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Chuva causa alagamento e complica trânsito no Grande Rio
O forte temporal que atinge a região metropolitana do Rio de Janeiro nesta quarta-feira (14) provoca alagamentos em vários pontos. Na capital fluminense, os bairros da zona norte foram os que tiveram os maiores registros de chuva nesta manhã. Em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, o rio Pavuna está com um nível alto e, de acordo com a Defesa Civil, há a possibilidade de transbordamento nas próximas horas. Ainda segundo o órgão, das 4h30 às 7h30 choveu cerca de 50 milímetros no município. Nenhuma ocorrência grave havia sido registrada pela manhã, mas parte da Baixada Fluminense estava em atenção. Já em Japeri, também na Baixada, as ruas ficaram cheias de água e carros com dificuldade de passar. Em Duque de Caxias, o Inea (Instituto Estadual do Ambiente) está em alerta para o possível transbordamento do rio Saracuruna. Na cidade do Rio de Janeiro, várias vias registraram bolsões de água, inclusive na avenida Brasil, principal via de ligação entre as zonas oeste, norte e centro. Os motoristas enfrentam congestionamento em vários pontos da cidade. A passagem de uma frente fria mantém o tempo instável com possibilidade de chuva fraca a moderada ao longo do dia. Segundo o Alerta Rio, os ventos terão intensidade moderada a forte, e as temperaturas estarão em declínio, com máxima de 30°C e, a mínima, 20°C.
cotidiano
Chuva causa alagamento e complica trânsito no Grande RioO forte temporal que atinge a região metropolitana do Rio de Janeiro nesta quarta-feira (14) provoca alagamentos em vários pontos. Na capital fluminense, os bairros da zona norte foram os que tiveram os maiores registros de chuva nesta manhã. Em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, o rio Pavuna está com um nível alto e, de acordo com a Defesa Civil, há a possibilidade de transbordamento nas próximas horas. Ainda segundo o órgão, das 4h30 às 7h30 choveu cerca de 50 milímetros no município. Nenhuma ocorrência grave havia sido registrada pela manhã, mas parte da Baixada Fluminense estava em atenção. Já em Japeri, também na Baixada, as ruas ficaram cheias de água e carros com dificuldade de passar. Em Duque de Caxias, o Inea (Instituto Estadual do Ambiente) está em alerta para o possível transbordamento do rio Saracuruna. Na cidade do Rio de Janeiro, várias vias registraram bolsões de água, inclusive na avenida Brasil, principal via de ligação entre as zonas oeste, norte e centro. Os motoristas enfrentam congestionamento em vários pontos da cidade. A passagem de uma frente fria mantém o tempo instável com possibilidade de chuva fraca a moderada ao longo do dia. Segundo o Alerta Rio, os ventos terão intensidade moderada a forte, e as temperaturas estarão em declínio, com máxima de 30°C e, a mínima, 20°C.
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Arena do Marketing traz nesta quarta presidente da agência Y&R Brasil
A Folha, em parceria com a faculdade ESPM, realiza nesta quarta-feira (30), às 15h, nova rodada do Arena do Marketing, evento voltado a debater o universo da publicidade e da propaganda no Brasil. O programa terá transmissão ao vivo pelo site da TV Folha. A edição irá comentar os novos modelos de agência de publicidade. David Laloum, presidente da agência Y&R Brasil, será o entrevistado. O Arena do Marketing terá mediação da jornalista Mariana Barbosa.
mercado
Arena do Marketing traz nesta quarta presidente da agência Y&R BrasilA Folha, em parceria com a faculdade ESPM, realiza nesta quarta-feira (30), às 15h, nova rodada do Arena do Marketing, evento voltado a debater o universo da publicidade e da propaganda no Brasil. O programa terá transmissão ao vivo pelo site da TV Folha. A edição irá comentar os novos modelos de agência de publicidade. David Laloum, presidente da agência Y&R Brasil, será o entrevistado. O Arena do Marketing terá mediação da jornalista Mariana Barbosa.
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Queda no preço do petróleo faz Angola pedir empréstimo ao FMI
Pela segunda vez em sete anos, o governo de Angola pediu resgate do FMI (Fundo Monetário Internacional), devido à queda nos preços internacionais de petróleo. O pedido, que pode superar US$ 1,5 bilhão, será analisado na semana que vem pelo FMI e pelo Banco Mundial. Em 2009, o país solicitou US$ 1,4 bilhão em empréstimos emergenciais ao FMI e ainda está pagando a ajuda do organismo internacional. "A forte queda no preço do barril desde meados de 2014 representa um grande desafio para os países exportadores de petróleo, especialmente para aquelas economias que ainda não são tão diversificadas", disse Min Zhu, vice-diretor-gerente do FMI. Angola é o segundo maior produtor de petróleo da África, atrás da Nigéria, e o pedido mostra a dificuldade que o colapso da cotação da commodity traz para os países, com a queda na receita. Outros países, de Azerbaijão a Nigéria, têm conversado com FMI, Banco Mundial e outras instituições multilaterais sobre como conter o rombo em seus orçamentos. O FMI, no entanto, não costuma ser o preferido na hora de pegar empréstimos porque ele costuma ter condições mais duras do que o Banco Mundial, por exemplo. O pedido também marca uma mudança de atitude do governo angolano, que vinha optando em pegar empréstimos com a China, e não com órgãos ocidentais.
mercado
Queda no preço do petróleo faz Angola pedir empréstimo ao FMIPela segunda vez em sete anos, o governo de Angola pediu resgate do FMI (Fundo Monetário Internacional), devido à queda nos preços internacionais de petróleo. O pedido, que pode superar US$ 1,5 bilhão, será analisado na semana que vem pelo FMI e pelo Banco Mundial. Em 2009, o país solicitou US$ 1,4 bilhão em empréstimos emergenciais ao FMI e ainda está pagando a ajuda do organismo internacional. "A forte queda no preço do barril desde meados de 2014 representa um grande desafio para os países exportadores de petróleo, especialmente para aquelas economias que ainda não são tão diversificadas", disse Min Zhu, vice-diretor-gerente do FMI. Angola é o segundo maior produtor de petróleo da África, atrás da Nigéria, e o pedido mostra a dificuldade que o colapso da cotação da commodity traz para os países, com a queda na receita. Outros países, de Azerbaijão a Nigéria, têm conversado com FMI, Banco Mundial e outras instituições multilaterais sobre como conter o rombo em seus orçamentos. O FMI, no entanto, não costuma ser o preferido na hora de pegar empréstimos porque ele costuma ter condições mais duras do que o Banco Mundial, por exemplo. O pedido também marca uma mudança de atitude do governo angolano, que vinha optando em pegar empréstimos com a China, e não com órgãos ocidentais.
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Mercado definirá margem de retorno em concessões, diz Moreira Franco
O peemedebista Moreira Franco (RJ), que assume o recém lançado Programa de Parceria para Investimento do presidente interino Michel Temer (PMDB), disse nesta quinta-feira (12) em entrevista à TV Folha que o novo governo deve trabalhar com o capital privado.O programa, criado na primeira medida provisória editada por Temer, vai orientar investimentos em parceria com empresários no setor de infraestrutura, principalmente.Nas concessões do governo Temer, as parcerias com o setor privado devem se diferenciar do que era praticado na gestão petista ao trabalhar com margens de retorno "definidas pelo mercado e pela concorrência, não pelo presidente", diz o peemedebista.Leia a reportagem
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Mercado definirá margem de retorno em concessões, diz Moreira FrancoO peemedebista Moreira Franco (RJ), que assume o recém lançado Programa de Parceria para Investimento do presidente interino Michel Temer (PMDB), disse nesta quinta-feira (12) em entrevista à TV Folha que o novo governo deve trabalhar com o capital privado.O programa, criado na primeira medida provisória editada por Temer, vai orientar investimentos em parceria com empresários no setor de infraestrutura, principalmente.Nas concessões do governo Temer, as parcerias com o setor privado devem se diferenciar do que era praticado na gestão petista ao trabalhar com margens de retorno "definidas pelo mercado e pela concorrência, não pelo presidente", diz o peemedebista.Leia a reportagem
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Na Jamaica, Bolt é garoto-propaganda do governo e terror dos vizinhos
MARCEL RIZZO DE ENVIADO ESPECIAL A KINGSTON, NA JAMAICA "Quem é mais famoso na Jamaica hoje: você ou Bob Marley?". Usain Bolt não perde um segundo para cravar que Marley, músico morto em 1981 e que elevou o reggae a um patamar internacional, é um ícone jamaicano difícil de ser superado. Só que quem anda atualmente por Kingston, a caótica capital jamaicana de pouco mais de um milhão de habitantes, pode discordar. Entre um museu e algumas estátuas espalhadas em pontos estratégicos, a imagem de Marley é bem menos presente do que a do velocista de 29 anos, seis ouros olímpicos e os recordes dos 100 m e 200 m. A figura de Bolt, hoje, representa para a Jamaica mais do que o nome do país novamente em evidência mundial. Pode ser até questão de saúde. Neste sábado (23), por exemplo, no mesmo dia em que o astro recebeu jornalistas brasileiros para uma entrevista entre as filmagens de um comercial, centenas de crianças foram até uma praça na região central de Kingston para serem vacinadas. O garoto-propaganda é Usain Bolt, o que, segundo o governo, fez com que dobrasse a adesão de crianças vacinadas, que sonham ser igual ao ídolo. O mote do projeto: "receba a vacina em busca do ouro". "Quero estar no meu país, ajudar o meu país. Não tem motivo de não estar aqui", disse Bolt, que mora e treina em Kingston. Sua casa está em Norbrook, bairro de classe alta afastado cerca de 12 km do centro da capital. Ali Bolt sonha, quando encerrar a carreira, provavelmente em 2017, construir uma pista para corrida de motos, sua paixão ligada à velocidade, além de correr e de carros. Os vizinhos, entre moradas que têm até heliportos, não devem gostar quando sabem do desejo, pois atualmente os barulhos de motos e de festas na casa de Bolt já são suficientes para as reclamações. Em maio de 2015, a mulher do cantor jamaicano de hip-hop Sean Paul fez escândalo nas redes sociais do barulhento vizinho. Nos últimos meses, porém, Bolt foi visto com uma namorada, anônima, com quem diz agora preferir ir ao único cinema de Kingston, o Palace, e a restaurantes. "[risos] Amando? Tenho uma namorada, nesses momentos é melhor a discrição", diz. DINHEIRO Bolt treina na Universidade de West Indies, em uma pista nova e, segundo ele, que não deve nada a qualquer equipamento do mundo. Outros velocistas jamaicanos, como Asafa Powell, 33, ouro em Pequim-2008 com Bolt no revezamento 4x100 m, e a bicampeã olímpica dos 100 m Shelly-Ann Fraser-Price, 29, trabalham na rival Universidade de Tecnologia. Dois quilômetros separam as universidades, mas ambas investem no atletismo bancadas por patrocinadores dos atletas, como a Puma, que está com Bolt desde 2003 e o paga cerca de US$ 10 milhões por ano. "Quantos patrocinadores já tive?", a pergunta pega Bolt de surpresa e ele aciona Gina Ford, sua agente comercial. "Dezessete", ela crava. Hoje são nove, incluindo o banco brasileiro Original, que vai desembolsar cerca de R$ 10 milhões pelo acordo que vai até a Rio-2016, em agosto. Segundo a Forbes, Bolt recebeu US$ 21 milhões em 2015, dinheiro que é todo administrado por uma empresa. O velocista admite não ter ideia de suas propriedades e dinheiro. O que ele sabe mesmo é correr, nas pistas e com seus carros de estimação. Quando não está no volante, somente alguns de seus amigos, aqueles estilo "parças" como os que Neymar tem, podem guiar. BAIXAR TEMPO DOS 200 M É O OBJETIVO DE BOLT NA RIO-2016 Detentor dos recordes dos 100 m (9s58) e dos 200 m (19s19), ambos de 2009, Bolt está obcecado em derrubar a segunda marca. É seu principal objetivo na Rio-2016. "O sonho seria baixar para 18 segundos, mas é algo bem difícil. Baixar é possível, é o trabalho duro que estamos fazendo", disse Bolt. Os Jogos do Rio serão, provavelmente, os seus últimos. Bolt não tem mais cravado a questão da aposentadoria, mas já havia afirmado anteriormente que seu limite seria o Mundial de 2017, em Londres. Pararia beirando os 31 anos. "Poderia pensar em correr novamente uma Olimpíada caso me machucasse agora. Mas se for superado por alguém, por exemplo, não teria motivo. Estaria apenas indo abaixo na carreira", disse Bolt, deixando claro que pretende parar no auge. Mesmo aposentado, Bolt deve continuar faturando. Recentemente, por exemplo, ele fechou contrato com uma empresa aérea japonesa, a partir do fim da Rio-2016, para ser o garoto-propaganda até Tóquio, em 2020. Em Kingston, abriu um bar, o Tracks and Records, que é uma franquia. Tudo remete ao velocista: logo na entrada, há painéis com os recordes dos 100 m (9s58) e dos 200 m (19s19). Para se conectar ao wifi, é preciso colocar a senha, que é o nome do bar e tempo recorde dos 100 m. Em um sábado à noite, a fila para entrar no bar, em um shopping movimentado na cidade, dobra o quarteirão. Ele avalia que o jamaicano Yohan Blake, 26, possa ser seu substituto como o rei das provas de velocidade no atletismo. E já sabe algumas coisas que estará fazendo quando parar, vendo Blake correr. "Tomar uma Guinness [marca de cerveja] na Irlanda, pular de para-quedas e fazer tour por grandes cidades, que ainda não tive tempo", cravou o velocista. O jornalista MARCEL RIZZO viaja a convite da Nissan.
esporte
Na Jamaica, Bolt é garoto-propaganda do governo e terror dos vizinhos MARCEL RIZZO DE ENVIADO ESPECIAL A KINGSTON, NA JAMAICA "Quem é mais famoso na Jamaica hoje: você ou Bob Marley?". Usain Bolt não perde um segundo para cravar que Marley, músico morto em 1981 e que elevou o reggae a um patamar internacional, é um ícone jamaicano difícil de ser superado. Só que quem anda atualmente por Kingston, a caótica capital jamaicana de pouco mais de um milhão de habitantes, pode discordar. Entre um museu e algumas estátuas espalhadas em pontos estratégicos, a imagem de Marley é bem menos presente do que a do velocista de 29 anos, seis ouros olímpicos e os recordes dos 100 m e 200 m. A figura de Bolt, hoje, representa para a Jamaica mais do que o nome do país novamente em evidência mundial. Pode ser até questão de saúde. Neste sábado (23), por exemplo, no mesmo dia em que o astro recebeu jornalistas brasileiros para uma entrevista entre as filmagens de um comercial, centenas de crianças foram até uma praça na região central de Kingston para serem vacinadas. O garoto-propaganda é Usain Bolt, o que, segundo o governo, fez com que dobrasse a adesão de crianças vacinadas, que sonham ser igual ao ídolo. O mote do projeto: "receba a vacina em busca do ouro". "Quero estar no meu país, ajudar o meu país. Não tem motivo de não estar aqui", disse Bolt, que mora e treina em Kingston. Sua casa está em Norbrook, bairro de classe alta afastado cerca de 12 km do centro da capital. Ali Bolt sonha, quando encerrar a carreira, provavelmente em 2017, construir uma pista para corrida de motos, sua paixão ligada à velocidade, além de correr e de carros. Os vizinhos, entre moradas que têm até heliportos, não devem gostar quando sabem do desejo, pois atualmente os barulhos de motos e de festas na casa de Bolt já são suficientes para as reclamações. Em maio de 2015, a mulher do cantor jamaicano de hip-hop Sean Paul fez escândalo nas redes sociais do barulhento vizinho. Nos últimos meses, porém, Bolt foi visto com uma namorada, anônima, com quem diz agora preferir ir ao único cinema de Kingston, o Palace, e a restaurantes. "[risos] Amando? Tenho uma namorada, nesses momentos é melhor a discrição", diz. DINHEIRO Bolt treina na Universidade de West Indies, em uma pista nova e, segundo ele, que não deve nada a qualquer equipamento do mundo. Outros velocistas jamaicanos, como Asafa Powell, 33, ouro em Pequim-2008 com Bolt no revezamento 4x100 m, e a bicampeã olímpica dos 100 m Shelly-Ann Fraser-Price, 29, trabalham na rival Universidade de Tecnologia. Dois quilômetros separam as universidades, mas ambas investem no atletismo bancadas por patrocinadores dos atletas, como a Puma, que está com Bolt desde 2003 e o paga cerca de US$ 10 milhões por ano. "Quantos patrocinadores já tive?", a pergunta pega Bolt de surpresa e ele aciona Gina Ford, sua agente comercial. "Dezessete", ela crava. Hoje são nove, incluindo o banco brasileiro Original, que vai desembolsar cerca de R$ 10 milhões pelo acordo que vai até a Rio-2016, em agosto. Segundo a Forbes, Bolt recebeu US$ 21 milhões em 2015, dinheiro que é todo administrado por uma empresa. O velocista admite não ter ideia de suas propriedades e dinheiro. O que ele sabe mesmo é correr, nas pistas e com seus carros de estimação. Quando não está no volante, somente alguns de seus amigos, aqueles estilo "parças" como os que Neymar tem, podem guiar. BAIXAR TEMPO DOS 200 M É O OBJETIVO DE BOLT NA RIO-2016 Detentor dos recordes dos 100 m (9s58) e dos 200 m (19s19), ambos de 2009, Bolt está obcecado em derrubar a segunda marca. É seu principal objetivo na Rio-2016. "O sonho seria baixar para 18 segundos, mas é algo bem difícil. Baixar é possível, é o trabalho duro que estamos fazendo", disse Bolt. Os Jogos do Rio serão, provavelmente, os seus últimos. Bolt não tem mais cravado a questão da aposentadoria, mas já havia afirmado anteriormente que seu limite seria o Mundial de 2017, em Londres. Pararia beirando os 31 anos. "Poderia pensar em correr novamente uma Olimpíada caso me machucasse agora. Mas se for superado por alguém, por exemplo, não teria motivo. Estaria apenas indo abaixo na carreira", disse Bolt, deixando claro que pretende parar no auge. Mesmo aposentado, Bolt deve continuar faturando. Recentemente, por exemplo, ele fechou contrato com uma empresa aérea japonesa, a partir do fim da Rio-2016, para ser o garoto-propaganda até Tóquio, em 2020. Em Kingston, abriu um bar, o Tracks and Records, que é uma franquia. Tudo remete ao velocista: logo na entrada, há painéis com os recordes dos 100 m (9s58) e dos 200 m (19s19). Para se conectar ao wifi, é preciso colocar a senha, que é o nome do bar e tempo recorde dos 100 m. Em um sábado à noite, a fila para entrar no bar, em um shopping movimentado na cidade, dobra o quarteirão. Ele avalia que o jamaicano Yohan Blake, 26, possa ser seu substituto como o rei das provas de velocidade no atletismo. E já sabe algumas coisas que estará fazendo quando parar, vendo Blake correr. "Tomar uma Guinness [marca de cerveja] na Irlanda, pular de para-quedas e fazer tour por grandes cidades, que ainda não tive tempo", cravou o velocista. O jornalista MARCEL RIZZO viaja a convite da Nissan.
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Músico do Raça Negra vira motorista de Uber e dá conselhos amorosos a passageiros
DANIEL CASTRO DE SÃO PAULO O passageiro que entra no Uber de Fernando Alves de Lima pode ganhar, além das habituais água e bala, uma palhinha. Há cinco meses, o percussionista da banda Raça Negra passou a se dividir entre a carreira artística e o trabalho como motorista do aplicativo de transporte. O grupo havia feito uma pausa neste ano. Entediado e precisando reforçar o orçamento, Fernando Monstrinho, apelido do músico de 45 anos, decidiu se arriscar no volante. Também pretendia não deixar o tempo livre acabar com o amor. "Sou casado há onze anos. Se ficar em casa todos os dias você começa a arranjar confusão com a mulher, fica impaciente", brinca. Um dos conjuntos de samba que mais sucesso fez no Brasil, o Raça Negra resiste após 33 anos na estrada. Atualmente, joga a seu favor uma espécie de culto -da internet a festas temáticas pelo país- ao chamado pagode dos anos 1990. Uma página do Facebook que homenageia o gênero tem cerca de 300 mil curtidas. Esse resgate contribui para que os maiores sucessos atravessem gerações, e Fernando testemunha o efeito disso ao volante, durante as longas viagens que o trânsito de São Paulo proporciona. "Dificilmente você encontra uma pessoa que diz que não conhece. O único que me disse que não conhecia foi um nigeriano, mas depois, por incrível que pareça, tocou 'É Tarde Demais' no rádio e ele falou que já tinha ouvido", conta. Saber que a batucada do seu tantã atinge públicos diversos surpreendeu o artista. "Eu pego rockeiros e eles dizem que o único grupo de samba de que gostam somos nós, porque nós temos conteúdo", afirma, orgulhoso. Quando o passageiro pergunta se ele exerce outra profissão além de motorista, a história completa sai aos poucos. "Procuro não falar direto que sou do Raça Negra. Mas, quando eu falo que sou músico, as pessoas ficam curiosas", explica. Com a identidade descoberta, porém, o percussionista não hesita em agradar. Há quem peça selfies, outros para que ele cante. Alguns vídeos já foram parar no aplicativo Snapchat. "Naquele momento em que a pessoa descobre, você não é mais o motorista da Uber, mas o cara do Raça Negra. Tento deixar a viagem o mais divertida possível. Esse é o papel de cada um que está ali. Tem a balinha, tem água, e, se pedir pra cantar, a gente canta também. Eu falo antes que não sou o cantor, mas dá para quebrar o galho", diz. Em uma quinta-feira chuvosa de outubro, Fernando transportava a advogada de uma grande empresa quando o trânsito intenso na marginal Pinheiros interrompeu a viagem. O dilúvio que derrubou árvores a assustou, e o ambiente carregado só se desfez quando ele mencionou o nome do grupo. "Ela disse 'ah, não acredito', foi na internet e viu a minha foto lá. Logo em seguida me mostrou no celular um vídeo em que cantava uma música nossa em uma comemoração dois dias atrás. Aí começou a contar que conheceu o marido por causa das músicas e que é super fã", relembra. VIDA CIGANA Dentro do porta-luvas do carro fica um estojo repleto de CDs da banda, os quais o músico diz praticamente não escutar. A bíblia, por sua vez, está visível no console. Evangélico há seis anos, ele trocou o apelido Monstrinho -recebido na juventude- por Montinho para cantar nos cultos e lançar um disco de canções gospel. "As pessoas iam falar: 'um monstro na igreja, o que é isso'? Então monstrinho não ia dar certo". O projeto religioso é a terceira jornada profissional dele, que também voltou a participar de 10 a 12 shows por mês pelo Raça Negra. O Uber fez com que a vida cigana, à qual o artista está acostumado pela agenda cheia, se repetisse dentro de São Paulo. Mesmo quando a viagem é curta, ele acumula histórias. "Você vai aprendendo sobre a vida dos outros, como aceitar as pessoas. Sabe aquele filme do conselheiro amoroso com o Will Smith? Às vezes eu também sou isso. Já apaziguei, tentei colocar na cabeça das pessoas que a vida de casado é difícil", afirma, certo de que em amor e sofrimento o Raça Negra é especialista.
saopaulo
Músico do Raça Negra vira motorista de Uber e dá conselhos amorosos a passageirosDANIEL CASTRO DE SÃO PAULO O passageiro que entra no Uber de Fernando Alves de Lima pode ganhar, além das habituais água e bala, uma palhinha. Há cinco meses, o percussionista da banda Raça Negra passou a se dividir entre a carreira artística e o trabalho como motorista do aplicativo de transporte. O grupo havia feito uma pausa neste ano. Entediado e precisando reforçar o orçamento, Fernando Monstrinho, apelido do músico de 45 anos, decidiu se arriscar no volante. Também pretendia não deixar o tempo livre acabar com o amor. "Sou casado há onze anos. Se ficar em casa todos os dias você começa a arranjar confusão com a mulher, fica impaciente", brinca. Um dos conjuntos de samba que mais sucesso fez no Brasil, o Raça Negra resiste após 33 anos na estrada. Atualmente, joga a seu favor uma espécie de culto -da internet a festas temáticas pelo país- ao chamado pagode dos anos 1990. Uma página do Facebook que homenageia o gênero tem cerca de 300 mil curtidas. Esse resgate contribui para que os maiores sucessos atravessem gerações, e Fernando testemunha o efeito disso ao volante, durante as longas viagens que o trânsito de São Paulo proporciona. "Dificilmente você encontra uma pessoa que diz que não conhece. O único que me disse que não conhecia foi um nigeriano, mas depois, por incrível que pareça, tocou 'É Tarde Demais' no rádio e ele falou que já tinha ouvido", conta. Saber que a batucada do seu tantã atinge públicos diversos surpreendeu o artista. "Eu pego rockeiros e eles dizem que o único grupo de samba de que gostam somos nós, porque nós temos conteúdo", afirma, orgulhoso. Quando o passageiro pergunta se ele exerce outra profissão além de motorista, a história completa sai aos poucos. "Procuro não falar direto que sou do Raça Negra. Mas, quando eu falo que sou músico, as pessoas ficam curiosas", explica. Com a identidade descoberta, porém, o percussionista não hesita em agradar. Há quem peça selfies, outros para que ele cante. Alguns vídeos já foram parar no aplicativo Snapchat. "Naquele momento em que a pessoa descobre, você não é mais o motorista da Uber, mas o cara do Raça Negra. Tento deixar a viagem o mais divertida possível. Esse é o papel de cada um que está ali. Tem a balinha, tem água, e, se pedir pra cantar, a gente canta também. Eu falo antes que não sou o cantor, mas dá para quebrar o galho", diz. Em uma quinta-feira chuvosa de outubro, Fernando transportava a advogada de uma grande empresa quando o trânsito intenso na marginal Pinheiros interrompeu a viagem. O dilúvio que derrubou árvores a assustou, e o ambiente carregado só se desfez quando ele mencionou o nome do grupo. "Ela disse 'ah, não acredito', foi na internet e viu a minha foto lá. Logo em seguida me mostrou no celular um vídeo em que cantava uma música nossa em uma comemoração dois dias atrás. Aí começou a contar que conheceu o marido por causa das músicas e que é super fã", relembra. VIDA CIGANA Dentro do porta-luvas do carro fica um estojo repleto de CDs da banda, os quais o músico diz praticamente não escutar. A bíblia, por sua vez, está visível no console. Evangélico há seis anos, ele trocou o apelido Monstrinho -recebido na juventude- por Montinho para cantar nos cultos e lançar um disco de canções gospel. "As pessoas iam falar: 'um monstro na igreja, o que é isso'? Então monstrinho não ia dar certo". O projeto religioso é a terceira jornada profissional dele, que também voltou a participar de 10 a 12 shows por mês pelo Raça Negra. O Uber fez com que a vida cigana, à qual o artista está acostumado pela agenda cheia, se repetisse dentro de São Paulo. Mesmo quando a viagem é curta, ele acumula histórias. "Você vai aprendendo sobre a vida dos outros, como aceitar as pessoas. Sabe aquele filme do conselheiro amoroso com o Will Smith? Às vezes eu também sou isso. Já apaziguei, tentei colocar na cabeça das pessoas que a vida de casado é difícil", afirma, certo de que em amor e sofrimento o Raça Negra é especialista.
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Livro relaciona corrupção a deficiências de infraestrutura
Na obra "Infraestrutura, eficiência e ética", organizada pelo economista Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central, 14 autores tentam responder a uma pergunta que se repete há décadas, mas segue crucial: por que o Brasil não investe em infraestrutura? Em nove capítulos, esse grupo multidisciplinar reunido pelo Centro de Debate de Políticas Públicas (CDPP) aborda em profundidade problemas já conhecidos, como risco regulatório, falta de segurança jurídica, dificuldades de financiamento etc. A obra, no entanto, inova ao trazer uma causa negligenciada para a falta de estradas, portos e ferrovias no país: corrupção. Não é por acaso, portanto, que o prefácio coube ao juiz Sergio Moro, responsável pela maior investigação de corrupção do Brasil, a Operação Lava Jato. Moro cita um discurso do ex-presidente americano Theodore Roosevelt proferido em 1903 em que ele diz que "não existe crime mais sério que a corrupção", porque "o agente corrupto saqueia a cidade inteira ou o Estado". Para o juiz, a Lava Jato revelou uma corrupção sistêmica no país que impacta as possibilidades de desenvolvimento da infraestrutura e do bem-estar em geral. "Além dos óbvios custos de propina, inseridas em contratos públicos, afugentam-se investidores e há custos indiretos decorrentes da provável tomada de decisões econômicas ineficientes", escreve. Depois das revelações dos prejuízos provocados pelo cartel de empreiteiras que atuava na Petrobras, as conclusões de Moro parecem evidentes, mas nem sempre foi assim. Basta recordar que até o início dos anos 1980 a maioria dos especialistas era favorável à presença estatal não apenas na infraestrutura mas também em setores estratégicos, como petróleo ou mineração. Essa percepção só mudou quando ficou clara a ineficiência das estatais e quando a crise fiscal demonstrou que a participação do setor privado é essencial. Paradoxalmente, no entanto, as dificuldades não cessaram com o início de privatizações, concessões e parcerias público-privadas. Há vários motivos para o fracasso do Brasil na infraestrutura, que vão desde a incapacidade técnica do governo para desenhar os projetos até a tentativa de limitar os lucros dos investidores. Nesse aspecto, os economistas Vinicius Carrasco e João Manuel Pinho de Mello fazem um bom trabalho ao demonstrar os prejuízos provocados pela intervenção promovida pela ex-presidente Dilma Rousseff (2011-2016) no setor elétrico. SETOR PRIVADO O setor privado, no entanto, também tem sua parcela de culpa. Ao longo do texto, diversos autores explicam como o capitalismo de laços subverte os conceitos econômicos que deveriam nortear uma licitação ou uma concessão. As empresas fazem ofertas inexequíveis nos leilões apenas para vencer a licitação já contando com futuros aditivos. Deixam de investir em redução de custos para apostar no lobby e na corrupção de agentes públicos. Nas licitações da Petrobras, esse esquema se tornou regra. A refinaria Abreu e Lima, por exemplo, foi orçada em US$ 2,5 bilhões, mas seu custo atingiu US$ 18 bilhões. Para os autores, o Brasil terá de fazer um grande esforço para inibir os cartéis e aumentar a competição, elevando multas e acabando com exigências de conteúdo local. SOLUÇÕES Aliás, um dos méritos do livro é não apenas diagnosticar os problemas mas trazer sugestões. O advogado Modesto Carvalhosa propõe, por exemplo, a adoção do modelo americano de "performance bonds"para acabar com o capitalismo de laços. Nos "performance bonds", uma seguradora é contratada pelo governo para cobrir 100% do risco do empreendimento, fiscalizando a construtora e indenizando o poder público, se for o caso. Num dos capítulos mais interessantes, a economista Maria Cristina Pinotti vai além dos efeitos microeconômicos da corrupção e percorre a literatura internacional em busca de evidências do seu impacto no crescimento e no investimento. Ela, aliás, ressalta que, no Brasil, apesar da extensão dos problemas, são poucos os economistas que se dedicam a destrinchar o assunto. Fica, portanto, o desafio para que os autores desse livro e outros especialistas se debrucem sobre outros impactos da corrupção no Brasil. Infraestrutura, eficiência e ética AUTOR Affonso Celso Pastore (org.) EDITORA Elsevier Quanto R$ 79,90 (293 págs.) AVALIAÇÃO ótimo Infraestrutura, Eficiência e Ética QUANTO: R$ 79,90 (293 PÁGS.) AUTOR: AFFONSO CELSO PASTORE (ORG.) EDITORA: ELSEVIER
mercado
Livro relaciona corrupção a deficiências de infraestruturaNa obra "Infraestrutura, eficiência e ética", organizada pelo economista Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central, 14 autores tentam responder a uma pergunta que se repete há décadas, mas segue crucial: por que o Brasil não investe em infraestrutura? Em nove capítulos, esse grupo multidisciplinar reunido pelo Centro de Debate de Políticas Públicas (CDPP) aborda em profundidade problemas já conhecidos, como risco regulatório, falta de segurança jurídica, dificuldades de financiamento etc. A obra, no entanto, inova ao trazer uma causa negligenciada para a falta de estradas, portos e ferrovias no país: corrupção. Não é por acaso, portanto, que o prefácio coube ao juiz Sergio Moro, responsável pela maior investigação de corrupção do Brasil, a Operação Lava Jato. Moro cita um discurso do ex-presidente americano Theodore Roosevelt proferido em 1903 em que ele diz que "não existe crime mais sério que a corrupção", porque "o agente corrupto saqueia a cidade inteira ou o Estado". Para o juiz, a Lava Jato revelou uma corrupção sistêmica no país que impacta as possibilidades de desenvolvimento da infraestrutura e do bem-estar em geral. "Além dos óbvios custos de propina, inseridas em contratos públicos, afugentam-se investidores e há custos indiretos decorrentes da provável tomada de decisões econômicas ineficientes", escreve. Depois das revelações dos prejuízos provocados pelo cartel de empreiteiras que atuava na Petrobras, as conclusões de Moro parecem evidentes, mas nem sempre foi assim. Basta recordar que até o início dos anos 1980 a maioria dos especialistas era favorável à presença estatal não apenas na infraestrutura mas também em setores estratégicos, como petróleo ou mineração. Essa percepção só mudou quando ficou clara a ineficiência das estatais e quando a crise fiscal demonstrou que a participação do setor privado é essencial. Paradoxalmente, no entanto, as dificuldades não cessaram com o início de privatizações, concessões e parcerias público-privadas. Há vários motivos para o fracasso do Brasil na infraestrutura, que vão desde a incapacidade técnica do governo para desenhar os projetos até a tentativa de limitar os lucros dos investidores. Nesse aspecto, os economistas Vinicius Carrasco e João Manuel Pinho de Mello fazem um bom trabalho ao demonstrar os prejuízos provocados pela intervenção promovida pela ex-presidente Dilma Rousseff (2011-2016) no setor elétrico. SETOR PRIVADO O setor privado, no entanto, também tem sua parcela de culpa. Ao longo do texto, diversos autores explicam como o capitalismo de laços subverte os conceitos econômicos que deveriam nortear uma licitação ou uma concessão. As empresas fazem ofertas inexequíveis nos leilões apenas para vencer a licitação já contando com futuros aditivos. Deixam de investir em redução de custos para apostar no lobby e na corrupção de agentes públicos. Nas licitações da Petrobras, esse esquema se tornou regra. A refinaria Abreu e Lima, por exemplo, foi orçada em US$ 2,5 bilhões, mas seu custo atingiu US$ 18 bilhões. Para os autores, o Brasil terá de fazer um grande esforço para inibir os cartéis e aumentar a competição, elevando multas e acabando com exigências de conteúdo local. SOLUÇÕES Aliás, um dos méritos do livro é não apenas diagnosticar os problemas mas trazer sugestões. O advogado Modesto Carvalhosa propõe, por exemplo, a adoção do modelo americano de "performance bonds"para acabar com o capitalismo de laços. Nos "performance bonds", uma seguradora é contratada pelo governo para cobrir 100% do risco do empreendimento, fiscalizando a construtora e indenizando o poder público, se for o caso. Num dos capítulos mais interessantes, a economista Maria Cristina Pinotti vai além dos efeitos microeconômicos da corrupção e percorre a literatura internacional em busca de evidências do seu impacto no crescimento e no investimento. Ela, aliás, ressalta que, no Brasil, apesar da extensão dos problemas, são poucos os economistas que se dedicam a destrinchar o assunto. Fica, portanto, o desafio para que os autores desse livro e outros especialistas se debrucem sobre outros impactos da corrupção no Brasil. Infraestrutura, eficiência e ética AUTOR Affonso Celso Pastore (org.) EDITORA Elsevier Quanto R$ 79,90 (293 págs.) AVALIAÇÃO ótimo Infraestrutura, Eficiência e Ética QUANTO: R$ 79,90 (293 PÁGS.) AUTOR: AFFONSO CELSO PASTORE (ORG.) EDITORA: ELSEVIER
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Para governo brasileiro, episódio de espionagem está 'superado'
O governo brasileiro minimizou a lista divulgada neste sábado (4) pelo WikiLeaks com nomes da administração Dilma Rousseff espionados, no passado, pela Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos, a NSA. As informações divulgadas agora detalham casos de monitoramento realizados no início do primeiro mandato da presidente da República e que, em 2013, motivaram duras reações do Palácio do Planalto. Na ocasião, Dilma chegou a adiar sua visita à Casa Branca. "O governo americano reconheceu os erros e assumiu compromissos de mudar de prática. Para nós, o episódio está superado, disse à Folha o ministro Edinho Silva (Secretaria de Comunicação Social), porta-voz da Presidência da República. Em nota, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República reiterou a confiança de Dilma ao governo americano. "Em várias circunstâncias, a presidente Dilma Rousseff ouviu do presidente Barack Obama o compromisso de que não haveria mais escutas sobre o Governo e empresas brasileiras, uma vez que os EUA respeitam os 'países amigos'", diz o comunicado. "Dilma reitera que confia no presidente Obama e no compromisso por ele assumido. Os EUA e o Brasil tornarão cada vez mais forte a sua parceria estratégica, que está baseada no respeito mútuo e no desenvolvimento de seus povos." A divulgação dos dados de espionagem ocorrem dias depois de Dilma se encontrar com Barack Obama em Washington. A visita aos EUA virou a página de tensão entre os dois países após a crise provocada pelas ações irregulares da NSA. Assessores do governo notaram que, a partir da lista veiculada agora, é possível notar quais as áreas de interesse de espiões americanos. Entre os diplomatas, há vários nomes que tocam a agenda do meio ambiente, tema discutido por Dilma e Obama nesta semana. Assuntos como desarmamento e relações do Brasil com nações da África e Oriente Médio também estavam no foco. Dilma desembarcou nos EUA no sábado (27) e retornou a Brasília nesta quinta-feira (2).
mundo
Para governo brasileiro, episódio de espionagem está 'superado'O governo brasileiro minimizou a lista divulgada neste sábado (4) pelo WikiLeaks com nomes da administração Dilma Rousseff espionados, no passado, pela Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos, a NSA. As informações divulgadas agora detalham casos de monitoramento realizados no início do primeiro mandato da presidente da República e que, em 2013, motivaram duras reações do Palácio do Planalto. Na ocasião, Dilma chegou a adiar sua visita à Casa Branca. "O governo americano reconheceu os erros e assumiu compromissos de mudar de prática. Para nós, o episódio está superado, disse à Folha o ministro Edinho Silva (Secretaria de Comunicação Social), porta-voz da Presidência da República. Em nota, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República reiterou a confiança de Dilma ao governo americano. "Em várias circunstâncias, a presidente Dilma Rousseff ouviu do presidente Barack Obama o compromisso de que não haveria mais escutas sobre o Governo e empresas brasileiras, uma vez que os EUA respeitam os 'países amigos'", diz o comunicado. "Dilma reitera que confia no presidente Obama e no compromisso por ele assumido. Os EUA e o Brasil tornarão cada vez mais forte a sua parceria estratégica, que está baseada no respeito mútuo e no desenvolvimento de seus povos." A divulgação dos dados de espionagem ocorrem dias depois de Dilma se encontrar com Barack Obama em Washington. A visita aos EUA virou a página de tensão entre os dois países após a crise provocada pelas ações irregulares da NSA. Assessores do governo notaram que, a partir da lista veiculada agora, é possível notar quais as áreas de interesse de espiões americanos. Entre os diplomatas, há vários nomes que tocam a agenda do meio ambiente, tema discutido por Dilma e Obama nesta semana. Assuntos como desarmamento e relações do Brasil com nações da África e Oriente Médio também estavam no foco. Dilma desembarcou nos EUA no sábado (27) e retornou a Brasília nesta quinta-feira (2).
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Real bate o Atlético de Madri com gol no fim e avança à semi da Champions
Após um 0 a 0 no jogo de ida e um empate que persistia até os 42min do segundo tempo, um gol salvador do mexicano Chicharito Hernández garantiu o Real Madrid nas semifinais da Liga dos Campeões, na vitória por 1 a 0 sobre o Atlético de Madri, nesta quarta-feira (22), no estádio Santiago Bernabéu, pelo jogo de volta das quartas de final. A classificação veio com uma tabela rápida entre James Rodríguez e Cristiano Ronaldo, que serviu o atacante para fazer o gol da classificação. O Real disputa as semifinais da competição europeia junto com Barcelona, Bayern de Munique e Juventus. Os confrontos serão decididos por meio de um sorteio nesta sexta-feira (24). O JOGO O técnico Carlo Ancelotti precisou superar muitas dificuldades para escalar os titulares do Real. Além da suspensão de Marcelo, as lesões perseguiram a equipe na última semana. Modric, Bale e Benzema se machucaram e obrigaram o treinador a redistribuir as peças em campo. Cristiano Ronaldo deixou de integrar o trio "BBC", com Bale e Benzema, para formar dupla de ataque com Chicharito Hernández. Fabio Coentrão atuou na lateral esquerda, enquanto Sergio Ramos foi deslocado para o meio de campo, dando espaço para Pepe e Varane jogarem na zaga. O Atlético manteve sua tradicional postura defensiva, abrindo mão da posse de bola à espera de um erro do adversário para agredi-lo no contra-ataque. Ao contrário do primeiro jogo no estádio Vicente Calderón, quando o goleiro Oblak garantiu o empate por 0 a 0, a partida no Santiago Bernabéu apresentou muito poucas oportunidades de gol. A única chance mais aguda na primeira etapa veio quase no final, aos 44min, com Cristiano Ronaldo. O português ficou de frente para o gol e Oblak salvou o Atlético com o pé esquerdo. O jogo seguia com o Atlético satisfeito em levá-lo à prorrogação, quando a pressão do Real foi intensificada a partir dos 30min. O meia turco Arda Turan levantou a perna e entrou com as travas da chuteira em disputa com Sergio Ramos. Recebeu o segundo cartão amarelo e foi expulso de campo. Com um a mais, a partida se transformou definitivamente em um jogo de ataque contra defesa. Logo aos 34min, Oblak voltou a salvar o Atlético. Chicharito fez ótimo giro sobre Godín e finalizou cruzado para um desvio milimétrico do esloveno com a ponta dos dedos. Quase no final, o Real finalmente encontrou espaço no sistema defensivo armado por Diego Simeone. Cristiano Ronaldo tabelou com James Rodríguez e serviu Chicharito, um dos que mais tentou o gol pelo Real. O atacante mexicano foi premiado com a oportunidade de ter a bola do jogo e classificar os merengues.
esporte
Real bate o Atlético de Madri com gol no fim e avança à semi da ChampionsApós um 0 a 0 no jogo de ida e um empate que persistia até os 42min do segundo tempo, um gol salvador do mexicano Chicharito Hernández garantiu o Real Madrid nas semifinais da Liga dos Campeões, na vitória por 1 a 0 sobre o Atlético de Madri, nesta quarta-feira (22), no estádio Santiago Bernabéu, pelo jogo de volta das quartas de final. A classificação veio com uma tabela rápida entre James Rodríguez e Cristiano Ronaldo, que serviu o atacante para fazer o gol da classificação. O Real disputa as semifinais da competição europeia junto com Barcelona, Bayern de Munique e Juventus. Os confrontos serão decididos por meio de um sorteio nesta sexta-feira (24). O JOGO O técnico Carlo Ancelotti precisou superar muitas dificuldades para escalar os titulares do Real. Além da suspensão de Marcelo, as lesões perseguiram a equipe na última semana. Modric, Bale e Benzema se machucaram e obrigaram o treinador a redistribuir as peças em campo. Cristiano Ronaldo deixou de integrar o trio "BBC", com Bale e Benzema, para formar dupla de ataque com Chicharito Hernández. Fabio Coentrão atuou na lateral esquerda, enquanto Sergio Ramos foi deslocado para o meio de campo, dando espaço para Pepe e Varane jogarem na zaga. O Atlético manteve sua tradicional postura defensiva, abrindo mão da posse de bola à espera de um erro do adversário para agredi-lo no contra-ataque. Ao contrário do primeiro jogo no estádio Vicente Calderón, quando o goleiro Oblak garantiu o empate por 0 a 0, a partida no Santiago Bernabéu apresentou muito poucas oportunidades de gol. A única chance mais aguda na primeira etapa veio quase no final, aos 44min, com Cristiano Ronaldo. O português ficou de frente para o gol e Oblak salvou o Atlético com o pé esquerdo. O jogo seguia com o Atlético satisfeito em levá-lo à prorrogação, quando a pressão do Real foi intensificada a partir dos 30min. O meia turco Arda Turan levantou a perna e entrou com as travas da chuteira em disputa com Sergio Ramos. Recebeu o segundo cartão amarelo e foi expulso de campo. Com um a mais, a partida se transformou definitivamente em um jogo de ataque contra defesa. Logo aos 34min, Oblak voltou a salvar o Atlético. Chicharito fez ótimo giro sobre Godín e finalizou cruzado para um desvio milimétrico do esloveno com a ponta dos dedos. Quase no final, o Real finalmente encontrou espaço no sistema defensivo armado por Diego Simeone. Cristiano Ronaldo tabelou com James Rodríguez e serviu Chicharito, um dos que mais tentou o gol pelo Real. O atacante mexicano foi premiado com a oportunidade de ter a bola do jogo e classificar os merengues.
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Rosberg é o mais veloz no último treino livre para o GP da Espanha
Nico Rosberg fechou na frente a preparação para o treino que definirá o grid de largada do GP da Espanha, quinta etapa do Mundial de F-1. Depois de fazer o melhor tempo da sexta-feira (8) em Barcelona, o piloto da Mercedes voltou a ser o mais veloz na sessão de treinos livres disputada na manhã deste sábado (9). Rosberg anotou sua melhor volta em 1min26s021, o suficiente para ficar 0s156 à frente de Sebastian Vettel, da Ferrari, o segundo mais rápido no circuito da Catalunha. Companheiro de Rosberg na Mercedes, Lewis Hamilton completou o treino na terceira colocação ao cravar 1min26s222. Valtteri Bottas, da Williams, fez o quarto tempo, seguido pela Ferrari de Kimi Raikkonen. A Red Bull ficou com a sexta colocação com Daniel Ricciardo. O australiano completou o treino logo à frente de Felipe Massa, o sétimo mais veloz na manhã de sol em Montmeló. O brasileiro da Williams completou 19 voltas durante o treino, a melhor delas em 1min27s109. Max Verstappen, da Toro Rosso, ficou com o oitavo tempo, seguido por Daniil Kvyat, da Red Bull. Carlos Sainz, companheiro do holandês na Toro Rosso, fechou o top 10 ao anotar 1min27s809. Felipe Nasr, que na sexta-feira terminou o dia na 15ª colocação, foi o 13º colocado neste sábado. O brasileiro da Sauber anotou sua melhor tentativa em 1min28s096 e ficou imediatamente à frente de Fernando Alonso, da McLaren, o 14º mais veloz da sessão com 1min28s304. A definição do grid da primeira corrida em solo europeu em 2015 acontece neste sábado, a partir das 9h (de Brasília), mesmo horário da prova, no domingo.
esporte
Rosberg é o mais veloz no último treino livre para o GP da EspanhaNico Rosberg fechou na frente a preparação para o treino que definirá o grid de largada do GP da Espanha, quinta etapa do Mundial de F-1. Depois de fazer o melhor tempo da sexta-feira (8) em Barcelona, o piloto da Mercedes voltou a ser o mais veloz na sessão de treinos livres disputada na manhã deste sábado (9). Rosberg anotou sua melhor volta em 1min26s021, o suficiente para ficar 0s156 à frente de Sebastian Vettel, da Ferrari, o segundo mais rápido no circuito da Catalunha. Companheiro de Rosberg na Mercedes, Lewis Hamilton completou o treino na terceira colocação ao cravar 1min26s222. Valtteri Bottas, da Williams, fez o quarto tempo, seguido pela Ferrari de Kimi Raikkonen. A Red Bull ficou com a sexta colocação com Daniel Ricciardo. O australiano completou o treino logo à frente de Felipe Massa, o sétimo mais veloz na manhã de sol em Montmeló. O brasileiro da Williams completou 19 voltas durante o treino, a melhor delas em 1min27s109. Max Verstappen, da Toro Rosso, ficou com o oitavo tempo, seguido por Daniil Kvyat, da Red Bull. Carlos Sainz, companheiro do holandês na Toro Rosso, fechou o top 10 ao anotar 1min27s809. Felipe Nasr, que na sexta-feira terminou o dia na 15ª colocação, foi o 13º colocado neste sábado. O brasileiro da Sauber anotou sua melhor tentativa em 1min28s096 e ficou imediatamente à frente de Fernando Alonso, da McLaren, o 14º mais veloz da sessão com 1min28s304. A definição do grid da primeira corrida em solo europeu em 2015 acontece neste sábado, a partir das 9h (de Brasília), mesmo horário da prova, no domingo.
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Clima incerto
Os atentados terroristas em Paris dificilmente levarão ao adiamento da conferência mundial sobre mudança do clima (COP21), marcada para começar no próximo dia 30, na capital francesa. Tal é a disposição reafirmada pelo presidente François Hollande e apoiada pelos líderes do G20 na reunião que terminou na segunda-feira (16). Não há dúvida, de todo modo, de que a 21ª reunião da Convenção da ONU sobre Mudança do Clima ocorrerá à sombra de prioridades alteradas. Quando vários países se deparam com ameaça tão chocante e imediata, terminam em segundo plano os riscos climáticos que terão de enfrentar no futuro. Esse não foi o único fator, porém, que levou as 20 maiores economias do mundo a obter escasso avanço nessa questão durante o encontro realizado na Turquia. O processo internacional de negociação sobre formas de combater o aquecimento global se arrasta há mais de duas décadas porque precisa obter a concordância de 195 países quanto à melhor maneira de descarbonizar a economia global —ou seja, de reduzir sua dependência de combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural). A meras duas semanas do evento decisivo na capital francesa, a reunião do G20 evidenciou como ainda é muito incerto que de Paris resulte um acordo capaz de pôr o mundo na trilha necessária para minimizar o risco de fenômenos extremos, como tormentas, ondas de calor e secas devastadoras. Considera-se prudente impedir um aumento da temperatura média da atmosfera terrestre acima de 2°C (ou 1,2°C além do 0,8°C já registrado). Para isso, as emissões de gases do efeito estufa precisariam ser zeradas até 2050. Os compromissos nacionais até agora, voluntários, não garantem isso. Pelas últimas estimativas, caminha-se ainda para um inquietante aquecimento de 3°C. Um poderoso instrumento para reverter esse rumo seria suspender os subsídios aos combustíveis fósseis, calculados em US$ 5,3 trilhões anuais (mais que o dobro do PIB do Brasil). O G20 pôs o tema em pauta, mas nada de concreto incluiu no comunicado final. "Reafirmamos nosso compromisso de racionalizar e eliminar subsídios ineficientes a combustíveis fósseis que encorajem o consumo desnecessário, no médio prazo, reconhecendo a necessidade de apoiar os pobres", diz o documento. "Estaremos empenhados em fazer progresso adicional na direção desse compromisso." As lideranças mundiais se limitaram a repetir a ladainha sobre a necessidade de um acordo ambicioso e com força legal em Paris —mas os sinais que emitiram na Turquia apontam no sentido oposto. editoriais@uol.com.br
opiniao
Clima incertoOs atentados terroristas em Paris dificilmente levarão ao adiamento da conferência mundial sobre mudança do clima (COP21), marcada para começar no próximo dia 30, na capital francesa. Tal é a disposição reafirmada pelo presidente François Hollande e apoiada pelos líderes do G20 na reunião que terminou na segunda-feira (16). Não há dúvida, de todo modo, de que a 21ª reunião da Convenção da ONU sobre Mudança do Clima ocorrerá à sombra de prioridades alteradas. Quando vários países se deparam com ameaça tão chocante e imediata, terminam em segundo plano os riscos climáticos que terão de enfrentar no futuro. Esse não foi o único fator, porém, que levou as 20 maiores economias do mundo a obter escasso avanço nessa questão durante o encontro realizado na Turquia. O processo internacional de negociação sobre formas de combater o aquecimento global se arrasta há mais de duas décadas porque precisa obter a concordância de 195 países quanto à melhor maneira de descarbonizar a economia global —ou seja, de reduzir sua dependência de combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural). A meras duas semanas do evento decisivo na capital francesa, a reunião do G20 evidenciou como ainda é muito incerto que de Paris resulte um acordo capaz de pôr o mundo na trilha necessária para minimizar o risco de fenômenos extremos, como tormentas, ondas de calor e secas devastadoras. Considera-se prudente impedir um aumento da temperatura média da atmosfera terrestre acima de 2°C (ou 1,2°C além do 0,8°C já registrado). Para isso, as emissões de gases do efeito estufa precisariam ser zeradas até 2050. Os compromissos nacionais até agora, voluntários, não garantem isso. Pelas últimas estimativas, caminha-se ainda para um inquietante aquecimento de 3°C. Um poderoso instrumento para reverter esse rumo seria suspender os subsídios aos combustíveis fósseis, calculados em US$ 5,3 trilhões anuais (mais que o dobro do PIB do Brasil). O G20 pôs o tema em pauta, mas nada de concreto incluiu no comunicado final. "Reafirmamos nosso compromisso de racionalizar e eliminar subsídios ineficientes a combustíveis fósseis que encorajem o consumo desnecessário, no médio prazo, reconhecendo a necessidade de apoiar os pobres", diz o documento. "Estaremos empenhados em fazer progresso adicional na direção desse compromisso." As lideranças mundiais se limitaram a repetir a ladainha sobre a necessidade de um acordo ambicioso e com força legal em Paris —mas os sinais que emitiram na Turquia apontam no sentido oposto. editoriais@uol.com.br
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Crise cria 'barganhas' no Tesouro Direto e papéis de renda fixa
A crise nos mercados na semana passada criou oportunidades com potencial elevado de retorno em aplicações conservadoras de renda fixa. O site do Tesouro Direto voltou a vender títulos da dívida do governo corrigidos pela inflação com taxas acima de 7% ao ano mais a correção pelo IPCA. O rendimento, que neste ano pode alcançar a casa de 16%, é um dos maiores desde 2006, período anterior ao Brasil obter o chamado grau de investimento das agências de classificação de risco (veja quadro). É o caso do título Tesouro IPCA + com juros semestrais (antiga NTN-B) com vencimento em maio de 2017, que na sexta-feira era vendido com taxa de 7,16% mais a correção da inflação. Barganhas do tesouro direito Entre as "barganhas" da crise, as corretoras negociavam as chamadas debêntures incentivadas (títulos de dívida de empresas voltado à infraestrutura), que têm isenção de Imposto de Renda, com taxas líquidas entre 6,3% e 7,5% ao ano mais o IPCA. Foi o caso da debênture incentivada da Vale, cujo período de reserva (trata-se do lançamento do papel) terminou na sexta (28). O preço mínimo da aplicação era de R$ 1.000. A expectativa é que o papel tenha saído com taxa de 6,7% mais IPCA, dependendo da procura. Quanto maior a demanda, menor a taxa. O resultado deve sair nesta segunda (31). Quem perdeu o prazo poderá comprá-la nas corretoras, mas com preço de mercado nos próximos dias. Barganhas da renda fixa Também nas corretoras, há as debêntures da Alupar, dona de 21 concessões de transmissão de energia no país, com taxa líquida de 7,36% mais IPCA. No caso das debêntures, o investidor deve ficar atento porque pode ter dificuldade para vendê-las antes do prazo de vencimento, segundo Ricardo Rocha, professor de finanças do Insper. "No Tesouro Direto, a liquidez está garantida. A pessoa não precisa ficar até o vencimento." "O risco é a crise piorar e o governo subir os juros. Se isso ocorrer, o investidor pode perder dinheiro se precisar resgatar a aplicação antes do prazo", afirma Fabio Colombo, administrador de investimentos. - Debênture incentivada Dívida de longo prazo, que tem isenção de IR; não há garantia do FGC (Fundo Garantidor de Créditos) LCI (Letra de Crédito Imobiliário) Dívida do banco de empréstimo imobiliário; tem garantia do FGC de até R$ 250 mil LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) Dívida do banco do agronegócio; tem garantia do FGC de até R$ 250 mil Como aplicar Precisa ter conta em corretora credenciada no Tesouro Direto e que distribua apli- cações dessas insti- tuições financeiras
mercado
Crise cria 'barganhas' no Tesouro Direto e papéis de renda fixaA crise nos mercados na semana passada criou oportunidades com potencial elevado de retorno em aplicações conservadoras de renda fixa. O site do Tesouro Direto voltou a vender títulos da dívida do governo corrigidos pela inflação com taxas acima de 7% ao ano mais a correção pelo IPCA. O rendimento, que neste ano pode alcançar a casa de 16%, é um dos maiores desde 2006, período anterior ao Brasil obter o chamado grau de investimento das agências de classificação de risco (veja quadro). É o caso do título Tesouro IPCA + com juros semestrais (antiga NTN-B) com vencimento em maio de 2017, que na sexta-feira era vendido com taxa de 7,16% mais a correção da inflação. Barganhas do tesouro direito Entre as "barganhas" da crise, as corretoras negociavam as chamadas debêntures incentivadas (títulos de dívida de empresas voltado à infraestrutura), que têm isenção de Imposto de Renda, com taxas líquidas entre 6,3% e 7,5% ao ano mais o IPCA. Foi o caso da debênture incentivada da Vale, cujo período de reserva (trata-se do lançamento do papel) terminou na sexta (28). O preço mínimo da aplicação era de R$ 1.000. A expectativa é que o papel tenha saído com taxa de 6,7% mais IPCA, dependendo da procura. Quanto maior a demanda, menor a taxa. O resultado deve sair nesta segunda (31). Quem perdeu o prazo poderá comprá-la nas corretoras, mas com preço de mercado nos próximos dias. Barganhas da renda fixa Também nas corretoras, há as debêntures da Alupar, dona de 21 concessões de transmissão de energia no país, com taxa líquida de 7,36% mais IPCA. No caso das debêntures, o investidor deve ficar atento porque pode ter dificuldade para vendê-las antes do prazo de vencimento, segundo Ricardo Rocha, professor de finanças do Insper. "No Tesouro Direto, a liquidez está garantida. A pessoa não precisa ficar até o vencimento." "O risco é a crise piorar e o governo subir os juros. Se isso ocorrer, o investidor pode perder dinheiro se precisar resgatar a aplicação antes do prazo", afirma Fabio Colombo, administrador de investimentos. - Debênture incentivada Dívida de longo prazo, que tem isenção de IR; não há garantia do FGC (Fundo Garantidor de Créditos) LCI (Letra de Crédito Imobiliário) Dívida do banco de empréstimo imobiliário; tem garantia do FGC de até R$ 250 mil LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) Dívida do banco do agronegócio; tem garantia do FGC de até R$ 250 mil Como aplicar Precisa ter conta em corretora credenciada no Tesouro Direto e que distribua apli- cações dessas insti- tuições financeiras
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Letras mostram profundas lutas da consciência de Dylan
A imagem de Bob Dylan está inevitavelmente ligada à onda que revolucionou os EUA e grande parte do mundo ocidental nos anos 1960: o movimento por direitos civis, liberdades individuais, paz, amor livre, feminismo. Apesar de ele ter logo tentado distanciar sua trajetória dessa marca, ainda assim a conexão imediata que se faz com seu nome remete àquele período e àquelas ideias. Não é à toa que "Blowin' in the Wind" continue sendo cantada por pessoas ligadas à esquerda, inclusive no Brasil, como emblema de rebeldia contra o establishment. O momento mais simbólico de seu esforço para romper com os clichês que lhe foram então estampados ocorreu ainda em 1965, quando tocou no festival de música folk de Newport com uma banda que usava guitarras elétricas. Muitos fãs que o idolatravam como legítimo sucessor de Woody Guthrie e Peter Seeger o consideraram um traidor da causa, e sua performance gerou controvérsia que, em alguns aspectos, se assemelhou ao que ocorreu no Brasil na mesma época, quanto ao uso de equipamentos eletrônicos na MPB. Nos anos seguintes, Dylan afastou seu trabalho da política e o aproximou da filosofia e da religião. O álbum "Slow Train Coming" marca a sua conversão ao cristianismo, do qual também se distanciaria após algum tempo. As profundas lutas de sua consciência chegaram ao público na forma de letras de canções, que foram muito além do embate político dos tempos em que ele surgiu. Grande parte da sua melhor poesia foi composta depois disso. Muito dela está no álbum "Oh Mercy", de 1989. Como estes versos da canção "The Man In The Long Black Coat" : "Every man's conscience is vile and depraved/You cannot depend on it to be your guide when it's you who must keep it satisfied" (A consciência de cada homem é vil e depravada/Você não pode se guiar por ela quando é você que a tem de satisfazer"). No entanto é bastante provável que a decisão de dar-lhe o Nobel se deva principalmente às posições políticas simbolizadas pelo que ele produziu 50 anos atrás, neste momento em que a ascensão do populismo de extrema direita em diversos países constitui ameaça a muito do que foi conquistado pela humanidade neste meio século, inclusive graças à poesia de Dylan. CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA, livre-docente em comunicação pela USP, é editor da revista "Política Externa"
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Letras mostram profundas lutas da consciência de DylanA imagem de Bob Dylan está inevitavelmente ligada à onda que revolucionou os EUA e grande parte do mundo ocidental nos anos 1960: o movimento por direitos civis, liberdades individuais, paz, amor livre, feminismo. Apesar de ele ter logo tentado distanciar sua trajetória dessa marca, ainda assim a conexão imediata que se faz com seu nome remete àquele período e àquelas ideias. Não é à toa que "Blowin' in the Wind" continue sendo cantada por pessoas ligadas à esquerda, inclusive no Brasil, como emblema de rebeldia contra o establishment. O momento mais simbólico de seu esforço para romper com os clichês que lhe foram então estampados ocorreu ainda em 1965, quando tocou no festival de música folk de Newport com uma banda que usava guitarras elétricas. Muitos fãs que o idolatravam como legítimo sucessor de Woody Guthrie e Peter Seeger o consideraram um traidor da causa, e sua performance gerou controvérsia que, em alguns aspectos, se assemelhou ao que ocorreu no Brasil na mesma época, quanto ao uso de equipamentos eletrônicos na MPB. Nos anos seguintes, Dylan afastou seu trabalho da política e o aproximou da filosofia e da religião. O álbum "Slow Train Coming" marca a sua conversão ao cristianismo, do qual também se distanciaria após algum tempo. As profundas lutas de sua consciência chegaram ao público na forma de letras de canções, que foram muito além do embate político dos tempos em que ele surgiu. Grande parte da sua melhor poesia foi composta depois disso. Muito dela está no álbum "Oh Mercy", de 1989. Como estes versos da canção "The Man In The Long Black Coat" : "Every man's conscience is vile and depraved/You cannot depend on it to be your guide when it's you who must keep it satisfied" (A consciência de cada homem é vil e depravada/Você não pode se guiar por ela quando é você que a tem de satisfazer"). No entanto é bastante provável que a decisão de dar-lhe o Nobel se deva principalmente às posições políticas simbolizadas pelo que ele produziu 50 anos atrás, neste momento em que a ascensão do populismo de extrema direita em diversos países constitui ameaça a muito do que foi conquistado pela humanidade neste meio século, inclusive graças à poesia de Dylan. CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA, livre-docente em comunicação pela USP, é editor da revista "Política Externa"
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Peça do autor de 'House of Cards' chega a SP com Malvino Salvador
DE SÃO PAULO O drama "Chuva Constante" chega a São Paulo na sexta (13), no Teatro Vivo (zona sul de São Paulo), após uma temporada no Rio de Janeiro. Em cena, Augusto Zacchi e Malvino Salvador são dois policiais, velhos conhecidos, que têm a amizade abalada e colocada à prova quando temas como honra e lealdade vêm à tona. A peça foi interpretada na Broadway, em 2009, por Daniel Craig (o James Bond) e Hugh Jackman (o Wolverine). O texto é do norte-americano Keith Huff, autor e produtor de séries de sucesso, como "House of Cards" e "Mad Men". A direção é assinada por Paulo de Moraes. Teatro Vivo. Av. Dr. Chucri Zaidan, 860, Morumbi, tel. 97420-1520. Sex.: 21h30. Sáb.: 21h. Dom.: 18h. Estreia: 13/3. Até 31/5. 90 min. 14 anos. Ingr.: R$ 60 (sex. e dom.) e R$ 80 (sáb.). Ingr. p/ 4003-1212 ou ingressorapido.com.br.
saopaulo
Peça do autor de 'House of Cards' chega a SP com Malvino SalvadorDE SÃO PAULO O drama "Chuva Constante" chega a São Paulo na sexta (13), no Teatro Vivo (zona sul de São Paulo), após uma temporada no Rio de Janeiro. Em cena, Augusto Zacchi e Malvino Salvador são dois policiais, velhos conhecidos, que têm a amizade abalada e colocada à prova quando temas como honra e lealdade vêm à tona. A peça foi interpretada na Broadway, em 2009, por Daniel Craig (o James Bond) e Hugh Jackman (o Wolverine). O texto é do norte-americano Keith Huff, autor e produtor de séries de sucesso, como "House of Cards" e "Mad Men". A direção é assinada por Paulo de Moraes. Teatro Vivo. Av. Dr. Chucri Zaidan, 860, Morumbi, tel. 97420-1520. Sex.: 21h30. Sáb.: 21h. Dom.: 18h. Estreia: 13/3. Até 31/5. 90 min. 14 anos. Ingr.: R$ 60 (sex. e dom.) e R$ 80 (sáb.). Ingr. p/ 4003-1212 ou ingressorapido.com.br.
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Netflix divulga novo trailer da quarta temporada de 'House of Cards'; assista
Frank Underwood (Kevin Spacey) volta em 4 de março, mais sombrio e em tensão crescente com Claire (Robin Wright). É o que mostra o novo trailer de "House of Cards", divulgado nesta quarta (10) pela Netflix. 'Nós tínhamos um futuro até você começar a destruí-lo", diz Frank à mulher em diálogo mostrado no vídeo —parceiros na guerra pelo poder nas primeiras temporadas, os dois amargam uma crise no casamento a partir da terceira. Os 13 novos episódios serão disponibilizados de uma só vez, como é praxe no serviço on-line. A quarta temporada da série foi anunciada em dezembro, não por acaso em meio ao quinto debate republicano de pré-candidatos à presidência dos EUA. Na ocasião, um teaser mostrou Frank em uma típica propaganda eleitoral, com belas paisagens, crianças felizes segurando a bandeira dos Estados Unidos e imagens de pessoas contentes trabalhando. Um segundo vídeo de divulgação foi exibido durante a cerimônia do Globo de Ouro. Wright concorria na categoria melhor atriz em série de drama, mas perdeu a estatueta para Taraji P. Henson, de "Empire". Adaptação do romance homônimo escrito por Michael Dobbs, "House of Cards" retrata a ascensão em Washington do ambicioso político que faz de tudo por um alto cargo público. A série estreou na Netflix em 1º de fevereiro de 2013 e se tornou o maior exemplo de produção original do serviço de vídeos on-line. Pela atuação, Spacey recebeu em 2015 o Globo de Ouro de melhor ator em série de drama.
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Netflix divulga novo trailer da quarta temporada de 'House of Cards'; assistaFrank Underwood (Kevin Spacey) volta em 4 de março, mais sombrio e em tensão crescente com Claire (Robin Wright). É o que mostra o novo trailer de "House of Cards", divulgado nesta quarta (10) pela Netflix. 'Nós tínhamos um futuro até você começar a destruí-lo", diz Frank à mulher em diálogo mostrado no vídeo —parceiros na guerra pelo poder nas primeiras temporadas, os dois amargam uma crise no casamento a partir da terceira. Os 13 novos episódios serão disponibilizados de uma só vez, como é praxe no serviço on-line. A quarta temporada da série foi anunciada em dezembro, não por acaso em meio ao quinto debate republicano de pré-candidatos à presidência dos EUA. Na ocasião, um teaser mostrou Frank em uma típica propaganda eleitoral, com belas paisagens, crianças felizes segurando a bandeira dos Estados Unidos e imagens de pessoas contentes trabalhando. Um segundo vídeo de divulgação foi exibido durante a cerimônia do Globo de Ouro. Wright concorria na categoria melhor atriz em série de drama, mas perdeu a estatueta para Taraji P. Henson, de "Empire". Adaptação do romance homônimo escrito por Michael Dobbs, "House of Cards" retrata a ascensão em Washington do ambicioso político que faz de tudo por um alto cargo público. A série estreou na Netflix em 1º de fevereiro de 2013 e se tornou o maior exemplo de produção original do serviço de vídeos on-line. Pela atuação, Spacey recebeu em 2015 o Globo de Ouro de melhor ator em série de drama.
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Alberto Toron deixa a defesa de Ricardo Pessoa, dono da UTC
O advogado Alberto Toron oficializou neste sábado (4) a decisão de deixar a defesa de Ricardo Pessoa, dono da UTC e apontado como o líder do "clube das empreiteiras" investigadas na Operação Lava Jato. "Renunciei por entender que o caso está ganhando uma feição eleitoral. Como sou juiz do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), vi certa incompatibilidade em exercer as duas funções", disse à Folha. Toron enfatizou que todo trabalho que poderia fazer para Pessoa já foi realizado. "Fiz as defesas dele e o habeas corpus que culminou na sua soltura". Pessoa está em prisão domiciliar. O criminalista acompanha o empreiteiro desde o início de seu envolvimento na investigação, em 2014, mas nunca conduziu as negociações do acordo de delação premiada, homologado há quase duas semanas pelo ministro Teori Zavascki. No entanto, afirmou concordar com a decisão do cliente em fazê-lo. "É uma opção de defesa". Segundo Toron, ele e o empreiteiro conversaram na sexta (3) sobre sua saída do caso e não houve resistência por parte do cliente. "Temos um bom relacionamento, continuamos amigos". Ricardo Pessoa entregou anotações, agendas e planilhas para a Justiça detalhando repasses a políticos e a campanhas eleitorais, incluindo a do ex-presidente Lula de 2006 e da presidente Dilma Rousseff de 2014.
poder
Alberto Toron deixa a defesa de Ricardo Pessoa, dono da UTCO advogado Alberto Toron oficializou neste sábado (4) a decisão de deixar a defesa de Ricardo Pessoa, dono da UTC e apontado como o líder do "clube das empreiteiras" investigadas na Operação Lava Jato. "Renunciei por entender que o caso está ganhando uma feição eleitoral. Como sou juiz do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), vi certa incompatibilidade em exercer as duas funções", disse à Folha. Toron enfatizou que todo trabalho que poderia fazer para Pessoa já foi realizado. "Fiz as defesas dele e o habeas corpus que culminou na sua soltura". Pessoa está em prisão domiciliar. O criminalista acompanha o empreiteiro desde o início de seu envolvimento na investigação, em 2014, mas nunca conduziu as negociações do acordo de delação premiada, homologado há quase duas semanas pelo ministro Teori Zavascki. No entanto, afirmou concordar com a decisão do cliente em fazê-lo. "É uma opção de defesa". Segundo Toron, ele e o empreiteiro conversaram na sexta (3) sobre sua saída do caso e não houve resistência por parte do cliente. "Temos um bom relacionamento, continuamos amigos". Ricardo Pessoa entregou anotações, agendas e planilhas para a Justiça detalhando repasses a políticos e a campanhas eleitorais, incluindo a do ex-presidente Lula de 2006 e da presidente Dilma Rousseff de 2014.
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Com Trump, EUA estão no precipício, diz 'New York Times' em editorial
A vitória de Donald Trump nas eleições americanas é destaque nos principais veículos de imprensa do mundo e tem sido vista com desconfiança. O republicano se torna o 45º presidente dos Estados Unidos, após derrotar a ex-secretária de Estado Hillary Clinton. Nesta quarta-feira (9), o "New York Times" ressalta a virada chocante, que tem ameaçado causar "convulsões em todo o mundo". No editorial, a publicação afirma que a eleição de Trump colocou os EUA no precipício. "O que sabemos é que mr. Trump é o presidente-eleito mais despreparado na história moderna", afirma. Na mesma linha segue o "Wall Street Journal", que ainda indica a reação do mercado financeiro com o resultado surpreendente. O jornal espanhol "El País" destaca no editorial intitulado "A noite cai sobre Washington" a "profunda incerteza que o resultado nos EUA trazem ao mundo". De acordo com a publicação, a eleição de Trump representa uma péssima notícia para todos os democratas do mundo e, ao mesmo tempo, é uma fonte de satisfação e oportunidades para os inimigos da democracia. "O populista com um discurso xenófobo e antissistema desbanca os prognósticos das pesquisas e garante uma vitória que leva seu país ao desconhecido", relata o jornal. O colunista do britânico "Guardian" Jonathan Freedland diz que os Estados Unidos elegeram o seu líder mais perigoso. "Temos muito a temer", escreve. "As pessoas em todo o mundo esperavam, após horrores consecutivos na campanha, que o pesadelo Trump passaria", acrescenta. Ele completa que o povo americano está num abismo. "O novo presidente é um fanático instável, predador sexual e um mentiroso compulsivo. Ele é capaz de tudo." O "Financial Times" destaca texto em que diz que o republicano eleito inaugura a era de improvisação na política. Já o francês "Le Monde" tenta responder a dúvidas de leitores no Facebook e minimiza os poderes do comandante dos Estados Unidos. "O presidente americano tem muito menos poderes do que imaginamos". A publicação ainda diz que a eleição de Trump vai ser um terremoto para o mundo. O argentino "Clarín" traça um perfil do "empresário impulsivo que desafiou os prognósticos", enquanto o mexicano "El Universal" também ressalta as incertezas que o resultado do pleito americano traz ao mundo com o a vitória do "aprendiz na política", referência ao programa "O Aprendiz", apresentado por Trump
mundo
Com Trump, EUA estão no precipício, diz 'New York Times' em editorialA vitória de Donald Trump nas eleições americanas é destaque nos principais veículos de imprensa do mundo e tem sido vista com desconfiança. O republicano se torna o 45º presidente dos Estados Unidos, após derrotar a ex-secretária de Estado Hillary Clinton. Nesta quarta-feira (9), o "New York Times" ressalta a virada chocante, que tem ameaçado causar "convulsões em todo o mundo". No editorial, a publicação afirma que a eleição de Trump colocou os EUA no precipício. "O que sabemos é que mr. Trump é o presidente-eleito mais despreparado na história moderna", afirma. Na mesma linha segue o "Wall Street Journal", que ainda indica a reação do mercado financeiro com o resultado surpreendente. O jornal espanhol "El País" destaca no editorial intitulado "A noite cai sobre Washington" a "profunda incerteza que o resultado nos EUA trazem ao mundo". De acordo com a publicação, a eleição de Trump representa uma péssima notícia para todos os democratas do mundo e, ao mesmo tempo, é uma fonte de satisfação e oportunidades para os inimigos da democracia. "O populista com um discurso xenófobo e antissistema desbanca os prognósticos das pesquisas e garante uma vitória que leva seu país ao desconhecido", relata o jornal. O colunista do britânico "Guardian" Jonathan Freedland diz que os Estados Unidos elegeram o seu líder mais perigoso. "Temos muito a temer", escreve. "As pessoas em todo o mundo esperavam, após horrores consecutivos na campanha, que o pesadelo Trump passaria", acrescenta. Ele completa que o povo americano está num abismo. "O novo presidente é um fanático instável, predador sexual e um mentiroso compulsivo. Ele é capaz de tudo." O "Financial Times" destaca texto em que diz que o republicano eleito inaugura a era de improvisação na política. Já o francês "Le Monde" tenta responder a dúvidas de leitores no Facebook e minimiza os poderes do comandante dos Estados Unidos. "O presidente americano tem muito menos poderes do que imaginamos". A publicação ainda diz que a eleição de Trump vai ser um terremoto para o mundo. O argentino "Clarín" traça um perfil do "empresário impulsivo que desafiou os prognósticos", enquanto o mexicano "El Universal" também ressalta as incertezas que o resultado do pleito americano traz ao mundo com o a vitória do "aprendiz na política", referência ao programa "O Aprendiz", apresentado por Trump
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Manifestantes saqueiam lojas durante corte de energia diário na Venezuela
Dois dias depois do início dos cortes de energia diários na Venezuela, uma onda de saques atingiu na madrugada desta quarta-feira (27) as duas maiores regiões metropolitanas do país. As tentativas de roubo a lojas ocorreram no mesmo dia em que a oposição ao presidente Nicolás Maduro começou a primeira etapa da coleta de assinaturas para o referendo revogatório do seu mandato, que vai até 2019. A maior parte dos saques ocorreu em Maracaibo, durante um protesto contra os cortes diários impostos pelo governo chavista para economizar energia elétrica. A cidade foi submetida a oito horas de falta de energia, de 20h de terça às 4h de quarta. No período, centenas de pessoas invadiram supermercados, lojas e shoppings para roubar principalmente alimentos e remédios vendidos de forma controlada devido ao desabastecimento no país. Outros grupos cobravam taxas para passar por ruas bloqueadas e quebraram placas e sinais de trânsito. O governo do Estado de Zulia, onde fica Maracaibo, informou que 70 estabelecimentos comerciais foram invadidos e 103 pessoas foram presas. A pedido do governador chavista Francisco Arias Cárdenas, o governo nacional enviou 1.800 soldados e policiais para evitar uma nova onda de violência. Ele acusou a oposição de ter pago a quadrilhas e contrabandistas para invadirem o comércio. "Os atos da noite de ontem são uma ação de desestabilização. Houve alguns motivados pelo descontentamento, mas do outro trata-se da orientação premeditada de alguns setores da extrema-direita que pretendem colocar as garras no poder". Maracaibo já havia sido cenário de protestos na segunda (25) e na terça (26), quando fortes chuvas alongaram o período sem energia. Alguns bairros chegaram a ficar mais de 36 horas sem luz. Os saques também se repetiram na madrugada e na manhã na região metropolitana de Caracas, onde não há corte compulsório de energia. Cerca de 50 pessoas foram presas na cidade de Los Teques tentando roubar um aviário pela manhã e centenas de pessoas invadiram lojas em outras cinco cidades. O presidente Nicolás Maduro pediu que a população "mantenha e defenda a paz dos planos desestabilizadores da direita". "Peço a todo o povo que repudie a violência. É meu pedido à pátria". Ele voltou a criticar seus adversários pelas manobras que estão fazendo para tirá-lo do governo. "Nada do que estão fazendo têm viabilidade política e a revolução vai continuar e vai ter este presidente pelo menos até 2018". REFERENDO As declarações são feitas durante um dia em que milhares de pessoas atenderam os chamados da coalizão Mesa de Unidade Democrática e assinaram o documento de apoio ao referendo revogatório do mandato de Maduro. Na terça (26), os opositores receberam os formulários do Conselho Nacional Eleitoral para que consigam o respaldo de 1% do eleitorado venezuelano, ou 195.721 pessoas. Eles têm até 30 dias para conseguir o total, mas membros do partido dizem que a meta já foi alcançada em 10 dos 23 Estados venezuelanos. Os opositores formaram longas filas nos pontos de assinatura em Caracas e nas cidades de Maracaibo, Mérida e San Cristóbal. Enquanto esperavam sua vez, gritavam frases como "vai cair, vai cair, este governo vai cair". O ex-presidenciável Henrique Capriles comemorou. "A resposta do povo foi contundente. A coleta continua amanhã e amanhã chegaremos ao total, mas não teremos só 1%. Conseguiremos muito mais", disse no Twitter. Se o Conselho Nacional Eleitoral admitir as assinaturas desta fase, a oposição fará um novo processo para conseguir as firmas de 20% do eleitorado, ou 3.914.428 pessoas, para desatar o referendo contra Maduro. A possibilidade de consulta popular tornou-se mais forte nesta semana, após a Justiça impedir a Assembleia Nacional, dominada pela oposição, de reduzir o tempo de mandato do presidente.
mundo
Manifestantes saqueiam lojas durante corte de energia diário na VenezuelaDois dias depois do início dos cortes de energia diários na Venezuela, uma onda de saques atingiu na madrugada desta quarta-feira (27) as duas maiores regiões metropolitanas do país. As tentativas de roubo a lojas ocorreram no mesmo dia em que a oposição ao presidente Nicolás Maduro começou a primeira etapa da coleta de assinaturas para o referendo revogatório do seu mandato, que vai até 2019. A maior parte dos saques ocorreu em Maracaibo, durante um protesto contra os cortes diários impostos pelo governo chavista para economizar energia elétrica. A cidade foi submetida a oito horas de falta de energia, de 20h de terça às 4h de quarta. No período, centenas de pessoas invadiram supermercados, lojas e shoppings para roubar principalmente alimentos e remédios vendidos de forma controlada devido ao desabastecimento no país. Outros grupos cobravam taxas para passar por ruas bloqueadas e quebraram placas e sinais de trânsito. O governo do Estado de Zulia, onde fica Maracaibo, informou que 70 estabelecimentos comerciais foram invadidos e 103 pessoas foram presas. A pedido do governador chavista Francisco Arias Cárdenas, o governo nacional enviou 1.800 soldados e policiais para evitar uma nova onda de violência. Ele acusou a oposição de ter pago a quadrilhas e contrabandistas para invadirem o comércio. "Os atos da noite de ontem são uma ação de desestabilização. Houve alguns motivados pelo descontentamento, mas do outro trata-se da orientação premeditada de alguns setores da extrema-direita que pretendem colocar as garras no poder". Maracaibo já havia sido cenário de protestos na segunda (25) e na terça (26), quando fortes chuvas alongaram o período sem energia. Alguns bairros chegaram a ficar mais de 36 horas sem luz. Os saques também se repetiram na madrugada e na manhã na região metropolitana de Caracas, onde não há corte compulsório de energia. Cerca de 50 pessoas foram presas na cidade de Los Teques tentando roubar um aviário pela manhã e centenas de pessoas invadiram lojas em outras cinco cidades. O presidente Nicolás Maduro pediu que a população "mantenha e defenda a paz dos planos desestabilizadores da direita". "Peço a todo o povo que repudie a violência. É meu pedido à pátria". Ele voltou a criticar seus adversários pelas manobras que estão fazendo para tirá-lo do governo. "Nada do que estão fazendo têm viabilidade política e a revolução vai continuar e vai ter este presidente pelo menos até 2018". REFERENDO As declarações são feitas durante um dia em que milhares de pessoas atenderam os chamados da coalizão Mesa de Unidade Democrática e assinaram o documento de apoio ao referendo revogatório do mandato de Maduro. Na terça (26), os opositores receberam os formulários do Conselho Nacional Eleitoral para que consigam o respaldo de 1% do eleitorado venezuelano, ou 195.721 pessoas. Eles têm até 30 dias para conseguir o total, mas membros do partido dizem que a meta já foi alcançada em 10 dos 23 Estados venezuelanos. Os opositores formaram longas filas nos pontos de assinatura em Caracas e nas cidades de Maracaibo, Mérida e San Cristóbal. Enquanto esperavam sua vez, gritavam frases como "vai cair, vai cair, este governo vai cair". O ex-presidenciável Henrique Capriles comemorou. "A resposta do povo foi contundente. A coleta continua amanhã e amanhã chegaremos ao total, mas não teremos só 1%. Conseguiremos muito mais", disse no Twitter. Se o Conselho Nacional Eleitoral admitir as assinaturas desta fase, a oposição fará um novo processo para conseguir as firmas de 20% do eleitorado, ou 3.914.428 pessoas, para desatar o referendo contra Maduro. A possibilidade de consulta popular tornou-se mais forte nesta semana, após a Justiça impedir a Assembleia Nacional, dominada pela oposição, de reduzir o tempo de mandato do presidente.
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O golpe está apenas começando
O Senado Federal consumou nesta quarta (31) o golpe contra o mandato da presidenta Dilma Rousseff: 61 votos senatoriais cassaram, numa eleição indireta, 54 milhões de votos populares. Mas isso é somente o prenúncio do que está por vir. O golpe, na verdade, está apenas começando. Michel Temer, ainda como interino, já recebeu os primeiros avisos do mercado de que o prazo para apresentar "medidas consistentes" em defesa de seus interesses é o fim deste ano. A banca cobra a fatura. Afinal, quem mais poderia fazê-lo? Temer não foi eleito e, ao que tudo indica, não pretende disputar reeleição. Não precisa, pois, prestar contas a ninguém na sociedade a não ser àqueles que sustentaram a manobra que o levou do Jaburu ao Planalto. Quanto ao parlamento, a questão se resolve com a distribuição de cargos, em grande medida já efetuada. Cunha é um caso à parte e é de se esperar uma atuação decidida de Temer para abrandar sua pena e evitar a prisão. A grande fatura é mesmo devida à elite empresarial e financeira, que deu inequívoco suporte ao impeachment, e exige em troca um pacote de reformas regressivas, um verdadeiro golpe aos direitos sociais e trabalhistas. As medidas antipopulares estão organizadas em três grandes frentes. Primeiro, um golpe contra a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Eliseu Padilha já deu a senha de como será, aliás ao melhor estilo peemedebista. Para destruir a CLT não é preciso revogá-la, basta torná-la sem efeito. É o que se pretende apoiando a aprovação de alguns projetos que já tramitam no Congresso Nacional: o PLC 30, que autoriza a universalização dos contratos precários ao permitir a tercerização das atividades-fim; o PL 4193, que autoriza a prevalência do negociado sobre o legislado; e o PL 427, que institui a negociação individual entre empregado e empregador, fragilizando a negociação coletiva. Ora, a aprovação desses projetos representa o velório dos direitos trabalhistas no Brasil, porque mesmo com a CLT em vigência, ela deixa de ser obrigatória para as relações de trabalho, perdendo na prática qualquer efetividade. Neste ponto é importante ressaltar que nem a ditadura militar, ao longo de seus vinte anos sombrios, ousou destruir a CLT. Temer pretende fazê-lo em dois anos. Segundo, um golpe contra a previdência social. A reforma que querem aprovar ainda em 2016 é de uma perversidade que faz lembrar o ex-ministro das finanças japonês, Taro Aso, que chocou o mundo ao dizer que os idosos deveriam "se apressar e morrer" para poupar gastos públicos com saúde e previdência. As principais medidas são o estabelecimento de uma idade mínima de 65 anos, voltada contra os trabalhadores mais pobres e vulneráveis, já que são eles que começam a trabalhar mais cedo; a equiparação de idade entre homens e mulheres, ignorando a dupla jornada doméstica feminina, ainda regra no país; o fim do regime especial de aposentadoria rural; e a desvinculação dos reajustes do salário mínimo com a aposentadoria, arrochando ainda mais o ganho dos aposentados. É desolador, mas não para por aí. O terceiro grande golpe é contra a Constituição de 1988 e sua rede de proteção social. A PEC 241 pretende congelar o investimento público por vinte anos, atingindo especialmente os gastos com educação, saúde e programas sociais, além de atacar os servidores. Na prática, trata-se de constitucionalizar a política de austeridade, tornando-a obrigatória a qualquer governo, visando com isso ampliar superávits para o pagamento de juros da dívida pública. Em prejuízo, é claro, dos serviços públicos. O SUS e a educação pública serão as grandes vítimas da PEC. Se o financiamento atual já é insuficiente, seu congelamento durante duas décadas tende a produzir um verdadeiro colapso. Junto a isso, os programas sociais tendem a ser sistematicamente reduzidos e levados à inanição. A parceria de Temer com o atual Congresso representa uma "desconstituinte". Utilizarão a maioria de dois terços para revogar o que há de progressivo na Constituição de 88, produzindo um retrocesso que poderá afetar algumas gerações. Afinal, será preciso uma inédita maioria de dois terços ou a convocação uma nova Assembleia Constituinte para que os setores populares e de esquerda revertam estes ataques. Por tudo isso, o dia de hoje não marca a conclusão de um golpe, mas seu início. O golpe contra a soberania do voto popular anuncia o golpe mais duro da história recente contra a maioria do povo brasileiro. Esta agenda não foi eleita e jamais o seria. Só pode ser aplicada com um cerceamento da democracia, pela anulação do voto popular. Seria, contudo, acreditar em conto de fadas supor que um golpe desta dimensão passará sem resistência popular. A maioria do povo não foi às ruas até aqui —nem de um lado nem de outro— por acreditar que não era com eles. A massa viu o impeachment como uma briga entre os políticos. Quando começar a perceber o que de fato está em jogo, o cenário será outro. É difícil prever quando e como, mas da mesma forma que o golpe está apenas começando, a resistência também está.
colunas
O golpe está apenas começandoO Senado Federal consumou nesta quarta (31) o golpe contra o mandato da presidenta Dilma Rousseff: 61 votos senatoriais cassaram, numa eleição indireta, 54 milhões de votos populares. Mas isso é somente o prenúncio do que está por vir. O golpe, na verdade, está apenas começando. Michel Temer, ainda como interino, já recebeu os primeiros avisos do mercado de que o prazo para apresentar "medidas consistentes" em defesa de seus interesses é o fim deste ano. A banca cobra a fatura. Afinal, quem mais poderia fazê-lo? Temer não foi eleito e, ao que tudo indica, não pretende disputar reeleição. Não precisa, pois, prestar contas a ninguém na sociedade a não ser àqueles que sustentaram a manobra que o levou do Jaburu ao Planalto. Quanto ao parlamento, a questão se resolve com a distribuição de cargos, em grande medida já efetuada. Cunha é um caso à parte e é de se esperar uma atuação decidida de Temer para abrandar sua pena e evitar a prisão. A grande fatura é mesmo devida à elite empresarial e financeira, que deu inequívoco suporte ao impeachment, e exige em troca um pacote de reformas regressivas, um verdadeiro golpe aos direitos sociais e trabalhistas. As medidas antipopulares estão organizadas em três grandes frentes. Primeiro, um golpe contra a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Eliseu Padilha já deu a senha de como será, aliás ao melhor estilo peemedebista. Para destruir a CLT não é preciso revogá-la, basta torná-la sem efeito. É o que se pretende apoiando a aprovação de alguns projetos que já tramitam no Congresso Nacional: o PLC 30, que autoriza a universalização dos contratos precários ao permitir a tercerização das atividades-fim; o PL 4193, que autoriza a prevalência do negociado sobre o legislado; e o PL 427, que institui a negociação individual entre empregado e empregador, fragilizando a negociação coletiva. Ora, a aprovação desses projetos representa o velório dos direitos trabalhistas no Brasil, porque mesmo com a CLT em vigência, ela deixa de ser obrigatória para as relações de trabalho, perdendo na prática qualquer efetividade. Neste ponto é importante ressaltar que nem a ditadura militar, ao longo de seus vinte anos sombrios, ousou destruir a CLT. Temer pretende fazê-lo em dois anos. Segundo, um golpe contra a previdência social. A reforma que querem aprovar ainda em 2016 é de uma perversidade que faz lembrar o ex-ministro das finanças japonês, Taro Aso, que chocou o mundo ao dizer que os idosos deveriam "se apressar e morrer" para poupar gastos públicos com saúde e previdência. As principais medidas são o estabelecimento de uma idade mínima de 65 anos, voltada contra os trabalhadores mais pobres e vulneráveis, já que são eles que começam a trabalhar mais cedo; a equiparação de idade entre homens e mulheres, ignorando a dupla jornada doméstica feminina, ainda regra no país; o fim do regime especial de aposentadoria rural; e a desvinculação dos reajustes do salário mínimo com a aposentadoria, arrochando ainda mais o ganho dos aposentados. É desolador, mas não para por aí. O terceiro grande golpe é contra a Constituição de 1988 e sua rede de proteção social. A PEC 241 pretende congelar o investimento público por vinte anos, atingindo especialmente os gastos com educação, saúde e programas sociais, além de atacar os servidores. Na prática, trata-se de constitucionalizar a política de austeridade, tornando-a obrigatória a qualquer governo, visando com isso ampliar superávits para o pagamento de juros da dívida pública. Em prejuízo, é claro, dos serviços públicos. O SUS e a educação pública serão as grandes vítimas da PEC. Se o financiamento atual já é insuficiente, seu congelamento durante duas décadas tende a produzir um verdadeiro colapso. Junto a isso, os programas sociais tendem a ser sistematicamente reduzidos e levados à inanição. A parceria de Temer com o atual Congresso representa uma "desconstituinte". Utilizarão a maioria de dois terços para revogar o que há de progressivo na Constituição de 88, produzindo um retrocesso que poderá afetar algumas gerações. Afinal, será preciso uma inédita maioria de dois terços ou a convocação uma nova Assembleia Constituinte para que os setores populares e de esquerda revertam estes ataques. Por tudo isso, o dia de hoje não marca a conclusão de um golpe, mas seu início. O golpe contra a soberania do voto popular anuncia o golpe mais duro da história recente contra a maioria do povo brasileiro. Esta agenda não foi eleita e jamais o seria. Só pode ser aplicada com um cerceamento da democracia, pela anulação do voto popular. Seria, contudo, acreditar em conto de fadas supor que um golpe desta dimensão passará sem resistência popular. A maioria do povo não foi às ruas até aqui —nem de um lado nem de outro— por acreditar que não era com eles. A massa viu o impeachment como uma briga entre os políticos. Quando começar a perceber o que de fato está em jogo, o cenário será outro. É difícil prever quando e como, mas da mesma forma que o golpe está apenas começando, a resistência também está.
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Questionado
Transcorreu de modo previsível a longa sabatina a que Alexandre de Moraes foi submetido na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, nesta terça-feira (21). No dia seguinte reiterou-se, pelo plenário da Casa, a aprovação por folgada maioria de seu nome para o Supremo Tribunal Federal. Como já se observou neste espaço, não se trata de figura capaz de transmitir a imediata impressão de imparcialidade que se desejaria de um magistrado a quem caberá, com seus colegas no STF, decidir a sorte de tantos políticos envolvidos na Operação Lava Jato. Por certo, o futuro magistrado garantiu, com a dicção assertiva e o semblante determinado que o caracterizam, que se comportará de modo absolutamente isento nos polêmicos julgamentos à sua espera —a despeito de ter sido filiado ao PSDB e ministro da Justiça do governo Michel Temer (PMDB). Outro nome, menos vinculado à política partidária, não precisaria por certo externar-se com tanta ênfase nesse ponto. Foi provavelmente pensando nesse tipo de dificuldades que o próprio Moraes, aliás, recomendava num texto teórico que a Constituição impedisse a nomeação para o Supremo de quem ostentasse currículo político semelhante ao seu. Resta o raciocínio de que, depois de confirmado no posto, nenhum membro do Supremo está sujeito à demissão, não se vendo obrigado a prestar quaisquer satisfações às forças políticas que o indicaram. Pouco mais do que uma solene promessa de imparcialidade, com efeito, a CCJ ou a opinião pública poderiam obter neste momento. Ao longo de mais de 11 horas, questionamentos diversos se fizeram na sabatina. Se nem todos eram pertinentes, nada escapou, por outro lado, do amplo leque de temas incômodos que, desde a indicação de Moraes, estava aberto aos olhos da sociedade. Da cópia de trechos de uma obra jurídica espanhola —episódio revelado por esta Folha— aos contratos advocatícios de sua mulher, muito se perguntou e nada se esclareceu satisfatoriamente. O resultado, largamente favorável ao ex-ministro, estava de todo modo garantido com antecedência, numa comissão comandada pelo imperturbável e histórico governismo do senador Edison Lobão (PMDB-MA). Apesar de previsível, não se diga mais que o trabalho de tais sabatinas se resume a uma formalidade. Tornam-se cada vez mais longas e minuciosas as sessões destinadas a avaliar os indicados para o Supremo Tribunal Federal. O interesse geral pela atuação da corte faz com que, hoje em dia, seus membros sejam mais conhecidos do que, por exemplo, vários ministros do Executivo. No futuro haverá, quem sabe, situações políticas em que uma hoje impensável reprovação em sabatina se concretize. Não é um risco que corram Temer e sua sólida base parlamentar. editoriais@grupofolha.com.br
opiniao
QuestionadoTranscorreu de modo previsível a longa sabatina a que Alexandre de Moraes foi submetido na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, nesta terça-feira (21). No dia seguinte reiterou-se, pelo plenário da Casa, a aprovação por folgada maioria de seu nome para o Supremo Tribunal Federal. Como já se observou neste espaço, não se trata de figura capaz de transmitir a imediata impressão de imparcialidade que se desejaria de um magistrado a quem caberá, com seus colegas no STF, decidir a sorte de tantos políticos envolvidos na Operação Lava Jato. Por certo, o futuro magistrado garantiu, com a dicção assertiva e o semblante determinado que o caracterizam, que se comportará de modo absolutamente isento nos polêmicos julgamentos à sua espera —a despeito de ter sido filiado ao PSDB e ministro da Justiça do governo Michel Temer (PMDB). Outro nome, menos vinculado à política partidária, não precisaria por certo externar-se com tanta ênfase nesse ponto. Foi provavelmente pensando nesse tipo de dificuldades que o próprio Moraes, aliás, recomendava num texto teórico que a Constituição impedisse a nomeação para o Supremo de quem ostentasse currículo político semelhante ao seu. Resta o raciocínio de que, depois de confirmado no posto, nenhum membro do Supremo está sujeito à demissão, não se vendo obrigado a prestar quaisquer satisfações às forças políticas que o indicaram. Pouco mais do que uma solene promessa de imparcialidade, com efeito, a CCJ ou a opinião pública poderiam obter neste momento. Ao longo de mais de 11 horas, questionamentos diversos se fizeram na sabatina. Se nem todos eram pertinentes, nada escapou, por outro lado, do amplo leque de temas incômodos que, desde a indicação de Moraes, estava aberto aos olhos da sociedade. Da cópia de trechos de uma obra jurídica espanhola —episódio revelado por esta Folha— aos contratos advocatícios de sua mulher, muito se perguntou e nada se esclareceu satisfatoriamente. O resultado, largamente favorável ao ex-ministro, estava de todo modo garantido com antecedência, numa comissão comandada pelo imperturbável e histórico governismo do senador Edison Lobão (PMDB-MA). Apesar de previsível, não se diga mais que o trabalho de tais sabatinas se resume a uma formalidade. Tornam-se cada vez mais longas e minuciosas as sessões destinadas a avaliar os indicados para o Supremo Tribunal Federal. O interesse geral pela atuação da corte faz com que, hoje em dia, seus membros sejam mais conhecidos do que, por exemplo, vários ministros do Executivo. No futuro haverá, quem sabe, situações políticas em que uma hoje impensável reprovação em sabatina se concretize. Não é um risco que corram Temer e sua sólida base parlamentar. editoriais@grupofolha.com.br
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Filtro do Facebook para publicidades permite viés racista em anúncios
Imagine que um publicitário pudesse destinar anúncios somente a pessoas brancas. Ou que um empregador tivesse a opção de divulgar uma vaga só para homens. Ferramentas de publicidade oferecidas pelo Facebook tornam esses cenários possíveis. Anúncios no site podem ter filtros por público-alvo, direcionando o conteúdo baseado em idade e status de relacionamento, entre outros, a fim de atingir quem possa ter mais interesse no produto. O problema é que a ferramenta também pode ser usada para excluir certos grupos, como os étnicos. A questão levantada pelo site americano Propublica é como essa ferramenta seria diferente de uma pura e simples discriminação racial. Alguém racista, por exemplo, pode impedir que seu anúncio de imóvel seja visto por grupos com afinidades étnicas negras ou hispânicas. Segundo o Facebook, as ferramentas de exclusão são importantes para que o mercado publicitário possa elaborar dados estatísticos precisos, como medir a efetividade do anúncio em diferentes grupos demográficos. Também afirma que não identifica o usuário como pertencente a um grupo segundo sua etnia, mas baseando-se em seu comportamento na rede social -língua utilizada, publicações e curtidas. Quem curte animes, por exemplo, pode ser identificado como grupo de afinidade étnica japonesa, independentemente de cor ou origem. Christian Martinez, diretor de multiculturalismo da empresa, reconhece que as ferramentas de exclusão podem ser utilizadas para anúncios discriminatórios. "Nossa política proíbe esse tipo de publicidade, que é ilegal. Se identificarmos que uma propaganda em nossa plataforma envolve algum tipo de discriminação, tomamos medidas imediatas", disse o executivo, em nota. O principal problema é a identificação das mesmas. Para que uma publicação seja retirada do ar, ela precisa ser denunciada. Quando isso ocorre, o conteúdo é enviado a uma equipe que avalia se a peça segue as conformidades da política da rede social. Não há um prazo para que essa avaliação seja feita. A rede, que possui 1,7 bilhão de usuários ao redor do mundo, não divulgou à Folha o números de anúncios veiculados em sua plataforma. Em nota, o Facebook disse que está comprometido em oferecer experiências de qualidade com anúncios, "o que inclui ajudar as pessoas a ver as mensagens que são relevantes para os grupos culturais no qual estão interessadas e que tragam conteúdos que reflitam ou representem suas comunidades".
mercado
Filtro do Facebook para publicidades permite viés racista em anúnciosImagine que um publicitário pudesse destinar anúncios somente a pessoas brancas. Ou que um empregador tivesse a opção de divulgar uma vaga só para homens. Ferramentas de publicidade oferecidas pelo Facebook tornam esses cenários possíveis. Anúncios no site podem ter filtros por público-alvo, direcionando o conteúdo baseado em idade e status de relacionamento, entre outros, a fim de atingir quem possa ter mais interesse no produto. O problema é que a ferramenta também pode ser usada para excluir certos grupos, como os étnicos. A questão levantada pelo site americano Propublica é como essa ferramenta seria diferente de uma pura e simples discriminação racial. Alguém racista, por exemplo, pode impedir que seu anúncio de imóvel seja visto por grupos com afinidades étnicas negras ou hispânicas. Segundo o Facebook, as ferramentas de exclusão são importantes para que o mercado publicitário possa elaborar dados estatísticos precisos, como medir a efetividade do anúncio em diferentes grupos demográficos. Também afirma que não identifica o usuário como pertencente a um grupo segundo sua etnia, mas baseando-se em seu comportamento na rede social -língua utilizada, publicações e curtidas. Quem curte animes, por exemplo, pode ser identificado como grupo de afinidade étnica japonesa, independentemente de cor ou origem. Christian Martinez, diretor de multiculturalismo da empresa, reconhece que as ferramentas de exclusão podem ser utilizadas para anúncios discriminatórios. "Nossa política proíbe esse tipo de publicidade, que é ilegal. Se identificarmos que uma propaganda em nossa plataforma envolve algum tipo de discriminação, tomamos medidas imediatas", disse o executivo, em nota. O principal problema é a identificação das mesmas. Para que uma publicação seja retirada do ar, ela precisa ser denunciada. Quando isso ocorre, o conteúdo é enviado a uma equipe que avalia se a peça segue as conformidades da política da rede social. Não há um prazo para que essa avaliação seja feita. A rede, que possui 1,7 bilhão de usuários ao redor do mundo, não divulgou à Folha o números de anúncios veiculados em sua plataforma. Em nota, o Facebook disse que está comprometido em oferecer experiências de qualidade com anúncios, "o que inclui ajudar as pessoas a ver as mensagens que são relevantes para os grupos culturais no qual estão interessadas e que tragam conteúdos que reflitam ou representem suas comunidades".
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Na Patagônia chilena, turista precisa torcer por tempo nublado
Dizem que, "na Patagônia, quem se apressa perde tempo". Pois seja qual for o caminho, ele será longo. E as paradas, com máquina fotográfica em punho, fazem parte da viagem ao lado chileno da região. No caso da lagoa San Rafael, troca-se a estrada por água. Em catamarã, deixa-se Puerto Chacabuco às 8h, passando por canais que um dia foram gelo, em direção à lagoa. Serão mais de 200 quilômetros por água (distância tão grande que o clima pode estar diferente no destino). Nas geleiras, torcemos para que o tempo esteja nublado –assim, a luz do sol não é refletida nos blocos de gelo, o que facilita as fotos dos turistas– e sem vento, que impede a saída em pequenos botes para avisar de perto os blocos azulados. Roupas quentes e impermeáveis são essenciais. No catamarã, turistas tomam café da manhã olhando as janelas embaçadas pelo vapor. Dentro da cabine toca um rock pesado e o capitão, que mexe os pés no ritmo da música, controla o caminho o tempo todo (o rio sujo impossibilita o uso do piloto automático). Seis horas depois, chega-se a 1.500 metros da geleira. Câmeras se acumulam na proa da embarcação para registrar a paisagem. Uma foca-leopardo descansa em um blocão de gelo. Famílias começam a se dividir em pequenos botes para ver de perto a geleira –mas não tão perto, já que o tempo todo ela se quebra, os pedaços caem na água e ondas mais fortes se formam. No retorno, os guias coletam pedaços cristalinos de gelo, de fazer inveja a qualquer bartender, para compor os drinques. Poucas horas depois, karaokê e uma pista de dança latina voltam a embaçar os vidros do catamarã. Às 20h, os turistas desembarcam no porto. VENTISQUERO A carretera Austral leva ao parque nacional Queulat. Pelas janelas, o que se vê são árvores de pontas avermelhadas, pontes de rios cheios de pedras, casas de madeira, pastos cheios de ovelhas. Em uma das paradas, um piquenique pode ser armado em frente ao lago Las Torres; em outra, visitantes registram o vale do Cisne. No parque, do mirante se vê o ventisquero (geleira entre montanhas), de onde saem duas quedas-d'água alimentadas pelo derretimento da neve. Um passeio de barco pela esverdeada lagoa pode levar a 600 metros do glaciar (o ângulo, no entanto, pode dificultar a visão). Mais ao sul, é comum encontrar barreiras de álamos, árvores compridas e finas introduzidas pela população para barrar o vento –o barulho de suas folhas balançando é bem característico de lá. Nesse pedaço do mapa, a visita à catedral, à capela e à caverna de mármore vale os quilômetros rodados. O lago General Carrera, o segundo maior da América Latina (depois do Titicaca), exige as roupas mais quentes da bagagem –não se deixe enganar pelo solzinho que brilha fora da água. Em botes para dez pessoas, navega-se por 45 minutos. De perto e até por dentro das formações minerais, em meio ao turquesa do lago, é possível ver detalhes das paredes de cálcio esculpidas pela água ao longo de 30 mil anos. As rochas rajadas acabam suspensas pela estrutura desgastada, formando espaços que lembram capelas góticas. No norte da Patagônia, a água está no entorno de tudo. Ao acompanhar o curso do rio Baker, chega-se à pequenina Caleta Tortel. Seus 507 habitantes sofrem com a falta de luz e de alimentos. A "cidade" atrai alguns aventureiros. Eles se espalham pela passarelas de madeira construídas nas encostas de um morro e ao longo da margem do rio para conectar as poucas casas que lá existem. Na praça, as crianças brincam correndo de um lado para o outro. Um deles usa uma bandana do "Brazil", diz que ganhou do jogador Neymar. "Ele costuma vir aqui?" "Não, ninguém vem aqui." A jornalista viajou a convite do hotel Loberías del Sur
turismo
Na Patagônia chilena, turista precisa torcer por tempo nubladoDizem que, "na Patagônia, quem se apressa perde tempo". Pois seja qual for o caminho, ele será longo. E as paradas, com máquina fotográfica em punho, fazem parte da viagem ao lado chileno da região. No caso da lagoa San Rafael, troca-se a estrada por água. Em catamarã, deixa-se Puerto Chacabuco às 8h, passando por canais que um dia foram gelo, em direção à lagoa. Serão mais de 200 quilômetros por água (distância tão grande que o clima pode estar diferente no destino). Nas geleiras, torcemos para que o tempo esteja nublado –assim, a luz do sol não é refletida nos blocos de gelo, o que facilita as fotos dos turistas– e sem vento, que impede a saída em pequenos botes para avisar de perto os blocos azulados. Roupas quentes e impermeáveis são essenciais. No catamarã, turistas tomam café da manhã olhando as janelas embaçadas pelo vapor. Dentro da cabine toca um rock pesado e o capitão, que mexe os pés no ritmo da música, controla o caminho o tempo todo (o rio sujo impossibilita o uso do piloto automático). Seis horas depois, chega-se a 1.500 metros da geleira. Câmeras se acumulam na proa da embarcação para registrar a paisagem. Uma foca-leopardo descansa em um blocão de gelo. Famílias começam a se dividir em pequenos botes para ver de perto a geleira –mas não tão perto, já que o tempo todo ela se quebra, os pedaços caem na água e ondas mais fortes se formam. No retorno, os guias coletam pedaços cristalinos de gelo, de fazer inveja a qualquer bartender, para compor os drinques. Poucas horas depois, karaokê e uma pista de dança latina voltam a embaçar os vidros do catamarã. Às 20h, os turistas desembarcam no porto. VENTISQUERO A carretera Austral leva ao parque nacional Queulat. Pelas janelas, o que se vê são árvores de pontas avermelhadas, pontes de rios cheios de pedras, casas de madeira, pastos cheios de ovelhas. Em uma das paradas, um piquenique pode ser armado em frente ao lago Las Torres; em outra, visitantes registram o vale do Cisne. No parque, do mirante se vê o ventisquero (geleira entre montanhas), de onde saem duas quedas-d'água alimentadas pelo derretimento da neve. Um passeio de barco pela esverdeada lagoa pode levar a 600 metros do glaciar (o ângulo, no entanto, pode dificultar a visão). Mais ao sul, é comum encontrar barreiras de álamos, árvores compridas e finas introduzidas pela população para barrar o vento –o barulho de suas folhas balançando é bem característico de lá. Nesse pedaço do mapa, a visita à catedral, à capela e à caverna de mármore vale os quilômetros rodados. O lago General Carrera, o segundo maior da América Latina (depois do Titicaca), exige as roupas mais quentes da bagagem –não se deixe enganar pelo solzinho que brilha fora da água. Em botes para dez pessoas, navega-se por 45 minutos. De perto e até por dentro das formações minerais, em meio ao turquesa do lago, é possível ver detalhes das paredes de cálcio esculpidas pela água ao longo de 30 mil anos. As rochas rajadas acabam suspensas pela estrutura desgastada, formando espaços que lembram capelas góticas. No norte da Patagônia, a água está no entorno de tudo. Ao acompanhar o curso do rio Baker, chega-se à pequenina Caleta Tortel. Seus 507 habitantes sofrem com a falta de luz e de alimentos. A "cidade" atrai alguns aventureiros. Eles se espalham pela passarelas de madeira construídas nas encostas de um morro e ao longo da margem do rio para conectar as poucas casas que lá existem. Na praça, as crianças brincam correndo de um lado para o outro. Um deles usa uma bandana do "Brazil", diz que ganhou do jogador Neymar. "Ele costuma vir aqui?" "Não, ninguém vem aqui." A jornalista viajou a convite do hotel Loberías del Sur
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Mega-Sena acumula em R$ 26,7 milhões para próximo sorteio
Ninguém acertou as seis dezenas do concurso 1.940 da Mega-Sena neste sábado (17), em Conceição do Mato Dentro (MG). As dezenas sorteadas foram 09 - 13 - 16 - 17 - 36 - 47. O prêmio para o próximo concurso está acumulado em R$ 26,7 milhões. Já 95 apostadores acertaram as cinco números da quina e levam para casa o prêmio de R$ 22.002,44 cada um. Outras 6.468 apostas acertaram quatro números da quadra e cada uma delas ganhou R$ 461,66. Acompanhe o resultado das loterias.
cotidiano
Mega-Sena acumula em R$ 26,7 milhões para próximo sorteioNinguém acertou as seis dezenas do concurso 1.940 da Mega-Sena neste sábado (17), em Conceição do Mato Dentro (MG). As dezenas sorteadas foram 09 - 13 - 16 - 17 - 36 - 47. O prêmio para o próximo concurso está acumulado em R$ 26,7 milhões. Já 95 apostadores acertaram as cinco números da quina e levam para casa o prêmio de R$ 22.002,44 cada um. Outras 6.468 apostas acertaram quatro números da quadra e cada uma delas ganhou R$ 461,66. Acompanhe o resultado das loterias.
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Lista de lições
A queda expressiva da USP na classificação anual de universidades com melhor reputação no mundo, passando da faixa 51-60 para a 91-100 é uma notícia bastante ruim. O resultado, porém, traz lições que o país não deveria ignorar se quiser se colocar melhor na arena mundial da educação e da produção de conhecimento. Em que pese seu retrocesso, deve-se observar que não é desprezível que a USP se mantenha desde 2012 entre as cem mais reputadas nessa lista do grupo THE (Times Higher Education). Com a exclusão da Universidade Autônoma do México neste ano, a brasileira figura como a única entidade latino-americana na relação. Cumpre lembrar, ademais, que esse ranking mede sobretudo a percepção de acadêmicos a respeito da reputação de universidades. Pouco mais de 10 mil pesquisadores de prestígio, oriundos de 133 países, apontaram as 15 instituições por eles consideradas as melhores em ensino e pesquisa. Não faz feio uma instituição que, como a USP, se encontra no mesmo patamar de centros tradicionalíssimos como as francesas École Polytechnique e a Universidade Paris 1 Panthéon-Sorbonne. Há muito a avançar, porém. Na Europa e na Ásia, o movimento de internacionalização acelerou-se nos últimos anos. Investe-se, por exemplo, nas disciplinas ministradas em inglês, na atração de professores estrangeiros –por meio de melhores salários e condições de trabalho– e na inserção em redes mundiais de pesquisa. No ranking THE, as duas principais universidades da China já alcançaram a 18ª e a 21ª posição. Outros três centros do país passaram a integrar a lista neste ano. No total, a Ásia passou de 10 para 17 instituições na classificação. Enquanto isso, USP e outras universidades brasileiras se mantêm presas a um modelo engessado, que não reconhece o mérito nem cobra aquele que, acomodado com a estabilidade do emprego público, é pouco produtivo, como apontou a neurocientista e colunista da Folha Suzana Herculano-Houzel, em entrevista a este jornal. Essa é, aliás, a principal razão citada pela pesquisadora para sua decisão, anunciada nesta semana, de se mudar da UFRJ para uma universidade norte-americana. Acrescentem-se ainda amarras burocráticas para a compra de equipamentos e insumos para pesquisas, bem como a quase ausência de disciplinas em inglês. Sem modificar esses parâmetros, não será surpresa se a USP continuar a regredir neste e em outros rankings nos próximos anos. editoriais@uol.com.br
opiniao
Lista de liçõesA queda expressiva da USP na classificação anual de universidades com melhor reputação no mundo, passando da faixa 51-60 para a 91-100 é uma notícia bastante ruim. O resultado, porém, traz lições que o país não deveria ignorar se quiser se colocar melhor na arena mundial da educação e da produção de conhecimento. Em que pese seu retrocesso, deve-se observar que não é desprezível que a USP se mantenha desde 2012 entre as cem mais reputadas nessa lista do grupo THE (Times Higher Education). Com a exclusão da Universidade Autônoma do México neste ano, a brasileira figura como a única entidade latino-americana na relação. Cumpre lembrar, ademais, que esse ranking mede sobretudo a percepção de acadêmicos a respeito da reputação de universidades. Pouco mais de 10 mil pesquisadores de prestígio, oriundos de 133 países, apontaram as 15 instituições por eles consideradas as melhores em ensino e pesquisa. Não faz feio uma instituição que, como a USP, se encontra no mesmo patamar de centros tradicionalíssimos como as francesas École Polytechnique e a Universidade Paris 1 Panthéon-Sorbonne. Há muito a avançar, porém. Na Europa e na Ásia, o movimento de internacionalização acelerou-se nos últimos anos. Investe-se, por exemplo, nas disciplinas ministradas em inglês, na atração de professores estrangeiros –por meio de melhores salários e condições de trabalho– e na inserção em redes mundiais de pesquisa. No ranking THE, as duas principais universidades da China já alcançaram a 18ª e a 21ª posição. Outros três centros do país passaram a integrar a lista neste ano. No total, a Ásia passou de 10 para 17 instituições na classificação. Enquanto isso, USP e outras universidades brasileiras se mantêm presas a um modelo engessado, que não reconhece o mérito nem cobra aquele que, acomodado com a estabilidade do emprego público, é pouco produtivo, como apontou a neurocientista e colunista da Folha Suzana Herculano-Houzel, em entrevista a este jornal. Essa é, aliás, a principal razão citada pela pesquisadora para sua decisão, anunciada nesta semana, de se mudar da UFRJ para uma universidade norte-americana. Acrescentem-se ainda amarras burocráticas para a compra de equipamentos e insumos para pesquisas, bem como a quase ausência de disciplinas em inglês. Sem modificar esses parâmetros, não será surpresa se a USP continuar a regredir neste e em outros rankings nos próximos anos. editoriais@uol.com.br
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Lula condenado
Dadas as dimensões do personagem, nunca se limitarão aos aspectos meramente jurídicos a análise e a repercussão da sentença que condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a nove anos e seis meses de prisão. Em nada surpreendente, a decisão do juiz federal Sergio Moro se reveste de inevitável simbolismo —ainda que as questões referentes à posse de um apartamento tríplex no litoral paulista pareçam minudências diante do oceano de evidências de corrupção bilionária na administração petista. A esta altura, só grupelhos fanáticos ou militantes profissionais negarão a sangria descomunal de recursos da Petrobras —que não se daria em tal escala sem a conivência do primeiro escalão do Executivo— e a sem-cerimônia com que Lula manteve relações com as empreiteiras do esquema. Do escândalo à vista de todos até a caracterização jurídica de um crime e dos criminosos há, decerto, um percurso sujeito à controvérsia. No caso em tela, Moro julgou que o cacique petista recebeu propina da construtora OAS na forma do imóvel em Guarujá e das "custosas reformas" nele realizadas. Nesse sentido, o juiz lista o que entende serem provas documentais de que o apartamento destinava-se a Lula, embora tenha permanecido em nome da empresa. Mas não só: para que tenha havido corrupção passiva, deve-se demonstrar que o presente foi contrapartida a benefícios oferecidos à OAS no governo do ex-presidente. "Não há no álibi do acusado", diz a sentença, "o apontamento de uma causa lícita para a concessão a ele de tais benefícios materiais". Logo, conclui-se, a "explicação única" para a transação seria acerto relativo a contratos da construtora com a Petrobras. Descortina-se agora um período de incerteza até que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre, confirme ou reveja a decisão de Moro. Na primeira hipótese, Lula, primeiro colocado em intenções de voto no pleito presidencial de 2018, deverá ser preso e, mais certamente, tornado inelegível —isso, claro, se o julgamento na segunda instância ocorrer em tempo hábil. Réu em outras quatro ações penais, líder também entre os rejeitados pelos eleitores, o petista se dedica à pregação farsesca de que seria vítima de perseguição política. Por disparatada que seja tal retórica, seu partido ainda dispõe de força para reverberá-la com o objetivo de pressionar os tribunais. O TRF-4 conquistou reputação de rigor e independência; na Lava Jato, tanto já elevou quanto anulou penas impostas por Moro. Com o conhecimento acumulado nos processos relativos à corrupção na Petrobras, é razoável que possa conferir maior celeridade à análise do caso de Lula. E, sobretudo, desejável: quanto antes a Justiça acertar as contas com o ex-presidente, melhor para todos. editoriais@grupofolha.com.br
opiniao
Lula condenadoDadas as dimensões do personagem, nunca se limitarão aos aspectos meramente jurídicos a análise e a repercussão da sentença que condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a nove anos e seis meses de prisão. Em nada surpreendente, a decisão do juiz federal Sergio Moro se reveste de inevitável simbolismo —ainda que as questões referentes à posse de um apartamento tríplex no litoral paulista pareçam minudências diante do oceano de evidências de corrupção bilionária na administração petista. A esta altura, só grupelhos fanáticos ou militantes profissionais negarão a sangria descomunal de recursos da Petrobras —que não se daria em tal escala sem a conivência do primeiro escalão do Executivo— e a sem-cerimônia com que Lula manteve relações com as empreiteiras do esquema. Do escândalo à vista de todos até a caracterização jurídica de um crime e dos criminosos há, decerto, um percurso sujeito à controvérsia. No caso em tela, Moro julgou que o cacique petista recebeu propina da construtora OAS na forma do imóvel em Guarujá e das "custosas reformas" nele realizadas. Nesse sentido, o juiz lista o que entende serem provas documentais de que o apartamento destinava-se a Lula, embora tenha permanecido em nome da empresa. Mas não só: para que tenha havido corrupção passiva, deve-se demonstrar que o presente foi contrapartida a benefícios oferecidos à OAS no governo do ex-presidente. "Não há no álibi do acusado", diz a sentença, "o apontamento de uma causa lícita para a concessão a ele de tais benefícios materiais". Logo, conclui-se, a "explicação única" para a transação seria acerto relativo a contratos da construtora com a Petrobras. Descortina-se agora um período de incerteza até que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre, confirme ou reveja a decisão de Moro. Na primeira hipótese, Lula, primeiro colocado em intenções de voto no pleito presidencial de 2018, deverá ser preso e, mais certamente, tornado inelegível —isso, claro, se o julgamento na segunda instância ocorrer em tempo hábil. Réu em outras quatro ações penais, líder também entre os rejeitados pelos eleitores, o petista se dedica à pregação farsesca de que seria vítima de perseguição política. Por disparatada que seja tal retórica, seu partido ainda dispõe de força para reverberá-la com o objetivo de pressionar os tribunais. O TRF-4 conquistou reputação de rigor e independência; na Lava Jato, tanto já elevou quanto anulou penas impostas por Moro. Com o conhecimento acumulado nos processos relativos à corrupção na Petrobras, é razoável que possa conferir maior celeridade à análise do caso de Lula. E, sobretudo, desejável: quanto antes a Justiça acertar as contas com o ex-presidente, melhor para todos. editoriais@grupofolha.com.br
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Frederico Vasconcelos: Primeira desembargadora do TJ de São Paulo decide antecipar aposentadoria
A Desembargadora Zélia Maria Antunes Alves, da 13ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, decidiu antecipar sua aposentadoria, despedindo-se dos colegas da Câmara na última quarta-feira (4). Primeira mulher a se tornar juíza estadual em ... Leia post completo no blog
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Frederico Vasconcelos: Primeira desembargadora do TJ de São Paulo decide antecipar aposentadoriaA Desembargadora Zélia Maria Antunes Alves, da 13ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, decidiu antecipar sua aposentadoria, despedindo-se dos colegas da Câmara na última quarta-feira (4). Primeira mulher a se tornar juíza estadual em ... Leia post completo no blog
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PEC do Teto é radical e compromete investimentos, diz especialista da ONU
Às vésperas da última votação no Senado do Projeto de Emenda Constitucional, PEC 55, que irá limitar os gastos com gastos públicos pelos próximos 20 anos, organizações internacionais se pronunciaram contra a mudança na base da legislação brasileira e afirmam que ela resultará em atraso no desenvolvimento econômico do país, aumentando a desigualdade social. O projeto, cuja última votação no Senado ocorre hoje, prevê que os gastos com políticas sociais, em especial educação e saúde, sejam apenas corrigidos pela inflação do ano anterior dentro das próximas duas décadas, não recebendo aumento conforme previsto no texto de 1988. Em entrevista à BBC Brasil, um especialista da Unctad, agencia das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento, disse que a emenda é "radical" e seria uma "camisa de força", que comprometeria a flexibilidade necessária para responder às mudanças que mercados enfrentam. O economista e pesquisador da organização, Ricardo Gottschalk, reconhece que é necessário se aplicar um controle às contas públicas, mas questiona se a desigualdade social gerada pela medida fará sentido. "O objetivo da PEC 55 é sinalizar aos mercados que o Brasil está levando a sério a austeridade fiscal e que a dívida nacional não vai ficar fora de controle nos próximos anos. Entretanto, aprovar uma medida que congela os gastos públicos em termos reais pelos próximos 20 anos é bastante radical", afirmou Gottschalk. "Isso vai retirar a flexibilidade das políticas econômicas. Os gastos fiscais estarão amarrados por uma camisa de força, o que a Unctad não acredita que seja o melhor para qualquer país, seja ele desenvolvido ou em desenvolvimento. A política fiscal precisa ser flexível e ser aplicada de forma anticíclica, especialmente em tempos de recessão", explica o especialista. LONGO PRAZO Gottschalk argumenta que o problema está no longo prazo, pois a PEC 55 "afetará uma geração inteira de brasileiros, com consequências cada vez mais negativas à medida em que os anos passam". "A longo prazo, as implicações serão de que os gastos públicos em proporção do PIB, Produto Interno Bruto, irão decair cada vez mais a cada ano em termos reais. Isso, naturalmente, vai afetar a capacidade de se investir em infraestruturas econômicas e atender demandas sociais, como investimentos em programas de bem-estar social, saúde e educação." O engessamento do Brasil nesse rumo, sem a possibilidade de reavaliação de rota, é uma escolha com impactos estratégicos que preocupa Gottschalk, pois afetará toda a dinâmica da estrutura de investimento do governo e a capacidade da sociedade se desenvolver. "Haverá implicações enormes para a composição do gasto público total", prevê. Segundo o economista, a alocação dos recursos públicos se dará pela manipulação da influência do lobby, de modo que setores frágeis, como o das políticas sociais, sairão perdendo. O governo contra-argumenta com a previsão de que somente com a implementação da PEC 55 será possível obter um saldo positivo entre arrecadação e gastos da ordem de 2,5% do PIB em 2026. DESAFIO Essencialmente, o desafio do governo é colocar as contas em equilíbrio, cortando gastos e aumentando arrecadação, para sanear a dívida pública. O Ministério da Fazenda estima que em 2016 o deficit fiscal será de 2,7% do Produto Interno Bruto. Em declaração dada à BBC Brasil, o Ministério da Fazenda defendeu a PEC 55 como "necessária para a recuperação econômica", pois "o Brasil enfrenta a pior crise desde o começo do século 20, em que em dois anos o PIB per capita despencou 10%". O Ministério ainda afirmou que a preocupação urgente com o corte de gastos é garantir estabilidade, para que se possa reduzir no futuro o pagamento de juros, o que consome cerca de 8% de toda a riqueza produzida pelo país a cada ano. "Uma vez que o controle sobre gastos públicos reduzir o desequilíbrio fiscal, os juros irão cair. Como resultado, haverá mais dinheiro disponível para gastos em políticas sociais". Gottschalk, concorda que há a necessidade de um ajuste fiscal, mas questiona se a PEC 55 foi bem calibrada, adotando elementos que correspondam aos interesses da maioria da sociedade e não pesando apenas sobre os mais pobres. "As consequências para os segmentos mais vulneráveis da população podem ser bastante fortes e nocivos (...) a sociedade brasileira não teve a chance de debater a PEC 55 ou propor alternativas. Isso é lamentável, porque é perfeitamente possível se desenhar um caminho central para o equilíbrio dos gastos públicos (e dívida pública), que esteja ao mesmo tempo de acordo com as necessidades sociais e econômicas do Brasil e que seja sustentável ao longo do tempo". DECLARAÇÕES X ESTUDOS DO FMI Procurado pela reportagem, o Ministério da Fazenda ressaltou que "a política de austeridade fiscal está sendo implementada com a preservação das políticas de proteção social." E ressaltou que "a PEC recebeu apoio expresso do FMI em nota divulgada pela diretora-geral Christine Lagarde em outubro, na qual foi destacada a importância da proposta para a volta do crescimento inclusivo e sustentável". Lagarde realmente elogiou a medida e se disse "encorajada pelo foco e direção das reformas". No último relatório sobre o Brasil, publicado em novembro, o fundo afirma que a PEC é necessária e põe educação e saúde na mira dos cortes. Tomaz Silva/Agência Brasil Educação também está na mira dos cortes "A aprovação e rápida implementação de limites nos gastos poderia ajudar a melhorar a trajetória de longo-prazo do gasto público e permitir a estabilização e eventual redução da dívida pública em porcentagem do Produto Interno Bruto", diz o documento, acrescentando ser necessário "acabar com o pré-destinação de verbas" para setores de saúde e educação. Outros estudos econômicos do próprio Fundo Monetário Internacional, entretanto, mostram que pacotes de ajustes fiscais podem ter resultados adversos, dependendo das estratégias escolhidas na gestão pública. "Pacotes de cortes nos gastos públicos tendem a piorar mais significativamente a desigualdade social, do que pacotes de aumentos de impostos", afirma levantamento publicado em 2013 e assinado pelos especialistas Jaejoon Woo, Elva Bova, Tidiane Kinda e Y. Sophia Zhang. A BBC Brasil contatou diretamente o FMI e os autores do estudo - para compreender se haveria alguma contradição entre esses posicionamentos- mas até a publicação dessa reportagem não houve resposta. O documento de 2013 revisou políticas de ajuste fiscal executadas durante os últimos 30 anos por países desenvolvidos e em desenvolvimento. A conclusão foi de que o primeiro reflexo de cortes nos gastos públicos é um aumento do desemprego e consequente aumento da desigualdade social, indicador medido pelo índice Gini. Um coeficiente Gini 0 representa a plena igualdade, enquanto que 1 é o máximo de desigualdade. Na média, um corte nos gastos da ordem de 1% do PIB gera aumento de 0.19 pontos percentuais no nível de desemprego durante o primeiro ano, enquanto que o aumento da desigualdade no índice Gini oscila de 0.4 a 0.7 porcento nos dois primeiros anos, afirma o estudo. Em termos amplos, é o desemprego gerado pelo corte nos gastos o grande vilão. "De forma aproximada, cerca de 15% a 20% do aumento de desigualdade social por conta de pacotes fiscais ocorrem por causa do aumento de desemprego". O levantamento afirma ainda que "um alto nível educacional reduz a diferença social", posição que parece contraditória em relação à recomendação recente do FMI para acabar com pré-destinação de verbas a esse setor. Em entrevista exclusiva à BBC Brasil, o relator da ONU pra Direitos Humanos e Extrema Pobreza, Philip Alston lamentou o impacto da PEC 55. "Atualmente, o Brasil já não está investindo dinheiro suficiente em educação e, se ficar preso em um ciclo de diminuição de investimento, isso significará um revés não apenas para as crianças brasileiras, mas também para a competitividade global do país", disse. Segundo dados compilados pela ONU, o Plano Nacional de Educação estima que são necessários investimentos anuais de R$37 bilhões para garantir a qualidade do ensino. A PEC 55, entretanto, irá reduzir os gastos em R$47 bilhões nos próximos oito anos. Isso dificultará ainda mais o futuro de 3,8 milhões de crianças carentes que atualmente já não vão à escola. CORTES DE GASTOS OU AUMENTO DE IMPOSTOS O mesmo estudo do FMI de 2013 destaca com relevância que o ajuste fiscal de um país não é feito somente de cortes, mas principalmente com aumento de arrecadação sobre os indivíduos com mais renda. No caso das economias mais avançadas, elas aplicaram no passado medidas de redistribuição, que diminuíram a desigualdade social. "Em economias avançadas, políticas fiscais redistributivas desempenharam um papel significante na redução da desigualdade de renda, por meio de um sistema progressivo de impostos e transferências sociais", afirma o documento do FMI. Um estudo do Pnud, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, divulgado em março, revelou que o Brasil cobra quase tantos impostos quantos os países ricos, mas não o faz da mesma maneira. Ao invés de mirar nos indivíduos com maior poder aquisitivo, o Brasil onera a classe média. Os "super-ricos" do Brasil, ou 0,05% da população, pagam proporcionalmente menos impostos do que pessoas de renda intermediária. Brasileiros com ganhos médios anuais de mais de R$ 4 milhões usufruem de isenções sobre lucros e dividendos, o que faz com que na prática paguem uma alíquota média de 7%, enquanto que cidadãos comuns pagam 12%. Essa prática de desoneração privilegiada é diferente da realidade nas economias avançadas. Entre os membros da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), a carga tributária recai maioritariamente sobre o patrimônio, enquanto que no Brasil os impostos recaem sobre bens e serviços. "O que realmente é chocante para mim é que se você olhar a análise do FMI eles preveem que isso (o congelamento dos gastos) será problemático e eles não veem isso como uma solução necessariamente para os problemas do Brasil", concluiu Alston.
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PEC do Teto é radical e compromete investimentos, diz especialista da ONUÀs vésperas da última votação no Senado do Projeto de Emenda Constitucional, PEC 55, que irá limitar os gastos com gastos públicos pelos próximos 20 anos, organizações internacionais se pronunciaram contra a mudança na base da legislação brasileira e afirmam que ela resultará em atraso no desenvolvimento econômico do país, aumentando a desigualdade social. O projeto, cuja última votação no Senado ocorre hoje, prevê que os gastos com políticas sociais, em especial educação e saúde, sejam apenas corrigidos pela inflação do ano anterior dentro das próximas duas décadas, não recebendo aumento conforme previsto no texto de 1988. Em entrevista à BBC Brasil, um especialista da Unctad, agencia das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento, disse que a emenda é "radical" e seria uma "camisa de força", que comprometeria a flexibilidade necessária para responder às mudanças que mercados enfrentam. O economista e pesquisador da organização, Ricardo Gottschalk, reconhece que é necessário se aplicar um controle às contas públicas, mas questiona se a desigualdade social gerada pela medida fará sentido. "O objetivo da PEC 55 é sinalizar aos mercados que o Brasil está levando a sério a austeridade fiscal e que a dívida nacional não vai ficar fora de controle nos próximos anos. Entretanto, aprovar uma medida que congela os gastos públicos em termos reais pelos próximos 20 anos é bastante radical", afirmou Gottschalk. "Isso vai retirar a flexibilidade das políticas econômicas. Os gastos fiscais estarão amarrados por uma camisa de força, o que a Unctad não acredita que seja o melhor para qualquer país, seja ele desenvolvido ou em desenvolvimento. A política fiscal precisa ser flexível e ser aplicada de forma anticíclica, especialmente em tempos de recessão", explica o especialista. LONGO PRAZO Gottschalk argumenta que o problema está no longo prazo, pois a PEC 55 "afetará uma geração inteira de brasileiros, com consequências cada vez mais negativas à medida em que os anos passam". "A longo prazo, as implicações serão de que os gastos públicos em proporção do PIB, Produto Interno Bruto, irão decair cada vez mais a cada ano em termos reais. Isso, naturalmente, vai afetar a capacidade de se investir em infraestruturas econômicas e atender demandas sociais, como investimentos em programas de bem-estar social, saúde e educação." O engessamento do Brasil nesse rumo, sem a possibilidade de reavaliação de rota, é uma escolha com impactos estratégicos que preocupa Gottschalk, pois afetará toda a dinâmica da estrutura de investimento do governo e a capacidade da sociedade se desenvolver. "Haverá implicações enormes para a composição do gasto público total", prevê. Segundo o economista, a alocação dos recursos públicos se dará pela manipulação da influência do lobby, de modo que setores frágeis, como o das políticas sociais, sairão perdendo. O governo contra-argumenta com a previsão de que somente com a implementação da PEC 55 será possível obter um saldo positivo entre arrecadação e gastos da ordem de 2,5% do PIB em 2026. DESAFIO Essencialmente, o desafio do governo é colocar as contas em equilíbrio, cortando gastos e aumentando arrecadação, para sanear a dívida pública. O Ministério da Fazenda estima que em 2016 o deficit fiscal será de 2,7% do Produto Interno Bruto. Em declaração dada à BBC Brasil, o Ministério da Fazenda defendeu a PEC 55 como "necessária para a recuperação econômica", pois "o Brasil enfrenta a pior crise desde o começo do século 20, em que em dois anos o PIB per capita despencou 10%". O Ministério ainda afirmou que a preocupação urgente com o corte de gastos é garantir estabilidade, para que se possa reduzir no futuro o pagamento de juros, o que consome cerca de 8% de toda a riqueza produzida pelo país a cada ano. "Uma vez que o controle sobre gastos públicos reduzir o desequilíbrio fiscal, os juros irão cair. Como resultado, haverá mais dinheiro disponível para gastos em políticas sociais". Gottschalk, concorda que há a necessidade de um ajuste fiscal, mas questiona se a PEC 55 foi bem calibrada, adotando elementos que correspondam aos interesses da maioria da sociedade e não pesando apenas sobre os mais pobres. "As consequências para os segmentos mais vulneráveis da população podem ser bastante fortes e nocivos (...) a sociedade brasileira não teve a chance de debater a PEC 55 ou propor alternativas. Isso é lamentável, porque é perfeitamente possível se desenhar um caminho central para o equilíbrio dos gastos públicos (e dívida pública), que esteja ao mesmo tempo de acordo com as necessidades sociais e econômicas do Brasil e que seja sustentável ao longo do tempo". DECLARAÇÕES X ESTUDOS DO FMI Procurado pela reportagem, o Ministério da Fazenda ressaltou que "a política de austeridade fiscal está sendo implementada com a preservação das políticas de proteção social." E ressaltou que "a PEC recebeu apoio expresso do FMI em nota divulgada pela diretora-geral Christine Lagarde em outubro, na qual foi destacada a importância da proposta para a volta do crescimento inclusivo e sustentável". Lagarde realmente elogiou a medida e se disse "encorajada pelo foco e direção das reformas". No último relatório sobre o Brasil, publicado em novembro, o fundo afirma que a PEC é necessária e põe educação e saúde na mira dos cortes. Tomaz Silva/Agência Brasil Educação também está na mira dos cortes "A aprovação e rápida implementação de limites nos gastos poderia ajudar a melhorar a trajetória de longo-prazo do gasto público e permitir a estabilização e eventual redução da dívida pública em porcentagem do Produto Interno Bruto", diz o documento, acrescentando ser necessário "acabar com o pré-destinação de verbas" para setores de saúde e educação. Outros estudos econômicos do próprio Fundo Monetário Internacional, entretanto, mostram que pacotes de ajustes fiscais podem ter resultados adversos, dependendo das estratégias escolhidas na gestão pública. "Pacotes de cortes nos gastos públicos tendem a piorar mais significativamente a desigualdade social, do que pacotes de aumentos de impostos", afirma levantamento publicado em 2013 e assinado pelos especialistas Jaejoon Woo, Elva Bova, Tidiane Kinda e Y. Sophia Zhang. A BBC Brasil contatou diretamente o FMI e os autores do estudo - para compreender se haveria alguma contradição entre esses posicionamentos- mas até a publicação dessa reportagem não houve resposta. O documento de 2013 revisou políticas de ajuste fiscal executadas durante os últimos 30 anos por países desenvolvidos e em desenvolvimento. A conclusão foi de que o primeiro reflexo de cortes nos gastos públicos é um aumento do desemprego e consequente aumento da desigualdade social, indicador medido pelo índice Gini. Um coeficiente Gini 0 representa a plena igualdade, enquanto que 1 é o máximo de desigualdade. Na média, um corte nos gastos da ordem de 1% do PIB gera aumento de 0.19 pontos percentuais no nível de desemprego durante o primeiro ano, enquanto que o aumento da desigualdade no índice Gini oscila de 0.4 a 0.7 porcento nos dois primeiros anos, afirma o estudo. Em termos amplos, é o desemprego gerado pelo corte nos gastos o grande vilão. "De forma aproximada, cerca de 15% a 20% do aumento de desigualdade social por conta de pacotes fiscais ocorrem por causa do aumento de desemprego". O levantamento afirma ainda que "um alto nível educacional reduz a diferença social", posição que parece contraditória em relação à recomendação recente do FMI para acabar com pré-destinação de verbas a esse setor. Em entrevista exclusiva à BBC Brasil, o relator da ONU pra Direitos Humanos e Extrema Pobreza, Philip Alston lamentou o impacto da PEC 55. "Atualmente, o Brasil já não está investindo dinheiro suficiente em educação e, se ficar preso em um ciclo de diminuição de investimento, isso significará um revés não apenas para as crianças brasileiras, mas também para a competitividade global do país", disse. Segundo dados compilados pela ONU, o Plano Nacional de Educação estima que são necessários investimentos anuais de R$37 bilhões para garantir a qualidade do ensino. A PEC 55, entretanto, irá reduzir os gastos em R$47 bilhões nos próximos oito anos. Isso dificultará ainda mais o futuro de 3,8 milhões de crianças carentes que atualmente já não vão à escola. CORTES DE GASTOS OU AUMENTO DE IMPOSTOS O mesmo estudo do FMI de 2013 destaca com relevância que o ajuste fiscal de um país não é feito somente de cortes, mas principalmente com aumento de arrecadação sobre os indivíduos com mais renda. No caso das economias mais avançadas, elas aplicaram no passado medidas de redistribuição, que diminuíram a desigualdade social. "Em economias avançadas, políticas fiscais redistributivas desempenharam um papel significante na redução da desigualdade de renda, por meio de um sistema progressivo de impostos e transferências sociais", afirma o documento do FMI. Um estudo do Pnud, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, divulgado em março, revelou que o Brasil cobra quase tantos impostos quantos os países ricos, mas não o faz da mesma maneira. Ao invés de mirar nos indivíduos com maior poder aquisitivo, o Brasil onera a classe média. Os "super-ricos" do Brasil, ou 0,05% da população, pagam proporcionalmente menos impostos do que pessoas de renda intermediária. Brasileiros com ganhos médios anuais de mais de R$ 4 milhões usufruem de isenções sobre lucros e dividendos, o que faz com que na prática paguem uma alíquota média de 7%, enquanto que cidadãos comuns pagam 12%. Essa prática de desoneração privilegiada é diferente da realidade nas economias avançadas. Entre os membros da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), a carga tributária recai maioritariamente sobre o patrimônio, enquanto que no Brasil os impostos recaem sobre bens e serviços. "O que realmente é chocante para mim é que se você olhar a análise do FMI eles preveem que isso (o congelamento dos gastos) será problemático e eles não veem isso como uma solução necessariamente para os problemas do Brasil", concluiu Alston.
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Alemães se envergonham de turistas conterrâneos, diz estudo
Usar apenas roupa de banho no buffet de almoço, ficar bêbado na praia ou ser inconveniente no bar. Para muitos alemães, é constrangedor quando conterrâneos têm tais atitudes durante as férias, apontou uma pesquisa divulgada neste mês. De acordo com a pesquisa, realizada pela empresa Yougov, 81% dos alemães se envergonham de seus conterrâneos quando eles não se comportam de maneira adequada ao viajar. Para 93%, turistas devem ter certos modos. Além disso, 80% dos entrevistados disseram compreender protestos de moradores contra o turismo de massa em Barcelona e Maiorca, na Espanha, por exemplo. Na ilha de Maiorca, popular destino de férias entre alemães, residentes protestaram em julho contra o rápido aumento da quantidade de visitantes. O governo local pretende limitar o número de turistas por lei. Dos alemães consultados pela Yougov, 68% apoiam os planos do governo de Maiorca, enquanto outros 21% se opõem. Por outro lado, três quartos dos entrevistados consideram que turismo o é sempre benéfico, por trazer desenvolvimento econômico. Em Maiorca, por exemplo, o desemprego diminuiu em parte devido ao setor. Em debates sobre o turismo de massa, costuma-se criticar viajantes cujo principal objetivo é fazer festa e beber álcool. A maioria dos entrevistados (82%) pela Yougov desaprova tal comportamento. Ao mesmo tempo, 90% consideram que o sentido das férias é que cada um faça o que lhe ajuda a relaxar, mas somente 48% consideram ser adequado deixar os bons modos de lado. A pesquisa foi realizada entre 4 e 8 de agosto, e 1.029 alemães com idade a partir de 18 anos participaram.
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Alemães se envergonham de turistas conterrâneos, diz estudoUsar apenas roupa de banho no buffet de almoço, ficar bêbado na praia ou ser inconveniente no bar. Para muitos alemães, é constrangedor quando conterrâneos têm tais atitudes durante as férias, apontou uma pesquisa divulgada neste mês. De acordo com a pesquisa, realizada pela empresa Yougov, 81% dos alemães se envergonham de seus conterrâneos quando eles não se comportam de maneira adequada ao viajar. Para 93%, turistas devem ter certos modos. Além disso, 80% dos entrevistados disseram compreender protestos de moradores contra o turismo de massa em Barcelona e Maiorca, na Espanha, por exemplo. Na ilha de Maiorca, popular destino de férias entre alemães, residentes protestaram em julho contra o rápido aumento da quantidade de visitantes. O governo local pretende limitar o número de turistas por lei. Dos alemães consultados pela Yougov, 68% apoiam os planos do governo de Maiorca, enquanto outros 21% se opõem. Por outro lado, três quartos dos entrevistados consideram que turismo o é sempre benéfico, por trazer desenvolvimento econômico. Em Maiorca, por exemplo, o desemprego diminuiu em parte devido ao setor. Em debates sobre o turismo de massa, costuma-se criticar viajantes cujo principal objetivo é fazer festa e beber álcool. A maioria dos entrevistados (82%) pela Yougov desaprova tal comportamento. Ao mesmo tempo, 90% consideram que o sentido das férias é que cada um faça o que lhe ajuda a relaxar, mas somente 48% consideram ser adequado deixar os bons modos de lado. A pesquisa foi realizada entre 4 e 8 de agosto, e 1.029 alemães com idade a partir de 18 anos participaram.
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Após dias com sol, São Paulo deve ter fim de semana de inverno 'de verdade'
Após dias ensolarados, o inverno deve chegar "de verdade" à região metropolitana de São Paulo neste final de semana. O sol dará lugar a dias nublados, e as temperaturas, que ficavam em torno dos 25°C durante a tarde, não devem superar os 16°C. Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), as mudanças devem começar já na madrugada de sábado (1º) com ventos fortes provocados pela aproximação de uma frente fria. Podem ocorrer chuvas isoladas e as temperaturas já ficarão entre 13°C e 17°C no decorrer do dia. O frio, no entanto, devem ser mais intenso entre domingo (2) e segunda (3), quando começa a agir na região uma massa de ar polar. A chance de chuva será menor nesses dias, mas a queda das temperaturas ficará mais acentuada. Os termômetros podem marcar temperaturas inferiores aos 10°C na capital paulista nesses dias, já as máximas não devem superar os 16°C. O recorde de frio do ano até agora na cidade ocorreu em 11 de junho, quando a estação do Inmet, no Mirante de Santana (zona norte), registrou 8,9°C. No interior do Estado a mudança das temperaturas deve ser mais acentuada no início da próxima semana, com destaque para cidades como Campos do Jordão e Santo Antônio do Pinhal, que devem ter mínima de 3°C na segunda (3). No final de semana, pode chover o sul e leste paulista.
cotidiano
Após dias com sol, São Paulo deve ter fim de semana de inverno 'de verdade'Após dias ensolarados, o inverno deve chegar "de verdade" à região metropolitana de São Paulo neste final de semana. O sol dará lugar a dias nublados, e as temperaturas, que ficavam em torno dos 25°C durante a tarde, não devem superar os 16°C. Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), as mudanças devem começar já na madrugada de sábado (1º) com ventos fortes provocados pela aproximação de uma frente fria. Podem ocorrer chuvas isoladas e as temperaturas já ficarão entre 13°C e 17°C no decorrer do dia. O frio, no entanto, devem ser mais intenso entre domingo (2) e segunda (3), quando começa a agir na região uma massa de ar polar. A chance de chuva será menor nesses dias, mas a queda das temperaturas ficará mais acentuada. Os termômetros podem marcar temperaturas inferiores aos 10°C na capital paulista nesses dias, já as máximas não devem superar os 16°C. O recorde de frio do ano até agora na cidade ocorreu em 11 de junho, quando a estação do Inmet, no Mirante de Santana (zona norte), registrou 8,9°C. No interior do Estado a mudança das temperaturas deve ser mais acentuada no início da próxima semana, com destaque para cidades como Campos do Jordão e Santo Antônio do Pinhal, que devem ter mínima de 3°C na segunda (3). No final de semana, pode chover o sul e leste paulista.
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Odebrecht põe à venda negócios de R$ 4 bilhões e tenta renegociar dívidas
Navegando pela crise econômica com uma dívida de R$ 98 bilhões a bordo, o grupo Odebrecht trabalha para levantar pelo menos R$ 4 bilhões com a venda de empreendimentos e tenta renegociar R$ 11 bilhões em débitos mais urgentes. Quarto maior grupo privado do país, com cerca de R$ 110 bilhões de faturamento, a companhia quer reforçar o caixa para investir sem depender dos bancos em 2016 —ano já carimbado pela recessão, dificuldade para conseguir crédito novo e encarecimento na rolagem de empréstimos. Para a Odebrecht, há uma complicação a mais, disseram à Folha executivos do alto escalão de seis bancos que têm negócios com o grupo. Dependendo dos desdobramentos da Lava Jato, o mercado, já restrito por causa da crise, pode dificultar ainda mais a concessão de empréstimos. A empreiteira é acusada de corrupção em negócios com a Petrobras e enfrenta investigações em outros países onde atua. O presidente do grupo, Marcelo Odebrecht, está preso há cinco meses. Para se proteger de um aperto na situação financeira, os executivos da Odebrecht começaram a esquadrinhar os projetos do grupo para definir quais podem render mais e com rapidez. Uma das maiores apostas é a venda da hidrelétrica de Chaglla, que a Odebrecht constrói no Peru. O grupo avalia as primeiras propostas e espera conseguir cerca de US$ 900 milhões (R$ 3,4 bilhões). No Brasil, a operação mais adiantada é a da Odebrecht Ambiental, que tem concessões de saneamento em 18 Estados, em Angola e no México. A empresa montou um pacote com quatro contratos de concessão e ofereceu a investidores uma fatia avaliada em cerca de R$ 300 milhões. Outras duas empresas à procura de sócios são a Odebrecht Transport (concessionária de portos, aeroportos rodovias e metrô) e a Odebrecht Defesa (fabricante de equipamentos militares). A Transport quer um parceiro para assumir de 30% a 40% de sua operação de concessões de rodovias. Avalia ainda sondagens de investidores interessados na compra de outros negócios, como sua fatia na concessionária que explora a linha amarela do metrô de São Paulo. O banco Lazard foi contratado para ajudar nas negociações. Com R$ 1 bilhão em caixa, a empresa planeja investir R$ 3,7 bilhões em 2016. A Odebrecht Defesa, por sua vez, contratou um banco para vender 40% da Mectron, fabricante de mísseis e sistemas de comunicação militar. Uma parte dos recursos da venda da hidrelétrica no Peru será usada na Odebrecht Agroindustrial, segundo a vice-presidente de finanças do grupo, Marcela Drehmer. Endividada, a produtora de etanol precisa de dinheiro novo. DIAMANTES O grupo afirma que o movimento de venda não é motivado pelo alto endividamento e que sempre buscou sócios. Um trunfo são os R$ 25 bilhões em caixa, diz Drehmer. Se for preciso, afirma, o grupo tem patrimônio para vender, como participações numa mina de diamantes na África e a hidrelétrica de Santo Antônio, em Rondônia. Os bancos ouvidos pela Folha acreditam que a situação financeira do grupo está sob controle, mas que o movimento de venda não é fortuito e a Odebrecht precisa fazer caixa para os próximos anos. Drehmer admite que a empresa está cautelosa. Congelou investimentos novos, cortou funcionários, viagens e serviços terceirizados. Economizou R$ 300 milhões até junho. "Quando você está crescendo, ninguém é muito austero", diz Drehmer. Depois de dez anos de expansão acelerada, em que o grupo quintuplicou de tamanho, a austeridade chegou à Odebrecht.
mercado
Odebrecht põe à venda negócios de R$ 4 bilhões e tenta renegociar dívidasNavegando pela crise econômica com uma dívida de R$ 98 bilhões a bordo, o grupo Odebrecht trabalha para levantar pelo menos R$ 4 bilhões com a venda de empreendimentos e tenta renegociar R$ 11 bilhões em débitos mais urgentes. Quarto maior grupo privado do país, com cerca de R$ 110 bilhões de faturamento, a companhia quer reforçar o caixa para investir sem depender dos bancos em 2016 —ano já carimbado pela recessão, dificuldade para conseguir crédito novo e encarecimento na rolagem de empréstimos. Para a Odebrecht, há uma complicação a mais, disseram à Folha executivos do alto escalão de seis bancos que têm negócios com o grupo. Dependendo dos desdobramentos da Lava Jato, o mercado, já restrito por causa da crise, pode dificultar ainda mais a concessão de empréstimos. A empreiteira é acusada de corrupção em negócios com a Petrobras e enfrenta investigações em outros países onde atua. O presidente do grupo, Marcelo Odebrecht, está preso há cinco meses. Para se proteger de um aperto na situação financeira, os executivos da Odebrecht começaram a esquadrinhar os projetos do grupo para definir quais podem render mais e com rapidez. Uma das maiores apostas é a venda da hidrelétrica de Chaglla, que a Odebrecht constrói no Peru. O grupo avalia as primeiras propostas e espera conseguir cerca de US$ 900 milhões (R$ 3,4 bilhões). No Brasil, a operação mais adiantada é a da Odebrecht Ambiental, que tem concessões de saneamento em 18 Estados, em Angola e no México. A empresa montou um pacote com quatro contratos de concessão e ofereceu a investidores uma fatia avaliada em cerca de R$ 300 milhões. Outras duas empresas à procura de sócios são a Odebrecht Transport (concessionária de portos, aeroportos rodovias e metrô) e a Odebrecht Defesa (fabricante de equipamentos militares). A Transport quer um parceiro para assumir de 30% a 40% de sua operação de concessões de rodovias. Avalia ainda sondagens de investidores interessados na compra de outros negócios, como sua fatia na concessionária que explora a linha amarela do metrô de São Paulo. O banco Lazard foi contratado para ajudar nas negociações. Com R$ 1 bilhão em caixa, a empresa planeja investir R$ 3,7 bilhões em 2016. A Odebrecht Defesa, por sua vez, contratou um banco para vender 40% da Mectron, fabricante de mísseis e sistemas de comunicação militar. Uma parte dos recursos da venda da hidrelétrica no Peru será usada na Odebrecht Agroindustrial, segundo a vice-presidente de finanças do grupo, Marcela Drehmer. Endividada, a produtora de etanol precisa de dinheiro novo. DIAMANTES O grupo afirma que o movimento de venda não é motivado pelo alto endividamento e que sempre buscou sócios. Um trunfo são os R$ 25 bilhões em caixa, diz Drehmer. Se for preciso, afirma, o grupo tem patrimônio para vender, como participações numa mina de diamantes na África e a hidrelétrica de Santo Antônio, em Rondônia. Os bancos ouvidos pela Folha acreditam que a situação financeira do grupo está sob controle, mas que o movimento de venda não é fortuito e a Odebrecht precisa fazer caixa para os próximos anos. Drehmer admite que a empresa está cautelosa. Congelou investimentos novos, cortou funcionários, viagens e serviços terceirizados. Economizou R$ 300 milhões até junho. "Quando você está crescendo, ninguém é muito austero", diz Drehmer. Depois de dez anos de expansão acelerada, em que o grupo quintuplicou de tamanho, a austeridade chegou à Odebrecht.
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Brasil mistura quatro modelos de saúde; 'não há clareza', diz professor
Apesar da existência de diferentes sistemas internacionais de saúde, o Brasil ainda não definiu qual seguir. Para o médico Gustavo Gusso, professor da USP, não há um só modelo no qual o Brasil possa se inspirar. "Cada país tem que achar o seu caminho, mas é importante estudar profundamente cada sistema, o que não foi feito na época da criação do SUS." Segundo ele, hoje há quatro modelos simultâneos no país. Além do privado e do público, há o público com serviço privado financiado pelo Estado e o financiado pelo seguro social. "O Brasil tem uma mistura desses quatro e isso é ruim, não há clareza" diz. Na opinião da economista Maureen Lewis, que trabalhou no Banco Mundial e é professora da Georgetown (EUA), o setor público brasileiro precisa de mais responsabilidade. Na sua avaliação, as Organizações Sociais de São Paulo são exemplos que podem funcionar. "Primeiro, o desempenho dos hospitais é bem definido e é parte do contrato com as ONGs. Segundo, os hospitais têm metas de eficiência e qualidade. E há ferramentas para acompanhar o desempenho."
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Brasil mistura quatro modelos de saúde; 'não há clareza', diz professorApesar da existência de diferentes sistemas internacionais de saúde, o Brasil ainda não definiu qual seguir. Para o médico Gustavo Gusso, professor da USP, não há um só modelo no qual o Brasil possa se inspirar. "Cada país tem que achar o seu caminho, mas é importante estudar profundamente cada sistema, o que não foi feito na época da criação do SUS." Segundo ele, hoje há quatro modelos simultâneos no país. Além do privado e do público, há o público com serviço privado financiado pelo Estado e o financiado pelo seguro social. "O Brasil tem uma mistura desses quatro e isso é ruim, não há clareza" diz. Na opinião da economista Maureen Lewis, que trabalhou no Banco Mundial e é professora da Georgetown (EUA), o setor público brasileiro precisa de mais responsabilidade. Na sua avaliação, as Organizações Sociais de São Paulo são exemplos que podem funcionar. "Primeiro, o desempenho dos hospitais é bem definido e é parte do contrato com as ONGs. Segundo, os hospitais têm metas de eficiência e qualidade. E há ferramentas para acompanhar o desempenho."
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Fratura de costela tira o volante Elias do Corinthians por dois meses
Na noite desta quinta-feira (17), na derrota para o Fluminense, o Corinthians perdeu um de seus jogadores mais valiosos pelos próximos dois meses. O volante Elias sofreu fratura de costela em um choque com o zagueiro Gum, no primeiro tempo do jogo disputado em Brasília, e ficará afastado da equipe durante esse tempo. O lance que causou a contusão do corintiano ocorreu na entrada da área da equipe carioca. Elias tentou passar por Gum, mas os dois trombaram de frente e o volante levou a pior. Elias ainda conseguiu voltar para a partida, mas apenas por alguns minutos. Com muitas dores, ele foi substituído por Rodriguinho e imediatamente levado a um hospital de Brasília, onde foi constatada a fratura. A partida contra o Fluminense foi a da volta de Elias ao time corintiano após algumas semanas com a seleção brasileira. Ele participou da péssima campanha do Brasil na Copa América Centenário, tão ruim que causou a queda do técnico Dunga. Outro jogador que saiu machucado do jogo de Brasília foi o goleiro Walter, substituído no intervalo por Cássio por causa de dores na perna direita. O departamento médico do Corinthians vai avaliá-lo melhor nesta sexta-feira (17), mas é muito provável que ele tenha sofrido uma lesão muscular.
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Fratura de costela tira o volante Elias do Corinthians por dois mesesNa noite desta quinta-feira (17), na derrota para o Fluminense, o Corinthians perdeu um de seus jogadores mais valiosos pelos próximos dois meses. O volante Elias sofreu fratura de costela em um choque com o zagueiro Gum, no primeiro tempo do jogo disputado em Brasília, e ficará afastado da equipe durante esse tempo. O lance que causou a contusão do corintiano ocorreu na entrada da área da equipe carioca. Elias tentou passar por Gum, mas os dois trombaram de frente e o volante levou a pior. Elias ainda conseguiu voltar para a partida, mas apenas por alguns minutos. Com muitas dores, ele foi substituído por Rodriguinho e imediatamente levado a um hospital de Brasília, onde foi constatada a fratura. A partida contra o Fluminense foi a da volta de Elias ao time corintiano após algumas semanas com a seleção brasileira. Ele participou da péssima campanha do Brasil na Copa América Centenário, tão ruim que causou a queda do técnico Dunga. Outro jogador que saiu machucado do jogo de Brasília foi o goleiro Walter, substituído no intervalo por Cássio por causa de dores na perna direita. O departamento médico do Corinthians vai avaliá-lo melhor nesta sexta-feira (17), mas é muito provável que ele tenha sofrido uma lesão muscular.
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Ministério Público diz que soube de liminar favorável a Lula pela imprensa
O procurador-geral de Justiça do Estado de São Paulo, Márcio Fernando Elias Rosa, emitiu nota nesta quarta (17) informando que o Ministério Público paulista tomou conhecimento da suspensão do depoimento do ex-presidente Lula e de sua mulher, Marisa, pela imprensa. "Aguarda-se, diante da singularidade, o recebimento da comunicação da decisão para análise quanto às providências cabíveis", diz a nota. Com a decisão do CNMP, o Ministério Público de São Paulo decidiu suspender as investigações até que o plenário do conselho tome uma decisão final sobre o caso, o que deve ocorrer em 29 de março. Na noite de terça (16) o Conselho Nacional do Ministério Público emitiu uma liminar liberando Lula e sua mulher de prestar o depoimento marcado para esta quarta por entender, em resposta a recurso de autoria do deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP). O parlamentar alega que Cassio Conserino não é o "promotor natural" da causa. O procurador-geral também informou que o Ministério Público vai aguardar uma deliberação do CNMP.
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Ministério Público diz que soube de liminar favorável a Lula pela imprensaO procurador-geral de Justiça do Estado de São Paulo, Márcio Fernando Elias Rosa, emitiu nota nesta quarta (17) informando que o Ministério Público paulista tomou conhecimento da suspensão do depoimento do ex-presidente Lula e de sua mulher, Marisa, pela imprensa. "Aguarda-se, diante da singularidade, o recebimento da comunicação da decisão para análise quanto às providências cabíveis", diz a nota. Com a decisão do CNMP, o Ministério Público de São Paulo decidiu suspender as investigações até que o plenário do conselho tome uma decisão final sobre o caso, o que deve ocorrer em 29 de março. Na noite de terça (16) o Conselho Nacional do Ministério Público emitiu uma liminar liberando Lula e sua mulher de prestar o depoimento marcado para esta quarta por entender, em resposta a recurso de autoria do deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP). O parlamentar alega que Cassio Conserino não é o "promotor natural" da causa. O procurador-geral também informou que o Ministério Público vai aguardar uma deliberação do CNMP.
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Os cinco maiores acidentes com voos tripulados ao espaço
A espaçonave russa Progress, em seu caminho rumo à Estação Espacial Internacional, teve uma falha e acabou, depois de orbitar a Terra por uma semana, caindo sobre o oceano Pacífico. Felizmente a nave só levava mantimentos e peças de reposição e não havia ninguém a bordo. Relembre as maiores tragédias com voos espaciais tripulados. 28.jan.1986 - O ônibus espacial Challenger decola e explode 73 segundos após o início do voo, matando os astronautas a bordo. Mortes: 7 1.fev.2003 - Na reentrada atmosférica, o ônibus espacial Columbia se desintegra, resultando na perda do veículo e dos astronautas. Mortes: 7 30.jun.1971 - A tripulação da nave russa Soyuz 11 deixa a estação espacial Salyut 1 e retorna à Terra, mas a descompressão da cápsula mata os cosmonautas antes do pouso. Mortes: 3 27.jan.1967 - Um incêndio na cápsula Apollo durante um teste mata três astronautas, pouco menos de um mês antes da data da decolagem. Mortes: 3 24.abr.1967 - Na missão Soyuz 1, primeiro teste da famosa cápsula russa, os para-quedas não se abrem durante o pouso, matando Vladimir Komarov, o único cosmonauta a bordo. Mortes: 1
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Os cinco maiores acidentes com voos tripulados ao espaçoA espaçonave russa Progress, em seu caminho rumo à Estação Espacial Internacional, teve uma falha e acabou, depois de orbitar a Terra por uma semana, caindo sobre o oceano Pacífico. Felizmente a nave só levava mantimentos e peças de reposição e não havia ninguém a bordo. Relembre as maiores tragédias com voos espaciais tripulados. 28.jan.1986 - O ônibus espacial Challenger decola e explode 73 segundos após o início do voo, matando os astronautas a bordo. Mortes: 7 1.fev.2003 - Na reentrada atmosférica, o ônibus espacial Columbia se desintegra, resultando na perda do veículo e dos astronautas. Mortes: 7 30.jun.1971 - A tripulação da nave russa Soyuz 11 deixa a estação espacial Salyut 1 e retorna à Terra, mas a descompressão da cápsula mata os cosmonautas antes do pouso. Mortes: 3 27.jan.1967 - Um incêndio na cápsula Apollo durante um teste mata três astronautas, pouco menos de um mês antes da data da decolagem. Mortes: 3 24.abr.1967 - Na missão Soyuz 1, primeiro teste da famosa cápsula russa, os para-quedas não se abrem durante o pouso, matando Vladimir Komarov, o único cosmonauta a bordo. Mortes: 1
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Cérebro explica por que adolescentes são chatos, diz livro; veja outros fatos
A Argentina é terra de tango, churrasco e neurocientistas que escrevem sobre memória. Facundo Manes é um deles. Ele vendeu mais de 100 mil cópias do seu livro "Usar o Cérebro" no seu país, agora lançado no Brasil pela Planeta. Outro é Iván Izquierdo, que mora em Porto Alegre há décadas e é autor de "A Arte de Esquecer" (2004, Vieira e Lent). Ambos citam "Funes, o memorioso", personagem de Jorge Luis Borges que não esquecia nada –e sofria. "Minha memória é um depósito de lixo." Sem esquecimento, não há sanidade. A angústia é que queremos controlar o processo. Para aprender, é preciso repetição (muita), como sabem os bons estudantes. Esquecer é a regra. Pense: instigados a contar toda nossa infância, não conseguiríamos falar mais que algumas horas. Veja fatos sobre a memória reunidos por Manes. * A INTERNET ESTÁ ESTRAGANDO A NOSSA MEMÓRIA? Não há nenhuma evidência, embora muita gente tenha escrito sobre isso –um livro famoso é "A Geração Superficial", de Nicholas Carr, e até Mário Vargas Llosa já escreveu que a tecnologia "suborna e seduz nossos órgãos pensantes, que vão se tornando gradativamente dependentes das ferramentas e, por fim, seus escravos". Para rebater, Manes cita Platão. No clássico Fedro, um dos personagens critica a escrita: "Só causará esquecimento, pois fará [as pessoas] descuidarem da memória; fiando-se nesse estranho auxilio [os livros]". No limite, o argumento pode ser utilizado para qualquer coisa que não seja uma vida tribal "pura". O QUE É O AMOR ROMÂNTICO (EM TERMOS NEURAIS)? É uma forma de ativação do sistema de recompensa do cérebro, que causa motivação e prazer, e desativação do córtex frontal, essencial para o julgamento. Ou seja, o amor é gostoso, mas prejudicial ao bom senso. Por que o cérebro permite tal gambiarra neuroquímica? Sob a ótica evolutiva, para promover a reprodução: fique feliz e procrie sem pensar muito se esse mané merece mesmo estar ao seu lado, porque se você refletir demais pode acabar mudando de ideia. O amor é rápido: o cérebro muda em menos de 1/5 de segundo após a pessoa amada ser vista. POR QUE GOSTAMOS DE MÚSICA? Não há uma explicação fácil para que a música tenha surgido em toda sociedade humana. Parece que há algo no nosso cérebro que nos faz gostar de ritmo, de notas, de cantar. De fato, ouvir música, especialmente as que já conhecemos e gostamos, libera no nosso cérebro dopamina, como também fazem o sexo e as drogas –ou seja, em vez de dizer "sexo, drogas e rock and roll!", os transgressores poderiam economizar e bradar apenas "dopamina!!". A explicação evolutiva para isso é só hipotética. Talvez a música promovesse coesão social –todo mundo lá, cantando junto. POR QUE ADOLESCENTES SÃO CHATOS? Não é culpa deles: seus cérebros são diferentes. Vários circuitos estão incompletos. O lobo frontal ainda não está maduro. Ele é responsável por inibir respostas socialmente inapropriadas, pela nossa capacidade de se colocar no lugar do outro, de fazer planejamentos complexos, da interação em sociedade. Mesmo a capacidade de lidar com os estímulos do ambiente é mais limitada. Também o cíngulo anterior, área ligada à capacidade de manter a atenção, está em desenvolvimento na adolescência. Dessa forma, adolescentes que falam impropriedades, dramáticos, instáveis, ingratos com os pais, que apresentam certa inaptidão para o convívio com humanos e que são desengonçados e avoados tendem, uma hora, a melhorar (um pouco). Tente ignorá-los –e, por favor, evite passar-lhes as chaves do carro. HÁ ALGO QUE SE POSSA FAZER PARA EVITAR A PERDA COGNITIVA? Nada é garantido, mas é bem estabelecido que gente intelectualmente ativa –é possível medir isso pela sofisticação linguística da pessoa, por exemplo– sofre menos com a demência. Tais benefícios de um cérebro ativo, porém, acabam se a pessoa "se aposenta intelectualmente", ou seja, se para de ler, escrever, refletir, solucionar problemas, de estimular o cérebro em geral. É preciso, portanto, "continuar pedalando", na medida do possível, até a morte. São úteis também o exercício físico, a boa alimentação, a vida social ativa, o sono regulado e o estresse reduzido. Manes lembra ainda de um cuidado mais simples: bater a cabeça é algo perigoso. "No trânsito, seja cuidadoso." MEDITAR SERVE PARA ALGUMA COISA? A ciência tem descoberto que sim. A atividade proporciona relaxamento, ao diminuir a frequência cardíaca e da respiração, e estimula áreas associadas às emoções e à interação social, como o córtex pré-frontal. Há estudos ligando a meditação até à melhora da função imunológica. Muitos desses benefícios estão associados também a um bom período de sono contínuo. Não só em humanos: todos os animais dormem, embora nem todos da mesma maneira como nós –acredita-se que golfinhos e baleias durmam usando um hemisfério do cérebro de cada vez, caso contrário se afogariam. A MEMÓRIA É CONFIÁVEL? Não. Manes cita a crítica de que os dados encontrados na internet podem não ser os mais confiáveis em matéria de exatidão. "E quem pode dizer que nossa memória não é assim?" Os estudos têm mostrado que, cada vez que recordamos algo, menos precisa se torna a lembrança. É como se a memória estivesse lá, quietinha. Ao ser acessada, fica instável e novos registros podem ser feitos nela. Com frequência, alteramos inconscientemente as narrativas para as que mais nos agradam. Em outras palavras, a ciência está provando que procede a ideia de que uma mentira muitas vezes repetida se torna verdade. CÉREBROS DE HOMENS E MULHERES SÃO IGUAIS? Não, e isso começa já entre a 18ª e a 26ª semana de gestação. "Esse período de mudanças devido aos hormônios é tão crítico que experiências pós-natais não conseguem mudar, estruturalmente, um cérebro masculino em feminino nem vice-versa", diz Manes. Ele cita o maior interesse dos homens, mesmo primatas machos, por objetos que correm e podem ser lançados e por lutas. Já mulheres tendem a ser mais afetuosas –observou-se em bebês de apenas um dia que meninas tendem a passar mais tempo olhando fotos de rostos; meninos preferem objetos mecânicos. "Em tempos remotos, os homens caçavam e as mulheres reuniam alimentos e cuidavam das crianças. O cérebro pode ser sido modulado [nesse contexto]", diz Manes.
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Cérebro explica por que adolescentes são chatos, diz livro; veja outros fatosA Argentina é terra de tango, churrasco e neurocientistas que escrevem sobre memória. Facundo Manes é um deles. Ele vendeu mais de 100 mil cópias do seu livro "Usar o Cérebro" no seu país, agora lançado no Brasil pela Planeta. Outro é Iván Izquierdo, que mora em Porto Alegre há décadas e é autor de "A Arte de Esquecer" (2004, Vieira e Lent). Ambos citam "Funes, o memorioso", personagem de Jorge Luis Borges que não esquecia nada –e sofria. "Minha memória é um depósito de lixo." Sem esquecimento, não há sanidade. A angústia é que queremos controlar o processo. Para aprender, é preciso repetição (muita), como sabem os bons estudantes. Esquecer é a regra. Pense: instigados a contar toda nossa infância, não conseguiríamos falar mais que algumas horas. Veja fatos sobre a memória reunidos por Manes. * A INTERNET ESTÁ ESTRAGANDO A NOSSA MEMÓRIA? Não há nenhuma evidência, embora muita gente tenha escrito sobre isso –um livro famoso é "A Geração Superficial", de Nicholas Carr, e até Mário Vargas Llosa já escreveu que a tecnologia "suborna e seduz nossos órgãos pensantes, que vão se tornando gradativamente dependentes das ferramentas e, por fim, seus escravos". Para rebater, Manes cita Platão. No clássico Fedro, um dos personagens critica a escrita: "Só causará esquecimento, pois fará [as pessoas] descuidarem da memória; fiando-se nesse estranho auxilio [os livros]". No limite, o argumento pode ser utilizado para qualquer coisa que não seja uma vida tribal "pura". O QUE É O AMOR ROMÂNTICO (EM TERMOS NEURAIS)? É uma forma de ativação do sistema de recompensa do cérebro, que causa motivação e prazer, e desativação do córtex frontal, essencial para o julgamento. Ou seja, o amor é gostoso, mas prejudicial ao bom senso. Por que o cérebro permite tal gambiarra neuroquímica? Sob a ótica evolutiva, para promover a reprodução: fique feliz e procrie sem pensar muito se esse mané merece mesmo estar ao seu lado, porque se você refletir demais pode acabar mudando de ideia. O amor é rápido: o cérebro muda em menos de 1/5 de segundo após a pessoa amada ser vista. POR QUE GOSTAMOS DE MÚSICA? Não há uma explicação fácil para que a música tenha surgido em toda sociedade humana. Parece que há algo no nosso cérebro que nos faz gostar de ritmo, de notas, de cantar. De fato, ouvir música, especialmente as que já conhecemos e gostamos, libera no nosso cérebro dopamina, como também fazem o sexo e as drogas –ou seja, em vez de dizer "sexo, drogas e rock and roll!", os transgressores poderiam economizar e bradar apenas "dopamina!!". A explicação evolutiva para isso é só hipotética. Talvez a música promovesse coesão social –todo mundo lá, cantando junto. POR QUE ADOLESCENTES SÃO CHATOS? Não é culpa deles: seus cérebros são diferentes. Vários circuitos estão incompletos. O lobo frontal ainda não está maduro. Ele é responsável por inibir respostas socialmente inapropriadas, pela nossa capacidade de se colocar no lugar do outro, de fazer planejamentos complexos, da interação em sociedade. Mesmo a capacidade de lidar com os estímulos do ambiente é mais limitada. Também o cíngulo anterior, área ligada à capacidade de manter a atenção, está em desenvolvimento na adolescência. Dessa forma, adolescentes que falam impropriedades, dramáticos, instáveis, ingratos com os pais, que apresentam certa inaptidão para o convívio com humanos e que são desengonçados e avoados tendem, uma hora, a melhorar (um pouco). Tente ignorá-los –e, por favor, evite passar-lhes as chaves do carro. HÁ ALGO QUE SE POSSA FAZER PARA EVITAR A PERDA COGNITIVA? Nada é garantido, mas é bem estabelecido que gente intelectualmente ativa –é possível medir isso pela sofisticação linguística da pessoa, por exemplo– sofre menos com a demência. Tais benefícios de um cérebro ativo, porém, acabam se a pessoa "se aposenta intelectualmente", ou seja, se para de ler, escrever, refletir, solucionar problemas, de estimular o cérebro em geral. É preciso, portanto, "continuar pedalando", na medida do possível, até a morte. São úteis também o exercício físico, a boa alimentação, a vida social ativa, o sono regulado e o estresse reduzido. Manes lembra ainda de um cuidado mais simples: bater a cabeça é algo perigoso. "No trânsito, seja cuidadoso." MEDITAR SERVE PARA ALGUMA COISA? A ciência tem descoberto que sim. A atividade proporciona relaxamento, ao diminuir a frequência cardíaca e da respiração, e estimula áreas associadas às emoções e à interação social, como o córtex pré-frontal. Há estudos ligando a meditação até à melhora da função imunológica. Muitos desses benefícios estão associados também a um bom período de sono contínuo. Não só em humanos: todos os animais dormem, embora nem todos da mesma maneira como nós –acredita-se que golfinhos e baleias durmam usando um hemisfério do cérebro de cada vez, caso contrário se afogariam. A MEMÓRIA É CONFIÁVEL? Não. Manes cita a crítica de que os dados encontrados na internet podem não ser os mais confiáveis em matéria de exatidão. "E quem pode dizer que nossa memória não é assim?" Os estudos têm mostrado que, cada vez que recordamos algo, menos precisa se torna a lembrança. É como se a memória estivesse lá, quietinha. Ao ser acessada, fica instável e novos registros podem ser feitos nela. Com frequência, alteramos inconscientemente as narrativas para as que mais nos agradam. Em outras palavras, a ciência está provando que procede a ideia de que uma mentira muitas vezes repetida se torna verdade. CÉREBROS DE HOMENS E MULHERES SÃO IGUAIS? Não, e isso começa já entre a 18ª e a 26ª semana de gestação. "Esse período de mudanças devido aos hormônios é tão crítico que experiências pós-natais não conseguem mudar, estruturalmente, um cérebro masculino em feminino nem vice-versa", diz Manes. Ele cita o maior interesse dos homens, mesmo primatas machos, por objetos que correm e podem ser lançados e por lutas. Já mulheres tendem a ser mais afetuosas –observou-se em bebês de apenas um dia que meninas tendem a passar mais tempo olhando fotos de rostos; meninos preferem objetos mecânicos. "Em tempos remotos, os homens caçavam e as mulheres reuniam alimentos e cuidavam das crianças. O cérebro pode ser sido modulado [nesse contexto]", diz Manes.
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Geração de jogadores criados em Cotia é alento do São Paulo em ano ruim
Em um ano sem títulos e com brigas políticas acirradas, o São Paulo terminará a temporada com cinco gerações diferentes de garotos da base no time profissional. E é com essa última safra, composta pelo zagueiro Lyanco, o meia Lucas Fernandes e os atacantes Luiz Araújo e David Neres que o clube quer, enfim, consolidar a força do Centro de Formação de Atletas de Cotia, região metropolitana do Estado, no CT da Barra Funda, utilizado pelos jogadores da equipe profissional. Nesta segunda (31), eles ajudarão o São Paulo no confronto contra o lanterna América-MG, no estádio Independência (20h, SporTV, menos MG), pela 33ª rodada do Brasileiro. O técnico Ricardo Gomes busca a terceira vitória consecutiva. No último jogo da equipe, na vitória por 2 a 0 sobre a Ponte Preta pelo Brasileiro, Lyanco, Neres e Pedro foram titulares. Luiz Araújo entrou no segundo tempo. Rodrigo Caio, João Schimidt, Wellington, Auro, Matheus Reis e Lucão são de outras gerações e também foram relacionados para o confronto. Contra o América-MG, Rodrigo Caio, Schmidt, Neres e Pedro têm boas chances de compor o time titular. "Aqui em Cotia eu digo que sou um fazendeiro agrônomo. Você tem que irrigar, preparar a terra e colher. Muitas vezes vem a seca, não chove e você não colhe o que queria. Eu diria que essa colheita de agora é boa", afirmou Marcos Francisco, diretor da base, à Folha. A safra sub-20 citada pelo dirigente foi campeã de praticamente tudo que participou: Libertadores, Taça BH de Futebol Júnior, Copa do Brasil e Copa Ouro. Agora no profissional, eles tentam se tornar símbolos de uma das melhores gerações já reveladas pelo São Paulo. Desde que foi inaugurado, em 2005, o CFA de Cotia já revelou muitos jogadores, porém eles foram rapidamente negociados e não ganharam status de ídolos. O zagueiro Breno e o atacante Lucas foram os casos mais emblemáticos. Breno foi da base são-paulina entre 2003 e 2007. Após ser vice-campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior, o clube o promoveu à equipe principal. Em seu primeiro ano foi campeão brasileiro. No fim da temporada, o Bayern de Munique ofereceu R$ 33,7 milhões e o jogador foi vendido. Ele fez apenas 35 partidas pelo time paulista. Cinco anos mais tarde foi a vez de Lucas. Apesar de ter feito 128 jogos com a camisa tricolor, ele só ganhou a Sul-Americana nas três temporadas em que atuou e foi para o PSG por R$ 115 milhões. Segundo Marcos Francisco, hoje a filosofia adotada é criar o atleta para o São Paulo e não vislumbrar uma possível venda. "Não dá pra você pegar um time da base e colocar no profissional. Não está maduro. A mescla com os mais experientes deve acontecer. Se essa mescla acontecer, é desejável para nós ter quatro ou cinco no time titular", acrescentou. O zagueiro Rodrigo Caio é o exemplo do planejamento pensado pela diretoria. Ele começou no clube em 2004 e subiu para o profissional em 2011. Entre altos e baixos, assumiu a titularidade em 2013 e desde então virou uma unanimidade na agremiação. Recentemente, foi titular na campanha da medalha de ouro na Rio-2016 e convocado por Tite para os duelos da seleção brasileira contra Argentina e Peru pelas eliminatórias da Copa de 2018. Mesmo com mais de dez jogadores promovidos ao elenco atual, David Lisboa, ex-conselheiro do São Paulo, crê que o número de titulares deveria ser maior. "Na minha época [pré-CFA] não tinha Cotia e nós revelamos muitos jogadores no terrão do Morumbi. Em 2003, eram quase 13 jogadores. Hoje, com a estrutura que tem, eu acho que metade do time deveria ser composto pelos meninos da base", disse. COTIA X BARRA FUNDA O grande problema entre os CTs sempre foi a falta de integração entre ambos –os jovens têm suas rotinas em Cotia, ao passo que os profissionais treinam na Barra Funda. Um dos idealizadores do CFA de Cotia, o ex-presidente Juvenal Juvêncio apontava essa falha ainda em 2010, quando exigiu uma mudança radical nessa relação. Onze anos se passaram e o clube ainda não atingiu o objetivo ideal proposto pelo mandatário, morto em 2015. "Imagina se a Barra Funda estivesse aqui em Cotia? Todos os profissionais estivessem aqui? O problema é o espaço físico. O mais desejável é que os dois estivessem juntos, mas não é possível. No futuro será possível", ressaltou Marcos Francisco. Como base e profissional ficam distantes, a saída encontrada foi alinhar os modos de trabalho. Para isso, o São Paulo colocou os garotos sub-20 na Copa Paulista, um torneio de profissionais, para que a competitividade e a postura se tornassem compatíveis às dos adultos. "Quanto mais perto do profissional, maior a necessidade de se aperfeiçoar. O importante é o jogador não sentir essa diferença. Logo, a cobrança e o nível de jogo ficam mais elevados", explicou André Jardine, treinador do time sub-20. - FICHAS TÉCNICAS Nome Lucas Fernandes Idade 19 anos Direitos econômicos 95% do São Paulo Situação lesionado desde junho, é grande promessa Nome Pedro Bortoluzo Idade 20 anos Direitos 90% do São Paulo Situação fez apenas sete jogos pelo time principal; no último deles, deixou Chávez no banco Nome Lyanco Vojnovic Idade 19 anos Direitos 80% do São Paulo Situação ficou menos de cinco meses em Cotia e foi promovido para a equipe principal Nome David Neres Idade 19 anos Direitos 100% do São Paulo Situação com apenas dois jogos, é tido como um dos protagonistas da recuperação do time Nome Luiz Araújo Idade 20 anos Direitos 70% do São Paulo Situação desde o início do ano com os profissionais, geralmente fica no banco de reservas
esporte
Geração de jogadores criados em Cotia é alento do São Paulo em ano ruimEm um ano sem títulos e com brigas políticas acirradas, o São Paulo terminará a temporada com cinco gerações diferentes de garotos da base no time profissional. E é com essa última safra, composta pelo zagueiro Lyanco, o meia Lucas Fernandes e os atacantes Luiz Araújo e David Neres que o clube quer, enfim, consolidar a força do Centro de Formação de Atletas de Cotia, região metropolitana do Estado, no CT da Barra Funda, utilizado pelos jogadores da equipe profissional. Nesta segunda (31), eles ajudarão o São Paulo no confronto contra o lanterna América-MG, no estádio Independência (20h, SporTV, menos MG), pela 33ª rodada do Brasileiro. O técnico Ricardo Gomes busca a terceira vitória consecutiva. No último jogo da equipe, na vitória por 2 a 0 sobre a Ponte Preta pelo Brasileiro, Lyanco, Neres e Pedro foram titulares. Luiz Araújo entrou no segundo tempo. Rodrigo Caio, João Schimidt, Wellington, Auro, Matheus Reis e Lucão são de outras gerações e também foram relacionados para o confronto. Contra o América-MG, Rodrigo Caio, Schmidt, Neres e Pedro têm boas chances de compor o time titular. "Aqui em Cotia eu digo que sou um fazendeiro agrônomo. Você tem que irrigar, preparar a terra e colher. Muitas vezes vem a seca, não chove e você não colhe o que queria. Eu diria que essa colheita de agora é boa", afirmou Marcos Francisco, diretor da base, à Folha. A safra sub-20 citada pelo dirigente foi campeã de praticamente tudo que participou: Libertadores, Taça BH de Futebol Júnior, Copa do Brasil e Copa Ouro. Agora no profissional, eles tentam se tornar símbolos de uma das melhores gerações já reveladas pelo São Paulo. Desde que foi inaugurado, em 2005, o CFA de Cotia já revelou muitos jogadores, porém eles foram rapidamente negociados e não ganharam status de ídolos. O zagueiro Breno e o atacante Lucas foram os casos mais emblemáticos. Breno foi da base são-paulina entre 2003 e 2007. Após ser vice-campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior, o clube o promoveu à equipe principal. Em seu primeiro ano foi campeão brasileiro. No fim da temporada, o Bayern de Munique ofereceu R$ 33,7 milhões e o jogador foi vendido. Ele fez apenas 35 partidas pelo time paulista. Cinco anos mais tarde foi a vez de Lucas. Apesar de ter feito 128 jogos com a camisa tricolor, ele só ganhou a Sul-Americana nas três temporadas em que atuou e foi para o PSG por R$ 115 milhões. Segundo Marcos Francisco, hoje a filosofia adotada é criar o atleta para o São Paulo e não vislumbrar uma possível venda. "Não dá pra você pegar um time da base e colocar no profissional. Não está maduro. A mescla com os mais experientes deve acontecer. Se essa mescla acontecer, é desejável para nós ter quatro ou cinco no time titular", acrescentou. O zagueiro Rodrigo Caio é o exemplo do planejamento pensado pela diretoria. Ele começou no clube em 2004 e subiu para o profissional em 2011. Entre altos e baixos, assumiu a titularidade em 2013 e desde então virou uma unanimidade na agremiação. Recentemente, foi titular na campanha da medalha de ouro na Rio-2016 e convocado por Tite para os duelos da seleção brasileira contra Argentina e Peru pelas eliminatórias da Copa de 2018. Mesmo com mais de dez jogadores promovidos ao elenco atual, David Lisboa, ex-conselheiro do São Paulo, crê que o número de titulares deveria ser maior. "Na minha época [pré-CFA] não tinha Cotia e nós revelamos muitos jogadores no terrão do Morumbi. Em 2003, eram quase 13 jogadores. Hoje, com a estrutura que tem, eu acho que metade do time deveria ser composto pelos meninos da base", disse. COTIA X BARRA FUNDA O grande problema entre os CTs sempre foi a falta de integração entre ambos –os jovens têm suas rotinas em Cotia, ao passo que os profissionais treinam na Barra Funda. Um dos idealizadores do CFA de Cotia, o ex-presidente Juvenal Juvêncio apontava essa falha ainda em 2010, quando exigiu uma mudança radical nessa relação. Onze anos se passaram e o clube ainda não atingiu o objetivo ideal proposto pelo mandatário, morto em 2015. "Imagina se a Barra Funda estivesse aqui em Cotia? Todos os profissionais estivessem aqui? O problema é o espaço físico. O mais desejável é que os dois estivessem juntos, mas não é possível. No futuro será possível", ressaltou Marcos Francisco. Como base e profissional ficam distantes, a saída encontrada foi alinhar os modos de trabalho. Para isso, o São Paulo colocou os garotos sub-20 na Copa Paulista, um torneio de profissionais, para que a competitividade e a postura se tornassem compatíveis às dos adultos. "Quanto mais perto do profissional, maior a necessidade de se aperfeiçoar. O importante é o jogador não sentir essa diferença. Logo, a cobrança e o nível de jogo ficam mais elevados", explicou André Jardine, treinador do time sub-20. - FICHAS TÉCNICAS Nome Lucas Fernandes Idade 19 anos Direitos econômicos 95% do São Paulo Situação lesionado desde junho, é grande promessa Nome Pedro Bortoluzo Idade 20 anos Direitos 90% do São Paulo Situação fez apenas sete jogos pelo time principal; no último deles, deixou Chávez no banco Nome Lyanco Vojnovic Idade 19 anos Direitos 80% do São Paulo Situação ficou menos de cinco meses em Cotia e foi promovido para a equipe principal Nome David Neres Idade 19 anos Direitos 100% do São Paulo Situação com apenas dois jogos, é tido como um dos protagonistas da recuperação do time Nome Luiz Araújo Idade 20 anos Direitos 70% do São Paulo Situação desde o início do ano com os profissionais, geralmente fica no banco de reservas
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China pode substituir autoridade de alto escalão para acalmar mercado
Pequim está próxima de nomear o prefeito da metrópole de crescimento mais acelerado da China como o braço-direito do primeiro-ministro, Li Keqiang, para ajudar a combater a desaceleração econômica e a turbulência do mercado, um movimento dramático que destaca a preocupação do governo com a estabilidade financeira. A planejada mudança de pessoal numa posição próxima do pináculo do poder na China vem após renovadas turbulências nos mercados acionários e cambiais este ano que espalharam novas preocupações sobre se os reguladores estão à altura do trabalho de manter a ordem. Prefeito desde 2010 da metrópole ao sudoeste do país Chongqing, Huang Qifan, de 63 anos, é cotado para substituir Yang Jing, de 62 anos, como secretário-geral do Conselho de Estado, ou gabinete, disseram à Reuters duas fontes com laços com a liderança e duas fontes do setor financeiro. "Huang Qifan fez um excelente trabalho em Chongqing", disse uma das fontes com laços com a liderança. "Esperemos que sua indicação possa melhorar a confiança dos investidores e estabilizar o mercado financeiro." Com o desafio imediato de reduzir a volatilidade do mercado, o governo também encara uma batalha dura para alcançar a média anual de crescimento econômico de ao menos 6,5% entre 2016 e 2020.
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China pode substituir autoridade de alto escalão para acalmar mercadoPequim está próxima de nomear o prefeito da metrópole de crescimento mais acelerado da China como o braço-direito do primeiro-ministro, Li Keqiang, para ajudar a combater a desaceleração econômica e a turbulência do mercado, um movimento dramático que destaca a preocupação do governo com a estabilidade financeira. A planejada mudança de pessoal numa posição próxima do pináculo do poder na China vem após renovadas turbulências nos mercados acionários e cambiais este ano que espalharam novas preocupações sobre se os reguladores estão à altura do trabalho de manter a ordem. Prefeito desde 2010 da metrópole ao sudoeste do país Chongqing, Huang Qifan, de 63 anos, é cotado para substituir Yang Jing, de 62 anos, como secretário-geral do Conselho de Estado, ou gabinete, disseram à Reuters duas fontes com laços com a liderança e duas fontes do setor financeiro. "Huang Qifan fez um excelente trabalho em Chongqing", disse uma das fontes com laços com a liderança. "Esperemos que sua indicação possa melhorar a confiança dos investidores e estabilizar o mercado financeiro." Com o desafio imediato de reduzir a volatilidade do mercado, o governo também encara uma batalha dura para alcançar a média anual de crescimento econômico de ao menos 6,5% entre 2016 e 2020.
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Advogado 'anticorrupção' será conselheiro da Petrobras
Advogado do escritório Veirano, Luiz Navarro foi eleito novo integrante do conselho de administração da Petrobras. Ele assume a vaga de Márcio Zimmermann, secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, que, segundo a estatal, renunciou ao cargo de conselheiro na reunião desta sexta-feira (27). Na página do escritório Veirano na internet, ele se apresenta como especializado nos temas "anticorrupção, integridade administrativa e compliance". Trabalhou como Secretário-Executivo, secretário de Prevenção da Corrupção e Corregedor-Geral na CGU (Controladoria Geral da União). Integrou também o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras). "Essa eleição, conforme dispõem a Lei das Sociedades Anônimas e o Estatuto Social da Petrobras, é válida até a próxima Assembleia Geral de Acionistas", informou a Petrobras em nota. São conselheiros da Petrobras, pela União, os ex-ministros Guido Mantega e Miriam Belchior (que assumiu a presidência da Caixa Econômica Federal); Luciano Coutinho, presidente do BNDES; Sérgio Quintella, vice-presidente da Fundação Getulio Vargas; o general Francisco Roberto de Albuquerque; o presidente da Petrobras Aldemir Bendine e, agora, Navarro. Pelos acionistas minoritários são conselheiros Mauro Cunha e José Monforte. Sílvio Sinedino representa os trabalhadores.
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Advogado 'anticorrupção' será conselheiro da PetrobrasAdvogado do escritório Veirano, Luiz Navarro foi eleito novo integrante do conselho de administração da Petrobras. Ele assume a vaga de Márcio Zimmermann, secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, que, segundo a estatal, renunciou ao cargo de conselheiro na reunião desta sexta-feira (27). Na página do escritório Veirano na internet, ele se apresenta como especializado nos temas "anticorrupção, integridade administrativa e compliance". Trabalhou como Secretário-Executivo, secretário de Prevenção da Corrupção e Corregedor-Geral na CGU (Controladoria Geral da União). Integrou também o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras). "Essa eleição, conforme dispõem a Lei das Sociedades Anônimas e o Estatuto Social da Petrobras, é válida até a próxima Assembleia Geral de Acionistas", informou a Petrobras em nota. São conselheiros da Petrobras, pela União, os ex-ministros Guido Mantega e Miriam Belchior (que assumiu a presidência da Caixa Econômica Federal); Luciano Coutinho, presidente do BNDES; Sérgio Quintella, vice-presidente da Fundação Getulio Vargas; o general Francisco Roberto de Albuquerque; o presidente da Petrobras Aldemir Bendine e, agora, Navarro. Pelos acionistas minoritários são conselheiros Mauro Cunha e José Monforte. Sílvio Sinedino representa os trabalhadores.
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'Não vamos desistir diante do terrorismo', diz presidente do COI
Tão logo foram anunciadas como sedes dos Jogos Olímpicos, os organizadores de Paris-2024 e Los Angeles-2028 receberam questionamentos sobre segurança. Durante a entrevista coletiva depois da atribuição dupla na sessão do COI (Comitê Olímpico Internacional), em Lima, a prefeita parisiense, Anne Hidalgo, e seu par Eric Garcetti, foram indagados sobre riscos em receber o maior evento esportivo do mundo. A França, sobretudo sua capital, tem convivido com frequentes atentados terroristas nos dois últimos anos. Curiosamente, o presidente do COI, o alemão Thomas Bach, tomou a palavra e defendeu suas novas sedes sem deixar os prefeitos se pronunciarem a respeito. Para Bach, os riscos não podem impedir a realização dos Jogos. "Se pensarmos só na segurança, não teremos grandes eventos mais. É isso que queremos? Seria uma vitória para os terroristas. Estamos defendendo a unidade, valores, tolerância. Não vamos desistir diante do terrorismo", afirmou o dirigente. "A segurança é sempre uma das maiores preocupações em todos os Jogos Olímpicos. Quem sabe como será a necessidade da segurança daqui a sete ou 11 anos? Ninguém, é impossível saber agora. Então, não será diferente de nenhuma outra vez", complementou. Em sua história, os Jogos Olímpicos registraram dois casos marcantes de segurança, no caso de terrorismo. Na edição de Munique-1972, 11 atletas israelenses foram sequestrados na Vila Olímpica e posteriormente acabaram mortos, e na edição de Atlanta-1996, quando uma bomba explodiu em um parque, matando uma pessoa.
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'Não vamos desistir diante do terrorismo', diz presidente do COITão logo foram anunciadas como sedes dos Jogos Olímpicos, os organizadores de Paris-2024 e Los Angeles-2028 receberam questionamentos sobre segurança. Durante a entrevista coletiva depois da atribuição dupla na sessão do COI (Comitê Olímpico Internacional), em Lima, a prefeita parisiense, Anne Hidalgo, e seu par Eric Garcetti, foram indagados sobre riscos em receber o maior evento esportivo do mundo. A França, sobretudo sua capital, tem convivido com frequentes atentados terroristas nos dois últimos anos. Curiosamente, o presidente do COI, o alemão Thomas Bach, tomou a palavra e defendeu suas novas sedes sem deixar os prefeitos se pronunciarem a respeito. Para Bach, os riscos não podem impedir a realização dos Jogos. "Se pensarmos só na segurança, não teremos grandes eventos mais. É isso que queremos? Seria uma vitória para os terroristas. Estamos defendendo a unidade, valores, tolerância. Não vamos desistir diante do terrorismo", afirmou o dirigente. "A segurança é sempre uma das maiores preocupações em todos os Jogos Olímpicos. Quem sabe como será a necessidade da segurança daqui a sete ou 11 anos? Ninguém, é impossível saber agora. Então, não será diferente de nenhuma outra vez", complementou. Em sua história, os Jogos Olímpicos registraram dois casos marcantes de segurança, no caso de terrorismo. Na edição de Munique-1972, 11 atletas israelenses foram sequestrados na Vila Olímpica e posteriormente acabaram mortos, e na edição de Atlanta-1996, quando uma bomba explodiu em um parque, matando uma pessoa.
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Violência
Era uma dessas salas de cinema mais ou menos cult. Quando ela entrou, o filme já tinha começado. Fez a maior confusão pra encontrar seu lugar, por acaso a poltrona à minha frente. Uma senhora ao meu lado disse "chega atrasada e ainda atrapalha a sessão" e lá de trás uma voz masculina gritou "silêncio". Ela ergueu os braços num losango e prendeu o cabelo num rabo de cavalo. Depois tentou desligar o celular, mas o botão travou. "Tomara que ninguém me ligue", disse pro homem de barba à sua esquerda, que respondeu com uma careta irritada. Ficou tranquila por alguns minutos. Mas logo começou a olhar insistentemente pra direita, de onde vinha, é verdade, um cheiro maravilhoso de pipoca. A duas poltronas de distância, protegida apenas por um adolescente de óculos sentado entre as duas, a dona da pipoca olhou de volta pra ela, com raiva ou medo, não sei. Eu só conseguia enxergar melhor nos momentos em que a câmera saía da diligência escura e mostrava os campos do Wyoming cobertos de neve. Então minha vizinha de frente se debruçou sobre o garoto e abriu o coração pra outra mulher: – Cê vai me desculpar, querida, mas peguei um trânsito terrível, cheguei atrasada e não tive tempo de comprar pipoca, que eu amo. Tava aqui sentindo esse cheirinho e pensei: será que é muito chato pedir uma pipoquinha pra alguém que não conheço? O que tinha exigido silêncio agora gritava "cala a boca, sua louca" –e teve início um linchamento verbal. O clima ficou mais tenso do que na hospedaria onde os caubóis se protegiam de uma nevasca. Mas a que foi chamada de louca não pareceu se importar. Meteu a mão no balde de pipocas que a vizinha, atordoada, lhe oferecia. Quando a pipoca acabou, estendeu o braço –sem mover o tronco nem virar a cabeça– e arrematou mais uma porção. Tive um ataque de riso. A partir daí fiquei dividido entre prestar atenção no filme ou na plateia. Após duas horas de falação infinita, o sangue jorrou no chão da Minnie's Haberdashery. Ela não deixou barato: fuçou na bolsa várias vezes; atendeu o telefone com um "oiiiii" animadíssimo; perguntou pro cara barbudo qual era mesmo o nome do ator negro. Pra fechar a noite, quando as legendas estavam quase no fim (é preciso coragem pra sair do cinema), percebi que ela estava chorando. A essa altura eu já me sentia íntimo dela. Perguntei se podia ajudar de alguma forma. – Eu nunca vi nada tão violento –respondeu. – É que o Tarantino... Ela me cortou: – Vim porque um sobrinho me disse que era uma comédia. Mas acho que era uma piada, né? Eu a acompanhei até a rua e tentei explicar que não valia a pena sofrer por aquilo. Que esse diretor explodia cabeças só por diversão. Sua linguagem não era realista e, num certo sentido, sua violência era leve. Ela me olhou muito assustada e se despediu com uma frase confusa sobre almas perversas e o remédio que é Deus. Depois desceu a Augusta depressa, como se um bando de cachorros invisíveis quisesse estraçalhar seus tornozelos.
colunas
ViolênciaEra uma dessas salas de cinema mais ou menos cult. Quando ela entrou, o filme já tinha começado. Fez a maior confusão pra encontrar seu lugar, por acaso a poltrona à minha frente. Uma senhora ao meu lado disse "chega atrasada e ainda atrapalha a sessão" e lá de trás uma voz masculina gritou "silêncio". Ela ergueu os braços num losango e prendeu o cabelo num rabo de cavalo. Depois tentou desligar o celular, mas o botão travou. "Tomara que ninguém me ligue", disse pro homem de barba à sua esquerda, que respondeu com uma careta irritada. Ficou tranquila por alguns minutos. Mas logo começou a olhar insistentemente pra direita, de onde vinha, é verdade, um cheiro maravilhoso de pipoca. A duas poltronas de distância, protegida apenas por um adolescente de óculos sentado entre as duas, a dona da pipoca olhou de volta pra ela, com raiva ou medo, não sei. Eu só conseguia enxergar melhor nos momentos em que a câmera saía da diligência escura e mostrava os campos do Wyoming cobertos de neve. Então minha vizinha de frente se debruçou sobre o garoto e abriu o coração pra outra mulher: – Cê vai me desculpar, querida, mas peguei um trânsito terrível, cheguei atrasada e não tive tempo de comprar pipoca, que eu amo. Tava aqui sentindo esse cheirinho e pensei: será que é muito chato pedir uma pipoquinha pra alguém que não conheço? O que tinha exigido silêncio agora gritava "cala a boca, sua louca" –e teve início um linchamento verbal. O clima ficou mais tenso do que na hospedaria onde os caubóis se protegiam de uma nevasca. Mas a que foi chamada de louca não pareceu se importar. Meteu a mão no balde de pipocas que a vizinha, atordoada, lhe oferecia. Quando a pipoca acabou, estendeu o braço –sem mover o tronco nem virar a cabeça– e arrematou mais uma porção. Tive um ataque de riso. A partir daí fiquei dividido entre prestar atenção no filme ou na plateia. Após duas horas de falação infinita, o sangue jorrou no chão da Minnie's Haberdashery. Ela não deixou barato: fuçou na bolsa várias vezes; atendeu o telefone com um "oiiiii" animadíssimo; perguntou pro cara barbudo qual era mesmo o nome do ator negro. Pra fechar a noite, quando as legendas estavam quase no fim (é preciso coragem pra sair do cinema), percebi que ela estava chorando. A essa altura eu já me sentia íntimo dela. Perguntei se podia ajudar de alguma forma. – Eu nunca vi nada tão violento –respondeu. – É que o Tarantino... Ela me cortou: – Vim porque um sobrinho me disse que era uma comédia. Mas acho que era uma piada, né? Eu a acompanhei até a rua e tentei explicar que não valia a pena sofrer por aquilo. Que esse diretor explodia cabeças só por diversão. Sua linguagem não era realista e, num certo sentido, sua violência era leve. Ela me olhou muito assustada e se despediu com uma frase confusa sobre almas perversas e o remédio que é Deus. Depois desceu a Augusta depressa, como se um bando de cachorros invisíveis quisesse estraçalhar seus tornozelos.
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'Em Ritmo de Fuga' exalta trilha sonora tipo 'sonho nerd' sobre 4 rodas
Na segunda metade de "Em Ritmo de Fuga", o jovem motorista Baby, um especialista em fugas de assaltos que não para de ouvir música, precisa cumprir uma missão a contragosto. O garoto vê o carro virar sucata enquanto "Easy", do The Commodores, toca em seu iPod. "Sei que pode parecer engraçado/Mas não aguento mais essa dor". A cena tem diversas pistas do sucesso de "Em Ritmo de Fuga", um dos filmes mais elogiados do ano. O diretor britânico Edgar Wright ("Todo Mundo Quase Morto") hesitava em colocar como protagonista de seu musical automobilístico o adorável-até-demais Ansel Elgort, de "A Culpa É das Estrelas". Mas se decidiu quando o ator de 1994 citou a mesma "Easy", de 1977, durante uma conversa. A trilha sonora, aliás, pontua cada momento de "Em Ritmo de Fuga", desde a gênese. A ideia surgiu em 1994 com a canção "Bellbottoms", do grupo The Jon Spencer Blues Explosion. Ouça no deezer A premissa é simples. O jovem precisa terminar uma série de roubos para poder pagar dívidas e fugir com uma garçonete (Lily James). Mas o plano tromba com a gangue formada por Jon Hamm, Kevin Spacey e Jamie Foxx, em papéis distantes do estereótipo hollywoodiano. A aposta deu certo. "Em Ritmo de Fuga" se deu bem nas bilheterias, apesar de concorrentes de peso como "Planeta dos Macacos: A Guerra" e "Homem-Aranha: De Volta ao Lar". "Ouvi essa música quando tinha 21 anos e pensei que ela ficaria incrível numa perseguição de carros", recorda o cineasta. Treze anos depois, a faixa abre o longa que ele usou para curar a mágoa da demissão do comando de "Homem-Formiga", em 2015. "Em Ritmo de Fuga" subverte o gênero de "filmes de roubos a bancos" com as cenas de perseguição de carros mais insanas dos últimos anos. Wright bebe de "Caçada de Morte" (1978), "Cães de Aluguel" (1992) e "Fogo Contra Fogo" (1995) em sua "dieta cinematográfica" para trazer sopro novo aos cinemas –a partir desta quinta no Brasil. O longa parece um clipe no qual a plateia vê e ouve o mundo a partir de Baby, que usa músicas para amenizar zumbidos no ouvido. Rendeu US$ 120 milhões no mundo, ante o orçamento de US$ 34 milhões. No "Rotten Tomatoes", site que agrupa resenhas de cinema e TV, a obra de Edgar Wright tem 94% de aprovação, parte graças ao jovem protagonista e à longa trilha sonora. "Com todo respeito aos meus filmes anteriores, 'Em Ritmo de Fuga' é o único que chamaria os amigos em casa para ver várias vezes", afirma Ansel Elgort, que dança e canta no longa. A revista "Variety" classifica de "sonho nerd" a trilha sonora com 30 canções, de Barry White a Queen. As batidas servem de marcação para os cortes no longa. E também para o título –o nome original, "Baby Driver", saiu de uma canção de Simon & Garfunkel. Assista ao trailer de 'Em Ritmo de Fuga' Assista ao trailer de 'Em Ritmo de Fuga'
ilustrada
'Em Ritmo de Fuga' exalta trilha sonora tipo 'sonho nerd' sobre 4 rodasNa segunda metade de "Em Ritmo de Fuga", o jovem motorista Baby, um especialista em fugas de assaltos que não para de ouvir música, precisa cumprir uma missão a contragosto. O garoto vê o carro virar sucata enquanto "Easy", do The Commodores, toca em seu iPod. "Sei que pode parecer engraçado/Mas não aguento mais essa dor". A cena tem diversas pistas do sucesso de "Em Ritmo de Fuga", um dos filmes mais elogiados do ano. O diretor britânico Edgar Wright ("Todo Mundo Quase Morto") hesitava em colocar como protagonista de seu musical automobilístico o adorável-até-demais Ansel Elgort, de "A Culpa É das Estrelas". Mas se decidiu quando o ator de 1994 citou a mesma "Easy", de 1977, durante uma conversa. A trilha sonora, aliás, pontua cada momento de "Em Ritmo de Fuga", desde a gênese. A ideia surgiu em 1994 com a canção "Bellbottoms", do grupo The Jon Spencer Blues Explosion. Ouça no deezer A premissa é simples. O jovem precisa terminar uma série de roubos para poder pagar dívidas e fugir com uma garçonete (Lily James). Mas o plano tromba com a gangue formada por Jon Hamm, Kevin Spacey e Jamie Foxx, em papéis distantes do estereótipo hollywoodiano. A aposta deu certo. "Em Ritmo de Fuga" se deu bem nas bilheterias, apesar de concorrentes de peso como "Planeta dos Macacos: A Guerra" e "Homem-Aranha: De Volta ao Lar". "Ouvi essa música quando tinha 21 anos e pensei que ela ficaria incrível numa perseguição de carros", recorda o cineasta. Treze anos depois, a faixa abre o longa que ele usou para curar a mágoa da demissão do comando de "Homem-Formiga", em 2015. "Em Ritmo de Fuga" subverte o gênero de "filmes de roubos a bancos" com as cenas de perseguição de carros mais insanas dos últimos anos. Wright bebe de "Caçada de Morte" (1978), "Cães de Aluguel" (1992) e "Fogo Contra Fogo" (1995) em sua "dieta cinematográfica" para trazer sopro novo aos cinemas –a partir desta quinta no Brasil. O longa parece um clipe no qual a plateia vê e ouve o mundo a partir de Baby, que usa músicas para amenizar zumbidos no ouvido. Rendeu US$ 120 milhões no mundo, ante o orçamento de US$ 34 milhões. No "Rotten Tomatoes", site que agrupa resenhas de cinema e TV, a obra de Edgar Wright tem 94% de aprovação, parte graças ao jovem protagonista e à longa trilha sonora. "Com todo respeito aos meus filmes anteriores, 'Em Ritmo de Fuga' é o único que chamaria os amigos em casa para ver várias vezes", afirma Ansel Elgort, que dança e canta no longa. A revista "Variety" classifica de "sonho nerd" a trilha sonora com 30 canções, de Barry White a Queen. As batidas servem de marcação para os cortes no longa. E também para o título –o nome original, "Baby Driver", saiu de uma canção de Simon & Garfunkel. Assista ao trailer de 'Em Ritmo de Fuga' Assista ao trailer de 'Em Ritmo de Fuga'
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Zoológico de SP tem nascimento em cativeiro de arara-azul-de-lear
DE SÃO PAULO Bem que o filhote que nasceu no Zoológico de São Paulo poderia ser, como Carla, Bia e Tiago, uma cria do Blu, da animação "Rio", mas não é da mesma espécie. No filme de Carlos Saldanha, o protagonista é uma ararinha azul (Cyanopsitta spixii), enquanto o novo paulistano é uma arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari). O exemplar, o primeiro nascido em cativeiro na América Latina, foi monitorado pela equipe de técnicos do Zoológico enquanto ainda estava no ovo, permanecendo na chocadeira por cerca de dez dias. De acordo com um boletim do Zoológico, o filhote responde bem aos cuidados de biólogos do Setor de Aves, com alimentação balanceada, controle do peso e do crescimento, além de mantido em incubadora com temperatura de 35 ºC. Segundo o site do Projeto Arara Azul, enquanto a ararinha azul mede cerca de 55 cm, a arara-azul-de-lear chega a 75 cm. Em comum, as duas espécies, se encontradas na natureza, estariam no norte da Bahia.
saopaulo
Zoológico de SP tem nascimento em cativeiro de arara-azul-de-learDE SÃO PAULO Bem que o filhote que nasceu no Zoológico de São Paulo poderia ser, como Carla, Bia e Tiago, uma cria do Blu, da animação "Rio", mas não é da mesma espécie. No filme de Carlos Saldanha, o protagonista é uma ararinha azul (Cyanopsitta spixii), enquanto o novo paulistano é uma arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari). O exemplar, o primeiro nascido em cativeiro na América Latina, foi monitorado pela equipe de técnicos do Zoológico enquanto ainda estava no ovo, permanecendo na chocadeira por cerca de dez dias. De acordo com um boletim do Zoológico, o filhote responde bem aos cuidados de biólogos do Setor de Aves, com alimentação balanceada, controle do peso e do crescimento, além de mantido em incubadora com temperatura de 35 ºC. Segundo o site do Projeto Arara Azul, enquanto a ararinha azul mede cerca de 55 cm, a arara-azul-de-lear chega a 75 cm. Em comum, as duas espécies, se encontradas na natureza, estariam no norte da Bahia.
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Justiça determina exumação do corpo do garoto morto em frente a Habib's
A Justiça determinou nesta quarta-feira (22) a exumação do corpo de João Victor Souza de Carvalho, 13, morto após confusão na frente de loja da rede Habib's na Vila Nova Cachoeirinha (zona norte da capital), em 26 de fevereiro. A juíza Flavia Castellar Oliverio, da 2ª Vara do Júri, em Santana (zona norte), determinou que a exumação ocorra até o dia 20 de abril. A exumação foi solicitada pelo 28º DP (Freguesia do Ó), onde o caso foi registrado, a pedido da família da vítima, que contesta o laudo da Polícia Técnico-Científica. A conclusão foi morte por consumo de cocaína, de lança-perfume e por problemas no coração. No entanto, imagens de câmeras de segurança flagraram o garoto sendo arrastado por seguranças da lanchonete após discussão. Ele teria sido agredido. O Habib's nega uso de violência. A Secretaria da Segurança Pública, sob gestão Geraldo Alckmin (PSDB), diz que a família pode pedir acompanhamento de perito particular na exumação.
cotidiano
Justiça determina exumação do corpo do garoto morto em frente a Habib'sA Justiça determinou nesta quarta-feira (22) a exumação do corpo de João Victor Souza de Carvalho, 13, morto após confusão na frente de loja da rede Habib's na Vila Nova Cachoeirinha (zona norte da capital), em 26 de fevereiro. A juíza Flavia Castellar Oliverio, da 2ª Vara do Júri, em Santana (zona norte), determinou que a exumação ocorra até o dia 20 de abril. A exumação foi solicitada pelo 28º DP (Freguesia do Ó), onde o caso foi registrado, a pedido da família da vítima, que contesta o laudo da Polícia Técnico-Científica. A conclusão foi morte por consumo de cocaína, de lança-perfume e por problemas no coração. No entanto, imagens de câmeras de segurança flagraram o garoto sendo arrastado por seguranças da lanchonete após discussão. Ele teria sido agredido. O Habib's nega uso de violência. A Secretaria da Segurança Pública, sob gestão Geraldo Alckmin (PSDB), diz que a família pode pedir acompanhamento de perito particular na exumação.
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Planalto quer ação política para pressionar STF a liberar áudios
O Palácio do Planalto vai apostar na atuação política para pressionar o STF (Supremo Tribunal Federal) a liberar os áudios da delação da JBS e tentar comprovar a tese de que o acordo dos irmãos Batista foi direcionado para atingir Michel Temer. Com aval do presidente, aliados ao governo no Congresso vão cobrar que o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato na corte, suspenda o sigilo de áudios recuperados pela Polícia Federal e das novas mídias entregues na semana passada pelos executivos da JBS à PGR (Procuradoria-Geral da República). Além disso, a defesa do peemedebista vai reiterar o pedido —já negado pelo Supremo— de acesso às gravações. A estratégia ao encontro da narrativa que vem sendo ecoada por Temer e seus auxiliares desde maio, de que o presidente foi alvo de uma armação e é perseguido pelo procurador-geral, Rodrigo Janot. Agora, o presidente quer tentar comprovar que os procuradores atuaram para direcionar a operação contra ele e, no limite, caso seja concluído que as provas foram induzidas, conseguir que elas sejam anuladas no processo. Nesta segunda-feira (4), Janot, disse que pode anular a delação premiada de executivos da JBS por omissão de informações sobre práticas de crimes cometidos durante a negociação do acordo. Esses indícios, segundo gravações de conversas mantidas em sigilo, envolvem integrantes do STF e da PGR, como o ex-procurador Marcelo Miller. Assessores de Temer querem provar que Miller atuou para direcionar a operação contra o presidente e questionar o comportamento de Janot e Fachin durante as tratativas do acordo de delação da JBS. Para o Planalto, todo o trabalho de Janot até aqui está comprometido e é preciso entender qual foi a participação do procurador-geral durante a negociação do acordo. O discurso que será reforçado pelo presidente é o de que os fatos fragilizam o instrumento da delação e que as provas obtidas por Joesley –que gravou uma conversa com Temer no Palácio do Jaburu na qual relata pagar pelo silêncio de Eduardo Cunha (PMDB-RJ)–, foram criadas e, portanto, devem ser anuladas. Advogados consultados por auxiliares do presidente afirmam que as provas induzidas podem ser anuladas e que o empresário deve perder os benefícios e ser preso. SEGUNDA DENÚNCIA Apesar do discurso de fragilidade política de Janot e também da suposta desconstrução da delação da JBS, Temer e seus auxiliares acreditam que o PGR irá apresentar a segunda denúncia contra o peemedebista nos próximos dias, antes de deixar o cargo, em 17 de setembro. A primeira denúncia, por corrupção passiva, foi barrada pela Câmara no início de agosto após articulação política do Planalto que contou com a liberação de cargos e emendas para os deputados. A avaliação de Temer é que nova acusação formal contra ele, desta vez por obstrução de Justiça e formação de organização criminosa, vai estar contaminada e que isso servirá de argumento para os parlamentares que terão que votar pelo prosseguimento ou não na peça no plenário da Câmara. Temer vai apostar no espírito de corpo e dizer que, com Janot enfraquecido, as investigações que avançam sobre a classe política também estão comprometidas.
poder
Planalto quer ação política para pressionar STF a liberar áudiosO Palácio do Planalto vai apostar na atuação política para pressionar o STF (Supremo Tribunal Federal) a liberar os áudios da delação da JBS e tentar comprovar a tese de que o acordo dos irmãos Batista foi direcionado para atingir Michel Temer. Com aval do presidente, aliados ao governo no Congresso vão cobrar que o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato na corte, suspenda o sigilo de áudios recuperados pela Polícia Federal e das novas mídias entregues na semana passada pelos executivos da JBS à PGR (Procuradoria-Geral da República). Além disso, a defesa do peemedebista vai reiterar o pedido —já negado pelo Supremo— de acesso às gravações. A estratégia ao encontro da narrativa que vem sendo ecoada por Temer e seus auxiliares desde maio, de que o presidente foi alvo de uma armação e é perseguido pelo procurador-geral, Rodrigo Janot. Agora, o presidente quer tentar comprovar que os procuradores atuaram para direcionar a operação contra ele e, no limite, caso seja concluído que as provas foram induzidas, conseguir que elas sejam anuladas no processo. Nesta segunda-feira (4), Janot, disse que pode anular a delação premiada de executivos da JBS por omissão de informações sobre práticas de crimes cometidos durante a negociação do acordo. Esses indícios, segundo gravações de conversas mantidas em sigilo, envolvem integrantes do STF e da PGR, como o ex-procurador Marcelo Miller. Assessores de Temer querem provar que Miller atuou para direcionar a operação contra o presidente e questionar o comportamento de Janot e Fachin durante as tratativas do acordo de delação da JBS. Para o Planalto, todo o trabalho de Janot até aqui está comprometido e é preciso entender qual foi a participação do procurador-geral durante a negociação do acordo. O discurso que será reforçado pelo presidente é o de que os fatos fragilizam o instrumento da delação e que as provas obtidas por Joesley –que gravou uma conversa com Temer no Palácio do Jaburu na qual relata pagar pelo silêncio de Eduardo Cunha (PMDB-RJ)–, foram criadas e, portanto, devem ser anuladas. Advogados consultados por auxiliares do presidente afirmam que as provas induzidas podem ser anuladas e que o empresário deve perder os benefícios e ser preso. SEGUNDA DENÚNCIA Apesar do discurso de fragilidade política de Janot e também da suposta desconstrução da delação da JBS, Temer e seus auxiliares acreditam que o PGR irá apresentar a segunda denúncia contra o peemedebista nos próximos dias, antes de deixar o cargo, em 17 de setembro. A primeira denúncia, por corrupção passiva, foi barrada pela Câmara no início de agosto após articulação política do Planalto que contou com a liberação de cargos e emendas para os deputados. A avaliação de Temer é que nova acusação formal contra ele, desta vez por obstrução de Justiça e formação de organização criminosa, vai estar contaminada e que isso servirá de argumento para os parlamentares que terão que votar pelo prosseguimento ou não na peça no plenário da Câmara. Temer vai apostar no espírito de corpo e dizer que, com Janot enfraquecido, as investigações que avançam sobre a classe política também estão comprometidas.
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Trincheiras de 'Soldados Rasos' soam terrivelmente humanas
Em tempos de guerras por controle remoto e drones, as trincheiras descritas por Frederic Manning (1882-1935) em "Soldados Rasos" (1929) soam terrivelmente humanas. Tal verossimilhança se deve à experiência pessoal do escritor australiano, que participou em 1916 de ações da Primeira Guerra Mundial em solo francês, alistado na real infantaria inglesa. Diferentemente da perspectiva usual dos romances bélicos britânicos, em geral narrados sob a ótica de oficiais, Manning descreve o cotidiano dos soldados, um amálgama infernal de classes sociais, anseios e puro medo amplificado pelo total descontrole sobre o próprio destino. Desprovido da tendência a glorificar atos de coragem e a enxergar heróis onde não há, Manning investe seu protagonista Bourne (neste caso, um protagonista "que prefere o anonimato") de poderes de observação que beiram o filosófico, pois embora tomado de resignação à beira da entrega depressiva, não se abstém de refletir acerca das implicâncias morais do que testemunha. Bourne é dotado de uma consciência existencial que, simultaneamente à progressiva devastação de seu regimento, compreende sua singular condição de mera engrenagem na indústria da morte, além da consequente inevitabilidade de seu final. A vida de seus companheiros, como a sua, é dispensável, não passa de outro item na lista de maquinaria letal trazida ao cenário bélico pela Primeira Guerra. Resta aos soldados rasos, portanto, aguardarem o instante fatal em que serão enviados à linha de frente: enquanto isso, roubam uísque da cozinha, maldizem os comandantes, recordam mortes no campo de batalha e cadáveres de amigos. Essa nervosa iminência em meio ao lamaçal que se confunde com o desejo de que nada aconteça só seria explorada pelo cinema em filmes como "Apocalypse Now", dirigido por Francis Ford Coppola em 1979. "Os homens desapareciam, deixando atrás de si muito poucos vestígios. O tempo deles tinha terminado", conclui Bourne sobre o sumiço de seu amigo, como que antevendo o futuro das guerras e a nossa extinção. JOCA REINERS TERRON é escritor, autor de "A Tristeza Extraordinária do Leopardo-das-Neves" (Companhia das Letras). SOLDADOS RASOS AUTOR Frederic Manning TRADUÇÃO Fal Azevedo EDITORA Carambaia QUANTO R$ 89,90 (480 págs.) AVALIAÇÃO ótimo
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Trincheiras de 'Soldados Rasos' soam terrivelmente humanasEm tempos de guerras por controle remoto e drones, as trincheiras descritas por Frederic Manning (1882-1935) em "Soldados Rasos" (1929) soam terrivelmente humanas. Tal verossimilhança se deve à experiência pessoal do escritor australiano, que participou em 1916 de ações da Primeira Guerra Mundial em solo francês, alistado na real infantaria inglesa. Diferentemente da perspectiva usual dos romances bélicos britânicos, em geral narrados sob a ótica de oficiais, Manning descreve o cotidiano dos soldados, um amálgama infernal de classes sociais, anseios e puro medo amplificado pelo total descontrole sobre o próprio destino. Desprovido da tendência a glorificar atos de coragem e a enxergar heróis onde não há, Manning investe seu protagonista Bourne (neste caso, um protagonista "que prefere o anonimato") de poderes de observação que beiram o filosófico, pois embora tomado de resignação à beira da entrega depressiva, não se abstém de refletir acerca das implicâncias morais do que testemunha. Bourne é dotado de uma consciência existencial que, simultaneamente à progressiva devastação de seu regimento, compreende sua singular condição de mera engrenagem na indústria da morte, além da consequente inevitabilidade de seu final. A vida de seus companheiros, como a sua, é dispensável, não passa de outro item na lista de maquinaria letal trazida ao cenário bélico pela Primeira Guerra. Resta aos soldados rasos, portanto, aguardarem o instante fatal em que serão enviados à linha de frente: enquanto isso, roubam uísque da cozinha, maldizem os comandantes, recordam mortes no campo de batalha e cadáveres de amigos. Essa nervosa iminência em meio ao lamaçal que se confunde com o desejo de que nada aconteça só seria explorada pelo cinema em filmes como "Apocalypse Now", dirigido por Francis Ford Coppola em 1979. "Os homens desapareciam, deixando atrás de si muito poucos vestígios. O tempo deles tinha terminado", conclui Bourne sobre o sumiço de seu amigo, como que antevendo o futuro das guerras e a nossa extinção. JOCA REINERS TERRON é escritor, autor de "A Tristeza Extraordinária do Leopardo-das-Neves" (Companhia das Letras). SOLDADOS RASOS AUTOR Frederic Manning TRADUÇÃO Fal Azevedo EDITORA Carambaia QUANTO R$ 89,90 (480 págs.) AVALIAÇÃO ótimo
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Finais da Liga Mundial de Vôlei serão disputadas na Arena da Baixada
A Federação Internacional de Vôlei (FIVB) informou nesta segunda-feira que as finais da Liga Mundial serão realizadas na Arena da Baixada, casa do Atlético-PR. Os jogos envolverão as seis melhores seleções (o Brasil tem vaga assegurada), de 4 a 8 de julho. A escolha de um estádio de futebol para ser sede de jogos de vôlei ocorreu após a experiência bem sucedida no ano passado, quando a CBV realizou o Desafio de Ouro neste mesmo local em comemoração à conquista da medalha dourada nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. O evento teve grande público, com 33 mil pagantes. O primeiro jogo do Brasil na Liga Mundial será no dia 2 de junho, contra a Polônia, em Pesaro, na Itália. Neste mesmo local, a equipe verde e amarela ainda enfrenta o Irã e os donos da casa. A segunda fase será na Bulgária contra Canadá, Polônia e Bulgária. Encerrando a etapa classificatória, a seleção brasileira irá a Córdoba, na Argentina, jogar contra os búlgaros, argentinos e sérvios. Na próxima quinta-feira (09.03), às 15h, será realizada, no Estádio Atlético Paranaense, a entrevista coletiva de lançamento da Fase Final da Liga Mundial, com a presença de autoridades do Governo Estadual do Paraná e da Prefeitura de Curitiba, além de representantes da CBV, da Federação Paranaense de Voleibol e do Clube Atlético Paranaense. Presidente da Comissão de Atletas da FIVB, Giba representará a entidade.
esporte
Finais da Liga Mundial de Vôlei serão disputadas na Arena da BaixadaA Federação Internacional de Vôlei (FIVB) informou nesta segunda-feira que as finais da Liga Mundial serão realizadas na Arena da Baixada, casa do Atlético-PR. Os jogos envolverão as seis melhores seleções (o Brasil tem vaga assegurada), de 4 a 8 de julho. A escolha de um estádio de futebol para ser sede de jogos de vôlei ocorreu após a experiência bem sucedida no ano passado, quando a CBV realizou o Desafio de Ouro neste mesmo local em comemoração à conquista da medalha dourada nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. O evento teve grande público, com 33 mil pagantes. O primeiro jogo do Brasil na Liga Mundial será no dia 2 de junho, contra a Polônia, em Pesaro, na Itália. Neste mesmo local, a equipe verde e amarela ainda enfrenta o Irã e os donos da casa. A segunda fase será na Bulgária contra Canadá, Polônia e Bulgária. Encerrando a etapa classificatória, a seleção brasileira irá a Córdoba, na Argentina, jogar contra os búlgaros, argentinos e sérvios. Na próxima quinta-feira (09.03), às 15h, será realizada, no Estádio Atlético Paranaense, a entrevista coletiva de lançamento da Fase Final da Liga Mundial, com a presença de autoridades do Governo Estadual do Paraná e da Prefeitura de Curitiba, além de representantes da CBV, da Federação Paranaense de Voleibol e do Clube Atlético Paranaense. Presidente da Comissão de Atletas da FIVB, Giba representará a entidade.
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EUA aceitam Sérgio Amaral como embaixador do Brasil em Washington
O diplomata Sérgio Amaral recebeu o agrément (aceitação formal) do governo americano para ser o novo embaixador do Brasil em Washington. Amaral foi ministro do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio Exterior e porta-voz da Presidência no governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Aos 72 anos, o diplomata já foi embaixador em Paris e Londres e serviu nas embaixadas de Washington, Bonn e na missão permanente do Brasil junto à ONU em Genebra. Também foi presidente da Associação dos Países Produtores de Café e do Conselho Empresarial Brasil-China. Nome próximo ao PSDB, ele teve participação na elaboração do discurso de posse do novo chanceler, José Serra. Amaral será agora sabatinado no Senado e precisa ter seu nome aprovado no plenário. Ainda não há previsão para sua chegada à capital americana. Ele substituirá Luiz Alberto Figueiredo, chanceler no governo da presidente afastada Dilma Rousseff, que há duas semanas recebeu o agrément de Portugal para ser embaixador do Brasil em Lisboa.
mundo
EUA aceitam Sérgio Amaral como embaixador do Brasil em WashingtonO diplomata Sérgio Amaral recebeu o agrément (aceitação formal) do governo americano para ser o novo embaixador do Brasil em Washington. Amaral foi ministro do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio Exterior e porta-voz da Presidência no governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Aos 72 anos, o diplomata já foi embaixador em Paris e Londres e serviu nas embaixadas de Washington, Bonn e na missão permanente do Brasil junto à ONU em Genebra. Também foi presidente da Associação dos Países Produtores de Café e do Conselho Empresarial Brasil-China. Nome próximo ao PSDB, ele teve participação na elaboração do discurso de posse do novo chanceler, José Serra. Amaral será agora sabatinado no Senado e precisa ter seu nome aprovado no plenário. Ainda não há previsão para sua chegada à capital americana. Ele substituirá Luiz Alberto Figueiredo, chanceler no governo da presidente afastada Dilma Rousseff, que há duas semanas recebeu o agrément de Portugal para ser embaixador do Brasil em Lisboa.
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Viaduto Santo Amaro é reaberto para tráfego de ônibus em SP
O viaduto Santo Amaro, na zona sul de São Paulo, foi aberto para tráfego de ônibus por volta das 5h desta quinta-feira (25). A Prefeitura de São Paulo descartou a demolição da estrutura. Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), apenas duas faixas do viaduto serão usadas, uma em direção ao centro e a outra em direção ao bairro. A via tem seis faixas, divididas em dois sentidos. Carros e caminhões não poderão usar o viaduto e ainda não há data para liberação desses veículos. No último dia 13, uma batida de dois caminhões na avenida dos Bandeirantes, sob o viaduto, causou um incêndio. Desde então, a via está completamente interditada. O prefeito Fernando Haddad (PT) chegou a afirmar que a chance de recuperação da estrutura era de apenas 5%, completando que a demolição do viaduto era quase tida como certa. Porém, após três laudos contratados, a administração municipal desistiu da ideia. "Contrariamente às expectativas iniciais, apontadas pela maior parte dos especialistas de que a gente deveria demolir o viaduto, os laudos apontam que é possível a recuperação", afirmou o secretário municipal de Obras, Roberto Garibe. O prazo para a recuperação total do viaduto só deve ser informado após monitoramento de 15 dias do trânsito no local. TESTES As duas empresas contratadas pela prefeitura fizeram testes de resistência de carga para emitir os laudos. Posteriormente, um engenheiro emitiu um documento determinando como deveria ser feita a liberação da via. "Aguentar 100%, aguenta, mas a recomendação é começar gradualmente. Liberar duas pistas, aí definir a tecnologia de recuperação para liberar as demais", afirmou Haddad. As possibilidades de recuperação são realizar obras pela parte de cima, pela parte de baixo ou ainda criar uma nova estrutura de apoio para o viaduto Santo Amaro. Ainda não há estimativa de custo da reconstrução. "Estamos economizando alguma coisa perto de R$ 40 milhões que seria gasto para refazer o viaduto se fosse implodido. E uma obra que levaria seis meses já vai ser liberada [parcialmente]", disse Haddad. Motoristas que trafegam pelo local têm enfrentado congestionamentos. Cerca de 25 linhas de ônibus passavam sobre o viaduto. Após a interdição, os coletivos passaram a usar a pista lateral do elevado, nos dois sentidos, cortando a avenida dos Bandeirantes para voltar à avenida Santo Amaro.
cotidiano
Viaduto Santo Amaro é reaberto para tráfego de ônibus em SPO viaduto Santo Amaro, na zona sul de São Paulo, foi aberto para tráfego de ônibus por volta das 5h desta quinta-feira (25). A Prefeitura de São Paulo descartou a demolição da estrutura. Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), apenas duas faixas do viaduto serão usadas, uma em direção ao centro e a outra em direção ao bairro. A via tem seis faixas, divididas em dois sentidos. Carros e caminhões não poderão usar o viaduto e ainda não há data para liberação desses veículos. No último dia 13, uma batida de dois caminhões na avenida dos Bandeirantes, sob o viaduto, causou um incêndio. Desde então, a via está completamente interditada. O prefeito Fernando Haddad (PT) chegou a afirmar que a chance de recuperação da estrutura era de apenas 5%, completando que a demolição do viaduto era quase tida como certa. Porém, após três laudos contratados, a administração municipal desistiu da ideia. "Contrariamente às expectativas iniciais, apontadas pela maior parte dos especialistas de que a gente deveria demolir o viaduto, os laudos apontam que é possível a recuperação", afirmou o secretário municipal de Obras, Roberto Garibe. O prazo para a recuperação total do viaduto só deve ser informado após monitoramento de 15 dias do trânsito no local. TESTES As duas empresas contratadas pela prefeitura fizeram testes de resistência de carga para emitir os laudos. Posteriormente, um engenheiro emitiu um documento determinando como deveria ser feita a liberação da via. "Aguentar 100%, aguenta, mas a recomendação é começar gradualmente. Liberar duas pistas, aí definir a tecnologia de recuperação para liberar as demais", afirmou Haddad. As possibilidades de recuperação são realizar obras pela parte de cima, pela parte de baixo ou ainda criar uma nova estrutura de apoio para o viaduto Santo Amaro. Ainda não há estimativa de custo da reconstrução. "Estamos economizando alguma coisa perto de R$ 40 milhões que seria gasto para refazer o viaduto se fosse implodido. E uma obra que levaria seis meses já vai ser liberada [parcialmente]", disse Haddad. Motoristas que trafegam pelo local têm enfrentado congestionamentos. Cerca de 25 linhas de ônibus passavam sobre o viaduto. Após a interdição, os coletivos passaram a usar a pista lateral do elevado, nos dois sentidos, cortando a avenida dos Bandeirantes para voltar à avenida Santo Amaro.
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O ovo da serpente
Na semana passada, um auditório lotado da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo) homenageou o arquiteto Paulo Mendes da Rocha pelas recentes premiações internacionais que ele conquistou. Na ocasião, as palavras de Paulo reverberavam aquele que tem sido, desde a criação da escola, um de seus fundamentos: a arquitetura quando é pura forma, pura técnica, quando desprovida de profunda relação crítica com a realidade que a cerca, não tem alma, não tem capacidade de intervir sobre o presente, no sentido de sua transformação. Esse foi o espírito evocado nos anos 1940 por Vilanova Artigas quando ele convida Paulo Mendes para assisti-lo na criação da FAU. Esse é o "zeitgeist" presente até os dias de hoje, encravado nas colunas de concreto do edifício projetado por Artigas nos anos 1960: um prédio "sem portas de entrada, como num templo". Preservar esse espírito, atualizando-o permanentemente, é um dos grandes desafios da FAU. Entre os vários temas em debate hoje na escola, as formas de acesso, assim como a questão racial, são centrais para a atualização dos conceitos de "escola pública" e "aberta". A decisão da congregação de suspender neste ano a prova de habilidades específicas visou permitir que a FAU aderisse ao sistema unificado de seleção promovido pelo Ministério da Educação, no qual as universidades oferecem vagas para os candidatos participantes do Enem. Ao mesmo tempo, definiu um calendário de reflexões e debates, colocando o tema no centro da sua agenda. Ao contrário do que afirmou Demétrio Magnoli em coluna publicada na Folha em 8/10, o CursinhoLA, criado por alunos da FAU para atender candidatos de baixa renda, foi um dos proponentes da suspensão da prova. Nas palavras do grupo: "Desde 2012 o CursinhoLA busca ser uma alternativa gratuita para estudantes de escolas públicas ao ensino privado preparatório para as provas específicas da FAU, discutindo a existência de seus pré-requisitos não previstos no ensino regular. Fazemos parte, portanto, do movimento que questiona a aplicação dessas provas, entendendo que elas demandam investimentos individuais complementares que distorcem o sentido público da universidade e sobrepõe privilégios ao direito à educação, motivo pelo qual nosso cursinho precisou ser organizado, mas que, esperamos, dure apenas até alcançarmos um acesso mais democrático à universidade". Nada a ver, portanto, com a tese defendida por Demétrio (e outros) de que a meritocracia, a competição e o mercado devem ser os únicos valores a presidir e organizar nossa sociedade. Valores como equidade, justiça social e distribuição de renda e poder, nessa visão, são anacronismos que precisam não apenas ser derrotados politicamente nas urnas mas varridos definitivamente das mentes e corações, para que triunfe uma ordem global baseada em um pensamento único de adoção e adoração ao mercado. Muito cuidado nessa hora: as experiências totalitárias que a humanidade viveu já demonstraram a que ponto pode chegar a proposta de eliminar um modo de ser e pensar -o "zeitgest"- de uma época em nome de um modelo hegemônico. A boa notícia, Demétrio, é que na FAU, na Bienal e em outros campos da arte e da cultura, ainda respiram os espíritos livres. RAQUEL ROLNIK é arquiteta e urbanista e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br
opiniao
O ovo da serpenteNa semana passada, um auditório lotado da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo) homenageou o arquiteto Paulo Mendes da Rocha pelas recentes premiações internacionais que ele conquistou. Na ocasião, as palavras de Paulo reverberavam aquele que tem sido, desde a criação da escola, um de seus fundamentos: a arquitetura quando é pura forma, pura técnica, quando desprovida de profunda relação crítica com a realidade que a cerca, não tem alma, não tem capacidade de intervir sobre o presente, no sentido de sua transformação. Esse foi o espírito evocado nos anos 1940 por Vilanova Artigas quando ele convida Paulo Mendes para assisti-lo na criação da FAU. Esse é o "zeitgeist" presente até os dias de hoje, encravado nas colunas de concreto do edifício projetado por Artigas nos anos 1960: um prédio "sem portas de entrada, como num templo". Preservar esse espírito, atualizando-o permanentemente, é um dos grandes desafios da FAU. Entre os vários temas em debate hoje na escola, as formas de acesso, assim como a questão racial, são centrais para a atualização dos conceitos de "escola pública" e "aberta". A decisão da congregação de suspender neste ano a prova de habilidades específicas visou permitir que a FAU aderisse ao sistema unificado de seleção promovido pelo Ministério da Educação, no qual as universidades oferecem vagas para os candidatos participantes do Enem. Ao mesmo tempo, definiu um calendário de reflexões e debates, colocando o tema no centro da sua agenda. Ao contrário do que afirmou Demétrio Magnoli em coluna publicada na Folha em 8/10, o CursinhoLA, criado por alunos da FAU para atender candidatos de baixa renda, foi um dos proponentes da suspensão da prova. Nas palavras do grupo: "Desde 2012 o CursinhoLA busca ser uma alternativa gratuita para estudantes de escolas públicas ao ensino privado preparatório para as provas específicas da FAU, discutindo a existência de seus pré-requisitos não previstos no ensino regular. Fazemos parte, portanto, do movimento que questiona a aplicação dessas provas, entendendo que elas demandam investimentos individuais complementares que distorcem o sentido público da universidade e sobrepõe privilégios ao direito à educação, motivo pelo qual nosso cursinho precisou ser organizado, mas que, esperamos, dure apenas até alcançarmos um acesso mais democrático à universidade". Nada a ver, portanto, com a tese defendida por Demétrio (e outros) de que a meritocracia, a competição e o mercado devem ser os únicos valores a presidir e organizar nossa sociedade. Valores como equidade, justiça social e distribuição de renda e poder, nessa visão, são anacronismos que precisam não apenas ser derrotados politicamente nas urnas mas varridos definitivamente das mentes e corações, para que triunfe uma ordem global baseada em um pensamento único de adoção e adoração ao mercado. Muito cuidado nessa hora: as experiências totalitárias que a humanidade viveu já demonstraram a que ponto pode chegar a proposta de eliminar um modo de ser e pensar -o "zeitgest"- de uma época em nome de um modelo hegemônico. A boa notícia, Demétrio, é que na FAU, na Bienal e em outros campos da arte e da cultura, ainda respiram os espíritos livres. RAQUEL ROLNIK é arquiteta e urbanista e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br
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Cemitérios nos EUA viram opções de lazer com ioga e degustação de vinhos
Aulas de ioga, clube de leitura, projeção de filmes ao ar livre, passeios noturnos para explorar monumentos. A programação é semelhante à de muitos parques no verão americano, mas no Congressional Cemetery, cemitério histórico de Washington, as atividades são realizadas em meio a túmulos de políticos famosos e heróis da Guerra Civil dos Estados Unidos. Seguindo uma tendência crescente em cemitérios de todo o país, o Congressional Cemetery oferece uma agenda diversificada de eventos que, segundo seu presidente, Paul Williams, atraem até 45 mil pessoas por ano. Na última sexta-feira (29), a sessão de cinema, batizada de Cinematery, exibiu o clássico "Cantando na Chuva". Terças-feiras têm "Yoga Mortis", aulas comandadas pela professora de ioga Jessica Woodburn. A cada dois meses, um clube do livro chamado Tombs and Tomes (Túmulos e Tomos, em português) se reúne na capela do cemitério para discutir, principalmente, obras com temas macabros. Aos sábados, há passeios guiados. E na primeira quinta-feira de cada mês, uma caminhada noturna. O ingresso, a US$ 10 (cerca de R$ 32), dá direito a uma taça de vinho. Todos os anos, em outubro, uma das principais atrações é a Dead Man's Run, uma corrida de 5 km em que os participantes, muitos deles fantasiados, atravessam o cemitério ao som de músicas. O preço da inscrição, US$ 40 (cerca de R$ 130), inclui uma camiseta e uma cerveja. "Nós incentivamos as pessoas a visitarem nosso cemitério, caminhar por aqui, ler as lápides, divertir-se. Não precisa ser um lugar solene e triste", disse Williams à BBC Brasil. "Muitos se esquecem que, há cem anos ou mais, as pessoas usavam os cemitérios como parques, onde passavam o dia, faziam piqueniques, se reuniam com amigos, mesmo se não tivessem familiares enterrados no local". O Congressional Cemetery faz parte de um grupo cada vez maior de cemitérios americanos que oferecem mais do que sepultamentos e cerimônias fúnebres. O Hollywood Forever, em Los Angeles, promove sessões de cinema desde 2002, além de concertos musicais e outros eventos. Oakland (Atlanta), Green-Wood (Brooklyn, em Nova York), Spring Grove (Cincinnati), Laurel Hill (Filadélfia) e Mountain Grove (Bridgeport) são outros cemitérios históricos que têm atraído milhares visitantes com programação cultural o ano inteiro. No Holy Sepulchre, em Hayward, na Califórnia, há degustação de vinhos premiados produzidos por videiras plantadas no próprio cemitério. "Particularmente em grandes cidades, onde há cemitérios especialmente grandiosos, esse tipo de programação vem crescendo nos últimos 10 ou 15 anos", disse o professor de história da arquitetura Keith Eggener, da Universidade de Oregon, autor de um livro sobre a evolução dos cemitérios americanos. Essa transformação é impulsionada, principalmente, pela necessidade de fechar as contas em um momento em que o número de novos sepultamentos já não é suficiente para cobrir os custos de preservação, principalmente no caso de cemitérios históricos. "Muitos já estão lotados, não têm mais como arrecadar fundos com a venda de espaço. Precisam ser criativos para cobrir os custos de manutenção", salienta Williams, presidente do Congressional Cemetery. Sua trajetória ilustra o desafio enfrentado pelos cemitérios históricos. Fundado em 1807, o Congressional Cemetery abriga os restos mortais de 67 mil pessoas, entre elas figuras ilustres como o primeiro diretor do FBI (a Polícia Federal norte-americana), J. Edgar Hoover, congressistas, juízes da Suprema Corte e veteranos de guerras. Apesar dos residentes famosos, porém, com o tempo o cemitério foi entrando em decadência. "Vinte e cinco anos atrás, estava quase abandonado, com grama na altura dos ombros, pessoas morando no local, uso de drogas e prostituição", relembra Williams, que assumiu a presidência do local em 2012. A transformação começou a partir de 1997, por iniciativa da própria comunidade. Moradores da área que costumavam levar seus cães para passear no cemitério passaram a se organizar e arrecadar dinheiro para cortar a grama e outros reparos. O programa cresceu e hoje inclui 750 cães e uma lista de espera que pode chegar a três anos. Os participantes pagam taxa anual de US$ 225 (cerca de R$ 739), mais US$ 50 (R$ 164) por animal, para que seus cães possam passear livremente pelo cemitério. Além da injeção de aproximadamente US$ 210 mil (R$ 690 mil) por ano nos cofres do cemitério, a presença dos cães e seus donos é descrita como uma "patrulha" que ajuda a manter o local livre de vândalos. Segundo Williams, o programa de passeio de cães e as outras atividades promovidas pelo Congressional Cemetery rendem em torno de US$ 400 mil (R$ 1,3 milhão) por ano, quase metade do orçamento anual de US$ 1 milhão (R$ 3,28 milhões). No entando, para Eggener, a motivação econômica não é a única explicação para a transformação desses cemitérios. "Acho que também é por orgulho, reconhecimento do valor histórico desses locais e desejo de mantê-los como parte vital da comunidade", observa. Eggener ressalta que muitas vezes os cemitérios são a melhor fatia de terra em determinadas vizinhanças, o que faz com que sejam usados como parques, como ocorria no século 19. Outro fator é o que ele considera uma cultura atual de nostalgia e de fascinação com o passado. "As pessoas estão retornando aos cemitérios", diz. "No século 19, não havia muitas opções de lazer, e as pessoas tinham orgulho e ficavam muito felizes de poder passear nos cemitérios. É bom lembrar que era uma época anterior ao surgimento de parques públicos, museus ou jardins botânicos nos Estados Unidos." As atividades incluíam passeios de carruagens, piqueniques e até caça de pássaros. "Com o tempo, as associações de cemitérios passaram a publicar guias para orientar os visitantes e também estabelecer regras sobre o tipo de atividade permitida", revela Eggener. O objetivo a essas regras, diz Eggener, era manter um equilíbrio entre atrair visitantes e garantir um ambiente de respeito aos mortos. Essa continua sendo uma preocupação atual. No ano passado, quando o Congressional Cemetery começou a exibir filmes, dois leitores protestaram em carta ao jornal "The Washington Post". "Não podemos acreditar que alguém possa promover o uso de um cemitério para projeção de filmes. Será que perdemos todo o senso de decência e respeito por nossas famílias e ancestrais a ponto de macular um lugar tão sagrado?", questionava a carta. No entanto, segundo Williams, "é muito raro que alguém critique algum dos nossos eventos". Ele agrega que a programação é planejada por uma equipe de seis funcionários, com cuidado para que não seja ofensiva. "Se não fosse por esses eventos, nosso cemitério não estaria como está hoje, com a grama cortada, os monumentos preservados, um local seguro", afirma. Williams destaca que o cemitério ainda permanece ativo e alguns dos visitantes acabam se interessando em adquirir lotes para serem sepultados lá. Para Eggener, cabe a cada comunidade, incluindo visitantes, pessoas com familiares sepultados e administradores, decidir como usar os cemitérios. "Sempre haverá alguém insatisfeito com qualquer que seja a solução", aponta. Eggener salienta que, quando todos os membros da família já morreram, quando se chega à quarta ou quinta geração, muitos túmulos acabam abandonados, já que ninguém mais se lembra de quem está sepultado lá. "Temos essas grandes fatias de terra, no meio de grandes cidades, caindo em abandono, muitas vezes se transformando em locais perigosos. Então, se for possível encontrar uma maneira de manter esses lugares, uma maneira que seja benéfica para os vivos, é positivo", avalia Eggener. "Isso é algo que devemos ter em mente: no fim das contas, os cemitérios são tanto para os vivos quanto para os mortos."
turismo
Cemitérios nos EUA viram opções de lazer com ioga e degustação de vinhosAulas de ioga, clube de leitura, projeção de filmes ao ar livre, passeios noturnos para explorar monumentos. A programação é semelhante à de muitos parques no verão americano, mas no Congressional Cemetery, cemitério histórico de Washington, as atividades são realizadas em meio a túmulos de políticos famosos e heróis da Guerra Civil dos Estados Unidos. Seguindo uma tendência crescente em cemitérios de todo o país, o Congressional Cemetery oferece uma agenda diversificada de eventos que, segundo seu presidente, Paul Williams, atraem até 45 mil pessoas por ano. Na última sexta-feira (29), a sessão de cinema, batizada de Cinematery, exibiu o clássico "Cantando na Chuva". Terças-feiras têm "Yoga Mortis", aulas comandadas pela professora de ioga Jessica Woodburn. A cada dois meses, um clube do livro chamado Tombs and Tomes (Túmulos e Tomos, em português) se reúne na capela do cemitério para discutir, principalmente, obras com temas macabros. Aos sábados, há passeios guiados. E na primeira quinta-feira de cada mês, uma caminhada noturna. O ingresso, a US$ 10 (cerca de R$ 32), dá direito a uma taça de vinho. Todos os anos, em outubro, uma das principais atrações é a Dead Man's Run, uma corrida de 5 km em que os participantes, muitos deles fantasiados, atravessam o cemitério ao som de músicas. O preço da inscrição, US$ 40 (cerca de R$ 130), inclui uma camiseta e uma cerveja. "Nós incentivamos as pessoas a visitarem nosso cemitério, caminhar por aqui, ler as lápides, divertir-se. Não precisa ser um lugar solene e triste", disse Williams à BBC Brasil. "Muitos se esquecem que, há cem anos ou mais, as pessoas usavam os cemitérios como parques, onde passavam o dia, faziam piqueniques, se reuniam com amigos, mesmo se não tivessem familiares enterrados no local". O Congressional Cemetery faz parte de um grupo cada vez maior de cemitérios americanos que oferecem mais do que sepultamentos e cerimônias fúnebres. O Hollywood Forever, em Los Angeles, promove sessões de cinema desde 2002, além de concertos musicais e outros eventos. Oakland (Atlanta), Green-Wood (Brooklyn, em Nova York), Spring Grove (Cincinnati), Laurel Hill (Filadélfia) e Mountain Grove (Bridgeport) são outros cemitérios históricos que têm atraído milhares visitantes com programação cultural o ano inteiro. No Holy Sepulchre, em Hayward, na Califórnia, há degustação de vinhos premiados produzidos por videiras plantadas no próprio cemitério. "Particularmente em grandes cidades, onde há cemitérios especialmente grandiosos, esse tipo de programação vem crescendo nos últimos 10 ou 15 anos", disse o professor de história da arquitetura Keith Eggener, da Universidade de Oregon, autor de um livro sobre a evolução dos cemitérios americanos. Essa transformação é impulsionada, principalmente, pela necessidade de fechar as contas em um momento em que o número de novos sepultamentos já não é suficiente para cobrir os custos de preservação, principalmente no caso de cemitérios históricos. "Muitos já estão lotados, não têm mais como arrecadar fundos com a venda de espaço. Precisam ser criativos para cobrir os custos de manutenção", salienta Williams, presidente do Congressional Cemetery. Sua trajetória ilustra o desafio enfrentado pelos cemitérios históricos. Fundado em 1807, o Congressional Cemetery abriga os restos mortais de 67 mil pessoas, entre elas figuras ilustres como o primeiro diretor do FBI (a Polícia Federal norte-americana), J. Edgar Hoover, congressistas, juízes da Suprema Corte e veteranos de guerras. Apesar dos residentes famosos, porém, com o tempo o cemitério foi entrando em decadência. "Vinte e cinco anos atrás, estava quase abandonado, com grama na altura dos ombros, pessoas morando no local, uso de drogas e prostituição", relembra Williams, que assumiu a presidência do local em 2012. A transformação começou a partir de 1997, por iniciativa da própria comunidade. Moradores da área que costumavam levar seus cães para passear no cemitério passaram a se organizar e arrecadar dinheiro para cortar a grama e outros reparos. O programa cresceu e hoje inclui 750 cães e uma lista de espera que pode chegar a três anos. Os participantes pagam taxa anual de US$ 225 (cerca de R$ 739), mais US$ 50 (R$ 164) por animal, para que seus cães possam passear livremente pelo cemitério. Além da injeção de aproximadamente US$ 210 mil (R$ 690 mil) por ano nos cofres do cemitério, a presença dos cães e seus donos é descrita como uma "patrulha" que ajuda a manter o local livre de vândalos. Segundo Williams, o programa de passeio de cães e as outras atividades promovidas pelo Congressional Cemetery rendem em torno de US$ 400 mil (R$ 1,3 milhão) por ano, quase metade do orçamento anual de US$ 1 milhão (R$ 3,28 milhões). No entando, para Eggener, a motivação econômica não é a única explicação para a transformação desses cemitérios. "Acho que também é por orgulho, reconhecimento do valor histórico desses locais e desejo de mantê-los como parte vital da comunidade", observa. Eggener ressalta que muitas vezes os cemitérios são a melhor fatia de terra em determinadas vizinhanças, o que faz com que sejam usados como parques, como ocorria no século 19. Outro fator é o que ele considera uma cultura atual de nostalgia e de fascinação com o passado. "As pessoas estão retornando aos cemitérios", diz. "No século 19, não havia muitas opções de lazer, e as pessoas tinham orgulho e ficavam muito felizes de poder passear nos cemitérios. É bom lembrar que era uma época anterior ao surgimento de parques públicos, museus ou jardins botânicos nos Estados Unidos." As atividades incluíam passeios de carruagens, piqueniques e até caça de pássaros. "Com o tempo, as associações de cemitérios passaram a publicar guias para orientar os visitantes e também estabelecer regras sobre o tipo de atividade permitida", revela Eggener. O objetivo a essas regras, diz Eggener, era manter um equilíbrio entre atrair visitantes e garantir um ambiente de respeito aos mortos. Essa continua sendo uma preocupação atual. No ano passado, quando o Congressional Cemetery começou a exibir filmes, dois leitores protestaram em carta ao jornal "The Washington Post". "Não podemos acreditar que alguém possa promover o uso de um cemitério para projeção de filmes. Será que perdemos todo o senso de decência e respeito por nossas famílias e ancestrais a ponto de macular um lugar tão sagrado?", questionava a carta. No entanto, segundo Williams, "é muito raro que alguém critique algum dos nossos eventos". Ele agrega que a programação é planejada por uma equipe de seis funcionários, com cuidado para que não seja ofensiva. "Se não fosse por esses eventos, nosso cemitério não estaria como está hoje, com a grama cortada, os monumentos preservados, um local seguro", afirma. Williams destaca que o cemitério ainda permanece ativo e alguns dos visitantes acabam se interessando em adquirir lotes para serem sepultados lá. Para Eggener, cabe a cada comunidade, incluindo visitantes, pessoas com familiares sepultados e administradores, decidir como usar os cemitérios. "Sempre haverá alguém insatisfeito com qualquer que seja a solução", aponta. Eggener salienta que, quando todos os membros da família já morreram, quando se chega à quarta ou quinta geração, muitos túmulos acabam abandonados, já que ninguém mais se lembra de quem está sepultado lá. "Temos essas grandes fatias de terra, no meio de grandes cidades, caindo em abandono, muitas vezes se transformando em locais perigosos. Então, se for possível encontrar uma maneira de manter esses lugares, uma maneira que seja benéfica para os vivos, é positivo", avalia Eggener. "Isso é algo que devemos ter em mente: no fim das contas, os cemitérios são tanto para os vivos quanto para os mortos."
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Irmãos levam turistas e paulistanos a pedalar pela história de SP
DE SÃO PAULO Na inauguração da ciclovia da Paulista, em 28 de junho, um grupo de bicicletas seguia uma caixa de som. A voz que saía dos alto-falantes contava a história e curiosidades sobre a Casa das Rosas, um dos últimos casarões da avenida. Era mais uma saída organizada pelo Bike Tour SP, que faz passeios guiados de bicicleta por lugares que guardam capítulos da história da cidade. Além da Paulista, há opções gratuitas no centro histórico (o mais procurado), na avenida Brigadeiro Faria Lima e no parque Ibirapuera. Entre os participantes, 95% são paulistanos. "Usamos caixas de som na Paulista, pois as antenas atrapalham o sinal de rádio", conta André Moral, 40, que criou o projeto há dois anos, em parceria com Daniel, irmão dele. Gestada há 17 anos, a ideia só ganhou as ruas após a criação das ciclofaixas de lazer. No primeiro ano, André e Daniel comandavam todos os passeios, com suas mulheres. Em 2014, ganharam patrocínio. "Temos um negócio social. Todo o lucro é reinvestido no projeto", explica André, que obtém sua renda em uma empresa de revestimentos. "Ainda sou um voluntário."
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Irmãos levam turistas e paulistanos a pedalar pela história de SPDE SÃO PAULO Na inauguração da ciclovia da Paulista, em 28 de junho, um grupo de bicicletas seguia uma caixa de som. A voz que saía dos alto-falantes contava a história e curiosidades sobre a Casa das Rosas, um dos últimos casarões da avenida. Era mais uma saída organizada pelo Bike Tour SP, que faz passeios guiados de bicicleta por lugares que guardam capítulos da história da cidade. Além da Paulista, há opções gratuitas no centro histórico (o mais procurado), na avenida Brigadeiro Faria Lima e no parque Ibirapuera. Entre os participantes, 95% são paulistanos. "Usamos caixas de som na Paulista, pois as antenas atrapalham o sinal de rádio", conta André Moral, 40, que criou o projeto há dois anos, em parceria com Daniel, irmão dele. Gestada há 17 anos, a ideia só ganhou as ruas após a criação das ciclofaixas de lazer. No primeiro ano, André e Daniel comandavam todos os passeios, com suas mulheres. Em 2014, ganharam patrocínio. "Temos um negócio social. Todo o lucro é reinvestido no projeto", explica André, que obtém sua renda em uma empresa de revestimentos. "Ainda sou um voluntário."
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Presos são internados por suspeita de intoxicação alimentar em SP; 1 morre
Um preso morreu nesta terça-feira (21) após apresentar sintomas de intoxicação alimentar em Hortolândia, no interior de São Paulo (a 105 km da capital). Outros nove detentos estão internados, segundo a secretaria de saúde do município. Eles estão no hospital municipal, todos com sintomas de intoxicação. O incidente ocorreu dentro da penitenciária 3, no Complexo Campinas/Hortolândia. A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) informou em nota que os presos foram atendidos e medicados pela equipe de saúde da unidade ainda na segunda-feira (20), após apresentarem os sintomas. Durante a madrugada desta terça, um dos presos se sentiu mal e foi levado à enfermaria, onde foi constatado que já não possuía sinais vitais. A perícia foi realizada durante a manhã pela polícia, mas ainda não há a causa do óbito, segundo a secretaria. A SAP afirma ainda que todos os presos passaram por triagem de saúde nesta terça, e que, além da internação dos outros nove, mais 23 detentos estão sendo medicados e tratados na penitenciária. "A direção da unidade conversou com os presos que passaram mal e eles alegaram terem ingerido macarrão e estrogonofe levados por visitantes. Observamos ainda que as refeições foram compartilhadas por presos de duas celas", diz o informe. De acordo com a secretaria, servidores de saúde e do Samu fizeram a desinfecção das celas habitadas pelos presos, após orientações da vigilância sanitária racional. A SAP informa que a unidade está apurando a causa da possível intoxicação.
cotidiano
Presos são internados por suspeita de intoxicação alimentar em SP; 1 morreUm preso morreu nesta terça-feira (21) após apresentar sintomas de intoxicação alimentar em Hortolândia, no interior de São Paulo (a 105 km da capital). Outros nove detentos estão internados, segundo a secretaria de saúde do município. Eles estão no hospital municipal, todos com sintomas de intoxicação. O incidente ocorreu dentro da penitenciária 3, no Complexo Campinas/Hortolândia. A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) informou em nota que os presos foram atendidos e medicados pela equipe de saúde da unidade ainda na segunda-feira (20), após apresentarem os sintomas. Durante a madrugada desta terça, um dos presos se sentiu mal e foi levado à enfermaria, onde foi constatado que já não possuía sinais vitais. A perícia foi realizada durante a manhã pela polícia, mas ainda não há a causa do óbito, segundo a secretaria. A SAP afirma ainda que todos os presos passaram por triagem de saúde nesta terça, e que, além da internação dos outros nove, mais 23 detentos estão sendo medicados e tratados na penitenciária. "A direção da unidade conversou com os presos que passaram mal e eles alegaram terem ingerido macarrão e estrogonofe levados por visitantes. Observamos ainda que as refeições foram compartilhadas por presos de duas celas", diz o informe. De acordo com a secretaria, servidores de saúde e do Samu fizeram a desinfecção das celas habitadas pelos presos, após orientações da vigilância sanitária racional. A SAP informa que a unidade está apurando a causa da possível intoxicação.
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Nem tão novas diretrizes
No dia 23 de maio, o ex-embaixador Rubens Barbosa escreveu nesta Folha que "o resultado da política externa dos últimos 13 anos foi o isolamento do Brasil das negociações comerciais, com sérios prejuízos ao país". Isso não é verdade. Como ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior até abril, percebo com satisfação que as diretrizes para o comércio exterior anunciadas recentemente são nada mais do que exatamente a continuidade, sob nova retórica, das ações adotadas pelo governo até recentemente. A agenda proposta corresponde exatamente àquela do Plano Nacional de Exportações, lançado em junho de 2015 e em plena execução. Os Estados Unidos, por exemplo, foram um dos países prioritários no nosso reposicionamento da política comercial. Um acordo bilateral inovador de convergência regulatória foi firmado, eliminando barreiras técnicas impostas a produtos brasileiros. Laboratórios internacionais que certificam para venda no mercado americano passaram a se instalar no Brasil. Caminhamos para garantir acesso àquele mercado para produtos cerâmicos, máquinas e equipamentos, eletroeletrônicos, entre outros -caminho antes inviabilizado pelo alto custo de certificação nos EUA. Está em negociação avançada um acordo comercial expandido com o México, buscando liberalização plena do comércio bilateral. O acordo automotivo foi renovado em novas bases e já apresenta bons resultados: em 2015, o volume de exportação de veículos para o México cresceu 75%. Também foi firmada inédita parceria automotiva com a Colômbia, que garante cotas sem tarifas a veículos brasileiros. Com o Chile, estão em negociação compras públicas. Em abril, o Brasil firmou, com o Peru, seu mais amplo acordo temático bilateral, o nosso primeiro internacional de compras governamentais, que abre um mercado estimado de US$ 13 bilhões para empresas brasileiras -antes prejudicadas pela exigência de depósito, em instituição financeira peruana, de no mínimo 5% de sua capacidade máxima de contratação. Na área de serviços, os compromissos peruanos são equivalentes aos consolidados no Tratado Transpacífico (TPP). O acordo estabelece, também, livre comércio para veículos de passeio e picapes. O Brasil firmou ainda Acordos de Cooperação e Facilitação de Investimentos com México, Colômbia, Chile, Peru, Angola, Moçambique e Maláui. Lembro que também renovamos acordos automotivos com Argentina e Uruguai -com este último chegamos ao livre comércio no setor. Por fim, no dia 11 de maio, ocorreu a troca de ofertas entre Mercosul e União Europeia, passo essencial para a construção do mais ambicioso acordo do qual o Brasil fará parte. As relações exteriores precisam de uma política de Estado, como a desenhada por nós, sempre com amplo apoio do setor privado, e não de polarização política. ARMANDO MONTEIRO é senador (PTB-PE). Foi ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior de janeiro de 2015 a abril de 2016 * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br.
opiniao
Nem tão novas diretrizesNo dia 23 de maio, o ex-embaixador Rubens Barbosa escreveu nesta Folha que "o resultado da política externa dos últimos 13 anos foi o isolamento do Brasil das negociações comerciais, com sérios prejuízos ao país". Isso não é verdade. Como ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior até abril, percebo com satisfação que as diretrizes para o comércio exterior anunciadas recentemente são nada mais do que exatamente a continuidade, sob nova retórica, das ações adotadas pelo governo até recentemente. A agenda proposta corresponde exatamente àquela do Plano Nacional de Exportações, lançado em junho de 2015 e em plena execução. Os Estados Unidos, por exemplo, foram um dos países prioritários no nosso reposicionamento da política comercial. Um acordo bilateral inovador de convergência regulatória foi firmado, eliminando barreiras técnicas impostas a produtos brasileiros. Laboratórios internacionais que certificam para venda no mercado americano passaram a se instalar no Brasil. Caminhamos para garantir acesso àquele mercado para produtos cerâmicos, máquinas e equipamentos, eletroeletrônicos, entre outros -caminho antes inviabilizado pelo alto custo de certificação nos EUA. Está em negociação avançada um acordo comercial expandido com o México, buscando liberalização plena do comércio bilateral. O acordo automotivo foi renovado em novas bases e já apresenta bons resultados: em 2015, o volume de exportação de veículos para o México cresceu 75%. Também foi firmada inédita parceria automotiva com a Colômbia, que garante cotas sem tarifas a veículos brasileiros. Com o Chile, estão em negociação compras públicas. Em abril, o Brasil firmou, com o Peru, seu mais amplo acordo temático bilateral, o nosso primeiro internacional de compras governamentais, que abre um mercado estimado de US$ 13 bilhões para empresas brasileiras -antes prejudicadas pela exigência de depósito, em instituição financeira peruana, de no mínimo 5% de sua capacidade máxima de contratação. Na área de serviços, os compromissos peruanos são equivalentes aos consolidados no Tratado Transpacífico (TPP). O acordo estabelece, também, livre comércio para veículos de passeio e picapes. O Brasil firmou ainda Acordos de Cooperação e Facilitação de Investimentos com México, Colômbia, Chile, Peru, Angola, Moçambique e Maláui. Lembro que também renovamos acordos automotivos com Argentina e Uruguai -com este último chegamos ao livre comércio no setor. Por fim, no dia 11 de maio, ocorreu a troca de ofertas entre Mercosul e União Europeia, passo essencial para a construção do mais ambicioso acordo do qual o Brasil fará parte. As relações exteriores precisam de uma política de Estado, como a desenhada por nós, sempre com amplo apoio do setor privado, e não de polarização política. ARMANDO MONTEIRO é senador (PTB-PE). Foi ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior de janeiro de 2015 a abril de 2016 * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br.
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Brunet pede na separação metade dos bens acumulados por Lírio Parisotto
O empresário Lírio Parisotto, acusado pela atriz e modelo Luiza Brunet de agressão, foi notificado nesta terça (8) na ação em que ela pede o reconhecimento de união estável com o empresário. CARA METADE No processo, Brunet pede a metade dos bens acumulados por ele nos cinco anos em que teria durado a relação estável, exige auditoria em todas as empresas do ex e também acesso às declarações de Imposto de Renda do período. ENGANO O advogado dele, Luiz Kignel, confirma a citação. E afirma que Brunet "finalmente revelou suas verdadeiras intenções: transformar um namoro em um negócio financeiro. Usou a imprensa para posar de vítima e agora pede metade do patrimônio do senhor Lírio Parisotto. Não há o menor fundamento jurídico para essa pretensão". MEU DIREITO A defesa de Brunet afirma: "Luiza está fazendo valer, de forma legítima, os seus direitos. O acesso ao Poder Judiciário é garantia constitucional. Não é porque o relacionamento terminou de forma litigiosa que ela vai abrir mão de buscar a Justiça. Achar que a Luiza não deveria buscar seus direitos é uma interpretação equivocada e que só beneficia o agressor. Caberá ao juiz que vai julgar a causa decidir se houve ou não a união estável e quais são as consequências resultantes desse reconhecimento". A nota, assinada pelo advogado Pedro Egberto da Fonseca Neto, diz ainda que "o processo de reconhecimento e dissolução de união estável está sob segredo de Justiça". Leia a coluna completa aqui.
colunas
Brunet pede na separação metade dos bens acumulados por Lírio ParisottoO empresário Lírio Parisotto, acusado pela atriz e modelo Luiza Brunet de agressão, foi notificado nesta terça (8) na ação em que ela pede o reconhecimento de união estável com o empresário. CARA METADE No processo, Brunet pede a metade dos bens acumulados por ele nos cinco anos em que teria durado a relação estável, exige auditoria em todas as empresas do ex e também acesso às declarações de Imposto de Renda do período. ENGANO O advogado dele, Luiz Kignel, confirma a citação. E afirma que Brunet "finalmente revelou suas verdadeiras intenções: transformar um namoro em um negócio financeiro. Usou a imprensa para posar de vítima e agora pede metade do patrimônio do senhor Lírio Parisotto. Não há o menor fundamento jurídico para essa pretensão". MEU DIREITO A defesa de Brunet afirma: "Luiza está fazendo valer, de forma legítima, os seus direitos. O acesso ao Poder Judiciário é garantia constitucional. Não é porque o relacionamento terminou de forma litigiosa que ela vai abrir mão de buscar a Justiça. Achar que a Luiza não deveria buscar seus direitos é uma interpretação equivocada e que só beneficia o agressor. Caberá ao juiz que vai julgar a causa decidir se houve ou não a união estável e quais são as consequências resultantes desse reconhecimento". A nota, assinada pelo advogado Pedro Egberto da Fonseca Neto, diz ainda que "o processo de reconhecimento e dissolução de união estável está sob segredo de Justiça". Leia a coluna completa aqui.
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Mortes: Criava e revitalizava bibliotecas
Ainda pequeno, Ottaviano de Fiore costumava sair cedo de casa, na região central de São Paulo. Gostava de passar na biblioteca antes de ir à escola e, às vezes, perdia a hora e, consequentemente, a aula. Dizia para a mãe que aprendia mais com os livros. Nascido em Nápoles, na Itália, chegou ainda criança à capital paulista e foi, desde cedo, incentivado a ler. Não tinha restrições na hora de escolher um livro, lendo até verbetes de enciclopédias. Mas tinha um carinho especial por Monteiro Lobato, considerando-o um "pai espiritual". Estudou história natural e ciências sociais, trabalhando no Instituto Oceanográfico e dando aulas na PUC-SP. Também foi redator, editor, diretor editorial e de marketing da editora Abril, escreveu textos científicos, bibliografias e participou da criação de uma enciclopédia da Disney. Foi secretário do Livro e da Leitura do Ministério da Cultura, entre 1995 e 2002, período em que criou 1.500 bibliotecas e revitalizou outras mil. Toda a trajetória foi acompanhada pela mulher, Beth, com quem ficou até o fim, somando 54 anos de união. Atualmente, terminava o livro "O corpo magnífico e o corpo científico", que agora deve ser editado pela família. Sempre tranquilo, Ottaviano não dispensava uma ironias. Não perdia a piada, mas também nunca perdeu uma amizade por conta disso. Morreu dia 15, aos 84 anos, devido a uma insuficiência respiratória. Deixa a mulher, três filhos e três netos. Um sarau literário deve ser feito até o final deste mês, em sua homenagem, na Biblioteca Mário de Andrade, seu segundo lar quando jovem. coluna.obituario@grupofolha.com.br - Veja os anúncios de mortes Veja os anúncios de missas -
cotidiano
Mortes: Criava e revitalizava bibliotecasAinda pequeno, Ottaviano de Fiore costumava sair cedo de casa, na região central de São Paulo. Gostava de passar na biblioteca antes de ir à escola e, às vezes, perdia a hora e, consequentemente, a aula. Dizia para a mãe que aprendia mais com os livros. Nascido em Nápoles, na Itália, chegou ainda criança à capital paulista e foi, desde cedo, incentivado a ler. Não tinha restrições na hora de escolher um livro, lendo até verbetes de enciclopédias. Mas tinha um carinho especial por Monteiro Lobato, considerando-o um "pai espiritual". Estudou história natural e ciências sociais, trabalhando no Instituto Oceanográfico e dando aulas na PUC-SP. Também foi redator, editor, diretor editorial e de marketing da editora Abril, escreveu textos científicos, bibliografias e participou da criação de uma enciclopédia da Disney. Foi secretário do Livro e da Leitura do Ministério da Cultura, entre 1995 e 2002, período em que criou 1.500 bibliotecas e revitalizou outras mil. Toda a trajetória foi acompanhada pela mulher, Beth, com quem ficou até o fim, somando 54 anos de união. Atualmente, terminava o livro "O corpo magnífico e o corpo científico", que agora deve ser editado pela família. Sempre tranquilo, Ottaviano não dispensava uma ironias. Não perdia a piada, mas também nunca perdeu uma amizade por conta disso. Morreu dia 15, aos 84 anos, devido a uma insuficiência respiratória. Deixa a mulher, três filhos e três netos. Um sarau literário deve ser feito até o final deste mês, em sua homenagem, na Biblioteca Mário de Andrade, seu segundo lar quando jovem. coluna.obituario@grupofolha.com.br - Veja os anúncios de mortes Veja os anúncios de missas -
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Volkswagen abre plano de demissão voluntária e renova o PPE em SP
A Volkswagen firmou novo acordo coletivo com os metalúrgicos da fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, para a abertura de PDV (Plano de Demissão Voluntária) e a renovação do programa que permite a redução de jornada e salários, o PPE. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, com o acordo foi possível a manutenção dos empregos de 3.600 pessoas consideradas excedentes pela montadora. Hoje, a Volks tem cerca de 10.000 funcionários na fábrica. "Ajustamos os acordos que estavam em curso em função da queda na produção, que tem sido muito forte. Foi a negociação mais difícil com a Volkswagen", disse o diretor do sindicato, Wagner Santana. Em nota, a Volkswagen considerou a aprovação do acordo coletivo "um importante passo no aprimoramento das relações trabalhistas." "Empresa e Sindicato chegaram nesta semana a uma proposta que garantiu o equilíbrio entre as necessidades do negócio e dos trabalhadores, com elementos que nos permitirão fazer frente aos desafios atuais, por meio de mecanismos de adequação das estruturas de custos e de efetivo da unidade." Segundo comunicado do sindicato, o PDV terá início nesta quarta-feira (4) e será destinado aos funcionários da produção e administrativo. A tabela de incentivos é a mesma para os dois setores e varia de acordo com o tempo de casa do trabalhador e a data de adesão. Quem aderir no primeiro período - de 4 a 10 de agosto - recebe o valor previsto na tabela base (cerca de 0,5 salário por ano trabalhado) mais 20 salários. De 1º a 9 de setembro o pacote pagará o equivalente à tabela base mais 15 salários e para os que aderirem de 19 a 30 de setembro o valor será a tabela base mais 10 salários. O sindicato informou que o excedente de funcionários, se ainda existir após o PDV, será administrado por meio de layoff e da renovação do PPE, que poderá ser aplicado com redução de até 30% na jornada de trabalho e 15% nos salários. Atualmente, a Volks opera com redução de jornada de 20%. Para o setor administrativo, haverá meta de 325 adesões. Ao final do período, se ainda houver excedente os trabalhadores serão colocados em layoff por até 5 meses e após esse período haverá o desligamento. A proposta inicial da fábrica, apresentada em 5 de julho, tinha como meta 1.100 adesões no setor. O acordo prevê, ainda, a alteração da data-base do próximo ano, do mês de março para setembro. A variação do INPC referentes aos 18 meses, de março deste ano a setembro de 2017, será convertido em abono salarial. Para o período de 2018 a 2021 fica mantida reposição anual de 100% do INPC. Segundo o sindicato, a PLR (Participação nos Lucros e Resultados) deste ano será mantida no valor já previsto de R$ 11.800,00. De 2017 a 2021 a montadora pagará o valor do ano anterior corrigido pelo INPC. A proposta inicialmente apresentada pela fábrica, em 5 de julho, previa um período de 3 anos - de 2017 a 2019 - sem reajustes e uma PLR de R$ 4.600,00 em 2016. "Os funcionários da unidade terão garantia de estabilidade até 2021, desde que assegurado um volume de produção na fábrica de 120 mil veículos no ano. O volume atual de produção está em 175 mil veículos por ano", informou o sindicato.
mercado
Volkswagen abre plano de demissão voluntária e renova o PPE em SPA Volkswagen firmou novo acordo coletivo com os metalúrgicos da fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, para a abertura de PDV (Plano de Demissão Voluntária) e a renovação do programa que permite a redução de jornada e salários, o PPE. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, com o acordo foi possível a manutenção dos empregos de 3.600 pessoas consideradas excedentes pela montadora. Hoje, a Volks tem cerca de 10.000 funcionários na fábrica. "Ajustamos os acordos que estavam em curso em função da queda na produção, que tem sido muito forte. Foi a negociação mais difícil com a Volkswagen", disse o diretor do sindicato, Wagner Santana. Em nota, a Volkswagen considerou a aprovação do acordo coletivo "um importante passo no aprimoramento das relações trabalhistas." "Empresa e Sindicato chegaram nesta semana a uma proposta que garantiu o equilíbrio entre as necessidades do negócio e dos trabalhadores, com elementos que nos permitirão fazer frente aos desafios atuais, por meio de mecanismos de adequação das estruturas de custos e de efetivo da unidade." Segundo comunicado do sindicato, o PDV terá início nesta quarta-feira (4) e será destinado aos funcionários da produção e administrativo. A tabela de incentivos é a mesma para os dois setores e varia de acordo com o tempo de casa do trabalhador e a data de adesão. Quem aderir no primeiro período - de 4 a 10 de agosto - recebe o valor previsto na tabela base (cerca de 0,5 salário por ano trabalhado) mais 20 salários. De 1º a 9 de setembro o pacote pagará o equivalente à tabela base mais 15 salários e para os que aderirem de 19 a 30 de setembro o valor será a tabela base mais 10 salários. O sindicato informou que o excedente de funcionários, se ainda existir após o PDV, será administrado por meio de layoff e da renovação do PPE, que poderá ser aplicado com redução de até 30% na jornada de trabalho e 15% nos salários. Atualmente, a Volks opera com redução de jornada de 20%. Para o setor administrativo, haverá meta de 325 adesões. Ao final do período, se ainda houver excedente os trabalhadores serão colocados em layoff por até 5 meses e após esse período haverá o desligamento. A proposta inicial da fábrica, apresentada em 5 de julho, tinha como meta 1.100 adesões no setor. O acordo prevê, ainda, a alteração da data-base do próximo ano, do mês de março para setembro. A variação do INPC referentes aos 18 meses, de março deste ano a setembro de 2017, será convertido em abono salarial. Para o período de 2018 a 2021 fica mantida reposição anual de 100% do INPC. Segundo o sindicato, a PLR (Participação nos Lucros e Resultados) deste ano será mantida no valor já previsto de R$ 11.800,00. De 2017 a 2021 a montadora pagará o valor do ano anterior corrigido pelo INPC. A proposta inicialmente apresentada pela fábrica, em 5 de julho, previa um período de 3 anos - de 2017 a 2019 - sem reajustes e uma PLR de R$ 4.600,00 em 2016. "Os funcionários da unidade terão garantia de estabilidade até 2021, desde que assegurado um volume de produção na fábrica de 120 mil veículos no ano. O volume atual de produção está em 175 mil veículos por ano", informou o sindicato.
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Rentabilidade negativa na renda fixa
Recebi mensagem de um leitor com um questionamento muito interessante. Como se explica a rentabilidade negativa de um investimento que assegura juros de 6% ao ano acima da inflação medida pelo IGP-M? Ele participa de um plano de previdência desde 1999 com essa garantia de rentabilidade mínima e observa, com preocupação, que o saldo do seu investimento vem caindo desde o mês de abril. Vale dizer que os planos com essa garantia de rentabilidade tão generosa não estão mais disponíveis para novas adesões. Deixaram de ser comercializados, mas os participantes dos planos adquiridos no passado tiveram o direito assegurado de manter o plano contratado. Foi o que, sabiamente, fez o leitor que me escreveu. A perspectiva de ganhar juro real de 6% ao ano sobre um capital de longo prazo é perfeita. Assegura a reposição das perdas inflacionárias de acordo com a variação do IGP-M e adiciona o generoso prêmio de 6% ao ano. Nada mal! Mas, se é tão bom, como explicar o resultado negativo? Estamos tão acostumados com o cenário de inflação (elevação de preços) que sempre esperamos uma variação positiva do índice que mede o comportamento dos preços ao longo do tempo. Observando o histórico, raramente encontramos períodos de deflação, ou seja, redução nos preços da cesta de consumo utilizada para calcular o índice. Desde 1999, o IGP-M ficou negativo somente em dois períodos: 1,71% no acumulado de 2009 e 2,67% de janeiro a julho de 2017. No mesmo período, o IPCA foi sempre positivo. Entretanto, no acumulado dos 18 anos e meio, o IGP-M (334,25%) superou o IPCA (231,97%) por larga vantagem. É compreensível por que o produto que garante essa rentabilidade parou de ser comercializado, uma promessa de rentabilidade que coloca em risco a solvência da seguradora que assume o compromisso. Mas vamos voltar para o leitor aflito e apreensivo com a queda do valor investido no plano. Em 31 de março, o saldo era de R$ 281.281,81, e, em julho, de R$ 277.128,19. Acostumado com rendimentos sempre positivos, não se tranquilizou com as poucas e rasas explicações que recebeu. Trocar de plano é uma das coisas que passam pela cabeça desse investidor. Me apresso em tranquilizá-lo e explico que essa oscilação no curto prazo não deve orientar sua decisão de trocar de plano. No longo prazo, o desempenho é muito favorável e vence outras alternativas de investimento de renda fixa. O que explica essa rentabilidade negativa é a também negativa variação do IGP-M de abril a julho deste ano. Se a variação negativa do IGP-M for superior a 0,5% ao mês (equivalente a 6% ao ano), a rentabilidade final será negativa, apesar do juro real que o plano credita. A tabela mostra o saldo do investidor no ultimo dia de cada mês e a rentabilidade (negativa) do plano nesses meses. Na coluna seguinte, a variação negativa do IGP-M, superior a 0,5% em todos os meses verificados. Na última coluna, a variação negativa do IGP-M mais juro de 0,5% ainda produz resultado negativo. A pequena diferença entre a rentabilidade negativa do plano (coluna rosa) e a variação negativa do IGP-M acrescida de 0,5% (coluna azul) se justifica em razão de outros fatores que afetam o valor dos ativos da carteira do fundo. Quando a economia voltar a crescer, esperamos todos que, em breve, o IGP-M deva refletir valores positivos e a rentabilidade do fundo volte a crescer.
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Rentabilidade negativa na renda fixaRecebi mensagem de um leitor com um questionamento muito interessante. Como se explica a rentabilidade negativa de um investimento que assegura juros de 6% ao ano acima da inflação medida pelo IGP-M? Ele participa de um plano de previdência desde 1999 com essa garantia de rentabilidade mínima e observa, com preocupação, que o saldo do seu investimento vem caindo desde o mês de abril. Vale dizer que os planos com essa garantia de rentabilidade tão generosa não estão mais disponíveis para novas adesões. Deixaram de ser comercializados, mas os participantes dos planos adquiridos no passado tiveram o direito assegurado de manter o plano contratado. Foi o que, sabiamente, fez o leitor que me escreveu. A perspectiva de ganhar juro real de 6% ao ano sobre um capital de longo prazo é perfeita. Assegura a reposição das perdas inflacionárias de acordo com a variação do IGP-M e adiciona o generoso prêmio de 6% ao ano. Nada mal! Mas, se é tão bom, como explicar o resultado negativo? Estamos tão acostumados com o cenário de inflação (elevação de preços) que sempre esperamos uma variação positiva do índice que mede o comportamento dos preços ao longo do tempo. Observando o histórico, raramente encontramos períodos de deflação, ou seja, redução nos preços da cesta de consumo utilizada para calcular o índice. Desde 1999, o IGP-M ficou negativo somente em dois períodos: 1,71% no acumulado de 2009 e 2,67% de janeiro a julho de 2017. No mesmo período, o IPCA foi sempre positivo. Entretanto, no acumulado dos 18 anos e meio, o IGP-M (334,25%) superou o IPCA (231,97%) por larga vantagem. É compreensível por que o produto que garante essa rentabilidade parou de ser comercializado, uma promessa de rentabilidade que coloca em risco a solvência da seguradora que assume o compromisso. Mas vamos voltar para o leitor aflito e apreensivo com a queda do valor investido no plano. Em 31 de março, o saldo era de R$ 281.281,81, e, em julho, de R$ 277.128,19. Acostumado com rendimentos sempre positivos, não se tranquilizou com as poucas e rasas explicações que recebeu. Trocar de plano é uma das coisas que passam pela cabeça desse investidor. Me apresso em tranquilizá-lo e explico que essa oscilação no curto prazo não deve orientar sua decisão de trocar de plano. No longo prazo, o desempenho é muito favorável e vence outras alternativas de investimento de renda fixa. O que explica essa rentabilidade negativa é a também negativa variação do IGP-M de abril a julho deste ano. Se a variação negativa do IGP-M for superior a 0,5% ao mês (equivalente a 6% ao ano), a rentabilidade final será negativa, apesar do juro real que o plano credita. A tabela mostra o saldo do investidor no ultimo dia de cada mês e a rentabilidade (negativa) do plano nesses meses. Na coluna seguinte, a variação negativa do IGP-M, superior a 0,5% em todos os meses verificados. Na última coluna, a variação negativa do IGP-M mais juro de 0,5% ainda produz resultado negativo. A pequena diferença entre a rentabilidade negativa do plano (coluna rosa) e a variação negativa do IGP-M acrescida de 0,5% (coluna azul) se justifica em razão de outros fatores que afetam o valor dos ativos da carteira do fundo. Quando a economia voltar a crescer, esperamos todos que, em breve, o IGP-M deva refletir valores positivos e a rentabilidade do fundo volte a crescer.
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Bellucci é eliminado, e Aberto do Brasil tem apenas 1 tenista brasileiro
O brasileiro Thomaz Bellucci deu adeus de forma precoce ao Aberto do Brasil. Nesta terça-feira (28), o número 1 do país perdeu por 2 sets a 0 para o argentino Diego Schwartzman (6/2 e 6/0), em sua estreia no torneio. A fraca atuação de Bellucci pode estar relacionada com a saúde. O brasileiro abrira mão de disputar a chave de duplas do Aberto do Brasil por causa de problemas estomacais. Nesta quarta-feira, ele resistiu menos de uma hora perante Schwartzman. A melhor participação de Thomaz Bellucci no Aberto do Brasil aconteceu em 2009. Na ocasião, o brasileiro caiu na final para o espanhol Tommy Robredo, quando o torneio ainda era disputado na Costa do Sauipe, na Bahia. Com a eliminação de Bellucci, apenas João Souza, o Feijão, permanece como representante do Brasil no torneio realizado em São Paulo. Nesta quarta-feira, Thiago Monteiro perdeu para Carlos Berlocq e Rogerinho foi derrotado por Alessandro Gianessi. Um dia antes, Guilherme Clezar e Orlandinho Dutra já haviam dado adeus ao torneio.
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Bellucci é eliminado, e Aberto do Brasil tem apenas 1 tenista brasileiroO brasileiro Thomaz Bellucci deu adeus de forma precoce ao Aberto do Brasil. Nesta terça-feira (28), o número 1 do país perdeu por 2 sets a 0 para o argentino Diego Schwartzman (6/2 e 6/0), em sua estreia no torneio. A fraca atuação de Bellucci pode estar relacionada com a saúde. O brasileiro abrira mão de disputar a chave de duplas do Aberto do Brasil por causa de problemas estomacais. Nesta quarta-feira, ele resistiu menos de uma hora perante Schwartzman. A melhor participação de Thomaz Bellucci no Aberto do Brasil aconteceu em 2009. Na ocasião, o brasileiro caiu na final para o espanhol Tommy Robredo, quando o torneio ainda era disputado na Costa do Sauipe, na Bahia. Com a eliminação de Bellucci, apenas João Souza, o Feijão, permanece como representante do Brasil no torneio realizado em São Paulo. Nesta quarta-feira, Thiago Monteiro perdeu para Carlos Berlocq e Rogerinho foi derrotado por Alessandro Gianessi. Um dia antes, Guilherme Clezar e Orlandinho Dutra já haviam dado adeus ao torneio.
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Governadores têm maioria nas assembleias
Se depender dos deputados estaduais, os governadores pelo país terão quatro anos tranquilos de mandato pela frente. Levantamento feito pela Folha aponta que apenas 30% dos deputados estaduais ou distritais se declaram como oposição nos Legislativos ou se mantêm afastados do governo local. A base governista beira a unanimidade em algumas partes do país, como Alagoas e Rondônia. Mesmo onde grupos políticos estreiam no poder, como no Maranhão, a base aliada já soma ampla maioria. Em Minas, o PT governa pela primeira vez e, a exemplo do que ocorria nos três mandatos seguidos do PSDB no Estado, o apoio ao governador será majoritário. "A chapa deles [PT] elegeu 26 deputados dos 77, mas a situação se inverteu e agora somos minoria. Magnetizaram todos", ironiza o tucano mineiro Lafayette Andrada. Outros governadores que tinham poucos deputados eleitos em sua chapa original na campanha, como em Mato Grosso do Sul, também conquistaram adesões, que em muitos casos envolvem trocas por cargos na máquina pública. No Rio Grande do Sul, o peemedebista José Ivo Sartori elegeu apenas 13 deputados de sua chapa. No entanto, após ficar à frente no primeiro turno, começou a receber apoios em série. FISCALIZAÇÃO FRACA Com a vitória sacramentada na segunda votação, recebeu a adesão de mais 20 deputados e conquistou a maioria no Legislativo, que tem 55 representantes. Passado mais de um mês de mandato, ele ainda não concluiu a nomeação de cargos importantes diante da dificuldade de acomodar aliados. No Espírito Santo, o governador Paulo Hartung (PMDB) conseguiu unir adversários históricos em sua base ao acomodar um tucano como vice-governador e petistas como secretários. Com a maioria nas Assembleias, os governos conseguem aprovar suas propostas e evitam com mais facilidades questionamentos, como CPIs. Uma das funções básicas, a de fiscalizar ações do Executivo, tende a ficar enfraquecida. "É uma Casa que só aprova medalhas, títulos e nome de logradouros. As emendas e projetos todos [de iniciativa da oposição] são vetados pelo Executivo", diz o deputado goiano Luís César Bueno (PT). O grupo que se opõe ao governador tucano Marconi Perillo diminuiu na atual legislatura para de 37% para 27% da Casa. Na Assembleia do PR, com 54 deputados, a oposição ao governo Beto Richa (PSDB), de seis deputados, engrossou para 14 com o agravamento da crise financeira no Estado. Em Santa Catarina, o PP aderiu à base do governador Raimundo Colombo (PSD) e já até ficou com o cargo de líder do governo na Assembleia. Isso ocorre apesar de o partido ter disputado as últimas três eleições em campo oposto ao do governador. O deputado Sílvio Dreveck (PP) diz que há uma proximidade entre as ideias dos dois lados, mas sempre existe muita resistência em se aliar em campanhas estaduais por rivalidades históricas. "Não temos cargos. É um apoio voluntário. Pode ser difícil de entender, mas é a verdade." MINORIAS Apenas em dois Estados os governadores não conquistaram a maioria no Legislativo. Em Roraima, a governadora Suely Campos (PP) elegeu somente um deputado em sua coligação original. Hoje, a base dela tem sete dos 24 integrantes do Legislativo. Um obstáculo para a formação de maioria é a ascensão de partidos pequenos na eleição passada. A criação de novas siglas ampliou o número de legendas representadas. No Tocantins, onde o governo de Marcelo Miranda (PMDB) também não formou maioria, os 24 deputados da Casa estão espalhados por 14 partidos, o que pode dificultar tentativas de acordo.
poder
Governadores têm maioria nas assembleiasSe depender dos deputados estaduais, os governadores pelo país terão quatro anos tranquilos de mandato pela frente. Levantamento feito pela Folha aponta que apenas 30% dos deputados estaduais ou distritais se declaram como oposição nos Legislativos ou se mantêm afastados do governo local. A base governista beira a unanimidade em algumas partes do país, como Alagoas e Rondônia. Mesmo onde grupos políticos estreiam no poder, como no Maranhão, a base aliada já soma ampla maioria. Em Minas, o PT governa pela primeira vez e, a exemplo do que ocorria nos três mandatos seguidos do PSDB no Estado, o apoio ao governador será majoritário. "A chapa deles [PT] elegeu 26 deputados dos 77, mas a situação se inverteu e agora somos minoria. Magnetizaram todos", ironiza o tucano mineiro Lafayette Andrada. Outros governadores que tinham poucos deputados eleitos em sua chapa original na campanha, como em Mato Grosso do Sul, também conquistaram adesões, que em muitos casos envolvem trocas por cargos na máquina pública. No Rio Grande do Sul, o peemedebista José Ivo Sartori elegeu apenas 13 deputados de sua chapa. No entanto, após ficar à frente no primeiro turno, começou a receber apoios em série. FISCALIZAÇÃO FRACA Com a vitória sacramentada na segunda votação, recebeu a adesão de mais 20 deputados e conquistou a maioria no Legislativo, que tem 55 representantes. Passado mais de um mês de mandato, ele ainda não concluiu a nomeação de cargos importantes diante da dificuldade de acomodar aliados. No Espírito Santo, o governador Paulo Hartung (PMDB) conseguiu unir adversários históricos em sua base ao acomodar um tucano como vice-governador e petistas como secretários. Com a maioria nas Assembleias, os governos conseguem aprovar suas propostas e evitam com mais facilidades questionamentos, como CPIs. Uma das funções básicas, a de fiscalizar ações do Executivo, tende a ficar enfraquecida. "É uma Casa que só aprova medalhas, títulos e nome de logradouros. As emendas e projetos todos [de iniciativa da oposição] são vetados pelo Executivo", diz o deputado goiano Luís César Bueno (PT). O grupo que se opõe ao governador tucano Marconi Perillo diminuiu na atual legislatura para de 37% para 27% da Casa. Na Assembleia do PR, com 54 deputados, a oposição ao governo Beto Richa (PSDB), de seis deputados, engrossou para 14 com o agravamento da crise financeira no Estado. Em Santa Catarina, o PP aderiu à base do governador Raimundo Colombo (PSD) e já até ficou com o cargo de líder do governo na Assembleia. Isso ocorre apesar de o partido ter disputado as últimas três eleições em campo oposto ao do governador. O deputado Sílvio Dreveck (PP) diz que há uma proximidade entre as ideias dos dois lados, mas sempre existe muita resistência em se aliar em campanhas estaduais por rivalidades históricas. "Não temos cargos. É um apoio voluntário. Pode ser difícil de entender, mas é a verdade." MINORIAS Apenas em dois Estados os governadores não conquistaram a maioria no Legislativo. Em Roraima, a governadora Suely Campos (PP) elegeu somente um deputado em sua coligação original. Hoje, a base dela tem sete dos 24 integrantes do Legislativo. Um obstáculo para a formação de maioria é a ascensão de partidos pequenos na eleição passada. A criação de novas siglas ampliou o número de legendas representadas. No Tocantins, onde o governo de Marcelo Miranda (PMDB) também não formou maioria, os 24 deputados da Casa estão espalhados por 14 partidos, o que pode dificultar tentativas de acordo.
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Presidente do PT diz que filho de Lula sofre 'perseguição inexplicável' da PF
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse nesta quarta-feira (28) que o filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sofre "perseguição inominável e inexplicável" em uma tentativa de atingir o PT, a presidente Dilma Rousseff e o próprio Lula. Segundo Falcão, a suposta perseguição é feita por "setores da mídia, setores da oposição e, porque não, do Ministério Público Federal, da Polícia Federal e do Judiciário". O discurso do petista vai refletir o tom de um documento que está sendo produzido pela cúpula do PT em defesa do ex-presidente e de seu governo. A resolução, que contará com pedido de mudança urgente na política econômica do país, teve o texto base fechado pela executiva do partido nesta quarta, mas só será aprovado e divulgado no encontro do diretório nacional da legenda, nesta quinta-feira (29), com a presença de Lula. Diante da mais grave crise de sua história, o PT vai produzir um documento para estimular a militância a sair em defesa do partido baseado na tese de que há uma perseguição direcionada para atingir as grandes lideranças petistas, em especial, o ex-presidente. O texto vai repetir a ideia ressonada pelos dirigentes do partido de que a oposição "não soube perder" as eleições e agora insiste em um "golpe" contra o governo. "Há uma campanha direcionada para atingir o PT, a Dilma e o Lula. É nítido isso", afirmou Falcão. "As eleições têm que ser valorizadas e, de uma vez por todas, quem ganha tem que levar, senão você cria uma instabilidade institucional tão grande que o país fica ingovernável", completou após participar da reunião da executiva nacional do PT, em Brasília. Nesta segunda-feira (26), a PF realizou mandado de busca e apreensão nos escritórios que sediam a LFT Marketing Esportivo e Touchdown Promoção Eventos Esportivos, empresas de Luis Cláudio Lula da Silva, filho caçula de Lula. A busca foi feita no âmbito da Operação Zelotes, que investiga um esquema de pagamento de propina a integrantes do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), vinculado ao Ministério da Fazenda. A empresa do filho de Lula é suspeita de ter recebido repasses da Marcondes & Mautoni, firma de lobistas que atuaram na aprovação de uma medida provisória que prorrogou a isenção de imposto para a indústria automobilística. A Marcondes pagou R$ 2,4 milhões à empresa de Luis Cláudio. Questionado sobre o montante, Falcão afirmou que o filho do ex-presidente recebeu "por serviços que prestou" e "tem notas" que comprovam a movimentação. Os recibos, porém, ainda não vieram a público e o presidente do PT disse que não é Luis Cláudio quem precisa provar que é inocente, mas sim quem o está acusando "precisa provar" que ele é culpado. Para Falcão, a ação foi "arbitrária", visto que a PF investiga "um monte de tubarão" e quer "ir atrás de um peixinho que sequer tem provas contra ele". Nos bastidores, Lula criticou a "falta de controle" do ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) sobre a PF e tem defendido junto a Dilma a troca do titular da pasta. A presidente, porém, resiste. POUPAR LEVY Sob orientação do próprio Lula, a cúpula petista vai pedir mudança na condução da economia do país, principalmente com liberação de crédito para consumo e investimento e a redução da taxa de juros. No entanto, o partido não vai citar nominalmente o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, nem pedir sua substituição. O ex-presidente já sugeriu a troca de Levy diretamente para Dilma mas, diante da resistência e dos argumentos da sucessora, que diz não querer criar outra celeuma em seu governo quando acredita ter ganhado fôlego diante da crise, o ex-presidente pediu "cautela" ao PT no documento que tratará do tema. Em entrevista à Folha há dez dias, Falcão, disse que "Levy deve sair se não quiser mudar a política econômica". MUDANÇAS NAS REGRAS Além da resolução que vai tratar de conjuntura política e econômica, o partido divulgará um documento à parte sobre as eleições de 2016, com pedido para que candidatos petistas saiam em defesa do projeto político do PT e dos governos Lula e Dilma. No momento em que o PT perdeu 11% dos prefeitos que elegeu em 2012, o partido também aprovou a diminuição do tempo mínimo de filiação necessário para um militante se candidatar pela sigla. O período passou de um ano para seis meses, em adequação às novas regras da lei eleitoral aprovadas no Congresso Nacional. Além disso, para estimular o maior número de candidatos possível nas eleições municipais do ano que vem, o PT permitiu que municípios onde ainda não há diretórios do partido possam homologar chapas para a disputa. Segundo Falcão, o partido vai investir em nomes ligados a movimentos sociais, juventude e mulheres, na tentativa de "produzir novas lideranças". A reeleição do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, será a prioridade do partido no ano que vem. Recentemente, o prefeito iniciou conversas de aproximação com outras siglas, como a Rede, da ex-senadora Marina Silva. OUTRO LADO Procurados pela reportagem, o Ministério Público do DF e o ministro da Justiça não quiseram se manifestar sobre o assunto.
poder
Presidente do PT diz que filho de Lula sofre 'perseguição inexplicável' da PFO presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse nesta quarta-feira (28) que o filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sofre "perseguição inominável e inexplicável" em uma tentativa de atingir o PT, a presidente Dilma Rousseff e o próprio Lula. Segundo Falcão, a suposta perseguição é feita por "setores da mídia, setores da oposição e, porque não, do Ministério Público Federal, da Polícia Federal e do Judiciário". O discurso do petista vai refletir o tom de um documento que está sendo produzido pela cúpula do PT em defesa do ex-presidente e de seu governo. A resolução, que contará com pedido de mudança urgente na política econômica do país, teve o texto base fechado pela executiva do partido nesta quarta, mas só será aprovado e divulgado no encontro do diretório nacional da legenda, nesta quinta-feira (29), com a presença de Lula. Diante da mais grave crise de sua história, o PT vai produzir um documento para estimular a militância a sair em defesa do partido baseado na tese de que há uma perseguição direcionada para atingir as grandes lideranças petistas, em especial, o ex-presidente. O texto vai repetir a ideia ressonada pelos dirigentes do partido de que a oposição "não soube perder" as eleições e agora insiste em um "golpe" contra o governo. "Há uma campanha direcionada para atingir o PT, a Dilma e o Lula. É nítido isso", afirmou Falcão. "As eleições têm que ser valorizadas e, de uma vez por todas, quem ganha tem que levar, senão você cria uma instabilidade institucional tão grande que o país fica ingovernável", completou após participar da reunião da executiva nacional do PT, em Brasília. Nesta segunda-feira (26), a PF realizou mandado de busca e apreensão nos escritórios que sediam a LFT Marketing Esportivo e Touchdown Promoção Eventos Esportivos, empresas de Luis Cláudio Lula da Silva, filho caçula de Lula. A busca foi feita no âmbito da Operação Zelotes, que investiga um esquema de pagamento de propina a integrantes do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), vinculado ao Ministério da Fazenda. A empresa do filho de Lula é suspeita de ter recebido repasses da Marcondes & Mautoni, firma de lobistas que atuaram na aprovação de uma medida provisória que prorrogou a isenção de imposto para a indústria automobilística. A Marcondes pagou R$ 2,4 milhões à empresa de Luis Cláudio. Questionado sobre o montante, Falcão afirmou que o filho do ex-presidente recebeu "por serviços que prestou" e "tem notas" que comprovam a movimentação. Os recibos, porém, ainda não vieram a público e o presidente do PT disse que não é Luis Cláudio quem precisa provar que é inocente, mas sim quem o está acusando "precisa provar" que ele é culpado. Para Falcão, a ação foi "arbitrária", visto que a PF investiga "um monte de tubarão" e quer "ir atrás de um peixinho que sequer tem provas contra ele". Nos bastidores, Lula criticou a "falta de controle" do ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) sobre a PF e tem defendido junto a Dilma a troca do titular da pasta. A presidente, porém, resiste. POUPAR LEVY Sob orientação do próprio Lula, a cúpula petista vai pedir mudança na condução da economia do país, principalmente com liberação de crédito para consumo e investimento e a redução da taxa de juros. No entanto, o partido não vai citar nominalmente o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, nem pedir sua substituição. O ex-presidente já sugeriu a troca de Levy diretamente para Dilma mas, diante da resistência e dos argumentos da sucessora, que diz não querer criar outra celeuma em seu governo quando acredita ter ganhado fôlego diante da crise, o ex-presidente pediu "cautela" ao PT no documento que tratará do tema. Em entrevista à Folha há dez dias, Falcão, disse que "Levy deve sair se não quiser mudar a política econômica". MUDANÇAS NAS REGRAS Além da resolução que vai tratar de conjuntura política e econômica, o partido divulgará um documento à parte sobre as eleições de 2016, com pedido para que candidatos petistas saiam em defesa do projeto político do PT e dos governos Lula e Dilma. No momento em que o PT perdeu 11% dos prefeitos que elegeu em 2012, o partido também aprovou a diminuição do tempo mínimo de filiação necessário para um militante se candidatar pela sigla. O período passou de um ano para seis meses, em adequação às novas regras da lei eleitoral aprovadas no Congresso Nacional. Além disso, para estimular o maior número de candidatos possível nas eleições municipais do ano que vem, o PT permitiu que municípios onde ainda não há diretórios do partido possam homologar chapas para a disputa. Segundo Falcão, o partido vai investir em nomes ligados a movimentos sociais, juventude e mulheres, na tentativa de "produzir novas lideranças". A reeleição do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, será a prioridade do partido no ano que vem. Recentemente, o prefeito iniciou conversas de aproximação com outras siglas, como a Rede, da ex-senadora Marina Silva. OUTRO LADO Procurados pela reportagem, o Ministério Público do DF e o ministro da Justiça não quiseram se manifestar sobre o assunto.
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BC Europeu reduz projeção do PIB e mantém juros em patamar mínimo
O Banco Central Europeu (BCE) manteve suas taxas de juros inalteradas, e cortou suas projeções de inflação e crescimento econômico da zona do euro nesta quinta-feira (3). O presidente da instituição, Mario Draghi, disse que a situação pode ficar ainda pior e que medidas de política monetárias podem vir a ser adotadas no futuro. Com a maior estabilidade da economia grega, o BCE também reduziu o valor emergencial disponível para os bancos do país (leia mais abaixo). Segundo a entidade, a inflação na zona do euro ficará em 0,1% neste ano, 1,1% em 2016 e 1,7% em 2017, em comparação com as previsões de junho de 0,3%, 1,5% e 1,8%, respectivamente. A projeção de crescimento do PIB da zona do euro foi reduzida para 1,4% em 2015, 1,7% em 2016 e 1,8% em 2017, ante estimativas de junho de 1,5%, 1,9% e 2,0%, respectivamente. A medida de manter os juros baixos está em linha com as expectativas do mercado devido à desaceleração chinesa e à queda do preço do petróleo. Segundo Draghi, as chances de não atingir a meta de inflação no médio prazo cresceram devido esses fatores, somados à desaceleração de outros mercados emergentes e à apreciação do euro. As projeções, entretanto, foram compiladas com base em dados colhidos antes de 12 de agosto e não levaram em conta a mais recente e forte deterioração econômica na China, que representa "riscos às próprias projeções", disse Draghi. No entanto, ele afirmou que o Conselho tende a pensar que o cenário de inflação mais fraca deve-se a "efeitos transitórios", mas que irá monitorar todos os fatores relevantes. COMPRA DE TÍTULOS Em uma pequena mudança ao programa de compra de estímulos à economia —também conhecido como "quantitative easing" (QE)— o banco concordou em aumentar a fatia de qualquer emissão de bônus soberanos que pode comprar para 33% ante 25%, desde que isso não dê a ele uma minoria com poder de veto entre os detentores de bônus. O BCE também manteve a taxa de refinanciamento, que determina o custo do crédito na economia, em 0,05%. A taxa de depósitos foi mantida em -0,20%, o que significa que bancos pagam para estacionar fundos no banco central, enquanto a de empréstimos continuou em 0,30%. Draghi prometeu reforçar ou prolongar o programa se o cenário realmente piorar, apesar de ele ter dito que ninguém no Conselho argumentou a favor de tal medida agora. A manutenção das taxas de juros em suas mínimas recordes já vinha sendo antecipada pelo mercado. "Particularmente (o Conselho) recorda que o programa de compra de ativos oferece flexibilidade suficiente em termos de ajuste de tamanho, composição e duração do programa", afirmou ele em entrevista à imprensa. O presidente do BCE disse ainda que o programa de compra de títulos de mais de € 1 trilhão de euros está progredindo de maneira tranquila, apesar de lentamente, e que o Conselho está pronto e disposto para adotar mais medidas de política monetária, mas que decidiu que seria prematuro fazer isso agora. A maioria dos analistas que participaram de pesquisa da Reuters espera que o BCE eventualmente prorrogue ou aumente suas compras de ativos. Três quartos disseram que o banco simplesmente não tem mais ferramentas e que ajustar o programa de estímulo, que tem previsão de ser executado até setembro do ano que vem, é sua única opção viável. O Fundo Monetário Internacional (FMI) argumentou na quarta-feira (2) que o BCE deve considerar prorrogar o programa de estímulo, citando a elevação nos riscos à economia global devido a uma combinação de ameaças, incluindo a desaceleração na China e a crescente volatilidade nos mercados. "Mesmo que pareça muito cedo para esperar que anunciem mais "quantitative easing", o presidente do banco central deveria considerar uma retórica mais "dovish" [que impulsione o mercado] para evitar que as expectativas de inflação caiam mais", disse o Crédit Agricole em nota para clientes. APOIO A BANCOS GREGOS Draghi confirmou durante a entrevista coletiva que o BCE cortou a assistência emergencial de liquidez (ELA, na sigla em inglês) para os bancos gregos pela segunda vez em duas semanas. Com a mudança, o teto da assistência de liquidez emergencial (ELA, na sigla em inglês) que os bancos da Grécia podem acessar junto ao banco central grego para € 89,1 bilhões, ante € 89,7 bilhões, disse uma fonte do setor bancário à agência Reuters. O BCE lançou o programa de estímulo de €60 bilhões por mês em março para impulsionar os preços ao consumidor após um pequeno período de deflação. O programa tem previsão de ser executado até setembro de 2016, mas Draghi indicou claramente que ele pode ser prorrogado. Os bancos gregos, que ficaram fechados por três semanas no verão (do hemisfério norte), têm contado com o financiamento de emergência nos últimos meses depois de uma onda de saques.
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BC Europeu reduz projeção do PIB e mantém juros em patamar mínimoO Banco Central Europeu (BCE) manteve suas taxas de juros inalteradas, e cortou suas projeções de inflação e crescimento econômico da zona do euro nesta quinta-feira (3). O presidente da instituição, Mario Draghi, disse que a situação pode ficar ainda pior e que medidas de política monetárias podem vir a ser adotadas no futuro. Com a maior estabilidade da economia grega, o BCE também reduziu o valor emergencial disponível para os bancos do país (leia mais abaixo). Segundo a entidade, a inflação na zona do euro ficará em 0,1% neste ano, 1,1% em 2016 e 1,7% em 2017, em comparação com as previsões de junho de 0,3%, 1,5% e 1,8%, respectivamente. A projeção de crescimento do PIB da zona do euro foi reduzida para 1,4% em 2015, 1,7% em 2016 e 1,8% em 2017, ante estimativas de junho de 1,5%, 1,9% e 2,0%, respectivamente. A medida de manter os juros baixos está em linha com as expectativas do mercado devido à desaceleração chinesa e à queda do preço do petróleo. Segundo Draghi, as chances de não atingir a meta de inflação no médio prazo cresceram devido esses fatores, somados à desaceleração de outros mercados emergentes e à apreciação do euro. As projeções, entretanto, foram compiladas com base em dados colhidos antes de 12 de agosto e não levaram em conta a mais recente e forte deterioração econômica na China, que representa "riscos às próprias projeções", disse Draghi. No entanto, ele afirmou que o Conselho tende a pensar que o cenário de inflação mais fraca deve-se a "efeitos transitórios", mas que irá monitorar todos os fatores relevantes. COMPRA DE TÍTULOS Em uma pequena mudança ao programa de compra de estímulos à economia —também conhecido como "quantitative easing" (QE)— o banco concordou em aumentar a fatia de qualquer emissão de bônus soberanos que pode comprar para 33% ante 25%, desde que isso não dê a ele uma minoria com poder de veto entre os detentores de bônus. O BCE também manteve a taxa de refinanciamento, que determina o custo do crédito na economia, em 0,05%. A taxa de depósitos foi mantida em -0,20%, o que significa que bancos pagam para estacionar fundos no banco central, enquanto a de empréstimos continuou em 0,30%. Draghi prometeu reforçar ou prolongar o programa se o cenário realmente piorar, apesar de ele ter dito que ninguém no Conselho argumentou a favor de tal medida agora. A manutenção das taxas de juros em suas mínimas recordes já vinha sendo antecipada pelo mercado. "Particularmente (o Conselho) recorda que o programa de compra de ativos oferece flexibilidade suficiente em termos de ajuste de tamanho, composição e duração do programa", afirmou ele em entrevista à imprensa. O presidente do BCE disse ainda que o programa de compra de títulos de mais de € 1 trilhão de euros está progredindo de maneira tranquila, apesar de lentamente, e que o Conselho está pronto e disposto para adotar mais medidas de política monetária, mas que decidiu que seria prematuro fazer isso agora. A maioria dos analistas que participaram de pesquisa da Reuters espera que o BCE eventualmente prorrogue ou aumente suas compras de ativos. Três quartos disseram que o banco simplesmente não tem mais ferramentas e que ajustar o programa de estímulo, que tem previsão de ser executado até setembro do ano que vem, é sua única opção viável. O Fundo Monetário Internacional (FMI) argumentou na quarta-feira (2) que o BCE deve considerar prorrogar o programa de estímulo, citando a elevação nos riscos à economia global devido a uma combinação de ameaças, incluindo a desaceleração na China e a crescente volatilidade nos mercados. "Mesmo que pareça muito cedo para esperar que anunciem mais "quantitative easing", o presidente do banco central deveria considerar uma retórica mais "dovish" [que impulsione o mercado] para evitar que as expectativas de inflação caiam mais", disse o Crédit Agricole em nota para clientes. APOIO A BANCOS GREGOS Draghi confirmou durante a entrevista coletiva que o BCE cortou a assistência emergencial de liquidez (ELA, na sigla em inglês) para os bancos gregos pela segunda vez em duas semanas. Com a mudança, o teto da assistência de liquidez emergencial (ELA, na sigla em inglês) que os bancos da Grécia podem acessar junto ao banco central grego para € 89,1 bilhões, ante € 89,7 bilhões, disse uma fonte do setor bancário à agência Reuters. O BCE lançou o programa de estímulo de €60 bilhões por mês em março para impulsionar os preços ao consumidor após um pequeno período de deflação. O programa tem previsão de ser executado até setembro de 2016, mas Draghi indicou claramente que ele pode ser prorrogado. Os bancos gregos, que ficaram fechados por três semanas no verão (do hemisfério norte), têm contado com o financiamento de emergência nos últimos meses depois de uma onda de saques.
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'Continuo 100% confiante na equipe', diz Hamilton após erro em Mônaco
Foram dez dias de treinos para melhorar o preparo físico, escaladas nos arredores de Los Angeles, passeios de iate na Côte d'Azur, noitadas com as modelos mais badaladas do momento. O suficiente para Lewis Hamilton chegar "zerado" em Montréal após a decepção por ver um erro da Mercedes lhe tirar a vitória no GP de Mônaco, última etapa do Mundial de F-1. "Não olho para trás e não fico remoendo o que aconteceu. O que passou, passou e não vai mudar nada se eu ficar pensando nisso. Não podia me importar menos com o que aconteceu e agora estou focado neste final de semana e em fazer o melhor possível aqui em Montréal", afirmou o piloto inglês, que lidera o Mundial com dez pontos de vantagem sobre seu companheiro de time, Nico Rosberg, "herdeiro" da vitória há duas semanas. Nem mesmo o erro da Mercedes, que o chamou para um pit stop desnecessário quando ele liderava a prova em Mônaco, fez com que sua confiança fosse abalada. "Continuo 100% confiante na equipe. Não chegamos aonde chegamos por acaso, por isso não há motivo para mudar de ideia baseado apenas em uma corrida. Este é um circuito bom para mim e meu objetivo é sempre ser melhor do que fui antes. Estou pronto, me sinto preparado e confiante". Se depender de seu retrospecto no circuito Gilles Villeneuve, Hamilton tem bons motivos para esperar um bom resultado na sétima etapa do Mundial deste ano, neste domingo (7), às 15h (de Brasília) –os primeiros treinos livres acontecem nesta sexta (5), a partir das 11h (de Brasília). Em sete participações no GP do Canadá, venceu três vezes e conquistou três poles. Mais que isso. Nas quatro provas que recebeu a bandeirada, subiu ao pódio. Foi também em Montréal que conquistou a primeira pole e a primeira vitória de sua carreira na F-1, em 2007, sua temporada de estreia. Em comparação com Rosberg, seu principal rival na disputa pelo título deste ano, seus números são muito superiores. Além de ter três triunfos contra um do companheiro, tem três poles contra uma de Rosberg –conquistada no ano passado– e largou seis vezes na primeira fila contra uma do parceiro de Mercedes. O alemão, que vem de dois triunfos consecutivos, disse que a boa fase não significa muita coisa e que o importante é se manter focado. "Claro que é melhor vim de resultados positivos do que negativos, mas não penso muito nisso. A vitória em Mônaco não foi a mais emocionante para mim porque senti pelo Lewis, que fez um bom trabalho e merecia vencer, mas posso garantir que festejei o suficiente no domingo à noite", afirmou Rosberg. NA TV Treinos livres para o GP do Canadá 11h e 15h (de Brasília) - SporTV
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'Continuo 100% confiante na equipe', diz Hamilton após erro em MônacoForam dez dias de treinos para melhorar o preparo físico, escaladas nos arredores de Los Angeles, passeios de iate na Côte d'Azur, noitadas com as modelos mais badaladas do momento. O suficiente para Lewis Hamilton chegar "zerado" em Montréal após a decepção por ver um erro da Mercedes lhe tirar a vitória no GP de Mônaco, última etapa do Mundial de F-1. "Não olho para trás e não fico remoendo o que aconteceu. O que passou, passou e não vai mudar nada se eu ficar pensando nisso. Não podia me importar menos com o que aconteceu e agora estou focado neste final de semana e em fazer o melhor possível aqui em Montréal", afirmou o piloto inglês, que lidera o Mundial com dez pontos de vantagem sobre seu companheiro de time, Nico Rosberg, "herdeiro" da vitória há duas semanas. Nem mesmo o erro da Mercedes, que o chamou para um pit stop desnecessário quando ele liderava a prova em Mônaco, fez com que sua confiança fosse abalada. "Continuo 100% confiante na equipe. Não chegamos aonde chegamos por acaso, por isso não há motivo para mudar de ideia baseado apenas em uma corrida. Este é um circuito bom para mim e meu objetivo é sempre ser melhor do que fui antes. Estou pronto, me sinto preparado e confiante". Se depender de seu retrospecto no circuito Gilles Villeneuve, Hamilton tem bons motivos para esperar um bom resultado na sétima etapa do Mundial deste ano, neste domingo (7), às 15h (de Brasília) –os primeiros treinos livres acontecem nesta sexta (5), a partir das 11h (de Brasília). Em sete participações no GP do Canadá, venceu três vezes e conquistou três poles. Mais que isso. Nas quatro provas que recebeu a bandeirada, subiu ao pódio. Foi também em Montréal que conquistou a primeira pole e a primeira vitória de sua carreira na F-1, em 2007, sua temporada de estreia. Em comparação com Rosberg, seu principal rival na disputa pelo título deste ano, seus números são muito superiores. Além de ter três triunfos contra um do companheiro, tem três poles contra uma de Rosberg –conquistada no ano passado– e largou seis vezes na primeira fila contra uma do parceiro de Mercedes. O alemão, que vem de dois triunfos consecutivos, disse que a boa fase não significa muita coisa e que o importante é se manter focado. "Claro que é melhor vim de resultados positivos do que negativos, mas não penso muito nisso. A vitória em Mônaco não foi a mais emocionante para mim porque senti pelo Lewis, que fez um bom trabalho e merecia vencer, mas posso garantir que festejei o suficiente no domingo à noite", afirmou Rosberg. NA TV Treinos livres para o GP do Canadá 11h e 15h (de Brasília) - SporTV
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Sadomasoquismo sutil
O pai tijucano viu o filho desenhando e gritou: "Para de desenhar que isso é coisa de viado!" (com "i" mesmo, que "veado" não tem o mesmo impacto homofóbico). Quem viu "Anos Dourados", do Gilberto Braga, sabe que a Tijuca era um bairro do Rio de Janeiro que imprimia caráter: valores de classe média e preconceitos escancarados. Se fosse um pai da zona sul, mais sofisticada, não diria uma palavra: suspiraria e balançaria a cabeça em desalento. Os mesmos preconceitos, mas com sutileza. Quando se fala em sadomasoquismo, pensa-se logo em chicotes, botas de cano alto, couro tacheado, algemas e gemidos. S&m é uma sigla conhecida da pornografia especializada, há lojas tragicômicas em Nova York que valem uma visita curiosa, podemos olhá-las com um meio sorriso de quem visita o zoológico. Mas o s&m não nos é tão alheio como pensaríamos: em sua modalidade sutil, ele permeia nossas vidas e nos contagia sem que percebamos. Ele é mal compreendido: suas raízes moram na natureza humana, em nosso desejo de superioridade e de domínio; não por acaso existe um ícone s&m: a dominatrix. "Bem, isso explicaria o sadismo, mas, e o masoquismo?" É a outra face da mesma moeda, ilustrada pelo que um cliente gay me disse: "Quando ele goza com a minha dor, sou eu a triunfar". Fora do âmbito sexual, um político de origem pobre pode usá-la para, através da chantagem emocional, se vingar das elites que supostamente o oprimiram. Quantos não usam o coitadismo e o martírio como meio de triunfar? Pense na política doméstica, na anedótica mãe judia a dizer: "Come, meu filho, senão eu ME mato". Sadismo & masoquismo são jogos de poder, portanto. E não existem separadamente: o pai esculacha o filho, e a vingança do coitadinho é que todos olharão esse pai como um fdp. O que dará ao pai mais raiva, mais maltrato com o filho, num círculo vicioso sem fim. Mas esses exemplos ainda estão muito longe de você. Vejamos então o Facebook: fulana postou uma foto daquelas de felicidade triunfalista ultrajante, pretendendo superioridade. "Olha que vida maravilhosa eu tenho, muito melhor do que a sua", seria a tradução tijucana do post. Mas não, a mensagem é sutil: "Ah, como é bom partilhar com vocês a minha felicidade!" Para surpresa de ninguém, a reação é vingativa, a inveja quer destruir o que lhe parece superior: diversos comentários sarcásticos depreciativos, desde os quilinhos a mais da amiga à decoração cafona do ambiente fotografado. Quanto mais engraçadinhos, mais disfarçados em sua maldade, mais bem-sucedidos. Formam-se assim legiões de viciados em destruir: a destruição é fácil, mas pode parecer grandiosa, basta lembrar as torres gêmeas de NY. Poucos sabem o nome de quem as construiu, já o de Osama Bin Laden... Assim, dominadores e submissos, sádicos e masoquistas, mártires e algozes, vencedores e fracassados formam pares aprisionados uns aos outros. Como o pior destino dos casais, quando os dois se sentem carcereiros e encarcerados um do outro e levam a vida em vinganças sucessivas. Mesmo que sutis. A alternativa? Construir amor companheiro dá mais trabalho, mas é mais bonito e gostoso. www.franciscodaudt.com.br
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Sadomasoquismo sutilO pai tijucano viu o filho desenhando e gritou: "Para de desenhar que isso é coisa de viado!" (com "i" mesmo, que "veado" não tem o mesmo impacto homofóbico). Quem viu "Anos Dourados", do Gilberto Braga, sabe que a Tijuca era um bairro do Rio de Janeiro que imprimia caráter: valores de classe média e preconceitos escancarados. Se fosse um pai da zona sul, mais sofisticada, não diria uma palavra: suspiraria e balançaria a cabeça em desalento. Os mesmos preconceitos, mas com sutileza. Quando se fala em sadomasoquismo, pensa-se logo em chicotes, botas de cano alto, couro tacheado, algemas e gemidos. S&m é uma sigla conhecida da pornografia especializada, há lojas tragicômicas em Nova York que valem uma visita curiosa, podemos olhá-las com um meio sorriso de quem visita o zoológico. Mas o s&m não nos é tão alheio como pensaríamos: em sua modalidade sutil, ele permeia nossas vidas e nos contagia sem que percebamos. Ele é mal compreendido: suas raízes moram na natureza humana, em nosso desejo de superioridade e de domínio; não por acaso existe um ícone s&m: a dominatrix. "Bem, isso explicaria o sadismo, mas, e o masoquismo?" É a outra face da mesma moeda, ilustrada pelo que um cliente gay me disse: "Quando ele goza com a minha dor, sou eu a triunfar". Fora do âmbito sexual, um político de origem pobre pode usá-la para, através da chantagem emocional, se vingar das elites que supostamente o oprimiram. Quantos não usam o coitadismo e o martírio como meio de triunfar? Pense na política doméstica, na anedótica mãe judia a dizer: "Come, meu filho, senão eu ME mato". Sadismo & masoquismo são jogos de poder, portanto. E não existem separadamente: o pai esculacha o filho, e a vingança do coitadinho é que todos olharão esse pai como um fdp. O que dará ao pai mais raiva, mais maltrato com o filho, num círculo vicioso sem fim. Mas esses exemplos ainda estão muito longe de você. Vejamos então o Facebook: fulana postou uma foto daquelas de felicidade triunfalista ultrajante, pretendendo superioridade. "Olha que vida maravilhosa eu tenho, muito melhor do que a sua", seria a tradução tijucana do post. Mas não, a mensagem é sutil: "Ah, como é bom partilhar com vocês a minha felicidade!" Para surpresa de ninguém, a reação é vingativa, a inveja quer destruir o que lhe parece superior: diversos comentários sarcásticos depreciativos, desde os quilinhos a mais da amiga à decoração cafona do ambiente fotografado. Quanto mais engraçadinhos, mais disfarçados em sua maldade, mais bem-sucedidos. Formam-se assim legiões de viciados em destruir: a destruição é fácil, mas pode parecer grandiosa, basta lembrar as torres gêmeas de NY. Poucos sabem o nome de quem as construiu, já o de Osama Bin Laden... Assim, dominadores e submissos, sádicos e masoquistas, mártires e algozes, vencedores e fracassados formam pares aprisionados uns aos outros. Como o pior destino dos casais, quando os dois se sentem carcereiros e encarcerados um do outro e levam a vida em vinganças sucessivas. Mesmo que sutis. A alternativa? Construir amor companheiro dá mais trabalho, mas é mais bonito e gostoso. www.franciscodaudt.com.br
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Duelo de PSG e Bayern expõe projetos distintos na Liga dos Campeões
Dois modelos de gestão do futebol profissional se encontram nesta quarta (27) em Paris pela Liga dos Campeões. O novo rico Paris Saint-Germain recebe sua antítese, o consolidado e milionário há décadas Bayern de Munique. Enquanto o time francês gastou R$ 888 milhões na montagem do atual time e já começa a com as desavenças de antigos e novos craques, caso de Cavani e Neymar, os alemães seguem outra fórmula. O gigante do futebol mundial, que busca sua terceira Liga dos Campeões,investiu R$ 338 milhões na mais recente janela de transferência. A forma como o gasto é feito no sul da Alemanha é diferente. Nada de astros. A política declarada do clube bávaro, anunciada por Uli Hoeness, presidente do time, é investir em jovens. "O Bayern de Munique assina com jogadores entre 20 e 22 anos. Mais uma vez estamos sendo criticados por isso, mas não se monta um time de futuro gastando R$ 373 milhões em jogadores de 29 ou 30 anos. Isso não é uma boa política", afirmou o dirigente no início da temporada à imprensa alemã. À frente do clube francês, Nasser Al-Khelaifi, presidente desde 2011, nunca deixou de mostrar entusiasmo com contratações que causam efeito midiático e custo alto, como a de Neymar. "Pode parecer caro. Mas daqui a dois anos, todos vão ver que Neymar foi barato. Ele hoje já é o melhor jogador do mundo", disse o dirigente. Se o PSG trouxe Neymar, 25, de Barcelona por R$ 810 milhões, na maior transação de todos os tempos do futebol mundial, o jogador mais caro comprado pelo Bayern nesta temporada custou R$ 155 milhões. Custo para trazer o meia francês nascido no Togo, Coretin Tolisso, de 23 anos. A diferença entre quanto e como gastar na montagem dos dois times vem de outras temporadas. Desde 2013, o Bayern investiu, em média, R$ 282 milhões na compra de jogadores por ano. Já o PSG –comprado em 2011 por um grupo de investidores do Qatar– gastou R$ 511 milhões. RANKING DOS CLUBES QUE MAIS GASTARAM - Em milhões de euros A média etária dos jogadores contratados pelo time de Paris é de 24,3 anos. A do Bayern é de 23,6 anos. Enquanto os alemães venderam jogadores mais velhos, média de 27,1 anos, os franceses não renovaram muito o time. E também negociaram jogadores mais jovens, com uma média de 24,7 anos. O número de atletas da base no plantel tanto de PSG quanto do Bayern dá mais indicativos de como as duas equipes pensam. No clube francês são quatro jogadores revelados em casa, entre 21 e 24 anos. Adrien Rabiot, que vem jogando como titular, é um deles. No time alemão conta com oito pratas da casa no elenco profissional. Entre eles, o atacante Thomas Muller, 28 anos, também destaque da seleção local. INFRAESTRUTURA Os estádios dos times também reforçam a diferença de prioridade dos rivais desta quarta-feira. O Allianz Arena, do Bayern, é um dos melhores do mundo, segundo a classificação da UEFA. O que mostra que a política alemã de investir em infraestrutura é séria. O campo, no subúrbio de Munique, pode receber até 75 mil pessoas. Depois de ter sido construído em 2005, ele já foi reformado em 2012. Enquanto que o Estádio Parc des Princes é de 1897, mas foi remodelado em 1972. Nele cabem 49.700 pessoas. A casa do Bayern é bastante requisitada. O campo será o único do país a receber jogos da festiva Euro 2020, que marcará os 60 anos da competição de seleções. Em vez de um ou dois países, os jogos vão ocorrer por 13 nações. Neste ano, com o discurso de que investir em centros de treinamento é melhor do que gastar muito com jogadores, o Bayern inaugurou novas instalações para a base. A obra custou R$ 261 milhões. Mais ou menos a mesma quantia gasta pelo PSG na compra do atacante uruguaio Edinson Roberto Cavani, em 2013, que era do Napoli, da Itália. NA TV PSG x Bayern 15h45 Band e Esporte Interativo * AS CINCO CONTRATAÇÕES MAIS CARAS - Em milhões de euros *
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Duelo de PSG e Bayern expõe projetos distintos na Liga dos CampeõesDois modelos de gestão do futebol profissional se encontram nesta quarta (27) em Paris pela Liga dos Campeões. O novo rico Paris Saint-Germain recebe sua antítese, o consolidado e milionário há décadas Bayern de Munique. Enquanto o time francês gastou R$ 888 milhões na montagem do atual time e já começa a com as desavenças de antigos e novos craques, caso de Cavani e Neymar, os alemães seguem outra fórmula. O gigante do futebol mundial, que busca sua terceira Liga dos Campeões,investiu R$ 338 milhões na mais recente janela de transferência. A forma como o gasto é feito no sul da Alemanha é diferente. Nada de astros. A política declarada do clube bávaro, anunciada por Uli Hoeness, presidente do time, é investir em jovens. "O Bayern de Munique assina com jogadores entre 20 e 22 anos. Mais uma vez estamos sendo criticados por isso, mas não se monta um time de futuro gastando R$ 373 milhões em jogadores de 29 ou 30 anos. Isso não é uma boa política", afirmou o dirigente no início da temporada à imprensa alemã. À frente do clube francês, Nasser Al-Khelaifi, presidente desde 2011, nunca deixou de mostrar entusiasmo com contratações que causam efeito midiático e custo alto, como a de Neymar. "Pode parecer caro. Mas daqui a dois anos, todos vão ver que Neymar foi barato. Ele hoje já é o melhor jogador do mundo", disse o dirigente. Se o PSG trouxe Neymar, 25, de Barcelona por R$ 810 milhões, na maior transação de todos os tempos do futebol mundial, o jogador mais caro comprado pelo Bayern nesta temporada custou R$ 155 milhões. Custo para trazer o meia francês nascido no Togo, Coretin Tolisso, de 23 anos. A diferença entre quanto e como gastar na montagem dos dois times vem de outras temporadas. Desde 2013, o Bayern investiu, em média, R$ 282 milhões na compra de jogadores por ano. Já o PSG –comprado em 2011 por um grupo de investidores do Qatar– gastou R$ 511 milhões. RANKING DOS CLUBES QUE MAIS GASTARAM - Em milhões de euros A média etária dos jogadores contratados pelo time de Paris é de 24,3 anos. A do Bayern é de 23,6 anos. Enquanto os alemães venderam jogadores mais velhos, média de 27,1 anos, os franceses não renovaram muito o time. E também negociaram jogadores mais jovens, com uma média de 24,7 anos. O número de atletas da base no plantel tanto de PSG quanto do Bayern dá mais indicativos de como as duas equipes pensam. No clube francês são quatro jogadores revelados em casa, entre 21 e 24 anos. Adrien Rabiot, que vem jogando como titular, é um deles. No time alemão conta com oito pratas da casa no elenco profissional. Entre eles, o atacante Thomas Muller, 28 anos, também destaque da seleção local. INFRAESTRUTURA Os estádios dos times também reforçam a diferença de prioridade dos rivais desta quarta-feira. O Allianz Arena, do Bayern, é um dos melhores do mundo, segundo a classificação da UEFA. O que mostra que a política alemã de investir em infraestrutura é séria. O campo, no subúrbio de Munique, pode receber até 75 mil pessoas. Depois de ter sido construído em 2005, ele já foi reformado em 2012. Enquanto que o Estádio Parc des Princes é de 1897, mas foi remodelado em 1972. Nele cabem 49.700 pessoas. A casa do Bayern é bastante requisitada. O campo será o único do país a receber jogos da festiva Euro 2020, que marcará os 60 anos da competição de seleções. Em vez de um ou dois países, os jogos vão ocorrer por 13 nações. Neste ano, com o discurso de que investir em centros de treinamento é melhor do que gastar muito com jogadores, o Bayern inaugurou novas instalações para a base. A obra custou R$ 261 milhões. Mais ou menos a mesma quantia gasta pelo PSG na compra do atacante uruguaio Edinson Roberto Cavani, em 2013, que era do Napoli, da Itália. NA TV PSG x Bayern 15h45 Band e Esporte Interativo * AS CINCO CONTRATAÇÕES MAIS CARAS - Em milhões de euros *
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O vazio adiante
A presente conjuntura, como se sabe, não permite previsões sequer de 24 horas. Mas, no momento em que escrevo, crescem as chances de entrarmos no segundo semestre sob a Presidência Michel Temer. Cabe, portanto, prestar atenção à montagem da mesma. No primeiro ato, representado pela ruptura do PMDB com Dilma na terça passada, o que se viu em Brasília augura enormes problemas à frente. O mais antigo partido brasileiro em funcionamento foi incapaz de apresentar uma mísera razão para quebrar o pacto que reelegeu a atual presidente pouco mais de um ano atrás. Em reunião de três minutos (sic), o Diretório Nacional decidiu que a sigla se retirava "da base do governo da presidente Dilma Rousseff". Nenhum documento para explicar aos eleitores os motivos da ruptura. Foi com certo esforço que encontrei na internet a moção do Diretório Regional da Bahia, aprovada cerca de 15 dias antes, a qual embasou a deliberação dos dirigentes nacionais. Nela, são apresentados, em só 13 linhas, os fundamentos do gesto. Quase todas as razões elencadas referem-se à economia interna da sigla. "As bases e a militância (...) já não concordam em integrar o governo" e "a permanência do PMDB (...) fomentará uma maior divisão do partido". "A manutenção do PMDB no governo vai de encontro à pretensão do partido de lançar candidato próprio (...) em 2018". "Embora tenha a vice-presidência", o partido "nunca foi chamado para discutir soluções econômicas ou políticas para o país". Sobre as questões que interessam à República, nada. Em apenas duas sentenças genéricas afirma-se que a situação atual seria "resultante, principalmente, de escolhas erradas nas ações do Governo Federal", sem especificar quais, e que "o Brasil sofre uma das mais graves crises econômica, moral e política de sua história". Como se o PMDB não estivesse profundamente envolvido nela. Pode-se argumentar que propostas substantivas da sigla estão contidas no documento "Uma ponte para o futuro", lançado pela Fundação Ulysses Guimarães em outubro passado. Ali se encontram expressas ideias de alguma consistência a respeito dos problemas atuais. Defende-se, por exemplo, "construir uma trajetória de equilíbrio fiscal duradouro" e "executar uma política de desenvolvimento centrada na iniciativa privada". Só que isso não difere do programa que o segundo governo Dilma procura realizar, mesmo ao preço de desgostar profundamente a sua própria base. Por que, então, abandonar uma mandatária acossada, que procura executar projeto idêntico? Silêncio. Mesmo que parte da burguesia e da classe média tape o nariz para livrar-se de Dilma, o vazio em que nos precipita cobrará o seu preço.
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O vazio adianteA presente conjuntura, como se sabe, não permite previsões sequer de 24 horas. Mas, no momento em que escrevo, crescem as chances de entrarmos no segundo semestre sob a Presidência Michel Temer. Cabe, portanto, prestar atenção à montagem da mesma. No primeiro ato, representado pela ruptura do PMDB com Dilma na terça passada, o que se viu em Brasília augura enormes problemas à frente. O mais antigo partido brasileiro em funcionamento foi incapaz de apresentar uma mísera razão para quebrar o pacto que reelegeu a atual presidente pouco mais de um ano atrás. Em reunião de três minutos (sic), o Diretório Nacional decidiu que a sigla se retirava "da base do governo da presidente Dilma Rousseff". Nenhum documento para explicar aos eleitores os motivos da ruptura. Foi com certo esforço que encontrei na internet a moção do Diretório Regional da Bahia, aprovada cerca de 15 dias antes, a qual embasou a deliberação dos dirigentes nacionais. Nela, são apresentados, em só 13 linhas, os fundamentos do gesto. Quase todas as razões elencadas referem-se à economia interna da sigla. "As bases e a militância (...) já não concordam em integrar o governo" e "a permanência do PMDB (...) fomentará uma maior divisão do partido". "A manutenção do PMDB no governo vai de encontro à pretensão do partido de lançar candidato próprio (...) em 2018". "Embora tenha a vice-presidência", o partido "nunca foi chamado para discutir soluções econômicas ou políticas para o país". Sobre as questões que interessam à República, nada. Em apenas duas sentenças genéricas afirma-se que a situação atual seria "resultante, principalmente, de escolhas erradas nas ações do Governo Federal", sem especificar quais, e que "o Brasil sofre uma das mais graves crises econômica, moral e política de sua história". Como se o PMDB não estivesse profundamente envolvido nela. Pode-se argumentar que propostas substantivas da sigla estão contidas no documento "Uma ponte para o futuro", lançado pela Fundação Ulysses Guimarães em outubro passado. Ali se encontram expressas ideias de alguma consistência a respeito dos problemas atuais. Defende-se, por exemplo, "construir uma trajetória de equilíbrio fiscal duradouro" e "executar uma política de desenvolvimento centrada na iniciativa privada". Só que isso não difere do programa que o segundo governo Dilma procura realizar, mesmo ao preço de desgostar profundamente a sua própria base. Por que, então, abandonar uma mandatária acossada, que procura executar projeto idêntico? Silêncio. Mesmo que parte da burguesia e da classe média tape o nariz para livrar-se de Dilma, o vazio em que nos precipita cobrará o seu preço.
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Fundos de investimento ficarão mais simples e mais baratos, diz associação
Os fundos de investimento ficarão mais simples, menos burocráticos e com custos mais competitivos, segundo Carlos Massaru, vice-presidente da Anbima (associação do mercado). O setor terá, a partir de outubro, uma nova regulação, que melhorará a transparência sobre riscos e custos. Leia os principais trechos da entrevista: * Foi um bom semestre em termos de rentabilidade e de captação. O produto com maior crescimento foram os fundos de previdência, o que demonstra a preocupação com a poupança de longo prazo. Em 2013, esses fundos perderam investidores com o susto da marcação a mercado [que reduziu o valor das cotas, quando os juros subiram]. De lá para cá, os bancos fizeram um trabalho importante de esclarecimento aos clientes. A nova regulação vem em um hora boa. Os Fundos Simples, de baixa volatilidade, bom retorno e liquidez, chegam no momento em que fica mais difícil acertar uma tendência para o mercado. Ajudam a reduzir os custos e as despesas. Ao mesmo tempo, aumenta a possibilidade de investir no exterior, permitindo com que os fundos se beneficiem do crescimento maior nos Estados Unidos e na Europa. A indústria sempre buscou eficiência, apesar dos impedimentos regulatórios. A tendência é ter produtos com gestão cada vez mais simples, que tendem a se tornar mais baratos. E aqueles que agregam mais valor vão poder cobrar mais do cliente. A indústria tinha um viés de tíquete [aplicação mínima], que era também uma metodologia para permitir o acesso ou não do cliente a determinados produtos. A necessidade de tíquete diminuiu depois do suitability [perfil de risco do cliente] e da segmentação do atendimento. Tinha também um custo maior para distribuir fundos para o cliente com um tíquete menor. Desburocratizando a indústria, sem perder em qualidade e transparência, isso tudo vai mudar. A nova classificação de fundos vai induzir uma visão de prazo, risco e depois estratégia do investimento. O sistema fica mais eficiente. A fase é de diagnóstico. Não envolve renúncia fiscal, mas correção de distorções e assimetrias entre aplicações. * NOVAS REGRAS DOS FUNDOS 1 - Fundo Simples Com objetivo de reduzir custos, nova categoria de fundos de investimentos terá apenas formulários, prestação de contas e comunicados pela internet. Terá de aplicar, no mínimo, 50% em títulos do governo; o restante poderá ser em papéis privados com a mesma avaliação de risco do Brasil Fundos de investimento 2 - Aplicação no exterior Limite para aplicação sobe de 10% para 20% para todo os fundos de varejo. Para os investidores qualificados, o teto passa de 20% para 40% 3 - Fundo offshore Cria os fundos que aplicam exclusivamente no exterior, com limite mínimo de 67% dos recursos aplicados fora do país. São voltados aos novos investidores qualificados, com capital mínimo de R$ 1 milhão 4 - Investidor qualificação Acaba com a exigência de tíquete mínimo de R$ 300 mil para aplicações como em fundos de ações estrangeiras negociados no Brasil. Por outro lado, aplicações de maior risco, como fundos integralmente no exterior, ficam restritos à qualificação de R$ 1 milhão Perfil do investidor
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Fundos de investimento ficarão mais simples e mais baratos, diz associaçãoOs fundos de investimento ficarão mais simples, menos burocráticos e com custos mais competitivos, segundo Carlos Massaru, vice-presidente da Anbima (associação do mercado). O setor terá, a partir de outubro, uma nova regulação, que melhorará a transparência sobre riscos e custos. Leia os principais trechos da entrevista: * Foi um bom semestre em termos de rentabilidade e de captação. O produto com maior crescimento foram os fundos de previdência, o que demonstra a preocupação com a poupança de longo prazo. Em 2013, esses fundos perderam investidores com o susto da marcação a mercado [que reduziu o valor das cotas, quando os juros subiram]. De lá para cá, os bancos fizeram um trabalho importante de esclarecimento aos clientes. A nova regulação vem em um hora boa. Os Fundos Simples, de baixa volatilidade, bom retorno e liquidez, chegam no momento em que fica mais difícil acertar uma tendência para o mercado. Ajudam a reduzir os custos e as despesas. Ao mesmo tempo, aumenta a possibilidade de investir no exterior, permitindo com que os fundos se beneficiem do crescimento maior nos Estados Unidos e na Europa. A indústria sempre buscou eficiência, apesar dos impedimentos regulatórios. A tendência é ter produtos com gestão cada vez mais simples, que tendem a se tornar mais baratos. E aqueles que agregam mais valor vão poder cobrar mais do cliente. A indústria tinha um viés de tíquete [aplicação mínima], que era também uma metodologia para permitir o acesso ou não do cliente a determinados produtos. A necessidade de tíquete diminuiu depois do suitability [perfil de risco do cliente] e da segmentação do atendimento. Tinha também um custo maior para distribuir fundos para o cliente com um tíquete menor. Desburocratizando a indústria, sem perder em qualidade e transparência, isso tudo vai mudar. A nova classificação de fundos vai induzir uma visão de prazo, risco e depois estratégia do investimento. O sistema fica mais eficiente. A fase é de diagnóstico. Não envolve renúncia fiscal, mas correção de distorções e assimetrias entre aplicações. * NOVAS REGRAS DOS FUNDOS 1 - Fundo Simples Com objetivo de reduzir custos, nova categoria de fundos de investimentos terá apenas formulários, prestação de contas e comunicados pela internet. Terá de aplicar, no mínimo, 50% em títulos do governo; o restante poderá ser em papéis privados com a mesma avaliação de risco do Brasil Fundos de investimento 2 - Aplicação no exterior Limite para aplicação sobe de 10% para 20% para todo os fundos de varejo. Para os investidores qualificados, o teto passa de 20% para 40% 3 - Fundo offshore Cria os fundos que aplicam exclusivamente no exterior, com limite mínimo de 67% dos recursos aplicados fora do país. São voltados aos novos investidores qualificados, com capital mínimo de R$ 1 milhão 4 - Investidor qualificação Acaba com a exigência de tíquete mínimo de R$ 300 mil para aplicações como em fundos de ações estrangeiras negociados no Brasil. Por outro lado, aplicações de maior risco, como fundos integralmente no exterior, ficam restritos à qualificação de R$ 1 milhão Perfil do investidor
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Boletim do tempo
RIO DE JANEIRO - Em "My Fair Lady", o musical da Broadway e de Hollywood baseado na peça "Pigmalião", de Bernard Shaw, o professor Higgins prepara-se para apresentar aos esnobes de Londres a florista Eliza, que ele recolheu das ruas e ensinou a se expressar. Para que ela não cometa gafes, ele a instrui a só falar do tempo. Mais para o fim da peça, Higgins está desesperado porque Eliza o abandonou. Para que ele não dê vexame diante dos mesmos esnobes, sua mãe, a Sra. Higgins, aconselha-o a também limitar-se ao tempo. Pelo visto, para Shaw, falar do tempo –se vai chover ou não, onde e quando, e a quantas vai ou não vai a temperatura– é a maneira mais segura de não dizer nada e não se comprometer. Por algum motivo, é também o assunto favorito das nossas emissoras de rádio e TV. O espaço que seus jornais dedicam a ele deixa longe o da política e da economia, só perdendo, talvez, para as notícias sobre crimes. Discordo de Shaw. Acho fascinante a autoridade com que as moças do tempo discorrem sobre a formação de frentes frias, o ar seco e a velocidade do vento. Na televisão, fazem isso diante de um painel que, segundo sei, não está ali de verdade. Como conseguem falar andando, de salto alto, e apontar com tanta precisão para esta ou aquela região com a chuvinha ou o solzinho desenhado? Moro no Rio e, ao ser acordado diariamente pelo rádio, adoro ser informado da umidade relativa do ar em Roraima ou da possibilidade de pancadas na ilha de Marajó –para saber se vai dar praia, chego à janela. E, ao tomar um táxi no Leblon, sob uma lua de 40 graus, é refrescante saber, pelo rádio do carro, que a máxima prevista para São Paulo nos próximos dias é de 25. Durante milênios, a grande indagação do homem foi "quem sou, de onde vim, para onde vou?". Não mais. Agora é: "Levo ou não o guarda-chuva?".
colunas
Boletim do tempoRIO DE JANEIRO - Em "My Fair Lady", o musical da Broadway e de Hollywood baseado na peça "Pigmalião", de Bernard Shaw, o professor Higgins prepara-se para apresentar aos esnobes de Londres a florista Eliza, que ele recolheu das ruas e ensinou a se expressar. Para que ela não cometa gafes, ele a instrui a só falar do tempo. Mais para o fim da peça, Higgins está desesperado porque Eliza o abandonou. Para que ele não dê vexame diante dos mesmos esnobes, sua mãe, a Sra. Higgins, aconselha-o a também limitar-se ao tempo. Pelo visto, para Shaw, falar do tempo –se vai chover ou não, onde e quando, e a quantas vai ou não vai a temperatura– é a maneira mais segura de não dizer nada e não se comprometer. Por algum motivo, é também o assunto favorito das nossas emissoras de rádio e TV. O espaço que seus jornais dedicam a ele deixa longe o da política e da economia, só perdendo, talvez, para as notícias sobre crimes. Discordo de Shaw. Acho fascinante a autoridade com que as moças do tempo discorrem sobre a formação de frentes frias, o ar seco e a velocidade do vento. Na televisão, fazem isso diante de um painel que, segundo sei, não está ali de verdade. Como conseguem falar andando, de salto alto, e apontar com tanta precisão para esta ou aquela região com a chuvinha ou o solzinho desenhado? Moro no Rio e, ao ser acordado diariamente pelo rádio, adoro ser informado da umidade relativa do ar em Roraima ou da possibilidade de pancadas na ilha de Marajó –para saber se vai dar praia, chego à janela. E, ao tomar um táxi no Leblon, sob uma lua de 40 graus, é refrescante saber, pelo rádio do carro, que a máxima prevista para São Paulo nos próximos dias é de 25. Durante milênios, a grande indagação do homem foi "quem sou, de onde vim, para onde vou?". Não mais. Agora é: "Levo ou não o guarda-chuva?".
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Abastecimento é normalizado em São José dos Campos após barragem ruir
O abastecimento de água em São José dos Campos (a 97 km de São Paulo) foi restabelecido na noite deste domingo (7), dois dias depois do rompimento de uma barragem com resíduos de mineração de areia em Jacareí. A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico de São Paulo) tinha interrompido a captação de água do rio Paraíba do Sul na sexta-feira (5), após identificar problemas na qualidade da água, causados pelo rompimento da barragem. Cerca de 400 mil moradores de São José dos Campos, no Vale do Paraíba, foram afetados pelo desabastecimento de água. Ainda há problemas pontuais na distribuição de água no bairro Pousada do Vale. Segundo a Sabesp, a normalização da situação está prevista para a tarde desta segunda-feira (8). Na manhã de sexta-feira, um talude da lagoa da mineradora Meia Lua 1 se rompeu, resultando no lançamento de resíduos de extração de areia no rio Paraíba do Sul, em Jacareí. Segundo a Cetesb (Companhia Ambiental de São Paulo), o acidente foi provocado pelo lançamento irregular de rejeitos do tratamento de areia da mineradora Rolando Comércio de Areia numa lagoa da mineradora Meia Lua 1, que está com as atividades paralisadas. O lançamento não autorizado alterou a qualidade da água da lagoa, que ficou turva, e elevou seu nível, o que acabou resultando no rompimento do talude, instalado entre a lagoa e o rio. Segundo a Cetesb, ambas as mineradoras têm licença ambiental, mas não há autorização para o lançamento de águas residuárias da Rolando Comércio de Areia para a lagoa da Meia Lua 1. Por isso, as empresas devem ser punidas pela companhia. A penalização será definida na próxima quarta-feira (10). O rio Paraíba abastece 75% da cidade, que tem cerca de 700 mil habitantes. A barragem foi reparada no sábado, e a captação de água começou a ser retomada no mesmo dia. Ninguém ficou ferido, e não foi constatada mortandade de peixes. O episódio ocorre três meses após o desastre ambiental do rio Doce, em Mariana (MG). O rompimento de uma barragem da Samarco causou 19 mortes e deixou um rastro de destruição que atingiu o rio e chegou ao litoral do Espírito Santo, a 600 km de distância.
cotidiano
Abastecimento é normalizado em São José dos Campos após barragem ruirO abastecimento de água em São José dos Campos (a 97 km de São Paulo) foi restabelecido na noite deste domingo (7), dois dias depois do rompimento de uma barragem com resíduos de mineração de areia em Jacareí. A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico de São Paulo) tinha interrompido a captação de água do rio Paraíba do Sul na sexta-feira (5), após identificar problemas na qualidade da água, causados pelo rompimento da barragem. Cerca de 400 mil moradores de São José dos Campos, no Vale do Paraíba, foram afetados pelo desabastecimento de água. Ainda há problemas pontuais na distribuição de água no bairro Pousada do Vale. Segundo a Sabesp, a normalização da situação está prevista para a tarde desta segunda-feira (8). Na manhã de sexta-feira, um talude da lagoa da mineradora Meia Lua 1 se rompeu, resultando no lançamento de resíduos de extração de areia no rio Paraíba do Sul, em Jacareí. Segundo a Cetesb (Companhia Ambiental de São Paulo), o acidente foi provocado pelo lançamento irregular de rejeitos do tratamento de areia da mineradora Rolando Comércio de Areia numa lagoa da mineradora Meia Lua 1, que está com as atividades paralisadas. O lançamento não autorizado alterou a qualidade da água da lagoa, que ficou turva, e elevou seu nível, o que acabou resultando no rompimento do talude, instalado entre a lagoa e o rio. Segundo a Cetesb, ambas as mineradoras têm licença ambiental, mas não há autorização para o lançamento de águas residuárias da Rolando Comércio de Areia para a lagoa da Meia Lua 1. Por isso, as empresas devem ser punidas pela companhia. A penalização será definida na próxima quarta-feira (10). O rio Paraíba abastece 75% da cidade, que tem cerca de 700 mil habitantes. A barragem foi reparada no sábado, e a captação de água começou a ser retomada no mesmo dia. Ninguém ficou ferido, e não foi constatada mortandade de peixes. O episódio ocorre três meses após o desastre ambiental do rio Doce, em Mariana (MG). O rompimento de uma barragem da Samarco causou 19 mortes e deixou um rastro de destruição que atingiu o rio e chegou ao litoral do Espírito Santo, a 600 km de distância.
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Indicada ao Globo de Ouro, "Casual" é boa surpresa do diretor de "Juno"
Quando saíram em dezembro os finalistas do Globo de Ouro, premiação que ocorre na noite deste domingo (10), um nome chamou atenção no clubinho de velhos e novos megaprodutores brigando pelas cada vez mais prestigiadas categorias de TV. Foi o do site de streaming Hulu, pouco conhecido no Brasil, mas que tenta, há oito anos e sem grande sucesso, brigar por espaço nos EUA com a Netflix e que tem por trás 3 dos 4 maiores canais abertos de TV do país: ABC (da Disney), NBC e Fox. Indicado com a série "Casual" na categoria de comédias, a joint venture dá fôlego à tentativa de reposicionamento dos dinossauros televisivos entre os vorazes e mais ágeis HBO, Netflix e Amazon. (Como se vê, é uma história em que não há peixe pequeno, na qual o uso do adjetivo "independente" deveria se limitar a ousadias e liberdades criativas e não a orçamentos e estúdios.) "Casual" sobressaiu porque, ao menos na amostra do Globo de Ouro, 2015 foi ruim para rir. O páreo se resume a "Veep" e "Silicon Valley" (as melhores das indicadas, ambas da HBO), as dramáticas "Orange is the New Black" (Netflix) e "Transparent" (Amazon) e a enfadonha "Mozart in the Jungle" (Amazon). Faltou a excelente "Master of None" (Netflix). Que bom, pois se trata de surpresa grata, uma história que cresce ao longo de seus dez episódios. À primeira vista, é mais uma comédia familiar temperada por desventuras amorosas-sexuais dos protagonistas, neste caso um par de irmãos e a filha/sobrinha adolescente. Conforme a história corre, o foco recai sobre as relações fraternais e sua peculiar dinâmica criada por pais obviamente desajustados. "Casual" tem a mão leve e esperta de Jason Reitman, o diretor dos adoráveis "Juno" (2007) e "Amor Sem Escalas" (2009) e do ácido "Obrigado por Fumar" (2005), que assina a produção e pilota os dois primeiros episódios. Como seus filmes, a série é permeada por um misto de ternura e cinismo cuidadosamente usado para criticar nossa cultura contemporânea. Como seus filmes, a história é de gente bonita e neurótica, sem problemas materiais, mas infinitamente sozinha quando se descasca as últimas camadas de aparências. Michaela Watkins (você reconhecerá o nariz de suas muitas pontas em outras séries) e Tommy Dewey estão afinados como os irmãos Val e Alex, ela uma psicóloga divorciada controladora e ele o programador que criou e enriqueceu com um site de relacionamento mas é incapaz de manter laços fora da família. Tara Lynne Barr não compromete como Laura, a filha de Val tentando a todo custo amadurecer. Mas é com a chegada de Dawn, a mãe ausente da dupla, que a série cresce e envolve. Frances Conroy, a mãe de "A Sete Palmos", merecia um prêmio pelo papel. Com seus personagens habilmente construídos e precisa no texto, "Casual" estava passando fora do radar de crítica e público —premiações, às vezes, podem ser úteis. "Casual", do Hulu, está à venda no iTunes/EUA
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Indicada ao Globo de Ouro, "Casual" é boa surpresa do diretor de "Juno"Quando saíram em dezembro os finalistas do Globo de Ouro, premiação que ocorre na noite deste domingo (10), um nome chamou atenção no clubinho de velhos e novos megaprodutores brigando pelas cada vez mais prestigiadas categorias de TV. Foi o do site de streaming Hulu, pouco conhecido no Brasil, mas que tenta, há oito anos e sem grande sucesso, brigar por espaço nos EUA com a Netflix e que tem por trás 3 dos 4 maiores canais abertos de TV do país: ABC (da Disney), NBC e Fox. Indicado com a série "Casual" na categoria de comédias, a joint venture dá fôlego à tentativa de reposicionamento dos dinossauros televisivos entre os vorazes e mais ágeis HBO, Netflix e Amazon. (Como se vê, é uma história em que não há peixe pequeno, na qual o uso do adjetivo "independente" deveria se limitar a ousadias e liberdades criativas e não a orçamentos e estúdios.) "Casual" sobressaiu porque, ao menos na amostra do Globo de Ouro, 2015 foi ruim para rir. O páreo se resume a "Veep" e "Silicon Valley" (as melhores das indicadas, ambas da HBO), as dramáticas "Orange is the New Black" (Netflix) e "Transparent" (Amazon) e a enfadonha "Mozart in the Jungle" (Amazon). Faltou a excelente "Master of None" (Netflix). Que bom, pois se trata de surpresa grata, uma história que cresce ao longo de seus dez episódios. À primeira vista, é mais uma comédia familiar temperada por desventuras amorosas-sexuais dos protagonistas, neste caso um par de irmãos e a filha/sobrinha adolescente. Conforme a história corre, o foco recai sobre as relações fraternais e sua peculiar dinâmica criada por pais obviamente desajustados. "Casual" tem a mão leve e esperta de Jason Reitman, o diretor dos adoráveis "Juno" (2007) e "Amor Sem Escalas" (2009) e do ácido "Obrigado por Fumar" (2005), que assina a produção e pilota os dois primeiros episódios. Como seus filmes, a série é permeada por um misto de ternura e cinismo cuidadosamente usado para criticar nossa cultura contemporânea. Como seus filmes, a história é de gente bonita e neurótica, sem problemas materiais, mas infinitamente sozinha quando se descasca as últimas camadas de aparências. Michaela Watkins (você reconhecerá o nariz de suas muitas pontas em outras séries) e Tommy Dewey estão afinados como os irmãos Val e Alex, ela uma psicóloga divorciada controladora e ele o programador que criou e enriqueceu com um site de relacionamento mas é incapaz de manter laços fora da família. Tara Lynne Barr não compromete como Laura, a filha de Val tentando a todo custo amadurecer. Mas é com a chegada de Dawn, a mãe ausente da dupla, que a série cresce e envolve. Frances Conroy, a mãe de "A Sete Palmos", merecia um prêmio pelo papel. Com seus personagens habilmente construídos e precisa no texto, "Casual" estava passando fora do radar de crítica e público —premiações, às vezes, podem ser úteis. "Casual", do Hulu, está à venda no iTunes/EUA
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Diante do Iraque, seleção de futebol tenta evitar pior início desde Munique-72
SÉRGIO RANGEL ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA Depois de fracassar na estreia do futebol, a seleção olímpica precisa vencer o Iraque, neste domingo (7), para tentar chegar à liderança do grupo e também evitar o pior início desde Munique-72. Na quinta (4), o time nacional decepcionou ao empatar com a África do Sul, por 0 a 0, no Mané Garrincha. Os sul-africanos atuaram com um jogador a menos a maior parte do segundo tempo. O grupo da seleção, que conta também com a Dinamarca, está empatado. Todos têm um ponto. Antes do jogo do Brasil, África do Sul e Dinamarca se enfrentam. Micale pediu "tranquilidade" aos jogadores neste domingo. Na abertura do torneio olímpico, a paciência do torcedor de Brasília com os jogadores durou até a metade do segundo tempo. A partir daí, eles vaiaram o time. Caso as críticas se repitam contra o Iraque, o treinador disse que a seleção terá que encarar os torcedores brasileiros como adversários. "Se as vaias vierem por não conseguirmos resolver [rapidamente], temos que pensar que estamos lidando com a torcida adversária. É um momento em que temos de nos fortalecer, e não nos deixar levar por sentimentos". Ele já adiantou que não vai mexer no esquema ofensivo, com um volante e três atacantes, e promete manter a mesma equipe. Gabriel Jesus, que perdeu um gol incrível dentro da pequena área na estreia da seleção, deve ser mantido na equipe titular. "Continuo trabalhando no que acredito, no conceito de jogo, na qualidade do jogador. As ideias não mudam em razão do resultado [de quinta]", afirmou Micale. Que esporte é esse? - Olimpíada - Folha de S.Paulo PIOR CAMPANHA Um empate ou uma derrota neste domingo deixará a equipe com a pior campanha nas últimas sete edições do torneio. Em Munique-72, o Brasil levou um time de jogadores jovens e ainda amadores e fez só um ponto nas primeiras duas rodadas. Desde então, nos dois primeiros jogos, o time teve 100% de aproveitamento em quatro edições (Londres-12, Pequim-08, Seul-88 e Los Angeles-84). Nas outras três vezes, venceu uma e perdeu outra em Sydney-00 e Atlanta-96 e ganhou uma e empatou outra em Montréal-76. ADVERSÁRIOS EM FESTA Ao contrário dos brasileiros, os iraquianos estão aproveitando os Jogos. Eles fizeram questão de participar da cerimônia de abertura no Maracanã. Treinaram na sexta (5), em Brasília, e percorreram mais de mil quilômetros de avião para festejar no Rio. Antes, os iraquianos ainda passaram na Vila Olímpica para tietar. A delegação voltou a Brasília no sábado (6), véspera da partida. Brasileiros classificados para a Olimpíada NA TV Brasil x Iraque 22h Globo, Band, ESPN Brasil, Sportv 2 e Fox Sports
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Diante do Iraque, seleção de futebol tenta evitar pior início desde Munique-72 SÉRGIO RANGEL ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA Depois de fracassar na estreia do futebol, a seleção olímpica precisa vencer o Iraque, neste domingo (7), para tentar chegar à liderança do grupo e também evitar o pior início desde Munique-72. Na quinta (4), o time nacional decepcionou ao empatar com a África do Sul, por 0 a 0, no Mané Garrincha. Os sul-africanos atuaram com um jogador a menos a maior parte do segundo tempo. O grupo da seleção, que conta também com a Dinamarca, está empatado. Todos têm um ponto. Antes do jogo do Brasil, África do Sul e Dinamarca se enfrentam. Micale pediu "tranquilidade" aos jogadores neste domingo. Na abertura do torneio olímpico, a paciência do torcedor de Brasília com os jogadores durou até a metade do segundo tempo. A partir daí, eles vaiaram o time. Caso as críticas se repitam contra o Iraque, o treinador disse que a seleção terá que encarar os torcedores brasileiros como adversários. "Se as vaias vierem por não conseguirmos resolver [rapidamente], temos que pensar que estamos lidando com a torcida adversária. É um momento em que temos de nos fortalecer, e não nos deixar levar por sentimentos". Ele já adiantou que não vai mexer no esquema ofensivo, com um volante e três atacantes, e promete manter a mesma equipe. Gabriel Jesus, que perdeu um gol incrível dentro da pequena área na estreia da seleção, deve ser mantido na equipe titular. "Continuo trabalhando no que acredito, no conceito de jogo, na qualidade do jogador. As ideias não mudam em razão do resultado [de quinta]", afirmou Micale. Que esporte é esse? - Olimpíada - Folha de S.Paulo PIOR CAMPANHA Um empate ou uma derrota neste domingo deixará a equipe com a pior campanha nas últimas sete edições do torneio. Em Munique-72, o Brasil levou um time de jogadores jovens e ainda amadores e fez só um ponto nas primeiras duas rodadas. Desde então, nos dois primeiros jogos, o time teve 100% de aproveitamento em quatro edições (Londres-12, Pequim-08, Seul-88 e Los Angeles-84). Nas outras três vezes, venceu uma e perdeu outra em Sydney-00 e Atlanta-96 e ganhou uma e empatou outra em Montréal-76. ADVERSÁRIOS EM FESTA Ao contrário dos brasileiros, os iraquianos estão aproveitando os Jogos. Eles fizeram questão de participar da cerimônia de abertura no Maracanã. Treinaram na sexta (5), em Brasília, e percorreram mais de mil quilômetros de avião para festejar no Rio. Antes, os iraquianos ainda passaram na Vila Olímpica para tietar. A delegação voltou a Brasília no sábado (6), véspera da partida. Brasileiros classificados para a Olimpíada NA TV Brasil x Iraque 22h Globo, Band, ESPN Brasil, Sportv 2 e Fox Sports
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Cientistas abrem pequenas empresas investindo em nanotecnologia
Um hidratante com o triplo do tempo de ação da média do segmento, que acelera o resultado sobre a pele do consumidor, é um dos itens do portfólio da Nanovetores, que encapsula princípios ativos para cosméticos. Utilizando a nanotecnologia, a empresa de Florianópolis (SC) "reveste" substâncias para que elas tenham maior permeabilidade, duração e eficácia do que as que não são revestidas. A ideia do negócio partiu de Ricardo Ramos, 42, após a mulher, Betina Ramos, 37, terminar um doutorado em nanotecnologia na França. Com apenas três anos, a Nanovetores exporta para 19 países e, só nos primeiros quatro meses deste ano, faturou R$ 4 milhões -o dobro do ano passado inteiro. A manipulação de nanopartículas (de um milionésimo de milímetro) tem inspirado cientistas a abrirem empresas para dar novas capacidades a materiais e produtos do dia a dia. Segundo o Sebrae, há cerca de cem negócios de pequeno porte atuando na área. A CHEM4U, de Mauá (SP), incorpora nanotecnologia a produtos de outras empresas para dar a eles propriedades bactericidas e fungicidas. Aplicada a uma embalagem alimentícia, por exemplo, a técnica permite a conservação por mais tempo. "O alimento [pode ficar] na prateleira ou no estoque sem ser contaminado", diz a engenheira química Leila Jansen, 56, que criou a empresa com o marido Ulisses Jansen, 56. O plano é expandir para produtos hospitalares. Assim como a maioria das pequenas empresas que atuam na área, a CHEM4U nasceu em uma incubadora de uma universidade. Como exige mão de obra altamente especializada e equipamentos de pesquisa de preços altos, há estreita colaboração entre as empresas e o meio acadêmico. FUTURO DE RISCOS "É o próximo ciclo de desenvolvimento mundial", diz Leandro Berti, da ADNano, start-up catarinense que desenvolveu um fluído nanoestruturado para amortecedores que economiza combustível e aumenta a segurança. O próximo passo de Berti é criar um amortecedor que potencialize a ação do fluido. Ele diz, porém, que está com dificuldade para conseguir investidores porque no Brasil "só se pensa em aplicativos para celular". Célio Cabral, gerente de inovação e tecnologia do Sebrae, acredita que os investidores sejam cautelosos em razão do "risco tecnológico considerável" que essas empresas apresentam. Diante da dificuldade de conseguir financiamento privado, ele recomenda aos empreendedores buscarem editais e fundos de fomento públicos, como da Finep. Para José Martins, da Nanotimize, a falta de regulação é um outro problema de quem atua na área. A empresa de Itapira (SP) foi criada em 2008 com a proposta de aplicar nanotecnologia a produtos farmacêuticos, mas foi obrigada a mudar de rumo por falta de demanda -o primeiro projeto com nanotecnologia foi só em 2014. "Como não há definição [de critérios regulatórios], as farmacêuticas ficam com incerteza se vale a pena fazer investimentos de maior porte", afirma Martins. REGULAÇÃO A manipulação de nanopartículas permite conferir novas características a materiais, como maior permeabilidade e precisão. Por outro lado, elementos tão pequenos podem entrar na corrente sanguínea, causar inflamação celular e pesquisas já apontaram que alguns nanomateriais são potencialmente cancerígenos, de acordo com o professor Guilherme Lenz e Silva, da USP. Uma das soluções apontadas para garantir a segurança dos produtos é a regulação da tecnologia, nos moldes do que foi feito com a lei de biossegurança. Célio Cabral, gerente de inovação e tecnologia do Sebrae, defende que uma regulação também pode ajudar a tornar a área mais atrativa para investidores. Para José Martins, da Nanotimize, que incorpora tecnologias a produtos farmacêuticos, a empresa foi prejudicada pela falta de regulação. Ele diz que as empresas temem investir em nanotecnologia porque não há critérios claros que balizem o que pode ou não ser feito. "Como os nanomateriais são relativamente novos, não há um estudo sobre o efeito no organismo no longo prazo", diz o professor Lenz e Silva. Outro problema é como descartar os resíduos da produção. Ainda assim, ele questiona a necessidade de uma regulação. Independentemente de incorporar nanotecnologia ou não, qualquer cosmético ou medicamento precisa ser registrado na Anvisa, o que garante a segurança, diz. Maria Luisa Leal, diretora da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, concorda com a lógica. Ela não se diz contra uma regulamentação, mas afirma que "quando a Anvisa registra um produto, ela garante que ele tem eficácia, qualidade e segurança".
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Cientistas abrem pequenas empresas investindo em nanotecnologiaUm hidratante com o triplo do tempo de ação da média do segmento, que acelera o resultado sobre a pele do consumidor, é um dos itens do portfólio da Nanovetores, que encapsula princípios ativos para cosméticos. Utilizando a nanotecnologia, a empresa de Florianópolis (SC) "reveste" substâncias para que elas tenham maior permeabilidade, duração e eficácia do que as que não são revestidas. A ideia do negócio partiu de Ricardo Ramos, 42, após a mulher, Betina Ramos, 37, terminar um doutorado em nanotecnologia na França. Com apenas três anos, a Nanovetores exporta para 19 países e, só nos primeiros quatro meses deste ano, faturou R$ 4 milhões -o dobro do ano passado inteiro. A manipulação de nanopartículas (de um milionésimo de milímetro) tem inspirado cientistas a abrirem empresas para dar novas capacidades a materiais e produtos do dia a dia. Segundo o Sebrae, há cerca de cem negócios de pequeno porte atuando na área. A CHEM4U, de Mauá (SP), incorpora nanotecnologia a produtos de outras empresas para dar a eles propriedades bactericidas e fungicidas. Aplicada a uma embalagem alimentícia, por exemplo, a técnica permite a conservação por mais tempo. "O alimento [pode ficar] na prateleira ou no estoque sem ser contaminado", diz a engenheira química Leila Jansen, 56, que criou a empresa com o marido Ulisses Jansen, 56. O plano é expandir para produtos hospitalares. Assim como a maioria das pequenas empresas que atuam na área, a CHEM4U nasceu em uma incubadora de uma universidade. Como exige mão de obra altamente especializada e equipamentos de pesquisa de preços altos, há estreita colaboração entre as empresas e o meio acadêmico. FUTURO DE RISCOS "É o próximo ciclo de desenvolvimento mundial", diz Leandro Berti, da ADNano, start-up catarinense que desenvolveu um fluído nanoestruturado para amortecedores que economiza combustível e aumenta a segurança. O próximo passo de Berti é criar um amortecedor que potencialize a ação do fluido. Ele diz, porém, que está com dificuldade para conseguir investidores porque no Brasil "só se pensa em aplicativos para celular". Célio Cabral, gerente de inovação e tecnologia do Sebrae, acredita que os investidores sejam cautelosos em razão do "risco tecnológico considerável" que essas empresas apresentam. Diante da dificuldade de conseguir financiamento privado, ele recomenda aos empreendedores buscarem editais e fundos de fomento públicos, como da Finep. Para José Martins, da Nanotimize, a falta de regulação é um outro problema de quem atua na área. A empresa de Itapira (SP) foi criada em 2008 com a proposta de aplicar nanotecnologia a produtos farmacêuticos, mas foi obrigada a mudar de rumo por falta de demanda -o primeiro projeto com nanotecnologia foi só em 2014. "Como não há definição [de critérios regulatórios], as farmacêuticas ficam com incerteza se vale a pena fazer investimentos de maior porte", afirma Martins. REGULAÇÃO A manipulação de nanopartículas permite conferir novas características a materiais, como maior permeabilidade e precisão. Por outro lado, elementos tão pequenos podem entrar na corrente sanguínea, causar inflamação celular e pesquisas já apontaram que alguns nanomateriais são potencialmente cancerígenos, de acordo com o professor Guilherme Lenz e Silva, da USP. Uma das soluções apontadas para garantir a segurança dos produtos é a regulação da tecnologia, nos moldes do que foi feito com a lei de biossegurança. Célio Cabral, gerente de inovação e tecnologia do Sebrae, defende que uma regulação também pode ajudar a tornar a área mais atrativa para investidores. Para José Martins, da Nanotimize, que incorpora tecnologias a produtos farmacêuticos, a empresa foi prejudicada pela falta de regulação. Ele diz que as empresas temem investir em nanotecnologia porque não há critérios claros que balizem o que pode ou não ser feito. "Como os nanomateriais são relativamente novos, não há um estudo sobre o efeito no organismo no longo prazo", diz o professor Lenz e Silva. Outro problema é como descartar os resíduos da produção. Ainda assim, ele questiona a necessidade de uma regulação. Independentemente de incorporar nanotecnologia ou não, qualquer cosmético ou medicamento precisa ser registrado na Anvisa, o que garante a segurança, diz. Maria Luisa Leal, diretora da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, concorda com a lógica. Ela não se diz contra uma regulamentação, mas afirma que "quando a Anvisa registra um produto, ela garante que ele tem eficácia, qualidade e segurança".
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Maravilhamento com palavras move monólogo inspirado em livro
INSTABILIDADE PERPÉTUA (ótimo) QUANDO sáb. (30), às 19h30, e dom. (1º), às 18h30 (último fim de semana) ONDE Sesc Ipiranga (r. Bom Pastor, 822, tel. 11 3340-2000) QUANTO R$ 6 a R$ 20 CLASSIFICAÇÃO 14 anos * É arrebatador o maravilhamento de Soraya Ravenle com as palavras que a movem em "Instabilidade Perpétua" e que, no entanto, não são suas. O solo concebido pela atriz parte do livro homônimo do filósofo paulistano Juliano Garcia Pessanha. O texto teatral faz um recorte da obra, guardando seu caráter híbrido, entre a literatura e a filosofia, e elegendo como uma de suas linhas narrativas o embate entre a racionalidade e a linguagem que parte do corpo. "Cada gesto que vou 'executar' já está narrado, pensado", escreve o filósofo, transitando também pela autobiografia. "É o pensamento que legisla o gesto e a ideia que comanda o corpo." Como um avesso desse eu-lírico, Ravenle recupera a dança a que se dedicou na juventude –ao se profissionalizar, ela se voltou para os musicais, gênero em que é bastante reconhecida– e dá corpo a "gestos inaugurais", preenchendo a caixa preta do teatro com uma fisicalidade sem forma que vai ao encontro do que o filósofo parece propor como ideal. O grande achado da encenação é justamente fazer tudo passar pelo corpo da atriz, os conceitos e também a linguagem falada. Quando enuncia uma frase mais complexa, volta a ela e se delicia repetindo cada palavra, tornando a reflexão acessível, sem didatismo. No segmento final, a voz constrói uma música a partir de sons gravados na hora, e essa música do corpo enseja novo ritmo e novos gestos. A dramaturgia, que também contempla a infância e a sensação de não pertencimento, é essencial para que o texto não se perca no vazio, fechado em sua própria condensação poética. A enunciação da atriz e a tradução para a cena potencializam a carga lírica de Pessanha, conversando com ela a partir dos recursos do teatro. Pautando-se em cena pela liberdade do "desconhecido de um corpo", a atriz faz um contraponto ao racionalismo do "estrategista de si mesmo", aproximando o público de uma escrita densa e defendendo a instabilidade da arte e da vida, ambas resistentes ao controle pela razão.
ilustrada
Maravilhamento com palavras move monólogo inspirado em livroINSTABILIDADE PERPÉTUA (ótimo) QUANDO sáb. (30), às 19h30, e dom. (1º), às 18h30 (último fim de semana) ONDE Sesc Ipiranga (r. Bom Pastor, 822, tel. 11 3340-2000) QUANTO R$ 6 a R$ 20 CLASSIFICAÇÃO 14 anos * É arrebatador o maravilhamento de Soraya Ravenle com as palavras que a movem em "Instabilidade Perpétua" e que, no entanto, não são suas. O solo concebido pela atriz parte do livro homônimo do filósofo paulistano Juliano Garcia Pessanha. O texto teatral faz um recorte da obra, guardando seu caráter híbrido, entre a literatura e a filosofia, e elegendo como uma de suas linhas narrativas o embate entre a racionalidade e a linguagem que parte do corpo. "Cada gesto que vou 'executar' já está narrado, pensado", escreve o filósofo, transitando também pela autobiografia. "É o pensamento que legisla o gesto e a ideia que comanda o corpo." Como um avesso desse eu-lírico, Ravenle recupera a dança a que se dedicou na juventude –ao se profissionalizar, ela se voltou para os musicais, gênero em que é bastante reconhecida– e dá corpo a "gestos inaugurais", preenchendo a caixa preta do teatro com uma fisicalidade sem forma que vai ao encontro do que o filósofo parece propor como ideal. O grande achado da encenação é justamente fazer tudo passar pelo corpo da atriz, os conceitos e também a linguagem falada. Quando enuncia uma frase mais complexa, volta a ela e se delicia repetindo cada palavra, tornando a reflexão acessível, sem didatismo. No segmento final, a voz constrói uma música a partir de sons gravados na hora, e essa música do corpo enseja novo ritmo e novos gestos. A dramaturgia, que também contempla a infância e a sensação de não pertencimento, é essencial para que o texto não se perca no vazio, fechado em sua própria condensação poética. A enunciação da atriz e a tradução para a cena potencializam a carga lírica de Pessanha, conversando com ela a partir dos recursos do teatro. Pautando-se em cena pela liberdade do "desconhecido de um corpo", a atriz faz um contraponto ao racionalismo do "estrategista de si mesmo", aproximando o público de uma escrita densa e defendendo a instabilidade da arte e da vida, ambas resistentes ao controle pela razão.
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Câmara Fria tem chope de premiada cervejaria mineira, pizzas e coxinhas
MAGÊ FLORES DE SÃO PAULO De um a dez. Ou do copo simples e refrescante ao intenso petróleo. Quem está por trás do Câmara Fria queria mesmo era pegar pela mão e conduzir o bebedor por uma escala. De cerveja fresca. Os sócios da Companhia Tradicional do Comércio, a mesma que abriu o bar Original 20 anos atrás, estavam assistindo à chegada de torneiras e mais torneiras de chope à capital paulista. "Vimos um grande salto. E ficou uma lacuna. Muita gente não entendia como seguir e acabava pulando da pilsen refrescante e habitual para a imperial IPA. E algum bar poderia ajudar nesse processo, numa transição suave", diz Ricardo Garrido, um dos sócios. "Um bar amigável em um mercado extremado demais." E no depósito de cadeiras que ficava no segundo andar do Original foi feita uma reforma "tranquila, de tempos de crise", deixando a câmara fria que abriga os barris bem à vista. No andar de baixo, a porta de ferro leva para a estreita escada, como poderia ser em um speakeasy. As torneiras são abastecidas por chopes da Wäls, a premiada cervejaria mineira comprada pela AB InBev em 2015, que até então não chegava a São Paulo. Os barris saem da fábrica de Belo Horizonte semanalmente para o bar. "E o chope fresco é a coisa mais complicada da operação", diz Garrido. Na segunda página do cardápio, quatro sabores de pizza, individuais e para comer com a mão, que lembram os da Bráz, casa irmã. De hora em hora, o garçom passa com coxinhas recém-saídas da fritadeira. "Acho que nossa função nessa bagunça é tentar descomplicar. Fazer o simples bem feito." R. Graúna, 137, Moema, tel. 5093-9486. Ter. e qua., das 18h à 1h. Qui a sáb., das 18h às 2h. Dom., das 18h às 23h. Chopes de R$ 10 a R$ 18 (250 ml)
saopaulo
Câmara Fria tem chope de premiada cervejaria mineira, pizzas e coxinhasMAGÊ FLORES DE SÃO PAULO De um a dez. Ou do copo simples e refrescante ao intenso petróleo. Quem está por trás do Câmara Fria queria mesmo era pegar pela mão e conduzir o bebedor por uma escala. De cerveja fresca. Os sócios da Companhia Tradicional do Comércio, a mesma que abriu o bar Original 20 anos atrás, estavam assistindo à chegada de torneiras e mais torneiras de chope à capital paulista. "Vimos um grande salto. E ficou uma lacuna. Muita gente não entendia como seguir e acabava pulando da pilsen refrescante e habitual para a imperial IPA. E algum bar poderia ajudar nesse processo, numa transição suave", diz Ricardo Garrido, um dos sócios. "Um bar amigável em um mercado extremado demais." E no depósito de cadeiras que ficava no segundo andar do Original foi feita uma reforma "tranquila, de tempos de crise", deixando a câmara fria que abriga os barris bem à vista. No andar de baixo, a porta de ferro leva para a estreita escada, como poderia ser em um speakeasy. As torneiras são abastecidas por chopes da Wäls, a premiada cervejaria mineira comprada pela AB InBev em 2015, que até então não chegava a São Paulo. Os barris saem da fábrica de Belo Horizonte semanalmente para o bar. "E o chope fresco é a coisa mais complicada da operação", diz Garrido. Na segunda página do cardápio, quatro sabores de pizza, individuais e para comer com a mão, que lembram os da Bráz, casa irmã. De hora em hora, o garçom passa com coxinhas recém-saídas da fritadeira. "Acho que nossa função nessa bagunça é tentar descomplicar. Fazer o simples bem feito." R. Graúna, 137, Moema, tel. 5093-9486. Ter. e qua., das 18h à 1h. Qui a sáb., das 18h às 2h. Dom., das 18h às 23h. Chopes de R$ 10 a R$ 18 (250 ml)
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Bíblia da contracultura, revista 'Rolling Stone' será colocada à venda
Em 1967, num loft em San Francisco, um jovem de 21 anos chamado Jann Wenner criou uma revista que se tornaria a bíblia da contracultura para a geração baby boom [os americanos nascidos entre 1946 e 1964]. A revista "Rolling Stone" passou definir o que era cool, cultivou ícones da literatura, e produziu capas que criaram estrelas e se tornaram um espaço tão cobiçado que até inspiraram uma canção. Mas o momento adverso que o setor editorial está vivendo e alguns erros de estratégia dispendiosos abalaram a posição financeira da revista, e uma reportagem dúbia publicada três anos atrás sobre um estupro coletivo que não foi provado, no campus da Universidade da Virgínia, maculou gravemente a reputação jornalística da "Rolling Stone". Assim, depois de um reino de meio século que o conduziu ao reino dos astros do rock e das celebridades que enfeitavam as capas de sua revista, Wenner vai colocar à venda sua participação controladora na "Rolling Stone", abandonando o controle de uma publicação que ele lidera desde que foi fundada. Wenner vinha tentando havia muito tempo se manter como editor independente em um negócio que favorece escala e amplitude. Mas admitiu em entrevista na semana passada que a revista que comanda há tanto tempo enfrentaria um futuro incerto e difícil caso se mantivesse como publicação independente. "Amo meu trabalho, ele me agrada, e tem me agradado há muito tempo", disse Wenner, 71. Mas abrir mão do controle, ele acrescentou, era "a coisa inteligente a fazer". Os planos de venda foram desenvolvidos por Gus Wenner, 27, o filho de Jann, que reduziu agressivamente os ativos da Wenner Media, a controladora da "Rolling Stone", em resposta a pressões financeiras. Os Wenner recentemente venderam as duas outras revistas da empresa, "Us Weekly" e "Men's Journal". E no ano passado venderam participação de 49% na "Rolling Stone" à BandLab Technologies, uma empresa de tecnologia para música sediada em Cingapura. Tanto Jann quanto Gus Wenner, respectivamente presidente e vice-presidente de operações da Wenner Media, afirmaram que pretendem continuar na "Rolling Stone". Mas também afirmaram que a decisão final quanto a isso pode caber ao novo proprietário. Ainda assim, a potencial venda da "Rolling Stone" —que está à beira de seu 50º aniversário, aliás— sublinha até que ponto o cenário da mídia impressa se tornou complicado, diante da perda de faturamento com a publicidade em papel e reduções de circulação. "Há um nível de ambição que não temos como realizar sozinhos", disse Gus Wenner na semana passada em uma entrevista na sede da revista, na região central de Manhattan. "Por isso estamos sendo proativos e tentando nos antecipar". "O setor de revistas é completamente diferente do que foi no passado", ele acrescentou. "As tendências vão todas em uma só direção, e estamos muito conscientes disso". A decisão dos Wenner é mais um sinal claro de que a era dos editores célebres está chegando ao fim. Este mês, Graydon Carter, editor da revista "Vanity Fair" e socialite e astro por direito próprio, anunciou que planejava deixar seu posto na revista, depois de 25 anos. Robbie Myers, editora da revista "Elle", Nancy Gibbs, da revista "Time", e Cindi Leive, da revista "Glamour", também anunciaram que deixariam seus postos, na semana passada. Anthony DeCurtis, veterano crítico de música e colaborador da revista "Rolling Stone" há muito tempo, disse que jamais imaginou que Jann Wenner a venderia. "Aquela sensação de controle firme da revista por seu editor –é isso que vai se perder, por lá", ele disse. "Não sei quem seria capaz de ocupar o posto e fazer a mesma coisa". A Wenner contratou consultores financeiros para estudar uma possível venda, mas o processo está apenas começando. A participação da BandLab na companhia também pode complicar as coisas. Nem Jann e nem Gus Wenner mencionaram possível compradores, mas uma das possibilidades é a American Media, editora de revistas comandada por David Pecker, que adquiriu a "Us Weekly" e a "Men's Journal". Os Wenner disseram que devem encontrar diversas oportunidades, e Jann afirmou que esperava encontrar um comprador que compreenda a missão da "Rolling Stone" e tenha "muito dinheiro". A BÍBLIA DO ROCK E DA CONTRACULTURA "A 'Rolling Stone' desempenhou papel muito importante na história de nossa era, social, política e culturalmente", ele disse. "Queremos reter essa posição". Jann Wenner tentou lançar outras revistas, ao longo das décadas, entre as quais "Outside", dedicada às pessoas que gostam de passar muito tempo ao ar livre, e "Family Life". Mas foi a "Rolling Stone" que ajudou a guiar e a definir uma geração. "Quem é que viveu os anos 60, 70, 80 e 90 e não se sente um pouco melancólico em um momento como esse?", disse Terry McDonnell, um dos principais editores da "Rolling Stone" e de outras das revistas de Wenner. A "Rolling Stone" ocupava suas páginas com artigos muito longos, de alguns dos principais porta-vozes da contracultura, entre os quais Hunter Thompson —cujo "Fear and Loathing in Las Vegas" foi publicado em duas partes pela revista— e Tom Wolfe. Foi lá que começou a carreira da fotógrafa Annie Leibovitz, responsável durante muitos anos pelas eletrizantes imagens das capas da revista, entre as quais uma emblemática foto de John Lennon, nu e agarrado a Yoko Ono, em 1981. A cobertura de música em todas as suas formas —notícias, entrevistas, resenhas— servia de cerne à "Rolling Stone", mas a influência da revista se estendia aos campos da cultura pop, entretenimento e política. Baluarte da ideologia progressista, a revista se tornou parada obrigatória para os candidatos à presidência pelo Partido Democrata —Wenner entrevistou diversos deles pessoalmente, entre os quais Bill Clinton e Barack Obama— e nunca poupou críticas em suas avaliações dos republicanos. Em 2006, a "Rolling Stone" definiu George W. Bush como "o pior presidente da história". Mais recentemente, a revista tratou do primeiro-ministro canadense Justin Trudeau em uma reportagem de capa, com a manchete "por que ele não temos um presidente como ele?" A revista também publicou reportagens políticas altamente elogiadas, entre as quais um artigo sobre o banco Goldman Sachs, em 2009, pelo jornalista Matt Taibbi, que definiu a empresa como "uma grande lula vampira sufocando a humanidade". No ano seguinte, a revista publicou um artigo com o título "O General Descontrolado", que pôs fim à carreira do general Stanley McChrystal. Mas aquela talvez tenha sido a última capa da revista que lhe valeu elogios pelo qualidade de seu jornalismo. E a reputação da revista como formadora de opinião sobre música já vinha sendo erodida havia muito tempo, porque Wenner se aferrava ao passado, destacando em suas capas artistas da geração dele, apesar do surgimento de novas estrelas. Músicos como Paul McCartney, Bruce Springsteen e Bob Dylan continuaram a conquistar capas na revista mesmo em anos recentes. A reputação da "Rolling Stone" sofreu um abalo devastador quando a revista teve de retirar um artigo de 2014 sobre um estupro coletivo na Universidade da Virgínia, depois que sua veracidade foi impugnada. Um relatório altamente crítico sobre o artigo, da Escola de Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade Colúmbia, apontou para falhas graves de apuração. O artigo gerou três processos por difamação contra a "Rolling Stone", um dos quais resultou em um julgamento muito acompanhado, no ano passado, que terminou com a concessão de US$ 3 milhões em indenização ao queixoso por um júri federal. O quadro financeiro também está complicado. Em 2001, Wenner vendeu uma participação de 50% na "Us Weekly" ao grupo Disney por US$ 40 milhões, mas cinco anos mais tarde tomou um empréstimo de US$ 300 milhões para recomprá-la. O acordo sobrecarregou a empresa de dívidas por mais de uma década, impedindo-a de investir tanto quanto poderia em suas revistas. Ao mesmo tempo, a receita da publicidade impressa e as vendas em banca da "Rolling Stone" começaram a cair. E apesar de os leitores estarem recorrendo cada vez mais à Web em busca de notícias e entretenimento, Wenner se mantinha cético quanto à nova mídia, demonstrando uma teimosia que prejudicou sua empresa. A Wenner Media sempre foi uma editora de revistas pequena. Mas a venda da "Us Weekly" e da "Men's Journal", que juntas produziam cerca de três quartos de seu faturamento, enfraqueceu ainda mais a sua posição. FIM DE UMA ERA Assim, a venda da "Rolling Stone" pode representar o episódio final da carreira de Jann Wenner, coroando sua improvável ascensão de universitário maconheiro que abandonou os estudos na Universidade de Berkeley a magnata grisalho da mídia. Admirador de John Lennon e de donos voluntariosos de jornais como William Randolph Hearst, Wenner —que criou sua revista com US$ 7.500 em dinheiro emprestado, em sociedade com seu mentor, o jornalista Ralph Gleason— alternava momentos de idealismo e de revolta, criando uma publicação cujo objetivo era servir de guia para a contracultura mas ao mesmo tempo convivendo com superastros. Ele certa vez se vangloriou de ter recusado uma oferta de US$ 500 milhões pela "Rolling Stone", muito mais do que pode sonhar receber por ela hoje. (A BandLab pagou US$ 40 milhões pelos 49% da revista adquiridos no ano passado.) Embora tenha dito que ainda sente profundo apego pela "Rolling Stone", Wenner colocou o destino da revista firmemente nas mãos de seu filho, e parece conformado em permitir que outros determinem o futuro da publicação. "Acho que é hora de deixar que os jovens comandem", ele disse. Sentado em seu escritório no segundo andar, cercado de uma coleção de artefatos da era do rock, Gus Wenner expressou esperança em que um novo proprietário ofereça os recursos de que a "Rolling Stone" precisa para evoluir e sobreviver. "É o que precisamos fazer, como empresa", ele disse. "É o que precisamos fazer para desenvolver a marca." Em seguida, como só alguém que passou a vida no mundo do rock poderia fazer, ele apontou para um livro de letras de Bob Dylan, em sua mesa, e citou: "Se você não está ocupado nascendo, está ocupado morrendo". Tradução de PAULO MIGLIACCI
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Bíblia da contracultura, revista 'Rolling Stone' será colocada à vendaEm 1967, num loft em San Francisco, um jovem de 21 anos chamado Jann Wenner criou uma revista que se tornaria a bíblia da contracultura para a geração baby boom [os americanos nascidos entre 1946 e 1964]. A revista "Rolling Stone" passou definir o que era cool, cultivou ícones da literatura, e produziu capas que criaram estrelas e se tornaram um espaço tão cobiçado que até inspiraram uma canção. Mas o momento adverso que o setor editorial está vivendo e alguns erros de estratégia dispendiosos abalaram a posição financeira da revista, e uma reportagem dúbia publicada três anos atrás sobre um estupro coletivo que não foi provado, no campus da Universidade da Virgínia, maculou gravemente a reputação jornalística da "Rolling Stone". Assim, depois de um reino de meio século que o conduziu ao reino dos astros do rock e das celebridades que enfeitavam as capas de sua revista, Wenner vai colocar à venda sua participação controladora na "Rolling Stone", abandonando o controle de uma publicação que ele lidera desde que foi fundada. Wenner vinha tentando havia muito tempo se manter como editor independente em um negócio que favorece escala e amplitude. Mas admitiu em entrevista na semana passada que a revista que comanda há tanto tempo enfrentaria um futuro incerto e difícil caso se mantivesse como publicação independente. "Amo meu trabalho, ele me agrada, e tem me agradado há muito tempo", disse Wenner, 71. Mas abrir mão do controle, ele acrescentou, era "a coisa inteligente a fazer". Os planos de venda foram desenvolvidos por Gus Wenner, 27, o filho de Jann, que reduziu agressivamente os ativos da Wenner Media, a controladora da "Rolling Stone", em resposta a pressões financeiras. Os Wenner recentemente venderam as duas outras revistas da empresa, "Us Weekly" e "Men's Journal". E no ano passado venderam participação de 49% na "Rolling Stone" à BandLab Technologies, uma empresa de tecnologia para música sediada em Cingapura. Tanto Jann quanto Gus Wenner, respectivamente presidente e vice-presidente de operações da Wenner Media, afirmaram que pretendem continuar na "Rolling Stone". Mas também afirmaram que a decisão final quanto a isso pode caber ao novo proprietário. Ainda assim, a potencial venda da "Rolling Stone" —que está à beira de seu 50º aniversário, aliás— sublinha até que ponto o cenário da mídia impressa se tornou complicado, diante da perda de faturamento com a publicidade em papel e reduções de circulação. "Há um nível de ambição que não temos como realizar sozinhos", disse Gus Wenner na semana passada em uma entrevista na sede da revista, na região central de Manhattan. "Por isso estamos sendo proativos e tentando nos antecipar". "O setor de revistas é completamente diferente do que foi no passado", ele acrescentou. "As tendências vão todas em uma só direção, e estamos muito conscientes disso". A decisão dos Wenner é mais um sinal claro de que a era dos editores célebres está chegando ao fim. Este mês, Graydon Carter, editor da revista "Vanity Fair" e socialite e astro por direito próprio, anunciou que planejava deixar seu posto na revista, depois de 25 anos. Robbie Myers, editora da revista "Elle", Nancy Gibbs, da revista "Time", e Cindi Leive, da revista "Glamour", também anunciaram que deixariam seus postos, na semana passada. Anthony DeCurtis, veterano crítico de música e colaborador da revista "Rolling Stone" há muito tempo, disse que jamais imaginou que Jann Wenner a venderia. "Aquela sensação de controle firme da revista por seu editor –é isso que vai se perder, por lá", ele disse. "Não sei quem seria capaz de ocupar o posto e fazer a mesma coisa". A Wenner contratou consultores financeiros para estudar uma possível venda, mas o processo está apenas começando. A participação da BandLab na companhia também pode complicar as coisas. Nem Jann e nem Gus Wenner mencionaram possível compradores, mas uma das possibilidades é a American Media, editora de revistas comandada por David Pecker, que adquiriu a "Us Weekly" e a "Men's Journal". Os Wenner disseram que devem encontrar diversas oportunidades, e Jann afirmou que esperava encontrar um comprador que compreenda a missão da "Rolling Stone" e tenha "muito dinheiro". A BÍBLIA DO ROCK E DA CONTRACULTURA "A 'Rolling Stone' desempenhou papel muito importante na história de nossa era, social, política e culturalmente", ele disse. "Queremos reter essa posição". Jann Wenner tentou lançar outras revistas, ao longo das décadas, entre as quais "Outside", dedicada às pessoas que gostam de passar muito tempo ao ar livre, e "Family Life". Mas foi a "Rolling Stone" que ajudou a guiar e a definir uma geração. "Quem é que viveu os anos 60, 70, 80 e 90 e não se sente um pouco melancólico em um momento como esse?", disse Terry McDonnell, um dos principais editores da "Rolling Stone" e de outras das revistas de Wenner. A "Rolling Stone" ocupava suas páginas com artigos muito longos, de alguns dos principais porta-vozes da contracultura, entre os quais Hunter Thompson —cujo "Fear and Loathing in Las Vegas" foi publicado em duas partes pela revista— e Tom Wolfe. Foi lá que começou a carreira da fotógrafa Annie Leibovitz, responsável durante muitos anos pelas eletrizantes imagens das capas da revista, entre as quais uma emblemática foto de John Lennon, nu e agarrado a Yoko Ono, em 1981. A cobertura de música em todas as suas formas —notícias, entrevistas, resenhas— servia de cerne à "Rolling Stone", mas a influência da revista se estendia aos campos da cultura pop, entretenimento e política. Baluarte da ideologia progressista, a revista se tornou parada obrigatória para os candidatos à presidência pelo Partido Democrata —Wenner entrevistou diversos deles pessoalmente, entre os quais Bill Clinton e Barack Obama— e nunca poupou críticas em suas avaliações dos republicanos. Em 2006, a "Rolling Stone" definiu George W. Bush como "o pior presidente da história". Mais recentemente, a revista tratou do primeiro-ministro canadense Justin Trudeau em uma reportagem de capa, com a manchete "por que ele não temos um presidente como ele?" A revista também publicou reportagens políticas altamente elogiadas, entre as quais um artigo sobre o banco Goldman Sachs, em 2009, pelo jornalista Matt Taibbi, que definiu a empresa como "uma grande lula vampira sufocando a humanidade". No ano seguinte, a revista publicou um artigo com o título "O General Descontrolado", que pôs fim à carreira do general Stanley McChrystal. Mas aquela talvez tenha sido a última capa da revista que lhe valeu elogios pelo qualidade de seu jornalismo. E a reputação da revista como formadora de opinião sobre música já vinha sendo erodida havia muito tempo, porque Wenner se aferrava ao passado, destacando em suas capas artistas da geração dele, apesar do surgimento de novas estrelas. Músicos como Paul McCartney, Bruce Springsteen e Bob Dylan continuaram a conquistar capas na revista mesmo em anos recentes. A reputação da "Rolling Stone" sofreu um abalo devastador quando a revista teve de retirar um artigo de 2014 sobre um estupro coletivo na Universidade da Virgínia, depois que sua veracidade foi impugnada. Um relatório altamente crítico sobre o artigo, da Escola de Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade Colúmbia, apontou para falhas graves de apuração. O artigo gerou três processos por difamação contra a "Rolling Stone", um dos quais resultou em um julgamento muito acompanhado, no ano passado, que terminou com a concessão de US$ 3 milhões em indenização ao queixoso por um júri federal. O quadro financeiro também está complicado. Em 2001, Wenner vendeu uma participação de 50% na "Us Weekly" ao grupo Disney por US$ 40 milhões, mas cinco anos mais tarde tomou um empréstimo de US$ 300 milhões para recomprá-la. O acordo sobrecarregou a empresa de dívidas por mais de uma década, impedindo-a de investir tanto quanto poderia em suas revistas. Ao mesmo tempo, a receita da publicidade impressa e as vendas em banca da "Rolling Stone" começaram a cair. E apesar de os leitores estarem recorrendo cada vez mais à Web em busca de notícias e entretenimento, Wenner se mantinha cético quanto à nova mídia, demonstrando uma teimosia que prejudicou sua empresa. A Wenner Media sempre foi uma editora de revistas pequena. Mas a venda da "Us Weekly" e da "Men's Journal", que juntas produziam cerca de três quartos de seu faturamento, enfraqueceu ainda mais a sua posição. FIM DE UMA ERA Assim, a venda da "Rolling Stone" pode representar o episódio final da carreira de Jann Wenner, coroando sua improvável ascensão de universitário maconheiro que abandonou os estudos na Universidade de Berkeley a magnata grisalho da mídia. Admirador de John Lennon e de donos voluntariosos de jornais como William Randolph Hearst, Wenner —que criou sua revista com US$ 7.500 em dinheiro emprestado, em sociedade com seu mentor, o jornalista Ralph Gleason— alternava momentos de idealismo e de revolta, criando uma publicação cujo objetivo era servir de guia para a contracultura mas ao mesmo tempo convivendo com superastros. Ele certa vez se vangloriou de ter recusado uma oferta de US$ 500 milhões pela "Rolling Stone", muito mais do que pode sonhar receber por ela hoje. (A BandLab pagou US$ 40 milhões pelos 49% da revista adquiridos no ano passado.) Embora tenha dito que ainda sente profundo apego pela "Rolling Stone", Wenner colocou o destino da revista firmemente nas mãos de seu filho, e parece conformado em permitir que outros determinem o futuro da publicação. "Acho que é hora de deixar que os jovens comandem", ele disse. Sentado em seu escritório no segundo andar, cercado de uma coleção de artefatos da era do rock, Gus Wenner expressou esperança em que um novo proprietário ofereça os recursos de que a "Rolling Stone" precisa para evoluir e sobreviver. "É o que precisamos fazer, como empresa", ele disse. "É o que precisamos fazer para desenvolver a marca." Em seguida, como só alguém que passou a vida no mundo do rock poderia fazer, ele apontou para um livro de letras de Bob Dylan, em sua mesa, e citou: "Se você não está ocupado nascendo, está ocupado morrendo". Tradução de PAULO MIGLIACCI
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Criminosos fazem furtos em área de camelôs no centro de SP
Criminosos aproveitam falta de policiamento e a presença de camelôs para agir livremente e furtar pertences de pedestres, no Brás, uma das principais regiões de comércio popular de São Paulo. Na avenida Rangel Pestana, a concentração de barracas favorece a ação, que é sempre parecida. Um dos criminosos impede a movimentação dos pedestres enquanto outro aproveita para furtar celulares e carteiras. Consumidores que param para ver os produtos também são alvos comuns. No sábado (13), a reportagem presenciou um furto e conversou com cinco vítimas em menos de uma hora. A Secretaria Municipal de Segurança Urbana, responsável pela Guarda Civil Metropolitana, diz que coíbe o comércio irregular na área. Nos roubos e furtos, afirma, a corporação só pode agir em caso de flagrante. Já a PM informa que adota medidas para a prevenção criminal, sem especificar as ações na região.
cotidiano
Criminosos fazem furtos em área de camelôs no centro de SPCriminosos aproveitam falta de policiamento e a presença de camelôs para agir livremente e furtar pertences de pedestres, no Brás, uma das principais regiões de comércio popular de São Paulo. Na avenida Rangel Pestana, a concentração de barracas favorece a ação, que é sempre parecida. Um dos criminosos impede a movimentação dos pedestres enquanto outro aproveita para furtar celulares e carteiras. Consumidores que param para ver os produtos também são alvos comuns. No sábado (13), a reportagem presenciou um furto e conversou com cinco vítimas em menos de uma hora. A Secretaria Municipal de Segurança Urbana, responsável pela Guarda Civil Metropolitana, diz que coíbe o comércio irregular na área. Nos roubos e furtos, afirma, a corporação só pode agir em caso de flagrante. Já a PM informa que adota medidas para a prevenção criminal, sem especificar as ações na região.
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Servidor público, alma da democracia
"Olhou em torno: gamela/ Banco, enxerga, caldeirão/ Vidro, parede, janela/ Casa, cidade, nação! /Tudo, tudo o que existia/ Era ele quem o fazia/ Ele, um humilde operário/ Um operário que sabia/ Exercer a profissão." Vinicius de Moraes retratou com precisão o susto do operário ao se deparar com o tamanho da própria importância para a sociedade. Afinal, o que seria de nós se não fosse o operário? O que seria da sociedade se esse simples trabalhador não acordasse todas as manhãs e se dispusesse a mover a gigantesca engrenagem que impulsiona a nação? Fomos catequizados, ao longo da história, a reduzir nossa importância a pó. Não nos achamos qualificados, tampouco responsáveis pelas mudanças que impactam o país. Assim como o simples operário, muitos servidores públicos ainda estão acanhados diante da importância de seu trabalho para o atendimento do interesse público. Eles não se deram conta de que compõem a alma da democracia. Em novos tempos de cidadania, em que as palavras transparência, produtividade e meritocracia estão em voga, são os servidores que se comunicam com os movimentos e os representantes externos ao poder público e, principalmente, representam a sociedade dentro da estrutura pública. Ainda existem muitos percalços a serem transpostos para que se desfrute plenamente de políticas públicas eficazes e eficientes. O fato de os servidores públicos serem vítimas de muitos abusos e de sucessivos desmandos que ocasionam prejuízos ao povo é um deles. A nomeação abusiva de cargos de confiança e os diversos programas "públicos" disfarçados e politizados para angariar prestígio fragilizam a nossa estrutura e nos deixam à mercê de legendas e governantes. Os servidores são, antes de tudo, cidadãos que também almejam por bons serviços e se entristecem com o mau funcionamento da máquina pública, pois sabem que não há nada mais forte para mover uma democracia do que ter serviços públicos de qualidade. Apesar de todo cenário adverso, não podemos esmorecer. Nesta quarta (28/10), quando se comemora o dia do servidor público, temos que nos orgulhar daqueles que fazem a diferença para a sociedade, que deixam suas marcas na história pelo bom desempenho da sua função e pelo comprometimento. Basta ter em mente o recente trabalho desempenhado pelos 14 auditores do Tribunal de Contas da União, imprescindível para o julgamento das contas do governo. Eles, sem sombra de dúvida, representaram os interesses dos cidadãos dentro de um arcabouço legal e institucional. Os servidores estão construindo os capítulos da longa história da jovem democracia brasileira. As dificuldades na estabilidade da democracia no Brasil ainda são inúmeras. Enquanto esse cenário ideal não se concretiza, é preciso focar na satisfação de uma necessidade sem a qual não se pode alcançar a plena democracia: o investimento e a capacitação permanente dos servidores públicos e a valorização mais efetiva das instituições. Ou o Brasil salta de volta para a democracia, no qual a lei é uma e vale para todos, ou mergulha de vez no abismo profundo do retrocesso. NILTON PAIXÃO, 50, é presidente da Pública - Central do Servidor, consultor legislativo da Câmara dos Deputados e mestre em direito pela UFPE * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@uol.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
opiniao
Servidor público, alma da democracia"Olhou em torno: gamela/ Banco, enxerga, caldeirão/ Vidro, parede, janela/ Casa, cidade, nação! /Tudo, tudo o que existia/ Era ele quem o fazia/ Ele, um humilde operário/ Um operário que sabia/ Exercer a profissão." Vinicius de Moraes retratou com precisão o susto do operário ao se deparar com o tamanho da própria importância para a sociedade. Afinal, o que seria de nós se não fosse o operário? O que seria da sociedade se esse simples trabalhador não acordasse todas as manhãs e se dispusesse a mover a gigantesca engrenagem que impulsiona a nação? Fomos catequizados, ao longo da história, a reduzir nossa importância a pó. Não nos achamos qualificados, tampouco responsáveis pelas mudanças que impactam o país. Assim como o simples operário, muitos servidores públicos ainda estão acanhados diante da importância de seu trabalho para o atendimento do interesse público. Eles não se deram conta de que compõem a alma da democracia. Em novos tempos de cidadania, em que as palavras transparência, produtividade e meritocracia estão em voga, são os servidores que se comunicam com os movimentos e os representantes externos ao poder público e, principalmente, representam a sociedade dentro da estrutura pública. Ainda existem muitos percalços a serem transpostos para que se desfrute plenamente de políticas públicas eficazes e eficientes. O fato de os servidores públicos serem vítimas de muitos abusos e de sucessivos desmandos que ocasionam prejuízos ao povo é um deles. A nomeação abusiva de cargos de confiança e os diversos programas "públicos" disfarçados e politizados para angariar prestígio fragilizam a nossa estrutura e nos deixam à mercê de legendas e governantes. Os servidores são, antes de tudo, cidadãos que também almejam por bons serviços e se entristecem com o mau funcionamento da máquina pública, pois sabem que não há nada mais forte para mover uma democracia do que ter serviços públicos de qualidade. Apesar de todo cenário adverso, não podemos esmorecer. Nesta quarta (28/10), quando se comemora o dia do servidor público, temos que nos orgulhar daqueles que fazem a diferença para a sociedade, que deixam suas marcas na história pelo bom desempenho da sua função e pelo comprometimento. Basta ter em mente o recente trabalho desempenhado pelos 14 auditores do Tribunal de Contas da União, imprescindível para o julgamento das contas do governo. Eles, sem sombra de dúvida, representaram os interesses dos cidadãos dentro de um arcabouço legal e institucional. Os servidores estão construindo os capítulos da longa história da jovem democracia brasileira. As dificuldades na estabilidade da democracia no Brasil ainda são inúmeras. Enquanto esse cenário ideal não se concretiza, é preciso focar na satisfação de uma necessidade sem a qual não se pode alcançar a plena democracia: o investimento e a capacitação permanente dos servidores públicos e a valorização mais efetiva das instituições. Ou o Brasil salta de volta para a democracia, no qual a lei é uma e vale para todos, ou mergulha de vez no abismo profundo do retrocesso. NILTON PAIXÃO, 50, é presidente da Pública - Central do Servidor, consultor legislativo da Câmara dos Deputados e mestre em direito pela UFPE * PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@uol.com.br. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
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Com seguranças mulheres e 'guerra' na internet, seguidores preparam visita de Bolsonaro a Belém
Duas procissões têm chacoalhado a capital do Pará nesta semana. A primeira é o tradicional Círio do Nazaré, romaria que, a partir de sexta-feira (6), vai abarrotar as ruas de Belém com mais de dois milhões de fiéis de Nossa Senhora do Nazaré. A segunda é a visita do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC), pré-candidato à Presidência da República: os devotos do político estão em polvorosa e uma "operação de guerra" foi organizada nas ruas e na internet. Nesta quinta-feira (5), o ídolo da direita será recebido por milhares de pessoas no aeroporto, desfilará pela cidade em carro de som e vai terminar o roteiro com uma palestra em lugar com capacidade para 1,3 mil pessoas –as vagas estão concorridíssimas. É a primeira visita do deputado à cidade nos últimos dois anos –e há uma desconfiança geral entre seus seguidores de que possa existir um "ataque" de militantes de esquerda durante a estadia do parlamentar. Segundo seus seguidores, ativistas de esquerda e feministas chegaram a criar eventos em redes sociais para tentar inchar um protesto contra o parlamentar –depois, dizem, as publicações foram apagadas. O medo, principalmente, é de que Bolsonaro seja alvo de uma ovada –como aconteceu em Salvador com João Doria (PSDB), prefeito de São Paulo e também pré-candidato à Presidência. Grupos de fãs de Bolsonaro querem tentar impedir que isso aconteça. Um deles, o "Endireita Pará", recrutou um time de 20 seguranças, todas mulheres, para serem "guarda-costas" do congressista conservador. Motoqueiros também vão passar pelo trajeto para tentar descobrir "inimigos" pelo caminho –caso encontrem, a rota deverá ser modificada. No início da tarde, horas antes de Bolsonaro desembarcar na cidade, "batedores" vão circular pelo aeroporto para tentar identificar "possíveis esquerdistas". Os apoiadores esperam lotar o saguão do local para recepcionar o pré-candidato, assim como já ocorreu em outras cidades do país. O grupo escolheu mulheres para a segurança por dois motivos: a primeira razão seria uma forma de "quebrar o estereótipo" de que Bolsonaro seria machista e misógino. Essa fama cresceu após declarações do deputado, como a em que afirmou que Maria do Rosário (PT), sua colega de Congresso, "não merecia ser estuprada" por ele, e a vez em que disse: "Tenho cinco filhos. Foram quatro homens, a quinta eu dei uma fraquejada e veio uma mulher". Para os militantes, declarações como essas são tiradas do contexto para imprimir uma imagem de machismo. No caso de Maria do Rosário, por exemplo, eles dizem que Bolsonaro estava defendendo castração química para estupradores, uma de suas principais bandeiras –Maria do Rosário é contra. "Se você analisar, vai ver que pegam várias frases dele e fazem como uma montagem. Coisas que não têm procedência. Eu já fui para Brasília, eu o conheci, ele é super tranquilo. Sou mulher e ele me recebeu. Ele não me passou isso, de ser preconceituoso, de ser rígido, como dizem", diz a produtora de eventos Drica Pinheiro, 35, uma das seguranças na quinta-feira. O outro motivo para a formação do time feminino é mais prático. Os militantes querem evitar que ocorra um conflito entre feministas e algum seguidor homem, o que repercutiria de forma negativa. "A esquerda está infiltrando mulheres para criar confusão, jogar ovos. Se tivesse segurança homem, poderia ter conflito. Então o trato vai ser de mulher para mulher", afirma Pinheiro. Na tarde de terça-feira (3), integrantes do "Endireita Pará" se encontraram na beira da piscina de um hotel de Belém para organizar as ações. A estudante de direito Nana Magalhães, 43, explicou aos colegas homens: "Se aparecer alguma mulher, vocês avisam e saem de perto, não encostem, deixa com a gente". Um militante perguntou: "E se for bonitinha?". A universitária respondeu: "Piorou, nem olha, não é para você olhar nem pelo retrovisor". TUDO PELA FAMÍLIA BRASILEIRA Magalhães conta que vive esse embate ideológico dentro de sua própria casa. Seu filho, um estudante de publicidade de 21 anos, é de esquerda –o que ela considera ruim. "Foi nisso que eu errei, só depois vi que tinha palestra do PSOL na faculdade. Não percebi e ele foi doutrinado", diz Magalhães. A estudante é uma das fundadoras do "Endireita Pará", que tem dezenas de participantes, a maioria mulheres conservadoras –o grupo se corresponde pelo WhatsApp e se encontra regularmente. Começou assim: em 2013, Magalhães visitou a escola onde estuda sua outra filha, hoje com dez anos. Descobriu que o colégio conversava com os alunos sobre homossexualidade. "Fiquei revoltada. Todo aquele papo de kit gay [material sobre questões de gênero que teve distribuição cogitada no governo Dilma Rousseff]. Comecei a reunir algumas mães para conversar sobre isso, depois evoluiu para política. Fui procurar um político que falava sobre o que eu acreditava. Encontrei o Bolsonaro". A funcionária pública Joana (nome fictício, a pedido dela), 49, também foi neste embalo. "A nossa principal afinidade com Bolsonaro é sobre família. Nós acreditamos nas propostas dele para a família brasileira, que está sendo destruída. Somos contra ideologia de gênero e somos a favor da escola sem partido [projeto que propõe proibir professores de 'doutrinar ideologicamente seus alunos']". Nem sempre Joana foi de direita, ela confessa já ter votado em quem hoje é seu arqui-inimigo. "Já votei na esquerda. Confesso que, em 2002, votei no [ex-presidente] Lula. Eu acreditava na proposta que ele tinha para a educação e fui iludida", diz. CULPA POR DILMA Há entre os militantes de Bolsonaro no Pará um certo sentimento de "culpa" em relação ao segundo turno das eleições de 2014. De certa forma, eles acreditam que Dilma Rousseff (PT) só ganhou a reeleição porque "virou" a disputa contra o senador Aécio Neves na região norte. Ou seja, ela estaria perdendo até que os votos da área fossem computados. Não há comprovação de que isso tenha ocorrido de fato –a enorme maioria dos votos foi divulgada de uma só vez. Historicamente, no entanto, candidatos a presidente pelo PT ganham de seus adversários no Pará. Em 2002, por exemplo, Lula teve 52% dos votos no Estado no segundo turno. Em 2006, foram 60%. Quatro anos depois, Dilma teve 52% –em sua reeleição, em 2014, a petista chegou a 57% dos votos. Uma pesquisa Datafolha, divulgada nesta semana, mostrou que Lula lidera o cenário para as eleições de 2018 com 36% das intenções de voto; Bolsonaro tem 16% e Marina Silva (Rede), 14%. No Pará, os fiéis de Bolsonaro querem virar esse cenário. "O PT não vence mais aqui, essa situação mudou. A direita hoje é mais forte e tenho certeza de que Bolsonaro ganha no Pará", diz o empresário Magno Guerra, 47, um dos organizadores do evento com o deputado conservador. Guerra também admite: já votou em Lula em algumas eleições. "Eu achava que ele tinha feito coisas boas, como ampliar o crédito para pessoas mais pobres, dar bolsa para os jovens estudarem, estimulou a economia. Mas depois, com os escândalos, vi que tudo era uma máscara para esconder a corrupção do PT", diz. Condenado por corrupção, Lula sempre negou qualquer desvio. Hoje, o empresário é a favor de que Bolsonaro, caso ganhe a eleição, feche o Congresso Nacional para excluir os "corruptos" que estão lá. INVASÃO, ESPIONAGEM, XINGAMENTOS Em Belém, a "guerra" entre fãs do deputado e eleitores da esquerda também está ocorrendo em grupos de WhatsApp. Desde segunda-feira, a BBC Brasil participa de grupos de discussão com fãs de Bolsonaro e de Lula no Pará. Na maior parte do tempo, eles defendem as ideias dos dois políticos e falam sobre a chegada do deputado a Belém. No entanto, os participantes de ambos os lados invadem os grupos rivais –isso é possível porque o convite para fazer parte da conversa é público. Quando entram, os apoiadores espionam a conversa dos adversários, fazem xingamentos contra o lado oposto, propaganda de seu político favorito e, depois, acabam excluídos pelos administradores –únicos com esse poder. Segundo ativistas de direita, foi com esse método que descobriram um plano de protesto contra Bolsonaro em Belém. Há um objetivo maior e mais difícil na invasão: a ideia é colocar um nome falso de apresentação no aplicativo, fingir ser um apoiador do rival, ganhar confiança dos participantes e tornar-se um administrador. Depois, o mentiroso apaga o grupo adversário, que tinha centenas de pessoas. Um militante de direita conseguiu excluir um fórum de apoio a Lula na terça –ele se vangloriou para os colegas. Para evitar que isso ocorra com o grupo, o "Endireita Pará" restringiu os participantes e ficou com apenas três administradores fixos. Na manhã de terça, seguidores do parlamentar criaram outra brincadeira: mandaram mensagens para rádios locais, pedindo músicas. Ao se identificarem, trocavam o sobrenome para o de Bolsonaro. DORIA QUER APARECER NA CIDADE DO CÍRIO Outro pré-candidato a presidente vai dar as caras em Belém nesta semana. João Doria deve receber o título de cidadão da cidade na sexta-feira –a mesma homenagem foi recusada a Bolsonaro pelos vereadores. O tucano vai aproveitar o Círio de Nazaré para se mostrar a dois milhões de pessoas que estarão nas ruas neste fim de semana. Devotos de Bolsonaro no Pará se dividem em duas correntes em relação a Doria. Há aqueles que admiram seu perfil de "gestor" e acreditam que ele seja de direita e conservador –para estes, o tucano seria uma alternativa. Outros veem o prefeito como um bom político, mas que tem viés esquerdista, assim como seu partido –que está envolvido em casos de corrupção. "Ele se diz de direita, mas é a favor da ideologia de gênero e do desarmamento. Ele tem segurança. Nós é que vivemos a violência, temos o direito de ter uma arma. Ele quer que a gente se defenda dos bandidos como, com uma sombrinha?", pergunta Nana Magalhães. Drica Pinheiro faz outra crítica. "Para mim, existe o cavalo de Doria: você quebra e sai um monte de tucano de dentro." 'OS ESQUERDISTAS' Doria e Bolsonaro não estarão ao mesmo tempo na cidade do Círio de Nazaré. Antes de ir embora, o parlamentar vai fazer uma palestra em um centro de eventos –o aluguel do espaço custou R$ 9 mil. A organização e os custos ficaram a cargo do deputado federal Éder Mauro (PSD), um ex-delegado do Pará e amigo do pré-candidato a presidente. Mauro espalhou cartazes pela cidade anunciando o evento na quinta. O dono do salão, que preferiu não se identificar, afirmou ter receio de que ocorra uma confusão em seu imóvel –o local tem capacidade para 1,3 mil, mas 7 mil pessoas se inscreveram. "Isso [conflitos com seguidores da esquerda] não tem a mínima possibilidade de acontecer. Os eventos vão ter segurança, também avisei a polícia. Serão milhares de pessoas. Duvido que grupos radicais tentem alguma coisa", disse Mauro, por telefone. Drica Pinheiro, uma das seguranças de Bolsonaro, faz uma provocação aos adversários políticos. "Estamos preparando nossa segurança, mas olha, eu conheço o perfil dos esquerdistas do Pará: eles são medrosos".
poder
Com seguranças mulheres e 'guerra' na internet, seguidores preparam visita de Bolsonaro a BelémDuas procissões têm chacoalhado a capital do Pará nesta semana. A primeira é o tradicional Círio do Nazaré, romaria que, a partir de sexta-feira (6), vai abarrotar as ruas de Belém com mais de dois milhões de fiéis de Nossa Senhora do Nazaré. A segunda é a visita do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC), pré-candidato à Presidência da República: os devotos do político estão em polvorosa e uma "operação de guerra" foi organizada nas ruas e na internet. Nesta quinta-feira (5), o ídolo da direita será recebido por milhares de pessoas no aeroporto, desfilará pela cidade em carro de som e vai terminar o roteiro com uma palestra em lugar com capacidade para 1,3 mil pessoas –as vagas estão concorridíssimas. É a primeira visita do deputado à cidade nos últimos dois anos –e há uma desconfiança geral entre seus seguidores de que possa existir um "ataque" de militantes de esquerda durante a estadia do parlamentar. Segundo seus seguidores, ativistas de esquerda e feministas chegaram a criar eventos em redes sociais para tentar inchar um protesto contra o parlamentar –depois, dizem, as publicações foram apagadas. O medo, principalmente, é de que Bolsonaro seja alvo de uma ovada –como aconteceu em Salvador com João Doria (PSDB), prefeito de São Paulo e também pré-candidato à Presidência. Grupos de fãs de Bolsonaro querem tentar impedir que isso aconteça. Um deles, o "Endireita Pará", recrutou um time de 20 seguranças, todas mulheres, para serem "guarda-costas" do congressista conservador. Motoqueiros também vão passar pelo trajeto para tentar descobrir "inimigos" pelo caminho –caso encontrem, a rota deverá ser modificada. No início da tarde, horas antes de Bolsonaro desembarcar na cidade, "batedores" vão circular pelo aeroporto para tentar identificar "possíveis esquerdistas". Os apoiadores esperam lotar o saguão do local para recepcionar o pré-candidato, assim como já ocorreu em outras cidades do país. O grupo escolheu mulheres para a segurança por dois motivos: a primeira razão seria uma forma de "quebrar o estereótipo" de que Bolsonaro seria machista e misógino. Essa fama cresceu após declarações do deputado, como a em que afirmou que Maria do Rosário (PT), sua colega de Congresso, "não merecia ser estuprada" por ele, e a vez em que disse: "Tenho cinco filhos. Foram quatro homens, a quinta eu dei uma fraquejada e veio uma mulher". Para os militantes, declarações como essas são tiradas do contexto para imprimir uma imagem de machismo. No caso de Maria do Rosário, por exemplo, eles dizem que Bolsonaro estava defendendo castração química para estupradores, uma de suas principais bandeiras –Maria do Rosário é contra. "Se você analisar, vai ver que pegam várias frases dele e fazem como uma montagem. Coisas que não têm procedência. Eu já fui para Brasília, eu o conheci, ele é super tranquilo. Sou mulher e ele me recebeu. Ele não me passou isso, de ser preconceituoso, de ser rígido, como dizem", diz a produtora de eventos Drica Pinheiro, 35, uma das seguranças na quinta-feira. O outro motivo para a formação do time feminino é mais prático. Os militantes querem evitar que ocorra um conflito entre feministas e algum seguidor homem, o que repercutiria de forma negativa. "A esquerda está infiltrando mulheres para criar confusão, jogar ovos. Se tivesse segurança homem, poderia ter conflito. Então o trato vai ser de mulher para mulher", afirma Pinheiro. Na tarde de terça-feira (3), integrantes do "Endireita Pará" se encontraram na beira da piscina de um hotel de Belém para organizar as ações. A estudante de direito Nana Magalhães, 43, explicou aos colegas homens: "Se aparecer alguma mulher, vocês avisam e saem de perto, não encostem, deixa com a gente". Um militante perguntou: "E se for bonitinha?". A universitária respondeu: "Piorou, nem olha, não é para você olhar nem pelo retrovisor". TUDO PELA FAMÍLIA BRASILEIRA Magalhães conta que vive esse embate ideológico dentro de sua própria casa. Seu filho, um estudante de publicidade de 21 anos, é de esquerda –o que ela considera ruim. "Foi nisso que eu errei, só depois vi que tinha palestra do PSOL na faculdade. Não percebi e ele foi doutrinado", diz Magalhães. A estudante é uma das fundadoras do "Endireita Pará", que tem dezenas de participantes, a maioria mulheres conservadoras –o grupo se corresponde pelo WhatsApp e se encontra regularmente. Começou assim: em 2013, Magalhães visitou a escola onde estuda sua outra filha, hoje com dez anos. Descobriu que o colégio conversava com os alunos sobre homossexualidade. "Fiquei revoltada. Todo aquele papo de kit gay [material sobre questões de gênero que teve distribuição cogitada no governo Dilma Rousseff]. Comecei a reunir algumas mães para conversar sobre isso, depois evoluiu para política. Fui procurar um político que falava sobre o que eu acreditava. Encontrei o Bolsonaro". A funcionária pública Joana (nome fictício, a pedido dela), 49, também foi neste embalo. "A nossa principal afinidade com Bolsonaro é sobre família. Nós acreditamos nas propostas dele para a família brasileira, que está sendo destruída. Somos contra ideologia de gênero e somos a favor da escola sem partido [projeto que propõe proibir professores de 'doutrinar ideologicamente seus alunos']". Nem sempre Joana foi de direita, ela confessa já ter votado em quem hoje é seu arqui-inimigo. "Já votei na esquerda. Confesso que, em 2002, votei no [ex-presidente] Lula. Eu acreditava na proposta que ele tinha para a educação e fui iludida", diz. CULPA POR DILMA Há entre os militantes de Bolsonaro no Pará um certo sentimento de "culpa" em relação ao segundo turno das eleições de 2014. De certa forma, eles acreditam que Dilma Rousseff (PT) só ganhou a reeleição porque "virou" a disputa contra o senador Aécio Neves na região norte. Ou seja, ela estaria perdendo até que os votos da área fossem computados. Não há comprovação de que isso tenha ocorrido de fato –a enorme maioria dos votos foi divulgada de uma só vez. Historicamente, no entanto, candidatos a presidente pelo PT ganham de seus adversários no Pará. Em 2002, por exemplo, Lula teve 52% dos votos no Estado no segundo turno. Em 2006, foram 60%. Quatro anos depois, Dilma teve 52% –em sua reeleição, em 2014, a petista chegou a 57% dos votos. Uma pesquisa Datafolha, divulgada nesta semana, mostrou que Lula lidera o cenário para as eleições de 2018 com 36% das intenções de voto; Bolsonaro tem 16% e Marina Silva (Rede), 14%. No Pará, os fiéis de Bolsonaro querem virar esse cenário. "O PT não vence mais aqui, essa situação mudou. A direita hoje é mais forte e tenho certeza de que Bolsonaro ganha no Pará", diz o empresário Magno Guerra, 47, um dos organizadores do evento com o deputado conservador. Guerra também admite: já votou em Lula em algumas eleições. "Eu achava que ele tinha feito coisas boas, como ampliar o crédito para pessoas mais pobres, dar bolsa para os jovens estudarem, estimulou a economia. Mas depois, com os escândalos, vi que tudo era uma máscara para esconder a corrupção do PT", diz. Condenado por corrupção, Lula sempre negou qualquer desvio. Hoje, o empresário é a favor de que Bolsonaro, caso ganhe a eleição, feche o Congresso Nacional para excluir os "corruptos" que estão lá. INVASÃO, ESPIONAGEM, XINGAMENTOS Em Belém, a "guerra" entre fãs do deputado e eleitores da esquerda também está ocorrendo em grupos de WhatsApp. Desde segunda-feira, a BBC Brasil participa de grupos de discussão com fãs de Bolsonaro e de Lula no Pará. Na maior parte do tempo, eles defendem as ideias dos dois políticos e falam sobre a chegada do deputado a Belém. No entanto, os participantes de ambos os lados invadem os grupos rivais –isso é possível porque o convite para fazer parte da conversa é público. Quando entram, os apoiadores espionam a conversa dos adversários, fazem xingamentos contra o lado oposto, propaganda de seu político favorito e, depois, acabam excluídos pelos administradores –únicos com esse poder. Segundo ativistas de direita, foi com esse método que descobriram um plano de protesto contra Bolsonaro em Belém. Há um objetivo maior e mais difícil na invasão: a ideia é colocar um nome falso de apresentação no aplicativo, fingir ser um apoiador do rival, ganhar confiança dos participantes e tornar-se um administrador. Depois, o mentiroso apaga o grupo adversário, que tinha centenas de pessoas. Um militante de direita conseguiu excluir um fórum de apoio a Lula na terça –ele se vangloriou para os colegas. Para evitar que isso ocorra com o grupo, o "Endireita Pará" restringiu os participantes e ficou com apenas três administradores fixos. Na manhã de terça, seguidores do parlamentar criaram outra brincadeira: mandaram mensagens para rádios locais, pedindo músicas. Ao se identificarem, trocavam o sobrenome para o de Bolsonaro. DORIA QUER APARECER NA CIDADE DO CÍRIO Outro pré-candidato a presidente vai dar as caras em Belém nesta semana. João Doria deve receber o título de cidadão da cidade na sexta-feira –a mesma homenagem foi recusada a Bolsonaro pelos vereadores. O tucano vai aproveitar o Círio de Nazaré para se mostrar a dois milhões de pessoas que estarão nas ruas neste fim de semana. Devotos de Bolsonaro no Pará se dividem em duas correntes em relação a Doria. Há aqueles que admiram seu perfil de "gestor" e acreditam que ele seja de direita e conservador –para estes, o tucano seria uma alternativa. Outros veem o prefeito como um bom político, mas que tem viés esquerdista, assim como seu partido –que está envolvido em casos de corrupção. "Ele se diz de direita, mas é a favor da ideologia de gênero e do desarmamento. Ele tem segurança. Nós é que vivemos a violência, temos o direito de ter uma arma. Ele quer que a gente se defenda dos bandidos como, com uma sombrinha?", pergunta Nana Magalhães. Drica Pinheiro faz outra crítica. "Para mim, existe o cavalo de Doria: você quebra e sai um monte de tucano de dentro." 'OS ESQUERDISTAS' Doria e Bolsonaro não estarão ao mesmo tempo na cidade do Círio de Nazaré. Antes de ir embora, o parlamentar vai fazer uma palestra em um centro de eventos –o aluguel do espaço custou R$ 9 mil. A organização e os custos ficaram a cargo do deputado federal Éder Mauro (PSD), um ex-delegado do Pará e amigo do pré-candidato a presidente. Mauro espalhou cartazes pela cidade anunciando o evento na quinta. O dono do salão, que preferiu não se identificar, afirmou ter receio de que ocorra uma confusão em seu imóvel –o local tem capacidade para 1,3 mil, mas 7 mil pessoas se inscreveram. "Isso [conflitos com seguidores da esquerda] não tem a mínima possibilidade de acontecer. Os eventos vão ter segurança, também avisei a polícia. Serão milhares de pessoas. Duvido que grupos radicais tentem alguma coisa", disse Mauro, por telefone. Drica Pinheiro, uma das seguranças de Bolsonaro, faz uma provocação aos adversários políticos. "Estamos preparando nossa segurança, mas olha, eu conheço o perfil dos esquerdistas do Pará: eles são medrosos".
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Em entrevista, Obama descarta envio de tropas terrestres à Síria
Em entrevista concedida à BBC, o presidente dos Estados Unidos Barack Obama descartou a possibilidade de enviar tropas terrestres à Síria. Segundo o presidente, forças militares, por si só, não podem resolver os problemas do país. "Seria um erro para os Estados Unidos enviar tropas terrestres para derrubar o regime de [Bashar al-] Assad", afirmou Obama, que disse não acreditar que o Estado Islâmico será derrotado durante os nove meses que lhe restam no governo. "Mas podemos encurtar aos poucos sua área de atuação". De acordo com Obama, tropas da coalizão liderada pelos Estados Unidos continuarão a bombardear bases do EI por via aérea. A intenção é isolar as áreas dominadas pelos extremistas e bloquear o envio de terroristas para a Europa. Além dos ataques aéreos, Obama defende que a comunidade internacional exerça pressão de todos os lados e sente-se à mesa para tentar intermediar uma transição. Ele também criticou países cujos parlamentos não aprovaram intervenções no país. "A Síria é uma questão transnacional, que exige responsabilidade transnacional", reforçou. Sem cooperações e alianças "somos mais fracos e não vamos conseguir resolver o problema". Pelo menos 250 mil pessoas morreram em decorrência dos conflitos na Síria, que já duram cinco anos.
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Em entrevista, Obama descarta envio de tropas terrestres à SíriaEm entrevista concedida à BBC, o presidente dos Estados Unidos Barack Obama descartou a possibilidade de enviar tropas terrestres à Síria. Segundo o presidente, forças militares, por si só, não podem resolver os problemas do país. "Seria um erro para os Estados Unidos enviar tropas terrestres para derrubar o regime de [Bashar al-] Assad", afirmou Obama, que disse não acreditar que o Estado Islâmico será derrotado durante os nove meses que lhe restam no governo. "Mas podemos encurtar aos poucos sua área de atuação". De acordo com Obama, tropas da coalizão liderada pelos Estados Unidos continuarão a bombardear bases do EI por via aérea. A intenção é isolar as áreas dominadas pelos extremistas e bloquear o envio de terroristas para a Europa. Além dos ataques aéreos, Obama defende que a comunidade internacional exerça pressão de todos os lados e sente-se à mesa para tentar intermediar uma transição. Ele também criticou países cujos parlamentos não aprovaram intervenções no país. "A Síria é uma questão transnacional, que exige responsabilidade transnacional", reforçou. Sem cooperações e alianças "somos mais fracos e não vamos conseguir resolver o problema". Pelo menos 250 mil pessoas morreram em decorrência dos conflitos na Síria, que já duram cinco anos.
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Ciclistas dão nota 7,2 para ciclovias de SP, segundo levantamento
A nota geral dada por ciclistas às ciclovias da cidade de São Paulo é 7,2, segundo levantamento feito pela SPTuris (São Paulo Turismo), da prefeitura. O órgão entrevistou 513 usuários das ciclovias em dezembro de 2014. Neste mês, a Justiça decidiu em caráter liminar (temporário) que a gestão Fernando Haddad (PT) deveria paralisar a construção das vias para ciclistas, uma marca de sua gestão. A exceção foi para a ciclovia da avenida Paulista, sob argumento de que foi o único local onde houve planejamento e debate com a população. Para 84,4% dos entrevistados, as ciclovias os incentivaram a usar as bicicleta como transporte. Mesmo assim, a maioria (52,6%) não indicaria as ciclovias para crianças ou idosos. Entre os motivos citados, estão o perigo do trânsito, a falta de respeito de motoristas e pedestres e a qualidade da pavimentação. Os demais entrevistados indicariam as vias para ciclistas para crianças e idosos por considerá-las seguras. Para 54,5%, a pavimentação das vias devia ser melhorada –44,2% cobram melhor sinalização para ciclistas. Respondendo à pergunta sobre para que usam a bicicleta, na qual podiam optar por mais de uma resposta, 88,3% afirmaram que usavam para a prática de esportes. Mais de um terço dos usuários (38%) usam a bicicleta para ir ao trabalho e 6,4% para ir estudar. Apenas 11% dos ciclistas têm ciclovia em 100% da rota. A maioria (30,8%) faz de 21% a 50% do caminho pelas vias para bicicletas. Entre os usuários, 31% usam as vias diariamente e 32,2% mais de uma vez por semana. Outros 20,8 usam raramente e 14,4%, uma vez por semana. A maioria dos usuários (79,7%) é homem e tem entre 30 e 39 anos (31,5%). Datafolha mostrou em fevereiro que caiu em 14 pontos a aprovação às vias exclusivas para bikes -de 80% favoráveis no levantamento de setembro, agora são 66%, enquanto os contrários saltaram de 14% para 27%. Levantamento da prefeitura mostra que estão sendo investidos cerca de R$ 112 milhões em ciclovias e obras de melhorias no viário no entorno de algumas delas.
cotidiano
Ciclistas dão nota 7,2 para ciclovias de SP, segundo levantamentoA nota geral dada por ciclistas às ciclovias da cidade de São Paulo é 7,2, segundo levantamento feito pela SPTuris (São Paulo Turismo), da prefeitura. O órgão entrevistou 513 usuários das ciclovias em dezembro de 2014. Neste mês, a Justiça decidiu em caráter liminar (temporário) que a gestão Fernando Haddad (PT) deveria paralisar a construção das vias para ciclistas, uma marca de sua gestão. A exceção foi para a ciclovia da avenida Paulista, sob argumento de que foi o único local onde houve planejamento e debate com a população. Para 84,4% dos entrevistados, as ciclovias os incentivaram a usar as bicicleta como transporte. Mesmo assim, a maioria (52,6%) não indicaria as ciclovias para crianças ou idosos. Entre os motivos citados, estão o perigo do trânsito, a falta de respeito de motoristas e pedestres e a qualidade da pavimentação. Os demais entrevistados indicariam as vias para ciclistas para crianças e idosos por considerá-las seguras. Para 54,5%, a pavimentação das vias devia ser melhorada –44,2% cobram melhor sinalização para ciclistas. Respondendo à pergunta sobre para que usam a bicicleta, na qual podiam optar por mais de uma resposta, 88,3% afirmaram que usavam para a prática de esportes. Mais de um terço dos usuários (38%) usam a bicicleta para ir ao trabalho e 6,4% para ir estudar. Apenas 11% dos ciclistas têm ciclovia em 100% da rota. A maioria (30,8%) faz de 21% a 50% do caminho pelas vias para bicicletas. Entre os usuários, 31% usam as vias diariamente e 32,2% mais de uma vez por semana. Outros 20,8 usam raramente e 14,4%, uma vez por semana. A maioria dos usuários (79,7%) é homem e tem entre 30 e 39 anos (31,5%). Datafolha mostrou em fevereiro que caiu em 14 pontos a aprovação às vias exclusivas para bikes -de 80% favoráveis no levantamento de setembro, agora são 66%, enquanto os contrários saltaram de 14% para 27%. Levantamento da prefeitura mostra que estão sendo investidos cerca de R$ 112 milhões em ciclovias e obras de melhorias no viário no entorno de algumas delas.
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Dois policiais são mortos em emboscadas nos Estados Unidos
Dois policiais foram baleados e mortos na cidade de Des Moines, em Iowa, em diferentes emboscadas na madrugada desta quarta (2), disseram autoridades norte-americanas. O primeiro oficial foi encontrado morto às 1h (4h de Brasília) em Urbandale, nos arredores de Des Moines, capital do estado. O corpo do segundo agente, que tinha respondido a uma chamada de emergência, foi encontrado cerca de 30 minutos mais tarde na cidade. Ele chegou a ser levado para o hospital, mas não resistiu, segundo fontes médicas. "Não parece ter havido qualquer interação entre esses agentes e o covarde que os assassinou quando estavam sentados em sua viatura", informou o sargento Paul Parizek, da polícia de Des Moines, durante uma entrevista coletiva. Na sequência destas mortes, as autoridades locais ordenaram que os policiais patrulhem em grupos de dois, segundo Parizek. "Existe agora um perigo claro para os agentes", afirmou o sargento para justificar a decisão. Após uma operação de busca, a polícia do Estado de Iowa disse que capturou um homem suspeito de matar os dois policiais. Scott Michael Greene, 46, foi levado em custódia apenas algumas horas após a polícia apontá-lo como suspeito das emboscadas, afirmou uma porta-voz da polícia em Urbandale, Iowa. Vários policiais foram mortos nos últimos meses nos Estados Unidos. Em julho, cinco policiais foram mortos em Dallas (Texas, sul) e três outros morreram em Baton Rouge (Louisiana, sul). Em ambos os casos, eles foram mortos por veteranos de guerra negros que pegaram em armas para vingar as mortes de cidadãos afro-americanos em operações policiais. Em Des Moines nenhum agente havia sido morto em serviço desde 1977.
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Dois policiais são mortos em emboscadas nos Estados UnidosDois policiais foram baleados e mortos na cidade de Des Moines, em Iowa, em diferentes emboscadas na madrugada desta quarta (2), disseram autoridades norte-americanas. O primeiro oficial foi encontrado morto às 1h (4h de Brasília) em Urbandale, nos arredores de Des Moines, capital do estado. O corpo do segundo agente, que tinha respondido a uma chamada de emergência, foi encontrado cerca de 30 minutos mais tarde na cidade. Ele chegou a ser levado para o hospital, mas não resistiu, segundo fontes médicas. "Não parece ter havido qualquer interação entre esses agentes e o covarde que os assassinou quando estavam sentados em sua viatura", informou o sargento Paul Parizek, da polícia de Des Moines, durante uma entrevista coletiva. Na sequência destas mortes, as autoridades locais ordenaram que os policiais patrulhem em grupos de dois, segundo Parizek. "Existe agora um perigo claro para os agentes", afirmou o sargento para justificar a decisão. Após uma operação de busca, a polícia do Estado de Iowa disse que capturou um homem suspeito de matar os dois policiais. Scott Michael Greene, 46, foi levado em custódia apenas algumas horas após a polícia apontá-lo como suspeito das emboscadas, afirmou uma porta-voz da polícia em Urbandale, Iowa. Vários policiais foram mortos nos últimos meses nos Estados Unidos. Em julho, cinco policiais foram mortos em Dallas (Texas, sul) e três outros morreram em Baton Rouge (Louisiana, sul). Em ambos os casos, eles foram mortos por veteranos de guerra negros que pegaram em armas para vingar as mortes de cidadãos afro-americanos em operações policiais. Em Des Moines nenhum agente havia sido morto em serviço desde 1977.
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Saab e Embraer inauguram centro para fabricar parte dos caças da FAB
A sueca Saab e a Embraer inauguraram nesta terça-feira (22) o Centro de Projetos e Desenvolvimento do Gripen em Gavião Peixoto (306 quilômetros de São Paulo). As instalações vão abrigar parte da produção dos 36 caças suecos Gripen NG (New Generation), comprados pela FAB (Força Aérea Brasileira) por US$ 5,4 bilhões, com previsão de entrega a partir de 2019. Desses, 23 terão montagem final no Brasil. O local será o hub de desenvolvimento tecnológico do avião para Saab e Embraer, além de empresas parceiras como AEL, Atech e FAB. A produção envolverá também a transferência de tecnologia da fabricante sueca para a brasileira, incluindo o treinamento de 350 profissionais do país até 2024 -cem brasileiros já fizeram treinamento teórico na Suécia. O acordo de transferência inclui treinamento teórico, programa de pesquisa e tecnologia, treinamento prático e desenvolvimento e produção. No total, serão 60 projetos, com duração de 24 meses. Ulf Nilsson, vice-presidente sênior da companhia sueca, disse que, apesar da crise econômica no Brasil, não acredita que o programa poderá ser interrompido. "Esse é um programa de longo prazo e que demorou quase 20 anos para o contrato ser assinado", afirmou. Já o presidente e CEO da Embraer Defesa e Segurança, Jackson Schneider, disse que há uma perspectiva de crescimento importante da área de defesa da Embraer com os novos projetos. Na unidade de Gavião será feita a versão brasileira do Gripen. Serviços como a integração de sistemas elétricos estão entre os que serão desenvolvidos na unidade. "Temos um laboratório de ensaio, onde todos os testes de voo serão feitos", afirmou. ESCOLHA Questionado sobre as investigações do Ministério Público Federal de Brasília sobre o envolvimento em irregularidades na escolha da Saab e o caso da Embraer envolvida com o pagamento de propinas, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, que participou da inauguração, afirmou desconhecer. "Havia um processo investigativo no Ministério Publico, que foi arquivado", disse. O presidente mundial da Saab, Hakan Buskhe, disse se sentir "confortável" com o trabalho que foi feito. Os jornalistas viajaram a convite da Saab
mercado
Saab e Embraer inauguram centro para fabricar parte dos caças da FABA sueca Saab e a Embraer inauguraram nesta terça-feira (22) o Centro de Projetos e Desenvolvimento do Gripen em Gavião Peixoto (306 quilômetros de São Paulo). As instalações vão abrigar parte da produção dos 36 caças suecos Gripen NG (New Generation), comprados pela FAB (Força Aérea Brasileira) por US$ 5,4 bilhões, com previsão de entrega a partir de 2019. Desses, 23 terão montagem final no Brasil. O local será o hub de desenvolvimento tecnológico do avião para Saab e Embraer, além de empresas parceiras como AEL, Atech e FAB. A produção envolverá também a transferência de tecnologia da fabricante sueca para a brasileira, incluindo o treinamento de 350 profissionais do país até 2024 -cem brasileiros já fizeram treinamento teórico na Suécia. O acordo de transferência inclui treinamento teórico, programa de pesquisa e tecnologia, treinamento prático e desenvolvimento e produção. No total, serão 60 projetos, com duração de 24 meses. Ulf Nilsson, vice-presidente sênior da companhia sueca, disse que, apesar da crise econômica no Brasil, não acredita que o programa poderá ser interrompido. "Esse é um programa de longo prazo e que demorou quase 20 anos para o contrato ser assinado", afirmou. Já o presidente e CEO da Embraer Defesa e Segurança, Jackson Schneider, disse que há uma perspectiva de crescimento importante da área de defesa da Embraer com os novos projetos. Na unidade de Gavião será feita a versão brasileira do Gripen. Serviços como a integração de sistemas elétricos estão entre os que serão desenvolvidos na unidade. "Temos um laboratório de ensaio, onde todos os testes de voo serão feitos", afirmou. ESCOLHA Questionado sobre as investigações do Ministério Público Federal de Brasília sobre o envolvimento em irregularidades na escolha da Saab e o caso da Embraer envolvida com o pagamento de propinas, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, que participou da inauguração, afirmou desconhecer. "Havia um processo investigativo no Ministério Publico, que foi arquivado", disse. O presidente mundial da Saab, Hakan Buskhe, disse se sentir "confortável" com o trabalho que foi feito. Os jornalistas viajaram a convite da Saab
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Nova empresa da Caixa terá ativos de três companhias de seguridade
A Caixa deu mais um passo na terça-feira (30) para agilizar a venda de parte dos seus negócios na área de seguridade. O banco estatal transferiu seus negócios nas áreas de seguros, capitalização, previdência complementar aberta, consórcio, corretagem de seguros e atividades afins, anteriormente detidos pela Caixapar, para a empresa Caixa Seguridade. Esses negócios incluem 48,21% da Caixa Seguros Holding, 49% da Pan Seguros e 49% do capital votante e total da Pan Corretora. O governo pretende, até o final deste ano, abrir o capital da Caixa Seguridade, com a venda de, no mínimo, 25% das ações da empresa na Bolsa de Valores. A operação tem como objetivo melhorar as receitas do governo federal neste ano e ajudar no cumprimento da meta de superavit de R$ 55,3 bilhões para 2015. A empresa é avaliada em R$ 30 bilhões, o que pode gerar uma arrecadação de pelo menos R$ 7,5 bilhões para o Tesouro Nacional. Operação semelhante foi realizada em 2013 pelo Banco do Brasil, que também separou seus negócios nessas áreas em uma nova empresa com ações negociadas na Bolsa. A expectativa do governo é entrar com o pedido de abertura de capital na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) em julho e realizar a operação em outubro ou novembro.
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Nova empresa da Caixa terá ativos de três companhias de seguridadeA Caixa deu mais um passo na terça-feira (30) para agilizar a venda de parte dos seus negócios na área de seguridade. O banco estatal transferiu seus negócios nas áreas de seguros, capitalização, previdência complementar aberta, consórcio, corretagem de seguros e atividades afins, anteriormente detidos pela Caixapar, para a empresa Caixa Seguridade. Esses negócios incluem 48,21% da Caixa Seguros Holding, 49% da Pan Seguros e 49% do capital votante e total da Pan Corretora. O governo pretende, até o final deste ano, abrir o capital da Caixa Seguridade, com a venda de, no mínimo, 25% das ações da empresa na Bolsa de Valores. A operação tem como objetivo melhorar as receitas do governo federal neste ano e ajudar no cumprimento da meta de superavit de R$ 55,3 bilhões para 2015. A empresa é avaliada em R$ 30 bilhões, o que pode gerar uma arrecadação de pelo menos R$ 7,5 bilhões para o Tesouro Nacional. Operação semelhante foi realizada em 2013 pelo Banco do Brasil, que também separou seus negócios nessas áreas em uma nova empresa com ações negociadas na Bolsa. A expectativa do governo é entrar com o pedido de abertura de capital na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) em julho e realizar a operação em outubro ou novembro.
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Foi o dia todo em uma salinha até minha filha conseguir um quarto
A sinfonia de tosses e choros intermitentes no pronto-socorro na tarde desta terça-feira (11) já indicava algo comum na vida daqueles pais e crianças que lotavam o Hospital Sabará, em Higienópolis, no centro de São Paulo. Imaginei que seriam, no mínimo, três horas ali. Afinal, são as doenças do outono. Mas era difícil imaginar que naquele hospital particular referência no atendimento a crianças passaríamos por momentos mais frequentes no sistema público de saúde. No fim daquela tarde fui alertado por um pai já visivelmente castigado por uma longa espera. "Estou aqui há um dia esperando. Não tem quarto para internar." A responsável pela recepção, então, me deu o panorama exato da situação: há 18 crianças à espera na frente da Helena, minha filha de quase três anos que sofre com um vírus que a faz respirar mal há alguns dias. Era uma espécie de senha que nos colocava no martírio das salas de observação, lugar onde crianças faziam inalação diante de pais tão aflitos e exaustos quanto nós. Dessa sala, muitos partem para um quarto. Mas somente quando há vagas, claro. Enquanto isso não acontecia, alguns pequenos eram atendidos em macas num corredor. Médicos e enfermeiros prestativos e munidos de máscaras de oxigênio traziam a medicação na hora certa, além de explicações sobre a situação da nossa filha. Nos deixavam mais seguros. Mas a espera por aquele quarto era castigante. A tarde acabou, veio a noite e nada de quarto. Já passava das 23h quando ficou claro que passaríamos a noite naquele espaço coletivo dividido por paredes e cortinas. Enquanto minha mulher, grávida de oito meses, e filha se aprumaram para dormir na área reservada para observação infantil, escolhi trocar a poltrona, confortável por apenas algumas horas, pelo chão, junto com cobertores que uma generosa funcionária havia me dado. LONGA NOITE As horas passavam lentas. Além daquela tosse, Helena já mostrava sinais de irritação e aflição naquele espaço de aproximadamente dois metros quadrados. Veio a quarta-feira. Soube pela enfermeira que até as 11h somente crianças em situação de emergência seriam atendidas. Contadores de histórias, o Woody do "Toy Story", a Sininho do Peter Pan e até o coelhinho da Páscoa contratados ou voluntários do hospital ajudaram a animar a criançada, mas eles também têm horário de expediente. E vão embora em algum momento. Não havia desenho animado transmitido por um celular que acalmasse alguém com tosse e catarro a cada cinco minutos. Às 16h30, enfim, quase 24 horas depois, recebemos a notícia esperada: "O quarto está liberado". Agora a espera será outra. Não vemos a hora de voltar para casa.
cotidiano
Foi o dia todo em uma salinha até minha filha conseguir um quartoA sinfonia de tosses e choros intermitentes no pronto-socorro na tarde desta terça-feira (11) já indicava algo comum na vida daqueles pais e crianças que lotavam o Hospital Sabará, em Higienópolis, no centro de São Paulo. Imaginei que seriam, no mínimo, três horas ali. Afinal, são as doenças do outono. Mas era difícil imaginar que naquele hospital particular referência no atendimento a crianças passaríamos por momentos mais frequentes no sistema público de saúde. No fim daquela tarde fui alertado por um pai já visivelmente castigado por uma longa espera. "Estou aqui há um dia esperando. Não tem quarto para internar." A responsável pela recepção, então, me deu o panorama exato da situação: há 18 crianças à espera na frente da Helena, minha filha de quase três anos que sofre com um vírus que a faz respirar mal há alguns dias. Era uma espécie de senha que nos colocava no martírio das salas de observação, lugar onde crianças faziam inalação diante de pais tão aflitos e exaustos quanto nós. Dessa sala, muitos partem para um quarto. Mas somente quando há vagas, claro. Enquanto isso não acontecia, alguns pequenos eram atendidos em macas num corredor. Médicos e enfermeiros prestativos e munidos de máscaras de oxigênio traziam a medicação na hora certa, além de explicações sobre a situação da nossa filha. Nos deixavam mais seguros. Mas a espera por aquele quarto era castigante. A tarde acabou, veio a noite e nada de quarto. Já passava das 23h quando ficou claro que passaríamos a noite naquele espaço coletivo dividido por paredes e cortinas. Enquanto minha mulher, grávida de oito meses, e filha se aprumaram para dormir na área reservada para observação infantil, escolhi trocar a poltrona, confortável por apenas algumas horas, pelo chão, junto com cobertores que uma generosa funcionária havia me dado. LONGA NOITE As horas passavam lentas. Além daquela tosse, Helena já mostrava sinais de irritação e aflição naquele espaço de aproximadamente dois metros quadrados. Veio a quarta-feira. Soube pela enfermeira que até as 11h somente crianças em situação de emergência seriam atendidas. Contadores de histórias, o Woody do "Toy Story", a Sininho do Peter Pan e até o coelhinho da Páscoa contratados ou voluntários do hospital ajudaram a animar a criançada, mas eles também têm horário de expediente. E vão embora em algum momento. Não havia desenho animado transmitido por um celular que acalmasse alguém com tosse e catarro a cada cinco minutos. Às 16h30, enfim, quase 24 horas depois, recebemos a notícia esperada: "O quarto está liberado". Agora a espera será outra. Não vemos a hora de voltar para casa.
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Morre Pietro Ingrao, um dos pais da República Italiana
Morreu neste domingo (27), em Roma, aos 100 anos, Pietro Ingrao, considerado um dos pais da República da Itália. Nascido na pequena cidade de Lenola, o político aderiu ao Partido Comunista Italiano (PCI) em 1940 e participou ativamente da resistência contra o fascismo. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, ajudou a construir a República Italiana e liderou a "ala esquerda" do PCI, tornando-se deputado em setembro de 1950, cargo que ocupou ininterruptamente até 1992. Entre 1976 e 1979, ele foi também o primeiro comunista a presidir a Câmara Baixa do Parlamento do país. Nos últimos anos de sua vida, Ingrao votou pelo partido Esquerda, Ecologia e Liberdade (SEL), que hoje faz oposição ao governo centro-esquerdista de Matteo Renzi. "Pietro Ingrao era um dos protagonistas da história da esquerda italiana. Todos nós sentiremos falta da sua paixão, da sua sobriedade, do seu olhar, da sua inquietação, que deram um dos testemunhos mais lúcidos e incômodos do século 20", declarou o atual primeiro-ministro. Viúvo de Laura Lombardo Radice (1913-2003), ele deixa cinco filhos: Chiara, Renata, Bruna, Celeste e Guido.
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Morre Pietro Ingrao, um dos pais da República ItalianaMorreu neste domingo (27), em Roma, aos 100 anos, Pietro Ingrao, considerado um dos pais da República da Itália. Nascido na pequena cidade de Lenola, o político aderiu ao Partido Comunista Italiano (PCI) em 1940 e participou ativamente da resistência contra o fascismo. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, ajudou a construir a República Italiana e liderou a "ala esquerda" do PCI, tornando-se deputado em setembro de 1950, cargo que ocupou ininterruptamente até 1992. Entre 1976 e 1979, ele foi também o primeiro comunista a presidir a Câmara Baixa do Parlamento do país. Nos últimos anos de sua vida, Ingrao votou pelo partido Esquerda, Ecologia e Liberdade (SEL), que hoje faz oposição ao governo centro-esquerdista de Matteo Renzi. "Pietro Ingrao era um dos protagonistas da história da esquerda italiana. Todos nós sentiremos falta da sua paixão, da sua sobriedade, do seu olhar, da sua inquietação, que deram um dos testemunhos mais lúcidos e incômodos do século 20", declarou o atual primeiro-ministro. Viúvo de Laura Lombardo Radice (1913-2003), ele deixa cinco filhos: Chiara, Renata, Bruna, Celeste e Guido.
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Papa Francisco recebe delegação da Chapecoense no Vaticano
O papa Francisco recebeu nesta quarta-feira (30) dirigentes e atletas da Chapecoense, no Vaticano. O convite foi feito após o clube passar por uma tragédia com um acidente de avião na Colômbia, em novembro de 2016. Entre os presentes na visita ao papa estavam os sobreviventes da queda do avião Alan Ruschel e Jakson Follmann. Em audiência realizada na Praça São Pedro, Francisco saudou a equipe e também alguns membros da família dos diretores e jogadores que morreram no acidente e abençoou algumas fotos que eles carregavam. A delegação da equipe de cerca de 80 pessoas presenteou o pontífice com uma bola com as cores branco e verde, e depois posou com Francisco para uma foto de lembrança. No ano passado, os dirigentes do time brasileiro visitaram o papa e entregaram-lhe uma camisa de clube com o número 71, o número de mortos na tragédia aérea ocorrida antes da primeira final da Copa Sul-Americana, contra Atlético Nacional. O time brasileiro está na capital italiana para fazer uma partida amistosa contra a Roma, na sexta-feira (1º), cuja bilheteria será destinada para instituições de caridade no Brasil. CUSTO DA VIAGEM A ida para o Vaticano gerou críticas de familiares das vítimas à diretoria do clube catarinense. Em julho, o presidente da Chape avisou que a equipe não pagaria despesas da viagem. De acordo com parentes dos 69 mortos brasileiros na queda do avião da LaMia, nas redondezas de Medellín, na Colômbia, em 29 de novembro de 2016, o recado foi dado por uma funcionário da Chapecoense em 28 de julho. O prazo para a confirmação da presença era de 48 horas. "O presidente da Chapecoense Plínio David Nês pediu para comunicar a todos vocês que realmente está confirmada a visita ao papa Francisco no Vaticano e que as famílias que tiverem interesse em participar do encontro poderão ter acesso ao papa, desde que comuniquem com antecedência para que seus nomes sejam inseridos no protocolo. O presidente avisa ainda que o clube NÃO vai arcar com as despesas de viagem e cada família terá que ir por conta própria", diz parte do texto enviado ao familiares. A Chapecoense confirmou à Folha que não pagaria pela viagem dos familiares das vítimas para a audiência com o papa Francisco. Por meio de nota enviada pela assessoria de imprensa, o clube afirma que a decisão foi tomada por causa dos custos envolvidos na operação. Não foi revelado o valor que seria necessário para levar as famílias.
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Papa Francisco recebe delegação da Chapecoense no VaticanoO papa Francisco recebeu nesta quarta-feira (30) dirigentes e atletas da Chapecoense, no Vaticano. O convite foi feito após o clube passar por uma tragédia com um acidente de avião na Colômbia, em novembro de 2016. Entre os presentes na visita ao papa estavam os sobreviventes da queda do avião Alan Ruschel e Jakson Follmann. Em audiência realizada na Praça São Pedro, Francisco saudou a equipe e também alguns membros da família dos diretores e jogadores que morreram no acidente e abençoou algumas fotos que eles carregavam. A delegação da equipe de cerca de 80 pessoas presenteou o pontífice com uma bola com as cores branco e verde, e depois posou com Francisco para uma foto de lembrança. No ano passado, os dirigentes do time brasileiro visitaram o papa e entregaram-lhe uma camisa de clube com o número 71, o número de mortos na tragédia aérea ocorrida antes da primeira final da Copa Sul-Americana, contra Atlético Nacional. O time brasileiro está na capital italiana para fazer uma partida amistosa contra a Roma, na sexta-feira (1º), cuja bilheteria será destinada para instituições de caridade no Brasil. CUSTO DA VIAGEM A ida para o Vaticano gerou críticas de familiares das vítimas à diretoria do clube catarinense. Em julho, o presidente da Chape avisou que a equipe não pagaria despesas da viagem. De acordo com parentes dos 69 mortos brasileiros na queda do avião da LaMia, nas redondezas de Medellín, na Colômbia, em 29 de novembro de 2016, o recado foi dado por uma funcionário da Chapecoense em 28 de julho. O prazo para a confirmação da presença era de 48 horas. "O presidente da Chapecoense Plínio David Nês pediu para comunicar a todos vocês que realmente está confirmada a visita ao papa Francisco no Vaticano e que as famílias que tiverem interesse em participar do encontro poderão ter acesso ao papa, desde que comuniquem com antecedência para que seus nomes sejam inseridos no protocolo. O presidente avisa ainda que o clube NÃO vai arcar com as despesas de viagem e cada família terá que ir por conta própria", diz parte do texto enviado ao familiares. A Chapecoense confirmou à Folha que não pagaria pela viagem dos familiares das vítimas para a audiência com o papa Francisco. Por meio de nota enviada pela assessoria de imprensa, o clube afirma que a decisão foi tomada por causa dos custos envolvidos na operação. Não foi revelado o valor que seria necessário para levar as famílias.
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Fundo contra a corrupção
O Fórum Econômico Mundial divulgou recentemente um relatório internacional que classifica o Brasil como o quarto país mais corrupto do mundo, atrás apenas do Chade, da Bolívia e da Venezuela. É um retrato ainda pior que o pintado pela Transparência Internacional, que nos aponta como o 76º de uma lista de quase 180 países, sendo o último aquele de maior percepção de corrupção. Já se disse que esse tipo de delito nos custaria R$ 200 bilhões por ano. São percepções. Nenhuma delas incontestável pelo simples fato de que a maior parte desses crimes não é denunciada (cifra negra criminológica). Certo é, no entanto, talvez pela impunidade, que esse é o problema que mais nos angustia hoje, sendo indiscutível a necessidade de sua prevenção e reparação. As 10 medidas contra a corrupção propõem um necessário reajuste punitivo. Mas, além delas, a novidade da arrecadação de bilionárias multas em colaborações premiadas e acordos de leniência impõe necessária discussão sobre o destino desses recursos. Os bilhões captados por fundos setoriais federais, como o Fust (universalização de telecomunicações)e o FAT (amparo ao trabalhador), geram exemplos de desvios de finalidade, pois acabam pagando juros a credores da dívida pública federal ou são destinados a tapar buracos das rodovias federais. Bem por isso o TCU (Tribunal de Contas da União) obrigou o governo federal a recompor o saldo do Fistel (Fundo de Fiscalização das Telecomunicações), cujo patrimônio foi dilapidado ao longo dos anos. Aliás, esse caso é significativo, pois, na recomposição, verificou-se grande dúvida sobre o quanto teria sido arrecadado. Anatel e TCU revelaram valores discrepantes. O Fundo para Reparação de Vítimas de Crime, criado por lei nos Estados Unidos, por exemplo, reúne US$ 730 milhões. As receitas são constituídas por multas aplicadas a empresas que cometeram crimes federais. Empresas que praticam corrupção em outros países também são multadas. Em 2014, arrecadou-se aproximadamente US$ 1,25 bilhão dessa maneira. Esses recursos dão assistência e reparação às vítimas, além de fomentarem treinamento, assistência técnica e comunicação do combate ao crime. O Instituto Não Aceito Corrupção, ao lado de diversas entidades e juristas, propôs a criação do Fundo Nacional de Combate à Corrupção (FNCC). Os valores angariados seriam destinados para educação, saúde, ciência e tecnologia, esporte, cultura, meio ambiente, além de ações de pesquisa, incentivo à cidadania e controle social da gestão pública. Para isso, seria criado um conselho consultivo plural, a ser constituído por representantes do Executivo (Polícia Federal, Controle Interno, Receita Federal, Advocacia Pública etc.), CNJ (Conselho Nacional de Justiça), CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público), TCU, Câmara dos Deputados, Senado Federal e sociedade. O objetivo é tornar o mais transparente possível a definição de diretrizes a respeito da aplicação dos recursos. É vital que o novo Fundo Nacional de Combate à Corrupção financie, num novo círculo virtuoso, iniciativas de prevenção e combate a essa modalidade de crime. Da mesma forma, para evitar a repetição de exemplos deletérios, deve-se proibir que tais verbas sejam entesouradas no caixa-geral do Estado e acabem por financiar novas e bilionárias obras superfaturadas. ROBERTO LIVIANU doutor em direito pela USP, é promotor de Justiça em São Paulo e presidente do Instituto Não Aceito Corrupção WALTER VIEIRA CENEVIVA é advogado e membro do Conselho de Comunicação do Congresso Nacional PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br
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Fundo contra a corrupçãoO Fórum Econômico Mundial divulgou recentemente um relatório internacional que classifica o Brasil como o quarto país mais corrupto do mundo, atrás apenas do Chade, da Bolívia e da Venezuela. É um retrato ainda pior que o pintado pela Transparência Internacional, que nos aponta como o 76º de uma lista de quase 180 países, sendo o último aquele de maior percepção de corrupção. Já se disse que esse tipo de delito nos custaria R$ 200 bilhões por ano. São percepções. Nenhuma delas incontestável pelo simples fato de que a maior parte desses crimes não é denunciada (cifra negra criminológica). Certo é, no entanto, talvez pela impunidade, que esse é o problema que mais nos angustia hoje, sendo indiscutível a necessidade de sua prevenção e reparação. As 10 medidas contra a corrupção propõem um necessário reajuste punitivo. Mas, além delas, a novidade da arrecadação de bilionárias multas em colaborações premiadas e acordos de leniência impõe necessária discussão sobre o destino desses recursos. Os bilhões captados por fundos setoriais federais, como o Fust (universalização de telecomunicações)e o FAT (amparo ao trabalhador), geram exemplos de desvios de finalidade, pois acabam pagando juros a credores da dívida pública federal ou são destinados a tapar buracos das rodovias federais. Bem por isso o TCU (Tribunal de Contas da União) obrigou o governo federal a recompor o saldo do Fistel (Fundo de Fiscalização das Telecomunicações), cujo patrimônio foi dilapidado ao longo dos anos. Aliás, esse caso é significativo, pois, na recomposição, verificou-se grande dúvida sobre o quanto teria sido arrecadado. Anatel e TCU revelaram valores discrepantes. O Fundo para Reparação de Vítimas de Crime, criado por lei nos Estados Unidos, por exemplo, reúne US$ 730 milhões. As receitas são constituídas por multas aplicadas a empresas que cometeram crimes federais. Empresas que praticam corrupção em outros países também são multadas. Em 2014, arrecadou-se aproximadamente US$ 1,25 bilhão dessa maneira. Esses recursos dão assistência e reparação às vítimas, além de fomentarem treinamento, assistência técnica e comunicação do combate ao crime. O Instituto Não Aceito Corrupção, ao lado de diversas entidades e juristas, propôs a criação do Fundo Nacional de Combate à Corrupção (FNCC). Os valores angariados seriam destinados para educação, saúde, ciência e tecnologia, esporte, cultura, meio ambiente, além de ações de pesquisa, incentivo à cidadania e controle social da gestão pública. Para isso, seria criado um conselho consultivo plural, a ser constituído por representantes do Executivo (Polícia Federal, Controle Interno, Receita Federal, Advocacia Pública etc.), CNJ (Conselho Nacional de Justiça), CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público), TCU, Câmara dos Deputados, Senado Federal e sociedade. O objetivo é tornar o mais transparente possível a definição de diretrizes a respeito da aplicação dos recursos. É vital que o novo Fundo Nacional de Combate à Corrupção financie, num novo círculo virtuoso, iniciativas de prevenção e combate a essa modalidade de crime. Da mesma forma, para evitar a repetição de exemplos deletérios, deve-se proibir que tais verbas sejam entesouradas no caixa-geral do Estado e acabem por financiar novas e bilionárias obras superfaturadas. ROBERTO LIVIANU doutor em direito pela USP, é promotor de Justiça em São Paulo e presidente do Instituto Não Aceito Corrupção WALTER VIEIRA CENEVIVA é advogado e membro do Conselho de Comunicação do Congresso Nacional PARTICIPAÇÃO Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br
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Ator britânico Colin Firth recebe cidadania italiana após 'brexit'
O ator britânico Colin Firth, que muitas vezes interpretou a figura do inglês quintessencial, se tornou um cidadão italiano, informou o Ministério do Interior da Itália. A mídia britânica relatou no ano passado que Firth havia se candidatado a se tornar italiano após o referendo britânico para deixar a União Europeia. "O ator muito famoso, que ganhou um Oscar pelo filme 'O Discurso do Rei', é casado com uma cidadã de nosso país e muitas vezes declarou seu amor por nossa terra", informou o Ministério do Interior em comunicado. Firth é casado com a produtora de cinema italiana Livia Giuggioli desde 1997 e o casal vive com seus dois filhos no Reino Unido. Diferentemente de outros países da União Europeia, a Itália permite dupla cidadania, então Firth pode manter seu passaporte britânico. Diversos países da UE, incluindo Alemanha, França e Irlanda, relataram um crescimento de cidadãos britânicos que buscam uma nova nacionalidade após a votação do "brexit". O anúncio italiano sobre o novo passaporte de Firth ocorreu apenas horas depois de a primeira-ministra britânica, Theresa May, voar a Florença para dar um discurso para tentar reviver as paralisadas negociações do "brexit" e tranquilizar líderes comerciais.
ilustrada
Ator britânico Colin Firth recebe cidadania italiana após 'brexit'O ator britânico Colin Firth, que muitas vezes interpretou a figura do inglês quintessencial, se tornou um cidadão italiano, informou o Ministério do Interior da Itália. A mídia britânica relatou no ano passado que Firth havia se candidatado a se tornar italiano após o referendo britânico para deixar a União Europeia. "O ator muito famoso, que ganhou um Oscar pelo filme 'O Discurso do Rei', é casado com uma cidadã de nosso país e muitas vezes declarou seu amor por nossa terra", informou o Ministério do Interior em comunicado. Firth é casado com a produtora de cinema italiana Livia Giuggioli desde 1997 e o casal vive com seus dois filhos no Reino Unido. Diferentemente de outros países da União Europeia, a Itália permite dupla cidadania, então Firth pode manter seu passaporte britânico. Diversos países da UE, incluindo Alemanha, França e Irlanda, relataram um crescimento de cidadãos britânicos que buscam uma nova nacionalidade após a votação do "brexit". O anúncio italiano sobre o novo passaporte de Firth ocorreu apenas horas depois de a primeira-ministra britânica, Theresa May, voar a Florença para dar um discurso para tentar reviver as paralisadas negociações do "brexit" e tranquilizar líderes comerciais.
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Em crise, Vale deve deixar empregados sem reajuste salarial em 2015
A crise no mercado de minério de ferro deve deixar os empregados da Vale sem reajuste salarial este ano. A proposta da empresa, que prevê apenas o pagamento de abono, já começou a ser votada em assembleias. Os sindicatos pediam pelo menos a reposição da inflação, mas a companhia diz que o cenário atual não permite aumento de custos. Desde o começo da queda dos preços do minério, a Vale vem adotando medidas para enxugar operações, como demissão de trabalhadores (são 60 mil empregados no Brasil) e venda de ativos. Além da crise do minério de ferro, a companhia pode ser chamada a resgatar a controlada Samarco, que corre o risco de fechar após o rompimento da barragem em Mariana (MG). A proposta atual, além de não prever aumento, reduz os benefícios com o plano de saúde, segundo sindicatos. A oferta é de um abono de R$ 4.600 mais uma compensação de R$ 1.200 pelas mudanças no plano de saúde. A proposta será votada pelos trabalhadores até a semana que vem. Os trabalhadores do Rio criticam também a mudança da sede do centro para a Barra da Tijuca (zona oeste).
mercado
Em crise, Vale deve deixar empregados sem reajuste salarial em 2015A crise no mercado de minério de ferro deve deixar os empregados da Vale sem reajuste salarial este ano. A proposta da empresa, que prevê apenas o pagamento de abono, já começou a ser votada em assembleias. Os sindicatos pediam pelo menos a reposição da inflação, mas a companhia diz que o cenário atual não permite aumento de custos. Desde o começo da queda dos preços do minério, a Vale vem adotando medidas para enxugar operações, como demissão de trabalhadores (são 60 mil empregados no Brasil) e venda de ativos. Além da crise do minério de ferro, a companhia pode ser chamada a resgatar a controlada Samarco, que corre o risco de fechar após o rompimento da barragem em Mariana (MG). A proposta atual, além de não prever aumento, reduz os benefícios com o plano de saúde, segundo sindicatos. A oferta é de um abono de R$ 4.600 mais uma compensação de R$ 1.200 pelas mudanças no plano de saúde. A proposta será votada pelos trabalhadores até a semana que vem. Os trabalhadores do Rio criticam também a mudança da sede do centro para a Barra da Tijuca (zona oeste).
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Livro revê a história de São Paulo e reúne mais de cem fotos em 3D da cidade
DE SÃO PAULO Megalópoles como São Paulo por vezes se desenvolvem improvisadamente, aos amontoados –de casas, prédios, avenidas, monumentos, viadutos. Capturar justamente essas diversas camadas da cidade foi a intenção do fotógrafo Marcos Muzi no livro "estéreofluxos São Paulo", que ele lança nesta quarta (25). O ensaio, que demandou cerca de um ano de trabalho, tem mais de cem fotos de São Paulo em 3D. Elas podem mostrar a metrópole na altura de visão "dos humanos, dos pássaros ou dos anjos". Para cada tipo, Muzi usou uma técnica. Nas fotos "dos humanos", adotou câmeras estereoscópicas dos anos 1990 (com duas máquinas fotográficas analógicas) e dos dias de hoje (no sistema 3D Hero, da GoPro). As imagens com a visão "dos pássaros" foram captadas com a ajuda de drones a até 150 metros do chão. E a visão "dos anjos" usou imagens de satélite e do Google Earth. Ainda que retratem os dias de hoje, as fotos procuram fazer um relato histórico da cidade –começam no centro e no Pateo do Collegio e avançam até Paraisópolis e os prédios de escritórios da Marginal Pinheiros. Os textos, de Gavin Adams, reveem parte da história paulistana e da fotografia e explicam as técnicas usadas no projeto. O efeito do resultado surpreende em imagens como a do Monumento às Bandeiras visto de cima e de um pedestre tomando chuva na praça do Pôr do Sol. "O 3D é mais real do que a realidade", define Muzi. estéreofluxos SãoPaulo. Autores: Gavin Adams e Marcos Muzi. Ed.: Pink (122 págs., R$ 80). Lançamento: Livraria da Vila - Shopping JK Iguatemi - Av. Pres. Juscelino Kubitschek, 2.041. Qua. (25): 16h às 20h.
saopaulo
Livro revê a história de São Paulo e reúne mais de cem fotos em 3D da cidadeDE SÃO PAULO Megalópoles como São Paulo por vezes se desenvolvem improvisadamente, aos amontoados –de casas, prédios, avenidas, monumentos, viadutos. Capturar justamente essas diversas camadas da cidade foi a intenção do fotógrafo Marcos Muzi no livro "estéreofluxos São Paulo", que ele lança nesta quarta (25). O ensaio, que demandou cerca de um ano de trabalho, tem mais de cem fotos de São Paulo em 3D. Elas podem mostrar a metrópole na altura de visão "dos humanos, dos pássaros ou dos anjos". Para cada tipo, Muzi usou uma técnica. Nas fotos "dos humanos", adotou câmeras estereoscópicas dos anos 1990 (com duas máquinas fotográficas analógicas) e dos dias de hoje (no sistema 3D Hero, da GoPro). As imagens com a visão "dos pássaros" foram captadas com a ajuda de drones a até 150 metros do chão. E a visão "dos anjos" usou imagens de satélite e do Google Earth. Ainda que retratem os dias de hoje, as fotos procuram fazer um relato histórico da cidade –começam no centro e no Pateo do Collegio e avançam até Paraisópolis e os prédios de escritórios da Marginal Pinheiros. Os textos, de Gavin Adams, reveem parte da história paulistana e da fotografia e explicam as técnicas usadas no projeto. O efeito do resultado surpreende em imagens como a do Monumento às Bandeiras visto de cima e de um pedestre tomando chuva na praça do Pôr do Sol. "O 3D é mais real do que a realidade", define Muzi. estéreofluxos SãoPaulo. Autores: Gavin Adams e Marcos Muzi. Ed.: Pink (122 págs., R$ 80). Lançamento: Livraria da Vila - Shopping JK Iguatemi - Av. Pres. Juscelino Kubitschek, 2.041. Qua. (25): 16h às 20h.
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Após série para HBO, Paolo Sorrentino fará filme sobre Silvio Berlusconi
Paolo Sorrentino ("A Grande Beleza" e "A Juventude"), que atualmente dirige a minissérie "The Young Pope" para a HBO, já tem um novo projeto à vista: um filme sobre Silvio Berlusconi e o círculo de pessoas próximas ao ex-primeiro-ministro italiano. De acordo com a "Variety", o cineasta estaria trabalhando no roteiro de "Loro", que teria as filmagens agendadas para meados de 2017. A princípio, especula-se que o longa será filmado em italiano, assim como os maiores sucessos do diretor, como "A Grande Beleza", pelo qual venceu o Oscar na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. O elenco ainda não foi definido ou anunciado, mas a mídia internacional já repercute Toni Servillo, ator do premiado filme citado anteriormente, como uma possibilidade natural para o papel de protagonista.
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Após série para HBO, Paolo Sorrentino fará filme sobre Silvio BerlusconiPaolo Sorrentino ("A Grande Beleza" e "A Juventude"), que atualmente dirige a minissérie "The Young Pope" para a HBO, já tem um novo projeto à vista: um filme sobre Silvio Berlusconi e o círculo de pessoas próximas ao ex-primeiro-ministro italiano. De acordo com a "Variety", o cineasta estaria trabalhando no roteiro de "Loro", que teria as filmagens agendadas para meados de 2017. A princípio, especula-se que o longa será filmado em italiano, assim como os maiores sucessos do diretor, como "A Grande Beleza", pelo qual venceu o Oscar na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. O elenco ainda não foi definido ou anunciado, mas a mídia internacional já repercute Toni Servillo, ator do premiado filme citado anteriormente, como uma possibilidade natural para o papel de protagonista.
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ESPN negocia direitos do Chinês, mas esbarra em desorganização e dólar alto
Devido ao poder de atração que tem exercido sobre os jogadores brasileiros nos últimos anos, mais recentemente sobre os corintianos, o Campeonato Chinês tem ganhado evidência no noticiário nacional. Atenta a esse movimento, a ESPN tem negociado há mais de uma temporada os direitos de transmissão do torneio. A emissora tem se notabilizado pela exibição de torneios fora do eixo tradicional, como o Ucraniano, o Russo e o Mexicano. No entanto, a ESPN esbarra em obstáculos que têm tornado o desfecho positivo cada vez mais improvável. "O Campeonato Chinês ainda é mal organizado para distribuição internacional. Fomos atrás dos direitos no ano passado, quando a primeira leva de brasileiros foi para lá, como o Ricardo Goulart, entre outros. E eles não conseguiram responder para a gente questões como distribuição, escolha de jogos", diz Carlos Eduardo Maluf, diretor de aquisições da ESPN. "Nós perguntamos para quem está oferecendo os direitos para a ESPN: os gráficos na transmissão internacional estarão em chinês ou inglês? Não sabem responder. Ainda não conseguimos saber o horários dos jogos, por exemplo." "No caso do Campeonato Inglês, eles mandam o sinal para a BT Tower e então vai para o mundo todo, 200 países. No caso do Chinês, até onde sei, não há muitos estrangeiros, então estava valendo a pena somente para nós do Brasil. Então, ficava muito caro mandar um duplo salto de satélite só para o Brasil", explica Maluf, esclarecendo que nos torneios mais badalados o valor do satélite é dividido pelas emissoras dos países que recebem os saltos. "Estamos sempre abertos a novos campeonatos. Mas no atual momento de pressão econômica, com operadoras diminuindo assinantes, temos que dar tiros certeiros. Temos interesse? Temos. Está em andamento? Inicial, estamos pedindo mais informações", completa. Em outubro de 2015, a empresa China Sports Media adquiriu os direitos de transmissão do Chinês por US$ 1,26 bilhão (cerca de R$ 4,8 bilhões) pelos próximos cinco anos. Por enquanto, o retorno desse valor deve ter origem no mercado interno, formado pela maior população do mundo (cerca de 1,3 bilhão de pessoas) e um presidente, Xi Jinping, que gosta do esporte e tem investido em programas de popularização da modalidade. "Não estou fazendo uma avaliação pejorativa, negativa. Vejo que eles estão descobrindo o mercado. Não diria que são amadores, mas que estão se profissionalizando. Além disso, às vezes o potencial lá dentro é tão grande, com mais de 1,3 bilhão de pessoas, que a transmissão para o exterior não é tão relevante no momento", analisa Maluf, que revela que os direitos de transmissão do Inglês foram vendidos pela duração de seis anos somente para Estados Unidos e China –"eles assistem futebol, então." "Se fosse um momento anterior, quando o dólar estava bom e nós adquirimos o Ucraniano, o Grego, a gente comprava e depois via o que fazer. A gente não faz isso [agora]. Estamos dando tiros grandes, com Inglês, Espanhol, Alemão, Francês, Italiano, Holandês, e não renovamos com os menores. Mas estamos abertos a novidades, como a MLS [dos Estados Unidos], o Mexicano e a Copa da Argentina, que estamos transmitindo", completa. Em relação ao possível apelo do Chinês, que agora contará com brasileiros que fizeram boas temporadas no Brasil, Maluf vê um interesse passageiro. "Estava discutindo isso ontem aqui. Na minha opinião pessoal, existe uma modinha. Mais curiosidade que apelo. O Ucraniano dava número [de audiência], tinha o Shakhtar Donetsk com bastante brasileiros... E hoje ninguém mais fala. Temos que seguir vendo", conclui. Apuração da Folha apontou que, no Brasil, a ESPN não enfrenta concorrência de outras emissoras pelos direitos do torneio asiático. Mercado da bola
esporte
ESPN negocia direitos do Chinês, mas esbarra em desorganização e dólar altoDevido ao poder de atração que tem exercido sobre os jogadores brasileiros nos últimos anos, mais recentemente sobre os corintianos, o Campeonato Chinês tem ganhado evidência no noticiário nacional. Atenta a esse movimento, a ESPN tem negociado há mais de uma temporada os direitos de transmissão do torneio. A emissora tem se notabilizado pela exibição de torneios fora do eixo tradicional, como o Ucraniano, o Russo e o Mexicano. No entanto, a ESPN esbarra em obstáculos que têm tornado o desfecho positivo cada vez mais improvável. "O Campeonato Chinês ainda é mal organizado para distribuição internacional. Fomos atrás dos direitos no ano passado, quando a primeira leva de brasileiros foi para lá, como o Ricardo Goulart, entre outros. E eles não conseguiram responder para a gente questões como distribuição, escolha de jogos", diz Carlos Eduardo Maluf, diretor de aquisições da ESPN. "Nós perguntamos para quem está oferecendo os direitos para a ESPN: os gráficos na transmissão internacional estarão em chinês ou inglês? Não sabem responder. Ainda não conseguimos saber o horários dos jogos, por exemplo." "No caso do Campeonato Inglês, eles mandam o sinal para a BT Tower e então vai para o mundo todo, 200 países. No caso do Chinês, até onde sei, não há muitos estrangeiros, então estava valendo a pena somente para nós do Brasil. Então, ficava muito caro mandar um duplo salto de satélite só para o Brasil", explica Maluf, esclarecendo que nos torneios mais badalados o valor do satélite é dividido pelas emissoras dos países que recebem os saltos. "Estamos sempre abertos a novos campeonatos. Mas no atual momento de pressão econômica, com operadoras diminuindo assinantes, temos que dar tiros certeiros. Temos interesse? Temos. Está em andamento? Inicial, estamos pedindo mais informações", completa. Em outubro de 2015, a empresa China Sports Media adquiriu os direitos de transmissão do Chinês por US$ 1,26 bilhão (cerca de R$ 4,8 bilhões) pelos próximos cinco anos. Por enquanto, o retorno desse valor deve ter origem no mercado interno, formado pela maior população do mundo (cerca de 1,3 bilhão de pessoas) e um presidente, Xi Jinping, que gosta do esporte e tem investido em programas de popularização da modalidade. "Não estou fazendo uma avaliação pejorativa, negativa. Vejo que eles estão descobrindo o mercado. Não diria que são amadores, mas que estão se profissionalizando. Além disso, às vezes o potencial lá dentro é tão grande, com mais de 1,3 bilhão de pessoas, que a transmissão para o exterior não é tão relevante no momento", analisa Maluf, que revela que os direitos de transmissão do Inglês foram vendidos pela duração de seis anos somente para Estados Unidos e China –"eles assistem futebol, então." "Se fosse um momento anterior, quando o dólar estava bom e nós adquirimos o Ucraniano, o Grego, a gente comprava e depois via o que fazer. A gente não faz isso [agora]. Estamos dando tiros grandes, com Inglês, Espanhol, Alemão, Francês, Italiano, Holandês, e não renovamos com os menores. Mas estamos abertos a novidades, como a MLS [dos Estados Unidos], o Mexicano e a Copa da Argentina, que estamos transmitindo", completa. Em relação ao possível apelo do Chinês, que agora contará com brasileiros que fizeram boas temporadas no Brasil, Maluf vê um interesse passageiro. "Estava discutindo isso ontem aqui. Na minha opinião pessoal, existe uma modinha. Mais curiosidade que apelo. O Ucraniano dava número [de audiência], tinha o Shakhtar Donetsk com bastante brasileiros... E hoje ninguém mais fala. Temos que seguir vendo", conclui. Apuração da Folha apontou que, no Brasil, a ESPN não enfrenta concorrência de outras emissoras pelos direitos do torneio asiático. Mercado da bola
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Frase de ministro sobre impeachment mancha sua biografia, diz leitora
IMPEACHMENT Se Ricardo Lewandowski achava tudo isso do impeachment, por que, então, presidiu o julgamento no Senado? Agora, não lança nódoa no processo, mas em sua biografia, por ter presidido sem convicção o julgamento, que foi democrático. Tem que ser alterada a forma de nomeação de ministros do STF, que deveria ter desembargadores de carreira, e proposta a extinção do quinto constitucional. NELI APARECIDA DE FARIA (São Paulo, SP) * Se entendi bem, o ministro do STF Ricardo Lewandowski, ao falar em "tropeço da democracia'', considera que o afastamento de Dilma Rousseff foi um erro. Acho que os milhões de brasileiros que foram às ruas de verde e amarelo estão no país errado e não sabem ler as leis. OTAVIO DE QUEIROZ (São Paulo, SP) - MASSACRE DO CARANDIRU Quero cumprimentar a Folha pelo notável editorial "Massacre, sim". O texto resume com grande rigor e precisão a luta e a indignação contra a impunidade para os policiais militares que executaram, em celas fechadas, pelas costas, com tiros na cabeça, 111 detentos do Carandiru. Impunidade agora, 24 anos depois, confirmada despudoradamente pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. PAULO SÉRGIO PINHEIRO, ex-ministro da Secretaria de Direitos Humanos (São Paulo, SP) * Democracia se resume a urnas eletrônicas, partidos "legalmente" formados e "três" Poderes? O Carandiru prova que não. Democracia é consequência. A Revolução Francesa não foi causa, foi consequência. Só se deu uma vez, mas nunca será esquecida. O Carandiru, em francês, se chama Bastilha: uma prisão onde o Estado se livra daquilo com que não tem interesse em lidar. Tão óbvio, e ninguém percebe. MÁRCIO COSTA RODRIGUES (Goiânia, GO) * A anulação do julgamento dos policiais militares responsáveis pelo massacre do Carandiru tem um adendo escondido e que continuará impune: Luiz Antonio Fleury Filho. MARCOS BARBOSA (Casa Branca, SP) - JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE Muito boa a análise "Sem critérios, desigualdade em saúde tende a aumentar", de Cláudia Collucci. Quem recorre à Justiça, em geral, são as pessoas mais favorecidas. ROMEU MERHEJ, médico (São Carlos, SP) * O artigo sintetizou a polêmica que envolve a obrigatoriedade de fornecimento de medicamentos por meio de medidas judiciais. Claúdia Collucci colocou o dedo na ferida: é preciso estabelecer critérios para definir os casos em que isso deve acontecer. O problema reside justamente na dificuldade de definir que critérios seriam esses (econômicos, disponibilidade dos remédios no SUS e no país e eficácia deles no tratamento de doenças). Pelo andar da carruagem, vai demorar ainda um bom tempo para que cheguemos a um denominador comum. JOSÉ ELIAS AIEX NETO (Foz do Iguaçu, PR) - REFORMA DA PREVIDÊNCIA O projeto de reforma da Previdência se insere no amplo cenário das reformas estruturantes, das quais efetivamente necessitamos. Urge, entretanto, que nossas lideranças saibam calibrar as mudanças em questão, para que não haja um desiquilíbrio entre as classes sociais, prejudicando as mais humildes em benefício das camadas superiores. JOSÉ DE A. NOBRE DE ALMEIDA (Rio de Janeiro, RJ) - JUSTIÇA Gostaria que Fábio Simantob apontasse os dados que o levaram à conclusão de que os erros judiciários "adquirem contornos de tragédia social". Seu artigo não está embasado em um estudo sério e propaga publicamente a ideia de que o Judiciário condena sem compromisso com critérios técnicos. O discurso mais se assemelha à defesa de uma ideologia do que à busca pela verdade. PEDRO LUIZ F. NERY RAFAEL (São Paulo, SP) - COLUNISTAS Sensato o artigo de Roberto Dias. A privatização e as parcerias público-privadas já não são o bicho-papão da sociedade. Porém o argumento de que nos últimos 20 anos o governo "caminhou aos trancos e barrancos" se enfraquece quando pensamos quais governos estiveram à frente dos papéis regulatório e fiscalizador. Lula e Dilma aparelharam o Estado, ato típico de governos populistas que não trabalham pela institucionalização do país. A Lava Jato está aí para provar. YUSSIF ALI MERE JR, presidente da Federação dos Hospitais, Laboratórios e Clínicas do Estado de São Paulo (FEHOESP) (São Paulo, SP) * Ao afirmar que ninguém quer aparecer ao lado do presidente Michel Temer nas campanhas políticas, Bernardo Mello Franco atribuiu a ele o título de "O grande ausente". Eu discordo, pois na minha região os candidatos petistas estão correndo é da "estrelinha" e da cor vermelha do partido. LUIZ ALBERTO M. C. BARROS (Guaratinguetá, SP) * Já me habituei a Janio de Freitas com seu samba de uma nota só. Afinal, é um jornalista que tem peso. Porém vejo que até "Mercado", com Laura Carvalho, insiste no mesmo refrão: a defesa do indefensável. E como não mudar o meu humor com Vanessa Grazziotin logo na página A2? JORIA TOSCANO DANTAS AUMOND (São Paulo, SP) - TELECOMUNICAÇÕES Sobre o editorial "Disfunção celular", o setor de telecomunicações ressalta que investe R$ 28 bilhões ao ano, numa infraestrutura com 350 milhões de clientes. O TCU apontou 36 mil ligações com cobranças indevidas em um ano. É preciso considerar que esse volume equivale a 0,00002% do total de 200 bilhões de ligações anuais. O setor concorda que o número de indicadores de qualidade seja reduzido e reflita a percepção do usuário. É preciso mudar regulamentos e leis para facilitar a instalação de novas antenas. EDUARDO LEVY, presidente-executivo do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (Brasília, DF) - PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@grupofolha.com.br
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Frase de ministro sobre impeachment mancha sua biografia, diz leitoraIMPEACHMENT Se Ricardo Lewandowski achava tudo isso do impeachment, por que, então, presidiu o julgamento no Senado? Agora, não lança nódoa no processo, mas em sua biografia, por ter presidido sem convicção o julgamento, que foi democrático. Tem que ser alterada a forma de nomeação de ministros do STF, que deveria ter desembargadores de carreira, e proposta a extinção do quinto constitucional. NELI APARECIDA DE FARIA (São Paulo, SP) * Se entendi bem, o ministro do STF Ricardo Lewandowski, ao falar em "tropeço da democracia'', considera que o afastamento de Dilma Rousseff foi um erro. Acho que os milhões de brasileiros que foram às ruas de verde e amarelo estão no país errado e não sabem ler as leis. OTAVIO DE QUEIROZ (São Paulo, SP) - MASSACRE DO CARANDIRU Quero cumprimentar a Folha pelo notável editorial "Massacre, sim". O texto resume com grande rigor e precisão a luta e a indignação contra a impunidade para os policiais militares que executaram, em celas fechadas, pelas costas, com tiros na cabeça, 111 detentos do Carandiru. Impunidade agora, 24 anos depois, confirmada despudoradamente pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. PAULO SÉRGIO PINHEIRO, ex-ministro da Secretaria de Direitos Humanos (São Paulo, SP) * Democracia se resume a urnas eletrônicas, partidos "legalmente" formados e "três" Poderes? O Carandiru prova que não. Democracia é consequência. A Revolução Francesa não foi causa, foi consequência. Só se deu uma vez, mas nunca será esquecida. O Carandiru, em francês, se chama Bastilha: uma prisão onde o Estado se livra daquilo com que não tem interesse em lidar. Tão óbvio, e ninguém percebe. MÁRCIO COSTA RODRIGUES (Goiânia, GO) * A anulação do julgamento dos policiais militares responsáveis pelo massacre do Carandiru tem um adendo escondido e que continuará impune: Luiz Antonio Fleury Filho. MARCOS BARBOSA (Casa Branca, SP) - JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE Muito boa a análise "Sem critérios, desigualdade em saúde tende a aumentar", de Cláudia Collucci. Quem recorre à Justiça, em geral, são as pessoas mais favorecidas. ROMEU MERHEJ, médico (São Carlos, SP) * O artigo sintetizou a polêmica que envolve a obrigatoriedade de fornecimento de medicamentos por meio de medidas judiciais. Claúdia Collucci colocou o dedo na ferida: é preciso estabelecer critérios para definir os casos em que isso deve acontecer. O problema reside justamente na dificuldade de definir que critérios seriam esses (econômicos, disponibilidade dos remédios no SUS e no país e eficácia deles no tratamento de doenças). Pelo andar da carruagem, vai demorar ainda um bom tempo para que cheguemos a um denominador comum. JOSÉ ELIAS AIEX NETO (Foz do Iguaçu, PR) - REFORMA DA PREVIDÊNCIA O projeto de reforma da Previdência se insere no amplo cenário das reformas estruturantes, das quais efetivamente necessitamos. Urge, entretanto, que nossas lideranças saibam calibrar as mudanças em questão, para que não haja um desiquilíbrio entre as classes sociais, prejudicando as mais humildes em benefício das camadas superiores. JOSÉ DE A. NOBRE DE ALMEIDA (Rio de Janeiro, RJ) - JUSTIÇA Gostaria que Fábio Simantob apontasse os dados que o levaram à conclusão de que os erros judiciários "adquirem contornos de tragédia social". Seu artigo não está embasado em um estudo sério e propaga publicamente a ideia de que o Judiciário condena sem compromisso com critérios técnicos. O discurso mais se assemelha à defesa de uma ideologia do que à busca pela verdade. PEDRO LUIZ F. NERY RAFAEL (São Paulo, SP) - COLUNISTAS Sensato o artigo de Roberto Dias. A privatização e as parcerias público-privadas já não são o bicho-papão da sociedade. Porém o argumento de que nos últimos 20 anos o governo "caminhou aos trancos e barrancos" se enfraquece quando pensamos quais governos estiveram à frente dos papéis regulatório e fiscalizador. Lula e Dilma aparelharam o Estado, ato típico de governos populistas que não trabalham pela institucionalização do país. A Lava Jato está aí para provar. YUSSIF ALI MERE JR, presidente da Federação dos Hospitais, Laboratórios e Clínicas do Estado de São Paulo (FEHOESP) (São Paulo, SP) * Ao afirmar que ninguém quer aparecer ao lado do presidente Michel Temer nas campanhas políticas, Bernardo Mello Franco atribuiu a ele o título de "O grande ausente". Eu discordo, pois na minha região os candidatos petistas estão correndo é da "estrelinha" e da cor vermelha do partido. LUIZ ALBERTO M. C. BARROS (Guaratinguetá, SP) * Já me habituei a Janio de Freitas com seu samba de uma nota só. Afinal, é um jornalista que tem peso. Porém vejo que até "Mercado", com Laura Carvalho, insiste no mesmo refrão: a defesa do indefensável. E como não mudar o meu humor com Vanessa Grazziotin logo na página A2? JORIA TOSCANO DANTAS AUMOND (São Paulo, SP) - TELECOMUNICAÇÕES Sobre o editorial "Disfunção celular", o setor de telecomunicações ressalta que investe R$ 28 bilhões ao ano, numa infraestrutura com 350 milhões de clientes. O TCU apontou 36 mil ligações com cobranças indevidas em um ano. É preciso considerar que esse volume equivale a 0,00002% do total de 200 bilhões de ligações anuais. O setor concorda que o número de indicadores de qualidade seja reduzido e reflita a percepção do usuário. É preciso mudar regulamentos e leis para facilitar a instalação de novas antenas. EDUARDO LEVY, presidente-executivo do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (Brasília, DF) - PARTICIPAÇÃO Os leitores podem colaborar com o conteúdo da Folha enviando notícias, fotos e vídeos (de acontecimentos ou comentários) que sejam relevantes no Brasil e no mundo. Para isso, basta acessar Envie sua Notícia ou enviar mensagem para leitor@grupofolha.com.br
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Para especialistas, seria difícil prevenir ataque terrorista
O policiamento de Londres será intensificado, nos próximos dias, em reação ao ataque desta quarta-feira nos arredores do Parlamento. Homens armados farão a patrulha em pontos estratégicos, como o transporte público e os aeroportos, uma visão cada vez mais recorrente em capitais europeias. Mas o ataque a Londres, aparentemente realizado apenas com uma faca e um carro, dificilmente poderia ter sido evitado pelas forças de segurança, a despeito de seu alto nível de alerta, segundo especialistas ouvidos pela Folha. O dano causado pelo atropelamento na ponte de Westminster poderia ter sido reduzido por barreiras, afirma Daveed Gartenstein-Ross, especialista em combate ao terrorismo e consultor em agência do governo dos EUA. Mas, para ele, "não seria possível impedir um homem de atacar um policial com uma faca". O analista em segurança Andrew Silke, que assessora a Polícia Metropolitana de Londres, por sua vez descreve o atentado de Westminster como uma ação baseada em "baixa tecnologia" –dificultando sua prevenção. "É diferente de quando as forças de segurança lidam com explosivos ou armas pesadas", afirma. Esses estoques pesados podem ser monitorados mais facilmente. A situação se assemelha a dois outros ataques em cidades europeias em 2016: atropelamentos em Nice, na França, com 86 mortos, e em Berlim, com 12 vítimas. Em casos como esses, diz Silke, a polícia depende do monitoramento feito por agências de inteligência, que observam suspeitos, por exemplo, em redes sociais e páginas voltadas a radicais. O governo terá que se perguntar, portanto, se o responsável pelo ataque de Westminster já era conhecido pelas autoridades e, nesse caso, por que não foi impedido de agir nesta quarta-feira. Se for confirmado esse cenário, será situação semelhante à de Berlim, em que o terrorista Anis Amri já havia sido monitorado pelas autoridades alemãs. Por causa disso, o atentado ali causou constrangimento às autoridades, além do recrudescimento de medidas preventivas. Mas Silke espera que agora o governo da premiê Theresa May não exagere em sua reação. "O enfoque esteve no 'brexit', nos últimos meses, e não no combate ao terrorismo", diz, referindo-se ao processo de saída do Reino Unido da União Europeia. "Uma das minhas preocupações é que, agora, o governo britânico decida impor medidas draconianas."
mundo
Para especialistas, seria difícil prevenir ataque terroristaO policiamento de Londres será intensificado, nos próximos dias, em reação ao ataque desta quarta-feira nos arredores do Parlamento. Homens armados farão a patrulha em pontos estratégicos, como o transporte público e os aeroportos, uma visão cada vez mais recorrente em capitais europeias. Mas o ataque a Londres, aparentemente realizado apenas com uma faca e um carro, dificilmente poderia ter sido evitado pelas forças de segurança, a despeito de seu alto nível de alerta, segundo especialistas ouvidos pela Folha. O dano causado pelo atropelamento na ponte de Westminster poderia ter sido reduzido por barreiras, afirma Daveed Gartenstein-Ross, especialista em combate ao terrorismo e consultor em agência do governo dos EUA. Mas, para ele, "não seria possível impedir um homem de atacar um policial com uma faca". O analista em segurança Andrew Silke, que assessora a Polícia Metropolitana de Londres, por sua vez descreve o atentado de Westminster como uma ação baseada em "baixa tecnologia" –dificultando sua prevenção. "É diferente de quando as forças de segurança lidam com explosivos ou armas pesadas", afirma. Esses estoques pesados podem ser monitorados mais facilmente. A situação se assemelha a dois outros ataques em cidades europeias em 2016: atropelamentos em Nice, na França, com 86 mortos, e em Berlim, com 12 vítimas. Em casos como esses, diz Silke, a polícia depende do monitoramento feito por agências de inteligência, que observam suspeitos, por exemplo, em redes sociais e páginas voltadas a radicais. O governo terá que se perguntar, portanto, se o responsável pelo ataque de Westminster já era conhecido pelas autoridades e, nesse caso, por que não foi impedido de agir nesta quarta-feira. Se for confirmado esse cenário, será situação semelhante à de Berlim, em que o terrorista Anis Amri já havia sido monitorado pelas autoridades alemãs. Por causa disso, o atentado ali causou constrangimento às autoridades, além do recrudescimento de medidas preventivas. Mas Silke espera que agora o governo da premiê Theresa May não exagere em sua reação. "O enfoque esteve no 'brexit', nos últimos meses, e não no combate ao terrorismo", diz, referindo-se ao processo de saída do Reino Unido da União Europeia. "Uma das minhas preocupações é que, agora, o governo britânico decida impor medidas draconianas."
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STJD não aceita pedido do Figueirense para anular jogo contra Palmeiras
O STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) indeferiu nesta quarta-feira (19) o pedido do Figueirense de anulação do jogo contra o Palmeiras, realizado no último domingo, no estádio Orlando Scarpelli, em Florianópolis, pela 31ª rodada do Campeonato Brasileiro. O presidente do STJD, Ronaldo Piacente, rejeitou o pedido porque considera que não houve erro de direito e sim de interpretação da arbitragem. "Deixa evidente que o árbitro da partida e seu assistente não interpretaram nenhuma irregularidade no arremesso lateral em questão, interpretando a jogada como normal, o que afasta dolo ou intenção do árbitro em violar a regra 15 do Futebol". O clube catarinense pedia anulação da partida em virtude do segundo gol do Palmeiras, marcado por Jean. A equipe considerava que houve erro de direito do árbitro Igor Junio Benevenuto. No lance, o atacante Dudu cobrou o lateral rapidamente e a bola quicou pela primeira vez fora do gramado. A jogada prosseguiu com Gabriel Jesus e a bola sobrou para Jean marcar o segundo gol palmeirense. Caso o STJD acatasse o pedido, o Palmeiras teria os pontos suspensos na tabela, da mesma forma que ocorreu com o Flamengo na polêmica envolvendo o clássico contra o Fluminense. Com o arquivamento do pedido do Figueirense, o líder Palmeiras segue com 64 pontos na tabela do Campeonato Brasileiro. Segundo colocado, o Flamengo está com 57, enquanto o pedido de anulação do Fluminense em clássico com o Rubro-negro - acatado pelo STJD - não é julgado. O resultado em campo - 2 a 1 para o time da Gávea - foi suspenso. Por se tratar de uma questão emergencial e houver o julgamento, a sessão deve ser a mesma do Flá-Flu e realizada até o dia 4 de novembro, em Belo Horizonte. Veja vídeo
esporte
STJD não aceita pedido do Figueirense para anular jogo contra PalmeirasO STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) indeferiu nesta quarta-feira (19) o pedido do Figueirense de anulação do jogo contra o Palmeiras, realizado no último domingo, no estádio Orlando Scarpelli, em Florianópolis, pela 31ª rodada do Campeonato Brasileiro. O presidente do STJD, Ronaldo Piacente, rejeitou o pedido porque considera que não houve erro de direito e sim de interpretação da arbitragem. "Deixa evidente que o árbitro da partida e seu assistente não interpretaram nenhuma irregularidade no arremesso lateral em questão, interpretando a jogada como normal, o que afasta dolo ou intenção do árbitro em violar a regra 15 do Futebol". O clube catarinense pedia anulação da partida em virtude do segundo gol do Palmeiras, marcado por Jean. A equipe considerava que houve erro de direito do árbitro Igor Junio Benevenuto. No lance, o atacante Dudu cobrou o lateral rapidamente e a bola quicou pela primeira vez fora do gramado. A jogada prosseguiu com Gabriel Jesus e a bola sobrou para Jean marcar o segundo gol palmeirense. Caso o STJD acatasse o pedido, o Palmeiras teria os pontos suspensos na tabela, da mesma forma que ocorreu com o Flamengo na polêmica envolvendo o clássico contra o Fluminense. Com o arquivamento do pedido do Figueirense, o líder Palmeiras segue com 64 pontos na tabela do Campeonato Brasileiro. Segundo colocado, o Flamengo está com 57, enquanto o pedido de anulação do Fluminense em clássico com o Rubro-negro - acatado pelo STJD - não é julgado. O resultado em campo - 2 a 1 para o time da Gávea - foi suspenso. Por se tratar de uma questão emergencial e houver o julgamento, a sessão deve ser a mesma do Flá-Flu e realizada até o dia 4 de novembro, em Belo Horizonte. Veja vídeo
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Cunha articula com PSDB para aprovar redução de maioridade e derrotar governo
Em café da manhã com partidos de oposição na manhã desta quarta-feira (10), o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), decidiu fazer um acordo com o PSDB com o objetivo de derrotar o Palácio do Planalto e aprovar a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos. Até então, as tentativas de acordo eram inversas: PT e PSDB, embora rivais políticos, ensaiavam se unir para derrotar Cunha, defensor da proposta de alteração da Constituição para que jovens de 16 anos em diante possam ser punidos como adultos pelos crimes que cometerem. Diante da possível união entre tucanos e petistas contra seus propósitos, Cunha afirmou aos tucanos que abandonará sua ideia inicial –a de recuo da maioridade penal para qualquer tipo de crime– e passará a defender a proposta do senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), de redução da maioridade apenas para os crimes hediondos. Cunha também abandonará, segundo disse no café da manhã, a proposta de que qualquer decisão do Congresso só entre em vigor após referendo em 2016. Com isso, o que o Congresso aprovar passaria a valer imediatamente. A comissão especial que discute o tema começa a votar nesta quarta o relatório do deputado Laerte Bessa (PR-DF), que determina a redução para 16 anos, para qualquer tipo de crime. Possível pedido de vista deve empurrar a votação na comissão para o dia 17. Após o café da manhã, Cunha afirmou que irá votar a questão, no plenário da Câmara, no dia 30. Para que seja aprovada, a proposta precisa do apoio mínimo de 60% dos deputados federais. PT-PSDB O governo vinha estimulando um acordo com o PSDB com o objetivo de barrar a redução da maioridade, tese rejeitada historicamente pelo PT, o partido da presidente Dilma Roussseff. A articulação previa o apoio a um "meio-termo", que é a bandeira defendida pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) de elevar de três para oito anos o tempo máximo de internação de adolescentes infratores. Havia ainda a possibilidade de apoio à proposta do senador Aécio Neves (PSDB-MG) de elevar a pena para adultos que usem menores na prática de crimes. Ainda como reflexo do acordo costurado no café da manhã, Cunha disse que essas duas propostas, que não necessitam de alteração na Constituição, ficam para um segundo momento. "O produto que sair da comissão, e vai sair qualquer que seja, eu levarei a plenário e vou votar dia 30 de junho. Qualquer outra proposta, que também será muito bem-vinda, de lei ordinária ou de mudança, será votada em seguida", afirmou o presidente da Câmara, acrescentando: "Essa história de que se vai buscar um consenso em cima de um projeto de lei ordinária (...) não vai mudar a ideia de se votar a PEC [proposta de emenda à Constituição]".
cotidiano
Cunha articula com PSDB para aprovar redução de maioridade e derrotar governoEm café da manhã com partidos de oposição na manhã desta quarta-feira (10), o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), decidiu fazer um acordo com o PSDB com o objetivo de derrotar o Palácio do Planalto e aprovar a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos. Até então, as tentativas de acordo eram inversas: PT e PSDB, embora rivais políticos, ensaiavam se unir para derrotar Cunha, defensor da proposta de alteração da Constituição para que jovens de 16 anos em diante possam ser punidos como adultos pelos crimes que cometerem. Diante da possível união entre tucanos e petistas contra seus propósitos, Cunha afirmou aos tucanos que abandonará sua ideia inicial –a de recuo da maioridade penal para qualquer tipo de crime– e passará a defender a proposta do senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), de redução da maioridade apenas para os crimes hediondos. Cunha também abandonará, segundo disse no café da manhã, a proposta de que qualquer decisão do Congresso só entre em vigor após referendo em 2016. Com isso, o que o Congresso aprovar passaria a valer imediatamente. A comissão especial que discute o tema começa a votar nesta quarta o relatório do deputado Laerte Bessa (PR-DF), que determina a redução para 16 anos, para qualquer tipo de crime. Possível pedido de vista deve empurrar a votação na comissão para o dia 17. Após o café da manhã, Cunha afirmou que irá votar a questão, no plenário da Câmara, no dia 30. Para que seja aprovada, a proposta precisa do apoio mínimo de 60% dos deputados federais. PT-PSDB O governo vinha estimulando um acordo com o PSDB com o objetivo de barrar a redução da maioridade, tese rejeitada historicamente pelo PT, o partido da presidente Dilma Roussseff. A articulação previa o apoio a um "meio-termo", que é a bandeira defendida pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) de elevar de três para oito anos o tempo máximo de internação de adolescentes infratores. Havia ainda a possibilidade de apoio à proposta do senador Aécio Neves (PSDB-MG) de elevar a pena para adultos que usem menores na prática de crimes. Ainda como reflexo do acordo costurado no café da manhã, Cunha disse que essas duas propostas, que não necessitam de alteração na Constituição, ficam para um segundo momento. "O produto que sair da comissão, e vai sair qualquer que seja, eu levarei a plenário e vou votar dia 30 de junho. Qualquer outra proposta, que também será muito bem-vinda, de lei ordinária ou de mudança, será votada em seguida", afirmou o presidente da Câmara, acrescentando: "Essa história de que se vai buscar um consenso em cima de um projeto de lei ordinária (...) não vai mudar a ideia de se votar a PEC [proposta de emenda à Constituição]".
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Número de vítimas em Barcelona sobe; grupo terrorista é desmantelado
A polícia catalã anunciou nesta segunda-feira (21) que o número de mortos nos atentados da Espanha, na quinta (17), subiu de 14 para 15. Segundo autoridades, o motorista que atropelou uma multidão em Barcelona, deixando 13 pessoas mortas, esfaqueou um homem até a morte para roubar o seu veículo e escapar. Mais cedo, a polícia anunciou, sem citar nomes, que havia identificado o motorista do atentado na capital catalã. Pouco antes, o ministro do Interior, Joaquim Forn, afirmou que "tudo indica" que o marroquino Younes Abouyaaqoub, 22, dirigia o veículo. Abouyaaqoub foi morto em uma operação policial hoje (21) no município de Subirats, a 45 km de Barcelona. Ele portava um cinto com possíveis explosivos no momento do confronto. A polícia acredita que ele era o líder da célula terrorista que realizou os ataques na Espanha. Imagens divulgadas nesta segunda pelo jornal "El País" mostram Abouyaaqoub atravessando o popular mercado de La Boquería, usando óculos escuros, após o atentado. Depois, o marroquino teria atravessado grande parte de Barcelona a pé, até a saída sul da cidade. O governo regional da Catalunha havia informado que todas as forças policiais europeias estavam à procura de Abouyaaqoub, e que, até ser encontrado em Subirats, não se sabia se ele havia deixado a Espanha. "Essa pessoa não está mais sendo procurada somente na Catalunha, mas em todos os países da Europa, esse é um esforço da polícia europeia", afirmou Forn a uma rádio local antes da operação policial que levou à morte do suspeito. Localização Pelas redes sociais, a polícia catalã divulgou imagens e pediu informações sobre o paradeiro de Abouyaaqoub. Ele morava em Ripoll, uma cidade ao norte de Barcelona, ​​perto da fronteira francesa. A possibilidade de Abouyaaqoub estar entre os suspeitos mortos na quarta-feira (16) em uma casa de Alcanar, cidade a 200 km de Barcelona, já havia sido descartada. No local, militantes manipularam dezenas de cilindros de gás butano e material explosivo. A construção explodiu acidentalmente na quarta e as autoridades acreditam que, assustados e sem seu arsenal, os terroristas decidiram antecipar os atentados na Espanha. Depois do ataque em Barcelona, terroristas atropelaram pedestres em Cambrils, matando outra pessoa. Os cinco autores foram mortos pela polícia. Segundo a agência de notícias France Presse, todas as vítimas fatais dos atentados na Espanha já foram identificadas. Dos 120 feridos no atropelamento em Barcelona, nove ainda estão em estado crítico no hospital. Dos 11 integrantes da célula terrorista, cinco foram mortos no atentado de Cambrils, quatro estão detidos e as autoridades suspeitam que dois morreram na explosão de Alcanar. No sábado (19), antes da morte de Abouyaaqoub, o governo espanhol anunciou que o grupo tinha sido desmantelado. Reprodução/Twitter
mundo
Número de vítimas em Barcelona sobe; grupo terrorista é desmanteladoA polícia catalã anunciou nesta segunda-feira (21) que o número de mortos nos atentados da Espanha, na quinta (17), subiu de 14 para 15. Segundo autoridades, o motorista que atropelou uma multidão em Barcelona, deixando 13 pessoas mortas, esfaqueou um homem até a morte para roubar o seu veículo e escapar. Mais cedo, a polícia anunciou, sem citar nomes, que havia identificado o motorista do atentado na capital catalã. Pouco antes, o ministro do Interior, Joaquim Forn, afirmou que "tudo indica" que o marroquino Younes Abouyaaqoub, 22, dirigia o veículo. Abouyaaqoub foi morto em uma operação policial hoje (21) no município de Subirats, a 45 km de Barcelona. Ele portava um cinto com possíveis explosivos no momento do confronto. A polícia acredita que ele era o líder da célula terrorista que realizou os ataques na Espanha. Imagens divulgadas nesta segunda pelo jornal "El País" mostram Abouyaaqoub atravessando o popular mercado de La Boquería, usando óculos escuros, após o atentado. Depois, o marroquino teria atravessado grande parte de Barcelona a pé, até a saída sul da cidade. O governo regional da Catalunha havia informado que todas as forças policiais europeias estavam à procura de Abouyaaqoub, e que, até ser encontrado em Subirats, não se sabia se ele havia deixado a Espanha. "Essa pessoa não está mais sendo procurada somente na Catalunha, mas em todos os países da Europa, esse é um esforço da polícia europeia", afirmou Forn a uma rádio local antes da operação policial que levou à morte do suspeito. Localização Pelas redes sociais, a polícia catalã divulgou imagens e pediu informações sobre o paradeiro de Abouyaaqoub. Ele morava em Ripoll, uma cidade ao norte de Barcelona, ​​perto da fronteira francesa. A possibilidade de Abouyaaqoub estar entre os suspeitos mortos na quarta-feira (16) em uma casa de Alcanar, cidade a 200 km de Barcelona, já havia sido descartada. No local, militantes manipularam dezenas de cilindros de gás butano e material explosivo. A construção explodiu acidentalmente na quarta e as autoridades acreditam que, assustados e sem seu arsenal, os terroristas decidiram antecipar os atentados na Espanha. Depois do ataque em Barcelona, terroristas atropelaram pedestres em Cambrils, matando outra pessoa. Os cinco autores foram mortos pela polícia. Segundo a agência de notícias France Presse, todas as vítimas fatais dos atentados na Espanha já foram identificadas. Dos 120 feridos no atropelamento em Barcelona, nove ainda estão em estado crítico no hospital. Dos 11 integrantes da célula terrorista, cinco foram mortos no atentado de Cambrils, quatro estão detidos e as autoridades suspeitam que dois morreram na explosão de Alcanar. No sábado (19), antes da morte de Abouyaaqoub, o governo espanhol anunciou que o grupo tinha sido desmantelado. Reprodução/Twitter
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Demitido? Como se organizar e evitar que dívidas aumentem durante a crise
Com o aumento da taxa de desemprego, que chegou a 8,6% no trimestre encerrado em julho, e a expectativa de uma recessão prolongada no país, crescem as dúvidas de como se organizar financeiramente após uma demissão. A primeira providência a ser tomada, caso fique sem um emprego fixo, é olhar atentamente as despesas da casa, segundo especialistas em finanças pessoais. O cálculo deve incluir até mesmo os gastos pequenos para chegar a um diagnóstico preciso da situação atual. Após o levantamento, o indicado é limar tudo o que não for essencial, mantendo na lista somente despesas com moradia, saúde, alimentação, transporte e educação. Taxa de desocupação "A estratégia principal é ter clareza do quanto será necessário para assegurar um nível mínimo de bem-estar da família nos meses seguintes", diz Elisson de Andrade, professor de finanças pessoais. No caso das despesas fixas, também é preciso checar se há espaço para economia. Muitas vezes é possível reduzir contas de água, luz e gás. É importante cortar alimentação fora de casa e, no supermercado, avaliar a escolha de marcas mais baratas. Com o valor necessário para manter a casa mensalmente, é a hora de calcular as receitas. Verifique o quanto tem a receber de rescisão do empregador, o saldo que poderá ser sacado do fundo de garantia e se terá direito ao seguro-desemprego. Depois, some os valores a eventuais reservas, como aplicações. A partir daí, calcule quantos meses estarão cobertos com os recursos disponíveis. O ideal é ter uma folga de ao menos seis meses, de acordo com especialistas. Não é indicado deixar o dinheiro parado na conta-corrente, mesmo sabendo que necessitará dele em breve. O melhor é aplicar os recursos para que rendam e não haja perda do poder de compra. A inflação em doze meses até agosto ficou em 9,53%. "As aplicações devem permitir a retirada imediata. Há fundos em que se pode aplicar hoje e retirar até mesmo no dia seguinte. Não se ganha toda a remuneração, mas algo irá render", diz Carlos Barbosa, coordenador do curso de administração da ESPM. Fora do controle SANGUE FRIO Se tiver dívidas, não corra para quitá-las com o dinheiro do fundo de garantia, sob o risco de ficar sem receitas para cobrir gastos à frente. "Desempregado tem de ter dinheiro guardado. Para as despesas, mas eventualmente para investir num curso e retomar a carreira", afirma Reinaldo Domingos, presidente da DSOP, especializada em educação financeira. O ideal é buscar os credores, apresentar a situação e tentar renegociar a dívida. "A pessoa, quando perde o emprego, muitas vezes fica fragilizada e se fecha. Ela precisa fazer essa consulta para ter clareza de todas as possibilidades", diz André Calabro, diretor da Recovery, especializada em recuperação de crédito de inadimplentes. Pesquisa da empresa com 40 mil devedores, de julho a setembro deste ano, indicou que problemas com o emprego já são um dos principais motivos da inadimplência. Dos entrevistados, 42% afirmaram que deixaram de pagar porque ficaram desempregados ou estão com salários atrasados, ante 26% no primeiro semestre. Segundo Calabro, é importante verificar se é possível trocar o financiamento por uma linha com juro menor, caso o orçamento comporte o pagamento das mensalidades. Ou negociar o alongamento da dívida, baixando as parcelas —neste caso, o custo total do empréstimo subirá. - Veja como se organizar financeiramente caso perca o emprego Nada de luxo Faça um pente-fino nos gastos da família e veja quais despesas podem ser cortadas de imediato. Nos gastos fixos, veja onde é possível reduzir o consumo ou trocar marcas por opções mais baratas Direito garantido Veja quanto receberá do empregador, quanto poderá sacar de FGTS e se tem direito ao seguro-desemprego. Some os valores para saber quanto terá nos próximos meses Meses cobertos Considerando as despesas essenciais, calcule quantos meses estão cobertos. O cálculo dará a dimensão do problema. O ideal é ter pelo menos seis meses de despesas garantidas Dinheiro ativo Ao receber os recursos, procure transferi-los para algum tipo de aplicação para que rendam juros. É fundamental, porém, que o investimento permita saques Acordo em vista Se tiver dívidas, tente renegociá-las, trocando por linhas mais baratas ou estendendo o prazo de pagamento. Use o FGTS para quitá-las somente se ainda sobrarem recursos para bancar as despesas básicas Sem deslizes Evite usar o cartão de crédito para não correr o risco de entrar no crédito rotativo. Repense viagens e compras. É importante manter o máximo de reserva financeira possível
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Demitido? Como se organizar e evitar que dívidas aumentem durante a criseCom o aumento da taxa de desemprego, que chegou a 8,6% no trimestre encerrado em julho, e a expectativa de uma recessão prolongada no país, crescem as dúvidas de como se organizar financeiramente após uma demissão. A primeira providência a ser tomada, caso fique sem um emprego fixo, é olhar atentamente as despesas da casa, segundo especialistas em finanças pessoais. O cálculo deve incluir até mesmo os gastos pequenos para chegar a um diagnóstico preciso da situação atual. Após o levantamento, o indicado é limar tudo o que não for essencial, mantendo na lista somente despesas com moradia, saúde, alimentação, transporte e educação. Taxa de desocupação "A estratégia principal é ter clareza do quanto será necessário para assegurar um nível mínimo de bem-estar da família nos meses seguintes", diz Elisson de Andrade, professor de finanças pessoais. No caso das despesas fixas, também é preciso checar se há espaço para economia. Muitas vezes é possível reduzir contas de água, luz e gás. É importante cortar alimentação fora de casa e, no supermercado, avaliar a escolha de marcas mais baratas. Com o valor necessário para manter a casa mensalmente, é a hora de calcular as receitas. Verifique o quanto tem a receber de rescisão do empregador, o saldo que poderá ser sacado do fundo de garantia e se terá direito ao seguro-desemprego. Depois, some os valores a eventuais reservas, como aplicações. A partir daí, calcule quantos meses estarão cobertos com os recursos disponíveis. O ideal é ter uma folga de ao menos seis meses, de acordo com especialistas. Não é indicado deixar o dinheiro parado na conta-corrente, mesmo sabendo que necessitará dele em breve. O melhor é aplicar os recursos para que rendam e não haja perda do poder de compra. A inflação em doze meses até agosto ficou em 9,53%. "As aplicações devem permitir a retirada imediata. Há fundos em que se pode aplicar hoje e retirar até mesmo no dia seguinte. Não se ganha toda a remuneração, mas algo irá render", diz Carlos Barbosa, coordenador do curso de administração da ESPM. Fora do controle SANGUE FRIO Se tiver dívidas, não corra para quitá-las com o dinheiro do fundo de garantia, sob o risco de ficar sem receitas para cobrir gastos à frente. "Desempregado tem de ter dinheiro guardado. Para as despesas, mas eventualmente para investir num curso e retomar a carreira", afirma Reinaldo Domingos, presidente da DSOP, especializada em educação financeira. O ideal é buscar os credores, apresentar a situação e tentar renegociar a dívida. "A pessoa, quando perde o emprego, muitas vezes fica fragilizada e se fecha. Ela precisa fazer essa consulta para ter clareza de todas as possibilidades", diz André Calabro, diretor da Recovery, especializada em recuperação de crédito de inadimplentes. Pesquisa da empresa com 40 mil devedores, de julho a setembro deste ano, indicou que problemas com o emprego já são um dos principais motivos da inadimplência. Dos entrevistados, 42% afirmaram que deixaram de pagar porque ficaram desempregados ou estão com salários atrasados, ante 26% no primeiro semestre. Segundo Calabro, é importante verificar se é possível trocar o financiamento por uma linha com juro menor, caso o orçamento comporte o pagamento das mensalidades. Ou negociar o alongamento da dívida, baixando as parcelas —neste caso, o custo total do empréstimo subirá. - Veja como se organizar financeiramente caso perca o emprego Nada de luxo Faça um pente-fino nos gastos da família e veja quais despesas podem ser cortadas de imediato. Nos gastos fixos, veja onde é possível reduzir o consumo ou trocar marcas por opções mais baratas Direito garantido Veja quanto receberá do empregador, quanto poderá sacar de FGTS e se tem direito ao seguro-desemprego. Some os valores para saber quanto terá nos próximos meses Meses cobertos Considerando as despesas essenciais, calcule quantos meses estão cobertos. O cálculo dará a dimensão do problema. O ideal é ter pelo menos seis meses de despesas garantidas Dinheiro ativo Ao receber os recursos, procure transferi-los para algum tipo de aplicação para que rendam juros. É fundamental, porém, que o investimento permita saques Acordo em vista Se tiver dívidas, tente renegociá-las, trocando por linhas mais baratas ou estendendo o prazo de pagamento. Use o FGTS para quitá-las somente se ainda sobrarem recursos para bancar as despesas básicas Sem deslizes Evite usar o cartão de crédito para não correr o risco de entrar no crédito rotativo. Repense viagens e compras. É importante manter o máximo de reserva financeira possível
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Manifestantes estimam 50 mil pessoas na praça da Sé
Na praça da Sé, os organizadores anunciam 50 mil manifestantes. A vice-prefeita Nádia Campeão discursa no carro de som e crítica a Rede Globo. Ela pediu que a "rede povo" defenda o país do impeachment. A rede de TV, o deputado Eduardo Cunha e o juiz federal Sergio Moro são os nomes mais criticados pelos manifestantes. Nádia também criticou a comissão que analisa o pedido de impeachment na Câmara dos Deputados. "Aquela comissão horrorosa de impeachment comandada por aquela figura horrorosa que é o Eduardo Cunha, que já deveria ter sido cassado", disse Nadia Campeão. Ela também atacou a Fiesp, acusando a federação das indústrias de "patrocinar o golpe" ao colocar anúncios a favor do impeachment em todos os veículos de comunicação.
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Manifestantes estimam 50 mil pessoas na praça da SéNa praça da Sé, os organizadores anunciam 50 mil manifestantes. A vice-prefeita Nádia Campeão discursa no carro de som e crítica a Rede Globo. Ela pediu que a "rede povo" defenda o país do impeachment. A rede de TV, o deputado Eduardo Cunha e o juiz federal Sergio Moro são os nomes mais criticados pelos manifestantes. Nádia também criticou a comissão que analisa o pedido de impeachment na Câmara dos Deputados. "Aquela comissão horrorosa de impeachment comandada por aquela figura horrorosa que é o Eduardo Cunha, que já deveria ter sido cassado", disse Nadia Campeão. Ela também atacou a Fiesp, acusando a federação das indústrias de "patrocinar o golpe" ao colocar anúncios a favor do impeachment em todos os veículos de comunicação.
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Conheça o forte esquema montado para blindar dubladores de 'GoT'
Na luta contra spoilers de "Game of Thrones", há quem saiba de vários deles, mas tenha contrato assinado para não espalhar. Trata-se do atual elenco de dubladores da série, que assumiu as vozes de "GoT" na sexta temporada, quando o estúdio carioca responsável pela versão brasileira foi trocado por um de São Paulo. O trabalho deles é exibido no canal HBO2 simultaneamente à versão legendada. A dublagem dos novos episódios foi feita em três etapas entre junho e julho. Todos os dubladores envolvidos assinaram contrato de sigilo, passível de multa caso alguma informação vazasse. Especialmente com "GoT", outros cuidados de segurança foram tomados. "Na hora de gravar, os dubladores não puderam entrar com celular, e trabalhamos em cima de um vídeo em preto e branco, cheio de marcas d'água e não finalizado, sem alguns efeitos e sem edições de áudio", explica Michelle Giudice, que dá voz a Sansa. Como é de praxe, cada ator assiste apenas às cenas em que seu personagem aparece falando. Se não for fluente na língua original do material, não saberá o que os outros personagens estão dizendo, pois só recebe o texto traduzido do que vai dublar. Assim, cada dublador lida apenas com os spoilers que envolvem quem ganha sua voz. "Dublei com gosto a morte do Lorde Ramsay Bolton. O público torcia para acontecer, o que me deixou ansiosa para as pessoas assistirem", lembra Michelle. André Sauer, dublador de Jon Snow, segurou um dos maiores spoilers da série: ele assumiu o papel entre a morte do personagem e sua ressurreição (quinta para a sexta temporada). "Fiz o teste sem saber se ele estaria em novos episódios ou apenas em cenas recordatórias", diz. Descobriu só na hora H. No início de agosto, o americano Todd Yellin, responsável pela área de inovação da Netflix, disse que quase 90% dos usuários brasileiros do serviço preferem assistir versões dubladas; não há garantia de que o mesmo ocorra na HBO, mas o número é expressivo. Ainda assim, os dubladores, que são atores por formação e se profissionalizam em dublagem com cursos complementares, lidam com preconceito contra seu trabalho. "Dados como esse são importantes porque questionam o tabu de que dublagem é ruim", diz Michelle, que aponta a existência de diferenças de qualidade técnica e artística entre os trabalhos que chegam ao espectador. "A dublagem presta um serviço de democratização do entretenimento, pois dublado todo mundo entende absolutamente tudo e, se a dublagem é bem feita, a experiência fica mais completa", defende Sandra Mara Azevedo, dubladora de Cersei. "A melhor dublagem é a que não atrapalha, você não fica lembrando o tempo todo que está dublado e aproveita o conteúdo se divertindo com a história." ELES TÊM A MESMA VOZ Dubladores trabalham em vários programas
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Conheça o forte esquema montado para blindar dubladores de 'GoT'Na luta contra spoilers de "Game of Thrones", há quem saiba de vários deles, mas tenha contrato assinado para não espalhar. Trata-se do atual elenco de dubladores da série, que assumiu as vozes de "GoT" na sexta temporada, quando o estúdio carioca responsável pela versão brasileira foi trocado por um de São Paulo. O trabalho deles é exibido no canal HBO2 simultaneamente à versão legendada. A dublagem dos novos episódios foi feita em três etapas entre junho e julho. Todos os dubladores envolvidos assinaram contrato de sigilo, passível de multa caso alguma informação vazasse. Especialmente com "GoT", outros cuidados de segurança foram tomados. "Na hora de gravar, os dubladores não puderam entrar com celular, e trabalhamos em cima de um vídeo em preto e branco, cheio de marcas d'água e não finalizado, sem alguns efeitos e sem edições de áudio", explica Michelle Giudice, que dá voz a Sansa. Como é de praxe, cada ator assiste apenas às cenas em que seu personagem aparece falando. Se não for fluente na língua original do material, não saberá o que os outros personagens estão dizendo, pois só recebe o texto traduzido do que vai dublar. Assim, cada dublador lida apenas com os spoilers que envolvem quem ganha sua voz. "Dublei com gosto a morte do Lorde Ramsay Bolton. O público torcia para acontecer, o que me deixou ansiosa para as pessoas assistirem", lembra Michelle. André Sauer, dublador de Jon Snow, segurou um dos maiores spoilers da série: ele assumiu o papel entre a morte do personagem e sua ressurreição (quinta para a sexta temporada). "Fiz o teste sem saber se ele estaria em novos episódios ou apenas em cenas recordatórias", diz. Descobriu só na hora H. No início de agosto, o americano Todd Yellin, responsável pela área de inovação da Netflix, disse que quase 90% dos usuários brasileiros do serviço preferem assistir versões dubladas; não há garantia de que o mesmo ocorra na HBO, mas o número é expressivo. Ainda assim, os dubladores, que são atores por formação e se profissionalizam em dublagem com cursos complementares, lidam com preconceito contra seu trabalho. "Dados como esse são importantes porque questionam o tabu de que dublagem é ruim", diz Michelle, que aponta a existência de diferenças de qualidade técnica e artística entre os trabalhos que chegam ao espectador. "A dublagem presta um serviço de democratização do entretenimento, pois dublado todo mundo entende absolutamente tudo e, se a dublagem é bem feita, a experiência fica mais completa", defende Sandra Mara Azevedo, dubladora de Cersei. "A melhor dublagem é a que não atrapalha, você não fica lembrando o tempo todo que está dublado e aproveita o conteúdo se divertindo com a história." ELES TÊM A MESMA VOZ Dubladores trabalham em vários programas
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Primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau vira herói em HQ da Marvel
O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, assume o papel de um super-herói em uma revista em quadrinhos da editora americana Marvel, que chegou às bancas do Canadá nesta quarta (31). Trudeau ilustra uma das duas capas da última edição de "II Guerra Civil: Escolhendo Lados" –sentado no canto de um ringue de boxe, sorrindo, com os cotovelos apoiados nas cordas, usando uma camisa com a folha de bordo da bandeira canadense estampada e luvas de boxe. O primeiro-ministro, de 44 anos de idade, aparece rodeado pelos super-heróis canadenses Pigmeu, Sasquatch e Aurora –membros da equipe Tropa Alfa– e pelo Homem de Ferro ao fundo. Trudeau não aparece, porém, na capa principal que está em circulação. A história em quadrinhos também introduz um novo personagem misterioso, Ulysses, que tem o poder de prever o futuro. Os membros da Tropa Alfa consultam Trudeau em seu gabinete em Ottawa após um desentendimento sobre como aproveitar os poderes de Ulysses. O Capitão Marvel quer tomar medidas para prevenir crimes antes que eles ocorram, enquanto Tony Stark (Homem de Ferro) considera imoral punir alguém por um crime que ele ainda não cometeu. Trudeau assume uma posição baseada em princípios, dizendo a seus companheiros: "Acima de tudo, a liberdade dos civis deve ser protegida". "Eu acho que aprisionar as pessoas por crimes sobre os quais elas talvez nem tenham pensado ainda é errado... Eu acho que este é um caminho perigoso que vocês iniciaram", afirma o personagem. O pai de Trudeau, Pierre, que foi primeiro-ministro do Canadá, também apareceu em uma história em quadrinhos da Marvel lançada em 1979.
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Primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau vira herói em HQ da MarvelO primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, assume o papel de um super-herói em uma revista em quadrinhos da editora americana Marvel, que chegou às bancas do Canadá nesta quarta (31). Trudeau ilustra uma das duas capas da última edição de "II Guerra Civil: Escolhendo Lados" –sentado no canto de um ringue de boxe, sorrindo, com os cotovelos apoiados nas cordas, usando uma camisa com a folha de bordo da bandeira canadense estampada e luvas de boxe. O primeiro-ministro, de 44 anos de idade, aparece rodeado pelos super-heróis canadenses Pigmeu, Sasquatch e Aurora –membros da equipe Tropa Alfa– e pelo Homem de Ferro ao fundo. Trudeau não aparece, porém, na capa principal que está em circulação. A história em quadrinhos também introduz um novo personagem misterioso, Ulysses, que tem o poder de prever o futuro. Os membros da Tropa Alfa consultam Trudeau em seu gabinete em Ottawa após um desentendimento sobre como aproveitar os poderes de Ulysses. O Capitão Marvel quer tomar medidas para prevenir crimes antes que eles ocorram, enquanto Tony Stark (Homem de Ferro) considera imoral punir alguém por um crime que ele ainda não cometeu. Trudeau assume uma posição baseada em princípios, dizendo a seus companheiros: "Acima de tudo, a liberdade dos civis deve ser protegida". "Eu acho que aprisionar as pessoas por crimes sobre os quais elas talvez nem tenham pensado ainda é errado... Eu acho que este é um caminho perigoso que vocês iniciaram", afirma o personagem. O pai de Trudeau, Pierre, que foi primeiro-ministro do Canadá, também apareceu em uma história em quadrinhos da Marvel lançada em 1979.
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