Sistema Westminster. Trata-se de um documento proposto por até cinco eurodeputados sobre um assunto relacionado às atividades da UE, sendo utilizado para iniciar um debate sobre esse assunto. Colocados fora da entrada do hemiciclo, os eurodeputados podem assinar a declaração e, se a maioria o fizer, ela é encaminhada ao presidente e anunciada ao pleno antes de ser encaminhada às demais instituições e formalmente anotada na ata. Orçamento. O poder legislativo detém oficialmente a autoridade orçamental da União Europeia, com seus poderes tendo sido adquiridos através dos Tratados Orçamentários da década de 1970 e do Tratado de Lisboa. O orçamento da UE está sujeito a uma forma de processo legislativo ordinário, com uma única leitura que confere ao Parlamento o poder sobre todo o orçamento (antes de 2009, a sua influência era limitada a determinadas áreas) em pé de igualdade com o Conselho. Se houver um desacordo entre eles, este será levado a um comitê de conciliação, assim como as propostas legislativas. Se o texto conjunto da conciliação não for aprovado, o Parlamento poderá aprovar definitivamente o orçamento. O Parlamento também é responsável pelo cumprimento da execução dos orçamentos anteriores, com base no relatório anual do Tribunal de Contas Europeu. Os eurodeputados rejeitaram o orçamento apenas duas vezes, em 1984 e em 1998. Na última ocasião, a decisão levou à renúncia da Comissão Santer, destacando como o poder orçamentário confere ao legislativo um grande poder sobre a Comissão. O Parlamento também exerce amplo uso de seus poderes orçamentários em outras ocasiões; por exemplo, na criação do Serviço Europeu de Ação Externa, o Parlamento detinha o poder de veto de fato sobre a sua concepção, uma vez que precisava aprovar as alterações orçamentárias e de pessoal. Controle do executivo. O presidente da Comissão Europeia é proposto pelo Conselho Europeu com base nos resultados das eleições para o Parlamento. O indicado para o cargo deve ser aprovado pelo Parlamento por maioria simples. Após a aprovação do presidente da Comissão, os membros da Comissão são propostos pelo presidente de acordo com os Estados-membros. Cada comissário é submetido a uma audiência na comissão parlamentar responsável pelo portfólio para o qual é nomeado a liderar. São então, como um todo, aprovados ou rejeitados pelo Parlamento. O Parlamento nunca votou contra um presidente ou a sua Comissão, o que contudo parecia provável quando a Comissão Barroso foi apresentada. A pressão resultante forçou a retirada de alguns integrantes propostos inicialmente e mudou para que fosse mais aceitável pelo legislativo. Tal pressão foi vista como um sinal importante por parte da natureza evolutiva do Parlamento e de sua capacidade de responsabilizar a Comissão, em vez de ser um carimbo de aprovação para os candidatos. Além disso, ao votar na Comissão, os eurodeputados também votaram seguindo linhas partidárias, e não nacionais, apesar da pressão frequente dos governos nacionais sobre os seus representantes. Essa coesão e vontade de usar o poder parlamentar garantiram maior atenção dos líderes nacionais, outras instituições e do público–que anteriormente conferiu a menor participação de todos os tempos nas eleições legislativas. O Parlamento também tem o poder de censurar a Comissão se tiver uma maioria de dois terços, o que forçará a renúncia de todos os seus integrantes. Assim como acontece com a aprovação, esse poder nunca foi usado, mas foi ameaçado contra a Comissão Santer, que posteriormente renunciou por vontade própria. Existem alguns outros controles, tais como: a necessidade da Comissão apresentar relatórios ao Parlamento e responder a perguntas dos eurodeputados; a exigência do presidente em exercício do Conselho de apresentar seu programa de governo no início de seu mandato; a obrigação do presidente do Conselho Europeu de apresentar um relatório ao legislativo após cada uma das suas reuniões; o direito dos eurodeputados de apresentar propostas legislativas e políticas à Comissão; e o direito de questionar os membros dessas instituições. Atualmente, os legisladores podem fazer uma pergunta sobre qualquer assunto; em julho de 2008 os eurodeputados decidiram limitar as perguntas àqueles em exercício do mandato e proibir questões ofensivas ou pessoais. Poderes de supervisão. O Parlamento também possui outros poderes de supervisão geral, concedidos principalmente pelo Tratado de Maastricht. O Parlamento tem o poder de criar uma Comissão de Inquérito, por exemplo, sobre doenças da vaca louca ou voos com detentos da CIA–o primeiro levou à criação da Agência Europeia de Medicamentos. O Parlamento pode pedir a outras instituições para responderem a perguntas e, se necessário, levá-las ao tribunal se violarem a lei ou os tratados da UE. Ademais, delibera sobre a nomeação dos membros do Tribunal de Contas e do Banco Central Europeu. O presidente do banco também é obrigado a apresentar um relatório anual ao legislativo. O Provedor de Justiça Europeu, que lida com queixas públicas contra todas as instituições, é eleito pelo Parlamento. As petições também podem ser apresentadas por qualquer cidadão da UE sobre um assunto dentro da esfera de atividades do bloco. A Comissão das Petições ouve casos, cerca de 1.500 por ano, às vezes apresentados pelos próprios cidadãos no Parlamento. Enquanto o legislativo tenta resolver a questão como mediador, a instituição recorre a processos legais se for necessário resolver a disputa de cidadãos. Membros. Os parlamentares são conhecidos em inglês como membros do Parlamento Europeu (MEPs) e, em português, como eurodeputados. Os eurodeputados são eleitos a cada cinco anos por sufrágio universal e sentam-se de acordo com a filiação política; 40,4% dos eurodeputados eleitos para a atual legislatura (2019-2024) eram mulheres. Antes de 1979, eram designados pelos seus parlamentos nacionais. Em 2017, estimou-se que 17 eurodeputados não eram brancos. Destes, três eram negros; se os números fossem proporcionais à população da UE, 22 deveriam ser negros. Nos termos do Tratado de Lisboa, os assentos são atribuídos a cada país de acordo com a sua população, com o número máximo fixado em 751 (no entanto, como o presidente não pode votar enquanto estiver no exercício da presidência, haverá apenas 750 membros votantes a qualquer momento). Desde 1 de fevereiro de 2020, o Parlamento conta com 705 eurodeputados (incluindo o presidente), uma vez que os representantes do Reino Unido deixaram de integrar a instituição devido ao Brexit. Atualmente, a representação está limitada a um máximo de 96 assentos e um mínimo de 6 assentos por país, e as vagas são distribuídas de acordo com a "proporcionalidade degressiva", ou seja, quanto mais populoso for o estado-membro, maior será a quantidade de eurodeputados a que tem direito. No entanto, como resultado do mecanismo de distribuição utilizado, os eleitores malteses e luxemburgueses têm cerca de dez vezes mais influência por eleitor do que os cidadãos dos seis grandes países. Em 2011, a Alemanha contava com um eurodeputado por cada 820 mil habitantes, enquanto Luxemburgo tinha um eurodeputado para cada 65 mil habitantes. O novo sistema implementado sob o Tratado de Lisboa, incluindo a revisão do número de assentos antes das eleições, teve como objetivo evitar a prática da transação política quando as alocações precisassem de ser revistas para refletir as mudanças demográficas. Em quatro estados-membros da União Europeia (Bélgica, Irlanda, Itália e Polónia), o território nacional foi dividido em vários distritos eleitorais para a eleição de eurodeputados. Nos restantes estados, o país forma um único distrito eleitoral. Todos os países realizam as eleições para o Parlamento Europeu utilizando várias formas de representação proporcional. Compensações. Antes de 2009, os eurodeputados recebiam o mesmo salário que os integrantes dos parlamentos de seu país. No entanto, a partir de 2009, um novo estatuto entrou em vigor, conferindo a todos os parlamentares um salário mensal igualitário, de 8 932,86 euros brutos em 2019, sujeito a um imposto da UE que também pode ser tributado nacionalmente. Os eurodeputados possuem direito a uma pensão, paga pelo parlamento, a partir dos 63 anos de idade. Ganham também subsídios para custear os seus escritórios e despesas de viagem, com base no custo real. Além das compensações financeiras, os eurodeputados recebem vários privilégios e imunidades. Para garantir sua circulação de e para o parlamento, recebem pelos seus próprios estados as facilidades concedidas a altos funcionários, como representantes estrangeiros. Quando se encontram no seu próprio país, dispõem de todas as imunidades conferidas aos parlamentares nacionais e, em outros estados-membros, contam com imunidade a detenções e procedimentos legais. No entanto, a imunidade não pode ser invocada quando um parlamentar é apanhado a cometer uma infração penal, tendo o parlamento o direito a retirar a imunidade de qualquer eurodeputado. Grupos políticos. Os eurodeputados estão organizados em oito grupos parlamentares diferentes, incluindo trinta membros não-inscritos. Os dois maiores grupos são o Partido Popular Europeu (PPE) e os Socialistas e Democratas (S&D). Estes dois grupos dominaram o parlamento durante grande parte da sua existência, com ambos controlando continuamente entre 50% e 70% dos assentos parlamentares. Nenhum grupo obteve sozinho a maioria do parlamento. Como resultado de serem amplas alianças de partidos nacionais, os partidos que compõem os grupos parlamentares são muito descentralizados e, portanto, possuem mais em comum com partidos políticos em estados federais como a Alemanha ou os Estados Unidos do que estados unitários, como a maioria dos países da UE. Ainda assim, os grupos europeus foram mais coesos do que os congressistas democratas e republicanos entre 2004 e 2009. Os grupos são frequentemente baseados num único partido político europeu, como o Partido Popular Europeu. Porém, podem, como o grupo liberal, incluir mais de um partido europeu, além de partidos nacionais e independentes. Para que um grupo seja reconhecido, é necessário que seja composto por ao menos 25 eurodeputados de sete países diferentes. Uma vez reconhecidos, os grupos recebem subsídios financeiros do parlamento e garantem representação nas comissões, o que incentiva a criação de tais agregações. No entanto, ocorreu alguma controvérsia com a criação do grupo Identidade, Tradição, Soberania (ITS), que durou pouco tempo, devido à sua ideologia; os membros do grupo eram de extrema-direita, o que gerou preocupações sobre o destino de dinheiro público ao ITS. Houve tentativas má-sucedidas de mudar as regras para bloquear a criação do grupo, que contudo foi impedido de conquistar posições de liderança em comités – as quais são tradicionalmente (por acordo, não regra) partilhadas entre todos os partidos. Quando o ITS se envolveu em disputas internas, levando à retirada de membros, o seu tamanho caiu abaixo do limiar de reconhecimento, causando o seu colapso. Grande coligação. Visto que o Parlamento não forma um governo no sentido tradicional de um sistema parlamentar, as suas políticas desenvolvem-se em linhas mais consensuais do que as verificadas em sistemas maioritários com partidos e coligações concorrentes. Durante boa parte da sua existência, o parlamento foi dominado por uma grande coligação formada pelo Partido Popular Europeu e o Partido dos Socialistas Europeus. Os dois principais partidos tendem a cooperar para encontrar um compromisso entre os dois grupos, resultando em propostas apoiadas por grandes maiorias. Contudo, isso nem sempre produz acordo, e cada um pode tentar construir outras alianças: o PPE normalmente com outros grupos de centro-direita ou direita e o PES com grupos de centro-esquerda ou esquerda. Às vezes, o voto decisivo cabe ao Grupo Liberal. Há também ocasiões em que surgiram divisões políticas partidárias muito acentuadas, por exemplo, com a renúncia da Comissão Santer. Quando surgiram as primeiras alegações contra a Comissão Santer, elas foram dirigidas principalmente contra Édith Cresson e Manuel Marín, ambos comissários socialistas. O parlamento cogitou a se recursar a aprovar o orçamento da UE, o que o presidente Santer declarou que seria o equivalente a uma moção de censura. O grupo socialista apoiou a Comissão e viu a questão como uma tentativa do PPE de desacreditar o seu partido antes das eleições de 1999. A líder socialista, a eurodeputada Pauline Green, tentou aprovar uma moção de confiança e o PPE apresentou contra-moções. Durante esse período, os dois partidos assumiram papéis semelhantes a uma dinâmica de oposição ao governo, com os socialistas a apoiar o executivo e o PPE, renunciando ao apoio anterior dado à coligação e votando contra. Tal politização tem aumentado e, em 2007, Simon Hix, da London School of Economics, observou que: Durante a quinta legislatura, de 1999 a 2004, houve um rompimento na grande coligação, resultando em uma coligação de centro-direita entre o ELDR e o PPE. Tal refletiu-se na presidência do parlamento, com os mandatos sendo partilhados entre o PPE e o ELDR, em vez de o PPE e os socialistas. Na legislatura seguinte, o grupo liberal cresceu e elegeu 88 eurodeputados, o maior número de assentos até então ocupados por uma terceira força no parlamento. Nas eleições de 2019, os liberais superaram o próprio recorde ao elegerem 105 eurodeputados. Eleições. As eleições para o Parlamento Europeu ocorrem, diretamente em todos os estados-membros, a cada cinco anos desde 1979. Até 2019 houve nove eleições. Quando uma nação se une à UE no decorrer de uma legislatura, o país realiza uma eleição especial para escolher os seus eurodeputados; a última vez que tal ocorreu foi em 2013, quando a Croácia ingressou no bloco. As eleições ocorrem durante quatro dias, de acordo com o costume local e, além de ser proporcional, o sistema eleitoral é escolhido pelo estado-membro. Isto inclui a distribuição dos assentos por distritos subnacionais; enquanto a maioria dos membros utilizam listas nacionais, alguns países, como a Polónia, dividem os eurodeputados entre regiões. A eleição mais recente para o Parlamento Europeu foi realizada de 23 a 26 de maio de 2019. Tratou-se da eleição transacional com maior número de votos registada. Ao todo, de cerca de 400 milhões de eleitores aptos, 50,66% votaram. Foi a mais alta participação desde a eleição de 1994, com afluência às urnas superando os 70% na Bélgica, Luxemburgo e Malta. Por outro lado, as participações mais baixas, abaixo dos 30%, foram registadas na Eslováquia, Chéquia e Eslovénia. A primeira sessão da nona legislatura teve início em 2 de julho de 2019. Os partidos políticos europeus têm o direito exclusivo de fazer campanha durante as eleições europeias, ao contrário dos grupos parlamentares. Houve várias propostas destinadas a atrair maior atenção da população para as eleições. Uma das inovações ocorreu em 2014 quando os partidos políticos europeus apresentaram antes das eleições parlamentares os seus "candidatos" à presidência da Comissão, os chamados "Spitzenkandidaten". O modelo possibilitou a personalização dos candidatos à presidência e das suas propostas. Funcionamento. Todos os anos, as atividades do Parlamento se alternam entre semanas destinadas para as comissões e delegações interparlamentares, onde os relatórios são discutidos, para os grupos políticos e para sessões semanais em que os eurodeputados permanecem três dias e meio em Estrasburgo. Além disso, seis sessões de dois dias são organizadas em Bruxelas ao longo do ano. Durante quatro semanas os parlamentares podem focar-se exclusivamente nas demandas de seus eleitores. Também não há reuniões planejadas durante as semanas de verão. O Parlamento tem o poder de se reunir sem ser convocado por outra autoridade. Suas reuniões são parcialmente controladas pelos tratados, mas boa parte depende dos acordos e de seu próprio regimento. Durante as sessões, os parlamentares podem falar após serem chamados pelo presidente. Os membros do Conselho ou da Comissão também podem participar e falar em debates. Em parte devido à necessidade de tradução e à política mais consensual da casa, os debates tendem a ser mais calmos e educados se comparados aos ocorridos nos parlamentos que utilizam o Sistema Westminster. A votação é conduzida principalmente por gesto com as mãos, que pode ser verificada mediante solicitação por votação eletrônica. Os votos dos eurodeputados não são registados em nenhum dos casos; isso ocorre apenas quando há uma votação nominal. As votações nominais são necessárias para votações finais sobre leis e também sempre que um grupo político ou 30 parlamentares solicitarem. O número de votações nominais aumentou com o tempo. Também é possível ocorrerem votações totalmente secretas; por exemplo, nas eleições para presidente. Todos as votações são registradas, juntamente com atas e a legislação, no "Jornal Oficial da União Europeia", e podem ser acessados on-line. As votações geralmente não seguem um debate, mas são agrupadas com outras votações em ocasiões específicas, geralmente ao meio-dia às terças, quartas ou quintas-feiras. Isso ocorre porque a duração de uma votação é imprevisível e, se continuar por mais tempo do que o planejado, poderá atrapalhar outros debates e reuniões no final do dia. Os eurodeputados são organizados em um hemiciclo de acordo com seus grupos políticos (na Assembleia Comum, antes de 1958, os parlamentares sentavam-se em ordem alfabética), ordenados principalmente pela esquerda para a direita, mas alguns grupos menores são colocados em direção ao círculo externo do Parlamento. Todas as mesas estão equipadas com microfones, fones de ouvido para possibilitar as traduções e equipamentos de votação eletrônica. Os líderes dos grupos sentam-se nos bancos da frente, no centro, onde há um pódio para oradores convidados. A metade restante da câmara circular é composta principalmente pela área elevada onde o presidente e os funcionários se sentam. Existem bancos adicionais entre os lados desta área e os eurodeputados, que são ocupados pelo Conselho na extrema esquerda e pela Comissão na extrema direita. Os hemiciclos de Bruxelas e Estrasburgo seguem aproximadamente esse layout, com apenas pequenas diferenças. O design do hemiciclo é um meio-termo entre os diferentes sistemas parlamentares. O sistema britânico tem os diferentes grupos de frente para o outro, enquanto o sistema francês é um semicírculo (e o sistema alemão tradicional tinha todos os membros em filas voltados para uma tribuna destinada a discursos). Embora o design seja baseado principalmente em um semicírculo, as extremidades opostas do espectro ainda ficam frente a frente. Com o acesso à câmara limitado, a entrada é controlada por assessores que auxiliam os eurodeputados (por exemplo, na entrega de documentos). Os assessores também podem ocasionalmente atuar como uma forma de polícia na execução das ordens proferidas pelo presidente; por exemplo, na expulsão de um eurodeputado que está interrompendo a sessão (embora isso seja raro). O primeiro chefe de protocolo no Parlamento era um francês e, por isso, muitos dos deveres dos assessores se baseiam no modelo francês desenvolvido pela primeira vez após a Revolução Francesa. Os 180 assessores são altamente visíveis no Parlamento, vestidos com caudas pretas e usando uma corrente de prata, e são escolhidos por concurso público. Em 2005, haviam assessores de 15 países. O presidente conta com seu próprio assessor. Presidente e organização. O presidente é essencialmente o "speaker" (orador) do Parlamento e preside a plenária quando esta encontrar-se em sessão. A assinatura do presidente é necessária para todos os atos adotados por co-decisão, incluindo o orçamento da UE. O presidente também é responsável por representar o Parlamento externamente, inclusive em questões jurídicas, e pela aplicação do regulamento interno. O mandato é de dois anos e meio, o que significa que ao menos duas eleições para a presidência ocorrem em cada legislatura. A atual presidente é a maltense Roberta Metsola, filiada ao Partido Nacionalista de Malta. Metsola assumiu o cargo em janeiro de 2021, com a morte de David Sassoli, que foi eleito na segunda votação, em julho de 2019, com 345 votos. Na maioria dos países, o protocolo do chefe de estado vem antes de todos os outros; no entanto, na UE, o Parlamento é listado como a primeira instituição e, portanto, o protocolo do seu presidente é anterior a qualquer outro protocolo europeu ou nacional. Os presentes dados a numerosos dignitários visitantes dependem do presidente. O presidente Josep Borrell, eurodeputado pela Espanha, deu a seus homólogos um copo de cristal criado por um artista de Barcelona que tinha gravado nele partes da Carta dos Direitos Fundamentais, entre outras coisas. Um série de figuras notáveis foram presidentes do Parlamento Europeu. O primeiro presidente foi Paul-Henri Spaak, um dos pais fundadores da União Europeia. Alcide De Gasperi e Robert Schuman, pais fundadores da UE, também presidiram a instituição. Duas mulheres ocuparam o cargo: Simone Veil (1979-1982) e Nicole Fontaine (1999-2002), ambas francesas. Foram chefes de governo ou de estado de seus países os presidentes De Gasperi (Itália), Giuseppe Pella (Itália), Schuman (França), Jean Duvieusart (Bélgica), Alain Poher (França), Mario Scelba (Itália), Emilio Colombo (Itália), Pierre Pflimlin (França) e Jerzy Buzek (Polônia). Durante a eleição para a presidência do Parlamento, o presidente anterior (ou, se não puder, um dos vice-presidentes anteriores) preside a câmara. Antes de 2009, o eurodeputado mais idoso era responsável por esse papel, mas a regra foi alterada para impedir que o eurodeputado francês de extrema-direita Jean-Marie Le Pen assumisse a presidência. Hierarquicamente logo abaixo do presidente, há 14 vice-presidentes que presidem os debates quando o presidente não estiver no Parlamento. Existem vários outros órgãos e cargos responsáveis pelo funcionamento da instituição além dos vice-presidentes. Os dois principais órgãos são a Mesa, responsável pelas questões orçamentárias e administrativas, e a Conferência dos Presidentes, que é um órgão de direção composto pelos presidentes de cada um dos grupos políticos do parlamento. Cinco eurodeputados integram ainda o Questores, sendo responsáveis por cuidar dos interesses financeiros e administrativos de seus colegas parlamentares. Comissões e delegações. O Parlamento possui 20 comissões permanentes, compostas por 25 a 81 eurodeputados cada uma (refletindo a composição política de todo o legislativo), incluindo um presidente, um gabinete e um secretariado. Reúnem-se uma ou duas vezes por mês em público para elaborar, alterar e adotar propostas legislativas e relatórios a serem apresentados ao pleno. Os relatores de uma comissão devem apresentar a opinião da comissão, embora esse nem sempre tenha sido o caso. Nos eventos que levaram à renúncia da Comissão Santer, o relator manifestou-se de forma contrária à Comissão de Controle Orçamentário, que decidiu por 14 a 13 recomendar a aprovação do orçamento, e instou o Parlamento a rejeitar a decisão colegiada. Os comitês também podem criar subcomitês (por exemplo, o Subcomitê de Direitos Humanos) e comitês temporários para lidar com um tópico específico (por exemplo, sobre extradições forçadas). Os presidentes das comissões coordenam seus trabalhos através da "Conferência dos Presidentes das Comissões.". Quando o sistema de co-decisão foi introduzido, os poderes do Parlamento aumentaram em várias áreas, mas principalmente as cobertas pela Comissão do Ambiente, da Saúde Pública e da Segurança Alimentar. Anteriormente, tal comissão era considerada pelos eurodeputados como um "comité da Cinderela"; no entanto, ao ganhar nova importância, tornou-se mais profissional e rigorosa, atraindo crescente atenção ao seu trabalho. A natureza das comissões difere de seus homólogos nacionais, pois, embora menores se em comparação aos do Congresso dos Estados Unidos, as comissões do Parlamento Europeu são extraordinariamente grandes para os padrões europeus, com entre oito e doze assessores dedicados e outros três a quatro de apoio. Quando necessário, também é fornecido ao pleno consideráveis recursos administrativos e de pesquisa. As delegações do Parlamento são formadas de maneira semelhante e são responsáveis pelas relações com os demais parlamentos. Em abril de 2019, existiam 44 delegações permanentes. Não há um número fixo de membros: a maior é formada por 78 eurodeputados, mas a maioria delas possui menos de 20; todos os eurodeputados integram ao menos uma delegação. Os presidentes das delegações cooperam em uma conferência, da mesma forma que os presidentes das comissões. Há "delegações interparlamentares" (para manter relações com os Parlamentos de fora da UE), "comissões parlamentares mistas" (para manter relações com os parlamentos de Estados candidatos ou associados da UE) e delegações para assembleias parlamentares, como para os Países ACP. Os eurodeputados também participam de outras atividades internacionais, incluindo como observadores em eleições de outros países. Intergrupos. Os intergrupos no Parlamento Europeu são fóruns informais que reúnem eurodeputados de vários grupos políticos em torno de algum tópico. Não expressam a opinião do legislativo, possuindo um duplo objetivo: abordar um tópico transversal a vários comitês e de maneira menos formal. O seu secretariado pode ser gerido pelo gabinete dos eurodeputados ou por grupos de interesse, sejam eles lobistas corporativos ou ONGs. Atualmente, os intergrupos são estritamente regulamentados e o apoio financeiro, direto ou não, deve ser oficialmente especificado em uma declaração de interesses financeiros. Os intergrupos são estabelecidos ou renovados no início de cada legislatura por meio de um processo específico. Uma proposta de constituição ou renovação de um intergrupo deve ser apoiada por pelo menos três grupos políticos; há um limite de intergrupos que cada grupo pode apoiar, o qual depende de sua proporção (por exemplo: na legislatura 2014-2019, o PPE e S&D podiam apoiar 22 intergrupos cada, enquanto os verdes apenas 7). Tradução e interpretação. Os oradores no Parlamento Europeu têm o direito de pronunciarem-se em qualquer uma das 24 línguas oficiais da União Europeia, variando de alemão e francês a maltês e irlandês. A interpretação simultânea é oferecida em todas as sessões plenárias e todos os textos finais de leis são traduzidos. O Parlamento Europeu é o parlamento mais multilíngue do mundo e o maior empregador de intérpretes do mundo (empregando 350 em período integral e 400 "free-lancers", quando há uma demanda maior). Os cidadãos também podem dirigir-se ao Parlamento em basco, catalão/valenciano e galego. Normalmente, um idioma é traduzido de uma língua estrangeira para a língua nativa do tradutor. Devido ao grande número de idiomas, alguns menos usados, desde 1995 a interpretação às vezes é feita de maneira oposta, na língua nativa de um intérprete (o sistema de "retorno"). Além disso, um discurso em um idioma menos comum pode ser interpretado através de um terceiro idioma por falta de intérpretes (interpretação de "retransmissão") – por exemplo, ao interpretar do estoniano para o maltês. Devido à complexidade das situações, a interpretação não é palavra por palavra. Em vez disso, os intérpretes precisam transmitir o significado político de um discurso, independentemente de suas próprias visões. Isso requer um entendimento detalhado das políticas e dos termos do Parlamento, envolvendo muita preparação (por exemplo, a leitura dos documentos relacionados). Dificuldade geralmente pode surgir quando os eurodeputados usam palavrões, piadas e truques de palavras ou falam muito rápido. Enquanto alguns veem o uso de sua língua nativa como uma parte importante de sua identidade e podem falar mais fluentemente em debates, a interpretação e seu custo foram criticados. Um relatório de 2006 do eurodeputado Alexander Stubb destacou que o uso apenas do inglês, francês e alemão poderia reduzir os custos em 118 mil euros por dia (valor gasto para 21 idiomas – na época, romeno, búlgaro e croata ainda não eram incluídos) para 8 900 euros por dia. Custos anuais. De acordo com a Comissão Europeia, os gastos do Parlamento Europeu durante o ano de 2019 foi de 1,999 mil milhões de euros. Destes, 170,1 milhões foram pagos com recursos próprios e 1,829 mil milhões de euros pela União Europeia. Em 2016, os maiores gastos foram em: Em 2019, o Parlamento contava com 6 624 funcionários, dos quais 5 379 eram permanentes. Haviam 1 103 funcionários temporários destinados a atividades políticas. Naquele ano, 78 milhões de euros foram destinados ao pagamento de salários, 64,7 milhões para viagens e 45 milhões para interpretação e tradução. Em 2014, um estudo do Tribunal de Contas estimou que a sede de Estrasburgo custava um adicional de 109 milhões por ano; outros 5 milhões anuais estavam relacionados às despesas de viagem causadas pela manutenção de duas sedes. Em comparação, estimou-se que a câmara baixa do parlamento alemão, o Bundestag, que conta com 709 membros, tenha custado 517 milhões em 2018. No Reino Unido, a Câmara dos Comuns, com 650 assentos, relatou custos anuais em 2016-2017 de 279 milhões. Segundo o "The Economist", o Parlamento Europeu custa mais do que os parlamentos britânico, francês e alemão juntos. Estimou-se que um quarto dos custos esteja relacionado aos gastos com tradução e interpretação (460 milhões de euros) e que manter duas sedes demandaria mais 180 milhões. Sedes. O Parlamento está sediado em três cidades diferentes, com numerosos edifícios. Um protocolo anexado ao Tratado de Amsterdão exige a realização de 12 sessões plenárias em Estrasburgo (nenhuma em agosto, mas duas em setembro), que é a sede oficial do Parlamento, enquanto sessões extras e reuniões de comissões são realizadas em Bruxelas. A cidade de Luxemburgo abriga o Secretariado da instituição. O Parlamento Europeu é uma das pelo menos duas assembleias no mundo que realizam suas reuniões em mais de um local (a outra é o Tynwald, parlamento da Ilha de Man) e uma das poucas que não tem o poder de decidir sua própria localização. A sede de Estrasburgo é vista como um símbolo de reconciliação entre a França e a Alemanha, pois a região de Estrasburgo foi disputada pelos dois países no passado. No entanto, o custo e a inconveniência de ter duas sedes são questionados. Embora Estrasburgo seja sua sede oficial e esteja situado ao lado do Conselho da Europa, Bruxelas é o lar de quase todas as outras grandes instituições da UE, com a maioria do trabalho do Parlamento sendo realizado lá. Os críticos descreveram a manutenção de duas sedes como um "circo itinerante", e há um movimento para estabelecer como sua única sede Bruxelas, considerada a capital "de facto" da UE. O movimento para tornar Bruxelas a sede única da instituição recebeu apoio de políticos e partidos. A comissária Margot Wallström declarou que "algo que antes era um símbolo muito positivo da união da França e da Alemanha agora se tornou um símbolo negativo – de desperdício de dinheiro, burocracia e insanidade das instituições de Bruxelas." Em um estudo liderado pelas eurodeputadas Jean Lambert e Caroline Lucas, o Partido Verde observou que, além dos 200 milhões extras gastos com a segunda sede, mais de 20 268 toneladas de dióxido de carbono são utilizados como resultado, comprometendo qualquer posição ambiental da instituição e da União. Outro estudo, do Tribunal de Contas em 2014, estimou os gastos adicionais em 114 milhões. A maioria dos eurodeputados prefere Bruxelas como sede única. Uma pesquisa realizada com os eurodeputados constatou que 89% desejavam uma única sede e 81% preferiam Bruxelas. Outra pesquisa, mais acadêmica, encontrou 68% de apoio. Em julho de 2011, a maioria absoluta dos parlamentares votou a favor de um único assento. No início de 2011, o Parlamento votou a favor de suprimir uma das sessões mensais de Estrasburgo, realizando duas em uma única semana. No entanto, como a sede do Parlamento é fixada por um tratado, ela só pode ser alterada pelo Conselho, cuja deliberação exige unanimidade, o que significa que a França pode vetar qualquer mudança. O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy declarou que a sede em Estrasburgo é "inegociável" e que a França não tem intenção de renunciar à única instituição da UE em solo francês. Dada a intenção declarada da França de vetar qualquer mudança para Bruxelas, alguns eurodeputados defenderam a desobediência civil, recusando-se a participar do êxodo mensal para Estrasburgo. Canais de diálogo, informação e comunicação. As instituições da União Europeia se comprometeram a promover a transparência, a sinceridade e a disponibilidade de informações sobre seu trabalho. Em particular, a transparência é considerada essencial para as ações das instituições do bloco e um princípio geral do direito da UE, a ser aplicado às atividades de suas instituições, a fim de fortalecer a base democrática da União. Os princípios gerais de sinceridade e transparência são reafirmados nos tratados de Lisboa e Maastricht, que reconhecem o valor do diálogo entre cidadãos, associações representativas, sociedade civil e instituições europeias. O artigo 17 do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia (TFUE) estabelece as bases jurídicas para um diálogo aberto e transparente entre instituições e igrejas europeias, associações religiosas e organizações filosóficas e não-confessionais. Em julho de 2014, no início da oitava legislatura, o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, encarregou Antonio Tajani, o vice-presidente, de implementar o diálogo com as organizações religiosas e confessionais incluídas no artigo 17. Nesse contexto, o Parlamento Europeu realiza conferências sobre o diálogo inter-religioso, também com foco nas questões atuais e em relação aos trabalhos parlamentares. Em 1987, foi estabelecido o Mediador do Parlamento Europeu para as Crianças Vítimas de Rapto Parental Internacional, com o objetivo de "ajudar as crianças nascidas de casamentos em que os cônjuges têm diferentes nacionalidades e que tenham sido raptadas por um dos progenitores." Deste modo, busca uma forma de solucionar a controvérsia ao invés de meios judiciais. O mediador é convocado por solicitação de um cidadão e, após avaliar o pedido, inicia um processo de mediação com o objetivo de chegar a um acordo. Depois de assinado por ambas as partes e pelo mediador, o acordo é oficial, com a natureza de um contrato privado entre as partes. Na definição do acordo, o Parlamento Europeu oferece às partes o apoio jurídico necessário para alcançar um acordo sólido e legal, com base na legalidade e na equidade. O acordo pode ser ratificado pelos tribunais nacionais competentes e também pode estabelecer as bases para uma separação ou divórcio consensual. Serviço de Estudos. O Serviço de Estudos do Parlamento Europeu é o departamento interno de pesquisas e o "think tank" da instituição. É responsável por fornecer aos membros do Parlamento Europeu – e, se for o caso, comissões parlamentares – uma análise independente e objetiva, além de pesquisas, sobre questões políticas relacionadas à União Europeia, a fim de ajudá-los no desempenho das atividades legislativas. Foi concebido para aumentar a capacidade dos eurodeputados e dos comitês ao escrutinar e supervisionar a Comissão Europeia e outros órgãos executivos da UE. O EPRS também tem como objetivo fornecer uma gama abrangente de produtos e serviços, apoiados por experiência interna especializada e fontes de conhecimento em todos os campos de políticas públicas, capacitando os eurodeputados e comitês por meio do conhecimento e contribuindo para a eficácia e influência do Parlamento como instituição. Todas as publicações do EPRS estão disponíveis publicamente na plataforma EP Think Tank. Eurobarómetro. O Parlamento Europeu realiza periodicamente através do Eurobarómetro pesquisas de opinião e estudos sobre as tendências da opinião pública nos Estados-membros, a fim de avaliar as percepções e expectativas dos cidadãos sobre o seu trabalho e as atividades gerais da União Europeia. Os tópicos incluem a percepção dos cidadãos sobre o papel do Parlamento Europeu, seu conhecimento da instituição, seu sentimento de pertencer à UE, opiniões sobre eleições e integração europeia, identidade, cidadania, valores políticos, mas também sobre questões atuais, como as mudanças climáticas, economia e política. Prémios. Anualmente, o Parlamento Europeu concede quatro prémios a indivíduos e organizações que se destacam nas áreas de direitos humanos, cinema, projetos para jovens e cidadania. São estes:
1582
Prions
Prions
1583
Polónia
Polónia (, ), oficialmente República da Polónia (, ), é um país da Europa Central que tem fronteiras comuns com a Alemanha a oeste; com a Chéquia e a Eslováquia ao sul; com a Ucrânia e a Bielorrússia a leste; com o Mar Báltico, o Oblast de Kaliningrado (um exclave russo) e a Lituânia ao norte. A área total da nação é quilômetros quadrados, o que a torna o 69.º maior país do mundo e o 9.º maior da Europa. Com uma população de mais de 38,5 milhões de pessoas, a Polônia é o 34.º país mais populoso do mundo, o sexto membro mais populoso da União Europeia (UE) e o Estado pós-comunista mais populoso da UE. A Polônia é um Estado unitário dividido em 16 voivodias (subdivisões administrativas). Muitos historiadores traçam o estabelecimento do Estado polonês em 966, quando Mieszko I, governante de um território mais ou menos com a mesma extensão que o da atual Polônia, se converteu ao catolicismo. O Reino da Polônia foi fundado em 1025 e em 1569 cimentou uma associação política de longa data com o Grão-Ducado da Lituânia, assinando a União de Lublin, que acabou por formar a Comunidade Polaco-Lituana. A Comunidade gradualmente deixou de existir nos anos 1772-1795, quando o território polaco foi dividido entre o Reino da Prússia, o Império Russo e a Áustria. A Polônia recuperou sua independência (como a Segunda República Polonesa), no final da Primeira Guerra Mundial, em 1918. Duas décadas depois, em setembro de 1939, a Segunda Guerra Mundial começou com a invasão da Polônia pela Alemanha nazista e a União Soviética (como parte do Pacto Molotov-Ribbentrop). Mais de seis milhões de cidadãos poloneses morreram na guerra. Em 1944, a República Popular da Polônia foi proclamada e, em 1947, depois de um breve período de uma guerra civil de baixa intensidade, referendos e eleições fraudadas, o país se tornou um dos integrantes da Cortina de Ferro, o conjunto de países aliados da União Soviética. Durante as Revoluções de 1989, o governo comunista polonês foi derrubado e a Polônia adotou uma nova constituição, que estabeleceu o país como uma democracia e o renomeou para Terceira República Polonesa. A Polônia é um país desenvolvido com economia avançada e com padrões de vida elevados. Apesar da enorme destruição causada no país pela Segunda Guerra Mundial, a Polônia conseguiu preservar grande parte da sua riqueza cultural. Há no país 16 lugares inscritos na lista de Patrimônio Mundial da UNESCO, além de outros 54 "Monumentos Históricos". Atualmente, a Polônia é considerada um país com um desenvolvimento humano "muito alto". Etimologia. A origem do nome "Polônia" ainda é incerta. Pode derivar de palavras polonesas como "polo" (campo). História. Pré-história. Os historiadores postularam que ao longo da Antiguidade Tardia diversos grupos étnicos povoaram a região atualmente conhecida como Polónia. A exata etnia e afiliação linguística destes grupos ainda é motivo de acalorados debates; a data e a rota tomada pelos colonizadores originais eslavos nestas regiões, em particular, desperta grande controvérsia. O mais famoso achado arqueológico da pré-história da Polónia é a colónia fortificada de Biskupin (reconstruída atualmente como um museu), que remonta à cultura lusaciana (uma etnia que habitava perto do Rio Neisse) da Idade do Ferro, por volta de 700 a.C. Fundação, Idade do Ouro e Comunidade Polaco-Lituana. A Polónia foi fundada em meados do , pela dinastia Piast. O primeiro governante polaco historicamente verificado, Miecislau I, foi batizado em 966 e adotou então o catolicismo como religião oficial do seu país. No , a Polónia fragmentou-se em diversos Estados menores, que foram posteriormente devastados pelos exércitos mongóis da Horda Dourada em 1241, 1259 e 1287. Em 1320, Ladislau I tornou-se rei de uma Polónia reunificada. Seu filho, Casimiro III da Polônia, é lembrado como um dos maiores reis polacos da história. A Peste Negra, que afetou grande parte da Europa de 1347 a 1351, não chegou à Polónia. Sob a dinastia Jaguelônica, a Polónia forjou uma aliança com seu vizinho, o Grão-Ducado da Lituânia. Começou então, após a União de Lublin, uma idade do ouro que se estendeu ao longo do e que deu origem à Comunidade Polaco-Lituana. A "szlachta" (nobreza) da Polónia, muito mais numerosa do que nos países da Europa Ocidental, orgulhava-se de suas liberdades e de seu sistema parlamentar. Durante este período próspero, a Polónia expandiu as suas fronteiras de modo a tornar-se o maior país da Europa. Era das partilhas. Em meados do , uma invasão sueca (o chamado "Dilúvio") e a revolta cossaca de Chmielnicki, que devastaram o país, marcaram o final da idade do ouro. A gradual deterioração da Comunidade, que passou de potência europeia a uma situação de quase anarquia controlada pelos vizinhos, foi marcada por diversas guerras contra a Rússia e pela ineficiência governamental causada pelo "Liberum Veto" (segundo o qual cada um dos membros do parlamento tinha o direito de dissolvê-lo e de vetar projetos de lei). As tentativas de reformas foram frustradas pelas três partilhas da Polónia (1772, 1793 e 1795) que condenaram o país a desaparecer do mapa e seu território a ser dividido entre Rússia, Prússia e Áustria. Os polacos ressentiram-se desta situação e rebelaram-se em diversas ocasiões contra as potências que partilharam o país, em especial no . Em 1807, Napoleão restabeleceu um Estado polaco, o Ducado de Varsóvia, mas em 1815, após as guerras napoleónicas, o Congresso de Viena tornou a partilhar o país. A porção oriental coube ao tsar russo, e era regida por uma constituição liberal. Entretanto, os tsares logo trataram de restringir as liberdades polacas e a Rússia terminou por anexar "de facto" o país. Posteriormente no , a Galícia (então governada pela Áustria) e, em particular, a Cidade Livre de Cracóvia, tornaram-se um centro da vida cultural polaca. Reconstituição e Segunda Guerra Mundial. Durante a Primeira Guerra Mundial, os Aliados concordaram em restabelecer a Polónia, conforme o ponto 13 dos Catorze Pontos do presidente dos Estados Unidos Woodrow Wilson. Pouco depois do armistício alemão de novembro de 1918, a Polónia recuperou sua independência, numa fase histórica conhecida como "Segunda República Polaca". A independência foi reafirmada após uma série de conflitos, em especial a Guerra Polaco-Soviética (1919-1921), quando a Polónia infligiu uma derrota acachapante ao Exército Vermelho. O golpe de Maio de 1926, por Józef Piłsudski, entregou as rédeas da república polaca ao movimento "Sanacja" (uma coalizão em busca da "limpeza moral" da política do país). Este movimento controlou a Polónia até a eclosão da Segunda Guerra Mundial, em 1939, quando tropas nazis (em 1 de Setembro) e soviéticas (em 17 de setembro) invadiram o país. Varsóvia capitulou em 28 de setembro. Conforme o Pacto Ribbentrop-Molotov, a Polónia foi partilhada em duas zonas, uma ocupada pela Alemanha e outra, a leste, ocupada pela União Soviética. De todos os países envolvidos na guerra, a Polónia foi o que mais perdeu em vidas, proporcionalmente à população total: mais de seis milhões de habitantes morreram, metade deles judeus. Foi da Polónia a quarta maior contribuição em tropas para o esforço de guerra aliado, após a URSS, o Reino Unido e os Estados Unidos, além de ter sido o primeiro país a lutar contra a Alemanha Nazi. Ao final do conflito, as fronteiras do país foram movidas na direcção Oeste, de modo a levar a fronteira oriental para a linha Curzon. Entrementes, a fronteira ocidental passou a ser a linha Óder-Neisse. A nova Polónia emergiu 20% menor em território (menos km²). O redesenho dos limites forçou a migração de milhões de pessoas, principalmente polacos, alemães, ucranianos e judeus. Período pós-guerra. Por insistência de Josef Stalin, a Conferência de Yalta sancionou a formação de um novo governo polonês provisório e pró-comunista em Moscou, que ignorou o governo polonês no exílio em Londres, um movimento que enfureceu muitos poloneses que consideraram isto uma traição por parte dos Aliados. Em 1944, Stalin havia feito garantias a Churchill e Roosevelt de que ele iria manter a soberania da Polônia e permitir eleições democráticas; no entanto, após alcançar a vitória em 1945, as autoridades soviéticas de ocupação organizaram uma eleição que constitui nada mais do que uma farsa e foi usada para reivindicar a "legitimidade" da hegemonia soviética sobre os assuntos poloneses. A União Soviética instituiu um novo governo comunista na Polônia, análogo a maior parte dos governos do resto do Bloco de Leste. Como em toda a Europa comunista a ocupação soviética da Polônia enfrentou uma resistência armada desde o seu início, que continuou na década de 1950. Apesar das objeções generalizadas, o novo governo polaco aceitou a anexação soviética das regiões orientais do pré-guerra da Polônia (em particular as cidades de Wilno e Lwów) e concordou com a guarnições permanentes de unidades do Exército Vermelho no território polonês. O alinhamento militar no âmbito do Pacto de Varsóvia durante a Guerra Fria surgiu como um resultado direto dessa mudança na cultura política polonesa e no cenário europeu veio a caracterizar a integração de pleno direito da Polônia na fraternidade das nações comunistas. A República Popular da Polônia () foi oficialmente proclamada em 1952. Em 1956, após a morte de Bolesław Bierut, o regime de Władysław Gomułka tornou-se temporariamente mais liberal, libertando muitas pessoas da prisão e expandindo algumas liberdades civis. Uma situação semelhante se repetiu nos anos 1970 sob o governo de Edward Gierek, mas na maior parte do tempo houver perseguição contra grupos de oposição anticomunistas. Apesar disso, a Polônia era na época considerado um dos Estados menos opressivas do bloco soviético. As agitações trabalhistas de 1980 levaram à formação do sindicato independente "Solidariedade" ("Solidarność") que, com o tempo, tornou-se uma força política. Em 1989, venceu as eleições parlamentares. Lech Wałęsa, um candidato do Solidariedade, venceu as eleições presidenciais em 1990. O movimento Solidariedade prenunciou o colapso do comunismo na Europa Oriental. Era contemporânea. Um programa de terapia de choque, iniciado por Leszek Balcerowicz no início de 1990, permitiu ao país transformar sua economia planificada de estilo socialista em uma economia de mercado. Tal como acontece com todos os outros países do antigo "Império Soviético", a Polônia sofreu uma queda temporária em normas sociais e econômicas, mas tornou-se o primeiro país pós-comunista a atingir seus níveis de PIB pré-1989, que atingiram , em 1995, em grande parte graças a expansão da sua economia. Mais visivelmente, houve várias melhorias em direitos humanos, como liberdade de expressão, liberdade na internet (sem censura), liberdades civis (1ª classe) e direitos políticos (1ª classe) , de acordo com a Freedom House. Em 1991, o país tornou-se membro do Grupo de Visegrád e juntou-se a aliança da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), em 1999, juntamente com a República Checa e Hungria. Os poloneses votaram então para aderir à União Europeia em referendo em junho de 2003, sendo que o país se tornou um membro pleno em 1 de maio de 2004. A Polônia aderiu ao Espaço Schengen em 2007 e, como resultado, suas fronteiras com outros Estados-membros da União Europeia foram desmanteladas, permitindo total liberdade de circulação dentro da maior parte da Europa. Em contraste com isso, o seção da fronteira oriental da Polônia que agora compreende a fronteira externa da UE com Bielorrússia, Rússia e Ucrânia, tornou-se cada vez mais bem protegida e levou, em parte, para a cunhagem da expressão "Fortaleza da Europa", em referência a aparente 'impossibilidade' de permitir entrada na UE para os cidadãos da antiga União Soviética. Em 2012, o país aderiu a Agência Espacial Europeia e ao Comitê de Ajuda ao Desenvolvimento. Geografia. A paisagem da Polónia consiste quase inteiramente em terras baixas da planície da Europa do Norte, com uma altitude média de 173 metros, embora os Sudetos (incluindo o Karkonosze) e os Cárpatos (incluindo os montes Tatra, onde se encontra o ponto mais alto da Polónia, o Rysy, com 2 499 m de altitude) constituem a fronteira Sul. Vários grandes rios atravessam a planície, nomeadamente o Vístula ("Wisła"), o Oder ("Odra"), o Wadra, e o Bug Ocidental. A Polónia contém ainda mais de 9 300 lagos, especialmente no norte do país. A Masúria ("Mazury") é a maior e mais visitada região lacustre da Polónia. Sobrevivem restos das antigas florestas: veja a lista de florestas na Polónia. A Polónia tem um clima temperado, com invernos frios, encobertos e moderadamente severos, com precipitação frequente, e verões suaves, com aguaceiros e trovoadas frequentes. Geologia e topografia. A estrutura geológica da Polónia foi formada por uma colisão continental de Europa e África há mais de 60 milhões de anos, e de uma glaciação ocorrida na Europa no período quaternário, entre outros. Ambos os processos originaram os Sudetos e os Cárpatos. A paisagem Morena no norte da Polónia contém solos na maioria constituídos por areia ou marga, e os vales de rios da idade do gelo contém loess. O planalto de Cracow Częstochowa, a cadeia de montanhas "Pieniny", e a cadeia de montanhas "Tatras Ocidentais" consistem de calcário, e o Alto Tatras, os Montes Beskids, e os Montes Karkonosze são feitos de granito e basalto. Os montes Kraków-Częstochowa são uma das mais antigas cadeias de montanhas do mundo. A Polônia tem 21 montanhas acima de m, todas nas Montanhas Tatra. Os Tatras, que consistem no Alto Tatras e Tatras Ocidentais, é o grupo de montanhas mais altas da Polónia. Nos Tatras se localiza o ponto mais alto da Polónia, o pico de Rysy ( m). E no seu sopé se localiza um lago, o Morskie Oko. O segundo maior grupo de montanhas da Polónia são os montes Beskides, em que o mais alto pico é o Babia Góra ( m). O terceiro maior grupo de montanhas é o Karkonosze, em que o pico mais alto é o Śnieżka ( m).Entre as mais belas montanhas da Polónia são os Montes Bieszczady no sudeste da Polónia, que tem como ponto mais elevado em território polaco o Tarnica, com uma elevação de 1346 m. Turistas também frequentam os Montes Gorce no Parque Nacional dos montes Gorce, com elevações médias de ( m). Na costa do Mar Báltico estão dunas costeiras, "Żuławy Wiślane", a Lagoa Vístula, a Lagoa Szczecin, a ilha de Wolin (com o Parque Nacional Wolin) e os lagos - Łebsko, Dąbie (na cidade de Szczecin) e Miedwie. A maior parte da Polônia é ocupada por terras baixas e altas. Partes naturais particularmente importantes das terras baixas incluem o "Distrito do Lago Masurian", o vale do rio Biebrza e a Floresta Białowieża (Parque Nacional Białowieża). A parte dominante das terras altas é densamente povoada (Cracóvia, Lublin, Katowice, Częstochowa, Sosnowiec, Kielce), mas há muitos lugares de valor natural nesta área, por exemplo, "Terras altas Kielce". Hidrografia. Os maiores rios são o Vístula (), ( km ou 651 milhas); o Oder ()que forma parte da fronteira ocidental da Polónia, (854 km ou 531 milhas); seu afluente, o Warta, (808 km ou 502 milhas); e o Bug, um afluente do Vístula, (772 km). O Vístula e o Oder desaguam no Mar Báltico, com muitos deltas na Pomerania. O rio Łyna e Angrapa desaguam pelo Rio Pregolya para o Báltico, e o Rio Czarna Hańcza deságua no Báltico pelo Neman. Embora a grande maioria dos rios na Polónia desaguam no Mar Báltico, os cursos d'água polacos têm origem no Orava, que deságua passando pelo Rio Váh e pelo Danúbio para o Mar Negro.Os rios orientais têm origem em alguns riachos que desaguam no Rio Dniestre para o Mar Negro. Os rios polacos são usados desde muito tempo para navegação. Os Viquingues, por exemplo, viajaram pelo Vístula e pelo Oder em seus Navios Dragão. Na Idade Média e na antiguidade moderna, quando a Polônia-Lituânia foi um dos grandes estados mercadores da Europa, o carregamento de grãos e outros produtos agrícolas viajando em direção ao Vístula (Gedano) e que seguia para a Europa Oriental teve grande importância. Demografia. A Polônia, com habitantes, tem a oitava maior população na Europa e a sexta maior da União Europeia. Possui uma densidade populacional de 122 habitantes por quilômetro quadrado. Historicamente, o território polonês contém muitas línguas, culturas e religiões. O país tinha uma população judaica particularmente grande antes da Segunda Guerra Mundial, quando o regime da Alemanha nazista levou ao Holocausto. Estima-se que cerca de 3 milhões de judeus viviam na Polônia antes da guerra, sendo que apenas 300 mil deles sobreviveram ao conflito. O resultado da guerra, especialmente a mudança das fronteiras polonesas na área entre a Linha Curzon e a Linha Oder-Neisse, juntamente com a expulsão de minorias no pós-guerra, reduziu significativamente a diversidade étnica do país. Mais de 7 milhões de alemães fugiram ou foram expulsos do lado polaco da fronteira Oder-Neisse. Nos últimos anos, a população polonesa diminuiu devido ao aumento da emigração e ao acentuado declínio da taxa de natalidade. Desde a adesão da Polônia à União Europeia, um número significativo de poloneses emigraram, principalmente para Reino Unido, Alemanha e Irlanda em busca de melhores oportunidades de trabalho no exterior. Em abril de 2007, a população polaca no Reino Unido subiu para cerca de 300 mil pessoas e as estimativas colocam a população polaca na Irlanda em 65 mil indivíduos. Algumas fontes afirmam que o número de cidadãos poloneses que emigraram para o Reino Unido depois de 2004 pode chegar a 2 milhões. Isso, no entanto, é contrastado por uma tendência recente que mostra que mais poloneses estão entrando no país do que deixando-o. A taxa de fecundidade total na Polônia foi estimado em 2013 em 1,32 crianças nascidas por mulher, que está abaixo da taxa de 2,1 substituição. Minorias polonesas ainda estão presentes em países vizinhos, como Ucrânia, Bielorrússia e Lituânia, assim como em outros países. No total, o número de poloneses étnicos que vivem no exterior é estimado em torno de 20 milhões. O maior número de poloneses que vivem fora da Polônia está nos Estados Unidos. Composição étnica e idiomas. De acordo com o censo de 2002, pessoas, ou 96,74% da população, consideram-se poloneses, enquanto (1,23%) declararam outra nacionalidade e (2,03%) não declararam qualquer nacionalidade. As maiores nacionalidades e grupos étnicos minoritários na Polônia são silesianos ( segundo o censo), alemães ( segundo o censo, 92% dos quais vivem em Opole e Silésia), bielorrussos (c. ), ucranianos (c. ), lituanos, russos, ciganos, judeus, lemkos, eslovacos, tchecos e tártaros poloneses. Entre os cidadãos estrangeiros, os vietnamitas são o maior grupo étnico, seguido pelos gregos e armênios. A língua polonesa, que faz parte do ramo ocidental eslavo das línguas eslavas, é a língua oficial da Polônia. Até poucas décadas atrás, o russo era comumente aprendido como uma segunda língua, mas foi substituído pelo inglês e alemão como segundas línguas mais comuns estudadas e faladas. Religião. Até a Segunda Guerra Mundial, a Polônia era uma sociedade religiosamente diversa, na qual grupos cristãos ortodoxos, protestantes, católicos romanos e judaicos substanciais coexistiam. Na Segunda República Polonesa, o catolicismo romano era a religião dominante, declarado por cerca de 65% dos cidadãos polacos, seguido de outras denominações cristãs e cerca de 3% de crentes no judaísmo. Como resultado do Holocausto e da expulsão de populações alemãs e ucranianas no período pós-guerra, a população polonesa tornou-se esmagadoramente católica romana. Em 2007, 88,4% da população pertencia à Igreja Católica. Embora as taxas de prática religiosa sejam mais baixas, em 52% ou 51% dos católicos poloneses, a Polônia continua a ser um dos países mais religiosos da Europa. De 16 de outubro de 1978 até sua morte, em 2 de abril de 2005, Karol Józef Wojtyła (mais tarde, o Papa João Paulo II), um nativo polonês, reinou como Sumo Pontífice da Igreja Católica Romana. Ele foi o único Papa eslavo e polaco até à data e foi o primeiro papa não italiano desde o neerlandês Papa Adriano VI em 1522. Além disso, é creditado por ter desempenhado um papel significativo em acelerar a queda do comunismo na Polônia e em toda a Europa Central e Oriental. É famoso por ter dito ao poloneses, no auge do comunismo, em 1979, que "não tenham medo", e depois de orar: "Venha o teu Espírito descer e mudar a imagem da terra … esta terra". As minorias religiosas incluem cristãos ortodoxos (), protestantes (cerca de 150 mil), Testemunhas de Jeová (), católicos orientais, católicos poloneses, mariavitas, judeus e muçulmanos (incluindo os tártaros de Białystok). A liberdade de religião está garantida pela lei 1.989 da constituição polaca, que permite o surgimento de denominações adicionais. No entanto, por causa da pressão do episcopado polonês, a exposição da doutrina entrou no sistema de ensino público. De acordo com uma pesquisa de 2007, 72% dos entrevistados não se opuseram a instrução religiosa nas escolas públicas; cursos alternativos de ética estão disponíveis apenas em um por cento de todo o sistema educacional público polonês. Governo e política. A Polônia é uma democracia que adota o sistema parlamentarista de governo. O presidente é o chefe de Estado e o primeiro-ministro, chefe de governo. O governo compõe-se do conselho de ministros (gabinete). Incumbe ao presidente nomear o governo por proposta do primeiro-ministro, com base na maioria parlamentar (ou de coligação) da câmara baixa do parlamento (o "Sejm"). O presidente é eleito por voto direto a cada cinco anos. Os membros do "Sejm" são eleitos pelo menos a cada quatro anos por voto direto. O parlamento polaco constitui-se por duas câmaras: o senado, com cem cadeiras, e o Sejm, com 460 cadeiras. Este último é eleito por representação proporcional. Com excepção de partidos de minorias étnicas, apenas as agremiações que ultrapassem 5% dos votos nacionais podem ter deputados no "Sejm". Quando em sessão conjunta, o senado e o "Sejm" formam a Assembleia Nacional ("Zgromadzenie Narodowe"), convocada quando o presidente assume o cargo, é indiciado pelo Tribunal de Estado ou é declarado incapaz devido a sua saúde. O poder Judiciário inclui o Supremo Tribunal da Polónia ("Sąd Najwyższy"), o Supremo Tribunal Administrativo, o Tribunal Constitucional e o Tribunal de Estado. O presidente Bronisław Komorowski sucedeu de Lech Kaczyński, o qual faleceu num acidente aéreo no dia 10 de abril de 2010 na região do aeroporto de Smolensk, no oeste da Rússia. O atual presidente é Andrzej Duda do partido Lei e Justiça eleito em 2015. Forças armadas. As forças armadas polacas são divididas em quatro subdivisões: Exército ("Wojska Lądowe"), Marinha ("Marynarka Wojenna"), Força Aérea ("Siły Powietrzne") e as Forças especiais ("Wojska Specjalne"). A mais importante missão da Forças Armadas Polacas é defender a soberania do governo sobre o território e defender os interesses da Polónia no exterior. O objetivo das forças armadas é também ajudar as tropas da OTAN e na Defesa da Europa, seja na economia, seja nas instituições políticas, através da modernização e reorganização dos seus militares. A doutrina das Forças Armadas da Polónia tem a mesma natureza defensiva da de seus parceiros da OTAN. A Polónia passou a ter um papel cada vez mais relevante como uma potência de manutenção da paz, através de várias missões de paz com as forças das Nações Unidas. As despesas militares da Polónia aumentaram muito significativamente desde 2022 e da guerra russo-ucraniana, passando de 1,9% do PIB em 2014 para 3,9% em 2023, o que faz da Polónia o país da NATO que dedica a maior parte do seu PIB ao exército. Estima-se também que o país gastará cerca de 120 mil milhões de euros em novas armas até 2035 e aumentará a dimensão do seu exército de 175.000 para 300.000. Desde 2014, os Estados Unidos aumentaram a sua presença militar na Polónia. Os americanos têm agora uma base permanente e quase 10.000 soldados em solo polaco. Subdivisões. As atuais dezesseis províncias da Polónia ("voivodias", polaco "województwa", singular "województwo") baseiam-se nas regiões históricas do país. As voivodias são governadas por "voivodas" (governadores) e seus órgãos legislativos chamam-se "sejmiks". As voivodias subdividem-se em "powiaty" (singular "powiat"). Economia. A economia de alta renda da Polônia é considerada uma das mais saudáveis dos países pós-comunistas e é uma das que mais crescem dentro da UE. Por ter um mercado interno forte, baixo endividamento privado, moeda flexível e não ser dependente de um único setor de exportação, a economia polaca foi a única economia europeia que conseguiu evitar a recessão de 2008–2009. Desde a queda do governo comunista, a Polônia tem seguido uma política de liberalização da economia. É um exemplo do processo de transição de uma economia planificada para uma economia essencialmente baseada no mercado. Em 2009, o país apresentou o maior crescimento do PIB na União Europeia: 1,6%. O setor bancário polaco um dos maiores do mundo, com 32,3 agências bancárias para cada 100 mil adultos. Na agricultura, em 2018, o país era o maior produtor do mundo de triticale, um dos 10 maiores produtores mundiais de centeio, maçã, aveia, beterraba-sacarina, colza, batata, além de ter uma grande produção de cevada, trigo e milho. Na pecuária, em 2018, a Polônia foi o 10º maior produtor mundial de carne suína e está entre os 15 maiores produtores do mundo de leite de vaca e carne de frango, além de ter uma produção considerável de carne bovina, carne de peru e mel. As maiores exportações de produtos agropecuários processados do país, em 2019, foram: cigarro (embora o país produza pouco tabaco), chocolate (embora o país não produza cacau), comida industrializada, carne de frango, carne bovina, carne suína, massa, ração, açúcar, tabaco, queijo, wafers, bebidas em geral, café (embora o país não produza café), trigo, carne de peru, entre outros. Em 2019, a Polônia tinha a 21ª indústria mais valiosa do mundo (US$ 99,1 bilhões), de acordo com o Banco Mundial. Neste ano foi o 24ª maior produtor de veículos do mundo (498 mil) e o 19ª maior produtor de aço (9,1 milhões de toneladas). Na mineração, em 2019, o país era o 3º maior produtor mundial de rênio; 5º maior produtor mundial de prata; o 12º maior produtor mundial de cobre; o 14º maior produtor mundial de enxofre; além de ser o 14º maior produtor mundial de sal. As reformas estruturais na área da saúde, da educação, do sistema de aposentadoria e da administração do Estado resultaram em pressões fiscais maiores do que o esperado. Varsóvia lidera na Europa Central em investimentos estrangeiros. O crescimento do PIB tinha sido forte e constante entre 1993 e 2000, com apenas uma curta desaceleração entre 2001 e 2002. A economia teve um crescimento de 3,7% ao ano em 2003, um aumento de 1,4% ao ano em 2002. Em 2004, o crescimento do PIB alcançou 5,4%, em 2005 de 3,3% e em 2006 de 6,2%. De acordo com dados do Eurostat, o PIB polaco PPC "per capita" situava-se em 67% da média da UE em 2012. O desafio econômico mais notável em 2014, é a preparação da economia (através da continuação de reformas estruturais) para permitir que a Polônia atenda aos critérios econômicos para entrar na Zona Euro. De acordo com o ministro dos Negócios Estrangeiros polaco Radosław Sikorski, o país poderia aderir à Zona Euro antes de 2016. Algumas empresas já aceitam o euro como pagamento. No entanto, a capacidade de estabelecer e realizar negócios facilmente tem sido motivo de dificuldades econômicas. Em 2012, o Fórum Econômico Mundial classificou a Polônia perto da parte inferior dos países da OCDE em termos de clareza, eficiência e neutralidade do seu quadro jurídico empresarial de resolução de disputas. De acordo com um relatório do Credit Suisse, os poloneses são o segundo povo eslavo mais rico (depois dos tchecos) da Europa Central. Apesar da Polônia ser um país etnicamente homogêneo, o número de estrangeiros está crescendo a cada ano. Gradualmente, a importância do turismo na economia do país aumenta. Em 2015, a Polônia foi visitada por 16,728 milhões de turistas, gerando receita de US$ 9,728 bilhões. O mais importante neste campo são as grandes cidades (Cracóvia, Varsóvia, Estetino (Szczecin), Gdansk, Białystok, Breslávia (Wroclaw) e Katowice) e áreas de lazer, por exemplo Świnoujście e Zakopane. Infraestrutura. Transportes. Posicionado na Europa Centro-Oriental e com uma parte leste e uma de fronteira nordeste que compreendem a fronteira terrestre mais longa do Espaço Schengen com o resto do Norte e do Centro da Europa, a Polônia tem sido e continua a ser um país-chave através do qual passam importações e exportações da União Europeia (UE). Desde que entrou para a UE em maio de 2004, a Polônia tem investido grandes quantias de dinheiro na modernização de suas redes de transporte. O país tem agora uma rede de vias expressas desenvolvimento composta por autoestradas como a A1, A2, A4, A18 e vias rápidas, como a S1, S3, S5, S7, S8. Além dessas estradas recém-construídas, muitas estradas locais e regionais estão sendo reformadas parte de um programa nacional para reconstruir todas as estradas polonesas. No que diz respeito às ferrovias, quase a mesma situação está acontecendo. As autoridades polacas iniciaram um programa pelo qual elas esperam aumentar as velocidades de operação de toda a rede ferroviária polonesa. A Polish State Railways (PKP) está usando o novo material circulante, dez novas máquinas Siemens Taurus ES64U4 capazes de velocidade equivalente 200 km/h. Finalmente, há um plano para introduzir linhas ferroviárias de alta velocidade no país por volta do fim de 2014. O governo polonês revelou que tem a intenção de conectar todas as grandes cidades para uma futura rede ferroviária de alta velocidade até 2020. Ciência e tecnologia. De acordo com a Frost & Sullivan's Country Industry Forecast, o país está se tornando um local interessante para investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Empresas multinacionais, tais como ABB, Delphi, GlaxoSmithKline, Google, Hewlett-Packard, IBM, Intel, LG Electronics, Microsoft, Motorola, Siemens e Samsung criaram centros de pesquisa e desenvolvimento na Polônia. Mais de 40 centros de pesquisa e desenvolvimento e pesquisadores fazem do país o maior centro de pesquisa e desenvolvimento na Europa Central e Oriental. Empresas escolheram a Polônia por causa da disponibilidade da força de trabalho altamente qualificada, a presença de universidades, o apoio das autoridades e o maior mercado da Europa Central. Hoje as instituições de ensino superior da Polônia; universidades tradicionais (encontrados em suas principais cidades), bem como instituições técnicas, médicas e econômicas, empregam cerca de 61 mil pesquisadores e membros da equipe de pesquisa. Há cerca de 300 institutos de pesquisa e desenvolvimento, com cerca de 10 mil pesquisadores. No total, existem cerca de 91 mil cientistas na Polônia hoje. No entanto, nos séculos XIX e XX, muitos cientistas poloneses trabalharam no exterior um dos maiores desses exilados foi Maria Skłodowska-Curie, física e química que viveu boa parte de sua vida na França. Na primeira metade do , a Polónia era um centro florescente da matemática. Matemáticos poloneses proeminentes foram formados pela Escola de Matemática de Lviv (como Stefan Banach, Hugo Steinhaus, Stanisław Ulam) e pela Escola de Matemática de Varsóvia (como Alfred Tarski, Kazimierz Kuratowski, Wacław Sierpiński). Os acontecimentos da Segunda Guerra Mundial levaram muitos deles para o exílio. Tal foi o caso de Benoît Mandelbrot, cuja família deixou a Polônia quando ele ainda era uma criança. Um aluno da Escola de Matemática de Varsóvia foi Antoni Zygmund, um dos grandes nomes da análise matemática do . De acordo com um relatório da KPMG, 80% dos atuais investidores da Polônia estão satisfeitos com a sua escolha e dispostos a reinvestir no país. Em 2006, a Intel decidiu dobrar o número de funcionários no seu centro de pesquisa e desenvolvimento em Gdansk. Educação. O Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), coordenado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), classificou sistema educacional polonês em 2012 como o 10º melhor do mundo, quando alcançou uma pontuação mais elevada do que a média da OCDE. A educação na Polônia começa na idade de cinco ou seis anos (com a idade particular escolhido pelos pais) para o jardim de infância e seis ou sete anos na primeira classe do ensino primário. É obrigatório que as crianças participem de um ano de educação formal antes de entrar na primeira classe, no mais tardar até 7 anos de idade. A punição corporal de crianças nas escolas é oficialmente proibida desde 1783 (antes das partições) e criminalizada desde 2010 (nas escolas, bem como em casa). No final da sexta série, quando estão com 13 anos, os alunos fazem um exame obrigatório que determinará sua aceitação e transição para uma escola secundária inferior específico. Em seguida, fazem outro exame obrigatório para determinar o nível escolar secundário vão participar. Existem várias alternativas, sendo a mais comum dos três anos em uma "liceum" ou quatro anos em um "technikum". Ambos terminam com um tipo de vestibular e pode ser seguido por várias formas de educação superior, levando a licenciatura, magistério ou doutorado. Existem 500 instituições de nível universitário para o exercício do ensino superior na Polônia, um dos maiores números da Europa. A Universidade Jaguelônica, em Cracóvia, foi a primeira universidade polonesa, fundada em 1364 pelo rei Casimiro III, como a 19ª universidade mais antiga do mundo. Saúde. O sistema de saúde polonês é baseado em um sistema de seguro total. O Estado subsidia o sistema, que está disponível para todos os cidadãos polacos. No entanto, não é obrigatório ser tratado em um hospital público, sendo que há uma série de complexos médicos privados em todo o país. Todos os prestadores de serviços médicos e hospitais no país são subordinados ao Ministério da Saúde, que fornece supervisão e fiscalização da medicina geral, além de ser responsável pela administração do cotidiano do sistema. Além desses papéis, o ministério também está encarregado da manutenção de normas de higiene e de cuidados do paciente. Em 2012, a indústria de cuidados de saúde polaca sofreu uma transformação. Os hospitais passaram a dar prioridade para reforma, quando necessária. Como resultado desse processo, muitos hospitais foram atualizados com o mais recente equipamento médico. Em 2013, a expectativa de vida média ao nascer era de 76,45 anos (72,53 anos homens/ 80,62 anos mulheres). Energia. Em 2021, a Polônia tinha, em energia elétrica renovável instalada, em energia hidroelétrica, em energia eólica (17º maior do mundo), em energia solar (20º maior do mundo), e em biomassa. Cultura. A cultura da Polônia está intimamente ligada com a sua intrincada história de mais de mil anos. Seu caráter único desenvolvido como resultado da sua geografia, na confluência das culturas europeias. Com origens na cultura do proto-eslavos, ao longo do tempo a cultura polonesa foi profundamente influenciada por seus laços entrelaçadas com os mundos de germânicos, latinos e bizantinos, bem como no diálogo contínuo com os muitos outros grupos étnicos e minorias que vivem na Polônia. O povo polonês tem sido tradicionalmente visto como hospitaleiro para artistas do exterior e ansioso para seguir as tendências culturais e artísticas populares em outros países. Nos séculos XIX e XX, o foco polonês no avanço cultural muitas vezes tem precedência sobre a atividade política e econômica. Esses fatores contribuíram para a natureza versátil de arte polonesa, com todas as suas nuances complexas. A Polônia tem uma longa tradição de tolerância em relação às minorias, bem como a ausência de discriminação em razão da religião, nacionalidade ou raça. Antes da Segunda Guerra Mundial, as minorias étnicas eram uma proporção significativa da população polonesa. O país tem mantido um alto nível de igualdade de gênero, um movimento pelos direitos estabelecidos e promove a igualdade pacífica. A Polônia foi o primeiro país do mundo a proibir os castigos corporais em todas as suas formas. Esportes. O futebol é o esporte mais popular do país, com uma rica história de competição internacional. Atletismo, basquetebol, voleibol, andebol, boxe, MMA, speedway, saltos de esqui, esqui cross-country, hóquei, tênis, esgrima, natação e levantamento de peso são outros esportes populares no país. A era de ouro do futebol na Polônia ocorreu na década de 1970 e continuou até o início dos anos 1980, quando a equipe nacional de futebol polonesa alcançou os melhores resultados em todas as competições da Copa do Mundo FIFA, ficando em terceiros lugar nas edições de 1974 e 1982. A equipe ganhou uma medalha de ouro no futebol nos Jogos Olímpicos de Verão de 1972 e também ganhou duas medalhas de prata em 1976 e 1992. A Polônia, juntamente com a Ucrânia, sediou o Campeonato Europeu de Futebol de 2012. A Seleção Polonesa de Voleibol Masculino está classificada em quarto lugar no mundo e a Seleção Polonesa de Voleibol Feminino está classificada em 15º. Mariusz Pudzianowski é um concorrente forte altamente bem sucedido e ganhou títulos "World's Strongest Man" mais do mundo do que qualquer outro concorrente no mundo, ganhando o evento em 2008 pela quinta vez. O primeiro piloto polonês de Fórmula Um, Robert Kubica, popularizou o esporte no país. A Polônia fez uma marca distintiva na motocicleta speedway correndo graças a Tomasz Gollob, um piloto polonês de grande sucesso. A seleção polonesa de speedway é um dos principais times internacionais e é muito bem sucedido em várias competições.
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Penela
Penela Penela é uma vila portuguesa do distrito de Coimbra, na antiga província da Beira Litoral e da região do Centro (Região das Beiras), atualmente englobada na sub-região Região de Coimbra (NUT III), com cerca de 3 300 habitantes. Situa-se a cerca de 20 km a sul da capital do distrito. A vila é sede do Município de Penela que tem 132,49 km² de área e 5 983 habitantes (2011) , subdividido em 4 freguesias. O município é limitado a norte pelo município de Miranda do Corvo, a leste por Figueiró dos Vinhos, a sudoeste por Ansião, a oeste por Soure e a noroeste por Condeixa-a-Nova. História. Localizada na encosta poente de um monte entre as cotas 230 e 290 metros, na estrada romana que ligava Coimbra a Tomar, a cerca de três dezenas de quilómetros da primeira. Etimologicamente, o termo "penela" é um diminutivo de "peña", "pena" ou "penha", e significava, em baixo latim, cabeço, monte ou rochedo. Tendo em atenção estudos feitos aos vestígios existentes, é de crer que na origem do Castelo de Penela estivesse um primitivo castro lusitano posteriormente aproveitado quando da invasão romana da península Ibérica. À história de Penela crê-se ainda estarem associadas as passagens sucessivas dos Vândalos, destruidores da fortificação construída pelos Romanos, dos muçulmanos, que tomaram o castelo no , e das tropas de Fernando I de Leão, tendo a fortificação ficado sob a responsabilidade do conde Sesnando Davides, após a conquista de Coimbra (1064), a quem se deve reedificação da fortificação de Penela. No contexto da formação da nacionalidade, a povoação recebeu o seu primeiro foral em julho de 1137, concedido por D. Afonso Henriques, constituindo-se portanto num dos Municípios mais antigos do país. A este fato (a concessão do foral) não terá sido alheia a grande importância estratégica de Penela, visando os privilégios então concedidos aos seus moradores atrair mais população. O seu castelo é, depois do Castelo de Montemor-o-Velho, o mais amplo e forte que atualmente nos resta da linha defensiva do Mondego. Tomado pelos Muçulmanos já depois de 1137, veio a ser definitivamente reconquistado em 1148. Será, contudo, Sancho I de Portugal quem, em 1187, deu nova vida a Penela, mandando-a repovoar e reparar o seu castelo. A torre de menagem do castelo foi mandada erigir por Dinis I de Portugal, aquando de uma nova reparação do castelo. Da história do Concelho ressalta um episódio frisante do apoio popular com que contou D. João, Mestre de Avis, na crise de 1383—1385 em Portugal: sendo senhor de Penela o conde de Viana do Alentejo, D. João Afonso Telo de Meneses, partidário de D. Beatriz, casada com João I de Castela, decidiu o povo defender e apoiar o seu rei amotinando-se, sendo célebre um tal Caspirro, por ter assassinado o Conde. Logo a seguir, Penela enviou os seus representantes às Cortes de Coimbra de 1385, a fim de elegerem o Mestre, futuro D. João I. Este ao fazer doações aos seus filhos, criou o título de duque de Coimbra para o seu filho D. Pedro, destinando-lhe Penela e o seu termo. Durante a Época Moderna, o concelho conheceu diversos donatários. Em 1465, foi doado a D. Afonso de Vasconcelos, primeiro conde de Penela, e posteriormente confirmado a D. João de Vasconcelos e Meneses, seu filho e segundo conde. Na terceira geração desta família, D. Afonso de Vasconcelos e Meneses herdou o senhorio que pertencera aos seus antepassados, mas não o título do pai e do avô. O seu filho, D. João de Vasconcelos e Meneses, veio por fim a ser senhor de toda casa, “excepto do que vagara para a Coroa”. Depois de mais de cem anos na posse da mesma família, a jurisdição da vila transitou para o segundo duque de Aveiro, D. Jorge de Lencastre, filho bastardo do rei D. João II, duque de Coimbra e mestre das ordens de Santiago e de Avis. Muitos anos mais tarde, com o destino trágico sofrido pelos senhores da vila, propiciando a extinção da Casa de Aveiro, em 1759, acontece o fim do “ciclo dos senhores de Penela" passando esta para a coroa Freguesias. Desde a reorganização administrativa de 2012/2013, o Município de Penela está dividido em 4 freguesias: Evolução da População do Município. De acordo com os dados do INE o distrito de Coimbra registou em 2021 um decréscimo populacional na ordem dos 5.0% relativamente aos resultados do censo de 2011. No concelho de Penela esse decréscimo rondou os 9.1%. <small> * Valor confirmado no censo de 1920 Política. Eleições autárquicas. <small> Eleições legislativas. <small>
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Portal (internet)
Portal (internet) Um portal é um site na internet projetado para aglomerar e distribuir conteúdos de várias fontes diferentes de maneira uniforme, sendo um ponto de acesso para uma série de outros sites ou subsites internamente ou externamente ao domínio ou subdomínio da empresa gestora do portal. Na sua estrutura mais comum, os portais constam de um motor de busca, um conjunto, por vezes considerável, de áreas subordinadas com conteúdos próprios, uma área de notícias, um ou mais fóruns e outros serviços de geração de comunidades, além de um diretório, podendo incluir ainda outros tipos de conteúdos. Variantes de portais podem incluir aplicações do tipo Mashup e Intranets de uso corporativo. Características. Os portais oferecem acesso a um grande número de usuários e precisam ser dimensionados de acordo, pois caso contrário o sistema fica lento, pára, ou não responde à navegação, isto é um processo caro e trabalhoso principalmente porque ao longo do tempo o uso do Portal por usuários acaba aumentando e os equipamentos precisam ser trocados por outros mais poderosos e capazes, tornado a manutenção do portal onerosa e constante. Quando isto não ocorre, muitas vezes a consequência pode ser, por exemplo, uma compra paga que não é registrada e se perde, um pedido que não chega ao departamento de compras, o cliente que não consegue abrir sua tela de informações etc. Com o grande volume de informação, é preciso organizar e catalogar as mesmas por assunto, os colaboradores que alimentam o Portal precisam ter acesso às informações estruturadas (informações armazenadas em sistemas e bases de dados, como por exemplo, datawarehouses e sistemas legados), assim como às informações não estruturadas (informações armazenadas em arquivos de texto, planilhas eletrônicas, arquivos de e-mail, dentre outros). O acesso a estas informações estruturadas ou não estruturadas se dá na maioria das vezes através do uso de APIs (Application Program Interfaces), também chamadas de applets, portlets, adaptadores ou conectores, sendo o acesso às informações estruturadas mais facilitado, pois através das linguagens de programação pode-se utilizar de APIs que facilitem ao colaborador acessar as informações através de interfaces intuitivas e amigáveis. Já para acessar as informações não estruturadas, é necessário utilizar, em conjunto com as APIs, métodos de categorização e taxonomia, mecanismos de busca. Os métodos de categorização e taxonomia visam organizar as informações, criando informações sobre as informações (metadados) para assim, os mecanismos de busca retornarem as informações que o usuário deseja de forma mais precisa. Sistemas de gestão de conteúdo. Devido à grande quantidade de informação, para construir um portal são utilizados sistemas de gerenciamento de conteúdo (CMS), pois os tradicionais editores de HTML não dão mais conta da demanda de trabalho que é muito elevada. Os CMS, ou Sistemas Gerenciadores de Conteúdo ajudam em muito o trabalho, pois criam um nível de abstração mais elevado além de fazer algo muito mais importante que é estabelecer uma hierarquia e controle das pessoas que alimentam o site, pois nem todos podem alterar o conteúdo de qualquer página, assim, o CMS delega de forma organizada as diversas páginas do Portal sem que seja necessário ficar revisando a questão da organização e uma forma geral. Uma das vantagens no uso do CMS é o fato de, na maior parte dos casos, possibilitar a separação física do que é estética e estilo, do que é conteúdo, assim se o Webdesigner faz uma alteração de cor ou logotipo apenas a aparência é modificada, enquanto que o usuário leigo alimenta o site com a informação e conteúdo. Este usuário comum sequer sabe das mudanças ocorridas na parte estética, ele apenas alimenta o conteúdo, portanto, pode trabalhar sem se preocupar com detalhes estéticos ou formatação, o resultado é a diminuição de custo de manutenção do Portal e a eliminação de mão de obra especializada em Webdesign que passa a ser substituída por pessoas que conhecem o básico de um Editor de Texto com imagens. Tipos de Portais. Corporativo. Os portais corporativos oferecem acesso on-line (instantâneo) e organizado às informações e aplicações da empresa utilizando-se da internet como meio de divulgação. Tem como objetivo facilitar a interação com o usuário, disponibilizar informações mais ampla, consultas e relatórios personalizados por parte dos usuários. Exemplos são extratos de banco, conta de luz, orçamento de seguro de carro, simulação de aplicação na bolsa e acesso à webmail. A função desses portais são de maximizar o lucro das empresas, oferecendo-se canais de comunicação e vendas para o cliente, informações e históricos de atendimento, recebem pesquisas de opinião do consumidor, registram números de série e garantia de produtos, oferecem catálogos dos produtos da empresa, direcionam contatos a representantes, entre outros. As grandes lojas on-line da Internet são um exemplo de portais corporativos voltados ao comércio eletrônico, os bancos também tem seus Portais vinculados ao serviço de Bank-Line; o governo por sua vez, emite Certidões e alguns tipos de comprovantes pela Internet, neste ponto de vista o documento mais célebre é a Nota Fiscal Eletrônica do Estado de São Paulo que foi a primeira no país a ser implantada, muito embora você não enxergue a tela do sistema do ICMS, você interage com o mesmo ao consultar as Notas Fiscais no dia a dia. Os portais corporativos assim deixaram de ser meramente sites Iinstitucionais, como ocorria no passado. Se tornaram verdadeiros canais de acesso aos clientes e públicos da organização, e o ponto mais importante não é mais apenas a informação, mas principalmente a interação entre elas.
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Princípio da Inércia
Princípio da Inércia
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Pentium
Pentium O Pentium é a quinta geração da arquitetura x86 de microprocessadores criada pela Intel, em 22 de Março de 1993. Foi o sucessor da linha 486. Ele seria originalmente denominado 80586, ou i586, mas como números não podem ser registrados o nome foi alterado para "Pentium" (presumivelmente pelo fato da raiz grega "pent-" significar "cinco"). O termo i586, entretanto, é usado em programação para se referir a todos os primeiros processadores Pentium (e aos similares fabricados pelos competidores da Intel). Maiores alterações em relação ao 486. Os processadores Pentium ofereciam o dobro da performance de um 486 por ciclo de clock. Por esse motivo, os 486 de alta performance da Intel (100 MHz) eram apenas quase tão rápidos quanto os Pentium de primeira geração (60 MHz) e alguns modelos de 486 fabricados pela AMD eram praticamente tão rápidos como o Pentium 75. Modelos. Os primeiros Pentium foram fabricados com uma técnica de 0.8 µm, trabalhavam com clocks de 60 MHz e de 66 MHz e foram considerados algo problemáticos devido a problemas de aquecimento. Mais tarde, foram surgindo gradualmente versões de 75, 90, 120, 133, 150, 166, 200, e 233 MHz. Versões de 266 e 300 MHz foram posteriormente lançadas para uso em computadores portáteis. Processadores Pentium OverDrive foram lançados com velocidades de 63 e 83 MHz como uma opção de upgrade para computadores 486 mais antigos. P5, P54 e P54C. O microprocessador Pentium original tinha o nóme-código interno P5, e era um processador superescalar "pipelined in-order", com 5 volt, 60 MHz e 66 MHz de frequência interna e externa (ou seja, mesma frequência para placa mãe e para o processador), e placas mãe soquete 5. Foi produzido pelo processo de 0.8 µm. Entretanto, em 1995, na cidade de Lynchburg, Virginia, Estados Unidos, foi detectado um defeito no co-processador matemático (FPU em inglês, ou Unidade de Ponto Flutuante) dessa série de processadores, desde as versões de 66 MHz até as de 1000 MHz. Tal defeito podia, muito raramente, resultar em imprecisão nas operações de divisão. Conhecido como "Pentium FDIV bug" ou "Defeito de ponto flutuante", este defeito causou grande embaraço para a Intel, que foi forçada a fazer um "recall", trocando gratuitamente as unidades com defeito. As versões de 60 e 66 MHz em 0.8 µm do Pentium também ficaram conhecidas por sua fragilidade e pela (na época) grande dissipação de calor. Essa série foi sucedida pela P54, basicamente um P5 fabricado pelo processo de 0.6 µm, que permitia o uso de dois processadores na mesma placa mãe, possuía multiplicador de clock (o que permitia elevar a frequência interna do processador independentemente da externa, que era mais difícil de se elevar). Ainda nessa série, houve o P54C, que era fabricado em 0.2 a 0.25 µm - um processo genuinamente CMOS, ao contrário do processo CMOS bipolar usado nos Pentium anteriores. P55C, Tillamook. Subsequentemente, o P55C foi aprimorado pelo centro de pesquisa e desenvolvimento da Intel em Haifa, Israel, tornando-se o Pentium com tecnologia MMX (ou apenas Pentium MMX); ainda baseado no núcleo do P5, o processo de 0.35 µm foi novamente utilizado para esta série, mas ela possuía um conjunto de 57 instruções "MMX" para melhorar a execução das assim chamadas tarefas multimídias, como codificar e decodificar vídeo. Entretanto, os softwares precisavam ser especificamente criados para seu uso, e o aumento de velocidade que o P55C mostrou em seu lançamento foi principalmente devido ao cache interno aumentado para 32 KB. "Tillamook" (em homenagem a uma cidade no Oregon, Estados Unidos) é a versão do P55C para notebooks. Foi desenhado na tecnologia "Mobile Module", que continha o processador, 512KB de cache secundário, e o 430TX chipset Northbridge. Outros usos da marca Pentium. A Intel manteve a marca Pentium ao dar nome a outras gerações de arquiteturas de processadores, que eram internamente bem diferentes do próprio Pentium: Percebe-se daí que a marca está apenas superficialmente relacionada com a arquitetura interna do processador. A marca Pentium é agora usada em desktops e notebooks, a marca Celeron é usada em sistemas de relativo baixo custo (tipicamente um Pentium de velocidade e preço reduzidos, similarmente ao que ocorria com os 486 "DX" e "SX"), e marca Xeon é usada em computadores de alta performance, geralmente servidores ou outros usos "pesados". A mesma arquitetura pode ser usada em todos eles, diferindo apenas em clock, cache, encapsulamentos e soquetes. A marca "Itanium" é usada em processadores para servidores 64 bits da arquitetura IA-64, não compatível com a x86 (e a mais recente x86-64, ou seja, com instruções x86 de 64 bits).
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Peixe
Peixe Os peixes são animais vertebrados, aquáticos, tipicamente ectotérmicos, que possuem o corpo fusiforme, os membros transformados em barbatanas ou nadadeiras (ausentes em alguns grupos) sustentadas por raios ósseos ou cartilaginosos, guelras ou brânquias com que respiram o oxigénio dissolvido na água (embora os dipnoicos usem pulmões) e, na sua maior parte, o corpo coberto de escamas. Os peixes são recursos importantes, principalmente como alimento, mas também são capturados por pescadores recreativos, mantidos como animais de estimação, criados por aquaristas, e expostos em aquários públicos. Os peixes tiveram um papel importante na cultura através dos tempos, servindo como divindades, símbolos religiosos (ver "ichthys"), e como temas de arte, livros e filmes. Uma vez que o "peixe" é definido negativamente, e exclui os tetrápodes (ou seja, os anfíbios, répteis, aves e mamíferos) que são descendentes da mesma origem, é um agrupamento parafilético, não considerado adequado na biologia sistemática. A classe Pisces, de Lineu é considerada tipológica, mas não filogenética. Os primeiros organismos que podem ser classificados como peixes eram cordados de corpo mole que apareceram pela primeira vez durante o período Cambriano. Embora eles não tivessem uma verdadeira espinha dorsal, possuíam notocórdio, que lhes permitiu serem mais ágeis do que os invertebrados marinhos. Os peixes continuaram a evoluir durante o Paleozoico, diversificando-se em uma grande variedade de formas. Classificação. No uso comum, o termo peixe tem sido frequentemente utilizado para descrever um vertebrado aquático com brânquias, membros, se presentes, na forma de nadadeiras, e normalmente com escamas de origem dérmica no tegumento. Sendo este conceito do termo "peixe" utilizado por conveniência, e não por unidade taxonômica, porque os peixes não compõem um grupo monofilético, já que eles não possuem um ancestral comum exclusivo. Para que se tornasse um grupo monofilético, os peixes deveriam juntar os Tetrápodes. Os peixes são tradicionalmente divididos nos seguintes grupos: Em vista desta diversidade, os zoólogos não mais aceitam a antiga classe "Pisces" em que Lineu os agrupou, como se pode ver na classificação dos Vertebrados. Abaixo apresentam-se detalhes da classificação atualmente aceita. Importância dos peixes. Por vezes, usa-se a palavra peixe para designar vários animais aquáticos (por exemplo na palavra "peixe-mulher" para designar o dugongo). Mas a maior parte dos organismos aquáticos muitas vezes designados por "peixe", incluindo as medusas (águas-vivas), os moluscos e crustáceos e mesmo mamíferos muito parecidos com os peixes como os golfinhos, não são peixes. Os peixes encontram-se em praticamente todos os ecossistemas aquáticos, tanto em água doce como em água salgada, desde a água da praia até às grandes profundezas dos oceanos (ver biologia marinha). Mas há alguns lagos hiper-salinos, como o Grande Lago Salgado, nos Estados Unidos da América do Norte onde não vivem peixes. Os peixes têm uma grande importância para a humanidade e desde tempos imemoriais foram pescados para a sua alimentação. Muitas espécies de peixes são criadas em condições artificiais (ver aquacultura), não só para alimentação humana, mas também para outros fins, como os aquários. Há algumas espécies perigosas para o homem, como os peixes-escorpião que têm espinhos venenosos e algumas espécies de tubarão, que podem atacar pessoas nas praias. Muitas espécies de peixes encontram-se ameaçadas de extinção, quer por pesca excessiva, quer por deterioração dos seus "habitats". O ramo da zoologia que estuda os peixes do ponto de vista da sua posição sistemática é a ictiologia. No entanto, os peixes são igualmente estudados no âmbito da ecologia, da biologia pesqueira, da fisiologia e doutros ramos da biologia. Ecologia dos peixes. Classificação ecológica. Uma forma de classificar os peixes é segundo o seu comportamento relativamente à região das águas onde vivem; este comportamento determina o papel de cada grupo no ambiente aquático: Hábitos alimentares. Os peixes pelágicos de pequenas dimensões como as sardinhas são geralmente planctonófagos, ou seja, alimentam-se quase passivamente do plâncton disperso na água, que filtram à medida que "respiram", com a ajuda de "branquispinhas", que são excrescências ósseas dos "arcos branquiais" (a estrutura que segura as brânquias ou guelras). Algumas espécies de maiores dimensões têm também este hábito alimentar, incluindo algumas baleias (que não são peixes, mas mamíferos) e alguns tubarões como os zorros (género "Alopias"). Mas a maioria dos grandes peixes pelágicos são predadores ativos, ou seja, procuram e capturam as suas presas, que são também organismos pelágicos, não só peixes, mas também cefalópodes (principalmente lulas), crustáceos ou outros. Os peixes demersais podem ser predadores, mas também podem ser herbívoros, que se alimentam de plantas aquáticas, detritívoros, ou seja, que se alimentam dos restos de animais e plantas que se encontram no substrato, ou serem comensais de outros organismos, como a rémora que se fixa a um atum ou tubarão através dum disco adesivo no topo da cabeça e se alimenta dos restos de comida que caem da boca do seu hospedeiro (normalmente um grande predador), ou mesmo parasitas de outros organismos. Alguns peixes abissais e também alguns neríticos, como os "diabos" (família Lophiidae) apresentam excrescências, geralmente na cabeça, que servem para atrair as suas presas; essas espécies costumam ter uma boca de grandes dimensões, que lhes permitem comer animais maiores que eles próprios. Numa destas espécies, o macho é parasita da fêmea, fixando-se pela boca a um tentáculo da sua cabeça. Hábitos de reprodução. A maioria dos peixes é dióica, ovípara, fertiliza os óvulos externamente e não desenvolve cuidados parentais. Nas espécies que vivem em cardumes, as fêmeas desovam nas próprias águas onde os cardumes vivem e, ao mesmo tempo, os machos libertam o esperma na água, promovendo a fertilização. Em alguns peixes pelágicos, os ovos flutuam livremente na água – e podem ser comidos por outros organismos, quer planctónicos, quer nectónicos; por essa razão, nessas espécies é normal cada fêmea libertar um enorme número de óvulos. Noutras espécies, os ovos afundam e o seu desenvolvimento realiza-se junto ao fundo – nestes casos, os óvulos podem não ser tão numerosos, uma vez que são menos vulneráveis aos predadores. No entanto, existem excepções a todas estas características e neste artigo referem-se apenas algumas. Abaixo, na secção Migrações encontram-se os casos de espécies que se reproduzem na água doce, mas crescem na água salgada e vice-versa. Em termos de separação dos sexos, existem também (ex.: família Sparidae, os "pargos") casos de hermafroditismo e casos de mudança de sexo - peixes que são fêmeas durante as primeiras fases de maturação sexual e depois se transformam em machos (protoginia) e o inverso (protandria). Os cuidados parentais, quando existem, apresentam casos curiosos. Nos cavalos-marinhos (género "Hypocampus"), por exemplo, o macho recolhe os ovos fecundados e incuba-os numa bolsa marsupial. Muitos ciclídeos (de que faz parte a tilápia) e algumas espécies de aquário endémicas do Lago Niassa (também conhecido por Lago Malawi, na fronteira entre Moçambique e o Malawi) guardam os filhotes na boca, quer do macho, quer da fêmea, ou alternadamente, para os protegerem dos predadores. Refere-se acima que a maioria dos peixes é ovípara, mas existem também espécies vivíparas e ovovivíparas, ou seja, em que o embrião se desenvolve dentro do útero materno. Nestes casos, pode haver fertilização interna - embora os machos não tenham um verdadeiro pênis, mas possuem uma estrutura para introduzir o esperma dentro da fêmea. Muitos destes casos encontram-se nos peixes cartilagíneos (tubarões e raias), mas também em muitos peixes de água doce e mesmo de aquário. A idade e o tamanho a partir dos quais os peixes começam a se reproduzir variam segundo as espécies e dentro de cada espécie, conforme as condições em que vivem. Nos locais frios (Europa), a Carpa-comum não começa a reproduzir-se senão aos três anos. Em locais quentes obtém-se a reprodução com apenas um ano. Certas espécies só põem ovos uma vez por ano, e caso a temperatura esteja muito baixa, algumas espécies não desovam, absorvem os ovos como alimento. Hábitos de repouso. Os peixes não dormem. Eles apenas alternam estados de vigília e repouso. O período de repouso consiste num aparente estado de imobilidade, em que os peixes mantêm o equilíbrio por meio de movimentos bem lentos. Como não têm pálpebras, seus olhos ficam sempre abertos. Algumas espécies se deitam no fundo do mar ou no rio, enquanto os menores se escondem em buracos para não serem comidos enquanto descansam. Migrações. Muitas espécies de peixes (principalmente os pelágicos) realizam migrações regularmente, desde migrações diárias (normalmente verticais, entre a superfície e águas mais profundas), até anuais, percorrendo distâncias que podem variar de apenas alguns metros até várias centenas de quilómetros e mesmo plurianuais, como as migrações das enguias. Na maior parte das vezes, estas migrações estão relacionadas ou com a reprodução ou com a alimentação (procura de locais com mais alimento). Algumas espécies de atuns migram anualmente entre o norte e o sul do oceano, seguindo massas de água com a temperatura ideal para eles. Os peixes migratórios classificam-se da seguinte forma: Os peixes anádromos mais estudados são os salmões (ordem Salmoniformes), que desovam nas partes altas dos rios, se desenvolvem no curso do rio e, a certa altura migram para o oceano onde se desenvolvem e depois voltam "ao mesmo rio" onde nasceram para se reproduzirem. Muitas espécies de salmões têm um grande valor económico e cultural, de forma que muitos rios onde estes peixes se desenvolvem têm barragens com passagens para peixes (chamadas em inglês "fish ladders" ou "escadas para peixes"), que lhes permitem passar para montante da barragem. O exemplo mais bem estudado de catadromia é o caso da enguia europeia que migra cerca de 6 000 km até ao Mar dos Sargaços (na parte central e ocidental do Oceano Atlântico) para desovar, sofrendo grandes metamorfoses durante a viagem; as larvas, por seu lado, migram no sentido inverso, para se desenvolverem nos rios da Europa. Camuflagem e outras formas de proteção. Alguns peixes se camuflam para fugirem de certos predadores, outros para melhor apanharem as suas presas. Algumas espécies de arraia, por outro lado, se escondem na areia e podem mudar o tom da pele, para suas presas não notarem sua presença no ambiente. Anatomia dos peixes. Anatomia interna. Bexiga natatória. A bexiga natatória é um órgão que auxilia o peixe a manter-se a determinada profundidade através do controle da sua densidade relativamente à da água. É um saco de paredes flexíveis, derivado do intestino que pode expandir-se ou contrair de acordo com a pressão; tem muito poucos vasos sanguíneos, mas as paredes estão forradas com cristais de guanina, que a fazem impermeáveis aos gases. A bexiga natatória possui uma glândula que permite a introdução de gases, principalmente oxigénio, na bexiga, para aumentar o seu volume. Noutra região da bexiga, esta encontra-se em contacto com o sangue através doutra estrutura conhecida por "janela oval", através da qual o oxigénio pode voltar para a corrente sanguínea, baixando assim a pressão dentro da bexiga natatória e diminuindo o seu tamanho. Nem todos os peixes possuem este órgão: os tubarões controlam a sua posição na água apenas com a locomoção e com o controle de densidade de seus corpos, através da quantidade de óleo em seu fígado; outros peixes têm reservas de tecido adiposo para essa finalidade. A presença de bexiga natatória traz uma desvantagem para o seu portador: ela proíbe a subida rápida do animal dentro da coluna de água, sob o risco daquele órgão rebentar. A denominação bexiga natatória foi substituída por "vesícula gasosa". Anatomia externa. Para além de mostrar diferentes adaptações evolutivas dos peixes ao meio aquático, as características externas destes animais (e algumas internas, tais como o número de vértebras) são muito importantes para a sua classificação sistemática. Forma do corpo. A forma do corpo dos peixes "típicos" – basicamente fusiforme – é uma das suas melhores adaptações à locomoção dentro de água. A maioria dos peixes pelágicos (ver acima), principalmente os que formam cardumes activos, como os atuns, apresentam esta forma "típica". No entanto, há bastantes variações a esta forma típica, principalmente entre os demersais e nos peixes abissais (que vivem nas regiões mais profundas dos oceanos). Nestes últimos, o corpo pode ser globoso e apresentar excrescências que servem para atrair as suas presas. A variação mais dramática do corpo dos peixes encontra-se nos Pleuronectiformes, ordem a que pertencem os linguados e as solhas. Nestes animais, adaptados a viverem escondidos em fundos de areia, o corpo sofre metamorfoses durante o seu desenvolvimento larvar, de forma que os dois olhos ficam do mesmo lado do corpo – direito ou esquerdo, de acordo com a família. Muitos outros peixes demersais têm o corpo achatado dorsiventralmente para melhor se confundirem com o fundo. Alguns, como os góbios, que são peixes muito pequenos que vivem em estuários, têm inclusivamente as nadadeiras ventrais transformadas num botão adesivo, para evitarem ser arrastados pelas correntes de maré. Os Anguilliformes (enguias, congros e moreias) têm o corpo "anguiliforme", ou seja em forma de serpente, assim como algumas outras ordens de peixes. Nadadeiras. As "barbatanas" ou "nadadeiras" são os órgãos de locomoção dos peixes. São extensões da derme (a camada profunda da pele) suportadas por lepidotríquias, que são escamas modificadas e funcionam como os raios das rodas de bicicleta. Por essa razão, chamam-se "raios" os que são flexíveis, muitas vezes segmentados e |ramificados, ou "espinhos", quando são rígidos e podem ser ocos e possuir um canal para a emissão de veneno. Os números de espinhos e raios nas nadadeiras dos peixes são importantes caracteres para a sua classificação, havendo mesmo chaves dicotómicas para a sua identificação em que este é um dos principais factores. Tipicamente, os peixes apresentam os seguintes tipos de nadadeiras: Apenas as nadadeiras pares têm relação evolutiva com os membros dos restantes vertebrados. Algumas ou todas estas nadadeiras podem faltar ou estar unidas - já foi referida a transformação das nadadeiras peitorais dos góbios num disco adesivo – mas as uniões mais comuns são entre as nadadeiras ímpares, como a dorsal com a caudal e anal com caudal (caso de algumas espécies de linguados). As nadadeiras têm formas e cores típicas em alguns grupos de peixes. Para além da coloração do corpo, a forma e cor das nadadeiras são decisivas para os aquaristas, de tal forma que chegam a ser produzidas variedades de espécies com nadadeiras espectaculares, como o famoso "cauda-de-véu", uma variedade do "peixinho-dourado" ("Carassius auratus"). Alguns grupos de peixes, para além da nadadeira dorsal com espinhos e raios (que podem estar separadas), possuem uma "nadadeira adiposa", normalmente perto da caudal. É o caso dos salmões e dos peixes da família do bacalhau (Gadídeos). Escamas ou placas. A pele dos peixes é fundamentalmente semelhante à dos outros vertebrados, mas possui algumas características específicas dos animais aquáticos. O corpo dos peixes está normalmente coberto de muco que, por um lado diminui a resistência da água ao movimento e, por outro, os protege dos inimigos. Embora haja muitos grupos de peixes com pele nua, como as enguias, a maior parte dos peixes tem-na coberta de escamas que, ao contrário dos répteis, têm origem na própria derme. Os peixes apresentam quatro tipos básicos de escamas: Alguns grupos de peixes têm o corpo coberto de placas ou mesmo uma armadura rígida, como o peixe-cofre e os cavalos-marinhos. Esta armadura pode estar ornamentada com cristas e espinhos e apresenta fendas por onde saem as nadadeiras. Linha lateral. Um órgão sensorial específico dos peixes é a linha lateral, normalmente formada por uma fiada longitudinal de escamas perfuradas através das quais corre um canal que tem ligação com o sistema nervoso; aparentemente, este órgão tem funções relacionadas com a orientação, uma espécie de sentido do olfacto através do qual os peixes reconhecem as características das massas de água (temperatura, salinidade e outras). Sistema nervoso e órgãos dos sentidos. Peixes têm sistemas nervosos complexos e seu cérebro é dividido em diferentes partes. O mais anterior, ou frontal, contém as glândulas olfativas. Diferente da maioria dos vertebrados, o cérebro do peixe primeiro processa o senso do olfato antes de todas as ações voluntárias. Os lobos óticos processam informações dos olhos. O cerebelo coordena os movimentos do corpo enquanto a medula controla as funções dos órgãos internos. Aproximadamente todos os peixes diurnos possuem olhos bem desenvolvidos com visão colorida. Muitos peixes possuem também células especializadas conhecidas como quimioreceptores, que são responsáveis pelos sentidos de gosto e cheiro. A maioria dos peixes têm receptores sensitivos que formam o sistema linear lateral, que permite aos peixes detectar correntes e vibrações, bem como o movimento de outros peixes e presas por perto (ver acima). Em 2003, alguns cientistas escoceses da Universidade de Edimburgo descobriram que os peixes podem sentir dor. Um estudo prévio pelo professor James D. Rose da "Universidade de Wyoming" dizia que os peixes não podiam sentir dor porque eles não possuíam a parte neocortexal do cérebro, responsável por tal sensação. Peixes como os peixes-gato e tubarões possuem órgãos que detectam pequenas correntes elétricas. Outros peixes, como a enguia elétrica, podem produzir sua própria eletricidade. Dor. Um estudo sugere que os peixes sentem dor, com uma semelhança como a experimentada por mamíferos, incluindo seres humanos. Idade de um peixe. É possível saber a idade de um peixe através do exame dos seus "ouvidos". Todos os peixes, com exceção dos tubarões e das arraias, escondem nos ouvidos três pares de otólitos, que são concreções de carbonato de cálcio que servem para a audição e para manter o equilíbrio no meio líquido. O crescimento desses otólitos se faz por depósitos concêntricos sucessivos, cuja espessura e a composição química variam segundo o meio ambiente e a alimentação. Trata-se de um verdadeiro "álbum" que retrata a vida do peixe. Preservação. A destruição do habitat. A Lista Vermelha da IUCN em 2006 nomeou 1 173 espécies de peixes que estão ameaçadas de extinção. Incluem-se espécies como o Bacalhau-do-atlântico, Diabo Hole, Celacantos, e grandes Tubarões-brancos. Porque os peixes vivem debaixo d'água são mais difíceis de estudar do que os animais terrestres e plantas, e informações sobre as populações de peixes é muitas vezes inexistente. No entanto, peixes de água doce parecem particularmente ameaçados, porque eles vivem muitas vezes em corpos d'água relativamente pequenos. Por exemplo, o Buraco do Demônio tem apenas 6 metros (10 por 20 pés) para a piscina. A chave do estresse sobre os ecossistemas de água doce é a degradação do habitat, incluindo a poluição da água, a construção de barragens, a remoção de água para uso por seres humanos, e a introdução de espécies exóticas. Um exemplo de um peixe que se tornou em perigo por causa da mudança de habitat é o esturjão pálido, um peixe norte-americano de água doce que vive nos rios deteriorados pela ação humana. Pesca excessiva. A pesca excessiva é uma grande ameaça para peixes comestíveis, como o bacalhau e o atum. A pesca excessiva, eventualmente, provoca colapso da população (conhecido como estoque), pois os sobreviventes não conseguem produzir o suficiente para substituir aqueles removidos. Extinção comercial Tal não significa que a espécie está extinta, mas apenas que ele não pode mais sustentar uma pescaria. Um exemplo bem estudado de um colapso da pesca é a sardinha do "Pacífico Sadinops" pescada ao largo da costa da Califórnia. De um pico de 790 000 toneladas em 1937 a captura declinou para apenas 24 000 toneladas em 1968, após o qual a pesca já não era economicamente viável. A principal tensão entre a ciência da pesca e da indústria de pesca é que os dois grupos têm opiniões diferentes sobre a resiliência da pesca para a pesca intensiva. Em lugares como a Escócia, Terra Nova, e Alasca a indústria da pesca é um grande empregador, assim, os governos estão predispostos a apoiá-lo. Por outro lado, cientistas e conservacionistas querem uma proteção rigorosa, alertando que a pesca nos padrões atuais poderiam dizimar as espécies pescadas dentro de cinqüenta anos. As espécies exóticas. Introdução de espécies não-nativas ocorreu em muitos habitats. Um dos melhores exemplos estudados é a introdução da perca-do-nilo no Lago Vitória, na década de 1960. A perca-do-nilo gradualmente exterminou do lago cerca de 500 espécies endémicas de ciclídeos. Alguns deles sobrevivem agora em programas de reprodução em cativeiro, mas outros estão provavelmente extintos. "Carp, snakeheads, tilápia, poleiro-europeu, truta, truta-arco-íris", e "lampreias-marinhas" são outros exemplos de peixes que têm causado problemas ao serem introduzidos em ambientes considerados alienígenas. Classificação sistemática. A classificação simplificada no topo desta página é a mais próxima da utilizada por Lineu, mas esconde algumas características importantes que fazem deste grupo dos "Peixes", um agregado de espécies com diferentes aspectos evolutivos. Por essa razão, as classificações mais recentes abandonaram alguns "taxa" tradicionais: A partir deste ponto, os estudos evolutivos mostraram divergências: O taxon classe tem sido usado (e, na Wikipédia em inglês, encontramos vários exemplos) para vários clades diferentes. Por essa razão, e até os taxonomistas acordarem numa forma de classificação científica consensual, devemos abster-nos de utilizar esse taxon. Os peixes, tanto espécies existentes como fósseis, dividem-se pelos seguintes clades: Dentro dos vertebrados, consideram-se os clades e mais sete grupos fósseis. Dentro dos Gnathostomata, são aceites os seguintes clades: Dentro dos Teleostomi Dentro dos Osteichthyes Dentro desta classificação, os tradicionais taxa Agnatha (peixes sem maxilas), Ostracodermi (formas fósseis sem maxilas) e Cyclostomata (peixes sem maxilas, como as mixinas e lampréias) não devem ser utilizados, uma vez que não são monofiléticos.
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Pedro Alexandre
Pedro Alexandre Pedro Alexandre ou "Serra Negra" é um município brasileiro do estado da Bahia. Localiza-se a uma latitude 10º00'49" sul e a uma longitude 37º53'39" oeste, estando a uma altitude de 356 metros. Sua população estimada em 2010 era de 20.245 habitantes. Possui uma área de 1146,32 km². História. Do Brasil Colônia até a Emancipação (1549-1962). Tomé de Sousa, primeiro governador-geral do Brasil, sendo nomeado, no dia 1 de junho, trouxe consigo seu filho Garcia D’Ávila que chegou à Bahia em 29 de março de 1549. D'Ávila recebeu, em 15 de junho, seu primeiro pagamento - duas vacas, por 4$ -, assim começando sua longa jornada de sucesso. Trabalhou com esforço austero e inexcedível energia durante a construção de Salvador e instalou-se inicialmente em Itapagipe, depois em Itapoã, vindo a se tornar o primeiro bandeirante do Norte. Garcia d'Ávila nunca se identificou como filho de Tomé de Sousa porque a lei portuguesa proibia que capitães-mores e governadores doassem sesmarias a seus familiares. Sobre D'Ávila, o Padre Manuel da Nóbrega escreveu: "parecendo-me ainda estar Tomé de Sousa nesta terra". D'Ávila era um nome comum na família de Tomé de Sousa que por sua vez era filho de João de Sousa, abade de Rates, e descendente de Martim Afonso Chichorro e do rei Afonso III de Portugal. Tomé de Sousa doou a Garcia d'Ávila catorze léguas de terras de sesmaria que lhe haviam sido outorgadas pelo rei Dom Sebastião. Estas terras iam de Itapoã até o Rio Real e Tatuapara, pequeno porto cinquenta metros sobre o nível do mar. Foi lá que D’Ávila, após ter vencido as tribos indígenas existentes ao norte de Salvador, ergueu sua Casa da Torre em 1550. Em 1557, já era o homem mais poderoso da Bahia. No século XVI, D'Ávila recebeu do Rei João III uma sesmaria de 60 léguas quadradas, abrangendo as terras onde hoje se localiza o município de Jeremoabo. Em conflito com os missionários, que se opunham à escravidão dos índios, D'Ávila incendiou a povoação original, reconstruindo-a depois por intervenção do Papa e do governo colonial. Em 1688 foi expedida a patente de Sebastião Dias, primeiro Capitão–Mor da aldeia Muongorus de Jeremoabo. Dez anos depois, Jeremoabo foi elevada à categoria de julgado. Em 1778, o Governo Geral do Brasil criou a freguesia de São João Batista de Jeremoabo, cuja paróquia passou a ser dirigida pelo padre Januário de Souza Ferreira. Segundo documentos da época, havia na sede 32 casas construídas e uma população de 252 habitantes. Em consequência de sua grande extensão territorial, várias povoações (em geral antigas aldeias indígenas) desmembraram-se da Jeremoabo original, vindo a se constituir em outras freguesias e mais tarde em municípios. Jeremoabo tornou-se vila por decreto de 25 de Outubro de 1831, ganhando condição de cidade em 6 de Julho de 1925. A área onde hoje está erguida Pedro Alexandre teve seu povoamento iniciado no século XVIII por colonos portugueses que ali se estabeleceram, desenvolvendo a criação de gado (ainda Sesmaria). Inicialmente, a criação de gado desenvolveu-se no litoral e nas áreas de agricultura da cana. Mas, em 1701, o próprio governo português, muito interessado no desenvolvimento da agroindústria da cana-de-açúcar, pois esta lhe fornecia bons lucros, adotou uma medida para tentar resolver a situação: proibiu a criação de gado nas áreas de agricultura de cana no litoral. Assim, a expansão da criação de gado para o interior do Nordeste foi responsável pelo povoamento do mesmo, funcionando como um instrumento de colonização do interior do Brasil. Desde então, a ocupação de novas áreas começou à ocorrer e a fertilidade das terras ao lado do "Complexo da Serra Negra" atraiu novas famílias que se estabeleceram ao lado de uma fonte de água na lagoa da nascente do Rio do Peixe, formando o arraial conhecido por Lagoa da Caiçara — termo que era utilizado para denominar as estacas fincadas na água para cercar peixes. Esse arraial se tratava de um pequeno vilarejo que pertencia ainda à comarca de Jeremoabo e, por conta disso, diversos fatos do corenilismo e cangaço acontecidos na época são registrados na literatura como ocorridos em Jeremoabo. Em meados de 1872, chegou nas terras do então vilarejo jeremoabense Lagoa da Caiçara — na atual Rua Velha — o jovem Pedro Alexandre de Carvalho, nascido no dia 25 de abril de 1865 e natural do povoado de Entre Montes, no município de Piranhas. Pedro Alexandre chegou neste vilarejo com aproximadamente 7 anos de idade junto ao seu pai adotivo (conhecido como Alexandre) que possuía o intuito de desmatar algumas áreas nessas terras virgens e férteis para fazer o plantio de algodão, um produto em alta e estrategicamente introduzido para mudar o setor econômico da região. A sede existente no distrito ganhou a denominação de Serra Negra em 1927 em relação ao Complexo da Serra Negra (nome que ainda é sinônimo do município). Em 1943, com uma delimitação geográfica dos Estados de Sergipe e Bahia mais sofisticada, o distrito de Serra Negra teve seu nome substituído pelo topônimo Voturuna que corresponde a somente um lado do complexo de serras — exatamente a parte da Serra Negra que está dentro do território baiano, que possui atualmente a comunidade Serra Torre e que faz ligação com a sede da cidade. Além disso, é especificamente na região da Voturuna onde se encontra o cruzeiro da cidade, conhecido por conta das penitências religiosas que integram parte da história e cultura local dos pedro-alexandrenses. O então distrito de Voturuna recebeu o nome de Pedro Alexandre quando elevado à condição de cidade. Fundado contendo parte do território que correspondia ao distrito e alguns povoados de Jeremoabo, a cidade foi desmembrada do município de Jeremoabo pela Lei Estadual de 28 de julho de 1962. A Primeira eleição para prefeito e vereadores ocorreu em 7 de outubro de 1962 e um dos herdeiros de João Maria, Heraldo de Carvalho, foi eleito primeiro prefeito do município. Heraldo e seu primo Evaldo Carvalho tornaram-se políticos e se mantiveram na administração do município na condição de prefeitos por várias gestões. Gestores e Mandatos. Linha oligárquica de administradores conforme ligação de parentesco. Paleontologia - Registros fósseis. A descoberta de afloramentos contendo fósseis ocorre com maior frequência na época da seca, quando a população que mora próximo aos tanques (também chamados de cacimbas ou pias-de-pedra) e antigas lagoas, cavam para retirar o sedimento para poder armazenar água na época da chuva. Geralmente não são encontrados os esqueletos completos e articulados. Nos últimos anos pesquisadores tem se esforçado em realizar datações de alguns dos fósseis encontrados nessa região. Já foram realizadas dezoito datações em fragmentos de ossos e dentes, e os resultados encontrados até o momento indicam a ocorrência de uma fauna com idade entre 11 à 50 mil anos. O município possui terras que evidentemente foram habitadas por espécies primitivas que sucederam a era dos dinossauros. Há evidências regionais da presença fóssil de animais semelhantes às atuais preguiças, mas da espécie "Eremotherium laurillardi"; animais semelhantes aos atuais hipopótamos, mas da espécie "Toxodon platensis," e semelhantes aos atuais elefantes (as espécies "Cuvieronius humboldtii, Stegomastodon platensis" e "Stegomastodon waringi"). Sendo que o "S. waringi" foi o domínio primitivo que predominou habitando nas terras do município. Afloramentos descobertos em cacimbas nos municípios de Monte Alegre de Sergipe, Poço Redondo e em regiões que circundam o "Complexo da Serra Negra" testemunham um passado com ocorrência de mamíferos gigantes como preguiças e tatus gigantes, mastodontes, toxodontes, lhamas e o tigre-de-dentes-de-sabre. Muitos desses fósseis foram encontrados no interior do município de Poço redondo através da pesquisa paleontológica de bolsistas do laboratório de paleontologia da Universidade Federal de Sergipe. Fauna e Flora. Craibeiro. A árvore monumental presente no centro da cidade trata-se de um craibeiro ("Tabebuia aurea"). Esta árvore possui mais de 8 metros de altura com o tronco tortuoso de com casca grossa (típico da "T. aurea"). Uma das características que diferenciam o craibeiro do ipê amarelo (pau d'arco amarelo) são as folhas compostas com 3-7 folíolos, glabras e subcoriáceas que lembram muito folhas de mangueira. As flores do abrem em agosto-setembro e caem em um número muito grande sobre o solo. Espinheiros. As árvores distribuídas aos longo das ruas mais antigas da cidade são o espinheiro ou ingá-doce ("Pithecellobium dulce"). Esta espécie é uma árvore que pode atingir até cerca de 10 a 15 metros de altura. Seu tronco é espinhoso e suas folhas são pinadas, que, organizadas em pares enfileirados, podem medir de 2 a 4 centímetros. Suas flores de cor branco-esverdeada produzem um legume, que adquire uma cor rosada quando maduro e abre, expondo sua polpa comestível. A polpa contém sementes brilhantes, pretas, de forma circular e plana. A semente é geralmente dispersa por aves que se alimentam da polpa doce. Geografia. Geologia. A geologia do município é representada pelo complexo Marancó esoproterozóico, pelo grupo Macururé e granitóides cedo a tardi-tectônicos englobados nas suítes Peraluminosas Serra Negra e Carira, e Calcialcalina Conceição (Neoproterozóico). pelas formações Juá, Tacaratu e Santa Brígida (Paleozóico), e pelas formações superficiais (Cenozóico). Na porção centro-norte do município, predominam rochas xistos, filitos, metavulcanicas, metarritmitos, quartzitos, formações ferríferas, metarenitos, metassiltitos e anfibolitos do Complexo Marancó, associados a granitóides cedo a sin-orogênicos da suíte Peraluminosa Serra Negra (biotita, muscovita e/ou granada augenortognaisses granodioríticos / monzoníticos / quartzomonzoníticos, protomiloníticos a miloníticos), e a sedimentos das formações Tacaratu (arenitos com intercalações de conglomerados) e Santa Brígida (arenitos com lentes conglomeráticas e arenito com níveis de folhelhos, siltitos e dolomitos betuminoso). Ao sul afloram xistos, metagrauvacas, metarenitos, metassiltitos e metarritmitos do grupo Macururé, associados a corpos plutônicos sin a tardi-orogênico da suíte Calcialcalina Conceição (anfibólio-biotita tonalito / granodiorito, com epidoto magmático e fases subordinadas de diorito egabro) e a litótipos da suíte peraluminosa Carira (biotita e/ou muscovita leucogranitos / granodioritos). No extremo oeste, ocorrem faixas restritas de conglomerados e grauvacas da formação Juá. Depósitos colúvio-eluviais recentes, constituídos por sedimentos areno-argilosos, conglomeráticos, inconsolidados, são observados a sul do território. Solos dos tipos luvissolo, neossolo e planossolo solódico distrófico sustentam a vegetação nativa caracterizada por caatinga arbórea densa e aberta sem palmeiras, contato caatinga - floresta estacional e caatinga arbórea aberta com palmeira. Furna da Onça - Caverna. O Boletim do Instituto Biológico da Bahia - Volumes 1-10 publicado pela "Secretaria da Agricultura Indústria e Comércio" em 1954, cita a existência de uma Furna que trata-se de uma cavidade de grandes dimensões, geralmente natural, no interior de um rochedo ou da terra sendo conhecida como caverna, gruta ou antro. Segundo o documento, a caverna possui 4 metros de largura, 1,50 de altura e 20 metros de extensão. A localidade da caverna é a Fazenda Bela Vista: Serra Negra - Cordilheira. A Serra Negra é uma pequena cordilheira que atravessa a divisa dos estados brasileiros de Sergipe e Bahia. Essa serra engloba uma área equivalente à 5.229 ha e uma das suas montanhas principais tem um pico que atinge 762 metros de altura, sendo o ponto mais culminante do território de Sergipe e uma das maiores elevações localizadas dentro da caatinga, no nordeste brasileiro. Parte baiana (Serra da Voturuna). A área montanhosa que corresponde ao estado baiano pertence ao município de Pedro Alexandre e possui um pico que atinge a altura de 716 metros. A área baiana é genericamente conhecida pelo próprio nome da cordilheira, Serra Negra e a sua principal porção também recebe o nome histórico-espacial de Serra da Voturuna. Uma área significativa do seu topo é habitada por uma comunidade com características quilombolas, constituída por povos afrodescendentes, que adotaram o modelo de agricultura familiar na localidade. Parte sergipana (Serra da Guia). A área montanhosa que corresponde ao estado sergipano pertence ao município de Poço Redondo e possui dois picos com 680 e 762 metros que são os pontos mais culminantes do estado. A área sergipana é apresentada frequentemente em obras de cunho acadêmico como Serra da Guia e possui uma outra porção menor que é conhecida popularmente como Serra da Conceição. Encostado ao desdobramento sergipano há uma Comunidade Quilombola (oficialmente reconhecida) denominada Quilombo da Guia. Hidrografia. Em virtude da altura e o relevo acidentado, a Serra Negra forma uma barreira natural às massas de ar procedentes do oceano Atlântico que, por meio do sistema de chuvas orográficas, acaba descarregando umidade em suas vertentes. Essa propriedade possibilita que micro-climas abastecidos por maior umidade e temperaturas mais brandas sejam formados e também que parte da água que por infiltração sofre um armazenamento passageiro no solo, mantenha-se por um tempo maior nele ou percole como água subterrânea. Frente a isso, a água armazenada no solo que não for evapotranspirada termina por escoar das matas úmidas paulatinamente formando diversos mananciais hídricos na Serra Negra e ofertando água respectivamente para seis riachos notórios. Esse corpos de água formam as bacias hidrográficas do Rio Jacaré (Poço Redondo), Rio Vaza-Barris e a nascente do Rio Sergipe. O Riacho do Meio e Rio do Peixe participam da bacia hidrográfica do rio Vaza-Barris, e ambos são abastecidos com a água procedente do manancial hídrico da serra desde a sede da cidade até as proximidades das comunidades Serra Negra e Lagoa da Mata. Baseado no relevo, que é formado por inúmeras baixas, com fácil drenagem e escoamento das águas da chuva, o município apresenta 37 represas públicas de auto porte, em sua maioria de águas salobras, mas que no tempo da seca servem para o consumo animal e para pesca dos agricultores familiares. Cultura. Ritual de Penitência. O ritual de penitência é uma das manifestações de cultura imaterial de Pedro Alexandre. Durante o período de Quaresma, acontece a procissão dos penitentes, um ritual com grupos hierárquicos que representam os níveis “"Alimentadeiras de Almas"” e os “"Disciplinadores"”. A procissão segue um trajeto programado para casa dos fiéis que cumprem promessas e o cortejo é feito durante a noite. O guia de penitência carrega a cruz, também chamada de madeiro, se dirigindo às casas dos fiéis, onde, os moradores devem esperar com as portas fechadas a chamada que é feita através de um cântico. A matraca avisa as estações das 15 paradas da via sacra (uma matraca é um instrumento musical e sinalizador constituído geralmente de madeira onde existe um pedaço de ferro curvilíneo que, quando sacudido, produz som). Dentro das residências visitadas, são feitos rituais com movimentos típicos e a batida da matraca acompanhada das rezas. Geralmente, os penitentes de Pedro Alexandre evitam serem identificados para não quebrar a corrente ritualística. No ano de 2011, uma equipe do Instituto de Patrimônio Artístico e Cultural do Estado (IPAC), começou a acompanhando a tradição dos penitentes no estado da Bahia para a partir dessa visita, a manifestação cultural poder ser reconhecida como Patrimônio Imaterial da Bahia. Cultura dos Caretas. A festa dos caretas é uma tradição nas cidades nordestinas. Durante o período do carnaval, os jovens se divertem e mantém viva, ao longo das gerações, essa cultura imaterial no calendário cultural da cidade. Os caretas trajam roupas a caráter próprio como vestidos, brincos, meias, saias, colares, calça e o rosto coberto com máscaras geralmente feitas com sobras de pano ou caretas personalizadas (o ideal deste tipo de "trollagem" é que não sejam identificados)"." O grupo percorre ruas, avenidas e parte do interior do município realizando diversas peripécias, frequentemente usando chicotes, chocalhos e muito barulho para causar medo nas crianças e adultos. Uma das peripécias comuns dos caretas é arremessar ovos nas pessoas ou banha-las com água (em alguns casos particulares e não tão raros, alguns se arriscam à dar chicotadas nas pessoas). Comunidades Quilombolas. Um estudo publicado em 2020 sugere a ocorrência de pessoas como características quilombolas nas comunidades do Boqueirão e Serra Torre. De acordo com o mesmo, a comunidade Boqueirão que encontra-se dentro do território sergipano e se identifica como povo pedroalexandrense, deriva dos quilombolas que optaram por se refugiar no vale do boqueirão, um acidente geográfico que ocorre entre os dois desdobramentos da Serra Negra e a comunidade Serra Torre optou por permanescer no topo da Serra como um dos ramos que derivaram dos quilombolas do Quilombo da Guia. Em ambas localidades — principalmente o Boqueirão — é possível conferir, com a ajuda da memória dos habitantes mais antigos, a ancestralidade quilombola por parte daqueles fugitivos dos quilombos desarticulados no estado pernambucano. Porém, mais estudos são requeridos para uma exata caracterização. Acontecimentos notáveis. Acidente aéreo de 1981. Em 30 de dezembro de 1981 o avião Cessna 310, prefixo PP-CZO, pertencente à Abaete Taxi Aéreo Ltda. decolou da pista simples de pouso de Pedro Alexandre, transportando Renée Calwetti, Irineu neto, Benedito Sá e Nicolau Mufford Ribeiro que era engenheiro civil do Baneb - Banco do estado da Bahia. Os engenheiros que vistoriavam obras do Baneb no município de Pedro Alexandre e pretendiam vistoriar as obras de construção de uma agência daquele banco em Aracaju. Precisamente às 18:15 horas da quarta-feira o avião colidiu com a Serra de Itabaiana em virtude da péssima visibilidade do local, matando os quatro ocupantes do avião. O Jornal Gazeta de Sergipe (1981) cita: Uma testemunha ocular afirmou que por volta das 17 horas já parecia noite na serra de Itabaiana. As nuvens eram espessas e a visibilidade reduzia-se a zero. Quem olhava para a serra, mesmo de perto, pensava que se tratasse apenas de nuvens e não de um maciço rochoso. Ainda de acordo com algumas testemunhas, o avião baixou devido à pouca visibilidade e continuou rumar em direção à serra e, quando aproximou-se mais, ao que parece, o piloto percebeu que não eram apenas nuvens que se encontravam à frente e tentou subir de imediato, quando já era tarde e terminou colidindo com uma parte rochosa da Serra de Itabaiana às 18:15 horas da quarta-feira . De acordo com as informações do departamento de proteção ao Voo do Aeroporto Santa Maria, o piloto do avião, Renée Calwetti, havia se comunicado poucos minutos antes com o aeroporto e havia afirmado que estava tudo bem e que pousaria dentro de cinco minutos em Aracaju. Os corpos dos tripulantes foram sepultados em Salvador. Rompimento da Barragem do Quati em 2019. Em 11 de Julho de 2019, a barragem do povoado Quati que foi construída pelo Governo do Estado em 2004, durante a gestão de Petrônio Gomes, entrou em vazão por conta das chuvas fortes na região. A barragem transbordou por volta das 6h e o rompimento do paredão de terra ocorreu às 11h da manhã. A barragem foi construída em um dos afluentes do Rio do Peixe que deságua no Rio Vaza Barris. Após o rompimento, a Prefeitura de Coronel João Sá (cidade que fica a 45 km de Pedro Alexandre), emitiu um alerta para as comunidades ribeirinhas e, por volta das 15h30, a água chegou à cidade de Coronel João de Sá (o percurso do rio entre as duas cidades é de cerca de 80 km). A Prefeitura de Pedro Alexandre decretou estado de calamidade e emergência após o município ter sido tomado pela água. O documento foi publicado no Diário Oficial do município, onde, o prefeito Pedro Gomes Filho informou que a situação de emergência foi decretada considerando o volume de água que tomou a cidade, causando inundações, enxurradas, alagamentos que ocasionaram danos materiais em residências, vias públicas, pontes e equipamentos públicos diversos. Diversas plataformas e emissoras noticiaram a ocorrência, a Revista IstoÉ publicou trechos de um relato explicando a ocorrência: Coronéis e Cangaceiros. Pedro Alexandre casou-se com Guilhermina Maria da Conceição e teve 14 filhos. Entre seus filhos, vale destacar a relevância de João Maria de Carvalho ("Coronel João Maria") e de Liberato Matos de Carvalho ("Coronel Liberato") que ao lado do coronel João Gonçalves de Sá que ministrava a região de Jeremoabo ("ver cidade de" "Coronel João Sá") e do Coronel Petro, empunharam domínio e autoridade não só na região como em outras localidades além fronteiras, pois além de dominar muitas terras na Bahia e no sertão sergipano, João Maria mantinha muita influência política em ambos os lados. Esse fato de possuir quatro coronéis ministrando parte do nordeste baiano conferiu à região baiana a fama de "Terra de Coronéis". Obras na literatura relatam que muitos perseguidos chegavam em Serra Negra pedindo ajuda para sobreviver, proteção política ou por medo das perseguições das autoridades, da polícia ou de inimigos comuns. Esse contexto épico foi bem explorado no livro "O Sertão de Lampião" de 2008, onde Alcino Alves aborda que os perseguidos por Leandro Maciel não pensavam duas vezes senão correr para a proteção do coronel João Maria: Segundo informações extraídas do Seminário Carirí do Cangaço em Piranhas - Alagoas, desde os testemunhos orais aos relatos dos historiadores, firmou-se o entendimento de que Lampião sempre gostou de bandear para o sertão sergipano. A verdade é que o Capitão se sentia bem na proximidade de amigos como o Coronel João Maria de Carvalho (da Serra Negra, município baiano vizinho a Poço Redondo) e Teotônio Alves China, o China do Poço. Certamente não acoitava aos pés dos serrotes baianos por causa de Zé Rufino e seu quartel-general também na Serra Negra. Então permanecia nas terras de Poço Redondo. A história da morte do cangaceiro Antônio Ferreira faz referência da presença de lampião na Serra Negra. Trecho: O filme Aos ventos que virão do diretor Hermano Penna, baseado na história de José Francisco do Nascimento, ou ainda cangaceiro Cajazeira no bando de Lampião, um moço de Poço Redondo. A partir da grandiosidade da história, o filme propôs refletir sobre as aspirações, perseguições e injustiças envoltas na pessoa do ex-cangaceiro Zé de Julião/Cajazeira, após a chacina da Gruta de Angico e o seu futuro entrecortado por extremas situações. Em sua história real, o cangaceiro se viu por várias encurralado pela justiça. Quando a ordem de prisão foi prontamente expedida. A polícia procurava-o por todo canto, mas ele manteia-se escondido no município baiano de Serra Negra e sob a proteção do Coronel João Maria. Contudo, tempos depois foi cercado pela polícia sergipana e preso. De sua Serra Negra, João Maria enviava ordens, dava instruções, recebia missivas de governantes. Servindo como também um conselheiro, não era raro que as decisões políticas importantes somente fossem tomadas após o seu parecer ou aval. Protegeu desde Lampião ao desvalido ex-cangaceiro Cajazeira perseguido pela polícia. Em outra ocasião, Lampião buscou refúgio e proteção na Serra Negra: Após o trágico episódio de Canindé, quando o cangaceiro Zé Baiano deixou os rostos de três mocinhas marcados com ferro em brasa, Lampião foi buscar sossego numa propriedade de suas propriedades. Diante da repercussão do fato, sabia que a polícia logo estaria no seu encalço e também que não havia lugar melhor para se acoitar senão sob os auspícios do poderoso baiano. E também porque sabia que um dos comandantes da perseguição seria justamente Liberato de Carvalho, irmão de João Maria seu protetor. Segundo Costa (2008) relata em sua obra O Sertão de Lampião, os perseguidos por entidades da justiça como Leandro Maciel, não pensavam duas vezes senão correr para a proteção do coronel. Combate de Maranduba. Em princípios de janeiro de 1932, houve uma grande batalha da Fazenda Maranduba de propriedade do Coronel João Maria. Nesta batalha, Lampião e seus cangaceiros foram vitoriosos ao derrotar uma numerosa força militar, integrada por famosos combatentes contra o cangaço. Sobrando vivos somente Auréliano de Souza Nogueira e Seu Irmão Hercilio de Souza Nogueira, no combate também morreu um terceiro irmão dos Nogueiras com Apenas 16 anos de idade. Na opinião de um destacado militar, o Tenente Manoel Neto, da força pernambucana, em Maranduba “ele nunca tinha visto tanta bala como viu ali”. A intensidade do tiroteio travado entre Lampião e o seu bando e as forças militares foi de tal intensidade que um contemporâneo dos acontecimentos registrou o fato de que: Tal como em outras batalhas, Lampião preparou uma emboscada com o objetivo de liquidar, de uma só vez, todo o efetivo militar. Mais uma vez, os chefes da força policial subestimaram a competência de Lampião e acreditaram que a superioridade que detinham em homens e armas seria um fator de desequilíbrio na batalha. Alguns historiadores admitem, apenas, de que, no final das contas, houve “"perdas humanas tanto entre os cangaceiros como entre as forças volantes, porém com maior prejuízo para estas...”" para tentar "minimizar" a vitória obtida por Lampião depois de uma feroz batalha.
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Positivismo
Positivismo O positivismo é uma corrente filosófica que surgiu em França no começo do século XIX. Os principais idealizadores do positivismo foram os pensadores Auguste Comte e John Stuart Mill. Esta escola filosófica ganhou força na Europa na segunda metade do século XIX e começo do XX. É um conceito que possui distintos significados, englobando tanto perspectivas filosóficas e científicas do quanto outras do . Desde o seu início, com Auguste Comte (1798-1857) na primeira metade do , até o presente , o sentido da palavra mudou radicalmente, incorporando diferentes significados, muitos deles opostos ou contraditórios entre si. Desse modo, há correntes de outras disciplinas que se consideram "positivistas" sem guardar nenhuma relação com a obra de Comte. Exemplos paradigmáticos disso são o positivismo jurídico, do austríaco Hans Kelsen, e o positivismo lógico (ou Círculo de Viena), de Rudolf Carnap, Otto Neurath e seus associados. Para Comte, o positivismo é uma doutrina filosófica, sociológica e política. Surgiu como desenvolvimento sociológico do iluminismo, das crises social e moral do fim da Idade Média e do nascimento da sociedade industrial, processos que tiveram como grande marco a Revolução Francesa (1789-1799). Em linhas gerais, ele propõe à existência humana valores completamente humanos, afastando radicalmente a teologia e a metafísica (embora incorporando-as em uma filosofia da história). O positivismo defende a ideia de que o conhecimento científico é a única forma de conhecimento verdadeiro. De acordo com os positivistas, somente se pode afirmar que uma teoria é correta se ela foi comprovada através de métodos científicos válidos. Os positivistas não consideram os conhecimentos adquiridos por meio de crenças religiosas, superstição ou qualquer outro, do campo espiritual, intuitivo ou transcendente, que não possa ser comprovado cientificamente. Para eles, o progresso da humanidade depende exclusivamente dos avanços científicos. Assim, o positivismo desenvolvido na segunda fase da carreira de Comte, associa uma interpretação das ciências e uma classificação do conhecimento a uma ética apenas humana radical. Método do positivismo de Auguste Comte. O método geral do positivismo de Auguste Comte consiste na observação dos fenômenos, opondo-se ao racionalismo e ao idealismo, por meio da promoção do primado da experiência sensível, única capaz de produzir a partir dos dados concretos (positivos) a verdadeira ciência (na concepção positivista), sem qualquer atributo teológico ou metafísico, subordinando a imaginação à observação, tomando como base apenas o mundo físico ou material. O positivismo nega à ciência qualquer possibilidade de investigar a causa dos fenômenos naturais e sociais, considerando este tipo de pesquisa inútil e inacessível, voltando-se para a descoberta e o estudo das leis (relações constantes entre os fenômenos observáveis). Em sua obra Apelo aos conservadores (1855), Comte definiu a palavra "positivo" com sete acepções: real, útil, certo, preciso, relativo, orgânico e simpático. O positivismo defende a ideia de que o conhecimento científico é a única forma de conhecimento verdadeiro. Assim sendo, desconsideram-se todas as outras formas do conhecimento humano que não possam ser comprovadas cientificamente. Tudo aquilo que não puder ser provado pela ciência é considerado como pertencente ao domínio teológico-metafísico caracterizado por crendices e vãs superstições. Para os positivistas o progresso da humanidade depende única e exclusivamente dos avanços científicos, único meio capaz de transformar a sociedade e o planeta Terra no paraíso que as gerações anteriores colocavam no mundo além-túmulo. O positivismo é uma reação radical ao transcendentalismo idealista alemão e ao romantismo, na qual os afetos individuais e coletivos e a subjetividade são completamente ignoradas, limitando a experiência humana ao mundo sensível e ao conhecimento aos fatos observáveis. Substitui-se a Teologia e a Metafísica pelo "Culto à Ciência", o Mundo Espiritual pelo Mundo Humano, o Espírito pela Matéria. A ideia-chave do positivismo comtiano é a Lei dos três estados, de acordo com a qual o entendimento humano passou e passa por três estágios em suas concepções, isto é, na forma de conceber as suas ideias e a realidade: A religião da humanidade. Auguste Comte, por meio da obra "Sistema de Política Positiva" (1851-1854), institui a Religião da Humanidade. Após a elaboração de sua filosofia, Comte concluiu que deveria criar uma nova religião: afinal, para ele, as religiões do passado eram apenas formas provisórias da única e verdadeira religião: a religião positiva. Segundo os positivistas, as religiões não se caracterizam pelo sobrenatural, pelos "deuses", mas sim pela busca da unidade moral humana. Daí a necessidade do surgimento de uma nova religião que apresenta um novo conceito do Ser Supremo, a Religião da Humanidade. Comte foi profundamente influenciado a tal pela figura de sua amada Clotilde de Vaux. Segundo os positivistas, a Teologia e a Metafísica nunca inspiraram uma religião verdadeiramente racional, cuja instituição estaria reservada ao advento do espírito positivo. Estabelecendo a unidade espiritual por meio da ciência, a Religião da Humanidade possui como principal objetivo a "regeneração social e moral". Assim como o catolicismo está fundamentado na filosofia escolástica de Tomás de Aquino, a Religião da Humanidade está fundamentada na filosofia positivista de Auguste Comte fundamentada na ciência clássica. A Religião da Humanidade possui, como Ser Supremo, a Humanidade Personificada, tida como deusa pelos positivistas. Ela representa o conjunto de seres convergente de todas as gerações, passadas, presentes e futuras que contribuíram, que contribuem e que contribuirão para o desenvolvimento e aperfeiçoamento humano. A ciência clássica se constitui no dogma da Religião da Humanidade. Também existem templos e capelas onde são celebrados cultos elaborados à Humanidade (chamada Grão-Ser pelos positivistas). A religião positivista caracteriza-se pelo uso de símbolos, sinais, estandartes, vestes litúrgicas, dias de santos (grandes tipos humanos), sacramentos, comemorações cívicas e pelo uso de um calendário próprio, o Calendário Positivista (um calendário lunar composto por 13 meses de 28 dias). O lema da religião positivista é: "O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim". Seu regime é: "Viver às Claras" e "Viver para Outrem". Auguste Comte foi o criador da palavra "altruísmo", palavra que segundo o fundador, resume o ideal de sua Nova Religião. O positivismo no Brasil. Seria exagero atribuir aos positivistas a Proclamação da República do Brasil: é no processo de consolidação desta que se verifica a influência que exerceram destacando-se o coronel Benjamim Constant (que, depois, foi homenageado com o epíteto de "Fundador da República Brasileira"). De acordo com VALENTIM (2010): A conformação atual da bandeira do Brasil é um reflexo dessa influência na política nacional. Na bandeira lê-se a máxima política positivista Ordem e Progresso, surgida a partir da divisa comteana "O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por meta", representando as aspirações a uma sociedade justa, fraterna e progressista. Outros positivistas de importância para o Brasil foram Nísia Floresta (a primeira feminista brasileira e discípula direta de Auguste Comte), Miguel Lemos, Euclides da Cunha, Luís Pereira Barreto, o marechal Cândido Rondon, Júlio de Castilhos, Demétrio Nunes Ribeiro, Carlos Torres Gonçalves, Ivan Monteiro de Barros Lins, Roquette-Pinto, Barbosa Lima, Lindolfo Collor, David Carneiro, David Carneiro Jr., João Pernetta, Luís Hildebrando Horta Barbosa, Júlio Caetano Horta Barbosa, Alfredo de Morais Filho, Henrique Batista da Silva Oliveira, Eduardo de Sá e muitos outros. Houve no Brasil dois tipos de positivismo: um "positivismo ortodoxo", mais conhecido, ligado à Religião da Humanidade e apoiado por Pierre Laffitte, discípulo de Comte, e um "positivismo heterodoxo", que se aproximava mais dos estudos primeiros de Augusto Comte que criaram a disciplina da Sociologia e apoiado por outro discípulo de Comte, Émile Littré.
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Programação estruturada
Programação estruturada Programação Estruturada (PE) é um padrão ou paradigma de programação da engenharia de softwares, com ênfase em sequência, decisão e, iteração (sub-rotinas, laços de repetição, condicionais e, estruturas em bloco), criado no final de 1950 junto às linguagens ALGOL 58 e ALGOL 60, Este paradigma é normalmente formado por código em um único bloco e foi impulsionado pelas vantagens práticas que o paradigma oferece, e também pelo " (de 1966, também chamado de teorema de Böhm-Jacopini) e a carta aberta de Dijkstra 'Go To Statement Considered Harmful' (de 1968). De fato, muitas linguagens não possuem GOTOs para desincentivar a programação não-estruturada (nota: Donald Knuth advogou o GOTO em algumas circunstâncias. A PE foi o paradigma dominante na escrita de software até a programação orientada a objetos (POO). Enquanto a PE fia-se em estruturas de controle de alto nível (em oposição ao uso de GOTOs), concepções top-down e refinamento por passos, a POO se baseia no conceito de objetos que possuem atributos (dados) e métodos (procedimentos). Apesar de ter sido sucedida pela POO, a PE ainda é muito influente pois grande parte das pessoas ainda aprende programação através dela. Para a resolução de problemas simples e diretos, a programação estruturada é bastante eficiente (talvez mais eficiente que a POO). Além disso, por exigir formas de pensar relativamente complexas, a POO até hoje ainda não é bem compreendida ou usada pela maioria. Diversas linguagens relevantes hoje (e.g. Cobol, PHP, Perl e Go) ainda utilizam o paradigma estruturado, embora possuam suporte para a orientação ao objeto e para outros paradigmas de programação. Estrutura do paradigma. É formada por três estruturas: Elementos básicos da teoria. Estruturas de controle. Na PE, os programas são vistos como compostos das seguintes 'estruturas de controle' (ECs) function fatorial(x){ if(x > 1){ return x*fatorial(x-1); Há a utilização de 'sub-rotinas' em que as ECs são agrupadas e utilizadas através de um única instrução (são as funções, métodos, subprogramas, procedimentos). Blocos permitem que uma sequência de instruções seja tratada como uma única instrução. Refinamento por passos. Uma ideia central na PE é o refinamento por passos, em que o programa é desenvolvido de maneira top-down, por exemplo: Na prática, é usual iniciar a programação não exatamente do topo, até porque é comum que haja vários topos, mas isso depende da complexidade e modularidade do software. Desvios. Dentre os desvios mais comuns da programação estruturada, há múltiplos pontos: Conceito-chave: GOTO. Seja um programa uma sequência de instruções a serem seguidas (e.g. por um computador). Considere um ponteiro que indica a instrução a ser executada na próxima oportunidade. Um GOTO é um reposicionamento arbitrário deste ponteiro. Embora seja um comando poderoso, o uso de GOTOs é considerado, em geral, má prática, havendo quem o defenda em algumas situações. Na programação imperativa, que possui ênfase na modificação de valores em endereços de memória (i.e. instruções de atribuição), o uso de GOTOs é abundante. Em muitos contextos, pode-se assumir que 'programação estruturada' é sinônimo de programação sem GOTO (sem pulos, sem redirecionamentos arbitrários do ponteiro da sequência de instruções em execução). Estes foram os dois primeiros paradigmas dominantes na programação de computadores. A imperativa desde o início da programação até os anos 1970. A estruturada até o final década de 1990, e então deu lugar à POO. Críticas usuais à PE. Dentre as críticas à PE, constam: Veja também a POO, paradigma que foi estabelecido depois de décadas de PE. PE vs POO. Entres os paradigmas PE e POO, não existe certo e errado. A POO tende a dar melhores resultados em programas maiores com reuso de partes/sub-rotinas dos programas. Ambos os paradigmas possuem vantagens e desvantagens. A melhor prática é evitar extremismo (moldes rígidos): há casos em que é melhor priorizar a POO ou a PE, e mesmo quando uma estratégia é evidentemente melhor, o purismo tende a gerar software menos organizado ao custo de mais trabalho.
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Química
Química A química é o estudo científico das propriedades e comportamento da matéria. É uma ciência natural que abrange desde os elementos que compõem a matéria até os compostos formados por átomos, moléculas e íons: sua composição, estrutura, propriedades, comportamento e as mudanças que sofrem durante uma reação com outras substâncias. A química também aborda a natureza das ligações químicas em compostos químicos. No âmbito de sua disciplina, a química ocupa uma posição intermediária entre a física e a biologia. Às vezes é chamada de ciência central porque fornece uma base para a compreensão de disciplinas científicas básicas e aplicadas em um nível fundamental. Por exemplo, a química explica aspectos do crescimento das plantas (botânica), a formação de rochas ígneas (geologia), como o ozônio atmosférico é formado e como os poluentes ambientais são degradados (ecologia), as propriedades do solo na lua (cosmoquímica), como funcionam os medicamentos (farmacologia) e como coletar evidências de DNA na cena do crime (forense). A química é frequentemente chamada de “ciência central” devido ao seu papel na conexão das ciências físicas, que incluem a química, com as ciências da vida , ciências farmacêuticas e ciências aplicadas , como medicina e engenharia . A natureza dessa relação é um dos principais tópicos da filosofia da química e da cientimetria . A frase foi popularizada por seu uso em um livro de Theodore L. Brown e H. Eugene LeMay, intitulado "Chemistry: The Central Science"., que foi publicado pela primeira vez em 1977, com uma décima quinta edição publicada em 2021. O papel central da química pode ser visto na classificação sistemática e hierárquica das ciências por Auguste Comte . Cada disciplina fornece uma estrutura mais geral para a área que precede (matemática → astronomia → física → química → biologia → ciências sociais). Balaban e Klein propuseram mais recentemente um diagrama mostrando a ordenação parcial das ciências em que a química pode ser argumentada como “a ciência central”, uma vez que fornece um grau significativo de ramificação. Ao formar essas conexões, o campo inferior não pode ser totalmente reduzido aos mais altos. É reconhecido que os campos inferiores possuem ideias e conceitos emergentes que não existem nos campos superiores da ciência.A filosofia da química considera a metodologia e os pressupostos subjacentes à ciência da química. É explorado por filósofos, químicos e equipes de filósofos-químicos. Durante grande parte de sua história, a filosofia da ciência foi dominada pela filosofia da física , mas as questões filosóficas que surgem da química receberam atenção crescente desde a última parte do século XX. A história desta ciência representa um período de tempo desde a história antiga até o presente. Por volta de 1000 aC, as civilizações usavam tecnologias que eventualmente formariam a base dos vários ramos da química. Exemplos incluem a descoberta do fogo, extração de metais de minérios , fabricação de cerâmica e esmaltes, fermentação de cerveja e vinho , extração de produtos químicos de plantas para remédios e perfumes , transformação de gordura em sabão , fabricação de vidro e ligas como o bronze . A protociência da química, a alquimia , não conseguiu explicar a natureza da matéria e suas transformações. No entanto, realizando experimentos e registrando os resultados, os alquimistas prepararam o terreno para a química moderna. Enquanto a alquimia e a química se preocupam com a matéria e suas transformações, os químicos são vistos como aplicando o método científico ao seu trabalho. No Brasil são considerados profissionais relacionados a ciências químicas, com registro nos Conselhos Federais e Regionais de Química: engenheiros químicos, bacharéis e licenciados em química, bacharéis em química industrial ou química tecnológica, bacharéis em bioquímica. Definição. A definição de química mudou ao longo do tempo, à medida que novas descobertas e teorias foram adicionadas à funcionalidade da ciência. O termo "química", na visão do notável cientista Robert Boyle, em 1661, significava o assunto dos princípios materiais de corpos mistos. Em 1663, o químico Christopher Glaser descreveu a química como uma "arte científica", pela qual se aprende a dissolver corpos, e extrair deles as diferentes substâncias em sua composição, como uni-los novamente, e exaltá-los à “"uma perfeição superior"”. Durante séculos, a humanidade acumulou conhecimento sobre o comportamento das substâncias, baseando-se na experiência e observação. Para tanto, procurou organizar todas as informações em um só campo, mas foi somente a partir do século XIX - quando a soma de todo o conhecimento se tornou concreta e abrangente -, que foi possível estabelecer bases sólidas teóricas para a interpretação dos fatos e conceber uma verdadeira forma de conhecimento sistemático, ou seja, uma ciência própria. A definição de 1730 da palavra "química", usada por Georg Ernst Stahl , significava a arte de resolver corpos mistos, compostos ou agregados em seus princípios; e de compor tais corpos a partir desses princípios. Em 1837, Jean-Baptiste Dumas considerou a palavra "química" para se referir à ciência preocupada com as leis e efeitos das forças moleculares. Essa definição evoluiu ainda mais até que, em 1947, passou a significar a ciência das substâncias: sua estrutura, suas propriedades e as reações que as transformam em outras substâncias – uma caracterização aceita por Linus Pauling. Mais recentemente, em 1998, o professor Raymond Chang ampliou a definição de "química" para significar “"o estudo da matéria e as mudanças que ela sofre"”. Sendo assim: A química lida com as propriedades dos elementos e compostos, com as possíveis transformações de uma substância em outra, faz previsões sobre as propriedades de compostos anteriormente desconhecidos, fornece métodos para a síntese de novos compostos e métodos de medição para decifrar a composição química de amostras desconhecidas. Embora todas as substâncias sejam compostas de relativamente poucos "blocos de construção", ou seja, cerca de 80 a 100 dos 118 elementos conhecidos atualmente, as diferentes combinações e arranjos dos elementos levam a vários milhões de compostos muito diferentes, que por sua vez criam formas tão diferentes de matéria, como água, areia, plantas e tecido animal, ou plástico. O tipo de composição determina, em última análise, as propriedades químicas e físicas das substâncias, tornando a química uma ciência abrangente. Além dos conhecimentos escolares, os interessados ​​e estudantes de química podem aprofundar seus conhecimentos através da literatura química. Os avanços nas várias subáreas da química são muitas vezes o pré-requisito indispensável para novos conhecimentos noutras disciplinas, sobretudo nas áreas da biologia e da medicina, mas também na área da física e das engenharias. Além disso, muitas vezes permitem reduzir os custos de produção de muitos produtos industriais. Por exemplo, catalisadores aprimorados resultam em reações mais rápidas, economizando tempo e energia na indústria. Reações ou substâncias recém-descobertas podem substituir as antigas e, portanto, também interessar à ciência e à indústria. Etimologia. A palavra química vem de uma modificação durante o Renascimento da palavra alquimia, que se referia a um conjunto anterior de práticas que englobam elementos da química, metalurgia, filosofia, astrologia, astronomia, misticismo e medicina. A alquimia é frequentemente associada à busca de transformar chumbo ou outros metais básicos em ouro, embora os alquimistas também estivessem interessados ​​em muitas das questões da química moderna. Ao que tudo indica, a palavra "química" deriva da palavra "alquimia", que é encontrada em várias formas nas línguas européias. "A alquimia" deriva da palavra árabe "kimiya"  ( كيميا ) ou "al-kīmiyāʾ" ( الكيمياء ). O termo árabe é derivado do grego antigo χημία , "khēmia" , ou χημεία , "khēmeia", 'arte de ligar metais', de χύμα (khúma, “fluido”), de χέω (khéō, “eu despejo” ). No entanto, a origem final da palavra é incerta. Existem duas visões principais sobre a derivação da palavra grega. Segundo um, a palavra vem do grego χημεία, derramar, infusão, usada em conexão com o estudo dos sucos das plantas, e daí estendida às manipulações químicas em geral; esta derivação explica as grafias antiquadas ""chymist" e "chymistry"". A outra visão o rastreia até khem ou khame , hieróglifo khmi , que denota terra negra em oposição a areia estéril, e ocorre em Plutarco como χημεία; nesta derivação, a alquimia é explicada como significando a "arte egípcia". Diz-se que a primeira ocorrência da palavra está em um tratado de Julius Firmicus, um escritor astrológico do século IV, mas o prefixo "al" deve ser adicionado por um copista árabe posterior. Em inglês, Piers Plowman (1362) contém a frase ""experimentis of alconomye", com variantes "alkenemye" e "alknamye"". O prefixo “"al"” começou a ser descartado em meados do século XVI. O árabe al-kīmiyaʾ ou al-khīmiyaʾ ( الكيمياء ou الخيمياء ), segundo alguns, deriva da palavra grega koiné khymeia (χυμεία) que significa "a arte de ligar metais, alquimia"; nos manuscritos, esta palavra também é escrita khēmeia ( χημεία ) ou kheimeia ( χειμεία ), que é a provável base da forma árabe. De acordo com Mahn, a palavra grega χυμεία khumeia originalmente significava "fundido", "fundido", "solda", "liga", etc. (cf. Gk.( χέειν ) "derramar"; khuma ( χύμα ), "aquilo que é derramado, um lingote").  Assumindo uma origem grega, a química é definida da seguinte forma: De acordo com o egiptólogo Wallis Budge , a palavra árabe al-kīmiyaʾ na verdade significa "a (ciência) egípcia", emprestada da palavra copta para "Egito", kēme (ou seu equivalente no dialeto boárico medieval do copta, khēme). Esta palavra copta deriva do demótico kmỉ , ele próprio do antigo egípcio kmt . A antiga palavra egípcia referia-se tanto ao país quanto à cor "preto" (o Egito era a "Terra Negra", em contraste com a "Terra Vermelha", o deserto circundante); então essa etimologia também poderia explicar o apelido de "artes negras egípcias". No entanto, esta teoria pode ser um exemplo de etimologia popular.  Assumindo uma origem egípcia, a química é definida da seguinte forma: Assim, de acordo com Budge e outros, a química deriva de uma palavra egípcia “khemein” ou “khēmia”, "preparação de pólvora negra", derivada do nome khem. Um decreto do imperador romano Diocleciano, escrito por volta de 300 DC em grego, fala contra "os antigos escritos dos egípcios, que tratam da transmutação khēmia de ouro e prata". Mais tarde, o latim medieval tinha “alchimia/alchymia”, (alquimia), “alchimicus” (alquímico) e “alchimista” (alquimista). O mineralogista e humanista Georg Agricola foi o primeiro a abandonar o artigo definido árabe “al-”. Em suas obras latinas de 1530 em diante, ele escreveu exclusivamente “chymia” e “chymista” para descrever a atividade que hoje caracteriza-se como química ou alquímica. Como humanista, Agricola pretendia purificar as palavras e devolvê-las às suas raízes clássicas. Ele não tinha intenção de fazer uma distinção semântica entre “"chymia"” e “"alchymia"”. Durante o final do século XVI, a nova cunhagem de Agrícola se propagou lentamente. Parece ter sido adotado na maioria das línguas européias vernáculas após a adoção de Conrad Gessner em sua obra pseudônima extremamente popular, "Thesaurus Euonymi Philiatri De remediis secretis: Liber physicus, medicus, et partim etiam chymicus" ("Thesaurus Euonymus Philiatris Sobre remédios secretos: Um livro de um físico, um médico e, em parte, também um químico"). A obra de Gessner foi frequentemente re-publicada na segunda metade do século 16 em latim e também foi publicada em várias línguas européias vernáculas, com a palavra escrita sem o “al-”. Nos séculos 16 e 17 na Europa, as formas alchimia e chimia (e chymia ) eram sinônimas e intercambiáveis. A distinção semântica entre uma ciência racional e prática da "chimia" é uma "alchimia" oculta que surgiu apenas no início do século XVIII. História. A história da química representa um período de tempo desde a história antiga até o presente. Por volta de 1000 aC, as civilizações usavam tecnologias que eventualmente formariam a base dos vários ramos da química. Exemplos incluem a descoberta do fogo, extração de metais de minérios, fabricação de cerâmica e esmaltes, fermentação de cerveja e vinho, extração de produtos químicos de plantas para remédios e perfumes, transformação de gordura em sabão, fabricação de vidro e ligas como o bronze. Durante centenas de anos, a humanidade acumulou conhecimento empírico sobre o comportamento da matéria e tentou organizar essas informações em um corpo doutrinário. Nos Primórdios da Humanidade. Durante um longo período da trajetória humana, o poder de manipulação da matéria e meios naturais pelo homem se resumiu à mera modelação de materiais, como a pedra, o osso e a madeira, a fim de transformá-los em utensílios. Tardiamente, com a invenção das rudimentares e pioneiras técnicas de metalurgia, se fez presente uma genuína revolução em todos os aspectos das sociedades primitivas. Uma oficina de processamento de ocre de 100.000 anos foi encontrada na Caverna de Blombos, na África do Sul. Isso indica que os primeiros humanos tinham um conhecimento elementar de química. Pinturas desenhadas por humanos primitivos consistindo em humanos primitivos misturando sangue animal com outros líquidos encontrados nas paredes das cavernas também indicam um pequeno conhecimento de química. Indiscutivelmente, a primeira reação química usada de maneira controlada foi o fogo. No entanto, por milênios, o fogo foi visto simplesmente como uma força mística que poderia transformar uma substância em outra (madeira queimada ou água fervente) enquanto produzia calor e luz. O fogo afetou muitos aspectos das primeiras sociedades. Estes variam desde as facetas mais simples da vida cotidiana, como cozinhar e aquecer e iluminar o habitat, até usos mais avançados, como fazer cerâmica e tijolos e derreter metais para fazer ferramentas. Foi o fogo que levou à descoberta do vidro e à purificação dos metais; isto foi seguido pela ascensão da metalurgia. Durante os primeiros estágios da metalurgia, buscaram-se métodos de purificação de metais, e o ouro, conhecido no antigo Egito já em 2900 a. C., tornou-se um metal precioso. A química na antiguidade existia na forma de arte experimental prática (como conhecimento aplicado de habilidades e técnicas químicas), por um lado, e como um corpo filosófico-natural de pensamento e teoria com um caráter cada vez mais alquímico (alquimia do "conhecimento secreto"), por outro. Teoria e prática só foram combinadas no início dos tempos modernos, quando ambas foram colocadas na base do trabalho científico. O ofício de ferreiro, pioneiro das primeiras transformações químicas controladas pelo homem na história, adquiriu um valor predominante nestas comunidades. Este trabalho - como sugerem fartos estudos antropológicos sobre os povos primitivos - relacionava-se com aspectos da divindade e imbuia-se de conotação mágica e religiosa. Desde de tempos remotos se conhecem os metais ouro, prata, cobre, estanho e chumbo. Além, a obtenção de mercúrio a partir do mineral cinábrio , descrita por Teofrasto por volta do ano 300 A.C., teve notável importância no evolução da metalurgia, devido a sua propriedade de conceder coesão às ligas metálicas e coincide com os mais antigos registros da alquimia. Tentativas filosóficas de racionalizar por que diferentes substâncias têm propriedades diferentes (cor, densidade, cheiro), existem em diferentes estados (gasoso, líquido e sólido) e reagem de maneira diferente quando expostas a ambientes, por exemplo, água, fogo ou temperatura variadas, levaram os filósofos antigos a postular as primeiras teorias sobre a natureza e a química. A história de tais teorias filosóficas relacionadas à química provavelmente pode ser rastreada até cada civilização antiga. O aspecto comum em todas essas teorias foi a tentativa de identificar um pequeno número de elementos clássicos primários que compõem todas as várias substâncias da natureza. Substâncias como ar, água e solo/terra, formas de energia, como fogo e luz, e conceitos mais abstratos, como pensamentos, éter, e céu, eram comuns em civilizações antigas, mesmo na ausência de qualquer fertilização cruzada: por exemplo, filosofias gregas antigas, indianas, maias e chinesas, todas consideravam ar, água, terra e fogo como elementos primários. Uma hipótese química básica surgiu pela primeira vez na Grécia Clássica com a teoria dos quatro elementos , proposta definitivamente por Aristóteles , afirmando que fogo , ar, terra e água eram os elementos fundamentais dos quais tudo é formado como uma combinação. O atomismo grego remonta a 440 aC, surgindo em obras de filósofos como Demócrito e Epicuro. Em 50 aC, o filósofo romano Lucrécio expandiu a teoria em seu livro "De rerum natura" (Sobre a natureza das coisas). Ao contrário dos conceitos modernos de ciência, o atomismo grego era puramente filosófico por natureza, com pouca preocupação com observações empíricas e nenhuma preocupação com experimentos químicos. Uma forma inicial da ideia de conservação de massa é a noção de que ""nada vem do nada" na filosofia grega antiga, que pode ser encontrada em Empédocles (aproximadamente século 4 aC): "Pois é impossível que qualquer coisa venha a ser do que não é, e não se pode produzir ou ouvir que o que é deve ser totalmente destruído"”; e Epicuro (século III aC), que, descrevendo a natureza do Universo, escreveu que "a totalidade das coisas sempre foi como é agora e sempre será". A Alquimia. A alquimia foi uma atividade pré-científica que visava alcançar uma evoluída compreensão do cosmo, da matéria e do homem. Em particular, através do conhecimento da natureza da matéria, os alquimistas visavam transformá-la e transmutar metais de baixo valor em prata ou ouro puro. A prática da alquimia teve origem em tempos remotos na índia, na China e na Europa. Certas características comuns parecem apontar uma mistura mútua influência entre antigos alquimistas chineses e hindus. Em ambas as culturas, o objetivo central da alquimia não era a obtenção de ouro, mas o prolongamento da vida. Por consequência, nas civilizações orientais, a alquimia estava muito mais próxima da medicina que da química. Segundo os alquimistas, através de certas técnicas, que envolvem arte, ciência e religião, seria possível transformar uma substância em outra. Por terem desenvolvido a utilização de diversos procedimentos de laboratório, a alquimia foi uma atividade ancestral da química, a qual se deve a descoberta de inúmeras substâncias e a invenção de grande variedade de instrumentos, que mais tarde desempenharam papel de destaque no domínio da metodologia científica. Vários foram os experimentos realizados pelos alquimistas, mas a principal empreitada era a transmutação, esta se baseava na interpretação dada pela filosofia clássica grega à composição da matéria. Na época, Aristóteles acreditava que todas as substâncias eram compostas de diferentes porções de quatro elementos fundamentais: terra, ar, fogo e água. Partindo deste princípio, os alquimistas desenvolveram seu postulado fundamental: "a matéria é a única que pode sofrer transmutação mediante a variação de proporções entre seus componentes". Os alquimistas também acreditavam na existência de uma lendária substância capaz de realizar esta transmutação, denominada elixir, ou Pedra Filosofal. A essa substância também eram atribuídas outras propriedades, como o poder curativo, rejuvenescente e de imortalidade. Entretanto, os alquimistas medievais tinham mais interesse nos poderes da transmutação da matéria atribuídos à Pedra Filosofal, uma vez que se alcançassem este conhecimento poderiam acumular grande quantidade de riqueza. No mundo islâmico, os muçulmanos traduziam as obras dos antigos filósofos gregos e helenísticos para o árabe e faziam experiências com ideias científicas. As obras árabes atribuídas ao alquimista do século VIII, Jābir ibn Hayyān, introduziram uma classificação sistemática de substâncias químicas e forneceram instruções para derivar um composto inorgânico (sal amoníaco ou cloreto de amônio) de substâncias orgânicas (como plantas, sangue e cabelo) por meios químicos. Algumas obras jabirianas árabes (por exemplo, o ""Livro da Misericórdia" e o "Livro dos Setenta"") foram posteriormente traduzidas para o latim sob o nome latinizado de "Geber" e, na Europa do século XIII, um escritor anônimo, geralmente referido como pseudo-Geber, começou a produzir escritos alquímicos e metalúrgicos sob este nome. Os alquimistas árabes fizeram grandes descobertas químicas; Abu Musa Jabir Hayyan, por exemplo, descobriu o ácido nítrico. Muito além, muitas palavras usadas na química, como álcool (do árabe "al-kohul"),  Alcalino (do árabe "al-qaly"), Alquimia (do árabe "al-kīmiyā"), foram introduzidas pelos alquimistas árabes. Existia um lado fraudulento da alquimia, especialmente a fabricação de ouro falsificado a partir de substâncias baratas. Menos de um século antes, Dante Alighieri também demonstrou consciência dessa fraude, levando-o a consignar todos os alquimistas ao Inferno em seus escritos. Logo depois, em 1317, o Papa João XXII ordenou que todos os alquimistas deixassem a França por fazerem dinheiro falso. Uma lei foi aprovada na Inglaterra em 1403, tornando a "multiplicação de metais" punível com a morte. Apesar dessas e de outras medidas aparentemente extremas, a alquimia não morreu. A realeza e as classes privilegiadas ainda buscavam descobrir por si mesmas a pedra filosofal e o elixir da vida. Da Alquimia Nasce a Química. A protociência da química, a alquimia, não conseguiu explicar a natureza da matéria e suas transformações. No entanto, realizando experimentos e registrando os resultados, os alquimistas prepararam o terreno para a química moderna. Embora tanto a alquimia quanto a química se preocupem com a matéria e suas transformações, a diferença crucial foi dada pelo método científico que os químicos empregavam em seu trabalho. A química, como um corpo de conhecimento distinto da alquimia, tornou-se uma ciência estabelecida com o trabalho de Antoine Lavoisier, que desenvolveu uma lei de conservação de massa que exigia medições cuidadosas e observações quantitativas de fenômenos químicos. A química foi precedida por sua protociência, a alquimia , que operou uma abordagem não científica para entender os constituintes da matéria e suas interações. Apesar de não conseguirem explicar a natureza da matéria e suas transformações, os alquimistas prepararam o terreno para a química moderna realizando experimentos e registrando os resultados. Robert Boyle, embora cético em relação aos elementos e convencido da alquimia, desempenhou um papel fundamental na elevação da "arte sagrada" como uma disciplina independente, fundamental e filosófica em sua obra The Skeptical Chymist (1661). Entre os séculos III a.C. e o século XVI d.C., a química estava dominada pela alquimia. O objetivo de investigação mais conhecido da alquimia era a procura da pedra filosofal, um método hipotético capaz de transformar os metais em ouro, e o elixir da longa vida. Na investigação química desenvolveram-se novos produtos químicos, instrumentos e métodos para a separação de elementos químicos - dentre os quais a destilação, o banho Maria, os cadinhos e as balanças. Deste modo foram-se assentando os pilares básicos para o desenvolvimento de uma futura química experimental. Foram os aspectos pré-científicos e esotéricos da alquimia que contribuíram fortemente para a evolução da química no Egito greco-romano, na Idade de Ouro Islâmica e depois na Europa. A alquimia e a química compartilham um interesse na composição e nas propriedades da matéria e, até o século XVIII, não eram disciplinas separadas. O termo química tem sido usado para descrever a mistura de alquimia e química que existia antes dessa época. Nos séculos 16 e 17 , muitos conceitos que mais tarde se tornaram óbvios, como pressão , temperatura ou fases da matéria , não eram totalmente compreendidos, muito menos os de átomos ou moléculas . Ainda que o conceito de átomo tenha sido postulado pelo grego Demócrito, o processo de transição entre a alquimia e a química ocorreu assim de forma bastante gradual. Apesar do trabalho de numerosos estudiosos eméritos, ainda no final do século XVIII alguns conceitos completamente incorretos ainda eram considerados válidos, como por exemplo a teoria do flogisto, na qual postulava a existência de um elemento semelhante ao fogo assim chamado. A química dos séculos XVII e XVIII alcançou um estado de desenvolvimento inferior ao das demais disciplinas científicas. Durante este tempo, a fonte de referência primordial do campo foi a Obra de Isaac Newton "Opticks" ("Óptica," 1704), em cujo os apêndices finais o físico britânico postulava um conjunto de hipóteses quanto à natureza da matéria. As descobertas realizadas no fim do Século XVIII por Georg e Joseph Black (o dióxido de carbono) e Joseph Priestley (o oxigênio) representaram um prelúdio ao surgimento da primeira doutrina metodológica da química, iniciada com o francês Antoine-Laurent Lavoisier. Os esforços de Lavoisier para explicar a reação de combustão, a formulação da lei da conservação da matéria (""Na natureza nada se perde e nada se cria, tudo se transforma")," além de empreender uma nomenclatura química geral e racional assinalaram o início de uma nova etapa no desenvolvimento desta ciência. Revolução Química. A revolução química , também chamada de primeira revolução química, foi a reformulação moderna da química que culminou na lei da conservação da massa e na teoria da combustão do oxigênio . Durante os séculos XIX e XX, essa transformação foi creditada ao trabalho do químico francês Antoine Lavoisier (o " pai da química moderna "). No entanto, trabalhos recentes sobre a história do início da química moderna consideram que a revolução química consiste em mudanças graduais na teoria e prática química que surgiram ao longo de um período de dois séculos. A chamada revolução científica ocorreu durante os séculos XVI e XVII, enquanto a revolução química ocorreu durante os séculos XVII e XVIII. Em 1700 surgiu a necessidade de uma teoria que reunisse as diversas descobertas no campo dos gases. O homem que fez este trabalho foi Antoine Lavoisier, que refutou a teoria do flogisto com sua lei de conservação da massa em 1789. É considerado o pai da química moderna: entre seus méritos estão, além da já citada lei de conservação, o método de trabalho (com atenção à pureza dos reagentes, e o uso de balança de precisão), o trabalho de nomenclatura de binários compostos, a determinação correta da composição do ar , a análise da composição de gorduras, óleos e açúcares, descobrindo a presença constante de hidrogênio , oxigênio e carbono (os "tijolos" básicos de todas as substâncias orgânicas). Além disso, até então a química não tinha um estatuto académico autónomo, mas ainda fazia parte do currículo médico. O cientista irlandês Robert Boyle é tido por muitos como o iniciador da Química moderna, já que, em meados do século XVII, ele executou experimentos planejados, estabelecendo através deles generalizações. Apesar dos méritos de Boyle, muitos consideram o francês Antoine Laurent-Lavoisier, que viveu no século XVIII, o pai da química, especialmente devido ao seu trabalho sobre o conceito de conservação da massa, sendo este considerado o marco do estabelecimento da química moderna, ocasionando a chamada Revolução Química. Os estudos de Lavoisier foram referência para que fosse proposto por John Dalton, no início do século XIX, o primeiro modelo atômico. A química experimentou grande desenvolvimento teórico e metodológico durante o século XX, especialmente pelo estabelecimento da mecânica quântica, métodos espectroscópicos e metodologias de síntese orgânica, que impulsionaram o descobrimento de novos fármacos, determinação da estrutura química de moléculas, como o ácido desoxirribonucleico e sofisticação das teorias já existentes. Durante o século XVIII dedicou-se grande atenção à questão da afinidade, nome que se dava para a força que mantinha unidos os compostos químicos: acreditava-se que o grau de afinidade de um dado grupo de elementos podia ser capaz de tomar o lugar de outro num determinado composto. Em 1808, aceitava-se a ideia de que os compostos possuíam composições fixadas. Uma explicação para tal fato foi proporcionada pela primeira teoria atômica verdadeiramente química, a de John Dalton. John Dalton foi um químico inglês que desenvolveu a ideia da teoria atômica dos elementos químicos. A teoria atômica de elementos químicos de Dalton assumiu que cada elemento tinha átomos únicos associados e específicos para aquele átomo. Isso estava em oposição à definição de elementos de Lavoisier, que dizia que os elementos são substâncias que os químicos não podem decompor em partes mais simples. A ideia de Dalton também difere da ideia da teoria corpuscular da matéria, que acreditava que todos os átomos eram iguais, e tinha sido uma teoria apoiada desde o século XVII. Para ajudar a apoiar sua ideia, Dalton trabalhou na definição dos pesos relativos dos átomos em produtos químicos em seu trabalho “"Novo Sistema de Filosofia Química"”, publicado em 1808.  Afirmava ele que cada elemento tinha o seu próprio tipo de átomos, cada qual com tamanho e peso característicos. Entrava em cena ideia de peso atômico, embora Dalton não dispusesse de meios necessários para calcular os pesos atômicos ou o número de átomos presentes num composto. Contudo, supunha-se que a composição constante dos compostos fosse devida à combinação de um número constante de átomos. Seu texto mostrava cálculos para determinar os pesos atômicos relativos dos diferentes elementos de Lavoisier com base em dados experimentais pertencentes às quantidades relativas de diferentes elementos em combinações químicas. Dalton argumentou que os elementos se combinaram da forma mais simples possível. A água era conhecida por ser uma combinação de hidrogênio e oxigênio, assim Dalton acreditava que a água era um composto binário contendo um hidrogênio e um oxigênio. Dalton foi capaz de calcular com precisão a quantidade relativa de gases no ar atmosférico. Ele usou a gravidade específica de azótico (nitrogênio), oxigenado, ácido carbônico (dióxido de carbono) e gases hidrogenados, bem como vapor aquoso determinado por Lavoisier e Davy para determinar os pesos proporcionais de cada um como uma porcentagem de um volume total de ar atmosférico. As limitações impostas à generalização da teoria de Dalton por seus postulados rígidos foram em grande parte removidas pelas investigações de Joseph-Louis Gay-Lussac, segundo o qual quantidades equivalentes de elementos diferentes podem combinar-se entre si, mas não fez distinção entre átomos e moléculas. Em 1811 Amedeo Avogadro propôs para a controvérsia uma solução que obteve o reconhecimento geral depois de transcorridas várias décadas: a unidade de matéria é o átomo, mas a célula básica das reações químicas é a molécula - os agrupamento de átomos que define a natureza dos diferentes compostos -, de maneira que os mesmos átomos podem formar moléculas diferentes em função de diferentes proporções ou estruturas de combinação. Entretanto, o trabalho de Avogadro foi desprezado durante quase meio século. Entretanto, o sueco Jöns Jacob Berzelius realizava estudos analíticos de minerais e, com base na lei Dulong-Petit, preparava uma tabela de pesos atômicos, de modo geral exatos. Berzelius contribuiu também com a descrição dos fenômenos da catálise e isomeria, com a invenção do moderno sistema de símbolos químicos. Sua principal contribuição teórica foi a teoria dualista ou eletroquímica da combinação atômica, no qual buscou solucionar o velho problema da natureza da afinidade. Acreditava que todos os átomos apresentavam o velho problema da natureza da afinidade. Era consenso que todos os átomos apresentam carga elétrica, tanto positiva como negativa, mas que a positiva predomina em alguns e a negativa em outros. Os átomos de carga negativa mantidos ligados aos de carga positiva mediante forças eletrostáticas. O florescimento de maior conhecimento do elemento carbono e o nascimento da química orgânica, no decorrer do século XIX, acabaram desmentindo essa teoria dualista. Os químicos passaram então a conjecturar quanto à existência de radicais, isto é, grupos de átomos que atuariam como uma unidade nas reações químicas julgava-se que dois radicais ligados a um átomo de oxigênio (para formar um éter) pertences son ao tipo água, e que très radicais ligados a um átomo de nitrogênio (para formar uma amina) pertencem ao tipo amónia. A polémica quanto ao uso de pesos moleculares, atômicos ou de equivalentes na notação de fórmulas aumentava a confusão criada pelas tentativas de enquadrar todos os compostos orgânicos em alguns poucos tipos rígidos. A teoria tipológica pelo menos sugeria que um átomo individual só é capaz de prender um número limitado de átomos de outros elementos ou radicais. O conceito de "unidades de afinidade" transformou-se gradualmente no moderno conceito de valência, passo importante para a elucidação da natureza dos compostos orgânicos. Em 1858, August Kekulé e Archibald Scott Couper propuseram a tetravalência do carbono e sua propriedade de unir-se a outros átomos de carbono, formando longas cadeias, o que abriu caminho para o desenvolvimento da teoria estrutural dos compostos orgânicos. Nesse desenvolvimento destacou-se o químico Aleksandr Butlerov. Na década de 1870, Jacobus Henricus van't Hoff e Joseph-Achille Le Bel praticamente inauguraram o campo da estereoquímica, postulando um átomo de carbono tetraédrico. Em 1860, realizou-se em Karlsruhe, Alemanha, o primeiro congresso químico internacional, numa tentativa de solucionar a confusão dominante na teoria química, especialmente com relação aos pesos químicos. O italiano Stanislao Cannizzaro postulou a hipótese de Avogadro e demonstrou como os átomos e moléculas podiam distinguir-se entre si. A verificação dos verdadeiros pesos atómicos e moleculares possibilitou a complementação de estudos anteriores para classificação das propriedades dos elementos em termos de seus pesos atômicos. Dmitri Mendeleev e Lothar Meyer propuseram versões de tabelas periódicas, e Mendeleev previu a existència e propriedades de très elementos até então desconhecidos . A descoberta posterior desses elementos, de acordo com previsões de Mendeleev, fez com que as leis de periodicidade passassem a ser universalmente aceitas e deu aos químicos uma base sistemática para basear sua ciência. O Século XX. O desenvolvimento da química ao longo do século XX apoiou-se na confirmação experimental da teoria atômica, em estreita conexão com os avanços da física. Comprovou-se a existência de partículas subatômicas - partículas subatômicas são partículas muito menores que os átomos -, Ernest Rutherford e Niels Bohr elaboraram modelos atómicos, e Max Planck lançou os fundamentos da mecânica quântica. A explosão tecnológica e industrial do século XX, como consequência de avanços científicos acelerados, deu origem ao nascimento das grandes indústrias químicas. A química médica e farmacêutica e a química de polímeros (plásticos, fibras, derivados do petróleo etc.) experimentaram um desenvolvimento espetacular na segunda metade do século, acabando por influenciar diretamente sobre os hábitos sociais, com o lançamento no mercado de consumo de inovadores utensílios fabricados com diversos materiais. Além disso, a universalização da distribuição de medicamentos e outros produtos terapêuticos. Por fim, outros numerosos aspectos da vida cotidiana, como a alimentação, a agricultura e o tratamento de combustíveis ganharam novos enfoques paralelamente às descobertas de uma ciência em contínua evolução. Princípios Fundamentais. Desde a revolução experimentada pelas ciências químicas no princípio do século XIX, um dos principais objetivos almejados pelos especialistas foi o estabelecimento de postulados metodológicos em em grande parte inspirados nos modelos pré-existentes da física e da matemática. Os enunciados modernos da filosofia da ciência argumentam que o progresso científico resulta da confrontação entre dois pontos de vista complementares: as concepções teóricas dos fenômenos, que analisam e sintetizam os dados experimentais e conformam conjuntos de hipóteses destinados a explicar os fatos e prever as situações futuras; e as comprovações empíricas, que julgam a validez e a oportunidade de sua aplicação. São os seguintes os princípios gerais mais comumente aceitos para a abordagem teórica dos sistemas químicos:(1) Utilidade dos modelos teóricos, entendidos como conjuntos de premissas expressas de forma matemática constituem o núcleo básico de partida para a análise de um problema e seus desdobramentos. O uso de modelos, como o do gás ideal, por exemplo, que sustentou a enunciação de leis dos gases perfeitos durante os séculos XVII e XVIII, assim como os avançados sistemas configurados pelos computadores a partir de extensas enumerações de dados, se fundamentam na restrição das particularidades conhecidas do fenômeno até conseguir uma teoria completa e situações absolutamente previsíveis dentro de seus postulados. (2) Estrutura atômica, segundo a qual a matéria se compõe fundamentalmente de átomos - a partícula elementar da matéria -, internamente formados de um pequeno núcleo que consiste na aglomeração de partículas elementares positivas (prótons) e neutras (nêutrons) unidas entre si por forças de coesão nuclear, e um conjunto de elétrons ou unidades elementares de carga elétrica negativa distribuídos em distintos níveis de energia e ligados ao núcleo por atração eletromagnética. A união de átomos gera moléculas, e as reações químicas se devem ao intercâmbio de elétrons entre moléculas. (3) Equilíbrios energéticos de acordo com a mecânica quântica, especialidade científica que postula a existência de regiões do espaço do átomo, chamadas orbitais e distribuídas em níveis, nas quais se organizam seus elétrons em pares ou isoladamente. O movimento de elétrons entre os diferentes níveis de orbitais explica não só os fenômenos energéticos do átomo, expressos sob formulações quânticas de alta complexidade matemática, como também o estabelecimento de ligações químicas. (4) Validade do conceito de valência química, número inteiro com sinal positivo ou negativo que quantifica a natureza da participação dos átomos de um elemento em sua combinação com outros. Esse conceito, manejado desde a antiguidade, se manteve nas explicações atuais como a quantidade de elétrons que intervém numa reação química por cada classe de elementos participantes, e se complementa adequadamente com a teoria de orbitais atômicos. (5) Validade da lei de preservação da matéria, segundo o qual em uma reação química nada é criado ou destruído, apenas transformado - seja perdendo ou adquirindo energia - de acordo com os postulados de Lavoisier. Segundo este conceito, em uma equação química, a massa dos produtos deve ser igual a massa dos reagentes.Tradicionalmente, os princípios da Química se iniciam com o estudo das partículas elementares, átomos, moléculas, substâncias e outros agregados da matéria. Matéria é tudo aquilo que ocupa espaço e possui massa de repouso. É um termo geral para a substância da qual todos os objetos físicos consistem. Tipicamente, a matéria inclui átomos e outras partículas que possuem massa. A massa é dita por alguns como sendo a quantidade de matéria em um objeto e volume é a quantidade de espaço ocupado por um objeto, mas esta definição confunde massa com matéria, que não são a mesma coisa. Diferentes campos usam o termo de maneiras diferentes e algumas vezes incompatíveis; não há um único significado científico que seja consenso para a palavra "matéria", apesar do termo "massa" ser bem definido. A matéria pode ser encontrada principalmente nos estados sólido, líquido e gasoso, em forma isolada ou em combinação. Reações químicas e outras transformações como as mudanças de fase envolvem o rearranjo de ligações químicas e outras interações entre as moléculas. Estas transformações envolvem invariavelmente diversos conceitos importantes como energia, equilíbrio químico entre outros. Espécies químicas. Quark O quark, na física de partículas, é uma partícula elementar e um dos dois constituintes fundamentais da matéria (o outro é o lépton). Quarks se combinam para formar partículas compostas chamadas hádrons das quais as mais estáveis desse tipo são os prótons e os nêutrons, que são os principais componentes dos núcleos atômicos. Devido a um fenômeno conhecido como confinamento de cor, os quarks nunca são diretamente observados ou encontrados de forma isolada; eles podem ser encontrados apenas nos hádrons, como os bárions (categoria a que pertencem os prótons e os nêutrons), e os mésons. Por essa razão, muito do que se sabe sobre os quarks advém da observação dos hádrons. Átomo O átomo é a unidade básica de matéria que consiste de um núcleo denso central rodeado por uma nuvem de elétrons de carga negativa. O núcleo atômico contem prótons carregados positivamente e nêutrons eletricamente neutros (exceto o hidrogênio-1, que é o nuclídeo estável sem nêutrons). Os elétrons de um átomo interagem com o núcleo por força eletromagnética, e do mesmo modo, um grupo de átomos permanecem ligados uns aos outros por ligações químicas baseadas nesta mesma força, formando uma molécula. Um átomo que contém o mesmo número de prótons e elétrons é eletricamente neutro, caso contrário é carregado positivamente ou negativamente e é chamado de íon. Um átomo é classificado de acordo com o número de prótons e nêutrons no seu núcleo: o número de prótons determina o elemento químico e o número de nêutrons determina o isótopo do elemento. O modelo atualmente aceito para explicar a estrutura atômica é o modelo da mecânica quântica. Antiátomo Antiátomos constituem a antimatéria, possuindo cargas elétricas inversas às dos átomos. São compostos por antipartículas denominadas pósitrons, antiprótons e antinêutrons. Elemento Elemento químico é o termo coletivo para todos os tipos de átomos com o mesmo número atômico. Assim, todos os átomos de um elemento químico possuem necessariamente o mesmo número de prótons no núcleo. Um elemento é identificado por um símbolo, uma abreviatura que é na maioria dos casos derivada do nome em latim do elemento [por exemplo, Pb ("plumbum"), Fe ("ferrum"). Os elementos estão dispostos na tabela periódica em ordem crescente do número atômico. Um total de 118 elementos são conhecidos até esta data (2018). Composto Um composto químico é uma substância química pura composta por dois ou mais elementos químicos diferentes. Os compostos químicos têm uma estrutura química única e definida e consistem em uma razão fixa de átomos, que são mantidos juntos num arranjo espacial definido por ligações químicas. Os átomos de um composto químico podem ser unidos por ligações covalentes, ligações iônicas, ligações metálicas ou por ligações covalentes coordenadas. Os elementos químicos não são considerados compostos químicos, mesmo que consistam em moléculas que contenham múltiplos átomos de um único elemento (como H2, S8, etc.), sendo estas chamadas moléculas diatômicas ou moléculas poliatômicas. A nomenclatura de compostos químicos é uma parte crucial da linguagem química. No início da história, estes eram batizados com o nome de seu descobridor. No entanto hoje, a nomenclatura padrão é definida pela União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC). O sistema IUPAC de nomenclatura permite a distinção dos compostos por nomes específicos. Substância Uma substância química é um tipo de matéria com composição e conjunto de propriedades definidos. Estritamente falando, uma mistura de compostos, elementos e compostos ou elementos não é uma substância química, mas pode ser chamado de produto químico. A maioria das substâncias que encontramos em nossa vida diária são misturas, como por exemplo o ar e a biomassa. Molécula Uma molécula é uma entidade eletricamente neutra formada de dois ou mais átomos unidos por ligações covalentes. As moléculas são distinguidas dos íons pela ausência de carga elétrica. No entanto, em Física Quântica, Química Orgânica e Bioquímica, o termo "molécula" é usado frequentemente com menor rigor, sendo aplicado também aos íons poliatômicos. Na teoria cinética dos gases, o termo molécula é frequentemente utilizado para qualquer partícula gasosa, independentemente da sua composição. De acordo com essa definição, átomos de gases nobres são considerados moléculas, apesar do fato de que elas são compostas por um único átomo sem ligação química. Uma molécula pode ser constituída por átomos de um único elemento químico, tal como com o oxigênio gasoso (O2), ou de diferentes elementos, como acontece com a água (H2O). Átomos e complexos ligados por ligações covalentes, como pontes de hidrogênio ou ligações iônicas geralmente não são considerados moléculas individuais. Íon O é uma partícula eletricamente carregada, ou seja, é um átomo ou uma molécula que perdeu ou ganhou elétrons. Um íon é chamado cátion quando perde um ou mais elétrons, que são negativos, ficando carregado positivamente (por exemplo, o cátion sódio: Na+). Por outro lado, os ânions são os íons carregados negativamente, ou seja, ganharam eletróns (por exemplo, ânion cloreto: Cl−). Como exemplos de íons poliatômicas podem ser citados os íon hidróxido (OH−) ou o íon fosfato (PO43−). Os íons no estado gasoso são frequentemente chamados de plasma. Conceitos envolvidos na transformação da matéria. Acidez e basicidade Substâncias possuem propriedades ácidas e/ou básicas. Existem diferentes teorias que explicam o comportamento ácido-base. A mais simples é a teoria de Arrhenius, que diz que um ácido é uma substância que produz íons hidrônio, quando dissolvida em água; e uma base é uma substância que produz íons hidroxila, quando dissolvida em água. De acordo com a teoria ácido-base de Brønsted-Lowry, ácidos são substâncias que doam um cátion hidrogênio a outra substância em uma reação química; por extensão, uma base é a substância que recebe estes íons hidrogênio. A terceira teoria é teoria ácido-base de Lewis, o qual é baseado na formação de ligações químicas. A teoria de Lewis explica que um ácido é uma substância que é capaz de aceitar um par de elétrons de uma outra substância durante o processo de formação da ligação química, enquanto que a base é uma substância que cede um par de elétrons para formar uma nova ligação. Existem várias outras maneiras em que uma substância pode ser classificada como um ácido ou de uma base, como é evidente na história deste conceito. A acidez pode ser mensurada especialmente por dois métodos. Uma delas, com base na definição de Arrhenius de acidez, é o potencial hidrogeniônico (pH). O pH é definido como o logarítmo decimal do inverso da atividade de íons hidrogênio, "a"H+, em uma solução. Assim, as soluções que têm um baixo pH tem alta concentração de íons hidrônio, e pode-se dizer que são mais ácidas. Outra maneira, que tem como base a definição de Bronsted-Lowry, é a constante de dissociação de um ácido (Ka), que medem a capacidade relativa de uma substância para agir como um ácido sob a definição de Bronsted-Lowry. Isto é, as substâncias com um Ka maior são mais propensas a doar íons hidrogênio em reações químicas do que aquelas com menores valores de Ka. Fase Em ciências físicas, "fase" é uma região do espaço (um sistema termodinâmico), no qual todas as propriedades físicas são essencialmente uniformes. Exemplos de propriedades físicas incluem a densidade, índice de refração, magnetização e composição química. Uma descrição mais simples é que uma fase é uma região de um material que é quimicamente uniforme, fisicamente distinta e (frequentemente) mecanicamente separáveis. Num sistema composto por gelo e água num frasco de vidro, os cubos de gelo são uma fase, a água é uma segunda fase e o ar úmido sobre a água é uma terceira fase. A termo "fase" é usado às vezes como sinônimo de estado da matéria. Além disso, por vezes é utilizado para se referir a um conjunto de estados de equilíbrio demarcados em termos de variáveis de estado, tais como pressão e temperatura por um limite de fase em um diagrama de fases. Como os limites de fase se relacionam às alterações na organização da matéria, tais como a mudança do estado líquido para o estado sólido ou de uma alteração mais sutil de uma estrutura de cristal para o outro, este último uso é semelhante à utilização de "fase" como sinônimo de estado da matéria. No entanto, o uso dos termos "estado da matéria" e "diagrama de fase" não são compatíveis com a definição formal citada acima e o significado pretendido deve ser determinado a partir do contexto em que o termo é utilizado. Diferentes tipos de estados ou fases são considerados com o sólido, líquido e gasoso, o condensado de Bose-Einstein e o plasma, sendo que estes dois últimos são estudados em níveis avançados da física. Ligação Uma ligação química ocorre quando uma interação entre os átomos permite a formação de substâncias químicas que contêm dois ou mais átomos. A ligação é provocada por força de atração eletrostática entre as cargas opostas, quer entre elétrons e os núcleos, ou como o resultado de uma atração dipolar. A força das ligações químicas varia consideravelmente em termos energéticos; existem "ligações fortes", como as ligações covalentes ou iônicas e "ligações fracas", tais como interações dipolo-dipolo, a força dispersão de London e ligações de hidrogênio. A muitos compostos, a teoria da ligação de valência, o modelo de repulsão dos pares eletrônicos (VSEPR) e o conceito do número de oxidação são usados para explicar a estrutura molecular e formação das ligações químicas. Outras teorias de ligação, como a teoria do orbital molecular também são muito utilizadas. Reação Uma reação química é um processo que leva a transformação de uma substâncias a outra. Classicamente, as reações químicas compreendem alterações que envolvem o movimento dos elétrons na formação e quebra de ligações químicas entre os átomos. A substância (ou substâncias) inicialmente envolvida numa reação química é chamada de reagente. As reações químicas produzem um ou mais produtos, que em geral têm propriedades diferentes das dos reagentes. Reações muitas vezes consistem de uma sequência de subetapas e as descrição exata sobre o curso destas reações ilustram um mecanismo de reação. As reações químicas são descritas com equações químicas que apresentam graficamente os materiais de partida, os produtos finais e os intermediários, por vezes, as condições de reação. Reações químicas acontecem a uma taxa reacional característica a uma dada concentração e temperatura. Reações que ocorrem rapidamente são descritas como espontâneas, que não exigem o fornecimento de energia extra. As reações não espontâneas ocorrem tão lentamente que exigem a introdução de algum tipo de energia adicional (tal como o calor, luz ou de eletricidade), a fim de se completar ou atingir o equilíbrio químico. Diferentes reações químicas são combinadas durante a síntese química, de modo a obter um produto desejado. Em bioquímica, uma série de reações químicas formam as vias metabólicas. Essas reações são geralmente mediadas por enzimas. Essas enzimas catalisam muitas reações que não ocorreriam sob condições presentes no interior de uma célula. O conceito geral de reação química foi estendido para entidades menores do que os átomos, incluindo as reações nucleares, decaimentos radioativos e reações entre partículas elementares, como descrito pela teoria quântica de campos. Mol O mol é o nome da unidade de base do Sistema Internacional de Unidades (SI) para a grandeza "quantidade de matéria". É uma das sete unidades de base do Sistema Internacional de Unidades. O seu uso é comum para simplificar representações de proporções químicas e no cálculo de concentração de substâncias. O Escritório Internacional de Pesos e Medidas define: "Um mol contém exatamente 6,022 140 76 x 1023 entidades elementares". Redox Reações redox (redução-oxidação) incluem todas as reações químicas em que átomos têm o seu estado de oxidação alterado por transferência de elétrons, seja pelo ganho (redução) ou perda de elétrons (oxidação). As substâncias que possuem a capacidade de oxidar outras substâncias são chamadas de oxidantes (agentes oxidantes). Do mesmo modo, as substâncias que tem a capacidade de reduzir outras substâncias são ditas redutoras e são conhecidos como agentes redutores. Um redutor transfere elétrons a outra substância, então ele sofre oxidação. A oxidação e redução refletem a alteração no número de oxidação — a transferência efectiva de electrões nunca pode ocorrer. Assim, a oxidação é melhor definida como um aumento no número de oxidação, de redução e como uma diminuição no número de oxidação. Equilíbrio Em uma reação química, o "equilíbrio químico" é o estado em que ambos os reagentes e produtos estão presentes em concentrações e estas não tendem a se alterar com o tempo. Geralmente, este estado resulta quando a reação (produtos para reagentes) prossegue à mesma taxa que a reação inversa (produtos para reagentes). As taxas reacionais de ambas não são iguais a zero, mas sendo iguais, não existem alterações líquidas das concentrações tanto dos reagentes quanto dos produtos. Esse processo é chamado de equilíbrio dinâmico. Energia No contexto de Química, a energia é um atributo de uma substância como uma consequência da agregação de sua estrutura atômica ou molecular. Uma vez que uma transformação química gera mudanças na estrutura de uma substância, o processo é invariavelmente acompanhado por um aumento ou diminuição de energia nas substâncias envolvidas. Parte da energia é transferida entre o ambiente e os reagentes sob a forma de calor ou de luz; assim, os produtos de uma reação podem ser mais ou menos energéticos do que os reagentes. A reação é dita ser exergônica a variação da energia livre de Gibbs tem valor negativo, indicando a possibilidade de uma reação espontânea. No caso de endergônicas a situação é inversa. A reação é dito ser exotérmica se liberta calor para o ambiente e as reações exotérmicas absorvem o calor do meio. As reações químicas são invariavelmente impossível, a menos que os reagentes superem uma barreira de energia conhecida como energia de ativação. A velocidade de uma reação química (em dada temperatura "T") está relacionada com a energia de ativação "E" pelo Fator de Boltzmann, formula_1 — que expressa a possibilidade de uma molécula ter uma energia maior ou igual a "E" em dada temperatura "T". Esta dependência exponencial da taxa de reação em dada temperatura é conhecida como equação de Arrhenius. A energia de ativação necessária para que uma reação química ocorra pode ser na forma de calor, luz, eletricidade ou força mecânica sob a forma de ultra-som. O conceito de energia livre, que também incorpora considerações sobre entropia, é um meio muito útil para prever a possibilidade de ocorrência de uma reação química e determinar o estado de equilíbrio de uma reação em termodinâmica química. A reacção só é possível se a mudança total na energia livre de Gibbs negativa, formula_2, e, se for igual a zero, a reação química está em equilíbrio. Existem apenas limitados possíveis estados de energia para elétrons, átomos e moléculas. Estas são determinadas pelas regras da mecânica quântica, que exigem quantização da energia. Os átomos e moléculas em um estado energético estão em estado excitado. Moléculas e átomos que substância neste estado energético são frequentemente muito mais reativos, isto é, mais passíveis de reações químicas. A fase de uma substância é determinada pela sua energia própria e a energia do ambiente. Quando as forças intermoleculares de uma substância é tal que a energia do ambiente não é suficiente para superá-las, ocorrem então as fases mais ordenada, como líquido e sólido, como é o caso com a água (H2O), um líquido à temperatura ambiente porque as suas moléculas interagem por ligações de hidrogênio. O sulfeto de hidrogênio (H2S) é um gás a temperatura e pressão padrão porque as suas moléculas interagem por interações dipolo-dipolo, que são mais fracas. A transferência de energia a partir de uma substância química para outra depende do tamanho dos quanta de energia emitidos a partir de uma substância. No entanto, a energia térmica é frequentemente transferida mais facilmente de qualquer substância para outra porque os fônons responsáveis pelos níveis de energia vibracional e rotacional em uma substância têm muito menos energia do que os fótons invocados para a transferência de energia eletrônica. Assim, devido aos níveis de energia vibracional e rotacional serem mais próximos espacialmente mais espaçados do que os níveis eletrônicos de energia, o calor é mais facilmente transferido entre substâncias em relação à luz ou de outras formas de energia eletrônica. Por exemplo, a radiação eletromagnética ultravioleta não é transferida com o máximo de eficiência de uma substância a outra como a energia térmica ou elétrica. A existência de níveis de energia característicos para as diferentes substâncias químicas é útil para a sua identificação por meio da análise de linhas espectrais. Diferentes tipos de espectros são frequentemente utilizados em espectroscopia, por exemplo, o infravermelho e microondas. A espectroscopia também é utilizada para identificar a composição de objetos remotos — como estrelas e galáxias distantes — analisando os seus espectros de radiação. Química Inorgânica. Química Inorgânica é o campo da química que estuda a estrutura, reatividade e preparação dos compostos inorgânicos e organometálicos. Este domínio abrange todos os compostos químicos, com exceção dos compostos orgânicos, que são temas de estudo da Química Orgânica. A distinção entre as duas disciplinas está longe de ser absoluta e há muita sobreposição, especialmente na disciplina Química Organometálica. A Química Inorgânica tem aplicações em todos os aspectos da indústria química, incluindo catálise, ciência dos materiais, pigmentos, surfactantes, revestimentos, medicamentos, combustíveis e agricultura. Classificação dos compostos inorgânicos. Os compostos inorgânicos são classificados em quatro grandes grupos: os sais, os óxidos, os ácidos e as bases. Os sais são constituídos de um cátion e um ânion unidos por uma ligação iônica, como por exemplo o brometo de sódio NaBr, que é constituído de um cátion Na+ e um ânion de brometo Br−. Os sais são caracterizados por um alto ponto de fusão e são maus condutores de eletricidade no estado sólido. Outras características importantes são a solubilidade em água e a facilidade de cristalização. Alguns sais (por exemplo NaCl) são muito solúveis em água e outros (por exemplo BaSO4) não o são. Um óxido é um composto químico que contém pelo menos um átomo de oxigênio e um outro elemento químico em sua fórmula química. Óxidos de metais contêm tipicamente um ânion de oxigênio no estado de oxidação de -2. A maior parte da crosta terrestre é constituída de óxidos sólidos, resultado de elementos que são oxidados pelo oxigênio no ar ou dissolvido na água. A combustão de hidrocarbonetos produz os dois principais óxidos de carbono: monóxido de carbono e dióxido de carbono. A teoria de Brønsted-Lowry define como bases como aceitadores de íons de hidrogênio, enquanto a teoria de Lewis define bases como doadores de par de elétrons. A teoria mais antiga é a de Arrhenius, que define bases como espécies que liberam ânion hidróxido quando em solução e é estritamente aplicável aos compostos alcalinos. A definição para ácidos segue o raciocínio contrário da definição de base. A teoria de Brønsted-Lowry define como ácidos substâncias que doam íons hidrogênio, enquanto a teoria mais geral de Lewis define ácidos como aceitadores de par de elétrons. A teoria de Arrhenius define como ácidos espécies que liberam íons hidrogênio em solução aquosa. Química de Coordenação. Os compostos de coordenação tradicionais apresentam metais ligados a pares de elétrons que se encontram nos átomos dos grupos ligantes, tais como H2O, NH3, Cl− e CN−. Em compostos de coordenação modernos quase todos os compostos orgânicos e inorgânicos podem ser utilizados como ligantes. O metal é geralmente um metal dos grupos 3-13, assim como os "trans"-lantanídeos e "trans"-actinídeos. A estereoquímica dos complexos de coordenação pode ser muito rica, como sugerido por Alfred Werner após a separação de dois enantiômeros de [Co((OH)2Co(NH3)4)3]6+, uma manifestação precoce de que a quiralidade não é inerente aos compostos orgânicos. Um tema dentro deste tópico é a química supramolecular de coordenação. Exemplos de compostos de coordenação: [Co(EDTA)]−, [Co(NH3)6]3+, TiCl4(THF)2. Os principais elementos da tabela periódica estão nos grupos da 1, 2 e 13-18 (excluindo o hidrogênio), mas devido à sua reatividade, os elementos do grupo 3 (Sc, Y, La) e do grupo 12 (Zn, Cd e Hg) são também geralmente incluídos entre os principais. Principais compostos de grupo Compostos do grupo principal são conhecidos desde os primórdios da química como o enxofre elementar e o fósforo branco. Experimentos com oxigênio, O2, realizados por Lavoisier e Priestley não só identificou um gás diatômico importante, mas abriu o caminho para descrever compostos e reações de acordo com razões estequiométricas. A descoberta de uma síntese da amônia bastante prática usando catalisadores de ferro por Carl Bosch e Fritz Haber no início de 1900 impactou a humanidade profundamente, demonstrando a importância da síntese inorgânica. Típicos compostos do grupo principal são SiO2, SnCl4, e N2O. Muitos compostos do grupo principal pode também ser classificados como "organometálicos", uma vez que contêm grupos orgânicos, por exemplo, B(CH3)3). Os compostos do grupo principal também ocorrem na natureza, por exemplo, fosfato de DNA e, portanto, podem ser classificados como bioinorgânicos. Por outro lado, os compostos orgânicos que não estão ligados a hidrogênio são classificados como compostos inorgânicos, tais como os fulerenos e os óxidos de carbono. Os compostos que contêm metais do grupo 4 a 11 são considerados compostos de metais de transição. Alguns compostos de um metal do grupo 3 ou 12 são, por vezes, também incorporadas neste grupo, mas também muitas vezes classificados como compostos do grupo principal. Compostos de metais de transição mostram uma química de coordenação rica, variando de tetraedros de titânio (por exemplo, TiCl4) à geometria quadrado planar de alguns complexos de níquel e complexos de coordenação octaédrica para compostos de cobalto. Uma gama de metais de transição podem ser encontrados em compostos biologicamente importantes, tais como o ferro na hemoglobina. Exemplos de composto contendo metais de transição: pentacarbonil de ferro e cisplatina. Química Analítica. Química Analítica é um ramo da Química que visa estudar a composição química de um material ou de uma amostra, usando métodos laboratoriais. É dividida em Química Analítica Quantitativa e Química Analítica Qualitativa. A busca por métodos de análise mais rápidos, seletivos e sensíveis também é um dos objetivos essenciais da Química Analítica. Na prática, é difícil encontrar um método de análise que combinem essas três características e, em geral, qualquer uma delas pode ser suprimida em benefício de outra. Química Analítica Quantitativa. Em Química, análise quantitativa é a determinação da abundância relativa ou absoluta (muitas vezes expressa como uma concentração) de uma, várias ou todas as substâncias presentes em uma amostra. Vários métodos foram desenvolvidos para este tipo de análise, dentre elas a análise gravimétrica e a análise volumétrica. A análise gravimétrica descreve um conjunto de métodos para a determinação da quantidade de um analito com base na massa sólida. Um exemplo simples é a determinação da quantidade de sólidos em suspensão em uma amostra de água: um volume conhecido de água é filtrado e os sólidos recolhidos no filtro são então pesados. A análise gravimétrica fornece dados precisos sobre a composição de uma amostra e seu tempo de execução pode ser elevado. Já a análise volumétrica, por outro lado, é rápida e os resultados são na maioria dos casos satisfatórios: essas análises consistem basicamente em processos de titulação, também conhecido como titulometria, onde são monitorados os volumes usados nestas etapas. Um reagente, chamado o titulante é preparado como uma solução padrão. Uma concentração conhecida e volume de titulante reage com uma solução de analito ou de titulante, para determinar a concentração. Análise volumétrica pode ser simplesmente uma titulação com base numa reação de neutralização, mas também pode ser uma precipitação ou uma reação de formação de um complexo, bem como a titulação com base em uma reação redox. No entanto, cada método de análise quantitativa tem uma especificação geral, em neutralização, por exemplo, a reação que ocorre é entre um ácido e uma base, a qual produz um sal e água, daí o nome de neutralização. Nas reações de precipitação, a solução padrão é na maioria dos casos de nitrato de prata, que é usada para reagir com os íons presentes na amostra no intuito de formar um precipitado insolúvel. Métodos de precipitação são muitas vezes chamado simplesmente de argentometria. Nos dois outros métodos, a situação é a mesma. A titulação de formação de um complexo é uma reação que ocorre entre os íons de um metal e uma solução padrão que contem na maioria dos casos, o EDTA (ácido etilenodiaminotetra-acético). Em uma titulação redox, a reação é ocorre entre um agente oxidante e um agente redutor. Química Analítica Qualitativa. Enquanto a análise quantitativa se preocupa em determinar a quantidade de determinada(s) substância(s) em uma amostra, a análise qualitativa usa diversas metodologias clássicas que visam especificar a composição elementar de compostos inorgânicos. É focada principalmente em detectar íons em uma solução aquosa: então para que materiais sólidos sejam analisados, estes devem preferencialmente serem convertidos em soluções, geralmente por um processo denominado digestão. A solução é então tratada com diversos reagentes para testar a reações características de determinados íons, que podem causar mudança da cor da solução em análise, formação de precipitado ou outras mudanças visíveis. De acordo com as suas propriedades, os cátions são classificados em seis grupos. Cada grupo possui um reagente de comum que pode ser utilizado para separá-los a partir da solução. Para se obter resultados significativos, a separação segue uma sequência específica chamada marcha analítica. Outra importante técnica usada para identificar cátions metálicos é o teste da chama: esse procedimento se baseia no espectro de emissão característico para cada elemento, quando em contato com chama. O teste envolve a introdução da amostra em chama e a observação da cor resultante. As amostras geralmente são manuseadas com um fio de platina previamente limpo com ácido clorídrico para retirar resíduos de analitos anteriores. O teste de chama é baseado no fato de que quando uma certa quantidade de energia é fornecida a um determinado elemento químico (no caso da chama, energia em forma de calor), alguns elétrons da última camada de valência absorvem esta energia passando para um nível de energia mais elevado, produzindo o que chamamos de estado excitado. Quando um desses elétrons excitados retorna ao estado fundamental, ele libera a energia recebida anteriormente em forma de radiação. Cada elemento libera a radiação em um comprimento de onda característico, pois a quantidade de energia necessária para excitar um elétron é única para cada elemento. A radiação liberada por alguns elementos possui comprimento de onda na faixa do espectro visível, ou seja, o olho humano é capaz de enxergá-los através de cores. Assim, é possível identificar a presença de certos elementos devido à cor característica que eles emitem quando aquecidos numa chama. Físico-Química. Físico-Química é o estudo das propriedades físicas e químicas da matéria, incluindo fenômenos macroscópicos, atômicos e subatômicos, sob a ótica das leis e conceitos da física. A Físico-Química aplica os princípios, práticas e conceitos da física como movimento, energia, força, tempo, termodinâmica, mecânica quântica, mecânica estatística e dinâmica para explicar fenômenos químicos. Disciplinas da Físico-Química. A Físico-Química pode ser subdividida em diversas disciplinas. Dentre estas, podem ser citadas a Química Quântica (estuda e estrutura da matéria em escala atômico-molecular e a interação da luz eletromagnética com a matéria), a Termodinâmica Química (estuda em escala macroscópica o ganho e perda de energia em transformações da matéria, bem como a relação com espontaneidade de processos e equilíbrio de sistemas), a Cinética Química (estuda a velocidade de processos, físicos ou químicos), e a Mecânica Estatística (estuda a relação entre quantização de energia e propriedades macroscópicas de sistemas e processos através de distribuição estatística). Subdisciplinas como Eletroquímica, Química de Superfícies, Termoquímica, e Química de Sistemas Coloidais podem ser enquadradas dentro da Termodinâmica, enquanto a Espectroscopia dentro da Química Quântica. A Química Quântica é um ramo da Físico-Química cujo foco principal é a aplicação dos conceitos da mecânica quântica a modelos físicos e experimentais de sistemas químicos. Uma das ferramentas mais usadas nestes estudos é a espectroscopia, por meio do qual a informação sobre a quantização de energia em escala molecular pode ser obtida. Os métodos espectroscópicos mais comuns são a espectroscopia de infravermelho (IV) e de ressonância magnética nuclear (RMN). Os estudos em Química Quântica são bastante teóricos e os trabalhos possuem grande interface com a Química Computacional, visando a calcular as previsões da teoria quântica às espécies poliatômicas. Esses cálculos são realizados em computadores. Com estes meios, os químicos quânticos investigam aspectos envolvidos em reações química como o estado fundamental e excitado de átomos em moléculas e o estado de transição que ocorre durante as reações químicas. Os objetivos principais de Química Quântica incluem o aumento da exatidão dos resultados para pequenos sistemas moleculares e o processamento de moléculas de maiores dimensões, o qual é limitado por um motivo: o tempo de cálculo aumenta quanto maior for o número de átomos de uma molécula. Outro conjunto de questões importantes giram em torno da espontaneidade das reações químicas e e quais as propriedades de uma mistura de compostos químicos. Esses aspectos são estudados pela Termodinâmica Química, que prevê a possibilidade de uma reação prosseguir, a quantidade de energia que pode ser convertida em trabalho e o estudo de propriedades tais como o coeficiente de dilatação térmica, a variação de taxa de entropia de um gás ou de um líquido. A Termodinâmica clássica está mais preocupada com os sistemas em equilíbrio e as mudanças reversíveis. A ideia fundamental da Cinética Química é a existência de um estado de transição de energia elevada quando reagentes são convertidos em produtos, ou seja uma barreira energética. De um modo geral, quanto maior for esta barreira energética, mais lenta será a reação. A segunda ideia fundamental é de que a maioria das reações químicas ocorrem como uma sequência de reações elementares, cada uma com seu próprio estado transição. As questões principais da cinética química incluem como a velocidade de uma reação depende da temperatura e das concentrações dos reagentes e de catalisadores na mistura reacional, bem como a forma como os catalisadores e condições de reação podem ser manipuladas para otimizar a taxa de reação. A medida de quão rápida uma reação pode ocorrer pode ser especificada com apenas poucas amostragens da concentrações e pelo monitoramento da temperatura, ao invés de medir todas as posições e velocidades de cada molécula em uma mistura. Esse é um caso especial de um outro conceito fundamental em Físico-Química: a Mecânica Estatística. A Mecânica Estatística estuda o comportamento de sistemas com elevado número de entidades constituintes a partir do comportamento destas entidades. Os constituintes podem ser átomos, moléculas, íons, entre outros. A Eletroquímica é um ramo da Termodinâmica Química que estuda reações químicas que ocorrem em uma solução envolvendo um eletrodo (um metal ou um semicondutor) e um condutor iônico (em geral uma solução eletrolítica), envolvendo trocas de elétrons entre o eletrodo e o eletrólito. Esse campo científico abrange todos os processos químicos que envolvam transferência de elétrons entre substâncias, logo, a transformação de energia química em energia elétrica. Quando tal processo ocorre, produzindo transferência de elétrons, produzindo espontaneamente corrente elétrica quando ligado a um circuito elétrico, ou produzindo diferença de potencial entre dois pólos, é chamado de pilha ou bateria (que muitas vezes é formada de diversas células). Quando tal processo é proporcionado, induzido, pela ação de uma corrente elétrica de uma fonte externa, este processo é denominado de eletrólise. Química Orgânica. A Química Orgânica é uma especialidade dentro da química que envolve o estudo científico da estrutura, propriedades, composição, reações e preparação (por síntese ou por outros meios) de compostos contendo carbono e seus derivados. Estes compostos podem conter átomos outros elementos, incluindo o hidrogênio, nitrogênio, oxigênio, além de halogênios, fósforo, silício e enxofre. Compostos orgânicos formam a base de toda a vida terrena e são estruturalmente bastante diversificados. A gama de aplicação de compostos orgânicos é enorme, sendo os principais componentes de muitos produtos, como plásticos, medicamentos, produtos petroquímicos, alimentos, materiais explosivos e tintas. Cromatografia e identificação estrutural. Os compostos orgânicos naturais ou mesmo produtos sintéticos estão muitas vezes em misturas e uma variedade de técnicas foram desenvolvidas para avaliar a pureza e separar uma substância da outra. As técnicas mais modernas para separação e análise de amostras orgânicas são a cromatografia líquida de alta eficiência e cromatografia gasosa. Os métodos tradicionais de separação incluem a cristalização, destilação, extração com solvente e por cromatografia em coluna. A espectroscopia de ressonância magnética nuclear (RMN) é a técnica mais habitualmente utilizada para a determinação da estrutura de compostos orgânicos e permite a atribuição completa da conectividade dos átomos e mesmo a estereoquímica. Outros métodos bastante usados para a análise de compostos orgânico são a espectrometria de massa e a cristalografia. Técnicas como a análise elementar,a espectroscopia de infravermelho, rotação óptica e a espectroscopia UV/visível fornecem dados complementares, não sendo usadas isoladamente para determinação estrutural. Propriedades físicas. As propriedades físicas dos compostos orgânicos incluem tanto aspectos quantitativos quanto qualitativos. Informação quantitativas incluem o ponto de fusão, ponto de ebulição e índice de refração. As propriedades qualitativas incluem odor, solubilidade, consistência e cor. Os compostos orgânicos, quando comparados aos inorgânicos, possuem baixo ponto de fusão e ebulição, sendo estes valores correlacionados diretamente à polaridade das moléculas e ao seu peso molecular. Alguns compostos orgânicos, especialmente os simétricos, sublimam, isto é eles evaporam sem passar pelo estágio de fusão. Um exemplo bem conhecido de um composto orgânico sublimável é para-diclorobenzeno. Compostos orgânicos não são geralmente muito estáveis a temperaturas acima de 300 °C, apesar de algumas exceções existirem. Os compostos orgânicos tendem a ser hidrofóbicos, isso é, elas são menos solúveis em água do que em solventes orgânicos. As exceções incluem compostos orgânicos que contêm grupos ionizáveis, bem como álcoois de baixo peso molecular, aminas e ácidos carboxílicos em que ocorrem a ligação de hidrogênio. Nomenclatura e estrutura. A nomenclatura destes compostos seguem a sistemática estipulada pelas especificações da IUPAC. Para utilizar a nomenclatura sistemática, deve-se reconhecer a estrutura principal e os substituintes. Nomes não sistemáticos são comuns para moléculas complexas, especialmente para produtos naturais. Assim, a dietilamida do ácido lisérgico ou LSD, desta modo informalmente chamado, é sistematicamente denominado (6a"R",9"R")-"N","N"-dietil-7-metil-4,6,6a,7,8,9-hexahidroindolo-[4,3-"fg"]-quinolina-9-carboxamida. As moléculas orgânicas são descritas por fórmulas estruturais, combinações de desenhos e símbolos químicos. A fórmula de linha é bastante utilizada para representar as molecular orgânicas por ser simples e não ambígua. Neste sistema, os pontos de extremidade e os cruzamentos de cada linha representa um átomo de carbono e os átomos de hidrogênio podem ser notados ou explicitamente assumida para estar presente como implícito no carbono tetravalente. O conceito de grupos funcionais é central na química orgânica, tanto como um meio para classificar estruturas e como para a previsão de suas propriedades físico-químicas. Um grupo funcional é um módulo molecular, e a reatividade de um determinado grupo funcional, dentro de certos limites, é semelhante em diferentes moléculas. As moléculas são classificadas com base em seus grupos funcionais. Álcoois, por exemplo, possuem sempre a subunidade C-OH. Os hidrocarbonetos alifáticos são subdivididos em três grupos de séries homólogas de acordo com seu estado de saturação: parafinas ou alcanos, não possuem quaisquer ligações duplas ou triplas; olefinas ou alcenos, contêm uma ou mais ligações duplas e os alcinos têm uma ou mais ligações triplas. As outras moléculas são classificadas de acordo com os grupos funcionais presentes: álcool, ácido carboxílico, éter, éster, aminas, amida entre outros. Compostos saturados e insaturados existem também como estruturas cíclicas. Os anéis mais estáveis contêm cinco ou seis átomos de carbono. Outra importante classe de compostos orgânicos são os aromáticos: o benzeno é a substância mais conhecida, simples e estável. Estes hidrocarbonetos aromáticos contém diversas ligações duplas conjugadas e que obedecem ao modelo postulado por Kekulé. Outra importante propriedade do carbono é que formam cadeias, ou redes, que são ligados por ligações carbono-carbono. Esse processo de ligação é chamado de polimerização, ao passo que as cadeias ou redes, são chamadas polímeros. O composto de origem é chamado um monómero. Dois grupos principais de polímeros existem: polímeros sintéticos e biopolímeros. Os polímeros sintéticos são artificialmente produzido e são comumente referidos como polímeros industriais. Reações em Química Orgânica. Reações orgânicas são reações químicas envolvendo compostos orgânicos. A teoria geral dessas reações envolve conceitos de afinidade eletrônica do átomo-chave, impedimento estérico, ácido-base e intermediários reativos. Os tipos de reação básicos são: reações de adição, reações de eliminação, reações de substituição, reações pericíclicas, reações de rearranjo e reações redox. Cada reação possui um mecanismo de reação passo a passo que explica como acontece a sequência reacional, embora a descrição detalhada de alguns passos nem sempre é clara a partir de uma lista de reagentes isolados. O curso passo a passo de qualquer mecanismo de reação pode ser representado usando setas curvas, que indicam a movimentação de elétrons entre os reagentes, intermediários e produtos finais. A Química Orgânica aplicada é chamada de Química Orgânica sintética. A síntese de um novo composto é normalmente uma tarefa de resolução de problemas. Os compostos são sintetizados seguindo uma rota sintética, onde a molécula ganha forma depois de várias etapas de conexão de moléculas menores. A prática de criar novas vias sintéticas para moléculas complexas é chamada de síntese total. Devido a complexidade e a utilização de reagente muitas vezes caros, é necessário um adequado planeamento de cada etapa reacional, sempre visando o máximo rendimento possível. Bioquímica. Bioquímica é a ciência que estuda os processos químicos que ocorrem nos organismos vivos. De maneira geral, ela consiste do estudo da estrutura e função metabólica de componentes celulares e virais, como proteínas, enzimas, carboidratos, lipídios, ácidos nucléicos entre outros. Bioquímica Estrutural. A Bioquímica estrutural, como o nome diz, estuda os aspectos estruturais das biomoléculas. A figura ilustra o pareamento entre as bases guanina (G) e citosina (C), e entre timina (T) e adenina (A), em uma molécula de ácido desoxirribonucleico (DNA), por ligações de hidrogênio. Esse ramo da Bioquímica preocupa-se em estudar os aspectos estruturais das biomoléculas. As quatro principais classes de biomoléculas são os carboidratos, os lípidos, as proteínas e os ácidos nucleicos. Muitas moléculas biológicas são polímeros: neste terminologia, os monômeros são micromoléculas relativamente pequenas que estão ligadas em conjunto para gerar estas grandes macromoléculas. Diferentes macromoléculas podem reunir-se em complexos maiores, muitas vezes necessários para a atividade biológica. Os carboidratos, por exemplo, são constituídos de diversos monômeros chamados monossacarídeos. Alguns destes monossacáridos incluem a glicose (C6H12O6), a frutose (C6H12O6) e a desoxirribose (C5H10O4). Os lipídeos são biossintetizados a partir de uma molécula de glicerol combinado com outras moléculas. Os triglicerídeos, a principal classe de lipídeos, são constituídos por uma molécula de glicerol e três moléculas de ácidos graxos. Os ácidos graxos, também considerados monômeros, podem ser saturados ou insaturados. As proteínas são biomoléculas muito grandes — macro-biopolímeros — sintetizadas a partir de monômeros chamados aminoácidos. Existem 20 aminoácidos essenciais, cada um contendo um grupo carboxilo, um grupo amino e uma cadeia lateral, chamada de grupo "R". O grupo "R" varia entre os aminoácidos, o que faz com que cada um destes aminoácido seja diferente um do outro. Estas diferenças e as propriedades destas cadeias laterais influenciam imensamente a conformação tridimensional de uma proteína. Quando os aminoácidos se combinam, formam uma ligação especial chamada ligação peptídica. Estas são reações de desidratação e os produtos podem ser um peptídeo ou uma proteína. Por fim, os ácidos nucleicos são as biomoléculas envolvidas no armazenamento, transferência e tradução da informação genética: o DNA e os RNAs. Estes ácidos nucleicos possuem elevada massa molecular, e contêm em sua estrutura molecular ácido fosfórico, pentoses (monossacarídeo) e bases purínicas e pirimidínicas. São portanto macromoléculas formadas por nucleotídeos. Os nucleotideos são a adenina, citosina, guanina, timina e uracila, sendo que timina é presente somente no DNA e a uracila somente no RNA. A adenina liga-se com a timina e a uracila; a guanina e citosina pode ligar apenas uma com a outra. Bioquímica Metabólica. A Bioquímica Metabólica estuda os processos de anabolismo e catabolismo de biomoléculas, as vias metabólicas e os processos energéticos envolvidos nestas reações químicas. Os carboidratos têm como uma de suas funções o armazenamento de energia. A glicose, dentre as biomoléculas, possui papel central como fonte de energia para a maioria das formas de vida. Os polissacarídeos de reserva são decompostos em seus monómeros: em animais, o glicogênio é degradado enzimaticamente em resíduos de glicose). A glicose é metabolizada principalmente por uma via muito importante de 10 etapas chamada glicólise ou via glicolítica. O resultado líquido desta sequencia de reações para quebrar uma molécula de glicose em duas moléculas de piruvato, é a produção de duas moléculas de ATP (adenosina trifosfato), a fonte de energia das células, juntamente com dois equivalentes reduzidos sob a forma de NADH. Energia também pode ser obtida por meio de processos anaeróbicos, quando as células não contam com a presença de oxigênio suficiente. Estes processos são denominados fermentação. Outras vias importantes são as de biossíntese e degradação de lipídeos. A síntese de ácidos graxos envolve moléculas de acetil-CoA e subsequentemente a esterificação para a produção de triglicerídeos, em um processo chamado de lipogênese. Os ácidos graxos são sintetizados pela ação da enzima ácido graxo sintase, que polimerizam e reduzem as unidades acetil-CoA. As cadeias acílicas são estendidos por um ciclo de reações que adicionam o grupo acetila, reduzem-na a um álcool e desidratam-lo a um grupo alceno e depois reduzi-la novamente a um grupo alcano. Os ácidos graxos podem ser subsequentemente convertidos em triglicerídeos, que serão armazenados no fígado e no tecido adiposo. Já a degradação de lipídeos é realizada pelo processo de betaoxidação e ocorre nas mitocôndrias e/ou em peroxissomos para gerar acetil-CoA. Para a maior parte, os ácidos graxos são oxidados por um mecanismo que é similar, mas não idêntico, a reação inversa de síntese de ácidos graxos. Ou seja, dois fragmentos de carbono são removidos sequencialmente da extremidade do ácido, após as etapas de desidrogenação, hidratação e oxidação, para formar um cetoácido, que será então fragmentado em uma reação de tiólise. A acetil-CoA é então convertido em ATP, em última análise, CO2, H2O, utilizando o ciclo do ácido cítrico e a cadeia transportadora de elétrons. É interessante notar que por este fato, o Ciclo de Krebs pode começar em acetil-CoA, quando a gordura está sendo usado como fonte de energia quando há pouca ou nenhuma disponível. O rendimento energético da oxidação completa de uma molécula de ácido palmítico, por exemplo, é de 106 moléculas de ATP. Ácidos graxos insaturados e com número ímpar de átomos de carbono requerem passos adicionais para a degradação enzimática. Sonoquímica. Sonoquímica é o ramo da química que estuda o uso de ondas sonoras de alta frequência (ultrassons) para a promoção de reações químicas. A cavitação acústica gerada por métodos sonoquímicos possibilita a produção de compostos como TiO2 (dióxido de titânio), H2O2 (peróxido de hidrogênio), radicais livres e outros. Química e sociedade. A aplicação da Química aos processos industriais e o desenvolvimento de novos produtos trouxe, sem dúvida, inestimáveis benefícios a toda a humanidade. O descobrimento de medicamentos — como exemplo a penicilina e o taxol — provenientes de fontes naturais e a possibilidade de obter substâncias sintéticas em laboratório — como a dipirona e o omeprazol — proporcionou alívio e a cura de diversas doenças. Consequentemente, a expectativa de vida população aumentou. Além de medicamentos, a pesquisa na área química gerou o desenvolvimento de novos combustíveis, materiais como o polietileno e o náilon, produtos cosméticos e de higiene pessoal, alimentos, petroquímicos, tintas e vernizes entre outros Acompanhando o desenvolvimento dos processos químicos industriais, problemas gerados pelo descarte inadequando de substâncias e produtos químicos acarretaram novos problemas, como a poluição ambiental. Diante dessas consequências indesejáveis, coube aos profissionais químicos não somente o desenvolvimento novos produtos e processos químicos eficientes, mas planejar que estes não fossem poluentes, evitando os danos causados por algumas substâncias químicas. Propostas e ações de remediação ambiental, visando a correção de áreas afetadas bem como o aproveitamento racional dos recursos naturais são preocupações inerentes a estes profissionais. A profissão de químico é regulamentada e a ele são atribuídos o magistério, a atuação em ambientes industriais e de pesquisa. A gama de atividades ainda envolvem o projeto, planejamento e controle de produção; desenvolvimento de produtos; operações e controle de processos químicos; saneamento básico; química forense; tratamento de resíduos industriais; segurança; gestão de meio ambiente e, em alguns casos específicos, vendas, assistência técnica, planejamento industrial e direção de empresas. O primeiro laboratório para ensino de Química em Portugal foi o Laboratório Chimico instalado na Universidade de Coimbra. Foi edificado em 1772 a mando do Marquês de Pombal e hoje abriga o Museu da Ciência da Universidade de Coimbra. No Brasil, a Química se tornou uma disciplina em uma série de instituições após a chegada da corte portuguesa ao país em 1808. A primeira dessas disciplinas foi ministradas em cursos existentes na Real Academia Militar, fundada em 1810 no Rio de Janeiro pelo príncipe regente João VI de Portugal. Devido à falta de pessoal local para o cargo de professor de Química, o químico britânico Daniel Gardner foi contratado para exercer essa função. Ele ocupou a cadeira até a sua aposentadoria, em 1825. Os cursos de Química são generalistas — privilegiando a Química Orgânica, Química Inorgânica, Química Analítica, Físico-Química e Bioquímica -, com aulas teóricas e experimentais. A primeira metade do curso contempla também disciplinas como Cálculo Diferencial e Integral e Física, fundamentais para aprofundamento em determinados assuntos. Muitos faculdades permitem a escolha de opções no decorrer da graduação: formação de professores de Química (com disciplinas pedagógicas e estágio em estabelecimentos de ensino); Química Básica (para os alunos que possuem interesse em pesquisa básica e/ou desejam seguir os estudos na pós-graduação e a Química Industrial (o aluno cursa um rol de disciplinas que permitem uma visão sobre operações industriais, além do estágio em indústrias). Outras faculdades oferecem a habilitação já na matrícula, como Química Industrial, Tecnológica, Ambiental, de Alimentos, Petróleo ou Têxtil. Dentre as importantes sociedades científicas nas comunidades lusófonas, podem ser citadas a Sociedade Brasileira de Química e a Sociedade Portuguesa de Química. Essas instituições são destinadas a cuidar de assuntos de mérito da Química, em seus aspectos científicos, epistemológicos, metodológicos e pragmáticos. Essas sociedades são abertas a participação de profissionais em Química e áreas afins e atuam no desenvolvimento e consolidação da comunidade, na divulgação da Química e de suas relações, aplicações e consequências para o desenvolvimento do país e para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. Diversas competições científicas, nacionais e internacionais, foram criadas para estimular o interesse pela química no meio estudantil. Desde 1986, o Brasil promove a Olimpíada Brasileira de Química. A primeira Olimpíada Iberoamericana de Química foi realizada no ano de 1995, em Mendoza (Argentina). Em 1968, a cidade de Praga, na então República Tcheca, sediou a primeira Olimpíada Internacional de Química. O ano de 2011 foi considerado o Ano Internacional da Química, em resultado da reunião da Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU), que decorreu em 31 de julho a 6 de agosto de 2009, em Glasgow, na Escócia. A agenda de comemorações foi organizada pela União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC) e pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). O objetivo do Ano Internacional da Química foi celebrar as contribuições da química para o bem-estar da humanidade, com ênfase à importância da química para os recursos naturais sustentáveis. Em 2011 também foi comemorado o centenário da primeira vez que o Prêmio Nobel de Química foi entregue a uma mulher, Marie Curie, por suas pesquisas com radioisótopos. Foi a primeira vez também que uma mulher ganhava uma das cinco modalidades do prêmio. Este fato motivou diversas celebração pela contribuição das mulheres à ciência durante a Ano da Química. O Prêmio Nobel é atribuído anualmente pela Academia Real das Ciências da Suécia a diversos cientistas de diferentes campos, entre eles a química. A premiação foi criada a partir do desejo de Alfred Nobel de galardoar personalidades que contribuíssem para o bem-estar da humanidade. Este prêmio é administrado pela Fundação Nobel, adjudicado por um comité constituído por cinco membros eleitos pela Academia Real das Ciências da Suécia. O primeiro Nobel de Química foi atribuído em 1901 a Jacobus Henricus van' t Hoff, dos Países Baixos, por sua descoberta das leis da dinâmica da Química e pressão osmótica em soluções. Profissionais da Química. No Brasil, atualmente são considerados profissionais afins da ciências químicas, com registro nos Conselhos Federais e Regionais de Química:
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Quark
Quark O quark, na física de partículas, é uma partícula elementar e um de dois constituintes fundamentais da matéria (o outro é o lépton). Quarks se combinam para formar partículas compostas chamadas hádrons das quais as mais estáveis desse tipo são os prótons e os nêutrons, que são os principais componentes dos núcleos atômicos. Devido a um fenômeno conhecido como confinamento de cor, os quarks nunca são diretamente observados ou encontrados de forma isolada; eles podem ser encontrados apenas nos hádrons, como os bárions (categoria a que pertencem os prótons e os nêutrons), e os mésons. Por essa razão, muito do que se sabe sobre os quarks advém da observação dos hádrons. Os quarks possuem várias propriedades intrínsecas, como carga elétrica, massa, carga de cor e spin. Eles são as únicas partículas elementares do Modelo Padrão da física de partículas que experienciam todas as quatro interações fundamentais, também conhecidas como forças fundamentais (eletromagnetismo, gravidade, força forte e por último a força fraca), assim como são as únicas partículas conhecidas cuja carga elétrica não é um múltiplo inteiro da carga elétrica elementar. Existem seis tipos, conhecidos como sabores, de quarks: up, down, strange, charm, bottom, e top. Os quarks up e down possuem as menores massas entre todos os quarks. Os quarks mais pesados se tornam rapidamente quarks up e down através do processo de decaimento de partícula, que é a transformação de um estado de maior massa para um estado de menor massa. Por causa disso, os quarks up e down são geralmente estáveis e portanto, os mais comuns no universo, enquanto que os quarks strange, charm, bottom e top só podem ser produzidos em colisões de alta energia (como as que envolvem raios cósmicos e aceleradores de partículas). Para cada sabor de quark existe um tipo correspondente de antipartícula, denominada antiquark, que difere do quark apenas pelo fato de que algumas das suas propriedades (como a carga elétrica) terem igual magnitude porém sinais opostos. O modelo do quark foi proposto de forma independente pelos físicos Murray Gell-Mann e George Zweig em 1964. Os quarks foram introduzidos como parte de um esquema de organização dos hádrons, e havia pouca evidência de sua existência física até os experimentos de Espalhamento Inelástico Profundo no Centro de Aceleração Linear de Stanford em 1968. Experimentos com os aceleradores forneceram evidências para todos os seis sabores de quarks. O quark top, observado pela primeira vez no Fermilab em 1955, foi o último a ser descoberto. Classificação. O Modelo Padrão é o referencial teórico que descreve todas as partículas elementares conhecidas atualmente. Este modelo contém seis sabores de quarks (q), nomeados up (u), down (d) strange (s), charm (c), bottom (b) e top (t). As antipartículas de quarks são chamado" antiquarks", e são indicados por uma linha sobre o símbolo para o quark correspondente. Tal como acontece com a antimatéria em geral, os antiquarks possuem a mesma massa, a mesma meia-vida, e o mesmo spin para cada um de seus respectivos quarks, mas a carga elétrica e demais cargas possuem sinais opostos. Os quarks são partículas de Spin-½, o que implica que eles são férmions de acordo com o Teorema da estatística do spin. Eles estão sujeitos ao princípio de exclusão de Pauli, que afirma que dois férmions idênticos não podem simultaneamente ocupar o mesmo estado quântico. Isso está em contraste com os bósons (partículas com spin inteiro), uma quantidade qualquer de que podem estar no mesmo estado. Ao contrário dos léptons, quarks possuem carga de cor, o que faz com que eles participem na força forte. A atração resultante entre diferentes quarks provoca a formação de partículas compostas conhecidas como "hádrons""." Os quarks que determinam o número quântico de hádrons são chamados quarks de valência; além destes, qualquer hádron pode conter um número indefinido de quarks "mar" virtuais, antiquarks, e gluóns, que não influenciam os seus números quânticos. Há duas famílias de hádrons: bárions, com três quarks de valência, e mésons, com um quark de valência e um antiquark. Os Bárions mais comuns são o próton e o nêutron, os blocos de construção do núcleo atômico. Um grande número de hádrons são conhecidos, a maioria deles diferenciados pelo seu conteúdo de quark e as propriedades que estes quarks constituintes conferem. Quarks livres. Nenhuma pesquisa para quarks livres ou carga elétrica fracionária produziu uma evidência convincente. A ausência de quarks livres foi então sendo incorporada na noção de confinamento, o qual, acredita-se, a teoria de quark deve possuir. Contudo, deve ser possível mudar o volume do confinamento pela criação de matéria quark densa ou quente. Esta nova fase da matéria QCD foi predita teoricamente e buscas experimentais por ela já foram iniciadas. Confinamento e propriedades dos quarks. Cada partícula subatômica é descrita por um pequeno conjunto de números quânticos tais como spin J, paridade P, e massa m. Usualmente estas propriedades são diretamente identificadas por experimentos. Contudo, o confinamento torna impossível medir estas propriedades nos quarks. Ao invés disto, elas devem ser inferidas pela medição das propriedades das partículas compostas que são feitas de quarks. Tais inferências são mais fáceis de serem feitas adicionando números quânticos chamados de sabor. As partículas compostas feitas de quarks e antiquarks são os hádrons. Estes incluem os mésons os quais obtêm os seus números quânticos de um quark e de um antiquark, e os bárions, os quais obtêm os seus números quânticos de três quarks. Os quarks (e os antiquarks) que contam para os números quânticos dos hádrons são chamados quark de valência. À parte destes, muitos hádrons devem conter um número indefinido de quarks, antiquarks e glúons virtual os quais contribuem para os seus números quânticos. Cada quark virtual é denominado de mar de quarks. Sabores. A cada quark é atribuído um número bariônico, B  =  1/3, e um número leptônico nulo L  =  0. Eles tem uma carga elétrica fracionada, Q, Q  =  +2e/3 ou Q  =  −1e/3. Os iniciais chamaram "up-type quarks", e depois, "down-type quarks". A cada "quark" é atribuído um isospin fraco: Tz  =  +1/2 para um "quark "up"" e Tz  =  −1/2 para um "quark "down"". Cada vez que se dobra o isospin fraco tem-se uma nova geração de quarks. Existem três gerações, e então 6 sabores de quarks — o "quark up" tem os sabores u, c e t, os "down" os d, s, b. O número de gerações de quarks e léptons são iguais no modelo padrão. O número de gerações de léptons é fortemente restrito, segundo os testes experimentais feitos no LEP e CERN e pela observação da abundância de hélio no universo. A precisão da medição da meia-vida do bóson Z no LEP restringe o número de gerações a três. Observações astronômicas da abundância de hélio produzem resultados consistentes com essa restrição. Os resultados, de uma busca direta por uma quarta geração de quarks apontam para a existência de um limite mínimo na massa dos quarks, sendo os de quarta geração os mais leves possíveis. A mais severa limitação veio da análise dos resultados do colisor Tevatron do Fermilab, e mostra que a massa da quarta geração de quark deve ser maior que 190 GeV. Cada sabor define um número quântico que será conservado durante a interação forte, mas não na interação fraca. A alteração da magnitude do sabor na interação fraca é codificada em uma estrutura chamada matriz CKM. Esta também determina a violação CP que é permitida no modelo padrão. Spin. Números quânticos correspondem a simetrias não-abelianas tal como a rotação. Elas requerem mais atenção na sua extração, dado que as simetrias não são aditivas. No modelo dos quarks, a construção de um méson se dá com um quark e um antiquark; por outro lado, bárions são constituídos por três quarks. Desde que os mésons são bósons (têm spin inteiro) e bárions são férmions (têm spin semi-inteiro), o modelo dos quarks implica que os quarks são férmions. Além disto, o fato de bárions mais leves terem spin igual a -1/2 implica que cada quark pode ter spin formula_1. Os spins de mésons e bárions excitados são completamente consistente com estes argumentos. Cor. Como os quarks são férmions, o princípio de exclusão de Pauli implica que os três quarks de valência devam estar em uma combinação assimétrica em um bárion. Contudo, a carga formula_2 bárion, formula_3 (a qual é uma dos quatro isospin formula_4 bárions) pode somente ser feita de três quarks u com spins paralelos. Como esta configuração é simétrica com respeito ao intercâmbio das cargas dos quarks, isso implica que existem outros números quânticos internos que poderão então compor combinações assimétricas. A isto se dá o nome de cor, embora não tenha nada a ver com a sensação fisiológica cores. Este número quântico é a carga envolvida na teoria de gauge chamada de Cromodinâmica Quântica (QCD). A outra única partícula colorida é o glúon, o qual é o bóson mediador da QCD. Tal como todas as outras teorias mediadoras não-Abelianas (e diferentemente da Eletrodinâmica Quântica) os bósons mediadores interagem com os outros devido à mesma força que afeta os quarks. A Cor é uma simetria gauge SU(3). Os quarks são dispostos na representação fundamental, 3, desde que eles se mostrem em 3 cores. Os glúons são dispostos na representação adjunta, 8 e, por conseguinte aparecem em 8 variedades. Massa. Embora se fale da massa do quark da mesma forma que se fala da massa de qualquer outra partícula, a noção da massa do quark é mais complicada pelo fato de ele não poder ser encontrado livre na natureza. Como um resultado disto, a noção da massa do quark é uma "construção teórica", a qual só faz sentido quando se especifica o procedimento usado para defini-la. Massa corrente do quark. A aproximada simetria quiral da QCD, por exemplo, permite definir a razão entre as massas dos vários quarks (para cima, para baixo e estranho) através da combinação das massas do octeto de méson escalar no modelo quark utilizando a teoria da perturbação chiral, dado O fato de que mu  ≠  0 é importante, dado que estes não estão no problema forte CP se mu forem eliminadas. Os valores absolutos de massa foram atualmente determinados para leis de soma QCD (também conhecido como "leis da somatória da função espectral") e grade QCD. A massa determinada desta maneira é conhecida como massa corrente do quark. A conexão entre diferenças de massa corrente do quark necessita de mecanismo pleno de renormalização para estas especificações. Massa do quark de valência. Outro, antigo, método de especificar a massa do quark foi usado na fórmula de massa de Gell-Mann-Nishijima no modelo de quark, a qual relaciona a massa do hádron às massas do quark. A massa assim determinada é chamada massa do quark constituinte, e é significantemente diferente da massa corrente do quark definida acima. A massa constituinte não tem qualquer significado dinâmico. Massa dos quarks pesados. As massas dos quarks pesados, charme e inferior são obtidas das massas de hádrons que contêm um simples quark pesado (e um antiquark leve ou dois quarks leves) e da análise do seu quarkoma. Cálculos com grade QCD usando a teoria do quark pesado influente (HQET em inglês) ou cromodinâmica quântica não relativista (NRQCD em inglês) são usadas atualmente para determinar a massa destes quarks. O quark top é suficientemente pesado para que a QCD de perturbação possa ser usada para determinar sua massa. Antes da sua descoberta em 1995, a melhor estimativa teórica da massa do quark topo foi obtida da análise global de testes de precisão do Modelo Padrão. O quark topo, contudo, é o único entre os quarks que decai antes que se tenha uma chance de hadronizar. Portando, sua massa tem de ser indiretamente medida através do produto de seu decaimento. Isto pode ser feito somente em um Tevatron o qual é o único acelerador de partícula com energia bastante para produzir quarks em abundância. Antiquarks. Os números quânticos aditivos de antiquarks são iguais em magnitude e opostos em sinal àqueles dos quarks. A simetria CPT obriga-os a terem o mesmo spin e massa que seus quarks correspondentes. Testes de simetria CPT não podem ser realizados diretamente nos quarks e antiquarks devido ao confinamento, mas podem ser feito nos hádrons. A notação de antiquarks segue à da antimatéria em geral: um quark "up" é referido como formula_6, e um quark "anti-up" é referido como formula_7. Subestrutura. Algumas evoluções do Modelo Padrão lançaram a ideia que os quarks e os léptons têm uma subestrutura. Em outras palavras, este modelo assume que as partículas elementares do modelo padrão são de fato partículas compostas, feitas de algum outro constituinte elementar. Tais ideias estão abertas para a fase de testes experimentais, e estas teorias são severamente limitadas por falta de dados. Não há no momento atual nenhuma evidência desta subestrutura. História. A noção de quarks evoluiu da classificação dos hádrons desenvolvida independentemente em 1961 por Murray Gell-Mann e Kazuhiko Nishijima, sendo atualmente denominada como modelo quark. O esquema agrupa partículas com isospin e estranheza usando simetria unitária derivada da álgebra corrente, a qual nós reconhecemos hoje como parte de simetria quiral de QCD aproximada. Esta é uma simetria de sabor SU(3) global, a qual não deve ser confundida com a simetria de calibre da QCD. Neste esquema os mésons leves (spin-0) e os bárions (spin-½) foram agrupados em octetos, 8, com simetria de sabor. A classificação dos bárions de spin-3/2 em uma representação 10 produziu previsão de uma nova partícula, Ω−, a qual foi descoberta em 1964, levando à larga aceitação do modelo. A desejada representação 3 foi identificada como quarks. Este esquema ficou conhecido como "caminho óctuplo" (do inglês "eightfold way") por Gell-Mann, em uma clara referência ao octeto do Nobre Caminho Óctuplo do Budismo. Ele também inventou o nome "quark" e atribuiu-lhe a sentença “Three quarks for Muster Mark” em "Finnegans Wake" de James Joyce. Os resultados negativos dos experimentos de busca do quark levaram Gell-Mann a considerá-los como ficção matemática. A análise de certas propriedade das reações de altas energias dos hádrons levou Richard Feynman a postular a existência de subestruturas nos hádrons, as quais foram chamadas de pártons (pois elas são partes dos hádrons). Uma adaptação de seções transversais de espalhamento profundamente inelástico derivada da álgebra corrente por James Bjorken recebeu uma explicação em termos de párton. Quando adaptação de Bjorken foi verificada experimentalmente em 1969, foi imediatamente percebido que pártons e quarks poderiam ser a mesma coisa. Com a prova da liberdade assintótica na QCD em 1973 por David Gross, Frank Wilczek e David Politzer, esta concepção foi firmemente estabelecida. O quark charmoso foi postulado por Sheldon Glashow, John Iliopoulos e Luciano Maiani em 1973 para prevenir mudanças não físicas do sabor em decaimentos fracos, os quais deveriam de outra forma ocorrer segundo o modelo padrão. A descoberta em 1975 do méson que veio a ser denominado de J/ψ levou ao reconhecimento que ele seria composto de um quark charmoso e um antiquark. A existência de uma terceira geração de quarks foi predita por Makoto Kobayashi e Toshihide Maskawa em 1973, que entenderam que a observação da violação da simetria CP por kaons neutros não poderia ser acomodada no modelo padrão com duas gerações de quarks. O quark inferior foi descoberto em 1980 e o quark superior em 1996 no acelerador de partículas Tevatron, do Fermilab.
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Qubit
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Quinto Mundo
Quinto Mundo Quinto mundo, de acordo com a mitologia de vários grupos de ameríndios, como os astecas e navajos é a próxima reencarnação do mundo. Segundo as suas crenças, são os ciclos de criações e destruições que procedem o "Quinto Mundo".
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Química analítica
Química analítica A química analítica é o ramo da química que trata da identificação ou quantificação de espécies ou elementos químicos. Podem ser classificados como métodos clássicos ou instrumentais. História. A química analítica proporciona métodos para determinar quais elementos e substâncias estão presentes e ou em que quantidades ou proporções estão presentes em uma amostra em questão. Os marcos mais importantes nesta frente científica incluem o desenvolvimento da análise elementar sistemática por Justus von Liebig e a análise de compostos orgânicos com base em reações específicas de seus grupos funcionais. O primeiro método de análise instrumental foi desenvolvido por Robert Bunsen e Gustav Kirchhoff e foi baseado na espectroscopia de absorção atômica de chama. Utilizando esta técnica, eles descobriram, em 1860, elementos como o rubídio (Rb) e o césio (Cs) em 1860. A maioria dos grandes avanços na química analítica ocorreu após o ano de 1900. Durante este período a análise instrumental torna-se progressivamente dominante. Em particular, muitas das técnicas espectroscópicas e de espectrometria básicas foram descobertas no início do século XX e aperfeiçoadas até ao final do século XX. Os processos de separação se desenvolveram na linha de tempo de modo similar e também tornaram-se cada vez mais instrumentais. Na década de 1970 muitas destas técnicas começaram a ser utilizadas em conjunto para caracterizar completamente uma amostra. Nesta mesma década, a química analítica tornou-se progressivamente mais abrangente em questões biológicas (química bioanalítica), enquanto que anteriormente tinha sido amplamente focada no estudo de compostos inorgânicos e de pequenas moléculas orgânicas. O final do século XX também presenciou uma expansão da aplicação da química analítica nas ciências forenses, ambientais, histologia, questões médicas e industriais. A química analítica moderna é dominada pela análise instrumental. Muitos analistas químicos se especializam em um único tipo de instrumento. Acadêmicos tendem a se concentrar tanto em novas aplicações e descobertas de novos métodos de análise. Muitos métodos, uma vez desenvolvidos, são mantidos propositadamente estáticos de modo que os dados possam ser comparados em um longo períodos de tempo. Isto é particularmente verdadeiro em garantia de qualidade industrial, forense e aplicações ambientais. A química analítica desempenha um papel cada vez mais importante na indústria farmacêutica, onde, além do controle de qualidade, é utilizada na descoberta de novos fármacos e em aplicações clínicas, onde compreender as interações entre a droga e o paciente são cruciais. Métodos clássicos. No início e desenvolvimento da Química, a maioria das análises empregavam a separação dos componentes de interesse (analitos) por técnicas como precipitação, extração ou destilação. Os compostos são identificados pela sua cor, solubilidade, ponto de fusão e de ponto de ebulição. Esses fatores contribuem para identificação das espécies químicas.Os analitos podem ser identificados por volumetria e gravimetria ou seja por titulação e medidas de massa. Estes métodos são relativamente simples de equipamentos e confiabilidade dos resultados obtidos. Apesar da química analítica atual ser dominada por técnicas instrumentais, o princípio de funcionamento de alguns de seus instrumentos baseiam-se em técnicas tradicionais ainda muito utilizadas atualmente. Tipos de Amostras e Métodos. Os métodos de identificação de espécies é conhecido como análise qualitativa e um que determine a quantidade de uma espécie é conhecido como análise quantitativa. Também podemos distinguir os métodos a partir da dimensão da amostra e dos níveis dos constituintes. Dimensão da amostra. Para amostras maiores que 0,1 g utiliza-se o termo macroanálise. Para amostras que variam de 0,01 a 0,1 g, o termo é semimicroanálise e a aquelas amostras de massa entre 10^-4 e 10^-2 se enquadram na microanálise. E um termo as vezes utilizado para amostras de massa menor que 10^-4 é ultramicroanálise. Análise qualitativa. A análise qualitativa é empregada quando se pretende determinar ou identificar as espécies ou elementos químicos presentes numa amostra, podendo ser eles atômicos ou moleculares, os quais podem ser de origem mineral, animal e vegetal. Faz-se, em outra definição, observação quanto aos aspectos físico-químicos (ex.: cor, odor e pH). Análise quantitativa. A análise quantitativa é empregada para se determinar a quantidade de uma espécie ou elemento químico numa amostra. Sendo utilizada para a determinação de concentrações, volumes ou massa exata da substância, através de técnicas de: gravimetria, volumetria, instrumentais, entre outras é expressa por resultados numéricos dos componentes da amostra. Portanto, grosso modo, os números que dizem respeito às quantidades são levados em consideração (ex.: concentração em quantidade de matéria, "peso" e volume). Métodos instrumentais. No início do século XX, os químicos passaram a explorar outros fenômenos distintos daqueles observados nos métodos clássicos para resolução de problemas analíticos. Para realizar métodos Instrumentais com analisar as seguintes propriedades como condutividade elétrica, absorção ou emissão de luz que detectado em analitos inorgânicos, orgânicos e biológicos. Com isso começou a ser utilizado técnicas como cromatografia líquida de alta eficiência, espectroscopia e técnicas eletroanalíticas. Esses novos métodos de separação e determinação de espécies químicas passaram a ser conhecidos como métodos de análise instrumental. Seu crescimento tecnólogico foi favorecido pelo avanço tecnólogico dos dispositivos eletrônicos e dos computadores. A maioria dos equipamentos analíticos modernos possuem ou estão conectados a um ou mais dispositivos eletrônicos sofisticados capazes de detectar e registrar dados relativos aos analitos. Os dispositivos seriam amplificadores, circuitos integrados, microprocessadores ou mesmo computadores. A Química Analítica Instrumental divide-se em métodos espectrométricos, métodos eletroanalíticos, Pontenciometria e Coulometria
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Religião
Religião A religião é geralmente definida como um sistema sociocultural de comportamentos, práticas, moralidades, crenças, visões de mundo, textos considerados sagrados, lugares santificados, profecias, ética ou organizações, que geralmente relacionam a humanidade com elementos sobrenaturais, transcendentais e espirituais; no entanto, não há consenso acadêmico sobre o que precisamente constitui uma religião. Diferentes religiões podem ou não conter vários elementos que vão desde o divino, coisas sagradas, fé, um ser sobrenatural ou seres sobrenaturais ou "algum tipo de ultimidade e transcendência que fornecerá normas e poder para o resto da vida". As práticas religiosas podem incluir rituais, sermões, comemoração ou veneração (de divindades e/ou santos), sacrifícios, festivais, festas, transes, iniciações, serviços funerários, serviços matrimoniais, meditação, oração, música, arte, dança, serviço público ou outros aspectos da cultura humana. As religiões têm histórias e narrativas que podem ser preservadas em escrituras, símbolos e lugares sagrados, que visam principalmente dar sentido à vida. As religiões podem conter histórias simbólicas ou metafóricas, que às vezes são consideradas verdadeiras pelos seguidores, que também podem tentar explicar a origem da vida, o universo e outros fenômenos. Tradicionalmente, a fé, além da razão, tem sido considerada uma fonte de crenças religiosas. Há uma estimativa de 10 mil religiões diferentes em todo o mundo. Cerca de 84% da população mundial é afiliada ao cristianismo, islã, hinduísmo, budismo ou alguma forma de religião popular. A demografia religiosamente não afiliada inclui aqueles que não se identificam com nenhuma religião em particular, ateus e agnósticos. Embora os religiosos não afiliados tenham crescido globalmente, muitos deles ainda mantêm várias crenças religiosas.<ref name="Pew Global Unaffiliated 12/2012"></ref> O estudo da religião compreende uma ampla variedade de disciplinas acadêmicas, como teologia, religião comparada e estudos científicos sociais. As teorias da religião oferecem várias explicações para as origens e o funcionamento da religião, incluindo os fundamentos ontológicos do ser e da crença religiosos. Etimologia. Historicamente foram propostas várias etimologias para a origem de "religio". Cícero, na sua obra "De natura deorum", (45 a.C.) afirma que o termo se refere a "relegere", reler, sendo característico das pessoas religiosas prestarem muita atenção a tudo o que se relacionava com os deuses, relendo as escrituras. Esta proposta etimológica sublinha o carácter repetitivo do fenómeno religioso, bem como o aspecto intelectual. Mais tarde, Lactâncio (século III e IV d.C.) rejeita a interpretação de Cícero e afirma que o termo vem de "religare", 'religar', argumentando que a religião é um laço de piedade que serve para religar os seres humanos a Deus. No livro "A Cidade de Deus" Agostinho de Hipona (século IV d.C.) afirma que "religio" deriva de "religere", "reeleger". Através da religião a humanidade reelegia de novo a Deus, do qual se tinha separado. Mais tarde, na obra "De vera religione", Agostinho retoma a interpretação de Lactâncio, que via em "religio" uma relação com "religar". Macróbio (século V d.C.) considera que "religio" deriva de "relinquere", 'deixar para trás'. Segundo outras fontes, a raiz da palavra "religião" tem ligações com o "-lig-", de 'diligente' ou 'inteligente', ou com "le-, lec-, -lei, -leg-" de "ler", "lecionar", "eleitor" e "eleger" respectivamente. o "re-" inicial é um prefixo que vem de red(i) "vir", "voltar" como em "reditivo" ou "relíquia". Definição. Dentro do que se define como "religião" podem-se encontrar muitas crenças e filosofias diferentes. As diversas religiões do mundo são de facto muito diferentes entre si. Porém ainda assim é possível estabelecer uma característica em comum entre todas elas. É facto que toda religião possui um sistema de crenças no sobrenatural, geralmente envolvendo divindades, deuses e demónios. As religiões costumam também possuir relatos sobre a origem do Universo, da Terra e do Homem, e o que acontece após a morte. A maior parte crê na vida após a morte. Existem termos que são ditos/escritos frequentemente no discurso religioso grego, romano, judeu e cristão. Entre eles estão: "sacro" e seus derivados (sacrar, sagrar, sacralizar, sacramentar, execrar), profano (profanar) e deus(es). O conceito desses termos varia bastante conforme a época e a religião de quem os emprega. Contudo, é possível ressaltar um mínimo comum à grande parte dos conceitos atribuídos aos termos. Os religiosos gregos e romanos criam na existência de vários deuses; os judeus, muçulmanos e cristãos acreditam que há apenas uma divindade, um ser impossível de ser sentido pelos sensores humanos e que é capaz de provocar acontecimentos improváveis/impossíveis que podem favorecer ou prejudicar os homens. Para grande parte das religiões, as coisas e as ações se dividem entre sacras e profanas. Sacro é aquilo que mantém uma ligação/relação com o(s) deus(es). Frequentemente está relacionado ao conceito de moralidade. Profano é aquilo que não mantém nenhuma ligação com o(s) deus(es). Da mesma forma, para grande parte das religiões a imoralidade e o profano são correspondentes. Já o verbo "profanar" (tornar algo profano) é sempre tido como uma ação má pelos religiosos. História. Muitas teorias têm tentado explicar qual seria a primeira religião, até o século XVIII, incentivado pelo cristianismo era comum a ideia de que a primeira religião do mundo era monoteísta, centrada em um único Deus. Outros pesquisadores no entanto argumentam que o politeísmo já era praticado desde a pré-história, pelo mais diversos povos, antes do monoteísmo. A partir da década de 70, surgiu a teoria do matriarcado pré-histórico, segundo essa teoria, os povos primitivos do neolítico, cultuavam uma deusa, ou grupo de deusas. Embora essa teoria tenha ganhado espaço entre grupos ideológicos feministas e na mídia, ela não encontra respaldo e não é mais aceita entre os pesquisadores modernos, pois a maioria absoluta das evidências arqueológicas, apontam para a inexistência de um matriarcado pré-histórico. Movimentos religiosos. Os principais sistemas religiosos e tradições espirituais do mundo podem ser classificadas em um pequeno grupo de religiões mundiais, mas não há um critério definido para o termo. A busca por uma definição começou no século XVIII, quando tentou-se observar o nível de civilidade das sociedades humanas ao redor do mundo. De acordo com "The World Factbook", elaborado pela CIA com dados de 2012, os sistemas religiosos e espirituais com maior número de adeptos em relação a população mundial são: cristianismo (28%); islamismo (22%); hinduísmo (15%); budismo (8,5%); pessoas sem religião (12%) e outros (14,5%). Estudos conduzidos pela Pew Research Center em 2009 mostram que, geralmente, nações mais pobres têm maior proporção de cidadãos que consideram a religião muito importante do que em nações ricas, com exceção aos Estados Unidos e Kuwait. Estudo da religião. O estudo científico da religião é, atualmente, realizado por várias disciplinas das ciências sociais e humanas. A história das religiões, nascida na segunda metade do século XIX, estuda a religião recorrendo aos métodos da investigação histórica. Ela estuda o contexto cultural e político em que determinada tradição religiosa emergiu. A sociologia da religião analisa as religiões como fenómenos sociais, procurando desvendar a influência dela na vida do indivíduo e da comunidade. A Sociologia da Religião tem como principais nomes Emile Durkheim, Karl Marx, Ernst Troeltsch, Max Weber e Peter Berger. A antropologia, tradicionalmente centrada no estudo dos povos sem escrita (embora os seus campos de estudo possam ser também as modernas sociedades capitalistas), desenvolveu igualmente uma área de estudo da religião, na qual se especulou sobre as origens e funções da religião. John Lubbock, no livro "The Origin of Civilization and the Primitive Condition of Man" apresentou um esquema evolutivo da religião: do ateísmo (entendido como ausência de ideias religiosas), passa-se para o xamanismo, o antropomorfismo, o monoteísmo e finalmente para o monoteísmo ético. Esta visão evolucionista foi colocada em questão por outros investigadores, como E.B. Taylor que considerava o animismo como a primitiva forma de religião. Na diáspora negra, o animismo acabou por tornar-se uma forma sincrética com o cristianismo católico, sobretudo, na América Latina onde encontramos formas como o candomblé do Brasil, a umbanda, a santaria em Cuba e Caribe etc. A filosofia da religião como uma disciplina distinta é uma inovação dos últimos 200 anos, mas seus temas centrais como a existência e a natureza do divino, a humanidade da relação do homem para com ele, a natureza da religião, e o lugar da religião na vida humana, tem estado com o ser humano desde o início da filosofia. Os filósofos têm examinado tempo a verdade e a justificação racional para as alegações, e têm explorado tais fenômenos filosoficamente interessantes como a fé, a experiência religiosa, e os traços distintivos do discurso religioso. A segunda metade do século XX foi um período especialmente frutífero, com os filósofos que utilizam novos desenvolvimentos em lógica e da epistemologia para montar as duas defesas sofisticadas, e ou os ataques às afirmações religiosas.
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Redes neuronais
Redes neuronais
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Raciocínio baseado em casos
Raciocínio baseado em casos O raciocínio baseado em casos (RBC) é uma abordagem que busca resolver novos problemas adaptando soluções utilizadas para resolver problemas anteriores. De entre as características do funcionamento de um sistema RBC estão: A qualidade de um sistema RBC depende de sua experiência, ou seja, depende do número de casos relevantes que farão parte da base de casos. Histórico. Com um trabalho do grupo de Roger Schank em 1980, iniciaram-se os primeiros estudos sobre as técnicas baseadas em RBC na Universidade de Yale. Em 1983, Janet Kolodner desenvolveu o primeiro sistema RBC (Cyrus), baseado no modelo de memória dinâmica de Schank, servindo de base para outros sistemas RBC. Desenvolvimento de um sistema de raciocínio baseado em casos. Uma vez que existe disponível uma base de dados para ser investigada, é possível investiga-la para extrair conhecimento a ser aplicado na tomada de novas decisões. A construção de um sistema de RBC a partir de uma base de dados passa pela definição de técnicas e formas de implementação de cada um dos componentes do sistema. As etapas mais importantes do processo de desenvolvimento de um sistema RBC são: A aquisição de conhecimento. Uma etapa muito importante no desenvolvimento do sistema. Conforme alguns autores (Kolodner, 1993) (Leão, 1987), ela é considerada o componente crítico no desenvolvimento de sistemas de RBC. Representação de casos. Um caso é um pedaço contextualizado de conhecimento representando uma experiência real (Kolodner, 1993). Um caso representa um conhecimento específico, relacionado a uma situação em um determinado contexto. Os casos podem ser de diferentes formas e tamanhos, porém todos tem em comum o fato de representarem um experiência real registrada em todas as suas características relevantes ou não. Um caso possui três componentes muito importantes: Indexação. Sistemas baseados em casos derivam o seu poder da sua habilidade para recuperar casos relevantes de uma biblioteca de casos de maneira eficiente. O fundamental para atingir este objetivo é saber como essa biblioteca deve ser indexada de maneira que o processo de recuperação seja mais preciso e eficiente. A partir da descrição do problema, os índices devem apontar quais características do caso devem ser comparadas, determinando assim o caso que pode ser útil para se chegar a uma solução. Isto implica inserir índices nos casos no momento de sua inclusão na base de casos, para que mais tarde eles possam ser recuperados, organizar os casos de maneira que facilite a busca e recuperação e definir algoritmos de recuperação mais eficientes. Outra tarefa destinada a indexação é a de atribuir pesos às características dos casos, para que seja possível alcançar a recuperação de casos através da utilização do chamado algoritmo de vizinhança (Nearest Neighbor) (Michie, 1994). Esta técnica consiste em definir pesos para as características mais importantes. As características mais importante normalmente são aquelas que possuem o maior número de ocorrências. Recuperação de casos. O processo de recuperação de casos (Riesbeck, 1999) inicia com uma descrição de problema e finaliza quando um melhor caso for encontrado. O sistema procura na base de dados, o caso mais similar com o novo problema. Para julgar qual o caso armazenado na base é similar ou igual ao novo problema, é preciso medir a similaridade (semelhança) entre eles. Adaptação de casos. A etapa de adaptação de casos prevê utilizar os casos recuperados na solução do novo problema. Embora existam várias técnicas de adaptação de casos, na maioria dos sistemas a adaptação é chamada Nula, pois a solução é utilizada diretamente na solução do novo problema. Conclusão. Os Sistemas de RBC possibilitam a utilização do conhecimento especialista no apoio a decisões administrativas, devido à compatibilidade natural desses sistemas com os sistemas de banco de dados institucionais. Eles permitem a extração, organização e reuso de conhecimento utilizado para tomada de decisões no passado, tornando explícitos os métodos utilizados e permitindo o seu aperfeiçoamento. A utilização dessa técnica fica limitada apenas ao acesso às bases de dados completas, corretas e confiáveis que contenham entre as informações armazenadas, a descrição completa de problemas e das soluções que foram aplicadas em algum momento. Esta é a matéria prima inicial e básica para a construção de sistemas baseados em casos.
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Rede
Rede
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RPG
RPG RPG pode referir-se a:
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Realismo matemático
Realismo matemático
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Revolução Farroupilha
Revolução Farroupilha
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Revolução de Canudos
Revolução de Canudos
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Red Hat Linux
Red Hat Linux Red Hat Linux foi uma distribuição de Linux, criada e mantida pela Red Hat até ser descontinuada em 2004. Em 2003, a empresa Red Hat decidiu descontinuar a distribuição, em favor da distribuição com suporte empresarial, o Red Hat Enterprise Linux. O Fedora, desenvolvido pelo Projeto Fedora, apoiado pela comunidade e patrocinado pela Red Hat, é uma alternativa gratuita para uso doméstico.
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Richard Matthew Stallman
Richard Matthew Stallman Richard Matthew Stallman, ou simplesmente "rms" (Manhattan, ) é um "ativista", fundador do movimento software livre, do projeto GNU, e da FSF. Um aclamado programador e hacker, seus maiores feitos incluem Emacs (e o GNU Emacs, mais tarde), o GNU Compiler Collection e o GNU Debugger. É também autor da GNU General Public License ("GNU GPL" ou "GPL"), a licença livre mais usada no mundo, que consolidou o conceito de copyleft. Desde a metade dos anos 1990, Stallman tem dedicado a maior parte de seu tempo ao ativismo político, defendendo software livre e lutando contra a patente de softwares e a expansão da lei de copyright. O tempo que ainda devota à programação é gasto no GNU Emacs. Ele se sustenta com aproximadamente a metade do que recebe por suas palestras. Em 1971, ainda calouro na Universidade Harvard - onde se graduou em física em 1974 -, Stallman era programador do laboratório de IA do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e tornou-se um líder na comunidade hacker. Biografia. Richard Matthew Stallman nasceu em Nova Iorque, filho de Alice Lippman e Daniel Stallman. Seu primeiro acesso a um computador aconteceu em 1969, no seu primeiro ano do curso médio. Empregado pelo Centro Científico da IBM em Nova Iorque, após concluir seu curso médio ("High School") Stallman passou o verão escrevendo seu primeiro programa - um pré-processador para a linguagem de programação PL/I no IBM 360. "Eu o escrevi primeiro em PL/I, passando então para a linguagem de montagem quando o programa de PL/I se tornou grande demais para caber no computador", contou Stallman, anos depois (Williams 2002, capítulo 3). Stallman era simultaneamente assistente voluntário do laboratório do departamento de Biologia na Rockefeller University. Embora já estivesse se encaminhando para as áreas de matemática e física, sua mente analítica impressionou de tal modo o diretor do laboratório que, alguns anos depois de Stallman ter ido para a faculdade, sua mãe recebeu uma chamada de telefone: "Era o professor da Rockefeller", ela recordou, "quis saber o que Richard estava fazendo". Foi surpreendido ao saber que estava trabalhando em computadores. O professor imaginava que Richard teria tido um grande futuro como biólogo (Williams 2002, capítulo 3). Durante estes anos tornou-se mais conhecido pelas iniciais de seu nome, rms. Na primeira edição do dicionário do hacker, ele escreveu, "Richard Stallman' é apenas meu nome mundano; você pode me chamar de 'rms'." O declínio da cultura "hacker". Nos anos 1980, a comunidade hacker, que até então dominara a vida de Stallman, começou a se dissolver. A emergência do "software portável" (software que poderia ser feito para funcionar em tipos diferentes de computadores) era então um problema para o modelo de negócio dos fabricantes de computador. Para impedir que seu software pudesse ser usado em computadores dos seus concorrentes, os fabricantes pararam de distribuir o código fonte e começaram a restringir a cópia e a redistribuição de seu software. O software restrito tinha existido antes, mas agora não havia nenhuma escapatória dele. Em 1980, Richard Greenblatt, um companheiro hacker do laboratório, fundou a Lisp Machines Incorporated para vender Máquinas Lisp, que ele e Tom Knight criaram no laboratório. Mas Greenblatt rejeitou o investimento externo, acreditando que os rendimentos da construção e da venda de algumas máquinas poderiam ser reinvestidos no crescimento da companhia. Em contraste, Russ Noftsker e outros hackers sentiram que o capital providenciado por investidores externos era melhor. Sem um acordo, a maioria dos hackers restantes do laboratório fundaram a Symbolics. A Symbolics recrutou a maioria dos hackers restantes e começou a fazer oposição ao laboratório de AI. Symbolics forçou Greenblatt a renunciar, citando políticas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Quando ambas as companhias entregaram o software proprietário, Richard Stallman sentiu que a Lisp Machines Incorporated, ao contrário da Symbolics, tinha tentado evitar ferir os interesses do laboratório. Por dois anos, de 1982 ao fim de 1983, Stallman duplicou os esforços dos programadores da Symbolics para impedir que ganhassem um monopólio nos computadores do laboratório. Nesse período, entretanto, era o último de sua geração dos hackers no laboratório. Ele rejeitou um futuro onde tivesse que assinar acordos de não-divulgação, onde tivesse de concordar com não compartilhar o código fonte ou informações técnicas com outros desenvolvedores de software, e executar outras ações que considerou contrárias aos seus princípios. Ele escolheu, ao contrário, compartilhar seu trabalho com os outros, o que considerou como um espírito clássico da colaboração científica. Stallman pregava que os usuários de software deveriam ter a liberdade de "compartilhar com seu vizinho" e poder estudar o código e fazer mudanças nos softwares que usam. Disse repetidamente que as tentativas de vendedores de software proprietário de proibir estes atos de compartilhamento são "antissociais" e "antiéticas". A frase "software deve ser livre" é algumas vezes incorretamente atribuída a ele, mas Stallman diz que esta frase é a mola mestre da sua filosofia. Para Stallman a liberdade (de alterar e redistribuir software) é importante por causa dos usuários e da sociedade, não por quaisquer melhorias que traga ao software. Consequentemente, em janeiro 1984, parou seu trabalho no MIT para trabalhar em tempo integral no projeto do GNU, anunciado em setembro 1983. Stallman jamais obteve o grau de Ph.D., embora tenha recebido vários títulos honoríficos de diferentes universidades do mundo, sendo Doutor Honoris Causa por pelo menos seis delas. Fundação do projeto GNU. Em 1985, Stallman publicou o manifesto GNU, que estabeleceu sua motivação para criar um sistema livre chamado GNU (GNU is not Unix), que seria semelhante ao Unix. Logo após, criou a Free Software Foundation FSF (Fundação Software Livre) para unir programadores de software livre e para fornecer um infra-estrutura legal para a comunidade livre. Em 1985, Stallman popularizou o conceito de copyleft, um mecanismo legal para proteger a modificação e constituir diretrizes de redistribuição de software livre. Foi adotado primeiramente na licença do GNU Emacs, e em 1989 a primeira licença "program-independent" do GPL (Licença pública geral) do GNU foi liberada. Neste momento, muito do sistema GNU estava completo com a notável exceção do núcleo Os membros do projeto GNU começaram o desenvolvimento de um núcleo chamado GNU Hurd, em 1990, mas uma decisão arriscada de design foi escolhida, o que tornou o Hurd extremamente difícil. Produzindo as ferramentas de software necessárias para escrever software, e publicando uma licença geral que poderia ser aplicada a todo o projeto do software (GPL), Stallman permitiu que outras pessoas escrevessem software livre, independentemente do projeto GNU. Em 1991, um projeto independente iniciado pelo estudante finlandês Linus Torvalds produziu o Linux. Por acaso, felizmente, o projeto podia ser combinado com os softwares GNU existentes para fazer um sistema operacional completo. Vida pessoal. Stallman tem dedicado sua vida ao ativismo político e ideológico do software. Demonstrando pouca preocupação com bens materiais, ele explica: "sempre vivi com pouco dinheiro... como um estudante, basicamente. E eu gosto disso, porque significa que o dinheiro não está me dizendo o que fazer". Durante muitos anos, Stallman não teve residência permanente além de seu escritório no CSAIL (Laboratório de Ciência da Computação e Inteligência Artificial) no MIT, algumas vezes se descrevendo como um okupa do Campus. Sua posição de pesquisador no MIT não é remunerada, pois ele não tem mais vínculo oficial com a instituição. Em uma nota de rodapé de um artigo que ele escreveu em 1999, ele diz que "como um ateu, não segue nenhum líder religioso, mas algumas vezes admira algumas coisas que eles dizem." Stallman escolheu não celebrar o Natal. Em vez disso, celebra um feriado inventado por ele próprio em 25 de dezembro, o "Grav-mass". O nome e a data são referências a Isaac Newton, cujo aniversário cai neste dia no calendário antigo. Quando perguntado sobre suas influências, ele disse admirar Mahatma Gandhi, Martin Luther King, Jr., Nelson Mandela, Aung San Suu Kyi, Ralph Nader e Dennis Kucinich, e comentou: "eu admiro Franklin Roosevelt e Winston Churchill também, mesmo criticando algumas coisas que eles fizeram." Ele apoia o Partido Verde dos EUA. Stallman recomenda não ter um telefone celular, porque acredita que a geolocalização dos telefones é uma ameaça à privacidade. Ainda, Stallman evita o uso de um cartão de identificação para entrar no prédio onde trabalha, pois tal sistema poderia gravar sua movimentação de entrada e saída através das portas. Richard Stallman não navega na internet utilizando um browser em seu computador; ao invés disso, ele usa o wget para baixar as páginas para sua caixa de e-mail, de onde as lê. Em 2016, ele revelou está sempre muito desconfiado de atuais inovações em tecnologia. Durante a 13ª edição do Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre, Stallman falou sobre as crescentes ameaças à liberdade na sociedade digital. Segundo ele, "o que vemos hoje é que a liberdade está sendo atacada de várias maneiras. Talvez tenhamos que diminuir nossa inclusão (digital) para preservar nossas liberdades". Polêmicas envolvendo Jeffrey Epstein. No dia 12 de setembro de 2019, Selam Jie Gano - aluna do MIT - onde Stallman é um influente pesquisador, publicou um email criticizando a postura do ativista, em particular centrando-se em um email enviado para a lista do Laboratório de Ciência Computacional e Inteligência Artificial do MIT (CSAIL, na sigla original em inglês), no qual Stallman critica o uso do termo "agressão" ao referir-se ao caso de Marvin Minsky, acusado de ter tido sexo com uma das garotas traficadas por Jeffrey Epstein. Nesse email, é arguido que o termo "agressão sexual" é demasiadamente "vago", "absolutamente errado" e tende a "facilitar a inflamação da acusação", tendo sido considerada por ele a possibilidade de que Minsky não tivesse, naquele momento, conhecimento do caráter coercitivo da situação. Nesse mesmo texto, publicado originalmente no Medium e também referenciado pela revista Vice em uma notícia sobre o assunto, foram, a posteriori, divulgados diversos emails e ocasiões onde o proeminente fundador do GNU se manifestou de maneira ordeiramente misógina. Em meio ao post, é destacada uma nota de Stallman que data de 2006, onde diz: "Sou cético quanto à afirmação de que pedofilia voluntária agride as crianças. Os argumentos que afirmam que isso causa algum prejuízo parecem estar baseados nos casos onde isso não é voluntário, sendo levados a cabo por pais horrificados pela ideia de que seu pequeno bebê está crescendo". A carta aberta de Gano, assim como alguns outros veículos de comunicação da internet, clamam pela demissão de Stallman do MIT. O movimento Free Software Force promove uma campanha em defesa da permanência de Richard Stallman como representante do movimento do software livre.
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Rondônia
Rondônia Rondônia é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Está localizado na região Norte e tem como limites os estados de Mato Grosso a leste, Amazonas a norte, Acre a oeste e o Estado Plurinacional da Bolívia a oeste e sul. O estado possui 52 municípios e ocupa uma área de km², equivalente ao território da Romênia e quase cinco vezes maior que a Croácia. Sua capital e município mais populoso é Porto Velho, banhada pelo rio Madeira. Além desta, há outras cidades importantes como Ariquemes, Cacoal, Guajará-Mirim, Ji-Paraná, Rolim de Moura e Vilhena. O relevo é suavemente ondulado; 94% do território encontra-se entre as altitudes de 100 e 600 metros. Madeira, Ji-Paraná, Guaporé e Mamoré são os rios principais. O clima é equatorial e a economia é baseada na pecuária e na agricultura (café, cacau, arroz, mandioca, milho) e no extrativismo da madeira, de minérios e da borracha. É o único estado brasileiro cujo nome homenageia uma figura histórica nacional, no caso, o Marechal Rondon (1865-1958), que desbravou o norte do país nas primeiras décadas dos anos 1900, inclusive a região que hoje leva seu nome. É o terceiro estado mais populoso da Região Norte com habitantes, segundo estimativa do IBGE para 2021, sendo superado apenas pelo Pará e Amazonas. Quatro de seus municípios possuem população acima de 100 mil habitantes, sendo estes Porto Velho, Ji-Paraná, Ariquemes e Vilhena. A população rondoniense é uma das mais diversificadas do Brasil, composta de migrantes oriundos de todas as regiões do país, dentre os quais destacam-se os paranaenses, paulistas, mineiros e gaúchos, que fixaram-se na capital, preservando-se ainda os fortes traços amazônicos da população nativa nas cidades banhadas por grandes rios, sobretudo em Porto Velho e Guajará-Mirim, as duas cidades mais antigas do estado. O estado é o terceiro mais rico da Região Norte, responsável por 11% do PIB da região. Apesar de ser um estado jovem (criado em 1981), possui o quarto maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da região Norte, o terceiro maior PIB per capita, a segunda maior taxa de alfabetização e a terceira menor taxa de analfabetismo entre todos os estados das regiões Norte e Nordeste do país, além da segunda maior teledensidade do Brasil. Entre 2002 e 2014 o estado apresentou 85,2% de crescimento acumulado do PIB, sendo o 5º estado brasileiro que mais cresceu no período. Rondônia possui ainda a menor incidência de pobreza e a maior proporção de veículos por habitante entre todos os estados das regiões Norte e Nordeste e também a 2ª melhor distribuição de renda, o 4º menor índice de desemprego e o melhor índice de transparência de todo o Brasil. Etimologia. Antigo Território do Guaporé, manteve este nome até 17 de fevereiro de 1956, em virtude do Rio Guaporé, fronteira natural entre Brasil e Bolívia. Segundo o naturalista alemão von Martius (1794-1868), a palavra "Guaporé" origina-se do tupi, sendo "wa" "campo" e "poré" "catarata", isto é, "cachoeira do campo, rio campestre". Como em muitos casos da geonímia, o nome "Guaporé" designou inicialmente o rio, passando em seguida a se referir à região. Em 1982, ao receber o status de Unidade federativa, recebeu o nome de Rondônia em homenagem ao Marechal Rondon, explorador da região. História. Origens. O desenvolvimento inicial de Rondônia não se deu por ação oficial. Rondônia povoou-se e integrou-se no país graças à iniciativa privada, como o Acre. O desbravamento das duas áreas, contíguas, no século XIX, é fruto do mesmo movimento de expansão, o último do ciclo de formação territorial do Brasil. De fronteiras fluidas, no limite com a Bolívia, a região fora visitada, a partir do século XVI por alguns poucos bandeirantes paulistas, vindos de Mato Grosso, e por padres missionários. A ocupação militar data do século XVIII, com a construção do forte do Príncipe da Beira, hoje tombado, em Costa Marques. Deu início à colonização a presença tardia de seringueiros, levados pela febre da borracha. Os colonizadores portugueses começaram a percorrer o território do atual estado de Rondônia no século XVII. Mas somente no século seguinte, com a descoberta e a exploração de ouro no local, aumentou o interesse pelas terras daquela região. Em 1776, a construção do Forte Príncipe da Beira, às margens do rio Guaporé, estimulou a implantação dos primeiros núcleos coloniais, que só prosperaram no fim do século XIX, com a arrancada da exploração da borracha. Em abril de 1878, em função do Tratado de Ayacucho, foram enviadas para Corumbá (MS) as "Plantas Geográficas dos Rios Guaporé e Mamoré", sendo que a cartografia para delimitar os limites fronteiriços dos rios Guaporé e Mamoré foi levantada e apresentada pela 2ª Seção brasileira, sediada na mesma cidade, tendo sido todas chanceladas pelos Delegados brasileiros e bolivianos. Continuando a descrição diz "Destas cabeceiras continuam os limites pelo leito do mesmo rio até sua confluência com o Guaporé, e depois pelo leito deste e do Mamoré até sua confluência com o Beni, onde principia o Rio Madeira". Em 1878 e 1879, houve troca de Notas da Chancelaria boliviana com a Embaixada do Brasil em La Paz, acusando o recebimento e aprovando a "Carta Geral", conforme ajustado na 7ª Conferência da Comissão Mista. Estabelecimento. O estabelecimento definitivo do antigo território do Acre, em 1903, deu impulso ao desenvolvimento da região, pois o Tratado de Petrópolis obriga o Brasil a construir a ferrovia Madeira-Mamoré, (1907-1912) considerada por historiadores locais como a mãe de Rondônia. A rede telegráfica estabelecida pelo Marechal Cândido Rondon foi outro importante fator que contribuiu para a integração do extremo oeste brasileiro. Em 1943 foi constituído o Território Federal de Guaporé, com capital em Porto Velho, com o desmembramento de parte de Mato Grosso e do Amazonas. A intenção era apoiar de maneira mais direta a ocupação e o desenvolvimento da área. Em 1956, o território passou a se chamar Rondônia. A obra da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré que o Brasil se obrigara a construir pelo Tratado de Petrópolis, de 17 de novembro de 1903, ligando Santo Antônio do Madeira a Vila Bela, na confluência do Beni-Mamoré. Com 366 km de extensão, a estrada de ferro Madeira-Mamoré atraiu trabalhadores de mais de 50 nacionalidades. Muitos foram vítimas de endemias locais, como a malária, e foram hospitalizados no Complexo Hospitalar da Candelária, visitado em 1910 pelo sanitarista Oswaldo Cruz, que o considerou organizado e moderno. Números oficiais registram a morte de cerca de 1500 trabalhadores de todas as categorias funcionais ao longo dos cinco anos da obra, concluída em 30 de abril de 1912, e cujo trem inaugural percorreu seus trilhos em 1º de agosto do mesmo ano. A estrada ultrapassava os rios nos trechos onde as corredeiras impedem a navegação. Destinava-se, porém, principalmente, a escoar a produção boliviana da fronteira até ao rio Amazonas e o oceano. Com a crise da borracha brasileira iniciada na década de 1910, a EFMM passou a contribuir com o país, garantindo as fronteiras brasileiras e marcando o povoamento de vastos territórios desde a cidade de Porto Velho, fundada em 4 de julho de 1907 pela Madeira-Mamoré Railway Company. Muito embora constituísse a única ligação entre a bacia amazônica e a do Prata, seu tráfego nunca chegou a 10% da capacidade de transporte da linha. No entanto, durante a Segunda Guerra Mundial, voltou a ser estratégica para o Brasil no esforço aliado em produzir borracha. Incorporou-se em setembro de 1957 à Rede Ferroviária Nacional S.A., mas em setembro de 1966 foi entregue à diretoria de vias de transporte do Ministério do Exército, que se encarregaria de operá-la até sua substituição por uma estrada de rodagem. Desativada em 1972, a ferrovia Madeira-Mamoré voltou a funcionar em 1981, mas para fins turísticos apenas, num trecho de poucos quilômetros entre Porto Velho e Santo Antônio. Em 2005 foi tombada pelo IPHAN como patrimônio cultural brasileiro. Em 2012 comemora-se o seu centenário. Em fevereiro do mesmo ano foi instalado o Comitê Pro-Candidatura da EFMM a Patrimônio Cultural da Humanidade (www.efmm100anos.wordpress.com). Com as compensações dos impactos causados pelas Usinas Hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, a EFMM tem recebido investimentos para retomada de passeios turísticos entre Porto Velho e Santo Antonio e no trecho entre Guajará-Mirim e o distrito de Iata. O prolongamento até o Amazonas e o Acre das linhas telegráficas estendidas em Mato Grosso pela comissão Gomes Carneiro levou à região, em 1906, o futuro marechal Cândido Mariano da Silva Rondon. Devem-se-lhe o reconhecimento de uma área pouco menor que a Grã-Bretanha e o telégrafo, que assegurou pela primeira vez a ligação da fronteira oeste com o resto do país. Ricos em borracha, cassiterita e produtos como pescado, castanha-do-pará, couros e peles silvestres, os municípios de Porto Velho e Guajará-Mirim foram desmembrados em 1943 dos estados do Amazonas e Mato Grosso e passaram a constituir uma nova unidade da federação, o Território Federal do Guaporé, com capital em Porto Velho, elevada a cidade em 2 de outubro de 1914. Em 1956, por decisão do Congresso Nacional o nome do território passou a ser Rondônia, em homenagem ao grande sertanista. Consolidação. Até a década de 1960, a economia se resumia à extração de borracha e de castanha-do-pará. O crescimento acelerado só começou a ocorrer, de fato, a partir dos anos 1960 e 1970. Os incentivos fiscais aos empreendimentos privados e os investimentos do governo federal, bem como os projetos de construção de rodovias e de implantação de núcleos de colonização, estimularam a migração, em grande parte originária do Centro-Sul. Além disso, o acesso fácil à terra boa e barata atraiu empresários interessados em investir na agropecuária e na indústria madeireira Nessa época, a descoberta de ouro e cassiterita também contribuiu para o aumento populacional. Entre as décadas de 1960 e 1980, o número de habitantes cresceu mais de sete vezes, passando de 70 mil para 500 mil. Rondônia foi elevada à condição de estado em 1981, mas a redução de investimentos, o esgotamento prematuro das melhores terras para a agropecuária e a devastação florestal dificultam seu desenvolvimento econômico e causam sérios problemas sociais e ambientais. No decorrer de 1979 tomou corpo o projeto de transformar Rondônia em estado, medida que se tornava cada vez mais necessária em vista do agravamento dos problemas do território, em sua maioria em consequência do grande afluxo de imigrantes. O primeiro passo nesse sentido foi a assinatura, em janeiro de 1980, de um convênio entre os ministérios do Interior e da Fazenda, pelo qual Rondônia passava a arrecadar o Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICM) e o Imposto Único sobre Minerais (IUM). Em dezembro de 1981 o Congresso aprovou o projeto ordinário do poder executivo pelo qual o território de Rondônia era elevado a estado da União. O governo do novo estado, o 23º da federação brasileira, instalou-se em 4 de janeiro de 1982, com a posse do coronel Jorge Teixeira de Oliveira, que já governava o território desde 15 de março de 1979, e sua vice-governadora, a Janilene Vasconcelos de Melo. Em 31 de janeiro de 1983 instalou-se a Assembleia Constituinte de Rondônia, que redigiu a primeira carta do novo estado, promulgada em agosto. Em 1987, iniciou-se um litígio de terras com o Acre, na Ponta do Abunã, uma região de terras férteis e valiosas pedras de brita. O então governador de Rondônia, Jerônimo Santana, ameaçou acionar tropas da Polícia Militar para desalojar setenta soldados do Acre instalados na área. No início do ano seguinte, tropas do Exército foram enviadas ao local para garantir que o governo do Acre acatasse um parecer do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que deu ganho de causa a Rondônia, mas os choques continuariam até 1990. Por essa época, a imigração continuava a se fazer de forma intensa e descontrolada, o que acarretava problemas gravíssimos. Em 1988 estimou-se que já estavam devastados trinta por cento da área do novo estado, antes quase toda coberta por floresta. Para manter o equilíbrio ecológico, o governo estadual lançou uma política de preservação das matas, que se fez sentir com a queda do total de hectares desmatados de dois milhões, em 1985, para quarenta, em 1994. A década de 1990 foi marcada também pela intensificação do tráfico de drogas na fronteira com a Bolívia e a Colômbia e por acusações de que políticos de Rondônia estariam ligados a esquemas de corrupção em nível estadual e federal, além de envolvimento com o narcotráfico. Em 1991, o médico Osvaldo Piana Filho assumiu o governo do estado. Piana acabara o primeiro turno da eleição, em 1990, em terceiro lugar e passara ao segundo turno devido ao assassínio do senador Olavo Pires. Nesse mesmo ano dois deputados federais tiveram o mandato cassado: Jabes Rabelo, no primeiro caso de cassação de um mandato pela própria Câmara dos Deputados desde o caso Barreto Pinto, em 1948; e Nobel Moura. Em abril de 1994, a deputada federal Raquel Cândido também teve cassado seu mandato. Século XXI. Para conter o desflorestamento, foi criado, em 2001, na fronteira com a Bolívia, um corredor ecológico binacional. Com financiamento inicial do Banco Mundial, o corredor tem área de 23 milhões de hectares - quase o tamanho do estado de São Paulo. A medida objetiva preservar as sub-bacias hidrográficas da bacia Amazônica, além de ajudar a proteger espécies animais e vegetais endêmicas. Em 2007, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) divulga um possível aumento de desmatamento entre setembro de 2006 e setembro de 2007. O Ibama aponta como possíveis causas a expectativa para a construção das usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira (com conclusões previstas para até 2012), e a transferência parcial do poder do Ibama de dar concessões a empresas para que comprem madeira e a vendam à Secretaria Estadual do Desenvolvimento Ambiental (Sedam). Mas os dados divulgados pelo Inpe indicam para o período de agosto de 2006 a julho de 2007 uma queda da área desmatada de 2.049 para 1.611 quilômetros quadrados. A fiscalização federal e estadual e o Licenciamento Ambiental Rural são considerados os principais fatores para essa queda. Nas eleições de 2008, o prefeito de Porto Velho, Roberto Sobrinho (PT), é reeleito, com 59,51% dos votos. Em novembro, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) cassa o mandato do governador Ivo Cassol (sem partido) e de seu vice, João Aparecido Cahulla (PPS), por suspeita de compra devotos nas eleições de 2006. Dias depois, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) concede liminar que suspende a decisão do TRE. Em outubro de 2009, o Senado aprova a proposta de emenda - constitucional que transfere 15 mil servidores de Rondônia dos quadros estaduais para os federais. Em novembro, mais uma vez o TSE adia o julgamento de cassação do governador e de seu vice. "Um dos melhores estados para se viver, onde tudo tem facilidade." Palavras de Roberto Silveira Prudencio de Moraes, morador há mais de 30 anos no estado. Em maio de 2012, o estado de Rondônia foi citado como referência em uma Conferência da Organização dos Estados Americanos realizada em Paris, devido hoje, o estado ser um dos maiores exportadores de carne bovina do Brasil, tendo um rebanho de 12 milhões de cabeças, livres da aftosa, e exportando para 35 países do mundo, além de ser o primeiro estado brasileiro a se alinhar ao programa Mais Alimentos, do governo federal, uma linha de crédito do Pronaf que financia investimentos para a modernização da propriedade rural familiar. Geografia. Relevo. Cerca de 66% da superfície do território se encontra entre 100 e 300m de altitude; trinta por cento, entre 300 e 800m; e quatro por cento, abaixo de 100m. Três unidades compõem o quadro morfológico: o "planalto cristalino", o "chapadão" e a "planície aluvial". O planalto cristalino ocupa a maior parte do estado. Seus terrenos ondulados, talhados em rochas cristalinas, constituem um prolongamento, para noroeste, da encosta setentrional do planalto central brasileiro. O chapadão, que se ergue sobre o planalto cristalino, tem uma topografia tabular cortada em terrenos sedimentares e alcança os mais elevados níveis altimétricos de Rondônia. Com forma alongada, atravessa o estado de sudeste para noroeste, com o nome, na extremidade noroeste, de serra ou chapada dos Parecis e serra dos Pacaás Novos. A planície aluvial forma uma estreita faixa de terras planas, sujeitas a inundação, que se desenvolvem ao longo do curso do rio Guaporé. Clima, hidrografia e vegetação. Predomina em Rondônia o clima tropical úmido com estação seca pouco marcada ("Am" de Köppen). A pluviosidade varia de 1.900mm, no sul, a 2.500mm, no norte. A temperatura mantém-se elevada durante todo o transcorrer do ano, com médias anuais superiores a 26 °C. Todos os rios do estado pertencem à bacia do rio Madeira, afluente do Amazonas. O chapadão forma o divisor de águas entre os rios que correm diretamente para o Madeira, localizados na parte oriental do estado, e os da região ocidental, que correm para o Mamoré e o Guaporé. Cerca de setenta por cento da superfície de Rondônia é recoberta pela floresta pluvial amazônica. Os restantes trinta por cento correspondem a cerrados e cerradões que revestem a superfície tabular do chapadão. No entanto, causa preocupação o desmatamento, que se acelerou em meados da década de 1980, para a exploração de minérios. Ecologia. Com o objetivo de proteger a natureza e garantir a preservação ambiental de extensas áreas não habitadas, o governo federal passou a criar parques e reservas naturais na região Amazônica. O Parque Nacional de Pacaás Novos foi criado em 1979 e ocupa área de 765 000 hectares nos municípios de Porto Velho, Guajará-Mirim, Ariquemes e Ji-Paraná. Com extensa área de plateau coberta por espessa vegetação de cerrado, nele se encontra a Chapada dos Pacaás Novos, na região oeste do Estado. Na fronteira com o Estado de Mato Grosso às margens do rio Ji-Paraná, encontra-se a Reserva Biológica Nacional do Jaru, com área de 268.150 hectares, também criada em 1979. Na região sul do Estado encontra-se a Reserva Natural do Guaporé, que cobre uma área de 600 000 hectares. O acesso à região é feito por barco. Dentro da reserva, a três dias de viagem da cidade de Guajará-Mirim, podem ser visitadas as ruínas do Real Forte Príncipe da Beira, construído no século XVIII pelos colonizadores portugueses. Existe ainda no Estado a Reserva Extrativista Rio Ouro Preto, que abrange área de 204.583 hectares, localizada nos municípios de Guajará-Mirim e Nova Mamoré e a Reserva Ecológica Nacional Ouro Preto do Oeste, com área de 138 hectares, no Município de Ouro Preto do Oeste, região sudoeste do Estado. Na Reserva Roosevelt, formada por 2,7 milhões de hectares e de propriedade dos Índios Cintas-Largas, localizada em Espigão do Oeste, habitam cerca de 1 200 índios. Um estudo inédito que mapeou as reservas minerais do Brasil, apontou que o garimpo do Roosevelt é de uma espécie raríssima. Elaborado pela Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais (CPRM), o levantamento apontou que o kimberlito tem 1,8 bilhão de anos e uma capacidade de produção de no mínimo um milhão de quilates por ano. Esse número subestimado coloca a Roosevelt, no mínimo, entre as cinco maiores minas de diamantes do mundo. A capacidade real somente poderá ser verificada com uma análise mais detalhada, o que ainda não foi feito, pois o garimpo está localizado em área indígena. Para especialistas, a sondagem poderá indicar a Roosevelt como a maior mina do planeta. Demografia. De acordo com o censo brasileiro de 2010, Rondônia possuía habitantes, sendo em área urbana e em área rural. Havia homens e mulheres. Foram identificados domicílios, sendo que apenas deles eram ocupados, gerando um déficit habitacional de domicílios. A média de habitantes por domicílio era de 3,39 pessoas. A capital, Porto Velho, é a maior e mais populosa cidade do estado, sendo a quarta maior da região Norte, com quase 450 mil habitantes. Em 2014, de acordo com estimativas da mesma instituição, a população do estado atingiu habitantes. Na questão de alfabetização, habitantes do estado com mais de cinco anos de idade alfabetizados totalizavam pessoas. Religião. Pela variedade cultural que se verifica em Rondônia, assim como em todo o país, as manifestações religiosas presentes no estado são diversas. A Arquidiocese de Porto Velho é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica no estado de Rondônia. É a Sé Metropolitana da Província Eclesiástica de Porto Velho, pertencente ao Conselho Episcopal Regional Noroeste da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Apesar de Rondônia ter se desenvolvido sobre uma matriz social eminentemente católica, devido principalmente à colonização portuguesa, é possível encontrar atualmente no estado dezenas de denominações cristãs protestantes diferentes. Segundo os dados do Censo-2010 do IBGE, a religião está dividida da seguinte maneira: católicos (47,6%); evangélicos (33,8%); espíritas (0,6%); outras religiões (3,7%); sem religião (14,3%). Composição étnica. No estado, mais de 40% dos habitantes não são naturais da unidade federativa. A maior parte dos migrantes que vivem no estado são oriundos das regiões Sudeste e Sul do Brasil, com e migrantes, respectivamente. Além destes, migrantes vindos do Nordeste somam habitantes e migrantes oriundos do Centro-Oeste somam habitantes. O estado possui ainda, a terceira maior população estrangeira na Região Norte e a 18ª maior população estrangeira no Brasil. São habitantes no estado que possuem alguma nacionalidade que não seja a brasileira. Urbanização. Rondônia tem um índice de urbanização de 73,22%, ou seja, a população urbana do estado ultrapassa os 1 154 257 habitantes. A população rural do estado é de cerca de 422 166 habitantes. Política. Rondônia é um estado da federação, sendo governado por três poderes: o executivo, representado pelo governador com sede no Palácio Rio Madeira, o legislativo, representado pela Assembleia Legislativa do Estado de Rondônia, e o judiciário, representado pelo Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia e outros tribunais e juízes. Também é permitida a participação popular nas decisões do governo através de referendos e plebiscitos. Porto Velho é o município com o maior número de eleitores, com quase 300 mil destes. Em seguida aparecem Ji-Paraná com 83,3 mil eleitores, Vilhena 72,3 mil, Cacoal (58,7 mil eleitores) e Ariquemes, com 56,2 mil eleitores. O município com menor número de eleitores é Pimenteiras do Oeste, com 2,2 mil. Tratando-se sobre partidos políticos, todos os 32 partidos políticos brasileiros possuem representação no estado. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), baseado em dados de dezembro de 2013, o partido político com maior número de filiados em Rondônia é o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), com membros, seguido do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), com membros e do Partido Progressista (PP), com filiados. Completando a lista dos cinco maiores partidos políticos no estado, por número de membros, estão o Partido dos Trabalhadores (PT), com membros; e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), com membros. Ainda de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral, o Partido da Causa Operária (PCO) é o partido político com menor representatividade na unidade federativa, com 21 membros. Subdivisões. Uma Região geográfica intermediária é um agrupamento de regiões geográficas imediatas que são articuladas através da influência de uma ou mais metrópoles, capitais regionais e/ou centros urbanos representativos dentro do conjunto, mediante a análise do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).. Essa subdivisão foi criada pelo IBGE, sendo utilizada para fins estatísticos, sem constituir, portanto, uma entidade política ou administrativa. Oficialmente, as duas regiões intermediárias de Rondônia são: a Região Geográfica Intermediária de Porto Velho e a Região Geográfica Intermediária de Ji-Paraná Já uma região imediata é um agrupamento de municípios que tem como principal referência a rede urbana e possui um centro urbano local como base, mediante a análise do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se de uma divisão das regiões geográficas intermediárias, levando em consideração a conexão de cidades próximas através de relações de dependência e deslocamento da população em busca de bens, prestação de serviços e trabalho. Assim sendo, Rondônia é dividido oficialmente em seis regiões imediatas: as de Porto Velho, Ariquemes, Jaru, Ji-Paraná, Cacoal e a de Vilhena É formado pela união de cinquenta e dois municípios. Em março de 2010, foi realizado um plebiscito para a criação do novo município de Extrema, desmembrado de Porto Velho. O plebiscito aprovou a criação do 53º município rondoniense. Economia. A economia do estado de Rondônia tem como principais atividades a agricultura, a pecuária, a indústria alimentícia e o extrativismo vegetal e mineral. Em 2016, o PIB do estado chegou a R$ 39,451 bilhões. Sua pauta de exportação é composta, principalmente, por carne bovina congelada (43,43%), soja (32,77%), estanho bruto (7,08%), madeira serrada (2,36%) e miúdos comestíveis (2,02%). Agricultura. A partir da década de 1970, o estado atraiu agricultores do centro-sul do país, estimulados pelos projetos de colonização e reforma agrária do governo federal e da disponibilidade de terras férteis e baratas. O desenvolvimento das atividades agrícolas trouxe uma série de problemas ambientais e conflitos fundiários. Por outro lado, transformou a área em uma das principais fronteiras agrícolas do país e uma das regiões mais prósperas e produtivas do Norte brasileiro. O estado destaca-se na produção de café (maior produtor da região Norte e 5º maior do Brasil), cacau (2º maior produtor da região Norte e 3º maior do Brasil), feijão (2º maior produtor da região Norte), milho (2º maior produtor da região Norte), soja (2º maior produtor da região Norte), arroz (3º maior produtor da região Norte) e mandioca (4º maior produtor da região Norte). Até mesmo a uva, fruta pouco comum em regiões com temperaturas elevadas, é produzida em Rondônia, mais precisamente no sul do estado (produção de 224 toneladas em 2007). Apesar do grande volume de produção e do território pequeno para os padrões da região (7 vezes menor que o Amazonas e 6 vezes menor que o Pará), Rondônia ainda possui mais de 60% de seu território totalmente preservado, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE, tendo alcançado uma redução de 72% nos índices de desmatamento entre 2004 e 2008. Pecuária. Atualmente, o estado possui um rebanho bovino de 11.709.614 de cabeças de gado (8.107.541 com finalidade de corte e 3.622.073 com finalidade leiteira), sendo o 8º maior do país. Em 2008, Rondônia foi o 5º maior exportador de carne bovina do país, de acordo com dados da Abrafrigo (Associação Brasileira de Frigoríficos), superando estados tradicionais, como Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Além da pecuária de corte, a pecuária leiteira também se destaca no estado, com uma produção total em 2007 de cerca de 708 milhões de litros de leite, sendo o maior produtor da região Norte e 7º maior produtor nacional. Rondônia é líder em produtividade no setor agropecuário leiteiro nacional. De acordo com dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), de 2009, o Estado é responsável pela produção anual de 747 milhões de litros de leite, o que resulta em uma média de 487 litros da bebida por habitante por ano, totalizando 1,4 milhão por ano. Indústria. Rondônia tinha em 2018 um PIB industrial de R$ 7,1 bilhões, equivalente a 0,5% da indústria nacional. Emprega 50 156 trabalhadores na indústria. Os principais setores industriais são: Serviços Industriais de Utilidade Pública, como Energia Elétrica e Água (47,8%), Alimentos (20,8%), Construção (19,2%), Madeira (3,3%) e Bebidas (1,5%). Estes 5 setores concentram 92,6% da indústria do estado. Infraestrutura. Energia. Além de contar com a Usina Hidrelétrica de Samuel, localizada no município de Candeias do Jamari, construída nos anos 80 para atender à demanda energética dos estados de Rondônia e Acre, bem como diversas pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), foram construídas, no Rio Madeira, as usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, que juntas têm uma capacidade instalada de 7 318 Megawatt-hora, cerca de metade da energia gerada pela Usina Hidrelétrica de Itaipu. As usinas são apontadas pelos especialistas da área como uma solução para os problemas de racionamento de energia do país. Apesar da polêmica criada em torno das obras por parte de ambientalistas e organizações não governamentais, as usinas serão as primeiras da Amazônia a utilizar o sistema de turbinas tipo "bulbo", o que não requer grandes volumes de água, uma vez que as turbinas serão acionadas pela correnteza do rio e não pela queda d'água. Com isso, o coeficiente de eficiência energética das usinas será superior, por exemplo, ao de Itaipu, considerada um modelo para o setor. Transportes. O estado de Rondônia possui 24 mil quilômetros de rodovias, dos quais só 7% estão asfaltadas. A BR-364, totalmente pavimentada no trecho rondoniense, corta o estado da divisa com Mato Grosso até a divisa com o Acre. É a principal via de escoamento da produção de grãos (sobretudo a soja) do sul de Rondônia e oeste de Mato Grosso até a cidade de Porto Velho, onde está instalado o porto graneleiro. Está em construção uma ponte sobre o rio Madeira (a primeira sobre este rio), que tem por objetivo consolidar o transporte rodoviário entre o Brasil e o Peru. A BR-421 foi projetada para ligar as cidades de Ariquemes a Guajará-Mirim, entretanto apenas o trecho de Ariquemes até Campo Novo de Rondônia encontra-se concluído e transitável, todo ele pavimentado. A BR-425, também pavimentada, liga o distrito de Abunã, no município de Porto Velho, a Nova Mamoré e Guajará-Mirim, nas margens dos rios Madeira e Mamoré, respectivamente. A BR-429, parcialmente pavimentada, liga os municípios de Presidente Médici, Alvorada d'Oeste, São Miguel do Guaporé, Seringueiras, São Francisco do Guaporé a Costa Marques, nas margens do rio Guaporé. A única ferrovia do estado, a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, ligava as cidades de Porto Velho e Guajará-Mirim. Foi construída em 1907 e concluída em 1912, para transportar a borracha oriunda da Bolívia e outros produtos, nas margens dos rios Madeira e Mamoré, em seu trecho repleto de cachoeiras e corredeiras. Foi desativada totalmente em 1972, com a construção das rodovias BR-364 e BR-425. Em 1981 foi reativado o trecho ligando a cidade de Porto Velho a cachoeira de Santo Antônio para fins turísticos. Em 2001, a ferrovia foi paralisada novamente, devido ao desmoronamento de um trecho. Atualmente, estão em andamento dois projetos federais que beneficiarão o estado com ligações ferroviárias nacionais: a Ferronorte, com o propósito de ligar Porto Velho a Vilhena, e Vilhena a Cuiabá (Mato Grosso), interligando-se a FEPASA em Santa Fé do Sul (São Paulo) e a partir desta atingindo o porto de Santos, e a FICO (Ferrovia de Integração do Centro-Oeste), ligando Vilhena a Uruaçu (Goiás). A Hidrovia do Madeira liga a capital Porto Velho até o rio Amazonas, na altura da cidade amazonense de Itacoatiara. Tem aproximadamente 1.450 km de extensão e sua largura varia entre 440 metros a 9.900 metros na foz, com profundidade também variável de acordo com as estações seca e chuvosa, chegando a mais de 13 metros, o que permite, no período de sua enchente, a navegação de navios, inclusive oceânicos, até Porto Velho. É utilizada principalmente para o escoamento da produção de soja do sul de Rondônia e oeste de Mato Grosso. Atualmente, são exportadas através da Hidrovia do Madeira cerca de 2,3 milhões de toneladas de soja por ano. Além do rio Madeira, os rios Mamoré e Guaporé são os que oferecem melhores condições de navegabilidade. O principal porto do estado é o de Porto Velho, que desde 1997 é administrado pela Sociedade de Portos e Hidrovias de Rondônia (SOPH), por delegação ao estado de Rondônia. Pelo Porto de Porto Velho é embarcada boa parte das riquezas produzidas em Rondônia e nos estados vizinhos, assumindo um papel importante no escoamento da produção regional, tornando-se fundamental no desenvolvimento econômico do estado de Rondônia. Hoje, o porto encontra-se realizando operações de exportação através de sua área plenamente alfandegada. A estrutura conta com um armazém com capacidade de 720 m³ de área útil e pátio asfaltado cercado com alambrado, perfazendo área total de mais de 3.000 m². O Aeroporto Internacional Governador Jorge Teixeira, em Porto Velho, é o mais importante do estado e recebe voos diários de Brasília, Belo Horizonte, Cuiabá, Manaus e Rio Branco, dos municípios do interior do estado de Rondônia como Ji-Paraná e Vilhena e do interior do Amazonas como, Lábrea e Manicoré. Também conta com voos para Porto Alegre, com escalas em Curitiba, Campo Grande e Cuiabá, voos para São Paulo e Rio de Janeiro com escalas em Brasília e Fortaleza, com escala em Manaus e Belém, dentre outros destinos com menor fluxo de passageiros. O aeroporto tem capacidade de receber passageiros por ano e opera com as principais companhias aéreas nacionais e regionais, tais como: Tam, Gol, Azul e Avianca. É o aeroporto mais movimentado do estado de Rondônia, o terceiro da Região Norte, e um dos 30 mais movimentados do país. No interior do estado, os três principais aeroportos são o Aeroporto José Coleto, em Ji-Paraná, que conta com quatro voos diários, sendo dois pela empresa Azul Linhas Aéreas e dois pela empresa Passaredo, o Aeroporto Brigadeiro Camarão, em Vilhena, que é atendido pela empresa Azul Linhas Aéreas e TAM Linhas Aéreas, o aeroporto de Vilhena é um dos únicos do pais a ser comandado pela Força Aérea Militar. e o Aeroporto Capital do Café, em Cacoal atendido também pela Azul e pela RIMA. Educação. A qualidade da Educação em Rondônia é considerada a décima-quarta melhor do país, comparada à dos demais estados do Brasil. Na lista de estados brasileiros por IDH, com dados de 2010, o fator "Educação" atingiu 0,557 de índice, um aumento de mais de 67% em relação a 2000, quando o estado atingia apenas 0,345. Na região Norte, a Educação em Rondônia, classificada com base no IDH deste fator, fica atrás do Amapá (0,629), Roraima (0,628) e Tocantins (0,624). Tratando sobre o analfabetismo, Rondônia possuí a décima terceira melhor taxa, com 96,02% de sua população alfabetizada. Em âmbito regional, o estado é o segundo mais alfabetizado de sua macrorregião, superado apenas pelo Amapá, e seguido de Amazonas e Roraima. Em 2001, aparecia em décimo sétimo lugar, com 83,7% de sua população alfabetizada. No Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), em 2011, Rondônia obteve nota 5,4 nos anos iniciais do ensino fundamental, 4,2 nos anos finais do ensino fundamental, e 3,6 no 3º ano do ensino médio. Os municípios do estado que atingiram as melhores colocações na rede pública de ensino, nos anos iniciais do ensino fundamental foram: Nova Brasilândia d'Oeste (6,6), Colorado do Oeste (6,3), Ministro Andreazza (6,3), Santa Luzia d'Oeste (6,1), Teixeirópolis (6,1) e Espigão do Oeste, Ji-Paraná e Presidente Médici, com índice 6,0. Nos anos finais do ensino fundamental, na rede pública de ensino, os municípios que alcançaram os melhores resultado foram: Nova Brasilândia d'Oeste (5,5), Ministro Andreazza (5,0), Primavera de Rondônia (5,0), Novo Horizonte do Oeste (4,9), Santa Luzia d'Oeste e Seringueiras (4,8) e Espigão do Oeste (4,7). No ENEM, Rondônia tem a 15ª maior nota na prova objetiva (empatado com a Bahia) e a 19ª maior nota na redação. A cidade que teve a maior média do ENEM em 2007 do Estado foi Vilhena, com nota 54,17. O melhor colégio público foi a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Tiradentes, localizada em Porto Velho, com nota 56,19. O melhor colégio particular foi o Centro de Educação Integrada Ltda, em Vilhena, com média 70,20. As duas instituições de ensino superior de caráter público no estado são: A Universidade Federal de Rondônia (UNIR) e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO). Entre as principais instituições de ensino superior privado, destacam-se a Faculdade São Lucas, Faculdade de Rondônia (FARO), Faculdades Integradas Aparício Carvalho, Universidade Católica de Rondônia, Centro Universitário Luterano de Porto Velho, Instituto Metodista da Amazônia, Faculdade de Rolim de Moura, Faculdades Associadas de Ariquemes, Faculdade Panamericana de Ji-Paraná, Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal, Faculdades Integradas de Cacoal (UNESC), Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná, Faculdade São Paulo e Instituto de Ensino Superior da Amazônia. Saúde. Conforme dados de 2009, existiam, no estado, 720 estabelecimentos hospitalares, com leitos. Destes estabelecimentos hospitalares, 354 eram públicos, sendo 332 de caráter municipais, 18 de caráter estadual e 4 de caráter federal. 366 estabelecimentos eram privados, sendo 351 com fins lucrativos e 15 sem fins lucrativos. 96 unidades de saúde eram especializadas, com internação total, e 498 unidades eram providas de atendimento ambulatorial. Em 2005, 36% da população de Rondônia tinha acesso à rede de água, enquanto 48,3% tinha acesso à rede de esgoto sanitário. No mesmo ano, verificou-se que o estado tinha um total de 462,1 leitos hospitalares por habitante. Em 2011, o estado tinha 11,1 médicos para cada grupo de 10 mil habitantes. Uma pesquisa promovida pelo IBGE em 2008 revelou que 77,2% da população do estado avaliou sua saúde como boa ou muito boa; 54% da população realiza consulta médica periodicamente; 28% dos habitantes consultam o dentista regularmente e 7,3% da população esteve internado em leito hospitalar nos últimos doze meses. Ainda conforme dados da pesquisa, 25,1% dos habitantes declararam ter alguma doença crônica e apenas 13,3% possuíam plano de saúde. Quase metade dos domicílios particulares no estado são cadastrados no programa Unidade de Saúde da Família: 44,6%. Na questão da saúde feminina, 19,4% das mulheres com mais de 40 anos fizeram exame clínico das mamas nos últimos doze meses; 34,1% das mulheres entre 50 e 69 anos fizeram exame de mamografia nos últimos dois anos; e 75,8% das mulheres entre 25 e 59 anos fizeram exame preventivo para câncer do colo do útero nos últimos três anos. Cultura. O Estado é um mosaico de diversas culturas, tal modo que ainda nenhum traço cultural prevalece sobre o outro, devido ao grande número de migrantes, oriundos principalmente de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Espírito Santo, além de outros países, como Bolívia, Líbano, Barbados e Japão. Festas. A diversidade cultural de Rondônia é facilmente percebida através de seu calendário de festas, em que destaca-se o bloco carnavalesco Banda do Vai Quem Quer, fundada no ano de 1981 por Manoel Mendoça, o Manelão, e que reúne mais de 100 mil pessoas nas ruas da capital de Rondônia durante os festejos de Carnaval. Outra festa de grande importância é o Arraial Flor do Maracujá, realizado a mais de 30 anos na cidade de Porto Velho durante as festas juninas e que representa a força da cultura nordestina na Capital do Estado, sendo também o segundo maior arraial do Brasil. Também durante as festas juninas, destaca-se o Festival Folclórico de Guajará-Mirim, em que as grandes atrações são as apresentações dos bois-bumbás, expressão da cultura amazônida na região, e para marcar a imensa força da cultura agropecuária oriunda das regiões sul e sudeste do Brasil há a realização de diversas festas de rodeio e exposições agropecuárias na maioria dos municípios do Estado, destacando-se a EXPOARI, em Ariquemes, como um dos 5 maiores rodeios do Brasil, Expovil, em Vilhena, Expojipa, em Ji-Paraná e a Expovel, em Porto Velho. Representando uma tradição iniciada dentro do próprio Estado de Rondônia, na cidade de Alto Paraíso é realizada todos os anos a Corrida Nacional de Jericos Motorizados, conhecida como Festa do Jerico, que consiste em uma corrida de automóveis chamados Jericos, cuja engenharia foi concebida por mecânicos locais para adaptar-se ao trabalho no campo e às maltratadas estradas de terra que existiam nos primórdios do Estado de Rondônia e que especialmente no inverno ficavam praticamente intrafegáveis, sendo superadas apenas pela força e versatilidade dos jericos feitos com engenharia amadora local, juntando peças dos mais diversos tipos de carro. Literatura e teatro. Na literatura, destacam-se autores nascidos no estado e os que migraram para Rondônia ao longo das últimas décadas. Entre outros, o poeta Augusto Branco, autor de grande popularidade na internet e cujos livros são publicados no Brasil e na Europa; o poeta Binho, músico, poeta e prosador, cuja obra merece estudo; o prosador e educador Abel Sidney; o romancista e poeta Antônio Cândido da Silva autor de obras importantes, como Diaruí, Marcas do tempo, O vagão dos esquecidos e Enganos da nossa história. No teatro ganhou notoriedade a encenação da peça Bizarrus, dirigida por Marcelo Felice, e encenada por presidiários e ex-presidiários do Estado, que constroem o enredo da peça a partir de suas próprias experiências pessoais, num trabalho que é referência nacional em reabilitação social. Culinária. Pelo fato de Rondônia receber pessoas de vários estados do Brasil, a sua culinária é bastante diversificada. Na culinária, são bastante consumidos os peixes e a farinha amazônica, a polenta paranaense, o churrasco gaúcho e o tereré matogrossense. Além disso, um salgado muito comum é a saltenha, de origem boliviana.
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Roraima
Roraima Roraima ( ) é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Está situado na Região Norte do país, sendo o estado mais setentrional (ao norte) da federação. Tem por limites a Venezuela, ao norte e noroeste; Guiana, ao leste; Pará, ao sudeste; e Amazonas, ao sul e oeste. Ocupa uma área aproximada de 224 300,506 km², pouco maior que a Bielorrússia, sendo o décimo quarto maior estado brasileiro. Em Boa Vista, única capital brasileira totalmente no Hemisfério Norte, encontra-se a sede do governo estadual, atualmente presidido por Antonio Denarium. A história roraimense está fortemente ligada ao Rio Branco. Foi através deste rio que chegaram os primeiros colonizadores portugueses. O Vale do rio Branco sempre foi cobiçado por ingleses e neerlandeses, que adentraram no Brasil através do Planalto das Guianas em busca de indígenas para serem escravizados. Pelo território da Venezuela, os espanhóis também chegaram a invadir a parte norte do rio Branco e no rio Uraricoera. Os portugueses derrotaram e expulsaram todos os invasores e estabeleceram a soberania de Portugal sobre a região de Roraima e de parte do Amazonas. O estado é o menos populoso do país, com uma população de , segundo estimativas de 2021 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É, também, o que apresenta a menor densidade demográfica na federação, com 2,33  hab/km². Sua economia, baseada principalmente no setor terciário, registra uma alta taxa de crescimento, embora seu Produto interno bruto (PIB) seja o menor do país, com seus R$ 14,252 bilhões, representando 0,15% da economia brasileira. Situado numa região periférica da Amazônia Legal, no noroeste da Região Norte do Brasil, predomina em Roraima a floresta amazônica, havendo ainda uma enorme faixa de savana no centro-leste. Encravado no Planalto das Guianas, uma parte ao sul pertence à Planície Amazônica. Seu ponto culminante, o Monte Roraima, empresta-lhe o nome. Etimologicamente resultado de contração de "roro" (verde) e "imã" (serra ou monte), foi batizado por indígenas pemons da Venezuela. Etimologia. A palavra "Roraima" vem de línguas indígenas. Sua etimologia lhe emprega três significados: “Monte Verde”, “Mãe dos Ventos” e “Serra do Caju”. Seria a junção de "roro" (papagaio) e "imã" (pai, formador). Nessa língua indígena, "roro" - ou também "rora" - significa verde, e "imã" significa serra, monte, formando portanto, a palavra "serra verde", que reflete a paisagem natural da região específica. Há ainda, a hipótese da palavra "Roraima" ter outros dois significados: "Mãe dos Ventos" e "Serra do Caju". O primeiro significado, dá-se pela possibilidade do clima da região, onde os índios acreditavam que os ventos que atingiam o sul da Venezuela seriam provenientes do lugar. O segundo, "Serra do Caju", pelo grande número de serras e colinas existentes nesta área. Gramaticalmente, a pronúncia correta de Roraima pode ser tanto "Rorãima" ou "Roráima" (linguisticamente as duas formas são aceitas), embora os roraimenses prefiram a pronúncia "Roráima" (como se houvesse acento agudo na segunda silaba) em razão da origem indígena do nome desta unidade federativa. História. Colonização europeia. Os primeiros colonizadores portugueses chegaram à região através do Rio Branco. Antes da chegada dos portugueses, os ingleses e neerlandeses já eram atraídos para a região, com a finalidade de explorar o Vale do Rio Branco através das Guianas. A soberania de Portugal sobre a região só foi estabelecida após os espanhóis invadirem a parte norte do Rio Branco, juntamente com o rio Uraricoera. A partir de 1725, missionários Carmelitas iniciaram a tarefa de conversão dos povos indígenas da região. A ocupação portuguesa se intensificou a partir da década de 1730, quando avança pelo rio Branco em busca de consolidação das fronteiras e mão de obra indígena. Para isso, organizam "tropas de resgate" (compra de indígenas transformados em escravos durante guerras de etnias opostas), "tropas de guerra" (punição e escravização de indígenas que atacassem núcleos portugueses ou impediam a evangelização) e a busca de produtos nativos do Brasil para comercialização, as chamadas drogas do sertão. Além disso, promoviam os "descimentos" (aldeamentos de missionários e indígenas voluntários ou compulsórios). Em meados do século XVIII, a Coroa portuguesa passou a preocupar-se com as constantes expedições espanholas à região ocidental da Amazônia. Assim, foi cogitada a ideia de criação da Capitania Real de São José do Rio Negro, o que ocorreu através da Carta-régia de 3 de março de 1755. O motivo principal da criação da nova capitania era a ameaçada por parte dos espanhóis do Vice-reino do Peru, mas também havia o temor advindo pelas expedições de neerlandeses do Suriname, com fins de comércio e de apresamento de indígenas. As demarcações previstas pelo Tratado de Madrid, de 1750, também influenciaram grandemente na medida: com a criação de uma nova unidade administrativa na região, pretendia-se implementar, na prática, a colonização do Alto Rio Negro, criando-se a infraestrutura necessária ao encontro e aos trabalhos das comissões de demarcação portuguesa e espanhola, sendo que esse encontro jamais ocorreu, tendo forças portuguesas ocupado nesse ínterim, provisoriamente, o curso do baixo rio Branco, efetuando plantações de mandioca e de outros víveres, para o aprovisionamento da Comissão. O Forte de São Joaquim, construído em 1755 na confluência do rio Uraricoiera com o rio Tacutu, foi determinante na conquista do rio Branco pelos portugueses. O Forte, que hoje está destruído, tinha a finalidade principal de proporcionar aos portugueses a soberania total de Portugal sobre as terras do Vale do Rio Branco, que despertava uma cobiça internacional devido sua pouca exploração. Os colonizadores portugueses, após assumirem a soberania e o controle total da região, criaram diversos povoados e vilas na localidade, juntamente com nativos indígenas. Nossa Senhora da Conceição e Santo Antônio, no rio Uraricoera; São Felipe, no rio Tacutu e Nossa Senhora do Carmo e Santa Bárbara, no rio Branco, foram os principais povoados criados na época, abrigando um número populacional significativo. Entretanto, devido aos conflitos entre os indígenas e os colonizadores pelo fato de os indígenas não aceitarem submeter-se às condições impostas pelos portugueses, os povoados não se desenvolveram. Para garantir a presença do homem português nas terras do Vale do Rio Branco, o comandante Manuel da Gama Lôbo d'Almada iniciou a criação de gado bovino e equino no território, em 1789. As fazendas de São Bento, São José e São Marcos, nos rios Uraricoera e Tacutu, respectivamente, foram as primeiras à introduzirem permanentemente a criação de gado bovino e equino, entre 1793 e 1799. Atualmente, a fazenda de São Marcos pertence aos indígenas e localiza-se em frente ao local onde existia o Forte São Joaquim. Período imperial. Durante um ano, entre 1810 e 1811, militares ingleses penetraram no Vale, mas foram expulsos pelo comandante do Forte de São Joaquim. A fronteira entre Brasil e Guiana, cujo processo de demarcação de fronteira já havia sido encerrado, precisou ser remarcada, devido às grandes invasões inglesas ocorridas neste período. Assim sendo, a colonização de Rio Branco dividiu-se em quatro períodos: De 1750 ao início do século XIX, com a descoberta do rio Branco; de meados do século XIX até a criação do município de Boa Vista, em 1890; de 1890 até a criação do Território Federal do Rio Branco; e da criação do Território Federal do Rio Branco a elevação deste à categoria de unidade federativa brasileira, renomeado de Roraima. A colonização da região foi altamente incentivada em fins do século XIX, com o estabelecimento de Fazendas Nacionais. Porém, a população do estado só encontrou estabilidade após sua emancipação, um século mais tarde, com os garimpos de ouro e diamantes que atraíram levas migratórias de diversas regiões do país. Essa imigração e exploração desordenada ocasionou, na localidade, em muitos conflitos e mortes por doenças e assassinatos. Atualmente, quase todas as reservas indígenas do estado encontram-se homologadas. Pouco mais de pessoas viviam na região em que foi criado o município de Boa Vista, em 1890. Os dados de 1887 - válidos durante a criação do município - informaram que as cerca de pessoas que habitavam a região na época da criação do município eram brancas e mestiças, em sua maioria mamelucos. Isso porque as etnias indígenas da região não foram acrescentados aos dados. Estima-se que havia mais de cinco mil indígenas na localidade, o que aumentaria consideravelmente a população do município. O Amazonas, estado ao qual pertencia Boa Vista na época, não possuía recursos financeiros suficientes para promover o desenvolvimento do novo município de imediato. A região do extremo norte amazonense dependia economicamente do rebanho bovino criado na região, que também servia para o abastecimento de Manaus, capital do estado. A administração de Augusto Ximeno de Villeroy foi a responsável pela criação do município, que acreditava ser importante a fundação de uma localidade no extremo norte do Amazonas para o desenvolvimento da região. Eduardo Ribeiro, então governador do Amazonas, também voltou sua atenção para Boa Vista e o território do atual estado de Roraima. Em 1896, após inaugurar o Teatro Amazonas, ele ordenou que Sebastião Diniz abrisse uma longa estrada ao norte de Manaus. Sua intenção era construir uma estrada ligando Manaus a Boa Vista, que pudesse servir para o transporte do gado da região do Vale do Rio Branco para o matadouro de Manaus. Território federal e autonomia política. O Território Federal do Acre foi o primeiro Território Federal brasileiro, em 1903. O Decreto-lei nº 5.812 de 13 de setembro de 1943, que desmembrou o estado do Amazonas, criou o Território Federal do Rio Branco. Em 1962, o território foi denominado como Território Federal de Roraima e elevado à categoria de unidade federativa brasileira pela Constituição brasileira de 1988. Apesar de ter sido criado em 13 de setembro de 1943, juntamente com os outros territórios federais, o Território Federal do Rio Branco só recebeu seu primeiro governador em junho de 1944, quando este chegou à Boa Vista. Getúlio Vargas, responsável pela criação dos Territórios Federais, enfrentava uma notável crise política à época, o que influenciou no atraso da nomeação dos governadores dos territórios. Vargas foi deposto de seu cargo em 29 de outubro de 1945. De 1943 a 1964, Roraima teve 15 governadores titulares, entre militares, que eram a maioria, e civis. Vitorino Freire, senador do Maranhão, indicou indiretamente 10 desses governadores. Cada governador permaneceu pouco tempo (em média, dezesseis meses). Assim sendo, durante o referido período, o Território Federal de Roraima não alcançou o desenvolvimento esperado pelo governo federal. Durante o Regime militar no Brasil, em um período de vinte e um anos, Roraima teve 8 governadores que administraram a unidade com poderes militares. No período posterior ao Regime Militar, com a redemocratização do Brasil e a eleição indireta de Tancredo Neves para a Presidência da República, o Território Federal de Roraima possuiu novamente governadores indicados por outros políticos e influentes. Com a Constituição promulgada em 5 de outubro de 1988, Roraima deixou o estatuto de Território Federal e transformou-se em estado-membro da Federação, tendo Romero Jucá Filho como primeiro governador após aprovação pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal. Já o primeiro governador do estado de Roraima eleito em eleições diretas foi Ottomar de Souza Pinto, governando de 1º de janeiro de 1991 a 31 de dezembro de 1994. Geografia. Roraima é um estado da Região Norte do Brasil, sendo o estado mais setentrional da federação brasileira. Possui quilômetros de fronteira com países sul-americanos, sendo a Venezuela ao norte e noroeste e a Guiana a leste. No Brasil, faz limite com o Amazonas ao sul e oeste; e Pará ao sudeste. Possui de área. Desta, aproximadamente são áreas indígenas, representando quase metade do território da unidade (46,37%). A área de preservação ambiental no estado, de responsabilidade do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), também é extensa, sendo , um total de 8,42%. Localiza-se a oeste do Meridiano de Greenwich e é cortado pela Linha do Equador, sendo que sua capital, Boa Vista, é a única capital brasileira ao norte da Linha do Equador. Seu fuso horário é de menos quatro horas em relação à hora mundial GMT e menos uma hora em relação à hora oficial do Brasil. O Monte Roraima, localizado na Serra Pacaraíma, é o ponto mais alto do estado e um dos mais elevados do país, com metros. Relevo. O relevo é bastante variado; junto às fronteiras da Venezuela e da Guiana situam-se as serras de Parima e de Pacaraima, onde se encontra o monte Roraima, com 2.875 metros de altitude. Como está no extremo norte do Brasil, seus pontos no extremo norte são o rio Uailã e o Monte Caburaí. De uma forma abrangente, o relevo presente em Roraima é, de predominância plana. Aproximadamente 60% da área possui altitudes inferiores a 200 metros, 25% se eleva para uma média entre 200 e 300 metros, 14% de 300 a 900 metros e somente 1% detêm elevações da superfície superiores a 900 metros acima do nível do mar. Existem ainda, duas estruturas geomorfológicas: O Planalto Ondulado e os Escarpamentos Setentrionais, que fazem parte do Planalto das Guianas. O seu Planalto Ondulado é um grande pediplano, formado por maciços e picos isolados e dispersos. Por ser bastante diferenciado, o relevo é dividido em cinco degraus: O primeiro degrau abriga áreas do estado de acumulação inundáveis, que não apresentem propriamente uma forma de relevo, mas que estejam cobertas por uma fina camada de água; o segundo degrau seria o pediplano Rio Branco, uma unidade de relevo de enorme expressão na unidade federativa, pois ocupa grande parte de suas terras. Nesse pediplano, as altitudes variam de 70 a 160 metros e possuem fraca declividade rumo à calha dos rios. O terceiro degrau é formado por elevações que podem chegar a 400 metros de altitude. São serras como a serra da Lua, serra Grande, serra da Batata e outras. O quarto degrau caracteriza-se por elevações que podem variar de 600 a metros de altitude, formado principalmente pela cordilheira do Pacaraima, serra do Parima e serra do Urucuzeiro. Estas serras estão unidas em forma de cadeias e nela nascem os rios que formam o rio Uraricoera. Por fim, o quinto degrau, agrupa as regiões mais altas, formado por elevações que chegam a quase metros de altitude. Clima. Em Roraima predomina o clima similar ao de outros estados da Região Norte que abrigam a Floresta Amazônica, basicamente variações do clima tropical como o equatorial ("Af") e o tropical úmido, também conhecido como clima de monção ("Am"), e o tropical de savana ("Aw"). A temperatura média ocorrida durante o ano, varia de 20 °C em pontos de relevos com maiores altitudes, e 38 °C em áreas de relevo suave ou plano. O índice pluviométrico na parte oriental é cerca de 2 mil milímetros. Na parte ocidental é de aproximadamente 1,5 mil milímetros. Na capital e em proximidades, os índices atingem 2,6 mil milímetros. De modo geral, o clima varia de acordo com a região. Segundo a classificação climática de Köppen-Geiger, o sul e o oeste do estado apresentam um clima equatorial quente e úmido ("Af"). A temperatura média anual varia de 25° a 28 °C. No norte e no leste, o clima apresentado é o tropical de monção ("Am"), onde a temperatura média é semelhante as demais regiões do estado, porém o índice pluviométrico é menor, e a estação de seca é bem definida. Apesar da latitude, no extremo noroeste e nordeste, nas áreas mais elevadas do estado, é possível encontrar padrões climáticos compatíveis com os de climas subtropicais úmidos ("Cfa" e "Cwa"), como na região em torno do Monte Roraima, que apresenta temperatura média anual entre 20 e 22 °C, e uma estação seca entre os meses de dezembro e março. Hidrografia. O estado de Roraima possui uma extensa hidrografia. Seu território é fartamente irrigado por 14 rios, sendo estes: Água Boa do Univiní, Ailã, Ajarani, Alalaú, Branco, Catrimani, Cauamé, Itapará, Mucajaí, Surumu, Tacutu, Uraricoera, Urubu e Xeruini. A hidrografia do estado de Roraima faz parte da bacia do rio Amazonas e baseia-se basicamente na sub-bacia do rio Branco ( km²) o maior e mais importante do estado. Este rio é um dos afluentes do rio Negro. Grande parte dos rios da região possui uma grande quantidade de praias no verão, ideais para o turismo e lazer. Além disso, existem rios de corredeiras localizados ao norte do estado, sendo que estes são uma opção para prática de esportes aquáticos, como a canoagem. Quase todas as fontes hídricas do estado têm sua origem dentro de seu território, com exceção de dois rios com nascentes na Guiana. Todos os rios roraimenses deságuam na Bacia Amazônica. Ecossistemas e unidades de conservação. Roraima apresenta três tipos de coberturas vegetais, sendo todas bem distintas. Ao sul do estado, encontramos uma floresta tropical densa e abundante entrecortada por rios caudalosos, com uma rica fauna e flora. Na região central roraimense, o domínio dos campos gerais, lavrados ou savanas, existindo ainda lagos e riachos. A vegetação vai mudando e se tornando menos densa em direção ao norte. A fronteira é uma região de serras, acima dos mil metros de altitude, com um clima que varia de 10 °C a 27 °C. De uma forma abrangente, na parte ocidental e meridional prevalece a Floresta Amazônica, enquanto que na região centro-oriental é caracterizado formações arbustivas e herbáceas, como as campinas e os cerrados. No entanto, a composição paisagística vegetativa do estado pode ser classificada, mais especificamente, da seguinte forma: Floresta Tropical Amazônica, composta por florestas densas e úmidas; Campos Gerais do Rio Branco, formado por gramíneas, palmeiras de grande porte, buritizeiros, entre outros; e Região Serrana, árvores espaçadas, existência de uma grande quantidade de matéria orgânica como húmus. Em Roraima o IBAMA administra oito unidades de conservação. O principal é o Parque Nacional do Monte Roraima, criado em 28 de junho de 1989 e localizado no extremo norte do estado. Com metros de altitude, o Monte Roraima é o marco divisor da tríplice fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana. Há ainda outras sete unidades de conservação, são elas: Parque Nacional do Viruá (criado em 1998), em Caracaraí; Parque Nacional Serra da Mocidade, criado em 1998 também em Caracaraí; Estação Ecológica de Maracá (1981), em Amajari; Estação Ecológica de Cacararaí (1982); Estação Ecológica do Niquiá (1985), com uma área de 286,6 mil hectares; Floresta Nacional de Roraima (1989), nos municípios de Mucajaí e Alto Alegre, e, por último, a Floresta Nacional do Anauá (2005), no município de Rorainópolis. Biodiversidade. A flora do estado de Roraima é dividida em três blocos: Floresta tropical amazônica, Campos gerais do rio Branco e região Serrana. A Floresta tropical amazônica compõe-se de floresta densa e úmida típica do baixo Rio Branco, estendendo-se pela região sudoeste do estado e penetrando em parte do território do Amazonas. Os Campos gerais do rio Branco se estendem por aproximadamente 44 mil km², sendo também conhecidos como região do lavrado. O lavrado é conhecido também como savana e é formado por gramíneas, entretanto, ao longo dos cursos d'água, situam-se palmeiras de grande porte conhecidas como buritizeiros. No lavrado também encontra-se, em grande quantidade, caimbés, paricaranas e muricizeiros. A Região Serrana possui vegetação típica de montanhas, de árvores mais rarefeitas e de vales ricos em humos com gramíneas de boa qualidade para os animais de criação. Encontra-se mais ao norte do estado, na fronteira deste com a Venezuela. Em qualquer dos blocos, existem três tipos diferentes de cobertura vegetal levando-se em consideração as margens dos rios. Estas são: Matas de terra firme, Matas de várzea e Matas ciliares. Matas de terra firme compreendem as florestas localizadas em terras que não são atingidas pelas enchentes dos rios. Matas de várzeas são as florestas que cobrem as terras atingidas pelas cheias dos rios. Matas ciliares são preservadas por lei. Estas sofrem inundações todos os anos por conta das cheias dos rios amazônicos. Os diversos ambientes da região contribuem para a formação da fauna roraimense: Florestas tropicais amazônicas, onde encontram-se animais como onça, anta, caititu, jacaré, gato maracajá, lontra, veado, macacos, entre outras espécies; Campos gerais do rio Branco, que apresenta tamanduás, tatus, jabutis, veados campeiros, pacas, cutias, cobras e outras espécies; Bacia do rio Branco, onde estão os peixes, que em Roraima a variedade é grandiosa. Entre os principais peixes, encontramos: pacu, tucunaré, surubim, matrinxã, pirararas, tambaqui, acara, mandi, cachorra, piranha, traíra, piraíbas, aruanã e muitas outras espécies. Nas praias do baixo rio Branco, é possível encontrar ainda, tartarugas e tracajás. Há muitos pássaros no estado, de grande e pequeno porte. Entre os de grande porte destacam-se o passarão e jaburu. Entre os de pequeno porte destacam-se os jacus, garças, carcarás, passarinhos de muitas espécies e outros. Além destes, existem também os domésticos. Demografia. A população de Roraima é de habitantes, segundo a estimativa populacional de 2021, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o que faz do estado a unidade federativa menos populosa do Brasil. A capital, Boa Vista, concentra 65,3% da população do estado. A população de Roraima quase dobrou em vinte anos. Em 1991, o estado contava com habitantes, um aumento significativo de 95,51 % de crescimento populacional. Os municípios que apresentaram maior crescimento populacional foram Boa Vista, a capital, e Rorainópolis. Quanto ao número de crescimento populacional anual de Roraima, o estado coloca-se entre os de maior crescimento no Brasil, com uma taxa de 4,6%, muito superior à média nacional de 1,6% de crescimento. Nesse quesito, perde apenas para o Amapá, que registra mais de 5% de crescimento anual. Entretanto, esse alto número de crescimento de população vem caindo nos últimos anos. Um exemplo disto é a taxa apresentada em 2000, quando Roraima apresentou 49,09% de crescimento de população em relação a 1991. No último censo, em 2010, esse número caiu para 31,13%. Do total da população do estado em 2010, habitantes são homens e habitantes são mulheres. Nos últimos anos, o crescimento da população urbana intensificou muito, ultrapassando o total da população rural. Segundo a estimativa de 2000, 80,3% dos habitantes viviam em cidades. A densidade demográfica era de 1,8 hab./km² em 2006. Essa marca é inferior à densidade brasileira — 19,94 hab./km². A distribuição da população estadual é desigual, apresentando maior concentração na região da capital e no sul do estado. Cinco municípios (Boa Vista, Rorainópolis, Alto Alegre, Caracaraí e Bonfim) concentram mais da metade da população de Roraima. Em 2005, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de Roraima era de 0,750, sendo classificado como médio e colocando o estado na 18ª posição entre os estados do Brasil. Religião. Tal qual a variedade cultural verificável em Roraima, são diversas as manifestações religiosas presentes. A Diocese de Roraima é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica no estado de Roraima, pertencente à Província Eclesiástica de Manaus e ao Conselho Episcopal Regional Norte I da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, sendo sufragânea da Arquidiocese de Manaus. A sé episcopal está na Catedral Cristo Redentor, na cidade de Boa Vista, sendo a única diocese católica do estado de Roraima. Embora seu desenvolvimento tenha sido sobre uma matriz social eminentemente católica, tanto devido à colonização quanto à imigração - e ainda hoje grande parte da população roraimense declara-se católica, é possível encontrar atualmente no estado dezenas de denominações protestantes diferentes, assim como a prática do candomblé, do Espiritismo, das religiões antitrinitárias e novos movimentos religiosos, entre outros. Nos últimos anos, as religiões orientais, o mormonismo e denominações evangélicas têm crescido bastante no estado. De acordo com dados de 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população de Roraima está composta por: católicos (50,5%); protestantes (30,3%); pessoas sem religião (12,98%); Tradições indígenas (2,75%); espíritas (0,91%); budistas (0,13%); Candomblé (0,08%); Tradições esotéricas (0,03%); Judaísmo e Islã (0,03% cada); Umbanda (0,02%) e Hinduísmo (0,01%). Entre as denominações cristãs restauracionistas, destacam-se as Testemunhas de Jeová (0,55%)e A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (0,15%). Entre as novas religiões orientais, destaca-se a Igreja Messiânica Mundial (0,06%). Outras crenças são partilhadas por 1,47% da população. Composição étnica. Os traços culturais, políticos e econômicos herdados dos portugueses, espanhóis e neerlandeses são influentes em Roraima. Voltando um pouco atrás na história, não se pode esquecer a importância dos ameríndios no quesito contribuição étnica. Foram os ameríndios que iniciaram a ocupação humana na Amazônia, e seus descendentes, os caboclos, desenvolveram-se em contato íntimo com o meio ambiente, adaptando-se às peculiaridades regionais e oportunidades oferecidas pela floresta. Na sua formação histórica, a demografia roraimense é o resultado da miscigenação das três etnias básicas que compõem a população brasileira: o índio, o europeu e o negro, formando, assim, os mestiços da região (caboclos). Mais tarde, com a chegada dos migrantes, especialmente nordestinos, formou-se um caldo de cultura singular, que caracteriza grande parte da população, seus valores e modo de vida. Segundo o censo de 2009 do IBGE, a população de Roraima está composta por: pardos (61,6%), brancos (30,4 %), pretos (6,1%) e indígenas ou Amarelos (1,9 %). Há ainda, pessoas que não declararam suas etnias, representando 0,63 % do total da população. Roraima também reconhece a identidade mestiça. O Dia do Mestiço (27 de junho) é data oficial no estado. Criminalidade. Segundo o mapa da violência no Brasil de 2011, os municípios de Alto Alegre e Caracaraí são os que apresentam maior taxa de criminalidade no estado, como 73,3% e 49,7% e ocupando as 42ª e 146ª posições a nível nacional, respectivamente. Os outros três municípios de maior criminalidade são Mucajaí (41% - 251ª posição nacional), Cantá (37,2% - 312ª posição nacional) e Bonfim (31,4% - 441ª posição nacional). A capital, Boa Vista, apresenta 24,9% de criminalidade e ocupa a 664ª posição entre os municípios brasileiros. De acordo com o Censo brasileiro de 2010, 77,7% dos habitantes de Roraima sentem-se seguros em seus domicílios; 72,3% sentem-se seguros no bairro ou comunidade em que residam; e 64,8% da população sente-se segura na cidade onde reside. Entretanto, 18,7% das residências no estado possuíam algum tipo de proteção ou segurança particular, que não fosse de domínio público. 11,1% das pessoas declararam já terem sido vítimas de roubo ou furto, sendo que destas 20,4% não procuraram atendimento em delegacias de polícia. Urbanização. Roraima está dividido politicamente em 15 municípios. O mais populoso deles é Boa Vista, com 284 mil habitantes, sendo o município mais antigo do estado, surgido como um povoado, o primeiro com características urbanas em Roraima. Política. Roraima é um estado da federação, sendo governado por três poderes, o executivo, representado pelo governador, o legislativo, representado pela Assembleia Legislativa do Estado de Roraima, e o judiciário, representado pelo Tribunal de Justiça do Estado de Roraima e outros tribunais e juízes. Também é permitida a participação popular nas decisões do governo através de referendos e plebiscitos. A atual constituição do estado de Roraima foi promulgada em 31 de dezembro de 1991, acrescida das alterações resultantes de posteriores emendas constitucionais. O Poder Executivo roraimense está centralizado no governador do estado, que é eleito em sufrágio universal e voto direto e secreto, pela população para mandatos de até quatro anos de duração, e podem ser reeleitos para mais um mandato. Sua sede é o "Palácio Senador Hélio Campos", que desde 1991 é a sede do governo roraimense. O Poder Legislativo de Roraima é unicameral, constituído pela Assembleia Legislativa do Estado de Roraima. Ela é constituída por 24 deputados, que são eleitos a cada 4 anos. No Congresso Nacional, a representação roraimense é de 3 senadores e 8 deputados federais. A maior corte do Poder Judiciário roraimense é o Tribunal de Justiça do Estado de Roraima. Compõem o poder judiciário os desembargadores e os juízes de direito. Tratando-se sobre organizações de representação política, 34 dos 35 partidos políticos brasileiros possuem representação no estado. Conforme informações divulgadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com base em dados de abril de 2016, o partido político com maior número de filiados em Roraima é o Partido Republicano Progressista (PRP), com membros, seguido do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), com membros e do Partido Democrático Trabalhista (PDT), com filiados. Completando a lista dos cinco maiores partidos políticos no estado, por número de membros, estão o Partido Progressista (PP), com membros; e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), com membros. Ainda de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral, a Rede Sustentabilidade (REDE) e o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) são os partidos políticos com menor representatividade na unidade federativa, com 21 e 24 filiados, respectivamente. O Partido Novo (NOVO) é o único que não possui nenhuma representatividade em Roraima. Subdivisões. Regiões Intermediárias e Imediatas. O estado de Roraima é composto por 15 municípios, que estão distribuídos em quatro regiões geográficas imediatas, que por sua vez estão agrupadas em duas regiões geográficas intermediárias, segundo a divisão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vigente desde 2017. Economia. Roraima detém o menor Produto interno bruto (PIB) entre os estados brasileiros, apesar das altas taxas de crescimento. Seu PIB, em 2013, era de bilhões de reais, representando 0,15% do PIB brasileiro e colocando o estado na 27ª posição nacional. O estado apresentou crescimento anual da ordem de 7,65%, congratulando-se como o estado de maior crescimento econômico no Norte brasileiro. O PIB per capita roraimense é o segundo maior de sua macrorregião, com R$ , atrás somente do PIB per capita amazonense. Em âmbito nacional, o estado ocupa a 13ª posição, estando 25,9% abaixo da média nacional e 15,9% acima da média regional. Comparado a 2007, o fator per capita estadual teve uma variação de 15,3%, sendo 15,9% a variação referente à renda per capita média da Região Norte. Roraima possui duas Áreas de Livre Comércio (ALC): Em Bonfim e em Boa Vista. Estas são áreas de importação e exportação que operam em regime fiscal especial. As duas ALC’s – únicas no país com incentivos fiscais na implantação de indústrias que utilizem matéria-prima da Amazônia Ocidental, funcionam desde 2005, e são responsáveis por ampliar a tendência para a realização do turismo de negócios. Quanto a pauta de exportação do estado, ela é composta principalmente, segundo dados de 2012, de soja (33,29%), madeira serrada (39,13%), barras de ferros forjadas a quente (7,45%) e madeira perfilada (6,04%). Setor primário. O setor primário em Roraima encontra-se atualmente em desenvolvimento. Obteve um crescimento econômico de 4,8%, sendo responsável por 6,4% do PIB do estado. Em 2010, a agricultura teve queda de 5,2% com relação a 2006, onde os principais produtos da agricultura (arroz em casca e soja), tiveram queda de produção em 2007. Houve redução de 14,4% na área de cultivo do arroz, sendo que este teve uma produção 4,37% menor que o ano anterior. A produção de soja também teve uma redução na área plantada em 36,4% e a sua produção havia diminuído 34,1% em 2007. Os três principais produtos exportados por Roraima, em 2010, foram o couro, com uma participação de 63,32%, a madeira (28,13%) e água mineral com 1%. No acumulado, a madeira representa 42,17% do volume exportado seguido de consumo de bordo com 36,26%. Com relação as importações realizadas por Roraima, os três principais produtos importados no segundo semestre de 2010 foram os Cimentos Portland, representando 35,43%, vidros com 11,20% e farinha de trigo com 9,32%. De acordo com o Censo Agropecuário de 2006, existem em Roraima estabelecimentos agropecuários legalizados, sendo de caráter individual e 178 de caráter consorcial, que ocupavam hectares de terra. Há ainda, o registro de 10 cooperativas agropecuárias legalizadas, divididas em hectares. Foi registrado também estabelecimentos agropecuários informais, sendo administrados por homens e administrados por mulheres. Estes espaços informais ocupavam 7 379 hectares de terra do estado. Quanto aos assentamentos sem titulação definitiva, foram contabilizados 568 unidades nesta condição, sendo 483 de propriedade de homens e 85 de propriedade de mulheres, distribuídos em hectares de terra. As lavouras permanentes no estado são notáveis, existindo unidades destas, que ocupavam hectares. As lavouras temporárias estão concentradas em maior número, , distribuídas em hectares de terra. Em relação a empregados, cerca de pessoas trabalham formalmente em estabelecimentos agropecuários, sendo em sua maioria, homens ( dos trabalhadores). Ainda em 2006, havia bovinos, aves, suínos, ovinos, equinos, caprinos, 562 muares, 234 asininos e 105 bubalinos. Setores secundário e terciário. O extrativismo é o destaque no setor secundário. Esse segmento sofreu retração de 2006 para 2008 da ordem de 11,2%, enquanto as atividades de produção e distribuição de eletricidade e gás, água e esgoto e limpeza urbana não apresentaram variação de desempenho. O setor secundário apresentou crescimento de 8,1% em 2008. Somente a construção civil cresceu 11,7%, aumentando sua participação em 7,7% da economia de Roraima, enquanto que a indústria de transformação diminuiu 2,5% em relação ao ano anterior. Roraima possui um parque industrial de porte médio, situado em Boa Vista, destinado principalmente à produção de refrigerantes, derivados do leite e derivados cereais. São Paulo é o principal destino destes produtos, como maior comércio importador, com destaque também para o Amazonas e a Venezuela. Outros indústrias dedicam-se à produção de cimento, ferro, combustíveis, produtos para alimentação, entre outros. O setor extrativista, que integra o setor secundário, é um dado que tem se destacado negativamente. Esse segmento sofreu retração de 2006 para 2008 da ordem de 11,2%, enquanto as atividades de produção e distribuição de eletricidade e gás, água e esgoto e limpeza urbana não apresentaram variação de desempenho. O setor terciário tem sua maior expressão na administração pública, educação, saúde e seguridade social. Juntos, esses segmentos obtiveram participação de 47,3% no PIB, com crescimento da ordem de 5,7%. Ainda no setor terciário, os serviços de informação, intermediação financeira, atividades imobiliárias, turismo e aluguéis, representam 33,1% do PIB roraimense. Isso fez com que o setor terciário representasse 80,4% do PIB do estado. Turismo. Roraima possui um grande potencial turístico, em especial no ecoturismo. Por se localizar no extremo norte do país, na parte setentrional deste e por fazer limites com três países sul-americanos, Roraima mantém estreitas relações comerciais baseadas no turismo com esses países, em especial a Venezuela. Os atrativos naturais são os principais pontos turísticos do estado, em especial o Monte Roraima. Arqueólogos têm forte interesse na Pedra Pintada, que é o mais importante sítio de tal ciência do estado. Nela, há inscrições de civilizações milenares, tais como pinturas rupestres, pedaços de cerâmicas, machadinhas, contas de colar, entre outros artefatos que indiciam a história da evolução humana, datados de quatro mil anos. A rocha é um monólito de granito com sessenta metros de diâmetro e cerca de 40 metros de altura. Na face externa existem pinturas rupestres vermelhas que são até hoje consideradas um enigma para cientistas. Há também cavernas funerárias com até 12 metros de extensão. A Pedra Pintada localiza-se em Pacaraima. O Monte Roraima, um dos lugares mais antigos do planeta, atrai diversos turistas de todo o mundo. O explorador botânico inglês Everd Thurm descreveu sua passagem pelo Monte Roraima, em 1884, com as seguintes palavras: A Serra do Tepequém também é uma atração turística estadual. Possui um riquíssimo artesanato em pedra-sabão e sua área é de livre exploração de diamantes. O local serve como prática de "trekking" (caminhada), até as cachoeiras do Paiva, Sobral, do Barata e do Funil. O platô é o ponto culminante de toda a Serra, onde se inicia a cadeia montanhosa que delimita as fronteiras entre o Brasil e a Venezuela. A serra do Tepequém conta com altitude média de 1,5 mil metros e está situada no município de Amajari. Outro ponto turístico do estado é o Monte Caburaí. Geógrafos comprovaram que ele está situado a 70 km acima do Oiapoque, o que faz do monte o ponto mais setentrional do Brasil, tendo sido reconhecidamente convencionado nas instituições oficiais responsáveis pelas demarcações territoriais geográficas, como o Ministério da Educação e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Destaca-se também, o Lago Caracaranã, no município de Normandia. Com quase 6 quilômetros de perímetro, é conhecido por suas praias de areia fina rodeadas de cajueiros. Infraestrutura. Saúde. Em 2005, existiam, no Estado, 455 estabelecimentos hospitalares, com 725 leitos e 56 médicos, 10 enfermeiros diplomados e 60 auxiliares de enfermagem. Em 2010, dos 455 hospitais existentes, 378 eram de adultos e crianças, 22 eram exclusivamente de crianças, sendo 49 gerais e 3 especializados. Em 2005, 85,2% da população roraimense tinham acesso à rede de água, enquanto 75% se beneficiam da rede de esgoto sanitário. De acordo com o Censo brasileiro de 2010, 81,4% da população de Roraima avalia a sua saúde como boa ou ótima; 72,5% da população realiza consulta médica periodicamente; 44,9% dos habitantes consultam o dentista regularmente e 7,4% da população esteve internado em leito hospitalar nos últimos doze meses. Aproximadamente 22% dos habitantes declarou ter alguma doença crônica e apenas 9,8% possui plano de saúde. Outro dado significante é o fato de 44,7% dos habitantes declararem necessitar sempre do Programa Unidade de Saúde da Família - PUSF. Na questão da saúde feminina, 30,5% das mulheres com mais de 40 anos fizeram exame clínico das mamas nos últimos doze meses; 39,1% das mulheres entre 50 e 69 anos fizeram exame de mamografia nos últimos vinte e quatro meses; e 85,6% das mulheres entre 25 e 59 anos fizeram exame preventivo para câncer do colo do útero nos últimos trinta e seis meses. Educação. O estado dispunha em 2009 de uma rede de 585 escolas de ensino fundamental, das quais 322 estaduais, 252 municipais, 10 particulares e 1 pública federal. O corpo docente era constituído de 4 842 professores, sendo que 2 952 trabalhavam nas escolas públicas estaduais, 1 627 nas escolas públicas municipais e 217 nas escolas particulares. Estudavam nestas escolas 86 547 alunos, dos quais 82 208 nas escolas públicas e 4 339 nas escolas particulares. O ensino médio foi ministrado em 100 estabelecimentos, com a matrícula de 17 512 alunos. Dos 17 512 discentes, 16 175 estavam nas escolas públicas e 1 337 nas particulares. Quanto ao ensino superior, destaca-se a Universidade Federal de Roraima (UFRR), a Universidade Estadual de Roraima (UERR) e o Instituto Federal de Roraima (IFRR). Há ainda estabelecimentos de Ensino Superior privados: Faculdade Roraimense de Ensino Superior (FARES), Faculdade Estácio Atual, Faculdade Cathedral e Faculdade de Ciências, Educação e Teologia do Norte do Brasil (FACETEN). Foram registrados ainda, 14 575 estudantes de ensino pré-escolar, divididos em 270 unidades de ensino. Destas, 258 eram municipais, não existindo nenhuma a nível estadual. No estado havia 857 professores de ensino pré-escolar. Em 2010 a taxa de analfabetismo no estado era de 9,69%, colocando o estado na 15ª posição entre os estados do Brasil por analfabetismo. Da população, 15,9% dos roraimenses são analfabetos funcionais. Isso faz da educação de Roraima a 13ª melhor educação do Brasil, com um Índice de Desenvolvimento Humano na área de 0,628. A última estatística informou que o estado possuía 450 prédios destinados a unidades de ensino público. Em 2013, no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), o estado alcançou nota de 5,0 pontos, sendo superior à média nacional e se configurando na 16ª posição nacional. A nota média de Roraima no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) é de 35,03 na prova objetiva e 56,37 na prova de redação, sendo uma das maiores notas do Norte-Nordeste brasileiro. Nestas duas regiões, Roraima perdeu apenas para o Amazonas (57,77). Entretanto, mesmo com a segunda maior nota, a média de Roraima ficou abaixo da média nacional, que foi de 57,26. Em relação ao número de estudantes, participaram do ENEM em 2010, sendo que destes, eram concluintes do ensino médio e egressos. 85,52 % do total de estudantes eram oriundos de escola pública. Pesquisa realizada pelo Portal G1 apontou Roraima como um dos estados brasileiros que melhor remuneram o professor de nível médio, com salário médio de R$ 2 099,47 por 25 horas semanais. Segundo a pesquisa, o maior salário do país, no Distrito Federal - no valor de R$ 3 121,96 – era referente a uma carga horária de 40 horas. No mesmo ano, a ONG Todos pela Educação também citou Roraima como o segundo estado brasileiro com maior investimento no aluno da educação básica ao ano, com R$ 4.834, 43, para cada aluno. Transportes. No estado existe apenas um aeroporto administrado pela Infraero, o Aeroporto Internacional de Boa Vista - Atlas Brasil Cantanhede, localizado na capital estadual. Em 2009, o aeroporto da capital estadual movimentou passageiros e cargas aéreas. O estado possui ainda outros 7 aeroportos de categoria estadual e menor porte: Aeroporto Auaris, em Amajari; Aeroporto de Mucajaí, em Mucajaí; Aeroporto de Pacaraima, em Pacaraima; Aeroporto Surucucu, Uaicas e Surucucus, em Alto Alegre, sendo este último localizado no interior da Terra Indígena Yanomami; e o Aeroporto de Caracaraí. Estes aeroportos são de administração municipal e estadual. O transporte aéreo é o mais rápido em regular em Roraima, encontrando-se em melhores condições que os demais. As cidades, distritos e vilas do interior roraimense são atendidas, na maioria das vezes, por transportes oriundos de Boa Vista. Posto isto, é a mais isolada unidade federativa da nação. Não há rede ferroviária no estado. O único estado brasileiro que possui ligação rodoviária com Roraima é o Amazonas, através da BR-174, que interliga os municípios do Sul aos municípios do Norte do estado, sendo responsável também por interligar o Brasil à Venezuela. A BR-174 possui 992 quilômetros e corta o território do estado do sul ao norte, cruzando o rio Branco na altura de Caracaraí através da Ponte José Vieira de Sales Guerra. Há ainda, a BR-210, também chamada de "Perimetral norte", um projeto oriundo de meados do Século XX, do Governo Federal, que fora realizado apenas parcialmente e que, a princípio, ligaria o estado ao Pará, Amapá e ao município de São Gabriel da Cachoeira (AM). Esta rodovia possui 481 quilômetros de extensão e corta o estado no sentido leste-oeste. Outra rodovia em Roraima que cruza o Brasil é a BR-401, fazendo a comunicação do estado com a Guiana. Inicia em Boa Vista e cruza o rio Branco pela ponte dos Macuxis, penetrando em território guianense. Entretanto, esta rodovia, que possui 185 quilômetros de extensão, não se encontra totalmente asfaltada. Outras rodovias federais são a BR-431, a BR-432 e a BR-433. Existem ainda rodovias de caráter estadual, entre as quais destacam-se a RR-205 (que conecta a capital à sede de Alto Alegre) e a RR-203. As estradas federais em Roraima somam 1 638 quilômetros. As estradas estaduais somam pouco mais de 2 000 quilômetros de extensão, estando, em grande parte, em condições de uso indevidas. A capital Boa Vista dispõe de um anel viário de quase 30 quilômetros, denominado Contorno Oeste Ottomar de Souza Pinto, fazendo a interligação de três importantes rodovias. Também é notável no estado, assim como em outros estados da Amazônia, o transporte fluvial. Entretanto, a navegação fluvial encontra-se limitada ao rio Branco. O transporte no rio Branco é fortemente usado para a economia, mas de pouco movimento em passageiros para as cidades do interior. A navegação regular neste rio ocorre somente no trecho foz (rio Negro/Caracaraí), com cerca de 440 quilômetros de extensão. Neste segmento, o rio Branco apresenta calado máximo de 5,0 metros no período de cheias e mínimo de 0,7 metros, no período de estiagem. Roraima fica em desvantagem em relação aos demais estados amazônicos quanto ao sistema hidroviário. Por ser o único destes em que todos os seus rios notórios têm sua nascente no seu próprio território - o sistema hidrográfico estadual é 100% roraimense -, fica fadado a ter poucas saídas fluviais. Na verdade Roraima dispõe de apenas uma grande saída fluvial: pelo rio Branco, chegando ao rio Negro, rumando daí à Manaus e São Gabriel da Cachoeira. Ainda assim, o mais importante rio roraimense ainda impõe dificuldades adicionais. O porto de Caracaraí encontra-se desativado, dadas as precárias condições do cais. A movimentação é feita diretamente nas barrancas do rio, o que dificulta as operações de embarque e desembarque. O trecho Caracaraí - Boa Vista, com extensão de aproximadamente 150 quilômetros se desenvolve em zona encachoeirada nos primeiros 14 quilômetros, num desnível de 7,5 metros conhecida como Corredeiras do Bem Querer. Energia. Até meados da década de 1990, o estado convivia com sérios problemas de energia elétrica. Em 2001, foi inaugurada na fronteira entre Brasil e Venezuela, a primeira etapa do Complexo Hidrelétrico de Guri/Macaguá, que atualmente fornece energia elétrica para Roraima e regiões da Venezuela. Considerando que Roraima é o único estado que não faz parte do Sistema Interligado Nacional, e diante da instabilidade do fornecimento da energia pela Venezuela, usinas termelétricas complementam a energia de Guri, em especial as usinas de Jaguatirica II (141 MW), Monte Cristo (97 MW), Floresta (85 MW), Distrito Industrial (21 MW) e Novo Paraíso (13 MW). Há um projeto de interligação de Roraima ao SIN, com a construção do Linhão de Tucuruí, o que daria maior segurança energética ao estado, bem como a construção de novas fontes de energia. O fornecimento de energia elétrica no interior do estado é fornecido através da Roraima Energia. No passado, a Companhia Energética de Roraima fornecia energia para o interior do estado, enquanto na capital o fornecimento era realizado pela Eletrobrás Distribuição Roraima. Nos últimos anos, o consumo de energia elétrica em Roraima tem crescido de forma abrupta. Em fevereiro de 2011 foi registrado um aumento de 4% no consumo, em relação ao mesmo período de 2010. Somente em Boa Vista, o aumento total foi de 9,05%. O setor comercial foi quem apresentou maior aumento no consumo: 16,4%, seguido das residências, com um gasto de 12,86%. O setor público foi o único que apresentou redução no consumo de energia: -7,2% nos órgãos municipais, -1,9% nos órgãos estaduais e -1,4% nos federais. Comunicações. A ECT - Empresa de Correios e Telégrafos possui agências em apenas cinco municípios de Roraima: Boa Vista, Caracaraí, Alto Alegre, Sào Luiz do Anauá e Pacaraima. Na questão da área telefônica, há aproximadamente 40 mil terminais telefônicos, com destaque para a telefonia celular. O interior do estado também é atendido. Há no estado, apenas 4 estações de rádio e 7 retransmissoras de canais de televisão. Existem alguns jornais, sendo os principais a Folha de Boa Vista e o jornal Diário. Ainda no estado, há três provedores de internet, a TechNet , Mandic Scan e RRNet. Segurança pública. As principais unidades das Forças Armadas presentes em Roraima são: no Exército Brasileiro, Roraima é integrante do Comando Militar da Amazônia, este sediado em Manaus, capital do Amazonas e abrange todos os estados da Região Norte do Brasil, com exceção do Tocantins. na Marinha do Brasil, o estado faz parte do 9º Distrito Naval (com sede em Manaus); e na Força Aérea Brasileira, Roraima integra o 1.º Esquadrão do 3.º Grupo de Aviação, sediado na própria cidade. A Polícia Militar do Estado de Roraima (PMRR) é uma das forças de polícia militar do Brasil, sendo responsável pelo policiamento ostensivo no Estado de Roraima. Teve origem na Guarda Territorial do Rio Branco, em 21 de novembro de 1944. Além da sua missão atual, tinha também como missão realizar serviços de transportes, controlar incêndios e queimadas, além de várias outras atribuições. Com o desenvolvimento sócio-econômico da região na década de 1970 e a emancipação política de Roraima do Amazonas fez-se necessário criar uma instituição dedicada permanentemente ao policiamento ostensivo em suas diversas modalidades. Desta forma, foi criada a Polícia Militar do Território Federal de Roraima, através da lei nº 6.270 de 26 de novembro de 1975. O Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Roraima (CBMRR) é uma Corporação cuja missão primordial consiste na execução de atividades de defesa civil, prevenção e combate a incêndios, buscas, salvamentos e socorros públicos no âmbito do estado de Roraima. Ele é Força Auxiliar e Reserva do Exército Brasileiro, e integra o Sistema de Segurança Pública e Defesa Social do Brasil. Seus integrantes são denominados Militares dos Estados pela Constituição Federal de 1988, assim como os membros da Polícia Militar do Estado de Roraima. A Polícia Civil do Estado de Roraima é uma das polícias de Roraima, sendo um órgão do sistema de segurança pública ao qual compete, nos termos do artigo 144, § 4º, da Constituição Federal e ressalvada competência específica da União, as funções de polícia judiciária e de apuração das infrações penais, exceto as de natureza militar. Cultura. A cultura de Roraima apresenta forte influência indígena. Entretanto, é marcada também pela influência dos colonizadores, e também pelos mestiços que habitam e habitaram a região. O artesanato é um dos marcos centrais da cultura. Os Ianomâmi - grupo indígena do estado - produzem diversos produtos artesanais, como cestas, leques, jóias e redes. Muitos destes são comercializados na Feira de Artesanato de Roraima, sediado em Boa Vista, capital do estado. O movimento cultural "Roraimeira" foi idealizado por artistas locais na década de 1980. Criado por uma necessidade de possuir uma identidade cultural que representasse o Território Federal de Roraima. Está presente na música, dança, literatura, fotografia, artes plásticas e outras expressões artísticas. A origem da denominação do evento é a canção "Roraimeira" de Zeca Preto que concorreu ao festival de música de Roraima em 1984. Futuramente a mesma se tornou o hino cultural do estado. As artes cênicas em Roraima são difundidas pela Federação de Teatro de Roraima, que realiza espetáculos e eventos culturais nos espaços públicos locais da cidade, além de apoio a grupos teatrais e formação teatral. Há vários grupos teatrais no estado, entre os quais: Sol da Terra, Criart Teatral, Arteatro, Locômbia Teatro de Andanças e a A Bruxa tá Solta. Há dois monumentos em Roraima: o Monumento ao Garimpeiro e o Monumento aos Pioneiros. O Monumento aos Garimpeiros presta homenagem aos homens que prestaram serviço e contribuíram para o desenvolvimento do antigo Território Federal do Rio Branco. Localiza-se em Boa Vista. O Monumento aos Pioneiros também localiza-se em Boa Vista e é uma construção de concreto armado. Reproduz o Monte Roraima, as etnias que formam o povo roraimense e as tradições e costumes regionais do território. Entidades culturais. Entre as principais entidades culturais do estado encontram-se: Fórum de Cultura Permanente de Roraima, Sebrae, SESC,Teia Roraima, Academia Roraimense de Letras e Federação de Teatro de Roraima. O Museu Integrado de Roraima, em Boa Vista, capital do estado, foi inaugurado em 13 de fevereiro de 1985. É um museu público estadual e mantido pela Fundação de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia do Estado de Roraima (FEMACT). Está instalado em um edifício de 750 metros quadrados no interior do Parque Anauá. Conserva o mais importante acervo museológico de Roraima. A coleção, bastante diversificada, é composta por peças adquiridas por meios de coletas, aquisições e doações, abrangendo diversos temas, como geologia, botânica, zoologia, arqueologia, etnologia, história e artes visuais. O museu realiza ainda, atividades de pesquisa nas áreas de zoologia e antropologia, além de exposições temporárias temáticas e atividades culturais e educativas. É equipado com biblioteca e auditório com capacidade para 140 pessoas. Conta com a participação da sociedade civil na realização de atividades, por meio da Associação de Amigos do Museu Integrado de Roraima (AMIRR), criada em 1999. Dança e música. A dança em Roraima tem sua origem em grupos folclóricos de boi-bumbá e cirandas. Entretanto, são notáveis também grupos de dança clássica e moderna. A maior entidade cultural voltada ao ensino da dança clássica é a Escola de Balé Cristina Rocha, responsável pela formação de grande parte dos bailarinos e dançarinos que atuam na capital, Boa Vista. Na época das festas populares, há diversos grupos de dança regional em atuação, com destaque para os Cangaceiros do Tianguá, que têm coreografias baseadas em elementos regionais amazônicos. A música roraimense possui uma grande variedade de ritmos e harmonias. Sua origem remonta à variedade de etnias e povos que viveram e vivem no estado. Desta forma, há grupos de cantos indígenas e caboclos. Música regional é chamada Roraimeira, produzida no estado e que possua como tema central Roraima, relacionada à Amazônia, ao Caribe, América do Sul, América e Global. Nas canções deve abordar ou mencionar nem que seja minimamente a regionalidade roraimense como a natureza de Roraima, cultura indígena dos povos que habitam o Estado, costumes, cultura local, história e migração. Além de poder ser gravada em qualquer estilo ou ritmo musical como rock, axé, reggae, pop, forró e etc. Ritmo local é denominado Makunaimeira uma mistura de ritmos sobre a influência dos rituais indígenas como o parixara, música caribenha como merengue e salsa, toques de carimbó e ritmos amazônicos como toada e marabaixo. A Escola de Música de Roraima é voltada ao ensino da música clássica e MPB. No estado, é notável ainda os festivais de música que trazem uma demonstração da arte musical da Amazônia. Folclore e literatura. O folclore roraimense é hoje o encontro das tradições trazidas pelos colonizadores nordestinos e de todas as partes do Brasil, com a força das lendas e vivências dos índios, que têm no seu ambiente natural uma perfeita harmonia entre homem e natureza. É festejado tanto os santos da Igreja católica como também as tradições indígenas, que exercem forte influência no estado, na área de curandeirismo e pajelança. No mês de junho, assim como em outros estados do Brasil, acontece as festas juninas nos diversos municípios. A Academia Roraimense de Letras representa a literatura da unidade federativa. É nela que está reunida grande parte dos poetas, historiadores, escritores e contistas do estado. Um dos poetas roraimenses de maior renome é Eliakin Rufino, que também é compositor, tendo suas músicas alcançado outras regiões do país. Culinária. Sua culinária apresenta forte influência do estado brasileiro do Maranhão, apresentando também as características dos pratos amazônicos. O peixe é o principal produto usado em seus pratos típicos. São comidas típicas da região a tapioca, a farinha de mandioca, a paçoca de carne seca e o cuscuz. Esportes. No futebol, Roraima abriga oito clubes profissionais, o Atlético Roraima, o Baré, o GAS, o São Raimundo, o River, o Rio Negro, o Náutico e o Progresso. Dentre estes, Baré e Atlético Roraima, os dois maiores campeões estaduais, fazem o clássico mais tradicional do estado, popularmente conhecido como Bareima. Há também clubes amadores: Norte Sport, Caranã, Tancredo Neves, Cambará, Racing, Guarani, América, Grêmio, Barcelona, Jockey, ABC, União, Tiradentes, Anauá, Brasil, Boa Vista, Atlético Iracema e União de Iracema. No entanto, em razão da histórica e baixa representatividade dos clubes locais no cenário futebolístico nacional, a maior torcida do estado é do clube carioca Flamengo. Há dois estádios relevantes em Roraima: o Estádio Flamarion Vasconcelos e o Estádio Raimundo Ribeiro de Souza, ambos em Boa Vista. O Estádio Flamarion Vasconcelos, popularmente conhecido como Canarinho, pertence ao Governo do Estado de Roraima. Foi inaugurado em 6 de setembro de 1975, e inicialmente designado Estádio 13 de Setembro. Anos depois teve seu nome modificado em homenagem póstuma ao jornalista roraimense Flamarion Vasconcelos. Contudo o estádio é conhecido popularmente como Canarinho, por estar localizado no bairro de mesmo nome. O Estádio Raimundo Ribeiro de Souza, chamado popularmente de Ribeirão, também pertence ao governo estadual e possui capacidade para 3 mil pessoas. Feriados. Em Roraima, há apenas um feriado estadual: o dia 5 de outubro. Nessa data, comemora-se a elevação do Território Federal de Roraima à categoria de estado, que aconteceu com a promulgação da Constituição de 1988.
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Rio Grande do Norte
Rio Grande do Norte Rio Grande do Norte é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Está situado a nordeste da Região Nordeste e tem por limites o Oceano Atlântico a norte a leste, a Paraíba a sul e o Ceará a oeste. É dividido em 167 municípios e sua área total é de , o que equivale a 3,42% da área do Nordeste e a 0,62% da superfície do Brasil, sendo um pouco maior que a Costa Rica. Com uma população de mais de 3,5 milhões de habitantes, o Rio Grande do Norte é o décimo sétimo estado mais populoso do Brasil, possuindo o segundo melhor IDH e a maior renda "per capita" da região Nordeste e a melhor expectativa de vida do Norte-Nordeste, chegando a 76,0 anos, a nona maior do país. A história inicia-se a partir do povoamento do território que hoje é o Brasil, quando houve uma onda de migrações para os Andes, depois para o Planalto do Brasil, a região Nordeste, até chegarem ao Rio Grande do Norte. Ao longo de sua história, seu território sofreu invasões de povos estrangeiros, sendo os principais os franceses e holandeses. Em 1535, a então Capitania do Rio Grande estaria sendo doada pelo rei D. João III a João de Barros. Em 1822, quando o Brasil conquistou sua independência do Império Português, o Rio Grande do Norte passaria a se tornar província e, com a queda da monarquia e a consequente proclamação da república em 1889, a província se transforma em um estado, tendo como primeiro governador Pedro de Albuquerque Maranhão. A capital do estado é Natal e sua atual governadora é Fátima Bezerra, eleita nas eleições estaduais realizadas em 2018. Devido à sua localização geográfica, que forma um vértice a nordeste da América do Sul, o Rio Grande do Norte é tido como uma das "esquinas" do Brasil e do continente, posição que também lhe confere uma grande projeção para o Atlântico (a maior dentre os estados brasileiros). Seu litoral, com extensão aproximada de quatrocentos quilômetros, é um dos mais famosos do Brasil. Na economia, destaca-se o setor de serviços. Devido ao seu clima semiárido em parte do litoral norte, o Rio Grande do Norte é responsável pela produção de mais 95% do sal brasileiro. Na bandeira nacional brasileira, o estado é representado pela estrela "Shaula", da constelação de "Scorpius". História. Pré-história e período pré-colonial. Inicialmente, o território potiguar era habitado por animais da megafauna e, algum tempo depois, começou a ser povoado por caçadores e coletores primitivos. Alguns desses povos primitivos deixaram vestígios que se encontram atualmente nos sítios arqueológicos de Angicos e Mutamba II, onde foram deixados rochas e vestígios de arte rupestre nas paredes das cavernas, desde inscrições até pinturas, cujo significado ainda é discutido, mas, entre várias teorias, a mais aceita afirma que tais vestígios serviam como instrumento de comunicação, pretendendo transmitir uma mensagem pela escrita (que, na época, era muito diferente da atual) e não como uma manifestação artística. Na época das Grandes Navegações, o litoral potiguar era habitado por povos vindos do atual estado do Paraná e do Paraguai, que falavam o abanheenga, língua aglutinada e com reflexões verbais. Mais para o interior, nas regiões do Seridó, Chapada do Apodi e Alto Oeste, residiam os tapuias, povos indígenas que andavam totalmente nus, sem nenhuma cobertura, sem barbas e que depilavam todos os pelos existentes em seus corpos. As mulheres dessa tribo eram mais baixas que os homens e submissas aos seus maridos. Acredita-se que, antes mesmo da chegada dos portugueses, alguns navegadores espanhóis, como Alonso de Ojeda e Diego de Lepe, teriam chegado primeiro em terras norte-rio-grandenses. Há também a tese de que, pouco antes da chegada dos portugueses, Pedro Álvares Cabral tenha atingido o Rio Grande do Norte pela praia de Touros. Período colonial. A primeira expedição a alcançar terras pertencentes ao Rio Grande do Norte, que contava, inclusive, com a participação de Américo Vespúcio, começou em 10 de maio de 1501 e, depois de onze semanas de viagem, alcançou o Cabo de São Roque, onde foi fixado o primeiro marco de posse colonial português no Brasil. O comandante dessa expedição é incerto e, dentre vários nomes, o mais aceito é Gaspar de Lemos. Algum tempo depois, o litoral brasileiro começou a ser visitado por corsários e Portugal, ao saber disso, envia expedições para contê-las, primeiramente entre 1516 e 1519 e depois entre 1526 e 1528. Em 1534, o rei português D. João III divide a colônia do Brasil em um sistema de capitanias hereditárias e, entre elas, estava a Capitania do Rio Grande, de João de Barros, com uma extensão de cem léguas. Em 1535, foi organizada uma expedição com cinco naus, cinco caravelas, 900 homens e mais de cem cavalos que, porém, fracassou com a morte de seu comandante Aires da Cunha. Mais a norte, os portugueses fundaram um povoado (Nazaré), onde permaneceram por três anos. Com o fracasso da expedição, dá-se a invasão dos franceses, que começaram o contrabando do pau-brasil. Com a União Ibérica, Portugal ficou sob domínio da Espanha e o rei espanhol Felipe II lançou sua atenção sobre a colônia brasileira e, ao perceber o clima de ameaça francesa em tentar conquistar a capitania do Rio Grande, determinou, por meio de duas cartas régias (1596 e 1597), a expulsão dos franceses, a construção de uma fortaleza, de uma Igreja ( Igreja Matriz de Nossa Senhora da Apresentação ) e a fundação de uma cidade. Os franceses dominaram o Rio Grande até o ano seguinte, quando os portugueses, liderados por Jerônimo de Albuquerque e Manuel de Mascarenhas Homem, constroem a Fortaleza dos Reis Magos com objetivo de garantir a posse das terras. Expulsos os franceses e terminada a construção da fortaleza, a cidade de Natal foi fundada em 25 de dezembro de 1599. Em 21 de dezembro de 1631, uma frota de catorze navios com dez companhias de soldados veteranos, comandadas pelo tenente-coronel Hartman Godefrid Van Steyn-Gallefels, partiram de Recife com destino a Natal, onde desembarcam em Ponta Negra e, posteriormente em Genipabu, segundo o historiador Luís da Câmara Cascudo, com o objetivo de conquistar o Rio Grande, porém a primeira tentativa fracassou. Quase dois anos depois, em 5 de dezembro de 1633, uma outra esquadra comandada pelo almirante Jan Corneliszoon Lichthardt e com tropas sob o comando de tenente-coronel Baltazar Bijm partiram também de Recife com direção à capitania do Rio Grande. Ao chegarem da capitania, os holandeses feriram o capitão-mor do Rio Grande, Pero Mendes Gouveia, e tomaram a Fortaleza da Barra do Rio Grande, que passou a se chamar "Castelo de Keulen", dando início ao domínio holandês na capitania. Durante o período do domínio holandês, a Holanda se preocupava somente em dominar a explorar e ocupar a região, eliminando qualquer tipo de resistência, dentre as quais os massacres de Cunhaú e Uruaçu, ocorridas em 1645. O domínio holandês chegaria ao fim somente em 1654, quando os portugueses puderam retomar o avanço em direção ao interior nordestino, expandindo as fazendas de gado e perseguindo as etnias indígenas. Somente em 1695, quando Bernardo Vieira de Melo assume o governo da capitania, a região é finalmente pacificada. Em 11 de janeiro de 1701, o Rio Grande do Norte é subordinado a Pernambuco e, posteriormente, à Paraíba. Durante todo o século XVIII, a agropecuária foi a base da economia potiguar. Em 1817, a capitania do Rio Grande do Norte adere à Revolução Pernambucana e uma junta do Governo Provisório se instala em Natal. Em 18 de março de 1818, através de Alvará-Régio, o Rio Grande do Norte é emancipado da Paraíba e se torna uma unidade política autônoma. Império. Em 7 de setembro de 1822, o Brasil tornou-se independente de Portugal. A notícia da independência levou quase três meses para chegar ao Rio Grande do Norte, que se tornou uma província. Em 1824, explode em Pernambuco uma revolta contra o autoritarismo do imperador brasileiro, D. Pedro I, a Confederação do Equador, que objetivava o projeto de uma república no Nordeste e, de Pernambuco, a revolta se espalhou pelas províncias vizinhas. Na província do Rio Grande do Norte, o movimento foi caracterizado pela atuação de Tomás de Araújo Pereira, que tentou evitar a ocorrência de conflitos armados em território potiguar. No final, o movimento acabou sem obter sucesso após a chegada das tropas imperiais, que dominaram a revolta. Embora, em 1817, o Rio Grande do Norte já tenha aderido aos ideais republicanos, acredita-se que o início oficial da propaganda republicana na província tenha ocorrido somente em 1851, com a publicação do jornal "Jaguarari", jornal dirigido por Manuel Brandão. Entre 1857 e 1875, com a participação de Joaquim Teodoro Cisneiro de Albuquerque, a campanha seguiu, o movimento cresceu e conseguiu obter mais organização. Em 1886, foi formado em Caicó um núcleo republicano, liderado por Janúncio Nóbrega e Manuel Sabino da Costa, intensificando cada vez mais o cenário republicano. Três anos depois, em 27 de janeiro de 1889, é fundado no Rio Grande do Norte o Partido Republicano, com participação especial de Pedro de Albuquerque Maranhão (conhecido como "Pedro Velho"), mais tarde líder da campanha. Após a fundação do partido, foi criado o jornal "A República", que se tornou órgão oficial do partido recém-criado. Ainda durante o Império, a escravidão, predominante do Brasil, também existia no Rio Grande do Norte. Com o objetivo de lutar pelo fim do regime de trabalho escravo, ocorreu em todo o país um movimento abolicionista. Em 30 de setembro de 1883, Mossoró, na região oeste da província, tornou-se uma das primeiras cidades brasileiras a abolir a escravidão, antes mesmo da assinatura da Lei Áurea, em 1888. Em 15 de novembro de 1889, a monarquia é derrubada e o regime republicano é adotado e o Rio Grande do Norte, como as demais províncias, transforma-se em estado. A notícia do fim da monarquia chegou ao estado no dia seguinte, com o envio de um telegrama enviado por José Leão Ferreira Souto ao Partido Republicano. República Velha. Em 17 de novembro, Pedro Velho toma posse como primeiro governador do estado, no entanto, permaneceu no cargo durante um curto período de tempo (até 6 de dezembro de 1889). Nos primeiros anos de República, o Rio Grande do Norte foi dominado pelo sistema oligárquico. Em oposição a esse regime, surge a figura do capitão José da Penha Alves de Souza, responsável por promover a primeira campanha popular no estado, tentando, inclusive, lançar a candidatura do tenente Leônidas Hermes da Fonseca ao governo estadual, mas sem obter sucesso; mais tarde, José da Penha se mudou para o Ceará. No início do século XX, os estados do Ceará e do Rio Grande do Norte ainda não possuíam seus limites definidos. Em 1901, a Assembleia Legislativa do Ceará elevou Grossos (que corresponde aos atuais municípios de Grossos e Tibau) à condição de vila, anexando-a ao território cearense. Depois, Pedro Augusto Borges, que era presidente (hoje governador) do Ceará na época, sancionou a resolução. O governador do Rio Grande do Norte, Alberto Maranhão, protestou contra esta medida e os governos dos dois estados reagiram enviando tropas para a região disputada. A controvérsia foi levada para decisão por meio de arbitramento, saindo o resultado final favorável ao Ceará. Sendo assim, Pedro Velho convidou Rui Barbosa para defender a causa do Rio Grande do Norte, contando com a participação de Augusto Tavares de Lira. No final, o jurista Augusto Petronio, por meio de três acórdãos (1908, 1915 e 1920), deu ganho de causa ao Rio Grande do Norte, dando fim à Questão de Grossos. Em meados de 1920, o eixo econômico do Rio Grande do Norte, que era restrito apenas ao litoral, desloca-se para o interior, dando início à segunda fase oligárquica no estado, inaugurada por José Augusto Bezerra de Medeiros, que só foi rompida com a Revolução de 1930. Em 1926, a Coluna Prestes, que já havia percorrido uma vasta parte do território brasileiro, chegou ao Rio Grande do Norte. O governador procurou, de maneira imediata, reforçar a segurança no estado e enviou o primeiro contingente da polícia militar para a região, onde ocorreram quase todos os combates entre autoridades policiais e rebeldes. A região do Seridó também corria riscos de ser invadida, por isso colocou suas forças policiais em alerta. Somente algum tempo depois, a Coluna Prestes saiu do estado. No ano seguinte, em 10 de junho de 1927, o cangaceiro mais famoso do Nordeste, Virgulino Ferreira da Silva (conhecido popularmente como "Lampião") chegou com seu bando ao Rio Grande do Norte, percorrendo várias cidades da região oeste e deixando vários rastros de destruição. Em Mossoró, última cidade invadida, o Lampião sofreria a única derrota de sua vida. Revolução de 1930 aos dias atuais. No ano de 1930, quando ocorreu a eclosão de um movimento revolucionário que deu fim à República Velha, o Rio Grande do Norte era administrado por Juvenal Lamartine, cujo governo era caracterizado pela dependência do governo federal e intolerância em combater os adversários, dentre os quais Café Filho, principal personagem de atuação da Revolução de 1930 no estado, que foi perseguido e fugiu para a Paraíba. Em 5 de outubro daquele ano, alguns dias antes do movimento, Juvenal Lamartine abandonou o governo do estado e, em seu lugar, assumiu uma junta governativa formada por três pessoas, que ficaram no poder durante uma semana. No dia 1º de janeiro de 1931, o navio italiano "Lazeroto Malocello", comandado pelo capitão de fragata Carlo Alberto Coraggio, chegava à capital potiguar, trazendo a Coluna Capitolina, doada pelo chefe do governo da Itália, o fascista Benito Mussolini. Cinco dias mais tarde, a capital norte-riograndense foi visitada pela esquadrilha da Força Aérea italiana. Em 1935, ocorreu a Intentona Comunista, causada principalmente por setores da população descontentes com o governador Mário Câmara. A rebelião saiu vitoriosa e deixou a cidade de Natal bastante agitada. Em 25 de novembro do mesmo ano foi instalado o "Comitê Popular Revolucionário" e, após a derrota do movimento na cidade do Rio de Janeiro, Natal foi abandonada pelos rebeldes, que se deslocaram para a região do Seridó, onde a repressão foi realizada violentamente até o fim da Intentona Comunista. A capital potiguar não foi apenas um lugar palco de violência. Sua localização geográfica, próximo ao "gargalo do Atlântico", também fez com que a cidade ocupasse um lugar de grande destaque na história da aviação, na época dos hidroaviões, quando grandes aeronautas passaram pela cidade. Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a cidade se tornou ainda mais famosa e conhecida internacionalmente. Os estadunidenses construíram uma megabase (hoje localizada em Parnamirim), que desempenhou um papel bastante significativo durante o conflito e tornou-se conhecida como "O Trampolim da Vitória". A capital potiguar também sediou uma conferência e recebeu a visita dos presidentes brasileiro (Getúlio Vargas) e estadunidense (Franklin Delano Roosevelt). A partir daí, norte-americanos começaram a ocupar o território, culminando com a mudança de hábitos daquele município, fazendo, também, com que a população natalense crescesse e se multiplicasse e a cidade perdesse todos os seus hábitos de "cidade provinciana". Em agosto de 1954, com o suicídio de Vargas, seu vice Café Filho assume a presidência da república, sendo, até os dias atuais, o único potiguar a ocupar o cargo, permanecendo até novembro de 1955. Na década de 1960, o populismo se impõe em solo potiguar, através de Aluízio Alves (considerado responsável pelo início de modernização do Rio Grande do Norte) e Djalma Maranhão (radical e político de esquerda). A partir de 1964, com o golpe de estado que culminou na implantação de um ditadura militar no Brasil até 1985, iniciaram-se perseguições a jovens e intelectuais da terra que se opusessem ao regime. Políticos como Aluízio Alves, Garibaldi Alves e Agnelo Alves tiveram seus direitos políticos suspensos pelo Ato Institucional Nº 5, de 1968. A partir de 1974, com a descoberta das primeiras jazidas de petróleo no estado, sua economia, até então prejudicada pelos períodos de estiagem, algumas vezes muito longos, experimentou um maior ritmo de crescimento econômico. Na gestão de Garibaldi Alves, a irrigação se tornou uma das metas prioritárias, com o objetivo de irrigar uma densa área do território norte-rio-grandense e também de interligar bacias hidrográficas, e levando água de às famílias sobreviventes em regiões castigadas pela seca. Nas eleições estaduais de 2002, o Rio Grande do Norte elegeu pela primeira vez uma mulher para o governo do estado, a ex-prefeita de Natal Wilma de Maria, reeleita em 2006 e permanecendo até 2010. Neste ano, mais uma mulher foi eleita para comandar o executivo estadual, Rosalba Ciarlini Rosado, então senadora e ex-prefeita de Mossoró, empossada em 2011. No ano seguinte, teve início a seca mais prolongada e intensa da história recente do Nordeste brasileiro, que afetou o Rio Grande do Norte até 2017. A falta de chuvas prolongada comprometeu o setor agropecuário e as reservas hídricas e fez quase todo o território estadual entrar em estado de emergência, levando vários municípios ao colapso hídrico. Em 2014, Natal sediou quatro partidas da primeira fase da Copa do Mundo, realizadas na Arena das Dunas, construída no mesmo lugar onde ficavam o Estádio Machadão e o Machadinho. Nas eleições de 2018, o Rio Grande do Norte fez história ao se tornar a primeira unidade da Federação a eleger três mulheres para o governo estadual, com a eleição da senadora Fátima Bezerra, obtendo a maior votação da história do estado, com mais de um milhão de votos, recorde este superado com sua reeleição em 2022. Geografia. O Rio Grande do Norte está localizado a nordeste da Região Nordeste do Brasil, limitando-se com os estados da Paraíba (a sul) e Ceará (a oeste) e o Oceano Atlântico (a norte e a leste). A distância linear entre seus pontos extremos norte e sul é de 263 quilômetros; enquanto isso, seus pontos extremos leste e oeste estão separados por uma distância reta de 443 quilômetros. Também faz parte do território potiguar o Atol das Rocas, uma reserva biológica marinha considerada patrimônio da humanidade pela UNESCO. Sua área territorial é de , sendo um dos menores estados do país, ocupando apenas 0,621% do território nacional. O estado segue o fuso horário UTC-3 (horário de Brasília), três horas atrasado em relação ao Meridiano de Greenwich), com exceção do Atol das Rocas, que segue o fuso UTC-2. Em virtude de sua localização geográfica no território brasileiro, o Rio Grande do Norte é tido como uma das "esquinas" do continente sul-americano, sendo a unidade da federação que mais se projeta para a Europa e a África. Com 83% do seu território abaixo dos trezentos metros de altitude, e 60% destes abaixo dos duzentos metros, o relevo do Rio Grande do Norte é formado por planícies principalmente no litoral e por planaltos e depressões no interior. No litoral, estão localizadas as planícies costeiras, caracterizadas pela existência de dunas, além dos tabuleiros costeiros, composto de formações de argila. Logo após os tabuleiros, estão as depressões sublitorâneas e, em seguida, o Planalto da Borborema, que compreende as áreas de maior altitude; a Depressão Sertaneja, com terrenos de altitude mais baixa, logo após o Planalto da Borborema e a Chapada do Apodi, próxima aos rios Piranhas/Açu e Apodi/Mossoró. Também existe a Chapada da Serra Verde, encontrada na região do Mato Grande, com terrenos planos e ligeiramente elevados. Predominam os solos latossólicos no litoral oriental, neossólicos às margens dos rios, luvissólicos na região do Seridó, chernossólicos na Chapada do Apodi, argilosos na região do Alto Oeste e cambissólicos nas regiões planas e onduladas. Em outras regiões também podem ser encontrados os solos planossólicos e de mangue. Com 90,6% do seu território localizado na região do Polígono das Secas, o clima predominante do Rio Grande do Norte é o semiárido quente ("BSh" na classificação de Köppen), que domina quase todas as áreas do interior do estado, inclusive o litoral norte, característico das elevadas temperaturas e da escassez e irregularidade das chuvas, cujo índice pluviométrico é por vezes inferior a 700 milímetros anuais (mm/ano), com exceção da região oeste, em especial o Alto Oeste, que apresenta índices maiores. No litoral oriental, o clima é tropical savânico ("As"), com chuvas mais abundantes e índices pluviométricos superiores a . Hidrografia. Mais de 85% do território do Rio Grande do Norte é dividido em um conjunto de quatorze bacias hidrográficas: Apodi-Mossoró, Boqueirão, Catu, Ceará-Mirim, Curimataú, Doce, Guaju, Jacu, Maxaranguape, Piranhas-Açu, Potengi, Pirangi, Punaú e Trairi. Outros 10,8% estão na faixa litorânea norte de escoamento difuso e 1,2% na faixa leste, ambas constituídas por pequenos cursos d'água que fluem diretamente para o oceano, sem uma área delimitada pelos divisores de águas. Em âmbito nacional, o Rio Grande do Norte encontra-se totalmente inserido na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental. Os dois maiores rios do Rio Grande do Norte, que concentram cerca de 90% das reservas hídricas do estado, são o Piranhas/Açu e o Apodi/Mossoró, cujas bacias cobrem, respectivamente, 32,8% e 26,8% do território estadual. O Rio Piranhas tem sua nascente no sertão da Paraíba e entra em território potiguar pelo município de Jardim de Piranhas, vindo a desaguar no Oceano Atlântico, após passar pela cidade de Macau. No trecho do rio que abrange parte dos municípios de Jucurutu, São Rafael e Itajá, o rio é represado pela Barragem Armando Ribeiro Gonçalves, o maior reservatório do Rio Grande do Norte, com capacidade máxima para . O Rio Apodi-Mossoró, por sua vez, nasce em Luís Gomes, no Alto Oeste, e percorre 210 quilômetros na região oeste do estado até desaguar no mar, entre Grossos e Areia Branca, sendo o maior rio inteiramente potiguar. Outros rios importantes do estado são Curimataú, Jacu, Jundiaí, Potengi, Seridó e Trairi. Ecossistemas e biodiversidade. A maior parte da cobertura vegetal original do Rio Grande do Norte foi devastada desde o início da colonização do Brasil, restando hoje apenas uma espécie de vegetação secundária e de menor porte e ligada ao clima, ao relevo e aos solos. São eles a caatinga (que ocupa a maior parte do estado) e a Mata Atlântica, além de pequenos trechos de cerrado, floresta ciliar de carnaúba, floresta das serras, manguezais e a vegetação das praias e dunas. Devido à ação humana, essa formação vegetal vem sendo cada vez mais destruída, causando a desertificação e o enfraquecimento da biodiversidade. Na fauna do Rio Grande do Norte estão espécies como o aracuá, o beija-flor, a choca-barrada, o concriz, o galo-de-campina, o gato-maracajá-de-manchas-pequenas, o gavião pé-de-serra, os juritis, o macaco guariba, o mocó, a peba, o preá, o sagui-do-nordeste e o tatu-verdadeiro, além de várias outras espécies, como caranguejos, moluscos, ostras e peixes. Na flora estão a amescla, as aroeiras, a gameleira, o jatobá, a maçaranduba, o marmeleiro, o mulungu, as orquídeas, o pau-brasil, o pau-ferro, o pereiro, a peroba, a sapucaia, a sucupira, além de várias espécies de plantas trepadeiras e raras. O Rio Grande do Norte possui algumas unidades de conservação, dentre áreas de proteção ambiental (APA), parques estaduais e nacionais, reservas de desenvolvimento sustentável, reservas particulares do patrimônio natural (RPPN), entre outras, que juntas possuem uma área de 238 mil metros quadrados, aproximadamente 4,5% do território estadual. Há ainda projetos para a criação de novas unidades de conservação. Demografia. A população do estado do Rio Grande do Norte no censo demográfico de 2022 era de habitantes, sendo a décima sétima unidade da federação mais populosa do país, concentrando aproximadamente 1,6% da população brasileira. A densidade demográfica era de 62,53 habitantes por quilômetro quadrado. Segundo o censo de 2010, a população era de habitantes. Desse total, 77,81% habitantes viviam na zona urbana e 22,19% na zona rural. Ao mesmo tempo, 51,11% dos habitantes eram sexo feminino e 48,89% do sexo masculino, com uma razão de sexo de aproximadamente 96 homens para cada cem mulheres. Quanto à faixa etária, 67,51% da população tinham entre 15 e 64 anos, 24,95% menos de quinze anos e 7,54% 65 anos ou mais. Em comparação com o censo de 2000, o Rio Grande do Norte registrou um crescimento populacional de 14,3%, superior às médias da região Nordeste (11,29%) e do Brasil (12,48%). Dos 167 municípios do estado, apenas três possuíam população superior a cem mil habitantes (Natal, Mossoró e Parnamirim), cinco possuíam entre e habitantes, dezenove entre e , 39 entre e , cinquenta entre e , outros cinquenta entre e e apenas um abaixo de dois mil habitantes (Viçosa). A capital, Natal, com seus habitantes, concentrava 25,4% da população estadual, além de possuir a maior densidade demográfica entre todos os municípios potiguares (), e sua região metropolitana possuía uma população de habitantes, tornando-se a décima sexta maior aglomeração urbana do Brasil. O Índice de Desenvolvimento Humano do estado do Rio Grande do Norte é considerado médio conforme dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Segundo o último Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil, divulgado em 2013, com dados relativos a 2010, o seu valor era de 0,684, estando na 16ª colocação a nível nacional e na primeira a nível regional. Considerando-se o índice de longevidade, seu valor é de 0,792, o valor do índice de renda é 0,678 e o de educação 0,597. Composição étnica e religiões. A origem do povo potiguar está ligada à união de três povos: os negros, indígenas e portugueses. No interior do estado, é mais notável a influência portuguesa e cabocla, sendo pouca a influência africana, enquanto no litoral a influência negra é mais visível que nas outras regiões do estado, devido ao cultivo da cana-de-açúcar, que utilizava a mão de obra escrava. Segundo o censo de 2010 do IBGE, a população estadual era formada por pardos (52,75%), brancos (40,84%), pretos (5,23%), amarelos (1,07%) e indígenas (0,09%), além dos sem declaração (0,01%). Em relação à origem da população, 91,3% eram nascidos no próprio estado e 8,7% de outros estados. Quanto à nacionalidade, 99,94% eram brasileiros (99,91% natos e 0,03% naturalizados) e 0,06% estrangeiros. Ainda segundo o mesmo censo, 75,96% dos potiguares eram católicos romanos, 15,4% evangélicos, 6,41% não tinham religião e 2,23% seguiam outras denominações. A Igreja Católica inclui o Rio Grande do Norte na Regional Nordeste II da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que também abrange os estados de Alagoas, Paraíba e Pernambuco. O território estadual coincide com a Província Eclesiástica de Natal, formada pela Arquidiocese de Natal e suas duas dioceses sufragâneas: Caicó e Mossoró. Dentre os diversos credos protestantes ou reformados, as maiores denominações eram, nesta ordem, Assembleia de Deus, Igreja Universal do Reino de Deus, Deus é Amor, Congregação Cristã do Brasil e Evangelho Quadrangular. Criminalidade. De acordo com dados do "Mapa da Violência 2011", publicado pelo Instituto Sangari e pelo Ministério da Justiça, a taxa de homicídios por 100 mil habitantes do estado do Rio Grande do Norte é a nona menor do Brasil. O número de homicídios registrados em território potiguar, que era de 8,5 para cada cem mil habitantes em 1998, subiu para 23,2 por 100 mil habitantes em 2008. O estado, que ocupava o vigésimo quarto lugar entre os estados mais violentos do país em 1998, passou a ocupar a décima nona posição em 2008, à frente do Rio Grande do Sul, Maranhão, Acre, Minas Gerais, Tocantins, São Paulo, Santa Catarina e Piauí, registrando um aumento de 172,8% no número de assassinatos. O "Mapa da Violência do Rio Grande do Norte", de 2011, divulgado pela Secretaria Estadual de Segurança Pública e Defesa Social (SESED) em 2012, mostrou que 82 dos 167 municípios potiguares possuíam taxa de homicídio igual a zero. Os 85 restantes possuíam taxas de homicídio acima do índice recomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU), que é de dez por cem mil habitantes. Dados desse relatório apontaram que, dos vinte municípios com a maior taxa de homicídios, doze se localizam na região oeste, quatro na Grande Natal, dois no Agreste, um na região do Potengi e um na região central. O município de Umarizal registrou a maior taxa de homicídios devido à população de mais de dez mil habitantes e à quantidade de homicídios registrados (quatorze no total), fazendo com o que o índice fosse de 131,22. Enquanto isso, Mossoró, que possui o segundo maior contingente populacional do Rio Grande do Norte, ficou na quinta colocação (índice de 65,03) e a capital do estado, Natal, ficou na décima nona posição (35,58). Política. O Rio Grande do Norte é um estado da federação, sendo governado por três poderes, o executivo, o legislativo e judiciário. A atual constituição estadual foi promulgada em 3 de outubro de 1989, alterada por posteriores emendas constitucionais. Por vezes é permitida a participação popular nas decisões do governo através de referendos e plebiscitos. São símbolos oficiais do estado a bandeira, o brasão e o hino. No Centro Administrativo do Estado estão localizados a sede do governo do Rio Grande do Norte, o Palácio de Despachos de Lagoa Nova (governadoria), mais algumas secretarias estaduais e outros órgãos das administrações direta e indireta. O governador do estado representa o poder executivo e é auxiliado pelos seus secretários nomeados livremente por ele. No Palácio José Augusto está a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, a sede do legislativo estadual desde 1983, unicameral e formada por 24 deputados estaduais. No Congresso Nacional, a representação potiguar é de três senadores e oito deputados federais. O poder judiciário, por sua vez, possui como instância máxima o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN), composto por quinze desembargadores. Representações deste poder estão espalhadas pelo território estadual por meio de unidades denominadas de comarcas, divididas em três entrâncias: inicial, intermediária e final. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Rio Grande do Norte encerrou 2020 com pessoas aptas a votar (1,671% do total brasileiro), distribuídos em 69 zonas eleitorais. Subdivisões. Administrativamente, o Rio Grande do Norte é dividido em 167 municípios, sendo a décima terceira unidade de federação com o maior número de municípios. O mais recente é Jundiá, criado pela lei estadual , de 9 de janeiro de 1997, desmembrado de Várzea, e instalado em 1° de janeiro de 2001. Os municípios, por sua vez, são agrupados em onze regiões geográficas imediatas, sendo estas incluídas em três regiões geográficas intermediárias, segundo a nova divisão do IBGE vigente desde 2017. As regiões intermediárias são: Natal (formada pelas regiões imediatas de Canguaretama, João Câmara, Natal, Santa Cruz, Santo Antônio-Passa e Fica-Nova Cruz e São Paulo do Potengi), Caicó (regiões imediatas de Caicó e Currais Novos) e Mossoró (Assu, Mossoró e Pau dos Ferros). Até então, na divisão anterior, os municípios eram agrupados em quatro mesorregiões (Agreste, Central, Leste Potiguar e Oeste) e dezenove microrregiões (Angicos, Agreste Potiguar, Baixa Verde, Borborema Potiguar, Chapada do Apodi, Litoral Nordeste, Litoral Sul, Macaíba, Macau, Médio Oeste, Mossoró, Natal, Pau dos Ferros, Seridó Ocidental, Seridó Oriental, Serra de São Miguel, Serra de Santana, Umarizal e Vale do Açu). Economia. De acordo com dados relativos a 2016, o Produto Interno Bruto do Rio Grande do Norte era de R$ bilhões (0,954% do PIB nacional), sendo décima oitava maior do país e a quinta da região Nordeste, ficando atrás de Bahia, Pernambuco, Ceará e Maranhão e à frente da Paraíba, Alagoas, Piauí e Sergipe. No mesmo ano, o PIB "per capita" era de R$ . No setor primário, Mossoró é o maior destaque na agropecuária com a fruticultura irrigada, tendo o melão como principal produto destinado às exportações. Em seguida vêm: Touros, com sua atividade agrícola voltada principalmente para cultivo do abacaxi; Ceará-Mirim, com destaque no cultivo e produção de cana de açúcar e outras culturas, como mandioca e mamão; São José do Mipibu, com destaque para a plantação de cana de açúcar, e frutas, principalmente mamão e manga. No setor secundário, as indústrias mais abundantes no estado são a extrativa mineral (com destaque para a produção de petróleo, gás natural, sal marinho e lâmpadas), a de transformação (principalmente na produção de bens não duráveis de consumo) e a de construção civil, e estão concentradas principalmente na Região Metropolitana de Natal e em Mossoró. O Rio Grande do Norte também possui um dos polos agroindustriais mais importantes no contexto da região Nordeste e um moderno parque têxtil, é o maior estado produtor de sal do país, respondendo por mais de 90% da produção salineira do país, além de ser rico em recursos minerais, como o calcário, o caulim, a columbita, a diatomita, o granito, a mica e tantalita. Em 2018 o Rio Grande do Norte tinha um PIB industrial de R$ 11,4 bilhões, equivalente a 0,9% da indústria nacional, sendo que cinco setores concentravam pouco mais de 80% da indústria potiguar: serviços industriais de utilidade pública (27,7%), construção civil (23,5%), extração de petróleo e gás natural (13,4%), derivados de petróleo e biocombustíveis (11,7%) e alimentos (6,1%). O setor terciário representa a maior parte do PIB potiguar e se destaca nas áreas de gastos públicos e comércio. Os principais destaques são Natal, com a expansão das atividades comerciais e de serviços de informação; Mossoró, com o comércio e nos transportes, este último por causa da presença da atuação da Petrobras no município; Parnamirim, com seu crescimento imobiliário decorrente do aumento populacional; São Gonçalo do Amarante, nos transportes; e Guamaré, com a comercialização de derivados do petróleo, fabricados no polo petroquímico. Quanto aos serviços financeiros, no ano de 2014, 132 dos 167 municípios do estado possuíam agência bancária. Turismo. O turismo é outra importante fonte de renda do estado, sendo o maior de iniciativa própria. Segundo estatísticas, o Rio Grande do Norte é visitado por mais de dois milhões de turistas anualmente, vindos de outros lugares do estado, de outras regiões do Brasil e até mesmo do exterior, principalmente de países europeus. O governo do Rio Grande do Norte agrupa alguns municípios em cinco polos turísticos, cada um com suas características naturais: Agreste/Trairi, Costa Branca, Costa das Dunas, Seridó e Serrano. O Rio Grande do Norte possui uma diversidade de pontos turísticos, desde sítios arqueológicos, belezas naturais e polos de ecoturismo. Natal é porta de entrada para o turismo no estado, tendo como destaques o Centro de Artesanato, a Fortaleza dos Reis Magos, o Parque das Dunas e a Praia de Ponta Negra, que abriga o Morro do Careca e é interligada às demais praias da cidade pela Via Costeira. Depois de Natal, merecem destaque os municípios de Extremoz, que abriga as conhecidas dunas na praia de Genipabu, e Tibau do Sul, onde ficam as praias de Pipa e do Amor. Outras das praias mais conhecidas do estado são Barra de Cunhaú (Canguaretama), Maracajaú (Maxaranguape), Pirangi (Parnamirim). Ainda no litoral, também se destacam como importantes destinos turísticos os municípios de Galinhos (litoral norte) e São Miguel do Gostoso (litoral nordeste). No interior, alguns dos principais pontos turísticos são o Açude Gargalheiras (em Acari), o Castelo de Zé dos Montes (Sítio Novo), a Estátua de Santa Rita de Cássia (Santa Cruz) e o Lajedo de Soledade (Apodi). No Seridó, o principal destino é Caicó, que sedia um dos maiores carnavais de rua do país e também se destaca pela festa sua padroeira Sant'Ana. Na mesma região está Carnaúba dos Dantas, que abriga o Castelo Di Bivar e o Monte do Galo. Na região oeste, Mossoró é conhecido pela sua resistência ao bando de Lampião, retratado no espetáculo "Chuva de Bala no País de Mossoró" durante os festejos juninos da cidade. No Alto Oeste, Martins abriga a segunda maior caverna de mármore do Brasil, a Casa de Pedra, e é conhecido pelo seu clima mais ameno em comparação com áreas de entorno, com temperatura podendo chegar a na época mais fria do ano, quando a cidade realiza um festival gastronômico. Completando a lista dos municípios mais visitados do interior estão Monte das Gameleiras e Serra de São Bento, ambos no agreste. Infraestrutura. A infraestrutura do Rio Grande do Norte tem qualidade acima da média do Nordeste e do Brasil. O estado foi destaque como a terceira melhor infraestrutura do país no estudo realizado pelo Centro de Liderança Pública (CLP), em parceria com a Consultoria Tendências e a Economist Inteligence Group. Saúde. Em 2009, existiam, no estado, estabelecimentos hospitalares, com leitos. Do total de estabelecimentos, eram públicos, sendo de caráter municipal, 34 de caráter estadual e quinze de caráter federal. 638 estabelecimentos eram privados, sendo 576 com fins lucrativos e 62 sem fins lucrativos. 93 unidades de saúde possuíam especializações com internação total e unidades eram providas de atendimento ambulatorial. Em 2005, existiam 10,3 médicos para cada dez mil habitantes e a taxa de mortalidade infantil, em 2010, era de 20,6 por mil nascidos vivos. No mesmo ano, havia 462,4 leitos hospitalares para cada mil habitantes. De acordo com uma pesquisa realizada pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios em 2008, 70,4% da população potiguar avaliou sua saúde como boa ou muito boa, 68,8% afirmaram ter realizado consulta médica nos últimos doze meses anteriores à data da entrevista, 41,3% dos habitantes consultaram o dentista no mesmo período e 7,2% da população estiveram internados em leito hospitalar. 29,4% dos habitantes declararam ter alguma doença crônica e apenas 15,6% dos residentes tinham cobertura de plano de saúde. No mesmo ano, 59,9% dos domicílios particulares permanentes estavam cadastrados no programa Unidade de Saúde Familiar. Na questão de saúde feminina, 27,1% das mulheres com mais de 40 anos fizeram exame clínico das mamas nos últimos doze meses, 35,9% das mulheres entre 50 e 69 anos fizeram exame de mamografia nos últimos dois anos e 78,1% das mulheres entre 25 e 59 anos fizeram exame preventivo para câncer do colo do útero nos últimos três anos. Educação e ciência. O fator "educação" do IDH no Rio Grande do Norte atingiu em 2010 a marca de 0,597, com um aumento de 0,201 em relação ao ano 2000, quando o mesmo índice era de 0,396, ficando na segunda colocação a nível regional, superado apenas pelo Ceará (0,615). A taxa de alfabetização da população acima dos dez anos indicada pelo último censo demográfico do mesmo ano foi de ( para os homens e para as mulheres). Levando-se em conta o nível de instrução da população com idade superior a dez anos (2010), não possuíam instrução e fundamental incompleto (), tinham ensino médio completo e superior incompleto (), com fundamental completo e médio incompleto (), com superior completo () e com nível indeterminado (). Tratando sobre o analfabetismo, o Rio Grande do Norte possui a sexta maior taxa do país, com de sua população com idade superior a dez anos considerada analfabeta, quase o dobro da média nacional (). No mesmo ano, a taxa de conclusão, entre jovens de 15 a 17 anos, era de e o percentual de alfabetização de jovens e adolescentes entre 15 e 24 anos era de . Em 2012, das crianças e adolescentes com faixa etária entre seis e catorze anos de idade estavam fora da escola. A distorção idade-série entre alunos do ensino fundamental, ou seja, com idade superior à recomendada, em 2013, era de para os anos iniciais e nos anos finais, enquanto no ensino médio a defasagem chegava a . Entre as instituições de ensino superior do estado, estão o Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, a Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) e a Universidade Potiguar (UnP). No campo da ciência, destaca-se o Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra (IINN/ELS), criado com o objetivo de descentralizar a pesquisa nacional restrita às regiões Sudeste e Sul e inaugurado em 2006. Foi idealizado pelo neurocientista Miguel Nicolelis, considerado um dos vinte mais importantes neurocientistas em atividade no mundo. Outro destaque é o Instituto Internacional de Física, que foi criado em outubro de 2009 e inaugurado em 2010, e é um centro de pesquisa de caráter nacional vinculado à UFRN, visando contribuir com o desenvolvimento tecnológico e científico do país, mais especialmente das regiões Norte e Nordeste. Outros centros tecnológicos implantados no estado na área de ciência e tecnologia são o Centro Vocacional Tecnológico, o Centro Tecnológico do Agronegócio, o Centro Tecnológico do Camarão, o Centro Tecnológico Temático da Apicultura, o Centro Tecnológico do Queijo do Seridó e o Instituto do Cérebro. Água e energia. A Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN) é principal empresa responsável pelo sistema de abastecimento de água do estado, além dos serviços de coleta e saneamento básico (tratamento de esgotos), estando presente na maioria dos municípios. Existe também o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), que atende alguns municípios e localidades em que a CAERN não atua. Segundo o censo de 2010, domicílios eram abastecidos pela rede geral (86,38%); por meio de poços ou nascentes fora da propriedade (3,91%); por meio de poços ou nascentes situados dentro da propriedade (2,91%); através de rios, açudes, lagos ou igarapés (1,47%) e eram abastecidos de outras maneiras (5,33%). A concessionária responsável pelo fornecimento de energia elétrica em todo o território estadual é a Companhia Energética do Rio Grande do Norte (COSERN), que pertence ao Grupo Neoenergia e atende a mais de um milhão de clientes. A COSERN possui mais de sessenta subestações espalhadas pelo estado, com mais de cinquenta mil quilômetros de linhas de transmissão e distribuição. Embora boa parte da eletricidade consumida no Rio Grande do Norte seja gerada na Bahia, através do Complexo Hidrelétrico de Paulo Afonso, da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (CHESF), o estado possui um grande potencial na geração de energias renováveis, principalmente através da força dos ventos (energia eólica), com centenas de parques em funcionamento em seu território e outros em processo de implantação. Em agosto de 2021, o estado era o líder em capacidade instalada de energia eólica no Brasil. O estado do Rio Grande do Norte é um dos principais produtores de petróleo do Brasil, com uma média diária de 25 mil barris. Em Guamaré está localizada a Refinaria Potiguar Clara Camarão (RPCC), responsável pelo processamento de mais de dois milhões de metros cúbicos (m³) de petróleo por ano. Por esta refinaria saem dois gasodutos, sendo o maior deles o Nordestão, que percorre mais de 400 quilômetros desde Guamaré até Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco. O segundo é o GASFOR, que liga Guamaré ao Porto do Pecém, no estado do Ceará. Do GASFOR é conectado o Gasoduto Serra do Mel-Açu, responsável pela interligação da Usina Termelétrica Jesus Soares Pereira (Termoaçu), em Alto do Rodrigues. Transporte. A frota estadual no ano de 2012 era de veículos, sendo automóveis, motocicletas, caminhonetes, motonetas, caminhões, camionetas, veículos utilitários, ônibus, micro-ônibus, caminhões-trator e 112 tratores de roda. Outros tipos de veículos incluíam unidades. Em 2013, comparado a 2012, a frota cresceu 9%, chegando a 971 mil veículos, sendo que existiam 642 mil condutores com carteira de habilitação, resultando em 329 mil veículos a mais do que condutores. No transporte rodoviário, o Rio Grande do Norte está ligado a outros estados e regiões do Brasil por meio de rodovias federais e estaduais. As nove rodovias federais que atravessam o território potiguar, que possuem um total de quilômetros de extensão (2008), são a BR-101, a BR-104, a BR-110, a BR-226, a BR-304, a BR-405, a BR-406, a BR-427 e a BR-437. Há diversas rodovias estaduais, que totalizam quilômetros de extensão (dados de 2008). O principal aeroporto do Rio Grande do Norte é o Aeroporto Internacional Governador Aluízio Alves, localizado próximo a Natal, no município de São Gonçalo do Amarante, construído em uma área de e administrado pelo Consórcio Inframérica, sendo o primeiro aeroporto do Brasil a ser concedido do governo federal para a iniciativa privada. Entrou em operação no dia 31 de maio de 2014, com capacidade para seis milhões de passageiros por ano, em substituição ao antigo Aeroporto Internacional Augusto Severo, em Parnamirim, cujo terminal foi desativado e deverá ser entregue à Força Aérea Brasileira (FAB). Também existem outros aeroportos menores de categoria regional: Assu, Caicó, Currais Novos, Jardim de Angicos, Jardim do Seridó e Mossoró. No transporte ferroviário, o Rio Grande do Norte possui 364 quilômetros de ferrovias. Apenas duas ferrovias cortam o território estadual. A primeira é a que ligava Mossoró até Sousa (Paraíba), construída em 1915 e que ligava apenas Mossoró a Porto Franco (atual Areia Branca), posteriormente, o percurso da ferrovia foi sendo prolongado até chegar a Sousa (Paraíba). Desde a década de 1980 a ferrovia se encontra desativada e uma considerável parte dos seus trilhos foi perdida. A outra vem da Paraíba e entra no Rio Grande do Norte pelo município de Nova Cruz, chegando a Natal e terminando em Macau. Essa linha ferroviária nunca foi oficialmente desativada e, apesar de possuir seus trilhos conservados, o tráfego de trens não acontece desde 1997. No transporte marítimo, o estado conta com dois portos, ambos administrados pela Companhia Docas do Rio Grande do Norte (CODERN). O primeiro é o Porto de Natal, que se localiza na capital potiguar, na margem direita do Rio Potengi, inaugurado em outubro de 1932 e administrado pela CODERN desde 1983, o Porto de Natal liderou a exportação de frutas no Nordeste em 2017. Pelo Porto da capital do Rio Grande do Norte, um total de 236,6 milhões de dólares foram exportados em frutas. O segundo é o Porto-Ilha de Areia Branca, construído em alto mar, em uma área de 15 mil metros quadrados, a da zona urbana de Areia Branca e a catorze quilômetros da costa; foi inaugurado em 1º de março de 1974, entrando em operação no dia 4 de setembro do mesmo ano. Comunicações. No campo do serviço telefônico móvel, por telefone celular, o Rio Grande do Norte faz parte da "área 10" da Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), que também compreende os estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba, Piauí e Alagoas e é servido por quatro operadoras telefônicas; dados de maio de 2011 apontavam a TIM com a maior participação neste mercado no estado (34,44%), seguido da Claro (31,89%), Oi (29,50%) e Vivo (4,17%). O código de área (DDD) de todo o Rio Grande do Norte é 084. Em 2010, domicílios possuíam telefone (85,73%), dos quais tinham apenas celular (65,38%), telefone fixo e celular (18,7%) e apenas telefone fixo. Existem jornais em circulação em vários municípios do estado, com destaque para a Tribuna do Norte e Agora Jornal, editados e sediados na Região Metropolitana de Natal e o Jornal de Fato, em Mossoró, entre outros. Há transmissão de canais nas faixas "Very High Frequency" (VHF) e "Ultra High Frequency" (UHF). O Rio Grande do Norte é sede de alguns canais/emissoras de televisão, como a TV Assembleia RN, a InterTV Cabugi e InterTV Costa Branca afiliadas da Rede Globo; a TV Tropical; a TV Ponta Negra; a TV Universitária Rio Grande do Norte; TV Feliz; TV Band RN e a TV União Natal.. Na Região Oeste do Rio Grande do Norte também é possível sintonizar os canais: TV Mossoró, TV Cabo Mossoró (TCM), SuperTV HD e a TV Cidade Oeste, esses dois últimos sendo possível sintonizar através do sinal do serviço de telecomunicação Brisanet. Segurança pública. As principais unidades das forças armadas presentes no Rio Grande do Norte são: no Exército Brasileiro, o estado é integrante do Comando Militar do Nordeste, com sede em Recife, capital de Pernambuco, e abrange toda a área do nordeste brasileiro, com exceção do Maranhão; na Marinha do Brasil, faz parte do 3º Distrito Naval, com sede em Natal e, na Força Aérea Brasileira, o Rio Grande do Norte integra o II Comando Aéreo Regional, sediado na Base Aérea do Recife e com jurisdição sobre os estados nordestinos (menos o Maranhão) e o 3º Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo, ambos com sede em Recife. A Polícia Militar do Rio Grande do Norte foi criada inicialmente com a designação "Corpo de Polícia da Província", em 27 de novembro de 1834, mas só foi organizada em 4 de novembro de 1836. Até receber a atual denominação de polícia militar, em 1947, a corporação já teve vários outros nomes. Tem por função primordial o policiamento ostensivo e a preservação da ordem pública no estado do Rio Grande do Norte, bem como garantir a segurança pública e a tranquilidade da população potiguar. Seus militares são denominados de "militares dos estados" pelo artigo 42 Constituição Federal. O Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Norte surgiu em 29 de novembro de 1917, que instituiu uma pelotão de Bombeiros anexada ao esquadrão de cavalaria. Foi extinto posteriormente e reanexado ao esquadrão, sendo recriado em 21 de setembro de 1955 até que, em 22 de março de 2002, o Corpo de Bombeiros foi separado da Polícia Militar e passou a ser uma instituição independente, seja de forma administrativa ou orçamentária, e integrante do sistema de segurança pública do estado, cuja missão consiste na execução de atividades de defesa civil, prevenção e combate a incêndio, buscas, salvamentos e socorros públicos em todo o território estadual. Tal como a PMRN, os integrantes do Corpo de Bombeiros também são denominados militares de estados pela constituição. A Polícia Civil do Rio Grande do Norte é um órgão do sistema de segurança pública ao qual compete as funções de polícia judiciária e de apuração das infrações penais, exceto as de natureza militar. Juntamente com as corporações anteriores e ainda o Instituto Técnico e Científico de Polícia (ITEP), a Polícia Civil é subordinada à Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Rio Grande do Norte. Em 2023 teve lugar uma Crise na segurança pública do Rio Grande do Norte, que foi marcada por ataques perpetrados pelo crime organizado, que tem como alvo o transporte público, prédios públicos e outros veículos. Durante a crise, que se iniciou na madrugada 14 de março de 2023 a população enfrentou tiroteios, toques de recolher e suspensão de serviços públicos, dentre outros transtornos. Cultura. O estado do Rio Grande do Norte possui uma cultura rica e diversificada, sendo sede de várias entidades culturais, além de possuir diversos monumentos tombados, entre os quais o mais importante é a Fortaleza dos Reis Magos, considerado marco inicial da ocupação do território norte-riograndense. Através da lei estadual , de 6 de dezembro de 2006, o dia 3 de outubro, que homenageia os mártires de Cunhaú e Uruaçu, é feriado estadual. Culinária e artesanato. A culinária norte-rio-grandense é influenciada tanto pela colonização portuguesa e quanto pela cultura indígena. Pratos típicos muito apreciados pelos potiguares, podendo ser encontradas em todas as regiões do estado são caranguejada, carne de sol, cocada, cuscuz, feijão verde, linguiça típica do sertão, macaxeira, paçoca, peixes fritos, queijo típico de manteiga, tapioca e ginga com tapioca. Salgados típícos são o arrubacão, o baião de dois, carne de sol com banana-de-terra, carne de sol feita com jerimum, batata-doce ou macaxeira, casquinha de caranguejo, moqueca de carne verde, mousse de caranguejo, paçoca, patinha de caranguejo, sarapatel e sopa de caranguejo, enquanto os doces típicos tradicionais são bolo de milho, bolo de rolo, doce de abóbora, doce de batata-doce, doce de caju feito em calda, doce de jaca, pudim de macaxeira e tijolinho de coco. O artesanato potiguar destaca-se nos alimentos, bordados, cerâmica, cestarias, couro, madeira, pedras, rendas, tecelagem e trançados. Nos alimentos, destaca-se a produção de doces feitos de frutas encontradas em todo o estado. No leste do estado, especialmente nos municípios de Ceará-Mirim, Florânia, São Gonçalo do Amarante e São Tomé, destaca-se a produção de cerâmica. Em Caicó, destaque à produção de bordados e rendas. Em Currais Novos, encontra-se a maior produção de esculpimento de pedra, formando tipos variados de adorno. O couro, de origem caprina ou bovina, é produzido principalmente em Natal, Caicó e Taipu. Neste último também se destaca o esculpimento da madeira, junto com Macaíba. Nos municípios de Acari, Arez, Florânia, Ipanguaçu, Jardim do Seridó, São Paulo do Potengi e São Tomé o principal destaque é a tecelagem. As cestarias são, juntos com os trançados, uma outra forma de artesanato encontrada em quase todos os municípios potiguares. Folclore e eventos. O folclore do Rio Grande do Norte é dividido em dois grupos: os "autos", reunindo uma mistura de espetáculos teatrais, e as "manifestações", que contemplam as danças folclóricas. Os principais autos são o Boi dos Reis, tradicional "Bumba meu boi"; o fandango, de origem portuguesa; os congos, de herança africana e os caboclinhos, típicos do período carnavalesco. O boi calemba e a lapinha, esta também chamada de presépio, fazem parte das comemorações natalinas, simbolizando o nascimento de Jesus Cristo, enquanto o pastoril é típico do Ano-Novo. Nas manifestações populares, as principais danças são a araruna, o bambelô, as bandeirinhas, a capelinha de melão, o coco, o espontão e o maneiro-pau. O coco, o bambelô e o maneiro-pau são danças de roda, as bandeirinhas e a capelinha de melão homenageiam São João Batista no período junino e o espontão é comum no Seridó. A araruna é um repertório coreógrafico que existe em Natal desde os anos 1950 e é representada pela "Associação de Danças Antigas e Semidesaparecidas Araruna". Entre os principais eventos, que normalmente vêm acompanhados de manifestações populares, destacam-se o Carnatal; Festa do Caju; Festa do Boi; Mossoró Cidade Junina e as festas de padroeiro de Mossoró (Santa Luzia), Caicó (Sant'Ana), Nossa Senhora da Apresentação de Natal e Santos Reis (ambas em Natal). Esporte e personalidades. O futebol, esporte originário da Grã-Bretanha, foi introduzido no Rio Grande do Norte nas primeiras décadas do século XX. Os primeiros clubes de futebol do estado, fundados em 1915, foram o ABC (29 de junho) e o América de Natal (14 de julho). No ano seguinte, teria ocorrido a primeira partida interestadual realizada com a presença de um clube potiguar, em 15 de novembro de 1916, no campo da Praça Pedro Velho, reunindo o ABC de Natal contra o Santa Cruz Futebol Clube, de Recife, na época vice-campeão pernambucano, sendo que este último venceu por 4 a 1. Em 1919, ocorreu o primeiro Campeonato Metropolitano de Futebol, vencido pelo América. Em toda a história do futebol norte-riograndense, o ABC foi o clube brasileiro que mais conquistou títulos estaduais, chegando a mais de 50 no Campeonato Potiguar, e é também o time com maior tempo no exterior, tendo jogado nos continentes africano, asiático e europeu. O estado já sediou eventos esportivos de importância internacional, todos eles realizados na capital, tais como o Torneio Internacional de Ginástica Artística (2007), o Campeonato Mundial de Basquete Master e o 1º Meeting-Brasil de Ginástica Artística, os dois últimos em 2011 e, em 2014, no estádio Arena das Dunas, ocorreram quatro partidas da fase de grupos da Copa do Mundo da FIFA. Esportistas potiguares famosos são: Alice Melo, ciclista mossoroense; Clodoaldo Silva, nadador, medalhista em edições dos Jogos Paraolímpicos, Pan-Americanos e ainda em campeonatos mundiais de natação; Magnólia Figueiredo, recordista brasileira dos quatrocentos metros em 1990 e participante das olimpíadas de Seul (1988), Atlanta (1996) e Atenas (2004); Jussier Formiga, lutador de MMA; Márcio Mossoró, futebolista; Marinho Chagas, ex-jogador de futebol; Oscar Schmidt, um dos maiores jogadores da basquetebol do Brasil; os irmãos Patrício Freire e Patrick Freire, lutadores de MMA; Renan Barão e Rony Marques, ambos no UFC e Virna Dias, ex-jogadora de vôlei e a primeira medalhista do estado nos Jogos Olímpicos, bronze em Atlanta 1996 e Sidney 2000, quando outro potiguar Vicente Lenílson, de Currais Novos, conquistou uma prata no atletismo. Em julho de 2021, o surfista Ítalo Ferreira, natural de Baía Formosa e campeão mundial em 2019, conquistou em Tóquio o primeiro ouro olímpico do surfe na história dos jogos. Nos Jogos Paralímpicos, o Rio Grande do Norte é o terceiro estado do Brasil em número de medalhas, depois de São Paulo e Rio de Janeiro. Ao todo são nove medalhas, mesmo número de Mato Grosso do Sul, sendo uma de ouro, seis de prata e duas de bronze. Fora do esporte, personalidades famosas nascidas no Rio Grande do Norte são Alan Severiano (jornalista), Augusto Severo (aviador, criador do "Pax"), Celina Guimarães Viana (primeira eleitora da América Latina), Dom Eugênio Sales (ex-arcebispo do Rio de Janeiro), Fernanda Tavares (modelo internacional), Henrique Castriciano (fundador da Escola Doméstica de Natal e escritor), João Café Filho (ex-presidente da república e o único potiguar a ocupar o cargo), Luís da Câmara Cascudo (maior folclorista brasileiro e historiador), Marina Elali (cantora), Marta Jussara da Costa (primeira potiguar a ser eleita Miss Brasil, em 1979) e Veríssimo de Melo (fundador do Museu Câmara Cascudo, escritor e folclorista).
1658
Rio de Janeiro (estado)
Rio de Janeiro (estado) Rio de Janeiro é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Situa-se a sudeste da região Sudeste do país, tendo como limites os estados de Minas Gerais (norte e noroeste), Espírito Santo (nordeste) e São Paulo (sudoeste), além do Oceano Atlântico (leste e sul). Ocupa uma área de . Os naturais do estado do Rio de Janeiro são chamados de fluminenses (do latim "flumen", literalmente "rio"). A cidade mais populosa é a sua capital homônima, polo da segunda maior metrópole do Brasil. Apesar de ser, em termos de território, o terceiro menor estado brasileiro (ficando atrás apenas de Alagoas e Sergipe), concentra 8,4% da população do país, sendo o estado com maior densidade demográfica do Brasil. Segundo dados do Censo 2010, o estado é o terceiro mais populoso do Brasil, atrás de São Paulo e Minas Gerais. A estimativa populacional calculada pelo IBGE, tendo como referência em 1° de julho de 2021, foi de habitantes. O produto interno bruto (PIB) do estado é o segundo maior do país, enquanto o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) fluminense é o quarto mais elevado do Brasil. Além disso, o Rio de Janeiro apresenta a terceira maior taxa de alfabetização do país, somente atrás de Santa Catarina e Distrito Federal. O estado é formado por duas regiões morfologicamente distintas: a baixada e o planalto, que se estendem, como faixas paralelas, do litoral para o interior. Paraíba do Sul, Macaé, Guandu, Piraí, Muriaé e Carangola são os principais rios. O clima varia de tropical a subtropical. Há ocorrência de geadas, nos meses de inverno, em regiões acima dos mil metros de altitude e inclusive queda de neve esporádica no Parque Nacional de Itatiaia. O litoral fluminense é também o terceiro mais extenso do país, atrás das costas de Bahia e Maranhão. História. Primeiros povos e colonização portuguesa. O continente americano já era habitado desde pelo menos 10 000 a.C. por povos provenientes de outros continentes. Por volta do ano 1000, o litoral do Estado, com exceção da região da foz do Rio Paraíba do Sul, foi invadida por povos tupis provenientes da Amazônia. À época do estabelecimento do sistema de Capitanias Hereditárias no Brasil, a região da baía do Rio de Janeiro (mais tarde, renomeada para baía de Guanabara) foi entregue a Martim Afonso de Souza e compunha o 1º lote ou a porção setentrional da Capitania de São Vicente, cujo território ia da atual cidade de Macaé até a atual cidade de Caraguatatuba, e era separada do 2º lote ou da porção meridional da Capitania de São Vicente pela Capitania de Santo Amaro (de Caraguatatuba a Bertioga). A região norte do atual Estado do Rio de Janeiro compunha a Capitania de São Tomé ou Capitania da Paraíba do Sul, e foi entregue inicialmente a Pero de Góis. No entanto, as primeiras tentativas de colonização portuguesa tanto na parte setentrional de São Vicente quanto em São Tomé acabaram fracassando, em virtude da hostilidade dos tamoios (os índios tupinambás da Guanabara) e dos goitacás (índios tapuias da região de Campos). Em 1555, os tamoios fizeram uma aliança com a coroa francesa e autorizaram que os franceses estabelecessem uma colônia na margem ocidental da baía de Guanabara, sob o comando do almirante e cavaleiro templário Nicolas Durand de Villegagnon. Essa colônia recebeu o nome de "França Antártica" e tinha como capital Henriville (cidade de Henrique), localizada no atual bairro do Flamengo na Zona Sul da capital fluminense. Visando a evitar esta ocupação e a assegurar a posse do território para a Coroa Portuguesa, foi fundada a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, em 1.º de março de 1565, por Estácio de Sá, no morro do Cara de Cão, na atual bairro da Urca. Estácio de Sá pode ser considerado o primeiro governador-geral do Rio de Janeiro, no período colonial. Entre o grupo de fundadores, incluía-se também Dom Antônio de Mariz e o Padre José de Anchieta, que participou dos preparativos para a tomada do Rio de Janeiro e mais tarde da organização das primeiras vilas no recôncavo da Guanabara e na sua margem oriental, como, por exemplo, a vila de São Lourenço dos Índios do Rio de Janeiro (atual cidade de Niterói). Como a região foi recuperada por uma conquista bélica patrocinada pela coroa, a sua propriedade foi revertida para a família real portuguesa (deixando de ser, portanto, uma capitânia hereditária da família Souza). Em decorrência desse fato, a Capitânia de São Vicente Setentrional passou a chamar-se Capitania Real do Rio de Janeiro, tornando-se a segunda capitânia real da América Portuguesa (após a da Bahia de Todos os Santos, em 1548). Diferentemente das capitanias donatárias, as capitanias reais possuíam administradores indicados pela coroa e não proprietários. No século XVI, a pecuária e a lavoura de cana-de-açúcar impulsionaram o progresso, definitivamente assegurado quando o porto começou a exportar o ouro extraído de Minas Gerais, no . Entre 1583 e 1623, a área de maior destaque de produção de açúcar, no sul do Brasil, se deslocou de São Vicente para o Rio de Janeiro, na região da baía de Guanabara. Se, em 1629, havia sessenta engenhos em produção no Rio de Janeiro, em 1639, já havia 110 engenhos e o Rio de Janeiro passou a fornecer açúcar a Lisboa, devido à tomada de Pernambuco durante as invasões neerlandesas. Ao final do século, havia 120 engenhos na região. Com o crescimento dos engenhos e alambiques do Rio, aumentou a imigração portuguesa para a cidade. É por volta dessa época que os naturais da Capitânia do Rio de Janeiro começam a ser chamados popularmente de "cariocas", em particular, os trabalhadores braçais urbanos livres (pedreiros, pintores, ourives e etc). O termo carioca era utilizado pelos imigrantes brancos da capitânia para se distinguir dos cidadãos mestiços, como lembra a profª Armelle Enders, brasilianista francesa: "No século XVII, os portugueses instalados no Rio recorrem de bom grado a essa alcunha [carioca] para designar os seus compatriotas naturais do lugar e sublinhar-lhes a forte mestiçagem ameríndia". Com a restauração da Independência Portuguesa, em 1640, os comerciantes e donos de embarcações receberam permissão de comercializar diretamente com a África a partir do porto do Rio de Janeiro, visando, complementarmente, ao tráfico de escravos para o rio da Prata. O ciclo da prata levou a um rápido desenvolvimento econômico da cidade do Rio de Janeiro, levando a cidade a se tornar no século seguinte o principal elo logístico do Império português. Tal comércio foi bastante impactado pela tomada de Angola pelos neerlandeses na mesma época. A utilização de escravos indígenas foi ampliada, mas os comerciantes e proprietários tiveram que se indispor com os jesuítas por causa das proibições papais relativas à escravização dos índios. A Carta Régia de 30 de junho de 1642, passada pela Chancelaria de , outorgou o título de "a muy heróica e leal cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro", conferindo aos cidadãos do Rio o título de "homens bons do Porto", o que lhe assegurava os mesmos direitos e privilégios dos cidadãos de Lisboa e do Porto. Transferência da corte portuguesa e século XIX. Em 1763, a cidade do Rio de Janeiro tornou-se a sede do vice-reino do Brasil e a capital da colônia. Com a transferência da corte portuguesa para o Brasil, em 1808, na época da tomada da Península Ibérica por Napoleão Bonaparte, a região foi muito beneficiada com reformas urbanas para abrigar a Corte portuguesa. Dentro das mudanças promovidas, destacam-se: a transferência de órgãos de administração pública e justiça, a criação de novas igrejas, hospitais, quartéis, fundação do primeiro banco do país — o Banco do Brasil — e a Imprensa Régia, com a Gazeta do Rio de Janeiro. Nos anos seguintes também surgiram o Jardim Botânico, a Biblioteca Real (hoje Biblioteca Nacional) e a Academia Real Militar, antecessora da atual Academia Militar das Agulhas Negras. Assim, ocorreu um processo cultural, influenciado não somente pelas informações trazidas pela chegada da corte e da família real, mas também pela presença de artistas europeus que foram contratados para registrar a sociedade e natureza brasileira. Nessa mesma época, nasceu a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios. Após a transferência da Corte portuguesa para o Brasil, a administração da capitania do Rio de Janeiro passou a ser confiada ao "ministro do Reino", cargo que foi praticamente um substituto para o de Vice-Rei, pois lhe era confiada a sua administração. Em 1821, pouco após o início da Revolução Liberal do Porto, as Cortes Gerais decidem elevar as capitanias à condição de províncias, o que também ocorre no Brasil, quando então nasce a Província do Rio de Janeiro. A despeito disto, o "ministro e secretário de Estado dos Negócios do Império", cargo substituto do ministro do Reino português, continuaria a administrá-la, mesmo após a Independência do Brasil, ocorrida no ano seguinte. Aliado a isto, estava o fato de que a cidade do Rio de Janeiro era a capital do Império, o que fazia com que o ministro administrasse a província inteira por meio de "avisos", os quais dirigia às Câmaras Municipais de cidades que, naquela época, começavam a crescer a passos largos devido a ampliação e fortalecimento da lavoura cafeeira no Vale do Paraíba, que já sobrepujava a força da lavoura canavieira na região Norte Fluminense. As diferenças com relação às demais unidades administrativas do Brasil fez com que no ano de 1834 o município do Rio de Janeiro fosse transformado em Município Neutro, permanecendo como capital do império, enquanto a província passou a ter a mesma organização político-administrativa das demais, com um presidente escolhido pelo imperador e uma Assembleia Legislativa, tendo sua capital na "Vila Real da Praia Grande", que no ano seguinte passou a se chamar Niterói, enquanto a cidade do Rio de Janeiro passou a ter uma Câmara Municipal, que cuidaria da vida daquela cidade sem interferência do presidente de província e, em 1889, após a implantação da República no Brasil, a cidade continuou como capital do país, sendo o Município Neutro transformado em Distrito Federal. A despeito da grande rotatividade ocorrida no poder da província fluminense logo após a criação do Município Neutro (que lhe deu 85 governantes até o fim do império), a expansão da lavoura cafeeira trouxe prosperidade nunca antes alcançada nesta região. A ferrovia construída por António Clemente Pinto, Barão de Nova Friburgo, ligando Cantagalo ao Porto das Caixas, é um exemplo do poder econômico que alavancou a exploração desta atividade nos sertões da serra fluminense. Tanto com o surgimento de novos centros urbanos pela província, quanto pelo esplendor exibido nas fazendas dos "barões do café" via-se a prosperidade trazida pelo "ouro verde", que também trouxe o desenvolvimento da educação, notado pela construção de várias escolas por todas as cidades. Nesse período, a província se tornou a mais rica e poderosa no país e sua principal exportadora. Essa situação perdurou até por volta de 1888. Com a abolição da escravatura, a aristocracia fluminense se empobrece, já que não tem mais sua mão de obra e ainda vê a exaustão do solo e a redução das safras colhidas ano após ano. Século XX. A decadência foi a tônica na província nos últimos dias do regime imperial. Na luta pela República, vários foram os fluminenses que se distinguiram, cabendo citar Antônio da Silva Jardim, Lopes Trovão, Rangel Pestana, entre outros. Também forte foi a presença na campanha abolicionista. Com a proclamação da República, logo ocorreram problemas políticos que foram, com o tempo, lhe retirando a grandeza e o destaque conseguidos durante o Império. Após a aprovação da sua primeira Constituição Estadual, em 9 de abril de 1892, a capital foi transferida para a cidade de Petrópolis, devido às agitações que ocorreram durante o governo do Marechal Floriano Peixoto nas cidades do Rio de Janeiro e de Niterói, e também à Revolta da Armada, ocorrida naquela época. Após diversos anos em que lutas políticas fizeram o estado perder o rumo administrativo, fato comprovado pela dualidade de Assembleias Legislativas por três períodos, estas fazem aumentar ainda mais a crise econômica fluminense, que se arrasta de tal maneira a transformar, gradualmente, suas plantações de café em pastagens para a pecuária e a fazer com que o mesmo não acompanhe o desenvolvimento industrial experimentado pelo vizinho São Paulo. Com a chegada de Getúlio Vargas ao poder, vários interventores foram nomeados, o que não alterou o quadro socioeconômico fluminense até que, em 1937, é nomeado Ernani do Amaral Peixoto, genro de Vargas (este casou-se com Alzira Vargas em 1939) e que pôde realizar muito pelo estado, dando incentivo ao seu desenvolvimento industrial com a construção da Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda, no Vale do Paraíba fluminense, da Companhia Nacional de Álcalis, em Arraial do Cabo, na Região dos Lagos e da Fábrica Nacional de Motores, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, bem como a expansão da malha rodoviária estadual. Amaral Peixoto ainda mobilizou a população fluminense no esforço de guerra, o que resultou na aquisição com os recursos arrecadados, de um novo navio para a Marinha de Guerra brasileira. Data desse período, também, a formação de várias instituições de ensino superior e centros de estudo sobre a cultura e história fluminenses, que procuravam resgatar a memória e construir uma identidade para a população do estado, esvaziado econômica e politicamente desde o fim do Segundo Império. Com a queda de Vargas, Peixoto foi afastado do comando do Estado e cinco interventores sucederam-se no governo fluminense até a eleição, em 1947 de Edmundo de Macedo Soares e Silva, construtor da usina da cidade de Volta Redonda, que reorganizou a administração e as finanças estaduais, bem como continuou o incentivo à industrialização e à produção agropecuária. Foi sucedido, entretanto, por Amaral Peixoto, que dá nova força à expansão industrial e rodoviária, datando desse período a criação da Companhia Nacional de Álcalis. Em 1960, com a mudança da capital do país para a nova cidade de Brasília, o antigo Distrito Federal tornou-se o estado da Guanabara. Até o ano de 1964, os governos estaduais procuram dinamizar a economia fluminense, reformando a estrutura do estado, organizando sua educação superior (cria-se em 1960 a "Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro", posteriormente Universidade Federal Fluminense), melhorando a infraestrutura elétrica (é desse período a criação das Centrais Elétricas Fluminenses, posteriormente Companhia de Eletricidade do Estado do Rio de Janeiro) e dando nova feição à cidade de Niterói. Após o Golpe de Estado no Brasil em 1964, o governador Badger da Silveira, recém-eleito em 1963, foi afastado do cargo, sendo substituído pelo general Paulo Torres, que tratou de criar a Companhia de Desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro. Reunificação. Após a edição da Lei Complementar nº 20 em 1974, assinada pelo presidente Ernesto Geisel, reunificaram-se, após 140 anos de separação, os estados da Guanabara e do Rio de Janeiro em 15 de março de 1975. A capital do estado passou a ser o município do Rio de Janeiro, voltando-se a situação político-territorial anterior a 1834, ano da criação do Município Neutro. Foram mantidos ainda os símbolos do estado do Rio de Janeiro, enquanto os símbolos do antigo estado da Guanabara passaram a ser os símbolos do município do Rio de Janeiro. Por imposição do regime militar, o gentílico carioca foi reduzido a gentílico municipal da cidade do Rio de Janeiro, embora a maioria da população do Estado do Rio de Janeiro se declare como "carioca". Atualmente, movimentos sociais tentam obter o reconhecimento de carioca como gentílico cooficial do novo Estado do Rio de Janeiro. Alguns alegam que a motivação por trás do presidente Ernesto Geisel para a fusão foi neutralizar a força oposicionista do Movimento Democrático Brasileiro no estado da Guanabara. O estado do Rio de Janeiro, tradicionalmente foi considerado um polo de conservadorismo, vide governos sucessivos do Partido Social Democrático e posteriormente da Aliança Renovadora Nacional, apesar da grande força do Partido Trabalhista Brasileiro (que elegeu os dois últimos governadores antes de 1964), e depois do Movimento Democrático Brasileiro nessa região, o que levou à errônea conclusão que esta viria a neutralizar a oposição emedebista guanabarina, evitando maiores problemas para o governo militar, que acaba por indicar como primeiro governador do novo estado o almirante Floriano Peixoto Faria Lima. Apesar de Faria Lima assumir o estado com promessas do governo federal de maciços investimentos, a fim de compensar os problemas que poderiam advir da fusão, esses não se concretizaram plenamente, mesmo com a implantação das usinas nucleares em Angra dos Reis e a expansão da Companhia Siderúrgica Nacional, o que acarretou problemas que viriam a ser sentidos, principalmente nas áreas de habitação, educação, saúde e segurança partir da década de 1980. Com a abertura política e a volta das eleições diretas para governador, os fluminenses elegem Leonel de Moura Brizola (Partido Democrático Trabalhista) em 1982, exilado político desde 1964 que voltava ao Brasil com a bandeira do trabalhismo varguista, o que conquistou o eleitorado insatisfeito com o segundo governo de Chagas Freitas. Em seu primeiro governo, Leonel Brizola constrói o Sambódromo e dá início aos Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs), escolas projetadas por Oscar Niemeyer e idealizadas pelo professor Darci Ribeiro para funcionarem em tempo integral. A crescente crise na área da segurança pública e os desgastantes atritos com as Organizações Globo (atual Grupo Globo) acabaram por impedir que ele fizesse seu sucessor. Nas eleições de 1986, Moreira Franco foi eleito governador pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro numa ampla aliança antibrizolista, que ia do Partido da Frente Liberal ao Partido Comunista do Brasil. Moreira teve a ajuda do Plano Cruzado, plano econômico lançado no governo do presidente José Sarney que visava o controle da inflação e que malogrou ante a acusação, por parte da oposição, de ter sido eleitoreiro. A decepção com o governo Moreira Franco, que não cumpriu a promessa de acabar com a violência em seis meses, levou o eleitorado fluminense a eleger Leonel Brizola novamente, em 1990. Em seu segundo mandato, Brizola concluiu os Centros Integrados de Educação Pública (CIEP), construiu a Via Expressa Presidente João Goulart, a Universidade Estadual do Norte Fluminense, ampliou o sistema de abastecimento hídrico do Rio Guandu e deu início ao Programa de Despoluição da Baía de Guanabara. Porém os problemas crônicos na área de segurança, bem como nas contas públicas estaduais, fizeram o estado sofrer uma "intervenção branca" do governo federal no ano de 1992, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento e, também, no ano de 1994. A utilização de tropas das Forças Armadas no patrulhamento das ruas da capital fluminense foi amplamente apoiada pela população. Em meio a esses problemas, Brizola renunciou ao mandato a fim de concorrer às eleições presidenciais. O governo estadual foi assumido pelo seu vice, Nilo Batista, que, após 8 meses, passou o comando para Marcello Alencar, eleito pelo Partido da Social Democracia Brasileira em 1994 graças ao bom desempenho de sua passagem pela prefeitura da cidade do Rio de Janeiro e ao sucesso do Plano Real. Marcello retomou as obras do metrô, paralisadas desde a gestão de Moreira Franco, construiu a Via Light, ligando o Rio de Janeiro a Nova Iguaçu, e implementou uma política de segurança pública mais voltada ao confronto armado, o que acabou por gerar antipatia da população de baixa renda, mais exposta aos enfrentamentos entre a polícia e bandidos. Na eleição seguinte, Anthony Garotinho, apadrinhado à época por Brizola e que, anteriormente, havia perdido a eleição para Alencar, foi eleito governador pelo Partido Democrático Trabalhista, apoiado por uma aliança de esquerda que incluiu, como vice na chapa, a então senadora Benedita da Silva, do Partido dos Trabalhadores, que o substituiu em 2002, quando ele também renunciou, como Brizola, visando à corrida presidencial. Benedita assumiu em meio a problemas de ordem política — Garotinho rompeu a aliança com o Partido dos Trabalhadores, sob acusações de fisiologismo — e fiscal que acabaram por impedi-la de se reeleger, sendo derrotada por Rosinha Garotinho, esposa de Anthony Garotinho, que procurou, após eleita, manter o estilo por vezes controvertido de governar de seu marido, enfrentando ainda duras críticas com relação à situação da segurança pública. Nas eleições de 2006, o eleitorado fluminense elegeu Sérgio Cabral Filho como o novo governador. A vitória ocorreu no segundo turno, após vencer a ex-juíza Denise Frossard, apoiada por Cesar Maia. Apesar de pertencer ao mesmo partido de Garotinho e Rosinha (Partido do Movimento Democrático Brasileiro), Cabral vinha dissociando, desde a campanha, sua imagem da do casal. A aproximação com o presidente Lula, a nomeação de Benedita da Silva e Joaquim Levy para o seu secretariado e a extinção de projetos como o Cheque-Cidadão e Jovens pela Paz (considerados como marcas registradas do período Garotinho/Rosinha) foram atitudes tomadas por Cabral que sinalizam este distanciamento, mas que permitiram, ao mesmo, alcançar a reeleição no ano de 2010. Geografia. O estado do Rio de Janeiro faz parte do bioma da Mata Atlântica brasileira, tendo em seu relevo montanhas e baixadas localizadas entre a Serra da Mantiqueira e Oceano Atlântico, destacando-se pelas paisagens diversificadas, com escarpas elevadas à beira-mar, restingas, baías, lagunas e florestas tropicais. Fazendo divisa com os estados de Espírito Santo, São Paulo e Minas Gerais, o Rio de Janeiro é um dos menores estados do país e o menor da região Sudeste. O município mais setentrional do estado é Porciúncula e o mais meridional Paraty. Possui uma costa com 635 quilômetros de extensão, banhados pelo Oceano Atlântico, sendo superada em tamanho apenas pelas costas da Bahia e Maranhão. Solos e relevo. De um modo geral, os solos fluminenses são relativamente pobres. Os solos mais propícios à utilização agrícola encontram-se em Campos dos Goytacazes, Cantagalo, Cordeiro e em alguns municípios do vale do Rio Paraíba do Sul. Existem no estado duas unidades de relevo: a Baixada Fluminense, que corresponde às terras situadas em geral abaixo de duzentos metros de altitude e o planalto ou Serra Fluminense, acima de trezentos metros. A Baixada Fluminense acompanha todo o litoral e ocupa cerca de metade da superfície do estado. Apresenta largura variável, bastante estreita entre as baías da Ilha Grande e de Sepetiba, alargando-se progressivamente no sentido leste, até o Rio Macacu. No trecho que passa pela capital, erguem-se os maciços da Tijuca e da Pedra Branca, que atingem altitudes um pouco superiores a mil metros. Da Baía da Guanabara até Cabo Frio, a baixada volta a estreitar-se numa sucessão de pequenas elevações, de duzentos a quinhentos metros de altura, os chamados maciços litorâneos fluminenses. A partir de Cabo Frio, alarga-se novamente, alcançando suas extensões máximas no delta do Rio Paraíba do Sul. Os principais acidentes geográficos do estado são a Serra do Mar e a Serra da Mantiqueira. A primeira recebe diversas denominações locais: Serra dos Órgãos, Serra das Araras, Serra da Estrela e Serra do Rio Preto. Seu ponto culminante é o Pico Maior de Friburgo, a metros de altitude. A serra da Mantiqueira cobre o noroeste do estado, ao norte do vale do Rio Paraíba do Sul, sendo paralela à Serra do Mar. É lá que se encontra o pico das Agulhas Negras, ponto culminante do estado a 2.791 metros acima do nível do mar, no município de Itatiaia. Entre as duas serras está o vale do rio Paraíba do Sul, onde a média de altitude cai para 250 metros. A nordeste, observa-se uma série de morros e colinas de baixas altitudes. Vegetação. A vegetação original do estado inclui a Mata Atlântica, restingas, manguezais e campos de altitude. Devido à ocupação agropastoril, o desmatamento a modificou sensivelmente. Atualmente, as florestas ocupam um décimo do território fluminense, concentrando-se principalmente nas partes mais altas das serras. Há grandes extensões de campos produzidos pela destruição, próprios para a pecuária, e, no litoral e no fundo das baías, registra-se a presença de manguezais (conjunto de árvores chamadas mangues, que crescem em terrenos lamacentos). As principais unidades de conservação do estado são os parques nacionais da Tijuca, de Itatiaia, da Serra da Bocaina, da Serra dos Órgãos e da Restinga de Jurubatiba, os parques estaduais da Pedra Branca, da Ilha Grande e dos Três Picos e a Área de Proteção Ambiental de Guapimirim. Hidrografia. O Rio Paraíba do Sul é o principal rio do estado. Nasce em Taubaté, no estado de São Paulo, e desemboca no Oceano Atlântico — como a maior parte dos rios fluminenses —, na altura do município de São João da Barra. Seus principais afluentes, no estado, são o Paraibuna, Pomba e o Muriaé que possui um importante afluente, o Carangola, subafluente do rio Paraíba do Sul, pela margem esquerda, o Piabinha e o Piraí pela margem direita. Além do Paraíba do Sul, destacam-se, de norte para sul, os rios Itabapoana, que marca fronteira com o Espírito Santo, o Macabu, que deságua na Lagoa Feia, o Macaé, o São João, o rio Macacu, o Magé e o Guandu.Os principais acidentes são a Baía da Ilha Grande, a Ilha Grande, a Restinga da Marambaia, a Baía de Sepetiba e a Baía de Guanabara, onde se destaca na paisagem a Enseada de Botafogo. Há um total de 365 ilhas espalhadas pela costa somente no município de Angra dos Reis e 65 na baía de Paraty. O litoral fluminense é pontilhado por numerosas lagoas, antigas baías fechadas por cordões de areia. As mais importantes são as lagoas Feia, a maior do estado, Saquarema, Maricá, Marapendi, Jacarepaguá e Rodrigo de Freitas, as três últimas no município do Rio de Janeiro. O estado ainda conta com a maior laguna hipersalina do mundo, a Laguna Araruama, que é chamada de lagoa por alguns por um erro, pois, além de ser salobra, tem ligação com o mar através do Canal do Itajuru. Clima. Predominam no estado do Rio de Janeiro os climas tropical (nas baixadas) e tropical de altitude (nos planaltos). Na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, domina o clima tropical semiúmido, com chuvas abundantes no verão, que é muito quente e invernos secos, com temperaturas amenas. A temperatura média anual é de 22 °C a 24 °C e o índice pluviométrico fica entre 1 000 a 1 500 milímetros anuais. Nos pontos mais elevados da Região Serrana, observa-se o clima tropical de altitude, mas com verões um pouco quentes e chuvosos e invernos frios e secos. A temperatura média anual é de 16 °C. Na maior parte da Serra Fluminense, o clima também é tropical de altitude, mas com verões variando entre quentes e amenos e na maioria das vezes, chuvosos, e invernos frios e secos, com índice pluviométrico elevado, se aproximando dos 2.500 mm anuais em alguns pontos. Nas Baixadas Litorâneas, a famosa Região dos Lagos, o clima é tropical marítimo, com média anual de cerca de 24 °C com verões moderadamente quentes, mas amenizados devido ao vento do mar e invernos amenos. É devido ao vento frio trazido pela Corrente das Malvinas que esta região é uma das mais secas do Sudeste, com precipitação anual de apenas cerca de 750 mm em cidades como Arraial do Cabo, Armação dos Búzios e São Pedro da Aldeia, e não passando de cerca de 1 100 mm nas cidades mais chuvosas da região, como Saquarema por exemplo. Ocasionalmente, podem ocorrer precipitações de neve nas partes altas da Serra da Mantiqueira, dentro dos limites Parque Nacional de Itatiaia. Em 1985, foi registrada uma abundante nevada nas proximidades deste pico, com acumulações de um metro em certos pontos. Demografia. Religião. De acordo com o censo demográfico de 2010, da população total do estado, existiam católicos (45,8%), evangélicos (29,4%), espíritas (4%), e pessoas sem religião (14,6%). Existem ainda, adeptos aos islamismo, judaísmo, budismo, hinduísmo, esoterismo e neo-paganismo. Juntos, os adeptos destas e outras religiões minoritárias somam pessoas (4,3%). O Rio de Janeiro é o estado com o menor percentual de católicos apostólicos romanos, e o estado com o maior percentual de pessoas sem religião (como ateus e agnósticos). Além disso, é o estado com o maior percentual de espíritas do Brasil. A variedade de denominações é uma marca da presença da diversidade religiosa no perfil demográfico do estado. Composição étnica. O estado do Rio de Janeiro é formado por enorme gama de etnias e povos das mais variadas procedências, principalmente pelo fato de sua capital ter sido durante um longo período a capital do estado brasileiro. Inicialmente a população do estado do Rio de Janeiro foi marcada pela presença de povos indígenas, assim como toda a costa brasileira. No início do , habitavam o Rio de Janeiro quatro grandes grupos indígenas, classificados de acordo com seu grupo linguístico: tupis-guaranis, que habitavam o litoral e constituíam diversas tribos como os tupinambás ou tamoios e os Tupiniquins; puri-coroado, maxakali e botocudo, da língua macro-jê, que habitavam o interior, sobretudo a bacia hidrográfica do Rio Paraíba do Sul; os goitacases, que habitavam a foz do rio Paraíba do Sul; as tribos guaianás ou Goianás que viviam no litoral sul, entre Angra dos Reis e Paraty, e na Ilha Grande. Com a colonização, as tribos indígenas foram extintas. Em 30 de maio de 1902, na paróquia de Santo Antônio de Pádua, no município de mesmo nome, foi registrado o último óbito de índio natural do estado do Rio de Janeiro: Joaquina Maria Pury. Em fins da década de 1940, guaranis migraram para a região das cidades de Angra dos Reis e Paraty. Eles só vieram a ser descobertos pelo governo federal em 1974 com a construção da Rodovia Rio-Santos. Atualmente, os quinhentos guaranis do estado vivem em três aldeias: Sapukaí, Itatiim e Araponga. No , desembarcam na região os franceses, que na Baía da Guanabara instalam uma colônia de refugiados religiosos. Logo em seguida os portugueses invadem a região, e na guerra com os franceses, saem vitoriosos, sendo fundada a Cidade do Rio de Janeiro pelo português Estácio de Sá. Nos séculos seguintes, a população da região é formada basicamente por portugueses e africanos, trazidos à força pelos portugueses na condição de escravos. Até meados do , a maioria da população fluminense era composta por negros, porém, o número de imigrantes portugueses desembarcados na cidade do Rio de Janeiro passou a crescer repentinamente naquele século, o que fez com que praticamente se igualasse o número de pessoas de origem africana e as de origem portuguesa. Posteriormente, outros povos contribuíram para a formação da população do estado, como alemães, italianos, suíços, espanhóis, dentre outros, aos quais se somaram os brasileiros de todos os estados, atraídos pela capital do país até a década de 1960, a cidade do Rio de Janeiro. Os primeiros imigrantes não portugueses a chegar à região foram os suíços, em 1818, fundando na região das serras a cidade de Nova Friburgo. Pouco mais tarde, começariam a chegar os alemães e os britânicos, que também rumaram para as serras, principalmente para a região de Petrópolis. Italianos e espanhóis chegariam mais tarde, contribuindo também para a diversidade étnica fluminense. Política e administração. Por ser a capital do estado, a cidade do Rio de Janeiro também é sede do governo fluminense. A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ) é o órgão de poder legislativo estadual e está sediada no Palácio Tiradentes, onde anteriormente funcionou a Câmara dos Deputados do Brasil, no Centro da cidade. O Palácio Guanabara (anteriormente conhecido como Paço Isabel) fica em Laranjeiras, na zona sul da Capital, é a sede oficial do poder executivo fluminense. O Palácio Guanabara não deve ser confundido com o Palácio Laranjeiras, situado no mesmo bairro (na Rua Paulo Cesar Andrade, 407), que é a residência oficial do governador do Rio de Janeiro. O Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) é o órgão máximo do poder judiciário do estado. Seu fórum central está localizada no Centro do Rio de Janeiro, mas de 2013 a julho de 2018, algumas das varas judiciais deste foro foram deslocadas para a Cidade Nova. Subdivisões. Regiões geográficas intermediárias e imediatas. O estado do Rio de Janeiro é composto por 92 municípios, que estão distribuídos em 14 regiões geográficas imediatas, que por sua vez estão agrupadas em cinco regiões geográficas intermediárias, segundo a divisão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vigente desde 2017. As regiões geográficas intermediárias foram apresentadas em 2017, com a atualização da divisão regional do Brasil, e correspondem a uma revisão das antigas mesorregiões, que estavam em vigor desde a divisão de 1989. As regiões geográficas imediatas, por sua vez, substituíram as microrregiões. Oficialmente, as cinco regiões intermediárias do estado são: Rio de Janeiro, Volta Redonda-Barra Mansa, Petrópolis, Campos dos Goytacazes e Macaé-Rio das Ostras-Cabo Frio. O estado também é dividido em quatorze regiões imediatas: Rio de Janeiro, Angra dos Reis, Rio Bonito, Volta Redonda-Barra Mansa, Resende, Valença, Petrópolis, Nova Friburgo, Três Rios-Paraíba do Sul, Campos dos Goytacazes, Itaperuna, Santo Antônio de Pádua, Cabo Frio, Macaé-Rio das Ostras. Ao todo, o Rio de Janeiro é dividido em 92 municípios. Economia. Grande parte da economia do estado do Rio de Janeiro se baseia na prestação de serviços, tendo uma parte significativa da indústria e pouca influência no setor de agropecuária, que responde por apenas 0,4% do produto interno bruto fluminense e é apoiada quase integralmente na produção de hortaliças da Região Serrana e do Norte Fluminense. No passado, cana-de-açúcar e depois, o café, já tiveram considerável impacto na economia fluminense. A área no entorno de Campos dos Goytacazes foi a mais impactada com a queda da cana-de-açúcar: no início do século XX, Campos possuía 27 usinas funcionando, e ao longo do século, foi uma das maiores produtoras do Brasil, porém, em 2020, apenas duas usinas de açúcar operavam na cidade. O estado, que colhia cerca de 10 milhões de toneladas nos anos 1980, chegou a colher apenas 1 milhão de toneladas em 2017, quando começou a se recuperar, colhendo 1,8 milhões de toneladas na safra de 2019/20. Na agricultura, o estado do Rio, atualmente, se destaca em poucos produtos, como o abacaxi, onde é o 4º maior produtor do país (116 milhões de frutos em 2019), que é produzido nas cidades de São Francisco de Itabapoana, São João da Barra, Campos dos Goytacazes e Quissamã. Tem pequenas produções de mandioca (216 mil toneladas em 2019, 20º lugar no país), banana (76 mil toneladas em 2019, 20º lugar no país), laranja (68 mil toneladas em 2019, 10º lugar no país), tangerina (37 mil toneladas em 2019, 5º lugar no país), limão (20 mil toneladas em 2019, 5º lugar no país) e caqui, onde tem 6% da produção nacional, sendo o 4º lugar no país. O estado também já foi um grande produtor de coco, nas áreas de Quissamã e da Região dos Lagos, e em 2009 era o 7º maior produtor nacional, mas entre 2010 e 2020 vários produtores abandonaram a atividade. No ano de 2012, o Rio de Janeiro foi o segundo estado que mais exportou no país, como a participação de 12,88% com destaque para os produtos Petróleo Cru (64,21%), Petróleo Refinado (6,07%), Produtos Semimanufaturados de Ferro (4,79%), Plataformas de Perfuração (2,33%) e Outras Ligas de Aço, em Lingotes ou Outras Formas Primárias (2,09%). O estado do Rio de Janeiro é a segunda maior economia do Brasil, atrás do estado de São Paulo, e a quarta da América do Sul, tendo um Produto Interno Bruto superior ao do Chile, com uma participação no produto interno bruto nacional de 15,8% (2005 – Fundação Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Indústria. O Rio de Janeiro tinha em 2018 um PIB industrial de R$ 150 bilhões, equivalente a 11,4% da indústria nacional e empregando 580.334 trabalhadores na indústria. Os principais setores industriais do Rio são: Extração de Petróleo e Gás Natural (25,9%), Derivados do Petróleo e Biocombustíveis (18,7%), Construção (15,5%), Serviços Industriais de Utilidade Pública, como Energia Elétrica e Água (10,6%), e Metalurgia (4,2%). Estes 5 setores concentram 74,9% da indústria do estado. Com 37,5% do produto interno bruto vem o setor industrial — metalúrgica, siderúrgica, gás-química, petroquímica, naval, automobilística, audiovisual, cimenteira, salineira, alimentícia, mecânica, editorial, têxtil, gráfica, de papel e celulose, de extração mineral, extração e refino de petróleo. A indústria química e farmacêutica também ocupa papel de destaque na economia fluminense. Segundo dados da Associação Comercial do Rio de Janeiro, dos 250 laboratórios existentes no país, 80 operam no estado, com destaque para Merck, Glaxo, Roche, Arrow, Barrenne, Casa Granado, Darrow Laboratórios, Gross, Baxter, Schering-Plough, Musa, Daudt, Lundbeck, Mayne e Mappel. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), localizada no bairro carioca de Manguinhos, é o maior laboratório público da América Latina e um dos maiores do mundo e ocupa posição de destaque na pesquisa de remédios para diversas moléstias. A Ceras Johnson, fabricante de vários produtos de limpeza e desinfetantes, também tem sede no Rio de Janeiro. No sul do estado também se localiza um importante parque industrial, com destaque para a Companhia Siderúrgica Nacional sediada em Volta Redonda, PSA Peugeot Citroën, Volkswagen Caminhões e Ônibus (MAN), Coca-Cola (Companhia Fluminense de Refrigerantes), a fabricante de vidros Guardian do Brasil, Galvasud, Indústrias Nucleares do Brasil, Michelin, White Martins, a Indústria Nacional de Aços Laminados, Companhia Estanífera Brasileira, Usinas Nucleares Angra 1, 2 e 3, entre outras. A Nissan também irá construir uma nova fábrica no município de Resende no sul do estado. O estado também abriga o segundo maior polo cervejeiro do país. Petrópolis é a sede de algumas das maiores cervejarias do pais (como o Grupo Petrópolis, e a Cervejaria Bohemia). Além disso, inúmeras fábricas se espalham pelo estado. No que diz respeito à indústria do sal, a Região dos Lagos é a segunda maior região produtora do Brasil, perdendo apenas para a região do Polo Costa Branca, localizado no estado do Rio Grande do Norte. No município de Cabo Frio está sediada a Refinaria Nacional de Sal, que é uma das principais indústrias salineiras do país. No setor de petróleo, estão sediadas no Rio de Janeiro as maiores empresas do país, incluindo a maior companhia brasileira, a Petrobras. Além dela, Shell, Esso, Petróleo Ipiranga e El Paso Corporation mantêm suas sedes e centros de pesquisa no estado. Juntas, todas estas empresas produzem mais de quatro quintos dos combustíveis distribuídos nos postos de serviço do país. O governo do estado monitora a produção de petróleo e gás através do Centro de Informações sobre o Petróleo e Gás Natural do Estado do Rio de Janeiro. Serviços. Os serviços representam 62,1% do produto interno bruto do estado, em áreas como telecomunicações, audiovisual, tecnologia da informação (TI), turismo, turismo de negócios, ecoturismo, seguros e comércio. O estado é a sede da maior parte das operadoras de telefonia do país, como TIM, Oi e Embratel. O estado também ocupa posição de destaque no setor de vendas a varejo, sendo sede de grandes cadeias de lojas, como Lojas Americanas, Ponto Frio e Casa & Vídeo. O Estado do Rio de Janeiro e, mais especificamente sua capital, são frequentemente associados à produção audiovisual. Segundo dados do Ministério da Cultura, cerca de 80% das produtoras cinematográficas do país têm sede no estado e é da mesma proporção a produção de filmes do estado em relação ao total nacional. O Rio de Janeiro abriga atualmente a maior parte dos estúdios de dublagem de filmes e séries estrangeiras. Na capital do estado ficava a Herbert Richers, maior empresa de tradução e dublagem do Brasil. A cidade do Rio de Janeiro é o berço e quartel-general do Grupo Globo, maior conglomerado de empresas de comunicações e produção cultural da América Latina. Também estão sediadas no Rio de Janeiro a Rede Globo de Televisão, a Globosat, maior empresa de televisão geradora de conteúdo por assinatura do país, a Rádio Globo e o jornal O Globo, primeira empresa da holding. Também está presente o Casablanca Estúdios, complexo de estúdios de produção e teledramaturgia da RecordTV. Também se sediou no Rio de Janeiro a Rede Manchete, fundada em 1983 e extinta em 1999. O estado (e especificamente a cidade do Rio de Janeiro), ultimamente tem se destacado como cenário para filmes estrangeiros, principalmente norte-americanos. Infraestrutura. Educação. O estado do Rio de Janeiro possui um dos maiores níveis de educação no Brasil. Apesar da precariedade, os estudos mostram que a nível nacional, escolas públicas fluminenses possuíram bons índices de aproveitamento no último censo. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2000 o Rio de Janeiro era o terceiro estado brasileiro por número de pessoas acima de quinze anos alfabetizadas, com apenas 6,6% de sua população nessa faixa etária analfabeta. O estado estava atrás apenas do Distrito Federal (5,7%) e do estado de Santa Catarina (6,3%). Dados divulgados pelo mesmo instituto em 2008 indicam que o Rio é hoje o segundo estado do Brasil por número de pessoas acima de quinze anos alfabetizadas, com apenas 4,3% dessa sua população analfabeta, perdendo apenas para o Distrito Federal. Entretanto, em relação ao índice de analfabetos funcionais (14,4%), o estado perde para o Distrito Federal (10,9%) e para São Paulo (14%), ficando na terceira posição na lista. O estado possui um bom número de universidades federais do Brasil, sendo elas: Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade Federal Fluminense, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. As demais, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Universidade Estadual da Zona Oeste, Universidade Estadual do Norte Fluminense também possuem grande destaque e são mantidas pelo governo do Estado do Rio de Janeiro. Segurança pública. A Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) tem por função primordial o policiamento ostensivo e a preservação da ordem pública fluminense. Para fins de organização é uma força auxiliar e reserva do Exército Brasileiro, assim como suas co-irmãs e integra o Sistema de Segurança Pública e Defesa Social brasileiro e está subordinada ao Governo do Estado do Rio de Janeiro através da Secretaria Estadual de Segurança (SESeg). Foi criada em 1809, por dom João 6º, e possui, atualmente, aproximadamente militares. Sua principais unidades são o Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), o Batalhão de Polícia de Choque (BPChq), o Grupamento Aeromóvel, entre outras, cabendo citar seu principal centro de formação, a Academia de Polícia Militar Dom João VI. O Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ) é uma corporação cuja principal missão consiste na execução de atividades de defesa civil, prevenção e combate a incêndios, buscas, salvamentos e socorros públicos no âmbito fluminense, sendo também força auxiliar e reserva do Exército, subordinada ao Governo do Estado do Rio de Janeiro por meio da Secretaria Estadual de Defesa Civil (SEDeC). Foi criado em 1856 por Dom Pedro II, possuindo, hoje, cerca de militares. A Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (PCERJ) é uma das polícias deste estado, órgão do sistema de segurança pública ao qual compete, nos termos do artigo 144, § 4º, da Constituição Federal e ressalvada competência específica da União, as funções de polícia judiciária e de apuração das infrações penais, exceto as de natureza militar. Foi criada em 1808, e possui cerca de 11 000 policiais. Cultura. Museus e espaços culturais. Entre os principais museus do estado estão o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, o Museu de Arte do Rio (MAR), Museu Nacional, Museu Nacional de Belas Artes, o Museu Histórico Nacional, o Museu da República, Museu Histórico de Campos dos Goytacazes, Museu Imperial de Petrópolis, o Museu da Chácara do Céu ("Museus Castro Maya"), o Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Museu do Amanhã, Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB RJ) o Museu da Vida da Fundação Oswaldo Cruz, o Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Museu da Aviação Naval — único do gênero no Brasil e o do Forte de Copacabana. O Museu de Arte Contemporânea de Niterói é conhecido pela sua arquitetura exterior que lembra bastante o formato de um cálice ou um disco voador. O MAC possui quatro andares e aproximadamente 2 500m² com espaços de exposições e galerias, mas também tem um restaurante e um auditório. Através das janelas, montadas a um ângulo de 40° você pode curtir um vista panorâmica do Rio de Janeiro, do Pão de Açúcar e da Baía de Guanabara. A capital fluminense, na Barra da Tijuca, conta também, desde 2013, com a Cidade das Artes, um complexo que abriga a maior sala de concertos da América Latina. Cinema. Em 2006, 65% da produção do cinema nacional foi realizada por produtoras sediadas na capital fluminense, que possui, também, cerca de 180 salas de cinema, maior proporção do país entre as capitais, e a maior proporção também de museus, (80 no total e 43 teatros). Esportes. Assim como em outras unidades da federação brasileiras, todos os anos é realizado o Campeonato Estadual de Futebol. O campeonato do atual Estado do Rio de Janeiro é disputado desde 1979, após a fusão dos estados da Guanabara e do antigo estado do Rio de Janeiro, cuja capital era Niterói. Até então existiam os campeonatos Carioca e Fluminense, além do Fluminense de Seleções. Os quatro principais clubes de futebol do Rio de Janeiro são os clubes de futebol, Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco da Gama. Os quatro estão entre os mais tradicionais do Brasil e possuem performances mais destacadas que os outros clubes que representam o Estado do Rio de Janeiro em competições nacionais e internacionais. A cidade do Rio de Janeiro, sede dos quatro grandes, é aquela que reunia mais clubes profissionais no Brasil em 2018, um total de 28 clubes, contra 9 clubes de Belém, a segunda colocada, com o Estado do Rio de Janeiro tendo 69 clubes em todas as suas divisões nesse ano. No estado nasceram medalhistas olímpicos como Martine Grael, Clinio de Freitas, Daniel Adler, Eduardo Penido, Isabel Swan, Kiko Pelicano, Marcelo Ferreira, Marcos Soares, Nelson Falcão e Ronaldo Senfft no iatismo; Thiago Pereira, Bruno Fratus e Jorge Fernandes na natação; Robson Caetano, Rosângela Santos e José Telles da Conceição no atletismo; Luiz Felipe de Azevedo no hipismo; Afrânio da Costa e Fernando Soledade no tiro; Affonso Évora, Alfredo da Motta, Algodão, Edson Bispo, Fernando Brobró, Fritz, Marcus Vinícius Dias, Ruy de Freitas e Sérgio Macarrão no basquete; Adriana Samuel, Ana Cristina, André Nascimento, Bernard, Bernardinho, Bruninho, Fabiana Alvim, Fernanda Ferreira, Fernandão, Janina, Kátia Lopes, Leandro Vissotto, Marcelo Elgarten, Nalbert, Rui, Tande, Thaísa e Valeskinha no vôlei; Bárbara Seixas, Jackie Silva, Raquel da Silva, Sandra Pires no vôlei de praia, além de Hugo Calderano, o maior mesatenista da história do Brasil; Nelson Piquet, tricampeão mundial de F1, Bob Burnquist, considerado um dos maiores skatistas de todos os tempos e Marcus Vinicius D'Almeida, vice-campeão mundial de tiro com arco.
1660
RAM (desambiguação)
RAM (desambiguação) RAM é um acrónimo usado para designar: Ram também pode ser: